ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA – EBRAMEC
PÓS – GRADUAÇÃO EM ACUPUNTURA
CRISTIANE MURITIBA DA FONSÊCA
PANORAMA DOS ATENDIMENTOS DE ACUPUNTURA NO
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL
SÃO PAULO
2011
CRISTIANE MURITIBA DA FONSÊCA
PANORAMA DOS ATENDIMENTOS DE ACUPUNTURA NO
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL
SÃO PAULO
2011
Trabalho de Conclusão do Curso de
Pós-Graduação em Acupuntura,
apresentado a EBRAMEC – Escola
Brasileira de Medicina Chinesa, sob
orientação do prof.º Eduardo
Vicente Jofre e co-orientação do
prof.º Dr. Reginaldo de Carvalho
Silva Filho.
CRISTIANE MURITIBA DA FONSÊCA
PANORAMA DOS ATENDIMENTOS DE ACUPUNTURA NO
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL
BANCA EXAMINADORA
___________________________________
___________________________________
___________________________________
Eduardo Vicente Jofre
ORIENTADOR
Cristiane Muritiba da Fonsêca
São Paulo, ____ de _____________de ___
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus pela coragem e persistência para enfrentar os obstáculos durante minha
experiência em São Paulo.
Aos meus pais (Domingos e Maria Luísa) e minhas irmãs (Elisângela e Eveline) pelo
incentivo e apoio constante.
Ao meu namorado Adriano, sempre compreensivo e dedicado, e que sempre me incentiva e
ajuda na busca dos meus objetivos pessoais e profissionais.
Aos meus padrinhos e seus familiares e à Erotides e sua família pelo acolhimento e atenção
durante todos esses anos.
Aos meus amigos de Alagoas, em nome de Luciana Peixoto, que mesmo distantes, estão
sempre presentes.
Aos meus amigos de trabalho do NASF São Mateus, em nome do Leonardo Aluízio, médico
acupunturista, que me incentivou a fazer esse curso, demonstrando a eficácia dessa prática na
associação com outras terapêuticas.
Aos meus amigos do NASF Butantã, pelo companheirismo e pela confiança de poder
praticar meus conhecimentos de acupuntura em vários deles.
À todos os meus amigos e colegas do curso de acupuntura onde compartilhamos
conhecimentos, experiências, brincadeiras, durante as aulas teóricas e estágio.
Aos professores da EBRAMEC, em nome de Eduardo Jofre, pelos ensinamentos, atenção e
disposição em ajudar na minha formação.
Aos funcionários da EBRAMEC, em nome de Hugo Gomes, pela paciência e atenção em
atender minhas solicitações.
À todas as pessoas , em nome de Sonia Fortuna, que passaram pela minha vida durante
esses quatro anos em São Paulo, e com certeza foram muito importantes nessa trajetória.
RESUMO
INTRODUÇÃO: Nos últimos anos, a prática da acupuntura vem sendo difundida em todo território
nacional, principalmente depois de 2006, quando foi publicada a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o diagnóstico da
inserção da Medicina Natural e Práticas Complementares no SUS e dados do SIA/SUS, foi
observado que a acupuntura está presente em 19 estados, distribuída em 107 municípios, sendo 17
capitais. Esse estudo tem como objetivo elucidar a prática da acupuntura no SUS do Brasil.
METODOLOGIA: Trata-se de um estudo exploratório, descritivo e retrospectivo de avaliação de
dados secundários. A obtenção dos dados foi através do Sistema de Informação Ambulatorial do
SUS registrados entre os anos de 2008 e 2010, obtidos por meio do banco de dados do Ministério da
Saúde (DATASUS) e do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, ambos de domínio
público. RESULTADOS: Foi observado um aumento no número de atendimentos de 106,96 % no
período de 2008 a 2010. O número de municípios que aderiram à prática de acupuntura no SUS
aumentou 64,13% nesse período de dois anos. Notou-se também maiores índices nas regiões Sul e
Norte do Brasil, comparado com outras regiões, com acréscimo de 1512,27% e 389,50%,
respectivamente. CONCLUSÃO: Após o incremento de políticas públicas para a integração de
práticas alternativas e complementares observou-se um aumento significativo no número de
atendimentos de acupuntura no Sistema Único de Saúde do Brasil. Com isso, acredita-se que por
seu risco ser relativamente baixo e suas potencialidades promissoras, essa estratégia pode ser uma
alternativa para o processo de “desmedicalização” no âmbito do SUS.
Palavras- chaves: Acupuntura; Atenção Primária à Saúde; Terapias Complementares.
ABSTRACT
INTRODUCTION: In recent years, the practice of acupuncture has been widespread throughout the
country, especially after 2006, when it was published the National Policy on Integrative and
Complementary in the Unified Health System (SUS). According to the insert diagnosis of Natural
Medicine and Complementary Practices in UHS and data from SIA / SUS, it was observed that
acupuncture is present in 19 states, distributed in 107 municipalities and 17 capitals. This study
aims to elucidate the practice of acupuncture in UHS in Brazil. METHODOLOGY: This is an
exploratory, descriptive and retrospective evaluation of secondary data. Data collection was through
the Outpatient Information System SUS recorded between the years 2008 and 2010, obtained
through the database of the Ministry of Health (DATASUS) and the National Registry of Health,
both in the public domain. RESULTS: We observed an increase in attendance of 106.96% over the
period 2008 to 2010. The number of municipalities that joined the practice of acupuncture in SUS
rose 64.13% in this period of two years. It also showed the highest rates in the southern and
northern Brazil, compared with other regions, an increase of 1512.27% and 389.50%, respectively.
CONCLUSION: After the increase of public policies for the integration of complementary and
alternative practices we observed a significant increase in the number of visits of acupuncture in the
Unified Health System of Brazil. Thus, it is believed that at your own risk is relatively low and its
promising potential, this strategy can be an alternative to the process of "demedicalization" in the
SUS.
Keywords: Acupuncture; Primary Health Care; Complementary Therapies.
SUMÁRIO
I.INTRODUÇÃO 8
I.1.FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 8
I.2.HIPÓTESE 8
I.3.OBJETIVOS 8
I.3.1.Objetivo Geral 8
I.3.2.Objetivos Específicos 8
I.4.JUSTIFICATIVA 9
II. REFERENCIAL TEÓRICO 10
III.MATERIAL E MÉTODO 16
IV. ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA 17
V. RESULTADOS E DISCUSSÃO 18
VI. CONCLUSÃO 26
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 27
ANEXO 30
I. INTRODUÇÃO
I. 1. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Qual o panorama dos atendimentos de acupuntura no Sistema Único de Saúde no Brasil?
I. 2. HIPÓTESE
Acredita-se que a prática de acupuntura nos ambulatórios do Sistema Único de Saúde – SUS
esteja em ascensão, principalmente após a implementação da Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares no SUS.
I. 3. OBJETIVOS
I. 3.1. Objetivo geral
Elucidar a prática da acupuntura no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil.
I. 3.2. Objetivos específicos
- Quantificar o número de atendimentos de acupuntura realizado no período de 2008 a
2010;
- Relacionar o número de atendimentos por ano, entre as Regiões do Brasil;
- Calcular as taxas de número de consultas de acupuntura com relação ao total de
atendimentos ambulatoriais de cada Estado brasileiro.
I. 4. JUSTIFICATIVA
A prática da acupuntura no Brasil vem crescendo de forma acelerada. Antes vista como uma
prática empírica, mística e até como bruxaria pela comunidade científica, essa técnica Oriental
ganhou, nos últimos anos, maior credibilidade na ampliação dos cuidados no processo saúde-
doença. A partir do atendimento das diretrizes e recomendações de várias Conferências Nacionais
de Saúde e às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), iniciou-se a construção da
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, expandindo seu campo de
atuação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Com isso, é interessante elucidar o perfil de
atendimentos de acupuntura no SUS, para fortalecer essa nova abordagem de serviço no sistema
público de saúde.
II. REFERENCIAL TEÓRICO
II. 1. A História da Acupuntura no Mundo
A acupuntura nasceu no vale do rio Amarelo, nas costas setentrionais do mar da China, há
cerca de 5000 anos. A partir daí, estendeu-se a todo o império chinês, expandindo em suas
fronteiras e depois atingindo a totalidade do continente asiático. Segundo documentos
arqueológicos e historiográficos demonstraram que o desenvolvimento da acupuntura é milenar.
Algumas pesquisas arqueológicas levaram à descoberta de agulhas de silex que datam da idade da
pedra. Acredita-se que, com o passar dos anos, as agulhas de pedra foram substituídas pelas agulhas
de osso e de bambu (SMBA, acesso em 14 Jul.2011).
Em meados do século XVII, jesuítas e viajantes procedentes do Extremo Oriente levaram as
primeiras informações sobre acupuntura para a Europa. Acredita-se, inclusive, que foram os
próprios missionários jesuítas que cunharam o termo “acupuntura”, a partir do latim. Ainda nesse
mesmo século, Rhine, um médico holandês, escreveu extensamente sobre o tema, enquanto
descrevia suas viagens ao Japão (SMBA, acesso em 14 Jul.2011).
Em 1787, Josephus Diede, defendeu a primeira tese sobre acupuntura na Europa, com o
título “Dissertatio Medico-chirurgica de cucurbitulis, moxa et Acupuntura”. No entanto, nessa
época, ninguém na Europa havia ainda utilizado uma única agulha com fins terapêuticos (SMBA,
acesso em 14 Jul.2011).
A introdução da prática da acupuntura para fins terapêuticos no Ocidente ocorreu em 1809,
tendo como mérito deste marco, o Dr. V. J. Berlioz. Baseado nos escritos de Rhine e Kaempfer,
Berlioz passa a utilizar agulhas de modo totalmente empírico. Seguindo sua inspiração, utilizava
agulhas bastante longas, com as quais não só atravessava a pele, mas buscava também atingir os
órgãos aparentemente afetados. A partir disso, muitos outros tentaram o uso das agulhas, mas sem
conhecimento dos fundamentos teóricos e das técnicas da verdadeira acupuntura chinesa, levou
grande parte dos pioneiros ao desestímulo e ao retardamento do processo de introdução da
acupuntura no Ocidente. Em 1863, Dabry de Thiersant (De la Médecine chez lês Chinois), lançou
em Paris, seu livro de 580 páginas sobre os princípios e a técnica da acupuntura, de forma clara e
simples, descrevendo as nove agulhas chinesas e as moxas. Ele viveu vários anos na China, porém,
por não ser médico e sem ter jamais praticado a acupuntura, logo teve seu livro relegado ao
esquecimento (SMBA, acesso em 14 Jul.2011).
Setenta anos após a publicação de Thiersant, já no século XX, ressurge a acupuntura no
Ocidente, mas especificamente na França. O mérito desse resgate coube a Georges Soulié de
Morant, sinólogo e cônsul da França na China. Ele não apenas se interessou pela acupuntura, como
também a estudou com vários médicos chineses, chegando a receber um reconhecimento oficial
como médico: o glóbulo de coral cinzelado, que lhe conferia a condição de acadêmico. Quando
voltou à França, Soulié de Morant ocupou-se em compilar e traduzir grande quantidade de material
informativo. Com isso, em 1934, surgia o “Précis de la Vraei Acupuncture Chinoise” (Compêndio
da Verdadeira Acupuntura Chinesa), primeiro livro de acupuntura do século (SMBA, acesso em 14
Jul.2011). Quase desistiu da missão de divulgar a MTC. No entanto, teve persistência, ensinou para
alguns interessados. Dez anos depois, um ex-aluno médico, Roger de La Fuye, fundou outra
associação, onde considerava que Acupuntura não poderia ser encabeçada por um não médico
(KWANG, acesso em 25 Out.2011). No início, a acupuntura foi vista pelos próprios médicos como
uma prática marginal, e demorou muitos anos e foram necessários muitos esforços para lhe
assegurar o lugar que ocupa atualmente. No entanto, em 1950, a Academia Francesa de Medicina
reconheceu a acupuntura como um Ato Médico, ficando seu exercício reservado aos profissionais
médicos. Contudo, para a época, a não existência de ensino acadêmico oficial dificultava a
operacionalização do que estabelecia a Academia, e o médico acupuntor era muitas vezes
confundido com charlatões (SMBA, acesso em 14 Jul.2011).
Nos Estados Unidos, até os anos sessenta, os órgãos oficiais de ensino e pesquisa
praticamente desconheciam a prática de acupuntura. Os primeiros contatos com essa prática foi
através de imigrantes orientais, que se instalavam principalmente na Costa Oeste dos Estados
Unidos, como também por meio de informações vindas da Europa (SMBA, acesso em 14 Jul.2011).
Em 1975, nos Estados de Nova York e Califórnia a acupuntura foi regulamentada em nível
multiprofissional (KWANG, acesso em 25 Out.2011).
Atualmente na China, a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e a Medicina Ocidental - a
medicina científica - são aplicadas de forma bastante complementar, podendo ser integradas em
vários hospitais. No entanto, a legislação da prática da Acupuntura varia muito de um país a outro.
Oficialmente, em muitos países europeus, a prática ainda é restrita àqueles com formação médica
formal. Na Austrália e no Reino Unido, porém, é permitido que qualquer pessoa use o título de
acupunturista. A única restrição é a exigência de que estes locais sejam controlados quanto aos
padrões de higiene. Já nos Estados Unidos, os acupunturistas não-médicos recebem uma licença e
são registrados em pelo menos 34 estados e os médicos têm permissão para praticar a Acupuntura
em todo o país. Como a Acupuntura é indicada como parte de cuidados primários, seria de se
esperar que os médicos de atenção primária tivessem interesse em praticá-la (ERNST, 2001).
II. 2. História da Acupuntura no Brasil
A acupuntura, arte milenar chinesa, começou a ser incorporada no Brasil na década de 50 e
seu desenvolvimento se deu através de duas vertentes: a imigração de orientais, a maioria chineses e
japoneses, que se estabeleceram principalmente no sul e sudeste do país, e com o Professor
Frederico Spaeth, que nessa época chegou ao Brasil procedente da Europa, como conhecedor da
acupuntura, e em pouco tempo fez uma grande clientela (KWANG, acesso em 25 Out.2011). Em
1958, fundou a SBAMO (Sociedade Brasileira de Acupuntura e Medicina Oriental) e começou a
ensinar Acupuntura para os médicos e acupunturistas brasileiros.
Formou-se no Brasil, em 1961, a Associação Brasileira de Acupuntura (ABA), que se
tornaria o órgão oficial no país, congregando profissionais de várias categorias. Devido a isso,
alguns profissionais médicos começaram a ficar incomodados, já que alguns profissionais não-
médicos não tinham boa formação, o que comprometia a prática da acupuntura de bom nível e
prejudicava o processo de inserção da acupuntura nos órgãos oficiais de ensino e pesquisa no país.
Em 1977, o Ministério do Trabalho, em convênio com o OIT e o UNESCO, definiu a
profissão acupunturista sob o código Nº0-79.15, na CBO (Classificação Brasileira de Ocupações)
através do Projeto BRA/70/550. A CBO foi reconfirmada no Diário Oficial do dia 11/02/94, Seção
1. No ano seguinte, os médicos começaram a aprender Acupuntura na Associação Brasileira de
Acupuntura e ocorreu o 1º Seminário Brasileiro de Acupuntura no Rio. Nos anos 80, foi criado o 1º
curso de Auriculoterapia no Brasil. Nesse mesmo ano foi lançado o 1º livro de Acupuntura escrito
no Brasil, “Elementos de Acupuntura”, como também o MH1, o 1º aparelho de eletroacupuntura
fabricado no país. Foi iniciada nesse período a aplicação de ímãs em pontos de Acupuntura.
(KWANG, acesso em 25 Out.2011)
Depois de muitas negociações e estudos, em 1984, os médicos acupuntores do país
formaram a Sociedade Médica Brasileira de Acupuntura, que passou a ser o órgão representativo da
categoria no Brasil. (SMBA, acesso em 14 Jul.2011).
As lutas entre a entidade médica e as entidades dos demais profissionais para o
reconhecimento da prática de acupuntura se deu desde o início. Já em 1984, o médico Mário Hato
entrou na Câmara dos Deputados com o PL3838/84 para a regulamentação da Acupuntura em nível
multiprofissional. Mas esse fato só era o início da disputa pelo reconhecimento das várias profissões
da área de saúde, contra o monopólio de domínio dessa prática pelos profissionais médicos. Dentre
as categorias não-médicas, o primeiro conselho a legalizar a prática de acupuntura foi o Conselho
Federal de Fisioterapia em 1985. Logo em seguida, em 1986, o Conselho Federal de Biomedicina
também passou a habilitar os seus profissionais pela Resolução nº02/86. (KWANG, acesso em 25
Out.2011)
Em 1989, o Ministério do Trabalho aprovou o Sindicato de Profissionais de Acupuntura,
Moxabustão, Do-In e Quiroprática do Estado de São Paulo. E dois anos depois, foi criada a
Federação Nacional de Profissionais de Acupuntura, Moxabustão, Do-In e Quiroprática, com
registro no Ministério do Trabalho. No ano de 1995, foi a vez do Conselho Federal de Enfermagem
aprovar na 239ª Reunião Ordinária o parecer favorável à prática de Terapias Naturais por
profissionais de Enfermagem. Mais recentemente, em 2001, na Resolução de nº 221, o COFFITO
chegou à conclusão de que a Acupuntura tem indicações nas alterações bio-psico-ocupacionais
(área de atuação do terapeuta ocupacional), o que justifica que este profissional seja autorizado a
usar complementarmente a Acupuntura em suas condutas profissionais. Nesse mesmo ano, o
SATOSP obteve do Ministério do Trabalho confirmação da Acupuntura como profissão. (KWANG,
acesso em 25 Out.2011)
O Conselho Federal de Psicologia, através da Resolução CFP N° 005/2002, decidido a
enfrentar os futuros ataques do Conselho Federal de Medicina (CFM), reconheceu o uso da
Acupuntura como recurso complementar no trabalho do psicólogo. Nessa mesma época, a Edição
2002 do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) estabeleceu os códigos de Acupunturista (3221-
05), de Fisioterapeuta acupunturista (2236-05), e de Psicólogo acupunturista (2515-10). (KWANG,
acesso em 25 Out.2011)
A luta pela classe médica em manter a acupuntura dentre suas especialidades – e somente
dentre as especialidades médicas e não da área da saúde – é alvo de intensas batalhas judiciais
(FILHO, 2003). Em 2010, o Conselho de Saúde e a Secretaria de Saúde do DF rejeitaram as
resoluções do CFM, e com base na Portaria MS 971/06, consideraram que a Acupuntura pode ser
realizada por equipe multiprofissional. Contudo
Sobre os aspectos históricos da acupuntura no Brasil percebe-se que em toda a sua trajetória,
ocorreram aspectos conflituosos quanto à crença na eficácia enquanto terapêutica até a aceitação
pelos profissionais de saúde e comunidades científicas. (KUREBAYASHI, acesso em 25
Out.2011). Provavelmente, a construção do seu reconhecimento, deu-se pela força e tenacidade
com que algumas pessoas buscaram defendê-la e divulgá-la. Contudo, nos dias atuais, parece haver
uma maior aceitação da acupuntura, como prática complementar, em todos os países ocidentais. O
desenvolvimento de pesquisas e rigorosos estudos na prática da acupuntura têm ampliado a
aceitabilidade da técnica pelos médicos e profissionais da saúde.
II. 3. A Acupuntura como Terapia Complementar no Sistema Único de Saúde
O Sistema Único de Saúde foi criado e aprovado pela Constituição Federal, em 1988,
reconheceu o direito de acesso universal à saúde para toda a população. Em 1990 houve a
regulamentação da organização e funcionamento dos serviços do SUS, assim como a participação
da comunidade na gestão o SUS e regulamentação das transferências intergovernamentais de
recursos. Dentre as diretrizes do SUS, constam que o dever do Estado de garantir a saúde consiste
na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de
doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e
igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 2003).
Em 1988, por meio da Resolução Nº 5/88, da Comissão Interministerial de Planejamento e
Coordenação (CIPLAN), a prática de acupuntura teve as suas normas fixadas para o atendimento
nos serviços públicos de saúde. Vários conselhos de profissões da saúde regulamentadas
reconheceram a acupuntura como especialidade em nosso país, e os cursos de formação encontra-se
disponíveis em diversas Unidades Federais (BRASIL, 2006).
Em 1999, a consulta médica em acupuntura foi inserida, pelo Ministério da Saúde, na tabela
Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS), o que permitiu acompanhar a evolução das
consultas por região e em todo País. Em 2003, foram 181.983 consultas, com uma maior
concentração de médicos acupunturistas na região Sudeste (BRASIL, 2006).
Pesquisas de 2006 relatam que, de acordo com o diagnóstico da inserção da Medicina
Natural e Práticas Complementares (MNPC) no SUS e dados do SIA/SUS, foi observado que a
acupuntura está presente em 19 estados, distribuída em 107 municípios, sendo 17 capitais
(BRASIL, 2006). Outro estudo, realizados pelo Ministério da Saúde em 2008, apontou que, dos
4050 municípios pesquisados, 4,5% oferecem a Acupuntura.
Nos últimos anos, a prática da acupuntura vem sendo difundida em todo território nacional,
principalmente depois de 2006, quando foi publicada a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares no SUS. Essa tem como objetivo, garantir a prevenção de agravos, a promoção e
recuperação da saúde, com ênfase na atenção básica, além de propor o cuidado continuado,
humanizado e integral a saúde, contribuindo com o aumento da resolubilidade do sistema, com
qualidade, eficácia, eficiência, segurança, sustentabilidade, controle e participação social no uso
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Outro fator que intensificou o aumento de consultas de acupuntura no SUS foi a criação do
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Trata-se de uma política nacional que foi criado
mediante a portaria GM N°154 de 28 de janeiro de 2008. Esse programa tem como objetivo ampliar
a abrangência e o escopo das ações da atenção básica, apoiando a estratégia de Saúde da Família na
rede de serviços e no processo de territorialização e regionalização. É composta por profissionais de
diversas especialidades da área da saúde, e dentre elas, o acupunturista está incluso em alguns
municípios do Brasil. A integração de profissionais de várias categorias nas equipes de Saúde da
Família (ESF) permite diferentes olhares, ampliando as possibilidades inovadoras das práticas do
cuidado, aumentando assim, o potencial de resolutividade (REZENDE e col, 2009). Essa parceria é
realizada através do compartilhamento das práticas em saúde, nos territórios sob responsabilidade
das ESF, com base nos processos de referência e contra-referência, ampliando-a para um processo
de acompanhamento longitudinal de responsabilidade da equipe de Saúde da Família, atuando no
fortalecimento de seus atributos e no papel de coordenação de cuidado no Sistema Único de Saúde
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).
A medicina científica ocidental moderna, ao focalizar apenas o lado biológico, propõe uma
prática parcial e reducionista, uma perspectiva estreita que necessita ser ampliada para dar conta dos
problemas envolvidos no processo saúde-doença (QUEIROZ, 2000). Já as ferramentas terapêuticas
que fazem parte das práticas integrativas e complementares podem contribuir para a ampliação da
clínica, quando associadas a outras técnicas tradicionais de medicina ocidental na atuação dos
profissionais, tanto no serviço público quanto no privado (CINTRA et al, 2010; CUNHA, 2005;
GÓMEZ, 2003).
É interessante observar que o fundamento das práticas integrativas e complementares ver o
sujeito, como foco principal do processo terapêutico em sua totalidade, o que inovam na reposição
do sujeito doente como centro do paradigma médico, e re-situa a relação curador-paciente como
elemento fundamental da terapêutica. Além disso, essa prática utiliza de tecnologia leve, meios
terapêuticos simples e menos caros que a tecnologia científica dura, entretanto, com igual ou maior
eficácia nas situações mais gerais e comuns de adoecimento (LUZ, 2005; NASCIMENTO, 1998;
SOUSA, 2005). Suas virtudes intrínsecas são relevantes, seu risco é relativamente baixo e suas
potencialidades parecem ser promissoras como uma estratégia “desmedicalizante” no âmbito do
SUS (TESSER et al, 2008). É provável, que a maior colaboração do Oriente para a medicina
Ocidental não esteja em sua técnica, mas no seu saber, nos conceitos a respeito da natureza e
causalidade das doenças, na sua visão holística de ser humano, na valorização da tendência à
autocura inerente ao organismo, no significado do “equilíbrio” que se busca com a terapia
(PALMEIRA, 1990).
III. MATERIAL E MÉTODO
Trata-se de um estudo exploratório, descritivo e retrospectivo de avaliação de dados
secundários (SOUZA et al, 2002). A obtenção dos dados foi através do sistema de informação
ambulatorial do SUS (SIA/SUS) registrados entre os anos de 2008 e 2010, obtidos por meio do
banco de dados do Ministério da Saúde (DATASUS) e do Cadastro Nacional de Estabelecimentos
de Saúde (CNES), ambos de domínio público.
Foi utilizado, como documento de base, o Boletim de Produção Ambulatorial (BPA), o qual
é preenchido pelas unidades ambulatoriais, tanto nos estados quanto nos municípios (SANTOS,
2009).
Os dados catalogados foram tabulados em forma de distribuição percentual e apresentados
em gráficos e tabelas. Foram calculadas as taxas de número de consultas de acupuntura em relação
ao total de atendimentos ambulatoriais, para cada ano do período de estudo.
Para análise do número de atendimentos de acupuntura por 100.000 atendimentos
ambulatoriais, foi utilizado o modelo de regressão linear simples, definidos como: y = α + ß ANO,
sendo α a taxa média no período analisado e ß o incremento médio no período, sendo todas as
conclusões tomadas ao nível de significância de 5 %. O Software utilizado neste estudo foi o
Statistical Package for the Social Sciences - SPSS (versão 17.0) para análise de regressão linear
simples.
IV. ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA
Pelo fato dos dados trabalhados nesse estudo serem secundários e obtidos através de banco
de dados de domínio público, e além disso, não se tratar de informações específicas de sujeitos de
pesquisa, tornou-se dispensável a apreciação desse projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa.
V. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O número de atendimento de acupuntura é ascendente a cada ano. Como mostra o gráfico 1,
entre os anos de 2008 e 2009 houve um aumento de 18,72%; entre 2009 e 2010 esse acréscimo foi
ainda mais evidente, chegando aos 74,33%. Fazendo uma análise quantitativa dos números de
consultas de acupuntura dentro do período de 2008 a 2010, o incremento dessa atividade chegou a
106,96% (Gráfico 1). Esse fato corrobora com o estudo realizado em 2009, onde foi observado um
aumento significativo entre os anos de 1999 e 2007. O resultado da regressão linear desse estudo de
2009 demonstrou que no Brasil há uma forte tendência de manutenção do crescimento das
consultas de acupuntura no Sistema Único de Saúde (SANTOS, 2009). Provavelmente, esse fato
está relacionado ao incentivo do Ministério da Saúde aos municípios para implementação de
práticas integrativas e complementares nos atendimentos pelo SUS.
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
400000
450000
500000
2008 2009 2010
Gráfico 1 – Número de atendimentos de acupuntura registrados no Sistema de Informação
Ambulatorial do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS) do Brasil entre os anos de 2008 e 2010.
Considerando as cinco Regiões do país - Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste –
observou-se contrastes significativos quanto ao número de consultas de acupuntura por ano. Na
região Norte houve um aumento de 389,50% no período de 2008 a 2010. Dos sete Estados da
Região Norte, apenas três, segundo registros do Sistema de Informação Ambulatorial do Sistema
Único de Saúde (SIA/SUS), oferecem atendimentos de acupuntura nessa região (Gráfico 4). No
Estado do Pará, no período de 2008 a 2010, foram realizadas 72.501 consultas de acupuntura. Em
segundo lugar em termos quantitativos, está o Amapá com 12.110 consultas nesse período e por
último, com 1308 consultas o Estado de Tocantins (Tabela 1). É notório que, em 2008, o Estado do
Tocantins não possuía nenhum registro no SIA/SUS, comparado com Pará e Amapá que já
registravam nesse ano, 9.589 e 1001 atendimentos de acupuntura respectivamente. Já no Nordeste,
houve um decréscimo de 13,86%, no mesmo período, sendo mais acentuado entre 2008 e 2009,
onde foi registrada uma queda de 23,47% no número de atendimentos.
Estado / Ano 2008 2009 2010 Total
Pará 9589 17015 45897 72501
Amapá 1001 6390 4719 12110
Tocantins 0 86 1222 1308
Maranhão 14348 0 0 14348
Ceará 2570 4445 9954 16969
Rio Grande do Norte 116 326 370 812
Paraíba 360 273 1695 2328
Pernambuco 4999 8458 5640 19097
Alagoas 3769 5587 2866 12222
Sergipe 1759 1199 1232 4190
Bahia 1555 2269 3633 7457
Minas Gerais 7419 12267 26018 45704
Espírito Santo 1436 2765 4134 8335
Rio de Janeiro 6539 10753 35678 52970
São Paulo 95992 129950 202214 428156
Paraná 1678 5469 29634 36781
Santa Catarina 1375 6495 20702 28572
Rio Grande do Sul 542 4269 7625 12436
Mato Grosso do Sul 94 2057 2581 4732
Mato Grosso 478 2242 3114 5834
Goiás 15244 7828 8748 31820
Distrito Federal 42507 23162 23911 89580
Total 213370 253305 441587 908262
Tabela 1 – Relação dos Estados brasileiros e o número de consultas de acupuntura registradas no
Sistema de Informação Ambulatorial do Sistema único de Saúde (SIA/SUS) do Brasil nos anos de
2008, 2009 e 2010.
Observando a tabela 1, constata-se que o Estado do Maranhão não houve nenhum registro
de consultas de acupuntura nos anos de 2009 e 2010. Como a base desses dados é secundária, e está
na dependência de quem registra no Sistema de Informação Ambulatorial do Sistema único de
Saúde (SIA/SUS), talvez, por algum motivo que se desconhece, não foram computados os dados
quantitativos desse procedimento.
Na região Sudeste observou-se um aumento de 140,64% no período de 2008 a 2010, tendo
maior destaque entre 2009 e 2010 que obteve um crescimento de 72,11% no número de consultas.
Destacando-se dentre as demais regiões, a região sul teve um aumento muito significativo nesse
período de três anos. Com um acréscimo de 1512,27% no número de consultas de acupuntura entre
2008 e 2010, essa região avançou consideravelmente na implementação da Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares no SUS. Contraditoriamente, a região centro-oeste,
diminuiu em 34,24% o número de atendimentos entre os anos de 2008 e 2010 (Gráfico 2).
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
400000
450000
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Total
2008
2009
2010
Gráfico 2 – Número de atendimentos de acupuntura registrados no Sistema de Informação
Ambulatorial do Sistema único de Saúde (SIA/SUS) nas cinco regiões do Brasil entre os anos de
2008 e 2010.
Considerando todo o país, foi observado um aumento no número de atendimentos de 106,96
% no período de 2008 a 2010. Como mostra o gráfico 2, mesmo as regiões Norte e Sul destacando-
se em termos de crescimento no número de consultas nesse período, a região Sudeste ainda se
destaca como a região que mais realiza procedimentos de acupuntura. Um fator importante a
considerar é a população geral de cada região, assim como as dimensões geográficas de cada
Estado. Como se sabe, apesar da grande extensão da região Norte do país, ela é menos populosa que
a região Sudeste que tem um espaço geográfico menor. Além disso, foi no Sudeste e Sul que, na
década de 50, os imigrantes orientais, a maioria chineses e japoneses, estabeleceram-se ao chegar
no Brasil. (KWANG, acesso em 25 Out.2011). Isso pode ter relação com o início dessas práticas
nessa região, principalmente São Paulo, onde existe uma grande população de imigrantes orientais.
Somado a isso, a Secretaria Municipal de Saúde do Município de São Paulo possui atualmente um
dos maiores programas públicos de incorporação das práticas integrativas e complementares, e que
serve de modelo para a implementação dessas práticas em vários municípios do Brasil. A Secretaria
da Saúde, desde 2001, oferece opções de tratamentos de medicina tradicional e natural e práticas
corporais por meio do Programa de Medicinas Tradicionais. Além da acupuntura, o programa
implementa no sistema de saúde da cidade atendimento em homeopatia, incentivo à atividade física,
meditação, alimentação saudável e utilização de plantas medicinais (PREFEITURA DE SÃO
PAULO, acesso em 26 Out.2011) .
Em junho de 2008, o prefeito de São Paulo assinou dois decretos, publicados no Diário
Oficial da Cidade, que contribuíram para o fortalecimento de estratégias que a Secretaria Municipal
da Saúde já vinha desenvolvendo. Atualmente, na cidade existem quatro unidades
especializadas nas localidades de Guaianases, Parque D. Pedro, São Mateus e Vila Mariana.
O Centro de Práticas Naturais de São Mateus é aberto à população e, além de acupuntura,
oferece também práticas corporais tradicionais chinesas como lian gong, xian gong, dao yin
bao jian, tai chi pai lin, taijii Qi gong, meditação e automassagem. Além disso, há ainda
ioga, oficina de plantas medicinais, sudoko, orientação nutricional e aula de esperanto.
(PREFEITURA DE SÃO PAULO, acesso em 09 Nov.2011).
No total, o programa abrange 444 unidades básicas de saúde, com 1.047 instrutores
de práticas corporais, meditativas e atividades físicas. Com relação à acupuntura, em toda a
cidade de São Paulo, existem 37 unidades e têm 62 médicos acupunturistas, que realizaram,
somente em 2010, 135.606 atendimentos (PREFEITURA DE SÃO PAULO, acesso em 26
Out.2011).
Todos esses dados, justificam São Paulo ser o Estado com maiores números absolutos de
consultas em acupuntura do Brasil (Tabela 1).
Com relação ao número de cidades que tem atendimento de acupuntura no Sistema Único de
Saúde, observa-se no gráfico 3, um aumento significativo entre os anos de 2008 e 2010. No ano de
2008, tinha-se o registro de 92 cidades que realizavam atendimentos de acupuntura pelo SUS, e em
2009 esse número subiu para 117, o que corresponde a um aumento de 27,17% entre esses dois
anos. Já em 2010, esse crescimento foi ainda mais significativo, com 151 cidades cadastradas. No
intervalo de três anos – 2008 a 2010 – observou-se um acréscimo de 64,13% no número de
municípios que oferecem para a população esse tipo de assistência. Esse fato pode ser justificado
pelo incentivo da Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde a essa prática. Os
programas públicos vêem ocorrendo em sincronia com um movimento mundial e brasileiro e são
baseados na Organização Mundial de Saúde, particularmente a partir de 1978, ano da realização da
Conferência de Alma- Ata (URSS) com resoluções sobre a atenção primária. (PREFEITURA DE
SÃO PAULO, acesso em 09 Nov.2011). Desde 2006, quando foi publicada a Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares no SUS, a prática da acupuntura vem sendo difundida com
mais intensidade em todo território nacional (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Além disso, com a
criação do Núcleo de Apoio a Saúde da Família – NASF - uma política nacional mediante a portaria
GM N°154 de 28 de janeiro de 2008, houve a inserção do acupunturista na Atenção Primária à
Saúde. Somado a tudo isso, foram criados vários centros de referência de práticas integrativas e
complementares em várias regiões do país, mais especialmente em São Paulo, como foi referido
acima.
Para a Saúde Pública, a incorporação das medicinas tradicionais e práticas complementares
ou integrativas em saúde é um importante instrumento para a produção da saúde e a humanização
nas relações sociais.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
2008 2009 2010
Gráfico 3 - Número de cidades brasileiras que possuem acupunturistas que realizam e registram
consultas segundo o SIA/SUS. Brasil, 2008 a 2010.
Analisando a tendência da taxa de atendimentos de acupuntura por 100.000 atendimentos
ambulatoriais, observou-se que na Região Norte, o Estado do Amapá teve uma taxa maior
comparado com o Pará, que é justificado por esse último possuir uma área territorial muito superior
que o primeiro (Gráfico 4).
0,00
200,00
400,00
600,00
800,00
1000,00
1200,00
2008 2009 2010
Pará
Amapá
Tocantins
Gráfico 4 – Taxa de atendimentos de acupuntura por 100.000 atendimentos ambulatoriais na Região
Norte do Brasil, 2008 a 2010.
Com relação a Região Nordeste, a tendência da taxa não houve variação significativa entre
os Estados registrados, com exceção do Maranhão que não teve nenhum registro nos anos de 2009 e
2010, o que diminuiu consideravelmente a taxa de atendimento (Gráfico 5).
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
160,00
180,00
2008 2009 2010
Maranhão
Ceará
Rio Grande do Norte
Paraíba
Pernambuco
Alagoas
Sergipe
Bahia
Gráfico 5 – Taxa de atendimentos de acupuntura por 100.000 atendimentos ambulatoriais na Região
Nordeste do Brasil, 2008 a 2010.
Na Região Centro-Oeste, o Estado do Mato Grosso obteve taxa de atendimento mais elevada
que os outros Estados e esses, durante os três anos, não tiveram alterações significativas, tendendo
apenas a uma discreta elevação no último ano (Gráfico 6).
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
450,00
500,00
2008 2009 2010
Distrito Federal
Mato Grosso do Sul
Goiás
Mato Grosso
Gráfico 6 - Taxa de atendimentos de acupuntura por 100.000 atendimentos ambulatoriais na Região
Centro-Oeste do Brasil, 2008 a 2010.
No gráfico 7, observa-se uma tendência de aumento em todos os Estados da Região Sudeste,
com destaque para São Paulo e Rio de Janeiro que tiveram taxas mais elevadas. Isso se justifica
pelo perfil demográfico - número da população e quantidade de atendimentos de acupuntura e
atendimento gerais - desses Estados.
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
2008 2009 2010
Minas Gerais
Espírito Santo
Rio de Janeiro
São Paulo
Gráfico 7 - Taxa de atendimentos de acupuntura por 100.000 atendimentos ambulatoriais na Região
Sudeste do Brasil, 2008 a 2010.
Observa-se que na Região Sul todos os Estados tiveram crescimento considerável da taxa de
atendimentos durante esses três anos, principalmente o Paraná que se destacou entre os demais.
(Gráfico 8).
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
2008 2009 2010
Paraná
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
Gráfico 8 - Taxa de atendimentos de acupuntura por 100.000 atendimentos ambulatoriais na Região
Sul do Brasil, 2008 a 2010.
VI. CONCLUSÃO
De forma global, o número de atendimento de acupuntura no Sistema Único de aumentou
consideravelmente. O incentivo da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde,
através da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, para ampliação do
cuidado, tem sido difundida com mais intensidade em todo território nacional.
Dentre as Regiões do Brasil, o Norte e o Sul destacaram-se em termos de crescimento no
número de consultas no período estudado, porém, a região Sudeste ainda se destaca como a região
que mais realiza procedimentos de acupuntura.
Apesar da base dos dados estudados ser secundária, adquirida através do Sistema de
Informação Ambulatorial do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS), pode-se perceber, de um modo
geral, o perfil dos atendimento de acupuntura no SUS em todo território nacional.
Com isso, faz-se necessário a divulgação e incentivo aos municípios que ainda não aderiram
a essa Política Nacional, e o fortalecimento dos municípios que já desenvolve esse trabalho, para
que se possa ampliar a prevenção de agravos, a promoção e recuperação da saúde, enfatizando a
atenção básica, além de propor o cuidado continuado, humanizado e integral a saúde, contribuindo
com o aumento da resolubilidade do sistema, com qualidade, eficácia, eficiência, segurança,
sustentabilidade, controle e participação social no uso.
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXO – MAPA DO BRASIL E SUAS REGIÕES
Fonte: IBGE, 2011.