SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE
CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA
Comissão Temática de Biodiversidade, Florestas, Parques e Áreas Protegidas
RELATÓRIO FINAL
PLANO DE MANEJO DO
PARQUE ESTADUAL MARINHO DA LAJE DE SANTOS
14 de novembro de 2018
2 Relatório CTBio – Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos – 14-11-18
I – APRESENTAÇÃO
O presente Relatório sintetiza as informações e as discussões ocorridas no âmbito da CTBio/CONSEMA
referentes ao Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos.
O Parque Estadual Marinho da Laje de Santos foi criado em 27/09/1993, por meio do Decreto Estadual nº
37.537, e está localizado a 22 milhas náuticas (40 km) da barra de São Vicente, em área envolta pelo Setor
Itaguaçu da Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro (Decreto nº 53.526, de 08 de outubro
de 2008).
O Parque Estadual Marinho da Laje de Santos abrange área de 5.000 hectares de porção marinha,
composta também por lajes, parcéis e rochedos de formação rochosa granítica. A Laje de Santos, formação
que dá nome à própria unidade, possui 550m de comprimento, 33m de altitude e 185m de largura, e sua
porção emersa apresenta formato que se assemelha a uma baleia.
O Parque Estadual Marinho da Laje de Santos está integralmente inserido no município de Santos, na Bacia
Hidrográfica da Baixada Santista. Possui como atributos extraordinária biodiversidade, localizada em área
de extrema importância ecológica e de alto valor científico, utilizada como local de refúgio, alimentação,
reprodução e crescimento da fauna marinha, além de beleza cênica de paisagens submarinas e foi criado
com o objetivo de assegurar integralmente a proteção à flora, à fauna, às belezas cênicas e aos
ecossistemas naturais, marinhos e terrestres, e preservar ambientes de especial importância para a
renovação dos estoques pesqueiros para a manutenção do potencial pesqueiro regional. O parque
possibilita a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e
interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.
A seguir, no Quadro 1, apresenta-se ficha técnica do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, e na
Figuras 1, mapa com os limites da unidade e contexto de localização.
Parque Estadual Marinho da Laje de Santos
Legislação Específica
Decreto Estadual nº 37.537, de 27/09/1993 – Cria o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos e dá providências correlatas.
Grupo: Proteção Integral Categoria: Parque Estadual Órgão Gestor: Fundação Florestal Responsável pela UC: José Edmilson de Araújo Mello Junior E-mail: [email protected]
Área da UC: 5.000 hectares Município abrangido: Santos UGRHi: 07 – Baixada Santista Situação Fundiária: A unidade não conta com ocupação humana
Conselho Consultivo: Resolução SMA nº 94/2018 – institui o Conselho e designa seus representantes.
Endereço: Avenida Tupiniquins, 1009 – São Vicente/SP – CEP: 11325-000
Objetivos
Assegurar a proteção integral dos ecossistemas marinhos. Preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.
Atributos
Biodiversidade; área de extrema importância ecológica como local de refúgio, alimentação, reprodução e crescimento da fauna marinha; beleza cênica das paisagens submarinas, região de alto valor científico.
Atrativos
Portinho: A face norte é o local onde ocorre a maioria dos mergulhos, com profundidade de até
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22m, mais abrigado das correntes e de fácil orientação. Baixo grau de dificuldade. Localização: 24° 19' 05.1'' S 46° 11' 00.4'' W.
Naufrágio Moreia: Na face norte, próximo à ponta leste, pesqueiro de ferro com 15m de comprimento, estrutura em estado instável, desaconselhando penetração, profundidade máxima de 22m. Baixo grau de dificuldade. Localização: 24° 19' 01.4'' S 46° 10' 55.5'' W.
Piscinas: Na ponta oeste/sudoeste da Laje, ambiente com profundidade que varia de 10 a 35m e requer boa noção de orientação subaquática. Médio grau de dificuldade. Localização: 24° 19' 18.0'' S 46° 11' 03.5'' W.
Parcel das Âncoras: Fundo rochoso que se destaca da Laje em direção ao continente, apresenta estrutura complexa, exigindo boa orientação subaquática. Profundidade entre 18 e 42m. Presença de muitas âncoras de pesqueiros que ficaram presas ao fundo rochoso. Sujeito a correntes. Alto grau de dificuldade. Localização: 24° 19' 18.6'' S 46° 11' 05.9'' W.
Paredão Face Sul: Encosta rochosa íngreme que desce verticalmente até 42m de profundidade. Mergulhos feitos em "drifting" a favor da corrente. Formação com inclinação negativa entre 12 e 27m de profundidade do centro para leste. Médio grau de dificuldade. Localização: 24° 19' 13.2'' S 46° 10' 48.7'' W.
Boca da Baleia: Fenda voltada para leste, com cerca de 50m de extensão e profundidade média de 15m. Requer excelente condição de mar e direção de ondulação adequada para que se possa adentrar. Alto grau de dificuldade. Localização: 24° 19' 00.4'' S 46° 10' 44.7'' W.
Calhaus Face Norte: Paredão levemente acidentado, com características de navegação subaquática semelhantes ao portinho da Laje, com profundidades que podem variar de 8 a 25m, passando a até 35m se houver afastamento das rochas na direção norte (sentido Laje). Baixo a médio grau de dificuldade. Localização:24° 19' 37.8'' S 46° 09' 42.0'' W.
Calhaus Face Sul: Paredão levemente acidentado com incidência de correntes e profundidades que podem variar de 8 a 40m. Alto grau de dificuldade. Localização: 24° 19' 41.7'' S 46° 09' 33.4'' W.
Calhaus Túnel: Passagem em forma de ”U” e um arco central emerso, com grande apelo visual e profundidade máxima de 18m, porém exige bom equilíbrio hidrostático por parte do mergulhador. Sujeito a boas condições de mar. Baixo grau de dificuldade. Localização: 24° 19' 40.8'' S 46° 09' 38.6'' W.
Parcel Novo: Formação submersa localizada cerca de 1,5 milhas náuticas ao sul da Laje que inicia aos 26m de profundidade e chega aos 45m. Exige mar em excelentes condições e preparo adequado dos mergulhadores. Alto grau de dificuldade. Localização: 24° 20' 43.7'' S 46° 10' 26.3'' W.
Parcel do Sul: Formação submersa a cerca de 400m a sudoeste da Laje, inicia aos 8m e segue até os 42m. Requer mar em boas condições, mas a formação permite orientação e deslocamento mais simples. Médio grau de dificuldade. Localização: 24° 19' 36.9'' S 46° 11' 01.4'' W.
Infraestrutura
Inexistente
Equipe da UC
01 chefe de Unidade de Conservação;
01 estagiário;
02 monitores ambientais (terceirizados);
01 faxineiro (terceirizado).
Atividades em desenvolvimento
Atividades de educação ambiental, com calendário anual de programação, com ênfase no uso público e nas escolas da região, por meio de palestras sobre o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos;
Ações integradas com a Polícia Militar Ambiental (PAmb), no âmbito da Operação Verão, no qual são desenvolvidas ações de conscientização, monitoramento e fiscalização das áreas protegidas;
Ações integradas com a Polícia Militar Ambiental no âmbito do Sistema Integrado de Monitoramento Marinho (SIMMAR), por meio do Plano de Fiscalização Ambiental para Proteção
4 Relatório CTBio – Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos – 14-11-18
das Unidades de Conservação de Proteção Integral do Estado de São Paulo, cujo objetivo é sistematizar atuação integrada entre a Coordenadoria de Fiscalização Ambiental (CFA), as unidades de policiamento ambiental, da Polícia Militar do Estado de São Paulo, a Fundação Florestal (FF), o Instituto Florestal (IF) e o Instituto de Botânica (IBt), para melhor assegurar os atributos que justifiquem a proteção desses espaços, conforme disposto no art. 1° da Resolução SMA n° 76/2012;
Capacitação de monitores ambientais locais;
Projeto Manejo de Espécies Invasoras - Coral Sol;
Projeto Petrechos de Pesca Perdidos nos Mar - mapeamento, quantificação e caracterização do petrecho de pesca abandonado, perdido ou descartado - PP-APD, bem como o estudo do impacto ambiental causado.
Quadro 1. Ficha Técnica do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos.
Figura 1. Limites do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos.
II - HISTÓRICO
Relatório CTBio – Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos – 12-11-18 5
O processo de elaboração do Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos teve início
em abril 2018, e está embasado no Roteiro Metodológico para a elaboração dos Planos de Manejo das
Unidades de Conservação estaduais, em desenvolvimento pelo Sistema Ambiental Paulista por intermédio
do Comitê de Integração dos Planos de Manejo (Resolução SMA nº 95/2016, alterada pela Resolução SMA
nº 93/2017).
Em 31/10/2018, o Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos foi encaminhado ao
CONSEMA, tendo sido incluído na pauta da 78ª Reunião da Comissão de Biodiversidade, Florestas e Áreas
Protegidas (CTBio) do CONSEMA, em 07/11/2018, ocasião em que foi apresentado e a Coordenadoria de
Fiscalização Ambiental (CFA) foi designada como relatora do Plano.
Em 14/11/2018, na 79ª Reunião da CT, o Relatório e a Minuta de Resolução foram apresentados e
aprovados pela maioria, com apenas uma abstenção (PCJ).
A linha do tempo exposta no Quadro 2 ilustra o histórico do processo.
20
17
Set
06
/09
Instituição do Comitê de Integração dos Planos de Manejo (Resolução SMA nº 93/2017, altera a Resolução SMA nº 95/2016)
20
18
Ago
15
/08
Posse do Conselho Consultivo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos (Resolução nº 94/2018, institui o Conselho e designa seus representantes)
22
/08
Oficina de Diagnóstico
Set
25
/09
Oficina de Zoneamento
Ou
t
14
/08
Oficina de Programas de Gestão
30
/10
Oficina de Devolutiva e Manifestação favorável do Conselho Consultivo sobre o Plano de Manejo
31
/10
CONSEMA
No
v 07
/11
CT-Bio (78ª Reunião) Relatoria CFA
14
/11
CT-Bio (79ª Reunião) Apresentação do Relatório
Quadro 2. Histórico do processo de elaboração do Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos.
III - RELATO DOS TRABALHOS DA CTBio
Na 78ª Reunião da CTBio, a Fundação Florestal (FF) fez a apresentação do Plano de Manejo do Parque
Estadual Marinho da Laje de Santos, destacando o processo de elaboração do Plano e suas etapas
(Diagnóstico, Zoneamento e Programas de Gestão) e considerando sua organização e alinhamento às
diretrizes e procedimentos relacionados à metodologia proposta pelo Comitê para elaboração de Planos de
Manejo no estado.
6 Relatório CTBio – Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos – 14-11-18
Houve questionamento sobre a previsão de ações de monitoramento do Parque sobre a área de deposição
de material de dragagem. A Fundação Florestal esclareceu que no monitoramento da área da UC, realizado
entre 2013 a 2015, não foi detectada contaminação por substâncias advindas desta atividade e acrescentou
que, embora a área de deposição esteja distante do parque, no Programa de Monitoramento e Pesquisa foi
incluída, como prioridade, ação para incentivar programas de monitoramento da qualidade de água e
sedimento na UC.
Os documentos e informações sobre o Plano de Manejo foram disponibilizados na plataforma virtual em
08/11/2018, permitindo aos membros da CTBio a sua utilização também para o envio de contribuições e
sugestões relativas aos documentos.
O Processo FF 787/2018 (NIS 2100476) contém o encaminhamento do Plano de Manejo ao CONSEMA e sua
tramitação interna; além de relatórios de participação social e do processo de elaboração do Plano com
memória das oficinas e reuniões realizadas, atendendo ao cumprimento dos artigos da Resolução SMA nº
33/2013 e do Decreto Estadual nº 60.302/2014, e cópia do presente relatório, com registro dos principais
pontos discutidos pela CTBio.
IV - ESTRUTURA DO PLANO DE MANEJO
A estrutura adotada, de acordo com o novo Roteiro Metodológico em elaboração pelo Sistema Ambiental
Paulista, está voltada à gestão e à compreensão facilitada pelos agentes públicos e sociais.
Com base nessa reorientação metodológica, o Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de
Santos contém as informações necessárias à gestão da UC. Em seus anexos, estão contidos o detalhamento
em mapas e tabelas.
O Plano de Manejo está estruturado em três partes: Diagnóstico (Meio Antrópico, Meio Biótico e Meio
Físico), Zoneamento (Interno e Zona de Amortecimento) e Programas de Gestão, contendo os seguintes
capítulos:
INFORMAÇÕES GERAIS DA UC - contatos institucionais, atos normativos, aspectos fundiários, gestão e infraestrutura, apoio ao uso público, atrativos turísticos e efetividade de gestão.
DIAGNÓSTICO DO MEIO ANTRÓPICO – Socioeconomia, Turismo, Pesca e Vetores de pressão.
DIAGNÓSTICO DO MEIO BIÓTICO – Plâncton, Ictiofauna, Elasmobrânquios, Quelônios, Avifauna, Mastofauna (Cetáceos), Comunidades Bentônicas (fundo consolidado e costão rochoso).
DIAGNÓSTICO DO MEIO FÍSICO – Qualidade físico-química da água, Circulação Hidrodinâmica, Qualidade físico-química dos sedimentos.
LINHAS DE PESQUISA - Pesquisas em andamento e/ou finalizadas.
MARCOS LEGAIS – Políticas Públicas e Legislação Aplicada.
ANÁLISE INTEGRADA - Síntese dos diagnósticos do meio antrópico, meio biótico e meio físico.
ZONEAMENTO – Zoneamento Interno e Zona de Amortecimento, além de lista exemplificativa do enquadramento de atividades de infraestrutura conforme nível de impacto e critérios de operacionalização.
PROGRAMAS DE GESTÃO – Apresentação e Conteúdo dos programas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E ANEXOS.
Relatório CTBio – Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos – 12-11-18 7
V - METODOLOGIA
O Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos segue as diretrizes estabelecidas pela
Secretaria do Meio Ambiente, a partir da reestruturação do processo de elaboração de Planos de Manejo,
de forma sinérgica entre todo o Sistema Ambiental Paulista e atendendo a legislação ambiental vigente, em
especial a Resolução SMA nº 33/2013 e o Decreto Estadual nº 60.302/2014.
Desse modo, o Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos foi elaborado entre abril e
outubro de 2018 pelas equipes técnicas dos órgãos que integram o Sistema Ambiental, sob a coordenação
do Comitê de Integração. O Plano contou também com o envolvimento, entre 2013 a 2015, de
pesquisadores de outras instituições, que colaboraram com a produção de conteúdos utilizados como base
para os diagnósticos técnicos do meio físico, biótico e antrópico e, em 2018, com a produção de novos
conteúdos e participação na reformulação, sistematização e organização do material.
A. Diagnóstico e Análise integrada
O diagnóstico técnico dos meios físico e biótico do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos tomou como
base os dados produzidos no âmbito do MAPEMLS – Monitoramento Ambiental do Parque Estadual
Marinho da Laje de Santos, realizado entre 2013 e 2015 e coordenado pela Fundação de Estudos e
Pesquisas Aquáticas (FUNDESPA), com participação de equipe de pesquisadores do Instituto Oceanográfico
e do Centro de Biologia Marinha (Cebimar), ambos da Universidade de São Paulo; da Universidade Estadual
Paulista – campus São Vicente; da Universidade Federal de São Paulo – campus Baixada Santista, do
Instituto Albatroz e do Instituto de Pesca de Santos.
Para o diagnóstico do meio antrópico foram utilizados dados produzidos no âmbito do Plano de Manejo da
Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro, em especial sobre socioeconomia, turismo e pesca;
e a produção dos dados sobre vetores de pressão contou com a contribuição do Instituto de Pesca.
A metodologia incluiu a análise integrada dos aspectos físicos, bióticos e antrópicos da UC, além de
aspectos legais, de forma a subsidiar a elaboração dos mapas e a redação dos instrumentos de gestão
previstos no Plano de Manejo.
B. Processo participativo
As diretrizes e procedimentos que orientaram a elaboração do Plano de Manejo do Parque Estadual
Marinho da Laje de Santos buscaram garantir a participação em todos os níveis (interno e externo) e
momentos, se configurando tanto nas reuniões de trabalho de técnicos e pesquisadores dos diversos
órgãos vinculados à SMA, como nas oficinas e reuniões realizadas no espaço do Conselho Consultivo da UC,
instituído em 26 julho de 2018 por meio da Resolução SMA nº 94/2018, conforme consta no Processo FF
787/2018.
Além desses momentos, foi mantido pela Fundação Florestal uma plataforma virtual aberta de consulta
pública, na qual foram compartilhados os materiais e informações sobre a elaboração do Plano de Manejo
8 Relatório CTBio – Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos – 14-11-18
da UC e disponibilizados mecanismos para manifestação e coleta de contribuições sobre os temas e etapas
do processo.
A Figura 2 apresenta o ambiente virtual utilizado para disponibilização de arquivos e materiais e coleta de
contribuições ao Plano de Manejo.
Figura 2. Ambiente virtual do processo de elaboração do Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de
Santos.
Foram realizadas quatro oficinas de consulta pública, as quais trataram dos temas relacionados ao Plano de
Manejo: Diagnóstico, Zoneamento, Programas de Gestão e Oficina Devolutiva, esta última, com o objetivo
de expor os resultados e as justificativas sobre a aceitação, ou não, das contribuições colhidas nas etapas
presenciais e na plataforma virtual de consulta pública. As oficinas aconteceram em reuniões ampliadas do
Conselho Consultivo, com o envolvimento de seus representantes e a participação de demais atores do
território da UC.
A manifestação favorável do Conselho Consultivo referente ao Plano de Manejo, em cumprimento a
exigência do artigo 27 da Lei 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e ao
artigo 17 do Decreto Estadual 60.302/2014, foi realizada na 43ª Reunião Extraordinária do Conselho do
Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, em 30 de outubro de 2018.
O Quadro 3 sistematiza o processo participativo e apresenta os instrumentos de formalização do Conselho
do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, as datas das oficinas, o total de participantes e
contribuições.
Processo participativo na elaboração do Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos
Form
aliz
a
ção
do
C
on
sel
ho
26/07/2018 *Resolução SMA nº 94/2018 – institui o Conselho Consultivo e designa seus representantes
Relatório CTBio – Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos – 12-11-18 9
20
18
22/08/2018 Oficina de Diagnóstico 40 31
25/09/2018 Oficina de Zoneamento 36 37
18/10/2018 Oficina de Programas de Gestão 28 46
Contribuições: 114 contribuições no total, das quais 84 (74%) foram deferidas, 11 (10%) parcialmente deferidas e 19 (15%) indeferidas e uma não foi avaliada.
30/10/2018 Oficina de Devolutiva e Manifestação favorável sobre o Plano de Manejo - 43ª Reunião Extraordinária do Conselho Consultivo
25 -
Quadro 3. Síntese do processo participativo na elaboração do Plano de Manejo.
VI - ZONEAMENTO
A nomenclatura, descrição, diretrizes e objetivos das zonas foram definidos no âmbito dos trabalhos do
Comitê de Integração dos Planos de Manejo, para cada categoria de Unidade de Conservação. As regras
gerais irão compor o Roteiro Metodológico e as regras específicas são construídas no processo de
elaboração do Plano de cada UC. Um grande diferencial nessa nova concepção metodológica para o
Zoneamento é o estabelecimento de três Unidades de Planejamento distintas, Zonas e Áreas, que
compõem a principal estrutura do Zoneamento Interno, e a possibilidade de Setorização, quando
necessário, para a Zona de Amortecimento.
A proposta preliminar de Zoneamento do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos foi desenvolvida
entre setembro e outubro de 2017 com base nos diagnósticos da unidade e discutida e aprimorada por
diversos técnicos do Sistema Ambiental Paulista em reuniões de grupo de trabalho vinculado ao Comitê de
Integração dos Planos de Manejo. A proposta também sofreu ajustes e alterações a partir das discussões e
contribuições realizadas durante as oficinas participativas, até a obtenção de consenso final e manifestação
favorável do Conselho Consultivo da unidade.
A descrição e regramentos do Zoneamento da unidade constam da minuta de Resolução que institui o
Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, no Anexo I deste Relatório.
A. Zoneamento Interno
Os principais critérios para definição do zoneamento interno preliminar da unidade foram os dados de
biodiversidade, uso público, condutas de segurança de usuário e de navegantes e vetores de pressão.
Foram definidas cinco zonas internas no Parque: Preservação, Conservação, Recuperação, Uso Extensivo e
Uso Intensivo; as quais são descritas no Quadro 4, que apresenta seus objetivos e a dimensão e proporção
de cada uma em relação à área total da unidade.
15/08/2018 Posse do Conselho Consultivo
Data Atividade Nº de
participantes
Nº de contribuições
10 Relatório CTBio – Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos – 14-11-18
Zona Descrição Dimensão (ha)
% do total da UC
Preservação É aquela onde os ecossistemas e os processos ecológicos que os mantêm exibem a máxima expressão de integridade referente à estrutura, função e composição, sendo os efeitos das ações antrópicas insignificantes.
2.281,01 45,10%
Conservação É aquela onde ocorrem ambientes naturais bem conservados, podendo apresentar efeitos de intervenção humana não significativos.
2.765,89 54,69%
Recuperação É aquela constituída por ambientes naturais degradados que devem ser recuperados para atingir um melhor estado de conservação e que, uma vez recuperada, deverá ser reclassificada.
0,025 0,0004%
Uso Extensivo É aquela constituída em sua maior parte por regiões naturais conservadas, podendo apresentar efeitos de intervenção humana e atrativos passíveis de visitação pública.
7,11 0,14%
Uso Intensivo É aquela onde os ambientes naturais apresentam maiores efeitos de intervenção humana e que concentra a infraestrutura de gestão e de suporte às atividades ligadas à visitação pública.
3,16 0,1%
TOTAL 5.000 100% Quadro 4. Zonas do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos.
B. Zona de Amortecimento
A delimitação da ZA foi orientada de forma a facilitar a gestão, uniformizar as diretrizes e priorizar as
normativas mais específicas das zonas internas, mais restritivas e efetivas ao alcance dos objetivos da UC.
Para a Zona de Amortecimento preliminar do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos foram levados em
conta, principalmente, os dados de vetores de pressão, normativas e ordenamentos pré-existentes, como
os limites do Setor Itaguaçu da APA Marinha Litoral Centro e a Resolução SMA nº 21/2012 (zona de
exclusão de pesca).
A Zona de Amortecimento do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos não foi subdividida em setores
por manter características semelhantes e suas informações são apresentadas no Quadro 5.
Caracterização da Zona de Amortecimento do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos
Dimensão Total (ha) Município Abrangido
55.896,546 Santos Quadro 5. Zona de Amortecimento do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos.
VII – PROGRAMAS DE GESTÃO
Os Programas de Gestão do Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos foram
elaborados a partir da leitura de seu território, resultantes das etapas de Diagnóstico e Zoneamento, que
contaram com as discussões e o trabalhado coletivo junto ao Conselho Consultivo da unidade e
participação dos diversos atores que compõem o território.
Relatório CTBio – Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos – 12-11-18 11
Os Programas de Gestão correspondem aos objetivos, diretrizes, ações e metas necessárias para o alcance
dos objetivos da UC, com o propósito de transformar a realidade identificada na etapa de Diagnóstico em
uma situação desejada, além de contribuírem para que os objetivos das Zonas, definidas na etapa do
Zoneamento, sejam alcançados.
Os Programas de Gestão, seus objetivos gerais e estratégicos, bem como o número de ações e atividades
que os compõem são apresentados no Quadro 6.
Programas de Gestão do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos
Programa
Objetivo Geral Objetivo Estratégico Número de Diretrizes
Número de Ações
Manejo e Recuperação
Assegurar a conservação da diversidade biológica e as funções dos ecossistemas aquáticos, por meio de ações de recuperação ambiental e manejo.
Recuperar áreas degradadas e promover o monitoramento ambiental da UC.
4 12
Uso Público
Oferecer à sociedade o uso público adequado, garantindo qualidade e segurança nas atividades dirigidas ou livres que ocorrem no interior da unidade de conservação.
Aprimorar o uso público da UC. 3 12
Interação Socioambiental
Estabelecer, por meio das relações entre os diversos atores do território (zoneamento interno e zona de amortecimento), os pactos sociais necessários para garantir o objetivo superior da unidade de conservação.
Melhorar a divulgação da UC, de suas ações e vetores de pressão.
4 12
Proteção e Fiscalização
Garantir a integridade física e biológica da unidade.
Diminuir os vetores de pressão sobre o território, com vistas a garantir a conservação da UC.
1 7
Pesquisa e Monitoramento
Produzir e difundir conhecimentos que auxiliem a gestão da unidade de conservação em suas diversas ações.
Criar um ambiente que estimule o desenvolvimento de pesquisas, transformando a unidade em um centro de referência em pesquisa.
3 16
Quadro 6. Programas de Gestão do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos.
Os Programas de Gestão serão executados no prazo de até cinco anos e, a fim de facilitar o entendimento
da sequência lógica estabelecida, foram estruturados em uma matriz composta por: (i) Objetivo Geral e (ii)
Objetivo Estratégico, (iii) Diretrizes, (iv) Ações, (v) Classificação das Ações, (vi) Responsabilidades e
Parcerias, e (vii) Cronograma. A Fundação Florestal também apontou condicionantes para implantação dos
programas, dentre os quais: disponibilização orçamentária/ financeira e de recursos humanos, articulação
bem sucedida com parceiros, garantia de fortalecimento, manutenção e recursos par a continuidade do
SIMMar.
12 Relatório CTBio – Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos – 14-11-18
VIII – CONSIDERAÇÕES FINAIS
1. Os trabalhos para elaboração do Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos
foram iniciados em abril de 2018 e concluídos em outubro de 2018, com a manifestação favorável do
Conselho Consultivo; cumprindo os ritos exigidos pela legislação vigente, em especial, em relação ao
conteúdo e à participação social;
2. Registra-se que o Plano de Manejo do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos foi estruturado sob
as diretrizes e procedimentos do Roteiro Metodológico em elaboração no Sistema Ambiental Paulista;
3. O conteúdo do Plano de Manejo é sintético, mas suficiente e qualificado para a elaboração do
Zoneamento e dos Programas, oferecendo um instrumento pragmático à gestão da UC;
4. O Plano de Manejo foi discutido e elaborado pelo Sistema Ambiental Paulista, com ampla participação
dos atores locais;
5. A participação da sociedade possibilitou o esclarecimento aos atores envolvidos sobre a importância
desse instrumento de gestão da UC e criou oportunidades para suas contribuições ao aprimoramento
do Plano de Manejo. A participação se deu por meio de oficinas com o envolvimento de atores do
território da UC e membros do Conselho Consultivo, e por meio de plataforma virtual;
6. Diante do exposto, a Comissão Temática de Biodiversidade, Florestas, Parques e Áreas Protegidas
manifesta-se favoravelmente à aprovação da minuta de resolução SMA e ao Plano de Manejo do
Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, propondo encaminhamento à Plenária do CONSEMA para
a manifestação final.
São Paulo, 14 de novembro de 2018
ORIGINAL ASSINADO
Relator: Sergio Luis Marçon
Coordenador de Fiscalização Ambiental
Secretaria do Meio Ambiente