COMISSÃO DE FORMAÇÃO
GRUPO DE ORAÇÃO
Alides Destri Mariotti
Ronaldo José de Sousa.
2
APRESENTAÇÃO
Este texto quer aprofundar a reflexão sobre o Grupo de Oração nos seus três momentos distintos:
núcleo de serviço, reunião de oração e grupo de perseverança, pretendendo dar uma visão geral das
características e estrutura do grupo como um todo, bem como de sua condução.
Na transmissão deste conteúdo, a espiritualidade deve ser motivada pelos seguintes textos:
a) “Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria,
Mãe de Jesus, e os irmãos dele” (At 1, 14).
b) “Pois a promessa é para vós, para os vossos filhos e para todos os que ouviram de longe o apelo do
Senhor, nosso Deus” (At 2, 39).
c) “Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, nas reuniões em comum, na fração do pão e nas
orações” (At 2, 42).
A confecção dessa apostila caracterizou-se por um trabalho participativo dos membros da
Comissão de Formação do Conselho Nacional, a partir do material já editado pela Secretaria Paulo
Apóstolo. Os autores – Alides Destri Mariotti (Ensinos 1, 3, 6 e 7) e Ronaldo José de Sousa (Ensinos 2, 4
e 5) - contaram, sobretudo, com as sugestões e ressalvas dos revisores Luiz Virgílio Néspoli e Helena
Lopez Rio Machado, que enriqueceram o texto e corrigiram equívocos.
É hora de buscar a vivência da identidade da RCC em todas as suas dimensões! Identidade que se
expressa numa experiência do derramamento do Espírito Santo, gerando verdadeira transformação de
vida, como diz o Santo Padre:
“O movimento carismático católico é um dos numerosos frutos do Concílio Vaticano II
que, como um novo Pentecostes, suscitou na vida da Igreja um extraordinário florescimento de
agregações e movimentos, particularmente sensíveis à ação do Espírito. Como não dar graças
pelos preciosos frutos espirituais que a Renovação gerou na vida da Igreja e de tantas pessoas?
Quantos fiéis leigos – homens, mulheres, jovens, adultos e anciãos – puderam experimentar na
própria vida o maravilhoso poder do Espírito e dos seus dons! Quantas pessoas redescobriram a
fé, o gosto da oração, a força e a beleza da Palavra de Deus, traduzindo tudo isto num generoso
serviço à missão da Igreja! Quantas vidas mudaram de maneira radical!”1.
ENSINO 1: O GRUPO DE ORAÇÃO
1. Introdução
O Grupo de Oração é a célula fundamental da Renovação Carismática Católica e caracteriza-se
por três momentos distintos: núcleo de serviço, reunião de oração e grupo de perseverança. Pessoas
engajadas na RCC, líderes e servos, através de encontros, orações e formação buscam “fazer acontecer
um processo poderoso de renovação espiritual, que transforma a vida pessoal do cristão e todos os seus
relacionamentos com Deus, com a família, com a Igreja e a comunidade2.
Grupo de Oração é uma comunidade carismática presente numa diocese, paróquia, capela,
colégio, universidade, presídio, empresa, fazenda, condomínio, residência, etc, que cultiva a oração, a
partilha e todos os outros aspectos da vivência do Evangelho, a partir da experiência do batismo no
Espírito Santo, que tem na reunião de oração sua expressão principal de evangelização querigmática e
que, conforme sua especificidade e mantendo sua identidade, se insere no conjunto da pastoral diocesana
ou paroquial, em espírito de comunhão, participação, obediência e serviço. “O objetivo do grupo de
oração é levar os participantes a experimentar o pentecostes pessoal, a crescer e chegar à maturidade da
vida cristã plena do Espírito, segundo os desejos de Jesus: ‘Eu vim para que as ovelhas tenham vida e a
tenham em abundância’ (Jo 10,10b)”3
Aqui, o Grupo de Oração será estudado em seus três momentos distintos: núcleo de serviço,
reunião de oração e grupo de perseverança, com base em Atos 2, 1-47.
Observe-se o quadro abaixo:
O GRUPO DE ORAÇÃO
1. JOÃO PAULO II. Colaborai com o Espírito numa nova efusão de amor e esperança.
2. PEDRINI, Alírio J. Grupos de oração, p. 13.
3. Ibid., p. 14.
3
Atos 2 - Igreja Primitiva Grupo de Oração
Primeiro
Momento
At 2, 1-4
Os apóstolos e discípulos, reunidos
com Maria, a Mãe de Jesus,
experimentam o derramamento do
Espírito Santo e são transformados
por Ele. Esta comunidade apostólica
sai do cenáculo para realizar a missão
e formar a Igreja com a multidão.
Núcleo de serviço – os servos que lideram o grupo
devem experimentar e testemunhar o batismo no
Espírito Santo. Eles são responsáveis pelo Grupo de
Oração como um todo. Daí a necessidade da
formação dos diversos serviços: acolhimento,
pregação, pastoreio, cura, intercessão,
aconselhamento, formação, música, ação social,
juventude, casais, etc.
Segundo
Momento
Atos 2, 5-41
A multidão se ajunta na porta do
cenáculo, vê a transformação dos
apóstolos, tem seus corações
compungidos, deseja e é batizada.
Reunião de oração - momento em que a multidão é
evangelizada, experimenta a ação de Deus,
testemunha os carismas e tem seu coração tocado. O
centro deste momento é o louvor e a pregação com
poder.
Terceiro
Momento
Atos 2, 42-47
A Igreja Primitiva persevera:
- Na doutrina dos apóstolos
- Na comunhão fraterna
- Na fração do pão
- Nas orações.
Forma-se, assim, a comunidade cristã,
onde não havia necessitados.
Grupo de perseverança - Os que foram evangelizados
devem ser conduzidos aos grupos de perseverança
para crescerem na doutrina, na fraternidade, na
participação da Eucaristia e na vida de oração. O
início da caminhada pode ser feito através de um
Seminário de Vida no Espírito. Este grupo é celeiro
de onde sairão aqueles que serão formados para
assumirem serviços necessários ao Grupo de Oração.
É necessário discorrer, de forma prática, sobre cada momento do Grupo de Oração e sobre como
levar os seus participantes à vivência do batismo no Espírito Santo, para uma vida de santidade e serviço.
Mas, antes, é preciso descrever a missão do coordenador do Grupo de Oração. “Tudo o que fizerdes,
fazei-o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens, certos de que recebereis, como
recompensa, a herança das mãos do Senhor. Servi a Cristo, Senhor” (Col 3,23-24).
2. O Coordenador do Grupo de Oração
Cada grupo de oração deve ter um coordenador que, junto com o núcleo de serviço, num trabalho
conjunto, é responsável por ele:
“O papel do chefe consiste, principalmente, em dar exemplo de oração na própria vida.
Com esperança fundada e solicitude cuidadosa, toca ao chefe assegurar que o multiforme
patrimônio da vida de oração na Igreja seja conhecido e aplicado por aqueles que procuram
renovação espiritual, meditação sobre a Palavra de Deus, uma vez que a ignorância da
Escritura é ignorância de Cristo (...) Deveis estar interessados em proporcionar comida sólida
para a alimentação espiritual, partindo o pão da verdadeira doutrina..”4.
É importantíssimo que o coordenador seja uma pessoa de intimidade com Deus, de intensa vida
de oração e de escuta, para que Jesus seja o Senhor do Grupo de Oração e o Espírito Santo o conduza.
O líder a serviço é aquele que orienta e conduz. Liderança não é dominação; a liderança espiritual
é diferente da liderança humana. Coordenar não é fazer tudo, não é autoritarismo, mas sim distribuir os
trabalhos, ouvindo a vontade do Senhor na oração, para colocar cada pessoa na atividade certa.
O modelo de líder é Jesus. Por isso, ele deve estar sempre a serviço5. A prioridade do serviço é o
amor. O coordenador, conhecendo as necessidades das pessoas que participam do Grupo de Oração,
agindo com toda a sabedoria e discernimento do Espírito, deve buscar a unidade do grupo. “Para que
todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o
mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21).
O coordenador não deve fazer nada mecânica ou superficialmente. A obra é do Senhor e, por
isso, é necessário fazer tudo com amor e por amor. Para isso, deve pedir os dons do Espírito Santo,
principalmente os da Sabedoria, Entendimento e Discernimento: “A sabedoria do coordenador alimenta-
se permanentemente de sua experiência de Deus e do relacionamento pessoal e profundo com Ele...
4. JOÃO PAULO II citado em RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, Liderança na RCC, p. 54. 5 Cf. Mt 20,25-28
4
Aliás, a experiência de Deus Pai, de Jesus vivo e do Espírito Santo é o fundamento da vida cristã e a
graça maior do batismo no Espírito Santo.”6
É importante que o coordenador observe outros coordenadores e troque experiências, bem como
visite outros grupos para absorver os frutos da oração comunitária de maneira mais livre, sem que esteja
na condução da reunião. Experiências bem sucedidas podem enriquecer outros grupos de oração.
Em resumo, são características do bom coordenador:
aberto, acolhedor, não se abate facilmente, é artífice da unidade e da paz;7
organizado, obediente, de boa intenção;8
tem consideração com os outros;9
caminha no Espírito;10
trabalha em equipe, não centraliza as atividades;
tem domínio, encorajando os tímidos, controlando os faladores;
tem zelo, ordem, compromisso e pontualidade;
tem uma mentalidade aberta à ação do Espírito Santo, que quer transformar sem cessar;
é conhecedor da doutrina da Igreja.
Ainda, é necessário que o coordenador:
dê oportunidade a todos;
apóie e reconheça o crescimento do irmão;
faça servos líderes, melhores que ele;
não resista às mudanças;11
Cabe também ao coordenador discernir com o núcleo de serviço as necessidades do Grupo de
Oração e, a partir daí:
Usar criatividade nas reuniões de oração;
Proporcionar seminários, retiros de primeira experiência, aprofundamentos de finais de semana;
Encaminhar para eventos da RCC e outros;
Aproveitar todas as oportunidades para o crescimento, a perseverança e a santidade de cada um.
O coordenador é um líder. O Grupo de Oração precisa de sua liderança fiel ao Senhor, sábia e
santa. “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi a vós e vos constituí para que vades e
produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao
Pai em meu nome, ele vos conceda” (Jo 15,16).
3. O núcleo de serviço: primeiro momento do Grupo de Oração
O Grupo de Oração não se resume à reunião de oração, embora esse seja o seu momento peculiar.
Há necessidade de se ter uma caminhada programada para ele; saber das necessidades dos participantes e
como fazer para supri-las de forma contínua e com qualidade.
Um bom planejamento para o Grupo de Oração abrange todos os serviços e ministérios, e assim
pode-se trabalhar de forma coordenada porque cada um sabe o que fazer, e todos sabem para onde estão
indo. Inclui também mecanismos para desenvolver o crescimento e a perseverança dos membros,
introduzindo-os numa experiência comunitária e catequética.
Todo grupo de oração carismático tem sua coesão, boa ordem, planejamento e continuidade
assegurados pelo núcleo de serviço, que é um pequeno grupo de servos que assume o grupo todo em sua
espiritualidade e estrutura. As finalidades do núcleo são12
:
a) Avaliar o que Deus fez em cada reunião de oração, não dizendo “foi bom” ou “deveria ter sido
melhor”, mas discernindo em oração o que Deus disse. Pode-se avaliar como foi a reunião respondendo,
com todo o núcleo, a alguns questionamentos, tais como: “Houve ensinamento?”, “Os louvores foram
6. PEDRINI, Alírio J. Grupos de oração, p. 25-26. 7 Cf. 2 Tim 1, 6-9 8 Cf. Bar 6,59-62 9 Cf. I Tes 5,12-13 10 Cf. Gl 5,24-26 11 Cf. Rm 12,2
12. Cf. NOGUEIRA, Emmir et al. Grupo de oração, p. 7.
5
cheios de amor e alegria?”, “Os cantos foram ungidos e levaram o povo a louvar?”, “Como foi a
acolhida?”, “Houve profecias?”, “Houve testemunhos?”, “Como foi a evangelização?”, etc;
b) Acompanhar e assistir os fiéis que estão no grupo em suas necessidades pessoais (doenças,
dificuldades de oração, perda de paciência, ausência das reuniões, etc) encaminhando-os aos serviços
(intercessão, cura e libertação, cura interior, grupo de perseverança, etc).
c) Revezar-se na condução da reunião de oração, sempre em um clima de fraternidade e cooperação.
d) Interceder constantemente pelo Grupo de Oração do qual faz parte.
e) Preparar as reuniões do Grupo de Oração, distribuindo os serviços e responsabilidades, escolhendo,
preparando a pregação e rezando por aqueles que desempenharão alguma função.
Os membros do núcleo de serviço do Grupo de Oração devem ser bem formados e
profundamente dados à oração, treinados no discernimento comunitário, obedientes e dispostos a dar a
vida no serviço do Senhor. Como o próprio nome diz, núcleo de serviço é um serviço do Grupo de
Oração13
; é um grupo de pessoas a serviço dos irmãos. As pessoas que o integram devem assumi-lo como
um chamado especial do Espírito.
Fazer parte do núcleo não é condição de destaque, mas posto de serviço aos irmãos, para que
Jesus seja o destaque em suas vidas. O objetivo do núcleo de serviço é louvar, orar, interceder pelo grupo,
discernir e aplicar a orientação para o grupo. Sua missão é evangelizar e formar os membros do grupo e
levá-los a uma profunda experiência com Deus, de vida no Espírito Santo e para a Igreja. “Que os
homens nos considerem, pois, como simples operários de Cristo e administradores dos mistérios de
Deus. Ora, o que se exige dos administradores é que sejam fiéis” (I Cor 4,1-2).
O perfil ideal do participante do núcleo inclui:
constância nas reuniões de oração;
frutos de conversão;
responsabilidade;
maturidade humana e espiritual;
carisma de liderança;
senso eclesial;
relativa aceitação comunitária, entre outras características.
Nem sempre a pessoa que “reza mais” ou aquela mais “espiritual” é a mais indicada para fazer
parte do núcleo. No geral, o coordenador deve escolher seus auxiliares em oração e com bastante cautela
e discernimento.
Geralmente as pessoas precisam de algum tempo de caminhada no Grupo de Oração antes de
fazerem parte do núcleo de serviço. As pessoas menos indicadas para pertencerem ao núcleo de serviço
são: as que têm algum desequilíbrio emocional/psíquico ou carências afetivas muito fortes; as que se
relacionam mal e perturbam a paz; pessoas autoritárias, imaturas no uso dos carismas ou que tenham
restrições à doutrina da Igreja. Também é preciso tomar cuidado com aquelas que se utilizam do núcleo
para solução de problemas pessoais ou para se auto-afirmarem.
3.1. A reunião do núcleo de serviço
A reunião do núcleo é o momento da experiência de Pentecostes, como que a repetição do
cenáculo vivido pelos primeiros cristãos14
. Na reunião do núcleo, cada participante vai ficar motivado e
vai motivar o Grupo de Oração a partir de sua experiência. A reunião de oração deve transbordar a
experiência que o núcleo de serviço teve, pois S. Pedro, em seu discurso, afirmou que o Espírito Santo
estava sendo derramado e era possível ver o ouvir isto15
. Daí brota a pregação, que supera as expectativas
de todo o povo. Então, a experiência do núcleo é base para toda motivação do povo.
A motivação é o amor de Deus. O núcleo tem que rezar para que o Pentecostes se repita para ele
e para todos aqueles que são chamados de acordo com a vontade de Deus16
.
13 Cf. At 6,1-7 14 Cf. At 2,1-4 15 Cf. At 2, 33 16 Cf. At 2, 39
6
O núcleo de serviço do Grupo de Oração deve reunir-se semanalmente, com dia e horário
definidos, para melhor exercer seu apostolado17
e deve haver sigilo absoluto do que ali for tratado (cf. Sl
140,3). Antes de mais nada, rezar, rezar e rezar; insistir, a exemplo dos apóstolos após a libertação de
Pedro e João, que o Senhor derrame nova e abundantemente seu Santo Espírito e que renove as
manifestações dos carismas.
4. Ministérios no Grupo de Oração
O termo “ministério” é amplamente usado na Renovação Carismática para designar de uma
maneira geral os diversos serviços do Grupo de Oração. São estes os mais comuns: ministério de cura,
ministério de música, ministério de intercessão, ministério de pregação, entre outros.
Um ministério é um serviço específico dentro do Grupo de Oração. É um trabalho para servir à
comunidade cristã, uma maneira de exercitar o apostolado. Cada batizado é chamado a crescer,
amadurecer continuamente, dar cada vez mais fruto na descoberta cada vez maior de sua vocação, para
vivê-la no cumprimento da própria missão.
"Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor" (1 Cor 12, 5). Fazendo esta afirmação, São
Paulo coloca todos os ministérios - serviços - em submissão a Jesus Cristo e dentro de um contexto de
comunhão eclesial.18
As equipes ou ministérios devem ser formados na medida da necessidade e da realidade de cada
Grupo de Oração. Seus membros devem ser escolhidos em oração e de acordo com os vários dons que
surgem. Para cada necessidade há pessoas ungidas pelo Espírito para seu atendimento:
“Temos dons diferentes, conforme a graça que nos foi conferida. Aquele que tem o dom
de profecia, exerça-o conforme a fé. Aquele que é chamado ao ministério, dedique-se ao
ministério. Se tem o dom de ensinar, que ensine; o dom de exortar, que exorte; aquele que
distribui as esmolas, faça-o com simplicidade; aquele que preside, presida com zelo; aquele que
exerce a misericórdia, que o faça com afabilidade” (Rm 12,6-8).
“A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada pelo
Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a
outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito; a
outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a
variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas” (1 Cor 12, 7-10).
As pessoas que formarão as diversas equipes, para os diversos serviços do Grupo de Oração
devem ser recrutadas dentre aquelas que já se identifiquem com a espiritualidade da RCC e que possuam
alguma experiência dos carismas e sejam disponíveis.
Deus chama cada um dos seus fiéis a exercer um serviço específico dentro da sua Igreja, com a
finalidade de cada vez mais edificar o Corpo de Cristo. Cada batizado deve desempenhar a missão que
Deus lhe deu e para a qual o capacitou com o objetivo de que todos cheguem à unidade da fé e à
plenitude do conhecimento de Cristo e assim sejam novas criaturas.
4.1. Cada ministério é sustentado por um carisma específico
Os ministros exercem seu serviço participando do ministério de Jesus. Portanto, ministério é um
serviço prestado à comunidade com a capacitação dos carismas. “Ministério é, antes de tudo, um carisma,
ou seja, um dom do Alto, do Pai, pelo Filho, no Espírito, que torna seu portador apto a desempenhar
determinadas atividades, serviços e ministérios em ordem à salvação”19
.
Todos os cristãos têm os carismas do Espírito Santo na medida da necessidade da comunidade,
mas exercem um ministério específico que depende mais de um carisma do que de outro. Por exemplo, o
ministro de cura necessita muito mais do carisma de cura; o coordenador de grupo de oração necessita da
palavra de sabedoria e do discernimento e assim por diante. No entanto, apesar de serem estes os
carismas mais específicos destes ministérios, nenhum carisma existe ou pode ser exercido isoladamente.
Seja qual for o ministério ao qual o Senhor nos chama, necessitaremos sempre do auxílio de todos os
carismas para exercê-lo com o poder de Deus.
Ao instituir seus ministros, Deus os capacita para exercerem sua missão, que sempre terá como
17 Cf. 1 Cor 14, 33 18 Cf. também Ef 4, 11-16
19. CNBB. Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas, n. 84.
7
objetivo a glorificação de Deus e a conversão dos seus filhos. Por isso, Ele dota seus ministros dos dons,
dos talentos e das aptidões que eles vão precisar para exercer os ministérios, de tal forma que possam
contar sempre com a sua graça, a fim de não cair na tentação da auto-suficiência e de um exercício
simplesmente humano de serviço à Igreja. “Mas, só pode ser considerado ministério o carisma que, na
comunidade e em vista da missão na Igreja e no mundo, assume a forma de serviço bem determinado”20
4.2. A autoridade do ministro é exercida na autoridade de Jesus
A autoridade do ministro vem da autoridade de Jesus Cristo. É um dom do Espírito Santo; e isto é
que faz a diferença entre a sua e as outras autoridades. Não é uma simples delegação de poder, mas o
ministro participa da missão de Jesus. Ele está exercendo o seu ministério, não mais como alguém que
exerce uma função ou serviço, mas como o próprio Jesus exerceria.21
Portanto, o ministro ao exercer seu serviço hoje, conta com o mesmo poder de Jesus Cristo. O
poder é de Jesus; então, nada de orgulho, nada de se achar o melhor, o mais santo. O ministro deve saber
separar as coisas e reconhecer que toda a obra boa que realiza vem de Jesus e por mais que realize
grandes e muitas coisas, é sempre servo inútil.22
Um servo olha não para as obras de suas mãos, mas para
o Autor que é Deus. Nunca deve atribuir a si os méritos das obras que realiza, mas unicamente a Ele.
4.3. O Espírito Santo é a fonte dos ministérios
É importante a consciência de que todos os serviços prestados ao Reino de Deus, em nome de
Jesus Cristo, são, em última análise, de origem divina, acontecem sob a ação do Espírito Santo. É Ele
quem dá a força para testemunhar Jesus Cristo "até os confins da terra".23
Os ministros devem realizar
suas tarefas sob o influxo do Espírito Santo. É Ele que os cumula de carismas; sem Ele a missão será de
baixa eficiência, fraco desempenho, ausência de criatividade, de zelo e de perseverança.
O Espírito Santo comunica ao ministro sua força e o capacita para a ação de servir à comunidade.
Foi o que aconteceu com os apóstolos e os discípulos de Jesus em Pentecostes24
; com os diáconos, após a
oração feita sobre eles25
; e com Paulo, após a imposição das mãos de Ananias26
. Com a ação do Espírito
Santo, todos se tornaram intrépidos ministros do Senhor. O desinteressado e oblativo exercício dos
ministérios torna-os fontes de santificação para quem os exerce.
5. Fundamentação doutrinária
A título de “fundamentação doutrinária” seguem em destaque alguns trechos do Magistério da
Igreja, para consulta e aprofundamento:
a) “Munidos de tantos e tão salutares meios, todos os cristãos de qualquer condição ou estado são
chamados pelo Senhor, cada um por seu caminho, à perfeição da santidade pela qual é perfeito o
próprio Pai”27
.
b) “A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor, já
que principalmente na Sagrada Liturgia, sem cessar toma da mesa tanto da palavra de Deus quanto do
Corpo do Cristo o pão da vida, e o distribui aos fiéis. Sempre as teve e tem, juntamente com a Tradição,
como suprema regra de sua fé porque inspiradas por Deus e consignadas por escrito de uma vez para
sempre, comunicam imutavelmente a palavra do próprio Deus e fazem ressoar através das palavras dos
Profetas e Apóstolos a voz do Espírito Santo”28
c) “Impõe-se pois a todos os cristãos o dever luminoso de colaborar para que a mensagem divina da
salvação seja conhecida e acolhida por todos os homens em toda a parte. Para exercerem tal
apostolado, o Espírito Santo – que opera a santificação do povo de Deus através do ministério e dos
sacramentos – confere ainda dons peculiares aos fiéis (cf. 1 Cor 12, 7), ‘distribuindo-os a todos, um por
um, conforme quer’ (1 Cor 12, 11), de maneira que ‘cada qual, segundo a graça que recebeu, também a
ponha a serviço de outrem’ e sejam eles próprios ‘como bons dispensadores da graça multiforme de
20. Ibid., n. 85. 21 Cf.. Jo 15, 16 22 Cf. Lc 17, 10 23 Cf. At 1, 8 24 Cf. At 2, 1-13 25 Cf. At 6, 1-7 26 Cf. At 9, 10-30 27 Lumen Gentium, 11 28 Dei Verbum, 21
8
Deus’ (1 Ped 4, 10), para a edificação de todo o corpo na caridade (cf. Ef 4, 16). Da aceitação destes
carismas, mesmo dos mais simples, nasce em favor de cada um dos fiéis o direito e o dever de exercê-los
para o bem dos homens e a edificação da Igreja, dentro da Igreja e do mundo, na liberdade do Espírito
Santo, que ‘sopra onde quer’ (Jo 3,8), e ao mesmo tempo na comunhão com os irmãos em Cristo”29
.
d) “A formação dos fiéis leigos tem como objetivo fundamental a descoberta cada vez mais clara da
própria vocação e a disponibilidade cada vez maior para vivê-la no cumprimento da própria missão.
Deus chama-me e envia-me como trabalhador para a sua vinha; chama-me e envia-me a trabalhar para
o advento do seu Reino na história: esta vocação e missão pessoal define a dignidade e a
responsabilidade de cada fiel leigo e constitui o ponto forte de toda ação formativa, em ordem ao
reconhecimento alegre e agradecido de tal dignidade e ao cumprimento fiel e generoso de tal
responsabilidade.
Com efeito, Deus, na eternidade pensou em nós e amou-nos como pessoas únicas e irrepetíveis,
chamando cada um de nós pelo próprio nome, como o bom Pastor que ‘chama pelo nome as suas
ovelhas’ (Jo 10, 3). Mas, o plano eterno de Deus só se revela a cada um de nós na evolução histórica da
nossa vida e das suas situações, e, portanto, só gradualmente: num certo sentido, dia a dia”30
.
e) “A graça é antes de tudo e principalmente o dom do Espírito que nos justifica e nos santifica. Mas a
graça compreende igualmente os dons que o Espírito nos concede para nos associar à sua obra, para
nos tornar capazes de colaborar com a salvação dos outros e com o crescimento do corpo de Cristo, a
Igreja. São as graças sacramentais dons próprios dos diferentes sacramentos. São além disso as graças
especiais, designadas também “carismas”, segundo a palavra grega empregada por S. Paulo, e que
significa favor, dom gratuito, benefício. Seja qual for o seu caráter, às vezes extraordinário, como o dom
dos milagres ou das línguas, os carismas se ordenam à graça santificante e têm como meta o bem
comum da Igreja. Acham-se a serviço da caridade, que edifica a Igreja”31
.
6. Conclusão
Até aqui se discorreu sobre o primeiro momento do Grupo de Oração: o núcleo de serviço. Os
ensinos seguintes (2, 3, 4 e 5) farão referências aos diversos aspectos da reunião de oração, que é o
segundo momento.
RESUMO
1. Introdução
Grupo de Oração é uma comunidade carismática que cultiva a oração, a partilha e todos os outros aspectos da
vivência do Evangelho, a partir da experiência do batismo no Espírito Santo.
O grupo de oração é a célula fundamental da Renovação Carismática Católica e caracteriza-se por três
momentos distintos: núcleo de serviço, reunião de oração e grupo de perseverança.
2. O Coordenador do Grupo de Oração
Cada grupo de oração deve ter um coordenador que, junto com o núcleo de serviço, num trabalho conjunto, é
responsável por ele.
É importantíssimo que o coordenador seja uma pessoa de intimidade com Deus, de intensa vida de oração e de
escuta, para que Jesus seja o Senhor do Grupo de Oração e o Espírito Santo o conduza.
Liderança não é dominação; a liderança espiritual é diferente da liderança humana. Coordenar não é fazer tudo,
não é autoritarismo, mas sim distribuir os trabalhos.
O modelo de líder é Jesus. Por isso, ele deve estar sempre a serviço32
.
São características do bom coordenador:
aberto, acolhedor, não se abate facilmente, é artífice da unidade e da paz33
;
organizado, obediente, de boa intenção34
;
29 Apostolicam Actuositatem, 3
30 Christifidelis Laici, 58 31 Catec. 2003 32 Cf. Mt 20,25-28 33 Cf. 2 Tim 1, 6-9
9
tem consideração com os outros35
;
caminha no Espírito36
;
trabalha em equipe, não centraliza as atividades;
tem domínio, encorajando os tímidos, controlando os faladores;
tem zelo, ordem, compromisso e pontualidade;
tem uma mentalidade aberta à ação do Espírito Santo, que quer transformar sem cessar;
é conhecedor da doutrina da Igreja.
Ainda, é necessário que o coordenador:
dê oportunidade a todos;
apóie e reconheça o crescimento do irmão;
faça servos líderes, melhores que ele;
não resista às mudanças37
;
3. O núcleo de serviço: primeiro momento do Grupo de Oração
Todo grupo de oração carismático tem sua coesão, boa ordem, planejamento e continuidade assegurados pelo
núcleo de serviço, que é um pequeno grupo de servos que assume o grupo todo em sua espiritualidade e
estrutura.
As finalidades do núcleo são:
a) avaliar o que Deus fez em cada reunião de oração;
b) acompanhar e assistir os fiéis que estão no Grupo em suas necessidades pessoais;
c) revezar-se na condução da reunião de oração;
d) interceder constantemente pelo Grupo de Oração do qual faz parte.
e) preparar as reuniões do Grupo de Oração;
Os membros do núcleo de serviço do Grupo de Oração devem ser bem formados e profundamente dados à
oração, treinados no discernimento comunitário, obedientes e dispostos a dar a vida no serviço do Senhor.
O perfil ideal do participante do núcleo inclui:
constância nas reuniões de oração;
frutos de conversão;
responsabilidade;
maturidade humana e espiritual;
carisma de liderança;
senso eclesial;
relativa aceitação comunitária, entre outras características.
As pessoas menos indicadas para pertencer ao núcleo de serviço são: as que têm algum desequilíbrio
emocional/psíquico ou carências afetivas muito fortes; as que se relacionam mal e perturbam a paz; pessoas
autoritárias, imaturas no uso dos carismas ou que tenham restrições à doutrina da Igreja.
3.2. A reunião do núcleo de serviço
A reunião do núcleo é o momento da experiência de Pentecostes, como que a repetição do cenáculo vivido
pelos primeiros cristãos38
.
O núcleo de serviço do Grupo de Oração deve reunir-se semanalmente, com dia e horário definidos, para
melhor exercer seu apostolado39
e deve haver sigilo absoluto do que ali for tratado40
.
4. Ministérios no Grupo de Oração
O termo “ministério” é amplamente usado na Renovação Carismática para designar de uma maneira geral os
34 Cf. Bar 6,59-62 35 Cf. I Tes 5,12-13 36 Cf. Gl 5,24-26 37 Cf. Rm 12,2 38 Cf. At 2,1-4 39 Cf. 1 Cor 14,33 40 Cf. Sl 140,3
10
diversos serviços do Grupo de Oração. Um ministério é um serviço específico dentro do Grupo de Oração.
As equipes ou ministérios devem ser formados na medida da necessidade e da realidade de cada Grupo de
Oração. Seus membros devem ser escolhidos em oração e de acordo com os vários dons que surgem.
ENSINO 2 - A REUNIÃO DE ORAÇÃO:
CONCEITO, FINALIDADES E CARACTERÍSTICAS
1. Introdução
O segundo momento do Grupo de Oração é a reunião de oração. A reunião de oração é um meio
privilegiado para comunicação do batismo no Espírito Santo e a conseqüente experiência de Deus. É,
portanto, um dos principais momentos da dinâmica da Renovação Carismática Católica.
A reunião de oração é informal, marcada antes de tudo pela espontaneidade dos participantes e pela
abertura ao Espírito. Por isso mesmo, não existem esquemas rígidos nem propostas definidas para o seu
desenrolar.
No entanto, a reunião de oração não se desenvolve de maneira indefinida e sem direção. Há um
conjunto de orientações que imprime a ordem e o respeito, proporcionando melhor ambiente para a atuação
livre do Espírito Santo, evitando excessos e eventuais desvios. Portanto, o que se segue não tem a finalidade
de enquadrar ou padronizar as reuniões, mas de auxiliar em sua condução e melhorar seus resultados.
2. Conceito
Reunião de oração é o momento em que os participantes do Grupo de Oração se encontram,
semanalmente, para a oração, especialmente o louvor. Esse momento é aberto para outras pessoas que
poderão, a partir dele, começaram a fazer parte do Grupo de Oração, iniciando uma caminhada de conversão
e crescimento perseverante na fé.
Por isso mesmo, é comum que os participantes da reunião de oração sejam bastante diversos, a
exemplo da multidão no dia de Pentecostes41
. Além dos perseverantes membros do grupo (aqueles que estão
na reunião todas as semanas), é comum se introduzirem nela: curiosos, ociosos, desesperados, depressivos,
revoltados, entre outros. Alguns vão à reunião por livre vontade, sem motivo aparente, ou simplesmente
porque foram convidados; outros, notadamente os jovens, vão por causa da animação; outros, ainda, estão
buscando algo para si ou para outrem (cura física, libertação das drogas ou da bebida, conversão de um
parente ou amigo, etc).
A reunião de oração é, por assim dizer, um momento pentecostal: com os corações compungidos42
,
os fiéis são levados à vivência da fé, na fraternidade e no comprometimento missionário. Nela, os carismas
devem ser manifestados sem restrições, pois fazem parte do “ver e ouvir” que convence aqueles que estão
chegando.
A reunião de oração não é43
:
a) Uma aula
Não se trata de um momento de ensino bíblico, teológico ou moral. Não se pode dizer nem mesmo
que a reunião é um aprofundamento catequético, a não ser como realidade vivencial. O essencial é a
experiência do batismo no Espírito, do louvor e da conversão. Portanto, apesar do seu caráter instrutivo e de
se reservar um momento específico para a pregação, o mais importante da reunião de oração é a sua
dinâmica de falar e ouvir Deus.
b) Um grupo de discussão
A reunião de oração não é para discussão política, social ou mesmo religiosa, por mais importantes
que sejam tais assuntos. Existem ou devem ser criados espaços propícios para esse tipo de debate.
Sobretudo em pequenos grupos, é comum que no momento da pregação ou fora dele, pessoas
ansiosas por dizer algo ou com nível maior de politização, introduzam questões que podem gerar tumulto ou
provocar o desinteresse da maioria dos presentes. A liderança da reunião deve acautelar-se contra tais coisas
e conter habilidosamente essas pessoas.
41 Cf. At 2, 1-13 42 Cf. At 2, 37
43. Cf. FLORES, José H. Prado. As reuniões de oração, p. 12-13.
11
c) Uma sessão de terapia
A reunião de oração não é um momento criado para descarregar tensões emocionais adquiridas
durante a semana. Algumas pessoas fazem do tempo de oração semanal uma espécie de sessão terapêutica,
para repor energias.
Embora possa fazer parte da reunião, a retomada do vigor e do ânimo ou até a cura das emoções, isso
acontece no próprio desenrolar da oração, quando a pessoa louva e experimenta a presença de Deus e não por
rezar o tempo todo na expectativa de receber um favor. “O mais importante não deve ser nem mesmo a cura
do Senhor, mas o Senhor que cura. O que se há de buscar em primeiro lugar não é a saúde, mas a santidade.
(...) Se temos confiança na Palavra do Senhor, certos de que é mais fácil passarem o céu e a terra do que ela
deixar de cumprir-se, confiaremos a Ele todas as nossas preocupações, porque Ele se preocupa conosco44
.
Ele é tão bom que nos responderá antes mesmo que o chamemos, o solucionará até o problemas que nós
mesmos ignoramos que existam em nossas vidas”45
.
d) Uma reunião social
A reunião de oração não pode se transformar numa simples ocasião para encontro de amigos, para
tratar de assuntos de interesse comum ou para tomar lanche e chá. A reunião tem finalidades muito bem
definidas, centradas na pessoa de Jesus.
3. Finalidades
Podem ser indicadas pelo menos quatro finalidades principais de uma reunião de oração:
a) Louvar o Senhor46
Apesar de não se prescindir de outros tipos de oração (petição, intercessão, cura, etc), o louvor
exerce um certo primado na reunião. A experiência da Renovação Carismática Católica é uma experiência de
resgate da oração centralizada na pessoa de Jesus muito mais que nas necessidades do orante.
Por isso, o louvor ocupa lugar privilegiado. Nele, o Senhor atua derramando graças. O louvor é como
que o preparo para que o Senhor comunique a sua palavra de forma atual, por meio das profecias. “O centro
da reunião de oração é Cristo, a alma é o Espírito Santo, e sua finalidade é adorar, louvar e glorificar o Pai de
Nosso Senhor Jesus Cristo, que é também nosso Pai”47
.
b) Para proporcionar a experiência do batismo no Espírito
Essa finalidade não deve ser colocada em plano secundário. Tampouco, o batismo no Espírito Santo
deve ser considerado ponto ulterior a uma etapa de formação. Portanto, a reunião deve favorecer o
derramamento do Espírito, proporcionando aos participantes uma experiência de Deus. Essa experiência é
quase sempre manifestada no interior das pessoas e constitui-se em ponto de partida para sua vida de
conversão. Apesar disso, o batismo no Espírito não deve ser confundido com uma experiência meramente
subjetiva, embora possa trazer consigo uma boa carga de emotividade48
.
c) Evangelizar querigmaticamente
A reunião de oração tem, por sua própria natureza, a facilidade em comunicar querigmaticamente o
Evangelho, sobretudo o amor de Deus e a salvação. Uma reunião conduzida na unção do Espírito pode fazer
com que as pessoas descubram e sintam que Deus as ama incondicionalmente e que foi capaz de dar o
próprio Filho para resgatá-las do pecado. “Assim, toda reunião de oração é uma manifestação salvífica de
Deus”49
.
d) Construir a comunidade cristã50
A reunião de oração também tem a finalidade de inserir as pessoas numa realidade comunitária. Ela
constrói laços, gerando a necessidade da partilha e da comunhão. Assim, a reunião de oração induz a uma
44 Cf. 1 Pd 5,7
45. FLORES, op. cit., p. 13.
46. Cf. Ibid., p. 7-8.
47. Ibid., p. 8.
48. Cf., a propósito, O Espírito Santo na vida da Igreja, In. Ronaldo José de SOUSA, O impacto da Renovação Carismática
49. FLORES, José H. Prado. As reuniões de oração, p. 8
50. Cf. Ibid., p. 8-9.
12
experiência religiosa mais freqüente e comprometida, seja no próprio Grupo de Oração ou numa outra
realidade comunitária eclesial.
4. Características
É possível destacar como principais características de uma autêntica reunião de oração:
a) Centralizada na pessoa de Jesus
Conforme foi referido, “o centro de cada reunião de oração é o Senhor Jesus. Ele é o pólo de atração
da comunidade e a fonte donde emana toda a sua força”51
. Uma autêntica reunião de oração é cristocêntrica,
eliminando toda perspectiva meramente individualista.
b) Carismática52
A reunião de oração deve ser essencialmente carismática, tendo como princípio dinâmico o Espírito
Santo. A Renovação Carismática Católica caracteriza-se pelo uso abundante dos carismas. Portanto, será
comum nas reuniões a oração em línguas, as profecias, as curas e também os outros carismas53
, todos
ordenados à caridade.
Os dirigentes da reunião de oração não devem resistir aos carismas, por medo ou indefinição. Isso
seria recusar o poder de Deus. Os carismas são elementos normais da oração; “ao contrário, a sua ausência é
que seria de estranhar. Quando não aparecem esses sinais do Espírito, devemos analisar qual é o obstáculo
que impede essa demonstração. A fé nos deve levar a deixar manifestar todos os seus dons e frutos”54
.
Reuniões de oração sem carismas transformam-se em círculos oracionais comuns, talvez bastante
frutuosos, porém fora do contexto pentecostal próprio da RCC. “E não podemos ter um grupo de oração
carismático se não queremos ter os dons do Espírito Santo, o poder do alto em ação”55
.
c) Fraterna e alegre
A reunião de oração deve ter uma atmosfera de fraternidade e alegria, pela qual as pessoas se sentem
acolhidas, amadas e felizes durante o tempo em que ali estiverem. Esse clima é que faz com que, muitas
vezes, aqueles que vêm à reunião pela primeira vez, sintam o desejo de voltar. “A alegria, às vezes explosiva,
às vezes serena e profunda, é uma outra nota distintiva das reuniões de oração”56
.
d) Espontânea e expressiva
Como dito, o encontro de oração é informal. A reunião não é uma solenidade, embora possa ter
momentos com esse caráter. Sua marca é a espontaneidade dos participantes que, na liberdade do Espírito,
sentem-se à vontade para louvar em voz alta, cantar, bendizer e gesticular.
Os gestos livres tornam a reunião expressiva, de maneira que os bons sentimentos interiores dos
participantes sejam “comunicados” e suscitem outras atitudes interiores. A expressividade é também traço
característico da reunião de oração na Renovação Carismática57
. “Sempre que o homem ora, põe em jogo seu
espírito, sua alma e seu corpo. É o homem inteiro que se dirige a Deus, que o escuta e se compromete com
Ele. Por isso, levantar as mãos, aplaudir, mover-se e até dançar, são diversas manifestações da oração do
homem...”58
.
e) Ordenada
Apesar de expressiva e espontânea, a reunião de oração deve ser marcada pela ordem59
. Por isso,
toda reunião de oração, por menor que seja, deve ter um dirigente principal. Mesmo a equipe que o auxilia
não deve “passar por cima” dos seus direcionamentos. A função da equipe auxiliar é “descobrir a vontade do
Senhor para a assembléia e, ao mesmo tempo, ser um apoio de oração para o dirigente principal. Esta equipe
serve também como filtro para as profecias, testemunhos, visões e todo o tipo de manifestações carismáticas
51. Ibid., p. 7.
52. Cf. Ibid., p. 15-18. 53 Cf. I Cor 12, 4-11
54. Ibid., p. 17.
55. CHAGAS, Cipriano. Grupos de oração carismáticos, p. 10.
56. FLORES, J. H. Prado. As reuniões de oração, p. 19.
57. Cf. Ronaldo José de SOUSA, O Evangelho na subjetividade humana. In.: O Impacto da Renovação Carismática, p. 25-35.
58. FLORES, J.H. Prado. As reuniões de oração, p. 23. 59 Cf. 1 Cor 14, 26-40
13
que surgem durante a reunião”60
. Portanto, a equipe auxiliar ajuda o dirigente no discernimento dos passos a
serem dados, mas deve sempre sugerir e não encobrir, para não comprometer a autoridade do dirigente e
confundir a assembléia. O dirigente, por sua vez, deve ouvir sempre os seus auxiliares, sabedor de que não
domina o Espírito, mas precisa da ajuda dos irmãos no serviço.
O ritmo imprimido pelo dirigente e sua equipe não deve impedir a ação do Espírito, mas, pelo
contrário, facilitá-la. Os dirigentes devem tomar cuidado para não monopolizar a oração, inibindo a
participação de todos. É também importante que se respeite o horário para o início e para o fim, evitando-se
assim problemas com outros compromissos, sobretudo os familiares.
5. Conclusão
A reunião de oração é o momento em que os participantes do Grupo de Oração, juntamente com
outras pessoas, se reúnem para a oração. Tem como finalidades principais: louvar o Senhor, proporcionar a
experiência do batismo no Espírito Santo, evangelizar querigmáticamente e construir a comunidade.
Para estar no contexto pentecostal da Renovação Carismática Católica, a reunião precisa ser:
centralizada na pessoa de Jesus, carismática, fraterna e alegre, espontânea e expressiva, mas, sobretudo,
ordenada.
60. Ibid., p. 56-57.
RESUMO
1. Introdução
O segundo momento do Grupo de Oração é a reunião de oração.
A reunião de oração é informal, marcada antes de tudo pela espontaneidade dos participantes e pela abertura ao
Espírito.
Por isso mesmo, não existem esquemas rígidos nem propostas definidas para o seu desenrolar. No entanto, a
reunião de oração não se desenvolve de maneira indefinida e sem direção.
2. Conceito
Reunião de oração é o momento em que os participantes do Grupo de Oração se encontram, semanalmente, para
a oração, especialmente o louvor.
Além dos perseverantes membros do grupo (aqueles que estão na reunião todas as semanas), é comum se
introduzirem nela: curiosos, ociosos, desesperados, depressivos, revoltados, entre outros.
14
A reunião de oração é, por assim dizer, um momento pentecostal: com os corações compungidos61
, os fiéis são
levados à vivência da fé, na fraternidade e no comprometimento missionário.
Nela, os carismas devem ser manifestados sem restrições, pois fazem parte do “ver e ouvir” que convence
àqueles que estão chegando.
A reunião de oração não é:
a) uma aula
b) um grupo de discussão
c) uma sessão de terapia
d) uma reunião social
3. Finalidades
Podem ser indicadas pelo menos quatro finalidades principais de uma reunião de oração:
a) para louvar o Senhor
b) para proporcionar a experiência do batismo no Espírito
c) para evangelizar querigmaticamente
d) para construir a comunidade cristã
4. Características
É possível destacar como principais características de uma autêntica reunião de oração:
a) centralizada na pessoa de Jesus
b) carismática
c) fraterna e alegre
d) espontânea e expressiva
e) ordenada
ENSINO 3 – OS SERVIÇOS NA REUNIÃO DE ORAÇÃO
1. Introdução
Todo Grupo de Oração deve possuir pessoas que se responsabilizem pela realização da reunião,
que é a porta de entrada, onde a evangelização querigmática se realiza. Essas pessoas devem ser
organizadas em equipes de serviços específicos, receberem formação adequada e terem momentos de
oração. As pessoas que se sentem chamadas a estes serviços, devem fazer uma boa experiência no uso dos
carismas.
Existem várias equipes que atuam na reunião de oração. Aqui será feita uma breve abordagem
sobre aquelas mais comuns.
2. Algumas equipes de serviço da reunião de oração
a) Equipe de Arrumação
Encarregada de preparar o ambiente para um grande momento de louvor, que é a reunião de
oração. Cuida da arrumação e disposição das cadeiras, da caixinha de pedidos de oração, da mesa ou
ambão para o pregador, da preparação do altar e decoração do ambiente (quando necessário), a fim de
propiciar um lugar limpo e acolhedor aos que chegam e criar um clima favorável à fraternidade.
Ao final do encontro, deixa a sala arrumada e limpa.
b) Equipe de Acolhimento e Recepção
O acolhimento e a recepção parecem óbvios, mas nem sempre sua importância é reconhecida.
Convém que os dirigentes do grupo designem pessoas para este ministério, formando a equipe de
recepção. A cada reunião, os membros dessa equipe estarão às portas para acolher desde o início as
pessoas que vão chegando, dando-lhes as boas-vindas.
61 Cf. At 2, 37
15
Esse contato pessoal é muito importante. Como São Paulo diz: “Entre vós imitamos a mãe que
acalenta o filho ao colo. (...) Fomos falar a cada um como de pai para filho...” (1 Tes 2,7-12). Essa
atmosfera de fraternidade e de amor será mais facilmente criada por meio do contato pessoal e da
amabilidade com que se recebem os que vão chegando, seja num grupo pequeno, seja numa grande
assembléia.
Os componentes dessa equipe devem ser pessoas com carismas de relacionamento com os outros,
chamadas pelo Senhor, para colocar seus dons naturais a serviço dos irmãos.
c) Ministério de Música (Secretaria Davi)
A música é muito importante na reunião de oração. Ajuda muito começar a reunião com cantos
alegres e rápidos, gestos, palmas e movimentação. Muitos chegam deprimidos e cansados e tais cantos
ajudam a relaxar e a fazer desaparecerem obstáculos.
A música é um poderoso instrumento usado por Deus para trazer pessoas para mais perto dele.
Todos nós temos experimentado isso em encontros de oração, conferências e outras reuniões cristãs. A
música pode expressar adoração e louvor diferentemente de todos os outros meios. É muito importante que
o Grupo de Oração tenha um ministério de música organizado ou que pelo menos tenha um grupo de
pessoas que assuma a responsabilidade pelos cantos da reunião.
O principal objetivo de uma equipe de música é, obviamente, ministrar o Amor de Deus, sua
Palavra e seu Espírito ao povo. Com muita freqüência, a música é vista como mera tarefa a ser executada.
Mas essa atitude impede que Deus a use como efetivamente deseja fazê-lo. A música é um ministério, no
verdadeiro sentido da palavra. Ela pode evangelizar, ensinar, inspirar, encorajar. É uma parte vital da
reunião e deve receber atenção cuidadosa.
Existem duas características necessárias aos membros do ministério de música: obediência e
humildade. A obediência se dá no entrosamento entre o ministério de música e a coordenação. A
humildade consiste em reconhecer que sem o Senhor nada se pode fazer. É Ele quem faz a obra. Não
importa saber muito ou pouco, todos precisam ter humildade. Mais do que saber as músicas, o ponto
importante é saber comunicar o Amor de Deus às pessoas.
As vozes dos ministros que lideram o louvor devem sobressair aos instrumentos. Por mais belo
que seja o som do instrumento musical, seu fim não é substituir a voz humana, e sim acompanhá-la. Por
isso, deve-se evitar que um som muito forte domine a voz.
Se o grupo não possuir instrumentos, pode-se encorajar o povo a cantar juntos em harmonia. É
importante ensinar as músicas às pessoas para que o canto saia bonito e bem feito para o Senhor, porém,
sem perfeccionismo.
Um músico ungido servirá mais do que liderará, e concentrar-se-á em auxiliar o povo a louvar e
adorar o Senhor. A música deve facilitar o louvor e a adoração. Um bom ministério de música cuidará de
dosar convenientemente a palavra, o canto e o silêncio.
d) Equipe para Crianças (Secretaria Samuel)
O Grupo de Oração deve se preparar para ter uma equipe que ficará com as crianças no horário da
reunião de oração. A equipe não somente “cuidará” das crianças para que não “atrapalhem” a condução do
louvor. Há que se fazer um cuidadoso planejamento de evangelização também para as crianças, com o
objetivo de ensiná-las a louvar e orar, formando um “grupinho de oração” ou uma “escolinha”, levando em
conta suas necessidades, de acordo com as idades.
Os servos encarregados de desempenhar este serviço devem possuir o carisma da alegria, da
paciência, do amor aos pequeninos, da animação e muita criatividade e domínio, pois assim conseguirão
manter a boa ordem e despertarão nas crianças o gosto pela oração e pelo louvor, de forma espontânea.
e) Ministério de Intercessão (Secretaria Moisés)
“Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos os homens,
pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e
tranqüila, com toda a piedade e honestidade. Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando
as mãos puras, superando todo ódio e ressentimento” (I Tm 2,1-2.8).
16
Embora o serviço da intercessão se dê fora da reunião de oração, convém fazer algumas
referências a ele, pela importância que tem no desenrolar da própria reunião e na condução de todo o
Grupo de Oração.
Intercessão é a oração daquele que fala a Deus dos problemas dos homens. É a oração de quem
oferece a generosidade do seu coração em favor dos outros. O intercessor coloca-se como canal aberto à
vontade de Deus, para que nele e através dele, o Espírito Santo possa agir. Os intercessores formam o
exército do Senhor Jesus.
A exemplo de Moisés, que chamado e enviado para levar o povo cativo e oprimido, dedicou-se a
ele como intercessor, o ministério de intercessão ora pelo povo sofrido e cativo do pecado.
A equipe de intercessão é composta de pessoas que se sentem chamadas a exercerem tal
ministério. É preciso evitar cair na tentação de colocar para a intercessão aquelas pessoas que, à primeira
vista, “não sabem fazer outra coisa”, como: tocar instrumentos, cantar, pregar, aconselhar, etc. O
ministério de intercessão é tão sério quanto todos os outros; as pessoas que o exercem devem ser
preparadas para tal, prontas para exercerem o discernimento, com eficaz vida de oração pessoal e
comunitária.
Os intercessores fortalecem-se através do estudo da Palavra, da escuta de Deus, da Eucaristia, da
penitência, da adoração ao Santíssimo e, principalmente, possuem um amor que se entrega, confia e
sustenta a fragilidade do outro.
O momento de oração do ministério de intercessão é voltado para as necessidades de todas as
pessoas do Grupo de Oração. Esquecem-se as necessidades pessoais e ora-se pelo grupo, oferecendo-se a
si mesmo como um vaso de bênçãos em favor do outro.
Os servos intercessores reúnem-se pelo menos uma vez por semana diante do sacrário (sempre que
possível) para abastecerem-se e assim poderem doar-se. Nessa reunião, ora-se pelas necessidades do
Grupo de Oração e também pelos pedidos feitos durante a reunião de oração e pelos pedidos diocesanos,
estaduais e nacionais. Pode haver uma pessoa responsável pelo grupo de intercessão.
f) Ministério da Palavra (Secretaria Pedro)
Todo grupo de oração deve possuir uma equipe de pregadores que ministra o ensino, a instrução e
a proclamação querigmática da Palavra de Deus. Nesse ministério devem estar os servos que possuem o
dom de ensinar, de falar sob a unção do Espírito. “Prega a Palavra, insiste oportuna e importunamente,
repreende, ameaça, exorta com toda a paciência e empenho de instruir...Tu, porém, sê prudente em tudo,
paciente nos sofrimentos, cumpre a missão de pregador do Evangelho, consagra-te ao teu ministério” (2
Tm 4,2.5).
g) Ministério de Cura e Libertação (Secretaria Rafael)
“Agora o Senhor enviou-me para curar-te e livrar-te... Eu sou o anjo Rafael, um dos sete que assistimos
na presença do Senhor” (Tb 12, 14-15).
Os servos da equipe de cura e libertação são, antes de tudo, profundos intercessores. Devem ser
pessoas de intimidade com Deus, conhecimento e afinidade com Sua Palavra e terem experiência e bom
uso dos carismas, principalmente o carisma de cura e libertação.
As pessoas que freqüentam as reuniões de oração e o Grupo de Oração como um todo são
geralmente feridas e doentes. Há necessidade, portanto, de dar-lhes atendimento. É esse o trabalho da
equipe de cura e libertação.
Essa equipe pode prestar atendimento às pessoas antes ou depois da reunião de oração (ou durante,
se houver algum caso que assim o necessite). Também o atendimento pode ser feito noutros dias, em
horários previamente marcados.
Além desses ministérios apresentados, ainda há outros de grande importância dentro do Grupo de
Oração, tais como, SOS oração, cercos de Jericó, visitas aos doentes e às famílias, aconselhamento, etc.
3. Conclusão
17
A Igreja de Jesus necessita de mulheres e homens novos, renovados no Espírito Santo, que
acreditam no Cristo Salvador, esperam nas suas promessas e dão frutos abundantes por sua união a
Cristo62
.
O Espírito Santo já começou esta obra maravilhosa de transformação e o coração daqueles que se
sentem tocados está inquieto. Por isso, é preciso ler e reler, meditar e “ruminar” a Palavra: “Estou
persuadido de que Aquele que iniciou em vós esta obra excelente lhe dará o acabamento até o dia de
Jesus Cristo” (Fl 1,6). “O Senhor completará o que em meu auxílio começou” (Sl 137,8a). “Se o Senhor
não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem” (Sl 126, 1a).
RESUMO
1. Introdução
Todo Grupo de Oração deve possuir pessoas que se responsabilizem pela realização da reunião, que é a porta de
entrada, onde a evangelização querigmática se realiza.
Essas pessoas devem ser organizadas em equipes de serviços específicos, receberem formação adequada e terem
momentos de oração.
2. Algumas equipes de serviço da reunião de oração
a) Equipe de Arrumação
Encarregada de preparar o ambiente para um grande momento de louvor, que é a reunião de oração.
b) Equipe de Acolhimento e Recepção
A cada reunião, os membros dessa equipe estarão às portas para acolher desde o início as pessoas que vão
chegando, dando-lhes as boas-vindas.
Os componentes dessa equipe devem ser pessoas com carismas de relacionamento com os outros, chamadas pelo
Senhor, para colocar seus dons naturais a serviço dos irmãos.
c) Ministério de Música (Secretaria Davi)
A música é um poderoso instrumento usado por Deus para trazer pessoas para mais perto dele. O principal
objetivo de uma equipe de música é, obviamente, ministrar o Amor de Deus, sua Palavra e seu Espírito ao povo.
É muito importante que o Grupo de Oração tenha um ministério de música organizado ou que pelo menos tenha
um grupo de pessoas que assuma a responsabilidade pelos cantos da reunião.
Existem duas características necessárias aos membros do ministério de música: obediência e humildade.
As vozes dos ministros que lideram o louvor devem se sobressair aos instrumentos. Por mais belo que seja o
som do instrumento musical, seu fim não é substituir a voz humana, e sim acompanhá-la.
d) Equipe para Crianças (Secretaria Samuel)
O Grupo de Oração deve se preparar para ter uma equipe que ficará com as crianças no horário da reunião de
oração.
A equipe não somente “cuidará” das crianças para que não “atrapalhem” a condução do louvor. Há que se fazer
um cuidadoso planejamento de evangelização também para as crianças.
e) Ministério de Intercessão (Secretaria Moisés)
Embora o serviço da intercessão dê-se fora da reunião de oração, convém fazer algumas referências a ele, pela
importância que tem no desenrolar da própria reunião e na condução de todo o Grupo de Oração.
Intercessão é a oração daquele que fala a Deus dos problemas dos homens. É a oração de quem oferece a
generosidade do seu coração em favor dos outros.
A equipe de intercessão é composta de pessoas que se sentem chamadas a exercerem tal ministério.
62 Cf. Jo 15
18
É preciso evitar cair na tentação de colocar para a intercessão aquelas pessoas que, à primeira vista, “não sabem
fazer outra coisa”, como: tocar instrumentos, cantar, pregar, aconselhar, etc.
O ministério de intercessão é tão sério quanto todos os outros; as pessoas que o exercem devem ser preparadas
para tal, prontas para exercerem o discernimento, com eficaz vida de oração pessoal e comunitária.
O momento de oração do ministério de intercessão é voltado para as necessidades de todas as pessoas do Grupo
de Oração.
f) Ministério da Palavra (Secretaria Pedro)
Todo grupo de oração deve possuir uma equipe de pregadores que ministra o ensino, a instrução e a proclamação
querigmática da Palavra de Deus.
Nesse ministério devem estar os servos que possuem o dom de ensinar, de falar sob a unção do Espírito.
g) Ministério de Cura e Libertação (Secretaria Rafael)
As pessoas que freqüentam as reuniões de oração e o Grupo de Oração como um todo são geralmente feridas e
doentes. Há necessidade, portanto, de dar-lhes atendimento. É esse o trabalho da equipe de cura e libertação.
Essa equipe pode prestar atendimento às pessoas antes ou depois da reunião de oração (ou durante, se houver
algum caso que assim o necessite). Também o atendimento pode ser feito noutros dias, em horários previamente
marcados.
3. Conclusão
Além desses ministérios apresentados, ainda há outros de grande importância dentro do Grupo de Oração, tais
como, SOS oração, cercos de Jericó, visitas aos doentes e às famílias, aconselhamento, etc.
A Igreja de Jesus necessita de mulheres e homens novos, renovados no Espírito Santo, que acreditam no Cristo
Salvador, esperam nas suas promessas e dão frutos abundantes por sua união a Cristo63
.
ENSINO 4: PREPARAÇÃO E CONDUÇÃO DA REUNIÃO DE ORAÇÃO
1. Introdução
Os responsáveis pela preparação e condução da reunião de oração são os membros do núcleo de
serviço do Grupo de Oração ou, mais raramente, aqueles por estes designados. Esse processo envolve
diversos aspectos pertinentes ao núcleo, expostos e discutidos aqui mesmo nesse conjunto64
.
Aqui cabe referir-se à reunião de oração como tal, o seu momento principal e decisivo, a sua
ambientação e o desenrolar dos cantos, gestos, palavras e mensagens. Evidentemente, as referências são
genéricas, evitando qualquer tipo de legalismo ou padronização e, ao mesmo tempo, procurando respeitar
as realidades distintas e a liberdade do Espírito em suas moções.
2. Preparação
A preparação da reunião de oração é um dos itens de grande importância. Alguns líderes, sob
pretexto de que confiam na ação do Espírito Santo, vão para a reunião sem nenhum tipo de elaboração,
achando que “no fim vai dar tudo certo”. A Palavra de Deus tem um apelo muito forte a esse respeito:
“Não negligencies o carisma que está em ti (...) Põe nisto toda a diligência e empenho, de tal modo que se
torne manifesto a todos o teu aproveitamento” (1 Tm 4,14-15). É necessário dedicar esforço e carinho na
preparação da reunião, dando liberdade para que o Espírito Santo possa mudar tudo, adequando à vontade
do Pai.
Assim, a preparação do local, a arrumação das cadeiras, colocação de mensagens evangelizadoras
(na forma de cartazes ou pequenos folhetos deixados nos bancos ou cadeiras), a disposição da mesa e dos
equipamentos de som (quando houver), a limpeza e a higiene do local, tudo deve estar perfeito antes que
cheguem os primeiros participantes. É comum se observar que as pessoas já estão sentadas e a equipe de
música ainda está afinando instrumentos, escolhendo cantos ou mesmo instalando os equipamentos. Seria
63 Cf. Jo 15
21. Cf. Ensino 1.
19
bom evitar essa situação, pois ela pode quebrar o clima de espiritualidade que deve reinar desde o começo
até o fim da reunião.
Aquilo que estiver ao alcance para tornar tudo agradável e perfeito, para que as finalidades sejam
obtidas, deve ser feito. Chegar até os corações e movê-los, isto é obra do Espírito Santo e Ele o fará tanto
mais quanto se fizer bem a parte de ambientação e preparo.
Entre os aspectos preliminares à reunião de oração, três coisas são particularmente importantes:
a) Intercessão
Normalmente, os grupos dispõem de uma equipe ou ministério que intercedem pela reunião de
oração noutro dia da semana. A equipe antecipa os pedidos pelo bom êxito da reunião de oração, rogando
para que todos os seus elementos (oração, pregação, música, testemunhos, etc) sejam conduzidos pelo
Espírito Santo. Além disso, pede pelos participantes da reunião, para que estejam abertos às graças que
Deus quer derramar sobre eles65
e que vão ser distribuídas na reunião, através da pregação, das orações, do
acolhimento, etc.
A intercessão ajuda no discernimento do Núcleo, através de palavras e moções dadas por Deus.
Porém, a equipe intercessora não deve interferir diretamente na preparação da reunião, tomando iniciativas
ou dando ordens que suponha virem de Deus. Qualquer palavra, moção, profecia ou ciência deve ser
encaminhada ao coordenador do grupo. O coordenador discerne a aplicação ou não do que veio da
intercessão.
b) Rhema
A reunião de oração é bastante livre e inédita. O Espírito pode conduzi-la de modo a fazer Sua
vontade de forma imprevista pelos dirigentes. Porém, freqüentemente o núcleo de serviço, em sua reunião,
recebe de Deus uma moção em forma de rhema, que deverá ser um princípio norteador da oração. Dessa
forma, o dirigente e sua equipe vão para a condução sabendo de antemão qual o caminho a seguir, embora
não saibam que passos devem ser dados.
O rhema auxilia na preparação e ambientação da reunião. Por exemplo, se na reunião do núcleo o
Senhor recorda a palavra bíblica: “Respondeu Jesus: ‘Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes
sete’” (Mt 18,22). De antemão, podem ser escolhidos cantos relacionados ao perdão e à fraternidade; a
equipe de acolhimento poderá receber as pessoas com um “perdoai-vos” em vez de “boa noite”; cartazes e
mensagens relacionados ao tema poderão ser afixados no local; os dirigentes poderão preparar dinâmicas
que facilitem a oração de perdão; o pregador daquela reunião será orientado sobre o rhema e preparará seu
ensino de acordo com ele. Enfim, todo o conjunto da reunião estará em torno de um núcleo central. Isso
facilitará em muito a compreensão e posterior vivência da mensagem da parte dos que vierem à reunião.
c) Oração antecedente da Equipe
É conveniente que se encontrem uma ou meia hora antes do início da reunião de oração: o
dirigente principal, a equipe auxiliar, o ministério de música, o responsável pelo ensino daquele dia e,
eventualmente, a equipe de acolhimento. Durante esse tempo, eles se preparam para conduzir em unidade
aquela reunião. “Essa é a ocasião para pedir ao Senhor que faça deles um só Corpo - para pedir a liberação
do Espírito Santo sobre eles e o encontro. Eles (...) rezam uns pelos outros para que todos sejam canais
visíveis de Seu amor curador”66
.
3. Condução
3.1. Preliminares
A reunião de oração, de certo modo, já se inicia quando os primeiros participantes chegam. Esse
tempo é usado para ambientar e formar fraternidade através da acolhida e de outros elementos, como
distribuição de mensagens ou diálogos informais.
65 Cf. Mt 6, 32b
66. DE GRANDIS, Robert. Vem e segue-me, p. 63.
20
Alguns colocam o ministério de música em ação já desde esse momento, cantando músicas
animadas e introduzindo as pessoas no clima de alegria e louvor. “Uma alternativa é colocar fitas de
música animada como fundo para a chegada das pessoas”67
.
3.2. Animação
Normalmente, a reunião propriamente dita começa com cantos animados, para fazer com que as
pessoas abandonem as preocupações e tensões que trouxeram de casa. “Em geral, as pessoas vêm aos
encontros deprimidas, sem nem mesmo dar-se conta da extensão do peso que sentem”68
.
É preciso evitar muita agitação e buscar um ambiente propício à oração. Em alguns casos se
observa que a animação acaba por causar constrangimentos àqueles que são mais tímidos ou que estão
vindo pela primeira vez.
A animação inicial pode ser feita por um ministro de música ou pelo próprio dirigente da reunião.
Em qualquer dos casos, devem-se evitar interrupções bruscas das músicas animadas para entrar nas
músicas lentas. Às vezes, a animação cansa um pouco as pessoas, deixando-as agitadas e com dificuldades
de silenciar interiormente. O ideal é que se passe das músicas ritmadas para algumas moderadas, para
depois virem as lentas.
O movimento seria:
Primeiro – músicas animadas;
Segundo – músicas moderadas;
Terceiro – músicas lentas.
O ministro ou dirigente vai passando de umas para outras sem quebrar a seqüência, de maneira que
a assembléia nem perceba o encadeamento da reunião, mas desfrute do clima agradável que ele cria.
3.3. A oração: o papel do dirigente
O dirigente da reunião de oração é, por assim dizer, o responsável por introduzir as pessoas na
presença de Deus. Por isso, deve estar aberto às moções do Espírito para aquele instante, discernindo quais
os passos a serem dados e emitindo ordens curtas e concretas nesse sentido. “Sua liderança assemelha-se
à de um regente de orquestra – quais as partes que ele deve deixar que se destaquem e quais as que deve
manter em silêncio até outro momento do encontro. O líder não pode ser apenas passivo, pois alguém
mais, de alguma outra forma não definida, poderá acabar na realidade liderando o grupo”69
.
O dirigente deve se convencer de que ali, na reunião de oração, não é o momento de uma oração
pessoal. Alguns começam a rezar de acordo com suas próprias necessidades ou, quando muito, rezam o
tempo todo em nome da assembléia, como se fosse um intercessor entre ela e Deus, deixando as pessoas
presentes como meros espectadores.
O dirigente deve estar atento às ações e reações da assembléia, o modo como cantam, rezam,
aderem ou não às ordens emitidas. Quando a oração não estiver decorrendo satisfatoriamente, é preciso
discernir o que está acontecendo e o que fazer para alterar a situação. Às vezes, as pessoas estão oprimidas
por alguma coisa e, por isso, por mais que se diga, elas não louvam com fluência nem se sentem inseridas
no contexto da reunião. Nesse caso, o dirigente proporá, de acordo com a moção de Deus, uma oração de
libertação, um ato penitencial, uma canção ou outra coisa inspirada. Isso poderá devolver às pessoas o
interesse e a espontaneidade na oração. “A profundidade do círculo de oração dependerá, em grande
parte, da fé corajosa do dirigente. Ele deve, é claro, ter prudência, mas nunca ter medo (...). Deve ter
coragem para tomar decisões, controlar situações e, sobretudo, para manifestar o plano de Deus”70
Em algumas reuniões podem ocorrer problemas, como as atitudes exaltadas ou emotivas demais da
parte de uma ou mais pessoas. Às vezes, alguém pode emitir palavras ou moções supostamente vindas de
Deus, mas que são meros devaneios de sua subjetividade, acabando por atrapalhar a reunião, desviando a
atenção dos outros do eixo central e proveitoso da oração. Esses casos devem ser contornados pelo
dirigente com discernimento, bom senso e, sobretudo, com caridade. Não se devem fazer exortações
ásperas nem tomar atitudes extremas, como, por exemplo, mandar calar a boca. Mas também não se pode
67. Ibid., p. 63.
68. Ibid., p. 64.
69. WALSH, Vicent M. Conduzi o meu povo, p. 20.
70. FLORES, J.H. Prado. As reuniões de oração, p. 50.
21
permitir que uma ou duas pessoas confundam o sentido e o objetivo da reunião. O dirigente deve agir
destramente, para não conturbar a oração.
A mesma destreza é necessária quando alguém critica ou contesta algo diretamente no momento
da oração ou pregação. Nesses casos, “o melhor será o líder dar respostas simples e diretas e, então,
voltar prontamente à atividade de louvar e partilhar”71
. Certamente, é bom lembrar-se aqui da promessa
do Senhor: “Naquele momento ser-vos-á inspirado o que haveis de dizer” (Mt 10, 19b).
No contexto da reunião de oração, também é preciso evitar:
a) Introduções longas
Supondo que a moção seja para que a assembléia louve ao Senhor coletivamente e em português, o
dirigente poderá dizer: “Vamos agora louvar ao Senhor com nossas palavras. Dizer que Ele é bom, é
maravilhoso, que não há Deus como Ele. Louvá-lo porque Ele nos salvou, Ele nos deu a paz, libertou-nos
dos vícios, devolveu a harmonia às nossas famílias. Vamos louvá-lo porque Ele é poderoso, porque realiza
prodígios e milagres em nosso meio, porque sua sabedoria é infinita, etc, etc”. Quando ele terminar, as
pessoas já estarão sem vontade de louvar; ou então, não se lembrarão mais de nenhum motivo que já não
tenha sido dito pelo dirigente; ou, ainda, estarão sentadas e com os olhos abertos.
Do contrário, se o dirigente fizer uma introdução breve: “Vamos levantar os nossos braços e
louvar ao Senhor com alegria por tudo o que Ele é e faz nas nossas vidas”. Assim, todos haverão de louvar
e a reunião prosseguirá normalmente. As introduções mais longas só cabem em circunstâncias peculiares,
por força da moção do Espírito.
b) Ordens incompreensíveis
É preciso que as ordens dadas sejam claras, de maneira que todos entendam o que devem fazer; do
contrário, a assembléia ficará confusa e tumultuada.
Por exemplo, se o dirigente disser: “Fique frente a frente com seu irmão da direita e orem um pelo
outro”. Ora, todos virarão para a direita e cada um não saberá se deve voltar-se ou esperar que a pessoa da
frente se volte.
Como obedecer a uma ordem como essa?: “Vamos, irmãos, louvar o Senhor por sua bondade,
pedir que Ele nos abençoe nessa noite, interceder por aqueles que não estão aqui, para que se convertam.
Rezemos ao Senhor”.
Há três indicações contidas numa só: louvar o Senhor por sua bondade, pedir que nos abençoe e
interceder pelos que não estão na reunião. Qual das três seguir? A menos que a pessoa tenha facilidade em
sistematizar, para fazer uma coisa após outra e dar-lhes sentido, ficará confusa. Alguns louvarão, outros
pedirão, outros intercederão. Porém, muitos não farão nenhuma coisa nem outra, porque não entenderão a
ordem.
c) Fragmentação das moções
O ideal é que a reunião seja relativamente conexa em suas partes. O dirigente que não obedece a
um núcleo central de moção é como um franco atirador que dispara em várias direções, sem determinar o
alvo.
Nesse aspecto, é muito comum que, durante a manifestação dos carismas, sejam pronunciadas
várias palavras bíblicas, mensagens proféticas, palavras de ciência e sabedoria. Algumas estarão fora do
contexto da oração e refletem mais os sentimentos e necessidades das pessoas que as pronunciaram. O
mesmo pode acontecer com simples orações individuais. O dirigente deve, no Espírito e com habilidade,
examinar tudo e ficar com o que é bom e propício para aquele momento, dando os próximos
direcionamentos a partir daquelas palavras e moções mais oportunas e autênticas.
No caso de palavras bíblicas durante a oração, “a atitude dos ouvintes, em vez de procurar os
textos na sua bíblia, há de ser a de concentrar toda a sua atenção em escutar a Palavra, deixando-a
penetrar como a chuva que entranha na terra, fecunda-a e a faz germinar”72
.
Em função do caráter livre e espontâneo da reunião de oração, pode haver momentos em que a
assembléia, introduzida na presença do Senhor, sinta-se como que autônoma para rezar. Esse é o momento
71. DE GRANDIS, Robert. Vem e segue-me, p. 62.
72. FLORES, J.H. Prado As reuniões de oração, p. 33.
22
do dirigente “recuar” e permitir que as pessoas sigam os impulsos do Espírito nelas mesmas. Isso acontece,
por exemplo, num longo momento de oração em línguas, em que a assembléia insiste no louvor
ininterrupto. Sempre que a oração atingir esse nível, o dirigente interferirá menos, apenas quando houver
necessidade de uma nova motivação. Ele colocará a oração de volta no caminho certo, quando perceber
que ela está se desviando para outra conotação. O dirigente deve propor a oração conforme o momento que
o povo está vivendo. Daí a reunião de oração não ter um esquema rígido e fixo.
3.4. Sucedentes
Após a oração, segue-se a pregação e, logo após esta, apêndices como: avisos, testemunhos,
outros. É bastante salutar que a reunião, no seu final, seja sintetizada em sua mensagem ou ação
principal73
. Isso ajuda os participantes a compreenderem e aplicarem na vida o que Deus realizou e propôs
naquele momento. A síntese também serve como recurso de memorização, o que facilita a retenção da
mensagem.
Outras sugestões podem ser dadas, de elementos que se sucedem à oração e pregação com o
intuito de possibilitar ou enriquecer a vivência da reunião de oração:
- propostas de uma direção para a semana: leitura orientada da Bíblia, de um livro, de um tema, etc;
- panfletos com os eventos da RCC, com o funcionamento do Grupo de Oração, da Paróquia, Capela,
etc;
- convidar para a próxima reunião de oração;
- panfletos indicando os serviços do Grupo de Oração (formação, acompanhamento, juventude, casais,
música...) como oportunidade de engajamento dos participantes.
4. Conclusão
A reunião de oração será mais proveitosa tanto quanto for bem preparada e dirigida, criando assim
melhores condições para a ação do Espírito. Para dirigir bem uma oração é necessário, antes de tudo, ter o
carisma confirmado para esse ministério. Além disso, a facilidade em dirigir reuniões dependerá do nível
de intimidade que o líder tem com a própria oração. Pessoas de intensa vida de oração terão mais afinidade
e abertura ao Espírito e conduzirão melhor as reuniões. Vicent Walsh fala de três qualidades necessárias a
um dirigente: estabilidade emocional, vida profunda no Espírito e sensibilidade à ação de Deus no
encontro74
.
Outrossim, “o Espírito Santo é soberano e o que Ele pode querer fazer numa reunião de oração
talvez seja algo nunca antes realizado, algo diferente do que já conhecemos e, no entanto, se é obra sua, é
tão importante que não lhe devemos opor nenhum obstáculo”75
.
RESUMO
1. Introdução
Os responsáveis pela preparação e condução da reunião de oração são os membros do núcleo de serviço do
Grupo de Oração ou, mais raramente, aqueles por estes designados.
2. Preparação
É necessário dedicar esforço e carinho na preparação da reunião, dando liberdade para que o Espírito Santo
possa mudar tudo, adequando à vontade do Pai.
Entre os aspectos preliminares à reunião de oração, três coisas são particularmente importantes:
a) Intercessão
b) Rhema
c) Oração antecedente da Equipe
3. Condução
3.1. Preliminares
73. Ibid, p. 61-62.
74. Cf. Conduzi o meu povo, p. 17-18
75. CHAGAS, Cipriano. Grupos de oração carismáticos, p. 2.
23
A reunião de oração, de certo modo, já se inicia quando os primeiros participantes chegam.
3.2. Animação
A animação inicial pode ser feita por um ministro de música ou pelo próprio dirigente da reunião.
Em qualquer dos casos, deve-se evitar interrupções bruscas das músicas animadas para entrar nas músicas lentas.
O movimento seria:
Primeiro – músicas animadas;
Segundo – músicas moderadas;
Terceiro – músicas lentas.
É preciso evitar muita agitação e buscar um ambiente propício à oração.
3.3. A oração: o papel do dirigente
O dirigente da reunião de oração é, por assim dizer, o responsável por introduzir as pessoas na presença de Deus.
O dirigente deve estar atento às ações e reações da assembléia, o modo como cantam, rezam, aderem ou não às
ordens emitidas.
Quando a oração não estiver decorrendo satisfatoriamente, é preciso discernir o que está acontecendo e o que
fazer para alterar a situação.
No contexto da reunião de oração, também é preciso evitar:
a) Introduções longas
b) Ordens incompreensíveis
c) Fragmentação das moções
3.4. Sucedentes
Após a oração, segue-se a pregação e, logo após esta, apêndices como: avisos, testemunhos, outros.
É bastante salutar que a reunião, no seu final, seja sintetizada em sua mensagem ou ação principal.
4. Conclusão
A reunião de oração será mais proveitosa tanto quanto for bem preparada e dirigida, criando assim melhores
condições para a ação do Espírito.
Para dirigir bem uma oração é necessário, antes de tudo, ter o carisma confirmado para esse ministério.
Outrossim, o Espírito Santo é soberano e o que Ele pode querer fazer numa reunião de oração talvez seja algo
nunca antes realizado, algo diferente do que já conhecemos e, no entanto, se é obra sua, é tão importante que não
lhe devemos opor nenhum obstáculo.
ENSINO 5: ELEMENTOS DA REUNIÃO DE ORAÇÃO
1. Introdução
Alguns elementos da reunião de oração merecem destaque, pela importância que têm em seu
conjunto. Não é imperativo que todos estejam presentes em todas as reuniões, mas normalmente estão em
maior ou menor grau e devem ser aproveitados adequadamente. O enfoque maior será sobre o louvor e a
pregação, por se tratarem dos dois pólos principais da reunião de oração.
2. Elementos
2.1. O louvor76
“O louvor é a forma de oração que reconhece o mais imediatamente possível que Deus é Deus.
Canta-o pelo que Ele mesmo é, dá-lhe glória, mais do que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele é.
Participa da bem-aventurança dos corações puros dos que o amam na fé antes de o verem na glória. Por
ela, o Espírito se associa ao nosso espírito para atestar que somos filhos de Deus, dando testemunho do
76. Cf. PEDRINI, Alirio J. Experiência de Deus, p.119-121 e DE GRANDIS, Robert. Louvai a Deus diariamente, P. 46-47.
24
Filho único em quem somos adotados e por quem glorificamos o Pai. O louvor integra as outras formas
de oração...”77
.
A reunião de oração é um momento propício para aprender a louvar a Deus. Nunca é demais
louvar o Senhor. Ao louvar a Deus, as pessoas libertam-se para confiar plenamente no Pai que ama
incondicionalmente, desviando a atenção delas mesmas e concentrando-se em Jesus. Deus habita nos
louvores de seu povo.
O louvor deve ser dado a Deus mesmo quando as situações são dolorosas, humilhantes, até
desastrosas. Não é difícil louvar quando as circunstâncias são favoráveis, é natural louvar pelas coisas
‘boas’. É normal ser grato, alegrar-se no momento do sucesso, da prosperidade, da boa saúde e da fama.
Mas São Paulo diz que é necessário render “graças, sem cessar e por todas as coisas, a Deus Pai, em
nome de nosso Senhor Jesus Cristo”78
.
A inspiração para o louvor é reação espontânea e/ou cultivada a partir da percepção da grandeza e
bondade de Deus. “Por ele (então) ofereçamos a Deus sem cessar sacrifícios de louvor, isto é, o fruto dos
lábios que celebram o seu nome” (Hb 13,15). Que se pretendeu dizer com ‘sacrifício de louvor’? No
Antigo Testamento, sacrifício requeria morte. Um animal era morto. Mas, no ‘sacrifício de louvor’, é o
ego da pessoa que precisa morrer. É necessário sacrificar o próprio julgamento, a própria opinião, a
própria avaliação quanto àquilo que é correto e bom. É necessário louvar a Deus por todas as coisas.
A experiência de Deus e a oração de louvor caminham de mãos dadas. Quem convive com o Deus
vivo, conhecido por experiência, sente-se naturalmente impelido a louvá-lo, por descobrir sempre mais
como Ele é maravilhoso e quão grandes são suas obras. Quem proclama os louvores do Deus vivo,
manifesta sua experiência de Deus e, ao mesmo tempo, cresce nela. Forma-se, assim, o círculo virtuoso:
quanto mais experiências do Deus vivo, maior o louvor. E, quanto mais se louva, maior a consciência da
experiência de Deus.
Em que consiste louvar? Louvar é elogiar alguém por alguma qualidade, virtude, obra ou
realização que desperta admiração. Louvor é, portanto, fazer elogios ao Deus vivo por algo que nele causa
admiração ou encantamento.
Como se percebe, o louvor é uma atitude muito simples. Na reunião de oração, os tipos mais
comuns de louvor são os individuais e os coletivos. No louvor individual, convém que a pessoa que o faz
por primeiro não diga palavras muito difíceis ou frases enfeitadas, para não inibir aqueles que só sabem
fazer louvores bem simples. “O importante não é dizer frases literalmente bem elaboradas, nem cheias de
profundo conteúdo teológico, pois não se trata de impressionar, nem doutrinar a comunidade; o
importante é abrir simplesmente o coração para Deus”79
. Essas intervenções também não devem ser
demasiadamente longas e cansativas.
A confiança para participar em voz alta nasce da familiaridade que o ambiente proporciona, mas
também “graças à experiência que o Espírito Santo nos concede de nos sentirmos filhos de Deus, e da
capacidade que nos dá de gritar: Abba, Papai”80
. Em qualquer caso, a oração individual ajuda a desinibir
o participante.
2.2. A oração em línguas
Quanto mais espontânea a oração em línguas, melhor será o clima do louvor. Por isso, o dirigente
deve conduzir e não induzir ou “forçar a barra” com orações estridentes ao microfone. É o Espírito que,
antes de qualquer pessoa, move cada um para que use o dom. No entanto, não há problemas em incentivar
ou pedir para que as pessoas orem em línguas. É bom evitar a expressão “linguagem dos anjos”, sem
respaldo bíblico ou teológico.
O ministério de música pode ajudar a assembléia, procurando dar tonalidade à oração, sem,
contudo, impor uma melodia. A tonalidade ajuda a fazer com que a oração em línguas não se torne gritante
e sem harmonia. O essencial, no entanto, é deixar que o próprio Espírito ore nas pessoas e imprima a
ressonância que quiser. “Os muitos cantos diferentes se harmonizam num só, cheio de paz ou de poder, em
que cada um é instrumento incomparável dirigido pelo próprio Espírito”81
.
77. Catec., n. 2.639. 78 Cf. Ef 5,20
79. FLORES, J. H. Prado. As reuniões de oração, p. 20.
80. Ibid., p. 40.
81. CHAGAS, Cipriano. Grupos de oração carismáticos, p. 19.
25
Durante o louvor ou a oração em línguas o Senhor pode revelar – através de palavra de ciência –
as curas e libertações que está realizando. O dirigente deve proclamar para a assembléia e assim, suscitar
os testemunhos.
2.3. O canto
A música é um elemento fundamental para a reunião de oração. Porém, se não for adequada, pode
comprometer o desenrolar das expressões de louvor da assembléia.
Há um evidente perigo de a reunião se transformar numa espécie de festival de músicas, sobretudo
quando se tem um ministério que supervaloriza o preparo técnico. O melhor ministério de música é aquele
orante e ungido que, num só coração com as demais equipes de serviço da reunião, tem a preocupação de
ajudar as pessoas a se colocarem na presença de Deus.
O ministério de música deve estar em obediência e comunhão com o dirigente principal da
reunião. O dirigente é a autoridade naquela hora. Por isso, durante a oração não é bom inserir cantos sem
que ele saiba quando e quais, a menos que um ministro de música julgado experiente e em unidade
suficiente seja encarregado disso previamente. De qualquer modo, o ministério de música deverá ter
sempre alguém à frente durante a reunião, que responde por ele junto ao dirigente principal.
Não é preciso dizer que as letras dos cantos devem estar em consonância com as moções da
reunião. “A música mesma (...) deve ir-se adaptando ao ambiente, ao tom que está tomando a oração”82
.
Um canto ou mesmo um ritmo mal colocado pode desviar completamente o rumo da reunião de oração.
Padre Joãozinho83
observa que a reunião de oração emana do culto Eucarístico e ali encontra seu
sentido. Por isso, conclui que na reunião o canto “será tanto mais santo quanto mais intimamente estiver
ligado ao momento da ação litúrgica que se estiver revivenciando”84
.
É oportuno observar aqui, então, algumas formas e expressões do canto na reunião de oração85
:
a) Canção com palmas: as palmas devem ser um complemento da oração, por isso, espontâneas e alegres.
As Escrituras estão cheias deste tipo de oração86
.
b) Canção com as mãos levantadas: é expressão que manifesta nossa dependência de Deus87
.
c) Canção de júbilo: a experiência profunda de Deus às vezes é tão intensa que é preciso gritar. É fruto do
Espírito 88
d) Canção de prostração: manifesta adoração. Pode ser deitado ou de joelhos. É uma maneira de
proclamar que Jesus é o Senhor89
.
e) Canção com danças: por muito tempo não havia lugar para ela nas celebrações. É bom, santo e bíblico
orar com danças como fazia o Rei Davi90
. No Brasil, a posição dos Bispos é favorável: “A introdução da
dança litúrgica na procissão de entrada, onde for conveniente e a juízo e consentimento do Bispo
Diocesano, poderá ser de grande proveito para criar o clima de celebração festiva da fé”91
.
f) Canção de luta: denuncia o homem velho. O exemplo maior é o canto de Maria: “Derrubou do trono
os poderosos e exaltou os humildes” (Lc 1, 52). Esse canto anuncia a grandeza de um Deus que faz
maravilhas pelos seus.
g) Canção de regozijo: era o grito através do qual Israel pedia a proteção de Deus. “Toda multidão dos
discípulos tomada de alegria, começou a louvar a Deus em altas vozes, por todas as maravilhas que tinha
visto” (Lc 19, 37).
h) Louvor instrumental: tocar diante do Senhor por si só já é uma oração. A música instrumental só será
santa se brotar de um coração renovado, o amor e o júbilo são expressos nos sons dos instrumentos.
82. Ibid., p. 16.
83. Cf. ALMEIDA, João Carlos. Cantar em espírito e verdade, p. 88.
84. Ibid., p.89.
85. Cf. Ibid, p. 89-94. 86 Cf., por exemplo, Sl 46, 2; Sl 97,8 87 Cf. Sl 133,2; 140,2; 62,5 88 Cf. Sl 46, 1; 80,2; 99,1 89 Cf, Sl 94,6 90 Cf. 2 Sm 6, 14
91. CNBB, Animação da vida litúrgica no Brasil, p.75.
26
2.4. O silêncio
O dirigente deve estar atento para proporcionar momentos de silêncio durante a reunião de oração.
Alguns momentos propícios para isso são: após a oração em línguas (para favorecer as profecias), após as
profecias (para assimilação das palavras mais fortes) e ao final da oração.
O silêncio ajuda a “balancear” a reunião, tornando-a ainda mais dinâmica. De modo algum reflete
monotonia e cansaço. “Em toda reunião deve haver momentos de silêncio fecundo e cheio da presença do
Senhor. Não um silêncio vazio, tímido e tenso, mas o silêncio que favorece a comunicação de Deus
conosco. Muitas vezes nos queixamos de que Deus não nos fala, mas talvez não tenhamos nos dado conta
de que somos nós que não lhe damos a oportunidade de fazê-lo”92
.
2.5. Ato penitencial93
O perdão dos pecados é dado por Deus a quem reconhece seus erros. “Se reconhecemos os nossos
pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade”
(1 Jo 1, 9).
Jesus deixou o sacramento da Penitência, a confissão. Os pecados graves precisam passar pela
absolvição sacramental, dada pelo sacerdote; os pecados veniais, leves, podem também, ser perdoados de
outros modos, como numa celebração penitencial apropriada, sempre que o pecador pedir sinceramente
perdão a Deus; também por jejuns, esmolas, penitências e boas obras realizadas nesta intenção,
acompanhada do desejo de verdadeira conversão.
Servindo-se do próprio fluxo da reunião de oração, o dirigente terá a oportunidade de fazer a cura
espiritual acontecer pelo perdão. Pode, também, programar orações de cura espiritual através de atos
penitenciais especificamente preparados.
Para que o perdão aconteça é necessário que aquele que pecou:
a) reconheça o seu pecado;
b) arrependa-se;
c) peça perdão a Deus, sinceramente;
d) proponha-se a vencer e evitar o pecado;
e) proponha-se à reparação (ex: devolver o que roubou, perdoar a quem o ofendeu, pedir perdão a
quem ofendeu, etc.).
Deus está sempre esperando e pronto para perdoar. “Se vossos pecados forem escarlates, tornar-se-ão
brancos como a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã !” (Is 1, 18b).
2.6. A Pregação
A pregação é um momento dos mais importantes da reunião de oração. Ela motiva o povo a rezar e
faz aumentar a fé. A pregação visa atingir o coração, leva a experimentar a misericórdia de Deus que se
manifesta em seu Filho Jesus.
Nos Atos dos Apóstolos, conforme vemos em Atos 2, é esta a seqüência: Pedro, cheio do Espírito
Santo, se destaca dos demais e com voz forte anuncia o Evangelho aos que se ajuntavam ali que, com os
corações atingidos, perguntam o que devem fazer para receber, também eles, o dom do Espírito. Pedro faz
a pregação. O povo reage e pergunta. Ele faz uma proposta de conversão e tudo vai acontecendo.
Assim deve acontecer nas reuniões de oração. A pregação motiva e o povo reage, pedindo,
louvando, cantando. A Palavra de Deus anunciada deve tocar e levar o povo a reagir através da oração, do
louvor, do canto, da disposição do coração para receber o Espírito Santo.
Ensina o Concílio Vaticano II:
“Impõe-se pois a todos os cristãos o dever luminoso de colaborar para que a mensagem
divina da salvação seja conhecida e acolhida por todos os homens em toda a parte. (...) Para
exercerem tal apostolado, o Espírito Santo – que opera a santificação do povo de Deus através do
ministério e dos sacramentos – confere ainda dons peculiares aos fiéis (cf. 1 Cor 12,7)
‘distribuindo-os a todos, um por um, conforme quer’ (1 Cor 12,11). (...) Da aceitação destes
carismas, mesmo dos mais simples, nasce em favor de cada um dos fiéis o direito e o dever de
92. FLORES, J. H. Prado. As reuniões de oração, p. 31.
93. Cf. PEDRINI, Alírio J. Grupos de oração, p. 41ss.
27
exercê-los para o bem dos homens e a edificação da Igreja, dentro da Igreja e do mundo, na
liberdade do Espírito Santo (...).94
(grifo nosso)
A pregação leva as pessoas a conhecerem Jesus. “Porém, como invocarão aquele em quem não
têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem
pregue?” (Rm 10, 14). Ela deve ser preferencialmente querigmática, com algumas exceções. A diferença
básica das mensagens, em especial a querigmática e a catequética, consiste no fato de que a primeira (o
querigma = do grego KERISSEN = proclamar, gritar, anunciar) é anúncio da fé cristã, que apresenta o
Deus vivo, tendo como centro Jesus morto e ressuscitado. Já a mensagem catequética visa a ensinar
aqueles que abraçaram a fé, doutrinando-os. O querigma é o tocar dos sinos, enquanto que a catequese é o
ressoar. Ou ainda, podemos dizer que o tempo do querigma é hoje, é o momento da salvação; já o tempo
da catequese é a partir de hoje, ou seja, será um ensino progressivo e gradual da fé e suas razões.
2.6.1. O querigma
O conteúdo do querigma não deve ser mudado – Jesus é o mesmo ontem, hoje e sempre. Porém,
na pregação ele pode ser adaptado à realidade. O querigma tem uma divisão sistemática e didática, embora
a mensagem central seja sempre o enfoque de Jesus morto e ressuscitado – Jesus Salvador:
a) Amor de Deus – mostra a face paterna/materna de Deus; que Ele ama incondicionalmente a todos os
homens, com amor eterno. Um bom exemplo é a parábola do filho pródigo. Para ler e meditar: Lc 15,11-
30; Is 43; Is 49,14-16; I Jo3,1; I Jo 4,7-8; Os 11,1-4.
b) Pecado – o homem ao afastar-se de Deus caiu no pecado. “O homem tentado pelo Diabo, deixou morrer
em seu coração a confiança em seu Criador e, abusando da sua liberdade, desobedeceu ao mandamento de
Deus. Foi nisto que consistiu o primeiro pecado do homem. Todo pecado, daí em diante, será uma
desobediência a Deus e uma falta de confiança em sua bondade”95
. Para ler e meditar: Os 5,3-4; Sl 52,2-4;
Sl 50; Rm 3,23; Rm 5,12; Gal 5,19.
c) Salvação – Jesus morto e ressuscitado remiu o mundo, dando-nos de novo livre acesso ao Pai. Para ler e
meditar: Jo 3,16; I Jo 4,9-10; Rm 5,6-11; Rm 5,18-20; Hb 9,11-14; Hb 9,26-28.
d) Fé e conversão – ao ouvir a proposta de salvação, cabe ao homem respondê-la, aceitando-a numa
adesão de fé, dispondo-se a uma mudança de valores e de vida, passando a caminhar conforme os
ensinamentos cristãos. Para ler e meditar: Hb 11,1-2; Gal 5,11; Ef 3,8; II Tm 3,14; Eclo 17,21-24; Dt 4,29-
31.
e) Espírito Santo – É o Espírito Santo que toca e muda o coração do homem, que o fortalece, que revela
as verdades e o leva a adorar o Pai em verdade. Daí a necessidade de pedir o batismo no Espírito, para
receber a capacidade de viver a vida nova proposta. Para ler e meditar: Mt 28,19; Jo 15,26; I Cor 3,16-17;
Rm 8,26-27.
f) Comunidade – a Trindade é comunidade. Para ser igual ao Pai, como Jesus pediu, o homem tem que
viver em comunidade. Para ler e meditar: Jo 17,20-23; Atos 2,42; Ef 4,1-6; I Pe 1,22.
2.6.2. O pregador
O pregador é aquele que tem a consciência de que Deus se deixa encontrar, porque já O encontrou.
Não há como falar de Deus, sem conhecê-Lo.
A Igreja recomenda aos que se consagram ao ministério da palavra (podem ser incluídos aqui os
pregadores do grupo de oração), que “se apeguem às Escrituras, mediante assídua leitura sacra e diligente
estudo, para que não venha a ser ‘vão pregador da palavra de Deus externamente, quem não escuta
interiormente’”96
.
Também na Sagrada Tradição e no Magistério da Igreja o pregador deve buscar o conhecimento
de Deus, apoiando-se na sabedoria dos santos doutores e na sã doutrina. Como ensina São Paulo: “Ficai
firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa. Nosso
94. Apostolicam Actuositatem, n.. 3.
95. Catecismo da Igreja Católica, n. 397.
96. Dei Verbum, n. 25.
28
Senhor Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu consolação eterna e boa esperança pela
sua graça, console os vossos corações e os confirme para toda boa obra e palavra” (2 Tes 15b-16).
Deus, ainda, se revela através de locuções interiores, palavras de sabedoria, de ciência,
visualizações, profecias e sinais, aos quais o pregador deve estar atento, discernindo o que é bom. Para
preparar a mensagem de pregação para a reunião de oração deve-se, sobretudo, orar e escutar o Senhor.
Após discernir a vontade de Deus, preparar-se, buscando nas fontes de conhecimento o apoio e o
fundamento seguro para a pregação atingir o coração do povo.
O pregador é uma pessoa guiada pelo Espírito Santo, com o objetivo único de conquistar as
pessoas para Jesus. Ele é a voz que clama, é a seta que indica o caminho. Mas não é, jamais, “a Palavra”,
“o Caminho”, que é Deus. “João Batista foi a voz. Jesus é a Palavra, a Palavra de Deus. Acontece que a
Palavra de Deus não cessa, não passa, não se extingue. Pelo contrário, tem de estar sempre presente
entre os homens, entre os cristãos. Mas, como a voz de João Batista passou, a voz de todo pregador
também passa. Por isto, em cada geração Jesus conta com tua voz, com minha voz, com nossa voz.”97
O pregador é um servidor da verdade, um artífice da unidade da Igreja. Por isso é muito
importante que o pregador da reunião de oração seja uma pessoa madura na fé, animada pelo amor, tenha o
fervor dos santos e que conheça bem Jesus, que é o Verbo do Pai, a Palavra verdadeira, o único caminho.
Além disso, deve ser testemunha, ter zelo pelo Evangelho, deve viver o que prega. São Paulo
orienta que para ser capaz de ensinar, a pessoa “não pode ser um recém-convertido, para não acontecer
que, ofuscado pela vaidade, venha a cair na mesma condenação que o demônio. Importa, outrossim, que
goze de boa consideração por parte dos de fora, para que não se exponha ao desprezo e caia assim nas
ciladas diabólicas (...) Antes de poderem exercer o seu ministério, sejam provados para que se tenha
certeza de que são irrepreensíveis” (1 Tim 3, 6-7. 10).
2.7. Os testemunhos
Os testemunhos têm a função de manifestar a glória de Deus e edificar a comunidade. Por isso
mesmo, devem ser centralizados na pessoa de Jesus e não em quem fala. Se possível, as pessoas devem ser
orientadas quanto ao conteúdo e ao modo de dar seu testemunho98
.
Os dirigentes devem acautelar-se de pessoas que insistem em falar em todas as reuniões, quase
sempre como forma de exibir-se. Nem sempre é saudável facultar a palavra para testemunhos, pois pode
servir como espaço para desabafos e apresentações. “Por outro lado, é preciso estimular todos os que
foram tocados pelo Senhor a que dêem testemunho, pois se o testemunho é para a glória de Deus, não
proclamá-lo, seja por timidez ou por vergonha, será roubar a Deus a glória que só a Ele pertence”99
.
Os testemunhos devem ser breves e compreensíveis a todos. Robert Degrandis fala do “princípio
abc”100
: audível, breve e centralizado em Cristo. “Considere antes durante e depois: qual era a situação
que precisava ser resolvida? Como Cristo interveio? Quais são os resultados de seu envolvimento? Se
relatados corretamente, os testemunhos ensinam, motivam e levam as pessoas ao louvor. Quando as
pessoas dão testemunho, sua própria fé é fortalecida, bem como a dos ouvintes”101
.
2.8. Os avisos
Os avisos também devem ser claros e rápidos, ao final da reunião. Normalmente, eles dizem
respeito a algum aspecto da caminhada da Igreja local ou do próprio Grupo de Oração.
Não há motivos para prolongar a reunião por causa de comunicados exaustivos. O grupo e a
paróquia devem utilizar outros mecanismos para isso.
3. Conclusão
As referências feitas não esgotam os temas, nem abrangem todos os aspectos da reunião de oração.
Muitos grupos desenvolvem bons mecanismos não necessariamente comuns para suas reuniões, mas que
são profundamente válidos e eficientes.
97. MOHANA, João. Como ser um bom pregador, p.24.
98. Cf., por exemplo, MANSFIELD, Patti. Publicai os seus feitos maravilhosos, 94 p.
99. FLORES, J. H. Prado. As reuniões de oração, p. 60.
100. Cf. Vem e segue-me, p. 68-69.
101. Ibid., p. 69.
29
O essencial é compreender que, na dinâmica do Espírito, os dirigentes devem submeter suas
capacidades ao Senhor e zelar, com reta intenção, por aquilo que Deus lhes confiou.
RESUMO
1. Introdução
Alguns elementos da reunião de oração merecem destaque, pela importância que têm em seu conjunto.
2. Elementos
2.1. O louvor
O louvor é a forma de oração que reconhece o mais imediatamente possível que Deus é Deus. Canta-o pelo que
Ele mesmo é, dá-lhe glória, mais do que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele é.
Na reunião de oração, os tipos mais comuns de louvor são os individuais e os coletivos.
2.2. A oração em línguas
Quanto mais espontânea a oração em línguas, melhor será o clima do louvor. Por isso, o dirigente deve conduzir
e não induzir ou “forçar a barra” com orações estridentes ao microfone.
No entanto, não há problemas em incentivar ou pedir para que as pessoas orem em línguas. O ministério de
música pode ajudar a assembléia, procurando dar tonalidade à oração, sem, contudo, impor uma melodia.
2.3. O canto
Há um evidente perigo de a reunião se transformar numa espécie de festival de músicas, sobretudo quando se
tem um ministério que supervaloriza o preparo técnico.
O melhor ministério de música é aquele orante e ungido que, num só coração com as demais equipes de serviço
da reunião, tem a preocupação de ajudar as pessoas a se colocarem na presença de Deus.
O ministério de música deve estar em obediência e comunhão com o dirigente principal da reunião.
2.4. O silêncio
O dirigente deve estar atento para proporcionar momentos de silêncio durante a reunião de oração.
Alguns momentos propícios para isso são: após a oração em línguas (para favorecer as profecias), após as
profecias (para assimilação das palavras mais fortes) e ao final da oração.
O silêncio ajuda a “balancear” a reunião, tornando-a ainda mais dinâmica. De modo algum reflete monotonia e
cansaço.
2.5. Ato Penitencial
Servindo-se do próprio fluxo da reunião de oração, o dirigente terá a oportunidade de fazer a cura espiritual
acontecer pelo perdão.
Pode, também, programar orações de cura espiritual através de atos penitenciais especificamente preparados.
2.6. A Pregação
A pregação é um momento dos mais importantes da reunião de oração. Ela motiva o povo a rezar e faz aumentar
a fé.
A pregação motiva e o povo reage, pedindo, louvando, cantando. A Palavra de Deus anunciada deve tocar e
levar o povo a reagir através da oração, do louvor, do canto, da disposição do coração para receber o Espírito
Santo.
2.6.1. O querigma
O conteúdo do querigma não deve ser mudado – Jesus é o mesmo ontem, hoje e sempre. Porém, na pregação ele
pode ser adaptado à realidade.
O querigma tem uma divisão sistemática e didática, embora a mensagem central seja sempre o enfoque de Jesus
morto e ressuscitado – Jesus Salvador:
30
2.6.2. O pregador
Para preparar a mensagem de pregação para a reunião de oração deve-se, sobretudo, orar e escutar o Senhor.
Após discernir a vontade de Deus, preparar-se, buscando nas fontes de conhecimento o apoio e o fundamento
seguro para a pregação atingir o coração do povo.
O pregador é um servidor da verdade, um artífice da unidade da Igreja. Por isso é muito importante que o
pregador da reunião de oração seja uma pessoa madura na fé.
Além disso, deve ser testemunha, ter zelo pelo Evangelho, deve viver o que prega.
2.7. Os testemunhos
Os testemunhos têm a função de manifestar a glória de Deus e edificar a comunidade. Por isso mesmo, devem
ser centralizados na pessoa de Jesus e não em quem fala.
Os dirigentes devem acautelar-se de pessoas que insistem em falar em todas as reuniões, quase sempre como
forma de exibir-se.
2.8. Os avisos
Os avisos devem ser claros e rápidos, ao final da reunião. Normalmente, eles dizem respeito a algum aspecto da
caminhada da Igreja local ou do próprio Grupo de Oração.
Não há motivos para prolongar a reunião por causa de comunicados exaustivos. O grupo e a paróquia devem
utilizar outros mecanismos para isso.
ENSINO 6: O GRUPO DE PERSEVERANÇA
1. Introdução
Não basta despertar a fé e promover a experiência de Pentecostes. O fiel deve ser conduzido ao
crescimento e à formação. A evangelização querigmática deve levar à evangelização catequética.
O objetivo final de toda evangelização é a formação da comunidade cristã e ela só é formada com a
perseverança daqueles que foram evangelizados. Muitas vezes, os grupos de oração são lugares por onde
as pessoas passam, chegam, ficam algum tempo e depois saem porque não encontram um alimento
adequado à sua espiritualidade.
Existem dois riscos: o primeiro é formar grupos de oração que atendam à necessidade de
aprofundamento e catequese e não acolham aqueles que precisam de uma experiência inicial; o segundo,
é formar grupos que atendam à necessidade de uma experiência de conversão e não criem mecanismos
para aprofundar a fé. Daí a necessidade de momentos distintos para o mesmo Grupo de Oração:
querigma e catequese. Dois momentos que se complementam e acontecem em tempos distintos.
Em alguns lugares este momento de perseverança é chamado de grupo fechado, grupo de abastecimento
ou grupo de perseverança. Aqui foi adotado este último por ser mais próximo daquilo a que ele se
destina. O grupo de perseverança é, portanto, o terceiro momento do Grupo de Oração.
2. Considerações gerais102
Participar de um grupo de perseverança é, antes de tudo, um convite a começar um caminho, cujo fim,
em aberto, cada um deverá descobrir em comunidade, com a ajuda dos outros. De um modo geral,
podemos dizer que uma pessoa que inicia o caminho num grupo de perseverança possui:
uma experiência pessoal do Amor de Deus e do batismo no Espírito Santo;
uma atitude de procura, manifestada no desejo de dar um sentido à sua vida;
um desejo de dinamizar a fé pessoal através de uma relação mais constante e intensa com Deus;
um desejo de transformar o contexto em que vive;
uma necessidade de viver com os outros, de se relacionar na amizade e de crescer no serviço.
102. Cf. Partilha, n. 00, p.
31
Estas motivações aparecem mais claramente ou não, de acordo com as situações e circunstâncias em que
as pessoas vivem. Refletem também o processo de evangelização de cada uma.
O grupo de perseverança não é apenas:
um grupo que trabalha unido;
a realização de uma série de atividades;
um ambiente em que as pessoas se sentem bem;
um ambiente em que as pessoas são respeitadas, aceitas, queridas, ajudadas ou compreendidas;
um grupo de pessoas “santas”, mas gente que procura a santidade com sinceridade, com a ajuda de
Jesus e a força do Espírito Santo; portanto, em uma atitude de constante conversão.
3. Grupo de Perseverança: como organizar
Após a evangelização querigmática e o seminário de vida no Espírito, as pessoas devem ser convidadas
a participarem de grupos menores, entre 20 e 30 participantes constantes, semanalmente, com dia e hora
definidos, onde serão formadas. Estes grupos devem ser acompanhados por servos preparados para este
serviço.
O Servo indicado para coordenar o grupo de perseverança deve:
ser pessoa de vida de oração bem ordenada: orante;
ter visão clara do que é o grupo de perseverança;
ter carisma de pastoreio.
No exercício desse ministério, os servos devem contar com o apoio da coordenação do Grupo de
Oração, com quem têm comunicação freqüente. Esta deve estar a par de todo o desenrolar de cada
encontro.
Além disso, os servos devem ser instruídos sobre:
como conduzir oração;
como ordenar uma partilha, para não deixar que pessoas dominem, nem que alguém fique
demasiadamente calado;
como levar o grupinho a descobrir ou renovar a ação do Espírito Santo nas suas vidas;
o pastoreio dos participantes do grupinho;
a necessidade de observar as pessoas que têm condição de se tornarem futuros servos.
O líder do grupo de perseverança deve ter anotados todos os dados essenciais de cada participante:
nome, endereço, telefone, estado civil, profissão, local de trabalho, data de nascimento, entre outros.
Além disso, deve registrar bem a freqüência de cada pessoa, para melhor acompanhá-las.
Cabe a este servo:
receber cada pessoa de modo acolhedor;
estimular os participantes do grupo quanto à freqüência, à vivência dos temas abordados, à oração
pessoal e comunitária e ao compromisso com a comunidade da qual participa;
levar as pessoas a perceberem a vida de relacionamento com Deus na comunidade, com os irmãos, no
poder do Espírito Santo;
orientar os momentos de oração, explicar as atividades, apresentar os palestristas e fazer ligação entre
os temas e as dinâmicas.
O núcleo de serviço, em comunhão com os servos pastores dos grupos de perseverança, deve fazer um
planejamento progressivo e sistemático dos ensinos a serem ministrados neles e discernirem, se for o
caso, que tipo de estudo bíblico pessoal será aplicado para os membros.
A participação nestes grupos de perseverança não exclui a participação nas reuniões de oração, onde
poderão testemunhar aos demais e desta forma movê-los a caminhar na vida do Espírito.
Os grupos de perseverança são celeiros próprios para a colheita de novos líderes ou servos para as
diversas tarefas e ministérios da RCC. Ali, nos grupos de perseverança, eles são formados e recebem
uma orientação adequada para o engajamento no trabalho de evangelização e o serviço da Igreja na
RCC.
32
4. Líderes em potencial
Os grupos de perseverança devem formar pessoas que possam assumir lideranças; por isso é importante
observar alguns sinais para reconhecer líderes em potencial. Estas características devem ser trabalhadas
e lapidadas. As características que seguem são as mais freqüentes naqueles que mais tarde poderão
desempenhar funções e serviços de liderança:
curioso: está sempre partindo para âmbitos novos, investigando novos caminhos, sem se contentar
com o óbvio e o tradicional.
mediador: ajuda a trazer harmonia entre os membros, em especial os que estão discordando; procura
encontrar soluções mediadoras, aceitáveis por todos.
sintetizador: é capaz de juntar os pedaços; reúne as partes diferentes da solução ou do plano e as
sintetiza.
prático: sempre pronto para pôr em prática a proposta dada e aceita comunitariamente; versado em
organizações; procura estar sempre em atividade, sendo fiel no pouco que lhe for confiado.
proponente: dá idéias e propõe ações; mantém as coisas em andamento.
5. Fundamentação Bíblica
“Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, nas reuniões em comum, na fração do pão e nas
orações” (Atos 2,42).
Os grupos de perseverança são fundamentados em quatro princípios:
a) doutrina dos Apóstolos
b) comunhão fraterna
c) fração do Pão
d) oração
a) Doutrina dos Apóstolos
O ensinamento dos apóstolos consistia, antes de tudo, nos gestos, palavras e ações Jesus Cristo. Os
servos precisam desenvolver nos grupos de perseverança um relacionamento conforme o que Jesus
ensinou: viver, orar e trabalhar juntos, e tudo dentro do amor que se recebe de Deus, por seu Espírito,
para dá-lo aos irmãos.
Nos grupos de perseverança da atualidade não se trata de copiar tudo o que se fazia antes, mas sim de ter
a mesma atitude, a mesma disposição interior e o mesmo espírito que movia as comunidades primitivas.
Na realidade, trata-se de um alinhamento ao espírito das comunidades primitivas, nas quais o Senhor
ressuscitado vivia, estava presente, era o centro da comunidade sempre movida pelo Espírito Santo.
A doutrina dos apóstolos é a doutrina da Igreja. Portanto os grupos de perseverança devem ser instruídos
nos ensinos da Igreja, principalmente contidos no Catecismo da Igreja Católica e na rica literatura
católica disponível. Devem existir momentos de catequese, onde a doutrina é exposta e os participantes
são instruídos, a modelo do que ocorria nas comunidades primitivas. Este ensino deve ser programado
de tal forma que a doutrina seja ministrada de maneira contínua, progressiva e seqüencial, não
aleatoriamente. Existe a necessidade de preparar catequistas e mestres capacitados e competentes para
este serviço.
b) Comunhão fraterna
Podemos traduzir a expressão “comunhão fraterna” por fraternidade. Esta fraternidade é fruto do
conhecimento mútuo. Os participantes dos grupos de perseverança têm a oportunidade de se conhecerem
melhor e, desta maneira, exercerem a caridade e a solidariedade uns com os outros, elementos estes que
compõem a fraternidade.
Nossa meta é atingir o que se dizia dos cristãos: “entre eles não havia necessitados” (At 4,34a). O líder
de cada grupo de perseverança deve promover ações que facilitem o relacionamento e o conhecimento
dos seus participantes.
33
A partilha do tempo é fundamental para estreitar os laços na comunidade. O tempo é algo muito
precioso, que os participantes precisam saber partilhar. É muito difícil amar sem conhecer. É necessário
compartilhar da vida do outro para que cresça a responsabilidade e o amor por ele:
“Avaliando nossas atitudes, nossos comportamentos diante das pessoas, diante daqueles que nos
solicitam, daqueles que querem conversar conosco, daqueles que nos param quando estamos com
pressa, atarefados, ou cheios de problemas; avaliando nossas reações diante destas situações,
poderemos sentir como estamos vivendo em comunhão, verdadeiramente. Comunhão envolve perder,
digo, ganhar tempo com o meu irmão, eu ganho, ele ganha. Partilho das minhas riquezas e misérias. A
partilha sempre enriquece quando é vivida no amor”103
.
c) Fração do Pão
A participação na Santa Eucaristia desencadeia uma espiritualidade eucarística. A Eucaristia é o centro e
o cume da espiritualidade cristã. O grupo de perseverança deve incentivar a vivência da Eucaristia e dos
demais sacramentos da Igreja.
Nos grupos de perseverança, o pão da Palavra deve ser alimento constante, portanto a “fração do pão”, a
partilha do pão, se reveste também da partilha da Palavra, sendo incentivada a leitura e a reflexão
partilhada das Sagradas Escrituras.
d) Oração
O grupo de perseverança é parte do Grupo de Oração. Portanto, nele a oração deve ser como é na
própria RCC, com a manifestação dos carismas efusos. Nos grupos de perseverança, por serem menores,
há possibilidade do exercício dos dons de maneira mais aberta e possível para todos.
Além das orações em comum, deve ser incentivada a vida de oração pessoal. Os dirigentes do grupo de
perseverança podem acompanhar e verificar a espiritualidade de seus participantes. Na RCC, chamamos
de pastoreio este acompanhamento.
6. Como lidar com problemas no grupo de perseverança
Todo grupo de perseverança enfrenta problemas. Sabendo-se lidar com eles, podem se transformar em
oportunidades de crescimento. Seguem-se algumas “dicas” para os líderes de grupos de perseverança,
quanto aos problemas mais freqüentes.
a) Como retomar ao assunto
Muitas vezes aparecem questões que precisam ser postas à parte para dar continuidade à reunião. Em
geral, o reconhecimento da situação ajuda. O líder diria: “Essa questão é interessante, entretanto, saímos
de nosso tópico. Talvez possamos discutir mais sobre ela, depois que o grupo terminar de discutir o
assunto em pauta”. Ou sugere-se que a questão seja adiada até que se complete a idéia que está sendo
discutida.
Contudo, o líder deve ser sincero e realmente voltar à questão e abordá-la se os membros quiserem. A
regra geral é: “Nunca sacrifique o progresso do grupo em favor da curiosidade de uma única pessoa”.
b) Como motivar todo o Grupo
O papel do líder é o de condutor, não de professor. Por isso, deve estar alerta para não dominar situações
nem parecer ser a maior autoridade nas questões que surjam. É bom lembrar-se dos que nada têm
contribuído nas discussões e dirigir-lhes algumas perguntas.
O líder precisa assegurar-se de que as perguntas sejam fáceis, para que os que vão respondê-las não
fiquem embaraçados. Se necessário, o líder deve chamar os membros do grupo pelo nome para ajudá-los
a participar. Deve ser-lhes concedido tempo suficiente para responderem.
c) Como controlar os que falam muito
É tarefa difícil. O líder pode pedir a contribuição dos outros, perguntando: “Que acham os outros?”, ou
dirigir as perguntas a outras pessoas de maneira específica. Se isso não der certo, talvez tenha de
103. NÉSPOLI, Luis Virgílio et al. Subsídios para ser Igreja no novo milênio
34
conversar em particular com o “tagarela”, explicando a necessidade de participação do grupo,
conseguindo com que o falador ajude a “puxar pela língua” de todos.
Um bom método é esperar que a pessoa pare para respirar e fazer uma pergunta ou um comentário
rápido que movimente a discussão.
d) Como lidar com o silêncio
O líder não deve temer as pausas. As pessoas precisam de tempo para pensar. Talvez o silêncio faça
mais bem do que a discussão. Talvez os momentos de silêncio sejam desconfortáveis, mas não
improdutivos.
e) Como responder sem responder
O líder nunca deve ter medo de dizer “não sei”. Quando não sabe respostas não deve inventar uma. Em
todo caso, não deve ter medo de deixar perguntas sem resposta.
f) Como tratar com assuntos controversos
Quando o grupo leva a sério a busca da verdade, há receio de que a amizade e camaradagem possam ser
prejudicadas. Sempre existe a tentação de contornar as questões vitais e confiar em respostas
superficiais. A melhor maneira de lidar com assuntos controversos que venham à tona é apoiando-os na
doutrina da Igreja. Se o dirigente desconhece a posição da Igreja, é bom sugerir adiamento da questão
para quando for possível opinar ou responder corretamente.
g) Como tratar um grupo apático
Em geral, o grupo reage conforme a atitude do líder, que deve rezar pedindo entusiasmo. Se quiser que o
grupo seja entusiasmado, o líder tem de demonstrá-lo verdadeiramente, não apenas uma exaltação
superficial e externa.
7. Fundamentação Doutrinária
Alguns textos do Magistério da Igreja podem ser indicados, a título de fundamentação:
a) “É urgente a formação doutrinal de todos os fiéis, seja para o natural dinamismo da fé, seja para
iluminar com critérios evangelizadores os graves e complexos problemas do mundo contemporâneo”104
.
b) “Dê-se especial importância à formação bíblica que ofereça sólidos princípios de interpretação.
Estimule-se a prática da leitura orante da Bíblia (=Lectio Divina), fazendo dela fonte de inspiração de
nosso encontro com Deus e com os irmãos”105
.
c) “A formação doutrinal dos fiéis leigos mostra-se hoje cada vez mais urgente, não só pelo natural
dinamismo de aprofundar a sua fé, mas também pela exigência de ‘racionalizar a esperança’ que está
dentro deles, perante o mundo e os seus problemas graves e complexos. Torna-se, desse modo,
absolutamente necessária, uma sistemática ação de catequese, a dar-se gradualmente, conforme a
idade e as várias situações da vida, e uma mais decidida promoção cristã da cultura, como resposta às
eternas interrogações que atormentam o homem e a sociedade hoje”106
.
d) “Os movimentos eclesiais, trazendo a contribuição do seu próprio carisma (...), cuidem da formação
de seus membros, pondo sua organização a serviço da evangelização...”. 107
e) “Uma tarefa das mais urgentes da Igreja de hoje é a formação de fiéis leigos. A formação dos fiéis
leigos tem como objetivo fundamental a descoberta cada vez mais clara da própria vocação e a
disponibilidade cada vez maior para vivê-la no cumprimento da própria missão. Por conseguinte, ela
deve ser uma das vossas prioridades. No mundo secularizado de hoje, que propõe modelos de vida sem
valores espirituais, esta é uma tarefa urgente como nunca. A fé esmorece quando se limita ao costume,
ao hábito, à experiência meramente emotiva. Ela deve ser cultivada, ajudada a crescer, tanto a nível
104 Christifidelis Laici, 60 105 CNBB, Doc. 53, n. 36 e 37 106 Christifideles Laici, 60 107 CNBB, Doc. 61, 289
35
pessoal como comunitário. Sei que a Renovação se prodigaliza para responder a esta necessidade,
procurando formas e modalidades sempre novas e mais adequadas às exigências do homem de hoje.
Agradeço-vos o quanto fazeis, peço-vos que persevereis no vosso empenho”.108
8. Conclusão
É importante trabalhar na conscientização dos católicos para trilhar o caminho da busca de formação,
entrosamento e perseverança. Engajando-se bem nos trabalhos da RCC, que é um movimento eclesial, a
pessoa estará engajada na Igreja a serviço do Senhor.
O trabalho no Grupo de Oração identifica-se com a missão de todo batizado e também é chamado do
Senhor. “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se
não permanecer na videira. Assim, também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes
em mim... Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que
quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus
discípulos” (Jo 15, 4.7-8).
A aceitação, entrega e participação de todos irá tornando mais claro e transparente o amor do Senhor
Jesus para cada um; a salvação experimentada no interior do grupo de perseverança será a força que
impulsionará os participantes a levá-la aos outros. Um grupo de perseverança poderá ser testemunha, um
indicador de uma experiência onde cada um encontrou o amor misericordioso de Jesus Cristo feito
realidade acessível para seguir, sendo salvação para todos.
RESUMO
1. Introdução
Não basta despertar a fé e promover a experiência de Pentecostes. O fiel deve ser conduzido ao crescimento e
à formação.
O objetivo final de toda evangelização é a formação da comunidade cristã e ela só é formada com a
perseverança daqueles que foram evangelizados.
2. Considerações gerais
De um modo geral, podemos dizer que uma pessoa que inicia o caminho num grupo de perseverança possui:
uma experiência pessoal do Amor de Deus e do batismo no Espírito Santo;
uma atitude de procura, manifestada no desejo de dar um sentido à sua vida;
um desejo de dinamizar a fé pessoal através de uma relação mais intensa com Deus;
um desejo de transformar o contexto em que vive;
uma necessidade de viver com os outros e de crescer no serviço.
3. Grupo de Perseverança: como organizar
Após a evangelização querigmática e o seminário de vida no Espírito, as pessoas devem ser convidadas a
participarem de grupos menores, entre 20 e 30 participantes constantes, semanalmente, com dia e hora
definidos, onde serão formadas.
O Servo indicado para coordenar o grupo de perseverança deve:
ser pessoa de vida de oração bem ordenada: orante;
ter visão clara do que é o grupo de perseverança;
ter carisma de pastoreio.
No exercício desse ministério, os servos devem contar com o apoio da coordenação do Grupo de Oração, com
quem tem comunicação freqüente.
Além disso, os servos devem ser instruídos sobre:
como conduzir oração;
108 João Paulo II. Discurso à Comissão Nacional Italiana da RCC, 4 abril de 1998.
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como ordenar uma partilha, para não deixar que pessoas dominem, nem que alguém fique demasiadamente
calado;
como levar o grupinho a descobrir ou renovar a ação do Espírito Santo nas suas vidas;
o pastoreio dos participantes do grupinho;
a necessidade de observar as pessoas que têm condição de se tornarem futuros servos.
Cabe a este servo:
receber cada pessoa de modo acolhedor;
estimular os participantes do grupo quanto à freqüência, a vivência dos temas abordados, a oração pessoal
e comunitária e o compromisso com a comunidade da qual participa;
levar as pessoas a perceberem a vida de relacionamento com Deus na comunidade, com os irmãos, no
poder do Espírito Santo;
orientar os momentos de oração, explicar as atividades, apresentar os palestristas e fazer ligação entre os
temas e as dinâmicas.
O núcleo de serviço, em comunhão com os servos pastores dos grupos de perseverança, deve fazer um
planejamento progressivo e sistemático dos ensinos a serem ministrados neles e discernirem, se for o caso, que
tipo de estudo bíblico pessoal será aplicado para os membros.
A participação nestes grupos de perseverança não exclui a participação nas reuniões de oração.
Os grupos de perseverança são celeiros próprios para a colheita de novos líderes ou servos para as diversas
tarefas e ministérios da RCC.
5. Líderes em potencial
Os Grupos de Perseverança devem formar pessoas que possam assumir lideranças; por isso é importante
observar alguns sinais para reconhecer líderes em potencial: curioso, mediador, sintetizador, prático,
proponente.
5. Fundamentação Bíblica
Os grupos de perseverança são fundamentados em quatro princípios109
:
a) doutrina dos Apóstolos
b) comunhão fraterna
c) fração do Pão
d) oração
6. Como lidar com problemas no grupo de perseverança
Seguem algumas “dicas” para os líderes de grupos de perseverança, quanto aos problemas mais freqüentes.
a) retomar ao assunto
b) motivar todo o Grupo
c) controlar os que falam muito
d) lidar com o silêncio
e) responder sem responder
f) tratar com assuntos controversos
g) tratar um grupo apático
8. Conclusão
É importante trabalhar na conscientização dos católicos para trilhar o caminho da busca de formação,
entrosamento e perseverança.
Engajando-se bem nos trabalhos da RCC, que é um movimento eclesial, a pessoa estará engajada na Igreja a
serviço do Senhor. O trabalho no Grupo de Oração identifica-se com a missão de todo batizado e também é
chamado do Senhor.
109 Cf. At 2,42
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