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Socioeconomia

Estudo Técnico

Flora e Fauna

Estudos técnicos para subsidiar a proposta de criação do

PARQUE ESTADUAL SÃO BARTOLOMEU

Estudo Técnico

Flora e Fauna

Brasília-DF, dezembro de 2012

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Diretor-Presidente Henrique Brandão Cavalcanti

Superintendente-Executivo Cesar Victor do Espírito Santo

Administrativo-Financeiro Carlos Daniel Martins Schneider Eduardo B. Passos Paulo Henrique Gonçalves Projeto estudos para criação de unidades de conservação no Estado de Goiás

Coordenação Geral - Paulo de Tarso Zuquim Antas Coordenação Executiva - Mara Cristina Moscoso Coordenação do Meio Biótico - Paula Hanna Valdujo Administrativo-financeiro - Paulo Henrique Gonçalves

Consultores setoriais

Sistema de Informação Geográfica Renato Prado dos Santos – Coordenação Edivaldo Lima de Souza

Vegetação Marcelo Brilhante de Medeiros, Coordenação Glocimar Pereira Silva Renata Corrêa Martins

Fauna Ictiofauna Pedro de Podestà Uchoa de Aquino Henrique Breda Arakawa

Herpetofauna Almir de Paula Mara Souza e Albuquerque e Silva Paula Hanna Valdujo Renato Sousa Recoder

Avifauna e Mastofauna Lucas Aguiar Carrara de Melo Luciene Carrara Paula Faria

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Secretário do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos Leonardo de Moura Vilela

Superintendente de Unidades de Conservação José Leopoldo de Castro Ribeiro

Gerente de Àreas Protegidas Gilvânia Maria Silva

Coordenadora do Projeto Cerrado Sustentável Susete Araújo Pequeno

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Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................................................... 8

METODOLOGIA .................................................................................................................. 9

1. Período de amostragem .................................................................................................. 9

2. Pontos amostrados ......................................................................................................... 9

3. Métodos de amostragem .............................................................................................. 17

3.1. Flora ............................................................................................................................. 17

3.2. Fauna ........................................................................................................................... 17

4. Integração dos dados primários e secundários ................................................................ 19

RESULTADOS .................................................................................................................. 21

1. Vegetação .................................................................................................................... 21

1.1. Aspectos regionais .................................................................................................... 21

1.2. Aspectos locais ......................................................................................................... 24

2. Fauna........................................................................................................................... 29

2.1. Aspectos regionais .................................................................................................... 29

2.1.1. Ictiofauna ............................................................................................................. 29

2.1.2. Herpetofauna ........................................................................................................ 32

2.1.3. Avifauna ............................................................................................................... 34

2.1.4. Mastofauna .......................................................................................................... 36

2.2. Aspectos locais ......................................................................................................... 38

2.2.1. Ictiofauna ............................................................................................................. 38

2.2.2. Herpofauna ........................................................................................................... 41

2.2.3. Avifauna .................................................................................................................... 45

2.2.4. Mastofauna .......................................................................................................... 51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 56

Anexo. Espécies de aves registradas em São Bartolomeu durante os estudos de campo ........... 64

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Sumário de tabelas Tabela 1. Período de amostragens realizadas pelos diferentes grupos temáticos na área de estudo São Bartolomeu .............................................................................................................................. 9 Tabela 2. Pontos de amostragem dos diferentes grupos taxonômicos estudados na área de estudo São Bartolomeu ............................................................................................................................ 10 Tabela 3. Espécies de peixes endêmicas da bacia do alto rio Tocantins ......................................... 30 Tabela 4. Espécies de peixes ameaçadas de extinção com ocorrência na bacia do Tocantins-Araguaia, seu status de conservação e as principais ameaças a sua persistência ........................... 31 Tabela 5. Espécies de anuros endêmicas do Cerrado encontradas no nordeste goiano ................. 32 Tabela 6. Espécies de peixes amostradas ...................................................................................... 39 Tabela 7. Espécies de anfíbios e répteis amostradas ..................................................................... 41 Tabela 8. Riqueza de espécies de aves nos pontos de amostragem ............................................... 45 Tabela 9. Espécies-alvo de aves registradas ................................................................................... 45 Tabela 10. Riqueza de espécies de mamíferos nos pontos de amostragem ................................... 51 Tabela 11. Espécies de mamíferos registradas............................................................................... 51

Sumário de mapas Mapa 1. Pontos amostrados em campo pelas equipes de meio biótico ......................................... 11 Mapa 2. Uso solo e cobertura vegetal ........................................................................................... 24

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Sumário de fotografias

Foto 1. Ponto de amostragem de peixes icto3, afluente do Rio São Bartolomeu. Foto: P. Aquino 12 Foto 2. Ponto de amostragem de peixes ictio4, rio São Bartolomeu. Foto: P. Aquino .................... 12 Foto 3. Ponto de amostragem de anfíbios e répteis, campo sujo sofrendo queimada. Foto: R. Recoder ........................................................................................................................................ 13 Foto 4. Ponto de amostragem de anfíbios e répteis, campo sujo. Foto: R. Recoder ....................... 13 Foto 5. Ponto de amostragem de anfíbios e répteis, cerrado típico e mata de galeria. Foto R. Recoder ........................................................................................................................................ 14 Foto 6. Ponto de amostragem de anfíbios e répteis, córrego. Foto R. Recoder .............................. 14 Foto 7. Ponto de amostragem de aves e mamíferos ornito1, mata seca. Foto: Aves Gerais ........... 15 Foto 8. Ponto de amostragem de aves e mamíferos ornito6, campo rupestre. Foto: Aves Gerais . 15 Foto 9. Ponto de amostragem de aves e mamíferos ornito7, cerradão. Foto: Aves Gerais............. 16 Foto 10. Ponto de amostragem de aves e mamíferos ornito8, parte alta. Foto: Aves Gerais ......... 16 Foto 11. Cerrado stricto sensu sub-tipo rupestre em altitude superior a 600 m. Foto: M. Brilhante ..................................................................................................................................................... 25 Foto 12. Matas de galeria em um afluente do rio São Bartolomeu. Foto: M. Brilhante .................. 25 Foto 13. Bromelia goyazensis em afloramentos cerrado rupestre na bacia do rio São Bartolomeu. Foto: M. Brilhante ......................................................................................................................... 27 Foto 14. Taboca em transição cerrado-mata de galeria em um afluente do rio São Bartolomeu-GO, em altitudes acima de 600 m ........................................................................................................ 27 Foto 15. Perereca Phyllomedusa oreades. Foto: R. Recoder .......................................................... 42 Foto 16. Lagartixa Lygodactylus klugei. Foto: R. Recoder ............................................................... 42 Foto 17. Perereca Hypsiboas lundii. Foto: R. Recoder .................................................................... 43 Foto 18. Sapo Barycholos ternetzi. Foto: R. Recoder ..................................................................... 43 Foto 19. Jabuti Chelonoides carbonaria. Foto: R. Recoder ............................................................. 44 Foto 20. Tico-tico-de-máscara-negra Coryphaspiza melanotis. Foto: Aves Gerais .......................... 49 Foto 21. Arara-canindé Ara ararauna. Foto: Aves Gerais ............................................................... 49 Foto 22. Mineirinho Charitospiza eucosma. Foto: Aves Gerais ...................................................... 50 Foto 23. Mutum Crax fasciolata. Foto: Aves Gerais ....................................................................... 50 Foto 24. Veado-campeiro Ozotoceros bezoarticus. Foto: Aves Gerais ........................................... 53 Foto 25. Lobo-guará Crysocyon brachyurus atropelado. Foto: Aves Gerais.................................... 53 Foto 26. Pegada de lobo Chrysocyon brachyurus. Foto: Aves Gerais ............................................. 54 Foto 27. Veado catingueiro Mazama gouazoubira. Foto: Aves Gerais ............................................ 54

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Lista de Siglas

APA Área de Proteção Ambiental COPAM Conselho Estadual de Política Ambiental de Minas Gerais EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EROS-USGS Geological Survey Center for Earth Resources Observation and

Science FLONA Floresta Nacional Herbário CEN Herbário da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade PE Parque Estadual PN Parque Nacional PNCV Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural SBF/MMA Secretaria de Biodiversidade e Florestas – Ministério do Meio

Ambiente UB Herbário da Universidade de Brasília UC Unidade de conservação UICN União Internacional para Conservação da Natureza UNESCO Organização das Nações Unidas para a educação, a Ciência e a

Cultura

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APRESENTAÇÃO

A Fundação Pró-Natureza (Funatura) foi selecionada mediante licitação e firmou com o Governo do Estado de Goiás, o Contrato no 009/2012. O objetivo central é realizar o projeto “Criação de Unidades de Conservação no Estado de Goiás” através da análise dos dados dos componentes de biodiversidade, geodiversidade e socioeconomia com apoio de imagens de satélite e Sistemas de Informação Geográfica. O resultado final busca ampliar o Sistema de Unidades de Conservação de Goiás com áreas de proteção integral. A atividade está inserida no Projeto Cerrado Sustentável Goiás, componente 1 - Proteção da Biodiversidade pela Expansão e Consolidação de Áreas Protegidas no Corredor Ecológico Paranã-Pirineus e na APA João Leite. Na seleção da categoria de Unidade de Conservação de proteção integral buscou-se equilibrar a necessidade de proteção de amostras das ricas biodiversidade e geodiversidade goianas com a possibilidade da unidade representar uma fonte adicional de renda para os municípios envolvidos. Nesse volume a Funatura apresenta as análises dos elementos do meio físico que levaram à proposta da criação do Parque Estadual São Bartolomeu, situado nos municípios de Alto Paraíso de Goiás, Nova Roma e Cavalcante. O parque estadual insere-se em uma matriz maior de conservação das chapadas mais altas do estado de Goiás e da região Centro-Oeste, pela vizinhança com o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e a Reserva Particular do Patrimônio Natural Cara Preta. O parque nacional já é uma das zonas-núcleo da Reserva da Biosfera Goyas e Sítio do Patrimônio Mundial Natural da Humanidade, títulos conferidos pela Unesco, o setor da Organização das Nações Unidas ligado à educação, ciência e cultura. Seus limites englobam as cabeceiras e parte das bacias dos rios São Bartolomeu, das Pedras e Almas, todos de grande importância histórica e cultural no estado de Goiás. Além de conservar os ambientes típicos dessas chapadas e mantê-los em estágio próximo ao encontrado pelos primeiros bandeirantes a chegar no estado, preserva as cabeceiras dos rios utilizados para turismo de aventura, ecoturismo e turismo cultural. A proteção dessas cabeceiras também é estratégica como zona de recarga dos aquíferos que irão abastecer as atividades agropecuárias do vale do rio São Bartolomeu, nos municípios de Alto Paraíso de Goiás e Nova Roma, situadas fora de seus limites no vale plano do rio. O pico do Pouso Alto, ponto culminante do estado de Goiás e de toda a região Centro-Oeste é o marco desse parque estadual. A seus pés estão os campos rupestres de altitude com sua múltipla flora e fauna endêmica, com espécies somente existentes nesse ecossistema em todo o mundo. Por todo o parque estadual existem mirantes naturais de suas belezas cênicas e do vale do rio São Bartolomeu, bem como de parte do Vão do Paranã. Os seus rios encachoeirados, convidativos para turismo de aventura e ecoturismo, são bordejados por veredas de buritis ou matas de galeria. Nas altitudes um pouco mais baixas ocorre a mata de palmeiras, cerradão e um fragmento de mata estacional decidual ou mata seca na região próxima ao Moinho, em Alto Paraíso de Goiás.

Compõem ainda o parque estadual atributos culturais que são importantes resquícios de uma das primeiras regiões goianas ocupadas durante o período colonial.

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METODOLOGIA

1. Período de amostragem

Os levantamentos de flora e fauna na área de estudo São Bartolomeu foram conduzidos nos meses de outubro e novembro de 2012 de acordo com a tabela 1. O esforço de campo foi dimensionado de modo a obter um levantamento expedito dos diferentes grupos taxonômicos, levando em conta suas necessidades e particularidades. Tabela 1. Período de amostragens realizadas pelos diferentes grupos temáticos na área de estudo São Bartolomeu

Grupo Temático Período Vegetação e Flora 02 e 03/11/2012 Ictiofauna 29 e 30/10/2012 Herpetofauna 17 a 21/10/2012 Avifauna 10 a 15/10/2012 Mastofauna 10

15/10/2012

2. Pontos amostrados

Os locais amostrados pelas equipes de campo responsáveis pelo levantamento dos diferentes grupos taxonômicos na região do São Bartolomeu estão listados na tabela 2 abaixo. A flora foi amostrada em áreas de cerrado rupestre, mata de galeria, mata ciliar e floresta estacional decidual, em 14 pontos. Nessa região os corpos d’águas apresentam pequenas dimensões, onde as comunidades de peixes não apresentam grandes variações de composição entre as estações (Couto e Aquino, 2011). O pequeno porte dos indivíduos não permite que eles realizem grandes deslocamentos, tornando assim as populações isoladas e características para cada trecho. Foram amostrados quatro trechos de rios (Fotos 1 e 2). Os levantamentos de anfíbios e répteis foram realizados nos diversos ambientes acessíveis dentro da área de estudo. Foram amostrados ambientes de cerrado e floresta, contemplando-se tanto os interflúvios quanto as drenagens. Um total de 13 pontos de amostragem foi visitado para inventariar a herpetofauna da região (Fotos 3 a 6). A amostragem de avifauna e mastofauna contemplou nove formações vegetais distintas: pastagem, campo limpo, cerrado típico, cerrado rupestre, campo rupestre, cerradão, vereda, mata de galeria e mata seca decídua. Nove pontos de amostragem foram estabelecidos, sendo que a maioria apresentou a configuração de mosaico típica do Cerrado (Fotos 7 a 10).

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Tabela 2. Pontos de amostragem dos diferentes grupos taxonômicos estudados na área de estudo São Bartolomeu

Ponto grupo Latitude Longitude Ambientes flora1 flora e vegetação 14°02' 33”S 47°20' 34”W Cerrado rupestre flora2 flora e vegetação 14°02' 16”S 47°20' 26”W Cerrado rupestre flora3 flora e vegetação 14°02' 11”S 47°20' 24”W Cerrado rupestre flora4 flora e vegetação 14°02' 06”S 47°20' 26”W Cerrado rupestre flora5 flora e vegetação 14°01' 44”S 47°20' 32”W Mata de galeria flora6 flora e vegetação 14°01' 45”S 47°20' 26”W Mata de galeria flora7 flora e vegetação 14°05' 57”S 47°16' 42”W Cerrado rupestre flora8 flora e vegetação 14°06' 11”S 47°10' 04”W Floresta estacional decidual flora9 flora e vegetação 14°05' 14”S 47°07' 33”W Mata ciliar flora10 flora e vegetação 14°02' 12”S 47°09' 23”W Cerrado rupestre flora11 flora e vegetação 14°01' 59”S 47°09' 31”W Mata de galeria flora12 flora e vegetação 14°01' 52”S 47°09' 34”W Cerrado rupestre flora13 flora e vegetação 14°01' 45”S 47°09' 38”W Cerrado rupestre flora14 flora e vegetação 14°01' 33”S 47°09' 41”W Cerrado rupestre ictio1 peixes 14°03' 50”S 47°27' 25”W São Bartolomeu ictio2 peixes 14°05' 19”S 47°07' 24”W São Bartolomeu ictio3 peixes 14°03' 57”S 47°23' 10”W Afluente do São Bartolomeu ictio4 peixes 14°04' 02”S 47°27' 54”W São Bartolomeu

herpeto1 anfíbios e répteis 14°03' 45”S 47°20' 48”W estrada (entrada faz mata laranjeira)

herpeto2 anfíbios e répteis 14°02' 42”S 47°20' 19”W pasto prox. Estrada herpeto3 anfíbios e répteis 14°02' 03”S 47°20' 32”W Cerrado herpeto4 anfíbios e répteis 14°01' 43”S 47°20' 35”W Mata de Galeria herpeto5 anfíbios e répteis 14°01' 14”S 47°20' 37”W Mata de Galeria herpeto6 anfíbios e répteis 14°01' 10”S 47°20' 37”W Mata de Babaçu herpeto7 anfíbios e répteis 14°02' 03”S 47°20' 32”W estrada herpeto8 anfíbios e répteis 14°01' 10”S 47°20' 37”W Cerrado queimado herpeto9 anfíbios e répteis 14°01' 12”S 47°09' 37”W Cerrado herpeto10 anfíbios e répteis 14°04' 56”S 47°07' 18”W estrada herpeto11 anfíbios e répteis 14°02' 25”S 47°25' 57”W grotinha perto da estrada herpeto12 anfíbios e répteis 14°01' 59”S 47°24' 11”W Riacho herpeto13 anfíbios e répteis 14°02' 56”S 47°26' 39”W mata seca ornito1 aves e mamíferos 14°03' 46”S 47°23' 39”W mata seca

ornito2 aves e mamíferos 14°02' 30”S 47°20' 35”W cerradão - mata de galeria - pasto

ornito3 aves e mamíferos 14°01' 45”S 47°20' 33”W cerrado rupestre - mata de galeria

ornito4 aves e mamíferos 14°01' 10”S 47°20' 37”W mata de galeria

ornito5 aves e mamíferos 14°00' 04”S 47°14' 33”W campo limpo - cerrado

rupestre - mata de galeria - vereda

ornito6 aves e mamíferos 14°01' 37”S 47°30' 53”W campo limpo - campo rupestre - vereda

ornito7 aves e mamíferos 14°02' 48”S 47°26' 36”W cerradão - mata de galeria

ornito8 aves e mamíferos 14°00' 51”S 47°24' 12”W cerrado típico - cerrado rupestre - vereda

ornito9 aves e mamíferos 14°00' 22”S 47°22' 54”W campo limpo - cerrado rupestre - vereda - pasto

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Mapa 1. Pontos amostrados em campo pelas equipes de meio biótico

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Foto 1. Ponto de amostragem de peixes icto3, afluente do Rio São Bartolomeu. Foto: P. Aquino

Foto 2. Ponto de amostragem de peixes ictio4, rio São Bartolomeu. Foto: P. Aquino

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Foto 3. Ponto de amostragem de anfíbios e répteis, campo sujo sofrendo queimada. Foto: R. Recoder

Foto 4. Ponto de amostragem de anfíbios e répteis, campo sujo. Foto: R. Recoder

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Foto 5. Ponto de amostragem de anfíbios e répteis, cerrado típico e mata de galeria. Foto R. Recoder

Foto 6. Ponto de amostragem de anfíbios e répteis, córrego. Foto R. Recoder

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Foto 7. Ponto de amostragem de aves e mamíferos ornito1, mata seca. Foto: Aves Gerais

Foto 8. Ponto de amostragem de aves e mamíferos ornito6, campo rupestre. Foto: Aves Gerais

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Foto 9. Ponto de amostragem de aves e mamíferos ornito7, cerradão. Foto: Aves Gerais

Foto 10. Ponto de amostragem de aves e mamíferos ornito8, parte alta. Foto: Aves Gerais

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3. Métodos de amostragem

3.1. Flora

Com auxílio de cartas-imagem IRS, atualizadas para definição de rotas e áreas amostrais, foram realizados os levantamentos florísticos, a caracterização das fitofisionomias e a avaliação do estado de conservação dos remanescentes. As fitofisionomias em cada área potencial foram georreferenciadas e caracterizadas em campo de acordo com Ribeiro e Walter (2008). O levantamento florístico qualitativo foi realizado com base nos métodos do caminhamento (Filgueiras et al., 1994) e levantamento rápido (Ratter et al. 2001; Ratter et al. 2003): caminhadas em linha reta em diferentes tipos de vegetação (fitofisionomias) foram realizadas e as espécies inéditas foram anotadas em intervalos de tempo regulares (aproximadamente 15 minutos). Nas mesmas linhas foram caracterizadas e georreferenciadas as fitofisionomias de acordo com Ribeiro e Walter (2008), com exceção das florestas estacionais, as quais foram classificadas de acordo com o IBGE (1992). A coleta botânica também foi baseada no método de levantamento rápido (Ratter et al., 2001, Ratter et al., 2003): apenas o material de plantas vasculares (fanerógamas – plantas com flores e pteridófitas - samambaias) encontrado com flores e/ou frutos de espécies com identificação duvidosa ou desconhecida foi coletado, prensado, desidratado e posteriormente incorporado no herbário da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Herbário CEN), conforme métodos usuais (Mori et al., 1985). A identificação dos táxons foi feita em campo, mediante consulta à bibliografia especializada e comparação com materiais dos herbários CEN e UnB (Universidade de Brasília) e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

3.2. Fauna

a. Ictiofauna

Visto o grande número de micro-hábitats (trechos encachoeirados, corredeiras e remansos; áreas sombreadas e expostas; trechos rasos e profundos; fundos de lama, areia, seixos ou blocos), a coleta dos peixes foi realizada com a combinação de diversos métodos de captura, buscando amostrar a maior quantidade de espécies de peixes presente em cada unidade amostral. Em trechos com menores profundidades e nas margens dos rios foram utilizadas peneiras (30 cm de raio e malha e 2 mm) e redes de arrasto (3 x 1 m e malha 2 mm). Em trechos com profundidades superiores a 2 m, foram utilizadas quatro redes de espera com diferentes malhas (15 × 2 m e malhas 2,0; 4,0; 6,0 e 10,0 cm entrenós), que permaneceram dentro d’água enquanto as demais técnicas de capturas eram empregadas. Como metodologia complementar, foram realizados mergulhos livres (observações naturalísticas), pescarias convencionais (linha e anzol) e entrevistas com os moradores e pescadores locais. A identificação das espécies foi realizada com a utilização de chaves para grupos específicos e auxílio de especialistas. Exemplares coletados que não puderam ser propriamente identificados em campo foram fixados em formol 10% e, posteriormente, tombados na Coleção Ictiológica da Universidade de Brasília, onde permanecerão conservados em etanol 70%. Parte do material-testemunho será encaminhado para a Universidade Federal de Goiás, campus de Goiânia.

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b. Herpetofauna

As amostragens de anfíbios e répteis foram realizadas por meio de procuras visuais e auditivas diurnas e noturnas (Heyer et al. 1994). As buscas foram direcionadas para os microambientes de maior probabilidade de encontro de espécimes, com ênfase em ambientes de interflúvio abertos ou florestais durante o dia (para captura de lagartos) e ambientes ripícolas durante a noite (para captura de anfíbios). Durante o dia, répteis e anfíbios foram buscados visualmente na superfície do solo, sob rochas ou troncos caídos ou no meio do folhiço. Durante as primeiras horas da noite, a busca foi direcionada especificamente para anfíbios, vocalizando ou em repouso, nas proximidades de corpos d’água, como riachos, poças e açudes. Para possibilitar a amostragem de um maior número de ambientes, dispersos ao máximo pela área de estudo, não foram utilizadas armadilhas de queda. Apesar de bastante eficientes, armadilhas de queda demandam um tempo longo para instalação, especialmente em ambientes rupestres, além de obrigarem os pesquisadores a retornar diariamente nos mesmos pontos durante as amostragens, reduzindo a cobertura espacial do estudo. Espécimes-testemunho de anuros, lagartos, anfisbenídeos e serpentes foram capturados, sacrificados por meio de injeção de Lidocaína, fixados em formol 10% e preservados em álcool 70%. Tais espécimes são importantes não só para confirmação da identidade dos exemplares, permitindo a comparação com material tombado em coleções, mas também permitirão que estudos taxonômicos, biogeográficos e genéticos sejam feitos no futuro.

c. Avifauna

Observações realizadas logo antes do amanhecer, período de maior atividade das aves. As observações foram interrompidas no meio do dia e retomadas ao entardecer. Observações vespertinas foram conduzidas para permitir a detecção de espécies noturnas. As aves foram identificadas por observação visual direta e/ou detecção auditiva de sua vocalização específica. A reprodução da vocalização de espécies-alvo pré-selecionadas (endêmicas e ameaçadas de extinção) a partir de sistema de som foi utilizada para estimular a resposta das aves e permitir a comprovação de sua presença. A documentação das espécies foi efetuada sempre que possível, seja por fotografia ou gravação do canto. A determinação das espécies-alvo seguiu a classificação dos endemismos adotada por Bencke e colaboradores (2006) para as espécies restritas à Mata Atlântica e de Luca e colaboradores (2009) para as espécies exclusivas do Cerrado e da Caatinga. A categorização de espécies ameaçadas considerou três escalas: global de acordo com a lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN 2012); nacional conforme livro vermelho de espécies ameaçadas do Brasil (Machado et al. 2008); e regional considerando a lista de espécies ameaçadas em Minas Gerais (Deliberação Normativa do COPAM 147, de 30 de abril de 2010) em virtude da ausência de lista específica para Goiás. A taxonomia obedeceu ao adotado pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (2010).

d. Mastofauna

O levantamento de mamíferos foi focado na detecção de espécies de médio e grande porte que constituem um grupo heterogêneo de animais com peso acima de 1 Kg (Eisenberg e Rerdford 1999). O principal método utilizado foi observação direta e registro de pegadas, fezes e tocas. Para complementar o levantamento de dados foi utilizada uma armadilha fotográfica com sensores de movimento (Tigrinus, modelo 6.0). A armadilha

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fotográfica foi instalada a, aproximadamente, 50 cm de altura do solo com ceva de frutas para atrair os animais. Foram escolhidos dois pontos de amostragem em cada área de estudo, onde a armadilha permaneceu acionada constantemente por dois ou três dias. As observações foram realizadas a partir de percursos livres nos ambientes mais representativos de cada área, determinados inicialmente por imagens de satélite e posteriormente por vistorias de campo. Os trajetos foram gravados com auxílio de aparelhos equipados com Sistema de Posicionamento Global (GPS – Garmim Venture e Legend) e reunidos em pontos de amostragem para permitir a avaliação das informações em setores da unidade (figura 1). Ao longo do estudo foi possível obter informações a respeito da ocorrência de algumas espécies com moradores da região. Estes dados, denominados relatos secundários, foram avaliados e selecionados quando considerados pertinentes. Para cada indivíduo observado foi anotado o ponto, data, hora, coordenadas, número de indivíduos e caracterização da vegetação, segundo proposto por Ribeiro e Walter (1998). A documentação das espécies foi efetuada sempre que possível por registro fotográfico de indivíduos, pegadas ou fezes. A taxonomia obedeceu ao adotado por Paglia e colaboradores (2012) e foram assinaladas as espécies-alvo, ou seja, com importância conservacionista para o Estado de Goiás, por apresentarem algum grau de ameaça ou endemismo.

4. Integração dos dados primários e secundários

Além dos dados obtidos em campo durante os levantamentos realizados especificamente para este projeto, foram compilados dados da literatura e utilizados modelos de distribuição potencial das espécies-alvo, produzidos no contexto da atualização das áreas prioritárias para conservação do Cerrado e Pantanal. Ao longo do processo, foram compilados pontos de ocorrência para todas as espécies-alvo. Foram utilizadas bases de dados disponibilizadas por órgãos oficiais (SBF/MMA, ICMBio), pesquisadores colaboradores, além de artigos científicos, teses e planos de manejo de unidades de conservação. Todas as informações compiladas foram organizadas em planilhas contendo nome da espécie, localidade, município, estado, coordenadas e fonte. Depois da etapa de compilação, os dados foram mapeados e validados por especialistas, tendo sido excluídos registros históricos e duvidosos. Espécies com 20 ou mais registros foram mapeadas por meio de modelagem de distribuição potencial, utilizando o algoritmo Maxent (Phillips et al. 2006). Apesar desta metodologia não ter sido adotada na iniciativa de 2006, modelos de distribuição potencial têm sido frequentemente utilizados em estudos de priorização de áreas (e.g. Wilson et al. 2005). O Maxent (Phillips et al. 2006) é uma ferramenta de modelagem que utiliza um algoritmo de máxima entropia para selecionar variáveis ambientais que melhor explicam a ocorrência de uma determinada espécie. As variáveis ambientais utilizadas geralmente descrevem clima, topografia, solo e vegetação, podendo ser utilizadas tanto variáveis contínuas quanto variáveis categóricas. A função que associa a ocorrência das espécies ao gradiente ambiental é aplicada a toda a área de interesse, resultando em um mapa que representa a probabilidade de ocorrência da espécie em cada unidade de área da região de estudo. Para a produção dos modelos foram utilizadas variáveis climáticas, topográficas e de solo. As variáveis climáticas foram obtidas do WorldClim (Hijmans et al. 2005; disponível em http://www.worldclim.org/) e consiste de uma série de mapas construídos a partir de interpolações de dados de estações meteorológicas do mundo todo entre os anos de

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1950 e 2000. As variáveis topográficas foram obtidas do serviço geológico dos Estados Unidos (EROS-USGS; U.S. Geological Survey Center for Earth Resources Observation and Science; http://eros.usgs.gov/products/elevation/hydro1k.html). Foram utilizados dados de elevação, inclinação do terreno e fluxo cumulativo de água. Todos os mapas foram apresentados a especialistas, que fizeram sugestões quanto à inclusão ou eliminação de pontos e ajustes aos modelos. Foram eliminadas áreas onde é sabido que a espécie não ocorre, ou que os registro são muito antigos, e devido à redução da cobertura nativa, a região pode ter perdido o potencial para conservação de determinadas espécies. Para a maior parte das espécies o mapa final é uma combinação entre pontos de ocorrência, modelagem de distribuição potencial e ajustes apontados por especialistas. Esta abordagem foi descrita na literatura como a maneira de definir a distribuição geográfica de uma espécie que apresenta a maior acurácia na maior parte dos casos (Graham e Hijmans 2006). Em alguns casos, quando especialistas julgaram que o modelo não foi capaz de representar a distribuição de uma espécie, ele foi substituído por um mapa de pontos de ocorrência, ou redefinido com base em outros critérios, como a presença de corpos d´água, por exemplo. Deste modo o valor da área de estudo para a proteção da biodiversidade foi avaliado não apenas pelas espécies efetivamente detectadas em campo, mas também pelas espécies que tem potencial de serem encontradas em futuros estudos, com base nas características topográficas, climáticas e fisionômicas que compõem a área.

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RESULTADOS

1. Vegetação

1.1. Aspectos regionais

O bioma Cerrado abrange uma área de aproximadamente dois milhões km2 situado entre 5º e 20º de latitude Sul e 45º a 60º de longitude Oeste, com a maior parte de sua área localizada no Planalto Central do Brasil. A região se estende de forma contínua pelos estados de Goiás, Tocantins e o Distrito Federal, parte dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia e São Paulo e, ainda, em áreas disjuntas, separadas, nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, e ao sul, no Paraná (Ribeiro e Walter, 2008). O bioma compõe-se de um mosaico de formações vegetais campestres, savânicas e florestais. A vegetação é condicionada pelo clima, características físico-químicas do solo, fogo, profundidade do lençol freático e atividades antrópicas como criação de gado, desmatamento e agricultura (Ribeiro e Walter, 2008). Essas atividades antrópicas geralmente acentuam em frequência e intensidade a ocorrência de queimadas no Cerrado, as quais causam diversos efeitos negativos, principalmente para o componente lenhoso da vegetação (Miranda e Sato, 2005). Em todo o bioma Cerrado foram registradas 12.356 espécies de plantas que ocorrem espontaneamente, sendo que a flora vascular nativa engloba 11.627 espécies. As plantas arbóreas somam 1.870 espécies, as arbustivas 2.536 e as herbáceas 8.017 (Mendonça et al. 2008). Esses números são próximos aos números de diversidade da flora nas florestas Amazônica e Atlântica, e estão em um patamar muito superior aos da Caatinga, Pampa e Pantanal (Forzza et al. 2010). Em relação ao endemismo (ou espécies exclusivas do bioma), estimativas anteriores apontavam uma magnitude de 44% de endemismo para as plantas vasculares (Silva e Bates 2002). As taxas de endemismo da flora do Cerrado são, de fato, muito elevadas, sendo inferiores apenas ao bioma Mata Atlântica. Dados mais recentes indicam números um pouco menores em relação às estimativas anteriores, com 4.215 espécies endêmicas para o bioma Cerrado, incluindo sete (3,5%) de fungos, nove (4%) de briófitas (musgos e semelhantes), 48 (11,9%) de samambaias e licófitas e 4.151 (29,7%) de plantas com sementes (Forzza et al. 2010). Esses dados correspondem a uma taxa de 36,2% de endemismo para o componente da flora. A vegetação do bioma Cerrado é composta basicamente pelas mesmas famílias e gêneros que ocorrem na Mata Atlântica e na Amazônia, mas as espécies são distintas e com distribuição heterogênea dentro do bioma (Ratter et al., 2003, Bridgewater et al., 2004). Com base em 951 espécies lenhosas amostradas em 376 levantamentos ao longo do bioma, Ratter et al. (2000, 2003) indicaram sete províncias fitogeográficas para o Cerrado lato sensu (ou seja, englobando as várias formações vegetais) - “meridional”, “centro-sudeste”, “norte-nordeste”, “centro-oeste”, “áreas mesotróficas do extremo-oeste”, “áreas dispersas com forte caráter mesotrófico” e “áreas isoladas da Amazônia”. Das espécies analisadas, mais da metade é encontrada em apenas uma província, com poucas espécies comuns a todas elas (Ratter et al., 2000, 2003; Bridgewater et al., 2004). Plantas com distribuição ampla, que ocorrem em mais de 50% das áreas, restringem-se a um grupo restrito de 38 espécies (Ratter et al., 2003). De fato, o padrão de diversidade da vegetação lenhosa consiste em um número restrito de espécies relativamente comuns,

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amplamente distribuídas, enriquecido por um vasto número de espécies raras. Dos 376 levantamentos analisados por Ratter et al. (2003), a maioria se concentrou diretamente em trechos de cerrado stricto sensu (ou propriamente dito).

Embora a biodiversidade do componente lenhoso do bioma Cerrado em sua área “core”, mais típica, (Centro-Oeste) seja particularmente rica em espécies, as áreas periféricas nas bacias dos rios Xingu, Tocantins e do Araguaia e, mesmo no Estado de São Paulo, apresentam também elevados valores de diversidade. Essas áreas foram classificadas por Ratter et al. (2003) como “hotspots” (ou de grande importância para a conservação) considerando, nesse caso, apenas o parâmetro diversidade elevada. Além dos valores elevados em diversidade de espécies lenhosas em regiões como a bacia do rio Tocantins (Ratter et al. 2003), a vegetação savânica e das florestas ribeirinhas das províncias “centro-oeste” e “norte-nordeste” apresentam elevada heterogeneidade florística e estrutural, mesmo em áreas geograficamente próximas (Walter et al. 2008; Medeiros e Walter 2012). Essa elevada heterogeneidade florística entre áreas, ou diversidade beta, tem implicações importantes para o planejamento da conservação, considerando que é necessário o estabelecimento de muitas áreas protegidas em diferentes regiões para preservar a biodiversidade do bioma Cerrado de maneira adequada (Ratter et al. 1997, Bridgewater et al. 2004). Apesar da importância dos dados acima, que enfatizam a necessidade de conservação de áreas significativas e, além disso, em locais diferentes do bioma Cerrado, as perdas de habitat têm se acentuado nas últimas décadas. Os dados de mapeamento da cobertura vegetal no bioma Cerrado (MMA 2008) indicaram pelo menos 38,98% de áreas antropizadas e 60,42% de remanescentes de vegetação nativa, a maior parte na província “norte-nordeste”, enquanto outras províncias, como a “centro-oeste” apresentaram as maiores taxas de desmatamento. Com taxas de desmatamento da ordem de 1,1% ao ano (média dos períodos 1985-1993 e 1993-2002), o Cerrado fora das unidades de conservação desapareceria em 30 anos (Machado et al. 2004).

No estado de Goiás os remanescentes de vegetação natural foram convertidos amplamente em áreas antrópicas, principalmente no centro-sul, leste, sudeste e sudoeste do estado. Esses remanescentes mais significativos em área se localizam principalmente na região nordeste, nas cotas de maior altitude (MMA 2008). A área do estado de Goiás abrange três províncias do bioma Cerrado: “centro-oeste”, “norte-nordeste” e “centro-sudeste”. A província “centro-oeste” é a mais representativa, compreendendo os remanescentes das regiões norte, oeste e sul do estado (Ratter et al. 2003). Essa província apresenta composição florística e fitofisionômica muito heterogênea, associada a Latossolos, Cambissolos, Neossolos Quartzarênicos, Neossolos Litólicos, Argissolos e Plintossolos (SIEG 2010). Há uma elevada abundância de especies típicas de solos mesotróficos, como tingui Magonia pubescens, gonçaleiro Astronium fraxinifolium, angico-vermelho Anadenanthera colubrina, guatambu Aspidosperma subincanum, baru ou cumbaru Dipteryx alata, mutambo Guazuma ulmifolia e carvão-branco Callisthene fasciculata (Bridgewater et al., 2004), além de comunidades associadas aos Neossolos Quatzarênicos e Litólicos nas áreas mais elevadas, entre 700 a 1600 m (Medeiros et al. 2012). Com menor representação no estado de Goiás, a província “norte-nordeste” apresenta a formação savânica cerrado stricto sensu como a mais representativa, associada à predominância de planícies bem drenadas e às chapadas (IBGE 1992; Silva et al. 2006), onde o Neossolo Quartarênico é o tipo mais comum de solo. Entre as espécies dessa fitofisionomia murici Byrsonima crassa, chorão Hirtella ciliata, curriola Pouteria ramiflora, pau-terra Qualea grandiflora, pau-terrinha Qualea parviflora, colher-de-vaqueiro Salvertia convallariaeodora e Vochysia rufa dominam trechos cerrado stricto sensu (Medeiros e Walter 2012).

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A área de estudo São Bartolomeu está incluída na unidade de paisagem caracterizada pela ocorrência de serras com predominância de formações savânicas, além de florestas estacionais e campos como formações secundárias (Silva et al., 2006). Esta área está inclusa na unidade fisiográfica da Chapada dos Veadeiros, entre as latitudes 13° a 15° Sul e longitudes 47° a 49° Oeste, na região do Planalto Central e no Complexo Montanhoso Veadeiros-Araí, com altitudes entre 800 a 1650 m (Felfili, 2007). A mesorregião da Chapada dos Veadeiros é caracterizada pelos padrões muito elevados de riqueza de espécies, diversidade beta (Felfili et al. 2007;Lenza et al. 2011), e pela grande quantidade de endemismos pontuais e raridades, associados principalmente aos campos e cerrados rupestres, fitofisionomias comuns nas áreas mais elevadas (Simon & Proença, 2000; Giulietti et al., 2009; Medeiros et al., 2012).

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1.2. Aspectos locais

Na área de estudo São Bartolomeu, nas áreas internas mais elevadas, entre 500 e 800 m de altitude, observa-se a predominância de cerrado stricto sensu sub-tipo rupestre (Foto 11), além das formações ribeirinhas de veredas e matas de galeria (Foto 12), que ocorrem ao longo de córregos, nas vertentes. As formações rupestres ocorrem geralmente sobre afloramentos de quartzo, em Neossolos Quartzarênicos e Neossolos Litólicos. Nos vales e vertentes, as formações florestais se desenvolvem sobre solos Hidromórficos, muito comuns na bacia do rio São Bartolomeu, ao sul da área (Mapa 2).

Mapa 2. Uso solo e cobertura vegetal

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Foto 11. Cerrado stricto sensu sub-tipo rupestre em altitude superior a 600 m. Foto: M. Brilhante

Foto 12. Matas de galeria em um afluente do rio São Bartolomeu. Foto: M. Brilhante

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Nos remanescentes de cerrado stricto sensu rupestre, em bom estado de conservação, são típicas as espécies Zanthoxylum rhoifolium, Caryocar cuneatum (pequi), Hymenaea stigonocarpa (jatobá), Roupala montana (carne-de-vaca), Magonia pubescens (tingui), Astronium fraxinifolium (gonçalo-alves), Tetragrastis sp., Callisthene fasciculata, Jacaranda brasiliana, Simarouba amara, Lafoensia pacari (pacari), Copaifera langsforffii (copaíba), Pterodon pubescens (sucupira-branca), Sclerolobium paniculatum (carvoeiro), S. aureum, Anacardium humile (cajuzinho-do-cerrado), Syagrus rupicola, Plathymenia reticulata (vinhático), Qualea grandiflora (pau-terra), Q. parviflora, Combretum sp., Himatanthus obovatus (burra-leiteira), Enterolobium gummiferum, Dimorphandra mollis (faveira), Aspidosperma subincanum, Salacia crassiflora (bacupari), Dipteryx alata (barú), Eugenia dysenterica (cagaita), Buchenavia sp., Salvertia convallariodora (folha-larga), Eriotheca gracilipes, Tocoyena formosa, Vellozia sp., Cecropia sp. (embaúba), Chamaecrista rotundifolia, Sabicea brasiliensis, Davilla elliptica (lixeirinha), Brosimum gaudichaudii (mama-cadela), Syagrus comosa, Syagrus caerulescens, Solanum lycocarpum (lobeira), Palicourea rigida (bate-caixa), Cochlospermum regium, Emmotum nitens, Kielmeyera spp. (pau-santo), Annona crassifolia (araticum), Casearia sylvestris, Miconia albicans, Bromelia goyazensis (Foto 13), Acosmium dasycarpum e Strychnos pseudoquina. Na região sudoeste de São Bartolomeu também foi observado o predomínio de cerrado s.s. rupestre em áreas acima de 600 m e, nas vertentes, matas de galeria e florestas estacionais semideciduais. Numa das áreas de transição cerrado-floresta, próximo a um dos afluentes do rio São Bartolomeu, observou-se uma grande população de Copaifera martii (copaibinha), espécie que tende a formar grandes populações neste tipo de ambiente. Nessa mata de galeria, observou-se que o sub-bosque apresentava-se relativamente denso, com a presença de muitos exemplares de Maranthaceae, Pteridófitas, Melastomataceae e uma densa população de Attalea compta (indaiá ou babaçu). Há indicativos de que essa formação de palmeiras (A. compta) torna-se mais densa em direção ao sul da área potencial, possivelmente tornando-se dominante e formando um verdadeiro babaçual. As espécies arbóreas observadas com mais freqüência nessa mata de galeria foram Augusta longifolia, Ocotea sp., Tetragastis altissima, Siparuna guianensis, Virola sebifera, Zanthoxylum rhoifolium, Sorocea sp., Aspidosperma sp., Calophyllum brasiliense e Toccoca sp. Nas matas de galeria de afluentes do rio São Bartolomeu ocorre com frequência Guadua sp. (taboca) em densos agrupamentos (Foto 14), como possível indicação de distúrbios freqüentes como o fogo. Nas vertentes, as espécies arbóreas formam um mosaico entre mata e cerrado s.s., com predmonância de Sterculia striata (chichá), Dipteryx alata (barú), Acrocomia aculeata (macaúba), Caryocar cuneatum (pequi), Lafoensia pacari (pacari), Tabebuia caraiba (caraíba), Aspidosperma subincanum, Aspidosperma sp., Alibertia concolor (marmelada de cachorro), Vatairea sp., Zanthoxylum rhoifolium, Tocoyena formosa, Cochlospermum regium, Acosmium dasycarpum, Neea theiphera, Magonia pubescens (tingui), Roupala montana (carne-de-vaca), Hancornia speciosa (mangaba), Pseudobombax longiflorum (imbiruçú), Agonandra brasiliensis, Cybistax antissifilitica (ipê-verde), Qualea parviflora (pau-terrinha), Davilla elliptica (lixeirinha), Palicourea rigida (bate-caixa), Erythroxylum deciduum, Strychnos pseudoquina, Mimosa clausseni e Simarouba amara.

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Foto 13. Bromelia goyazensis em afloramentos cerrado rupestre na bacia do rio São Bartolomeu. Foto: M. Brilhante

Foto 14. Taboca em transição cerrado-mata de galeria em um afluente do rio São Bartolomeu-GO, em altitudes acima de 600 m

Dentre as espécies registradas, várias são utilizadas como frutíferas ou oleaginosas (A. compta, A. humile, baru ou cumbaru D. alata, cagaita E. dysenterica, pequi C. cuneatum, jatobá H. stigonocarpa e araticum A. crassifolia), medicinais (copaíba ou pau-d´óleo C.

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langsdorffii, pacari L. pacari, tingui M. pubescens, P. rigida e B. gaudichaudii) e madeireiras (gonçaleiro A. fraxinifolium e A. subincanum). As espécies ameaçadas registradas em campo incluem baru ou cumbaru D. alata e pacari L. pacari. A região tem um amplo potencial de abrigar espécies raras e com potencial ornamental, principalmente das famílias Eriocaulaceae (chuveirinho, sempre-viva) e Xyridaceae (pireque), mas as dificuldades de acesso limitaram o registro das mesmas, mais típicas dos campos e cerrados rupestres em regiões acima de 900 m. Os afloramentos de quartzo que caracterizam os campos e cerrados rupestres na região limitaram as atividades agropecuárias e ainda permitem atualmente um bom estado de conservação para os remanescentes naturais. Porém, a pecuária é a maior ameaça à integridade da vegetação nativa nessa área, principalmente para as formações florestais nas vertentes da região sul. O fogo, utilizado principalmente para a renovação de pastagens, tem um potencial elevado de impactar principalmente essas formações vegetacionais. Exemplos desse impacto incluem a fragilidade de um fragmento ainda importante de florestas deciduais que ocorre externamente a essa área de estudo, às margens do rio São Bartolomeu, na região sudeste.

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2. Fauna

2.1. Aspectos regionais

2.1.1. Ictiofauna

A bacia do Rio Tocantins-Araguaia possui uma área total de 958.163 Km2 e sua maior porção, principalmente suas nascentes, encontram-se no bioma Cerrado (613.285 Km2). Essa bacia nasce no Planalto Central Brasileiro e deságua no Rio Pará próximo ao estuário do Rio Amazonas. O trecho da bacia que se estende das cabeceiras, ao sul, até as corredeiras do Lajeado, no estado do Tocantins, caracteriza o Alto Tocantins-Araguaia (1.060 Km de extensão e 925 m de desnível; Paiva, 1982). Os cursos d’água nas cabeceiras dessa bacia nascem nas encostas das chapadas. Ao longo de seu percurso é comum a formação de corredeiras e cachoeiras. Esses trechos de pequeno porte frequentemente secam ou apresentam seus fluxos interrompidos durante os períodos de estiagem. As lagoas formadas adjacentes aos rios, comumente encontradas no médio e baixo Tocantins, apenas se conectam ao canal principal em momentos de grandes cheias (Goulding et al., 2003). As variações hidrogeológicas ao longo desses cursos formam uma variedade de ambientes e isolamentos o qual influenciam a distribuição da biota aquática. A composição da fauna aquática da bacia do Tocantins-Araguaia apresenta muitas similaridades com a da bacia Amazônica (Goulding et al., 2003). No entanto, a partir da composição da biota aquática é possível caracterizar a bacia do Tocantins-Araguaia como independente, possuindo padrões evolutivos e ecológicos próprios (Abell et al., 2008; Albert et al., 2011). Levantamentos ictiofaunísticos, principalmente relacionados às exigências legais para a construção de hidrelétricas, vêm mostrando a grande diversidade dessa bacia (Santos et al., 2004; Soares et al., 2009). Dois processos distintos, ocorridos independentemente nos diferentes trechos da bacia, podem ter influenciado essa composição. Em sua porção inferior, nas terras baixas, há uma relativa conexão com o trecho do baixo Amazonas o que pode ter permitido a troca faunística entre essas bacias (Lima e Ribeiro, 2011). Já na porção superior, caracterizada por terras altas de planalto, é comum a ocorrência de eventos de captura de cabeceira (Pinto, 1993), fazendo com que a composição da fauna íctica seja compartilhada entre bacias adjacentes (Lima e Ribeiro, 2011). Esse compartilhamento pode se dar ao sul pela bacia do Paraná-Paraguai (Costa, 2007; Langeani et al., 2007), ao oeste pela bacia do Xingu (Albert e Carvalho, 2011; Lima e Ribeiro, 2011) e ao leste pela bacia do São Francisco (Costa, 2007; Lima e Caires, 2011). No Brasil são encontradas 819 espécies de peixes de distribuição restrita, que estão distribuídas em 540 sub-bacias com menos de 10.000 Km2 (Nogueira et al., 2010). Dessas espécies, 210 são restritas a sub-bacias distribuídas no Cerrado. Na região do Alto Tocantins (trecho a montante do encontro do Rio Paranã com o Rio Tocantins), apesar de algumas espécies serem compartilhadas entre bacias adjacentes, a ictiofauna apresenta um elevado grau de endemismo (Abell et al., 2008). De acordo com Bertaco e Carvalho (2010) e Bertaco et al. (2011) são encontradas pelo menos 40 espécies de peixes endêmicas para essa região (Tabela 3).

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Tabela 3. Espécies de peixes endêmicas da bacia do alto rio Tocantins

Ordem Familia Espécie Characiformes Parodontidae Apareiodon argenteus

Apareiodon cavalcante Anostomidae Leporinus taeniofasciatus Crenuchidae Characidium stigmosum Characidae Acestrocephalus maculosus

Astyanax courensis Astyanax goyanensis Astyanax unitaeniatus Creagrutus atrisignum Creagrutus britskii Creagrutus mucipu Creagrutus saxatilis Hasemania kalunga Hemigrammus tocantinsi Hyphessobrycon hamatus Moenkhausia dasalmas Moenkhausia tergimaculata

Siluriformes Cetopsidae Cetopsis caiapo Cetopsis sarcodes

Callichthyidae Aspidoras albater Aspidoras eurycephalus

Loricariidae Ancistrus aguaboensis Ancistrus jataiensis Ancistrus minutus Ancistrus reisi Corumbataia veadeiros Hemiancistrus micrommatos Hypoptopoma muzuspi Hypostomus ericae Gymnotocinclus anosteos Lamontichthys avacanoeiro

Trichomycteridae Ituglanis bambui Ituglanis mambai

Heptapteridae Pimelodella spelaea Gymnotiformes Apteronotidae Sternarchorhynchus mesensis Cyprinodontiformes Rivulidae Cynolebias griseus

Cynolebias notatus Rivulus planaltinus Rivulus tocantinenses Simpsonichthys marginatus

Segundo Nogueira et al. (2010), são encontradas 85 espécies de peixes com distribuição restrita para a bacia do Tocantins-Araguaia no Cerrado. Essas espécies encontram-se distribuídas em 58 sub-bacias com menos de 10.000 Km2. No estado do Goiás são encontras 59 espécies de distribuição restrita, sendo 53 ocorrendo na bacia do Rio Tocantins (Nogueira et al., 2010). De acordo com a Instrução Normativa 05/04 e suas alterações (Instrução Normativa 52/05), 135 espécies de peixes de água doce são ameaçados no Brasil (136 considerando Zungaro jahu) e sete são caracterizadas como sobreexploradas (Rosa e Lima, 2008). A maioria dessas espécies pertence à família Rivulidae (52 espécies)

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seguida pelas famílias Characidae e Trichomycridae com 32 e 10 espécies, respectivamente. A região hidrográfica que apresenta o maior número de espécies ameaçadas (52 espécies) é a dos rios do Leste do Brasil. Em segundo lugar, a bacia do Tocantins-Araguaia possui 16 espécies de peixes ameaçados (Rosa e Lima, 2008), sendo sete rivulídeos, três ciclídeos, dois caracídeos, um batracoídeo, um anostomídeo, um pimelodídeo e um esternopigídeo. A principal ameaça a esses peixes é o barramento dos rios para a construção de usinas hidrelétricas (Rosa e Lima, 2008). Muitas dessas espécies realizam piracema (migração reprodutiva) e necessitam da continuidade do fluxo do rio para orientarem os deslocamentos, chegar aos trechos a montante onde desovam e se prepararem fisiologicamente para a reprodução, mantendo suas populações. O barramento interrompe o fluxo orientador da água em longos trechos ou cria impedimentos físicos para serem transpostos pelos peixes, tornando as espécies afetadas altamente ameaçadas. A formação de grandes lagos também impõe sérios riscos às espécies de peixes anuais. Esses peixes ocorrem em lagoas intermitentes ao longo dos cursos dos rios nas planícies de inundação e o alagamento dessas áreas inviabiliza o ciclo reprodutivo de tais espécies. Elas necessitam do ciclo sazonal de enchimento e secagem dos ambientes temporários como estímulo reprodutivo (Costa, 2002; Rosa e Lima, 2008), sendo chamados de peixes anuais, pela característica do aparente desaparecimento. Entretanto, a nova geração permanece no local, como ovos viáveis misturados ao sedimento das lagoas temporárias à espera da próxima estação de chuvas. O crescimento urbano e o desmatamento de ambientes naturais também impõem sérios riscos aos peixes do Cerrado (Costa, 2002; Rosa e Lima, 2008). Para a bacia do Tocantins-Araguaia no estado do Goiás são listadas como ameaçadas de extinção nove espécies de peixes (Tabela 4). Entre as ameaças à persistência dessas espécies destacam-se: a perda de habitat com o barramento dos rios para a construção de hidrelétricas; a retirada da vegetação ripária que funciona como fonte de abrigo e alimento para muitas espécies e poluição dos cursos d’água com a emissão de efluentes de origem doméstica, agrícola e industrial (Rosa e Lima, 2005; Rosa e Lima, 2008). Tabela 4. Espécies de peixes ameaçadas de extinção com ocorrência na bacia do Tocantins-Araguaia, seu status de conservação e as principais ameaças a sua persistência

Espécie Status Principais ameaças Brycon nattereri Vulnerável Barramentos e desmatamentos Mylesinus paucisquamatus Vulnerável Barramentos e poluição Characidium lagosantense Vulnerável Desmatamentos Cynolebias griseus Em perigo Barramentos Simpsonichthys flammeus Em perigo Barramentos Simpsonichthys marginatus Em perigo Barramentos e desmatamentos

Dentre as espécies ameaçadas listadas acima, apenas duas foram, até o momento, registradas dentro de Unidade de Conservação. As espécies Mylesinus paucisquamatus e Eigenmannia vicentespelaea foram listadas no Parque Estadual de Terra Ronca, nos município de São Domingos e Guarani de Goiás no nordeste do estado de Goiás (Bichuette e Trajano, 2003). As espécies Cynolebias griseus, Simpsonichthys flammeus e Simpsonichthys notatus, apesar de não terem sido registradas nesse Parque Estadual possuem ocorrência nas suas imediações (Machado et al., 2008).A pirapitinga Brycon nettereri também não possui registro para Unidade de Conservação no estado de Goiás,

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mas já foi identificada em regiões próximas ao Parque Estadual de Caldas Novas, podendo também ocorrer dentro da UC. Das espécies de distribuição restrita (i.e. endêmicas de bacias com menos de 10.000 Km2) da bacia do Alto Paraná no estado de Goiás duas apresentam ocorrência em Unidades de Conservação (Nogueira et al., 2010) (Figura 1). Steindachnerina corumbae ocorre no Parque Estadual de Caldas Novas e Simpsonichthys parallelus ocorre no Parque Nacional das Emas. Na bacia do Tocantins-Araguaia no estado de Goiás, das 53 espécies de distribuição restrita (i.e. endêmicas), apenas 11 encontram-se protegidas por Unidades de Conservação (Nogueira et al., 2010). Assim, 46 espécies com distribuição restrita não são encontradas dentro de áreas efetivamente protegidas, o que as coloca em situação de extremo risco principalmente se as condições ambientais necessárias perdem-se em função do uso e ocupação inadequados. Apesar de ainda haver carência de estudos sistêmicos sobre a ictiofauna em Goiás (Miranda e Mazzoni, 2003), há um alto grau de endemismo nesse grupo no estado (Abell et al., 2008; Bertaco e Carvalho, 2010; Nogueira et al., 2010; Bertaco et al., 2011). A oportunidade para a conservação dos trechos menos alterados dos corpos d´água da bacia do alto Tocantins é ainda mais ressaltada pela possibilidade dos impactos associados à construção de hidrelétricas (Soares et al., 2009), desmatamentos e outras formas de ocupação humana desordenada das bacias, com potencial para afetar o sistema aquático como um todo.

2.1.2. Herpetofauna

No Cerrado são conhecidas 209 espécies de anfíbios, das quais 108 são endêmicas (Valdujo et al. 2012) e 268 espécies de répteis squamata (lagartos, serpentes e cobras-de-duas-cabeças), das quais 101 são endêmicas (Nogueira et al. 2011), além de três espécies de crocodilianos e oito quelônios. Dentre os répteis squamata, destacam-se pelos endemismos os anfisbenídeos (especialmente gêneros Amphisbaena, Bronia e Cercolophia), os lagartos do gênero Bachia, e as serpentes do gênero Apostolepis, enquanto os endemismos de anfíbios estão mais dispersos entre os diferentes genêros e famílias (Valdujo 2011). A região do Alto Tocantins é reconhecida como uma das dez áreas de endemismo de répteis squamata no Cerrado (Nogueira et al. 2011), e uma das três áreas de endemismo para anfíbios (Thees, 2011). Tais considerações resultam do fato de algumas espécies ocorrem exclusivamente nessa região, como os répteis Amphisbaena mensae e Atractus edioi e os anfíbios Hypsiboas ericae e Leptodactylus tapiti. Sessenta e oito espécies de anuros são conhecidas da região nordeste de Goiás, sendo 35 delas endêmicas do Cerrado (Tabela 5).

Tabela 5. Espécies de anuros endêmicas do Cerrado encontradas no nordeste goiano

Família Espécie Aromobatidae Allobates aff. brunneus Bufonidae Rhinella mirandaribeiroi

Rhinella ocellata Rhinella rubescens Rhinella inopina

Cycloramphidae Odontophrynus cultripes Odontophrynus salvatori Proceratophrys goyana

Dendrobatidae Ameerega flavopicta Hylidae Bokermannohyla pseudopseudis

Dendropsophus cruzi

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Família Espécie Dendropsophus rubicundulus Hypsiboas ericae Hypsiboas goianus Hypsiboas lundii Hypsiboas paranaiba Hypsiboas phaeopleura Phyllomedusa azurea Phyllomedusa oreades Scinax constrictus Scinax rogerioi Scinax skaios Scinax tigrinus Trachycephalus mambaiensis

Leiuperidae Eupemphix nattereri Physalaemus centralis Physalaemus marmoratus Pseudopaludicola saltica Pseudopaludicola ternetzi

Leptodactylidae Leptodactylus furnarius Leptodactylus martinezi Leptodactylus tapiti

Microhylidae Chiasmocleis albopunctata Chiasmocleis centralis

Strabomantidae Barycholos ternetzi Oreobates remotus.

Apesar de algumas das espécies de anuros endêmicas do Cerrado terem distribuição ampla dentro do bioma (como Chiasmocleis albopunctata e Eupemphix nattereri), uma porção significativa tem distribuição restrita, sendo que algumas delas, como Hypsiboas phaeopleura e Leptodactylus tapiti, são conhecidas apenas de uma localidade na Chapada dos Veadeiros. Além das espécies de cerrado de altitude com afloramentos rochosos, como os lagartos Phylopezus pollicaris e Tropidurus cf. montanus e os anuros Bokermannohyla pseudopseudis, Hypsiboas ericae e Leptodactylus tapiti, a região nordeste de Goiás destaca-se pela ocorrência de matas secas, associadas a afloramentos calcários, onde podem ser encontrados os lagartos Lygodactylus klugei e Mabuya sp. (não descrita, ambos registrados em São Domingos, GO) e os anuros Rhinella inopina, Trachycephalus mambaiensis e Oreobates remotus, todos endêmicos da faixa de florestas estacionais deciduais que ocorrem nos estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia. Outro ambiente especial da região nordeste do estado de Goiás é o chamado Pantanal Goiano, formado por lagoas que se distribuem ao longo do vão do Paranã. Apesar de não serem conhecidos endemismos dessa região, o destaque se dá por conta do tamanho das populações das espécies de anuros associadas a ambientes lênticos. Nenhuma espécie de squamata ou anuro com registro no nordeste goiano está listada como ameaçada de extinção na lista nacional ou lista estadual de Minas Gerais. Entretanto a conversão de ambientes savânicos para agropecuária, das matas estacionais deciduais para extração de calcário e atividades da agropecuária, bem como a mudança nos ciclos de vazão natural dos rios causadas por barramentos, além do avanço das mineradoras têm reduzido a extensão de hábitat disponível para tais espécies. Associado a essas pressões ou advinda de outras formas de ocupação humana, a poluição de riachos, lagoas e veredas compromete, de uma forma mais sutil e a longo prazo, a qualidade dos ambientes aquáticos onde anuros se reproduzem.

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Seis espécies de anfíbios e dez espécies de répteis squamata não tem registro confirmado, ou não são suficientemente conhecidos para se avaliar o potencial de ocorrência nas unidades de conservação federais e estaduais de Goiás. Destacam-se o anfíbio Allobates aff. brunneus, e a serpente Apostolepis nelsonjorgei, conhecidos apenas da região do alto Tocantins, e os anfíbios Rhinella inopina e Trachycephalus mambaiensis, associadas a florestas estacionais deciduais.

2.1.3. Avifauna

O Cerrado abriga pelo menos 837 espécies de aves (Silva 1995), valor que representa 46% das espécies registradas para o território brasileiro (CBRO 2010). O valor de endemismos varia conforme os autores e o avanço das pesquisas, sendo que de acordo com Luca et al. (2009), 48 espécies são exclusivas do bioma. Portanto, a taxa de endemismo para as aves do Cerrado é inferior a 6%, considerada baixa para o grupo, ainda mais se comparada à Mata Atlântica que possui quase duas centenas de aves endêmicas (Bencke et al. 2006). A localização centralizada na América do Sul (possibilitando o contato com outros biomas onde ocorrem formações abertas como o Chaco e a Caatinga ou florestais como a Amazônia e a Mata Atlântica) e o gradiente campestre/florestal típico do Cerrado parecem explicar a baixa taxa de endemismo para as aves, permitindo o compartilhamento de espécies florestais e de espécies campestres com os biomas vizinhos (Silva 1996, Silva e Bates 2002). A pesquisa ornitológica no estado de Goiás ainda apresenta lacunas consideráveis, conforme ressaltam várias publicações recentes envolvendo a detecção de espécies registradas pela primeira vez para o Estado (Faria 2008, Dornas et al. 2009, Curcino e Feraboli 2010, Pinheiro et al. 2012). José Hidasi foi o pioneiro a reunir as informações sobre as aves de Goiás (Hidasi 1983) e em 2007 sistematizou uma base de dados contendo cerca de 500 espécies de aves para o Estado (Hidasi 2007), riqueza pouco superior à encontrada no Distrito Federal (439 espécies de aves; Bagno 1996). Considerando-se a imensa diferença de extensão territorial entre as duas unidades federativas e o maior número de ecossistemas presentes em Goiás seria de se esperar um número superior no estado, situação que evidencia a necessidade da complementação do inventário ornitológico de Goiás. Reunindo as informações mais recentes disponíveis na literatura especializada (Hass et al. 2000, Braz e Cavalcanti 2002, Hass 2004, Silva Jr. et al. 2007, Alteff 2008, de Luca et al. 2009, Gwynne et al. 2010), a riqueza de aves do estado de Goiás ultrapassa 607 espécies. Dentre todas as espécies catalogadas em Goiás, é importante destacar a presença de vários endemismos que constituem um grupo chave para a determinação de áreas prioritárias para a conservação. Nesse sentido, setenta e oito aves foram categorizadas como espécies-alvo por serem endêmicas do Cerrado (36 espécies), da Mata Atlântica (38 espécies) ou da Caatinga (4 espécies). O levantamento de espécies endêmicas da Amazônia não foi foco do presente estudo. De acordo com o levantamento citado anteriormente, o Estado de Goiás abriga 72 espécies de aves ameaçadas de extinção. Esse valor contempla 19 espécies ameaçadas e 24 quase ameaçadas globalmente de acordo com os critérios adotados pela UICN (2012), 22 aves ameaçadas conforme livro vermelho das espécies brasileiras (Machado et al., 2008) e 47 regionalmente, sendo que algumas espécies constam em mais de uma lista. Para esse estudo foi utilizada como referência a lista de Minas Gerais (Deliberação Normativa do Copam no 147, de 30 de abril de 2010) em virtude da ausência de avaliação regional para Goiás.

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A principal ameaça à conservação destas espécies está relacionada à destruição dos ambientes naturais provocada pelo homem. A transformação da paisagem afeta principalmente as espécies mais exigentes, com baixa capacidade reprodutiva, dependentes de habitats específicos e com distribuição restrita. Além desse fator, a captura ilegal para o abastecimento do tráfico de animais silvestres pressiona diretamente algumas espécies, principalmente psitacídeos e pássaros canoros. Outros fatores afetam em menor grau a conservação das espécies (caça, invasão de espécies exóticas, uso indiscriminado de defensivos agrícolas, poluição, atropelamentos, dentre outros), porém a perda de habitat é, sem dúvida alguma, a principal ameaça à preservação das aves (Marini e Garcia, 2005). Considerando as 117 espécies-alvo representadas por aves endêmicas e/ou ameaçadas de extinção com ocorrência em Goiás, 35 não possuem registro oficial em nenhuma Unidade de Conservação de Proteção Integral do Estado (Braz e Cavalcanti 2002, Luca et al. 2007, Machado et al. 2008, IBAMA 2004, ICMBIO 2009). Outras 38 espécies foram catalogadas em apenas uma Unidade de Conservação, demonstrando que mais de 62% das aves-alvo para a conservação não estão bem representadas nas áreas protegidas de Goiás conforme os dados disponíveis. Entretanto, cabe salientar que muitas Unidades de Conservação estaduais carecem de inventários faunísticos detalhados ou até mesmo preliminares, obscurecendo a taxa real de efetividade para a preservação das espécies de aves ameaçadas e endêmicas no estado de Goiás. Dessa forma, devem ser ressaltadas as seguintes lacunas de conservação no estado de Goiás:

1) Florestas estacionais deciduais sobre solos calcários: área prioritária para a conservação em Goiás em virtude do acelerado declínio e pequena extensão restante. Estudos de imagens satélite e sensoriamento remoto demonstraram que 66% das matas secas foram totalmente extirpadas e o restante está severamente alterado e fragmentado. A taxa de desmatamento anual de 2,1% é 11 vezes superior a da Mata Atlântica, indicando que as matas secas podem desaparecer completamente em menos de 20 anos (Bianchi 2010). Esses dados revelam que as mata secas, nesse ritmo de conversão, tornam-se a formação florestal potencialmente mais ameaçada de todo o mundo. O Vale do Paranã é categorizado como um dos centros de endemismos de aves do cerrado (Silva e Bates 2002, Bencke et al. 2010) e três espécies com ocorrência em Goiás estão associadas a essas formações: ciganinha Pyrrhura pfrimeri, maria-preta-do-nordeste Knipolegus franciscanus e piolhinho-do-grotão Phyllomyias reiseri. A ciganinha pode ser considerada a espécie bandeira das matas secas de Goiás, pois sua ocorrência está restrita às formações florestais deciduais do vale do Paranã. Apesar de ter sido detectada no PE Terra Ronca, a população protegida parece não ser viável a longo prazo (Bianchi 2010), sendo urgente a proteção de novas áreas.

2) Cerrado: apesar da sua grande extensão na América do Sul, o Cerrado vem sofrendo rápido declínio nas últimas décadas em decorrência da expansão do agronegócio (Machado et al. 2004), responsável pela alteração de 80% de sua área original (Silva e Bates 2002). As Unidades de Conservação de Proteção Integral perfazem apenas 5% da área restante, falhando em garantir a proteção de muitas espécies ameaçadas (Olmos 2005). Das 36 espécies de aves endêmicas do Cerrado com ocorrência em Goiás, 22 estão ameaçadas de extinção. As Unidades de Conservação de Goiás abrigam 94% das espécies endêmicas do Cerrado com ocorrência no Estado, apesar de 13 espécies estarem presentes em apenas uma das Unidades de Conservação de Proteção Integral.

3) Ambientes alagados: em Goiás existem dois polos principais de ambientes aquáticos de importância estadual, nacional e internacional. O vale do rio Araguaia e o

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vão do rio Paranã são os principais locais dessas formações e abrigam populações de espécies residentes e migratórias. Vinte e três espécies-alvo para a conservação de Goiás estão associadas a ambientes alagados, sejam na forma de lagoas e corpos d´água isolados, brejos, campos úmidos ou matas inundadas. Quatro espécies não foram documentadas para nenhuma Unidade de Conservação do Estado e outras 12 ocorrem em apenas uma delas. Além das espécies-alvo, várias aves migratórias de longo curso com ocorrência no Estado dependem da presença de ambientes aquáticos ao longo de suas rotas de deslocamento, reforçando a importância dos alagados para a preservação da avifauna de Goiás.

4) Campos rupestres: nas porções mais elevadas das chapadas do nordeste de Goiás, ocorre uma formação vegetal peculiar e repleta de endemismos da flora que se desenvolve sobre solos predominantemente quartizíticos. Estudos recentes demonstraram a similaridade destas formações com os campos rupestres da Cadeia do Espinhaço (Minas Gerais e Bahia) e sugerem uma independência em relação ao bioma Cerrado (Rapini et al. 2002, Vasconcelos 2011). Porém, ao contrário do que ocorre nos campos rupestres mineiros e baianos, não existem aves endêmicas da formação em Goiás. Ao invés deles e provavelmente em consequência de sua posição centralizada no bioma, os campos rupestres goianos são ocupados principalmente por aves endêmicas do Cerrado e várias espécies ameaçadas de extinção, elementos que justificam sua importância para a preservação da avifauna regional.

2.1.4. Mastofauna

O Brasil é o país com a maior diversidade de mamíferos, abrigando 701 espécies, sendo 210 exclusivas. O Cerrado possui 251 espécies de mamíferos, sendo 32 consideradas endêmicas, resultando em uma taxa de endemismo inferior a 13%, considerada baixa em relação aos biomas florestais vizinhos, mas o dobro em relação à Caatinga (10 endêmicos dentre 153 espécies) (Paglia et al. 2012). Dentre todos os biomas brasileiros, o Cerrado é o que possui maior diversidade de carnívoros (21 espécies), grupo essencial para manter a estrutura do ecossistema. O mosaico campestre/florestal típico do Cerrado possui um papel fundamental na elevada riqueza do bioma e baixa taxa de endemismo. Por um lado, favorece a ocorrência de espécies com exigências distintas em diversos habitats. Entretanto, permite o compartilhamento de espécies florestais através das matas de galeria com a Mata Atlântica e a Amazônia e de espécies campestres com a Caatinga e o Chaco. No geral, os mamíferos do Cerrado possuem poucas adaptações ao prolongado período seco do meio do ano, sendo que as matas de galeria possuem um papel chave ao fornecer os recursos necessários para suprir as necessidades ao longo de todo ano (Redford e Fonseca 1986, Marinho-Filho et al. 2002). Em virtude de sua localização central no Cerrado, Goiás apresenta as características típicas do bioma: alta diversidade de mamíferos e baixa taxa de endemismo. Apesar da dominância do Cerrado em Goiás, alguns elementos da Caatinga, da Mata Atlântica e da Amazônia permeiam regiões do Estado. Goiás não possui uma lista oficial de mastofauna, assim como carece de estudos detalhados em várias regiões. A partir da compilação de dados disponíveis na literatura científica (Goiás 1998, Rodrigues et al. 2002, IBAMA 2004, Reis et al. 2007, Machado et al. 2008, Bonvicino et al. 2008, Lemos et al. 2011, Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza 2011, IUCN 2012, ICMBio, 2009), foram reunidas, preliminarmente, 165 espécies de mamíferos com presença confirmada em Goiás. Quanto às exclusividades do Cerrado, foram assinaladas 22 espécies, resultando no percentual de endemismo de 13,3%, bastante similar ao de todo bioma.

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A partir do inventário de espécies com ocorrência em Goiás, foram consultadas listas de mamíferos ameaçados em nível global (UICN 2012), nacional (Machado et al. 2008) e regional. No último caso foi considerando a lista de espécies ameaçadas em Minas Gerais (Deliberação Normativa do Copam 147, de 30 de abril de 2010), em virtude da ausência de lista específica para Goiás. Considerando tais listas, existem 39 espécies de mamíferos ameaçados em Goiás. O desmatamento, principalmente no Cerrado, é a principal ameaça à preservação dos mamíferos do Estado, já que este bioma vem sendo alterado de forma muito acelerada (Machado et al. 2004). Além da perda de habitat em termos territoriais, devem ser considerados os efeitos da fragmentação, principalmente para as espécies restritas a ambientes específicos ou que necessitam de extensas áreas de vida e possuem dificuldade em transpor paisagens alteradas. Ambas padecem com a queda populacional e consequentes efeitos deletérios da endogamia que podem culminar na extinção local. A caça também representa uma ameaça significativa, sobretudo para os mamíferos de médio e grande porte nas paisagens naturais fragmentadas. Além desses fatores, a introdução de espécies exóticas afeta a conservação de determinados mamíferos e alcança efeitos desastrosos em ambientes insulares. No Cerrado, especificamente, a presença de cães e gatos afeta a conservação de pequenos mamíferos e amiúde de animais de maior porte com limitações em se defender de matilhas maiores (por ex. tamanduás). Além disso, os animais domésticos podem transmitir doenças para as espécies selvagens. Outro fator que dificulta a preservação dos mamíferos é o alto número de espécies com deficiência de dados (Machado et al. 2008). A lacuna de conhecimento científico a respeito da taxonomia e biologia é ainda mais evidente no grupo dos pequenos mamíferos (roedores, marsupiais e morcegos). Enquanto não houver conhecimento mínimo sobre estas espécies, não há como traçar estratégias para a sua conservação (Costa et al. 2005).

Considerando todas as Unidades de Conservação federais e estaduais inseridas no Cerrado brasileiro, apenas 2,2% são áreas de proteção integral (Klink e Machado 2005), bem abaixo do patamar de 10% considerado ideal para a proteção da biodiversidade mundial. O quadro de baixo percentual de áreas protegidas no Brasil se repete em Goiás. Dentre as 51 espécies-alvo para a conservação constituídas por mamíferos ameaçados e/ou endêmicos com ocorrência em Goiás, 25 (49%) não foram registradas em nenhuma das Unidades de Conservação do Estado. Trata-se de um valor alarmante que ressalta a importância de estudos específicos que contemplem a ocorrência de espécies-alvo e o planejamento das áreas prioritárias para preencher as lacunas de conservação. Cabe lembrar, entretanto, que muitas das Unidades de Conservação de Goiás não possuem inventários faunísticos detalhados. As principais lacunas de proteção para mamíferos que podem ser sanadas com a criação de novas UC são as seguintes:

1) Matas secas deciduais sobre solos calcários: área prioritária para a conservação do Estado de Goiás em virtude do acelerado declínio e pequena área restante. Avaliações com sensoriamento remoto demonstraram que 66% das matas secas do vale do Paranã foram totalmente extirpadas e o restante está severamente alterado e fragmentado. A taxa de desmatamento anual de 2,1% é 11 vezes superior a da Mata Atlântica, indicando que as matas secas da região podem desaparecer completamente em menos de 20 anos (Bianchi 2010). Esses dados revelam que as mata secas são a formação vegetal mais ameaçada de todo o mundo. Dentre os mamíferos que ocorrem nas matas secas, destaque para o mocó Kerodon acrobata, roedor de grande porte descrito apenas em 1997. Trata-se de uma espécie endêmica das matas secas de Goiás com possível

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ocorrência em Tocantins e, ao que parece totalmente vinculada aos afloramentos de calcário (Bonvicino et al. 2008). A pequena distribuição associada à restrição de habitat e a pressão de conversão sobre o mesmo são fatores que gabaritam a inclusão da espécie nas próximas listas de espécies ameaçadas de extinção.

2) Cerrado: apesar da sua grande extensão na América do Sul, o Cerrado vem sofrendo rápido declínio nas últimas décadas em decorrência da expansão do agronegócio (Machado et al. 2004) responsável pela alteração de 80% de sua área original (Silva e Bates 2002). As Unidades de Conservação de Proteção Integral perfazem apenas 5% da área restante, falhando em garantir a proteção de muitas espécies ameaçadas (Olmos 2005). Das 22 espécies de mamíferos endêmicas do Cerrado com ocorrência em Goiás, 10 estão ameaçadas de extinção e apenas cinco possuem ocorrência confirmada nas Unidades de Conservação de Proteção Integral do Estado.

4) Ambientes alagados: em Goiás existem dois polos principais de ambientes aquáticos de importância estadual, nacional e internacional. O vale do rio Araguaia e o vão do rio Paranã são os principais locais dessas formações, apesar da ocorrência de formações aquáticas de menor escala em outras regiões do Estado. Seis mamíferos-alvo com ocorrência potencial em Goiás possuem dependência de ambientes aquáticos, sendo metade de grande porte (lontra Lontra longicaudis, ariranha Pteronura brasiliensis e cervo-do-Pantanal Blastocerus dichotomus) e o restante composto por roedores (Akodon lindberghi, Gyldenstolpia fronto, Kunsia tomentosus). Cinco deles ocorrem em Unidades de Conservação de Proteção Integral no Estado, sendo que o registro mais recente de G.fronto é de 1993 (IUCN 2012).

5) Campos rupestres: nas porções mais elevadas das chapadas do noroeste de Goiás, ocorre uma formação vegetal peculiar e repleta de endemismos da flora que se desenvolve sobre solos predominantemente quartizíticos. Estudos recentes demonstraram a similaridade destas formações com os campos rupestres da Cadeia do Espinhaço (Minas Gerais e Bahia) e sugerem uma independência em relação ao bioma Cerrado (Rapini et al. 2002, Vasconcelos 2011). Duas espécies de roedores endêmicos estão vinculadas aos campos rupestres de Goiás: Oligoryzomys rupestris e Galea flavidens. O primeiro está restrito aos campos rupestres de Goiás e da Bahia, enquanto o segundo ocorre nas porções elevadas de Goiás e de Minas Gerais, reforçando a similaridade das formações da Serra Geral de Goiás e da Serra do Espinhaço.

2.2. Aspectos locais

2.2.1. Ictiofauna

Caracterização As amostragens realizadas na área de estudo São Bartolomeu resultaram no registro de 15 espécies, distribuídas em cinco famílias e duas ordens (Tabela 6). A família com mais representantes foi a Characidae com oito espécies. As altas diversidades (abundância e riqueza) de Characiformes e Siluriformes apresentam-se de acordo com o encontrado para as águas continentais, não estuarinas, da região Neotropical (Lowe-McConnell, 1987; Castro, 1999). A maioria das espécies coletadas pertence à família Characidae, refletindo o padrão encontrado nos ecossistemas lóticos (rios, riachos) brasileiros (Reis et al., 2003; Buckup et al., 2007). Exemplares dessa família tiveram representantes nos diversos microhábitats amostrados.

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Tabela 6. Espécies de peixes amostradas

Família Espécie Trecho 1 2 3 4

Anostomidae Leporinus sp. X Crenuchiidae Characidium sp. X Characidae Astyanax goyanensis (Miranda-Ribeiro, 1944) X X Characidae Astyanax sp. X Characidae Astyanax unitaeniatus Garutti, 1998 X X Characidae Bryconops aff. caudomaculatus (Güther, 1864) X Characidae Hemigrammus sp. X X Characidae Knodus savannensis Géry, 1961 X X Characidae Moenkhausia aurantia Bertaco, Jerep & Carvalho, 2011 X Characidae Moenkhausia sp. X Loricariidae Ancistrus aguaboensis Fisch-Muller, Mazzoni & Weber,

2001

Loricariidae Harttia punctata Rapp Py-Daniel & Oliveira, 2001 X Cichlidae Crenicichla labrina (Spix & Agassiz, 1831) X X Cichlidae Geophagus sp. X Cichlidae Tilapia rendalli (Boulenger, 1897)* X Riqueza 5 4 4 2

*espécie exótica

As espécies pertencentes à ordem Characiformes são caracterizadas por escamas em todo o corpo, nadadeira pélvica situada atrás da inserção das peitorais e, geralmente, presença da nadadeira adiposa. É o grupo predominante entre os peixes de água doce da América do Sul (Buckup et al., 2007). Characidae apresenta-se como o grupo mais diverso entre os Characiformes (aproximadamente 950 espécies). E dentro de Characidae os lambaris do gênero Astyanax apresentam-se como um grupo de ampla distribuição geográfica e, com isso, pouco compreendido sistematicamente (havendo muitas espécies ainda não descritas). Os Siluriformes são comumente conhecidos como peixes de couro (bagres) ou cascudos. Loricariidae é a maior família da ordem Siluriformes, com 90 gêneros e 680 espécies atualmente descritas (ressalta-se a necessidade de estudos de revisão para alguns subgrupos taxonômicos). Representantes dessa família possuem o corpo coberto por um escudo ósseo e achatamento dorso-ventral (Menezes et al., 2007). A predominância da família Loricariidae sobre as demais famílias de peixes pode ser explicada pela adaptação das espécies a habitarem regiões com águas correntes (grande quantidade de oxigênio dissolvido) e substrato composto por seixos e cascalhos. Características essas muito comuns aos ambientes amostrados. A ordem Perciformes é a mais diversa dentre os teleósteos, com mais de 9.000 espécies, sendo a maioria marinha. A família Cichlidae é uma das que possuem grande número de espécies habitando ambientes límnicos. Algumas espécies dessa família apresentam forte dimorfismo sexual, com machos apresentando forte coloração e fêmeas menores tamanhos. Algumas espécies são também bastante utilizadas para alimentação. Espécies com interesse para conservação Apesar de não ter sido coletada, a pirapitinga Brycon nattereri possui registro para bacias próximas à área de estudo. Essa espécie encontra-se na Lista Nacional de Invertebrados Aquáticos e Peixes Ameaçados de Extinção (Instrução Normativa 05/04) e categorizada com o status vulnerável (VU) de acordo com Rosa & Lima (2005).

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Brycon nattereri é conhecido das bacias do Alto Tocantins, Alto Paraná e São Francisco, nos estados de Goiás, Minas Gerais, Paraná e São Paulo. Apesar do tamanho médio (indivíduos alcançando 50 cm) a espécie ocorre predominantemente em rios de menor porte, com águas claras e cursos d`água de fundo rochoso ou arenoso. Pelo seu tamanho, apresenta certo interesse para a pesca amadora. A espécie é onívora, alimentando-se preferencialmente de sementes, frutos e artrópodes terrestres de origem alóctone. Por apresentar essa dependência pelos itens alimentares oriundos das matas de galeria a preservação da pirapitinga está diretamente relacionada à preservação desse ambiente. O ciclo reprodutivo na bacia do Alto Tocantins, que ocorre geralmente nos tributários dos grandes rios dessa bacia, vai de maio a julho, período seco para a região (Lima et al., 2008). Desta forma, os barramentos, que descaracterizam os ciclos naturais de cheia e seca dos rios, são outra grande ameaça para a espécie, por colocar em risco seu ciclo reprodutivo (Lima et al., 2008). Espécies de interesse econômico A pesca possui importante papel socioeconômico em muitas regiões do Brasil. A partir da pesca se obtém o pescado para consumo humano e peixes para ornamentação. Desde a pré-história, se tem relatos da utilização de peixes como alimento (Santos et al., 2006). Seguramente a principal fonte de proteína animal consumida pela população ribeirinha de algumas regiões da Amazônia é a oriunda do pescado (ultrapassando 400 g de peixe por pessoa ao dia) (Santos et al., 2006). No entanto, em entrevistas realizadas com ribeirinhos próximo à área de estudo, foi possível constatar que a pesca nos rios não é tida como uma das principais atividade para aquisição de proteína animal na região. Para os rios de menor tamanho, os moradores comentam que as espécies possuem pequeno porte, desta forma, as pescarias não se tornam atrativas. Apesar do pequeno porte, algumas espécies apresentam potencial para a aquariofilia. As famílias Anostomidae (p.ex., Leporinus sp.) e Characidade (p.ex., Bryconops aff. caudomaculatus e Moenkhausia aurantia) apresentam representantes muito apreciados por aquariofilistas, por apresentarem, normalmente, formas curiosas e coloração exuberante. Da família Loricariidae se destaca a espécie Ancistrus aguaboensis, o qual apresenta forma e padrão de manchas bastante chamativo. Os representantes da família Cichlidae, além de apresentarem formas e colorido exuberantes, algumas espécies (p.ex. Geophagus sp.) apresentam marcado dimorfismo sexual e comportamento reprodutivo que atraem a atenção de criadores de peixes. Espécies exóticas Infelizmente, no Brasil, há várias espécies exóticas provenientes de diversas regiões do Brasil e da África, produzindo efeitos danosos à fauna íctica nativa (Buckup, 1999). A ocorrência de espécies de peixes que não são nativas muitas vezes traz consequências inesperadas ao ambiente natural (Moyle & Light, 1996) e algumas espécies exóticas predadoras vêm sendo diagnosticadas como principal causa de perda de diversidade em diversos ecossistemas aquáticos neotropicais (Rodríguez, 2001; Junk et al., 2006; Vitule et al., 2006). Os ciclídeos são adaptados a ambientes lênticos, sendo por isso, comumente encontrados em lagoas marginais, lagos e mesmo em rios nos locais de águas mais tranquilas. A presença de Tilapia rendalli em um dos trechos amostrados pode ser oriunda de tanques de criação da espécie. No entanto, apenas um indivíduo foi encontrado caracterizando essa ocorrência como incidental. Áreas com maior potencial para conservação de espécies endêmicas e ameaçadas As espécies endêmicas para a região do Alto Tocantins Astyanax goyanensis, Astyanax unitaeniatus e Ancistrus aguaboensis foram registradas em São Bartolomeu. Apesar dessas espécies terem sido encontradas apenas em alguns trechos amostrados é grande

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as chances delas serem encontradas em outros trechos dos cursos d`água na região. Essas espécies são características de cursos d`água encaixados de cabeceiras, onde as águas são correntes, claras e substrato composto predominantemente por cascalho e seixos. Esse tipo de ambiente é encontrado basicamente em todos os cursos d`água dentro da poligonal da Unidade de Conservação a ser criada. Assim ao se considerar principalmente esses trechos de cabeceira dentro da área da Unidade de Conservação, garantirá a preservação de populações dessas espécies com interesse conservacionistas.

2.2.2. Herpofauna

Caracterização Foram registradas 24 espécies de anfíbios e répteis na área de São Bartolomeu, sendo 14 espécies de anuros, sete de lagartos, duas de serpentes e um quelônio. Destas, 11 espécies são endêmicas do Cerrado, das quais três estão restritas ao Planalto Central ou Chapada dos Veadeiros: Bokermannohyla pseudopseudis, Leptodactylus tapiti e Phylomedusa oreades (Foto 15). Merece destaque o registro de Lygodactylus klugei (Foto 16), que não era previamente conhecido desta região. L. klugei tem diversos registros na Caatinga, mas no Cerrado foi amostrado apenas em São Domingos. A lista completa das espécies registradas em campo está apresentada na tabela 7. Tabela 7. Espécies de anfíbios e répteis amostradas

Espécie Grupo Distribuição Habitat Adenomera hylaedactyla anfíbio Ampla Cerrado Barycholos ternetzi anfíbio Endêmico – Cerrado Mata de Galeria Bokermannohyla pseudopseudis anfíbio Endêmico – Planalto Central Mata de Galeria Dendropsophus minutus anfíbio Ampla Riacho Eupemphix nattereri anfíbio Endêmico – Cerrado Pastagem Hypsiboas albopunctatus anfíbio Ampla Riacho Hypsiboas lundii anfíbio Endêmico – Cerrado Mata de Babaçu Leptodactylus fuscus anfíbio Ampla estrada

Leptodactylus tapiti anfíbio Endêmico – Chapada dos Veadeiros Riacho temporário

Phyllomedusa oreades anfíbio Endêmico – Planalto Central Riacho temporário Physalaemus cuvieri anfíbio Ampla Cerrado e floresta estacional Proceratophrys goyana anfíbio Endêmico – Cerrado Mata de Galeria Scinax fuscovarius anfíbio Ampla Mata de Galeria e floresta estacional

Scinax gr. ruber anfíbio

Espécie não descrita, provavelmente endêmica do Cerrado Mata de Galeria

Ameiva ameiva lagarto Ampla Cerrado Gymnodactylus amarali lagarto Endêmico – Cerrado Cerrado Lygodactylus klugei lagarto Cerrado e Caatinga Cerrado Mabuya nigropunctata lagarto Ampla Cerrado Micrablepharus maximiliani lagarto Ampla Cerrado Tropidurus oreadicus lagarto Endêmico – Cerrado Cerrado Tupinambis merianae lagarto Ampla Cerrado Chelonoides carbonaria quelônio Ampla Floresta estacional Bothrops moojeni serpente Endêmico – Cerrado Riacho temporário Liotyphlops sp. serpente não determinado Mata de Galeria e floresta estacional

Distribuição geográfica segue Nogueira et al 2011 e Valdujo et al 2012

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Foto 15. Perereca Phyllomedusa oreades. Foto: R. Recoder

Foto 16. Lagartixa Lygodactylus klugei. Foto: R. Recoder

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Foto 17. Perereca Hypsiboas lundii. Foto: R. Recoder

Foto 18. Sapo Barycholos ternetzi. Foto: R. Recoder

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Foto 19. Jabuti Chelonoides carbonaria. Foto: R. Recoder

Espécies com interesse para conservação O registro de maior destaque na região de São Bartolomeu foi a rãzinha Leptodactylus tapiti, uma espécie descrita em 1978, a partir de exemplares coletados no PN Chapada dos Veadeiros (Sazima e Bokemann, 1978). Além da série-tipo, apenas recentemente foram coletados novos indivíduos, também dentro dos limites do Parque Nacional. Este é o primeiro registro da espécie fora dos limites do PN Chapada dos Veadeiros, e reforça a importância da região de São Bartolomeu para conservação de espécies raras de anfíbios. Outro registro de destaque foram a perereca Phyllomedusa oreades, conhecida de poucas localidades no Estado de Goiás e no Distrito Federal, sempre associada a riachos temporários em regiões de campo rupestre. É conhecida de algumas unidades de conservação como PN Chapada dos Veadeiros, PE Pirineus e Fazenda Água Limpa (fazenda da Universidade de Brasília, no DF), mas trata-se uma espécie de grande importância para conservação devido à sua dependência de ambientes de nascentes bem preservados. Lygodactylus klugei é uma espécie bastante conhecida na Caatinga, com apenas um registro documentado nas florestas estacionais deciduais de São Domingos (Wernek e Colli 2006). O registro na região de São Bartolomeu representa uma extensão na distribuição conhecida da espécie para o oeste. Apesar de ter potencial de ocorrência no PE Terra Ronca, não há qualquer registro de ocorrência desta espécie em unidades de conservação. Espécies de interesse econômico Não foram observadas espécies de répteis ou anfíbios com interesse econômico.

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Áreas com maior potencial para conservação de espécies endêmicas e ameaçadas As extensas áreas de campo e cerrado sensu stricto, são ambientes importantes para manutenção de populações de espécies restrita a estes ambientes tão ameaçados. Apesar de muitas das espécies campestres terem ampla distribuição dentro do Cerrado, são as espécies que mais perderam em extensão de habitat devido à conversão da vegetação nativa em pastagem ou agricultura. Formações rupestres têm grande importância pelo fato de serem ambientes menos comuns, com altos níveis de endemismo e frequentemente isolados por vales ou platôs. É comum que ocorram nascentes e corpos d’água intermitentes nesses ambientes, que apresentam tanto a função de manutenção de sistemas à jusante, quanto fornecem ambiente para reprodução livre de predadores aquáticos para diversas espécies de anfíbios.

2.2.3. Avifauna

Caracterização A riqueza total da área São Bartolomeu alcançou 211 espécies de aves distribuídas por ponto de amostragem conforme tabela 8. Vinte e cinco espécies-alvo foram identificadas, sendo 12 ameaçadas de extinção de acordo com as listas consultadas e 19 consideradas endêmicas, 15 do Cerrado e quatro da Mata Atlântica (tabela 9). Seis espécies estão categorizadas simultaneamente como endêmicas e ameaçadas, justificando o valor total de espécies-alvo. Em relação às demais áreas estudadas, 16 espécies de aves foram detectadas apenas em São Bartolomeu, seis delas categorizadas como alvo para a conservação por serem endêmicas e/ou ameaçadas. Tabela 8. Riqueza de espécies de aves nos pontos de amostragem

Ponto Espécies amostradas

Espécies endêmicas

Espécies ameaçadas

Espécies-alvo

1 67 4 1 5 2 121 7 3 10 3 47 5 2 6 4 40 5 0 5 5 102 6 4 9 6 47 9 5 10 7 56 4 1 4 8 50 5 3 6 9 52 2 2 3

Total 211 19 12 25

Tabela 9. Espécies-alvo de aves registradas

Espécie Ameaça Endemismo Habitat Rhea americana ameaçado Campo limpo e vereda Taoniscus nanus ameaçado Cerrado Campo rupestre Crax fasciolata ameaçado Floresta estacional Ara ararauna ameaçado Vereda e Mata de galeria Primolius maracana ameaçado Vereda Trogon surrucura Mata Atlântica Mata de galeria e floresta estacional Baryphthengus ruficapillus Mata Atlântica Mata de galeria Pteroglossus castanotis ameaçado Mata de galeria Melanopareia torquata Cerrado Cerrado ss rupestre, Cerradão

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Espécie Ameaça Endemismo Habitat Syndactyla dimidiata ameaçado Cerrado Mata de galeria Hylocryptus rectirostris Cerrado Mata de galeria Phyllomyias reiseri Cerrado Floresta estacional Culicivora caudacuta ameaçado Cerrado Campo limpo Knipolegus nigerrimus Mata Atlântica Cerrado ss rupestre Antilophia galeata Cerrado Mata de galeria e floresta estacional Schiffornis virescens Mata Atlântica Mata de galeria Cyanocorax cristatellus Cerrado Cerrado ss rupestre, Cerradão Saltatricula atricollis Cerrado Cerrado ss rupestre, Cerradão Compsothraupis loricata Cerrado Mata de galeria Cypsnagra hirundinacea Cerrado Cerrado ss rupestre, Cerradão Neothraupis fasciata ameaçado Cerrado Cerrado ss rupestre Porphyrospiza caerulescens ameaçado Cerrado Cerrado ss rupestre Charitospiza eucosma ameaçado Cerrado Cerrado ss rupestre Coryphaspiza melanotis ameaçado Cerrado ss rupestre Basileuterus hypoleucus Cerrado Vereda, mata de galeria, floresta

estacional

Espécies com interesse para conservação Inhambu-carapé Taoniscus nanus: endemismo do Cerrado ameaçado de extinção nas três esferas consultadas. Menor espécie da família das codornas, o que explica seu nome popular de origem indígena (carapé = anão). Registrado apenas nos campos rupestres do entorno de São Bartolomeu (ponto 6), sugerindo a necessidade de revisão dos limites para garantir a proteção da espécie. Em Goiás, ocorre nos Parques Nacionais das Emas e Chapada dos Veadeiros. Maracanã Primolius maracana: essa ararinha possui ampla distribuição geográfica ao sul da Amazônia, entretanto sofreu fortes reduções populacionais devido à perda de seu habitat e captura para o comércio ilegal. Listada pela UICN como ameaçada, em Goiás existem poucos registros da espécie. O primeiro deles foi feito na década de 1930 na região de Nova Roma (I. Faria, com. pess.), sendo encontrado novamente no mesmo município no rio das Pedras em 2007, durante o trabalho de levantamento do pato-mergulhão (Antas e colaboradores, 2009). A espécie foi registrada em duas ocasiões em São Bartolomeu (pontos 2 e 5), sendo que a persistência de registros nessa área e a expansão para sudoeste doa área indica que o mesmo possui condições para manter, pelo menos parcialmente, uma população no local. Considerando as Unidades de Conservação de Proteção Integral de Goiás, a maracanã está registrada apenas para o PARNA Chapada dos Veadeiros. limpa-folha-do-brejo Syndactyla dimidiata: exclusividade das florestas do Cerrado categorizado como em perigo de extinção em Minas Gerais. Ocorre em baixa densidade na maior parte de sua distribuição e foi detectado somente na mata de galeria do ponto 7. A espécie ocorre no Parna Chapada dos Veadeiros e no Parna das Emas. piolhinho-do-grotão Phyllomyias reiseri: endemismo do Cerrado de ocorrência localizada ao longo de sua distribuição e geralmente associado a matas secas. Vários casais foram detectados na mata seca do sudoeste da área estudada, ambiente importante para a preservação das aves da região. Nenhuma Unidade de Conservação de Proteção Integral de Goiás garante a proteção da espécie. papa-moscas-do-campo Culicivora caudacuta: pequena ave endêmica do Cerrado classificada como ameaçada de extinção globalmente, no Brasil e em Minas Gerais. Foi

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detectada nos campos limpos do ponto 9 e representou uma exclusividade de São Bartolomeu, enaltecendo a importância da região para a preservação das aves de Goiás. maria-preta-de-garganta-vermelha Knipolegus nigerrimus: endemismo da Mata Atlântica com registros escassos e, geralmente, duvidosos para o Estado de Goiás. Vários indivíduos foram detectados nos campos rupestres do ponto 6 nas proximidade do pico Pouso Alto onde pode ser encontrado ao lado de seu congênere Knipolegus lophotes. Também foi registrado no PARNA Chapada dos Veadeiros, até o momento a única Unidade de Conservação de Proteção Integral onde ocorre em Goiás, revelando a importância dos campos rupestres do entorno de São Bartolomeu para a proteção da espécie. flautim Schiffornis virescens: ave endêmica da Mata Atlântica e pouco comum no norte de sua distribuição em Goiás. Outras três espécies classificadas como endêmicas da Mata Atlântica foram registradas, a maior riqueza de elementos do bioma dentre todas as áreas avaliadas, o que indica a presença de características atlânticas na região. Um indivíduo de flautim foi registrado na mata ciliar do ponto 7 e teve seu vocalização documentada. A espécie ocorre nos três Parques Nacionais de Goiás, sendo comum no PARNA de Brasília (P.T.Z. Antas com. pess.). tico-tico-de-máscara-negra Coryphaspiza melanotis (Foto 20): espécie singular ameaçada de extinção globalmente, nacionalmente e regionalmente. Observada nos campos rupestres além dos limites, onde parece ser relativamente comum. Um indivíduo foi documentado. O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros apresentou a maior densidade dessa ave entre as UCs do cerrado avaliadas (Braz, 2008). Espécies de interesse econômico Considerando as seis aves-alvo descritas anteriormente, dezesseis espécies foram exclusivas de São Bartolomeu. Uma espécie merece destaque por sua importância econômica: pintassilgo Sporagra magellanica: espécie bastante conhecida como ave de gaiola e, por isso, pressionada pelo tráfico ilegal de animais silvestres, afetada igualmente pela perda de habitat com as alterações ambientais dos campos próximos das matas ciliares. Outra ave registrada apenas nos campos rupestres do entorno da área estudada, onde um casal foi avistado construindo ninho. Existem poucos registros recentes da espécie em Goiás e nenhum nas Unidades de Conservação de Proteção Integral do Estado, incluindo o PARNA Chapada dos Veadeiros. Tais fatos reforçam a necessidade de preservação permanente dos campos rupestre do entorno do pico Pouso Alto, onde a espécie foi registrada (ponto 6). Áreas com maior potencial para conservação de espécies endêmicas e ameaçadas A região de São Bartolomeu possui duas características favoráveis à conservação da avifauna: elevada diversidade de habitats e bom estado de preservação dos mesmos. A diversidade de habitats, por sua vez, é influenciada pelo amplo gradiente altitudinal, desde pouco mais de 500m de altitude no rio São Bartolomeu (ponto 2) até quase 1300m na borda oeste, onde se desenvolve o cerrado rupestre (ponto 9). Apesar da altitude considerável do último ponto, os campos rupestres típicos e suas espécies associadas não estão representados nos atuais limites da área de estudoe ocorrem, principalmente, em direção ao pico Pouso Alto, ponto culminante de Goiás. A importância dos campos rupestres para a conservação regional foi comprovada pela detecção de 10 espécies-alvo (ponto 6), três delas não registradas nos demais ambientes: inhambu-carapé Taoniscus nanus, maria-preta-de-garganta-vermelha Knipolegus

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nigerrimus e tico-tico-de-máscara-negra Coryphaspiza melanotis, além do pintassilgo Sporagra magellanica (espécie de importância econômica). Outra espécie-alvo com potencial de ocorrência na região, o pato-mergulhão Mergus octosetaceus, não foi registrada na campanha e parece não encontrar habitat favorável na configuração inicial da área de estudo. O rio das Pedras onde a espécie foi detectada (Bianchi e colaboradores 2005; Antas e colaboradores 2009) possui apenas pequenos regatos no interior da área de estudo (Ponto 5) desfavoráveis a sua ocorrência. A inclusão de trechos a jusante do rio e ao norte seria necessária para favorecer a preservação desta espécie ameaçada. O socó-jararaca ou socó-boi-baio Tigrisoma fasciatum é outra espécie ameaçada cujo habitat é o mesmo do pato-mergulhão. O rio das Pedras também apresenta uma boa população da espécie em seu curso médio (Antas e colaboradores 2009), sendo que sua inclusão em uma futura unidade de conservação beneficiaria igualmente esse socó. A maior parte da área é ocupada por um mosaico de formações típicas do bioma Cerrado, seja campestres (campos limpos, campos sujos), savânicas (cerrado típico, cerrado rupestre e veredas) ou florestais (cerradão e mata de galeria). Geralmente, as formações vegetais se interpõem, dificultando a segregação das espécies de aves por ambiente em virtude da capacidade de algumas em transitar entre as formações vizinhas (pontos 2, 3, 5, 7, 8 e 9). Dez espécies-alvo apresentaram essa característica e foram registadas em mais de uma fitofiosiomomia da região, como o arara-canindé Ara ararauna (Foto 21), o mineirinho Charitospiza eucosma (Foto 22), o bico-de-pimenta Saltatricola atricollis e a gralha-do-campo Cyanocorax cristatellus. A existência desses cerrados em mosaico pode representar uma característica importante para a conservação de várias espécies endêmicas do Cerrado capazes de explorar recursos em diferentes hábitats. Maior dependência em relação à habitats específicos foi observada para os ambientes florestais e quatro espécies-alvo foram exclusivas das matas de galeria, sendo dois endemismos do Cerrado (fura-barreira Hylocryptus rectirostris e limpa-folha-do-brejo Syndactyla dimidiata) e dois da Mata Atlântica (juruva Baryphthengus ruficapillus e flautim Schiffornis virescens). A preservação das matas de galeria é fundamental para a manutenção da biodiversidade do Cerrado, seja pela presença de espécies florestais exclusivas ou por funcionar como refúgio para espécies campestres. Além das matas de galeria, é necessário destacar as matas secas decíduas concentradas na porção sudoeste (ponto 1). Sessenta e sete espécies foram registradas nessas matas secas, incluindo cinco espécies-alvo, valor certamente subestimado em virtude da limitação de entrada na área por parte dos proprietários. Uma delas, o piolhinho-do-grotão Phyllomyias reiseri, foi exclusiva da formação vegetal e encontrada em elevada densidade, justificando a importância das matas secas para a preservação desse importante endemismo. Cabe salientar ainda, que restam apenas 34% das matas secas decíduas da região que podem desaparecer em menos de 20 anos caso permaneça a taxa de desmatamento anual de 2,1% (Bianchi 2010), transformando o ambiente em prioridade para a conservação do Estado de Goiás. Dessa forma, a incorporação de novas áreas com mata seca na área São Bartolomeu representa uma ação essencial para garantir sua proteção.

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Foto 20. Tico-tico-de-máscara-negra Coryphaspiza melanotis. Foto: Aves Gerais

Foto 21. Arara-canindé Ara ararauna. Foto: Aves Gerais

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Foto 22. Mineirinho Charitospiza eucosma. Foto: Aves Gerais

Foto 23. Mutum Crax fasciolata. Foto: Aves Gerais

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2.2.4. Mastofauna

Caracterização O inventário de mastofauna na área de São Bartolomeu detectou 20 espécies de mamíferos distribuídas por ponto de amostragem conforme tabela 10. Nove espécies-alvo foram identificadas, sendo sete ameaçadas de extinção e dois endemismos (Tabelas 10 e 11). Tabela 10. Riqueza de espécies de mamíferos nos pontos de amostragem

Ponto Espécies amostradas Espécies endêmicas Espécies ameaçadas Espécies-alvo 1 1 0 0 0 2 2 0 1 1 3 3 0 2 2 4 2 0 0 0 5 5 0 4 4 6 3 1 1 2 7 0 0 0 0 8 6 1 2 2 9 3 0 2 2

Total 20 2 7 9

Tabela 11. Espécies de mamíferos registradas

Ordem Espécie Registro Habitat Alvo Dasypodidae Cabassous unicinctus Toca Cerrado ss Dasypodidae Dasypus septemcinctus Visual Cerrado ss rupestre Dasypodidae Priodontes maximus Toca Cerrado ss rupestre x

Tapiriidae Tapirus terrestris Fezes

Vereda, campo limpo, mata ciliar, campo rupestre x

Cervidae Ozotoceros bezoarticus Visual Campo limpo x

Cervidae Mazama gouazoubira Visual Mata de galeria e campo limpo

Callitrichidae Callithrix penicillata Visual e auditivo Vereda Cebidae Sapajus libidinosus Visual e auditivo Mata de galeria Canidae Cerdocyon thous Relato Cerrado ss Canidae Chrysocyon brachyurus Fezes Cerrado ss x Canidae Lycalopex vetulus Visual Cerrado ss x Felidae Panthera onca Relato Cerrado ss x Felidae Puma concolor Visual Cerrado ss x Mustelidae Lontra longicaudis Relato Rio x Procyonidae Nasua nasua Visual Mata de galeria Leporidae Sylvilagus brasiliensis Visual Floresta estacional Caviidae Hydrochaeris hydrocharis Relato Rio Caviidae Kerodon acrobata Visual Campo rupestre x Cuniculidae Cuniculus paca Relato Mata de galeria Dasyproctidae Dasyprocta azarae Auditivo Mata de galeria

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Espécies com interesse para conservação .Anta Tapirus terrestres (Perissodactyla /Tapiriidae): maior mamífero terrestre brasileiro, alcançando 260Kg (Paglia et al. 2012). Ocorre, preferencialmente, em hábitats florestais úmidos onde se alimenta de folhas, frutos e flores. A destruição de seu habitat e a caça são as principais causas do declínio populacional. Nas listas de espécies ameaçadas, está classificada como vulnerável globalmente e em perigo no Estado de Minas Gerais. Embora não tenha sido avistado, sua presença foi confirmada no área São Bartolomeu a partir da detecção de rastros e dejetos em cinco oportunidades (pontos 3, 5, 6 e 9), indicando uma boa densidade da espécie. .Veado-campeiro Ozotoceros bezoarticus (Artiodactyla / Cervidae): associado a campos abertos do Cerrado, Pantanal e Pampas, o veado-campeiro ocorre na região central e sul do Brasil. Consta na lista global e de Minas Gerais, sendo a perda de habitat e caça os principais fatores que ameaçam esta espécie. Um casal foi avistado em campo recém-queimado entremeado por veredas e matas ciliares (ponto 5) (Foto 24) e vestígios de fezes foram observados em campo limpo (ponto 9). .Tatu-canastra Priodontes maximus (Cingulata/Dasypodidae): maior tatu existente, de hábito noturno e fossorial, difícil de ser observado. Alimenta-se principalmente de cupins e formigas, sendo um importante regulador das populações destes insetos no ecossistema. Apesar da ampla distribuição, é naturalmente raro e está ameaçado em escala global, nacional e estadual, sendo que nas regiões sudeste e sul do Brasil está praticamente extinto. Na área de estudo amostradas foram observadas tocas típicas da espécie em em altitudes acima de 1000m. Este fato pode estar relacionado com a ocupação humana nas áreas de baixada e de vales. .Lobo-guará Chrysocyon brachyurus (Carnivora/Canidae): presente nas listas global, nacional e de Minas Gerais. Apesar de estar relacionado ao Cerrado, ocorre também no Pantanal e nos Pampas. Onívoro, pode pesar 23 kg e ocupar territórios de 27 km² em média (Dietz 1984). A destruição de seu ambiente tem causado drástica redução das populações. Outra ameaça é o grande número de animais mortos em rodovias e um estudo estimou que os atropelamentos são responsáveis pela morte de um terço à metade da produção anual de filhotes de lobo-guará (Rodrigues 2002). Durante o inventário de campo foi registrado um indivíduo recém-atropelado na BR118, entorno de São Bartolomeu (Foto 25), além da detecção de pegadas (Foto 26) e fezes em cerrado típico (pontos 5 e 8). .mocó Kerodon sp. (Rodentia / Caviidae): os mocós são roedores de médio porte mais aparentados às capivaras do que aos demais roedores. Existem apenas duas espécies e ambas são endêmicas do Brasil. Um indivíduo foi registrado em afloramento rochoso de quartzito no campo rupestre (ponto 6), habitat diverso e além dos limites da distribuição conhecida para K.acrobata, que ocorre nos afloramentos de calcário do vale do Paranã. A outra espécie do gênero, K.rupestris, está restrita à Caatinga, de Minas Gerais até o nordeste Brasileiro. Portanto, a espécie registrada nos campos rupestres da região possui grande interesse conservacionista e estudos mais detalhados são necessários para desvendar o seu status taxonômico.

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Foto 24. Veado-campeiro Ozotoceros bezoarticus. Foto: Aves Gerais

Foto 25. Lobo-guará Crysocyon brachyurus atropelado. Foto: Aves Gerais

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Foto 26. Pegada de lobo Chrysocyon brachyurus. Foto: Aves Gerais

Espécies de interesse econômico .veado-catingueiro Mazama gouazoubira (Artiodactyla / Cervidae): embora não seja espécie alvo, este pequeno veado consta nas listas de espécies ameaçadas do Rio Grande do Sul (Marques et al. 2002) e do Rio de Janeiro (Bergallo et al. 2000). Além disso, é muito pressionado pela caça e importante para a manutenção da cadeia alimentar dos grandes felinos. Um indivíduo foi documentado em campo limpo adjacente a mata de galeria de altitude (Foto 27).

Foto 27. Veado catingueiro Mazama gouazoubira. Foto: Aves Gerais

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Áreas com maior potencial para conservação de espécies endêmicas e ameaçadas As formações de Cerrado entremeadas por campos limpos, veredas e matas de galeria acima de 1000m de altitude nas cabeceiras do rio São Bartolomeu (ponto 8) e do rio das Pedras (ponto 5) foram as responsáveis pela maior diversidade de mamíferos. A diversidade de hábitats, o bom estado de conservação das formações vegetais e o nível de isolamento em relação às habitações humanas parecem ter contribuído para o resultado. Além disso, a abundância de água dos pontos representa um fator adicional importante para a ocorrência de várias espécies. Além dessas formações de mosaico típicas do Cerrado, é importante destacar os campos rupestres do entorno da área São Bartolomeu em direção ao pico Pouso Alto, geralmente acima de 1400m (ponto 6). Ali foi registrado um mocó Kerodon sp. em afloramento rochoso de quartzito, Além do mocó, outros dois roedores (Oligoryzomys rupestris e Galea flavidens) possuem distribuição restrita aos campos rupestres e reforçam a importância do ambiente para a conservação dos mamíferos do Cerrado.

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Anexo. Espécies de aves registradas em São Bartolomeu durante os estudos de campo Ordem Família Espécie Nome Popular Ameaçada Endemismo Struthioniformes Rheidae Rhea americana ema x

Tinamiformes Tinamidae Crypturellus undulatus jaó

Tinamiformes Tinamidae Crypturellus parvirostris inhambu-chororó

Tinamiformes Tinamidae Rhynchotus rufescens perdiz

Tinamiformes Tinamidae Nothura maculosa codorna-amarela Tinamiformes Tinamidae Taoniscus nanus inhambu-carapé x Cerrado

Galliformes Cracidae Penelope superciliaris jacupemba x

Galliformes Cracidae Crax fasciolata mutum-de-penacho x Suliformes Anhingidae Anhinga anhinga biguatinga Pelecaniformes Ardeidae Bubulcus ibis garça-vaqueira Pelecaniformes Threskiornithidae Theristicus caudatus curicaca

Cathartiformes Cathartidae Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha

Accipitriformes Accipitridae Ictinia plumbea sovi

Accipitriformes Accipitridae Heterospizias meridionalis gavião-caboclo

Accipitriformes Accipitridae Rupornis magnirostris gavião-carijó

Accipitriformes Accipitridae Geranoaetus albicaudatus gavião-de-rabo-branco

Falconiformes Falconidae Caracara plancus caracará Falconiformes Falconidae Milvago chimachima carrapateiro

Falconiformes Falconidae Herpetotheres cachinnans acauã

Falconiformes Falconidae Falco sparverius quiriquiri Falconiformes Falconidae Falco femoralis falcão-de-coleira Gruiformes Rallidae Aramides cajanea saracura-três-potes Gruiformes Rallidae Porzana albicollis sanã-carijó Cariamiformes Cariamidae Cariama cristata seriema Charadriiformes Charadriidae Vanellus chilensis quero-quero

Charadriiformes Scolopacidae Gallinago paraguaiae narceja

Columbiformes Columbidae Columbina talpacoti rolinha-roxa

Columbiformes Columbidae Columbina squammata fogo-apagou

Columbiformes Columbidae Patagioenas picazuro pombão

Columbiformes Columbidae Patagioenas cayennensis pomba-galega

Columbiformes Columbidae Patagioenas plumbea pomba-amargosa

Columbiformes Columbidae Zenaida auriculata pomba-de-bando Columbiformes Columbidae Leptotila verreauxi juriti-pupu Columbiformes Columbidae Leptotila rufaxilla juriti-gemedeira Psittaciformes Psittacidae Ara ararauna arara-canindé x Psittaciformes Psittacidae Primolius maracana maracanã-verdadeira x

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Psittaciformes Psittacidae Diopsittaca nobilis maracanã-pequena

Psittaciformes Psittacidae Aratinga leucophthalma periquitão-maracanã

Psittaciformes Psittacidae Aratinga jandaya jandaia-verdadeira Psittaciformes Psittacidae Aratinga aurea periquito-rei

Psittaciformes Psittacidae Brotogeris chiriri periquito-de-encontro-amarelo

Psittaciformes Psittacidae Pionus maximiliani maitaca-verde Psittaciformes Psittacidae Amazona aestiva papagaio-verdadeiro Cuculiformes Cuculidae Piaya cayana alma-de-gato Cuculiformes Cuculidae Crotophaga ani anu-preto Cuculiformes Cuculidae Guira guira anu-branco Cuculiformes Cuculidae Tapera naevia saci Strigiformes Strigidae Megascops choliba corujinha-do-mato

Strigiformes Strigidae Glaucidium brasilianum caburé

Strigiformes Strigidae Athene cunicularia coruja-buraqueira Caprimulgiformes Caprimulgidae Antrostomus rufus joão-corta-pau Caprimulgiformes Caprimulgidae Hydropsalis albicollis bacurau Caprimulgiformes Caprimulgidae Hydropsalis parvulus bacurau-chintã

Caprimulgiformes Caprimulgidae Hydropsalis longirostris bacurau-da-telha

Caprimulgiformes Caprimulgidae Hydropsalis torquata bacurau-tesoura

Apodiformes Apodidae Streptoprocne zonaris

taperuçu-de-coleira-branca

Apodiformes Apodidae Chaetura meridionalis andorinhão-do-temporal

Apodiformes Apodidae Tachornis squamata tesourinha Apodiformes Trochilidae Phaethornis pretrei rabo-branco-acanelado

Apodiformes Trochilidae Eupetomena macroura beija-flor-tesoura

Apodiformes Trochilidae Colibri serrirostris beija-flor-de-orelha-violeta

Apodiformes Trochilidae Chlorostilbon lucidus besourinho-de-bico-vermelho

Apodiformes Trochilidae Thalurania furcata beija-flor-tesoura-verde Apodiformes Trochilidae Hylocharis chrysura beija-flor-dourado Apodiformes Trochilidae Heliactin bilophus chifre-de-ouro

Trogoniformes Trogonidae Trogon surrucura surucuá-variado Mata Atlântica

Coraciiformes Alcedinidae Chloroceryle americana martim-pescador-pequeno

Coraciiformes Momotidae Baryphthengus ruficapillus juruva-verde

Mata Atlântica

Galbuliformes Galbulidae Galbula ruficauda ariramba-de-cauda-ruiva Galbuliformes Bucconidae Nystalus chacuru joão-bobo Galbuliformes Bucconidae Nonnula rubecula macuru Galbuliformes Bucconidae Monasa nigrifrons chora-chuva-preto Piciformes Ramphastidae Ramphastos toco tucanuçu

Piciformes Ramphastidae Pteroglossus castanotis araçari-castanho x

Piciformes Picidae Picumnus albosquamatus pica-pau-anão-escamado

Piciformes Picidae Melanerpes candidus birro, pica-pau-branco

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Piciformes Picidae Veniliornis passerinus picapauzinho-anão

Piciformes Picidae Colaptes campestris pica-pau-do-campo

Piciformes Picidae Celeus flavescens pica-pau-de-cabeça-amarela

Piciformes Picidae Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca

Piciformes Picidae Campephilus melanoleucos

pica-pau-de-topete-vermelho

Passeriformes Melanopareiidae Melanopareia torquata tapaculo-de-colarinho Cerrado

Passeriformes Thamnophilidae Taraba major choró-boi

Passeriformes Thamnophilidae Thamnophilus doliatus choca-barrada

Passeriformes Thamnophilidae Thamnophilus torquatus choca-de-asa-vermelha

Passeriformes Thamnophilidae Thamnophilus pelzelni choca-do-planalto

Passeriformes Thamnophilidae Thamnophilus caerulescens choca-da-mata x

Passeriformes Thamnophilidae Herpsilochmus atricapillus

chorozinho-de-chapéu-preto

Passeriformes Thamnophilidae Formicivora rufa papa-formiga-vermelho

Passeriformes Dendrocolaptidae Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde

Passeriformes Dendrocolaptidae Dendrocolaptes platyrostris arapaçu-grande

Passeriformes Dendrocolaptidae Xiphorhynchus guttatus

arapaçu-de-garganta-amarela

Passeriformes Dendrocolaptidae Lepidocolaptes angustirostris arapaçu-de-cerrado

Passeriformes Furnariidae Furnarius rufus joão-de-barro Passeriformes Furnariidae Synallaxis frontalis petrim Passeriformes Furnariidae Synallaxis albescens uí-pi Passeriformes Furnariidae Synallaxis scutata estrelinha-preta

Passeriformes Furnariidae Phacellodomus rufifrons joão-de-pau

Passeriformes Furnariidae Phacellodomus ruber graveteiro

Passeriformes Furnariidae Syndactyla dimidiata limpa-folha-do-brejo x Cerrado Passeriformes Furnariidae Philydor rufum limpa-folha-de-testa-baia

Passeriformes Furnariidae Hylocryptus rectirostris fura-barreira Cerrado

Passeriformes Furnariidae Lochmias nematura joão-porca

Passeriformes Rhynchocyclidae Tolmomyias sulphurescens

bico-chato-de-orelha-preta

Passeriformes Rhynchocyclidae Todirostrum cinereum ferreirinho-relógio

Passeriformes Rhynchocyclidae Hemitriccus margaritaceiventer sebinho-de-olho-de-ouro

Passeriformes Rhynchocyclidae Corythopis delalandi estalador Passeriformes Tyrannidae Phyllomyias reiseri piolhinho-do-grotão Cerrado

Passeriformes Tyrannidae Phyllomyias fasciatus piolhinho

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Passeriformes Tyrannidae Myiopagis caniceps guaracava-cinzenta

Passeriformes Tyrannidae Elaenia flavogaster guaracava-de-barriga-amarela

Passeriformes Tyrannidae Elaenia cristata guaracava-de-topete-uniforme

Passeriformes Tyrannidae Elaenia chiriquensis chibum

Passeriformes Tyrannidae Camptostoma obsoletum risadinha

Passeriformes Tyrannidae Suiriri suiriri suiriri-cinzento Passeriformes Tyrannidae Phaeomyias murina bagageiro Passeriformes Tyrannidae Capsiempis flaveola marianinha-amarela Passeriformes Tyrannidae Culicivora caudacuta papa-moscas-do-campo x Cerrado

Passeriformes Tyrannidae Myiophobus fasciatus filipe

Passeriformes Tyrannidae Lathrotriccus euleri enferrujado

Passeriformes Tyrannidae Cnemotriccus fuscatus guaracavuçu

Passeriformes Tyrannidae Contopus cinereus papa-moscas-cinzento Passeriformes Tyrannidae Knipolegus lophotes maria-preta-de-penacho

Passeriformes Tyrannidae Knipolegus nigerrimus

maria-preta-de-garganta-vermelha

Mata Atlântica

Passeriformes Tyrannidae Xolmis cinereus primavera Passeriformes Tyrannidae Xolmis velatus noivinha-branca Passeriformes Tyrannidae Fluvicola albiventer lavadeira-de-cara-branca Passeriformes Tyrannidae Colonia colonus viuvinha Passeriformes Tyrannidae Machetornis rixosa suiriri-cavaleiro

Passeriformes Tyrannidae Myiozetetes cayanensis

bentevizinho-de-asa-ferrugínea

Passeriformes Tyrannidae Myiozetetes similis bentevizinho-de-penacho-vermelho

Passeriformes Tyrannidae Pitangus sulphuratus bem-te-vi

Passeriformes Tyrannidae Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado

Passeriformes Tyrannidae Megarynchus pitangua neinei

Passeriformes Tyrannidae Empidonomus varius peitica

Passeriformes Tyrannidae Griseotyrannus aurantioatrocristatus peitica-de-chapéu-preto

Passeriformes Tyrannidae Tyrannus albogularis suiriri-de-garganta-branca

Passeriformes Tyrannidae Tyrannus melancholicus suiriri

Passeriformes Tyrannidae Tyrannus savana tesourinha Passeriformes Tyrannidae Sirystes sibilator gritador Passeriformes Tyrannidae Casiornis rufus caneleiro Passeriformes Tyrannidae Myiarchus swainsoni irré Passeriformes Tyrannidae Myiarchus ferox maria-cavaleira

Passeriformes Tyrannidae Myiarchus tyrannulus

maria-cavaleira-de-rabo-enferrujado

Passeriformes Pipridae Neopelma pallescens fruxu-do-cerradão

Passeriformes Pipridae Antilophia galeata soldadinho Cerrado Passeriformes Tityridae Myiobius sp. assanhadinho

Passeriformes Tityridae Schiffornis virescens flautim Mata Atlantica

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Passeriformes Tityridae Tityra inquisitor anambé-branco-de-bochecha-parda

Passeriformes Tityridae Tityra cayana anambé-branco-de-rabo-preto

Passeriformes Tityridae Pachyramphus viridis caneleiro-verde

Passeriformes Tityridae Pachyramphus polychopterus caneleiro-preto

Passeriformes Vireonidae Cyclarhis gujanensis pitiguari Passeriformes Vireonidae Vireo olivaceus juruviara

Passeriformes Corvidae Cyanocorax cristatellus gralha-do-campo Cerrado

Passeriformes Corvidae Cyanocorax cyanopogon gralha-cancã

Passeriformes Hirundinidae Pygochelidon cyanoleuca

andorinha-pequena-de-casa

Passeriformes Hirundinidae Alopochelidon fucata andorinha-morena

Passeriformes Hirundinidae Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora

Passeriformes Hirundinidae Progne chalybea andorinha-doméstica-grande

Passeriformes Hirundinidae Tachycineta leucorrhoa

andorinha-de-sobre-branco

Passeriformes Troglodytidae Troglodytes musculus corruíra

Passeriformes Troglodytidae Cantorchilus leucotis garrinchão-de-barriga-vermelha

Passeriformes Polioptilidae Polioptila dumicola balança-rabo-de-máscara Passeriformes Turdidae Turdus rufiventris sabiá-laranjeira Passeriformes Turdidae Turdus leucomelas sabiá-barranco

Passeriformes Turdidae Turdus amaurochalinus sabiá-poca

Passeriformes Turdidae Turdus albicollis sabiá-coleira Passeriformes Mimidae Mimus saturninus sabiá-do-campo Passeriformes Coerebidae Coereba flaveola cambacica Passeriformes Thraupidae Saltator maximus tempera-viola Passeriformes Thraupidae Saltator similis trinca-ferro-verdadeiro Passeriformes Thraupidae Saltatricula atricollis bico-de-pimenta Cerrado

Passeriformes Thraupidae Compsothraupis loricata carretão Cerrado

Passeriformes Thraupidae Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto Passeriformes Thraupidae Thlypopsis sordida saí-canário

Passeriformes Thraupidae Cypsnagra hirundinacea bandoleta Cerrado

Passeriformes Thraupidae Tachyphonus rufus pipira-preta Passeriformes Thraupidae Lanio pileatus tico-tico-rei-cinza Passeriformes Thraupidae Lanio penicillata pipira-da-taoca Passeriformes Thraupidae Tangara sayaca sanhaçu-cinzento Passeriformes Thraupidae Tangara palmarum sanhaçu-do-coqueiro Passeriformes Thraupidae Tangara cayana saíra-amarela Passeriformes Thraupidae Neothraupis fasciata cigarra-do-campo x Cerrado

Passeriformes Thraupidae Schistochlamys melanopis sanhaçu-de-coleira

Passeriformes Thraupidae Dacnis cayana saí-azul

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Passeriformes Thraupidae Hemithraupis guira saíra-de-papo-preto

Passeriformes Thraupidae Conirostrum speciosum figuinha-de-rabo-castanho

Passeriformes Emberizidae Zonotrichia capensis tico-tico

Passeriformes Emberizidae Ammodramus humeralis tico-tico-do-campo

Passeriformes Emberizidae Porphyrospiza caerulescens campainha-azul x Cerrado

Passeriformes Emberizidae Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro

Passeriformes Emberizidae Emberizoides herbicola canário-do-campo

Passeriformes Emberizidae Volatinia jacarina tiziu Passeriformes Emberizidae Sporophila plumbea patativa Passeriformes Emberizidae Sporophila nigricollis baiano Passeriformes Emberizidae Arremon flavirostris tico-tico-de-bico-amarelo

Passeriformes Emberizidae Charitospiza eucosma mineirinho x Cerrado

Passeriformes Emberizidae Coryphaspiza melanotis

tico-tico-de-máscara-negra x

Passeriformes Cardinalidae Piranga flava sanhaçu-de-fogo

Passeriformes Parulidae Geothlypis aequinoctialis pia-cobra

Passeriformes Parulidae Basileuterus hypoleucus

pula-pula-de-barriga-branca Cerrado

Passeriformes Parulidae Basileuterus flaveolus canário-do-mato

Passeriformes Icteridae Psarocolius decumanus japu

Passeriformes Icteridae Cacicus cela xexéu Passeriformes Icteridae Icterus jamacaii corrupião Passeriformes Icteridae Gnorimopsar chopi graúna Passeriformes Icteridae Molothrus oryzivorus iraúna-grande

Passeriformes Icteridae Molothrus bonariensis vira-bosta

Passeriformes Fringillidae Sporagra magellanica pintassilgo

Passeriformes Fringillidae Euphonia chlorotica fim-fim


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