PESQUISA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: AS FLORES NASCEM NA PRIMAVERA
Autores1
Professora Deise de Lima2 Orientadora Cineri Fachin Rech3
Resumo Este artigo tem por objetivo relatar os caminhos da pesquisa realizada durante o curso de extensão: “Escola e Pesquisa: um encontro possível”, com os alunos da turma de educação infantil do colégio Mutirão – ASSEMARCOS. Trazendo como título: “Pesquisa na educação infantil: as flores nascem na primavera.”. Além de fundamentar a importância da pesquisa como prática da ação educativa, com o intuito de promover uma aprendizagem mais significativa, pretente relatar os caminhos percorridos durante todo o processo de pesquisa com os alunos. Para que estes compreendessem todos os passos da pesquisa muitas atividade lúdicas foram propostas sobre o tema escolhido: flores e primavera. A problematização incial era: por que as flores nascem na primavera?, mas muitas questões foram surgindo e a construção das perguntas para o questionário ocorreu rapidamente. As entrevistas foram realizados através da elaboração de um questionário com 8 questões, em sua maioria fechadas com representações através de desenhos, o qual foi aplicado a 15 pais e 15 pessoas da comunidade próxima da escola. Totalizando 30 questionários. Através da tabulação iniciou-se a análise das respostas. Com as opiniões dosentrevistados, descobriu-se todos gostam das flores e muito elogiaram o trabalho realizado pelos alunos. Incentivando-os ainda mais a pesquisar, promover a presevação e conservação do meio em que vivem.
Palavras-chave: pesquisa - educação - flores Introdução
Este artigo apresenta os caminhos percorridos e os resultados da pesquisa
desenvolvida durante o curso de extensão: “Escola e Pesquisa: um encontro
possível”, com os alunos da turma de educação infantil do colégio Mutirão –
ASSEMARCOS.
Para compreender a importância da escolha da metodologia de pesquisa na
minha atuação docente, relato inicialmente como começou minha participação no
NEPSO.
1 Alunos da turma de educação infantil do Colégio Mutirão – ASSEMARCOS: Antonio Paulo Ballardin, Carolina Polo, Bianca Secco Rizzon, Geórgia Bertelli, João Pedro Scodro Michelon, João Vitor Polo, Julia Guelso Bergental, Nathália Martininghi Zan, Mathias Scodro dos Santos, Pedro Brochetto Soldatelli, Rafael Brochetto soldatelli, Roger Ruiz de Azevedo, Thalita Fachin Rech, Victor Cioatto Felgueiras e Vitor Mussatto Miotto. 2 Acadêmica do curso de licenciatura plena em pedagogia da UCS, participante do curso de extensão Escola e Pesquisa: um encontro possível e professora da turma de educação infantil do Colégio Mutirão São Marcos. 3
Minha história com o NEPSO começou anos atrás, em 2002, participei como
estudante do magistério4, do seminário regional e do congresso nacional. Depois
procurei sempre acompanhar e buscar notícias. No ano passado retornei, fazendo o
curso de extensão, então participei como acadêmica5, trazendo ainda mais
significação aos estudos universitários e formação acadêmica. Então para ter
passado por todos os processos do curso, ainda falta orientar como professora uma
turma e fazer parte do grupo de formadoras, acredito conseguir um dia.
Neste ano de 2010, na décima edição do curso, não poderia ficar de fora e
para minha surpresa fui desafiada a fazer um projeto de pesquisa com meus alunos
de educação infantil, além de dar continuidade ao outro projeto que idealizei como
acadêmica.
Ao pensar na idade dos meus alunos, que tem somente cinco anos, logo
imaginei as diversas dificuldades que seriam encontradas, mas por outro lado, se
com esta idade, eles teriam contato com a pesquisa e isto tornar-se um hábito
incentivado, teremos com certeza uma mudança educacional e pessoal nestes
alunos.
Para que todo o processo seja realmente válido utilizei muitos momentos
lúdicos fazendo com que compreendam os passos da pesquisa e esta se realize de
maneira significativa. Unindo, assim, a pesquisa e aprendizaem.
1 Projeto de pesquisa: descrevendo os bolsos da pesquisa
Para fazer com que os alunos da educação infantil se interessassem pela
pesquisa, foi necessário pensar em atividades lúdicas. Então, contei-lhes a história:
Os bolsos do mundo da autora Fabiana Tasca Perin, explorando os passos da
pesquisa, assim no primeiro bolso a escolha do tema: listaram-se com os alunos os
temas que gostariam de conhecer mais, todos tiveram a oportunidade de expressar
sua vontade. Com uma brincadeira, votaram e definiram o tema. Depois com
material concreto registraram a votação e colocaram no segundo bolso.
4 Com o projeto: O que motivou a escolha do magistério. 5 Com o projeto: Marcas da avaliação escolar: conquistas e frustações.
O tema escolhido partiu de uma pergunta problematizadora: Por que as flores
nascem na primavera?, No terceiro bolso: tema, desenharam.
E com a ajuda dos pais, procuraram todo tipo de material possível sobre a
pesquisa, colocamos no bolso: exploração do tema. Também foi feito cartazes com
as imagens trazidas e um passeio pelas redondezas da escola, para observar as
flores e os cuidados com as mesmas, assim em grupos, ao retornar para a sala,
desenharam.
Com muitas histórias, músicas e conversas, foram feitas as hipotéses, em que
a professsora registrava, mais um bolso foi definido: hipotéses.
Com as hipotéses prontas, começaram a definir que questões gostariam de
fazer para as pessoas, assim com desenhos criou-se o primeiro questionário,
colocamos no bolso: questionário um. Foram feitas oito questões, sendo a maioria
fechadas e estas foram representadas por desenhos escolhido por eles.
Em sala, aprendemos como nos aprensentar e como realizar as entrevistas.
Frissando sempre a importância de aceitar as respostas dos entrevistados. Iniciaram
entrevistando os colegas e depois realizaram o pré-teste com uma professora da
escola e também com a secretária. Bolso: Pré-teste.
Com a realização do pré-teste, conversamos e as sugetões foram surgindo,
assim precisaram-se fazer algumas modificações no questiónário. Assim, tinhamos o
questionário finalizado. Bolso: questionário final.
Então chegamos ao momento mais esperado, a saída de campo. Ao retornar
para sala queriam conversar sobre sua experiência, pois foi um dos passos da
pesquisa que mais gostaram. Iniciamos o processo de tabulação das respostas.
Com muito material concreto, questão por questão, fomos montando um grande
cartaz na sala, alguns alunos relatavam as analises durante a tabulação. Depois,
registramos em cartazes menores, mas mesmo assim um grande bolso foi criado.
Bolso: tabulação.
Com a tabulação feita a analise foi feita em uma roda de conversa, anotei
tudo e criamos um texto. Bolso: análise.
A partir do texto, pensamos na criação de um folder para a divulgação.
Também apresentaremos-nos para a escola e no X Seminário Escola e Pesquisa:
um encontro possível, que acontecerá na Universidade de Caxias do Sul, em Caxias
do Sul. Bolso: divulgação.
Algumas fotos foram tiradas durante o processo percebe-se que os alunos
estão motivados com a realização da pesquisa e que entenderam os seus passos e
a sua importância.
2 Pesquisa na educação infantil: aprendizagem significativa
O mundo em que a criança vive se constitui em um conjunto de fenômenos
naturais e sociais indissociáveis diante do qual ela se mostra curiosa e investigativa.
Desde pequena, pela interação com o meio natural e social, no qual vive, a criança
aprende sobre o mundo, fazendo perguntas e procurando respostas às suas
indagações e questões. Gradativamente, toma consciência do mundo de diferentes
maneiras, em cada etapa do seu desenvolvimento. Sendo importante descobri-lo e
compreendê-lo, mas também valorizar atitudes de consientização e preservação do
meio em que vivem.
A educação é de todos e para todos, conforme afirma Brandão:
Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços de vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber fazer, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dia misturamos a vida com a educação. (2002, p.7)
Pensando em uma educação significativa e por entender a pesquisa como
prática educativa que auxília na aprendizagem, também para os alunos da educação
infantil, além de buscar uma mudança educacional e pessoal nestes alunos, escolhi
a pesquisa de opinião, acreditando na metodologia de pesquisa NEPSO (Nossa
Escola Pesquisa sua Opinião), que valoriza a experiência e as representações
sociais trazidas pelos alunos e também as opiniões sobre determinado tema.
Conhecendo e comparando a opinião dos outros com as suas, ampliando a visão de
mundo e tornando-se mais críticos e autonomos.
Segundo o referencial curricular da educação infantil, volume 1:
A organização de situações de aprendizagens orientadas ou que dependem de uma intervenção direta o professor permite que as crianças trabalhem com diversos conhecimentos. Estas aprendizagens devem estar baseadas não apenas nas propostas dos professores, mas, essencialmente, na escuta das crianças e na compreensão do papel que desempenham a experimentação e o erro na construção do conhecimento (1998, p.29-30).
Além de contribuir com a transformação das pessoas e alunos é um tipo de
ensino associado, efetivamente, à prática da pesquisa educacional ao ensino, tal
como defende, por exemplo, Pedro Demo, baseado na idéia de “educar pela
pesquisa” nossos alunos.
3 Dados da pesquisa: analise e reflexão do tema escolhido
Quanto ao tema escolhido, flores, as vemos todos os dias, nos jardins, nos
bosques, nas sacadas, nas floreiras e até por entre as pedras e muros, elas crescem
praticamente em todos os lugares e seu mundo, na verdade é extraordinário, cheio
de cores, de perfumes. Mas as pequenas flores e as grandes também, nascem em
diversas épocas do ano, algumas tem um periódo especifíco para nascer e também
para sobriviver.
A primavera é considerada a estação das flores, ela começa após o inverno e
vem antes do verão. No Hemisfério Norte mais ou menos em 20 de março e termina
em 21 de junho. No Hemisfério Sul, onde estamos, inicia-se por volta de 22 de
setembro e termina e em 21 de dezembro. Quando pensamos em primavera, logo
associamos ao nascimento das flores. É comum na Primavera você se encantar com
as árvores cobertas de flores, segundo a primeira enciclopédia, isto ocorre porque,
“a temperatura é mais amena, os dias ficam mais longos e as plantas, portanto,
recebem mais luz.” (1986, p.37), porém ainda assim surgem muitos
questionamentos, pois o assunto é amplo e para tratá-lo como se deveria muitas
pesquisas devem ser feitas.
Com esta pesquisa ficamos muito felizes, porque na primeira pergunta: você
gosta das flores?, todos os 26 entrevistados responderam que sim, então eles
gostam das flores e os alunos também gostam, pois são coloridas, bonitas para
olhar e atrair os insetos.
Na pergunta dois (gráfico um), dos 26 entrevistados, 25 pessoas
responderam que sim e apenas uma respondeu que talvez, os alunos pensam que
está pessoa tenha flores na sua casa somente, às vezes. Então, 96% das pessoas
entrevistadas tem flores em casa. Na nossa turma a maioria dos alunos tem flores
em casa.
Gráfico um Gráfico dois
Na pergunta três (gráfico dois), 22 pessoas reponderam que sim, cuidam das
flores, uma não cuida e 3 só às vezes. Os alunos acreditam ser importante cuidar
das flores, porque se não elas morrem e é preciso para preservar a natureza mais
bonita. Um dos alunos disse, “As flores precisam de nós para dar água, colocar no
sol e dar carinho também.”. Não entenderam porque a pessoa que respondeu que
não cuida das flores, disse que gosta das flores. E sugeriram que de repente não
tinha tempo para cuidar delas.
Na pergunta quatro, uma das mais esperadas: Será que as flores só nascem
na primavera?, 3 pessoas colocaram que sim, 3 talvez e o restante, 21 colocaram
que não. Os alunos concordam com a maioria, pois as flores também nascem nas
outras estações do ano, não só na primavera.
Na pergunta cinco (gráfico três), 11 pessoas responderam sim e 15 pessoas
não. Nesta pergunta as pessoas estavam bem em dúvida, mas os alunos acreditam
que nem todas as flores tem perfume, porque em sala de aula cheiraram as flores
que trouxeram e algumas não tinham cheiro nenhum.
Gráfico três
Na pergunta seis, somente uma pessoa respondeu que não plantou flores,
uma das alunas sugeriu que esta não plantou por dois motivos, não tinha as coisas
para plantar ou não queria. Um colega sugeriu ainda que este poderia não ter tempo
ou quando era criança não gostava de plantar, então não aprendeu como fazer.
Quando perguntado, as flores são coloridas para: podermos olhar e nos
encantar ou para atrair os insetos, percebemos que o mais correto seria responder
as duas opções, sendo que as pessoas responderam 5 na primeira, 9 na segunda e
12 para as duas opções.
Com relação à pergunta final, se os entrevistados queriam escrever algum
comentário sobre o assunto ou a entrevista, todos que responderam, escreveram
que estavam felizes com a iniciativa da pesquisa para alunos tão pequenos e se
impressionaram por não saberem ler, mas conseguirem realizar a entrevista.
Também relataram a importância do cuidado com as flores.
Considerações finais
A união da pesquisa com um assunto significativo para os alunos, além de
aulas bem lúdicas, mostra que eles realmente aprendem. As aprendizagens
mostram que eles sabem os passos de uma pesquisa, como devem proceder na
realização da saída de campo e principalmente a respeitar a opinião dos outros, às
vezes não entendendo ou concordando, tentavam criar novas hipóteses para
solucionar as respostas obtidas. E o melhor é pensarem em como devem promover
a preservação e consientização do meio em que vivem.
Em mente todos tem os próximos temas a serem pesquisados. Esta pesquisa
nos leva a crer que muito se tem a discutir sobre educação e pesquisa. Este artigo
não aborda todas as questões referentes às flores e primavera, nem mesmo sobre a
pesquisa como metodologia, mas possibilitou um olhar mais reflexivo sobre ensino-
aprendizagem na educação infantil, mostranto que até mesmo os pequenos são
capazes de realizar pesquisa.
Contudo, este trabalho de pesquisa pode contribuir para qualificar ainda mais
a educação infantil, além de semear desde cedo o hábito da pesquisa aos alunos
abordando um assunto realmente importante que é o cuidado com o meio.
Por fim, participar do curso de extensão e vivenciar a prática pedagógica da
pesquisa de opinião, possibilitou uma experiência e que um novo olhar para
pesquisa.
Referências
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 42.ed. São Paulo: Brasiliense,
2002. 110 p. (Coleção primeiros passos ;20)
BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília:
MEC/SEF, 1998.
MONTENEGRO, Fábio; RIBEIRO, Vera Masagão. Nossa escola pesquisa sua
opinião: manual do professor. São Paulo: Global, 2002.
SASSIER, Martine. As plantas, as flores e as árvores. Primeira enciclopédia.
Milano: Maltese, 1986.