OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
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Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
A DIVERSIDADE DE CORPOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM
PROJETO DE INTERVENÇÃO EM TURMAS DO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO
Silvana Maria Scheidt1
Erivelton Fontana de Laat2
RESUMO
É no ambiente escolar que nos deparamos com os variados tipos de Diversidades, e por isto nos confrontamos com cenários de discriminações e preconceitos, o que gerou um compromisso enorme da escola para com a sociedade, educar para a valorização da diversidade. Para muitos, as aulas de Educação Física deveria acompanhar o que a mídia estabelece, pois os meios de comunicação apontam que, ter um corpo perfeito esteticamente é sinônimo de saúde, e se não o for perfeito, que pelo menos esteja dentro de um determinado padrão e assim ser reconhecido socialmente. Nessa perspectiva, o objetivo desse estudo foi de promover através das práticas corporais, as quais envolvam determinados caracteres dos diferentes tipos de corpos, associados às atividades lúdicas, reflexões que busquem a conscientização das diferenças existentes entre as pessoas, tendo o respeito e o convívio social como pressuposto básico de convivência. Para a realização do estudo foi elaborado um caderno temático que teve por finalidade auxiliar o trabalho de implementação do projeto de intervenção na escola e oferecer material de apoio aos professores interessados na temática “Diversidade de corpos na Educação Física”. O projeto foi desenvolvido em turmas do 1° ano do Ensino Médio do Colégio Estadual João XXIII, situado na área perimetral Urbana, do Município de Irati compreendendo uma carga horária de 32 horas/aula. Conclui-se com este estudo que o professor de Educação Física deve buscar metodologias que levem os alunos a compreenderem a importância do respeito às diferenças corporais, assim como o entendimento sobre a temática da diversidade em todos os sentidos. Palavras-chave: Diversidade. Corpo. Lúdico. Educação Física.
1 PDE. Educação Física. Unicentro. Irati. 2015. 2 Orientador. Profº. Dr. Erivelton Fontana de Laat. Unicentro. Irati. 2015.
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1 INTRODUÇÃO
É no ambiente escolar que nos deparamos com os vários tipos de
diversidades, e por isto nos confrontamos com cenários de discriminações e
preconceitos, o que gerou um compromisso enorme da escola para com a
sociedade, educar para a valorização da diversidade, construir caminhos para
a eliminação de preconceitos e práticas discriminatórias.
Portanto esta intervenção pedagógica buscou sanar as dificuldades
encontradas no dia a dia da prática pedagógica da Educação Física, quando se
trata de diversidade de corpos, através de atividades lúdicas e brincadeiras que
abordem diferentes reflexões, incluindo pesquisas, debates e atividades
práticas que envolvam o tema “CORPO”.
Para tanto foram propostas atividades de práticas corporais, as quais
envolveram determinados caracteres dos diferentes tipos de corpos,
associados às atividades lúdicas, reflexões que busquem a conscientização
das diferenças existentes entre as pessoas, tendo o respeito e convívio social
como pressuposto básico de convivência.
Para isto, foram utilizadas metodologias ativas, as quais favorecem aos
alunos uma motivação autônoma, pois os mesmos puderam ser a origem da
sua própria ação, sendo envolvido de forma totalmente ativa, sendo parte
integrante, mediador e buscador de novos conhecimentos, durante o processo
de intervenção pedagógica na escola.
O objetivo principal deste estudo foi investigar como promover reflexões
que busquem a conscientização das diferenças existentes entre as pessoas,
tendo o respeito e o convívio social como pressuposto básico de convivência,
por meio das práticas corporais, as quais envolvam determinados caracteres
dos diferentes tipos de corpos, associados às atividades lúdicas.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No mundo atual sinônimo de saúde e de beleza é o corpo magro, caso
a pessoa não esteja dentro deste padrão, sem querer estar, está dentro de um
grupo que não se enquadra nos “padrões” de referência que a sociedade
impõe.
Para Ortega (2008 apud PALMA 2012, p.100/101) ”os gordos, idosos e
outras figuras que não conseguem uma cartilha de saúde são fortemente
excluídos e estigmatizados nas sociedades atuais, sendo comparados a
criminosos, [...]”.
Parece um tanto dramático falar assim, porém é o que se vive hoje,
uma espetacularização em torno do corpo, as vezes até preocupante
realmente, estimulam a magreza como um padrão de beleza e de saúde.
MOREIRA (2007, p.52) afirma que:
“[...] Os discurso que ecoam em campanhas publicitárias, revistas e programas televisivos parecem desencadear um poderoso conjunto de imperativos para determinar o modo como as pessoas devem conduzir suas próprias vidas e construir suas identidades. O sucesso e uma espécie de capital social têm sido associados, entre outros aspectos, à aparência física.”
A insatisfação com o corpo é notório em nossa sociedade, pois a mídia
incute uma ideia de que corpo saudável remete-se ao corpo magro e bonito,
esquecendo-se de que cada indivíduo é único, com suas particularidades
biológicas e culturais.
São criados e disseminados padrões homogeneizados:
De comportamentos, sentimentos e falas que invadem e regulam previamente todos os domínios da vida social cotidiana, abafando a produção das diferenças a partir do mercado econômico como novo lugar de produção de verdade, de desqualificação e de aniquilação (DUARTE, 2009, p. 49, apud PALMA, 2012).
Com todas estas influências midiáticas, fica impossível este assunto
não ser tratado dentro das escolas, pois é lá que isto acaba se aflorando. O
desejo de ser aceito, ou de pelo menos estar dentro de um grupo, sem algum
tipo de represália, é quase que uma necessidade nesta fase. Para um
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Adolescente, o fato de não estar incluso dentro destes “padrões”, pode vir a
causar sérios problemas psicológicos para os mesmos e até mesmo
desencadear alguns quadros clínicos como transtornos alimentares por
exemplo.
Ludorf (2003) no estudo das concepções de corpo apontou três tipos de
corpos: corpo fragmentado, corpo intermediário e corpo sócio-cultural.
O corpo "fragmentado" seria a compreensão do corpo de forma
reducionista, visando primordialmente aspectos técnicos ou biológicos.
O corpo "sociocultural ou político" compreenderia uma visão crítica do corpo e
do seu papel na sociedade. Ambos estariam nas extremidades do continuum.
Nas posições intermediárias (corpo "intermediário"), o corpo é visto como um
todo integrado (corpo-mente), entretanto, desconsiderando os aspectos
socioculturais que o marcam e influenciam. (LUDORF, 2003, p. 3).
Segundo Ludorf (2003) o corpo fragmentado diz respeito às partes do
corpo humano, como mãos, pés, tórax, braços, rosto, cabeça, etc. Será
trabalhada a fisiologia, anatomia, postura, velocidade, postura, entre outros.
Neste conceito a função do profissional de Educação Física é reeducar,
cuidar, orientar, visando uma vida saudável e com qualidade.
O corpo intermediário refere-se à beleza, ao prazer, harmonia e
liberdade. O profissional de Educação Física o vê de forma holística,
considerando suas partes e inter-relações, trabalhando as manifestações
corporais. (LUDORF, 2003).
O corpo sócio-cultural considera a história, a identidade, a cultura, entre
outros. Neste conceito o profissional o vê como forma pedagógica no trabalho
da linguagem corporal. Trabalham os diversos conceitos, como o corpo que a
mídia explora também o corpo alienado, o corpo modelado, trabalhador e
reprimido.
O tema diversidade tem ocupado muitos espaços de reflexão na área
educacional. São inúmeros os fatores, que contribuem para essa discussão,
sendo que as escolas têm o dever de transformar suas concepções e suas
práticas, de modo que atenda a todos os alunos, sem descriminações de
qualquer diferença.
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“Atuar na diversidade pressupõe olhar o outro (aluno), vê-lo como ser
histórico, atuante na sociedade, não mero reprodutor do conteúdo repassado
pelo professor na sala de aula, este outro precisa atuar com os demais
integrantes no espaço educativo e, também, da sociedade que traz saberes
da sua experiência, que é alguém capaz de realizar leituras do seu mundo,
imprimindo novos sentidos ao mesmo.” (PIETROBOM, apud ZYCH, 2011, p.
97).
Porém também sabemos que não é uma tarefa muito fácil, pois fomos
naturalizados ainda com aquele ideal de nacionalidade padrão antigo,
recortado em sua diversidade, que elegeu um único jeito de ser, deste modo a
nossa diversidade acabou sendo de uma forma silenciada e agora por forças
maiores, questões de lei, somos obrigados a revê-la em toda sua amplitude.
Conforme Oliveira (2011, p.214) “estamos preparados para entender o
outro em relação a nós de forma igualitária, embora reconhecendo e
valorizando as diferenças presentes”.
Este “embora”, apesar de sabermos da importância e da valorização da
Diversidade, fica alguma coisa no ar, o aluno que de alguma forma tem esta
sensação de desconforto, devido a sua diversidade, acaba ficando sem
perspectivas e não há como negar a frustração do indivíduo, pois de certa
forma depende de uma intervenção significativa dos educadores e de toda a
equipe pedagógica, pois na verdade o que se espera, é esta ação, algo que
realmente faça alguma diferença, cause mudanças, talvez até seja mesmo
uma certa proteção, ou seja, os alunos precisam se sentir seguros,
amparados dentro do ambiente escolar.
E quando isto não acontece, o aluno, a criança, não sente esta
segurança, os mesmos acabam se auto-excluindo, o que leva os a não sentir
mais vontade de estar neste ambiente. Causa disto é o considerável número
de crianças fora da escola e de abandono escolar. O que mais tarde, irá
influenciar em suas vidas pessoais, no social destes jovens, os quais sem
habilidades e sem as competências necessárias para assumirem suas vidas e
sua cidadania plena, com o mínimo de dignidade possível, acabam ficando à
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margem de uma sociedade que, infelizmente, prevalecem ainda mecanismos
elitistas e excludentes.
Gadotti (2000, apud ZYCH, 2011, p. 91) destaca que FREIRE, estava
preocupado no tipo de educação de que necessita os homens e as mulheres
do novo século, sendo o mundo tão complexo em função da globalização
capitalista da economia. Dessa forma, propôs que: “[...] elas necessitam de
uma educação para a diversidade fundada numa ética e numa cultura da
diversidade. Numa sociedade multicultural, capaz de ouvir, de prestar atenção
no diferente, respeitá-lo. Nesse novo cenário da Educação, será preciso
reconstruir o saber da escola e a formação do Educador”.
A Educação Física diante dos temas da diversidade e também da
inclusão, em todos os sentidos, deve priorizar o educando, e oferecer
atividades que tenham participação plena dos alunos; o professor deve criar
condições iguais para todos, evitando assim qualquer tipo de exclusão. É
necessário mudanças e adaptações nas atividades da educação física
tradicional, para tanto é preciso refletir sobre a formação do professor de
educação física. Segundo Garcia (1999 apud LOPES E VALDÉS, 2003, p.3),
esta formação deve pelo menos garantir que:
A escola forme alunos em cidadãos críticos, ativos e participativos é
necessário à existência de professores comprometidos com uma educação de
qualidade. Isso nos leva a crer que estes professores devem estar aberto aos
novos valores, que transmitam a seus alunos o respeito e que saibam
conviver com a diversidade numa sociedade inclusiva.
Na perspectiva de uma educação física que contemple a aproximação
e o coletivo, é que as atividades lúdicas e as brincadeiras contribuem para a
Diversidade e para inclusão. Neste sentido a Rede Saci (2005, p.1) afirma
que: “as brincadeiras dizem muito sobre as regras que legislam a convivência
entre as pessoas, seus costumes e trocas atribuindo-lhes um pertencimento a
determinada cultura”.
As atividades lúdicas podem ser aliadas importantes para que as
crianças superem suas dificuldades, também as brincadeiras podem tirar do
isolamento aqueles que não se sentiam incluídos na educação física.
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Conforme afirma Falkenbach et al (2007, p.5) “o brincar capacita a
experimentação concreta da criança, possibilitando um ir e vir entre as
representações mentais e as ações concretas, firmando-se como um
facilitador no exercício das aprendizagens.”
“No que diz respeito às aproximações com a inclusão, o brincar coletivo
permite constituir um exercício claro de trocas e de comunicação. O brincar
como linguagem universal, favorece relações profundas e consistentes entre
as crianças.” (WINNICOTT, 1975 apud FALKENBACH et al, 2007, p. 6).
A coletividade baseada na colaboração e no respeito mútuo contribui
para uma ação social que contribuirá para a inclusão, no que tange à
Educação Física, o lúdico é favorável como aliado neste processo.
3 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste projeto inicialmente foi realizada uma
pesquisa bibliográfica para aprofundamento teórico sobre a temática
diversidade dos corpos, com a consulta de estudos de pesquisadores da área,
como Ludorf (2003) e Falkenbach (2007).
Em seguida, foi elaborado um material pedagógico, na forma de caderno
temático, que teve por finalidade auxiliar o trabalho de implementação do
projeto de intervenção na escola a ser utilizado como subsídio ao trabalho
pedagógico do professor de Educação Física.
O caderno temático está dividido em três unidades de atividade de
intervenção pedagógica:
1ª parte: Refletindo sobre: O Meu, o Seu e o Nosso Corpo – teve
como objetivo levar a refletir sobre os diferentes tipos de “CORPOS”
existentes, a começar pelo seu próprio Corpo em seu próprio mundo.
2ª parte: O corpo que nasce que cresce e o corpo que morre. –
teve como objetivo proporcionar aos alunos, momentos reflexivos
sobre o Corpo, no que se refere em questões de saúde, idade
cronológica, as alterações ocorridas no corpo durante o tempo e de
como o corpo é dividido biologicamente.
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3ª parte: Brincando com os corpos - O objetivo desta unidade foi de
levar o aluno a se colocar no lugar do outro, sintindo as dificuldades,
percebendo que uma atividade tão simples para uns pode ser de
extrema dificuldade para outro. Também que cada um tem o seu
valor, que nem sempre ser o mais rápido pode ser uma vantagem. E
assim, vivenciando estas experiências saberá valorizar mais o outro,
bem como a si mesmo.
Esta produção foi objeto de investigação no Colégio Estadual João XXIII,
situado na área perimetral Urbana, do Município de Irati – PR, e foi direcionada
aos alunos do 1º ano do ensino médio, a qual poderá, também, ser adaptada e
trabalhada nas outras turmas do ensino médio.
Os dados da implementação foram coletados a partir da observação
direta das turmas na realização das atividades e nas respostas dos
questionários.
A seguir são apresentados e discutidos os resultados da
implementação, à luz de referencial teórico. Os dados são apresentados em
três partes, referentes às subdivisões do caderno temático.
A presente investigação se caracteriza por ser um estudo transversal,
descritivo e exploratório. A amostra escolhida de forma intencional envolveu
alunos do Ensino Médio em uma escola pública no município de Irati.
Todos os sujeitos participavam regularmente das aulas de EF duas
vezes por semana, no período diurno. A escola, situada em bairro de classe
média, reúne indivíduos de diferentes classes sociais.
Como instrumento de coleta de dados para a pesquisa, utilizou-se um
questionário semiestruturado, dirigido aos alunos participantes, contendo
questões abertas e fechadas, elaboradas especificamente para este estudo,
respeitando a capacidade de verbalização do respondente (THIOLLENT,
1980).
O questionário auto administrado foi respondido por 19 sujeitos do sexo
masculino e 17 do sexo feminino, entre 14,15 e 16 anos de idade. Solicitou-se
aos participantes que respondessem às questões com base em suas
experiências vividas no ambiente escolar. Para a análise dos resultados, foi
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utilizada a estatística descritiva para o levantamento de categorias, que
permitiram a interpretação dos dados e a comparação com a revisão literária
(THIOLLENT, 1980).
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A primeira sondagem através de questionário foi realizada com um
público de alunos do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual João XXIII
com as seguintes turmas: 1º ano A com um total de 19 alunos e o 1º ano B com
um total de 17 alunos. Totalizando no geral 36 alunos que participaram da
pesquisa.
As perguntas buscaram saber quais são os conhecimentos gerais dos
alunos sobre o conteúdo com as questões abaixo.
A primeira pergunta questionou o seguinte: “Através dos conhecimentos
obtidos nas aulas de Diversidade de corpos, você concorda que a mídia
influencia as pessoas na questão de ter um corpo modelo?”.
GRÁFICO 1 – A mídia influência na questão da busca pelo corpo perfeito
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
A maioria dos alunos (80,56%) concorda que a mídia influencia na busca
pelo corpo perfeito.
O Tema diversidade trouxe muitas reflexões, uma delas foi um problema
social muito frequente que é preconceito, você considera que na sociedade
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atual, diante de tantas informações sobre, as pessoas inseridas em algum
contexto de diversidade ainda estão vulneráveis a este problema?
GRÁFICO 2 – As pessoas ainda estão vulneráveis em relação à diversidade?
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
A maioria dos alunos (57,14%) concorda que mesmo com o acesso à
informação em relação à diversidade ainda muitos estão vulneráveis a este
problema. As aulas sobre diversidades de corpos o levaram a refletir e
repensar sobre suas atitudes com o próximo dentro dos ambientes sociais em
que frequenta?
No gráfico 3, abaixo, pode-se verificar que as aulas contribuíram para
que os alunos repensassem suas atitudes com o próximo na sociedade.
GRÁFICO 3 – Atitudes com o próximo dentro dos ambientes sociais em que frequenta.
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
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Na aula sobre legislação, onde falamos sobre IGUALDADE X JUSTIÇA
para as pessoas em seu dia a dia, contribuiu de alguma forma, para ampliar
seus conhecimentos e ressignificar o sentido da palavra Diversidade?
GRÁFICO 4 – Legislação e a contribuição no tema de diversidade
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Do total de alunos, a maioria deles (69,44%) concorda que as aulas de
legislação contribuíram para que os alunos compreendessem melhor o tema da
diversidade. Os vídeos e as imagens apresentados durante as aulas
contribuíram para um repensar sobre o corpo como construção social, cultural,
bem como para valorização e respeito do mesmo? A maioria dos alunos
concordou que sim (83,33%).
GRÁFICO 5 – Conteúdo diversidade nas aulas de Educação Física
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
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Em sua opinião o conteúdo diversidade de corpos poderia ser melhor
explorado se a carga horária das aulas de Educação Física fosse maior (ex:
3h/aulas semanais) foi a última questão desta primeira parte e maioria
(72,22%) concorda que o conteúdo poderia ser melhor explorado.
GRÁFICO 6 – Conteúdo diversidade nas aulas de Educação Física
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Para verificar os conhecimentos específicos em relação as atividades
práticas foram questionadas as atividades que despertaram maior interesse
dos alunos, as atividades que sentiram maior dificuldade em realizar e as
atividades que de uma forma ou de outra causaram algum tipo de
constrangimento ao aluno no momento da sua prática. Nesta parte da pesquisa
os alunos puderam marcar mais de uma opção nas questões. Para tanto as
atividades do caderno temático, que estão subdivididas em unidades, serão
representadas em gráficos.
Na unidade 1, as primeiras aulas foram dedicadas à apresentação do
trabalho do PDE, na sequência foi falado um pouco sobre o tema “Diversidade”
no sentido amplo da palavra, ou seja, o que este termo representa para os
alunos, de acordo com a sua realidade e também das questões que envolvem
a legalidade para favorecer as pessoas que se encontram dentro de um
contexto em que se observa a diversidade.
Depois foi apresentado o tema de estudo proposto que é a “Diversidade
de corpos”, foi realizada a dinâmica do espelho, onde os mesmos deveriam se
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observar no espelho, fazendo uma autocrítica da sua imagem corporal física,
ou seja, o que eles acham que esta imagem, passa para si e para a sociedade
na qual estão inseridos.
Após foi realizada a dinâmica do boneco de papel, onde em dupla
fizeram o contorno de seus corpos, concluindo a atividade, com a busca em
revistas, de um corpo que gostariam de ter ou ser e colaram o mesmo, no
centro do boneco de papel. Na realização das atividades foi-se surpresa a
postura dos alunos, pois, divertiram-se muito, porém fizeram tudo de forma
tranquila e responsável.
GRÁFICO 7 - Atividades que despertaram maior interesse aos alunos na unidade 1
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Foi possível verificar no gráfico 7 de que a atividade que mais despertou
interesse nos alunos em realizar foi a dinâmica do espelho (24,59%). Já
durante a realização da atividade pôde-se observar este interesse, pois os
mesmos puderam refletir sobre a imagem do seu corpo, o que esta imagem
representa para si próprio e para a sociedade e fazendo uma autocrítica em
relação a isto, fez depoimentos importantes e muito interessantes no feedback
da aula.
O gráfico 8 demonstrou que a atividade que mais tiveram dificuldade em
realizar foi referente à legislação de igualdade e justiça (32,35%). As
dificuldades encontradas aqui foram relacionadas à interpretação das leis.
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Porém depois de esclarecidas os alunos conseguiram desenvolver a atividade
com sucesso.
GRÁFICO 8 - Atividades que os alunos tiveram maior dificuldade em realizar na unidade 1
GRÁFICO 9 - Atividades que mais contribuíram para o crescimento pessoal, social e intelectual dos alunos na unidade 1
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
O gráfico 9 apontou que a atividade da unidade que mais contribui para
o crescimento pessoal, social e intelectual foi também a dinâmica do espelho
(27,08%), pois, como foi relatado anteriormente, nesta atividade tiveram a
oportunidade de refletir e expor todas suas angústias pessoais em relação a
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sua imagem corporal, encontraram na atividade uma “válvula de escape” para
poder falar um pouco sobre seus sentimentos em relação ao seu corpo, sendo
de uma forma descontraída e aberta sem medo de ser censurado ou criticado.
GRÁFICO 10 - Atividades que causaram algum tipo de constrangimento em realizar na
unidade 1
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Já o gráfico 10 mostrou que a atividade do boneco de papel foi a que
mais causou constrangimento ao ser realizada pelos alunos (37,5%). Por meio
do feedback realizado ao término da atividade, notou-se que o constrangimento
a que se refere aqui, foi devido ao fato de que eles necessitavam da ajuda do
outro colega para realizar o contorno do seu corpo no papel bobina, exigindo
uma maior proximidade entre eles, o que para alguns tornou-se constrangedor,
considerando que alguns deles tiveram de formar duplas de sexos diferentes.
Na Unidade 2, os alunos assistiram ao vídeo “Famosos antes e depois”
e viram através de slides imagens que transcrevem a evolução natural do
corpo, fizeram uma reflexão sobre o vídeo e depois indagaram comentários e
dúvidas. Após foram encaminhados até o laboratório de enfermagem, que a
escola possui, devido oferecer à comunidade o Curso de técnico em
enfermagem, para visualização dos bonecos que os alunos de enfermagem
utilizam, em suas aulas práticas, bem como do esqueleto humano.
O próximo passo seria uma visita a UNICENTRO, para uma palestra
sobre o assunto desta unidade e também para visitação das áreas e
departamentos que são especializadas em se tratar de questões que envolvam
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o tema corpo. Infelizmente não foi possível a realização desta visita devido às
questões burocráticas como tempo e transporte. Então realizamos uma
palestra interna, com a Professora e Psicóloga Aline Seidl, do Curso de
Enfermagem do Colégio, ela falou sobre o tema da unidade “O corpo que
nasce que cresce e o corpo que morre”, abordou questões sociais e biológicas
do corpo em suas fases de desenvolvimento. Foi uma fala muito importante e
interessante, os alunos mostraram-se interessados e interagiram de forma
natural com a palestrante, dentro da normalidade da idade em que os mesmos
se encontram.
Foi finalizada a unidade 2 com o trabalho de pesquisa na sala de
informática, onde tivemos um pouco de dificuldade, pois infelizmente, os
nossos laboratórios não conseguem dar suporte para um acesso grande de
pesquisa em vídeos durante o mesmo momento, o que acabou tendo travas
em alguns computadores, então foi liberado o uso dos aparelhos celulares e
tablets que os alunos trouxeram para a realização da pesquisa. Depois da
pesquisa os alunos fizeram vídeos/documentários em seus celulares falando
um sobre os temas que haviam pesquisado. Os alunos que não possuíam
celulares fizeram o trabalho em duplas ou até mesmo em trios o que agilizou o
processo e colaborou para que a maioria dos alunos concluísse o trabalho. O
resultado foi muito bom, a dedicação prestada para realizar a tarefa foi intensa
e satisfatória. Pode-se observar o quanto às tecnologias podem nos favorecer
no processo ensino aprendizagem!
As dificuldades encontradas nesta unidade foram questões burocráticas
envolvidas para a realização da visita na Universidade e a tecnologia limitada,
de nossas escolas, que não suportam um grande número de pesquisas ao
mesmo tempo no laboratório de informática.
Na unidade 2 o gráfico 11 mostrou que as atividades de vídeo dos
famosos antes e depois (30,19%) e a palestra (30,19%) foram as atividades
que mais despertaram o interesse dos alunos. Em relação ao vídeo dos
famosos antes e depois, os alunos ficaram impressionados com as mudanças
que alguns artistas tiveram durante todo o percurso de suas carreiras, bem
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como com adaptações que tiveram de fazer no corpo em busca da melhor
imagem corporal, exigida pela mídia em busca da fama e do dinheiro.
GRÁFICO 11 - Atividades que despertaram maior interesse aos alunos na unidade 2
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Já em relação à palestra que falava sobre “O corpo que nasce que
cresce e que morre”, puderam, com o apoio da professora Aline Seidl, observar
as evoluções naturais do corpo nos aspectos biológicos e sociais. Fizeram
interações importantes com a palestrante demonstrando interesse no assunto.
GRÁFICO 12 - Atividades que os alunos tiveram maior dificuldade em realizar na unidade
2
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
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Já o gráfico 12 apontou a atividade de produção de vídeo (51,52%)
como a atividade que os alunos tiveram maior dificuldade em realizar na
unidade 2. Embora os alunos de nossa realidade escolar tenham acesso as
tecnologias em suas casas e no colégio, podendo utilizar seus tablets e
celulares para fins pedagógicos, muitos deles ainda utilizam as tecnologias
apenas para fins particulares, ou seja, para tirar fotografias e conectar-se às
redes sociais. Portanto, para alguns a produção do vídeo documentário tornou-
se um desafio, mesmo com todo o assessoramento da professora e dos
colegas em sala de aula. Nesta atividade tivemos uma média de 60% da
conclusão da atividade por parte dos alunos.
GRÁFICO 13 - Atividades que mais contribuíram para o crescimento pessoal, social e
intelectual dos alunos na unidade 2
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
A atividade de palestra (41,67%) foi a atividade que mais contribuiu para
o crescimento pessoal, social e intelectual dos alunos. Nesta atividade os
alunos puderam absorver muito conhecimento e trocar experiências com a
palestrante, portanto foi uma atividade interessante muito importante para o
crescimento pessoal dos alunos.
Sobre as atividades que causaram algum constrangimento na unidade 2
para os alunos foram a palestra (41,67%) e produção de vídeo (41,67%).
Acredito que na atividade da palestra, o constrangimento se deu pelo
fato do tempo que foi dedicado para a realização da palestra, considerando que
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são adolescentes e que muitos ainda não atingiram a maturidade necessária
para a captação do entendimento de alguns assuntos abordados, o que é
perfeitamente normal para a fase que estão vivendo. Quanto à atividade do
vídeo o constrangimento deu-se pelo fato de não possuírem ainda o domínio
das tecnologias para a produção do vídeo.
GRÁFICO 14 - Atividades que causaram algum tipo de constrangimento em realizar na
unidade 2
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Na unidade 3, ocorreu tudo de maneira tranquila, a maioria dos alunos
participou efetivamente, gostou das atividades, e ao final da aula, quando nos
feedbacks comentaram sobre as sensações e angústias que sentiram ao
realizar as atividades. Relatos inesperados surgiram no decorrer da
implementação, pôde-se conhecer melhor e aproximar mais dos alunos,
através desta prática pedagógica e que além de transmitir o conhecimento,
também se é receptora do mesmo.
Na unidade 3 a atividade que mais despertou interesse foi o futebol às
cegas (46,43%), porém conforme segue abaixo no gráfico 16, foi a atividade
que os alunos tiveram maior dificuldade em realizar (42,5%). Observando e
analisando estes dados e conforme o feedback do final da aula, o grande
interesse pela atividade, foi por ser uma prática dinâmica e ousada, pois
conforme relato de um dos alunos “... já é difícil jogar bola enxergando
professora, imagina sem enxergar!”; então a atividade aguçou a curiosidade e
desafiou-os a tentar executar a tarefa, o que tornou-se interessante.
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GRÁFICO 15 - Atividades que despertaram maior interesse aos alunos na unidade 3
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Ao mesmo tempo em que despertou interesse, trouxe medo e
insegurança, o que foi encarada com uma tarefa difícil de ser realizada, pois
ela exigiu que os alunos, utilizassem os outros sentidos na sua realização e
que eliminassem o sentido que mais dá segurança nas atividades diárias, que
é o sentido da visão.
GRÁFICO 16 - Atividades que os alunos tiveram maior dificuldade em realizar na unidade
3
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
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GRÁFICO 17 - Atividades que mais contribuíram para o crescimento pessoal, social e intelectual dos alunos na unidade 3
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
O gráfico 17 apontou o futebol às cegas (37,5%) como a atividade que
mais contribui para o crescimento pessoal, social e intelectual dos alunos.
Conforme análise dos gráficos 15 e 16, esta foi a atividade em que os
alunos mais se dedicaram em realizar, mostraram interesse, falaram sobre
suas angústias e principalmente perceberam as dificuldades de estar no lugar
do outro.
Verificou-se que a realização desta atividade contribuiu muito para
atingir os principais objetivos desta pesquisa, que é o respeito e a consideração
pela dificuldade advinda da diversidade do outro, portanto, considera-se esta
atividade como ponto chave na implementação deste estudo.
O handebol sem um dos braços (44,44%) foi a atividade que mais
causou constrangimento para ser realizada pelos alunos na unidade 3.
O gráfico 18 demonstra que nesta atividade os alunos tiveram
constrangimento porque foi necessário amarrar um dos braços dos alunos, ou
seja, o braço que o aluno possui maior habilidade, então alguns alunos tiveram
dificuldades na recepção da bola, no manuseio da bola o que gerou
desconforto e constrangimento para os mesmos. Porém não fugiu a regra do
objetivo da atividade, que era realmente isto, que o aluno percebesse as
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dificuldades encontradas por um portador de deficiência física de membros
superiores.
GRÁFICO 18 - Atividades que causaram algum tipo de constrangimento em realizar na unidade 3
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo principal deste estudo foi de promover através das práticas
corporais, as quais envolvam determinados caracteres dos diferentes tipos de
corpos, associados às atividades lúdicas, reflexões que busquem a
conscientização das diferenças existentes entre as pessoas, tendo o respeito e
o convívio social como pressuposto básico de convivência.
Com o estudo foi possível aprofundar conhecimentos teóricos a respeito
das atividades desenvolvidas.
A principal dificuldade encontrada na implementação da proposta desta
pesquisa foi o tempo, por ter sido um ano de paralisações e greves, acabou
dificultando a realização do trabalho, conseguindo-se finalizar a
implementação, na primeira semana de novembro. Também em algumas
atividades o número de aulas planejado não foi suficiente, sendo necessário
mais horas aula para execução completa da atividade, a grade de Educação
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física são apenas 2 aulas semanais, então trabalhar com temas diversificados
dentro das aulas semanais, acaba se tornando um desafio. Outra dificuldade foi
que implementação pedagógica ocorreu praticamente junto com a realização
do GTR (Grupo de trabalho em rede – proporcionado pela SEED – Secretaria
do Estado da Educação do PR), fechamento de média e outras atividades.
Ao término da intervenção pedagógica afirma-se que os resultados
positivos obtidos com a aplicação do caderno temático foram verificados no
decorrer das atividades.
Para obtenção destes resultados sugiro aos professores da Rede
Estadual de Ensino, que façam a utilização dos recursos midiáticos, disponíveis
nas escolas, principalmente aqueles que estão no dia a dia dos alunos
(celulares), em suas práticas, já que estes fazem parte da realidade
pedagógica atual. Estes recursos podem e devem ser para o professor um
novo aliado na realização de suas práticas pedagógicas, não somente nesta
proposta de estudo, mas em todas as outras, porém é claro, sempre com a
colaboração ativa dos alunos no desenvolvimento das mesmas.
Conclui-se com este estudo que o professor de Educação Física deve
buscar metodologias que levem os alunos a compreenderem a importância do
respeito às diferenças corporais, assim como o entendimento sobre a temática
da diversidade em todos os sentidos.
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