RAINHA DAS FLORES
Novela de Alexandre Castro
Produção SIC/SP
APRESENTAÇÃO
Rainha das Flores é a história de Rosa, vítima de amnésia retrógrada, e de
Narcisa, que tenta aproveitar-se do acidente da irmã para ficar com a riqueza
que ela construiu na última década. E é também a história de Daniel, o
marido de Rosa que, de um dia para o outro, se torna um desconhecido para
ela.
Conseguirá Daniel reconquistar a mulher da sua vida? Ou irá acabar por
perdê-la para Marcelo, o médico que salvou a vida de Rosa, depois do
acidente, e por quem ela se irá apaixonar?
Estas são as duas tramas principais de Rainha das Flores, a novela que
resgata um tema que tem sido abordado na ficção em filmes como “O
Despertar da Mente”, “Memento” ou “Prometo Amar-te”: a perda de memória
e, neste caso, as consequências que isso trouxe para a história da vida de
Rosa, Narcisa, Daniel e Marcelo, entre tantos outros.
SINOPSE
Se perguntar a qualquer pessoa em Tomar, se conhece ROSA
SEVERO (32) provavelmente vai ouvir a mesma resposta: “Quem não
conhece? Ela é a nossa rainha das flores!”.
Dona de uma das maiores áreas de estufas de flores do Distrito de
Santarém, chegou ali há cerca de dez anos, com uma mochila de roupa às
costas e a carteira vazia. Mas com o curso de Biologia (e especialização em
Botânica) acabado de tirar, em Coimbra, e uma vontade férrea de trabalhar e
vencer.
Conhecedora profunda da vida de gerberas, rosas e tulipas,
rapidamente conseguiu trabalho numa das estufas da zona e conquistou um
lugar de destaque pela sabedoria e amor à floricultura. A partir daqui, chegou
a passar fome para poupar dinheiro sempre com um só objectivo: construir a
sua própria estufa. E foi o que acabou por acontecer no terreno baldio de
CARMEN DE SOUSA (65) que fez negócio com ela: aí, Rosa ergueu uma
pequena estufa em troco de uma percentagem na venda das flores. Assim,
nascia a Floriz, a empresa da nossa protagonista. E nascia também a família
que ela formou com o filho de Carmen, o designer de móveis, Daniel de
Sousa, mais conhecido por DANI (37).
A nossa história arranca na altura em que está a ser preparada a festa
de inauguração da maior estufa da Floriz. Para pagar a promessa feita tantos
anos antes, Rosa tem já planeada uma peregrinação, entre Lisboa e Fátima.
Mas, antes disso, ainda vamos vê-la com Daniel, na Holanda, e perceber a
profundo amor que os une. Para Rosa, a peregrinação representa o
cumprimento de mais uma etapa do seu sonho ao fim de dez anos de
trabalho intenso e de relação apaixonada com Daniel. Percebemos que,
durante esse tempo, tiveram uma filha, a irrequieta e esperta JÚLIA (9), e
que, além de Carmen, também viveu sempre com eles SOFIA DE SOUSA
(19), filha de um caso fugaz de Daniel na juventude, cuja mãe fugiu a seguir
ao seu nascimento. Sofia é uma nadadora cujo sonho de ir às Olimpíadas
persegue de forma obsessiva.
Na ampla casa que Rosa construiu com o dinheiro que ganhou com as
estufas é evidente o espírito de união e respeito entre todos. E é Rosa o pólo
congregador dessa harmonia que se vive; ela que, de certa forma, tem
sustentado toda a família: Carmen que vive no “planeta zen”; Sofia que se
dedica duzentos por cento à natação e deixa os estudos sempre em segundo
(ou mesmo em quinto!) plano, o que gera vários conflitos com Rosa; e Daniel,
o designer especializado em recuperação de móveis antigos que está longe
de ser um sinónimo de estabilidade financeira. Quem olhar de fora, vê uma
mulher a carregar o resto da família às costas, com todos a usufruírem do
que ela conquistou arduamente, mas Rosa desvaloriza sempre que alguém
toca no assunto, incluindo Daniel. Para ela, trata-se apenas de respeitar a
escolha profissional do marido que, no fundo, está em sintonia com uma
filosofia de vida onde se privilegia a realização pessoal e o amor pela
profissão, em detrimento da segurança monetária. E há também a admiração
e o orgulho que sente por ele, pelo trabalho desenvolvido na associação que
criou de apoio a crianças abandonadas.
Por outro lado, Rosa tem uma eterna dívida de gratidão para com a
mãe de Daniel, por ter sido ela a ajudá-la no arranque do negócio. E com a
ascensão da empresa, o sucesso e o dinheiro a entrar, tudo foi caminhando
para o cenário actual. Também por isso, Daniel nunca teve de pensar num
plano B, mantendo sempre em pequena escala a sua oficina/loja onde
trabalha com o amigo e sócio TOMÁS (45). Mas tudo isto vai mudar quando
Rosa sofrer um acidente com graves consequências e começar a olhar para
a família de outra maneira, como vamos perceber mais adiante.
Na nova etapa da vida da nossa protagonista, há um nome
incontornável e que vai mexer com o seu coração: o neurocirurgião
MARCELO BARROS (37).
Enquanto acompanhamos a apresentação de Rosa e da sua família
cheia de alegria, vemos o contrário na família BARROS: tensão e discórdia.
Sobretudo, entre os irmãos MARCELO e CÉSAR (40). Aproxima-se o dia da
leitura da sentença sobre o caso que a C&M – Arquitectura, Engenharia e
Construção, Lda., a empresa de César, mas detida igualmente por Marcelo,
enfrenta em tribunal.
A decisão vai condenar a empresa por negligência num projecto que
originou a morte de um funcionário numa obra – um emigrante ilegal sem o
obrigatório seguro de trabalho. Sem dinheiro para cobrir a pesada factura,
são os pais de Marcelo e César que os ajudam, recorrendo a todas as suas
poupanças, vendendo a casa e os carros, como forma de não verem os filhos
na prisão. Esta decisão de FIALHO (67) e RUTE (62), no entanto, não é
consensual entre os irmãos. Marcelo não quer que os pais sofram
consequências de um problema que, segundo ele, foi causado pelo irmão. E
a verdade é que, apesar de César desmentir, foi mesmo ele o responsável
pelo acidente numa tentativa de ganhar dinheiro num negócio manhoso à
conta da utilização de materiais sem qualidade. Ficará claro, desde o início,
que os valores que regem a vida de Marcelo e César estão em campos
opostos.
Deste modo, os Barros são obrigados a enfrentar uma alteração
profunda na sua vida. Alugam uma casa onde a família volta a reunir-se e os
pais reformados regressam ao activo: Fialho vai dar consultas de
psicoterapia; e Rute volta a dar aulas de desenho. A vida que o casal
planeara ter, depois de décadas de trabalho, cai por terra. Com mais de 60
anos é altura de começar tudo outra vez. Para os filhos, o recomeço também
não será fácil, embora cada um lide com as dificuldades à sua maneira. Se
César, mais do que nunca, irá procurar os caminhos fáceis e rápidos rumo à
conquista do seu milhão de sonho, Marcelo irá tentar reerguer-se
financeiramente, concentrando-se no seu trabalho no hospital e na faculdade
(onde é professor assistente), depois de jurar nunca mais associar-se ao
irmão seja no que for.
Enquanto isso, veremos como ele se mantém em guerra aberta com a
ex-mulher e professora de aeróbica, BEATRIZ (35), sempre por causa do
mesmo motivo: a educação do filho NUNO (9). Beatriz vive boa parte do seu
dia concentrada no filho, procurando sempre alternativas à norma, no sentido
de “ajudá-lo a crescer e ser uma pessoa feliz” e não uma “réplica do colectivo
social”, como costuma dizer. Para Marcelo, todas essas opções “alternativas”
que passam por temas como a saúde, alimentação e ensino não levam a
lado nenhum. Ele diz que só quer que o filho seja “uma pessoa normal”. Um
conflito permanente entre educação tradicional e educação alternativa que
irá atravessar toda a história e que, por vezes, levará os dois pais a tomar
decisões e atitudes radicais, por exemplo, quando Nuno começar a ser vítima
de bullying.
Um passado esquecido
É neste contexto, entre um dos dias mais felizes da vida de Rosa e um
dos piores dias para Marcelo que os dois se conhecem, mas em
circunstâncias terríveis: Rosa é atropelada na estrada durante a peregrinação
a Fátima e perde a consciência; é Marcelo que a recebe no hospital e lhe
salva a vida.
Depois disto, Rosa enfrenta um período em coma, mas acaba por
sobreviver para enorme alívio da sua família. Só que para a nossa
protagonista tudo mudou… drasticamente. Quando ela olha para Daniel,
Júlia, Carmen e Sofia não os reconhece. E a única pessoa que quer ver é
Narcisa. Mas ninguém sabe quem é Narcisa. “A minha irmã”, diz Rosa. “Eu
tenho de falar com a minha irmã. Aonde é que ela está?”.
O diagnóstico médico revela que Rosa sofreu uma lesão grave no
cérebro que lhe afectou a memória. A sua lembrança mais clara (e recente)
tem 12 anos. Tudo o resto é extremamente difuso, como um puzzle muito
incompleto, com peças que não encaixam umas nas outras – mais tarde, com
o passar das horas, dias e semanas, e sem que Rosa recupere o seu
passado mais recente, torna-se claro que há uma forte possibilidade de ela
não voltar a ter uma memória clara do que lhe aconteceu nos últimos anos.
Assim, ainda no hospital Rosa é informada que sofre de amnésia
retrógrada. Por isso é que quando recupera os sentidos, a sua mente está
em 2004. Mas e Narcisa? Será um produto da mente confusa de Rosa ou
existirá mesmo?
Daniel vai encontrar NARCISA SEVERO (40) no Algarve, onde vive
com o filho BRUNO SEVERO (18), numa casa humilde, mas onde é evidente
a limpeza, arrumação e cariz religioso do espaço. Ela e o filho trabalham
numa empresa de jardinagem da Câmara de Faro. Bruno também frequenta
o 12º ano e, para Narcisa, ele constitui a última hipótese de ter uma vida
melhor. Por isso educou o filho com mão de ferro e traçou-lhe um plano de
vida cujo próximo passo será tornar-se médico. Bruno vive em pânico sob a
austeridade da mãe e sabe que se não entrar em medicina terá um problema
grave entre mãos.
Quando vemos Narcisa, é evidente o conhecimento que ela tem do
mundo da floricultura, o que deixa Daniel ainda mais confuso. Porque é que
Rosa nunca lhe falou da irmã? Narcisa dirá o que sempre disse ao filho que
pouco se lembra da tia: “Coisas de família”. Nada mais. Ainda assim, apesar
de não se dar com Rosa e de alguma recusa inicial, Narcisa aceita encontrar-
se com a irmã depois de Daniel lhe contar o momento trágico que ela
atravessa.
O reencontro entre as duas ficará marcado pela conversa em torno do
pai, com Rosa (cuja mente está em 2004…) a pedir à irmã para não lhe
contar que está hospitalizada, de forma a não preocupá-lo. Narcisa confirma,
então, a gravidade do estado mental da irmã: Rosa nem sequer se lembra
que o pai já morreu. Mais tarde, quando os médicos finalmente explicarem a
Rosa o que lhe está a acontecer (que perdeu 12 anos de memória), ela vai
perceber que o seu progenitor já faleceu e que, entretanto, cortou os laços
com a irmã. E vai perguntar a Narcisa o que aconteceu para elas terem
deixado de se falar.
Narcisa diz que teve tudo a ver com TÓ (45), o pai do seu filho Bruno,
e dá a sua versão dos acontecimentos: conta que ele desapareceu depois de
ela ter dado à luz (o que Rosa ainda se lembra), mas que voltou uns anos
mais tarde propondo que fossem os dois com Bruno para fora do país. Rosa
e o pai tentaram convencer Narcisa a afastar-se do marginal. Mas,
apaixonada e esperançada em ter uma vida melhor, longe do trabalho duro
na cultura de flores onde trabalhava com o pai, ela virou costas à família.
Durante a conversa, Narcisa vitimiza-se e diz mesmo que, na altura, Rosa
fez-lhe um ultimato: “Se fores embora com esse filho da mãe nunca mais nos
procures!”. Por isso, mais tarde, quando Tó voltou a deixá-la, Narcisa
descobriu que o pai já estava morto e perdeu o rasto a Rosa. Com vergonha
de procurá-la, seguiu a sua vida com o filho.
Rosa não se recorda desta história. E está longe de saber que ela
oculta o maior segredo da nossa trama. Eis a verdade:
Tó nunca voltou para Narcisa e Bruno. Foi Narcisa, por sua livre iniciativa,
que foi atrás dele, ignorando os avisos do pai e de Rosa. Nesta altura, Bruno tinha 7
anos. O problema é que antes de ir embora atrás do seu amor, Narcisa deu um
golpe no pai, fazendo-o assinar um papel para vender um terreno onde ele tinha
como sonho construir uma estufa. Rosa e o pai descobriram a tramoia no dia em
que Narcisa estava de partida. A discussão entre os três foi feia e debilitou ainda
mais o já fragilizado estado de saúde do pai delas. Narcisa foi-se embora com o
dinheiro da venda do terreno; pouco depois, o pai delas morreu.
Assim, entre o sentimento de tristeza, solidão e confusão, Rosa pede a
Narcisa para ficar ao seu lado (“Tu e o Bruno são as únicas pessoas de quem
me lembro!”), para se sentir mais segura e talvez ajudá-la a recuperar a
memória. Além disso, Rosa não sabe como enfrentar a família que
desconhece, sobretudo Daniel – por quem até sente uma certa aversão –, e a
filha Júlia, para a qual vai tentar ser a mãe que não se lembra de ter sido. E
ainda há a empresa, onde Narcisa pode ser de grande utilidade pelo
conhecimento que tem do ramo, já que Rosa sente-se perdida no meio de um
negócio daquela dimensão.
É desta maneira que Narcisa e Bruno entram em casa de Rosa. Como
hóspedes temporários. Estão ainda todos longe de imaginar que aquela será
a casa permanente da irmã e do sobrinho desconhecidos. E, a partir daqui…
nada será como dantes. A harmonia da família vai dar lugar a lutas e conflitos
permanentes.
Irmãos e irmãs
É claro que a existência de uma irmã sobre a qual Rosa nunca falou,
deixa Daniel (e o resto da família, diga-se…) perplexo e desconfiado. Mas
numa primeira fase ele vai tentar gerir a situação com alguma cautela. O
afastamento de Rosa (que se recusa, inclusive, a dormir no mesmo quarto
que ele) deixa-o melindrado e, por um instante, ele pensa que talvez a
presença de Narcisa até possa ajudar a recompor as coisas. Está
redondamente enganado.
Com os dias a passar, Narcisa tem acesso a uma vida que não estava
habituada: piscina, empregada, frigorífico cheio, lençóis de seda, entre tantos
outros luxos... E, claro, rapidamente se habitua a um novo estilo de vida. O
problema é se Rosa recupera a memória e se lembra do que realmente
aconteceu para elas terem cortado relações. Por isso, Narcisa vai fazer o que
estiver ao seu alcance para que a memória da irmã continue na completa
escuridão e ficará sempre em alerta quando ela der sinais de que poderá
estar a lembrar-se de algo. Se for preciso confundi-la com histórias
inventadas ou troca de medicamentos, Narcisa não terá qualquer problema
em fazê-lo. Enquanto isso, Rosa tenta a todo o custo, e de forma activa,
recuperar as suas lembranças, num processo acompanhado muito de perto
por Marcelo e do qual também faz parte uma visita permanente ao passado.
Os últimos 12 anos da sua vida são revisitados através de fotos,
vídeos, conversas e viagens a lugares marcantes (como a Igreja onde se
casou, por exemplo) que visam combater o esquecimento em que ela caiu.
Tudo é usado na tentativa de ajudar a nossa protagonista, mas Rosa já nem
se lembra da música que mais gostava de dançar com Daniel e detesta o
prato que comia todas as sextas-feiras.
Neste contexto, Narcisa vai tomando conta do negócio da irmã,
recorrendo aos seus conhecimentos do mundo da floricultura e colmatando a
sua falta de experiência sobre o lado comercial do negócio com estudo
obsessivo e dedicação a tempo inteiro. Sempre com o apoio de Rosa que
não se cansa de lhe agradecer… Fica, assim, claro o verdadeiro carácter de
Narcisa e o seu objectivo de aproveitar aquilo que ela chama de uma
“oportunidade de Deus” para finalmente ter uma vida decente. Segundo ela,
chegou o momento da justiça divina que vai servir para recompensá-la por
tudo o que passou até hoje: a obrigação de começar a trabalhar ainda na
adolescência, enquanto Rosa teve a oportunidade de tirar um curso
universitário; a preferência do pai pela irmã (na sua interpretação, claro…); e
ainda a humilhante história de amor vivida com Tó. Só que Daniel vai estar
atento às movimentações da cunhada e a desconfiança sobre a sua real
personalidade começa a crescer com o passar do tempo.
No entanto, Narcisa não vai ser a única dor de cabeça para Daniel. Ele
também vai ter de lidar com Marcelo, naquele que é o principal triângulo
amoroso da nossa história.
Depois de salvar Rosa, o neurocirurgião continua a acompanhar a
evolução do seu caso dramático: primeiro, no hospital, quando ela ainda se
encontra em coma; e, mais tarde, quando tenta reaprender a viver, já sem
boa parte da sua memória. Desde o primeiro instante, Marcelo sente uma
ligação a Rosa que acaba por se transformar em paixão. A relação entre os
dois vai ficando cada vez mais forte e Rosa começa a oscilar entre o que
realmente quer (estar com Marcelo) e o que acha que deve fazer (continuar
com Daniel). Durante toda a história, o coração da nossa protagonista vai
balançar entre estes dois homens, cada um com os seus méritos,
alimentando ainda mais a dúvida sobre quem ficará ao seu lado no fim da
novela.
É ainda na fase inicial de convivência entre Rosa e Marcelo, que ela
conhece o caso da empresa dos irmãos recentemente falida, assim como as
terríveis consequências que isso trouxe à sua família. E apresenta-lhe uma
proposta: pôr César à frente de um novo ramo de negócio na Floriz,
responsável por projectos de arquitectura paisagística (“Tu salvaste-me a
vida. Vê isto como uma retribuição.”). É claro que Marcelo recusa (por não
confiar no irmão), mas quando César tiver conhecimento da proposta e
perceber que a Floriz é uma empresa com dinheiro, rapidamente vai
desenhar um plano para se aproximar de Rosa.
Para concretizar este plano, César vai precisar da ajuda de PAULA
(25), a jovem arquitecta do seu atelier que, com a falência da empresa do
patrão, regressou à Madeira, desempregada. Apaixonada por César, ela não
vai hesitar em ajudá-lo, dando um novo golpe no primo NANDO (27) como
vamos ver numa das histórias passadas na Madeira. Paula está ainda longe
de saber que, desta vez, o primo virá atrás dela, obrigando-a a pagar cada
euro roubado… A nossa arquitecta vai ser, assim, o “cavalo de tróia” que
permitirá a César entrar na Floriz. E se num primeiro momento o seu alvo
será Rosa (mesmo sabendo que o irmão está interessado nela), rapidamente
vai perceber que a aposta mais certeira poderá estar em Narcisa. É dela que
se vai aproximar, de forma inteligente e sedutora, mas muito terá de penar
para conseguir o que nenhum homem consegue há cerca de 10 anos: levar
Narcisa para a cama. No dia em que isso acontecer, César vai ganhar
protagonismo em casa de Rosa e começar a manipular Narcisa – ele será
realmente o “calcanhar de Aquiles” da nossa vilã.
A certa altura da trama teremos, portanto, os dois irmãos, Marcelo e
César, a relacionarem-se com as duas irmãs Rosa e Narcisa. Enquanto isso,
Daniel e a sua família vão sendo relegados para segundo plano, com Rosa a
ter muitas dificuldades em lidar com as pessoas de quem não se lembra. Mas
também por culpa de Narcisa que, a certa altura, vai perceber que Daniel
está determinado em voltar a ter a vida que tinha e quer tirá-la de sua casa.
Narcisa começa, então, a “minar” a vida de Daniel, Carmen e Sofia, através
de esquemas que visam afastá-los dali.
Nesses esquemas, o seu principal aliado vai ser MOISÉS DA PAZ
(55), motorista da frota da Floriz. Com o tempo, Narcisa vai perceber que ele
é o funcionário mais antigo da empresa, conhecedor da família de Rosa e…
um crítico da irmã. Moisés representa o funcionário que se sente
eternamente injustiçado e que nunca está satisfeito com o que tem (seja o
cargo, seja o salário), acabando por ser o elo mais fraco entre todos os que
estão à mão de Narcisa, facilmente manipulável através de dinheiro. Quem
nem sequer sonha com esta ligação é a sua mulher, MARIA DA PAZ (52),
chefe dos trabalhadores de estufas, que sempre condenou o discurso do
marido em relação à patroa. Desta família faz ainda parte RAFAEL (16), o
melhor amigo de Bruno, que vai enfrentar um intenso conflito em casa
quando descobrir talento para as artes – algo que, para o pai, é um total
absurdo. No clímax desta história, Rafael chegará a ponderar o suicídio, tal é
a violência psicológica com que o pai trata o sonho do filho. Rafael, e também
Bruno como vamos ver mais adiante, representam os filhos que tentam
romper com os planos traçados pelos pais para as suas vidas.
Mas desengane-se se pensa que as estufas da Floriz serão apenas
palco de dramas e problemas… Bem pelo contrário, como veremos tantas
vezes no humor que marca o núcleo formado pelo super atraente HUGO
(25), a tímida GABRIELA (24) e LIA (23), que trabalha na coffe-flower da
Floriz, aberta recentemente, em Lisboa.
Enquanto Lia tenta arranjar forma de voltar para as estufas para estar
mais próxima do homem que a deixa de pernas a tremer, Hugo vai se
envolvendo numa tórrida relação com a libidinosa MARISA ROSSI (33) (que
já vamos conhecer melhor mais adiante…).
Hugo passa a maior parte do seu tempo a trabalhar nas estufas com
Gabriela, a miúda que parece estar sempre no mundo da lua. Parece, mas
não está… Na verdade, Gabriela esconde um dos maiores segredos da
história: uma plantação experimental de ervas cujos efeitos medicinais
começam a ter sucesso. Com o aumento da procura, ela cria um autêntico
“mercado negro” de ervas medicinais que mais tarde vai ser descoberto
por Hugo e depois por Lia. Como contrapartida para não a denunciarem,
obrigam Gabriela a deixá-los trabalhar com ela, beneficiando assim dos
lucros do negócio paralelo. Mais improvável do que o sucesso deste negócio
a três só mesmo o envolvimento entre Hugo e Gabriela, numa parte
adiantada da história, o que irá provocar uma guerra aberta entre os três
(pela paixão que Lia continua a sentir por Hugo…) e será o início da
caminhada do “negócio” do trio rumo ao abismo. Agora, imagine quando
Narcisa descobrir o que os três andam a fazer… O melhor mesmo é ver
como ela vai resolver o assunto.
Como já percebeu, Narcisa não vai ter propriamente uma vida fácil e
os seus opositores vão aumentando (em quantidade e espírito de vingança) à
medida que a história avança. A personagem que irá provocar o maior
descontrolo em Narcisa, no entanto, nem sequer é Daniel ou César, mas sim
o seu próprio filho, Bruno. Ele que estará num dos plots mais dramáticos da
nossa história: a inesperada gravidez de Sofia – aqui, veremos a dificuldade
de gerir o conflito entre a realização profissional (o sonho olímpico) e a
possibilidade de ser mãe.
No dia em que Narcisa descobrir que Bruno engravidou a filha da
pessoa que ela mais deseja ver a léguas dali (Daniel), vamos ver uma
Narcisa literalmente fora de si, capaz de tudo para fazer Sofia perder o filho…
O seu choque é ainda maior pelo facto de Bruno e Sofia terem mantido a
relação em segredo, desde o início. Além da guerra aberta entre Narcisa e
Daniel, o que este conflito irá provocar, no entanto, é uma mudança em
Bruno que finalmente tentará cortar as “amarras” com a mãe e passará a
enfrentá-la. Será que, a partir daqui, vamos ver uma Narcisa mais frágil e um
Bruno autónomo a lutar por Sofia e pelos seus sonhos?
A relação de Sofia e Bruno não vai trazer problemas apenas em sua
casa. No início da trama, Sofia namora com TIAGO PIEDADE (21) que está
bem mais empenhado na relação do que ela. No dia em que descobrir que
Sofia está realmente interessada em Bruno, Tiago vai fazer-lhe a vida negra,
inclusive tentando prejudicá-la profissionalmente. Quem lhe irá pôr travões é
a esperta e intuitiva ALEXANDRA PIEDADE (60).
Clube Desportivo Aliança:
palco de amores, ódios… e humor
Piedade, como é conhecida por toda a gente, é a carismática e recém-
eleita presidente do agitadíssimo Aliança, um próspero clube desportivo
lisboeta, palco de alguns dos maiores conflitos da nossa história, cuja
abordagem será, maioritariamente, leve e recheada de bom humor.
Pelo clube, que têm como principais modalidades a natação e o
atletismo (entre outras actividades recreativas como a ginástica e a
musculação), vão passar boa parte das personagens. A principal bandeira
eleitoral de Piedade foi Sofia, a atleta na qual ela vai apostar para levar o
nome do clube aos quatro cantos do mundo e que, no início da trama, ainda
não se transferiu para lá. É por isso que quando o filho Tiago tentar prejudicar
a carreira da menina dos seus olhos… Piedade vai pôr o filho no lugar. Pior
vai ser quando Sofia engravidar e a sua participação nas Olimpíadas ficar em
risco. Aí sim, Piedade terá um problema para resolver. Ela que, no seu
íntimo, até percebe a paixão de Sofia por outro homem que não o filho, já que
há mais de 20 anos vive uma situação semelhante (em segredo…): é amante
do nosso neuropsicólogo Fialho Barros. Os dois não vão ter vida fácil,
sobretudo a partir do dia em que Tiago procurar Fialho, como terapeuta, para
tentar se recompor do desgosto de amor levado a cabo por Sofia… Esta
proximidade pode trazer riscos e revelações, e ajudar a desvendar a
paternidade de Tiago.
Embora Fialho frequente o clube com os seus dois grandes amigos, o
viúvo RUI SÁ (50) e o padre SAMUEL (38), nenhum deles, nem ninguém
diga-se…, desconfiam do ardente caso com duas décadas. Será uma grande
revelação descobrir que o reservado e impenetrável Fialho, afinal, tem uma
longa relação com a presidente do Aliança. Quando o caso for descoberto
pela mulher Rute, Fialho vai ficar de tal forma desconcertado que perderá a
compostura em várias situações sociais, tal é o seu estado de culpa, raiva e
desequilíbrio.
Nesta altura, quem realmente o vai ajudar são os amigos, mas um
deles (Rui) acabará por se aproximar em demasia de Rute… Rui é um
especialista em Finanças que, pontualmente, presta serviços a empresas,
mas vive sobretudo das rendas das casas que possui (é para uma dessas
casas que Fialho e a família vão viver quando os filhos forem condenados em
tribunal). De resto, Fialho, Rui e Samuel formam um improvável grupo de
amigos, tal é a diferença de personalidade entre eles. Mas há algo que os
une: a boa disposição e vontade férrea de viver. Além da actividade física
que praticam no Aliança, claro.
Esta união vai, no entanto, sofrer um rude golpe quando Fialho
desconfiar que o amigo Rui poderá se ter envolvido com Rute. O caos vai se
instalar e será o padre Samuel o único capaz de fazer com que eles não
cortem relações para sempre. Nesta altura, a vida até então pacata dos três
amigos vai sofrer uma grande reviravolta e ser um constante carrossel. Pior
só mesmo quando Fialho adoecer com gravidade e os amigos perceberem
que podem estar na iminência de o perder. A possibilidade de Fialho pôr fim
à própria vida (eutanásia) vai tocá-los profundamente.
Nesta altura, Rui já terá ao seu lado a filha RENATA SÁ (26) que se
encontra em Espanha no início da trama. Depois de algum tempo a tentar
convencê-la a voltar para Portugal, ela regressa aliciada pela proposta do pai
para ter o seu próprio projecto. O que Rui espera é que a filha, com um curso
de gestão e um MBA em Barcelona, abra uma empresa na sua área, mas
Renata vem com um objectivo bem definido: lançar uma agência de emprego
para excluídos sociais. Além disso, traz o namorado ARTUR (27) que vai
trabalhar com ela no novo projecto e também fica a viver em casa de Rui…
apesar deste torcer o nariz. Renata e Artur formam o típico casal
“desempoeirado” que não esconde a realização da sua vida sexual e acaba
por ser invejado por meio mundo, enquanto o outro meio tenta descobrir os
segredos que estão por detrás dessa relação apimentada. Ainda assim, o
casal não estará imune a uma profunda crise e os dois terão relações extra-
conjugais… Será que, depois disto, voltarão a encontrar-se?
Esta é mais uma das perguntas que vamos ver respondidas durante a
história que sofrerá uma grande reviravolta (num período já adiantado) com o
aparecimento de uma nova personagem: Tó, o pai de Bruno, que Narcisa não
vê há mais de dez anos. A partir daqui a vida da nossa vilã vai ser totalmente
desconcertada. Tó vai chantageá-la, ameaçando contar a verdade a Rosa e à
família sobre o que realmente causou o corte de relações entre as duas
irmãs. Narcisa vai ficar desorientada e o conflito vai adensar. Ela sabe que Tó
é a única pessoa que pode desmascará-la e fazê-la perder tudo o que
conseguiu desde que reentrou na vida de Rosa. Mas será que vai conseguir
impedi-lo ou a nossa protagonista vai perceber quem realmente é a irmã? E
se isso acontecer, o que vai ser de Narcisa? Quanto a Daniel, será que ele
vai reconquistar a mulher da sua vida ou vai perdê-la para Marcelo?
Rainha das Flores está pronta para começar e responder a todas
estas perguntas.
Perfis de Personagens
FAMÍLIA SEVERO
ROSA SEVERO. 32
Proprietária da Floriz
De Severo só tenho o apelido (e o carácter rigoroso no trabalho).
Não sei se por ter aprendido desde cedo a lidar com flores, dizem-me que
estou próxima da sua natureza. É pretensioso falar das minhas qualidades,
mas costumam elogiar-me por ser atenta aos outros, meiga e leal.
Na área profissional, não tenho pudor em adjectivar-me, sou
obstinada e exigente; uma líder nata. O meu sucesso profissional deve-se
às minhas características empreendedoras, mas também a tudo o que
aprendi com o meu pai e ao curso de botânica (pago com o esforço do
trabalho dele). Foi graças a tudo isto que consegui criar uma grande empresa
como a Floriz. Era o sonho do meu pai, concretizei-o e tornei-o nosso.
Contudo, a minha principal actividade – há quem diga que é um full
time job e eu concordo - é ser mãe. A dificuldade é gerir as dosagens de
liberdade e controlo. Acompanho o crescimento da Júlia e da Sofia (que é
minha enteada, mas não faço distinção), tendo noção de que é necessário
orientá-las; educar é estar atento às necessidades e deveres. Embora a
prioridade seja sempre fazê-las sentirem-se amadas. O amor é a base.
Considero-me tolerante e capaz de lidar com as adversidades, há apenas
duas coisas que me destabilizam inteiramente: a mentira e a injustiça.
*
Depois do acidente que lhe danificará a memória, terá dificuldade em
distinguir algumas coisas na sua vida; por vezes sentir-se-á alienada,
embora faça um esforço para disfarçar os seus medos, o seu objectivo será
recuperar a memória. Será uma ironia ser atropelada a caminho de Fátima.
Continuará a ter fé e tentará perceber o para quê desta fatalidade, que
mensagem quererão passar-lhe. Contudo, não se focará no mistério que
simboliza tudo isto, é do domínio do insondável. Será complicado não
reconhecer a família, sobretudo a sua filha pequena; angustiar-lhe-á sentir
o olhar daquela criança em si, pressentir ansiedade e tristeza constantes. O
mesmo se passará com o seu marido, Daniel. Entenderá racionalmente que é
uma pessoa maravilhosa, mas não o reconhecerá, nem terá atracção pelo
mesmo. Estranhíssimo será ver-se atraída pelo médico que acompanhará
todo o trauma pós-acidente, o Marcelo. Terá um inexplicável desejo por ele.
É bom que fique claro que é um ser de sangue quente, não uma flor.
Quando perceber que esteve a ser enganada pela sua irmã, Narcisa, tornar-
se-á irascível com este assunto. Não terá qualquer pudor em agir
tempestuosa e duramente.
É combativa: o acidente e a perda de memória serão provas para se superar
a si própria. Sairá desta fase trágica, renovada e tornar-se-á numa nova
pessoa, ainda mais apta e completa.
*
Objectivos: Recuperar a memória e reconstruir a minha vida.
NARCISA SEVERO. 38
Funcionária numa empresa de jardinagem
Pergunto-me: as pessoas que são más, sabem que o são? Sempre ouvi
comentários acerca da minha má índole. O espelho não me devolve a
imagem inocente e bela, como na célebre história com o meu nome. Tenho
noção da minha aspereza (devido aos acontecimentos traumáticos da minha
vida), mas nunca me vi como má pessoa. Desde criança que tive de
aprender a crescer com o complexo da ovelha ranhosa. A minha irmã
Rosa, foi sempre a criatura exemplar. Cresci numa situação anti-natura,
afinal eu sou a primogénita e a Rosa é o modelo a seguir. Guardei sempre
rancor ao meu pai por não me ter dado tempo para ser criança. Em vez de
brincar com bonecas, era obrigada a plantar gerberas e todo o tipo de
plantas. A falta de cuidado com a minha educação, deve ter sido a coisa
mais marcante na minha vida. Deformou a adulta em que me tornei. A Rosa
também foi forçada pelo pai a trabalhar na terra, mas ao contrário de mim,
foi-lhe dada a possibilidade de investir nos estudos. O dinheiro não dava para
as duas e o pai decidiu quem iria ser doutora. Não fui eu a eleita.
Quando conheci o Tó senti-me pela primeira vez amada. Era tão nova e
ingénua, que me apaixonei pelo primeiro homem, que me acenou com
ternura. Fui tão enganada. Engravidei e a partir daí tudo mudou. A minha
vida que já era difícil tornou-se ainda mais pesada, passámos a ser dois, eu e
o meu filho, sem futuro nenhum. Ainda tentei que fôssemos uma família, já
o Bruno tinha uns anitos, e fui ter com o Tó ao estrangeiro. Acreditei no
sonho da família emigrada que singra na vida. Nova desilusão, o Tó não
queria saber de mim e do filho, tive de enfrentar a realidade. A minha
família era eu e o meu filho.
*
O reencontro com a Rosa fará de si uma mentirosa. Não poderá contar-
lhe a verdade acerca do afastamento entre ela e a irmã, ela não a perdoaria.
Tem uma fé inabalável e verá a perda da memória da sua irmã como um
sinal divino. A interpretação será clara para si: Deus está a dar-lhe uma
oportunidade de melhorar a sua vida e a do filho.
Conseguirá ocultar o passado durante bastante tempo, mas como não passa
de uma vilã amadora, cometerá erros. Um dos mais graves será envolver-
se com César; ao fim de tantos anos sozinha, voltará a sentir-se mulher.
Embora seja sol de pouca dura, pois perceberá que o interesse desta pessoa
não é por ela, mas pelo dinheiro da família.
Terá um novo desgosto quando o Bruno engravidar Sofia e ainda por cima
não reconhecer o erro com humildade, vai enfrentá-la e mostrar-se ingrato.
Afinal, toda a vida fez sacrifícios. Primeiro pelo seu pai, depois pelo filho.
Nunca viveu para si. Pode ter muitos defeitos, mas não sabe o que é viver
narcisicamente.
Há somente uma pessoa capaz de a destruir: o Tó. Regressará do passado,
assombrando-a.
*
Objectivos: Tornar-se proprietária da Floriz.
BRUNO SEVERO. 18
Estudante-trabalhador
Quem me conhece costuma dizer que eu sou tímido, introvertido; tenho
noção disso. O que nunca contei a ninguém é que cresci com uma mãe
autoritária, que controla quase tudo na minha vida. A minha mãe é
trabalhadora e tem bons princípios; tem-se esforçado desde sempre para que
não nos falte o essencial. Mas também sinto a minha liberdade castrada,
sou obrigado a seguir os planos que a minha mãe traçou para a minha
vida, pouco importa a minha opinião. Tive uma educação à antiga, por isso,
quando fazia algum erro, apanhava. Isto fez-me andar sempre na linha.
*
No dia em que vai viver com a mãe para casa da Rosa, tudo começa a
mudar. Sente que afinal há um potencial de felicidade na sua vida. O gatilho
é a Sofia, uma paixão intensa e durante bastante tempo mantida em segredo.
Desde o primeiro momento em que a viu, percebeu que perto daquela
pessoa, as coisas podiam correr bem; ser especial. Gradualmente ganhará
coragem para enfrentar a mãe. Será acompanhado por Fialho e isso criar
uma maior estrutura e segurança na sua personalidade.
*
Objectivo: Soltar-me da subjugação da minha mãe e ficar com a Sofia.
FAMÍLIA SOUSA
DANI (Daniel de Sousa). 37
Designer de móveis
Cresci rodeado de pessoas livres, que me incentivaram a ser eu próprio,
sem pressões sociais; tomo sempre as opções que me dão prazer. Para a
minha mãe a única regra inviolável: o respeito. Podia fazer o que quisesse
desde que essa linha nunca fosse pisada. Quando penso no ambiente em
que cresci, reconheço que para a maior parte das famílias, seria impraticável.
Roçávamos o caos a toda a hora, na minha casa o cenário era Felliniano,
nunca nos coibimos de mostrar as opiniões e emoções, o que dava azo a
discussões acesas; mas orientávamo-nos. Talvez porque nunca tenha faltado
muito afecto, esse foi sempre o motor da minha família. Dizem que sou mais
intuitivo do que racional, característica que é útil ao trabalho que faço. A
criatividade é fulcral na minha actividade profissional. Embora
financeiramente ainda não tenha atingido o meu objectivo. Graças à minha
mulher, Rosa, tem sido possível manter a minha oficina e fazer o que me dá
prazer. Contudo, não é possível sustentar a família com o dinheiro que
ganho; a empresa da Rosa tem rendimentos muitos superiores aos meus,
que conseguem dar-nos um bom estilo de vida. Antes da Rosa, houve outra
mulher marcante (negativamente) na minha vida, a mãe da minha filha Sofia.
Que fugiu logo após o nascimento da filha, abandonando-a numa instituição.
Nem sequer soube da gravidez, tinha sido um namoro sem importância. Só
fui informado que tinha uma filha desta mulher, quando ela foi entregue à tal
instituição. Este acontecimento está na base de ter criado, anos mais tarde,
um Projecto para Crianças Abandonadas, juntamente com o meu sócio e
amigo Tomás. Se fosse rico era um filantropo; talvez um dia venha a sê-lo.
Agora sou apenas uma pessoa que gosta de ajudar.
*
O acidente de Rosa traz uma volta de 180º na vida de Daniel. A mulher
não o reconhece e irá mostrar-se amorosamente interessada no médico que
a acompanha na recuperação.
O Projecto para Crianças Abandonadas será importante na reconstrução
do laço afectivo com Rosa, através da empatia com as crianças. Rosa é a
mulher da vida de Daniel, o seu principal objectivo é reconquistá-la.
Marcelo constituirá um grande obstáculo, mas Narcisa, a irmã de Rosa, será
o maior entrave ao seu objectivo.
*
Objectivo: Reconquistar a Rosa.
SOFIA DE SOUSA. 19
Atleta
No desporto, além de trabalho é preciso convicção. Tenho estas duas
características: persistência e paixão. Quando disse à minha família que ia
suspender os estudos para me dedicar à natação, tive de assumir a
responsabilidade que isto acarreta para o meu futuro. Não sou pessoa de
ter medo, se acredito, não há quem me demova. Sei que ainda sou nova,
mas já percebi que na piscina e na vida, temos de aprender a lidar com a
apneia. A única pessoa que se mostrou mais renitente foi a minha madrasta,
a Rosa. Tem receio que o desporto me coloque numa situação oscilante, no
futuro. Digo-lhe que estarei literalmente preparada para as oscilações, uma
vez que passo maior parte do tempo, dentro de água. Felizmente, o meu pai
dá-lhe a calma que ela precisa e, a mim, o apoio de que não prescindo.
*
Sofia será transferida para o Clube Desportivo Aliança, depois da
insistência da presidenta Piedade. Irá treinar e dar aulas de natação aos
pequeninos, além de passar mais tempo com o namorado Tiago, filho de
Piedade, que trabalha na secretaria do Clube. Contudo, o maior desejo de
Sofia é fazer História, como o norte-americano Michael Phelps, o seu
paradigma. A vinda de Bruno para a família, irá pôr em risco o objectivo de
vida de Sofia. O que começa por ser uma relação de amizade, irá dar origem
a um romance intenso e secreto. Mais tarde, engravidará. Nessa altura,
terá de fazer uma escolha difícil: perder um filho ou o sonho olímpico.
*
Objectivo: Ganhar uma medalha olímpica.
CARMEN DE SOUSA. 65
Professora primária reformada
Descobri o budismo no final dos anos 70, muito antes, do impacto que a
religião teve na Europa. Desde essa altura tem sido uma longa jornada,
durante a qual me tornei praticante de yoga, comecei a meditar, fiz retiros
espirituais, entre tantas outras coisas que me ajudam a encontrar o equilíbrio.
A base desta procura foi o desaparecimento, súbito, do meu marido. Com
o meu filho Daniel ainda pequeno e sem qualquer ajuda, tive de me agarrar a
alguma coisa e apareceu o budismo. Tornou-se a minha forma de estar na
vida. Apesar disso, não carrego a bandeira da minha religião; prefiro ficar à
espera que façam perguntas e mostrem curiosidade. Sou bem-humorada e
é difícil irritar-me. Acredito que aquilo que projectamos para o Universo nos é
devolvido mais tarde; esforço-me por enviar coisas positivas.
*
Carmen será o pilar fulcral no equilíbrio da família após o acidente de
Rosa. Há uma relação de recíproca de agradecimento e afecto entre
Carmen e Rosa (ambas sempre se ajudaram). É muito difícil para Carmen
ver Rosa a afastar-se do filho. Nunca desistirá enquanto não voltar a juntá-
los. A única pessoa capaz de a perturbar é Narcisa, que irá despoletar
sentimentos pesados e negativos, como a ira ou o nojo.
*
Objectivo: Recuperar o equilíbrio familiar.
JÚLIA DE SOUSA. 9
Estudante
Sim, sou irrequieta, mas juro que não tem nada a ver com hiperactividade.
Faz parte do meu mau feitio, falar muito e estar sempre a inventar coisas
para fazer. Felizmente, cresci numa família que me compreende, o mesmo já
não posso dizer da minha tia Narcisa. É a única que não me aceita como
eu sou.
*
A determinada altura, Narcisa leva-a a uma consulta com um psicólogo e
mesmo depois dele dizer que a criança é “normal”, começa a pôr-lhe
comprimidos na comida às escondidas para a acalmar. Nessa altura, Júlia vai
andar quase tão zen quanto a avó, mas quando descobrir a verdade vai-se
vingar da tia. O seu grande companheiro vai ser o Nuno, filho do Marcelo.
Com ele vai poder falar à vontade do que sente em relação ao acidente da
minha mãe. E é também com ele que vai começar a praticar natação no
Aliança. No decorrer da história, pega numa câmara de filmar e faz um
documentário sobre a história da mãe para ajudá-la a tentar recuperar a
memória. E isso vai ajudar a descobrir um pouco mais sobre quem realmente
é a Narcisa.
*
Objectivo: Ajudar a minha mãe a recuperar a memória e entrar num torneio
de natação.
FAMÍLIA BARROS
FIALHO BARROS. 67
Psicólogo (especializado em neuropsicologia)
Sempre amei a minha profissão. E, para mim, ser psicólogo sempre foi
algo tão natural quanto ter nascido numa casa com seis irmãos e dois pais
disfuncionais: a minha mãe uma escritora com impulsos suicidas; o meu pai,
um esquizofrénico mulherengo com outra família. A profissão ajudou-me a
encontrar uma justificação teórica para tudo o que vivi naquela casa, mas não
evitou que fizesse um corte absoluto em relação a eles. Apesar de ter
constituído uma família e ter-me realizado, profissional e financeiramente,
também eu vou ter as minhas “imperfeições”, curiosamente, ligadas a essas
características dos meus pais: tenho uma amante há mais de 20 anos.
*
Vai ser um choque terrível para a sua mulher Rute, quando descobrir e
puser em causa o casamento; e, pior, sofrerá de uma doença terminal e
desejará pôr fim à própria vida. Até lá, porém, terá de voltar a dar consultas
por causa da falência do atelier dos filhos – onde irá receber a Rosa, a Júlia,
o Bruno e o Rafael, entre outros. Regressar ao trabalho não o incomodará
tanto como ter de vender todos os bens. Será um rude golpe para um homem
da sua idade. O que o irá ajudar nesta altura é a convivência com o Rui e
Samuel, os seus grandes amigos. E a companhia de Piedade que nunca o
deixa de fazer sentir um verdadeiro homem, mesmo com 67 anos.
*
Objectivo: Ajudar a família a reerguer-se e morrer em paz.
RUTE BARROS. 62
Pintora
Apesar de ser artista, pensava que tinha uma vida segura. Esta
certeza desapareceu quando o meu filho César levou aquela obra e toda a
família à ruína. Tivemos de mudar a dinâmica familiar.
*
O único dado positivo para Rute foi ter voltado a dar aulas de pintura
em casa para ajudar nas contas da família e conhecer miúdos
extraordinários: os talentosos David e Rafael, através dos quais irá tomar
contacto com a street art. Tirou o curso na ESBAL e sempre pintou, mas
a sua vida profissional foi feita, acima de tudo, no ensino. O seu
casamento vai ficar em risco no dia em que descobre o caso do Fialho com
a Piedade. Chegará a culpar-se, mas depois resolverá a situação. Vai tornar-
me determinada e, a certa altura, explorar a sexualidade de outra forma.
Irá ousar, desfrutar do seu bonito corpo com Rui. Tomará controlo da sua
vida.
*
Objectivo: Recuperar a independência financeira e pessoal.
MARCELO BARROS. 38
Neurologista
Se há dez anos me dissessem que hoje estaria divorciado e falido,
soltaria uma arrogante gargalhada. Não perco tempo a tentar encontrar
justificações, mas é claro que uma das razões da minha infelicidade teve a
ver com as minhas escolhas: ter casado com a Beatriz, que se transformou
numa pessoa irreconhecível depois do nascimento do nosso filho; e ter
investido no atelier do meu irmão – ele que, literalmente, deu cabo do
negócio.
*
Neste turbilhão em que a vida de Marcelo se transformou irá, no entanto,
aparecer Rosa, a única pessoa a dar-lhe esperança de que pode voltar a ser
feliz. Quando começa a perceber que poderá ser correspondido, avança. O
que o levará a ter conflitos com Daniel, mas nos momentos em que
conseguir estar com Rosa, irá sentir-se apaixonado e realizado. Vai bater-
se por Rosa.
*
Objectivo: Dar a volta à minha vida financeira e ficar com Rosa.
CÉSAR BARROS. 40
Arquitecto / Agente imobiliário
O meu lema é: Quem não sente a ânsia de ser mais, não chegará a
ser nada. Raramente falho. Quando acontece, o efeito é tão grandioso,
quanto a minha vontade de vencer (sem esforço). O mau negócio e o
descuido do trolha levaram a minha empresa de construção e a minha família
à falência. Depois deste falhanço único, mas épico, tornei-me agente
imobiliário. Só que não quero vender casas. Quero ter casas. Na praia, no
campo e na cidade.
*
A arquitecta Paula, com quem gosta de dar umas voltas de vez em
quando (sem compromisso, como faz sempre questão de dizer), vai ajudá-lo
a encontrar o seu bilhete de euromilhões: a Floriz. Quando descobrir o
potencial que a empresa pode ter na sua conta bancária, vai aproximar-se da
Rosa. Com seu charme e corpo irresistíveis terá como alvo a atingir:
Narcisa. A conquista será difícil, mas conseguirá o objectivo.
*
Objectivo: Ser milionário.
BEATRIZ CORREIA. 35
Professora de aeróbica
O nascimento do meu filho transformou-me. De repente, fiquei
estarrecida por ter uma pessoa dependente de mim e decidi assumir a
responsabilidade. Passei a ver o mundo como um lugar selvagem para se
viver e, com uma criança tão pequena, apercebi-me da nossa
vulnerabilidade. Os alimentos cheios de químicos, as vacinas e os
antibióticos, as escolas sem respeito pela individualidade, etc. Tantas coisas
que não queria que o Nuno enfrentasse. Com o tempo aprendi que é possível
encontrar alternativas, o que exige muito de mim. Mas eu quero que o
meu filho seja diferente, verdadeiramente saudável, física e
psicologicamente (e se a certa altura tiver de o tirar da escola para adoptar o
ensino doméstico, podem ter a certeza que o farei). Tudo isto vai contra
aquilo que o Marcelo quer para o filho, mas já estou cansada de lhe explicar
que nós nunca vamos estar de acordo em relação à educação do nosso
filho. E eu não vou fazer cedências, nem que por vezes tenha de tomar
decisões radicais. Para me sustentar dou aulas de aeróbica no Aliança.
*
Irá conhecer Carmen e, mais tarde, o seu filho Daniel, com quem terá uma
relação muito próxima. Será o segundo marido que procura e um novo pai
para Nuno?
*
Objectivo: Educar o meu filho e encontrar um homem que seja o pai que o
Marcelo não é.
NUNO BARROS. 9
Estudante
Gosto muito da minha mãe, mas ela cansa-me. Está sempre a fazer
comparações com os outros miúdos da escola e a dizer as coisas erradas
que eles (e os pais) deles fazem. Fala muito das vantagens do arroz integral,
da soja, dos perigos dos medicamentos, das novas tecnologias, etc. Com o
meu pai ao menos posso estar tranquilamente a ver televisão enquanto
como pipocas doces ou a jogar computador sem que alguém esteja a
controlar se é violento, se tem armas ou sangue. Preferia viver com o meu
pai.
*
Nuno sente-se um extraterrestre na escola e é também por ser tão
diferente que vai ser alvo de bullying. Na sequência disso vai ter aulas de
natação no Aliança e adorar. A Júlia será a melhor amiga. Com ela pode
falar sobre tudo o que o incomoda.
*
Objectivo: Viver com o pai.
FAMÍLIA PIEDADE
ALEXANDRA PIEDADE. 60
Presidente do CD Aliança
O meu pai foi o fundador do Aliança, há mais de 50 anos, por isso, ter-me
tornado presidente do clube é a concretização de um sonho. Desde que
assumi o cargo há cerca de seis meses e com a minha determinação, já
consegui mudar algumas coisas. A principal mudança será trazer a Sofia
para o Clube. É talentosa e eu tenho a certeza que, com as medalhas que vai
ganhar, é a atleta certa para levar o nome do Aliança ao mundo inteiro,
chamando a atenção de mais patrocinadores.
*
A gravidez de Sofia chocará Piedade, pois impossibilita a ida às
Olimpíadas e é prova da traição ao seu filho. E relembra Piedade da vida
incorrecta que tem mantido com Fialho, ao ter-se amantizado com ele há
mais de 20 anos. Tem esperança que o caso ao ser descoberto, faça com
que finalmente fiquem juntos.
*
Objectivo: Levar o nome do Aliança a todo o mundo e ficar com Fialho.
TIAGO PIEDADE. 21
Chefe-secretário do Aliança
Passo os dias enfiados no Aliança, a tratar de contas e sócios, mas a
minha cabeça está quase sempre na Sofia. Sou mesmo apaixonado por
aquela miúda. Com ela descobri que sou ciumento, na desconfiança fico
agressivo. A minha mãe diz que sou bom profissional e um excelente
filho.
*
Quando Sofia começar a treinar no Clube, Tiago sente-se feliz. Mais tarde,
terá uma grande desilusão, quando perceber que ela está apaixonada por
outro rapaz e grávida. Transtornado com a situação, acabará no doutor
Fialho, onde descobrirá que ele já conhece a mãe há mais de 20 anos e que
sabe tudo sobre a sua vida. Estará Fialho relacionado com o pai que Tiago
não conhece?
*
Objectivo: Ficar com a Sofia e descobrir o pai.
FAMÍLIA SÁ
RUI SÁ. 50
Economista
Tive a vida que pedi a Deus: uma família, um trabalho bem
remunerado e amigos a sério. Há dois anos, ficou tudo cinzento, com a
morte da minha mulher, Luísa. Com a nossa única filha, Renata, fora do
país, acabei por ter os primeiros momentos sós e, se não fosse o Fialho e
o Samuel, acho que teria entrado em depressão.
*
Rui conseguirá trazer Renata para Portugal, depois de lhe acenar
com dinheiro para investir num negócio próprio. Ficarão muito felizes.
Contudo, o negócio sólido que pensou que Renata fosse abrir, afinal, será
uma agência de emprego para excluídos sociais. Haverá conflito entre os
dois por causa disto. Além disso, Renata virá com o namorado. Não lhe
agrada ter os dois, na sua casa, a dormirem no mesmo quarto. Pior será
quando atravessarem uma crise que porá tudo em risco: relação e empresa.
Nessa altura, aproximar-se-á de Artur e, mais tarde, ser o principal
incentivador da reconciliação dos dois. Um dos seus principais dramas, no
entanto, vai ser vivido com o Fialho, quando se envolver com a mulher dele,
Rute, num período de crise do casamento. Sentir-se-á vivo, mas culpado.
Aparecerá, mais tarde, outra mulher.
*
Objectivo: Ter a minha filha a viver em Portugal e não ficar deprimido.
RENATA SÁ. 26
Dona da agência de emprego de inclusão social
Formei-me em Gestão, em Lisboa, e tirei um MBA, em Barcelona,
onde conheci o Artur. O meu coração é dele, mas sobretudo o meu corpo
que ele me ensinou a conhecer. Contrariamente ao que acontece com
tantos casais, o tempo tem sido nosso grande amigo e o desejo de estar um
com o outro é cada vez maior. Geramos inveja e parecemos indestrutíveis,
mas todas as relações têm as suas fragilidades.
*
O seu pai irá convencê-la a regressar a Lisboa, onde abrirá o negócio
de sonho com Artur: uma agência de emprego de inclusão social. Apoiarão
pessoas excluídas, como ex-presidiários e jovens problemáticos, e tentar
inseri-las no mercado de trabalho. Enquanto o projecto estiver em rota
ascendente, a sua relação com o Artur vai continuar a ser um conto de fadas,
mas depois os problemas surgirão. Pela primeira vez, a vida sexual
esmorece e Renata envolve-se com o Nando. Ele quererá levá-la para a
Madeira. Durante a fase difícil da nossa agência, começa a vender alguns
artigos eróticos para ganhar dinheiro, recorrendo ao conhecimento que tem
desse universo, desenvolvido ao longo do tempo com o Artur. Terá muitos
clientes nesta área.
*
Objectivo: Fazer da agência de emprego um projecto de sucesso e ser feliz
com o Artur.
ARTUR. 27
Sócio da agência de emprego de inclusão social
Um dia a Renata disse que nós somos o casal “wow” e até hoje
confesso que não encontrei melhor definição. Todos os nossos amigos
assumem a inveja pela sintonia que vêem e perguntam sempre qual é o
segredo. E nós dizemos que somos almas gémeas, sobretudo, na cama,
onde vale tudo. Tirei o curso de Economia, em Barcelona, com a mesma
facilidade com que me apaixonei pela Renata.
*
Depois de abrirem a agência de emprego, tudo mudará. Continuarão a
ser o casal “wow”, mas por causa do espanto, que a crise conjugal vai
causar a todos. É aqui que Artur se vai envolver com uma das ex-
presidiárias que conhece na agência. É durante esse período que vamos
perceber se realmente têm uma relação suficientemente estruturada e capaz
de sobreviver.
*
Objectivo: Ser feliz com a Renata.
FAMÍLIA PAZ
MOISÉS DA PAZ. 55
Motorista na Floriz
Sou o funcionário mais antigo da Floriz e motorista da frota de
distribuição. Sou exemplar no trabalho, mas a promoção que bem mereço
nunca mais aparece, é uma injustiça. Sou bom chefe de família, podemos
ter pouco, mas nunca deixei que lhes faltasse nada em casa.
*
A chegada de Narcisa à empresa trará dinheiro por meios ilícitos para
Moisés; graças aos favores que ela lhe pede. A dureza da vida está marcada
no corpo forte de Moisés. É impaciente para Rafael, abomina a ideia do filho
vir a ser artista. Tem esperança que o filho deixe as artes e venha a ser um
homem a sério.
*
Objectivo: Ser promovido na Floriz e ganhar mais dinheiro.
MARIA DA PAZ. 52
Funcionária na Floriz
Sou grata pelo que conquistei. Cresci pobre, mas ganhei forças para
lutar e chegar a chefe de funcionários da estufa Floriz. Não entendo a
resmunguice do Moisés com a dona Rosa, que sempre nos deu valor e
trabalho. A dona Narcisa cheira-me mais a veneno do que a flor.
*
Quando descobrir as aldrabices que o Moisés faz por Narcisa, irá
expulsá-lo de casa. Moisés vai protestar, dizer que mais nenhum homem a
quererá, ela não cede ao ataque à sua autoestima. Quer muito ajudar o
filho a ser artista e, um dia, gostava de realizar o seu sonho.
*
Objectivo: Ter a minha própria estufa.
RAFA (RAFAEL DA PAZ). 16
Estudante-trabalhador
Qual a probabilidade de um puto como eu, vindo de uma família
humilde que trabalha numa estufa de flores, se tornar num artista urbano?
Uma probabilidade ínfima, é certo. Mas é por esse objectivo que vou lutar ao
longo da história. Se curtem os meus desenhos, fixe, se eles causam
desconforto, fixe na mesma. É sinal que o pessoal sente alguma coisa com a
minha arte. Apesar de confiar no meu talento, ainda estou a começar, por
isso sofro com a rejeição do meu trabalho.
*
O pai vai ser o grande opositor à sua vocação e Rafael pensará em
desistir de tudo, incluindo da própria vida. Vai contar com o apoio de
várias pessoas que gostam das t’shirts e posters que fará. O apoio do Bruno
(o grande amigo), da mãe, da professora Rute e do marido dela, o doutor
Fialho – com quem terá conversas surpreendentes. A certa altura será Rafael
a ajudar Fialho numa fase complicada.
*
Objectivo: Ser artista urbano e ter o meu talento reconhecido.
FAMÍLIA ROSSI
TOMÁS ROSSI, 45
Sócio de Daniel
Se há alguém que sabe o que significa perder a alegria de viver, sou eu.
Voltei para Portugal há cinco anos, depois de a mulher da minha vida ter
morrido num acidente de viação, em Londres, onde vivíamos. Aqui
encontrei o apoio da minha irmã Marisa e do meu melhor amigo, o Daniel,
que me tornou sócio da oficina, onde sou responsável pela gestão das
encomendas e ainda ajudo no restauro de móveis.
*
Identificar-se-á com a angústia de Daniel, ajudá-lo-á a recuperar a
memória da Rosa e a descobrir quem é a Narcisa. A tragédia que vitimou a
mulher tornou-o desligado emocionalmente e chega a ser frívola a forma
como se envolve com as mulheres. Tentará ultrapassar este bloqueio nas
consultas com o doutor Fialho. Esta relação vai ganhar novos contornos
quando Fialho decide deixar de ser seu psicólogo, porque precisa de apoio
numa questão pessoal: pede ajuda para acabar com a própria vida. Fialho é
a única pessoa que sabe, que Tomás praticou eutanásia na mulher
quando descobriu, que ela ia ficar em estado vegetativo, após o acidente. É
novamente confrontado com o mesmo dilema.
Apaixonar-se-á por Lia e descobrirá um motivo para ter vontade de viver.
*
Objectivo: Recuperar a alegria de viver e conquistar a Lia.
MARISA ROSSI. 33
Organizadora de eventos
Sou frenética e difícil de conquistar. Tenho uma empresa de
organização de eventos e em todos incluo criações da Floriz. Sou amiga da
Rosa há bastante tempo, somos cúmplices. Namoro com o Hugo, a minha
libido não resiste ao humor básico, faz-me relaxar e desligar o lado
racional.
*
A Narcisa não lhe inspira confiança e, no momento certo, irá
enfrentá-la. Será uma ajuda importante para Rosa na recuperação da
mesma. Alugará uma sala para festas de criança no Aliança, onde também
pratica ginástica. A sua sensualidade aumentará o ritmo cardíaco de Fialho,
Rui (e do padre Samuel) e, acabará por se envolver com um deles
*
Objectivo: Ajudar a Rosa a recuperar a memória e ter sucesso profissional.
FAMÍLIA OLIVEIRA
NANDO (FERNANDO OLIVEIRA). 27
Dono de um estabelecimento turístico e guia
Sou um romântico incurável. Talvez por viver numa ilha apaixonante.
Acredito que, apesar das tentações, há amores que nascem puros e duram
toda a vida. O primeiro que tive foi pela minha prima Paula, mas teve um final
Shakespeariano. Ela mudou-se para Lisboa com o dinheiro que lhe emprestei
e nunca mais voltou, nem atendeu o telefone. Curei o desgosto com o foco
no trabalho como guia turístico no Funchal, onde sou dono de um palheiro
que alugo para turismo.
*
Quando a Paula regressar à Madeira e tentar usá-lo novamente, vai
sair frustrada. Nando apercebe-se das manhas dela no trabalho. Segue-a até
Lisboa para cobrar tudo o que é seu e conhecerá Renata. A paixão de
Nando por Renata será turbulenta, porque ela é intensa e tem uma bagagem
emocional chamada Artur. Contudo, Nando acredita que se o destino os
cruzou é porque há potencial para serem felizes.
*
Objectivo: Ser feliz com Renata.
PAULA OLIVEIRA. 25
Arquitecta
Nasci na Madeira, mas o meu sonho sempre foi ir para o Continente.
Quando olho para a minha vida, ela está claramente dividida em duas fases:
antes e depois de ter chegado a Lisboa. Em Lisboa, sinto-me mais livre.
Não quer dizer que deteste a Madeira, mas assim que cheguei a Lisboa para
tirar o curso de Arquitectura, nunca mais pensei em voltar. Sobretudo, depois
de ter ido trabalhar para o atelier do César, aí é que a minha vida deu mesmo
uma grande volta. Nunca fui tão feliz nesse período: dediquei-me tanto à
arquitetura como à felicidade dele. O César é o homem da minha vida, e,
apesar de ainda não termos a relação que eu gostaria, espero que, mais
cedo ou mais tarde, ele perceba que eu sou a mulher perfeita para ele, a
única que o ama exactamente como é.
*
Paula sabe que o acidente na obra foi da responsabilidade de César,
mas não o culpabiliza. Irá sempre ajudá-lo a lutar por aquilo que quer. O
problema insolúvel surge quando César for obrigado a pagar uma
indemnização ao trabalhador e o atelier abrir falência. Paula ao ver-se
desempregada, fica sem alternativas e tem de regressar à Madeira. Será
difícil ter de voltar a ver o primo, pedir-lhe ajuda e fingir-se arrependida. Mas,
vai conseguir enganar Nando outra vez, e voltar para Lisboa. Aí vou
encontrará uma adversária de peso: a Narcisa.
*
Objectivo: Ser feliz (e milionária) com César.
OUTRAS PERSONAGENS
HUGO GUEDES. 25
Funcionário na Floriz
O meu físico de personal trainer foi ganho a trabalhar nas estufas da
Floriz; sinto-me em grande forma. A minha paixão por flores e por
mulheres é idêntica; aprecio espécies diversificadas. A Natureza não criou
tantas espécies, para cuidarmos apenas de uma. São tantas as flores que já
passaram pelas minhas mãos. Tenho de aproveitar agora, estou na força da
idade.
*
Para Hugo o perfume de Marisa é intenso e raramente lhe resiste.
Contudo, o mistério e o candura de Gabriela, irão enfeitiça-lo. Será capaz
de prescindir de ter um jardim de mulheres para ter uma só flor, a Gabriela?
Quando descobrir o cantinho secreto da Gabriela na estufa irá propor-lhe
expandir o negócio. Irão plantar e vender plantas medicinais e produtos
cosméticos, ilicitamente. Serão descobertos mais tarde. O negócio será um
sucesso para ambos.
*
Objectivo: Conquistar a Gabriela e sucesso com o negócio.
LIA PEREIRA. 23
Lojista na Floriz
Não sou convencida, mas odeio falsas modéstias: sou bonita,
simpática e bem-falante. Sempre vivi em Tomar, até ser escolhida para ir
trabalhar para a loja de flores da Floriz, que abriu há pouco tempo em Lisboa.
Um reconhecimento pelo meu trabalho, que me devia deixar feliz,
deprime-me. Não me importava de ir para o Bairro Alto até às tantas, fazer
compras no Chiado ou passear em Belém, se o Hugo, o homem mais bonito
do universo, tivesse vindo comigo. Agora a mais de 100 quilómetros de
distância, temo que o nosso relacionamento não aguente. Pedi à Gabriela, a
minha melhor amiga, para tomar conta dele e contar-me tudo o que se passar
na estufa.
*
Terá um desgosto quando descobrir que Hugo anda enrolado com
uma colega estufeira. O problema será grave quando ele se interessar por
Gabriela, a sua melhor amiga. Sentir-se-á traída na amizade.
*
Objectivo de vida: Conquistar e casar com o Hugo.
GABRIELA GALVÃO. 24
Funcionária na Floriz
Sempre fui tímida e nunca gostei de dar nas vistas. Não ligo à
roupa, nem aos sapatos e não tenho paciência para ficar horas em frente ao
espelho a arranjar-me. A Lia, a minha melhor amiga, sempre me disse que
sou desleixada; sou apenas prática. Ela tem razão numa coisa: assim nunca
vou encontrar um homem. Com esta idade, nunca tive um namorado. Já
gostei de rapazes, mas sempre que me enchia de coragem e tentava
aproximar-me ficava gaga ou a suar. A determinada altura desisti. Sempre fui
apaixonada por flores e concentrei-me nelas, são minhas amigas,
companheiras, elas falam comigo e eu com elas. Graças a esta relação,
ganhei um título: doida. Nunca fui dotada na escola, mas sei tudo sobre
plantas. Estudei muito e acredito que elas existem no mundo para nos salvar:
elas curam doenças.
*
Na estufa, começará a plantar, em segredo, algumas sementes com
efeitos medicinais e em pouco tempo aquilo vai-se transformar num
inesperado negócio de sucesso. O Hugo será o primeiro a descobrir. Vão
aproximar-se, conhecer-se melhor e ele vai apaixonar-se por ela. O seu
coração vai balançar e a cabeça virar-se do avesso: ele é o amor da vida da
Lia. Gabriela é virgem e tem pudor e muitas dúvidas.
A Narcisa e o Moisés vão descobrir o negócio e tentar arruiná-lo.
*
Objectivo de vida: Ter o meu negócio de plantas medicinais.
SAMUEL GARCIA. 38
Padre
Se há profissão no mundo que sofre com o preconceito é a minha:
Padre. Formei-me em Direito, tive algumas namoradas, mas um
chamamento e uma fé absoluta, fizeram-me seguir pelo sacerdócio. A
vocação é um conceito difícil de perceber. Como em todas as relações, a
minha com Deus também teve momentos menos bons, mas nunca me
arrependi da minha escolha. Ingressei pela congregação missionária, já
viajei pelo mundo, construí escolas, lavei sanitas, dei aulas, aprendi a
cultivar café e levei Deus ao coração de muitas pessoas. Pratico
natação, adoro competir e detesto perder. Sou um ser humano como
outro qualquer: não dispenso uma imperial com os meus amigos, Fialho e
Rui, do CD Aliança (onde também convivo muito com os jovens). Temos
grandes discussões: o Fialho é psicólogo e fica irritadíssimo quando defendo
que não entendo porquê é que as pessoas pagam uma fortuna por uma
consulta quando podem ter uma conversa gratuita comigo. O Rui acha que
eu sou o padre mais cool da terra e que me devia “candidatar” a Papa. Sou
progressista como o Papa Francisco.
*
Conhecerá Sofia, uma das nadadoras mais promissoras do nosso
país e irá torcer por ela, mas quando esta engravidar e pensar em abortar
para participar das Olimpíadas, terão grandes conflitos: considera um
atentado à vida. Conhecerá também a história da Rosa, atropelada numa
peregrinação, e tentará ajudá-la na procura de respostas à inquietação em
que vive. Quem o destabiliza é Narcisa que é o tipo de católica que lhe
causa urticária e a quem culpa pelo afastamento das pessoas à Igreja.
Trabalha com os mais desfavorecidos e quando a filha do Rui, a Renata,
voltar a Portugal, associar-se-á à empresa dela e do Artur, com o intuito de
ajudar os marginalizados a reintegrarem-se na sociedade.
*
Objectivo: Espalhar a fé e construir uma Igreja tolerante e
despreconceituosa.
TÓ (ANTÓNIO ROSADO). 45
Marginal
Voltará do passado para a vida da família Severo e perceberá que Rosa
não se lembra do motivo de afastamento da sua irmã Narcisa. Essa será a
grande arma usada em Odete. Terá finalmente as condições de vida que
sempre ambicionou.
*
Objectivo: Dar um golpe financeiro.