Realidade Social:
Desafios para uma
Igreja em Saída
Pensar esta realidade social com o olhar da
Laudato Si
Cuidado da Casa comum
Terceiro encontro mundial do Papa com os movimentos populares – 05/11/2016
No último encontro, na Bolívia - necessidade de uma mudança para que a vida seja digna, mudança de estruturas
Três pontos:
1. Colocar a economia à serviço dos povos;
2. Construir a paz e a justiça;
3. Defender a Mãe Terra.
Pontos de reivindicação
• trabalho digno para aqueles que são excluídos do mercado de trabalho;
• terra para os agricultores e as populações indígenas; • moradia para as famílias sem-teto; • integração humana para os bairros populares; • eliminação da discriminação, da violência contra as
mulheres e das novas formas de escravidão; • o fim de todas as guerras, do crime organizado e da
repressão; • liberdade de expressão e de comunicação democrática; • ciência e tecnologia a serviço dos povos
• Neste encontro a mesma sede de justiça, o mesmo grito: Terra, Casa e Trabalho para todos
Três pontos específicos para reflexão:
• O terror e os muros
• Amor e pontes
• Falência e resgate.
o terror e os muros
• A germinação, que é lenta e que tem os seus tempos, como todas as germinações, é ameaçada pela velocidade de um mecanismo destruidor que age em sentido contrário.
• Existem forças poderosas que podem neutralizar este processo de amadurecimento de uma mudança, que seja capaz de mudar o primado do dinheiro e pôr novamente no centro o ser humano, o homem e a mulher.
• Chicote – Um chicote existencial • Então, quem governa? O dinheiro. Como governa? Com o
chicote do medo, da desigualdade, da violência financeira, social, cultural e militar que gera cada vez mais violência numa espiral descendente que parece infinita.
• Muros que encerram alguns e exilam outros. Por um lado, cidadãos murados, apavorados; e por outro, excluídos, exilados, ainda mais aterrorizados.
• É esta a vida que Deus, nosso Pai, deseja para os seus filhos?
• Continuemos a trabalhar para construir pontes entre os povos, pontes que nos permitam derrubar os muros da exclusão e da exploração». Enfrentemos o terror com o amor!
Amor e pontes.
• Um projeto-ponte dos povos diante do projeto-muro do dinheiro.
• Um programa que visa o desenvolvimento humano integral.
• Temos o dever de ajudar a curar o mundo da sua atrofia moral.
• Quantas mãos atrofiadas / quantas pessoas privadas de dignidade do trabalho
• O crescimento da economia, progressos tecnológicos, maior «eficiência» para produzir coisas que se compram, se usam e se abandonam, englobando-nos todos numa vertiginosa dinâmica do descarte
• Contrário ao desenvolvimento que não se reduz ao consumo, que não se limita ao bem-estar de poucos, que inclui todos os povos e as pessoas na plenitude da sua dignidade, desfrutando fraternalmente da maravilha da criação.
• Este é o desenvolvimento do qual nós temos necessidade: humano, integral, respeitador da criação, desta casa comum.
Falência e resgate
• Ecologia Integral • O que acontece com o mundo de hoje que, quando se verifica a
falência de um banco, imediatamente aparecem quantias escandalosas para o salvar, mas quando ocorre esta falência da humanidade praticamente não aparece nem uma milésima parte para salvar aqueles irmãos que sofrem tanto?
• É verdadeiramente um problema do mundo. Ninguém deveria ver-
se obrigado a fugir da sua pátria. Mas o mal é duplo quando, diante destas circunstâncias terríveis, os migrantes se veem lançados nas garras dos traficantes de pessoas, para atravessar as fronteiras; e é triplo se, chegando à terra na qual julgavam encontrar um porvir melhor, são desprezados, explorados e até escravizados! Pode-se ver isto em qualquer recanto de centenas de cidades. Ou simplesmente não os deixam entrar
• Vós sabeis recuperar fábricas das falências, reciclar aquilo que outros abandonam, criar postos de trabalho, cultivar a terra, construir habitações, integrar bairros segregados e reclamar de modo incessante, como a viúva do Evangelho que pede justiça insistentemente (cf. Lc 18, 1-8).
• O fosso entre os povos e as nossas atuais formas de democracia alarga-se cada vez mais, como consequência do enorme poder dos grupos econômicos e mediáticos, que parecem dominá-las.
• Vós, organizações dos excluídos e tantas organizações de outros setores da sociedade, estais chamados a revitalizar, a refundar as democracias que estão atravessando uma verdadeira crise
• Sabemos que «enquanto não forem radicalmente solucionados os problemas dos pobres, renunciando à autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira e atacando as causas estruturais da desigualdade social, não se resolverão os problemas do mundo e, em definitivo, problema algum.
•
• A desigualdade é a raiz dos males sociais». Por isso, disse e repito-o, «o futuro da humanidade não está unicamente nas mãos dos grandes dirigentes, das grandes potências e das elites. Está fundamentalmente nas mãos dos povos; na sua capacidade de se organizarem e também nas suas mãos que regem, com humildade e convicção, este processo de mudança».
• Continueis a contrastar o medo com uma vida de serviço, solidariedade e humildade a favor dos povos e sobretudo dos que sofrem.
• Podereis errar muitas vezes, todos erramos, mas se perseverarmos neste caminho, cedo ou tarde, veremos os frutos. O amor cura tudo
SER MISSIONÁRIO DOS POBRES
SOMENTE PARA OS POBRES
PASTORAIS SOCIAIS - CNBB
A Igreja está convocada a ser a advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas (Cf. DAp ).
PASTORAL SOCIAL • É a presença solidária da Igreja junto
às pessoas e situações onde a dignidade e a vida são negadas ou ameaçadas;
• A Pastoral Social, seguindo o caminho de Jesus Cristo, expressa o amor preferencial de Deus pelos
pobres e excluídos.
• Em comunhão com a missão maior da
Igreja agem para que esta seja plena de êxito no propósito de cuidar e defender a vida
MISSÃO DA PASTORAL
A lição da Gaudium Et Spes:
“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles e aquelas que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos e discípulas de Cristo”.
MISSÃO DA PASTORAL
A missão da pastoral social se coloca nas
fronteiras da evangelização, no
mundo dos pobres e marginalizados
(Missão da Pastoral Social, 2008).
As primeiras pastorais sociais
As primeiras Pastorais Sociais
• Pastoral dos Pescadores – 1968
• Conselho Indigenista Missionário – 1974
• Pastoral Operária – 1972
• Pastoral da Terra - 1975
Pastorais Sociais Movimentos Sociais
Pastorais Sociais • É importante recordar a proximidade das
Pastorais Sociais com os Movimentos Sociais;
• Em muito momentos foram o apoio para que os Mov. Sociais pudessem se estruturar e levar para frente sua missão na sociedade.
• Vivem experiências de proximidades e também de tensões.
• Contudo as Pastorais não podem abrir mão da sua identidade e comunhão eclesial.
DÉCADAS DE 70 e 80
Conferência de Puebla - 1979
Confirmação da opção preferencial pelos pobres
“Suprimir as causas e não só os efeitos da pobreza e da injustiça”.
Anos 70 e 80
• Percepção de novos e gritantes desafios: urbanização – migrações – mundo do trabalho;
• Surgem outras Pastorais Sociais como mediações sócio-políticas da ação pastoral da Igreja;
• Mediações que correspondessem ao conteúdo da DSI e à realidade sócio-política e pastoral.
• Multiplicam-se as Pastorais Socais especializadas: Migrantes, Saúde, Menor, Mulher Marginalizada, Criança, Afro. Setor da Mobilidade Humana, entre outras
ANOS 90 E NOVO SÉCULO
Conferência de Santo Domingo
• A Igreja latino americana
assume o desafio de refletir as culturas presentes no continente a partir das suas riquezas, e diálogo com o cristianismo.
• Reconhecimento das culturas dos povos indígenas e dos afro-americanos.
Nos anos 90 • Enfrentamento do Neoliberalismo;
• Semanas Sociais Brasileiras;
• Grito dos Excluídos;
• Plebiscitos – leis de iniciativa popular;
• Mutirão da Superação da Miséria e da Fome;
• Fortalecimento dos Movimentos Sociais – autonomias e tensões
• Outros protagonistas a partir de outros referenciais;
• A opção evangélica pelos pobres renova a participação e a partilha na Igreja e incentiva o espírito missionário das comunidades;
• Na década de 90 tem-se início das Semanas Sociais Brasileiras: são processos importantes para a formação de lideranças que atuem social e politicamente no serviço da paz e da justiça;
NOVO SÉCULO
• Referência da Igreja Latino Americana.
• Opção pelos pobres como intrínseca a fé cristã.
• Compromisso eclesial com a missão social.
• Os novos rostos sofredores.
• A Igreja se compreende como advogada dos pobres.
• Uma Igreja solidária com os indígenas e negros.
• Assume terminologia “pastoral social” – cap 8
Algumas tarefas
1. Inserção, articulação - integração crescente entre as várias pastorais sociais.
2. Ter ações combinadas, no sentido de concretizar o espírito de uma pastoral “orgânica e de conjunto”.
3. Continuar o diálogo com as forças eclesiais e sociais.
4. Continuar o debate sobre o Estado Brasileiro iniciado na 5ª Semana social
DESAFIOS
Presença Samaritana;
Identidade enquanto pastorais sociais -
Eclesiologia de comunhão;
Transformação a partir da relação com outras
pastorais;
Ousadia na proposição, humildade no
diálogo, persistência no processo;
As pastorais tem uma palavra consistente a
ser ouvida por toda a Igreja;
• Presença viva da igreja nos vários espaços de articulação da Sociedade e dos Movimentos Sociais
Articulações, Campanhas, Fóruns
• Articulação Nacional de Agroecologia - ANA
• Articulação no Semíarido Brasileiro – ASA
• Campanha de combate ao trabalho escravo
• Campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida
• Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social
Políticas Publicas
• Conselhos – mulheres, criança e adolescente, saúde, meio ambiente ........
• Fóruns – economia solidaria, segurança alimentar .........
• Comitês de Bacias Hidrográficas
• Programas para agricultura familias – PAA / PNAE
• Novo Marco Regulatório da Sociedade Civil
Movimentos Sociais
Movimento Sindical rural e urbano
Movimentos de Luta Pela terra
Movimento de luta contra os grande projetos
MMC – Movimento das Mulheres
camponesas
Movimentos dos Trabalhadores rurais Sem Terra
MPA – Movimento dos Pequenos
agricultores
MAB – Movimento dos Atingidos por
Barragens
Movimento pela Soberania Popular na Mineração
Movimento Nacional de Catadores
Movimento de libertação dos Sem Terra
Contexto
• Golpe
• Desmonte do Estado
• Flexibilização das leis – trabalhistas / ambientais / marco regulatório da mineração / Previdência
• Aquecimento global – Crise hidrica
• Criminalização dos movimentos sociais / assassinatos
REFLEXÃO PARA O DEBATE
• O que estamos fazendo para estar do lado dos mais empobrecidos?
• Como contribuir para que estes possam ser sujeitos da sua própria história?
• Qual igreja queremos ser neste contexto hoje. Onde as pessoas estão em busca de soluções imediatas para os seus problemas.
• Desafio de sair do conforto das nossas estruturas para calçar as sandálias de São Vicente.
• Estamos contribuindo com o processo de formação de agentes leigos para que os mesmos possam assumir as instâncias que contemple as políticas públicas nas suas várias instâncias?
• Estamos contribuindo para o surgimentos e o crescimento das pastorais sociais nas nossas paróquias. Qual investimento estamos fazendo.