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Page 1: Revelação 356

Audiovisual Cúpula promete movimentar 2010

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HistóriaMuseus mantêm viva a memória da cidade

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MúsicaColecionador reúnemais de 50 mil obras

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Ano XII ••• Nº 356 ••• Uberaba/MG ••• Janeiro de 2010

Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade de Uberaba

Especial Cultura

Natureza e arte no roteiro alternativo de Uberaba

Diversidade culturalenriquece vida

universitáriaNatureza e arte no roteiro

alternativo de Uberaba

Diversidade culturalenriquece vida

universitária

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Andréia Carvalho 6º período de Jornalismo

Tem dias que é difícil ar-rumar dinheiro para sair. E na cidade de Uberaba todo mundo que começa a namorar engorda, porque lu-gares para ir é só para comer. Sem dinheiro, sem carro, e com um pai bravo em casa, restam poucos, ou nenhum lugar para namorar. Demora-mos muito para achar um lugar ideal e, nessas andan-ças, encontramos o nosso cantinho secreto. E foi difícil de achar; as mais escuras são perigosas e as mais claras, não

têm clima. Num dia desses apareceu um rapaz que des-cia a rua em direção à praça. Quando nos viu, mudou seu percurso e foi até nós. Ele se aproximou. Estava sujo, com aparência estranha, parecia estar chapado.

Era negro e nos apresen-tou uma carta que ele havia saído da prisão. Meu namo-rado também é negro, mas a carta parecia de “alforria” e ele pretendia nos amedron-tar. Até então não sabia ao certo se ele nos intimidava ou se era mesmo perigoso.

Foi falando que queria era dinheiro, e o que era ob-

vio: não tínhamos ou então não estaríamos ali. Ele es-tava muito drogado e queria comprar mais. Dizia que tinha matado um cara e que estava armado. Mas o que mais pare-cia era que tinha apanhado, por causa de alguma dívida. Parecia estar desorientado atrás de dinheiro. Eu estava abraçada com meu namora-do e sentia uma batida forte e acelerada no peito dele.

Minha bolsa estava no colo e num movimento rápi-do meu bem se levantou e tirou a carteira do bolso, na qual haviam só dois reais. O cara queria cinco reais e não

tínhamos.Daí ele diz:- Eu troco R$ 5 pelo meu

revolver e colocou a mão para trás.

Eu fiquei imóvel e só reza-va para o anjo da guarda nos proteger. Afinal, não tinha mais o que fazer.

Então, vi ao lado do nosso banco uma caixa de sapato com um tênis. ostramos para ele. Foi o que o distraiu.

Enquanto revirava a caixa, esfregava a nota de dois reais na boca sangrando.

Pedi que ele levasse. De-pois de chutar a caixa e per-ceber que era mesmo um

tênis, aproveitamos a distra-ção e colocamos o capacete. Ele olhou o que havia dentro e gostou. Despedimos dele e fomos embora.

Até hoje me pergunto quem estava com mais medo: ele, ou nós ali naque-la praça escura?

Acho que não saberei nunca. Mas de uma coisa eu sei: mesmo depois daquela noite, no outro dia, estáva-mos lá novamente. Afinal, é nosso cantinho secreto e não saímos espalhando por aí.

Nos dias atuais, achar a pracinha ideal é um desafio.

Praça da aventura ou do medo?

Paulo Borges 7º período de Jornalismo

Interessante como per-demos grandes oportuni-dade de estabelecer nos-sas qualidades, aquilo que nos beneficia dentro de um grupo, da sociedade. Em contraponto, algumas pes-soas têm o “dom” de se au-torebaixar.

Um dia desses, numa mesinha de bar, assistindo ao inesquecível 3 a 1 do Brasil sobre a Argentina, co-nheci alguém que se encaixa quase perfeitamente no se-gundo exemplo. Uma moça bonita, inteligente e muito

bem apresentável. Estudante universitária e de família respeitável.

Pois bem. Naturalmente me interessei por ela. Queria conhecê-la melhor e, quem sabe, outras coisas rolariam...

Começamos a conversar. E não é que ela tinha um papo legal, interessante...

No entanto, ela resolveu se “autopromover”. “Tenho a língua presa”, disse ela.

Até então, eu não havia percebido isso, pois estava interessado em conhecê-la como pessoa e não suas defi-ciências de formação física.

“Todo mundo me zoa por causa disso”, ela insistiu em continuar.

“Nossa! Eu nem havia per-cebido”, eu disse, sendo bem sincero.

Honestamente, eu digo a você que não havia mesmo percebido que a moça tinha esse probleminha de dicção.

“Você notou como sou gordinha”, questionou-me. “Não te acho gordinha, Você está ótima”, respondi.

“Ah, mentira. Homem nenhum gosta de mulher gordinha”, insistiu. “Ao con-trário do que vocês pensam, nem todos os homens dão prioridade a essas coisas”, disse e mudei de assunto: “Por que você resolveu fazer Agronomia?”.

“Sou roceira! Sou bicho do

mato! Gosto dessas coisas”, afirmou a moça.

Agora, pense comigo: en-tão, se você quer ser agrôno-mo é porque é roceiro? E se eu quiser ser astrônomo, é porque sou lunático? Se resolver estudar moda, é porque sou gay?

Esteriotipemos tudo, então...

E mais, para que esta moça resolveu exaltar o que ela acha que são os seus de-feitos? Onde está seu marke-ting pessoal?

Podemos até pensar que ela já está dizendo tudo na lata, de uma vez, para que eu não tenha surpresas, mas acho que a tática adotada

não foi muito boa. Afinal, to-dos temos defeitos. Os mais sábios sabem que o melhor é trabalhar nossas deficiências a fim de melhorá-las e exaltar nossas qualidades, com o in-tuito de torná-las conhecidas por aqueles que nos cercam. Quando isso acontece, é bem provável que as pessoas ao nosso redor dêem mais aten-ção aos nossos pontos posi-tivos do que para os nega-tivos. Ela não pensou nisso. Despedimo-nos. Ao abraçá-la, que perfume gostoso eu senti.

“Não me abraça muito. Meu perfume é muito doce”, encerrou ela com chave de ouro.

O Antimarketing

Expediente. Revelação: Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade de Uberaba (Uniube) ••• Reitor: Marcelo Palmério ••• Pró-reitora de En-sino Superior: Inara Barbosa ••• Coordenador do curso de Comunicação Social: André Azevedo da Fonseca (MG 9912 JP) ••• Professora orientadora: Indiara Ferreira (MG 6308 JP) ••• Projeto gráfico: Diogo Lapaiva (6º período/Jornalismo), Jr. Rodran (3º período/Publicidade e Propaganda), Bruno Nakamura (6º Período/Publicidade e Propaganda) ••• Estagiária: Daiane Leal Gomes (8º período/Jornalismo) ••• Capa: Lungas Ferreira Neto ••• Equipe: Júlia Magalhães (2º período/Jornalismo) ••• Re-visão: Márcia Beatriz da Silva ••• Impressão: Gráfica Jornal da Manhã ••• Redação: Universidade de Uberaba – Curso de Comunicação Social – Sala L 18 – Av. Nenê Sabino, 1801 – Uberaba/MG ••• Telefone: (34) 3319 8953 ••• E-mail: [email protected]

Revelação • Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade de Uberaba

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Matheus Barros 5º período de Jornalismo

As imagens reproduzi-das simultaneamente são um atrativo para quem vê. Mas você já se perguntou quem está por trás de uma produção? Quem capta a imagem? Quem dirige os atores? Quem dita o ritmo das filmagens? Essas ques-tões acabam esquecidas durante a exibição de um filme. O romance e a co-média aparecem com os personagens da trama, mas os 90% de transpiração na montagem povoam ape-nas a curiosidade de ciné-filos. Maria Catarina Árabe, conhecida como Kate, há quatro anos trabalha com audiovisual em Uberaba. Deixou os palcos depois que foi convidada

para fazer a produ-

ção de um ví-

d e o

para divulgar o trabalho de um grupo de teatro. “Hoje, o audiovisual é minha paixão. Busco incentivos, na forma de projetos, para que todos sejam beneficiados, tanto a comunidade quanto os pro-fissionais que atuam nessa área”. Esta paixão silenciosa pelo audiovisual cresce a cada dia pelas mãos de gente de-dicada como Kate. Segundo os especialistas da área, diversos projetos apa-recem nas instituições res-ponsáveis pela cultura em Uberaba, mas ainda falta

planejamento e conheci-mento técnico de capta-

ção de recursos para que as obras se tornem reais.

Pensando na divulgaçãoe organização de eventos, será fundada, em fevereiro de 2010, a Cúpula de Au-diovisual de Uberaba - CAU. Junto à Fundação Cultural, a CAU irá viabilizar eventos e promover o intercâmbio de materiais e profissionais, ampliando a visão da popu-lação acerca do audiovisual de Uberaba, com mostras de produções locais e com premiações envolvendo profissionais da área. O publicitário e cineasta Fe-lipo Carotenuto, formado na Academia Internacional

de Cinema, explica que a principal dificuldade de se fazer uma pro-dução local é a falta de incentivos à cultura. “É muito difícil conseguir bons patrocínios para pequenos projetos. As pessoas não acreditam ou apóiam produções independentes de baixo custo e pouca visibili-dade. Esse é um retrato do Brasil! Mas essas pro-duções pequenas são importantes para revelar novos talentos”.

A CAU pretende atu-ar não só para viabilizar os projetos, mas para

formar platéias e ampliar a capacidade de crítica da comunidade. Projetos que levam o cinema até praças e pontos fixos nos bairros estão previstos. A ideia é apresentar filmes de diver-sas vertentes, de clássicos a modernos, longas, curtas, documentários brasileiros

Kate, durante as filmagens

do domentário Cândido

ou estrangeiros e de gran-de ou pequeno destaque na mídia.

O curso de Comunica-ção Social da Universidade de Uberaba também está desenvolvendo diversas iniciativas na área do au-diovisual. Os projetos Co-munica.Doc e CineClube Uberaba promovem mos-tras de filmes e estimulam debates sobre cinema en-tre os universitários. Além disso, os documentários produzidos pelos alunos estão sendo disponibili-zados na Internet. “Não há dúvidas de que estamos em um momento muito promissor para o desen-volvimento do mercado de audiovisual no interior. Essa é a hora de investir em formação e na elabo-ração de bons projetos”, conclui o coordenador do curso de Comuncaçao Social, André Azevedo da Fonseca.

A nova carado audiovisual de Uberaba

Vivaldo e Júnior se dedicam à produção audiovisual voltada para o meio rural

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04 especial cultura

Acima do peso e na moda

Danilo Cruvinel Gullit Pacielle

5º período de Jornalismo

Os paradigmas de bele-za ultrapassam até mesmo a telinha da TV. Ao ligar o aparelho em programas sobre moda, deparamos com homens e mulherescom corpos perfeitos di-vulgando o que será usa-do na próxima estação. No entanto, esquecem que boa parcela da popu-lação está acima do peso.

Pesquisa realizada entre os anos de 2005 e 2007, com 1.191 pessoas, pela en-docrinologista e professora da Universidade de Ube-raba (Uniube), FernandaMagalhães, aponta pre-

valência de obesidadeem Uberaba. Do total de entrevistados, 18,5% sãoobesos, enquanto 36% apresentam sobrepeso, ou seja, juntos somam mais da metade - 54,5%. “A Organização Mundial deSaúde consideracom so-brepeso as pessoas que estão com Índice de Mas-sa Corporal (IMC) igual ou acima de 25, e, obesas, as que têm IMC a partir de 30,” esclarece a médica. A obesidade é mais pre-sente entre as mulheres - 20,1%, contra 16,9% dos

homens. Há 23 anos no mercado, a proprietária doAtelier Ângela’s, ÂngelaPena, garante que a pro-cura pelas roupas de festa de tamanho GG é grande. “Há dez anos,criávamos modelos sóaté o manequim 46. Po-rém, acompanhando as necessidades do mer-cado, tivemos que nos adaptar e, atualmente, fazemos roupas até o nú-mero 52,” afirma Ângela. A estilista comenta que os gordinhos en-contram dificuldades

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Vestido de cor uva em tecido firme é ideal para não marcar as formas

para comprar roupasprontas. “As pessoas se preocupam muito com a aparência e querem sempre estar na moda. Roupas de malha, por exemplo, dificilmente são encontradas em tama-nhos grandes”, conclui.

A dificuldade para achar peças interessantes e na medida certa não é só das mulheres, reafirmando o posicionamento da estilista. Douglas Lima, de 21 anose 143 quilos, também sofre para adquirir pe-ças do seu tamanho. ”É muito desgastante sair para comprar roupas. Sem-pre tenho que ir a três ou quatro lojas diferentes e as peças nunca ficam do jeito que quero”, reclama.

Vestido com decote destaca apenas os membros superiores

De acordo com Sílvia Carneiro, estilista há 32 anos e proprietária do Atelier Sílvia Carneiro, não é difícil botar os gor-dinhos na moda. Ela afir-ma que é aconselhável usar roupas firmes, que alonguem o corpo, e com cores mais escuras. “O vestido com corte embaixo do busto é uma boa pedida, pois não acentua a barriga. Outra opção é usar peças de cores parecidas, ensina a especialista. Carneiro adverte: “os gordinhos devem evitar roupas jus-tas, com estampas gran-des, listras horizontais, e cores muito claras.“

Dicas

Ângela Pena investe na confecção de roupas personalizadas

Nem tudo está perdido para quem veste GG

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especial cultura 05

Material recicladoganha formas e cores

Thiago BorgesSamara Candido

5º período de Jornalismo

Enquanto estudantes se divertem fazendo bo-linha de papel para ati-rarem no ventilador, nos colegas e até nos profes-sores, gente grande ga-nha a vida reutilizando o material.

O papel reciclado se une à técnica e à ima-ginação dos artesãos e derruba deficiências e preconceitos.

O casal Maria An-dréia Martins, 34 anos, e Adalton Januário Go-mes, 38, se conheceu no Instituto dos Cegos e se casou em 2005. No mesmo ano, os dois co-meçaram a trabalhar com arte em jornal.

Andréia foi quem ensinou o trabalho para Adalton. O que parecia terapia, hoje, é a princi-pal fonte de renda do casal.

“As pessoas com defi-ciência muitas vezes são rotuladas de incapazes. Falamos isso por expe-riência própria, pois já vivemos situações em que fomos rotulados assim. Conviver com uma deficiência visual não nos impede de ser feliz. Os obstáculos es-tão nas pessoas que não aceitam as diferenças”,

desabafa o casal.Andréia e Januário

mostram com garra como superar as difi-culldades. Em 2008, eles participaram da XIX Fei-ra Nacional de Artesa-nato, realizada em Belo Horizonte. Durante uma semana, mostraram e venderam suas peças no estande Mãos que Podem Ver. “O estande estava sempre cheio, com pessoas com-prando e elogiando o trabalho. Isso foi muito importante para o nos-so futuro profissional”, explica o casal.

A Casa do Artesão é o ponto de referência para guerreiros como esses. Reúne trabalho dos artistas da cidade, como miniaturas em papelão, cestas em ca-

nudo de jornal, origami e até esculturas. Confor-me as coordenadoras da Casa, a procura pelas peças é grande. Os tu-ristas, principal-mente, não saem sem levar uma lembrança da cidade.

Decidido a viver da arte, José Eduardo de Araújo, está há oito anos em Uberaba. Veio com a família em busca de tran-quilidade e tem-po para realizar seu trabalho. A princípio, produ-zia sozinho as pe-ças de papelão, mas hoje conta com a ajuda da esposa, Sandra

Monteiro.A arte deles é inspira-

da pela construção civl. São miniaturas de casas, pequenas e grandes, como o grande casarão da época do apogeu do zebu, o boteco da es-quina, até a barbearia. Não há discriminação. Vasos de flores, bonecas e esculturas integram o acervo.

Este ano, o casal ga-nhou o prêmio Top 100, promovido pelo Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Em-presas - SEBRAE . Eles

foram selecionados en-tre mais de mil inscritos de todo o país. Outra conquista é ter uma de suas obras estampadas

num livro que conta a história de Uberaba.

“No começo, era um pouco devagar, pois ainda não tínhamos conquistado o espaço e nossa arte era nova na cidade, mas com o pas-sar do tempo as coisas foram se propagando e tudo melhorou. Hoje, temos clientes em vá-rias partes do Brasil, que mantêm nosso susten-to”, relata José Eduardo.

Casarões de diferentes cores e tamanhos estão espa-

lhados por todo o Brasil

José Eduardo e a esposa Sandra no ateliê onde trabalhamFo

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Tome nota:Casa do Artesão Rua Senador Pena, 352 Centro - (34) 3312-6822 www.casadoartesaode uberaba.com

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Acervo das instituições locais promove reflexão sobre o patrimônio artístico, histórico e cultural da cidade

Élcio FonsecaIlídio Luciano

4º período de Jornalismo

O museu Edílson La-martine Mendes, conhe-cido como Museu do Zebu, foi inaugurado há

25 anos, no Parque de Ex-posições Fernando Cos-ta. No mesmo endereço onde funciona a Associa-

ção Brasileira dos Criado-res do Zebu - ABCZ.

O pecuarista Lamarti-ne Mendes foi o primeiro a guardar, de modo mais sistemático, os docu-mentos e fotos históricas do zebu no município.

Segundo o presidente do Conselho Curador do Museu do Zebu, Hugo Prata, o acervo fotográ-fico possui atualmente cerca de 50 mil imagens de pecuaristas e seus ani-mais.

Uma é considerada a mais importante. Mos-tra o pecuarista Manoel Ubelhart Lengruber ao lado do touro Piron, o primeiro animal zebuíno trazido da Índia para o Brasil, desembarcado no Rio de Janeiro, em 1878.

Outra preciosidade é a foto do ex-presidente

da república, Getúlio Var-gas, clicado enquanto marcava um boi zebu, na abertura da exposição em Uberaba, em 1932.

O museu ainda conta com aproximadamente 600 peças de uso dos fa-zendeiros, além de ma-quetes de casarões, cabe-ças empalhadas de touros consagrados, miniaturas de animais de várias raças e livros sobre os ubera-benses que exploraram um país desconhecido em busca de zebuínos considerados perfeitos.

Museu Edílson Lamar-tine Mendes - Museu do Zebu • Praça Vicentino Rodrigues da Cunha, 110 Bairro São Benedito

• (34) 3336-5214 • Horário de funciona-

mento: 13h às 17h50

Museus revivem ahistória de Uberaba

Museu do Zebu

O pecuarista Manoel Ubelhart Lengruber apresenta o primeiro zebuíno a desembarcar no Brasil em 1878

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Museu de Arte Sacra

Em 1854, o advogado Cândido Justiniano da Lira Gama, devoto de San-

ta Rita, em cumprimento a uma promessa para se livrar do vício da bebida,

mandou construir a pequena cape-linha em louvor à santa. Em 1877, a singela constru-ção teve reparos providenciados pelo negociante Major Joaquim Ro-drigues de Barce-los, também aten-dido por Santa Rita em seu pedido de se tornar pai.

A g o r a , como Museu de Arte Sacra (MAS), a antiga capela é um dos poucos monumentos his-tóricos do Triân-

gulo Mineiro tombados pelo Instituto de Patrimô-

nio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Segundo Adriana Cristina Silva, auxiliar de Ação Cultural do MAS, o acervo reúne em torno de 800 peças, envolvendo objetos litúrgicos, indu-mentária e pintura sacra. De todas as peças, a mais especial do museu é a imagem de Santa Rita de Cássia, feita em meados de 1850.

A imagem é a única que restou da capelinha original erguida por Cân-dido Justiniano. A escul-tura foi feita em madeira policromada. Pintada de marrom escuro, com pala branca, apresenta véu também marrom. Os

olhos são de vidro. Santa Rita é represen-

tada com uma chaga na testa e segura na mão di-reita um crucifixo. Na mão esquerda tem uma palma entalhada e, na cabeça, um resplendor de prata.

A base da imagem foi refeita após a criação do Museu de Arte Sacra, se-guindo o modelo original apodrecido. A Santa Rita foi devidamente restau-rada em novembro de 2003.

MAS • Praça Manoel Terra, s/n

• (34) 3316-9886• Horário de funciona--

mento: 13h às 18h

A igreja Santa Rita, hoje Museu, foi construída em cumprimento a uma promessa

Museu de Arte DecorativaEm 14 de abril de 2002

foi fundado o Museu de Arte Decorativa (MADA). A antiga mansão tem uma área de 3186 metros qua-drados e antes era conhe-cida como “Vila Eucaliptos”, propriedade do engenhei-ro agrônomo José Maria Reis. A Vila foi criada em 1916 por ele e sua esposa, Artemira de Souza Reis. Ali, nasceram os 15 filhos do casal.

Há sete anos, a sede foi doada por Niobe e Evaldo Batista dos Santos à prefei-tura de Uberaba.

O MADA está completa-

mente restaurado e conta com um acervo luxuoso. São aproximadamente 200 peças expostas, envolven-do porcelanas, pinturas e retratos desenhados à mão, móveis de madeira trabalhados à mão.

Entre tantas preciosida-des, uma se destaca: a répli-ca do quadro ‘’A Santa Ceia’’, de Leonardo Da Vinci. Uma pintura foi feita em 1921, por um dos filhos de José Maria Reis, diretamente na parede principal da antiga sala de jantar da família. Lucimeire Caetano, auxiliar de Ação Cultural do MADA,

conta que antigos morado-res já pintaram a casa, tam-param a imagem e, mesmo depois de 88 anos, a obra de quatro metros de largu-ra e três de altura, tem os traços perfeitos. José Ma-ria Reis Júnior investiu em profundos estudos sobre a pintura brasileira e tornou-se um grande artista.

MADA • Rua Maria de Lourdes Melo Colli s/n Bairro Estados Unidos

• (34) 3338-9409• Horário de funciona-

mento: 12h às 18h Santa Ceia, de José Maria Reis Júnior, tem lugar de destaque no MADA

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Kelle Oliveira Marcondes José

5º período de Jornalismo

De longe, é possível avis-tar o rio Claro e o cenário já é deslumbrante. A água é quase transparente e as pe-

dras compõem o bucolismo de um lugar onde parece não haver espaço para qual-quer vestígio de concreto. Descarregamos as mochi-las, barracas e máquinas digitais e entremeamos em uma trilha fácil e gramada,

de descida leve e 900 me-tros de expectativa sobre o que poderia causar barulho tão forte. Depois de cami-nhar entre árvores e pedras, bastou levantar o olhar para assistir a um dos espetáculos mais bonitos da natureza. A

Cachoeira da Fumaça fica a 80 quilômetros de Uberaba, com entra-da pela BR-269, sentido Uberaba-Uberlândia. Com 60 metros de altura e mais de 50 de largura, a Fumaça é rodeada por paredões úmidos de pe-dras balsáticas, que são mais resistentes aos pro-cessos de erosão.

Ao contemplar, a sensação é de que vol-tamos à pré-história, quando existiam espa-ços intocados, de beleza bruta e recente.

Uma estreita faixa de

mata densa e fechada difi-culta a descida ao vale, único local do qual se pode avistar a paisagem completa.

“Infelizmente, a Fumaça pode acabar. O lugar está condenado pelas lavouras de cana da região”, conta o turismólogo e especialis-ta em educação ambiental Thérbio Felipe Cezar.

Em entrevista ao Reve-lação, Cezar conta que as previsões para o futuro da Fumaça são desanimado-ras. “Um estudo realizado por alunos da Universidade de Uberaba constatou que as margens do Rio Claro, no trecho anterior à cachoeira, estão ficando maiores e a vazão está diminuindo. Se a política de desenvolvimento do município não considerar o meio-ambiente, não have-rá o que fazer”, explica.

Segundo ele, o local,

como muitos outros pontos de beleza natural do muni-cípio, estão localizados em propriedades particulares e, a maioria delas, rapidamen-te, vem tornando-se áreas de extensas plantações de cana. “A prática causa asso-reação da margem e gradual extinção da mata ciliar. Sem contar a água, é claro, que vai ficar mais suja a cada dia”, sentencia o turismólogo.

La Dolce Vita. Há 60 qui-lômetros de Uberaba, no município de Conquista, a propriedade de Cecília Len-za, parece cenário de filme italianos da década 60. A grama verde ladeada por cercas de madeira ou a vi-nícola localizada no interior da fazenda já valem a visita, mas a cachoeira, ainda sem nome, é a atração mais ge-nerosa, considerada a mais

Maravilhas a céu aberto

A água transparente batizou o rio

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bonita do cerrado minei-ro. “São uns 40 metros de queda, dentro de uma fur-na. É uma das coisas mais lindas que há. O lugar pa-rece um santuário com pedras e, inclusive, um lago subterrâneo”, descre-ve o turismólogo Thérbio.

A Fazenda é conside-rada “espaço para turismo de vivência”.

“Na Fazenda da dona Cecília, como em todas as outras da região, a gente entra, toma um cafezi-nho, ouve as histórias da vida e, aí, a dona convida a gente para conhecer o lugar, simplório e natural. Contudo, do ponto de vis-ta econômico, não repre-senta desenvolvimento”, explica o especialista.

A estudante Paola Ma-tias Pieruccini, no entanto, não compartilha da mes-ma opinião. Segundo ela, a consolidação desses espa-ços como atrações turísticas significariam o fim de sua condição de “lugares espe-ciais”. “Eu adoro procurar esse tipo de local para relaxar e me sintonizar com a natu-reza. Não há o que seja ruim ou aflitivo quando estamos lá, por isso, acredito que, se virar ponto para visitantes, perderá a característica mais

marcante, que é a de paz total”, garante.

Além da Cachoeira da Fumaça e do vale na fazen-da de Cecília, Paola já este-ve em lugares, na região, de beleza impressionante e que, por outro lado, são pra-ticamente desconhecidos para os uberabenses.

As aventuras recomen-dadas incluem passeios à Reserva Particular do Pa-

trimônio Natural Vale Encantado e a Jaguara, na região dos Lagos. Per-guntamos qual o passeio mais recomendado? “Todos os lugares são lindos, mas nada me apaixonou tanto quanto a Fazenda Zebu. O local é de difícil acesso, mas, quando se consegue entrar, chega a ser mágico. O fato de estar abandonada con-tribui para criar o clima”, fala

a estudante, descontraída.

Poluição Visual. Foi as-sim que Luiz Antônio Cos-ta, o Luiz Botina, referiu-se, recentemente, a locação de sua propriedade de 200 alqueires para a criação de gado. Empresário polêmi-co, condenado a sete anos de prisão por apenas um de seus 37 processos na Justi-ça - que incluem acusações que vão desde sonegação de impostos a envolvimen-to com drogas –, Luiz Botina fugiu por dez anos antes de ser preso em 2007, em uma operação especial que en-volveu as Polícias Militar, Ci-vil e Federal.

Nesse intervalo de tem-po, Botina construiu em torno de si uma fortaleza natural e um dos maiores parques ecológicos de Mi-nas Gerais, localizado na BR-262, sentido Campo Florido, há 30 km de Uberaba.

“É inexplicável entrar na-quele lugar. Tem edificações lindas e grandiosas, como casas em meio a lagos e an-fiteatros, bicas e lagoas ar-tificiais. No entanto, o mais

a céu abertobonito são as construções naturais: cachoeiras, árvores e os bichos, é claro”, conta a estudante Dalila Kênia Oli-veira.

Encantada pelo lugar onde esteve por duas ve-zes, a estudante conta que a maior parte da estrutura estava, de fato, abandonada. “A maioria das pontes que fi-cava sobre os lagos estavam partidas e as trilhas para a passagem de carros já não existiam mais. Mesmo assim, a Zebu é impressionante. Armamos nossa barraca na varanda da sede e, quando acordei no outro dia, tinha uma girafa. O nome dela é Loura”, conta.

O Santuário Ecológico Zebu, nos áureos tempos, além de duas girafas, tinha ainda araras azuis, lhamas, grows coroados, zebras, ca-pivaras e, inclusive, cangurus australianos. Alguns bichos fugiram.

Há cerca de um ano e seis meses, Luís Botina saiu da prisão e está residindo no Santuário. As visitas à propriedade ainda não são abertas ao público.A girafa é atração principal da Zebu Ecológica

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especial cultura10

Iara Rodrigues Leandro Araújo

5º período de Jornalismo

Ao contrário do que se pensa, com a industrializa-ção, o artesanato se firmou. Peças únicas e criativas fei-tas à mão são valorizadas. O meio rural é um dos nichos de mercado. “Vou resumir em uma palavra: perfeito”, afirma Romano Tiveron, fazendeiro, em relação ao trabalho desenvolvido por Jesus Geraldo Almeida Jú-nior.

É no pequeno cômodo situado no bairro São Be-

A dedicação cria o inusitado, revelado na delicadeza dos detalhes

nedito que Júnior produz selas e arreios. Há uma sim-ples diferença entre um e outro. A sela é usada mais para passear a cavalo, por ser mais confortável. O ar-reio já é mais utilizado para trabalhar. Entre chicotes, la-ços, fotos de cavalos, folhe-tos de cavalgadas, arreios, selas e ferramentas de tra-balho (martelo, prego, cola, linhas, agulhas e máquina de costura), Júnior conta que é conhecido por mui-tos fazendeiros por estar na profissão há 25 anos.

A selaria está sempre movimentada. Os assun-

tos giram em torno de cavalgadas, bois e mulas. “Quando venho para a cidade, passo na selaria para bater papo e tomar um café”, afirma Romano Tiveron.

Outro fazendeiro, José de Oliveira, fala sobre o marketing pessoal de Jú-nior. “Ele atende da melhor maneira possível, sempre alegre e falador”.

O artesão divide o mes-mo espaço com Vivaldo José Pereira, seleiro e tran-çador. Ele começou ainda menino, parou por 40 anos e há 10 retomou a produ-ção. Ele faz as tranças dos chicotes, produz laço, ré-dea, cabresto, cabeçada,

peitoral, enfim as peças ne-cessárias para cavalgada.

Quanto à procura pelo serviço, Júnior faz uma re-velação. “Antes da chegada das plantações de cana, a procura era maior. Isso se deve ao fato de ter diminu-ído a quantidade de fazen-das de gado”.

Nas mãos de Edson Leite Gonçalves, o couro se trans-forma. A matéria-prima apa-rentemente simples vira bol-sas femininas e masculinas,

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Vivaldo e Júnior se dedicam à arte voltada para o meio rural

Arte inspirada no campo

Com mãos habilidosas, Edson trabalha o couro

Arte em couro

Nas mãos ásperas e calejadas, a madeira ga-nha forma. Aos poucos, o artesão transforma a ma-téria bruta em delicados objetos de decoração. Os detalhes minuciosamen-te trabalhados por Mar-celo César Soares tornam

malas para viagem, cintos e botinas. Atrás do balcão, Ed-son também atende os fre-gueses da loja.

Em estilo rural, o estabe-lecimento tem couro por toda parte: desde o banco para experimentar as boti-nas, passando pelo tapete , até a vitrine.

Com 25 anos de profis-são, ele afirma: 65% são atra-ídos pela loja, os outros 35% são fixos.

Edson conta que nos úl-timos 15 anos as vendas di-minuíram. “Eu acredito que seja por conta da crise mun-dial e das exportações vindas

da China”.Volta e meia entra um

cliente na loja. Dona Maria Rosalia de Oliveira chega com uma mala de couro antiga e pergunta se tem como arru-mar a alça que descosturou.

Cliente de Edson há um ano e meio, a advogada co-menta que a mala está feia e velha e confia nos serviços do artesão. “Ele conserta e deixa perfeito”.

Dona Maria diz que não procura o comerciante só para os consertos e afirma que já comprou botinas fei-tas por ele para um tio que mora no sítio.

cada peça especial. Pilão, barril, “boizi-

nho” para colocar pinga e cuia de tomar chimar-rão são os produtos fei-tos pelo artesão que há 12 anos espalha seus trabalhos para todo Bra-sil. Sob o comando de

Marcelo, na direção de um ônibus, 12 artesãos saíram de Irati, no Pa-raná, e percorreram o país.

Antes de chegar a Uberaba, o grupo passou por São Paulo. “Aqui é bom para ven-der. Já vim outras qua-tro vezes”, diz Soares.

Gente que vem de fora Ele conta que a viagem dura o tempo que for ne-cessário para vender todas as mercadorias.

Quando isso ocorre, é hora de voltar para casa, onde permanece apenas 15 dias para rever a família e confeccionar novas pe-ças. Feito isso, pé na estra-da novamente.Marcelo usa as ruas de Uberaba para expor

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Peças originaisbasta “olhar bem” para encontrar

Na manhã de um chuvo-so sábado fomos ao Merca-do Municipal, inaugurado há 85 anos. A arquitetura imponente revela as poucas alterações que a infra-estru-tura sofrera com o passar dos anos.

Como outros mercados, o estabelecimento oferece hortifrutigranjeiros mistura-dos com aparelhos eletrô-nicos, artigos religiosos e decorativos, roupas e outros milhares de objetos. Uma in-finidade de cores e cheiros. Fica até difícil achar o que se deseja e fácil comprar o que não se precisa.

Andamos e conversamos muito.

- Moço, essas panelas de cobre são daqui? - Não, não, vieram do Espírito Santo.

- Senhor, esses chapéus e peças de barro foram produ-zidos aqui? - Não, meu filho, vieram do Norte. - E essas peças de madeira? Também não. Vieram de São Paulo. Fica mais barato comprar de lá do que daqui.

Duas horas se passaram e não encontramos nenhuma peça de artesanato produzi-da em Ubearaba. Desanima-dos, resolvemos ir embora. Próximo a uma das portas de saída, olhamos para trás na esperança de encontrar algo. E encontramos.

Não sabíamos, mas o mercado possui um segun-do andar inteiro dedicado ao artesanato. Aliás, o letrei-ro grita ARTESANATO.

Apressados, subimos. Ao chegar, vimos Debilia-ne Beatriz Pereira, artesã, professora de tecelagem e coordenadora do Centro de Tecelagem de Uberaba. Ao mesmo tempo em que atendia aos clientes, dava os últimos retoques a uma peça.

Vários trabalhos estão expostos, mas os tapetes e outros produtos feitos pelos nove tecelões chamam mais a atenção. “Somos bem visi-tados, temos uma clientela fixa, mas os turistas também colaboram para o aumento

das vendas”, explica a coor-denadora.

Debiliane contou ainda que o centro também ofe-rece cursos. “De dois em dois meses, criamos novas turmas, com quatro alunos cada”.

Mercadão • Praça Mano-el Terra, s/n° - Centro

• Horário de funciona-mento: segunda a sábado, 6h às 18h

• Aos domingos, aconte-ce o Domingo Cultural, com apresentação de artistas lo-cais, das 10h às 14h

Feirarte Exatamente às 20h do

mesmo sábado, fomos à Praça Jorge Frange. Lá, há 12 anos, acontece, todos os sábados, a Feira de Arte e Artesanato de Uberaba (Fei-rarte).

A feira reúne 130 expositores que, de braços abertos, recebem seus visi-tantes. Objetos decorativos de madeira, gesso, EVA, pul-

seiras, colares, chinelos com abrólio, toalhas, bor-dados, jogos de banho, potes decorados com biscuit, dentre outros, es-tão expostos nas barra-quinhas.

A artesà Regina Célia Alves Silva trabalha com a arte do biscuit há 16 anos e participa da feira há sete. “Este evento é uma forma de complementar a renda familiar”, diz.

Neusa Batista é apo-sentada, mas mostra seus bordados na Feirarte.

“Tem a questão financeira, mas sinto prazer em fazer e comercializar meus produ-tos”, afirma orgulhosa.

A cada dia, a feira agrega novos expositores. É o caso de Luciana Borges Resen-de. A artesã trabalha com madeira, gesso e EVA. Faz bandejas, caixas, porta-jóias, quadros e outros produtos.

Há três meses na feira, ela se diz satisfeita com o retorno do público. Essa é a mesma opinião de Adriana de Alcântara, que fabrica co-lares, pulseiras e decora chi-nelos com abrólios.

Na Feirarte também há espaço para a gastronomia. Encontramos delícias de milho e até as riquezas da culinária baiana. O cheiro se espalha e enche a boca d’água.

Selma Gomes Zarife ex-põe chocolates artesanais há seis anos. São pirulitos deco-

rados, trufas recheadas, cho-cotones, tortas e muito mais. “Eu participo de outras feiras da cidade,. mas o diferente da Feirarte é a receptividade”, diz ela.

Quem pensa que decorar chocolate é trabalho fácil, en-gana-se. É necessário tempo e paciência. Segundo Selma, são necessárias muitas horas de vai e vem do chocolate na geladeira. A ação é para o produto ganhar forma e cor. O resultado compensa.

Anote • sábados: 17h às 22h • Praça Dr. Jor-ge Frange - Bairro São Benedito

Outra opção de feira de artesanato e gastrono-mia que apresenta shows musicais abertos ao pú-blico é a Feira de Arte e Cultura • sexta-feira: 17h às 21h - Praça Dom Eduardo - Bairro Mercês.

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O Centro de Tecelagem oferece oficinas para interessados em tear

Os turistas são os principais clientes do Mercadão

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especial cultura12

RebolationHelenaldo Tristão

6º período de Jornalismo

Depois do rebolado de Elvis Presley, que causa-va histeria nas meninas da época, da dança de John Travolta em seus embalos de sábado à noite, passan-do pelo rei do pop, Micha-el Jackson, com sua dança inigualável, surge com toda potência e sem um “inventor classificado”, o Rebolation.

O Rebolation é uma nova forma de dança e está “bom-bando” nas danceterias, prin-cipalmente entre o público mais jovem. A dança surgiu nas festas raves, das batidas da música eletrônica. A fe-bre do Rebolation também está na Internet. Existem mais de 17 mil vídeos sobre o assunto. “Comece a arras-tar os pés, quebre a cintura e gesticule o máximo possível com os movimentos soltos dos braços, conduzidos pelo som. Mexa-se e misture tudo porque isso é o Rebolation”. Essa é a frase mais repetida em blogs e sites de relaciona-mentos dos jovens adeptos.

De boné com aba dobra-da dos lados, com 1 metro e 80 centímetros de altura, sorriso jovial, rosto de causar suspiros nas meninas, e com apenas 15 anos, o estudante Leonardo Anésio gosta do Rebolation e explica como treina a dança. “Primeiro você liga o som, fecha os olhos, sente a música entrar em seu corpo, depois é só se sol-tar, começando pelos pés.”

Éder Rodrigues, de 19

A dança que invadiu as pistas e a Internet

anos, já é um veterano das pistas. Dançarino de hip hop, teve facilidade de aprender o Rebolation e diz que quem gosta de dançar tem mais facili-dade, mas garante que é sempre um desafio.

O estudante Ryan Bor-ges, de 14 anos, conta que ele e os amigos treinam a dança, durante o intervalo de aula, na quadra da es-cola, já que não têm idade para frequentar as raves. “O pessoal fica olhando, acha legal. Alguns pedem para ensinar”, conta Ryan. Ele ainda dá algumas dicas para quem quer aprender.

“Você chuta um pé para frente e desliza o outro para trás,ou com o calcanhar no chão, gira o pé para fora, enquan-to chuta com o outro”.

Se você não co-nhecia, agora conhe-ce! Se você não dança-va, agora é só dançar! Ryan treina a dança com amigo

Primeiro você liga o som, fecha os olhos, sente a música entrar em seu corpo, depois é só se soltar, começando pelos pés

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Uberabense se considera o maior colecionador de ópera do Brasil. Ele também é fã de folia de reis, catira e música sertaneja raiz

O colecionador de música

Isabella Lima 5º período de Jornalismo

A primeira lembrança que Gilberto Resende tem da música em sua vida foi aos quatro anos de idade, quando flagrou sua mãe chorando ao ouvir uma canção e não entendeu o que acontecia. Em casa, uma fazenda na zona rural de Uberaba, ele sempre ou-via muita música com seus pais, fascinados com as har-monias. A paixão pela ópera começou aos 7 anos, por-que seu irmão mais velho gostava do estilo e sempre levava amigos para ouvir os vinis.

Atualmente, a coleção de Gilberto, tem mais de 50 mil músicas. Ele começou ainda na juventude, quando aos 20 anos, adquiriu os pri-meiros vinis. Desde então, não parou mais de comprar discos.

Em contato com alguns amigos que tinha no exte-rior, Gilberto começou a im-

portar as obras e aumentar a coleção. Há 40 anos, ele é assíduo comprador da Euro-pa.

Nesse tempo todo, pou-cas vezes usou a Internet. Mesmo hoje em dia, com toda a facilidade e econo-mia proporcionada pelo computador, Gilberto ainda usa o telefone e as cartas para fazer contato com os vendedores.

Além de apreciar ouvir óperas, Gilberto é também um leitor assíduo de tudo que diz respeito ao assun-to. Lê sobre os autores, so-bre os intérpretes, sobre as épocas do Barroco, do Clas-sicismo e Romântica. Sobre Giacomo Puccini, Giuseppe Verdi. Utiliza vários termos específicos da ópera. Mas não é só o estilo do teatro cantado que encanta Gil-berto. Música clássica, folia de reis, música raiz e catira também fazem parte de sua coleção. Ele se considera o maior colecionador de folia de reis e catira. Inclusive, es-creveu e publicou um livro chamado: “Catira, a poesia do sertão”.

Gilberto tem todas as obras de Beethoven e Hen-del. Da música raiz, tem coleções de Tião Carreiro e Pardinho, Tonico e Tinoco, Liu e Léo, Jacó e Jacozinho, Zico e Zeca, Caim e Abel, e muitas outras duplas que fizeram parte da criação da moda de viola e dos pago-des sertanejos.

A coleção é guardada em lugares separados. A parte folclórica fica no escri-tório. As óperas, com maior valor afetivo, ele guarda em casa. Gilberto tem uma fun-cionária só para transferir os

arquivos da coleção para o computador. No acervo di-gital, tudo é separado por pastas. Ao todo , são dez mil horas de música. Ouvindo seis horas por dia, como faz o colecionador, dá para ou-

vir durante dois anos, sem repetir uma música sequer. As músicas que carrega no seu Ipod ficam todas mistu-radas. O colecionador gosta de ouvir uma moda de viola, em seguida uma ópera, de-pois folia, tudo junto. Quan-do está no trabalho, o som fica ligado o tempo todo.

Apesar do grande acervo e de já ter ouvido algumas músicas mais de 250 vezes, ainda falta muita coisa para completar a coleção. Gil-berto conta que existem no mundo 25 mil óperas feitas, mas somente umas 4 mil gravadas. Dessas, ele possui mil.

“Naquele período não tinha gravador, não tinha nada. Muita coisa se per-deu. Os compositores com maior renome são gravados, os outros são ignorados. Ás vezes, nem a partitura existe mais”, explica Resende.

Não existe contagem ofi-cial, mas certa vez um ven-dedor disse a Resende que ele era o maior comprador de discos de ópera do Bra-sil. Desde então, ele assim se considera.

Composito-res com maior renome são gravados, os outros são ignorados

A coleção de Gilberto tem hoje mais de 50 mil músicas

O colecionador tem todas as obras de Beethoven e Haendel

A coleção de Gilberto vai além dos vinis. Fitas de vídeo, livros e CD’s também integram o acervo

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Maria Helena Ciriane a poetisa da forma

Bruno AugustoDanilo Lima

5º período de Jornalismo

As mãos se aprofun-dam no barro. Às vezes com delicadeza, outras, com força. Aos poucos, as proporções aparecem e, como mágica, revelam a forma humana.

A artesã Maria Helena Ciriane, como uma sacer-dotisa das artes, profetiza que a vida não é diferente desse processo. “Atitudes firmes, outras mais leves, em certos momentos. Movimentos bruscos, e outros, bastante cuidado. A vida nos exige ser assim. É como um caos que de-vemos organizar. É como a argila tornando-se obra de arte”, declama a poeti-sa da forma.

Pelo olhar, Maria Hele-na parece estar entre dois mundos. A parturiente das próprias mãos faz nascer o sagrado e o pro-

fano e, da mesma forna-lha, mais tarde, traz santos e anjos. Tem espaço para o nu feminino e o beijo das estátuas enamoradas fundidas numa só. A ca-beça do índio, a duquesa européia e a face de uma louca tomam lugar em um mesmo mundo.

Do mundo inteiro também é sua arte. Ela já expôs na Itália, Fran-ça, Portugal e em quase toda América Latina. A uberabense não aceita os rótulos da arte acadê-

mica. “Barroca, clássica, romântica, contemporâ-nea, não importa. Minha arte não tem coleira, ali-ás, nenhuma tem. Tem dias que acordo com uma tendência barroca, em outros estou mais contemporânea”, esbra-veja.

Segundo Oscar Wil-de, a finalidade da arte é, simplesmente, criar um estudo da alma. Já para Picasso, a arte é a mentira que nos per-mite conhecer a verda-de. Ciriane diz que a arte é tudo. Desco-nhece sua vida sem ela, e só conhece a vida por meio dela.

A autodidata não teve conta-to com os avós, que também foram escul-tores. Apesar das pou-cas aulas com uma “Dona Esmeralda”, desenvolveu-se nes-se caminho sozinha. “Quando criança, meu brinquedo era o barro e nunca deixou de ser. Talvez esteja no sangue”, comple-menta, nostálgica.

Ateliê de Ma-ria Helena Ciriane: Rua Capitão Batis-ta Machado, 349 Bairro Boa Vista

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Charge crítica por meio de formas e cores

Bárbara CarettaThiago Ferreira

5º período de Jornalismo

Uma folha em bran-co, lápis e borracha. Uma ideia, um olhar atento, mãos ágeis, uma pitada de experiência, algumas doses de humor e os pri-meiros traços vão surgin-do. Assim são construídas as charges. Arte em forma de crítica, tem boa recep-tividade com público de todas as idades.

Antônio de Paula Silva e Neto, Toninho Cartoon, como é conhecido em Uberaba, há 10 anos traba-lha com charges e já teve sua obra publicada pela revista de circulação na-cional Veja. Ele define seu trabalho como “um hobby que me traz até uns troca-dinhos”.

Toninho, desde criança ,sempre teve intimidade

com ilustrações. Começou a fazer charges e tê-las pu-blicadas nos jornais locais. “Infelizmente, o desenho não é suficiente para me manter. Só faço como free-lancer. Atualmente,

trabalho com artes na área de Publicidade”, diz o cartunista.

Na bagagem, carrega mais de 500 charges e alguns apuros, como as duas vezes em que seus desenhos foram parar nos tribunais. “Uma vez foi com um candidato a prefeito de Uberaba e fui absolvido. Na segunda, foi com um delegado. A multa chegou a 15 mil reais, mas quem arcou foi o jornal em que a charge foi publicada”, conta.

Nem sempre os retrata-dos ficam contentes. To-ninho lembra que alguns políticos já reclamaram. Algumas vezes pelo seu próprio retrato, outras pela crítica. Mas há também aqueles que procuram o trabalho do cartunista para fazer sua caricatura. “Convites de casamentos, turma de formandos e mascotes são os mais pro-curados”, revela.

Para ser cartunista não é necessário uma licença; é um trabalho livre. Para os interessados, há a Associa-ção dos Cartunistas do Bra-sil, onde é possível buscar orientação e trocar expe-riências com profissionais. O endereço eletrônico é www.acharge.com.br.

Toninho já desenhou mais de 500 charges

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Cursos do Multiperiódico – a partir de 7h30

• ADMINISTRAÇÃO - Anfiteatro Biblioteca

ARQUITETURA E URBANISMO - Sala V01•

BIOMEDICINA - Sala H119•

DIREITO - Sala P201•

ENFERMAGEM - Sala Z209•

ENGENHARIA AMBIENTAL - Anfiteatro C01•

ENGENHARIA CIVIL - Anfiteatro C01•

ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO - Anfiteatro C01•

ENGENHARIA ELÉTRICA - Anfiteatro C01•

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO - Anfiteatro C01•

ENGENHARIA QUÍMICA - Anfiteatro C01•

FARMÁCIA - Laboratório D14•

FISIOTERAPIA - Sala Z308•

MEDICINA - Sala S315•

MEDICINA VETERINÁRIA - Anfiteatro D02•

ODONTOLOGIA – Sala ZT30•

Cursos do Noturno – a partir das 18h30

ADMINISTRAÇÃO - Anfiteatro Biblioteca•

ARQUITETURA E URBANISMO - Sala V01•

BIOMEDICINA - Sala H119•

CIÊNCIAS CONTÁBEIS - Sala Q11•

DESIGN DE INTERIORES - Sala V01•

DIREITO - Sala P102•

EDUCAÇÃO FÍSICA - Sala Anfiteatro C01•

ENGENHARIA AMBIENTAL - Sala Z108•

ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO - Sala Z107•

ENGENHARIA ELÉTRICA - Sala Z208•

ENGENHARIA CIVIL - Sala Z105•

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO - Sala Z204•

ENGENHARIA QUÍMICA - Sala H224•

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO - Sala X02•

TEC. PRODUÇÃO SUCROALCOOLEIRA - Sala Y13•

FARMÁCIA - Laboratório D14•

FISIOTERAPIA - Sala A106•

NUTRIÇÃO - Sala A105•

GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS - Sala C11•

MARKETING - Sala C11•

GESTÃO DE AGRONEGÓCIOS - Sala G04•

ODONTOLOGIA - Sala A21•

PEDAGOGIA - Sala X24•

PSICOLOGIA - Sala A24•

JORNALISMO- Sala J06•

PUBLICIDADE E PROPAGANDA – Sala J06•

CALOURO:AGENDE-SE!


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