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Processo nº 325-71.2012
Natureza: Ação Penal
Réus: Edvaldo Pedro Neto, Laudeci Nogueira da Silva e Janaína Campos Sá Mendonça
Advogado: Bel. Carlos Antônio dos Santos Marques
S E N T E N Ç A
Vistos, etc...
O Representante do Ministério Público Eleitoral ofereceu Denúncia contra Edvaldo Pedro Neto,
Laudeci Nogueira da Silva e Janaína Campos Sá Mendonça, qualificados nos autos às fls.
03/04, como incursos nas penas do art, 11, III, da Lei n° 6.091/74 e do art. 39, §5°, III, da Lei n°
9.504/1997.
A Denúncia (fls. 03/06) foi acostada ao I.P. n° 552/2012, e foi recebida em 30/10/2012, às fls.
86. Citação (fls. 97). Depoimentos pessoais, às fls. 124/130. Defesa prévia, às fls. 132.
Audiência, às fls. 164/172.
Nas alegações finais o Representante do Ministério Público Eleitoral pugnou pela procedência
parcial da peça acusatória (fls. 173/178). A Defesa (fls. 180/190) pugnou pela absolvição, ante
a atipicidade das condutas.
Cumpre registrar a inclusão neste feito dos autos de apresentação e apreensão (fls. 35/36, 48
e 49/50), do certificado de registro e licenciamento de veículo (fls. 37), e dos recibos de
pagamento de salário (fls. 38/39). Certidões e folhas de antecedentes criminais (fls. 91/96).
Vieram-me os autos conclusos para sentença em 21.10.2013.
É, em suma, o Relatório.
Passo a decidir.
Nenhuma preliminar foi suscitada. Cumpre salientar que o feito foi regularmente instruído,
estando isento de vícios ou nulidades, sem falhas a sanar. Foram observados os princípios
constitucionais da ampla defesa e do contraditório, art. 5º, LV, da Constituição Federal, além de
inocorrência da prescrição.
DA AUTORIA E MATERIALIDADE
Cuida-se, portanto, de apuração em ação penal eleitoral, desencadeada em relação aos réus
Edvaldo Pedro Neto, Laudeci Nogueira da Silva e Janaína Campos Sá Mendonça, acusados
pela prática dos delitos tipificados no art, 11, III, da Lei n° 6.091/74 e no art. 39, §5°, III, da Lei
n° 9.504/1997.
Consta que no dia das eleições municipais de 2012, por volta das 10h, os réus Edvaldo Pedro
Neto e Laudeci Nogueira da Silva foram presos em flagrante delito, na zona urbana desta
cidade, conduzindo dois eleitores às suas seções de votação em veículo particular, FIAT UNO
WAY, placa PFA-0646, de propriedade da ré Janaína Campos Sá Mendonça.
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Consta, ainda, que foi apreendido, no interior do veículo, farto material de propaganda eleitoral
de candidatos da Coligação Frente Popular, tendo se constatado que todos os réus
funcionavam na campanha do candidato a prefeito José Patriota, e na de candidato a vereador
vinculado a esta coligação.
O réu Edvaldo Pedro Neto, em juízo (fls. 124/126), negou os fatos narrados na denúncia e
alegou que: "QUE na realidade estava fazendo um favor a Janaina Campos Sá Mendonça que
tinha lhe pedido para transportar o Sr. Manoel e a Dona Terezinha; QUE Janaina lhe pediu isso
na sexta-feira ou no sábado anterior a eleição, e lhe levou a residência do casal para lhe
mostrar o endereço e lhe apresentar aos mesmos; (...); QUE no dia da eleição por volta das
08:10 horas da manhã pegou o carro Fiat uno, conforme descrito na denúncia das mãos da
própria Janaína; (...); QUE pegaram os eleitores e estavam se dirigindo ao Colégio Normal
onde os mesmos disseram que votavam; QUE quando estava no caminho foi abordado pela
promotora eleitoral e equipe de policiais; QUE naquela ocasião justificou-se dizendo que o
casal de idosos eram seus tios; QUE disse isso porque se sentiu intimidado; QUE não foi
coagido em nenhum momento e foi tratado com educação tanto pela promotora quanto pelos
policiais; QUE naquele mesmo momento descobriu-se que a sua versão não era verdadeira, ou
seja, o casal de idosos não eram seus tios; (...); QUE Janaina também lhe disse que após o
casal votar levassem os mesmos de volta para casa; QUE neste mesmo dia um pouco antes
destes fatos estava com o candidato a vereador Cesar Tenório, no interior deste mesmo
veiculo, parado em uma esquina nas proximidades do Colégio Monsenhor; QUE foi abordado
por policiais e lhe pediram para que retirasse o carro da esquina e presenciou quando a
promotora eleitoral disse ao candidato a vereador que não queria mais vê-lo na rua naquele
dia; QUE afirma que foi o candidato a vereador que pediu para que ele interrogando parasse
naquela esquina, pois iria conversar com alguma pessoa; QUE afirma que não levaram
nenhum eleitor para o Colégio Monsenhor e que depois disso o candidato a vereador foi para
casa; QUE tanto ele interrogando quanto Laudeci Nogueira trabalharam na campanha de
Cesar Tenório como voluntário; (...); QUE: tinha conhecimento que Janaina Campos trabalhava
voluntariamente na campanha do vereador Cesar Tenório; (...)".
O réu Laudeci Nogueira da Silva, em juízo (fls. 127/128), negou os fatos narrados na denúncia
e alegou que: "QUE quando entrou no carro Edivaldo lhe disse que o carro pertencia a Janaina,
sem que ele interrogando perguntasse; QUE nos finais de semana pedia voto as pessoas mais
próximas para a frente popular e especificamente para o candidato a vereador Cesar Tenório;
QUE não sabe informar se o candidato Cesar Tenório estava neste mesmo veiculo no dia dos
fatos, momentos antes da abordagem; QUE Edivaldo não lhe falou que estava com Cesar
Tenório neste mesmo dia; QUE nunca tinha visto o casal que estava sendo transportado; QUE
Edivaldo não lhe falou que estava levando este casal para votar; (...)".
A ré Janaína Campos Sá Mendonça, em juízo (fls. 129/130), confirmou os fatos narrados na
denúncia e alegou que: "QUE realmente o carro descrito na denuncia é de sua propriedade e
foi apreendido no momento em que fazia o transporte de dois eleitores; QUE se tratava de dois
idosos; QUE o Sr. Manoel tinha problema no pé; QUE realmente pediu ao Sr. Edivaldo Pedro
Neto que pegasse os eleitores e levassem a onde eles votassem; QUE voluntariamente
trabalhava no porta a porta da frente popular; QUE já conhecia estes eleitores de outros
trabalhos porta a porta e nenhum candidato lhe pediu que transportasse estes eleitores;
(...);QUE como tem costume de jogar tudo na mala do carro, é verdade que lá existiam
bandeiras de comícios, camisas, uma pasta e acredita que também poderia ter panfletos; QUE
não se recorda se no interior do veiculo existiam panfletos; QUE soube que o Laudeci estava
no carro, pois tinha pedido uma carona ao Edivaldo; QUE sabe que o Laudeci trabalha os três
expedientes, mas nos finais de semana pedia votos para a frente popular e para o candidato a
vereador Cesar Tenório; QUE também era o candidato a vereador dela interrogando; QUE
afirma que só soube na DEPOL que Cesar Tenório estava no seu veiculo logo cedo e que tinha
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sido abordado pela promotora eleitoral e pediu que ele não ficasse transitando na rua; QUE
conhece o réu Edivaldo Pedro Neto desde agosto deste ano; QUE foi através de Cesar Tenório
que conheceu o réu Edivaldo; QUE como sabia que o Sr. Manoel e a Dona Terezinha e não
tinham como se locomover, e também lhe pediram para ajudá-los, ela interroganda por saber
que Edivaldo tinha habilitação pediu ao mesmo para lhe fazer este favor, ou seja, transportar o
casal de idosos; QUE tinha contato com Edivaldo, na casa de Cesar ou na casa do próprio
Edivaldo; QUE como fazia porta a porta e distribuía os santinhos da campanha de seu
candidato é possível que os panfletos que estavam com os eleitores possa ser os mesmos,
porém não tem como afirmar; (...)".
A prova testemunhal corrobora o fato narrado na denúncia, e não sustentam as alegações dos
réus Edvaldo Pedro Neto e Laudeci Nogueira da Silva de que não tinham ciência do transporte
irregular de eleitores. Ambos participavam ativamente da campanha eleitoral, como se
depreende dos próprios depoimentos pessoais.
O réu Edvaldo Pedro Neto já tinha sido advertido pela então promotora de justiça eleitoral, na
mesma data, por estar neste mesmo veículo, na companhia do candidato a vereador César
Tenório, parado nas proximidades de local de votação.
E tal candidato a vereador é o mesmo candidato para quem o réu Laudeci Nogueira da Silva
trabalhava nos finais de semana, pedindo voto, fazendo porta a porta, não sendo crível a sua
alegação de estar pegando uma simples "carona" . Ademais, a simples "carona" se deslocava
em sentido diametralmente oposto ao seu destino.
O réu Edvaldo Pedro Neto tinha tanta ciência do transporte irregular dos eleitores que ao ser
abordado pela polícia e pela então promotora de justiça eleitoral alegou que Manoel Pereira da
Silva e Teresa Alves da Conceição eram seus tios, o que se comprovou como uma inverdade.
A ré Janaína Campos Sá Mendonça, proprietária do veículo utilizado para o transporte irregular
dos eleitores, além de trabalhar para a Coligação da Frente Popular como fiscal no dia das
eleições, durante toda a campanha eleitoral trabalhou fazendo porta a porta no bairro Padre
Pedro Pereira, ocasião em que conheceu os eleitores transportados. Além disso, trabalhava
em cargo comissionado na prefeitura deste município, e é companheira do irmão do então
prefeito Antônio Valadares, pertencente à mesma coligação.
Os próprios transportados, Manoel Pereira da Silva e Teresa Alves da Conceição, pessoas
idosas e humildes, confirmaram, via de consequência, a intenção da obtenção de seus votos
ao passo que afirmaram que há muitos anos tinham deixado de votar. E afirmaram que a ré
Janaína Campos Sá Mendonça tinha estado em sua residência um mês antes das eleições e
também nos dias que a antecederam, dizendo que mandaria um carro para levar os dois para
sessão de votação. Com o mesmo modus operandi o candidato a vereador também esteve na
residência dos idosos para confirmar se iriam votar. E, ainda, a senhora Teresa Alves da
Conceição confirmou que recebeu um "santinho" com a fotografia, nome e numero dos
candidatos a prefeito Patriota e a vereador Ednar Charles.
Cabe, ainda, mencionar, como bem destacou o Representante do Ministério Público Eleitoral,
que na fase inquisitorial, Edvaldo Pedro Neto afirmou que Laudeci Nogueira da Silva
testemunhou a sua conversa com Janaína Campos Sá Mendonça em sua residência e onde
acertou os detalhes da busca dos idosos aliciados, de tudo tendo plena ciência.
Quando ao tipo descrito no art. 39, §5°, III, da Lei n° 9.504/1997, não restou configurada a
distribuição de propaganda, embora tenha sido apreendido farto material de campanha no
porta-malas do veiculo de propriedade da ré Janaína Campos Sá Mendonça, e utilizado no
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transporte irregular de eleitores.
Destarte, impõe-se a condenação parcial dos réus Edvaldo Pedro Neto, Laudeci Nogueira da
Silva e Janaína Campos Sá Mendonça porquanto cabal e irrefutavelmente demonstrada a
materialidade do ilícito eleitoral, e da autoria delitiva, conforme autos de apresentação e
apreensão (fls. 35/36, 48 e 49/50), certificado de registro e licenciamento de veículo (fls. 37),
prova testemunhal e depoimentos pessoais.
DA FUNDAMENTAÇÃO
Ultimada a instrução, em razão do acima exposto, restou configurada a prática do crime
eleitoral tipificado no art. 11, III, c/c o art. 5°, ambos da Lei n° 6.091/74 - transporte irregular de
eleitores.
O tipo penal é de mera conduta, e o dolo específico restou configurado em relação aos réus
conforme se depreende do acima exposto, traduzindo-se no patrocínio de transporte para o fim
de angariar votos.
Segue jurisprudência acerca do crime de transporte irregular de eleitores, e que se adequa ao
presente caso:
RECURSO ELEITORAL - CRIME - TRANSPORTE DE ELEITOR - DOLO ESPECÍFICO -
COMPROVAÇÃO - ARTIGO 5º C/C ARTIGO 11, III, AMBOS DA LEI Nº 6.091/74 -
IMPROVIMENTO. Para a configuração do crime previsto no artigo 11, III c/c artigo 5º, ambos
da Lei nº 6.091/74, é preciso que o transporte tenha sido praticado com o fim explícito de aliciar
eleitores. Tendo sido possível verificar na espécie a presença do dolo específico na conduta do
réu, e como ficaram caracterizadas nos autos a materialidade do delito e a autoria do crime,
mantém-se na sua totalidade a sentença de primeiro grau que condenou o réu. (TRE-RN -
REL: 8421 RN, Relator: FERNANDO GURGEL PIMENTA, Data de Julgamento: 25/08/2009,
Data de Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 16/09/2009, Página 2)
RECURSO - CRIME ELEITORAL - TRANSPORTE IRREGULAR DE ELEITORES - DOLO
ESPECÍFICO - DEMONSTRAÇÃO - DESPROVIMENTO. Configura-se o crime de transporte
irregular de eleitores, impondo-se a manutenção da sentença condenatória, quando
demonstrada a intenção de obter vantagem eleitoral no oferecimento de transporte a eleitor no
dia do pleito para local de votação. (TRE-RN - REL: 500845 RN, Relator: ARTUR CORTEZ
BONIFÁCIO, Data de Julgamento: 05/02/2013, Data de Publicação: DJE - Diário de justiça
eletrônico, Data 08/02/2013, Página 08)
RECURSO CRIMINAL. DENÚNCIA. PRÁTICA DO CRIME DESCRITO NO ART. 11, III, c/c art.
5º da Lei 6.091/74. TRANSPORTE IRREGULAR DE ELEITORES. DECRETO
CONDENATÓRIO. PROVAS SUFICIENTES. SENTENÇA CONFIRMADA. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. É irregular o transporte de eleitores no dia das eleições com
fins de obter o voto em proveito de determinado candidato. Constatada a presença de
elementos a justificar a persecução penal, impõem-se a confirmação da sentença penal
condenatória. (TRE-AL - RPCE: 38 AL, Relator: LUCIANO GUIMARÃES MATA, Data de
Julgamento: 22/07/2010, Data de Publicação: DEJEAL - Diário Eletrônico da Justiça Eleitoral
de Alagoas, Tomo 137, Data 28/07/2010, Página 02)
EMENTA: CRIME ELEITORAL - TRANSPORTE IRREGULAR DE ELEITORES - ART. 11, III
C/C ART. 10º, AMBOS DA LEI Nº 6091/74 - PROVA DO DOLO ESPECÍFICO OU ESPECIAL
FIM DE AGIR - ALICIAMENTO DE ELEITOR CONFIGURADO - CONDENAÇÃO - RECURSO
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DESPROVIDO. 1. Consoante entendimento firmado pela jurisprudência do Tribunal Superior
Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal, para a configuração do crime previsto no art. 11, III da
Lei nº 6.091/74, há necessidade de que o transporte seja praticado com a finalidade explícita
de aliciar eleitores e angariar votos. 2. Comprovada a execução de atos com o intuito de obter
o voto do eleitor transportado, utilizando-se de propaganda, pedido ou qualquer outro meio que
possa influenciar a vontade do eleitor para votar em determinado candidato, se aperfeiçoa o
tipo penal e é de rigor a condenação do infrator. (TRE-PR - PROC: 158 PR, Relator: REGINA
HELENA AFONSO DE OLIVEIRA PORTES, Data de Julgamento: 30/04/2009, Data de
Publicação: DJ - Diário de justiça, Data 13/05/2009)
Em que pese o esforço da Defesa na tentativa de negar o dolo especifico dos acusados, o
considero presente, e o faço a luz de todas as provas carreadas aos autos.
ANTE O EXPOSTO, com esteio no art. 387, do Código de Processo Penal, julgo
PARCIALMENTE PROCEDENTE a pretensão punitiva exposta na peça inaugural, para
CONDENAR os réus EDVALDO PEDRO NETO, LAUDECI NOGUEIRA DA SILVA e JANAÍNA
CAMPOS SÁ MENDONÇA, nas penas do art. 11, III, c/c o art. 5°, ambos da Lei n° 6.091/74,
ABSOLVENDO-OS, do delito tipificado no art. 39, §5°, III, da Lei n° 9.504/1997, com fulcro no
art. 386, VII, do Código de Processo Penal.
DOSIMETRIA PELO SISTEMA TRIFÁSICO DO ART. 68, DO CÓDIGO PENAL
(em relação ao réu EDVALDO PEDRO NETO)
Circunstâncias Judiciais
a- Culpabilidade: o acusado não agiu com dolo que ultrapasse os limites da norma penal, o que
torna sua conduta inserida no próprio tipo penal;
b- Antecedentes: não existe nos autos registro anterior de condenação transitada em julgado
por fato delituoso que venha desabonar essa circunstância;
c- Conduta social: poucos elementos foram coletados a respeito de sua conduta social, razão
pela qual deixo de valorá-la;
d- Personalidade do agente: não existe nos autos elementos suficientes à aferição da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la;
e- Motivos do crime: o motivo do delito se constituiu pelo desejo de obtenção de votos, o qual
já é punido pela própria tipicidade e previsão do delito;
f- Circunstâncias do crime: se encontram relatadas nos autos, nada tendo a se valorar;
g- Consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar.
Fixação da pena-base
Isto posto, tendo em vista que na espécie é cominada reclusão, de 04 (quatro) a 06 (seis) anos,
e multa, em virtude das circunstâncias analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão e 200 (duzentos) dias-multa, cada um no equivalente a um trigésimo
do salário mínimo vigente ao tempo do fato delituoso, observado o disposto pelo art. 60, caput,
do Código Penal, a qual torno definitiva por não concorrerem circunstâncias legais e/ou causas
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de diminuição ou de aumento de pena.
DOSIMETRIA PELO SISTEMA TRIFÁSICO DO ART. 68, DO CÓDIGO PENAL
(em relação ao réu LAUDECI NOGUEIRA DA SILVA)
Circunstâncias Judiciais
a- Culpabilidade: o acusado não agiu com dolo que ultrapasse os limites da norma penal, o que
torna sua conduta inserida no próprio tipo penal;
b- Antecedentes: não existe nos autos registro anterior de condenação transitada em julgado
por fato delituoso que venha desabonar essa circunstância;
c- Conduta social: poucos elementos foram coletados a respeito de sua conduta social, razão
pela qual deixo de valorá-la;
d- Personalidade do agente: não existe nos autos elementos suficientes à aferição da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la;
e- Motivos do crime: o motivo do delito se constituiu pelo desejo de obtenção de votos, o qual
já é punido pela própria tipicidade e previsão do delito;
f- Circunstâncias do crime: se encontram relatadas nos autos, nada tendo a se valorar;
g- Consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar.
Fixação da pena-base
Isto posto, tendo em vista que na espécie é cominada reclusão, de 04 (quatro) a 06 (seis) anos,
e multa, em virtude das circunstâncias analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos de reclusão e 200 (duzentos) dias-multa, cada um no equivalente a um trigésimo
do salário mínimo vigente ao tempo do fato delituoso, observado o disposto pelo art. 60, caput,
do Código Penal, a qual torno definitiva por não concorrerem circunstâncias legais e/ou causas
de diminuição ou de aumento de pena.
DOSIMETRIA PELO SISTEMA TRIFÁSICO DO ART. 68, DO CÓDIGO PENAL
(em relação à ré JANAÍNA CAMPOS SÁ MENDONÇA)
Circunstâncias Judiciais
a- Culpabilidade: reprovável, em vista de seu papel principal na articulação do ilícito, bem como
ante a propriedade do veiculo que efetivou o transporte irregular dos eleitores;
b- Antecedentes: não existe nos autos registro anterior de condenação transitada em julgado
por fato delituoso que venha desabonar essa circunstância;
c- Conduta social: poucos elementos foram coletados a respeito de sua conduta social, razão
pela qual deixo de valorá-la;
d- Personalidade do agente: não existe nos autos elementos suficientes à aferição da
personalidade do agente, razão pela qual deixo de valorá-la.
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e- Motivos do crime: o motivo do delito se constituiu pelo desejo de obtenção de votos, o qual
já é punido pela própria tipicidade e previsão do delito;
f- Circunstâncias do crime: se encontram relatadas nos autos, nada tendo a se valorar;
g- Consequências do crime: são normais à espécie, nada tendo a se valorar.
Fixação da pena-base
Isto posto, tendo em vista que na espécie é cominada reclusão, de 04 (quatro) a 06 (seis) anos,
e multa, em virtude das circunstâncias analisadas individualmente, fixo a pena-base em 04
(quatro) anos e 06 (seis) meses de reclusão e 200 (duzentos) dias-multa, cada um no
equivalente a um trigésimo do salário mínimo vigente ao tempo do fato delituoso, observado o
disposto pelo art. 60, caput, do Código Penal.
Circunstâncias Legais
Concorrendo a circunstância atenuante prevista no art. 65, III, "d" , do Código Penal, atenuo a
pena passando a dosá-la 04 (quatro) anos de reclusão e 200 (duzentos) dias-multa no valor
acima mencionado, a qual torno definitiva por não concorrerem circunstâncias agravantes e/ou
causas de diminuição ou de aumento de pena.
Como forma de detração, deve-se ser abatido desta pena o período em que os acusados
estiveram presos provisoriamente, conforme preceitua o art. 42, do Código Penal. A aplicação
da detração não deverá influenciar na fixação do regime inicial de cumprimento da pena.
Em vista do quanto disposto pelo art. 33, § 2º, "c" , do Código Penal, os réus deverão iniciar o
cumprimento da pena privativa de liberdade, anteriormente dosada, em regime aberto. Designo
audiência admonitória para especificação das condições do cumprimento da pena.
Concedo aos réus o direito de recorrer em liberdade. Caso exista recurso, expeça a Secretaria
as Cartas de Guia de Execução provisória da pena.
Condeno os réus ao pagamento das custas processuais, pro rata.
Por fim, após o trânsito em julgado desta decisão, tomem-se as seguintes providências:
a) Preencham-se os boletins individuais, encaminhando-os ao Instituto de Identificação
Tavares Buril (art. 809, do Código de Processo Penal);
b) Tenham os acusados seus nomes lançados no rol dos culpados (art. 5º, LVII, da
Constituição Federal e art. 393, II, do Código de Processo Penal);
c) Comunique-se o deslinde da relação processual ao Tribunal Regional Eleitoral de
Pernambuco, para os fins previstos no art. 15, III, da Constituição Federal;
d) Expeçam-se Cartas de Guia de Execução Definitiva da pena.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se. CUMPRA-SE.
Afogados da Ingazeira/PE, 30 de outubro de 2013.
MARIA DA CONCEIÇÃO GODOI BERTHOLINI
JUÍZA ELEITORAL DA 66ª ZE