Reflexões do
Despertar
DespertarReflexões do
3
Sumário
Agradecimento ...................................................................................................................................................5
Dedicatória ............................................................................................................................................................ 6
O processo do (des)envolvimento .......................................................................................................7
A vida pode ser mais do que isso .........................................................................................................8
Eu me permito ser borboleta! ..............................................................................................................10
E viajar faz sentido? .......................................................................................................................................12
A Vida é feita de cores ...............................................................................................................................16
Florecer ................................................................................................................................................................. 18
Intuitivamente Desperta ........................................................................................................................... 19
Quem é Deus afinal? ....................................................................................................................................21
“Continue com fome, continue bobo...” .......................................................................................23
E no meio do caminho tinha Eu mesma ......................................................................................26
Prefixo Re .............................................................................................................................................................28
Um relato sobre relaxar no desconforto .....................................................................................30
Conto de carnaval - há amor nas ruas de SP ...........................................................................32
A Lição do Autoamor ..................................................................................................................................34
O que é certo ou errado? .........................................................................................................................37
Dá o passo. O chão aparece. ................................................................................................................40
DespertarReflexões do
4
Sumário
Entender a criança que fomos. ...........................................................................................................40
Ter coragem de pedir ajuda. ..................................................................................................................41
Ame-se. Liberte-se. Você é mais importante............................................................................41
Reflexões de despertar para o novo ano ....................................................................................42
Decifrando a sua alma ...............................................................................................................................44
Sobre ser luz ......................................................................................................................................................47
Eu entre os despertos ................................................................................................................................49
A natureza nunca se repete .................................................................................................................52
Gente que mora dentro de mim ........................................................................................................53
Região X Espiritualidade ..........................................................................................................................56
Amo empreender, mesmo que algumas vezes isso tenha doído ..........................58
Um mais um é sempre mais que dois. Casais que trabalham juntos. .............61
Sementes Cotidianas .................................................................................................................................64
O espaço entre “ainda não” e “enfim” ............................................................................................. 71
A nossa VERDADE .........................................................................................................................................73
Uma versão sobre mãe e mulher desse conto ......................................................................76
Oração da presença ....................................................................................................................................78
DespertarReflexões do
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Agradecimento
Como não poderia deixar de ser, agradeço total e profundamente
a cada um dos assinantes do Portal Despertar que acreditaram neste
projeto e que contribuíram ativamente para que ele se tornasse real.
Vocês são incríveis e não sabem da importância que têm em minha
vida!
DespertarReflexões do
6
Dedico este livro à equipe do Portal Despertar: Luli Solano, Rubia
Ribeiro, Camilo Bracarense e Ricardo Girardi, que transformam minhas
ideias em realidade. Vocês são os grandes responsáveis por este livro
existir. Amo vocês, vocês são os melhores!
Dedicatória
DespertarReflexões do
7 O processo do (des)envolvimento
O processo do (des)envolvimento
O processo de autopercepção é longo, e observar cada detalhe,
é trabalhoso. A partir do momento em que me predispus a caminhar na
direção de meu autoconhecimento e despertar, passei a ser “vista” como
um enigma, pelos mais próximos. Um passarinho que caiu do ninho e não
encontrava as suas asas. Totalmente perdida sem saber para onde ir ou
por onde começar. Trilhar o caminho que é somente meu. Foi difícil não
dar bola para a torcida. Escolher o momento presente, conduz a reflexão
de comportamentos, da percepção de mim mesmo e de centramento.
Aos sete anos de idade, reclamava para minha avó materna sobre
porque meus pais não gostavam de conversar comigo. Sentia falta de um
diálogo deles que me orientasse para a vida. Várias vezes pedi a minha
avó que trocasse de idade comigo ( na época com 70 anos e eu com
7 anos), pois queria morrer em breve já que meus pais consideravam-
me um “peso” na vida deles. Por eu ter interpretado não ser uma filha
desejada e querida, dizia para as outras pessoas que eu havia sido
adotada.
Hoje compreendo que meus pais fizeram o melhor que eles
poderiam e principalmente, são seres humanos. Aceitar quem sou foi
difícil e é complexo conformar-me com a realidade que existe dentro de
mim de acordo com as crenças que “escolhi”. Orar e vigiar cada momento
de nossa caminhada é de grande relevância.
VANESSA MARIA PINHEIRO DOS SANTOS RIBEIRO
Mãe, fonoaudióloga, apaixonada pelo desenvolvimento pessoal e a espiritualidade.
7
DespertarReflexões do
8
A vida pode ser mais do que isso
“A maior insanidade que alguém pode cometer é fazer sempre
as mesmas coisas, esperando resultados diferentes.”. Einstein foi
definitivamente brilhante nessa afirmação. Tenho pensando na rapidez
com que a vida anda passando. Para mim, para você, para todos nós.
Tenho pensando no quanto a rotina diária é maçante e no quanto eu
quero escapar disso – enquanto há tempo. Porque nós passamos a
semana esperando o fim de semana, o mês esperando o feriado, o ano
esperando as férias, a vida esperando a aposentadoria, para, então, viver
e aproveitar todo o dinheiro que passamos décadas e mais décadas
acumulando, infelizes e frustrados, sem nos dar conta do quanto essa
vida é miserável. Às vezes, olho para a minha própria jornada e vejo que
estou nesse caminho. Vejo que passo a semana inteira esperando o
sábado e o domingo e para quê? Para ficar de pijama o dia inteiro, dormir
até meio dia e passar a tarde e a noite vendo filmes e séries. Muitas
vezes fazemos coisas e passamos por experiências só para nos sentirmos
menos vazios e desesperados. Imploramos o amor alheio. Passamos a
nossa vida em função das expectativas dos outros. Comprando coisas
caras, vestindo roupas de grife, para agradar pessoas sequer nos
conhecem. Nos submetemos a relacionamentos frustrantes e destrutivos
por não achar que somos merecedores de mais amor. Optamos pela
segurança e pelo conforto. E, algumas décadas depois, no auge da
velhice, aguardamos a morte como uma velha amiga e a abraçamos na
DespertarReflexões do
9 A vida pode ser mais do que isso
busca de ter algo do outro lado que faça a nossa mediocridade valer
a pena. Não. Definitivamente, não. Eu realmente não quero passar a
minha vida, aguardando e esperando uma felicidade que vai vir “depois”.
Porque simplesmente o depois não existe. O final de semana ainda não
existe, o feriado não existe, as férias não existem, a aposentadoria não
existe. O que existe é aqui e agora. E eu decido, aqui e agora, ser feliz. E
acredite em mim: ser feliz não é uma decisão fácil. É muito mais cômodo
permanecer numa vida medíocre e simplória achando que as coisas vão
mudar quando “aquilo” acontecer. E não nos damos conta de que a vida
está escorrendo pelas nossas mãos. É difícil ser feliz. Mas nós adoramos
desafios.
DIEGO MEIRA
Entusiasta espiritual, sonhador e buscador de si mesmo.
DespertarReflexões do
10
Eu me permito ser borboleta!
Comecei a ler o livro de Flavia só uma semana depois que ele tinha
chegado. Confesso que eu estava me preparando para começar a ler,
porque tinha certeza que mexeria com minhas estruturas de areia e todo
aquele castelo frágil que eu teimo em afirmar que é de concreto. Há
poucos dias eu havia dado uma queda drástica na energia, na confiança...
me sentindo pequena, amarrada, distante de mim mesma. Quando eu era
pequena, sempre saía com meu pai para comprar gibi e ia para rua com
ele; achava aquilo suuuuuper! Fui crescendo e percebendo que ele não
estava comigo quando a gente saía. Ele não saía comigo para aproveitar
minha companhia. Ele tinha que comprar o jornal, que botar o papo em
dia com os amigos e me levava junto - e me tapeava para eu não querer
ir embora logo com um monte de gibis. Fui percebendo que minha
presença não era importante, que eu estar ali era secundário. Cresci com
essa lacuna, com essa ferida. Se eu sinto que não estou sendo importante
na vida de alguém ou que minha presença não faz diferença, eu volto a
ser aquela menina de 7 anos que estava ali querendo tomar sorvete e
contar as histórias do gibi para o pai, mas ele estava conversando sobre
política com os amigos e não dava bola. Na semana anterior ao início
da leitura do livro, a ferida abriu! Dois episódios rasgaram minha pele e
deixaram doendo e latejando essa ferida. Ambos por eu não me sentir
importante, não achar que minha presença fizesse diferença, por achar
que eu jamais teria o amor de ser ouvida, por achar que eu não merecia
DespertarReflexões do
11 Eu me permito ser borboleta!
ser amada, por achar que teria uma concorrência desumana com todos
os assuntos mais interessantes do mundo, por achar que deveria ser o
suprassumo para ter atenção. Tudo se resume a isso: precisar ser amada.
Já chorei, e estou chorando escrevendo isso, já olhei para mim e vi o
quanto que querer ser amada e sentir que não sou ainda mexe comigo.
Um dia – após todas essas reflexões - acordei totalmente desalinhada,
desconectada e não me concentrava para meditar; a única coisa que
me vinha à cabeça era: ‘comece o livro”;. Comecei e de cara leio que
ninguém me disse que eu seria capaz de suportar minhas próprias dores
e que precisaria passar pelo aprisionamento do casulo para depois
colorir jardins. Me sinto assim, num casulo! Sentindo a dor de minhas
asas rasgando a pele, o incômodo do espaço pequeno. Mas hei de virar
borboleta e colorir muitos jardins! Gratidão a todos por estarem aqui para
mim e por serem quem são! Gratidão a Flavia por nem fazer ideia do colo
que estava sendo para mim naquele momento, especialmente. Muita
gratidão!
MARIANA BENEDITO
Psicanalista em formação e apaixonada pelo desenvolvimento humano e espiritualidade.
DespertarReflexões do
12
E viajar faz sentido?
Vocês já sentiram a sensação de que nada faz sentido? Porque
deveria fazer se está tudo bem do jeito que está? A vida passa
velozmente, tudo acontece em uma velocidade incontrolável. Um dia,
depois de muitos anos de vida neste corpo físico, você acorda e percebe
que não compreende o sentido da existência, mas compreende também
que não é preciso saber. Viver é a única resposta.
Entender que a realidade seria uma ilusão e que tudo a sua volta
não é o que parece ser, soa absurdo. Quando entramos neste profundo
momento de reflexões, entendemos que definições são meras exigências
do convívio social, mas que nada representam no âmbito espiritual.
Viemos todos da luz, somos todos seres perfeitos, neste contexto,
mas porque somos tão imperfeitos? Se a força maior nos criou para
sermos sua imagem e semelhança e para amarmos os outros como a nós
mesmos como podemos estar tão distantes de nosso caminho?
Lendo diversos textos e autores sobre este assunto o mais
importante até hoje que aprendi é que a vida acontece no aqui e agora.
Assim, não existe ontem e nem amanhã, existe apenas este momento
e que em poucos minutos passará, ficará eternizado na memória ou
simplesmente será apagado para darmos lugar a outras informações.
Esta sensação de estar no tempo presente e aproveitar o instante, trazer
a mente para o aqui e agora é verdadeiramente o maior alívio que se
pode ter. Enquanto nossos circuitos neurais tentam trazer os medos, as
DespertarReflexões do
13 E viajar faz sentido?
inquietações, as ansiedades, o presente te traz a lembrança de que nada
está acontecendo de verdade, o único momento que existe é onde você
está agora.
E o que seria a sincronicidade? Muito se ensina de viver em sintonia
com o universo e seus diversos sinais. Na minha opinião os sinais são
apenas interpretações de nossa mente. Se eu espero que tudo corra bem
e me conecto com este sentimento, minha atenção será voltada para
aquilo que quero ver e afirmar. Desta forma, até mesmo um “Eu amo
tudo isso”, marca registrada de uma conhecida empresa de alimentação,
será considerada um sinal. A verdade é que não há respostas prontas e
que o controle da sua vida é relativo e depende de dezenas de fatores.
E, por isso, sintonizar-se a cada momento com a sua vida é o que nos
alivia do fardo de não sabermos para onde ir. A sintonia está em tudo, nas
pequenas vivências cotidianas, no acordar, no tomar um café, no banho e
principalmente no momento em que entendemos que a nossa vida está
apenas acontecendo e que está tudo ótimo, apesar de ser só isto.
No meu modo de viver viajar representa exatamente um bonus da
existência e um perfeito momento de sincronizar-se com o agora. Não é
uma fuga da realidade ilusória do quotidiano, mas um estado de presença
num mundo distante, mas que ocorre paralelamente ao seu. E o fato de
vermos nos outros partes de nós, representa simplesmente que somos
um, não importa em qual mundo exótico adentremos, a preciosidade da
vida está na adversidade/similaridades que possuímos.
Na realidade ninguém nos observa diretamente, nós é que
DespertarReflexões do
14 E viajar faz sentido?
identificamos partes de nós mesmos refletidas no outro, sejam boas ou
ruins. Eu apenas posso identificar aquilo que já conheço e experimentei.
Viajar não tem limite de idade, nem restrições. E porque teria? Assim
você conhece lugares e pessoas e esquece a procura, ou entende que
ela é a razão maior de toda esta existência, não o encontro. Em minha
vida, já viajei muito. São dezenas de países, centenas de cidades, diversas
línguas, culturas e muitas risadas. Claro, muitos percalços também, ou não
seria um aprendizado. Criei em mim a possibilidade de aproveitar tudo,
até mesmo os momentos mais difíceis, apenas compreendendo que não
é necessário reagir contra ao que está acontecendo, apenas aceitar e
experimentar.
Queria ter compreendido antes o poder do agora como menciona
tão brilhantemente Eckhart Tolle. Demorei várias viagens da minha vida
para entender a importância disso.
As viagens tornaram-se muito mais frequentes, profundas e cheias
de significados quando coloquei em prática o agradecimento da dádiva
do tempo presente.
Este amar e aceitar, me permitiu vivenciar Paris pela décima vez e
ainda assim me encantar com suas luzes, com cada esquina e facetas.
Ir à Jordânia e conhecer o tesouro da cidade de Petra, escondida por
milenios até ser descoberta há poucos anos. Perceber que os pássaros
na Alemanha são os mesmo de Luxemburgo e que as batatas fritas
da Bélgica, assim como os chocolates têm realmente outro sabor.
Experienciar a quantidade de cores que as oferendas aos Deuses têm no
DespertarReflexões do
15 E viajar faz sentido?
Camboja, mas também se entristecer com a pobreza e dificuldades do
país.
Hoje em dia me divirto muito fazendo roteiros de viagens para mim,
para amigos, para familiares, na tentativa de mostrar um pouco do que
foi o meu presente no passado, as cidades que visitei ou vivenciando
a curiosidade pelas ruas do mundo em que ainda não conheci. Procuro
também entender, e atender as expectativas dos viajantes, mostrando
que não haverá nada mais importante no mundo do que degustar um
sorvete italiano, sentado em um degrau na Piazza Navona, em Roma.
Hoje em dia adoro se considerada uma coach de viagens e os viajantes
viajados sempre retornam trazendo sempre um pouco de tudo.
Desta forma considero a vida uma autoestrada que nos convida a
estarmos sempre em movimento, por isso, nos cabe apenas aproveitar a
viagem. Difícil de visualizar? Venha viajar!
CAROLINA FIGUEIRO DEGRAZIA
Turismóloga e Coach de viagens.
DespertarReflexões do
16
A Vida é feita de cores
Despertar para o que somos. Acordar para o que somos. Despertar
para o que fomos. Acordar para o que podemos ser. É necessário acordar,
não podemos dormir a vida toda. O despertar acontece lentamente. O
despertar acontece também rapidamente. É como acordar após uma
profunda noite de sono. Se acordamos abruptamente, podemos nos
assustar, sentiremos medo. O impacto pode ser muito grande. Tudo pode
ocorrer de forma lenta, se assim você quiser. Assim que tudo estiver
pronto, então você pode abrir os olhos. Assim que você descansar o
suficiente para acordar, você pode despertar. E assim que você se sentir
cansado o suficiente para dormir, você pode adormecer, se assim quiser.
Não é necessário estar o tempo todo desperto. Seria cansativo demais.
Talvez 8 horas de sono ao dia seja o suficiente para energizar-se. Durante
o percurso, você descobre que a mente é dual. E que tentamos encaixar
tudo no preto e branco, quando ainda não se está acordado. Os olhos
estão fechados, então não é possível ver o espectro das outras lindas
cores da vida. Cores que estão em todos os lugares. Nas flores, nos
animais, na cidade, no campo, no mar, nas águas, nos olhos, nos cabelos,
na cor da pele. E a vida é feita de cores. Muitas cores. Mas é preciso ter
olhos para vê-las. Quando estamos tristes, tudo parece um pouco cinza,
e muito escuro, as cores são sóbrias e sem muita vida. Quando estamos
alegres, as cores começam a aparecer. Reparamos em cores que estavam
pertinho da gente, mas estávamos sonolentos demais para vê-las. Não é
DespertarReflexões do
17 A Vida é feita de cores
possível enxergar o colorido da vida quando se está sonolento demais,
ou cansado demais. Precisamos conhecer os dois lados: a falta de cor
e a presença de cores. Só assim podemos ter olhos para diferenciar
uma situação da outra. Damos nome a cada cor: azul, verde, amarelo,
vermelho, rosa, marrom, branco, cinza, roxo. Cada cor tem a sua energia
e o seu potencial. Cada cor tem a sua importância na vida, no Universo. E
assim somos nós também. Somos como as cores. Trazemos em nós uma
individualidade, mas também trazemos todas as cores dentro de nós.
Somos como um arco-íris? Será que há mesmo um pote de ouro no final
dele?
Que cor você usará hoje? Que cor você irradiará hoje? Que cor você
é? De qual cor gosta mais? De qual cor gosta menos? Você conhece
todas as cores? Rosa-amor? Vermelho-paixão? Branco-paz? Azul-calma?
Amarelo-fortuna? Verde-saúde? Marrom-fertilidade? Que outros nomes
você dá às cores? Que outras cores você dá aos nomes?
PATRÍCIA DE FÁTIMA ALVES
Publicitária, estudante de Psicologia e criadora da página Psiconectando.
Insta: @psiconectando
DespertarReflexões do
18
Florecer
Floresceu.
Está florescendo.
Pelo caminho há belezas que exige passo leves para ser percebidas.
Olhos curiosos e investigadores para olhar mais de perto. Atentos as
miudezas e seus detalhes. Sem comparar a maior ou a mais bela se
descobre a exclusividade de cada uma. Às vezes é sua cor exuberante,
florescente, ou quem sabe sua fragilidade.
As flores sempre me ensinam algo especial: floresça.
Seu encanto, seus detalhes, sua função, não serão percebidos
por todos que passarem pelo caminho, nem por isso elas deixam de
ser exclusiva, lindas, encantadoras. Desabrocham todos os dias, sem
necessariamente se preocuparem em ser vista.
Desabrochar!
Florir!
Todo dia!
Em algum momento do caminho, elas são vistas, fotografadas,
encantadas e essenciais.
Que cada dia o ser Divino que há em nós Floresça.
MIRELA MENEZES
Psicopedagoga, Terapeuta da Aprendizagem, Criadora do Mire a Lua.
18
DespertarReflexões do
19
Intuitivamente Desperta
Nascida com o Sol em Virgem, sou metódica e organizada desde
criança. Vivi uma infância feliz, porém com uma timidez que, às vezes, me
atrapalhava. Tinha dificuldade para fazer amizades, ficava constrangida
com os primeiros garotos pelos quais me interessei.... Passava o horário
do recreio na biblioteca: li toda coleção vaga-lume, Pollyanna, Monteiro
Lobato e, aos 14 anos, já lia Júlia, Sabrina, Bianca... – e pensar que a
mulherada de 30, 40 anos conheceu literatura erótica com 50 Tons de
Cinza... rsrsrsrs
Meu ascendente em Escorpião, tornou minha adolescência mais
sociável, me trouxe impulsividade e fortes desejos. Mas isso foi bom,
pois pude curtir uma das melhores épocas da vida de uma forma intensa,
porém saudável. Fiquei mais flexível com relação às obrigações e me
tornei uma garota questionadora: ao mesmo tempo que queria namorar,
fazer faculdade, ter uma carreira bacana, me casar e ter filhos, por ver
minha vida me levando para longe de vários “sonhos”, me incomodava
com isso.
Mas foi minha Lua em Libra, que me define na vida adulta, que me
levou para o caminho do DESPERTAR. Por volta dos 25 anos, formada num
curso que não me empolgava, trabalhando na empresa dos meus pais,
estudando para concurso público, solteira e já começando a perceber
que o casamento e a maternidade não faziam sentido para mim, comecei
a olhar para dentro.
DespertarReflexões do
20 Intuitivamente Desperta
Ao longo de 10 anos, descobri de onde vinha minha síndrome de
ser mãe da minha irmã, entendi as diferenças que existiam entre mim e
minha mãe, consegui compreender os ensinamentos do meu pai sobre o
uso consciente do dinheiro e me encontrei na liberdade que a vida sem
marido e filhos me proporciona.
Em 2014 descobri minha maturidade para o amor, em meu primeiro
relacionamento saudável, emocionalmente falando. E foi por causa
dessa experiência e coisas que ouço das pessoas ao meu redor sobre
relacionamentos, que me deparei com o primeiro vídeo da Flavia Melissa:
Lei da Atração e Relacionamentos Amorosos.
Desde então, fui apresentada a uma gama de ferramentas e
profissionais facilitadores para aprimorar meu autoconhecimento. Foi
incrível descobrir que o que fiz intuitivamente é o que as pessoas buscam
na terapia.
Hoje, aos 38 anos, sou servidora pública, trabalho para tirar férias e
me aposentar, não dependo apenas do meu contra-cheque, procuro uma
pessoa especial para compartilhar a vida e o mais importante: faço da
felicidade meu caminho e procuro ignorar tudo o que me tira a paz.
ALINE GOMES
Amante da vida. Aquela que faz da felicidade seu caminho.
DespertarReflexões do
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Quem é Deus afinal?
Na a infância aprendi que Deus era um velho barbudo que tinha o
poder de me facilitar a vida ou de me punir por algo errado que eu fiz,
em contradição eu escutava que deveria ser amiga desse Deus. O fato
era que eu não conseguia me aproximar de “alguém” que, quando bem
entendesse, podia me punir ou me ajudar e que apenas estaria ao meu
lado se eu tivesse uma boa índole e fosse boa o suficiente. Mesmo sem
entender muito a fé eu continuei me justificando e pedindo coisas que
acreditava que seriam as melhores para mim, e quando por um motivo
ou outro o que eu pedia não se concretizava eu me sentia péssima, era
na verdade uma dupla frustração, afinal, não tinha se concretizado e
o motivo era meu não merecimento. Nunca questionei esse conceito,
apenas aderi e toda e qualquer dúvida era mistério da fé. Quando entrei
no mundo do despertar da consciência comecei a meditar, a entender
as projeções, estudar sobre ego e me dei conta de que a ignorância não
me protegia mais, só que ainda assim Deus não era um assunto do qual
tivesse o conforto de falar ou até mesmo de refletir. Eis que há algumas
noites atrás, depois de agradecer como de costume, me flagrei entrando
na onda de “bem que podia acontecer isso...” e de “por favor faça aquilo
acontecer” e de repente eu era uma vítima mendigando coisas que eu,
no alto do meu ego acreditava que eu precisava para ser feliz ou para
realizar o que eu queria. Nessa hora só consegui pensar que se Deus está
em mim e se Ele é uma energia maravilhosa, tudo o que eu precisava para
DespertarReflexões do
22 Quem é Deus afinal?
sair dessa vítima era tomar as rédeas da minha vida e ser o Deus que me
habitava, ser o Eu maior, porque se no final das contas o que eu queria
não acontecesse estava tudo bem, afinal, se o Universo que é Deus habita
em mim, não tem como eu não estar amparada e protegida. Respirei
fundo, agradeci novamente, desta vez emocionada, emoção que não me
cabia, então dormi com um sorriso incontido nos lábios.
EDUARDA RUSCHE
Coach de autoestima/desenvolvimento pessoal.Palestrante - Consultora - Escritora
DespertarReflexões do
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“Continue com fome, continue bobo...”
Um certo dia, me peguei organizando os e-mails, quando me
deparei um texto enviado por mim mesma em 2013, relatando o discurso
de Steve Jobs, que fora orador de uma turma de formandos em um
faculdade qualquer.
Lendo esse texto, que havia me encaminhado em uma época que
nem fazia ideia do que se tratava ter uma mentalidade desperta, senti na
pele como nossas mentes podem assimilar as informações recebidas de
maneiras completamente diferente, no decorrer dos anos.
Ele conta 3 histórias sobre sua vida, e ao final relata sobre o Whole
Earth Catalog, escrito por Stewart Brand, que era como se fosse Google
dos anos 60, só que em formato de livro. Segundo relato de Steve, no
seu último edital, na contra capa havia uma foto de uma estrada com a
seguinte legenda: “Continue com fome, continue bobo!”.
Estava completamente sem idéia para fazer esse texto, e de repente
tudo fez sentido. Veio um insight quase que instantâneo, e pensei: É ISSO!
É sobre isso que quero refletir, relembrar e dividir com quem quer que
seja, que esteja lendo esse meu breve relato.
Vamos as definições: Fome é uma das necessidades primárias
para a nossa sobrevivência, se não comemos, morremos. Para que o
nosso corpo nos avise que precisamos sobreviver, ele nos manda uma
mensagem através do estômago, que acende uma luz no cérebro, que
ativa nossa ação da buscar pelo alimento. Ok, até aqui sem nenhuma
DespertarReflexões do
24 “Continue com fome, continue bobo...”
novidade, mas fazendo uma analogia mais profunda, a fome também se
refere a um desejo do que existe dentro de nós. Mas se para sanarmos
a fome do nosso corpo físico, recebemos um sinal do estômago, como
podemos identificar quando a fome vem do corpo espiritual ou mental?
Como saber usar essa fome de desejos que existe dentro de nós, se ao
menos sei identificar quais são os sinais que recebo? Vamos lá...
Uma das definições que aparecem no dicionário para a palavra
bobo é: quem apresenta simplicidade e ingenuidade. Se analisarmos a
sociedade, ou seja, nós mesmos pois fazemos parte dela, quais são as
únicas criaturinhas que são bobas e felizes? As crianças!
Quando éramos crianças o que mais sabíamos fazer era sermos
bobos, e não estávamos nem ai pra isso, pois a única coisa que queríamos
e exercitar nosso direito adquirido por nascença de sermos felizes. Essa
é a fase da vida que somos mais autênticos, choramos, rimos, e todas as
vezes que sentimos fome, seja ela do corpo físico ou do corpo mental,
buscamos alimento de maneira instintiva, sem julgamentos, apenas
buscamos. Então, ficamos adultos e aprendemos que “o mundo é dos
espertos” e começamos a absorver crenças, deixando de lado nosso lado
bobo, nosso lado criança.
Olha como ser bobo está ligado diretamente com a fome, que nos
ligam ao fato de buscamos a nossa direção, escutando os sinais do nosso
corpo mental e espiritual de maneira fluida, porém com a quantidade de
máscaras que adquirimos no decorrer da nossa jornada, deixamos nossos
instintos mais primitivos pra trás, e com eles ficam nossos sonhos, nossos
DespertarReflexões do
25 “Continue com fome, continue bobo...”
desejos.
Logo, um dos segredos para seguirmos uma vida consciente é
trazer a tona nosso lado infantil, andar com a nossa criança 24h por dia,
esse lado faminto por novas experiências, por novas descobertas, por
novos caminhos, sem máscaras, e utilizando das nossas crenças de
maneira consciente, entendendo que não somos elas.
Você é os seus sonhos, você é seu desejo, não importa em qual
momento da sua você esteja, você pode resgatar essa criança boba e
faminta que existe dentro de você. A nossa maior verdade está na criança
que existe dentro de nós. Continue bobo, continue com fome.
LUCÉLIA MELLO
Multiplicadora de assuntos relacionados ao autoconhecimento.
www.youtube.com/MundoRealdesperte
DespertarReflexões do
26
E no meio do caminho tinha Eu mesma
E eu não poderia fugir de mim, não mais, pois me doía e muito.
Era dor, era amor, minha alma gritava e ansiava liberdade, mas eu me
escondia debaixo da mesa e o medo não me deixava sair. Eu via a luz e
ansiava viver, mas eu tinha medo de Vi-Ver e Me Ver.
A vista debaixo daquela mesa era escura, era limitada. Limitação...
era o que mais sentia. Eu me sentia limitada pelo meu medo, esse medo
que me palpitava o coração, que me tremia as mãos e que me fazia sentir
pânico. Ele tolhia meus movimentos.
Transtorno de ansiedade crônica e generalizada, esse é o nome
bonito que deram para o que eu tinha aos 15 anos de idade. 15 anos se
passaram e cá estou escrevendo essas linhas da minha vida. Linhas que
ao serem escritas enchem meus olhos de lágrimas.
Meu passado, a minha dor, que supero todos os dias. 15 anos
de terapia, 15 anos de busca e aceitação por mim mesma. 15 anos de
autoconhecimento. Minha caminhada começou cedo. Cedo demais eu
diria, mas foi e é como tinha que ser e está tudo bem.
Era um desafio grande confiar em mim mesma, na vida e me sentir
segura. Mas o não confiar doí no peito e pensando bem, a dor também
não da segurança. E pra que se sentir seguro e não sentir o sabor da vida?
É bom sentir o coração bater, sentir o vento no rosto e sorrir e chorar e
gritar.
Eu gritei: Chega! Eu cansei. Cansei de me auto limitar, cansei dos
DespertarReflexões do
27 E no meio do caminho tinha Eu mesma
meus pensamentos e crenças limitantes. Eu quero mais. Não sei ao certo
quantos “não” eu preciso dizer para me libertar, mas desconfio que os
“sim” são exponencialmente maiores. Sinto que o sim eu ando negando,
e eu só quero soltar meus ombros e dizer sim, eu me entrego, sim eu me
aceito.
Há alguns anos eu me despertei, na verdade venho me despertando
continuamente. Hoje eu enxergo o mundo diferente, hoje eu vejo amor em
tudo, e não existe nada melhor do que essa sensação, a de ter crescido,
amadurecido. É como se de repente, eu olhasse tudo ao meu redor, e
tudo continuasse igual, porém muito muito diferente. Quem mudou foi eu.
Eu ainda sinto medo. E muito. Mas hoje ele não me paralisa mais. Hoje eu
vou pra vida com medo mesmo. E depois que concluo alguma ação, eu
olho pra ele e sorrio, e me parabenizo.
Eu honro meu caminho, as minhas escolhas e a minha história. Sinto
orgulho de ter saído debaixo daquela mesa escura mesmo agachada e
engatinhando, de pouquinho em pouquinho. Hoje eu consigo caminhar de
coração aberto. É um trabalho diário, mas Eu não quero resistir mais. Só
quero abrir meu peito e dizer SIM. Vida, eu te amo.
Gratidão por absolutamente tudo.
LÍVIA JORCELINA DOS SANTOS GUIMARÃES
Fotógrafa de famílias, contadora de histórias.www.liviaguimaraesfotografia.com.br
DespertarReflexões do
28
Prefixo Re
Por quê? Para quê estou escrevendo um texto sobre “Despertar”?
É para “aparecer”, ganhar likes, interagir com a Flavia Melissa? Estou
escrevendo para quê? Hoje é feriado, 28 de fevereiro, é carnaval, estou
com muita dor de cabeça. Mas eu não posso deixar de escrever. Mas por
quê? O que eu ganho com isso? “Ninguém vai ler o meu texto mesmo!” Eu
poderia usar o texto do meu Blog. “Ah, mas não é original! É original sim,
fui eu quem fez!”. Mas existem algumas expressões que não traduzem o
meu agora. Eu quero me expressar e participar do conjunto da obra. Eu
vou escrever meu texto da melhor maneira que eu puder, mesmo que
ninguém leia. Não posso deixar na mão dos outros a responsabilidade de
ser ou não minha própria pessoa.
Afinal, o que é Despertar?
A primeira tradução para que se possa chegar perto do significado
de despertar é: “sair do sono”, “acordar”, “readquirir força”.
Readquirir é um termo formado por prefixo. O que sugere adquirir
novamente. A gente acorda todo dia, mas parece que não sai do sono.
Não tem força pra viver os próprios sonhos. E continua dormindo,
sonhando com uma vida que poderia ter, mas que se julga incapaz de
realizar. Não tem força pra sair do sono e ir à luta da própria vida. Se
preocupa com o que os outros dizem e fazem, se distrai e distancia de si
mesmo.
Todos nós somos luz. Quando a gente nasce e dá os primeiros
DespertarReflexões do
29 Prefixo Re
passos; a gente esquece. Despertar: é relembrar. Significa retomar as
rédeas das próprias emoções respeitando a si mesmo – não desprezando
o que se sente - e o próximo. A primeira vez que despertei eu estava com
muita raiva... Quebrei uns tijolos no meu quintal, gritei com o travesseiro,
bebi um copo com água e tomei um bom banho frio. Eu poderia ter
quebrado a cara de alguém, discutido no trânsito, destruído a vida de
alguém. Mas a raiva é minha e de mais ninguém. Eu a carrego comigo pra
onde eu for. Ninguém não tem nada a ver com ela. Então meus ataques
de importância ficam entre mim e os meus tijolos.
Despertar é reascender o farol que ilumina os meus porquês, para
quês e intenções de cada ação. É filosofar meus pensamentos, deixar a
imaginação viajar nas asas do caminho que quero seguir. É reaprender
a caminhar, escrever, falar, pensar, fazer... Respirar. É liberdade; de ser
quem eu sou da maneira mais plena que eu possa existir, contemplando e
honrando tudo e todos que pelo meu caminho passam.
Despertar é renascer. Nascer de novo com força e luz para trilhar
a jornada que Deus nos fez para tecer; é impreterivelmente ligar um fio
ao outro ganhando consciência, sentido e significado diante do próprio
caminho onde quer que se esteja.
TACIANA DOS SANTOS LIMA
Engenheira Civil, Poetisa, blogueira do “Buscando o Doce da Vida”.www.buscandoodocedavida.wordpress.com
DespertarReflexões do
30
Um relato sobre relaxar no desconforto
Certos eventos, apenas na ameaça de ocorrência, já me refletem
incômodos. E a frequência de suas idas e vindas podem até transforma-
los de eventuais visitantes, à bons moradores. À alguns deles, já
denominei de “dor”, de tanto que doem mesmo.
Mais uma vez me identifiquei com um incômodo. Me vi de novo
sendo visitada por uma antiga dor. Me deixando guiar pelo que eu nutri
por muito tempo. Nas histórias que vivi, do modo como as concluí.
Enquanto a dor vinha, me afogava em distrações. Anestesiada pela
paixão da vez, relaxava nela todo e qualquer peso que o desconforto me
deixava. Disfarçada em diversão momentânea e apoiada em discursos
mentais, essas esquivas me protegiam de ocupar o mesmo espaço onde
minhas dores estavam. Eu não queria estar ali! Porém o que eu não sabia
era que, ao evitar esse contato com essa dor, mais longe eu me mantinha
do encontro com minha cura.
Em tantas visitas dessa dor, fui percebendo um padrão que em
minha vida se instalou. E até que da bagunça que essa dor deixou, eu
escolhi fazer diferente e caminhar na direção do desconforto - ao invés
de evitá-lo como sempre o fiz. Por que ao longo invés de tentar me livrar
do peso, eu não descanso agora na minha dor?
Então onde cada evento depositava seu incômodo, eu depositava
minha atenção e minha disposição. Minha luz! Aos poucos fui conhecendo
os aspectos de mim mesma que me ligavam aos resultados que eu
DespertarReflexões do
31 Um relato sobre relaxar no desconforto
não queria ter obtido, mas obtive. E fui me conhecendo ainda mais.
Me perdoando por não ter consciência do que fiz, no momento que fiz.
Me aceitando e aceitando a transformação que acontecia. Aceitando e
perdoando as pessoas que contribuíram com minha dor, pois sem elas
jamais conheceria a mesma. Não evitando mais, porém agora agindo e me
cuidando. Sendo invadida assim por uma paz acolhedora e profunda.
E desse novo lugar – de autoconhecimento – comprovei que nada
do que eu me contava e sentia, fazia sentido. Pois assim que mudei
minhas ações, vivenciei resultados diferentes dos que acreditava que
viveria se eu vendasse os olhos pra minha dor – minhas crenças me
limitaram a enxergar uma nova e boa realidade para mim. Assim eu busco
honrar cada dor que vivo. Reconheço que elas podem me levar longe!
Pois ao encontro de uma dor pude me renovar e dar grandes passos na
direção do meu despertar, de onde antes a luz não habitava. E agora sigo
ainda mais iluminada e atenta aos visitantes externos, que podem me
distanciar daqui. Só aqui e agora é onde eu quero estar.
LORENA RIBEIRO
Extensão poética vinda da poesia do Todo, que presta serviços pro coração.
DespertarReflexões do
32
Conto de carnaval - há amor nas ruas de SP
Último dia do Carnaval. Hoje sai na rua buscando algo saudável para
comer. Tudo fechado. Ainda há blocos na rua. A sensação é de feriado
e cidade vazia, mas vejo pessoas fantasiadas passando a procura dos
pontos de encontro.
Com a pouca opção e o sol forte na cabeça, decido entrar na
primeira padaria que vejo e tentar comer algo ali mesmo. Na entrada, um
mendigo me pede algo para comer, aceno que sim.
Olho o cardápio e não encontro nada. Volto com um suco e uma
bananinha doce e pergunto o que ele quer comer.
Ele diz para eu não comprar nada ali que tudo é caro. Aceita a
bananinha. Recusa o suco, porque acabou de ganhar um refrigerante e
não precisa de mais. Diz que está com vontade mesmo de arroz e feijão,
mas os bons locais estão fechados.
Sento ao lado dele no chão, como minha bananinha e tomo o suco.
Assim ficamos conversando por quase uma hora, em que me contou
sua vida, seu nome, Rodrigo, e sua idade, 44 anos.
Mais cedo, eu havia escrito um texto sobre minhas sombras
e a vontade de iluminá-las sem me apegar a elas. Vários assuntos
passaram por minha cabeça nesta manhã: a forma que lido com minha
bissexualidade, reconhecida e assumida há tão pouco tempo; os rumos
profissionais que estou seguindo, depois de ter jogado para o alto meu
emprego e ido atrás do que me apaixonasse.
DespertarReflexões do
33 Conto de carnaval - há amor nas ruas de SP
Nos últimos anos tudo o que fiz foi seguir o meu coração, até as
últimas consequências. Nunca estive tão feliz, nunca me senti tão no
caminho.
Ainda assim, há medo, há solidão, há dúvidas, há a necessidade de
segurança e a dificuldade em aceitar a transitoriedade de tudo e há uma
angústia pelos resultados ainda tão incertos.
Rodrigo me diz que ninguém tem problemas e que se ficarmos
três horas apreciando uma árvore, descobriremos tantas coisas que, ao
olharmos de novo, veremos que nenhum dos nossos problemas está mais
lá. Sim, Rodrigo sabe o valor da meditação e da presença.
Um rapaz sai da padaria e dá um croissant para Rodrigo. Ele
agradece, abre, conta que tem intolerância a lactose e diz que eu posso
ficar com o croissant.
Entre tantas coisas que me disse Rodrigo, sem que eu tenha
contado nada da minha vida, ressoam em minha mente suas palavras:
“todos procuramos amor, mas acima de tudo, temos que primeiro amar a
nós mesmos”.
A fome bate mais forte e eu digo a ele que vou procurar algum
restaurante aberto. Nos despedimos. Saio com vontade de cuidar de mim.
No caminho de casa, dou o croissant a outro mendigo, que me
agradece e pergunta se eu quero um chinelo em troca, única coisa que
ele tem em sua sacola. Recuso, agradeço, volto para casa.
LILIAN FERNANDES
Advogada, fotógrafa e eterna aprendiz de mim mesma.
DespertarReflexões do
34
A Lição do Autoamor
Há algum tempo atrás li uma fábula* muito interessante sobre um
Mestre levou seus discípulos a um lugar encantado, repleto de lagos.
Ao lado de cada um dos lagos havia o nome de um dos seguidores do
mestre. O mestre esclareceu que após tantas lições chegara o momento
da prática. Cada discípulo deveria mergulhar no lago de águas profundas
e escuras atrás de diamantes muito especiais que estavam depositados
no fundo. O problema é que em cada um desses lagos haviam crocodilos
e cobras peçonhentas. Os discípulos sentiram medo e questionaram
porque deveriam se submeter a tais perigos. O mestre respondeu
lembrando que o lago era fruto das criações de cada um e portanto
quem decide se aprimorar espiritualmente deve começar assumindo a
própria realidade. Outro discípulo perguntou quem os protegeria contra
os animais que poderiam matá-los. Então o mestre disse: “os animais os
tratarão exatamente da forma como vocês se tratam. A proteção de vocês
é o amor que vocês têm para com vocês mesmos. A segurança de vocês
está no autoamor.”
Quando li essa fábula me encantei com a palavra “autoamor”.
Sempre numa batalha ensurdecedora contra a minha baixa autoestima,
eu nunca tinha ouvido falar em autoamor. Eu me preocupava demais em
agradar os outros, eu tinha muita dificuldades em dizer não para não ferir
quem eu amava, eu me encontrava sempre pronta e disposta para todos.
Isso pra mim significava amor ao próximo. Eu queria estar saudável, eu
DespertarReflexões do
35 A Lição do Autoamor
queria estar magra, eu queria estar bem vestida e de cabelo hidratado,
eu queria estar com as unhas pintadas e eu queria defender a todo custo
meus direitos, meu espaço e minha opinião, tirar as fotos mais felizes para
postar no facebook e mostrar como eu sabia cuidar de mim e me tratar
bem. Isso pra mim significava amor próprio. Mas se alguém me colocasse
diante de um lago profundo com bichos ameaçadores e me dissesse que
eu poderia mergulhar sem medo para buscar meus diamantes porque eu
iria ser tratada por esses animais exatamente com o mesmo amor com
que eu me trato, eu hesitaria.
A palavra autoamor me fez refletir sobre quantas vezes eu me
amei de verdade, respeitando meus limites, compreendendo minhas
falhas, me perdoando. De tanto falarem por aí, aprendemos a aceitar
quem somos, nosso jeito, nossas escolhas, mas descobrimos que essa
aceitação é superficial quando nos deparamos com a necessidade que
temos dos outros nos aceitarem também. Nós nos aceitamos até o ponto
em que não temos de lidar com o julgamento do outro. Temos medo de
nos revelar em verdade porque isso pode significar críticas negativas a
respeito de quem somos em essência.
Então, como na fábula, a gente passa por toda a teoria, aprende e
aprende, mas na hora da prática hesita, porque no fundo nós sabemos
que assumir a própria realidade é difícil, e a aceitação não é a linha de
chegada, mas sim a de partida.
Autoamor é a capacidade que temos de sentir amor verdadeiro
por nós mesmos. Esse amor pode até ser despertado por alguém: um
DespertarReflexões do
36 A Lição do Autoamor
namorado, uma esposa, um filho, a mãe ou o pai. Mas isso é só um
indício de que esse amor já morava aí. Preso. Enclausurado dentro de um
coração que precisa de outro para se fazer pulsar. Esse é um exercício
diário: fazer por nós o que somos capazes de fazer por esse outro coração
que bate fora da gente, para que possamos perder o medo de mergulhar
no lago e enfrentar perigos que só serão ameaçadores se conseguirmos
não sentir culpa. Culpa por amar a nós mesmos.
Como disse o mestre: No caminho do aprimoramento espiritual,
“amai ao próximo” é uma lição importante, mas esse amor só se dá em
plenitude, quando vivenciamos o complemento “como a ti mesmo” desse
mesmo aprendizado. Autoamor pode soar para você como egoísmo. Mas
quem diz isso é aquela parte sua que precisa, muito, experimentar esse
novo jeito de amar. Então ame!
*A Fábula citada é referência do Livro “Fala, Preto Velho” de
Wanderley Oliveira e a expressão “Autoamor” foi retirada do livro
“Emoções que Curam” do mesmo autor.
EDITH MACHADO
Arteterapeuta, lifecoach e criadora do projeto Ser Feliz é Uma Arte.
DespertarReflexões do
37
O que é certo ou errado?
Olá, aqui quem escreve é a Camila, recém Desperta e apaixonada
por esta nova fase da minha vida: viver a espiritualidade no meu dia a dia,
despertando pra uma nova consciência. Não cheguei a me apresentar
formalmente no grupo, apenas compartilhei foto, música, dúvidas e
comentei em posts alheios. Então vamos pra um breve resumo.
Atualmente, tenho 33 anos e estou desempregada. Moro com meus
pais e irmão mais novo na cidade de São Paulo. Me formei no final de 2015
Engenheira Civil, escolha que fiz por já trabalhar na área da arquitetura há
dez anos.
Digamos que minha vida deu uma reviravolta no ano de 2015. Estava
numa constante rotina de trabalhar, academia, faculdade e pouco tempo
pra dormir. E algo dentro de mim me incomodava com essa vida que eu
levava. Era como se eu estivesse fora da trilha certa. Então, comecei a
pedir ao Universo por mudanças, pois queria muito trabalhar com algo
que fosse minha missão de vida, que pudesse ser útil ao planeta de
alguma forma (sempre senti a engenharia como uma missão, mas nada
muito claro). Daí eu arrumei um namorado do qual fui muito apaixonada.
Mas ele passou muito rápido pela minha vida, mediante as mudanças
que começaram a acontecer: Saí da empresa em outubro. Terminei meu
TCC e me formei conforme prometi pra mim mesma, que levaria apenas
os cinco anos do curso. E com o término da faculdade, meu namoro
terminou também, perto do Natal.
DespertarReflexões do
38 O que é certo ou errado?
Comecei o ano de 2016 arrasada pelo fim no romance, mas
esperançosa, acreditando que agora iria me encontrar e novas portas
iam abrir em breve. Então comecei a viajar, ir a retiros, fazer cursos de
desenvolvimento pessoal, frequentar mais locais religiosos pra ver se
eu recebia sinais e orientações pra onde ir. Tive momentos maravilhosos
nesta busca, mas ainda me encontrei perdida. Retomei a busca, no
começo do ano, por um novo trabalho e apenas serviços temporários
apareceram. Nada como eu sonhava surgiu. O ano se passou, e eu
continuo sem emprego, sem namorado, com a mente a mil e fazendo
análise. Ah, não contei que sou codependente! Meu pai é alcóolatra e
meu irmão é dependente químico. Meu pai ficou doze anos sóbrio e
retomou seu vício no final do ano. Acredito que não suportou saber que
agora teria que viver apenas da aposentadoria, pois a empresa que ele
trabalhou há mais de vinte anos o dispensou. Meu irmão há uns cinco
meses está sóbrio, mas ele está em surto de esquizofrenia, presente que
ele despertou com o vício.
Agora estamos em 2017. Luto todos os dias pra não desistir dos
meus objetivos e aceitar que tudo tem seu tempo e que logo coisas
mágicas irão acontecer. Ao mesmo tempo que estou muito cansada de
algumas coisas sou muito grata a Deus pela vida e por tudo que tenho,
afinal nada me falta. Não estou como gostaria, mas acho que estou
no caminho. Tento controlar a ansiedade e procuro perceber o que
realmente importa neste momento da minha vida. Sinto vontade de ter
minha independência, sair da casa dos meus pais e ter meu cantinho.
DespertarReflexões do
39 O que é certo ou errado?
Ainda busco trabalhar por amor e com propósito. Ainda me pergunto
se a engenharia é o caminho ou são os sonhos que deixei pra trás.
Também, quero ter um novo amor e saber lidar com os problemas da
minha casa que me abalam muito. A mente está sempre trabalhando pra
me confundir rsrs. “Não sei se caso ou compro uma bicicleta”.
Encerrando meu relato, quero compartilhar uma reflexão que fiz
esses dias. Meu pai trouxe a semana passada pra casa um passarinho na
gaiola. Quando o ví fui super crítica com ele, afinal onde já se viu manter
o animalzinho que tem asas preso, sem poder voar, sem poder viver sua
natureza: ser livre. E ele me disse: mas se soltar ele em suas condições
atuais ele morre. E continuei indignada e desaprovando a atitude. Os dias
foram passando e eu comecei a observar a inteiração com o pássaro. E
observo ele feliz, cantando, bem cuidado e alimentado. Então pensei: no
caso dele, será que felicidade, pra ele, realmente é voar? Será que pra
todos de sua espécie é somente o que importa? Ele simplesmente vê o
lado bom de estar na condição que ele está e ele é feliz sendo pássaro!
Há aceitação, há inteireza no seu processo. E eu... Será que não devo
aceitar as coisas como são e apenas ver a beleza no que está ao meu
redor, no que faz parte do meu mundo no momento presente? Se um dia,
eu tiver a oportunidade de “voar”, aí sim poderei avaliar como é o vento
batendo em meu rosto. Enquanto isso apreciarei a vista linda de cada dia
que nasce e termina da minha “gaiola”, da minha janela!
CAMILA BELIZARIO DO NASCIMENTO
Engenheira civil, buscadora do autoconhecimento e amor próprio.
DespertarReflexões do
40
Dá o passo. O chão aparece.
Porque estou aqui. De onde vem esta minha necessidade de
partilhar as minhas vivências. Sei que isso me vai ajudar. Sobretudo sei e
sinto que isso vai ajudar outras pessoas. Mostrar que não são os únicos
que sofrem. Calados. Mostrar que existe um caminho. É possível. Um dia
tudo passa. A luz há-de surgir. Aceitar. Quando aceitamos, entendemos
Parar. Consciencializar. Observar. Aquietar. E confiar.
Entender a criança que fomos.
Perceber a injustiça. Aceitá-la. Encará-la. Perceber nela a
possibilidade de crescimento. A importância da partilha. Do falar. Do
escutar. Se escutar. Escrever, falar, gritar, tanto faz. Mas aceitar. E perdoar.
A si. Aos outros. tudo faz parte do Caminho. Tudo é amor. Ou uma busca
por ele. Todos temos as nossas histórias. Os nossos momentos menos
bons. Entendê-los e aceitá-los como parte do nosso crescimento.
DespertarReflexões do
41
Ter coragem de pedir ajuda.
Ser fiel a si próprio. Aos seus sentimentos e emoções. Ser fiel ao
momento. Viver e não sobreviver. Amar-se. Tomar coragem. Ser feliz
seguindo o seu caminho. Seguindo o seu coração. Mesmo que não o
entenda. A mente mente. O coração não. Siga-o. Sem medo.
Ame-se. Liberte-se. Você é mais importante.
Ás vezes batemos no fundo. Desligamo-nos. Faz parte. O processo
compete a nós. Cuide-se. Valorize-se. Siga. Só ou acompanhado. Mas siga.
Viva a sua vida.
“Siga os sinais. Você reconhece-os. Não os ignore.”
NICOLA PESTANA
Bióloga, facilitadora de Meditação Infantil e empresária.www.amor-amarelo.blogspot.pt
Sem medo de julgamentos. Apenas sentindo.
41
DespertarReflexões do
42
Reflexões de despertar para o novo ano
Neste novo ano, eu desejo que saibamos identificar quais são os
nossos VERDADEIROS DESEJOS. E, depois de havê-los definido, que
desenhemos a rota de realização. Que foquemos sempre nos SONHOS,
no que podemos SIM atingir, e não naquilo que nos falta.
Que sejamos LEVES e sempre POSITIVOS, e, assim, PRÓSPEROS.
Prosperidade de bons sentimentos. Que possamos viver o AMOR todos
os dias. AMEMOS e sintamo-nos AMADOS. Conectemo-nos mais com
a NATUREZA e sintamos a energia maravilhosa que ela tem para nos
oferecer. Aprendamos a cuidar da nossa SAÚDE, do tempo do nosso
ESPÍRITO: nosso corpo e nossa mente. Sejamos, assim, maus SAUDÁVEIS.
Que nos permitamos expressar nossos TALENTOS todos os dias.
Façamos mais o que AMAMOS e, como consequência, atinjamos o
verdadeiro SUCESSO. Não o sucesso que alimenta o ego, mas o sucesso
que semeia o BEM, que reflete nosso PROPÓSITO. Permitamo-nos mudar
de ideia e, assim, EVOLUIR. Não façamos nada buscando prestígio,
dinheiro e fama. Busquemos apenas REALIZAÇÃO. Realização da alma.
E realizemos obras que atinjam positivamente a humanidade. Somente
assim experimentaremos a verdadeira FELICIDADE.
Sejamos GENEROSOS. Pratiquemos a GENEROSIDADE e a
COMPAIXÃO todos os dias dente ano.
Curtamos o CAMINHO, a JORNADA. O destino pouco importa.
MEDITEMOS. Esvaziemos nossas mentes e simplesmente sintamos
DespertarReflexões do
43 Reflexões de despertar para o novo ano
a RESPIRAÇÃO e a ALEGRIA de estarmos VIVOS no momento PRESENTE,
sem precisarmos de mais nada.
PERDOEMOS mais; aos outros e a nós mesmos. Sejamos os maiores
agentes da PAZ, especialmente, da nossa PAZ INTERIOR.
Sejamos NÓS MESMOS; façamos, a cada dia, as melhores
ESCOLHAS. Desliguemo-nos do que está fora e olhemos para dentro.
Alimentemos a nossa FÉ e desenvolvamos uma CONEXÃO ESPIRITUAL
cada vez mais profunda.
Construamos, nós mesmos, a vida dos nossos SONHOS, com
pequenos e grandes passos. Diariamente.
E, se, no meio do caminho, tentarem nos derrubar ou nos acharem
demasiado idealistas, tenhamos COMPAIXÃO e sigamos.
Simplesmente sigamos na estrada da VIDA PLENA. DESPERTOS.
LARA LOBO
Uma buscadora. Diplomata, instrutora de Yoga, escritora e Coach Ontológica em formação.
Criadora do blog www.abuscadoequilibrio.com
DespertarReflexões do
44
Decifrando a sua alma
Neste caminho que estou traçando de compartilhar meus textos,
minhas experiências, minhas ideias e inquietações em um blog, tenho tido
a oportunidade de passar mais tempo na companhia do lápis, do papel,
dos meus sentimentos e do meu silêncio.
Tenho aprendido que para escrever precisamos de muita disciplina.
É preciso sentar e começar. Faça da escrita um hábito
Em tese, poderia ser em qualquer lugar, a qualquer hora, com
qualquer instrumento. Só que para que a escrita passe a fazer parte
da sua rotina ( se isso te der prazer, como dá a mim), é importante
transformá-la em um hábito saudável. Determinar um local e, de
preferência, um horário (ou turno) para a sua conversa com o papel. Fazer
do ato de escrever um ritual, como se fossemos orar ou meditar.
Além do caderno e do lápis [depois explico por que defendo que
seja com os instrumentos à moda antiga, e não com um computador e as
pontas dos dedos], podemos trazer um copo d´água, um chá ou um café;
uma vela, um incenso e colocar uma música de fundo. É interessante que
despertemos todos os nossos sentidos. Com todos eles alertas, fica mais
fácil acessar a voz do coração.
É importante compreendermos que levar a sério o exercício de
escrever um diário e de estabelecer uma conversa com nosso espírito
por meio de uma conversa (escrita) diária com o seu espírito
Reflexões a partir da leitura dos livros “Writing down your soul- Janet Conner
DespertarReflexões do
45 Decifrando a sua alma
é uma linda oportunidade para entender várias questões que antes
pareciam obscuras. É como deitar no divã. Você começa a acessar
sentimentos e pensamentos que ficam escondidos ou enterrados lá
em baixo da poeira das nossas preocupações e dos nossos milhares de
compromissos diários.
Escrever pode também ser uma forma de meditar, de entrar em
fluxo, de perder a noção de tempo e espaço. Pode até mesmo ser um
mergulho espiritual, um encontro com o divino que habita dentro de cada
um de nós.
Funciona assim para mim [ e espero que possa funcionar para quem
estiver disposto a tentar também]. Quando estou completamente imersa
no ato de escrever, não me dou conta dos minutos nem das horas que
passam. Entro em completa sintonia com o papel. Sinto uma profunda
paz. Muitas vezes, chego a chorar [de emoção].
Escrever pode nos ajudar a encontrar-nos com a nossa essência,
com os nossos desejos e as nossas verdades. Pode nos ajudar a encontrar
luz para problemas e dúvidas que pareciam insolucionáveis, a reconhecer
quem verdadeiramente somos e o que estamos buscando em nossa
jornada aqui na terra. É, sem dúvida, um maravilhoso exercício de
autoconhecimento.
Para esse exercício, qualquer caderno serve; de preferência, um que
não tenha linhas, que não nos limite, que nos permita escrever em letras
grandes ou pequenas, com textos retos ou tortos, que nos deixe livres
para desenhar, rabiscar, colar memórias, cartões de visita, guardanapos
DespertarReflexões do
46 Decifrando a sua alma
escritos... que deixe livre e sem amarras o nosso coração.
Mas, afinal, por que um caderno e um lápis e não um computador e
as pontas dos dedos? Porque quando praticamos a escrita e transferimos
letras com movimentos de nossas mãos, braços e coração voltamos
a praticar um gesto que nos remete a nossa infância, que nos liberta,
que nos faz nos encontrarmos com toda a nossa mais pura liberdade
de expressão. Se, ao nos encontrarmos com o papel em branco, nossos
sentimentos nos pedirem para simplesmente desenhar uma flor, um
sol ou rabiscar coisas aparentemente sem sentido. Se não nos vierem
signos convencionalmente compreensíveis, nossos sentimentos trarão
à tona representações simbólicas mais profundas e que poderão liberar
sentimentos que as palavras não conseguem descrever.
LARA LOBO
Uma buscadora. Diplomata, instrutora de Yoga, escritora e Coach Ontológica em formação.
Criadora do blog www.abuscadoequilibrio.com
DespertarReflexões do
47
Sobre ser luz
SOU LUZ. Sei que sou. E quero brilhar. Quero que este sol que existe
dentro de mim possa iluminar minhas sombras, meus medos, minhas
amarras, minhas crenças limitantes, e, então, libertar-me.
Sim. Acredito que a liberdade está condicionada a deixarmos que
nossa luz seja mais forte que nossa sombra. Ser livre é simplesmente ter
a coragem de deixar brilhar este sol que nos habita. Libertar-se de nossas
prisões internas parece ser a parte mais difícil do processo.
Quantas vezes me vejo apegada a conceitos e ideias que sei
que construí, eu mesma, ao longo de minha trajetória, como capa de
proteção? Ideias de SER, TER ou FAZER que nada mais são do que
máscaras que escondem minha própria essência.
E como fazer cair por terra essas máscaras? Como desvincular-
me de padrões que criei- e que me foram impostos- para parecer forte,
inteligente e independente?
Como aceitar-me outra vez vulnerável, frágil e, assim, deixar
florescer a minha natureza essencial, a qual, estou certa, é PURO AMOR?
Como viver no AQUI e no AGORA, com todas as obrigações do
mundo terreno e, ainda assim, ser pura LUZ, pura essência de AMOR?
ENTREGA. Creio que o caminho seja a completa entrega; a FÉ de
que o Deus todo poderoso (ou, o Universo, se preferir) está no controle de
todas as coisas e de que parte Dele também habita em nossas almas. Sim.
Somos todos divinos. Há espírito santo em todos nós.
DespertarReflexões do
48 Sobre ser luz
E, então, surge mais uma pergunta: e como entregar-se a esse
mistério com responsabilidade? Como agir com o coração quando temos
uma mente que, a todo momento, insiste em nos controlar?
Como usar nossa mente a nosso favor?
A resposta (aparentemente simples, mas extremamente complexa)
parece ser: não nos identifiquemos com nossos pensamentos, com a
incansável flutuação imaginativa da mente, com o vai-e-vem do fluxo
mental, que insiste em nos transportar para o passado e para o futuro.
PRESENÇA. Aqui e Agora: o único lugar e o único tempo que
importam. Para viver isso: consciência plena. Atenção. Meditação.
Disciplina. Estar presente e sentir o fluxo de cada segundo que transcorre
parece ser um dos grandes desafios nossos, como seres humanos.
Somente me entregando ao amor, estando presente e disciplinando
o imparável movimento da mente conseguirei, finalmente, brilhar, SER
LUZ, iluminar-me, assim, a mim e aos outros.
Que eu possa ter a disciplina de praticar a presença para, dessa
forma, honrar a minha existência e manifestar meu brilho.
Que assim seja. Amém.
LARA LOBO
Uma buscadora. Diplomata, instrutora de Yoga, escritora e Coach Ontológica em formação.
Criadora do blog www.abuscadoequilibrio.com
DespertarReflexões do
49
Eu entre os despertos
Me descobri introspectiva há alguns anos e isso foi revelador. Em
uma família de extrovertidos, as vezes via certas particularidades como
deficiência, falta e não percebia os benefícios colaterais da minha suposta
timidez. Não que eu não seja tímida. Sou. Mas a introspecção é mais
abrangente que apenas timidez.
Aceitei essas minhas características – de ser introspectiva – e
tornei-as minha armadura. Aceitar é libertador, mas se fixar na ideia de
que se é algo, estreita muito a caminhada com uma linha imaginária que,
na verdade, não existe. Descobri o poder de conseguir ficar sozinha e
percebi que minha irritação, às vezes, era essa necessidade não atendida,
não respeitada por mim mesma.
Achei que tinha achado o segredo da felicidade: independência
total! Na pior das hipóteses, me isolaria e, sozinha, ficaria feliz, sem
nenhum incomodo.
Com a caminhada pra dentro, em busca de autoconhecimento,
percebi que esse tempo sozinha é apenas para processar a vida. E essa
vida só acontece no contato humano. Nesse incômodo que ensina, no riso
que se multiplica, na dor compartilhada e compreendida, na sensação
de empatia instantânea. Viver é essa interação que temos que nos deixa
irritados, vendo no outro as características que temos e não gostamos,
mas também com as que são opostas às nossas, vai entender...
Independência total ou dependência é estar fora do equilíbrio que
DespertarReflexões do
50 Eu entre os despertos
a consciência da interdependência nos trás. Não precisamos de ninguém,
especificamente, mas escolhemos trocar para evoluir. Permitir-nos ser
vulneráveis para sentir a vida.
Lembro de assistir filmes de terror pensando: “- É só um filme, é só
um filme!” para não ter medo. Lembro de assistir filmes emocionantes me
segurando para não chorar. Isso não é viver! É preciso sentir para que a
vida faça sentido! (Frase da Flávia)
E nesse caminho do autoconhecimento, achei que era suficiente
alguns momentos de conversa e empatia sobre esse meu momento. E na
verdade é suficiente. Mas subestimei o poder transformador de ter uma
turma no mesmo momento. O poder de uma “comunidade” em todo o
sentido da palavra.
No grupo Portal Despertar as distâncias foram encurtadas pela
vivência dos mesmos sentimentos e percepções, a frieza das letras
padronizadas foi intercalada com emoticons, fotos, links e vídeos.
Não imaginava que haveria uma maneira de fazer novos amigos tão
naturalmente por meio da internet, nem que o contato me preencheria
tanto emocionalmente.
O grupo formado pelos “despertos” tem uma amizade que não
cobra e que não falta. Não cobra porque cada um tem sua rotina, seu
horário e sua periodicidade de parar para ler as novidades e todos têm
consciência disso. Não falta porque sempre tem alguém disponível para
ler, curtir e acalentar com comentários no momento que você precisa.
Se você não estiver afim de falar nada, tudo bem também. Pode apenas
DespertarReflexões do
51 Eu entre os despertos
ler e imediatamente se sentirá parte porque tudo que está lá tem a ver
com todos que estão lá, e a identificação com cada postagem é quase
imediata.
O rótulo de introspectiva me fazia acreditar que eu não precisava
disso ou que ter que interagir me tomaria muita energia. O que eu
descobri é que eu não “tenho” que nada. O contato humano está me
fazendo muito bem, obrigada! Gratidão por todos os membros que
caminham ao meu lado!
Com muito amor,
SOFIA CARDOSO PEREIRA
Administradora, empresária, curiosa e viciada em filosofar sobre tudo.Blog: filosofiasblog.com / Insta: @filosofiasblog
Face: /filosofiasblog
DespertarReflexões do
52
A natureza nunca se repete
“A natureza nunca se repete. Não existe ninguém neste mundo com
um olhar igual ao seu.
Você tem algo que só você tem, mais ninguém!”
Essa frase eu escutei em um dos primeiros vídeos que eu vi da
Flávia!
Me emocionei muito, e revi e escutei o vídeo por muitas vezes, como
se eu tivesse que enfiar na minha goela abaixo.
Com a correria do dia-a-dia, com as nossas obrigações que devem
ser cumpridas diariamente, com a necessidade de agradar o outro vamos
deixando uma parte de nossa; da nossa essência sem que percebemos!
E quando nos damos conta,já não nós reconhecemos mais.
E esse é o momento de voltarmos ao nosso centro, de olhar para
dentro... dentro do nosso.
Tempo de levantarmos a bandeira branca, e nos render a quem
realmente somos do fundo da nossa alma!
E sempre que a sua cabeça tentar lhe dizer o contrário lembre-se:”A
natureza nunca se repete. Não existe ninguém neste mundo com um
olhar igual ao seu.
Você tem algo que só você tem, mais ninguém!”
DEISE MAFRA
Empreendedora, mãe da Isa e do Gu e uma eterna buscadora de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.
52
DespertarReflexões do
53
Gente que mora dentro de mim
Eu pensei muito sobre o que escrever aqui. Queria falar algo
interessante, algo com o que as pessoas se identificassem. Não sei bem
o porquê desse sentimento. Uma parte de mim queria reconhecimento,
outra parte queria empatia. Quando a Flavia lançou a proposta de
escrevermos juntos um e-book eu logo pensei: Opa! Vou fazer um texto
phoda!!! Sim, eu amo escrever! Eu geralmente sou elogiada por ter uma
escrita fácil, divertida, gostosa de ler... mas “pera lá”! Sou elogiada pelos
meus amigos né? E essas pessoas desconhecidas? O que acharão?
Escrever no portal já seria um grande desafio. Tantas pessoas que
eu admiro me leriam. Agora imagina um e-book para o mundo!! Precisava
arrasar!!! Minha mente (ego?) começou a tagarelar. O que eu vou falar?
E se eu falar besteira? E se me pedirem para apagar por não estar de
acordo? E se parecer autopromoção, como a menina disse outro dia?
Medo! Insegurança! E mais medo!
Comecei a escrever um texto sobre mim, sobre minhas experiências
de vida. Um texto com coisas que me aconteceram no passado talvez
pudesse ajudar alguém. Li, reli... nossa! Ridículo! Ninguém vai se interessar
por isso. Já sei, vou falar sobre mudanças, pois disso eu entendo bem.
Só não posso dizer que meu marido é jogador de futebol, porque com
certeza vão me achar fútil e pensar que sou Maria Chuteira. Posso contar
um episódio de bullying evangélico que sofri dos jogadores, por não ter
aceitado Jesus. E dizer que naquela época, em que meu marido estava no
DespertarReflexões do
54 Gente que mora dentro de mim
fundo do poço por ter perdido a posição, eu tive raiva desse Jesus, pois os
que nos apontavam o dedo estavam muito bem, obrigada. Não! Vai ficar
feio e gerar polêmica. Ah! Então vou escrever sobre o Senda! Sobre toda
a transformação que vivi com as vivências da Flavia Melissa, sobre como
me senti pertencendo ao mesmo grupinho da Flavia, podendo tirar uma
foto com ela deitada no meu colo! Nossa! Me senti amiga! Até o Ricardo
sabia o meu nome e me aceitou de amiga no face! Vou parecer super
importante!
Caraca... me perdi no que eu queria escrever. Era sobre
transformação, sobre como me curei da síndrome no pânico naqueles
dias... Não sobre mim. Péssimo! Apaga! Já sei! Vou escrever sobre o PESV,
em como o ato de aceitar a indicação da Flavia mudou a minha vida!
Sobre como descobri o meu talento de contar histórias através de fotos
e como presenteei a Flavia com um álbum, que ela disse q amou... posso
até colocar um link para as pessoas conhecerem meu trabalho... não,
calma! Isso sim é autopromoção. Que feio, Fernanda! Não foi isso que te
ensinei! Você tem q ser humilde, você tem que ser legal, você tem que
ser sincera, mas na medida certa. Não se mostre, não se exponha, não se
promova, não fale de você, fale sobre coisas.
Que tal começar com uma frase pronta? Show! Você fazia muito
bem isso na faculdade: lança uma frase de efeito e disserta sobre ela.
Imparcial! Ninguém vai saber o que você realmente acha. Coloca dois
pontos de vista, joga a bomba e sai correndo. Super imparcial. Sem
julgamentos, porque aqui o povo fala sempre isso. Já é!
DespertarReflexões do
55 Gente que mora dentro de mim
Opa! Calma... Mas os dois pontos de vista estão julgando. E afinal,
não existem somente dois pontos de vista não é? Esquece...melhor não.
Fala sobre o seu primeiro contato com a espiritualidade, da vez em que
você foi para um SPA e o mundo desabou, literalmente, ao redor. Conta
como você ficou incomunicável, sem telefone, sem água, sem luz e diante
da impossibilidade da chegada dos bombeiros, teve que ser voluntária
no resgate às vitimas do desabamento. Conta para eles como foi estar
numa cena de guerra, uma coisa muito parecida com o inferno, com
corpos jogados pela rua, lama, chuva, gritos, choro... e diante daquilo tudo,
diante da constatação de que você não sabia fazer nada, alguém muito
iluminado se aproximou e disse: apenas segure a mão dos sobreviventes.
Eles não precisam que você saiba, eles só precisam que você exista aqui
e agora!
Espiritualidade? Cura? Mudanças? Julgamentos? Transformação?
Propósito? Presença? Esquece... o prazo acabou. Fica quietinha na sua
que é muito melhor!
FERNANDA AZEVEDO
Arquivista, storyteller, criadora do Contografia.www.contografia.com.br / Insta: @contografia
Face: /contografia
DespertarReflexões do
56
Região X Espiritualidade
Certa vez eu sofri bullying religioso. Parece contraditório falar
isso, mas foi sério. E doeu! Pela primeira vez eu havia mudado para uma
cidade diferente, em outro Estado, com a minha família. Na mala apenas
algumas roupas e muita expectativa. Expectativa que logo se transformou
numa sensação de não pertencimento. Eu não era considerada digna de
frequentar certas reuniões de mulheres, as chamadas células, por ainda
não ter aceitado Jesus. Eu não entendia. Eu era católica, batizada, fiz a
primeira comunhão, fui crismada, casei na igreja e...eu ainda não tinha
aceitado Jesus? Quem era esse cara, tão separatista e arbitrário? Será
que ele sabia o quanto eu me sentia solitária? Que Deus era aquele que
julgava as pessoas por sua religião e dizia que eu poderia ir para o inferno
por ser devota de alguns santos? Que Jesus era esse que mandou recado
quando meu marido teve uma grave lesão dizendo que aconteceu por
que ele era um homem sem fé? Que mulheres virtuosas eram aquelas
que não me convidavam nem para festa infantil, por não compactuar da
mesma fé que elas e por gostar de bebida alcoolica? Durante algum
tempo eu questionei minhas crenças e a minha religiosidade, pois não
encontrei entre cristãos a empatia que eu esperava.
Certa vez eu fui para um Spa na região serrana do Rio de janeiro. No
terceiro dia da estadia o mundo desabou ao redor do SPA. Literalmente!
Um forte temporal provocou graves derramamentos de terra. Muita gente
soterrada, muitas perdas, muitas pessoas feridas. Com a impossibilidade
DespertarReflexões do
57 Região X Espiritualidade
da chegada de socorro, nos restou sermos socorro. Cada um fazia o que
sabia. Limpar feridas, resgatar sobreviventes, arrecadar medicamentos,
limpar corpos para serem reconhecidos... a cidade estava destruída, a
verdadeira visão do inferno. Lama, choro, gritos, agonia. E eu? Eu me
sentia completamente incapaz por não saber fazer nada! Um funcionário
do Spa viu a minha angústia e de uma amiga e nos chamou para subirmos
até o alto de uma colina que não tinha sido atingida. De lá de cima
pudemos ver o estrago. Era um verdadeiro vale de lágrimas. Nós nos
compadecemos e cada um com sua crença, ela Budista, eu Católica, o
funcionário ateu, começamos a enviar boas energias. Em silêncio, surgiu
a compaixão. Quando descemos, tivemos a certeza de que queríamos
ajudar. Eu só não sabia como. Nesse momento alguém muito iluminado
chegou perto de mim e disse: segure as mãos dos sobreviventes e seja
apenas amor. Esteja apenas aqui e agora para aqueles que perderam
tudo. A proposta era aprender a alimentar meu corpo. Mas ali eu aprendi a
alimentar a minha alma.
“Religião é para aqueles que têm medo de ir para o inferno;
Espiritualidade é para aqueles que já estiveram lá.” (para-choque de
caminhão)
FERNANDA AZEVEDO
Arquivista, storyteller, criadora do Contografia.www.contografia.com.br / Insta: @contografia
Face: /contografia
DespertarReflexões do
58
Amo empreender, mesmo que algumas vezes isso tenha doído
Quando você entende e consegue interiorizar que todas as suas
experiências fazem parte do que você é hoje, não existe mais espaço
pra culpa, arrependimentos, “e se”. É uma verdadeira libertação! Tudo é
aprendizado e se hoje você vê seus fracassos por esse ângulo você não
paralisa e com certeza vai muito além.
No mundo do empreendedorismo é fundamental que a gente olhe
pros nossos erros com muita humildade e acolhimento a nós mesmos.
Não se culpe por ter feito escolhas erradas, por não saber como sair de
determinada situação, por não ter estado presente no momento que acha
que deveria estar. Enfim, você fez o melhor que sabia naquele momento.
Comigo foi assim. No momento que me vi em situações
desafiadoras, que não soube como resolvê-las, eu paralisei. Me culpei
muito por não ter tido sucesso em todos os meus empreendimentos.
Estava acostumada a vencer, sempre tudo dando tão certo. Não conhecia
o outro lado e quando me vi de cara com o fracasso, me desesperei e não
sabia que rumo tomar. Fui tomada por um profundo desânimo, que durou
alguns anos.
Deixei me levar por questionamentos inúteis, que só me faziam
sentir cada vez mais desconectada com meu ser. Me conectei de vez com
a escassez, com a dúvida e com o mimimi.
Hoje estou vivendo um processo de reconexão, de reencontro
DespertarReflexões do
59 Amo empreender, mesmo que algumas vezes isso tenha doído
com meus talentos, sonhos e projetos. E o que mudou? Quando
mudou? E como mudou? Qual foi a chave que consegui virar pra alterar
completamente esse paradigma de frustração que estava vivenciando?
A função da dor é fazer com que você queira sair da situação que
está causando essa dor. E a certeza que sempre tive no fundo da minha
alma que merecia ser feliz, que estava aqui nessa vida pra fazer algo
relevante pra humanidade foi o que me fez virar a chave.
Olhar pra dentro e começar a observar nossas emoções com muita
sinceridade e assumir a responsabilidade por nossas escolhas é a melhor
forma pra começar a desatar esse nó que conseguimos dar na nossa
existência.
A cortina de fumaça que antes pairava sobre minhas idéias deixando
tudo confuso começaram a se dissipar e surgiu então a clareza. Ah!! Essa
aí foi a grande responsável pela retomada do empreendedorismo na
minha vida. Saber onde seu coração bate mais forte é a essência de tudo
o que desejar fazer. Qualquer projeto precisa passar por essa análise do
coração.
Busque essa clareza dentro de você, peça ajuda se não conseguir
sozinho, mas coloque-se em movimento. Mesmo que ainda não saiba
exatamente como, se souber o que deseja, o Universo dará um jeito e
fará o impossível pra você ser a sua melhor versão de você e deixar a sua
marca por aqui.
A minha empresa estar viva, aqui e agora é a prova de que meu
coração bate muito forte por essa história . Por mais que tenha sido doído
DespertarReflexões do
60 Amo empreender, mesmo que algumas vezes isso tenha doído
em muitos momentos, eu não desisti. E hoje o meu sentimento é de pura
gratidão.
E por amar a minha história é que estou compartilhando com vocês
os meus mais profundos aprendizados, desejando que essas palavras
possam servir como motivação pra quem se identificar
Vamos juntos!!! Beijos no coração!!!
ELIZANDRA CARDOSO
Empreendedora e gestora criativa, cocriadora da Mil Flores.
DespertarReflexões do
61
Um mais um é sempre mais que dois.
Casais que trabalham juntos.
Essa história de trabalhar junto com seu companheiro pode ser uma
catástrofe pra muitos relacionamentos. Existe uma grande dificuldade em
separar as ideias que envolvem o trabalho e a vida pessoal.
Eu e o Ricardo somos um casal e na nossa história, vivenciamos
intensamente essa experiência, pois desde que nos conhecemos
começamos a trabalhar juntos.
Vou compartilhar um pouco dessa experiência, mostrando o que foi
e é mais relevante pra nossa jornada de casal empreendedor.
Acredito que uma das coisas mais importantes é o respeito à
essência do outro. E quando falo em essência quero dizer tempo,
forma, comportamento, habilidades e tudo mais que vier agregar a
personalidade que irá transbordar nas relações no dia a dia.
Tenho uma tendência controladora e centralizadora, mas tenho
aprendido a olhar para as situações e aceitar que nem tudo sairá do meu
jeito e que o outro tem soluções tão boas ou melhores do que as minhas.
Outro ponto importante é a divisão das tarefas de acordo com as
habilidades de cada um. Precisamos compreender que não somos bons
em tudo e que algo que pra você pode parecer impossível de resolver, o
outro faz com os pés nas costas.
Durante muito tempo eu fiquei com a sensação de estar
sobrecarregada nos meus afazeres administrativos. E por muitas vezes
DespertarReflexões do
62 Um mais um é sempre mais que dois. Casais que trabalham juntos.
quis passar a bola pro Ricardo, pois achava que ele tinha que participar
também dessas questões.
O Ricardo é o artista da nossa empresa e aos poucos fui
compreendendo que ele precisava estar livre dessas tarefas mais
burocráticas pra deixar a sua arte fluir.
Confesso que sentia uma inveja e dizia que ele ficava com a parte
boa e eu com a chateação. Mas, na verdade, sempre gostei da minha
parte. A questão é que a criação artística envolve um glamour, que eu
julgava ser mais importante do que os assuntos administrativos.
Já tive muitas crises por não saber o meu papel dentro do meu
negócio. Hoje, tenho muito claro dentro de mim qual o meu papel na
minha empresa. Sei que ela não seria o que é sem a minha participação.
Somos um organismo único. E cada um exerce o que melhor sabe fazer.
Quando você observa e respeita as habilidades e fragilidades do
outro, o relacionamento fica harmônico. O que seriam defeitos são vistos
como futuras conquistas ainda em desenvolvimento e a admiração pelas
habilidades é essencial pra manter o nível de companheirismos lá nas
alturas e uma ótima convivência.
No trabalho temos um objetivo em comum e lutamos diariamente
para atingir nossos sonhos. Algumas vezes é tão empolgante que
continuamos a falar de trabalho em casa e nos momentos de lazer. Isso
acontece quando tem paixão envolvida no projeto.
Esse entusiasmo só traz benefícios pra nossa relação pessoal,
dando uma turbinada na nossa rotina. Não consigo imaginar alguém
DespertarReflexões do
63 Um mais um é sempre mais que dois. Casais que trabalham juntos.
melhor pra ser meu sócio do que a pessoa que divide os mesmos sonhos
comigo.
Nos momentos difíceis é fundamental que haja o acolhimento do
outro, o não julgamento e o perdão. Quando eu me sentia a pior pessoa
do mundo, lá estava ele me colocando pra cima, me acolhendo, me
incentivando e me mostrando o caminho do auto perdão.
E assim vamos aprendendo a ser a nossa melhor versão,
contribuindo para que o outro também seja.
ELIZANDRA CARDOSO
Empreendedora e gestora criativa, cocriadora da Mil Flores.
DespertarReflexões do
64
Sementes Cotidianas - parte 1
Segunda-feira.
Primeiras horas do dia vestia sombras.
Eu ainda não sabia.
Sentada na cama com o notebook no colo comecei a chorar.
Lidava com aquela tristeza repentina sabe? Daquelas que levam o
fôlego e deixam cansaço.
Questionava-me...
Por quê? Por quê?
Mas, eu ainda não sabia.
Acessava alguns conteúdos e optei por ouvir um podcast que para
minha surpresa foi revelador.
O título do podcast era “E quando você simplesmente não sabe?”
Descobrira porque chorava.
Chorava porque não sabia.
Desde que optei por encerrar um ciclo de atuação profissional de 4
anos (mais de 15 considerando o tipo do regime de atuação) lido com o
“não saber”.
Enquanto ouvia as palavras da Ariana, pude perceber que o “não
saber” possui pra mim beleza e horror.
Ora o vejo cheio de otimismo, possibilidades, confiança,
descobertas... Ora o vejo cheio de insegurança, descrença,
impossibilidades...
Sementes Cotidianas
DespertarReflexões do
65
A pergunta que faço agora é:
Como “tenho” que olhar?
Minha descoberta?
Eu posso “só” olhar.
Partindo da possibilidade que o “não saber” é significativamente
tudo que “sei”.
Sementes Cotidianas - parte 2
7h40 e a cabeça lateja.
Me dou conta que sonhara com discussões...
Levanto e encontro o Rodrigo se preparando para o trabalho.
O abraço e repouso a cabeça no seu peito.
Posso ouvir nitidamente as batidas do seu coração.
Gosto do som.
Fico ali.
[...]
Durante práticas meditativas tenho feito opção por esse mesmo
movimento.
A cada pulsar do meu coração sinto estar intimamente ali.
Não há separação.
Sou o som.
Sou um.
Sementes Cotidianas
DespertarReflexões do
66
[...]
Quão sublime é o coração.
Bata aqui ou bata ai...
Quando o escuto não há discussões... Discussões daquelas
consumidas por excessos de cólera sabem?
Quando o escuto não há separação...
Sou eu.
Sou você.
Somos um.
Sementes Cotidianas - parte 3
Há sol.
Sento no chão com as pernas cruzadas e ele pousa na minha frente.
Está entre as folhas das árvores.
Sua luz deixa meus olhos sensíveis e com isso sou convidada a
fechá-los.
Sim, ainda há sol.
Ele alimenta as folhas das árvores e também me oferece alimento.
Eu como.
Eu sinto.
Ele alimenta.
Faz-me florescer,
Sementes Cotidianas
DespertarReflexões do
67
Faz-me dar frutos.
Há sol e é verão...
Lembro que no verão sua presença é concedida por mais tempo.
Eu agradeço.
Sementes Cotidianas - parte 4
Amanheceu.
Coloquei minhas flores na janela e havia sol.
Voltei pra cama e ali o sol se pôs.
Minha mente gritava dizendo que eu não conseguira.
Minha mente gritava dizendo que eu não fora boa o suficiente.
O tempo fechou e antes da chuva molhar eu já molhara.
Doía... Doí.
Eu estava vestida da armadura que sempre precisa de mais.
Mais aceitação.
Mais atenção.
Mais reconhecimento... Mais... Mais... Mais.
Agora?
Ainda visto a armadura, mas escuto uma voz que conta que o
cavaleiro ao chorar, chorar, chorar faz com que sua armadura termine de
enferrujar e caia em pedaços.
Sementes Cotidianas
DespertarReflexões do
68
Sementes Cotidianas - parte 5
31/01 último dia do primeiro mês do ano de 2017.
O que aconteceu nesses 31 dias?
Eu descobrira.
Descobrira que posso sair da brincadeira de esconde-esconde.
O que significa que posso aparecer.
É, aparecer. Com todas as funções atribuídas ao termo.
Aparecer.
No escuro, no medo, na solidão, na preocupação...
Aparecer.
Na entrega, na desconfiança, no receio, na ingratidão...
Eu descobrira.
Descobrira que posso sair da brincadeira do pega-pega.
O que significa que eu posso soltar.
É, soltar. Com todas as definições atribuídas ao termo.
Soltar.
O escuro, o medo, a solidão, a preocupação...
Soltar.
A entrega, a desconfiança, o receio, a ingratidão...
Sementes Cotidianas
DespertarReflexões do
69
Eu descobrira.
Descobrira que posso brincar.
O que significa que eu posso.
É, posso. Com todas as funções atribuídas ao termo.
Posso.
Aparecer e também soltar.
Amanhã 01/02 primeiro dia do segundo mês de 2017.
Eu ainda posso.
Sementes Cotidianas - parte 6
A cabeça dói,
Casa cheia e de pernas pro ar,
O cabelo em coque,
Ainda visto pijama.
Olho pela janela,
O tempo está feio, mas continuo na janela.
Aprendo a contemplar as trovoadas.
O que acontece depois?
Sementes Cotidianas
DespertarReflexões do
70
Chove.
E o barulho da chuva torna-se canção.
O tempo?
Não está feio e a cabeça já não dói mais.
MÔNICA BRITO
Life and Professional Coach, colunista e especialista em Gestão Estratégica de Pessoas.
Face: /monicabrito.fanpage
70 Sementes Cotidianas
DespertarReflexões do
71
O espaço entre “ainda não” e “enfim”
Quase todos os dias pela manhã, minha rotina é de ir para o trabalho
caminhando. Mais um entre as pessoas na rua. Hoje não foi diferente.
A diferença é que eu me sentia ali, presente. Não estava lendo alguma
mensagem no celular nem pensando nas tarefas que me esperavam.
Não tinha fones no ouvido nem olhava o relógio uma e outra vez. Eu
caminhava, um passo após o outro, observando as possibilidades que se
descortinavam naquele percurso tantas vezes repetido.
Horário de rush. A calçada estava, como sempre, cheia, insuficiente
naquela parte da cidade. No meio do trânsito, alguns mais audazes
atravessavam entre os carros. Buzinas se esparramavam, os ônibus
jogavam uma fumaça acre nos pedestres – e às vezes em mim.
Raramente, em meu trajeto para o trabalho, o sol brilha, forte e dinâmico.
O mais comum é ser acompanhada por uma chuva como a de hoje,
plasmada em um céu embranquecido. Um chuvisco fino que caía devagar
e contrastava com a pressa dominante.
Eu esbarrava em homens e mulheres, mas ainda não era o
momento. Vez ou outra sustentava o olhar em busca de algo que
não sabia denominar e que por falta de expressão melhor, apelido de
empatia. Um pouco de conexão, um sorriso. Naquele horário, naquele
lugar, é difícil. Via pouco além de confusão e vazio. O objetivo de chegar,
chegar logo, era a tônica. Todos pareciam tão perdidos em seus próprios
universos, dores e alegrias, pensamentos e distrações. Próximos, mas tão
DespertarReflexões do
72 O espaço entre “ainda não” e “enfim”
distantes. Eu continuava com uma pergunta no semblante e a resposta
que parecia obter era: ainda não.
Até que, por dentro, algo mudou. Um espaço, um respiro.
Possibilidades, possibilidades. Nem tudo precisava ser como sempre.
Eu percebi, entre um passo e outro, que o fluxo poderia vir de um lugar
diferente. Do lado de dentro. Eu poderia ser fonte. Enfim! Um lampejo,
mais um, nessa coleção de despertares, nesse eterno acordar para a vida.
Eu continuei a caminhar entre pessoas apressadas em uma cidade
infestada de arranha céus. Mas o itinerário era variado, sem tropeços nem
topadas. Eu já não esbarrava em ninguém e não mais precisei levantar
os olhos à procura do que quer que fosse. Não mais. Porque não mais
caminhava com os olhos baixos, a mercê de empurrões e carrancas.
Eu era agora o próprio olhar que havia buscado anteriormente em
outros rostos. Encontrei, enfim, sorriso e conexão. Não imaginava que os
encontraria tão perto, em mim. E então o simples trajeto para o trabalho
pôde tornar-se uma fluidez de passos e gestos, quase uma dança. Um
aprendizado, uma habilidade mais a aprender por meio da vivência e da
experiência. E se é viável movimentar-me com graça e com flexibilidade
no percurso para o trabalho, eu me pergunto o que mais será possível
nesse infinito caminhar pela vida.
LUANA ALVES DE MELO
Apaixonada pelo mundo, pelas culturas, pelas pessoas e pelas experiências que tem colecionado por aí.
www.sermulticultural.wordpress.com
DespertarReflexões do
73
A nossa VERDADE
Certo dia a minha filha me disse o seguinte: “Ainda bem que eu
tenho tantos medos porque assim tenho muitas oportunidades para ter
coragem em ultrapassá-los.”
Não me surpreendeu ela ter este pensamento, pois tantas vezes
é ela quem me mostra a simplicidade das coisas, a verdadeira mestria
de quem não complica!! Os verdadeiros aprendizados vêm de coisas tão
simples e naturais como esta afirmação! É tão lógico que seja assim, só
passando por provações é que teremos realmente a oportunidade de
evoluir, de crescer… mas a maior parte de nós, não vê este potencial, não
deixamos que a vida flua naturalmente, não aceitamos que as coisas são
como são e que está tudo certo… falta de fé? Talvez… mas não daquela fé
de algumas religiões, talvez falta de fé em nós próprios, falta de fé em
perceber que precisamos realmente de muito pouco para estar bem!!
Pelo contrário, precisamos de garantias de que tudo está certo,
garantias que tudo está a ir da forma que idealizámos e quando
falha, sentimos a frustração ilusória de que quem falhou fomos nós,
consideramos mesmo que nós somos a falha só porque as coisas não
correram como esperávamos… mas será que paramos para pensar porque
têm as coisas de correr como queremos? Que Super-Poder temos nós
que nos faz acreditar saber o que é melhor que aconteça na nossa vida
de forma tão estruturada e sem margem para erro?
Vivemos tão fechados em nossas mentes e identificados de tal
DespertarReflexões do
74 A nossa VERDADE
forma com ela que deixamos de perceber quem somos realmente,
vivemos numa mentira e completamente voltados para o exterior, que
não nos apercebemos que calamos tantas e tantas vezes a nossa voz!
Consumimos tudo o que vem de fora e quase nunca somos consumidores
do que está dentro… vamos dando lugar ao EGO e à necessidade de ser
da forma que idealizámos ser a melhor, ou porque em algum momento
ficámos com essa perceção ou porque não queremos voltar a sentir
dor… o certo é que entramos num fluxo de vida em que parecemos
carneirinhos todos iguais a cumprir as mesmas rotinas, a querer as
mesmas coisas, a competir uns com os outros para ver quem tem a casa
maior, o emprego melhor, o marido melhor, os filhos melhores e nem
nos apercebemos que deixamos escapar o essencial… aquele essencial
que Antoine de Saint-Exupéry já dizia n’ “O Principezinho”: “O essencial é
invisível aos olhos.”
O essencial não se vê… está por dentro, está na auto-análise, está
no acolher quem somos com todas as perfeições e imperfeições, está no
respeito por nós próprios, pelo nosso corpo que carrega nossa alma, pelo
nosso caminho que com imperfeições ou não, fez de nós quem somos…
está no honrar a nossa existência! O essencial não é certamente validar
quem somos através da comparação com outro Ser, que nasceu para ser
algo diferente daquilo que eu Sou! Como podemos comparar e validar
nossas vidas com o desempenho que os outros vão tendo nas suas
próprias vidas? Como podemos comparar uma existência que nasceu Luz
e que veio cumprir sua missão com outra que tem uma missão diferente?
DespertarReflexões do
75 A nossa VERDADE
É lógico que não é possível tal comparação mas a verdade é que nos
sentimos impelidos a fazê-lo constantemente!
Acreditamos mesmo que somos o que a nossa mente nos diz,
acreditamos mesmo que se a nossa vida não for de determinada maneira,
ela simplesmente não é… estranho não é? Como é que a nossa vida
que existe e que está aqui dia após dia, pode não ser se não cumprir os
requisitos todos que previamente estabelecemos?
Silenciar a nossa mente e entrar em contato com quem somos é
o início da nossa maior concretização, passamos a considerar todas a
situações menos boas como aprendizados, passamos a olhar para as
nossas “imperfeições” como sinais das coisas que precisamos integrar
e como oportunidades de crescimento e aos poucos, às vezes até bem
devagar (porque o objectivo é o caminho e não o ponto de chegada),
percebemos que tudo se vai encaixando, conseguimos ver os sinais e
simplesmente deixamos fluir… e então deixa de ser importante validarmos
a nossa existência com a do outro, deixa de ser importante validarmos o
que temos com o que o outro tem, simplesmente porque percebemos
que o que existe dentro de nós é a NOSSA VERDADE e que seguir o nosso
coração é tudo o que faz sentido!!
Com amor
ANDREIA MARTINS
Gestora de cliente, facilitadora de Meditação Infantil e apaixonada pela Vida.
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Uma versão sobre mãe e mulher desse conto
No conto Pele de Foca, pele de alma de Clarissa Pinkola, capítulo 9
– A volta ao lar: O retorno ao próprio self.- muitas são as semelhanças e
processos de vivências em que apresenta o self e o ego em contraponto,
como algo que todos protagonizamos em nossas vidas.
O conto narra a história de um homem que vivia num tempo que
passou para sempre e que irá logo estar de volta. Era um homem muito
solitário que tentava ser feliz. Sentia solidão profunda. Uma noite ele viu
um movimento de mulheres dançando e se aproximou com o barco, pois
era em cima de uma rocha que elas estavam. Logo se encantou e quando
as mulheres que estavam nuas se vestiam pra irem embora, ele sorrateiro
escondeu uma de suas roupas : a pele de foca, de uma das mulheres, e
logo convidou ela pra que ficasse com ele, por durante sete anos, depois
prometo lhe devolver a sua pele de foca e você poderá ficar ou ir embora
como preferir. Ela ainda lembra que não é da mesma natureza humana. E
ela disse que iria com ele até passar os sete verões, aí tomaria a decisão.
E assim com o tempo tiveram um filho a quem deram o nome de Ooruk.
Tudo correu bem ela contava histórias de foca , baleias e do salmão para
o filho dormir. Certa noite o menino acordou com os gritos da mãe e do
pai,a gritaria era dos pais. Nessa briga a mãe pedia sua pele de foca e
o pai insistia que se ela colocasse a pele iria abandonar o filho e ela e
seria muito má. Ela reluta, mas parte em busca de sua essência e de seu
povo.Enfim, a história retrata por simbolismo muitas metáforas da vida de
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todos NÒS, enquanto seres humanos nessa nave chamada Terra. Temos
o “roubo do tesouro”, ou o “roubo da pele”, como o afastamento de sua
essência pelo homem, que seria o ego, quem mais poderia nos afastar
de nossa identidade maior, senão o famoso Ego. O conto se movimenta
entre o sagrado masculino e o sagrado feminino dentro de uma cultura
de medo, sem encontro com a verdade. Essa verdade seria a libertação
do eu, que ao perder a pele, fica preso a uma mentira ou ilusão. Que
acontece no momento em que a mulher no seu ritual de dança, se vê
roubada, e iludida pela carência do outro, o homem, aceita, por medo, a
viver com ele um ciclo de sete anos. O que podemos dizer que se parece
com todo nascimento, quando nos entregamos ao nascer e romper as
barreiras do transporte de outra vida , outra experiência, aceitamos por
amor. Mas , quando nascemos , já bem logo nessa hora nos separam
de nossas mães, e assim ficamos num choro, que faz despertar o medo
da solidão, e assim ficamos durante muitos ciclos de sete anos , até
despertar para uma nova consciência.
MARISA REGINA ROST
Professora, terapeuta holística e Reiki.
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Oração da presença
Muitas vezes estamos tão concentrados no que nos falta que
esquecemos de apreciar tudo o que temos. Focando no vazio arrastamos
para o foco da nossa percepção as ausências temidas pela mente, mas
irreais, desviando, assim, o olhar para toda a concretude da presença.
Pensando na ausência, sentimos a ausência e toda a dor que a
acompanha: solidão, arrependimento, culpa, rancor, tristeza, raiva…
Começamos, então, a criar realidade e, nesse caso, uma realidade
pautada na dor e no sofrimento.
Esse é o caminho: pensamentos geram sentimentos. Que tal
usarmos essa lógica para criar realidades compatíveis com as quais
queremos viver? Que tal usar esse mecanismo para focar na presença, ou
seja, em tudo aquilo que temos na vida?
Há tanto pelo que ser grato. E existem diversas formas de fazer isso.
Algumas pessoas usam a meditação como um instrumento a fim
de parar as atividades externas por alguns minutos e voltar-se para as
atividades internas: contemplar a si mesmo, os seus pensamentos e a sua
respiração, coisas tão vitais que passam despercebidas na correria do dia
a dia.
Outras pessoas gostam de estar na natureza. Admirar os pássaros
voando com leveza, sentir o cheiro da grama molhada e molhar os pés no
mar. Um bom lugar para sentir-se conectado com o Todo.
Uma outra maneira de estar presente é através da prece. Cada um
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da sua maneira e fé pode encontrar através da oração alguns instantes
para estar ali e conversar com o Universo, a Vida, com Deus, com seu Eu
Maior ou qualquer outro nome que possam lhe atribuir. Os nomes não são
importantes, os sentimentos são. Estar presente é.
Eu, particularmente, gosto e uso de todas essas formas. Mas hoje
meu impulso em vir aqui é de te convidar para uma oração (um mantra
diário) coletiva. Então, vamos:
“Hoje, e todos os outros dias, meu desejo é de estar aqui presente.
De poder apreciar e contemplar todas as graças e virtudes que me são
concedidas agora. Sempre que minha mente devagar para qualquer
outro lugar que não seja o da presença, eu vou parar e respirar fundo.
Entendo que sua intenção é de me proteger, mas sei que hoje eu posso ir
além. Hoje, eu sei que sou responsável e autor da minha vida, que posso
escolher, a cada momento, a abundância no lugar da escassez. Que sou
pleno e completo exatamente do jeito que sou. Agradeço pela minha
família que me ajuda, do seu modo, a enxergar mais e melhor a meu
respeito. Agradeço aos meus professores, amigos e todas pessoas que
passaram pela minha vida, mesmo aquelas que entendi que me fizeram
sofrer, todos eles de alguma forma contribuíram para que eu me tornasse
quem eu sou hoje e eu tenho muito orgulho de quem eu sou. Até agora
eu não poderia ser diferente, mas de agora em diante eu posso ser o que
eu quiser. E eu escolho estar aqui atenta e presente no que eu tenho do
que sofrer pelo que eu imagino não ter. Só depende de mim”.
E que assim seja.MARCELLA ROSENBLATT
Psicóloga, Terapeuta Sistêmica e Practitioner em PNL.www.marcellarosenblatt.com
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