PIS/COFINS: Unificação em debate
Karem Jureidini Dias
01/07/2016
A CONTRIBUIÇÃO AO PIS E A COFINS NA CF/88
CF/88 (Redação Original):
“Art. 195. A seguridade social será financiada (...) nos termos da lei, mediante recursos provenientes (...) das seguintes contribuições sociais.
I – do empregador incidentes sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro .”
ALTERAÇÕES PROMOVIDAS PELAS EC 20/98 e 47/05:
“Art. 195 (...).
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
b) a receita ou o faturamento.”
‘ § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica ou da utilização intensiva de mão-de-obra (inserido pela EC 20/98), do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho (inserido pela EC 47/05)” - FINALIDADE EXTRAFISCAL
A CONTRIBUIÇÃO AO PIS E A COFINS NA CF/88
ALTERAÇÕES PROMOVIDAS PELAS EC 42/03:
“Art. 195 (...)
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas.
§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento. (DESONERAÇÃO DA FOLHA)
• EC 33/01: alterações para as contribuições sociais
• “Art. 149.(...) § 2º As contribuições sociais (...):
§4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez.
Cumulativo vs Não cumulativo Lei nº 9.718/98
Regime cumulativo Empresas que apuram o IRPJ pelo
regime do Lucro Presumido
Instituições Financeira
Cooperativas de crédito
Pessoas jurídicas que tenham por objeto a securitização de créditos imobiliários e financeiros
Operadoras de planos de assistência à saúde (etc.)
Base de cálculo: faturamento
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Leis nº 10.637/02 e 10.833/03
Regime não cumulativo Empresas que apuram o IRPJ
pelo regime do Lucro Real
Regra geral
Base de cálculo: receita a base de cálculo é a totalidade das
receitas auferidas, independentemente de sua denominação ou classificação contábil
Receitas financeiras
Versus
ARRECADAÇÃO
Fonte: http://www.fenacon.org.br/media/uploads/revistas/Estudo_Reflexo_unificacao_pis_e_cofins_1311.pdf
ARRECADAÇÃO / PIB
Fonte: http://www.fenacon.org.br/media/uploads/revistas/Estudo_Reflexo_unificacao_pis_e_cofins_1311.pdf
Impactos na Inflação
Impacto no preço dos serviços
CUMULATIVO NÃO CUMULATIVO EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS MP 66/2002 (Convertida na Lei nº 10.637, de 2002)
3. O modelo ora proposto traduz demanda pela modernização do sistema tributário brasileiro sem, entretanto, pôr em risco o equilíbrio das contas públicas, na estrita observância da Lei de Responsabilidade Fiscal. Com efeito, constitui premissa básica do modelo a manutenção da carga tributária correspondente ao que hoje se arrecada em virtude da cobrança do PIS/Pasep. 4. Cumpre esclarecer que qualquer alteração que tenha por premissa manter o montante arrecadado implica, necessariamente, a redistribuição da carga tributária entre setores.
9. A alíquota foi fixada em 1,65% e incidirá sobre as receitas auferidas pelas pessoas jurídicas, admitido o aproveitamento de créditos vinculados à aquisição de insumos, bens para revenda e bens destinados ao ativo imobilizado, ademais de, entre outras, despesas financeiras.
10. Até o final do exercício de 2003, o Poder Executivo deverá submeter, ao Congresso Nacional, proposta estendendo à COFINS o modelo adotado para o PIS/Pasep, tendo em conta a experiência construída a partir do modelo ora proposto.
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS MP 135/2003 (Convertida na Lei nº 10.833, de 2003)
7. Por se ter adotado, em relação à não-cumulatividade, o método indireto subtrativo, o texto estabelece as situações em que o contribuinte poderá descontar, do valor da contribuição devida, créditos apurados em relação aos bens e serviços adquiridos, custos, despesas e encargos que menciona.
3ª CONCLUSÃO: Em agosto de 2010, dois julgamentos da 3ª. Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (Acórdãos 9303-01.035 e 9303-01.036), marcaram a inauguração da jurisprudência que adotou um conceito próprio (ou intermediário) de insumos para creditamento PIS/COFINS, qual seja, o bem ou serviço essencial ou imprescindível para o exercício da atividade econômica do contribuinte. Não foi encontrado nenhum acordão da CSRF que tenha adotado posição diversa até março de 2015. 4ª CONCLUSÃO: Não foi possível identificar, de modo absoluto, se determinado bem ou serviço é essencial ou imprescindível, pois essa conclusão decorre de uma análise relacional (subjetiva, casuística e probatória), isto é, o bem é essencial em relação a uma determinada atividade, mas não o é em relação a outra. A despeito dessa indeterminação, é possível afirmar que dois grupos de bens e serviços gozam de presunção de essencialidade (mantendo-se o teste relacional) em virtude de reiteradas decisões da CSRF: bens ou serviços exigidos pelo poder público (ANVISA, MPT, INMETRO etc.) e bens para a manutenção de máquinas.
Estudo empírico - FGV
Regime Monofásico
Industrializador Revendedor
PIS/ COFINS
R$ 100,00 x 12,5% =
R$ 12,50
Alíquota zero
Cosmético pronto para revenda R$ 100,00
PIS/COFINS Monofásico - Planejamento
“PIS. REGIME MONOFÁSICO. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. SIMULAÇÃO ABSOLUTA. DESCONSIDERAÇÃO DE ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS. ART. 116, P.U. DO CTN. UNIDADE ECONÔMICA. ART. 126, III, DO CTN. NÃO CARACTERIZAÇÃO.
Não se configura simulação absoluta se a pessoa jurídica criada para exercer a atividade de revendedor atacadista efetivamente existe e exerce tal atividade, praticando atos válidos e eficazes que evidenciam a intenção negocial de atuar na fase de revenda dos produtos. A alteração na estrutura de um grupo econômico, separando em duas pessoas jurídicas diferentes as diferentes atividades de industrialização e de distribuição, não configura conduta abusiva nem a dissimulação prevista no art. 116, p.u. do CTN, nem autoriza o tratamento conjunto das duas empresas como se fosse uma só, a pretexto de configuração de unidade econômica, não se aplicando ao caso o art. 126, III, do CTN. Recurso voluntário provido. Recurso de ofício prejudicado.”
(Acórdão nº 3403-002.519, sessão de 22 de outubro de 2013)
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Varejista (grupo X)
Industrial (grupo A)
Revendedor atacadista (grupo A)
Grupo A
Zero% 12,5%
Vende por 150
Vende por 200
Tributação final:
R$18,75
Industrial (grupo A)
Revendedor Atacadista ou
Varejista (Grupo X)
Vende por 200
12,5%
Tributação final: R$25
Problemas do Sistema Vigente
1. Duas bases de cálculo:
Receita Bruta vs Receita total a valor presente
2. Concorrência e isonomia -> Mesma atividade pode ou não estar na não cumulatividade
3. Aumento da carga tributária para o setor de serviços e comércio
4. Conceito de insumo
5. Outros : Discussão sobre receita financeira / Crédito em monofásico / Planejamento
PRINCÍPIOS
ORIENTADORES
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1. SIMPLIFICAÇÃO DA APURAÇÃO DO TRIBUTO
2. TRIBUTAÇÃO DO VALOR AGREGADO EM CADA ETAPA ECONÔMICA
3. NEUTRALIDADE ECONÔMICA DA COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO
4. ISONOMIA NO TRATAMENTO DAS PEQUENAS EMPRESAS
5. AJUSTAMENTO DOS REGIMES DIFERENCIADOS
Proposta de Unificação
Fonte: http://www.fazenda.gov.br/centrais-de-conteudos/apresentacoes/2015/apresentacao-novo-pis-03-12-15-v130-cotex.pptx
PRINCIPAIS REGRAS
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MODELO VIGENTE
MODELO PROPOSTO
APURAÇÃO DE CRÉDITOS “BASE X BASE”
APURAÇÃO DE CRÉDITOS “TRIBUTO X TRIBUTO”
SEM DESTAQUE EM DOCUMENTO FISCAL
COM DESTAQUE EM DOCUMENTO FISCAL
Método de crédito
Fonte: http://www.fazenda.gov.br/centrais-de-conteudos/apresentacoes/2015/apresentacao-novo-pis-03-12-15-v130-cotex.pptx
Tributação limitada ao VALOR AGREGADO na operação (não
cumulatividade plena)
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PRINCIPAIS VANTAGENS DAS NOVAS REGRAS
SIMPLIFICAÇÃO das regras de apuração da contribuição.
Exemplificativamente:
Ampliação TOTAL das hipóteses de creditamento
Fim da discussão sobre o conceito de INSUMOS
Ampliação TOTAL das hipóteses de compensação e
ressarcimento de créditos
Fim da discussão sobre as formas de utilização dos
créditos
Método de crédito
Fonte: http://www.fazenda.gov.br/centrais-de-conteudos/apresentacoes/2015/apresentacao-novo-pis-03-12-15-v130-cotex.pptx
Isonomia no Tratamento das Pequenas Empresas
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MODELO
VIGENTE
MODELO
PROPOSTO
AS EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES NACIONAL PERMANCEM SUJEITAS A ESSE REGIME DE TRIBUTAÇÃO FAVORECIDO
NAS AQUISIÇÕES DE PRODUTOS E SERVIÇOS DE EMPRESAS OPTANTES PELO:
SIMPLES
• O VENDEDOR PAGA NO MÁXIMO 0,57%
• O ADQUIRENTE SE CREDITA DE 1,65%
• O VENDEDOR PAGA NO MÁXIMO 0,57%
• O ADQUIRENTE SE CREDITA SEMPRE DE 0,57%
Fonte: http://www.fazenda.gov.br/centrais-de-conteudos/apresentacoes/2015/apresentacao-novo-pis-03-12-15-v130-cotex.pptx
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ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS
• Contudo, ao lado da ALÍQUOTA MODAL, foram estabelecidas ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS para evitar aumentos abruptos de tributação sobre os setores que migraram da CUMULATIVIDADE para o VALOR AGREGADO
ALÍQUOTA REDUZIDA
Saúde, educação, rádio e televisão, tecnologia da informação, teleatendimento, correios
ALÍQUOTA INTERMEDIÁRIA
Construção civil, telecomunicações, transporte aéreo, parques de diversão, hotelaria, agências de viagens e turismo
INSTITUIÇÃO DO REGIME DE APURAÇÃO SIMPLIFICADA (similar ao regime de apuração CUMULATIVA)
Pequenas empresas (opcionalmente)
Instituições financeiras e equiparadas
Empresas de seguros, capitalização, previdência
AJUSTAMENTO DOS REGIMES DIFERENCIADOS
Fonte: http://www.fazenda.gov.br/centrais-de-conteudos/apresentacoes/2015/apresentacao-novo-pis-03-12-15-v130-cotex.pptx
Problemas do Sistema Vigente
1. Duas bases de cálculo:
Receita Bruta vs Receita total a valor presente
Permanece??
2. Concorrência e isonomia -> Aumenta a carga tributária do presumido
Respeita a diferença por atividade
3. Aumento da carga tributária para o setor de serviços
Natureza do custo: Indução à pejotização
4. Conceito de insumo: Fim do problema desde que concedido crédito integral a todos os insumos
5. Outros : Discussão sobre receita financeira / Crédito em monofásico / Planejamento
??????? Não será mais utilizada essa técnica de arrecadação??
Impacto no setor de serviços
Fonte: http://www.fenacon.org.br/media/uploads/revistas/Estudo_Reflexo_unificacao_pis_e_cofins_1311.pdf
Problema Novo – Nota Fiscal Inidônea
• Na atualidade, verificamos uma quase privatização da gestão tributária. A par da função típica e indelegável que enseja a execução interna corporis, a Administração Pública delega a gestão tributária ao particular. É o caso das determinações para retenção na fonte, da substituição tributária em geral e de normas mais específicas de cada ente federativo, exemplo da obrigatoriedade de o contribuionte verificar a validade do documento emitido por aquele que lhe fornece mercadorias (se o documento for inidôneo, o contribuinte sofrerá a glosa do crédito de ICMS e IPI, por exemplo)
• O administrado confia no Estado e dele merece obter proteção. O Estado , por seu turno, deve assumir a responsabilidade pela confiança gerada, sendo-lhe proibido venire contra factum proprium. Ainda, sempre que houver uma declaração, uma informação do Estado, é ele que deve assumir as consequências, da culpa in contraendo e da própria responsabilidade pela falsidade de informações, relativamente à parte dependente, que não tem o domínio do acontecimento, estando em situação mais frágil - DIAS, Karem Jureidini. Fato Tributário: revisão e efeitos jurídicos. São Paulo: Noeses, 2013, p. 298 e 303.
Representativo de Controvérsia – Boa Fé STJ
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS DE ICMS. APROVEITAMENTO (PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE). NOTAS FISCAIS POSTERIORMENTE DECLARADAS INIDÔNEAS. ADQUIRENTE DE BOA-FÉ. 1. O comerciante de boa-fé que adquire mercadoria, cuja nota fiscal (emitida pela empresa vendedora) posteriormente seja declarada inidônea, pode engendrar o aproveitamento do crédito do ICMS pelo princípio da não-cumulatividade, uma vez demonstrada a veracidade da compra e venda efetuada, porquanto o ato declaratório da inidoneidade somente produz efeitos a partir de sua publicação (Precedentes das Turmas de Direito Público: (...) 2. A responsabilidade do adquirente de boa-fé reside na exigência, no momento da celebração do negócio jurídico, da documentação Documento pertinente à assunção da regularidade do alienante, cuja verificação de idoneidade incumbe ao Fisco, razão pela qual não incide, à espécie, o artigo 136, do CTN, segundo o qual "salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato" (norma aplicável, in casu, ao alienante). (...) 4. A boa-fé do adquirente em relação às notas fiscais declaradas inidôneas após a celebração do negócio jurídico (o qual fora efetivamente realizado), uma vez caracterizada, legitima o aproveitamento dos créditos de ICMS. 5. O óbice da Súmula 7/STJ não incide à espécie, uma vez que a insurgência especial fazendária reside na tese de que o reconhecimento, na seara administrativa, da inidoneidade das notas fiscais opera efeitos ex tunc, o que afastaria a boa-fé do terceiro adquirente, máxime tendo em vista o teor do artigo 136, do CTN. (...) (STJ, Resp nº 1.148.444, sessão de 27/04/2010).