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REGULAMENTO - ORÇAMENTO PARTICIPATIVO JOVEM

PÓVOA DE VARZIM

Preâmbulo

O afastamento dos cidadãos, em particular dos mais jovens, da participação activa na

vida dos órgãos da democracia local e nos respectivos processos de tomada de decisão

é uma realidade que deve ser combatida por todos os meios disponíveis.

A implementação no concelho de um Orçamento Participativo Jovem (OPJ), onde estes

sejam chamados a escolher directamente a afectação de parte dos recursos orçamentais

disponíveis, é um importante instrumento para os envolver mais directamente na vida

da comunidade local, sendo uma prática recomendada pela Organização das Nações

Unidas e que já conta com experiências bem-sucedidas no nosso país.

O OPJ potencia um melhor exercício da cidadania, porque empodera os jovens poveiros

num processo de tomada de decisão que, colocando-os em contacto com a

complexidade dos problemas inerentes à gestão de recursos públicos, torna este

exercício mais informado e responsável. Por outro lado, torna a actividade dos órgãos

municipais mais transparente e mais sensível às aspirações deste grupo de cidadãos.

Capítulo I - Disposições Gerais

Artigo 1º

Missão

O Orçamento Participativo Jovem (doravante designado OPJ) tem por missão essencial

envolver os jovens do concelho, activa, informada e responsavelmente nos processos

de tomada de decisão dos órgãos democráticos locais, potenciando assim os valores da

democracia participativa constantes dos artigos 2º e 48º da Constituição da República

Portuguesa.

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Artigo 2º

Objectivos

O OPJ visa atrair a participação dos cidadãos jovens nos processos decisórios das

estruturas democráticas e tem como objectivos:

a) Adequar as políticas municipais às expectativas e necessidades dos jovens do

concelho, melhorando assim a qualidade de vida na cidade;

b) Contribuir para a educação cívica, permitindo aos cidadãos integrar as suas

preocupações pessoais com o bem comum, compreender a complexidade dos

problemas e desenvolver atitudes, competências e práticas de participação;

c) Reforçar a qualidade da democracia ao promover maior transparência na

actividade da autarquia e assim elevar o nível de responsabilização das suas

estruturas;

d) Incentivar o diálogo entre eleitos, técnicos municipais e jovens na procura das

melhores soluções tendo em conta os recursos disponíveis.

Artigo 3º

Modelo

O OPJ é um processo de carácter simultaneamente consultivo e deliberativo.

a) Na sua dimensão consultiva, os jovens são chamados a apresentar as suas

propostas de investimento.

b) Na sua dimensão deliberativa, estes votam nas propostas existentes.

Artigo 4º

Recursos afectos

A percentagem do orçamento municipal a afectar ao OPJ deverá ser definida

anualmente pela Câmara Municipal.

Artigo 5º

Âmbito territorial

O OPJ incide sobre a totalidade do território do concelho da Póvoa de Varzim.

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Artigo 6º

Âmbito temático

Podem ser apresentadas propostas nas diferentes áreas de atribuições do município,

designadamente:

a) Urbanismo;

b) Espaço Público e Espaços Verdes;

c) Protecção Ambiental e Energia;

d) Saneamento e Higiene Urbana;

e) Infraestruturas rodoviárias, Trânsito e Mobilidade;

f) Turismo, Comércio e Promoção Económica;

g) Educação;

h) Juventude;

i) Desporto;

j) Acção Social;

k) Cultura;

l) Modernização Administrativa.

Capítulo II - Funcionamento

Artigo 7º

O Ciclo de Participação

1) O OPJ segue um ciclo anual dividido em cinco fases consecutivas:

a) Fase de avaliação do ciclo anual anterior;

b) Fase de apresentação de propostas;

c) Fase da análise técnica das propostas;

d) Fase da votação;

e) Fase da incorporação dos projectos mais votados, até ao limite da verba

disponível, no plano de actividades e orçamento municipal do ano seguinte.

2) A calendarização anual de cada uma das fases será determinada anualmente pelos

organismos competentes da Câmara Municipal.

Artigo 8º

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Avaliação do ciclo anual anterior

1) Da elaboração, publicação e promoção da discussão dos relatórios resultará a

introdução das melhorias que se entendam convenientes no novo ciclo.

2) No início de cada ciclo, a existência e funcionamento do OPJ devem ser divulgados

junto do seu público-alvo – os jovens – pelos organismos municipais, através de

diversas iniciativas públicas e outras formas de comunicação.

Artigo 9º

Apresentação das propostas

1) Estão habilitados a apresentar proposta os jovens entre os 16 e os 35 anos,

residentes, estudantes e trabalhadores na Póvoa de Varzim ou naturais do concelho,

mediante registo prévio na plataforma online disponível para o efeito.

2) Cada jovem poderá apresentar apenas uma proposta.

3) Quando provier de um grupo, será registada em nome de um dos seus elementos,

mantendo a referência ao carácter colectivo da proposta.

4) As propostas poderão ainda surgir na sequência de discussão e aprovação no

plenário do Conselho Municipal de Juventude.

5) O registo das proposta será feito electronicamente através do preenchimento do

formulário disponibilizado para o efeito, devendo as mesmas serem claras e

detalhadas quanto ao seu âmbito, objectivo e pertinência, devendo ainda incluir os

elementos anexos que se revelem necessários.

6) O custo de cada proposta não pode exceder metade da verba global anual destinada

ao OPJ.

Artigo 10º

Análise técnica das propostas

1) Será criada uma Comisssão de Análise Técnica da autarquia, composta por três

técnicos municipais nomeados pelo Presidente da Câmara e por um elemento

nomeado por cada partido representado na Assembleia Municipal, que tem como

função analisar as propostas.

2) As propostas que forem consideradas exequíveis serão submetidas à votação na fase

seguinte, se necessário com melhorias nos seus aspectos técnicos.

3) As que não forem consideradas exequíveis nem susceptíveis de melhoramento serão

rejeitadas, com comunicação pública da fundamentação da decisão.

4) Constituem fundamento de rejeição as propostas:

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a) cujo custo de execução exceda a verba disponível;

b) que estejam em execução;

c) que contrariem planos municipais ou legislação em vigor;

d) cuja execução seja tecnicamente inviável;

e) que não sejam inequivocamente claras quanto ao âmbito e objectivo;

f) que configurem vendas de serviços a entidades concretas ou visem beneficiar

interesses privados em detrimento do interesse público;

g) que não caibam no âmbito das atribuições municipais.

5) Os serviços municipais deverão prestar assistência na formulação técnica das

propostas quando solicitado pelos proponentes.

6) Realizada a análise das propostas, é elaborada uma lista provisória, havendo lugar a

um prazo de reclamação de 5 dias, sendo que após este prazo a lista torna-se

definitiva e é submetida à fase da votação.

Artigo 11º

Votação

1) Estão habilitados a votar os jovens entre os 16 e os 35 anos, residentes, estudantes

e trabalhadores na Póvoa ou naturais do concelho, mediante registo prévio na

plataforma online onde previamente decorreu o registo de propostas e o debate

sobre as mesmas.

2) Cada jovem pode votar uma vez.

3) Serão aprovadas as propostas mais votadas até ao limite da verba anual atribuída ao

OPJ.

Artigo 12º

Incorporação das propostas

As propostas aprovadas serão incorporadas no plano anual de actividades e orçamento

municipal do ano seguinte.

Capítulo III – Disposições Finais

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Artigo 13º

Transparência na prestação de contas

A prestação de contas aos cidadãos será efectuada de forma permanente com a

disponibilização de toda a informação relevante, através de plataforma electrónica

criada para o efeito.

Artigo 14º

Gestão

A gestão das várias etapas do OPJ competem ao Vereador com competências no

domínio das políticas municipais de juventude, podendo este delegar em gabinete

municipal.

Artigo 15º

Dúvidas e Omissões

As dúvidas ou omissões surgidas na interpretação das normas previstas neste

regulamento serão resolvidas pelo Presidente da Câmara Municipal, que dará

conhecimento das respectivas decisões à Câmara Municipal.

Artigo 16º

Aperfeiçoamento contínuo

Cada avaliação do ciclo anterior deverá contribuir para aperfeiçoar o funcionamento dos

ciclos anuais seguintes, imprimindo assim uma dinâmica de melhoria contínua ao serviço

dos cidadãos do concelho.

Artigo 17º

Entrada em vigor

Este regulamento entra em vigor cinco dias após a sua publicitação via edital nos locais

de estilo e na página electrónica da Câmara Municipal.


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