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QUESTES DE POLTICA DE LNGUA NO BRASIL: PROBLEMAS E IMPLICAESCARLOS ALBERTO FARACO

O Brasil um pas multilngue, porm se reconhece como unilngue. Sendo a lngua nica, as lnguas indgenas, as de imigrao e variantes segregadas do portugus acabam sendo excludas, no sendo consideradas temas da nacionalidades e da cidadania. O portugus fator de unidade e orgulho, bem como de desdm e excluso. Recentemente os consultrios gramaticais voltaram cena nos jornais. Estes abriram espao para colunas de questes lingusticas e definiram em manuais de redao, que se tornaram best-sellers, fatos da lngua tidos como nicos e corretos. Os gramticos da mdia viraram personalidades nacionais, como o Prof. Pasquale. Os consultrios pressupem que os brasileiros falam mal a lngua e precisam de uma caa aos erros. Os comentadores viram essa ascenso dos consultrios como uma vontade dos brasileiros de melhorarem o conhecimento da lngua. Mas eles no pem em dvida se a abordagem fragmentada das questes gramaticais e o entendimento da lngua como algo esttico e sem histria um procedimento inapropriado. Os linguistas fazem crticas aos consultrios devido, principalmente, ao carter anacrnico e artificial do padro da lngua que eles defendem e porque no tomam em considerao a variao lingustica. Porm as crticas no resultam em um debate pblico, pois os linguistas s dispem do espao acadmico para expor seus pontos de vista, no tm espao na mdia. Esta acusa os linguistas de liberais ou relativistas, que tudo admitem na lngua. H um insulamento da instituio universitria e de suas prticas que dificulta um dilogo com as esferas da sociedade. O apelo pura racionalidade cientfica pouco convence, pois as asseres e formulaes ferem as crenas e valores presentes na sociedade. preciso politizar as questes do prprio universo acadmico. Como profissionais de Letras e Lingustica deveramos querer contribuir para que se democratize a circulao dos discursos lingusticos no espao pblico e h trs espaos que poderiam contribuir para isso:1. A escola bsica: Esta deveria fornecer a compreenso crtica do funcionamento social da linguagem, porm continua perdida no normativismo.2. A universidade: Temos ampliados as pesquisas que tm permitido descries de diferentes modalidades faladas. Porm continuamos insulados.3. A imprensa: Poderia ser um precioso espao para ampliao do debate, porm pouco comum um jornal que se disponha a ir alm de uma viso estereotipada da lngua.

Alguns dos entraves do ensino brasileiro derivam do prprio fato que a sociedade brasileira no foi capaz ainda de abrir um debate poltico de suas grandes questes lingusticas.


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