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Pós Graduação em Ergonomia: Produtos e Processos
Manuel Antonio Andrade Cisneros
A IMPORTÂNCIA DA GINASTICA LABORAL APLICADA NA PREVENÇÃO DA
SÍNDROME DO SUPRAESPINHOSO DO OMBRO NA LINHA DE PRODUÇÃO
Manaus
2016
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Manuel Antonio Andrade Cisneros
A IMPORTÂNCIA DA GINASTICA LABORAL APLICADA NA PREVENÇÃO DA
SÍNDROME DO SUPRAESPINHOSO DO OMBRO NA LINHA DE PRODUÇÃO
Manaus
2016
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Pós Graduação em Ergonomia: Produtos e
Processos, Faculdade FASERRA, como pré
requisito para a obtenção do título de
Especialista, sob a Orientação do Professor(a):
Dayana Priscila Maia Mejia
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FACULDADE FAIPE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
CARTA DE ACEITAÇÃO DO ORIENTADOR
PÓS GRADUAÇÃO EM ERGONOMIA: PRODUTOS E PROCESSOS
Manaus, 03 de Outubro de 2016
À Comissão Coordenadora do Programa de Pós-Graduação Faculdade FASERRA/ Biocursos Manaus
Eu, Prof(a). Dr(a).Dayana Priscila Maia Mejia, regularmente credenciado(a) no Programa de Pós-Graduação da Faculadade FASERRA/Biocursos, em conformidade com o Regimento Geral da Pós-Graduação da Faculdade Ávila e com o Regulamento dos Cursos de Pós-Graduação Biocursos/Manaus, informo que, após ter analisado a proposta, os motivos e o projeto de pesquisa, intitulado “(A importância da ginastica laboral aplicada na prevenção da síndrome do supraespinhoso do ombro na linha de produção)”, aceito orientar e acompanhar o candidato Manuel Antonio Andrade Cisneros na condução do projeto de pesquisa para elaboração do Artigo de Pós Graduação, visando à obtenção do título de Pós Graduado em Fisioterapia do Trabalho.
Atenciosamente,
______________________________________
(assinatura do orientador) ______________________________________
(assinatura do candidato)
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A importância da ginastica laboral aplicada na prevenção da síndrome
do supraespinhoso do ombro na linha de produção
Manuel Antonio Andrade Cisneros¹
Dayana Priscila Maia Mejia²
Pós-graduação em Ergonomia: Produtos e Processos – Faculdade: FASERRA
Resumo
Com a introdução da ginastica laboral pela radio Taissô no Brasil, varias fabricas aderiram ao
programa como forma de prevenção das Lesões relacionadas ao trabalho, muitos artigos
foram publicados sobre a Ginastica Laboral, sobre as Lesões por esforços repetitivos (LER) e
Doenças relacionadas ao trabalho (DORT´S) no geral, mais poucos destacaram sobre a
importância da ginastica laboral como prevenção de uma das principais lesões comumente
dada nos postos de trabalho que é a Síndrome do supraespinhoso. Que neste artigo faremos
uma revisão de tudo sobre o Complexo do Ombro e a grande importância para á pratica da
ginastica laboral e os principais benefícios que ela proporciona para a prevenção desta lesão
de esforço repetitivo relacionada ao trabalho.
Palavra-chave: Ginastica Laboral, Síndrome do Supraespinhoso, Complexo do Ombro.
1. Introdução
No Brasil a partir de 1990, a ginastica laboral 1ganhou importância e espaço nas discussões
acadêmicas e empresariais e um dos maiores desafios tem sido a produção de trabalhos
científicos que direcionem a atuação nesse seguimento da Ergonomia e forneçam dados para
uma abordagem técnica e profissional cada vez melhor.
Uma vez, considerando o sistema muscular de forma integrada, no qual os músculos
organizam-se em cadeias musculares, podendo basear a maior parte do programa de Ginastica
Laboral em alongamentos, principalmente o dos músculos encurtados ou “enrijecidos”.
¹ Graduando em ergonomia ² Orientadora
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Ter amplitudes em todas as articulações do sistema musculoesquelético é essencial para
garantir um movimento corporal eficiente. Essa é uma das razoes pelas quais a flexibilidade é
um componente-chave do condicionamento físico.
Já existem recomendações técnicas, inclusive do ministério do trabalho e emprego, para
determinadas profissões, como centrais de atendimentos, para a instituição de pausa durante a
jornada normal de trabalho, uma vez que há sobrecarga muscular estática de pescoço, ombro,
dorso e membros superiores; evidenciados nas analises ergonômicas do trabalhoi.
E principalmente profissionais encontraram variações quanto á motivação, atitude e resposta
ao exercício em todo e qualquer grupo de pessoas que encontram e orientam. Elas podem ser
atribuídas a certos fatores como a idade, estado de saúde, nível social e experiência prévia.
Estes profissionais devem, portanto, estar informados sobre tais fatores e do potencial de cada
um, para promover eventuais modificações na prescrição de exercícios que sejam
necessáriosii.
2. O Ombro
Na evolução das espécies segundo as doutrinas do transformismo, a posição ereta foi
adquirida pelo homem e os membros superiores deixaram de ter uma função de sustentação e
locomoção, para terem a finalidade de orientar o membro superior no espaço e desempenhar
requintadas funções por meio de um complexo de sistema de articulações e alavancas. Essa
nova característica no membro superior permite maiores possibilidades funcionais para as
mãos, órgão executor das tarefas para exploração, preensão e manipulação, fundamental as
atividades de vida diária e ocupacionaisiii.
Maiores possibilidades funcionais para a mão são possíveis graças à cinemática coordenada
do cíngulo escapular, ou seja, do sistema interligado de articulações que compõe o complexo
do ombro. Essas articulações estão ligadas ao ombro umas às outras como um cinto (cíngulo)
e presas ao tronco (esqueleto axial) pela articulação esternoclavicular.
O cíngulo escapular formado pela clavícula a escapula apresenta fatores de estabilidade óssea
e ligamentar escassos, e, portanto, a estabilidade é mantida pelos músculos, tornando esse
complexo mais móvel, porem menos estável.
A Grande amplitude, associada a essa alta mobilidade, ao mesmo tempo, o predispõe a
inúmeras lesões. Tanto a prevenção quanto à reabilitação de tais lesões dependem do perfeito
desempenho biomecânico entre as estruturas ósseas, articulares, ligamentares e musculares
pertencentes ao complexo articular do ombro. Qualquer alteração no funcionamento dessas
estruturas, hipo ou hipermobilidade, resulta em prejuízo funcional, podendo gerar dor e
alterações funcionais locais e até envolvimento em todo membro superior.
A grande mobilidade, associada a pouca estabilidade, e o importante uso do ombro nas
atividades de vida diária e ocupacionais tornam o complexo articular do ombro susceptível a
grande sobrecarga mecânica, fadiga, dores e lesões, nessa ordemiv.
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2.1 Estruturas Ósteo-Articulares
O ombro é composto pelos ossos do úmero, escapula e esterno, bem como pelas articulações
esternoclavicular, acromioclavicular, glenoumeral, escapulotorácica e subdeltóideav.
O ombro não possui apenas uma articulação, mais cinco as quais formam o complexo
articular do ombro, cujos movimentos serão definidos ao nível do membro superior. As cinco
articulações estão definidas em dois grupos:
Primeiro grupo - Duas articulações:
-Articulação do Ombro (Glenoumeral)
A articulação verdadeira no sentido anatômico (contato de duas superfícies de deslizamento
com revestimento cartilaginoso)
-Articulação Subdeltóidea ou segunda articulação do ombro.
Essa não é uma articulação no sentido anatômico; entretanto, é uma articulação no sentido
fisiológico, porque apresenta duas superfícies deslizantes uma em relação à outra. A
articulação subdeltóidea é mecanicamente relacionada à articulação glenoumeral: todo
movimento na articulação glenoumeral causa um movimento na articulação subdeltóidea.
Segundo Grupo – Três articulações:
-Articulação Escápulo-torácica.
Aqui também se trata de uma articulação no sentido fisiológica e não anatômico. É a
articulação mais importante do grupo, entretanto não consegue atuar sem as duas outras que
estão mecanicamente relacionadas a ela.
-Articulação acromioclavicular
Articulação verdadeira, localizada na extremidade lateral da clavícula.
-Articulação esternoclavicular
Articulação verdadeira localizada na extremidade medial da clavícula.
2.2 Fisiologia do Ombro
O Ombro apresenta 3 graus de liberdade, que permitem orientar o membro superior em
relação aos três planos do espaço, graças aos três eixos principaisvi:
Eixo Transversal, incluído no plano frontal: Permite os movimentos de Flexão-extensão
realizados no plano Sagital;
Eixo Ântero-Posterior, incluído no plano sagital: permite os planos de abdução e de adução
realizados nos plano frontal;
Eixo Vertical, determinado pela inserção do plano sagital e do plano frontal: Permite os
movimentos de flexão e extensão realizados no plano horizontal, com o braço em abdução de
90°, também denominado de flexo extensão horizontal.
O eixo longitudinal do úmero permite a rotação lateral/medial do braço e do membro superior
em dois modos distintos.
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2.3 Movimentos de Circundução
A combinação dos movimentos do complexo do ombro gera o movimento chamado de
circundução. Quando o individuo realiza este movimento alcançando a sua amplitude
máxima, ele descreve no espaço um cone irregularvii.
2.4 Goniometria da articulação do Ombro
Movimento de Flexão: 0 - 180°, com o movimento realizado levantando do o braço para a
gente, com a palma da mão voltada medialmente paralela ao plano sagital.
Movimento de Extensão: 0 - 45°, A palma da mão voltada medialmente, paralelamente ao
plano sagital, e o braço para trás.
Movimento de Abdução do braço: 0 - 180°, O movimento pode ser realizado com elevando o
braço lateralmente em relação ao troco. Neste movimento inclui-se o movimento da escapula
a partir dos 90°.
Movimento de Adução do braço: 0 - 40°, Com a palma da mão voltada posteriormente numa
flexão de 90° do ombroviii.
3. Lesões Musculares
O complexo do ombro esta sujeito a grande variedade de lesões, que podem ocorrer de duas
maneiras. O primeiro tipo de lesão é causado por traumatismo. Comumente, esse tipo de lesão
ocorre quando é feito contato com um objeto externo como, por exemplo, do solo ou outro
individuo. O segundo tipo de lesão se deve a ações articulares repetidas que criam locais
inflamatórios dentro e entorno das articulações ou inserções musculares.
Uma lesão no musculo esquelético por ação pode ocorrer durante um episódio de exercícios
intensos, em um musculo exercitado durante um longo período de tempo ou em um exercício
excêntrico. Geralmente, a lesão é na verdade uma microlesão com pequenos danos à fibra
muscular. O resultado de uma distensão ou microrruptura no musculo se manifesta por dor ou
sensibilidade muscular, inchaço, possível deformação anatômica e disfunção ao movimento.
Os músculos utilizados na terminação de uma amplitude de movimento estão em risco porque
são utilizados para retardar excentricamente um membro que esta se movimentando com
muita rapidezix.
3.1 Tendinite e Tenossinovites
A tendinite é definida como um processo inflamatório de tendão e da inserção
musculotendínea na região mais superior do tendão, onde não existe a presença desta bainha
tendinosa. A tenossinovite é uma reação tipo inflamatória em torno da bainha sinovial do
tendão, produzindo sinais do tipo crepitação, que ocorre mais frequentemente nos tendões das
mãos ou dos dedos. Os sintomas mais comuns são dor ao movimento, ao toque edema visível
das bainhas tendinosas, ou uma sensação de crepitação quando a articulação se move. As
lesões crônicas de tendão geram um processo mais degenerativo do que inflamatório, em
função das forças de atrito geralmente associada a trabalhos com movimento repetitivos,
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aliados a exigência da força. O desenvolvimento destas patologias é multicausal, podendo ser:
movimentos repetitivos, posto de trabalho inadequado, organização do trabalho com ritmo
acelerado, sobrecarga de produção, horas extras, pausas inadequadas e doenças sistêmicas.
Melhorn e Ackerman publicaram, em 2008, guias para avaliação, especificando as atividades
laborais mais relacionadas a esta patologia, bem como os fatores de risco mais importante
dessas causas ocupacionaisx.
Atividades Laborais
Terminais de computador;
Controle de qualidade;
Empacotamentos;
Corte de alimentos;
Linha de montagem industrial;
Uso de ferramentas.
Causas Ocupacionais
Combinação de:
Força;
Repetitividade;
Posições forçadas;
Ritmo acelerado;
Organização do trabalho inadequada.
Na maioria dos casos, o paciente tem dificuldade para definir o tipo e a localização da dor,
que pode ser generalizada. É comum o relato de dor que é desencadeada e agravada ou
agravada pelo movimento repetitivo e que, nas fases iniciais, costuma ser aliviada pelo
repouso. Para além da dor, os pacientes podem queixa-se de parestesia, edema subjetivo,
rubor, crepitação, rigidez matinal, diminuição de força, sensação de peso, desconforto,
alteração da caligrafia, alteração subjetiva de temperatura e eliminação dos movimentos,
espessamento ao longo da unidade musculotendínea, postura anormal e imobilização das
áreas dolorosas.
Pode piorar com o uso do membro pela movimentação dos tendões, exposição ao frio,
mudanças bruscas de temperatura, e associação com sintomas gerais de ansiedade, estresse
emocional, irritabilidade, alterações de humor, distúrbios do sono, fadiga crônica e cefaleia
tensional. Os sintomas sensitivos, quando presentes, estão relacionados à compressão de
nervos periféricos ou de raízes nervosas, correspondendo à sua distribuição. No exame físico
devem-se executar testes de contra resistência para os tendões acometidosxi.
3.2 Síndromes do Supra-espinhoso
O supra-espinhoso é a principal estrutura do chamado manguito rotador (constituído pelo
subescapular, supra-espinhoso, infra-espinhoso e redondo menor) e tem como principal
função a realização da elevação e abdução do braço. Sua fixação proximal é na fossa supra-
espinhal da escápula e a distal é na face superior do tubérculo maior do úmero, inervado pelo
supra-escapular (c4, c5 c6).
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As lesões do manguito rotador são também conhecidas como doença do manguito rotador,
síndrome do impacto, tendinite do supra-espinhoso ou síndrome do arco doloroso do ombro.
A incidência dessa patologia é maior nos indivíduos acima de 40-50 anos, ocorrendo por
estágio:
a) edema e hemorragia no tendão do supra-espinhoso em menores de 25 anos;
b) fibrose e tendinite entre os 25-40 anos;
c) rupturas parciais ou totais de tendão em indivíduos maiores que 40 anos.
Devido a sua alta prevalência na população, a tendinite do supra-espinhoso é uma das
principais patologias relacionadas a LER/DORT.
Esta síndrome desenvolve de acordo com as características externas e genéticas, como
traumas e/ou luxações de ombro, a prática de atividade esportiva com elevação e abdução de
ombro (voleibol, basquetebol, natação), movimentos repetitivos de ombro ou postura
inadequada com ombro elevado e abduzido (cortadores de cana, pintores de parede), postura
estática (costureiras, soldadores, mecânicos, motoristas de ônibus urbano), artropatias
degenerativas (artrite reumatoide e artrite gotosa), diabetes mellitus e tipos morfológicos de
acrômio (planos, curvos ou ganchosos). Levando a microtraumas no tecido, inflamação
crônica ou aguda, fibrose, alterações degenerativas (entesopatia por hipovascularização),
ruptura parcial ou completa, e o impacto do tendão abaixo do osso acrômio, assim
ocasionando a lesão do tecido. Por causa deste último fator (impacto tendão/osso) o indivíduo
sente dor quando vai elevar o braço ao lado do corpo (abdução do ombro).
4. Movimentos de Desgaste
A postura ereta do homem e suas atividades diárias desgastam os tendões supra espinhais e os
tendões conjuntos da bainha músculo – tendínea. A gravidade leva a um esforço de tração,
sobre a capsula e os tendões dos braços pendentes; o movimento de flexão para frente e
abdução provoca um atrito e compressão sobre a cabeça do úmero e o suprajacente ligamento
córaco – acromialxii.
Uma degeneração progressiva da bainha musculo – tendínea, nota-se na quarta e quinta
década, que estão se afastando de seus locais de inserção, e revelando sinais de esvaecimento
e degeneração, notados sobretudo na “zona – critica” e a incidência de ruptura leves prevalece
mais ao envelhecer. Quando a degeneração da bainha músculo- tendínea se torna mais intensa
e aparente, nota-se também um desgaste dos tubérculos do úmero. Isso é devido à ação do
deltoide na elevação do úmero contra o capuz córaco – acromial, não oposto pela depressão e
rotação dos “rotadores da Bainha músculo – tendínea”.
A Absorção dos tubérculos devem também encontrar a compressão do tendão bicipital à
medida que o sulco intertubercular se torna raso e deformado, ou mesmo completamente
obliterado. A bolsa subacromial é também sujeita a estas pressões compressivas e as paredes
da bolsa espessam e, quando houver ruptura do tendão ou deposição de cálcio, fica distendida.
A face inferior do acrômio, por atrito e pressão do úmero adjacente, se torna ebúrnea e
espessada.
Na Abdução do braço a parte posterior do arco, o acrômio, está mais afastado da cavidade
glenóide do que o processo coracóide e o ligamento. O tubérculo maior não se choca ao
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acrômio, mas esta constantemente pressionando o ligamento nas atividades cotidianas,
demandando elevação e abdução do braço. Quase todas as atividades cotidianas do braço
implicam em algum grau de abdução. xiii
5. Diagnósticos e Testes
O diagnóstico é feito pela radiografia de ombro AP (para identificar tipo de acrômio),
ultrassonografia de ombros bilateral com transdutor de alta frequência e ressonância
Magnética.
Diagnóstico diferencial: bursite, traumatismo, artropatias diversas e doenças metabólicas.
Exame Físico: arco doloroso positivo, Sinal de Neer, Jobe, Hawkins positivosxiv.
Testes Específicos
-Teste de Neer: Com o paciente em pé, o examinador posiciona-se atrás dele; com uma mão,
estabiliza o “topo” do ombro, pressionando para baixo, enquanto com a outra mão ele eleva o
membro superior ate a máxima amplitude.
Essa manobra provoca atrito das estruturas subacromiais com o arco coracoacromial. A dor
caracteriza o quadro inflamatório dessa estrutura (Neer, 1977).
-Teste de Jobe: Com o paciente em pé e ambos os membros superiores posicionados no plano
escapular (de 30 a 45° anterior ao plano coronal) e em rotação medial, o examinador aplica
uma força no sentido inferior, que deve ser resistida pelo paciente. O teste avalia a força do
musculo supra-espinhal; e a ocorrência de dor ou a incapacidade de realiza-lo indica a
presença da patologia (tendinite ou ruptura) desse músculo. (Jobe e Jobe, 1983).
-Teste de Hawkins/Kennedy: Com o paciente em pé, o examinador posiciona o membro
superiora 90° de flexão e força a rotação medial, resistida pelo paciente. Este teste provoca o
atrito das estruturas subacromiais com arco coracoacromial, principalmente com o tendão do
músculo supra-espinhal, podendo desencadear dor e/ou desconforto no caso de haver irritação
e inflamaçãoxv.
Cada fase da lesão exige um tratamento específico. Na fase inflamatória, o paciente é
aconselhado a restringir o uso do braço, especialmente os movimentos de elevação do
membro superior acima da cabeça. Nas fases seguintes, o fortalecimento e o
recondicionamento gradativo do manguito deverão ser introduzidos. A progressão da carga
dos exercícios é feita em consultas subsequentes ao fisioterapeuta, nas quais a mecânica e a
função da articulação do ombro será reavaliada. Exercícios dinâmicos e estáticos devem ser
usados para estimular o tecido que teve sua cicatrização e reparo incompletos. Associado aos
exercícios (fisioterapia) também é usado anti-inflamatórios/analgésicos e quando o tratamento
clínico não for eficaz, pode-se iniciar com tratamento cirúrgico de acordo com a doença base
(artroscopia com desbridamento de tendão e bursectomia, rafia de tendão e acromioplastia).
6. Condicionamento
Os músculos dos ombros são facilmente alongados e fortalecidos por causa da mobilidade da
articulação. Os músculos comumente trabalham em combinação, o que torna difícil isolar um
musculo especifico nem exercício xvi.
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O condicionamento é o aumento da utilização de energia do musculo por um programa de
exercícios. A melhora da habilidade muscular para usar energia é decorrente da existência de
níveis elevados de enzimas oxidativas nos músculos, aumentando a densidade e o tamanho
das mitocôndrias, bem como elevando o suprimento de fibras capilares musculares.
O treinamento depende de exercícios com intensidade, duração e frequência suficiente.
O treinamento produz adaptação cardiovascular e/ou muscular e reflexo da resistência física
pessoal.
7. Ginastica Laboral
A ginastica laboral é um programa de qualidade de vida no trabalho, de promoção de saúde e
lazer realizado durante o expediente de trabalho e é também considerada programa de
ergonomia que utiliza atividades físicas planejadas visando á prevenção de lesões por esforços
repetitivos e/ou distúrbios osteomusculares relacionadas ao trabalho (LER/DORT)xvii.
A ginástica laboral pode ser classificada quanto ao horário de execução e quanto ao seu
objetivo. A primeira classificação divide o expediente de trabalho em três momentos: O
preparatório, no começo do expediente (aquecimento), o compensatório, no meio do
expediente (período de exercício aeróbico) e o relaxamento, no fim do expediente (período de
desaquecimento),xviii.
- Preparatório (aquecimento)
O aquecimento visa à obtenção de um estado ideal psíquico e físico, à preparação cinestésica,
coordenativa e para a prevenção de lesõesxix.
É o termo usado nos programas de condicionamento físico relacionado à saúde, desempenho
nas mobilidades tanto esportivas quanto atividades de vida diárias para uma determinada ação
de esforço que pode ser do trabalho ou em atividades físicas.
Segundo Wolkow xx, cada sistema biológico tem uma inércia característica, que também varia
de acordo com subsistemas e elementos subordinados a esse sistema. Essa diferença é
responsável pela falta de sincronismo no funcionamento dos diferentes sistemas.
O aquecimento tem a função de determinar o desempenho de cada sistema funcional e de
estabelecer o momento adequado para o seu funcionamento, a fim de que o organismo possa
atingir o seu desempenho máximo.
Benefícios do Preparatório (Aquecimento)
Permitir um aumento gradual na necessidade metabólica, isso aumenta o desempenho
cardiorrespiratório, além de ser menos estressante para o praticante. A hemoglobina também
libera oxigênio para o funcionamento dos músculos mais facilmente, em temperaturas mais
altas. Isso facilita a crescente utilização de oxigênio pelos músculos, tornando o desempenho
físico mais efetivo xxi.
Evitar surgimento prematuro de acumulo de acido lático no sangue e fadiga prematura. O
aquecimento progressivo possibilita um aumento no desempenho em função de um aumento
do debito cardíaco e de volume respiratório. Quando os músculos estão submetidos a uma
carga prolongada, eles atingem um equilíbrio entre a produção e o consumo de energia depois
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de um determinado período. A demanda inicial de oxigênio somente é compensada no fim da
atividade.
O aquecimento tem como função evitar o retardamento o máximo possível, isso significa
manter a dinâmica cardiorrespiratória, e compensar a demanda de oxigênio através do debito
cardíaco e do volume respiratórioxxii.
Causar um aumento gradual na temperatura do musculo, isso reduz a probabilidade de lesão
do tecido mole (fáscia muscular) e aumenta a efetividade do alongamento ativo e estático. O
tecido muscular e a fáscia se tornam mais elásticos, o que reduz o risco de superalongamento
ou rompimentos das fibras musculares, tendões e tecidos conjuntivosxxiii.
Aumentar a transmissão neural para a contração muscular e o recrutamento das unidades
motoras, Todos os processos relacionados a estimulação – cronaxia (tempo de uma corrente
necessita para desencadear um estimulo), aumento do potencial de ação e da velocidade de
condução de um estímulo – são acelerados em função da temperatura. O aumento da
excitabilidade do SNC resulta em maior velocidade de reação e de contração: um aumento de
temperatura de 2°C corresponde a um aumento de 20 % da velocidade de contraçãoxxiv.
- Compensatório
Com duração de 5 a 10 minutos durante a jornada de trabalho, sua principal finalidade é
compensar todo e qualquer tipo de tensão muscular adquirido pelo uso excessivo ou
inadequado das estruturas musculo ligamentares.
Tem o objetivo de melhorar a circulação com a retirada de resíduos metabólicos, modificar a
postura no trabalho, reabastecer os depósitos de glicogênio e prevenir a fadiga muscular. São
sugeridos exercícios de alongamento e flexibilidade, respiratórios e posturaisxxv.
- Relaxamento
Realizada no final da jornada de trabalho durante 10 ou 12 minutos, tem como objetivo a
redução do estresse, alívio das tensões, redução dos índices de desavenças no trabalho e em
casa, com consequente melhora da função social. São realizadas automassagens, exercícios
respiratórios, exercícios de alongamento e flexibilidade e meditaçãoxxvi.
8. Metodologia
Foi realizada a partir de revisão bibliográfica sobre o tema do assunto, com artigos científicos
da Bio Cursos, revisões de literaturas, livros e revistas no período de 28/06/2016 à 26/07/2016
na biblioteca da Bio Cursos, de natureza qualitativa, com finalidade explicativa, para maior
abrangência de forma que a justificativa é de base exploratória, com reflexões conceituais
sólidos e alicerçados a conhecimentos já existentes para que possamos aprofundar ainda mais
sobre essa área que é bem conhecida mais é tão pouco difundida.
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9. Resultados e Discussão
Para o Fisioterapeuta que exerce a função de Especialista em Ergonomia a grande sacada é
que o conhecimento em cinesiologia e biomecânica desenvolvida na graduação associada à
especialidade lhe favorece uma ferramenta a mais para o exercício da especialidade de
ergonomia pelo fato de compreensão entre o “homem e a maquina” tentar adequar o
funcionário (a Pessoa pelo conhecimento corporal e fisiológico) ao posto a Maquina com
todas as regras de montagem, elaboração de condutas dentro de um tempo para que possa
fazer com qualidade)xxvii.
O homem no seu desejo de adaptar o meio e modificar as suas características às suas
conveniências, de encontrar extensões para suas capacidades limitadas e de diminuir os
esforços na complementação de tarefas do trabalho, de aumentar a produção e de incrementar
o desenvolvimento econômico, constrói máquinas e ambientes que, satisfazendo a algumas
dessas ambições, trazem, por outro lado, crescente exposição a ruídos, calor e substâncias
tóxicas, fadiga física e mental, falta de definição dos objetivos de seu trabalho, com
consequente carência de motivação e principalmente incremento nos níveis de risco com
elevação no número e gravidade dos acidentes de trabalho, no absenteísmo, na rotatividade de
pessoal, na fadiga, entre outros xxviii.
As doenças do trabalho fora reconhecida em 1987, por meio da Portaria n. 4.062, do
Ministério da Previdência Social, e detêm o primeiro lugar das doenças ocupacionais
notificadas à Previdência Social. Estas espécies de moléstias vêm atingindo grande parte da
população operária, deixando de ser exclusividade dos digitadores, como se entendia até
pouco tempo, hoje há ocorrência em diversos trabalhadores de outros ramos de atividade,
como por exemplo, as telefonistas, metalúrgicos, operadores de linha de montagem, entre
outrosxxix.
A Ergonomia nada mais é que um investigador das relações entre o repertório
comportamental dos indivíduos e os seus limites no atendimento das demandas ambientais,
com vistas à redução da fadiga, do desconforto físico e diminuição do índice de erros e de
acidentes de trabalho. Esses estudos visam promover a satisfação e a diminuição do
sofrimento do trabalhador no exercício de suas atividades laborais. No entanto, a Ergonomia
pode ser considerada como um artifício para prevenção das doenças que acometem o
trabalhador, tendo-se, dentre elas, a LER e a DORT como suas principais representantes.
A biofotogrametria computadorizada é um método que apresenta duas grandes vantagens na
efetividade de sua aplicação clínica, baixo custo do sistema de fotointerpretação de imagens e
a precisão e reprodutibilidade dos resultados, motivos pelos quais se utiliza constantemente
esse método de avaliaçãoxxx.
Tendo em vista o principio da cinesiologia e biomecânica com o conhecimento da
biofotogrametria trás uma ferramenta chave para elaboração de analises da biomecânica
ocupacional do trabalhador dos juntamente com outras ferramentas da ergonomia que possam
auxiliar onde há a sobrecarga ao musculo perante o movimento agonista para o
desenvolvimento de exercícios onde possam relaxar os agonistas e trabalhar os antagonistas.
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10. Conclusão
Conclui-se que com uma avaliação bem aprofundada sobre os movimentos do ombro
realizado na linha de produção e acompanhado a um estudo cinesiológico dos possíveis
movimentos efetivos durante o período de trabalho, podemos descrever os tipos de exercícios
em determinadas pausas durante o percurso do trabalho, para que minimize o impacto das
possíveis lesões e trabalhando os músculos que não interagem durante o movimento continuo
da linha de produção, evitando as compensações, fadigas e ao mesmo tempo fortalecendo o
musculo tendo em vista sobrevir o equilíbrio muscular. Através de varias ferramentas que
possam mensurar e quantificar mapeando movimentos que o funcionário realiza dentro do seu
posto para que possa prescrever uma atividade que dentro de seus períodos possa aquecer,
despertar e relaxar, minimizando assim os impactos dentro da linha de produção.
11. Referencias
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Desempenho Humano, 7. Ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
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Mauricio, PINHO, Diana, Introdução a Ergonomia, 1. Ed. São Paulo: Editora
Blucher, 2009.
3. SKINNER, Prova de Esforço e Prescrição de Exercício para Casos Específicos, 1.
Ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1991.
4. CANDLER, T. Jeff, BROWN, LEE E, Treinamento de Força para o Desempenho
Humano, 1. Ed. São Paulo: Artmed, 2009.
5. LECH, Osvandre, Membro Superior, 1. Ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2005.
6. KAPANDJI, A. I, Fisiologia Muscular vol. 1, 5. Ed, São Paulo: Panamericana, 2000.
7. ZERNICK, Withing, Biomecânica Funcional e das Lesões Musculoesqueléticas, 2.
Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
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2001.
9. KISNER, Carolyn, COLBY, Lynn Allen, Exercícios Terapêuticos Fundamentos e
Técnicas, 5. Ed. São Paulo: Manole, 2009.
10. FALOPPA, Flávio, ALBERTONI, Walter Manna, Ortopedia e Traumatologia, 1.
Ed. São Paulo: Manole, 2008.
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2013.
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