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moscas eletrizadas. insetos. pobres animais marginalizados no mundo. antes, voavam em direo a luz que os inspirava no importava de onde viesse e, tinham a certeza de que esta a levaria a algum lugar. talvez o pirilampo encontrasse a pirilampa. ou a mariposa encontrasse a sida de sua caverna. mas esses tempos se foram. o ureo tempo dos artrpodes. agora, quando eles voam em direo a luz que enxergam por seus mecanismos misteriosos de percepo do mundo, eles se chocam contra uma superfcie slida e fria que no lhe consagra a consecuo de seus objetivos instintivos. o pirilampo no encontra a pirilampa. a mariposa no sai de sua caverna. apenas se debatem numa lmpada eltrica e agonizam em dor em desespero.na sua fraca capacidade de entender, rejeitam a ideia de que a luz possa mentir. evidente que se desesperam. evidente que no sabem o que fazem. perturbados. esto perdidos.talvez se no fossem to eltricos, se no fossem to afoitos na persecuo dos seus fins... talvez se parassem o bater incessante de suas asas apenas por um instante e olhassem ao seu redor pudessem encontrar a verdadeira luz que prenuncia a libertao...mas que tolo entendimento este que acabei de expressar... talvez as mariposas saibam. saibam que sero confundidas pela eletricidade a qualquer instante. talvez elas tenham conscincia da realidade desesperada e agnica em que vivem. e por isso voam de encontro a superfcie slida e fria, voam para chocar-se. para sentir dor. e de dor em dor, de agonia em agonia e de tortura em tortura, talvez chegar a morte. pois elas sabem que esto presas. e almejam, nem que seja, dentre todas as liberdades, aquela mais sombria...


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