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Srgio Aruana Elarrat Canto- Uma Anlise Ergonmica Aplicada ao Processo Extrativista do Aaizeiro PPGEP UFSC -2001
Processo Extrativista do Aa:Contribuio da Ergonomia com Basena Anlise Postural Durante a Coleta
dos Frutos
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Srgio Aruana Elarrat Canto- Uma Anlise Ergonmica Aplicada ao Processo Extrativista do Aaizeiro PPGEP UFSC -2001
Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Ps - graduao em Engenharia de Produo
Processo Extrativista do Aa:Contribuio da Ergonomia com Base naAnlise Postural Durante a Coleta dos
Frutos
Srgio Aruana Elarrat Canto
Dissertao apresentada ao Programa de Ps Graduaoem Engenharia de Produo da Universidade Federal de Santa
Catarina como requisito parcial para obteno do ttulo de Mestreem Engenharia de Produo
Florianpolisdezembro / 2001
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Srgio Aruana Elarrat Canto- Uma Anlise Ergonmica Aplicada ao Processo Extrativista do Aaizeiro PPGEP UFSC -2001 III
Processo Extrativista do Aa:Contribuio da Ergonomia com Base na Anlise
Postural Durante a Coleta dos Frutos
Srgio Aruana Elarrat Canto
Esta dissertao foi julgada e aprovada para a obteno do Ttulo deMestre em Engenharia de Produo no Programa de Ps-graduao em
Engenharia de Produo da Universidade Federal de Santa Catarina
Florianpolis, 11 de dezembro de 2001
Prof. Ricardo Miranda Barcia, Ph. DCoordenador do Curso
BANCA EXAMINADORA
Orientadora: Prof ,Dra.Leila Amaral Gontijo
Prof, Dra.Ana Regina de Aguiar Dutra
Prof, Dra.Silvana Bernardes Rosa
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DEDICATRIA
AOS AMAZNIDAS DE TODOS OS TEMPOS E DE TODAS AS ETNIAS,
QUE MOVIDOS PELO RESPEITO VIDA E NATUREZA, SE
EMPENHARAM PARA LEGAR ESPERANAS S GERAES
SEGUINTES.
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Srgio Aruana Elarrat Canto- Uma Anlise Ergonmica Aplicada ao Processo Extrativista do Aaizeiro PPGEP UFSC -2001 V
AGRADECIMENTOS
Felizmente foram muitos os colaboradores para que este trabalho se concretizasse.
Formaram uma verdadeira corrente da boa vontade por onde fluram muitas contribuies tcnicas
e pessoais. Deixando muitos motivos para agradecer. Especialmente pelo ensinamento de que
sempre possvel acrescentar mais um elo na corrente da boa vontade.
Meus agradecimentos para:
Sociedade brasileirapor ter me proporcionado meios de ensino pblico e gratuito, que
espero honrar dignamente revertendo os conhecimentos em benefcios para o pas, a
comear pela minha regio.
UFPA - Universidade Federal do Paronde tudo comeou e se manteve sempre
presente por meios dos setores:
o PROPESP- Pr - reitoria de Pesquisa extenso, com agradecimentos especiais a
Eliana e ngela.
o Centro Tecnolgico com agradecimentos especiais aos professores Sinfrnio
Brito e Antnio Malaquias
o DEM - Departamento de Engenharia Mecnica
o DEQ -Departamento de Engenharia Qumica, com agradecimentos especiais ao
prof Dr. Herv Rogez.
o NUMA- Ncleo de Meio Ambiente
o POEMA - Programa de Pobreza e Meio Ambiente na Amazniao NAEA- Ncleo de Meio Ambiente
o Academia Amaznia
o Centro Scio Econmico
UFSC - Universidade de Santa Catarina pela receptividade
o Departamento de Ps-graduao em Engenharia de Produo pela dignidade no
cumprimento do compromisso assumido
UNAMA-
Universidade da Amaznia
MPEG - Museu Paraense Emlio Goeldi, especialmente ao Dr. Mrio Jardim.
EMBRAPA - AP especialmenteaSilas Mochiutti, no estado do Amap
Prefeitura Municipal de Belm
o CODEM - Companhia de Desenvolvimento Metropolitano de Belm, em especial
aos arquitetos Eurico, Nestor, Vanja e Dirce
o SEGEP - Secretaria Municipal de Coordenao Geral do Planejamento e Gesto.
o Posto de Sade do Combu, em especial ao agente adm. Eduardo e a Dra. Graa
o SECON - Secretaria Munic ipal de Economia, especialmente a James Ribeiro de
Azevedo Governo do Estado Par
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Governo do Estado do Amap
o SEPLAN - Secretria de Planejamento
o IEPA - Instituto de Pesquisas Cientficas e Tecnolgicas do Estado do Amap,
especialmente a Joo Freitas.
Comunidade da Ilha do COMBU muito especialmente aos senhores Reinaldo e Rui
professora Helenice Coury, pesquisadora da UFSCar.
A minha Orientadora Leila Gont ijoque esteve muito presente na materializao da
pesquisa. Orientando e mostrando o melhor caminho.
Aos muitos amigos, que independente da distncia que se encontravam,
demonstrando solidariedade e contriburam para tornar este perodo confortvel, tanto
material como psicologicamente. E ainda reforaram o aprendizado moral. Foram muitos,
mas estaro bem representados por Ana Cludia Cardoso, Aluzio Cardoso, Celma Chaves,
Cleumara Kosmann, Fernando Mateus, Geovana Reis, Graciela Brocardo, Jerusa Marchi,Antnio J. Hernndez Fonseca, Joo Moraes Neto, Johnny Sena, Leonardo Lima, Sivaldo
Brito, Srgio Barra, Suzana Barreto dentre outros.
Aos meus pais amaznidas. Seguramente os meus amigos mais antigos e mais fiis
A minha Dta. Que mesmo se sacrificando me ofereceu apoio e amor incondicional.
Ao meu talentoso f ilhoarana Mrciopelo apoio recebido e por ter honrado o voto de
confiana que recebeu.
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A FLORESTA AMAZNICA TANTO PODE SER GENEROSA COMO CRUEL.
DEPENDE APENAS DO TRATAMENTO QUE RECEBA.Z DUA
UM AMAZNIDA
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Srgio Aruana Elarrat Canto- Uma Anlise Ergonmica Aplicada ao Processo Extrativista do Aaizeiro PPGEP UFSC -2001 VIII
SUMRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. XLISTA DE QUADROS ............................................................................................... XILISTA DE QUADROS ............................................................................................... XILISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................... XIIABSTRACT ............................................................................................................. XIV
CAPTULO 1 .......................................................................................... 15
1. INTRODUO ...................................................................................................... 151.2. Objetivos ............................................................................................................ 181.2.1. Objetivo Geral ........................................................................................................................ 18
1.2.2. Objetivo especfico ................................................................................................................. 181.3. Justificativa ......................................................................................................... 181.4. Mtodos e Tcnicas Empregados ...................................................................... 231.4.1. Pesquisas bibliogrficas ......................................................................................................... 231.4.2. Pesquisa de Campo ............................................................................................................... 241.4.3. Anlise Postural ..................................................................................................................... 241.4.1. Locais de pesquisa ................................................................................................................. 251.5 Estrutura da Pesquisa ......................................................................................... 27
CAPTULO 2 .......................................................................................... 28
2. AAIZEIRO - A PALMEIRA QUE CHORA .......................................................... 28
2.1. Os Registros Histricos ...................................................................................... 292.2. Aspectos Botnicos e Ecolgicos ....................................................................... 302.2.1. Caractersticas do Aaizeiro................................................................................................... 302.2.2. Ambiente de Ocorrncia:........................................................................................................ 332.2.3. Variedades ............................................................................................................................. 352.2.4. Florao, Frutificao e Safra ................................................................................................ 362.2.5. Frutos ..................................................................................................................................... 382.3 Os Mltiplos usos ................................................................................................ 392.3.1. A Polpa do Aa e Suas Propriedades ................................................................................... 402.3.2. O Palmito ................................................................................................................................ 42
CAPTULO 3 .......................................................................................... 45
3. TCNICAS E ESTRATGIAS DE PRODUO .................................................. 453.1. A Organizao do Trabalho ................................................................................ 473.2. Detalhamento ..................................................................................................... 493.2.1 Manejo do aa ........................................................................................................................ 493.3. As tcnicas de Produo com Manejo de aaizais ............................................ 503.4. Colheita .............................................................................................................. 543.4.1. A Colheita dos Frutos - "A escalada". .................................................................................... 573.5. A Debulha e Seleo .......................................................................................... 593.6. O Estratgico uso das Rasas ............................................................................. 603.7. Comercializao ................................................................................................. 613.7.1 - As feiras de frutos ................................................................................................................. 61
3.7.2. As Amassadeiras de aa ....................................................................................................... 63
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Srgio Aruana Elarrat Canto- Uma Anlise Ergonmica Aplicada ao Processo Extrativista do Aaizeiro PPGEP UFSC -2001 IX
CAPTULO 4 .......................................................................................... 66
4. MTODOS E TCNICAS ...................................................................................... 664.1 Os procedimentos empregados .......................................................................... 664.1.1. Coleta de dados ..................................................................................................................... 664.1 Observaes do Trabalho ................................................................................... 674.2 Protocolos de Anlise Postural ............................................................................ 68
CAPTULO 5 .......................................................................................... 76
5. A ANLISE DO TRABALHO DA COLETA DOS FRUTOS ................................. 765.1. A Ergonomia nas atividades Agrcolas ............................................................... 765.2. A Ambincia do Trabalho ................................................................................... 775.2.1. Caractersticas Sociais ........................................................................................................... 79
5.2.2. Anlise Epidemiolgica .......................................................................................................... 825.3. Anlise Postural da Coleta de Frutos ................................................................. 835.3.1 Perfil do Trabalhador-modelo .................................................................................................. 835.4. A Observao da Coleta do Aa ....................................................................... 845. 4.1. As Posturas Assumidas no Trabalho. ................................................................................... 855.5. Cronometragem ................................................................................................. 885.6. Aplicao dos Protocolos de Avaliaes Posturais ............................................ 905.7. Discusso dos Resultados das Avaliaes Posturais ........................................ 955.7.1. Resumo da Avaliao pelo Protocolo OWAS ........................................................................ 955.7.2. Resumo da Avaliao pelo Protocolo RULA .......................................................................... 965.7.3. Resumo da Avaliao pelo Protocolo RARME ...................................................................... 975.7.4. Comparao dos Resultados ................................................................................................. 98
CONCLUSES ....................................................................................................... 101REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................... 108
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - Mapa da rede de gerao e transmisso de energia eltrica gerenciadas pela ELETRONORTE,nota - se que os sistemas no se limitam aos estados da Regio Norte ............................................. 21
Figura 1.2- Indicaes dos locais das pesquisas de campo .............................................. ................................... 24
Figura 2.1 - O Aaizeiro (Euterpe Olercea) ...................................................... ................................................... 31
Figura 2.2 - Estipes do aaizeiro........................................................................................................................... 31
Figura 2.3 - Local de ocorrncia do aaizeiro (Euterpe Olercea) no Brasil ........................................................ 34
Figura 2.4.- Ambiente nativo dos aaizeiros ................................................................................................. ........ 34
Figura 2.5 -A)variedade Uma, B)Preto, C)Verde, D)Espada e E)paneiros, ou rasas, com frutos dasvariedades Preto e Verde ...................................................... ........................................................ ....... 36
Figura 2.6 -A)Detalhes da florao e da copa de um aaizeiro, B)Calho colhido com frutos maduros. ............ 37
Figura 2.7 -A)Frutos in natura, B)Caroos despolpados, C)Caroo secionadas eD)Esquema da seco. .... 38
Figura 2.8 - Utilizao dos aaizeiros: A)Pomar, B) Nas construes rurais, C ) Paisagismo Urbano, D)Material para artesanatos e vassouras rsticas ................................................................................... 40
Figura 2.9. aa do tipo grosso no momento do beneficiamento .................................. ........................................ 40
Figura 2.10 - Localizao do palmito na palmeira...................................................... ........................................... 43
Figura 3.1 - Composio da renda familiar derivada de produtos naturais na Ilha das Onas no ano de 1986 .. 46
Figura 3.2 - Variao na produo mensal de frutos e palmito (%) comercializados na Feira do Aa,municpio de Belm. ............................................................................................................................ 49
Figura 3.3 - Detalhes da escalada do estipe na colheita do aa ............................................................. ............. 55
Figura 3.4 - Vara usada no Sul do Par para colher os frutos do aaizeiro ......................................................... 55
Figura 3.5-- A)fibra do aaizeiro usada para tecer a peconha e B)- Peconha pronta e desgastada pelo uso. .... 57
Figura 3.6 - Cacho de aa maduro com destaque para a Boneca e o aa "tura" (maduro, com aspectoacinzentado). ............................................... ........................................................ ................................. 58
Figura 3.7.Ae B) Debulha, C) Seleo dos frutos; D) ;transporte na rasa ( Fotos da ilha do Combu) ............... 59
Figura 3.8 - Rasas:A) Usada para sementes de cacau, B) Com capacidade para 2 latas, ou 30kg (Par),C)Com capacidade para 1 lata, ou 15 kg (Amap), D)paneiro com capacidade para uma lata, ou15kg. .................................................................................................................................................... 61
Figura 3.9 - Rotinas da comercializao de aa .................................................................................................. 62
Figura 3.10 - Mquina eltrica de aa, em perspectiva, com corte parcial na carcaa ........................................ 64
Figura 3.11 -A- Aa com os produtos que tradicionalmente acompanham o consumo, B, C- e Dpontos de
vendas em locais diversos, com as placas indicativas, de cor vermelha ............................................. 65Figura 5.1 -A)Mapa do municpio de Belm, de 1905, que registra a ilha do Combu, dentre outras, B) atual
diviso Administrativa do Municpio de Belm e C)Imagem de Satlite da Ilha do Combu ................. 78
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LISTA DE QUADROSQuadro 2.1 - Usos do aa ........................................................ .................................................................... ........ 39
Quadro 3.2 - Tcnicas empregadas no manejo de aaizeiros ................................................... ........................... 52
Quadro 3.3 - Avaliao de procedimentos de coleta de aa .................................................... ........................... 56Quadro 4.1 - Legenda do cdigo de cores adotado nos protocolos de anlise postural ....................................... 69
Quadro 4.2 - Caractersticas do protocolo OWAS ................................................................................................ 70
Quadro 4.2-A- Planilha do protocolo OWAS ................................................. ........................................................ 71
Quadro 4.3 - Caractersticas do Protocolo RULA ............................... .................................................................. 72
Quadro 4. 3 - A - Planilha do Protocolo RULA ................................................ ...................................................... 73
Quadro 4.4 - Caractersticas do protocolo RARME ........................... ................................................................... 74
Quadro 4.4 - A - Planilha do Protocolo RARME.................................................................................................... 75
-Quadro 5.2 - Mapa da Ilha do Combu ................................................................................................................. 80
Quadro 5.3. - Imagens da Ilha do Combu ........................................................... .................................................. 81Quadro 5.4 - A acidentes e doenas mais comuns que ocorrem com o apanhador de aa ................................ 82
Quadro 5.5 - Descrio das posturas assumidas no trabalho .............................................................................. 86
Quadro 5.6 - Galeria das posturas selecionadas na coleta do Aa ..................................................................... 87
Quadro 5.7 - Cronometragem de um ciclo de trabalho ................................................... ...................................... 89
Quadro 5.8 - Resultado da Avaliao empregando o protocolo OWAS ................................................... ............. 91
Quadro 5.9 - Resultado da Avaliao empregando o protocolo RULA ................................................... .............. 92
Quadro 5.10 - Resultado da Avaliao pelo protocolo RARME .................................................... ........................ 93
Quadro 5.11 - Comparao dos resultados indicados pelos protocolos ......................................................... ..... 94
Quadro 5.12 - Resumo dos Resultados do Protocolo OWAS ..................................................... .......................... 95
Quadro 5.13 - Resumo dos Resultados do Protocolo RULA .............................................................. .................. 96
Quadro 5.14 - Resumo dos Resultados do Protocolo RARME ..................................................... ........................ 97
Quadro 5.15 - Resumo dos Resultados Considerados Mais Crticos ................................................................... 98
Quadro 5.16 - Condies Agravantes ........................................................ ......................................................... 104
Quadro 5.17 - Condies Atenuantes ........................................................... ...................................................... 106
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LISTA DE ABREVIATURAS
CEASA- Central de Abastecimento S/A
CODEM - Companhia de Desenvolvimento Metropolitano de Belm
DORT- Distrbios steo-musculares Relacionados ao Trabalho
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria
EPI- Equipamento de Proteo Individual
IEPA - Instituto de Pesquisas Cientficas e Tecnolgicas do Estado do Amap
LER - Leso por esforo Repetitivo
MPEG - Museu Paraense Emlio GoeldiMOPEPA - Movimento dos Pescadores do Par
NAEA - Ncleo de Meio Ambiente / Universidade Federal do Par
NUMA - Ncleo de Meio Ambiente / Universidade Federal do Par
OWAS -Ovako Working Posture Analysing System
OIT- Organizao Internacional do Trabalho
PDSA - Programa de Desenvolvimento Sustentvel do Amap
POEMA - Programa de Pobreza e Meio Ambiente na AmazniaPMA - Prefeitura Municipal de Macap
PMB - Prefeitura Municipal de Belm
RARME -Roteiro para Avaliao de Riscos Msculo - esquelticos
RDS- Reserva de Desenvolvimento Sustentvel
RULA - Rapid Upper Limb Assessment
SECON - Secretaria Municipal de economia do Municpio de Belm
SEPLAN - Secretria de Planejamento do Estado do Amap
UFPA - Universidade Federal do Par
UNAMA - Universidade da Amaznia
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RESUMO
O Aaizeiro (Euterpe Olercea, Mart) uma palmeira tpica da floresta amaznica
e muito expressiva para a cultura e para a economia. Fornece muitos produtosque auxiliam na sobrevivncia da populao local, especialmente para a
alimentao da populao ribeirinha do esturio amaznico, sendo os mais
importantes o palmito e principalmente a bebida aa, que obtida do fruto da
palmeira, um alimento tradicional e largamente consumido na Amaznia. Nos
ltimos anos o consumo vem se expandindo em outras regies do pas e do
mundo, ampliando as oportunidades de empregos e estimulando a economia
amaznica. A explorao do aaizeiro se d atravs de tcnicas prprias de
extrativismo, praticado intensamente por milhares de pessoas no esturio
amaznico. Esta pesquisa analisou, na ilha do Combu - Par, os aspectos
posturais do trabalho extrativista do aa, na fase de coleta dos frutos, para
diagnosticar as possveis conseqncias nocivas do trabalho na sade do
trabalhador. A pesquisa foi orientada pela metodologia da Anlise Ergonmica do
Trabalho e empregados os protocolos OWAS, RULA e RARME.
Palavras chaves:Aa amaznico, Extrativismo de aa, anlise postural, OWAS,
RULA, RARME
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Srgio Aruana Elarrat Canto- Uma Anlise Ergonmica Aplicada ao Processo Extrativista do Aaizeiro PPGEP UFSC -2001 XIV
ABSTRACT
TheAaizeiro (Euterpe Olercea, Mart)is a typical palm tree of amazon forest andvery expressive for the culture for the economy and especially for the feeding of
the riverine population of the amazon estuary. The aa palm originates many
products that aid in the survival of the local population. The most important of them
is the palm heart, and theAa drink, which is obtained from the fruit of the palm
tree and is a traditional food, broadly consumed in Amaznia. In the last years the
consumption has expanded to other regions of the country and of the world,
enlarging the opportunities of employments and stimulating the amazoneconomics. The exploration of the aa palm occurs by means of particular
extracting techniques practiced intensely by thousands of people in the amazon
estuary. The present research investigated, in the island of Combu in the State of
Par, the postural aspects of the extracting work of the aapalm in the phase of
recollection of the fruits using techniques of Ergonomic Analysis of the Work
through the OWAS, RULA and RARME protocols, aiming to diagnose the possible
noxious consequences of the work in the worker's health.
Key words: Amazons aa, Aai extracting, ergonomic, postural analysis,
OWAS, RULA, RARME
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CAPTULO 1
1. INTRODUO
O aaizeiro, denominado cientificamente como Euterpe Olercea Mart,
uma palmeira nativa da Amaznia e abundante nas reas de vrzeas daquela
regio, especialmente no esturio amaznico. Para os nativos, esta palmeira
representa uma importante fonte natural de recursos. POULLET (1998) consideraque o aa um dos produtos mais importantes da vida alimentar e cultural da
populao amapaense. ROGEZ (2000) vai alm ao afirmar que o aaizeiro a
palmeira mais produtiva do ecossistema que abriga a populao do delta do
Amazonas.
O aaizeiro pode fornecer madeira para construes rurais, palha para
coberturas, remdios, matria-prima para artesanato, corante. Mas, como fonte
de alimentos a sua primordial importncia. Oferece o palmito e o fruto, de onde extrado o suco do aa, tambm conhecido na Amaznia como vinho de aa.
Seguramente um dos mais populares e tradicionais recursos nutricionais das
populaes ribeirinhas de grande parte da Amaznia.
A extrao do Palmito na regio se iniciou nos anos sessenta. Motivada
pela quase extino dos palmiteiros da Mata Atlntica, o Euterpe Edulis, a
indstria de palmito do sul e sudeste do pas instalou-se na Floresta Amaznica e
passou a consumir vorazmente os aaizais. Sem dvida que nascia umaoportunidade de desenvolvimento econmica. Mas, atrelada aos benefcios
estava a ameaa de extino dos aaizeiros. Preocupando os ambientalistas,
pesquisadores, entidades civis, a imprensa e a populao. Que temiam estar
assistindo a extino dos aaizeiros. Se esta ameaa se concretizasse as
conseqncias seriam desastrosas ao meio ambiente, vida dos povos da
floresta, aos ribeirinhos, e um duro golpe na cultura local.
"Chegou ao Par, parou;
tomou aa, ficou "
Ditado Popular
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As preocupaes geraram aes e pesquisas cientficas realizadas por
entidades locais como: FCAP - Faculdade de Cincias Agrrias do Par, UFPA -
Universidade Federal do Par, MPEG - Museu Paraense Emlio Goeldi,
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria, SUDAM -
Superintendncia de Desenvolvimento da Amaznia, Governos dos estados da
Amaznia, dentre outras.
Os resultados dos estudos foram tranqilizadores. Comprovaram que os
risco de extino da espcie eram pequenos. A Euterpe Olercea,
diferentemente da Euterpe Eduls, cespitosa, ou seja, cresce com vrios
estipes, formando touceiras. Tem grande produo e germinao natural de
sementes. Estas caractersticas garantem ao aaizeiro um grande poder de
regenerao. Mesmo assim, necessrio que aexplorao seja feita com manejo
adequado para garantir a sobrevivncia da espcie e a sustentabilidade da
atividade.
O palmito do aaizeiro transps as fronteiras amaznicas e at do Brasil,
e passou a ser apreciado nos grandes centros criando uma nova demanda.
Recentemente a polpa do suco de aa tambm transps as fronteiras
amaznicas e chegou a outras regies do pas e at em outros pases.
Rapidamente tornou-se um produto popular, principalmente por lhe serem
atribuda caractersticas energtica. Segundo GUIMARES (1999) estima-se que
s a CEASA do Estado do Rio de Janeiro receba 200 toneladas/ms de polpa de
aa proveniente da regio norte do pas, principalmente do estado do Par. Ainda
segundo o mesmo autor, este um mercado em expanso. Cita comerciantes
cariocas que aumentaram em at 40 vezes a quantidade de polpa de aa
vendida em um ano.
O aumento da demanda traz novas oportunidades de negcios para a
regio norte. Embora a comercializao seja feita por uma intrincada malha de
atravessadores, comprovada por POULLET (1999) no Amap, GUIMARES
(1999), no abastecimento do Rio de Janeiro e ROGEZ (2000), no Par. Ainda
assim, o momento pode ter uma feio diferente do Ciclo da Borracha, da
explorao madeireira e das aes mineradoras que, em muitos casos, trouxeram
resultados destruidores ao meio ambiente. O desenvolvimento econmico foi
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passageiro e concentraram riquezas. Neste novo momento as populaes
tradicionais locais podem se beneficiar, principalmente se estiverem organizadas
e assistidas. Podero obter melhora no campo econmico, social, cultural e
tecnolgico e ainda continuaro exercendo a sua vocao. Preservando os
aaizeiros e o meio ambiente. Uma situao perfeitamente integrada s propostas
para o trato ambiental ditadas pela ONU.
Os ensinamentos deixados com o Ciclo da Borracha podero evitar novos
erros. Inclusive a prpria seringueira foi pouco estudada. Felizmente j existe
muito conhecimento acumulado sobre o aaizeiro. Com as grandes contribuies
das pesquisas cientficas foi possvel conhecer as caractersticas botnicas, a
ecologia do aaizeiro, sua viabilidade econmica, a organizao social das
comunidades extrativistas e outros aspectos que envolvem o cultivo. O quadro
favorvel mostrando que a atividade da cultura do aaizeiro est consolidada na
regio. Existe compatibilidade com as recomendaes de preservao do meio
ambiente. A atividade mobiliza a economia regional e garante a sobrevivncia de
boa parte da populao ribeirinha amaznica, como tambm um recurso que
resguarda a cultura popular. Apesar disto, a metodologia de extrao e
beneficiamento praticamente se mantm a mesma e pouco se pesquisou sobre a
situao ergonmica deste trabalho e os comprometimentos sade dos
trabalhadores envolvidos no processo.
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1.2. Objetivos
1.2.1. Objetivo Geral
Analisar as condies gerais do trabalho no processo amaznico de
extrativismo do aa, visando traar um diagnstico que oferea fundamentos
para tornar o trabalho com o aa mais confortvel, seguro e produtivo, refletindo
nas perspectivas de desenvolvimento regional.
1.2.2. Objetivo especfico
Caracterizar os aspectos posturais tpicos da etapa de coleta dos frutos
que possam comprometer a sade do trabalhador.
1.3. Just ificativa
As posturas assumidas durante a coleta dos frutos do aaizeiro
apresentam complexidades que motivam a pesquisa. Conhecer as implicaes
destas posturas na sade do trabalhador-extrativista pode auxiliar nas decises
para a melhora do longo e antigo processo do trabalho com o aa. Alm da
visvel situao postural, pode ser observado um conjunto de situaes que
convergem para que os resultados da pesquisa sejam bem aproveitados.
O emprego dos princpios da ergonomia na pesquisa pode apontar
caminhos promissores para atingir os objetivos da pesquisa. Como tambm
contribuir para ampliar a rea de aplicao da prpria ergonomia.
Como o extrativismo do aa um importante recurso alimentar e
econmico da populao local, alm de ser uma prtica tradicional e afetar a
cultura popular amaznica, estud-lo pode trazer benefcios sociais significativos.
O conhecimento das condies de trabalho pode favorecer o implemento da
atividade, somando esforos para aumentar as oportunidades de participao da
populao amaznica no comrcio crescente de aa e de seus subprodutos.
Com base nas projees de produo de NASCIMENTO (1992), s a capital do
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estado do Par consome atualmente algo em torno de 100.000 litros/dia de aa.
Pelas projees de GUIMARES (1999) o consumo em nove capitais de outras
regies brasileiras poder chegar de 27.600 toneladas/ano de polpa.
Apesar deste aquecimento econmico, as estatsticas do IBGE mostram
deficincias na condio de vida da populao da regio, mas a realidade est
alm da simples anlise dos dados. comum a Regio Norte ser avaliada com
parmetros de outras realidades. Dificultando o conhecimento do contexto e das
estratgias de sobrevivncia local. Estes julgamentos precipitados desprezam
muitos aspectos importantes no trato com a floresta, ou nem sequer os
perceberam. Como resultado muitos empreendimentos fracassaram ou trouxeram
prejuzos para a prpria regio.
Pode-se traar um quadro de penria para a regio, se forem levados em
conta puramente os dados do IBGE, de 1992, os quais do conta que a Amaznia
uma extensa rea de floresta com 3.574.238, 95 km, onde vivem espalhados
os seus 11.290.573 habitantes, dando uma mdia aproximada de 0,32
habitante/km. Um julgamento precipitado sugere que h um grande isolamento
geogrfico nocivo aos habitantes, o que pode ter um fundo de razo, mas, pode
estar a uma estratgia de sobrevivncia. As populaes da floresta necessitam
de grandes extenses de terra para coletar alimentos e manejar suas plantaes,
causando o mnimo impacto negativo sobre o meio ambiente. O extrativismo do
aa um exemplo disto e ainda influencia na organizao social e na ocupao
do solo.
Ainda segundo o mesmo levantamento do IBGE, a Amaznia tem a
segunda maior taxa de analfabetismo do pas, entre pessoas maiores de 15 anos.
Tambm a maior mdia de pessoas por famlia por domiclio, o que pode
representar famlias numerosas. Cerca de 31,4% da populao tem rendimento
entre dois e cinco salrios mnimos e 5, 1% no tem rendimento. Neste ponto
importante notar que ainda seria significativa a diferena se o IBGE tivesse
considerado as populaes rurais no seu levantamento. Mas ao contrrio do que
se pode concluir precipitadamente, a baixa renda na regio no significa
necessariamente misria e fome. A sociedade organizada de tal maneira que o
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conhecimento emprico muito valioso para explorar os recursos disponveis que
garantem a sobrevivncia, podendo at dispensar o uso de moedas.
MURRIETA, BRONDZIO e SIQUEIRA (1998, p.148) descrevem os
caboclos amaznidas e sua eficincia da seguinte forma:
Fruto da colonizao europia e da assimilao indgena, o caboclo amaznico
desenvolveu um sistema adaptativo especfico que filtrou os elementos
necessrios para a fixao na regio, aproveitando o conhecimento dos grupos
nativos precedentes ao contato e aos padres europeus impostos pelo sistema
colonial. Descendente das antigas populaes indgenas que ocupavam o
ambiente ribeirinho das vrzeas do Amazonas foi formado, gradativamente, um
tipo cultural especfico, de mxima importncia para o cotidiano econmico e
cultural da regio.
Caracterizado por um eficiente aproveitamento dos variados recursos da floresta
tropical o sistema de subsistncia cabocla permitiu a esses grupos uma relativa
independncia de mercados externos, mesmo quando absorvidos por atividades
essencialmente voltadas comercializao, como aconteceu durante o grande
"boom" da borracha no sculo XIX. A variabilidade de atividades de subsistncias
desenvolvidas por essa populaes e seu padro organizacional permitindo - lhes
uma certa auto-suficincia, ao contrrio de outras populaes migrantes que
sofreram uma acirrada proletarizao, como vem acontecendo, com as famlias
vindas do sul do pas.
A tecnologia disponvel um dos aspectos limitantes que exigem
estratgias para superar as deficincias. A prpria situao energtica tambm
complexa na regio. Conforme dados do Relatrio de Sistemas da Eletronorte, dedezembro de 1998, possvel evidenciar grandes e significativos contrastes entre
produo e distribuio.
A Amaznia dispe de um potencial hidro-energtico invejvel, com
importantes hidreltricas como: Tucuru, no Par, uma das maiores do mundo;
Coaracy Nunes, no Amap; Samuel, em Rondnia; Balbina, no Amazonas, alm
das estaes termeltricas, no entanto as linhas de transmisso so incompletas
e deixam muitas localidades sem energia, fato que se pode constatar no mapa de
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distribuio de energia eltrica na ELETRONORTE exibido na figura 1.1, o que
estimula a concentrao de tecnologia e populao nas capitais resultando
grandes contrastes entre capitais e cidades interioranas.
Figura 1.1 - Mapa da rede de gerao e transmisso de energia eltrica gerenciadas pela ELETRONORTE,nota - se que os sistemas no se limitam aos estados da Regio Norte 1
O trabalho nas regies de floresta concentra-se na agricultura de
subsistncia, no extrativismo de produtos da floresta como: frutos, ervas, resinas,
leos, essncias, frutos, madeiras, mineradoras e garimpos. Caracterizando umaestratgia de sobrevivncia que exige baixa tecnologia e aproveita os recursos
disponveis.
MURRIETA, BRONDZIO e SIQUEIRA (1989) denunciam que os impulsos
desenvolvimentistas das ltimas trs dcadas prejudicaram os sistemas
tradicionais da regio, devido implantao de grandes projetos mineradores e
agropecurios. Assim como, a construo de rodovias e hidreltricas que
causaram desmatamentos em grandes reas, parte dos recursos renovveis foiextinta, prejudicando o meio ambiente como um todo e as populaes nativas, no
caso a cabocla, foram abandonando gradativamente os manejos tradicionais que
praticavam e se dissociando do estilo de vida tradicional. Como agravante a
Amaznia vem enfrentado o perigo da bio-pirataria. Colocando em risco a
sobrevivncia do prprio ser amaznico. Some-se ao contexto atual a
globalizao da economia, onde a competitividade fundamental para a
sobrevivncia. Torna-se mais difcil encontrar solues prprias.
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De acordo com MURRIETA, BRONDZIO e SIQUEIRA (1998, p.148):
Estudos recentes demonstraram que sistemas extrativistas tradicionais
desenvolvidos nessas comunidades so perfeitamente viveis junto economia
de mercado sem que sejam necessrias alteraes radicais no modo de vida, ou
no equilbrio ecolgico. Para isso, novos estudos precisam ser iniciados com o
objetivo de adensar o pouco que se conhece sobre a populao cabocla, suas
estratgias de subsistncias, estrutura social e padres demogrficos.
O extrativismo do aa pode ser considerado uma atividade sustentvel,
enquadrando-se perfeitamente s polticas adotadas pela ONU para o meio
ambiente, que implementou, em 1980, pela Comisso Mundial sobre MeioAmbiente e Desenvolvimento (CMMAD, ou Comisso Brundtland), o conceito de
Desenvolvimento Sustentvel: "Desenvolvimento sustentvel aquele que atende
s necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das geraes
futuras atenderem suas prprias necessidades".A essncia da idia alcanar
uma economia mundial sustentvel.
A Comisso Mundial de Meio Ambiente, de 1983, analisou vrios
aspectos da questo Meio ambiente X Desenvolvimento e enunciou:
A ONU acredita que o crescimento populacional ser estvel em 2110,
com 14 bilhes, mnimo de oito bilhes e mdia de 10,5 bilhes. Sendo
que 90 % estaro nos pases em desenvolvimento;
A pobreza reduz a capacidade das pessoas de usar os recursos
naturais de forma racional, levando-as a exercer maior presso sobre o
meio ambiente. Na Conferncia de Estocolmo, em 1972, Indira Gandhi,
primeira-ministra da ndia j alertava que a: "A maior poluio apobreza";
25% da populao mundial consome 75 % da energia primria, 75%
dos metais e 60 % dos alimentos produzidos;
A escassez da gua ser um dos mais graves problemas do prximo
sculo.
1Fonte: Relatrio de Sistemas da Eletronorte de 12/98. Via internet www.eln.org.br
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1.4.2. Pesquisa de Campo
A coleta de dados foi realizada no ambiente amaznico, no esturio do
Amazonas, onde o aa nativo e cultivado no processo extrativista. Passando
pelo Estado do Amap, nas cidades de Macap e Santana e no Estado do Par,
nas cidades de Belm, Abaetetuba e concentrando-se na ilha do Combu,
mostrados na figura 1.2
Figura 1.2- Indicaes dos locais das pesquisas de campo
Na Avaliao Postural na etapa de coleta dos frutos foram seguidas as
tcnicas preconizadas na Anlise Ergonmica do Trabalho na anlise do trabalho,
o reconhecimento da tarefa e da atividade, empregando-se entrevistas no
estruturadas e semi-estruturadas e registros do trabalho in loco,com observaes
abertas e armadas, (empregando filmadora, mquinas fotogrfica e gravadores).
1.4.3. Anlise Postural
O extrativismo do aa composto de vrias etapas de trabalho,
caracterizando um sistema de produo amplo. Entretanto, a anlise postural
proposta foi restrita fase de coleta dos frutos, em razo das complexidades das
posturas apresentadas que sugerem um estudo concentrado.
Nas anlises posturais foram empregados os protocolos OWAS (OvakoWorking Posture Analysing System), RULA (Rapid Upper Limb Assessment) e
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RARME (Roteiro para Avaliao de Riscos Msculo - esquelticos) e os
resultados foram comparados buscando-se unificar os resultados e consolidar um
diagnstico.
1.4.1. Locais de pesquisa
Os estudos foram concentrados em reas viveis pesquisa de campo e
que expressassem a realidade amaznica. Desta forma, foram escolhidas as
capitais Belm e Macap, que esto localizadas no esturio do rio Amazonas e
tm significativa atividade envolvendo o aa, facilidade de acesso e maior
disponibilidade de dados bibliogrficos, gerados pelos importantes centros de
pesquisas localizados nestas cidades.
Na ilha do Combu, no Par, mostrada na Figura 1.2, foram realizadas as
principais fases da pesquisa, inclusive a observao do trabalho de coleta do
aa, devido a vrias facilidades como acesso ao volume de informaes gerado
por instituies, como a PMB (Prefeitura Municipal de Belm), UFPA
(Universidade Federal do Par), MPEG (Museu Paraense Emilio Goeldi), UNAMA
(Universidade da Amaznia), que realizam muitas pesquisas no local envolvendo
aspectos sociais, humansticos, botnicos, ecolgicos, tecnolgicos, dentre
outros. Motivadas justamente pelas caractersticas da ilha que reproduz o tpico
ambiente de vrzea amaznico, tornando a ilha atraente para esta pesquisa.
A ilha rene as seguintes caractersticas:
1- Possui caractersticas tpicas da Amaznia;
2- A economia basicamente calcada no extrativismo do aa;3- As tcnicas utilizadas no processo extrativistas do aa so
semelhantes as de outras microrregies;
4- No h energia eltrica disponvel;
5- O acesso fcil. A ilha faz parte da regio metropolitana de Belm.
Est localizada na margem esquerda do Rio Guam.
Aproximadamente 1,5 km de Belm (figura 1.3);
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6- Vrias instituies como a UFPA (Universidade Federal do Par), o
MPEG (Museu Paraense Emlio Goeldi), UNAMA (Universidade da
Amaznia), EMBRAPA - CPATU, PMB (Prefeitura Municipal de
Belm), dentre outras, desenvolvem pesquisas na ilha,
disponibilizando dados com abordagem sociolgica, econmica,
energtica e tecnolgica sobre o local.
7- A ilha reproduz as condies ambientais tpicas da Amaznia
semelhantes as de outras microrregies. Assim plenamente
possvel que os resultados encontrados se apliquem a outras
regies amaznicas, com pequena diferena.
Figura 1.3 - Aerofoto da Ilha do Combu - Par2
2Fonte - Cortesia CODEM - Companhia de Desenvolvimento Metropolitano de Belm
Ilha do Combu
Rio Guam
Belm
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1.5 Estrutura da Pesquisa
Esta pesquisa foi estruturada em cinco captulos e as concluses com aseguinte forma:
Captulo 1- Introduo: Este captulo contm os elementos de
apresentao da pesquisa
Captulo 2- AAIZEIRO - A Palmeira que Chora - Neste
captulo so apresentadas as caractersticas da palmeira Aaizeiro
(Euterpe Olercea), locais de incidncia e os usos tradicionais.
Captulo 3- Tcnicas e Estratgias de Produo - Neste
captulo so estudadas as tcnicas de explorao e as estratgias
adotadas no trabalho de extrativismo, centrando na etapa de coleta
dos frutos.
Capitulo 4 - Mtodos e Tcnicas - O captulo expe as
metodologias e as tcnicas empregadas para a realizao da anlise
postural
Captulo 5 - A Anlise do Trabalho de Coleta dos Frutos -
Neste captulo so discutidos todos os aspectos que influenciam a
etapa de coleta de frutos e so exibidos os resultados com as
discusses da anlise postural proposta.
Concluso - traz as consideraes oriundas da pesquisa e
especialmente da anlise postural.
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CAPTULO 2
2. AAIZEIRO - A PALMEIRA QUE CHORA
Aa uma palavra originada do vocbulo tupi yasa'i, que significa: a
fruta que chora (LOBATO, 1981), uma denominao confirmada no dicionrio da
Lngua Portuguesa de Aurlio Buarque de Hollanda (2001, p.21), e encontra
respaldo na lenda que conta saga de uma tribo amaznica que passava pordificuldades devido escassez de alimentos. Para conter o agravamento da crise
com o aumento da populao, o cacique Itaki ordenou que todas as crianas
nascidas a partir daquele momento deveriam ser sacrificadas. E assim foi feito por
muitas luas.
At que Iaa, filha do cacique, deu a luz a uma criana. Logo o conselho
tribal exigiu o sacrifcio do beb para cumprir a lei. O cacique Itaki no hesitou em
fazer cumprir sua palavra, mesmo sua filha tendo implorado para salvar a vidadaquela criana que seria neta do prprio cacique.
Iaa ficou muito triste, enclausurou-se e passou a rogar a tup para que
mostrasse a Itaki uma soluo para terminar com os sacrifcios das crianas. Na
segunda noite de clausura, Iaa ouviu o choro de criana. Aproximou-se da porta
da maloca e viu sua filha sob uma esbelta palmeira e logo correu para abraa -la.
No dia seguinte, seu corpo foi encontrado abraado palmeira. Estava morta,
mas seu semblante era risonho e irradiava satisfao. Seus olhos inertesapontavam para um cacho cheio de frutinhas pretas no alto da palmeira. O chefe
da tribo ordenou que as frutas fossem recolhidas e amassadas num grande
alguidar de madeira. Ao final, foi obtida uma bebida avermelhada que alimentou
toda a tribo.
O cacique entendeu que Tup havia mostrado, atravs de Iaa, o fim da
fome e dos sacrifcios do seu povo. Agradecido, inverteu o nome da sua filha para
denominar o deAa - o fruto da palmeira que chora.
" Quando se chega mais perto das espessa matas de miriti, eobserva-se com mais ateno descobre-se, em muito maior nmero,
uma segunda palmeira, muito mais fina, mais delicada e realmentegraciosa"
Robert Ave- Lallemant
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Na Amaznia comum chamar a palmeira, que recebe o nome cientfico
de Euterpe Olercea, de Aaizeiro, quase uma unanimidade. Mas possvel
encontrar na literatura muitas outras denominaes populares para o aaizeiro,
que variam dependendo do local, e podem denominar variedades da espcie.
Neste trabalho ser chamada pela denominao cientfica, de Euterpe
Olercea, ou deAaizeiro, seguindo a denominao mais usada na Regio Norte
brasileira.
2.1. Os Registros Histricos
O aaizeiro ocupa um largo espao na vida amaznica, principalmente no
esturio do rio Amazonas. um alimento abundante, barato, de consumo dirio e
tradicional. Tornou-se um smbolo da cultura nortista e est presente no cotidiano
tanto do ribeirinho como do citadino, independente das posses. Esta influncia
refletida na economia, nas paisagens, nos cartes postais, nos dizeres populares,
nas manifestaes artsticas, nas estratgias de ocupao do solo. O registro do
incio desta ntima relao est perdido no tempo. Mas h uma obviedade de ter
sido um legado indgena.
MOURO (1999) observa que ao longo do tempo e ao redor do mundo,
muitas atividades humanas estiveram ligadas s palmeiras e JARDIM e CUNHA
(1998 a) consideram que as palmeiras indicam a presena humana em uma
determinada rea, em decorrncia das prticas agrcolas, de cultivo e de manejo
para variados fins. O aaizeiro desempenha este papel para os amaznidas em
funo das suas multi-utilidades.
As pesquisas cientficas sobre palmeiras foram intensificadas nos ltimos
cinco sculos. O conhecimento cientfico sobre palmeiras foi fortemente
enriquecido a partir do sculo XIX. Surgiram estudos especializados sobre o
assunto. Atualmente so conhecidas entre 2.500 a 3.500 espcies de 210 a 236
gneros. Curiosamente os povos que habitavam o Brasil antes do Descobrimento
o chamavam de Pindorama: Terra das palmeiras(MOURO, 1999).
MOURO (1999) conta que a pesquisa etnobotnica sobre o aaizeiro
(Euterpe Olercea Mart.) antiga, e teve inicio com Carlos Marie de La
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Condamine, em 1743, mas s foi analisada e classificada como espcie pelo
alemo Carl Friedrich Philipp von Martius, que realizou uma expedio de estudos
no Brasil entre 1817 a 1920 e catalogou vrias espcies. Publicou os livros
Viagem pelo Brasile Flora Brasiliensis, com os resultados de suas observaes.
No sculo XIX, o aaizeiro foi incorporado Botnica. O aaizeiro continua
despertando o interesse de muitos cientistas e instituies nacionais e
estrangeiras de diversas reas, devido as suas peculiaridades.
As pesquisas constataram a relevncia do aaizeiro para a regio.
CAVALCANTE (1998) explica que na Amrica do Sul ocorrem 49 espcies do
gnero Euterpe. Sendo que 19 delas na Colmbia, nove no Brasil, oito na
Venezuela, trs na Bolvia e outros pases com uma ou duas cada. No seu
julgamento, nenhuma das 49 espcies supera a Euterpe Olercea no que diz
respeito as suas caractersticas botnicas como perfilhao de frutos, nmero de
indivduos por rea, regenerao natural, pela importncia como fonte de alimento
tanto para o ser humano como para a fauna e a sua inegvel importncia
econmica. JARDIM (1996) considera o Aaizeiro uma das palmeiras mais
promissoras das reas de vrzea do esturio amaznico, em virtude do seu
aproveitamento por moradores ribeirinhos e nas indstrias. Para CALZAVARA
(1972), as duas mais importantes palmeiras brasileiras, sob o ponto de vista
comercial, so Euterpe Eduls Mart. e Euterpe Olercea Mart.
2.2. Aspectos Botnicos e Ecolgicos
2.2.1. Caractersticas do Aaizeiro
O Aaizeiro (Euterpe Olercea Mart.) pertence ordem dos Arecales, ao
gnero Euterpe da famlia Palmae. A palmeira mostrada na figura 2.1. Uma
caracterstica importante para o aproveitamento desta palmeira ser cespitosa
(FRIA, 1993), ou seja, emitir brotaes, ou perfilhos, que surgem na base da
planta (NOGUEIRA et al, 1995) crescendo em touceiras, ou rebolada (na
linguagem cabocla) como mostra a figura 2.2. Esta caracterstica d a planta uma
grande capacidade de regenerao, facilitando a sua explorao de formasustentvel. Segundo variados autores pesquisados, uma touceira chega a ter at
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25 plantas, em diferentes estgios de crescimento, variando em funo das
condies ambientais. ROGEZ (2000) relata a existncia de aaizeiros com at
45 perfilhos por touceiras.
Figura 2.1 - O Aaizeiro (Euterpe Olercea)
Figura 2.2 - Estipes do aaizeiro
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O caule, denominado de estipe, liso, de cor gris claro, (ROGEZ, 2000),
delgado com 15 a 25 cm de dimetros, s vezes encurvado, so mltiplos
(entouceirados), e podem atingir a altura de 20 a 30 metros. Crescendo em mdia
1 metro por ano (JARDIM em comunicao pessoal, 2000). No pice forma um
capitel que sustenta as folhas (FRIA, 1993). A figura 2.2 mostra uma touceira
com quatro estipes.
O estipe composto de material plstico, como fibras, protenas e
polissacardeos (ALVES; DEMATT, 1987). A Madeira moderadamente pesada,
mole, racha com facilidade, tem baixa durabilidade em ambientes externos
(LORENZI, 1992). Estas caractersticas oferecem condies para que o
trabalhador escale a palmeira para apanhar os frutos, entretanto, restringe o seu
peso para evitar que o estipe quebre. Entretanto a flexibilidade grande e o
trabalhador a emprega para atingir outros estipes, aumentando a produtividade.
O aaizeiro tem reproduo sexuada e assexuada. Podendo ser pela
semente ou pelas brotaes nas razes. Estas comeam a surgir a partir de um
ano, dependendo do dossel formado pela copa das rvores adultas. A competio
pela luminosidade diminui as brotaes, mas aumenta a altura da planta e reduz o
dimetro do estipe.
A germinao rpida e fcil. A germinao dura de trs a cinco
semanas. A taxa de germinao em laboratrio de 90 %, j na natureza circula
em torno de 50 a 60% (ROGEZ, 2000). CAVALCANTE (1998) chama a ateno
para o fato de que uma s semente poder gerar mais de 20 perfilhos dentro de
poucos anos. Apenas 1 kg de caroos contm em mdia de 900 a 950 sementes.
Os aaizeiros so dominantes e quando crescem formam aaizais nativosdensos e quase homogneos (CAVALCANTE, 1998). FRIA (1993) estima que
as reas inundveis no esturio do rio Amazonas abrangem um total de 25.000
km e que 88% deste valor so inundadas com freqncia. O aaizeiro
dominante nestas regies. CALZAVARA (1972) estima que o domnio se estenda
por 10.000 kmNo esturio Amaznico encontram-se aaizais na vrzea alta com
quase 10.000 troncos ou 2000 touceiras por hectare. So comuns 200 a 600
touceiras por hectares em solo pobre (SHANLEY; CYMERYS e GALVO, 1998).Os plantios racionais ainda so raros. Entretanto, as perspectivas de crescimento
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dos mercados interno e externo. Tem aumentado o interesse de agricultores e
grupos empresariais (NOGUEIRA et al, 1995).
2.2.2. Ambiente de Ocorrncia:
Para NOGUEIRA et al (1995) o aaizeiro uma espcie tropical. Tpica
da Amaznia ocorre espontaneamente nos estados do Par, Amazonas,
Maranho e Amap. Desenvolve-se bem em condies de clima quente e mido
e no suporta perodos de seca prolongada. Nas regies onde o aaizeiro
nativo as chuvas so abundantes, atingindo 2.000 a 2.700 mm anuais, so bem
distribudas durante o ano, e a umidade relativa do ar comumente ultrapassa a
80%. A temperatura mdia gira em torno de 28 C. O aaizeiro pode desenvolver-
se bem em regies com temperaturas mdias mensais acima de 18 C, j as
temperaturas inferiores podem causar atrasos no desenvolvimento das plantas.
Rogez (2000) esclarece que a Euterpe Olercea uma espcie tpica da
Bacia Amaznica, no entanto mais comum na parte oriental mais concentrada
no Esturio amaznico. A figura 2.3 mostra o mapa com as regies de maior
concentrao de aaizeiros. A Figura2.4 mostra as imagens do ambientes natural
dos aaizeiros.
O Aaizeiro muito verstil (NOGUEIRA et al; 1995). Pode ser
encontrado nos solos midos que margeiam cursos naturais de guas correntes,
conhecidos na Amaznia como igaps e vrzeas, reas que so constantemente
invadidas pelas guas dos rios em diferentes tipos de solos, desde o tipo bastante
argiloso das vrzeas altas do esturio do Rio Amazonas at o arenoso-argiloso
das reas da terra firme, mas neste ltimo a produtividade bem menor(JARDIM; em comunicao pessoal, 2000). O aaizeiro sobrevive nos solos
pouco aerados, graas s razes adaptadas (LORENZI, 1992). A palmeira
absorve os minerais necessrios devido ao grande nmero de razes que
processam um grande volume de terra. ROGEZ (2000).
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Figura 2.3 - Local de ocorrncia do aaizeiro (Euterpe Olercea) no Brasil 3
.
Figura 2.4.- Ambiente nativo dos aaizeiros
3Fonte:MOURO, L. (1999)
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Em resumo o trabalho se desenvolve com as seguintes caractersticas
ambientais:
Clima quente e mido; tpico da Amaznia; Temperaturas que circulam em torno de 28 C;
Chuvas freqentes durante todo o ano, muito embora a safra na
Ilha do Combu seja no perodo de menor intensidade de chuva e os
Coletores de Aa evitam subir nos estipes molhados; mas, por outro
lado, interrompe-se o trabalho;
Solo alagadio em virtude das chuvas freqentes e da influncia
das mars na regio de vrzea.
2.2.3. Variedades
Segundo ROGEZ (2000) comumente so comercializados dois tipos de
frutos do aaizeiro:
Preto - Apresenta colorao arroxeada e o mais comum e, portanto,mais empregado. mais resistente ao ataque de pragas como a broca.
Branco - mais raro, tem colorao verde, mesmo quando maduro.
Tem grande procura no mercado e pequena diferena de sabor
comparado ao aa preto. ROGEZ (2000) supe tratar-se de albinismo.
Visto que o cultivo da variedade no foi possvel pelos produtores, no
entanto, foram constatadas diferenas botnicas entre elas.
Os pesquisadores do Museu Paraense Emilio Goeldi j identificaram outras
variedades, como demonstra a figura 2.5. Muitas variedades, mesmo pouco
conhecidas, j esto ameaadas de extino.
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Figura 2.5 -A)variedade Uma, B)Preto, C)Verde, D)Espada e E)paneiros, ou rasas, com frutos dasvariedades Preto e Verde4
2.2.4. Florao, Frutificao e Safra
Estudos cientficos realizados comprovaram que o aaizeiro produz
praticamente o ano inteiro (ROGEZ, 2000). Entretanto, cada ecossistema
apresenta condies naturais diferentes de produo de frutos no aaizeiro
(MOURO, 1999), caracterizando safras. POULLET (1998) indica que no Estado
do Amap a principal poca de frutificao acontece entre os meses de janeiro a
junho, enquanto SHALEY, CYMERYS e GALVO (1998), LORENZI (1992),
JARDIM (1996), JARDIM e STEWART (1994) e outros autores que estudaram o
assunto nas microrregies prximas a Belm do Par, concluram que a maior
produo ocorre nos perodo da estao menos chuvosa na regio, ou seja, entre
julho a dezembro. JARDIM e ROMBOLD (1998) relatam a experincia nativa de
4- Fonte ROGEZ, H. (2000)
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manipular as inflorescncias para alterar o ciclo de frutificao e
conseqentemente o perodo da safra.
Os frutos comeam a surgir aps o terceiro ano do aaizeiro. Da base da
bainha das folhas crescem as inflorescncias uma inflorescncia (Espdice)
desenvolve-se aps a queda da folha, um pouco abaixo da regio colunar, na
axila das folhas. medida que os frutos amadurecem a angulao da espdice
vai mudando em relao ao tronco (FRIA, 1993). E neste estgio a Espdice
pode ser denominada de cacho (ou vassoura, na linguagem cabocla) (ROGEZ,
2000). A figura 2.6 apresenta as diversas componentes da copa do aaizeiro e os
cachos maduros.
Cada planta produz, em media de trs a oito inflorescncias. Cada uma
dar origem a um cacho com centenas de frutos com peso mdio total de 4 kg
(ROGEZ, 2000). Uma palmeira pode gerar at 120 kg de frutos por safra,
dependendo do manejo realizado. Como exemplo, a ilha das Onas, prximo de
Belm, onde os ribeirinhos manejam os aaizais com capina e poda dos perfilhos
objetivando melhorar a produo para atender os mercados de Belm. A
produo mdia de 1.158 kg /ha (SHANLEY; CYMERYS e GALVO, 1998).
Figura 2.6 -A)Detalhes da florao e da copa de um aaizeiro, B)Calho colhido com frutos maduros.
A
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2.2.5. Frutos
O fruto (figura-2.7) o produto mais importante do aaizeiro, tanto para o
ecossistema como para as populaes humanas amaznidas. Da polpa dos frutos
obtm-se o suco de aa. Um produto que consumido na regio como junto s
refeies, comumente acompanhado de peixe, carne, camaro etc. Tambm
consumido na forma de mingaus sorvetes, cremes, gelias e licores. O consumo
regional de frutos para a elaborao de suco e seus derivados gira em torno de
180 mil toneladas/ano (NOGUEIRA et al, 1995). Lembrando que a coleta
manual, atravs da escalada do estipe, pode-se perceber a intensa atividade de
coleta.
Os cachos maduros so formamos por centenas de frutos que
individualmente medem de 1 a 1,5 cm de dimetro e pesam entre 0,8 a 2,3 g. De
cor violeta/prpura muito escuro se forem da variedade Preto ou Espada. Caso
sejam das variedades Brancoe Tinga os frutos tero a colorao esverdeada. A
produo de polpa varia em torno de apenas 5 a 15% do volume do fruto,
dependendo da variedade e da maturidade do fruto.
Figura 2.7 -A)Frutos in natura, B)Caroos despolpados, C)Caroo secionadas eD)Esquema da seco.
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2.3 Os Mltiplos usos
Como j foi comentado, os frutos e o palmito constituem os principais
produtos do aaizeiro, entretanto, a palmeira tem aproveitamento praticamente
total, justificando a sua importncia regional. MATTOS et al (1999) CALZAVARA,
LOPES e SOUZA (1982), RGO (1993), NOGUEIRA (1997), MOURO (1999) e
outros autores constataram a multiutilidade do aaizeiro. Parte dessas
constataes so apresentadas no quadro 2.1, onde podem ser observados
alguns dos diferentes produtos e sub produtos com a indicao da origem do
componente do aaizeiro que serviu de matria-prima. A figura 2. 8 apresenta as
imagens da ampla utilizao dos aaizeiros.
Quadro 2.1 - Usos do aaComponentes Produtos e sub - produtos
Gema Apical Palmito para alimentao humana e rao animal
Folhas
Cobertura de casas, parede, cesto, tapetes, chapu, esteira,
adorno caseiro, celulose, rao animal, adubo orgnico,
cobertura morta e sombreamento de sementeiras e peonhas.
Frutos
PolpaAlimento, suco, creme, sorvete, licor, gelia, mingau, pudim,
produo de lcool, pigmento para tintas
Caroo adubo orgnico, carburante, aterro
Cacho
(inflorescncia)Vassoura, artesanato, adubo orgnico.
Estipe (caule)Construo civil, construes rurais, lenha, adubo orgnico,
celulose e isolamento trmico, pequenas armadilhas.
Razes Vermfugo
A p lanta Paisagismo
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Figura 2.8 - Utilizao dos aaizeiros: A)Pomar, B) Nas construes rurais, C ) Paisagismo Urbano, D)Material para artesanatos e vassouras rsticas
2.3.1. A Polpa do Aa e Suas Propriedades
O suco de aa certamente o produto mais popular do aaizeiro. o
lquido de cor violcea (Figura 2.9). Durante o processo a gua adicionada para
variar a diluio e agregar valor. Comumente so comercializados com as
classificaes: grosso, mdio ou fino e com diferentes preos, quando mais
concentrado maior o preo.
Figura 2.9. aa do tipo grosso no momento do beneficiamento
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Segundo ROGEZ (comunicao pessoal, 2000) os antigos colonizadores
acharam a cor do aa semelhante ao vinho e o chamaram de vinho de aa. Uma
denominao ainda empregada por parte da populao, at mesmo para
diferenciar o fruto da bebida, mas o corriqueiro a bebida ser chamada
simplesmente de "aa".
Tanto os frutos como a polpa so comercializados. Os frutos so
vendidos como matria prima do suco nas feiras que se tornaram especializadas
em aa, geralmente pela proximidade com portos fluviais e a polpa, nos locais de
beneficiamento conhecidos como amassadeiras de aa.
Por geraes, o aa integra a alimentao bsica dos amaznidas. Ao
longo dos anos, foi transmitida a crena popular de que o aa apresenta valores
nutricionais elevados e foram cultivados os aspectos culturais e empricos,
fortalecidos pela literatura. Para ROGEZ (2000) a crena popular pode ter
interferido nos resultados de muitas destas publicaes que, em muitos casos, se
tornaram contraditrias.
Com a popularizao da bebida surgiram muitas informaes sobre o aa.
Sendo fcil obt-las at nas pginas eletrnicas da internet. Possivelmente, comoreflexo do interesse da populao de outras regies do pas, que passaram a
consumir o aa por lhe ser atribudo caractersticas energticas e criadas novas
formas de consumo com a adio de ingredientes muito diferente daqueles que
tradicionalmente so usados na Amaznia. Inovaes que causam estranheza
nos nortistas (ROGEZ, 2000).
Em suas recentes pesquisas sobre o aa ROGEZ (2000) obteve as
seguintes concluses:
A qualidade dos frutos produzida varivel e pode depender de fatores
como o solo, variedade, luminosidade, umidade, temperatura, exposio ao
sol dentre outros;
Muitos dos testes conhecidos foram feitos h mais de 30 anos;
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A quantidade de ferro no grande quanto se supunha e no apresenta
um perfil ideal para ser absorvido pelo organismo;
Foram encontradas caractersticas antioxidantes;
O aa tem alto valor calrico devido a grande quantidade de material
graxo;
O valor energtico comparvel ao leite integral de vaca;
Os lipdios representam 90% das calorias contidas na bebida;
Devido ao processo de filtragem a bebida tem mais lipdios do que a
polpa;
O valor protico elevado, porem ainda pouco para as necessidades
dirias humanas;
Grande quantidade de fibras satisfaz praticamente 90% as necessidades
humanas;
2.3.2. O Palmito
Devido ao grande interesse econmico, o palmito o segundo produto
mais importante extrado do aaizeiro. Conhecido botanicamente como "gema
apical" Consiste na parte cilndrica que est envolvida pela bainha das folhas
localizada na base da copa da palmeira, como indicado na figura 2.10. No
processo de extrao preciso abater a rvore.
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Figura 2.10 - Localizao do palmito na palmeira
At os anos sessenta, o palmito consumido no mercado brasileiro
provinha, quase que exclusivamente, dos palmitais nativos da Mata Atlntica, de
uma palmeira monocaule, a Euterpe Eduls. Mas com o esgotamento das
reservas desta palmeira as empresas palmiteiras deslocaram-se para a regio
amaznica procura do palmito do aa, no to bom quanto o produzido pela
Euterpe Edulis, mas abundante, com a vantagem de produzir perfilhos e rpido
processo de regenerao. O aaizeiro tornou-se uma das principais fontes desse
produto, sendo responsvel por cerca de 95% de todo o palmito produzido no
Brasil. O Estado do Par destaca-se como principal produtor nacional
(NOGUEIRA et al, 1995). Mas devido falta de costume de consumo regional,
quase toda a produo desta espcie destinada aos mercados externos.
Embora MOURO (1999) tenha o registro de que ndios amaznicos se
alimentavam de palmitos assados.
As fbricas proliferaram no esturio Amaznico. Em 1988, MATTOS et al
(1990) encontraram 117 registros de fbricas no IBAMA e observaram que as
pequenas fbricas caseiras no so obrigadas a ter registro, devido baixa
produo, eram muito mais numerosas e juntas promoveram uma explorao
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voraz fazendo presso nos aaizais nativos. E apesar de ter sido uma atividade
introduzida na regio que poderia criar empregos e aquecer a economia, gerou
muita discusso e preocupao por parte da populao e com o destino do aa.
Estas iniciativas beneficiaram a atividade com o surgimento de leis de proteo
que reduziu a explorao selvagem e o estimulo as pesquisas que ampliaram o
conhecimento sobre a palmeira e o desenvolvimento de novas tcnicas de
manejo que favoreceram o aumento da produtividade de frutos.
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"...Tens o dom de seres muito. Onde muitos no tem nada .
Uns te chamam aaizeiro, outros te chamam Jussara..."
Nilson Chaves e Joo Gomes
CAPTULO 3
3. TCNICAS E ESTRATGIAS DE PRODUO
A comunidade ribeirinha do esturio amaznico tem o extrativismo como
atividade cotidiana que garante a subsistncia econmica e alimentar. Sendo esta
por vezes a nica fonte de renda da populao. Segundo o IBGE, em 1980, as
atividades extrativistas contabilizaram 1.720.000 pessoas envolvidas com 344.000
trabalhadores diretos no setor extrativismo vegetal amaznico. Apesar destes
nmeros, o extrativismo no recebe a ateno merecida pela importncia
econmica, social e ecolgica que desempenha. As condies de trabalho pouco
evoluram. Os produtos extrados esto se tornando cada vez mais
autoconsumidos ou comercializados regionalmente. Enquanto que os produtos
no perecveis so exportados (JARDIM, 1996).
As prticas extrativistas na Amaznia so muito antigas. Por sculos as
relaes comerciais esto fortemente baseadas em produtos extrativistas.
Historicamente a Amaznia tratada como fonte de recursos naturais, desde os
tempos do Brasil colonial. A histria da Amaznia registra que as exploraes de
muitos produtos estabeleceram ciclos produtivos, como foi o caso do caf, das
ervas do serto, do cacau, da borracha, da castanha-do-par, da madeira, dos
minrios, dentre outros. No entanto, poucas foram as melhorias sensveis na
qualidade de vida da populao. ROGEZ (2000) evidencia que durante estes
momentos ocorreu o aumento da concentrao de riquezas.
Durante muito tempo o extrativismo foi visto como uma atividade menor,
primitiva, sem mritos para estudos que pudessem torn-la rentvel (MOURO,
1999). JARDIM (1996) alerta que esta tendncia motivou a prtica de uma forma
extrativista no sustentvel ecolgica e nem economicamente. Os investimentos
na regio foram escassos, ou equivocados, formando um cenrio configurado por
aes empresariais com fins exploratrios e, muitas vezes, predatrios. Grande
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parte da populao ficou mal assistida. ROGEZ (2000) observa que a regio de
vrzea da Amaznia (Amaznia tradicional) foi pouco atingida pelas medidas
governamentais de desenvolvimento e pouco mudou. J na regio de terra firme
(Amaznia de Fronteira) que tem melhor acesso, houve maior ocupao e
expanso motivadas pelo governo.
Estas condies contriburam para que o extrativismo se tornasse uma
estratgia de sobrevivncia importante na regio. ROGEZ (2000) mostra, pela
figura-3.1, a importncia das atividades extrativistas no cotidiano da populao
ribeirinha do esturio amaznico, com destaque para a coleta dos frutos do
aaizeiro, que chega a representar 63,0% da renda mensal familiar na ilha das
Onas - PA, o ano de 1986. As pesquisas realizadas em outros anos no Amap,
pelo IEPA5, revelaram um percentual muito aproximado a este para a explorao
do aa.
Figura 3.1 - Composio da renda familiar derivada de produtos naturais na Ilha das Onas no ano de 19866
5Instituto de Pesquisas Cientficas e Tecnolgicas do Estado do Amap6Fonte - ROGEZ (2000)
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3.1. A Organizao do Trabalho
IIDA (2000) observou que a estrutura do trabalho agrcola mais difcil deperceber do que na indstria, devido falta de uma estrutura definida. O
trabalhador realiza vrias tarefas, usa vrios instrumentos, em diferentes
condies ambientais, tem grande mobilidade, dificultando que o pesquisador
delimite com preciso as fronteiras de um posto de trabalho. Uma situao
ratificada por TURNES (1994) que v nas atividades rurais uma srie de
especificidades onde ocorrem situaes de trabalho que no esto bem definidas
e as distingue daquelas desenvolvidas de outros setores, como a indstria. Oextrativismo do aa tem situao semelhante. O trabalho no se limita apenas
a uma atividade, podendo desenvolve um ciclo do trabalho longo. A mo de obra
emprega prioritariamente familiar. Em segundo caso, podem ser contratados os
apanhadores de aa, de maneira informal com o pagamento uma parte da
produo. Os trabalhadores podem ter desvantagens no sistema de "meia"
(MOURO, 1999). Esta informalidade dificulta a obteno de dados oficiais sobre
estes sistemas de trabalho.O quadro 3.1 demonstra esquematicamente as etapas gerais do trabalho
de extrativismo e beneficiamento do aa. No esquema esto demarcadas as
fronteiras dos sistemas envolvidos, inclusive o que ocorre na ilha do Combu.
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Beneficiar sub produtos
Tecer as rasas
Extrair a polpa para consumo prprio
Manejar o Aaizal
Extrair o palmito
Coletar os frutos
Selecionar e embalar os frutos
Transportar a produo para a feira
Quadro 3.1- Diagrama da Organizao do trabalho do extrativismo ebeneficiamento do aa.
Comercializar os frutos Extrair a polpa dos frutos
Comercializar a polpa
Comercializar o palmito
Industrializar o palmito
Comercializar o palmitoindustrializado
Comercializar as rasas
LegendaPrtica comum do trabalhador extrativista, inclusive no CombuPrtica do trabalhador extrativista ou de terceiros. Tarefa praticada na Ilha do Combu.Prtica de outros seguimentos do sistema
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3.2. Detalhamento
3.2.1 Manejo do aa
Devido ao ciclo produtivo do aa, a produo e a economia intercalam
perodos de pico e depresso, criando uma irregularidade na renda das famlias
ribeirinhas (ROGEZ, 2000). A atividade tambm enfrenta restries como as
condies ambientais, as longas distncias entre produtores e consumidores, a
grande perecibilidade do aa, as motivaes econmicas do palmito. Embora no
sejam problemas to recentes e muitas pesquisas cientficos tenham sido
desenvolvidas, as solues ainda esto sendo procuradas, inspirando novas
pesquisas especficas, que proporcione a expanso dos conhecimentos tcito e
cientfico e fundamentem a prtica do trabalho extrativista. Conseqentemente
surgiram estratgias para superar estas dificuldades.
Estudos mostram que nas regies prximas a Belm (Ilha das Onas,
Barcarena e Ilha do Combu) o processo extrativista de frutos e palmito se
alternam obedecendo safra. Refletindo no quadro scio-econmico regional.
Nota-se atividades distintas em duas pocas do ano: A extrao de palmito e a
coleta de frutos (JARDIM, 1996). A figura 3.2 mostra acomercializao anual de
frutos e palmito. Observa-se uma alternncia da produo dos dois produtos.
Ressalta-se que o trabalho de extrao do palmito e a coleta de frutos so
realizados pelo mesmo trabalhador em perodos distintos do ano.
Figura 3.2 - Variao na produo mensal de frutos e palmito (%) comercializados na Feira do Aa,municpio de Belm. 7
7Fonte: JARDIM, M. (1996)
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Para realizar esta estratgia de produo os aaizais so cultivados com
trs finalidades principais:
Somente a extrao de palmito
Somente a coleta de aa
Extrao de palmito e coleta de aa conjuntamente
Autores que estudaram regies dos Estados do Par e Amap como
CALZAVARA (1972), MATTOS et al (1990), SANTOS (1993), JARDIM e
KAGEYAMA (1994), JARDIM e STEWART (1994), CUNHA E JARDIM (1995),
ALMEIDA, SILVA e ROSA (1995) NOGUEIRA et al (1995), NOGUEIRA (1997),
JARDIM e CUNHA (1998a), JARDIM e CUNHA (1998b), MOURO (1999),
ROGEZ (2000), MOCHIUTTI et al (2000), encontram vrias condies
determinantes nas preferncias dos ribeirinhos pelo tipo de explorao extrativista
que realiza. Para os moradores de comunidades prximas aos centros
consumidores existe a preferncia pela extrao dos frutos. J para comunidades
mais distantes dos centros consumidores, a opo a explorao do palmito,
mesmo com menor remunerao, devido caracterstica perecvel do aa. E
para aquele que realizam o manejo do aaizal prefervel extrao dos dois
produtos garantindo a produo e a receita mais estvel. Este o caso estudado
na ilha do Combu, sendo que a produo de frutos bem mais intensa.
3.3. As tcnicas de Produo com Manejo de aaizais
CALZAVARA (1972) define o manejo do aaizeiro como um extrativismoracionalizado das espcies, com normas exploratrias de acordo com as
condies locais e o uso de tcnicas que visam a explorao econmica da
espcie com carter permanente. MATTOS et al (1990) reforam que o manejo
dos aaizais nativos necessrio para garantir a produo constante de fruto e
palmito. Muito embora, POULLET (1998) acredite no ser possvel praticar um
manejo de silvicultura para a produo otimizada simultnea dos palmitos e dos
frutos. Entretanto, MOURO (1999) aponta indcios de que os aaizais nativos
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foram formados com interaes humanas, e que o manejo bem mais antiga do
que se conhece na literatura.
A introduo da indstria do palmito na regio, que a princpio mostrou-se
ameaadora, acabou beneficiando indiretamente a cultura do aa. Principalmente
atravs da legislao, criada para disciplinar a explorao de palmito e dar
proteo s espcies como a Euterpe Eduls, quase extinta, e especialmente a
Euterpe Olercea. Mesmo REBLO (1992) considerando a legislao frgil, pode-
se reconhecer que acabou motivando o desenvolvimento de tcnicas de manejo.
Muitas delas se tornaram prticas comuns e foram incorporadas pelos prprios
moradores ribeirinhos. Conseqentemente, auxiliaram na preservao dos
aaizeiros, no aumento da produo e fortalecimento da cultura.
A regulamentao mais importante para a extrao do palmito concentra-
se nas portarias do IBAMA, que alm das exigncias administrativas, impem
condies tcnicas para a extrao do palmito. Por conta deste cenrio muitos
pesquisadores se debruaram nos estudos para conhecer a ecologia do aaizeiro,
associar o conhecimento dos ribeirinhos e desenvolver tcnicas de manejo de
acordo com a finalidade da cultura.
O manejo pode ser realizado tanto em aaizais nativos como nos
plantados. Na ilha do Combu o aaizal nativo, mas devido ao manejo, as sua
caractersticas foram sendo alteradas pelo uso das tcnicas de cultivo dos
aaizais, que estabelecem entre outras coisas o espaamento entre ps, nmero
ideal de perfilhos por touceiras, periodicidade para a extrao do palmito. Afinal o
manejo no deixa de ser uma interferncia no sistema, portanto, ao mesmo tempo
em que tais tcnicas trazem benefcios para o extrativismo do aa, alterar e
podem at prejudicar o ecossistema como concluram QUEIROZ e MOCHIUTTI
(2000a). NOGUEIRA (1997), que concentrou seus estudos no estado do Par, e
ainda denuncia que no foram elaborados planos nem estratgias polticas para
que a atividade seja desenvolvida com maior racionalidade possvel. Sugere
tambm que a explorao respeite a capacidade de regenerao natural dos
aaizeiros com a devida reposio florestal. QUEIROZ e MOCHIUTTI (2000b) e
MOCHIUTTI e QUEIROZ (2000) sugerem que seja adotada a explorao
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consorciada com outras espcies frutferas e florestais e a proteo de outras
espcies num Sistema Agroflorestal (SAF).
Muitas pesquisas encontraram diferentes formas de manejo empregadas
pelos ribeirinhos de vrias microrregies. Desenvolvidas em razo dos fatores
ambientais, do acesso a informao de fatores culturais e outros. O quadro 3.2
rene as tcnicas mais comuns empregadas no manejo dos aaizais, inclusive na
ilha do Combu, geradas das obse