Download - Prevenção do Suicídio
Prevenção do suicídio
Carlos Eduardo Sobreira Maciel
Diretor Clínico e médico assistente do Hospital Espírita André Luiz
Conceito
Suicídio: fenômeno multideterminado que resulta da interação complexa entre fatores sociais, psicológicos, biológicos, culturais e espirituais
Visão Espírita do Auto-Extermínio
FUGA do desespero e do sofrimento
SAÍDA para sentimentos de desesperança
ALÍVIO para dores físicas
Visão Espírita do Auto-Extermínio O Livro dos Espíritos (Parte Quarta,
Capítulo I)
- Vida é um bem indisponível - Auto-extermínio - grave transgressão da Lei
Divina
O Evangelho Segundo o Espiritismo (Capítulo 5)
- Doutrina Materialista X Doutrina Espírita
Epidemiologia
No mundo: - Uma pessoa se suicida a cada 20 segundos - Suicídio está entre as 10 principais causas de
morte no mundo ( entre as 3 - faixa etária entre 15 e 34 anos)
No Brasil: - 3 a 4 por 100.000 hab/ano- O país está entre os 10 países com maior índice de
ae (+ de 6000 casos/ano ; 24 pessoas dia/Brasil)
Epidemiologia
Para cada ae: há, em média, 5 ou 6 pessoas próximas que sofrem conseqüências emocionais, sociais e econômicas
Suicídio, evento raro:- As tentativas de ae - 20 vezes mais frequentes - Ideação de ae - 100 vezes mais frequentes
Prevenção do Suicídio
1- Orientações Gerais para auxiliar uma pessoa em risco de suicídio
2- Desconstrução de mitos
3- Cuidados médicos e psicoterápicos
4- Manejo dos fatores de risco para o suicídio
1- Orientações Gerais para auxiliar uma pessoa em risco de suicídio
Recomendadas pela OMS e pelo Ministério da Saúde (Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio)
Manual dirigido aos profissionais da área da saúde
1- Orientações Gerais para auxiliar uma pessoa em risco de suicídio
Sinais de alerta: - Comportamento retraído, inabilidade para se relacionar com a
família e amigos, pouca rede social- Doença psiquiátrica- Alcoolismo- Mudança de personalidade, irritabilidade, pessimismo ou
apatia- Sentimento de culpa, menos-valia ou vergonha- Perdas recentes- Desejo súbito de concluir afazeres pessoais, organizar
documentos, escrever um testamento;- Sentimentos de solidão, impotência, desesperança- Cartas de despedida- Doença física crônica, limitante ou dolorosa- Evidências de comportamento auto-lesivo e cicatrizes de
lesão auto-infligidas - Menção repetida de morte ou ae
1- Orientações Gerais para auxiliar uma pessoa em risco de suicídio
A importância do contato inicial:
- Lugar adequado - Reservar o tempo - Escutar efetivamente
1- Orientações Gerais para auxiliar uma pessoa em risco de suicídio
Como se comunicar : - Ouvir atentamente, com calma- Entender os sentimentos da pessoa (empatia)- Dar mensagens não verbais de aceitação e
respeito- Expressar respeito pelas opiniões e pelos valores
da pessoa- Conversar honestamente - Mostrar sua preocupação, seu cuidado e sua
afeição- Focalizar nos sentimentos da pessoa
1- Orientações Gerais para auxiliar uma pessoa em risco de suicídio
Como não se comunicar :- Interromper muito frequentemente- Ficar chocado ou muito emocionado- Dizer que você está ocupado- Fazer o problema parecer trivial- Tratar a pessoa de uma maneira que possa colocá-
lo numa posição de inferioridade- Dizer simplesmente que tudo ficará bem- Fazer perguntas indiscretas- Emitir julgamentos (certo x errado)
2- Desconstrução de mitos
Afirmações muito comuns:
- “Pessoas que cometem suicídio são fracas e egoístas”
- “Falar aos pacientes sobre suicídio aumenta o risco de suicídio”
- “Pessoas que falam sobre suicídio ou que fazem tentativas de baixa letalidade não cometem suicídio”
2- Desconstrução de mitos
Mito: pessoas que cometem suicídio são fracas e egoístas
Realidade: muitas (até 90%) sofrem de doenças mentais graves
2- Desconstrução de mitos
Mito: Falar aos pacientes sobre suicídio aumenta o risco de suicídio
Realidade: Falar não induz ao suicídio, pelo contrário é o primeiro passo para evitá-lo
2- Desconstrução de mitos
Mito: Pessoas que falam sobre suicídio ou que fazem tentativas de baixa letalidade não cometem suicídio (“Paciente difícil”)
Realidade: Ideação e tentativas de suicídio são fatores de risco para suicídio
Como ajudar o paciente “difícil”: Porque é desafiador?
Como vencer esta barreira?1º Conscientização das reações2º Administração das reações3º Evitar cair em armadilhas4º Compreender estas pessoas
1º - Conscientização das reações
Respostas emocionais comuns Raiva, frustração, indiferença, ansiedade, medo
Respostas cognitivas comuns Essa pessoa é fraca, repulsiva, só está tentando chamar a
atenção, está me manipulando. Eu sou incompetente porque não consigo ajudá-la. Se essa
pessoa morrer será minha culpa. Eu devo salvá-a, devo protegê-la.
Respostas comportamentais comuns Evitação, rejeição, envolvimento excessivo, superproteção,
papel inapropriado de cuidador, paternalismo
2º - Administração das reações
Avaliação não julgadora
Formular decisões assistenciais objetivas
Auxílio de terapeuta?
3º - Evitar cair em armadilhas
Assumir responsabilidade inadequada, excessiva sobre a vida do paciente
Criar dependência Manipulação Perda de limites pessoais Envolvimento excessivo Permissividade
4º - Compreender estas pessoas
Pessoas que tentam suicídio com freqüência e com baixa letalidade
Pessoas com tendência suicida crônica
Todas necessitam de auxílio médico e/ou psicoterápico, suporte familiar/social
3- Cuidados médicos e psicoterápicos
Avaliação médica
Psicoterapia
Trabalho em equipe
Capacitação de médicos generalistas
Avaliação médica1ª Identificação dos fatores de proteção e de
risco de suicídio
2ª Determinação do contexto apropriado para o tratamento
3ª Desenvolvimento do diagnóstico diferencial para planejar o tratamento
Psicoterapia Fundamental no tratamento das
psicopatologias,da personalidade e do comportamento suicida
Proposta de reflexão
Alvos de intervenção: Ambivalência Impulsividade Rigidez
O trabalho em equipe Importância do trabalho multidisciplinar
Exemplo do HEAL: Participação do Departamento de Assistência Espiritual
Equipes dos centros de atenção psicossocial (CAPS): “Rede de proteção social”
Capacitação de generalistas 2/3 das pessoas que cometem ae
procuram atendimento no mês anterior com profissionais da área de saúde
Referência bibliográfica (estudo realizado na Suécia):
Rutz W, Vankorning L, Walinder L (1989). Frequency of suicide on Gotland after systematic postgratuate educacion of general practitioners. Acta Psychiatra Scandinavica 80, 151-154.
4- Manejo dos fatores de risco e dos fatores de proteção do ae
Avaliação médica: Identificação dos fatores
Prevenção: Intervenção nos fatores modificáveis: médicos, psicológicos, comportamentais, ambientais, psicossociais, etc
Fatores de proteção contra o suicídio
Saúde mental Estar empregado Crianças em casa Senso de responsabilidade para com a família Gravidez Satisfação com a vida positiva Capacidade de adaptação positiva Apoio social positivo Relação terapêutica positiva Crenças religiosas*
Espiritualidade: Fator de proteção contra o suicídio
Diminuem 4 a 7 vezes as taxas de suicídio Referências bibliográficas:
1- Nishet PA, Duberstein PR, Conwell Y, Seidlitz L. The effect of participacion in religious activities on suicide versus natural death in adults 50 and over. J NERV MENT DIS. 2000;188:543-6.
2- Hilton SC, Fellingham GW, Lyon JL. Suicide rates and religious commitment in young adult males in Utah. AM J EPIDEMIOL. 2002; 155:413-9.
Fatores de risco para o suicídio Idade (Adolescentes/adultos jovens e idosos) Gênero (Homens) História pregressa de tentativas de ae Tendência suicida presente Diagnóstico psiquiátrico História individual (médica, familiar e
psicossocial) Características da personalidade
idade Idosos - Menor resistência - Polifarmácia - Atraso do socorro
Adolescentes/adultos jovens - Início das patologias mentais
Juventude e suicídio: Como saber se mudanças ocorridas na adolescência são benignas ou potencialmente perigosas?
Sinais de alerta para risco aumentado de suicídio na
juventude Afastamento da família Afastamento dos amigos e atividades sociais Perda de interesse em atividades antes prazerosas Descuido com a aparência Mudança significativa de peso Alterações do sono Comentários auto-depreciativos constantes Uso de substâncias lícitas ou ilícitas Tristeza intensa Desesperança Irritabilidade ou agressividade aumentadas Descontrole emocional Imprudência e impulsividade aumentadas Preocupação excessiva com a morte ou pessoas que
cometeram ae Auto extermínio, morte e desesperança como temas de
conversas e trabalhos escolares
Gênero
Homens cometem mais ae do que as mulheres
Mulheres:- procuram mais ajuda para problemas emocionais - tem comportamento menos impulsivos- tendem a ser mais inseridas socialmente- escolhem meios de ae menos letais- gravidez e crianças pequenas em casa também
são fatores de proteção
História pregressa de tentativas de suicídio
50% das pessoas que cometem ae tinham ao menos uma tentativa prévia
Intervenção adequada a cada situação:- Doença crônica psicoterapia- Doença mental tratamento psiquiátrico- Ausência de suporte social ... etc
Tendência suicida presente
Ideação de suicídio - Quanto mais intensa e freqüente, maior o risco
Intenção de suicídio - Quanto mais alta, maior risco
Planos de suicídio - Quanto mais detalhado, maior o risco
Sintomas psiquiátricos Depressão secundária a doenças Ansiedade grave Ataques de pânico Desesperança Impulsividade Vergonha ou humilhação Ataques de raiva
Diagnóstico psiquiátrico Transtornos do humor (aumenta 20x)
Transtornos psicóticos (aumenta 10x)
Transtornos ansiosos (aumenta 10x)
Transtornos de personalidade Transtornos relacionados ao uso de
álcool e drogas (50% dos ae - uso de álcool)
Diagnóstico psiquiátrico Prevenção do ae:- Tratamento médico psiquiátrico- Tratamento psicológico- Estímulo à espiritualidade ou religiosidade
(independente da crença)
Terapêutica Complementar Espírita:- Fluidoterapia- Desobsessão- Estudo do Evangelho- Atendimento Fraterno
História individual História médica: Doenças físicas graves associadas a
comprometimentos funcionais, cognitivo, dor, desfiguração e dependência de terceiros aumentada.
História psicossocial: Ausência de apoio emocional ou social; Estado civil (solteiro, separado e viúvo)
História familiar: Suicídio na família, violência familiar, abuso ou negligência.
Características da personalidade Traços individuais da personalidade
Personalidades mais rígidas, dependentes, hostis
Prevenção: Psicoterapia
“A última liberdade humana é a capacidade de escolher a atitude pessoal que se assume diante de determinado conjunto de circunstâncias. Capacidade de erguer-se acima de todo o sofrimento”.
(Viktor Frankl – “Em Busca de Sentido”)
“Vinde a mim, vós que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”.
Jesus (Mateus 11:28)