REPRESENTAÇÂO DA PAISAGEM E APROPRIAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS POR COMUNIDADES TRADICIONAIS NA
AMAZÔNIA: Estudo de caso no munícipio de Quatipuru/PA
SANTOS, Cássio Rogério Graças dos. (1); SENNA, Cristina do Socorro Fernandes de . (2)
1. Programa de Pós-Graduação em Geografia UFPA
Pass. Herodes Montese Nº65, Bairro: Marambaia, CEP: 66620-580 [email protected]
2. Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia, Museu Paraense Emílio Goeldi
Av. Perimetral nº 1901, Bairro: Terra Firme, CEP: 66077- 530. Belém - PA
RESUMO
A fisiografia atual do sistema litorâneo do estado do Pará resulta de eventos transgressivos e regressivos, decorrentes de variações relativas do nível do mar e do clima na Amazônia ocorridos no Holoceno, portanto, desde os últimos 10.000 anos. Ao mesmo tempo, atividades desenvolvidas pelas populações locais, desde a Pré-História, têm forjado seus modos de vida, suas espacialidades e suas mentalidades no convívio com essa diversidade ambiental, graças ao conhecimento integrado de crenças e práticas adquiridas e repassadas de geração em geração. A utilização do conceito de paisagem é cada vez mais aplicada à análise ambiental do espaço geográfico, quando integra sociedade e natureza, constituindo-se uma entidade natural que reúne atributos biológicos, litológicos, geomorfológicos, edáficos, topográficos, socioculturais e econômicos, dentre outros. O município de Quatipuru integra-se ao contexto fisiográfico litorâneo, apresentando as seguintes unidades de paisagens: manguezal, campo salino, restinga costeira, várzea de maré e campos inundáveis. Este artigo objetiva analisar a apropriação dos recursos naturais pelos moradores de Quatipuru sobre a paisagem e compreender as relações que os mesmos mantêm com cada paisagem. O estudo da paisagem exige uma ponderação na definição do conjunto de elementos abarcados. Trata-se da exposição do objeto em seu conjunto geográfico e histórico, levando em conta a configuração social e os processos naturais e humanos. Para a Geografia cultural a paisagem é a expressão e a representação do imaginário coletivo, mostrando os conteúdos da paisagem para cada observador. Os resultados mostram que as práticas milenares relacionando o homem com a natureza vêm sendo repassadas às diferentes populações humanas ao longo de gerações até os dias atuais e a sua investigação, registro e análise vão auxiliar a um melhor e mais apurado entendimento sobre as diferentes modalidades de manejo e uso de recursos naturais, na construção das relações materiais e simbólicas dessas populações com as diferentes unidades de paisagem que compõem a planície costeira, incluída a sua dinâmica.
Palavras-chave: Representação; paisagem; Quatipuru
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Introdução
A fisiografia atual do sistema litorâneo do estado do Pará resulta de eventos transgressivos e
regressivos, decorrentes de variações relativas do nível do mar e do clima na Amazônia
ocorridos no Holoceno, portanto, desde os últimos 10.000 anos. Ao mesmo tempo, atividades
desenvolvidas pelas populações locais, desde a Pré-História, têm forjado seus modos de vida,
suas espacialidades e suas mentalidades no convívio com essa diversidade ambiental,
graças ao conhecimento integrado de crenças e práticas adquiridas e repassadas de geração
em geração.
A Geografia, enquanto ciência de síntese integra o homem como o fator humano nos
processos de transformação e produção do espaço, a partir da complexidade dos fenômenos
naturais e na contradição dos processos sociais, pois no mundo, é necessário pensar o meio
ambiente no contexto dessa complexidade, analisando-o de forma ampla, integrado à
organização espacial dos grupos sociais. Há necessidade de estudos para dar subsídios ao
planejamento ambiental, capazes de avaliar a degradação ambiental e o crescente uso dos
recursos naturais. Então é necessário compreender a natureza e seus aspectos ambientais
de forma integrada.
Este artigo objetiva analisar a apropriação dos recursos naturais pelos moradores do
município de Quatipuru, Costa Atlântica do Nordeste Paraense, em diferentes paisagens
costeiras e compreender as relações que os mesmos mantêm com cada unidade de
paisagem. O estudo da paisagem exige uma ponderação na definição do conjunto de
elementos abarcados. Trata-se, portanto, da exposição do objeto em seu conjunto geográfico
e histórico, levando em conta a configuração social e os processos naturais e humanos. Para
a Geografia cultural, a paisagem é a expressão e a representação do imaginário coletivo,
mostrando os conteúdos da paisagem para cada observador.
A produção desse artigo contou com diversas etapas para a sua estruturação, a primeira foi à
revisão bibliográfica de diversos artigos e livros de autores que ao longo do tempo se
dedicaram a entender e analisar a Paisagem, assim contribuindo para o debate em torno da
paisagem. Trabalhos de campo na área de estudo, no munícipio de Quatipuru/PA, entrevistas
realizada com os moradores, contribuindo assim para a sistematização desse artigo.
1. Considerações sobre o conceito de Paisagem na Geografia
A análise de paisagem vai caracterizar-se nas escolas de Geografia Física alemã, francesa e
soviética. No século XIX predominava as análises descritivas e regionais, principalmente com
o trabalho de naturalistas como Humbolt também nesse período aparece às primeiras
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formulações cientifica. Na escola francesa, La Blache organizava os seus estudos
geográficos. As características significativas e regiões, com os componentes da natureza e as
atividades humanas. Assim estudam-se aspectos físicos, climáticos com destaque para
vegetação.
O período no final de 1940 surgiu à teoria Geral dos Sistemas Dinâmicos, publicada em 1948
por Ludwig Von Bertanffy. Abre se o caminho para o conceito de paisagem a partir da teoria
dos Sistemas onde todos os elementos compõem a natureza passando a trabalhar com trocas
de matérias e energias.
Mas tarde o conceito de paisagem com relação homem e natureza contraponto a estética -
descritiva, uma nova abordagem relacionado à paisagem como ambiente e objeto. A ciência
da paisagem busca a morfologia dos fenômenos de integração, assim dois conceitos vão
influenciar a compreensão da paisagem, o de ecossistema. A ecologia tem por objeto de
estudo os ecossistemas, com análise dos fluxos de energia, matéria e informação.
Nos anos 1970, com a concepção ambiental, a ecologia redireciona sua analise de
investigação e seus fundamentos teóricos espaciais (geografia) e funcionais (ecológica) ao
estudar a paisagem. A ecologia da paisagem surge como uma ciência transdisciplinar, com a
visão holística, onde o sistema natural e cultural, integrando a biosfera e a geosfera. Carls
Troll trazem elemento para o estudo mais sistematizado com a hierarquização da paisagem.
O termo Ecologia da Paisagem, como uma disciplina científica emergente, foi
cunhado por Troll em 1939, ao estudar questões relacionadas ao uso da terra
por meio de fotografias aéreas e interpretação das paisagens. Com a
sugestão desse termo Troll, teve a intenção de incentivar uma colaboração
entre a Geografia e a Ecologia, combinando, assim, na prática, a
aproximação “horizontal” do geógrafo examinando a interação espacial dos
fenômenos, com a aproximação “vertical” dos ecólogos, no estudo das
interações funcionais de um dado lugar, ou “ecótopo” ( NUCCI, 2007, p. 88)
Porém, a Ecologia da Paisagem americana, não introduzia, de proposito, o homem em suas
análises, ocorrendo analises reduzidas e pautadas na razão mecanicista, cabendo mensurar,
e fazer predições as mais exatas possíveis como nas ciências exatas e naturais. Ainda, é
necessário incluir os aspectos humanos, sociais, culturais, econômicas e politicas como forma
de criar condições para a manutenção das paisagens de forma sustentável.
A paisagem torna-se objeto de estudo da geomorfologia, porém vários autores discutem a
cerca da dimensão territorial da paisagem, por isso cria varias metodologias para estudar a
divisão e classificação das paisagens. Portanto, é necessário caracterizar qualquer área de
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estudo e escala de trabalho, isso inclui também a possibilidade de dimensionamento, pois
entre muitos autores a paisagem é cartografável, Bertrand (1968), Trincat (1977).
Nos anos 1960, Bertrand propõe o estudo da paisagem através da Geografia Física Global,
assim estudá-la é uma questão de método, o autor propõe delimitar em unidades
homogêneas e hierarquizadas chegando com isso à classificação. Bertrand estabelece seis
níveis de dimensão escalar, que pode ser dividido pelos elementos estruturais e climáticos,
conhecidos também como unidades superiores (zona, domínio e região) e pelos elementos
biogeográficos e antrópicos (geossistema, geofaceis e geótopo). Segundo Bertrand
BERTRAND (1971, p. 1 ), a paisagem é dinâmica e integrada como aponta o fragmento
abaixo:
[...] É, em uma determinada porção do espaço, o resultado da combinação
dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que,
reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um
conjunto único e indissociável, em perpétua evolução. A dialética
tipo-indivíduo é próprio fundamento do método de pesquisa.
É preciso frisar bem que não se trata somente da paisagem “natural” mas da
paisagem total integrando todas as implicações da ação antrópica.
A grande diferença de Bertrand para os estudos da paisagem foi estabelecer uma escala para
suas unidades de paisagem, criando uma hierarquia. Sobre o geossistema sua análise é
parecida com a de Sotchava, porém Bertrand utiliza a escala de quilômetros quadrados até
centenas de quilômetros quadrados, é a unidade elementar para a pesquisa geográfica, pois é
nessa escala onde os fenômenos naturais e antrópicos são observados, como afirma
Bertrand (1971, p. 5):
O geossistema situa-se entre a 4ª e a 5ª grandeza temporo espacial.
Trata-se, portanto, de uma unidade dimensional compreendida entre alguns
quilômetros quadrados e algumas centenas de quilômetros quadrados. É
nesta escala que se situa a maior parte dos fenômenos de interferência entre
os elementos da paisagem e que evoluem as combinações dialéticas mais
interessantes para o geógrafo. Nos níveis superiores a ele só o relevo e o
clima importam e, acessoriamente, as grandes massas vegetais. Nos níveis
inferiores, os elementos biogeográficos são capazes de mascarar as
combinações de conjunto. Enfim, o geosistema constitui uma boa base para
os estudos de organização do espaço porque ele é compatível com a escala
humana.
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O geossistema deve ter uma homogeneidade em sua fisionomia, forte unidade ecológica e
biológica, com a mesma evolução. A evolução e dinâmica do geossistema é o resultado do
“potencial ecológico”, a “exploração biológica”, e a “ação antrópica”. O clímax do geossistema
estaria no equilíbrio entre a exploração biológica e o potencial ecológico, sendo que a ação
antrópica poderia romper com esse equilíbrio, daí a necessidade de estudos integrados a
paisagem assim como sua relevância para os estudos ambientais (FERREIRA, 2008).
No âmbito cultural, a paisagem tem como conotação a representação social, sendo um
conjunto de objetos de valores, que é construído historicamente, cuja apreensão e
representação estão condicionadas a percepção humana, logo varia de acordo com o espaço
e o tempo. Uma única paisagem pode ser percebida e representada de formas diferentes.
Cada observador atribuirá à paisagem um conteúdo simbólico, resignificando aquela
paisagem. Isso ocorre nos discursos hegemônicos para a valorização estética da natureza
aliada a necessidade de preservar e conservar determinados ambientes ou fragmentos da
natureza. Sobre isso Luchiari (2001, p. 21) afirma:
A concepção de meio ambiente é uma ideologia constituinte da organização
sócioespacial contemporânea. A sociedade, ao revalorizar as paisagens
naturais, constrói um novo modelo perceptivo em relação ao meio e lhes
impõe novas territorialidades. É na emergência desses territórios que a
sociedade mediatiza suas relações com a natureza e lhe atribui um valor,
uma representação e um controle sobre as paisagens que os homens
disputam em um campo relacionado de poder.
Nessa concepção, a paisagem não existe como um dado da natureza, como um dado em sí, a
paisagem só tem sentido em relação com a sociedade, já que é ela que tem a capacidade de
transformar o ambiente em que vive. Transformando a natureza em objetos culturais,
influenciados pelo imaginário social. As representações da paisagem são construídas a partir
dos objetos criados pelo homem, e partir das relações emotivas criadas à paisagem torna-se
lugar.
Assim, a paisagem é uma construção social, não se esgotando, ou seja, embora a mídia
mostre a degradação ambiental de alguns ecossistemas e o fim de alguns recursos naturais
como a água, por exemplo, a paisagem não termina, não acaba. A sociedade, ao produzir seu
espaço geográfico cria suas paisagens e consequentemente atribui ali um conjunto de
símbolos. A paisagem para existir, não necessita exclusivamente da paisagem natural, já que
é uma construção tanto material como simbólica pela sociedade.
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2. Área de Estudo
O município de Quatipuru (Figura 1) fundado em 1994, localiza-se na Região dos Caetés, na
Mesoregião Nordeste Paraense e na Microrregião Bragantina, mais precisamente na Costa
Atlântica da Amazônia Brasileira. Distante 210 km de Belém (PA), possui uma população
calculada em aproximadamente 13.000 habitantes. Limita-se ao norte com o oceano
Atlântico, a leste com o Município de Tracuateua, a oeste com os municípios de Primavera e
São João de Pirabas e ao sul com Capanema (SEPOF, 2011). Em 1879, parte das terras do
município de Bragança foi desmembrada para a criação do município de Quatipuru, nome
com o qual, inicialmente, ficou conhecido o atual município de Capanema.
Figura 1: Mapa de Localização da Área de Estudo
3. As Unidades de Paisagem em Quatipuru
O município de Quatipuru apresenta uma complexidade de unidades de paisagem que foram
identificadas, mapeadas e caracterizadas, no contexto de suas formações vegetais,
geomorfologia, solos e o uso de recursos naturais (Figura 2), ao longo do estuário dos rios
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Quatipuru e Japerica, individualizando duas grandes unidades: o Baixo Planalto Costeiro e a
Planície Costeira Holocênica.
O Baixo Planalto Costeiro é um ambiente continental, integrado pelas áreas de interflúvio
entre as bacias dos rios Quatipuru e Japerica, que desembocam no oceano Atlântico, drenam
o município de sul para norte, atingindo cotas topográficas inferiores a 40 m. A vegetação de
capoeira, em diferentes estágios de regeneração, domina a paisagem, onde parte dessa
formação vegetal é substituída pela agropecuária e pela agricultura.
A planície costeira holocênica, flúvio-marinha, é integrada por um número maior de unidades
de paisagem, sendo influenciada pelos rios Quatipuru e Japerica, respectivamente a leste e a
oeste do município, ambos desembocando no oceano Atlântico. Os manguezais, restingas
costeiras, campos salinos, várzeas de maré e campos periodicamente inundáveis integram a
unidade de paisagem (Figura 3), que foi formada provavelmente no Holoceno Superior
(SENNA et al., 2011).
Figura 2. Mapa de unidades de paisagem dominantes no município de Quatipuru.
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3.1. Manguezal
Os manguezais ocorrem em planícies lamosas estuarinas, ricas em matéria orgânica, em
costas baixas tropicais abrigadas, sendo dominantes na paisagem litorânea local, de provável
idade Holoceno Superior (SENNA et al., 2011). Esta unidade de paisagem integra a região
biogeográfica ACEP (Atlantic Caribbean East Pacific), que apresenta baixa diversidade de
espécies vegetais na América Tropical.
As espécies vegetais arbóreas halofíticas que constituem as florestas de mangue são a
Rhizophora mangle L. - espécie dominante -, R. racemosa G.F.W.Mayer, R. harrisonii
Leechman, Avicennia germinans L. Stearn, A. shaueriana Stapf. & Leechman ex. Mold.,
Laguncularia racemosa (L.) Gaertn e Conocarpus erecta L.
O rápido processo de colonização dos manguezais, ao longo das zonas estuarinas e
deltáicas, deve-se a três características adaptativas básicas e fundamentais de sua flora
constituinte, que são a presença de um sistema de raízes adventícias, em Rhizophora sp, ou
pneumatóforas em Avicennia sp., ambas resistentes à asfixia, adaptadas portanto, ao meio
anaeróbico, que também servem de escoras, face ao substrato extremamente mole, além do
combate à presença de sal, que é excretado pelas folhas. Há ainda a formação de embriões
que têm assegurados a sua sobrevivência, por viviparidade, ou seja, quando saem da planta
mãe, já o fazem como plântulas, como é o caso da família Rhizophoraceae, podendo
permanecer por longo tempo, em dormência de até um ano, migrando através de correntes
marinhas.
A salinidade das águas que percolam os estuários varia de 0-30 ups (unidade padrão de
salinidade), tendo em vista a sazonalidade climática, em termos de freqüência e intensidade
da chuva, desempenhando importantes funções na ciclagem de nutrientes, uma vez que se
originam nos ecossistemas continentais em bacias hidrográficas, passando também pelos
ecossistemas costeiros para chegar até o mar, influenciando assim, o fluxo de macro e
micronutrientes entre os demais sistemas, destacando-se a fixação de carbono, exerce
também um papel relevante na biodiversidade nos diversos ecossistemas aquáticos
contíguos aos manguezais e que integram as áreas úmidas costeiras (SENNA, 2010).
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Figura 3 – Tipos de paisagens dominantes na área de estudo – Paisagem de terra firme, composto por
vegetação secundária(F); Campos periodicamente inundáveis, com o campo periodicamente
inundável(B); As paisagens flúvio-marinhos com as várzea de maré (C), manguezais(E), campo
salino(A), restinga e praia (D).
3.2. Campo Salino
Os campos salinos são formações herbáceas inundáveis, em substrato lamoso, ricos em
matéria orgânica e que ocorrem na planície costeira interna da área de estudo, bordejando os
estuários, no contato destes ambientes costeiros com os ambientes continentais de terra
firme, cujas limitações de dispersão e o estresse provocado pela hipersalinidade, cujos
valores chegam a 100 ups (unidade prática de salinidade), impedem a colonização por
espécies de manguezal.
Os dados do inventário biológico revelaram quatro famílias botânicas, distribuídas em quatro
gêneros e cinco espécies herbáceas perenes, ocorrendo em manchas (patches), cuja ordem
decrescente de dominância incluiu Sporobolus virginicus (L.) Kunth (54,25%), Eleocharis
caribaea (Rottb.) S.F.Blake (25,80%) e Sesuvium portulacastrum (L.) L. (18,62 %). Eleocharis
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mutata (0,87%) e Blutaparon portulacoides (A. St.-Hil.) Mears (0,48%) ocorreram com valores
menores que 1% de dominância (SENNA, 2010).
Uma característica marcante desta unidade é a ocorrência de uma grande área sem qualquer
vegetação, denominada localmente de “apicum”, em cota topográfica mais elevada, com os
maiores teores de salinidade (100 ups- unidade prática de salinidade), impedindo a
colonização da vegetação, mesmo durante o período chuvoso. Bordejando a unidade de
paisagem, em substrato continental, ocorrem formações vegetais de origem antropogênica,
como as capoeiras, ou como o plantio de gramíneas, formando pasto para o gado.
3.3. Restinga costeira
A restinga costeira constitui uma unidade de paisagem, com solos hidromórficos arênicos e
salinos, uma gama variada de formações vegetais encontradas ao longo de toda a costa
brasileira e que guardam forte relação com as feições geomorfológicas costeiras, como as
cristas praiais, ilhas barreira, barras, esporões e tômbolos, repousando sobre um substrato
arenoso, próximo ao oceano Atlântico.
A restinga guarda uma estreita relação com a gênese dos depósitos arenosos litorâneos,
formados a partir da conjunção de quatro fatores: (1) disponibilidade de sedimentos arenosos
(área fonte); (2) correntes de deriva litorânea; (3) flutuações do nível do mar e (4) outras
feições costeiras que propiciam a retenção de sedimentos arenosos (BASTOS, 1996). Há de
se considerar nestes estudos os fatores responsáveis pela colonização de espécies vegetais
em restingas costeiras como: (1) a profundidade do lençol freático; (2) a salinidade do solo; (3)
a exposição aos ventos salinos que vêm do oceano e (4) competição com outras plantas, esta
última observável ao longo dos anos (RASTETER, 1991; SENNA, 2002; PEREIRA, 2006).
As restingas costeiras da área de estudo são pouco extensas (200m), relativamente novas e
compostas por 12 espécies herbáceas, distribuídas em três formações vegetais, dispostas do
mar para o continente: formação halófila, com Sesuvium portulacastrum L. e Blutaparon
portulacoides (St. Hill) Mears; psamófila reptante, com a presença exclusiva de Paspalum
vaginatum Sw e o brejo herbáceo, com Fimbristylis cymosa R. Br., Cyperus ligularis L. e
Pycreus polystachyos Rottb. Os limites da zonação entre as formações vegetais não são
claros, tendo em vista os processos erosivos superimpostos à planície arenosa, recortada por
vários canais de maré de diferentes idades.
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3.4. Várzea de maré
Esta unidade de paisagem constitui a planície aluvial dos rios Quatipuru e Japerica, sujeita
aos pulsos de inundação diária das marés semi-diurnas, sendo ao mesmo tempo submetida
ao ciclo anual de inundação, ocorrendo solos hidromórficos argilosos e humosos, portanto,
com altos teores de matéria orgânica, cujas partículas argilosas em suspensão, conferem à
água uma coloração amarelada, classificada pelos limnologistas como água branca ou
barrenta.
As várzeas apresentam o predomínio de vegetação arbórea, destacando-se Virola
surinamensis Rol. Ex Rottb., Euterpe oleracea Mart., Mauritia flexuosa L., Pterocarpus
santalinoides L´Heritier ex DC., Dalbergia monetaria, L.F., Machaerium lunatum, (L.F.) Ducke,
Pachira aquatica. Entre as espécies herbáceas, ocorre Montrichardia linifera (Arruda) Schott.
As adaptações eco-fisiológicas são importantes para a manutenção das espécies vegetais
sob os impacto diários das inundação pelas marés, baixo suprimento de oxigênio e eventual
presença de sal.
3.5. Campo periodicamente inundável
Esta unidade de paisagem limita a planície costeira ao sul da área de estudo, em solos
argilosos ricos em matéria orgânica, entretanto as espécies herbáceas estão adaptadas ao
ambiente de água doce, onde o regime de monções, com chuvas torrenciais ocorrendo por
3-4 meses, entre janeiro-abril, exerce um papel preponderante para a manutenção desses
campos naturais. Ocorrem entre as florestas de mangue, que bordejam a porção estuarina
dos rios Quatipuru e Japerica e as capoeiras e pastos do Baixo Planalto Costeiro, em terra
firme (Figura 3).
A unidade de paisagem apresenta uma faixa transicional com os campos salinos, com a
salinidade diminuindo de norte para sul, trazendo consequentemente, o aumento na riqueza
de espécies herbáceas. A composição de espécies chega a 24 táxons, com o predomínio da
família Graminae. As espécies perenes mais abundantes são Eleocharis minima Kunth,
Axonopus pubivaginatus Henrard, Rhynchospora barbata (Vahl) Kunth, Paspalum sp. e
Digitaria sp., distribuídas em manchas (patches), onde a relação água doce-água salgada, a
microtopografia, os processos geomorfológicos e a frequência de inundação parecem
influenciar fortemente a composição, a diversidade e a distribuição espacial das espécies.
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4. A representação da paisagem e a apropriação dos recursos naturais
pelas comunidades tradicionais
Após o percurso pelos conceitos de paisagem e a contextualização ambiental da área de
estudo, vai-se analisar a representação da paisagem e como é feita a apropriação dos
recursos naturais. Recurso natural compreende os elementos naturais disponíveis para serem
usados para satisfazer as necessidades da sociedade, onde são atribuídos valores
econômicos e culturais. Porém, a apropriação desse recurso dependerá de diversos fatores,
dentre eles, a capacidade técnica de obtenção e a geopolítica quando envolve interesses
entre povos (VENTURI, 2006).
As comunidades de Quatipuru se apropriam de diversos recursos naturais, dependendo de
cada unidade paisagem há uma apropriação e uma representação. Nos manguezais há a
coleta de crustáceos, principalmente o Ucides cordatus, conhecido como caranguejo-uçá,
geralmente a coleta é realizada pelos homens pelo “braceamento” ou pelo “ganho”, técnicas
tradicionais utilizadas para a captura do crustáceo. O “braceamento” é a introdução do braço
na toca do caranguejo e a sua remoção, o “gancho” consiste em uma haste de madeira com
um gancho de metal na ponta, que também é introduzida na lama até bater no caranguejo,
que é puxado em seguida. Outro recurso natural usado pelas comunidades é a lenha retirada
das espécies arbóreas do mangue, como por exemplo, os troncos da Avicennia germinans,
utilizados para fazer fogo ou até mesmo utilizar em construções de casa ou cercas para o
curral de bovinos ou curral de peixes, denominação dada pelos pescadores para uma
armadilha feita para a captura de peixes.
O manguezal é visto pelas comunidades como lugar de captura de seu sustento, pois a
produção é vendida para a obtenção de renda. Mas o mangue só considerado mangue pelos
coletores e para a população geral quando há presença do crustáceo pronto para a captura e
também para a pesca, pois o mangue também considerado espaço para a reprodução e o
berçário de peixes. Então, o mangue é visto só onde tem a presença da Rhizophora mangle,
onde o substrato lamoso é maior, facilitando assim, a construção de tocas para os
caranguejos.
Os campos salinos constituem um ambiente com alta salinidade, a vegetação é pouco
diversa. Porém, ao redor dos campos salinos, na parte continental, a população utiliza para
fazer plantações e pequenos roçados para a sua subsistência, dentre as espécies cultivadas,
a principal é a mandioca Manihot esculenta para a fabricação da farinha, que também é
vendida para a obtenção de renda. Também é plantado milho, feijão e algumas frutas e
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legumes, cuja produção é destinada as escolas do município subsidiada pelo FUNDEB para
incrementar a merenda escolar.
Os campos salinos são visto como local de pouca produtividade, ou destinado à caça de aves
migratórias que descem até o solo para descansar ou se alimentar de pequenos crustáceos,
insetos ou outras fontes de alimentação. É um ambiente em que as populações de baixa
renda que não tem para onde ir ou tiveram que sair de suas residências devido a outros
problemas ambientais, como por exemplo, pela erosão de restingas ou do mangue, com isso
tais populações são obrigadas a migrarem para outros locais, inclusive os campos salinos, já
que muitos são pescadores ou coletores de caranguejos não tem condições de morarem em
locais com melhores condições de saneamento.
As restingas costeiras ou conhecidas popularmente por praias são ocupadas por pescadores
que tiram da “maré” seu sustento e sua renda, a pesca é a principal fonte de renda de tais
populações que se apropriam dos recursos naturais disponíveis no mar. Embora, as praias
sejam utilizadas para o lazer e associada à atividade turística, em Quatipuru tal atividade não
é tão explorada, fazendo com que ainda sejam encontradas vilas de pescadores tradicionais.
As restingas são conhecidas como maré, pelos moradores, mostrando que a dinâmica da
natureza rege a dinâmica sociocultural, traço importante para as analises das representações
sociais sobre as paisagens.
A várzea de maré vem sofrendo forte descaracterização, atualmente, tendo em vista o
desmatamento dessa unidade de paisagem nas porções mais internas do estuário do rio
Quatipuru, onde ocorrem fazendas, com o efetivo plantio de pasto para o gado, tornando
assim, impossível a realização de inventários florísticos para a caracterização e a
quantificação da cobertura vegetal. São também utilizadas para a agricultura, onde famílias
fazem pequenos roçados de mandioca, pomares e criação de animais para o sustento, como
por exemplo, as diversas espécies de aves e mamíferos de pequenos portes. Assim também
a coleta do açaí, Euterpe oleracea, tanto para o consumo próprio como para a venda.
As representações feitas pelas comunidades sobre as várzeas de maré estão relacionadas
com a forma que cada parcela da população interage com a dinâmica do meio natural, com a
subida e descida da maré, os pulsos diários influenciados pela maré. Então, há uma forte
relação com as várzeas, pois são ambientes com diversidade ambiental, facilitando a
diferentes formas de apropriação dos recursos naturais.
Os campos inundáveis são utilizados para a criação de gado, assim também para a criação de
búfalos, Bubalus bubalis, cuja carne faz parte da dieta alimentar, servindo também para a
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locomoção de cargas e até de pessoas, em Quatipuru, o gado é também sinônimo de status,
ou seja, de melhores condições de vida e de consumo. Dependendo da época do ano os
campos inundáveis são utilizados para a criação de peixes, fazendo barragens quando
necessário para impedir a penetração da água salgada, nos períodos chuvosos onde os
teores de sal são menores. Quanto se aproxima o período seco, com aumento do teor de sal,
os peixes são retirados, basicamente para o consumo familiar, como também para a venda. É
um ambiente onde se encontram populações de quelônios, capturados nos períodos secos
para o consumo, através de pequenos incêndios, afugentando os animais e facilitando a
captura. São áreas de uma beleza cênica estonteante, que podem ser utilizadas para diversas
atividades recreativas ou turísticas.
5. Considerações Finais
Os estudos sobre as unidades de paisagem podem servir e são usados para o planejamento
ambiental, com o intuito de conservar e preservar a natureza, levando a um possível
desenvolvimento sustentável. Assim também como mostrar as potencialidades de cada
paisagem, daí a necessidade de conhecer a dinâmica da paisagem. Porém, essa abordagem
está relacionada à Geografia Física, onde os pesquisadores têm desenvolvido várias
metodologias e conceitos sobre o tema ao longo do tempo, principalmente a partir dos anos
1960.
A paisagem não se restringe apenas a Geografia Física, hoje há muitos trabalhos mostrando o
caráter cultural da paisagem, mostrando que uma mesma fisionomia poderá revela paisagens
distintas dependendo do observador, mas a paisagem cultural também tem seu caráter
holístico e integrador, porém, a paisagem não é entendida a partir da base física natural. A
paisagem seria uma construção do homem, seu trabalho de transformação da natureza em
objetos culturais. Daí a paisagem é algo material palpável e observável, assim como uma
construção intelectual.
Os relatos sobre as estratégias de subsistência utilizadas pelos moradores destas
comunidades e sua percepção sobre as dinâmicas dos ambientes que os circundam, mostram
uma superposição entre a dinâmica natural do meio costeiro e a dinâmica antrópica praticada
pelas duas comunidades, destacando-se os fenômenos das subidas das marés que
introduzem a água salina por vastas áreas de campo inundável, onde é praticada a agricultura
principalmente, as queimadas praticadas nas matas e nos campos no passado, o que gerou
alterações em vários componentes da paisagem local, seja de ordem física como o aumento
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da sensação térmica e biológica com a diminuição do número de animais silvestres como
aves e mamíferos utilizados como alimentação através da caça.
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