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1. DEMANDA (PROCURA)

A demanda ou procura de um bem é simplesmente a quantidade deste bem que os

consumidores/compradores desejam adquirir a determinado preço, em determinado período de tempo.

Curva de demanda de um bem informa, graficamente, a quantidade que os consumidores desejam comprar

à medida que muda o preço unitário.

A quantidade demandada ou procurada de um bem varia inversamente em relação ao seu preço. Esta é a

milenar lei da demanda.

Assim, podemos dizer que a curva de demanda tem inclinação para baixo, decrescente, descendente ou

negativa.

Exceção à lei da demanda: existe um tipo de bem que não obedece à lei da demanda: é o bem de Giffen.

Para este bem, aumentos de preço geram aumentos de quantidade demandada e reduções de preço geram

redução de quantidade demandada.

Por exemplo, suponha uma situação em que temos uma família pobre diante da ocorrência de um aumento

no preço do pão. Como a renda da família é bastante baixa, o aumento do preço do pão fará com que sobre

menos renda para o consumo de outros bens, de forma que a família optará por aumentar o consumo de

pães. Neste caso, o pão será um bem de Giffen.

Esclarecimento sobre os bens de Veblen:

Para fins de concursos, esqueça os bens de Veblen, e adote a seguinte definição para bem de Giffen: é o

bem que nega a lei da demanda. Pode ser tanto um bem de baixo valor como um bem de alto valor, desde

que negue a lei da demanda.

FATORES QUE AFETAM A DEMANDA

Preço: já visto no item de introdução à Demanda.

Renda do consumidor: na maioria das vezes, o aumento de renda provoca o aumento da demanda.

Preços de outros bens: se o consumidor deseja adquirir arroz, ele também verificará o preço do feijão, já

que o consumo destes bens é associado. Esses bens são complementares. De forma oposta, quando o

consumo de um bem substitui ou exclui o consumo de outro bem, dizemos que estes bens são substitutos ou

sucedâneos. É o que acontece, neste último caso, com a manteiga e a margarina, refrigerante e suco, carne

bovina e carne de frango, etc.

Outros fatores: gostos, hábitos e expectativas dos consumidores que podem variar devido a inúmeros

fatores.

Assim, podemos listar como outros fatores:

1) Expectativas dos consumidores: quanto à renda futura (se eles esperam que sua renda vá aumentar, a

demanda tende a aumentar). Quanto ao comportamento futuro dos preços (se eles esperam que os preços

vão aumentar, a demanda tende a aumentar, para evitar comprar produtos mais caros no futuro). Quanto à

disponibilidade futura de bens (se o consumidor acredita que determinada mercadoria poderá faltar

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futuramente no mercado, ele poderá aumentar a demanda por esse bem, precavendo-se de sua falta no

futuro).

2) Mudança no número de consumidores no mercado: o aumento de consumidores aumenta a demanda

pelo consumo de bens.

3) Mudanças demográficas: a demanda por muitos produtos está, por exemplo, estreitamente ligada à

composição etária da população, bem como à sua distribuição pelo país.

4) Mudanças climáticas: a demanda por produtos estritamente ligados à estação mais quente (óculos de sol,

sungas de banho, etc) são mais demandadas no verão e menos demandadas no inverno.

Para que os economistas consigam analisar a influência de uma variável na demanda, utiliza-se a suposição

de que todas as outras variáveis permanecem constantes. No jargão econômico é utilizado o termo coeteris

paribus, que quer dizer: todo o restante permanecendo constante.

ALTERANDO A DEMANDA

a) PREÇOS: quando os preços dos produtos sobem, a quantidade demandada cai, e vice-versa. A principal

conclusão a que chegamos é que a mudança de preços ocasiona deslocamentos NA curva de demanda, AO

LONGO DA CURVA.

b) RENDA DO CONSUMIDOR: para os bens normais, aumentos de renda dos consumidores, coeteris

paribus, provocam aumento da demanda (veja que estamos falando em aumento da demanda e NÃO

aumento da quantidade demandada). Após o aumento de renda, TODA a curva de demanda se desloca para

a direita, indicando maiores quantidades demandadas ao mesmo nível de preços. Caso tenhamos um bem

inferior, que, por definição, é o bem cuja demanda diminui quando o nível de renda do consumidor aumenta,

o raciocínio é diferente. Neste caso, aumentos de renda farão com que a curva de demanda se desloque para

a esquerda, indicando menor demanda.

c) PREÇOS DE OUTROS BENS:

1) Bens substitutos: Quando o consumo de um bem relacionado exclui o consumo de outro bem, dizemos

que estes bens são substitutos

Caso haja diminuição do preço de um bem substituto:

PY aumenta QDY diminui QDX aumenta ao mesmo nível de preços curva de demanda

de X se desloca para a direita

PY diminui QDY aumenta QDX diminui ao mesmo nível de preços curva de demanda

de X se desloca para a esquerda

2) Bens complementares: quando o consumo de um bem é associado ao consumo de outro bem, dizemos

que estes são complementares. É o que ocorre com o arroz e o feijão, terno e gravata, pão e manteiga, etc.

Temos as seguintes relações para os bens X e Y, complementares:

PY aumenta QDY diminui QDX também diminui ao mesmo nível de preços curva de

demanda de X se desloca para a esquerda.

PY diminui QDY aumenta QDX também aumenta ao mesmo nível de preços curva

de demanda de X se desloca para a direita.

d) OUTROS FATORES: aqui, conforme já comentado, podemos ter infinitas variáveis que influenciam a curva

de demanda de um bem. Aqui neste item, a exemplo do que aconteceu nos itens b) e c), estamos falando do

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deslocamento da curva de demanda como um todo, de forma que ela se desloca para a direita ou para a

esquerda.

Importante: Mudanças no preço de um bem X provocam deslocamentos NA, AO LONGO, SOBRE a

curva de demanda (a curva fica no mesmo lugar), enquanto qualquer mudança em quaisquer outros

fatores que não sejam o preço do bem provoca deslocamento DA curva de demanda (a curva inteira

sai do lugar).

2. OFERTA

A oferta de um bem é simplesmente a quantidade deste bem que os produtores/vendedores desejam vender

a determinado preço, em determinado período de tempo.

Curva de oferta de um bem informa, graficamente, a quantidade que os vendedores desejam vender à

medida que muda o preço unitário.

Do ponto de vista dos produtores, quanto maior for o preço de um bem melhor será. Desta forma, há uma

relação diretamente proporcional entre os preços e as quantidades ofertadas. Assim, o gráfico da curva de

oferta terá inclinação para cima, ascendente, crescente ou positiva.

FATORES QUE AFETAM A OFERTA

Preço do bem: já visto.

Custos de produção: quanto maiores os custos de produção, menor o estímulo para ofertar o bem ao

mesmo nível de preços. Quanto menores os custos de produção, maior será o estímulo para ofertar o bem.

Como exemplo de custos de produção, podemos apresentar os tributos, salários dos empregados, taxas de

juros, preço das matérias-primas, etc.

Tecnologia: o aumento de tecnologia estimula o aumento da oferta, tendo em vista que o desenvolvimento

da tecnologia, geralmente, implica reduções do custo de produção e aumento da produtividade.

Preços de outros bens: se os preços de outros bens (que usam o mesmo método de produção) subirem

enquanto o preço do bem X não se altera, obviamente, os produtores procurarão ofertar aquele bem que

possui o maior preço e lhe trará maiores lucros.

Outros fatores: aqui, a exemplo da demanda, temos uma infinidade de fatores que podem alterar a oferta.

Apenas para citar um exemplo, uma superoferta de qualquer produto agrícola pode ter sido causada por uma

excelente safra, devido a boas condições climáticas no campo.

Da mesma maneira do que ocorre na curva de demanda, alterações de preços provocam deslocamentos

ao longo da curva de oferta (ela continua no mesmo lugar). Alterações nos custos de produção,

tecnologia, preços de outros bens e outros fatores provocam deslocamentos de toda a curva de

oferta.

Memorize apenas que aumentos de oferta ou de demanda fazem com que estas curvas se desloquem para a

direita, caminhando, no eixo das abscissas do gráfico, para maiores quantidades demandadas ou ofertadas.

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EQUILÍBRIO

O preço e a quantidade de equilíbrio estarão exatamente no ponto onde a demanda iguala a oferta.

Quando o preço está abaixo do equilíbrio, a quantidade ofertada é menor que a quantidade demandada. A

diferença entre a quantidade demandada e a quantidade ofertada representa a escassez no mercado deste

bem. Para restabelecer o equilíbrio, o preço deve ser elevado para que a quantidade ofertada aumente e a

quantidade demandada diminua.

Quando o preço está acima do equilíbrio, a quantidade ofertada é maior que a quantidade demandada. A

diferença entre a quantidade ofertada e a quantidade demandada representa o excesso no mercado deste

bem. Para restabelecer o equilíbrio, o preço deve ser reduzido para que a quantidade ofertada diminua e a

quantidade demandada aumente.

ALTERANDO O EQUILÍBRIO

Exemplo 1: Qual o efeito sobre preço e quantidade de equilíbrio de um bem X, transacionado em um

mercado competitivo, após o aumento do preço de um bem Y, substituto de X?

Após o aumento de preço de Y, pela lei da demanda, a quantidade demandada de Y diminui. Como X e Y são

substitutos, os consumidores substituirão o consumo de Y pelo consumo de X, isto é, a demanda de X

aumenta, provocando o deslocamento de toda a curva de demanda de X para a direita. Conclusão: o

aumento de preço de um bem substituto provoca aumento de preços e quantidades transacionadas do bem

X.

Exemplo 2: Qual o efeito sobre preço e quantidade de equilíbrio de um bem X, transacionado em um

mercado competitivo, após o aumento do preço de um bem Y, complementar de X?

Após o aumento de preço de Y, pela lei da demanda, a quantidade demandada de Y diminui. Como X e Y são

complementares, os consumidores, ao diminuírem o consumo de Y, também diminuem o consumo de X, isto

é, a demanda de X diminui, provocando o deslocamento de toda a curva de demanda de X para a esquerda.

Conclusão: o aumento de preço de um bem complementar provoca redução de preços e quantidades

transacionadas do bem X.

Exemplo 3: Qual o efeito sobre preço e quantidade transacionada do bem X, transacionado num mercado

competitivo, após um aumento de tributação sobre a produção?

Aumentos de tributação sobre a produção aumentam os custos de produção e, como estamos falando em

produção, este aumento de tributos influencia a oferta e não a demanda, mais precisamente, reduzirá a

oferta. Esta diminuição da oferta provoca deslocamento de toda a curva de oferta para a esquerda.

Conclusão: o aumento de tributação sobre a produção provoca aumento de preços e redução de quantidades

transacionadas. Cuidado: se o aumento de tributação for sobre a renda das pessoas, esta tributação vai

alterar a demanda e não a oferta.

Exemplo 4: Qual o efeito sobre preço e quantidade transacionada do bem X, transacionado num mercado

competitivo, após o desenvolvimento de uma nova tecnologia de produção?

Desenvolvimento de tecnologia afeta a produção, desta forma, influenciará a oferta, mais precisamente,

haverá aumento de oferta e a curva será deslocada para a direita. Isto acontece pois a tecnologia diminui os

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custos e aumenta a produtividade, elevando, assim, a oferta. Conclusão: o desenvolvimento de nova

tecnologia provocará redução nos preços e aumento das quantidades transacionadas.

Exemplo 5: Quais as consequências de um congelamento de preços, abaixo do equilíbrio, por parte do

governo?

Antes de tudo, devemos atentar para o fato que foi falado tão somente sobre alteração de preços. Desta

forma, não haverá deslocamento de nenhuma das duas curvas. Observe que, pelo fato de o preço estar

abaixo do equilíbrio, as quantidades demandadas superam as quantidades ofertadas, havendo, portanto,

escassez de bens.

Ao se deparar com um problema em que você tenha que descobrir, a partir de um acontecimento, os

efeitos sobre o preço e quantidade de equilíbrio de determinado bem, siga os passos abaixo:

1 – primeiro, verifique se este acontecimento é uma simples alteração de preço. Se for, haverá deslocamento

ao longo da curvas, provocando escassez se o preço for abaixo do equilíbrio, ou excesso se o preço for

acima do equilíbrio.

2 – depois, verifique se o acontecimento afeta a demanda ou a oferta. Mudanças na renda do consumidor e

nos preços de bens que tenham o consumo relacionado provocam deslocamentos da curva de demanda.

Mudanças nos custos de produção (salários, tributos, taxa de juros, preços de matérias-primas), tecnologia e

nos preços de bens que tenham a produção relacionada provocam deslocamentos da curva de oferta.

3 – verifique para onde vai determinada curva, se para a direita ou esquerda. Aumentos, sejam na demanda

ou oferta, irão deslocar as curvas para a direita, no sentido de aumento de quantidades transacionadas, que

estão representados no eixo horizontal, das abscissas. Reduções, sejam na demanda ou oferta, irão deslocar

as curvas para a esquerda.

4 – após deslocar as curvas, verifique, por si só, as consequências sobre o novo preço e quantidade

transacionada do bem.

3. ELASTICIDADES

3.1. ELASTICIDADE PREÇO DA DEMANDA (EPD)

Muitas vezes desejamos saber quanto vai aumentar ou quanto vai cair a demanda ou a oferta. Utilizamos as

elasticidades para responder a perguntas como essas. Elasticidade significa sensibilidade. A elasticidade

mede quanto uma variável pode ser afetada por outra.

A elasticidade preço da demanda (EPD) indica a variação percentual da quantidade demandada de um

produto em função da variação percentual de 1% nos preços. A EPD é geralmente um número negativo.

Quando o preço de uma mercadoria aumenta, a quantidade demandada em geral cai, e, dessa forma, ΔQ/ΔP

é negativa, e, portanto, EPD é um valor negativo. No entanto, usa-se seu valor absoluto, ou o seu módulo.

Por exemplo, se EPD = -1, dizemos simplesmente que a elasticidade é 1.

Quando a EPD é maior que 1, isto é, a queda nas quantidades demandadas é percentualmente superior ao

aumento de preços, dizemos que a demanda é elástica aos preços.

Quando EPD é menor que 1, isto é, a queda nas quantidades demandadas é percentualmente inferior ao

aumento de preços, dizemos que a demanda é inelástica aos preços.

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Quando EPD é igual 1, isto é, a queda nas quantidades demandadas é percentualmente igual ao aumento de

preços, dizemos que a elasticidade preço da demanda é unitária.

Quanto mais essencial o bem, mais inelástica (ou menos elástico) será a sua demanda: se o bem for

essencial para o consumidor, aumentos de preço irão provocar pouca redução de demanda, ou seja, EPD

será menor que 1.

Quanto mais bens substitutos houver, mais elástica será a sua demanda: se o bem tiver muitos substitutos,

o aumento de seus preços fará com que os consumidores adquiram os bens substitutos, desta forma, a

diminuição das quantidades demandadas será grande.

Quanto menor o peso do bem no orçamento, mais inelástica será a demanda do bem: uma caneta das

mais simples custa R$ 1,00 e pode durar bastante tempo. Se seu preço aumentar para R$ 1,30, seu consumo

não diminuirá significativamente, pois o produto é muito barato, quase irrelevante no orçamento das famílias.

No longo prazo, a elasticidade preço da demanda tende a ser mais elevada que no curto prazo: um

aumento de preços de determinado produto pode não causar significativas mudanças nas quantidades

demandadas, a curto prazo, pois os consumidores levam um tempo para se ajustar ou para encontrar

produtos substitutos.

Quanto maior o número de possibilidades de usos de uma mercadoria, tanto maior será sua elasticidade.

Se um produto possui muitos usos, então, será natural que o número de substitutos que ele possui também

seja alto, pois em cada uso que ele possui haverá alguns substitutos. No total, então, se um produto possui

muitos usos, haverá um grande número de substitutos.

3.2. ELASTICIDADE RENDA DA DEMANDA (ERD)

A elasticidade renda da demanda mede a sensibilidade da demanda a mudanças de renda. É a variação

percentual da demanda de um bem em função da variação percentual da renda.

O coeficiente (o número) que expressa a elasticidade renda da demanda pode ser positivo, negativo ou nulo.

Se ERD > 0, então o bem é normal;

Se ERD < 0, então o bem é inferior.

Se ERD>1, os bens são chamados de bens de luxo. Geralmente bens supérfluos, como joias e casacos de

pele. Ao mesmo tempo, dizemos que a demanda por esse bem é elástica em relação à renda.

Se ERD<1 (e maior que ZERO), dizemos que a demanda é inelástica à renda.

Se ERD=1, isto significa que a demanda por esse bem tem elasticidade unitária à renda. Ou ainda, o bem tem

elasticidade-renda unitária.

Se ERD=0, diz-se que a demanda é perfeitamente inelástica (anelástica) à renda. Isto é, a demanda

permanece constante, independente de qualquer alteração na renda do consumidor. Estes bens são

chamados de bens de consumo saciado. Ex.: o sal de cozinha.

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Resumindo, então:

ERD > 1

Bem de luxo (tipo de bem normal)

Elasticidade renda da demanda elástica

0 < ERD < 1

Bem normal

Elasticidade renda da demanda inelástica

ERD = 1

Bem normal

Elasticidade renda da demanda unitária

ERD > 0

Bem normal

Elasticidade renda da demanda positiva

ERD < 0

Bem inferior

Elasticidade renda da demanda negativa

ERD = 0

Bem de consumo saciado

Elasticidade renda da demanda nula

3.3. ELASTICIDADE-PREÇO CRUZADA DA DEMANDA (EXY)

A elasticidade-preço cruzada da demanda mede o efeito que a mudança no preço de um produto provoca na

quantidade demandada de outro produto, coeteris paribus.

De acordo com o sinal do coeficiente, os bens podem ser classificados em substitutos, complementares e

independentes.

a) EXY > 0, bens substitutos

b) EXY < 0, bens complementares

c) EXY = 0, bens independentes

3.4. ELASTICIDADE PREÇO DA OFERTA (EPO)

A elasticidade preço da oferta mede a sensibilidade da quantidade ofertada em resposta a mudanças de

preço.

OFERTA ELÁSTICA, EPO > 1

OFERTA INELÁSTICA, EPO < 1

ELASTICIDADE UNITÁRIA, EPO = 1

A elasticidade da oferta e o tempo

Assim como na demanda, a oferta tende a ser mais elástica no longo prazo. Caso haja alguma alteração de

preços, no curto/curtíssimo prazo, nem sempre é possível aos produtores ajustarem a oferta dos produtos.

Durante esse curto intervalo de tempo em que não é possível ajustar a oferta, ela será inelástica.

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Em longo prazo, a resposta em quantidade ofertada para uma alteração de preços é maior, porque em

período mais longo os produtores podem variar os seus recursos produtivos, aumentando/diminuindo a

produção conforme a necessidade. Logo, quanto maior for o período de tempo, maior deverá ser a

elasticidade da oferta.

ESTRUTURAS DE MERCADO

1. INTRODUÇÃO E GENERALIDADES

Basicamente, são três as variáveis que diferenciam as estruturas de mercado:

Número de firmas produtoras no mercado;

Diferenciação do produto;

Existência ou não de barreiras à entrada de novas empresas.

Podemos classificar os mercados em: concorrência perfeita, monopólio, concorrência monopolística,

oligopólio, oligopsônio e monopsônio. Vejamos, sucintamente, as características principais de cada um deles:

i. Concorrência perfeita: número infinito de produtores e consumidores, produto transacionado é

homogêneo, não há barreiras à entrada de firmas e consumidores, perfeita transparência de informações

entre consumidores e vendedores, perfeita mobilidade de fatores de produção. Exemplo mais próximo:

mercado agrícola.

ii. Monopólio: é a antítese da concorrência perfeita. Há apenas uma empresa para inúmeros consumidores.

O produto não possui substitutos próximos e há barreira à entrada de novas firmas.

Exemplo: Companhias de energia elétrica dos municípios ou estados.

iii. Oligopólio: pequeno número de firmas que dominam todo o mercado, os produtos podem ser

homogêneos ou diferenciados, com barreiras à entrada de novas empresas.

iv. Concorrência monopolística (ou imperfeita): muito semelhante à concorrência perfeita, com a diferença

que o produto transacionado não é homogêneo (apesar de não serem homogêneos, os produtos

transacionados são substituíveis entre si). Isto é, cada firma possui o monopólio do seu produto, que é

diferenciado dos demais.

Exemplo: lojas de roupas (muitas firmas, muitos compradores, porém o produto é diferenciado, cada loja

possui o monopólio da sua marca).

v. Monopsônio: é a antítese do monopólio. Neste, há apenas um vendedor, enquanto, no monopsônio, existe

apenas um comprador. É o caso, por exemplo, de regiões em que há várias fazendas de gado e apenas um

frigorífico. Naturalmente, este frigorífico será o único comprador (monopsonista) da carne das fazendas.

vi. Oligopsônio: de forma inversa ao oligopólio, no oligopsônio, existe um grupo de compradores que

dominam o mercado. Temos como exemplo o mercado de peças automotivas em que um pequeno grupo de

compradores (Ford, GM, Fiat, etc) adquirem grande parte da produção.

Para o ICMS SC, só são importantes: concorrência perfeita, monopólio e concorrência monopolista.

1.1. A hipótese da maximização de lucros

Em nossas análises, estaremos a todo instante supondo que o objetivo das firmas é a maximização de lucros

(teoria neoclássica ou marginalista) e que o seu equilíbrio acontece neste momento.

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1.2. Condição de maximização de lucros

A empresa maximiza lucros quando o custo marginal se iguala à receita marginal. Essa condição vale para

qualquer estrutura ou tipo de mercado, independentemente se é curto ou longo prazo. Assim, qualquer

empresa (estando inserido em um mercado monopolista, oligopolista, concorrência perfeita, etc), estando no

curto ou no longo prazo, buscará produzir até o ponto em que o seu custo marginal de produção seja igual à

receita marginal

Receita total (RT): é a produção (Q) multiplicada pelos preços dos produtos (P). Logo, RT=P.Q

Custo total (CT): é o custo total. Podemos representar algebricamente como CT(Q) custo total em

função da produção Q.

Lucro total (LT): é a diferença entre a receita total e os custos totais. Logo, LT = RT – CT

Receita marginal (Rmg): é o acréscimo na receita total (ΔRT) em virtude do acréscimo de produção (ΔQ).

Logo, Rmg = ΔRT/ΔQ = dRT/dQ

Custo marginal (Cmg): é o acréscimo no custo total (ΔCT) em virtude do acréscimo de produção (ΔQ). Logo,

Cmg = ΔCT/ΔQ = dCT/dQ

Pois bem, feitas as definições, vamos escrever o lucro total:

LT(Q) = RT(Q) – CT(Q)

Rmg=Cmg ⇒ Lucro máximo

Se Rmg > Cmg; aumenta-se a produção;

Se Cmg > Rmg; reduz-se a produção;

Se Cmg = Rmg; não se altera a produção.

2. CONCORRÊNCIA PERFEITA

A essência do modelo de concorrência perfeita é a de que o mercado é inteiramente impessoal, no sentido de

que o mercado é tão diversificado, possui tantos produtores e tantos consumidores que não sobra espaço

para “rivalidades” pessoais.

Basicamente, são quatro as condições que definem a concorrência perfeita.

1) Atomicidade (grande número de pequenos vendedores e compradores)

Todos os agentes econômicos devem ser pequenos em relação ao mercado, de forma a não exercer

influência significativa sobre o todo. Assim, compradores e vendedores devem ser como “átomos”, de tal

forma que um “átomo” isolado não tenha condições de afetar os preços.

A principal consequência desta atomicidade (grande número de vendedores e compradores) é o fato de que

as empresas e os consumidores simplesmente aceitarão o preço que o mercado impõe. Podemos dizer,

portanto, que, em concorrência perfeita, empresas e consumidores são tomadores (ou aceitadores) de

preços.

A curva de demanda com a qual a empresa se defronta será uma reta horizontal exatamente no nível do

preço de mercado. Por isso, dizemos que a curva de demanda individual da empresa, em concorrência

perfeita, é uma reta horizontal. Assim, a demanda para a firma em concorrência perfeita é infinitamente

elástica ou perfeitamente elástica.

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2) Produto homogêneo

Uma segunda condição é que o produto de qualquer vendedor num mercado de concorrência perfeita deve

ser homogêneo ao produto de qualquer outro vendedor. Esta homogeneidade pode ser encontrada quando

os produtos de todas as empresas em um mercado são substitutos perfeitos entre si.

Um exemplo clássico de produtos homogêneos são os produtos primários (matérias-primas, produtos

agrícolas, etc). Como exemplo destes produtos primários, temos os produtos agrícolas (feijão, milho,

algodão), petróleo, gás, minérios, metais como o ferro, alumínio, cobre, ouro, etc. Esses produtos

caracterizados pela sua homogeneidade são chamados de commodities.

3) Livre mobilidade de fatores de produção (recursos) – livre entrada e saída

Esta pré-condição implica que cada fator de produção ou recurso pode imediatamente entrar e sair do

mercado como resposta a mudanças em suas condições (alterações de preços, por exemplo).

Baseado neste pressuposto, temos outros dele decorrentes:

O fator de produção mão de obra é móvel, podendo mudar de uma empresa para outra;

Os requisitos para exercer qualquer trabalho por parte da mão de obra são poucos, simples e fáceis de

aprender;

Os fatores de produção estão disponíveis para todas as empresas, ou seja, não existe insumo ou fator de

produção que seja monopolizado por um proprietário ou produtor.

Novas empresas podem entrar e sair livremente, sem maiores dificuldades. Exceto no caso de grandes

investimentos ou quando patentes/licenças iniciais são necessários. Aí, não temos livre entrada e saída, nem

livre mobilidade de recursos.

4) Perfeito conhecimento

Os consumidores devem ter perfeito conhecimento dos preços, caso contrário eles podem comprar a preços

altos quando outros menores estão disponíveis. Os produtores, similarmente, devem conhecer seus custos

tão bem quanto os preços, a fim de atingir o lucro máximo.

Vendo estas quatro características acima, pode-se concluir que não existe nenhum mercado perfeitamente

competitivo (concorrência perfeita). Essa é uma questão polêmica, mas várias bancas aceitam os mercados

agrícolas como um exemplo clássico de concorrência perfeita. Mas a regra geral é que os mercados, na vida

real, no cotidiano, não sejam organizados sob a forma de concorrência perfeita.

Resumo da concorrência perfeita:

Todos os agentes são tomadores de preço;

Curva de demanda da firma é perfeitamente elástica (horizontal);

Única estrutura de mercado em que o preço é igual à receita marginal. Consequentemente, o ponto

de maximização de lucros da firma (equilíbrio) é atingido quando o preço é igual ao custo marginal

(P=Cmg);

A curva de oferta é a curva do custo marginal acima do custo variável médio;

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No curto prazo, a firma pode obter prejuízo, lucro zero (normal) ou lucro econômico. No longo

prazo, ela obterá obrigatoriamente lucro normal (zero), onde lucro total é igual ao prejuízo total (ou

Rme=Cme);

Em longo prazo, no equilíbrio (ponto de mínimo da curva de custo médio): Rmg=Cmg=P=Rme=Cme.

3. MONOPÓLIO

O monopólio é a antítese da concorrência perfeita, representando a inexistência de competição, o

suprassumo da anticoncorrência, uma vez que temos apenas uma firma que domina todo o mercado.

As características básicas do monopólio são as seguintes:

1) Uma única empresa produtora do bem ou serviço;

2) Não há produtos substitutos próximos;

3) Existem barreiras à entrada de firmas concorrentes.

O motivo 1 significa a própria essência do monopólio.

O motivo 2 é decorrência do motivo 1, pois se o bem produzido pelo monopolista possuísse substitutos

próximos ou produtos que fossem equivalentes, não teríamos um monopólio, mas sim uma estrutura de

mercado que se aproximaria da concorrência monopolística.

O motivo 3 é o mais interessante e é ele que explica por que os monopólios existem. A causa fundamental de

um monopólio existir está nas barreiras à entrada. Isto é, um monopolista se mantém como único vendedor

de seu mercado porque as outras empresas são impossibilitadas de entrar no mercado e competir com ele.

Basicamente, as barreiras à entrada têm quatro origens principais:

- Recursos de monopólio:

Uma empresa possui os recursos chave para a produção de determinado produto.

- Regulamentações do governo:

Às vezes, os monopólios surgem porque o governo concede a uma só empresa o direito exclusivo de vender

algum bem ou serviço. Quando uma empresa detém o monopólio de um produto por força de lei ocorre

monopólio legal.

- Processo de produção:

A produção de determinados bens apresentam economias de escala para os níveis de produção relevantes.

Uma só empresa pode produzir a um custo médio menor do que se houvesse um número maior de

empresas. Quando esta situação ocorre, temos um monopólio natural ou puro.

Importante: a principal característica do monopólio natural é a existência de economias de escala no

processo de produção.

Por fim, a ocorrência de economias de escopo, quando os custos totais de uma só empresa são menores que

os custos totais de várias empresas, também representa barreiras à entrada e pode provocar o surgimento de

monopólios naturais.

- Tradição no mercado:

A tradição que algumas firmas possuem muitas vezes funciona como barreira à entrada.

Resumo do monopólio:

Só há uma firma produtora e sua curva de demanda é a própria curva de demanda do mercado;

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A receita marginal é menor que o preço. Ou seja, a curva da receita marginal estará sempre abaixo e

à esquerda da curva de demanda (se tivermos uma demanda linear, a inclinação da curva da Rmg será

o dobro da inclinação da demanda);

O ponto de maximização de lucros da firma (equilíbrio) é atingido quando a receita marginal é igual

ao custo marginal, e não quando P=Cmg (no monopólio, e em todas as outras estruturas que não

sejam concorrência perfeita, temos: P≠Cmg);

O monopolista não possui curva de oferta;

O monopolista nunca atua no setor inelástico da curva de demanda (nunca atua quando EPD<1);

O equilíbrio do monopólio geralmente ocorre com preços maiores e quantidades produzidas

menores que aquelas verificadas para um mercado de concorrência perfeita;

O mark up é a faixa de preço que está acima do custo marginal;

O índice de Lerner é um meio de medir o poder de monopólio, e é inversamente proporcional à

elasticidade que enfrenta o monopolista;

A discriminação de preços de primeiro grau (ou discriminação perfeita) ocorre quando o

monopolista consegue cobrar exatamente o preço que o consumidor está disposto a pagar.

Nesta discriminação, o mercado não perde eficiência, pois toda a perda de excedente do consumidor

é capturada pelo produtor (não há perda líquida de excedentes);

A discriminação de preços de segundo grau ocorre quando o monopolista cobra um preço

diferente, conforme a quantidade comprada por cada consumidor;

A discriminação de terceiro grau ocorre quando o monopolista cobra preços diferentes de pessoas

diferentes independentemente das quantidades consumidas por essas pessoas;

O monopólio é ineficiente economicamente (aliás, em termos de eficiência econômica, a

concorrência perfeita é o único mercado eficiente, pois os excedentes são maximizados);

A solução de regulação de um monopólio natural exige que o monopolista aproxime o preço do

custo médio (e não do custo marginal).

4. CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA

A concorrência monopolística é um meio termo entre a concorrência perfeita e o monopólio. Ela se aproxima

da concorrência perfeita na medida em que há competição entre as empresas e nenhuma delas detém alto

poder relativo sobre o mercado como um todo. E se aproxima do monopólio na medida em que cada firma, ao

deter a exclusividade sobre o seu produto ou marca, possui poder de monopólio.

A maioria das estruturas de mercado que vemos ocorrer na prática, na vida real, encaixa-se perfeitamente no

conceito de concorrência monopolística. Em quase todos os setores econômicos (roupas, calçados,

alimentos, etc), temos muitas firmas, sem barreiras à entrada de novas, e os produtos são diferenciados entre

si. Essa diferenciação decorre do fato de os consumidores enxergarem a marca de cada empresa como algo

diferente, distinguindo-as das outras marcas.

A curva de demanda enfrentada pela firma em concorrência monopolística será bastante elástica, ficando no

meio termo entre a concorrência perfeita e o monopólio. Essa alta elasticidade é explicada pela existência de

inúmeros produtos substitutos que o consumidor pode adquirir.

Page 13: Resumo de Economia

Resumo da concorrência monopolística:

Várias firmas produzindo produtos parecidos (os produtos não são homogêneos como na

concorrência perfeita, no entanto, são altamente substituíveis entre si);

A receita marginal é menor que o preço. Ou seja, o ponto de maximização de lucros da firma

(equilíbrio) é atingido quando a receita marginal é igual ao custo marginal, e não quando P=Cmg,

como acontece na concorrência perfeita;

No longo prazo, a firma estará em equilíbrio com lucro zero (lucro normal);

A firma opera com excesso de capacidade, pois ela não consegue atuar no ponto de custo médio

mínimo (ou seja, ela não consegue utilizar da melhor maneira possível todos os fatores de produção).

Conceitos importantes:

A definição da ciência econômica;

Apresentação da curva de possibilidades de produção (CPP);

Diferenciação e objetivos da Microeconomia e da Macroeconomia;

Os agentes e setores que compõem o mercado;

1. DEFINIÇÃO DE ECONOMIA

Economia pode ser definida como a ciência social que estuda como as pessoas e a sociedade decidem

empregar os recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los

entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.

Recursos produtivos escassos são o mesmo que limitados, ou finitos. Por outro lado, as necessidades

humanas são ilimitadas, ou infinitas. Daí, surge o conceito de escassez.

Escassez não é pobreza. Pobreza significa possuir poucos bens. Escassez significa ter mais desejos ou

necessidades do que bens para satisfazê-los, ainda que já possua muitos bens. Assim, o fenômeno da

escassez está presente em qualquer sociedade, seja rica ou pobre.

Da escassez, por sua vez, decorre a necessidade da escolha. Já que não se pode produzir tudo aquilo que

as pessoas desejam, devem ser criados e estudados mecanismos que as auxiliem a decidir quais bens e

serviços serão produzidos e quais as necessidades serão atendidas.

BENS E SERVIÇOS

Bem é tudo aquilo que permite satisfazer uma ou várias necessidades humanas. Os bens podem ser

classificados em bens livres e bens econômicos.

Bens livres são aqueles existentes em quantidade ilimitada (luz solar, ar, mar, etc).

Bens econômicos são relativamente escassos e supõem a ocorrência de esforço humano na sua obtenção.

Eles podem ser transferidos entre os agentes econômicos.

Quanto à sua natureza, os bens econômicos podem ser classificados em materiais, ou imateriais.

Page 14: Resumo de Economia

Os bens materiais são aqueles de natureza material, sendo, portanto, tangíveis (possuem peso, altura,

volume, etc). Alimentos, livros, roupas são exemplos de bens materiais, tangíveis.

Os bens imateriais são intangíveis, ou seja, não podem ser tocados. Tais bens são chamados de serviços

(bem intangível). Os cuidados de um médico, os serviços de um advogado, as aulas de um professor, os

serviços de transporte são exemplos de serviços, bens intangíveis.

Os bens imateriais (serviços) não podem ser estocados, ao contrário dos bens materiais.

Quanto ao destino, os bens materiais classificam-se em bens de consumo e bens de capital.

Bens de consumo são aqueles diretamente utilizados para a satisfação das necessidades humanas

(alimentos, roupas, eletrodomésticos, automóveis, etc).

Bens de capital (ou bens de produção) são aqueles que permitem produzir outros bens. São exemplos de

bens de capital as máquinas, computadores, equipamentos, edifícios, ferramentas, etc.

O que diferencia um bem de consumo de um bem de capital é a utilização.

2. QUESTÕES ECONÔMICAS FUNDAMENTAIS

a) O que e quanto produzir?

Já que não se pode produzir a quantidade desejada pela sociedade dos mais diversos tipos de bens de

serviços, a sociedade deve escolher entre as várias alternativas, quais bens e serviços serão produzidos e

em que quantidade. Trata-se do conceito relacionado à eficiência alocativa.

b) Como produzir?

Em segundo lugar, a sociedade tem de decidir a maneira pela qual o conjunto de bens escolhido será

produzido. Normalmente, os bens podem ser obtidos mediante diferentes combinações de recursos e

técnicas. Assim, deve-se optar pela técnica que resulte no menor custo por unidade de produto a ser obtido.

É a eficiência produtiva.

c) Para quem produzir?

Uma vez decidido que bens produzir e como produzi-los, a sociedade tem de tomar uma terceira decisão

fundamental: quem vai receber esses bens e serviços? De que maneira a distribuição da produção total de

bens e serviços ocorrerá? É a eficiência distributiva.

2.1. Custo de oportunidade: abrindo mão de algo

Ao escolher uma alternativa de consumo, somos levados, obrigatoriamente, a abrir mão de algo associado às

outras alternativas. Tudo que deixamos ou abrimos mão de fazer ao realizar uma escolha é chamado de

custo de oportunidade.

Às vezes, é possível mensurar o custo de oportunidade, outras vezes, não.

3. Fluxo circular da atividade econômica

Uma descrição do sistema econômico como um todo deve considerar, de um lado, os tipos de agentes

econômicos que nele atuam e, de outro, os fluxos por ele gerados. Se considerarmos uma economia fechada,

isto é, sem relações econômicas com outros países (sem exportações e importações, por exemplo), podemos

identificar os seguintes agentes que atuam no sistema econômico:

. As unidades familiares

. As empresas

Page 15: Resumo de Economia

. O governo

No sistema econômico, às unidades familiares cabe o papel de fornecer os recursos produtivos às

empresas (recursos naturais, mão-de-obra, capital, capacidade empresarial, etc.), recebendo, em troca, uma

remuneração ou renda – (que pode ser: salários, aluguéis, juros e lucros) - que, num momento seguinte, será

voltada para adquirir das empresas bens e serviços de que necessitam.

As empresas, por seu turno, demandam das unidades familiares os recursos produtivos de que precisam,

remunerando-as com uma renda (salários, aluguéis, juros e lucros), enquanto ofertam para as mesmas os

bens e serviços que produzem.

Ao governo cabe o papel principal de regulador da atividade econômica e de provedor dos chamados “bens

públicos”- dos quais são exemplos a segurança nacional, o serviço de polícia, a administração da justiça -

além de garantir o fornecimento dos denominados “bens meritórios”, como educação e saúde. Para o

desempenho dessas atividades, o governo arrecada impostos dos agentes econômicos como, por exemplo, o

imposto de renda (IR) e o imposto sobre produtos industrializados (IPI).

Na contabilidade nacional, o governo é constituído pelos órgãos da chamada Administração Direta –

basicamente, os Ministérios e as Secretarias - considerados os três níveis de governo: federal, estadual e

municipal. Como o governo, em regra, não tem o objetivo de auferir lucro, as empresas públicas e sociedades

de economia mista, das quais o governo seja acionista, são incluídas no item empresas (no setor privado).

Num modelo mais completo, teríamos de incluir um quarto agente econômico, denominado comumente de

resto do mundo e que responde pelas importações e exportações de bens e serviços do país.

Vamos supor, num determinado fluxo, uma economia bem simples, onde existem apenas dois agentes

econômicos, famílias e empresas. Com base na ação dos agentes econômicos, família e empresas, formam-

se dois mercados reais da Economia:

a) mercado de fatores de produção compostos por terra, trabalho, capital, tecnologia e capacidade

empresarial;

b) mercado de bens e serviços finais que são todos os bens disponibilizados pelas empresas.

A integração desses dois mercados pelos agentes econômicos forma o fluxo real da Economia, com suas

respectivas ofertas e demandas.

Page 16: Resumo de Economia

Para que haja fluxo real entre os dois mercados é preciso a presença da moeda que é utilizada para

remunerar os fatores de produção (trabalho, capital, etc) e pagamento dos bens e serviços via sistema de

preços. Deste modo, paralelamente ao fluxo real da Economia temos o fluxo monetário.

Se unirmos os fluxos real e monetário, teremos o fluxo circular da renda (ou fluxo circular da atividade

econômica):

OBS.: a tributação é um vazamento no fluxo circular da economia, pois ela reduz o valor corrente da renda,

diminuindo os gastos com bens e serviços.

Esse fluxo, também chamado de fluxo básico, é o que se estabelece entre famílias e empresas. O fluxo

completo incorpora o governo, adicionando-se o efeito dos impostos e dos gastos públicos ao fluxo anterior,

bem como o resto do mundo, que inclui todas as transações com mercadorias, serviços e o movimento

financeiro com o resto do mundo.

Page 17: Resumo de Economia

Fluxo Real (ou produto) é a totalidade dos bens e serviços finais produzidos no âmbito do sistema econômico

pelas unidades produtoras. Constitui a “oferta” da economia. Já o Fluxo Nominal (ou monetário, ou renda) é

a totalidade da remuneração dos fatores de produção empregados pelas unidades produtoras, ou o

pagamento que os fatores de produção recebem durante o processo produtivo. Eles se originam da lógica da

demanda ou procura da economia, dentro dos sistemas econômicos.

Setores da economia

O agente “empresas” engloba os três grandes setores da economia, encarregados de reunir os recursos

produtivos, a fim de produzir bens e serviços, mediante determinada tecnologia, para atender à demanda dos

consumidores:

a) Setor primário: abrange as atividades que se realizam próximas às bases dos recursos naturais, ex.

atividade agrícola, pesqueira, pecuária, extrativismo.

b) Setor secundário: inclui atividades industriais, mediante as quais são transformados os bens.

c) Setor terciário ou de serviços: reúne as atividades direcionadas a satisfazer necessidades de serviços

produtivos que não se transformam em material, ex. comércio, transportes, saúde, sistema financeiro,

segurança, educação, lazer.

4. A MICRO E A MACROECONOMIA

A Microeconomia estuda as unidades de produção (empresas) e as unidades de consumo (famílias),

individualmente ou em grupos. Ela estuda a interação entre firmas e consumidores e a maneira pela qual a

produção e preço são determinados em mercados específicos.

A Macroeconomia é o ramo da Economia que estuda a evolução dos mercados de uma forma mais geral,

mais abrangente, analisando a determinação e o comportamento dos grandes agregados macroeconômicos

(renda nacional, produto nacional, investimento, poupança, consumo agregado, inflação, emprego e

desemprego, quantidade de moeda, juros, câmbio, etc).

A Macroeconomia não analisa em profundidade o comportamento das unidades econômicas individuais, tais

como famílias, empresas, fixação de preços em mercados individuais etc. Essas são preocupações da

Microeconomia.

A Macroeconomia, por outro lado, trata dos mercados de forma global, agregada. Apesar do aparente

contraste, não há um conflito básico entre a Micro e a Macroeconomia, dado que o mercado global é a soma

de seus mercados individuais.

4.1. Objetivos da Política Macroeconômica

São objetivos da política macroeconômica:

i. Alto nível de emprego;

ii. Estabilidade de preços;

iii. Equidade (distribuição de renda);

iv. Crescimento e desenvolvimento econômico.

As questões relativas ao nível de emprego e controle da inflação (estabilidade de preços) são questões

consideradas conjunturais, de curto prazo.

Page 18: Resumo de Economia

O crescimento e desenvolvimento econômico e a distribuição de renda são questões estruturais, que, em

geral, extrapolam a análise meramente econômica, envolvendo questões, como o próprio nome sugere,

estruturais: políticas públicas, progresso tecnológico, educação, etc.

i. Alto nível de emprego

Há dois conceitos de emprego/desemprego.

1) - Emprego é a utilização dos recursos disponíveis na economia. Desemprego é a não utilização dos

recursos disponíveis, ou seja, há ociosidade dos recursos (capacidade ociosa).

2) - Em nosso dia a dia, a palavra desemprego é associada mais comumente à não utilização do recurso de

produção mão-de-obra. Isto é, quando há mão-de-obra disponível para trabalhar e a mesma não é utilizada,

havendo ociosidade (desemprego).

ii. Estabilidade de preços (controle da inflação)

Inflação é o aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços em uma economia. Devido aos

diversos distúrbios que ela causa à Economia de uma forma geral, o seu controle deve ser um objetivo de

política macroeconômica.

iii. Distribuição equitativa de renda

Também é objetivo da política macroeconômica distribuir equitativamente a renda da economia. Nem sempre

o crescimento econômico é acompanhado da distribuição de renda e vice-versa.

iv. Crescimento e desenvolvimento econômico

Quando o nível de emprego está baixo (existe desemprego), pode-se aumentá-lo fazendo a economia

crescer. Políticas econômicas voltadas para o crescimento geralmente tentam alterar o comportamento dos

agentes econômicos, provocando variações no consumo, poupança e investimento agregado.

4.2. Os Trade-Offs (dilemas de escolha) da Política Econômica

Quando há dilemas de escolha, referimo-nos a isso como um trade-off. Por exemplo, há trade-off entre

crescimento econômico e inflação.

Ocorre outro trade-off entre crescimento e equidade. Muitos afirmam que a maneira mais rápida de crescer é

através da distribuição desigual de renda, em que seria mais fácil realizar políticas públicas que visassem ao

aumento dos lucros e da poupança dos mais ricos, para depois haver distribuição dos excedentes à

população mais pobre (teoria do bolo, segundo a qual primeiro o bolo deve crescer para depois ser repartido,

e não o contrário. Fazendo um paralelo com a economia: teríamos que, primeiro, a economia deveria crescer

para, depois, haver preocupação com questões de equidade - distribuição de renda).

Page 19: Resumo de Economia

Políticas monetária e fiscal

1. POLÍTICA MONETÁRIA

1.1. Conceito de moeda

Moeda é tudo aquilo que é aceito para liquidar transações, isto é, para pagar pelos bens e serviços e para

quitar obrigações. Ela é uma espécie de haver ou direito que o seu detentor tem perante a sociedade. Este

haver ou direito é exercido ou cobrado quando o detentor da moeda compra bens e serviços.

Qualquer coisa poderia ser moeda, desde que servisse para comprar bens e serviços, ou seja, desde que

aceita como forma de pagamento.

Funções básicas atribuídas à moeda (essenciais para que o ativo desempenhe seu papel de moeda):

Meio de troca: ser intermediária das trocas é sem dúvida a principal função da moeda e a que a distingue

de outros ativos. Esta função da moeda é decorrência da aceitação geral da sociedade.

Unidade de conta: a moeda fornece o referencial para que os valores das demais mercadorias sejam

cotados.

Reserva de valor: esta é função decorrente de sua primeira função – meio de troca. Só há sentido em

utilizar a moeda como meio de troca se, entre uma transação em determinado momento e outra transação em

momento posterior, ela mantiver durante certo intervalo de tempo o seu valor ou seu poder de compra.

Além de desempenhar estas funções, a moeda deve possuir os seguintes atributos ou características:

aceitação geral (todos tenham fé que o ativo vale alguma coisa), divisibilidade, durabilidade, baixo custo de

carregamento e transferibilidade.

Nota: não confunda atributos (divisibilidade, durabilidade, etc) com funções da moeda (reserva de valor,

unidade de conta e meio de troca).

1.2. Demanda de moeda

Em primeiro lugar, as pessoas demandam moeda para realizar transações, para poder adquirir bens e

serviços. Essa é a chamada demanda de moeda pelo motivo transacional e ela é dependente da renda

das pessoas. Isto é, quanto maior é a renda das pessoas, mais elas realizam transações econômicas e, por

conseguinte, mais demandam moeda por motivos transacionais.

Como os indivíduos não recebem renda diariamente na economia e, por outro lado, realizam gastos

diariamente (alimentação, transporte, etc), é preciso fazer frente a essas defasagens entre recebimentos e

pagamentos guardando moeda para poderem fazer frente às transações necessárias. O ato de guardar

moeda visando a usá-la em momentos futuros é a demanda de moeda por motivo precaucional.

OBS.: a demanda de moeda motivo precaução não é a quantidade de moeda que colocamos na poupança,

mas sim aquela moeda que guardamos sem render juros, visando tão somente realizar transações em

Page 20: Resumo de Economia

momentos futuros, caso seja necessário. A demanda por motivo precaucional, assim como por motivo

transacional, é dependente da renda da pessoa. Ambas não rendem juros ao indivíduo.

Um terceiro motivo para demandar moeda, ressaltado por Keynes, é o motivo especulação, também

chamado de motivo portfólio. Os indivíduos, a priori, podem escolher manter sua riqueza na forma do ativo

moeda (que possui liquidez absoluta) ou em títulos diversos que, apesar de possuírem menor liquidez que a

moeda, geram rendimentos ao seu portador. Quando as pessoas demandam títulos, isso significa que elas

estão abrindo mão de demandar moeda, e vice-versa. Ter um título significa ter menos moeda e ter mais

moeda significa ter menos títulos.

Quanto maior a taxa de juros, maior será a demanda por títulos e, por conseguinte, menor será a demanda

por moeda. Assim, percebemos que a demanda de moeda por motivo especulação é inversamente

proporcional à taxa de juros, pois quando esta é alta, as pessoas geralmente demandam menos moeda e

mais títulos.

A demanda por moeda depende tanto da renda como da taxa de juros. Quanto maior (menor) for a renda,

maior (menor) será a demanda por moeda. Quanto maior (menor) for a taxa de juros, menor (maior) será a

demanda por moeda.

1.3. Oferta de moeda

As transações realizadas pelos agentes econômicos podem ser realizadas na forma de papel-moeda

(dinheiro em espécie ou, no linguajar popular, dinheiro “vivo”) ou mediante moeda bancária (cheques,

transferências bancárias, e/ou cartões de débito).

A moeda bancária é aquela moeda que os agentes (o público) mantêm depositada nos bancos comerciais (é

o nosso saldo em Conta Corrente quando tiramos o extrato bancário). Esse tipo de moeda também é

chamada de moeda escritural.

Se somarmos o dinheiro que está com o público na forma de papel moeda (dinheiro “vivo”) e o dinheiro que

as pessoas têm para disponibilidade imediata em suas contas bancárias (moeda escritural), teremos os

meios de pagamento da economia (M1), que é o principal agregado do sistema monetário.

Assim, os meios de pagamento (M1) correspondem aos ativos com liquidez absoluta. Essa liquidez absoluta

significa que esses ativos podem prontamente ser usados como poder de compra. Outra importante

característica dos meios de pagamento (M1) se refere ao fato que eles não rendem juros ao seu detentor.

Assim, para ser M1, o ativo deve possuir as seguintes características:

i. Liquidez absoluta e

ii. Não render juros.

Nesse sentido, note que o dinheiro em caderneta de poupança não pode ser considerado M1, pois rende

juros ao seu detentor.

São M1: somente o dinheiro “vivo”, que denominamos de papel-moeda em poder do público (PMPP), e o

dinheiro em conta corrente, que denominamos de depósitos à vista (DV).

Page 21: Resumo de Economia

1.3.1. Processo de expansão da moeda pelos bancos comerciais

Os bancos, de um lado, captam recursos dos depositantes, para, de outro lado, emprestar estes mesmos

recursos como crédito bancário. O lucro dos bancos (em sua maior parte) vem da diferença entre o que

pagam como remuneração aos depósitos e os juros que recebem dos empréstimos que concedem. Esta

diferença é o chamado spread bancário. Esse procedimento de utilizar o dinheiro de alguns para emprestar a

outros, na prática, “cria moeda”.

Há dois destinos para os depósitos captados pelos bancos: uma parcela forma as reservas (R) e outra parte o

banco empresta a outras pessoas (empréstimos), ou ainda, faz os investimentos (compra títulos do governo,

títulos de outro banco, compra moeda estrangeira, etc). Assim, temos que:

Depósitos a vista (DV) = Reservas (R) + Empréstimos/Investimentos

Essas reservas podem ser de dois tipos:

Reservas compulsórias: é a parcela dos depósitos que os bancos são obrigados legalmente a depositar

em suas contas junto ao BACEN para poderem fazer frente a suas obrigações;

Reservas voluntárias: são recursos que os bancos mantêm junto ao BACEN por opção, ou seja, sem que

sejam obrigados a isto.

Nota 1: em livros ou em questões de prova, a palavra reservas pode aparecer também como encaixes ou

depósitos (que é diferente de depósitos à vista – DV). Assim, reservas compulsórias são o mesmo que

encaixes ou depósitos compulsórios.

Nota 2: estas reservas acima explicadas são as reservas que os bancos comerciais fazem junto à autoridade

monetária (no Brasil, é o BACEN). Podemos ainda ter reservas em “caixa” no próprio banco.

É a existência das reservas (voluntárias e compulsórias) que permite ao banco criar moeda por meio do

empréstimo de parcela dos depósitos a vista, pois os bancos confiam que essas reservas garantem o

atendimento das demandas de saque dos depositantes.

Por meio de sua capacidade de criar moeda, os bancos multiplicam a injeção de moeda inicial no sistema, o

que definimos como multiplicação monetária. A esta injeção monetária inicial chamamos de base monetária

(BM).

1.3.2. Criação e destruição de moeda

Criação ou destruição de moeda é a mesma coisa que criação ou destruição de meios de pagamento (no

conceito tradicional, ou seja, M1).

São duas as condições para haver criação ou destruição de moeda:

transação entre o setor bancário e o setor não-bancário da economia (1ª. condição).

troca de haveres monetários e não monetários (2ª. condição).

Page 22: Resumo de Economia

Exemplos de criação de moeda:

- uma pessoa faz um saque de seu depósito a prazo: há transação entre uma pessoa (setor não bancário) e o

banco (setor bancário). Ao mesmo tempo, o banco entrega para a pessoa um haver monetário (M1) e a

pessoa entrega para o banco o título do depósito a prazo (haver não monetário – não M1).

- uma empresa desconta uma duplicata em um banco: há transação entre a empresa (setor não bancário) e o

banco (setor bancário). Ao mesmo tempo, a empresa entrega para o banco um haver não monetário (a

duplicata) e recebe um haver monetário (M1).

- um exportador recebe em reais o valor correspondente a uma venda ao exterior: o exportador (setor não

bancário) recebe um haver monetário (M1) e entrega um haver monetário ao banco (o exportador receberá

um valor em moeda estrangeira pela venda. Essa moeda estrangeira, que não é considerada M1, deve ser

trocada em um banco, sendo, portanto, um haver não monetário).

- um banco adquire títulos governamentais do público, creditando suas contas correntes: o banco (setor

bancário) entrega um haver monetário (M1) para o setor não bancário (governo) e recebe, em troca, um haver

não monetário (títulos públicos).

Exemplos de destruição de moeda:

- uma pessoa faz um depósito em sua caderneta de poupança: a pessoa (setor não bancário) entrega M1

(haver monetário) para o setor bancário e recebe em troca um haver não monetário (título de caderneta de

poupança, que, não sendo depósito à vista, também não pode ser considerada M1).

- um banco vende títulos governamentais ao público: o setor bancário entrega haveres não monetários (títulos

públicos) ao setor não bancário (público), recebendo em troca haveres monetários (estamos supondo que

o público esteja pagando com M1).

- um importador paga ao banco o valor correspondente a uma compra no exterior: o importador (setor não

bancário) entrega ao banco um haver monetário (M1) e recebe do setor bancário um haver não monetário (o

valor correspondente em moeda estrangeira para realizar o pagamento da compra).

- um banco vende um imóvel a uma empresa, recebendo o pagamento em dinheiro: o setor bancário entrega

um haver não monetário (imóvel) ao setor não bancário, recebendo em troca um haver monetário.

- uma pessoa paga um empréstimo bancário, sendo debitado em sua conta corrente: o setor não bancário (a

pessoa) entrega um haver monetário (ela é debitada em conta corrente) ao setor bancário e, em

troca, tem sua dívida, exigibilidade, ou título a pagar (haver não monetário) cancelados.

Exemplos em que não há criação nem destruição de moeda:

- uma pessoa efetua um depósito à vista em sua conta corrente: não há operação havendo troca de haver

monetário e não monetário. O dinheiro que entra na conta da pessoa é M1 (DV) e o que sai da pessoa

também é M1 (PMPP). Ademais, a transação não envolve setor bancário e não bancário.

- um banco comercial realiza um empréstimo (redesconto) junto ao BACEN: não há criação ou destruição de

moeda, pois a operação não ocorre entre setor bancário e não bancário. Neste caso, os dois lados

representam o setor bancário.

- União solicita empréstimo ao FMI e o valor recebido é depositado no BACEN: neste caso, ocorre transação

entre setor não bancário (União) e setor bancário (aqui, o FMI é como se fosse um banco emprestador). No

entanto, o FMI emprestará o valor em moeda estrangeira (dólares) que não é considerada M1 (para ser M1,

Page 23: Resumo de Economia

tem que ser moeda nacional, que pode ser utilizada para fazer transações no país). Logo, a transação não

envolve haver monetário (M1).

1.4. Instrumentos de política monetária

Por política monetária, entende-se a atuação do Banco Central para definir as condições de liquidez da

economia: quantidade ofertada de moeda e nível de taxa de juros. Para exercer o seu papel, o BACEN dispõe

dos seguintes instrumentos:

Emissões monetárias

O BACEN tem o monopólio das emissões e deve colocar em circulação o volume de notas necessárias ao

bom desempenho da economia. Caso queira aumentar a quantidade de meio circulante, basta emitir mais

moeda.

Reservas obrigatórias dos bancos comerciais

Um aumento dessa taxa de reservas representará uma diminuição dos meios de pagamento, dado que os

bancos comerciais emprestarão menos ao público e o farão com juros maiores (como há menos dinheiro

disponível para emprestar, as taxas de juros sobem).

Nesse sentido, se o governo opta por uma política de crescimento da demanda agregada (aumento do nível

de emprego), poderá, para isso, reduzir a taxa de compulsório; por outro lado, numa política restritiva, anti-

inflacionária, poderá aumentá-la.

Redescontos

São empréstimos que o BACEN realiza para os bancos comerciais. Se a taxa de juros do redesconto for

baixa, haverá incentivo para os bancos comerciais tomarem dinheiro emprestado, logo, haverá melhores

possibilidades (mas não certeza) para a expansão dos meios de pagamento, pois os bancos poderão utilizar

o dinheiro do empréstimo tomado junto ao BACEN para emprestá-lo ao público.

OBS.: Redesconto e taxa de redesconto são coisas diferentes. Por exemplo, se a questão falar que o

redesconto é elevado, devemos entender que há mais expansão monetária, pois os bancos tomaram mais

empréstimos junto ao BACEN. Por outro lado, se a questão fala que a taxa de redesconto é elevada,

devemos entender que há desincentivo à expansão monetária. Atenção redobrada no caso de aparecer “taxa

de redesconto”. Quando ela é reduzida, por exemplo, apenas temos uma possibilidade de haver expansão

dos meios de pagamento. Assim, a redução da taxa de redesconto não significa, obrigatoriamente, que

haverá expansão monetária; ela indica apenas uma possibilidade.

Operações de mercado aberto (open market)

São compras e vendas de títulos públicos no mercado de capitais. Quando o BACEN compra títulos no

mercado, aumentam os depósitos no sistema bancário e, com isso, o volume de reservas, permitindo a

ampliação da oferta de moeda pelos bancos. Isto acontece porque o governo, neste caso, entrega moeda ao

mercado e retira os títulos. Quando o BACEN vende títulos, ele enxuga a quantidade de moeda, pois estará

recebendo moeda (reduzindo os depósitos no sistema bancário) e entregando títulos.

Page 24: Resumo de Economia

Regulamentação e controle de crédito

Isso pode ser feito via política de juros, controle de prazos, regras para financiamentos, etc.

Utilização das reservas internacionais

Reservas internacionais representam a quantidade de meios de pagamento aceitos internacionalmente

(geralmente moeda estrangeira) no caixa do BACEN. Quando o BACEN compra moeda estrangeira, visando

aumentar as reservas internacionais, isto significa aumento de M1 (política monetária expansiva). Isto

acontece porque o BACEN, ao comprar moeda estrangeira, despeja R$ na economia, aumentando a

quantidade de moeda M1, e recolhe moeda estrangeira, que não é considerada meio de pagamento (não é

considerada M1). Por outro lado, quando o BACEN vende moeda estrangeira e diminui o seu estoque de

reservas internacionais, ele provoca o enxugamento da liquidez na economia (diminui a quantidade de M1).

Isto acontece porque ele despeja moeda estrangeira (não é M1) e recebe R$ em troca, reduzindo a

quantidade de M1

Alteração de taxa de juros é instrumento de política monetária?

A taxa de juros é um objetivo da política monetária, mas não um instrumento.

Quando o governo visa determinar a taxa de juros e deixa a oferta de moeda variar, para garantir o nível da

taxa de juros que ele quer, nós dizemos que a política monetária é passiva.

Quando o governo controla a oferta de moeda, e a taxa de juros pode variar livremente, nós dizemos que a

política monetária é ativa.

Veja que os conceitos de política monetária ativa e passiva levam em conta o controle da quantidade de

moeda na economia.

1.5. Relação entre a política monetária, renda, inflação e juros

Política monetária expansionista, inflacionária, ou expansiva é aquela voltada para o aumento da quantidade

de meio circulante (M1) na economia. Por outro lado, quando o governo adota medidas para reduzir a

quantidade de M1, estará utilizando política monetária restritiva, ou anti-inflacionária.

Política monetária renda: vários modelos econômicos demonstram que o aumento na

quantidade de M1 na economia (política monetária expansiva) provoca aumento da renda ou

demanda agregada, aumentando os níveis de emprego. Neste caso, os efeitos da

e monetária são semelhantes sobre a renda ou produto da economia.

Política monetária nível geral de preços: políticas expansivas, tal qual ocorre com a política

fiscal, provocam pressões inflacionárias (aumento de preços).

Política monetária taxas de juros: a taxa de juros é o preço do dinheiro. Quando há política

monetária expansiva, há mais dinheiro circulando. Mais dinheiro circulando indica que ele está mais

barato (mera aplicação dos mecanismos de oferta e demanda). Como maior quantidade de M1 indica

que a moeda está mais barata, as taxas de juros estarão mais baixas. Assim, caso o governo queira

reduzir as taxas de juros, poderá praticar política monetária expansionista. Por outro lado, quando os

meios de pagamento ficam mais escassos (política monetária restritiva), a moeda fica mais cara, ou

seja, a taxa de juros (preço da moeda) aumenta

Page 25: Resumo de Economia

1.6. Equilíbrio monetário

O equilíbrio monetário pode ser visto sob duas óticas: segundo a teoria clássica e segundo a teoria

Keynesiana. Pela teoria clássica, utilizamos a teoria quantitativa da moeda.

1.6.1. Equilíbrio monetário para os clássicos – Teoria quantitativa da moeda (TQM)

A TQM é fundamentada basicamente sobre a seguinte formulação:

MV = PT

Onde: M = oferta de moeda (base monetária), V = velocidade de circulação da moeda, P = nível geral de

preços e T = quantidade de transações ocorrida no sistema econômico.

A equação afirma que, na teoria clássica, coeteris paribus, aumentos da oferta monetária provocarão

somente aumento dos preços. Assim, quando a oferta monetária é aumentada, isto acabará provocando

inflação.

Esta teoria não é amplamente aceita por todos os economistas, pelo fato de existirem duas suposições que

são difíceis de serem verificadas na prática: a economia deve estar em pleno emprego e a velocidade de

circulação da moeda deve permanecer constante.

A TQM desconsidera totalmente o papel da taxa de juros sobre a renda. Para os clássicos, a demanda por

moeda depende somente da renda e não da taxa de juros.

1.6.2. Equilíbrio monetário para Keynes

Na visão keynesiana, o equilíbrio monetário é atingido quando a oferta é igual à demanda de moeda.

Segundo Keynes, a oferta e a demanda de moeda exercem um papel importante sobre a taxa de juros, e esta

exerce um papel importante sobre a renda. Para Keynes, uma expansão monetária causa o seguinte, se a

economia estiver abaixo do pleno emprego:

Com mais moeda, a taxa de juros fica mais barata, incentivando os investimentos das empresas;

Os investimentos das empresas é um dos elementos da demanda agregada. Havendo mais investimentos,

haverá mais renda, aumentando, assim, o nível de emprego.

Se, por outro lado, a economia estiver em pleno emprego, o aumento da oferta de moeda provocará somente

inflação (aumento de preços), exatamente como apregoa a TQM.

2. POLÍTICA FISCAL

Por política fiscal entende-se a atuação do governo no que diz respeito à arrecadação de impostos e aos

gastos. A arrecadação afeta o nível de demanda agregada ao influir na renda disponível que os indivíduos

poderão destinar para consumo e poupança. Se os impostos forem altos, sobrará menos renda para o

consumo (menor renda disponível). Assim, altos impostos estão relacionados à baixa renda da economia,

devido à redução na demanda agregada provocada pela redução no consumo (devido à menor renda

disponível).

Page 26: Resumo de Economia

Como os gastos públicos agem de forma direta na demanda agregada (renda) e a arrecadação age de forma

indireta, dizemos que a política fiscal via gastos é mais eficaz (intensa) que política fiscal executada via

arrecadação de impostos (tributação).

Se, por exemplo, o governo quiser aumentar a renda da economia (diminuir o desemprego), o aumento de

gastos públicos, coeteris paribus, será mais eficaz que a redução de impostos, visto que aquele age

diretamente na renda ao passo que esta age indiretamente. Vale ressaltar que estamos analisando sob a

condição do coeteris paribus (tudo o mais permanecendo constante).

Se o governo quiser reduzir o nível de renda (reduzir a demanda agregada), ele fará o inverso: ou reduzirá os

gastos públicos e/ou aumentará os impostos.

Quando a política é realizada no sentido de aumentar a renda (demanda agregada) da economia, dizemos

que ela é expansionista, expansiva, ou ainda, inflacionária (como ela aumenta a demanda agregada, há

incentivo para aumento generalizado dos preços). Quando a política é realizada no sentido de reduzir a renda

agregada, dizemos que ela é restritiva, contracionista, pró-cíclica ou anti-inflacionária (como ela reduz a

demanda agregada, como resposta, os preços tendem a baixar).

Outra consequência da política fiscal é a alteração das taxas de juros. Considerando a oferta de moeda

sendo constante, um aumento da renda (política fiscal expansiva) fará com que os agentes demandem mais

moeda para realizar mais transações econômicas. O estudo da demanda e oferta nos diz que quando a

demanda de um bem aumenta, o preço deste bem também aumenta. Neste caso, houve aumento da

demanda do bem “moeda”. O preço do bem “moeda” são os “juros”. Assim, temos o seguinte encadeamento:

Política fiscal expansiva aumenta renda aumenta demanda por moeda aumenta o preço da

moeda aumenta as taxas de juros

A política fiscal restritiva provocará o caminho inverso, ou seja, redução das taxas de juros, considerando que

a oferta de moeda é constante.

Keynes foi um grande defensor da política fiscal como forma de evitar as flutuações econômicas do

capitalismo, no sentido de se precaver dos efeitos negativos decorrentes dos períodos de estagnação

econômica (níveis de renda e demanda agregada baixas). Recentemente, na crise financeira internacional de

2008/2009, os governos agiram rapidamente no intuito de evitar efeitos ainda piores sobre os níveis de renda

e emprego. Aqui no Brasil, foram adotadas várias medidas de política fiscal puramente expansiva: redução do

IPI para automóveis, eletrodomésticos e materiais de construção; aumento dos gastos públicos por intermédio

do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento); aumento do salário do funcionalismo público (os

aumentos já haviam sido acordados antes da crise, mas acabaram funcionando como medidas fiscais

expansivas); em alguns estados, houve postergação dos prazos para pagamentos de impostos estaduais.

O imposto progressivo atua como freio ao crescimento excessivo da renda, uma vez que a renda adicional é

taxada mais pesadamente. Ou seja, ele funciona como um estabilizador automático. OBS.: o edital de AFRE

SC fala em “efeitos dos tributos indiretos sobre o sistema de preços”. VER!

Page 27: Resumo de Economia

A grande restrição à intervenção pública por meio da política fiscal é a questão do déficit público e da dívida

pública, bem como as formas de financiamento para contorná-los.

2.1. DÉFICIT E DÍVIDA PÚBLICA

A arrecadação total de impostos no país corresponde à chamada carga tributária bruta. A diferença entre a

carga tributária bruta e as transferências governamentais é a carga tributária líquida do governo. É com

base nesta carga tributária líquida que o governo pode financiar seus gastos correntes (consumo do

governo).

A diferença entre a carga tributária líquida e os gastos correntes determina a poupança do governo em conta

corrente.

Carga tributária bruta (CTB) = Total de impostos arrecadados

Carga tributária líquida (CTL)=(CTB) – Transferências do governo

Poupança do governo = (CTL) – Gastos correntes

A poupança do governo não é o resultado do orçamento público. Quando o governo apresenta poupança

positiva (excesso de carga tributária líquida sobre os gastos correntes) é sinal que sobrou um dinheiro que

poderá ser usado para as despesas de capital, que são os investimentos públicos (construção de escolas,

estradas, portos, etc).

A diferença entre a poupança do governo (ou poupança pública) e o investimento público fornece o

valor do déficit ou superávit público. Se a poupança do governo for maior que o investimento público,

haverá superávit público. Se o investimento for maior que a poupança, haverá déficit público.

Assim:

Déficit/superávit público=Poupança do governo– gastos de capital

ou

Déficit público/superávit público = poupança do governo –

investimentos do governo

Ou

Déficit/superávit público = Total de impostos – Transferências do

governo – Gastos correntes – gastos de capital (investimentos)

Quando há superávit público, isto significa que o governo está arrecadando mais do que está gastando, logo,

está fazendo política fiscal contracionista (restringindo a demanda agregada).

Quando há déficit público, isto significa que o governo está gastando mais do que está arrecadando, logo,

está fazendo política fiscal expansiva (aumentando a demanda agregada).

Caso o governo incorra em déficit, o gasto que supera a receita deverá ser financiado de alguma maneira. O

governo tem duas opções: “tirar” dinheiro de algum lugar para cobrir este déficit, ou ainda, poderá “fabricar”

dinheiro.

Page 28: Resumo de Economia

OBS.: Em economia, é comum definirmos a Demanda Agregada como sendo também chamada de Produto

Interno Bruto – PIB, uma vez que o somatório das variáveis componentes (consumo, investimento, gastos

do governo, exportações e importações) corresponde ao total de riqueza gerada e consumida pelo país

durante um determinado período de tempo.

As duas principais maneiras de se obter recursos para financiar o déficit público são:

Emitir moeda: o Banco Central (instituição emissora de moeda) emite moeda e a entrega ao Tesouro

Nacional (União);

Venda de títulos públicos ao setor privado (interno e externo).

Emissão de moeda tem a inconveniente consequência de provocar inflação, conforme apregoa a teoria

quantitativa da moeda, sendo que, neste caso, a emissão de moeda representaria política monetária

expansiva.

Entretanto, ela tem a vantagem de não implicar endividamento do governo, pois ele simplesmente “imprime” o

dinheiro de que necessita.

Venda de títulos públicos tem a inconveniente consequência de aumentar o endividamento público. Este, por

sua vez, traz uma nova categoria de gastos que é a rolagem e o pagamento dos serviços (juros, custas,

emolumentos, etc) dessa dívida. Entretanto, ela tem a vantagem de não provocar pressões inflacionárias

adicionais, além daquelas que foram provocadas em momento anterior pelo excesso de gastos públicos, uma

vez que, vendendo títulos, o governo não estará criando mais moeda para satisfazer o seu déficit.

OBS.: Os conceitos de déficit e dívida pública não se confundem. Déficit é o excesso de gastos sobre a

arrecadação, enquanto dívida é o acumulado de déficits, ou seja, é uma espécie de passivo do Estado.

Dizemos que o déficit é uma variável “fluxo” e a dívida é uma variável “estoque”.

O método de apuração do déficit público explicado acima é o método tradicional, no entanto, ele apresenta

algumas incorreções, porquanto considera o conceito de governo levando em conta apenas a administração

direta (União, Estados, Municípios e DF).

A fim de solucionar este problema, o Brasil passou a utilizar a partir do início da década de 1980 um método

mais abrangente utilizado pelo FMI. Este método é o de Necessidade de Financiamento do Setor Público

Não Financeiro (NFSP). Antes de definir as NFSP, devemos saber o que a diferença entre os critérios

“acima” e “abaixo” da linha.

2.1.1. Medição “acima da linha” versus “abaixo da linha”

Acima da linha: ocorre quando se mede o déficit com base na execução orçamentária das entidades que o

geram, isto é, diretamente das receitas e das despesas.

Abaixo da linha: por este método, mede-se o tamanho do déficit pelo lado do financiamento. Faz-se a

seguinte pergunta: quanto eu tenho que pagar (quanto eu tenho que financiar)?

Page 29: Resumo de Economia

Os dados oficiais das necessidades de financiamento do Brasil são gerados pelo Banco Central e o método

utilizado é o “abaixo da linha.

Outras entidades governamentais (geralmente as unidades orçamentárias de menor escalão) fazem

levantamentos “acima da linha”.

As NFSP podem ser conceituadas utilizando qualquer um dos dois critérios, ainda que o cálculo oficial

realizado pelo BACEN utilize somente o critério abaixo da linha.

2.1.2. As NFSP segundo o critério “acima” da linha

Neste ponto, devemos distinguir três conceitos de necessidade de financiamento do setor público (NFSP):

Déficit nominal ou total (Necessidade de Financiamento do Setor Público – Conceito nominal) :

engloba qualquer necessidade de novos financiamentos para fazer frente a qualquer despesa. Podemos

então concluir que o déficit nominal significa: gastos totais menos receitas totais.

Déficit primário ou fiscal (Necessidade de Financiamento do Setor Público – Conceito primário): é

medido pelo déficit total, excluindo a correção monetária e cambial da dívida e os pagamentos de juros de

dívidas contraídas anteriormente. De fato, é a diferença entre os gastos públicos e a arrecadação tributária no

exercício, independente de juros e correções da dívida passada. Podemos então concluir que o déficit

primário significa: gastos não financeiros menos receitas não financeiras. Pode ser conceituado também

como:

déficit primário = déficit nominal – pagamento de juros nominais.

Consequentemente, temos:

déficit nominal = déficit primário + pagamento de juros nominais.

Déficit operacional (Necessidade de Financiamento do Setor Público – Conceito operacional): é

medido pelo déficit primário acrescido dos pagamentos de juros da dívida passada. Em outras palavras, é o

déficit nominal, excluindo a correção monetária e cambial. Podemos, então, concluir que o déficit operacional

significa:

Déficit operacional = déficit primário + pagamentos de juros reais.

Nota: quando se fala em NFSP, sem especificar se é o conceito nominal, operacional ou primário, a intenção

é tratar do conceito nominal, que é o mais amplo dos três (receitas totais – gastos totais).

Os mesmos conceitos se aplicam quando falamos de superávits. Assim, temos:

Superávit primário: excesso de arrecadação sobre os gastos totais, excluindo os gastos (ou receitas) com

pagamentos de juros sobre a dívida e correção monetária e cambial.

Superávit operacional: resultado primário levando-se em conta, adicionalmente, os gastos (ou receitas)

com pagamentos de juros reais.

Page 30: Resumo de Economia

Superávit nominal: resultado operacional levando-se em conta, adicionalmente, os gastos (ou receitas)

com correção monetária e cambial da dívida passada. Pode ser também igual ao superávit primário mais os

pagamentos de juros nominais.

Quando temos superávits, em qualquer conceito, não temos Necessidades de Financiamento, ou podemos

dizer também que as Necessidades de Financiamento, neste caso, são negativas. Quando as NFSP são

positivas, há déficit (uma vez que há “necessidade” de financiamento).

2.1.3. As NFSP segundo o critério “abaixo” da linha (e no Manual de Finanças Públicas do BACEN)

Seguindo o método abaixo da linha, a NFSP será igual à variação da dívida pública em um determinado

período.

Seguem os conceitos que foram retirados quase que literalmente do Manual do BACEN:

Resultado nominal sem desvalorização cambial: corresponde à variação nominal dos saldos da dívida

líquida, deduzidos os “ajustes patrimoniais” efetuados no período (receitas de privatizações e os

reconhecimentos de dívida). Exclui, ainda, o impacto da variação cambial sobre a dívida externa e sobre a

dívida mobiliária interna indexada à moeda estrangeira (este ajuste levando-se em conta a indexação à

moeda estrangeira é chamado de “ajuste metodológico”). Abrange o componente de atualização monetária da

dívida, os juros reais e o resultado fiscal primário.

Resultado nominal com desvalorização cambial: corresponde à variação nominal dos saldos da dívida

líquida, deduzidos os ajustes patrimoniais efetuados no período (privatizações e reconhecimento de dívidas).

Exclui, ainda, o impacto da variação cambial sobre a dívida externa (ajuste metodológico). Abrange o

componente de atualização monetária da dívida, os juros reais, a apropriação da variação cambial sobre a

dívida mobiliária interna e o resultado fiscal primário.

Nota: podemos conceituar a NFSP nominal como a variação da dívida fiscal líquida entre dois períodos de

tempo.

Resultado primário: os juros incidentes sobre a dívida líquida dependem do nível de taxa de juros nominal

e do estoque de dívida, que, por sua vez, é determinado pelo acúmulo de déficits nominais passados. Assim,

a inclusão dos juros no cálculo do déficit dificulta a mensuração do efeito da política fiscal executada pelo

governo, motivo pelo qual se calcula o resultado primário do setor público, que corresponde ao déficit nominal

(NFSP) menos os juros nominais apropriados por competência, incidentes sobre a dívida pública. A parcela

dos juros externos e incidentes sobre a dívida mobiliária vinculada à moeda estrangeira é convertida pela taxa

média de câmbio de compra.

Nota: o Manual do BACEN não traz o conceito de resultado operacional.

Page 31: Resumo de Economia

MODELO IS-LM

A renda da economia se equilibra quando o investimento é igual à poupança (ou quando a oferta agregada é

igual à demanda agregada). Esta condição reflete o equilíbrio da demanda agregada, ou simplesmente o

equilíbrio do lado real da economia, ou ainda, o equilíbrio no mercado de bens e serviços. Desse equilíbrio,

surge a curva IS (investiment=saving). Assim, temos o seguinte:

Equilíbrio no mercado de bens e serviços => equilíbrio no lado real da economia =>

investimento é igual à poupança => curva IS

O equilíbrio no mercado de moeda acontece quando a oferta de moeda é igual à demanda de moeda. Deste

equilíbrio, surge a curva LM. Assim, temos o seguinte:

Equilíbrio no mercado de moeda => equilíbrio no lado monetário da economia =>

demanda é igual à oferta de moeda => curva LM

A sigla LM significa demanda e oferta de moeda. Demanda de moeda = Liquidity; oferta de moeda = Money.

Assim, a curva LM significa: liquidity=money.

1. IS-LM NA ECONOMIA FECHADA

1.1. Curva IS – o equilíbrio no mercado de bens

Investimento=poupança. A curva IS representa o equilíbrio no mercado de bens e serviços, mostrando todos

os pontos para os quais I (investment) = S (saving).

O investimento é função da taxa de juros, enquanto a poupança é função da renda.

No modelo IS-LM, a taxa de juros é um elemento ativo no modelo. Assim, o investimento é dependente da

taxa de juros. Quanto maior a taxa de juros, menor será o investimento (= quanto mais altas forem as taxas

de juros, menos os empresários vão querer investir no aumento da capacidade produtiva da economia, e

mais eles vão querer investir no mercado financeiro para auferir lucros provenientes dos juros altos). Em

contrapartida, se os juros forem baixos, os empresários preferirão investir no aumento da capacidade

produtiva a colocar seu dinheiro no mercado financeiro.

Assim, nota-se que o investimento é função inversa (ou decrescente) da taxa de juros: quando esta

aumenta, aquele diminui; e vice-versa.

O outro componente da curva IS, a poupança (S), será função da renda. Quanto maior a renda da economia,

maior será a poupança; quanto menor a renda, menor a poupança (= quanto mais se tem de renda,

obviamente, mais dinheiro sobra para se poupar; o inverso também é verdade, quanto menos se tem de

renda, menos sobrará para a poupança).

Assim, nota-se que a poupança é função direta (ou crescente) da renda.

A curva IS possui inclinação negativa, descendente, decrescente ou podemos dizer também que ela é

inclinada para baixo. Isto é explicado pelo fato de a renda da economia, no mercado real, possuir uma relação

inversa com a taxa de juros. Quanto maior a taxa de juros, menor será o investimento. E quanto menor for o

Page 32: Resumo de Economia

investimento, menor também será a renda, afinal o investimento é um dos agregados integrantes da renda da

economia.

A curva IS é negativamente inclinada devido à relação inversa entre o investimento e a taxa de juros.

1.1.1. Deslocando a curva IS

A curva IS é influenciada ou reflete a política fiscal do governo. Se a política fiscal for expansiva, a

curva IS será deslocada para a direita. Se a política fiscal for restritiva, a curva IS será deslocada para

a esquerda.

Por outro lado, alterações das taxas de juros não deslocam a curva IS, mas apenas provocam deslocamentos

ao longo da curva.

1.1.2. Inclinação da curva IS

A inclinação da curva IS depende basicamente de dois fatores:

i. A sensibilidade do investimento em relação à taxa de juros;

Em economia, o termo comumente usado para se referir à sensibilidade com que uma variável muda em

resposta à variação de outra variável é chamado elasticidade. Assim, entenda que elasticidade=sensibilidade.

Quanto maior a elasticidade (sensibilidade) da demanda do investimento em relação à taxa de juros, menos

inclinada (mais horizontal ou achatada) será a curva IS. Por outro lado, quanto menor a elasticidade da

demanda do investimento em relação à taxa de juros, mais inclinada (mais vertical) será a curva IS.

ii. A propensão marginal a consumir.

Se a propensão marginal a consumir ou o multiplicador de gastos forem elevados, qualquer mudança nos

investimentos provocada por variações nas taxas de juros causará grande variação na renda. Assim, quando

o multiplicador de gastos é elevado, uma pequena variação nos juros causa uma grande variação na renda.

Se o multiplicador e a propensão marginal a consumir são baixos, uma alteração nos juros provocará uma

variação proporcionalmente menor sobre a renda.

Curva IS: resumo

1. A curva IS é negativamente inclinada;

2. A curva IS representa o equilíbrio no lado real da economia, ou no mercado de bens e serviços

(investimento=poupança), representando as combinações de valores de renda e de taxa de juros que

produzem o equilíbrio no mercado real;

3. O investimento é função da taxa de juros; a poupança é função direta da renda;

4. A curva IS será deslocada para a direita quando houver aumento da renda;

5. A curva IS será deslocada para a esquerda quando houver redução da renda;

Page 33: Resumo de Economia

6. A curva IS é afetada pela política fiscal do governo;

7. Alterações da taxa de juros não deslocam a curva IS;

8. A curva IS será pouco inclinada (mais horizontal) quando a elasticidade da demanda por investimento em

relação à taxa de juros for alta;

9. A curva IS será pouco inclinada quando a propensão marginal a consumir e o multiplicador de gastos forem

altos e propensão marginal a poupar for baixa.

1.2. Curva LM – equilíbrio no mercado de ativos

A curva LM mostra o equilíbrio no mercado de moeda e este, por sua vez, é atingido quando a oferta

(M=Money) e a demanda (L=liquidity) de moeda se igualam. A oferta de moeda é uma variável exógena

(externa ao modelo), pois é determinada ou fixada institucionalmente pela autoridade monetária.

A moeda é demandada por três motivos: transação, precaução e especulação. Em relação aos dois

primeiros, a demanda por moeda será uma função direta da renda, indicando que, quanto maior a renda,

maior será a demanda por moeda. Em relação ao terceiro motivo (especulação), a demanda por moeda será

função inversa da taxa de juros, indicando que, quanto maiores forem os juros, menor será a demanda por

moeda. Assim, nós podemos dizer que a demanda por moeda é, ao mesmo tempo, função crescente da

renda e decrescente dos juros.

A curva LM, ao contrário da curva IS, possui inclinação ascendente. A curva LM é positivamente inclinada,

evidenciando a relação positiva entre a demanda de moeda e a renda e a relação negativa entre aquela

e a taxa de juros.

Quando há um aumento da renda , há aumento da demanda de moeda para fins de transação e precaução.

Como a oferta de moeda (=estoque de moeda) é mantida fixa pela autoridade monetária, isto faz com que

haja redução do nível de liquidez da economia. Em outras palavras, o aumento de renda provoca aumento da

demanda de moeda e esse aumento de demanda não é suprido pela autoridade monetária. Em virtude disto,

o “preço da moeda” aumenta e este “preço da moeda” é a taxa de juros.

Assim, podemos concluir que o aumento de renda provoca o aumento de demanda de moeda e também o

aumento da taxa de juros. Logo, como há uma relação direta entre a renda e a taxa de juros (o aumento

daquela provoca o aumento desta), a curva LM será positivamente inclinada.

1.2.1. Deslocando a curva LM

Basicamente, a curva LM será deslocada em virtude de alterações na oferta de moeda (que é fixada

exogenamente) e na demanda de moeda.

Quando o governo aumenta os gastos ou reduz a tributação, estas decisões certamente são externas ao

modelo. Por isso, elas deslocam a curva IS como um todo. Então, quando estas variáveis exógenas mudam a

renda, temos que deslocar a curva IS como um todo.

Page 34: Resumo de Economia

Se houver alteração de alguma variável endógena da curva IS (alteração de juros ou renda), temos

deslocamento ao longo da curva IS e não da curva inteira.

Alterações da demanda de moeda que sejam exógenas (não sejam provocadas por alterações dos juros e da

renda) também provocam deslocamento da curva LM.

De modo resumido, podemos dizer que quando há aumento da oferta de moeda, fruto da adoção de políticas

monetárias expansivas, a curva LM é deslocada para a direita e para baixo, no sentido do aumento da renda.

Quando há redução da oferta de moeda, fruta da adoção de políticas monetárias restritivas, a curva LM é

deslocada para a esquerda e para cima, no sentido da redução da renda.

Quando há aumento da demanda de moeda, fruto da mudança de comportamento das pessoas, a curva LM é

deslocada para a esquerda e para cima, no sentido da redução da renda (e do aumento da taxa de juros).

Quando há redução da demanda de moeda, fruto da mudança de comportamento das pessoas, a curva LM é

deslocada para a direita e para baixo, no sentido do aumento da renda (e da redução da taxa de juros).

Após o aumento das operações de redesconto, haverá mais moeda circulando (mais oferta de moeda),

de forma que a curva LM será deslocada para a direita e para baixo.

Após o aumento da exigência de depósitos compulsórios, haverá menos moeda circulando (menos

oferta de moeda), de forma que a curva LM será deslocada para a esquerda e para cima.

1.2.2. Inclinação da curva LM

Os fatores que afetam a inclinação da curva LM são as elasticidades da demanda de moeda em relação à

renda e à taxa de juros.

Na curva LM, a demanda de moeda é função de dois fatores (renda e juros), assim, nós analisamos a

elasticidade da demanda de moeda em relação a duas variáveis (renda e juros).

Temos as seguintes relações:

Alta elasticidade da demanda de moeda em relação à renda => curva LM muito inclinada (+ vertical) => baixa

elasticidade da demanda de moeda em relação aos juros

Alta elasticidade da demanda de moeda em relação aos juros => curva LM pouco inclinada (+ horizontal) =>

baixa elasticidade da demanda de moeda em relação à renda.

Curva LM: resumo

1. A curva LM é positivamente inclinada;

2. A curva LM representa o equilíbrio no lado monetário da economia, ou no mercado de moeda (oferta de

moeda=demanda de moeda), representando as combinações de valores de renda e taxa de juros que

produzem o equilíbrio no mercado monetário;

Page 35: Resumo de Economia

3. A demanda de moeda é função direta da renda (motivos transação e precaução) e função inversa da taxa

de juros (motivo especulação);

4. A curva LM será deslocada para a direita e para baixo quando houver aumento da oferta de moeda

(política monetária expansiva) ou redução da demanda de moeda provocada por mudanças no

comportamento dos agentes (menor preferência pela liquidez);

5. A curva LM será deslocada para a esquerda e para cima quando houver redução da oferta de moeda

(política monetária restritiva) ou aumento da demanda de moeda provocada por mudanças no comportamento

dos agentes (maior preferência pela liquidez);

6. A curva LM é afetada pela política monetária do governo;

7. Alterações da taxa de juros e da renda não deslocam a curva LM (pois juros e renda são variáveis

endógenas);

8. A curva LM será pouco inclinada (mais horizontal) quando a elasticidade da demanda de moeda em

relação à taxa de juros for elevada e/ou quando a elasticidade da demanda de moeda em relação à renda for

baixa;

9. A curva LM será muito inclinada (mais vertical) quando a elasticidade da demanda de moeda em relação à

taxa de juros for baixa e/ou quando a elasticidade da demanda de moeda em relação à renda for alta.

1.3. O equilíbrio: as curvas IS e LM combinadas

A curva LM possui inclinação positiva e mostra todos os pontos de equilíbrio no mercado monetário (ou

mercado de ativos). A curva IS possui inclinação negativa e mostra todos os pontos de equilíbrio no mercado

de bens e serviços. O ponto de intersecção entre as duas curvas, o ponto E, é o (único) ponto de equilíbrio

geral para ambos os mercados.

1.3.1. Alterando o equilíbrio por meio das políticas fiscal e monetária

Exemplo 1: Política fiscal expansiva

Qual o efeito de um aumento dos gastos do governo sobre a taxa de juros e o nível de renda da economia?

Conclusão: o aumento de gastos do governo (política fiscal expansionista) provoca aumento da taxa de juros

e aumento do nível de emprego.

Exemplo 2: Política fiscal restritiva

Qual o efeito de um aumento da tributação em relação à taxa de juros e o nível de renda da economia?

Conclusão: o aumento da tributação (política fiscal restritiva) provoca redução da taxa de juros e redução do

nível de emprego.

Exemplo 3: Política monetária restritiva

Qual a consequência da venda de títulos públicos ao mercado em relação à taxa de juros vigente e ao nível

de renda da economia? Conclusão: a venda de títulos públicos (política monetária restritiva) provoca aumento

da taxa de juros e redução do nível de emprego.

Exemplo 4: Política monetária expansiva

Qual a consequência da compra de títulos públicos do mercado para a taxa de juros vigente e para o nível de

renda da economia? Conclusão: a compra de títulos públicos (política monetária expansiva) provoca redução

da taxa de juros e aumento do nível de emprego.

Page 36: Resumo de Economia

Para sistematizar o raciocínio, sugiro o seguinte método:

1 – primeiro, verifique se este acontecimento afeta (desloca) a curva IS ou a curva LM. Mudanças em C, I e G

deslocam a curva IS. Mudanças na oferta de moeda e na demanda de moeda (desde que esta última seja

resultado da mudança de comportamento das pessoas) deslocam a curva LM. Lembre-se também de que a

curva IS é relacionada à política fiscal, enquanto a curva LM é relacionada à política monetária.

2 – depois, verifique para onde serão deslocadas as curvas. Isto é, se o acontecimento desloca a curva IS ou

LM para a direita ou para a esquerda. Lembre-se de que políticas expansionistas (fiscais ou monetárias) irão

deslocar as curvas para a direita, no sentido de aumento do nível de renda, que está representado no eixo

horizontal do gráfico. Políticas restritivas ou recessivas irão deslocar as curvas para a esquerda.

3 – após deslocar a(s) curva(s), verifique o novo ponto de equilíbrio e as consequências sobre a nova taxa de

juros e o novo nível de renda da economia.

1.4 O efeito deslocamento (crowding out)

Crowding-out ou efeito deslocamento ocorre quando o governo está ocupando um espaço maior na

economia, em detrimento do setor privado. Quanto mais os investimentos forem sensíveis (elásticos) aos

juros, maior será o efeito deslocamento. Em outras palavras, quanto menos inclinada (mais deitada) a curva

IS, maior o efeito deslocamento. Quanto mais insensível (menos elástico) forem os investimentos em relação

aos juros, menor será o efeito deslocamento. Isto é, quanto mais inclinada a curva IS, menor o efeito

deslocamento.

1.5. Eficácias das políticas monetária e fiscal e as inclinações das curvas IS e LM

A política fiscal é intimamente ligada à curva IS, ao passo que a política monetária é ligada à curva LM. De

modo geral, podemos dizer quanto mais estas curvas forem inclinadas (mais verticais), maior será a eficácia

da política a ela relacionada. O oposto também é válido: se a curva IS é pouco inclinada, a política fiscal é

ineficaz; se a curva LM for pouco inclinada, a política monetária é pouco eficaz.

Nota: quando falamos em eficácia das políticas fiscal e monetária, estamos falando especificamente sobre os

seus impactos sobre o nível de renda.

CURVA IS

a) Quando a curva IS é mais inclinada, a política fiscal é mais eficaz, havendo elevação da renda em

montante semelhante ao deslocamento da curva IS.

b) Quando a curva IS é menos inclinada, a política fiscal é menos eficaz, havendo elevação da renda

em montante muito inferior ao deslocamento da curva IS.

CURVA LM

a) Quando a curva LM é menos inclinada, a política monetária é menos eficaz, havendo elevação da

renda em montante bastante inferior ao deslocamento da curva LM.

Page 37: Resumo de Economia

b) Quando a curva LM é mais inclinada, a política monetária é mais eficaz, havendo elevação da renda

em montante semelhante ao deslocamento da curva LM.

Resumo das eficácias relativas das políticas monetária e fiscal e as inclinações das curvas IS e LM:

POLÍTICA MONETÁRIA

Curva IS Curva LM

Muito inclinada Ineficaz Eficaz

Pouco inclinada Eficaz Ineficaz

POLÍTICA FISCAL

Curva IS Curva LM

Muito inclinada Eficaz Ineficaz

Pouco inclinada Ineficaz Eficaz

1.6. Casos especiais

i. Modelo keynesiano simplificado: o investimento é totalmente inelástico à taxa de juros e a curva IS é 100%

vertical;

No modelo keynesiano simplificado, o investimento não depende ou é totalmente inelástico à taxa de juros, de

tal forma que a curva IS será uma reta vertical, indicando que, qualquer que sejam os juros, a renda será a

mesma. Neste caso, a política monetária é totalmente ineficaz para aumentar o nível de emprego da

economia. Ela apenas alterará as taxas de juros, mas o nível de emprego será sempre o mesmo.

Por outro lado, a política fiscal terá alto grau de eficácia, uma vez que o deslocamento da curva IS será

integralmente refletido na alteração da renda. Isto acontece porque o investimento não depende da taxa de

juros, então, neste caso, não existe nenhum crowding out. Se o governo adotar política fiscal expansiva e,

como consequência, a taxa de juros for aumentada, os investimentos não serão reduzidos porque eles são

totalmente inelásticos (insensíveis) aos juros e não haverá alteração na renda.

Por outro lado, a política fiscal é totalmente eficaz e o deslocamento para a direita da curva IS é integralmente

refletido na renda, sem a ocorrência de crowding out ou efeito deslocamento.

Concluímos então que, quando temos a situação em que o investimento não depende da taxa de juros

(modelo keynesiano simplificado), somente a politica fiscal é eficaz.

ii. Armadilha da liquidez: a elasticidade demanda de moeda em relação à taxa de juros tende ao infinito, e a

curva LM é (quase) plenamente horizontal;

A demanda por moeda é função inversa da taxa de juros. Portanto, quando a taxa de juros atinge patamares

bastante baixos, a demanda por moeda se eleva e as pessoas preferirão guardar sua riqueza sob a forma de

moeda (juros baixos => maior demanda por moeda). Neste caso, o uso da política monetária para aumentar a

renda da economia será infrutífero, pois as pessoas já têm bastante moeda em seu poder. Assim, se o

governo aumentar a oferta monetária, isso não será motivo para haver aumento da renda. Ao mesmo tempo,

Page 38: Resumo de Economia

a política monetária expansiva também não servirá para baixar a taxa de juros, uma vez que ela já se

encontra bastante baixa.

Esta situação de juros baixos, muita moeda em poder das pessoas, e ineficácia da política monetária foi

chamada por Keynes de armadilha da liquidez, em alusão ao fato de que as pessoas já estão bastante

líquidas (em virtude dos juros baixos) e a política monetária expansiva é ineficaz para aumentar a renda.

A curva LM, no caso da armadilha da liquidez, será horizontal, evidenciando que a elasticidade da demanda

por moeda em relação à taxa de juros é muito grande, tendendo ao infinito. A área da curva LM em que

temos a armadilha da liquidez é chamada de trecho keynesiano da curva LM.

Nesta situação de armadilha da liquidez, somente a política fiscal será capaz de aumentar a renda da

economia.

iii. Caso clássico: a demanda de moeda depende somente da renda, e é totalmente inelástica à taxa de juros,

Para os clássicos, a economia tendia ao equilíbrio no produto/renda de pleno emprego e isto não dependia da

taxa de juros. Para eles, não existia demanda por moeda motivo especulação, mas tão somente demanda por

moeda motivos transação e precaução. Ou seja, para os clássicos, a demanda por moeda depende somente

da renda e não da taxa de juros (já que a relação demanda de moeda x taxa de juros é decorrente do motivo

especulação).

Assim, para eles, a demanda por moeda é insensível ou totalmente inelástica à taxa de juros, de tal forma

que o trecho clássico da curva LM será plenamente vertical, e estará exatamente sobre o nível da renda de

pleno emprego.

No caso clássico da curva LM, a política fiscal é ineficaz para aumentar o nível de emprego, enquanto a

política monetária é plenamente eficaz.

2. IS-LM NA ECONOMIA ABERTA

2.1. Generalidades

Quando “abrimos” a economia, a equação da renda se modifica e passa incluir as exportações e

importações, que alterarão a renda da economia e, por conseguinte, deslocarão a curva IS exatamente como

na economia fechada.

Aumentos de exportações fazem a renda aumentar e deslocam a curva IS para a direita; reduções de

exportações fazem o contrário.

Aumentos de importações fazem a renda diminuir e deslocam a curva IS para a esquerda; reduções de

importações fazem o contrário.

As exportações e as importações dependem, entre outras coisas, da taxa de câmbio. Quando o câmbio está

desvalorizado, há tendência para que haja redução das importações, uma vez que os produtos importados

ficam mais caros, desincentivando o seu consumo. Ao mesmo tempo, o câmbio desvalorizado também

Page 39: Resumo de Economia

incentiva a exportação, pois os exportadores recebem mais dinheiro pelos seus produtos vendidos no

exterior.

O câmbio também interfere na renda e, consequentemente, fará deslocar a curva IS. Se o câmbio for

desvalorizado, as exportações aumentarão e as importações diminuirão, fazendo a curva IS se deslocar para

a direita.

Se houver valorização do câmbio, ocorrerá o contrário: aumento das importações, redução das exportações,

e a curva IS será deslocada para a esquerda.

Nosso foco na determinação da taxa de câmbio estará voltado para as taxas de juros internas e externas.

Quando as taxas de juros internas são maiores que as externas, haverá estímulo à entrada de capitais

estrangeiros (moeda estrangeira), pois os investidores estrangeiros preferirão investir o seu dinheiro no nosso

país, onde os juros estão maiores. Neste caso, a oferta excessiva de moeda estrangeira fará seu valor cair, o

que é o mesmo que dizer que a moeda nacional será valorizada.

Quando os juros externos são maiores que os internos, há estímulo à saída de capitais, pois os investidores

preferirão investir o seu dinheiro no exterior, onde os juros estão maiores. Para adquirir títulos no exterior, é

necessário se desfazer de Reais (R$) e adquirir moeda estrangeira. Neste caso, a demanda excessiva de

moeda estrangeira fará seu valor aumentar, o que é o mesmo que dizer que a moeda nacional será

desvalorizada.

Podemos resumir estas relações entre taxas de juros interna e externa, câmbio e importações/exportações da

seguinte maneira:

iINT>iEXT

entrada de capitais,

aumenta oferta de divisas,

desvalorização da moeda estrangeira,

valorização da moeda nacional, e

piora o saldo de exportações – importações.

iINT<iEXT

saída de capitais,

aumenta demanda de divisas,

valorização da moeda estrangeira,

desvalorização da moeda nacional e

melhora o saldo de exportações – importações.

A curva LM é a mesma e será deslocada em razão dos mesmos fatores estudados quando a economia é

fechada.

2.2. Hipóteses do modelo

As duas principais hipóteses do modelo são:

i. Nível de preços interno e externo constante;

ii. Mobilidade perfeita de capitais.

Page 40: Resumo de Economia

A primeira hipótese nos diz apenas para não levarmos em conta o nível de preços em nosso modelo.

A segunda hipótese é a mais importante. O modelo IS-LM considera que pode haver três situações sobre a

mobilidade de capitais: mobilidade perfeita, ausência de mobilidade e mobilidade imperfeita.

OBS 1.: estudaremos apenas o caso da mobilidade perfeita porque é a cobrada em prova!

OBS. 2: O modelo IS-LM na economia aberta com mobilidade perfeita de capitais também é denominado em

muitas obras (e em editais de concursos) como modelo Mundell-Fleming,

O caso da mobilidade perfeita de capitais representa a situação em que um país é pequeno em relação ao

resto do mundo e possui livre acesso ao mercado internacional de capitais. Adicionalmente, o resto do mundo

também possui livre acesso ao mercado de capitais interno. Como os capitais entram e saem de forma

absolutamente livre (sem taxas ou qualquer controle adicional), a única variável relevante que será analisada

pelos investidores ao decidir aplicar o seu capital será a taxa de juros.

Se os juros internos forem maiores que os externos, haverá entrada de capitais externos no país, uma vez

que os investidores estrangeiros serão atraídos pelo maior rentabilidade da taxa interna. Se os juros internos

forem menores que os externos, haverá saída de capitais, uma vez que os investidores serão atraídos pela

maior rentabilidade da taxa externa. Assim, a única possibilidade de haver equilíbrio é a situação em que as

taxas interna e externa são iguais.

Nessa situação, ainda, o balanço de pagamentos estará automaticamente em equilíbrio.

Havendo mobilidade perfeita de capitais e juros internos e externos iguais, o saldo de transações correntes

sempre poderá ser compensado com aplicações (quando há superávit) ou empréstimos (quando há déficit) do

exterior e o saldo do balanço de capitais autônomos estará sempre em equilíbrio. Ou seja, a mobilidade

perfeita de capitais e a situação de juros internos iguais aos externos implicam que o balanço de pagamentos

esteja em equilíbrio, sempre.

Na situação especial em que há mobilidade perfeita de capitais, a curva BP será infinitamente elástica aos

juros (uma reta horizontal), de modo que qualquer alteração da taxa interna provocará imediatos déficits ou

superávits no BP e este só estará em equilíbrio quando iINT=iEXT.

Na economia aberta, o equilíbrio ocorre em um ponto onde as três curvas se encontram: IS, LM e BP

2.3. Políticas fiscais e monetárias com regime cambial FLUTUANTE

2.3.1 Política fiscal expansiva

A política fiscal é ineficaz quando temos regime cambial flutuante.

Podemos concluir o seguinte sobre a política fiscal expansiva com regime flutuante de câmbio:

A renda não se altera;

O saldo da balança de bens e serviços exportações – importações é reduzido.

Page 41: Resumo de Economia

2.3.2. Política monetária expansiva

A política monetária é (bastante) eficaz quando temos regime cambial flutuante. Podemos concluir o

seguinte sobre a política monetária expansiva com regime flutuante de câmbio:

A renda aumenta;

O saldo da balança de bens e serviços exportações – importações é aumentado.

2.4. Políticas fiscais e monetárias com regime cambial FIXO

2.4.1. Política fiscal expansiva

A política fiscal é (bastante) eficaz quando temos regime cambial fixo. Podemos concluir o seguinte

sobre a política fiscal expansiva com regime fixo de câmbio:

A renda aumenta;

O saldo da balança de bens e serviços exportações – importações não é alterado;

O nível de reservas internacionais aumenta.

2.4.2. Política monetária expansiva

A política monetária é ineficaz quando temos regime cambial fixo. Podemos concluir o seguinte sobre a

política monetária expansiva com regime fixo de câmbio:

A renda não se altera;

O saldo da balança de bens e serviços exportações – importações não é alterado;

O nível de reservas internacionais diminui.

Segue um quadro resumindo os efeitos das políticas fiscal e monetária diferenciando as eficácias em virtude

do regime cambial adotado:

CâmbioFLUTUANTE

Renda (Y) Balança de bense serviços (X – M)

Variação das reservas

internacionais (ΔRI)

Política fiscalexpansiva

Nãoaltera

Diminui Não altera

Políticamonetáriaexpansiva

Aumenta Aumenta Não altera

CâmbioFIXO

Renda (Y) Balança de bense serviços (X – M)

Variação das reservas

internacionais (ΔRI)

Política fiscalexpansiva

Aumenta Não altera Aumenta

Políticamonetáriaexpansiva

Nãoaltera

Não altera Diminui

(X – M) exportações – importações

Page 42: Resumo de Economia

MODELO DE OFERTA E DEMANDA AGREGADA

INTRODUÇÃO

No modelo IS-LM, não é considerado o nível de preços. A partir de agora, os preços entrarão na análise da

determinação da renda da economia e isso nos levará ao estudo do modelo de demanda e oferta agregada

da economia.

1. A CURVA DE DEMANDA AGREGADA

A curva de demanda agregada (DA1) mostra, para qualquer nível de preços, P, a quantidade total de bens e

serviços, Y, demandada por famílias (C), governo (G), empresas (I) e resto do mundo (X – M).

A curva de demanda agregada é inclinada negativamente.

A curva de demanda agregada (DA) representa a demanda agregada da economia sob os dois pontos de

vista estudados no modelo IS-LM: lado real e lado monetário da economia. Por isso, nós dizemos que a curva

DA é derivada do modelo IS-LM.

O aumento de preços reduz a renda da economia em razão da sua influência sobre o lado real e sobre o lado

monetário da economia. Vejamos quais são essas influências. Para isso, suponha um aumento de preços (P):

Lado monetário da economia:

reduz a oferta monetária real (M/P),

aumentando a taxa de juros,

reduzindo os investimento e

reduzindo a demanda agregada/renda (Y).

Lado real da economia:

reduz as exportações e aumenta as importações,

reduzindo o saldo de (X – M) e

reduzindo a renda (Y).

O aumento de preços, tanto pela análise do lado real, quanto pela análise do lado monetário, reduz a

demanda agregada/renda da economia, demonstrando que, realmente, a curva DA deve ser negativamente

inclinada.

Derivando a curva DA a partir da TQM

A teoria quantitativa da moeda (TQM) nos mostra que, mantendo a velocidade de circulação da moeda e a

quantidade de transações constantes, os preços aumentam em virtude do aumento da quantidade de moeda

em circulação.

Há uma relação inversa entre Y e P, exatamente como o modelo IS-LM nos sugere. Desta forma, a curva DA

será negativamente inclinada, seja pela abordagem Keynesiana (modelo IS-LM), seja pela abordagem

clássica (TQM).

Page 43: Resumo de Economia

1.1. Deslocando a curva de demanda agregada

As políticas fiscais e/ou monetárias expansivas farão a curva de demanda agregada ser deslocada

para a direita. Políticas fiscais e/ou monetárias restritivas farão deslocar a curva para a esquerda.

Fatores que deslocam a curva IS para a direita e, portanto, deslocam a curva DA também para a direita, no

sentido de aumento da renda:

Aumento do consumo autônomo;

Aumento dos gastos do governo;

Aumento dos investimentos autônomos;

Redução de impostos;

Aumento das transferências;

Aumento das exportações líquidas.

Fatores que deslocam a curva LM para a direita e, portanto, deslocam a curva DA também para a direita, no

sentido de aumento da renda:

Aumento da oferta de moeda

Redução da demanda por moeda

Expectativas positivas (confiança do consumidor ou dos empresários) em relação ao futuro da economia

deslocam a curva de DA. Isto porque expectativas positivas aumentam o consumo (C) e o investimento (I),

deslocando a curva IS e a curva DA para a direita, no sentido de aumento da renda.

O fato de os agentes esperarem um aumento na inflação futura desloca a curva DA para a direita. O aumento

da inflação futura faz os agentes reduzirem a demanda por moeda, deslocando a curva LM para a direita. Por

conseguinte, a curva DA também será deslocada para a direita.

2. CURVA DE OFERTA AGREGADA

Define-se oferta agregada (OA) como sendo o valor total da produção de bens e serviços de uma economia.

A análise da curva de oferta agregada é dividida considerando duas óticas: curto e longo prazo.

Em macroeconomia, a diferença fundamental entre o curto e o longo prazo é o comportamento dos preços.

No curto prazo, muitos (não necessariamente todos) preços são fixos em algum nível predeterminado, e não

mudam independente das condições e dos estímulos ou desestímulos das variáveis macroeconômicas. No

longo prazo, os preços são flexíveis e reagem a mudanças na conjuntura econômica. Assim, temos:

Curto prazo preços fixos

Longo prazo preços variáveis

2.1. Oferta agregada de longo prazo

Page 44: Resumo de Economia

A curva de oferta agregada de longo prazo é vertical, ao nível de pleno emprego (condizente com a

teoria clássica, onde o equilíbrio ocorre na produção de pleno emprego). Ao mesmo tempo, no longo prazo,

uma alteração no nível de preços não afeta a quantidade ofertada de bens e serviços.

A curva de oferta agregada de longo prazo corresponde à situação em que a OA é perfeitamente inelástica

(totalmente insensível) aos preços, já que alterações de preços não mudam a OA.

O pleno emprego corresponde à situação em que os fatores de produção (mão de obra, capital, recursos

naturais) são plenamente utilizados. Assim, a possibilidade de haver deslocamentos da curva de oferta

agregada de longo prazo se resume a alterações na quantidade de fatores de produção.

Quando há aumento de fatores de produção, a curva de oferta agregada a longo prazo (OALP) será

deslocada para a direita.

Quando há redução de fatores de produção, a curva de OALP será deslocada para a esquerda, indicando

que o produto de pleno emprego será menor.

Fatores que deslocam a curva de oferta agregada de longo prazo:

Alterações na disponibilidade de capital;

Alterações na disponibilidade de recursos naturais;

Alterações da tecnologia;

Alterações na disponibilidade de mão de obra;

Alterações salariais;

Alterações dos custos.

2.2. Oferta agregada de curto prazo

No curto prazo, o nível geral de preços afeta a capacidade de produção da economia.

Curva de oferta agregada de curto prazo (OACP) é inclinada positivamente. Três teorias explicam a

inclinação positiva da curva de oferta agregada:

(a) teoria dos salários rígidos,

(b) teoria dos preços rígidos e

(c) teoria da informação imperfeita.

Comecemos pela primeira (a):

a) Rigidez salarial

De acordo com essa teoria, a curva de oferta agregada de curto prazo tem inclinação positiva porque os

salários nominais (W) não respondem imediatamente às variações das condições da economia, sendo rígidos

no curto prazo. Essa rigidez salarial é causada basicamente por fatores sociais e institucionais, tais como a

existência de contratos de trabalho de longo prazo, poder de negociação coletiva (sindicatos), adoção de

pisos salariais, legislação trabalhista. Todos estes fatores impedem ajustes para menor dos salários.

Page 45: Resumo de Economia

O nível de preços abaixo do nível de preços esperado, associado à rigidez salarial, fez com que a empresa

reduzisse as contratações e a produção. Ou seja, redução de preços provoca redução de produção/renda.

Como as variáveis do gráfico têm relação positiva (uma cresce e outra também cresce, e vice-versa), a curva

de oferta agregada será inclinada positivamente no curto prazo.

b) Rigidez de preços

A teoria dos preços rígidos pressupõe que os preços de alguns bens e serviços também se ajustam

lentamente em resposta às variações das condições econômicas, apresentando, portanto, alguma rigidez.

Assim como os contratos de trabalho, os acordos de compra e venda de produtos podem ser estabelecidos

por contratos de longo prazo entre empresas e clientes e, mesmo na inexistência de acordos formais, as

empresas podem manter os preços fixos no curto prazo para não incomodar os clientes com mudanças

frequentes de preços.

Outra razão que explica a rigidez de preços são os custos de menu. Por vezes, ajustar os preços implica

custos como, por exemplo, a impressão e distribuição de catálogos, confecção de novas etiquetas de preços,

impressão de novos cardápios (no caso de restaurantes), atualização dos sistemas, atualização da

contabilidade, etc. Esses custos de menu fazem com que as empresas ajustem seus preços de modo

intermitente (apenas de tempos em tempos), e não de modo contínuo.

Em suma, como nem todos os preços se ajustam imediatamente a oscilações da economia, uma queda no

nível de preços deixa algumas empresas com preços mais altos, fazendo suas vendas reduzirem. Por

conseguinte, a produção e o emprego serão reduzidos nestas empresas com rigidez de preços. Essa

associação positiva entre o nível de preços e a produção (uma variável cai, a outra também cai, e vice-versa)

leva à inclinação positiva da curva de oferta agregada.

c) Informação imperfeita

A teoria da informação imperfeita ou percepções equivocadas relaciona a inclinação da curva de oferta

agregada de curto prazo como resultado da percepção equivocada dos produtores em relação aos preços da

economia.

Suponha que haja redução do nível geral de preços. Como a redução de preços ocorre na economia como

um todo, é de se esperar que isso não afete as decisões de produção, mas um produtor, individualmente,

pode enxergar isso de maneira equivocada. Deste modo, este vendedor pode concluir que produzir não é tão

lucrativo quanto antes e, assim, decide reduzir a produção. A relação entre produção/emprego e preços é

positiva, indicando que a curva de oferta agregada será positiva.

Produto natural e a taxa de desemprego natural

O produto natural, ou produto de pleno emprego, é a situação em que todos os fatores de produção estão

empregados ou estão sendo utilizados. Especialmente em relação ao fator de produção mão de obra, o

produto natural é o nível de produto em que temos somente a taxa natural de desemprego. Esta taxa,

contudo, não significa que todos os trabalhadores estão empregados. Mesmo a uma taxa natural de

desemprego (=produto natural=produto de pleno emprego), ainda há trabalhadores sem emprego. Isso ocorre

em razão de fatores institucionais ou conjunturais.

Page 46: Resumo de Economia

Políticas de cunho fiscal ou monetário são inofensivas e não servem para reduzir a taxa natural de

desemprego. Para reduzi-la, os formuladores de políticas devem buscar políticas que melhorem o

funcionamento do mercado de trabalho.

2.2.1. Deslocando a curva de oferta agregada de curto prazo

Todos os fatores que deslocam a curva de longo prazo também deslocam a curva de oferta de curto prazo ,

exceto no caso do nível de preços esperados. Estes últimos são externos (exógenos) ao modelo, de tal

forma que eles deslocarão a curva de oferta agregada como um todo.

Fatores que deslocam a curva de oferta agregada de curto prazo:

Alterações na disponibilidade de capital;

Alterações na disponibilidade de recursos naturais;

Alterações da tecnologia;

Alterações na disponibilidade de mão de obra;

Alterações salariais;

Alterações dos custos;

Alterações no nível de preços esperados.

2.2.2. O caso extremo: rigidez total de preços e salários

Nesta versão (que seria aplicada considerando uma espécie de curto prazo ainda mais curto que aquele

verificado quando a curva é positivamente inclinada), a curva de oferta agregada é uma reta horizontal,

indicando que o nível de preços permanecerá sempre em P1. Esta curva é denominada de caso keynesiano

extremo da curva de oferta agregada.

Se a questão não afirmar expressamente que a oferta agregada é infinitamente elástica aos preços, ou é uma

reta horizontal, ou há rigidez total de preços e salários, considere que está sendo levada em conta a curva de

curto prazo inclinada positivamente.

Se a questão afirmar expressamente que a oferta agregada é infinitamente elástica aos preços, ou é uma reta

horizontal, ou há rigidez total de preços e salários (a rigidez precisa ser total), considere que está sendo

levada em conta a curva de curto prazo (reta horizontal).

Se a questão mencionar que os preços e salários são totalmente flexíveis, ou a curva de oferta é totalmente

inelástica aos preços, ou é uma reta vertical, ou se refere ao caso clássico, considere que está sendo levada

em conta a curva de oferta de longo prazo.

3. RESPOSTAS A MUDANÇAS DA DEMANDA AGREGADA

As empresas, que são as próprias responsáveis pela oferta agregada, respondem aos acréscimos de

demanda agregada de três maneiras:

i. Aumentando a produção (OA), sem elevar os preços;

ii. Aumentando apenas os preços, sem aumentar a produção (OA);

iii. Aumentando a produção e os preços.

Page 47: Resumo de Economia

(i) O primeiro caso corresponde a uma situação em que há desemprego de fatores de produção (mão de obra

desempregada, capacidade ociosa). Nesta condição, a produção pode aumentar sem que os preços da

economia sejam alterados. Essa situação representa a hipótese do modelo keynesiano (onde há desemprego

de recursos). Por isto, o trecho da curva de oferta agregada que representa esta situação de preços

invariáveis ou totalmente rígidos é denominado de caso keynesiano e será uma reta horizontal a um nível de

preços que é rígido, não muda.

(ii) O segundo caso corresponde a uma situação de pleno emprego, onde os fatores de produção já são

plenamente utilizados. Nesta situação, a produção não cresce mais em resposta a aumentos da demanda.

Como a economia já está no pleno emprego, a curva de oferta agregada será uma reta vertical a um nível de

renda de pleno emprego, que não muda em resposta a aumentos da demanda agregada. Essa situação

representa a hipótese do modelo clássico (onde a economia está no pleno emprego).

A renda da economia só aumentará se a curva de oferta agregada for deslocada para a direita e, para isto

acontecer, é necessário que a disponibilidade dos fatores de produção aumente.

(iii) O terceiro caso diz respeito a uma situação intermediária entre os casos keynesiano e clássico, em que

alguns setores da economia encontram-se em pleno emprego e outros não. Nesta situação, a curva de oferta

agregada terá inclinação positiva e os aumentos de demanda fazem a renda e os preços da economia

aumentarem. No entanto, estes aumentos de renda serão menores que aqueles verificados no caso

keynesiano; e o aumento de preços será menor que aquele verificado no caso clássico.

Curva de oferta agregada Aumento de demanda agregada

causa:

Horizontal (rigidez total de preços)Aumento da renda, somente.

Positivamente inclinada(rigidez de preços)

Aumenta da renda e dos preços.

Vertical (preços flexíveis e economia no pleno emprego)

Aumento dos preços, somente.

Nota em questões de prova, caso a banca não seja específica sobre qual a curva de oferta agregada de

curto prazo considerar (reta horizontal ou positivamente inclinada), use o caso intermediário, em que a curva

é positivamente inclinada.

4. O EQUILÍBRIO ENTRE DA e OA

Para descobrirmos qual será o efeito de alguma política ou algum acontecimento sobre a renda e os preços,

devemos saber trabalhar com as curvas de demanda e oferta agregada.

O roteiro de raciocínio é este:

1 – primeiro, verifique se o acontecimento ou política adotada afeta (desloca) a curva DA ou a curva OA.

Page 48: Resumo de Economia

2 – segundo, verifique qual a curva de oferta agregada a ser usada, se de curto prazo ou longo prazo. Caso

seja de curto prazo, identifique se é a curva horizontal ou a curva positivamente inclinada.

3 – depois, verifique para onde serão deslocadas as curvas. Isto é, se o acontecimento desloca a curva DA

ou OA para a direita ou para a esquerda.

4 – após deslocar a(s) curva(s), verifique por si só o novo ponto de equilíbrio e as consequências sobre o

novo índice de preços e o novo nível de renda/emprego da economia.

5. A NEUTRALIDADE DA MOEDA

Quando o governo aumenta a oferta de moeda na economia, ele adota política monetária expansiva, que

desloca a curva DA para a direita e para cima. No curto prazo, em que a curva de oferta agregada é inclinada

positivamente, este aumento da oferta de moeda aumentará os preços e a renda da economia.

No longo prazo, em que a curva de oferta agregada é vertical, o aumento da oferta de moeda aumentará os

preços, mas não alterará o nível de emprego da economia. Neste caso, os economistas dizem que o papel

moeda é neutro. Percebe-se então que o papel da moeda, em longo prazo, é neutro.

6. OS CHOQUES

As variações econômicas que provocam deslocamentos das curvas de demanda e oferta são chamadas de

choques econômicos.

Um choque que desloca a curva de demanda agregada é chamado de choque de demanda, enquanto um

choque que desloca a curva de oferta é chamado de choque de oferta.

Para fins de concursos, o choque de oferta é o que nos apresenta alguma relevância. Um choque de oferta

é um choque que ocorre na economia e que altera o custo da produção de bens e serviços e,

consequentemente, altera os preços que as empresas cobram. Uma vez que exercem um impacto direto no

nível de preços, os choques de oferta são também chamados de choques de preços e se dividem em dois

tipos:

Choque adverso (negativo) de oferta: há redução da oferta ou produção das empresas e consequente

aumento de preços;

Choque favorável (positivo) de oferta: há aumento da oferta ou produção da empresa e consequente

redução dos preços.

Exemplos de choques de oferta (ou choques de preços):

Aumento do preço internacional do petróleo (como o ocorrido em 1973) choque adverso de oferta

desloca a curva de OA para a esquerda e/ou para cima provoca aumento de preços e redução do

emprego (estagflação);

Aumento de poder dos sindicatos tendência de aumento dos salários dos trabalhadores, aumentando

os custos das empresas choque adverso de oferta desloca a curva de OA para a esquerda e/ou para

cima provoca aumento de preços e redução do emprego;

Nota em questões de prova, se for mencionado apenas que houve um choque de oferta, sem especificar se

foi adverso ou favorável, considere como sendo um choque adverso.

Page 49: Resumo de Economia

INFLAÇÃO

A inflação é o processo persistente de aumento do nível geral de preços, resultando na perda de poder

aquisitivo da moeda, de tal modo que sua função de reserva de valor fique prejudicada. De forma inversa, a

redução generalizada dos preços é definida como deflação. O aumento do preço de um bem ou um grupo

específico de bens não pode ser definida como inflação.

Quando os aumentos de preços são pequenos, a inflação é moderada ou rastejante; se são muito grandes,

diz-se que temos hiperinflação. A hiperinflação ocorre quando a perda de poder aquisitivo da moeda é tão

grande que as pessoas simplesmente abandonam aquela moeda, preferindo utilizar outro instrumento de

meio de pagamento (moeda estrangeira, títulos, bens “físicos”, etc) tendo em vista que a moeda já não

possui, em nenhum grau, a característica de reserva de valor.

Inflação é diferente de aceleração inflacionária. A inflação representa uma situação em que os preços sobem,

e essa subida de preços pode ser a taxas constantes ou crescentes. Por exemplo, suponha que, no mês 1, a

inflação tenha sido de 5%. No mês 2, 5% novamente. No mês 3, mais 5%. Nestes três meses, nós podemos

dizer que a inflação esteve estável (5% a.m.), pois o aumento de preços ocorreu a taxas constantes. Veja que

estamos dizendo que a inflação esteve estável, mas não os preços.

Por outro lado, quando temos aceleração inflacionária, a taxa de inflação cresce a taxas crescentes. Por

exemplo, no mês 1, a inflação é 5%. No mês 2, a inflação é de 10%. No mês 3, 15%. Nestes três meses,

houve aceleração inflacionária, que representa um desequilíbrio bastante grave.

1. Tipos de inflação

Os dois principais tipos de inflação são: a inflação de demanda e a inflação de custos.

A inflação de demanda acontece quando temos excesso de demanda agregada sobre a oferta agregada, ou

seja, temos mais pessoas consumindo bens e serviços do que há de oferta destes. A inflação de demanda

sempre acontece quando há aumento da demanda agregada, fazendo com que a curva de DA se desloque

para a direita e para cima, fazendo elevar os preços por inflação de demanda. Esse aumento da demanda

agregada pode ser ocasionado tanto pela política fiscal quanto pela política monetária. Assim, políticas

expansionistas (sejam fiscais ou monetárias) são consideradas inflacionárias (inflação de demanda),

exatamente por deslocarem a curva DA para cima, fazendo aumentar os preços.

A forma de contenção desta inflação é a execução de políticas monetária e/ou fiscal restritivas, de forma a

trazer novamente a curva de DA para a esquerda e para baixo. O lado negativo desta linha de ação é a

redução da renda e/ou do nível de emprego.

A inflação monetária é um tipo de inflação de demanda, e é causada pelo aumento na oferta de moeda.

Quando se aumenta a oferta de moeda na economia, deslocamos a curva DA para a direita, fazendo

aumentar o nível geral de preços. A inflação monetária (provocada pelo aumento de oferta de moeda) é mais

Page 50: Resumo de Economia

grave e se dissemina mais rapidamente que a inflação provocada pela política fiscal do governo. Afinal, o

efeito do aumento da oferta de moeda é sentido muito mais rapidamente que o efeito dos gastos públicos.

No Brasil, por exemplo, o controle inflacionário é bastante centrado na política monetária. Na prática, tal

medida faz ainda com que o consumo da população e os investimentos das empresas diminuam em virtude

do aumento dos juros, aliviando ainda mais a pressão inflacionária.

A inflação de custos (inflação de oferta) está intimamente ligada à curva de oferta agregada e ocorre

quando há uma diminuição da oferta de bens e serviços causada por elevação nos custos de produção.

A inflação de custos tem dois efeitos perversos. O primeiro deles é o aumento do nível geral de preços, o

segundo é a redução do nível de emprego. Esta situação de aumento do desemprego e ocorrência de

inflação é o que chamamos de estagflação (recessão + inflação).

Além destes dois tipos de inflação, temos também a inflação inercial, que deriva do processo de indexação.

A indexação ocorre quando os agentes, no intuito de se proteger dos efeitos da inflação futura, remarcam os

preços e salários baseados na inflação passada, provocando, assim, um círculo vicioso de inflação.

Por último, segundo a concepção estruturalista da inflação, temos a inflação estrutural, que supõe que as

causas da inflação em países subdesenvolvidos são essencialmente de caráter estrutural. A estrutura

oligopólica de alguns mercados também é causa de inflação estrutural, pois estas firmas dominantes têm

bastante poder de aumentar os preços dos seus produtos, no intuito de aumentar ainda mais sua margem de

lucro.

Segundo essa corrente, o combate à inflação deve ser feito principalmente por meio de reformas estruturais e

pelo controle dos setores oligopolizados.

2. Consequências da inflação

A inflação provoca grandes distorções na economia de mercado.

O primeiro efeito é provocar distorções na alocação de recursos da economia, uma vez que os preços

relativos deixam de ser sinalizadores da escassez e dos custos relativos de produção. Com a inflação

elevada, a noção de preços relativos é abalada. O papel dos preços relativos, de indicar excesso de demanda

ou de oferta (produção), deixa de existir, comprometendo a alocação eficiente dos recursos do mercado.

A inflação também desincentiva a ação de investir. Há grande tendência para que os poupadores façam

aplicações em ativos reais (ativos tangíveis, como imóveis, ouro, terrenos, moeda estrangeira, etc) e fujam

dos ativos financeiros, na tentativa de proteger o seu patrimônio contra a desvalorização da moeda. Desta

forma, o financiamento dos investimentos via sistema bancário/financeiro fica bastante prejudicado.

Outro efeito são os distúrbios sobre a distribuição de renda. A inflação provoca uma redistribuição de

renda em favor do setor produtivo, em detrimento da classe assalariada.

Page 51: Resumo de Economia

O governo também perde poder aquisitivo com a inflação, pois esta corrói o valor da arrecadação fiscal

pela defasagem entre o fato gerador dos impostos, o recolhimento dos mesmos e a efetiva utilização da

receita fiscal pelo governo. Este fenômeno é conhecido como efeito Oliveira-Tanzi ou simplesmente efeito

Tanzi.

Ainda em relação à arrecadação do governo, destacamos o efeito inverso ao destacado por Oliveira e Tanzi.

A contração de despesas em um momento e o seu pagamento em momento posterior provoca uma relevante

redução real dos gastos públicos. Esse é o efeito Patinkin.

A inflação funciona também como um imposto sobre as pessoas que detêm moeda, reduzindo o poder

aquisitivo das pessoas e aumentando a arrecadação do governo. Em virtude da inflação, o governo emite

moeda, e tal emissão de moeda provoca duas coisas: perda de poder aquisitivo da população (via aumento

da inflação) e aumento de recursos à disposição do governo (em virtude da emissão monetária). A esse

mecanismo de transferência de renda da população para o governo, os economistas dão o nome de imposto

inflacionário.

Sob o ponto de vista das contas públicas, a inflação, por um lado, corrói o poder aquisitivo do Estado via

efeito Oliveira-Tanzi; por outro lado, aumento o poder aquisitivo via imposto inflacionário e, por fim, reduz os

gastos públicos via efeito Patinkin.

A inflação gera ainda vários custos. O chamado custo de sola de sapato, em alusão ao fato de que a ação

de ir e vir do banco a todo o momento provoca gastos na sola do seu sapato. Custos de transação que são

representados pelo tempo que as pessoas perdem para saber o preço (e o preço relativo) dos bens e

serviços e pelo tempo que as empresas perdem definindo e remarcando os preços (custos de menu).

Por último, a inflação ainda desestabiliza as contas externas, provocando déficits no Balanço de

Pagamentos. Os altos preços dos produtos internos tornarão os produtos nacionais menos competitivos no

exterior, reduzindo as exportações. De maneira análoga, a alta inflação torna os produtos nacionais menos

competitivos frente aos importados, o que faz aumentar as importações. Além desse efeito na balança

comercial, a alta inflação e a rápida perda de poder aquisitivo da moeda nacional podem levar os agentes a

buscarem a moeda estrangeira como reserva de valor.

Consequências da inflação:

Distorções na alocação de recursos;

Desincentiva os investimentos;

Distúrbio na distribuição de renda, provocando tensão social;

Alterações nas contas públicas (efeitos Oliveira-Tanzi, Patinkin);

Transferência de renda das pessoas para o governo via imposto inflacionário;

Custo de sola de sapato;

Custos de transação;

Custos de menu;

Indexação;

Page 52: Resumo de Economia

Desequilíbrio externo.

3. CURVA DE PHILLIPS

A curva de Phillips mostra a relação entre o desemprego e a inflação. Isto é, níveis baixos de desemprego

significam alta inflação, e baixa inflação significa alto desemprego.

A curva de Phillips sugere que os formuladores de políticas econômicas enfrentam um trade-off de curto

prazo entre inflação e desemprego. Ainda que o governo prefira baixa inflação com baixo desemprego, isso

não é possível, em virtude do trade-off existente entre inflação e desemprego.

a) Versão simples da curva de Phillips

Nessa equação, que representa a versão mais simples da curva de Phillips, a taxa de inflação dependerá do

quantum a taxa de desemprego efetiva (u) se distancia da taxa natural (uN). Quanto menor a taxa de

desemprego efetiva, maior será a inflação. Quanto maior a taxa efetiva, menor a inflação.

b) Versão com expectativas adaptativas (inclui inflação esperada):

Segundo a teoria das expectativas adaptativas, os agentes tentam se adaptar a regimes inflacionários

remarcando os preços dos produtos com base na inflação passada. Assim, há sempre uma taxa de inflação

esperada (πE), que pode ser baseada na inflação passada; e essa inflação esperada tende a aumentar a

inflação presente. Nessa versão da curva de Phillips, a taxa de inflação dependerá da diferença entre a taxa

de desemprego efetiva e natural, e também do nível esperado de inflação.

Quanto maior o nível esperado de inflação (πE), mais os agentes remarcarão os preços e maior será a taxa

de inflação (π) para uma mesma taxa de desemprego.

Para manter o desemprego abaixo do seu nível natural, a economia necessitará sempre de uma maior taxa

de inflação. Este caso específico é denominado de “versão aceleracionista da curva de Phillips”.

Diante das expectativas dos agentes, depois que a inflação se acelera (cresce a taxas crescentes), a única

maneira de deter o seu avanço passa obrigatoriamente pelo aumento da taxa de desemprego. Esse custo de

redução da inflação é chamado de “taxa de sacrifício”, que mede o quanto se perde de produto para reduzir

1% de inflação.

c) Versão com os choques de oferta:

Outro elemento que pode ser incorporado a nossa equação da Curva de Phillips são os choques de oferta.

Choques adversos (negativos) aumentam os preços, ao passo que choques favoráveis (positivos) reduzem

os preços.

d) Curva de Phillips de longo prazo – as expectativas racionais

A teoria das expectativas racionais levanta a hipótese de que os agentes tendem, no longo prazo, a

acertar as suas previsões, não incorrendo em erros do passado.

Page 53: Resumo de Economia

Para esta teoria, a taxa de desemprego estará, regra geral, na sua taxa natural, de tal forma que a curva de

Phillips será uma reta vertical. Segundo, ela é aplicável no longo prazo, que é o prazo em que utilizamos os

dogmas da teoria clássica.

A curva de Phillips vertical mostra que, no longo prazo (apenas no longo prazo!), o combate à inflação não

necessita de sacrifício, não havendo no longo prazo um trade-off entre inflação e desemprego.

4. MEDIÇÃO DE INFLAÇÃO

A inflação é medida, acompanhada e regulamentada pelo governo federal, auxiliado por órgãos

governamentais, como o BACEN, Ministério da Fazenda e Economia, entre outros ministérios, secretarias,

entidades, institutos (como o IBGE) e fundações importantes para o bom andamento da economia brasileira.

Os índices utilizados na medição da inflação e regulação de preços do mercado brasileiro são:

INPC (Índices Nacional de Preços ao Consumidor): verifica o custo de vida média das famílias com renda

mensal entre 1 e 5 salários mínimos, residentes nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife,

Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, Brasília e município de Goiânia.

Os dados são coletados em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionária de

serviços públicos e domicílios (para levantamento de aluguel e condomínio). O período de coleta do INPC

estende-se, em geral, do dia 01 a 30 do mês de referência.

 

IPCA (Índice Nacional de Preços Ao Consumidor Amplo): verifica o custo de vida das famílias com renda

mensal entre 1 e 40 salários mínimos, que residem nas principais capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo

Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém, além do DF e do município de Goiânia.

O IPCA, medido mensalmente pelo IBGE, foi criado com o objetivo de oferecer a variação dos preços no

comércio para o público final. É o índice oficial do governo federal para medição das metas da inflação. O

governo usa o IPCA como referência para verificar se a meta estabelecida para a inflação está sendo

cumprida.

O período de coleta do IPCA vai do dia 1º ao dia 30 ou 31, dependendo do mês. A pesquisa é realizada em

estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços, domicílios (para verificar valores de aluguel) e

concessionárias de serviços públicos. Os preços obtidos são os efetivamente cobrados ao consumidor, para

pagamento à vista.

Os Índices Gerais de Preços (IGP) da Fundação Getulio Vargas foram divulgados pela primeira vez em

novembro de 1947. Desde então registram as variações de preços de matérias-primas agropecuárias e

industriais, de produtos intermediários e de bens e serviços finais. 

Apresentam-se em três versões: Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10), Índice Geral de Preços do Mercado

(IGP-M) e Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI). A diferença entre eles está no período

de coleta das informações para cálculo do índice. Os preços coletados em cada período são comparados aos

levantados nos 30 dias imediatamente anteriores: 

Page 54: Resumo de Economia

O IGP-10 mede a evolução de preços no período compreendido entre os dias 11 do mês anterior e 10 do mês

de referência.

O IGP-M é coletado entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.

O IGP-DI é coletado entre o primeiro e o último dia do mês de referência.

O IGP-M, diferentemente das demais versões, conta com um sistema de apurações prévias divulgadas antes

do fechamento mensal. Essas prévias apresentam resultados parciais do índice com base na coleta realizada

em períodos de dez dias. 

A primeira prévia, divulgada com a denominação de primeiro decêndio, calcula as variações obtidas a partir

das informações colhidas no período de 21 a 30 do mês anterior ao de referência, comparadas às levantadas

ao longo dos trinta dias anteriores. A segunda prévia expande o período de coleta para 21 do mês anterior a

10 do mês de referência, apresentando resultados cumulativos. A terceira apuração é o próprio IGP-M.

O IGP foi concebido no final dos anos de 1940 para ser uma medida abrangente do movimento de preços.

Entendia-se por abrangente um índice que englobasse não apenas diferentes atividades como também

etapas distintas do processo produtivo. Construído dessa forma, o IGP poderia ser usado como deflator do

índice de evolução dos negócios, daí resultando um indicador mensal do nível de atividade econômica. 

O IGP é a média aritmética ponderada de três outros índices de preços. São eles: 

• Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), 

• Índice de Preços ao Consumidor (IPC), 

• Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). 

Os pesos de cada um dos índices componentes correspondem a parcelas da despesa interna bruta,

calculadas com base nas Contas Nacionais – resultando na seguinte distribuição: 

• 60% para o IPA, 

• 30% para o IPC, 

• 10% para o INCC. 

O IGP desempenha três funções. Primeiramente, é um indicador macroeconômico que representa a evolução

do nível de preços. Uma segunda função é a de deflator de valores nominais de abrangência compatível com

sua composição, como a receita tributária ou o consumo intermediário no âmbito das contas nacionais. Em

terceiro lugar, é usado como referência para a correção de preços e valores contratuais. O IGP-DI é o

indexador das dívidas dos Estados com a União e o IGP-M corrige, juntamente com outros parâmetros,

contratos de fornecimento de energia elétrica.

Page 55: Resumo de Economia

IGP em resumo:

Principais usos:

Indicador macroeconômico, deflator de valores monetários e indexador de contratos.

Abrangência Geográfica: Nacional.

Abrangência Setorial: Indústria, Construção Civil, Agricultura, Comércio Varejista e Serviços prestados às

famílias.

Período de Coleta:

O IGP possui três versões com coleta de preços encadeada, o que confere ao indicador acompanhamento

decendial da inflação ao produtor, consumidor e construção civil. Os períodos de coleta para as versões do

IGP são: IGP-10 (11 a 10), IGP-M (21 a 20) e IGP-DI (1 a 30).

Periodicidade: Três versões com periodicidade

mensal. Os períodos iniciam-se nos dias 1, 11 e 21

de cada mês.

Primeira observação: 1944.

IPC (Índice de Preços ao Consumidor): mede a variação de preços de um conjunto fixo de bens e serviços

componentes de despesas habituais de famílias com nível de renda situado entre 1 e 33 salários mínimos

mensais. Sua pesquisa de preços se desenvolve diariamente, cobrindo sete das principais capitais do país:

São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília.

O cálculo do IPC é realizado com base nas despesas de consumo obtidas através da Pesquisa de

Orçamentos Familiares (POF) realizada no biênio (2002/2003) pelo IBRE/FGV. Com as informações do

levantamento foram construídas as estruturas de ponderação que expressam, em termos percentuais, a

importância monetária dos bens e serviços componentes da amostra do IPC.

 

Com base na POF construiu-se a composição final das versões do IPC. Os bens e serviços que integram a

amostra foram classificados em sete grupos ou classes de despesa, 25 subgrupos, 87 itens e 456 subitens.

 

As sete classes de despesa são: Alimentação, Habitação, Vestuário, Saúde e Cuidados Pessoais, Educação,

Leitura e Recreação, Transportes e Despesas Diversas.

 

No sistema de apuração do IPC há também um conjunto de índices especiais, o Índice de Preços ao

Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i) e o Índice de Preços ao Consumidor Classe 1 (IPC-C1). O primeiro

mede a variação de preços de bens e serviços destinados às famílias compostas, majoritariamente, por

indivíduos com mais de 60 anos de idade, enquanto o segundo é um indicador mensal que mede a variação

de preços de uma cesta de produtos e serviços para famílias com renda entre 1 e 2,5 salários mínimos

mensais.

 

Page 56: Resumo de Economia

As versões IPC-S, IPC-3i e IPC-C1 dispõem de calendário próprio. A primeira baseia-se em um sistema de

coleta quadrissemanal, com encerramento em quatro datas pré-estabelecidas (07, 15, 22 e 31). Apesar de a

coleta ser semanal, a apuração das taxas de variação leva em conta a média dos preços coletados nas

quatro últimas semanas até a data de fechamento. O IPC-3i é um índice mensal, com período de coleta que

se estende do dia primeiro ao último dia de cada mês, o mesmo arranjo seguido pelo IPC-C1. No caso do

IPC-3i, a divulgação dos resultados ocorre trimestralmente.

IPC em resumo

Principais usos:Índice referência para avaliação do poder de compra do consumidor.

Abrangência Geográfica:São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília.

Abrangência Setorial:Alimentação, Habitação, Vestuário, Saúde e Cuidados Pessoais, Educação, Leitura e Recreação, Transportes e Despesas Diversas.

Período de Coleta:A coleta de preços é realizada diariamente para alimentar o sistema de apuração de sete versões do IPC. IPC Diário, IPC-S, IPC-10, IPC-M, IPC-DI, IPC-3i e IPC-C1.

Periodicidade:A família de Índices de Preços ao Consumidor, da FGV conta com múltiplas periodicidades: mensal, trimestral, quadrissemanal e diária*.

Primeira observação:1947.

IPC-S

Integra o sistema de índices de preços ao consumidor da FGV, que inclui: IPC-DI, IPC-M, IPC-10, IPC-3i e

IPC-C1. Apesar de a coleta ser semanal, a apuração das taxas de variação leva em conta a média dos

preços coletados nas quatro últimas semanas até a data de fechamento. O intervalo entre o fim da coleta e

sua divulgação é de um dia, sendo um dos mais curtos, inclusive para padrões internacionais.

IPC-S em resumo

Principais usos:

Permite detectar com agilidade mudanças de curso na trajetória dos preços.

Abrangência Geográfica:

Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre. 

Abrangência Setorial:

Alimentação, Habitação, Vestuário, Saúde e Cuidados Pessoais, Educação, Leitura e Recreação,

Transportes e Despesas Diversas.

Período de Coleta:

Page 57: Resumo de Economia

30 dias.

Periodicidade:

Quadrissemanal.

Primeira observação:

2003.

IPC – FIPE (Índice de Preços ao Consumidor do Município de São Paulo): avalia as famílias paulistanas com

renda em torno de 20 salários mínimos. O IPC- FIPE é o mais tradicional indicador da evolução do custo de

vida das famílias paulistanas e um dos mais antigos do Brasil. Começou a ser calculado em janeiro de 1939

pela Divisão de Estatística e Documentação da Prefeitura do Município de São Paulo. Em 1968, a

responsabilidade do cálculo foi transferida para o Instituto de Pesquisas Econômicas da USP e,

posteriormente em 1973, com a criação da FIPE, para esta instituição. 

O IPC- FIPE é calculado mensalmente Os grupos de despesas estão compostos de acordo com o POF

(Pesquisas de Orçamentos Familiares) em constante atualização. A estrutura de ponderação atual é similar

ao INPC/IBGE e IPCA/IBGE.

O período de pesquisa das variações de preços ocorre a partir do primeiro ao último dia de cada mês. A

publicação dos índices ocorre em torno do dia dez do mês subsequente. A FIPE divulga também as variações

de preços das últimas quatro semanas imediatamente anteriores. Deste modo este índice "evita" sustos e

indica tendências fortes das variações de preços principalmente da camada de renda da população

analisada. A FIPE divulga o IPC desde Fevereiro de 1939.

       

IPV (Índice de Preços no Varejo): verifica as variações dos preços no mercado varejista, analisando

individualmente os produtos de acordo com o consumo. 

M od e los de C r e s c i m e n t o

O crescimento da renda de um país ocorre em cima do produto do ano anterior e assim sucessivamente. A

lógica é a mesma de um capital remunerado a juros compostos.

1. Modelo de SOLOW

O crescimento é um fator primordial para fornecer às famílias um nível maior de consumo e,

portanto, um aumento do bem-estar ao longo dos anos. Existem várias modelos de crescimento,

mas um dos mais importantes é o modelo de crescimento de longo prazo que é o modelo de SOLOW.

Aspectos como poupança e investimento, crescimento populacional e tecnológico são de fundamental

importância para explicar as flutuações de longo prazo do produto.

Page 58: Resumo de Economia

O modelo de crescimento de Solow explica como a poupança, o crescimento demográfico e o

progresso tecnológico afetam o aumento do produto com o correr do tempo. O modelo também

identifica algumas razões da grande diversidade de padrões de vida encontrada entre países. Ele fornece

elementos para a formulação de uma das mais importantes questões da economia: que parcela do

produto deveria ser consumida hoje e que parcela deveria ser poupada para consumo futuro? Uma vez

que a poupança de uma economia iguala seu investimento, ela também determina a quantidade de

capital de que poderá dispor uma economia para produzir no futuro.

No modelo de Solow, a quantidade que será produzida é função de dois itens: capital e trabalho. Ou

seja, essa quantidade irá depender do número das máquinas que serão utilizadas na produção e da

quantidade de trabalhadores que estão disponíveis para produzir.

Uma característica básica do modelo é admitir que a função de produção descrita tem retorno

constante de escala.

Uma empresa tem retorno constante de escala se ao dobrar capital e trabalho, o produto agregado também

duplicar.

OBS.: função de produção com rendimento constante de escala é um pressuposto básico do modelo

de SOLOW. E isso ocorre quando os expoentes do capital e do trabalho somarem.

À medida que aumenta o capital per capita, a produção per capita também aumenta. Ou seja, um

aumento do número de máquinas por trabalhador SEMPRE irá provocar um aumento da produção per

capita. Entretanto, quanto mais máquinas por trabalhador a empresa adquirir menor será a magnitude

desse aumento per capita.

Se a empresa aumentar o número de máquinas, a produção irá aumentar e a produtividade marginal do

capital é uma função crescente. Entretanto, um aumento adicional de capital gera produtividades

marginais positivas mas decrescentes por causa dos aumentos cada vez menores na produção. A

função de produção exibe uma produtividade marginal decrescente do capital.

O produto per capita, no modelo de SOLOW, divide-se em consumo per capita e investimento per

capita.

O investimento provoca aumentos no estoque de capital e, dessa forma, no produto.

A quantidade de capital que irá estabilizar a economia no longo prazo não depende do capital inicial.

Enquanto a depreciação anual for inferior ao nível de investimento, haverá um aumento no estoque de

capital até atingir o estado estacionário. Uma economia que se inicia com um capital baixo levará mais

tempo para atingir o estado estacionário do que aquela economia com alto nível inicial de capital.

O estoque de capital é afetado por dois fatores: o investimento e a depreciação. O primeiro deles

corresponde aos gastos de empresas com a compra de novas máquinas e o segundo refere-se

Page 59: Resumo de Economia

ao desgaste das máquinas e equipamentos já existentes, tendendo assim a reduzir o estoque de

capital.

Nesses casos, o nível de investimento anual é que é fundamental para determinar o estoque de

capital de equilíbrio. Num país cujas pessoas tenham uma capacidade de poupança alta e, portanto,

um bom nível de investimento anual, um país como esse chegará mais rapidamente ao estado

estacionário se comparado a outro com menor nível de poupança.

Para um país ter maior nível de poupança, ele deverá reduzir a quantidade de consumo atual e, com

isso, aumentar o estoque de capital atual e consumo futuro.

O estado estacionário representa um equilíbrio de longo prazo da economia. Independentemente do

nível de capital inicial da economia, no longo prazo ela sempre vai dar no estado estacionário.

O modelo de Solow mostra que a taxa de poupança é o principal determinante do estoque de capital

no estado estacionário. Quando a poupança é alta, a economia tem um amplo estoque de capital e uma

volumosa produção. Quando a poupança é baixa, a economia tem um estoque de capital reduzido e uma

pequena produção. A poupança maior leva a um crescimento mais rápido de forma temporária

até o atingimento do novo estado estacionário. Considerando que o aumento da poupança não é

contínuo, não é possível que esta economia mantenha eternamente um alto nível de crescimento.

Diferentes taxas de poupança podem levar a estados estacionários distintos. No modelo

SOLOW só faz sentido poupar hoje para consumir amanhã. Concluindo, se a economia apresenta

elevado nível de poupança, ela possuirá grande estoque de capital e, consequentemente, alto nível de

produção per capita.

A Regra de Ouro tenta encontrar qual seria o ponto ótimo de consumo e poupança na data zero

para que seja proporcionado à população o máximo de bem-estar possível que é dado com o máximo de

consumo. Conhecida como sendo o ponto em que o administrador público procura obter a maximização

das possibilidades de consumo de uma sociedade, buscando para isso um nível de acumulação de

capital que o permita atingir este objetivo. Trata-se na verdade da ideia subjacente de que quanto maior o

parque fabril de uma economia, leia-se acumulação do próprio capital, maior será a oferta de consumo à

sociedade.

Observe que o modelo de Solow mostra que a acumulação de capital apenas não é capaz de explicar o

continuado crescimento da economia mundial, pois o capital crescerá rapidamente e atingirá o ponto

do estado estacionário. Portanto, para explicar esse contínuo crescimento, devemos ampliar o modelo

incluindo o crescimento demográfico e o progresso tecnológico.

Há uma redução na variação do capital per capita quando há crescimento populacional, pois cada

pessoa recebe uma quantia menor de capital. No estado estacionário, a variação do capital é igual

a zero.

Page 60: Resumo de Economia

Se a economia estiver em estado estacionário, o investimento possui duas finalidades: uma parcela

substitui o capital depreciado e o restante provê os novos trabalhadores com o volume de capital em

estado estacionário.

Com o efeito do crescimento populacional, não tem como explicar o aumento persistente dos padrões

de vida, pois o produto por trabalhador continua o mesmo no estado estacionário, mas haverá o

crescimento do produto total.

Outro efeito do crescimento populacional é que se compararmos dois países com taxas diferentes de

crescimento demográfico, o país com a maior taxa terá nível mais baixo de produto per capita.

Outra situação passa a ocorrer quando começamos a supor que existe avanço tecnológico, a terceira

causa do crescimento econômico. Ao longo do tempo, consideramos, no modelo, que a produção

cresce conforme o ganho de eficiência do trabalho per capita. De forma análoga ao crescimento

populacional, o aumento da eficiência do trabalho fará com que seja necessária uma compensação de

investimento para que o produto por unidade de eficiência do trabalho continue o mesmo. No estado

estacionário, o capital por unidade de eficiência e o produto por unidade de eficiência deverá se

manter constante. O modelo de SOLOW mostra que apenas o progresso tecnológico pode

explicar o contínuo crescimento dos padrões de vida.

Na regra de ouro e neste caso devemos compreender como sendo o estado estacionário que

maximiza o nível de consumo por unidade de eficiência do trabalho.

O PIB per capita de um país cresce porque a melhoria tecnológica leva a realização de

investimentos por empresas, a partir da poupança disponível.

2. A Equivalência Ricardiana e a restrição orçamentária do governo

Na visão Ricardiana, os aumentos dos gastos governamentais ou a própria diminuição da tributação

– geradores de déficit e dívida - em nada geram impactos sobre o crescimento da renda da economia.

Com a interpretação dada pela visão ricardiana, conclui-se que uma redução nos impostos,

financiada pelo aumento da dívida pública, deixaria o consumo inalterado, com as famílias

poupando o acréscimo de renda agora disponível para pagar, no futuro, o aumento dos

impostos.

A equivalência ricardiana pressupõe que os consumidores são previdentes e não aumentarão seu

consumo de imediato quando houver um corte dos impostos, pois julgam que, mais cedo ou mais

tarde, virão novos impostos para pagar o consequente endividamento do governo. Nesta

visão, os consumidores tenderão a poupar a renda extra que obtiveram com o corte dos impostos

com o objetivo de poderem pagar os impostos de amanhã.

Page 61: Resumo de Economia

Diferentemente, a visão tradicional acredita que os consumidores, por uma série de razões – seja porque

são míopes e não compreendem os efeitos de um déficit orçamentário, seja porque sofrem

restrições quanto à possibilidade de contraírem empréstimos, ou, ainda, seja porque acreditam que

os impostos de amanhã recairão sobre um maior número de indivíduos – optam por aumentar seu

consumo presente sempre que houver um corte de impostos que aumente sua renda disponível.

3. Investimento e poupança

Fundos emprestáveis representam qualquer quantia que as pessoas decidam poupar ou emprestar no lugar

de gastar. É o mercado onde os que desejam poupar oferecem recursos e os que desejam investir

demandam empréstimos. A oferta de fundos emprestáveis é proveniente da renda disponível para

poupança ao passo que a demanda é proveniente da intenção de investimentos das famílias e das

empresas.

Quando o governo aprova uma redução nos tributos de empresas que realizam investimentos, este

incentivo ao investimento aumenta a demanda por fundos emprestáveis, o que aumenta a taxa de juros de

equilíbrio e a quantidade de equilíbrio dos fundos emprestáveis.

Quando o governo cria um incentivo para a poupança, reduzindo o imposto de renda sobre o rendimento em

aplicações financeiras, este incentivo à poupança aumenta a oferta de fundos emprestáveis, o que implica

na redução da taxa de juros de equilíbrio e incremento na quantidade de equilíbrio dos fundos emprestáveis.

Quando o governo tem déficits orçamentários, ocorre redução da oferta de fundos emprestáveis, o que

eleva a taxa de juros de equilíbrio e reduz a quantidade de equilíbrio dos fundos emprestáveis.

4. Determinantes do Investimento

Os investimentos podem ser:

• Investimento Fixo: equipamentos e construções efetuadas pelas empresas com o objetivo

de produzir seus bens;

• Investimento em Residências: habitações adquiridas pelas pessoas físicas para ser

utilizada como moradia ou para alugar; e

• Investimento em Estoque: bens estocados pelas empresas, podendo ser matéria-prima,

trabalho em processo ou bens acabados.

Os investimentos têm duplo papel: além de representarem um importante componente da demanda,

aumentam a capacidade produtiva da economia ao longo do tempo. Ao estimular investimentos,

o governo, além de aumentar o grau de utilização da capacidade produtiva, eleva a própria capacidade

produtiva ao aumentar o estoque de capital da economia.

Page 62: Resumo de Economia

O investimento é o componente mais volátil do PIB. Quando os gastos com bens e serviços declinam

durante uma recessão, boa parte dessa redução concentra-se nas despesas de investimento.

Uma empresa comprará uma determinada máquina se aquilo que esta máquina pode aumentar em sua

produção, compense o aumento de custo que ela gerou. Ao comprar uma máquina adicional, mantendo

constante o número de funcionários, mudaria a quantidade produzida. A variação dessa quantidade

produzida é chamada de Produtividade Marginal do Capital.

Enquanto a quantidade marginal produzida com a aquisição de uma máquina adicional vezes o preço de

venda do produto superar o custo de investimento da compra dessa máquina acrescido do custo dos

insumos das unidades produzidas, o investidor deverá efetuar o investimento. Ou seja, se a aquisição

da máquina provocar um aumento no lucro da empresa, essa máquina deverá ser adquirida.

Se o produto marginal do capital exceder o custo do capital, as empresas consideram lucrativo aumentar

seu estoque de capital. Se o produto marginal do capital é inferior ao custo do capital, elas deixarão o

estoque de capital reduzir-se.

A teoria q de Tobin afirma que as empresas levam em consideração a razão entre o valor de mercado do

capital instalada com base no preço de mercado das ações e o custo de reposição do capital instalado.

Vamos concluir acerca da Teoria q de Tobin:

• Se q > 1, o investidor deverá investir mais na empresa.

• Se q < 1, o investidor não deverá investir mais recursos na empresa; e

• Se q = 1, o investidor é indiferente entre investir ou não.

Privatização

O programa brasileiro de privatização abrange três partes: (a) o Programa Nacional de Desestatização (PND),

federal, iniciado em 1991; (b) programas similares no âmbito estadual, que começaram em 1996 e (c) o

programa de privatização do setor de telecomunicações, a seguir referido como Telecom. Este último,

também federal, começou em 1997 como um programa separado e simultâneo ao PND.

A composição total do programa por setores mostra que a privatização do setor elétrico foi responsável por

31% do valor total dos leilões; telecomunicações, 31%; aço, 8%; mineração, 8%, óleo e gás, 7%;

petroquímica, 7%, financeiro, 6%, e outros, 2%. Impulsionada pelo programa Telecom, a privatização atingiu

seu pico em 1997-98, período responsável por 69% do valor total até julho de 2001. As empresas que ainda

continuaram sob o controle do governo após 2001 incluem hospitais, administrações portuárias, a Empresa

Brasileira de Correios, uma empresa responsável pela pesquisa agrícola, o BNDES e outras. Entre as

companhias restantes, as principais estão: no setor de eletricidade, na indústria de petróleo e no setor

financeiro.

Page 63: Resumo de Economia

O programa progrediu pouco depois de 1998. Entre as razões está o fato de que as privatizações e outras

medidas de liberalização coincidiram com um período de lento crescimento da economia, o que enfraqueceu

o apoio político ao programa. Além disso, questionamento quanto à lisura de membros do governo que

tentaram estimular o interesse de grupos nos leilões da Telecom provocou forte reação política, levando o

Ministro das Telecomunicações a renunciar ao cargo em 1998. Ademais, caso continuasse, o programa

poderia atingir áreas politicamente sensíveis, tais como o setor de geração elétrica, onde os estados são

muito fortes, o setor de petróleo, onde a gigante Petrobrás ainda desperta fortes sentimentos nacionalistas, e

o quase bicentenário Banco do Brasil, que desempenha um papel muito importante no financiamento agrícola

e, assim, conta com forte apoio político.

No Brasil, a principal justificativa para a realização das privatizações é a de repassar ao setor privado

atividades nas quais a atuação do governo não é fundamental, de forma que o Estado se encarregue apenas

da provisão de serviços essenciais, como segurança, educação e saúde. Outra razão importante é a

incapacidade financeira do Estado para fazer frente aos elevados investimentos necessários em áreas como

telecomunicações e transportes. Por fim, as receitas obtidas com a venda das estatais serviriam para

reequilibrar a situação fiscal do Estado.

 


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