PROFESSOR RODRIGO MACHADO MERLI
PEDAGOGO – UNIb
ESPECIALIZAÇÃO EM DIDÁTICA DO
ENSINO SUPERIOR – PUC/SP
BACHARELANDO EM DIREITO – Uninove
DIRETOR DE ESCOLA – PMSP/SP
PROFESSOR DE CUSRO PREPARATÓRIO
ESCRITOR
A principal diferença entre os textos que produzimos
oralmente e os textos que escrevemos é que, nos
primeiros, podemos nos valer muito do apoio do
contexto em que o texto está sendo produzido.
Por exemplo, se um falante diz a seu ouvinte:
“Chegue até aqui”, seu interlocutor saberá que deve
aproximar-se.
Ou então, se uma pessoa se despede falando:
“Nos vemos amanhã”, os participantes da interação
sabem que há uma previsão de se encontrarem no dia
seguinte.
Reflexão sobre língua oral e
língua escrita no processo de
construção de textos coletivos
• Podemos afirmar que na interação oral
dependemos muito do contexto.
• Como na escrita há muito menos apoio
contextual, temos de ser mais precisos, tanto na
escolha de palavras quanto na construção das
frases, de modo a deixar a mensagem bem clara
ao nosso leitor.
• Se alguma coisa ficar obscura ou ambígua, ou
se faltarem informações, nós não estaremos lá
para dar esclarecimentos ou suprir detalhes.
Ao compor o texto, a professora procurou
torná-lo claro e informativo:
• sugeriu substituir a palavra;
• tornou clara a cadeia cronológica dos
eventos narrados; ajudou os alunos a se
lembrarem de detalhes;
• mostrou a eles que o prenome não é a
forma culturalmente adequada de nos
referirmos a uma personalidade
histórica.
A monitoração na fala e na escrita
Geralmente os modos de falar são marcados por menos
atenção e menos planejamento que os modos de escrever.
Podemos dizer que quando estamos falando nos
monitoramos menos do que quando estamos escrevendo.
Isso acontece porque a escrita tem um caráter
permanente, enquanto a fala, a menos que seja gravada, é
momentânea.
Mas temos de observar que há modos de falar que vão
requerer quase tanta monitoração quanto os modos de
escrever.
A regra de concordância não-redundante ocorre com
mais frequência nos estilos não-monitorados, isto é,
quando não precisamos ser formais na nossa fala, mas
chega, às vezes, até mesmo, aos estilos monitorados,
formais.
Por estar tão generalizada na língua, é certo que nossos
alunos vão empregá-la em seus textos escritos que, por
sua natureza, exigem a regra da concordância
redundante prevista na gramática normativa.
Por isso, nós, professores, temos que ficar muito atentos
ao uso da regra de concordância nominal na produção
de nossos alunos e na nossa própria produção.
Pesquisa sobre os antecedentes sociolinguísticos
e socioculturais dos alunos
Reflexão sobre normas de adequação no uso da
língua oral
Sempre que temos duas ou mais maneiras de
dizermos a mesma coisa, dizemos que estamos
diante de uma regra variável na língua.
As diferentes maneiras de dizer a mesma coisa
são chamadas variantes.
Pesquisa sobre os antecedentes sociolinguísticos e
socioculturais dos alunos
Reflexão sobre normas de adequação no uso da língua
oral
Em uma regra variável sempre há uma variante que
tem mais prestígio enquanto outras são desprestigiadas
ou até consideradas “erro”.
Você pode estar-se perguntando: Por que temos na
língua variantes que são bem recebidas em estilos
formais e outras que não o são? Boa pergunta! Vamos a
ela.
A língua de uma comunidade é uma atividade social e
como qualquer atividade social está sujeita a normas e
convenções de uso.
O domínio da ortografia é gradual, lento,
demorado.
Quanto mais oportunidades temos de
observar a língua escrita, refletindo sobre
suas características, mais domínio vamos
adquirindo sobre as convenções que a
regem.
As crianças levam muito tempo para
automatizar as regras ortográficas.
Seu domínio dessas convenções só vai se
consolidar depois que tiverem muito
contato com os textos escritos.
Para que se obtenha sucesso em uma aula de leitura, é
fundamental que o texto lido faça sentido, que seus alunos
o compreendam, sendo capazes de perceber as intenções
do autor, entender seus pontos de vista e, até, ‘adivinhar’ as
possibilidades de desfecho para um determinado texto,
entre outros.
Para que estes aspectos da leitura sejam ativados, é
necessário que se compreenda uma série de componentes
do texto, além daquilo que está escrito na sua superfície.
É preciso que o aluno- leitor não entenda apenas
as palavras que compõem o texto, mas que
perceba o contexto em que ele está inserido, o
gênero textual, com suas características e formas
específicas, as intenções do produtor do texto e as
informações implícitas que o texto nos dá, bem
como as marcas de outros textos nele inseridos,
entre outros.
Para compreender os passos utilizados pela
professora na construção da leitura de “Maria vai
com as outras”, temos que refletir sobre as
dimensões que compõem o texto:
1ª dimensão – “O CONTEXTO” – que engloba,
entre outros, a intencionalidade e a
informatividade, pois contribuem para situar o
texto dentro de uma dimensão sociocomunicativa.
Fazem parte do contexto:
Fazem parte do contexto:
1.1. A intencionalidade, que são as intenções do
produtor do texto: como produzir emoções:
rir, chorar, enternecer-se, sentir medo, excitação,
etc...
Persuadir o leitor: convencê-lo de uma ideia, da
compra de um produto, etc.
Passar informações, ensinando, explicando,
instrumentalizando, etc.
Fazem parte do contexto:
1.1. A intencionalidade,
Além disso, para que os textos atinjam seus
objetivos, é necessário que eles se estruturem
dentro de certas características, que os fazem
pertencer a gêneros textuais específicos.
Um poema, por exemplo, geralmente vem em
versos, dispostos um abaixo do outro, formando
estrofes.
Uma propaganda geralmente vem com gravuras e
letras grandes, para chamar mais a atenção do
leitor, etc.
A informatividade, que consiste nas informações
novas ou nas informações já conhecidas que um
texto traz.
Essas informações fazem parte do nosso
conhecimento de mundo.
Se um texto traz muita informação nova, ele é de
difícil compreensão; se, ao contrário, as
informações, em sua maioria, já são conhecidas,
ele é um texto de fácil compreensão.
As informações também vão situar o texto em um
determinado momento histórico.
A informatividade,
Um texto escrito no século 19, por exemplo, traz
informações sobre costumes, conceitos, visões de
mundo daquela época.
O contexto em que está inserido o texto ajuda
muito em sua compreensão.
A informatividade,
Para entendermos certas informações no texto,
temos que acionar nosso conhecimento de mundo
(conhecimento pragmático-cultural):
estas informações são, portanto, baseadas em
conhecimentos, experiências, crenças, ideologias e
contextos da cultura em que estamos inseridos.
A informatividade,
Para haver uma adequada
compreensão do texto, muitas vezes
temos que partilhar com o autor
informações que são cultural e
socialmente determinadas.
2ª dimensão - “O TEXTO” – Fazem parte da
construção textual os seguintes componentes:
2.1. Coesão: As estruturas coesivas que organizam
o texto, fazendo dele um todo coeso.
Esses elementos são responsáveis por sua
progressividade textual.
Por exemplo: Maria saiu, ela foi ao cinema. O
pronome negritado substitui o sujeito “Maria” da 1ª
oração e indica ao leitor que se continua a falar sobre a
mesma pessoa, construindo, assim, a progressividade
do texto.
2ª dimensão - “O TEXTO” – Fazem parte da
construção textual os seguintes componentes:
2.1. Coesão
2.2. Coerência: Para um texto ser coerente, é
necessário que os elementos responsáveis pela
sua progressão temática estejam de tal forma
organizados que possamos perceber, de forma
clara, o desenvolvimento desse tema em uma
sequência lógica, com começo, meio e fim.
2ª dimensão - “O TEXTO” – Fazem parte da
construção textual os seguintes componentes:
2.1. Coesão
2.2. Coerência:
É necessário, também, que o texto se
estruture dentro do gênero proposto.
Quando evidenciamos esses elementos bem
articulados no texto, dizemos que há
coerência, posto que tal texto possui uma
organização interna que permite sua
compreensão.
3ª dimensão –
“O INFRATEXTO”, que é tudo aquilo que está
abaixo da superfície do texto, mas é decisivo para
sua coerência.
Todo texto carrega inúmeras informações
implícitas que são fundamentais para sua
compreensão.
Estas informações completam o sentido do texto
lido. Estas informações são as inferências que
vamos construindo no decorrer da leitura.
4ª dimensão –
“O INTERTEXTO” – a intertextualidade é a característica
que faz de um texto dependente de outros.
Quando lemos um texto e percebemos nele marcas e/ou
referências a textos anteriormente lidos, estamos diante de
uma intertextualidade.
No presente texto, a professora começa a leitura fazendo
referência a um provérbio e, em seguida, fala que “Maria
vai com as outras” constitui também um provérbio, o que
ajuda as crianças a entenderem como a autora usou de um
provérbio popular para construir sua história (criando,
assim, um intertexto).