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www.advocef.org.br – Discagem gratuita 0800.601.3020

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ADVOGADOSDA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

DIRETORIA EXECUTIVA 2012-2014Presidente: Carlos Alberto Regueira de Castro e Silva (Recife)Vice-Presidente: Álvaro Sérgio Weiler Junior (Porto Alegre)Primeiro Secretário: Lenymara Carvalho (Brasília)Segundo Secretário: Lya Rachel Basseto Vieira (Campinas)Primeiro Tesoureiro: Estanislau Luciano de Oliveira (Brasília)Segundo Tesoureiro: Daniele Cristina Alaniz Macedo (São Paulo)Diretor de Articulação e Relacionamento Institucional: Júlio Vitor Greve (Brasília)Diretor de Comunicação, Relacionamento Interno e Eventos: Roberto Maia (Porto Alegre)Diretor de Honorários Advocatícios: Dione Lima da Silva (Porto Alegre)Diretor de Negociação Coletiva: Marcelo Dutra Victor (Belo Horizonte)Diretor de Prerrogativas: Maria Rosa de Carvalho Leite Neta (Fortaleza)Diretor Jurídico: Pedro Jorge Santana Pereira (Recife)Diretor Social: Isabella Gomes Machado (Brasília)REPRESENTANTES REGIONAISElisia Sousa Xavier (Dijur/Suaju)|Meire Aparecida de Amorim (Dijur/Suten)|Paula GironMargalho (Aracaju)|Rodrigo Trassi de Araújo (Bauru)|José de Anchieta Bandeira Moreira Filho(Belém)|Leandro Clementoni da Cunha (Belo Horizonte)|Marta Bufáiçal Rosa (Brasília)|LyaRachel Bassetto Vieira (Campinas)|Alfredo de Souza Briltes (Campo Grande)|Renato LuizOttoni Guedes (Cascavel)|Sandro Martinho Tiegs (Cuiabá)|Manoel Diniz Paz Neto(Curitiba)|Edson Maciel Monteiro (Florianópolis)|Karla Karam Medina (Fortaleza)|Ivan SérgioVaz Porto (Goiania)|Magdiel Jeus Gomes Araújo (João Pessoa)|Rodrigo Trezza Borges (Juizde Fora)|Altair Rodrigues de Paula (Londrina)|Dioclécio Cavalcante de Melo Neto (Maceió)|KátiaRegina Souza Nascimento (Manaus)|José Irajá de Almeida (Maringá)|Francisco FredericoFelipe Marrocos (Natal)|Daniel Burkle Ward (Niterói)|Leonardo da Silva Greff (NovoHamburgo)|Cassia Daniela da Silveira (Passo Fundo)|José Carlos de Castro(Piracicaba)|Pablo Drum (Porto Alegre)|Augusto Cruz Souza (Porto Velho)|Aldo Lins eSilva Pires (Recife)|Sandro Endrigo de Azevedo Chiaroti (Ribeirão Preto)|Luiz FernandoPadilha (Rio de Janeiro)|Linéia Ferreira Costa (Salvador)|Conrado de Figueiredo N. Borba(Santa Maria)|Leandro Biondi (São José dos Campos)|Antonio Carlos Origa Junior (São Josédo Rio Preto)|Marcelo de Mattos Pereira Moreira (São Luís)|Camila Modena Basseto Ribeiro(São Paulo)|Rômulo dos Santos Lima (Teresina)|Felipe Lima de Paula (Uberaba)|AquilinoNovaes Rodrigues (Uberlândia)|Angelo Ricardo Alves da Rocha (Vitória)|Aldir Gomes Selles(Volta Redonda).CONSELHO DELIBERATIVOMembros efetivos: Davi Duarte (Porto Alegre), Anna Claudia Vasconcellos (Florianópolis),Patrícia Raquel Caires Jost Guadanhim (Londrina), Fernando da Silva Abs da Cruz (PortoAlegre), Luciano Caixeta Amâncio (Brasília), Renato Luiz Harmi Hino (Curitiba) e HenriqueChagas (Presidente Prudente).Membros suplentes: Antônio Xavier de Moraes Primo (Recife), Justiniano Dias da Silva Junior(Recife) e Elton Nobre de Oliveira (Rio de Janeiro).CONSELHO FISCALMembros efetivos: Edson Pereira da Silva (Brasília), Jayme de Azevedo Lima (Curitiba) eAdonias Melo de Cordeiro (Fortaleza).Membros suplentes: Sandro Endrigo Chiarotti (Ribeirão Preto) e Melissa Santos PinheiroVassoler Silva (Porto Velho).Endereço em Brasília/DF:SBS, Quadra 2, Bloco Q, Lote 3, Sala 1410 | Edifício João Carlos Saad | Brasília/DFCEP 70070-120 | Fone (61) 3224-3020 | E-mail: [email protected] da ADVOCEF: Gerente administrativa e financeira: Ana Niedja Mendes Nunes |Assistente financeira: Kelly Carvalho | Assistente administrativa: Valquíria Dias deOliveira Lisboa | Recepcionista: Roane Gomes Máximo

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Edito

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Conselho Editorial: Álvaro Weiler Junior, Carlos Castro, Daniele Macedo, Dione Lima da Silva,Estanislau Luciano de Oliveira, Isabella Gomes Machado, Júlio Greve, Lenymara Carvalho, LyaRachel Basseto Vieira, Marcelo Dutra Victor, Maria Rosa de Carvalho Leite Neta, Pedro JorgeSantana Pereira e Roberto Maia|Jornalista responsável: Mário Goulart Duarte (Reg. Prof. 4662)- E-mail: [email protected].|Projeto gráfico: Eduardo Furasté|Editoração eletrônica:José Roberto Vazquez Elmo|Capa e contracapa: Eduardo Furasté|Ilustrações: Ronaldo Selistre|Tiragem: 1.100 exemplares|Impressão: Athalaia Gráfica e Editora|Periodicidade: Mensal.A ADVOCEF em Revista é distribuída aos advogados da CAIXA, a entidades associativas e a insti-tuições de ensino e jurídicas.

A versão eletrônica desta publicação está disponível no site da ADVOCEF.Para acesso e leitura exclusivamente naquele formato basta fazer a opção,

na área restrita do portal. Pense na sustentabilidade do Planeta.

As opiniões publicadas são de responsabilidade de seus autores,não refletindo necessariamente o pensamento da ADVOCEF.

A edição que se abre neste outubro estácentrada em dois temas principais, que se entre-laçam e se complementam.

Como que a mostrar a continuidade da exis-tência, a mobilidade da vida e o crescimento daspessoas, uma matéria aborda os vinte anos pas-sados do ingresso dos últimos "concursados pú-blicos internos" nos quadros jurídicos da CAIXA.

A outra matéria destaca, com ávidas letras desatisfação e reconhecimento, alguns dos muitosnomes de integrantes da carreira técnica que selançam como candidatos às eleições da OAB, emtodos os recantos do país.

Longe de simples holofotes sobre os merece-dores dos dois registros, a simultaneidade dosdois tópicos numa mesma edição vem confirmar oque desde há muito tempo tem sido dito e de-monstrado nestas páginas: os advogados da CAI-XA estão, cada vez mais, crescendo em sua parti-cipação nos movimentos que engrandecem e jus-tificam a profissão.

O renovado entusiasmo de quem iniciou háduas décadas sua carreira nesta empresa públi-ca se amplia, ecoa e renova ainda mais com osmúltiplos exemplos de interesse nos destinos dacategoria.

Pode-se dizer que em ambas as frentes forame sempre serão encontrados muitos obstáculos,dificultadores e razões para esmorecimento. Masnão se poderá jamais negar que nesses mesmosterrenos - como em outros tantos mais - tambémsão encontrados motivos para continuar as lutas,recriar promessas da juventude e renovar o jura-mento da formatura.

É extremamente prazeroso para a ADVOCEFter nas páginas de seu veículo mensal tão fortesdemonstrações de abnegação pelas causasabraçadas e de manutenção de envolvimentosprofissionais.

Fiquem nossos leitores com essas e outrasatrativas matérias de seu direto interesse, na ex-pectativa de que o crescimento da categoria façacada vez mais multiplicar esses positivos exem-plos de profissionais a serviço da advocacia públi-ca e da profissão.

Construção quevem de tempos

Diretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEFDiretoria Executiva da ADVOCEF

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Eleições na OABPo

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A participação dos associados da ADVOCEF na Ordem dos AdvogadosEntre os dias 19 e 30 de novem-

bro de 2012 acontecem as eleiçõespara as diretorias e conselhos das27 seccionais da Ordem dos Advoga-dos do Brasil (OAB). Entre os con-correntes há advogados daCAIXA, lotados em uni-dades espalhadaspelo país. Represen-tam a ADVOCEF e aempresa, ao mesmotempo em que defen-dem seus interesses nasquestões referentes à car-reira, à Justiça e ao Direito emgeral.

O presidente Carlos Castro procla-ma que a ADVOCEF deve não apenasapoiar, mas também incentivar os as-sociados a comporem as chapas nasseccionais. Sustenta que os advoga-dos têm que estar o mais próximospossível da sua instituição. "Aexistência de advogados daCAIXA nos conselhos ou naadministração da OAB sig-nifica dizer que estamosdiscutindo e opinando sobreo destino da nossa categoria enos fortalecendo enquanto pro-fissionais do Direito."

A seguir, alguns advogadosfalam sobre suas realizações no man-dato que está encerrando. Os candida-tos que concorrem à reeleição e os quedisputam pela primeira vez contam oque pretendem fazer nas gestões quecomeçam em 1º de janeiro de 2013 evão até 31 de dezembro de 2015.

Em São José doRio Preto/SP

Por trás dos cursos e palestras, con-siderados pontos altos da atual admi-nistração da Subseção de São José doRio Preto, está o trabalho do advogadoAntônio José Araujo Martins, da CAIXA.Coordenador da Comissão de Cultura eEventos, sob sua responsabilidade fo-ram realizados, em média, 14 eventospor ano com palestrantes renomados.Em 2012, promoveu ainda um congres-

so de Direito Desportivo, o primeiro dointerior do Estado de São Paulo.

"Firmamos convênios com empre-sas que permitiram o treinamento detodos os funcionários da OAB local eminformática, assim como capacitaçãoem secretariado e revisão sobre as al-

terações da língua portuguesa. Por fim,nos últimos dias organizamos um de-bate entre candidatos à Prefeitura deSão José do Rio Preto, com a parceriada imprensa escrita e rádio."

Outra atividade de Antônio José, háseis anos, é a relatoria

da XI Turma do Tribu-nal de Ética e Dis-

ciplina. "Foi ex-t r e m a m e n t eenriquecedora,pois me permi-tiu identificarcolegas, peculi-aridades e práti-cas indevidas

da advocaciaque desconhecia

totalmente, o quenos auxilia muitas ve-

zes nas negociações e tratativasque fazemos pela CAIXA."

Práticas indevidas podem ser apro-priação de dinheiro do cliente utilizan-do-se de recibo assinado em branco;não prestar contas ao cliente; apropria-ção de bem móvel de cliente sem pre-visão contratual; imputar crime a ter-ceiro, sem autorização do cliente; pu-blicações desnecessárias na imprensa.

De acordo com Antônio José, a atu-ação na OAB permite um intenso relaci-onamento profissional e social, que au-xilia na resolução dos mais variadosproblemas. Lembra um "caso absurdo"que solucionou graças a essas condi-ções: "Uma advogada de outro Estadofez uma representação alegando des-respeito às suas prerrogativas pelo ge-rente de uma agência e por mim, quan-do na verdade a pretensão da advogadaé que era totalmente despropositada".

O advogado foi convidado para com-por uma das chapas deste ano no car-go de Secretário Geral. Aceitou o convi-te e vai tocar o projeto de aprofundar apolítica de cultura e eventos.

Em João Pessoa/PBO representante do Jurir João Pes-

soa/PB, Magdiel Jeus Gomes Araújo,|||||Antônio José: política de cultura e eventos

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participou da gestão atual da Seccionalda Paraíba como membro da Comissãode Ética nos anos 2010 e 2011 e é can-didato ao Conselho Estadual na próxi-ma eleição. Na experiência, ele perce-beu que a existência da instituição de-pende diretamente dos advogados quea compõem. Isso acontece, explica,"num simples pagamento de anuidade,na prática de uma advocacia ética e in-cessante na defesa de seus constituin-tes ou na participação direta em comis-sões e cargos da diretoria".

Como advogado da CAIXA, Magdieldispôs de independência total paraapurar as infrações praticadas por seuspares. No entanto, seu trabalho se limi-tava ao âmbito exclusivo do processodisciplinar, quando queria fazer mais.Com o convite para concorrer ao cargode conselheiro, poderá, se eleito, pôrem prática as suas ideias.

Por exemplo: organizar palestras econgressos sobre a ética na advoca-cia, criar instrumentos para divulgar onúmero de penalidades aplicadas aosadvogados infratores do estatuto daOrdem do Estado e fortalecer a partici-pação da advocacia pública nas discus-sões dentro e fora da instituição.

Na Comissão de Ética, Magdielpôde ver como é difícil a tarefa de jul-gar colegas. "Apesar das tipificaçõesobjetivas de algumas infrações no Es-tatuto da Ordem, em muitas ocasiõesconstatei que a infração à ética,advinda do ato praticado pelo colegaadvogado, entrava no campo da sub-jetividade, em que os princípios mo-rais são totalmente diversos e direta-mente interligados com a formação decada um como pessoa."

Mesmo assim, seguiu em frente."Procurei desempenhar um trabalhomais rigoroso possível, sem olvidar dasinjustiças que algumas vezes se apre-sentavam em denúncias infundadas ouem perseguições ao colega advogadono empenho de seu labor."

O balanço é positivo: "De toda for-ma, as experiências foram as melhorespossíveis, servindo para alicerçar cadavez mais o meu trabalho dentro de umaética profissional, seja na relação comoutros colegas advogados, com os ser-vidores da Justiça ou com a empresana qual trabalho".

Magdiel lembra de palestra recen-te na OAB, em Brasília, quando o presi-dente Ophir Cavalcante se dirigiu a diri-gentes e advogados da CAIXA. "O presi-dente expressou de forma ímpar a im-portância do advogado público comoinstrumento essencial para a efetivaçãodos princípios, direitos e garantias fun-damentais, conferindo segurança e es-tabilidade à administração pública emface dos direitos dos cidadãos, de ve-rem respeitado o trato com a coisa pú-blica."

Na prática, porém, lamentaMagdiel, ainda é limitada a participa-ção de advogados públicos, "contras-tando com a importância de sua contri-buição para a sociedade".

Em Fortaleza/CEO conselheiro Bruno Queiroz, advo-

gado do Jurir Fortaleza/CE, consideraque foi positiva a sua participação naSeccional, não apenas nas sessões doConselho e na relatoria dos processosadministrativos, mas também comocriminalista, acompanhando casos derepercussão no Estado, por delegaçãoda presidência. Também ministrou cur-sos para os advogados em início de car-reira na Escola da Advocacia.

"A atual gestão foi muito atuantetambém na defesa das prerrogativas,com muitas representações no Conse-lho Nacional de Justiça e com resulta-dos favoráveis para a advocacia. De-nunciamos o escândalo do desvio derecursos na virtualização e digitalizaçãode processos no Tribunal de Justiça doCeará e passamos a transmitir todasas sessões do Conselho ao vivo, pelosite da OAB/CE, o que mostra a inde-pendência e transparência da atual ges-tão."

Foram inauguradas 80 salas deapoio para os advogados, principalmen-te no interior do Estado. A Seccional fir-mou convênio com a CAIXA, reduzindoas taxas de juros dos financiamentoshabitacionais para os advogados.

Bruno chama a atenção para o ca-ráter heterogêneo do Conselho, forma-do por representantes da advocaciapública e privada, em um contexto deconsolidação dos profissionais da CAI-XA na advocacia pública. A propósito,teve a oportunidade de ajudar na for-mação da lista sêxtupla que resultouna nomeação do associado AntonioCarlos Ferreira para ministro do STJ, fa-zendo o convencimento do pedido deapoio para os conselheiros federais daOAB no Ceará.

Bruno concorre à eleição. Como fazparte do projeto inicial da gestão, achouinteressante permanecer com o grupo."A ideia é dar continuidade ao trabalhorealizado, que tem sido muito profícuoem favor da classe aqui no Ceará."

Em Porto Velho/ROConselheiro da Seccional de

Rondônia desde 2010, o advogado Má-rio Gomes de Sá Neto, do Jurir Porto Ve-lho/RO, ainda não sabe se concorre esteano. Sua atuação na OAB:

"Primei pela dignidade, independên-cia e defesa das prerrogativas dos ad-vogados, participando de discussões degrande importância para a categoria,como o horário de funcionamento dostribunais locais, agilidade na tramitaçãode processos, uniformização dos siste-mas de peticionamento eletrônico, di-reito ao recebimento de honorários desucumbência pelos advogados públi-cos, dentre outras."

|||||Bruno Queiroz: ajuda na nomeaçãode Antonio Carlos

|||||Magdiel Araújo: a OAB dependedos advogados

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Mário destaca o apoio recebido dabancada de Rondônia no Conselho Fe-deral da OAB no processo de escolhado Quinto Constitucional, que culminoucom a nomeação a ministro do STJ doex-diretor jurídico Antonio CarlosFerreira. "Tal episódio revela a força queo apoio da OAB pode representar emquestões sensíveis e de interesse aosadvogados da CAIXA."

Em Manaus/AMExercendo o cargo de conselheiro

no Tribunal de Ética desde 2011, o ad-vogado Raimundo Anastácio Dutra Fi-lho, do Jurir Manaus/AM, resolveu con-

correr também este ano, porque identi-ficou a falta de representantes daADVOCEF no Amazonas. "Entendemosque uma empresa do porte da CAIXA,que faz a diferença na vida dos brasilei-ros, não pode se privar de ter represen-tação em uma instituição tão importan-te quanto a OAB."

Conforme o manifesto do Movimen-to Ordem Viva, suas metas visam amelhoria das condições de trabalho dosadvogados, entre outros pontos. "Que-remos uma OAB/AM pluralista, comuma gestão participativa e transparen-te, que abrigue todos os segmentos daadvocacia e dê lugar a todas as corren-tes de opinião."

Em Brasília/DFAntonio Gilvan Melo, do Jurir

Brasília/DF, observa que, apesar donúmero significativo de advogadoslotados na Matriz e no Jurídico Regio-nal de Brasília, já faz algum tempo quenão se fazem representar, "elegendoum dos nossos como conselheiro, comvoz e voto na instituição".

Candidato ao Conselho, salientaque a atuação dos advogados da CAIXAé forte e respeitada no âmbito da Justi-ça Federal, dos tribunais regionais e su-periores. "É intenção da nossa chapaestimular os colegas advogados a inte-grarem as diversas comissões da

Seccional, bem como indicá-los a de-bates junto a fóruns jurídicos."

Gilvan manda um recado aos cole-gas da unidade:

"Sabemos que não fomos eleitos re-presentantes dos colegas advogados daCAIXA, em Brasília, para integrar a cha-pa 'Eu Quero Mais Ordem - Eu QueroIbaneis', mas gostaríamos de dizer-lhesque teriam, na nossa candidatura, umautêntico representante dos seusanseios e da defesa intransigente dasprerrogativas e das conquistas internasjá alcançadas, como o Plano de Cargose Salários e principalmente o direito àsucumbência."|||||Mário Gomes: independência e defesa

das prerrogativas

|||||Gilvan Melo: recado aos colegas do Jurir

Antigos e novos colaboradoresO presidente da ADVOCEF, Carlos

Castro, não vai concorrer à reeleição noConselho da OAB/PE este ano, deixan-do a vaga para seu colega do Jurir Reci-fe/PE, Pedro Jorge Pereira, diretor jurí-dico da Associação. A decisão de CarlosCastro se deve às dificuldades em aten-der todos os compromissos. Quando foieleito conselheiro, em novembro de2009, não era ainda candidato a presi-dente da ADVOCEF. As articulações co-meçaram em janeiro de 2010 e as elei-ções ocorreram em abril. Com a posseno Conselho em 1º de janeiro de 2010,ganhou dezenas de processos para re-latar e uma agenda cheia de reuniõesdo colegiado e da 1ª Câmara.

"Após a minha posse na presidên-cia da ADVOCEF, tudo ficou mais com-plicado, tendo em vista os inúmeroscompromissos institucionais e com aprópria CAIXA na mesa de negociaçãocoletiva, sendo muitas vezes obrigadoa viajar com malas de processos disci-plinares para analisar, além de não po-der participar de muitas das reuniõesordinárias do Pleno e da 1ª Câmara, porme encontrar fora do Estado."

Castro diz que cumpre com as suasobrigações na OAB e está em dia comas análises processuais, mas nos últi-mos tempos tem sido custoso para elee para os próprios colegiados, que dei-xam de se reunir por falta de quórum.

|||||Carlos Castro: o dever cumprido

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Deixa o Conselho com o sentimento dodever cumprido e de ter colaboradocom a sua Seccional. "Procurei estarpresente nas grandes causas abraçadaspelo Conselho Federal, o que veio a for-talecer institucionalmente a nossa As-sociação."

O presidente se sente feliz porquedeixa disputando uma vaga no Conselhopernambucano o advogado Pedro JorgePereira, "um combativo e preparado com-panheiro do meu Estado, que por certohonrará a presença da nossa ADVOCEFnaquela importante seccional".

Candidato na chapa encabeçadapelo presidente Pedro Henrique, PedroJorge teve sua indicação referendadapelos advogados da CAIXA emPernambuco. Será sua estreia no Con-selho Estadual, ele que já foi membroda Comissão Estadual de Apoio aos No-vos Advogados (Ceana). Se eleito, vailutar contra o arbitramento de honorá-rios aviltantes e defender as prerrogati-vas dos advogados, visando principal-mente as penalidades de que eles sãovítimas por parte de magistrados.

Substituição em GoiâniaO advogado Alfredo Ambrósio Neto,

do Jurir Goiânia/GO, também decidiuencerrar sua participação na OAB/GOeste ano. Conselheiro na gestão 2009/2012, Alfredo resolveu abrir espaçopara que outro colega represente o Ju-rídico na Seccional, como ocorre desde1999, em forma de rodízio.

Outro motivo para a decisão é a ne-cessidade de dar mais atenção ao tra-balho como presidente do Tribunal de

Justiça Desportiva do Futebol de Goiás(TJD/GO). "Isso tem se tornado difícil emrazão dos compromissos profissionaisna CAIXA e perante o Conselho da OAB."

Alfredo considera como mais impor-tante de sua atuação como conselheiroo estreitamento do relacionamento doJurídico e Superintendência Regional daCAIXA com a OAB, que gerou resultadostambém no lado negocial. Por exemplo,houve a disponibilização de emprésti-mos e serviços diferenciados através deconvênio entre as instituições.

Alfredo diz que é muito importantecontinuar a representação da CAIXA naOAB/GO, "que tão bem será exercidapelo Dr. Ivan Sergio Vaz Porto". Afirmaque, além da aproximação com a enti-dade, aumenta o grau de proteção e fa-vorece as conquista dos advogados daCAIXA, inclusive em relação aos movi-mentos promovidos pela ADVOCEF.

O candidato substituto do JurirGoiânia, Ivan Porto, nunca participou doConselho nem exerceu cargo na OAB,mas sempre pensou em se candidatar,"por gosto de participar de instituições

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de defesa da categoria que integro,como, aliás, de há muito participo daADVOCEF". Reafirma que os conselhosconstituem um canal legítimo e eficazde encaminhamento das questões dacategoria. "Em se tratando o Jurídico daCAIXA de um dos maiores escritórios deadvocacia do Brasil, nada mais justo eaté mesmo necessário que haja essaparticipação", diz. Acrescenta que, aovalorizar os advogados, o trabalho aca-ba por engrandecer também a CAIXA,beneficiada por dispor desse mesmocanal para encaminhamento das ques-tões de seu interesse.

O advogado sabe que a OAB/GO temuma atuação muito forte em várioscampos, mas sempre há possibilidadede aperfeiçoamento. "Mas vou, primei-ramente, se eleito, procurar conhecercom profundidade todas as frentes deatuação do Conselho Seccional e as ne-cessidades da categoria para ver o queé possível ser feito."

Participação efetivaO advogado Alaim Stefanello, do

Jurir Curitiba/PR, foi convidado pela atu-al gestão da OAB/PR para concorrer aoConselho Estadual. Alaim analisa "commuito carinho" a possibilidade de parti-cipar. "Hoje temos vários colegas doJurir Curitiba participando em diversascomissões da OAB, o que é muito posi-tivo, pois nos aproxima da nossa enti-dade de classe, além de abrir espaçosimportantes para que os direitos, prer-rogativas e interesses dos advogadosda CAIXA estejam protegidos."

Um desses colegas é a advogadaIliane Rosa Pagliarini, que integra, pelaprimeira vez, a Comissão da Advoca-

|||||Josnei Pinto: são poucos osrepresentantes

|||||Pedro Jorge: novidade no ConselhoEstadual

A presença na OABabre espaços

importantes para adefesa dos direitos

dos advogados

|||||Iliane Pagliarini: integrar osadvogados públicos

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cia Pública na OAB/PR, nomeada pelopresidente da Seccional, José LucioGlomb. Segundo Iliane, os principaisobjetivos da Comissão são integrar evalorizar as carreiras de advogadospúblicos, desenvolver estudos e deba-tes e buscar a inserção social. Obser-va que os advogados da CAIXA inte-gram um importante ramo da advoca-cia pública do país, atuando com o Di-reito Público e Privado.

"Assim, é fundamental que partici-pemos ativamente nas mais diversascomissões existentes, para nos manter-mos atualizados sobre as discussõesjurídicas e questões de interesses ge-rais de nossa carreira, bem como paracompartilharmos conhecimentos e ser-mos agentes ativos nas deliberações daOAB, que reconhecidamente tem umpapel político e institucional de extre-ma relevância para nosso estado de-mocrático de direito."

O advogado Josnei de Oliveira Pin-to, da Suten, participa, há cinco anos,do Tribunal de Ética da OAB/DF. Nãopretende concorrer a cargo eletivo, masvai continuar trabalhando pela Ordem.Considera necessária a presença dos

|||||Ivan Porto com a esposa, Rita de Cássia

advogados da CAIXA porque há poucosrepresentantes da carreira pública."Nossa participação é importante paralevarmos para a OAB a dimensão denosso trabalho, que por vezes, de umavisão estritamente privada, é mal com-preendida."

Vários outros advogados da CAIXAem todo o país contribuem com as

Foco na presidênciaO advogado Alfredo Ambrósio

Neto, do Jurir Goiânia/GO, está dei-xando as atividades no Conselho daOAB/GO para se dedicar mais ao tra-balho na presidência do Tribunal deJustiça Desportiva do Futebol deGoiás (TJD/GO). No cargo desde ja-neiro deste ano, o advogado diz queos resultados buscados estão sen-do alcançados. Cita, por exemplo, aredução das comissões disciplina-res de quatro para três, priorizandoa inclusão de profissionais qualifi-cados e dispostos a contribuir de for-ma abnegada com a Justiçadesportiva.

Destaca também que pessoasaltamente qualificadas foramindicadas para o Tribunal Pleno,dando maior confiabilidade às deci-sões proferidas nas duas instânci-as jurisdicionais do TJD/GO. O regi-mento do Tribunal foi adequado àrealidade exigida pelo novo Código

Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).Outro resultado está no projeto de

modernização do Tribunal, para a im-plantação do processo eletrônico viacertificação digital dos auditores, pro-curadores e advogados. A transmissãode arquivos via certificação digital deveser iniciada em 2013, sendo concreti-zado em 2014 o processo eletrônico. Oprojeto está na linha seguida pelo STJDdo futebol, em razão de exigência daCopa do Mundo de 2014.

A volta do DragãoAlfredo é torcedor do Atlético Clube

Goianiense, que realiza má campanhano Campeonato Brasileiro. Ele apontavárias razões para isso. Entre elas, afalta de estabilidade dos dirigentes, quelevou a inúmeras trocas de técnico e àdispensa de grandes jogadores que nãocorresponderam às expectativas.

Houve também falta de dinheiro,pela perda de patrocínio e pelo pouco

|||||Alfredo Neto: os resultados no TJD/GO

recebido da venda do direito de trans-missão dos jogos. "No ano que vem,mantendo a boa estrutura que tem oclube e a base de jogadores já forma-da, acredito que o Dragão possa vol-tar à série A do Brasileirão."

Seccionais da OAB. É o caso deFernanda Carrijo, em Uberlândia/MG,e, em Porto Alegre, dos advogados queparticipam da Comissão Especial doAdvogado Empregado (CEAE), DaviDuarte (presidente), Fernando da SilvaAbs da Cruz, Juliana Bortolini, RicardoTavares, Rogério Spanhe da Silva e Wil-son Malcher.

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Ingresso em 1992Recordações do último concurso interno para Advogado da CAIXAC

arre

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Há 20 anos, em 13 deoutubro de 1992, 301 ad-vogados eram admitidosnos Jurídicos da CAIXA emtodo o país, depois de apro-vados no último concursointerno da empresa. Paracomemorar a data e recor-dar fatos da época, acom-panhe nos relatos a seguiras trajetórias dos advoga-dos Henrique Chagas, dePresidente Prudente/SP, eSirlei Neves Mendes da Sil-va, de Porto Alegre/RS.

Situação em 1992Ingressando na CAIXA

em 1984, na agência As-sis/SP, HenriqHenriqHenriqHenriqHenrique Chagasue Chagasue Chagasue Chagasue Chagas não conse-guiu conciliar o trabalho e o curso dePsicologia, como queria, pois era preci-so tempo integral. Após transferênciapara Presidente Prudente/SP, começoua cursar Direito em período noturno.

Na agência Presidente Prudente,era Henrique quem atendia as deman-das dos Jurídicos de Bauru e São Paulo,fornecendo informações sobre cartasprecatórias e o andamento processual.Não havia ainda Justiça Federal no in-terior.

“Tão logo foi aberto o concurso paraadvogado da CAIXA, o chefe do JurirBauru/SP, Dr. Marcelo Cordeiro de Melo,ligou, me avisando e incentivando. Jáme preparava para concursos e já ha-via prestado um para Procurador do Es-tado, que desisti após aprovação no daCAIXA.”

Sirlei Neves Mendes da SilvaSirlei Neves Mendes da SilvaSirlei Neves Mendes da SilvaSirlei Neves Mendes da SilvaSirlei Neves Mendes da Silvaera CAIXA executivo em 1992, na agên-cia Pelotas/RS. Tinha feito o concursopara a carreira administrativa, em1989, pensando em trabalhar comoadvogada. Era a única forma de ingres-so na atividade.

“Conhecia vários colegas da CAIXA,que me falavam muito bem da área ju-rídica. Tive oportunidade de conheceralguns advogados do quadro, que à

época se deslocavam às agências paraanálise dos contratos habitacionais.Assim, decidi tentar a carreira.”

O concursoHenriqueHenriqueHenriqueHenriqueHenrique lembra que a prova, em

três fases, foi muito difícil. Na parte obje-tiva teve “a sorte” de estar entre os pri-meiros. Na segunda prova, discursiva, nãoconseguiu responder todas as questõesno tempo dado. Mesmo assim, conseguiuse classificar em sétimo lugar. Mas havia

apenas quatro vagas noJurir Bauru.

“A sorte novamentenos abre os braços e nosacolhe, pois em setembrode 1992 as vagas foramaumentadas para 14, gra-ças ao empenho do chefedo Jurídico, Dr. MarceloCordeiro, por quem tenhoprofunda gratidão.”

A terceira fase do con-curso consistiu de estágiosupervisionado de um ano,com a confecção de pas-tas de trabalho, “cujo rigorna avaliação era altíssimo,o que provocou enormedesconforto em todos nós,recém-admitidos”. Ao final,

foram todos aprovados.As provas eram complicadas tam-

bém na avaliação de SirleiSirleiSirleiSirleiSirlei:“Lembro que os temas utilizados

eram bem atuais. Precisávamos demons-trar conhecimento em todas as áreas. Ti-vemos que elaborar cálculos complexostrabalhistas. Teve uma questão que tra-tava de sigilo bancário, um tema cuja leihavia mudado pouco tempo antes da re-alização da prova. Ou seja, buscavam pro-fissionais antenados e preparadospara todas as áreas de atuação.”

Perspectivas profissionaisAs perspectivas profissionais eram

excelentes, segundo os dois advogados.“Ganhávamos tão bem quanto um juizfederal”, diz SirleiSirleiSirleiSirleiSirlei. “Nem compensavaprestar concurso para juiz federal”, dizHenriqueHenriqueHenriqueHenriqueHenrique.

Sirlei: “Tínhamos melhores condiçõesde trabalho, pois cada área tinha uma se-cretaria, suporte, etc.”

Henrique: “Larguei tudo, me mudei dePresidente Prudente para Bauru. Lá vivipor quatro anos. Financeiramente, deimediato, a situação melhorou muito. Dareferência 42 pulei para a 80, além dafunção de Assistente Técnico I, o que re-presentou um aumento de uns 500%”.

|||||Sirlei, do Jurir Porto Alegre/RS

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A ação civil públicaEm 1994, o Ministério Público Fede-

ral questionou a validade do concursoatravés de uma ação civil pública. No iní-cio, apreensivos, os advogados temerama anulação do concurso. Mas semprehouve confiança na defesa da CAIXA, dizSirleiSirleiSirleiSirleiSirlei. “Sabíamos que seria um proces-so longo, cuja principal defesa seria a con-solidação da situação fática no tempo.Assim ocorreu.”

“Tivemos bons advogados”, dizHenriqueHenriqueHenriqueHenriqueHenrique. “Mas o melhor deles todos foio advogado da CAIXA, Dr. Davi Duarte, aquem sou profundamente grato peloprofissionalismo, dedicação e empenho nadefesa da empresa e, por consequência,na nossa defesa.”

O perigo de anulação do concurso foiafastado na sessão de 30/6/2008, no Tri-bunal Regional Federal da 1ª Região, emBrasília. Segundo o relator, desembargadorCesar Augusto Bearsi, o tempo decorridodesde o processo seletivo representava"meia vida" transcorrida na CAIXA e nãohavia como fazer desaparecer 16 anos davida dos empregados. Há recurso penden-te de julgamento no STF e há, também,ação no TST sobre o assunto.

O que mudouDe lá para cá, os dois advogados apon-

tam “altos e baixos” no período transcor-rido.

SirleiSirleiSirleiSirleiSirlei:“Fomos valorizados em algumas

oportunidades, cobrados em outras e,posso até dizer, perseguidos quando ou-samos cobrar nossos direitos, enquantocategoria diferenciada.”

Sirlei lembra da necessidade de mui-tas lutas judiciais para garantia dos direi-tos, uma instabilidade que diz persistiraté hoje.

“Ainda esperamos pela propalada pa-ridade com outras categorias jurídicas.Temos uma carga de trabalho grande e acada alteração perdemos assessoria ad-ministrativa e ganhamos várias ativida-des, que reputo administrativas, que de-vemos desempenhar. Tudo isto prejudicanossa atividade principal que é ‘pensar adefesa da CAIXA’”.

Mas, garante Sirlei, “a qualidade denossa equipe de advogados supera asadversidades e, cientes de nossas res-ponsabilidades, vamos em frente”. Ela dizque, embora suas perspectivas não te-nham se confirmado como um todo, se

sente honrada em participar do quadrode advogados da CAIXA.

HenriqueHenriqueHenriqueHenriqueHenrique:“O trabalho na área jurídica melho-

rou muito, nas condições de trabalho ena forma de atuação. Não tínhamos com-putador – os textos eram datilografados.Com a disseminação dos PCs, compra-mos o nosso 286 ou 386, coisa antiga,muito anterior aos pentiuns da Intel. En-tão, melhorou muito. E a onda de me-lhora começou com a gestão do Dr. An-tonio Carlos Ferreira na Dijur, que foinosso gerente no Jurir São Paulo/SP.Quando diretor, ressuscitou os JurídicosBauru e Campinas, que haviam sido ex-tintos na reestruturação da CAIXA nosidos de 95/96.”

O ingresso na ADVOCEFLogo que chegou ao Jurídico, SirleiSirleiSirleiSirleiSirlei

tomou conhecimento da criação daADVOCEF através da advogada HeloisaRodrigues.

“Tive a honra de participar dos primei-ros atos de sua estruturação, embora nãoestivesse presente no ato de sua criação.Participei do I Congresso da ADVOCEF eajudei a redigir seu primeiro estatuto,quando se discutia arduamente o que se-riam os tais propalados ‘honorários desucumbência’ a que a lei se referia. As-sim, sinto-me honrada de participar des-ta Associação, embora por vezes tenhadivergido de sua atuação. Mas respeito-aenquanto instituição e luto pelo seu for-talecimento.”

HenriqueHenriqueHenriqueHenriqueHenrique diz que, ao primeiro con-vite, já se associou.

“Tenho a honra de ter participado dequase todos os congressos, em especialo primeiro [em Brasília, em 1995]. Fo-ram tantos, que é impossível dizer qualfoi o melhor.”

Os próximos 20 anosValeu a pena tudo o que viveu na CAI-

XA, diz HenriqueHenriqueHenriqueHenriqueHenrique.“Tudo vale a pena quando a alma não

é pequena! Não imagino outra carreira.Vivi intensamente estes 20 anos comoadvogado da CAIXA.”

Ele espera consolidar outra carreiraimportante: a de escritor.

“Nos próximos cinco anos, estareiaqui na CAIXA. Nos outros, vou me dedi-car ao Direito Intelectual, direito do autorem especial.”

Para SirleiSirleiSirleiSirleiSirlei, essa é uma “questão bemcomplexa”. Embora ame o que faz, dizque tem direito a uma vida profissionalfora da CAIXA ou a um merecido descan-so.

“Tenho muitas viagens que gostariade fazer, livros que desejo ler, cursos, etc.Tenho planos para a minha vida futura,que por ora encontram-se barrados. Lutoainda para garantir meus direitos em re-lação a minha aposentadoria, posto queseja REG/REPLAN, e tenho encontradomuitas dificuldades junto à CAIXA/FUNCEF.”

Mensagem finalNos 20 anos de Jurídico, HenriqueHenriqueHenriqueHenriqueHenrique

se orgulha da sua unidade de Bauru, ondeconquistou amigos e o aperfeiçoamentoprofissional.

“Honra-me, em parceria com a Dra.Sonia Coimbra, ter aberto a Rejur Presi-dente Prudente/SP, em 05/08/1996.”

Entre as várias atividades que desem-penhou, se destacou no desenvolvimen-to do curso “Aspectos Jurídicos daContratação e da Cobrança Judicial” paraos gerentes, com a ajuda de vários cole-gas, em 1997/1998.

“Foi extraordinária esta experiência!Honra-me também ter colaborado naconstrução da Escola da Advocacia.”

SirleiSirleiSirleiSirleiSirlei manda um abraço a todos oscolegas que assumiram com ela em ou-tubro de 1992.

“Muitos já se foram, estão em outrascarreiras, outros aqui continuam como eu,mas todos estão guardados com muitocarinho em meu coração.”

|||||Henrique, da Rejur Presidente Prudente/SP

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| Judiciário

| Parceria

CAIXA e OAB assinam AcordoPelo convênio, advogados terão à disposição cursos de capacitação técnica

Não cabem recursosJá são apenas 836 os recursos da CAIXA no Superior Tribunal de Justiça

"A Caixa Econômica Federal está co-locando por terra o empoeirado princípioadotado pela maioria das empresas eórgãos públicos, de recorrer sempre emqualquer ação", informa matériapublicada no site do Superior Tribunal deJustiça. Segundo o texto, desde março aCAIXA reduziu em 80% o número de re-cursos, sendo responsável hoje por ape-nas 836 dos 4.201 que possuía.

Segundo o site, tudo começou em2004, quando a CAIXA era recorrente emmais de 16 mil processos no STJ. Em visi-ta ao ministro Felix Fischer, o presidenteJorge Hereda disse que é preciso liberaros advogados para questões mais rele-vantes, contribuindo também para racio-nalizar o trabalho do Tribunal.

A CAIXA firmou com o ConselhoFederal da OAB um Acordo de Coo-peração Técnica para a realização decursos de capacitação profissional,visando à formação dos advogadosda empresa. A solenidade de assina-tura, em 4 de outubro, realizada nasede da OAB em Brasília, foi transmi-tida ao vivo para a área jurídica.

O diretor jurídico da CAIXA,Jailton Zanon, disse que espera vera iniciativa estendida aos Estados,em parcerias firmadas com asSeccionais da OAB. Os cursos serão pro-movidos pela Escola Nacional da Advo-cacia (ENA) e pela Universidade de Ad-vocacia da CAIXA.

No início de sua palestra, após a as-sinatura, o presidente da OAB citou aADVOCEF, destacando sua atuação pelofortalecimento da advocacia pública.Ophir falou do papel assumido pelo pro-fissional dessa área, que é "evitar a máaplicação dos recursos públicos, o des-

vio de dinheiro em decorrência de licita-ções mal conduzidas ou eivadas de má-fé e recuperar créditos que pertencemaos contribuintes e à sociedade".

Garantias do advogadoPara isso, segundo o presidente da

OAB, o advogado público deve se pautarpela ética e independência técnica, evi-tando a mera subserviência às ordensdo empregador. "É importante que esse

profissional tenha suas prerrogativasprofissionais ressalvadas, verdadei-ra couraça que garanta ao advogadoo livre exercício de suas funções."

Ophir Cavalcante falou tambémsobre a importância da garantia doshonorários de sucumbência ao advo-gado público.

Participaram do evento o vice-presidente do Conselho Federal daOAB, Alberto de Paula Machado, o se-cretário-geral da OAB, Marcus ViniciusFurtado Coelho, o diretor-geral da

ENA, Manoel Bonfim Furtado Correia, eo ministro do Superior Tribunal de Justi-ça Antônio Carlos Ferreira.

Pela CAIXA, também estiveram pre-sentes o vice-presidente de Gestão dePessoas, Sérgio Pinheiro, e a superinten-dente Nacional de Desenvolvimento Hu-mano e Profissional, Susie Helena Ribei-ro. Representou a ADVOCEF o diretor ju-rídico, Pedro Jorge Pereira.

(Com informações da OAB.)

É o "Projeto Desistência". A estraté-gia é não recorrer em processos cujo va-lor seja baixo ou em questões já pacifica-das pela jurisprudência do STJ. "Não fazsentido insistirmos num recurso em quesabemos que não teremos êxito. Então,antecipamos e desistimos do processo",afirmou o diretor jurídico,Jailton Zanon.

Jailton disse que o núme-ro de recursos deve baixarainda mais quando houverdefinição sobre os expurgosinflacionários em cadernetasde poupança, por parte do Su-premo Tribunal Federal. NoSTJ, há cerca de 300 recursossobre o tema.

Já nos casos em que é recorrida, nãocomputados nos números acima, a CAI-XA estuda adotar iniciativas de concilia-ção. "A CAIXA optou por se colocar comopartícipe da solução do problema, e nãoapenas alguém que reclama um Judiciá-rio célere", declarou Jailton.

|||||No evento em Brasília: Pedro Jorge Pereira, Ophir Cavalcante,Antonio Carlos Ferreira e Jailton Zanon

|||||Presidente da CAIXA, Jorge Hereda, com o ministrodo STJ Felix Fischer

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Advogados da CAIXA vencem batalha contra honorários injustos

Vitória em NatalHonorários

Uma decisão em embargos decla-ratórios da 1ª Vara Federal do Rio Gran-de do Norte alterou o valor de honorári-os de sucumbência devido aos advoga-dos da CAIXA, de 0,08% para 5% do va-lor da causa (R$ 612 mil em setembrode 2011). Segundo o juiz MagnusAugusto Costa Delgado, em sua senten-ça, "verifica-se que assiste razão à insti-tuição financeira, tendo em vista que ovalor arbitrado referente aos honoráriosadvocatícios encontra-se incompatívelcom os valores buscados no presentefeito".

Os advoga-dos do Jurir Na-tal/RN come-moraram a vitó-ria, ainda maisdestacada por-que a luta é tra-vada há muitotempo. "Águamole em pedradura...", comen-tou KildereLima. O advoga-

do observa que, mesmo em casos seme-lhantes, existe uma tendência no Judici-ário em fixar honorários sucumbenciaisem valores mínimos quando a CAIXA évencedora, embora sejam fixados emmontantes justos quando a empresa éderrotada.

"Para modificar tal cultura, temos pro-curado demonstrar em cada caso que osprocuradores da CAIXA merecem e neces-sitam dessa verba, assim como qualqueroutro advogado, mesmo quando os valo-res discutidos não sejam significativos",diz Kildere.

Continuar a lutaPara o representante da ADVOCEF no

Jurir Natal, Frederico Marrocos, a decisãoé fruto da persistência dos advogados nadefesa intransigente do seu direito a ho-norários justos. "Acreditamos que asensibilização do Judiciário para esta cau-sa se dará com a continuidade dessa prá-tica em todas as instâncias, inclusive coma participação da ADVOCEF e OAB."

Segundo o diretor de Honorários daADVOCEF, Dione Lima da Silva, graças ao

A decisão

trabalho dosadvogados deNatal, foi con-quistada umaimportante vitó-ria na batalhacontra a fixa-ção irrisória dehonorários, po-dendo a deci-são servir deparadigma pa-ra outros ca-sos.

"Além disso, penso que é importanteressaltar a mensagem de que não pode-mos nos deixar abater por algumas der-rotas nessa incessante luta pela justa fi-xação dos honorários, pois com perseve-rança e perspicácia, mesmo em peque-nos atos, podemos fazer a diferença nes-sa batalha."

Para o diretor, apesar da considerá-vel diferença de valor, o que se sobressaina decisão "é a mudança de postura doJudiciário, fruto do excelente trabalho doscolegas".

05/10/2012 10:25 - Sentença. Usuário: AAD05/10/2012 10:25 - Sentença. Usuário: AAD05/10/2012 10:25 - Sentença. Usuário: AAD05/10/2012 10:25 - Sentença. Usuário: AAD05/10/2012 10:25 - Sentença. Usuário: AADAÇÃO ORDINÁRIAAÇÃO ORDINÁRIAAÇÃO ORDINÁRIAAÇÃO ORDINÁRIAAÇÃO ORDINÁRIA

PROCESSO Nº: 0006184-30.2011.4.05.8400PROCESSO Nº: 0006184-30.2011.4.05.8400PROCESSO Nº: 0006184-30.2011.4.05.8400PROCESSO Nº: 0006184-30.2011.4.05.8400PROCESSO Nº: 0006184-30.2011.4.05.8400AUTOR: SASTRAB - SOCIEDADE ASSISTENCIAL DOS TRABA-AUTOR: SASTRAB - SOCIEDADE ASSISTENCIAL DOS TRABA-AUTOR: SASTRAB - SOCIEDADE ASSISTENCIAL DOS TRABA-AUTOR: SASTRAB - SOCIEDADE ASSISTENCIAL DOS TRABA-AUTOR: SASTRAB - SOCIEDADE ASSISTENCIAL DOS TRABA-LHADORES DO BRASILLHADORES DO BRASILLHADORES DO BRASILLHADORES DO BRASILLHADORES DO BRASILADADADADADVVVVVOGOGOGOGOGADO: DrADO: DrADO: DrADO: DrADO: Dr. NEFFER ANDRÉ T. NEFFER ANDRÉ T. NEFFER ANDRÉ T. NEFFER ANDRÉ T. NEFFER ANDRÉ TORMA RORMA RORMA RORMA RORMA RODRIGUESODRIGUESODRIGUESODRIGUESODRIGUESEMBARGADO: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXAEMBARGADO: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXAEMBARGADO: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXAEMBARGADO: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXAEMBARGADO: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXAADADADADADVVVVVOGOGOGOGOGADO: MYERSON LEANDRADO: MYERSON LEANDRADO: MYERSON LEANDRADO: MYERSON LEANDRADO: MYERSON LEANDRO DO DO DO DO DA COSA COSA COSA COSA COSTTTTTAAAAAEMBARGOS DE DECLARAÇÃOEMBARGOS DE DECLARAÇÃOEMBARGOS DE DECLARAÇÃOEMBARGOS DE DECLARAÇÃOEMBARGOS DE DECLARAÇÃO1. Trata-se de embargos declaratórios opostos sob o argumento deque a sentença proferida às fls. 496/504 apresenta contradição/omissão, uma vez que arbitrou honorários advocatícios em percentualinferior ao mínimo estabelecido em base legal, equivalendo a 0,8%(zero vírgula oito por cento) do valor da causa.2. Não houve manifestação da parte autora, mesmo devidamenteintimada para responder aos embargos de declaração.3. Com fulcro no disposto no art. 535, incisos I e II, da Lei Instrumen-tal Civil, cabem embargos declaratórios para retificar decisõesinterlocutórias, sentenças e acórdãos que apresentarem vícios decontradição, obscuridade ou omissão, a necessitar da promoção decorrigendas, sob pena de comprometer a inteira vontade manifestadana decisão.4. Nesse sentido, não comportam os embargos declaratórios qual-quer outra discussão senão a correção de contradições, obscurida-

des e omissões verificadas no seio da deci-são hostilizada, nem mesmo se presta aimprimir efeito infringente ao julgado e, porvia de consequência, alterar o resultado daparte dispositiva, a não ser que a sanaçãodos vícios propicie a incidência desse efei-to modificativo à decisão atacada.5. Do exame dos autos, verifica-se que as-siste razão à instituição financeira, tendoem vista que o valor arbitrado referente aoshonorários advocatícios encontra-se incom-patível com os valores buscados no presente feito. Entretanto, a basedo percentual fixada por este julgador nos casos de demandas comvalores vultosos não chega ao patamar de 10% a 20%, mas nopercentual de 5%, devendo o valor em questão ser retificado.6. Diante do exposto, conheço dos embargos opostos pela CAIXA, edou-lhes provimento para condenar a parte autora nas custas judici-ais, bem como em honorários advocatícios sucumbenciais, nopercentual de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa.7. Ficam mantidos todos os termos da decisão ora questionada.8. P.R.INatal/RN, 01 de outubro de 2012.Magnus Augusto Costa DelgadoJuiz Federal - 1ª Vara

|||||Frederico Marrocos: emtodas as instâncias

|||||Kildere Lima: água moleem pedra dura

|||||Juiz Magnus AugustoCosta Delgado

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Outubro | 201212

Vale

a p

ena

sabe

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O termo tu quoque (você também) é conhecido graças à fa-mosa expressão proferida pelo imperador romano Júlio César, aoperceber que seu filho adotivo, Brutus, o apunhalou. Daí a máxi-ma: “Tu quoque, Brute, file mi?”. Sua aplicação no campo do Direi-to está atrelada à boa-fé objetiva, que em termos gerais impõeaos contratantes o dever de manterem um padrão de comporta-mento marcado pela honestidade, cooperação, lealdade, hones-tidade, onde uma parte não lese a legítima confiança depositadapela outra. O tu quoque também pode ser conhecido comoturpitudinem suam allegans non auditur (o sujeito não pode va-ler-se da própria torpeza), sendo designativa de situação na quala pessoa não pode se valer de uma regra jurídica a seu favor,violando a boa-fé objetiva, tal qual no caso do sujeito que aleganão ter sido notificado em determinado “endereço” sem que este“endereço” seja informado à outra parte. Sobre o tema, veja-serecente decisão proferida pelo juiz federal Dr. Guilherme AndredeLucci no processo 0012334-79.2011.4.03.6105, que tramitana 2º Vara Federal de Campinas, que aborda o tu quoque emcaso da notificação editalícia na consolidação da propriedade: inverbis: “Perceba-se que o autor não informou à requerida CaixaEconômica Federal a mudança de seu domicílio, lançado no itemA2, do campo Qualificação das Partes constante do contrato emquestão (f. 21). Tal inação informativa impossibilitou-a de localizá-lo ao fim de notificá-lo para que purgasse o inadimplemento do

Doutrinacontrato de financiamento levado à execução nos termos da Lein.º 9.514/1997. À hipótese permito-me excepcionalmente apli-car, por analogia, a teoria civilista dos atos emulativos. Em espe-cial, entendo que a insurgência do autor contra a ausência de suanotificação pessoal provoca a aplicação do instituto do tu quoque,relacionado à boa-fé objetiva, na medida em que ele mesmoadotou comportamento de transferir seu domicílio sem informarseu novo destino à Caixa Econômica Federal. Negligenciou o au-tor no cumprimento de uma obrigação contratual, fato queensejou o descumprimento pela contraparte CEF de notificá-lopessoalmente - omissão contra o qual ele agora se insurge. Pelopreceito do tu quoque (mais amplo do que a espécie exceptionon adimpleti contractus), como representação da boa-fé objeti-va, veda-se que a parte contratualmente faltosa assuma posturade intolerância objetiva em relação à outra parte no que se refereao que considera também uma desconformidade ao quanto con-tratado. Com a aplicação do tu quoque evita-se, pois, que um dossujeitos do contrato exija, contraditoriamente a seu prévio e pró-prio agir faltoso, do outro sujeito um comportamento segundo osexatos termos do contrato. Por todas essas razões, concluo quehá abuso de direito pelo autor, o qual não deve ser ora chanceladocom base no exclusivo fato de os editais de intimação da aliena-ção fiduciária (ff. 63 e 64) terem sido publicados em jornal deJundiaí/SP.” (decisão disponibilizada no DJe em 02/out/2012.)

CPC. Possibilidade de um recurso atacar duasdecisões. STJ

“2. O princípio da singularidade, também denominado daunicidade do recurso, ou unirrecorribilidade consagra a premis-sa de que, para cada decisão a ser atacada, há um único recur-so próprio e adequado previsto no ordenamento jurídico. 3. Orecorrente utilizou-se do recurso correto (respeito à forma) paraimpugnar as decisões interlocutórias, qual seja o agravo de ins-trumento. 4. O princípio da unirrecorribilidade não veda ainterposição de um único recurso para impugnar mais de umadecisão. E não há, na legislação processual, qualquer impedi-mento a essa prática, não obstante seja incomum.” (STJ, REsp1.112.599 TO, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, , , , , DJe05/set/2012.)

Rápidas

Transação sem anuência dos fiadores. Perda dagarantia fidejussória. STJ

“1. A transação e a moratória, conquanto sejam institutos jurídi-cos diversos, têm um efeito em comum quanto à exoneração dofiador que não anuiu com o acordo firmado entre o credor e odevedor (arts. 1.031, § 1º e 1.503, I, do CC de 1916). Assim,mesmo existindo cláusula prevendo a permanência da garantiafidejussória, esta é considerada extinta, porquanto o contrato defiança deve ser interpretado restritivamente, nos termos do art.1.483 do CC de 1916, ou seja, a responsabilidade dos fiadoresrestringe-se aos termos do pactuado na avença original, com aqual expressamente consentiram. Inteligência da Súmula 214do STJ.” (STJ, REsp 1.013.436 RS, Quarta Turma, Rel. Min. LuisFelipe Salomão, DJe 28/set/2012.)

Busca e Apreensão. Conversão em ação deexecução. Possibilidade. TJ SC

“Não se justifica a conversão da busca e apreensão, intentadacom base no DL n. 911 de 1/09/1969, em ação de depósito,sendo facultado ao credor, todavia, postular o prosseguimento dofeito na forma de execução com base no art. 5º do Diploma emquestão, preservado o andamento das demandas nas quais jáhouve a conversão e a citação do devedor” (Enunciado IX doGrupo de Câmaras de Direito Comercial do TJSC)”. (TJ SC, AI2012.020000-9, de Jaraguá do Sul, Segunda Câmara de DireitoComercial, Rel. Des. Rejane Andersen, julgado em 11/set/2012.)

Busca e Apreensão. Solicitação para autoridadepolicial prender o bem. Possibilidade. TRF 5

“Não localização do bem a ser apreendido por determinaçãojudicial. - Pedido de intervenção dos órgãos com atuação especí-fica no controle do fluxo de veículos no território nacional para aapreensão do veículo. Pertinência. - Diligência que se faz necessá-ria à efetividade do processo. Deferimento. - Agravo de instrumen-to provido.” (TRF 5, AI 0016085-02.2011.4.05.0000 PE, QuartaTurma, Rel. Des. Lázaro Guimarães, DJe 12/jul/2012.)

SFH. Vício de Construção. Ilegitimidade da Caixa. TRF 4“A Caixa Econômica Federal é ilegítima para compor a demanda,uma vez que não é responsável pela edificação ou sua fiscaliza-ção. - A responsabilidade pelos vícios construtivos deve ser busca-da diretamente perante os responsáveis pela construção, no juízocompetente. (TRF 4, AI 5010306-71.2012.404.0000 PR, QuartaTurma, Rel. Des. Luís Alberto D’azevedo Aurvalle, DJe 18/set/2012.)

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Outubro | 2012

| Vale a pena saber

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Elaboração

Jefferson Douglas Soares e Giuliano D'Andrea.

Sugestões e comentários dos colegas podem ser encaminhadospara os endereços:

[email protected] e [email protected].

Competência Cível da Justiça FederalAutor: Aluisio Gonçalves de Castro Mendes. 4ª edição. RT.

208 páginas.Enfrentou o autor os aspectos mais relevantes da compe-

tência cível da Justiça Federal, dando solução para os casosapresentados. O livro oferece importante ferramenta para o diaa dia forense, notadamente para aqueles que advogam na Jus-tiça Federal.

Leitura

“PROCESSO CIVIL. IMPENHORABILIDADE DE DEPÓSITOSEM CADERNETA DE POUPANÇA. EXISTÊNCIA DE MAIS DE UMAAPLICAÇÃO. EXTENSÃO DA IMPENHORABILIDADE A TODASELAS, ATÉ O LIMITE DE 40 SALÁRIOS MÍNIMOS FIXADO EMLEI. 1. O objetivo do novo sistema de impenhorabilidade dedepósito em caderneta de poupança é, claramente, o degarantir um mínimo existencial ao devedor, como coroláriodo princípio da dignidade da pessoa humana. Se o legisla-dor estabeleceu um valor determinado como expressãodesse mínimo existencial, a proteção da impenhorabilidadedeve atingir todo esse valor, independentemente do núme-ro de contas-poupança mantidas pelo devedor. 2. Não sedesconhecem as críticas, ‘de lege ferenda’, à postura toma-da pelo legislador, de proteger um devedor que, em lugar depagar suas dívidas, acumula capital em uma reserva finan-ceira. Também não se desconsidera o fato de que tal normapossivelmente incentivaria os devedores a, em lugar depagar o que devem, depositar o respectivo valor em cader-neta de poupança para burlar o pagamento. Todavia, situa-ções específicas, em que reste demonstrada postura de má-fé, podem comportar soluções também específicas, paracoibição desse comportamento. Ausente a demonstraçãode má-fé, a impenhorabilidade deve ser determinada. 3.Recurso especial conhecido e provido.” (STJ, REsp1.231.123 SP, Terceira Seção, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe30/ago/2012.)

“PROCESSO CIVIL. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. PROVA DEPARTE DO DANO. INEXISTÊNCIA. PERDA SEM CULPA DAS PAR-TES. LIQUIDAÇÃO IGUAL A ZERO. EXTINÇÃO DO PROCESSO,QUANTO A ESTA PARCELA, SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. POS-SIBILIDADE DE REPROPOSITURA. 1. Na hipótese em que asentença fixa a obrigatoriedade de indenização de determi-nado dano, mas nenhuma das partes está em condições dedemonstrar a existência e extensão desse dano, não é pos-sível ao juízo promover a liquidação da sentença valendo-se, de maneira arbitrária, de meras estimativas. 2. Impossi-

Jurisprudência

bilitada a demonstração do dano sem culpa de parte a par-te, deve-se, por analogia, aplicar a norma do art. 915 doCPC/39, extinguindo-se a liquidação sem resolução demérito quanto ao dano cuja extensão não foi comprovada,facultando-se à parte interessada o reinício dessa fase pro-cessual, caso reúna, no futuro, as provas cuja inexistênciase constatou. 3. Recurso especial conhecido e provido.” (STJ,REsp 1.280.949 SP, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi,DJe 03/out/2012.)

“CONSUMIDOR. INSCRIÇÃO EM CADASTRO DEINADIMPLENTES. QUITAÇÃO DA DÍVIDA. CANCELAMENTO DOREGISTRO. OBRIGAÇÃO DO CREDOR. PRAZO. NEGLIGÊNCIA.DANO MORAL. PRESUNÇÃO. 1. Cabe às entidades credorasque fazem uso dos serviços de cadastro de proteção aocrédito mantê-los atualizados, de sorte que uma vez recebi-do o pagamento da dívida, devem providenciar o cancela-mento do registro negativo do devedor. Precedentes. 2. Qui-tada a dívida pelo devedor, a exclusão do seu nome deveráser requerida pelo credor no prazo de 05 dias, contados dadata em que houver o pagamento efetivo, sendo certo queas quitações realizadas mediante cheque, boleto bancário,transferência interbancária ou outro meio sujeito a confir-mação, dependerão do efetivo ingresso do numerário naesfera de disponibilidade do credor. 3. Nada impede que aspartes, atentas às peculiaridades de cada caso, estipulemprazo diverso do ora estabelecido, desde que não se confi-gure uma prorrogação abusiva desse termo pelo fornecedorem detrimento do consumidor, sobretudo em se tratandode contratos de adesão. 4. A inércia do credor em promovera atualização dos dados cadastrais, apontando o pagamen-to, e consequentemente, o cancelamento do registroindevido, gera o dever de indenizar, independentemente daprova do abalo sofrido pelo autor, sob forma de dano presu-mido. Precedentes. 5. Recurso especial provido.” (STJ, REsp1.149.998 RS, Terceira Seção, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe15/ago/2012.)

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Cen

a ju

rídi

ca

Segundo pesquisada Linkedin com maisde sete mil profissionaisno mundo inteiro, estesitens deverão sumir dosescritórios nos próximosanos: fax, arquivos comfichas de papel, horário

de trabalho padrão, telefone de mesa, computadores demesa, roupa de trabalho formal, escritório especial paragerentes/executivos, cubículos, pen-drive, escritórios comporta, cartão de visita, fotocopiadoras

Os mesmospesquisados

apontaram afrequência cada

vez maior detablets,

armazenamento"em nuvem", horário

de trabalho flexível, trabalho em casa,videoconferência, documentos baseados na web, uso

de redes sociais para trabalho, roupas casuais.(Fonte: Hype Science.)

Paralisação dos juízesOs juízes federais decidiram antecipar para os

dias 7 e 8 de novembro a paralisação que estavamarcada para os 21 e 22 do mês. A Anamatra

(Associação Nacional dos Magistrados da Justiçado Trabalho) aderiu ao movimento. Os juízes não

vão participar da Semana de Conciliação,agendada para o período de 7 a 14 de novembro.

Os magistrados reivindicam arecomposição integral das perdas inflacionáriasdo subsídio (28,86%), a implantação doadicional por tempo de serviço e o alinhamentoremuneratório entre a Magistratura Federal, oMinistério Público da União e as MagistraturasEstaduais. (Fonte: Ajufe.)

1. 2.

Peixes fritosO colunista Carlos Heitor Cony

comenta na Folha de S. Paulo querepetir palavras é considerado

crime em literatura e conta o casodo repórter que foi advertido peloseu chefe a respeito do tema. Na

reportagem seguinte, sobre aagressão de um pescador a suamulher por causa de peixes, o

texto ficou assim: "João da Silvachegou da pescaria, jogou na pia

uma fiada de peixes e pediu:'Mulher, frite os mesmos'".

|||||Carlos Heitor Cony

Indicação da ANPEPFA ANPEPF indicou o nome de seu presidente,Otávio Rocha Santos, para compor o FPMC (FórumPermanente de Mediação de ConflitosFederativos), recentemente criado no âmbito daAGU. A presença no Fórum de um representante daadvocacia das empresas estatais foi sugerida peloconsultor-geral da União Arnaldo Godoy. Ocoordenador do FPMC é Orlando Muniz, diretor daCCAF (Câmara de Conciliação e Arbitragem daAdministração Federal).

|||||Otávio Rocha Santos

Novidades nos escritórios1. 2.

Aniversário da ANPEPFNo aniversário de quatro anos daANPEPF (Associação Nacional dos

Procuradores de Empresas PúblicasFederais), em 24 de setembro, opresidente Otávio Rocha Santos

lembrou de avanços conquistados noPoder Legislativo (PL 2586 e PLS

695), no Poder Executivo (minuta MP,na AGU/MJ) e no Poder Judiciário

(Amicus Curae na ADI 3396). "Que asvitórias se concretizem, de mais a

mais, neste ano e no ano que vem",desejou o presidente.

Busca da clarezaFujam do hermetismo vazio,

recomenda o advogado e professorLuís Roberto Barroso, na segunda

parte de seu artigo "Direito e Paixão",publicada no Juris Tantum desta

edição. E pede que os leitores semirem nesta passagem de Manuel

Bandeira:"Aproveito a ocasião para jurar que

jamais fiz um poema ou versoininteligível para me fingir de profundosob a especiosa capa de hermetismo.

Só não fui claro quando não pude".

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Outubro | 2012

| Cena jurídica

15

Em evento realizado em 30 de agosto, com a presença dos gerentesregionais, a SuperintendênciaRegional Curitiba Oeste homenageouos advogados do Jurir Curitiba/PRpelo seu dia, comemorado em 11 deagosto. Segundo o superintendente,Fábio Carnelós, o atendimentorealizado pelo Jurídico em Curitibafavoreceu os grandes númerosalcançados. "O apoio e a orientaçãojurídica são fundamentais para oalcance dos resultados", declarou aosite da CAIXA.

"É bom ser reconhecido. É bom ser estimado, sobretudo quando oreconhecimento é dado de forma espontânea, como foi o caso", comentou oadvogado Manoel Diniz Paz Neto.

"Trabalhamos para ser um dosmelhores Jurídicos Regionais do Brasil

e, para atingir esse objetivo, doamo-nos intensamente para o nosso

cliente, que é a CAIXA. E quando essecliente, representado por um dos seus

mais nobres departamentos,reconhece-nos desta forma, ficamos

com a sensação de que o nossotrabalho foi bem feito e de que anossa dedicação valeu a pena."

|||||Superintendente Fábio Carnelós...

...homenageia advogados do Jurir Curitiba/PR

Homenagem aos advogados

2.

1.

Novo procurador-geralPaulo Henrique Kuhn, 44 anos, é o novo procurador-geral da União, nolugar de Hélia Bettero. Na AGU desde 2003, Paulo Kuhn ocupava desde

março o cargo de consultorjurídico do Ministério dosTransportes. Aparentemente,a AGU atendeu areivindicação dasassociações da carreira daadvocacia da União, desubstituir advogados privadosque têm cargoscomissionados no governopor advogados concursados.

|||||Paulo Henrique Kuhn

Nova posteridade"A internet está cheia de textos apócrifos,inclusive alguns atribuídos a mim pelos

quais recebo xingamentos (e tentoexplicar que não são meus) e elogios (queaceito, resignado), contra os quais nada

pode ser feito e que, desconfio,sobreviverão enquanto tudo que os

pobres autores deixarem feito por meiosobsoletos virará cinza e será esquecido.Nossa posteridade será eletrônica e, dojeito que vai, será fatalmente de outro."

(Luis Fernando Verissimo,no Blog do Noblat.)

Presidente do STFO ministro Joaquim Barbosa foi

eleito em 10 de outubropresidente do Supremo TribunalFederal. Ele foi eleito por seus

pares para suceder o atualpresidente, ministro Ayres Britto,

que se aposentacompulsoriamente até o dia 18 denovembro. O vice será o ministro

Ricardo Lewandowski. Ambosatuam como relator e revisor da

Ação Penal 470 (com algunsatritos) no julgamento que chega

ao fim no Supremo TribunalFederal.

Foto

: STF

Cadastro positivoFoi publicado no Diário Oficial da União, em 18 de outubro, o decreto que

regulamenta o Cadastro Positivo, que permitirá crédito com juros mais baixosa quem paga suas contas em dia. Quem quiser participar do cadastro terá que

dar autorização a um gestor de banco de dados, ou diretamente a uma loja.

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| Judiciário

Outubro | 201216

Cen

a ju

rídi

ca

Feito inéditoCAIXA firma o primeiro acordo sobre a sétima e oitava horas trabalhadas

Na 4ª Vara do Trabalho de Lon-drina, no Paraná, foi celebrado o pri-meiro acordo no país em uma açãocoletiva envolvendo a discussãoquanto à sétima e oitava horas tra-balhadas, gerando uma conciliaçãono valor de R$ 500.066,64.

Na ação, o sindicato sustentaque a instituição viola a CLT ao en-quadrar o cargo Analista Júnior comode confiança. Em decorrência, re-quer o pagamento da sétima e oita-va horas como extras ao longo detodo o período imprescrito, com osreflexos decorrentes, inclusive deordem previdenciária.

O advogado José Carlos PinottiFilho, da Rejur Londrina/PR, enten-de que, ao firmar o acordo, a CAIXAconfirma a mudança de cultura emrelação aos processos judiciais, con-tribuindo para a diminuição do pas-sivo trabalhista. Segundo Pinotti, amedida visa à pacificação social,com vantagem econômica para osempregados e a CAIXA.

O advogado cumprimentou o juizJúlio Ricardo de Paula Amaral, "pelaatuação diligente que contribuiu di-retamente para a consecuçãoexitosa do acordo".

(Com informações do site do TRT da 9ª Região.)

|||||Da esq. para a dir.: Rogério Acquarole (representante daCAIXA), José Carlos Pinotti Filho (advogado da CAIXA), JúlioAmaral (juiz do Trabalho); Jorge Willians Tauil (advogado do

Sindicato) e Márcio César Caldana (dirigente sindical)

Senhas esquecidas

Quando completou 60 anos e passou a desfrutardos privilégios reservados aos idosos em filas deaeroportos e bancos, Nelson Motta admitiu que avelhice poderia ter algumas vantagens, afinal. Mas nãoé bem assim, constatou. "Uma fila com três idosos numbalcão de aeroporto pode levar mais tempo do queuma de 12 não idosos ao lado, porque os velhinhosdemoram muito, adoram conversar com asatendentes", conta. "No banco, é pior ainda, comsenhas esquecidas e extratos extraviados."

"Nesse caso,os idosos maisprofissionaisescolhem a filacomum, e os maisbobos e vaidosostambém, para nãoconfessarpublicamente aidade", acrescentaNelson Motta.|||||Nelson Motta: as questões da velhice

2.

1.20 anos daFENAGA ADVOCEF foi convidadapara o lançamento dolivro "20 Anos FENAG",que comemorou, emsetembro, o aniversárioda Federação Nacionaldas Associações dosGestores da CAIXA.

Vem aí a RD 15Quase tudo pronto para a

solenidade que ocorrerá emBrasília, em 12 de dezembro,para a comemoração dos 20

anos da ADVOCEF. Entre asatrações está o lançamento da

15ª edição da Revista de Direito,com a produção científica dos

advogados da CAIXA, jáconsagrada no meio

jurídico do país.

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Outubro | 2012 17

Notícias do mensalão

No fechamento desta edição, o jul-gamento da Ação Penal 470, omensalão, iniciava a sua última sema-na no Supremo Tribunal Federal. Confiraa seguir algumas curiosidades, destaca-das dos acontecimentos das últimassemanas.

Patrícios e plebeusVoto do ministro Celso de Mello, na

sessão plenária de 1º/10/2012:"O ato de corrupção constitui um ges-

to de perversão da ética do poder e daordem jurídica, cujaobservância se impõea todos os cidadãosdesta República quenão tolera o poderque corrompe nemadmite o poder que sedeixa corromper.Quem transgride taismandamentos, nãoimportando a sua po-sição estamental, sepatrícios ou plebeus,governantes ou gover-nados, expõe-se à se-veridade das leis pe-nais e, por tais atos, ocorruptor e o corruptodevem ser punidos,exemplarmente, naforma da lei."

O guarda e o domínio do fatoNa sessão de 10 de outubro, o mi-

nistro Celso de Mello discorria sobre oalcance da teoria do domínio do fato,defendendo que se encaixava perfeita-mente na situação do réu José Dirceu.Em aparte, o ministro RicardoLewandowski observou: "O que me pre-ocupa é como os 14 mil juízes vão apli-car essa teoria se o Supremo TribunalFederal não fixar balizas claras sobre aaplicação da teoria do domínio do fato".

Lewandowski lembrou o comentáriodo vice-presidente Pedro Aleixo, em 13de dezembro de 1968, quando o gover-no Costa e Silva emitiu o Ato Institucionalnº 5, suspendendo várias garantias cons-

titucionais: "Presidente, o problema deuma lei assim não é o senhor, nem osque com o senhor governam o país. Oproblema é o guarda da esquina".

Confusão na lavagemNa sessão de 11 de outubro, o mi-

nistro Marco Aurélio discordou das inter-pretações dos colegas a respeito da la-vagem de dinheiro, confundida, a seu ver,com os crimes de corrupção passiva. Se-gundo o ministro, para ser acusado delavagem de dinheiro, o réu tem de pelo

menos desconfiar que o dinheiro que re-cebeu é produto de um crime, ter a in-tenção de ocultar a origem e reintroduziro dinheiro na sociedade com aparêncialimpa.

"Receio, e devo atuar com de-sassombro, que uma postura elas-tecedora do tipo penal acabe pordesqualificar o nosso julgamento. Acabepor esvaziar essa quadra e essa páginaescrita pelo Supremo", disse o ministro.

Marco Aurélio mandou um aviso aosadvogados:

"Não quero assustar os criminalistas.Mas vislumbro que teremos muitasações penais contra os criminalistas, nosque são contratados por réus de delitosaté gravíssimos. E claro que poderãosupor que os honorários, os valores es-

tampados nos honorários, são proveni-entes de crimes. Crimes praticados portraficantes, por contraventores e poroutros criminosos."

Lei da elasticidadeLeitor anônimo da Consultor Jurídi-

co sugere a redação de um projeto de leipara incluir no Código de Processo Pe-nal, além das provas diretas e indiretas,as "provas elásticas": "Art. xx. Admitir-se-á, no processo, a elasticidade da provaquando: I - Não houver qualquer outro

meio de prova daqui-lo que o juiz já sabeque é verdade e estásendo ocultado; II -Presumir a inocênciado réu frustre o cla-mor popular".

Anulaçãode leis

Com o términoda Ação Penal 470,especialistas e minis-tros do STF conside-ram remota a possi-bilidade de anulaçãode leis aprovadascom a compra de vo-tos de parlamenta-res, entre 2003 e

2004. Estão na lista a Lei de Falências eas minirreformas previdenciária (Emen-da Constitucional nº 41) e tributária(Emenda Constitucional nº 42).

O ajuizamento de ações diretas deinconstitucionalidade contra as leis abri-ria brecha para uma investigação gene-ralizada de todas as normas aprovadasno período, alerta o professor titular daFaculdade de Direito da USP, Renato deMello Jorge Silveira.

De acordo com um ministro do Su-premo, não identificado em matéria daFolha de S. Paulo, seria difícil comprovaro vício na tramitação. Os parlamentarescorrompidos teriam que ser "individuali-zados" para que fosse demonstrado queuma maioria corrompida votou contra osprincípios constitucionais.

Açã

o Pe

nal

470

As novas teses debatidas no Supremo Tribunal Federal

|||||Julgamento contra a corrupção chega ao fim, no STF

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Outubro | 201218

A Justiça, no outro ladoRe

gist

ro

A preparação para umconcurso como o da magis-tratura do trabalho demandaa sedimentação de conheci-mentos. Não é uma corridade 100 metros - é uma ma-ratona. As palavras são donovo juiz do Tribunal Regio-nal do Trabalho da 3ª RegiãoMarcos Ulhoa Dani, que atéagosto passado era advoga-do da CAIXA (Geats). Para in-gressar na magistratura, so-nho realizado depois de seteanos na empresa, Dani estu-dou durante muito temponos horários livres, o que re-presentou, muitas vezes,abrir mão de férias, viagense fins de semana.

"Estudava à noite. Algo de que sem-pre me orgulhei foi nunca ter negligencia-do minhas tarefas e obrigações na CAIXA,que não eram poucas", diz Marcos Dani.

Recentemente, Marcos Dani lançouo livro "Direito Processual do Trabalho noTST - Teoria e Práticas Modernas" e já pen-sa em uma nova obra.

Na entrevista a seguir, Marcos Danifala da CAIXA e da nova atividade comojuiz. "É muito diferente estar 'do outro ladodo balcão', mas, também, muitosatisfatório."

ADVOCEF - Em que consiste aADVOCEF - Em que consiste aADVOCEF - Em que consiste aADVOCEF - Em que consiste aADVOCEF - Em que consiste anova atividade e quais são as se-nova atividade e quais são as se-nova atividade e quais são as se-nova atividade e quais são as se-nova atividade e quais são as se-melhanças e diferenças com as ati-melhanças e diferenças com as ati-melhanças e diferenças com as ati-melhanças e diferenças com as ati-melhanças e diferenças com as ati-vidades exercidas na CAIXA?vidades exercidas na CAIXA?vidades exercidas na CAIXA?vidades exercidas na CAIXA?vidades exercidas na CAIXA?

MARCOS DANI MARCOS DANI MARCOS DANI MARCOS DANI MARCOS DANI - A atividadejudicante representa fazer audiências,sentenciar, gerir questões administrativase jurídicas da vara do trabalho. A seme-lhança com as atividades da CAIXA é anecessidade sempre constante de dedi-cação com vistas a um resultadosatisfatório. Na verdade, há mais diferen-ças do que semelhanças. É muito dife-rente estar "do outro lado do balcão", mas,também, muito satisfatório.

ADVOCEF - Quais são os atrati-ADVOCEF - Quais são os atrati-ADVOCEF - Quais são os atrati-ADVOCEF - Quais são os atrati-ADVOCEF - Quais são os atrati-vos da nova atividade (e vantagensvos da nova atividade (e vantagensvos da nova atividade (e vantagensvos da nova atividade (e vantagensvos da nova atividade (e vantagensem relação à CAIXA)?em relação à CAIXA)?em relação à CAIXA)?em relação à CAIXA)?em relação à CAIXA)?

Ex-advogado da CAIXA assume como juiz no TRT da 3ª Região

MARCOS DANIMARCOS DANIMARCOS DANIMARCOS DANIMARCOS DANI - A magistratura dotrabalho sempre foi um sonho. Na mi-nha visão, uma das maiores vantagensé poder decidir livre, e fundamen-tadamente, as relações jurídicastrazidas ao juízo. É muito boa a sensa-ção de poder trazer a minha visão dejustiça para a vida das pessoas, sem-pre ciente da grande responsabilidadeque isto representa. A remuneração émaior do que a CAIXA, mas penso que odinheiro nunca deve ser o principalmotivador na escolha de uma profissão.Aqui lembro Confúcio - escolha um tra-balho que goste e não terá que traba-lhar mais nenhum dia... Do contrário,sua vida será um tormento!

ADVOCEF - Quais são seus sen-ADVOCEF - Quais são seus sen-ADVOCEF - Quais são seus sen-ADVOCEF - Quais são seus sen-ADVOCEF - Quais são seus sen-timentos ao deixar a CAIXA?timentos ao deixar a CAIXA?timentos ao deixar a CAIXA?timentos ao deixar a CAIXA?timentos ao deixar a CAIXA?

MARCOS DANIMARCOS DANIMARCOS DANIMARCOS DANIMARCOS DANI - A CAIXA sempre fi-cará em minhas lembranças, tanto pelosmomentos difíceis (que existiram, inclu-sive, internamente), como pelos momen-tos vitoriosos. A rotina de trazer a visãoda empresa perante a maior corte traba-lhista do país era muito prazerosa, mas,para além das atividades, sentirei faltados grandes e valorosos amigos que fizna CAIXA e que farão, para sempre, parteda minha vida. De toda sorte, fica a sen-sação de dever cumprido, de que fiz tudoque pude pela empresa. Assim, prefiroficar com as lembranças boas.

ADVOCEF - QuaisADVOCEF - QuaisADVOCEF - QuaisADVOCEF - QuaisADVOCEF - Quaissão os momentos quesão os momentos quesão os momentos quesão os momentos quesão os momentos queleva como lembrança?leva como lembrança?leva como lembrança?leva como lembrança?leva como lembrança?

MARCOS DANI MARCOS DANI MARCOS DANI MARCOS DANI MARCOS DANI - Asvitórias que tivemos naCAIXA perante o TST memarcarão para sempre,bem como o convíviocom os colegas e minis-tros do TST. Também lem-brarei da amizade dasgrandes pessoas que co-nheci na CAIXA e no cui-dado que devemos ter navida corporativa.

ADVOCEF - Um as-ADVOCEF - Um as-ADVOCEF - Um as-ADVOCEF - Um as-ADVOCEF - Um as-pecto positivo e umpecto positivo e umpecto positivo e umpecto positivo e umpecto positivo e umnegativo por ter sidonegativo por ter sidonegativo por ter sidonegativo por ter sidonegativo por ter sidoadvogado da CAIXA.advogado da CAIXA.advogado da CAIXA.advogado da CAIXA.advogado da CAIXA.

MARCOS DANI MARCOS DANI MARCOS DANI MARCOS DANI MARCOS DANI - A CAIXA abre mui-tas portas para o seu advogado, habili-tando o profissional para embates comqualquer escritório do país. É uma esco-la. Basta querer. Já no aspectocorporativo, é preciso ter habilidade,como em todo ambiente laboral, para li-dar com pessoas e políticas internas.Gostaria que, no futuro, as pessoas quetrabalham com seriedade na empresafossem valorizadas e que aspectos polí-ticos não influenciassem em questõesinternas e técnicas. Apesar da profissãode advogado ser, naturalmente, indepen-dente, esta regra não se reproduz em umagrande empresa em sua plenitude.

ADVOCEF - Algum recado paraADVOCEF - Algum recado paraADVOCEF - Algum recado paraADVOCEF - Algum recado paraADVOCEF - Algum recado paraos ex-colegas?os ex-colegas?os ex-colegas?os ex-colegas?os ex-colegas?

MARCOS DANIMARCOS DANIMARCOS DANIMARCOS DANIMARCOS DANI - Acreditem em seussonhos, seja dentro ou fora da empresa.Quem se dedica àquilo que deseja, comcerteza alcança - hoje ou amanhã. Bastanão desistir. Mas, independentementedos sonhos estarem dentro ou fora daCAIXA, é preciso tratar o seu trabalho naempresa com seriedade. Tenho orgulhode nunca ter negligenciado minhas fun-ções na CAIXA. Pelo contrário, fazia atémais do que o normal, o que implicou,além do sucesso nos tribunais, grandesatisfação profissional. No mais, deixo umgrande abraço aos queridos amigos queficaram.

|||||Marcos Dani: lembrança das vitórias no TST

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Outubro | 2012 19

Crô

nica

Regime de engordaArcinélio Caldas (*)Na década de oitenta, após a

abertura democrática, a Baixada daÉgua aguardava com ansiedade odesenrolar das campanhas eleitoraisem pauta nos diversos partidos polí-ticos. Pela primeira vez em muitosanos a oposição tornara-se fortepara ganhar o pleito local e assumiro comando do município. O candi-dato que despontava como favoritonas pesquisas de opinião era umjovem acadêmico de Direito, polêmi-co, contestador e dinâmico que es-tava a assombrar as oligarquias do-minantes com suas tesesassistencialistas edemagógicas.

O seu parti-do, embora develhas raízesp o p u l i s t a s ,caía na prefe-rência do elei-torado, aju-dando-o a per-manecer no noticiá-rio local e tendo comopromessa a renovaçãocarismática e o surgimento de novaliderança no cenário político local.

Primeiro, foram suas visões e odom da palavra fácil e convincentea empurrá-lo para a ponta do resul-tado das pesquisas do Ibope. Depois,a organização do diretório do parti-do ao qual se filiara, que determina-va reuniões diárias com diversas li-deranças do município interessadasna mudança do comando e condu-ção da política municipal.

Entre uma e outra reunião, o lí-der e os correligionários, na maioriaacadêmicos de Direito, como ele,

deixavam a sede da agremiação e sedirigiam ao boteco da esquina dopecado para um cafezinho, umacachacinha ou destilado similar, ca-paz de abrandar o estresse do dia edar uma força aos futuros políticos,destinados a elucubrar os planos davitória nas urnas.

Os deslocamentos dos meninoseram vigiados pelos vizinhos do bo-tequim em todas as suas ações, poisquebravam paradigmas e incomoda-

vam seus adversários mais idosos eos abastados empresários locaiscom a irreverência, o destemor e aesperteza própria da juventude.

Enos, fiscal aposentado e bonvivant, plantado na esquina do pe-cado com os amigos Dr. Cádio, Dr.João e Canela Fina, a cultivar o ócionos confortáveis bancos do estabe-lecimento comercial ao lado opostodo boteco Goiabão, ao ver a locomo-ção dos garotos na saída do grêmiopartidário, pigarreava e dizia para Ca-nela Fina:

- Aí vêm os bacurinhos.Os meninos deixavam o bar,

Enos pigarreava e dava conta dospassos da rapaziada:

- Canela, os bacurinhos estão vol-tando.

Passavam dias, semanas e me-ses de campanha política, Enos pi-garreava e repetia a posição em quese encontravam os jovens que orachamava de bacurinhos, ora de pi-

vetes, emitindo comentários jo-cosos sobre as novas

lideranças e suaspreferências polí-

ticas.Certo dia,

cansado deouvir a can-tilena e a mes-ma chorumela

de Enos, Dr.João, simpático ao

movimento dos jovenspromissores políticos, perdeu

as estribeiras e esbravejou:- Que é isso, Enos? Deixe os me-

ninos em paz. O que fizeram elespara te incomodar tanto, a ponto dechamá-los de bacurinhos e pivetes?

Vaticinou Enos com certo des-dém:

- Até agora não fizeram nada, Dr.João, mas o senhor viverá para ver oque acontecerá com esta cidade atéa engorda desses bichinhos.

(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA em(*) Advogado da CAIXA emCampos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.Campos dos Goytacazes/RJ.

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Outubro | 2012 I

Suplemento integrante da ADVOCEF em Revista | Ano XII | Nº 116| Outubro| 2012

Direito e paixão

Luís Roberto BarrosoProfessor Titular de Direito Constitucionalda Universidade do Estado do Rio deJaneiro. Master of Laws pela Universidadede Yale. Procurador do Estado e advogadono Rio de Janeiro.

Segunda parte (*)3) O Direito subjetivoNa terceira e última acepção que

vamos aqui considerar, o vocábulo di-reito designa a posição que as pessoasdesfrutam em face do ordenamento ju-rídico. As leis, ao consagrarem determi-nados valores e ao protegerem certosbens jurídicos, fazem-no, em últimaanálise, para satisfazer interesses dosindivíduos. Esta situação de proveito,de vantagem, titularizada por aquele aquem a norma deseja satisfazer, é oDireito subjetivo.

Direito subjetivo, assim, é o poder deação, assente no direito objetivo destina-do à satisfação de certo interesse.17 Anorma jurídica de conduta caracteriza-sepor sua bilateralidade, dirigindo-se a duaspartes e atribuindo a uma delas afaculdade18 de exigir da outra determina-do comportamento. Forma-se, dessemodo, um vínculo, uma relação jurídicaque estabelece um elo entre dois com-ponentes: de um lado, o direito subjeti-vo, a possibilidade de exigir; de outro, o

dever jurídico, a obrigação decumprir.19 Quando a exigibilidade de umaconduta se verifica em favor do particu-lar em face do Estado, diz-se existir umDireito subjetivo público.

Singularizam o Direito subjetivo, dis-tinguindo-o de outras posições jurídicas, apresença, cumulada, das seguintescaracterísticas:20 a) a ele correspondesempre um dever jurídico; b) ele é violável,ou seja, existe a possibilidade de que aparte contrária deixe de cumprir o seu de-ver; c) a ordem jurídica coloca à disposi-ção de seu titular um meio jurídico – que éa ação judicial – para exigir-lhe o cumpri-mento, deflagrando os mecanismos coer-citivos e sancionatórios do Estado.

Os direitos subjetivos – que, no pla-no constitucional, serão direitos políticos,individuais, sociais e coletivos ou difusos– são assegurados, como se referiu, porações judiciais, quando não sejam res-peitados espontaneamente. Este direi-to de ação, que é em si um direito subje-tivo público ao qual corresponde o de-ver jurídico do Estado de prestar jurisdi-ção, vem consagrado no art. 5º, XXXV daConstituição da República: ”A lei nãoexcluirá da apreciação do Poder Judiciá-rio lesão ou ameaça a direito”.

Conceptualmente, a questão do di-reito de ação não sofre alteraçãoontológica quando transportada para oplano penal. Próprio dos Estados civili-zados é o monopólio do uso da força edo poder de administrar a justiça. Porvia da ação penal, o Estado-Administra-ção exerce, perante o Estado-juiz, o po-der-dever de reprimir as infraçõespenais.21 Aos acusados, por sua vez,são assegurados direitos subjetivos di-versos, dentre os quais o do devido pro-cesso legal, abrangendo, dentre outros,o direito de defesa e o contraditório.

17 M. Seabra Fagundes, ob. cit., p. 169. Embo-ra não haja referência do autor, esta defini-ção identifica-se, em seus elementos essen-ciais, com as de Ruggiero e Maroi, Michoude Trotabas e Ferrara (v. Caio Mario da SilvaPereira, Instituições de direito civil, vol. I,1974, p. 42). Ela tem conteúdo eclético, nosentido de que utiliza, conjugadamente, ele-mentos da teoria da vontade, deWindscheid, pela qual o direito subjetivo éo poder de ação assegurado pela ordemjurídica, , , , , e da teoria do interesse,,,,, de Ihering,para quem ele é um interesse juridicamen-te protegido (v. José Carlos MoreiraAlves, Direito romano, vol. 1, 1987, p.104, eCaio Mario da Silva Pereira, ob. cit., p. 40-3).

18 É pertinente, aqui, o emprego da palavrafaculdade, como fazem inúmeros autores,porque, em verdade, o titular do direito podefazer ou não uso da norma para exigir aefetivação da conduta prevista. Faculdadedesigna, precisamente, a possibilidade depraticar ou não determinado ato, sem umcorrespectivo dever jurídico de outrem (v.Arnold Wald, Curso de direito civil, vol. 1,1962, p. 136).

19 V. José Carlos Moreira Alves, ob. cit., p.103. Utilizou-se a ideia de direito subjeti-vo por seu caráter universal e aceitaçãorelativamente pacífica, apesar de objeçõesrespeitáveis, como as de Hans Kelsen eLeon Duguit, cujos fundamentos não ca-bem aqui comentar e aos quais não aderi-mos. Aceitamos, todavia, que os direitossubjetivos sejam a espécie principal dogênero situação jurídica subjetiva (ativaou de vantagem), que compreende, tam-bém, pelo menos – para não avançar emterreno polêmico – os interesses legítimose as faculdades. Para aprofundamentodessa questão, com ampla referência dou-trinária, veja-se José Afonso da Silva, ob.cit., p. 153 e segs.

20 San Tiago Dantas, Programa de DireitoCivil (Aulas proferidas na Faculdade Naci-onal de Direito, 1942 – 1945), s. d., p. 150.

21 Sobre o tema, v. Fernando da Costa TourinhoFilho, Processo penal, vol. I, 1979, p. 298 esegs.

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Outubro | 2012II

"Questões de honra equestões de caprichos, nasinsondáveis complexidades

da alma humana, fazem o diaa dia da aplicação do Direito

pelos Tribunais."

Pois bem: é no plano dos direitos sub-jetivos e do exercício das ações judiciais,cíveis e penais, que o Direito mergulha,sem retorno, no domínio das paixões. Équando a norma genérica e abstrata setransforma na regra concreta que decideo caso levado a juízo, que o Direito sehumaniza. É aqui que se decide: quemfará fortuna e quem se arruinará; quedestino terá uma criança; quem herdará,quem indenizará. Questões de honra equestões de caprichos, nas insondáveiscomplexidades da alma humana, fazemo dia a dia da aplicação do Direito pelosTribunais.

Ali convivem agressor e vítima, sóci-os e ex-sócios, amigos e ex-amigos, aman-tes e ex-amantes, cônjuges e ex-cônjuges,pais, filhos, irmãos, parentes próximos eremotos. Os sentimentos são os mais va-riados, sempre intensos: amor, ódio,medo, glória, ciúme, cobiça, desespero,sede de justiça. Os Tribunais são lugaresde paixões revoltas, desencontradas.

Além das partes envolvidas no litígio,o processo, este cenário de paixões, teráainda dois atores sempre necessários, eum terceiro eventual: o advogado, o juiz eo membro do Ministério Público. Dos três,somente o advogado pode legitimamen-te se apaixonar pela causa.

O Ministério Público, e os órgãos eagentes que desempenham suas fun-ções, destina-se, precipuamente, à tute-la dos valores fundamentais e indisponí-veis da sociedade. Em sede penal, cabe-lhe deduzir em juízo a pretensão puniti-va do Estado e postular a repressão aoscriminosos. No juízo civil, os curadores seocupam de certas instituições (registrospúblicos, fundações, família) ou de cer-tas pessoas (ausentes, incapazes, aci-dentados no trabalho).22 Mais recente-mente, a tutela dos direitos coletivos edifusos, notadamente por via da ação ci-vil pública, tornou-se, também, funçãoinstitucional do Ministério Público.

Ordinariamente, o Ministério Públiconão atua em processos estritamente pri-vados. Em grande parte dos feitos em queoficia, age na condição de custos legis,devendo opinar imparcialmente. E mes-mo quando atua na posição típica de par-te – como na ação penal e na ação civilpública – seu papel é de representanteda sociedade, em busca da boa aplica-ção do Direito, e não necessariamenteda vitória. Porque assim é, podem os agen-

tes do Ministério Público requerer arqui-vamento de inquérito policial ou pedir aabsolvição do réu. Cumprimento da lei,nada de paixão.

O juiz é o agente da função jurisdicionaldo Estado. Cabe-lhe, mediante provocaçãoda parte interessada, pronunciar o direitodo caso concreto. A vontade do Estado-juiztem caráter de definitividade e, após osrecursos cabíveis, reveste-se da autorida-de de coisa julgada. Princípios destacadosna ordem constitucional brasileira são osda independência e imparcialidade dosjuízes (CF, arts. 95 e 96). (É bem de ver queo juiz, de regra, desagradará a um dos la-dos. Estará sempre condenado a convivercom 50% de rejeição. No mínimo, porqueàs vezes desagradará a todos). O juiz há deser o árbitro desapaixonado dos conflitosde interesses.

Não assim o advogado. Ao contráriodo Ministério Público e da Magistratura,a Advocacia é um exercício de paixão.Nos limites da lei e do Código de Ética, oadvogado há de ser parcial, engajado ecomprometido com os interesses de seucliente. Não obstante isto, diz a Consti-tuição, o advogado é indispensável à ad-ministração da justiça, sendo inviolávelpor seus atos e manifestações no exer-cício da profissão (art. 133).

É preconceituosa e desinformada aavaliação do advogado, de certos círcu-los de ignorância, como sendo o profis-sional da mentira. Ele é o profissionalque, dentre teses jurídicas alternativase sustentáveis, defende aquela queaproveita aos interesses que lhe foramconfiados. E, do outro lado, defendendoos interesses opostos, haverá outro ad-vogado. Cabe a cada advogado enunci-ar os argumentos que atendem a seucliente. A justiça será o produto dialéticodo confronto de teses antagônicas.

Por viver a turbulência das paixões,a advocacia tem disciplina rígida e es-pecífica. A Lei nº 8.906, de 4.07.94, dis-

põe sobre o Estatuto da Advocacia e aOrdem dos Advogados do Brasil – OAB,instituindo direitos e obrigações. Logode início, no art. 6º, deixa claro aque ”não há hierarquia nem subordina-ção entre advogados, magistrados emembros do Ministério Público, deven-do todos tratar-se com consideração erespeito recíprocos”. E, mais à frente,enuncia o princípio que deve nortear oadvogado ao se confrontar com a pai-xão alheia, inclusive a da opinião públi-ca – que, muitas vezes, forma juízosimpulsivos e apressados:

“Art. 31. .................................................§ 2º. Nenhum receio de desagradar

a magistrado ou a qualquer autoridade,nem de incorrer em impopularidade,deve deter o advogado no exercício daprofissão”.

Mas o advogado não deve ser ins-trumento da provocação injusta23, im-pondo-lhe, ainda, o Código de Ética, o“dever de urbanidade”, delineado emcapítulo próprio, explicitado nos seguin-tes dispositivos:

“Art. 44. Deve o advogado tratar opúblico, os colegas, as autoridades e osfuncionários do Juízo com respeito, dis-crição e independência exigindo igualtratamento e zelando pelas prerrogati-vas a que tem direito .”

Art. 45. Impõe-se ao advogado lha-neza, emprego de linguagem escorreitae polida, esmero e disciplina na execu-ção dos serviços.”

Art. 46. O advogado, na condição dedefensor nomeado, conveniado oudativo, deve comportar-se com zelo, em-penhando-se para que o cliente se sin-ta amparado e tenha a expectativa deregular desenvolvimento da demanda.”

A realização dos direitos subjetivos,a concretização, no mundo dos fatos,dos comandos contidos na norma jurí-dica, é a finalidade última do Direito. Éaqui que ele sai do papel e entra na vida,feita de gente, cérebro, nervos, coração,sentimentos e enormes paixões.

III. A paixão pela palavraO ofício do Direito é o ofício de

enfileirar palavras. Seduzir, convencer,cooptar. Este é o papel do advogado, doprofessor. Para nós, escrever, falar, nun-ca é um ato de banalidade. Nós vive-

22 Araújo Cintra, Grinover e Dinamarco, Teoriageral do processo, 1976, p. 177.

23 Lei nº 8.906/94, “Art. 34. Constitui infraçãodisciplinar: … XV. Fazer, em nome do consti-tuinte, sem autorização escrita deste, impu-tação a terceiro de fato definido como cri-me”.

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Outubro | 2012 III

"A Advocacia é um exercíciode paixão. Nos limites da lei

e do Código de Ética, oadvogado há de ser parcial,engajado e comprometidocom os interesses de seu

cliente."

mos delas, das palavras. Somos todosgigolôs das palavras.

É preciso ter paixão pela linguagem. Ea paixão pela linguagem, escreveu PauloLeminski, este formidável poeta e roman-cista curitibano, é a poesia. Mesmo escre-vendo e falando em prosa, é preciso fazê-lo sob o símbolo da poesia. Não em rimas– que, na prosa, não vai bem –, mas emritmo, em métrica, em sonoridade.

Nos anos em que eu vivi fora do Brasil,senti falta de muitas coisas. Atividades, lu-gares, pessoas. Mas nenhuma saudade eramais constante que a saudade de falarportuguês. Escolher cada palavra, saber-lheo sentido, saborear-lhe a sonoridade. Lem-brava-me sempre da declaração deCamões, não a Portugal, mas ao portugu-ês: “Deixem os Portugais morrerem à mín-gua. Minha Pátria é minha língua”.

Eça de Queirós, em ”A Correspondên-cia de Fradique Mendes”, escreveu comhumor e maestria:

“Um homem só deve falar, com impe-cável segurança e pureza, a língua da suaterra: - todas as outras as deve falar mal,orgulhosamente mal, com aquele acentochato e falso que denuncia logo o estran-geiro. Na língua verdadeiramente reside anacionalidade; - e quem for possuindo comcrescente perfeição os idiomas da Europavai gradualmente sofrendo umadesnacionalização.

(...) Não, minha senhora! Falemosnobremente mal, patrioticamente mal, aslínguas dos outros”.

Tenham, de certo, indulgência pelo ra-dicalismo de nosso Fradique, inadvertidode que os tempos subsequentes exigiriama ampliação dos horizontes linguísticos.Nos dias que correm, não há sobrevivênciaintelectual sem acesso ao conhecimentoque se produz em outras línguas. E nemsempre dá tempo de esperar pelas tradu-ções. Aliás, uma das vantagens do tercei-ro-mundismo é tornar-nos cosmopolitas.Aqui, ninguém sobrevive intelectualmentese não tiver os olhos postos no conheci-mento que se produz além-mar.

Pois bem: no exercício desta paixãopela palavra, leiam e ouçam de tudo umpouco. De fotonovelas a bulas de remédio,sempre há uma entrelinha surpreendente,uma inspiração insuspeita, um momentode humor ou de ridículo, a ser flagrado numapalavra. Não posso evitar algumas suges-tões pessoais. Em meio a tudo, não dei-xem de ler Fernando Pessoa. É o que demais lindo já se produziu em língua portu-guesa. Não deixem de ler Mafalda, do

Quino, porque nem tudo na vida é erudi-ção. Ser espirituoso é fundamental. Nãodeixem de ouvir Caetano Veloso e suaconstatação desconcertante de que ”deperto, ninguém é normal”. Como poucos,essa gente – em meio a tantos outros –professa, com fascínio e carisma, a paixãopelas palavras.

A paixão pela palavra é um exercíciode estética, som, de prazer, nunca de pre-sunção. A beleza está na simplicidade, natransparência, na clareza. Nunca na lingua-gem empolada, pernóstica, arrogante.

O livro de Introdução à Ciência do Di-reito que tive de ler no 1º ano de Faculdadeilustra, sob a forma de caricatura, como nãose deve utilizar a linguagem. Ao final dotexto, à guisa de síntese do que se haviaacabado de ler, o conceituado autor perpe-trou a seguinte pérola:

“Eis a nossa posição – fundamental-mente essêncio-existencialista, como no-tamos no capítulo XLVI – porque atribui aodireito uma essência (o conteúdo) e umaexistência (o continente), como condiçãode sua manifestação plenária no convívio,do mesmo passo que o enxerga qualfenômeno noético (vivencial), denatureza sicrética e não meramenteeclética, visto como é a síntese eidética queo informa, e não a tese e, ainda menos, aantítese”.

Este texto, desabando sobre alunos do1º ano, pode pôr a perder uma vocação.

A Revista de Direito Civil publicou, re-centemente, o texto de aula inaugural pro-ferida em uma das principais Universida-des do País, por Professor da mais elevadareputação e vasta obra publicada. Nele seliam passagens como estas:

“1. Porticum‘No instante solene em que se descer-

ram os reposteiros do ano letivo da maisantiga das faculdades de Direito do País, eas solarengas arcadas mais ainda se arre-

dondam para acolher, em maternalamplexo, a algaravia dos neófitos que secongraça com a solércia dos veteranos.

(...) Nossa lucubração é assim umahomenagem a toda a Faculdade,manirrota nas dádivas da diuturna genero-sidade (...) graças a cuja seriedade edevotamento nossa heráldica ciência pas-sou a iluminar as eras e a nortear os po-vos...

(...) Mas o nosso testemunho fica ma-nifestado, não obstante a semente corra orisco de arrostar a canícula da preguiçamental dominante e o vendavaldesagregador do imediatismo e da ambi-ção”.

Fujam de coisas assim. Saibam ter odesprezo essencial pela erudiçãoexibicionista, pelo hermetismo vazio. Acodificação desnecessária ou indevida dalinguagem é um instrumento de poder. Éuma forma de excluir a maioria, de negar-lhe acesso ao conhecimento e à informa-ção.

Mirem-se, neste particular, na passa-gem inspiradíssima de Manuel Bandeira(“Itinerário de Pasárgada”), que abre omagnífico livro de Plauto Faraco de Azeve-do (“Crítica à Dogmática e HermenêuticaJurídica”):

“Aproveito a ocasião para jurar que ja-mais fiz um poema ou verso ininteligívelpara me fingir de profundo sob a especio-sa capa de hermetismo. Só não fui claroquando não pude”.

É bem verdade que, a despeito da sim-plicidade que deve ser buscada, o Direito éuma ciência. Uma ciência é feita de princí-pios, conceitos e terminologia próprios. Ja-mais minimizem a importância de empre-gar as palavras adequadas para identificaras idéias que se quer expressar. Chamarcoisas distintas pelo mesmo nome, ou coi-sas iguais por nomes diversos, inviabiliza aprodução e transmissão do conhecimen-to. Não se esqueçam que é a palavra, alinguagem, a capacidade de comunicaçãoverbal e escrita que distinguem o homemdos outros animais e o fazem instrumentoda civilização.

Nem a opção por ser simples, nem anecessidade de ser técnico dispensam aelegância da linguagem. Fujam da vulgari-dade, da linguagem grosseira, da lingua-gem agressiva. O Conselho de Ética e Disci-plina da OAB examina, presentemente,para o fim de punição do advogado quesubscreveu, petição do teor seguinte:

“A advogada da Autora, umarecalcada, hipócrita, ignorante, tanto fez

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Outubro | 2012IV As matérias publicadas neste suplemento são de responsabilidade exclusiva de seus autores.O encarte pode ser acessado, na íntegra, no site da ADVOCEF (menu Publicações).

Ano XII | Nº 116 | Outubro | 2012

"As palavras, para oadvogado, são feitas para

persuadir, demover,incentivar. Não basta

sintaxe. Não bastaortografia. Não bastasemântica. É preciso

paixão."

que acabou por despejar o colega de pro-fissão do prédio em que residia...

(...) Essa imbecil causou-me profundosdessabores, humilhações, e vem causan-do, ainda, por causa de um capricho, masessa filha da p. terá muito em breve umaresposta aos seus desumanos atos profis-sionais”.

Por fim, tenham o orgulho e a resigna-ção de falarem em português. Orgulho deuma língua vasta, rica, sonora, sensual, àsvezes ardente.

Tenham, todavia, a resignação de fala-rem uma língua que não abre portas parao mundo. O português é um túmulo. Se es-crevessem em outras línguas, Pontes deMiranda, Miguel Reale, Seabra Fagundes,Barbosa Moreira teriam sido nomes mun-diais. Em seu trabalho ”Poesia: A paixãode linguagem”, Paulo Leminski,,,,, com saga-cidade e humor, lamentou:

“Vocês já imaginaram a desgraça queé escrever português? Sometimes Iwonder. . . . . Quem é que sabe português nes-se planeta, fora Brasil, Angola, Moçambique,Cabo Verde, Macau?

(...) A gente já nasce numa língua peri-férica, escrever uma coisa em português eficar calado mundialmente é mais ou me-nos a mesma coisa”.

Mas há encantos em não ser o maisuniversal, em não ser o mais conhecido, emnão ser o maior de todos. Fernando Pessoacaptou a evidência, com lirismo, ao consta-tar que o Tejo – o grande Tejo – não era maiordo que o rio – o pequeno rio – de sua aldeia:

“O Tejo é mais belo que o rio que correpela minha aldeia,

Mas o Tejo não é mais belo que o rioque corre pela minha aldeia

Porque o Tejo não é o rio que corre pelaminha aldeia.

O Tejo tem grandes naviosE navega nele ainda,Para aqueles que vêem em tudo o que

lá não estáA memória das naus.O Tejo desce de EspanhaE o Tejo entra no mar em Portugal.Toda a gente sabe isso.Mas poucos sabem qual é o rio da mi-

nha aldeiaE para onde ele vaiE de onde ele vem.E por isso, porque 9pertence a menos

gente,

É mais livre e maior o rio da minha al-deia”.

Alguém poderá dizer que estas preocu-pações com a linguagem constituem ummero apego à forma, à embalagem, aos ritos,e não à substância. Pois a vida é feita deconteúdos, mas também de ritos. A retóricavazia é perversa ao espírito. Mas sem esti-lo, sem forma, sem ritos, desperdiça-se abeleza e a vida se torna árida e penosa. Oprazer é parte importante da vida.

Há uma bonita passagem em ”O Pe-queno Príncipe”, um livro simpático, des-moralizado por gerações de missesiletradas. É um diálogo entre a raposa e opríncipe, que assim corre:

“Teria sido melhor voltares à mesmahora, disse a raposa. Se tu vens, por exem-plo, às quatro da tarde, desde às três eucomeçarei a ser feliz. (...) Mas se tu vens aqualquer momento, nunca saberei a horade preparar o coração ... É preciso ritos.

– Que é um rito? Perguntou oprincipezinho.

- É uma coisa muito esquecida tam-bém, disse a raposa. É o que faz com queum dia seja diferente dos outros dias: umahora, das outras horas”.

Sobre a falta de ritos – e o primitivismoque daí resulta – escreveu ainda uma vezEça de Queirós, pela pena de FradiqueMendes:

“De resto, não se desconsole, amigo!Mesmo entre os simples há modo de serreligiosos, inteiramente despidos deliturgia e de exterioridades rituais. Um pre-senciei eu, deliciosamente puro e íntimo.Foi nas margens do Zambeze. Um chefenegro, por nome Lubenga, queria, nas vés-peras de entrar em guerra com um chefevizinho, comunicar com o seu Deus, com

o seu Mulungu (que era, como sempre,um seu avô divinizado). O recado ou pedi-do, porém, que desejava mandar à suadivindade, não podia transmitir atravésdos feiticeiros e do seu cerimonial, tãograves e confidenciais matérias continha... Que faz Lubenga? Grita por um escravo:dá-lhe o recado, pausadamente, lenta-mente, ao ouvido: verifica bem que o es-cravo tudo compreendera, tudo retivera:e imediatamente arrebata um machado,decepa a cabeça do escravo, e brada tran-qüilamente: ‘Parte!’ . A alma do escravo láfoi, como uma carta lacrada e selada, di-reita para o Céu, ao Mulungu. Mas daí ainstantes o chefe bate uma palmada afli-ta na testa, chama à pressa outro escra-vo, diz-lhe ao ouvido rápidas palavras,agarra o machado, separa-lhe a cabeça,e berra. ‘Vai!’. Esquecera-lhe algum deta-lhe no seu pedido ao Mulungu ... O segun-do escravo era um pós-escrito ... Estamaneira simples de comunicar com Deusdeve regozijar o seu coração.”

A linguagem do Direito há de confor-mar-se aos rigores da técnica jurídica. Massem desprezo à clareza, à transparência,à elegância e ao ritmo melodioso da poe-sia. As palavras, para o professor, para oadvogado, para os operadores do Direito,em geral, são feitas para persuadir,demover, incentivar. Não basta sintaxe. Nãobasta ortografia. Não basta semântica. Épreciso paixão.

IV. ConclusãoCom as dificuldades previsíveis, per-

correram-se aqui alguns dos caminhos emque se cruzam o Direito e a Paixão. Umaviagem acidentada, na combinaçãoimplausível entre o inconsciente psicanalí-tico e a racionalidade jurídico-científica. Ummergulho experimental, que não foi muitoalém da superfície. Concorre, antes em ori-ginalidade que em luxo, esta combinaçãodespretensiosa e atemporal de Kelsen,Marx e Freud. Cada qual achando a com-panhia do outro incômoda.

Artigo publicado no site Mundo Jurídico(www.mundojuridico.adv.br) em julho/2002.Transcrito com a autorização do autor.

(*) A primeira parte deste artigo(*) A primeira parte deste artigo(*) A primeira parte deste artigo(*) A primeira parte deste artigo(*) A primeira parte deste artigofoi publicada na edição de setem-foi publicada na edição de setem-foi publicada na edição de setem-foi publicada na edição de setem-foi publicada na edição de setem-

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