Transcript
Page 1: Produção de melão hidropônico em sistema NFT · emprego de ácido sulfúrico e a condutividade elétrica (CE) medida logo após o preparo da solução foi 2,24 dS.m-1. A solução

MENDONÇA RM. 2011. Cultivo de melão hidropônico em sistema NFT. Horticultura Brasileira 29: S250-S257

Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S250

Produção de melão hidropônico em sistema NFT Ricardo Moreira Mendonça Faculdades Associadas de Uberaba, Av Tutuna, 720, bairro do Tutunas. CEP 39.061-500 BR, Uberaba-MG. [email protected]

RESUMO O melão (Cucumis melo L.) é uma olerícola muito apreciada e de grande popularidade no mundo, com destaque na produção brasileira. O tamanho do fruto recebe hoje atenção de produtores e pesquisadores, sendo que a tendência mundial é produzir frutos de tamanho menor. O cultivo do meloeiro em sistema hidropônico NFT permite, fatores relevantes para incrementos significativos na produtividade e qualidade do produto final. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o potencial produtivo do meloeiro em cultivo hidropônico na região de Uberaba, bem como o número de frutos por planta mais adequado para essas condições. O experimento foi realizado no Setor de Hortaliças da FAZU, em Uberaba – MG. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com três tratamentos (números de frutos pré estabelecidos por planta, 1; 2 e 3) em quatro repetições, avaliando-se o peso médio, o diâmetro e o teor de sólidos solúveis totais dos frutos. Conclui-se que não houve diferença significativa entre os parâmetros avaliados e o número de frutos por planta, sendo estes resultados contrários aos encontrados na literatura. A qualidade dos frutos ficou abaixo dos padrões comerciais mínimos recomendados para o melão, principalmente em função da época de cultivo e dos problemas fitossanitários que acometeram a cultura. Devido aos resultados conflitantes dos trabalhos com a cultura do meloeiro, as poucas informações existentes e a falta de tradição do cultivo dessa espécie no município de Uberaba, outros estudos precisam ser realizados a fim de transformar a

cultura do melão numa alternativa para os produtores regionais. Palavras-chave: Cucumis melo L., hidroponia, qualidade dos frutos. ABSTRACT Hydroponic melon production in NFT system The melon (Cucumis melo L.) is a crop very much appreciated and of great popularity worldwide, especially in Brazilian production. The size of the fruit now receives attention of producers and researchers, and the worldwide trend is to produce fruits of smaller size. The cultivation of melon plants in NFT hidroponic system allows relevant factors for significant increases in productivity and product quality. This study aimed to evaluate the productive potential of melon in a hydroponic system in the region of Uberaba and the number of fruits per plant more suitable for these conditions. The experiment was conducted by the Setor de Hortaliças da FAZU in Uberaba - MG. The experimental design was a randomized block with three treatments (pre-set number of fruits per plant, 1, 2 and 3) in four repetitions, the average weight, diameter and total soluble solids of fruits. It is concluded that there was no significant difference between the parameters and number of fruit per plant, and these results contrary to those found in the literature. Fruit quality was below the recommended minimum standards for commercial melon, mainly due to the growing season and plant health problems that affected the culture. Due to the conflicting results of the work with the melon, the few existing information and the lack of tradition in cultivation of this species

Page 2: Produção de melão hidropônico em sistema NFT · emprego de ácido sulfúrico e a condutividade elétrica (CE) medida logo após o preparo da solução foi 2,24 dS.m-1. A solução

MENDONÇA RM. 2011. Cultivo de melão hidropônico em sistema NFT. Horticultura Brasileira 29: S250-S257

Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S251

in Uberaba, other studies are needed to transform the culture of melon an alternative to regional producers.

Keywords: Cucumis melo L., hydroponic,

fruit quality.

INTRODUÇÃO

O melão (Cucumis melo L.) é uma olerícola muito apreciada e de grande popularidade no mundo.

De acordo com Fontes e Puiatti (2005), os diferentes tipos de melões foram originados na Índia ou

na África. No Brasil, o meloeiro é conhecido desde o século XVI, quando foi trazido,

provavelmente, pelos escravos. Posteriormente, no século XIX, houve outra introdução, desta vez

pelos imigrantes europeus, quando se iniciou, de fato, a expansão da cultura nas regiões Sul e

Sudeste, chegando por volta da década de 1960 ao Nordeste.

A área cultivada com melão no mundo em 2008 ocupou 1,24 milhões de hectares, com uma

produção de 27,5 milhões de toneladas de frutos, o que proporcionou uma produtividade média de

22,1 t/ha. (FAO, 2010). O Brasil é um dos maiores produtores de melão da América do Sul, com

aproximadamente 18% da produção total. A Região Nordeste respondeu em 2006 por 96,13% da

produção brasileira. O maior produtor nacional é o estado do Rio Grande do Norte, que em 2006

produziu 49,11% do total no país (500.021 t), seguindo em ordem decrescente, pelos Estados do

Ceará, Bahia e Pernambuco. No ano de 2007 o melão alcançou o maior volume exportado de fruta

in natura, com 204,5 mil toneladas, tendo como principais destinos os países do continente Europeu

gerando receita de 128,21 milhões de dólares. (AGRIANUAL, 2009)

A variedade mais cultivada é a Inodorus, por apresentar maior conservação pós-colheita e maior

resistência ao transporte, entretanto deixa muito a desejar em termos de qualidade e principalmente

no teor de sólidos solúveis totais, a qual fica abaixo das variedades Cantalupensis e Reticulatus.

(FAGAN, 2005)

Entre as particularidades do mercado interno, o tamanho do fruto recebe hoje atenção de produtores

e pesquisadores, sendo que a tendência mundial é produzir frutos de tamanho menor,

acompanhando o número de membros de uma família (GUSMÃO, 2001 apud COSTA et al., 2004

a). O tamanho do fruto é obtido de acordo com a quantidade destes fixados por planta, ou seja,

frutos menores são resultantes do aumento do número de frutos na planta. A utilização de sistemas

fechados, como é o caso da hidroponia - NFT (Técnica do Fluxo Laminar de Nutrientes), mostra-se

promissor, e vem possibilitando aumento de produtividade de culturas olerícolas (SANTOS, 2000

apud FAGAN et al., 2009). O cultivo do meloeiro em hidroponia permite, dentre outras coisas, o

controle parcial das condições climáticas, menor aplicação de defensivos agrícolas, manejo

adequado da água e nutrientes de acordo com o desenvolvimento da cultura e fatores relevantes

para incrementos significativos na produtividade e qualidade do produto final. (CASAROLI et al.,

2004 citado por VARGAS et al., 2008).

Page 3: Produção de melão hidropônico em sistema NFT · emprego de ácido sulfúrico e a condutividade elétrica (CE) medida logo após o preparo da solução foi 2,24 dS.m-1. A solução

MENDONÇA RM. 2011. Cultivo de melão hidropônico em sistema NFT. Horticultura Brasileira 29: S250-S257

Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S252

Segundo Costa et al. (2004), há uma necessidade de estudos sobre o aprimoramento da solução

nutritiva para o cultivo do meloeiro, especialmente quanto ao ambiente e sistema de cultivo das

cultivares regionais utilizadas, e características mercadológicas desejadas. No Brasil é pequeno o

número de pesquisas com o melão rendilhado, e o aumento do número de produtores tem gerado

uma grande demanda por informações técnicas sobre a cultura, como a nutrição mineral e condução

da planta (PURQUERIO et al., 2003).

Com base no exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial produtivo do meloeiro em

cultivo hidropônico na região de Uberaba, bem como o número de frutos por planta mais adequado

para essas condições.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Setor de Hortaliças das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU),

em Uberaba – MG, localizada à longitude 47º57’ W, e latitude 19º44’ S e a altitude de 780m. O

clima é tropical quente e úmido, inverno frio e seco, classificado como Aw conforme o método

Koeppen. As médias anuais de precipitação e temperatura são de 1.474 mm e 23,2 ºC,

respectivamente.

A cultivar híbrida de melão utilizado foi o Bônus nº 2, sendo semeado no dia 20/08/2010 em

espuma fenólica com dimensões de 5,0 x 5,0 x 3,8 cm. As mudas permaneceram sobre bandejas de

isopor e foram irrigadas apenas com água nos primeiros 10 dias após a semeadura. Imediatamente

após a emergência, as mudas foram colocadas em um sistema hidroprônico NFT com canais de

tamanho pequeno (40 mm de diâmetro), e solução nutritiva de condutividade 1,8 mS.cm-1. O

transplantio foi realizado aos 30 dias após a semeadura, para um sistema hidropônico tipo NFT. Os

canais de cultivo foram constituídos de perfil hidropônico com 150 mm de diâmetro e declividade

de 2%, 18 m de comprimento, 0,85 m entre linhas e 1,10 m nos corredores. Dentro dos canais o

espaçamento adotado foi de 0,4 entre plantas.

A casa de vegetação contendo os canais possui pé-direito médio de 3m, coberta por plástico

transparente de espessura 150 micras e fechadas nas laterais com sombrite 30%. Utilizou-se um

reservatório de 1500 litros de solução, que teve o seu nível completado e o manejo da solução

realizado diariamente.A solução nutritiva utilizada baseou-se na solução adaptada de Martinez

(1997), recomendada para a cultura do pepino em NFT, contendo em mg L -1 200; 40; 165; 150;

133; 100; 0,3; 2,2; 0,6; 0,3; 0,05 e 0,05. mg L-1 de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Fe, Mn, Zn, Cu e Mo,

respectivamente.

Durante o período experimental, o pH da solução nutritiva foi mantido na faixa de 5,5 a 6,5 com

emprego de ácido sulfúrico e a condutividade elétrica (CE) medida logo após o preparo da solução

foi 2,24 dS.m-1. A solução nutritiva foi trocada a cada 4 semanas, com o objetivo de prevenir efeitos

negativos na planta, resultantes de desbalanços nutricionais.

Page 4: Produção de melão hidropônico em sistema NFT · emprego de ácido sulfúrico e a condutividade elétrica (CE) medida logo após o preparo da solução foi 2,24 dS.m-1. A solução

MENDONÇA RM. 2011. Cultivo de melão hidropônico em sistema NFT. Horticultura Brasileira 29: S250-S257

Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S253

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com três tratamentos (números

de frutos pré estabelecidos por planta, 1; 2 e 3) em quatro repetições, sendo que cada unidade

experimental foi constituída de 8 plantas.

As plantas foram conduzidas em haste única e tutoradas por um fitilho plástico de modo a

crescerem verticalmente. Foram deixados frutos nos brotos entre o 4° e 7° nó caulinar para a

fixação dos primeiros frutos correspondentes aos tratamentos com 1, 2 e 3; 7º e 10º nó caulinar para

a fixação do segundo fruto para os tratamentos com 2 e 3 frutos e partir do 10º nó caulinar para a

fixação do terceiro fruto para o tratamento com 3 frutos. A desbrota foi realizada após a fixação dos

frutos. Em todos os tratamentos, a haste lateral contendo o fruto e a haste principal tiveram seus

meristemas apicais eliminados. Uma vez estabelecido o número de frutos do tratamento, procedeu-

se a eliminação dos frutos excedentes.

A colheita teve início aos 60 dias após o transplantio. Os frutos foram colhidos quando verificado o

fechamento completo do rendilhamento e o fendilhamento próximo ao pedúnculo. A cultura teve o

ciclo completado em 90 dias. Após a colheita foram avaliados o peso médio do fruto, o teor de teor

de sólidos solúveis totais e o diâmetro do fruto.

Utilizou-se o programa ASSISTAT para realização das análises estatísticas, sendo que as variâncias

e interações significativas tiveram suas médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve diferença significativa entre o número de frutos fixados por planta e as características

avaliadas (Tabela 1). O número de frutos pré-estabelecidos por planta não influenciou

significativamente o peso do primeiro fruto colhido (Tabela 1). Os resultados observados diferiram

de Purquerio et al. (2003) e Costa et al. (2004), que verificaram redução no peso médio de frutos

colhidos por planta à medida que aumentou o número de frutos colhidos na própria planta,

concluindo que o aumento do número de frutos por planta determinou menor peso médio de frutos.

De acordo com Purquerio e Cecilio Filho (2005), a redução do peso médio à medida em que se

aumenta o número de frutos por planta é atribuído à menor relação fonte (área foliar) e dreno

(frutos). No presente trabalho os pesos médios dos frutos, observados na Tabela 1, foram

semelhantes aos encontrados por Purquerio et al. (2003) e Costa et al. (2004), e maiores em relação

aos pesos médios dos frutos de Gualberto et al. (2001) e Rizzo e Braz (2001), para a cultivar

“Bônus nº 2”. De acordo com Rizzo e Braz (2004), existe uma tendência do mercado consumidor

em preferir frutos com peso próximo a 1 kg.

Os primeiros frutos das plantas pré-fixadas com apenas um fruto, obteve maior diâmetro, porém não

houve diferença significativa entre os tratamentos (Tabela 1). Esses resultados diferiram de Charlo

et al. (2010), que encontraram diferenças significativas, onde as plantas conduzidas com dois frutos

Page 5: Produção de melão hidropônico em sistema NFT · emprego de ácido sulfúrico e a condutividade elétrica (CE) medida logo após o preparo da solução foi 2,24 dS.m-1. A solução

MENDONÇA RM. 2011. Cultivo de melão hidropônico em sistema NFT. Horticultura Brasileira 29: S250-S257

Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S254

proporcionaram maiores médias (13,45 cm), diferindo-se das plantas conduzidas com três frutos.

Este presente trabalho também diferiu de Queiroga et al., (2008), que observou o aumento do

diâmetro do fruto com a diminuição do número de frutos por planta. De acordo com Gualberto et

al. (2001), as plantas conduzidas com dois frutos por planta obtiveram maior média em relação ao

diâmetro do fruto.

As médias de diâmetro dos frutos do presente trabalho mostraram-se menores do que as encontradas

por Charlo et al. (2010) e Queiroga et al. (2008). Os valores médios dos diâmetros dos frutos,

observados na Tabela 1, foram semelhantes aos valores observados por Gualberto et al. (2001) e

Rizzo e Braz (2001).

De acordo com Rizzo e Braz (2004), para frutos de qualidade deseja-se menores valores de

diâmetro do fruto, pois indicam menores dimensões de cavidade interna. De acordo com Costa e

Pinto (1977 citado por Rizzo e Braz, 2004), frutos com menor cavidade interna apresentam maior

resistência ao transporte e vida útil pós-colheita prolongada.

Segundo Costa et al. (2004), um dos fatores determinantes do tamanho final de um fruto é a

competição pelos assimilados durante o seu desenvolvimento. Quando a demanda de assimilados é

muito alta, o que pode ser conseguido com o aumento do número de frutos por planta, instala-se

uma forte competição por assimilados entre os frutos. De acordo com Duarte e Peil (2010), a

redução da relação fonte:dreno, através do aumento de três para quatro no número de frutos por

planta, não altera o crescimento vegetativo do meloeiro, mostrando que o aparecimento de um novo

fruto compete mais com os frutos remanescentes do que com os órgãos vegetativos.

Para o teor de sólidos solúveis totais, o maior valor observado ocorreu nos primeiros frutos das

plantas conduzidas com um fruto, porém não se verificou diferença significativa entre os

tratamentos (Tabela 1). Diferentemente deste presente trabalho, Purquerio e Cecilio Filho (2005),

Costa et al. (2004) e Purquerio et al. (2003), encontraram diferença significativa, observando que

havia diminuição no teor de sólidos solúveis totais à medida que aumentava-se o número de frutos

por planta.Os valores médios de sólidos solúveis totais observados na Tabela 1 mostraram-se muito

inferiores aos apresentados por Purquerio e Cecílio Filho (2005), Rizzo e Braz (2004), Gualberto et

al. (2001), Rizzo e Braz (2001), Costa et al. (2004 b) e Castoldi et al. (2008). De acordo com Rizzo

e Braz (2001), Os valores médios de ºBRIX entre 11-13 conferem ótima qualidade para a

comercialização, pois, para a exportação, os melões com ºBRIX acima de 12° são considerados

“extra”, entre 9-12 °BRIX comercializáveis. e os que possuem ºBRIX inferiores a estes valores não

são comercializáveis. Portanto, o valor encontrado no presente trabalho confere aos frutos uma

classificação de não comercializáveis.

O baixo teor de ºBRIX encontrados nos frutos do presente trabalho pode ser explicado pela época

em que foi realizado o plantio (inverno - primavera), onde ocorreram temperaturas médias abaixo

Page 6: Produção de melão hidropônico em sistema NFT · emprego de ácido sulfúrico e a condutividade elétrica (CE) medida logo após o preparo da solução foi 2,24 dS.m-1. A solução

MENDONÇA RM. 2011. Cultivo de melão hidropônico em sistema NFT. Horticultura Brasileira 29: S250-S257

Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S255

daquelas exigidas pela cultura nas fases de germinação, crescimento vegetativo e crescimento dos

frutos. Segundo Castoldi et al. (2008), o teor de sólidos solúveis depende da cultivar, além de ser

afetado pela baixa taxa de crescimento da planta, baixas temperaturas no período noturno na fase de

crescimento e período de maturação do fruto.

De acordo com Purquerio et al. (2003), temperaturas elevadas, respeitando-se o limite adequado às

cultura, atuam nos processos de metabolismo celular, transpiração e absorção iônica, atuando

favoravelmente e possibilitando que sejam obtidos teores de nutrientes no tecido foliar e produção

de frutos.

O período de condução do experimento, época considerada meia estação, também pode ter

contribuído para a baixa qualidade dos frutos produzidos devido menor comprimento do dia.

Segundo Costa et al. (2000), a redução da intensidade de luz ou o encurtamento do período de

iluminação determina uma menor área foliar, afetando a taxa fotossintética e a qualidade dos frutos.

Esse autor ainda considera que os fatores climáticos são os indicadores mais importantes na escolha

da região e época de plantio do meloeiro.

Os resultados obtidos não eram os esperados de acordo com os resultados encontrados na literatura.

A produção de frutos relativamente menores e com teor de °BRIX muito abaixo do ideal foi

influenciado pelo aparecimento de doenças fúngicas, que prejudicaram no final do ciclo da cultura e

também ao aparecimento de viroses transmitidas por insetos, uma vez que o tratamento feito com

inseticidas recomendados para a cultura não resultou em um controle eficaz.

A possível causa da entrada de fungos patogênicos nas plantas infectadas foi a realização de podas

estabelecidas para conduzir a cultura com apenas uma haste principal. Esse procedimento poderia

ser suprimido para a condução da cultura, uma vez que de acordo com Duarte e Peil (2010), no

meloeiro, os frutos competem por fotoassimilados com outros frutos, e o caule e as folhas atuam

como órgão único de estocagem temporária de assimilados, ou seja, são fontes de assimilados,

indicando que o meloeiro se adapta à baixa demanda de drenos através do acúmulo de

fotoassimilados nos órgãos vegetativos. Portanto, fatores como a época de plantio, a sanidade da

cultura, a cultivar escolhida e os tratos culturais adotados contribuíram para que o primeiro fruto de

cada planta na cultura do meloeiro apresentassem um desempenho abaixo dos padrões de qualidade

desejáveis.

REFERÊNCIAS

AGRIANUAL – Anuário da Agricultura Brasileira. 2009. FNP Consultoria & Comércio, São Paulo, p. 381 – 384. CASTOLDI R; CHARLO HCO; VARGAS PF; BRAZ LT. 2008. Qualidade de frutos de cinco híbridos de melão rendilhado em função do número de frutos por planta. Revista Brasileira de

Fruticultura, Jaboticabal, v. 30, n. 2, 455-458.

Page 7: Produção de melão hidropônico em sistema NFT · emprego de ácido sulfúrico e a condutividade elétrica (CE) medida logo após o preparo da solução foi 2,24 dS.m-1. A solução

MENDONÇA RM. 2011. Cultivo de melão hidropônico em sistema NFT. Horticultura Brasileira 29: S250-S257

Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S256

CHARLO HCO; CASTOLDI R; VARGAS PF.; BRAZ, LT. 2010. Cultivo de melão rendilhado com dois e três frutos por planta. Horticultura Brasileira 27:251-255. COSTA CC; CECILIO FILHO AB; CAVARIANNI RL; BARBOSA, JC. 2004. Produção do melão rendilhado em função da concentração de potássio na solução nutritiva e do número de frutos por planta. Horticultura Brasileira 22: 23-27. COSTA, ND; DIAS, RCS; FARIA, CMB; TAVARES, SCCH; TERAO, D. 2000. Cultivo do melão. Petrolina: Embrapa Semi-Árido. Circular Técnica 59. 67p. DUARTE TS; PEIL RMN. 2010. Relações fonte:dreno e crescimento vegetativo do meloeiro. Horticultura Brasileira 28: 271-276 FAGAN EB; PETTER SL; SIMON J; BORCIONI E; LUZ JL; MANFRON PA. 2009. Eficiência do uso de água do meloeiro hidropônico. Bioscience Journal 25: 37-45. FAO: Agricultural Production ,Primary Crops. Disponível em: <http://www.fao.org>. Acesso em: 06 agosto de 2010. FONTES PCR; PUIATTI M. 2005. Cultura do melão. In: FONTES, Paulo Cezar Rezende. Olericultura: teoria e prática. Viçosa, MG: Ed. UFV, Cap. 26, p. 407-428. GUALBERTO, R; RESENDE, FV; LOSASSO, PHL. 2001. Produtividade e qualidade do melão

rendilhado em ambiente protegido, em função do espaçamento e sistema de condução. Horticultura

Brasileira 19: 373-376. MARTINEZ HEP 1997. Formulações de solução nutritiva para cultivos hidropônicos comerciais. FUNEP, Jaboticabal, 31 p. PURQUERIO LFV; CECILIO FILHO AB; BARBOSA JC. 2003. Efeito da concentração de nitrogênio na solução nutritiva e do número de frutos por planta sobre a produção do meloeiro. Horticultura Brasileira 21: 186-191. PURQUERIO LFV; CECILIO FILHO AB. 2005. Concentração de nitrogênio na solução nutritiva e número de frutos sobre a qualidade de frutos de melão. Horticultura Brasileira 23: 831-836. QUEIROGA RCF; PUIATTI M; FONTES PCR; CECON PR. 2008. Produtividade e qualidade de frutos de meloeiro variando número de frutos e de folhas por planta. Horticultura Brasileira 26: 209-215. RIZZO AAN; BRAZ LT. 2004. Desempenho de linhagens de melão rendilhado em casa de vegetação. Horticultura Brasileira 22: 784-788. RIZZO AAN; BRAZ LT. 2001. Características de cultivares de melão rendilhado cultivadas em casa de vegetação. Horticultura Brasileira 19: 370-373. VARGAS P F; CASTOLDI R; CHARLO HCO; BRAZ LT. 2008. Qualidade de melão rendilhado (Cucumis melo L.) em função do sistema de cultivo. Ciência e Agrotecnologia 32: 137-142. TABELA 1 - Médias de massa fresca (MFF), diâmetro (DIAM) e teor de sólidos solúveis totais (°BRIX) nos primeiros frutos fixados pelo meloeiro, 'Bônus nº 2', cultivado em hidroponia, em função do número de frutos por planta. FAZU, Uberaba (MG), 2010. Matter fresh (MFF), diameter (DIAM) and total soluble solids (° Brix) in the first set by melon fruit, 'Bonus no 2', grown in hydroponics with different number of fruits per plant. FAZU, Uberaba (MG), 2010.

Nº DE FRUTOS POR PLANTA MFF DIAM °BRIX

g/fruto cm % 1 0.7915 a 10.7806 a 8.9562 a

2 0.7396 a 10.4998 a 8.7321 a 3 0.8007 a 10.6975 a 8.2875 a

CV (%) 7,6833 2,2651 6,7523

Page 8: Produção de melão hidropônico em sistema NFT · emprego de ácido sulfúrico e a condutividade elétrica (CE) medida logo após o preparo da solução foi 2,24 dS.m-1. A solução

MENDONÇA RM. 2011. Cultivo de melão hidropônico em sistema NFT. Horticultura Brasileira 29: S250-S257

Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S257

1Médias na coluna, seguidas de mesma letra, não diferem entre si, pelo teste de Tukey 5%.


Top Related