Universidade São Judas Tadeu
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
Mestrado em Educação Física
Bruno Allan Teixeira da Silva
AS EMOÇÕES NO SURFE:
DA PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA À
FORMAÇÃO PROFISSIONAL
São Paulo
2017
Universidade São Judas Tadeu
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
Mestrado em Educação Física
Bruno Allan Teixeira da Silva
AS EMOÇÕES NO SURFE:
DA PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA À
FORMAÇÃO PROFISSIONAL
São Paulo
2017
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da
Universidade São Judas Tadeu, como requisito para
obtenção do título de Mestre em Educação Física, na
linha de pesquisa: Fenômeno Esportivo, sob
orientação da Profa. Dra. Sheila Aparecida Pereira dos
Santos Silva.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca
da Universidade São Judas Tadeu
Bibliotecária: Cláudia Silva Salviano Moreira - CRB 8/9237
Silva, Bruno Allan Teixeira da
A586e As emoções no surfe: da percepção de estudantes de Educação
Física à formação profissional / Bruno Allan Teixeira da Silva. - São
Paulo, 2017.
146 f.: il.; 30 cm.
Orientadora: Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva.
Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São
Paulo, 2017.
1. Esportes radicais. 2. Surfe. 3. Formação profissional. 4. Emoções. I.
Silva, Sheila Aparecida Pereira Santos. II. Universidade São Judas Tadeu,
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título
COMISSÃO JULGADORA
Aprovado em: 29/06/2017
Profa. Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva
Orientadora
Instituição: Universidade São Judas Tadeu – USJT.
Prof. Dr. Marcelo Callegari Zanetti
Instituição: Universidade São Judas Tadeu – USJT.
Prof. Dr. Reinaldo Tadeu Boscolo Pacheco
Instituição: Universidade de São Paulo – USP.
DEDICATÓRIA
A todos os Profissionais de Educação Física que se
preocupam com o ensino e aprendizagem, que sejam
sensíveis para compreender seus alunos e que tenham
coragem para seguir em frente.
À minha Mãe Vera e a meu Pai Fortunato, a meus
irmãos Felipe e Lucas e minha Vó Lindalva, que tanto
me ensinaram e me apoiaram na jornada da vida, e
mostraram o quão incrível ela pode ser quando
partilhada em família.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por se fazer presente, grande e inédito em todos os dias da minha
vida.
À minha querida orientadora, Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos
Silva, por ter acreditado em mim, nos meus sonhos, nas minhas crenças e ideias. Sou
grato pelos ensinamos acadêmicos, pelos puxões de orelha, momentos e memórias que
levarei para vida serão eternizados em minhas aulas, passos e construções profissionais.
Sendo que em cada dia ela se torna minha fonte de inspiração e admiração, pelo
trabalho, pelas ações e também pela pessoa que conheci. Sem ela, nada seria possível.
À minha mãe, que tanto me ensinou e me influenciou a mergulhar dentro do
mundo da Educação Física, com ela tenho a oportunidade de poucos de partilhar a
família, a orientadora e o trabalho. Me incentiva sempre a ir além, com seu amor,
exemplo e carinho sendo manifestados em todos os dias de nossas vidas.
Sou grato aos meus irmãos Felipe Allan e Lucas Allan, por me apoiarem em
minha jornada, mesmo não sendo da área sempre caminham junto comigo.
À minha querida Vó, que em todos os dias demonstra sua coragem, força,
garra, e que me conquista com seus abraços de urso.
Ao meu Pai Fortunato, mesmo que, infelizmente, nossas vidas tenham tomado
rumos diferentes, sei que irei encontrá-lo e também sei o lugar, só estou para descobrir
o dia. Ele tanto me apoiou enquanto esteve comigo, tanto me ensinou a ser forte, a
valorizar a família e, se completo este ciclo profissional, é graças a seus ensinamentos,
que irei levar para sempre.
Aos meus colegas do mestrado: Ariana, Mauro, Toni, Gabriela, Carol
Yoshioka, Grazzi, Bá, Ferraz, Samanda, Valdilene, Felipe, Carol Campos. Serei grato
pelo companheirismo e também eterna amizade
.
Aos meus amigos da VII turma da Pós-Graduação em Esportes e Atividades
de Aventura: Michel, Larissa, Roberto Trindade, André, Juliana, Viviane, Jeanne, Sarah
Gilson, Ana, Debora, Marcelo. Tatiany, pois estes me influenciaram a seguir cada hora
mais longe dentro das atividades de aventura.
À minha irmã acadêmica Leilane França, pois dividimos muitas tramas e
sonhos durante a graduação e foi possível estabelecer uma amizade incrível. Sempre me
apoiou nessa caminhada, mesmo longe está perto.
Agradeço as provocações acadêmicas, amizade e companheirismo do Marco
Antonio Uzinian.
Aos amigos Fernanda Pires, José Messias, Neilton, Tadeu, Marisa, Rose,
Sheila, Marcus Palmeira, Tania Spada, Michele Maia, Luciene Farias, Clovis Bento,
Luis Felipe Polito, Lucila, Carla Ferro, Helenilson, Maria Rita pela amizade e força em
cada dia, pelas risadas e pelo aprendizado.
Aos meus professores provocadores do curso de graduação em Educação
Física da UNICID (2009 – 2012): Mauricio Teodoro, Roberto Gimenez, Maria Helena
Kerbej, Laércio Iório, Luciene Diniz, Alessandro Freitas, João Marcelo Miranda, Paulo
Cesar Esteves, Marcelo Marquezi e Rosangela Marin, estes me proporcionaram muitas
provocações e aprendizado, serei eternamente grato.
Por fim, sou grato aos meus alunos. Sem vocês, ser professor não faria o
menor sentido.
Nada do que foi será De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará A vida vem em ondas,
como um mar Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente viu há um segundo tudo muda o tempo todo no mundo
Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo agora Há tanta vida lá fora Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Lulu Santos / Nélson Motta
RESUMO
O Profissional de Educação Física (PEF) pode ser responsável pela orientação,
intervenção e mediação do surfe como prática de atividade física. As emoções percebidas
pelos praticantes e mediadas pelo PEF podem vincular o sujeito à prática e possibilitar
experiências positivas. O objetivo deste estudo foi identificar as percepções subjetivas
das emoções de estudantes de EF para compreender suas primeiras experiências com o
surfe. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva, envolvendo seis estudantes de
Educação Física que participaram de três aulas de surfe e responderam a uma entrevista
semiestruturada. Todos os sujeitos perceberam medo e alegria durante as aulas, mas a
raiva e a tristeza também foram mencionadas por alguns. As emoções estão presentes nas
experiências de futuros PEF e precisam ser levadas em conta durante seus processos de
formação profissional uma vez que poderão atuar como orientadores/mediadores de
atividades de aventura plenas de oportunidades para vivências emocionais.
Palavras-chaves: Aspectos psicológicos. Atividades de Aventura. Surfe. Emoções.
ABSTRACT
The Physical Education Professional (PEF) can be responsible for the orientation,
intervention, and mediation of surfing as a practice of physical activity. Emotions
perceived by practitioners and mediated by PEF can link the subject to practice and enable
positive experiences. The objective of this study was to identify the subjective perceptions
of the emotions of EF students to understanding their first experiences with surfing. This
is a qualitative, descriptive research involving six Physical Education students who
participated in three surf classes and answered a semi-structured interview. All the
subjects perceived fear and joy during class, but anger and sadness were also mentioned
by some. Emotions are present in the experiences of future PEF and need to be taken into
account during their professional training processes since they can act as
advisors/mediators of adventure activities full of opportunities for emotional experiences.
Keywords: Psychological aspects. Adventure Activities. Surfing. Emotions.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Representação da organização em relação às emoções primárias, secundárias e
de fundo...........................................................................................................................27
Figura 2: Representação do modelo de Smith e Lazarus ..................................................29
Figura 3: Modelo de coping, adaptado de Lazarus; Folkman..........................................31
Figura 4: Organização curricular do Profissional de EF. .................................................45
Figura 5: Representação do universo das atividades de aventura....................................54
Figura 6: Adaptação do quadro de manobras do surfe......................................................62
Figura 7: Quadro de indicadores para realização da análise de conteúdo.........................69
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Percepções emocionais na prática do surfe....................................................101
Quadro 2: Representação das questões relativas à aula e ao professor............................103
Sumário 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 14 2. OBJETIVOS .............................................................................................................................. 19
2.1. GERAL .................................................................................................................................... 19 2.2. ESPECÍFICO ....................................................................................................................... 19
3. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................................. 20 4. AS EMOÇÕES ........................................................................................................................... 20
4.1. COPING ............................................................................................................................... 30 4.2. ALEGRIA .............................................................................................................................. 34 4.3. MEDO .................................................................................................................................. 35 4.4. TRISTEZA ............................................................................................................................. 38 4.5. RAIVA ................................................................................................................................... 39
5. A FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA: RELAÇÕES COM AS
ATIVIDADES DE AVENTURA ........................................................................................................ 41 6. AS ATIVIDADES DE AVENTURA .......................................................................................... 52 7. ASPECTOS PSICOLÓGICOS NAS ATIVIDADES DE AVENTURA .................................... 57 8. O SURFE .................................................................................................................................... 61 9. MÉTODO ................................................................................................................................... 64
9.1. NATUREZA DA PESQUISA ................................................................................................. 64 10. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS .............................................................................. 65 11. RESULTADOS ............................................................................................................................. 70
11.1 SUJEITO – 1 ................................................................................................................................. 70 11.2 SUJEITO – 2 ................................................................................................................................. 78 11.3 SUJEITO – 3 ................................................................................................................................. 86 11.4 SUJEITO – 4 ................................................................................................................................. 91 11.5 SUJEITO – 5 ................................................................................................................................. 95 11.6 SUJEITO – 6 ............................................................................................................................... 100
12. ANÁLISE NOMOTÉTICA ........................................................................................................ 105 12.1 PERCEPÇÕES EMOCIONAIS NA PRÁTICA DO SURFE: ................................................ 106 12.2 REPRESENTAÇÃO DAS QUESTÕES RELATIVAS À AULA E AO PROFESSOR: ....... 108
13. DISCUSSÃO ............................................................................................................................... 110 14. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 119 15. REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 122 APÊNDICES .................................................................................................................................... 132
APÊNDICE I ...................................................................................................................................... 133 APÊNDICE II ..................................................................................................................................... 134
ANEXOS........................................................................................................................................... 137 ANEXO I ............................................................................................................................................. 138 ANEXO II ........................................................................................................................................... 140 ANEXO III .......................................................................................................................................... 142 ANEXO IV .......................................................................................................................................... 144
14
1. INTRODUÇÃO
Nasci na capital paulista e tive a oportunidade de morar em várias regiões do
estado de São Paulo. Quando estava na Educação Básica cursei o Ensino Fundamental I
em São Sebastião – Litoral Norte de São Paulo, já o Ensino Fundamental II em Ilhabela
e o Ensino Médio em Caraguatatuba. Nessas cidades minhas aulas de Educação Física
Escolar (EFE) caminhavam de uma forma muito tradicional, os conteúdos eram ligados
ao futebol, basquetebol, voleibol e handebol.
Nestes locais, pela proximidade com ambientes naturais, tive a oportunidade
de conhecer o surfe e outras práticas corporais de aventura, mas, estranhamente, nunca
nas aulas de EFE. Nem outras disciplinas que compunham a Educação Básica tinham
seus conteúdos focados nas atividades de aventura ou na exploração da natureza.
Essa região me proporcionou um contato íntimo com a natureza, sendo rica
em atividades como trekking, surfe, vela, windsurfe, kitesurfe, canoagem, stand up
paddle, cachoeirismo, escalada e rapel.
Enquanto algumas crianças em São Paulo brincavam nas ruas ou com seus
videogames, naquele local tínhamos a opção de ser desbravadores, de surfar depois das
aulas, de realizar uma trilha nos momentos de lazer ou de brincar de “aventureiro” nas
nascentes de cachoeiras, sempre buscando aquilo que era desconhecido, explorando e
buscando a paisagem e a descoberta de sensações e emoções ligadas a essas práticas. Na
adolescência vislumbrava transformar o surfe em meu “instrumento” de trabalho.
Voltei para São Paulo com o foco em me capacitar, foi quando tive a
oportunidade de estudar Educação Física (EF) na Universidade Cidade de São Paulo –
UNICID. Nessa época, todo o projeto do curso estava constituído a partir da proposta do
“Ensinar para Compreensão”, uma forma de ensinar e construir competências
profissionais ativamente, tendo o foco em solução de problemas e estudos de caso para
compreender os conteúdos da atuação profissional em EF.
Na universidade percebi a possibilidade do trabalho com atividades de
aventura e esportes radicais e as suas relações com a atuação profissional em EF. Durante
o processo de graduação em EF, na Licenciatura e no Bacharelado, sempre me encantei
por estes caminhos.
Fiz uma especialização em EFE e sempre tive a preocupação de como seria
trabalhar com as atividades de aventura como conteúdo dentro da EFE por conta das
experiências que tive na graduação e na vida.
15
Ao término deste curso, busquei um curso de Especialização Lato Sensu na
única instituição no Brasil que oferecia curso de pós-graduação em atividades e esportes
de aventura na época, as Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU. Nessa ocasião, tive
a oportunidade de conhecer os professores Luciano Bernardes, Dimitri Wuo Pereira, Igor
Armbrust, Ricardo Auricchio, que atuavam na EF, Formação Inicial em EF, no ambiente
do lazer e também na formação continuada.
O fato de ter vivência e especialização em atividades e esportes de aventura
possibilitou o meu ingresso como docente em uma faculdade de EF no centro de São
Paulo. Neste momento, comecei a me preocupar em relação ao desenvolvimento de
competências do profissional/professor de EF que irá ministrar conteúdos ligados às
atividades de aventura.
De forma empírica, fui identificando algumas transformações dos alunos
durante sua “passagem” pela disciplina de atividades de aventura, pois muitos
experimentavam, pela primeira vez, várias atividades como escalada, skate, slackline,
enduro a pé, entre outras. Minha preocupação era que, além da experimentação das
atividades, o estudante de EF desenvolvesse as competências relacionadas à sua atuação
profissional ao ministrar conteúdos relacionados com as atividades de aventura,
utilizando os recursos que vivenciaram e sentiram durante a sua formação.
As discussões em relação à formação profissional em EF implicam no
desenvolvimento de recursos para ensinar e monitorar essas atividades no cotidiano. Na
EFE, as atividades de aventura foram inseridas na Base Nacional Curricular Comum
intitulada como “práticas corporais de aventura”, cujo foco centra-se em conhecer as
atividades, explorar suas possibilidades, avaliar questões referentes à segurança, sendo
essas discussões articuladas com toda a construção da proposta (BRASIL, 2017).
No cenário do esporte de alto rendimento, algumas atividades de aventura
estão se tornando esportes olímpicos, por exemplo, a escalada, o surfe e o skate irão
compor o rol de modalidades oficiais nos Jogos Olímpicos de 2020 (COI, 2016). Isto deve
proporcionar maior visão destas manifestações no cotidiano e, provavelmente, mais
profissionais de EF devem buscar se capacitar para ministrar essas atividades.
O professor que lida com situações de risco durante a atividade de aventura,
comumente enfrentará o medo do aluno em algumas práticas, como, por outro lado,
constatará sua sensação de alegria e de bem-estar após a superação da situação
desafiadora. Ao deparar-se com paisagens, pessoas e desafios inéditos, pode-se formar
16
algum tipo de vínculo do sujeito com a atividade (COSTA, 2000; PEREIRA;
ARMBRUST, 2010).
As atividades de aventura estão estreitamente relacionadas aos sentimentos
e emoções, portanto, fornecem situações peculiares que dependendo da mediação do
professor possibilitam experiências positivas que irão contribuir de forma crucial na
formação para a vida. Para Costa (2000), [...] “a aventura é para gente que sonha. Se você
se permitir sonhar e realizar, vai ficar com a impressão de que pode realizar tudo o que
pretende, pois nada é impossível no sonho” (p.78). Nesta perspectiva, a projeção e
expectativas criadas pelo praticante em relação à busca pela aventura podem realizar uma
construção sinérgica entre o sujeito, as emoções e o movimento.
Outra questão inerente nessas atividades é o convívio com o risco, elemento
implícito em sua prática, cabe ao profissional que a orienta controlar e mediar todas as
situações para que não aconteça nenhum tipo de acidente ou fatalidade. Na atividade de
aventura o risco pode ser controlado por meio de técnicas, equipamentos e profissionais
que conseguem gerir a atividade. Porém, autores ressaltam que o risco não pode ser
completamente controlado, pois há situações que fogem do domínio técnico como os
fatores ambiental e/ou climático (PEREIRA; ARMBRUST, 2010; ARMBRUST;
LAURO, 2010). A emoções durante a prática de atividade de aventura, pode ser um
agente modificador da realidade percebida pelo sujeito, principalmente em relação a
própria percepção de risco
Tais características formam uma complexidade de fatores que proporcionam
ao praticante no mundo da aventura experiências inéditas e inesquecíveis, dependendo da
percepção do sujeito dentro da ação. O ambiente de incerteza e situações de riscos,
oportuniza ao praticante se deparar com episódios que exigem o controle de suas ações
para superar a situação ou recuar. O encontro entre o sujeito e o ambiente pode
desencadear a fuga ou o enfrentamento da situação, ou seja, o sujeito cria ações motrizes
para se adaptar, fugir ou superar os desafios que podem surgir no momento em que pratica
alguma atividade de aventura.
A percepção, a história de vida do sujeito está diretamente relacionada às
emoções. Estudos definem as emoções como um conjunto de alterações psicofisiológicas
causadas por uma avaliação do sujeito sobre a situação (DAMÁSIO, 2015; LAZARUS,
2000; 1991; SMITH; LAZARUS, 1990).
17
Nesse cenário, o profissional responsável pela organização, orientação e
monitoramento das atividades de aventura, trabalha com alunos diversos, desde crianças
à adultos, cada um possuindo uma história de vida, experiências emocionais diversas,
recursos de enfrentamento diferentes que afloram no momento da execução da atividade.
O profissional ou professor de EF são mediadores dentro do processo de ensino e
aprendizagem de qualquer atividade de aventura, portanto é imprescindível compreender
as emoções, a cultura, as crenças, as dificuldades dos discentes. No processo de mediação
é necessário romper com o estrito “ato de fazer”, e considerar os sentimentos, as emoções
e as experiências vividas, pois, estas irão ser fontes importantes para as instruções da
atividade e também na forma em que seu aluno irá perceber e se perceber dentro dela.,
Segundo Arruda (2012 p. 300), ao mediar as emoções o professor rompe com as práticas
prescritivas sustentadas no tradicionalismo e autoritarismo, pois considera em suas ações
pedagógicas as paixões, medos ou alegrias é: “ dar voltas com” universos de emoções”.
O profissional deve saber mediar as situações e proporcionar instruções que
façam seus alunos conseguirem o êxito na realização da atividade. Essa situação remete
à formação inicial do profissional de EF.
Estudos apontam a necessidade dos estudantes de EF compreenderem melhor
as suas emoções e que a universidade e o processo formativo necessitam considerá-las
dentro do desenvolvimento de competências para a atuação profissional. Ao perceber as
emoções que estão impedindo a aprendizagem do aluno, o professor consegue formular
estratégias que libertam o aluno para aprender utilizando experiências de aprendizagem
significativas e positivas. Neste aspecto, a formação inicial objetiva produzir quadros
profissionais em consonância com a realidade do cotidiano da atuação, pois a formação
inicial, bem como a inserção no mercado de trabalho, dependem de uma série de
competências que devem ser desenvolvidas na universidade (KLEMOLA; HEIKINARO-
JOHANSSON; O’SULLIVAN, 2012).
Ao considerar a complexidade dos estudos das emoções nas atividades de
aventura e na formação inicial em EF, o profissional também precisa de competências
ligadas às emoções. Esses apontamentos, suscitam alguns questionamentos: como o
estudante de EF percebe uma atividade de aventura? Qual será a percepção das emoções
por estes estudantes nos momentos em que vivenciam o surfe pela primeira vez?
A partir desses questionamentos e com o propósito de averiguar essas
questões que esse estudo se fundamenta. Então, percebi a necessidade de pesquisar na
18
literatura maiores conhecimentos sobre a emoções e sua relação com a formação inicial
em EF nas atividades de aventura.
19
2. OBJETIVOS
2.1.GERAL
Identificar as percepções subjetivas das emoções de estudantes de EF para
compreender suas primeiras experiências no surfe.
2.2.ESPECÍFICO
• Identificar as percepções de estudantes de Educação Física em
relação às suas primeiras experiências com atividades de aventura.
• Identificar as emoções na prática do surfe pela primeira vez.
20
3. REVISÃO DE LITERATURA
Essa revisão de literatura é do tipo integrativa e tem como propósito
estabelecer as bases de sustentação desta investigação. Souza, Silva e Carvalho (2010)
mencionam que essa característica de revisão permite a integração de estudos
experimentais e não experimentais, como forma de auxiliar na compreensão completa do
fenômeno investigado. Neste sentido, buscou-se em periódicos científicos e livros para
compreender as questões referentes as emoções, a formação profissional em Educação
Física, as atividades de aventura e o surfe.
4. AS EMOÇÕES
As emoções podem ser influenciadas por uma série de fatores que causam
alterações psicológicas, comportamentais e fisiológicas. Estás ficando como plano de
fundo das ações do ser humano sob todo evento considerado como significativo, neste
cenário, a maioria das ações tomadas são movidas por necessidades ligadas à
sobrevivência ou relativas à busca pela satisfação no meio social em que vivemos.
Aprendidas e desenvolvidas a partir da “experiência vivida”, a ação escolhida
perante a algum evento considerado como estressor, ameaçador ou benéfico pode realizar
alterações “complexas” nos aspectos psicológicos, fisiológicos e comportamentais. Tais
experiências acumuladas durante vida, podem ser determinantes nas ações que são feitas
a partir de uma avaliação subjetiva entre o sujeito e o evento. Neste sentido, a situação
pode ser considerada como boa ou ruim, e desencadeia ações como lutar ou fugir, como
chorar ou rir, podendo-se considerar as emoções como positivas ou negativas.
Em todo momento ocorre a manifestação das emoções. Uma pessoa tanto
pode ficar surpreendida e alegre ao receber uma promoção no trabalho, pode considerar
algo como ameaçador ou ficar envergonhada para falar em público. Estes aspectos
emocionais, no entanto, variam de pessoa para pessoa e compõem aspectos da percepção
subjetiva de “bem-estar ou mal-estar” (LAZARUS, 2000; SMITH; LAZARUS, 1990).
Smith e Lazarus (1990) afirmam que apesar de todas as pessoas conhecerem
suas emoções, sentem enorme dificuldade ao descreve-las. Os autores ressaltam que uma
mesma situação, desencadeia respostas diferentes, mas independente da diferenciação nas
respostas, a dificuldade de descrição estará presente.
21
Mesmo que as emoções sejam consideradas universais, a cultura, os
costumes, as experiências que o sujeito tem durante a vida, podem ser fontes de diferentes
interpretações e concepções sobre o que se sente (COSTA, 2008). Ao considerar a forma
subjetiva, as emoções fazem referência a todos os eventos que são avaliados de forma
significativa ao longo das experiências da vida, por exemplo, sentir orgulho ao ser
elogiado por alguém, ficar com raiva quando nossas casas são roubadas, ficar feliz com
o nascimento de uma criança, sentir uma dor profunda com a notícia da morte de alguém
que se ama (EKMAN; CAMPOS, 2003).
Podemos estabelecer uma relação com a interpretação de diferentes estilos
musicais e mudanças nos estados emocionais de sujeitos de diferentes gêneros. A escolha
da música depende das motivações do sujeito, da cultura em que foi criado e dos costumes
desenvolvidos durante a vida (ARRIAGA; FRANCO; CAMPOS, 2010).
Por exemplo: um estilo “rock n’ roll”, que para muitos pode ser agradável e
gera um sentimento de prazer e alegria, para outros pode gerar raiva, desgosto e tristeza,
pois a outra pessoa pode ter costumes diferentes e, devido a isso, esse estilo musical não
pode lhe proporciona uma sensação de bem-estar. As diferentes situações da vida,
influenciam fortemente o comportamento humano em resposta a cada um destes eventos
(SMITH; LAZARUS, 1990).
Arriaga, Franco e Campos (2010) testaram a eficácia de vários excertos
(versão reduzida de uma música) na indução de estados emocionais específicos como
medo, raiva, alegria, tristeza e um estado neutro. Cada excerto tinha uma duração de dois
minutos e foram utilizados 11 diferentes, dois para induzir cada emoção e três para um
estado de relaxamento neutro. Um dos apontamentos do estudo é que as músicas
selecionadas para induzir o medo e a tristeza não foram descritas pelos sujeitos com um
“tom de desagrado”.
A música, a arte, o teatro, o cinema, o esporte, os videogames podem induzir
o sujeito a estados emocionais por conta da imersão feita de forma imaginária em eventos
que dependem e mexem com a compressão, reflexão e tomada de decisão, com emissão
de respostas emocionais singulares que derivam da forma como a pessoa avalia a
interferência do evento em sua sensação de bem-estar.
Na obra pintada por Edvard Munch em 1893, o movimento expressionista
buscou colocar em uma tela as emoções sentidas pelo artista, como relata:
22
Caminaba yo con dos amigos por la carretera, entonces se puso el sol; de repente, el
cielo se volvió rojo como la sangre. Me detuve, me apoyé en la valla, indeciblemente
cansado. Lenguas de fuego y sangre se extendían sobre el fiordo negro azulado. Mis
amigos siguieron caminando, mientras yo me quedaba atrás temblando de miedo, y
sentí el grito enorme, infinito, de la naturaleza (CRUZ, 2006, p. 9).
A obra de Munch reflete uma avaliação do encontro que para ele foi
significativo, pois expressa suas emoções e ideias. Ao ser observada, pode conduzir o
observador ao estado emocional que o autor sentia naquela tarde ensolarada com seus
amigos.
No esporte, entende-se que os processos emocionas podem acontecer como
um tipo de reação que contagia todos os envolvidos como atletas, técnicos, árbitros,
torcida. Ao observar um desempenho satisfatório da equipe, os espectadores podem
manifestar alegria, e em um momento de desempenho ruim eles podem apresentar reações
de tristeza ou raiva, comportamentos estes influenciados pelo ambiente e pelas
expectativas criadas (MACHADO, 2006).
Dentro deste cenário, antes te tecer relações com a EF e o Esporte, precisamos
compreender alguns autores que se preocuparam no desenvolvimento de teorias com foco
em entender as emoções e suas relações com as ações humanas. Entendemos que o
processo de percepção das emoções pode causar alterações complexas no ser humano,
todo evento que possuir um sentido e significado para o sujeito, irá possuir uma resposta
e uma percepção emocional dentro da ação.
Neste sentido, não basta apenas compreender a emoção como um estado, mas
é preciso entendê-la em uma abordagem situacional, em que sua percepção e alterações
psicobiológicas estão relacionadas a fatores ligados ao indivíduo, a situação e ao contexto
em que tudo acontece (SAMULSKI 2009; LAZARUS, 2000). Assim, é preciso realizar
um mapeamento de algumas teorias desenvolvidas e que auxiliam a compreender as
emoções por diferentes olhares e períodos históricos.
No estudo das emoções, Charles Darwin na obra “A expressão das emoções
no homem e nos animais” de 1872, estava ciente da complexidade de compreender a
expressão do homem, sendo que várias vezes podem ser bastante sutis e de curta duração.
Uma outra questão é se existia relação entre os estados de espírito e os gestos que
poderiam os representar (CASTILHO, 2010).
Neste sentido, todo contato corporal gera algum tipo de emoção, por exemplo:
o tremor causado pelas emoções de medo ou ansiedade. Moraes (2007), investigou as
emoções em crianças, adultos e indígenas por meio de fotografias da face em diferentes
23
situações, o autor enfatiza que as expressões faciais podem revelar indícios de um estado
moral, emocional ou de espírito em que o sujeito se encontra.
Em continuidade às ideias de Darwin, Paul Ekman confirma que toda pessoa,
em qualquer parte do planeta, reconhece as expressões faciais que remetem a estados
emocionais como o medo, a tristeza, a raiva, o desgosto, o prazer e a angústia são
facilmente reconhecidos por meio do rosto (COSTA, 2008; EKMAN, 2011; MORAES,
2007).
Nessa perspectiva, Ekman (2011) afirma que todas pessoas demonstram um
estado emocional em sua face, em que diferentes emoções funcionam em sincronia, sendo
que a leitura da face e do possível estado emocional pode ser feita por qualquer um no
cotidiano, que pode ser fruto de emoções positivas ou negativas expressas naquele
momento. O autor menciona que os estados emocionais podem variar de cultura para
cultura, por conta das experiências de vida que cada um possui e das características de
personalidade do sujeito, proporcionando a cada indivíduo um conjunto de características,
costumes e respostas singulares perante cada situação, sendo que a análise dos aspectos
emocionais pode acontecer no momento em que se realiza uma autoanálise ou análise do
outro.
Moraes (2007), relata que em 1890 Willian James buscou compreender as
emoções humanas relacionando o estado emocional induzido por um estímulo externo ou
evento a respostas automáticas do sistema nervoso, assim a percepção dos estados
corporais era o estopim para desencadear um estado emocional.
Os estados emocionais, os sentimentos e paixões são constituídos e
produzidos por mudanças corporais que normalmente podemos considerar como
expressão ou consequência de um estado emocional. As emoções são condicionadas às
percepções corporais vinculadas a processos nervosos, portanto, em uma pessoa com
raiva, seus movimentos ficam mais agressivos, sua fala pode se alterar e seus pensamentos
podem sofrer influência da emoção emergida (JAMES, 2008).
Sigmund Freud, no início do século XX, fundamentando na abordagem
psicoterapêutica, investigava as emoções a partir dos relatos dos indivíduos e suas
experiências emocionais desenvolvendo três teorias: a de traumas emocionais, conflitos
internos e repetição compulsiva (MORAES, 2007). Essa abordagem é mais centrada na
identificação do todo do indivíduo, enfatizando determinantes inconscientes como o id
impulsos instintivos, ego personalidade consciente e superego que seria a consciência
24
moral, todas as ações que o sujeito pode tomar perante o evento são julgadas pela
consciência.
Charles Darwin, Willian James e Sigmund Freud publicaram muitos escritos
com aspectos diferentes sobre as emoções, oportunizando uma maior compreensão em
relação ao ser humano no século XX. Houve um período que pesquisadores cognitivistas
e neurocientistas no início do século abandonaram as ideias de Darwin, criticaram os
escritos de James e levaram os estudos de Freud para outras áreas, durante boa parte do
século XX o estudo das emoções foi descartado dos laboratórios (DAMÁSIO, 2015).
O médico neurocientista Antônio Damásio buscou compreender em sua
trajetória o comportamento e o funcionamento do cérebro. Nessa perspectiva, sua ótica
biológica e com foco na neurofisiologia em que investiga a ativação de diversas regiões
do cérebro por conta de alguma emoção como sistema nervoso periférico, sistema nervoso
autônomo e as ações do sistema endócrino. Tais ações podem acontecer como forma de
preparar o sujeito para correr em uma situação de fuga, para lutar em uma situação que
pode ser ameaçadora, para festejar em um evento que celebre algo, organizando de forma
automática todo o corpo para a realização da ação (DAMASIO, 2004).
As emoções podem ser um conjunto de alterações e mudanças no corpo e no
cérebro, tendo sua origem a partir da interpretação via sensorial (neural), modificando o
estado de inúmeras terminações nervosas, que estão sob o controle do sistema nervoso
central (DAMÁSIO, 2012). Alterações essas que funcionam de forma integrada
formulando uma resposta a partir da leitura da situação, o sujeito pode ter raiva, medo,
tristeza e ou alegria no mesmo dia, a partir de diferentes situações vividas. Para o autor,
os estados emocionais são registros sobre o que está acontecendo com o corpo e o sujeito
perante a situação, podendo causar alterações no sistema psicológico e fisiológico de
forma integrada.
Em relação às emoções elas interagem na homeostasia associando-se a todas
reações fisiológicas automáticas que são necessárias para manter de forma estável o
organismo, definindo a homeostasia como uma regulação automática da temperatura, da
concentração de oxigênio ou PH em nosso corpo e suas interações com o sistema nervoso
como papel de organizador do sistema endócrino e suas funcionalidades, as emoções são
integram esse processo (DAMÁSIO, 2015).
O autor propõe dois conceitos: o primeiro é em relação ao termo sentimento
que está reservado a uma experiência mental privada de uma emoção, por outro lado a
emoção seria para denominar as reações do organismo, onde muitas são observáveis.
25
Nessa direção, as emoções são reconhecidas e avaliadas pela interação do
sujeito com o ambiente em que num processo automático se “equaliza” as demandas
exigidas pela situação. Existindo um núcleo biológico comum Em relação às emoções
pontuadas por (DAMÁSIO, 2015):
• As emoções são complexas reações químicas e neurais que formam um padrão.
Todas elas têm algum tipo de papel regulador a desempenhar no organismo,
levando a alguma vantagem perante a situação. Elas estão ligadas à vida, ao corpo,
e auxilia na conservação da vida.
• Mesmo sabendo que a cultura e o aprendizado alteram a expressão e o significado
das emoções e os conferem novos sentidos, é inegável que as emoções são
processos biológicos e que dependem de mecanismos cerebrais estabelecidos de
maneira inata.
• Os mecanismos que produzem as emoções ocupam um grupo razoavelmente
restrito de regiões subcorticais, começando no nível do tronco cerebral e chegando
até regiões localizadas na parte superior do cérebro Estes mecanismos fazem parte
de um conjunto de estruturas que regulam e representam estados corporais.
• Todos estes mecanismos podem ser acionados de forma automática, sem uma
reflexão consciente. A cultura pode ter um papel fundamental na configuração de
indutores que não impedem a função reguladora delas sobre o organismo.
• As emoções usam o corpo como um “teatro”, sistemas viscerais, vestibular e
músculo–esquelético são palco para o seu trabalho, além de também afetarem
inúmeros circuitos cerebrais causando mudanças profundas e sinérgicas na
paisagem do corpo e do cérebro.
Ainda precisamos mencionar a relação das emoções de fundo, que são
detalhes sutis na postura do corpo, a velocidade e o contorno dos movimentos, mudanças
mínimas na quantidade e na velocidade dos movimentos oculares e músculos faciais. Os
indutores das emoções de fundo geralmente são internos, sendo que os próprios processos
da vida podem causar emoções de fundo (DAMÁSIO, 2015). As emoções têm função
importante na regulação da vida, pensando nas características da homeostasia, que dentro
deste sentido toma um papel representativo na relação sujeito e ambiente dentro da busca
pela sobrevivência.
Damásio (2012; 2015) destaca duas funções biológicas importantes das
emoções, a primeira é uma reação indutora que nos animais seria a força pela
26
sobrevivência como lutar ou fugir. Nos seres humanos espera-se, por conta do raciocínio,
outros comportamentos que transcendam a luta e a fuga. Para o autor, a segunda função
das emoções seria a regulação interna do organismo para lutar ou fugir, por exemplo, em
uma situação de fuga fornecer um fluxo sanguíneo mais intenso às artérias das pernas
para que os músculos recebam oxigênio e glicose adicionais para uma reação de fuga, até
mesmo alterar a frequência cardíaca, o controle ventilatório e as ações endócrinas.
Apesar da relação biológica destacada por Damásio (2015; 2012) , não
podemos dissociar a relação das emoções com o significado que a situação pode ter para
o indivíduo. Todos os efeitos emocionais e ações que quebram a homeostase como
mecanismo de defesa ou prazer são consequências da leitura subjetiva que o indivíduo
realiza a partir de sua cultura. Por exemplo, em Papua-Nova Guiné localiza na Oceania
existe uma tribo com o nome de Korowai que ainda realiza alguns rituais de canibalismo.
Para alguém que não é da tribo este tipo de situação pode gerar um comportamento de
defesa, fuga ou paralização caso vá viajar para essa região. Para a população, o ritual é
comum e só acontece quando uma pessoa está à beira da morte, se ela chamar alguém
pelo o nome os integrantes da tribo acham que está pessoa está possuída pelo khakhua
(Representação de denomino), o acuso é morto por uma flecha de osso e servido para toda
a tribo, sendo uma prática comum para todos naquela região ( MARCEL, 2014). Em outro
país ou região esse tipo de ato criaria revolta, ou poderia gerar até respostas agressivas
contra os praticantes do canibalismo por ser um ritual que pode ameaçar a existência de
muita gente.
Não há dúvidas que o controle das emoções, bem como o seu entendimento
influencia diretamente no comportamento das pessoas e o cenário e a cultura são
determinantes nesse processo. Na prática esportiva o controle das emoções pode ser um
fator determinante para que o atleta obtenha um bom resultado, na docência pode ser um
determinante para melhoras na relação do ensino e aprendizagem considerando as
relações afetivas, sociais e emocionais.
As emoções em geral são classificadas em primárias ou universais que são:
alegria, tristeza, medo, raiva, surpresa ou repugnância. Por outro lado, existem outros
comportamentos em ação que ganham o nome de emoções secundárias que são: ciúme,
culpa, orgulho e o que pode se denominar como emoções de fundo: bem-estar, mal-estar,
calma, tensão, prazer ou dor e emoções de fundo.
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Assim, as emoções podem ser classificadas como emoções primárias
(Universais), emoções secundárias e emoções de fundo, conforme Figura 1:
Emoções Primárias
Medo; Raiva; Tristeza; Alegria; surpresa; desgosto
Emoções Secundárias
Vergonha; Culpa; Ciúme; Orgulho; Compaixão; Embaraço; Inveja; Gratidão;
Espanto; Indignação
Desprezo
Emoções de Fundo
Dor/Prazer; Bem-estar/Mal-estar; Calma/tensão; Irritação/relaxamento; Desanimo/
Esperança
Bom humor/ Mau – Humor; Fadiga/ Energia; Esperança/ Desencorajamento;
Estabilidade/ Instabilidade; Equilíbrio/ desequilíbrio; Harmonia/Discórdia
Figura 1. Representação da organização Em relação às emoções primárias, secundárias e
de fundo (COSTA, 2008; DAMÁSIO, 2015; 2012).
Para Damásio (2012), as emoções primárias envolvem disposições inatas do
indivíduo para responder a uma certa classe de estímulos controladas pelo sistema
límbico. As emoções secundarias seriam aprendidas, associadas às experiências que o
indivíduo passa durante a vida, avaliadas como boas ou ruins e as emoções de Fundo são
mais respostas interiores correspondendo ao estado do corpo entre as emoções, se
manifestando na face, na linguagem e nos movimentos corporais.
Elas são importantes para compreender o ser humano e suas ações em
diversos contextos da vida, na família, na escola, no esporte ou no trabalho. Todas as
ações que o sujeito desencadear perante uma situação significativa é resultado da relação
indivíduo – ambiente, que irá leva-lo a ter respostas e comportamentos emocionais
automáticos perante ao evento (COSTA, 2008; DAMÁSIO, 2015; SMITH; LAZARUS,
1990).
As abordagens em relação à emoção possuem diferentes interpretações, bases
teóricas e preocupações. Desde a avaliação das mudanças corporais até as relações com
o funcionamento automático do corpo humano podemos compreender que tudo aqui
apresentado é interdependente, em cada estado emocional o sujeito sofre alterações e
mudanças nas expressões, no sistema nervoso e vísceras e na cognição (EKMAN, 2011;
JAMES, 2008; SMITH; LAZARUS, 1990).
A base teórica que utilizamos para compreender as emoções nas primeiras
experiências com o surfe foi criada por Richard S. Lazarus, que foi professor do curso de
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Psicologia da Universidade da Califórnia – Estados Unidos da América. Este autor criou
a abordagem denominada de Transacional, Motivacional e Relacional que consiste em
compreender as interações entre o sujeito e o ambiente e suas possíveis ações com uma
visão da psicofisiológica. Para o autor, todo processo emocional irá causar alterações
diretas na cognição, no corpo e nas ações assim como descreve:
As origens do comportamento do homem (sua ação observável) e sua
experiência subjetiva (pensamentos, sentimentos e desejos) são duplas: Os
estímulos externos que exercem sobre ele e as disposições internas que
resultam da ação reciproca entre, de um lado, as características fisiológicas
herdadas e, do outro, a experiência com o mundo. Quando focalizamos nossa
atenção nas primeiras, notamos que uma pessoa atua de tal e tal maneira por
causa de certas qualidades numa situação (LAZARUS, 1974 p. 56).
Neste sentido, as emoções estão inteiramente ligadas a forma que o sujeito
avalia cada encontro com o ambiente, este processo está intimamente ligado a
“experiência vivida” e de todos os recursos que são desenvolvidos durante a vida do
sujeito. Em relação a isso, o comportamento humano pode estar ligado a estímulos
externos, porém ele também interage e origina-se nas relações ligadas ao sujeito
(LAZARUS, 1974). O comportamento humano possui uma conexão profunda com
questões ligadas a característica e traços de personalidade, de suas expectativas, de suas
metas e das experiências que teve ao longo da vida. Este comportamento relaciona-se
partir do desempenho do papel exercido como professor, aluno, técnico, atleta, estudante,
pai, filho e relações de trabalho.
Para Smith e Lazarus, (1990) a resposta emocional perante a situação não é
somente em relação ao estimulo que a situação pode o inserir, mas é fruto da relação
organismo (pessoa) e as suas interações com o ambiente (estresse). As propriedades e
significados do contexto combinados com o padrão de motivação do sujeito são fatores
importantes que acarretam na manifestação de emoções negativas ou emoções positivas
resultando em danos ou benefícios ao organismo, por este fator os autores reforçam que
a compreensão das emoções deve ser relacional, sujeito e ambiente.
Existem combinações de alterações perante as respostas emocionais, que
acontecem por algum tipo de evento que o sujeito o considera como significativo, e estão
ligados a questões cognitivas, motivacionais, sociais e adaptativas em vários níveis de
interpretações do sujeito em relação ao evento. Para Lazarus e Folkman (1991) as
emoções não podem ser dissociadas das questões biológicas e sociais. Essa interpelação
está representada na (Figura, 2):
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Figura 2. Representação do modelo de Smith e Lazarus (1990) e Lazarus e Folkman
(1991).
Em relação às emoções é preciso considerar aspectos ligados ao indivíduo,
aos processos biológicos, as questões sociais e a representação de um “observador”.
Conforme representado na (Figura 2), o indivíduo realiza uma leitura da situação que está
inserido, tendo uma percepção em relação ao seu bem-estar ou mal-estar.
Para Smith e Lazarus (1990), após o término da experiência, é mais fácil o
indivíduo descrever as emoções que sentiu e compreender melhor as suas ações,
entendendo seus pensamentos, atos impulsivos e sensações corporais, melhor do que
qualquer observador externo.
Outro fator, é em relação à perspectiva do observador, sendo todo aquele que
de alguma forma pode interferir nas emoções do outro, por tudo aquilo que é observável
sendo o comportamento, linguagem, gestos corporais, olhares, expressões faciais. Essa
figura pode ser um amigo, um professor, um treinador, um inimigo ou um pesquisador.
Essas reações emocionais de outras pessoas são interpretadas por vários indícios e
significados e codificadas para compreender um pressentimento de maldade em um
aperto de mãos, uma futura falta em um jogo de futebol a partir de uma simples troca de
olhares ou uma situação de amor com um sorriso que acabou sendo recíproco.
Lazarus e Folkman (1991) mencionam que as reações do observador
(avaliação social) são consideradas fenômenos baseados em regras e sistemas caóticos,
sendo sua qualidade e intensidade avaliada a partir do encontro entre o sujeito e o
ambiente. Para os autores, as emoções também dizem o que é significativo e o que não é,
ao se observar os relacionamentos com o seu meio e as emoções resultantes da situação
Emoções
Indivíduo
Observador
Sociedade
Biologica
30
podemos saber mais sobre as crenças da pessoa, sobre si e sobre o mundo. Ao avaliar o
evento, o indivíduo formular o seu significado, seja para seu bem-estar ou dano. Essa
dinâmica pode fornecer estratégias e formas de avaliação do indivíduo, partindo de todos
os eventos relevantes que ocorrem na sua vida. Portanto, a forma de avaliação é multável
e depende das experiências anteriores do sujeito e sua relação com o evento atual.
A perspectiva social é considerada nas ações e reações emocionais
compartilhadas entre comunidades. As emoções de uma pessoa, as respostas que ela tem,
podem ser influenciadas pelo outro (podendo ser o observador). Por exemplo, em um
protesto pacifico um pequeno grupo com uma explosão de raiva e um comportamento
agressivo pode incendiar todo o grupo de manifestantes que até aquele momento era
pacífico (LAZARUS; FOLKMAN, 1988; SMITH; LAZARUS, 1990).
Essas questões estão presentes em várias organizações sociais, inclusive no
âmbito esportivo.
4.1.COPING
O ambiente do esporte pode ser complexo pelo número de interações que
acontecem durante a sua prática, seja no ambiente do lazer, na educação ou no alto nível
as questões referentes ao desenvolvimento de estratégias de enfrentamento podem ser
importantes para ter experiências positivas no lazer, para aprender de forma significativa
na questão educacional e para se obter maior performance no âmbito do esporte de alto
nível.
Em relação às emoções e as respostas que o sujeito pode ter em um evento
que considera como significativo, a seleção da ação vai estar inteiramente ligada a
avaliação subjetiva, as emoções percebidas e ao coping (recursos de enfrentamento). As
emoções podem funcionar como mecanismos de interpretação do organismo perante a
um evento estressor (situação), está leitura irá causar mudanças no comportamento, na
linguagem e alterações fisiológicas. Essas mudanças se relacionam com a ação que o
sujeito pode ter perante a uma situação, por exemplo, de lutar ou fugir, de gritar ou sorrir,
em que o organismo a partir da experiência vivida e dos recursos adquiridos durante a
vida busca selecionar a melhor resposta emocional e uma melhor ação durante o evento.
Neste sentido, o termo Coping que é uma palavra inglesa derivada do verbo to cope que
significa enfrentar, lutar, contender tem sido alvo de pesquisas na área da Educação e na
área da Psicologia do Esporte (ANTONIAZZI; DELL’AGLIO; BANDEIRA, 1998).
31
As emoções dependem da avaliação do significado atribuído das relações
pessoa – ambiente para o bem-estar do sujeito e as opções de ações disponíveis para lidar
com a situação problema (LAZARUS; FOLKMAN, 1988). Este conjunto de ações podem
auxiliar o sujeito a lidar com a situação com a escolha da melhor ação a partir da leitura
do evento. Portanto, Coping é um conjunto de esforços cognitivos e comportamentais
utilizados pelo sujeito em ações e respostas perante a algum evento estressante
(LAZARUS, 1966; LAZARUS; FOLKMAN, 1988). A avaliação depende das emoções
sentidas, das características de personalidade do sujeito, da cultura que foi criado e de
todas as situações já vivenciadas que podem ter relação com o evento atual.
O coping pode ser focado no problema ou focado nas emoções conforme
figura 3:
Figura 3. Modelo de coping, Adaptado de Lazarus e Folkman (1988).
A Figura 3 demonstra o processo de desenvolvimento do Coping por um
indivíduo, focados no problema ou nas emoções. O sujeito realiza a avaliação subjetiva
do evento, cabe ressaltar que o significado do evento irá estar atrelado as experiências de
vida que o mesmo possui, sendo realizada uma avaliação primária e secundária para que
seja possível a formulação das estratégias de coping dentro da situação que indivíduo se
encontra.
Neste cenário, segundo Lazarus e Folkman (1988) as emoções podem afetar
o Coping, no sentido naquilo que motiva o sujeito a enfrentar e desenvolver recursos de
enfrentamento dentro de uma situação, ou por outro lado elas podem ter um efeito
32
negativo, pelo fato do indivíduo não possuir recursos, a ponto de paralisar perante ao
evento. A partir dessa perspectiva os autores destacam que o processo de avaliação
subjetiva do encontro, pode gerar algumas emoções positivas ou negativas, sendo que, as
avaliações acompanhadas de suas emoções podem determinar mudanças na relação
pessoa – ambiente, influenciando tanto nas emoções percebidas quanto na ação tomada.
Conforme (Figura 3), o processo de Coping está nas emoções e ações tomadas
pelo indivíduo, entrelaçado com os objetivos que ele tem dentro do encontro, de suas
características físicas, do seu status socioeconômico e também dos seus traços de
personalidade que são fatores influenciadores das emoções, interagindo diretamente e
indiretamente com o ambiente (LAZARUS; FOLKMAN, 1988).
Para o sujeito desenvolver recursos de enfrentamento focados na emoção ou
no problema é preciso que o evento seja significativo, ou seja, influencie na percepção de
bem-estar conforme apontado pela (Figura 2). A intensidade que o encontro pode
proporcionar, é avaliada de forma subjetiva pelo sujeito, o qual pode manifestar
comportamentos diferentes para enfrentar a situação.
O Coping focado na emoções é um esforço para estabilizar e regular o estado
emocional perante ao estresse ou resultado de algum evento estressante (ANTONIAZZI;
DELL’AGLIO; BANDEIRA, 1998). Nessa linha, o sujeito perante a situação estressora
busca recursos para se tranquilizar, como correr, praticar alguma atividade ao ar livre,
assistir alguma comédia, podem ser estratégias adotadas para diminuir os níveis de tensão
que são consequências da situação estressora.
Por outro lado, o Coping focado no problema é direcionado a solução do
problema que deu origem ao evento estressante, com a tentativa de transforma-lo, sendo
ações que podem ser direcionadas a fatores intrínsecos ou extrínsecos. Por exemplo,
quando o Coping é direcionado a fatores externos pode incluir uma negociação com a
fonte de conflito ou pedir ajuda de alguém para conseguir buscar a solução, de outra
forma, os fatores internos têm relação com o ato de mudar o significado atribuído ao
evento estressor (ANTONIAZZI; DELL’AGLIO; BANDEIRA, 1998; DIAS; CRUZ;
FONSECA, 2009; LAZARUS; FOLKMAN, 1988).
Portanto, o Coping focado nas emoções ou no problema depende do
desenvolvimento do sujeito ao longo da vida, das experiências que teve, dos seus traços
de personalidade, do desenvolvimento das suas emoções e principalmente da avaliação
que realiza perante algum tipo de evento estressor. Esta avaliação irá determinar que tipos
33
de recursos serão utilizados para que o sujeito consiga escolher a ação que considera mais
adequada para obter o desempenho desejável.
Existem dois tipos de avaliação perante a situação que pode gerar estresse,
sendo denominadas de avaliação primaria e avaliação secundaria. A avaliação primária é
um processo cognitivo no qual o sujeito identifica os riscos envolvidos e presentes na
situação, já na avaliação secundaria o sujeito realiza uma análise dos recursos que estão
disponíveis para tratar o problema (ANTONIAZZI; DELL’AGLIO; BANDEIRA, 1998;
FOLKMAN; LAZARUS, 1980).
Por este ângulo, a avaliação cognitiva toma um papel importante no
desenvolvimento de estratégias de enfrentamento, focado no problema ou focado na
emoção o significado atribuído e a ação tomada podem se tornar recursos a serem
transferidos para situações futuras.
Para Folkman e Lazarus (1980) existem três fatores principais para o
processo avaliativo: o que refere-se a relação de perda e dano, relacionado a eventos
passados; a ameaça, que refere-se à um possível dano avaliado de forma antecipada; o
desafio, que faz referência a uma oportunidade avaliada de forma antecipada que pode
apresentar domínio ou ganho para o sujeito.
Os fatores relacionados a avaliação e ao desenvolvimento de coping, seja
focado na emoção ou focado no problema são influenciados pelas crenças, família, nível
socioeconômico, escolaridade, características da personalidade (traços), número de
experiências vividas pelo sujeito, todos ligados a influencias intrínsecas e extrínsecas.
Portanto, a avaliação do evento depende das experiências do sujeito. As mudanças entre
ameaças ou ganhos, prejuízos e oportunidades são determinados na relação entre a pessoa
e o ambiente, combinado com recursos de coping para solucionar o problema ou controlar
suas emoções.
Ao considerar o esporte na vertente educacional, de lazer e de alto
rendimento, o profissional de EF que irá atuar deve desenvolver competências
relacionadas ao coping focado nas emoções ou focado no problema. Estes recursos podem
auxiliar a lidar com situações de ameaças e desafios que compõem cada uma dessas
dimensões do esporte. A forma que o sujeito avalia a situação que está inserido pode ter
respostas emocionais e reavaliações de eventos que geram raiva, alegria, tristeza ou medo,
cada emoção engloba alterações na percepção do sujeito sobre a situação e suas ações.
34
A partir da compreensão da relação do ambiente, do sujeito e o encontro,
buscar no decorrer deste texto compreender as emoções como medo, raiva, alegria e
tristeza em relação à Educação Física e ao esporte.
4.2.ALEGRIA
Considerada como uma emoção positiva, a alegria envolve a relação de
gratidão e satisfação perante uma experiência vivida, ela pode ser facilmente identificada
a partir das expressões faciais e na linguagem. A definição de alegria para Lazarus (2000)
é a realização de alcançar progressos consideráveis em direção a alguma meta. Nessa
perspectiva a alegria é classificada como um manifesto das emoções positivas, nela está
a felicidade, a gratidão, o orgulho, o alivio e a esperança.
A felicidade tem sido apontada como um componente relacionado ao bem-
estar subjetivo, nela são encontrados a alegria e a satisfação. Lazarus (2000) defende a
ideia de que o atleta pode se sentir bem em resposta a uma vitória ou conquista dentro de
sua modalidade esportiva ou ter algum tipo de decepção por uma reversão de resultado
no mesmo jogo. Diante dessas emoções a tristeza acaba sendo antagônica à alegria.
Ao realizar uma pesquisa sobre dança esportiva de cadeiras em rodas Freitas
e Tolocka (2005), investigaram 27 praticantes da modalidade, os quais alegaram sentir
uma mistura de emoções expressas pelo medo, alegria, tristeza e raiva. Para os
entrevistados a alegria do ato de dançar e a representação social inserida na atividade
apresentaram maior significado.
Em um outro contexto o sujeito pode ficar alegre pelo nascimento de um filho,
alegre por uma promoção no trabalho, feliz por renovar votos de um casamento e por
outro lado pode ficar triste por ver seu filho doente, por ser demitido, ficar com raiva de
uma traição podendo gerar uma resposta agressiva. Enfim, são inúmeros as situações que
desencadeiam. O esporte também pode gerar emoções positivas em um momento de
vitória, de conquista, no momento que alguma tática formulada deu certo, até mesmo em
uma falta cravada bem-sucedida e nas mais diversas situações.
Outro fato é o reconhecimento da alegria pela figura do observador, alguém
o elogia, reconhece seu trabalho, está sempre presente transmitindo um estado de bem-
estar para os outros. Weinberg e Gould, (2001) relatam que atletas altamente qualificados
em suas modalidades esportivas transmitem uma sensação de alegria e divertimento,
parece que apreciam os momentos de pressão do esporte. Esse fato reforça a ideia da
35
dependência das emoções relacionada ao significado que o sujeito atribui ao ambiente.
Em outra perspectiva existem atletas que se sentem felizes nos momentos que encerram
a sua carreira (AGRESTA; BRANDÃO; NETO, 2008). Possivelmente devido a uma boa
história construída dentro do esporte com experiências emocionais positivas e negativas.
Muitas vezes, determinadas emoções podem conduzir o sujeito a uma
situação libertadora. Por exemplo, a superação do medo pode gerar bem-estar; uma
situação de raiva na qual o sujeito conseguiu projetar para fora, pode proporcionar bem-
estar; um quadro de tristeza em que o sujeito mesmo no luto tem boas lembranças do
falecido e entra em momentos de gargalhada (COSTA, 2008; DAMÁSIO, 2015). A
alegria em determinados momentos articula-se à superação do medo.
4.3.MEDO Estudos tem apontando o medo como uma emoção básica, inerente do ser
humano, presente em diversas culturas, raças, idades (COSTA, 2008; LAVOURA, 2008).
No esporte ou no cotidiano da EF podem existir várias situações em que o sujeito pode
sentir medo.
Freitas e Tolocka (2005) ao realizar um estudo com atletas, destacam
diversos tipos de estados emocionais antes, durante e após um espetáculo, os atletas
sentiram “medo de errar”, “medo de estar competindo”, “medo do resultado”,
“nervosismo pelas pessoas que estão olhando”. O medo não se atrela apenas em uma
prática dentro da Educação Física, mas se faz presente em várias situações e também em
várias atividades ligadas ao esporte, ao lazer e também a educação.
O medo pode ser considerado uma emoção pré-configurada e com
funcionamento principal em forma de mecanismo de defesa do sujeito perante a qualquer
situação que seja atribuído o significado de ameaça, apresente algum perigo e que coloque
o sujeito entre a situação de luta ou fuga. Para Freire (2014) o professor que ficar com
medo de uma rebelião de seus alunos pode não ter a melhor das atitudes pedagógicas
perante a esta situação, porém o professor que buscar compreender o sentido da rebelião
de seus alunos e os auxiliarem a compreenderem o motivo de sua rebelião e buscarem
uma melhor solução para aquele ato, esse professor teria medo, porém conseguiria lutar
a partir do diálogo e reflexão sobre a situação com seus alunos.
A partir desta situação compreendemos que o medo depende da avaliação
subjetiva, resultante das experiências de vida do sujeito, dos recursos que desenvolveu e
36
do significado que atribuiu a situação, considerando-a como algo que apresente algum
perigo em potencial (COSTA, 2008; LAVOURA, 2008; SAMULSKI, 2009).
O medo sendo uma emoção universal existente em todos os seres vivos,
funciona principalmente como um mecanismo de proteção do organismo e também como
um mecanismo que pode auxiliar o sujeito durante os momentos de enfrentamento a
desenvolver recursos para a solução dentro da situação.
O medo é um estado emocional desencadeado no sistema nervoso central ante
perigo iminente, que gera uma resposta intelectual de alerta, voluntaria e
controlada. É uma desorganização psíquica que está presente em quase todas
as outras desarmonizações (ansiedade, apatia, alta intensidade emocional etc.)
antes, durante e depois da competição; chega a ser considerado uma das
emoções mais negativas do esportista, podendo, em alguns casos, destruir a
harmonia dele (MACHADO 2006, p. 74).
Machado (2006) destaca os possíveis impactos negativos na harmonia do
indivíduo durante as situações de jogo, funcionando principalmente como um sistema de
alerta para que o atleta consiga desenvolver recursos para lutar ou fugir perante a situação.
A avaliação do evento é subjetiva e depende das experiências do indivíduo, essas
experiências podem ser mediadas pelo “observador” que neste caso poderia ser o técnico
ou professor auxiliando o indivíduo a desenvolver recursos para lutar ou opinar em fugir
em algumas situações.
A partir desta interpretação de ameaça ou luta ocorrem mudanças no
organismo do sujeito, alterações essas biopsicológicas no sentido que seu comportamento
em uma situação de medo muda, a linguagem se altera, o tom da voz se altera, a frequência
cardíaca aumenta, devido ao estresse que a situação pode causar sobre o indivíduo.
O medo não pode ser entendido como uma emoção com característica
somente negativa, ou dirigida a aqueles que se encontram em alguma situação de risco,
ou que revele as fraquezas e temores do ser humano, na realidade, se sua compreensão
for bem constituída pelo sujeito é possível abrir uma porta para mudanças em relação ao
seu desenvolvimento (LAVOURA, 2008).
Na prática esportiva o medo pode estar direcionado ao fracasso, a derrota ou
ameaça de algo em que pode ser um fator gerador de estresse para o atleta. Este
direcionamento deve acontecer a partir do significado que o medo toma forma para o
atleta, por isso ter experiências relacionados a situações de medo dentro da vida, na escola
e no treinamento devem ser favorecidas. Este tipo de situação pode ajudar o sujeito a
adquirir recursos para direcionar o medo ao sucesso, olhar para ele como um desafio ou
algo a superar.
37
Os ambientes devem favorecer experiências ao sujeito/atleta para
compreender o significado de situações ameaçadoras, e com um auxílio de um tutor
desenvolver recursos para enfrentar tal situação, seja uma nas aulas de EFE, nas
competições esportivas ou nas sessões de treinamento esportivo (LAVOURA, 2008;
LAVOURA; MACHADO, 2008; LAVOURA; ZANETTI; MACHADO, 2008).
Em relação ao medo, existem outras emoções e sentimentos que o constituem
como a fobia, pânico, angústia, vergonha e ansiedade sendo questões importantes
presentes na interpretação das emoções presente nessa pesquisa. A fobia pode ser definida
como um temor extremo e intenso perante a uma situação ou a algo. Entende-se a fobia
como o medo anormal, de forma irracional aparentemente incontrolável e injustificável
(LAVOURA, 2008). O autor menciona três tipos de fobias, a social, considerada como
um transtorno ansioso, mas é uma situação que o indivíduo pode se sentir observado
constantemente. A agorafobia que é definida como uma pessoa que tem medo de
frequentar lugares públicos por considerar este fato como perigoso e a última é a
claustrofobia que é uma pessoa que tem medo de ficar presa em lugares pequenos e
fechados (LAVOURA, , 2008). Em relação a prática esportiva a fobia pode estar ligada
ao atleta ter medo de uma torcida muito grande ou de expor seu rendimento máximo nos
momentos que pode estar sendo filmado.
Para Lavoura (2008), o pânico é relacionado ao ataque de medo de forma
intensa, disparando o coração, aumentando o volume respiratório, podendo causar dores
na região peitoral que pode ser acompanhada por irrealidade ou uma sensação de
catástrofe Lavo podendo levar o indivíduo a total perda de controle sob suas ações, no
caso do medo pode chegar à paralização total ou a fuga.
O autor relata que a angústia é uma situação traumática de desamparo, agonia,
sofrimento, tormento ou aflição, sendo uma reação gerada a partir de um evento
traumático. Pode ser reconhecida também como um estado de alerta e atenção ou
preparação para uma resposta em defesa do organismo. Já a vergonha é um sentimento
que coloca o sujeito sob desconforto, pode comprometer as relações sociais e o seu
equilíbrio interior, desencadeando ações de fuga ou afastamento de uma situação que
pode ser considerada ameaçadora.
Para Samulski (2009) a vergonha pode ser manifestada como uma ação com
consequências negativas perante situações passadas, presentes e futuras que possuem
uma reação de culpa, depende inteiramente da percepção do indivíduo.
38
Compreende-se a ansiedade como um resposta emocional dirigida a um
acontecimento que pode ser agradável, frustrante, ameaçador, entristecedor em que a
realização do resultado não depende só do indivíduo mas da interação dele com o
ambiente (LAZARUS, 2000; MACHADO, 2006).
Percebe-se que a ansiedade pode ser entendida como uma leitura do sujeito
perante a algo que pode apresentar algo ameaçador, o preparando antes que o evento
aconteça para obter uma ação que considera eficiente. As definições mais clássicas
referentes a ansiedade é enquanto traço, sendo uma característica permanente da
personalidade e a ansiedade como estado, que é caracterizada pelas reações temporárias
do indivíduo (MACHADO, 2006).
Neste sentido, a ansiedade depende da relação indivíduo e ambiente, pois
além de decorrer das características de sua personalidade, ela pode ser um estado
momentâneo a partir de uma situação que possa gerar alguma ameaça ou benefício. Por
exemplo, dentro do esporte um jogo decisivo pode gerar ansiedade pré-jogo ou durante o
jogo, essa ansiedade pode ser ligada à espera por obter um bom desempenho durante a
partida ou de ser derrotado e desclassificado.
Sendo a ansiedade pode ser caracterizada por sentimentos ligados a tensão,
apreensão, acompanhados pela ativação do organismo. Os fatores externos e as
características do sujeito são fundamentais na construção de uma avaliação subjetiva para
o desenvolvimento de um comportamento ansioso (BARBANTI, 2011).
A ansiedade é diferente do medo, o medo é uma emoção de proteção do
organismo, natural e que surge a partir da avaliação de algo potencialmente perigoso. Por
outro lado, a ansiedade é um comportamento de apreensão fruto de uma situação
imaginaria que aumenta a ativação do organismo.
Existem muitas facetas do medo e muitos são os seus significados para a vida
humana e sua sobrevivência, enquanto emoções de proteção podem ajudar o sujeito a se
proteger de algum tipo de perigo, enquanto emoções direcionadas ao enfrentamento de
uma situação, pode auxiliar o sujeito a buscar recursos para superar essa situação adversa.
4.4.TRISTEZA
Existem situações que podem levar a esta emoção, como por exemplo o luto
por um filho ou amigo. O luto é algo irreversível que caracteriza a perda de alguém
39
próximo. A morte de alguém pode ser uma causa universal de angústia e tristeza,
provocando uma infelicidade profunda e duradoura.
Sendo uma emoção de longa duração em que a pessoa se sente totalmente
desamparada, o sujeito pode se sentir angustiado, neste sentido buscaria de alguma forma
recuperar o que foi perdido, e como não é possível a recuperação daquilo que foi perdido
entra na tristeza novamente e este ciclo se repete.
Essa perda dentro da EF e Esporte poderia estar ligada a um jogo perdido, um
resultado não alcançado ou algo que não foi aprendido. Para Lazarus (2000) no cenário
esportivo menciona que a tristeza é causada pela vivência de uma situação de perda, que
dentro do esporte é muito rotineira.
Além da sensação de perda e a relação da angústia por tentar recuperar o que
foi perdido, acarretando em possíveis comportamentos agressivos e raiva por conta da
ausência de algo. Essas emoções podem levar o organismo a sentir alegria no momento
que lembra das coisas boas, das vitorias, do sucesso na tarefa que deveria desenvolver.
A tristeza ganha duas funções; a primeira seria de enriquecer a experiência
do indivíduo sobre o significado da perda, expressando isso na face, na voz e na
linguagem. A segunda é permitir para o organismo uma reconstrução de recursos para
seguir em frente perante a situação de perda (EKMAN, 2011; LAZARUS, 2000).
Portanto, essa emoção apesar de ser considerada como negativa faz parte da sinergia da
construção humana, necessária para todos os momentos que o atleta, o aluno, o ser
humano tenha que lidar com a perda.
4.5.RAIVA
A raiva é considerada uma emoção negativa. Para Samulski (2009) aparece
normalmente quando uma meta desejada que o sujeito pensou poder atingir não é
alcançada. Dentro dessa perspectiva as metas que são estipuladas pelo atleta, pelo
aprendiz ou pelo indivíduo em seu cotidiano podem ter significados individuais e
profundos, sendo a falta do sucesso nesta meta pode gerar um sentimento de frustração e
impotência.
Por outro lado Lazarus (2000) define a raiva como um estado de fúria em uma
situação, em que pode ser contra alguém e/ou contra si mesmo. Estas emoções podem
gerar alguma resposta agressiva, que dentro do esporte o atleta perde desempenho, pode
cometer uma falta ou realizar algum movimento de forma mais brusca.
40
Para Weinberg e Gould (2001) existem dois tipos de comportamentos
agressivos, o hostil que a intensão é causar algum tipo de dano físico ou psicológico a um
ser vivo e a instrumental que pode é quando o indivíduo a usa com intensão de ganhar o
jogo ou luta em que o comportamento agressivo pode ser considerado positivo por
característica do esporte.
Machado (2006) reforça que a agressividade dentro do esporte e da atividade
física surge por meio de respostas a alguma provocação, estando ligada a manifestação
de raiva para todos os eventos que forem significativos. O autor ressalta que o
comportamento agressivo e a violência sempre foram fenômenos que se fizeram presentes
na humanidade, as mídias e a velocidade que as informações são transmitidas podem
gerar motivações agressivas por meio de algum insulto ou mensagem recebida pelo atleta.
Smith e Lazarus (1990) apontam que a raiva pode motivar o sujeito a buscar
um senso de justiça, por uma avaliação que não considere como certa. Por exemplo, um
jogador que sofreu uma falta física ou verbal do adversário pode considerar como certo
realizar a réplica do ato.
Portanto, a raiva pode ter um efeito positivo ou negativo para o desempenho
dos atletas ou do sujeito, ela tende a surgir sempre nos momentos em que o organismo é
colocado sob algum tipo de ameaça ou ofensa. Nessa perspectiva, Sofia e Cruz (2013)
evidenciam que que jogadores de futebol do sexo masculino apresentam um
comportamento mais agressivo e maiores índices de raiva durante o jogo em comparação
com jogadoras de futebol do sexo feminino, reforçando que a manifestação da raiva
dentro do esporte pode estar ligada a algo ameaçador para a equipe.
41
5. A FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA: RELAÇÕES
COM AS ATIVIDADES DE AVENTURA
As mudanças curriculares nos últimos tempos na área de EF tem acontecido
conforme o amadurecimento da área e o crescimento das possibilidades de atuação. Deste
a Resolução CFE nº 03/87 os cursos de EF devem ter formações especificas para atuar
dentro da licenciatura (área escolar) e no ambiente do bacharelado (não escolar) sendo
clubes, academias, praças ou qualquer ambiente que envolva a prescrição e orientação de
exercícios físicos (BRASIL, 1987).
O curso de licenciatura plena em EF, que habilitava o sujeito para atuar em
toda a área, independente se é escolar ou não, deixa de existir dentro da Instituições de
Ensino Superior (IES). Essas, tiveram que reestruturar seus currículos, conforme a
Resolução CFE nº 03/87. O curso de bacharelado em Educação Física tem uma duração
de no mínimo 4 anos e no máximo 7 anos em que 80% da carga horaria deve ser voltada
a conhecimentos técnicos referentes as competências desenvolvidas dentro da formação
inicial.
Antigamente, formavam-se licenciados em EF para atuarem na educação
formal e também para preencher as lacunas existentes na área fora deste sistema de
ensino, sendo ligadas ao lazer, ao treinamento de alto rendimento e o trabalho dentro da
perspectiva da saúde (GHILARDI, 1998). Segundo o autor com a criação do curso de
Bacharelado em EF houve um movimento de reformulação dos currículos para a
preparação do Profissional de Educação Física (PEF), assim, diferenciando o licenciado
que teria a sua função de professor e o profissional que seria responsável de orientar,
monitorar e prescrever atividade física em diversos setores da área.
A formação inicial em EF deve dar subsídios e desenvolver competências nos
estudantes para a atuação profissional em suas várias ramificações. Entende-se que a
atuação dentro da área da EF daqueles profissionais habilitados e qualificados por uma
IES dentro das modalidades da licenciatura e/ou bacharelado são portadores de
conhecimentos específicos em relação a área, sendo este acumulado com o passar dos
anos e carregando alguns problemas da ciência que é a fragmentação dos saberes
(MOREIRA, 2007).
Essa fragmentação de saberes é refletida dentro das “grades” curriculares dos
cursos de formação inicial, em que muitas vezes as disciplinas além de estarem
fragmentas estão também dentro da dicotomia de “teórico e práticas”. Em menção a
42
estrutura curricular dos cursos de formação de professores de EF Nista-Piccolo et al.,
(2015) identifica essa fragmentação dentro do desenvolvimento de competências do
futuro professor, destacando o reforço entre a integração dos conhecimentos, disciplinas
e competências no período da formação inicial, sendo que a multiplicidade de saberes
integrados podem auxiliar o professor em sua atuação no futuro.
Em função destes fatos, a criação do bacharelado em EF fica sob
responsabilidade das IES, está atrelada á função do profissional de Educação Física –
PEF, e os cursos devem estabelecer competências diferentes do professor de EF escolar.
O bacharel deve compreender o seu compromisso de prestação de serviço com atividade
física para a sociedade em que o corpo de conhecimentos científicos e técnicos
desenvolvidos na graduação em EF subsidia as suas intervenções (FREIRE;
VERENGUER; REIS, 2002).
O conjunto de conhecimentos presente na formação inicial do PEF deve estar
relacionado com a realidade social que irá encontrar durante os momentos de atuação, as
ações tomadas dentro da graduação precisam se aproximar da integração de
conhecimentos que subsidiam os momentos de intervenção em sua maior realidade.
Assim, o curso de bacharelado em EF deve almejar capacitar e formar
profissionais que possuam compromissos com a sociedade e que possam usar seus
conhecimentos em benefício dela. Tal responsabilidade e possibilidade de atuação é
mencionada pelo Conselho Federal de Educação Física (CONFEF):
Compete exclusivamente ao Profissional de Educação Física, coordenar,
planejar, programar, prescrever, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar,
orientar, ensinar, conduzir, treinar, administrar, implantar, implementar,
ministrar, analisar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos,
bem como, prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar
treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e
interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos,
todos nas áreas de atividades físicas, desportivas e similares (CONFEF, nº
237 , Seção 2, art. 8 2010).
O PEF é responsável pela orientação das atividades de aventura em qualquer
cenário, sendo o surfe uma das possibilidades de atuação dentro deste contexto. Tal
profissional é responsável pelo desenvolvimento, orientação e intervenção em relação ao
surfe, seja em um ambiente artificial ou natural utilizando as bases de conhecimentos da
EF para nortear sua intervenção.
Tendo em vista as atividades de aventura como possibilidade de atuação do
PEF a Fédération Internationale D' Éducation Physique (FIEP), determina dentro do art.
43
2 que fica sob responsabilidade do PEF ás atividades nos meios naturais e a promoção
dessas práticas nos mais diferentes cenários de forma democrática e responsável a todos
(FIEP, 2000). Dessa forma, evidencia-se a necessidade de maiores discussões dessas
manifestações dentro da formação inicial e continuada da EF, pois os estudantes podem
trabalhar com essas práticas no futuro.
Deve-se considerar que o PEF é aquele possui um corpo de conhecimentos e
a habilidades que foram desenvolvidas dentro e fora da universidade com o intuito de
atender a demanda de uma sociedade, seja na área da saúde, lazer o treinamento. A
Resolução CNE/CES 0138/2002 menciona que a Universidade e seus cursos de
graduação na área da saúde devem levar em consideração os componentes estipulados
dentro das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) em que o aprender a aprender, o
aprender a ser, o aprender a fazer, o aprender a viver em conjunto e o aprender a conhecer
devem ser pilares estimulados dentro da formação inicial em EF de forma a assegurar o
atendimento e a qualidade de humanização do serviço prestado à sociedade (BRASIL,
2002).
O PEF possui autonomia para orientar, ministrar, intervir com as práticas de
atividades físicas em qualquer cenário que não seja caracterizado como escola. Assim as
atividades de aventura ficam sob responsabilidade deste profissional seja no ambiente do
lazer ou do treinamento esportivo, sendo que o corpo de conhecimentos desenvolvido
dentro da universidade pode subsidiar sua intervenção e orientação de forma mais
adequada a realidade que está inserido, considerando questões ao comportamento, a
biologia e a linguagem.
O corpo de conhecimentos que compõem a formação do PEF é estabelecido
pelo parecer CNE/CES nº 58, de 2004, direcionando as bases fundamentais para
intervenção em relação ao movimento humano em qualquer cenário, estes são:
• Os conhecimentos Biodinâmicos do Movimento Humano, neste eixo
se centram questões morfológicas, fisiológicas e biomecânicas.
• Os conhecimentos comportamentais do movimento humano,
centrando questões relacionadas aos mecanismos e processos de uma
ação motriz, a aquisição de habilidades motoras e fatores ligados aos
aspectos psicológicos.
• Os conhecimentos sócio-antropológicos do movimento humano, em
que envolvem áreas como antropologia, sociologia, história
enfocando aspectos éticos, estéticos, culturais e epistemológicos.
44
• Os conhecimentos técnicos-funcionais aplicados, a discussão deste
eixo é voltada aos teóricos e métodos aplicados ao desempenho
humano, nas mais diferentes formas de manifestações de movimento
humano.
• Os conhecimentos cientifico-tecnológicos, neste eixo são
desenvolvidas as técnicas relacionadas a pesquisa.
• Os conhecimentos pedagógicos, sendo os princípios gerais e
específicos de gestão e organização das diversas possibilidades de
intervenções do profissional no campo de trabalho e formação.
• Os conhecimentos sobre a cultura que constitui o movimento humano,
compreensão das diferentes manifestações de ginásticas, lutas,
danças, jogos, lutas, lazer e outros.
• Os conhecimentos sobre os equipamentos e materiais, sendo a
compreensão das diferentes formas de utilização do equipamento e
materiais dentro da ação pedagógica sustentados de maneira técnica e
cientifica.
Assim, o Ser profissional é possuidor de um corpo de conhecimentos sobre
sua função exercida, neste sentido Rangel-Betti e Betti, (1996) mencionam que o
profissional que trabalha com EF precisa ser reflexivo, que por meio da experiência e do
conhecimento cientifico é possível compreender a sua própria prática e se orientar no
sentido de melhorar as suas intervenções e conhecimentos sobre a área, a reflexão dentro
da ação.
Conhecimentos esses podem subsidiar a atuação profissional e que merecem
ser destacados no processo de ensino e aprendizagem de alguma atividade de aventura.
Dentro dessa reflexão, as questões referentes à formação inicial e seu conjunto de
conhecimentos em relação são mencionados dentro da Resolução do CNE/CES n° 7 de
2004, que direciona os componentes curriculares que devem fazer parte da formação do
profissional em EF, conforme:
45
Figura 4 – Organização curricular do Profissional de EF (BRASIL, 2014).
Em relação à (Figura 4), a organização do currículo em EF que compõem
elementos de formação ampliada e de formação especifica. Sendo estes conhecimentos
devem funcionar como engrenagens dependentes para subsidiar a intervenção do
profissional de Educação Física. Assim para desempenhar o seu trabalho com eficiência
o PEF precisa dominar técnicas, procedimentos e habilidades que fazem parte do saber
fazer (FREIRE; VERENGUER; REIS, 2002).
Manoel e Tani (1999) mencionam que a atividade motora humana é
complexa, para melhorar a intervenção do PEF ou do Professor de Educação Física é
preciso de conhecimentos ligados a outras áreas como biologia, Psicologia ou a
sociologia. Em que se busca desenvolver bases complexas e solidas para a atuação e
intervenção na área de Educação Física e Esporte. Esse profissional irá intervir e orientar
o seu aluno, em que precisa da compreensão dessas questões para melhorar a eficiência
de sua práxis, no caso das atividades de aventura o aluno encontra-se sempre em situação
de risco controlado e necessário de orientações precisas para que o seu aluno consiga
passar pela situação de forma positiva (COSTA, 2000; PAIXÃO, 2011).
Uma das disciplinas que auxiliam o PEF a compreender e a melhorar suas
intervenções é a Psicologia, que dentro dos cursos de EF aparece como Psicologia do
46
esporte, Psicologia aplicada à EF, por exemplo. Sua finalidade é compreender as variáveis
comportamentais como as emoções, estresse, aprendizagem, motivação dentre outras.
Conforme mencionado por Iaochite et al. (2004), a Psicologia não se torna o objeto de
estudo da EF, mas auxiliar a compreende-lo. Segundo os autores em pesquisa com
estudantes e profissionais de EF evidenciam que tanto professores e estudantes
consideram como uma área importante para sua intervenção em relação ao movimento
humano.
Não basta a experiência atrelada ao conhecimento cientifico, é preciso de um
profissional que reflita sobre suas próprias ações, que compreenda a sua prática e que
melhore suas competências e habilidades a partir da multiplicidade de saberes que são
tecidos desde da vida, graduação, pós graduação ou experiências profissionais (NISTA-
PICCOLO et al., 2015). A compreensão das emoções dentro das intervenções
relacionadas ao ensino e aprendizagem do surfe podem ser ferramentas importantes para
o profissional que supervisiona e orienta a atividade.
Como mencionado por Iaochite et al. (2004), não basta entender o conceito
da variável psicológica, é preciso compreender o momento da intervenção. No momento
da orientação da atividade é exigido do PEF compreender por exemplo, as situações que
podem gerar mais medo e o que pode gerar mais alegria. Sendo assim, a disciplina de
Psicologia, e outras disciplinas que fazem parte da formação especifica e ampliada do
profissional de EF, são importantes como subsídio para a atuação.
Neste sentido, profissão é caracterizada como uma ocupação de elite que deve
ter salário e status social, norteada pela pesquisa em relação ao seu campo de atuação
(FARIAS; NASCIMENTO, 2012). Além possuir um corpo de conhecimentos, um
conselho regulamentador e uma fundamentação em bases cientificas, essa estruturação
auxilia no desenvolvimento profissional para trabalhar com as atividades de aventura.
Em relação ao surfe, é praticado em um ambiente fluvial (aquático) e incerto,
é preciso desde um conjunto de conhecimentos, que são atrelados à formação específica
em EF, a ponto de subsidiar as intervenções em que são considerados os aspectos
biológicos, comportamentais e sociais dentro da ação profissional (SCHWARTZ;
CARNICELLI-FILHO, 2006).
Esses conhecimentos ligados à formação profissional podem auxiliar no
desenvolvimento e orientação das atividades em meio a natureza, sendo uma área que
está em desenvolvimento dentro da EF e muitos de seus profissionais tem buscado se
capacitar para ministrar esses conteúdos. Neste cenário, o profissional de EF, que
47
monitora e orienta essas atividades, precisa possuir um conjunto de conhecimentos
técnicos em relação à atividade específica e conhecimentos acadêmicos sobre a área de
EF, para adequar as questões referentes ao processo de ensino e aprendizagem destas
atividades para seus alunos, neste aspecto, a formação específica em uma atividade de
aventura torna-se importante para proporcionar uma prática segura e responsável
proporcionando ao praticante experiências positivas durante a realização da atividade
(MARINHO, 2013).
Em um mapeamento sobre as instituições de ensino superior (IES) que
oferecem a disciplina de atividades de aventura ou esportes radicais na cidade de São
Paulo, encontramos 52 instituições cadastradas no Ministério da Educação (MEC).
Destas, 15 oferecem a disciplina em sua matriz curricular, sendo comum para a
modalidade do Bacharelado e da Licenciatura (SILVA; SILVA, 2015).
Bernardes e Marinho (2013) destacam a existência de poucos cursos de EF
em São Paulo que discutem as atividades de aventura e os esportes radicais, além de
existir apenas um curso de Pós-Graduação Lato Sensu que busca desenvolver
competências em relação a essas atividades. Entretanto, não se sabe como é realizado o
trabalho de formação do professor nesses contextos.
Sobre a disciplina de esportes e atividades de aventura dentro da formação do
licenciado em EF, os escritos de Silva, Pereira e Silva (2016), que apontam que o objetivo
dessa disciplina deve ser proporcionar subsídios teóricos e práticos em relação a estas
práticas para o estudante de EF conseguir monitorar, orientar e supervisionar essas
atividades em vários cenários. Estes autores mencionam que os conteúdos podem ser
trabalhados da seguinte
I. História dos esportes radicais e atividades de aventura no Brasil,
buscando compreender suas características, principais conceitos e
aplicações destas em vários cenários.
II. Questões referentes a gestão de segurança, pois essas atividades se
caracterizam no fator de risco e na busca pela aventura, em que o
desenvolvimento de protocolos para uma “aventura segura” se tornam
importantes na formação.
III. Pedagogia da Aventura, os estudantes vivenciam diversas atividades
de aventura e esportes radicais, neste bloco se discute como ensinar,
para que ensinar e o que deve ser ensinado em relação a estes
conteúdos dentro da escola.
48
IV. Momento de “práticas e aplicações”, os estudantes elaboram
intervenções a partir das experiências, discussões e pesquisas
realizadas e buscam ensinar algum conteúdo ligado as atividades de
aventura dentro da EFE.
O caminho da disciplina tenta por meio da experiência vivida, as discussões
realizadas e as intervenções ministradas proporcionar oportunidades para os estudantes
de EF conseguirem aplicar esses conteúdos na sua atuação profissional vinculada a
licenciatura ou ao bacharel.
De certo modo a EF tem a responsabilidade em preparar profissionais para
trabalhar de forma multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar, essas discussões e
o desenvolvimento de competências em relação as atividades de aventura e esportes
radicais são importantes para conhecer os equipamentos, as possibilidades de atuação, os
protocolos de segurança e compreender sobre o processo de ensino e aprendizagem de
diversas práticas (AURICCHIO, 2013; CORRÊA, 2008).
A formação profissional em EF nos últimos tempos tem dado atenção para
inserção das atividades de aventura nos mais diferentes contextos, uma vez que se percebe
uma crescente demanda na procura destas atividades por todo Brasil. Os setores ligados
ao turismo, ao esporte e a formação profissional começaram a pensar em desenvolver
tecnicamente e academicamente um profissional capaz de mediar e orientar essas
atividades em um ambiente natural e com risco controlado, assim, dentro do caminho
relacionado a formação dessas práticas mencionamos os seguintes itens:
• A inserção de disciplinas de aventura nos cursos de graduação em EF e Turismo.
• A criação do curso de pós-graduação em aventura em São Paulo.
• A formação de condutor de atividades de aventura pela Associação Brasileira de
Empresas de Turismo de Aventura.
• Os cursos livres de formação técnica em modalidades diversas como mergulho, o voo
livre, escalada entre outros.
• A criação do curso de formação técnica em esportes, com disciplina de aventura em
escolas técnicas e de ensino médio.
• O Surgimento do Congresso Brasileiro de Atividades e Esportes de Aventura
(CBAA), evento itinerante que reúne os principais especialistas acadêmicos do país,
desde 2007.
• A produção acadêmica cientifica cada vez mais consistente, com livros e artigos sendo
produzidos por pesquisadores das áreas correlatas.
• O aparecimento de associações ambientalistas (ONGs) de preservação de áreas
naturais, com o claro intuito de deixar para gerações futuras o legado da diversidade
biológica e cultural dos espaços de Aventura.
• A organização de Federações Esportivas representativas dos interesses dos praticantes
de modalidades esportivas tanto nas modalidades em ambientes mais inóspitos como
as de montanhas (CBME – Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada),
quanto em locais urbanos como as pistas e ruas (CBSK – Confederação Brasileira de
Skate) (PEREIRA, 2015 p. 8).
49
A partir deste mapeamento sobre a formação técnica, acadêmica do
profissional que irá ministras as atividades de aventura dentro da EF, percebemos a
necessidade da continuidade de um aprofundamento, pois uma aventura segura depende
de um profissional capacitado para sua mediação.
Dentro desta preocupação com a formação acadêmica dos diferentes
profissionais que atuam com as atividades de aventura na natureza Bernardes e Marinho
(2013), relata a estruturação de um programa de pós-graduação Lato Sensu com o tema
de “Esportes e Atividades de Aventura” que teve origem nas Faculdades Metropolitas
Unidas UNIFMU. O programa reunia professores envolvidos com as atividades de
aventura, mas que possuíam formação acadêmica para poder proporcionar e desenvolver
diferentes significados e competências para os profissionais que ali se encontravam.
A pós-graduação em Esportes e Atividades de Aventura segundo Bernardes
e Marinho (2013) teve como preocupação formar profissionais não somente para
trabalhar na EF escolar ou com turismo de aventura, mas proporcionar subsídios para
ministrar a disciplina em faculdades de EF em que se pode aproximar o conteúdo da
realidade da atuação. Segundo os autores o curso tinha os objetivos pedagógicos de:
• Aproximar estes conteúdos com a atuação profissional em EF;
• Contribuir com o desenvolvimento cientifico da área;
• Capacitar o profissional para trabalhar com estes conteúdos em sua
realidade, adaptando conforme as necessidades do lugar em que
ministra suas aulas.
Sendo essa proposta um polo de conhecimento para os profissionais que
buscam se capacitar de forma técnica e cientifica na área de esportes de aventura e
interlocuções com a EF. Pois como mencionado por Schwartz e Carnicelli-Filho (2006)
em um estudo com instrutores de rafiting, o PEF pode ter uma abordagem diferente na
mediação e orientação das atividades de aventura, pois este tem em sua formação inicial
conhecimentos ligados a diferentes áreas para compreender melhor o cenário da
intervenção com o foco no processo de ensino e aprendizagem, na forma que o sujeito
enfrenta as emoções, na forma que ele pode ser um mediador delas, na forma em que
estrutura a intervenção.
A formação do profissional para trabalhar com as atividades de aventura deve
estar vinculada ao nível de experiência e conhecimento técnico que o sujeito possui sobre
a própria modalidade. No estudo de Auricchio (2013), foi identificado que as atividades
de aventura compõem o ambiente do lazer dentro da EF, mas muitas vezes os cursos de
50
formação em uma atividade especifica são fornecidas pelas associações, federações,
sendo ensinadas, orientadas e monitoradas muitas vezes por pessoas experientes na
modalidade sem a formação em EF, que acabam não tendo base das áreas de
conhecimento que auxiliam na intervenção em EF.
A formação em EF com o foco na atuação do PEF visa desenvolver
competências e habilidades que os auxilie nos momentos de intervenção e orientação do
movimento humano, principalmente em relação ao cenário do surfe. Acredita-se
conforme representação na (Figura 4) que os conhecimentos e habilidades ligados a
formação ampliada, a formação especifica, aos estágios, a pós-graduação lato sensu em
esportes e atividades de aventura e a formação técnica específica para orientar essas
atividades podem proporcionar ao PEF intervenções que desafiem seus alunos, mas que
sejam seguras, que valorizem as características de aprendizagem, que valorizem as
características das emoções e também das questões técnicas para proporcionar uma
aventura segura. Além da experiência, além da formação, além do conhecimento técnico
é preciso sensibilidade para o chamado da atuação em EF, é preciso ter ações ligadas ao
ensino e aprendizagem que sejam reflexivas e inspiradoras (NISTA-PICCOLO et al.,
2015).
Os componentes que estão ligados a formação profissional em EF, podem
proporcionar o ensino e aprendizagem do surfe ou qualquer outra atividade de aventura
de forma segura e significativa. Portanto, a formação em relação as atividades de aventura
tanto no sentido da graduação, pós-graduação e também os cursos técnicos precisa ser
mais discutida no Brasil. Sua contextualização e compreensão pode criar oportunidades
de atuação para o PEF e também proporcionar experiências inovadoras dentro da
Educação Física Escolar.
Os conhecimentos sobre as emoções e as variáveis psicofisiológicas fazem
parte da formação inicial em EF, e necessárias nas discussões das atividades de aventura.
O ensino ou a simples experiência nos momentos de lazer, lançam os sujeitos em
situações inéditas, que mexem com seus sentidos, imaginação e também as emoções.
Portanto, é preciso que a intervenção do PEF considere estes fatores durante a atividade.
Os professores que atuam na formação inicial ministrando disciplinas que
discutem o movimento humano e a sua dimensão do ser humano e sociedade, em foco os
da disciplina de Psicologia devem considerar a sua contribuição para o processo de
profissionalização dos graduandos a proximidade com a realidade do cotidiano, pois só a
partir da análise, critica e reflexão os estudantes de EF podem desenvolver recursos em
51
relação as variáveis psicofisiológicas para subsidiar sua ação profissional (MATOS e
NISTA-PICCOLO, 2013).
Tais indicativos revelam que a formação em atividades de aventura precisa
ser sistematizada, pois se constitui em uma ramificação na atuação do profissional de EF,
e são poucos os cursos que oportunizam a discussão dessas práticas curriculares. Segundo
Corrêia (2008) as atividades de aventura aparecem diluídas dentro de algumas disciplinas
ou como uma disciplina regular, com o propósito de discussão centrada na relação do
movimento humano na natureza, ficando sob responsabilidade dos estudantes a criação
de programas e planejamentos que envolvam essas atividades em seus mais diferentes
contextos. A criação de possibilidades na formação inicial em EF oportuniza ao futuro
profissional compreender as questões ligadas ao risco, ao mundo da aventura e também a
planejar e estruturar programas de intervenção em vários cenários da EF.
52
6. AS ATIVIDADES DE AVENTURA
O segmento das atividades de aventura no Brasil tem crescido nos últimos
tempos, além de sua inserção como currículo oficial nacional dentro da educação básica
elas compõem várias atividades e alternativas no ambiente do lazer. Segundo Pereira
(2015) essas discussões se alavancaram no fim do século passado em feiras de aventura,
eventos, encontros, pessoas que procuram novos locais de lazer na natureza, surgimento
de novas práticas todos os anos e crescimento no número de equipamentos e técnicas de
exploração e contemplação da natureza.
Essas atividades se espalharam pelo mundo sendo adaptadas, criadas e
transformadas pela cultura regional, podendo ser praticadas em ambientes naturais e
artificiais aquáticos, terrestres, aéreos e as hibridas que são aquelas que combinam
atividades aéreas com aquáticas ou terrestres com aéreas (PEREIRA, 2015; MARINHO;
SANTOS; FARIAS, 2012; PEREIRA; ARMBRUST; RICARDO, 2008). Atividades
essas que se caracterizam pela a imersão dentro da aventura.
Manifestações essas designadas pelo uso de diversas terminologias: Esportes
de Aventura; Atividades de Aventura; Atividades Físicas de Aventura na Natureza;
Práticas Corporais de Aventura; Práticas Corporais Radicais; Esportes Californianos,
Esportes de Ação e Esportes Radicais (SILVA; PEREIRA; SILVA, 2016). Dentro dessas
diversas denominações essas atividades se relacionam dentro do envolvimento do risco,
do desenvolvimento técnico para o controle de segurança e na forma em que o sujeito se
“lança” dentro da atividade.
Essas atividades possuem difícil definição, são diversas as origens dos
diferentes termos utilizados para denominar essas práticas. Para dar luz a compreensão
sobre os termos apresentados anteriormente é preciso entender o significado da palavra
aventura e radical, possivelmente considerando no entendimento as relações que as duas
podem ter em suas atividades.
A palavra radical pode ser entendida como um aglutinador de todas as
atividades esportivas de risco, aquilo que está enraizado na ação e na percepção dentro
dessas atividades (PEREIRA; ARMBRUST; RICARDO, 2008). O enraizamento que o
praticante busca está vinculado à forma de sentir a própria existência por suas mãos pela
percepção das emoções e sensações que acontecem nos momento de prática no
enfrentamento e convivência com o risco (PEREIRA; ARMBRUST, 2010).
53
Essas atividades se vinculam com uma ação “extrema” em que o sujeito se
lança em uma situação de risco, chamada de manobra ou alguma técnica para realizar este
ato. Em relação a essa ação Armbrust, Maldonado e Silva (2016) argumentam que os
elementos significativos dessa ação estão atrelados ao comportamento de respeitar as
pessoas e locais em que se pratica, levando o sujeito a se envolver de forma profunda em
cada atividade.
Por outro lado a palavra aventura deriva do termo latim “adventura”, quer
dizer aquilo que está por vir com um tom de desconhecido, aquilo que é imprevisível em
que a incerteza, os desafios físicos, as emoções, o clima, a distância aproximam-se na
forma que o sujeito percebe, recebe e pratica essas atividades (ARMBRUST, 2010;
PEREIRA; ARMBRUST; RICARDO, 2008).
Neste sentido, compreendemos as atividades de aventura como um conjunto
de práticas institucionalizadas ou não que envolvem não o vínculo na manobra (ação),
mas na exploração e contemplação daquilo que é inédito, daquilo vinculado ao controle
do risco suscita o envolvimento do homem e a natureza intocável. Em representação na
(Figura,5) este universo compõe emoções, sentidos, culturas, locais que fogem do
cotidiano, mas que fazem o sujeito imergir dentro de sua percepção o mundo da aventura.
Essas atividades praticadas na natureza podem despertar diferentes
percepções, cada uma sendo subjetiva e ligada a história de vida do sujeito. Segundo
Lazarus e Folkman (1988) na transação sujeito e ambiente, dentro da aventura o sujeito
fica em várias situações de risco, aprende a superar medos e buscar estratégias de
enfrentamento focadas no problema ou focadas na emoção.
Dentro da concepção fenomenológica a percepção a apreensão dos sentidos
se faz presente na interação do corpo com o mundo, tratando-se de uma expressão
criadora a partir de diferentes olhares do mundo, sendo ela responsável pela forma que o
indivíduo percebe e se percebe no mundo (NÓBREGA, 2008). Nesta perspectiva, as
atividades de aventura ou radicais na perspectiva do lazer independente da prática envolve
a o resultado da incerteza, a administração de um provável acidente em que se for mal
executada por levar o sujeito a morte (BRYMER; SCHWEITZER, 2013).
Esses apontamentos se vinculam com os mencionados por Costa (2000) em
que na aventura joga-se com a morte para sentir a própria existência. Em relação ao
mundo da aventura, as questões ligadas a percepção estão diretamente em interação entre
o sujeito, o controle do risco, o rompimento com a rotina, o seu vínculo com a natureza e
com as emoções que sente durante a prática, tornando cada aventura uma experiência
54
inédita e imersa no desconhecido com significados únicos para cada pessoa, mesmo que
estejam na mesma atividade.
O corpo nessas atividades, se torna um caminho possível da salvação, em uma
perspectiva leiga em que o sujeito determina as provas que ele cria para testar o seu valor,
realizando um enraizamento com a percepção da sua existência no momento em que
realiza essas atividades (LE BRETON, 2006). Por este ângulo, o corpo, o movimento, a
natureza formam uma relação sinérgica dentro destas atividades, enraizadas no
imaginário e no desconhecido.
Figura 5: Representação do universo das atividades de aventura (BRYMER;
SCHWEITZER, 2013; PAIXÃO; TUCHER, 2015; PEREIRA, 2015; PEREIRA;
ARMBRUST, 2010).
Na atuação profissional em EF, o controle de risco, a orientação das
atividades, a mediação das emoções e estratégias de enfrentamento se tornam
fundamentais para que os alunos ou clientes tenham experiências positivas e
significativas para suas vidas.
Tais conhecimentos ligados à formação inicial podem proporcionar um
aumento da qualidade do serviço prestado na relação das atividades de aventura. Silva,
Pereira e Silva (2016) relataram a experiência sobre o ensino de esportes radicais e de
aventura em uma disciplina na formação profissional e inicial em EF. Os autores
mencionam que não basta apenas ministrar a “prática pela prática”, pois o ser humano
Universo da
aventura
Controle do Risco
Natureza
A percepção daquilo que esta por vir
Percepção das emoções e
sentimentos
Conhecimento de pessoas,
culturas, locais e paisagens
Enfrentamento e superação de
desafios
Desenvolvimento da manobra
ou técnica
55
não pode ser visto como uma máquina de movimentos, mas toda experiência deve ser
significativa, contextualizada e transformadora, pois o estudante de EF deverá inserir em
suas aulas em diferentes contextos e realidades, portanto proporcionar experiências
positivas e significativas pode ser importante para a autonomia do professor.
Para Silva, Pereira e Silva (2016) a disciplina de atividades de aventura e
esportes radicais tem como objetivo proporcionar subsidio para o estudante de EF inserir
essas práticas em seu cotidiano, dentro disso, os autores trabalharam com unidades de
conteúdos, sendo elas:
I. História das atividades de aventura e esportes radicais no Brasil;
II. Gestão de segurança, focando na avaliação e desenvolvimento técnico
de várias atividades em relação ao controle do risco e perigo.
III. Pedagogia da aventura, em que os alunos pesquisam sobre o tema,
avaliam a segurança e aplicam este conteúdo.
IV. Experiências práticas contextualizadas com a disciplina.
Estas unidades podem facilitar na mediação e orientação das atividades de
aventura, proporcionando conhecimentos iniciais em relação as atividades e revelando
possibilidades de um aprofundamento maior depois da graduação em EF.
Nessas atividades existem características que são marcantes como a
possibilidade de experiências inusitadas, causando sensações e emoções pouco vividas
em outras situações, além de em alguns casos o desenvolvimento do trabalho em equipe
e da confiança em si mesmo (SCHWARTZ; CARNICELLI FILHO, 2006).
O profissional responsável pela mediação na aventura, auxilia seu aluno a
descobrir o inédito, a superar e enfrentar seus medos durante a atividade, a contemplar e
mergulhar dentro de emoções positivas pela apreciação de paisagens, movimentos e
culturas desconhecidas.
Ao considerar a formação em atividades de aventura Nista-Piccolo (2011),
destaca que é preciso ir além, é preciso ensinar para a compreensão, ensinar o aluno a
refletir, pois estes devem ter um papel ativo em todo o processo de ensino e aprendizagem.
Segundo a autora, os conhecimentos técnicos e pedagógicos, os conceitos de Homem
como um ser complexo, os conhecimentos sobre as possibilidades de rendimento dos
corpos perfeitos sem negar os corpos possíveis e compreender que os conteúdos e o corpo
de conhecimentos em EF deve ultrapassar o conhecimento das partes, mas reconhecendo
o todo.
56
A compreensão das emoções dentro do processo de formação profissional é
imprescindível, mas também o processo de ensino e aprendizagem das atividades de
aventura ou esportes radicais são essenciais, pois estas atividades lançam os sujeitos em
um mundo imaginário, em uma construção de sentidos, experiências e significados que
podem ser levados para a sua vida cotidiana, seja o estudante de EF, o profissional
mediador dessas atividades, o professor do ensino superior ou o professor da EF E.
57
7. ASPECTOS PSICOLÓGICOS NAS ATIVIDADES DE AVENTURA
A aventura tem um carácter mágico no imaginário humano.
Todos carregam dentro de si o desejo de desbravar, de
desprender-se e voar com liberdade, mas as máscaras sociais
a cultura e do modo de educação que os envolve tolhe, em
parte, esse desejo, ficando-lhes os pés da terra. Esses
esportes de aventura que hoje envolvem a sociedade estão
agasalhando esses desejos (COSTA, 2000, p.87).
O praticante de atividade de aventura e o profissional que monitora essas
práticas busca o risco de forma voluntaria, uns no monitoramento, ensino e aprendizagem
outros como aluno, cliente que procura correr riscos, se lançam na atividade confiando
nas técnicas, monitores e equipamentos.
Segundo Costa (2000), o risco é extremamente calculado sob condições e
protocolos de segurança, suscitando um prazer que se relaciona com o lúdico e uma
sensação subjetiva de bem-estar. Portanto, toda atividade de aventura exige uma
preparação, protocolos de segurança, equipamentos e tecnologias adequadas e técnicas
avançadas para que a experiência na aventura seja positiva.
Em relação a compreensão dos aspectos psicológicos dentro das atividades
de aventura Schwartz e Carnicelli Filho (2006) realizaram um estudo cujo objetivo foi
compreender o perfil de formação de 20 guias de rafting, nenhum dos sujeitos
pesquisados possuíam formação de nível superior, tinham somente a formação técnica
oferecida pelas agências que os contrataram. Os pesquisadores relatam que muitos
iniciantes demonstraram tensão e ansiedade em relação ao controle da segurança. Os
autores apontam que talvez a formação em EF e a gama de conhecimentos que são
desenvolvidos pode auxiliar mais os guias, pois estes poderiam compreender mais de
questões ligadas a mediação e a aprendizagem.
Com o foco de estudo na ansiedade dentro da canoagem Slalom Lavoura,
Botura e Machado (2006) buscaram identificar diferenças entre gênero em atletas
participantes da IV copa Brasil de canoagem slalom. Em relação aos resultados do estudo
foi identificado maior ansiedade somática e cognitiva em mulheres do que em homens,
fator que pode influenciar no desempenho dos atletas e apontando que a diferença entre
gênero deve ser considerada na preparação psicológica.
Neste caso a ansiedade sendo vista como negativa para que o atleta alcance
um melhor desempenho dentro da prova. Por outro lado no estudo de Lavoura, Schwartz
e Machado (2008) que levou um grupo de jovens para experimentar a prática do rapel
58
pela primeira vez, após a vivência os sujeitos foram entrevistados com questões abertas.
Nos achados da pesquisa verifica-se sensações de medo, ansiedade, insegurança e
preocupação que estão atrelados ao contato do sujeito com o ambiente e a atividade pela
primeira vez.
Os autores mencionam que essas práticas compartilham da experiência de
uma fusão entre medo e prazer, ora entre ansiedade e satisfação, ou ainda conforto e
insegurança, assim como preocupação e alegria (LAVOURA; SCHWARTZ;
MACHADO, 2008). Durante a prática de atividades de aventura, o sujeito fica em uma
constante mudança de estados emocionais, dependentes de sua percepção da situação.
O profissional que ministra essas atividades deve dar atenção a essas emoções
durante a prática, pois compreender as emoções assim como mencionado por Klemola,
Heikinaro-Johansson e O’Sullivan (2012) se torna uma tarefa importante para o
profissional, pois este pode articular estratégias e proporcionar orientações que façam
com que o aluno perceba a situação de uma forma positiva, enfrentando seus medos e
desafios que podem surgir no momento da atividade.
Por outro lado Machado, Barbosa e Pereira (2008) investigaram os estados de
humor em atividades como canoagem, tirolesa e trekking de orientação. Os autores
identificaram que a maioria dos sujeitos envolvidos tiveram mais percepções positivas
em relação ao seu estado de humor, ficando animados, ativos, enérgicos, alegres e cheios
de boa disposição, sendo uma minoria com o estado de humor negativo durante a prática.
O fato das atividades serem realizadas no ambiente natural, no ambiente da
incerteza e com o risco controlado é possível que entre “lutar e fugir”, entre sentir medo
ou alegria, o sujeito passe por essas situações constantemente Ao relacionar com a
(Figura 3), muito provavelmente após a avaliação da situação, o auxílio do técnico ou
profissional e após o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento o sujeito reavalie
a situação como positiva ou negativa dentro da percepção subjetiva de bem-estar.
Essas atividades mergulham o indivíduo na incerteza ao alcance de suas
competências, elas o autorizam, o estimulam e possibilitam criar habilidades, desenvolver
ações e criar emoções que rompem como um “rugido” a calmaria da vida cotidiana, a
monótona rotina, sem a sensação de incerteza (LE BRETON, 2007). Este mergulho faz o
sujeito perceber em uma atividade de aventura, várias situações, várias emoções, porém
com o risco controlado.
Dentro dessas características em relação as atividades de aventura Cardoso,
Silva e Felipe (2006) entrevistaram 10 indivíduos da Escola Superior Francisco de Assis
59
com mais de dois anos com práticas em excursões de aventura. Nas respostas os sujeitos
revelaram que a experiência é positiva, mas que possuem dificuldade em responder ou
expressar as emoções e as descrevem como prazerosas, “legais”, uma sensação boa,
sentimento de liberdade. Entrando em relação com os apontamentos de Damásio (2004)
em que o indivíduo conhece a emoção até o momento que alguém pede para as descrever.
Em relação a essa característica de atividade, em uma experiência com
pessoas pela primeira vez na prática de rapel, pode se indicar respostas agudas e uma
atividade mental alta em relação ao envolvimento do sujeito inexperiente com a situação,
sendo mais respostas ligadas a processamentos internos do que externos (BAILEY;
JOHANN; KANG, 2017). Os autores destacam que nas primeiras experiências os
envolvidos nessas práticas demonstram a influência de um desafio a ser enfrentado, tendo
mudanças significativas entre o pensamento e a ação durante a atividade.
Percebe-se que nos últimos apontamentos apesar da imersão dos sujeitos nas
diferentes atividades de aventura suas percepções em um ambiente natural e de incerteza,
mas com o risco controlado e calculado, são positivas, o sujeito fica entre a luta e a fuga,
entre se paralisar ou enfrentar a situação e essa experiência lhe proporciona uma sensação
de bem-estar.
A busca pelo prazer nas atividades de risco na natureza, podem auxiliar na
capacidade e desenvolvimento de fatores de proteção em que influenciam na minimização
dos fatores negativos, sendo que ao superar situações adversas o sujeito pode aprender e
mudar a sua percepção sobre a situação de risco (SILVA et al., 2014).
O profissional que trabalha com as atividades de aventura normalmente foi
um praticante, a experiência foi o seu primeiro contato com a atividade em que por meio
de formações se tornou um profissional das atividades de aventura. Tais elementos podem
ser referências na forma em que seus alunos ou clientes irão experimentar a atividade, o
controle do risco e o envolvimento do aluno dentro da atividade é de responsabilidade do
profissional, sendo importante desempenhar o papel de mediador de estratégias, de
habilidades e de emoções.
Nesse contexto, o medo pode ser uma emoção muito frequente dentro das
atividades de aventura, principalmente aquelas que levam o sujeito ao extremo de suas
capacidades físicas e psicológicas. Compreendido normalmente como uma emoção de
proteção, tanto para o profissional quanto para o seu aluno, a convivência com ele em
situações de risco controlado é muito comum.
60
Para Brymer e Schweitzer (2013) de modo geral nas atividades de aventura
os participantes tem uma percepção insalubre do medo ou patologicamente não devem
ter medo e por este fato se lançam dentro do risco. Os autores apontam que o medo dentro
dessas atividades é inevitável, combinado com outras emoções na imersão das atividades
extremas, mas indicam que essa emoção pode ser transformadora nos momentos que é
enfrentada, isso quer dizer que os “aventureiros” sentem medo, mas gostam desta
percepção e de lidar com o enfrentamento.
Em relação à experiências dos medos durante as atividades de aventura, ao
enfrentar a situação refletindo sobre o que passou o sujeito passa do medo a alegria, sendo
a alegria responsável pela percepção de satisfação em realizar uma atividade, isso
depende dos traços de personalidade, experiências vividas e a forma que o sujeito avalia
e reavalia a situação de aventura (FAULLANT; MATZLER; MOORADIAN, 2011).
A partir dessas ideias ocorrem interpretações das emoções e aspectos
psicológicos ligados as atividades de aventura e esportes radicais que carecem de maior
aprofundamento, pesquisa e compreensão em diferentes contextos, seja no meio aéreo,
terrestre ou aquático.
Como mencionado por Le Breton (2009), Brymer e Schweitzer (2013) o risco
e o perigo são iminentes à atividade, o sujeito realiza uma imersão dentro do ambiente da
incerteza, buscando controlar o risco, controlar suas ações, controlar suas emoções,
enfrentar medos e buscar contemplar e se satisfazer nos momentos em que realiza a
atividade, realizando um jogo entre o risco e o perigo, entre a vida e a morte, entre a luta
ou a fuga em todas as atividades de aventura e esportes radicais. Portanto, ao relacionar
essas características das atividades de aventura com a prática do surfe, o controle do risco
nessa atividade fica vinculado ao desenvolvimento técnico do praticante e a avaliação do
ambiente em que se pratica.
61
8. O SURFE
A literatura indica que a prática do surfe pode ter iniciado no Triângulo
Polinésio por volta dos anos de 1500, região constituía pelas Ilhas Cook, De Pascoa,
Pitcairn, Samoa, Taiti, Tuvalu e Havaí, existindo relatos do mesmo período de pessoas
deslizando em paredes de ondas na região do Peru (SOUZA, 2013; FORTES, 2008).
No Brasil o surfe constitui uma das atividades mais tradicionais, praticadas
no litoral desde meados de 1930, se caracteriza pelo ato do sujeito deslizar em uma onda
em cima de uma prancha (AUGUSTO; DIAS, 2006). Segundo os autores o seu grande
desenvolvimento dentro do país foi nos anos de 1960 a 1980, neste período os esportes
praticados com prancha, as músicas e o perfil do público jovem levaram a ascensão de
uma prática esportiva que se constituía em deslizar em cima de uma prancha na parede
de uma onda para uma atividade com regras institucionais, competições esportivas e
manobras cada hora com uma dificuldade maior.
Essa atividade de aventura surgiu com uma característica de contemplação do
ambiente, mas com o passar dos anos os seus praticantes se lançam mais no risco em que
realizam manobras diversas, dando nomes e estilos de surfe (SOUZA, 2013; AUGUSTO;
DIAS, 2006). Os autores mencionam que por conta do envolvimento do público jovem
dos anos 1960 a 1980 surgiram grifes de roupas para “surfistas”, gírias e comunidades
que se envolviam cada vez mais na divulgação do esporte.
Com o aumento da prática do surfe, bem como o seu processo de
institucionalização em escolas e locais de práticas espalhados pelo Brasil é possível inferir
que essa atividade deve estar causando alterações na atuação profissional em EF
No cenário apresentado, existem tipos de estilos de surfe como Long Board
Clássico, Short-Board e o Tow-in. Apesar de cada estilo possuir suas características
específicas, sua prática consiste em deslizar sobre uma onda em cima de uma prancha de
fibra de vidro, madeira ou Soft board (SOUZA, 2013).
Com o aperfeiçoamento das técnicas em dentro da prática esportiva, a
“radicalização” do surfe proporcionou o surgimento de manobras com linguagem
próprias da prática como remar, sentar, “dar o joelhinho”, “dropar” e “vaca”
(BANDEIRA; RUBIO, 2011). Nessa linguagem sentar, realizar o drop estão atrelados a
ficar em pé em cima da prancha deslizando na parede da onda (crista) até a fase de
arrebentação, são técnicas importantes para realizar as manobras básicas do surfe, o seu
62
desenvolvimento na fase de aprendizagem torna-se importante para controlar o risco
durante a iniciação na prática da atividade.
O estudo realizado por Souza et al. (2015) indica as manobras mais utilizadas
pelas “tribos” de surfistas, sendo o drop, tubo, cutback e aéreo em que se destacam
principalmente por serem as manobras mais comuns dentro da prática esportiva. Segundo
os autores:
Nome da
manobra
Linguagem
Usual
Descrição
Drop Dropar
O sujeito fica posicionado na postura em pé, em que
apoia os dois pés um a frente do outro, na parte de coma
da prancha no ato de descer a parede da onda.
Barrel Tubo
O praticante é envolvido pela onda, no espaço existente
entre a crista e a parede, conseguindo sair de dentro dela
em sequência.
Cutback cutback
Um desenho em “S” realizado pelo praticante, está
manobra pode ser realizada em backside momento em
que as costas do sujeito estão viradas para a parede da
onda.
Wipeout Vaca São as quedas que o sujeito pode ter na prática, chamado
de “caldo” também.
Figura 6. Adaptação do quadro de manobras do surfe de (SOUZA; et al.,
2015, p. 546–547).
Essas são as manobras e as linguagens utilizadas nas “tribos” para descrever
cada uma delas. Os conhecimentos inerentes à EF podem auxiliar no desenvolvimento do
processo de ensino e a aprendizagem de cada uma delas. Muitas vezes, um professor de
surfe, foi um praticante da modalidade antes de se envolver com a EF, com isso possui
referências empíricas e científicas sobre o processo de ensino e aprendizagem que podem
auxiliar em sua mediação (SOUZA, 2013).
Ramos, Brasil e Goda (2013) mencionam que estes fatores e o crescente
aumento de adeptos a prática esportiva do surfe podem ser alvo de intervenções
pedagógicas ligadas à EF, seja na escola ou fora dela. Com o aumento da prática do surfe,
bem como o seu processo de institucionalização em escolas e locais de práticas
63
espalhados pelo Brasil é possível inferir que essa atividade deve estar causando alterações
na atuação profissional em EF
Os conhecimentos em relação a prática esportiva, os equipamentos, o
planejamento das aulas e mediações, o conhecimento das características psicológicos, de
desenvolvimento motor, de crescimento e fisiológicas tornam-se elementos importantes
para um profissional que trabalha com surfe (RAMOS; BRASIL; GODA, 2013). Esse
corpo de conhecimentos tem uma relação direta com a formação inicial em EF e o
desenvolvimento de competências na graduação, podendo ser importante as questões
ligadas a experiências vividas e aos conhecimentos técnicos do profissional que trabalha
na área.
Um outro ponto de vista em relação a prática do surfe é a combinação das
emoções e percepções de bem-estar que são subjetivas ao sujeito mas que podem
acontecer no contato de uma experiência bem sucedida e como indicado pelo estudo de
Bandeira e Rubio (2011) ainda existe uma descriminação de gênero dentro da prática do
surfe, pois um bom “surfista” normalmente é visto como do gênero masculino e não do
feminino.
O surfe como um atividade de aventura centra-se no risco controlado, pelo
fato da imprevisibilidade do mar e da combinação das habilidades do praticante, sendo o
rompimento da rotina do cotidiano em uma busca constante pela sensação de liberdade,
como apontado por Le Breton (2007, p. 10): “O risco é inerente à condição humana, é o
resgate feliz pago pela liberdade.” Por essas características mencionadas, destacamos o
surfe como uma atividade de aventura que precisa ser investigada, pois podem existir
questões ligadas as emoções e a percepção de seus praticantes, com a forma em que o
sujeito se desenvolve em momentos de aprendizagem ou nos momentos de treinamento.
64
9. MÉTODO
9.1.NATUREZA DA PESQUISA
Trata-se de abordagem qualitativa de pesquisa com bases estabelecidas no
olhar investigativo da fenomenologia, sendo de característica descritiva e exploratória
(MARTINS; BICUDO, 2003). Essa investigação possibilita ao pesquisador realizar uma
imersão no cenário delimitado, tendo o papel principal de interpretador da realidade da
“experiência vivida”. Esse estudo considera o universo da pesquisa qualitativa, em que o
despertar da ciência está dentro daquilo que pode ser investigado a partir de uma
realidade, sem a finalidade de comparações ou grandes números, mas com o ideal de
compreender o movimento humano em sua mais profunda linguagem e sentido
(MARTINS; BICUDO, 2003) . A pesquisa qualitativa engloba a análise e interpretação
de dados, procurando entender os significados do sujeito, entender a realidade social em
que se situa o projeto, sem alterar o fenômeno, sem criar um ambiente laboratorial, mas
o estudando na sua originalidade, na mais profunda natureza do fenômeno investigado
(MARCONI; LAKATOS, 2011; BETTI, 2009). As atividades de aventura possuem
características peculiares em seus sentidos e significados, para o seu entendimento é
imprescindível uma imersão em sua realidade e no desconhecido expressos pelo ser
humano em movimento na natureza.
É preciso compreender o significado da palavra “fenômeno” que é tudo aquilo
que se mostra, se desvela, se manifesta para a consciência, palavra derivada do grego
Fainomenon que em seu sentido é um discurso esclarecedor a respeito daquilo que se
manifesta ao sujeito interrogador que está imerso no cenário da pesquisa (MARTINS;
BICUDO, 2003).
A fenomenologia nessa pesquisa ganha sentido ao trazer a luz, colocar sob
iluminação, mostrar a si mesmo e em si mesmo a totalidade que pode se revelar diante de
nós. Qualquer fenômeno pode representar um ponto de partida para várias interpretações,
interlocuções e investigações, podendo ser a descrição da experiência por meio de relato,
cujo o propósito é compreender as particularidades da realidade que pode ser estabelecida
neste cenário (MOREIRA, 2004).
Tratando-se de uma característica exploratória a interpretação e os dados
surgem da observação do fenômeno ou das representações verbais desenvolvidos dentro
65
de experiências individuais da realidade que os sujeitos foram inseridos, exigindo um
mergulho profundo do pesquisador no cenário contextualizado.
Esse enfoque exploratório nos permite uma descrição e interpretação de
fenômenos complexos e pouco estudados dentro do mundo científico, em que explorar
fatos e conceitos precisam ser explicados de forma profunda. Nesta linha não é possível
ter uma pré-suposição ou julgamento (GIL, 2008). Dentro desse tipo de pesquisa o foco
é investigar o fenômeno da forma que ele é, valorizando a individualidade do sujeito em
que as emoções e as percepções sobre a intervenção podem vir à tona no cenário que está
construído.
A partir da construção destes pilares investigativos essa pesquisa é de
abordagem qualitativa descritiva de característica fenomenológica e do tipo exploratório.
Iremos buscar alcançar os objetivos deste trabalho por meio da experiência vivida do
surfe realizada por estudantes de EF. É com o olhar de Kunz (2000) que a fenomenologia
se interessa pelo mundo das experiências, desenvolvido pelas percepções e por um
horizonte de possibilidades. Nesse sentido, não existe uma predefinição das respostas
emocionais dos sujeitos, porém esse estudo busca descrever e interpretar a sua percepção
a partir da experiência vivida.
10. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da
Universidade São Judas Tadeu (USJT), protocolo de número do parecer na Plataforma
Brasil: 1.422.385. Dentro da proposta investigativa buscou-se estruturar uma situação real
em relação a aprendizagem do surfe, participaram do estudo seis estudantes do terceiro
semestre do curso de bacharelado em Educação Física de uma Universidade particular na
região de Guarulhos – SP. Os seis estudantes que participaram desse estudo, sendo um
do sexo masculino e cinco do sexo feminino. A amostra foi selecionada de ordem
aleatória e por questão de conveniência (foi realizado um convite aos estudantes do curso
para participarem do projeto). A amostra não poderia ter contato com o pesquisador
(relação professor/aluno) e também não poderia ter algum tipo de experiência com a
prática do surfe.
A universidade em que os sujeitos estudavam autorizou a realização do
convite para participação da pesquisa conforme termo de autorização (APÊNDICE III).
66
Todos os sujeitos assinaram o Termo de Livre e Esclarecido (APÊNDICE II) e ganharam
um número fictício para manter os nomes dos participantes em sigilo.
Os sujeitos participaram de três aulas de surfe, que foram ministradas em dois
dias de intervenção, sendo duas aulas no primeiro dia uma no horário da manhã e outra
no horário da tarde, no segundo dia foi ministrado uma aula na parte da manhã em que os
detalhes e cada conteúdo da aula estão descritos no (APÊNDICE V). A aula foi ministrada
por uma professora de EF que possui experiência com surfe e ministra treinamentos para
professores de surfe e Stand Up Paddle – SUP.
Cada aula tinha duração de 90 minutos e foram realizadas na praia de
Boraceia em São Sebastião – SP – Brasil. Contanto com o apoio da escola de surfe
“aventura e movimento” conforme descrito no (APÊNDICE IV). O pesquisador neste
cenário foi o observador da “experiência vivida”, em que acompanhou todas as aulas,
estratégias e mediações que a professora responsável pela atividade estava ministrando.
Ao final de cada aula os sujeitos foram entrevistados com perguntas não
estruturadas (APÊNDICE I). Todas as entrevistas foram gravadas por meio de um “Ipad
mini 3”, sendo que após um prazo de cinco anos todas as gravações serão destruídas,
todos os dados foram transcritos na íntegra e serão apresentados a seguir.
O pesquisador fenomenológico busca em descrições organizadas a
experiência que foi vivida pelo sujeito. Tais características podem revelar indícios e
afirmações importantes sobre o fenômeno investigado, excluindo dados que não tenham
significado e sentido para a pesquisa (MARTINS; BICUDO, 2003).
Nessa perspectiva, busca-se compreender a experiência vivida pelos
participantes a partir das entrevistas, para que a percepção de cada um seja valorizada. Os
sujeitos foram entrevistados após as aulas de surfe com as questões: “conte-me como foi
a sua experiência na aula” e “quais emoções você sentiu durante a aula? Descreva o
máximo que puder”, questões estas desencadeadoras que dependendo da resposta do
sujeito era preciso buscar uma nova indagação para uma a formulação de um discurso de
sua experiência.
Todas as entrevistas foram transcritas exatamente da forma que aconteceram,
utilizou-se para o tratamento dos dados a análise de conteúdo com base na fundamentação
de Bardin (2011), dividida em três etapas:
A primeira fase é a “pré-análise” em que se realiza uma leitura flutuante da
entrevista. A primeira análise consiste em conhecer a entrevista, realizando uma imersão
67
e projeção do pesquisador no discurso do sujeito. Essa fase é necessária constituir um
corpus. Os princípios dessa etapa, segundo Bardin (2011) são:
A- Leitura flutuante: Atividade que consiste em estabelecer os primeiros contatos
com as transcrições das entrevistas, realizando neste momento uma imersão nas
impressões e orientações. Neste momento, a função principal é formular hipóteses
que podem emergir da “experiência vivida”.
B- A escolha do documento: Em nosso caso será a transcrição da entrevista, que irá
auxiliar a formar a constituição do corpus que são um conjunto de documentos
que podem ser submetidos a procedimentos analíticos. Assim que escolhida a
entrevista, existem regras para a realização da pré-analise. Regra da exaustividade
que compõem a leitura exaustiva e completa da transcrição, não selecionando ou
descartando nada do discurso. A regra da representatividade que é a seleção de
uma amostragem que consiga representar de forma qualitativa um determinado
contexto ou situação, que em nosso caso são estudantes de EF vivenciando o surfe
pela primeira vez. A regra da homogeneidade em que as entrevistas devem
obedecer a critérios precisos de escolhas, por exemplo: As entrevistas devem
conter as mesmas perguntas desencadeadoras. Regra da pertinência é a que o
documento escolhido deve ser adequado ao objetivo e pergunta que norteia o
trabalho.
C- Formulação de uma hipótese e dos objetivos: propõe uma suposição, afirmação
ou questionamento de algo que será verificado por meio dos documentos. Pela
abordagem utilizada nesta pesquisa, não é possível formular uma hipótese uma
vez que vamos investigar a experiência vivida, por este fato, os procedimentos
utilizados serão exploratórios.
D- A retificação de índices e indicadores sobre o tema, objetivos e suposições:
descritos na (Figura 7), geralmente esses indicadores irão ser base para a
categorização e codificação dos dados do discurso.
E- A preparação do material: a organização da gravação das entrevistas feitas com
os 6 sujeitos, a sua transcrição e organização para a seleção de categorias e leitura
flutuante.
A segunda fase é a exploração do material, assim que os apontamentos da
pré–análise forem concluídos é realizado a administração sistemática das decisões
tomadas, em que as enumerações das unidades de significado começam a fazer parte da
68
análise das transcrições das entrevistas, realizando o isolamento de unidades e o seu
agrupamento por categorias (BARDIN, 2011).
Na terceira fase desta análise os resultados brutos são tratados de maneira
significativa na busca da compreensão da experiência vivenciada pela amostra nas aulas
de surfe, nesta fase realiza-se as inferências qualitativas sobre o fenômeno investigado e
elaborando uma matriz, que tende a mapear e sintetizar as emoções sentidas durante a
prática do surfe, as ações que o sujeito tomou e também outros aspectos em seu discurso
que tenham relação com os objetivos deste trabalho (BARDIN, 2011).
Para realizar a análise de conteúdo dos depoimentos dos sujeitos, precisa-se
elaborar indicadores, neste sentido, são categorias estabelecidas a priori que irão auxiliar
no desenvolvimento de todo processo analítico, conforme exposto na Figura 7:
Figura 7. Indicadores para realização da análise de conteúdo (COSTA, 2008; DAMÁSIO,
2015; LAZARUS, 2000; SMITH; LAZARUS, 1990).
Nessa perspectiva, os resultados (entrevistas transcritas, unidade de
significado, codificação perfil ideográfico) foram organizados em quadros que se
encontram a seguir. Foram três aulas de surfe, em que as pessoas foram entrevistadas com
a utilização de questões abertas (APÊNDICE I).
Em relação à primeira entrevista, cada sujeito respondeu a todas as questões,
mas na segunda e terceira entrevistas o sujeito respondeu apenas as questões C, D e E.
Todas as entrevistas foram feitas de forma isolada dos outros sujeitos ou qualquer outra
Emoções
Medo
Percepção e ação perante a uma situação de perigo ou risco, relacionado a luta ou a fuga, mas principalmente em proteção fisica e moral
do sujeito.
Raiva
Estado de furia em relação a alguma coisa, a alguém
ou a falta de recursos.
Alegria
Percepção de progressos razoaveis em relação a uma meta ou objetivo, ligada a
relação de bem-estar.
Tristeza
Relação de percepção de perda de uma meta,
objeto.
69
pessoa. As questões solicitavam ao indivíduo descrever o máximo possível sobre o
aspecto indagado.
70
11. RESULTADOS
Os quadros de resultados estão organizados com os seguintes itens:
Dados do sujeito, pré-análise, seleção de unidades de significado,
categorização (Figura 7) e perfil ideográfico que tem como forma representar ideias
identificadas como unidades de significado.
Bardin (2014) menciona que a codificação corresponde a uma fase de
transformação que por recorte, fragmentação ou agrupamento nos permite alcançar uma
representação do conteúdo.
11.1 SUJEITO – 1
DADOS DA ENTREVISTA
Sujeito 1 Sexo: Masculino
Idade 19 3º Semestre - Bacharelado em EF
ANÁLISE
1º Entrevista:
Pesquisador: Fale sobre sua experiência anterior com qualquer tipo de atividades de aventura.
Mencione todas elas.
- Sim eu tenho experiência com skate se for considerado um esporte de aventura...é...
tirolesa...trilha e cachoeira já tive algumas experiências.
Pesquisador: Quanto tempo você praticou essas atividades?
- Não cheguei a ter uma prática regular, tirando o skate que prático pelo uma vez por semana, já
tá indo pra uns 6 meses que prático. Agora as outras atividades foram uma viagem fazer, mas não
voltei a fazer, não é uma coisa que não prático com regularidade.
Pesquisador: Quais emoções você sentiu ao praticar atividades de aventura?
- Senti, ¹primeiro fico um pouco perdido por ser uma coisa nova no surfe, mas você acaba se
sentido satisfeito quando você consegue um pouquinho, ficar em é um pouquinho, ²você fica
satisfeito com você mesmo, com cada evolução que você faz, ³acho que é bem legal, da um
sentimento bem legal.
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
- 4Foi gratificante! Eu sempre tive vontade de aprender, nunca tive oportunidade, pra mim
foi uma oportunidade muito legal. Fiquei muito animado com a ideia e i... i 5depois da aula
71
me senti satisfeito como já disse com a minha pequena evolução para quem nunca tinha
conseguido surfar você ficar em pé é uma emoção bacana, é isso fiquei satisfeito.
Pesquisador: Você consegue descrever sua passagem na aula de uma forma detalhada.
- Como assim? Você disse o momento?
Pesquisador: Como que foi isso? Você teve o primeiro contato com o surfe agora, como que foi
esse primeiro contato? Desde o início da aula até a parte que você ficou em pé na prancha.
- Olha foi...6desde começo procurei prestar bastante atenção em todas orientações em que a
Professora passava pra gente, pra poder facilitar dentro da agua desde o momento que a
gente tava na areia ali. 7Procurei fazer tudo o que ela passou pra gente, para poder ficar na
agua e desempenhar com mais facilidade.
É... 8Foi difícil, não é fácil principalmente nas primeiras vezes não é fácil ficar em pé e ai foi
uma evolução pois eu consegui ficar em pé alguns segundos já, agora vamo ver ai para as
próximas aulas né.
Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso? Descreva o
melhor que você puder.
- 9Num primeiro momento a gente sente uma certa adrenalina por tá sendo a primeira vez,
uma empolgação bacana. I.… 10não sei como posso te descrever as emoções.
Pesquisador: Vamos pensar em uma situação, uma situação que você saiu rolando com a prancha.
Como foi isso?
- 11Você fica um pouco chateado né. Você quer ficar em pé! Eu fiquei um pouco chateado,
claro que faz parte, 12é levantar e tentar de novo.
Pesquisador: Dentro da aula teve um momento que você sentiu medo?
- Não, não porque eu gosto bastante de mar, estou acostumado a ficar no mar. Não com o surfe,
mas do mar não tenho muito medo, até mesmo porque a gente tava em um local raso, então não
deu para sentir medo.
Pesquisador: Tem alguma coisa que você tem a falar além disso?
- Da aula?
Pesquisador: Sim!
- 13Sim, a didática da professora é muito boa, ela acompanha legal a gente. Olha bem onde a
gente tá errando, para a gente poder melhorar.
2º Entrevista
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
72
- 14Então nessa segunda aula a gente teve uma evolução da primeira aula. Teve mais noção,
15mais equilíbrio em cima da prancha, mais confiança no momento de entrar na onda, 16
acredito que não só eu mas como o grupo todo evoluiu neh!
- 17gostei até mais dessa segunda aula do que a primeira aula. Até porque depois a gente foi
um pouco mais fundo né. Teve umas ondas mais fortes e foi mais legal.
Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso? Descreva o
melhor que você puder.
- Acho que a emoção que mais me marcou, 18não sei se a adrenalina é considerada uma
emoção. 19Mas a emoção maior mesmo foi no momento em que a gente estava lá trás e eu
consegui pegar uma onda bem grande que foi até a ponta da praia. 20Eu fiquei muito feliz
por nunca ter praticado o esporte e ter conseguido evoluir, e foi uma sensação de adrenalina
bem forte e 21no final a felicidade né, de ter conseguido ficar satisfeito comigo mesmo.
Pesquisador: Você acha que tem mais algum ponto importante sobre as emoções neste cenário? A
gente pode pensar dentro da aula ou no momento que você falou sobre a onda muito forte, como
que foi isso?
- Para falar a verdade nesse segundo momento eu 22comecei a ter um pouquinho de medo, mas
por estarmos mais fundos, 23ao mesmo tempo sabia que sei nadar e que estávamos com os
professores.
- Mas começa a assustar um pouco que a agua já bate aqui no peito, então 24as vezes vem uma
onda um pouco mais alto então deu um pouquinho de medo, 25 veio um outro sentimento
que na primeira aula não existiu, mas na segunda aula já tive um pouquinho de medo.
Pesquisador: Existe algo que considera importante a ser falado?
- Eu acho que... que... é basicamente tudo o que tinha falado, da satisfação própria, por ter
conseguido é mais isso mesmo que tenho para destacar. Pela felicidade de uma coisa que sempre
quis fazer em toda minha vida e tá fazendo. É uma felicidade e uma satisfação própria por estar
fazendo.
3º Entrevista
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
- 26Foi ótima, com certeza foi as melhores pela evolução né, a ideia é cada aula que a gente
evolua um pouco mais.
Pesquisador: Que evolução foi essa? Você consegue descrever?
73
- 27Evolução da técnica né, de poder aplicar melhor a técnica. 28Na nossa área é legal
entender isso, que nada funciona sem a técnica, na que você for fazer funciona sem a técnica,
isso para todos os esportes.
Pesquisador: Como foi sua passagem nessa terceira aula, do início até o término?
- Ela foi, foi, como posso dizer? Ela foi sequencial, teve uma evolução, não sei te descrever mas
teve uma linha, foi uma técnica de cada vez para poder chegar em pé e chegar em um resultado.
Pesquisador: O que você acha que você aprendeu nessa aula?
- Nessa terceira, a Professora ensinou a gente a fazer a curva, a conseguir para um lado e para o
outro.
- Eu apliquei e realmente quando você vira mais o corpo você consegue meio que fazer uma
curva.
Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso? Descreva o
melhor que você puder.
- Foram as mesmas emoções, mais ou menos das aulas anteriores, aquela emoção de se
conseguir, 29mais não foi tanto quanto a segunda aula por exemplo:
- Não segunda não tinha conseguido ainda, 30você conseguir a primeira vez é mais
emocionante que depois, mas mesmo assim sentimento satisfação, de felicidade por ter
conseguido.
Pesquisador: Você consegue apontar isso em quais momentos da aula sentiu essa satisfação?
- 31Com certeza são os momentos que você está em pé na onda. Com certeza esse é o melhor
momento.
Pesquisador: Quando você não consegue pegar a onda?
- 32Você fica um pouco frustrado né, mas você tem saber que faz parte né, não pode, não
pode... ficar triste porque faz parte.
Pesquisador: Se você caísse o que faria?
- 33Ah! Levanto e vamo de novo, o que não pode é ficar lamentando.
Pesquisador: Tem mais alguma coisa que você consegue apontar de importante nessa ultima
aula?
- AH! Assim como já disse quando se aplica as técnicas corretas você consegue fazer tudo. Acho
que isso é o mais importante, aplicando exatamente o que é passado, você consegue!
Pesquisador: Das últimas três aulas, existe algum ponto que te marcou mais?
74
- Sim, que na segunda aula o ponto de ter saído do nada e ter conseguido. Ter conseguido pegar
uma onda, acho que isso ai foi o mais marcante pra mim. Foi o mais marcante porque por não
saber nada antes, por exemplo na primeira aula nunca ter tido o contato e depois foi marcante.
Pesquisador: Das últimas três aulas que emoções você acha que sentiu?
- Na primeira, é... 34Mais especifico na segunda, que o momento de medo, um pouquinho de
medo. Como eu tinha comentando no momento em que a gente foi mais para o fundo. Mas
também foi pouco, felicidade, com certeza satisfação, adrenalina, sentimento de, de gratificação
própria, felicidade própria. Só isso mesmo.
INTERPRETAÇÃO
1º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE
SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO
NA LINGUAGEM DO
PESQUISADOR
1 [...] primeiro fico um pouco perdido
por ser uma coisa nova no surfe [...]
Reconhecimento de uma atividade
nova.
2 [...] você fica satisfeito com você
mesmo, com cada evolução que
você faz [...]
Alegria e satisfação por sua evolução
na atividade.
3 [...]acho que é bem legal, dá um
sentimento bem legal.
Alegria/Felicidade na relação de
bem-estar durante a atividade.
4 Foi gratificante! Eu sempre tive
vontade de aprender, nunca tive
oportunidade, pra mim foi uma
oportunidade muito legal.
Alegria e gratidão pela participação
na aula.
5 [...] depois da aula me senti
satisfeito como já disse com a
minha pequena evolução para quem
nunca tinha conseguido surfar você
ficar em pé é uma emoção bacana
Alegria/Felicidade em relação ao
conhecimento que possuía e o
desempenho realizado na aula.
6 [...] desde começo procurei prestar
bastante atenção em todas
orientações em que a Professora
passava pra gente, pra poder
facilitar dentro da agua desde o
momento que a gente tava na areia
[...]
Mediação da professora no auxilio no
desenvolvimento recursos de
enfrentamento.
75
7 Procurei fazer tudo o que ela passou
pra gente, para poder ficar na agua
e desempenhar com mais
facilidade.
Utilização das instruções da
professora para enfrentar a situação.
8 Foi difícil, não é fácil
principalmente nas primeiras vezes
não é fácil ficar em pé e aí foi uma
evolução pois eu consegui ficar em
pé alguns segundos [...]
Reconhecimento da complexidade
da prática.
9 Num primeiro momento a gente
sente uma certa adrenalina por tá
sendo a primeira vez, uma
empolgação bacana.
Alegria por realizar uma atividade
que lhe proporciona bem-estar.
10 [..] não sei como posso te descrever
as emoções.
Dificuldade no reconhecimento das
emoções.
11 Você fica um pouco chateado né.
Você quer ficar em pé! Eu fiquei
um pouco chateado, claro que faz
parte [...]
Tristeza pela falta de existo no drop.
12 [...] é levantar e tentar de novo. Enfrentamento da situação.
13 Sim, a didática da professora é
muito boa, ela acompanha legal a
gente
Didática do tutor influenciou na
percepção do sujeito sobre a
atividade.
2º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE
SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO
NA LINGUAGEM DO
PESQUISADOR
14 Então nessa segunda aula a gente
teve uma evolução da primeira
aula.
Alegria/felicidade em relação ao
progresso dentro da atividade.
15 [...] mais equilíbrio em cima da
prancha, mais confiança no
momento de entrar na onda [...]
Reconhecimento das técnicas e dos
momentos
16 [...] acredito que não só eu, mas
como o grupo todo evoluiu [...]
Avaliação da aprendizagem e
desempenho do grupo.
17 [...] gostei até mais dessa segunda
aula do que a primeira aula. Até
porque depois a gente foi um pouco
mais fundo né. Teve umas ondas
mais fortes e foi mais legal.
Alegria/ Felicidade nas questões do
aumento da dificuldade da aula.
18 [...] não sei se a adrenalina é
considerada uma emoção.
Não descrever a emoção.
19 Mas a emoção maior mesmo foi no
momento em que a gente estava lá
trás e eu consegui pegar uma onda
bem grande que foi até a ponta da
praia.
Alegria/felicidade de pegar uma
onda forte.
76
20 Eu fiquei muito feliz por nunca ter
praticado o esporte e ter conseguido
evoluir
Alegria/felicidade a partir de um
desempenho positivo na aula.
21 [...] no final a felicidade né, de ter
conseguido ficar satisfeito comigo
mesmo.
Alegria e satisfação pela realização
do drop.
22 [...] comecei a ter um pouquinho de
medo, mas por estarmos mais
fundos [...]
Medo em relação a profundidade.
23 [...] ao mesmo tempo sabia que sei
nadar e que estávamos com os
professores.
Estratégia de enfrentamento pautada
em experiências anteriores e no
professor.
24 [...] as vezes vem uma onda um
pouco mais alto então deu um
pouquinho de medo
Medo de ondas fortes.
25 [...] veio um outro sentimento que
na primeira aula não existiu, mas na
segunda aula já tive um pouquinho
de medo.
Maior percepção de medo na
segunda aula.
3º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE
SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO
NA LINGUAGEM DO
PESQUISADOR
26 Foi ótima, com certeza foi as
melhores pela evolução [..,]
Alegria/felicidade em relação ao
desempenho.
27 Evolução da técnica né, de poder
aplicar melhor a técnica [...]
Reconhecimento das técnicas e sua
aplicabilidade.
28 Na nossa área é legal entender isso,
que nada funciona sem a técnica
Interesse na técnica com a EF.
29 [...] mais não foi tanto quanto a
segunda aula por exemplo [...]
Maior percepção de medo na
segunda aula.
30 [...] você conseguir a primeira vez é
mais emocionante que depois, mas
mesmo assim sentimento
satisfação, de felicidade por ter
conseguido.
Alegria/felicidade em relação ao
êxito.
31 Com certeza são os momentos que
você está em pé na onda.
O momento de maior felicidade é o
drop.
32 Você fica um pouco frustrado né,
mas você tem que saber que faz
parte né, não pode, não pode... ficar
triste porque faz parte.
Tristeza e frustração pela falta de
êxito.
33 Ah! Levanto e vamo de novo, o que
não pode é ficar lamentando.
Estratégia de enfrentamento focada
na emoção.
PERFIL IDEOGRÁFICO: ANÁLISE DO SUJEITO
O sujeito participou das três aulas. No início demostrou um sentimento de preocupação
em relação a experiência inédita, mencionando que não é fácil as primeiras vezes,
conforme foi praticando manifestou emoções positivas em relação a alegria, felicidade
por ter participado da aula, em relação ao sentimento de bem-estar que foi fruto da
77
experiência prática, alegria por causa do seu progresso e experiências positivas durante
as aulas, por conta do aumento da dificuldade, alegria no momento de execução do drop.
Tristeza e frustração pela falta de não conseguir executar o drop. Medo de cair no
momento do drop, medo do mar na segunda aula por conta do aumento da profundidade.
Apresenta dificuldade em descrever como que foi passar por cada emoção durante a
aula. Dentro dos recursos de enfrentamento considerou a professora e sua didática como
auxilio em sua aprendizagem. Buscou recursos de enfrentamento da situação na
professora, em suas habilidades e na evolução do grupo. Relacionou o seu
desenvolvimento técnico com a atuação em EF, destacando que é importante o
profissional ter um conhecimento técnico do esporte.
78
11.2 SUJEITO – 2
DADOS DA ENTREVISTA
Sujeito 2 Sexo: Feminino
Idade 23 3º Semestre - Bacharelado em EF
ANÁLISE
1º Entrevista:
Pesquisador: Fale sobre sua experiência anterior com qualquer tipo de atividades de
aventura. Mencione todas elas.
- Qualquer tipo? Já tive, já fiz sabe aqueles arvorismo e você vai andando em um fio
e depois desce de tirolesa. De aventura só tem isso, nunca fiz surfe só esse mesmo.
Pesquisador: Quanto tempo você praticou essas atividades?
- Em viagens, não era uma rotina.
Pesquisador: Quais emoções você sentiu ao praticar atividades de aventura?
- Foi adrenalina, é aquela coisa de querer chegar logo e passar logo por aquele
obstáculo. Medo eu não senti, foi mais uma adrenalina e terminar logo.
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
- Foi muito boa, 1foi muito boa porque senti vontade de fazer aula de surfe, queria
comprar prancha e essa primeira experiência foi muito boa.
- Eu quero fazer mais. Ter mais esse tipo de experiência.
Pesquisador: Você consegue descrever sua passagem na aula de uma forma detalhada.
- 2No momento que consegui subir na prancha comecei a sentir leveza, a sensação
de querer mais de querer fazer mais, não largar mais a prancha e fazer. I foi uma
experiência muito boa, 3porque eu adoro o mar, então juntei o mar e com esse
esporte que é o surfe. Então pra mim foi uma das melhores experiências que tive
na vida. Uma das melhores!
Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?
Descreva o melhor que você puder.
- 4Na parte de subir, na de ficar em pé. Da uma emoção, porque você não está
vendo só a frente, você tem que ir rápido trocar o pé e manter o equilíbrio. Então essa
parte é a mais emocionante, e quando você está em pé, você só precisa de controle.
5Mas a parte de ficar em pé é a mais emocionante.
Pesquisador: Que emoção você acha que teve nesse momento?
79
- 6A emoção, não sei descrever. 7Mas é aquela emoção de agora ou nunca, agora
eu levanto, eu tenho que levantar ou caio.
Pesquisador: Você levantou ou caiu?
- Levantei! E depois eu cai. Minha experiência toda vez que eu ia e a onda me
empurrava... ondão e a prancha pegava mais velocidade e ia chegando mais perto da
areia. 8Eu tinha que lembrar a posição da mão, para poder subir rápido e poder
colocar o pé, pé esquerdo e pé direito atrás. Essa parte é a mais emocionante, é
quando o objetivo do surfe é você ficar em pé. Seu objetivo é ficar em pé, você tem
que chegar no objetivo. Então essa é a parte na minha opinião a mais emocionante,
pois se você errar o trabalho todo vai por agua abaixo. Aí você tem que pegar a prancha
de novo e pegar outra onda para ficar em pé de novo.
Pesquisador: Dentro das perguntas que fizemos, existe algo a mais que queira falar?
- Eu tive a experiência com surfe, quero ter várias outras com esportes radicais. Porque
essa foi minha primeira experiência e 9quero me especializar mais no surfe sempre
foi meu sonho.
2º Entrevista:
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
- 10Na segunda aula minha experiência foi melhor, porque a professora me levou
em um estágio mais avançado, que era mais fundo onde a onda é mais rápida,
quebra mais rápido. Você tem que ter mais agilidade para poder ficar em pé na
prancha quando você está no fundo, então essa eu achei legal, melhor do que a primeira
experiência, eu achei mais emocionante.
Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?
Descreva o melhor que você puder.
- Teve uma mistura, porque teve... eu senti, 11aquele sentimento de vitória, quando
você conseguiu ficar em pé na prancha porque era difícil, como 12era fundo não
dava pé pra mim e a onda vinha e me cobria. 13Eu tinha que fazer mais coisa,
tinha que remar, até senti um pouco de medo. Só que ai na hora de levantar que eu
consegui eu fiquei com aquela 14satisfação de vitória por ser um grau mais difícil
do que na primeira aula.
Pesquisador: Tem algum momento que te marcou mais nessa aula?
- Pode ser um ou dois?
80
Pesquisador: Pode ser quantos você achar melhor.
- 15O que me marcou foram os “caldos” que tomei, como o grau era mais difícil
na hora que ia levantar eu colocava o corpo mais para frente e a prancha acabava
imbicando e eu caia.
16E a segunda que me marcou foi quando eu consegui dominar a prancha e
levantar e ir até o fim.
Pesquisador: Que emoções você acha que sentiu nesse momento?
- Não vou falar medo, 17a tipo fiquei com medo. Mas estava com um pouco de
receio, como a onda me cobria, então você via. No caso que tomei esse caldo a onda
me cobriu e logo em seguida veio outra, se eu não soubesse nadar ou fosse qualquer
outro tipo de pessoa... ai eu senti um pouco de receio.
Pesquisador: Tem mais alguma coisa a ser falada sobre essa aula?
- Tem! Porque assim, é ... 18foi um grau de dificuldade bem maior que a primeira
e eu consegui fazer. Então 19a aula foi muito importante para meu desempenho,
quer dizer que eu evolui.
Pesquisador: Como que foi essa evolução?
- 20Na primeira aula não tive medo, não tinha que trabalhar muito era aquela
ondinha. Agora já nessa segunda aula tive que remar, tive os momentos certos de
subir, tinha o lugar para pôr o pé, a onde controlar meu corpo. Como gosto de desafio
a segunda foi melhor do que a primeira.
Pesquisador: Mais alguma coisa?
- Pode ser um fato que aconteceu comigo?
Pesquisador: Pode.
- Assim, sempre gostei de mar, mas quando eu tinha uns 8- 9 anos eu fui para Ubatuba
e estava tendo ondas de um metro, dois metros lá. 21Em uma dessas eu tomei um
“caldo”, acho que o medo que não tenho de onda é por conta disso. Porque ao
invés de ter o trauma acabou que eu perdi o medo, por isso acho que tenho mais
facilidade para aprender o surfe.
3º Entrevista:
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
81
- 22Foi uma experiência muito melhor do que as outras duas, porque é... Eu já
consegui pegar uma onda sozinha já! 23Com a ajuda do professor, mas eu mesma
remando, então foi muito gratificante.
Pesquisador: Você consegue descrever como foi a sua trajetória na aula?
- Consigo! Primeiro peguei uma prancha bem mais pesada do que eu, ah! É difícil de
carregar mas mesmo assim é... já peguei mais o jeito de segurar na ponta da prancha,
de passar nas ondas, de remar mais rápido, de subir mais rápido, de levantar na hora
certa.
- Que nessa última aula a prancha só imbicou uma vez diferente das outras e eu
consegui pegar uma onda sozinha, subi, remei sem o auxílio de ninguém. 24Foi minha
primeira onda sozinha.
Pesquisador: Você conseguiu fazer isso mais vezes?
- Consegui! Umas duas vezes.
Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?
Descreva o melhor que você puder.
- Essa última aula a gente foi pro fundo de novo. 25Então senti um poquinho de receio
e medo porque a onda estava cobrindo muito, a onda tava quebrando muito em cima
ai fiquei com um pouco de receio, 26fiquei com mais satisfação na hora que consegui
pegar a onda sozinha, subir na prancha sozinha.
Pesquisador: Como foi esse sentimento de satisfação?
- É que é tudo muito rápido, é questão de segundo. Ou você sobe ou você cai. Não tem
essa!
Quando se tá, quando você pega a onda, se remo e se pega a onda. Ai se tá vendo a
ponta da prancha, a agua espirrando, se ela afundar mais um pouquinho já era, você
tem que subir agora e se subir correndo pode cair.
- 27Então é emoção é tipo ah! Tem que ser rápido! Ai se você conseguir tem
satisfação e se não conseguir tem que tentar de novo, fica um tipo de frustação.
28Bem frustrante porque você é só subir e você acaba caindo, ai é muito
frustrante. Aí você tem que ir pegar a prancha e fazer tudo de novo. Ai quebra mais
onda em você, aí você tem que ir voltando. Então é essas duas coisas, se você cair é
frustrante e 29se você conseguir subir é... você fica satisfeito, fica feliz e ainda quer
mais.
Pesquisador: Tem mais alguma coisa que você importante ser falado dessa aula?
82
- Tomei uma pranchada! (risada)
Pesquisador: Como foi isso?
- A prancha imbicou, aí eu cai ela caiu. Eu protegi minha cabeça, mas ela caiu na
cabeça e bateu na minha boca, mas foi de boa. É porque a onda foi forte demais neh!
Pesquisador: Você continuou a aula?
- 30Continuei, depois que eu cai, peguei fui pedir ajuda para professora, ai ela me
ajudou e eu consegui subir.
Pesquisador: Das últimas três aulas, o que mais te marcou?
- A questão de subir e ficar em pé na prancha.
Pesquisador: Como foi isso?
- Isso é, legal neh! Como se fosse uma superação. Você fazer um negócio que não é
fácil e você conseguir fazer. Se fica olhando para o bico da prancha e se vê a água
espirrando do lado, é bem legal a visão.
Pesquisador: Dentro dessas três aulas quais emoções você acha que foram sentidas?
- Satisfação, felicidade, descontraída, momento frustrante de quando eu cai neh, más
faz parte.
Pesquisador: Você consegue pontuar isso em alguns momentos?
- Quando eu caio, quando eu consegui subir e cai. Tomando um caldo e quando a hora
que você tem que pegar a prancha e voltar tudo de novo até o fundo, é meio trabalhoso.
Eu quero fazer mais vezes esse surfe.
INTERPRETAÇÃO
1º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES
DE SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO NA
LINGUAGEM DO PESQUISADOR
1 [...] foi muito boa porque senti
vontade de fazer aula de surfe
[...]
Alegria em relação a expectativa das
próximas aulas.
2 No momento que consegui
subir na prancha comecei a
sentir leveza, a sensação de
querer mais de querer fazer
mais, não largar mais a prancha
e fazer.
Alegria/felicidade ligados na realização
do drop.
3 [...] porque eu adoro o mar,
então juntei o mar e com esse
Alegria e bem-estar por gostar do mar.
83
esporte que é o surfe. Então pra
mim foi uma das melhores
experiências que tive na vida.
4 Na parte de subir, na de ficar
em pé. Da uma emoção, porque
você não está vendo só a frente
[...]
Não consegue descrever a emoção que
sentiu no drop.
5 Mas a parte de ficar em pé é a
mais emocionante.
Drop como parte mais marcante de
forma positiva.
6 A emoção, não sei descrever. Não consegue descrever as emoções.
7 Mas é aquela emoção de agora
ou nunca, agora eu levanto, eu
tenho que levantar ou caio.
Processo de enfrentamento durante a
realização do drop.
8 Eu tinha que lembrar a posição
da mão, para poder subir
rápido e poder colocar o pé, pé
esquerdo e pé direito atrás.
Essa parte é a mais
emocionante[...]
Alegria/Felicidade na realização do
drop.
9 [...] quero me especializar mais
no surfe sempre foi meu sonho.
Surfe como possibilidade para atuação.
2º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES
DE SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO NA
LINGUAGEM DO PESQUISADOR
10 Na segunda aula minha
experiência foi melhor, porque
a professora me levou em um
estágio mais avançado, que era
mais fundo onde a onda é mais
rápida, quebra mais rápido.
Avaliação da maior dificuldade da aula.
11 [...] aquele sentimento de
vitória, quando você conseguiu
ficar em pé na prancha porque
era difícil,
Alegria na realização do drop.
12 [...] era fundo não dava pé pra
mim e a onda vinha e me
cobria.
Reconhecendo o dos riscos do
ambiente.
13 Eu tinha que fazer mais coisa,
tinha que remar, até senti um
pouco de medo.
Medo e o processo de enfrentamento por
meio das técnicas.
14 [...] satisfação de vitória por ser
um grau mais difícil do que na
primeira aula.
Alegria e satisfação por ter superado
uma situação.
15 O que me marcou foram os
“caldos” que tomei, como o
grau era mais difícil [...]
As quedas como fonte geradora de
dificuldade.
16 E a segunda que me marcou foi
quando eu consegui dominar a
Momento marcante foi a realização do
drop.
84
prancha e levantar e ir até o
fim.
17 [...] a tipo fiquei com medo.
Mas estava com um pouco de
receio, como a onda me cobria,
Medo e receio de ondas fortes.
18 [...] foi um grau de dificuldade
bem maior que a primeira e eu
consegui fazer.
Reconhecimento da dificuldade e da
situação que enfrentou.
19 [...] a aula foi muito importante
para meu desempenho, quer
dizer que eu evolui.
Reconhecimento da dificuldade, porém
que auxiliou no seu desempenho.
20 Na primeira aula não tive
medo, não tinha que trabalhar
muito era aquela ondinha.
Não teve medo na primeira aula.
21 Em uma dessas eu tomei um
“caldo”, acho que o medo que
não tenho de onda é por conta
disso. Porque ao invés de ter o
trauma acabou que eu perdi o
medo, por isso acho que tenho
mais facilidade para aprender o
surfe.
Recursos de enfrentamento ligados a
experiência de vida.
3º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES
DE SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO NA
LINGUAGEM DO PESQUISADOR
22 Foi uma experiência muito
melhor do que as outras duas,
Reconhecimento da experiência como
positiva.
23 Com a ajuda do professor, mas
eu mesma remando, então foi
muito gratificante.
Reconhecimento da influência da
mediação do professor.
24 Foi minha primeira onda
sozinha.
Primeira experiência com autonomia.
25 Então senti um pouquinho de
receio e medo porque a onda
estava cobrindo muito [...]
Medo e receio das quedas na realização
do drop.
26 [...] fiquei com mais satisfação
na hora que consegui pegar a
onda sozinha, subir na prancha
sozinha.
Alegria e satisfação na realização drop
com autonomia.
27 Então é emoção é tipo ah! Tem
que ser rápido! Ai se você
conseguir tem satisfação e se
não conseguir tem que tentar
de novo,
Enfrentamento focado na emoção
durante as fases de tentativa e erro.
28 Bem frustrante porque você é
só subir e você acaba caindo, ai
é muito frustrante.
Tristeza por frustração nas falhas do
drop.
85
29 [...] se você conseguir subir é...
você fica satisfeito, fica feliz e
ainda quer mais.
Alegria e felicidade quando consegue
realizar o drop.
30 Continuei, depois que eu cai,
peguei fui pedir ajuda para
professora, ai ela me ajudou e
eu consegui subir.
Mediação do professor no auxílio de
recursos de enfrentamento.
PERFIL IDEOGRÁFICO: ANÁLISE DO SUJEITO
O sujeito conseguiu participar das três aulas, em seu discurso relatou mais emoções
positivas do que negativas. Mostrando a forma que enfrentou a situação com suas
experiências passadas, com a ajuda do professor e da forma em que dava significado
a situação. Nos momentos que não tinha recursos, solicitava o auxílio do professor
para melhorar o seu desempenho. Em relação às emoções, sentiu medo, alegria e
felicidade em na relação de tentativa e erro dos momentos do drop, a aula que lhe
causou mais medo foi a segunda, por conta da avaliação do contexto e de suas
habilidades a última aula foi a que considerou como a melhor de todas.
86
11.3 SUJEITO – 3
DADOS DA ENTREVISTA
Sujeito 3 Sexo: Feminino
Idade 19 3º Semestre - Bacharelado em EF
ANÁLISE
1º Entrevista
Pesquisador: Fale sobre sua experiência anterior com qualquer tipo de atividades de
aventura. Mencione todas elas.
- Nunca! Nem saia de casa.
Pesquisador: Quais emoções você sentiu ao praticar atividades de aventura?
- 1Nossa muito bom! Não tem explicação.
Pesquisador: Descreva como foi esse muito bom?
- Sei lá! 2Maior sensação é muito bom, não sei explicar é uma emoção. Medo, tudo
e mais um pouco. 3Um medo ai eu não sei explicar.
Pesquisador: Vamos pensar do início da aula até o final, tente descrever como foi isso.
- 4eu não sei explicar.
Aí depois veio uma emoção. 5Ai depois foi bom!
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
- Aí não sei explicar, 6foi uma situação boa pra mim e tranquilo. Não sei explicar
como foi minha experiência na aula. 7Eu me surpreendi, foi demais! Eu não sei
explicar.
Pesquisador: Você consegue descrever sua passagem na aula de uma forma detalhada.
- Foi uma boa experiência, como medo, foi um medo neh, mas eu enfrentei o medo,
8enfrentei o medo metendo as caras com a ajuda da professora.
2º Entrevista
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
- 9Não foi muito boa!
Pesquisador: Como ela não foi muito boa?
- Ai! 10Acho que por causa que eu caí, não quis fazer mais nada, não me desenvolvi
muito nessa daí.
87
- 11Passei só raiva, só isso. 12Não queria mais fazer atividade, sei lá fiquei com
medo.
Pesquisador: Medo do que?
- 13Cair de novo, de me machucar, machucar o outro joelho.
Pesquisador: você pensou em superar essa situação?
- 14É eu tentei, fui umas duas vezes com a professora.
Pesquisador: Como foi essas duas vezes?
- Mais ou menos, não foi tão. Poderia ter sido melhor, mas não foi.
Pesquisador: Porque você acha que ela não foi tão boa?
- 15Porque eu não mostrei muito interesse, não fiz por onde. Foi mais por mim mesmo,
não foi pela aula. A aula é muito boa, foi por mim mesmo.
Pesquisador: O que você acha que te levou a fazer isso?
- A o medo!
Pesquisador: Conseguiria falar mais sobre esse medo?
- Não só isso!
Pesquisador: Tirando o medo teve alguma outra emoção que você sentiu?
- Ah! 16Antes de eu cair uma adrenalina com a onda e depois que cai só medo e
raiva.
3º Entrevista:
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
- Foi melhor neh! Igual a de ontem em que eu fiquei com medo. 16Mas ai eu já
enfrentei o medo. 17Por causa que cai, fui bem melhor, achei que fui bem melhor
que as outras. 18Me esforcei bem mais e consegui pegar três ondas.
Pesquisador: Fale como foi a trajetória dessa aula, do início até o final.
- 19Medo, depois eu consegui, depois eu enfrentar e foi muito bom.
Pesquisador: Como que você fez isso?
- Eu fui, fui andando, foi tranquilo, eu peguei a prancha e foi.
Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?
Descreva o melhor que você puder.
- 20No momento da onda, um frio na barriga.
Pesquisador: Qual momento da onda?
88
- No momento em que estava em pé e deitada na prancha e a onda vinha e eu soltada.
Na hora de ficar em pé, meu Deus! (risadas).
Pesquisador: Como foi ficar em pé?
- 21Foi bom, sei la tive medo.
Pesquisador: Das ultimas três aulas o que mais te marcou?
- O joelho, o tombo!
Pesquisador: Como que foi esse tombo?
- Fui ruim. Foi ruim.
Pesquisador: Por conta dele você não quis fazer mais a segunda aula?
- Ontem não neh, mas hoje já fui.
Pesquisador: Tirando o tombo, tem algum outro momento que você achou importante?
- 22 Ficar em pé na prancha.
Pesquisador: Das últimas três aulas o que você acha que foi sentindo?
- Ah! Fui praticando mais, aprendendo mais.
- Sei lá! Uma aventura, tudo e mais um pouco.
Pesquisador: Que emoções você acha que sentiu nas aulas?
- Todas!
Pesquisador: Consegue mencionar algumas?
- 23medo, alegria, não sei descrever.
Pesquisador: Existe algo de importante que você deseja comentar?
- Não!
INTERPRETAÇÃO
1º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE
SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO NA
LINGUAGEM DO
PESQUISADOR
1 Nossa muito bom! Alegria por participar da sala.
2 Maior sensação é muito bom, não
sei explicar é uma emoção. Medo,
tudo e mais um pouco.
Sensação de bem-estar e medo.
3 Um medo aí eu não sei explicar Medo, mas não sabe descrever a
emoção.
4 [...] eu não sei explicar. Não consegue descrever as emoções.
5 Ai depois foi bom! Alegria, sem descrição.
89
6 [...] foi uma situação boa pra mim
e tranquilo.
Reavaliação do medo pós experiência.
A percepção é positiva.
7 Eu me surpreendi, foi demais! Surpresa com o próprio desempenho.
8 [...] enfrentei o medo metendo as
caras com a ajuda da professora.
Enfrentamento do medo com a
mediação do professor.
2º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE
SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO NA
LINGUAGEM DO
PESQUISADOR
9 Não foi muito boa! Experiência foi negativa.
10 Acho que por causa que eu caí,
não quis fazer mais nada [...]
Tristeza por conta de queda no drop.
11 Passei só raiva [...] Raiva por conta da falta de êxito.
12 Não queria mais fazer atividade,
sei lá fiquei com medo.
Ficou com medo de realizar a
atividade.
13 Cair de novo, de me machucar,
machucar o outro joelho.
Medo de cair e de se machucar.
14 É eu tentei, fui umas duas vezes
com a professora.
Enfrentamento com o auxiliado da
mediação da professora.
15 Porque eu não mostrei muito
interesse [...]
O medo como inibidor da ação.
16 Antes de eu cair uma adrenalina
com a onda e depois que cai só
medo e raiva.
Durante o drop uma sensação de
alegria, na queda sentiu medo e raiva.
3º ENTREVISTA
CÓDIGOS UNIDADES DO CONTEXTO
UNIDADE DE SIGNIFICADO NA
LINGUAGEM DO
PESQUISADOR
17 Por causa que cai, fui bem melhor,
achei que fui bem melhor que as
outras.
Enfrentamento com recursos da
experiência negativa passada.
18 Me esforcei bem mais e consegui
pegar três ondas.
Execução do drop positiva.
19 Medo, depois eu consegui, depois
eu enfrentar e foi muito bom.
Depois do enfrentamento do medo a
experiência foi positiva.
20 No momento da onda, um frio na
barriga [...]
Medo no momento do início do drop.
21 Foi bom, sei lá tive medo. Alegria e medo durante a realização da
atividade.
22 Ficar em pé na prancha. Alegria no momento de realizar o
drop.
23 [...] medo, alegria, não sei
descrever.
Sentiu medo e alegria, mas não sabe
como descrever essas emoções.
PERFIL IDEOGRÁFICO: ANÁLISE DO SUJEITO
O sujeito participou de todas as aulas, porém na segunda aula caiu no momento em que
realizava o drop tendo algumas escoriações leves no joelho. Manifestou emoções
positivas e negativas, mas apresenta dificuldade em descreve-las. O coping direcionado
ao professor e a emoção. As emoções manifestas e descritas foram alegria/felicidade
90
por participar de uma experiência inédita, alegria por conseguir realizar o drop, raiva
por conta da falta de sucesso na execução da habilidade, medo de cair na execução do
drop. Mesmo com a ajuda da professora na segunda aula o sujeito não quis realizar mais
a prática. Menciona os momentos que sentiu a emoção, mas tem dificuldade em
descrever como foi a experiência emocional.
91
11.4 SUJEITO – 4
DADOS DA ENTREVISTA
Sujeito 4 Sexo: Feminino
Idade 19 3º Semestre - Bacharelado em EF
ANÁLISE
1º Entrevista:
Pesquisador: Fale sobre sua experiência anterior com qualquer tipo de atividades de
aventura. Mencione todas elas.
- Não, nunca fiz nada.
Pesquisador: Quais emoções você sentiu ao praticar atividades de aventura?
- Foi uma experiência nova. Que 1no começo foi meio difícil porque tinha medo de
mar. 2Tipo depois fui perdendo o medo e fui conseguindo. É isso.
Pesquisador: Como foi perder esse medo?
- Ah professor não sei explicar não.
Pesquisador: Em que momento da aula você teve essa emoção?
- 3Então eu fiquei mais confiante, que foi a primeira vez que tentei e já consegui
ficar de pé na prancha aí eu já fiquei mais confiante.
Pesquisador: Teve um momento que você saiu e voltou, como foi isso?
- Teve um momento que sai, porque tinha engolido muita agua. 4Senti medo assim
que eu entrei, que a gente não sabe de nada.
Pesquisador: Como foi esse começo?
- 5Professor não sei explicar isso não.
Pesquisador: Em que parte da aula que você teve medo?
- 6Na primeira vez que subi na prancha.
Pesquisador: Foi no momento que você que subi na prancha?
- Eu continue praticando mais não sei descrever o porquê.
Pesquisador: Você ficou com medo de ficar em pé na prancha, como que foi continuar?
- 7Eu continue porque eu consegui ficar em pé. Ai já falei eu consigo e por isso irei
tentar mais vezes. 8Das outras veze eu não consegui fui caindo, mais ai perdi mais
o medo também, caindo.
Pesquisador: Tem mais alguma coisa que você acha que pode ser comentada?
- Sei lá! Não sei.
92
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
- Foi uma experiência nova. 9Que no começo foi meio difícil porque tinha medo de
mar. Tipo depois fui perdendo o medo e fui conseguindo. É isso.
Pesquisador: Você consegue descrever sua passagem na aula de uma forma detalhada.
- Não
2º Entrevista:
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
- Achei que foi melhor do que a primeira, 10porque na primeira eu fiquei muito
nervoso e na segunda eu consegui fazer melhor as manobras.
Pesquisador: Você consegue descrever o que você acha que melhorou?
- 11Consegui ficar mais vezes em pé na prancha. Na primeira só consegui ficar uma
vez.
Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?
Descreva o melhor que você puder.
- Adrenalina.
Pesquisador: Em que momento?
- No momento em que sobe na prancha.
Pesquisador: Só adrenalina? Você acha que tinha alguma coisa a mais?
- Não.
Pesquisador: Consegue descrever essa sensação de adrenalina?
- 12Sei lá professor, eu gostei.
Pesquisador: Pensa lá na aula, do início até o final;
- Sei lá! Professor, eu gostei! 13Estava, mais com medo de cair.
Pesquisador: Tem mais alguma coisa que você gostaria de acrescentar?
- Não!
3º Entrevista:
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
- Foi a mesma coisa professor, só que eu consegui pegar onda bem melhor. Foi normal
pegar onda, não é tão difícil quanto parece. Só é difícil ficar em pé na prancha.
Pesquisador: Tenta contar isso pra mim;
- 14 A professor já contei desde a primeira vez, sei lá!
93
Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?
Descreva o melhor que você puder.
- As mesmas, já falei que foi adrenalina e medo. 15Adrenalina e medo na mesma
hora quando você está em pé na prancha. Adrenalina quando você está indo e
medo na hora de cair.
Pesquisador: Quando você cai o que você faz?
- Prendia a respiração subia de novo e voltava a surfar.
Pesquisador: Das últimas três aulas o que mais te marcou?
- Essa última onda.
Pesquisador: Como que foi ela?
- Sei la! Só sei que peguei a onda, achei ela maior.
Pesquisador: Durante as três aulas que emoções sentiu?
- Adrenalina e medo. 16Na hora de entrar no mar, tenho medo de bicho.
INTERPRETAÇÃO
1º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES
DE SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO
NA LINGUAGEM DO
PESQUISADOR
1 [...] no começo foi meio difícil
porque tinha medo de mar.
Medo do mar.
2 Tipo depois fui perdendo o
medo e fui conseguindo.
Reavaliação da emoção, perante ao
desenvolvimento de recursos de
enfrentamento.
3 Então eu fiquei mais confiante,
que foi a primeira vez que tentei
e já consegui ficar de pé na
prancha aí eu já fiquei mais
confiante.
Recurso de enfrentamento diante a
primeira experiência com êxito.
4 Senti medo assim que eu entrei,
que a gente não sabe de nada.
Medo pela falta de recursos.
5 Professor não sei explicar isso
não.
Não sabe descrever as emoções.
6 Pesquisador: Em que parte da
aula que você teve medo?
- Na primeira vez que subi na
prancha.
Medo na primeira vez que realizou
o drop.
7 Eu continue porque eu consegui
ficar em pé. Ai já falei eu
Recurso de enfrentamento
derivado de uma experiência
positiva.
94
consigo e por isso irei tentar
mais
8 Das outras veze eu não consegui
fui caindo, mais aí perdi mais o
medo também, caindo.
Mudança de significado na queda
do drop. O sujeito não tinha mais
medo por conta da experiência
vivida.
9 Que no começo foi meio difícil
porque tinha medo de mar.
Medo do mar no início da
atividade.
2º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES
DE SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO
NA LINGUAGEM DO
PESQUISADOR
10 [...] porque na primeira eu fiquei
muito nervoso e na segunda eu
consegui fazer melhor as
manobras.
Considerou a segunda aula melhor
do que a primeira pela realização
das manobras e estar mais
ambientado com a atividade.
11 Consegui ficar mais vezes em pé
na prancha.
Êxito na realização do drop.
12 Sei lá professor, eu gostei. Não consegue descrever a emoção,
mas relata que a experiência foi
positiva.
13 Estava, mais com medo de cair. Medo de cair na realização do
Drop.
3º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES
DE SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO
NA LINGUAGEM DO
PESQUISADOR
14 A professor já contei desde a
primeira vez, sei lá!
Não consegue descrever.
15 Adrenalina e medo na mesma
hora quando você está em pé na
prancha. Adrenalina quando
você está indo e medo na hora de
cair.
Alegria e medo durante a execução
do drop.
16 Na hora de entrar no mar, tenho
medo de bicho.
Medo de animais marinhos.
PERFIL IDEOGRÁFICO: ANÁLISE DO SUJEITO
O sujeito participou das três aulas. Manifestou emoções positivas e negativas
durante as aulas, menciona dificuldade em descrever como foi o estado emocional
sentido. Tinha medo do mar, de animais marinhos, da falta de habilidades para
realizar a atividade e de cair no momento da execução do drop. Em relação a emoção
positiva teve alegria/felicidade no momento de execução do drop, principalmente
na hora que fica em pé na prancha dentro da onda. Conforme foi se habituando com
a atividade, foi perdendo o medo que tinha em relação a queda
95
11.5 SUJEITO – 5
DADOS DA ENTREVISTA
Sujeito 5 Sexo: Feminino
Idade 19 3º Semestre - Bacharelado em EF
Transcrição
1º Entrevista:
Pesquisador: Fale sobre sua experiência anterior com qualquer tipo de atividades de
aventura. Mencione todas elas.
- Já, eu já tive quando fui para praia e fiz uma trilha para ir a uma prainha pequinina.
Foi minha única experiência!
Pesquisador: Quanto tempo você praticou essas atividades?
- Medo de ter um monte de bicho, foi super legal. Não tive uma emoção enorme, porque
foi uma trilha super pequena.
Pesquisador: Mesmo com medo você foi?
- Fui!
Pesquisador: Como que foi isso?
- Legal! Fui porque queria conhecer a praia, todo mundo disse que era muito boa e
bonita.
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
- Nossa! 1Eu gostei bastante, nunca tive experiência com surfe, 2sempre vi o pessoal
fazendo na praia tal, e queria fazer aí surgiu a oportunidade e a gente veio, fez,
“tombinhos” básicos, eu gostei muito!
Pesquisador: O que te marcou na aula?
- Ficar em cima da prancha é o mais difícil.
³Pesquisador: Teve alguém que te ajudou durante a aula?
- Dois professores a professora e o professor.
Pesquisador: Que emoções você sentiu nessa aula de surfe?
- 4Um pouco de frio na barriga. Na hora que você subir na prancha, você acha que
vai cair e levar uma pranchada na cabeça, essa hora só.
- 5Depois uma sensação boa assim, feliz, alegria, essas coisas.
Pesquisador: Você consegue descrever como que foi esse frio na barriga e o que mudou?
- Não!
96
Pesquisador: Você consegue descrever sua passagem na aula de uma forma detalhada.
- Quando ela colocou a gente na prancha virou e empurrou a gente ir sozinho. Foi a
hora mais marcante, achei que não ia conseguir e conseguimos.
- Gostei bastante, 6estou gostando e os professores são muito bons, 7a professora da
uma aula super legal, fala bem, estou gostando e já quero comprar uma prancha.
2º Entrevista:
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
- 8Eu gostei mais ainda da segunda aula, porque a gente conseguiu fazer mais
coisas.
- 9Todo mundo conseguiu ficar em pé, apesar de ter levado mais roxo na perna. No
meu caso eu gostei, estou adorando. Espero que a terceira aula seja mais legal ainda.
Pesquisador: quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?
Descreva o melhor que você puder.
- 10Ansiedade, um pouco de medo de levar uma pranchada de novo. 11I alegria, não
sei descrever, mas na hora sai.
Tente descrever isso em um momento da aula que te marcou.
- Equilíbrio em cima da prancha. Na hora que a gente sobe e na hora que a gente está
deitado tem que ter equilíbrio para não virar.
Pesquisador: O que aconteceu com você nesse momento?
- 12Fiquei feliz porque fiquei em pé.
Pesquisador: Tem mais alguma coisa que você gostaria de acrescentar?
- Aloha!
3º Entrevista:
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
- 13Maravilhosa, eu gostei! Pensando que a gente foi bem lá no fundo. 14A gente
avançou mais ainda e curtir bastante e vou voltar de novo, eu vou voltar de novo!
- 15Foi uma gratidão enorme, uma experiência inesquecível assim! A gente vai levar
essa experiência para o resto da vida.
Você consegue descrever sua trajetória nessa aula, como que foi?
- No início foi difícil, ficar com ele equilibrado. Senti um pouco de 16 receio de levar
pranchada e na segunda aula já perdi um pouco desse receio, já adquiri mais
97
equilíbrio e na última aula avancei bastante, consegui ficar em pé, fui para o fundo e
conseguir pegar mais ondas.
Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?
Descreva o melhor que você puder.
- Em todos os momentos eu senti, fiquei super feliz. Foi o único sentimento, não tive
medo, só de levar pranchada. 17Nas três aulas só fiquei feliz e me surpreendi bastante.
Pesquisador: Das últimas três aulas o que mais te marcou?
- 18Agora pegar a última onda, como a professora falou essa é a onda da sua vida.
Então a 19gente sei lá é uma emoção enorme, você rema, rema, rema sobre e já era.
Sei lá é uma emoção enorme.
Pesquisador: Das últimas três aulas que emoções você acha que sentiu?
- 20Não consigo descrever uma emoção, todos os momentos estava sentindo uma
emoção.
Pesquisador: Existe algo que você deseja comentar?
- Não desisti neh! 21Muita gente achou que não ia conseguir e tal que ia cair e não
conseguir ficar em pé, mas a gente se superou!
INTERPRETAÇÃO
1º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE
SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO NA
LINGUAGEM DO
PESQUISADOR
1 Eu gostei bastante, nunca tive
experiência com surfe,
Alegria por realizar uma experiência
inédita.
2 [...] sempre vi o pessoal fazendo
na praia tal, e queria fazer ai
Sempre teve interesse pela atividade.
3 Teve alguém que te ajudou
durante a aula?
- Dois professores a professora e o
professor.
Mediação do professor em relação a
percepção de aprendizagem.
4 Um pouco de frio na barriga. Na
hora que você subir na prancha,
você acha que vai cair e levar uma
pranchada na cabeça [...]
Medo de cair na execução do drop.
98
5 Foi a hora mais marcante, achei
que não ia conseguir e
conseguimos.
O drop foi o momento mais marcante.
6 [...] estou gostando e os
professores são muito bons [...]
Influência do professor no
desenvolvimento de recursos para
enfrentar as emoções negativas na
atividade.
7 [...] a professora da uma aula
super legal, fala bem [...]
Mediação da professora em relação a
percepção do aluno da aula.
2º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE
SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO NA
LINGUAGEM DO
PESQUISADOR
8 Eu gostei mais ainda da segunda
aula, porque a gente conseguiu
fazer mais coisas.
Alegria/Felicidade por questão do
aumento da complexidade da aula.
9 Todo mundo conseguiu ficar em
pé [...]
Reconhecimento do desempenho do
grupo.
10 Ansiedade, um pouco de medo de
levar uma pranchada de novo.
Medo de executar o drop.
11 I alegria, não sei descrever, mas
na hora sai.
Alegria na hora de executar o drop,
porém não consegue descrever.
12 Fiquei feliz porque fiquei em pé. Alegria/felicidade porque executou o
drop.
13 Maravilhosa, eu gostei! Alegria por ter uma experiência
positiva.
14 A gente avançou mais ainda e
curtir bastante e vou voltar de
novo [...]
Alegria pelo avanço da complexidade
da atividade.
15 Foi uma gratidão enorme, uma
experiência inesquecível assim!
Alegria/Satisfação por ter realizando
uma experiência marcante.
3º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE
SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO NA
LINGUAGEM DO
PESQUISADOR
16 [...] receio de levar pranchada e na
segunda aula já perdi um pouco
desse receio
Medo da queda no drop.
17 Nas três aulas só fiquei feliz e me
surpreendi bastante.
Alegria e felicidade nas aulas, em
relação a ter experiências positivas.
18 Agora pegar a última onda, como
a professora falou essa é a onda da
sua vida.
Mediação da professora, no
desenvolvimento de recursos de
enfrentamento.
19 [...] gente sei lá é uma emoção
enorme, você rema, rema, rema
sobre e já era.
Alegria/felicidade pelo fato de realizar
o drop com eficiência.
20 Não consigo descrever uma
emoção, todos os momentos
estava sentindo uma emoção.
Não consegue descrever as emoções
que sentiu.
99
21 Muita gente achou que não ia
conseguir e tal que ia cair e não
conseguir ficar em pé, mas a gente
se superou!
Reconhecimento de estratégias de
enfrentamento do grupo, por meio do
desempenho coletivo.
PERFIL IDEOGRÁFICO: ANÁLISE DO SUJEITO
O sujeito participou das três aulas. Descreveu que teve mais experiências e emoções
positivas do que negativas. O coping foi direcionado a emoção e o sujeito realizou
observações constantes no desempenho do grupo. Em relação às emoções que sentiu
durante a prática destaca alegria/felicidade por participar da atividade, nos momentos
em que realiza o drop e medo nos momentos em que caia na execução desta habilidade.
Em vários momentos demonstra que a experiência mexeu com a sua percepção de bem-
estar.
100
11.6 SUJEITO – 6
DADOS DA ENTREVISTA
Sujeito 6 Sexo: Feminino
Idade 20 3º Semestre - Bacharelado em EF
ANÁLISE
1º Entrevista:
Pesquisador: Fale sobre sua experiência anterior com qualquer tipo de atividades de
aventura. Mencione todas elas:
- Se eu já tive? Não nenhuma essa foi a primeira.
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
Você consegue descrever sua passagem na aula de uma forma detalhada.
- 1Foi muito legal, no começo fiquei com um pouco de medo. 2Mas depois vi que
não é um bicho de 7 cabeças igual eu pensava, e eu gostei bastante. Começou na
areia, foi passando o que a gente foi fazendo para levantar, aí depois a gente foi para a
agua neh! Aí depois, a primeira parte que você vai deitadinho e a agua te leva até lá
na frente, mas a 3parte de ficar em pé achei um pouco mais difícil, tinha que ter um
pouco mais de equilíbrio, saber ficar em pé na prancha.
Pesquisador: Você falou que sentiu medo durante a aula, em que momento você
identifica isso?
- Na hora de ficar em pé, 4tinha medo de cair a prancha poderia bater na minha
cabeça, poderia me afogar, mesmo que estivesse no rasinho, 5só foi esse momento
que tive mesmo, depois o medo foi passando. 6O medo passou depois que cai a
primeira vez, como não aconteceu nada comigo, aí eu o medo passou. Porque eu
vi que cair não tinha nada demais, não tinha como me afogar, não me machuquei.
Pesquisador: Tem mais alguma coisa da aula que você acha importante e que te ajudou
a superar esse medo?
- 7Ver os colegas fazendo, e ai foi passando e do nada sumiu. 8A professora ajudou
bastante, o jeito como ela administrou a aula, ela passava muita confiança pra
gente e isso ajudou muito.
2º Entrevista:
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
101
- 9A experiência da segunda aula foi bem legal! Foi bem melhor do que a primeira,
eu já consegui me equilibrar mais em cima da prancha, peguei um pouco mais de jeito.
Aprendi bastante hoje, 10essas duas aulas foram bem boas.
Pesquisador: Você consegue descrever o que você evoluiu na segunda aula?
- Na primeira aula, eu não consegui ficar em pé, sempre na hora de ficar em pé eu
colocava o pé errado na prancha e acabava virando para o lado e a professora corrigiu
isso e aí quando estávamos na área, quando fui fazer o certo na agua acabei
conseguindo fazer.
Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?
Descreva o melhor que você puder.
- 11 Nossa a segunda aula foi muito da hora! Teve mais adrenalina quando a gente
saia em pé indo até lá na frente, 12corria aquele risco de cair e de fazer certo é uma
adrenalina bem legal. Eu adorei aquilo!
Pesquisador: Tente descrever a emoção que você sentiu nessa parte da aula?
- 13 Não sei descrever, mas acho que alegria.
Pesquisador: Que momento da aula te marcou?
- Ah! O momento que consegui ficar em pé e ir lá na frente assim! Fiquei vários
segundos em pé sem a onda me derrubar, queria fazer de novo, de novo e de novo.
3º Entrevista:
Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
- 14Foi uma experiência inesquecível, foi bem melhor do que ontem. 15Eu já
consegui ficar em pé, i foi muito bom! Nesses três dias neh! Hoje foi bem melhor do
que ontem, eu consegui ficar em pé, 16é uma experiência inesquecível que todo
mundo passou. Porque todos conseguiram bem mais do que ontem.
- No começo a gente esteve na areia, ela corrigiu algumas coisas na área novamente,
aí ela ensinou algumas coisas nova que não lembro os nomes específicos. Ai quando
chegou na aula tanto eu como o pessoal tentou fazer, até algumas coisas deram certo
como frear a prancha, ir mais para frente, mas assim no começo da aula eu caia muito
mas depois peguei o ritmo da aula e fui direitinho.
Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?
Descreva o melhor que você puder.
102
- Nossa é muito da hora! Eu senti...17 No momento que estava em pé como sempre
eu senti adrenalina legal, medo de cair. Nossa não sei te descrever, deixa eu pensar,
18senti isso adrenalina, emoção.
Pesquisador: Das últimas três aulas o que mais te marcou?
- Hoje, a aula de 19hoje me marcou bastante porque eu consegui fazer mais, me
senti mais confiante, eu conforme as duas aulas que a gente teve ontem eu já senti
que tinha aprendido mais coisas, que eu já tinha avançado em alguma coisa que
ontem eu errei bastante, não que eu não tenha errado, errei bastante, mas foi muito
bom.
20Senti adrenalina nas três aulas, foi muito da hora, medo mas passou rápido.
Pesquisador: Medo em que momento? Ou em quais momentos?
- Foi nos momentos, no primeiro princípio, que o 21medo principalmente do mar,
medo de cair, medo de me afogar, mas a 22professora passou muita confiança pra
gente e conseguimos avançar. É uma experiência inesquecível, 23fiz coisas que
nunca imaginei ter feito, fiz adorei e pretendo fazer de novo.
INTERPRETAÇÃO
1º ENTREVISTA
CÓDIGOS UNIDADES DE
SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO
NA LINGUAGEM DO
PESQUISADOR
1 Foi muito legal, no começo fiquei
com um pouco de medo.
Alegria e medo no início da
atividade.
2 Mas depois vi que não é um bicho
de 7 cabeças igual eu pensava, e
eu gostei bastante.
Reavaliação da experiência como
positiva.
3 [...] parte de ficar em pé achei um
pouco mais difícil,
Dificuldade em realizar o drop.
4 [...] tinha medo de cair a prancha
poderia bater na minha cabeça,
poderia me afogar, mesmo que
estivesse no rasinho,
Medo da queda na execução do drop.
5 [...] só foi esse momento que tive
mesmo, depois o medo foi
passando.
Desenvolvimento de estratégia de
enfrentamento a partir da
experiência.
103
6 O medo passou depois que cai a
primeira vez, como não aconteceu
nada comigo, aí eu o medo
passou.
Construção de estratégia de
enfrentamento a partir da experiência
positiva.
7 Ver os colegas fazendo, e aí foi
passando e do nada sumiu.
Formulação de estratégias de
enfrentamento a partir da observação
do outro.
8 A professora ajudou bastante, o
jeito como ela administrou a aula,
ela passava muita confiança
Professora como mediadora na
percepção das emoções.
2º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE
SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO
NA LINGUAGEM DO
PESQUISADOR
9 A experiência da segunda aula foi
bem legal!
Alegria/Felicidade em relação ao
aprofundamento da prática.
10 [...] essas duas aulas foram bem
boas.
Felicidade pela passagem nas aulas.
11 Nossa a segunda aula foi muito da
hora! Teve mais adrenalina [...]
Alegria/Felicidade em relação ao
aprofundamento da prática.
12 [...] corria aquele risco de cair e de
fazer certo é uma adrenalina bem
legal.
Alegria no momento da execução do
drop, mesmo sob risco.
13 Não sei descrever, mas acho que
alegria.
Alegria, mas não sabe descrever
como.
3º ENTREVISTA
CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE
SIGNIFICADO
UNIDADE DE SIGNIFICADO
NA LINGUAGEM DO
PESQUISADOR
14 Foi uma experiência inesquecível A experiência foi positiva.
15 Eu já consegui ficar em pé, i foi
muito bom!
Alegria na execução do drop.
16 [...] é uma experiência
inesquecível que todo mundo
passou. Porque todos
conseguiram bem mais do que
ontem.
O desempenho do grupo como forma
de adquirir recursos.
17 No momento que estava em pé
como sempre eu senti adrenalina
legal, medo de cair.
Alegria na execução do drop e medo
no momento da queda.
18 [...] senti isso adrenalina, emoção. Alegria, mas não descreve como.
19 [...] hoje me marcou bastante
porque eu consegui fazer mais, me
senti mais confiante, eu conforme
as duas aulas que a gente teve
ontem eu já senti que tinha
aprendido mais coisas,
Reconhecimento da formulação de
recursos de enfrentamento por conta
da experiência.
104
20 [...] senti adrenalina nas três aulas,
foi muito “da hora”, medo mas
passou rápido.
Alegria durante as três aulas, por
conta dos recursos o medo foi
passageiro.
21 [...] medo principalmente do mar,
medo de cair, medo de me afogar,
Medo do mar;
Medo de se afogar;
Medo de queda no drop.
22 [...] professora passou muita
confiança pra gente e
conseguimos avançar.
Professora como mediadora para
percepção das emoções e recursos de
enfrentamento.
23 [...]fiz coisas que nunca imaginei
ter feito, fiz adorei e pretendo
fazer de novo.
Alegria/felicidade pelo desempenho
dentro das aulas.
PERFIL IDEOGRÁFICO: ANÁLISE DO SUJEITO
O sujeito participou das três aulas. Manifestou mais emoções positivas do que
negativas durante seu discurso. Realizou a observação do grupo e também em suas
próprias habilidades. Teve alegria e felicidade nos momentos em que executava o drop
e medo nos momentos que caia na execução da mesma habilidade. Apesar de
reconhecer algumas emoções não consegue descrever detalhadamente como foi este
processo.
105
12. ANÁLISE NOMOTÉTICA
A organização das respostas dos sujeitos e das construções das unidades de
significados e perfis ideográficos forneceram os subsídios principais para a elaboração de
um agrupamento de asserções individuais, convergentes e divergentes, sobre o fenômeno
investigado nesse estudo.
A partir da interpretação dos discursos, as categorias formaram bases
principais da construção de uma matriz nomotética.
As questões referentes à experiência vivida, o discurso dos sujeitos, as
emoções e as ações que eles tomaram durante as intervenções compõem a matriz.
Ao mesmo tempo, a matriz permite identificar as respostas individuais, ao
mesmo tempo em que permite uma visão ampla que revela a complexidade do fenômeno
pesquisado e permite chegar a uma nova compreensão sobre os discursos analisados até
o momento.
O Quadro 1 representa a última redução e indica as categorias que agrupam
as unidades de significado dos discursos dos sujeitos investigados.
106
12.1 PERCEPÇÕES EMOCIONAIS NA PRÁTICA DO SURFE:
Quadro 1: Percepções emocionais na prática do surfe.
EMOÇÕES RELATADAS NA PRÁTICA DO SURFE
Categorias e unidades de significado identificadas nos
discursos
SU
JEIT
O 0
1
SU
JEIT
O 0
2
SU
JEIT
O 0
3
SU
JEIT
O 0
4
SU
JEIT
O 0
5
SU
JEIT
O 0
6
TO
TA
L
ALEGRIA
1. Ao realizar o drop X X X X X X 6
2. Por obter êxito na atividade proposta X X X X X X 6
3. Gratidão após realizar a aula X 1
4. Na expectativa de futuras experiências em relação
ao surfe. X X X X X X 6
5. No aumento da complexidade da tarefa X X X X X 5
6. No drop em uma onda forte X X X X X 5
7. No reconhecimento do progresso em relação a sua
aprendizagem do surfe X X X X X X 6
8. Por gostar do mar X X 2
9. Satisfação por ter superado alguma adversidade X X 2
MEDO
10. Animais marinhos X 1
11. Da profundidade em que se preparava para
"dropar" uma onda X X 2
12. De afogamento X 1
13. Do mar X X X 3
14. Do wpeout nas aulas X X X X X 5
15. Maior percepção durante o aumento da
complexidade da aula X X X X 4
16. Ondas fortes X X 2
17. Pelo motivo da atividade ser inédita X 1
18. Receio de sofrer um wipeout durante execução do
drop X X X X X 5
RAIVA
19. Raiva por conta do wipeout X 1
TRISTEZA
20. Por sofrer o wipeout X X X 3
21. Pela falta de êxito do drop X X X 3
107
Em relação às emoções que foram percebidas nas aulas de surfe, identificou-
se o medo, a raiva, a tristeza e a alegria em vários momentos da aula, sendo relacionados
com a realização do drop, o risco de sofrer um wipeout, no reconhecimento da própria
evolução dentro da prática e do aumento da complexidade da aula, em que se é inserido
mais técnica e a as intervenções acontecem em uma zona com maior profundidade.
Em relação à alegria, os sujeitos S1, S2, S3, S4, S5, S6 tiveram momentos em
comum em sua percepção, no ato de executar o drop, em obter êxito em sua execução,
em esperar experiências futuras em relação ao surfe e no reconhecimento do seu progresso
dentro da atividade proposta. Cinco dos sujeitos relatam que perceberam essa emoção
dentro do aumento da complexidade da tarefa e no momento que realizam o drop com
uma onda mais forte, os sujeitos 01 e 02 relataram que perceberam a emoção pelo fato de
gostarem do mar e o sujeito 01 relatou que sentiu alegria e gratidão após a realização da
aula.
Em relação ao medo percebido durante as aulas de surfe, os sujeitos S2, S3,
S4, S5, S6 perceberam a emoção nos momentos de wipeout, as quedas que tiveram
durante a intervenção, além de mencionar o sentimento de receio nesta situação.
Outro momento em que os sujeitos S1, S2, S4, S5 relataram maior medo se
relacionou ao aumento da complexidade da tarefa, Normalmente nesta fase os alunos vão
mais distante da praia, em águas mais profundas, para poder realizar o drop com maior
eficiência. Os S3, S4 e S6 mencionam que tinham medo do mar e os S1 e S2 de ondas
fortes.
Os S1 e S3 mencionam que tiveram mais medo de profundidade nos
momentos em que iam “dropar” e o S6 relatou medo de se afogar durante as aulas. O S4
menciona que possui medo de animais marinhos ou objetos que estejam dentro do mar e
também pelo fato da experiência ser inédita.
Em relação à raiva, o S3 mencionou que percebeu essa emoção mais voltada
para si mesmo, pois teve um wipeout e, por este motivo, na segunda aula ficou paralisada,
e que combinou a percepção de medo e raiva.
Na percepção da tristeza, os S1, S2, S3 relacionaram a emoção com o wipeout,
pois todos passaram por essa experiência. Como é um momento de risco e vem
acompanhado de um grau de incerteza pelo que vai acontecer pode gerar essa emoção
combinada por outro momento que os mesmos sujeitos mencionaram que é a falta de
êxito na realização do drop, a tristeza aparece na combinação da não realização do drop
e do wipeout.
108
12.2 REPRESENTAÇÃO DAS QUESTÕES RELATIVAS À AULA E AO
PROFESSOR:
O Quadro 2 contém o agrupamento dos discursos dos sujeitos em relação a
percepção da aula e a mediação do professor, apesar de não ser uma categoria pré-definida
estes aspectos foram levantados dentro a análise realizada.
Quadro 2: Representação das questões relativas à aula e ao professor.
Os sujeitos S1, S2, S3, S5, S6 indicaram que a didática do professor é
importante para o aprendizado dos elementos fundamentais referente as aulas de surfe,
seja no aprendizado técnico ou na questão de controle dos aspectos de segurança, os
mesmos sujeitos destacam que o professor foi um agente importante para que
enfrentassem a situação de risco em que estavam inseridos. Sendo que o S1, S2, S3, S4,
S5, S6 identificaram as instruções que o professor ministrava dentro da aula, referente as
técnicas fundamentais para o surfem.
Em relação à observação do grupo, os S1, S4, S6 indicaram em seus discursos
uma avaliação subjetiva referente ao processo de aprendizagem dos colegas,
mencionando que eles conseguiram realizar o drop também e que todos conseguiram
surfar durante as intervenções.
Os S1 e S2 reconheceram que as técnicas que foram ministradas durante a
aula de surfe podem ser importantes para a atuação em EF. Em relação a isto, o S2
INDICATIVOS PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL:
AGRUPAMENTO DOS DISCURSOS
SU
JEIT
O 0
1
SU
JEIT
O 0
2
SU
JEIT
O 0
3
SU
JEIT
O 0
4
SU
JEIT
O 0
5
SU
JEIT
O 0
6
TO
TA
L
1. Apontou em referência a didática do professor como
como influenciadora na aprendizagem X X X X X 5
2. Observava o desempenho dos colegas que estavam
fazendo aula em conjunto. X X X 3
3. Reconheceu a aprendizagem das técnicas como
importantes para a atuação X X 2
4. Pretende se capacitar para atuar com o surfe. X 1
5. Identificou as instruções do professor para realizar o
surfe com as técnicas corretas X X X X X X 6
6. Avaliou os riscos que o ambiente pode apresentar em
uma atividade de aventura X 1
7. Identificou o professor como um agente no
enfrentamento dos desafios e da aventura X X X X X 5
109
menciona que pretende se capacitar para poder atuar com o surfe, pois, este sujeito avaliou
também o ambiente e os fatores de risco que ele poderia oferecer.
110
13. DISCUSSÃO
As atividades de aventura se encontram classificadas como jogos de vertigem.
Segundo Caillois (1990) são chamadas de ilinx, que significa aqueles que se assentam na
vertigem e consistem em uma tentativa de destruir, por um instante, a estabilidade da
percepção, a ponto de mexer em sua consciência lúdica na relação encarnada com a
sensação de pânico e perigo em uma ação, em uma atividade, em um momento. Trata-se
de um conjunto de procedimentos que envolvem a queda ou a projeção em um
determinado espaço, a rotação rápida, o deslize com velocidade, a aceleração de um
movimento com a combinação de um movimento giratório (CAILLOIS, 1990).
Essa perspectiva se faz presente em vários momentos dentro do surfe, no
drop, no wipeout, no barrel, cutback em que os sujeitos se lançaram no risco, na atividade
e realizam o surfe com um aumento gradativo da complexidade da atividade,
considerando o nível de aprendizagem dos alunos.
Em relação a imersão dos sujeitos dentro do surfe, identificou-se que os
sujeitos se colocam em risco como cita Costa, (2000) que são capazes de mediar sua
passagem dentro da aventura, mas sabem que no jogo da vida são mortais que precisam
se cercar de segurança, sendo mediadores do risco. Assim como apresenta em uma de
seus escritos:
Mesmo sem experiência, a maioria ganha confiança logo nas primeiras
remadas. Emoções radicais e adrenalina não vêm somente das dificuldades
impostas pela natureza do esporte, mas também do envolvimento do espírito
de equipe. Aceite um convite à aventura e descubra o que é um verdadeiro
desafio (COSTA, 2000, p. 152).
O sujeito se lança ao desconhecido, controla os fatores de risco, busca
desafios e ao mesmo tempo emoções que dependem de sua percepção sobre a situação
para perceberem suas ações e pensamentos. Dentro deste estudo foi criado uma situação
de risco controlado em relação as primeiras experiências no surfe, encontrou-se no
discurso dos sujeitos relações que na mesma situação aparece medo e alegria, dependendo
da ação tomada, da mediação do professor e da forma que se envolvia na atividade como
mencionado na terceira entrevista:
[...] agora pegar a última onda, como a professora falou essa é a onda da sua
vida. [...] sei lá é uma emoção enorme, você rema, rema, rema sobre e já era
(SUJEITO 5).
111
Em consonância com este discurso apesar da imersão do sujeito dentro do
mundo da aventura, o convívio com a situação de risco e o sentido atribuído a situação
para a vida do praticante, estabelecem relações entre as várias percepções que o sujeito
pode ter sobre o surfe.
Na busca pela resposta da indagação da percepção das emoções dos
estudantes de EF quando experimentam o surfe pela primeira vez, encontra-se uma série
de emoções centradas em dois grandes momentos dentro das intervenções. O primeiro foi
na hora de executar o drop momento em que o sujeito está em pé na onda e o segundo
foram nos momentos de wipeout situação que são as quedas que podem surgir nos
momentos de drop.
Os sujeitos S1, S2, S3, S4, S5 e S6 indicaram que neste momento perceberam
emoções como medo e alegria, pois estavam no controle da situação e nos momentos em
que tudo era incerto sentiam medo, principalmente quando acontecia o wipeout. Sendo
que o controle do risco dentro dessas situações está ligado a percepção do sujeito e ao seu
nível de conhecimento técnico sobre o esporte praticado (COLLINS; COLLINS, 2013).
A compreensão da percepção do sujeito sobre as questões que envolvem uma
prática de atividade de aventura pela primeira vez, podem auxiliar na estruturação de
ações eficazes em relação ao processo de ensino e aprendizagem do surfe, pois, a
experiência vivida pelo estudante pode ser uma referência para a sua atuação.
Encontramos percepções ligadas a diversas emoções, porém há dificuldade
em expressa-las no discurso ou tentar descrever a emoção dentro da experiência vivida,
todos conhecem a suas emoções até que se pede as descreve-las (SMITH; LAZARUS,
1990). Para Fernandes e Tomé, (2001) essa situação tem relação com a alexitimia, que é
caracterizada pela dificuldade em descrever as próprias emoções em um acontecimento.
No discurso dos sujeitos muitos relatavam que sentiam alguma emoção, como
medo, raiva, alegria, tristeza, uma sensação de adrenalina, porém não conseguiam
descrever, explicar ou pontuar em que momento isso aconteceu, quando eram indagados
sobre “quais emoções sentiram durante a aula de surfe”. Como mencionado: “Maior
sensação é muito bom, não sei explicar é uma emoção. Medo, tudo e mais um pouco. Um
medo aí eu não sei explicar ” (SUJEITO 3).
Uma das possibilidades pela resposta do S3 na falta de explicação é a
alexitimia (FERNANDES E TOMÉ, 2001). Nessa situação foi possível observar a
dificuldade de expressar as emoções perante uma situação de estresse em virtude da falta
de conhecimento emocional para expressar suas emoções. Nesse estudo percebeu-se uma
112
tendência no discurso de muitos sujeitos de forma primária, pelo fato de não conseguirem
responder as questões referentes as emoções durante as entrevistas, mas quando se pedia
para descrever a experiência que tiveram na aula, mencionavam as emoções dentro do
ambiente da aventura.
A partir da análise de conteúdo foi possível identificar as emoções percebidas
na prática do surfe por estudantes de EF conforme (Quadro 1), foram encontrados os
seguintes agrupamentos a partir das narrativas em relação a alegria, medo, raiva e tristeza.
Em relação a alegria foram encontradas as seguintes categorias: ao realizar o
drop, por obter êxito na atividade proposta, gratidão após realizar a aula, na expectativa
de futuras experiências em relação ao surfe, no aumento da complexidade da tarefa, no
drop em uma onda forte, no reconhecimento do progresso em relação a sua aprendizagem
do surfe, por gostar do mar, satisfação por ter superado alguma adversidade. Estas
categorias são agrupamentos dos discursos dos sujeitos em relação às emoções, ou seja,
as percepções positivas referentes à prática do surfe.
A percepção de liberdade causada pela prática das atividades de aventura e as
percepções das emoções durante a prática das atividades de aventura compensam os
riscos que o praticante se deparam nos momentos da prática, não podem ser interpretados
como suicidas, e sim, como pessoas que gostam de conviver com a experiência do risco
dentro do desconhecido em que o maior prazer é controlar o incontrolável (PAIXÃO et
al., 2010). Neste contexto as emoções percebidas dentro do drop, a possibilidade de sofrer
um wipeout, o ato de controlar tudo por meio de uma forma psicofisiológica
proporcionaram aos sujeitos, a partir de uma experiência bem-sucedida encararem a
relação deles com o ambiente de forma positiva.
Dentro desta relação o risco percebido pelos estudantes atrelado ao
aprendizado das técnicas, procedimentos para realização do surfe e a sua experiência
ganharam um caráter lúdico na busca pelo controle daquilo que é imprevisível, o mar. No
estudo de Paixão et al. (2010), os autores mencionam que os riscos ligados as atividades
de aventura, no caso do parapente são escolhidos pelos praticantes, uma vez que depende
de suas habilidades e técnicas para enfrentar a situação.
Os dados apresentados ressaltam que a alegria e a felicidade nas narrativas
dos sujeitos estão ligadas a realização com eficiência e execução de habilidades referentes
ao surfe, reforçando a transação do sujeito com o ambiente, em que o mesmo segundo
Lazarus (2000), sob uma situação estressora, busca avaliar a situação de forma positiva
ou negativa. No caso do surfe, esta imersão no risco acaba tendo um caráter prazeroso e
113
de bem-estar para o praticante, podendo influenciar o desempenho dos alunos durante a
aula, como mencionado pelo (Sujeito 5) ao conseguir realizar o drop: “Fiquei feliz porque
fiquei em pé” (Sujeito 5).
A narrativa do S5 apresenta indícios que o momento de “ficar em pé” (drop),
assim como descritos pelos outros sujeitos é o mais marcante, a sua realização bem-
sucedida pode causar uma sensação de bem-estar, de orgulho pela realização pessoal e
em relação ao grupo.
As emoções são transmitidas de forma direta ou indireta e percebidas pelo
processo de interação entre o sujeito e o ambiente. Esse sistema relacional é reconhecido
pelo grupo que está envolvido na atividade (LAZARUS, 2000). Percebe-se nas narrativas
dos sujeitos que o desempenho e comportamento dos colegas em relação ao surfe foi
observado, possivelmente essa questão influenciou a sua avaliação sob o evento. Como
indica o Quadro 2, no item 2 os sujeitos S1, S5, S6 mencionam que observaram o
desempenho do grupo e que todos conseguiram realizar o drop durante as intervenções.
Como mencionado: [...] “é uma experiência inesquecível que todo mundo passou. Porque
todos conseguiram bem mais do que ontem” (Sujeito 6).
O S6 avaliou socialmente o desempenho do grupo, que para Weinberg e
Gould (2001) o grupo é constituído por qualquer tipo de pessoas que buscam objetivos e
metas em comum, mas que conseguem interagir entre si. Nesta perspectiva, para que a
situação fosse enfrentada os S1, S5 e S6 levaram em consideração o desempenho dos
outros integrantes do grupo, para desenvolverem recursos de enfrentamento na situação
em que estavam inseridos.
As questões referentes as emoções de medo, raiva, tristeza e alegria são
percebidas e influenciadas pelo contexto. Essa relação é apontada no estudo de Freitas e
Tolocka (2005) ao investigarem as emoções em atletas de dança esportiva de cadeira de
rodas, os autores percebem que os estados emocionais dos atletas estão vinculados e
influenciados pelo contexto social em que estão inseridos e acabam gerando um
comportamento emocional.
Nas narrativas dos sujeitos, percebe-se a influência da professora na mediação
das situações e nas questões didáticas durante as aulas, mas também é notório a influência
dos outros sujeitos no ambiente da aula. Apesar de, sentirem medo e alegria em várias
situações, a professora e o grupo de participantes ajudam mutuamente a superar a situação
que estava sendo vivida. Essa troca amplia as relações interpessoais e intrapessoais que
acabam favorecendo a realização da atividade.
114
As narrativas dos sujeitos indicam que a percepção de alegria estava ligada
ao êxito e ao desafio proporcionado pela atividade. Muitos dos sujeitos mencionaram uma
sensação de bem-estar e a alegria durante a prática do surfe, principalmente nos
momentos que realizavam o drop de backside e de frontside.
Esse momento também foi marcado pela percepção do medo antes e durante
a aula, principalmente durante a execução do drop. O wipeout é a queda no ato da
execução do drop, essa situação implica muita incerteza, pois dependendo da avaliação
do sujeito, pode desencadear medo e outras emoções devido à falta de êxito.
A narrativa dos sujeitos S2, S3, S4, S5, S6, evidencia o medo durante a
execução do drop, principalmente nos momentos de wipeout, caracterizado por uma falha
que resulta no lançamento do sujeito para dentro da onda. Nessa situação o sujeito fica à
mercê do imprevisível. O mar pode ser uma fonte geradora de medo, essas situações
exigem do sujeito ações controladas dentro da condição de risco, em que o mesmo se
opõem a força da natureza assim:
Essas atividades mergulham o indivíduo, e sobretudo o marinheiro, em uma
incerteza ao alcance de sua competência; elas autorizam-no a desenvolver suas
habilidades, seus reflexos, a desenvolver-se na ação. Visam a criar emoção e a
suscitar sensações, fazem surgir o frisson, opondo-se à perda de encanto do
mundo (LE BRETON, 2007, p. 11–12).
Apesar de o exemplo do autor ser relacionado aos marinheiros, encontramos
relações com as narrativas dos sujeitos investigados, pois apesar de correr risco, sentir
medo, a atividade os encanta e os motiva a aprender mais, principalmente nos momentos
que estão conseguindo realizar o drop. Neste sentido, reencontrar suas próprias sensações
e jogar com o risco passar a ser uma via real para sentir o prazer de sua própria existência
(BRETON, 2007).
Entendemos o medo como uma emoção de proteção, depende da forma como
o sujeito percebe a situação e busca recursos pessoais para o enfrentamento da situação
(COSTA, 2008; DAMÁSIO, 2015; LAZARUS, 2000).
Os medos percebidos dentro da aula estavam diretamente vinculados aos
contextos e à imprevisibilidade inerentes ao mar, ao risco que o surfe pode proporcionar
ao seu praticante, a profundidade em que os sujeitos foram levados para conseguirem
surfar de uma forma mais técnica. Nas categorias 14, 15, 16 e 18 do (Quadro 2)
encontramos o medo ligado ao fracasso do drop, ocasianado pelo wipeout e ao aumento
da complexidade da aula em que se exigia um maior domínio técnico para conseguir êxito
115
no drop, mencionado nas narrativas: [...]” medo na mesma hora quando você está em pé
na prancha. Adrenalina quando você está indo e medo na hora de cair” (Sujeito 4).
A percepção do medo está ligada ao “rumo ao desconhecido” característica
que a literatura tem indicado comum nessas atividades, as primeiras vezes são
normalmente experiências inéditas para o sujeito. Portanto, controlar o risco, contemplar
a paisagem, desenvolver técnicas para realização da atividade está na relação do prazer
e do medo, de lutar e fugir (BRYMER; SCHWEITZER, 2013; COSTA, 2008; PAIXÃO,
et al., 2011; PEREIRA; ARMBRUST; RICARDO, 2008). Conforme mencionado pelos
S3 e S4 o medo relacionado ao surfe está ligado a percepção de uma atividade
desconhecida e ao fracasso nos momentos de wipeout.
Para Brochado (2002) e Lavoura (2008), o medo possui essa característica
negativa de inibir a ação caso o sujeito a considere como ameaçadora, no caso dessa
situação foi um inibidor de aprendizagem e de participação do aluno dentro do processo
de ensino e aprendizagem. [...] “acho que por causa que eu cai, não quis fazer mais nada,
não me desenvolvi muito. Passei só raiva, só isso. Não queria mais fazer atividade, sei lá
fiquei com medo”[...] (Sujeito, 3).
Nesse caso, a negação da aula se torna um fator de proteção relacionado com
a situação em que o sujeito está inserido, porém a mediação da professora somada as
experiências em relação ao surfe, possibilita o desenvolvimento de recursos para
reavaliar de forma cognitiva a situação e enfrentá-la (LAZARUS; FOLKMAN, 1988,
1991).
Na percepção do S3, o medo foi acompanhado da raiva e falta de motivação
para continuar a atividade, conforme a narrativa: “porque eu não mostrei muito interesse,
não fiz por onde. Foi mais por mim mesmo, não foi pela aula. A aula é muito boa, foi por
mim mesmo” (Sujeito, 3).
Ao considerar as narrativas do S3 e os indicativos da matriz nomotética
(Quadro, 1), os itens 14 e 18 fazem parte da percepção do medo principalmente do
wipeout. Os autores Leite et al. (2016) indicam que atletas femininos possuem maior
índice de ansiedade e medo nas situações pré-competitivas em comparação com atletas
masculinos. Possivelmente, a falta de experiências com a atividade e o meio liquido
favoreceram o medo. É justamente nesse momento que a intervenção da professora
poderá oferecer possibilidades ao sujeito para desenvolver recursos em relação a
experiência e melhorar o desempenho na prática da atividade.
116
Lavoura (2008) indica que o grande avanço na compreensão do medo dentro
do esporte é essa emoção que necessariamente não expõe as fraquezas do sujeito e/ou o
faz fugir da situação. Na visão do autor, o reconhecimento do medo pelo praticante pode
resultar em processos de mudanças, ou seja, essa situação favorece a construção de
forças para o enfretamento da situação.
Ao considerar que as emoções percebidas pelos sujeitos apresentadas no
(Quadro 1) são influenciadoras da ação, cada percepção é consequência de um
comportamento adotado daquilo que o sujeito aprendeu e superou. Conforme Baptista,
Carvalho e Lory (2005) essas percepções determinam a ação, a forma que se pensa e o
desempenho do atleta em relação a prática esportiva.
O medo e a ansiedade podem dentro deste cenário se tornarem alarmes ou
adaptações sinalizando situações de ameaça, riscos e perigos, aparece em momentos que
urgem a preservação do organismo (BAPTISTA; CARVALHO; LORY, 2005). Os dados
revelam essa situação foi frequente durante a atividade do wipeout. As quedas e medos
de afogamento se faziam presentes dentro das aulas e nas narrativas dos sujeitos (Quadro,
1 item 14 e 18).
As emoções quando são percebidas e sentidas de forma negativas podem
levar o sujeito ao erro ou a inibição dentro das atividades propostas. Em relação ao medo
conforme os sujeitos tinham mais experiências dentro da atividade a sua percepção
mudava, para Lazarus (2000), Smith e Lazarus (1990) na avaliação primaria o sujeito
percebe a emoção e busca desenvolver recursos para enfrentar a situação, a experiência
da atividade o auxilia na construção desses recursos, proporcionando uma nova percepção
da emoção dentro da situação.
É perceptível que os sujeitos se adaptavam com o contexto e com a situação,
suas percepções sobre o que sentiam se alteravam constantemente, para Baptista,
Carvalho e Lory, (2005) e Leite et al. (2016), nos momentos iniciais da atividade os
sujeitos podem demostrar um grau de ansiedade mais elevado e apresentar medo de
fracassar ou de se acidentar durante a prática, porém com o desenrolar das aulas, com o
aumento da experiência no surfe e um maior domínio do drop e das variáveis do contexto,
essa percepção do medo deixa de dominar as ações do sujeito decorrente da situação atual
não se constituir mais em ameaça. Como exposto nas narrativas:
Eu continuo porque eu consegui ficar em pé. Ai já falei eu consigo e por isso
irei tentar mais vezes. Das outras vezes eu não consegui fui caindo, mais ai
perdi mais o medo também, caindo (Sujeito 4).
Um pouco de frio na barriga. Na hora que você subir na prancha, você acha
que vai cair e levar uma pranchada na cabeça [...] (Sujeito 5).
117
Ver os colegas fazendo, e ai foi passando e do nada sumiu (Sujeito 6)
O sujeito constrói estratégias de enfrentamento ligadas as mudanças na
percepção da emoção. Conforme o sujeito dominava a atividade e com o aumento da
técnica, algumas mudanças fisiológicas são citadas pelo sujeito 5, como o frio na barriga,
derivado do medo e o observar o êxito dos colegas auxiliou o sujeito 6 a de desenvolver
recursos para enfrentar a situação.
As experiências emocionais dentro das atividades de aventura desencadeiam
conflito com o medo, este sendo uma emoção que se torna atrativa, saudável e produtiva
ao praticante, uma emoção que o impulsiona a conviver com a sua percepção,
principalmente em relação ao controle de risco (BRYMER; SCHWEITZER, 2013;
BRYMER, 2005). Encontramos na matriz (Quadro 1) relações das experiências
emocionais sobre alegria na execução do drop e medo sobre o wipeout, estas emoções se
combinam dentro do surfe, por meio do controle do risco o sujeito avalia a situação como
sendo positiva, para a sua vida e para aquele momento.
Desde que o sujeito tenha recursos de enfrentamento e técnicas para controlar
o fator de risco da atividade, o medo é essencial nas atividades de aventura. Em um
sentido “magico” é uma emoção que ao ser superada, controlada podem gerar percepções
positivas em relação a ação, muitas vezes a convivência com o medo dentro das atividades
de aventura se tornam questões importantes de serem compreendidas e mediadas pelo
profissional de Educação Física. O Sujeito 6 reconhece o medo, porém consideram o
professor como uma pessoa que os auxiliou a enfrentar e aprender a conviver com a
atividade. Para Brymer e Schweitzer (2013) o medo para esses sujeitos é algo agradável
e a convivência com essa emoção dentro das atividades de aventura pode ser uma
experiência incrível.
Como indicado no estudo de Lavoura, Zanetti e Machado (2008) o medo pode
interferir na eficácia do sujeito e conforme o desenvolvimento o sujeito participa da
atividades, desenvolve uma maior confiança que resulta na diminuição do medo
relacionado com a situação. Como indica a narrativa realizada após a segunda aula de
surfe:
Na segunda aula minha experiência foi melhor, porque a professora me levou
em um estágio mais avançado, que era mais fundo onde a onda é mais rápida,
quebra mais rápido. Você tem que ter mais agilidade para poder ficar em pé
na prancha quando você está no fundo, então essa eu achei legal, melhor do
que a primeira experiência, eu achei mais emocionante (Sujeito 2).
118
Compreendemos o medo em seu duplo sentido, mas que conforme o aumento
da confiança e eficácia dentro da atividade sua percepção fica no imaginário do sujeito,
sendo um atrativo no processo de controle e enfrentamento durante a atividade. A partir
de um maior aprofundamento na atividade, os sujeitos tiveram percepções positivas em
relação a aula, pois o aumento da experiência, a mediação realizada pela professora, a
reavaliação cognitiva que realizavam da atividade e o êxito em realizar o drop
proporcionam aos sujeitos conforme simboliza o S2 uma sensação de bem-estar e também
de alegria durante as aulas.
Segundo Lavoura (2008, p. 116) questiona “qual o espalho em que
professores e técnicos oportunizam a seus alunos e atletas que reconheçam e interpretem
seus emoções dentro nas situações de aulas e treinos. Corroborando Arruda (2012)
menciona que a compreensão e interpretações das emoções são importantes para o
processo de ensino e aprendizagem, sendo que a falta disso pode afastar o professor e o
aluno da aprendizagem significativa.
Vale destacar que para o medo, a raiva e a tristeza fossem superados dentro
durante as aulas, os sujeitos usaram das mediações do professor como recursos para
enfrentar a situação, que foram destacados no (Quadro 2) nos itens 1, 5 e 7 dentro da
matriz. Os sujeitos destacam que a aspectos relacionados a mediação do professor foram
importantes para o seu processo de aprendizagem.
Consideramos a mediação como aquilo que é estar no meio com artifícios
técnicos para a situação mediada (LOVISOLO, 2001). No cenário desse estudo o
professor foi uma figura importante nas mediações das emoções percebidas pelos sujeitos
e na formulação de recursos de enfrentamento diante a uma situação adversa, sendo ele
responsável pelas diretrizes técnicas e também pelo controle da situação de risco que a
atividade poderia oferecer.
Em destaque no Quadro 1, as emoções percebidas dentro destas intervenções,
que se centram em um ambiente de risco e incerteza foram emoções ligadas ao prazer e
ao bem-estar do que as emoções ligadas a frustação em relação ao medo, a tristeza e a
raiva.
119
14. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades de aventura evidenciam o movimento humano atrelado ao
imaginário, a percepção e a ação, rompendo com a zona de segurança do cotidiano diante
do risco e da natureza. Essas características aumenta o número de seus praticantes,
principalmente nos momentos ligados ao lazer. Porém, cabe ressaltar a necessidade do
monitoramento, orientação e intervenção de um profissional com conhecimentos
técnicos, pedagógicos e sensibilidade na compreensão da forma que seu aluno percebe a
relação existente entre o encontro, o ambiente e a ação escolhida em resposta ao evento.
A compreensão das emoções dentro dessas atividades, nesse caso foi o surfe,
pode ajudar auxiliar a desenvolver recursos de ensino e aprendizagem significativos tanto
para os discentes, como para os docentes. Ao considerar as alterações emocionais na
prática do surfe, a intervenção do profissional é imprescindível, principalmente nos
momentos de emoções negativas, conduzindo o aluno ao enfretamentos e superação das
dificuldades inerentes à atividade. As narrativas dos sujeitos apresentam maior percepção
de medo durante o drop, pelo risco de sofrer um wipeout. Portanto, é preciso que o PEF
responsável pelo ensino e aprendizagem do surfe proporcione momentos de descoberta,
de enfrentamento e também ser um agente mediador no processo de enfrentamento das
emoções que favoreçam a desistência da atividade.
Nesse estudo, mesmo sendo uma prática de formação informal, os sujeitos observavam
as mediações que o professor realizava juntamente com a estruturação da aula. Cada
atividade possui um conjunto de conhecimentos técnicos específicos em relação ao
controle de risco, possui também características diferentes que somadas a competências
e habilidades do PEF é possível um trabalho que desafie, sem, contudo, negligenciar as
questões referentes a segurança. Com a presença do instrutor ou monitor (guia) que dirige
a atividade, a percepção de segurança dos alunos que estão praticando a atividade muda,
pois estes depositam parte das questões referentes ao controle do risco ao profissional
(SPINK; ARAGAKI; ALVES 2005). Ao auxiliar o aluno nos momentos em que surfa na
percepção do medo de forma positiva possibilita-se o desenvolvimento de recursos para
enfrentamento da situação no momento do wipeout. O aluno consegue retomar a ação e
também aprende a conviver com a percepção de medo durante a prática de alguma
atividade de aventura. Tais características da mediação, principalmente com o foco nas
emoções, devem ser consideradas dentro das atividades de aventura, e o aluno ou
praticante precisa ser visto com um ser complexo em que o medo pode ser um fator
120
inibidor da ação, mas que, ao ser enfrentado junto com o professor, ele pode levar ao
aprendizado e ao desenvolvimento de recursos voltados não só para ter sucesso na
atividade, mas que podem ser utilizados em outros contextos e momentos da vida.
As emoções nas primeiras experiências com a prática do surfe indicam
questões relacionadas ao medo, a alegria, a tristeza e a raiva. Porém, o medo com um
sentido positivo pelos praticantes, como algo que deve ser superado e também uma
emoção que os auxilia nas questões de preservação sendo importante para o controle das
situações de risco. Ao considerar o medo como uma emoção de desenvolvimento
humano, as estratégias desenvolvidas para o seu enfrentamento na prática das atividades
de aventura, podem ser transferidas para o dia a dia do sujeito.
As emoções ligadas às atividades de aventura e aos esportes radicais
funcionam como uma espécie de componente agradável na convivência com os riscos e
a sensação subjetiva de bem-estar. As situações do risco, medo e incertezas são como
“engrenagens” que movem o sujeito na prática regular dessas atividades. As incertezas e
os riscos controlados, uma vez superados, podem gerar emoções positivas. A
compreensão das emoções e das possíveis percepções do aluno sob a situação que
normalmente é inserido dentro do surfe, deve ser algo considerado no planejamento e
desenvolvimento das aulas.
O PEF deve compreender que o medo e as outras emoções fazem parte do
processo de ensino e aprendizagem do surfe, a melhor compreensão desses aspectos pode
auxiliar no desenvolvimento das aulas, das orientações e dos treinos.
Os conteúdos ligados ao surfe e às atividades de aventura emergem nos
últimos tempos dentro da formação profissional em EF, mas ao mesmo tempo sua
discussão precisa ser melhor sistematizada, suas competências e habilidades precisam ser
estruturados, pois a disciplina tem como finalidade proporcionar conhecimento técnico,
cientifico e pedagógico na formação inicial para que o estudante consiga aplicar os
conteúdos ligados a aventura nos momentos de atuação.
As questões referentes à pós-graduação lato sensu e o desenvolvimento
acadêmico científico do profissional que trabalha com atividades de aventura ainda se
encontram no início, a ideia de ampliar os conhecimentos acadêmicos sobre essas práticas
se torna importante para o PEF e também para uma ação profissional reflexiva.
Os cursos de formação técnicos específicos dentro de algumas atividades e
que são normatizados por organizações e federações vinculadas em uma determinada
prática de atividade de aventura precisam ser melhores viabilizados, à ponto de alcançar
121
mais profissionais de Educação Física. No caso do surfe existem cursos ofertados pelas
federações e confederações da modalidade esportiva, porém, são cursos com
características técnicas e com o foco na ação do cotidiano. É necessário a articulação
desses saberes desenvolvidos dentro dessas capacitações técnicas com os saberes
pedagógicos e científicos. As questões referentes as áreas de conhecimentos presentes na
formação inicial, tais como os conhecimentos em relação ao ser humano e sociedade,
podem ajudar a subsidiar a prática profissional e o ensino e aprendizagem do surfe. Esses
conhecimentos que fazem parte da formação base do PEF devem ser incorporados no
ensino do surfe, pois, ao identificar que a maior percepção de medo nessa atividade está
atrelada ao wipeout e também ao próprio mar, circunstâncias essas que exigem a
mediação do professor.
Em relação aos objetivos propostos neste trabalho, destacamos que as
percepções subjetivas dos estudantes de Educação Física em referência às emoções
durante as primeiras experiências no surfe foram mais positivas do que negativas.
Essa pesquisa buscou compreender uma realidade em uma situação inédita
realizada por estudantes de EF, não sendo possível a generalidade destes dados a grandes
populações. Buscamos compreender a realidade vivida, por estes estudantes e inferir
questões e relações com as emoções percebidas e também com os olhares dos sujeitos em
relação a estrutura da aula.
Por fim, as atividades de aventura são um dos ramos de atuação do
profissional de Educação Física que precisa de maior compreensão sobre a realidade
brasileira e também uma melhor sistematização dos programas de formação que discutem
essas atividades. Pois, existe um crescente aumento destas atividades que fazem parte do
currículo oficial de Educação Física Escolar, sendo necessário uma maior discussão nos
mais diferentes cenários da Educação Física.
Ao passar por essas experiências, o sujeito pode sentir medo, alegria, raiva,
tristeza, desgosto ou se surpreender, dependendo da forma como avalia a situação. As
emoções ligadas às atividades de aventura e aos esportes radicais funcionam como uma
espécie de componente agradável na convivência com os riscos e a sensação subjetiva de
bem-estar. As situações do risco, medo e incertezas são como “engrenagens” que movem
o sujeito na prática regular dessas atividades. S incertezas e os riscos controlados, uma
vez superados, podem gerar emoções positivas.
122
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132
APÊNDICES
133
APÊNDICE I
ENTREVISTA
Nome______________________________Idade_____________
Universidade/Faculdade_____Semestre__________Telefone______________.
A. Fale sobre sua experiência anterior com qualquer tipo de atividades de
aventura. Mencione todas elas.
B. Quais emoções você sentiu ao praticar atividades de aventura?
C. Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?
D. Quais emoções você sentiu? Em quais momentos?
E. Como foi isso? Descreva o melhor que você puder.
Por favor, não comente com os demais sobre as perguntas e respostas dessa entrevista.
134
APÊNDICE II
TCLE - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TÍTULO DA PESQUISA: “AS EMOÇÕES NAS ATIVIDADES DE AVENTURA:
UM ESTUDO COM FUTUROS PROFISSIONAIS DE EF”.
Eu____________________________________________________________________
___________ R.G__________________________ dou meu consentimento livre e
esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob
responsabilidade do pesquisador XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, aluno do curso
de Pós-Graduação Stricto-Sensu em EF da Universidade São Judas Tadeu, e da
orientadora Prof. Dra. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, docente do curso de
Pós- Graduação Stricto-Sensu em EF da Universidade São Judas Tadeu – USJT,
localizada na Unidade Mooca - R. Taquari, 546 - Mooca - São Paulo/SP - CEP 03166-
000. Assinando esse Termo de Consentimento, estou ciente que:
1. Descrever experiências subjetivas sobre as emoções básicas em estudantes do
curso de graduação em EF quando experimentam o surf como uma prática de
atividade de aventura.
2. Participarei de 4 aulas de surf com duração de 1hora e 20 minutos cada, divididas
em dois dias. Para auxiliar o pesquisador a entender melhor as variáveis a serem
pesquisadas.
3. Ao final da 2º aula e 4º aula responderei a uma entrevista, composta de questões
abertas e questões fechadas. Após 30 dias da última aula, responderei a outra
entrevista com perguntas abertas e fechadas.
4. Como benefício poderei aprender as técnicas básicas do surf, juntamente com suas
possibilidades para a minha atuação e formação profissional.
5. Participando da pesquisa, corro o risco, ainda que mínimo, de sofrer algum trauma
ou acidente por causa das práticas, ou o risco de algum constrangimento por conta
da entrevista. Apesar do ambiente ser preparado para a pesquisa, no sentido de
contar com um professor auxiliando o sujeito durante a prática, o Surf, na
condição de atividade de aventura, em si, apresenta a probabilidade risco. Esse
risco, no entanto, será controlado, escolhendo um local adequado para a iniciação,
que deverá ser um ponto da praia onde não haja corais ou pedras, buracos
profundos que provoquem redemoinhos ou sumidouros. A prática será
interrompida ou cancelada caso o dia esteja chuvoso na presença de relâmpagos.
135
6. Para auxiliar no controle dos riscos o pesquisador terá o auxílio de outro professor
que trabalha com surf e irá dar suporte para a segurança física de todos que estarão
na água, esse professor irá ficar na areia observando a atividade e a qualquer
momento poderá interferir ou cancelar a aula, considerando que encontrou uma
situação de perigo.
7. Mesmo ensinando técnicas básicas para que os sujeitos consigam aplica-las
durante a prática do esporte, existe uma possibilidade remota de que ocorra algum
tipo de acidente durante a fase de aprendizagem do Surf, como uma entorse em
alguma articulação, uma escoriação nas mãos ou joelhos caso o praticante caia da
prancha em um local raso. Caso este tipo de acidente ocorra, o pesquisador está
preparado para prestar os primeiros socorros e encaminhar o estudante para um
posto de atendimento médico situado em Boiçucanga, distante 10 (dez) minutos
do local da prática.
8. Mudanças climáticas, como mar de “ressaca” podem alterar os riscos da atividade.
Será feita sempre uma avaliação prévia desses fatores e caso seja necessário a aula
será interrompida.
9. Estou livre para interromper a qualquer momento a minha participação na
pesquisa sem sofrer qualquer tipo de constrangimento ou prejuízo ao meu trabalho
ou à minha imagem;
10. Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos serão
utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída
sua publicação na literatura científica especializada;
11. Todos os sujeitos terão um seguro contra acidentes fornecidos pela empresa
Aventura & Movimento, sob custos do pesquisador responsável pelo projeto.
12. As aulas práticas serão ministradas pelos professores de EF Especialistas Tania
Brotto Haddad – CREF: 26.225 G/SP e Waldomiro Darin Jr. – CREF:111.043
G/SP – em uma data á combinar no 1 semestre do ano de 2016. Serão 12 alunos e
cada um vivenciará 4 aulas de surf.
13. Os clientes da Aventura & Movimento são assegurados (caso de acidente /e obto)
nas atividades , através da Seguradora Porto Seguro Seguros – Corretor:
APC:66746J Aventura Brasil CORR e ADM de Segs. LTD – A Aventura &
Movimento solicitará: o nome, data de nascimento, CPF, e RG dos sujeitos um
mês que antecipa a parte prática do projeto, Aulas de Surf (clausura 2).
136
14. Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas para
apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone (11) 2799-
1665;
15. Poderei entrar em contato com os pesquisadores do estudo
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, pelo telefone (11) XXXXXXXXX e com
o/a professor/a orientador/a XXXXXXXXXXXXXXXXXXX pelo e-mail
XXXXXXXXXXXXXXXXXXX;
16. Esse Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá
em meu poder, outra com os pesquisadores responsáveis;
17. Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre
a minha participação na referida pesquisa.
São Paulo,___________ de _________________________ de 2015.
______________________________________
Assinatura do voluntario
137
ANEXOS
138
ANEXO I
TERMO DE AUTORIZAÇÃO E RESPONSABILIDADE DA
FACULDADE/UNIVERSIDADE PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA:
139
140
ANEXO II
TERMO DE COMPROMISSO COM A PESQUISA:
141
142
ANEXO III
CRONOGRAMA E PLANO DAS AULAS DE SURFE
143
144
ANEXO IV
PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA
145
146