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Projeto de Ps-Doutorado
O ator-autor no cinema brasileiro Por Pedro Maciel Guimares Mestre e Doutor em Cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle Paris 3
O ator tambm um motor da mise en scne ele quase o autor do filme
da mesma maneira que o diretor. Os bons atores tm um ritmo,
um tempo particular Delon, por exemplo, s realmente bom
nos papis de perdedor1. Luc Moullet
1 Resumo
Este projeto de pesquisa tem como objetivo investigar sobre o conceito de ator-autor,
criado pelo pesquisador americano Patrick McGilligan, e de aplic-lo ao cinema brasileiro,
partindo de exemplos de intrpretes que possam ser classificados como atores-autores.
Segundo esse conceito, o ator-autor adquire prerrogativas inerentes aos diretores de cinema
considerados autores, ou seja, ele capaz, atravs de seu sistema de interpretao e de sua
persona cinematogrfica (cf. infra a definio de Patrick McGilligan), de imprimir a um
personagem, a um plano ou mesmo mise en scne de um filme seu estilo pessoal. O ator-autor
acaba se sobressaindo ideia de mise en scne e muitas das escolhas estticas do diretor acabam
sendo influenciadas pelo tipo fsico do ator, pelas singularidades do seu estilo de interpretao e
por suas relaes de proximidade com outros diretores importantes da histria do cinema. O ator
cria assim a sua obra, mesclando elementos internos e externos ao seu systme de jeu.
A partir desse princpio, pretendemos buscar em alguns atores brasileiros manifestaes
desta autoria. Foram escolhidos os atores Grande Otelo, Antnio Pitanga, Matheus
Nachtergaele e Helena Ignez. No entanto, necessrio relativizar esse conceito para poder
aplic-lo inteiramente ao cinema brasileiro, sobretudo no que diz respeito realidade ecnomica e 1 ) Anatomie dun personnage entretien avec Luc Moullet , Vertigo n 15, 1996, p. 71.
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social do nosso cinema, bastante distinta da do cinema americano e do cinema europeu, onde o
conceito j largamente difundido. No caso brasileiro, faz-se necessrio tambm estabelecer uma
reflexo transdisciplinar, visto que os atores brasileiros atuam normalmente nos diferentes meios
de representao (cinema, teatro, televiso), fugindo assim do padro norte-americano ou
europeu de atores exclusivamente de cinema, de teatro ou de televiso.
2 Introduo e Justificativa
O estudo do ator de cinema um campo de investigao bastante negligenciado pelos
estudos cinematogrficos. Segundo Jacqueline Nacache, o estudo do autor no tem nada de
natural e necessita ainda de novos instrumentos de anlise pois mesmo no teatro, onde o estudo
do trabalho do ator mais difundido, a anlise de sua contribuio ao espetculo ainda um
terrno mal explorado2.
bem verdade que, de todas os componentes estticos que entram em considerao na
elaborao de um filme (o roteiro, a iluminao, o enquadramento, a montagem), o trabalho do
ator no o campo mais explorados pelos escritos tericos. Os que defendem que o trabalho do
ator de cinema no deve ser levado tanto em considerao como Germaine Dulac, Walter
Benjamin, Edgar Morin et Erwin Panofsky evocam, de maneira mais ou menos explcita, a
questo da impureza cinematogrfica descrita por Andr Bazin3. Por outro lado, o estudo do
trabalho do ator tem tambm seus defensores, entre eles Richard Dyer, Alain Bergala, Jacqueline
2 ) J. Nacache, Lacteur de cinma, Paris, Armand Colin, 2003, p. 15. 3 ) Germain Dulac afirma que num cinema puro, no diretamente ligado ao lado narrativo da literatura nem realidade fotogrfica, no existe lugar para o ator a no ser como motivo plstico, linha ou sombra, in F. Albera, Albatros, des russes Paris 1919-1929, Milan/Paris, Mazzota/Cinmathque Franaise, 1995). Para Morin, o ator no tem necessidade de se expressar para transmitir seus sentimentos ou estados de esprito, as coisas, a ao do roteiro e o filme em si se encarregam de interpretar por ele, in E. Morin, Les Stars (1957), Paris, Galille, 1984. Benjamin qualifica a interpretao do ator como um recomposto a partir de uma srie de performances discontnuas que levam perda da aura do intrprete, in Luvre dart lpoque de sa reproductibilit technique, Paris, dEditions Allia, 2003, p. 40-43. Panofsky acredita que o personagem de cinema se torna impedido de se tornar um todo unificado pois ele existe aos pedaos, in Style et matriau au cinma , Revue dEsthtique Cinma : Thorie, lectures, Paris, Klincksieck, 1978, p. 58.
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Nacache e Nicole Brenez. Essa ltima acredita na igualdade entre os diferentes componentes da
imagem cinematogrfica e afirma que :
o ator uma forma cinematogrfica altura do enquadramento e da luz. E, assim como o enquadramento no pode se reduzir aos quatro lados de um retngulo ou a luz iluminao das coisas, o ator no pode ser reduzido um significante do qual o personage seria o significado4.
O primeiro campo cientfico e universitrio ligado ao cinema a se interessar pelo estudo do
ator foi o da sociologia, encabeado pelos stars studies nos Estados Unidos. Na Europa, a melhor
illustrao dos stars studies foi o ensaio de Edgar Morin intitulado justamente Les Stars (1957).
Agindo num outro fronte de anlise, o ensaio de Luc Moullet sobre quatro atores americanos,
Politique des acteurs (1993), recupera alguns conceitos da sociologia dos stars studies para aplic-los a
uma anlise esttica da apario dos atores nos filmes. Mais recentemente, o GRAC (Grupo de
recherche sur lacteur de cinma), da Universidade de Paris 1 organiza seminrios e discusses
sobre o tema que j comearam a render frutos, como demonstra os ensaios de Christian Viviani
e Michel Cieutat sobre Audrey Hepburn e o de Christophe Damour sobre Al Pacino.
Mas foi mesmo dos Estados Unidos, pas que inventou o star system, que vieram a maiores
discusses sobre o ator de cinema. Dentre pesquisadores como James Naremore, Richard Dyer e
Patrick McGilligan, este ltimo se destaca por ter criado o conceito de ator-autor. No ensaio
dedicado ao ator norte-americano James Cagney, em 1975, McGilligan utiliza pela primeira vez os
termos the actor as auteur, proposto como um modelo de anlise potico-esttica das influncias
mtuas entre ator e diretor e suas consequncias no processo de criao e de recepo do filme.
Existem certos atores cujas possibilidades de atuao e as personas cinematogrficas so to
marcantes que elas do corpo e definem a essncia do prprio filme5, considera McGilligan.
No por acaso que McGilligan usa o termo auteur em francs, pois ele remete diretamente
ao conceito de autor criado pelos crticos da revista Cahiers du Cinma partir dos anos 50.
4 ) N. Brenez, La Nuit Ouverte : Cassavetes, linvention de lacteur, Confrences du Collge dArt Cinmatographique n 3 Le thtre dans le cinma, Paris, Cinmathque Franaise, 1992-1993, p. 89. 5 ) P. McGilligan, Cagney, the Actor as Auteur, A.S Barnes, South Brunswick, Tantivity, London, 1975, p. 199.
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Como para os diretores, trata-se de investigar na obra de cada ator manifestaes de uma
aparncia de mundo pessoal6 e uma evoluo do estilo de interpretao. Resta a definir o que
seria para o ator a sua obra, o equivalente do termo usado para descrever a obra de um diretor.
Para Vincent Amiel, integrante do GRAC, j que o ator cria com seu prprio corpo, modela-se a
si mesmo, seu corpo tanto um corpo-criador quanto um corpo-sujeito, expresso e
manifestao7. Em outras palavras, o corpo do ator no s seu instrumento de trabalho mas o
resultado desse trabalho, sua obra. No caso do ator, seria necessrio estender a noo de obra
para outros momentos de criao que extrapolem a personificao de um personagem. Poder-se-
ia falar tambm da carreira de um ator como sua obra, suas escolhas de papis e suas relaes de
proximidade e cumplicidade com certos diretores-autores acabam se tornando determinante para
a definio de sua persona cinematogrfica.
Alain Bergala v no ator um corpo condutor de desejo fraternal8 ao evocar a capacidade
que o ator tem de ser um elo de ligao entre o universo de dois ou mais cineastas. Bergala cita o
exemplo de Akim Tamiroff para Jean-Luc Godard, mas talvez o mais evidente no cinema
europeu seja mesmo o de Jean-Pierre Laud, uma star, a nica criada pela Nouvelle Vague, o
nico corpo que passou (de Truffaut a Godard, de Eustache a Skolimowski) da infncia infeliz
adolescncia cinfila9. Em nossa anlise, pretendemos desenvolver essa ideia de corpo
condutor do ator como uma das facetas do seu trabalho autoral, que influenciar, como no caso
de Matheus Nachtergaele, at na sua passagem direo de longas metragens.
No entanto, o corpo condutor do desejo cinfilo e humano mais importante da nossa
anlise ser, sem dvida, o de Helena Ignez, que passa da obra de Glauber Rocha de Rogrio
Sganzerla, passando pela de Jlio Bressane e Joaquim Pedro de Andrade no por acaso, Ignez
foi casada com Rocha e Sganzerla, tendo sido um foco de tenso na briga entre os dois diretores.
Nesse momento, necessrio voltar as consideraes feitas por Alain Bergala sobre como as
6 ) J. Aumont, Moderne ?, Paris, Cahiers du Cinma, 2007, p. 77. 7 ) V. Amiel, Le corps au cinma Keaton, Bresson, Cassavetes, Paris, Presses Universitaires de France, 1998, p. 122. 8 ) A. Bergala, Godard au travail, op. cit., p. 236. 9 ) S. Daney, Lamour en fuite , Cahiers du Cinma n 298, mars 1979, p. 56.
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relaes ntimas entre diretor e atriz podem ser determinantes da forma flmica. Bergala
concentra suas reflexes em torno de exemplos provenientes do cinema europeu (Jean
Renoir/Catherine Hessling, Ingmar Bergman/Harriet Andersson, Roberto Rossellini/Ingrid
Bergman). Pretendemos trazer essa reflexo para o mbito do cinema brasileiro j que um filme
como A Mulher de Todos (Sganzerla, 1969) pode ser analisado seguindo os moldes de anlise que
Bergala fez de Nana (Renoir, 1926), Stromboli (Rossellini, 1950) e Monika (Bergman, 1953)10.
O conceito de ator-autor estabelecido por McGilligan e reutilizado por outros pensadores
em seguida leva em considerao os elementos internos ao trabalho do ator (o tipo fsico, as
particularidades da interpretao, dos gestos e da voz) e externos (relaes bilaterais de
proximidade com diretores, a persona cinematogrfica) no momento de identificar no intrprete
instantes de criao legtimos capazes de influenciar na concepo formal e temtica de um filme.
A aplicao desse conceito, que consideramos como bastante inovador no meio das pesquisas
cinematogrficas, ao cinema brasileiro ser assim o centro da nossa pesquisa de ps-doutorado.
3 Objetivos
O primeiro objetivo desse projeto de ps-doutorado assim aprofundar as questes
esboadas na minha tese de doutorado sobre o ator. Essa tese, defendida em novembro de 2009
na Universidade Sorbonne Nouvelle e pela qual obtive meno mxima (com louvor e
cumprimentos da banca), tinha como objeto as relaes entre Manoel de Oliveira e seus
colaboradores de criao. Tratava-se de um estudo esttico com base na potica, segundo a
concepo que Paul Valry d ao termo, onde as condies de criao do filme eram a base das
anlises estticas e formais da totalidade da obra do diretor portugus. Dividida em quatro
captulos, a tese abordava o trabalho de um diretor de fotografia (o suo Renato Berta), de um 10 ) A. Bergala, De limpuret ontologique des cratures de cinma, Trafic n 50 Quest-ce que le cinma, t 2004.
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ator (Luis Miguel Cintra), de uma montadora (Valrie Loiseleux) e de uma escritora (Agustina
Bessa Luis) que estabeleceram relaes de cumplicidade com o cineasta.
Dentre esses captulos, o trabalho de pesquisa para as reflexes sobre o ator de cinema foi
um dos que mais instigou. Vi nesse captulo uma oportunidade de desenvolver uma discusso
no s sociolgica sobre as estrelas de cinema mas tambm esttica sobre os grandes atores de
cinema. Tive ento a oportunidade de conhecer o pensamento de tericos importantes que
abordaram o assunto como Richard Dyer, Edgar Morin, Patrick McGilligan, Jacqueline Nacache
e Alain Bergala.
O objeto especfico desse captulo foram as relaes de criao entre o diretor portugus
Manoel de Oliveira e o ator Luis Miguel Cintra. Identifiquei alguns momentos em que a persona
cinematogrfica de Cintra influencia no somente na concepo de um personagem oliveiriano,
mas tambm na elaborao formal de um plano ou mesmo de uma sequncia inteira. Foi o caso
de A Carta (1999), no qual o corpo do ator torna-se o suporte da organizao espacial de uma das
principais sequncias do filme. Trata-se do momento em que Monsieur da Silva (Cintra) vai
apresentar a herona (Madame de Clves) ao homem pelo qual ela se apaixona e que ser o
motivo da sua desgraa o filme baseado no romance de Madame de Lafayette. Oliveira toma
o corpo de Cintra como um eixo perverso que coloca em relao o mundo/o plano de um
sedutor cantor popular e o da mulher aristocrata bem casada. O diretor cria ento uma
organizao formal inusitada e rara em seus filmes onde os atores so colocados paralelamente na
profundidade do plano (uma das marcas do plano oliveiriano a frontalidade) e no qual o olhar
de Cintra, ligeiramente fora de foco, substitui o do diretor e compactua com o espectador sobre o
momento que vai definir o futuro da personagem feminina. A montagem acentua o efeito de
passagem que o plano de Luis Miguel Cintra adquire j que ele sempre mostrado fazendo a
ligao entre o plano do cantor (aqui, esquerda) e o da Madame de Clves e seu marido (
direita).
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Essa manifestao do corpo do ator Cintra como definidor da organizao formal do plano
pode ser verificado em vrios outros filmes onde ele aparece como O Dia do Desespero, NON ou a
v glria de mandar e sobretudo Vale Abrao. No filme de 1993, uma reao exagerada de clera do
seu personagem (Dr. Carlos Paiva) serve de corte brutal ao ilusionismo que marca o dispositivo
cinematogrfico. Cintra denuncia a presena da cmera ao arremessar um gato aos ps do
equipamento fazendo-o, ligeira mas perceptivelmente, tremer, deformao notada pelo diretor e
mantida no corte final do filme. como se Cintra, ator de formao brechtiana por excelncia,
achasse na mise en scne de Oliveira um terreno propcio para expressar sua preferncia por uma
representao no ilusionista que a marca do seu trabalho como diretor e ator de teatro. Alm
disso, Cintra, frente do teatro da Cornuncpia do qual fundador e principal criador
defende a todo momento um teatro onde o ator no totalmente engolido pelo personagem e
onde pode existir ento uma cohabitao num mesmo corpo dessas duas instncias narrativas
(ator e personagem), o que vem a ser uma das premissas do cinema de Oliveira.
Como Cintra acaba sendo tambm um corpo condutor de desejo fraternal, tive a
oportunidade de analisar a influncia do ator na mise en scne de outros diretores que dividem com
Oliveira uma viso comum de cinema. o caso do tambm portugus Joo Csar Monteiro,
primeiro diretor a dirigir Cintra no cinema e que ajudou a moldar a sua persona cinematogrfica
baseada numa interpretao anti-naturalista. O primeiro curta de Monteiro, Quem espera por sapatos
de defuntos morre descalo (1970), termina com um primeiro plano fixo de Cintra que dura 1 minuto e
45 segundos, no qual o ator fica praticamente imvel e onde seu rosto exibe sinais de um
evidente extenuamento fsico e psicolgico. Alm disso, esse filme inaugura o que viria a ser a
regra da colaborao entre Cintra e Monteiro, a ideia do duplo. O personagem Lvio, que
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reaparecer em dois outros longas do diretor, um entidade hbrida, formada pelo corpo de
Cintra e pela voz do Monteiro. O timbre da voz do diretor facilmente reconhecvel, alm de
haver um ligeiro desequilbrio na sincronizao entre o movimento labial de Cintra e o texto dito
por Monteiro. Essas duas dimenses ajudam na construo de uma interpretao anti-naturalista,
to defendida por Monteiro, Oliveira e Cintra. Lvio vai evoluir e se tornar um guia espiritual do
personagem mais marcante de Monteiro, Joo de Deus (Recordaes da Casa Amarela, 1989; A
Comdia de Deus, 1995) at o corpo do ator desaparecer totalmente dos filmes do diretor, deixando
espao para o corpo nosferateano do vampiresco dandy Joo de Deus.
A presena de Cintra como ator oliveirano por excelncia influencia tambm na escolha de
outros cineastas menos experientes. o caso do francs Jean-Charles Fitoussi e do espanhol
Pablo Llorca que, mesmo sem declarar abertamente, dividem com Oliveira algumas ideias
importantes de mise en scne como a valorizao do texto escrito, a conteno dos atores e a
preferncia por planos fixos. Nos filmes desses diretores, Cintra interpreta personagens bem
prximos dos que interpretou nos filmes de Oliveira, onde a valorizao do texto dito por ele o
principal vetor da construo do seu personagem.
Todas as anlises da minha tese de doutorado sobre Luis Miguel Cintra nortearam-se pelo
estatuto singular do ator dentro do cinema portugus e europeu atual e me levaram a relativizar a
necessidade de se ser uma star para ser considerado um ator-autor. Uma anlise similar, baseada
no pensamento de Edgar Morin e Richard Dyer sobre as estrelas de cinema, dever ser feita no
caso brasileiro, j que os atores que pretendo estudar fogem de, certa maneira, lgica do star
system do cinema europeu e, sobretudo, do cinema americano. Por outro lado, eles no podem ser
encarados como figuras totalmente alheias ao star system como o caso de Cintra , j que
inegvel que a televiso brasileira investe nos atores como um dos produtos comerciais capazes
de atrair espectadores para suas produes, um dos requisitos bsicos do star system
hollywoodiano.
Nesse momento, textos como os de Richard Dyer sobre o carisma e a autenticidade dos
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atores11, assim como os critrios de Morin e Andr Malraux12 para se qualificar um ator de estrela,
devero ser evocados com o objetivo de identificar at que ponto os atores brasileiros segue ou
fogem das caractersticas do star system clssico. Da mesma maneira, a particularidade da estrutura
econmica e de produo do cinema brasileiro entrar em conta, pois essas dimenses so
essenciais para se compreender o estatuto dos atores no cinema brasileiro, sua relao com o
pblico e a passagem do sistema de produo cinematogrfico ao televisivo. Esse trabalho ser
tambm uma oportunidade para aprofundar algumas questes sociolgicas ligadas ao star system
brasileiro, j que poucos tericos brasileiros se debruaram sobre o tema o caso de Joo Luiz
Vieira e Paulo Paranagu, nos textos citados na bibliografia.
Alm desses objetivos gerais, o objetivo especfico do nosso trabalho de ps-doutorado
seguir o modelo de anlise de Luc Moullet no seu ensaio Politique des acteurs, baseado no livro de
McGilligan sobre Cagney. Moullet, que alm de ensaista diretor e ator, destrincha o systme de jeu
(a interpretao no sentido amplo do termo) de quatro atores norte-americanos, tentando
encontrar neles esses instantes de criao legtimos, mais ou menos conscientes, capazes de
influenciar o filme como um todo. O livro uma observao histrica e esttica da apario do
ator e da composio dos personagens de Cary Grant, John Wayne, Gary Cooper e James
Stewart. Tendo o objeto de estudo delimitado, a aplicao do conceito de ator-autor se fez de
maneira gradual e, por vezes, cronolgica, aos filmes onde esses atores tiveram papis principais
ou mesmo secundrios. Moullet cria, sem dvida, um modelo de anlise do trabalho atoral,
onde o ator autor, por vezes, no somente da gestualidade que compe o personagem, as
figuras ou orientaes essenciais13 da interpretao que o ator vai desenvolver e subverter ao
longo da sua carreira. O ensaio de Moullet aborda tambm como a persona cinematogrfica do
ator, formada pelo estudo de um texto extra-flmico (os engajamentos pessoais de cada um, suas
vidas privadas) vai influenciar os diretores na composio plstica e de contedo do filme. 11 ) R. Dyer, A Star is born and the construction of authenticity e Charisma, Stardom, Christine Gledhill (org.), London, Routledge, 1991. 12 ) A. Malraux, Esquisse dune psychologie du cinma, Paris, Nouveau Monde ditions, 2003, p. 65. 13 ) L. Moullet, La politique des acteurs, Cahiers du Cinma, Paris, 1993, p. 88.
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So essas duas vertentes de anlise, uma corporal, tendo como objeto a personificao do
personagem, e outra esttica, em torno da relao entre ator e o diretor, que nos interessam mais
profundamente no nosso estudo a ser realizado. Para tanto, ser necessrio realizar alguns ajustes
da metodologia de Moullet realidade econmica, esttica e histrica do cinema brasileiro.
Temos tambm a preocupao de no escrever somente um ensaio histrico sob forma de uma
biografia. A consulta de biografias dos nossos atores estudados entrar sim em conta como uma
maneira de se compreender a formao de suas personas cinematogrficas, o que poder ser
complementado com uma entrevista com cada um deles. No entanto, insistimos no carter de
anlise esttica e histrica que vai nortear todas as nossas pesquisas.
Um dos pontos que diferencia nosso projeto de estudo do de Luc Moullet o fato de
pretendermos realizar um trabalho transdisciplinar que dever transitar pelas diferentes reas de
atuao dos atores brasileiros (cinema, teatro e televiso). O ponto de partida de todas as anlises
ser mesmo o cinema, pois o conceito de ator-autor foi elaborado para falar antes de tudo de
atores desse meio de representao. Por outro lado, seria limitador se nos concentrssemos
somente nas obras cinematogrficas em que esses atores aparecem, ignorando assim momentos
importantes para a criao da persona de cada um deles que foram algumas peas de teatro (no
caso flagrante de Matheus Nachtergaele) e algumas tele-novelas, sries de televiso e at
programas humorsticos (Antnio Pitanga e Grande Otelo). O estudo desses atores vai nos
permitir discutir a questo do apossamento dos atores brasileiros vindos do palco e do cinema
pela televiso (uma inverso do todo poderoso star system televisivo dos anos 80 e 90?) e do
consequente sub-aproveitamento dos seus talentos de intpretes Grande Otelo, por exemplo,
terminou a carreira com um micro-personagem em humorsticos diurnos da Rede Globo. Num
sistema de produo onde os atores de sucesso de crtica no teatro e no cinema so
automaticamente cooptados pela televiso, que muitas vezes os relega ao posto de simples
coadjuvantes, nos parece no s raro na paisagem audiovisual mundial mas tambm altamente
prolfico para anlises estticas e histricas.
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4 Plano de trabalho e cronograma de execuo
Desenvolvi o trabalho de pesquisa para se realizar num perodo de 24 meses. Num
primeiro momento, pretendo pesquisar e me aprofundar mais sobre o conceito geral de ator-
autor. Nesta fase, pretendo destrinchar as anlises j feitas sobre atores americanos e franceses,
procurar anlises sobre atores de outras nacionalidades (mexicanos, indianos, latino-americanos) e
adaptar a metodologia de pesquisa usada por eles para meu objeto de estudo.
Em seguida, comea o momento crucial do trabalho, o da aplicao do conceito aos
objetos de estudo escolhidos. Pretendemos variar ao mximo a escolha desses objetos de estudo
com o objetivo de estudar a apario do ator-autor em diversas fases do cinema brasileiro. Por
isso, escolhemos tratar, em primeiro lugar de Grande Otelo, que tem uma vasta filmografia indo
dos anos 30 at os anos 90. Otelo, que Joo Luiz Vieira chamou de cmico do corpo e da
palavra ... sustentado por uma improvvel promessa de miscigenao14 participou em filmes
importantes como Matar ou Correr (Carlos Manga, 1954), Rio Zona Norte (Nelson Pereira dos
Santos, 1957) e Macunama (Joaquim Pedro de Andrade, 1969). Um dos comediantes
emblemticos da fase das chanchadas, Grande Otelo ultrapassou os anos 50 como um dos atores
mais presentes no cinema brasileiro dos anos 70 e 80 at chegar televiso, onde fez uma carreira
de relativo sucesso de pblico. O systeme de jeu de Oscarito ser tambm um ponto central
desse momento do trabalho, pois a carreira de Grande Otelo indissocivel do seu parceiro nas
comdias populares dos anos 50.
O segundo ator escolhido foi Antnio Pitanga, um dos atores mais importantes do
Cinema Novo, que trabalhou com cineastas distintos como Carlos Diegues (Ganga Zumba, 1963;
A Grande Cidade, 1966), Roberto Pires (A Grande Feira, 1961), Ruy Guerra (Os Fuzis, 1964) e
Glauber Rocha (Barravento, 1962; Cncer, 1972). Pitanga passou tambm para os anos 70 e 80
14 ) J.L Vieira, O corpo popular, a chanchada revisitada ou a comdia carioca por excelncia, Acervo vol. 16, n 1, jan/jun 2003.
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como um dos atores mais atuantes no cinema, mas que na televiso foi relegado a papis
secundrios, em grande parte pelo fato de ser negro. Nesse ponto, seremos levados a discutir os
fundamentos do prprio Cinema Novo j que a questo do corpo do ator uma pontos centrais
da escola cinematogrfica. o que afirma Glauber Rocha : o Cinema Novo lanou atores que se
opunham aos atores de Hollywood, pornografia corporal dos homens charmosos e das atrizes
sensuais15. As anlises da dimenso criadora de Pitanga assim como do seu systme de jeu no
excluem a apreciao de outros dos seus colegas cinemanovistas como Othon Bastos, Jofre
Soares, Geraldo del Rey ou Jardel Filho.
O terceiro ator escolhido foi Matheus Nachtergaele, que nos permitir abordar a fase
atual do cinema brasileiro e a obra de diretores como Claudio Assis (Amarelo Manga, 2002, Baixio
das Bestas, 2006), Walter Salles (Central do Brasil, 1998) e Fernando Meirelles (Cidade de Deus, 2002).
Vindo do teatro, a carreira de Nachtergaele merece uma anlise transdisciplinar pois o ator um
dos raros do Brasil a ter se dedicado exclusivamente ao teatro durante muito tempo (no grupo
teatro da Vertigem) para somente depois passar ao cinema e em seguida para a televiso.
Nachtergaele realizou seu primeiro filme em 2007, A festa da menina morta, um trabalho altamente
influenciado pela sua experincia de ator em filmografias de outros autores brasileiros como
Cludio Assis.
J Helena Ignez trabalhou com os maiores autores do cinema brasileiro como Glauber
Rocha (Ptio, 1959), Jlio Bressane (Cara a Cara, 1966, So Jernimo, 1999), Joaquim Pedro de
Andrade (O Padre e a Moa, 1967) e Rogrio Sganzerla (O Bandido da Luz Vermelha, 1968; A Mulher
de Todos, 1969; Sem essa, Aranha, 1970). Helena Ignez e Sganzerla fundaram, no incio dos anos 70,
a produtora Belair, ao lado de Bressane. Nesse perodo, Helena apareceu em filmes como
Cocabana mon amour, Sem essa Aranha (Sganzerla), Cuidado Madame e Famlia do Barulho (Bressane),
nos quais a figura da atriz central no trabalho de concepo dos personagens e at mesmo de
alguns planos. O trabalho de Helena Ignez, sobretudo com Sganzerla, foi marcado por uma 15 ) G. Rocha citado por Paulo A. Paranagu, A la recherche dun star system, Le cinma brsilien, Centre Pompidou, Paris, 1987, p. 206.
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colaborao estreita no processo de criao do filme, como testemunha A Mulher de Todos. No
por acaso que Stephen Berg chama Helena Ignez de atriz-autora ao citar uma frase da atriz em
sua anlise da colaborao dela com Sganzerla : um tempo de absoluta e autntica criao
artstica. Eu me apropriava dos meus personagens como seu eu fosse a autora deles. Meu ponto
de partida para a criao sou eu mesma16. Helena Ignez tornou-se diretora com A Cano de Baal
(2007) e o ainda indito Luz nas trevas A volta do bandido da luz vermelha, onde pretende dar sua
viso propriamente autoral do filme que marcou a carreira de Sganzerla. nem uma agulha caiu
no set sem que eu estivesse controlando, disse a atriz e diretora recentemente sobre seu filme17.
Ao analisar a obra desses quatro atores, estaremos nos debruando sobre alguns dos mais
importantes filmes da segunda metade do sculo XX nos quais a escolha e a presena do ator
to determinante para o resultado final quanto a escolha da luz e a elaborao da montagem e do
roteiro. nesse sentido que nosso estudo vai alm das reflexes sociolgicas sobre as estrelas de
cinema e se revela antes de tudo um estudo esttico e histrico sobre o cinema brasileiro.
Nossas pesquisas j dispem de uma base de reflexo e de troca de ideias que sero
importantes para a execuo deste projeto, j que fao parte do GRAC, grupo de pesquisas sobre
o ator de cinema ligado Universidade de Paris 1 (Panthon Sorbonne). Neste grupo, que se
rene bimestralmente em Paris, todos os pesquisadores so, de alguma maneira, ligados ao estudo
do corpo do ator no cinema e nas artes em geral. J tive a oportunidade de assistir a conferncias
de tericos tarimbados na questo como Vincent Amiel, Alain Bergala, Michel Cieutat, Nicole
Brenez e, sobretudo, de Patrick McGilligan. Depois de estudarem atores americanos e franceses,
o grupo de pesquisa abrir suas reflexes para os atores do sul. Essa terminologia se refere, na
verdade, a atores vindos de cinematografias de pases com menos tradio no culto ao ator de
cinema e no estudo desse integrante do processo criativo do filme. Num primeiro momento,
pensei em propor uma anlise comparativa entre os atores portugueses e os brasileiros. A ligeira
diferena de grafia da mesma palavra no dois pases (actores em Portugal; atores, no Brasil) 16 ) S. Berg, Helena Ignez, portrait, Festival International de films de Friburg, 20 edio, 2006, p. 98. 17 ) Encontro com Helena Ignez realizado na Cinemateca Brasileira em 24 de abril de 2010.
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resume no s a maneira pela qual esses dois cinemas encaram o trabalho do intrprete mas
envolve diretamente uma concepo mais profunda da essncia da representao. Os encontros
do GRAC e o colquio internacional a ser realizado em 2011 sero uma das plataformas de
divulgao das minhas pesquisas de ps-doutorado.
Antes disso, pretendo desenvolver, dentro da USP, um grupo de pesquisas inovador nas
universidades brasileiras que visa a refletir sobre a importncia histrica e esttica do ator de
cinema. Para isso, conto com o apoio no s do meu supervisor Ismail Xavier, mas tambm de
outros professores da universidade que tm trabalhos afins minha rea de pesquisa : Esther
Hamburguer, que desenvolve pesquisas sobre a histria da televiso brasileira; Rubens Rewald e
Roberto Moreira, que alm de pesquisadores so tambm diretores de teatro (Rewald) e cinema
(Moreira e Rewald) e que aliam o pensamento terico prtica artstica. Como a ECA uma
escola completa que compreende tambm um Departamento de Artes Cnicas e de Rdio e TV,
quero aproveitar a oportunidade para dialogar com colegas e professores desses departamentos,
j que meu trabalho ser uma pesquisa transdisciplinar na qual os estudos sobre o corpo do ator
de teatro e na televisao tero grande importncia para as minhas reflexes.
Pretendo aceitar tambm o convite que a USP faz a seus ps-doutorandos de ministrar
aulas sobre seus projetos de pesquisa durante um semestre para alunos do departamento de
cinema da ECA. Poderei assim apresentar aos alunos no s a base da teoria do ator-autor mas
tambm avanar nas primeiras concluses sobre o objeto de estudo ao qual me dedicarei, os
atores brasileiros. Alm disso, estou plenamente certo da adequao do meu projeto de pesquisa
s linhas de reflexo existentes dentro da ECA, por ser o departamento onde mais se presta
ateno s diversas vertentes da discusso esttica e histrica sobre filmes brasileiros.
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5 Bibliografia fundamental
1 Obras e artigos de refrencia sobre o estudo do ator de cinema
AMIEL Vincent, NACACHE Jacqueline, SELLIER Genevive, VIVIANI Christian (org.), Lacteur de cinma : approches plurielles, Rennes, PUR, 2007. BERGALA Alain, De limpuret ontologique des cratures de cinma , Trafic n 50. Quest-ce que le cinma ?, t 2004, p. 23-36. FARCY Grard-Denis, PREDAL Ren, Brler les planches, crever lcran, la prsence de lacteur, Saussan, l'Entretemps d., 2001. MALRAUX Andr, Esquisse dune psychologie du cinma, Paris, Nouveau Monde ditions, 2003. NACACHE Jacqueline, Lacteur de cinema, Paris, Armand Colin, 2005. NAREMORE James, Acting in cinema, Los Angeles, University of California Press, 1988. 2 Estudos sobre o corpo no cinema. AMIEL Vincent, Le corps au cinma. Keaton, Bresson, Cassavetes, Paris, PUF, 1998. BELLOUR Raymond, Le corps au cinma : hypnoses, motions, animalits, Paris, POL, 2009. BRENEZ Nicole, De la figure en gnral et du corps en particulier, l'invention figurative au cinma, DeBoeck, Bruxelles/Paris, 1998. BRENEZ Nicole, Le jeu de lacteur, Admiranda n 4, Aix-en-Provence, Ed. Projections, 1989. 3 - Artigos de anlise especficos sobre atores de cinema e suas relaes com diretores.
AMIEL Vincent, Destins croiss, Positif n 495, mai 2002, p. 6-8. BERGALA Alain, La non-direction dacteurs selon Godard, La direction dacteurs au cinma, N.T. Binh (org.), Centre dtudes Thtrales n 35, Universit Catholique de Louvain, 2006, p. 68-81. BRENEZ Nicole, La Nuit Ouverte : Cassavetes, linvention de lacteur, Confrences du Collge dArt Cinmatographique n 3 - Le thtre dans le cinma, Paris, Cinmathque Franaise, 1992-1993, p. 89-102. CHEVRIE Marc, Jean-Pierre Laud, mime et mdium, Cahiers du Cinma n 351, septembre 1983, pp. 30-33. DYER Richard, Federico Fellini et lart du casting, Lacteur de cinma : approches plurielles, Rennes, PUR, 2007, p. 105-113. GAUTEUR Claude, Pour saluer Michel Simon, Image et Son n 169, janvier 1964, p. 2-31. PARANAGUA Paulo, Maria Flix, Imagen, mito y enigma, Archivos de la filmoteca n 39, 1999, p. 76-87. TRANCHANT Marie-Nolle, Malkovich, latypique, Le Figaro, 8 dcembre 1999. THOMAS Franois, Lil du matre. Sternberg et la direction de regard, Vertigo n 15, 1996, p. 87-93. 4 - Estudos de fundo sociolgico sobre o star system. DYER Richard, Stars, London, British Film Institute, 1979. DYER Richard, A Star is born and the construction of authenticity, Christine Gledhill (org.), Stardom, London, Routledge, 1991, p. 132-139. DYER Richard, Charisma, Chrstine Gledhill (org.), Stardom, London, Routledge, 1991, p. 57-59.
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DE CORDOVA Richard, The emergence of the star system in America, Christine Gledhill (org.), Stardom, London, Routledge, 1991, p. 17-29. MORIN Edgar, Les Stars, Paris, Galile, 1984. WARREN Paul, Le secret du star system amricain. Une stratgie du regard, Montral, LHexagone, 1989. 5 - O ensaio fundador do conceito de ator-autor e um artigo que amplia a perspectiva
MCGILLIGAN Patrick, Cagney, the Actor as Auteur, A.S Barnes, South Brunswick, Tantivity, London, 1975. MCGILLIGAN Patrick, Lacteur comme auteur : James Cagney, Ronald Reagan et Clint Eastwood , Lacteur de cinma : approches plurielles, Rennes, PUR, 2007, p. 117-132. 6 - Livros e artigos que recuperam a tradio das anlises do ator-autor. MOULLET Luc, Politique des acteurs, Paris, Editions de lEtoile/Cahiers du Cinma, 1993. Anatomie dun personnage. Entretien avec Luc Moullet , par Antoine de Baecque, Claire Vass, Vertigo n 15, 1996, p. 67-71. CIEUTAT Michel, VIVIANI Christian, Audrey Hepburn, la grce et la compassion, Paris, Scope, 2009. DAMOUR Christophe, Al Pacino, le dernier tragdien, Paris, Scope, 2009. LE GRAS Gwnalle, Catherine Deneuve, Star et/ou auteur de ses films, entre Drle dendroit pour une rencontre (1988) et Indochine (1992) , Double Jeu Thtre/Cinma - Lacteur crateur, S. Lucet, J-L. Libois (dir.), Caen, Presses Universitaires de Caen, 2003, p. 143-153. LE GRAS, Lambivalence de Deneuve au service du Dernier Mtro (Truffaut, 1980) : perception, recomposition et utilisation de sa persona , Lacteur de cinma : approches plurielles, Rennes, PUR, 2007, p. 205-216. KAMINSKY Stuart, Coop: The Life and Legend of Gary Cooper, St. Martins, New York, 1979. 7 Livros e artigos sobre o corpo do ator no cinema brasileiro
LYRA Bernadette, Visibilidade e invisibilidade nas chanchadas, Encontro Nacional de Cinema (Socine), 2002. VIEIRA Joo Luiz, O corpo popular, a chanchada revisitada ou a comdia carioca por excelncia, Acervo n 1, jan/jun 2003, p. 45-61.
8 Estudos sobre o star system brasileiro AUGUSTO Srgio, Divagao sobre estrelas um estudo do divismo no Brasil, Filme Cultura, n 16, set/out. 1970, p. 32-36. PARANAGUA Paulo Antonio, A la recherche dun star system, Le cinma brsilien, Editions du Centre Pompidou, Paris, 1987, p. 199-211. VIEIRA Joo Luiz, Foto de cena e chanchada, a eficcia do star system no Brasil, Dissertao de Mestrado, Escola de Comunicao, UFRJ, 1977. SHAW Lisa, O estrelismo tropical: Eliana, Cinemais v. 38, 2005, p. 43-63
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9 Artigos e livros em que os filmes de Helena Ignez so comentados
BERG Stephen, Helena Ignez, portrait, Catlogo do Festival International de films de Friburg, 20 edio, 2006, p. 90-99. BERNARDET Jean-Claude, O vo dos anjos : Bressane, Sganzerla, So Paulo, Brasiliense, 1991. GARDNIER Ruy, La rue et le jeu, Catlogo do Festival International de films de Friburg, 20 edio, 2006, p. 100-101. PUPPO Eugnio, Cinema marginal brasileiro e suas fronteiras : filmes produzidos nos anos 60 e 70, catlogo da retrospectiva Centro Cultural Banco do Brasil, So Paulo, 2004. SENNA Orlando, La femme du bandit Hommage Helena Ignez, Catlogo do Festival International de films de Friburg, 20 edio, 2006, p. 86-89. XAVIER, Ismail. Alegorias do subdesenvolvimento: Cinema Novo, Tropicalismo, Cinema Marginal. So Paulo, Brasiliense, 1993. 10 Artigos e livros em que os filmes de Grande Otelo so comentados ANDRADE Joaquim Pedro de, Cannibalism and self-cannibalism, Randal Johnson, Robert Stam (org.), Brazilian cinema, London, Associated University Presses, 1982. p. 81-83. BENAMOU Catherine, Grande Otelo, le roi du carnaval, Cahiers du Cinma n 475, jan. 94, p. 46-47. CABRAL Srgio, Grande Otelo, uma biografia, Rio de Janeiro, Editora 34, 2007. CATANI Afrnio Mendes, SOUZA Jos Incio de Melo. A chanchada no cinema brasileiro, So Paulo, Brasiliense, 1983. MOURA Roberto, Grande Otelo, Rio de Janeiro, Relume, 1996. RANGEL Maria Lcia, Quatro dcadas de Otelo, o grande, Filme Cultura n 25, mar. 1974. 11 Artigos e livros em que os filmes de Antnio Pitanga so comentados
CARVALHO Maria do Socorro Silva. A ideologia em Barravento : estudo de roteiro, Salvador, Universidade Federal da Bahia, 1990. SANTOS Luiz Paulino dos. Barravento em questo. Resposta do depoimento de Antonio Pitanga, Filme Cultura n 43, jan/abr 1994. XAVIER Ismail, Serto mar : Glauber Rocha e a esttica da fome, So Paulo, Brasiliense, 1983. 12 Artigos em que os filmes de Matheus Nachtergaele so comentados
AVELLAR Jos Carlos, SARNO Geraldo, Cludio Assis : um olhar faca que cega, Cinemais n 35, jul/set 2006. BEZERRA Jlio, A esttica do delrio, Revista de Cinema n 92, fev/mar 2009.