Olhares que fazem a “diferença”
Revista Brasileira de Educação 25
Olhares que fazem a “diferença”: o índio emlivros didáticos e outros artefatos culturais*
Teresinha Silva de OliveiraEstado do Rio Grande do Sul, Secretaria de Educação
Introdução
A variedade de artefatos culturais que tomam a
imagem de “índios(as)” como motivo ilustrativo si-
naliza que os discursos que neles circulam nos inter-
pelam de diferentes formas e nas mais variadas cir-
cunstâncias. O “índio” é mostrado através de ampla
variedade de artefatos, constituída por jornais, revis-
tas, livros didáticos, programas de televisão, selos e
cartões postais etc., e os discursos que circulam nes-
sas produções se tramam numa rede, inventando con-
ceitos, produzindo identidades. Já convém marcar a
presença de estratégias pedagógicas perpassando os
discursos que circulam nesses artefatos, que não po-
dem ser tomados como “inocentes” ou banais. Os
conceitos articulados nessas produções resultam de
um conjunto de práticas discursivas estabelecidas so-
cialmente e, portanto, a partir de “relações de poder”
que, por sua vez, possibilitam a quem tem mais força
(força essa representada através das mais variadas
formas e sentidos) atribuir aos “outros” seus signifi-
cados. A idéia de poder à qual me refiro está relacio-
nada ao pensamento de Foucault (1979), que aponta
o poder não como centrado em um único ponto, uni-
lateral, ou maléfico, mas ramificado, circulante e pro-
dutivo. Assim, o poder não apenas proíbe, impede,
mas cria, produz.
Essa concepção, aliada à perspectiva pós-moder-
na1 e ao campo dos estudos culturais, possibilita uma
visão diferente, na qual o que era mostrado como na-
* Trabalho apresentado no GT Ensino Fundamental, duran-
te a 25ª Reunião Anual da ANPEd (Caxambu, MG, de 29 de se-
tembro a 2 de outubro de 2002).
1 De acordo com Veiga-Neto (1996), “pode-se compreender
a pós-modernidade como o ‘estado da cultura após as transforma-
ções que afetaram as regras do jogo da Ciência, da Literatura e
das Artes, a partir do final do século XIX’” (p. 151). Para o autor,
“mais do que um ‘movimento’, trata-se de uma condição que, re-
jeitando os pensamentos totalizantes, as metanarrativas, os refe-
renciais universais, nega as transcendências e as essências e
implode a Razão moderna, deixando aos cacos nossas pequenas
razões particulares” (idem, ibidem).
Teresinha Silva de Oliveira
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tural e familiar precisa ser estranhado, desnaturaliza-
do. Dessa forma, os discursos são tomados como prá-
ticas culturais destinadas a nomear, a representar as
“coisas” a que se referem, fazendo com que as verda-
des precisem ser tomadas como transitórias.
Nelson, Treichler e Grossberg (1995) afirmam
que os estudos culturais assumem o “compromisso
de examinar práticas culturais do ponto de vista de
seu envolvimento com e no interior de relações de
poder” (p. 11), enfocando temas como
gênero e sexualidade, nacionalidade e identidade nacional,
colonialismo e pós-colonialismo, raça e etnia, cultura po-
pular e seus públicos, ciência e ecologia, política de identi-
dade, pedagogia, política da estética, instituições culturais,
política da disciplinaridade, discurso e textualidade, histó-
ria e cultura global numa era pós-moderna. (p. 8)
Nesse sentido, considero importante mencionar
desde já que entendo representação como um proces-
so de significação histórica, socialmente construído e
determinado por relações de poder. De acordo com
Hall (1997a), “representação é a produção do signifi-
cado do conceito em nossa mente através da lingua-
gem” (p. 17). Linguagem é
[...] o processo pelo qual os membros de uma cultura utili-
zam a língua (amplamente definida como qualquer sistema
que empregue signos, qualquer sistema significante) para
produzir significados. Esta definição já carrega a impor-
tante premissa de que as coisas – objetos, pessoas, eventos
do mundo – não têm em si qualquer significado estabeleci-
do, final ou verdadeiro. Somos nós – na sociedade, nas cul-
turas humanas – que fazemos as coisas significarem, que
significamos (idem, p. 61)
Hall (1997a), seguindo a abordagem construcio-
nista, argumenta que na representação “usamos sig-
nos, organizados nas linguagens de diferentes tipos,
para nos comunicar com outrem de forma significati-
va” (p. 28). De acordo com tal abordagem, todos os
signos são “arbitrários”, não havendo, por isso, qual-
quer relação natural entre o signo e seu significado.
Aproprio-me também da noção de identidade
produzida por Hall (1997b), de que esta é uma “cele-
bração móvel” e por isso não pode ser tomada como
fixa, essencial ou permanente (p. 13). “É definida his-
toricamente, e não biologicamente” (idem, ibidem).
Assim, penso em identidade como o resultado de um
conjunto de práticas narrativas criadas pela represen-
tação, portanto inventadas, que possibilitam que de-
terminadas características sejam associadas a sujei-
tos ou grupos, freqüentemente de forma generalizada
e pejorativa, para explicar e definir como única a va-
riedade de vivências e experiências que possuem. De
forma semelhante, práticas narrativas servem para que
os sujeitos “falem” de si ou do grupo a que perten-
cem. A partir disso, considero apropriado desenvol-
ver uma análise das representações de “índio” no sen-
tido de práticas de significação, pressupondo que a
existência dessas representações ocorra com base em
relações de poder através das quais grupos ou sujei-
tos mais poderosos atribuam aos “outros”, no caso
aos índios(as), seus significados.
As formas discursivas que tendem a generalizar
características, vozes e imagens, traços comuns arti-
culados estrategicamente, criaram e reforçam o este-
reótipo que é instituído por uma repetida seqüência de
“certezas”, no qual quem tem sua fala legitimada atri-
bui aos “outros” seus significados de forma segura,
estável e inquestionável. O estereótipo não represen-
ta, no caso, um índio pré-existente, anterior ao discur-
so, mas a cristalização de discursos. Para Albuquerque
Jr. (1999), “o estereótipo nasce de uma caracterização
grosseira e indiscriminada do grupo estranho, em que
as multiplicidades individuais são apagadas, em nome
de semelhanças superficiais do grupo” (p. 20). Assim,
a instituição do “outro” como diferente acontece de
forma “hegemônica”, através de marcas discursiva-
mente impostas com base nos conceitos que o(a)
narrador(a) tem de si e dos poderes que sustenta, se-
jam eles de ordem religiosa, financeira, em relação ao
idioma que fala ou outra prerrogativa.
A forma de apontar índios(as) como “diferentes”
ocorreu inicialmente em função das dificuldades dos
primeiros viajantes europeus de compreender a vida
Olhares que fazem a “diferença”
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social desses sujeitos, atribuindo a eles (e ao ambien-
te) um estatuto de alteridade exótica observado ainda
hoje. Tal forma de compreensão concebeu índios(as)
como desprovidos de instituições políticas e subme-
tidos às leis de uma natureza da qual não souberam se
distanciar. Pode-se dizer que a denominação “índios”
surgiu a partir do olhar europeu sobre quem encon-
traram quando aqui chegaram, nos séculos XV e XVI,
julgando terem chegado a um outro lugar denomina-
do Índias. A partir desse olhar colonizador, passaram
a existir não só “índios(as)”, mas todo um contexto
biológico e topográfico que “precisava” ser explora-
do. Assim, utilizo no meu trabalho a expressão ín-
dios,2 pois substituí-la nesse momento implicaria uma
outra invenção. Reconheço que é uma denominação
comprometida com determinado olhar e que cada gru-
po dessa etnia3 tem características culturais próprias,
como cada um de seus membros tem especificidades
individuais.
Atribuir denominação e características é pró-
prio de um processo arbitrário de relação “desigual”
de forças, através do qual o colonizador dá as costas
para o modo como cada povo se autodenomina, além
de generalizar características superficiais, apagan-
do individualidades. Assim, ao propor questionar
essas verdades, procuro entender como tais repre-
sentações foram construídas e que outros esquemas
discursivos estiveram envolvidos nesse processo,
sem pretender julgar sua adequação ou veracidade.
Além disso, busco entender como são articulados os
discursos, de modo que não se destinam “apenas” a
representar mas a atuar também como dispositivos
pedagógicos, o que passo a tratar a partir de agora
através dos eixos temáticos.
Olhares...
Neste eixo procuro discutir como a “diferença”
é instituída com base em determinados olhares e como
algumas marcas têm sido utilizadas para caracterizar
“os(as) diferentes”. Busco exemplo a essa referência
no interessante estudo que Said (1990) realiza de re-
latos de viagens, romances, poemas, estudos e arti-
gos sobre o Oriente Médio e seu povo, no campo aca-
dêmico denominado orientalismo, e a atração que o
“distante” Oriente teve sobre o Ocidente, principal-
mente sobre os europeus. Assim,
O Oriente não está apenas adjacente à Europa; é tam-
bém onde estão localizadas as maiores, mais ricas e mais
antigas colônias européias, a fonte das suas civilizações e
línguas, seu concorrente cultural e uma das suas mais pro-
fundas e recorrentes imagens do Outro. Além disso, o Orien-
te ajudou a definir a Europa (ou o Ocidente), como sua
imagem, idéia, personalidade e experiência de contraste.
Contudo, nada desse Oriente é meramente imaginativo. O
Oriente é parte integrante da civilização e da cultura mate-
riais da Europa. O Oriente expressa e representa esse pa-
pel, cultural e até mesmo ideologicamente, como um modo
de discurso com o apoio de instituições, vocabulário, eru-
dição, imagística, doutrina e até burocracias e estilos colo-
niais. (p. 13)
Próximo à análise de Said, Albuquerque Jr.
(1999) movimenta-se numa trama que contempla a
produção literária, as artes, os discursos políticos, as
produções cinematográficas e a música, os quais con-
tribuíram para a criação de um povo e uma região
“exóticos”, “diferentes”. A inspiração que a região
Nordeste e “essa gente” despertaram nos escritores,
artistas e políticos – a princípio do Centro-Sul do país
e, mais tarde, da própria região – resultou num con-
junto de narrativas que manifesta uma visão hegemô-
nica do Nordeste como único no aspecto cultural e
geográfico. Ao ser contraposto sócio e culturalmente
ao Nordeste, o Sul se fortalece não somente como
espaço geográfico, mas como espaço de mais possi-
2 A partir deste momento, deixarei de usar aspas ao registrar
a palavra índio(s), mesmo não partilhando do entendimento que
deu origem à denominação.3 Admitindo que as categorias resultam de construções cul-
turais, uso, neste trabalho, os termos raça e etnia sem uma distin-
ção muito rigorosa.
Teresinha Silva de Oliveira
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bilidades, de maior diversidade cultural, como centro
da manifestação cultural européia. Além disso, o autor
“olha” a trama de representações não só como uma
imposição de significados ao Nordeste e aos nordes-
tinos, mas também como um dispositivo pedagógico,
através dos quais os “nordestinos” passam a falar de
si e do “Nordeste”.
A invenção do Nordeste e outras artes
(Albuquerque Jr., 1999), e Orientalismo (Said, 1990)
fazem uma análise das narrativas que focalizam o
olhar totalizante lançado pelo colonizador sobre o
Nordeste e o Oriente, respectivamente, e como esse
olhar influenciou na elaboração dessas identidades e
na legitimidade e imposição dos interesses colonia-
listas. Ao descrever o Oriente como o “outro”, a cul-
tura européia se fortalece por apresentar recursos “ti-
dos” como mais importantes e que permitiram que o
Oriente tivesse sido inventado estrategicamente pelo
e para o Ocidente, assim como o Nordeste e os nor-
destinos o foram pelo e para o Centro-Sul.
Já Vaz (1996) circula nas tramas discursivas que
produziram os “caboclos amazônicos” como mais uma
forma de instituição do “outro”. Tais narrativas, ela-
boradas com base no “olhar” de viajantes europeus e
pesquisadores, estabelece o branco como racialmen-
te superior, ao descrever os “caboclos” como matutos,
preguiçosos, insolentes, derrotados e responsáveis pela
sua própria pobreza (p. 48). Nelas, o termo “cabo-
clo” remetia a uma espécie de mestiçagem, o que sig-
nificava inferioridade em relação à raça branca. Essa
visão, difundida no Brasil a partir do século XIX, acre-
ditava na superioridade das “raças puras” (especial-
mente a branca) e na degenerescência dos tipos mes-
tiços. De acordo com Vaz, entre os relatos que
inventaram essa identidade situava-se o que falava
da ameaça que esses sujeitos representavam para a
viabilidade do país, pois na região “não há progresso
nem regresso, a tradição e a rotina perduram como
formas de preguiça, de inércia mental” (p. 49). Se-
guindo tais estratégias, foram inventadas várias ou-
tras identidades que circulam como verdadeiras na
mídia, na literatura, nas artes, no currículo escolar e
em outros artefatos culturais.
Nesse sentido, Álvares-Uría (1998) faz referên-
cia à imagem dos Incas e dos Astecas elaborada pe-
los colonizadores espanhóis (1520-1550), no mesmo
período histórico em que os índios brasileiros tam-
bém foram inventados a partir do olhar português. O
autor nos instiga a pensar sobre o processo de contato
e “pacificação” e sobre a ressonância atual desses
acontecimentos através da “desmedida crueldade dos
seres humanos” posta à prova “pelo triunfo dos tota-
litarismos” (p. 98), apontando como o “outro” atual-
mente, o estrangeiro e o pobre, que vêm sendo objeto
de exclusões, vexames e negações.
Ao produzir o ensaio “O espetáculo do ‘outro’”,
Hall (1997b) examina as variadas formas como a “di-
ferença” é marcada por filmes, anúncios publicitários
e fotos do final do século XIX ao momento presente,
e como aspectos atribuídos à raça, gênero e etnia têm
sido usados para marcar a diferença, de forma
essencialista, através de estereótipos. Ao desenvol-
ver sua argumentação, o autor possibilita a compreen-
são de como as práticas de significação estruturam o
modo como “olhamos” as “coisas” e como as “coisas
diferentes” (especialmente o “outro”) fascinam.
O autor faz referência a várias representações
produzidas sobre africanos(as) pelo “Ocidente”, ao
longo da história e dos contatos sociais estabeleci-
dos, de forma que a diferença fosse notadamente mar-
cada através da raça. A abordagem aponta questões
históricas e sociais do contato colonizador semelhan-
tes às vividas no Brasil. O processo de colonização
do Brasil, assim como o da África, atraiu uma série
de aventureiros ávidos pelo encontro e por mostrar o
“outro”, o diferente. Lá, como aqui, o discurso racis-
ta foi e ainda é estruturado de forma binária e oposta,
contrapondo a “civilização” (branca) e a “selvageria”
(negra/indígena). Conforme a análise, a “cultura”
(branca) era relacionada aos aspectos intelectuais:
discernimento, conhecimento, presença de governo e
leis próprias que regravam a vida social e sexual; a
“natureza” (negra/índia) era relacionada aos aspectos
instintivos: manifestação franca das emoções no lu-
gar da razão, ausência de governo e leis para regrar a
vida social e sexual, aproximando as ações de instin-
Olhares que fazem a “diferença”
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tos da “natureza selvagem”. Reduzir as culturas de
negros(as) e índios(as) à natureza consiste em “natu-
ralizar a diferença” (Hall, 1997b, p. 245), consiste em
“uma estratégia representacional destinada a fixar a
‘diferença’ e assim garanti-la para sempre” (idem,
ibidem).
Assim, conforme as leituras sugerem, a “dife-
rença” resulta da projeção no “outro” de característi-
cas que o narrador(a) não “vê” ou não aceita em si.
Portanto, a “diferença” não pode ser tomada como
essencial, como parte dos sujeitos, mas deve ser
problematizada por resultar de construção social.
“Olhares poderosos”:a instituição do “outro” como diferente
Tomei por empréstimo para este eixo o título atri-
buído pela revista Época (n° 91, fevereiro de 2000,
p. 8) ao eixo “Imagens”, na qual algumas fotografias
flagraram políticos nacionais e internacionais lançan-
do olhares “indiscretos” sobre determinadas mulhe-
res. Uma dessas fotografias mostra Alessandra Bra-
sileiro, passista do Boi Garantido, “fantasiada de
índia”, em Parintins, Amazonas, “olhada” pelo presi-
dente do Brasil e pelo governador do Amazonas, en-
quanto cumprimentava o ministro da Educação.
“Olhares poderosos” (como os lançados por po-
líticos, viajantes, pesquisadores, entre outros) têm ser-
vido para instituir o “outro” como diferente, geral-
mente apontando “traços” físicos individuais como
características coletivas, marcando que a instituição
da “diferença” acontece com base na consideração
dos valores e conceitos que aquele que a institui tem
de si e da cultura a que pertence.
Assim, este eixo tem o propósito de destacar al-
guns olhares poderosos materializados através dos li-
vros didáticos de ciências e refletir sobre como esses
discursos marcam, classificam e excluem índios(as).
A opção pelas publicações didáticas de ciências4 está
relacionada à minha formação acadêmica e, princi-
palmente, à visão de ciências como um campo dis-
cursivo rico no sentido de instituir verdades e produ-
zir subjetividades dificilmente contestado. Nessas
produções, índios(as) são “vistos” como diferentes
através de referências à habitação, às vestimentas, à
forma como obtêm os recursos etc.
No capítulo sobre os animais, o livro Ciências,
para a lª série do ensino fundamental (Marsico et
al.,1997), inclui uma unidade sobre os animais e seu
habitat. Referindo-se aos habitats humanos, as au-
toras mostram quatro ambientes onde o “homem”
pode habitar: um prédio com muitos andares, casas
no meio de uma lavoura, um “iglu” e uma “oca”. No
exemplo referente ao “habitat indígena” (p. 37) apa-
rece no primeiro plano da foto um índio esticando
um arco como se fosse atirar uma flecha e duas ín-
dias, uma delas com uma criança às costas, suspensa
por uma faixa na cabeça; no plano de fundo aparece
parcialmente a “oca”. A referida fotografia parece
não ter sido feita para mostrar uma forma de habita-
ção, mas sim um “estilo de vida”, estereotipado tam-
bém em outros espaços, pois a casa praticamente não
aparece. Essas representações tendem a universalizar
atributos do tipo: índios usam arco e flecha; moram
em ocas; furam o corpo para colocar objetos “estra-
nhos”, como ossos e pedaços de madeira, conside-
rados enfeites; andam nus (ou seminus), enfim, são
diferentes de “nós”.
No volume 2 de Descobrindo o ambiente, para a
2ª série, Oliveira e Wykrota (1991) ensinam que “os
esquimós moram em iglus. Os índios brasileiros em
ocas, os beduínos sempre mudando de lugar. E existe
gente que mora em carro ou barco e carrega a casa
para lá e para cá, como os caracóis” (p. 11). Mostrar a
casa, por exemplo, se constitui uma das formas atra-
vés da qual os livros narram os “diferentes”, os que
fogem à “normalidade”. Além disso, o livro em pauta
relaciona sujeitos e suas formas de habitar aos cara-
cóis (animais), lembrando a antiga representação dos
índios como nômades, que não se fixavam a lugar
nenhum. Ao destacar a forma de habitação, a “oca”
marca a singularidade indígena.
4 Tomei para análise alguns exemplares publicados no pe-
ríodo de 1980 ao final de 1990.
Teresinha Silva de Oliveira
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No estudo relativo à propagação do som, cons-
tante do livro Ciência e realidade, para a 8ª série,
Blinder et al. (1992) utilizam uma figura que alude a
suposta perspicácia auditiva indígena para ilustrar o
conteúdo de que tratam, lembrando outras habilida-
des atribuídas a índios(as), como a de “ler” a nature-
za e prever fenômenos climáticos. Dessa forma, o
índio é representado como dotado de um tipo espe-
cial de conhecimento que parece constituí-lo como
uma extensão da natureza, como uma espécie quase
em extinção. Blinder e seus colegas representam o
índio através da Ilustração 1, acompanhada do se-
guinte texto:
São também famosas as histórias de índios que en-
costam a orelha no chão para ouvir o galope de cavalos
suficientemente distantes para serem vistos [...]. Se o índio
ouve o galope pela onda sonora que se propaga no solo
antes da onda que se propaga no ar, é sinal de que no solo a
onda sonora se propaga mais rapidamente, ou seja, sua ve-
locidade é maior no chão do que no ar. (p. 85)
Ao mesmo tempo que o exemplo atribui ao ín-
dio habilidades especiais, faz referência a uma práti-
ca não usada e considerada estranha pela cultura não-
indígena, por dispor de instrumentos “mais eficientes”
para realizar tal “leitura”. Lembra também habilida-
des sensoriais “desenvolvidas” em determinados ani-
mais, como o faro do cão de caça, a percepção auditi-
va das aves etc., representações de “desenvolvimento”
e especificidade que se devem ao olhar antropocên-
trico do homem sobre os (outros) animais.
Assim, a imposição de significados aos “outros”
freqüentemente é feita de forma sutil e partindo do
pressuposto da presença de uma correspondência ade-
quada entre o sujeito e os significados que estão sen-
do atribuídos, de forma que passam a ser vistos como
naturais, como parte deles. E o olhar que produz re-
presentações através dos livros didáticos e revistas
analisados mostra índios(as) como sujeitos dotados
de conhecimentos, costumes e habilidades específi-
cas e essenciais, de forma que pareça que somente
esses sujeitos as possuam.
Além da produção didática, várias outras produ-
ções freqüentemente estabelecem uma relação entre
a identidade pessoal ou coletiva e os artefatos usados
de forma que os mesmos pareçam essenciais a todos
os membros indistintamente. Da mesma forma que
marcadores identitários, como pinturas, adornos etc.
são utilizados para representar tribos indígenas, mui-
tas outras “tribos” são identificadas por outros mar-
cadores, como as griffes das roupas que usam, a mar-
ca do tênis que calçam, as tatuagens que exibem, a
quantidade e os locais do corpo em que aplicam os
piercings etc., mostrando como freqüentemente
aquele(a) que não atende aos padrões sociais e cultu-
rais é “marcado(a)”. Essas questões frisam a forma
como as “marcas identitárias” – entendidas aqui como
significados culturalmente inventados – são usadas
com a finalidade de diferenciar, classificar, os sujei-
tos, sendo inscritas no corpo para assinalar a diferen-
ça, o pertencimento a essa ou aquela “tribo”. Assim,
ao mostrarem índios(as) valorizando tais aspectos, li-
vros, jornais, revistas etc., além de essencializarem
características, projetam também um público que pa-
rece esperar tais imagens.
Estudos como “O espetáculo do ‘outro’” (Hall,
1997b) e a imagem dos Incas e Astecas a partir do
olhar espanhol (Álvarez-Uría, 1998) exemplificam a
imensa diversidade cultural existente no mundo e de
como são consagradas formas culturais hegemônicas.
Em outro sentido, servem para mostrar a rede de poder
em que as questões culturais estão inseridas, apontan-
Ilustração 1: “A velociade do som” (Blinder et al., Ciên-
cia e Realidade, 8ª série, São Paulo: Atual, 1992, p. 85)
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do que a diferença tem sido marcada de forma hierar-
quizada e assimétrica, e que os sujeitos ou as práticas
mostrados(as) como diferentes o são de forma que pa-
reçam inferiores, de modo que a diferença não é
estabelecida desinteressada e inocentemente, mas é
instituída a partir de discursos e “olhares poderosos”.
Da maloca na selva a quiosque nos jardins
Neste eixo procuro discutir a transposição de sig-
nificados atribuídos a determinados objetos ao serem
utilizados por culturas distintas e como alguns desses
objetos freqüentemente “enriquecem” a prática pe-
dagógica. Potes, peneiras, arcos e flechas são objetos
que recebem comumente nova finalidade e, em con-
seqüência, nova significação, diferente da atribuída
por índios(as), ao serem adquiridos por turistas, por
viajantes não-indígenas. Entretanto, sabemos que a
transposição de significado não ocorre em um só sen-
tido, e que índios(as), ao se apropriarem de objetos
da cultura não-indígena, freqüentemente lhes atribu-
em outros significados.
Ao contrastar artefatos culturais de culturas dis-
tintas, se estabelece, também, a distinção entre “nós”
e os “outros”, muitas vezes mostrando o grupo “he-
gemônico” (“nós”) de forma individualizada e dife-
renciada e os “outros” como uma massa homogênea.
Essas argumentações lembram a importância que de-
terminados artefatos adquirem pelo fato de serem
“nosso” ou serem dos “outros”. Proponho, como
exemplo para reflexão, a construção arquitetônica “tra-
dicional” indígena usada para habitação, para a qual
foram atribuídos pelo colonizador nomes como “oca”,
“maloca”, “choupana”. Essas designações são carre-
gadas de tom pejorativo, na medida em que remetem
a um tipo de habitação considerada “primitiva” por
ser construída com capim, paus, cipós e sem o acom-
panhamento de um profissional com uma certa quali-
ficação, como um engenheiro ou um mestre-de-obras.
Essas construções mudam a denominação quan-
do mudam de ambiente e função. O que era chamado
de “oca” ou “maloca”, ao ser transposto para a cida-
de, tem também o significado transposto e passa a ser
denominado de “cabana”, “quiosque”, designações
que parecem lhes conferir maior status. O rústico ga-
nha uma nova configuração, por ter sido projetado e
construído por pessoas não-indígenas e por compor o
espaço de lazer e não mais o residencial, apontando
para o que Woodward (1997) chama de “sistemas
classificatórios” (p. 12). Tais sistemas são usados fre-
qüentemente para apontar como as relações sociais
entre pelo menos dois grupos diferentes são contra-
postas – de forma binária e distinta – tanto através do
uso de sistemas simbólicos de representação quanto
através da exclusão social.
A prática pedagógica escolar, na qual são desta-
cados os valores de uma cultura soberana,5 muito tem
colaborado no sentido de controlar as pessoas e insti-
tuir significados. Para isso, seleciona conteúdos, des-
taca comportamentos a serem evidenciados e valori-
za práticas sociais de determinados grupos ao destacar,
por exemplo, o que deve ser estudado durante o ano e
o que deve ser “visto” eventualmente. A preocupa-
ção docente em enriquecer a aula e tornar mais fácil e
real a teoria tem sido um campo no qual discretamen-
te a supremacia social e cultural é estabelecida. Além
disso, a escola freqüentemente se utiliza de artefatos
culturais de “outras” culturas para acentuar, frisar, a
“diferença”. Assim, ao utilizar utensílios da cultura
indígena para tornar concreta a prática pedagógica, a
escola transpõe o significado de instrumentos de tra-
balho e práticas culturais mostrando-os como instru-
mentos lúdicos, decorativos e, às vezes, ludopedagó-
gicos, além de marcá-los como pertencentes a uma
cultura “exótica”. Servem como exemplo de transpo-
sição de significado objetos de cerâmica e de madei-
ra, como arcos e flechas, simulacros adquiridos por
turistas, que, transpostos, passam a adquirir outros sig-
5 Refiro-me especialmente à cultura de origem européia,
que de todas as formas procurou se estabelecer como soberana
tanto dentro de seus limites geográficos quanto fora deles. Mais
uma vez recorro a Orientalismo, através do qual Said (1990)
discute essa questão ao mostrar o olhar colonizador sobre os po-
vos colonizados.
Teresinha Silva de Oliveira
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nificados, passam a ser contemplados como adornos,
peças de decoração, “lembranças” de viagem, e não
raro ilustram o fazer pedagógico.
Problematizar “práticas” sociais familiares pode
ser um caminho para entender algumas das estraté-
gias usadas para estabelecer significados e organizar
lugares de negros, de índios, de mulheres, de pobres,
de homossexuais e de velhos(as), com que freqüente-
mente nos deparamos.
Cartões e selos postais, cartões telefônicose moedas brasileiras: a diversidadede olhares lançados sobre o índio
A discussão proposta para este eixo diz respeito
à diversidade de olhares lançados sobre o índio por
instituições públicas e privadas, como a Empresa Bra-
sileira de Correios e Telégrafos (ECT), a Casa da
Moeda, as companhias telefônicas e a indústria gráfi-
ca, através dos seus produtos. Além disso, procuro
destacar alguns efeitos pedagógicos presentes em ar-
tefatos supostamente banais.
Os discursos usados para tornar coletivas ca-
racterísticas “individuais” têm servido para que de-
terminados grupos sociais sejam “olhados” como
grupos homogêneos. No caso de índios(as), ainda
que haja especificação, na maioria das vezes ela sur-
ge em relação ao grupo como categorias do tipo
“guerreiros”, “selvagens”, “índios”, em que o(a)
narrador(a) nega identificação própria, tornando-
os(as) sujeitos despersonalizados, anônimos; trata-
se, portanto, de um silenciamento das suas identida-
des. Maresca (1996) refere-se a essa questão como
“banalização”, que passa explicitamente pela
“anonimizacão dos personagens representados, re-
duzidos subitamente à imagem de uma profissão, um
gesto de trabalho ou de um elo doméstico ou social”
(p. 64). Utilizo como exemplo para essa referência
um cartão postal que mostra índios(as) em ocasião
festiva, com vestes e máscara de fibra vegetal rústi-
ca, e a informação relativa à identidade dos sujeitos,
que se limita a indicar: “Índios do Brasil, tribo dos
Ipixunas, região da Amazônia”.
Ao referir-se às práticas fotográficas, Canclini
(1985) possibilita-me entender que elas são regula-
das por convenções atribuídas por um determinado
grupo como forma de seleção e promoção. Para
Canclini, “o que cada grupo social elege para foto-
grafar é o que considera digno de ser solenizado”,
servindo como “operação ideológica que converte o
transitório em essencial” (p. 7). Dessa forma, as prá-
ticas fotográficas parecem servir como mecanismos
dos quais determinado(s) grupo(s) se apropria(m) com
a finalidade de representar o que entende(m) por rea-
lidade, utilizadas para “eternizar” momentos.
Os vários olhares lançados sobre o índio têm sido
“traduzidos” através de fotografias, gravuras e pintu-
ras, geralmente acompanhando o texto escrito. Ob-
servo, no entanto, que artefatos como selo e moeda,
usadas pelo Correio e pela Casa da Moeda, respecti-
vamente, incluem imagens que dispensam o texto es-
crito, sugerindo que a imagem tem sido usada como
um discurso que informa e nos interpela com a mes-
ma autoridade do texto escrito.
Ao fazerem a representação de índios(as) atra-
vés dos produtos que atendem a suas demandas, em-
presas como a Empresa Brasileira de Correios e Telé-
grafos, por exemplo, através da emissão de selos que
focalizam traços atribuídos a esses povos, como más-
caras, pintura corporal, peças artesanais, “desapropri-
am” o índio de sua identidade pessoal e o mostram de
forma que detalhes como pintura, pareçam essenciais,
além de sugerir que as referidas imagens resultam da
solicitação dos fotografados. A referência encontra
exemplo na imagem do menino índio que ilustra selo
postal lançado pela ECT em 1991.
Ilustração 2: Nota lançada no início dos anos de 1990
pela Casa da Moeda
Olhares que fazem a “diferença”
Revista Brasileira de Educação 33
Outra forma de apropriação da imagem do índio
é através da sua impressão na moeda brasileira, con-
forme a Ilustração 2, nota de mil cruzeiros lançada no
início dos anos 1990. Trata-se de uma representação
muito significativa, pelo fato de envolver um papel
com valor monetário, com poder de troca e que atin-
ge uma significativa parcela da população. Observo
que tal representação, bem como as demais citadas
neste eixo, aponta para uma relação desigual de for-
ças: ao mesmo tempo em que índios ilustram um pa-
pel com poder de compra, muitos desses sujeitos não
dispõem de condições econômicas para suprir suas
necessidades básicas, necessitando, às vezes, mendi-
gar nas ruas. No exemplo, além do índio ser repre-
sentado como “exótico”, é representado também como
saudável, farta e diversamente alimentado, ao ter sua
imagem sobreposta a produtos atribuídos ao seu con-
sumo, como peixes, raízes, frutos e sementes. É dis-
pensável afirmar que as representações feitas espe-
cialmente pela ECT e pela Casa da Moeda vêm
carregadas de um teor de verdade muito forte, por
provirem de duas instituições federais muito abran-
gentes, pois os artefatos selo e moeda fazem parte da
vida diária de grande parte da população.
Pertencente à série “500 anos do Descobrimen-
to”, a Companhia Riograndense de Telecomunicações
(CRT) lançou um cartão telefônico ilustrado por uma
“menina Carajá”,6 conforme Ilustração 3. Tal repre-
sentação é semelhante às produzidas pela ECT e pela
Casa da Moeda. Ao comercializarem tais imagens,
além de instituírem o “outro” como diferente, essas
empresas marcam também fortes “relações de poder”
em que uma cultura toma a “outra” como motivo
ilustrativo dos produtos que vendem. Além disso, a
representação do índio articulada por tais empresas
mostram-no como uma espécie de “propriedade da
nação”, pertencente à “identidade nacional”.
De acordo com Hall (1997a), “as identidades
nacionais não são coisas com as quais nós nascemos,
mas são formadas e transformadas no interior da re-
presentação” (p. 53). Assim, entendo que a nação não
é uma entidade política “neutra”, ao contrário, pro-
duz significados, cria sentido de pertencimento. Se-
gundo o autor, “as pessoas não são apenas cidadãos(ãs)
legais de uma nação; elas participam da idéia da na-
ção tal como representada em sua cultura nacional”
(idem, ibidem). Tal afirmação leva-me a entender que
a “idéia” de pertencimento nacional é constituída dis-
cursivamente e não pode ser tomada como parte es-
sencial dos sujeitos.
Os artefatos que ilustram esse eixo podem ser
“lidos” também como uma forma de “promover” um
resgate de tradições7 supostamente perdidas; têm ser-
vido como referência de brasilidade, para mostrar um
país e um povo “autênticos”, apontando um país que
“respeita e incentiva” as tradições de seus habitantes
e para um povo que sabe corresponder, através das
manifestações de pertencimento. O resgate de uma
identidade “perdida” obriga a um “retorno ao passa-
do”, o que implica reinventar outras práticas e outras
identidades.
Assim, entendo que as representações que circu-
lam nos artefatos incluídos na análise têm sido o re-
sultado de “olhares poderosos” lançados sobre
6 A identificação presente no verso do cartão refere-se a
“Menina Flor”.
Ilustração 3: Menina Flor, da tribo Carajá
7 Robins referido por Hall (1997a) chama de “Tradição” a
tentativa de “recuperar a pureza anterior e recobrir as unidades e
certezas que são sentidas como tendo sido perdidas” (p. 94).
Teresinha Silva de Oliveira
34 Jan/Fev/Mar/Abr 2003 Nº 22
índios(as) por viajantes, pesquisadores, repórteres
entre outros, por “verem” nesses sujeitos característi-
cas que não vêem ou não desejam em si. Além disso,
ao destacar a imagem do índio como recurso
ilustrativo dos produtos que comercializam, empre-
sas públicas e privadas mostram-no como uma das
particularidades da nação brasileira, apontando, ao
mesmo tempo, para a presença de uma cultura sobe-
rana que se autodenomina habilitada a conferir posi-
ções, espaços e papéis a serem desempenhados por
sujeitos que integram outras culturas. Assim, acredi-
to que precisamos questionar as práticas familiares e
duvidar da “inocência” dos discursos que perpassam
artefatos aparentemente banais como selos e cartões
postais, ou a aquisição de potes e peneiras, por exem-
plo, que compramos como “lembrança” de viagem
pois, além dos livros didáticos, esses artefatos tam-
bém são pedagógicos.
TERESINHA SILVA DE OLIVEIRA é mestre em educa-
ção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atual-
mente desenvolve atividades profissionais na Secretaria Esta-
dual de Educação do Estado do Rio Grande do Sul e pesquisa
sobre as representações de mulheres índias na mídia. E-mail:
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Recebido em setembro de 2002
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