UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
FACULDADE DE EDUCAÇÃ O FÍSICA E FISIOTERAPIA
CURSO DE FISIOTERAPIA
O uso da microg alvanopuntura no tratamento de estrias atróficas:análise comparativa do trauma mecânico e da microcorrente
Kátia dos Santos Lima
Lisiane Pressi
Passo Fundo
2 005
Kátia dos Santos Lima
Lisiane Pressi
O uso da microgalvanopuntura no tratamento de estriasatróficas: análise comparativa do trauma mecâ nico e da
microcorrente
Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia, daFaculdade de Educação Física e Fisioterapia daUniversidade de Passo Fundo, como requisitoparcial para a obtenção do grau de Fisioterapeuta,sob orientação do Ms. Rodrigo Schmidt.
Passo Fundo
2005
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela certeza de que nunca estivemos sós.
Ao nosso orientador, Prof. Ms. Rodrigo Schmidt, pela forma como nos orientou,
demonstrando sempre interesse, competência, seriedade e pela disponibilidade diante de
tantas as atividades.
Aos nossos queridos pais, que nos deram a vida e nos ensinaram a vivê-la com
dignidade, e sempre acompanharam nossos passos, mesmo quando foi preciso correr para
andarmos juntos, não bastaria apenas um obrigado. Dedicamos este trabalho à vocês, pois
foram os verdadeiros professores em nossas vidas.
Aos nossos irmãos, pelo amor, compreensão e incentivo na realização deste trabalho.
Ao meu amor Eduardo, eu Kátia, agradeço pela compreensão, apoio e amor.
Às colaboradoras Janaíne Polese e Daiane Mazzola, pela disponibilidade, dedicação e
pelo aux ílio nas aplicações da té cnica.
Kátia e Lisiane.
RESUMO
As estrias são atrofias lineares, algo sinuosas, a princípio avermelhadas, depois
esbranquiçadas e abrilhantadas. Raras ou numerosas, dispõem-se paralelamente umas às
outras, e perpendicularmente às linhas de fenda da pele, indicando um desequilíbrio elástico
localizado, caracterizando, portanto, uma lesão da pele. A estria é um problema que não tem
solução, mas existem tratamentos alternativos que suavizam as linhas recentes e antigas que
deformam a pele. Este estudo teve como objetivo comparar a utilização da
microgalvanopuntura no tratamento das estrias e fazer uma análise comparativa do tratamento
com o trauma mecânico e a microcorrente e somente com o trauma mecânico, utilizando o
aparelho Striat®(Ibramed). Participaram do estudo dez voluntárias, portadoras de estrias albas
e recentes, que foram submetidas a dez aplicações com o Striat, sendo que foi aplicado ora
com ele ligado (associando microcorrente e trauma mecânico), e ora com o aparelho
desligado, onde foi aplicado somente o trauma mecânico na estria. O estudo baseou-se no tipo
“duplo-cego”. A avaliação dos resultados foi realizada através do grau de satisfação das
pacientes e de uma enquete. Foi utilizado o teste Qui Quadrado para verificar a associação
entre o aspecto estético das estrias e a condição do aparelho. Os resultados obtidos no estudo
demonstraram que o grau de satisfação da maioria das pacientes foi muito satisfatório, o que
nos permite confirmar a eficácia do tratamento com o Striat. Os resultados obtidos da enquete
sugerem que o tratamento com o trauma mecânico, ou seja, com o aparelho desligado,
apresenta resultados mais satisfatórios esteticamente do que quando associado com a
microcorrente (aparelho ligado).
Palavras-chaves: Fisioterapia dermato-funcional, estrias, microgalvanopuntura.
ABSTRACT
The striaes are linear atrophies, something widing, at first red colored, later white and
brilliant. Rare or numerous, the striaes are perpendicularly to the crack lines of the skin,
indicating a located elastic disequilibrium, characterizing, therefore, an injury of the skin.
The striaes are a problem that does not have solution, but there are alternative treatments that
alleviate the recent and old lines wich deforms the skin. This study had as objective to
evaluate the use of the microgalvanopuntura in the treatment of the striaes and to make a
comparative analysis of the treatment with the mechanical trauma and the microchain, using
the Striat®(Ibramed) equipment. Ten volunteers had participated of the study, all of them
striae skin carriers, they had been submitted to ten applications with the Striat, the equipment
was applied however with on it (associating microcurrent and trauma mechanical), and
however with the equipment off, where the mechanical trauma in the striae was only applied.
The study it was based on "the double-blind" type. The evaluation of the results was carried
through the degree of satisfaction of the patients and one questionnaire. The Qui Quadrado
test was used to verify the association between the aesthetic aspect of the striaes and the
condition of the equipment. The results gotten in the study had demonstrated that the degree
of satisfaction of the majority of the patients was very satisfactory, what in it allows to
confirm the effectiveness of the treatment with the Striat. The results gotten of the
questionnaire suggest that the treatment with the mechanical trauma, or either, with the
equipment off, presents results aesthetic more satisfactory of that when associated with the
microchain (equipment on).
Word-keys: Physical Therapy dermato-functionary, striaes, microgalvanopuntura.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1- Sujeito 1 pré-tratamento................................................................................30
Figura 2- Sujeito 1 pós tratamento................................................................................30
Figura 3- Sujeito 2 pré-tratamento................................................................................30
Figura 4- Sujeito 2 pós tratamento................................................................................30
Figura 5 -Sujeito 3 pré-tratamento................................................................................30
Figura 6- Sujeito 3 pós-tratamento................................................................................30
Figura 7- Sujeito 4 pré-tratamento................................................................................31
Figura 8- Sujeito 4 pós-tratamento................................................................................31
Figura 9- Sujeito 5 pré-tratamento................................................................................31
Figura 10- Sujeito 5 pós-tratamento..............................................................................31
Figura 11- Sujeito 6 pré-tratamento..............................................................................31
Figura 12- Sujeito 6 pós-tratamento..............................................................................31
Figura 13- Sujeito 7 pré-tratamento..............................................................................32
Figura 14- Sujeito 7 pós-tratamento..............................................................................32
Figura 15- Resultado da enquete no pré e pós-tratamento............................................32
Figura 16- Resultado da enquete com o aparelho ligado..............................................33
Figura 17- Resultado da enquete com o aparelho desligado.........................................34
Figura 18- Avaliação do grau de satisfação das pacientes............................................34
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................08
1 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................09
1.1 A pele – estruturas e funções...............................................................................09
1.1.1 Epiderme................................................................................................10
1.1.2 Derme....................................................................................................12
1.1.3 Hipoderme.............................................................................................14
1.1.4 Anexos da pele......................................................................................14
1.1.5 Funções da pele.....................................................................................15
1.2 Reparo dos tecidos..............................................................................................15
1.2.1 Fatores que influenciam no reparo dos tecidos........................................17
1.3 A eletricidade......................................................................................................18
1.3.1 A corrente elétrica....................................................................................18
1.3.2 Resistência e lei de Ohm..........................................................................18
1.3.3 Eletroterapia.............................................................................................19
1.3.4 Corrente galvânica....................................................................................19
1.3.5 Efeitos da microcorrente à nível tissular..................................................21
1.4 Estrias..................................................................................................................21
1.4.1 Conceito....................................................................................................21
1.4.2 Incidência.................................................................................................22
1.4.3 Histologia.................................................................................................22
1.4.4 Etiologia...................................................................................................23
1.4.5 Características clínicas.............................................................................23
1.5 Striat....................................................................................................................24
2 MATERIAIS E MÉ TODOS......................................................................................25
3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS......................................28
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................35
5 REFERÊNCIAS BIBLIOG RÁFICAS.......................................................................36
ANEX O I: TERMO DE CONSENTIMENTO.............................................................38
ANEX O II: FICHA DE AVALIAÇÃO PRÉ-TRATAMENTO...................................39
ANEX O III: FICHA DE ANÁLISE DO G RAU DE SATISFAÇÃO DAS
PACIENTES.................................................................................................................40
ANEX O IV: ENQUETE ..............................................................................................41
INTRODUÇÃO
As estrias são definidas como atrofias cutâneas lineares que se formam quando a
tensão do tecido provoca uma lesão do conectivo dérmico, ocasionando uma dilaceração das
malhas. A perda da elasticidade e da compactação ocasiona precisamente uma lesão. É muito
comum seu surgimento no sexo feminino, principalmente durante a puberdade, em
decorrência do crescimento acelerado e no início da fase adulta podendo ser devido à
obesidade ou por uma gravidez (MACEDO apud SANTOS e SIMÕES, 2004).
Segundo Guirro (2004), esses problemas além de serem desagradáveis aos olhos no
ponto de vista estético, acarretam alterações comportamentais e emocionais, além de levar a
uma baixa auto-estima, impedindo assim a completa harmonia entre corpo e mente.
A estria é um problema que não tem solução, mas existem tratamentos alternativos,
tanto médicos como fisioterapêuticos, que suavizam as linhas recentes, bem como as mais
antigas e esbranquiçadas que deformam a pele. A fisioterapia dermato-funcional vem
crescendo no mercado, e a cada dia proporcionando novas alternativas para tratar tais
distúrbios estéticos.
O Striat® é um aparelho utilizado para o tratamento das estrias, e pode-se alcançar até
40% de melhora no aspecto da estria. Este equipamento utiliza uma agulha, que é introduzida
à nível subepidérmico desencadeando um processo inflamatório local, que leva à cicatrização,
promovendo melhor aparência da pele.
A falta de estudos metodologicamente adequados estimulou a realização desse estudo
analisando não somente o resultado final, mas isolando os resultados do trauma mecânico e da
microcorrente comparando-os esteticamente aos resultados obtidos.
Nosso objetivo foi comparar o resultado estético das técnicas através de uma enquete e
avaliar o grau de satisfação das pacientes após o tratamento.
1 REVISÃO DE LITERATURA
1.1 A Pele – Estruturas e funções
A pele ou cútis, é o manto de revestimento do organismo, indispensável à vida, e que
isola os componentes orgânicos do meio exterior. Constitui-se em complexa estrutura de
tecidos de várias naturezas, dispostos e interrelacionados de modo a adequar-se, de maneira
harmô nica, ao desempenho de sus funções (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).
A pele representa 12% do peso seco total do corpo, com peso de aproximadamente 4,5
kg, e é de longe o maior sistema de órgãos expostos ao meio ambiente (GUIRRO E GUIRRO,
2004).
Embriologicamente, a pele deriva dos folhetos ectodérmicos e mesodérmicos. As
estruturas epiteliais – epiderme, folículos pilossebáceos, glândulas apócrinas, glândulas
écrinas e unhas – derivam do ectoderma. Os nervos e os melanócitos originam-se no
neuroectoderma e as fibras colágenas e elásticas, vasos sangü íneos, músculos e tecido adiposo
originam-se no mesoderma (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).
No primeiro mês de vida, a pele é representada por uma única camada de células
cubóides. Nos segundo mês aparecem às células da camada germinativa e no 4° já são muitas
as camadas celulares. O desenvolvimento dos cabelos tem início no 3° mês. O primeiro sinal
de desenvolvimento das glândulas sebáceas observa-se no 3° ou 4° mês da vida fetal,
constituído por um brotamento na camada externa da raiz do folículo piloso, em que as
células epiteliais multiplicando-se se estendem para baixo formando a glândula (BECHELLI,
1988).
Os primeiros rudimentos de glândulas surgem no 5° mês de vida fetal, consistindo
num brotamento de células epiteliais, que se aprofunda na derme, projetando-se em forma de
cone. No 6° mês esse cone se alonga e, gradualmente, se enrola formando um tubo espiralado
de extremidade inferior dilatada. No 7° mês se desenvolve o canal e no 9° mês a estrutura
glandular está completa com um ducto excretor não ramificado, que atinge a epiderme num
óstio visível na superfície ( BECHELLI, 1988).
A pele compõe-se essencialmente de três camadas: a epiderme, a derme e a
hipoderme.
A epiderme é a camada externa e está diretamente ligada ao meio ambiente. Ela é
formada por um arranjo ordenado de células, denominada de ceratinócitos, cuja função básica
é sintetizar a ceratina, uma proteína filamentosa com função protetora.
A derme é a camada interna e seu principal componente é uma proteína estrutural
fibrilar denominada colágeno. Ela está localizada sobre o panículo, ou hipoderme, que é
composto, principalmente, de lóbulos de lipócitos ou células adiposas (ARNOLD Jr; ODOM;
JAMES, 1994).
1.1.1 Epiderme
De origem ectodérmica, a epiderme apresenta-se constituída de células epiteliais
dispostas em camadas, as quais de dentro para fora recebem, respectivamente, o nome de
germinativa ou basal, malpighiana ou corpo mucoso, granulosa ou córnea (BECHELLI,
1988).
A epiderme de uma pessoa adulta compõe-se de três tipos básicos de células: os
queratinócitos, os melanócitos e as células de Langerhans. A célula dendrítica indeterminada
e a célula de Merkel são dois tipos adicionais que podem ser encontrados ocasionalmente
dentro e na camada basal da epiderme e na mucosa oral, respectivamente (ARNOLD Jr;
ODOM; JAMES, 1994).
Os queratinócitos constituem a maior parte da epiderme. As células são formadas em
sua camada mais profunda a partir de células cilíndricas que sofrem contínua atividade
mitótica. Uma vez formadas, são empurradas sucessivamente para camadas mais superficiais,
pela produção de novas células. À medida que ganham camadas superiores, as células
sintetizam uma proteína (queratina), no seu citoplasma. É de aproximadamente um mês o
período que vai da formação celular até a maturação do queratinócito. O grau de
queratinização e a espessura da epiderme nas diferentes regiões do corpo são determinados
antes do nascimento e estão sob controle genético (CUCÉ; NETO, 1990).
Os melanócitos são as células produtoras de pigmento e se localizam
predominantemente ao nível da camada basal na proporção de dez queratinócitos basais para
um melanócito. É interessante observar que o número de melanócitos é aproximadamente o
mesmo em todas as raças. O bronzeamento da epiderme pelo sol se deve a uma excitação da
tirosinase levando a formação de melanossomos maiores e em maior número (GAMONAL,
2002).
As células de Langerhans são células dendríticas. De origem e função discutidas, são
hoje consideradas células monocitárias macrofágicas de localização epidérmica, com função
imunológica, atuando no processamento primário de antígenos exógenos que atingem a pele.
Além de sua localização epidérmica, as células de Langerhans são encontradas na derme, nos
linfáticos da derme, linfonodos e timo (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).
Segundo Guirro (2004), a epiderme é em geral descrita como constituída de quatro ou
cinco camadas ou estratos, devido ao fato da camada lúcida estar ou não incluída, só sendo
observada em determinadas amostras de pele espessa.
A camada germinativa ou basal compõe-se de dois tipos de células: basais e
melanócitos. As primeiras são cilíndricas de eixo maior perpendicular à superfície cutânea,
justapostas, constituindo fileira única. Possuem núcleo alongado ou oval, disposto, também,
perpendicularmente à superfície da pele. Algumas apresentam formas de mitose, em número
relativamente reduzido, quando se considera que a renovação das células basais parece rápida
(BECHELLI, 1988).
Abaixo da camada germinativa ou basal, existe uma fina estrutura constituída por
mucopolissacarídeos neutros, a membrana basal, que tem importante participação em várias
condições patológicas da pele e cuja análise anátomo-patológica, imunopatológica e, mesmo,
ultra estrutural é, por vezes, muito importante no diagnóstico e interpretação da patogenia de
certas dermatoses. Algumas funções da membrana basal: aderência dermo-epidérmica,
suporte mecânico e função barreira (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).
A camada malpighiana ou camada de células espinhosas está situada acima da camada
basal, e tem a espessura de vários estratos celulares. Nesta camada, os queratinócitos são mais
achatados e poliédricos, com seus longos eixos paralelos à superfície. A superfície das células
é coberta por curtas expansões semelhantes às células adjacentes. Em cortes fixados pelo
formol, estas expansões se acentuam, dando a impressão de “espinhos”, fato que definiu a
denominação de camadas de células espinhosas (CUCÉ; NETO, 1990).
A camada granulosa é formada por células granulosas, assim denominadas por
caracterizarem-se pela presença de grande quantidade de grânulos. Estes grânulos são de
tamanho e forma irregulares e compõem-se de queratohialina. São compostos de profilagrina,
proteína que origina a filagrina e por citoqueratinas. Na camada granulosa, já são detectados
outros elementos, componentes do envelope das células corneificadas: involucrina,
queratolinina, pancornulinas e loricrina. Em áreas de queratinização imperfeita, a camada
granulosa pode estar ausente (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).
Antes da transformação da camada granulosa em córnea aparece a camada lúcida, que
é mais abundante nas regiões palmo-plantares e constituída de células achatadas anucleadas
(GAMONAL, 2002).
A camada córnea é formada de células mortas, anucleadas, desidratadas, com aspecto
de finas lâminas superpostas. As mais superficiais acabam por se eliminar. Esta camada atinge
maior espessura meio milímetro e mais na região plantar. As células córneas compõem-se de
uma substância albuminóide especial, a ceratina, resultante de modificação das proteínas das
células epiteliais (ceratinização). A elas se devem a resistência e relativa impermeabilidade da
pele (BECHELLI, 1988).
As funções da epiderme são: proteção contra traumas físicos e químicos,
principalmente em função da camada córnea; resistência às forças de tensão a epiderme;
prevenção da desidratação e perda de eletrólitos, além da proteção contra o encharcamento do
corpo quando em contato com a água, graças à impermeabilidade da queratina; restrição da
passagem de corrente elétrica, devido a alta impedância que a caracteriza; proteção contra
entrada de substâncias tóxicas; proteção dos efeitos nocivos do UV, através da melanina
( CUCÉ; NETO, 1990).
1.1.2 Derme
É uma espessa camada de tecido conjuntivo sobre a qual se apóia a epiderme,
comunicando esta com a hipoderme. A derme está conectada com a fáscia dos músculos
subjacentes por uma camada de tecido conjuntivo frouxo, a hipoderme. Na derme situam-se
algumas fibras elásticas e reticulares, bem como muitas fibras colágenas, e ela é suprida por
vasos sangüíneos, vasos linfáticos e nervos. Também contém glândulas especializadas e
órgãos do sentido. A derme apresenta uma variação considerável de espessura nas diferentes
partes do corpo sendo que a sua espessura média é de aproximadamente dois milímetros. Sua
superfície externa é extremamente irregular, observando-se as papilas dérmicas (GUIRRO E
GUIRRO, 2004).
O principal componente da derme é o colágeno, uma proteína fibrosa que atua como a
principal proteína estrutural de todo o corpo. Ele é encontrado nos tendões, ligamentos e no
revestimento dos ossos, da mesma forma que na derme, e representa 70% do peso seco da
pele (ARNOLD Jr; ODOM; JAMES, 1994).
Segundo Sampaio (2001), a derme pode ser dividida em três partes distintas:
- Derme papilar é constituída de uma camada pouco espessa de fibras colágenas finas,
fibras elásticas, numerosos fibroblastos e abundante substância fundamental, formando as
papilas dérmicas, que se amoldam aos cones epiteliais da epiderme.
- Derme perianexial: é estruturalmente idêntica à derme papilar, dispondo-se, porém,
em torno dos anexos. Compõe, juntamente com a derme papilar, a unidade anatômica
denominada derme adventicial.
- Derme reticular: compreende o restante da derme. É sua porção mais espessa que se
estende até o subcutâneo. É composta por feixes colágenos mais espessos, dispostos, em sua
maior parte, paralelamente à epiderme. Há proporcionalmente menor quantidade de
fibroblastos e de substância fundamental em relação à derme adventicial.
A vascularidade dérmica consiste principalmente de três importantes plexos
intercomunicantes: o plexo subpapilar percorre dentro da parte papilar da derme, paralela à
epiderme, e fornece um rico suprimento de capilares, arteríolas terminais e vênulas das
papilas dérmicas. Os plexos profundos, ao redor dos folículos pilosos e das glândulas écrinas,
são compostos de vasos sangüíneos maiores que os do plexo superficial. A vascularidade da
derme é particularmente bem desenvolvida nas áreas das estruturas anexiais. Os linfáticos
dérmicos estão associados ao plexo vascular ( ARNOLD Jr; ODOM; JAMES, 1994).
Os nervos cutâneos provém do sistema nervoso vegetativo e do sistema cérebro-
espinhal. Acompanhando os vasos sangüìneos alcançam a hipoderme, derme e principalmente
as papilas (BECHELLI, 1988).
Em algumas regiões do corpo, os nervos formam órgãos terminais específicos como:
Corpúsculos de Vater-Pacini, Corpúsculos de Meissner, Corpúsculos de Krause e meniscos de
Merkel-Ranvier ( GAMONAL, 2002).
As funções da derme são: promover flexibilidade à pele; determinar proteção contra
traumas mecânicos; manter a homeostase, armazenar sangue para eventuais necessidades
primárias do organismo; determinar a cor da pele, por ação da melanina, hemoglobina e dos
carotenos; ruborização, quando de respostas emocionais e é a segunda linha de proteção
contra invasões por microoranismos, por ação dos leucócitos e macrófagos aí existentes
(CUCÉ; NETO, 1990).
1.1.3 Hipoderme
A hipoderme ou panículo adiposo, é a camada mais profunda da pele, de espessura
variável, composta exclusivamente por tecido adiposo, isto é, células repletas de gordura
formando lóbulos subdivididos por traves conjuntivo-vasculares. Relaciona-se, em sua porção
superior, com a derme profunda, constituindo-se a junção dermo-hipodérmica, em geral, sede
das porções secretoras das glândulas apócrinas ou écrinas e de pêlos, vasos e nervos.
Funcionalmente, a hipoderme, além de depósito nutritivo de reserva, participa no isolamento
térmico e na proteção mecânica do organismo às pressões e traumatismos externos e facilita a
motilidade da pele em relação às estruturas subjacentes (SAMPAIO; RIVITTI, 2001).
A tela subcutânea compõe-se em geral de duas camadas das quais a mais superficial é
chamada de areolar, que é composta por adipócitos globulares e volumosos, em disposição
vertical, onde os vasos sangüíneos são numerosos e delicados (GUIRRO E GUIRRO, 2004).
Abaixo da camada areolar existe uma lâmina fibrosa, de desenvolvimento variável
conforme a região, que é a fáscia superficialis ou subcutânea. Esta fáscia separa a camada
areolar da camada mais profunda, a camada lamelar, sendo que nesta ocorre aumento de
espessura no ganho de peso, com aumento de volume dos adipócitos, que chegam a invadir a
fáscia superficialis. Na camada lamelar ocorre a maior mobilização de gorduras quando o
indivíduo obeso inicia um programa de redução ponderal (GUIRRO E GUIRRO, 2004).
1.1.4 Anexos da pele
Os pêlos estão contidos nos folículos pilosos, que resultam da invaginação da
epiderme. Compõem-se de três camadas concêntricas: medula, córtex e epidermícula
( BECHELLI, 1988).
As unhas são lâminas queratinizadas que recobrem a última falange dos dedos. Uma
unha tem quatro partes: a posterior ou raiz, que está em uma dobra da pele; a lâmina, que está
aderente ao leito ungueal na sua porção inferior e as dobras laterais e a borda livre
(SAMPAIO; RIVITTI, 2001).
As glândulas sebáceas são glândulas acinosas, ramificadas, produtora de lipídios,
originando-a na região posterior do folículo piloso, distribuem-se por todo o corpo com
exceção das regiões palmo-plantares. A grande maioria descarrega seu conteúdo na luz dos
folículos, por meio de um único ducto. As restantes abrem-se diretamente na superfície da
pele ( CUCÉ; NETO, 1990).
1.1.5 Funções da pele
Graças à arquitetura e às propriedades físicas químicas e biológicas de suas várias
estruturas, a pele, como membrana envolvente e isolante, é um órgão capacitado à execução
de múltiplas funções:
- Proteção: constitui a barreira de proteção para as estruturas internas do organismo à
ação de agentes externos de qualquer natureza e, ao mesmo tempo, impede perdas de água,
eletrólitos e outras substâncias do meio interno.
- Proteção imunológica: a pele, graças aos seus componentes dérmicos participantes
do S.R.E, é um órgão de grande atividade imunológica, onde atuam intensamente aos
componentes de imunidade humoral e celular, motivo pelo qual, hoje, grande quantidade de
testes imunológicos, bem como práticas imunoterápicas, são estudados na pele.
- Termorregulação: graças a sudorese, constrição e dilatação da rede vascular cutânea,
a pele processa o controle homeostático da temperatura orgânica.
- Percepção: através da complexa e especializada rede nervosa cutânea, a pele é o
órgão receptor do calor, frio, dor e tato.
- Secreção: A secreção sebácea é importante para a manutenção eutrófica da própria
pele, particularmente da camada córnea, evitando a perda de água. Além disso, o seb um tem
propriedades antimicrobianas e contém substâncias precursoras da vitamina D. Quanto as
glândulas sudoríparas, a eliminação de restos metabólicos não têm valor como função
excretora (SAMPAIO, RIVITTI, 2001).
1.2 Reparo dos tecidos
A regeneração é um processo complexo porém essencial sem o qual o corpo seria
incapaz de sobreviver. Envolve ações integradas das células, matriz e mensageiros químicos e
visa restaurar a integridade do tecido o mais rápido possível. A regeneração é um mecanismo
homeostático para restaurar o equilíbrio fisiológico e pode ser iniciada como resultado da
perda de comunicação entre células adjacentes, entre células e seu suporte ou por morte
celular. A regeneração pode ser descrita em termos de quimiocinesia, multiplicação e
diferenciação celular. Ocorre uma série de eventos complexos, envolvendo a migração das
células originárias do tecido vascular e conjuntivo para o local da lesão. Esse processo é
governado por substâncias quimiotáticas liberadas no local (KITCHEN, 2003).
O processo de regeneração, que é comum a todos os tecidos corporais, é dividido em
três fases, que serão vistas a seguir:
- Fase inflamatória: é produzida imediatamente quando ocorre uma lesão tecidual e
terá a duração de 24 a 48 horas, tendo como característica o calor, rubor, edema e dor,
podendo haver perda de função; e se persistir a irritação local, poderá prolongar-se por mais
de 12 horas. Nesta fase ocorre a limpeza e/ou defesa da área lesada. Na lesão tecidual com
rompimento de vasos ocorre uma vasoconstrição por influência da norepinefrina com duração
de poucos minutos, levando a uma aderência das paredes dos vasos e por influência da
serotonina, ADP, cálcio e trombina, ocorrendo uma vasoconstrição secundária.
Posteriormente, ocorre uma vasodilatação também secundária, aumentando a permeabilidade
de vênulas e decorre por influência da histamina, prostaglandina e peróxido de hidrogênio. A
bradicinina atua sobre os vasos normais aumentando sua permeabilidade, liberando proteínas
plasmáticas, auxiliando a geração de coágulo extracelular. A produção de prostaglandinas
ocorre após uma lesão, e sua produção acontece praticamente em todas as células lesadas, em
decorrência da alteração do conteúdo de fosfolipídeo das paredes celulares. Certos tipos de
prostaglandinas têm ações pró-inflamatórias, aumentando a permeabilidade vascular. Atraem
leucócitos ao local da lesão, sendo também sensibilizadoras da dor (nociceptores). Após a
lesão, os primeiros a chegarem no local são os leucócitos polimorfos nucleares negativos.
Esses neutrófilos(são eletricamente negativos) atravessam as paredes dos vasos por ação
amebóide, e atuam na fagocitose dos corpos estranhos e débris, células mortas, limpando a
área de lesão. A opsolina, que é uma molécula de globulina, une-se a corpos estranhos
permitindo ao fagócito aderir a sua superfície e promover a fagocitose, seguidos pelos
macrófagos, produzindo fatores da lesão que direcionam a formação de tecido de granulação.
Esta fase dura um período de 2 a 3 dias, iniciando, depois a fase proliferativa (MACHADO,
s/a).
- Fase proliferativa: inicia-se com a ação dos macrófagos fagocitando débris, bactérias
e também neutrófilos, além de orientar os tecidos de granulação. A duração dessa fase é de 3
dias a 3 semanas e nela inicia-se o preenchimento da lesão ou ferida pelos macrófagos,
fibroblastos, novos vasos(angiogênese), matriz do tipo I e III (tecido de granulação) e células
epiteliais. Ocorre a contração centrípeta da ferida, reduzindo seu diâmetro e facilitando sua
cicatrização. Neste período, o tecido colágeno tem pouca resistência tênsil(colágeno imaturo).
As fibras reorientam-se ao longo das linhas de tensão, resultando em maior resistência tênsil.
Com a deposição de mais colágeno, a resistência das fibras à ruptura aumenta gradativamente,
atingindo 20% do normal, após 21 dias e algumas substâncias como o cobre, ferro, vitamina
C, B6, magnésio, zinco têm função importante na produção de colágeno de qualidade e de boa
resistência tênsil ou mecânica (MACHADO, s/a).
- Fase de remodelamento: a fase de remodelamento/maturação da cura é um processo a
longo prazo. Esta fase caracteriza-se por um realinhamento ou remodelamento das fibras de
colágeno que compõem o tecido cicatricial de acordo com as forças de tensão, às quais a
cicatriz é submetida. Com a ocorrência da queda e da síntese de colágeno, há um constante
aumento da resistência à tração na matriz cicatricial. Estando a tensão e a tração aumentadas,
as fibras de colágeno serão realinhadas em uma posição de eficiência máxima, paralelamente
às linhas de tensão. O tecido assume gradualmente aparência e função normal, embora a
cicatriz seja poucas vezes tão forte quanto o tecido normal lesado. Em geral, ao final de
aproximadamente três semanas, aparece uma cicatriz firme, forte, resistente e não
vascularizada. A fase de maturação regenerativa pode exigir vários anos para ser totalmente
completada (PRENTICE, 2004).
1.2.1 Fatores que exercem influência na reparação dos tecidos:
- Idade: a idade avançada parece ser um fator de atraso à fibroplasia e à colagenização.
- Nutrição: a desnutrição protéica apresenta um efeito deletério sobre a reparação, uma
vez que a própria síntese de colágeno se inibe.
- Corticosteróides: inibem o processo reparador ao suprimirem o processo
inflamatório, ou através da estabilização das membranas lisossomais, bloqueando a liberação
de enzimas proteolíticas, ou através de fatores de permeabilidade necessários para a resposta
inflamatória.
- Diabéticos: a insulina parece interferir no desenvolvimento da resposta inflamatória
pela sua capacidade de diminuir a imunidade celular. Estes indivíduos são mais vulneráveis à
invasão bacteriana e a retardos da cicatrização.
- Hormônio de crescimento: favorece a resposta inflamatória, sobretudo a atividade
fibroblástica e a formação e deposição de colágeno (GUIRRO E GUIRRO, 2004).
1.3 A eletricidade
1.3.1 Corrente elétrica
Segundo Kitchen (2003), corrente elétrica é o fluxo de carga elétrica (geralmente
alguns elétrons). Em alguns materiais (p.ex. metais), nos quais os átomos são ligados
formando uma estrutura tipo treliça, a carga é transportada por elétrons. Em materiais nos
quais os átomos são livres para se moverem, a carga é transportada por íons. Um líquido no
qual os íons são os transportadores de carga é chamado de eletrólito. Um isolante é um
material que não tem condutores de carga livres e desse modo é incapaz de conduzir corrente
elétrica. A corrente é medida usando um amperímetro e a unidade em que é dada é o ampére.
Um ampére representa 1 coulomb de carga fluindo através de um ponto em 1 segundo.
Há dois tipos de corrente elétrica. A corrente direta (CD) é aquela na qual o fluxo de
elétrons está em uma direção apenas e a corrente alternada (CA) é aquela na qual a corrente
flui primeiro por um caminho e depois por outro. Ao considerar os circuitos elétricos, é mais
fácil pensar primeiro nas correntes diretas. Uma sequência subsequente salienta as diferenças
entre circuitos com CA e CD (KITCHEN, 2003).
1.3.2 Resistência e lei de Ohm
A resistência é a maior ou menor dificuldade ou oposição à passagem dos elétrons no
interior de um condutor ou ainda, a dificuldade com que um fluxo eletrônico percorre um
circuito. A resistência é medida em unidades chamadas Ohms, sendo representada pela letra
R. A resistência na matéria viva se apresenta bastante variável, dependendo de sua
composição e do tipo de corrente que circula neste tecido. Se a substância que compõe a
matéria é rica em líquidos e dissoluções salinas, será boa condutora.
A Lei de Ohm estabelece as relações existentes entre os distintos parâmetros elétricos
mediante uma equação em que duas variáveis conduzem a uma incógnita. Como incógnita
podemos ter a resistência de um condutor ou de um circuito, a voltagem de entrada ou de
saída no circuito, a intensidade de corrente consumida, a potência, o trabalho, o tempo
necessário para conseguir um trabalho (AGNE, 2004).
Agne (2004) afirma ainda que o fluxo de carga elétrica através de um condutor é
análogo ao fluxo de água através dos canos. Se a água é bombeada pelo sistema, canos
estreitos irão impor mais resistência ao fluxo do que canos largos. Os condutores elétricos
também oferecem uma resistência ao fluxo de carga. À medida que partículas com carga se
movem através de um condutor, elas colidem com outros condutores de carga e com os
átomos residentes; os constituintes do condutor desse modo impedem o fluxo de corrente.
Georg Ohm foi capaz de demonstrar que a corrente fluindo em um circuito é
proporcional à diferença de potencial através dele. Sua lei (Lei de Ohm), enunciada
formalmente, é: A corrente fluindo através de um condutor metálico é proporcional à
diferença de potencial que existe através dele, desde que todas as condições físicas
permaneçam constantes.
1.3.3 Eletroterapia
A aplicação da corrente elétrica com fins terapêuticos em geral e especialmente para
combater a dor, vem sendo utilizada desde os tempos antigos.
Plínio, Aristóteles e Platão já sabiam que enguias elétricas, raios e o peixe elétrico
podiam produzir choque. Porém, somente no século XVIII, que ocorreu uma acelerada busca
pelas explicações dos fenômenos elétricos observados nos animais. A partir desses, os
cientistas deduziram a hipótese de que os tecidos humanos são dotados de uma eletricidade
intrínseca, e que estão envolvidos em processos fisiológicos fundamentais como a condução
nervosa e a contração muscular (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
1.3.4 Corrente Galvânica
Em 1780, Alexandro Volta descobriu a pilha elétrica, surgindo a corrente galvânica ou
contínua.
No final do século XIX, a medicina física começou a utilizar a corrente galvânica ou
contínua para a introdução de medicamentos, tratando processos inflamatórios e reumáticos,
como soluções de sulfato de magnésio nas bursites; histamina nas afecções reumáticas
crônicas e outros (SILVA, 1997).
A corrente galvânica é uma corrente com fluxo constante de elétrons em uma só
direção. O fluxo da corrente não sofre interrupção nem varia sua intensidade na unidade de
tempo. Chamada também de corrente contínua, corrente direta, unidirecional ou corrente
constante. É uma corrente dita polar porque mantém definida a polaridade durante o tempo da
aplicação, com ação a nível mais superficial. Por definição, o estimulador de corrente direta
contínua não tem pulsos e consequentemente, não tem formas de onda ou parâmetros de pulso
por esse motivo, parece um erro classificar essa corrente como sendo de baixa freqüência
(AGNE, 2004).
Na estética, no início da terceira década do século XX, começou-se a utilizar a
ionoforese ou iontoforese para mobilização de íons de ação cosmética, chamada ionização
cosmeto-dinâmica (SILVA, 1997).
A terapia com as correntes de baixa freqüência tem sido um fator importante para a
recuperação de pacientes acometidos pelas mais diversas enfermidades. Dentro da
eletroterapia, muitas são as ações terapêuticas e que, se aplicadas corretamente, produzirão
resultados altamente satisfatórios. É importante sabermos que cada paciente ou até mesmo
diferentes áreas corporais de um mesmo paciente, e ainda diferentes fases da enfermidade,
possuem diferentes sensibilidades ante um mesmo estímulo, o que nos leva a afirmar que a
dosagem deverá ser específica e individualizada em cada segmento. Importante também é a
sensação referida pelo paciente, pois a partir dela é que poderemos conseguir uma dosagem
ideal e um resultado terapêutico altamente satisfatório (MACHADO, s/d).
Soriano apud Muliterno e Gonçalves (2005) afirma que:
a corrente microgalvânica é uma corrente na qual aintensidade utilizada em estética se reduz a décima parte����������� ���������
. Não trabalha-se com miliampères e simcom microampères, emprega-se esta corrente quandoutiliza-se um eletrodo do tamanho pequeno, ondenecessitamos de intensidades menores. Essa forma deaplicação utiliza-se normalmente em locais pequenos comoestrias, cicatrizes e rugas. Quanto menor for o eletrodo,menor será a intensidade máxima tolerável, e vice-versa.
Alvarez e colegas (1983) estudaram os efeitos da corrente contínua de baixa
amperagem nas feridas induzidas em porcos e encontraram taxas aumentadas de síntese de
colágeno. Cheng e colegas estudaram o efeito da corrente contínua de baixa amperagem nas
preparações de cortes da pele e demonstraram absorção de aminoácidos aumentada, ressíntese
de ATP e síntese de proteína. Dunn e colaboradores examinaram o efeito da corrente contínua
na matriz de colágeno implantada dentro das feridas dérmicas de espessura total em um
porquinho- da- índia. Eles descobriram que a corrente contínua de baixa amperagem (cátodo
sobre a ferida) aumentou a migração de fibroblasto e o alinhamento de colágeno, enquanto
que o ânodo colocado sobre a ferida atraiu as células inflamatórias (ROBINSON e
MACKLER, 2001).
1.3.5 Efeitos da microcorrente a nível tissular
A relutância na aceitação de tratamentos eficazes de estrias está baseada
principalmente no fato de que a fibra muscular não se regenera. Estudos preliminares
mostraram que ocorre um acentuado aumento no número de fibroblastos jovens, uma
neovascularização e o retorno da sensibilidade dolorosa após algumas sessões de estimulação
elétrica, e como conseqüência uma grande melhora no aspecto da pele, que fica muito
próxima do normal (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
Guirro e Guirro, 2004 relatam ainda que com base na sua capacidade regenerativa, as
células do organismo são classificadas em células lábeis, estáveis e permanentes. Os
fibroblastos, células derivadas do mesênquima, possuem uma capacidade de tos retêm a
capacidade de se dividirem; assim como o tecido epiteliareplicação baixa que pode ser
modificada em resposta a estímulos controlados. Os fibroblasto, o tecido conjuntivo também é
capaz de se regenerar. Na estria essa célula está quiescente, sendo que o estímulo elétrico de
baixa intensidade, mostra-se eficiente para aumentar a sua replicação bem como a das fibras e
substâncias produzidas pela mesma.
Após a lesão aparece um quadro de hiperemia e edema que são motivados por
substâncias locais liberadas pela lesão responsáveis pela vasodilatação e aumento da
permeabilidade dos vasos (GUYTON, 1997).
No tocante à neovascularização, os efeitos da inflamação aguda e da corrente
galvânica se somam, promovendo um edema brando com uma hiperemia bastante
pronunciada. A regeneração propicia o retorno de todas as funções inerentes à pele, inclusive
a sensitiva, que se encontrava grandemente diminuída (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
1.4 Estrias
1.4.1 Conceito
A estria é uma atrofia tegumentar adquirida, de aspecto linear, algo sinuosa, em estrias
de um ou mais milímetros de largura, a princípio avermelhadas, depois esbranquiçadas e
abrilhantadas (nacaradas). Raras ou numerosas, dispõem-se paralelamente umas às outras e
perpendicularmente às linhas de fenda da pele, indicando um desequilíbrio elástico localizado,
caracterizando, portanto, uma lesão da pele. Apresentam caráter de bilateralidade, isto é,
existe uma tendência da estria distribuir-se simetricamente e em ambos os lados (GUIRRO E
GUIRRO, 2004).
1.4.2 Incidência das estrias
As estrias atróficas são encontradas em ambos os sexos, com predominância no
feminino, principalmente a partir da adolescência. A maior incidência de estrias em meninas
ocorre entre doze e quatorze, e nos meninos, de doze a quinze anos. Entretanto, as estrias são
notadas em todos os grupos etários. Na mulher adulta saudável, a incidência de estrias é 2,5
vezes mais freqüênte que no homem nas mesmas condições (GUIRRO E GUIRRO, 2004).
Quanto à localização das estrias, pode-se observar uma incidência maior nas regiões
que apresentam alterações teciduais como glúteos, seios, abdômem, coxas, região lombosacral
(comum em homens), podendo ocorrer também em regiões pouco comuns, como fossa
poplítea, tórax, região ilíaca, antebraço, porção anterior do cotovelo (GUIRRO E GUIRRO,
2004).
1.4.3. Histologia
Em estudo realizado por Guirro et al. Foi constatado o rompimento das fibras da
derme, bem como o desarranjo das fibras colágenas de estrias atróficas, quando examinadas
no microscópio de polarização. Como as fibras colágenas são birrefringentes, no seu arranjo
normal essas se apresentam brilhantes, contra um fundo preto. O mesmo não ocorre nas
estrias, uma vez que elas se apresentam desorganizadas e consequentemente não refletem luz
(GUIRRO e GUIRRO, 2004).
A estria é relatada na maior parte da literatura como sendo uma lesãoirreversível. Essa irreversibilidade está embasada em exameshistológicos, que mostram redução no número e volume doselementos da pele, rompimento de fibras elásticas, pele delgada eredução da espessura da derme, com fibras colágenas separadasentre si. No centro da lesão há poucas fibras elásticas, enquanto quena periferia estas, encontram-se onduladas e agrupadas(CHERNOSKY e KNOX apud AZEVEDO, PITA e SCHÜTZ,1964).
1.4.4 Etiologia
A etiologia da estria é bastante controversa, existindo, portanto três teorias que tentam
justificá-la:
- Teoria mecânica: acredita-se que a excessiva deposição de gordura no tecido
adiposo, com subseqüente dano as fibras elásticas e colágenas da pele seja o principal
mecanismo do aparecimento das estrias. As estrias também são consideradas como seqüelas
de períodos de rápido crescimento, onde ocorre a ruptura ou perda das fibras elásticas
dérmicas, como por exemplo na gestante, no estirão do crescimento e em obesos.
- Teoria endócrina: a etiologia da estria parece estar relacionada fortemente com as
alterações hormonais, especificamente com os hormônios corticóides. Pode-se explicar então
que o aparecimento das estrias em algumas patologias não tem como efeito causal a afecção
em si, mas sim as drogas utilizadas na sua terapêutica.
- Teoria infecciosa: Wiener sugere que processos infecciosos provocam danos às fibras
elásticas, provocando estrias. O autor notou em adolescentes a presença de estrias púrpuras
após febre tifóide, tifo, febre reumática, hanseníase e outras infecções (GUIRRO e GUIRRO,
2004).
1.4.5 Características clínicas
As estrias atróficas apresentam-se, de início, como vergões lineares vermelho-
purpúricos, que, eventualmente, nivelam-se, deixando listras rugosas, atróficas e
hipopigmentadas, sem as marcas normais da pele.
São afetados com mais freqüência as nádegas, coxas, mamas e abdômem. Também
pode haver o envolvimento das virilhas e cotovelos, especialmente em atletas. No estágio
inicial, muitas vezes há um componente inflamatório, mas logo depois surge a fase atrófica.
As estrias atróficas são irreversíveis. Podem causar ou exacerbar esta condição os exercícios
vigorosos de levantamento de peso e as rápidas e drásticas modificações do peso corporal.
Geralmente as estrias atróficas são assintomáticas, embora alguns pacientes
apresentem um leve prurido no estágio inflamatório (BONDI, JEGASOTHY e LAZARUS,
1993).
1.5 O Striat
O equipamento que será empregado consiste de um gerador de corrente contínua
filtrada constante, conhecido comercialmente como STRIAT®, o qual apresenta dois
eletrodos, um passivo do tipo placa e um ativo espacial, que consiste de uma fina agulha
sustentada por uma caneta.
O método é invasivo, porém superficial, e o processo de regeneração da estria está
baseado na compilação dos efeitos intrínsecos da corrente contínua, e dos processos
envolvidos na inflamação aguda.
O estímulo físico da agulha desencadeia um processo de reparação muito complexo,
cujo objetivo é restabelecer de forma satisfatória a integridade dos tecidos. A estimulação
com a corrente associada desencadeia uma inflamação aguda localizada, não apresentando
qualquer efeito sistêmico.
Poucos minutos após a lesão aparecem a hiperemia e o edema, que não ocorrem
imediatamente após a aplicação, e são motivadas por substâncias locais liberadas pela lesão,
responsáveis pela vasodilatação e aumento da permeabilidade dos vasos. Toda a zona é
preenchida por um exsudato inflamatório composto de leucócitos, eritrócitos, proteínas
plasmáticas e fáscias de fibrina. O processo de epitelização inicia-se simultaneamente,
obrigando as células epidérmicas a penetrar pelo interior das fendas formadas pela agulha, e
estimuladas pela formação de fibrina originada pela hemorragia da microlesão.
A resposta à agressão, no caso específico da perfuração pela agulha, pode finalizar
com a recuperação da estria, restituindo a sua arquitetura original. O edema promovido no
tratamento não deverá sofrer ação de nenhum agente antiinflamatório. As estimulações
subseqüentes só poderão ser realizadas quando o processo inflamatório cessar por completo,
evitando assim, o risco de desenvolver uma inflamação crônica desencadeada pela
persistência do estímulo inflamatório agudo.
Contra-indicações da técnica: cardíacos portadores de marcapasso ou cardiopatias
congênitas, portadores de neoplasia, patologias circulatórias como flebite, trombose, pacientes
renais crônicos, com dermatites ou dermatoses na região a ser aplicada, gestantes, processos
inflamatórios e pacientes com epilepsia ou patologias neurológicas que contra indiquem a
aplicação de corrente elétrica.
2 MATERIAIS E MÉ TODOS
2.1 Caracterização da pesquisa
Esta pesquisa caracteriza-se por um estudo experimental do tipo “duplo-cego”, onde a
paciente e a aplicadora não tinham conhecimento da condição do aparelho.
2.2 Treinamento das aplicadoras
Antes de serem iniciadas as aplicações, as aplicadoras foram devidamente treinadas,
no que se refere à assepsia da pele, introdução da agulha e tempo de aplicação.
2.3 Local do desenvolvimento da pesquisa
Este estudo foi realizado a domicílio, onde foi montada uma estrutura para serem
realizados os atendimentos.
2.4 Amostra
Foram avaliadas dez (10) pacientes voluntárias, do sexo feminino, com idades entre 20
e 40 anos, de diferentes raças, portadoras de pele estriada, localizadas em diferentes regiões
do corpo, que tiveram seu início na adolescência ou após gestações. Porém, três (3) pacientes
não realizaram o tratamento até o final.
2.5 Assinatura do termo de consentimento informado
Os indivíduos selecionados para compor a amostra foram convidados a assinar um
termo de consentimento informado (anexo A), no qual consta a finalidade da pesquisa e os
procedimentos a serem realizados. O documento também traz explícita a concordância quanto
à divulgação dos dados e fotos e assegura o sigilo quanto à identidade do indivíduo.
2.6 Avaliação pré-tratamento
Cada indivíduo da amostra foi submetido a uma avaliação prévia (anexo B), onde
foram questionados entre outros, patologias associadas e início do surgimento das estrias.
Além disso, foi avaliado o local e o aspecto das estrias. A seguir, as pacientes, com identidade
devidamente preservada, foram submetidas à coleta de imagens, que foi feita com uma
câmera digital, da marca SONY (5.1 mega pixels) onde foi adaptada uma régua de 10
centímetros, com a finalidade de ter um padrão de distância da pele e câmera. A coleta de
imagens foi realizada sempre no mesmo local, seguindo distância e luz padrão para todas as
fotos, com a musculatura do local relaxada e com a presença de um adesivo de referência
correspondente a um centímetro, que foi posicionado no canto superior direito de cada estria
fotografada.
2.7 Tratamento
Para a realização do tratamento foi utilizado o aparelho Striat® e a técnica da
microgalvanopuntura. O equipamento empregado consiste de um gerador de corrente contínua
filtrada constante, que apresenta dois eletrodos, um passivo do tipo placa e um ativo especial
em forma de caneta que sustenta uma fina agulha. O método é invasivo, porém superficial. Os
parâmetros utilizados foram 100 microámperes.
Antes de iniciar as aplicações, foi feita a assepsia do local com algodão embebido em
álcool 70%. O procedimento consistiu na introdução da agulha de forma subepidérmica em
toda a extensão da estria, realizada em 45° de inclinação, por dois segundos. O eletrodo
passivo (úmido) ficou acoplado próximo da região a ser tratada. Cada paciente possuía uma
agulha, e no final de cada aplicação, essa agulha era esterilizada com Germ Kill.
Foram selecionadas duas estrias atróficas em cada paciente. Essas estrias foram
identificadas com um adesivo localizado no canto superior direito de cada estria, sendo que
cada estria possuía um número para se identificar qual foi a estria tratada com o aparelho
ligado e qual foi tratada com o aparelho desligado. A escolha das estrias que foram tratadas
com o aparelho ligado e com o aparelho desligado aconteceu por um sorteio, de modo que dez
estrias foram tratadas com o aparelho ligado e dez com ele desligado. O estudo se baseou no
tipo “duplo-cego”, onde as aplicadoras (colaboradoras do trabalho) e as pacientes não tinham
conhecimento da condição do aparelho, isto é, não sabiam se ele estava ligado ou desligado.
As aplicações foram feitas duas vezes por semana, respeitando-se o tempo de resposta
inflamatória, com tempo de aplicação de aproximadamente 15 minutos para cada paciente,
totalizando dez sessões.
No período do tratamento os pacientes foram orientados a não se exporem ao sol,
evitando as manchas da pele; como também não utilizarem medicações a fim de resolver o
processo inflamatório, pois para o resultado ser benéfico é necessário manter a resposta
inflamatória após a estimulação.
2.8 Avaliação pós-tratamento
Uma semana após o término das sessões, foi realizada uma nova coleta de imagens,
respeitando-se os mesmos critérios das fotos da pré-avaliação. Essas imagens, previamente
autorizadas pelas pacientes, foram organizadas em forma de uma enquete aleatoriamente, sem
a identificação do antes e depois e das que foram tratadas com a microcorrente ou somente
com o trauma mecânico. Duzentas mulheres (universitárias da UPF) responderam a enquete
apontando a estria esteticamente mais bonita. Após a coleta dos dados os códigos foram
revelados e avaliados em relação aos efeitos da microcorrente no aspecto estético das estrias,
comparando aquelas tratadas com aparelho ligado com as tratadas com o aparelho desligado.
2.9 Análise estatística
Foi utilizado o teste Qui Quadrado para verificar a associação entre o aspecto estético
das estrias e a condição do aparelho (ligado ou desligado).
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Para a obtenção dos resultados que serão apresentados a seguir, utilizou-se as
informações coletadas através das fichas de avaliação dos sujeitos, que participaram da
amostra, com análise das fotos pré e pós tratamento através de uma enquete e do grau de
satisfação das pacientes.
Primeiramente apresentaremos a análise da avaliação das pacientes, realizada no pré-
tratamento. Os dados coletados na avaliação foram: idade, ano da menarca, cor da pele,
número de gestações, uso de medicamentos, presença de disfunção hormonal, diabetes,
hemofilia, transtornos circulatórios ou de cicatrização. Foram questionadas também a respeito
de propensão à quelóides, patologias dérmicas, alergias e tratamentos anteriores e
caracterização do quadro das estrias, como período de aparecimento das estrias, coloração
inicial e atual e localização.
Dez sujeitos participaram da avaliação pré-tratamento, porém três pacientes não
completaram as dez sessões, um por propensão à quelóides, outro por intolerância à dor e o
terceiro, por motivos pessoais.
A média de idade apresentada foi de 22,2 anos, e de idade da menarca 12,2 anos.
Nove dos sujeitos avaliados apresentavam pele branca e um pele negra e nenhum
sujeito apresentava alguma patologia dérmica, alergia ou diabetes. Um sujeito, de pele
branca, apresentou propensão à quelóides, critério que determinou a exclusão da paciente da
amostra. Segundo Guirro e Guirro (2004), o questionamento quanto à propensão à quelóides e
a cor da pele é necessário, por tratar-se de um método invasivo os indivíduos com propensão à
quelóides podem desenvolvê-lo a partir de uma lesão. A cor da pele é um fator importante,
pois há tendência maior de surgirem quelóides nos indivíduos de pele negra.
Três pacientes tiveram gestações e três pacientes fazem uso de pílula
anticoncepcional.
(SILVA apud GUIRRO e GUIRRO, 2004) citam que:
Em relação à caracterização das estrias, sete sujeitosrelataram período de aparecimento das estrias naadolescência e três na gravidez. Em estudo realizado porSilva et al das 102 pacientes avaliadas tratadas pelasautoras, a maior incidência de aparecimento das estrias foina adolescência (45,5%), seguido pela obesidade (30,5%),gravidez (19,5%) e medicamentos (4,5%).
A coloração inicial vermelha foi apresentada em 6 sujeitos, dois sujeitos apresentaram
coloração inicial violácea e dois coloração branca. A coloração atual encontrada em
pacientes foi branca, uma em violácea e outra de coloração vermelha, e o aspecto
macroscópico encontrado foi de depressão em todos os sujeitos da amostra com pele estriada.
Para Bondy, Jegasothy e Lazarus (1993) as estrias atróficas apresentam-se, de início, como
vergões lineares vermelho-purpúricos que, eventualmente, nivelam-se, deixando listras
rugosas, atróficas e hipopigmentadas, sem as marcas normais da pele.
As estrias localizavam-se nos glúteos em cinco sujeitos, seios em 6 sujeitos, abdômem
em quatro sujeitos, coxas em três e um sujeito apresentou estrias nas costas. Esses achados
vão de encontro com o que Bittencurt-Sampaio apud Santos e Simões (2004) descreveram:
Essas disfunções localizam-se preferencialmente na mama,abdômem, região lombossacra, quadril, sobre os trocânterese na face externa da coxa. Mais raramente, no pescoço,axilas, cotovelos, antebraços e pernas.
Durante o tratamento, principalmente após a quarta sessão, todos os sujeitos relataram
aumento da sensibilidade no local tratado, relatando desde dor fraca até angustiante. Segundo
Ventura (2003), no início do tratamento, o paciente não sente dor mas, com o passar de
algumas sessões, passa a ser suportável, até ser intensa. Neste momento, é importante realizar
uma reavaliação, onde se indica dar uma pausa maior entre as sessões.
A reação inflamatória instalava-se minutos após o término da aplicação, e durava em média
três dias, exceto em um sujeito, que apresentava reação inflamatória mais duradoura, cerca de
seis dias. Segundo Santos (2003), o estímulo físico da agulha somado à alcalose ocasionada
no pólo negativo da corrente contínua, desencadeia uma inflamação aguda seguida do
processo de reparação, cujo objetivo é restabelecer de forma satisfatória a integridade da pele.
Santos (2003) relata que o principal momento da inflamação é a vasodilatação,
responsável pela hiperemia e calor, aumentando com isso o fluxo sangüíneo que é
fundamental nas alterações hemodinâmicas da inflamação aguda.
Após coletadas as imagens do pós tratamento, estas foram analisadas, e comparadas
com as imagens do pré tratamento. Compararam-se também as estrias que foram submetidas
ao tratamento com o aparelho ligado e desligado.
Figura 01- Pré tratamento. Figura 02- Pós-tratamento. Estrias 01 e 02
tratadas com o aparelho ligado.
Figura 03- Pré-tratamento. Figura 04- Pós-tratamento. Estria 05 tratada
com aparelho ligado e 06 com aparelho
desligado.
Figura 05- Pré-tratamento. Figura 06- Pós-tratamento. Estria 07 tratada com
aparelho desligado e 08 com aparelho ligado.
Figura 07- Pré-tratamento. Figura 08- Pós tratamento. Estria 09 tratada
com aparelho ligado e 10 com desligado.
Figura 09- Pré-tratamento. Figura 10- Pós-tratamento. Estria 13 e 14
tratadas com aparelho desligado.
Figura 11- Pré-tratamento. Figura 12- Pós-tratamento. Estria 17 tratada
com aparelho ligado.
Figura 13- Pré-tratamento. Figura 14- Pós-tratamento. Estria 18 tratada com
aparelho ligado e 19 com aparelho desligado.
Através da comparação visual das fotos, observou-se que as imagens do pós
tratamento apresentaram uma melhora no aspecto estético. Houve diminuição da depressão e
diminuição na espessura das estrias. A coloração da pele estriada aproximou-se do normal.
Para obter-se dados realmente significativos, optou-se por realizar uma enquete.
Foram entrevistadas acadêmicas do curso de Fisioterapia da UPF, que após
compararem as fotos, responderam qual era a estria esteticamente mais bonita, sem terem o
conhecimento prévio de quais eram as fotos do pré e pós-tratamento e quais estrias foram
tratadas com o aparelho ligado e com o aparelho desligado. Para cada uma das 13 estrias,
obteve-se 15 opiniões, totalizando 195 entrevistados.
1. Resultado da enq uete sobre o melhor aspecto estético das estrias e a condiçã o
do aparelho (ligado ou desligado).
Figura 15
46
5 3
6
2 3
61
6
0
1 0
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
7 0
Pré Pós Sem dif.Liga do
Des liga do
Conforme a figura 15 pode-se observar que 69 pessoas acharam a imagem do pré-
tratamento esteticamente melhor e 104 pessoas optaram pelo pós-tratamento, e 12 dos
entrevistados não encontraram diferenças entre as imagens. Das 104 pessoas que acharam o
pós-tratamento melhor, 61 responderam que as imagens do pós-tratamento com o aparelho
desligado estavam melhores e 53 pessoas responderam que o pós-tratamento com o aparelho
ligado estava esteticamente melhor.
2. Resultado da enquete com estrias tratadas com o aparelho ligado, associando
trauma mecânico com microcorrente.
Figura 16
De acordo com o gráfico 02, pode-se observar que, com o aparelho ligado, 50% dos
entrevistados acharam esteticamente mais bonita as imagens das estrias do pós-tratamento. Já
para 44% dos entrevistados as imagens esteticamente mais bonitas foram as do pré-
tratamento. E para 6% as imagens não apresentaram diferenças.
Em estudo realizado por Santos e Simões (2004), os sujeitos tratados com a
microgalvanopuntura apresentaram bons resultados, pois o método, segundo as autoras,
estimula uma inflamação provocada pela inserção da agulha e pela corrente galvânica,
fazendo com que as estrias se suavizem pela regeneração celular.
44%
50 %
6%
PRÉ
PÓS
SD
3. Resultado da enquete do tratamento das estrias com aparelho desligado onde foi
aplicado somente o trauma mecânico.
Figura 17
Como pode-se observar no gráfico acima 67% dos entrevistados responderam que as
imagens do pós-tratamento com o aparelho desligado ficaram esteticamente mais bonitas,
enquanto que 26% acharam o pré-tratamento melhor. E os outros 7% responderam que as
imagens das estrias não apresentaram diferença.
Guirro e Guirro (2004) relatam que a escarificação consiste em um procedimento de
lesão da pele, onde a resposta é desencadeada por estímulos fisicos. O procedimento pode ser
executado com qualquer tipo de instrumento perfurante que seja devidamente esterilizado e
manuseado habilmente, para que não se produzam lesões profundas.
4. Após o tratamento, avaliou-se o grau de satisfação das pacientes:
Figura 18
Conforme o gráfico acima, observou-se que o tratamento em geral foi bem aceito pelas
pacientes.
26%
67%
7%
PRÉ
PÓS
SD
Grau d e satisfação
0
34
0
2
4
6
S/result Satisfat. M uito
Satisfat.
Pacientes
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados da enquete, para verificar a associação entre o aspecto estético
das estrias e a condição do aparelho (ligado ou desligado), pode-se concluir que o tratamento
com o trauma mecânico, ou seja, com o aparelho desligado, apresenta resultados mais
satisfatórios esteticamente do que quando associado com a microcorrente (aparelho ligado).
Quanto à satisfação das pacientes no pós-tratamento, todas declararam-se como
satisfeitas ou muito satisfeitas.
Assim sendo, no tratamento de estrias atróficas poderia-se usar um material perfurante,
o qual produz uma lesão na pele estriada, estimulando a reação inflamatória, que é
fundamental para a reparação do tecido.
Entretanto, necessita-se de novos estudos científicos sobre este assunto,
principalmente no que se refere a variáveis histológicas.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MANUAL de operação do STRIAT. São Paulo: [s/n], 2003.
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escarificação e a corrente microgalvânica no tratamento de estrias na fase alba. 2005.Monografia (graduação em Fisioterapia) – Faculdade de Educação Física e Fisioterapia,Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2005.
PRENTICE, William E. Modalidades terapêuticas para fisioterapeutas. 2. ed. Porto Alegre:Artmed, 2004.
RAUBER, Jaime José et. al. Apresentação de trabalhos científicos: normas e orientaçõespráticas. 3 ed. Passo Fundo. UPF Editora, 2003.
ROBINSON, Andrew J; MACKLER, Lynn Snyder. Eletrofisiologia Clínica: Eletroterapia eteste eletrofisiológico. 2 ed. Porto Alegre: Ártemis, 2001.
SAMPAIO, Sebastião; RIVITTI, Evandro. Dermatologia. 2.ed.São Paulo: Artes Médicas,2001.
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VENTURA, Danielle B. da Silva; SIMÕES, Naudimar di Pietro. O uso da corrente galvânicafiltrada em estrias atróficas. FisioBrasil, São Paulo, n° 62 , p.7-9, nov/dez. 2003.
ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
Fui informado (a) de forma clara e detalhada sobre o objetivo geral da pesquisa, que
é: Avaliar o efeito da microgalvanopuntura no tratamento de estrias atróficas, também sei
quais os procedimentos que serei submetido, tendo preservado o livre arbítrio e sem coação .
Tenho conhecimento que receberei respostas a qualquer dúvida dos procedimentos, podendo
entrar em contato com as pesquisadoras Kátia dos Santos Lima(54) 9962 4839, e Lisiane
Pressi (51) 9949 6878 e com orientador da pesquisa (54)9905 0538, sendo que o
procedimento corresponde a terapêutica com o aparelho Striat®, que compreenderá de
avaliação com questionário seguido de fotos, as quais não terão a identidade reveladas . Em
um segundo momento, será realizado o procedimento que consiste na introdução da agulha na
extensão da estria enquanto o eletrodo passivo é colocado em uma região próxima da área a
ser tratada. Será realizada a assepsia da pele e as agulhas serão de uso descartável. Esta
pesquisa poderá ser interrompida se eu (o paciente) me sentir prejudicado, se não receber as
informações que necessito, e se não me sentir a vontade para participar da mesma . Estou
ciente que essa pesquisa será feita à domicílio , por no mínimo dois meses. Entendo que não
serei identificado em nenhuma hipótese, as informações sobre os dados obtidos nesta pesquisa
serão utilizadas para publicação de um artigo científico em revista especializada. Também sei
que terei total liberdade para retirar meu consentimento, e deixar de participar do estudo a
qualquer momento sem que isso me traga prejuízo ou qualquer implicação no tratamento
médico ou fisioterapêutico.
Passo Fundo, de de .
Assinatura do participante: _____________________________________
Assinatura do (s) aluno (s) responsáveis: __________________________
Assinatura do orientador: ______________________________________
ANEXO B
FICHA DE AVALIAÇÃO
IDENTIFICAÇÃO
Nome:__________________________Idade:_____Profissão:__________________________
Endereço:__________________________________Fone:____________________________
Cidade:________________________________UF:____________CEP:__________________
FICHA CLÍNICA
Cor da pele: ( ) branca ( ) parda ( ) negra ( ) amarela
Ano da menarca:______________________ Número de gestações:_____________________
Mudanças observadas:_________________________________________________________
Faz uso de medicamentos: à base de corticóides( ) anti-histamínico( ) esteróides( )
antiinflamatórios( ) outros( ) ____________________________________________________
Apresenta algum tipo de disfunção hormonal:______________________________________
Diabetes: ( ) sim ( ) não Hemofilia: ( ) sim ( ) não
Transtornos circulatórios e/ou de cicatrização:______________________________________
Propensão a quelóides: ( ) sim ( ) não
Patologias dérmicas: __________________________________________________________
Alergia a: ( ) corrente elétrica ( ) produtos _________________________________________
Tratamentos anteriores: tipo_____________________________________________________
Resultados dos tratamentos: ____________________________________________________
Tipo de alimentação: ( ) normal ( ) vegetariana
CARACTERIZAÇÃO DO QUADRO
Período do aparecimento das estrias:( )adolescência ( ) gravidez ( ) obesidade ( ) medicamento
Coloração inicial: ( ) vermelha ( ) violácea ( ) branca
Coloração atual: ( ) vermelha ( ) violácea ( ) branca
Aspecto macroscópico: ( ) depressão
Localização: ( ) abdome ( ) glúteos ( ) seios ( ) coxas
ANEXO C
O USO DA MICROGALVANOPUNTURA NO TRATAMENTO DEESTRIAS ATRÓFICAS: ANÁLISE COMPARATIVA DO TRAUMA
MECÂNICO E DA MICROCORRENTE
Avaliação do grau de satisfação das pacientes
Com relação ao tratamento das estrias atróficas, os resultados foram paravocê:
( ) sem resultado
( ) resultado satisfatório
( )resultado excelente
ANEXO D
Enquete realizada como parte do trabalho de conclusão de curso: O USODA MICROGALVANOPUNTURA NO TRATAMENTO DE ESTRIASATRÓFICAS: ANÁLISE COMPARATIVA DO TRAUMA MECÂNICO EDA MICROCORRENTE, executado pelas acadêmicas do X nível deFisioterapia da UPF, Kátia dos Santos Lima e Lisiane Pressi, sob orientação doProf. MS. Rodrigo Schmidt.
Assinale qual é a estria esteticamente mais bonita:
( ) A B ( )