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Page 1: Projeto de Lei de Iniciativa Popular Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais

Projeto de Lei de Iniciativa PopularMovimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais

Campanha Nacional pela Regularização do Território das

Comunidades Tradicionais Pesqueiras

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O projeto de lei de iniciativa popular é uma ferramenta que possibilita aos cidadãos a apresentação de propostas de normas para a vida em sociedade, para a criação de direitos, para a modificação de uma situação que cause prejuízos à coletividade ou a um determinado grupo etc.

É um importante instrumento de participação popular.

O projeto de lei de iniciativa popular

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O projeto de lei está de acordo e é respaldado em diversas leis nacionais e internacionais já existentes:

O respaldo jurídico do PL pela Regularização dos Territórios Pesqueiros

PL Território Pesqueiro

Decreto n.º 6040/2007

Convenção 169 da OIT

Constituição Federal

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A Constituição Federal de 1988, além de prever direitos e garantias fundamentais, coletivos e difusos, trata:

dos direitos territoriais de povos indígenas e quilombolas, que servem de inspiração para as demais comunidades tradicionais;

dos direitos culturais e da preservação do patrimônio cultural (formas de expressão, modos de fazer, viver e criar etc.) dos povos formadores da identidade nacional (art. 215 e 216).

O respaldo jurídico do PL dos Territórios Pesqueiros

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A Constituição Federal de 1988 traz também o conceito de terras tradicionalmente ocupadas para os povos indígenas, aplicável também às outras comunidades tradicionais, e a obrigação de titular os territórios das comunidades quilombolas.

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Art. 231, §1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

Art. 68 - Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

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A CONVENÇÃO N.º 169 DA OIT (Organização Internacional do Trabalho) trata dos direitos sociais, ambientais e territoriais dos povos e comunidades tradicionais.

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Um elemento importante da Convenção n.º 169 da OIT é o critério de AUTOIDENTIFICAÇÃO para sua aplicação, que tem a ver com a identidade enquanto povo ou comunidade tradicional que se exercita coletivamente – o sentimento de pertencimento a uma comunidade tradicional.

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A CONVENÇÃO 169 também apresenta um conceito de território:

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Abrange todo o ambiente das áreas que [os] povos [e comunidades tradicionais] ocupam ou usam para outros fins.

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Direitos territoriais presentes na Convenção 169 da OIT:

Respeito às culturas e valores espirituais dos povos e comunidades tradicionais, sua relação com as terras/territórios que ocupam ou usam para outros fins e, particularmente, os aspectos coletivos dessa relação. Reconhecimento dos direitos de posse e propriedade das terras tradicionalmente ocupadas pelas comunidades e povos tradicionais.

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Direitos territoriais presentes na Convenção 169 da OIT:

Salvaguarda do direito dos povos e comunidades tradicionais interessados de usar terras não exclusivamente ocupadas por eles às quais tenham tido acesso tradicionalmente para desenvolver atividades (itinerantes). Identificação das terras tradicionalmente ocupadas pelos povos e comunidades tradicionais e garantia de efetiva proteção de seus direitos de propriedade e posse. Os povos e comunidades tradicionais não deverão ser retirados das terras que ocupam.

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A Convenção traz o PRINCÍPIO DA CONSULTA AOS POVOS INTERESSADOS, através de procedimentos apropriados e de suas instituições representativas.

Essas consultas referem-se a tomadas de medidas legislativas ou administrativas, suscetíveis de afetá-los diretamente.

A consulta a esses povos também é obrigatória nos seguintes casos:1- Em quaisquer empreendimentos ou exploração de recursos naturais em suas terras ( arts. 19,20 e21);2- Nos casos de remoção de suas terras tradicionais ( arts. 21 e 22);3- Na elaboração e execução de programas de formação profissional para esses povos( art. 23).

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O DECRETO N.º 6.040/2007 trata da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais e nele são apresentados os conceitos de povos e comunidades e territórios tradicionais.

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• grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.

Povos e comunidad

es tradicionais

•os espaços necessários a reprodução cultural, social e econômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma permanente ou temporária.

Territórios

tradicionais

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DIREITOS TERRITORIAIS PRESENTES NO DECRETO N.º 6.040/2007:

Garantia aos povos e comunidades tradicionais seus territórios, e o acesso aos recursos naturais que tradicionalmente utilizam para sua reprodução física, cultural e econômica;Garantia os direitos dos povos e das comunidades tradicionais afetados direta ou indiretamente por projetos, obras e empreendimentos.

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O projeto de lei cria o dever de reconhecimento e mecanismos de garantia e proteção do direito ao território de comunidades tradicionais pesqueiras.

O projeto de lei, seguindo o que já aponta a Convenção 169 da OIT, prevê que o seu critério de aplicação é a autoidentificação das comunidades pesqueiras.

Com a autoidentificação, as comunidades pesqueiras serão inscritas no Cadastro Geral das Comunidades Pesqueiras, junto ao Ministério da Cultura, que lhes dará certidão.

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Art. 3º - A caracterização das comunidades tradicionais pesqueiras será atestada mediante autodefinição das próprias comunidades.

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O projeto de lei considera comunidade tradicional pesqueira:

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os grupos sociais, segundo critérios de auto-identificação, que tem na pesca artesanal

elemento preponderante do seu modo de vida, dotados de relações territoriais específicas

referidas à atividade pesqueira, bem como a outras atividades comunitárias e familiares,

com base em conhecimentos tradicionais próprios e no acesso e usufruto de recursos

naturais compartilhados.

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O projeto de lei traz um conceito de território tradicional pesqueiro:

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as extensões, em superfícies de terra ou corpos d´água, utilizadas pelas comunidades tradicionais pesqueiras para a sua habitação, desenvolvimento de atividades

produtivas, preservação, abrigo e reprodução das espécies e de outros recursos necessários à garantia do seu modo de vida, bem como à sua reprodução física,

social, econômica e cultural, de acordo com suas relações sociais, costumes e tradições, inclusive os

espaços que abrigam sítios de valor simbólico, religioso, cosmológico ou histórico.

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Por conta da complexidade do território pesqueiro, que é coletivo e pode incidir sobre terras públicas e particulares e águas, com uso permanente e preferencial, o território pesqueiro poderá conter múltiplas formas de titulação.

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TERRITÓRIO

Terras particulares e terras públicas disponíveis

Terras públicas indisponíveisÁguas de rios, lagoas, mares

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Um território e três formas possíveis de titulação, que podem vir combinadas.

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Terras particulares e bens públicos disponíveis

Propriedade coletiva da comunidade pesqueira

Bens públicos indisponíveis

Concessão de uso e Concessão de

Direito Real de Uso

Águas de rios, mares, lagoas

etc.

Cessão de uso de águas públicas

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• Registro em cartório de imóveis em nome da associação da comunidade. Não pode ser dividida, vendida, penhorada, perdida por qualquer razão. A posse pode ser dividida.

Propriedade

coletiva•Contrato, por prazo indeterminado, no qual o Estado garante o uso exclusivo à comunidade com uma destinação específica. É feito em nome da associação. A comunidade tem uso permanente e preferencial.

Concessão de Uso

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• Contrato administrativo, por prazo indeterminado, em que o Estado transfere o uso da terra à comunidade com destinação de interesse social. É feito em nome da associação. A comunidade tem uso preferencial e permanente.

Contrato de Concessão de Direito

Real de Uso

•Atribuição do uso preferencial e permanente das águas à comunidade, por prazo indeterminado. É feito em nome da associação.

Cessão de Uso de águas

públicas

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O projeto de lei traz o caso da desintrusão:

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Art. 19. Verificada a presença de ocupantes que não fazem parte da comunidade tradicional pesqueira, o INCRA, observando o interesse da comunidade, procederá à desintrusão, acionando os dispositivos administrativos e legais para o reassentamento das famílias de agricultores pertencentes à clientela da reforma agrária ou a indenização das benfeitorias de boa-fé, quando couber.Parágrafo único. A desintrusão de agricultores familiares, definidos no art. 3º da Lei n.º 11.326/2006, é medida excepcional e só se fará necessária quando houver danos ou iminência de danos à sustentabilidade territorial, ambiental, econômica ou cultural apontados e devidamente fundamentados pela comunidade tradicional pesqueira.

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O projeto de lei trata das situações de sobreposição do território pesqueiro com:

faixas de fronteiras, áreas de segurança nacional, outras comunidades tradicionais e assentamentos, unidades de conservação.

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Nesses casos, o Estado deve adotar medidas que garantam a sustentabilidade das comunidades tradicionais e assentamentos envolvidos. (Art. 19).

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§ 1º. Em caso de sobreposição entre o território tradicional pesqueiro e outros territórios tradicionais e/ ou projetos de assentamento da Reforma Agrária, a revisão de atos administrativos [...] se refere à compatibilização dos territórios e/ou projeto de assentamento da Reforma Agrária, sempre ouvidas as comunidades, povos tradicionais e/ou assentados interessados, no sentido de garantir, sempre que possível, a permanência de ambos.

§ 2º. Quando o território ou parte dele se localizar em unidade de conservação de proteção integral ou área de preservação permanente, caberá ao Poder Público tomar todas as medidas necessárias à adaptação dos institutos existentes com o reconhecimento do território tradicional pesqueiro.

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Como deve ser apresentado? 1º passo: coletar assinaturas de 1% dos eleitores do Brasil

1 milhão e 403 mil assinaturas

Com pelo menos 0,3% assinaturas em cada estado

Em pelo menos 5 estados

É importante atualizar o número de

eleitores anualmente.

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O que ocorre após a apresentação?

2º passo: Protocolo do Projeto de Lei na Secretaria Geral da Mesa da Câmara dos Deputados.

3º passo: As assinaturas devem ser conferidas pelos servidores da Câmara dos Deputados.

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O que ocorre após a apresentação?

4º passo: O PL é enviado pelo Presidente da Câmara dos Deputados para a Comissão de Constituição e Justiça e outras comissões temáticas que tenham a ver com o PL.

5º passo: Nomeação de um deputado relator, outros deputados podem propor emendas.

O PL é datado e numerado. É

publicado no Diário da Câmara.

Audiência Pública pode ser

solicitada.

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O que ocorre após a apresentação?

6º passo: Votação pelos deputados federais. Pode ser de duas formas:

Votação conclusiva Votação em Plenário

Apenas as comissões votam o PL

Quando há recurso de 1/10 dos deputados

A votação pode ser

em caráter de urgência,

de prioridade

ou ordinária.

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A Campanha Nacional pelos Territórios das Comunidades Tradicionais Pesqueiras é um momento

muito importante de organização e mobilização popular para a construção dos direitos dos pescadores

e pescadoras artesanais!

A MOBILIZAÇÃO POPULAR É MUITO IMPORTANTE PARA A COLETA DE ASSINATURAS EM TODO O BRASIL E

PARA A APROVAÇÃO DO PROJETO DE LEI NO CONGRESSO NACIONAL!

Acesse: peloterritoriopesqueiro.blogspot.com.br

PARTICIPE!


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