OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL TRANSFORMANDO O ESPAÇO ESCOLAR:
DA REFLEXÃO À AÇÃO
OLIVEIRA, Telma dos Santos1
KLIEMANN, Marciana Pelin Kliemann2
RESUMO: O presente artigo atende à solicitação do Programa de DesenvolvimentoEducacional – PDE, turma 2014 - 2015, e trata das reflexões, discussões e ações realizadasno Colégio Estadual Carlos Drummond de Andrade, por meio da implementação daProdução Didático-Pedagógica, cujo intuito foi refletir, discutir e propor atividades práticasque abordassem temas ambientais e que demonstrassem a importância da EducaçãoAmbiental para a transformação do espaço escolar. A partir da análise das atitudes dosalunos em relação ao ambiente escolar foi possível perceber a necessidade de açõespedagógicas que despertassem neles a responsabilidade de cuidar do seu próprio meio,abordando as consequências do descaso com as questões ambientais. Assim, este trabalhoteve como objetivo despertar a consciência ambiental necessária aos alunos para quepossam respeitar o ambiente escolar coletivo. Para isso foi realizada uma análisediagnóstica com os alunos do 1º ano do Ensino Médio e planejadas ações que além depreservar, melhorassem o ambiente escolar para torná-lo mais agradável. Para isso foramdesenvolvidas diversas atividades pedagógicas e práticas que possibilitaram asensibilização e resolução de alguns problemas existentes no espaço escolar. O GTR(Grupo de Trabalho em Rede) que foi realizado paralelamente com a implementação doProjeto de Intervenção Pedagógica, possibilitou uma interação maior com professores dediversas cidades do Paraná que atuam em escolas públicas. Esses professores trouxeramas experiências com projetos desenvolvidos nas escolas onde trabalham, o que enriqueceumuito a discussão, que teve como ponto central, as causas da degradação ambiental.
1Professora do Quadro Próprio do Magistério da rede estadual de ensino do Estado do Paraná – SEED –licenciada e com habilitação em Matemática, Especialista em Gestão Escolar. Professora PDE – Programa deDesenvolvimento Educacional 2014/2015, desenvolvido pela IES- UNIOESTE- Universidade Estadual do Oestedo Paraná, e-mail de contato: [email protected].
2 Possui graduação em Tecnologia em Processamento de Dados pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadasde Cascavel (2000), Lic. Matemática pela UTFPR. Lic. em Pedagogia pela Faerp., Especializações em:Educação Especial, Ensino da Matemática, Informática e Comunicação na Educação, Educação: Técnicas eMétodos de Ensino e Psicopedagogia Clínica e Institucional, Mediações Pedagógicas e interventivas emEducação à Distância, Mestrado em Educação pela Universidade do Oeste Paulista e aluna regular doDoutorado em Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Atualmente é professora UNIOESTE -Universidade Estadual do Oeste do Paraná no Colegiado de Pedagogia. e-mail de contato:[email protected].
Palavras-chave: Educação Ambiental. Ambiente escolar. Preservação. Conscientização.
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, vêm se intensificando as preocupações inerentes à
temática ambiental, e com isso as iniciativas dos vários setores da sociedade para o
desenvolvimento de atividades e projetos com o intuito de educar as comunidades,
procurando sensibilizá-las para as questões ambientais e mobilizá-las para a
mudança de atitudes e a apropriação de posturas que possibilitem o equilíbrio
ambiental.
Apesar dos alunos, nos dias atuais, terem mais acesso às informações
referentes às questões ambientais, percebeu-se nas práticas cotidianas ações
incompatíveis com relação à conservação do meio em que vivem.
A observação das atitudes dos alunos em relação ao ambiente escolar
tornou possível identificar a necessidade de uma ação pedagógica que despertasse
neles a responsabilidade de cuidar do seu próprio meio, abordando as
consequências do descaso com as questões ambientais.
O fato de jogarem lixo nos diversos ambientes da escola, a falta de cuidados
com o prédio escolar, a destruição de plantas e jardins mostrou a urgência de se
construir uma consciência de pertencimento do eu com o mundo, com a escola,
enfim com todos os locais nos quais se convive, permitindo que os alunos
incorporassem ao cotidiano atitudes voltadas à preservação ambiental.
Outra observação foi com relação ao fato dos alunos serem mantidos a
maior parte do tempo em espaços fechados, pouco se relacionando com os
elementos da natureza. As áreas externas com muito cimento e pouco verde
distancia os alunos dos elementos da natureza que praticamente não fazem parte da
rotina deles.
Para um melhor relacionamento dos alunos com o ambiente escolar se faz
necessário ampliar os espaços e os tempos de movimentarem-se livremente, assim
como de relaxar, meditar, manipular a terra, despertar sensações, desfrutar da vida
ao ar livre, para que esses alunos se sintam parte do ambiente natural.
Assim, se fez necessário um projeto de intervenção que abordasse as
questões ambientais, não apenas como um processo de sensibilização e
informação, mas, principalmente que mobilizasse toda a comunidade escolar para a
ação.
Dessa forma, o artigo trata das reflexões e resultados da proposta de
intervenção pedagógica no Colégio Estadual Carlos Drummond de Andrade, onde,
por meio de metodologias que envolveram o sentir, o pensar e o agir, contribuiu para
provocar o interesse dos alunos, transformando-se em uma experiência agradável e
possibilitando que os mesmos assumissem o papel central do processo ensino-
aprendizagem, participando ativamente no diagnóstico de problemas e na busca de
soluções, desenvolvendo habilidades e formando atitudes ambientalmente corretas.
ARCABOUÇO TEÓRICO
A sociedade contemporânea vive uma contradição preocupante em relação
ao meio ambiente. De um lado o incentivo ao consumo como forma de garantia de
manutenção da sociedade capitalista e globalizada e de outro a gravidade dos
problemas ambientais provocados pelo uso inconsequente dos bens naturais.
Para Coan e Zakrzevski (2003), os seres humanos utilizam o meio de vida
apenas como “residentes passageiros” e não como habitantes: não existe um
sentimento de pertencimento ao local em que vivemos. Separamo-nos da natureza,
imprimindo uma dinâmica própria no sistema, contudo, não nos dissociamos da
mesma. Para dar conta de suprir nossas necessidades biológicas e culturais
utilizamos dos recursos naturais renováveis e não-renováveis presentes na
natureza.
Pestana (2009) reforça que esta separação entre o ser humano e a natureza
vem trazendo inúmeras consequências desastrosas para as gerações de hoje e,
principalmente, às futuras, deixando clara a certeza que atitudes imediatas precisam
ser tomadas em vista da série de ações de deterioração que o homem vem infligindo
na natureza.
Ao analisar os documentos que direcionam a prática pedagógica (LDB,
Parâmetros Curriculares Nacionais, Diretrizes Curriculares Estaduais, Projeto
Político Pedagógico, dentre outros) observa-se que a educação ambiental é parte
integrante tanto do currículo escolar como da organização do trabalho pedagógico
das escolas. No entanto, geralmente as atividades realizadas nas escolas sobre
educação ambiental se restringem a palestras e confecção de cartazes e murais,
principalmente em datas especiais, como semana do meio ambiente ou dia da
árvore. Ou então, fica restrita às disciplinas afins, onde são trabalhados, muitas
vezes apenas os conceitos teóricos.
Essa realidade também se percebe no Colégio Estadual Carlos Drummond
de Andrade, no qual são comuns as atividades acerca do meio ambiente. Entretanto,
percebe-se que após a realização das mesmas, as ações dos alunos permanecem
inalteradas, ou seja, todas as discussões a respeito do cuidado com o meio
ambiente são apenas mais um conteúdo.
A principal função do trabalho dentro da escola com o tema Meio Ambiente é
contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidirem e a atuarem
na realidade socioambiental de modo comprometido com a vida, com o bem-estar
de cada um e da sociedade, local e global. Para isso, é necessário que, mais do que
informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com
formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e
procedimentos. Esse é o grande desafio para a educação (PCN, 1998, p.187)
A Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 dispõe sobre a educação ambiental
em seu artigo 1º e 2º mencionando que:
Art. 1º: Entende-se por educação ambiental os processos por meiodos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para aconservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Art. 2º: A educação ambiental é um componente essencial epermanente da educação nacional, devendo estar presente, de formaarticulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo,em caráter formal e não formal.
A Educação Ambiental é um processo que deve ser desenvolvido ao longo
da vida dos estudantes, quer seja por meios dos processos de ensino formal,
adquiridos no espaço escolar, que está relacionado às Instituições Escolares da
Educação Básica e do Ensino Superior, definidos na Lei 9394/96 de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional ou por meio da aprendizagem não formal que se
realiza fora dos quadros do sistema formal de ensino, nos mais variados ambientes,
qualquer espaço diferente da escola onde possa ocorrer uma ação educativa.
A Educação Ambiental é uma práxis educativa e social que tempor finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades eatitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida ea atuação lúcida e responsável de atores sociais, individuais ecoletivos no ambiente. (LOUREIRO, 2005, P.69)
.
Segundo VASCONCELLOS (1997), a presença, em todas as práticas
educativas, da reflexão sobre as relações dos seres entre si, do ser humano com ele
mesmo e do ser humano com seus semelhantes é condição imprescindível para que
a Educação Ambiental ocorra. Dentro desse contexto, sobressaem-se as escolas,
como espaços privilegiados na implementação de atividades que propiciem essa
reflexão.
Nesse sentido vale ressaltar que:
Não se envolve as pessoas com a temática ambiental com elasapenas sentadas em suas cadeiras, envolvidas por um “caixote detijolo e cimento”, regadas a quadro-de-giz ou à parafernáliaaudiovisual. Elas precisam sentir o cheiro, o sabor, as cores, atemperatura, a umidade, os sons, os movimentos do metabolismo doseu lugar, da sua escola, do seu bairro, da sua cidade... Isto não sefaz sentado em cadeiras! Como diz Nana Minini – o maior nome deEA no Brasil – “precisamos sair da posição de sentantes e passarmospara pensantes”, ao que acrescentamos: precisamos ser atuantes.(DIAS, 1999.p.37).
Dias (1994) a afirmação de que, mudanças numa perspectiva global só serão
possíveis se os profissionais envolvidos no processo educacional e que constroem o
fazer pedagógico, juntamente com representantes de todos os segmentos da
sociedade envolvam-se nas questões sociais e ambientais.
Para o autor, o primeiro passo para o tratamento das questões ambientais é
colocar o aluno em contato direto com o ambiente a ser estudado, pois assim este
pode vivenciar situações de experiências que possibilitam a solução dos problemas
que lhe são apresentados no cotidiano.
Sob esta ótica este trabalho procurou articular teoria e prática, fazendo com
que o sujeito envolvido no processo educacional, se apropriasse dos conhecimentos
fornecidos e fosse capaz de agir de forma responsável diante do ambiente em que
vive, com um olhar diferenciado para a relação do homem com a natureza.
AS REFLEXÕES SURGIDAS NO GTR – GRUPO DE TRABALHO EM REDE
Paralelamente a aplicação do projeto de intervenção na escola foi realizado
no período de 31/08/15 à 02/12/15 o Grupo de Trabalho em Rede (GTR), que
constitui uma das atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) e
se caracteriza pela interação a distância entre o professor PDE e os demais
professores da rede pública estadual de ensino, onde foi apresentado o Projeto de
Intervenção Pedagógica na Escola, discutido suas questões conceituais e
posteriormente, promovido um debate sobre os autores que fundamentaram o
Projeto em apreço, de cada professor cursista.
Nas interações realizadas no decorrer do Grupo de Trabalho em Rede ficou
visível a contribuição que este trabalho proporciona para a rede pública de Ensino
não somente para o Programa de Desenvolvimento Educacional, como também,
para formação nas diversas áreas do conhecimento. Dentre as postagens abaixo,
retiradas do GTR, Módulo 2, da Atividade 6, em que a temática era: A relação do
Projeto de Intervenção Pedagógica com os desafios identificados pelo professor
PDE em sua escola, tendo por Professora tutora, Telma dos Santos Oliveira, autora
deste artigo, observamos:
Professor 1
Entendo que as escolas têm um grande problema em comum que é o nãoenvolvimento dos alunos no trabalho cotidiano da escola no que diz respeitoà limpeza, conservação e manutenção. Isto significa dizer que as escolasnão contemplam esta prática em seus projetos políticos pedagógicos e nemnos Planos de Trabalho Docente. Algumas experiências mundo afora dãoconta de que a participação efetiva dos educandos nas atividades delimpeza e organização dos prédios escolares tem um grande retorno tantona formação científica, quanto na aquisição de atitudes corretas em relaçãoao meio ambiente. Acredito que isto sim é a verdadeira educaçãoambiental. É nesta linha que eu percebo relação e significância do Projetocom a realidade escolar. Estamos habituados a ver prédios escolares empéssimas condições por ações de vandalismo dos próprios alunos. Envolveros alunos em atividades que exijam deles cuidados posteriores é uminstrumento significativo para que adquiram hábitos que contribuam comsua formação plena.
Segundo Simas (2012), a estrutura precária das escolas está afetando a
qualidade do ensino nas escolas públicas. Tal afirmação é notícia do Jornal Gazeta
do Povo.
Dentro desse ciclo, alunos que não se sentem como parte da escola,ajudando a mantê-la em ordem, também têm mais chances deabandonar os estudos. Com uma estrutura bem cuidada e ações queenvolvam os jovens para conservá-la, a importância daquele local paraa vida do estudante torna-se mais evidente. “Esse trabalho deconscientização deve ser feito pela gestão escolar. Se não houverisso, os alunos vão continuar depredando, pois a veem como algopúblico, que pertence a todos e não a ele”, diz a psicopedagogaEvelize Portilho.(SIMAS, 2012).
Sendo assim, o importante é que todos se sintam pertencentes e
responsáveis pelo espaço escolar. Ajudar a manter a integralidade física e cultural
da escola leva o indivíduo a legitimar seu papel na comunidade, valoriza o
sentimento de pertencimento a um grupo, reafirma valores e faz com que todos
vejam a escola como um patrimônio da comunidade.
Professor 2
Realmente os alunos sentem-se quanto ao auxilio na manutenção da escolacomo empregados, tem-se a mentalidade que tudo deve estar pronto paraacomodar aqueles que ali cheguem. Esta visão deve ser mudada, os alunosdevem perceber que eles fazem parte da escola e a escola deles, sendoassim, devem zelar por ela como zelam de si próprios, ou de sua casa.Ninguém gosta de ficar em um local sujo, desorganizado. Esta mentalidadede que outros farão o trabalho por mim, deve ser alterada. Eles sãoresponsáveis pelo local onde estão. Em nossa escola isso é incentivado enão temos problemas com vandalismos, ou descaso dos alunos, mas sóconseguimos isso com muito trabalho e paciência.
Saviani (1999) apud Gasparin (2007), também dá ênfase à necessidade de
se complementar a atividade cognitiva a partir da sensibilização em relação aos
compromissos sociais. É necessário mostrar ao aluno os compromissos que o novo
conhecimento lhe possibilita assumir, permitindo-lhe um novo agir em relação às
transformações sociais.
...não basta, porém atuar intelectualmente, possibilitando ao aluno acompreensão teórica e concreta da realidade. É mister, ainda que empequena escala, possibilitar ao educando as condições necessárias para quea compreensão teórica traduza em atos, uma vez que a práticatransformadora é a melhor evidência da compreensão da teoria (apudGASPARIN, 2007, p.146)
Professor 3
a conscientização dos alunos com a limpeza e organização dos prédiosescolares, é uma ação bastante relevante, pois, seria uma forma de introduzira Educação Ambiental que na maioria das vezes é vista pela comunidadeescolar somente como preservação de florestas, rios e recursos naturais. Eesquecem que o espaço em que estamos inseridos faz parte do meioambiente.
Nesse sentido faz-se necessário que sejam desenvolvidas ações que visem
a conscientização da comunidade escolar acerca da necessidade de respeitar,
valorizar e preservar o ambiente escolar como patrimônio de todos. A Educação
Ambiental deve ser um processo por meio do qual as pessoas apreendam como
funciona o ambiente, como dependemos dele, como o afetamos e como
promovemos a sua sustentabilidade. Através do contato direto, de experiências
concretas e informações técnicas, a escola vai construindo um cidadão consciente
da posição do ser humano na natureza e dos limites éticos da sua intervenção.
(MONTEIRO, 2001, p. 16).
PROPOSIÇÕES INTERVENTIVAS PRÁTICAS NA CONSTRUÇÃO DACONSCIÊNCIA ECOLÓGICA
ATIVIDADE 01
Objetivo:
Apresentar, dialogar e fomentar ações acerca do Projeto de Intervenção
Pedagógica, investigando os conhecimentos dos alunos a respeito do tema.
Metodologia:
Assim como atividade inicial, a professora fez a exposição do projeto,
enfocando a importância da participação dos alunos para o sucesso do trabalho.
Após a exposição e explanação, foi proposta uma atividade de investigação
quanto ao saber prévio dos alunos sobre o tema em estudo, o que possibilitou uma
reflexão inicial da Educação Ambiental no ambiente escolar.
Para essa investigação, os alunos foram divididos em grupos para discutir e
registrar as seguintes questões:
• Quem é responsável pelo cuidado com o espaço da nossa escola?
• O ambiente escolar é agradável? (qualidade do ar, áreas livres, áreas
verdes, , iluminação, barulhos, espaço individual, qualidade da água, condição de
higiene, relações humanas).
• Qual o estado de conservação da escola?
• Quem participa dos cuidados do ambiente escolar?
• Como são nossas atitudes e as da comunidade, no espaço escolar em
relação a: consumo de energia, água e materiais, produção de resíduos e
descartes?
• A Educação Ambiental se relaciona com os comportamentos e atitudes das
pessoas que convivem no espaço escolar? Como?
• Como acontece a Educação Ambiental em nossa escola? Cumpre aquilo a
que se propõe? Por quê?
Após a discussão, os alunos apresentaram os resultados para toda a turma, o
que provocou um debate muito interessante, porque percebeu-se que para a
maioria, os cuidados, a responsabilidade e conservação do espaço escolar cabe à
direção e demais funcionários. Com a intervenção da professora, despertou-se a
ideia de que a escola é de todos e cada um tem que fazer a sua parte. Toda a
discussão fez com que eles tivessem um novo olhar sobre o impacto sofrido pelo
ambiente escolar, com relação às suas atitudes diárias, como lixo jogado em toda
parte, carteiras e paredes pichadas, portas e vidros quebrados, poucas plantas e
árvores no pátio, etc.
Figura 01 - Mural de Apresentação do Projeto de Intervenção.
Fonte: Oliveira, 2015.
A figura 01 expõe por meio de um mural o resultado das discussões pelos
alunos nesta primeira atividade e foi a maneira que encontramos para expor a toda a
comunidade escolar o início do Projeto de Intervenção e despertar em todos a
preocupação com o ambiente escolar.
ATIVIDADE 02
Objetivo
Promover a reflexão sobre a responsabilidade de cada um com relação a
questão ambiental.
Metodologia
Foi colocado no quadro o seguinte questionamento: “O que a Questão
Ambiental tem a ver com cada um de nós?”, anotando com giz as respostas iniciais
dadas pelos alunos.
Logo após foi exibido o vídeo: “A história das coisas”. Um documentário de 20
minutos, que mostra passo a passo, a extração, produção, venda, consumo e
descarte, revelando as causas dos problemas de ordem ambiental a nível mundial.
O debate sobre o vídeo possibilitou a reflexão, análise e leitura da nossa
realidade onde percebemos que os problemas ambientais estão atrelados ao
sistema político, social e econômico, sendo um alerta para a urgência de criarmos
sociedades mais sustentáveis.
Finalizamos a atividade com a redação de um texto individual sobre a
colocação inicial que indaga sobre o que a questão ambiental tem a ver comigo e
qual a importância de se tratar desse tema na escola.
ATIVIDADE 03
Objetivo
Observar coletivamente o espaço escolar para identificar as condições em
que o mesmo se encontra.
Metodologia
Os alunos foram levados para observar o espaço escolar: corredores,
saguão, pátio, quadra, jardins e o entorno do colégio.
Anotaram os problemas ambientais que perceberam e expuseram suas
anotações e sugestões para resolver ou minimizar essas questões.
Os principais problemas encontrados foram: descarte incorreto do lixo
dentro das salas de aula e no pátio externo durante os intervalos, paredes e
carteiras pichadas, arborização insuficiente, a existência mínima de jardins e plantas
ornamentais, entre outros.
ATIVIDADE 04
Objetivo
Possibilitar ao educando o contato com os elementos da natureza,
envolvendo-os na limpeza, conservação e organização do seu próprio meio.
Metodologia:
Nesta atividade os alunos fizeram uma limpeza e organizaram o pátio
externo do colégio. Cada um trouxe saco plástico e ferramentas apropriadas para
este fim.
Figura 2 - Limpeza do pátio escolar pelos alunos
Fonte: Oliveira, 2015
Na figura 02 os alunos realizam limpeza e organização do pátio escolar.
ATIVIDADE 05
Objetivo
Promover a motivação e despertar no aluno a necessidade de cuidados com
o seu próprio meio, propiciando espaços mais agradáveis, por meio da revitalização
do pátio escolar.
Metodologia
Os alunos realizaram pesquisas em diversos sites sobre cuidados com o meio
ambiente, por meio dos seguintes temas: lixo, reciclagem, jardinagem, plantio de
árvores e paisagismo, buscando sugestões de melhorias para o ambiente escolar.
A partir desses resultados foram planejadas e executadas ações de
revitalização e paisagismo.
Alguns espaços foram destinados para a jardinagem e outros para o plantio
de árvores. Os alunos trouxeram as mudas, prepararam a terra, adubaram e fizeram
o plantio nesses locais.
Figura 3 - Plantio de palmeira por alunos Figura 4 - Floreira decorativa
Fonte: Oliveira, 2015 Fonte: Oliveira, 2015
Na figura 03 foi plantada uma palmeira e na figura 04 os alunos construíram
uma floreira no formato de uma flor com pneus e plantaram flores. Este representa
um dos pequenos jardins que foram feitos por toda a Escola.
ATIVIDADE 06
Objetivo
Tornar o espaço escolar ambientalmente agradável e atrativo.
Metodologia
Reutilizamos vasos existentes na escola e adquirimos outros novos para o
plantio de flores, folhagens e pequenos arbustos e os distribuímos, de acordo com o
tamanho e espécies plantadas nos ambientes internos e externos da escola.
Figura 05 - Plantio de mudas ornamentais Figura 06 - Distribuição de plantasornamentais pelos espaços comuns da escola
Fonte: Oliveira, 2015 Fonte: Oliveira, 2015
Nas figuras 05 e 06 os alunos fizeram o plantio de mudas ornamentais que
foram colocadas no saguão da escola.
ATIVIDADE 07
Objetivo
Construir floreiras externas com pneus usados para ornamentar o Colégio.
Metodologia
Para este trabalho os alunos foram divididos em grupos, cada grupo construiu
uma floreira com pneus usados. Pesquisaram na internet como fazer, passo a
passo, essa floreira, que deveria ter 04 pneus pintados parafusados um sobre o
outro.
No dia marcado os alunos trouxeram a floreira de pneu já pronta, as
ferramentas (enxada, pá, cavadeira, etc.), um saco de 25 kg de terra vegetal e a
muda que seria plantada.
Foi cavado um buraco no chão para a fixação da floreira, onde a altura de um
pneu foi enterrada, ficando aparentes os demais. A seguir, encheram a floreira de
terra e plantaram a muda.
Os alunos também ficaram responsáveis por regar uma vez por dia a sua
floreira.
Figura 07 - Fixação das floreirasconfeccionadas pelos alunos
Figura 08 - Plantio de mudas (gerânio) nasfloreiras
Fonte: Oliveira, 2015 Fonte: Oliveira, 2015
As figuras 07 e 08 registram a colocação e a finalização das floreiras com
pneus. Conseguimos construir 08 floreiras como estas, que foram distribuídas no
pátio externo.
ATIVIDADE O8
Objetivo
Confeccionar lixeiras, reutilizando barricas de massa corrida e similares, para
serem usadas nas diversas dependências da escola.
Metodologia
Na atividade 03, além de ser observado o descarte incorreto do lixo na sala
de aula, também chamou a atenção o descuido e maus tratos com as lixeiras das
salas, se apresentavam amassadas e/ou quebradas, pois eram constantes os
chutes e brincadeiras jogando-as de qualquer jeito no chão.
A ideia, então foi que os próprios alunos confeccionassem as lixeiras,
utilizando materiais que iriam para o lixo. Assim foi possível trabalhar a importância
da reciclagem.
Os alunos, divididos em grupos, foram orientados de como realizar essa
atividade em casa. Para isso a professora trouxe uma barrica de massa corrida, com
a qual explicou como pintar, fixar a borda e identificá-la como lixeira.
As lixeiras foram recolhidas, avaliadas e distribuídas nas salas de aula e
demais ambientes da escola.
Figura 09 - Lixeira confeccionada combarrica de massa corrida
Figura 10 - Lixeira disponível para coleta de lixo.
Fonte: Oliveira, 2015 Fonte: Oliveira, 2015
As figuras 09 e 10 mostram como ficaram as lixeiras confeccionadas pelos alunos.
Foram distribuídas nas oito salas de aula, corredores e em outros ambientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola de educação básica exerce um papel de fundamental
importância na formação plena das pessoas. No contexto social a formação
científica e a educação para a vida consolidam as suas bases. Assim, educar
consiste em tornar o conhecimento concreto na vida das pessoas, culminando com a
práxis.
Considerando que a educação ambiental tem se tornado fator elementar
no processo educacional, indispensável para a reflexão das consequências das
ações humanas e a retomada de posturas que levem o indivíduo a um
comprometimento autêntico para a preservação do seu próprio meio, surgiu a
proposta de um projeto que pudesse contemplar estas reflexões e apontar para
ações que remetessem os educandos para ações práticas de transformações
qualitativas do ambiente escolar.
Neste sentido, o Projeto de Intervenção Pedagógica implementado no
Colégio Estadual Carlos Drummond de Andrade, teve como principal objetivo
despertar a consciência ambiental necessária aos alunos para que pudessem
respeitar o ambiente escolar coletivo, visando mudanças de atitudes e valores e
também permitiu que, além da discussão sobre os problemas ambientais,
construíssemos algumas melhorias básicas que tornaram o espaço escolar mais
agradável e atrativo.
Durante a implementação do projeto os alunos foram colocados frente a
frente com as questões ambientais por meio de vídeos, documentários, discussões,
debates, trabalhos em grupos, atividades práticas, contato com o ambiente natural,
enfim uma série de situações que propiciaram a eles momentos de observação,
reflexão, discussão e planejamento de ações de intervenção que minimizaram os
problemas encontrados.
Além disso, os alunos conseguiram perceber que manter a escola limpa,
cuidar do ambiente escolar e agir para melhorá-lo é tarefa de todos, ou seja, ele
também é responsável pela preservação e transformação do ambiente em que vive.
Ao finalizar as atividades do projeto de implementação, concluiu-se que
a proposta atendeu às expectativas, houve uma participação plena dos alunos
envolvidos nos estudos preliminares e na execução das ações propostas. O
resultado final foi a revitalização do espaço escolar, deixando-o mais agradável e
acolhedor e que os próprios alunos foram os protagonistas nesse processo de
reflexão e ação.
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