Transcript
Page 1: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

Portugal - Perfil País

Page 2: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

2

Índice

1. História 4

2. Cultura 5

3. Geografia e características socio-económicas 7

3.1 Geografia, clima 7

3.2 Indicadores sócio-económicos 7

4. Organização política e administrativa 9

4.1 Estrutura política 9

4.2 Organização administrativa 10

5. População 12

5.1 Repartição regional 13

5.2 Migrações 14

5.3 População activa 14

5.4 Níveis de escolaridade da população activa 15

6. Infra-estruturas 16

6.1 Rede viária 16

6.2 Rede ferroviária 16

6.3 Rede portuária 17

6.4 Rede aeroportuária 18

6.5 Infraestruturas tecnológicas 18

6.6 Políticas para o futuro 21

7. Recursos e estrutura produtiva 22

7.1 Agricultura, silvicultura e pesca 23

7.2 Indústria 26

7.3 Construção 35

7.4 Serviços 35

Page 3: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

3

8. Situação económica 40

8.1 Política económica recente 40

8.2 Perspectivas de evolução 41

8.3 Economia das regiões 44

9. Enquadramento económico regional – Portugal e a União Europeia 52

10. Comércio 53

10.1 Evolução da balança comercial 54

10.2 Principais parceiros comerciais 55

10.3 Principais produtos transaccionados 57

10.4 O comércio internacional e as regiões 58

11. Investimento 59

11.1 Evolução do investimento directo estrangeiro em Portugal 59

11.1.1 Principais países investidores 60

11.1.2 Principais sectores 60

11.1.3 Projectos recentes de investimento em Portugal 60

11.2 Evolução do investimento directo português no estrangeiro 63

11.2.1 Principais países de destino 63

11.2.2 Principais sectores 63

11.2.3 Projectos recentes de internacionalização das empresas portuguesas 64

12. Turismo 67

13. Relações internacionais e regionais 69

14. Condições legais de acesso ao mercado 70

14.1 Regime de trocas intra-comunitárias 70

14.2 Regime geral de importação 71

14.3 Regime de investimento estrangeiro 72

ANEXOS

Anexo 1 – Regimes aduaneiros 74

Anexo 2 – Documentos de importação 75

Anexo 3 – Endereços úteis de Internet 76

Page 4: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

4

1. História

A batalha de S. Mamede travada em 1128, entre os

fidalgos portucalenses liderados por D. Afonso Henriques

e os nobres galegos liderados pela sua mãe D. Teresa, é

decisiva para o nascimento de Portugal. Uma vez vencida a

batalha e concretizada a expulsão de D. Teresa do Condado

Portucalense, D. Afonso Henriques declara o principado

independente. Seguem-se várias lutas contra Leão e Castela

e contra os muçulmanos, mas é com a Batalha de Ourique,

em 1139, que é declarada a independência de Portugal e que

D. Afonso Henriques, com o apoio dos chefes portugueses,

é aclamado soberano - D. Afonso I de Portugal. Todavia, a

independência de Portugal só viria a ser reconhecida pelo Rei

de Castela em 1143 com a assinatura do Tratado de Zamora.

Segue-se um amplo período de conquistas e de assinaturas

de tratados entre Portugal e a coroa de Castela e, em 1297,

no reinado de D. Dinis, estavam definidas as fronteiras

actuais do País (as mais antigas da Europa).

No século XIV começam a brilhar as primeiras luzes da

Idade de Ouro de Portugal. A sua língua separa-se do

galaico-português, a Corte ganha brilho intelectual de

dimensão europeia e é fundada a Universidade.

O século XV marca o início dos Descobrimentos, durante os

quais Portugal vive um período de grande expansão através

dos oceanos. É descoberto oficialmente o arquipélago da

Madeira (1419), o dos Açores (1425) e são conquistadas

algumas cidades no actual Reino de Marrocos. Das

numerosas personagens relacionadas com esta época,

destacam-se: Diogo Cão, pela descoberta do litoral

africano, Bartolomeu Dias, que em 1488 dobrou o Cabo da

Boa Esperança e abriu o caminho à descoberta da Índia por

Vasco da Gama (1498) e, por último, Pedro Álvares Cabral

que descobriu o Brasil em 1500.

O sonho de um novo Brasil (desta vez em África, ligando

Angola e Moçambique através de territórios regularmente

Padrão dos Descobrimentos

©Ru

i Mor

ais

de S

ousa

atravessados, mas nunca ocupados) é impedido pelas

ambições imperiais inglesas, criando o fermento para uma

nova mudança de regime político. Assim, no início do

século XX, é instaurada a I República em Portugal (1910).

Como resultado da crise financeira que varreu a Europa

após a I Guerra Mundial e da instabilidade política interna,

em 1926, um golpe militar pôs fim ao regime parlamentar

(I República). Em 1933, o regime então em vigor deu

origem ao Estado Novo, que governou o País até 1974.

Em 25 de Abril de 1974 o Movimento das Forças Armadas

derrubou o regime político que vigorava em Portugal,

tendo sido instaurado o regime democrático. Com a

democracia veio o desenvolvimento económico e social,

o florescimento cultural e científico e, cada vez mais, a

afirmação do País em matéria de inovação.

Fechado o ciclo do império (com a descolonização em

meados da década de 70 de Angola, Cabo Verde, Guiné

Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe), Portugal aderiu à

Comunidade Económica Europeia em 1986 e posteriormente

à Zona Euro, mas sem deixar de procurar manter uma ligação

estreita quer com os outros sete países que falam português

Page 5: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

5

(o que levou à criação da CPLP - Comunidade dos Países de

Língua Portuguesa), quer com as comunidades portuguesas

espalhadas por todo o mundo.

Presentemente, Portugal é um país com estabilidade

social e politica e que se afirma cada vez mais pela sua

capacidade de diálogo e de entendimento da diferença e

pela sua cultura e modo de vida, resultado de séculos de

estreita convivência com outros povos.

2. Cultura

A cultura portuguesa é baseada num passado e em marcas

deixadas pelos povos que ocuparam este território de que

são exemplos emblemáticos: do período romano o Templo

de Diana em Évora, e da arquitectura mourisca as típicas

cidades do Sul de Portugal, como Olhão e Tavira.

Também a arte portuguesa foi enriquecida pelas

várias influências externas ao longo dos séculos. Os

descobrimentos portugueses contribuíram para que o país

ficasse mais receptivo às influências orientais, assim como o

período quinhentista com a descoberta do Brasil e das suas

riquezas influenciou a utilização do estilo “barroco”.

Na arquitectura, as influências romanas e góticas deram

ao país algumas das suas mais imponentes catedrais.

No século XV nasceu mesmo um estilo nacional – estilo

Manuelino – que veio juntar várias formas num conjunto

luxuoso e ornamentado.

Vários exemplos de grandes obras arquitectónicas podem

ser citados: o Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa; a Sé

(catedral) de Lisboa, onde na fachada podem ainda ser

vistas ruínas da construção romana; o Palácio da Justiça

em Lisboa, um exemplo da austera arquitectura moderna;

o castelo e a igreja do Convento de Cristo em Tomar; a

abadia portuguesa de Santa Maria da Vitória na Batalha

(estilo gótico); a Torre dos Clérigos, em granito, no Porto e

a catedral romanesca de Braga.

Pavilhão de Portugal - Parque das Nações

©Ru

i Mor

ais

de S

ousa

Em muitos se vê na pedra a nossa relação com o mar, que

se mantém em alguma da contemporânea arquitectura

portuguesa onde sobressaem nomes como Álvaro Siza

Vieira ou Eduardo Souto de Moura, nomeadamente no

Parque das Nações, palco da última exposição mundial do

Século XX, subordinada ao tema dos Oceanos.

A escultura encontrou grande expressão nos magníficos

túmulos dos séculos XII e XIII e nas esculturas barrocas do

século XVIII, sendo de assinalar os presépios de Joaquim

Machado de Castro. As tradições clássicas e românticas de

Itália e de França, para além da influência que exerceram

na obra deixada por Machado de Castro, também foram

determinantes na expressão plástica de António Soares dos

Reis, no século XIX.

A escola de pintores do século XV foi precursora de um estilo

pátrio por parte de artistas flamengos, que deixaram uma

valiosa herança na arte religiosa decorando vários palácios

e conventos em Portugal. O período romântico do século

XIX, embora tardio, fez renascer a arte nacional. Seguiu-se

o período do realismo naturalista que veio abrir portas para

novas experiências realizadas já no século XX, sendo de

destacar a obra de Maria Helena Vieira da Silva na pintura

abstracta e de Carlos Botelho nas cenas de ruas de Lisboa.

Page 6: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

6

A azulejaria é igualmente bastante rica. Muitos dos edifícios

dos séculos XVI e XVII têm aplicação de azulejos. São

escolhidos igualmente para decorar paredes de quarto

e “hall” de entrada de diversos palácios e mansões

senhoriais, que exibem painéis de azulejos, onde as cores

predominantes são o azul e o branco.

Exemplos excepcionalmente bons podem ser vistos no Pátio

da Carranca, do Paço de Sintra, na igreja São Roque em

Lisboa e na Quinta da Bacalhoa, na Vila Fresca de Azeitão,

perto de Setúbal. Também o Metropolitano de Lisboa

decorou algumas das suas estações com azulejos assinados

por artistas portugueses contemporâneos.

A literatura distingue-se pela riqueza e variedade da sua

poesia lírica, pela escrita que enaltece a sua história e

por uma subtileza nos dramas, biografias e ensaios. Os

primeiros cancioneiros testemunham uma escola de poesia

sobre o amor, estilo que ultrapassou fronteiras e influenciou

os cancioneiros espanhóis. Já o estilo romanceiro bebeu

influências dos nossos vizinhos, apesar de não ter

partilhado a predilecção pelo heróico.

Os Lusíadas de Luís de Camões são a grande obra épica do

século XVI, o poema clássico de exaltação dos feitos dos

portugueses além-mar.

Existem ainda outros nomes de grande relevo na poesia

com é o caso de Fernando Pessoa, Eugénio de Andrade,

Florbela Espanca, Cesário Verde, António Ramos Rosa,

Mário Cesariny e Antero do Quental, entre outros.

Na prosa, Damião de Góis, o Padre António Vieira, Almeida

Garrett, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Miguel

Torga, Fernando Namora, José Cardoso Pires, António Lobo

Antunes e José Saramago (vencedor do prémio Nobel da

Literatura em 1998).

No teatro, destaca-se a figura maior de Gil Vicente, António

José da Silva – o Judeu e Bernardo Santareno.

Centro Cultural de Belém (Lisboa)

A música e a dança populares e o tradicional fado

continuam a ser as formas fundamentais de expressão

musical do país. A mais famosa e internacional fadista

portuguesa foi Amália Rodrigues, mas hoje nomes como

Carlos do Carmo ou Marisa mantêm viva esta canção tão

associada a Portugal.

Finalmente, falar de cultura portuguesa é falar do poder de

disseminação da língua. O português, a quinta língua mais

falada no mundo e a terceira mais falada no Ocidente, é

falado por mais de 210 milhões de pessoas.

É o idioma oficial de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-

Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe. É também uma

das línguas oficiais da Guiné Equatorial (com o castelhano

e o francês), Timor-Leste (com o tétum) e Macau (com o

cantonês). É ainda falada na antiga Índia portuguesa (Goa,

Damão e Diu), Andorra, Luxemburgo e Namíbia, além

de ter igualmente estatuto oficial na União Europeia, no

Mercosul e na União Africana.

©A

ntón

io S

acch

etti

Page 7: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

7

3. Geografia e Características Socio-Económicas

3.1 Geografia, clima

Portugal está geograficamente situado na costa Oeste

da Europa, na Península Ibérica. Faz fronteira a Norte e a

Leste com a Espanha, a Ocidente e a Sul com o Oceano

Atlântico. As suas fronteiras estão definidas desde o

século XIII, incluindo para além do território continental, as

Regiões Autónomas dos Açores e Madeira, arquipélagos

situados no Oceano Atlântico.

Com uma área total de 92.094 km2, Portugal beneficia de

uma excelente localização geográfica, situando-se numa

posição geo-estratégica entre a Europa, a América e a África.

se distingue das terras altas do interior. As maiores

altitudes encontram-se num cordão de montanhas

situado no centro do país: a Serra da Estrela, com 1.991

metros de altitude, constitui o elemento culminante. Nos

arquipélagos, a montanha do Pico (2.351 metros) é o

ponto mais alto dos Açores e o Pico Ruivo (1.862 metros)

é a maior elevação da Madeira.

No litoral do continente, geralmente pouco recortado,

os principais acidentes correspondem a estuários (Tejo e

Sado). Seguem-se pequenas baías (Peniche, Sines, Lagos)

e estruturas de tipo lagunar (Vouga-Aveiro, Óbidos,

Faro). As saliências costeiras são em pequeno número

e de baixas amplitudes, mas de grande beleza: cabos

Mondego, Carvoeiro, Roca, Espichel, Sines, S. Vicente e

Santa Maria.

O clima é caracterizado por Invernos suaves e Verões

amenos. Os meses mais chuvosos são os de Novembro e

Dezembro enquanto o período de precipitação mais escassa

decorre de Abril a Setembro.

3.2 Indicadores socio-económicos

Na última década foram desencadeadas extensas reformas

com resultados notáveis ao nível do desenvolvimento

económico e de coesão social (protecção e inclusão social)

de Portugal.

O combate à pobreza extrema, as Pensões Mínimas, o

Rendimento Social de Inserção e o Complemento Solidário

para Idosos, são medidas paradigmáticas de protecção

social. Quanto à intervenção a nível da inclusão social,

destaca-se a cooperação no apoio às famílias no acesso

a respostas sociais, o investimento em equipamentos,

a rede de cuidados continuados para pessoas idosas e

dependentes e a intervenção territorial de combate à

pobreza e à exclusão, tendo em conta a especificidade

local e os público-alvo mais necessitados de intervenção.

No território continental, o Tejo (o maior rio) divide

o norte, mais montanhoso, do sul, mais plano e com

menor relevo. Também o litoral, geralmente mais plano,

Page 8: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

8

Demografia 2004 2005 2006 2007 2008

População total (residente) Milhares 10.529 10.563 10.586 10.604 10.622

Taxa de natalidade Permilagem 10,4 10,4 10,0 9,7 9,8

2002-2004 2003-2005 2004-2006 2005-2007 2006/2008

Esperança de vida à nascença Anos 77,4 77,7 78,2 78,5 78,7

Educação 2004 2005 2006 2007 2008

Educação pré-escolar a Milhares 254 260 262 264 266

Ensino básico e secundário a Milhares 1.548 1.530 1.492 1.512 1.537

Ensino superior a Milhares 395 381 367 378 373

Despesas públicas em educação b % do PIB 5,9 7,6 7,1 4,4 4,4

Cultura 2004 2005 2006 2007 2008

Visitantes de museus Milhões 9,0 9,7 10,3 10,0 11,6

Exposições em galerias de arte Nº 6.130 6.449 6.463 6.609 6.859

Publicações c Nº 1.929 2.052 2.054 1.994 1.896

Despesas municipais em actividades culturais 106 EUR 648,2 913,8 802,9 802,8 863,8

Saúde 2004 2005 2006 2007 2008

Médicos Nº 35.213 36.138 36.924 37.904 38.932

Hospitais Nº 209 204 200 198 189

Camas de hospital Nº 38.239 37.330 36.563 36.178 35.762

Centros de saúde Nº 376 379 378 377 377

Farmácias e postos farmacêuticos móveis Nº 3.012 3.034 3.037 3.038 3.037

Despesa pública corrente em saúde b % do PIB 6,8 6,9 6,8 6,6 5,6

Sociedade da Informação 2004 2005 2006 2007

Clientes do serviço de acesso à Internet Milhares 1.224 1.436 1.580 1.612 1.675

Serviço de acesso à Internet Tx. Penetração 11,6 13,6 14,9 15,2 15,8

Linhas telefónicas principais Tx. Penetração /100 Hab. 40,3 40,1 40,0 39,6 38,9

Assinantes do serviço telefónico móvel Nº Assinantes(milhares) 10.571 11.447 12.226 13.451 14.910

Taxa de penetração – serviço móvel terrestre Assinantes/100 Hab. 100,0 108,0 115,0 127,0 140,0

Assinantes de televisão por cabo Milhares 1.343 1.400 1.421 1.490 1.475

Taxa de penetração da rede por cabo Assinantes/% População 13,0 13,0 13,0 14,0 14,0

Peso do sector das comunicações Receitas/% PIB 5,8 5,8 5,5 5,4 5,6

Fontes: INE - Instituto Nacional de Estatística; Autoridade Nacional de Comunicações

Notas: (a) Ministério da Educação (GEPE) e Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior;

(b) INE - Contas Nacionais (Base 2000) dados definitivos; Ano 2008 - Conta Geral do Estado;

(c) De periodicidade diária, semanal, mensal e anual

Indicadores socio-económicos

Page 9: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

9

4. Organização Política e Administrativa

4.1 Estrutura política

No que se refere à estrutura política, a República

Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado

na soberania popular, no pluralismo de expressão e

organização política democrática, no respeito e na garantia

dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e

interdependência de poderes.

Os órgãos de soberania são o Presidente da República, a

Assembleia da República, o Governo e os Tribunais.

No sistema constitucional português, o Presidente da

República é eleito por sufrágio universal, directo e secreto,

e o seu mandato é de cinco anos (não é admitida a

reeleição para um terceiro mandato consecutivo). O

Presidente da República é o supremo representante da

República Portuguesa, garante a independência nacional,

a unidade do Estado e o regular funcionamento das

instituições democráticas e é, por inerência, o Comandante

Supremo das Forças Armadas.

Das competências deste órgão de soberania destacam-se,

entre outras, a dissolução da Assembleia da República, a

nomeação do Primeiro-Ministro e restantes membros do

Governo, a promulgação de leis e decretos-leis, a nomeação

dos embaixadores sob proposta do Governo e a ratificação

de tratados internacionais. O actual Presidente da República

é Aníbal Cavaco Silva, eleito em 22 de Janeiro de 2006.

O poder legislativo é da competência da Assembleia da

República que é composta por 230 deputados, eleitos por

sufrágio universal directo, por um período de quatro anos.

As últimas eleições realizaram-se a 27 de Setembro de 2009.

A Assembleia da República tem competências ao nível

político, legislativo e de fiscalização. São da competência

deste órgão, entre outras, a aprovação de alterações

à Constituição, a aprovação dos estatutos político-

administrativos das Regiões Autónomas, a aprovação do

Orçamento de Estado, a apresentação de propostas ao

Presidente da República sobre a realização de referendos,

a apreciação do programa do Governo, a fiscalização e

apreciação da actividade do Governo e da Administração.

A Assembleia da República pode ser dissolvida pelo Presidente

da República, uma vez ouvidos os partidos nela representados

e o Conselho de Estado. O actual Presidente da Assembleia

da República é Jaime Gama e a distribuição de mandatos é a

seguinte: Partido Socialista (PS) – 97 deputados; Partido Social-

Democrata (PPD/PSD) – 81 deputados; Partido Popular (CDS/

PP) – 21 deputados; Bloco de Esquerda (BE) – 16 deputados

e Partido Comunista Português e Partido Ecologista os Verdes

(PCP/PEV) – 15 deputados.

O Governo é o órgão superior da Administração Pública,

responsável pela condução da política geral do país. É

constituído pelo Primeiro-Ministro, pelos Ministros e pelos

Secretários e Sub-secretários de Estado.

O Primeiro-Ministro, que preside ao Conselho de Ministros,

é nomeado pelo Presidente da República. Os outros

membros do Governo são nomeados pelo Presidente da

República sob proposta do Primeiro-Ministro. O actual

Primeiro-Ministro é o Eng.º José Sócrates.

Ao Governo cabe, essencialmente, garantir o funcionamento

da administração pública, promover a satisfação das

necessidades colectivas e garantir a adequada execução das

leis. Tem ainda competências legislativas que, em alguns

casos é uma competência própria, e noutros é compartilhada

com a Assembleia da República (competência relativa).

Os Tribunais são os órgãos de soberania com competência

para administrar a justiça, são independentes e apenas estão

sujeitos à lei.

Page 10: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

10

O sistema judicial português é constituído por várias

categorias ou ordens de tribunais, independentes entre si,

com estrutura e regime próprios.

Duas dessas categorias compreendem apenas um Tribunal

(o Tribunal Constitucional e o Tribunal de Contas); as

demais abrangem uma pluralidade de tribunais,

estruturados hierarquicamente, com um tribunal superior

no topo da hierarquia.

Regions Areas (km2) % of total

Região do Alentejo 31.551 34,3

Região Centro 28.200 30,6

Região Norte 21.284 23,1

Região do Algarve 4.996 5,4

Região de Lisboa 2.940 3,2

Região Autónoma dos Açores 2.322 2,5

Região Autónoma da Madeira 801 0,9

Totala 92.094 100,0

Regiões (NUT II) ordenadas por áreas

Fonte: INE – Anuário Estatístico de Portugal 2008

Nota: (a) Inclui 362 km2 de águas interiores

Tribunal de Contas – Este tribunal não tem apenas

funções jurisdicionais (fiscalização da legalidade de

despesas públicas e julgamento de contas públicas), dando

igualmente parecer sobre a Conta Geral do Estado, visando

habilitar a Assembleia da República a apreciá-la e julgá-la.

Podem ainda existir Tribunais Marítimos, Tribunais Arbitrais

e Julgados de Paz. Neste último caso, a sua competência

refere-se, em exclusivo, à apreciação e julgamento de

acções declarativas cujo valor não exceda a alçada do

Tribunal de 1ª Instância.

4.2 Organização administrativa

Com a adesão à Comunidade Europeia e no sentido de

organizar o território de Portugal, são definidas Unidades

Territoriais Administrativas para fins estatísticos, as NUT,

equiparadas a unidades territoriais com objectivos idênticos

nos outros países da UE. Portugal é NUT I, dividido em 7 NUT

II equivalentes a “regiões”- Região Norte; Região Centro;

Região de Lisboa; Região do Alentejo; Região do Algarve,

Região Autónoma da Madeira e Região Autónoma dos Açores,

divididas por sua vez em 30 NUT III, equivalentes a “sub-

regiões” (28 no Continente e as duas Regiões Autónomas).

O Alentejo e o Centro repartem, entre si, as maiores

áreas territoriais do país, com 34% e 31% do total,

respectivamente, enquanto que à Região Autónoma da

Madeira cabe a área mais reduzida.

Tribunal Constitucional – Ocupa um lugar especial e

autónomo na ordenação constitucional dos tribunais.

Distingue-o a especificidade do seu modo de formação e das

suas funções. É o tribunal de recurso das decisões de todos

os restantes tribunais em matéria de constitucionalidade.

É composto por treze juízes, sendo dez designados pela

Assembleia da República e três cooptados por estes. Os

juízes, que elegem o Presidente do Tribunal Constitucional,

têm um mandato de nove anos que não é renovável.

Tribunais Judiciais – São a primeira das categorias de

Tribunais comuns e formam uma estrutura hierárquica

própria, com Tribunais judiciais de 1ª e 2ª Instância, tendo

como órgão superior o Supremo Tribunal de Justiça.

Tribunais Administrativos e Fiscais – A estes Tribunais

compete o julgamento de acções e recursos destinados a dirimir

os litígios emergentes das relações administrativas e fiscais.

Estes tribunais formam uma estrutura hierárquica própria tendo

como tribunal superior o Supremo Tribunal Administrativo.

Page 11: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

11

A par das NUTS para fins estatísticos, Portugal encontra-

se dividido em 18 Distritos no Continente que são os

seguintes: Aveiro, Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco,

Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Lisboa, Portalegre,

Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real e

Viseu. Os Distritos e as Regiões Autónomas subdividem-se

em 308 Concelhos/Municípios e 4.260 Freguesias.

O novo regime jurídico do associativismo municipal1

determinou a constituição de associações de municípios que

podem ser de dois tipos: de fins múltiplos e de fins específicos.

As associações de municípios de fins múltiplos,

denominadas comunidades intermunicipais (CIM), são

constituídas por municípios que correspondam a uma ou

mais NUTS III e adoptam o nome destas.

As associações de municípios de fins específicos foram

criadas para a realização em comum de fins específicos dos

municípios que as integram, na defesa de direitos colectivos

de natureza sectorial, regional ou local.

Foram ainda criadas duas áreas metropolitanas (AM): Lisboa

- que integra os municípios da Grande Lisboa e Península de

Setúbal, e Porto - que integra os municípios do Grande Porto

e de Entre-Douro e Vouga, regulados por diploma próprio.

Principais cidades

De sublinhar a importância das cidades no contexto

territorial e mesmo político. Existem actualmente 151

cidades no Continente, das quais 19 são “Capitais de

Distrito”. Entre as mais antigas cidades portuguesas

contam-se Lisboa, Porto, Viseu, Braga, Coimbra, Évora,

Guarda, Lamego, Silves, Faro, Lagos e Tavira com origens

pré-portucalenses e detentoras de uma história urbana

romana ou árabe, ou ambas, como no caso das cidades do

Sul e mesmo de Lisboa.

A cidade de Lisboa (cerca de 565 mil habitantes – 1,9

milhões na Grande Lisboa) é a capital de Portugal desde

o século XII, a maior cidade do país, principal pólo

económico, detendo um dos maiores portos marítimos e

o maior aeroporto. A cidade do Porto (cerca de 216 mil

habitantes – 1,2 milhões no Grande Porto) é a segunda

maior cidade.

1 Lei nº 45/2008 de 27 de Agosto

Sub-Regiões NUT III

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística

Nota: Esta divisão de regiões e respectivas subdivisões corresponde às NUTS

(Nomenclatura das Unidades Territoriais)

Norte Minho-Lima

Cavado

Ave

Grande Porto

Tâmega

Entre Douro e Vouga

Douro

Alto Trás-os-Montes

Centro Baixo Vouga

Baixo Mondego

Pinhal Litoral

Pinhal Interior Norte

Dão-Lafões

Pinhal Interior Sul

Serra da Estrela

Beira Interior Norte

Beira Interior Sul

Cova da Beira

Oeste

Médio Tejo

Lisboa Grande Lisboa

Península de Setúbal

Alentejo Alentejo Litoral

Alto Alentejo

Alentejo Central

Baixo Alentejo

Lezíria do Tejo

Algarve Algarve

R. A. Açores R. A. Açores

R. A. Madeira R. A. Madeira

Regiões do Continente

Regiões Autónomas

Page 12: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

12

População Residente Em Portugal - Evolução 2001-2008

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

População em 31 de Dezembro 10.329.340 10.407.465 10.474.685 10.529.255 10.569.592 10.599.095 10.617.575 10.627.250

Relação de masculinidade (%) 93,4 93,4 93,7 93,7 93,8 93,8 93,8 93,8

Total de nados vivos 112.774 114.383 112.515 109.262 109.399 105.351 102.492 104.594

Total de óbitos 105.092 106.258 108.795 101.932 107.462 101.948 103.512 104.280

Saldo natural 7.682 8.125 3.720 7.330 1.937 3.403 −1.020 314

Saldo migratório 65.000 70.000 63.500 47.240 38.400 26.100 19.500 9.361

Variação populacional 72.682 78.125 67.220 54.570 40.337 29.503 18.480 9.675

Crescimento natural (%) 0,07 0,08 0,04 0,07 0,02 0,03 −0,01 0,00

Crescimento migratório (%) 0,63 0,68 0,61 0,45 0,36 0,25 0,18 0,09

Crescimento efectivo (%) 0,71 0,75 0,64 0,52 0,38 0,28 0,17 0,09

Fonte: Instituto Nacional de Estatística - Estatísticas Demográficas, 2008

5. População

Nos primeiros anos do século XXI, Portugal mantêm-se

um país com baixa fecundidade, com esperança de vida

a aumentar, e com saldo migratório a diminuir. Regista,

em 2007, um saldo natural negativo, situação que só

tinha ocorrido em 1918, em consequência da gripe

pneumónica. O ritmo de crescimento da população é

muito fraco, com as correntes imigratórias a permanecerem

como componente principal desse crescimento e o

envelhecimento demográfico prossegue. A redução do

número de casamentos, o forte acréscimo dos nascimentos

com coabitação dos pais, dos divórcios e da idade média do

casamento, constituem os novos modelos familiares no país.

De acordo com o Censo realizado em 2001, Portugal tinha na

altura 10,3 milhões de habitantes. Este apuramento era 5,1%

superior ao realizado 10 anos antes e significativamente mais

elevado do que tinha sido estimado.

Contudo, os indicadores demográficos relativos ao ano

de 2008 continuam a reflectir as principais tendências

demográficas observadas nos últimos anos em Portugal,

ou seja, abrandamento do crescimento da população total

e envelhecimento populacional. Em 31 de Dezembro de

2008, a população residente tinha aumentado apenas

0,09% face ao mesmo período do ano anterior, aumento

que se ficou a dever, em exclusivo, à taxa de crescimento

migratório. Por outro lado, manteve-se a tendência

de envelhecimento demográfico devido ao declínio da

fecundidade e ao aumento da longevidade.

Entre 2003 e 2008 e relativamente ao total da população,

a proporção de jovens (com menos de 15 anos de idade)

reduziu-se de 15,7% para 15,3%, em simultâneo com

um aumento da proporção da população idosa (65 e mais

anos de idade), de 16,8% para 17,6%. A conjugação de

ambas as tendências consubstancia-se num continuado

envelhecimento da população, tendo o índice de

Page 13: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

13

envelhecimento aumentado de 107 idosos por cada 100

jovens, em 2003, para 115 em 2008. Entre 2003 e 2008

a proporção de jovens (0-14 anos) decresceu de 15,8%

para 15,3%; o peso da população em idade activa (15-64

anos) também se reduziu passando de 67,5% para 67,2%

e aumentou a importância relativa da população idosa (65

ou mais anos) de 16,7% para 17,4% (114 indivíduos para

cada 100 indivíduos com menos de 15 anos de idade).

De acordo com os resultados obtidos no cenário central

das “Projecções de população residente em Portugal,

2008-2060” (a 31 de Dezembro), a população residente

em Portugal continuará a aumentar até 2034, ano em que

atinge 10.898,7 milhares de indivíduos. A partir desse ano,

inverte-se a tendência, chegando-se a 2053 com valores

abaixo do ano de partida. Em 2060, a população total

chegará aos 10.364,2 milhares de indivíduos.

5.1 Repartição regional

A Região Norte (que inclui a cidade do Porto) e a Região

de Lisboa concentram mais de três quintos da população

portuguesa. O despovoamento das áreas rurais do interior

tem continuado a afectar parte da Região Norte (excluindo

o Porto), o Centro e sobretudo o Alentejo.

O crescimento demográfico tem sido mais forte na zona

costeira do Algarve, atingindo 15,8% na década de 90,

provavelmente reflectindo um aumento no número de

pensionistas que se estão a retirar para esta região turística.

Em suma, a distribuição da população pelo território do

continente evidencia uma oposição entre o Litoral e o Interior.

À semelhança do que se verifica para o conjunto do país,

em 2008 registou-se um crescimento populacional positivo

na maioria das regiões, excepto no Centro (-0,11%),

devido ao facto de o crescimento migratório não ter sido

suficiente para compensar o natural que foi negativo, e no

Alentejo onde se assinalou um decréscimo de 0,51% na

população residente. O Algarve é a região com maior taxa

de crescimento efectivo (0,86%), suportada por uma taxa

de crescimento migratório significativa (0,82%).

Analisando agora a densidade demográfica da população

portuguesa pelas várias regiões do país, é notória a liderança

de Lisboa. Na segunda posição surge a Madeira com cerca de

1/3 da densidade populacional da primeira. A maior distância

aparece a Região Norte que, apesar de ter, em termos relativos,

a maior proporção de população residente, apresenta uma

densidade populacional cerca de cinco vezes e meia inferior

à de Lisboa. Seguem-se as R. A. Açores, Região Centro, o

Algarve (estas duas últimas com valores quase idênticos) e,

finalmente, o Alentejo, com o menor rácio habitantes/km2.

Na faixa Litoral, entre Viana do Castelo e Setúbal, são visíveis

duas áreas com densidades particularmente elevadas,

centradas nas metrópoles de Lisboa e do Porto. De facto,

os 13 municípios com maior número de habitantes por km2

pertencem a estas Grandes Áreas Metropolitanas: em Lisboa

-Amadora, Lisboa, Odivelas, Oeiras, Barreiro, Almada, Cascais e

Seixal; no Porto - Porto, São João da Madeira, Matosinhos, Vila

Nova de Gaia, Valongo e Maia. Este fenómeno estendeu-se a

outros municípios metropolitanos, assim como à generalidade

dos municípios do Algarve. Ao contrário, um conjunto de

municípios formado por Cinfães, Baião, Lamego, Resende,

Mesão-Frio, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião,

Tabuaço, Funchal, Coimbra, Castanheira de Pêra e Nazaré,

sofreu uma redução na sua população residente.

Repartição regional (2008)

Regiões (a)População

(b)% do total

Densidade (hab./km2)

Região Norte 3.745.439 35,24 176

Região de Lisboa 2.819.433 26,53 957

Região Centro 2.383.284 22,43 85

Região do Alentejo 757.069 7,12 24

Região do Algarve 430.084 4,05 85

R. A. da Madeira 247.161 2,33 308

R. A.dos Açores 244.780 2,30 105

Total (a) 10.627.250 100,0 115

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística

Notas: (a) Regiões NUTS (Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins estatísticos)

(b) Estatísticas Demográficas, 2008

Page 14: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

14

5.2 Migrações

O contributo das migrações na dinâmica do crescimento

da população depende do sentido, das características

que revelam e da sua duração. Desde 1993 que o saldo

migratório é a principal componente do acréscimo

populacional em Portugal.

O nosso país registou influxos de imigração das antigas

colónias portuguesas em África, da Europa Central

e Oriental, e mais recentemente do Brasil, existindo

igualmente pequenos núcleos de imigrantes provenientes

da Índia, China e Paquistão, assim como de outros países

da América Latina e do Norte de África.

A imigração económica é um fenómeno recente em Portugal

e representa uma alteração radical face ao registado nos

anos 60 e 70, quando muitos portugueses emigravam na

procura de níveis de vida mais elevados. Cerca de 4,5 milhões

de portugueses vivem fora do país, o que é equivalente a

quase metade da população doméstica residente, existindo

enormes comunidades de expatriados no Brasil, em França,

na Alemanha, na Suíça, no Luxemburgo, no Canadá e na

África do Sul, entre outros países.

Até aos anos 90, a maioria dos imigrantes em Portugal

era proveniente dos países lusófonos, principalmente

Cabo Verde e Angola. A partir de 1999 Portugal passou a

acolher uma imigração diferente e em massa proveniente

dos países do Leste Europeu, dividida em dois grupos: os

eslavos – ucranianos, russos e búlgaros; e os latinos de leste

- romenos e moldavos.

Em 2003 este tipo de imigração abrandou, tendo sido

substituída por brasileiros e, em menor escala, por

asiáticos de várias origens (nomeadamente indianos,

paquistaneses e chineses).

Em 2008 residiam em Portugal, com estatuto legal de

residente, 436.020 cidadãos de nacionalidade estrangeira,

o que traduz um acréscimo de 8,6%, face ao ano anterior.

Destes, 26% eram provenientes da África Lusófona, 24,5%

de origem brasileira, 22,9% de países do Leste Europeu e

finalmente 3% da China.

A população estrangeira é mais jovem do que a população

nacional e concentra-se na faixa da população em idade

activa. Predominam os homens na repartição por sexos,

fruto provável da sua maior representatividade no processo

migratório embora o reagrupamento familiar posterior

tenda a um maior equilíbrio.

Na emigração portuguesa destaca-se o primeiro grande

surto para o Brasil que se localiza no início do século

passado até finais dos anos 20, segue-se a que ocorre

durante a guerra colonial com destino à Europa nos anos

60, ambas com períodos longos de permanência. A partir

dos finais dos anos 80 prevalecem os fluxos de emigração

de carácter temporário que se mantêm até hoje.

5.3 População activa

Embora a imigração esteja a ajudar a impulsionar a

população em idade activa, o seu ritmo de crescimento

não tem conseguido compensar o gradual envelhecimento

da população e o aumento da esperança de vida (74 anos

para o homem e 80,6 anos para as mulheres segundo a

OCDE), factor que tem vindo a afectar, não só Portugal, mas

igualmente a grande maioria dos países da Europa Ocidental.

De acordo com o INE2, a população activa em Portugal

em 2009 diminuiu 0,8% face ao ano anterior, e era

composta por 5.582,7 mil indivíduos. Este decréscimo foi

explicado pela diminuição da população activa dos 15 aos

34 anos e dos 65 e mais anos. O nº de activos com nível

de escolaridade correspondente ao ensino secundário e

pós-secundário e ao ensino superior aumentou, sendo que

15,3% da população activa tinha formação superior. A

taxa de actividade da população em idade activa (15 e mais

anos), no mesmo ano, foi de 61,9%.

2 INE – Estatísticas do Emprego-2009

Page 15: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

15

A população empregada, que era de 5.054,1 mil indivíduos

em 2009, registou um decréscimo de 2,8%, face ao período

homólogo. A taxa de emprego (15 e mais anos) situou-se nos

56%, no mesmo ano, tendo sido inferior à registada em 2008,

devido ao facto de a população empregada ter diminuído e da

população em idade activa ter aumentado.

Em termos de curto/médio prazo a distribuição da

população empregada por sectores de actividade está

relativamente estabilizada. Tem havido um movimento,

desde há cerca de 25 a 30 anos, no sentido de uma maior

contribuição da população empregada nos serviços (60,6%

do total em 2009), movimento que acompanha a evolução

registada nos outros parceiros europeus.

competitividade do país, melhorar o emprego e os salários,

foi lançado o Programa Novas Oportunidades, composto

por dois eixos fundamentais: qualificar um milhão de

activos (eixo adultos) até 2010 e alargar a oferta de cursos

profissionalizantes (eixo jovens) de nível secundário de

modo a que representem, na mesma meta temporal,

metade do total de vagas ao nível do ensino secundário.

No eixo jovens a evolução da oferta de cursos

profissionalizantes e do número de alunos inscritos tem

sido francamente positiva. No ano lectivo 2008/2009,

ao nível do ensino secundário estavam matriculados

cerca de 124.651 jovens em cursos de dupla certificação,

perspectivando-se que no ano lectivo 2009/2010 o n.º de

alunos ultrapasse os 150.000.

A adesão da população adulta (população activa

empregada e desempregada) a esta iniciativa tem sido

igualmente muito elevada. Desde 2006 e até 30 de Junho

de 2009 inscreveram-se mais de 700 mil candidatos, dos

quais 160.770 obtiveram uma certificação escolar.

No que diz respeito aos Cursos de Especialização

Tecnológica (CET) que têm como objectivo a qualificação

de jovens e adultos, incluindo a requalificação de activos,

verifica-se que em Janeiro de 2010 estavam registados 376

cursos, com predominância para as instituições de Ensino

Superior Público Politécnico (62% do total), sendo que mais

de 37% se englobam na área das tecnologias, com um

total de alunos inscritos que, no ano lectivo 2008/2009,

ultrapassou os 5.500.

Para o aumento significativo da taxa de adesão contribuiu,

de forma determinante, o alargamento da rede de Centros

Novas Oportunidades. Existem actualmente 450 Centros

Novas Oportunidades em Portugal continental e 6 na

Região Autónoma da Madeira, promovidos por entidades

públicas e privadas, nomeadamente escolas da rede pública

do Ministério da Educação, mas o objectivo é atingir-se a

meta de 500 centros em funcionamento em 2010.

Evolução da população empregada por sector de actividade

1986 2007 2008 2009

(%)

Agricultura, silvicultura e pescas 21.9 11,6 11,2 11,2

Indústria, construção, energia e água 33.7 30,5 29,3 28,2

Serviços 44.3 57,9 59,5 60,6

Fonte: INE – Estatísticas do Emprego, 2009

5.4 Níveis de escolaridade da população activa

No quadro das exigências da nova economia global, a

qualificação das pessoas é um factor preponderante para

a competitividade, para o crescimento económico, para o

emprego e para a melhoria dos salários.

Conforme já referido, Portugal apresenta ainda alguns

indicadores menos positivos ao nível da formação e

qualificação da sua população activa, que têm sido alvo de

políticas públicas de qualificação de recursos humanos.

Com o objectivo de fazer do nível secundário o patamar

mínimo de qualificação dos jovens e adultos portugueses

e com isso contribuir, a médio prazo, para aumentar a

Page 16: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

16

6. Infra-Estruturas

Ao longo dos últimos anos e com o apoio dos Fundos

Comunitários, Portugal realizou um notável esforço

de investimento nas infra-estruturas de transporte, o

que deu origem a modernas redes: viárias, ferroviárias,

aeroportuárias e marítimas.

Embora o meio de transporte dominante nas trocas comerciais

de Portugal com o exterior continue a ser o marítimo, o

transporte rodoviário tem vindo a assumir uma relevância

crescente, principalmente nas ligações com os mercados

europeus. Com a concretização do projecto das linhas de alta

velocidade ferroviárias (TGV), este passará a ser mais um meio

alternativo para o transporte rápido das mercadorias.

6.1 Rede viária

Portugal detém actualmente uma das redes mais desenvolvidas

da Europa, composta de Auto-estradas (AE), Itinerários

Principais (IP), Itinerários Complementares (IC), Estradas

Nacionais (EN) e Estradas Regionais. Em 2008, a rede rodoviária

nacional atingiu, no Continente, 12.990 km, repartidos pela

rede fundamental (2.197 km de IP), pela rede complementar

(1.470 km de IC e EN) e pelas estradas regionais (4.409 km).

Com a tipologia de Auto-Estradas, contabilizaram-se 2.623

km, ou seja, 1/5 do total da rede viária.

Nos anos 90 houve um significativo desenvolvimento das

infra-estruturas rodoviárias em Portugal e um dos factores

que contribuiu para esse desenvolvimento foi a realização,

em 1998, da Exposição Mundial em Lisboa. Este importante

projecto serviu de catalizador da construção de grandes

obras públicas, salientando-se a segunda ponte sobre o

Tejo – Ponte Vasco da Gama - e a linha ferroviária na Ponte

25 de Abril, estabelecendo pela primeira vez, uma ligação

ferroviária contínua entre o Norte e o Sul do país.

Estas infra-estruturas contribuíram de forma significativa

para melhorar a circulação Norte-Sul e criaram novas

acessibilidades em várias zonas da capital, principalmente

na parte oriental da cidade de Lisboa.

Em 2010 será dada continuidade ao plano que abrange a

atribuição de novas concessões rodoviárias, umas em fase

de lançamento, outras já em fase de execução, que uma

vez concluídas irão contribuir para o crescimento da rede

viária em cerca de 50%.

Ponte Vasco da Gama - Rio Tejo

©Jo

sé M

anue

l

6.2 Rede ferroviária

O grande desafio que actualmente se coloca nesta área

é o do reforço da integração da rede ferroviária nacional

no espaço ibérico e europeu, com vista a assegurar a

interoperacionalidade com as redes europeias e transeuropeias

de transporte. Um dos projectos-chave no programa de infra-

estruturas do Governo é a construção de uma linha de alta

velocidade entre Lisboa e Madrid, facilitando não só o acesso

ao país vizinho mas, acima de tudo, ao resto da Europa.

A rede ferroviária existente conta com cerca de 3.600 km,

dos quais 2.842 km com tráfego ferroviário (cerca de metade

é electrificada), serve uma população da ordem dos 8,5

milhões de habitantes e assegura a ligação Norte-Sul ao

Page 17: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

17

longo da faixa litoral do continente português e as ligações

transversais. A densidade da rede ferroviária tende a ser mais

significativa nas regiões de maior concentração populacional.

e Portimão, no Algarve. A Região Autónoma dos Açores conta

com cinco portos e a região Autónoma da Madeira com três.

Os 5 principais portos nacionais situados no Continente

(Leixões, Aveiro, Lisboa, Setúbal e Sines), movimentaram cerca

de 59 milhões de toneladas de mercadorias em 2009 (97,4%

do total). Esperam-se crescimentos significativos nos próximos

anos, em resultado da nova estratégia definida pelo Governo

e ultrapassados os efeitos da crise mundial, estimando-se que

em 2015 sejam movimentados, no conjunto destes 5 portos,

mais de 100 milhões de toneladas de mercadorias.

O Porto de Sines, de águas profundas, é líder nacional na

quantidade de mercadorias movimentadas (24,4 milhões

de toneladas em 2009, ou seja 40% do total) e apresenta

condições naturais ímpares na costa portuguesa para

acolher todos os tipos de navios. Dotado de modernos

terminais, apresenta características únicas, sendo, por um

lado, a principal porta de abastecimento energético do país

(petróleo e derivados, carvão e gás natural) e, por outro,

um importante porto de carga de contentores com elevado

potencial de crescimento.

Porto de Sines - Costa Alentejana

© C

âmar

a M

unic

ipal

de

Sine

s

No horizonte 2015 estão previstos vários projectos,

nomeadamente a construção de 12 novas linhas de

comboio da rede convencional, para passageiros e

mercadorias, que representam um investimento total de

cerca de 1,1% do PIB nacional.

Segundo o INE, em 2008 o volume de mercadorias

transportadas pela rede ferroviária ultrapassou os 10

milhões de toneladas. Analisando o contributo regional

das mercadorias transportadas, o Alentejo (essencialmente

devido às entradas de carga pelo Porto de Sines) e Lisboa,

foram as regiões de origem que registaram maior volume

de mercadorias transportadas (mais de 7 milhões de

toneladas), representando 71% do volume total. Lisboa

e o Norte, destacaram-se como regiões de destino,

tendo recebido em conjunto, mais de 59% do total das

mercadorias enviadas por outras regiões.

6.3 Rede portuária

A localização geográfica de Portugal, com uma extensa

costa atlântica, oferece excelentes condições para potenciar

e desenvolver as ligações marítimas.

No continente existem nove portos: Viana do Castelo e Leixões,

na região Norte; Aveiro e Figueira da Foz, no Centro; Lisboa e

Setúbal, na região da Grande Lisboa; Sines, no Alentejo; Faro

Gare do Oriente - Parque das Nações©

José

Man

uel

Este Porto, com uma zona industrial e logística de retaguarda,

com mais de 2.000 hectares é já uma plataforma logística

de âmbito internacional multifacetada (sectores marítimo-

portuário, industrial e logístico), que irá contar ainda com a

plena integração da plataforma urbana nacional do Poceirão

e da plataforma transfronteiriça de Elvas/Caia.

Page 18: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

18

6.4 Rede aeroportuária

Portugal conta com uma rede aeroportuária composta por

14 aeroportos, 21 aeródromos, perfazendo 44 pistas, das

quais 18 localizadas na região Norte e 14 na região Centro

do Continente.

No continente existem três aeroportos internacionais, todos

situados na orla litoral, estando prevista a construção de

um novo aeroporto internacional para Lisboa, na margem

sul da cidade, na zona de Alcochete.

A condição de insularidade das regiões autónomas explica

a presença de um maior número de aeroportos, como se

pode observar no quadro seguinte.

no número de passageiros transportados nos aeroportos

portugueses em termos acumulados (-3,2%), muito

embora tenha sido menor do que a média registada nos

aeroportos europeus (-6%). A maior contracção foi sentida

no aeroporto de Faro (-7,1%) e a menor no Porto (-0,6%).

Os dados relativos a Janeiro de 2010 revelam já uma

tendência de recuperação no tráfego de passageiros, com

os aeroportos portugueses a registar um crescimento de

5%, em relação ao período homólogo do ano transacto.

O transporte de carga foi também afectado tendo-se

registado uma quebra de -8,9% no total de mercadorias

movimentadas em 2009, face ao período homólogo.

Em 2009, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto,

foi novamente distinguido pelo ACI - Airports Council

International como o terceiro melhor aeroporto europeu.

Já tinha sido galardoado com o mesmo prémio em 2006

e 2008, e em 2007 foi mesmo considerado o melhor

aeroporto europeu com capacidade até 5 milhões de

passageiros. Também o Aeroporto João Paulo II, em Ponta

Delgada (Açores), foi distinguido pelo ACI com o prémio

de aeroporto europeu que registou a maior subida nos

indicadores da Qualidade dos Serviços entre 2008 e 2009.

6.5 Infra-estruturas tecnológicas

As infra-estruturas ligadas ao sector das telecomunicações

foram, nos últimos anos, substancialmente melhoradas

e modernizadas permitindo a Portugal situar-se numa

confortável posição entre os seus parceiros europeus. Nesta

área existem três tipos de serviços: serviço de voz (telefone

fixo e móvel); serviço de dados (acesso à Internet) e serviço

de vídeo (sinal de TV) e três tipos de redes: rede fixa

tradicional, rede móvel e redes de distribuição de TV por

satélite, cabo e outros meios radioeléctricos.

A liberalização das redes fixa e móvel e a entrada

no mercado português de novos operadores de

telecomunicações, aumentou a concorrência, melhorou a

qualidade e reduziu as tarifas cobradas.

Principais aeroportos portugueses

Aeroportos Número Localizações

Continente 3 Lisboa, Porto e Faro

R. A. Açores 9

Ponta Delgada, Santa Maria, Horta, Flores, Corvo, Graciosa, Pico, São Jorge, Terceira

R. A. Madeira 2 Funchal e Porto Santo

A maioria das companhias aéreas internacionais serve

os principais aeroportos do País, sendo a TAP Portugal a

companhia aérea portuguesa de bandeira.

Num cenário macroeconómico marcadamente desfavorável,

o tráfego de passageiros a nível mundial foi afectado. A

contracção das principais economias mundiais associada a

níveis de confiança historicamente baixos contribuiu para

uma redução da propensão para viajar. Segundo a IATA3 o

transporte aéreo de passageiros recuou 3,5% em 2009. O

tráfego de carga foi igualmente afectado pela desaceleração

do comércio mundial, tendo diminuído 10,1% face a 2008.

Em Portugal, a recuperação registada no mês de Dezembro

de 2009 (+6,4%), não foi suficiente para evitar a quebra

3 IATA – Associação Internacional de Transporte Aéreo

Page 19: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

19

A Portugal Telecom (PT), continua a ser o principal

fornecedor de serviços de telecomunicações, sobretudo nas

linhas fixas. O mercado de comunicações móveis é servido

por três operadores: TMN - Telecomunicações Móveis

Nacionais (Portugal Telecom), Vodafone Portugal (Vodafone

- Reino Unido) e Optimus (Sonae e France Télécom’s Orange

– 20% do capital), que desde 2004 já disponibilizam

serviços de 3ª geração (3G). Em 2007 surgiu um novo

serviço móvel designado phone-ix lançado pelos CTT que

usa, por acordo, a rede física da TMN.

Com o advento das redes móveis de 3ª geração, o acesso

à Internet em banda larga e a distribuição de TV passaram

a ser disponibilizados aos clientes das redes móveis.

Actualmente em Portugal as redes de satélite são sobretudo

utilizadas para prestar serviços de distribuição de TV.

A aposta nas Redes de Nova Geração (RNG) e da fibra

óptica como suporte, como forma de garantir o acesso

a produtos e serviços tecnologicamente inovadores pela

generalidade dos consumidores (ligação por fibra óptica

de 1,5 milhões de utilizadores até final de 2009), permitiu

a Portugal entrar, pela primeira vez, em 2009, no TOP

20 europeu da penetração da fibra óptica até à casa do

utilizador (a Lituânia lidera este ranking), ocupando o 14º

lugar. Existem em Portugal cerca de 1 milhão de habitações

com pré-instalação de fibra óptica, num mercado que tem

actualmente cerca de 400 mil subscritores.

De acordo com a ANACOM4, entre 2000 e 2008, a evolução

global das comunicações electrónicas das várias redes

e meios de acesso ao serviço de telecomunicações foi a

seguinte: as redes móveis reforçaram a sua preponderância

crescendo, em média, cerca de 11% ao ano (representa ½

dos acessos totais). Ao contrário, a rede fixa tradicional (15%

do total de acessos) diminuiu, em média, cerca de 4% ao

ano e a queda em 2008 foi de 12%. As redes de distribuição

de TV por cabo cresceram cerca de 6% ao ano, mantendo o

seu peso relativo. As redes satélite, apesar de terem crescido

21%, em média, desde 2000, representam apenas 3% do

total dos meios de acesso.

A maioria dos utilizadores que adquirem pacotes de

serviços em Portugal é cliente de operadores de distribuição

de TV por cabo. Aliás, as modalidades de double e

triple-play que combinam TV e Internet apresentam uma

intensidade de utilização superior à média europeia.

Os resultados de um Inquérito de Consumo das Comunicações

Electrónicas efectuado em Dezembro de 2008 pela mesma

entidade foram os seguintes: os serviços em pacote são

4 Autoridade Nacional de Comunicações Fibra óptica

Page 20: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

20

utilizados por quase ¼ da população residencial, sendo que

o acesso em triple play (Internet+F+TV) é mais frequente que

qualquer uma das modalidades double play (Internet+TV).

Entre a população empresarial, a conjugação mais utilizada

refere-se aos serviços telefónicos, fixo e móvel, em conjunto

com banda larga fixa (M+F+BLF), sendo reduzida a adesão

a ofertas multiple play, ao contrário do que acontece com a

população residencial. Salienta-se igualmente a predominância

do pacote double play (F+Internet) nas empresas.

A nível regional, o consumo de serviços de comunicações

electrónicas é distinto consoante a região em que o indivíduo

se insere. No Algarve destaca-se a utilização exclusiva do

serviço telefónico móvel, enquanto que em Lisboa sobressai o

conjunto integrado dos 4 serviços (M+F+BLF+TV). Nas regiões

Centro e Norte, é acentuada a utilização exclusiva do serviço

telefónico (fixo ou móvel), embora no Centro se destaque a

rede fixa e no Norte os dois tipos de acesso.

Por outro lado, como a maioria da população reside nas

regiões de Lisboa, Centro e Norte, o tipo de consumo

registado nestas regiões tende a ter um impacto

significativo em termos globais.

Tem vindo a ser desenvolvida uma importante campanha de

aproximação das populações às novas tecnologias (incluindo

Internet) e um esforço na disponibilização por parte do sector

público dos mais diversos tipos de serviços por via electrónica,

procurando assim contribuir para facilitar a actividade dos

cidadãos e das empresas. Portugal ocupa hoje o 1º lugar no

ranking europeu dos Serviços Públicos Online, o que revela o

sucesso da iniciativa Ligar Portugal5.

Por outro lado, o Governo em parceria com várias entidades

lançou a iniciativa e-escola dirigida a alunos, professores e

adultos em processos de requalificação, promovendo assim a

difusão de Banda Larga móvel em Portugal, complementando

a aposta na Banda Larga Fixa e mais recentemente a iniciativa

e-escolinha, que tem como objectivo promover o acesso

de cerca de 500 mil crianças do 1º ciclo do ensino básico a

computadores portáteis Magalhães.

Finalmente, vale a pena destacar alguns dados publicados

pelo Barómetro de Telecomunicações da Marktest, bastante

5 Ligar Portugal visa a ampla mobilização das pessoas e das organizações para o uso

generalizado das tecnologias de informação e comunicação e para o desenvolvimento

em Portugal da sociedade de informação e da economia baseada no conhecimento.

Perfil dos utilizadores de serviços de comunicações electrónicas numa perspectiva integrada

Consumo integrado de

serviçosRegiões

Estrutura familiar Classe social do agregado familiar

Escalão etário

Nível de escolaridade

Condição perante o trabalhoN.º indivíduos Crianças Idosos

Nenhum serviço Centro 1 D >=65 anos Inferior ao 1.º ciclo EB Reformado

M Algarve 1 C2 15-24 anos

1.º/2.º ciclos EB Empregado

M+TV Madeira e Lisboa 3 sim C2 25-44

anos 2.º ciclo EB Empregado

M+F Norte

2 sim D >=65 anosInferior ou igual ao 1.º

ciclo EBReformado

F+TV R.Autónomas

M+F+TV Açores/Lisboa

F Centro

M+F+BLF+TV Lisboa

>=3 sim AB e C1 <45 anosSuperior ou igual ao 3.º

ciclo EB

Empregado ou

estudanteM+BLF+TV Madeira /

Lisboa

Outro

Fonte: ICP – ANACOM, Inquérito ao Consumo de Comunicações Electrónicas, Dezembro 2008

Notas: A classe social é determinada de acordo com o nível de escolaridade e profissão do indivíduo com maior rendimento no agregado familiar. A classe social A é a mais elevada e a classe

social D a mais baixa; EB – Ensino Básico

Page 21: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

21

ilustrativos da penetração das novas tecnologias na

população portuguesa: a taxa de penetração de telemóvel

entre os residentes em Portugal (8,4 milhões de indivíduos)

com 10 e mais anos é de 90,7% (Fevereiro 2010); no

mesmo universo, ¼ dos utilizadores de telemóvel (45%

com menos de 25 anos) usa MMS (Dezembro 2009); seis

milhões de utilizadores de telemóvel (72,6% do total)

utilizam o serviço de SMS (Maio 2009).

6.6 Políticas para o futuro

Segundo o Orçamento de Estado para 2010, as linhas de

acção política do Ministério das Obras Públicas, Transportes

e Comunicações procuram assegurar condições de

mobilidade e comunicação como elementos essenciais

para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, a

competitividade das regiões e a coesão territorial e social.

A actuação irá desenvolver-se em torno de quatro eixos

prioritários: melhoria e reforço de infra-estruturas e

equipamentos de transporte; promoção da competitividade

e da concorrência do sector das comunicações; promoção

do sector da construção e imobiliário e desenvolvimento de

uma política de transportes visando a sua integração nas

cadeias internacionais de transportes.

No que se refere ao sector rodoviário, as grandes metas

passam pela prossecução do Plano Rodoviário Nacional

(PRN) e, no âmbito do combate à sinistralidade a aprovação

do Plano de Segurança Rodoviário 2010. Com a conclusão

de diversas vias na rede nacional, a adjudicação de

concessões e lançamento de estudos de viabilidade, para

vários lanços na rede rodoviária nacional, na sua maioria

com perfil de auto-estrada, será atingida uma taxa de

execução do PRN de 81%.

No sector do transporte aéreo serão prosseguidas

políticas de modernização (melhoria das condições de

operação e de segurança) para uma maior optimização das

infra-estruturas existentes (aumento da capacidade e das

receitas). Quanto a novas infra-estruturas, será iniciada a

exploração do aeroporto de Beja e far-se-á o lançamento

do processo de contratação, concepção, construção,

financiamento e exploração do novo aeroporto de Lisboa.

No âmbito da navegação aérea, prosseguirá a preparação

do sistema de navegação aérea para fazer face à

implementação do Céu Único Europeu.

No Sistema Marítimo-Portuário, prosseguirá a adaptação

das infra-estruturas ao aumento da procura tirando partido

do posicionamento geoestratégico de Portugal no espaço

atlântico, a conclusão do processo de concessões dos

terminais portuários e a promoção da sua articulação com

as plataformas logísticas e redes rodoviárias e ferroviárias,

de forma a alargar o hinterland portuário.

No âmbito da Rede Ferroviária convencional, serão

realizadas diversas intervenções para eliminação de diversos

estrangulamentos no transporte ferroviário de mercadorias

e a construção de ramais de acesso às plataformas

logísticas da rede nacional. Será adquirido material

circulante para passageiros e mercadorias, com vista à

racionalização e renovação da frota da CP.

Na Rede Ferroviária de Alta Velocidade, destaque para

a assinatura do contrato de concessão do troço Poceirão-

Caia do Eixo Madrid-Lisboa e a adjudicação do concurso do

troço Lisboa-Poceirão. Serão ainda lançados concursos para

empreitadas de construção das Estações de alta-velocidade

de Lisboa e Caia e respectivos troços adjacentes.

No sector das comunicações será garantido o

funcionamento do sector num quadro de competitividade e

concorrência, garantindo o acesso da maioria da população

à sociedade de informação, com a generalização a todo o

território da banda larga numa lógica de serviço universal,

impulsionando a construção de redes de nova geração

(RNG) e concluindo o processo de operacionalização da

televisão digital terrestre (TDT).

Page 22: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

22

7. Recursos e Estrutura Produtiva

Portugal, a exemplo dos seus parceiros europeus,

desenvolveu nas últimas décadas uma economia cada

vez mais baseada nos serviços. Actualmente, este

sector representa 60,5% do emprego e 75,4% do valor

acrescentado bruto (VAB), enquanto o sector agrícola

só absorve 11,2% do emprego e contribui apenas com

2,3% para o VAB. A indústria, construção, energia e água

representam 28,3% do emprego e 22,3% do VAB.

Sectores de Actividade - Distribuição do Valor Acrescentado Bruto

Fonte: INE (preços correntes)

Sectores de Actividade - Distribuição do Emprego

Fonte: INE (preços correntes)

Valor Acrescentado Bruto Regional por Sector de Actividade – Ano 2008

Fonte: INE – Contas Económicas Regionais (Base 2000)

Agricultura, caça e silvicultura, pesca e aquicultura

Indústria, incluindo energia

Construção

Comércio; alojamento e restauração; transportes e comunicações

Actividades financeiras, imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas

Outras actividades de serviços

Agricultura, silvicultura e pesca

Indústria, construção, energia

Serviços

Agricultura, silvicultura e pesca

Indústria, construção, energia e água

Serviços

2009 20092008 20082007 2007

Page 23: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

23

No que diz respeito à distribuição do VAB por regiões em

2008 (último ano disponível), verifica-se que, os serviços

mantiveram o domínio da actividade produtiva nas sete

regiões portuguesas. O contributo destas actividades

foi particularmente expressivo no Algarve, na Madeira e

em Lisboa. O sector primário continua a perder terreno,

mantendo apenas algum peso na região dos Açores e

do Alentejo. Nesta última região verificou-se uma nítida

transferência do sector primário para o secundário nos

últimos anos (em 2004 a agricultura representava 13% do

total e a indústria 20%).

No que se refere ao peso dos sectores de actividade

económica no PIB nacional, o EIU – Economist Intelligence

Unit calcula a preços constantes que em 2009 os serviços

contribuíram com 73,4%, ou seja, um crescimento

de 17,6% face a 2000. A indústria, incluindo o sector

energético, tem vindo a diminuir o seu contributo para o

PIB (quase ¼ nos últimos 10 anos). A agricultura, no mesmo

período, viu o seu peso diminuir para menos de metade.

7.1 Agricultura, silvicultura e pesca

Agricultura

Apesar da redução da importância da agricultura na

economia do país ao longo das últimas décadas, este sector

é ainda um importante empregador em Portugal (11,2%

do total em 2009 incluindo silvicultura e pescas). Tem sido

objecto de alguns ajustes estruturais, nomeadamente o

aumento da área das explorações e introdução das novas

tecnologias na produção, apesar de continuarem a subsistir

disparidades a nível sectorial e regional.

No Continente, as principais culturas apresentam a seguinte

distribuição: pastagens, prados e forragens 59%, cereais

11%, olival 9%, vinha 5%, frutas 4% e hortícolas 2%. As

culturas agrícolas permanentes, vinha e olival, estão mais

concentradas no interior de Norte a Sul do país, enquanto

que as espécies florestais se encontram na faixa que vai do

Centro para o Litoral de Portugal continental. Nos Açores,

cerca de 95% da superfície agrícola utilizada (SAU) é

ocupada por pastagens, prados e forragens e na Madeira

77% da SAU é ocupada por culturas permanentes.

A ocupação de culturas dentro das explorações

agrícolas evoluiu nas últimas décadas, verificando-se

uma transferência de áreas de culturas anuais (cereais,

oleaginosas e forrageiras), para pastagens permanentes

e prados e pastagens (em sob-coberto ou terra limpa),

decrescendo as primeiras na mesma proporção em que as

segundas aumentam.

Nas culturas permanentes, a vinha e o olival sofreram

reduções nos últimos anos. No caso da vinha, a redução

cifrou-se nos 30%, mas a melhoria da dimensão

média das explorações que levou à quase duplicação

da área média de vinha por exploração (0,66 para 1,1

hectares), bem como o aumento do grau de exigência

do consumidor, contribuíram para uma melhoria da

produtividade do sector vitícola. No olival, a mecanização

e a renovação de alguns dos olivais, a plantação de olivais

Estrutura Produtiva - Peso no PIB

Agricultura,

silvicultura e pesca

2000 2007 2008 2009a

Indústria (inclui

construção e

energia)

Serviços

Fontes: EIU – Economist Intelligence Unit – Viewswire

Notas: Cálculo do PIB a custos de factor; a) Estimativas

Page 24: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

24

intensivos e super-intensivos, bem como a modernização

dos lagares, a certificação de marcas de azeite e a sua

redescoberta por parte dos consumidores, têm conduzido

a um renovado interesse por parte dos agricultores por

esta cultura.

O vinho, as frutas frescas (maçãs, as peras, os pêssegos e os

citrinos, os quais perfazem 75% da área total de pomares

no nosso país) e vegetais são os principais produtos

agrícolas produzidos, representando cerca de 1/3 do total

da produção agrícola nacional.

Estão em curso uma série de medidas integradas dentro da

denominada Política Agrícola Nacional, tendentes a dotar o

país de um sector agrícola desenvolvido, competitivo e com

produtos de qualidade, tendo em consideração o peso da

vertente social deste sector.

Agricultura biológica

No mundo, de acordo com a IFOAM6, 32,2 milhões de

hectares são utilizados na produção biológica por pelo menos

1,2 milhões de produtores, representando perto de 0,7% do

total de terras agrícolas. Na União Europeia, em 2007, 7,2

milhões de hectares estavam afectos a produção biológica,

espalhados por cerca de 200 mil explorações agrícolas.

Itália, Espanha e Alemanha, concentram as maiores áreas

de agricultura biológica, enquanto que os países com maior

consumo per capita são a Áustria e a Dinamarca. Em termos

mundiais o consumo de produtos orgânicos concentra-se na

América do Norte e Europa (97% do total), enquanto que os

principais produtores e exportadores mundiais se encontram

na Ásia, América Latina e Oceânia.

Em Portugal, desde o início dos anos 90 que se tem

assistido a um crescimento exponencial da agricultura

biológica, tanto em área de produção como em nº de

produtores que convertem as suas explorações a este

modo de produção.

6 IFOAM – International Federation of Organic Agriculture Movements – “ The World

of Organic Agriculture, Statistics and Emerging Trends 2009”

Depois do domínio inicial da região de Trás-os-Montes

e do olival como cultura dominante, a partir de 1996,

com a obrigatoriedade de controlo e certificação e mais

acentuadamente com a entrada em vigor do regulamento

comunitário da produção animal em modo de produção

biológico, o Alentejo passou a deter a maior área e o maior

n.º de produtores credenciados, seguido da Beira Interior.

Uma vez que nestas regiões predominam as formas

de produção extensivas, observou-se um crescimento

acentuado das áreas de pastagens/superfícies forrageiras,

culturas arvenses e olival, com a primeira a representar mais

de 70% da área total e a última 10%. Na região de Trás-

os-Montes continua a predominar o olival, sendo também

significativa a área em produção biológica de frutos secos.

Esta região congrega cerca de ¼ do número total de

produtores, embora em termos de área, esta não ultrapasse

cerca de 4% da área total de agricultura biológica.

Entre 2001 e 2007, o cultivo dos chamados produtos

biológicos vegetais em Portugal aumentou cerca de 70%,

uma tendência que a Europa acompanhou, colocando

o nosso país entre os 10 maiores produtores de alguns

alimentos biológicos, devido ao aumento de terra orgânica

cultivável. Só no ano de 2008, a área de cultivo biológico

aumentou quase 10%.

Outro factor promotor da evolução da agricultura biológica

em Portugal foram as medidas agro- -ambientais, através

das quais se estabeleceram ajudas monetárias, encorajando

o aparecimento de novos produtores. Desde 2003 que a

área declarada nas candidaturas às ajudas aumentou mais

do dobro, assim como o número de produtores candidatos.

Em 2009 foi aprovado um projecto de agricultura

biológica que prevê a conversão e instalação de 5 mil

hectares de olival em 24 concelhos da Beira Interior,

até 2013. Esta região é actualmente a terceira maior

produtora de azeite, com uma área de olival de 52,6 mil

hectares e 27,7 mil explorações.

Page 25: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

25

A produção animal também tem apresentado um

crescimento considerável, tanto em área como em n.º de

produtores. Em termos de espécies, a raça bovina domina

a produção animal biológica (superior a 70%), sendo

predominante no Alentejo, Ribatejo, Oeste e Beira Interior,

seguidos dos ovinos, cuja produção predomina em Trás-os-

Montes, Algarve e Beira Interior.

Apesar de se tratar de um fenómeno relativamente recente,

são já vários os produtos biológicos nacionais premiados

a nível nacional e internacional, sendo de destacar o 1º

prémio atribuído ao “Azeite Risca Grande” da Herdade

com o mesmo nome em Serpa (Alentejo), no âmbito do

“Concurso Mundial de Azeites Biológicos” que se realizou

na Feira BIOFACH 2009 na Alemanha; e o Selo de Sabor

do Ano de 2010 na categoria de carne biológica, aos

hambúrgueres e almôndegas da empresa Pasto Real.

No espaço comunitário, a partir de 1 de Julho de 2010 será

obrigatória a colocação do logótipo “Eurofolha”, em todos os

produtos biológicos pré-embalados produzidos em qualquer

dos Estados-Membros, que respeitem as normas aplicáveis.

Nos produtos importados, o seu uso será facultativo.

Silvicultura

A importância da floresta e do sector florestal em Portugal

é inquestionável. Pela extensão territorial ocupada; pela

relevância das funções económicas, ambientais, sociais

e culturais a ela associadas; pela natureza da indústria

transformadora que, baseada num recurso natural e

renovável assegura a existência de produtos recicláveis

e reutilizáveis gerando emprego e riqueza, e ainda, pelo

elevado número de agentes envolvidos na produção,

transformação e comercialização de produtos florestais.

A floresta ocupa cerca de 36% do território de Portugal

continental, apresentando diferentes taxas de arborização

nas várias regiões do País.

Quanto à composição da floresta por espécies, verifica-se que

o pinheiro bravo (Pinus pinaster), o sobreiro (Quercus suber)

e o eucalipto (Eucalyptus spp.) são as três espécies mais

representativas e, também, de maior interesse económico. No

seu conjunto, ocupam quase 75 % da área de floresta.

O pinheiro bravo é a espécie florestal que ocupa maior

área (sobretudo na região Centro e Norte Litoral do País)

sendo o principal sustentáculo da indústria de serração e

aglomerados. O sobreiro ocupa uma área que corresponde

a cerca de 25% da sua distribuição natural pelo mundo. O

grande peso económico desta espécie reflecte-se no facto

de Portugal ser o maior transformador mundial de cortiça,

com especial destaque para a rolha.

O eucalipto é, também, uma componente importante

da paisagem portuguesa. Para além das excepcionais

características para a produção de pasta de papel de

qualidade, o seu ritmo de crescimento torna-o uma espécie

muito interessante do ponto de vista económico. Este

facto, aliado ao desenvolvimento de um sector industrial

dinâmico, determinou um aumento rápido da sua área nas

últimas três décadas, responsabilidade das indústrias de

celulose e de produtores privados.

Nos Açores, mais de 64% da floresta é ocupada por

incenso e vegetação natural, representando a criptoméria

mais de 60% da floresta de produção.

Na Madeira, 32% do espaço florestal é ocupado por

espécies da laurissilva e a restante área é ocupada por

espécies exóticas (eucalipto, pinheiro e outras).

Page 26: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

26

Pesca

A preservação dos recursos existentes e a viabilidade

económica da actividade pesqueira são actualmente as

principais prioridades deste sector.

Existem em Portugal 45 portos de registo (capitanias e

delegações marítimas), dos quais 32 estão situados no

Continente, 11 na Região Autónoma dos Açores e 2 na

Região Autónoma da Madeira.

Em 2008 encontravam-se inscritos nas capitanias 16.854

pescadores, o que significa uma redução de quase 1%,

face ao ano anterior. A frota de pesca nacional, tanto em

n.º de embarcações (8.585) como na sua arqueação bruta

e potência tem-se mantido estável. O número de licenças

de pesca emitidas foi, em média, de cerca de 4 licenças

por embarcação, o que significa um aumento de 2,3%

relativamente a 2007.

Em termos de capturas, o ano de 2008 registou 170 050

toneladas de pescado, descarregado como fresco ou

refrigerado em lota, o que representa um acréscimo de

5,7% no volume de capturas e de 7,2% no correspondente

valor, relativamente ao ano anterior. Por tipo de pescado,

os “Moluscos” contribuíram de forma decisiva para este

crescimento, sobretudo polvos e berbigão, assim como os

“Crustáceos”, nomeadamente a captura de gambas.

Os aumentos de capturas decorreram da actividade

pesqueira do Continente, uma vez que nas Regiões

Autónomas houve quebras, em volume, de -27,4%

nos Açores e -5,5% na Madeira, com os tunídeos a

serem os principais responsáveis por essa redução. Na

Madeira, mercê da subida do preço do atum, as capturas

aumentaram 1% em valor.

Quanto ao valor do pescado fresco ou refrigerado, o

Algarve e o Centro mantiveram-se como as principais

regiões de descarga contribuindo, respectivamente com

25,1% e 24,5% do valor total. Seguiram-se as regiões de

Lisboa, com 15,3%, o Norte (13,5%), os Açores (12,0%), a

Madeira (5,6%) e o Alentejo (4,0%).

De acordo com as estimativas publicadas pela Direcção-Geral

das Pescas e Aquicultura, o ano de 2009 foi mau para o

sector pesqueiro nacional, com uma redução de cerca de

14% em volume das descargas em portos nacionais. O rigor

do Inverno, a imposição de quotas de pesca impostas pela

UE e a desaceleração da produtividade das embarcações, são

razões que poderão justificar este recuo.

Embora o País disponha de condições naturais favoráveis

ao desenvolvimento da aquicultura, a sua produção

não tem aumentado de acordo com as expectativas,

apresentando ainda um peso reduzido no total do sector.

A predominância de pequenas empresas, cria alguns

constrangimentos em termos de competitividade, embora

a produção em águas salgadas e salobras mantenha uma

tendência de crescimento. As principais espécies aquícolas

são as seguintes: robalo, dourada e amêijoa na aquicultura

marinha e truta em águas doces. Em termos regionais, o

Algarve continua a ser a região com maior peso no total da

produção deste sector.

7.2 Indústria

Indústria Extractiva

A evolução da Indústria Extractiva (minas, pedreiras e

águas) evidencia a alteração provocada no subsector

de minas, pelo arranque dos projectos de produção de

concentrados de cobre e de estanho na mina Neves-

Corvo. Dado ser o projecto mineiro mais importante

existente actualmente no País e de se localizar na Região

do Alentejo, faz com que esta região detenha posição

dominante relativamente às restantes, neste subsector. As

minas Neves-Corvo representam igualmente o maior factor

de emprego na região de Castro-Verde-Almodôvar (mais

de 800 trabalhadores) e contribuem de forma significativa

para o elevado valor do PIB regional. Estão ainda situadas

Page 27: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

27

nesta região, as minas de Aljustrel, que foram reactivadas,

estando prevista a produção anual de 80 mil tons. de zinco,

17 mil tons. de chumbo e 1,25 milhões de onças de prata.

Em termos de importância relativa, segue-se a Região

Centro onde se localiza o segundo centro de produção

mineiro mais importante do país - a mina da Panasqueira,

produtora de minérios de volfrâmio.

Das minas que se encontram em funcionamento são

extraídos, entre outros, ferro-manganesio, estanho,

titânio, volfrâmio, cobre, urânio, quartzo, talco e caulino.

Os pontos fortes deste sector são o potencial geológico

do território português, a qualidade das matérias-primas,

nomeadamente as destinadas à indústria cerâmica, a

existência de empresas dinâmicas, as adequadas infra-

estruturas tecnológicas e uma boa base industrial para

desenvolver uma adequada internacionalização.

Relativamente ao subsector de pedreiras, onde se incluem

as rochas ornamentais e as rochas industriais, tem-se

registado um significativo ritmo de crescimento devido,

no primeiro caso, ao aumento de competitividade das

empresas, como consequência da valorização interna

dos produtos comercializados, melhoria dos padrões de

qualidade e maior agressividade nos mercados externos.

Constata-se que a Região do Alentejo é o maior centro

produtor de rochas ornamentais, onde se localiza a zona de

mármore e granito ornamental mais importante do País.

As rochas industriais têm tido forte incremento nos

últimos anos, reflectindo os acréscimos de consumo destas

matérias-primas no sector de construção civil e obras

públicas, com as Regiões Norte e Lisboa a destacarem-se

em termos de valor de produção.

No que respeita ao subsector de águas minerais e de

nascente, Portugal dispõe de um apreciável potencial

hidromineral, evidenciado pelo elevado número de

ocorrências e pela grande diversidade hidroquímica,

decorrente de uma complexa e diversificada geologia do País.

Constata-se que as Regiões Norte e Centro detêm cerca de

74% dos recursos hidrominerais e águas de nascente em

consequência das suas condições geológico-estruturais.

Indústria Transformadora

A indústria transformadora é largamente dominante no

universo das empresas do sector industrial, concentrando

98,4% das empresas, 58,6% do emprego e 80,4% do

VAB industrial.

Desde a adesão de Portugal à UE, que a indústria

transformadora nacional experimentou uma expansão

considerável tanto ao nível da produção como do valor

acrescentado, principalmente a partir de 1991. Todavia,

muito embora seja notório uma redução do contributo do

sector industrial na economia, este não foi incompatível

com alterações, embora lentas, na especialização produtiva,

com o reforço de determinados segmentos de maior valor

acrescentado e de maior incorporação tecnológica.

Muito embora os sectores tradicionais (têxtil, vestuário,

calçado, cerâmica, rochas ornamentais, alimentação e

bebidas) continuem a deter um peso significativo no conjunto

das actividades transformadoras em Portugal, nomeadamente

no que se refere ao emprego e às exportações, a base

industrial tem vindo a alargar-se para áreas com maior

incorporação tecnológica, podendo ser apontados como

exemplos disso os casos do sector automóvel e componentes,

moldes, maquinaria eléctrica e electrónica, papel e matérias

plásticas. Em contrapartida, perderam peso relativo ao nível

da produção e do emprego, os sectores da metalomecânica

pesada, maquinaria não eléctrica, material de transporte e

produtos químicos não industriais (sectores em que Portugal é

fortemente importador).

Do ponto de vista geográfico, as fortes assimetrias na

distribuição das actividades industriais fazem com que se

destaquem três regiões, Lisboa, Centro e Norte, que em

2008 representavam mais de 90% do emprego e do VAB

da indústria transformadora.

Page 28: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

28

No Algarve, Centro e Lisboa predominam as indústrias da

capital intensivo, enquanto no Norte a indústria de mão-de-

obra intensiva mantém um peso significativo na estrutura

produtiva da região devido, em grande medida, à importância

das actividades ligadas ao sector têxtil e calçado. O Alentejo

regista um predomínio das indústrias transformadoras

baseadas na utilização de recursos naturais (indústrias

alimentares e bebidas). Da mesma forma, o sector alimentar e

bebidas marca também a diferença na Madeira e Açores.

Indústria têxtil e vestuário

A indústria têxtil e do vestuário (ITV) é uma das indústrias

com maior representatividade na estrutura industrial

portuguesa e desde sempre assumiu um papel de relevo na

economia nacional. Apesar da transformação por que tem

vindo a passar este sector (deslocalização e encerramento de

unidades fabris) não deixa de ser um dos mais importantes

do conjunto da indústria transformadora portuguesa, sendo

responsável por cerca de 11% das exportações nacionais (em

meados dos anos 90 esse valor ascendia aos 30%), 22%

do emprego, 8% do volume de negócios, e 7% do VAB da

indústria transformadora (fonte ATP).

Trata-se de um sector maduro, fragmentado e sujeito a

desajustamentos periódicos entre a oferta e a procura, cujo

desempenho se encontra fortemente condicionado pelas

flutuações da actividade económica mundial.

O sector é composto por duas indústrias que se organizam

em fileira: a montante – a indústria têxtil que engloba a

produção da fibra, a fiação, a tecelagem, as malhas e os

acabamentos (tinturaria, estamparia e ultimação); a jusante

- a indústria de vestuário, que compreende a confecção de

artigos de vestuário e os acessórios. Convém salientar que

nem toda a produção do sector têxtil se destina à indústria do

vestuário, havendo uma parte que segue directamente para a

distribuição (têxteis-lar) e outra que é utilizada por indústrias

diversas (têxteis técnicos e artigos de revestimento).

Nos últimos anos este sector tem vindo a registar

comportamentos dinâmicos e competitivos, com

investimentos elevados em modernização tecnológica e

com uma mudança da estratégia de actuação das empresas

que operam no sector, prosseguindo e desenvolvendo de

uma cultura de qualidade e inovação, de resposta rápida,

pequenas séries e domínio dos canais de distribuição.

Do ponto de vista territorial encontra-se dispersa por todo

o território nacional, embora existam dois importantes

focos que se situam no Norte de Portugal (empresas do

sector algodoeiro) e na Beira Interior (lanifícios). Sector

formado por cerca de 6.000 empresas (têxteis excluindo

vestuário) e por cerca de 11.000 empresas de vestuário,

que em conjunto representam cerca de 18% do total das

unidades produtivas da Indústria Transformadora nacional e

2% das empresas a operar em Portugal.

Apresenta actualmente um perfil muito mais capital intensivo e

oferece produtos de marca e design, com expansão crescente

em novos e exigentes mercados, como é o caso de Espanha,

dos EUA e até dos Emiratos Árabes Unidos e Arábia Saudita.

Não só podem ser apontados alguns exemplos de marcas já

implantadas nos mercados internacionais: Lanidor, Dielmar,

Diniz & Cruz, Ímpetus, Petit Patapon, Papo d’Anjo, Onara, Do

Homem, Vicri, como empresas apostadas na inovação têxtil

como é o caso da Domingos Almeida, produtores de lençóis

que regulam automaticamente a temperatura em contacto

com o corpo e a Coltec especializada na laminagem especial

de membranas capazes de conferir características únicas aos

tecidos, tornando-os impermeáveis, respiráveis e isotérmicos.

Temos também, tecidos inteligentes, anti-fogo, anti-bacterianos

ou com propriedades terapêuticas e hidratantes, tecidos com

misturas de algodão orgânico, bambu ou poliester reciclado e

tecidos 100% lã para fato lavável no chuveiro (Shower Clean

Suit) da Paulo de Oliveira, inovação conseguida através de

acabamentos especiais que incorporam propriedades anti-ruga,

anti-encolhimento, vinco permanente, repelência à sujidade e

secagem rápida.

Também é português o vestuário exterior e interior usado

pelos astronautas das Agências: Espacial Europeia (ESA) e

Espacial Internacional.

Page 29: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

29

Na lista das 50 melhores invenções de 2008 publicada

pela Revista Time, na 26ª posição está um fato de banho

português, o LZR Racer fabricado pela Petratex, que foi

usado por Michael Phelps nos Jogos Olímpicos de Pequim

(94% das provas de natação dos Jogos foram ganhas por

atletas que usaram este fato de banho).

Indústria do calçado

A indústria portuguesa de calçado atravessa actualmente

uma fase de consolidação e preparação para novos

desafios. Depois do processo de ajustamento às novas

realidades competitivas e que envolveu a deslocalização

de algumas grandes unidades de produção de capital

estrangeiro, a indústria do calçado encontra-se agora num

patamar mais estável. Nos últimos anos redimensionou-

se, reformulou o seu modelo de negócios, migrando a

produção para segmentos de maior valor acrescentado

e manteve uma aposta forte nos mercados externos,

conseguindo afirmar-se internacionalmente como

um produtor de calçado de excelência, com marcas

reconhecidas, assente numa atitude comercial pro-activa.

Constituída por PME’s vive fundamentalmente da

procura externa (cerca de 90% da produção é dirigida à

exportação) e mesmo enfrentando poderosos concorrentes

que beneficiam de custos de produção muito favoráveis,

consegue manter um saldo comercial favorável e contribuir

positivamente para a balança comercial do país.

No conjunto da indústria transformadora é igualmente

uma das mais importantes empregadoras nacionais.

Actualmente, a indústria portuguesa de calçado

representa 5% da produção nacional e 17% do

emprego a nível europeu. Segundo a Associação do

sector – APICCAPS, em 2009 foram exportados 59

milhões de pares de sapatos. Por outro lado, o calçado

português tem vindo a reforçar a aposta em novos

mercados, exportando já para um total de 132 países

(mais 14 do que em 2008), o que permite afirmar que há

“Portuguese Shoes” em todos os continentes.

Outro aspecto a salientar prende-se com o facto de

o calçado de senhora ter ultrapassado pela 1ª vez

as exportações de calçado masculino e o calçado de

segurança ter crescido em quantidade e valor, factores

que vêm confirmar a evolução na cadeia de valor, com a

aposta em segmentos de mercado mais exigentes e mais

valorizados, na inovação e em marcas próprias, enquanto

factores fundamentais para diferenciar a oferta portuguesa.

O calçado em couro, com quase 900 empresas

exportadoras representou 84% das exportações

portuguesas de calçado. Neste segmento, Portugal

mantém uma posição de destaque à escala europeia e

mundial, ocupando o 5º lugar a nível europeu e o 7º em

termos mundiais (quota de 3,3%).

Marcas portuguesas como a Fly London, Camport, Eject

(marca da A.J.Sampaio que é a primeira empresa de

calçado certificada em gestão de inovação), Mackjames,

Prophecy, Softwaves (GoAir, Go Green), Luís Onofre, Paulo

Brandão, Miguel Vieira ou Carlos Santos, estas últimas

direccionadas para um segmento de luxo, continuam a

crescer e a afirmar-se nos mercados internacionais.

Apenas a título de exemplo refira-se que a Mclaren

escolheu Portugal para desenvolver e produzir uma

colecção tecnicamente inovadora. O projecto “Mclaren

Shoes Team” consiste na produção de uma linha de calçado

desportivo, que se destina a mais de 20 países.

Indústria vitivinícola

Portugal possui a mais antiga Região Demarcada do

mundo - a região do Douro - e métodos seculares de

produção de vinhos, apesar da tecnologia moderna

predominar nas adegas portuguesas. De forma a adaptar

a produção à procura de mercado tem sido desencadeada,

ao longo dos últimos anos, uma campanha de reconversão

e reestruturação da vinha, com recurso a apoios

comunitários. Entre 2000 e 2008, este processo abrangeu

31,5 mil hectares de vinha. Já em 2009, as regiões do

Douro e Minho (vinhos verdes) absorveram cerca de 70%

do orçamento disponível para esta medida.

Page 30: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

30

Actualmente são 11 as regiões vitivinícolas existentes em Por-

tugal com uma cultura típica, visível em cada vinho produzido.

A entrada de Portugal na União Europeia obrigou a certas

alterações na designação dos vinhos produzidos. Foi criado

o conceito Denominação de Origem associando o vinho

a determinada região e foram instituídas três designações

oficiais: VQPRD que significa Vinho de Qualidade Produzido

em Região Determinada, Vinhos Regionais atribuída a

Vinhos que possuem indicação geográfica e Vinhos de

Mesa que são os vinhos elaborados a partir de selecções ou

lotes (mistura de duas ou mais castas) de vinhos de várias

regiões. Podem ter indicação geográfica, desde que não

exista possibilidade de confusão com um VQPRD.

Em 2008, a estrutura regional de produção vinícola em

volume apresentava características bastante diferenciadas.

Enquanto as regiões Tejo e Lisboa produziram cerca de

61% do total do Vinho de Mesa, Lisboa associada à

Península de Setúbal e ao Alentejo responderam por 72%

do Vinho Regional produzido em Portugal no mesmo ano.

Já no que diz respeito ao VQPRD a situação foi a seguinte:

as regiões Minho e Douro e Porto foram responsáveis por

68% da produção total desta categoria, seguindo-se o

Alentejo com 13% do total. O VLQPRD só foi produzido

com alguma expressão em duas regiões: Trás-os-Montes

(mais de 93% do total) e Madeira (5% do total). Nos

Açores, 97% da produção correspondeu a Vinho de Mesa.

Em Portugal sempre se produziram bons vinhos, como são

os casos dos Barca Velha, Porta de Cavaleiros e Caves São

João, do Tinto Velho de Rosado Fernandes, dos Aliança, dos

Montes Claros, do Quinta das Cerejeiras, do Collares, do

Quinta da Aguieira, dos Buçaco, do Periquita, do Pêra Manca

e outros, mas nos últimos anos a qualidade foi alargada a

um leque muito mais variado de vinhos produzidos com

castas nacionais e internacionais. Para isso, foi fundamental

a aplicação de novos processos de vinificação, novas

tecnologias, a existência de técnicos mais bem preparados, a

criação de muitas novas marcas, que vieram subir a fasquia

da qualidade dos vinhos portugueses, colocando-os num

plano de destaque a nível internacional.

Prova disso são os inúmeros prémios com que têm sido

distinguidos os vinhos portugueses, atribuídos pelas mais

prestigiadas publicações e revistas ligadas ao sector a nível

mundial, sempre que se realizam provas no estrangeiro.

Recentemente, no concurso Premium Select Wine

Challenge Prowein 2010, promovido pela revista alemã

“Selection” a Quinta do Couquinho, situada no Douro

Superior, foi galardoada com a Medalha de Ouro pelo seu

tinto Grande Reserva 2007 DOC Douro.

Indústrias da madeira e da cortiça

Os subsectores da madeira, mobiliário e cortiça

caracterizam-se, salvo raras excepções, por um forte

predomínio das PMES.

O sector florestal representa cerca de 5,3% do VAB nacional,

14% do PIB e 12% do emprego da indústria transformadora

e cerca de 10% das exportações portuguesas.

A indústria da madeira é constituída essencialmente por

três áreas: as serrações de madeira, os painéis de madeira

e a carpintaria. Segundo dados da Associação do sector

das madeiras e mobiliário, este sub-sector é formado por

cerca de 2000 empresas, 20.500 trabalhadores e tem um

volume de vendas anual que ultrapassa os 900 milhões

de Euros. Em termos de distribuição regional, o Norte e

Centro concentram as serrações de madeira e as empresas

Page 31: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

31

produtoras de painéis de madeira (90% do total), enquanto

que as empresas de carpintaria estão espalhadas por todo o

território do continente.

Os aglomerados e contraplacados, liderados por grupos

económicos portugueses e estrangeiros bem dimensionados

e equipados a nível europeu, apresentam uma oferta de

qualidade a preço competitivo, com especial destaque para

os aglomerados de fibras, onde Portugal detém mais de 30%

da capacidade instalada na Península Ibérica.

Em Portugal concentra-se cerca de 32% da floresta de

sobro a nível mundial. Seguem-se Espanha (22%), o

Magrebe (37%) e França e Itália com os restantes 8%. Com

uma área florestada de sobreiro de 730 mil hectares (23%

da floresta nacional), Portugal tem vindo a enveredar por

uma política de reflorestação, cujo ritmo, é actualmente de

10 mil hectares/ano.

mercado, 2,2% do total das exportações nacionais e cerca

de 30% do total das exportações de produtos florestais. Só a

rolha representa mais de 70% do total exportado. O Alentejo

concentra 72% do total da produção portuguesa de cortiça.

A indústria de transformação está distribuída por 12 distritos,

com Aveiro e Setúbal a serem os mais representativos em

termos de emprego (58% e 28%, respectivamente).

A indústria do mobiliário de madeira formada por mais de

2500 empresas, 34.000 trabalhadores e com um volume

de vendas anual que se aproxima dos 650 milhões de euros

produz fundamentalmente através de unidades familiares,

orientadas para o mercado nacional, embora já existam

algumas de maior dimensão orientadas para a exportação.

A região Norte é aquela que concentra o maior nº de

empresas deste sub-sector (65% do total). O mobiliário

de “reprodução” ou de estilo goza de boa reputação nos

mercados internacionais, embora o seu peso no total das

exportações seja ainda pouco significativo.

Indústria do papel e pasta de papel

Integrada por um número reduzido de empresas,

caracteriza-se pelo seu elevado nível tecnológico, alta

produtividade e qualidade reconhecida internacionalmente.

As excepcionais condições de plantação do eucalipto

traduzem-se numa importante posição de Portugal

enquanto produtor de pasta de eucalipto na UE.

Por outro lado, existe uma fileira industrial bem implantada

no subsector do papel, aglomerados e mobiliário em

Portugal, com novas oportunidades a serem geradas entre

as necessidades industriais e os compromissos ambientais

como é o caso da biomassa florestal.

Importa destacar o papel desempenhado pela Portucel

Soporcel não só no sector da pasta e do papel onde se

encontra entre os grandes produtores de papéis finos não

revestidos da Europa (UWF-Uncoated Woodfree Paper) e é

o maior produtor europeu e um dos maiores a nível mundial

de pasta branca de eucalipto (BEKP-Bleached Eucalyptus

Kraft Pulp), mas igualmente no sector energético, onde

Na cortiça, Portugal assume a liderança mundial na produção

e transformação da cortiça, sendo responsável por cerca de

53% da produção mundial, que se destina na sua quase

totalidade (90% do total produzido) ao mercado externo.

Este sector assume uma importância fundamental para a

economia nacional, representando 0,7% do PIB a preços de

Page 32: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

32

assume o estatuto de maior produtor português de energia

a partir de biomassa (mais de metade da energia eléctrica

proveniente da biomassa florestal em Portugal).

O papel “Navigator” produzido por este grupo é uma das

marcas mais vendidas em todo o Mundo no segmento

premium de papéis de escritório e o “Navigator Kids” e

“Navigator Eco-Logical” têm sido premiados em vários

anos consecutivos.

Indústria química

Esta indústria bastante diversificada e especializada agrega

um conjunto de produtos bastante heterogéneo, muitos

deles não directamente visíveis, mas utilizados no fabrico

de muitos dos bens que são consumidos todos os dias,

sendo de destacar os polietilenos, os fertilizantes, as resinas

sintéticas, as matérias plásticas e as fibras artificiais. Estes

materiais constituem o ponto de partida de uma série de

reacções químicas, sínteses e transformações que dão

origem a novos produtos a utilizar por muitas das principais

indústrias de diferentes sectores de actividade.

Indústria farmacêutica e biotecnologia

A indústria farmacêutica é um dos sectores que

gera importante emprego qualificado, contribui

significativamente para a investigação e conhecimento

científico e tem tido nos últimos anos um peso significativo

na evolução da economia de Portugal.

Em 2009, as exportações de medicamentos renderam

mais de 400 milhões de euros, ou seja, mais cerca de 30

milhões do que no ano anterior. A aposta em projectos

de internacionalização por parte das empresas e das

associações do sector, são uma das justificações para o

crescimento da exportação nacional de medicamentos.

Alemanha, Reino Unido e Angola são os mercados que

mais têm absorvido os fármacos portugueses. As áreas

referentes aos sistemas cardiovascular e nervoso são as

que mais contribuem para as exportações. Os “genéricos”

representam já entre 20 a 30% do total exportado, quando

há cinco anos tinham um peso de apenas 10%.

A sua actividade está grandemente concentrada na Região

de Lisboa e mais de metade dedica-se à produção de

especialidades farmacêuticas, condicionadas pela regulação

dos preços dos medicamentos. O resto da actividade

encontra-se repartido entre produtos farmacêuticos não-

específicos e fabricação de produtos biológicos.

Empresas portuguesas como a Bial (responsável

pelo lançamento do primeiro fármaco investigado e

desenvolvido em Portugal, designado Zebinix7) ou a Atral-

Cipan, são sinónimo de desenvolvimento de novas soluções

farmacêuticas. A Biotecnol, Alfama (prémio de melhor start

up europeia de 2005), Crioestaminal, Medinfar/Cytothera,

Biocant, ou IBET estão empenhadas em encontrar soluções

para vencer doenças incuráveis ou preservar células

estaminais para medicina regenerativa.

Para citar alguns exemplos dos avanços realizados

em Portugal na área da investigação científica nesta

área, temos a atribuição de fundos a 2 investigadores

portugueses pela Organização Europeia de Biologia

Molecular (EMBO), em 2008, para investigação sobre o

centrossoma, uma estrutura que regula a multiplicação das

células e está frequentemente alterada no cancro e para

aprofundar o estudo das bases moleculares e celulares das

doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzeimer.

Já em 2010 um cientista da Fundação Champalimaud

(Programa de Neurociência) recebeu uma bolsa no valor

de 2,3 milhões de euros atribuída pelo European Research

Council (ERC), com a duração de 5 anos e destinada a

apoiar o estudo das funções biológicas da serotonina,

o neurotransmissor que permite a comunicação entre

os neurónios - no controlo de comportamentos vitais,

como comer ou respirar, e nas perturbações psiquiátricas

associadas, como ansiedade ou depressão.

Também a empresa de biofarmacêutica belga Ablynx,

especialista na área das nanotecnologias aplicadas à

7 Zebinix® um novo bloqueador dos canais do cálcio, capaz de diminuir a frequência das

crises epilépticas parciais, quando usado em combinação com outros medicamentos

antiepilépticos

Page 33: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

33

farmacêutica instalou em Portugal um centro de investigação

para, em parceria com o IBMC8, o desenvolvimento de uma

tecnologia já patenteada e única no mundo, que permite

criar nanobodies (um novo tipo de proteínas à escala nano),

destinadas a combater doenças como o cancro, inflamações,

tromboses ou Alzheimer, com cerca de 25 investigadores

multinacionais, entre os quais portugueses, criando mais uma

fonte de exportação de serviços de base tecnológica.

Ao nível do ensino, o Instituto Gulbenkian da Ciência (IGC), foi

classificado como uma das 10 melhores instituições (8º lugar

no ranking) para pós-doutorados trabalharem, pela revista

Scientist. O ranking “Best Places to Work for Postdocs survey”

é determinado pelos próprios pós-doutorados que trabalham

em grupos de investigação de institutos pelo Mundo.

Indústria eléctrica e electrónica

Concentra-se especialmente nas regiões de Lisboa,

Setúbal, Braga e Porto, estando localizadas no Norte as

empresas de maior dimensão. Produz sobretudo máquinas

e equipamentos e aparelhagem industrial, cablagens, fios

e cabos, equipamento de telecomunicações, informática e

electrónica profissional e componentes electrónicos.

É um subsector que tem vindo a desempenhar um papel

importante no desenvolvimento do sector automóvel.

No campo da micro-electrónica, foram registados

significativos avanços científicos em Portugal. Podemos citar

o desenvolvimento de circuitos integrados transparentes

à utilização do papel como suporte de transístores e de

memória em vez do tradicional silício, destinados a aplicações

diversas: ecrãs, etiquetas de pacotes inteligentes, chips de

identificação ou aplicações médicas na área dos bio-sensores.

Trata-se de “electrónica verde”, já que os transístores podem

ser reciclados, voltando ao ciclo da celulose.

Descoberta de um novo material condutor, designado gel-

iónico que resulta da combinação de liquido iónico com

biopolímero que é a gelatina, que permitirá desenvolver pilhas

e células de combustível mais baratas e amigas do ambiente.

8 IBMC – Instituto de Biologia Molecular e Celular instalado no Parque de C&T da

Universidade do Porto

Indústria automóvel

A indústria automóvel é tributária de praticamente

todos os sectores da indústria transformadora, desde a

metalomecânica à borracha, da electrónica ao têxtil, do

vidro aos plásticos.

Em Portugal, o desenvolvimento do sector automóvel nas

décadas recentes, tem sido fortemente condicionado pela

evolução da política industrial e pelo papel do investimento

estrangeiro, nomeadamente no que respeita à instalação

de unidades de montagem local, verdadeiras âncoras do

desenvolvimento da indústria dos componentes.

A estrutura produtiva do sector automóvel desenvolveu-

se apenas a partir dos anos 70, crescendo a partir daí. No

início da década de 80 com a entrada da Renault, que

para além da montagem de veículos, integrava produções

de órgãos mecânicos como motores, caixas de velocidade

e bombas de água, com implementação de unidades nas

áreas da fundição e montagem de motores, criaram-se

condições para a existência de uma indústria horizontal,

competitiva e de qualidade, dando-se igualmente início

ao desenvolvimento de uma indústria de componentes.

A instalação da Auto Europa, em 1994, contribuiu

não só para o relançamento do mercado interno como

para as exportações nacionais. O Projecto Auto-Europa

enquadrou-se perfeitamente no desejo de criação de um

Page 34: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

34

cluster automóvel, envolvendo o estabelecimento de joint-

ventures com empresas instaladas e a constituição de novos

fornecedores de componentes e sistemas.

Portugal apresenta diversos pontos fortes neste sector:

existência de focos de cooperação entre empresas,

universidades e centros de I&D; soluções logísticas

interessantes para mercados fora da UE, com destaque

para o norte-americano; boa capacidade de adaptação

da mão-de-obra; existência de empresas certificadas;

existência de focos de cooperação / agrupamentos de

empresas; e empresas inseridas em redes de fornecimento

internacionais. Acresce o facto de os custos salariais médios

por hora serem competitivos no quadro europeu9.

A indústria conta hoje com um sector de componentes, que

assenta num conjunto de empresas com competitividade de

nível internacional, apostadas no desenvolvimento de novos

factores de competitividade, nomeadamente nas áreas de

engenharia e investigação e desenvolvimento tecnológico.

Segundo a Associação do sector – AFIA, este subsector

que contribui com cerca de 1,3% para o PIB e 8% para

as exportações nacionais, é formado por 180 empresas

com cerca de 40.000 trabalhadores (cerca de 5,3% do

emprego da indústria transformadora) e gera um volume

de negócios da ordem dos 5 mil milhões de euros.

A distribuição regional das empresas de componentes não

é homogénea, concentrando-se na zona litoral entre a

Península de Setúbal e Viana do Castelo. As zonas de Porto/

Braga, Aveiro e Lisboa/Setúbal constituem três grandes

pólos desta indústria a nível nacional, a que acresce a zona

de Leiria, onde as actividades de produção de moldes e

injecção de plásticos assumem grande expressão.

Indústria de moldes

A indústria portuguesa de moldes tem vindo a crescer

e a ganhar projecção a nível mundial, impulsionada

9 Dados 2007: 11,3€ em Portugal versus 22,5€ média UE25 para a indústria e serviços;

9,2€ em Portugal versus 22,9€ média UE25 na manufactura

pela procura externa e pela perícia e experiência dos

fabricantes de moldes portugueses, ao nível da qualidade,

prazos de entrega, preços competitivos, capacidade

tecnológica e assistência técnica, sendo actualmente um

dos maiores fornecedores mundiais de moldes de precisão

essencialmente para a indústria de plásticos.

Cada vez mais, grandes multinacionais (indústria

automóvel, embalagem, electrónica/telecomunicações,

electrodomésticos, etc.) seleccionam empresas nacionais

para o fabrico dos seus moldes, destinados a alguns dos

melhores produtos de grandes marcas internacionais.

São exemplos disso a Samsonite, a Nokia, a Mercedes e

a Porsche, que contam com o talento e engenharia das

empresas de moldes portuguesas. A indústria automóvel é

uma das principais indústrias servidas pelo sector de moldes

(14% em 1991 para 72% em 2008).

De acordo com a Associação do Sector – CEFAMOL, em

2008 o Sector de Moldes era constituído por cerca de 535

empresas, com dimensão de PME, dedicadas ao fabrico de

moldes e ferramentas especiais, que empregavam cerca

de 8.350 trabalhadores, com uma distribuição geográfica

bipolar, designadamente nas regiões da Marinha Grande e

Oliveira de Azeméis.

Em 2009 a exportação de moldes portugueses para a

indústria de plásticos (cerca de 90% da produção) atingiu

os 322 milhões de euros.

Concluindo, o importante papel desempenhado pelo

sector industrial na actividade económica portuguesa (a

nível europeu estima-se que represente cerca de 75%

do PNB e 70% do emprego) e o seu valioso contributo

para a melhoria da competitividade da economia, levou

à constatação da necessidade de definir uma estratégia

de organização em rede, com uma visão orientada para a

afirmação internacional de um sector industrial português,

moderno e inovador, com uma forte componente de I&D.

Page 35: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

35

Esta rede de actores, agregada em Pólos de

Competitividade10 e em Clusters tem por objectivo

alavancar de forma sustentável a competitividade nacional

e empresarial, dinamizando e potenciando projectos

colectivos, comuns e em cooperação entre os diversos

intervenientes (empresas, universidades, unidades de I&D,

associações empresariais, etc.).

7.3 Construção

O sector da construção continua a assumir um papel de

relevo na economia portuguesa. Se no final dos anos 90

e início da década seguinte o seu contributo para o PIB

rondou entre os 10% e os 13%, a política de travagem no

investimento público afectou sobremaneira este sector, nos

últimos anos (em 2009 a quebra cifrou-se nos 11,6%).

Todavia, é importante salientar o sucesso da actividade das

empresas portuguesas a nível internacional, que nos últimos

10 anos cresceu a uma taxa média anual de 28%, podendo

afirmar-se que mais de 30% do volume de negócios das

maiores empresas tem origem na actividade desenvolvida

fora de Portugal, materializando-se num número significativo

de concursos ganhos em consórcio com parceiros locais ou

mesmo a título individual através da criação de empresas

locais. As três maiores empresas do sector em Portugal, Mota

Engil, Teixeira Duarte e Soares da Costa, integram a lista das

100 maiores construtoras europeias.

Por outro lado, existe a percepção, por parte dos principais

players do sector, de que existe uma necessidade de

concentração e de uma aposta cada vez maior na

diversificação das áreas de actividade, nomeadamente nos

sectores da energia, do ambiente e turismo.

10 São 11 os Pólos de Competitividade já reconhecidos: Engineering & Tooling; São 11 os Pólos de Competitividade já reconhecidos: Engineering & Tooling;

Indústrias da Mobilidade; Indústrias de Refinação, Petroquímica e Química

Industrial; Tecnologias de Produção – PRODUTECH; Energia; Indústrias de Base

Florestal; Agro-Industrial; Turismo; TICE; Moda; Saúde e 8 os Clusters: Mobiliário;

Habitat Sustentável; Pedra Natural; Agro-Industrial do Centro; Agro-Industrial do

Ribatejo; Vinhos da Região Demarcada do Douro; Economia do Mar; Indústrias

Criativas na Região do Norte. Para mais informações consultar (http://www.pofc.

qren.pt/PresentationLayer/conteudo.aspx?menuid=749)

Os projectos relacionados com a construção das barragens

cujos concursos estão a ser lançados, e de um novo

aeroporto para Lisboa, das linhas de alta velocidade

ferroviárias, as concessões rodoviárias e o programa

de recuperação do parque escolar, cuja conclusão está

projectada para os próximos anos, são factores que irão

contribuir para a sua dinamização, sendo espectável que

tenham impacto a partir de 2011.

7.4 Serviços

O sector dos serviços, conforme já referido anteriormente, tem

vindo a ganhar um peso crescente na economia portuguesa

nas últimas décadas, sendo responsável actualmente por

cerca de 2/3 da actividade económica e 59% do emprego

em Portugal, comparados com os 69% da UE27. Para além

da sua enorme representatividade em termos económicos,

também é uma das áreas em que se registaram os maiores

avanços tecnológicos, sendo de destacar os exemplos das

telecomunicações – redes fixa e móvel, acesso à Internet,

banda larga, etc., do sector da energia, dos serviços

financeiros e do sector das tecnologias de informação.

Serviços públicos

A nível dos serviços públicos, a melhoria na qualidade,

desempenho, acessibilidade e disponibilidade dos serviços

públicos on-line é dos exemplos a apontar, na medida que

veio facilitar a vida dos cidadãos; favorecer a actividade das

empresas; melhorar a disponibilidade e a qualidade dos

serviços prestados, aumentar a transparência da administração

e o desenvolvimento da indústria e dos serviços nacionais.

Este bom desempenho colocou Portugal na liderança do

Ranking Europeu de Serviços Públicos Online ao nível da

“Disponibilização Completa Online” e da “Sofisticação da

Disponibilização Online”.

A eficácia da Administração Pública nesta área deve-se ao

impacto positivo que o Plano Tecnológico e alguns dos seus

Page 36: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

36

pilares, como o Simplex e o Ligar Portugal, têm na melhoria

dos serviços prestados aos cidadãos e às empresas.

Os avanços registados, nomeadamente a criação de

um ambiente favorável aos negócios (ex: Empresa na

Hora, reconhecida como boa prática pela Comissão

Europeia e “top reformer” pelo Banco Mundial), foram

não só determinantes para atrair as melhores empresas

tecnológicas mundiais a investirem em Portugal, como

a Microsoft, a Cisco e a Nokia-Siemens, como também

contribuíram para colocar o país no 2º lugar do ranking

europeu do governo electrónico e no 7º a nível mundial11.

O Programa Simplex tem vindo a prosseguir o esforço de

agregação, consolidação e desenvolvimento de algumas

medidas importantes concluídas em anos anteriores

e continua a dar especial atenção à simplificação de

procedimentos no sector da saúde, bem como à redução

de custos de contexto para as PME.

Medidas destinadas a reduzir a burocracia para os cidadãos

e para as empresas continuam a ser implementadas,

destacando-se por exemplo, a criação de uma ‘Via Verde’

para os projectos das pequenas e médias empresas

cujo financiamento tenha sido aprovado pelo QREN e a

simplificação dos reembolsos de IVA para as empresas

exportadoras, que passa a ser validado de forma automática.

As outras medidas aproveitam a Internet para simplificar

a relação entre o Estado e as empresas, como é o caso do

Portal de Empresa 2.0, como ponto único de contacto “on

line” entre as empresas e a Administração Pública.

Energia

A promoção das energias renováveis e da eficiência

energética visa reduzir as emissões de carbono e diminuir

a dependência energética de Portugal face ao exterior,

contribuindo para a redução do peso excessivo dos

11 Portugal passou da 48.ª para� a 7.ª posição no ranking do Global e-Government Portugal passou da 48.ª para� a 7.ª posição no ranking do Global e-Government

Study (Estudo do Governo Electrónico Global), desenvolvido pela Universidade norte-

americana de Brown, que avaliou 1.687 sites públicos de 198 países

combustíveis fósseis e evitando a exposição progressiva

à volatilidade dos preços do petróleo e gás natural

nos mercados internacionais. Todos estes factores,

a que se juntam algumas condicionantes ambientais,

não só conduziram a uma intervenção profunda neste

sector como contribuíram para aumentar por esta via a

competitividade do país.

O aumento da capacidade de produção energética

endógena com recurso ao fomento das energias renováveis

e a melhoria da eficiência energética e redução das

emissões de CO2 têm resultados já visíveis. Uma das

maiores centrais solares fotovoltaicas12 do mundo em

Moura (Alentejo), o maior parque eólico13 da Europa em

Monção (Viana do Castelo) e um projecto pioneiro na área

12 A central ocupa uma área de 250 hectares e é composta por 262.080 módulos A central ocupa uma área de 250 hectares e é composta por 262.080 módulos

fotovoltaicos. Tem uma capacidade instalada de 46 MW, vai produzir 93 milhões de

kw/hora por ano, o equivalente ao consumo de 30 mil famílias, evitando a emissão

de 86 mil toneladas anuais de CO2 para a atmosfera.

13 Este parque constituído por 120 aerogeradores é capaz de produzir energia Este parque constituído por 120 aerogeradores é capaz de produzir energia

equivalente ao consumo de 300 mil lares e permite poupar cerca de 500 mil

toneladas por ano em emissões de CO2.

Page 37: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

37

da energia das ondas14 a nível mundial, ao largo da Póvoa

do Varzim (perto da cidade do Porto), fazem com que

Portugal seja hoje uma referência nas energias renováveis, a

nível internacional.

Com o objectivo de diminuir a distância que ainda nos

separa da média europeia neste capítulo, foi definido um

Plano de Acção para a Eficiência Energética composto por

diversas medidas que procuram incentivar a utilização das

novas tecnologias, a melhoria de processos organizativos e

a mudança de comportamentos e de valores que conduzam

a hábitos de consumo mais sustentáveis. As medidas

definidas permitem uma redução do consumo equivalente

a 10% até 2015 superando o objectivo estabelecido

pela UE (8%) e também mitigar em cerca de 1%/ano o

crescimento esperado da factura energética.

Uma das medidas foi a criação do “Programa Solar

Térmico 2009”, programa de apoio à instalação de painéis

solares térmicos no segmento residencial, que foi alargado

a 2010, prevendo-se que no final do ano estejam 50.500

painéis instalados.

Estão igualmente contemplados apoios à instalação de

unidades de microgeração, designadamente mini-eólicas,

no segmento doméstico e de serviços, dinamizando o

cluster industrial nacional de produção destas tecnologias,

com impacto positivo nos sectores da metalomecânica,

moldes e equipamentos eléctricos.

Segundo a REN – Redes Energéticas Nacionais, cerca de 72%

da energia consumida no Continente nos dois primeiros

meses de 2010 teve origem em fontes renováveis. Este

valor resulta da combinação de dois factores: o elevado

nível de precipitação, que originou uma subida na produção

hídrica, e o reforço da produção eólica nos últimos anos. É

14 O Parque de Ondas da Aguçadoura irá, numa primeira fase, produzir electricidade O Parque de Ondas da Aguçadoura irá, numa primeira fase, produzir electricidade

a partir de três conversores Pelamis Wave Energy, uma espécie de serpente marinha

que capta a energia das ondas, instalados a cerca de três milhas da Póvoa de Varzim.

O projecto fornecerá cerca de 15 mil famílias e evitará a emissão de mais de 60 mil

toneladas/ano de dióxido de carbono. Na segunda fase do projecto, serão produzidas

e instaladas outras 25 máquinas para aumentar a capacidade até 21 MW.

ainda relevante o facto de se registar um crescimento das

exportações de energia e de uma redução das importações.

Para o ano de 2010 Portugal estima produzir 11.736 MW de

energia com origem em fontes renováveis.

A Estratégia Nacional para a Energia que define as apostas

energéticas até 2020, tem como metas a redução da

dependência energética de Portugal face ao exterior para

74% (o equivalente a 31% do consumo final de energia)

permitindo assim cumprir os acordos estabelecidos no

contexto das políticas europeias de combate às alterações

climáticas, de forma a que 60% da electricidade produzida

tenha origem em fontes renováveis. Um investimento no

valor global de 400 milhões de euros, a executar em parcerias

público-privadas, será aplicado na construção de barragens,

centrais de ciclo combinado, parques eólicos e infra-estruturas,

que contribuirão para que Portugal atinja o 5º objectivo mais

ambicioso a nível europeu nesta área até 2020.

Uma das ideias força desta Estratégia é a adopção de novos

modelos para a mobilidade, ambientalmente sustentáveis e

capazes de explorar a relação com a rede eléctrica nacional,

desenvolvendo uma rede de carregamento que permita o

abastecimento de veículos eléctricos. A massificação do veículo

eléctrico poderá ser uma realidade a partir de 2011, com a

entrada no mercado dos primeiros modelos da NISSAN.

Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)

Depois em 2009 se ter verificado um abrandamento do

investimento e despesa em Tecnologias de Informação e

Comunicações, em diversas regiões do mundo e também em

Portugal (-2,2% do que em 2008), as previsões da IDC para

2010 apontam para nova quebra, embora menor (-0,5%), e

para o aparecimento dos primeiros sinais de recuperação no

final do ano, embora mais evidentes em 2011 (+5,7%).

As áreas de aplicação das TIC que registarão maior

crescimento serão a saúde, os serviços públicos, energia e

telecomunicações, com as soluções associadas à segurança,

comunicações unificadas e mobilidade a serem aquelas que

terão melhor desempenho.

Page 38: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

38

O outsourcing continuará a ser o líder dos serviços de TIC em

2010, impulsionado pela necessidade de redução de custos.

Esta área e as suas empresas têm vindo a desempenhar

um papel fundamental na modernização de Portugal e de

muitas empresas dos mais diversos sectores da economia,

tendo algumas delas alcançado protagonismo tanto a nível

nacional como além fronteiras.

Podemos citar os seguintes exemplos: a Critical Software,

uma referência global no desenvolvimento de software para

sistemas de informação críticos; a SISCOG, que continua

a ganhar os clientes mais exigentes do mundo; a Number

Five que detém uma importante fatia do mercado mundial

de auto-identificação; a Altitude Software que é líder

da tecnologia para Call Centers e CRM; a YDreams que

desenvolve produtos e serviços que utilizam tecnologia

pioneira em áreas como computação ubíqua, media

interactivos, realidade aumentada e sensores biométricos;

a Novabase que é líder em soluções de negócio baseadas

em tecnologias de informação; a Active Space Technologies

que oferece soluções integradas de tecnologia provada e

tecnologia de ponta para os sectores aeroespacial, automóvel,

defesa e energia e que trabalha, entre outros, para a Agência

Espacial Europeia e Galileo Avionica; a HPS Portugal que está

a desenvolver tecnologia (material para a protecção térmica)

para os veículos a serem utilizados na próxima missão da

Agência Espacial Europeia ao planeta vermelho, em 2020;

a WeDo Technologies que é líder mundial em Revenue e

Business Assurance, aproveita a edição deste ano do Mobile

World Congress 2010 (MWC) para lançar a mais recente

versão do RAID – a sua plataforma de Business Assurance;

a Alert Life Sciences Computing, que é líder na criação de

ambientes clínicos sem papel, com o software ALERT®;

a Edigma que criou a tecnologia “Displax Multi-touch

Technology”, que transforma qualquer superfície num ecrã

multi-toque; a Fibersensing líder global no desenvolvimento,

produção e comercialização de sistemas avançados de

monitorização baseados em sensores de Bragg, um dos meios

mais fiáveis de monitorizar a integridade de estruturas tão

complexas como pontes, barragens, túneis, caminhos de ferro,

tanques de combustível em aeronaves, cabos de alta tensão,

poços de petróleo ou geradores de elevada potência.

Geograficamente, a área metropolitana de Lisboa continua

a apresentar a maior concentração de serviços com cerca de

1/3 dos estabelecimentos. No caso dos serviços prestados às

empresas, a percentagem aumenta para mais de metade,

cabendo à área metropolitana do Porto apenas 18% do total.

Comércio

Os indicadores macroeconómicos referentes à estrutura e

evolução da actividade económica ilustram a importância

do sector terciário, e do comércio em particular, no

contexto da economia nacional, respondendo este sector

por 20,2% do VAB nacional, 38,4% do volume de

negócios, 22,7% do emprego e 11,2% do total da FBCF.

Quanto ao tecido empresarial, este é constituído por quase

300 mil empresas, que se concentram nas regiões de

Lisboa, Norte e Centro.

Comparando as três actividades que este sector agrega,

verifica-se que o comércio a retalho abrange 61% do total das

empresas, mas apenas 29% do volume de negócios, enquanto

Page 39: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

39

o comércio por grosso engloba apenas 27% das empresas, mas

assegura 51,3% do volume de negócios. O comércio automóvel

representa 12% das empresas e 20% da facturação.

Importa ainda destacar a relevância do sector alimentar,

no comércio por grosso, e do comércio de produtos novos

em estabelecimentos especializados no comércio a retalho

(25,3% e 41,5% do volume de negócios, respectivamente).

O sector do comércio tem vindo a aprofundar o

conhecimento do cliente, a valorizar o serviço, melhorando

factores como a proximidade, comodidade, qualidade e

logística, tem-se assistido ao crescimento do comércio

de marcas, de produtos que garantam a saúde e

segurança dos clientes e a desenvolver o hard discount,

os supermercados de média dimensão e das grandes

superfícies especializadas.

Nos últimos anos Portugal assistiu a um aumento das

grandes superfícies e centros comerciais (a Sonae Sierra

é um líder europeu na criação e gestão destes gigantes

do consumo, com 50 centros comerciais na Europa

e no Brasil, tendo sido recentemente distinguida nos

“Sustainable Energy Europe Awards” na categoria

“Market Transformation” que reconhece a inovação da

empresa na área da sustentabilidade energética, através

da implementação do conceito “centro verde” no

desenvolvimento e gestão dos seus centros comerciais). Os

centros comerciais viram a sua superfície bruta aumentar

e encontram-se implantados não só nos principais centros

urbanos, mas também em cidades de tipo médio.

Serviços financeiros

Num passado recente, o sistema bancário, o sector dos

seguros e o mercado de capitais em geral foram objecto

de alterações significativas. O sector bancário português

é actualmente moderno e abrange a banca comercial,

os bancos de investimento, fundos de investimento e

empresas seguradoras. Está ao nível dos restantes países

europeus tanto em termos de rentabilidade, como de

solvência e estrutura de custos.

A crise financeira global iniciada no mercado hipotecário

dos EUA em meados de 2007 e que começou no sistema

bancário com o rebentamento de uma bolha imobiliária

especulativa, com perdas em cascata no sector financeiro

alastrou-se a uma velocidade extraordinária a todo o mundo

financeiro internacional. Esta rápida “contaminação” deveu-

se, em grande medida, ao facto de se tratar de um sector que

opera globalmente e está fortemente interligado por redes

de empréstimos e seguros dos riscos dos empréstimos, que

levaram a desequilíbrios e instabilidades que, em situações

extremas, provocaram a falência de importantes instituições

financeiras e a necessidade de intervenção do Estado para

“estancar” o seu alastramento.

Portugal também não conseguiu ficar imune a esta crise

apesar de beneficiar de um sistema financeiro moderno

e robusto, tendo havido a necessidade de intervenção

pública na estabilização do sistema de forma a evitar riscos

acrescidos de insolvência e a minorar os efeitos de um forte

travão no acesso ao crédito. Os cinco principais bancos

são a Caixa Geral de Depósitos (público) e os privados:

Millennium BCP, BES - Banco Espírito Santo, BPI - Banco

Português de Investimento e Banco Santander-Totta.

Page 40: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

40

8. Situação Económica

8.1 Política económica recente

Durante a década de 90, Portugal seguiu uma política

económica determinada pelos critérios de convergência da

União Económica e Monetária (UEM), do que resultou a

entrada do país na zona euro em Janeiro de 1999.

Devido ao desfasamento da política expansionista praticada

face aos reais fundamentos da economia nacional, houve

necessidade de se implementar, a partir de 2002, uma

política fiscal mais restritiva, com vista à redução do

défice público. De entre as medidas adoptadas salientam-

se o aumento da taxa normal do IVA, a imposição de

cortes nas despesas, o encerramento e reestruturação de

várias instituições públicas, a proibição de renovação dos

contratos temporários de trabalho no sector público, e

reformas, nomeadamente a do mercado laboral.

Após a recessão económica de 2003, o crescimento real do

PIB permaneceu positivo até ao último trimestre de 2008.

Neste período, destaca-se o desempenho económico registado

em 2006 e 2007, anos em que a taxa de crescimento do PIB

foi de 1,3% e 1,9%, respectivamente, numa nítida trajectória

de convergência com a média europeia.

Para esta boa perfomance foi fundamental o desempenho

extremamente positivo do sector exportador de bens

e serviços, com a procura externa líquida a contribuir

positivamente para o crescimento global do PIB. Por outro

lado, a balança tecnológica passou a apresentar um saldo

positivo em 2007, testemunhando a profunda alteração

entretanto verificada no tecido produtivo português, que

provocou uma modificação na estrutura das exportações,

até então dominadas pelos produtos tradicionais como

o têxtil e o calçado. Confirmou-se ainda a recuperação

do investimento empresarial, a par de uma melhoria na

competitividade e produtividade das empresas.

Este padrão de crescimento foi o reflexo de uma melhoria

progressiva dos fundamentos da economia, para a qual

muito contribuiu a estratégia de desenvolvimento seguida,

baseada na aposta na qualificação do capital humano,

na modernização tecnológica, na redução dos custos

administrativos e de contexto, em especial para as PME, e

na consolidação das finanças públicas, condições essenciais

para a criação de um ambiente propício ao investimento e

à competitividade da economia.

Pela positiva, assinale-se ainda a redução do défice do

sector público para 3,9% do PIB em 2007, resultado que

se situou acima dos 6,1% atingidos no ano anterior e que

superou o objectivo inscrito no Programa de Estabilidade e

Crescimento 2006-2010.

Menos positivo foi o agravamento do défice externo, reflexo

da acentuada deterioração do défice primário de rendimentos

e, em menor extensão, das transferências de capital.

Em 2008, o desempenho da economia portuguesa foi

condicionado por um enquadramento externo particularmente

desfavorável, que teve ainda início na segunda metade de

2007. As repercussões da crise financeira nos EUA, que se

alastrou aos restantes países do mundo, provocaram restrições

ao financiamento, um aumento do clima de incerteza e um

abrandamento das economias a nível global.

Este contexto desfavorável determinou uma inversão na

tendência de retoma da economia portuguesa, assistindo-

se à desaceleração do crescimento do PIB em termos reais

(variação nula em volume) reflectindo um abrandamento

da procura externa líquida, que resultou da diminuição das

exportações de bens e serviços (-0,5% em volume) e uma

desaceleração da procura interna, com o investimento a ser

o principal responsável por esse abrandamento (-0,7% em

2008 depois de ter crescido 3,1% no ano anterior).

Em matéria de finanças públicas, o processo de

consolidação orçamental iniciado em 2005 permitiu corrigir

Page 41: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

41

Principais indicadores económicos (%)2006 2007 2008 2009 2010a 2011a 2012a

Produto interno bruto b 1,4 1,9 0,0 -2,7 0,7 0,9 1,3

Consumo privado b 1,9 1,6 1,7 -0,8 1,0 0,8 0,9

Consumo público b -1,4 0,0 1,1 3,5 -0,9 -1,3 -1,5

Formação bruta de capital fixo b -0,7 3,1 -0,7 -12,6 -0,8 1,0 1,6

Exportações de bens e serviços b 8,7 7,8 -0,5 -11,6 3,5 4,1 4,5

Importações de bens e serviços b 5,1 6,1 2,7 -9,2 1,7 1,9 1,9

Balança corrente (% do PIB) -10,0 -9,4 -12,1 -10,2 -10,2 -10,2 -7,7

Saldo do sector público (% do PIB) -3,9 -2,6 -2,7 -9,3 -8,3 -6,6 -4,7

Dívida pública (% do PIB) 64,7 63,5 66,4 76,6 85,4 88,9 90,1

Taxa de desemprego 7,7 7,9 7,6 9,5 9,8 9,8 9,5

Taxa de inflação c 3,0 2,5 2,6 -0,8 0,8 1,9 1,9

Fontes: INE - Instituto Nacional de Estatística , Banco de Portugal; PEC 2010-2013 e Comissão Europeia;

(a) Previsões (b) Variação real (c) Índice harmonizado de preços no consumidor

uma parte significativa dos desequilíbrios orçamentais

existentes, com a aplicação de uma política orçamental

restritiva e a implementação de reformas estruturais que

tiveram como resultado um aumento da receita (obtenção

de maiores receitas fiscais) e a redução da despesa (despesa

primária e despesas de capital). Esta conjugação de esforços

permitiu que em 2007 e 2008 o défice orçamental se tenha

cifrado nos 2,6% e 2,7%, respectivamente, os mais baixos

dos últimos 30 anos.

Também a dívida pública manifestou um melhor

comportamento, assistindo-se a um decréscimo superior

ao que tinha sido previsto, tendo ocorrido já em 2007 uma

diminuição do seu peso no PIB.

8.2 Perspectivas de evolução

Num cenário de forte abrandamento económico a nível

mundial, que afectou os principais parceiros de Portugal, a

economia portuguesa esteve em recessão técnica, entre o

4º trimestre de 2008 e o 1º trimestre de 2009. A partir do

2º trimestre iniciou-se um período de recuperação gradual

da actividade económica, o que fez com que Portugal fosse

um dos primeiros países da Zona Euro a sair da recessão.

Em 2009 assistiu-se a uma contracção real do PIB de

-2,7%, em termos homólogos, que embora corresponda a

um valor mais suave do que o verificado noutras economias

da Zona Euro, traduz os efeitos associados à deterioração

do enquadramento económico e financeiro internacional,

que afectou o crescimento das exportações e retraiu

o investimento e o consumo. Ainda durante o ano, o

mercado de trabalho foi particularmente afectado pela crise

económica, com a taxa de desemprego a atingir patamares

muito altos (9,5%).

O fraco desempenho da actividade económica a nível

interno e a descida dos preços das matérias-primas

provocaram uma descida da taxa de inflação que se situou

nos -0,8%, uma das mais baixas da Zona Euro.

O investimento acentuou a descida verificada em 2008,

registando em termos reais uma variação negativa de 12,6%.

As exportações de bens e de serviços diminuíram, 11,6%

em volume, apesar da forte recuperação evidenciada no

4º trimestre.

As perspectivas de evolução da economia portuguesa

no período 2010-2011, sendo uma economia aberta e

plenamente integrada em termos económicos e financeiros,

continuam a ser marcadas pela interacção entre a crise

nos mercados financeiros internacionais e a evolução da

actividade económica à escala global.

Page 42: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

42

Depois de em 2008 ter sido interrompida a trajectória

ascendente da taxa de desemprego, com a população

desempregada a diminuir 4,8% face a 2007, a forte

contracção da actividade económica registada em 2009

veio afectar de forma significativa o mercado de emprego,

provocando um crescimento da população desempregada,

principalmente na faixa etária mais jovem. Por regiões, os

maiores aumentos da taxa de desemprego ocorreram no

Norte (11%) e no Algarve (10,3%) enquanto que a região

dos Açores observou a taxa mais baixa (6,7%).

As previsões do PEC relativamente à taxa de desemprego,

indicam que se manterá nos 9,8% até 2011, embora

Portugal continue a situar-se abaixo da UE27 e Zona

Euro, e num valor inferior ao projectado pelo FMI (acima

dos 10%), dando-se início, a partir daí, à inversão da

tendência de crescimento.

Com o emprego a manter-se em queda, o Governo decidiu

avançar com um conjunto de medidas com impacto

directo e imediato no mercado de trabalho, no sentido de

assegurar a manutenção do emprego, incentivar a inserção

de jovens à procura do primeiro emprego e promover

a criação de emprego e o combate ao desemprego,

designado por “Iniciativa Emprego 2010”.

Fontes: (1) INE – Instituto Nacional de Estatística, PEC 2010-2013; Comissão Europeia

(2) Comissão Europeia

Nota: (a) Previsões

Taxa de Crescimento do PIB

2006 2007 2008 2009a 2010b 2011c

Portugal 1 Zona Euro 2 UE27 2

Os principais analistas apontam para uma melhoria da

economia mundial, embora a retoma seja lenta, com o PIB

a crescer em média 3,1%, em termos reais, especialmente

nas economias mais desenvolvidas (na UE27 e Zona Euro

oscilará entre 1% e 2%), e prevêem que a absorção dos

desempregados, cuja taxa de desemprego continua a

atingir taxas elevadas, tenderá a ser demorada.

O cenário macroeconómico do Programa de Estabilidade

e Crescimento 2010-2013 (PEC) aponta para um aumento

gradual do crescimento do PIB. Em termos reais, as

projecções indicam um crescimento de 0,7% em 2010,

em linha com a previsão do Banco de Portugal (Janeiro

2010), mas acima da previsão do FMI (0,5%). Para 2011, a

previsão de crescimento do PIB de 0,9% é igual à do FMI e

inferior à do Banco de Portugal (1,4%).

Com excepção do consumo público, todas as componentes

do PIB deverão registar um comportamento favorável, com

especial destaque para as exportações e importações com

variações homólogas positivas influenciadas pelo aumento

da procura externa e o consumo privado a crescer acima do

PIB. No investimento, será o investimento empresarial e não

o público, aquele que mais irá contribuir para a sua evolução

em termos globais, prevendo-se um contributo positivo desta

componente para o crescimento do PIB, apenas em 2011.

Fonte: (1) INE – Instituto Nacional de Estatística, PEC 2010-2013; Comissão Europeia

(2) Eurostat; Comissão Europeia

Nota: (a) Previsões

Taxa de Desemprego

2006 2007 2008 2009a 2010b 2011c

Portugal 1 Zona Euro 2 UE27 2

Page 43: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

43

Se em 2008 a aceleração dos preços internacionais dos

bens energéticos foi a principal razão para a subida ligeira

da taxa de inflação em Portugal, a quebra acentuada

verificada em 2009, superior mesmo à média da UE27

e Zona Euro, resultou não só da descida dos preços das

matérias primas nos mercados internacionais, mas também

dos efeitos provocados pelo enfraquecimento da actividade

económica na procura interna.

Em 2010 e 2011, a taxa de inflação deverá subir para 0,8%

e 1,9%, respectivamente, assentando no pressuposto de

subida dos preços das matérias-primas, essencialmente

energéticas, nos mercados internacionais, e na recuperação

económica que trará aumento do consumo interno.

Em matéria de finanças públicas o ano de 2009 trouxe um

agravamento dos desequilíbrios orçamentais. Os efeitos

provocados pela crise económica mundial obrigaram à

tomada de medidas por parte dos Governos dos diferentes

países, no sentido de evitar o colapso do sistema financeiro

internacional e impedir a continuação da subida abrupta da

taxa de desemprego. Em Portugal, foi igualmente lançado

um pacote de medidas de estímulo à economia, de apoio

às famílias e às empresas, medidas de relançamento do

investimento e de protecção do emprego, sem esquecer

as medidas de reforço da estabilidade financeira, área vital

para o relançamento económico, intervenção que muito

contribuiu para que o nosso país fosse um dos primeiros a

declarar o fim da recessão técnica.

Mas, com o Estado a aumentar a despesa para estimular

a economia e com as receitas fiscais a diminuírem

significativamente, o impacto sentiu-se no défice: -9,3%

em 2009 e na dívida pública a derrapar desde 2007 (88,9%

do PIB em 2011), embora abaixo de países como a Grécia

(120,6%), Itália (116,5%) e Bélgica (101,4%).

Neste contexto, as grandes prioridades do Governo ao nível

da consolidação orçamental estão concentradas na correcção

do défice, que deverá situar-se nos -2,8% em 2010 e redução

do peso da dívida, a par da defesa e estímulo ao emprego, e

de um conjunto de medidas de apoio às PME, estando já em

curso reformas que vão ter impacto decisivo na contenção da

dívida pública, como por exemplo a da Segurança Social, da

Administração Pública, da Saúde e da Educação.

Controlo de despesas em saúde; redução de deduções e

benefícios fiscais em sede de IRS; alargamento e controlo

da base contributiva da Segurança Social; tributação

extraordinária em IRS à taxa de 45% dos rendimentos

colectáveis superiores a 150 mil euros e privatizações de

várias empresas públicas, são algumas das medidas a

aplicar ainda em 2010.

Fontes: (1) INE – Instituto Nacional de Estatística, PEC 2010-2013; Comissão Europeia

(2) Comissão Europeia

Notas: (a) Previsões

Taxa de inflação – Índice harmonizado de preços no consumidor

Taxa de Inflação

2006 2007 2008 2009a 2010a 2011a

Portugal 1 Zona Euro 2 UE27 2

Page 44: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

44

É, no entanto, sabido que os estímulos à economia não

são, por si só, suficientes e que o maior contributo terá que

vir do crescimento económico, sustentado no aumento da

procura externa, do consumo e do investimento.

8.3 Economia das regiões

Em 2008 (último ano disponível), a evolução do PIB em

termos reais, foi superior à média nacional nos Açores

(2,3%), no Centro (0,5%) e na Madeira (0,6%), enquanto

as restantes regiões registaram um decréscimo, mais

acentuado no Algarve (-0,5%) e menos significativo no

Norte (-0,1%) e em Lisboa (-0,1%). Em termos nominais,

o PIB regional cresceu acima da média nacional no Norte

(2,7%) e na Madeira (2,6%), teve uma evolução igual

à média nacional em Lisboa (2,1%) e apresentou uma

evolução inferior à média nacional no Centro (2%), no

Algarve (1,3%), nos Açores (1,6%) e no Alentejo, onde

registou um ligeiro decréscimo (-0,2%).

Quanto ao PIB per capita em PPC15, tanto em 2007 como

em 2008, apenas a região de Lisboa, Madeira e Algarve

superam a média nacional (PIB per capita 15,7 milhares

de euros, índice 100), com índices de 138, 128 e 104,

respectivamente. Ao nível das NUT III, verificam-se enormes

assimetrias, com máxima expressão quando se compara a

Grande Lisboa (163) com o Tâmega (59), índices máximo e

mínimo face à média nacional.

Quanto à produtividade aparente no trabalho (VAB/Emprego),

apenas três regiões, Norte, Centro e Açores, não superaram a

média nacional (32,3 milhares de euros, índice 100).

No que se refere à repartição geográfica do VAB e do

Emprego, sobressai a região de Lisboa, pelo maior peso em

termos do VAB (36,6% do total nacional), e a região Norte,

pela relevância no que se refere ao Emprego (34,0% do total).

Em 2006 (último ano disponível) a FBCF nacional cresceu,

em termos nominais, 2,0% face a 2005, contribuindo

positivamente para este acréscimo o crescimento do

investimento nas regiões de Lisboa (15,3%), Algarve

(10,7%) e Norte (4,2%). Nas restantes regiões o

investimento realizado foi inferior a 2005, devendo-se

a quebras nas actividades de “Comércio, alojamento e

restauração e transportes e comunicações”, excepto no

caso da região Centro que foi mais afectada pela redução

do investimento em “Actividades financeiras, imobiliárias e

alugueres e serviços prestados às empresas”.

Ainda em 2006 o rendimento bruto disponível das famílias

cresceu, em termos nominais, face ao ano anterior

(4,2%), embora a nível regional apresente crescimentos

diferenciados, com as famílias da região do Algarve com

rendimentos disponíveis nitidamente acima do crescimento

nacional deste indicador.

15 PPC – Paridade do Poder de Compra

Page 45: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

45

NorteÉ uma das mais antigas regiões de Portugal, mas é aquela

que concentra a população mais jovem do Continente

(36% do total). É nesta região que se situa a 2ª maior cidade

portuguesa – Porto – que, por sua vez, contribui para a boa

posição que esta região ocupa no PIB nacional (2ª posição

com 28,3% do total em 2008). No mesmo ano, esta região

apresentou a melhor taxa de crescimento nominal do PIB,

com 2,7%, superior à média nacional (2,1%). Também no

investimento (ano 2006), o Norte ficou com a 2ª maior fatia

(28%), tendo aumentado nominalmente nos últimos três

anos. A taxa de actividade é igual à média nacional, mas

embora assuma a liderança no emprego (34% do total),

apresenta a mais alta taxa de desemprego a nível nacional

(11%), factor menos positivo mas compreensível face às

características da indústria desta região e às alterações que

tem sofrido o seu tecido empresarial. Mantém, no entanto,

uma importante vocação exportadora, sendo responsável por

38% do total das exportações portuguesas, sobretudo de

produtos industriais.

Capital Porto

Área 21.284 km2 (23,9% do Continente)

População (2008) 3.745.439 habitantes

Sub-regiões Alto Trás-os Montes, Ave, Cavado, Douro, Entre Douro e Vouga, Grande Porto, Minho-Lima e Tâmega

Concelhos 86 (27% do total nacional)

Características geomorfológicas Planície no litoral; colinas e serras no interior.

Rios principais Minho and Douro.

Flora Pinhais, incluindo o pinheiro marítimo no litoral;Eucalipto, que tem vindo a substituir o carvalho.

FOTOGRAFIA DA

REGIÃO

Dados Gerais

Sector agrícola (actividades agrícolas predominantes)

Trigo, milho, legumes e vinha (1ª região demarcada do mundo - Douro), com particular destaque para o vinho do Porto.Criação de gado e actividade piscatória.

Sector industrial (principais indústrias)

Equipamento eléctrico e electrónico, componentes auto, construção naval, têxteis, calçado, mobiliário, cutelaria e ferragens, madeira, cortiça, lacticínios; indústria extractiva.

Nº Empresas exportadoras (2008) 8.652 (35,7% do total)

Infraestruturas Aeroporto Internacional do Porto; boas ligações viárias (auto-estradas, IP e IC); rede metropolitano na cidade do Porto

Rio Douro (cidade do Porto)

©A

nton

io S

acch

etti

Principais Indicadores Económicos

2004 2005 2006 2007 2008

Produto interno bruto (PIB) (a) 40.415 41.799 43.511 45.887 47.135

PIB per capita (b) 10,9 11,2 11,6 12,3 12,6

Valor acrescentado bruto (VAB) (a) 35.139 35.980 37.244 39.351 40.742

Formação bruta de capital fixo (FBCF) (a) 8.447 9.041 9.424 n.d. n.d.

Rendimento disponível bruto das famílias (a) 29.445 30.402 31.734 n.d. n.d.

Emprego (c) 1.761 1.752 1.759 1.755 1.752

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística – Contas Económicas Regionais (2008 Preliminar)

Notas: (a) Milhões de Euros; (b) Milhares de Euros; (c) Milhares de pessoas; n.d. –não disponível

Page 46: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

46

CentroA Região Centro, embora se coloque em 3º lugar na

contribuição para o PIB nacional (19% em 2008), é a que

apresenta a taxa de actividade mais alta (57%) e superior

à média nacional (53%). Embora seja a 1ª região do país

com maior nº de população com idade superior a 65

anos, tem uma taxa de emprego que corresponde a mais

de metade da população residente (53%) e que quando

se refere a indivíduos com 15 e mais anos, sobe para

os 61%, e se distribui maioritariamente pelos sectores

secundário e dos serviços. Importa ainda destacar que esta

região foi responsável por cerca de 20% das exportações

nacionais em 2008. Devido à diversidade de paisagens e

à beleza arquitectónica, tem registado nos últimos anos

um grande desenvolvimento da actividade turística, que se

reflecte no aumento do número de dormidas na hotelaria

global, que em 2008 atingiram quase os 4 milhões (10%

do total nacional).

Principais cidades Coimbra e Aveiro

Área 28.200 km2 (31,7% do Continente)

População (2008) 2.383.284 habitantes

Sub-regiões Baixo Mondego, Baixo Vouga, Beira Interior Norte, Beira Interior Sul, Cova da Beira, Dão-Lafões; Médio Tejo, Oeste, Pinhal Interior Norte, Pinhal Interior Sul, Pinhal Litoral, Serra da Estrela

Concelhos 100 (25,2% do total)

Características geomorfológicas Relevo aplanado junto ao litoral;Relevo rochoso no interior (xisto, granito, volfrâmio).

Flora É uma das regiões mais ricas em floresta, destacando-se a oliveira.

FOTOGRAFIA DA

REGIÃO

Dados Gerais

Vista parcial da Aldeia do Piódão

Paisagem predominante Paisagem diversificada e com contrastes entre as praias no litoral e as serras; uma das regiões mais ricas em beleza arquitectónica

Sector industrial (principais indústrias)

Indústria química, componentes auto, moldes, celulose e papel, têxteis (lanifícios), cerâmicas, agro-alimentares (lacticínios, azeite, carnes), vitivinicultura, indústrias extractivas (ouro, chumbo, volfrâmio e estanho).

Nº de empresas exportadoras (2008)

5.278 (21,8% do total)©

Ant

onio

Sac

chet

ti

Principais Indicadores Económicos

2004 2005 2006 2007 2008

Produto interno bruto (a) 27.717 28.417 29.652 31.242 31.876

PIB per capita (b) 11,7 11,9 12,4 13,1 13,4

Valor acrescentado bruto (a) 24.099 24.461 25.381 26.792 27.553

Formação bruta de capital fixo (a) 6.880 7.089 6.942 n.d. n.d.

Rendimento disponível bruto das famílias (a) 20.513 21.192 22.150 n.d. n.d.

Emprego (c) 1.233 1.221 1.236 1.232 1.233

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística – Contas Económicas Regionais (2008 Preliminar)

Notas: (a) Milhões de Euros; (b) Milhares de Euros; (c) Milhares de pessoas; n.d. –não disponível

Page 47: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

47

LisboaA Região de Lisboa é constituída pela Grande Lisboa e

pela Península de Setúbal. Devido sobretudo à importância

e peso económico da sub-região Grande Lisboa no

cômputo nacional, esta região encontra-se em 1º lugar

na repartição do PIB nacional (contributo de 37%), na

produtividade (superior à média nacional), no investimento

e no rendimento disponível bruto das famílias. Também no

que se refere ao rendimento per capita Lisboa é a única

região de Portugal que supera a média europeia e, em

2008, era responsável por 27% do emprego e 37% do

VAB nacional, É igualmente uma região com uma forte

componente exportadora, tendo sido responsável por 31%

do total exportado por Portugal em 2008. Apesar de ser a

2ª região em nº de empresas exportadoras (só ultrapassada

pelo Norte), é aquela que concentra a mão-de-obra mais

qualificada, assim como o maior número de empresas de

alta tecnologia.

Capital Lisboa

Área 2.940 km2 (3,3% do Continente)

População (2008) 2.819.433 habitantes

Sub-regiões Grande Lisboa e Península de Setúbal

Concelhos 18 (5,8% do total nacional)

Paisagem Existência de praias e muitas zonas verdes.

Rios principais Tejo e Sado

Dados Gerais

Praça do Comércio e Terreiro do Paço - Arco da Rua Augusta

Sector agrícola (actividades agrícolas predominantes)

Possui terrenos muito férteis nas áreas circundantes aos rios.Principais culturas: cereais, fruta, vinha e produtos hortícolas.

Sector industrial (principais indústrias)

Esta região congrega muitas empresas de dimensão média e grande na indústria transformadora. Por exemplo: petroquímica, estaleiros navais, siderurgia, automóvel, têxteis, extracção de sal, exploração de pedreiras, actividades ligadas à pesca e vinho.

Nº de empresas exportadoras (2008) 8.399 (34,6% do total)

Serviços Nesta região concentra-se grande parte das actividades de serviços, sendo o sector do turismo uma actividade importante.

©Jo

sé M

anue

l

Principais Indicadores Económicos

2004 2005 2006 2007 2008

Produto interno bruto (a) 53.208 55.140 57.087 59.579 60.834

PIB per capita (b) 19,3 19,9 20,5 21,3 21,6

Valor acrescentado bruto (a) 46.261 47.463 48.864 51.093 52.583

Formação bruta de capital fixo (a) 9.859 9.731 11.218 n.d. n.d.

Rendimento disponível bruto das famílias (a) 33.037 34.657 35.827 n.d. n.d.

Emprego (c) 1.366 1.370 1.370 1.373 1.393

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística – Contas Económicas Regionais (2008 Preliminar)

Notas: (a) Milhões de Euros; (b) Milhares de Euros; (c) Milhares de pessoas; n.d. –não disponível

Page 48: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

48

Alentejo

A Região do Alentejo é caracterizada pela existência de

núcleos distanciados, mas pouco populosos, apesar de

haver um grande número de emigrações e migrações.

O perfil económico da região tem vindo a alterar-se nos

últimos anos, muito por força de dois grandes projectos

com enormes implicações na estrutura económica

do Alentejo: no interior o Alqueva e no litoral a zona

industrial e o porto de Sines. Esta alteração tem vindo

a contribuir para que esta região, tanto em termos de

PIB per capita como de produtividade, registe valores já

bastante próximos da média nacional no primeiro, e acima

da média no segundo.

Refira-se que o projecto multidisciplinar de Alqueva veio

dar outra dinâmica ao interior do Alentejo. Diversas infra-

estruturas do Sistema Global do Alqueva encontram-

se já construídas e muitas outras em fase avançada

de projecto. Hoje, está a tornar-se num dos destinos

turísticos de excelência. A plataforma logística de Sines e

o seu Porto (líder nacional na quantidade de mercadorias

movimentadas) assumem uma importância fundamental na

dinâmica económica e empresarial da região.

Dados Gerais

Principais cidades Évora e Beja

Área 31.551 km² (35,5% do Continente)

População (2008) 757.069 habitantes

Sub-regiões Alentejo Central, Alentejo Litoral, Alto Alentejo, Baixo Alentejo e Lezíria do Tejo

Concelhos 58 (18,8% do total nacional)

Características geomorfológicas Existência de planícies, à excepção do norte e leste que é constituído por zonas montanhosas de pouca altitude (Serras de São Mamede e do Marão).

Clima Quente e seco (diferente do resto do território português), devido à fraca precipitação. Barragem do Alqueva

Flora Sobretudo oliveiras, sobreiros, azinheiras e pinheiros.

Subsolo Cobre, enxofre, mármore e pirite.

Sector agrícola (actividades agrícolas predominantes)

Trigo, cevada, aveia e girassol;Criação de suínos, ovinos e espécies equinas.

Sector industrial (principais actividades industriais)

Indústria petroquímica, componentes auto e componentes electrónicos, indústria de mármores, vitivinicultura, agro-alimentares (carnes e azeites).

Nº de empresas exportadoras (2008) 1.210 (5,0% do total)

Grandes projectos a nível regional Barragem do Alqueva - maior barragem de Portugal e da Europa, situada no rio Guadiana, no Alentejo interior, perto da fronteira espanhola. Porto de Sines – plataforma de conectividade portuária e industrial, de serviços de logística internacional e de energia.

©ED

IA,S

.A.

Principais Indicadores Económicos2004 2005 2006 2007 2008

Produto interno bruto (a) 9.728 10.051 10.670 11.144 11.122

PIB per capita (b) 12,7 13,1 13,9 14,6 14,7

Valor acrescentado bruto (a) 8.458 8.652 9.133 9.557 9.614

Formação bruta de capital fixo (a) 3.256 2.817 2.385 n.d. n.d.

Rendimento disponível bruto das famílias (a) 6.865 6.961 7.312 n.d. n.d.

Emprego (b) 317 317 319 321 322

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística – Contas Económicas Regionais (2008 Preliminar)

Notas: (a) Milhões de Euros; (b) Milhares de Euros; (c) Milhares de pessoas; n.d. –não disponível

Page 49: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

49

Algarve

O Algarve é a região mais meridional de Portugal Continental

e conhecido como um dos principais destinos turísticos de

Portugal, com uma oferta diversificada e de qualidade. Neste

contexto, o sector dos serviços (absorve 72% do total da

população empregada) domina a economia da região, com

o turismo, a assumir-se como a componente estratégica da

economia do Algarve. A região, que recebe anualmente

cerca de 10 milhões de visitantes, em 2008 garantiu mais de

35% da capacidade na hotelaria classificada e cerca de 36%

(14,3 milhões) das dormidas registadas no país, apresentando

igualmente o contributo mais significativo para o total das

receitas hoteleiras (mais de 1/3 do total). O relevo deste sub-

sector também contribui para que esta região, tanto em termos

de PIB per capita como de actividade produtiva, registe valores

acima da média nacional (índices 103 e 102, respectivamente).

Dados Gerais

Capital Faro

Área 4.996 km² (5,6% do Continente)

População (2008) 430.084 habitantes

Municípios (16) Albufeira, Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, Monchique, Olhão, Portimão, S. Brás de Alportel, Silves, Tavira, Vila do Bispo e Vila Real de Santo António.

Características geomorfológicas Planície no litoral; relevo mais para o interior.O ponto mais alto situa-se na Serra de Monchique.

Rios principais Guadiana, que faz fronteira com Espanha.

Praia de Lagos

Flora Tipicamente caracterizada pelas amendoeiras, as figueiras da Índia, a flor de cardo, as flores de rosmaninho, as azinheiras, os sobreiros, as oliveiras e as alfarrobeiras.

Sector agrícola (actividades predominantes)

Milho e trigo. Os produtos agrícolas tradicionais, dignos de nota, são os frutos secos (figos, amêndoas e alfarrobas), aguardente de medronho e cortiça. Na pecuária predomina o gado asinino.

Sector industrial (principais actividades)

Aquacultura, floresta (cortiça e alfarroba), mármores e brechas, cerâmica decorativa, artigos em cobre e madeira, agro-alimentares (produtos biológicos), indústria pesqueira (conservas).

Nº de empresas exportadoras (2008) 429 (1,8% do total)

Serviços Turismo. A região dispõe de belíssimas praias e paisagens naturais.

©Jo

sé M

anue

l

Principais Indicadores Económicos

2004 2005 2006 2007 2008

Produto interno bruto (a) 5.852 6.169 6.540 6.860 6.951

PIB per capita (b) 14,3 14,9 15,6 16,2 16,2

Valor acrescentado bruto (a) 5.088 5.311 5.598 5.883 6.008

Formação bruta de capital fixo (a) 1.609 1.642 1.817 n.d. n.d.

Rendimento disponível bruto das famílias (a) 4.169 4.347 4.594 n.d. n.d.

Emprego (c) 207 208 209 210 212

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística – Contas Económicas Regionais (2008 Preliminar)

Notas: (a) Milhões de Euros; (b) Milhares de Euros; (c) Milhares de pessoas; n.d. –não disponível

Page 50: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

50

Açores

A Região Autónoma dos Açores é considerada a fronteira

ocidental da União Europeia. O PIB atingiu, em 2008, os 3,4

mil milhões de euros (+1,6% face ao ano anterior e quase

50% face a 2000, em termos nominais) e o PIB per capita

foi superior ao das regiões Norte e Centro.

Assinale-se ainda o facto de a população dos Açores deter

a maior percentagem de jovens (18,8%) e a mais baixa

percentagem de idosos (12,4%) a nível nacional.

Apesar da reduzida dimensão da sua economia (2% do VAB

nacional), apresentam um índice de produtividade superior à

média do país. Numa óptica de diversificação do sector agrícola

são hoje a 2ª maior região europeia na produção de próteas

para exportação, planta ornamental cultivada em sete ilhas

do arquipélago. Está repleto de belezas naturais que o tornam

muito vocacionado para a actividade turística (mais de 1,1

milhões de dormidas em 2008), considerada estratégica para

o desenvolvimento da região. O sector dos serviços representa

72% do VAB e 65% do emprego da região.

Dados Gerais

Capital Ponta Delgada

Outras cidades importantes Horta e Angra do Heroísmo

Área 2.322 km2

População (2008) 244.780 habitantes

Composição do arquipélago Nove ilhas e alguns ilhéus inabitados (as Formigas). Ilhas do Grupo Oriental: Sta. Maria e S. Miguel. Grupo Central: Terceira, Graciosa, S. Jorge, Pico e Faial. Grupo Ocidental: Flores e Corvo. Ilha do Pico

Características geomorfológicas Origem vulcânica, excepto Sta. Maria. Ainda se mantém o vulcanismo activo na ilha de S. Miguel.

Flora Composta por cerca de 56 espécies indígenas, a vegetação endémica dos Açores é uma das mais interessantes da Europa. Destaca-se o cedro-do-mato, o azevinho, o folhado, as típicas queiró e urze, etc.

Fauna Aves migratórias, cão de fila de S. Miguel e espécies piscícolas com interesse para a pesca desportiva.

Sector agrícola e pesqueiro (principais actividades)

Milho, batata-doce, trigo e inhame. Criação de gado. Actividade piscatória (com destaque para a pesca de tunídeos) e a tradicional pesca à baleia.

Sector industrial (principais actividades)

Para além das indústrias ligadas aos sectores agrícola (destacando-se os lacticínios e derivados) e pesca, existem algumas outras pequenas indústrias transformadoras.

Nº de empresas exportadoras (2008) 96

Serviços Turismo

©A

ssoc

iaçã

o de

Tur

ism

o do

s A

çore

s

Principais Indicadores Económicos

2004 2005 2006 2007 2008

Produto interno bruto (a) 2.887 3.018 3.199 3.343 3.395

PIB per capita (b) 12,0 12,5 13,2 13,7 13,9

Valor acrescentado bruto (a) 2.510 2.597 2.738 2.867 2.934

Formação bruta de capital fixo (a) 1.027 1.290 871 n.d. n.d.

Rendimento disponível bruto das famílias (a) 2.153 2.250 2.348 n.d. n.d.

Emprego (c) 103 104 104 105 107

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística – Contas Económicas Regionais (2008 Preliminar)

Notas: (a) Milhões de Euros; (b) Milhares de Euros; (c) Milhares de pessoas; n.d. –não disponível

Page 51: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

51

Madeira

A economia da Região Autónoma da Madeira assenta

fundamentalmente no sector terciário, constituindo o

turismo a maior fonte de receitas. No sector agrícola importa

destacar a produção de banana para consumo regional e

nacional, as flores e o conhecido Vinho da Madeira. No

sector industrial, que contribui com cerca de 10% para o PIB

regional, coexistem actividades de carácter artesanal viradas

para a exportação como os bordados, tapeçarias e artigos

de vime, com outras, sobretudo orientadas para o mercado

regional como as moagens, produtos de panificação e

pastelaria, lacticínios, cerveja, tabaco e vinho.

Nos últimos anos assistiu-se a um desenvolvimento acelerado

ao nível das infra-estruturas, designadamente na área das

acessibilidades, da rede escolar e saúde, que se traduz em

melhores condições para agentes económicos e população em

geral poderem participar no processo de desenvolvimento da

Região. Saliente-se ainda que o dinamismo que a economia

regional revela tem permitido a absorção de grande parte

da população activa, factor que contribuiu para uma taxa de

desemprego de 7,6%, em 2008, a terceira mais baixa a seguir

aos Açores e região Centro.

Dados Gerais

Capital Funchal

Área 801 km2

População (estimativa 2008) 247.161 habitantes

Situação geográfica Arquipélago no oceano Atlântico a 978 km a sudoeste de Lisboa e a cerca de 700 km da costa africana.

Composição do arquipélago Ilha da Madeira, ilha de Porto Santo, ilhas Desertas e ilhas Selvagens. Estas duas últimas não são habitadas, constituindo reservas naturais.

Características geomorfológicas Origem vulcânica.Vista da cidade do Funchal

Flora A floresta indígena da Madeira, a Laurissilva, é um património valioso, por ser uma das mais raras florestas do planeta. Existem ainda outras plantas e árvores e, de igual modo, as flores (orquídeas).

Sector agrícola (actividades predominantes)

Nas terras de baixa altitude, junto ao mar: banana, anona, manga, cana-de-açúcar e maracujá.No nível intermédio: batata, feijão, trigo, milho e árvores de fruta mediterrânicas (figueira, nespereira).Nas altitudes mais elevadas: pastos, pinhais, e bosques.Na pecuária, salienta-se o gado ovino e caprino e menor presença do bovino.Na pesca recorre-se a métodos artesanais: atum e peixe-espada.

Sector industrial (principais indústrias)

Actividades de carácter artesanal: bordados, tapeçaria e artigos de vime.Pequenas indústrias orientadas para consumo local: massas alimentícias, lacticínios, produção de cana-de-açúcar.

Nº de empresas exportadoras (2008) 190

Serviços Turismo

©Pa

ulo

Mag

alhã

es

Principais Indicadores Económicos2004 2005 2006 2007 2008

Produto interno bruto (a) 4.156 4.348 4.609 4.817 4.941

PIB per capita (b) 17,1 17,8 18,8 19,6 20,0

Valor acrescentado bruto (a) 3.613 3.743 3.945 4.131 4.271

Formação bruta de capital fixo (a) 1.496 1.480 1.090 n.d. n.d.

Rendimento disponível bruto das famílias (a) 2.446 2.491 2.588 n.d. n.d.

Emprego (c) 124 122 124 124 123

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística – Contas Económicas Regionais (2008 Preliminar)

Notas: (a) Milhões de Euros; (b) Milhares de Euros; (c) Milhares de pessoas; n.d. –não disponível

Page 52: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

52

9. Enquadramento Económico Regional – Portugal e a União Europeia

O percurso que Portugal foi fazendo, primeiro na EFTA, entre

1960 e 1985, e depois na Comunidade Europeia, a partir

de 1986, foi influenciando naturalmente a sua performance

económica. Enquanto que o “efeito” EFTA se evidenciou

num maior crescimento do comércio de Portugal com os

demais países membros, o “efeito” CEE introduziu factos

novos, com consequências particularmente significativas a

nível económico, como a entrada no “mercado único”, a

liberalização do comércio, a união aduaneira e monetária e

ainda e a abertura com Espanha, que se tornou, em poucos

anos, o nosso principal parceiro comercial.

Portugal tem ainda fortes laços culturais com os países

que integram a Comunidade de Língua Portuguesa - CPLP

e tem tentado ao longo dos anos transformar esses laços

numa maior cooperação política e económica com os

vários países que a constituem, sendo de destacar pela

importância e peso da actual presença portuguesa, os

mercados do Brasil, Angola e Moçambique.

A política externa de Portugal continuará ainda a pautar-

se pela manutenção de um relacionamento estreito com

os países do Atlântico Norte, principalmente com os EUA,

em grande medida fruto da sua presença na NATO, assim

como pelo estreitamento do relacionamento económico

com os principais mercados emergentes como a Rússia,

China e Índia.

No seio da União Europeia, Portugal pode caracterizar-

se como uma economia de média dimensão, e que nos

últimos anos desenvolveu todos os esforços no sentido da

convergência económica com os países da União. Todavia,

a crise internacional que se desencadeou em 2007, com

impacto a nível mundial, veio alterar as metas definidas

e adiar a possibilidade de uma maior aproximação de

Portugal aos países do espaço em que se insere.

Para podermos ter uma visão global da evolução desse

posicionamento nos dois últimos anos, no contexto da UE

e Zona Euro, apresentamos um gráfico com um conjunto

de variáveis em termos económicos, publicadas pelo

Economist Intelligence Unit.

Evolução de alguns Indicadores Económicos no Espaço Europeu

Fonte: EIU Viewswire – Europe 5 Year Forecast Table (Dezembro 2009); Portugal 5 Year Forecast Table (Janeiro 2010)

Notas: Ano 2008 – Dados efectivos para Portugal e estimativas para os restantes grupos; Ano 2009 – Estimativas; Exportações e Importações de Bens e Serviços incluem trocas intra-

regionais; Zona Euro inclui: Alemanha, Áustria, Bélgica, Eslovénia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal; UE12 inclui Bulgária,

Chipre, Estónia, Eslováquia, Eslovénia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, R. Checa e Roménia (os dados de Malta não estão incluídos)

PIB (Var.) Desemprego (%) Inflação (%) Export. Bens e Serv.(Var.)

Import. Bens e Serv. (Var.)

Saldo Balança Corrente (%PIB)

Portugal

2008 2008 2008 2008 2008 20082009 2009 2009 2009 2009 2009

Zona Euro UE15 UE (Novos 12) UE27

Page 53: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

53

10. Comércio

Após um período de forte crescimento registado no comércio

mundial na última década (6,6% em média, entre 2000 e

2008), as trocas comerciais desaceleraram significativamente

em 2009. As estimativas preliminares da Organização Mundial

do Comércio apontam para um recuo de cerca de 12% em

volume do comércio mundial em 2009, o maior retrocesso

desde a 2ª Guerra, causado pela acentuada diminuição na

procura das maiores economias mundiais e particularmente

vincado nos países desenvolvidos, como consequência da crise

financeira e económica internacional.

Neste contexto, a situação conjuntural das economias dos

principais parceiros comerciais de Portugal (Espanha, Alemanha,

França, Itália e Reino Unido) teve um papel decisivo no

abrandamento do comércio internacional português em 2009,

principalmente ao nível das exportações, apesar do esforço de

diversificação de mercados para fora da UE e do peso desta

região ter diminuído em termos globais, em contraponto

com os crescimentos das vendas para os PALOP. A quebra das

exportações (15,1% em valor) foi extensível aos bens e serviços,

tendo atingido os -18,0% nos bens e -8,8% nos serviços.

Todavia, de acordo com a OMC, Portugal conseguiu ganhar 6

posições no “ranking” mundial de exportações de mercadorias,

tendo assumido a 48ª posição em 2009.

As importações de bens e serviços, reflectindo a forte

diminuição da procura global, recuaram significativamente

(-17,0% em valor em 2009), e afectaram ambas as

componentes (-18,6% nos bens e -8,5% nos serviços).

Contudo, as exportações líquidas evoluíram favoravelmente,

apresentando contributos positivos para a taxa de crescimento

do PIB, o que contrasta com o que se observou em 2008, ano

em que o seu contributo foi negativo.

Outro aspecto positivo a salientar está relacionado com

a evolução da balança tecnológica portuguesa, que se

mantém positiva há três anos consecutivos (2007-2009),

Portugal apresenta um PIB per capita que é quase o dobro

da média dos 12 Estados do Alargamento, embora mais de

metade da Zona Euro e UE15.

Quanto aos restantes indicadores: a taxa de crescimento

do PIB da economia portuguesa consegue ser a melhor

deste conjunto, apesar da forte contracção registada,

a taxa de desemprego está alinhada com a média da

Zona Euro e UE27 e é inferior à média dos países do

alargamento; estes últimos apresentam a inflação estimada

mais alta deste conjunto de países, com Portugal a situar-

se no patamar oposto. No que diz respeito à evolução

do crescimento do comércio de bens e serviços, mesmo

considerando que nelas estão incluídas as trocas intra-

comunitárias, é importante destacar o efeito negativo da

crise internacional nas trocas comerciais a nível global,

principalmente em 2009, e que afectam igualmente o

mercado europeu e, em particular, Portugal.

Por último, o saldo da balança corrente no PIB, onde

Portugal apresenta o desequilíbrio mais acentuado, quando

comparado com a média dos restantes grupos em análise,

principalmente do grupo dos 15 países16 da UE, que se

destaca pela positiva.

16 UE15 : Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, UE15 : Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia,

Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido e Suécia

PIB per capita

Fonte: EIU Viewswire – 5 Year Forecast Table

Notas: PIB per capita a preços correntes.

2008 2009

Portugal Zona Euro UE15 UE(N12) UE27

Page 54: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

54

apesar do contexto internacional desfavorável. Em 2009,

o saldo atingiu os 85 milhões de euros, ou seja, um

crescimento de 30% face ao período homólogo. Uma

boa parte do crescimento ficou a dever-se ao aumento

nos serviços de investigação e desenvolvimento, apesar

dos valores ainda reduzidos em termos absolutos: o saldo,

que engloba financiamento por entidades estrangeiras,

cresceu 57% em 2009, estando em causa um valor

acumulado de 16,2 milhões de euros, que corresponde

a cerca de 20% do saldo global da balança tecnológica

portuguesa. Outro contributo positivo veio das receitas

provenientes da venda de serviços de assistência técnica,

a componente mais importante das exportações desta

balança (45% do total exportado).

Números à parte, o importante é salientar que são já

muitas as empresas portuguesas a “dar cartas” na área das

tecnologias, com produtos e serviços inovadores, como é

o caso da t-shirt “Vital Jacket” que monitoriza batimentos

cardíacos, tecnologia desenvolvida pela Universidade de

Aveiro, transformada mais tarde em produto pela Bio-

Devices, ou o localizador GPS “My Locator” produzido pela

Inosat, que ao ser equipado nas malas de viagem, pode

prevenir o desaparecimento de bagagens nos aeroportos.

10.1 Evolução da balança comercial

A balança comercial portuguesa de bens e serviços é

tradicionalmente deficitária tendo em 2009 apresentado um

saldo negativo, em valor, que rondou os 11 mil milhões de

euros. No período de 2005 a 2009 as vendas, em termos

reais, de bens e serviços ao exterior registaram uma taxa

média de crescimento anual de 3%, sendo que em termos

anuais, a maior variação aconteceu no ano de 2006 (+14%).

Nas compras ao estrangeiro, a taxa média de crescimento

anual no mesmo período foi ligeiramente inferior (2%),

e o ano de 2006 foi igualmente o que registou a melhor

performance em todo o período (+9,8%).

Analisando agora cada uma das componentes da balança

comercial de per si, em valor, é notória a quebra registada

nas exportações de bens em 2009 (-17,9%), depois de um

período de crescimento sustentado iniciado no princípio

da década. No período em análise, as exportações de bens

registaram uma taxa média de crescimento anual de 1%.

As importações também diminuíram, depois de anos sucessivos

de crescimento, facto que contribuiu para a redução do saldo

negativo da balança comercial nesta componente.

Balança Comercial Portuguesa (serviços)  2005 2006 2007 2008 2009 TMCA

Créditos 12.227 14.658 16.961 17.865 16.294 8,03

Débitos 8.249 9.557 10.361 11.196 10.244 5,96

Saldo 3.978 5.101 6.600 6.669 6.050

Coef. de cobertura (%) 148,22 153,37 163,70 159,57 159,06

Unidade: Milhões de euros (preços correntes)

Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística - Contas Nacionais Preliminares 2009

Nota: TMCA – Taxa média de crescimento anual

Balança Comercial Portuguesa (bens)  2005 2006 2007 2008 2009 TMCA

Exportações 30.993 34.707 37.804 38.212 31.338 1,00

Importações 47.355 51.470 55.353 59.527 48.487 1,31

Saldo -16.362 -16.763 -17.549 -21.315 -17.149

Coef. de cobertura (%) 65,45 67,43 68,30 64,19 64,63

Unidade: Milhões de euros (preços correntes)

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística - Contas Nacionais Preliminares 2009

Notas: TMCA – Taxa média de crescimento anual

Page 55: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

55

Nos serviços, muito embora o ano de 2009 também

tenha contribuído negativamente para a evolução da

balança comercial desta componente (-8,8%), o bom

comportamento registado nos anos anteriores (entre

2004 e 2008 as exportações de serviços cresceram mais

de 50%), permitiu que a taxa média de crescimento anual

das exportações entre 2005 e 2009 se situasse nos 8%.

As importações de serviços também acompanharam a

queda das exportações em 2009 (-8,5%), situação que

permitiu manter o saldo positivo da balança comercial e um

coeficiente de cobertura de 159%.

A evolução favorável verificada nas economias dos nossos

principais parceiros comerciais, já no final do ano de 2009

e primeiros meses de 2010, perspectivam uma retoma

gradual do comércio internacional português já a partir

deste ano, com as estimativas a apontarem para uma

variação em volume de 3,5% para as exportações de bens

e serviços e de 1,7% para as importações em 2010.

As exportações continuarão a ser um dos principais

“motores” do crescimento da economia portuguesa,

importando por isso continuar a apostar na “excelência”,

na qualidade e inovação dos produtos e serviços e a

apoiar as empresas a melhorar a sua competitividade num

mercado global cada vez mais agressivo.

10.2 Principais parceiros comerciais

No seu conjunto, em 2009, a UE representou 74,2% e

78,0% das exportações e das importações portuguesas,

respectivamente. Consequentemente, os principais clientes

de Portugal são parceiros da UE, destacando-se, no mesmo

ano, a Espanha (26,7%), a Alemanha (13,1%), a França

(12,3%) e o Reino Unido (5,6%). Do mesmo modo, os

fornecedores mais importantes foram a Espanha (32,4%), a

Alemanha (12,7%), a França (8,7%) e a Itália (5,7%).

Verifica-se, contudo, uma diminuição gradual do peso

da UE nas exportações (em 2006 representava 77% das

exportações), que já se reflecte na lista dos principais

mercados clientes de Portugal, com Angola na 4ª posição,

os EUA em 8º e o Brasil em 10º.

A África Lusófona mantém-se como um importante parceiro

para Portugal, sendo notório o aumento do interesse das

empresas portuguesas por aqueles mercados. Os PALOP

viram o seu peso subir quase para o dobro enquanto clientes

de Portugal no último ano (de 4,6% em 2008 para 8,6%),

o que corresponde a níveis significativos nas importações

desses países, nomeadamente Angola onde Portugal assume

a liderança como fornecedor. Nas importações de Portugal

o peso dos PALOP é ainda pouco significativo mantendo-se

abaixo do meio ponto percentual.

Exportações Importações

União Europeia

PALOP

NAFTA

MAGREBE

MERCOSUL

Outros

União Europeia

MERCOSUL

NAFTA

MAGREBE

PALOP

Outros

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística

Distribuição Geográfica do Comércio Internacional Português - Ano 2009

Page 56: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

56

A quota dos países NAFTA traduziu-se em 4,4% das

exportações e 2,1% das importações em 2009, pesos

quase idênticos aos do ano anterior. Os EUA desceram um

lugar no ranking face a 2008 e registaram uma quebra de

25% em termos percentuais.

Os países do MAGREBE17 também têm aumentado a sua

participação no comércio português, principalmente mercê

da influência de dois países: Marrocos no que respeita às

exportações (17º cliente) e Argélia nas importações (27º

fornecedor), neste caso devido ao peso das compras de gás

natural. Nos últimos 5 anos, as vendas portuguesas para

o MAGREBE registaram uma taxa média de crescimento

anual de 25%.

17 Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia e Mauritânia

Principais Parceiros Comerciais de Portugal – 1986-2009

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística

Clientes - 1986 Clientes - 2009

Fornecedores - 1986 Fornecedores - 2009

França

Alemanha

R. Unido

EUA

Holanda

Espanha

Outros

Alemanha

Espanha

França

Itália

R. Unido

EUA

Outros

Espanha

Alemanha

França

Itália

Holanda

R. Unido

Outros

Espanha

Alemanha

França

Angola

R. Unido

Itália

Outros

As exportações para a América Latina, em particular

para os países parceiros e associados do MERCOSUL,

também têm vindo a subir gradualmente de interesse

para Portugal correspondendo já a 1,3% das exportações

globais portuguesas e 2,4% das importações, com o

Brasil a assumir-se como principal parceiro, embora mais

representativo enquanto país de origem das compras

portuguesas por força do peso dos produtos petrolíferos.

Analisando a evolução por países e fazendo uma comparação

com a situação à época da adesão de Portugal à UE,

destacam-se dois aspectos: aumento do peso de Espanha

enquanto parceiro comercial de Portugal (de 6,6% para

26,7% enquanto cliente e de 10,9% para 32,4%, enquanto

Page 57: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

57

fornecedor) e evolução no sentido de uma maior diversificação

de mercados, principalmente no que diz respeito às vendas

ao exterior, surgindo no ranking dos 10 principais clientes de

Portugal países como Angola, que não aparecia nesta lista em

1986, e EUA que se têm mantido naquele grupo.

10.3 Principais produtos transaccionados

Quanto à composição por grupos de produtos, nas

exportações nota-se que o seu crescimento é presentemente

impulsionado mais por novos sectores do que pelos

tradicionais, reflectindo os efeitos estruturais do investimento

estrangeiro e o dinamismo de sectores com maior

incorporação tecnológica e de maior valor acrescentado.

Os principais grupos de produtos exportados em 2009

foram as Máquinas e Aparelhos, os Veículos e Material de

Transporte, Metais Comuns, Vestuário, Plásticos e Borracha,

Alimentares, Minerais e Minérios e Produtos Agrícolas,

que no conjunto representaram cerca de 66% do total das

vendas portuguesas ao exterior.

As máquinas e aparelhos mecânicos e eléctricos

(16,2% do total) constituem o grupo mais significativo

nas vendas ao exterior, em que empresas modernas

e produtos certificados e de tecnologias avançadas

têm crescente preponderância, destacando-se, entre

outros, os moldes para a indústria de plásticos e as

máquinas e aparelhos eléctricos, bem como fios e cabos

eléctricos, transformadores e os circuitos integrados e

microconjuntos electrónicos.

Em conjunto, os têxteis, o vestuário e o calçado (15,9%

do total) são as exportações portuguesas mais relevantes

do conjunto dos produtos designados “tradicionais”,

embora apresentem uma clara tendência de aumento do

valor acrescentado, fruto do investimento prosseguido em

tecnologia e qualidade e “design”.

Seguem-se os veículos e outro material de transporte

com 11,8% do total exportado em 2009 (12,3% no ano

anterior), reflectindo as tendências de contracção na indústria

automóvel, que se estão a repercutir nos subsectores

subsidiários (componentes e acessórios para veículos).

O grupo da madeira, cortiça, pasta de papel e papel

deteve, em conjunto, 8,7% das exportações totais, não

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística

Repartição por Grupos de Produtos do Comércio Internacional Português – 2009

Peles e couros

Instrumentos de óptica e precisão

Madeira e cortiça

Calçado

Matérias têxteis

Químicos

Pastas celulósicas e papel

Combustíveis minerais

Agrícolas

Minerais e minérios

Alimentares

Plásticos e borracha

Vestuário

Metais comuns

Veículos e outro material de transporte

Máquinas e aparelhos

Exportações Importações

Page 58: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

58

tendo registado grandes variações em termos de peso,

embora em valor tenha havido uma quebra face ao ano

anterior. Portugal mantém a liderança no mercado da

cortiça, com uma quota superior a 60% das exportações

mundiais daquele produto.

Nas importações lideram igualmente as Máquinas e

Aparelhos (19%), seguindo-se os Combustíveis Minerais

(12,8%), Veículos e Material de Transporte (12,2%),

Produtos Químicos (10,3%), Produtos Agrícolas (9,9%) e os

Metais Comuns (7,7%), que no conjunto foram responsáveis

por 72% do total das compras de Portugal ao exterior.

Mantém-se a dependência dos produtos energéticos apesar

da quebra registada em valor, que acompanhou a descida do

preço do petróleo e gás natural nos mercados internacionais.

No que refere à balança de produtos industriais

transformados por grau de intensidade tecnológica, refira-se

que a alta e a média alta tecnologia representaram, em 2009,

38,1% das exportações portuguesas deste tipo de produtos.

10.4 O comércio internacional18 e as regiões

Em 2008 (o último ano com dados regionais), o Norte, o

Alentejo e o Centro foram as regiões onde as exportações

superaram as importações (taxa de cobertura de 109,2%,

109,1%, e 108,1% respectivamente).

Das três regiões que mais contribuíram para o comércio

internacional (Lisboa, Norte e Centro), Lisboa era a

que apresentava um saldo mais deficitário, com o valor

das exportações a não atingir 1/3 das importações,

justificado pela variedade do comércio e pela grande

concentração de novas tecnologias, características que

contribuem para o maior peso das importações. Todavia,

das três regiões assinaladas foi a única que, em 2008,

apresentou, em termos homólogos, um aumento das

vendas ao exterior (8,7%).

18 Valores declarados

A Madeira e os Açores, continuam a manter uma forte

dependência do exterior, mas registaram as maiores

variações absolutas, em ambos os fluxos. As exportações

da Madeira aumentaram 53,5% e as importações 13,3%,

enquanto que nos Açores, os mesmos fluxos cresceram

13,9% e 10,6%, respectivamente.

No que se refere aos principais parceiros comerciais, a UE

domina em todas as regiões do Continente tanto enquanto

destino das exportações, como enquanto região de origem

das importações portuguesas.

No Alentejo e Algarve e no Norte e Centro (apenas nas

compras), o peso dos países da UE foi superior a 80% do

total. Em Lisboa o seu peso foi menor, mas sempre superior

a metade do total atingido em ambos os fluxos.

De entre os países da UE, destaca-se a liderança de Espanha

enquanto cliente e fornecedor em todas as regiões do

Continente, mas com maior representatividade no Algarve.

Nas Regiões Autónomas, os países extra-comunitários são o

principal destino das vendas da Madeira e dos Açores, com

59% e 54% do total, respectivamente. Nas importações a

UE mantém-se como principal fornecedor, com maior peso

na Madeira (75%).

Para além da importância dos países da UE (Espanha,

Alemanha, França, Reino Unido e Itália) em quase todas

as regiões, importa destacar fora da UE o papel relevante

de mercados como Angola, que para além de ser primeiro

cliente da Madeira, está igualmente entre os 10 primeiros

clientes de todas as restantes regiões, e dos EUA, que

embora esteja a perder peso em termos globais, ocupa

posições de relevo enquanto cliente no Norte, Centro,

Lisboa e nas Regiões Autónomas.

Nas importações, para além do peso relativo dos EUA, no

Norte, Centro, Algarve e Açores, também a China se tem

vindo a evidenciar enquanto fornecedor do Norte, Centro,

Alentejo, Algarve e Madeira.

Page 59: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

59

11. Investimento

Num período de forte crise internacional as empresas tendem

a estar mais focalizadas na defesa do seu mercado interno,

deixando para segundo plano a expansão para o exterior,

ou mesmo o redireccionamento do investimento para os

seus mercados naturais. Estas são as conclusões do estudo

publicado, em 2009, pela Ernest & Young em parceria com

o EIU – Economist Intelligence Unit, que explicam o aparente

paradoxo dos países da Europa Ocidental servirem de “porto

de abrigo”, em detrimento de investimentos canalizados para

os BRIC, ou mesmo de empresas alemãs e francesas do sector

automóvel optarem por investir no seus próprios países, e não

na Europa de Leste.

Os EUA representam cerca de ¼ do total do investimento

estrangeiro na Europa e, apesar da crise, o Japão mantém-

se como um dos principais investidores, ainda à frente de

países como a Índia ou a China.

Em Portugal, em valores acumulados, Espanha e Alemanha

lideram, com o primeiro a concentrar os seus investimentos

na área financeira e o segundo no sector industrial,

nomeadamente o sector automóvel e componentes e

máquinas e equipamentos mas, nos últimos anos, tem existido

um esforço de diversificação dos mercados de origem, como é

o caso de Angola (Sonangol), do Brasil (Embraer) e mesmo dos

EUA (Cisco e Microsoft), países onde já existem importantes

investimentos de empresas portuguesas.

Também ao nível dos sectores de aposta se têm observado

alterações nos fluxos do investimento internacional. Indústrias

como a eléctrica e electrónica, máquinas e equipamentos,

química e componentes para o sector automóvel têm vindo a

demonstrar menor capacidade de captação de investimento

estrangeiro, ao contrário de áreas como a energia, os serviços

em geral e, nomeadamente, as TIC e I&D. Com estas novas

opções surgem igualmente mudanças na estrutura e impacto

dos mesmos: são projectos de menor dimensão e geradores de

poucos postos de trabalho.

Segundo um estudo publicado pela UNCTAD publicado

em Janeiro de 2010, o investimento directo estrangeiro

mundial caiu 39% em 2009, atingindo os 697 mil milhões

de euros, quando em 2008 tinha totalizado os 1.186 mil

milhões de euros.

Em Portugal, tanto o investimento directo estrangeiro

(IDE), como o investimento directo português no

estrangeiro (IDPE) registaram uma quebra em 2009. Em

termos brutos, o IDE contraiu 5% e o IDPE 16,5%. No

primeiro caso, a maior descida dos últimos 3 anos, no

segundo, cerca de metade da registada no ano anterior,

explicada pelo facto de os excelentes resultados atingidos

em 2007 não se terem estendido ao ano seguinte.

Em termos líquidos, o IDE também diminuiu 12%, ao

contrário do que tinha sucedido em 2008, ano em que

tinha crescido quase 8%. No IDPE manteve-se a queda

(-37%), embora menor do que a verificada em 2008.

Este comportamento menos favorável em 2008 e 2009,

depois de anos em que Portugal se revelou um mercado

fortemente atractivo para os investidores estrangeiros

sendo salientados aspectos positivos como a estabilidade

política, ambiente social estável e boa qualidade de vida,

e a nível económico factos como pertencer à Zona Euro, e

possuir uma força de trabalho competitiva e qualificada,

resulta do forte impacto negativo da crise financeira

internacional nas economias não só dos países que

tradicionalmente investem no exterior como dos principais

mercados receptores, levando as empresas a repensar a

sua estratégia e posicionamento a nível externo.

11.1 Evolução do investimento directo estrangeiro em Portugal

O investimento directo estrangeiro (IDE) em Portugal no

quinquénio em análise situou-se entre os 28 e os 35 mil

milhões de euros em termos brutos, com 2006 a absorver a

maior fatia no período.

Em termos líquidos, 2006 foi igualmente o ano em que se

atingiu o valor mais alto do quinquénio (mais de 8,5 mil

milhões de euros), que os anos seguintes não confirmaram.

Page 60: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

60

Fonte: Banco de Portugal: Boletim Estatístico de Fevereiro de 2010

Unid: Milhões de Euros

Evolução do Investimento Directo Estrangeiro em Portugal

Fonte: Banco de Portugal: Boletim Estatístico de Março de 2010

Unid: Milhões de Euros Nota: (a) Investimento bruto

Investimento Directo Estrangeiro em Portugal por Países de Origem - 2009a (%)

2005

Investimento bruto Investimento líquido

2006 2007 2008 2009

No que respeita ao stock de IDE, em 2009 atingia os 77,2

mil milhões de euros e um crescimento de 7,5% face ao

ano anterior.

11.1.1 Principais países investidores

A UE mantém-se como principal origem de capital

estrangeiro, com 87,4% do total do IDE bruto em 2009.

Nos últimos anos, os cinco principais investidores foram, a

Alemanha, Espanha, França, Países Baixos e Reino Unido,

alternando posições entre si. Em 2009 representaram, em

conjunto, 78,1% do total de IDE bruto. Fora da UE surgem

a Suíça (4,2%) e o Canadá (2,2%), na 6ª e 8ª posições do

ranking, respectivamente.

11.1.2 Principais sectores

Na distribuição por sectores, o Comércio é a principal

actividade económica alvo do investimento directo estrangeiro

tendo contribuído com 4,4% para o crescimento global do

IDE bruto, seguindo-se as Actividades imobiliárias, alugueres e

serviços prestados às empresas e as Indústrias transformadoras,

que no conjunto representam mais de 80% do total.

Fonte: Banco de Portugal: Boletim Estatístico de Março de 2010

Nota: (a) Investimento bruto

Investimento Directo Estrangeiro em Portugal por Sectores de Actividade – 2009a (%)

Comércio por Grosso e a Retalho, Reparações, Alojamento e Restauração

Actividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços Prestados às Empresas

Indústria Transformadora

Actividades Financeiras

Transportes, Armazenagem e Comunicações

Construção

Electricidade, Gás e Água

Outras actividades

11.1.3 Projectos recentes de investimento em Portugal

Nos últimos anos, os sectores mais procurados pelos

investidores estrangeiros, têm sido: o automóvel e

componentes, o energético, a biotecnologia, o sector

eléctrico e a electrónica, o químico, as tecnologias de

informação e comunicação (TIC) e o turismo.

Ao nível dos projectos de investimento mais recentes e de

França

Reino Unido

Espanha

Países Baixos

Alemanha

Suiça

Luxemburgo

Canadá

Itália

Bélgica

Outros

18,4%

15,7%

15,2%15,0%

13,8%

4,2%

3,8%2,2%2,1%1,8% 7,8%

Page 61: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

61

maior impacto na economia portuguesa, importa destacar,

os seguintes:

A escolha da AutoEuropa pela Volkswagen para a produção

do novo monovolume, sucessor dos actuais Sharan e

Alhambra na fábrica de Palmela, factor que irá permitir

não só manter os postos de trabalho, como eventualmente

aumentar e a certeza de que vai receber um quarto modelo

do grupo em 2013. Em 2009 saíram da linha de produção

da fábrica de Palmela 86 mil veículos Sharan, Alhambra,

Eos e Scirocco.

Outro projecto de significativo impacto na economia

nacional e de forte componente tecnológica é o da

Embraer, o terceiro maior construtor mundial de aviões

e líder mundial na fabricação de jactos comerciais até

120 lugares, que vai investir 148 milhões de euros na

construção de duas fábricas (fabrico de estruturas metálicas

e de materiais compósitos) em Portugal, num período de 6

anos, que irão gerar cerca de 450 empregos directos numa

das regiões mais deprimidas de Portugal, estimando-se que

estejam completamente operacionais em finais de 2011.

Em plena crise do sector, importa salientar o investimento

de 28,8 milhões de euros da Renault na fábrica de

C.A.C.I.A. dirigido à produção de caixas de velocidades,

bombas de óleo e árvores de equilibragem, entre outros

componentes mecânicos. Estima-se atingir um volume

de vendas de 2,6 mil milhões de euros e um valor

acrescentado de 447 milhões de euros em 2013.

Ainda no âmbito da aliança Renault-Nissan, a Nissan vai

investir 160 milhões de euros na construção da fábrica que

irá produzir baterias avançadas de iões de lítio no complexo

de C.A.C.I.A., com início de produção agendado para

2011, estando prevista a criação de 200 postos de trabalho.

A Iberdrola, uma das 4 maiores empresas mundiais a operar

no sector energético, e líder mundial em energia eólica,

vai investir cerca de 1.700 milhões de euros na construção

de quatro novas barragens em Portugal, nomeadamente,

Gouvães, Padroselos, Alto Tâmega e Daivões. Este

montante será aplicado entre 2012 e 2018 e a exploração

dos empreendimentos será feita durante um período de

65 anos. Estas novas centrais hidroeléctricas serão capazes

de produzir cerca de 2.200 gigawatts/hora ao ano, um

valor que representa 3% do consumo eléctrico português

e que será suficiente para responder ao consumo anual

de, aproximadamente, 1 milhão de pessoas. O Complexo

Hidroeléctrico do Alto Tâmega, o maior projecto hídrico

dos últimos 25 anos na Península Ibérica, vai contribuir

para o desenvolvimento hidroeléctrico da Bacia do Douro

prevendo-se a criação de 3.500 postos de trabalho directos

e 10.000 indirectos.

A Repsol, empresa espanhola que em três décadas

multiplicou a sua presença no nosso país, está presente

no complexo petroquímico de Sines onde vai investir

1000 milhões de euros na sua ampliação, o que permitirá

um aumento de 40% na produção de cracker de

etileno (570 mil toneladas/ano). O investimento prevê

ainda a construção de novas unidades de polietileno e

polipropileno, que triplicarão a capacidade actual do

complexo petroquímico, para além de uma unidade de

cogeração de 45 megawatts. Este projecto, um dos 10

maiores da Repsol em termos mundiais, criará cerca de

500 postos de trabalho entre directos e indirectos, quando

as fábricas já estiverem em actividade, e perto de 1500

empregos durante a fase de obra e gerará grande impacto

a nível de valor acrescentado e exportação: mais de 1200

milhões de euros de produção anual, 80% dos quais

destinados à exportação.

Também a Air Liquide, líder da indústria dos gases

industriais na Península Ibérica, decidiu instalar em

Sines uma unidade de separação de gases do ar, para

produzir 400 ton./dia de azoto, de oxigénio e árgon na

forma líquida. A nova unidade utilizará as mais recentes

tecnologias do grupo para economizar energia. A Air

Liquide tem mais dois investimentos que rondam os 70

milhões de euros, numa nova unidade de produção de

Page 62: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

62

hidrogénio em Estarreja e num centro de enchimento de

garrafas em Arruda dos Vinhos, região de Lisboa.

A AMS-Gomà Camps, grupo espanhol que se dedica ao

fabrico integrado de papel decidiu investir em Portugal,

numa unidade de produção e transformação inovadora

e ambientalmente sustentável, de papel tissue (papel

higiénico, guardanapos, lenços faciais, rolos industriais,

toalhas e rolos de mesa), para produção diária de 100

toneladas de papel, num investimento superior a 50

milhões de euros. Esta unidade está instalada na região

de Constância (Vila Velha de Ródão), zona marcada pela

crescente desertificação.

colaboradores com deficiências ou incapacidades, dando

apoio ao projecto de inclusão social daquela entidade.

A Nokia Siemens tem cinco centros de Pesquisa &

Desenvolvimento em Portugal, com 1.500 engenheiros

altamente qualificados, estando prevista a contratação de

mais de 100 engenheiros pela Nokia Systems Networks,

para responder ao aumento da procura dos serviços

prestados pela empresa que inaugurou no início de 2010 o

Global Network Solutions (GNSC) Center em Lisboa.

O Grupo IKEA vai continuar a apostar fortemente no

mercado português, com um projecto multifases, que

se estende até 2015, estando previsto um investimento

global de mais de 660 milhões de euros. O projecto IKEA

em Portugal inclui a instalação de unidades industriais

para produção de madeira e derivados, cuja produção será

destinada a exportação para a Europa e EUA, a construção

de novas lojas IKEA, para além das já existentes em

Alfragide e Matosinhos (a loja de Loures abre em 2010), e a

abertura de centros comerciais Inter IKEA Centre Group.

O grupo francês Leroy Merlin, especializado em bricolage,

construção, decoração e jardim prevê investir 150 milhões

de euros em Portugal, até 2013, na abertura de lojas de

grande dimensão, a um ritmo de uma por cada ano. A

estratégia da empresa em Portugal já reflecte a criação de

cerca de 1.300 novos postos de trabalho.

Finalmente, refiram-se alguns exemplos de empresas que

encontraram em Portugal um lugar muito atractivo para

investir em centros de serviços partilhados. Esses exemplos

são a Microsoft, a Siemens, a IBM, a Fujitsu, o Santander

e a Solvay. Esta escolha foi devida a vários factores, entre

os quais se salientam os seguintes: fortes qualificações

no conhecimento de línguas em todas as cidades-chave

em Portugal; fortes qualificações da força de trabalho em

finanças e tecnologias de informação; razoáveis custos

laborais; instalações cosmopolitas em tempos livre e

cultura; clima agradável (Primavera quase todo o ano).

A multinacional norte-americana Cisco Systems decidiu

estabelecer em Portugal o primeiro centro de operações

de suporte a vendas a nível europeu com um portfolio

de 20 mil produtos. As razões para a escolha do nosso

país foram várias: diversidade cultural e linguística, a

cultura de trabalho, a abundância de recursos qualificados

e factores de competitividade económica. No âmbito

deste investimento, a Cisco celebrou uma parceria com

a Fundação Portugal Telecom no sentido de recrutar

Page 63: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

63

Evolução do Investimento Directo Português no Estrangeiro

11.2 Evolução do investimento directo português no estrangeiro

O investimento directo português no exterior (IDPE), em

termos brutos, aumentou substancialmente na década de 90,

reflectindo o clima económico global, resultando esse processo

num envolvimento crescente das empresas portuguesas

nos mercados internacionais. Até 2000, os acréscimos de

IDPE foram significativos, transformando-se Portugal num

exportador líquido de capital, uma inversão do seu papel

tradicional. No quinquénio em análise, o ano de 2007 foi o

que registou maior saída de capital para o exterior, em termos

brutos, com valores a rondar os 15 mil milhões de euros.

Em termos líquidos, o IDPE tem seguido uma trajectória

variável, com 2006 a apresentar o valor mais volumoso

(quase 6 mil milhões de euros) e 2009 a ser o ano de maior

quebra neste quinquénio.

a sua representatividade aumentar, como é o caso do Brasil e

alguns países da Europa de Leste (Roménia, Polónia e Hungria).

Mais recentemente surgem Angola e Moçambique.

Deste conjunto importa destacar o caso de Angola que de

apenas 1% de quota em 2004 passou para 7% em 2009, o

que em valor correspondeu a um aumento de 103 milhões

para 557 milhões de euros.

Fonte: Banco de Portugal: Boletim Estatístico de Março de 2010

Unid: Milhões de Euros

De referir, ainda, que o “stock” de IDPE ascendia a 46,7 mil

milhões de euros no final de 2009, o que representou um

crescimento de 3,1% face ao acumulado no final de 2008.

11.2.1 Principais países de destino

Fazendo uma análise da evolução verificada no último

quinquénio, é notória a diversificação de mercados de destino

do IDPE nacional. Assim, se em 2004 se registava um claro

domínio de três países comunitários, Dinamarca, Holanda e

Espanha, nos anos seguintes outros fora deste espaço viram

Fonte: Banco de Portugal: Boletim Estatístico de Março de 2010

Unid: Milhões de Euros Nota: (a) Investimento bruto

11.2.2 Principais sectores

Por sector de actividade, as Actividades imobiliárias

(representam mais de metade das saídas de capital português

para o estrangeiro), seguidas das Actividades financeiras, da

Construção e do Comércio têm sido as áreas preferenciais de

aposta dos empresários portugueses no exterior.2005 2006 2007 2008

2009Investimento bruto Investimento líquido

Investimento Directo Português no Estrangeiro por Países de Destino - 2009a

28,6%

15,7%5,1%

6,9% 7,0%

4,1%2,2%1,8%1,7%1,6%

25,3%

Países Baixos

Espanha

Angola

Brasil

Dinamarca

Alemanha

EUA

Moçambique

Irlanda

Roménia

Outros

Fonte: Banco de Portugal: Boletim Estatístico de Fevereiro de 2009

Nota: (a) Investimento bruto

Investimento Directo Português no Estrangeiro por Sectores de Actividade – 2009a

Actividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços Prestados às Empresas

Actividades Financeiras

Construção

Comércio por Grosso e a Retalho, Reparações, Alojamento e Restauração

Indústria Transformadora

Transportes, Armazenagem e Comunicações

Electricidade, Gás e Água

Outras actividades60,7%

21,2%

6,6%

4,3%

4,2%0,8% 0,1%

2,1%

Page 64: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

64

11.2.3 Projectos recentes de internacionalização das empresas portuguesas

Nas últimas duas décadas assistiu-se à internacionalização

de um número significativo de empresas portuguesas,

com experiências bem sucedidas em grandes projectos

internacionais. Este importante passo na consolidação de

uma presença física em mercados externos, catapultou

Portugal para uma posição assinalável entre os países

exportadores de capitais.

Este processo de internacionalização pode caracterizar-se

como um processo sustentado (particularmente desde a

adesão de Portugal à UE), marcado pela proliferação de

actores (grandes empresas e PME) e pela diversificação

progressiva de mercados, estando as empresas

portuguesas presentes em quase todo o mundo. Depois

de uma primeira fase de domínio das grandes empresas,

as PME adquiriram um papel de protagonismo, ajustando-

se assim mais ao perfil empresarial de Portugal, e os

destinos foram igualmente alargados originando uma

maior diversificação geográfica dos investimentos, com a

escolha de “novos” mercados, mais distantes e de maior

complexidade na abordagem.

No conjunto das grandes empresas portuguesas importa

destacar as seguintes: Grupo EDP; Grupo Cimpor; Galp

Energia; Grupo Sonae; Grupo Amorim; Banca em geral; PT;

as principais empresas de construção civil e obras públicas

(Mota Engil, Teixeira Duarte, Soares da Costa, etc.); Grupo

Efacec; Grupo Pestana; Grupo Visabeira; Grupo Sogrape;

Portucel/Soporcel; Iberomoldes; Simoldes; Martifer.

São vários os sectores escolhidos pela empresas portuguesas

que decidiram apostar numa estratégia de internacionalização,

mas há uns que pela sua dimensão, reconhecimento, know-

how e impacto do investimento nos mercados de destino, vale

a pena salientar. São eles, o sector imobiliário, a construção

civil e obras públicas, as telecomunicações, os cimentos, o

sector energético e o turismo.

No sector das telecomunicações a PT - Portugal Telecom

assume-se como a entidade portuguesa com maior

projecção nacional e internacional e dispõe de um portfólio

de negócios diversificado em que a qualidade e inovação

constituem aspectos determinantes, estando ao nível

das mais avançadas empresas internacionais do sector.

A actividade da empresa abarca todos os segmentos

do sector das telecomunicações: negócio fixo, móvel,

multimédia, dados e soluções empresariais.

A sua presença internacional estende-se a países como a

Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique, Timor, Angola,

Quénia, China, S. Tomé e Príncipe e Namíbia. O Brasil

constitui a aposta forte em termos de internacionalização

da PT, que participa hoje na maior empresa de

telecomunicações móveis da América do Sul, a VIVO.

Na área da construção civil e obras públicas são muitos

os casos de sucesso de empresas portuguesas deste

sector, que sozinhas, ou integradas em consórcios têm

vindo a ganhar importantes projectos nesta área, onde a

diversificação de mercados é também um dado adquirido.

Destacamos apenas alguns, que pelas suas características

e mercados envolvidos comprovam a qualidade e

versatilidade das empresas portuguesas deste sector.

A Mota & Engil é líder no mercado nacional e está presente

em 18 mercados internacionais em três grandes áreas

geográficas: América Latina, África e Europa Central. Na

América Latina marca presença no México, Brasil e Peru.

No México ganhou uma empreitada que irá ligar o Porto de

Vera Cruz e a cidade do México, cuja construção, operação,

exploração e manutenção por 30 anos rondará os 400

milhões de euros; no Peru, integrada num consórcio,

ganhou a concessão por 30 anos do Porto de Paita, cujo

projecto inicial terá um investimento superior a 98 milhões

de euros; no Brasil através da sua participada Ascendi

assinou um contrato de concessão da rodovia Marechal

Rondon Leste no Estado de S. Paulo, num investimento

total de 780 milhões de euros.

Na Europa Central, destaque para a Polónia, onde desde

Janeiro de 2009 que vencem concursos no valor global de

430 milhões de euros (englobando obras em consórcio).

Page 65: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

65

Em África, destaque para Angola onde recentemente

em parceria com a Soares da Costa foi adjudicada a obra

de requalificação da Baía de Luanda, no valor de 130

milhões de USD.

A Teixeira Duarte assinou um contrato para uma

empreitada no metro de Argel, em consórcio com outra

empresa portuguesa e uma argelina, no valor 133 milhões

de euros, efectuado num prazo de 42 meses. Ainda em

África, mas em Angola, esta empresa será responsável pela

construção da sede da Assembleia nacional angolana, com

um valor global de 185 milhões de euros.

O Grupo MSF-Moniz da Maia & Fortunato Empreiteiros

e um consórcio de empresas polaco-espanholas foram

seleccionados para construir duas das secções da auto-

estrada circular Rzeszow no Sudoeste da Polónia, numa

extensão de 16 km, no valor global de 158 milhões de euros.

Em Cabo Verde o consórcio MSF/Somague assinou um

contrato de expansão e modernização do porto de Sal-Rei

e de ampliação da placa de estacionamento do aeroporto

Internacional de Rabil (AIR), ambos na ilha da Boavista.

Na área dos cimentos, a CIMPOR está presente em vários

mercados internacionais: África do Sul, Brasil, Cabo Verde,

China, Egipto, Espanha, Índia, Marrocos, Moçambique,

Peru, Tunísia, Turquia, com fábricas de cimento, moagens

de cimento, centrais de betão e explorações de agregados.

Em Outubro de 2009, foi inaugurada uma nova moagem

de cimento na China, com uma capacidade instalada de

1,2 milhões de toneladas por ano. Para além da China,

onde a CIMPOR produz 3,6 milhões de ton./ano, o Brasil

(6,4 milhões de tons./ano), Egipto (3,9 milhões), Espanha

(3,2 milhões) e Turquia (3 milhões), para além de Portugal

(6,9 milhões) são os mercados mais representativos em

termos de produção de cimento e clínquer.

Mas é no sector energético e principalmente na área das

energias renováveis que tem havido maior dinâmica de

internacionalização das empresas portuguesas ligadas a

esta área nos últimos anos, com o objectivo não só de

tomar posições no mercado energético internacional, mas

fundamentalmente para aumentar a capacidade instalada

de produção de energia com recurso a fontes limpas.

Actualmente, a EDP Renováveis (EDPR) tem já um pipeline de

parques eólicos em desenvolvimento com uma potência total

de 13.950MW, distribuídos pelos EUA, Espanha, França,

Bélgica, Polónia, Roménia, para além de Portugal. Com o

investimento previsto em Itália, 600 milhões de euros entre

2012 e 2013, que lhe vai dar acesso a 520 MW eólicos, que

se seguiu ao investimento offshore no Reino Unido (3 mil

milhões de euros em parceria com a escocesa Sea Energy),

a EDPR passa a marcar presença em 9 países e assume-se

como líder mundial no sector da energia renovável e o

quarto maior produtor de energia eólica do mundo.

No Brasil, a EDP vai quadruplicar a capacidade instalada

até 2012, para cerca de 2.177MW, estando prevista a

construção de mais um parque eólico no Rio Grande do

Sul, a somar aos dois que já detém em Santa Catarina,

todos na região sul do país.

Depois de em 2004 ter iniciado o fabrico de torres eólicas, o

seu primeiro passo no âmbito das energias renováveis e de,

em 2008, começar a produzir módulos solares fotovoltaicos, a

Martifer está já na Europa de Leste, na Alemanha, nos EUA a

desenvolver parques eólicos no Sul do Texas (a meta é atingir

os 800 megawatts em 2012) e em Itália, onde a Martifer

Solar se coloca entre as maiores empresas de instalação solar

fotovoltaica no país transalpino. Também em Cabo Verde está

prevista a instalação de 2 parques fotovoltaicos nas ilhas do Sal

e Santiago que, quando entrarem em funcionamento, serão as

duas maiores centrais fotovoltaicas do continente africano.

Ainda no sector energético, importa destacar a Galp Energia

que, graças às incessantes descobertas de petróleo no litoral

brasileiro pelo consórcio em que está integrada formado pela

Petrobrás e pela BG Group, irá ter ganhos mais significativos

a médio prazo. O consórcio explora as águas profundas da

Bacia de Santos e recentemente anunciou a descoberta de

uma quantidade relevante de petróleo no bloco BM-S-11.

No poço Iara detido em 10% pela Galp foi identificado

um potencial entre três e quatro mil milhões de barris de

petróleo e gás natural, acima do esperado.

Page 66: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

66

Já em 2010, a Efacec, em parceria com a Avanzit, ganha

o contrato de execução das instalações de electrificação

e abastecimento energético do Transvia Metropolitano da

Baía de Cádiz. Num conjunto de contratos que poderão

atingir os 200 milhões de euros, a EFACEC vai ainda

fornecer equipamentos na área da energia ao Iraque, no

âmbito de um acordo celebrado com o Governo iraquiano.

O Grupo Portucel/Soporcel vai investir 2,3 mil milhões de

euros em Moçambique, até 2025, na construção de uma

fábrica de pasta de papel, no seguimento do direito de

uso e aproveitamento de terra destinada a silvicultura na

província da Zambézia, que lhe foi atribuído pelo governo

moçambicano, e que tornará Moçambique num dos

maiores fornecedores africanos de pasta de papel.

No sector imobiliário, a Edivisa (Grupo Visabeira) assina

contrato de 58 milhões na República Dominicana, para

construção de um Centro Deportivo Y Cultural Juan Marichal,

em consórcio com a empresa dominicana Rodriguez Sandoval,

para requalificação de uma área de cerca de 12 hectares,

que compreende a reabilitação de um estádio de baseball, a

construção de um museu do baseball, habitacões, escritórios,

um hotel de 4 estrelas e um centro comercial.

No sector dos plásticos, a Logoplaste, líder no mercado

nacional, terceira a nível europeu e 5ª a nível mundial a fabricar

embalagens em plástico rígido foi seleccionada pela Johnson

& Johnson para a criação de uma nova unidade de produção

em Itália, dedicada à produção de embalagens plásticas para

a gama de elixir bocal antiséptico. Esta nova unidade marca

o crescimento da presença da Logoplaste no sector dos

Cuidados de Saúde. A Logoplaste vai ainda trabalhar com a

GlaxoSmithKline, no Reino Unido, na produção de embalagens

para refrigerantes e bebidas energéticas.

Na área das infra-estruturas turísticas são igualmente muitos

os exemplos a referir, com empresas portuguesas a realizar

investimentos em vários países. Só no Brasil, o pipeline

de investimentos turísticos portugueses está em franca

expansão: para além do Grupo Pestana e Vila Galé, empresas

portuguesas como o Grupo Espírito Santo, Dorisol, Oásis

Atlântico, João Vaz Guedes, Reta Atlântico, Grupo Enotel,

entre outros, têm projectos de investimento em curso.

O Grupo Pestana, um dos maiores players do turismo

português e uma das TOP 100 cadeias hoteleiras do mundo,

marca presença em 11 países: Brasil, Argentina, São Tomé

e Príncipe, Moçambique, África do Sul e Cabo Verde,

Venezuela, Uruguai, Reino Unido, Alemanha e EUA (Miami).

Para além dos hotéis o Grupo Pestana gere ainda a rede das

Pousadas de Portugal com projectos de desenvolvimento e

de novas unidades no estrangeiro a somar à que se encontra

situada no Convento do Carmo na Bahia (Brasil).

O Grupo Vila Galé, igualmente um dos principais grupos

hoteleiros nacionais e que integra o ranking das 250

empresas hoteleiras mundiais, soma às 17 unidades em

território nacional, 5 unidades no Brasil, estando prevista

para 2010 a abertura de mais uma unidade em Fortaleza

“Vila Galé Cumbuco”.

Para além dos exemplos referidos, também é possível destacar

projectos de internacionalização bem sucedidos por parte de

PME portuguesas, como a Kyaia (Fly London), Silva & Fontela

(Pablo Fuster); Armando Silva (Gino Bianchi e Yucca) e Calzeus

(Swear) (calçado); Cin e Euronavy (tintas); Sumol-Compal

(alimentar); Impetus (Throttleman), Lanidor Dielmar, Diniz &

Cruz (vestuário); Coelima e Lameirinho (têxteis lar); Renova

(papel para uso doméstico); Parfois e Lune Bleu (acessórios de

moda); Dot One (marketing e publicidade).

Em sectores não tradicionais ou de tecnologia de ponta

destacam-se algumas empresas portuguesas com forte

crescimento internacional, tais como WeDo Technologies

(15 escritórios localizados em 11 países), Primavera Software

(escritórios em Espanha, Brasil, Angola, Moçambique,

Cabo Verde e Guiné-Bissau), Mobicomp (subsidiária da

multinacional Microsoft), Critical Software (escritórios nos

EUA, R.Unido, Roménia e Brasil), Altitude Software (escritórios

em 15 países) e a Alert Life Sciences Computing que se

dedica ao desenvolvimento, distribuição e implementação do

software de saúde ALERT®, concebido para criar ambientes

clínicos sem papel, que já se encontra disponível em unidades

hospitalares espalhadas por vários países do mundo.

Page 67: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

67

12. Turismo

Segundo o World Travel and Tourism Council – WTTC – a

actividade turística deverá já representar, mais de 10% do PIB,

8% do emprego e 12% das exportações, a nível mundial.

De acordo com dados divulgados pela OMT - Organização

Mundial do Turismo, o crescimento do turismo mundial

durante o ano de 2008 foi influenciado negativamente pela

instabilidade económica e financeira que alastrou pelo mundo,

tendo registado um crescimento médio de 2%. Por regiões,

os melhores resultados couberam ao Médio Oriente, com um

crescimento de 11%, África, com mais 5%, e Américas com

uma evolução positiva de 4% face ao ano anterior, sendo

que, neste último caso, os resultados foram estimulados pela

descida do dólar que levou mais turistas aos Estados Unidos.

Em 2009, a crise económica mundial e a pandemia da Gripe

H1N1, contribuíram para que este fosse um ano muito difícil

para o turismo mundial. Num contexto desfavorável, a OMT

estima que se tenha verificado uma retracção nas entradas de

turistas que rondará os 4%, com a Europa, o Médio Oriente e

as Américas a serem as mais afectadas, e África a ser a única

região a crescer. As receitas mundiais, que habitualmente

acompanham as tendências verificadas nas entradas de

turistas, também terão sofrido uma quebra a rondar os

6%, resultado pouco frequente num sector habituado a

apresentar um crescimento sustentado mas, apesar de tudo,

demonstrativo de alguma resiliência, quando comparado

com o comércio internacional de mercadorias, que registou

quebras de 12% no mesmo ano.

As projecções para o ano de 2010 são já de crescimento,

apontando-se um aumento nas entradas de turistas, que

variará entre os 3% e os 4% a nível mundial, e entre 1% e

3% para a região da Europa.

No estudo “Tourism 2020 Vision”, publicado pela mesma

entidade, prevê-se que o crescimento médio anual nos

primeiros vinte anos deste novo milénio será de 4,1% e que

o número de entradas de turistas em 2020 deverá atingir os

1,6 mil milhões, sendo que 1,2 mil milhões corresponderão

a deslocações intra-regionais e 378 milhões a viajantes de

longo-curso. A Europa (717 milhões de turistas), Ásia e

Pacífico (397 milhões) e as Américas (282 milhões) serão as

três maiores regiões receptoras de turistas.

No ranking dos principais mercados receptores de turistas

da OMT, Portugal encontra-se no grupo dos 10 maiores a

nível europeu19 e dos 25 maiores a nível mundial.

O sector do turismo representou em 2009 aproximadamente

6% do PIB nacional e ocupou cerca de 8% da população

activa em termos directos. No âmbito da União Europeia,

Portugal é a 10ª economia em valor de produto turístico e a 6ª

onde o turismo tem mais peso no PIB.

Para além do contributo positivo para a balança de

pagamentos, este sector é um dos mais importantes da

economia portuguesa, não só em termos de contributo

líquido para o PIB nacional tanto directo como indirecto,

mas sobretudo no que diz respeito à sua importância

estratégica traduzida nas receitas que proporciona, na mão-

de-obra que ocupa e no efeito multiplicador que induz em

várias áreas, contribuindo positivamente para o reforço da

imagem de Portugal no exterior.

19 Inclui os países da Europa do Norte, Europa Ocidental, Central e Oriental e do Sul Inclui os países da Europa do Norte, Europa Ocidental, Central e Oriental e do Sul

(países europeus do Mediterrâneo).

Page 68: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

68

O nosso país apresenta vantagens comparativas a vários

níveis: clima, segurança, proximidade à costa, qualidade

das praias, campos de golfe de reconhecida qualidade

internacional, oferta diversificada (paisagística, casinos,

marinas, cultura, tradição, gastronomia) e boas ligações

aéreas, regulares, charter e low-cost internacionais.

São inúmeros os locais a visitar em Portugal, sem

esquecer que na lista do Património Mundial da UNESCO

se encontram os centros históricos do Porto, Angra

do Heroísmo, Guimarães, Évora e Sintra, bem como

monumentos em Lisboa, Alcobaça, Batalha e Tomar, as

gravuras paleolíticas de Foz Côa, a floresta laurissilva na

Ilha da Madeira e as paisagens vitivinícolas do Rio Douro e

da Ilha do Pico no arquipélago dos Açores.

Depois do 2º lugar obtido pelos Açores, numa selecção

de 111 ilhas ou arquipélagos, numa iniciativa da National

Geografic Traveler, que reuniu um painel de 522 peritos em

turismo sustentável e da Ilha do Pico ter sido classificada pela

revista Islands como sendo a 4ª melhor ilha do mundo para

ter uma residência ou uma moradia turística, a Madeira foi

eleita uma das 10 melhores ilhas europeias pelos leitores (mais

de 3,5 milhões) da reputada revista Condé Nast Traveller,

aparecendo em 6º lugar. No que diz respeito à qualidade

das suas unidades hoteleiras, a Madeira marca também

presença no “25 Top Europe Resorts”, conquistando o 21º

lugar com o Reid’s Palace. Também o Hotel Britania, unidade

de charme dos Hotéis Heritage Lisboa, foi distinguido como

um dos 10 melhores hotéis a nível mundial nos TripAdvisor

Traveler’s Choice Awards 2010. Para além do reconhecimento

nas categorias de “Top 10 Best Service e Luxury - Mundo”,

o Hotel Britania mereceu ainda vários outros galardões,

nomeadamente “Top 25 Europa”, “Euro Favorite - Top 25

European Destinations”, “Top 10 Best Service - Europa” e

“Top 10 Luxury - Europa”.

De acordo com os dados do INE, a hotelaria registou

23,4 milhões de dormidas de turistas em Portugal, o que

correspondeu a uma variação homóloga negativa de 10,7%.

O grupo dos principais mercados emissores apresentou um

desempenho maioritariamente negativo, liderado pelo Reino

Entradas

Fontes: INE – Instituto Nacional de Estatística

Unidade: milhares

Dormidasa b

Fontes: INE – Instituto Nacional de Estatística

Unidade: milhares

Notas: (a) Permanência de um indivíduo num estabelecimento que fornece alojamento por um

período compreendido entre as 12 horas de um dia e as 12 horas do dia seguinte.

(b) Inclui Dormidas nas Estalagens + Hotéis Apartamentos + Hotéis + Motéis +

Pensões + Pousadas

Receitas

Fontes: Banco de Portugal

Unidade: milhões de euros

2004

2004

2004

2005

2005

2005

2006

2006

2006

2007

2007

2007

2008

2008

2009

2009

Page 69: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

69

Unido (-21%). Espanha e França, ao contrário, evidenciaram

crescimentos de 5% e 2%, respectivamente.

As receitas turísticas inverteram a tendência de crescimento

no último ano, com uma quebra de 7,1%, acompanhando

o comportamento das dormidas na hotelaria.

A maior parte dos turistas que visitam Portugal são oriundos

da Europa, principalmente da União Europeia, com o Brasil e

os EUA a constituírem as únicas excepções no conjunto dos

10 maiores mercados emissores de turistas para o nosso país.

Em 2009, a repartição de dormidas de estrangeiros na

hotelaria global colocou o Reino Unido no primeiro lugar

com 24,5% do total, seguindo-se a Alemanha (14,2%);

Espanha (13,8%), Países Baixos (7,7%) e França (6,9%).

Por regiões, constata-se que o Algarve, Lisboa e Madeira

concentraram 83,5% das dormidas de estrangeiros nos

estabelecimentos hoteleiros. O Algarve registou 9,4

milhões de dormidas (-12,6% do que no mesmo período

de 2008), Lisboa 5,5 milhões (menos 365 mil dormidas de

estrangeiros) e a Madeira 4,6 milhões de dormidas (-15,3%

do que no ano anterior).

13. Relações Internacionais e Regionais

Portugal integra hoje um número significativo de organizações

financeiras internacionais, entre as quais assumem particular

significado os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMD),

pelos objectivos que os norteiam, pela dimensão das suas

intervenções e consequente impacto nos países beneficiários,

mas também pelo “poder” que alguns deles têm vindo a

assumir no contexto internacional.

Estas organizações deram origem ao aparecimento de outras

entidades com vocações diferenciadas e com diferentes

graus de autonomia. O primeiro grupo que se constituiu

foi o do Banco Mundial (BM), que integra actualmente 5

organizações20, sendo que uma é não financeira, e que serviu

de modelo aos restantes grupos que entretanto se foram

constituindo, como é o caso do Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID), do Banco Africano de Desenvolvimento

(BAfD) e do Banco Asiático de Desenvolvimento (BAsD).

20 Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD); Associação

Internacional de Desenvolvimento (IDA); Corporação Financeira Internacional (IFC);

Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA); Centro Internacional para

Arbitragem de Disputas sobre Investimento (ICSID).

Fontes: INE – Instituto Nacional de Estatística

Nota: (P) - Dados provisórios

Dormidas de Estrangeiros por Países de Origem (%)

Reino Unido

2005 2006 2007 2008 2009p

Alemanha Espanha Países Baixos França Irlanda Itália Brasil EUABélgica

Page 70: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

70

Data de 1960 a adesão de Portugal às organizações de

“Bretton Woods” – Fundo Monetário Internacional (FMI)

e Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento

(BIRD), seguida de sucessivas adesões a outras organizações

de carácter universal e regional21, as últimas das quais se

verificaram em 2002, com o Banco e o Fundo Asiático

de Desenvolvimento (BAsD e FAsD) e a Coorporação

Interamericana de Investimentos (CII), do Grupo BID.

No caso particular do Banco Europeu de Investimento

(BEI), a adesão de Portugal a este banco decorre,

automaticamente, da entrada de Portugal para a então

Comunidade Económica Europeia (CEE), constituindo os

estatutos do BEI um anexo ao Tratado de Roma.

Portugal é ainda membro da Organização de Cooperação e

Desenvolvimento Económico (OCDE), da Organização das

Nações Unidas (ONU) e suas agências especializadas, da

Organização Mundial do Comércio (OMC) desde 1995 e da

organização Mundial do Turismo (WTO) desde 1976.

Em diversas organizações financeiras multilaterais de que é

membro, Portugal intervém na dupla qualidade de Estado

Membro (EM) doador e beneficiário. É no caso do Banco

Mundial que Portugal obtém o maior retorno do investimento,

mas é no BID – Banco Inter-Americano de Desenvolvimento que

se verifica o maior rácio entre a doação e o retorno, em grande

medida devido à sua reduzida participação financeira.

A nível regional, Portugal é membro da União Europeia

desde 1 de Janeiro de 1986 e faz parte do Conselho da

Europa, da União da Europa Ocidental (UEO) e da Agência

Espacial Europeia (AEE). Actualmente a UE é composta

por 27 membros, sendo que apenas 1622, entre os quais

Portugal, adoptaram a moeda única europeia (Zona Euro) e

integram a União Económica e Monetária.

21 Corporação Financeira Internacional (IFC- Grupo BM); Agência Multilateral de

Garantia do Investimento (MIGA – grupo BM); Associação Internacional para o

Desenvolvimento (AID – grupo BM), Banco Inter-Americano de Desenvolvimento

(BID); Fundo de Operações Especiais (FOE – grupo BID); Fundo Multilateral de

Investimentos (MIF – grupo BID); Banco Africano de Desenvolvimento (BAfD); Fundo

Africano de Desenvolvimento (FAfD – grupo BAfD), Banco Europeu de Construção e

Desenvolvimento (BERD).

22 Zona Euro - Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre (2008), Eslováquia (2009), Eslovénia Zona Euro - Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre (2008), Eslováquia (2009), Eslovénia

(2007), Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta (2008),

Países Baixos e Portugal

14. Condições Legais de Acesso ao Mercado

O relacionamento comercial de Portugal, assim como dos

restantes Estados Membros da UE, é efectuado a dois níveis:

o realizado no espaço comunitário, designado por trocas

intracomunitárias; e o estabelecido com países terceiros,

regido através da Política Comercial Comum da UE.

14.1 Regime de trocas intracomunitárias

As mercadorias com origem na UE ou colocadas em

livre prática23 no território comunitário (http://europa.eu/

legislation_summaries/internal_market/single_market_for_

goods/free_movement_goods_general_framework/index_

pt.htm), encontram-se isentas de controlo alfandegário,

sem prejuízo, porém, de uma fiscalização no que respeita à

qualidade e características técnicas.

23 Mercadorias em “livre prática” são aquelas que já cumpriram as formalidades de

importação (incluindo o pagamento de direitos aduaneiros e de outras taxas, quando

devidas) num dos Estados-membros, passando a poder circular livremente por todo o

espaço comunitário sem haver necessidade de cumprimento de formalidades adicionais.

Page 71: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

71

Deste modo, os operadores económicos comunitários

podem comprar e vender livremente, em qualquer ponto

do espaço comunitário, sem haver lugar ao cumprimento

de quaisquer formalidades no momento de passagem

da mercadoria numa fronteira interna. A ausência dos

controlos alfandegários não implica, porém, a eliminação

de regras relativas ao transporte, segurança, qualidade e

especificações técnicas dos produtos. Tais regras existem e,

na sua generalidade, são impostas pela própria legislação

comunitária já harmonizada, com vista à defesa da saúde e

segurança dos consumidores.

A circulação de mercadorias no interior da União deve

ser acompanhada de todos os documentos usualmente

exigidos pelas autoridades nacionais, designadamente:

documentos de transporte, factura comercial, certificados

de conformidade, de qualidade, sanitários e fitossanitários.

A fiscalização poderá ser efectuada a qualquer momento e

em qualquer local, desde o lugar de expedição dos bens até

ao de consumo final.

Refira-se ainda que há um conjunto de transacções

intracomunitárias24 (valores limiares definidos pelo INE)

relativamente às quais as empresas são obrigadas a declarar

os respectivos montantes (Declaração Intrastat).

14.2 Regime geral de importação

A União Aduaneira implica, para além da existência de um

território aduaneiro único, a adopção da mesma legislação

neste domínio – Código Aduaneiro Comunitário (http://

europa.eu/legislation_summaries/other/l11010_pt.htm) –

bem como a aplicação de iguais imposições alfandegárias

aos produtos provenientes de países terceiros – Pauta

Exterior Comum (PEC)25. Contudo, a Comunidade concede

vantagens aduaneiras às mercadorias originárias de

24 Disponível em http://www.ine.pt

25 A PEC baseia-se no Sistema Harmonizado de Designação e Codifi cação de A PEC baseia-se no Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de

Mercadorias, sendo os direitos de importação na sua maioria “ad valorem”,

calculados sobre o valor CIF das mercadorias.

determinados países em desenvolvimento (beneficiários

do Sistema de Preferências Generalizadas –SPG), ou de

países com os quais a UE celebrou acordos preferenciais),

que se traduzem na aplicação de direitos aduaneiros mais

favoráveis (ou mesmo isenção) do que os estabelecidos no

âmbito da OMC, com excepção de produtos mais sensíveis

em termos dos interesses comunitários.

Se o importador pretender beneficiar destes regimes

terá que comprovar obrigatoriamente a origem das

mercadorias. No caso das importações provenientes de

países beneficiários do regime SPG, através do “Certificado

de Origem FORM A”, nas importações dos restantes países

através do “Certificado de Circulação de Mercadorias EUR

1”. Os referidos certificados poderão ser obtidos junto

da Direcção-Geral das Alfândegas e Impostos Especiais

de Consumo (http://www.dgaiec.min-financas.pt/pt),

entidade competente para prestar informações relativas

à classificação dos produtos, aos direitos que incidem

na importação de mercadorias seja qual for a respectiva

origem, bem como sobre os regimes aduaneiros existentes.

Page 72: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

72

Além dos direitos aduaneiros, os produtos importados

estão sujeitos ao pagamento do Imposto sobre o Valor

Acrescentado (IVA) (http://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/

apoio_contribuinte/guia_fiscal/iva/), cuja taxa normal em

Portugal é de 20%, sendo que alguns produtos beneficiam

de uma taxa de 12% ou de uma taxa reduzida de 5%.

Nas Regiões Autónomas a Madeira e Açores as taxas

sofrem uma ligeira redução: taxa normal 14%, taxa

intermédia 8% e taxa reduzida 4%.

Refira-se, por último, a existência de uma Zona Franca da

Madeira, legalmente entendida como o enclave territorial

em que as mercadorias aí existentes são, em regra,

consideradas exteriores ao território aduaneiro para efeitos

de aplicação de direitos aduaneiros, restrições quantitativas

ou medidas de efeito equivalente.

Desde que devidamente autorizadas, poderão ser exercidas

na zona franca todas as actividades de natureza industrial,

comercial ou financeira, embora as primeiras duas

confinadas a uma área delimitada (na medida em que

implicam a movimentação física de mercadorias), situação

que não sucede com os serviços “off shore”, que podem

instalar-se em qualquer ponto do território do arquipélago,

incluindo a cidade do Funchal.

As empresas a operar na Zona Franca da Madeira têm

acesso a um conjunto significativo de benefícios de

natureza aduaneira, fiscal, financeira e económica.

Informação mais detalhada sobre as diferentes modalidades

de regimes aduaneiros vigentes no espaço comunitário,

assim como os documentos de importação necessários,

encontram-se no Anexo 1.

As mercadorias comunitárias ou originárias de países

terceiros introduzidas em qualquer um dos Estados-

membros, deverão cumprir as exigências técnicas

estabelecidas na legislação comunitária e ser acompanhadas

de toda a documentação exigida para a sua comercialização,

nomeadamente certificados de conformidade, de qualidade,

sanitários, veterinários e fitossanitários.

Com vista à protecção da saúde e segurança dos

consumidores, a Comunidade tem procurado

harmonizar(http://europa.eu/legislation_summaries/

consumers/product_labelling_and_packaging/index_pt.htm)

as regras da rotulagem, apresentação e publicidade de

vários produtos, nomeadamente alimentares, brinquedos,

etc., por forma a minimizar os entraves à livre circulação de

mercadorias no território comunitário.

Em Portugal a ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar

e Económica (http://www.asae.pt/) é a autoridade

administrativa nacional especializada no âmbito da

segurança alimentar e da fiscalização económica. Deste

modo, é responsável pela avaliação e comunicação dos

riscos na cadeia alimentar, bem como pela disciplina do

exercício das actividades económicas nos sectores alimentar

e não alimentar, mediante a fiscalização e prevenção do

cumprimento da legislação reguladora das mesmas.

14.3 Regime de investimento estrangeiro

O Tratado da União Europeia consagra a livre circulação de

capitais, da qual resulta um quadro geral do investimento

estrangeiro no espaço comunitário, nos termos dos limites

decorrentes do princípio da subsidiariedade, isto é, sem prejuízo

de instrumentos legislativos de alguns Estados-Membros.

No âmbito da livre circulação de capitais, estão proibidas

todas as restrições aos movimentos de capitais – investimento

– e, bem assim, todas as restrições aos pagamentos –

pagamento de uma mercadoria ou de um serviço.

Os Estados-Membros podem, no entanto, tomar medidas

justificadas com o objectivo de impedir infracções à sua

Page 73: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

73

própria legislação, nomeadamente em matéria fiscal e

em matéria de supervisão das instituições financeiras.

Os países comunitários podem, ainda, prever processos

de declaração dos movimentos de capitais para efeitos

de informação administrativa ou estatística e tomar

outras medidas, justificadas por razões de ordem pública

ou segurança pública. Todavia, todas estas medidas e

estes procedimentos não devem constituir um meio de

discriminação arbitrária, nem uma restrição simulada à livre

circulação de capitais e de pagamentos.

Ao investidor estrangeiro é conferido o mesmo tratamento

que aos investidores nacionais, não existindo, de modo

geral, restrições no sector privado, podendo as empresas

ser detidas na sua totalidade por capital externo.

No que se refere à estrutura comercial de implantação, a

sua escolha depende do objectivo do investidor e, bem

assim, do grau de autonomia que o mesmo pretende em

relação à sociedade-mãe. Informação mais detalhada sobre

esta matéria, nomeadamente no que diz respeito às várias

formas jurídicas de empresas, poderá ser consultada nos

Centros de Formalidade de Empresas (CFE) (http://www.

cfe.iapmei.pt), serviços de atendimento e de prestação de

informações aos utentes que têm por finalidade facilitar

os processos de constituição, alteração ou extinção de

empresas e actos afins.

Em Portugal, no sentido de adequar o quadro normativo

português às mais recentes orientações da União Europeia

e da OCDE, foi instituído um Regime Contratual Único26

que se rege pelo Decreto-Lei nº 203/2003 de 10 de

Setembro (consulta gratuita através do endereço (http://

www.dre.pt/). Este diploma veio revogar o regime de

registo a posteriori das operações de investimento em

26 Regime Contratual Único - aplicável aos grandes projectos de investimento, quer Regime Contratual Único - aplicável aos grandes projectos de investimento, quer

de origem nacional, quer estrangeira, que apresentem um valor superior a 25

milhões de Euros, a realizar de uma só vez ou faseadamente até 3 anos, ou que,

embora não atinjam esse valor, sejam da iniciativa de uma empresa cuja facturação

anual consolidada seja superior a 75 milhões de Euros, ou por uma entidade de

natureza não empresarial cujo orçamento anual seja superior a 40 milhões de Euros,

independentemente do sector de actividade ou da nacionalidade do investidor.

Portugal, pondo-se termo ao tratamento diferenciado do

investimento estrangeiro face ao nacional.

Um promotor estrangeiro poderá também ver os seus

projectos de investimento reconhecidos como projectos

PIN (Projectos de Potencial Interesse Nacional) ou PIN+

(Projectos de Potencial Interesse Nacional classificados

como de importância estratégica), desde que as operações

em causa sejam efectuadas por intermédio de filial

constituída em Portugal e cumpram os requisitos previstos

na respectiva legislação:

- PIN – Decreto-Lei nº 174/2008 de 26 de Agosto e

Despacho nº 30850/2008 de 28 de Novembro.

- PIN+ - Decreto-Lei nº 285/2007, de 17 de Agosto.

Os interessados poderão obter mais informação acedendo

ao seguinte link constantes do site da aicep Portugal

Global:

http://www.portugalglobal.pt/PT/InvestirPortugal/

InstrumentosRelevantes/pin/Paginas/PINPIN.aspx

A aicep Portugal Global (http://www.portugalglobal.pt/ )

assume o papel de entidade competente para a recepção,

análise, negociação, contratualização e acompanhamento

dos grandes projectos de investimento (interlocutor único),

cabendo ao IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e

Médias Empresas e à Inovação (http://www.iapmei.pt/) a

responsabilidade de assegurar o acompanhamento dos

projectos de investimento de valor inferior a 25 milhões de

euros, excepto os relativos ao sector do Turismo.

No que se refere à regulamentação referente aos incentivos

atribuídos pelo Estado Português ao abrigo do novo

Quadro de Referência Estratégico Nacional – QREN – 2007-

2013, que enquadra a concretização em Portugal de

políticas de desenvolvimento económico, social e territorial

através dos fundos estruturais e de coesão associados à

política de coesão da União Europeia, sugere-se a consulta

ao endereço http://www.qren.pt/.

Page 74: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

74

ANEXOS

Anexo 1 - Regimes Aduaneiros

O Código Aduaneiro Comunitário veio harmonizar e

simplificar as formalidades administrativas na circulação

de bens entre os Estados-membros com países terceiros,

possibilitando a adopção de diferentes modalidades de

regimes aduaneiros:

Livre Prática – introdução de um produto originário de um

país terceiro no espaço da União conferindo-lhe o estatuto

aduaneiro de mercadoria comunitária, depois de cumpridas

as formalidades de importação (incluindo o pagamento

de direitos aduaneiros e outras taxas, quando devidas)

podendo, deste modo, circular livremente no espaço da UE.

Entreposto Aduaneiro – permite a armazenagem, entre

outras, de mercadorias não comunitárias, sem que estas

fiquem sujeitas a direitos de importação ou a medidas de

política comercial.

Aperfeiçoamento Activo – pressupõe a transformação de

mercadorias não comunitárias e de produtos introduzidos

em livre prática, permitindo a adopção de dois sistemas:

Sistema Suspensivo – utilização de mercadorias não

comunitárias destinadas a posterior reexportação sob a

forma de produtos compensadores (produto final que

resultou das operações de aperfeiçoamento efectuadas), sem

que sejam aplicadas imposições aduaneiras.

Sistema de “Drawback” – transformação de bens

introduzidos em livre prática, com reembolso ou dispensa

do pagamento dos direitos de importação ou outras

taxas, caso sejam exportados sob a forma de produtos

compensadores.

Aperfeiçoamento Passivo – permite exportar

temporariamente mercadorias comunitárias, a fim de

as submeter a operações de aperfeiçoamento num país

terceiro, e de introduzir em livre prática os produtos

resultantes destas operações beneficiando de isenção total

ou parcial dos direitos de importação.

Transformação sob Controlo Aduaneiro – implica

a utilização no território aduaneiro de mercadorias

provenientes de países terceiros, para aí serem submetidas

a operações que lhes modifiquem a natureza ou o estado,

sem que fiquem sujeitas a direitos de importação ou a

medidas de política comercial, e à respectiva introdução

em livre prática dos produtos resultantes destas operações,

após o pagamento dos respectivos encargos. Estes

produtos denominam-se produtos transformados.

Importação Temporária – admissão temporária de

produtos não comunitários, destinados a posterior

reexportação, com suspensão do pagamento de direitos

aduaneiros e de outros encargos, por um determinado

período de tempo, sem que tenham sofrido qualquer

alteração para além da depreciação normal resultante da

utilização que lhes tenha sido dada. Portugal é signatário

da Convenção relativa ao Livrete ATA, ao abrigo do qual

são admitidos temporariamente amostras comerciais,

material/equipamento profissional destinado a feiras e

exposições comerciais, espectáculos, exibições ou similares

(http://www.acl.org.pt/CmsPage.aspx?PageIndex=52).

Page 75: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

75

Anexo 2 - Documentos de Importação

Os documentos desempenham um papel fundamental em

qualquer transacção comercial, mas são substancialmente

diferentes consoante estejamos face a uma importação/

exportação de mercadorias (comércio extracomunitário),

ou face a uma aquisição/venda (comércio entre Estados-

membros da União Europeia).

No caso das trocas extracomunitárias de bens,

destacam-se pela sua importância, as licenças (no caso de

produtos objecto de restrições), as declarações (para as

mercadorias submetidas ao regime de vigilância estatística

prévia) e os certificados (sempre que a legislação o exija,

como acontece com grande parte dos produtos agrícolas),

o documento administrativo único, a factura comercial e o

certificado de origem.

Relativamente à documentação que deverá acompanhar as

aquisições ou vendas intracomunitárias de bens, referem-

se a factura comercial, certificados de diversa natureza (em

conformidade com o tipo de bens) e a Declaração Intrastat.

As operações de importação (à semelhança das operações

de exportação) terão que ser realizadas com o apoio

de um Despachante Oficial, que tem conhecimento da

documentação envolvida.

Alguns exemplos:

Factura Comercial – documento base de qualquer

transacção comercial, cuja emissão é, em regra, obrigatória,

entregue pelo vendedor ao comprador, datado e numerado,

e emitida na língua do comprador. Deve ainda mencionar os

seguintes elementos: nome, morada e n.º contribuinte do

exportador/expedidor e do importador/adquirente; descrição

detalhada da mercadoria; código pautal; quantidade; preço

unitário; valor global; taxa de IVA aplicável.

Factura-Pró-Forma – pode ser solicitada pelo importador

para mercadorias sujeitas a licenciamento ou como

proposta negocial ou, ainda, para efeitos de importação

temporária. Quando exigida é normalmente apresentada

em duplicado.

Conhecimento de Embarque – os elementos constantes

neste documento devem estar de acordo com os que se

encontram inscritos na Factura Comercial.

Lista de Embalagens – não sendo obrigatória, facilita

o desembaraço aduaneiro das mercadorias, quando

provenientes de países terceiros.

Certificado de Origem – documento que atesta a

proveniência da mercadoria. A sua apresentação é obrigatória

no caso de importação de mercadorias sujeitas a preferências

pautais, originárias de países com os quais a UE celebrou

acordos preferenciais (EUR 1) ou de países beneficiários

do Sistema de Preferências Generalizadas (FORM A). O

importador também pode solicitar este certificado por

razões que não têm que ver com a aplicação de preferências

aduaneiras, caso em que é exigida certificação por uma

Câmara de Comércio do país de origem dos bens.

Documento Administrativo Único – formulário utilizado

em todo o território comunitário no cumprimento das

formalidades aduaneiras de importação e exportação.

Outros Documentos – na medida em que a

regulamentação nacional ou comunitária o determinar,

por razões de protecção da saúde e segurança públicas

e de defesa dos consumidores e do meio ambiente, a

importação na Comunidade de um número cada vez mais

vasto de mercadorias está sujeita, no desalfandegamento,

à apresentação de certificados de ordem diversa, consoante

os produtos em causa (ex: certificados sanitários,

fitossanitários, de qualidade, conformidade, etc.).

Page 76: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

aicep Portugal GlobalPortugal - Perfil País (Abril 2010)

76

Anexo 3 - Endereços de Internet úteis

INE – Instituto Nacional de Estatística – www.ine.pt

GEE – Gabinete de Estratégia e Estudos – www.gee.min-economia.pt

GPEARI – Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais - http://www.gpeari.min-financas.pt/

Diário da República – www.dre.pt

Portal do Governo Português – www.portugal.gov.pt

Ministério da Economia e da Inovação – www.min-economia.pt

Ministério das Finanças e da Administração Pública – www.min-financas.pt

Direcção Geral de Estudos e Previsão – www.dgep.pt

CFE-IAPMEI – Centro de Formalidade de Empresas – www.cfe.iapmei.pt

Direcção Geral das Alfândegas – www.dgaiec.min-financas.pt

Câmara Portuguesa dos Despachantes Oficiais – www.cdo.pt

Associação dos Transitários de Portugal – http://www.apat.pt/

ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica - www.asae.pt

IPQ - Instituto Português da Qualidade – www.ipq.pt

CERTIF – Associação para a Certificação de Produtos – www.certif.pt

Portal do Cidadão – www.portaldocidadao.pt

Associação Nacional de Municípios – www.anmp.pt

AEP – Associação Empresarial de Portugal – www.aeportugal.pt

AIP – Associação Industrial Portuguesa – www.aip.pt

APB – Associação Portuguesa de Bancos – www.apb.pt

APDC – Associação Portuguesa para o desenvolvimento das Comunicações – www.apdc.pt

ANACOM – Autoridade Nacional de Comunicações – www.anacom.pt

Turismo de Portugal, IP – www.turismodeportugal.pt

Portal Oficial do Turismo – www.visitportugal.com

Page 77: Portugal detalhes - Exportação e Investimento

Top Related