O TRABALHO DO PSICÓLOGO EM EQUIPE
MULTIDISCIPLINAR NO “PROJETO ANINHA” – ORGANIZAÇÃO
E CAPACITAÇÃO DOS CUIDADORES DE GESTANTES COM
DOENÇA FALCIFORME - DO CEHMOB/MG
Mérupe Venâncio Romanini1, Milza Cintra Januário2, Cristiane Miranda Rust3, Cláudia Soares do Couto4, Isabel Pimenta
Spínola Castro5, Sarah Paes Rodrigues6, Alice Portugal Ferreira7
1,3,4,5,6,7. Núcleo de Ações e Pesquisa em apoio Diagnóstico – NUPAD/ Faculdade de Medicina/UFMG; 2.Centro de
Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais - CEHMOB/MG, BELO HORIZONTE - MG - BRASIL.
Realização Financiador
O CEHMOB-MG
Pesquisa e
Extensão
Capacitação de
serviços
Formação de
acadêmicos
A DOENÇA FALCIFORME
Nascem no Brasil cerca de 3.500 crianças/ano com a
doença falciforme, ou 1/1.000 nascidos/vivos Fonte: PNTN/MS
O sofrimento ameaça os homens a partir de três direções:
• do corpo;
• dos relacionamentos com os outros homens;
• do mundo externo
O MAL-ESTAR
Freud, 1930
O PROJETO ANINHA A GESTAÇÃO EM MULHERES COM DOENÇA FALCIFORME:
• Gestação de alto-risco;
• Aumento de complicações clínicas materno-fetais;
• Vulnerabilidade orgânica, psíquica e social;
• Demanda atuação multidisciplinar e intersetorial.
DADOS GERAIS DO PROJETO:
• 165 mulheres/famílias atendidas;
• 108 foram atendidas pela Psicologia;
• 8 óbitos maternos;
• 16 perdas fetais;
• 6 crianças nascidas com a doença falciforme;
Fonte: Projeto Aninha – 30/04/2013
OBJETIVO
Apresentar o trabalho dos psicólogos do Projeto Aninha em sua interface
com os psicólogos hospitalares.
COMO TRABALHAMOS • Atendimento à mulher e sua família;
• Trabalho com grupos específicos ou
multidisciplinares;
• Realização de visitas hospitalares;
• Utilização de estratégicas lúdicas-
educativas;
• Participação de reuniões de equipe e
discussões de casos;
• Encaminhamentos de casos;
• Apoio dentro da equipe no que concerne
às demandas relativas ao trabalho;
• Registro de dados;
• Produção técnica e científica.
O QUE QUEREMOS
• Oferecer um espaço de escuta onde o sujeito possa trazer sua questões e
se haver com elas;
• Trabalhar questões referentes à doença falciforme e seus principais
cuidados;
• Identificar estratégias de intervenção junto a equipe multidisciplinar;
• Estabelecer parcerias com psicólogos de outros serviços;
• Caso K.
IDADE
N=108
Fonte: Projeto Aninha – 30/04/2013
Idade média 25,3
Mais nova 14
Mais velha 35
ESCOLARIDADE
Fonte: Projeto Aninha – 30/04/2013
HISTÓRICO DE INTERNAÇÕES POR
INTERCORRÊNCIAS DA DOENÇA FALCIFORME
N= 108
92
9 7
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
SIM NÃO SEM INF
• Alívio ao saber o diagnóstico da DF
• Medo da morte – gestação de “alto risco”
• Ambivalência quanto à gestação e ao filho – desejo e repulsa
PERCEPÇÕES
“Quando descobri que estava grávida minha vida acabou. Eu não
vou levar esta criança para casa!”
(J.F.A, 33 anos)
• Susto ao descobrir a gestação
“Eu achava que não poderia engravidar”
(F.I.G, 25 anos)
PERCEPÇÕES
• Alterações na vida sexual e na relação com o parceiro.
• Existe necessidade de atenção maior à saúde sexual reprodutiva.
• Redução da angústia quando o parceiro não tinha o traço falciforme.
“ A médica deu o pedido do exame mas ele não foi fazer... Nada na
minha vida é fácil mesmo.”
(A.C.P.A., 33 anos)
“Eu sei o que é uma crise de dor. E se meu bebê tiver?”
(J.F.A, 33 anos)
• Medo da criança nascer com doença falciforme
• INTENSAS EMOÇÕES DA FAMÍLIA E EQUIPE;
ÓBITOS E ABORTOS
“Eu me culpo muito. Acho que o erro foi meu... Por não ter me
alimentado direito...”
(J.F.S. – 28 anos)
“Não me deixaram ficar com ninguém enquanto esperava o nenê
sair... Foi melhor ver, era meio esverdeado.”
(J.Q.C. – 29 anos)
• Necessidade de maior acesso, uma vez que ainda não há parcerias
oficializadas;
• Nas ocasiões em que o contato foi bem-sucedido a parceria trouxe bons
resultados;
• Caso S e Caso V.
INTERFACE COM O PSICÓLOGO
HOSPITALAR
Pontos importantes para as mulheres acompanhadas:
- o acolhimento;
- a atenção humanizada;
- o esclarecimento de dúvidas;
- o favorecimento do convívio social;
- a promoção do autocuidado;
- a capacidade de identificação de intercorrências;
- o acesso aos serviços;
- A possibilidade de se perceber enquanto sujeito de sua própria
história.
CONCLUSÕES
“...Não me deixe só
tenho desejos maiores...”
Vanessa da Mata
CONTATOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de condutas básicas na doença
falciforme. Belo Horizonte, 2009. 39 p.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Doença falciforme um problema nosso: como
reconhecer e tratar. Belo Horizonte, 2009. 67 p.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de acompanhamento da gestante com
doença falciforme. Belo Horizonte, 2009.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Especializada. Manual de educação em saúde: autocuidado na doença
falciforme. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008.v.1.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Especializada. Manual de educação em saúde: linha de cuidado em
doença falciforme. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009.v.2.
• CEHMOB. Disponível em <http://www.cehmob.org.br/>. Acesso em 30 de abril
de 2013.
• Freud, Sigmund – O mal-estar na civilização, Vol. XXI, Rio de Janeiro: Imago,
Ed. Standard Brasileira das Obras Completas, 1974, p. 81-171.