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SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 19 de Janeiro de 2012 | ed. 190 | 0.50€

O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14Horta das Figueiras | 7005-320 Évora

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PortalegreEugénio Lisboa homenageadoPág.06 Eugénio Lisboa é hoje o mais consagrado estudioso da gera-ção literária presencista, nomeada-mente de José Régio, que conheceu em Portalegre e de quem foi amigo de longa data e será homenageado com a obra “Eugénio Lisboa: vário intrépido e fecundo”, que reúne 70 textos dedi-cados ao próprio.

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ÉvoraPSP com nova casaPág.07 Recorde-se que a mudança deveria ter acontecido logo no início de 2011, mas tal nunca veio a acontecer. Alias, durante os seis anos do governo de José Sócrates foram avançadas várias hipóteses para uma nova localização.

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Fauna morre nas estradasPág.08 Projecto MOVE tem como objetivo avaliar o efeito das estradas na fauna selvagem, incluindo esti-mar o número de animais mortos por colisão com os veículos e o impacto desta mortalidade.

IMI O deputado refere que desde 2009 os serviços de finanças de Évora recusam reconhecer a isenção de pagamento de IMI prevista no Estatuto dos Benefícios Fiscais para os imóveis localizados em áreas classificadas (Património Mundial).

João Oliveira questiona governo

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2 19 Janeiro ‘12

A Abrir

Director Nuno Pitti Ferreira ([email protected]) Editor Luís Godinho

Propriedade

PUBLICREATIVE - Associação para a Promoção e Desenvolvimento Cultural; Contribuinte 509759815 Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 Évora - Tel: 266 751 179 fax 266 751 179 Direcção Silvino Alhinho; Joaquim Simões; Nuno Pitti Ferreira; Departamento Comercial Teresa Mira ([email protected]) Paginação Arte&Design Luis Franjoso Cartoonista Pedro Henriques ([email protected]); Fotografia Luís Pardal (editor) Colaboradores Pedro Galego; Carlos Moura; Capoulas Santos; Carlos Sezões; Margarida Pedrosa; António Costa da Silva; Marcelo Nuno Pereira; Eduardo Luciano; José Filipe Rodrigues; Luís Martins; José Rodrigues dos Santos; José Russo; Figueira Cid Impressão Funchalense – Empresa Gráfica S.A. | www.funchalense.pt | Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, nº 50 - Morelena | 2715-029 Pêro Pinheiro – Portugal | Telfs. +351 219 677 450 | Fax +351 219 677 459 ERC.ICS 125430 Tiragem 10.000 ex Distribuição Nacional

Periodicidade Semanal/Quinta-Feira Nº.Depósito Legal 291523/09 Distribuição Miranda Faustino, Lda

Ficha TécnicaSEMANÁRIO

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ordpress.comPedro H

enriques | Cartoonista

“Capitão em fuga!”

Não é certo que uma mentira, mil vezes re-petida, se transforme em verdade. Como não é certo que sejamos um povo de brandos costumes, só porque essa efabulação é con-veniente aos transitórios ocupantes do poder.

Deu jeito ao Estado Novo, dá agora jeito aos seus descendentes.

Imagino as nossas hordas medievais, nas suas sortidas pelo sul, a distribuírem abra-ços e beijos enquanto com meiguice expul-savam aqueles que há séculos o habitavam. Contemplo com um ternurento e cúmplice olhar as conquistas do norte de África e o comércio de escravos na Guiné. Um sopro quente de complacência invade-me a alma ao recordar a epopeia de Afonso de Albu-querque e de outros Vice-reis, ou o esforço evangelizador em terras de Vera-Cruz.

Sinto inconfessável nostalgia, quando perpasso os olhos pelos registos da sã ca-maradagem dos cárceres da Inquisição e das coloridas festas dos autos de fé.

Sorrio ao consultar os sãos debates das guerras liberais, ou da genuína e doce afec-tividade de Maria da Fonte.

Orgulho-me do meu país pela política de integração compassiva de Mouzinho, pelo desvelo empregue nas roças de São Tomé, pela sublime delicadeza de João Franco, pela homenagem carbonária a D. Carlos, pela visão pacifista de Afonso Costa na tra-gédia da Primeira Grande Guerra.

Vejo Sidónio no Paraíso à direita de Deus Pai, sentado ao lado de Ghandi.

Emociono-me com a PVDE, depois PIDE, mais tarde DGS e o seu esforço tran-quilo para preservar os valores da Igreja e da Pátria, arrepio-me com a Mocidade Por-

tuguesa fardada e garbosa, e com a Legião Portuguesa, com a dignidade de Salazar ao conceder a Aristides Sousa Mendes a justa reforma por ter salvo milhares de vidas das garras nazis.

E o que dizer da acção pacificadora dos nossos exércitos em África? Da forma desin-teressada com que os nossos jovens se imo-lavam numa guerra imposta pelos violentos independentistas? No modo paternal com que Salazar proferiu a célebre frase, “para Angola já e em força”? Com essa cálida força do amor fraterno que nos levou a libertar mi-lhares de patriotas do seu sofrimento?

Houve de facto uma excepção aos nossos brandos costumes… foi a inusitada violên-cia dos cravos. Mas felizmente já nos re-compusemos.

Já temos de novo quem olhe por nós e nos imponha limites, já temos de novo uma polí-cia de proximidade e serviços de informação que sabem ouvir a voz do dono, já temos de pagar de novo a saúde e a escola e os trans-portes e a electricidade e a água, já temos de novo patrões compassivos que nos indicam o caminho da felicidade, já temos até, pas-me-se, um parlamento finalmente posto no lugar e um Presidente ausente, como um pai bíblico, sempre disposto a desculpar os pe-cadilhos dos filhos dilectos. Não sei é se os nossos brandos costumes darão para tanto…

De qualquer das formas, quero aqui dei-xar uma proposta ao nosso ministro dos Negócios Estrangeiros. Quando arran-jar tempo dê uma saltada a Cabo Verde e proponha-lhes transformar o Tarrafal num museu. Seria o “Museu dos Brandos Cos-tumes”, era bonito e o povo ficava feliz…

Brandos costumesMiguel SaMpaiolivreiro

A sobrevivência do euro é cada vez mais uma questão em aberto, à medida que a cri-se se vai tornando mais sistémica e não ape-nas uma “crise de dívidas soberanas” (mais ou menos confinada aos designados PIG´s” – Portugal, Irlanda, Grécia), em que, con-venientemente, alguns quiseram acreditar.

Nas últimas semanas vieram a público notícias segundo as quais grandes empre-sas, várias multinacionais e até mesmo al-guns governos, solicitaram estudos anteci-pando o eventual cenário do fim da moeda única.

Independentemente dos pressupostos base de cada estudo e das suas cambiantes, em função das circunstâncias que cada um visa acautelar, há uma conclusão comum e bastante óbvia: o fim do euro seria desas-troso para Portugal.

Num destes estudos, o Banco suíço UBS escreve que a imediata desvalorização da nova moeda (que, no caso de Portugal, se estima entre os 40% e os 50%), agravaria significativamente a dívida dos países mais frágeis, obrigando a “um esforço do dobro ou do triplo na sua nova moeda para pagar a dívida em euros”.

As consequências “incluem incumpri-mento soberano, incumprimento de em-presas, o colapso do sistema bancário e o colapso do comércio internacional”, pode ler-se no referido estudo a que a UBS cha-mou “A Separação do Euro – As Conse-quências”.

Apesar deste documento referir que este cenário é muito pouco provável, a verdade é que cada vez mais “eurocépticos” vatici-nam a “implosão do euro” (utilizando uma expressão de Nouriel Roubini, o prestigia-do economista a quem se atribui o mérito de ter sido o primeiro a prever, fundamen-tadamente, a crise financeira que começou em 2008).

Também Paul Krugman, Nobel da econo-mia e assumidamente crítico do euro e da forma como as instituições europeias (e os líderes europeus) estão a conduzir esta cri-se, afirma que a criação da moeda única foi, “desde o início um projecto duvidoso, à luz de qualquer análise económica objectiva”. Krugman fundamenta este ponto de vista, dizendo que “as economias do continente eram demasiado díspares para funcionarem bem com uma política monetária de tama-nho único; era provável demais que sofres-sem “choques assimétricos”, em que alguns países apresentam quedas enquanto outros viviam booms.” É que, ao contrário do que acontece nos EUA, “(...) os países europeus não faziam parte de um país único, com um orçamento e um mercado de trabalho uni-ficados e uma língua comum amarrando o todo.

A criação do “mercado comum”, através da eliminação de barreiras à livre circula-ção de pessoas, mercadorias e capitais visa-va criar condições para uma perfeita afecta-ção dos factores de produção, com base no funcionamento dos mercados.

Para além das questões que se prendem com o deficiente funcionamento dos mer-cados, a Europa tem um problema adicional que P. Krugman ilustra bem quando afir-ma num dos seus textos que os EUA estão dispostos a deixar desertificar o Dakota do Norte, se, há procura de melhores condi-ções, pessoas e investidores se deslocarem para outras paragens. Na Europa tal não se-ria possível, por razões tão evidentes que não vale a pena explicar neste artigo.

Ora, perante um relativo fracasso da ci-meira europeia (tendo em conta a elevadís-sima expectativa de resoluções decisivas que os principais líderes reclamavam) e as evidências apontadas pelos “eurocépticos” e exaltadas pela crise (cujo final não conse-guimos vislumbrar apesar de tantas e tantas medidas e de tantas e tantas cimeiras igual-mente “decisivas”), ainda há lugar para a esperança? Ainda podemos, de forma mi-nimamente racional e não apenas com base numa espécie de “wishful thinking”, acre-ditar na sobrevivência do euro?

Eu acredito que sim, deixo apenas a mais relevante de todas elas: para os líderes eu-ropeus (e para a maioria dos sectores ditos intelectuais, bem como a generalidade da imprensa europeia), o fim do euro será o fim da União Europeia e do “sonho euro-peu”.

O euro está, assim, no centro do projec-to europeu e, por este motivo, com mais ou menos sacrifícios, com mais ou menos alte-rações no mapa político de cada país euro-peu (não esqueçamos que França e Alema-nha terão eleições legislativas brevemente), com maior ou menor solidariedade entre países, o euro sobreviverá, porque dele de-pende o ideal, o sonho que os europeus vêm construindo há mais de 50 anos.

O Euro sobreviverá?Marcelo NuNo goNçalveS pereiraeconomista

“A sobrevivência do euro é cada vez mais uma questão em aberto, à medida que a crise se vai tornando mais sistémica e não apenas uma “crise de dívidas soberanas” (mais ou menos confinada aos designados “PIG´s” – Portugal, Irlanda, Grécia)”.

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AtualTelevisão Digital Terrestre, apesar do caminho para o futuro permanecem as críticas.

Apagão analógico em Évora no mês de Abril

Pedro Galego | Texto

Já arrancou o apagão analógico que mu-dar em definitivo a forma como se vê te-levisão em Portugal. Desde o passado dia 12 que no Litoral Alentejano a Televisão Digital Terrestre (TDT) é uma realidade. A segunda fase do apagão, que vai desligar o retransmissor de Foia, no Algarve, e que serve parte do baixo Alentejo está marca para dia 23. Os eborenses têm até Abril para se prepararem.

O processo tem sido tudo menos pacífi-co, com chuvas de críticas aos custos ‘im-postos’ às populações para que possam continuar a ver os quatro canais de sinal aberto. Em Évora, o TDT vai levar ainda a que seja cortada a rede de televisão por cabo que desde o início da década de 1990 chegou a parte do Centro Histórico da ci-dade e que foi instalada com o intuito de retirar as antenas dos telhados da zona classificada.

A autarquia local já garantiu que além do descodificador (comum a todo o terri-tório nacional para os aparelho de televi-são que não recebem sinal digital e para quem não tem televisão paga) basta uma antena interior para receber o sinal com qualidade, só possível devido à instalação de três retransmissores na cidade, um dos quais no centro histórico.

A garantia é deixada pela vereadora Cláudia Sousa Pereira, com base nos tes-tes já realizados pelos serviços técnicos da Câmara. Todavia haverá casos onde pode-rão a ser colocadas novamente antenas nos telhados, após o apagão da rede de te-levisão por cabo da cidade, desde que com menos de 50 centímetros, e que deverão ficar em zonas invisíveis para não provo-car impacto estético.

“[O sistema de TV por cabo em Évora] Foi uma ideia pioneira, que infelizmen-te não teve o resultado ambicionado de eliminar todas as antenas do Centro His-tórico. Hoje o sistema está ultrapassado e a autarquia não está vocacionada para gerir e manter este tipo de serviço”, disse a vereadora Cláudia Sousa Pereira.

A oferta original de 19 canais, actu-almente está reduzida a nove e chega a cerca de mil pessoas. Na altura os as-sinantes pagaram 200 euros pela insta-lação. A partir de 2001 esteve prevista a contribuição de uma taxa mensal, que nunca foi cobrada.

Com a chegada da TDT, o sistema, que custa em manutenção cerca de 70 mil euros/ano e está a sobrecarregar o or-çamento camarário, será desligado. A requalificação do mesmo custaria meio milhão de euros. “A autarquia está ainda a trabalhar numa solução de aquisição do equipamento necessário a suportar pelo município para os idosos já refe-

o processo tem sido tudo menos pacífico, com chuvas de críticas aos custos

Quando se fala de TDT, a única certeza existente até ao momento é que a oferta de canais continua exactamente igual à do sinal analógico. Ganha-se em quali-dade de imagem, e em potencialidade, visto que o novo sistema permite a difusão de conteúdos em alta definição (HD) e interactivos. A 26 de Abril todo o território deverá estar abrangido pelo sinal digital, mas parece que só agora as famílias estão a tratar da migração.

Quem estava em zonas do interior onde não recebia bem o sinal dos quatro canais generalistas, vai poder passar a vê-los em óptimas condições, garante a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM). O problema é que, nestas regiões, muitos são os que estão a orientar as antenas para Espa-nha [onde a oferta gratuita é de cerca de 30 canais], optando por deixar de ver a televisão portuguesa.

Em quase todos os países ter TDT sig-nifica ter mais canais gratuitos, o que para já não vai acontecer. Em termos práticos, a TDT abre espaço para quase 50 novos canais em sinal aberto, mas os portugueses não vão beneficiar disso quando acabar a TV analógica, tudo

porque o Governo ainda não decidiu o que fazer com as frequências criadas pela nova tecnologia, que será aprovei-tada, para já, pelas operadoras móveis para a cobertura da rede 4G.

Uma das possibilidades mais viáveis a curto prazo poderá ser a introdução do canal Parlamento na difusão genera-lista, mas a bola está agora do lado do ministro Miguel Relvas, responsável pela pasta do TDT.

Para quem ainda não está preparado para o apagão, relembra-se que o custo dos descodificadores está entre os 25 e os 100 euros, variando em função do modelo e das funcionalidades. A instalação do prato satélite (nas zonas sombra e quando necessária), não pode, segundo a ANACOM, ultrapassar os 61 euros. Em algumas zonas, poderá ser necessário fazer alguma intervenção nas antenas.

As famílias carenciadas têm direito a um subsídio correspondente a 50% do preço, com o limite de 22 euros, na com-pra dos kits satélite ou dos descodifica-dores de TDT. Primeiro terão de comprar e pagar os equipamentos e só depois se podem candidatar ao reembolso

Dúvidas e certezas

renciados como beneficiários de outros apoios sociais”, acrescentou Cláudia Sou-sa Pereira.

No passado a Câmara lançou ainda dois concursos para concessionar a rede, mas não surgiram interessados.

A Ovibeja 2012 que se realiza entre 27 de Abril e 1 de Maio – lançou a 2ª edição do Concurso Inter-nacional de Azeite Virgem Extra – Pré-mio Ovibeja.

O concurso, o único de âmbito internacional reali-

zado em Portugal, é uma organização conjunta da ACOS – Agricultores do Sul e da Casa do Azeite – Associação do Azeite de Portugal.

Depois do sucesso da primeira edição, que excedeu todas as expecta-tivas, a organização pretende que este concurso seja uma referência ao nível dos vários concursos de Azeite Virgem Extra que se organizam anualmente, não só no País, como no panorama internacional.

Para uma maior diversidade de concorrentes, os organizadores vão estimular a participação alargada de azeites dos principais países produto-res europeus, bem como a participa-ção de azeites provenientes de outras geografias, nomeadamente dos novos países produtores da América Lati-na, como o Chile, onde actualmente existe uma produção de elevada qualidade.

Para atestar a qualidade dos azeites entregues a concurso, o Júri vai ser com-posto por alguns dos principais peritos de Portugal, Espanha, Itália e Grécia.

A Ovibeja é uma organização da ACOS e tem, este ano, como tema cen-tral “+PRODUÇÃO”.

Azeites em concurso

Ovibeja

A Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo instalou, recentemente, no jar-dim público da vila 53 luminárias LED com um consumo inferior a 48 W. A in-tervenção com um custo total de cerca de 26 mil euros vai permitir ao municí-pio uma poupança anual de cerca de 40 mil euros e uma poupança energética na ordem dos 257 mil e 500 Kw.

Os LED’s espalhados por todo o espa-ço do jardim contribuem ainda para a redução das emissões de CO2. Esta redução será de 121 toneladas por ano.

Trata-se por isso de um investimen-to importante para o concelho a nível ambiental e financeiro.

Iluminação LED no Jardim

Ferreira do Alentejo

José Moreira | D.R.

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Atual

Quando a Química puder um dia ajudar a “crise” nos bancos de sangue.

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Outro sangue

Luís Martins* | Texto

Nas últimas décadas, o envelhecimento da população levou a uma redução drástica do número de potenciais dadores de sangue, mas também a um aumento da necessidade de transfusões.

Por outro lado, o surgimento de algumas doenças infecciosas, como a SIDA, resultou num escrutínio mais rigoroso e um contro-lo mais apertado da qualidade do sangue e dos produtos sanguíneos para transfusão. O sangue é, hoje em dia, um bem escasso.

Seria pois vantajoso que pudesse, ainda que de forma temporária, ser substituído por outro produto que cumprisse uma das suas funções ‒ o transporte de oxigénio através do organismo ‒ em situações de ca-rência aguda de oxigénio nas células, como enfarte do miocárdio ou choque hemorrági-co. A Química também entra aí.

Os produtos mais promissores para poten-cial aplicação como substitutos do sangue (transportadores de oxigénio) baseiam-se em perfluorocarbonetos (PFC), em geral, merecendo os perfluoroalcanos (PFA) parti-cular destaque.

Os alcanos são uma família de hidrocar-bonetos (compostos de carbono e hidrogé-nio) em cujas moléculas só existem ligações simples (não há duplas nem triplas) e que possuem, como fórmula geral, CnH2n+2, sendo n um número inteiro.

As fórmulas moleculares dos sucessivos membros da família obtêm-se substituindo o n por números inteiros em ordem cres-cente. Estruturalmente, as moléculas de alcanos possuem um “esqueleto” constitu-ído por átomos de carbono ligados quimi-camente entre si e cada um deles ligado a tantos átomos de hidrogénio quantos os necessários para completar a valência ca-racterística do carbono (4 átomos ligados a si), numa geometria tetraédrica em torno de cada átomo de carbono. Um exemplo de um alcano linear e de um alcano ramificado podem ver-se na figura 1 (a e b).

O estado de agregação com que os alcanos

Tal como outros produtos também o sangue é um bem escasso

lineares se apresentam nas condições nor-mais de pressão e temperatura depende do número de átomos de carbono da cadeia.

Assim, os alcanos com n até 4 são gasosos; os que têm n entre 5 e 17 são líquidos e para n igual ou superior a 18, os alcanos são só-lidos. Como se sabe, os alcanos são os prin-cipais componentes do petróleo e do gás natural, revestindo-se pois de uma impor-tância civilizacional transcendente, com as consequências que todos conhecemos.

Tão ou mais interessantes que os alcanos são os perfluoroalcanos, família de compos-tos orgânicos em quase tudo semelhante à primeira, mas onde átomos de flúor tomam o lugar dos átomos de hidrogénio na estrutura carbonada. Na figura 2 exemplifica-se um dos elementos da família, o perfluorohexano.

As dimensões do flúor (raio covalente de 57 picómetros*, comparado com 31 picó-metros do hidrogénio), o seu peso atómico médio relativo (18,9984 face a 1,0079 para o hidrogénio) e sobretudo o facto de o flúor ser o elemento mais electronegativo da ta-bela periódica (a electronegatividade mede a tendência que cada átomo tem para “pu-xar” para si densidade electrónica quando ligado a outro) fazem com que os perfluoro-alcanos possuam propriedades muito dife-rentes dos alcanos.

Os PFA lineares são líquidos entre os 5 e os 9 átomos de carbono na sua cadeia, sendo gasosos abaixo de 5 e sólidos acima de 9. São mais inertes (ligações químicas mais fortes e protecção eficaz da cadeia carbonada) e mais voláteis (interacções intermoleculares mais fracas) dos que os alcanos correspondentes.

Possuem uma estrutura molecular “torci-da” e rígida, que os torna mais viscosos do que os alcanos, e fazendo com que, no caso dos líquidos, haja grandes espaços vazios entre as moléculas.

Essa característica molecular está na base da potencial aplicação dos PFA como subs-titutos do sangue: a sua enorme capacidade para dissolver moléculas gasosas, sobretu-do gases respiratórios, como oxigénio e di-óxido de carbono.

O oxigénio é 15 vezes mais solúvel em per-fluorohexano do que em água e mais do do-bro do que em hexano, por exemplo. Isto per-mite-lhes armazenar grandes quantidades de oxigénio e, eventualmente transportá-lo.

Como se não bastasse, a quantidade de oxigénio que é possível dissolver num dado volume de um PFA varia linearmente com a pressão parcial do oxigénio no meio cir-cundante, o que torna possível “carregar” o líquido de oxigénio a pressões elevadas do gás e “descarregar” a pressões mais baixas.

Ora uma das funções do sangue no orga-nismo é, para além de muitas outras (me-tabólica, regulatória, hemostática, defesa), transportar oxigénio dos pulmões, onde é re-cebido, para todas as células do corpo, onde ele é necessário para o metabolismo celular. Esse transporte é efectuado pela hemoglo-bina, proteína que, para além dos resíduos peptídicos, contém o grupo Hemo, complexo porfirínico centrado num átomo de ferro. É o átomo de ferro que, a altas pressões de oxi-génio (nos pulmões) se liga ao oxigénio (por uma ligação covalente dativa), transporta-o através do corpo até às células e lá, a baixas pressões do gás, liberta-o, dada a natureza lábil (reversível) da ligação que estabelece. O dióxido de carbono (resultado do processo de respiração) faz o percurso inverso, usando o mesmo transportador.

Os pefluoroalcanos (e os PFC, em geral) são capazes de armazenar grandes quanti-dades de oxigénio e transportá-lo, poden-do servir de transportador alternativo à hemoglobina. Esta capacidade foi provada

de uma forma eloquente em 1966 por dois cientistas (Clark e Gollan), que consegui-ram manter as funções vitais de um rato completamente submerso num PFC satu-rado de oxigénio. Estes compostos não rea-gem quimicamente com o oxigénio; apenas dissolvem o gás, numa mera manifestação de interacções físicas. São sintéticos, não ocorrem na natureza e são inócuos para o organismo. Este não os reconhece como seus, mas também não os rejeita, de tão “es-tranhos” que são. Possuem, como já se disse, as características ideais em termos de solu-bilidade de oxigénio e sua relação com a pressão de oxigénio aplicada, constituindo pois uma interessante possibilidade para substituição temporária do sangue.

Os PFA são por exemplo usados em venti-lação líquida, no decurso da qual é aplicado líquido nos pulmões em caso de insuficiên-cia respiratória, sendo que a elevada solu-bilidade do oxigénio no PFC permite uma oxigenação eficiente dos pulmões e a preser-vação da capacidade do órgão para fazer as trocas gasosas vitais.

A administração intravenosa destes com-postos é que constitui um problema complica-do, mas isso é assunto para outra conversa.

* Centro de Química de Évora e DQUI da ECT Universidade Évora

Figura 1. Fórmula de estrutura e esquema 3D de heptano (a) e iso-octano (b)

Figura 2. Fórmula de estrutura e esquema 3D à escala de perfluorohexano

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Atual

Ministério das Finanças ainda não deu explicações sobre não atribuição de isenção de iMi em Évora.

Finanças sem resposta para a isenção de IMI em Évora

Luís Godinho | Registo

Passados 5 meses – sem que tivesse obtido qualquer resposta por parte do Ministé-rio das Finanças – o deputado comunista João Oliveira voltou a questionar o gabi-nete de Vítor Gaspar sobre a não isenção de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) no centro histórico de Évora.

O deputado refere que desde 2009 os serviços de finanças de Évora recusam re-conhecer a isenção de pagamento de IMI prevista no Estatuto dos Benefícios Fis-cais para os imóveis localizados em áreas classificadas (Património Mundial).

Segundo João Oliveira, esta decisão “não só é violadora da lei como gera uma situação de desigualdade entre os cida-dãos de Évora e os de outros concelhos abrangidos por classificações idênticas ou de valor análogo que veem reconhecida pelos respetivos serviços de finanças a re-ferida isenção”.

O deputado lembra que a situação moti-vou mesmo uma alteração legislativa ao artigo 44.º do EBF através de uma proposta subscrita por deputados de 5 grupos parla-mentares e aprovada por unanimidade no âmbito do Orçamento do Estado para 2010.

“ A proposta legislativa bem como a nota justificativa que a acompanha apon-tam claramente para a necessidade de aplicação da lei no sentido da concessão da referida isenção. No entanto, apesar da referida alteração legislativa e da in-tervenção assumida pela Assembleia da República relativamente a esta questão, os serviços de finanças de Évora insistem na interpretação contra legem e recusam reconhecer a isenção de IMI”, acrescenta.

João Oliveira lembra ainda que a altera-ção legislativa contou com o apoio dos gru-pos parlamentares do PSD e do CDS. “Con-siderando o apoio dado pelos dois partidos que hoje formam maioria na Assembleia da República e suportam o Governo, não

Deputado João oliveira insiste no pedido de explica-ções a vítor gaspar.

Uma petição online a defender a isenção do IMI nos centros históricos classificados como Património da Hu-manidade, em particular no de Évora, já recolheu mais de 450 assinaturas. O texto recorda que o Estado concedeu a partir de 2002 esta isenção “no quadro de uma política de recuperação urbana destes centros antigos”.

“Esta isenção, que tem vindo a ser reconhecida com normalidade no Porto, Guimarães, Óbidos e Sintra tem, no entanto, vindo a ser recusada desde maio de 2009 pelos serviços de Finan-ças de Évora aos cidadãos que requerem o seu reconhecimento”.

A petição recorda a alteração legis-

lativa aprovada a 12 de março de 2010 e que reforçou o “caráter automático da isenção do IMI e a sua universali-dade, isto é a sua aplicação a todos os imóveis situados nos centros históricos classificados” mas lembra que passados poucos meses as Finanças recusaram reconhecer a isenção no caso de Évora, numa “evidente discriminação dos eborenses”.

“Os abaixo-assinados apelam por isso à Assembleia da República e ao Prove-dor de Justiça para que intervenham, no quadro das respetivas competências, para pôr cobro a esta situação e repor a legalidade e a igualdade dos cidadãos perante a Lei”, acrescenta o texto.

Petição na Internet

se duvida da intenção governamental de fazer aplicar a lei tal como foi aprovada na Assembleia da República, restando apenas por esclarecer quais as medidas que o Go-verno irá tomar nesse sentido”.

Por isso, o deputado pergunta ao Minis-tério das Finanças que medidas vai tomar garantir a isenção de IMI aos imóveis lo-calizados no centro histórico de Évora e qual a calendarização dessas medidas.

Évora é o único centro histórico classificado onde as Finanças exigem pagamento de IMI.

Dia 27 de janeiro, a Câmara Municipal de Viana do Alentejo promove um workshop intitulado “Empreende-dorismo: Uma Solução com Futuro! Apoios disponíveis para a criação do próprio emprego”, no Cine-teatro Vianense, a partir das 14h30.

A iniciativa tem como objetivo fomentar o espiríto empreendedor e apresentar/esclarecer sobre as possi-bilidades existentes e soluções para todos aqueles que querem levar a cabo o desenvolvimento do seu próprio negócio.

Serão abordados temas como o que é o empreendedorismo, o programa de apoio ao empreendedorismo e à criação de próprio emprego e li-nhas de microcrédito disponíveis. O workshop tem como oradores Ma-nuela Duarte, Diretora do Centro de Emprego de Évora, um representante da Associação Nacional de Direito ao Crédito e, ainda, Telmo Botelho Pena, do Gabinete de Microcrédito do Banco Espírito Santo.

Workshop empreendorismo

Viana do Alentejo

A Casa Monsaraz, na vila medieval de Monsaraz, apresenta até ao dia 12 de fevereiro a exposição “Pour the Fan”, de Tyler Chickinelli. Esta mostra de pintura, fotografia e desenho organi-zada pelo Município de Reguengos de Monsaraz está integrada no Ciclo de Exposições Monsaraz Museu Aberto e pode ser apreciada diariamente entre as 10h e as 12h30 e das 14h às 17h30.

Tyler Chickinelli é um artista de Omaha (Nebraska – Estados Unidos da América) que expõe pela primeira vez os seus trabalhos na Europa e deseja “explorar novas possibilidades com um sentimento clássico” durante a sua passagem por Portugal. A mos-tra, uma combinação de geometria e realismo que se pretende visualmente estimulante, “envolve a criação de ligações, não necessariamente forçar as ligações como artista, mas dar espaço à ambiguidade, fazendo com que o observador tire as suas próprias conclusões”.

Tyler Chickinelli retira influên-cias de artistas renascentistas como Eugène Delacroix, mas também de artistas modernos, porém, considera, “o Renascimento é demasiado bonito para não ser inspirador”. “Ultimamente tenho realizado trabalhos significati-vos em geometria, geometria que tem um sentido de ser com linhas e uma profundidade além do valor da sua su-perfície”, diz o artista, afirmando ainda que espera “criar algo suficientemente intrigante e numa série de escalas criar um visual destinado à análise”.

Tyler Chickinelli frequentou a Uni-versidade de Nebraska, em Omaha, durante dois anos, no entanto, decidiu seguir as belas artes fora da academia para se afastar das técnicas tradicionais.

Exposição”Pour the Fan“

Reguengos de Monsaraz

O Museu Municipal de Estremoz e as três salas de exposições que lhe estão afetas receberam, em 2011, cerca de 23.400 visi-tantes, um valor muito superior ao verifi-cado em 2010.

O Museu Municipal Prof. Joaquim Ver-melho recebeu mais de 5.200 visitantes, a sala de Exposições do Centro Cultural (Museu Rural) cerca de 1.300 e a Galeria Municipal D. Dinis recebeu quase 16.900 visitantes.

Mais de 65% dos visitantes foi de nacio-nalidade portuguesa, seguindo-se os de nacionalidade inglesa (14%), espanhola

Museus receberam mais de 23.000 visitantesTrata-se de resultado exce-lente, apesar da conjuntura atual de crise económica

(10%) e francesa (7%). Os restantes 4% dis-tribuem-se por visitantes das mais varia-das nacionalidades, abrangendo os cinco continentes.

Trata-se de resultado excelente, tendo em conta que, apesar da conjuntura atu-al de crise económica, se traduziu num acréscimo de mais de 5.000 visitantes. Este acréscimo está naturalmente rela-cionado com a qualidade das exposições permanentes, que beneficiaram de qua-tro incorporações na área das artes plásti-cas (escultura, fotografia e desenho), bem como das vinte exposições temporárias que estiveram patentes ao público duran-te o ano transato.

Durante o ano de 2011 decorreram di-versas atividades educativas, que terão continuidade e serão reforçadas em 2012,

bem como a primeira edição da Mostra de Artes Plásticas de Estremoz, a quarta edição do VirVer Museus e a quinta edi-ção da Mostra de Presépios de Artesãos de Estremoz.

Para além destas atividades, é ainda de destacar a transferência do Núcleo Muse-ológico da Alfaia Agrícola para um novo espaço, onde serão constituídas Reservas Visitáveis e onde serão efetuados traba-lhos de limpeza, desinfestação, curadoria e restauro das peças que constituem este acervo, com o objetivo de preparar a sua mudança para um novo espaço definitivo.

O Município de Estremoz agradece a todos os que contribuíram para estes re-sultados, estando já a desenvolver todos os esforços para que em 2012 os mesmos venham a ser superados.

D.R.

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Atual

centro de estudos de José régio, em portalegre, revive a história e a obra do poeta.

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Eugénio Lisboa homenageado

A Biblioteca Municipal de Portalegre é o local eleito para a apresentação do livro “Eugénio Lisboa: vário, intrépido e fecun-do” pela Professora Doutora Otília Pires Martins, e para a inauguração da Exposi-ção Bibliográfica “José Régio: seus papéis e lugares”, que terá lugar dia 27 de Janeiro pelas 17h00. Estarão presente neste even-to Eugénio Lisboa e o Reitor da Universi-dade de Aveiro Professor Doutor Manuel Assunção.

Eugénio Lisboa é hoje o mais consagra-do estudioso da geração literária presen-cista, nomeadamente de José Régio, que conheceu em Portalegre e de quem foi amigo de longa data e será homenageado com a obra “Eugénio Lisboa: vário intrépi-do e fecundo”, que reúne 70 textos dedica-dos ao próprio, de autores como António Braz Teixeira, Anabela Rita, Eduardo Pit-ta, Fernando J.B. Martinho, Guilherme de Oliveira Martins, Isabel Ponce de Leão, João Francisco Marques, João Bigotte-Chorão, José Augusto França, Luís Amaro, Martim de Gouveia e Sousa, Nuno Judíce, Teresa Silva Lopes, entre outros.

portalegre apresenta livro e inaugura exposição biblio-gráfica sobre José régio.

A par desta homenagem, pode ainda ser visitada a Exposição Bibliográfica “José Régio: seus papéis e lugares”, que pretende mostrar ao público um conjunto

de documentos do Centro de Estudos José Régio, em Portalegre, relativos ao tempo do escritor. Os “papéis” que, testemunham o seu tempo de escola, de ensino, as suas

preferências literárias, os seus gastos, as amizades, os admiradores, entre muitos outros.

A Exposição estará patente até 29 de Fe-vereiro das 10h30 às 12h30 e das 14h00 às 19h00 de Terça-Feira a Domingo.

Acerca do Centro de Estudos José Régio:O Centro de Estudos José Régio, sediado

na Biblioteca Municipal, procura ser um pólo de atracção, para estudiosos das mo-dernas correntes da literatura e da cultu-ra portuguesas em geral, e da vida e obra de José Régio em particular.

Constitui-se como centro bibliográfi-co com secções de manuscritos, livros, revistas e jornais onde se pretende reu-nir a vasta bibliografia regiana, activa e passiva, diferentes edições das suas obras, revistas literárias onde colaborou, assim como outras obras sobre a cultura portu-guesa contemporânea. Procura-se reunir toda a bibliografia do Poeta e colocá-la à disposição de estudiosos, sejam eles alu-nos ou professores dos diferentes estabe-lecimentos de ensino da cidade e da re-gião ou outros interessados.

O Centro de Estudos José Régio assu-miu-se como um centro bibliográfico, em contraste com o Centro de Estudos Regia-nos, de Vila do Conde, que é essencial-mente documental.

D.R.

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ExclusivoDepois de meses de polémica, dúvidas e incertezas, o Mai prepara solução para a pSp de Évora.

PSP deve ocupar edifício do Governo Civil

Pedro Galego | Texto

A PSP de Évora deverá alargar o espaço onde está actualmente instalada para a parte do edifício que pertenceu ao Gover-no Civil, organismo extinto desde o iní-cio da actual Legislatura. Resta saber se a intenção de mudar o comando distrital para o edifício junto à Cerca de Santa Mó-nica, perto da ladeira do Seminário vai avante ou se fica suspensa.

As primeira indicações de que a trans-ferência para um espaço totalmente novo estarão goradas devido à conjuntura eco-nómica (o arrendamento mensal ronda-ria os 25 mil euros), foram dadas pelo mi-nistro da Administração Interna, Miguel Macedo, quando visitou a PSP de Évora em Setembro último.

“[A transferência do Comando da PSP de Évora] é uma situação que está a ser avaliada, justamente, para saber qual o destino final das instalações do Governo Civil de Évora, que ainda não se sabe, por-que também depende da situação jurídica criada em relação instalações que eram para a PSP”, adiantou na altura o titular da pasta, que, todavia, garantiu ainda não haver uma decisão definitiva..

Recorde-se que a mudança deveria ter acontecido logo no início de 2011, mas tal nunca veio a acontecer. Alias, durante os seis anos do governo de José Sócrates foram avançadas várias hipóteses para uma nova localização, entre as quais o antigo Centro Comercial Eborim, proprie-dade do grupo Caixa Geral de Depósitos, situação que nunca veio a acontecer, pre-cisamente pelos valores em que o espaço está avaliado, que carregariam o orça-mento destinado às esquadras eborenses.

Só depois de ser deixada de parte esta hipótese, a que mais agradaria aos res-ponsáveis políticos e operacionais, se co-locou a mudança para junto da Cerca de Santa Mónica, mas ainda não estará to-talmente confirmada essa hipótese.

Quando este cenário parecia uma cer-teza, em 2010, durante uma vista do ex-se-cretário de Estado da Administração In-terna, Conde Rodrigues foi revelado que fora desse local ficaria apenas a esquadra de trânsito [na Tapada do Ramalho], “por-que tem instalações próprias e boas, não havendo necessidade de a deslocalizar”, frisou na altura.

processo que se arrasta há vários anos pode vir a ter solução para breve.

A propósito do espaço disse ainda que se tratavam de “2500 metros quadrados que têm capacidade para albergar todas estas valências da PSP”. Uma ideia tam-bém reiterada pelo comandante da PSP

de Évora, intendente Glória Dias, que reafirmou “ir ao encontro daquilo que é necessário”.

No entender do comandante, era muito importante que a PSP tivesse uma nova

Além da desocupação de vários edifí-cios nas várias sedes de distrito do País, a extinção dos 18 Governos Civis contri-bui para que os serviços do Ministério da Administração Interna (MAI) sejam reforçados com 263 novos funcionários efectivos, que transitam dos organis-mos extintos.

A PSP e a GNR serão as principais beneficiadas desta medida, tendo sido reforçadas, respectivamente, com 122 e 93 novos funcionários a partir do dia 1 de Janeiro. Estes ex-trabalhadores

dos Governos Civis vão desempenhar funções de secretaria nas forças de se-gurança, o que libertará efectivos para o terreno.

O SEF, a Autoridade Nacional de Protecção Civil e outros serviços do MAI também contarão com reforço. Ao abrigo desta medida, também está pre-vista a transferência dos edifícios para as forças de segurança, uma cláusula que pode potenciar a eventual desis-tência da saída do Comando de Polícia de Évora para novas instalações.

Governos civis deixam edifícios e funcionários

casa “devido ao estado degradado do edi-fício do Governo Civil onde está, actual-mente, instalado o comando”. Na mesma altura o responsável vincou que para a realização de um bom trabalho é determi-na cite ter boas instalações, acrescentando que o novo edifício “vai certamente moti-var e melhorar o nosso desempenho”, fri-sou, citado pelo jornal Público.

Sabe-se agora que os motivos financei-ros podem pesar mais.

Ao que o Registo apurou junto de fon-te da PSP, a mesma situação, a ocupação total do edifício do antigo Governo Civil, que à semelhança de Évora também divi-de com a PSP, está a ser ponderada para o comando de Polícia em Portalegre. Já em Beja, o Comando de Polícia local está à es-pera da instalação da rede de comunica-ções para mudar para mudar para o novo edifício, a antiga Escola do Salvador.

O espaço custa mensalmente 3000 eu-ros, pagos à Câmara de Beja. A Direcção Nacional da PSP já referiu que a solução estará para breve.

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D.R.

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8 19 Janeiro ‘12

Exclusivo

Departamento de Biologia da universidade de Évora estuda morte dos animais selvagens nas estradas.

Quando os animais morrem na estrada

Sofia Ascenso | Texto

Nas viagens na estrada, animais mortos ou acidentados nas bermas são imagens que podem ferir algumas suscetibilida-des. A morte por atropelamento de ani-mais selvagens cresceu a uma velocida-de tão estonteante nos últimos 70 anos quanto o número e extensão de estradas construídas que levaram à fragmentação dos habitats e das populações selvagens, contribuído para o declínio da biodiversi-dade provocando alterações à escala glo-bal.

António Mira é docente do departa-mento de Biologia da Universidade de Évora e investigador do Centro de Estudos em Biodiversidade e Recursos Genéticos – Pólo de Évora (CIBIO-UE) e, há 20 anos, nas suas viagens semanais entre Porta-legre e Montemor-o-Novo, apercebeu-se do elevado número de animais de mortos na estrada, vítimas de atropelamento. De-pois de um estudo piloto perto do Parque Natural da Serra de S. Mamede, em De-zembro de 2004, iniciou o projeto MOVE.

O MOVE (acrónimo de Montemor-Va-leira-Évora, principais localidades entre as quais decorre a amostragem) tem como objetivo avaliar o efeito das estradas na fauna selvagem, incluindo estimar o nú-mero de animais mortos por colisão com os veículos e o impacto desta mortalidade na viabilidade futura de populações de espécies mais raras que ocorrem na peri-feria da estrada.

O projeto pretende ainda determinar locais de concentração de mortalidade (pontos negros), os fatores ambientais e da estrada que os promovem e avaliar os constrangimentos decorrentes da exis-tência da estrada no movimento e uso do espaço de algumas espécies.

Às 7h30 de uma segunda-feira em inícios de janeiro na N114 entre Évora e Montemor-o-Novo, um dos troços rodovi-ários com mais tráfego no Alentejo, uma raposa está morta na berma da estrada.

O investigador veste o colete refletor, o animal é recolhido, o GPS assinala as co-ordenadas e preenche-se a ficha de cam-po. Apesar da geada e do frio, o trabalho de campo do MOVE é diário e contempla fins de semana e feriados como o Natal ou dia de Ano Novo. As condições mete-orológicas, a estrutura da vegetação das

bermas ou a presença de predadores e animais necrófagos são algumas das va-riáveis que influenciam as estimativas do número de atropelamentos das dife-rentes espécies.

“A relação da mortalidade com o tráfe-go pode não ser linear para espécies de maior porte. Quando o tráfego é muito intenso, a perturbação dos carros é tão grande que os animais não atravessam e correm menos risco, logo, não são, ne-cessariamente, estradas com mais tráfego aquelas onde há mais mortalidade” refere o coordenador do projeto.

A observação atenta é condição fun-damental para este trabalho. Pedaços de borracha, maços de tabaco ou cascas de banana confundem-se num primei-ro vislumbre com animais atropelados, quando a velocidade do carro oscila entre os 30 e os 40 km/hora, na berma da estra-da.

Os animais, particularmente os de me-nores dimensões, raramente são encon-trados inteiros e nas melhores condições para identificação a olho nu. O pelo, as penas ou restos das vísceras e dos múscu-los são por vezes o único sinal que resta de que no local houve um atropelamento e servem de amostra para, no laboratório, ser feita a identificação do animal, reali-zada por especialistas dos vários grupos ou, por vezes, recorrendo a análises gené-ticas.

Uma das linhas de investigação do projeto, cuja equipa é constituída essen-cialmente por voluntários e estudantes de mestrado, doutoramento e pós-douto-ramento, uma vez que não tem financia-mento próprio desde a sua génese, há sete anos, é tentar perceber se a remoção dos animais atropelados na estrada se deve à degradação decorrente da passagem dos carros ou à atividade de predadores que aproveitam aquele “recurso”.

“Dados preliminares sugerem que no troço estudado são detetados em média 120 animais mortos por km/ano. Contu-do, este número é variável sendo superior em anos húmidos, devido a um incre-mento significativo da mortalidade de várias espécies de anfíbios”.

“Saliente-se ainda que o elevado núme-ro de atropelamentos registado deverá ser bastante inferior ao real. Este poderá ser mais do dobro do detetado, estando neste

estudo iniciado na Serra de São Mamede, estende-se a estradas do distrito de Évora e procura preservar a fauna selvagem.

momento em curso ensaios com vista a avaliar a magnitude das várias fontes de erro associadas à monitorização do núme-ro de atropelamentos” refere o investiga-dor.

A grande disponibilidade de animais mortos na rodovia, muitos dos quais como coelhos ou ratos e ratazanas, presas preferenciais de muitos predadores, leva a que a estrada esteja a funcionar como um “supermercado” de alimento para estas espécies, atraindo-os para o asfalto, onde correm, eles próprios, o risco de ser atropelados.

Por outro lado, quando as estradas atra-vessam zonas muito pastoreadas, como é o caso de alguns locais no projeto MOVE, as bermas funcionam como refúgio para roedores e coelhos, o que também con-tribui para atrair os seus predadores para perto da rodovia.

“Dados preliminares obtidos no âmbito de uma tese de Mestrado em Biologia da Conservação da UE sugerem que existe uma associação positiva significativa en-tre locais onde há abundancia de presas nas bermas e locais de mortalidade de vários predadores”, refere o professor An-tónio Mira.

A presença e tipo de vegetação nas bermas é uma questão importante em ecologia de estradas e na conservação da biodiversidade. “A presença de arbustos ao longo das estradas, quando estas es-tão inseridas numa matriz agrícola, pode

funcionar como refúgio de biodiversida-de para borboletas, roedores ou várias es-pécies de plantas, o que é positivo.

Mas dada a extensão da rede de estra-das em todo o mundo, a importância deste refúgio não pode ser negligenciada e alguns países da Europa já têm progra-mas específicos que visam potenciar o pa-pel das bermas como último reduto para ocorrência de algumas espécies amea-çadas, em áreas de grande intensificação agrícola” afirma o investigador.

Em Portugal, desde há pouco anos que é obrigatório proceder à limpeza da vege-tação das bermas para reduzir o risco de incêndio, e ainda não é considerado o seu valor potencial para a conservação de al-gumas espécies, como o rato de Cabrera, uma espécie endémica da Península Ibé-rica que nalgumas regiões ocorre sobre-tudo nestes locais.

No entanto, os arbustos nas bermas podem ser uma armadilha para muitas espécies de fauna que usam os matos, atraindo-as para zonas com elevado ris-co de mortalidade. Além disso, para as espécies de maior porte, a presença de vegetação arbustiva retira visibilidade ao condutor e aos animais, dificultando a perceção a ambos de uma possível coli-são, o que pode originar problemas graves no âmbito da segurança rodoviária.

Estas questões precisam, segundo o in-vestigador de ser melhor estudadas para que em cada caso se possam definir as

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Exclusivo

Muitas vezes os locais das mortes estão relacionadas com abundância de presas na vegetação das bermas.

ações de gestão para as bermas, que per-mitam contabilizar o seu papel de refú-gio, com um menor risco de atropelamen-to de espécies, tendo também em conta a segurança rodoviária.

Os pontos negros de mortalidade ocor-

rem frequentemente quando as estradas atravessam habitats de qualidade, como zonas de montado denso ou linhas de água com galerias de vegetação arbórea e/ou arbustiva quando a estrada está nas proximidades de massas de água naturais

Em termos médios, cerca de 25% do território português, incluindo todos os ecossiste-mas terrestres, está sob influ-ência direta ou indireta de uma estrada?Atualmente Portugal é um dos países da Europa com maior número de quilómetros de auto-estrada por habitante e que em 2008 a previsão de crescimento da rede nacional de autoestra-das até 2012 era de 50%?Por ano, morrem atropelados cerca de 500 chapins-azuis (Pa-rus caeruleus) por 100 quilóme-tros de estrada, contudo a mor-talidade por esta causa deverá ser inferior a 1% da população reprodutora?Em média, morrem atropelados 11 bufos-pequenos (Asio otus) por 100 quilómetros de estrada no sul de Portugal e a mortali-dade por esta causa poderá ser superior a 30% da população reprodutora?Mais de 50% das colónias de rato de Cabrera conhecidas na Serra de Monfurado (Sitio Natura 2000) localizavam-se em bermas de estradas? O número de colisões de animais de grande porte, particularmente javalis, com au-tomóveis tem aumentado signi-ficativamente em muitos países da Europa, incluindo Portugal e por essa razão há um interesse crescente das companhias de seguros e operadores rodoviá-rios no desenvolvimento de mo-delos que permitam prever os pontos negros destas colisões?

Sabia que...

que ocorrem em áreas com extensas redes rodoviárias”.

Dados genéticos finos, para espécies se-lecionadas, que permitam a caracteriza-ção do grau de parentesco dos indivíduos de um lado e de outro da rodovia e a ava-liação da proporção do número de repro-dutores, que morrem por atropelamento, parecem ser a chave para a resolução des-ta dúvida.

“A UE e o CIBIO esperam, através de uma extensão do projeto MOVE, que in-tegrará, caso haja financiamento, uma nova componente de genética da paisa-gem e monitorização dos movimentos individuais por radio-seguimento con-vencional e por satélite, poder contribuir para a sua clarificação” refere.

A análise da sobrevivência dos cadáve-res da estrada foi tema do artigo científico “How long do death survive on the road? Carcass Persistence Probability and Im-plications for Road-Kill Monitoring Sur-veys” publicado recentemente em open access na revista “PLoS ONE”.

“Foi o primeiro artigo com dados ex-clusivos do MOVE. É muito importante ter sido publicado em open access porque a filosofia do projeto também é essa, ser livre dos constrangimentos por vezes as-sociados aos financiamentos” bem como disponibilizar a informação de uma for-ma fácil para que possa ser usada na im-plementação de redes rodoviárias mais sustentáveis.

ou artificiais. Os dados do MOVE permitiram identi-

ficar pontos negros de mortalidade para várias espécies ou grupos. “O próximo passo será a sugestão de medidas miti-gadoras deste impacto como a instalação de passagens para anfíbios, adaptação de passagens hidráulicas, reparação e adap-tação de vedações, que minimizem este problema” refere o professor. Esta prática está em consonância com a investigação realizada nos projetos do Prof. António Mira onde se pretende que os resultados contribuam para encontrar soluções para os problemas de conservação e gestão da biodiversidade.

De acordo com o professor, muitas das soluções possíveis para minimizar os ris-cos de atropelamento de fauna não são consensuais entre a comunidade científi-ca na área da ecologia de estradas.

“Por exemplo, a instalação de vedações para impedir os animais (pelo menos os de grande porte) de aceder ao asfalto pode reduzir esse risco, mas incrementa o efeito barreira da estrada ao movimen-to dos animais, o que também pode pôr em causa a viabilidade das populações a longo prazo. Dados recentes de investi-gadores canadianos, baseados em simu-lações, sugerem que a mortalidade por atropelamento, comparativamente ao efeito barreira, deverá ser, em mais de 80 % dos casos, o principal problema para a viabilidade a longo prazo de populações

Susana Rodrigues | Fotos

Susana Rodrigues | Fotos

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Exclusivo

Documento verde, apesar das polémicas levantadas, pode ainda sofrer propostas de melhorias.

A palavra austeridade entrou definitivamen-te no vocabulário dos portugueses em 2011. A acompanhá-la um novo vocábulo, troika, passou também a fazer parte do léxico utili-zado nas mais diversas ocasiões e a expressão temos que cumprir o memorando de entendi-mento com a troika passou a ser o 11º manda-mento. Parece-me, então, que podemos falar de um país antes da troika e de outro depois da troika, uma espécie de novo marco para datar a nossa história, mais laico do que o an-terior a.C. e d.C.

Em conjunto, austeridade e troika passa-ram a determinar o que era necessário fazer. Atacando um setor da atividade económica, cultural, social ou política, o defensor da sua extinção congrega a anuência de todos os que não integram diretamente esse setor. Por ou-tro lado, aumenta a movimentação em sua de-fesa por todos os outros que dele dependem, aí trabalhavam ou participam de alguma forma. Assim, alguns dos nossos concidadãos tende-ram, ao longo dos últimos meses, a defender os sacrifícios, terceira palavra da trilogia da segunda metade de 2011, que têm que ser fei-tos, desde que não lhes compita realizá-los.

Esta espécie de introdução tem a ver com a discussão em torno do Documento Verde da Reforma da Administração Local, adiante apenas designado por DV, no qual se desfe-re um ataque sem precedentes ao poder local eleito diretamente pelas populações que resi-dem num determinado território.

Contudo, verdade seja dita, a reforma da administração local não nasceu de parto troi-kiano. António Costa, que em 2005 detinha a pasta do Ministério da Administração In-terna, viu adiada a ideia de reforma até 2011, altura em que conseguiu um acordo para a extinção de freguesias em Lisboa.

Em fevereiro de 2011, o então secretário de Estado da Administração Local reforçava a ideia da necessidade de se reorganizar o país, através da extinção de freguesias e assegura-va que “não será um processo matemático”. Estávamos na era antes da troika.

Cedo se percebeu que o modelo saído do memorando de entendimento ditou uma pro-posta de reforma em que o critério quanti-tativo, numérico e desajustado da realidade, presidiu à sentença de quais as freguesias que seriam extintas, quais as sedes de concelho que poderiam manter mais do que uma fre-guesia, ou quantos diretores de serviço pode-rá uma câmara municipal ter.

É difícil descortinar um critério nesta pro-posta que não aquele que foi ditado, como facilmente se depreende, a régua, esquadro e calculadora. Os critérios, por mais leituras que se façam, esbarram no número, na escala, como se de um projeto urbanístico se tratasse e não de uma reforma administrativa.

De repente, no ponto de mira da reforma da administração local, ficaram as freguesias. Deixámos de ouvir falar da agregação de mu-nicípios. Era tempo de os autarcas de fregue-sia começarem a fazer contas: a nossa fecha, a freguesia vizinha mantém-se. Os argumentos contra a extinção das freguesias começaram a surgir.

Os encontros de Norte a Sul povoaram o retângulo português de moções onde se tem procurado provar a importância do papel que as freguesias têm desempenhado ao longo dos últimos trinta anos: foi nas freguesias que se aprofundou o regime democrático e se fo-

A Reforma da Administração Local e a extinção das Freguesias

Élia aNDraDe Mirapresidente da Junta de Freguesia do Bacelo

mentou a proximidade entre eleitores e elei-tos, entre a população e o poder de decidir. Tudo isto se conseguiu de forma quase gra-ciosa na medida em que apenas 10% das fre-guesias mais populosas têm um administra-dor político que aufere vencimento mensal.

Na análise que fizemos do DV, nomeada-mente no que ao eixo dois diz respeito, en-contramos algumas passagens que nos fazem desconfiar da bondade do modelo agora pro-posto porque nele não encontramos qualquer paradigma de governação autárquica que suporte esta reforma: “com a redução do nú-mero de freguesias visa-se melhorar o funcio-namento da administração local, com criação de escala e valor adicional às novas fregue-sias, como resultado de aglomeração de ou-tras, e reforço da sua atuação e competência” ou ainda «Promover maior proximidade entre os níveis de decisão e os cidadãos». Lemos e relemos as propostas do DV e não encontra-mos correlação entre o que é afirmado e as medidas em concreto.

À partida todos concordamos que as au-tarquias devem prosseguir um esforço contí-nuo de melhorar o serviço público mas neste modelo não existe uma proposta em concreto que vise alcançar este desígnio. Pelo contrá-rio, ousamos afirmar, a proposta de extinção de quase duas mil freguesias implicará para as populações uma redução no acesso aos serviços públicos, à capacidade de decisão e à participação política.

Como é que se melhora a administração lo-cal retirando o centro de decisão, afastando-o para outra freguesia e contrariando o Conse-lho da Europa que, através do seu Congres-so dos Poderes Locais e Regionais da Euro-pa recomendou, por unanimidade dos seus membros, que as competências devem ser exercidas pelo nível da administração pública mais próximo das populações? E que novas freguesias são estas?

Para perceber esta última questão temos que procurar no DV. Na página 10 surge uma refe-

nicípios? Não deveriam também ser alvo de reflexão? Não deveriam ser redimensionadas, como aconteceu em Évora, em 1997 quando a Freguesia da Sé deu origem a novas fregue-sias, aproximando desta forma o poder de decisão aos eleitores e criando mecanismos de resposta mais eficazes às solicitações que hoje lhes são dirigidas?

Uma outra questão plasmada neste docu-mento versa sobre as finanças locais. De há uns tempos a esta parte que as Freguesias vêm reclamando mais competências e a trans-ferência direta das verbas.

O DV apresenta uma proposta que constitui, em nosso entender, um retrocesso face à situa-ção atual na medida em que prevê que as ver-bas para as Freguesias sejam canalizadas para as Câmaras e destas para as Freguesias. Não se compreende a inserção desta medida na refor-ma da administração dado que as Freguesias já demonstraram à saciedade que sabem gerir os seus orçamentos, definindo prioridades em função do território e da comunidade sem que para tal se possam endividar.

Por último, uma reforma da administração local não pode ser feita ao sabor de um crono-grama que não confere tempo para amadure-cer ideias, de critérios que não têm em conta as assimetrias entre litoral e o interior e que dificilmente consegue estabelecer a diferença entre urbano e rural.

As Freguesias, através dos seus órgãos e da sua Associação Nacional, têm-se desdobrado em contributos para esta discussão, de que são exemplo as conclusões aprovadas no úl-timo congresso por onde perpassa a rejeição de uma reorganização que tenha por base a extinção das Freguesias.

O Documento Verde, na sua proposta de organização do território, centrou-se no elo mais fraco da orgânica do Estado Português, naquele que menos peso tem nas finanças pú-blicas e que provou ao longo da história da nossa democracia que soube estar ao serviço das populações, as Freguesias.

“A palavra austeridade entrou definitivamente no vocabulário dos portugueses em 2011”.

rência à aglomeração de freguesias, processo que não está contemplado na Constituição da Republica Portuguesa. A nossa lei fundamen-tal prevê mecanismos de criação e de extinção de freguesias mas não contempla, em nossos entender, a agregação. Este mecanismo apenas revela a dificuldade que o governo tem em as-sumir, perante as populações, que as fregue-sias referenciadas vão ser extintas.

É de extinção de freguesias que se trata. Do ponto de vista de uma autarquia local, como o são as freguesias, não é suficiente a garan-tia de que os símbolos heráldicos e o selo permanecerão após a agregação se não lhes corresponder a capacidade para os cidadãos continuarem a escolher os eleitos, de entre a sua comunidade, e de decidir sobre as ques-tões do seu território. Mas isto tem um preço, dirão alguns. Pois tem.

Mas ainda não foi demonstrado como é que o modelo, defendido no DV, aumenta a efici-ência e a melhoria da prestação do serviço pú-blico e muito menos conseguiu demonstrar a redução dos custos a que se alude na página 27.

O que sabemos é que o peso das 4259 fre-guesias no orçamento de estado não chega a 0,1% e, de acordo com um estudo promovi-do pela Universidade Lusíada, as Freguesias capitalizam ganhos de eficiência e eficácia, com uma relação custo/benefício de 1 para 4. Isto é certo.

A proposta de extinção de Freguesias care-ce de fundamentação capaz de refutar estes argumentos. E que dizer das Freguesias que possuem dimensão idêntica à de muitos mu-

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RadarQuando a qualidade de vida e a saúde humana têm um denominador comum: o que comemos.

”O universo nada é sem vida e tudo o que vive se alimenta“o Mundo maravilhoso das moléculas orgânicas e inor-gânicas.Cristina Galacho e Ana Carrilho da Graça | Texto

Os átomos são as unidades básicas da ma-téria e da vida. Apresentam caracterís-ticas diferentes e podem ser ligados por forças, designadas por ligações químicas, originando moléculas.

As moléculas orgânicas são a base da vida formando as proteínas, os hidra-tos de carbono, os lípidos ou gorduras, as vitaminas, enquanto as moléculas inorgânicas são, por sua vez, a base dos minerais. Este conjunto designa-se por nutrientes.

A função destes nutrientes é diversa. As proteínas (carne, peixe e ovos) e alguns minerais (vegetais, fruta, peixe, lacticí-nios) têm, sobretudo, uma função plástica ou estrutural pois o organismo utiliza-os, essencialmente, para fabricar e regenerar os seus tecidos. Os hidratos de carbono (arroz, massa, pão, batatas, grãos) e os lí-pidos (óleos, frutos secos, manteiga) têm uma função energética uma vez que são utilizados para obter a energia necessá-ria para o metabolismo, ou seja, para as múltiplas reacções químicas que susten-tam a vida, para manter o calor corporal, para os movimentos dos músculos nas actividades quotidianas... Os minerais e as vitaminas (fruta e vegetais) têm uma função reguladora pois modulam as di-tas reacções químicas e a actividade dos diferentes tecidos orgânicos. A água tam-bém é considerada um nutriente porque faz parte de todos os tecidos e constitui o meio através do qual são efectuados todos os processos metabólicos.

Por sua vez cada alimento é formado por vários nutrientes em quantidades va-riáveis. Assim, facilmente se percebe que é necessário ingerir diversos alimentos de modo a recebermos os nutrientes ne-cessários para uma alimentação equili-brada e saudável, tal como é ilustrado na roda dos alimentos.

Mas ainda há mais Química nos ali-mentos….

Por exemplo, os aditivos alimentares, substâncias adicionadas intencional-mente durante o fabrico, transformação, preparação, tratamento, acondiciona-mento, transporte ou armazenamento de um produto alimentar, permitem a ma-nutenção da qualidade e das característi-cas originais dos alimentos, contribuindo para garantir a segurança e o aumento da disponibilidade dos mesmos, a pre-ços acessíveis. Servem para evitar que os alimentos se estraguem por acção de bac-térias, fungos, bolores, aumentar o seu valor nutritivo, preservar as suas proprie-dades físicas e tornar os alimentos mais atractivos (cor e sabor).

A classificação dos aditivos alimenta-res baseia-se na função que estes desem-penham no alimento destacando-se os corantes, conservantes, antioxidantes, emulsionantes, espessantes, gelificantes, estabilizantes, intensificadores de sabor, acidificantes, entre outros.

Certas pessoas têm o hábito de verificar se os produtos comerciais têm muitos ou poucos EEE, encarando estes EEE como

sinais de perigosidade. A letra E refere-se a Europa e associada

a um número de 3 ou 4 algarismos permi-te referenciar o aditivo alimentar em cau-sa. Por exemplo, os corantes são fáceis de identificar, pois os seus números E estão todos dentro da primeira centena.

Os aditivos utilizados legalmente são se-guros, estão inventariados e são objecto de controlo a nível da UE. Quando usados cor-rectamente não colocam em risco a saúde dos consumidores, considerando o conhe-cimento científico actualmente disponível.

Todos nós respiramos uma mistura de uma parte de E948 (oxigénio) e cinco par-tes de E941 (azoto) e expiramos E290 (di-óxido de carbono). O E270 (ácido láctico) existe no iogurte, o E300 (ácido cítrico) nos citrinos, o E307 (vitamina E) no azeite, o E300 (vitamina C) em muitos frutos e o E260 (ácido acético) no vinagre. São estes os exemplos mais vulgares desses “terrí-veis” EEE…

No entanto uma má utilização destas substâncias, seja por aplicação de teores excessivos ou por inclusão de um aditivo não declarado, poderá envolver alguns perigos!

É já no sábado, dia 21 de janeiro, que o Lago do Parque da Cidade acolhe esta prova organizada pelos velejadores da zona Sul. A organização admite ins-crições até ao dia 15 de janeiro, até um máximo de 40 participantes, e revela que “apesar de ser a primeira vez que a prova se realiza em Beja, o Lago do Parque da Cidade oferece as condições ideais para a prática da modalidade, pelo que Beja passará certamente a ser ponto de paragem obrigatório”. Nuno Bon de Sousa, afirma mesmo que Beja tem “o melhor espelho de água, para a realização deste tipo de iniciativas, a Sul do país.”

Prova europeia de modelismo náutico

Beja

O ERA UMA VEZ, Teatro de Marione-tas dá início à Temporada 2012 com o seu espectáculo “A FORMIGA E O COELHINHO” na Casa dos Bonecos, Largo de Machede Velho (beco), que assim reabre as suas portas.

Este espectáculo, que conta duas das mais belas histórias do imaginário popular português, estará em cena durante o mês de Janeiro, aos sábados e domingos às 16 horas e de terça a sexta-feira para escolas e jardins de infância mediante marcação prévia.

No Carnaval é tempo de se diverti-rem com as perípécias do “GRANDE CIRCO DE TÍTERES ALEGRIA” que estará em cena durante todo o mês de Fevereiro aos sábados, domingos e feriados às 16 horas e de terça a sexta-feira para escolas e jardins de infância mediante marcação prévia.

Em Março convidamos os mais no-vos a aprenderem matemática de uma maneira divertida com “O RAIO DA MATEMÁTICA”, este espectáculo será apresentado apenas de terça a sexta-feira para escolas e jardins de infância mediante marcação prévia, mas aos sábados, domingos e feriados às 16h todos poderão ver teatro de bonecos de Cachiporra com “O RETÁBULO DE DOM CRISTÓBAL” de Federico Garcia Lorca um dos maiores poetas do século XX.

Teatro de Marionetas

Évora

No próximo sábado, 21 de Janeiro, o Teatro das Beiras da Covilhã, apresenta na Sala Principal do Teatro Garcia de Resende, o espectáculo “D. Pura e os Camaradas de Abril”, pelas 21h30.

Texto de Germano de Almeida, “D. Pura e os Camaradas de Abril” trata-se de uma narrativa bem-humorada, iniciada pelo discurso directo do jovem estudan-te, são revividos em cena, através da visão particular destes seus espectadores, alguns dos acontecimentos da Revolução dos Cravos.

”D. Pura e os Camaradas de Abril“Um jovem cabo-verdiano, aluno

universitário, vem estudar para Lisboa e com a ajuda de seu primo Natal (que actualmente festeja o 25 de Abril a 25 de Setembro) consegue alugar um quarto, em Campo d’Ourique, na casa de D. Purifica-ção, também ela natural de Cabo Verde. D. Pura, como lhe chamam, vivia com uma das filhas e também com o último marido, o Sr. Firmino, de quem no entanto informa estar separada dentro de casa.

Um dia D. Pura bate à porta do quarto do jovem estudante a perguntar se tinha

o rádio ligado, estava a passar-se qual-quer coisa, porque apenas uma emissora estava no ar e a tocar só música da tropa, marchas militares, e havia um bocado ti-nham pedido para as pessoas não saírem à rua…”

Dramaturgia e encenação de Pom-peu José e na interpretação, os actores Fernando Landeira, Pedro da Silva, Rui Raposo Costa e Sónia Botelho

O espectáculo é organizado pelo Cendrev – Centro Dramático de Évora, através do Programa Culturbe.

D.R. D.R.

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12 19 Janeiro ‘12

a informação livre e plural leva á formação da vontade e á escolha da democracia.

Radar

O requisito mais simples para que um processo de decisão possa ser qualificado de democrático” é que obedeça à “regra maioritária”: exprimindo-se todas as von-tades, se houver várias respostas possí-veis à questão colocada, impõe-se aquela que tiver o maior número de defensores.

A simplicidade do princípio maioritário acaba aqui, porque a montante da expres-são da vontade (ou “opinião”) se inter-põem dois outros requisitos: o primeiro é que a expressão seja livre (sem constran-gimentos e com … escolhas alternativas).

O segundo diz respeito à formação da vontade (ou opinião). Para que a escolha seja plenamente democrática, as vonta-des têm que ser “esclarecidas”, ou seja, que os indivíduos detenham toda a informa-ção necessária quanto ao significado de cada alternativa e suas consequências; e assim encontramos de novo o “modelo” da concorrência perfeita que os econo-mistas tanto estimam.

Ora, a História demonstrou que em situação de intimidação sistemática, os cidadãos podem votar a favor de opções que destroem a democracia (ex.: Alema-nha de 1933-34, mais de 80 dos votos a favor do Hitler). Quanto ao segundo ele-mento, os eleitores num sistema político democrático raramente possuem uma in-formação completa.

A formação da opinião é um processo complexo e frágil, porque intervêm as possibilidades de manipulação, de ocul-tação de informação, etc. A “democracia perfeita” pressuporia (para além da liber-dade de pensamento e de expressão) uma informação completa dos eleitores, que nunca foi atingida e, podemos receá-lo, o será cada vez mais dificilmente, por causa da complexidade crescente das questões e da proliferação da informação que obscu-rece a compreensão das situações.

Para que serve, nestas condições o mo-delo da “democracia perfeita”? Não será completamente inútil, por nunca se rea-lizar? A minha resposta é simples: o “con-trato democrático” tem por base esse mo-delo como ideal comum (sublinho); todo e qualquer passo intencional que dele nos aproxima é por conseguinte correcto, tudo o que dele nos afasta, incorrecto.

Ora, ao contrário das utopias, que põem entre parêntesis os meios que utilizam para atingir os fins, a luta incessante das sociedades civis para impor o respeito dos princípios e avançar para o modelo da democracia perfeita, tem ela própria que respeitar os princípios democráticos. E não há outra via para o aperfeiçoamento senão essa.

José Rodrigues dos SantosAntropólogo, Academia Militar e CIDEHUS,

Universidade de Évora12 de Janeiro de 2011.

[email protected]

Um olhar antropológico

A Democracia perfeita e a formação das vontades

58

JoSÉ roDrigueS DoS SaNToS*antropólogo

Factor Medo: O meu Museu Imaginário

“The office” um pouco por todo o ladoMiguel de Matos Valério | Texto *

A cara de parvo do Mackenzie Crook as-sentava que nem uma luva naquela figu-ra de empregado esbranquiçado, tipo ar condicionado, do The Office (a que mais tarde seria acrescentado o “UK”). Aquele aspecto escanzelado devia-se mais a um tiro na mouche do realizador ou seriam ainda sinais perdidos da terapia hormo-nal, quando novo? De qualquer forma, aquele personagem seduzia-me e eu fi-cava ansioso pela sua aparição. Óbvia-mente que a de Ricky Gervais (também o co-autor da série) era, do mesmo modo, bastante deliciosa, o que permitia aque-le deleite esmagador de “porra, não falta mais nada”.

Talvez devido a essa sensação, a esse momento de emoção – em cada um da-queles vinte minutos -, eu ficara expec-tante aquando do anúncio da versão norte-americana. E lá estive, à espera que a NBC colocasse aquilo no ar. A escolha perfeita de Steve Carrell – um dos Frat Pack - para substituir o gerente de papel da versão britânica (e pensar que Paul Giamatti declinara o convite do produ-tor, ah?) deixava antever boas escolhas de casting. E foram, estando Rainn Wilson, com aquele egocêntrico “Dwight Schru-te”, como a cereja em cima do bolo.

A ideia de retirar a plateia das grava-ções ou de não colocar inserts de risos gra-vados, usando uma única câmara (bem como a de enviar o cenário para uma ci-dade pouco maior que Évora, onde se si-tuava a sucursal de uma empresa de dis-tribuição de papel), serviria para dar força ao mockumentário.

Esta série, que tem saltado criativa-mente tipo coelho de país para país, de versão para versão (Reino Unido, França, Estados Unidos, Brasil, Suécia, Chile, Is-rael, Canadá ou Alemanha – esta última menos oficial) ganhou um lugar de des-taque na minha estante com caixas de dvd´s, naquele cantinho do meu museu imaginário.

Um destes dias, o Zé Rui veio à minha casa – estava eu a jogar “Portal 2” (com a voz de Stephen Merchant – o outro co-autor da série) - e perguntou-me, enquan-to repetia um hábido costumeiro (o de passar o dedo pelos dvd´s como se fosse escolher o seu favorito): “olha lá, tu tens espreitado as notícias sobre esta cena da crise, né?”. O meu silêncio era um misto de concentração no jogo e de um óbvio “claro que sim, quem é que se consegue abster dessa inundação informativa?”.

O Zé Rui, agora fingindo que tomava atenção às capas dos filmes, dizia: “Esta cena da crise é uma treta. Cá para mim, nunca existiu crise. É uma invenção de alguém. Há os sobe e desce do poder capi-talista, não é? Dás muito, tipo guloseima, e depois retiras a cenoura, senão era sem-pre a crescer desmesuradamente. E isso não dá. Entretanto estás com dívidas até ao tecto (pediste empréstimos para a casa, o carro, os sete ou oito créditos pessoais – para a nova impressora, para as férias de verão e também a de natal, para o novo iphone, o ipad e o i-que-já-tou-lixado) e não te podes mexer! Estás nas mãos deles.

Mas eu acho que essa história da crise nunca existiu. A ideia é retirar coisas que tínhamos como garantidas (como na saú-de, na educação, na segurança social… nas reformas... reduzir custos...) usando a desculpa da crise e do temporário. Dar um rebuçado, manter o interesse, mas sempre com controle.

Sem esticar demais, nem retirar tudo. Quanto a essas garantias que se tinha, a intenção é manter isto assim mais tarde, mesmo depois de tudo isto (desta coisa inventada) passar. Aliás, esses tipos esti-veram sempre à espera... deixa-os pousar. E paciência têm eles.

Quer dizer, muitas destas coisas até íam tentando que fossem alteradas mas nunca conseguiam, mas agora com a desculpa da crise lá conseguem. E não é que vão lixar isto tudo? E fazem à descarada, sem arti-manhas. Dizem uma coisa, fazem outra, voltam a prometer o que não cumprem e afirmam que sempre disseram o contrário. Com um descaramento sem limites.”

Eu pensava no Steve Carrell e naquele toque genial de ridicularizar tudo em que toca. Achava que o Zé Rui tinha razão, contudo aquela realidade que ele des-crevia era mórbida demais para pensar nela a sério. Toda aquela gigante equipa ministerial (com os outros amiguinhos, e ainda os outros das empresas, mais os das irmandades e os das nomeações) dava um resultado risível e indefinido que fi-cava a meio caminho entre os Rat Pack (com cenas de um filme antigo, fechados numa caixa pretensiosamente jazzy mas com cheiro a mofo) e os Frat Pack (com um suposto relaxamento rock que soa a falso e mentiroso por todos os lados).

O Zé Rui ficou a olhar para mim, mas como não lhe respondia, decidiu baixar-se e pegar no outro comando para jogar comigo: “Olha lá, não preferes jogar Grand Theft Auto IV? Também tem a voz do Ri-cky Gervais”.

Post-scriptum: sei, de fonte segura, que eles vêm aí. É certo que vêm e é em mea-dos de Fevereiro.

• inscrito no projecto “Guerras/Crises” (guerrascrises.blogspot.com)

D.R.

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Quando a Física, a Matemática e outras áreas do saber se juntam para criar valor e pensamento.

Radar

Na primeira pessoa: Carlos RamosFilho de físicos descobriu nas estrelas do alentejo os caminhos da ciência.Sofia Ascenso | Texto

Cresceu com gosto e interesse por áreas tão diferentes como a química, a eletro-tecnia, a biologia, astronomia ou a histó-ria, sempre presentes nas brincadeiras in-fantis, e aos 10 anos monta o seu primeiro laboratório de física em casa. Físico de formação base, não se considera o mate-mático típico com habilidade para contas.

As ciências da complexidade são a sua área de estudo e trabalha em projetos que ligam a matemática às artes e às outras ci-ências. Carlos Ramos defende que a cria-tividade é essencial na matemática, e que o rigor e o raciocínio lógico não são fun-damento para a sua prática.

Filho de pais físicos, as pequenas cons-truções e as experiências com os reagen-tes químicos, os microscópios e os ferros de soldar ocupavam grande parte da infância e nas férias, na casa da avó no Alentejo, dedicava-se a ajudá-la a tratar das plantas e a semear na terra e a obser-var as estrelas do céu alentejano.

Chegou a pensar ser historiador, pela paixão que nutria pelos factos e vivências de impérios passados, que conhecia dos livros que devorava e que transpunha para as brincadeiras com os primos.

Sempre foi um bom aluno, com interes-ses variados, e considera o facto de ter tido bons professores determinante, apesar de ter tido um mau professor de matemática que não o fez deixar de gostar dessa ciência.

Opta por eletrotecnia ainda antes do se-cundário, uma área com uma formação, quer teórica quer prática, muito forte e, enquanto a história perde importância, o gosto pela matemática continua até à universidade, mas sempre subalterniza-da pelas ciências naturais.

A física nunca foi uma dúvida. Entra em Engenharia Física e Tecnológica no Instituto Superior Técnico, uma área que lhe permitia estar no “centro de tudo”, com facilidade para se dedicar à biologia, à química e até mesmo outras áreas como a sociologia ou a economia, e onde havia uma forte componente de matemática, que fez sempre parte das suas opções.

E é o interesse por matérias tão dife-rentes como a música, a literatura, a fi-losofia ou a agronomia e o facto de saber que queria vir viver para o Alentejo que levam Carlos Ramos a concorrer para a Universidade de Évora para dar aulas, onde a proximidade entre as diferentes áreas é, a seu ver, uma mais-valia.

Acaba por optar pelo estudo dos siste-mas dinâmicos, a área do pai, e faz o seu doutoramento em Matemática, em álge-bra de operadores e sistemas dinâmicos. Hoje dedica-se ao estudo dos fenómenos complexos, uma área “híbrida” dentro da matemática e que é transversal às enge-nharias, à biologia e à física e que podem ser desde uma sociedade humana, siste-mas económicos ou o próprio cérebro.

Tudo pode ser considerado um fenó-meno complexo, que evolui no tempo, e como tal é necessário perceber a sua forma de atuação, e que necessita da abs-tração, uma ferramenta matemática que permite ver o que há em comum entre

coisas díspares. “Se não houvesse abstração, como se

poderia ver o que há em comum entre uma sociedade humana, um fenómeno de instabilidade em nuvens, o sistema imunitário, ou a economia. São coisas tão diversas entre si, que ninguém consegue ver a relação entre elas se não for possível abstrair conceitos” afirma o professor.

Sendo um matemático, Carlos Ramos confessa não ter habilidade com con-tas. “Há muito mais na matemática para além dos números. Há padrões, impressão geométrica, intuição espacial, intuição para coisas abstratas, que podem não ser identificados como apetência para a ma-temática, mas antes para a filosofia, para as letras ou para a geometria descritiva, mas está tudo interligado”.

A criatividade é uma característica que o professor considera essencial na mate-mática bem como o raciocínio lógico e o gosto pelo rigor. No entanto, o rigor tam-bém se encontra presente na música, na arquitetura, na engenharia, na literatura ou na gramática.

“Existem estruturas matematizadas. Um músico, maestro, arquiteto ou lin-guista pode detestar 1matemática mas há algo subjacente que tem em comum a matemática”. No entanto, a matemática não se esgota nesse rigor. O rigor e a lógi-ca não são, na sua opinião, fundamento para a prática matemática. ”Como não é o fundamento para a música ou para as letras. É um aspeto que pode ser mais ou menos cultivado na matemática. Ou seja, um matemático tem uma prática que é

mais intuitiva e mais criativa do que a parte formal e a parte lógica. Numa pri-meira abordagem à matemática não tra-balho tanto com o rigor, deixo as coisas fluírem, o rigor vem depois. É como a fi-nalização da obra.”

A matemática parte sem um objeto direto. “Há uma pulsão criativa”. Hardy, matemático inglês nascido em 1877, tra-balhava em teoria de números e “gabava-se de dizer que a matemática que fazia não servia para nada nem nunca iria servir”. No entanto, a teoria dos números veio a ter uma repercussão muito grande na criptografia e está na base de todos os sistemas d encriptação de comunicações.

“Com a necessidade de ter comunica-ções seguras, revelou-se que essa área tinha impacto enorme na maneira de codificar as mensagens. Uma área perfei-tamente pura e abstrata passou a ser mui-to importante para algo muito concreto passados muitos anos e depois do criador assumir que não tinha objeto e estava o mais distante das aplicações possível” conta o professor.

O pêndulo duplo é um dos sistemas mais simples, clássico e estudado da his-tória da matemática e da física mas que pode apresentar comportamentos com-plexos e não previsíveis. Carlos Ramos dedica-se ao estudo desta questão, que não é bem compreendida. “Se tentarmos reproduzir um movimento do pêndulo, colocando-o numa posição tão fisicamen-te possível e com a mesma velocidade, no início ele pode repetir-se, mas depois di-verge e nada tem a ver com o movimento

anterior. Há divergência e isso é o fenó-meno do caos” explica. “Um sistema tão simples não é compreendido porque não se consegue prever. Se estamos a colocar as condições iniciais, como é que depois tem comportamentos tão diferentes?”

O facto de não ser possível repetir movi-mentos no caso do pêndulo permite pro-cessar informação com um objeto pura-mente mecânico. “Podemos em princípio codificar os poemas do Pessoa. Há uma posição deste pêndulo que codifica os poemas do Pessoa ou os Lusíadas do Ca-mões. O sistema tem potencial para poder codificar na condição inicial, na escolha em que resolvemos colocar o pêndulo, e na escolha das massas, podemos em te-oria mostrar que há alternativas para o armazenamento de informação.

Carlos Ramos desde sempre manteve atividades muito diferentes em colabora-ções com diversas áreas, não só dentro da matemática, mas com as artes e outras ci-ências. Para além de ser docente do depar-tamento de matemática, é investigador do Centro de Investigação em Matemá-tica e Aplicações, onde montou recente o LACO – laboratório da complexidade que tem como objetivo principal a mate-rialização e execução dos aspetos experi-mentais de um programa de investigação sobre a complexidade nas suas múltiplas vertentes fenomenológicas e em parti-cular o desenvolvimento de uma teoria matemática dos sistemas complexos, ins-pirada na teoria dos sistemas dinâmicos não lineares e no contexto daquilo que se pode referir como física – matemática.

D.R.

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14 19 Janeiro ‘12 Anuncie no seu jornal REGISTOTodos os anuncios classificados de venda, compra, trespasse, arrendamento ou emprego, serão publicados gratuitamente nesta página

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15

Carta Dominante: a Estrela, que signifi-ca Protecção, Luz.amor: Cuidado com os amores que só cau-sam sofrimento e dor. Pense mais em si.saúde: Tenderá a ter dores de cabeça. Vi-gie a tensão arterial. Dinheiro: Período favorável no que con-cerne a situação laboral. Poderá vir a rece-ber benefícios.

Carta Dominante: Rainha de Espadas, que significa Melancolia, Separação.amor: Surgirão óptimas oportunidades para o compromisso afectivo. Poderá encontrar um novo amor ou solidificar o actual.saúde: Possíveis problemas no sistema nervoso poderão deixá-lo inquieto, seja mais optimista!Dinheiro: Não confie demasiado nos ou-tros ou poderá sofrer alguns enganos.

Carta Dominante: Rainha de Copas, que significa Amiga Sinceraamor: Dedique mais tempo à sua família e à pessoa amada pois eles sentem a sua falta.saúde: Poderá ser afectado por dores musculares.Dinheiro: este período será caracteriza-do por dúvidas profissionais que poderão fazê-lo tentar ser mais contido relativa-mente aos seus gastos.

Carta Dominante: 8 de Ouros, que signi-fica Esforço Pessoal.amor: Serão vividos nesta fase muitos momentos de harmonia familiar e senti-mental.saúde. Não apresenta quaisquer motivos de preocupação neste plano.Dinheiro: Dê um passo de cada vez e al-cançará os seus objectivos.

Carta Dominante: O Dependurado, que significa Sacrifícioamor: Afaste-se da rotina com a pessoa amada. Opte por fazer aquela viagem há muito planeada.saúde: Atravessa um período regular a este nível, sem sobressaltos nem surpre-sas.Dinheiro: Poderá, em breve, ver os seus objectivos alcançados.

Carta Dominante: O Eremita, que signi-fica Procura, Solidão.amor: Uma paixão actual poderá acabar com o passar do tempo, mas não se pre-ocupe pois haverá óptimas novidades a nível afectivo no futuro.saúde: Gozará de grande vitalidade neste período.Dinheiro: Siga os conselhos de peritos an-tes de iniciar algum negócio, não se atire de cabeça sem avaliar as consequências.

Carta Dominante: Valete de Paus, que significa Amigo, Notícias Inesperadas.amor: Não se deixe levar por pensamen-tos negativos, melhores tempos virão.saúde: Fase de fadiga excessiva. Descanse mais.Dinheiro: Não seja demasiado auto-con-fiante neste domínio, pois as coisas podem não correr como o previsto.

Carta Dominante: 3 de Paus, que signi-fica Iniciativa.amor: Não confunda os seus sentimentos e pense muito bem antes de assumir uma relação.saúde: A sua alimentação deverá ser um pouco mais equilibrada.Dinheiro: Não se exceda nas suas com-pras, pois não está no momento indicado para o fazer.

Carta Dominante: o Papa, que significa Sabedoria.amor: neste momento estará mais con-fiante e, por isso, encontrará facilmente um clima de equilíbrio nas suas relações.saúde: Cuidado com a alimentação que faz, opte por alimentos mais saudáveis e menos calóricos.Dinheiro: Boas perspectivas avizinham-se a este nível, por isso defina cuidadosa-mente os seus objectivos e empenhe-se.

Carta Dominante: A Força, que significa Força, Domínio.amor: Não deixe que a criatividade e a imaginação desapareçam da sua relação afectiva, cultive-as constantemente.saúde: Poderá sofrer de algumas dores de rins. Dinheiro: É provável que tenha de en-frentar alguns problemas financeiros, mas tudo se resolverá.

Carta Dominante: 10 de Copas, que sig-nifica Felicidade.amor: A sua facilidade de comunicação e o à-vontade com que aborda as pessoas e as situações traduzem-se num clima tranqui-lo na vida sentimental.saúde: Encontra-se num momento favorá-vel, mas em que cometerá alguns excessos. Dinheiro: Aposte na projecção profissio-nal e poderá alcançar os seus objectivos, mas não gaste demasiado.

Carta Dominante: o Imperador, que sig-nifica Concretização.amor: Visite com maior regularidade os seus familiares mais próximos.saúde: Poderá sofrer de algumas dores de pernas e musculares.Dinheiro: Cuidado com os gastos ines-perados, planifique muito bem as suas despesas.

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pIntura De maurIzIo lanzIlotta – “lanDsCape BY heart”Exposição Temporária, intitulada Mamíferos de Àgua Doce, e a nova Sala de Experimentação Animal, estão abertos ao público no Flu-viário de Mora. A par destas duas inaugurações, foi também lançado o Catálogo do Fluviário de Mora.Patente na exposição ficará um grande terrário que acolherá um casal de Musaranhos-de-água, um pequeno e interessante mamífero que ocorre no Norte e Centro do país e que depende dos cursos de água doce para sobreviver.Foi feita em colaboração com o De-partamento de Biologia Animal da Faculdade de Ciências da Universi-dade de Lisboa, com produção de conteúdos pelo Doutor Francisco Petrucci-Fonseca.

évora

Chartres en lumIÈresAté 31 de Março de 2012 | Átrio dos Paços do ConcelhoMostra fotográfica do evento “Chartres en Lumières”, realizado na cidade francesa de Chartres, geminada com Évora, e que reúne todos os anos, desde 2003, quase um milhão de pessoas para assistir à iluminação cénica multicolor dos principais monumentos da cidade, durante mais de 100 noites.No dia da inauguração terá lugar uma conferência sobre o Patrimó-nio em Chartres. Info: 266 777 000Email: [email protected] | Site: www.cm-evora.ptOrg.: Câmara Municipal de Évora | Câmara Municipal de ChartresNota: Evento integrado nas Come-morações dos 25 Anos de Évora Património Mundial

exposIçãoévora

oFICIna moVImento – FormaçãoSEGUNDAS E QUARTAS | Antigos Celeiros da EPACSessões de dança contemporânea orientadas por Márcio Pereira.Horário: Segundas e Quartas | 19:00-20:30Info: 968 084 562Email: [email protected] | Site: www.escritanapaisa-gem.netOrg.: Colecção B – Associação Cul-tural (estrutura financiada pela Presidência do Conselho de Minis-tros – Secretaria de Estado da Cul-tura – Direcção-Geral das Artes)Nota: Inscrições através dos con-tactos disponibilizados.

évora

Danças Do munDo para CrIançasSEGUNDAS-FEIRAS | Espaço CeleirosAulas regulares de danças do mun-do para crianças.

redondo

joel xaVIer28 de Janeiro de 2012 | 21h30 | AuditórioConsiderado um dos mais presti-giados guitarristas mundiais, Joel Xavier, tocou e gravou com Ron Carter, Tooots Thielemans, Paquito D’Rivera, Arturo Sandoval, Michel Camilo, Richard Galliano, Larry Coryell, Birele Lagrene, Tomatito, Luis Salinas, Rene Toledo, Joey de Francesco, Didier Lockwood, Ran-dy Brecker e Stanley Jordan.

músICamonsaraz

“o FeIjoeIro” InClusão, eDuCação amBIental, Cultura traDICIonalAté 21 de Junho de 2012 | Escolas EB1 | Cidade e Freguesias Rurais“Dança na Escola” é um projeto ar-tístico-pedagógico que vem sendo realizado pela CDCE com base num trabalho artístico de intervenção comunitária. O projeto tem como objetivo a criação de um espaço dedicado ao exercício da dança, como elemento contributivo para a dinamização e desenvolvimento da criança.Info: 266 743 492Email: [email protected] | Site: www.cdce.ptOrg.: CDCEApoio: Câmara Municipal de ÉvoraNota: consultar programa e horá-rios junto da entidade organiza-dora.

redondo

manu – ao saBor Do Vento / manuel amarelo21 de Janeiro de 2012 | 16h00 | AuditórioUm espectáculo de um palhaço contemporâneo onde a música e o gesto substituem a palavra, numa viagem que explora o universo có-mico e poético. De dentro de um tronco de uma oliveira milenar, ouvem-se os ruídos de um ama-nhecer diferente, de mais um dia alegre, puro, inocente e atabalho-ado, cheio de peripécias e surpre-sas onde reina boa disposição. Público – alvo: Publico em geralEntrada gratuitaLinha de programação de itinerân-cias – Teias

outros

Radar

Decisões Extremas

Sugestão de filme

Direcção: Tom VaughanSinópse:

em Decisões extremas o destino e a determina-ção pessoal levam um pai socialista (Brendan Fraser, a múmia) a unir forças com um recluso pesquisador médico (Harrison Ford, indicado ao oscar de melhor ator, a tes-temunha, 1985). Juntos essa dupla improvável enfrenta

impossível. inspi-rado no livro “The cure”, escrito pela escritora geeta anand, ganhadora do prêmio pulitzer. com uma história de superação de ad-versidades, Decisões extremas ganha

pontos por apresentar ao espectador uma trama que consegue, ao mesmo tempo, apresentar uma doença ter-rível e seus problema.

dificuldades extremas em sua batalha contra toda a classe médica e contra o próprio tempo na tentativa de encontrar uma cura antes que seja tarde demais. estrelado também por Keri russel (vencedora do globo de ouro), decisões extremas é uma história sobre o poder do amor e da fé contra o

Os Homens Que Odeiam as Mulheres

Sugestão de livro

Autora: Stieg LarssonSinópse:

o jornalista de economia Mi-kael Blomkvist precisa de uma pausa. acabou de ser julgado por difamação ao financeiro Hans-erik Wennerstom e con-denado a três meses de prisão. Decide afastar-se temporari-amente das suas funções na revista Millennium. Na mesma altura, é encarregado de

esquecer. Blomkvist aceita a missão com relutância e recorre à ajuda de lisbeth Sa-lander. uma rapariga complicada, com tatuagens e piercings, mas também uma hacker de excepção. Juntos mergulham

no passado profundo da família vanger e encontram uma história mais sombria e sangrenta do que jamais poderiam imaginar.

uma missão invulgar. Henrik Wagner, em tempos um dos mais importantes indus-triais da Suécia, quer que Mikael Blomkvist escreva a história da família vanger. a ver-dadeira missão de Blomkvist: descobrir o que aconteceu à sobrinha-neta de vanger, que desapareceu há quase quaren-ta anos. algo que nunca pôde

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SEMANÁRIO

Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 ÉvoraTel. 266 751 179 Fax 266 751 179Email [email protected]

Teve início no passado fim-de-semana a 54ª edição do Cam-peonato Nacional de Equipas de Xadrez, onde o clube dispu-ta a 1ª Divisão – Fase de Apu-ramento.

Devido à criação desta mes-ma série, que dividiu o escalão máximo do Xadrez nacional em dois grupos, o GD Diana este ano não poderá lutar pelo título mas sim batalhar para garantir os lugares que dão acesso à disputa do título e consequentemente a oportunidade de ser campeão nacional.

Disputaram-se duas jornadas que se avizinhavam equilibra-das na capital do nosso país.

O clube eborense nos dois en-contros alinhou com o GM (Gran-de Mestre) espanhol e ex-cam-peão mundial juniores Ibragim Khamrakulov, o IM (Mestre In-ternacional) Luís Santos, o actu-

al seleccionador feminino e FM (Mestre Fide) António Pereira dos Santos e o jovem Miguel Silva.

O sorteio ditou na primeira ronda um confronto com o GX Alekhine. Khamrakulov jogan-do de brancas superiorizou-se ao IM Fernando Silva (Ex-GDDia-na) na primeira mesa e num final considerado por muitos como “impossível” saiu vence-dor realçando toda a sua experi-ência neste tipo de posições.

Por outro lado, Luís Santos de negras desde cedo obteve van-tagem posicional e acabou mes-mo por ser o primeiro a ganhar garantindo mais um ponto de tabuleiro para o GD Diana. Des-de cedo um erro custou a Miguel Silva uma desconfortável posi-ção que acabou por lhe custar a derrota, decidindo-se tudo na 3ª mesa.

António Pereira dos Santos

precisando de empatar para ga-rantir a vítoria do seu clube, com uma posição confusa no tabulei-ro acaba por empatar frente a Rui Marques terminando o jogo 2,5 – 1,5 favorável ao GD Diana.

No Domingo o adversário foi o AC Luís Camões, sendo o resulta-do final 4-0 o que não demonstra tudo o que se passou nos 64 qua-drados. Khamrakulov e Miguel Silva ganharam facilmente as suas partidas, deixando os seus companheiros só com a neces-sidade de obter meio ponto. Luís Santos, numa posição compli-cada mas que o distingue dos outros jogadores acaba por arre-cadar a vitória garantindo os 3 pontos, enquanto que António P. Santos ganha um final difícil a Emanuel Pires, aproveitando-se do seu conhecimento e do pouco tempo que ambos os jogadores dispunham.

Exposição

Bonecos de Estremoz em AlvitoEntre 21 de Janeiro e 31 de Março poderá visitar a Exposição de ´Bonecos´ no Posto de Turismo de Alvito.Figuras coloridas de cerâmica, modeladas segundo tipologias de trabalho secularmente repetidas e iniciadas em Estremoz desde, pelo menos, o século XVII.Quem geralmente executava estes bo-necos eram mulheres, conhecidas por «boni-queiras». São delas as peças dos séculos XVIII e XIX, expostas no Museu Municipal da ci-dade, onde se incluem figuras como o Santo António e São João.Maria Luisa da Con-ceição é uma barrista ainda em atividade, que aprendeu com os seus pais e que diz dos azuis e dos amarelos: “o colorido atrai mais as pessoas».

GD Diana/Telerações entra com o pé direito!!

Évora

D.R.

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As próximas rondas realizar-se-ão dia 25 e 26 de Feveiro

Todas as cidades são desejo, todo o espaço se narra e nos narra. Na longa duração da História, que tantas cidades viu nascer e tantas outras viu perecer, as cidades são modos de ocupação e organização do espaço, tantas vezes míticas, estruturadas em narrativas (como dizia de Certeau), ou marcadas pela ideologia (como em Lefèvre), ou atravessadas por mediações e redes (como em Castells), vividas na busca do meridiano equilíbrio entre o público e o privado, entre o exterior e o interior, ou ainda en-tre o urbano e o rural.

Entre identidades e diferenças, disposições normativas e soli-citações complexas, as cidades inquietam-nos e são hoje, mais do que nunca, matéria de bus-cas e interrogações. Que dimen-sões se convocam, que planos se cruzam nesse território, que realidades nela se negoceiam, se performam, se estimulam e desafiam? Do urbanismo ao ar-quitectónico, do patrimonial à presença viva dos habitantes, dos centros às margens e limites, que poderes se jogam, que espa-ços se manifestam, que vozes se ouvem, que poéticas se afirmam, que desejos se revelam?

Ciclos de São Vicente

Colecção B


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