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PLANTARPropagação

do Abacaxizeiro

coleç oã

FRU

TEIRAS

SÉRIEVERMELH

A

ediçãorevisada

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Embrapa Informação TecnológicaBrasília, DF

2006

A PROPAGAÇÃO DO ABACAXIZEIRO

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa Mandioca e Fruticultura TropicalMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

2a edição revisada

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Coleção Plantar, 52

Produção editorial: Embrapa Informação Tecnológica

Coordenação editorial: Fernando do Amaral PereiraMayara Rosa CarneiroLucilene Maria de Andrade

Revisão de texto: Rúbia Maria PereiraEditoração eletrônica: Wamir Soares Ribeiro JúniorIlustração da capa: Álvaro Evandro X. Nunes

1aedição1a impressão (1994): 5.000 exemplares2a impressão (2006): 1.000 exemplares

2ª edição

1ª impressão (2006): 1.000 exemplares

©Embrapa 2006

CDD 634.774

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Embrapa Informação Tecnológica

Todos os direitos reservadosA reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,

constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).

A propagação do abacaxizeiro / Embrapa Mandioca e Fruti-cultura Tropical. – 2. ed. rev. – Brasília, DF : EmbrapaInformação Tecnológica, 2006.59 p. : il. – (Coleção Plantar ; 52).

ISBN 85-7383-372-6

1. Abacaxi. 2. Muda. 3. Plantio. 4. Reprodução vegetal. I.Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. II. Coleção.

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Autores

Domingo Haroldo R. C. ReinhardtEngenheiro agrônomo, Ph.D. em Fisiologia e pesquisador daEmbrapa Mandioca e Fruticultura [email protected]

Getúlio Augusto Pinto da CunhaEngenheiro agrônomo, Doutor em Fitotecnia e pesquisadorda Embrapa Mandioca e Fruticultura [email protected]

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O agronegócio brasileiro é carente de informa-ções direcionadas ao pequeno produtor. O objetivo daColeção Plantar é preencher essa lacuna com informa-ções oportunas e precisas sobre como produzir hortali-ças, frutas e grãos numa área do sítio ou da fazenda, ouaté mesmo num quintal.

Elaborado em linguagem conceitual simples edireta, o texto de cada título é dirigido ao produtor familiar,na certeza de que essas informações vão contribuir paraa geração de mais alimentos, renda e emprego para osbrasileiros, permitindo, assim, que a agricultura familiarincorpore-se ao agronegócio.

No momento em que o agronegócio conquista omercado internacional, a Embrapa Informação Tecnoló-gica reafirma a importância desta coleção didática comoreferência para o produtor familiar produzir com segu-rança, qualidade e eficiência.

Fernando do Amaral PereiraGerente-Geral

Embrapa Informação Tecnológica

Apresentação

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Sumário

Métodos de reprodução .......................... 9

Reprodução sexuada ............................. 10

Reprodução assexuada........................... 11

Tipos de mudas ..................................... 12

Influência dos tratos culturais ................ 18

Etapas do sistema usual ......................... 20

Mudas de seções do caule .................... 29

Plantio das seções de caule ................... 39

Colheita e transplante ............................. 49

Outros métodos de multiplicação .......... 56

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Métodos de reprodução

A possibilidade de multiplicar-se pormeio de mudas faz que a cultura do abaca-xizeiro se diferencie de muitas outras tambémexploradas economicamente. Boa parte dosucesso de produção dele depende da quali-dade das mudas utilizadas em seu plantio.

Assim como toda semente, a muda é aportadora do potencial genético do vegetal,e, portanto, a sanidade dela é fundamental.No caso da muda do abacaxizeiro, esse fatorassume importância ainda maior, porque épelo uso de mudas sem saúde que se espa-lham doenças e pragas graves, como porexemplo a fusariose (Fusarium subglu-tinans), responsável por perdas de plantase de frutos em todas as regiões produtorasdo Brasil, e a cochonilha (Dysmicoccusbrevipes). Por isso, o conhecimento e o usoadequado do processo de propagação e demanejo da muda são fatores relevantes para

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a obtenção de produções e rendimentossuperiores de abacaxi.

No esquema seguinte são sintetizadosos métodos de reprodução do abacaxizeiro:

• Por sementes (reprodução sexuada).• Por mudas (assexuada ou vegetativa):

Convencionaisa) coroa;b) filhote, filhote-rebentão;c) rebentão;

Obtidas por:a) seccionamento do caule;b) destruição do meristema apical;c) tratamento químico; cultura detecidos (gemas ou outro tecido me-ristemático, in vitro).

Reprodução sexuada

Não há sementes em frutos oriundosde plantações comerciais de abacaxi, ou seja,

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as plantas são auto-estéreis. O desenvol-vimento de frutos independe da ocorrênciade fecundação.

Contudo, a polinização cruzada entrevariedades, ou entre espécies, pode levar à for-mação de sementes. Esse fenômeno permite areprodução sexuada da planta, de grandeimportância para trabalhos de melhoramentogenético. Esses trabalhos destinam-se à obten-ção de híbridos com características superioresàs das cultivares em uso, tais como a resistênciaà fusariose, a tolerância ao ataque de cocho-nilhas e de nematóides, e a ausência de espinhosnas folhas.

Reprodução assexuada

O modo usual e natural de propagaçãodo abacaxizeiro é o plantio de mudas for-

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madas a partir de diferentes partes vegetativasda planta. A sanidade e o vigor, duas de suasprincipais qualidades, dependem das con-dições ambientais de onde é produzido oabaxizeiro, bem como do manejo adotadoem sua cultura.

Apesar de na planta-mãe as mudasjovens já realizarem a fotossíntese, o cresci-mento delas depende tanto de suas reservascomo da atividade da planta-mãe, principal-mente do sistema radicular, no que se refereao atendimento das necessidades de água.Também o ciclo da planta e seu compor-tamento são determinados pelo tipo de mudaque lhe deu origem.

Tipos de mudas

Os principais tipos de mudas podemser vistos na Fig.1 a seguir:

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Fig. 1. Esquema de um abacaxizeiro mostrando os diversostipos de mudas convencionais.

a) Coroa: brotação do ápice (ponteiro)do fruto: é o tipo de muda menos usadopara plantio, pelo fato de acompanhar o frutoquando esse é levado ao mercado para servendido in natura (principal forma decomercialização praticada no Brasil). O usoda coroa como material de plantio fica limi-

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tado, portanto, às regiões onde o fruto é in-dustrializado.

A coroa possui certas característicasque a diferenciam dos outros tipos de mudasno que se refere à origem, ao peso, ao estadofisiológico, à sanidade e às reservas nutri-tivas. É produzida a partir do meristema apical(extremidade do caule em que as célulasestão em processo de multiplicação acele-rada), apresenta menor peso (de 75 a 200gramas) e crescimento mais lento, emborarevele enraizamento mais rápido em razãode sua maior juvenilidade.

A coroa é mais suscetível às podridões,principalmente à Phytophthora parasítica,e sua frutificação é mais tardia. Entretanto,os plantios com coroas são mais homo-gêneos e menos sensíveis aos estímulosnaturais da floração, dada a semelhança noestado fisiológico, o que resulta em floresci-mento e frutificação também mais uniformes.

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Além disso, a coroa está disponível logoapós a colheita dos frutos, embora geralmenteem quantidade insuficiente para assegurar oplantio de áreas iguais ou maiores que as deorigem.

b) Filhote: a brotação do pedúnculo(haste que sustenta o fruto – ver Fig. 1) ori-gina-se de gemas axilares (axila é o local emque a folha se fixa no caule) existentes nasbainhas das brácteas (folhinhas atrofiadas)do pedúnculo, e apresenta crescimentosincronizado com o da inflorescência, o qualse detém, porém, com o desenvolvimentodo fruto. Assim, da mesma forma que acoroa o filhote não produz enquanto estiverligado à planta-mãe, e pode ser usado so-mente como material para novo plantio.

O filhote é a muda mais disponível emais utilizada no Brasil, principalmente emplantios da cultivar Pérola. Desenvolve-se demodo relativamente uniforme, o que facilita

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o controle do florescimento. Os inconve-nientes do uso do filhote para plantio são asua forma freqüentemente curvada; o frutoem miniatura, que geralmente aparece na suabase e o torna suscetível às podridões fúngi-cas; bem como o seu ciclo mais longo secomparado com o do rebentão.

c) Filhote-rebentão: brotação da regiãode inserção do pedúnculo no caule (Fig. 1)com características intermediárias de filhotee de rebentão, que pode ser usada indistin-tamente como filhote ou rebentão, o qual nãotem, porém, muita expressão como muda,uma vez que sua produção é limitada porplanta.

d) Rebentão (aéreo e subterrâneo):brotação que se origina de gemas axilareslocalizadas nas bainhas das folhas do caule.Distingue-se dos outros tipos de muda peloaspecto de bico-de-pato da sua base; porseu desenvolvimento menos uniforme, o que

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dificulta a formação de culturas homogênease faz aumentar o risco do florescimentoprecoce; e por poder produzir ainda na plan-ta-mãe dando origem, assim, à soca (segundasafra).

É o tipo de muda que apresenta o ciclonatural mais curto, o que permite, em menorespaço de tempo, a indução artificial (a ante-cipação do florescimento com o uso deprodutos químicos, os fitorreguladores).Contudo, quando localizados em posiçõesmuito altas no talo da planta os rebentõesnão são adequados para a produção dasegunda safra, isso por causa do risco detombamento antes da maturação do fruto.Conforme a inserção no caule seja abaixoou acima do nível do solo, o rebentão échamado subterrâneo ou aéreo. É o tipo demuda mais utilizado em plantio da cultivarSmooth Cayenne.

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e) Plântula: muda formada em viveiroa partir de gemas de seções do caule. É umtipo de muda bastante recomendado porpossuir melhor condição de sanidade, com-parativamente aos outros tipos. Entretanto,a plântula só estará disponível se houver umprograma de produção de mudas por seccio-namento do caule, sendo ideal, portanto, paraprodução e comercialização por viveiristase por meio de programas de fomentoagrícola (ver “Mudas de seções do caule”).

Influência dos tratos culturais

A muda mais apropriada para cadaregião deve ser definida com base em diver-sos fatores, dentre os quais se destacam osseguintes: a cultivar usada, a disponibilidadede material de plantio na época apropriada,bem como o comprimento e a uniformidadedesejados do ciclo da cultura. O número demudas produzidas e sua posição na planta

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variam de cultivar para cultivar (característicagenética), e de acordo com fatores ambien-tais, em especial o clima e os tratos culturais,que influem na taxa de crescimento do aba-caxizeiro, principalmente no momento da di-ferenciação floral.

O abacaxi Pérola geralmente produz umcacho de filhotes na parte superior do pedún-culo, e mais alguns isolados em posiçõesinferiores. Com isso produz, em média, decinco a nove filhotes e um rebentão por planta.Mas vários desses filhotes, comumente aque-les situados próximo à base do fruto, não sãoaproveitados por serem colhidos juntos comofruto e lhe servirem de embalagem naturaldurante o transporte. Diferentemente doabacaxi Pérola, a cultivar Smooth Cayenneproduz, em média, somente de um a trêsfilhotes, e um ou dois rebentões por planta.

A produção de brotações do tipo filhoteé muito influenciada pelo grau de crescimento

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vegetativo atingido pelas plantas durante adiferenciação floral, assim como pelas con-dições climáticas, e as mais desenvolvidastendem a produzir maior número de mudas.A coincidência da diferenciação floral doabacaxi com períodos de temperaturas maisamenas e dias mais curtos, ou de maior ne-bulosidade, favorece a produção de filhotes.

Etapas do sistema usual

A produção de mudas pelo processousual compreende várias fases, a começarpela ceva.

Ceva é o ato de manter a muda ligada àplanta-mãe após a colheita do fruto, permi-tindo-lhe que cresça até atingir o tamanhoadequado para o plantio (Fig. 2). De acordocom as condições ambientais, esse períododura de 1 a 3 meses, para brotação de filho-te, e de 2 a 12 meses para brotações de re-

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bentão. Na fase inicial, os rebentões desen-volvem-se mais lentamente que os filhotes,pois geralmente só surgem após a colheitado fruto (cultivar Pérola).

Fig. 2. Ceva de mudas do abacaxizeiro.

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Uma vez colhidos o fruto e os filhotes,cortar a planta à altura da base do pedúnculo,com facão ou roçadeira (Fig. 3), permite,inicialmente, que ela aumente e uniformize aemissão de rebentões, além de acelerar seucrescimento – graças ao aumento da lumi-nosidade – e facilitar sua colheita. Essa

Fig. 3. Corte da planta, já colhida, para apressar a produçãode rebentões.

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operação é de grande valia quando há es-cassez de material de plantio, como ocorreem certas épocas em relação à cultivarSmooth Cayenne.

Quando as mudas de maior tamanho(acima de 40 cm) não puderem ser plantadas,pode-se armazená-las após a colheita poralguns meses, desde que em condiçõesadequadas. Para isso, no período seco elasdevem ser colocadas na sombra e emposição normal, verticalmente umas junto dasoutras, e, no período chuvoso, devem serarmazenadas com a base voltada para cima.Entretanto, a estocagem prolongada, princi-palmente quando realizada em condiçõesinadequadas, pode causar perda de vigor,crescimento mais lento das mudas apósplantio, e obtenção de frutos menos pesadose mais heterogêneos.

As mudas devem ser colhidas quandoalcançarem porte satisfatório (de 30 a 50 cm)

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para o plantio. No caso dos filhotes, corta-se o pedúnculo com todo o cacho de mudas,o que facilitará o transporte e aumentará orendimento do trabalho. Em seguida, osfilhotes devem ser destacados do cacho erigorosamente selecionados, tendo-se emconta a sanidade. Filhotes defeituosos, comoaqueles sem cartucho central, e aqueles comsintomas de ataque de doenças (principal-mente com sinais de resina e de podridões),devem ser eliminados. É aconselhável des-cartar todo o cacho de filhotes de uma mesmaplanta caso qualquer uma de suas mudasapresente sintomas de fusariose, pois prova-velmente as demais já se acham contami-nadas, ainda que não exibam sintomas exter-nos da doença.

Considerando-se a falta de mudas deboa qualidade, bem como o fato de as me-lhores servirem de embalagem para o trans-porte dos frutos (caso da cultivar Pérola),

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quando da colheita do fruto recomenda-sefazer o corte do pedúnculo (“sangria”) deforma que o facão atinja apenas uma partedo cacho de mudas, pois assim o restantepoderá ficar cevando na planta para posterioraproveitamento das mudas.

Na base da muda tipo filhote aparece,às vezes, um fruto em miniatura, o qual deveser arrancado antes do plantio para evitarque se torne foco de podridão da muda.

Por estarem ligados firmemente ao taloda planta-mãe, a colheita de rebentões é maisdifícil e exige maior mão-de-obra, pois faz-se necessário dar um puxão lateral antes dearrancá-los.

O passo seguinte é a cura das mudas.Recomenda-se expô-las aos raios solareslogo após a sua colheita, a fim de que seacelere a cicatrização dos tecidos lesados.Além de eliminar o excesso de água da mu-da, essa prática, chamada cura, evita seu apo-

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drecimento após o plantio e contribui paraaumentar a eficiência da seleção visual quantoà sanidade. Ademais, mudas parcialmentedesidratadas pela cura ao sol suportammelhor o transporte a longas distâncias.Entretanto, tempo muito prolongado de curapode prejudicar o crescimento das mudasapós o plantio, principalmente o das mudasda cultivar Smooth Cayenne.

Pode-se fazer a cura colocando-se asmudas sobre as próprias plantas-mãe, comas bases viradas para cima, por período nãosuperior a duas semanas. A exposição dasmudas à radiação solar direta é importantetambém para diminuir a população decochonilhas. Freqüentemente faz-se a curaperto do local do novo plantio, evitando-se,com isso, amontoar as mudas; uma vez queamontoá-las reduz a eficiência da cura efavorece o aparecimento de doenças, espe-cialmente da podridão-negra (Chalara para-

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doxa), a qual pode dizimar rapidamente umgrande número de mudas.

Após o período de cura, efetua-se aseleção das mudas separando-as conformeo tipo (filhote ou rebentão), o peso ou otamanho. A uniformização do material deplantio em cada talhão de um abacaxizal éimportante por facilitar os tratos culturais egarantir maior homogeneidade tanto nodesenvolvimento das plantas quanto naprodução de frutos e de mudas no final dociclo.

A seleção por peso é mais precisa, masmuito trabalhosa quando efetuada manual-mente. Por isso faz-se a seleção por tamanho.Nesse caso, mesmo sendo de tamanhos se-melhantes as mudas de diâmetro maiordevem ser plantadas separadamente daque-las de menor diâmetro. O tamanho maisadequado é o de 30 a 50 cm. Tanto as mudas

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de 30 a 40 cm como as de 40 a 50 cm devemser plantadas em talhões separados.

Mudas pequenas apresentam desenvol-vimento inicial muito lento, e nas primeirascapinas manual isso permite que a terra caiano centro da roseta foliar e atrase o seu cres-cimento, ou mesmo mate a planta. Já asmudas de tamanho maior, essas são de difícilmanejo, sujeitas a tombamento e sensíveis aestímulos naturais de florescimento, o quefaz que produzam frutos de baixa qualidade.

Durante a seleção, efetua-se tambémum descarte rigoroso das mudas defeituosas(com podridão, exsudação de resina e lesõesmecânicas). Para a redução de focos dasdoenças, mudas contaminadas pela fusariosedevem ser queimadas, ou mesmo enterradas.Entretanto, mudas que, apesar de conta-minadas, possuam apenas folhas basais combordos ou ápices secos não devem ser elimi-nadas, desde que o seu cartucho centralesteja em perfeito estado.

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O tratamento pré-plantio por imersãode mudas em solução aquosa de inseticidase fungicidas é prática de utilidade discutível,em razão da incerteza de sua eficiência e deseu alto custo. Atualmente, prefere-se o con-trole pós-plantio de pragas e doenças.

Outra forma de reduzir a presença depragas nas mudas é pulverizá-las com defen-sivos quando estão ainda nas plantas-mãe,após a colheita do fruto. Com os defensivospodem ser aplicados também fertilizantes,de modo que isso favoreça o desenvolvi-mento das mudas.

Mudas de seções do caule

O método de propagação do abacaxipor produção de mudas a partir de seçõesdo caule foi usado primeiramente para amultiplicação acelerada de clones (grupo deplantas, propagadas assexuadamente, que

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têm a mesma origem genética) e de varieda-des promissoras.

Esse método consiste em produzirplântulas (mudas) pelo desenvolvimento degemas axilares de pedaços do talo da planta-mãe, ou de mudas dos tipos coroa e reben-tão. Pela eliminação da ação hormonal do-minante do meristema apical (extremidade docaule na qual as células estão em processode multiplicação acelerada), essas gemas pas-sam do estado dormente para outro fisiolo-gicamente ativo.

No Brasil, tal método foi adaptado paraa produção de mudas sadias, livres de fusa-riose, principalmente. O seccionamento dotalo permite o exame visual das partes internasda planta, e, portanto, o descarte de todo omaterial afetado pela fusariose e outraspodridões, mesmo em uma fase inicial deinfecção.

A seleção das plantas matrizes, isto é,daquelas cujos talos serão utilizados para a

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obtenção de mudas, não é etapa obrigatóriado método. Contudo, a qualidade do materialé de suma importância para o sucessoeconômico da cultura, e a seleção cuidadosadas plantas-mãe resulta em sua melhoriagenética, com reflexos positivos sobre aprodução do abacaxi.

Antes da colheita do fruto deve-serealizar a inspeção do abacaxizal, marcando-se as plantas com características desejáveis:bom estado sanitário; vigor; número satis-fatório de mudas; pedúnculo curto, grossoe capaz de sustentar o fruto em posição verti-cal até a colheita; bem como folhas inermes,excetuando-se alguns espinhos rudimentaresno ápice (no caso da cultivar Smooth Cay-enne). Quanto ao fruto, consideram-se boascaracterísticas as seguintes: sanidade (frutosem resina de fusariose, principalmente);forma e tamanho adequados; “olhos” (fruti-lhos) chatos; e coroa pequena e simples.

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A melhor época para a obtenção docaule é logo após a colheita do fruto, quandoa emissão de rebentões se intensifica e,então, qualquer atraso significa redução dovigor do talo. O corte do caule ainda na fasevegetativa da planta implica a perda do fruto,e, portanto, não é uma prática recomendáveldo ponto de vista econômico.

Arrancadas as plantas matrizes sele-cionadas, corta-se logo depois, com facãobem amolado, a parte inferior de seu talo,na qual se encontra o sistema radicular, opedúnculo e as folhas. Manter a bainha dasfolhas é, porém, benéfico à brotação dasgemas axilares, por causa da proteçãocontra a radiação solar excessiva (Fig. 4).

A etapa mais importante do processode produção de mudas sadias de abacaxipor seccionamento do caule é a da divisãodesse em pedaços e em discos, a qual podeser feita ou com uma guilhotina manual, ou

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com serra circular, ou mesmo com facas.Primeiramente, com cortes transversais elimi-na-se o restante da parte basal, cobertaainda com algumas raízes (Fig. 5, A) e di-

Fig. 4. Corte do sistema radicular e das folhas. A bainha dasfolhas permanece para proteger as gemas axilares.

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vide-se o talo (parte útil) em pedaços comcerca de 10 cm de comprimento (Fig. 5, Be C). Em seguida essas seções transversaissão cortadas longitudinalmente em quatropartes (Fig. 5, D). Caso a parte apical apresentecomprimento inferior a 8 cm, deve-se cortá-laem apenas dois pedaços longitudinais (Fig.5, E). Se se cortar o caule em discos, essesdevem ter de 2 a 3 cm de espessura.

Fig. 5. Fases do seccionamento do talo: A – plano do corte daparte basal; B – divisão transversal do talo em pedaços de10 cm de comprimento; C – corte da parte apical; D – corteslongitudinais das seções intermediárias; E – corte longitudinalda parte apical. D1 e E1 – seções prontas.

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O tamanho dos pedaços do talo (daplanta-mãe ou de rebentões grandes) podevariar em razão do grau de sofisticação dastécnicas a serem aplicadas. Quanto menoresas seções do caule, maiores deverão ser oscuidados a lhes serem dispensados. É es-sencial a presença de, pelo menos, uma gemavegetativa em cada seção do caule.

Pedaços de comprimento muito grandereduzem o rendimento de seções por caulee acentuam a dominância apical – respon-sável pelo estado de dormência da maioriadas gemas –, o que geralmente permite abrotação de uma a duas gemas por seção.Entretanto, pedaços pequenos apresentamtaxas de brotação mais baixas, além de umdesenvolvimento vegetativo mais lento, o queaumenta o tempo necessário para que aplântula alcance o tamanho adequado aoplantio no local de coroas. Convém efetuarapenas o seccionamento longitudinal em duas

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ou quatro partes, sem desbastar as folhas,tendo-se sempre o cuidado de eliminar oápice com o meristema apical.

No seccionamento, qualquer porção decaule que apresentar sintomas externos ouinternos de fusariose deve ser rigorosamentedescartada (Fig. 6). Recomenda-se limpar a

Fig. 6. D: seções do caule com sintomas de fusariose, e E:seções sadias.

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guilhotina quando se verificar ter cortadocaules doentes, a fim de evitar a contamina-ção dos demais.

Em face da gravidade da fusariose, edo ataque da podridão-negra, após o corteas seções do caule devem ser imediatamentesubmetidas ao tratamento por imersão emsolução aquosa de defensivos. Essa práticaé importante também para o controle dacochonilha e do ácaro (Dolichotetranychusfloridanus), que, em geral, atacam plantas emudas de abacaxi.

Atualmente, os princípios ativos dosprodutos mais utilizados no Brasil para essecombate de pragas e de doenças, e res-pectivas concentrações recomendadas, são:

a) Fungicidas: triadimefom, 20 g/100 Lde água (mostra alta eficiência no controle dapodridão-negra).

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b) Inseticida-acaricidas: etiona 75 mL/100 L de água; parationa metílica, 135 mL/100 L de água.

O tempo de imersão das seções de taloé de 3 a 6 minutos. No caso de grandesquantidades de material, pode-se usar umagaiola de vergalhão coberta com tela cujamalha seja compatível com o diâmetro dospedaços de caule. A gaiola deve ser manejadacom uma corda, ou corrente resistente, ajusta-da a uma roldana (Fig. 7). O material deveser imerso em tanque de dimensões compa-tíveis com as da gaiola com a soluçãodesinfetante. O abastecimento e a descargada gaiola devem ser feitos manualmente. Nocaso de quantidades pequenas, antes deimersos na solução os pedaços de talo po-dem ser postos em sacos de aniagem, ouentão em balaios sustentados por arame.

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Fig. 7. Tratamento de seções do talo por imersão em solução

inseticida-fungicida.

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Plantio das seções de caule

Para o plantio das seções do caule, oscanteiros devem ser preparados com dimen-sões que facilitem a movimentação e a execu-ção dos tratos culturais (limpas, molhadas,etc.), ou seja, com largura não superior a1,20 m; altura de 10 cm; e comprimentovariável de 20 a 30 m.

Os canteiros de propagação devemestar próximos à fonte de água e ao local depreparo do material de plantio, evitando-seáreas infestadas com plantas daninhas decontrole difícil como, por exemplo, a tiririca(Cyperus rotundus), assim como aquelaspróximas de abacaxizais com alta incidênciade pragas e de doenças. O solo deve serpreferencialmente de textura leve (arenoso eareno-argiloso) e bem drenado.

Cerca de uma semana antes do plantiodas mudas é aconselhável incorporar, ao

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solo, um adubo fosfatado (superfosfatosimples, 10 gramas/m2), bem como aplicarnele um herbicida pré-emergente à base dediuron ou bromacil, na dose de 2 a 3 kg/hade ingrediente ativo (i.a.). Nesse caso, o solodeve estar úmido para aumentar a eficiênciados produtos.

Se houver formigas na área dos viveiros,aplicações localizadas de formicidas devemser feitas de acordo com as recomendaçõesdos fabricantes, atentando-se especialmentepara a ocorrência de formigas lava-pés(Solenopsis sp.) e outras formigas “doceiras”tidas como disseminadoras da cochonilha.

Após o umedecimento dos canteiros,os pedaços de caule podem ser plantadosem posição vertical, inclinada ou horizontal,com as gemas voltadas para cima e para olado do sol da manhã, de modo que asseções sejam parcial ou totalmente (plantiohorizontal) enterradas (Fig. 8).

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Os espaçamentos mais utilizados nosplantios vertical e inclinado das seções docaule são os de 10 x 10 cm, e de 10 x 15 cm,de forma que sejam obtidas densidades de100 e 66 seções/m2 de canteiro, respecti-vamente. Quanto ao plantio horizontal, oespaçamento pode ser de 10 x 5 cm (Fig. 9).

Fig. 8. Plantio das seções em posição vertical (V), inclinada(I) e horizontal (H) no canteiro de propagação.

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Fig. 9. Espaçamentos das seções nos plantios vertical ehorizontal.

Pedaços de caule cortados em forma dediscos devem ser plantados em posiçãonormal, e enterrados em toda a sua espessura.

A melhor época de plantio dos pedaçosde caule nos canteiros é o período quente emenos chuvoso. Baixas temperaturas domeio ambiente e do solo exercem efeitodepressivo sobre a brotação e o desenvol-vimento das plântulas, e muita umidadefavorece a incidência da podridão-negra, a

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qual pode causar grandes prejuízos, princi-palmente na fase inicial até a plena brotaçãodos pedaços de caule.

Quando o plantio é feito em períodode alta insolação, recomenda-se cobrir oscanteiros, sobretudo durante a brotação e odesenvolvimento inicial das gemas (de 1 a 3meses). A cobertura pode ter altura de 50cm a 1 m (ver Fig. 9), e ser feita de ripadosrústicos (palhas diversas, plástico, sombriteou outro material).

Cada pedaço de caule possui reservavariável conforme o seu tamanho, a qual atendeàs necessidades nutricionais para a brotaçãodas gemas axilares e o crescimento inicial dasplântulas. Após o esgotamento parcial dareserva existente na seção do talo, a adubaçãoinfluirá positivamente no desenvolvimento daplântula. Dessa forma, o início da aplicaçãode nutrientes pós-plantio pode variar em razãodo tamanho da seção utilizada. Em geral ele é

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feito quando as plântulas alcançam uma alturamédia de 4 a 5 cm, ou seja, cerca de 6 a 8semanas depois do plantio.

Os adubos nitrogenados e potássicossão mais freqüentemente aplicados empulverizações foliares semanais ou quinze-nais, e neles predominam como fontes a uréia(N) e o sulfato de potássio (K

2O), ambos

nas concentrações de 0,2% a 1%. Adubosfoliares completos (NPK mais micronu-trientes) também podem ser utilizados,seguindo-se as recomendações do fabricanteque correspondem, normalmente, às concen-trações de 0,2% a 1%. Em cobertura, a apli-cação de adubos sólidos, principalmente deuréia e de sulfato de potássio, poderá apre-sentar boa eficiência se realizada após oenraizamento das plântulas. Para reduzir ocusto de aplicação, os adubos foliares po-dem ser pulverizados junto com os defensi-

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vos, e, nesse caso, deve-se atentar semprepara a compatibilidade entre os produtos.

Para a sanidade da muda – principalobjetivo da propagação do abacaxi peloseccionamento do caule –, faz-se necessárioo uso preventivo de defensivos nos canteirosde multiplicação. A ocorrência de podridão-negra e de fusariose, bem como de pragas(cochonilha e ácaro), exige cuidados es-peciais por parte do viveirista.

Recomenda-se a aplicação dos mesmosprodutos, nas mesmas concentrações indi-cadas para o tratamento das seções pré-plantio. No caso de pulverizações com inseti-cidas, essas devem ser feitas em intervalosmensais ou bimestrais, e, no caso de pulve-rizações com fungicidas, em intervalossemanais ou quinzenais. O controle químicopreventivo com fungicida deve ser feitonormalmente até a brotação das gemas e aformação inicial das plântulas (de 6 a 8

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semanas após o plantio). Em condiçõesambientais muito favoráveis à incidência dasdoenças fúngicas, as pulverizações devemcontinuar tanto na fase de crescimento dasmudas como em caso de infestações decochonilhas e de ácaros.

Devem ser feitas inspeções semanaisnos viveiros, erradicando-se, por meio dequeima ou de enterramento, qualquer seçãode caule ou de muda com sintomas de ataquede fusariose.

Nos viveiros, o controle de plantasinvasoras é operação demorada e cara, espe-cialmente após a instalação delas. Quandorealizada corretamente em solo úmido, a apli-cação de herbicidas pré-emergentes antes doplantio dos pedaços de caule poderá contro-lar a população de invasoras durante umperíodo de 2 a 4 meses. Com isso reduz-sesignificativamente a mão-de-obra necessária

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para os tratos culturais. Terminado o efeitoresidual do herbicida o viveiro infesta-seoutra vez de plantas invasoras, sem que sepossa efetuar novo controle químico.

Em testes realizados na Embrapa Man-dioca e Fruticultura Tropical, plântulas já for-madas (de 15 a 20 cm) mostraram, durantevários meses, acentuados sintomas de fito-toxicidade, e sofreram considerável atrasono seu desenvolvimento após a aplicação deherbicidas à base de diuron e ametrina,ambos na dose de 2,4 kg i.a./ha. Quando oherbicida diuron foi aplicado pouco tempoapós o plantio das seções de caule no viveiro,houve uma grande redução da taxa debrotação das gemas, amarelecimento,paralisação de crescimento, secação e atémesmo morte de plântulas. A alternativa écontrolar as plantas invasoras por meio decapinas mecânicas (nos caminhos entrecanteiros) e de mondas (catação manual) noscanteiros de propagação.

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O fornecimento de água às plântulasdeve ser regular e em volume suficiente parapermitir que o viveiro fique molhado adequa-damente, isto é, sem que o solo fique enchar-cado. O fornecimento de 80 mm de águapor mês, incluída ai a água das chuvas, éconsiderada o mínimo necessário paramanter as plântulas em bom estado.

Em viveiros pequenos, a água poderáser suprida mediante regas manuais (comregadores ou mangueiras). Em áreas maiores,deve ser usada a irrigação por aspersão, depreferência microaspersão. Os viveiros de-vem ser molhados nas horas mais frescasdo dia, sobretudo no fim da tarde.

Colheita e transplante

Ao atingirem o tamanho adequado parao plantio no local definitivo, ou seja, a altura

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Fig. 10. Muda adequada para plantio definitivo (comprimentomínimo de 30 cm). A seção do talo presa à sua base deve serdestacada.

de 30 a 40 cm, as plântulas devem serarrancadas do solo juntamente com o restoda seção do caule que, em seguida, deve sereliminada (Fig. 10). O solo umedecido e

Muda

Seção do talo

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arenoso e o uso da pá de jardineiro facilitama execução dessa operação. Nessa ocasiãodeve ser feito mais um exame visual rigorosodas mudas, para que se descartem aquelascom sintomas de fusariose. O plantio dasmudas no local definitivo deve ser feito omais rápido possível, evitando-se, com isso,que sofram desidratação.

Nos trabalhos conduzidos no Brasil,esse método de propagação do abacaxi temresultado na obtenção de plântulas sadias, oque demonstra a sua alta eficiência. Emviveiro, a incidência da fusariose durante odesenvolvimento das plântulas tem osciladode 0% a 5%. Logo, as perdas podem serconsideradas realmente muito reduzidas secomparadas aos altos índices de infecção(de 30% a 50%) apresentados pelos talosde abacaxi utilizados nas pesquisas mencio-

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nadas, o que demonstra o elevado grau decontaminação dos abacaxizais.

Tanto o emprego exclusivo da seleçãovisual como o tratamento das mudas antesdo plantio (método convencional de propa-gação) não têm mostrado resultados satisfa-tórios. Em trabalhos experimentais observou-se uma taxa de apenas 45% de mudas sadiasquando se realizou uma rigorosa seleçãovisual do material do plantio. A perda de 30%a 50% das plantas nos primeiros meses apósa instalação do abacaxizal, em razão de suacontaminação por fusariose antes do plantio,é fato comum mesmo nas propriedades comalto nível tecnológico.

Verifica-se, portanto, que, apesar de serdemorada e trabalhosa, a técnica de pro-dução de mudas de abacaxi a partir doseccionamento do caule permite a melhoria

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do estado fitossanitário da lavoura, comrespostas imediatas na produtividade. Porisso ela se torna economicamente viável namaioria das atuais regiões produtoras deabacaxi no Brasil, e é essencialmente reco-mendada nas lavouras a serem implantadasem novas áreas.

O rendimento do processo de obtençãode mudas sadias a partir de pedaços de cauledo abacaxizeiro é influenciado por diversosfatores, entre os quais se destacam a cultivar,o tamanho da seção do caule, o desenvolvi-mento desse e as práticas culturais aplicadas.

Por possuir um talo mais volumoso,com maior número de gemas axilares, acultivar Smooth Cayenne é geralmente maisprodutiva do que a Pérola. Em geral, em6 meses após o plantio das seções (de 10cm de comprimento) da Smooth Cayenne

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são obtidas de cinco a oito mudas/caule detamanho superior a 15 cm; ao passo que,nas mesmas condições, a produtividade dacultivar Perola é de três a quatro mudas/caule.

Rendimentos maiores podem ser al-cançados com o uso de seções menores.Entretanto, quanto menores os pedaços decaule maiores serão os cuidados exigidos, emais sofisticadas e dispendiosas as técnicasaplicadas. Em geral, o uso de pedaços muitopequenos tornam necessários tanto o plantioem casa de vegetação como a repicagem dasmudinhas, quando essas atingem compri-mento de 5 a 10 cm, o que reduz sua viabili-dade para o produtor.

Na Tabela 1 constam dados referentesaos insumos, à implantação (preparo doscanteiros, plantio), à manutenção (práticasculturais) e à colheita de um viveiro de mudassadias de abacaxizeiro.

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Tabela 1. Coeficientes técnicos para produção de mudas deabacaxi (em 1 hectare de viveiro).

(1) Dados baseados em trabalhos experimentais da Embrapa Mandioca e FruticulturaTropical, considerando-se o espaçamento de 10 x 10 cm; canteiros de 25 cm x 1,20 m;e caminhos de 50 cm de largura entre canteiros.(2) h/tr = hora de trator; e H/d = homem/dia.

1. InsumosPlantas matrizes (talos)Fertilizantes Superfosfato simples

Uréia Sulfato de potássio

Adubo foliar (NPK + micro)HerbicidaInseticida-acaricidaFungicidaFormicida2. Preparo de canteirosAraçãoGradagem (2)Preparo das leirasIncorporação de adubo fosfatadoAplicação de herbicida3. PlantioObtenção e transporte dos talosSeccionamento dos talosTratamento das seções de taloPlantio das seções de talo4. Práticas culturaisPulverizações (adubações etratos fitossanitários)Mondas e capinasIrrigação5. Outras despesasColheita das mudasTransporteRendimento (85%)

Uma

kgkgkg

litrokg

litrokgkg

h/trh/trH/dH/dH/d

H/dH/dH/dH/d

H/dH/dH/d

H/d1% do custo geral

Mudas sadias

110.000

58 18 18

11 4 16 16 5

4 4

38 4 2

185120

57 95

32115 75

70

488.000

Especificação(1) Unidade(2) Quantidade

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Outros métodos de multiplicação

Além da propagação, por enviveira-mento, de seções de caule, outros métodosde multiplicação acelerada do abacaxi sãoconhecidos, embora sejam pouco praticados.

Um desses métodos é a multiplicaçãopor destruição do meristema apical (“olho”).A emissão de mudas do tipo rebentão podeser induzida ou mediante a eliminação do me-ristema apical de plantas com alguns mesesde idade, o que pode ser feito com umaespátula apropriada introduzida no centro daroseta foliar da planta; ou após a induçãofloral, pela eliminação da inflorescência (con-junto de flores).

Outro processo é a multiplicação portratamento químico. A pulverização de fitor-reguladores de crescimento (do grupo dasmorfactinas) sobre o abacaxizeiro, durantea fase inicial de desenvolvimento da inflo-

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rescência, de 1 a 6 semanas após a induçãofloral, pode transformar flores em mudas.

O número de mudas obtidas e suaposição sobre a inflorescência dependem dadata de aplicação e das concentrações dofitorregulador. Geralmente as mudas sãonumerosas e pequenas. A formação da mudapode ocorrer ou sobre toda a inflorescência,ou apenas sobre uma de suas metades oude seu terço superior. Quando a aplicação éfeita 9 semanas depois da indução floral, nãohá formação de mudas em vez de flores, maspode ocorrer uma redução do tamanho dacoroa do fruto.

A morfactina comumente usada nessemétodo de propagação rápida do abacaxi éo cloroflurenol, cuja aplicação com concen-trações de até 400 ppm pode proporcionara obtenção de mais de trinta brotações porplanta, geralmente com peso médio inferiora 100 gramas por muda.

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Um terceiro processo consiste na obten-ção de plantas em laboratório, a partir do cul-tivo de gemas axilares do caule em meio nu-tritivo e sob condições assépticas.

Em comparação a outros métodos con-vencionais de propagação, a principal van-tagem dessa técnica, denominada micro-propagação, é a produção de um elevadonúmero de plantas num curto espaço detempo e em área física bastante reduzida.

Considerando-se um número médio de15 gemas axilares por planta pode-se obterem torno de 700 microplantas em 5 subcul-turas sucessivas, com intervalos de 30 dias.Teoricamente, o número de plantas a serobtido pode chegar a milhões, porém, osriscos de variações genéticas são extrema-mente elevados. Essa taxa de multiplicaçãoé bastante variável de uma cultivar para outra.

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As plantas obtidas devem passar porum período prévio de aclimatização para quepossam adaptar-se às condições de campo.

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Títulos lançados

A cultura do alhoAs culturas da ervilha da lentilhaA cultura da mandioquinha-salsa

O cultivo de hortaliçasA cultura do tomateiro (para mesa)

A cultura do pêssegoA cultura do morangoA cultura do aspargoA cultura da ameixeiraA cultura da mangaA cultura do chuchu

Produção de mudas de mangaA cultura da maçã

A cultura do urucumA cultura da castanha-do-brasil

A cultura do cupuaçuA cultura da pupunha

A cultura do açaíA cultura da goiaba

A cultura do mangostãoA cultura do guaraná

A cultura da batata-doceA cultura da graviolaA cultura do dendê

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A cultura da amora-pretaA cultura do caju

A cultura da amora-preta (2ª edição)A cultura da melancia

A cultura do mamão (2ª edição)A cultura da banana (2ª edição)

A cultura do limão-taiti (2ª edição)A cultura da acerola (2ª edição)

A cultura da batataA cultura da cenouraA cultura do melãoA cultura da cebolaA cultura do sapoti

A cultura do coqueiro: mudasA cultura do coco

A cultura do abacaxi (2a edição)A cultura do gergelim

A cultura do maracujá (3a edição)

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