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QUINTO LIVRO DAS SECAS – Vingt-un Rosado –
(Seleção e Organização)
Edição especial para o Acervo Virtual Oswaldo Lamartine de Faria
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A Glauco Olinger e Afonso Villela Bonillo.
A Francisco Alves de Andrade e Castro, que
me conseguiu cópia do Trabalho de Fonseca
Rodrigues.
A José Bonifácio Câmara, Raimundo Nonato,
Raimundo Nunes e Arnóbio Cabral, que trou-
xeram o Barão de Capanema para o Quinto
Livro das Secas.
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SUMÁRIO
1 – Os Mecanismos da Desintegração das Paisagens Tropicais
no Pleistoceno – Aziz Nacib Ab’ Saber – Inter-Facies, n.º 4
– 1979, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas,
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –
São José do Rio Preto. ...............................................
2 – Nordeste Seco: Uma Bibliografia Seletiva – A. N. Ab’Sáber
– Biblio – Geo n.º 3 – São Paulo 1979 – Instituto de Geogra-
fia e Universidade de São Paulo.
3 – Limitações dos Informes Paleoecológicos das Linhas de Pe-
dra, no Brasil – Aziz Nacib Ab’Sáber – Inter-Facies n.º 1 –
1979 – Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas –
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –
São José do Rio Preto. ...............................................
4 – Espaços ocupados pela Expansão dos Climas Secos na Amé-
rica do Sul, por ocasião dos períodos glaciais quaternários.
Aziz Nacib Ab’Sáber – Cratun e Intercratun n.° 8, 1980 –
Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – Univer-
sidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – São Jo-
sé do Rio Preto. .........................................................
5 – Razões da Retomada Parcial de Semi-aridez Holocênica, por
ocasião do Otimum Climaticum – Aziz Nacib Ab’Sáber –
Inter-Facies n.° 8, 1980 – Instituto de Biociências, Letras e
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4
Ciências Exatas – Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” – São José do Rio Preto. .................
6 – A Região dos Cariris Velhos no Domínio das Caatingas –
Maria Angélica Figueiredo Gomes – Vegetália n.º 12, 1980
– Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
– São José do Rio Preto. ............................................
7 – Os Cariris Velhos: Condicionantes Climáticos. Maria Angé-
lica Figueiredo Gomes – Vegetália, n.° 13, 1980 – Universi-
dade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” – São José do Rio
Preto. ..........................................................................
8 – A Vegetação dos Cariris Velhos no Estado da Paraíba – Ma-
ria Angélica Figueiredo Gomes – Vegetália, n.° 14, 1980 –
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –
São José do Rio Preto. ...............................................
9 – Retorno do Investimento em Pesquisa feita pela EMBRAPA:
Contribuição ao Controle dos efeitos da Seca no Nordeste –
Francisco Tarcisio Goes de Oliveira e João Batista da Silva
– Documentos DDT n.° 4 – maio de 1981 – EMBRAPA –
Brasília. ......................................................................
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INTER-FACIES
Escritos e Documentos
N.º 4 – UNESP – 1979
OS MECANISMOS DA DESINTEGRAÇÃO DAS
PAISAGENS TROPICAIS NO PLEISTOCENO
Efeitos paleoclimáticos do período
Würm-Wisconsin no Brasil
Aziz Nacib Ab’Sáber
Muitas são as evidências de que, anteriormente à época
de expansão dos climas secos pela América do Sul Oriental,
teria existido um quadro de domínios naturais, aproximadamen-
te similar àquele hoje prevalecente (Hüeck, 1966; Ab’Sáber,
1967, 1971, 1977). Em outra palavras, pelo menos no que diz
respeito à fachada oriental da América do Sul, é quase certo que,
antes da expansão dos climas secos do Pleistoceno Superior,
teria havido condições grosso-modo similares às atuais. Sendo
que o quadro de referências, tomado para o que chamamos de
“atual” seria o conjunto das paisagens naturais colonizadores
europeus, ao inicio do século XVI.
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Tudo indica que os “stocks” vegetais da América do
Sul no Quaternário tenham flutuado no espaço ao sabor das flu-
tuações paleoclimáticas. Entretanto, em termos de patrimônios
florísticos, os grandes tipos de cobertura vegetal teriam sido
praticamente os mesmos de hoje. Entrementes, o patrimônio
biológico, constituído pelas faunas quaternárias, com toda a cer-
teza esteve sujeito a quadros de distribuição muito complexos,
em função das variações climáticas e ecológicas quaternárias.
A acentuação da glaciação pleistocênica, na época
Würm-Wisconsin Superior (num momento em que o paleo-
espaço geográfico sul-americano já era igual ou similar ao de
hoje), deslanchou uma série de processos vinculados, suficientes
para desintegrar o caráter tropical dos climas até então pré-
dominantes (fase pré-Würm). Nesse sentido, a última grande
época glacial equivaleu para a América do Sul ao advento de um
outro Geossistema Global, marcado pela regressão das florestas
e ampliação das formações abertas inter e subtropicais. Tudo
isso, em função da expansão compartimentada dos climas secos,
sasonários, determinada pela expansão das correntes frias, até
latitudes bem mais baixas do que as de suas extremidades atuais.
Efetivamente, os mecanismos dessa desintegração que
perdurou por alguns milhares de anos – com acentuação entre
13.000 e 20.000 anos – devem ser compreendidos em suas rela-
ções fisiográficas estruturais, cruzando-se fatos paleoclimáticos
com fatos oceanológicos e fatos relacionados à macro-
compartimentação topográfica da América do Sul Centro-
Oriental. Trata-se de uma verdadeira cadeia de fatos paleogeo-
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gráficos e paleoecológicos, para cujo entendimento, somente nos
últimos anos, temos algumas idéias básicas e cientificamente
coerentes.
Nesse sentido, atrevemo-nos a fixar alguns pontos, en-
tre os que podem ser estabelecidos como os menos duvidosos:
1. o conceito de uma faixa tropical estreitada, em fun-
ção da diminuição global das temperaturas no período glacial
Würm-Wisconsin Superior;
2. a julgar pelas “plotagens”, bem conduzidas, do pro-
jeto Climaps, teria havido rebaixamentos generalizados de tem-
peraturas no interior do próprio cinturão estreitado das terras
intertropicais, a esse tempo variando de sub-úmidas e semi-
áridas, com predominância de condições ecológicas de cerrados,
caatingas e savanas;
3. a diminuição generalizada e direta das temperaturas
– a nível planetário – por ocasião do período glacial Würm-
Wisconsin Superior, rebaixou as médias térmicas de 4 a 6°, no
mínimo, tanto nas áreas equatoriais estreitadas, quanto nas áreas
tropicais zonais ou azonais, identicamente retraídas para latitu-
des mais baixas;
4. a atuação das correntes frias ao longo do Atlântico
Sul ocidental, certamente foi muito mais ativa e através de uma
faixa de águas em movimento, muito mais larga do que as de
hoje. As correntes frias que hoje tem sua terminação entre o
Uruguai e o Rio Grande do Sul, provavelmente estendiam-se até
pouco acima da latitude do Espírito Santo, ainda que com deriva
mais rápida para o Atlântico Sul;
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5. em função da extensão para o norte da corrente Fal-
klands-Malvinas, houve condições para uma filtragem complexa
da umidade procedente do Atlântico, criando uma faixa semi-
árida, a nível topograficamente baixo, desde o Uruguai e Rio
Grande do Sul, até aproximadamente o Sul ou o Centro da Ba-
hia. Esse braço costeiro de semi-aridez, por sua vez, atuou sobre
uma faixa costeira rebaixada, em função de movimentos glacio-
eustáticos negativos;
6 . à medida que os climas secos litorâneos do sul do
Brasil ganharam parte do Brasil de Sudeste, ultrapassando bas-
tante a latitude de Cabo Frio, as florestas atlânticas da Serra do
Mar perderam sua continuidade, no sentido base-topo, reduzin-
do-se a refúgios na testada superior das escarpas e em alguns
altos esporões e maciços costeiros, mais bem servidos por umi-
dade e pela eventual ação de chuvas orográficas. Assim se criou
a área refúgio “Serra do Mar”;
7. os climas das terras baixas amazônicas, situados em
faixas equatoriais teriam sido termicamente similares aos que
hoje predominam nos planaltos interiores de São Paulo e Sul de
Mato Grosso. E, se não houve maior refrigério no conjunto das
terras baixas amazônicas, no Pleistoceno Superior, tal fato se
deve à simples razão de que se tratava de um espaço amazônico
predominantemente sujeito a climas sasonários muito rústicos,
com estreitamento da faixa úmida (sub-úmida) e quente (sub-
quente) central, equatorial. Em seu conjunto, as condições cli-
máticas comportavam amplitudes térmicas muito maiores do
que as atuais, incluindo um inverno seco mais luminoso, fato
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que, a nosso ver, compensava a diminuição forçada dos índices
térmicos, vinculados à ação global do período glaciário;
8. dessa condição de predominância de climas tropicais
sub-quentes (de sub-úmidos a semi-áridos), atuantes por grandes
espaços à margem da faixa equatorial estreitada, resultou a pos-
sibilidade de preservação de áreas-refúgios, por retração de mas-
sas florestais, em diversos setores periféricos do espaço total das
terras baixas amazônicas. A mudança na direção dos fluxos de
ar úmido – circulando em níveis altos relativos – fez com que
setores sul-ocidentais da Amazônia e do arco amazônico dos
Andes fossem beneficiados pela umidade e precipitações pro-
vindas do NE (região cisandina da Amazônia);
9. no conjunto das terras amazônicas, as áreas-refúgios
eram predominantes periféricas e melhor distribuídas pelos qua-
drantes sul-orientais da região. Uma faixa descontinua de áreas-
refúgios possuía, entretanto, uma posição equatorial, envolvendo
um mosaico complexo de matas orográficas (bordas de tabulei-
ros e cuestas), e, grandes matas galerias, à montante da faill zo-
ne sulamazônica. O Amazonas e o baixo vale de seus afluentes
estavam muito encaixados devido à brusca mudança de nível de
base, provocada por movimentos glácio-eustáticos, razão pela
qual certamente possuiam poucas matas galerias;
10. quando o nível do mar esteve dezenas de metros
mais baixo, e as linhas de costa a quilômetros e dezenas de qui-
lômetros, recuadas plataforma a dentro, os climas secos então
predominantes foram capazes de expor saliências cristalinas
dotadas de rochas decompostas, e, criar fontes de areias para
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10
restingas e dunas nas baixas paleo-planícies costeiras regionais.
Essas massas de sedimentos arenosos, assim como os mantos de
decomposição destituídos de sua vegetação tropical original,
teriam sido os principais fornecedores de areias para a ulterior
formação de restingas, formadas a partir da transgressão flandri-
ana na costa Sul e Sudeste do Brasil (segundo interpretação bas-
tante coerente de Jean Tricart);
11. apesar dos numerosos casos de “linhas de pedras”,
existentes nos mais diversos compartimentos de planaltos do
Brasil, os climas regionais – predominantemente secos – com
toda a certeza foram muito diferentes entre si, desde o Rio
Grande do Sul até à Amazônia, e, desde o litoral até os altipla-
nos do Brasil Sul e do Brasil de Sudeste. Todos os agrupamen-
tos de “stone lines” documentam predominância de condições
secas ou semi-áridas, porém não têm força para indicar plena-
mente as condições paleoclimáticas efetivas de cada área ou
região em estudo. No Brasil extra-amazônico, de sul para norte,
os climas variaram de seco e muito frios até subtropicais e tropi-
cais mesotérmicos, de seco a sub-úmido. Na Amazônia, do ba-
lanço entre precipitações escassas e condições térmicas modera-
das, resultaram climas predominantemente quentes ou sub-
quentes, variando de quentes a sub-úmidos sasonários, até cli-
mas localmente quentes úmidos ou sub-úmidos, de pequena ex-
pressão espacial (nas áreas refúgios);
12. o papel desempenhado pelos pequenos refúgios re-
lacionados à presença local de solos naturalmente férteis, assim
como, o complexo papel das florestas galerias – que resistiram e
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sobreviveram às flutuações climáticas quaternárias da Amazônia
– não pode ser menosprezado, em qualquer estudo das condi-
ções paleoecológicas regionais. Pelo contrário, tais ecossistemas
de maior permanência no espaço regional, foram patrimônio
biológicos essenciais para a ulterior re-expansão de faunas e
floras;
13. para se compreender os diferentes tipos de padrões
de paisagens da Amazônia, no Pleistoceno Superior, é importan-
te levar em conta alguns esquemas de convivência local ou regi-
onal de floras pertencentes a diferentes formações abertas, como
são, por exemplo: 1. o caso da dúplice cobertura de caatingas
(vertentes) e cerrados (interflúvios) da região de Ribeira do
Pombal (Bahia, Brasil); 2. a convivência de ecossistemas de
matas, cerrados e caatingas, a curto espaço uma da outra, no
Estado de Sergipe; e, 3. a presença de numeroso caso de “bre-
jos” florestados, na forma de legítimos refúgios no interior do
espaço ecológico das caatingas (brejos de cimeira, brejos de
encostas ou vertentes úmidas, brejos de pé-de-serra ou de pie-
monte, e, brejos de vales voltados para ventos úmidos);
14. a idéia de que as matas possam conviver tão so-
mente com áreas de cerrados, sob a forma de “capões”, é total-
mente errônea, quando projetada para a compreensão da organi-
zação natural das paisagens do Pleistoceno Superior. É quase
certo que a convivência entre caatingas – ou vegetações simila-
res – com refúgios florestais, relacionados a chuvas orográficas
(à modo dos atuais “brejos” nordestinos” possa ter sido a com-
binação regional predominante de paisagens do último período
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12
seco do Quaternário Inferior, desde a latitude da Bahia e do cen-
tro-norte de Goiás (e depressões interplanálticas do Brasil Cen-
tral), até às Guianas e à Venezuela, pelo menos. Temos evidên-
cias de que enclaves de caatingas, ou de vegetação similar, ocor-
riam com freqüência em determinados tecidos ecológicos pleis-
tocênios do Estado de São Paulo e do Norte do Paraná, por oca-
sião do último período seco do Pleistoceno (Serra de São Fran-
cisco, campos de matações das serranias de Jundiaí-São Roque,
pedregais de São José no Rio Pardo, trechos de depressão pau-
lista, entre outros);
15. no Holoceno a re-expansão das florestas, de norte
para sul ao longo da fachada atlântica e do Alto e Médio Paraná,
assim como, da periferia para o centro da Amazônia, equivaleu a
um gigantesco processo de re-tropicalização dos tecidos ecoló-
gicos, através de amplo processo de coalescência e homogeniza-
ção relativa, com retomada da decomposição química de rochas
cristalinas e formação de diferentes tipos de oxis-solos recentes,
perenização das drenagens e multiplicação de nervura dentrítica
nas cabeceiras de bacias e sub-bacias hidrográficas.
Quem pense que a Amazônia é apenas uma grande e
homogênea planície rasa e topograficamente amorfa, não tem
condições para entender a importância dos fatores orográficos
na diferenciação dos climas regionais, à altura do Pleistoceno
Superior. De qualquer forma, a presença de compartimentos
deprimidos, de grande extensão, alternados por faces úmidas ou
faces mais secas, de relevos cuestiformas (o conjunto restando
envolvido pelos rebordos interiores de maciços antigos e ladei-
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13
ras de cordilheiras), teve grande importância para a diferencia-
ção dos climas regionais das terras baixas amazônicas e das ser-
ranias envolventes. Foi, essa compartimentação rasa que, ao par
com outros fatores topo-climáticos, criou mosaicos diferenciais
de condições ecológicas, ora para condições associadas de calor
e umidade (a exceção), ora para condições quentes ou subquen-
tes secas, capazes de favorecer a expansão de caatingas e ou
cerrados degradados (predominantes).
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Municípios Brasileiros”. IBGE, Rio de Janeiro.
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NOTA ESPECIAL: Em termos de bibliografias referentes à
Geografia Humana, Sociologia e Economia do domínio das caa-
tingas recomenda-se a seleção bibliográfica feita por Mário La-
cerda de Melo em seu livro “Regionalização Agrária do Nordes-
te” (Sudene – Ser. Estudos Regionais, 1978); e 2. o “Índice bi-
bliográfico comentado sobre recursos naturais do Estado da Ba-
hia”, elaborado pela CEPLAB (Secr. do Plan., Ciência e Tecnol.
Governo do Estado da Bahia), publicado em 1978.
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46
INTER-FACIES
Escritos e Documentos
N.º 1 – UNESP – IBILCE – 1979
LIMITAÇÕES DOS INFORMES PALEOECOLÓGICOS
DAS LINHAS DE PEDRA, NO BRASIL
Aziz Nacib Ab’Sáber
A velha idéia de que em todo o cinturão intertropical
da Terra teria ocorrido – por ocasião dos períodos glaciais e in-
terglaciais quaternários – uma sucessão de períodos pluviais e
interpluviais, prejudicou sensivelmente a compreensão do siste-
ma de flutuações paleoclimáticas e paleoecológicas da América
do Sul, durante o Quaternário. A extensão, pura e simples, dos
conceitos desenvolvidos por pesquisadores europeus, revelou-se
particularmente inconsistente, quando aplicado à metade oriental
das terras sul-americanas. Resíduos de tais generalizações per-
manecem, até nossos dias, a despeito do progresso recente das
pesquisas realizadas no Brasil e alhures.
Com efeito, observações geomorfológicas bem condu-
zidas sobre documentos paleoclimáticos do Quaternário no Bra-
sil, iniciadas na década de 50 (Cailleux e Tricart, 1957; Tricart,
1956, 1958), ampliadas e consolidadas no inicio da década sub-
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seqüente (Bigarella, Marques Filho e AB’Sáber, 1961; Andrade
e Bigarella, 1963), permitiram, de uma vez por todas, correlaci-
onar os períodos glaciais com as fases predominantemente se-
cas, e, os períodos interglaciais com fases quentes e úmidas,
mais ou menos similares às que predominam atualmente. Pouco
mais tarde, através do estudo sedimentológico das amostras do
setor norte da plataforma continental brasileira, sugiram os tra-
balhos de Damuth e Fairbridge (1970), que através de outro tipo
de documentação comprovaram o novo sistema de correlações
proposto e desenvolvido a partir das pesquisas de Bigarella e
Ab’Sáber (1961).
Paralelamente, estudos desenvolvidos por Haffer
(1969), Vanzolini (1970) e Vanzolini e Willams (1970), tiveram
o caráter de uma abertura e um total re-orientação para a com-
preensão da biogeografia sul-americana, em termos de modelos
de distribuição das espécies que compõem a complexa biota-
neotrópica. Até 1969-70 falaram os geomorfologistas, através de
numerosas contribuições regionais. A partir daí surgiram os tra-
balhos biológicos, e, mais recentemente os estudos dos prehisto-
riadores, numa reação em cadeia, devido o fértil cruzamento das
informações geocientíficas com as interpretações e constatações
biogeográficas. Alguns desses trabalhos são particularmente
importantes, por terem perseguido as explicações sobre o papel
e a marcha aparente dos centros de endemismos e da especiação
recente, a partir dos grandes refúgios florestais, e ao longo do
espaço ecológico total do Brasil intertropical, durante o Quater-
nário (Haffer, Keith Brown, Prance, entre muitos outros). Uma
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visão integrada das condições paleoclimáticas e oceanográficas
– em escala universal – surgiu em 1976, através do importante
estudo de modelização de Gates (Projeto Climaps).
Com ênfase particular na Amazônia Brasileira sucede-
ram-se contribuições fragmentárias, suficientes para aproxima-
ções sucessivas: descoberta do valor paleoclimático dos depósi-
tos pleistocênicos dos Alto Rio Branco (Barbosa, 1958 e, Barbo-
sa e outros, 1966), estudos sobre pedimentação quaternária por
Pimienta (1956), Yvonne Beigbeder (1959), e contribuição de
Takao Sakamoto sobre o caráter embutido dos plainos de erosão
amazônicos, com especulações sobre a delicada questão das
retomadas de erosão fluvial e a colmatagem flúvio-aluvial de-
correntes glácio-eustáticas quaternárias (1958), e, finalmente a
descoberta de diversas ocorrências de “linhas de pedra” no nor-
deste do Pará e no Amapá por Ab’Sáber (in Vanzolini, 1970), a
compatibilização de dados sobre aplainamentos modernos e de-
pósitos correlativos amazônicos (Ab’Sáber, 1967), a ampliação
dos conhecimentos sobre aplainamentos modernos pelos estudos
e mapeamentos do Projeto RADAM, descoberta de numerosas
ocorrências de “linhas de pedra” por André Journaux, na Ama-
zônia Centro-ocidental (1975) e, sucessivas contribuições geo-
morfológicas sobre as flutuações paleoclimáticas amazônicas no
Quaternário, da lavra do veterano pesquisador Jean Tricart
(1974, 1975, 1977). Finalmente, em 1977, publicou-se em cará-
ter de primeira aproximação um mapa dos domínios naturais da
América do Sul (há 13.000 – 18.000 anos), onde foram associa-
dos conhecimentos paleoclimáticos e paleoecológicos, assim
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como feitas indicações do roteiro aparente da expansão dos cli-
mas secos ao longo do espaço ecológico total (Ab’Sáber, 1977).
Ensinamento úteis, emanados de tais conhecimentos
científicos, foram tentativamente postos à disposição das autori-
dades governamentais brasileiras, para a seleção de áreas e sítios
para preservação obrigatória de áreas geneticamente significati-
vas, de ecossistemas e reservas de Biosfera, na Amazônia Brasi-
leira. Dentro de algumas máquinas administrativas houve sensi-
bilização para a incorporação de tais conhecimentos na política
geral de conservação de recursos naturais básicos e dos bancos
genéticos da natureza neotrópica, num momento de agressiva
atuação e expansão da tecnocracia dita desenvolvimentista.
O objetivo da presente comunicação, entrementes, é o
de rever e mostrar os caminhos metodológicos, através dos quais
os geomorfologistas descobriram documentos validos sobre o
mosaico altamente diferenciado de paisagens naturais que à altu-
ra do Quaternário Antigo (Pleistoceno Terminal), caracterizou a
América Tropical. Para chegar a uma visualização, cientifica-
mente válida, das paleo-paisagens, tivemos que cruzar dados
sobre a compartimentação geomorfológica, com as infromações
insuperáveis resguardadas na estrutura superficial das paisagens.
Não possuindo dados concretos sobre o esquema - certamente
perdido – das antigas massas de ar que foram os processos mo-
tores das condicionantes ecológicas, tivemos que inferir os fatos
a partir do estudo da posição e distribuição dos documentos pre-
servados no chão das paisagens atuais, ao longo do espaço total
do território brasileiro, que vimos estudando desde 1946.
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No campo dos documentos mais concretos encontrados
na estrutura superficial das paisagens, coube aos geomorfologis-
tas tratar de alguns fatos e grupos de ocorrências, suficientemen-
te relevantes para indicar episódios e testemunhos do passado
recente da região amazônica. A saber:
1. Ocorrência de “linhas de pedra”, em diferentes áreas
da Amazônia.
2. Presença de manchas de areias brancas em interflú-
vios, paleo-canais fluviais, terraços fluviais, leitos abandonados
de rios, e, em afloramentos rochosos específicos (quartzitos,
arenitos, alaskitos alterados).
3. Formas de dissecação de vertentes, em cuja origem
torna-se necessário pressupor flutuações climáticas contrastadas.
4. Presença de níveis de pedimentação e terraços pas-
sando a pedimentos (quaternários), em posições significativas,
nos tabuleiros e baixos platões regionais.
5. Presença de níveis altos de cascalheiras fluviais e
depósitos de terraços cascalhentos, em nível topográfico mais
baixos.
6. Presença de assembléias de feições geomórficas, as-
sociadas com depósitos correlativos e crostas duras (de limonita
ou laterita), de significação tanto do ponto de vista sincrônico
como discrônico (escarpas, montes testemunhos, e antigos insel-
bergs, depósitos correlativos e crostas duras; terraços fluviais de
diferentes idades, tipos de depósitos e posições topográficas).
No presente trabalho, sondaremos sobretudo o signifi-
cado paleoclimático e paleoecológico das linhas de pedras pre-
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parando-nos para um ulterior Tratamento das ocorrências de
areias brancas.
Um dos documentos básicos para a interprestação da
possível existência de formações abertas, vinculadas e climas
mais secos do que os atuais, nos diferentes compartimentos das
terras firmes amazônicas (baixos platôs, depressões periféricas,
pediplanos remodelados), no Pleistoceno Superior, tem sido
atribuído à presença freqüente de “linhas de pedra”, Ab'`Saber
(in Vazolini, 1970), e Journax (1975), utilizaram tais documen-
tos da estrutura superficial da paisagem como testemunhos irre-
futáveis da atuação de climas secos, contemporâneos aos perío-
dos glaciais para a região amazônica. No entanto, tem havido
excesso de generalização sobre o significado paleoclimático das
“linhas de pedra”. Há que estabelecer, por outro lado, as limita-
ções dos informes paleogeográficos e paleoecolólgicos relacio-
nados às stone lines.
Muito embora todos os pesquisadores que têm voltado
sua atenção para a estrutura superficial das paisagens intertropi-
cais brasileiras tenham uma idéia empírica dos limites das pos-
sibilidades de sugestão paleoecológica das “stone lines”, raros
foram os trabalhos que discutiram, com propriedade, a questão,
na bibliografia corrente. Daí, porque, nossa preocupação de ex-
por aos colegas de outras áreas do conhecimento, alguma coisa
de concreto sobre os limites de informações relacionadas à pre-
sença de “stone lines”, no espaço fisiográfico e ecológico do
Brasil intertropical, incluindo um tratamento especial para o
caso da Amazônia.
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De inicio, alguns pontos básicos a respeito das “stones
lines” necessitam ser fixados:
- as linhas de pedras, na maior parte, dos numerosos
casos que ocorrem no Brasil, são documentos irrefutáveis de
antigos chão pedregosos (Cailleux-Tricart, 1957, Tricart, 1959 e
Ab’Sáber, 1962, 1969, 1971);
- a fonte dos materiais clásticos, que alimentou os pa-
leo-chão pedregosos, é sempre local e muito próxima dos depó-
sitos por ela emitidos, revelando apenas transporte por gravidade
e lençóis difusos de enxurradas( transporte avaliável de metros a
centenas de metros, via de regra, exceção feita para casos de
seixos retrabalhados);
- nas áreas de litologias heterogêneas pode ocorrer toda
uma tipologia de linhas de pedra, representadas por casos de
fragmentos de diques de quartzo, fragmentos de rochas duras do
substratum, calhaus de crostas duras (de paleossolos), e diferen-
tes matérias retrabalhados (antigos depósitos de terraços fluvi-
ais, materiais detríticos de antigos pedimentos); nas áreas de
litologias homogêneas ou muito pouco variáveis, onde predomi-
nam apenas arenitos, siltitos ou argilitos, as linhas de pedra so-
mente se formaram a partir de materiais de antigas cornijas re-
sistentes (arenitos silicificados, calcareos silicificados) ou a par-
tir de crostas duras de limonita ou laterita ou de outras forma-
ções secundárias epigênicas resistentes;
- em casos de platôs basálticos ou riolítico-basálticos,
as linhas de pedra somente podem se formar a partir de mem-
bros rochosos resistentes, fragmentos de geodos, com ágatas ou
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calcenônias, e, eventualmente à custa de materiais silicosos que
preencham fendas meteóricas;
- em todos os casos os materiais constituintes das li-
nhas de pedras comportam-se como clásticos não decompostos
no momento da decomposição e arrastados por gravidade e en-
xurradas a partir de certos setores de interflúvios, na direção das
antigas vertentes, então dotados de solos decapitados;
- certamente parte dos materiais clásticos ultrapassou a
base de algumas vertentes, atingindo talvegues de rios, a partir
de onde passaram a ser transportados e afeiçoados sob a forma
de seixos rolados, através de quilômetros ou dezenas de quilô-
metros;
- a paisagem antiga que comportou chão pedregosos
era fortemente influenciada por intemperismo físico, sendo que
ocorriam mini-irregularidades na superfície dos terrenos, ainda
hoje observáveis na base dos depósitos constituídos pelas “stone
lines”, na grande maioria dos casos conhecidos no Brasil; even-
tualmente, ocorriam paleo-ravinas, de alta significação em ter-
mos da constituição paleogeográfica, devido seu testemunho, a
um tempo detrítico e paleo-hidrológico;
- a despeito de algumas observações, aparentemente
em contrário, a grande maior parte das ocorrências de “Stones
lines” brasileiras documentam um só mesmo período de climas
secos, de grande amplitude espacial em que as condições, em
termos pluviais, deviam situar-se entre sub-úmido rústico a sub-
árido;
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- se é que as “stone lines” documentam sempre climas
mais secos do que os atualmente vigentes, elas certamente esti-
veram associadas a diferentes ambientes térmicos, não sendo
capazes de sugerir diretamente as condições ecológicas especifi-
cas das áreas de suas ocorrências, nem tão pouco o patrimônio
vegetal exato que teria existido nos setores onde elas ocorreram.
Nesse sentido as “stone lines” podem ser trans-zonais em rela-
ção ao território brasileiro, algumas delas tendo sido geradas em
condições quentes e secas (Amazônia, periferia do Nordeste
Seco, Centro-norte de Goiás e Sul do Pará), outras refletindo
climas subtropicais secos da época (Quadrilátero Central Ferrí-
fero, São Paulo), e, outras, ainda, possivelmente tendo sido ge-
radas em condições estépicas ou sub-estépicas de altitude (altos
da Mantiqueira, altiplano de São Joaquim e alguns setores dos
altiplanos basálticos do Sul do Brasil, diferentes níveis de coxi-
lhas do Rio Grande do Sul e Uruguai);
- em termos genéticos, as linhas de pedra, hoje inclusas
na estrutura superficial das paisagens – abaixo dos depósitos de
cobertura argilo-arenosos dos solos atuais – constituem depósi-
tos clássicos ligados a fases acentuadas de resistasia natural,
comportando sempre uma adiantada derruição de paisagens e
solos anteriormente existentes, e, uma realimentação coluvial
detrítica a partir de fontes alimentadoras re-expostas e ativas;
cabeços de diques de quartzo ou permatitos; lentes de cascalho
intraformacionais; componentes de pedregais superficiais em
áreas de exposição local de pequenos “boulders”; crostas duras
de laterita, limonita, bauxita, minérios de ferro ou de manganês;
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blocos tombados por fenômenos de “rock fall”, a partir de anti-
gas cornijas de arenito ou bancadas de limonita ou laterita, fra-
gmentos de arenitos ou calcareos silicificados, e ou quartzitos;
fragmentos de ágatas ou núcleos liberados de calcedônia, sob a
forma de pseudo seixos, entre muitos outros tipos mixtos de
clásticos, incluindo materiais retrabalhados;
lato sensu, as linhas de pedra são formações sub-
superficiais, preferentemente formadas por fragmentos de rochas
ou de crostas duras, e, com tal, constituindo fatos quase total-
mente abióticos; sobretudo, pelas condições de sua geração não
incluem documentos palionológicos válidos; entretanto, podem
apresentar, de permeio com os fragmentos, alguns restos de os-
sadas de animais pleistocênicos, jamais tendo sido encontrado,
até hoje, abaixo das “stone lines” qualquer documento pré-
histórico comprovado, no Brasil (incluindo-se no caso, os frag-
mentos de rochas penecontemporâneos das linhas de pedras,
existentes no interior de grutas calcáreas);
- todas as evidências falam em favor de uma idade
Würm-Wisconsin Superior para a época principal da formação
dos chão pedregosos, representados pelas “linhas de pedra”.
Somente um jogo de ações climáticas, suficiente para atingir
todo o espaço fisiográfico de um território das dimensões do
Brasil, poderia ter deslanchado processos de intemperismo físi-
co, mais ou menos generalizados e afetando diferentes zonas
térmicas, como tudo indica haver ocorrido no período de forma-
ção das “stone lines”; somente o último período glacial (Pleisto-
ceno terminal) teria tido forças motoras para reduzir os diferen-
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tes níveis de temperatura, estender correntes frias pelo lado ori-
ental da América do Sul, e, provocar ambientes secos, por gran-
des setores no meio dos planaltos compartimentados do Brasil;
- não existem depósitos correlativos definidos das
“stone lines” nos aparelhos sedimentários do litoral brasileiro
(restingas, lagunas e depósitos de estuários), porque no momen-
to da formação das linhas de pedra o nível do mar estava a deze-
nas de metros abaixo de seu nível atual (regressão pré-
flandriana);
- as retomadas de fases secas, pós-pleistocêcnicas, do-
cumentadas localmente por areias basais de planícies de inunda-
ção, horizontes de depósitos de cobertura, bancos de areias no
meio de canais flúvio-marinhos, dunas embrionárias do topo de
restingas, revelam efeitos de flutuações climáticas holocênicas,
vinculadas ao desequilíbrio entre taxa de calor e quantum de
precipitações locais ou regionais, na fase do “otimum climati-
cum” (com ou sem repiquetes no interior do próprio Holoceno),
para cujo detalhamento paleoclimático e paleoecológico pode-
mos contar com dados palinológicos, mais concretos, segundo
tudo indica, incluindo-se, evidentemente, no caso, a região ama-
zônica (recentes estudos de Van der Hammen e Absy); madeiras
fósseis encontradas na base de certos depósitos aluviais recentes
ou de permeio com camadas de areias fluviais, são bons teste-
munhos dessas flutuações menores e menos contínuas dos cli-
mas holocênicos, no Brasil; identicamente, alguns raros depósi-
tos de seixos marinhos, subatuais, encontrados em diferentes
pontos da costa brasileira, traduzem o teor das variações climá-
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57
ticas recentes, ao longo do espaço ecológico total do pais (Biga-
rella e Freire, 1960; Bigarella, Marques Fº e Ab’Sáber, 1961,
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CRATON & INTRACRATON Escritos e documentos
Nº 8 – UNESP – IBILCE – 1980
ESPAÇOS OCUPADOS PELA EXPANSÃO DOS CLIMAS
SECOS NA AMÉRICA DO SUL, POR OCASIÃO DOS
PERÍODOS GLACIAIS QUATERNÁRIOS
Aziz Nacib Ab’Sáber
No momento em que são produzidos novos esboços
das regiões fitogeográficas e dos domínios morfoclimáticos da
América do Sul, e se tentando a sondar o passado recente, em
busca dos quadros paleogeográficos e paleoecológicos que se
sucederam no espaço global do continente sul-americano, no
decorrer do Quaternário.
Não existindo maiores problemas de paleo-espaços, a
não ser, talvez, para com as áreas da plataforma continental sul-
argentina e as fachadas litorâneas sujeiras a movimentos eustáti-
cos, pode-se tomar o arcaboço topográfico atual do continente
como sendo aproximadamente o mesmo, sobretudo na escala de
mapas. As interferências da neo-tectônica, da epirogênese e das
flexuras continentais, ainda que muito importantes para o estudo
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72
de áreas mais especificas, não serão motivo de consideração
especial nesta primeira aproximação. O objetivo desta súmula
centra-se na identificação, em grosso, dos paleo-espaços ocupa-
dos pelos climas secos no continente sul-americano, por ocasião
do último, ou quando muito dos dois últimos períodos glaciais e
glácio-eustáticos quaternários. Em outros termos, visamos com-
preender os caminhos de penetração dos climas secos associados
a rebaixamentos térmicos generalizados, e vinculados aos efei-
tos da glaciação, aos movimentos glácio-eustáticos, e à atuação
climática das correntes frias, que levaram a aridez mais para o
norte, ao longo das costas argentinas, uruguaias e sul-orientais
do Brasil. Nesse sentido, a existência de pequenas fases secas
posteriores, relacionadas ao otimum climaticum, onde localmen-
te ocorreram manchas de climas secos, (relacionados entre ou-
tras causas à associação entre o aumento global das condições
térmicas a fatos da compartimentação topográfica regional), não
serão discutidas na presente oportunidade.
Pesquisas geomorfológicas, sedimentológicas e fitoge-
ográficas, realizadas nos últimos 20 anos, possibilitaram estabe-
lecer que, do Plioceno Superior para o Pleistoceno após a fase
principal de soerguimento dos Andes – alternaram-se quadros de
distribuição de solos e floras, a períodos relativamente curtos de
tempo geológico, baseados nas bruscas mudanças dos mosaicos
climáticos e ecológicos. Desta forma, no mesmo espaço global
do continente americano do Sul, e através da atuação dinâmica
dos mesmos “stocks” globais de vegetação, sucederam-se cli-
chês complexos de distribuição de coberturas vegetais, direta-
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73
mente associadas a condições ambientais úmidas e quentes nas
fases interglaciais, e, mais secas e relativamente frias, nas fases
glaciais. Sobre o mecanismo complexo de retrações e re-
expansões dos complexos vegetais, sobre o espaço fundamental
temos apenas informações fragmentadas e interferências indire-
tas.
Certamente, por ocasião do inicio das variações climá-
ticas quaternárias típicas, ocorreram mudanças agressivas de
processos morfogenéticos, suficientemente amplos e radicais,
em algumas áreas, para derruir as paisagens estabelecidas no
Terciário Superior e favorecer a expansão das novas coberturas
vegetais e dos novos tecidos fisiográficos e ecológicos. Aos pe-
ríodos de biostasia, sucederam-se sempre durante o Quaternário
períodos de resistasia, alternando-se portanto, sistemas morfo-
climáticos de longa duração com sistemas de degradação rápida,
por meio de períodos transicionais, morfogeneticamente muito
ativos, ainda que de curta duração. Entretanto, honestamente
falando, muito pouco sabemos sobre estas mudanças de marcha
dos processos erosivos, a não ser, que elas efetivamente prepara-
ram as condições para mudanças ecológicas regionais, mais am-
plas e generalizadas.
Os critérios que nos permitiram chegar a esta primeira
aproximação sintética, sobre o mosaico morfoclimático e fitoge-
ográfico do último período seco, ocorrido entre 12.000 e 18.000
anos (Würm – Wisconsin), pertencem ao campo das observa-
ções múltiplas e correlatas. Nossa súmula apoiou-se na área de
superposição dos fatos geomorfológicos, sedimentológicos e
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74
ecológicos. Utilizamos conhecimentos acumulados na bibliogra-
fia disponível, ligados às feições geomórficas (pedimentos, ter-
raços flluviais, bolsones residuais), aos depósitos correlativos
(formações detriticas, depósitos de terraços, depósitos de pie-
monte, linhas de pedra, paleo-solos), crostas ferruginosas e mi-
ni-enclaves significativos (documentos de aridez rochosa, cam-
pos locais de cactáceas, refúgios de flora e fauna), entre outros.
A maior parte da documentação relacionada ao último período
seco quaternário (12.000 – 18.000 anos) foi obtida de informes
da estrutura superficial das paisagens, revendo inclusive obser-
vações próprias, acumuladas em muitos anos de pesquisas.
Demos especial atenção aos mini-enclaves de vegeta-
ção xerófila, que em caráter redisual resistiram localmente às
mudanças para climas generalizadamente mais úmidos, ocorri-
dos nos últimos 12.000 anos. Até certo ponto, os agrupamentos
de mini-enclaves de vegetação xerofita, parecem indicar os prin-
cipais eixos dos grandes caminhos de penetração da semi-aridez
quaternária, no espaço geográfico atualmente pertencente à
América Tropical.
As primeiras descobertas significativas para o conhe-
cimento paleoclimático recente da América do Sul oriental se
devem a Cailleux e Tricart (1957) e Jean Tricart (1958). Entre-
mentes a associação direta entre as condições glaciais níveis de
mares baixos e ampliação da semi-aridez, devem-se aos estudos
conjuntos do J. J. Bigarella e A. N. Ab’Sáber (1961), em um
quadro de correlações, hoje muito pouco conhecido. Para tanto
foram fundamentais as observações de campo, sobre feições
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75
geomórficas e depósitos correlativos encontrados ao longo das
terras baixas costeiras sul-brasileiras e piemonte da Serra do
Mar, a partir de 1959-60, por Bigarella, Pedro Marques Filho,
Riad Salamunt e Ab’Sáber. Os pedimentos e depósitos correlati-
vos dos sopés da Serra do Iqueririm, em Garuva, no Estado de
Santa Catarina, puderam comprovar em definitivo a atuação de
processos morfoclimáticos semi-áridos quaternários, vinculados
a períodos de mar baixos, correspondentes a épocas glaciais.
Em função das primeiras descobertas e outras que lhe
sucederam, alguns de nós, na época (1963-64), julgávamos que
a única explicação plausível para a compreensão da expansão
costeira do sistema seco pleistocênico, deveria se relacionar com
uma forte atividade e avanço sul-norte da corrente fria sul-
atlântica, ao longo da América do Sul Oriental, até níveis de
latitude atualmente situadas em posições tropicais. A essa hipó-
tese servia de apoio o conjunto de condições imperante na área
de Cabo Frio, onde a uma ressurgência local de águas frias cor-
respondia uma conjuntura climática sub-úmida e mini-enclave
de vegetação xerofítica nos maciços insulares adjacentes. Não se
tratava, entretanto, mais do que meras hipóteses, de difícil com-
provação.
Em 1970, em uma pesquisa muito bem encaminhada
sobre amostras de arcósios da plataforma brasileira, à altura da
faixa continental brasileira. Damuth e Fairbridge publicaram um
trabalho por todos os títulos fundamental sobre a ocorrência de
depósitos de climas secos quaternários da fachada atlântica bra-
sileira. Um dos autores, Rhodes Fairbridge, antes da elaboração
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76
definitiva do aludido texto, veio ao Sul do Brasil (onde foi as-
sessorado pelo professor João José Bigarella), procurando veri-
ficar in situ a validade das observações acumuladas em nossa
bibliografia geomorfológica, para cotejo entre a informação bra-
sileira e as novas descobertas de depósitos de valor paleoclimá-
tico ao longo da plataforma equatorial atlântica no país. No tra-
balho de Damuth e Fairbridge existe uma interpretação paleo-
climática integrada, muito oportuna e bem elaborada, que a nos-
so ver é a primeira tentativa de explicação global dos sistemas
motores da aridez pene-contemporânea aos períodos glaciais e
níveis de mar baixo quaternários, para a América do Sul, vista
como um todo. Mais do que isso os autores tiveram a iniciativa
de esquematizar em dois pequenos mapas, as situações prová-
veis das correntes frias por ocasião dos períodos glaciários e dos
períodos interglaciários, na América do Sul. Ficaram assim de-
finidos os dois esquemas de predominância de condições climá-
ticas mais secas e frias nos períodos glaciais, mais quentes e
úmidas nos períodos inter-glaciais – válidos para uma grande
parte do espaço geográfico sul-americano – em franca oposição
aparente, com tudo aquilo que se conhecia sobre períodos pluvi-
ais e períodos interpluviais, alusivos ao continente africano.
A descoberta da dinâmica genérica e das correlações
básicas entre as glaciações e a expansão da semi-aridez por gru-
pos nacionais e estrangeiros no Brasil não esgota evidentemente
a questão dos paleoclimas quaternários no Brasil e na América
Tropical. Muita coisa restou para ser detalhado, ao longo do
tempo e sobretudo do espaço, com vistas a uma compreensão
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77
mais substancial, em termos paleoclimáticos e paleoecológicos.
Os estudos interdisciplinares, feitos por geomorfologistas, botâ-
nicos e zoólogos, estão a exigir esse detalhamento, a despeito da
relatividade da empreitada.
No conjunto da América do Sul, por ocasião dos perío-
dos glaciários e de correntes frias orientais estendidas – provo-
cadoras da expansão e ampliação geral das condições secas pre-
dominavam formações abertas de diferentes tipos, sobre as
grandes massas florestais atualmente conhecidas (matas amazô-
nico-guianenses, matas atlânticas, matas subtropicais). Entretan-
to, em qualquer hipótese é necessário evitar uma idéia visual de
uma predominância extensiva e homogênea de climas secos
indiferenciados. Pelo contrário, tudo conduz a se pensar em um
complexo mapa climático, muito amarrado às condições da
compartimentação topográfica dos planaltos brasileiros e das
depressões centrais da América do Sul, assim como, aos nume-
rosos pequenos centros glaciais e áreas periglaciais de altitude
das montanhas andinas.
As caatingas tiveram maior extensão do que até há
pouco se presumia (Tricart, 1958), penetrando por numerosos
compartimentos inteiros dos atuais planaltos inter-tropicais bra-
sileiros, em áreas hoje dotadas de matas ou cerrados. Cerrados e
cerradões, assim como, tipos de vegetação a eles associados,
tiveram amplas penetrações pela Amazônia Oriental e Central,
talvez se conectando com áreas similares, hoje reduzidas, da
área de Roraima. Guianas e dos Ilanos do Orenoco. No espaço
das terras baixas amazônicas apenas restaram refúgios nas anti-
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gas “ilhas de umidade” de algumas encostas mais expostas de
serrinhas e morros semi-mamelonizados, e, talvez no arco oeste
sudoeste das encostas andinas, e fachada setentrional das Guia-
nas. O estudo desses refúgios, hoje afogados pela expansão e
coalescência geral das matas amazônico guianenses, tem ganho
uma sólida contribuição através da colaboração multidisciplinar
entre geógrafos, zoólogos e botânicos (Haffer, Vanzolini, Willi-
am, Jornaux, Plance, Keith Brown, Paul Müller, entre outros).
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Somente o domínio dos cerrados, nos altiplanos cen-
trais resistiu parcialmente à expansão dos climas secos, cedendo
espaço às caatingas, nas depressões periféricas e interplanálticas
(depressão entre os chapadões do Uruguai e o planalto centro de
Goiás, áreas deprimidas ao norte de Brasília e Anápolis, pedi-
plano cuiabano, pediplano do Alto Araguaia, depressões mono-
clinais intrachapadões). Com isso, uma faixa intermediária de
caatingas restou intercalada entre os remanescentes principais
dos cerrados da área nuclear e a faixa sul e sul-oriental da Ama-
zônia. Do Brasil Central para a Amazônia Central, deve ter exis-
tido portanto, um esquema de faixas, que se iniciava pela pre-
dominância de cerrados, passava a caatingas e recorriam para
cerrados, de diferentes tipos, por grandes espaços. Talvez as
áreas de formações abertas não xerofíticas da Amazônia, na
época, teriam conecções e coalescências com as áreas dos atuais
macroenclaves de cerrados da faixa Roraima-Guianas e Oreno-
co, do que com o núcleo remanescente do Brasil Central. Não
está fora de cogitação a possível existência de enclaves de caa-
tingas em diversos setores sub-rochosos, de laterais expostas,
em alguns momentos do Pleistoceno Superior, no interior de
uma Amazônia tomada por cerradões e cerrados e sublinhada
por alongadas florestas galerias. Nesse sentido, ainda que com
um grau de certeza muito menor, a área mais plausível para a
existência de enclaves secos poderia ser a depressão dos campos
de Rio Branco e as baixas encostas meridionais das serranias
fronteiriças.
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Tudo indica, até ao atual estágio de estudos, que por
ocasião dos períodos glaciais quaternários, a área nuclear dos
cerrados brasileiros, tal como a reconhecemos hoje, foi muito
menor, por retração do domínio morfoclimático e ecológico. Isto
porque, parte dela deveria ser ocupada por caatingas, na metade
norte do Planalto Brasileiro, enquanto que sua borda sul, era
pro-parte dominada por estepes, pradarias mixtas e um núcleo
menos denso de araucárias (Sul de Mato Grosso e Planalto Me-
ridional). O pediplano cuiabano e as depressões interplanálticas
e intermontanas de Mato Grosso, Goiás, Bahia e Minas Gerais,
tenderam sempre para climas muito mais secos do que os atuais.
Disso resultou que nessas áreas deprimidas ou rebaixadas dos
altiplanos centrais predominavam caatingas sobre cerrados. Por
oposição, no interior dos planaltos de São Paulo – à exceção das
depressões interplanálticas e inter-montanas, - deve ter predo-
minado cerrados sobre matas. Tudo leva a crer que, nas aludidas
depressões ocorriam caatingas.
Em síntese, a imagem espacial que se pode fazer em
relação à área dos cerrados retraídos – válida sobretudo para o
último período seco quaternário é a de um macro-enclave de
cerrados, em pleno núcleo alto dos chapadões do Brasil Cental.
Este macro-enclave de cimeira, permanece ilhado em Goiás e
Mato Grosso, tendo por entorno uma complexa rede de paisa-
gens, representada por caatingas (norte, leste, oeste) e estepes e
prados (sul e sudeste), no entremeio das quais eram raríssimos
os refúgios florestais de tipo orográfico.
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Entretanto, é de se notar que um segundo grande “co-
re” de cerrados teve grande presença nos tabuleiros e baixos
chapadões amazônicos, convivendo com grandes matas galerias
múltiplos enclaves de vegetação subxerófila (caatingas?). Não
está fora de cogitação que essa rede amazônica de cerrados
pleistocênicos ter ocupado uma área superior àquela do núcleo
central de cerrados de cimeira. As depressões de formações
abertas do Rio Branco eram muito mais secas do que hoje, en-
quanto que a rede de cerrados se estendia pelo noroeste amazô-
nico até os Ilanos do Orenoco.
É quase certo que não houve depressão interior denu-
dacionais, tipo depressões periféricas ou depressões monocli-
nais, ou tectônicas, tipo depressão do médio Vale do Paraíba que
não tenha sofrido a penetração dos climas secos, não homogê-
neos, provenientes de uma das duas áreas de expansão principais
da semi-aridez pleistocênico sul-americana, acoplada com o
sistema glacial: a nordestina ampliada, e a costeira estendida.
Na porção centro-oriental do continente, apenas o ar-
caico domínio dos cerrados, nos altiplanos do Brasil Central,
resistiu parcialmente à expansão dos climas secos e à retração
generalizada das principais áreas de grandes florestas tropicais
(florestas amazônicas e atlânticas). Acreditamos que em muitas
áreas, sobretudo na face norte-oriental do domínio dos cerrados,
cerrados e caatingas podem ter restado no mesmo espaço do
Brasil Central, sob um modelo de distribuição espacial, similar a
um pequeno padrão de organização natural, hoje reduzido a uma
área muito pequena de centro-norte da Bahia, na região da Ri-
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beira do Pombal, ou, talvez, em esquemas similares àqueles
existentes nos altos da chapada do Araripe, ou, também, daque-
les ocorrentes no centro-sul da chapada do Ibiapaba.
O importante a assinalar é que, no momento em que as
formações abertas relacionadas a climas secos ou tropicais sub-
úmidos as duas estações tiveram o máximo de sua expansão nos
planaltos brasileiros (por ocasião dos períodos glaciais quaterná-
rios) inverteram-se os quadros anteriormente dominantes de
áreas nucleares envolvidas por faixas heterogêneas de contacto
e transição. Dominaram, com toda certeza, clichês de castas
áreas transicionais complexas sobre o esquema das áreas nucle-
ares. As matas se reduziram a agrupamento de refúgios acanto-
nadas em sítios topográficos preferenciais. Em termos de capta-
ção de umidade: eram fundamentalmente matas orográficas e
“brejos” de diferentes tipos, para usar da expressiva linguagem
nordestina, em relação a “ilhas de umidade e paisagens-enclaves
(Birot, 1957, Ab’Sáber). Nesse sentido, os refúgios da Serra do
Mar, entre São Paulo e Espírito Santo devem ter permanecido
em faixas um tanto descontinuas, na testada superior das escar-
pas mais expostas à umidade, enquanto as terras baixas costei-
ras, estendidas para setores da plataforma continental eram rela-
tivamente muito secas.
Algumas áreas de planaltos subtropicais e mesmo tro-
picais da metade centro sul do Planalto Brasileiro certamente
foram mais secos e ligeiramente mais frios. Tais combinações
de aridez com índices térmicos mais baixos teriam facilitado a
extensão das araucárias para o norte, sob a forma de pontes,
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acompanhando as terras altas do Brasil Oriental e as encostas
orientais da média montanha andina. Formas de vegetação xeró-
filas, sub xerófilas e subtropicais do norte e noroeste argentino
puderam avançar muito mais para o interior das depressões cen-
trais sul-americanas e certos setores do Brasil Centro ocidental.
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De sul para norte, os fatos se passaram através de mo-
dificações progressivas mais radicais e complexas. Por ocasião
dos níveis de mares mais baixos e por certo recuados, a extensão
das regiões secas do Cone Sul, então menos afunilado, devia ser
muito maior. Os glaciários do sul do Chile estendiam-se até on-
de estão os finger lakes da Argentina Meridional. Climas glaci-
ais e grandes faixas de desertos frios e áreas periglaciais, estimu-
laram a morfogêneses mecânica nas terras altas e médias, possi-
bilitando a elaboração de grandes massas de calhaus e seixos.
Onde hoje existem estepes semi-desérticas ou quase desérticas
devem ter existido tundras e desertos frios. Parte dos fjords esta-
vam recheados pelas geleiras que foram o próprio motivo de sua
escavação, ao longo de períodos glaciais sincopados.
As correntes frias, muito mais largas, um tanto afasta-
das do seu eixo atual, e, climaticamente ativas, atingiam em
cheio a costa Sul do Brasil e uma parte apreciável do Brasil de
Sudeste e Oriental. Apenas a Serra Geral, no seu trecho leste-
oeste, no Rio Grande do Sul, formava uma barreira suficiente-
mente alta, para provocar condensação e chuvas orográficas em
seus trechos médios e superior (6). Enquanto que a área das
pampas úmidas argentinas e uruguaias foram mais áridas, secas
e estépicas em diversos momentos do Quaternário, na maior
parte das coxilhas gaúchas do Uruguay e Rio Grande do Sul,
estiveram sob a ação de climas secos e parcialmente invadidos
por formações xerófilas, com cactáceas. A esse tempo, na área
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atual das pradarias mixtas do Rio Grande do Sul, não existiam
florestas galerias subtropicais.
De qualquer forma, pode se adiantar que as fases mais
frias e secas do Quaternário, propiciaram uma predominância
das paisagens “monte” argentino, com cactáceas, e, das estepes
de tipo norte patagônico, em detrimentos das paisagens de pra-
darias úmidas. Paisagens do monte estiveram no Rio Grande do
Sul, enquanto as estepes patagônicas invadiram fundo as áreas
pampeanas úmidas, hoje conhecidas. Ao invés de uma área nu-
clear da pampa úmida houve uma série de refúgios e de agrupa-
mentos de refúgios de prados nas ladeiras úmidas e sub-úmidas
das áreas pampeanas, topograficamente mais salientes, da Ar-
gentina, Uruguai e Rio Grande do Sul (Sierras de Tandil e Ven-
tana, Sierras de Cordoba, elevações do núcleo uruguaio-sul-rio-
grandense do Escudo Brasileiro). Com base no conhecimento da
estrutura superficial da paisagem dos planaltos de Lajes e Vaca-
ria, temos razões para pensar que o domínio da Araucária sul-
brasileiro era bem menos compacto e contínuo, entremeado de
setores sub-rochosos, estépicos secos, e um tanto deslocado para
o norte, através de faixas alongadas que seguiam os espigões e
serranias, dotados de climeiras sub-úmidas e úmidas (Paranapia-
caba, Campos do Jordão e Bocaina, Centro Sul de Minas, Espi-
nhaço Meridional). A retração das correntes frias, para sua posi-
ção atual, iniciada entre 8.000 e 10.000 anos aproximadamente,
teria sido acompanhada de uma modificação extensiva, com
adensamento das matas de araucárias, expansão de prados de
altitude em sítios de antigas estepes, e tropicalização dos planal-
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tos interiores, de São Paulo e Norte do Paraná, com perda das
ligações anteriores entre o núcleo sul-brasileiro de araucárias em
relação aos atuais refúgios de pinhais das terras altas do Brasil
de Sudeste. Os remanescentes de araucárias da Paranapiacaba,
região de São Paulo e arredores de Bragança, inseridos no en-
tremeio de florestas tropicais de planaltos, seriam os documen-
tos residuais derradeiros da expansão e coalescência das flores-
tas tropicais paulistas, sobre uma paisagem anterior similar
àquela ainda hoje observável na vegetação da área de fronteira
entre o Paraná e São Paulo (planalto de Paranaguá, bacia para-
naense do alto Ribeira).
Muitas questões abertas restam sobre os quadros pale-
oclimáticos e paleoecológicos da macro-região andina da Amé-
rica do Sul. É possível que toda a área equatorial dos Andes te-
nha sido afetada por rebaixamento térmico, altitudinalmente
progressivo, e que suas terras baixas ocidentais tenham sido
menos úmidas. Quanto às vertentes amazônicas dos Andes, exis-
tem condições para se pensar em refúgios florestais descontí-
nuos, com predominância de um esquema espacial ainda hoje
observável na zona de contacto entre as encostas florestadas e as
“savanas” do Orenoco, na Colômbia e Venezuela.
A despeito dessa ilações preliminares, é cedo, entretan-
to, para tentar reconstituir os mosaicos de paisagem e floras qua-
ternárias do Brasil, em termos de um documento cartográfico de
referência. Sabemos do grande interesse que um mapa suficien-
temente visualizador poderia representar para a complementação
dos estudos biogeográficos. Devemos esta contribuição aos nos-
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sos colegas naturalistas. No entanto, o máximo que se pode fa-
zer, de um modo rápido e sem grandes riscos de distorsões é um
esboço grosseiro do quadro das áreas preferenciais de penetra-
ção das formações abertas de climas secos sobre as áreas atual-
mente transformadas em grandes domínios florestais. Em outras
palavras, somente se pode adiantar o mapa das áreas habitual-
mente visitadas pelos sistemas predominantemente secos, porém
jamais homogêneos – que por diversas vezes, no decorrer do
Quaternário, invadiram o espaço hoje dominado por sistemas
tropicais. É quase certo que tais faixas secas compartimentadas,
e de mosaico complexo, tenham substituído, na maior parte das
fases glaciais e glacio-eustáticas, os sistemas predominante
úmidos, similares aos que vigoram hoje no continente sul-
americano.
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INTER-FACIES
Escritos e Documentos
N.º 8 – IBILCE – 1980
RAZÕES DA RETOMADA PARCIAL DE SEMI-ARIDEZ
HOLOCÊNICA, POR OCASIÃO DO “OTIMUM
CLIMATICUM”
Primeiras Idéias
Aziz Nacib Ab’Sáber
Inúmeras têm sido as evidências de um ou mais peque-
nos períodos secos, intra-holocênicos, a nível local ou regional,
na América do Sul tropical. No entanto raras, senão totalmente
inexistentes, têm sido as sondagens sobre as razões da retomada
da semi-aridez no Quaternário Superior (Recente), para o espaço
inter e subtropical brasileiro. Estudos de sítios de sambaquis,
informes palinológicos, estratigrafia dos depósitos de cobertura
que encimam as linhas de pedras dos fins do Pleistoceno, são
alguns dos documentos que permitem definir períodos secos,
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localizados a poucos milhares de anos atrás (2.000 – 3.000 ;
6.000 – 8.000?). Trata-se de um problema novo, já que não se
pode confundir a área de extensão e o próprio modo de atuação
das duas séries de períodos secos: o do Plesitoceno Superior e o
do otimum climaticum. A fase seca terminal do Quaternário
Inferior esteve ligada a um nível do mar dezenas de metros infe-
rior em relação ao atual, e, pressupõe sempre uma diminuição
generalizada das temperaturas (Climaps, 1976); enquanto que a
semi-aridez descontinua do otimum climaticum esteve ligada a
um nível do mar ligeiramente mais alto do que o atual (2,70 a
3,00 m).
A dificuldade maior para a interpretação dessa fase de
atuação descontinua de climas secos, reside na falta de coerência
aparente em relação ao sistema climático global. Para o caso do
período glacial Würm-Wisconsin Superior, podemos afiançar,
hoje, que existe uma correlação firme entre períodos glaciários e
a expansão de climas secos, em áreas de baixas latitudes. Em
outros casos, não se podendo jogar com as glaciações para ex-
plicar diminuição de temperatura e aumento da semi-aridez,
temos que recorrer a outros campos de interpretação. Temos
transformado esse problema em um desafio, e, aqui, expomos,
pela primeira vez, o que pensamos sobre o assunto.
Quando o aumento da taxa geral de calor global, ao
término do último período glacial, houve uma rápida ascensão
geral dos níveis dos mares. Em determinado momento – exata-
mente a altura do período que vem sendo designada por otimum
climaticum – o nível geral dos mares esteve alguns metros aci-
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ma do que está atualmente. Para se explicar tal ascensão do ní-
vel geral dos oceanos somos obrigados a imaginar uma taxa de
calor mais elevada do que a atual, em termos do sistma climáti-
co global. O importante a assinalar, porém, é que esse aumento
da taxa térmica – a nível planetário – não se fez acompanhar
pela intensificação da atuação das massas de ar frias. Pelo con-
trário, por razões óbvias, coincidiu com um período de retração
e menor potência de atividade das massas de ar polares. Daí,
porque, os efeitos mecânicos do conflito de massas de ar não
mais puderam se efetuar, temporariamente, à altura das regiões
tropicais (Tipo Brasil Tropical Atlântico).
Tais fatos criaram uma situação relativamente parado-
xal: o nível do mar mais alto esteve ligado a um aumento sensí-
vel de calor global, porém houve diminuição efetiva das precipi-
tações em alguns compartimentos de relevo, na área dos planal-
tos intertropicais. Este déficit de precipitações em relação ao
aumento regional ou subregional do calor, fez-se sentir, sobretu-
do, nas depressões interplanálticas do Brasil tropical e do Brasil
subtropical. Dessa forma, por motivos diferentes, as depressões
intermontanas e interplanálticas do Brasil, ofereceram condições
orográficas especiais para a diminuição geral da umidade e das
precipitações, ao tempo em que todo o conjunto era um pouco
mais quente e menos sujeito às perturbações ocasionadas pelo
avanço das massas de ar frio, provenientes dos pólos. Em outras
palavras, no otimum climaticum (ou em situações similares) não
houve grandes interferências nas condições climáticas dos pla-
naltos, serras e altiplanos. Entrementes, desde o Uruguai e o Rio
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Grande do Sul, até a Amazônia ocidental e central, todos os
compartimentos deprimidos – depressões periféricas, depressões
interplanálticas, áreas de eversão – tiveram precipitações dimi-
nuídas e calor mais acentuado do que o de hoje. Ainda que não
tenha havido grandes modificações nos altiplanos e cimeiras de
planaltos – bem regados por chuvas orográficas – certamente
ocorreram atenuações sensíveis de umidade e precipitações nas
áreas topograficamente deprimidas, com importantes repercus-
sões regionais na flora e fauna.
No caso, ainda uma vez, chamamos a atenção para a
extraordinária importância da compartimentação topográfica e
geomorfológica, dos planaltos intertropicais brasileiros, em rela-
ção aos fenômenos de atenuação de precipitações por motivos
orográficos, e ou, por mudança na direção dos fluxos causadores
de precipitações orográficas assimétricas. Tanto no período seco
generalizado dos fins do Pleistoceno Superior, quanto no outro,
do interior do Holoceno, a atuação da compartimentação topo-
gráfica foi uma das variáveis mais importantes, para o déficit
regional ou subregional de precipitações.
Por razoes diferentes, portanto, os compartimentos re-
baixados de planaltos inter e subtropicais foram mais secos tanto
no Pleistoceno Superior, como também, em caráter esporádico e
descontinuo, à altura do máximo da transgressão flandriana, no
otimum climaticum (6.000 – 8.000 anos?). Trata-se de uma in-
terpretação nova, que dirigimos sobretudo à consideração dos
ativos palinogistas interessados nas investigações das condições
florísticas e ecológicas subatuaus da América do Sul tropical. E,
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100
em termos multidisciplinares, recomendamos a distinção dessas
duas épocas secas – relacionadas a mecanismos paleoclimáticos
inteiramente diversos – já que nem sempre é fácil separar os
níveis de atuação paleocológicos dessas duas séries de fases
secas dos fins do Quaternário, em relação à América Tropical.
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A REGIÃO DOS CARIRIS VELHOS NO
DOMÍNIO DAS CAATINGAS
Maria Angélica Figueiredo Gomes
A diversidade de tipos de vegetação, no domínio das
caatingas, tem sido apontada por diversos autores. MARTIUS
(1840), em sua classificação de vegetação do Brasil, referiu-se
às caatingas como se fossem florestas áridas, privadas de folhas
na estação secas, ou como uma vegetação formada por moitas
entre as quais se destacam árvores esparsas. Martius ainda indi-
cou um terceiro tipo de caatinga, descrevendo-o como uma área
de solo desnudo onde se divisam, aqui e ali, pequenas coroas de
grama ou de hastes desarticuladas. JOFFILY (1977), no século
passado, dividiu a flora do Estado da Paraíba em Litoral, Caa-
tingas, Brejos e Sertão, e mostrou que “A caatinga é zona seca,
em diversas partes tanto como o sertão e com vegetação idênti-
ca. Os brejos podem-se comparar a um oásis cercado de todos os
lados pelo sertão e a caatinga”. LOEFGREN (1910) referiu-se à
caatinga como constituída de gradações fisionômicas de vegeta-
ção. LUETZELBURG (1922-23) reconheceu a existência de
tipos de caatinga, concluindo que “o único meio para a classifi-
cação exata das regiões florestais do Nordeste é o estudo das
plantas mores denominadas pelo povo das diversas zonas”. EN-
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109
GLER (1936), em sua classificação fitogeográfica para o Brasil,
referiu-se à vegetação do Nordeste como “Zona da Caatingas”.
ENGLER (1951) ao estudar a caatinga no Estado de Pernambu-
co, afirmou que há na vegetação sempre um aspecto novo, seja
de um local para outro, seja da mesma região, em estações dife-
rentes. ANDRADE-LIMA (1954, 1960, 1966) indicou a exis-
tência de vários tipos de caatinga e usou, para identificá-los,
denominações baseadas em aspectos fisiográficos, fisionômicos
e nomes das localidades onde os encontrou. RIZZINI (1963)
indicou a existência de vários tipos de caatinga, classificando-os
como Floresta xerófilas decídua, Scrub lenhoso espinhoso,
Scrub em moitas e Scrub suculento. HUECK (1972), depois de
apresentar algumas classificações de caatinga, salienta a falta de
uma divisão detalhada dos tipos de caatinga. ROMARIZ (1974)
face à heterogeneidade da caatinga, descreveu dois tipos fisio-
nômicos extremos – a forma florestal, e a forma arbustiva, com
indivíduos raros e espaçados, alternando-se com cactáceas e
bromeliáceas. Muitos outros tipos, naturalmente, intercalam-se
entre esses extremos, afirma aquela autora.
A diversidade de tipos de caatinga pode ser analisada à
luz de uma combinação das teorias de JENNY (1941, 1948) e
MAJOR (1951), teorias que se relacionam com os processos de
gêneses do solo e sucessão ecológica, respectivamente. A com-
binação destas teorias é mostrada na função:
S, s ou V, v = f (cl, p, r, o, t) (1)
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110
em que:
S,s – representam o solo como um todo (S) ou qualquer de
suas propriedades (s).
V,v – representa a vegetação como um todo (V) ou qual-
quer de suas propriedades (v).
cl – é o clima regional (entendendo-se por clima regional o
clima do espaço considerado).
p – é o estado do solo no tempo inicial ou tempo zero.
r – refere-se às características do relevo e do lençol freáti-
co.
o – representa a fauna e a flora que alcançam a área e,
também, a influência do homem.
t – tempo decorrido para os processos de gêneses do solo e
sucessão ecológica.
Na equação (1), as variáveis cl, p, r e o são fatores do
ambiente, que atuam ao longo do tempo (t), para determinar a
natureza e intensidade dos processos de gêneses do solo e suces-
são vegetal. Cl, p, r, o e t são variáveis independentes e S, s, V,
v, são variáveis dependentes. As variáveis dependentes se rela-
cionam, mutuamente, ao longo dos processos de gêneses do solo
e sucessão vegetal, ao fim dos quais, solo e vegetação se encon-
tram no mesmo estágio de desenvolvimento e estabilidade rela-
tivos. Uma análise das variações do clima (cl), solo (p), relevo
(r) e organismos (o), ao longo do tempo (t), justifica a existência
dos variados padrões de caatinga dos dias atuais.
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111
Evolução do Ambiente
Os fatores do ambiente atuam conjuntamente sobre a
vegetação. A efetividade desta atuação, porém, varia de intensi-
dade no espaço e no tempo.
No Nordeste brasileiro, como em outras áreas da zona
subárida, a intensidade e o ritmo das precipitações, assim como
as altas temperaturas, comandam a evolução da paisagem.
Tais elementos climáticos são de importância básica
para a distribuição dos seres vivos no globo terrestre. “Essa dis-
tribuição condiciona ambientes ecológicos específicos, em que
se distinguem uma associação de paisagens animais e vegetação,
tipos de solos e de processos de Erosão” (PENTEADO, 1974).
Analisando a importância do fator clima sobre os vege-
tais, devem ser levados em considerações tanto os climas atuais
como os climas passados, em função de sua atuação na evolução
das paisagens.
Paleoclimas
A atual cobertura vegetal do Nordeste brasileiro resulta
tanto dos climas atuais como das flutuações paleoclimáticas e
está representada pelas espécies que puderam atingir a Região e,
aqui, sobreviver, e por aquelas autóctones, que conseguiram
resistir à ação seletiva dos fatores ambientais.
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112
As oscilações climáticas têm varias formas e cada re-
gime climático tem seus ritmos peculiares de temperatura e
umidade e seus efeitos, bem definidos para cada caso, sobre o
solo e sobre os organismos. “Todo afastamento dos valores ide-
ais de qualquer elemento meteorológico induz a uma resposta
climática característica” (DANSEREAU, 1957).
A participação dos paleoclimas na seleção da flora do
Nordeste é sugerida pelos estudos dos ambientes antigos de se-
dimentação e da evolução do relevo. Por outro lado, há alguns
elementos comprobatórios de tal participação que se traduzem
em modificações da aludida flora.
Ambientes antigos de sedimentação
Trabalhos a esse respeito são restritos a áreas especifi-
cas. Face à inexistência de tais estudos para os Cariris Velhos,
são apresentados exemplos regionais que poderão ajudar a inter-
pretar a evolução daquele ambiente, sabendo-se que cada tipo de
rocha sedimentar, é uma resposta a certa condição ambiental.
BEURLEN (1970), analisando as condições ecológicas
e faciológicas da formação Santana, na seqüência sedimentar do
Araripe, Ceará, ressalta o seu ambiente de deposição. Existia,
inicialmente, uma lagoa de água doce. Com posteriores ingres-
sões marinhas, sob um clima quente-árido e intensa evaporação,
foi possível a precipitação da gipsita durante o Cretáceo. Afirma
o mesmo autor que posteriores camadas argilosas e sílticas, de-
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113
positadas sob condições úmidas, completaram o pacote sedi-
mentar da fase lacustre.
Ainda tendo como suporte estudos sedimentológicos,
MABESOONE (1975) enfoca a seqüência dos paleoclimas do
Nordeste brasileiro. “No Cretáceo Inferior, a presença de calcá-
rios lacustres e, posteriormente, de evaporitos, indicam um cli-
ma bem seco. Já no Cretáceo Superior, houve uma fase de esta-
bilidade no interior, a qual perdurou durante o Paleogeno. O
solo que se formou neste período era de caráter caulinítico, indi-
cando um clima tropical e bastante úmido, apenas com curta
estação seca”.
“Durante o Neogeno, conforme os ambientes de depo-
sição e o material depositado, o clima era quente e bastante
úmido” (MABESOONE, CAMPOS E SILVA (e) BEURLEN,
1972).
Apenas no Recente começam a aparecer indícios mais
evidentes de clima semi-árido quente (BShw) no interior da re-
gião. Mesmo no Pleistoceno Superior (Siciliano) a fauna ainda
demonstrava grande umidade, começando a semi-aridez acentu-
ada somente a partir da penúltima glaciação (Riss) (MABESO-
ONE, 1975).
A Seleção ocorrida na fauna de então e a variação na
textura dos sedimentos nos três membros da Formação Santana,
demonstram as oscilações climáticas no Cretáceo (BEURLEN,
1970).
Registros de tafoflórulas no Nordeste são extremamen-
te raros. Nos sedimentos da Formação Missão Velha, situada na
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114
base da Formação Santana (Aptiano), são encontrados inúmeros
troncos petrificados. “Embora ainda não devidamente estudados,
esses troncos são referidos a Dadoxylon” (DUARTE, 1974).
Segundo o mesmo autor, os representantes deste gênero, como
os demais da ordem Cordaitales, eram de grande altura com
troncos retos que se ramificavam no ápice.
LIMA (1978) afirma que, segundo dados palinológi-
cos, uma vegetação essencialmente arbórea cercava a área no
inicio da deposição da Formação Santana, no final do Cretáceo
Inferior (Albiano).
Conhecimentos sobre a evolução do relevo
No que se refere à evolução do relevo, o balanço mor-
fogenético registrado na paisagem, indica que ele evoluiu atra-
vés de ciclos de climas mais úmidos e mais secos. Neste aspecto
têm importância básica as superfícies aplainadas evidenciadas
por CRANDALL (1910).
DRESCH (1957) estudando os problemas morfológi-
cos no Nordeste brasileiro, refere-se a fases úmidas e secas que
se sucederam no Quaternário, responsáveis por sistemas de ero-
são diferentes e que introduziram, no sertão, as variações de
caatinga.
MABESOONE (e) CASTRO (1975) analisando os tra-
balhos de pesquisadores sobre o assunto e reunindo resultados
de estudos dos depósitos correlativos, apontam quatro fases de
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115
aplainamento no desenvolvimento geomorfológico do Nordeste
brasileiro. Nessas considerações, os autores apresentam a se-
gunda fase, chamada de Superfície Sul-americana e desenvolvi-
da entre o Albiano e o Oligoceno, subdividida em dois níveis:
Cariris Velhos, o inferior e Borborema o superior. Circunscritos
ao nível superior, os Cariris Velhos constituem áreas deprimidas
que rebaixaram de 200 a 300m o nível do planalto paraibano,
criando uma verdadeira subunidade no conjunto do relevo da
Borborema (AB’SÁBER, 1953). Isto contribuiu para mostrar
que, “ao invés de um polígono das secas no Nordeste, temos
uma rede de semi-aridez, em grande parte coincidindo com as
depressões semi-áridas” (AB’SÁBER, 1956).
No entanto, os conjuntos dos compartimentos desnu-
dacionais do Nordeste Oriental são, certamente, os mais notá-
veis, por sua extensão, permitindo o aparecimento de amplas
áreas, que SOUZA (1975) reconheceu como superfície sertaneja
antiga e superfície sertaneja recente. Estas áreas, horizontaliza-
das pela pediplanação dos fins do Terciário e inicio do Quater-
nário apresentam, por vezes, recobrimento a partir do pé dos
relevos residuais, por seleção progressiva de blocos, areias e
limos, em direção ao mar ou à calha dos rios, nas grandes exten-
sões da superfície sertaneja (SOUZA, 1975).
As alternâncias climáticas, cujas marcas se evidenciam
na paisagem, proporcionaram maior saldo, ora de intensa de-
composição química, resultando em perfis de solo bem desen-
volvidos, ora de desagregação mecânica, acelerando os proces-
sos erosivos de que resultam solos rasos. Segundo SOUZA
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116
(1975) “a superfície sertaneja apresenta solos cujas associações
são dominadas pelos solos com B textural dos pedimentos, solos
com horizonte nátrico, vertisolos e latosolos”. Aponta, ainda,
esse autor, que “A Vegetação é mais densa e tem maior variação
de espécies, nos solos com horizonte B textural dos pedimentos”
e que “nos solonéticos e vertisolos, árvores e arbustos apresen-
tam-se mais esparsos ao lado de um extensivo estrato herbáceo”.
Modificação da flora, no tempo e no espaço
No que diz respeito à modificação da flora, ainda são
poucas as constatações paleobotânicas capazes de permitir a
reconstituição de floras anteriores. Além dos exemplos citados
por DUARTE (1974) e LIMA (1978), a coleção de madeira fós-
sil do Piauí e Maranhão feita por A. Lisboa testemunha a exis-
tência das coníferas Ulmannia e Voltzia, referidas para o Permi-
ano Superior (OLIVEIRA, 1937).
BEURLEN (1963) atesta a ocorrência de Podocarpus
fossilizado nos depósitos Cretáceos de Araripina, Pernambuco.
Não somente as tafoflórulas, mas também os refúgios
ecológicos são de grande valor como evidência de flutuações
paleoclimáticas. Como exemplo, tem-se o gênero Podocarpus,
registrando, até 1962, apenas para as regiões Sul, Leste, e Cen-
tro-Oeste do Brasil. Tal gênero teve sua ocorrência assinalada
por ANDRADE-LIMA (1966) para a serra de Itabaiana, Sergipe
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117
e para Brejo dos Cavalos, Pernambuco (ANDRADE-LIMA,
1971).
Conforme DUARTE (1974) o estudo das plantas do
Cenozóico tem confirmado que, nessa Era, se deu a definição
dos climas, tal como se apresentam na época atual e a vegetação
tropical foi se estabelecendo e se fixando nas imediações da
linha do Equador. No nordeste do Brasil, foi registrada a presen-
ça de fruto de Nipa na formação Maria Farinha (Terciário, Pale-
oceno), no Estado de Pernambuco, de acordo com DOLIANITI
apud DUARTE (1974).
No pleistoceno, destaca-se no município de Russas,
Ceará, em área hoje coberta por caatinga, Styrax rosadoi DU-
ARTE, o que indica uma flórula muita semelhante à que hoje
habita a região Nordeste (DUARTE, 1974) em sua porção úmi-
da recoberta por florestas ou cerrados.
Todas essas apreciações evidenciam flutuações paleo-
climáticas que, por sua vez, determinaram diferentes sistemas de
erosão e formações superficiais diversas, advindas de processos,
ora físicos, ora químicos, de intemperismo. Estes aspectos favo-
recem a compreensão da paulatina seleção na flora anterior, cujo
saldo floristico se encontra, atualmente, nos variados tipos de
caatinga.
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118
Classificação do Clima Atual
Atualmente, o clima regional do domínio das caatingas
é quente e seco, do típico semi-árido, Bshw, e de acordo com a
classificação de Gaussen e Bagnouls, o clima é 4 ath, tropical
quente de seca acentuada (GALVÃO, 1967). Exceção se faz às
áreas elevadas, favorecidas por chuvas orográficas e temperatu-
ras amenas. Tais áreas recebem a denominação de serras úmidas
no Nordeste Ocidental, e brejos no Nordeste Oriental.
A semi-aridez varia de intensidade em locais diversos
na região. Conforme a classificação de Gaussen e Bagnouls,
aplicada para o Brasil por GALVÃO (1967), são constatados
dois polos xéricos no Nordeste: Cariris Velhos, na Paraíba e
Raso da Catarina, na Bahia.
MATERIAL E MÉTODO
Área de estudo
No Estado da Paraíba, a zona fisiográfica da Borbore-
ma Central (FUNDAÇÃO IBGE, 1960), foi dividida por ISS-
LER (1965) em Cariris do Paraiba, Cariris de Princesa, e Curi-
mataú. Atualmente a antiga região dos Cariris do Paraíba e parte
dos Cariris de Princesa vieram a constituir a micro-região dos
Cariris Velhos (FUNDAÇÃO IBGE, 1968).
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119
A micro-região dos Cariris Velhos foi selecionada co-
mo área da estudo, por apresentar um gradiente de tipos de ve-
getação, ajustados a ambientes que variam de um dos pólos xé-
ricos do Nordeste (Cabaceiras – São João do Cariri) àquele da
Serra dos Cariris Velhos, beneficiado por pluviosidade mais
elevada, condição esta apropriada para o estabelecimento de
variados padrões de caatinga.
Localização
A área dos Cariris Velhos está situada sobre o planalto
da Borborema, na Paraíba, no médio vale do rio Paraíba do Nor-
te. É limitada aproximadamente pelas coordenadas de 7° e 8°30’
de latitude Sul e 36° e 37°30’ de longitude Oeste (Figuras 1 e 2).
Como centro da área, pode ser tomada a vila de Sucuru, que
dista 225 km de João Pessoa, 215 km do Recife, 90km de Patos
e 110 Km de Campina Grande.
Aspectos Físicos
O planalto da Borborema constitui a mais notável fei-
ção geomorfológica do Nordeste Oriental. Compreende um vas-
to conjunto estrutural submetido à tectônica ruptural cuja super-
fície de cimeira, testemunha mais antigo nível de aplainamento
regional.
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CRANDALL (1910) afirma ao referir-se à Borborema,
“O alto da região serrana é tão achatado que, salvo na subida e
descida, o viajante parece estar numa planície granítica soleva-
da, em dissecação”. É sabido também que camadas resistentes,
em geral arenitos, coroam freqüentemente as serras ai situadas
(ALMEIDA, 1951), especialmente aquelas limítrofes com o Rio
Grande do Norte.
Considerando a estrutura do planalto da Borborema,
FREITAS (1951) sugere que a segunda etapa da epirogênese
positiva, ocorrida a partir do fim do Mesozóico, proporcionou o
falhamento do Escudo brasileiro em blocos escalonados, mura-
lhas e fossas, dando origem ao aparecimento de varias “serras”,
entre elas, a Borborema.
A reativação cretácea, responsável por grande número
de estruturas novas, especialmente falhamentos, proporcionou,
também, o rejuvenescimento de antigas fraturas que atingiram o
embasamento (CAMPOS, 1972).
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NEVES (1975), estudando a regionalização geotônica
do Nordeste brasileiro, demonstra a complexidade nas estruturas
do conjunto Borborema. Considera a região dobrada, subdividi-
da por uma série de zonas lineares de fraqueza. Estes lineamen-
tos foram ativos de forma variada, do Precambriano do Meso-
zóico e influenciaram incisivamente no modelo regional. Estru-
turas menores – falhas – subordinadas aos lineamentos, são en-
contradas dentro de cada faixa de dobramento. Os Cariris Ve-
lhos, situados dentro da faixa de dobramento Pajeú-Paraíba
(NEVES, 1975), apresentam anticlinórios onde se expõe o em-
basamento.
Sendo a Borborema esculpida em rochas metamórficas
e eruptivas, principalmente granitos, favorece o aparecimento de
serras, resultantes, muitas vezes, de batólitos graníticos desnu-
dados e áreas quartzíticas (AB’SÁBER, 1953).
Quanto à evolução do relevo da Borborema, afirma
AB’SÁBER (1956) que “com o soerguimento epirogenético
pós-cretáceo um longo período erosivo sob um clima úmido
elaborou o retalhamento da região. Após o estabelecimento da
rede principal de drenagem, elaborada sob condições provavel-
mente exorréicas, houve a instalação de climas mais secos –
aproximadamente a partir do plioceno – os quais culminaram
com a formação de verdadeiros desertos ou semi-desertos inter-
montanos no pleistoceno”.
Os Cariris Velhos (Figura 3) encontram-se numa alti-
tude média de 500 m. A referida região é irregularmente contor-
nada por cristas elevadas ou superfícies aplainadas, como as
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serras do Sul e Sudeste, na divisa com o Estado de Pernambuco,
onde o relevo alcança mais de 1.000 m de altitude. Os terrenos
elevados, ao Norte, são constituídos pelo divisor d’água entre as
bacias do Paraíba, Curimataú e Piranhas, com altitudes chegan-
do a mais de 700 m, enquanto a Leste e Oeste são encontradas
altitudes de 700 a 800 m (figura 3). Abaciada por estas eleva-
ções, a superfície dos Cariris Velhos é constituída pelos pedi-
planos intermontanos modernos (AB’SABER, 1969).
Toda a drenagem da região dos Cariris Velhos, que es-
tá contida na alta bacia do Rio Paraíba, transpõe as serras de
Leste (Falcão, Monte e Carnoió) através de um boqueirão for-
mado a jusante da cidade de Cabaceiras. Estas elevações dificul-
tam a penetração de massas úmidas da região, contribuindo para
diminuir os totais de precipitação, principalmente nas terras bai-
xas da área de estudo, localizadas imediatamente à retaguarda
daquelas serras, como pode ser visto nas figuras 3 e 4).
A erosão diferencial, atuando principalmente sobre os
gnaisses e micaxistos, fez realçar, na região, intrusões graníticas
e quartzíticas sob a forma de inselbergs facilmente identificáveis
na área entre Santa Luzia, Sumé e Congo (MORAES et alii,
1963).
As informações relativas aos solos da região dos Cari-
ris Velhos aqui apresentadas tiveram como base o trabalho de
JACOMINE et alii (1972) sendo mantida a convenção por eles
empregada para indicar suas unidades de mapeamento. Estas
informações foram completadas por ocasião da amostragem de
vegetação, quando igualmente realizou-se amostragem de solo.
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Nos níveis mais elevados da região, que correspondem
ao limite entre os Estados da Paraíba e Pernambuco, tem-se,
segundo aqueles autores, uma associação complexa de Solos
Litólicos Eutróficos com A fraco, textura arenosa ou média e
Afloramentos de Rocha (Re 18).
A primeira unidade, Solos Litólicos Futroficos com A
fraco textura arenosa ou media, é constituída por solos pouco
desenvolvidos, rasos ou muito rasos, com seqüência de horizon-
te A, R ou A, C, R com transições abrutas ou claras e planas ou
onduladas. Pode ocorrer um horizonte B em inicio de formação.
Estes solos encontram-se nas demais associações que serão co-
mentadas para os Cariris Velhos.
A segunda unidade, Afloramentos de Rocha, é tipo de
terreno e não propriamente solo. Os afloramentos de gnaisses e
granitos são os mais comuns na área, ocorrendo em forma de
grande lajeiro, como pode ser visto na Prancha 4-C, ou blocos
desagregados.
JACOMINE et alii (19720 indicam que entre Monteiro
e Prata aparece uma associação de Podzólico Vermelho Ama-
relo Equivalente Eutrófico textura média cascalhenta, Solos Li-
tólicos Eutróficos com A fraco textura arenosa e/ou média e
Afloramentos de Rocha (PE 6).
O Podzólico é uma unidade com solos de perfil moderadamente
diferenciado, profundos, acentuadamente ou bem drenados, com
grande percentagem de cascalho. Em geral, a textura, ao longo
dos perfis, não ultrapassa a classe franco arenosa. No que diz
respeito a cor, tem-se para essa unidade matizes mais amarela-
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das, enquanto no Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente
Eutrófico textura argilosa cascalhenta, que ocorre nas superfí-
cies pediplanadas sertanejas, em níveis que 250 a 300 m, domi-
nam matizes mais vermelhas. O horizonte A tem espessura em
torno de 20 cm. É no horizonte Bt, cuja profundidade supera 1
metro, que surgem algumas características morfológicas bem
marcantes desta unidade, tais como a cor, antes referida, e a tex-
tura onde, raras vezes, observam-se percentagens de argila supe-
riores a 20%, podendo-se representar a textura desde horizonte
pela classe franco arenosa.
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A maior parte da região dos Cariris Velhos em cotas
geralmente abaixo de 700m, é dominada pelos solos Bruno Não
Cálcicos (JACOMINE et alii, 1972).
Abrangendo o Oeste da região, na maior parte dos mu-
nicípios de Monteiro, Prata, Ouro Velho e Sumé, encontra-se a
associação de Bruno Não Cálcico e Solos Litólicos Eutróficos
(NC 1) (JACOMINE et alii, 1972).
O Bruno Não Cálcico compreende solos com horizon-
tes B textural, não hidromórfico, com argila de atividade alta.
Possuem altas somas de bases e saturação de bases. Destaca-se
um horizonte A, duro ou muito duro quando seco, de estrutura
maciça ou em blocos fracamente desenvolvidos e de coloração
clara, contrastando com o horizonte Bt, avermelhado, que apre-
senta estrutura em blocos subangulares ou angulares, sendo,
muitas vezes, prismática.
É característica a presença de pavimentos desérticos
(Pranchas 3-A e 2-D), constituído por calhaus quartzo arestado
ou desarestado, geralmente envernizados, que ficaram na super-
fície (ou às vezes, na subsuperfície) dos solos das regiões semi-
áridas, após o arrastamento dos materiais de pequeno diâmetro,
pelo escoamento superficial da água das chuvas que têm regime
torrencial, ou ação eólica.
Observa-se, ainda, na superfície destes solos, a presen-
ça de uma crosta maciça e laminar (crosta de solos desérticos),
muito delgada, resultante da ação mecânica do impacto das chu-
vas na superfície do terreno, precariamente protegido pela vege-
tação.
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A Sudeste abrangendo os municípios de São Sebastião
do Umbuzeiro e Barra de São Miguel, entre os 500m e 800m,
ocorre a associação de Bruno Não Cálcico vértico e Solos Litó-
licos Eutróficos (NC 7) (JACOMINE et alii, 1972).
O Bruno Não Cálcico vértico compreende solos consi-
derados intermediários entre Vertisol e Bruno Não Cálcico. A
característica diferencial é a atividade da argila, ou valor T no
horizonte Bt, para 100 g de argila, após correção para o carbono,
de 55 a 90 mE para o Bruno Não Cálcico vértico, e de 20 a 50
mE na Paraíba, para o Bruno Não Cálcico. A distribuição entre o
Vertisol e o Bruno Não Cálcico vértico deve-se, principalmente,
à seqüência de horizontes A-C e maior atividade de argila, para
o Vertisol, e A1 Bt (ou II Bt) e C(ou IIC) para o Bruno Não Cál-
cico vértico (JACOMINE et alii, 1972).
Estes solos são, em geral, severamente erodidos em
sulcos rasos, repetidos com freqüência ou ocasionalmente, e
pequenas voçorocas localizadas nas partes baixas das encostas.
Ao Norte e Nordeste da região, de Serra Branca a São
João do Cariri e a Oeste de Cabaceiras ocorre a associação de
Bruno Não Cálcico vértico, Vertisol e Solos Litólicos Eutróficos
(JACOMINE et alli, 1972).
O Vertisol, além das características antes referidas,
apresenta dilatação e contração da massa do solo, em decorrên-
cia da elevada atividade de argila (montmorilonita), resultando,
geralmente, na presença de micro-relevo, constituído por “gil-
gai”. Decorrente ainda do tipo de argila (2:1), apresentam-se, no
período seco, fendas longitudinais que se manifestaram na su-
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perfície (Prancha 4-B). Em decorrência de movimentos do solo,
pela alta presença de argila do grupo da montmorilonita, apare-
cem, inclinadas em relação ao prumo dos perfis, superfícies de
fricção ou “slickensides”.
A Leste de Cabaceiras, chegando até Boqueirão, há
uma maior representatividade do Vertisol. Nesta associação, ele
é o predominante, seguido de Bruno Não Cálcico vértico e Solos
Litólicos Eutróficos (JACOMINE et alii, 1972).
Além destas unidades mapeáveis, constatou-se a pre-
sença de uma unidade não indicada nas associações, face à pe-
quena significação da mancha no conjunto. Tal unidade encon-
tra-se referida para os Cariris Velhos por JACOMINE et alii
(1972) e denominada Planosol Solódico.
Planosol Solódico são solos imperfeitamente drenados,
rasos que apresentam B textural com estrutura prismática e fen-
dilhamento, que se manifestaram, também, no horizonte C, na
ocasião da amostragem (período seco).
Há na região dos Cariris Velhos, de um modo geral,
uma seqüência de solos com maior espessura do horizonte A e
maior percentual de matéria orgânica, de Sul a Sudoeste para
Norte e Nordeste ou seja, dos terrenos elevados da alta bacia do
Rio Paraíba para o médio curso deste rio onde termina a área de
estudo.
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Comunidades floristicas regionais
A vegetação da área de estudo apresenta uma gradação
de padrões que, num dos extremos, é representada por floresta
caducifólia espinhos e, no outro, por uma comunidade aberta
subarbustiva estepária.
Na floresta caducifólia espinhosa observam-se indiví-
duos arbóreos com 10 a 12 m (alguns atingem 15 a 17 m), com
caules retilíneos, copas que se tocam, epífitas e lianas e um es-
trato imediatamente abaixo, de diferentes espécies, com indiví-
duos de 6 a 8 m. Cactáceas arbóreas, como facheiro (Pilosoce-
reus sp.) e principalmente, mandacaru (Cereus jamacaru, P.
DC.) estão presentes nos dois estratos. No estrato inferior (ter-
ceiro estrato) são encontrados subarbustos, diversas ervas, além
de plântulas dos estratos superiores.
Nas comunidades abertas subarbustivas estepárias, en-
contram-se indivíduos baixos, isolados, de tronco retorcido,
apresentando copas de forma irregular em que ressaltam os
comprimentos dos ramos pendentes e, também, retorcidos, co-
mumente mais longos que o próprio tronco da planta. Entre estes
indivíduos, encontram-se espaços de solo descobertos, que, só
no curto período chuvoso, são revestidos por vegetação herbá-
cea. As Cactáceas presentes são, principalmente, quipá (Opuntia
inamoena K.Sch.) (Prancha 4D), palmatória (Opuntia palmado-
ra Britton et Rose) e elastrado (Pilosocereus gounellei (Weber)
Bul. et Rowl).
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Entre estes dois extremos acima descritos, existe uma
gradação de fisionomias, causadas por diferenças na composição
florística, adensamento e porte das plantas, bem como na forma
de seus componentes.
MÉTODOS
O estudo do clima e sua metodologia
A análise do clima foi feita com base nos dados de
precipitação pluviométrica (SUDENE, s.d) e de temperatura
(VAREJÃO-SILVA, no prelo) disponíveis, para a área de estu-
do. Estes dados foram analisados seguindo gradientes de pluvio-
sidade e temperatura.
Na ocasião em que se realizou a amostragem da vege-
tação, em cada local, foram feitos registros de umidade relativa
e temperatura do ar, no ciclo de 24 horas.
Da compartimentação da área de estudo
A compartimentação da área foi conduzida de modo a
permitir que a amostragem da vegetação fosse realizada em su-
báreas de fisionomia uniforme. O estudo de imagens de radar,
na escala de 1:250.000, de mosaicos aerofotogramétricos na
escala de 1:70.000 e de fotografias aéreas na escala de 1:40.000,
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bem como as observações preliminares de campo, indicaram
uma variação de fisionomias da vegetação de acordo com as
altitudes. Assim sendo, uma amostragem foi realizada em 10
localidades com um desnível aproximado entre si, de 50 m, a
partir da cota de 350m à de 800m.
Da amostragem do solo e da vegetação
Cada um das 10 localidades da área de estudo foi
amostrada com 5 repetições. Cada repetição era constituída por
um retângulo, medindo 10X20 m, localizado, ao acaso, em áreas
onde se evidenciou m mínimo de perturbação do recobrimento
vegetal primitivo. Em cada repetição, a vegetação foi amostrada
para densidade e altura de espécies arbustivas e arbóreas, consi-
derando-se, apenas, os indivíduos com diâmetro igual ou superi-
or a 5 cm. Para as Bromeliaceae e Cactaceae foi apenas indicada
a presença das espécies.
Em cada localidade, o perfil do solo de uma das repeti-
ções foi descrito em termos de horizonação e espessura dos ho-
rizontes. Dos perfis descritos foi coletada amostra para análise
mecânica.
Com base na descrição de campo e da análise mecâni-
ca do solo, foram computadas, para estudo de correlação do
mesmo com a vegetação, as seguintes variáveis, de acordo com
ANDERSON (1969);
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Índice de permeabilidade – indicado por valores en-
tre 1 (para os solos mais permeáveis) e 10 (para os solos menos
permeáveis) como uma relação entre as texturas das camadas
superficial e subsuperficial e a profundidade da camada superfi-
cial;
Profundidade da camada superficial (cm) – corres-
pondendo à espessura do horizonte A, quando a textura se torna
mais pesada no segundo horizonte (B ou C) e a 50 cm para os
solos em que a textura é uniforme em toda a profundidade estu-
dada. A espessura de 50 cm foi escolhida por ser usada para
caracterização da secção de controle da identificação de famílias
de solos (SOIL SURVEY STAFF, 1975).
Textura das camadas superficial e subsuperficial –
indicada pela soma dos percentuais de argila e silte, obtidos na
análise mecânica das amostras de solo.
Da análise dos resultados
A técnica de ordenação polar (BRAY e CURTIS,
1957; POLLE, 1974) foi usada para determinar o grau de seme-
lhança entre as comunidades vegetais amostradas.
A semelhança entre as comunidades foi avaliada pelo
índice de Semelhança de SORENSEN apud OLIVEIRA (1979),
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expresso abaixo, quando se comparam duas comunidades A e B,
com base na densidade de suas espécies
S = _____2c______ X 100
a + b
onde:
S – Índice de semelhança
a = Somatório das densidades de todas as espécies
encontradas na amostra A.
b = Somatório das densidades de todas as espécies
encontradas na amostra B.
c = Somatório das frações da densidade, comuns às
amostras A e B, para as espécies encontradas em
ambas as amostras.
A interpretação da ordenação polar foi feita através de
estudos de correlação linear entre a posição de cada comunidade
nos eixos da ordenação, os valores das densidades e alturas das
espécies dominantes, as características do solo, e a precipitação
média anual.
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1975 – Soil taxonomy. Washington, D. C. Agriculture
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SOUZA, Marcos José Nogueira de
1975 – Geomorfologia do vale do Choró-Ce. São Paulo.
121 p. IG. USP. (Teses e Monografias, 16).
SUDENE.
- Dados pluviométricos mensais “in natura”. Recife,
Divisão de Recursos Naturais, s.d.
VAREJÃO-SILVA, Mário Adelmo.
- Zoneamento agroclimático do Estado da Paraíba.
Universidade Federal da Paraíba/Secretaria da Agri-
cultura e Abastecimento. (No prelo).
_______________________________
MARIA ANGÉLICA FIGUEIREDO GOMES – Professora Doutora do Depar-
tamento de Botânica da Universidade Federal do Ceará – Fortaleza.
Transcrição do capitulo de introdução da Tese de Mestrado “Padrões de Caa-
tinga nos Cariris Velhos, Paraíba”, apresentada à Universidade Federal de
Pernambuco (Recife, 1979).
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144
OS CARIRIS VELHOS:
Condicionamentos Climáticos
Maria Angélica Figueiredo Gomes
A análise do clima atual da Micro-Região dos Cariris
Velhos foi baseada em registros pluviométricos, relativos ao
período de 1911 a 1967 (SUDENE, s.d.), em dados de tempera-
tura média, obtidos por regressão múltipla (VAREJÃO-SILVA,
no prelo) e em registros de umidade relativa e temperatura do ar
que foram feitos no campo, durante visitas periódicas à área. As
figuras 5 e 6 mostram, respectivamente, a distribuição da preci-
pitação e temperaturas médias anuais para a área de estudo, se-
gundo VAREJÃO-SILVA (no prelo). A complexidade climática
do Nordeste não se traduz em grandes diferenças térmicas mas
resulta de uma extraordinária variedade de pluviosidade, sem
igual em outras regiões brasileiras (NIMER, 1977). A forma de
precipitação pluvial é, no Brasil, a de que mais freqüentemente
se faz registro. Orvalho e nevoeiro, que muitas vezes permitem
o estabelecimento de certas espécies vegetais, não têm sido me-
didos na maioria das regiões brasileiras, inclusive no Nordeste,
de modo que a ocorrência de um e outro só pode ser inferida
pela presença de espécies já conhecidas, em outras áreas, como
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145
sendo influencidas por estas precipitações ocultas. Incluem-se
neste caso, espécies de Tillandsia (T. usneoides L., T. loliacea
Mart. ex Schult e T. streptocarpa Baker).
A figura 4 mostra os totais pluviométricos anuAis para
seis localidades na área dos Cariris Velhos e está baseada em
dados contidos em SUDENE (s. d.). Na organização da Figura
4, as localidades foram colocadas em ordem crescente de longi-
tude, que, ao mesmo tempo, correspondem a um sucessivo afas-
tamento dos maciços que ficam a Leste da área de estudo. Estes
maciços são representados pelas serras do Carnoió, do Monte,
do Falcão e pelo conjunto de serras que servem de limite com
Pernambuco, e o maciço de Taquaritinga (Figura 3).
A análise das figuras 4 e 5 mostra que a precipitação
varia espacialmente na área de estudo, aumentando os totais
anuais à medida que se distancia dos maciços a Leste.
Na análise do regime pluviométrico da área de estudo,
além dos totais anuais indicados na figura 4, deve ser levada em
consideração a variação na médias anuais e mensais de precipi-
tação, representada pelos seus coeficientes de variação (Tabela
1).
ADAZ apud MONTEIRO (1974), fazendo uma avalia-
ção parcial do regime de chuvas no Brasil, refere-se a anomalias
nos totais anuais de precipitação e mostra que estas anomalias
determinaram tanto os anos extremamente secos de 1915, 1919,
1928 e 1951, como os anos muito chuvosos de 1917, 1924, 1931
e 1947 por ele estudados. Esta análise de ALDAZ está confir-
mada, para a área do Cariris Velhos, pelos altos valores dos coe-
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ficientes de variação das médias anuais de precipitação (Tabela
1). Os altos valores dos coeficientes de variação das médias
mensais de precipitação (Tabela 1) indicam, por outro lado, ex-
trema variação na distribuição anual da precipitação.
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148
As chuvas nos Cariris Velhos podem ser explicadas com
base na dinâmica da circulação atmosférica que vem sendo estu-
dada, no Brasil, por SERRA (1953), NIMER (1966), MONTEI-
RO (1969), ANDRADE & LINS (1970) e REIS (1965). No
Nordeste, as chuvas são resultantes de quatro sistemas de cor-
rentes atmosféricas distintos: Sistema de Circulação Perturbada
de Sul, representado por invasões da Frente Polar Atlântica
(FPA); Sistema de Circulação Perturbada de Norte, representado
pelo deslocamento da Convergência Intertropical (CIT); Sistema
de Circulação Perturbada de Leste, representado pelas ondas de
Este (OE), fenômenos dinâmicos que provocam o desapareci-
mento da inversão térmica, nos alíseos subtropicais; Sistemas de
Circulação Perturbada de Oeste, decorrente da linha de instabili-
dades tropicais (IT) (NIMER, 1972). A análise dos pluviogra-
mas, na figura 7, indica maiores valores de precipitação nas
épocas de prevalência da CIT e da FPA, o que indica serem es-
tes sistemas os responsáveis pelo regime de chuvas dos Cariris
Velhos.
A FPA, em seus avanços, atinge o litoral do Nordeste até a
latitude de Natal (MONTEIRO, 1969), provocando o choque
entre massas de ar polar e a massa de ar Tropical Atlântica (TA).
A CIT é de grande importância por contribuir, durante o ano,
com a maior parte das chuvas na área de estudo. Apresenta ori-
entação aproximada L-O e deslocamento na direção NO-SE,
com máximas em março e/ou abril, conforme indicado pelos
valores de precipitação mensal nesses meses (Figura 7).
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149
A massa de ar Tropical Atlântica, de temperatura elevada e
alta unidade específica, é transportada pelos alíseos, atingindo a
faixa oriental do Nordeste. A inversão térmica que separa esta
massa de ar em duas camadas, impedindo a sua mistura, se des-
faz gradualmente em contacto com os ventos da plataforma lito-
rânea, permitindo a ascensão da camada superficial dos aliseos
e, conseqüentemente, a condensação e a precipitação (REIS,
1967). Entretanto, as chuvas provenientes da Massa Tropical
Atlântica verificam-se em sua maior parte, na vertente oriental
da Borborema, atingindo, de forma muito reduzida, os Velhos.
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De acordo com os pluviogramas das localidades na
área de estudo (Figura 7), as chuvas de verão-outono oriundas
do deslocamento da CIT, diminuem de Monteiro para Cabacei-
ras, ou seja de Oeste para Leste.
Observando-se o pluviograma de Cabaceiras, que ocu-
pa a posição mais oriental da área de estudo, pode-se constatar a
influência das chuvas da Massa Tropical Atlântica durante os
meses de junho/julho, determinadas pelo aumento da pressão
atmosférica (SERRA, 1953) e resfriamento dos sistemas inter-
tropicais (MONTEIRO, 1969), ambos os fatos propiciados pela
expansão da Frente Polar Atlântica. Esta (FPA), atinge seu má-
ximo em junho/julho como afirma SERRA (1953): “Somente no
inverno, as altas frias conseguem avançar até as baixas latitu-
des”.
Enquanto as chuvas, devido à CIT, diminuem de Mon-
teiro para Cabaceiras, situação inversa pode ser observada na
Figura 7 onde está indicado que as chuvas provenientes da FPA
diminuem de Cabaceiras para as localidades a Oeste.
Os ventos úmidos, advindos da FPA, têm direção SE-
NO. Considerando a disposição geral da Borborema e seu siste-
ma de drenagem radial, do Rio Grande do Norte e Alagoas, con-
clui-se que os vales escavados na direção de SE são verdadeiros
caminhos à canalização dos ventos úmidos da FPA, favorecendo
a interiorização das chuvas resultantes desta frente.
No que se refere aos níveis escalonados e dissecados
da Borborema, que recebem denominações locais de serras,
mais uma vez, a compartimentação do relevo comanda a distri-
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151
buição pluvial. Os primeiros contrafortes, isto é, as serras pró-
ximas do litoral com orientação NE-SO, recebem maiores totais
pluviométricos. Enquanto a umidade dos níveis atmosféricos
inferiores se detém nos primeiros contrafortes que encontram,
quando se deslocam de Sudeste para Noroeste, os níveis atmos-
féricos superiores conseguem interiorizar-se, precipitando-se
nos maciços mais altos localizados, ainda, fora da área de estu-
do, tais como as serras de Boqueirão, Oratório, Boa Vista, Ca-
chimira e Umburanas, na divisa Paraíba-Pernambuco. A pene-
tração de ventos úmidos de SE, ao longo dos vales, de orienta-
ção SE-NO, beneficia vertentes a barlavento, enquanto as ver-
tentes opostas permanecem secas, como foi indicado por AN-
DRADE-LIMA (1972) ao analisar a vegetação do Agreste de
Pernambuco.
A interceptação da chuva da FPA, pelas serras situadas
a Leste da área de estudo, pode ser constatada quando se compa-
ram os pluviogramas dos postos de Cabaceiras e de Carnoió
(Figura 7, Tabela 1).
Cabaceiras está localizada imediatamente a sotavento
da serra do Carnoió (900 m de altitude), e por esta razão recebe
menos chuvas de Inverno determinadas pela FPA do que o posto
de Boqueirão (Carnoió) que se encontra apenas a 30 km leste de
Cabaceiras, mas a barlavento da serra da Carnoió.
De um modo geral, a distribuição pluviométrica, indi-
cada na Figura 7, mostra a ocorrência de um período chuvoso e
outro seco. As localidades estudadas podem ser divididas em
dois grupos: aquelas em que as precipitações mensais ultrapas-
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152
sam 100mm nos meses mais chuvosos (Monteiro, Sumé e São
João do Tigre) e aquelas onde as precipitações não atingem es-
ses valores (São João do Cariri, Caraúbas e Cabacerias). O pri-
meiro grupo (Monteiro, Sumé e São João do Tigre) situa-se em
posição mais ocidental, apresentando máximas de precipitação
em março-abril, período de atuação da CIT. O segundo grupo
(São João do Cariri, Caraúbas e Cabaceiras) localiza-se em po-
sição mais oriental e as máximas ocorrem, também, no mesmo
período e as chuvas têm a mesma origem, porém, com valores
mais baixos, assim como menores totais anuais de precipitação .
Um outro elemento na análise do clima da área de es-
tudo foi a temperatura. Os dados empregados constam da Tabela
2 e foram obtidos por VAREJÃO-SILVA (no prelo), usando a
técnica de regressão múltipla.
As temperaturas médias anuais variam entre 23° C e
24° C. As mínimas foram encontradas em Santa Maria e São
João do Tigre com 19,5° C e 20,5° C, enquanto as máximas es-
tão no núcleo térmico de São João do Cariri-Cabaceiras com 26°
C e 25,8° C.
As amplitudes conservam-se em torno de 3° C a 5° C,
o que também se observa para outras áreas de sertão com tempe-
raturas mais elevadas.
Uma análise das condições meteorológicas da área de
estudo, por ocasião da amostragem da vegetação, pode ser feita,
com base nos registros diários de umidade relativa e temperatura
do ar, na Figura 8. As localidades representadas (Figura 8) são
Jureminha, no município de Ouro Velho, e Ligeiro, no municí-
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153
pio de Serra Branca, nos dias 19 e 22/3/1977. Foram encontra-
das diferenças nos dados meteorológicos, aqui analisados, entre
as duas localidades estudadas. Jureminha apresentou uma tem-
peratura mínima de 21° C, das 4 às 6 horas, enquanto a tempera-
tura mínima registrada em Ligeiro foi apenas de 24° C, com um
período de duração maior que o da área anterior, 0 às 7 horas.
As máximas em Jureminha foram 32° C, às 13 horas, e, em Li-
geiro 34° C, às 15 horas.
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A umidade relativa, em Jureminha, oscilou entre 40%,
das 14 às 16 horas, e 78% das 2 às 6 horas, declinando, rapida-
mente, durante o dia. Na localidade de Ligeiro, a umidade
relativa desceu a 30% entre 14 horas e 30 minutos e 17 horas,
atingindo a 68% entre 4 e 7 horas. Admita-se que o período de
maior secura é aquele em que a linha da umidade relativa passa
abaixo da linha da temperatura. Nesse caso, considerando-se o
intervalo entre os pontos de interseção das linhas, observa-se
para Ligeiro, maior duração e intensidade do período seco, na-
quele dia, sendo a intensidade entendida pelo afastamento verti-
cal entre as linhas na porção superposta.
BIBLIOGRAFIA
ANDRADE, G. O. (e) LINS, R. C. 1970 – Os climas do Nordes-
te. In: VASCONCELOS SOBRINHO, J. As regiões naturais do
Nordeste; o meio e a civilização. Recife, Conselho de Desenvol-
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ONAL DE BOTÂNICA. 23, Garanhuns, 1972. Anais…, Recife,
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MONTEIRO, Carlos Augusto Figueiredo. 1969 – A frente polar
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sil. São Paulo, USP, 68 p. (Instituto de Geociências. Teses e
Monografias, 1).
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1974 – A compreensão do sistema climático regional do Nordes-
te brasileiro. Reunião de estudos sobre o trópico semi-árido.
Fortaleza, S.ed. 34 p. Mimeografado.
NIMER, Edmon. 1966 – Circulação atmosférica do Brasil. Re-
vista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, 28 (3): 232-50.
1972 – Climatologia da região nordeste do Brasil; introdução à
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1977 – Clima. In: FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO
DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Geografia do Brasil. Re-
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REIS, A. C. de Souza. 1975 – Clima da caatinga. Anais da Aca-
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SERRA, Adalberto. 1953 – Circulação superior. Revista Brasi-
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co do Estado da Paraíba. Universidade Federal da Paraí-
ba/Secretaria de Agricultura e Abastecimento (No prelo).
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159
VEGETAÇÃO DOS CARIRIS VELHOS,
NO ESTADO DA PARAÍBA
Maria Angélica Figueiredo Gomes
Os resultados da análise da vegetação das dez comuni-
dades amostradas, com as cinco repetições para cada uma delas,
foram colocados em tabelas especiais, reproduzidas no presente
trabalho. Enquanto uma delas contém os dados de densidade, a
outra encerra os dados de altura.
As áreas amostradas, no estudo da vegetação, foram
devidamente codificadas. Os nomes vulgares e científicos das
espécies encontradas na área foram devidamente relacionados.
Os dados médios de densidade e altura para as comunidades
amostradas têm importância básica para a caracterização do tipo
regional das caatingas. Tais estudos poderão servir, mais tarde,
de parâmetro para estudos similares em outras áreas do Nordeste
Seco.
Os dados de densidade foram empregados para compu-
tar o grau de relacionamento entre as comunidades amostradas,
com base no Índice de Semelhança de SORENSEN apud OLI-
VEIRA (1979) e os resultados correspondentes foram represen-
tados, em particular.
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A técnica de ordenação polar (BRAY (e) CURTIS,
1957; POOLE, 1974) foi usada para ordenar as comunidades
amostradas, a partir do grau de semelhança entre elas (Tabela 6).
O resultado da ordenação polar pode ser visto na figura
9. Ao longo do eixo dos x, a ordenação foi feita tomando como
limites as comunidades de menor semelhança, isto é, as comuni-
dades entre os extremos representados por A1 (Ouro Velho, Faz.
Pau D’Arco, lugar Aroeira) e A10 (Cabaceiras, Faz. Cancela).
Ao longo do eixo dos y, a ordenação foi feita entre o par de co-
munidades de menor semelhança situada na região mediana do
eixo dos x, isto é, A2 (Ouro Velho, Faz. Pau d’Arco, lugar Aro-
eira) e A3 (Ouro Velho, Faz. Jureminha).
A avaliação do agrupamento de comunidades para
identificação dos padrões de vegetação através da ordenação
polar foi feita por tentativas. Inicialmente foram escolhidos,
independentemente uns dos outros, vários níveis de semelhança
entre as comunidades, formando-se em cada nível, agrupamen-
tos diferentes. A seguir, a fidelidade dos agrupamentos, forma-
dos para cada nível de semelhança escolhido, foi analisada em
termos de estudo dos dados de análise da vegetação (no caso,
densidade, altura e composição) assim como da realidade obser-
vada no terreno.
O estudo simultâneo da tabela 6 e da figura 9, com ba-
se para análise da formação de agrupamentos entre as comuni-
dades amostradas, permitiu indicar que:
1° - Na ordenação ao longo do eixo dos x, a vegetação
revelou variação continua, formando um gradiente entre as co-
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munidades de A1 e A10, como pode ser visto através da análise
dos índices de semelhança constantes da tabela 6.
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2° - Escolhido um índice de semelhança entre as co-
munidades, com valores superiores a 80%, identificaram-se 10
agrupamentos diferentes, o que corresponde exatamente às 10
áreas amostradas.
3º - As comunidades semelhantes ente si, conside-
rando um índice de semelhança maior do que 70%, corresponde-
ram aos 8 agrupamentos: A1, A2, A3, A4, A9, (A6 + A8), (A5 +
A7) e A10, devendo (A5 + A7) ser considerado tipo transicional
entre (A6 + A8) e A10 (Figura 9 e Tabela 6).
4º - Com um nível de 50% de semelhança entre as co-
munidades, ficaram definidos 5 agrupamentos: A1, A3, (A2 +
A4), (A6 + A7 + A8 + A9) e (A5 + A10), reconhecendo-se (A6 +
A7 + A8 + A9) como tipo transicional entre (A2 + A4) e (A5 +
A10).
A realidade de campo mostrou, entretanto, que o nível
de semelhança de 70% identificou os padrões de vegetação com
maior fidelidade. Por outro lado, uma análise combinada dos
dados nas tabelas 4 e 5 e na figura 10 indica a existência de dife-
renças ente os padrões da caatinga identificados ao nível de 70%
de semelhança. Para esta análise são consideradas como domi-
nantes as espécies de mais alta densidade média no padrão. En-
tretanto, o marmeleiro reconhecido como planta invasora nas
comunidades abertas, não foi incluído entre estas espécies do-
minantes, embora tenha sido utilizada para o estabelecimento da
nomenclatura dos padrões de caatinga.
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A análise dos dados nas tabelas 4 e 5 e na figura 10
mostrou que:
A1 tem aroeira (Astronium urundeuva Engl.) como
dominante (Tabela 4).
A3 apresenta dominância de catingueira (Caesalpinia
pyramidalis Tul.) e aroeira.
A2 as dominantes são mororó (Bauhinia cheilanta
Steud) e catingueira.
As dominantes de A4 são catingueira e Jurema de em-
bira (Mimosa sp.), com densidades relativamente altas de Bro-
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meliaceae e Cactaceae, representadas por macambira (Bromélia
laciniosa Mart.), a palmatória (Opuntia palmadora Britton et
Rose) e quipá (Opuntia inamoena K. Sch.).
As comunidades amostradas em A1, A2, A3 e A4 apre-
sentam, além das diferenças encontradas nas tabelas 4 e 5, alta
densidade de aroeira de grande porte (12 a 15 m) em A1, assim
como a presença de braúna (Schinopsis brasiliensis Engl.), tam-
bém de porte arbóreo (16 m) visto na Prancha 2-A, assegurando
ao padrão o aspecto florestal. Por outro lado, a fisionomia pró-
pria de florestas em A2, é caracterizada pela presença de aroeira
e complementada, principalmente, por angico monjolo (Pipta-
denia zehntneri Harms), que atinge 15 m de altura.
Ambas as localidades – A1 e A2 – situam-se, aproxi-
madamente, a 800m de altitude, em terrenos de relevo ondulado,
com afloramentos de rocha em forma de matacões.
A3 situa-se em amplas chapadas arenosas, a 700m de
altitude. O seu aspecto florestal, embora não tão característico
como em A1 e A2, é assegurado principalmente pela ocorrência
de catingueira e aroeira. Burra leiteira (Sapium sp.), embiratanha
(Pseudobombax sp.) e pereiro (Aspidosperma purifolium Mart.),
mesmo com densidades baixas, contribuem com porte seme-
lhante ao da catingueira e ao da aroeira, para a identificação de
uma fisionomia do tipo florestal, com predominância de indiví-
duos em torno de 7m.
A umburana vermelha (Bursera leptophloeos Engl.)
destaca-se nas três localidades – A1, A2 e A3 – sendo ausente em
A4, e se faz notar, principalmente, pela espessura de seu caules
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tortuosos, além da esfoliação característica do seu ritidoma
(Prancha 1-A). É freqüente a ocorrência de umburana vermelha
nas amostras de A1, A2 e A3. Menor é a freqüência de umburana
de cheiro ou cumaru (Amburana cearensis (Fr. A11) A.C.
Smith), e menor ainda, a da barriguda (Bobaceae) (Prancha 2-
B). Esta planta ocorre em locais onde dá ou houve caatinga ar-
bórea.
A localidade A4, situa-se sobre um serrote, no municí-
pio de Sumé, a 500 m de altitude e tem uma vegetação seme-
lhante à de A2, do ponto de vista das densidades dos indivíduos
arbóreos. São dominantes arbóreos nessa localidade, catingueira
e angico brabo (Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan) e
em A2, catingueira e angico monjolo.
Em todas as localidades com padrões florestais (A1,
A2, A3 e A4), o estrato subarbustivo é constituído por plantas
jovens das espécies presentes nos estratos superiores, além de
palmatória, quipá (Prancha 4-B e 2-B) e jericó (Selaginella con-
voluta Spring) (Prancha 1-C e 1-D).
A9 é uma localidade que apresenta padrão de baixa
densidade e baixo porte, dominado por pereiro e catingueira, o
qual foi encontrado em Barra de São Miguel, nos níveis aplaina-
dos, erodidos por cursos d’água temporários. Em trechos com o
solo quase desnudo, com pouca ou nenhuma retenção de matéria
orgânica, aparecem, aqui e acolá, populações de xiquexique (Pi-
losocereus gounellei (webwe) Byl et Rowl) conhecido, na região
por alastrado. Entre as Cactáceas são encontrados, também, com
muita freqüência, o facheiro (Pilosocereus sp.) (Prancha 1-B),
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principalmente nas pequenas elevações – serrotes – assim como
o mandacaru (Cereus jamacuru P. DC.). Este último ocorre ra-
ramente e com menor porte do que os exemplares encontrados
em A3. As duas foram referidas por ANDRADE-LIMA (1972)
como espécies xerófilas com diferentes níveis de requerimento
hídrico, não sendo comum sua convivência. Nas proximidades
de A9 encontrou-se esta convivência (Prancha 2-C), numa área
de tensão vegetacional correspondente ao encontro das serras do
limite Paraíba-Pernambuco, com a área seca do Cariris Velhos.
As comunidades amostradas em A5, A6, A7 e A8, de
Serra Branca e São João do Cariri, são tipos de vegetação que
foram admitidos, no campo, como semelhantes entre si. Toda-
via, as altas densidades, em ordem crescente de catingueira, ju-
rema de embira e pinhões (Jatropha sp.) determinaram que A5 e
A7 fossem consideradas como componentes de um só padrão
(A5 + A7), distinto de (A6 + A8). Por outro lado, A6 e A8 revela-
ram alta semelhança entre si, aquilatada pelo baixo porte e do-
minância da catingueira, o que permite considerar tais amostras
como pertencentes a um só padrão (A6 + A8). A presença de
trechos de solos sem vegetação, cobertos, muitas vezes, com
pavimento detritico constituído por calhaus de quartzo arestados
e envernizados, é uma constante nas quatro amostras acima refe-
ridas (Prancha 2-D). Tal pavimento é resultante de erosão dife-
rencial da superfície, restando apenas os minerais mais resisten-
tes, sob o clima semi-árido, como já assinalava TRICART
(1959). Juntam-se à paisagem, ora descrita, manchas compactas
de Cactaceae e Bromeliaceae, com maior freqüência de xiquexi-
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que alto (Prancha 4-D). As paisagens com solos em grande parte
descobertos, como essas ora descritas (A5, A6, A7 e A8), princi-
palmente onde se nota presença de xiquexique e macambira,
recebem na região o nome de Cariris. Mesmo nas áreas mais
elevadas de caatinga arbórea sobre solo podzólico (Ouro Velho,
Faz. Pau d’Arco), são notadas, vez por outra, pequenas manchas
de areias brancas, geralmente junto a lajeiros ou matacões, onde
se instalam xiquexique e macambira. Tais áreas são referidas
como manchas de Cariris em meio à caatinga arbórea.
Em São João do Cariri e Serra Branca, nas localidades
A5, A6, A7 e A8, a vegetação, de um modo geral, apresenta baixo
porte, freqüentemente com indivíduos anões em solos bastante
erodidos, os quais, em outras áreas de solos mais profundos, se
apresentam como árvores. Este fato pode ser constatado em re-
lação ao pereiro (Prancha 3-B) é à caraibeira (Tabebuia caraiba
Bur.) (Prancha 2-D) que convivem na mesma comunidade
(Prancha 3-A).
A10, localidade do município de Cabaceiras, se caracte-
riza, em geral, pela presença de plantas de baixo porte e de uma
densidade mais alta, quando comparada com as das outras co-
munidades. É dominada por pereiro e com altas densidades de
catingueira, jurema de embira e pinhão. Pereiro apresenta uma
característica particular em sua morfologia externa, observada
na área de estudo apenas nos locais mais secos, resultando para
a planta um habito diferente daquele que lhe é próprio em outros
meios. Seu porte atinge cerca de 2 m, tendo o caule, em sua ba-
se, ramificações paralelas ao nível do solo, e um eixo vertical
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com ramificações na parte superior que configuram uma copa
(Prancha 5) (ANDRADE-LIMA, no prelo).
Observou-se, nas áreas mais secas dos Cariris Velhos,
que os ramos e folhas caídos são “mumificados” em conseqüên-
cia das altas temperaturas e falta de umidade no solo. De um
modo geral, este material mumificado é transportado pelo vento
para níveis inferiores do terreno, no período seco, ou pelo esco-
amento em lençol por ocasião das chuvas torrenciais. Assim, as
ramificações inferiores do pereiro favorecem o aprisionamento
das folhas caídas, facilitando sua incorporação ao solo, pelo me-
nos junto à planta (ANDRADE-LIMA, no prelo).
Em A10, a seca edáfica contrasta com a umidade at-
mosférica indicada pela ocorrência das Tillandsia. Tal gênero de
plantas é representado nos Cariris Velhos na condição de epífita
por T. streptocarpa Baker, T. loliacea Mart. ex Schult e T. re-
curvata L. Estas espécies convivem, em geral, nos Cariris Ve-
lhos, mas em Cabaceiras foram observadas com maior abundân-
cia (Prancha 3-C), inclusive sobre as linhas de tensão, de onde
são retiradas periodicamente.
A comunidade amostrada em A10, contém alguns ele-
mentos da flora de todas as outras estudadas. Estes elementos,
entretanto, quando presentes em A10, têm quase sempre um me-
nor porte do que nas amostras de A1, A2, A3 e A4. A redução no
porte das plantas permite que a área de A10, seja ocupada por um
maior número de indivíduos do que a área das comunidades
florestais, o que justifica maior densidade em A10 do que em A1,
A2, A3 e A4, para os indivíduos commais de 5,0 cm de diâmetro.
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Comparando-se os padrões A10 e (A5 + A7), observa-se
que eles têm muitos aspectos em comum. Eles são semelhantes
em porte e densidade de catingueira, assim como nas altas den-
sidades de jurema de embira e pinhão, já discutidos anterior-
mente. No entanto, os critérios que se seguem levam à distinção
entre os dois padrões.
O padrão de (A5 + A7) apresenta uma densidade global
mais baixa e menor número de espécies em relação a A10.
Ao nível de 70% de semelhança, (A5 + A7) tem ele-
mentos que constituem um elo entre (A6 + A8) e A10, podendo
por isto ser considerado transicional entre os dois outros.
Os padrões de vegetação identificados na área de estu-
do, ao nível de 70% de semelhança, constam na Tabela 7.
A interpretação da ordenação polar (Figura 9) foi feita
por meio de um estudo de correlação linear entre as coordenadas
das comunidades nos eixos da ordenação, as características do
solo, e precipitação (Tabela 8).
Foi feito também um estudo de correlação linear entre
as características das espécies dominantes e as coordenadas das
comunidades nos eixos da ordenação, características do solo, e
precipitação. Os resultados do estudo entre as coordenadas das
comunidades nos eixos da ordenação, precipitação e caracterís-
tica do solo, podem ser vistos na Tabela 9, enquanto a Tabela 10
mostra as correlações com as espécies dominantes. Os dados da
Tabela 8 mostram que a ordenação das comunidades ao longo
do eixo dos x está significantemente correlacionada com preci-
pitação, e ao longo do eixo dos y, com textura do solo. As den-
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173
sidades e alturas médias das espécies dominantes (Tabela 10) se
correlacionam significantemente apenas com a ordenação ao
longo do eixo dos x e com precipitação. Têm mais baixa densi-
dade e mais alto porte as comunidades nas áreas de maior preci-
pitação, onde a vegetação é arbórea, em contrate com a vegeta-
ção arbustiva das áreas de menor precipitação.
Estes fatos indicam que a precipitação é o fator mais
importante na determinação do gradiente da vegetação. Entende-
se por que a textura do solo, responsável pelo armazenamento da
água a ser utilizada pelas plantas, não determina um gradiente na
vegetação, quando se atenta para os baixos níveis de precipita-
ção na área de estudo. Embora a capacidade de água disponível
do solo varie com a textura, esta capacidade é apenas uma po-
tencialidade e não será exercida se a precipitação não for sufici-
ente para suprir a água a ser armazenada no solo. Assim, dife-
renças de textura dos solos da área de estudo não são significan-
tes para determinar um gradiente na vegetação.
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Os resultados do estudo de correlação para a ordenação
polar confirmam ANDRADE-LIMA (1966) que diz ser “a caa-
tinga arbórea pouco densa” e que a caatinga arbustiva “é, ora
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densa, ora esparsa, dependendo muito das condições de solo,
sem no entanto fugir às variações climáticas”.
Conclusões
Como resultado do estudo da vegetação e de alguns de
seus fatores condicionantes na região dos Cariris Velhos (Paraí-
ba), depreende-se que:
1. A micro-região dos Cariris Velhos, constitui uma
área elevada ligeiramente embutida nos níveis mais altos do
Planalto da Borborema, apresentando no centro, terrenos entre
400m e 600m de altitude, circundados por elevações que atin-
gem em média 900 m. As maiores elevações dispõem-se na di-
visa entre os Estados da Paraíba e Pernambuco, chegando a pou-
co mais de 1.100m.
2. A precipitação média anual, mesmo nos locais onde
atinge maiores totais, não chega a 600mm, alcançado, em Caba-
cerias, somente 246mm. As características das espécies encon-
tradas na área de estudo, bem como os tipos de comunidade, se
correlacionam significantemente com os valores da precipitação
média anual. As temperaturas médias anuais giram em torno de
23°C a 25°C. A amplitude térmica diária (11°C), assim como as
diferenças nos valores extremos diários da umidade relativa
(38%), são elevadas, tanto para as áreas com maior precipitação
como para as áreas mais secas.
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3. De um modo geral, o mosaico de solos assim se dis-
põe: Solos Litólicos Eutróficos, predominantemente, nos terre-
nos elevados ao Sul e a Oeste; Bruno Não Cálcico nos Terrenos
menos elevados que atingem o centro da área; Vertisol no ex-
tremo Leste e Nordeste dos Cariris Velhos. Os mesmos solos
foram assinalados sob diversos padrões de caatinga.
Os solos pelas suas características consideradas (per-
meabilidade, espessura de camada superficial e textura), não se
correlacionam com os tipos de comunidade, nem com as carac-
terísticas das espécies encontradas.
4. A área estudada apresenta apenas vegetação de Caa-
tinga. Considerou-se como pertencentes a um mesmo padrão as
comunidades que, pelo Índice de SORENSEN apud OLIVEIRA
(1979), apresentam 70% ou mais de semelhança. Foram identi-
ficados oito padrões desta vegetação.
BIBLIOGRAFIA
ANDRADE-LIMA, Dárdano de
- Crescimento anômalo de Aspidosperma pyrifolium.
(No Prelo).
1966 – Vegetação. In: IBGE. CONSELHO NACIONAL
DE GEOGRAFIA . Atlas nacional do Brasil. Rio de
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Southern Wisconsin. Ecological Monographs,
Durham, 27 (4): 325-49.
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1979 – Characterization of range sites. Tucson. USA. 105
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Resources, Universidade of Arizona.
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Mc Graw Hill, 535 p.
TRICART, Jean
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189
EMBRAPA
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA
Vinculada ao Ministério da Agricultura
RETORNO DO INVESTIMENTO EM PESQUISA FEITA
PELA EMBRAPA:
CONTRIBUIÇÃO AO CONTROLE DOS EFEITOS DA
SECAS NO NORDESTE
Francisco Tarcizio Goes de Oliveira
João Batista da Silva
(Técnicos do Departamento de Difusão de Tecnologia – DDT)
Departamento de Informação e Documentação
Brasília, DF
1981
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1. O PROBLEMA DA ÁGUA NO NORDESTE
O Nordeste brasileiro, de acordo com a SUDENE,
abrange uma área de 164 milhões de hectares, formada pelos
Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio
Grande do Norte, Ceará, parte do Maranhão e norte de Minas
Gerais.
Com uma população em torno de 40 milhões de habi-
tantes, essa região é considerada como a maior concentração de
pobreza do Brasil e da América Latina. Cerca de 41% da popu-
lação e 52% da terra estão localizadas na chamada zona semi-
árida, no Sertão, onde a irregularidade nas precipitações pluvi-
ométricas tem se constituído, ao longo dos anos, no maior entra-
ve ao desenvolvimento.
Os problemas de seca que ocorrem comumente no
Nordeste são decorrentes muito mais de irregularidades na dis-
tribuição das chuvas do que, propriamente, da sua escassez.
Embora o volume de chuvas caídas anualmente na região seja
elevado (cerca de 700 bilhões de m³), as chuvas concentram-se
num período muito curto, e sofrem variações cíclicas aleatórias.
Em função destes aspectos, a atividade agrícola nessa região
apresenta nível de risco mais elevado que nas demais regiões do
País.
Colaboraram, na elaboração deste trabalho, os pesquisadores Aderaldo de
Souza Silva e Everaldo Rocha Porto, ambos do Centro de Pesquisa Agrope-
cuária do Trópico Semi-Árido. EMBRAPA – CPATSA.
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A análise de longas séries de dados pluviométricos
identificou a tendência do efeito cíclico das secas no Trópico
Semi-Árido Nordestino, o qual corresponde a aproximadamente
treze anos, sendo os sete primeiros anos com tendência à preci-
pitação anual esperada crescente e os últimos 6 anos descrescen-
te.
Além da irregularidade com que as chuvas ocorrem, o
volume d’água caído anualmente na região é subaproveitado. Do
total da precipitação pluviométrica anual, 700 bilhões de m³,
642,6 bilhões de m³ são consumidos pelo fenômeno da evapo-
transpiração e cerca de 36 bilhões de m³ são desperdiçados, em
virtude do escoamento superficial das águas para os rios e destes
para o mar.
Freqüentemente o Governo cria programas de emer-
gência e faz grandes transferências de recursos de outros setores
para atender os problemas da seca no Nordeste. Importâncias
vultuosas têm sido gastas, ano após ano, para amenizar os pro-
blemas sociais e econômicos que surgem por ocasião das gran-
des estiagens que se verificam na região.
Só em 1980, o Governo investiu, a fundo perdido, na
região semi-árida do Nordeste, cerca de 9 bilhões de cruzeiros,
sem contar os recursos que foram destinados aos Programas
Especiais de Desenvolvimento Regional e a vários outros pro-
gramas emergenciais.
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2. AS POLÍTICAS ADOTADAS PELO GOVERNO PARA
SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS DA SECA NO NORDESTE
A tentativa de solução do problema de água no Nor-
deste já é histórico e tornou-se uma constante nos programas
governamentais. Durante muito tempo todos os esforços do Go-
verno se concentraram na tentativa de armazenar o maior volu-
me de água possível na região, através da construção de açudes.
Hoje existem no Nordeste cerca de 70.000 açudes, entre públi-
cos e privados, que acumulam aproximadamente 20 bilhões de
m³ de água. Desse total, 257 são públicos e armazenam um vo-
lume de 11,5 bilhões de m³, excluindo o lago de Sobradinho.
Todo esse esforço, no entanto, não foi suficiente para
resolver o problema da falta d’água na região, principalmente
porque: a) na construção desses açudes não se levou em conta a
distribuição espacial dos mesmos; b) não se pensou na utilização
racional e adequada desse imenso volume de água armazenado;
c) a pesquisa não dispunha ainda de tecnologias capazes de via-
bilizar o uso desse potencial hídrico, independente de sua locali-
zação, nas propriedades agrícolas.
Atualmente, a estratégia de ação que vem sendo adota-
da pelo Governo para a solução dos problemas do Nordeste, tem
por objetivos a) promover o aproveitamento racional dos recur-
sos de solo e água da Região, proporcionando ao pequeno pro-
dutor rural o acesso à terra, e, concedendo-lhe, ao mesmo tem-
po, o apoio técnico, financeiro e administrativo, necessário ao
desenvolvimento da sua produção e elevação dos níveis de pro-
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dutividade; b) desenvolver a agroindústria nordestina, com ênfa-
se em mecanismos de apoio ao pequeno produtor rural, mor-
mente no que se refere ao crédito especializado e apoio tecnoló-
gico, com prioridade para projetos com utilização intensiva de
mão-de-obra e uso de matéria prima agropecuária produzida na
região.
As ações do governo na Região estão sendo desenvol-
vidas através dos Programas Especiais de Desenvolvimento Re-
gional: POLONORDESTE; Projeto Sertanejo; Programa de Irri-
gação; Programa de Desenvolvimento da Agroindústria do Nor-
deste; Programa de Aproveitamento de Recursos Hídricos do
Nordeste; Programa de Apoio às populações Pobres das Zonas
Canavieiras do Nordeste, executados por órgãos de atuação re-
gional, como: SUDENE; DNOCS; BNB; CODEVASF; DNOS,
além do Sistema de Pesquisa e de Extensão Rural, coordenados
pela EMBRAPA e EMBRATER. Apenas para a execução dos
Programas Especiais de Desenvolvimento Regional estão pre-
vistos, para o exercício de 1981, recursos da ordem de Cr$ 23,1
bilhões. Ressalta-se que, além da execução dos programas espe-
ciais, estes órgãos possuem programações próprias.
Um dos mais importantes instrumentos de política
econômica aprovado pelo Governo Federal, para a região, em
1979, é o Programa de Aproveitamento de Recursos Hídricos do
Nordeste. Envolvendo recursos para o período de 1979/1981, da
ordem de Cr$ 9,9 bilhões, esse programa tem como objetivo
básico o aproveitamento da infra-estrutura existente, como ins-
trumento complementar às ações que vêm sendo desenvolvidas
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nos diversos programas especiais da área, como o POLO-
NORDESTE, Projeto Sertanejo e o Programa de Irrigação. Para
o ano de 1981, o Governo prevê, para o Nordeste, uma aplicação
de recursos da ordem de 101,9 bilhões.
3. OS TRABALHOS DE PESQUISA DESENVOLVIDOS
PELA EMBRAPA
Visando à solução dos problemas que ocorrem fre-
qüentemente no Nordeste, a EMBRAPA vem desenvolvendo
nos últimos 5 anos um intenso programa de pesquisa, no sentido
de gerar e/ou adaptar tecnologias compatíveis com as limitações
e potencialidades da região, e que possam evitar ou minimizar
os efeitos das secas e permitir um maior desenvolvimento da
agricultura.
Esse programa de pesquisa vem sendo desenvolvido
pelo Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido
(CPATSA), localizado em Petrolina, Pernambuco, e tem como
objetivos:
a) identificar problemas que constituem obstáculos ao de-
senvolvimento agropecuário regional, buscando solu-
ções mediante o emprego de tecnologia compatível com
o ambiente semi-árido;
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195
b) desenvolver trabalhos de pesquisa na região, visando à
modernização e expansão do setor agropecuário nas
condições de pluviometria natural e sob irrigação, em
consonância com a política e a orientação dos progra-
mas governamentais;
c) estudar e desenvolver melhores condições dos recursos
disponíveis de modo a proporcionar maiores retornos à
mão-de-obra e ao capital ocupados no setor agropecuá-
rio;
d) identificar e melhorar espécies vegetais nativas com po-
tencial econômico, considerando a possibilidade de in-
trodução de novas espécies; e
e) desenvolver sistemas de produção compatíveis com as
condições físicas, biológicas e econômico-sociais da
zona seca.
O programa desenvolvido pelo CPATSA está consubs-
tanciado nos seguintes projetos: Avaliação Técnico-Econômica
de Modelos de Exploração Agrícola; Inventário de Recursos
Naturais e Sócio-econômicos; Desenvolvimento de Sistemas de
Produção para Áreas Irrigadas; Desenvolvimento de Sistemas de
Produção para Áreas de Sequeiro e Manejo de Caatinga.
Resultados excelentes têm sido alcançados a parir dos
trabalhos que estão sendo desenvolvidos. Sistemas de produção
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desenvolvidos para áreas irrigadas permitiram aumentos de pro-
dutividade de ordem de 150% no cultivo de cebolas. A produti-
vidade média do melão irrigado por meio de sulcos aumentou
200% quando cultivado sob irrigação por aspersão e 430%
quando se utilizou a irrigação por gotejamento. Em condições de
irrigação adequada, a produtividade de cana-de-açúcar atingiu
180 t/ha.
O manejo da Caatinga, visando ao seu aproveitamento
agrícola, trouxe uma grande contribuição em termos de suple-
mentação alimentar para os rebanhos no período seco, destacan-
do-se, nesse particular, o capim Buffel, que mostrou-se plena-
mente adaptado à região e, em forma de feno, foi capaz de for-
necer os melhores índices de ganho de peso aos rebanhos de
caprinos e ovinos. Outras espécies de forrageiras exóticas foram
introduzidas na Caatinga e algumas dessas espécies produzem
mais de 10 toneladas de matéria seca por hectare.
Em virtude da insuficiência de equipamentos agrícolas
motorizados e da baixa produtividade da mão-de-obra em pro-
priedades totalmente dependentes de equipamentos manuais ou
à tração animal, de baixo rendimento, implementou-se a cons-
trução e/ou adaptação de equipamentos agrícolas capazes de
aumentar a produção da mão-de-obra rural.
O multicultor, por exemplo, é um equipamento para
mecanização agrícola, à tração animal, adaptada pelo CPATSA,
que se presta às operações de campo à semelhança de um trator,
e que responde perfeitamente às necessidades da região, por ser
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um implemento extremamente versátil, de baixo custo, podendo
ser construído nas oficinas locais. (1)
Muitos outros resultados de pesquisa que já estão sen-
do colocados à disposição dos agricultores, permitem melhorar
consideravelmente os níveis de produtividade, contribuindo ao
mesmo tempo para a modernização da agricultura na região.
No entanto, dentre as diversas atividades de pesquisa
que estão sendo desenvolvidas pelo CPATSA, destacam-se
aquelas que visam à otimização do uso dos recursos edáficos e
hídricos, os quais determinam os dois enfoques básicos de qual-
quer Programa de Desenvolvimento Agrícola para a região, que
são: redução das perdas de água de chuva por escoamento super-
ficial, evitando que se perca parte dos 36 bilhões de m³, anual-
mente; e manejo adequado das águas armazenadas em reservató-
rios superficiais ou subterrâneos através de técnicas conservaci-
onistas adequadas às condições semi-áridas do Nordeste.
Neste trabalho relatam-se, com base em resultados de
pesquisa já comprovados, os benefícios que poderiam ser conse-
guidos com a utilização das tecnologias geradas pela EMBRA-
PA, que permitem a irrigação a baixo custo em pequenas áreas,
e que já estão sendo difundidas entre os agricultores da região,
em trabalho conjunto com a Extensão Rural. A utilização dessas
tecnologias permite estabilizar a produção agrícola em pequenas
áreas, e/ou aumentar a área explorada através dos chamados
(1) Os benefícios obtidos com o resultado dessa pesquisa serão analisados em
outro trabalho desta série.
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métodos não convencionais de irrigação, e de sistemas de apro-
veitamento racional de água, dotando as propriedades agrícolas
de uma infra-estrutura capaz de torná-las resistentes aos efeitos
das estiagens prolongadas.
Essas tecnologias já estão sendo utilizadas a nível de
produtor rural em dez núcleos do Projeto Sertanejo, localizados
em Irecê-BA, Poço Redondo-SE, Valença-PI, Jaicós-PI, Iguatu-
CE, Caicó-RN, Picuí-PB, Santa Luzia-PB, Ouricuri-PE e Serra
Talhada-PE.
4. TECNOLOGIA RECOMENDADA PELA EMBRAPA –
UMA ALTERNATIVA PARA CONTROLE DOS EFEITOS
DA SECA NO NORDESTE
Antes de entrarmos na descrição das alternativas tecno-
lógicas, julgamos necessário esclarecer alguns conceitos básicos
que serão utilizados ao longo deste trabalho, tais como: pequena
irrigação; irrigação convencional; irrigação não-convencional;
irrigação de salvação e métodos não-convencionais de irrigação.
Pequena Irrigação – Irrigação conduzida a nível de
propriedade agrícola, através de qualquer método de aplicação
de água em áreas ao redor de 5ha, utilizando-se infra-estrutura
simples e manejo criterioso da água.
Irrigação Convencional – Irrigação conduzida em
áreas pequenas ou grandes, através dos métodos tradicionais de
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199
aplicação de água, onde a disponibilidade de recursos hídricos
permite uma aplicação mais freqüente e controlada de água, para
atender completamente, se necessário, aos requerimentos de uso
consecutivo das culturas. Neste caso o objetivo da irrigação se-
ria garantir e aumentar a produtividade agrícola, adotando-se um
manejo condizente com o método empregado e o nível de tecno-
logia utilizado.
Irrigação não-Convencional – Irrigação conduzida a
nível de propriedade agrícola, através de qualquer método de
aplicação de água, em áreas geralmente inferiores a 2ha, com
recursos hídricos escassos, visando a estabelecer e/ou incremen-
tar, principalmente, as produções dos sistemas de cultivo co-
mumente explorados no Nordeste do Brasil, com um manejo
racional adequado aos fatores limitantes com que convive o pe-
queno agricultor.
Irrigação de Salvação – Irrigação suplementar efetuada
através da aplicação de pequenas lâminas d’água, normalmente
inferiores a 30mm, para atender o requerimento mínimo de água
das culturas, após as mesmas terem sofrido consideráveis défi-
cits hídricos. Essa suplementação de água visa a garantir uma
produção mínima necessária para suprir as necessidades alimen-
tares dos produtos rurais da região semi-árida.
Métodos não-Convencionais de Irrigação – Métodos
simples de aplicação de água, que utilizam material e mão-de-
obra regionais, de fácil manejo e alta eficiência de uso de água
capazes de estabilizar e/ou incrementar, principalmente, a pro-
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200
dução de culturas alimentares (milho e feijão) em pequenas
áreas, de até cerca de 1ha, com recursos hídricos escassos.
A tecnologia recomendada pela EMBRAPA, para mi-
nimizar os efeitos das estiagens prolongadas no Nordeste, fun-
damenta-se no aproveitamento de água de chuva proveniente do
escoamento superficial e na utilização de métodos não conven-
cionais de irrigação que requerem menores quantidades de água.
Com base nos resultados de pesquisas realizadas pelo
CPATSA, a EMBRAPA coloca à disposição dos agricultores
tecnologias capazes de atenuar os problemas de seca na região
semi-árida do Nordeste, através da utilização das seguintes téc-
nicas: a) sistema de aproveitamento de água do escoamento su-
perficial-SAES; b) sistema de sulcos e camalhões para explora-
ção de vazantes; c) sistema de irrigação que utiliza cápsulas po-
rosas; e d) sistema de irrigação que utiliza potes de barro.
4.1 Sistema de Aproveitamento de Água do Escoamento Super-
ficial-SAES
Tendo-se em conta que aproximadamente 36 bilhões
de m³ de água, provenientes das precipitações pluviométricas, se
perdem anualmente no Nordeste, por escoamento superficial
para os rios e destes para o mar, as pesquisas desenvolvidas pela
EMBRAPA, sugerem, como alternativa para compensar os efei-
tos da intermitência das chuvas na região, o aproveitamento des-
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201
te recurso escasso, através da técnica de captação, armazena-
mento e distribuição da água de chuva.
Essa técnica consiste em captar a água de chuva que
escoa superficialmente, armazenando-a em barreiros, para ser
utilizada de forma complementar em “irrigações de salvação”,
evitando assim a frustração de safras em pequenas áreas, por
ocasião das estiagens prolongadas que ocorrem freqüentemente.
O sistema é extremamente simples e destina-se princi-
palmente aos pequenos e médios produtores. Permite dotar as
propriedades de uma infra-estrutura capaz de minimizar os efei-
tos de secas prolongadas e representa, efetivamente, entre as
alternativas já existentes, uma nova fonte de suprimento de
água.
Para utilização dessa técnica, o agricultor necessita de
três elementos que devem ser construídos de acordo com reco-
mendações técnicas: 1) área de captação; 2) tanque de armaze-
namento ou barreiro; e 3) área de plantio.
A área de captação é uma área localizada acima do bar-
reiro, com declividade variável e limitada por um dique natural
ou artificial de terra que funciona como divisor de água e é des-
tinada a captar água de chuva. De preferência utilizam-se as
áreas de encosta, com solos rasos e pedregosos, que apresentam
declividade superior a 2%.
A área deve ser desmatada e pode ser utilizada para
plantar espécies tolerantes à seca, como capim Buffel, palma
forrageira sombreada com algaroba, algodão, sorgo forrageiro e
mamona, entre outras.
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202
O tanque de armazenamento ou barreiro é uma área
construída abaixo da área de captação, formada por uma peque-
na barragem, que se destina a armazenar a água de chuva escoa-
da da área de captação.
A área de plantio é uma área localizada abaixo do bar-
reiro e se destina à exploração de culturas, preferencialmente
alimentares. Essa área deve ser formada por solos adequados à
agricultura, devendo ser preparada conforme o sistema de sulcos
e camalhões com superfície de 1,2m de largura, limitados late-
ralmente por sulcos de 0,2m de profundidade e 0,30m de largu-
ra. O espaçamento entre sulcos deverá ser de 1,5m, com declivi-
dade variando de 0,4 a 0,8% possibilitando a aplicação de água
nos cultivos durante as irrigações de salvação. O terreno da área
de plantio deverá ter uma declividade entre 0,5 a 5%.
A área de captação é calculada em função do tamanho
da área de plantio que se quer irrigar, da necessidade de água
requerida pelas culturas a serem exploradas, do coeficiente de
escoamento do solo da área de captação e da precipitação pluvi-
ométrica média anual.
Um barreiro com capacidade média 3.000m³ é sufici-
ente, de acordo com os estudos desenvolvidos pelo CPATSA,
para complementar a necessidade de água numa área equivalen-
te a 2 hectares, plantada com culturas alimentares e ocupa uma
área que varia de 0,2 a 0,4ha. A área de captação necessária para
alimentar um barreiro com capacidade de 3.000m³ de água é em
média de 3 hectares. Estes dados estão baseados em experimen-
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203
tos feitos em uma região com precipitação média de 500mm e
coeficiente de escoamento igual a 0,2.
O funcionamento do sistema é extremamente simples.
A água da chuva que escorre da área de captação é acumulada
naturalmente no barreiro. Um tubo condutor, instalado no bar-
reiro, permite a retirada da quantidade de água necessária para
cada irrigação, sem a necessidade da utilização de motobomba,
visto que, a maneira pela qual o barreiro é construído, permite
utilizar a água para irrigação por gravidade.
A água que passa pelo tubo condutor chega à área de
plantio (que está localizada à juzante do barreiro), através de um
canal de terra simples, e daí percorre a área a ser irrigada, atra-
vés dos sulcos construídos de acordo com a declividade reco-
mendada.
Para o cálculo do custo de implantação do SAES, o
CPATSA apresenta quatro alternativas, em função das diferen-
tes condições da área a ser aproveitada e do processo utilizado
para construção:
Alternativa A – A área de captação, o tanque de ar-
mazenamento e a área de plantio são instalados em áreas já cul-
tivadas anteriormente. Este sistema apresenta um custo médio de
implantação, para irrigação de uma área de 2 hectares, de Cr$
128.872,00.
Alternativa B – A área de captação é desmatada ma-
nualmente, sem operação de destocamento. O tanque de arma-
zenamento é construído em área com vegetação de caatinga e
utiliza-se área de plantio já cultivada anteriormente. O custo
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204
médio de implantação deste sistema para irrigar uma área de 2
hectares é de Cr$ 142.204,00.
Alternativa C – A área de captação é desmatada e des-
tocada à máquina. O tanque de armazenamento é construído em
área com vegetação de caatinga e também utiliza-se área de
plantio já cultivada. O custo médio de implantação deste siste-
ma, para irrigar uma área de 2 hectares, é de Cr$ 166.352,00.
Alternativa D – As áreas de captação e de plantio são
desmatadas e destocadas à máquina e o tanque de armazenamen-
to é construído em área com vegetação de caatinga. O custo mé-
dio de implantação deste sistema, para irrigar uma área de 2
hectare, é de Cr$ 178.972,00.
Em todas as quatro alternativas, os custos das opera-
ções envolvendo mecanização agrícola foram baseados nos pre-
ços cobrados pelas patrulhas mecanizadas estaduais.
4.2 Sistema de Sulcos e Camalhões para Exploração de Vazan-
tes
Considerando-se a existência no Nordeste de uma área
potencial de vazantes superior a 150.000 hectares, proveniente
dos açudes, sem considerar os rios e lagos, o CPATSA desen-
volveu uma tecnologia inédita que permite explorar de maneira
mais racional esta áreas.
As vazantes têm sido exploradas de maneiras inade-
quadas, sendo o plantio das culturas feito em covas abertas dire-
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205
tamente no solo, quando o teor de umidade está próximo da sa-
turação.
O sistema desenvolvido consiste na utilização dos ter-
renos potencialmente agricultáveis de açudes, rios e lagos, que
são cobertos pelas águas durante a época chuvosa e que vão
sendo lentamente descobertos à medida que se desenvolve o
período seco.
A recomendação para o aproveitamento dessas áreas
baseia-se na construção de sulcos e camalhões, em curva de ní-
vel, para a execução de “Irrigações de Salvação” através de mo-
tobomba.
A construção dos sulcos e camalhões consiste em mar-
car a linha d’água, que limita a área seca com a bacia hidráulica,
com piquetes espaçados de 10m. Visto que o nível das águas
paradas é perfeito, a linha d’água demarcada estará em curva de
nível. Este primeiro sulco serve de linha básica para o traçado
dos demais.
Os sulcos e camalhões são abertos seguindo a linha
demarcada pelos piquetes, com o uso de enxada ou da tração
animal. A construção de novos sulcos somente deverá ocorrer
quando a lâmina d’água armazenada baixar o suficiente para que
sejam traçados cinco novos sulcos. A determinação do número
ideal de sulcos e camalhões é feita no ano subseqüente à implan-
tação do sistema.
Este sistema proporciona maior aeração e disponibili-
dade mais uniforme de umidade no solo, possibilitando melhor
desenvolvimento do sistema radicular das plantas e melhor
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206
aproveitamento da fertilidade natural do terreno, além de possi-
bilitar a aplicação de “Irrigações de Salvação” quando necessá-
rias. O custo para se implantar esse sistema está em torno de Cr$
90.000,00/ha, incluindo a compra da motobomba e fertilizantes
químicos. As produtividades médias obtidas com esta tecnologia
para as culturas de milho e feijão de corda plantadas isolada-
mente são de 4.000kg/ha e 1.500kg/ha, enquantonestas mesmas
áreas, através da exploração tradicional, as produtividades têm
sido de 1.500kg/ha e 400kg/ha, respectivamente, segundo in-
formações do CPATSA.
4.3 Sistema de Irrigação que Utiliza Cápsulas Porosas
Este é um método não-convencional de irrigação que
utiliza como unidade porosa cápsulas confeccionadas com uma
mistura de argila. A cápsula porosa é uma peça oca, de forma
cônica, com paredes de 0,6 cm de espessura, tem capacidade
para 700cc de água, resistência mecânica à compressão de 5
kg/cm² , possui uma porosidade de 20 a 22% e tem dois bicos
conectores na parte superior. Exige um controle absoluto da
temperatura de queima (1.120°C), razão pela qual só pode ser
fabricada em indústrias cerâmicas.
O sistema consta de uma fonte abastecedora central,
que pode ser uma caixa de cimento amianto, um tonel comum
(com capacidade de 200 litros), um poço, um barreiro, um tan-
que de cimento etc. A fonte abastecedora alimenta um pequeno
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207
reservatório colocado a 0,5m acima do nível do solo, que pode
ser um pote de barro caseiro com capacidade de 10 a 12 litros.
As cápsulas interconectadas e ligadas ao reservatório
de abastecimento (pote) por meio de tubos de polietileno de 1”
de diâmetro são enterradas no solo. Um sistema de bóia instala-
do no reservatório de abastecimento mantém constante o nível
da água no seu interior e controla o abastecimento das cápsulas.
A passagem da água das cápsulas para o solo processa-
se pela diferença de potencial de água existente entre o solo e a
cápsula. A distribuição da água no solo é feita de forma conti-
nua, sendo diretamente proporcional à diferença de potencial
existente entre a água no interior da cápsula e o solo e inversa-
mente proporcional à resistência da cápsula. Além disso, a carga
hidrostática formada pela diferença de altura entre o sistema
instalado e a fonte abastecedora (colocada a 0,5m acima do ní-
vel, do solo), ajuda a liberar a quantidade d’água necessária para
manter o sistema em equilíbrio. A irrigação por este sistema
permite grande economia de água quando comparado aos méto-
dos convencionais de irrigação, uma vez que praticamente não
ocorrem perdas por percolação nem por evaporação.
A água liberada continuamente do interior das cápsulas
para o solos permite a manutenção constante de uma região
úmida, que se forma em torno de cada cápsula, com 60 a 80 cm
de diâmetro, que é chamada de “bulbo molhado”, onde são cul-
tivadas as plantas. As cápsulas são instaladas num espaçamento
de 2,0m x 2,0m. Para irrigar um hectare são necessárias 2.500
cápsulas.
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208
O sistema de irrigação por cápsulas porosas destina-se
principalmente a garantir a produção de culturas alimentares em
pequenas áreas na região semi-árida do Nordeste.
De manejo muito simples e custo de implantação bai-
xo, desde que haja disponibilidade de água para mantê-lo abas-
tecido durante o ano inteiro, ele permite não só a estabilização
do primeiro cultivo nos anos irregulares de chuva, como tam-
bém a realização de cultivos sucessivos durante todo ano, garan-
tindo, portanto, a subsistência nas pequenas e médias proprieda-
des e gerando ainda excedentes comercializáveis.
O custo de implantação de um sistema de irrigação, por
cápsulas porosas para 1 hectare, é de Cr$ 158.500,00, sem inclu-
ir a fonte fornecedora de água. Resultados obtidos pelo CPAT-
SA com a utilização deste método permitiram a obtenção das
seguintes produções por hectare: 47,5 toneladas de melancia,
2,25 toneladas de milho e 1,87 toneladas de feijão, com um con-
sumo de água de apenas 900m³/ha, 1.000m³/ha e 800m³/ha, res-
pectivamente.
Em trabalho conjunto, a EMBRATER e a EMBRAPA
deverão instalar, em propriedades rurais, nas diversas regiões
áridas e semi-áridas no Nordeste, em 1918, 400 unidades de
demonstração deste método não-convencional de irrigação, vi-
sando à difusão e conseqüente adoção dessa tecnologia pelo
maior número possível de produtores rurais.
Esta técnica, apesar de muito importante, apresenta
ainda um inconveniente. Se o sistema sofrer uma parada no seu
abastecimento entre um cultivo e outro, ocorre uma redução na
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209
quantidade de água liberada pelas cápsulas. Portanto é necessá-
rio que o abastecimento d’água seja continuo. Para solucionar
esse problema, o CPATSA está desenvolvendo várias pesquisas
em campo e em laboratórios, cujos resultados deverão, a curto
prazo, sanar esta falha no sistema proposto.
4.4 Sistema de Irrigação que Utiliza Potes de Barro
Este método não-convencional de irrigação obedece o
mesmo principio utilizado no sistema de irrigação por cápsulas,
utilizando como unidades porosas potes de barro cozidos seme-
lhantes aos que os agricultores usam em casa como reservatórios
d’água para beber.
Os potes podem ser fabricados diretamente na comuni-
dade rural pelos artesões locais e não estão sujeitos a controle de
porosidade, a exemplo do que acontece com as cápsulas. No
entanto, é necessário que o pote seja bastante poroso, o que se
pode conseguir adicionando um pouco de serragem ou de esteco
animal (especialmente de eqüinos e muares) à argila, por ocasi-
ão da sua fabricação. Os potes comumente encontrados nas fei-
ras apresentam um baixo índice de porosidade, por receberem
um alisamento interno e externo no final da sua confecção, que
os tornam mais atrativos comercialmente e, portanto, não devem
ser utilizados.
Os potes com capacidade média de 12 a 15 litros
d’água são enterrados no chão, ficando com o gargalo acima do
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210
solo e podem ser utilizados de forma individual, ou conectados
através de tubos de polietileno, como no sistema de cápsulas.
Quando se utilizam potes de maneira isolada, o abastecimento
de água é feito individualmente, em cada pote. No caso de se
utilizarem potes conectados entre si, há necessidade de se ter
uma fonte abastecedora central que deverá ser colocada a 0,5m
acima do nível do solo, e que pode ser uma caixa de cimento
amianto, um tonel comum (com capacidade de 200 litros), um
poço, um barreiro etc.
Entre a fonte abastecedora e cada linha de potes inter-
conectados, existe um pote dotado de um sistema de bóia, que
mantém constante o nível da água no seu interior, controlando
assim o abastecimento e a manutenção do nível d’água nos de-
mais potes. É necessário que a linha de potes esteja em curva de
nível.
A distribuição de água para irrigação se processa de
forma continua e automática, porque a planta, ao retirar água do
solo, provoca uma diferença de potencial de água entre o solo e
o pote e gera uma força de sucção, fazendo com que a água flua
naturalmente do interior do pote para o solo.
Do mesmo modo como ocorre no sistema de irrigação
por cápsulas, a água liberada do interior dos potes para o solo
permite a manutenção de uma região, úmida (bulho molhado) ao
redor de cada pote, com 60 a 80 cm de diâmetro, onde são plan-
tadas as culturas. Os potes são instalados num espaçamento
aproximado de 4,0 x 3,0m. Para irrigar um hectare são necessá-
rios 833 potes.
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211
Este sistema de irrigação é de baixo custo, seu manejo
é extremamente simples, e é recomendado principalmente para
pequenas propriedades. Ele estabiliza a produção de alimentos
em pequenas áreas, possibilitando a realização de cultivos su-
cessivos durante todo o ano, garantindo a subsistência do agri-
cultor e de sua família, gerando ainda excedentes comercializá-
veis.
O custo de implantação de um sistema de irrigação que
utiliza potes de barro interconectados, para 1 hectare, é de Cr$
65.000,00, sem incluir a fonte fornecedora de água. Utilizando a
irrigação pelo sistema de potes, técnicos do CPATSA obtiveram
as seguintes produtividades médias por hectare: 24.990 kg de
melancia; 666 kg de milho e 583 kg de feijão e o consumo de
água foi apenas de 191m³, 176m³ e 149m³ por hectare, respecti-
vamente.
5. METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho consiste, numa
primeira fase, em descrever detalhadamente cada tecnologia
alternativa gerada visando a identificar o seu potencial e estabe-
lecer os seus coeficientes técnicos, que servirão de parâmetros
para as projeções e comparações que serão feitas.
Na parte seguinte, utilizando-se das informações ante-
riormente descritas, faz-se um exercício de projeções mostran-
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212
do-se os custos e os benefícios que poderiam ser obtidos com
utilização destas tecnologias.
Na última parte do trabalho propõe-se um conjunto de
medidas que são consideradas necessárias para que se posam
obter os benefícios projetados no exercício de cálculo anterior.
Os dados de custos e produtividades dos sistemas al-
ternativos propostos foram fornecidos pelo CPATSA e são, a
seguir, discriminados.
Sistema de Aproveitamento de Água de Escoamento Super-
ficial-SAES
O custo de implantação considerado para um SAES
com área de captação de 3 hectares, barreiro com área de 0,2
hectares e capacidade para armazenar 3.000m³ de água, suficien-
tes para fazer irrigação de salvação em 2 hectares, foi de Cr$
154.100,00 (centro e cinqüenta e quatro mil e cem cruzeiros),
correspondente à média aritmética simples dos custos das quatro
alternativas existentes. Convém esclarecer, no entanto, que nas
projeções feitas, em termos de produção para este sistema, não
se levou em consideração a possibilidade de utilização da área
de captação, por não se dispor ainda de dados concretos de pro-
dutividade dessa área.
Foram consideradas duas hipóteses em relação à explo-
ração deste sistema. A primeira em que é possível apenas um
cultivo do consórcio milho x feijão, nos anos em que a precipi-
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213
tação pluviométrica é típica do nordeste semi-árido, e a segunda
com a utilização de um cultivo sucessivo de feijão em cultura
isolada, nos anos em que a precipitação pluviométrica é conside-
rada boa para a atividade agrícola.
As produtividades utilizadas para o consórcio milho x
feijão, neste sistema, foram de 1.000kg de milho por hectare e
500 quilos de feijão por hectare. No cultivo isolado de feijão a
produtividade considerada foi de 800kg por hectare.
Sistemas de Sulcos e Camalhões para Exploração de Vazan-
tes
O custo considerado para a implantação desse sistema,
para irrigar 1 hectare, incluindo despesas com fertilizantes quí-
micos, foi de Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros). Para cál-
culo das projeções considerou-se uma área média de 2 hectares e
a aquisição de uma motobomba, no valor de Cr$ 40.000,00
(quarenta mil cruzeiros), que seria utilizada nos 2 hectares. Por-
tanto, o custo de implantação do sistema para 2 hectares, foi de
Cr$ 140.000,00 (cento e quarenta mil cruzeiros).
As produtividades consideradas foram de 4.000 quilos
de milho por hectare e 1500kg de feijão por hectare, em plantios
isolados.
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214
Sistema de Irrigação que Utiliza Cápsulas Porosas
O custo considerado para implantação deste sistema
em 1 hectare foi de Cr$ 158.500,00 (centro e cinqüenta e oito
mil e quinhentos cruzeiros), considerando-se o preço de Cr$
20,00 por cápsula porosa.
O consumo de água considerado durante o ciclo com-
pleto das culturas de 1.000m³ por hectare para o milho e 800m³
por hectare para o feijão.
Os dados de produtividade utilizados foram 2.250 kg
por hectare para o milho e 1.870 kg por hectare para o feijão,
plantados em culturas isoladas, que foi a única considerada para
o cálculo das projeções feitas para este sistema. As projeções
foram feitas considerando-se um cultivo anual de milho e dois
cultivos anuais de feijão em culturas isoladas, numa área de um
hectare.
Sistema de Irrigação que Utiliza Potes de Barro
O custo considerado para a implantação deste sistema
foi de Cr$ 65.000,00 (sessenta e cinco mil cruzeiros) por hecta-
re, considerando-se um de Cr$ 30,00 (trinta cruzeiros) por pote
de barro comprado ao artesão. O consumo de água considerado
foi de 176 m³ por hectare para o milho e 149 m³ por hectare para
o feijão.
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215
Os dados de produtividade utilizados foram: 666kg por
hectare para o milho e 583kg por hectare para o feijão, plantados
em culturas isoladas, que foi a opção considerada para cálculo
das projeções feitas para este sistema. As projeções foram feitas,
considerando-se em cultivo anual de milho e dois cultivos anu-
ais de feijão, em culturas isoladas, numa área de 1 hectare.
Considerou-se somente o sistema de potes interconec-
tados, uma vez que não se dispunha de dados de custos e mão-
de-obra necessários ao funcionamento do sistema com potes
isolados.
Para estabelecer comparações considerou-se o custo de
implantação de 1 hectare irrigado pelo sistema convencional
igual a US$ 12.000,00, de acordo com informações da Diretoria
de Irrigação do Ministério do Interior, e a faixa de câmbio utili-
zada foi a vigente em 14/3/81, Cr$ 74,70 por dólar.
O consumo de água considerado no sistema convenci-
onal de irrigação foi de 5.000 m³ por hectare para o milho e
3.500 m³ por hectare para o feijão, considerando-se estas cultu-
ras em plantios isolados, de acordo com informações do CPAT-
SA.
Os dados de produtividades considerados para o siste-
ma usual do produtor, baseados em informações do Censo
Agropecuário do IBGE, 1975, foram os seguintes:
milho plantado em cultura isolada 650 kg p/ha
feijão plantado em cultura isolada 384 kg p/ha
consórcio milho x feijão milho 490 kg p/ha
feijão 300 kg p/ha
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216
Os dados de produtividade de milho e feijão conside-
rados no sistema comumente utilizado pelo produtor na explora-
ção de vazantes, em cultivos isolados, foram, de acordo com
informações do CPATSA, de 1.500 kg por hectare para o milho
e 400 kg por hectare para o feijão.
Os dados de preços de milho e feijão utilizados para o
cálculo do valor bruto da produção foram tomados a partir da
média mensal regional de preços desses produtos recebidos pe-
los produtores em janeiro de 1981, segundo dados da Fundação
Getúlio Vargas, ou seja: feijão, Cr$ 18,00 por kg e milho, Cr$
98,00 por quilo.
Nas projeções feitas com relação ao número de pessoas
beneficiadas na região com a utilização das tecnologias aqui
descritas, considerou-se de 6 pessoas a composição média da
família no Nordeste.
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As tecnologias recomendadas pela EMBRAPA, com
base em métodos não-convencionais de irrigação e pequena irri-
gação, permitem estabilizar, diversificar e/ou aumentar a produ-
ção em pequenas áreas na região semi-árida do Nordeste, crian-
do, a curto prazo, uma estrutura de resistência aos efeitos da
seca.
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217
Os métodos de irrigação por cápsulas porosas, potes de
barro e SAES aqui descritos, apresentam inclusive algumas van-
tagens em relação aos métodos convencionais de irrigação, por-
que são de baixo custo, permitem maior economia e eficiência
no uso da água e dispensam o uso de força motriz, o que implica
em economia de combustível.
A utilização destas tecnologias, nos moldes em que
vêm sendo propostas pela EMBRAPA, poderia trazer inúmeros
benefícios econômicos e sociais para o agricultor, para a região
e para o País. Com base nos resultados de pesquisa obtidos pelo
CPATSA, analisaremos os benefícios que poderão ser obtidos
com a utilização de cada uma das tecnologias aqui descritas.
6.1 Benefícios que Poderão ser Obtidos com o Sistema de Apro-
veitamento de Água do Escoamento Superficial – SAES
Esta tecnologia, pelas suas características, tem um
grande alcance social, uma vez que pode ser utilizada pratica-
mente em todas as propriedades do Nordeste, não havendo, por-
tanto, limitações a nível de produtor, propriedade ou região. O
SAES pode ser implantado em pequenas, médias e grandes pro-
priedades, não exige alto grau de conhecimentos do produtor e
não implica em investimento elevado de capital, independendo,
a nível regional, de infra-estrutura de armazenamento de água
(açudes, rios, lagos etc.).
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218
A principal vantagem desta tecnologia é permitir a es-
tabilização da produção numa área predeterminada, evitando a
total frustração de safra. Permite aumentar a produtividade, e,
nos anos de precipitação normal, possibilidade de se utilizar
para o cultivo a própria área de captação. Apresenta ainda as
seguintes vantagens:
a) permite o estabelecimento de projetos formados por
pequenos sistemas administrados pelo próprio produ-
tor, ao invés de grandes projetos administrados dire-
tamente pelo Estado, dispensando, portanto, as ope-
rações que implicam em desapropriação de terras, as-
sentamentos de famílias etc.;
b) contribui para aumentar a capacidade gerencial e o
nível de conhecimentos do agricultor, na medida em
que ele passa a utilizar uma prática que envolve téc-
nicas relativas ao manejo do solo e da água;
c) não utiliza força motriz, dispensando, portanto,
qualquer despesa com energia, combustível e lubrifi-
cantes; e
d) permite maior emprego da mão-de-obra regional,
nas operações de preparo da área de captação e cons-
trução de barreiras, além da mão-de-obra requerida
nas operações de transporte e comercialização da
produção excedente.
Para termos uma idéia dos reais benefícios que poderi-
am ser obtidos com a utilização desta tecnologia, façamos as
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219
seguintes projeções. Tomando-se por base os oito Estados que
compõem basicamente o Nordeste (Bahia, Sergipe, Alagoas
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí), va-
mos considerar a possibilidade de implantação de 3.000 SAES
em cada Estado, para irrigar uma área média de 2 hectares por
sistema. Esse programa envolveria recursos da ordem de Cr$ 3,7
bilhões e poderia trazer os seguintes benefícios:
Estabilização da produção uma área de 48.000 hecta-
res. Considerando-se apenas as possibilidades de cultivo de mi-
lho e feijão plantados em consórcio, teríamos uma produção
total de 48.000 toneladas de milho e 24.000 toneladas de feijão.
Sem a utilização desta tecnologia, tomando-se por base
a produtividade média para feijão e milho em consórcio, nor-
malmente obtida no Nordeste (490kg/ha de milho e 300kg/ha de
feijão) (1), a produção obtida nessa área seria apenas de 23.520
toneladas de milho e 14.400 toneladas de feijão. Portanto, a im-
plantação desse programa permitira um incremento da produção
da ordem de 24.480 toneladas de milho e 9.600 toneladas de
feijão. Levando-se em conta os preços médios recebidos pelos
agricultores da região em janeiro de 1981 (milho, Cr$ 18,00 por
kg e feijão, Cr$ 98,00 por kg) (2), isso representaria um exce-
dente anual do valor bruto da produção da ordem de Cr$
1.381.440.000,00 (Um bilhão, trezentos e oitenta e um milhões,
quatrocentos e quarenta mil cruzeiros).
(1) Dados do Censo Agropecuária, 1975, FIBGE
(2) Dados FGV, IBRE/CEA
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220
Se considerarmos agora a possibilidade de mais um
cultivo de feijão em cultura isolada nos anos em que a precipita-
ção pluviométrica é normal, o excedente de valor bruto da pro-
dução seria de 24.840 toneladas de milho e 48.000 toneladas de
feijão, o que corresponderia a um valor de Cr$ 5.144.640.000,00
(cinco bilhões, cento e quarenta e quatro milhões, seiscentos e
quarenta mil cruzeiros), que poderiam ser revertidos diretamente
aos produtores.
Fazendo-se uma análise individual, considerando-se
que os produtores que se beneficiarão com esse sistema explo-
ram atualmente uma área média de 2 hectares com o consórcio
milho x feijão, observa-se que a implantação desse programa
permitira um incremento substancial na renda bruta do produtor,
conforme se verifica na Tabela 1.
Pela análise da Tabela 1 verifica-se que seria possível
aumentar a renda do produtor de até 3,8 vezes, nos anos em que
ocorressem melhores precipitações pluviométricas (hipótese II)
e de 1,75 vezes nos anos normais (hipótese I), constituindo-se
ainda numa garantia de produção nos anos mais secos, situação
em que a produção do agricultor, via de regra, seria mínima ou
nula no atual sistema utilizado.
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221
O incremento de renda que poderá ser obtido pelo pro-
dutor representa 37,4% (hipótese I) do valor total das inversões
necessárias para a implantação do SAES na sua propriedade. No
caso da hipótese II o incremento de renda é 39% superior ao
investimento, o que evidencia a excelente viabilidade econômica
do sistema.
Finalmente, esse programa beneficiaria diretamente
24.000 famílias, ou seja, 144.000 pessoas, que deixariam de
engrossar as correntes migratórias que afluem anualmente para
outras regiões.
Convém lembrar que nas projeções feitas não se levou
em consideração a exploração da área de captação que, confor-
me se evidenciou, tem amplas possibilidades de ser também
utilizada para o cultivo e conseqüentemente aumentaria conside-
ravelmente a rentabilidade do sistema.
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222
6.2 Benefícios que poderão ser Obtidos com o Sistema de Sulcos
e Camalhões para a Exploração de Vazantes
As principais vantagens desta tecnologia são:
a) elevação dos níveis de produtividade em função de
um melhor manejo do sistema solo, água e planta; e
b) o sistema é administrado diretamente pelo produtor.
Necessita porém da infra-estrutura primária de irri-
gação, ou seja, a água armazenada em açudes, rios ou
lagos, que é de uso comum a todos os produtores be-
neficiários.
Os benefícios que poderão ser obtidos com esta tecno-
logia podem ser analisados a partir das seguintes projeções.
Considerando-se a existência no Nordeste de uma área potencial
para exploração de vazantes de 150.000 hectares, segundo o
CPATSA, correspondente apenas aos açudes, sem considerar
portanto os rios, lagoas etc., analisaremos os ganhos adicionais
de produção e valor bruto da produção, que poderiam ser obti-
dos com a utilização desse potencial.
Tomando-se por base uma área média de 2 hectares
por família, explorada com as culturas de milho e feijão em
plantios isolados, sendo 1 hectare para cada cultura, vamos con-
siderar a possibilidade de cultivo dos 150.000 hectares poten-
ciais, utilizando-se esta tecnologia. A implantação desse pro-
grama, incluindo-se as despesas com aquisição de motobombas
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223
e fertilizantes, implicaria em recursos da ordem de Cr$ 10,5
bilhões, com um custo por hectare de Cr$ 140.000,00 (cento e
quarenta mil cruzeiros) e poderia trazer os seguintes benefícios:
A produção total que se obteria seria da ordem de
300.000 toneladas de milho e 112.500 toneladas de feijão. Sem a
utilização dessa tecnologia, ou seja da maneira tradicional como
são exploradas as vazantes, com produtividades médias de milho
e feijão em culturas isoladas da ordem de 1.500kg/há e
4.000kg/ha respectivamente, a produção total obtida nessa mes-
ma área seria apenas de 112.500 toneladas de milho e 30.000
toneladas de feijão, considerando-se também que cada cultura
seria plantada em 50% da área.
Portanto, a implantação desse programa permitiria a
obtenção de incrementos na produção da ordem de 187.500 to-
neladas de milho e 92.500 toneladas de feijão. Tomando-se por
base os preços médios recebidos pelos agricultores da região em
janeiro de 1981 (milho, Cr$ 18,00 p/quilo e feijão, Cr$ 98,00
por quilo) (1), teríamos um incremento no valor bruto da produ-
ção anual da ordem de Cr$ 12.440.000.000,00 (doze bilhões,
quatrocentos e quarenta milhões de cruzeiros).
Os produtores beneficiários deste programa teriam
possibilidade de obter substanciais incrementos na renda, con-
forme se verifica na Tabela 2.
(1) Dados FGV – IBRE/CEA
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224
A Tabela 2 mostra que a utilização desta tecnologia
permitiria aumentar a renda bruta do produtor de 3,3 vezes, e
que o incremento no valor bruto de sua produção seria maior
que o custo de implantação do sistema que, conforme já foi des-
crito, seria de Cr$ 140.000,00 (cento e quarenta mil cruzeiros)
para 2 hectares, incluindo a aquisição de uma motobomba.
A implantação desse programa beneficiaria diretamen-
te 75.000 famílias, ou seja, 450.000 pessoas.
6.3 Benefícios que Poderão ser Obtidos com o Sistema de Irri-
gação que Utiliza Cápsulas Porosas
Esta tecnologia é a que resulta na maior rentabilidade
para o produtor, entre as demais aqui descritas. No entanto apre-
senta uma limitação. Como sistema precisa estar constantemente
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225
abastecido, para evitar que a porosidade das cápsulas diminua, a
sua instalação depende da existência no local de fonte abastece-
dora de água, capaz de permitir o abastecimento continuo do
sistema. Essa fonte poderá ser constituído por açudes ou poços
tubulares, principalmente.
As principais vantagens dessa tecnologia são:
a) permite estabilizar a produção numa área prede-
terminada, possibilita a realização de cultivos suces-
sivos durante todo o ano e aumenta os níveis de pro-
dutividade em relação aos comumente obtidos. Por-
tanto, permite a obtenção de maior produção, nível
de emprego e renda regionais; e
b) a operação desse sistema dispensa a utilização de
força motriz e permite que ele seja administrado pelo
próprio produtor, sendo necessário apenas que a fon-
te primária de água seja de uso comum a todos os
beneficiários. Essa fonte primária de água deverá ser
de propriedade do Governo, ao qual caberá a sua
manutenção e operação, mediante o pagamento de
uma taxa que deverá ser cobrada dos beneficiários do
sistema.
Os benefícios que poderão ser obtidos com a utilização
desta tecnologia serão analisados, tomando-se por base, para
exercício de cálculo, a instalação de 3.000 sistemas em cada
Estado do Nordeste, considerando-se uma área de 1 hectare para
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226
cada sistema, e prevendo-se 1 cultivo anual de milho e 2 culti-
vos anuais de feijão, plantados em culturas isoladas. A implan-
tação desse programa implicara em recursos da ordem de Cr$ 38
bilhões e poderia resultar nos seguintes benefícios:
Estabilização da produção numa área correspondente a
72.000ha, uma vez que se prevê a realização de três plantios
anuais (um de milho e dois de feijão) na área relativa a cada
sistema.
Obtenção de uma produção anual, total de 54.000 tone-
ladas de milho e 89,760 toneladas de feijão. Tomando-se por
base os preços médios recebidos pelos produtores na região em
janeiro de 1981 (Cr$ 18,00 p/quilo de milho e Cr$ 98,00 p/quilo
de feijão) (1), o valor bruto da produção seria de ordem de Cr$
9.768.480.000,00 (nove bilhões, seiscentos e sessenta e oito mi-
lhões, quatrocentos e oitenta mil cruzeiros).
Considerando-se os níveis de produtividade obtidos no
Nordeste para essas duas culturas e estabelecendo-se compara-
ção com um agricultor que planta 1 hectare de milho e 1 hectare
de feijão, em cultura solteira, teríamos incrementos substanciais
na produção e na renda dos produtores, conforme se verifica na
Tabela 3.
(1) Dados da FGV, IBRE/CEA
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227
A Tabela 3 mostra que com a implantação desse pro-
grama seria possível aumentar de 5,8 vezes a produção do pro-
dutor e de aproximadamente 8,3 vezes o valor bruto da sua pro-
dução total.
Esse programa beneficiaria diretamente 24.000 famí-
lias, que obteriam uma renda bruta anual de Cr$ 407.020,00
trabalhando somente 1 hectare de terra e atingiria um total de
144.000 pessoas.
O incremento no valor bruto anual da produção, obtida
pelo produtor, seria 2,3 vezes maior do que o seu investimento a
nível de propriedade.
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228
6.4 Benefícios que Poderão ser Obtidos com o Sistema de Irri-
gação que Utiliza Potes de Barro
Esta tecnologia tem a mesma limitação já apontada pa-
ra o sistema de irrigação por cápsula porosas, ou seja, o sistema
precisa estar constantemente abastecido, para evitar que a poro-
sidade dos potes diminua. Isso requer, evidentemente, a existên-
cia de uma fonte abastecedora de água, capaz de permitir o abas-
tecimento continuo do sistema.
Ela apresenta todas as vantagens do sistema de irriga-
ção por cápsulas porosas, mas, quando analisada em relação
àquele sistema, apresenta menor produtividade em quilograma
por hectare. No entanto, requer um consumo de água 80% me-
nor e permite que praticamente toda instalação seja feita pelo
produtor, uma vez que os potes de barro podem ser construídos
na propriedade. Apresenta ainda um menor custo de implantação
e de manutenção por hectare. O custo de implantação do sistema
de potes é 60% menor que o do sistema de cápsulas porosas,
podendo esse custo ser ainda menor, se o agricultor construir os
potes na propriedade.
A implantação de 3.000 sistema de irrigação por potes
de barro em cada Estado do Nordeste, considerando-se uma área
de 1 hectare para cada sistema e prevendo-se um cultivo anual
de milho e 2 cultivos anuais de feijão, em culturas isoladas, en-
volveria recursos da ordem de Cr$ 1,5 bilhões e poderia trazer
os seguintes benefícios:
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229
Estabilização da produção numa área de 72.000 hecta-
res. Isso possibilitaria a obtenção de uma produção total anual
de 15.984 toneladas de milho e 27.984 toneladas de feijão, o que
representaria, com base nos preços médios recebidos pelos agri-
cultores na região, em janeiro de 1981 (milho, Cr$ 18,00 por
quilo e feijão, Cr$ 98,00 por quilo) (1), um valor bruto da produ-
ção da ordem de Cr$ 3.030.144.000,00 (três bilhões, trinta mi-
lhões, cento e quarenta e quatro mil cruzeiros).
Quando comparado ao nível individual de propriedades
rurais, a implantação desse sistema permitiria ao produtor ga-
nhos substanciais em termos de produção e valor bruto da pro-
dução. Para essa comparação, tomou-se como parâmetro um
produtor da região que explora 2 hectares, sendo um com milho
e outro com feijão, em cultivos isolados, conforme pode ser ve-
rificado na Tabela 4.
(1) Dados da FGV, IBRE/CEA.
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230
De acordo com os dados da Tabela 4 verifica-se que
seria possível, com a utilização dessa tecnologia, aumentar em
77% a produção total e em 2,6 vezes o valor bruto da produção
de cada produtor.
Esse programa beneficiaria diretamente 24.000 famí-
lias, que teriam uma renda bruta anual de Cr$ 126.256,00, traba-
lhando somente 1 hectare de terra e atingindo um total de
144.000 pessoas.
O incremento no valor bruto anual da produção, obtido
pelo produtor, representaria 18% a mais que o seu investimento
a nível de propriedade.
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231
7 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Essas tecnologias alternativas apresentadas pela EM-
BRAPA para minimizar os efeitos da seca no Nordeste são per-
feitamente adaptáveis às condições regionais e compatíveis com
a política que vem sendo desenvolvida pelo Governo na região,
principalmente no que se refere aos seguintes aspectos:
a) o requerimento de capital em relação aos projetos
convencionais de irrigação é significativamente me-
nor, permitindo portanto um maior alcance social. De
acordo com informações do Ministério do Interior, o
custo de um hectare irrigado no Nordeste, através de
métodos convencionais, está em torno de US$
12.000,00, ou seja, Cr$ 896.400,00 (ao cambio de
24/3/81). Ressalta-se que deste custos, apenas 40%
destinam-se à irrigação propriamente dita, sendo o
restante destinado a despesas de gerenciamento do
projeto, assentamento de famílias e criação de infra-
estrutura sócio-econômica;
b) no sistema convencional de irrigação, a quantidade
de água requerida durante todo o ciclo vegetativo pe-
las culturas aqui consideradas é de 5.000 m³ por hec-
tare para o milho e 3.500 m³ por hectare para o fei-
jão.(1)
(1) Informações do CPATSA
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232
Comparando-se o consumo de água entre os métodos
aqui descritos e o sistema convencional de irrigação, ve-
rifica-se que a quantidade de água gasta para irrigar 1
hectare de milho ou feijão, pelo sistema convencional,
seria suficiente para irrigar 5 hectares de milho e 4,4 hec-
tares de feijão através dos sistemas de cápsulas porosas,
ou 28,4 hectares de milho e 23,5 hectare de feijão, pelo
sistema que utiliza potes de barro.
Nessa comparação não se levou em conta o SAES,
por ser um sistema que dispensa água adicional, uma vez
que aproveita a água que normalmente se perderia por
escoamento superficial, e nem o sistema de sulcos se
camalhões para utilização de vazantes, que aproveita a
umidade natural do solo, à medida que as fontes primá-
rias de água (rio, açudes etc.) vão secando.
Além da economia de água em relação ao sistema
convencional, os sistemas de irrigação por cápsulas po-
rosas e potes de barro apresentam ainda a vantagem de
não provocarem a salinização do solo, problema muito
comum nas áreas irrigadas do nordeste, com a perspecti-
va de poderem aproveitar também essas áreas saliniza-
das, dependendo de resultados de pesquisas que estão
sendo desenvolvidos pelo CPATSA; e
c) com exceção do sistema de sulcos e camalhões para
exploração de vazantes, que requer a utilização de
motobomba, os demais sistemas aqui descritos dis-
pensam a utilização de força motriz, evitando, por-
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233
tanto, qualquer despesa com energia, combustíveis e
lubrificantes.
Além desses aspectos, as tecnologias aqui descritas
atendem aos objetivos governamentais propostos
para o Nordeste, na medida em que atuam sobre os
fluxos migratórios, fixando a população rural, via
aumento de renda e geração de emprego,
contribuindo para a desconcentração da renda no
plano intersetorial e interregional, diminuindo
portanto a tensão social na região.
Constituem-se ainda em alternativas complementares a
atuação governamental na região, através dos programas especi-
ais. O programa de aproveitamento de recursos hídricos do Nor-
deste prevê, para 1981 e 1982, a aplicação de 3,3 bilhões de cru-
zeiros em crédito rural para a construção de açudes e perfuração
e instalação de poços, tanto a nível de comunidade quanto de
particulares. Prevê ainda a alocação de recursos aos Estados
para perenização de rios e aquisição de perfuratrizes, visando ao
atendimento das necessidades de provisão de água às omunida-
des e propriedades rurais. Pode-se deduzir que a implementação
de tais programas aumentará consideravelmente a área potencial
para utilização do Sistema de Sulcos e Camalhões para a Explo-
ração de Vazantes e dos sistemas que utilizaram cápsulas poro-
sas e potes de barro.
Verifica-se, pelas projeções feitas, que a utilização
dessas tecnologias, com inversões totais de Cr$ 19,5 bilhões,
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234
viabilizaria uma produção total anual da ordem de 417.984 tone-
ladas de milho e 254.244 toneladas de feijão, equivalentes a um
valor bruto de Cr$ 32,44 bilhões. Em relação aos sistemas usu-
ais dos produtores, isso representaria um aumento da produção
regional anual da ordem de 250.764 toneladas de milho e
201.952 toneladas de feijão, correspondentes a Cr$ 24,3 bilhões,
beneficiando diretamente 882.000 pessoas, que passariam a ter
um nível de renda superior à média regional.
A utilização dessas tecnologias permite a obtenção de
excedentes de produção, fortalecendo a economia regional, dis-
pensando a importação de qualquer tipo de máquina e equipa-
mento, utilizando matéria prima e mão-de-obra regionais.
O conjunto de tecnologias abordadas neste trabalho e
recomendado para a área geográfica de atuação do CPATSA,
que envolve as regiões classificadas como “Muito Árida”
(451.179 km²), “Árida” (402.524 km²) e “Semi-Árida” (291.107
km²) (1), totalizando 1.245.026 km², que representa 76% da área
de atuação da SUDENE e do BNB.
Convém salientar que as comparações feitas, embora
evidenciem vantagem comparativa da tecnologia recomendada
pela EMBRAPA em relação aos métodos convencionais de irri-
gação, não tem intenção de questionar a viabilidade destes, mas
sim de mostrar que a irrigação em pequenas áreas, através de
métodos não-convencionais, é mais uma alternativa que deve ser
(1) Classificação Baseada no zoneamento do Nordeste, feito por Hargraves.
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235
somada às ações que estão sendo desenvolvidas pelo Governo
para a solução dos problemas da seca no Nordeste.
Finalmente, para que as tecnologias aqui descritas pos-
sam beneficiar efetivamente o Nordeste, de acordo com as pro-
jeções feitas neste trabalho, é preciso que sejam adotadas algu-
mas medidas de caráter político e/ou econômico, consubstancia-
das num plano global, dentre as quais destacam-se as seguintes:
a) em trabalho conjunto entre a pesquisa, a extensão
rural e os órgãos de desenvolvimento regional, deve-
rá ser feito um zoneamento, com base no qual serão
definidos e quantificados os tipos de sistemas de irri-
gação a serem implantados em microregiões homo-
gêneas, levando-se em consideração, entre outros fa-
tores, nível de precipitação, topografia e relevo, pro-
priedades físicas e químicas do solo, disponibilidade
de fontes primárias de água e infra-estrutura gover-
namental de apoio;
b) treinamento e capacitação de técnicos da rede de ex-
tensão rural, que deverão ser treinados pelos pesqui-
sadores do CPATSA e/ou de outras unidades de pes-
quisa;
c) fortalecer as companhias de mecanização agrícola,
tanto particulares como da área governamental, para
que possam atender à demanda de serviços necessá-
rios às operações de construção de áreas de captação,
barreiros e fontes primárias de água;
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236
d) providências por parte dos órgãos regionais junto às
indústrias locais de cerâmica, no sentido de garantir o
suprimento necessário de cápsulas porosas;
e) após o zoneamento, quantificação das metas e defi-
nição das obras de infra-estrutura necessárias à im-
plantação de alguns sistemas como, por exemplo,
construção de fontes primárias de água (açudes e po-
ços), para os sistemas de cápsulas porosas e potes de
barro, deverão ser abertas e/ou reforçadas linhas es-
peciais de crédito para as operações de investimento
e custeio desses sistemas, levando-se em considera-
ção a capacidade de pagamento de cada beneficiário
do sistema (Circular n.º 553, do Banco Central);
f) treinamento dos produtores beneficiários do progra-
ma na implantação, operacionalização e manutenção
dos sistemas; e
g) treinamento dos produtores e/ou artesões locais, pa-
ra a confecção de potes de barro, de acordo com as
especificações exigidas pelo sistema.
Essas medidas deverão estar consubstanciadas num
programa global do qual deverão participar todos os órgãos ou
instituições que atuam na Região, envolvendo ações que vão
desde a chegada dos insumos básicos à mão dos produtores, até
a comercialização da produção.