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Análise(s) de conteúdoPROFA. FERNANDA BAEZA SCAGLIUSI
O que é? (BARDIN 2008)
“Conjunto de técnicas de análises de comunicações,
que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de
descrição do conteúdo das mensagens. A intenção da
análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção e de recepção das
mensagens, inferência esta que recorre a indicadores
(quantitativos ou não)”.
“Conjunto de instrumentos metodológicos que se
aplicam aos discursos mais diversificados”.
Ponto de partida é a mensagem, que expressa um significado e um sentido.
O que se fala ou escreve? Com que intensidade? Com que frequência? Que
tipo de símbolos figurativos são utilizados para expressar ideias?
“Historicamente a análise de conteúdo tem oscilado entre o rigor da suposta
objetividade dos números e a fecundidade da subjetividade” (MINAYO 2010)
Leitura válida e
generalizável
Função de
comprovação de
hipóteses; “análise de
conteúdo para servir de
prova” (BARDIN 2008)
Enriquecimento da leitura válida,
para conduzir a descrição de
mecanismos que não conhecíamos
a priori. Função heurística, que
enriquece a tentativa exploratória,
aumenta a possibilidade de
descoberta; “análise de conteúdo
para ver o que dá”
(BARDIN 2008)
Características
Busca interpretação cifrada do material qualitativo.
Leitura de primeiro plano dos textos, para atingir umnível mais profundo, ultrapassando os sentidosmanifestos do material.
Articulação entre os enunciados dos textos e os fatoresque determinam suas características (aspectospsicológicos, contexto sociocultural e processo deprodução da mensagem).
Características
“Os resultados da análise de conteúdo devem refletir os
objetivos da pesquisa e ter como apoio indícios
manifestos e capturáveis no âmbito das comunicações
emitidas” (FRANCO 2008).
Várias modalidades de análise de conteúdo: análise
lexical, análise de expressão, análise de relações,
análise temática e análise de enunciação.
Etapas ou fases
Análise de conteúdo
Pré-análiseExploração do
material
Tratamento dos dados, inferência e interpretação.
BARDIN (2008)
Etapas ou fases
Xavier RO, Dornelas JS. Rev adm contemp 2006;
10: 9-30.
Pré-análise
Fase de organização propriamente dita. Visa tornaroperacionais e sistematizar as ideias iniciais, paraconstituir um plano de análise.
Três missões:
escolha dos documentos a serem submetidos àanálise;
formulação e reformulação das hipóteses e dosobjetivos;
elaboração de indicadores que fundamentem ainterpretação final.
Pré-análise
Seis ações:
Leitura flutuante;
Escolha dos documentos;
Formulação/reformulação das hipóteses e dos
objetivos;
Estabelecimento dos índices e dos indicadores;
Recorte das unidades de registro e de contexto;
Estabelecimento de regras de
enumeração/codificação e de categorização.
Pré-análise - Escolha dos documentos
Passos:
1. Demarcar o universo (gênero de documentos sobre osquais se pode efetuar a análise).
2. Constituir um corpus, i.e., conjunto de documentostidos em conta para serem submetidos à análise.
Exemplo: quero analisar as informações sobre os efeitosdo glúten no organismo, veiculadas recentemente porrevistas femininas brasileiras universo.
Todas as edições de todas as revistas femininasbrasileiras publicadas em 2015 corpus.
Pré-análise - Escolha dos documentos
Regras:
exaustividade: uma vez definido o campo do corpus, épreciso ter todos os elementos dele.
representatividade: a análise pode ser feita em umaamostra desde que o material a isso se preste e aamostra seja representativa.
homogeneidade: critérios homogêneos quanto aostemas tratados, às técnicas empregadas e aos atributosdos interlocutores.
pertinência: adequados aos objetivos da análise.
Pré-análise - Formulação/reformulação das
hipóteses e dos objetivos.
Objetivo claro, bem definido e introjetado =
fundamental.
Hipótese é uma afirmação provisória que nos propomos
verificar pelos procedimentos de análise.
Nem sempre temos uma hipótese a priori. Podemos
valorizar também os procedimentos exploratórios.
Pré-análise - Escolha dos índices e indicadores
Ao considerar os textos uma manifestação de índices que aanálise vai fazer falar, o primeiro trabalho será a escolhadestes, em função das hipóteses (caso elas estejamdeterminadas) e/ou dos objetivos. Hipótese: mães primíparasabordam a amamentação de forma emocional
Ex.1: índice pode ser a menção de um tema (sentimentos,por ex.) numa mensagem. Geralmente quanto maisfrequentemente o tema for mencionado, maior é a suaimportância. O indicador correspondente será a frequênciaobservada do tema em questão.
Ex. 2: Supõe-se que a emoção se manifeste numa entrevistapor perturbações da palavra. Os índices serão estasperturbações (ahã, frases interrompidas, repetição, gaguezetc) e a frequência de sua aparição servirá como indicadordo estado emocional.
Pré-análise – Recorte das unidades
Unidades de registro: unidades de texto que serão
separadas para descrição, enumeração e
categorização. São a menor unidade que comporta
todas as informações necessárias para a análise.
Podem ser: uma palavra, um tema, um objeto referente,
um personagem, um acontecimento ou um
documento.
Pré-análise – Recorte das unidades
Unidades de contexto: segmento da mensagem, cujas
dimensões (superiores às da unidade de registro) são
ótimas para que se possa compreender a significação
exata da unidade de registro.
Pré-análise – Regras de
enumeração/codificação
Análise de conteúdo mais quantitativa.
Regras de enumeração = modos de contagem.
Quais contagens serão feitas?
Não necessariamente toda análise de conteúdo faz
todas as enumerações.
Quando fizer, complementar com a descrição e,
principalmente, citações dos discursos.
Pré-análise – Regras de
enumeração/codificação
Lista de possíveis unidades: a, b, c, d, e, f.
Texto analisado: unidades encontradas: a, d, a, e, a, b.
Frequência – postulado de que a importância de umaunidade aumenta junto com a sua frequência de aparição.No nosso exemplo:
A = 3
B = 1
C = 0
D = 1
E = 1
F = 0
OBS.: ausência também é significativa
e pode ser um indicador
Pré-análise – Regras de
enumeração/codificação
Frequência ponderada:suposição de que a apariçãode um elemento tem maisimportância do que outro =sistema de ponderação.
Ex: b e d possuem o dobro daimportância de a, c, e, f.
Sistema de ponderação
A = 1
B = 2
C = 1
D = 2
E = 1
F = 1
Multiplicando frequência porponderação
A = 3 x 1 = 3
B = 1 x 2 = 2
C = 0 x 1 = 0
D = 1 x 2 = 2
E = 1 x 1 = 1
F = 0 x 1 = 0
Pré-análise – Regras de
enumeração/codificação
Intensidade: avaliamos o graude intensidade de acordocom critérios, como o verbo(por ex. imperativo), advérbios,adjetivos e atributosqualificativos.
São construídos níveis deintensidade (por ex. 3 níveis):
A1, A2, A3
B1, B2, B3 ...
São atribuídas notas deintensidade:
A1 = 1
A2 = 2
A3 = 3 ...
No texto tínhamos:
A1, D3, A3, E1, A3, B1
A medida será:
A = 1 + 3 + 3 = 7
B = 1
C = 0
D = 3
E = 1
F = 0
Pré-análise – Regras de
enumeração/codificação
Direção:
+ = positivo ou favorável
0 = neutro
- = negativo ou desfavorável
É contada a frequência de códigos positivos, neutros enegativos.
É possível combinar a nota de intensidade com o sinal dadireção. Considerando o exemplo da intensidade em 3níveis, teríamos uma escala variando de +3 (polo deintensidade positiva máxima) até -3 (polo de intensidadenegativa máxima).
Pré-análise – Regras de
enumeração/codificação
Ordem de aparição: verificar se existem padrões de ordemde sucessão das unidades de registro (por ex., se a d baparece com uma frequência significativa).
Contingência:
associação: o elemento a aparece frequentemente como b.
equivalência: o elemento a e o elemento d aparecem emum contexto idêntico.
oposição: o elemento a nunca aparece com o elementoc.
Pré-análise – Regras de categorização
Como serão criadas as categorias?
A priori ou a posteriori?
Utilizando qual técnica de identificação/construção?
Mais usadas: repetições; semelhanças e diferenças;
“cutting and sorting”.
Exploração do material –
codificação/enumeração
Aplicação sistemática das regras de
enumeração/codificação estabelecidas na fase
anterior.
Realizar as contagens.
Exploração do material - categorização
“Content analysis stands or falls by its categories” (BERELSON1952)
Categorias:
expressões ou palavras significativas em função das quaiso conteúdo de uma fala será organizado.
“espécie de rubricas ou classes, as quais reúnem umgrupo de elementos (unidades de registro, no caso daanálise de conteúdo) sob um título genérico,agrupamento este efetuado em razão das característicascomuns destes elementos” (BARDIN 2008).
Lembrete: outro nome para temas.
Exploração do material - categorização
Aplicação sistemática das decisões tomadas na faseanterior.
O processo: operação classificatória para alcançar o núcleode compreensão do texto e os elementos de significaçãoconstitutivos da mensagem.
Duas etapas:
inventário: isolar os elementos;
classificação: repartir os elementos e impor certaorganização às mensagens
Não esquecer do codebook e da análise de concordânciaentre avaliadores.
Exemplo: trabalhando com categorias amplas e
com a frequência como indicador
FRANCO (2008)
Tratamento dos dados
Tratamento mais quantitativo: operações estatísticas
simples (porcentagens) ou complexas (análise fatorial,
análise de cluster).
Tratamento mais qualitativo: apresentação das
categorias, com suas descrições (lembrar das técnicas!)
e citações.
É possível combinar as duas abordagens.
Inferências e interpretações
Tirar partido do tratamento das mensagens para inferir
conhecimentos sobre o emissor da mensagem, seu
meio ou seu destinatário.
Indica como os dados categorizados estão
relacionados com o fenômeno que o pesquisador quer
conhecer.
A inferência leva da descrição à interpretação.
Inferências e interpretações
Exemplos:
inferir sobre as crenças religiosas de líderes políticos a
partir das metáforas usadas nos seus discursos;
inferir sobre a propensão de um indivíduo praticar
um crime de ódio a partir das categorias étnicas que
ele usa na sua fala.
Inferências e interpretações
O pesquisador:
propõe inferências;
realiza interpretações;
articula com o referencial teórico inicial;
comprova hipóteses (categorias a priori), sugere
novas hipóteses (categorias a posteriori);
dá possibilidade a novas dimensões teóricas e
interpretativas.
Nos seus trabalhos
Descrever todo o passo a passo do método,
reconhecendo cada decisão tomada.
Lembrar da identificação de temas, codebooks,
avaliação entre avaliadores e descrição dos temas –
tudo se aplica e se descreve nos métodos.
Para semana que vem
Ler o artigo. Atentar para a descrição dos métodos e dosresultados.