Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
GIOVANI BIANCARDI
AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: ANÁLISE DO NÍVEL DE MOTIVAÇÃO E DESMOTIVAÇÃO DOS ALUNOS DO 3º ANO
PONTA GROSSA 2014
GIOVANI BIANCARDI
AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: ANÁLISE DO NÍVEL DE MOTIVAÇÃO E DESMOTIVAÇÃO DOS ALUNOS DO 3º ANO
Artigo apresentado como requisito parcial de avaliação para a conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2013, em parceria com a Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Orientadora: Profª Drª Silvia Christina Madrid Finck
PONTA GROSSA 2014
AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: ANÁLISE DO NÍVEL DE
MOTIVAÇÃO E DESMOTIVAÇÃO DOS ALUNOS DO 3º ANO
BIANCARDI, Giovani1
FINCK, Silvia Christina Madrid2 [email protected]
Resumo
A Educação Física, enquanto disciplina no âmbito escolar, tem papel fundamental e relevante na formação integral dos alunos, podendo contribuir para o desenvolvimento dos mesmos nos aspectos cognitivo, físico, afetivo e social. No Ensino Médio a Educação Física pode contribuir para que os alunos obtenham conhecimentos relacionados à saúde, especificamente aqueles direcionados aos hábitos para uma vida saudável. Por outro lado, tem-se constatado que no decorrer dos anos a falta de interesse dos alunos do Ensino Médio, em relação às aulas de Educação Física, está cada vez mais perceptível, o que vem dificultando o trabalho do professor. Este artigo tem por objetivo apresentar o trabalho desenvolvido no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2013 (SEED/PR) que teve os seguintes objetivos: verificar os níveis de motivação e desmotivação dos alunos do Ensino Médio nas aulas de Educação Física; realizar intervenções pedagógicas visando uma maior participação dos alunos do Ensino Médio nas aulas de Educação Física. O projeto foi desenvolvido no Colégio Estadual Altair Mongruel, na cidade de Ortigueira-PR, com os alunos do 3º ano do Ensino Médio. Inicialmente aplicou-se um questionário com questões que possibilitassem identificar o nível de motivação e desmotivação dos alunos em relação às aulas de Educação Física, bem como os motivos elencados pelos escolares. Com base nas respostas dos alunos, foram elaboradas e desenvolvidas atividades pedagógicas direcionadas para a importância da prática da atividade física e promoção da saúde, e ainda os jogos cooperativos, visando assim contribuir para uma maior participação dos alunos nas aulas de Educação Física, proporcionando-lhes conhecimentos significativos das diferentes manifestações da cultura corporal.
Palavras-chave: Motivação. Desmotivação. Educação Física. Ensino Médio.
1 Licenciado em Educação Física pela Faculdade de Educação Física de Jacarezinho.. Especialista
em Ciência do Movimento Humano.. Atua na Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná, no município de Ortigueira-PR, NRE de Telêmaco Borba-PR, professor PDE desenvolveu o projeto, que é a temática deste trabalho, na escola onde é docente. 2 Doutora em Ciência da Atividade Física e do Esporte (UNILEON/ES). Mestre em Educação (UNIMEP/SP). Professora Adjunta da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG/PR) atua no Curso de Licenciatura em Educação Física e no Programa de Pós-Graduação em Educação da UEPG. É Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física Escolar e Formação de Professores (GEPEFE/UEPG/CNPq). Professora Orientadora do PDE e do projeto que é tema deste artigo.
THE PHYSICAL EDUCATION CLASSES IN SECONDARY EDUCATION:
ANALYSIS OF MOTIVATION LEVEL AND DEMOTIVATION STUDENT OF 3rd YEAR
Abstract
Physical Education as a discipline in schools, and has a fundamental role in the integral formation of students, contributing to their development in the cognitive, physical, emotional and social. In high school Physical Education can help students obtain health-related knowledge, specifically those directed to the habits for a healthy life. On the other hand, it has been found that over the years the lack of interest of high school students in relation to Physical Education classes, is increasingly noticeable, which has hindered the work of teachers. This article aims to present the work in the Educational Development Program - PDE 2013 (SEED/PR) had the following objectives: to determine the levels of motivation and demotivation of high school students in physical education classes; perform educational interventions aimed at greater participation of high school students in Physical Education classes. The project was developed in the State College Altair Mongruel in the city of Ortigueira-PR, with students of the 3rd year of high school. Initially applied a questionnaire that would enable to identify the level of motivation and demotivation of students in relation to physical education classes, as well as the reasons listed by school. Based on the responses of the students have been prepared and developed educational activities directed to the importance of physical activity and health promotion, and the cooperative games, in order to contribute to greater participation of students in Physical Education classes, providing them with significant knowledge of the different manifestations body culture.
Keywords : Motivation. Demotivation. Physical Education. High school.
Introdução
A Educação Física, enquanto disciplina no âmbito escolar, tem papel
fundamental e relevante na formação integral dos alunos, pode contribuir para o
desenvolvimento dos mesmos nos aspectos cognitivo, físico, afetivo e social. No
Ensino Médio a Educação Física pode contribuir para que os alunos obtenham
conhecimentos relacionados à saúde, especificamente aqueles direcionados aos
hábitos para uma vida saudável.
Por outro lado, tem-se constatado que no decorrer dos anos a falta de
interesse dos alunos do Ensino Médio em relação às aulas de Educação Física está
cada vez mais perceptível, o que vem dificultando o trabalho do professor.
Este artigo tem por objetivo apresentar o trabalho desenvolvido no Programa
de Desenvolvimento Educacional – PDE 2013 (SEED/PR), o qual teve os seguintes
objetivos: verificar os níveis de motivação e desmotivação dos alunos do Ensino
Médio nas aulas de Educação Física; realizar intervenções pedagógicas visando
uma maior participação dos alunos do Ensino Médio nas aulas de Educação Física.
O projeto foi desenvolvido no “Colégio Estadual Altair Mongruel – Ensino
Fundamenta e Médio”, na cidade de Ortigueira-PR, com os alunos do 3º ano do
Ensino Médio. Utilizou-se como instrumento um questionário com questões a fim de
identificar o nível de motivação e desmotivação dos alunos em relação às aulas de
Educação Física, bem como os motivos elencados pelos escolares.
Com base nas respostas dos alunos, foram elaboradas e desenvolvidas
atividades pedagógicas direcionadas para a importância da prática da atividade
física e promoção da saúde, visando assim contribuir para uma maior participação
dos alunos nas aulas de Educação Física, proporcionando-lhes conhecimentos
significativos das diferentes manifestações da cultura corporal.
O trabalho desenvolvido na escola, por meio da implementação didática, teve
por objetivo contribuir com uma metodologia diferenciada para as aulas de
Educação Física no Ensino Médio, para tanto foram abordados os jogos
cooperativos, o intuito foi desenvolver atividades pedagógicas para motivar os
alunos a participarem das mesmas, bem como apontar a importância de se buscar
mudanças nos hábitos de vida numa perspectiva de uma melhor qualidade de vida.
As aulas de Educação Física no Ensino Médio: aspectos sobre a motivação e
desmotivação dos alunos
A educação brasileira encontra-se num processo de evolução e de
transformação, no sentido de rever qual é o seu papel e quais rumos devem ser
seguidos diante de uma sociedade globalizada.
Nesse processo, no currículo da Educação Básica encontra-se a disciplina de
Educação Física, que não está adstrita a essas evoluções e transformações, e
segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica Educação Física - DCE
(PARANÁ, 2008, p. 50) a mesma é “parte do projeto geral de escolarização e, como
tal, deve estar articulada ao projeto político-pedagógico, pois tem seu objeto de
estudo e ensino próprios, e trata de conhecimentos relevantes na escola”.
Assim, a Educação Física tem sido questionada e repensada nos últimos
anos, em relação ao seu papel na escola e sobre quais conhecimentos seriam
relevantes e como deveriam ser abordados, pois os conteúdos a serem
desenvolvidos nas aulas não devem ficar restritos aos temas relacionados somente
ao movimento e à saúde, mas sim deve ser propostos aos alunos na perspectiva da
“compreensão da atividade motora e do universo no qual a mesma está inserida”
(MALDONADO, 1996, p. 59).
Ainda segundo as DCE (PARANÁ, 2008, p. 51): “Pensar a Educação Física a
partir de uma mudança significa analisar a insuficiência do atual modelo de ensino,
que muitas vezes não contempla a enorme riqueza das manifestações corporais
produzidas socialmente pelos diferentes grupos humanos”.
Atualmente, os professores de Educação Física, vêm percebendo que esta
mudança é imprescindível e começam a lutar por sua legitimidade, procurando
conquistar um lugar de respeito junto aos demais componentes curriculares,
questionando quais são seus objetivos, conteúdos, suas metodologias e mostrando
a sua importância junto às outras disciplinas.
Sendo assim, a partir dos debates e ideias, que a Educação Física tem
passando nos últimos anos, cabe aos professores da área, propor objetivos e
encaminhamentos metodológicos numa perspectiva diferenciada e ampliada para o
desenvolvimento das aulas na Rede Pública Estadual de Ensino. Assim, a partir da
percepção da realidade escolar, diante da constatação do desinteresse e da
desmotivação dos alunos do Ensino Médio para participarem das aulas de Educação
Física, aponta-se a necessidade de um novo olhar para o desenvolvimento da
prática pedagógica nesse nível de ensino.
Sabe-se que no período da adolescência ocorrem muitas mudanças físicas e
emocionais, entre elas são perceptíveis em relação às transformações no corpo, as
quais provocam vários conflitos nas relações dos adolescentes com sua família,
amigos, e também internos com eles mesmos, onde os questionamentos, angustias
duvidas e anseios são muitos.
O professor no dia a dia na escola se depara com esse turbilhão de
mudanças dos alunos, sendo que as aulas de Educação Física do Ensino Médio são
frequentadas na sua grande totalidade por alunos que se encontram nesta fase de
desenvolvimento, onde muitas vezes, percebe-se a falta de motivação dos
adolescentes para participarem das aulas, a qual é cada vez maior.
O professor de Educação Física deve criar um ambiente favorável para o
processo de ensino e aprendizagem, levando em consideração as necessidades e
aspirações dos alunos. Assim, as ações a serem desenvolvidas no trabalho
pedagógico devem ser refletidas, organizadas e planejadas, a fim de envolver os
alunos no processo de ensino e aprendizagem, motivando-os a buscarem cada vez
mais o conhecimento.
De acordo com Kobal (1996) a motivação pode ser intrínseca e extrínseca,
assim a autora diz “quando uma atividade atrair uma pessoa a ponto de mantê-la
interessada tanto pela execução da mesma como pelo fato de vir a executá-la outra
vez, ou até uma tarefa semelhante posteriormente, diz-se que ela está
intrinsecamente motivada”. Por outro lado, em relação à motivação extrínseca Kobal
(1996, p. 49) diz que quando “o indivíduo realiza uma tarefa visando uma
recompensa exterior à mesma, isto é, esperando um retorno que está fora da
vivência da própria atividade, está extrinsecamente motivado”.
Entretanto, “a aprendizagem por si só deveria atrair o estudante, desafiando-o
à construção e conquista do próprio conhecimento” (KOBAL, 1996, p. 58). Segundo
Kobal (1996), o problema da motivação é bem mais amplo, atingindo a estrutura
escolar como um todo, como é o caso da obrigatoriedade, da sistematização, o
grande número de alunos e profissionais desvalorizados. Tudo isto influencia na
motivação dos alunos e interfere na aprendizagem.
No mundo globalizado e totalmente informatizado, onde tudo é muito rápido e
descartável, muitas vezes a escola acaba não sendo um lugar atraente para os
adolescentes.
Assim, considerando-se tal contexto cabe ao professor de Educação Física a
organização, o planejamento e o desenvolvimento das ações pedagógicas, no
sentido de mediar o processo de ensino e aprendizagem, orientando e motivando os
alunos do Ensino Médio a participarem das aulas, no sentido de conscientizá-los
sobre a importância de uma prática regular e continuada de atividades físicas e
esportivas, na busca de hábitos de vida saudáveis, não ficando essa prerrogativa a
cargo dos médicos ou da mídia.
A implementação do projeto na escola
Acredita-se que a educação é um processo permanente, contínuo, onde se
deve buscar o desenvolvimento constante, consciente, responsável e crítico do
homem, assim como sua inter-relação com a realidade, em função de sua
transformação e aperfeiçoamento.
Assim, o projeto de intervenção surgiu da preocupação com a falta de
motivação dos alunos do Ensino Médio para participarem das aulas de Educação
Física. Dessa forma, a proposta pedagógica efetivada na escola teve por objetivo
identificar o nível de motivação e desmotivação dos alunos em relação às aulas de
Educação Física, bem como os motivos elencados pelos escolares.
O referido projeto foi implementado e desenvolvido no “Colégio Estadual Altair
Mongruel – Ensino Fundamental e Médio”, na cidade de Ortigueira-PR, a partir do 1º
semestre do ano letivo de 2014. As turmas participantes foram o 3º ano A e o 3º ano
B do Ensino Médio, totalizando o envolvimento de aproximadamente trinta (30)
alunos, de ambos os sexos, na faixa etária de dezesseis (16) a dezessete (17) anos.
Na primeira aula foi apresentado para os alunos os principais aspectos do
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, qual o seu significado, o seu
plano de ação, a temática do projeto e como seria seu desenvolvimento na escola,
bem como a justificativa da escolha das turmas do 3º ano do Ensino Médio.
Na sequência buscou-se verificar as causas relacionadas à falta de
motivação dos alunos para participarem das aulas de Educação Física, para tanto foi
aplicado um questionário com questões sobre quais seriam as atividades físicas e
esportivas mais prazerosas para os escolares. Tendo como base as respostas dos
alunos, foram elaboradas estratégias para o enfrentamento do problema da falta de
motivação dos alunos para participarem das aulas.
Em seguida foi proposta uma discussão sobre quais os exercícios e
atividades físicas contribuem para a promoção da saúde, onde foram apontadas
suas especificidades e diferenças, na sequência realizou-se a reflexão sobre
algumas questões, abaixo relacionadas:
O que é aptidão física e como desenvolvê-la?
Qual o significado de saúde e qualidade de vida? Quais as semelhanças e
diferenças?
Quais são as atividades físicas e esportivas praticadas por você na e fora
da escola? Qual a periodicidade dessa prática?
Quais benefícios às atividades físicas e esportivas trazem para a saúde?
Quais são as atividades físicas e esportivas mais indicadas para o
desenvolvimento da aptidão física?
Quais são as melhores atividades para desenvolver a força muscular, a
resistência cardiovascular, a flexibilidade e a manutenção de um peso
corporal adequado?
Após a reflexão, foi aberto o espaço para que houvesse a discussão dos
temas, o qual permitiu que os alunos indicassem quais eram as atividades que lhes
são mais prazerosas, e assim, com a participação dos alunos foram traçadas
algumas estratégias para o enfrentamento do problema em relação a falta de
motivação dos mesmos para participarem das aulas de Educação Física.
Com base nesta discussão, foram elaboradas atividades pedagógicas
direcionadas para a importância da prática da atividade física e promoção da saúde,
contribuindo assim para o aumento da participação dos alunos, proporcionando-lhes
conhecimentos significativos das diferentes manifestações da cultura corporal.
As respostas dos questionários indicaram que os alunos gostam das
atividades recreativas, sem cunho competitivo, pois os mesmos afirmam que estas
lhes dão mais prazer, além de aprenderem novas habilidades motoras. Os alunos
relataram ainda que as atividades baseadas somente no ensino do esporte não lhe
interessavam, pois eram praticamente as mesmas trabalhadas desde o Ensino
Fundamental até o Ensino Médio. Na sequência do trabalho utilizaram-se como
recursos de intervenção, aulas práticas com enfoque nos jogos cooperativos.
Por meio do trabalho de intervenção, foram desenvolvidas atividades
pedagógicas direcionadas para a importância da prática da atividade física para a
promoção da saúde, contribuindo assim para o aumento da participação dos alunos
do Ensino Médio nas aulas de Educação Física.
O trabalho foi desenvolvido visando combater a desmotivação dos alunos em
relação às aulas de Educação Física, proporcionando-lhes conhecimentos
significativos das diferentes manifestações da cultura corporal, bem como, buscar o
desenvolvimento de uma metodologia diferenciada, com o intuito de desenvolver
atividades pedagógicas que motivassem os alunos a participarem das aulas, bem
como apontar a importância de se buscar mudanças nos hábitos de vida numa
perspectiva de uma melhor qualidade de vida.
Os jogos cooperativos como ferramenta didática para a mudança da realidade
A partir da constatação de que parte dos alunos não gosta de atividades de
cunho competitivo, e no intuito de colaborar para a mudança desse cenário,
ampliando assim a contribuição para o desenvolvimento das aulas de Educação
Física, nelas foram abordados os jogos cooperativos, para tanto foram utilizadas as
obras de Soler (2003), Brotto (1997) e Brown (1995). Alguns jogos foram retirados
integralmente dessas referências e outros foram adaptados.
Dessa forma, num segundo momento foi sugerido aos alunos que fizessem
uma pesquisa sobre as diferenças entre os jogos cooperativos e os jogos
competitivos, e a partir dessa pesquisa os alunos puderam entender e identificar as
diferenças entre esses jogos.
Parte dos alunos afirmou gostar mais dos jogos competitivos, mas disseram
ainda que estavam ansiosos para conhecer os jogos cooperativos, pois para eles
era uma novidade. Foi explicado também que após esta etapa eles teriam aulas
práticas que abordariam os jogos cooperativos.
Em relação à seleção dos jogos, foram escolhidos os que não necessitavam
de muito material, ou até nenhum, já que temos poucos recursos materiais na
escola. No início da aplicação dos jogos cooperativos as meninas foram mais
receptivas, enquanto que os meninos ansiavam pelos jogos competitivos.
Para tanto, o objetivo de introduzir os jogos cooperativos nas aulas de
Educação Física como uma metodologia alternativa, foi no sentido de contribuir para
que os alunos reflitam sobre certos valores que atualmente vem se deteriorando em
nossa sociedade, como a amizade, o companheirismo e a solidariedade. A vivência
com os jogos cooperativos poderão também contribuir para que os alunos reflitam
sobre o lúdico, a brincadeira, usufruindo do prazer em jogar, possibilitando assim
uma nova forma de ver e participar das aulas de Educação Física.
Chicati (2000, p. 98), diz que as escolas, especialmente as da rede pública,
vêm enfrentando muitos problemas, como a falta de materiais e de instalações para
a prática das aulas de Educação Física, o que torna ainda mais importante o
trabalho do professor na busca de alternativas para motivar suas aulas, a fim de que
os alunos desejem cada vez mais aprender e participar das mesmas.
Portanto, para Menezes e Verenguer (2006, apud Chicati, 2000, p. 101), o
professor de Educação Física “[...] tem a obrigação de tornar as aulas motivantes e
isto é possível através da diversificação dos conteúdos e através da diversidade, ele
consegue atender as necessidades de seus alunos, procurando assim, uma
aprendizagem significativa”.
Para Martins Júnior (2000, p. 114), o professor de Educação Física deve ter
conhecimentos bastante diversificados, a fim de poder manter com o aluno um
diálogo não só desportivo, mas também cultural e social e que essa aproximação
favorecerá, e muito, o seu papel de motivador. Martins Júnior (2000) argumenta
ainda que a falta de oferta de atividades novas e interessantes influi na motivação
dos alunos para a prática, e ainda que os professores devam buscar novas
alternativas em termos de conteúdos e procedimentos, a fim de tornar as aulas de
Educação Física mais interessantes aos alunos, sob o risco da disciplina perder seu
espaço na escola, deixando assim de fazer parte da sua matriz curricular.
Com a utilização dos jogos cooperativos, pretendeu-se estimular entre os
alunos a cooperação e o respeito às limitações dos colegas, desenvolvendo assim a
amizade e o companheirismo, visando à participação de todos, eliminando assim
qualquer forma de exclusão das aulas de Educação Física.
Como diz Brotto (1997, p. 8): “para que o novo venha, o velho precisa ser
TRANSFORMADO!” Para ORLICK (1978, p. 19): “em nossa própria cultura somos
empurrados para a competição. Não ensinamos nossas crianças a amarem os
esportes; nós as ensinamos a vencer os jogos”.
Os jogos cooperativos nas aulas de Educação Física do 3º ano do Ensino
Médio possibilitaram o enfrentamento de um grande desafio, que foi o de buscar
novas alternativas metodológicas, a fim de promover a motivação e a participação
dos alunos nas aulas, sempre com a preocupação de mostrar-lhes a importância da
atividade física aliada à melhoria da saúde.
Com o decorrer das aulas, as barreiras foram ficando para trás e a maioria
dos alunos participou ativamente, já com menos resistência, pois tais jogos
estimulam a cooperação, aprimoram o trabalho em equipe, desenvolvem habilidades
motoras, minimizam a competição e incentivam a participação de todos, reforçando
o trabalho em equipe e o aprimoramento das relações interpessoais, combatendo a
exclusão e incentivando a inclusão de todos.
Houve uma considerável participação dos alunos nas aulas que há muito
tempo já não ocorria, pois as mesmas foram atrativas e prazerosas, sendo que não
apenas na implementação do projeto, mas hoje ainda os jogos cooperativos estão
sendo trabalhados nas aulas de Educação Física do Ensino Médio, havendo uma
alternância com os jogos competitivos.
Após a implementação pedagógica, foram feitas discussões acerca do
projeto no GTR (Grupo de Trabalho em Rede), através das observações referentes
ao Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, onde foi apontada por parte dos
participantes à pertinência da problemática levantada na justificativa do projeto, a
relevância dos objetivos elencados, as possibilidades de articulação teórico-prática
com o tema proposto, a contribuição deste estudo para a Educação Básica,
considerando-se a realidade das escolas.
Foram socializados também os avanços e desafios enfrentados durante a
fase de implementação, bem como as experiências e os resultados parciais
observados no desenvolvimento do referido Projeto.
Considerações Finais
A partir das dificuldades encontradas pelos professores nos últimos anos em
relação às aulas da Educação Física no Ensino Médio, necessária seria uma
mudança considerável em relação aos alunos que vem do Ensino Fundamental para
o Ensino Médio.
No dia a dia na escola, percebe-se que os alunos do Ensino Médio estão
desmotivados e acabam inventando uma série de motivos para não participarem das
aulas de Educação Física, alegam também que alguns professores não dão a
devida seriedade que merece a disciplina, e em outras situações exigem dos alunos
um desempenho próximo de um atleta.
Entende-se que tais posturas dos professores são inadequadas e não
corresponde aos objetivos da Educação Física escolar, fazendo com que os alunos
que são menos habilidosos muitas vezes percam a vontade de participarem das
aulas, que ao invés de serem prazerosas, se tornam maçantes e desinteressantes
para os alunos.
Almeida (2007) identifica que alguns dos fatores que interferem na
desmotivação dos alunos do Ensino Médio nas aulas de Educação Física seriam os
horários, os alunos desinteressados, os professores pouco motivados, a falta de
material, a falta de espaço físico adequado, entre outros.
A Educação Física é uma disciplina que possibilita o bom relacionamento
entre a teoria e a prática, percebe-se que no Ensino Fundamental os alunos tem
uma expectativa maior de buscar o conhecimento sobre diversas modalidades
esportivas e atividades relacionadas à disciplina, já no Ensino Médio essa
expectativa e interesse diminuem significativamente.
Constata-se ainda que com a globalização muitas das informações sejam
veiculadas na mídia de forma deturpada, influenciando os adolescentes em relação
à elaboração de conceitos, valores entre outros. Seriados, reportagens, entrevistas e
outras divulgações, muitas vezes sugerem que os jovens na faixa etária do Ensino
Médio são independentes e capazes de tomarem atitudes que em algumas
situações não seriam as mais corretas, e deixam num plano secundário a
expectativa em aprender algo que lhes trará benefícios para o resto da vida.
Sem dúvida nenhuma se fazia necessário implementar um planejamento
diferenciado, pois os alunos compreendem muitas vezes que a disciplina é mera
recreação, assim sendo devemos desenvolver o trabalho pedagógico numa
perspectiva inovadora, abordando conteúdos significativos e contextualizados,
buscando alternativas metodológicas diferenciadas.
Assim, é responsabilidade do professor organizar e elaborar o planejamento,
promover aulas diversificadas, visando à aprendizagem dos alunos, estimulando-os
para participarem das atividades físicas, esportivas e recreativas, levando-os a
desenvolver hábitos de vida saudáveis para a vida.
Nesse sentido afirma Chicati (2000, p. 97), "centra-se no professor a tarefa de
se tornar um grande agente motivador, pois a dúvida pelo caminho a seguir e os
constantes avanços da tecnologia e do conhecimento universal tornam-se tentações
para esses adolescentes, tão confusos e insaciáveis".
Sem dúvida nenhuma, os esforços dos professores não serão suficientes se
não tivermos políticas públicas que venham suprir as necessidades existentes, como
a falta de espaços físicos apropriados (quadra de esporte coberta em todos os
estabelecimentos de ensino do Estado), bem como a dedicação dos gestores
escolares na adequação dos horários das aulas e o suprimento de material em
quantidade suficiente para atender o número de alunos matriculados na escola
pública.
Para que as mudanças ocorram nesse processo, que virou um circulo vicioso,
os conteúdos devem ser revistos e as formas de abordar os mesmos devem
refletidas e modificadas. Esse processo deve ser amplo, devem ser desenvolvidas
pesquisas para, a partir destas, iniciar o processo de reconstrução da Educação
Física no Ensino Médio.
A Educação Física escolar, mesmo com toda dificuldade que encontra para o
seu desenvolvimento nas escolas, contribui na formação e socialização do cidadão,
pois trata da importância da prática de atividade física de forma regular para manter
uma melhor qualidade de vida, apontando os benefícios desta prática.
Posto que, segundo Guedes (2001), é durante a infância e adolescência que
adquirimos hábitos saudáveis que são transferidos para a vida adulta, evitando o
sedentarismo.
Sendo assim, deve-se entender que as aulas não visam o rendimento, e sim
deve valorizar as diferentes formas de expressão, ou seja, não é porque um aluno
não possui uma habilidade refinada no futebol, por exemplo, que ele deve ser
tratado de forma inferiorizada nas aulas, muitas vezes esse aluno possui maior
afinidade com outros componentes da cultura corporal.
Várias são as reflexões feitas acerca do trabalho do professor de Educação
Física na escola, se espera que o professor tenha uma visão ampla sobre o contexto
escolar, a fim de que possa adequar às aulas de acordo com os objetivos que
atendam as necessidades e a realidade dos alunos.
É papel de o professor buscar conteúdos diversificados, que motivem os
alunos, mostrando-lhes o universo da cultura corporal de forma mais significativa,
visando à socialização, inclusão e formação humana.
Para que o aluno aprenda é fundamental a análise do seu nível motivacional,
o qual depende muito do professor e o que este traz para as suas aulas, não apenas
transferindo conhecimentos, mas sim, criando possibilidades para a sua produção e
construção. As aulas de Educação Física devem oferecer muito mais do que
atividades corporais desenvolvendo competências, capacidades e habilidades
associadas às dimensões afetivas, cognitivas, sociais, psicomotoras.
E deve ser com esta energia, que os professores de Educação Física devem
encarar as adversidades do dia a dia nas escolas para poder oferecer aos alunos,
oportunidades de aprendizagem, em relação à saúde, pois o sedentarismo,
definitivamente, não combina com qualidade de vida.
Além de evitar doenças, os exercícios físicos produzem a endorfina, que são
os antidepressivos naturais do corpo humano, substância fundamental na prevenção
da obesidade, das doenças crônicas degenerativas e até da depressão.
Elaborar o planejamento buscando-se metodologias diferenciadas, não é uma
tarefa das mais fáceis, sendo que o mesmo deve ser flexível e sujeito a alterações,
mas o mais importante é que mesmo com alguns ajustes os objetivos da proposta
pedagógica deverão ser atingidos.
Nesse sentido, é fundamental também o desenvolvimento de projetos
diferenciados, a fim de ampliar o trabalho na escola, pois muitas vezes, os alunos,
no Ensino Médio já estão por vezes, saturados de aulas repetitivas. Outros fatores
determinantes são as atividades que os jovens na sociedade atual possuem,
principalmente em relação ao acesso às tecnologias, como computadores, tablets,
smartphones, videogames, que acabam concorrendo com as atividades físicas em
seu tempo livre. Essa concorrência acaba sendo desleal muitas vezes. Os próprios
pais acabam estimulando este comportamento, pois têm a sensação de que seus
filhos estão mais seguros em casa.
Acredita-se que quando há determinação por parte do professor em
desenvolver um trabalho comprometido e significativo na escola, a possibilidade de
êxito em termos educacionais é grande, mesmo quando ele se defronta com
obstáculos, como a resistência dos alunos diante do aprendizado de alguns
conhecimentos ou de uma metodologia de trabalho diferenciada.
O primeiro passo é que professores e alunos saiam da zona de conforto e
partam para a ação. Os alunos precisam ser instigados a praticar atividades físicas,
bem como, saber quais parâmetros devem ser observados antes de iniciar essa
prática, esse conhecimento vai contribuir para que reconheçam a importância da
prática de atividade física para a promoção da saúde.
No desenvolvimento desse projeto o desenvolvimento dos jogos cooperativos
foi muito importante, principalmente para aqueles alunos que muitas vezes sentiam-
se desmotivados e/ou excluídos de outras atividades, pois assim puderam participar
das aulas de forma espontânea.
Os jogos cooperativos não foram vivenciados apenas como meio de
distração, mas sim como ferramenta estimuladora, facilitadora e enriquecedora que
auxiliou de maneira lúdica e prazerosa no processo de aprendizagem dos alunos.
Concluí-se que através da implementação pedagógica do projeto, ao qual se
deu através da adoção de uma pedagogia diferenciada, voltada para a colaboração
e não para a competição, através dos jogos cooperativos, obteve-se a integração e a
participação de alunos do Ensino Médio que a algum tempo não participavam das
aulas de Educação Física.
Sendo assim, destaca-se que as aulas de Educação Física não devem visar
a padronização de movimentos e o rendimento, mas sim valorizar as diferentes
formas de expressão.
Assim sendo, os diversos conhecimentos e manifestações da cultura corporal
devem ser considerados, é necessário mostrar aos alunos que é importante valorizar
essas diferentes formas de expressão, no sentido de que possam usufruir das
mesmas no decorrer da vida na perspectiva de uma vida plena e saudável.
Referências
ALMEIDA, Pedro Celso de; CAUDURO, Maria Teresa. O. Desinteresse pela Educação Física no ensino médio. EFDeportes, Revista Digital, Buenos Aires, ano 11, n. 106, mar. 2007. BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília/DF: 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L8069.htm. Acesso em 18 de outubro de 2014. BROTTO, Fábio Otuzzi. Jogos cooperativos: se o importante é competir, o fundamental é cooperar. São Paulo: Re-Novada, 1997. BROWN, Guilhermo. Jogos cooperativos: teoria e prática. 2. ed. Rio Grande do Sul: Sinodal, 1995. CHICATI, Karen Cristina. Motivação nas aulas de Educação Física no ensino médio. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 11, p. 97-105, 2000. ENDERLE, Carmen. Psicologia da adolescência: uma abordagem pluridimensional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. GUEDES, Dartagnan Pinto et al. Níveis de prática de atividade física habitual em adolescente. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Londrina, v. 7, n. 6, p. 1-13, Nov./dez. 2001.
KOBAL, Marília Corrêa. Motivação intrínseca e extrínseca nas aulas de Educação Física. Dissertação (Mestrado em Educação Física), Campinas, UNICAMP, 1996. MALDONADO, Gisela de Rosso. A Educação Física e o adolescente: a imagem corporal e a estética da transformação na mídia impressa. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, 1996, v. 5, n. I, p. 59-76. MARTINS JÚNIOR, Joaquim. O professor de Educação Física e a Educação Física escolar: como motivar o aluno? Paraná: Revista da Educação Física/UEM, Maringá, 2000. v. 11, n. 1, p. 107-117. MENEZES, Rafael de; VERENGUER, Rita de Cássia Garcia. Educação Física no ensino médio: o sucesso de uma proposta segundo os alunos. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, 2006, 5 (especial), p. 99 – 107. ORLICK, Terry. Vencendo a competição. São Paulo: Círculo do livro S/A, 1978. PAIANO, Ronê. Possibilidades da prática pedagógica do professor de Educação Física: situações de desprazer na opinião dos alunos. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, ano 5, n. 1, 2005. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica Educação Física. Curitiba: SEED/PR, 2008. SOLER, Reinaldo. Jogos Cooperativos. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.