Download - Reportagem - Profissão Designer
CRIAÇÃO Um dos trabalhos de Krystal Campioni, designer há mais de dois anos, que diz sempre ter tido contato com a arte
MERCADO DE TRABALHO
Ganhando cada vez mais espaço nas empresas, designers mostram as particularidades e o
dia-a-dia da profissão, que requer boa dose de criatividade e competência
PROFISSÃO: DESIGNER Phillipe Xavier
izendo sempre se sentir atraída pela arte
de inventar e fazer ilustrações, a
designer Krystal Campioni (22),
profissional no ramo há mais de dois anos,
quando criança já demonstrava aptidão para a
área. “Eu sempre gostei de desenhar e criar
coisas, desde pequena. Acho que uma coisa foi
levando a outra. Quando ganhei o primeiro
computador, comecei a desenhar nele em vez de
no papel.” Ela não é a única. Milhares de outros
profissionais trilham o mesmo caminho e
escolhem se dedicar incansavelmente a arte de
conceber idéias criativas e inovadoras.
Sendo um campo com bastante
importância no mercado, o design pode ser
entendido como a configuração, visão,
elaboração e especificação de uma peça. Essa é
uma atividade técnica e criativa, normalmente
orientada por uma intenção, objetivo ou para a
solução de um problema. Segundo a publicitária
Layssa Rizzi (21), é essencial para quem quer
trabalhar com design “ler muito, tanto livros,
quanto sites de referência” e “tentar sempre ser
original, não ficar na mesmice”. Ela considera
que sua formação em publicidade a ajuda
bastante no trabalho com criação. “Acredito que
a parte de teoria, desde história da arte, que me
traz referências de outros artistas, até psicologia,
que utilizo para definir o publico alvo e como ele
se comporta, tem sua utilidade na parte de
design”, conta. Já Krystal Campioni, que cursou
artes visuais e depois design com habilitação em
moda, acha que a vivência na profissão
influencia mais do que a formação acadêmica.
“Para ser um bom designer o que conta mesmo é
a experiência e o domínio dos programas. Nada
que uma faculdade realmente ensine”. Krystal
ainda pontua outros fatores que podem garantir
sucesso na profissão. “Existe a necessidade de
ter organização visual. Muitas pessoas acreditam
que um designer pode criar as coisas do jeito que
vier na telha e não é bem assim. Isso é o que um
artista faz. Um bom designer precisa de
conhecimentos técnicos como escalas de cores,
redução mínima de logotipos, e, principalmente,
hierarquia de informações”.
Entre os problemas da profissão, as duas
concordam que a interferência de pessoas que
não possuem conhecimento algum de design nos
projetos é o que mais incomoda. “Ter que aceitar
opiniões de pessoas que não entendem do
assunto é muito ruim. Até porque muitas vezes
você tem que deixar as coisas de um jeito que
não concorda e refazer o mesmo trabalho um
milhão de vezes”, diz Krystal. Ela ainda
acrescenta que “ninguém vira pra um dentista e
fala: „olha, eu prefiro que você faça a obturação
dos meus dentes de outro jeito‟, mas com o
designer todo mundo sempre quer dar uma
opinião e o resultado nunca fica bom. Acho que
o dia-a-dia de todos é baseado em situações mais
ou menos assim”.
D
TEORIA E PRÁTICA
Krystal Campioni
(esq.) acredita que
experiência é o fator
essencial na
capacitação de um
bom designer,
enquanto Layssa
Rizzi (dir.) considera
a formação
acadêmica
primordial para o
desempenho do
profissional
REFERÊNCIA Obras de Roy Lichtenstein, artista vanguardista que serve de referência para Krystal Campioni e de Maurits
Cornelis Escher, artista gráfico holandês, referência para Layssa Rizzi
Ao desenvolver projetos, designers
costumam utilizar como referências outros
artistas que se destacam no meio seja pelas
inovações, seja por características específicas de
seus trabalhos. Para Krystal, Roy Lichtenstein
serve de referencial por, além de ter se
sobressaído no movimento pop art, valer-se de
elementos que visualmente parecem atraentes
para ela. “Eu uso muito a pop art como
referência. Gosto dessas cores fortes e da
influencia dos quadrinhos”, conta.
Lichtenstein foi um famoso pintor norte-
americano, que empregava em sua obra artifícios
que procuravam criticar a cultura de massa,
tendo nas histórias em quadrinho um tema
recorrente. Ele, que a partir de uma pintura do
Mickey Mouse para seus filhos, começou a se
interessar pela questão, procurava aplicar com
fidelidade em seus quadros, a óleo e a tinta
acrílica, os procedimentos gráficos utilizados nos
quadrinhos e nos anúncios publicitários. O
artista, que combinava arte comercial com
abstração, junto de nomes como Andy Warhol,
Claes Oldenburg, James Rosenquist e Tom
Wesselmann, foi um dos principais
representantes da pop art, movimento artístico,
que pode ser considerado como o marco da
passagem da modernidade para a pós-
modernidade na cultura ocidental.
Para Layssa, o artista gráfico holandês
Maurits Cornelis Escher é visto como exemplo
na área da criação. Ele é conhecido por suas
xilogravuras, litografias e meios-tons, que
tendem a representar construções impossíveis,
preenchimentos regulares de planos, explorações
do infinito e metamorfoses. “Todas as imagens
dele são lindas, a gente se perde nelas”.
Escher é famoso por produzir obras que
se caracterizam pela ilusão de ótica. Numa visita
a Espanha, se encantou com os mosaicos usados
na construção de um palácio árabe e adotou
técnicas que se manifestaram em seus trabalhos
mais célebres. Brincava com o fato de ter que
representar o espaço, que é tridimensional, num
plano bidimensional, como a folha de papel.
Com isso, criava figuras impraticáveis,
representações distorcidas e paradoxos. Foi
considerado um grande matemático geométrico.
MERCADO DE TRABALHO
Porque regulamentar a
profissão de designer no Brasil?
Para que haja a criação de um teto
salarial mínimo, normalmente
estipulado por Conselhos Federais,
conferindo um preço justo ao
trabalho executado;
Para que o critério de seleção do
profissional seja pela qualidade do
serviço e não pelo preço cobrado;
Para diminuir a invasão de
profissionais de outras áreas, o que
desvaloriza aqueles que já atuam no
ramo;
Para haver maior participação do
designer nas empresas, no sentido da
valorização e conhecimento sobre o
profissional;
Para que haja a possiblidade do
cliente poder denunciar o mau
profissional a entidade de classe que
defende a ética, o trabalho e a
qualidade do que é oferecido em
termos de design.
Fonte: ADEGRAF – Associação dos Designers
Gráficos do Distrito Federal
A rotina de um designer depende da sua
área de atuação e local de trabalho. No caso de
Krystal, o dia-a-dia gira em torno da companhia
em que trabalha. “Hoje em dia eu supervisiono o
setor de marketing de uma empresa, então acabo
me envolvendo mais com a criação de catálogos,
folhetos e manutenção do site. Como estou
trabalhando em um lugar só, o objetivo é sempre
usar a criatividade para fazer vários materiais
diferentes sem perder a identidade visual da
empresa”, explica a profissional.
O cotidiano de Layssa, resumidamente,
baseia-se no atendimento a empresas, concepção
de idéias e colocação em prática das mesmas,
dependendo da necessidade e do contexto. Esse
trajeto até a realização por completa de um
trabalho, segundo ela, é repleto de limitações.
“Quando aparece um projeto novo, a gente busca
referências. Nessas referencias, a gente tem uma
ideia e começa a criar. Depois, apresentamos a
criação para o cliente, ele pede trinta
modificações e o produto final nunca é igual ao
que você tinha imaginado”, conta a publicitária.
Mesmo sendo uma profissão em
evidência dentro das firmas, o design enfrenta
alguns problemas diante da falta da
regulamentação da atividade. Esse é um direito
que há muito tempo vem sendo reivindicando e
que traria inúmeros benefícios para quem atua na
área. “Para construir um prédio você precisa ser
arquiteto e ter uma inscrição no CREA
[Conselho Regional de Engenharia e
Arquitetura]; para construir um site, por
exemplo, você não precisa de nada. Por esse
motivo, existem vários curiosos se oferecendo
para fazer trabalhos de design a preços ridículos,
já que não podem cobrar caro dada a falta de
qualidade no serviço”, diz Krystal, que se sente
prejudicada por amadores que tentam exercer sua
profissão. Ela ainda acrescenta que “o cliente
quando vai escolher um designer, pesquisa
preços e, se você está cobrando dez vezes porque
acha que seu trabalho vale isso, enquanto a
maior parte está cobrando metade, por mais que
ele tenha certeza de que seu trabalho é bom, você
vai ter que abaixar pelo menos um pouco o preço
e isso é um circulo vicioso”.
Layssa, por sua vez, acredita que o
profissional da área não recebe o devido valor no
país. “Acho que o mercado de design não é nem
um pouco valorizado no Brasil porque todo
mundo acha que é designer. As pessoas em vez
de contratar um alguém que estudou para isso,
porque não quer pagar caro, contratam qualquer
um do ensino médio que acha que pode fazer, só
porque mexe nos programas”, reclama.
Para elas, um dos indicativos de que o
ofício não é visto de forma séria no país é a
escolha das logomarcas da Copa de 2014,
símbolo importante que representará o evento.
Layssa analisa a decisão como sendo arbitrária e
sem critérios. “Na escolha da logo da copa do
Brasil, os jurados foram um escritor, o Paulo
Coelho, e uma cantora, a Ivete Sangalo”. Mesmo
controverso, esse foi um assunto que, de uma
forma ou de outra, trouxe o universo do design
para próximo de pessoas que poderiam não ter a
mínima noção da relevância da atividade. ■
LOGOMARCA
A marca da Copa de
2014, por exemplo, foi
escolhida por pessoas
sem critério algum,
segundo Layssa
MERCADO DE TRABALHO
Algumas instituições que oferecem curso na área de design no Nordeste:
Faculdades Nordeste
Design Gráfico
Tel.: (85) 3249-4848
www.fanor.edu.br
MARANHÃO
Universidade Federal do Maranhão
Desenho Industrial
Tel.: (98) 3217-8205
www.ufma.br
PARAÍBA
Universidade Federal de Campina Grande
Projeto de Produto
Tel.: (83) 3310-1132
www.ddi.ufcg.edu.br
Faculdade Idez
Design Gráfico
Tel.: (83) 3245-7571
www.faculdadeidez.com.br
PERNAMBUCO
Universidade Federal de Pernambuco
Programação Visual / Projeto de Produto
Tel.: (81) 2126-8316
www.ufpe.br
Faculdade Marista Fortaleza
Webdesign
Tel.: (81) 4009-7777
www.faculdademarista.com.br
SERGIPE
Universidade Tiradentes
Design Gráfico
Tel.: (79) 3221-2100
www.unit.br
BAHIA
Universidade Federal da Bahia
Programação Visual
Tel.: (71) 3247-4706
www.ufba.br
Universidade do Estado da Bahia
Programação Visual / Projeto de Produto
Tel.: (71) 3387-5000
www.uneb.br
Faculdades Jorge Amado
Design Gráfico
Tel.: (71) 3206-8004
www.fja.edu.br
CEARÁ
Universidade Federal do Ceará
Estilismo e Moda
Tel.: (85) 3288-7300
www.estilismoemoda.ufc.br