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8 O TRABALHO ■ 29 de outubro a 12 de novembro de 2009História

“O futuro está nas mãos da classe operária”Ato em homenagem a dois militantes revolucionários

“Companheiros, estou voltando a teralguma ação concreta, pública e irmana-da com vocês, que são meus irmãos hámuito tempo, mesmo antes de nascerem!Aceitei esta responsabilidade porque mesinto capaz de interpretar aquilo quevocês compreendem, que é a luta devocês e que foi a minha luta. Foi a mesmaluta desde o início da construção da idéia

da 4ª Internacional. Nesta atividade quevocês estão tendo no PT vocês assumiramaquele papel de vanguarda que foiconsignado desde Marx, que é o deempurrar as massas para frente. E vocêsse inseriram num movimento que é demassas para levá-las a alcançar a re-volução proletária, que é o nosso objetivofundamental”

Intervenção de Fúlvio em 1989

Fundador da LCI, Liga ComunistaInternacionalista, nos anos 1930, foi umdos dirigentes que impulsionaram aFrente Única Anti-Fascista em 1934.Preso pela ditadura Vargas, perseguido,exilou-se na Bolívia, retornando ao paísem 1946. Em 1965, conseguiu voltar àimprensa, com um emprego de redatore repórter na revista Realidade; anosdepois, trabalhou como redator noDiário do Commércio e na Gazeta de

Pinheiros. Nos anos 1980, esteve juntoao movimento de construção do PT eretoma sua militância trotskista partici-pando da Direção Nacional da CorrenteO Trabalho do PT, seção brasileira da 4ªInternacional. Dedica seus últimos anosde militância no trabalho de preser-vação da memória da classe operáriacomo impulsionador do Centro deDocumentação do Movimento OperárioMário Pedrosa (CEMAP).

Fúlvio Abramo (1909 – 1993)Começou na militância em 1932, no

Partido Comunista, onde se tornou edi-tor do Jornal A Classe Operária,secretário do Comitê Regional SãoPaulo e membro do Birô Político. Em1934 , sob pressão da juventude comu-nista, entra em conflito com a linha doPCB, que não participa da Frente ÚnicaAntifascista, e orienta os militantes aparticiparem da "Batalha da Praça daSé". Em novembro de 1937, Hermínio é

acusado de fracionismo trotskista eexpulso do PCB. Constitui com o ComitêRegional de São Paulo a DissidênciaPró-Reagrupamento da VanguardaRevolucionária. É delatado pelo stali-nismo ao vivo pela rádio Moscou epreso. Quase dois anos depois, quandosai da cadeia, torna-se dirigente dorecém-fundado Partido SocialistaRevolucionário (PSR), então seçãobrasileira da 4ª Internacional.

Hermínio Sacchetta (1909 – 1982)

Fúlvio Abramo e Hermínio Sacchetta:Presente! Com essa palavra de ordem,na noite de segunda feira, 19 de outu-bro, cerca de 150 pessoas que lotaram oauditório Wladimir Herzog doSindicato dos Jornalistas de São Paulo,encerraram o Ato Público-Homenagemaos dois militantes revolucionários, refe-rência do período inicial do trotskismono Brasil. O ato foi organizado pelaCorrente O Trabalho do PT, seção brasi-leira da 4ª Internacional, e pelos filhos enetas, Marcelo e Paula Abramo eVladimir e Paula Sacchetta. Entre osmilitantes e amigos dos homenageados,estavam presentes, entre outros, o diri-gente do MST João Paulo Rodrigues,Ivan Seixas, da Comissão de ex-presospolíticos, Zilá Abramo, presidente daFundação Perseu Abramo do PT, diri-gentes da Liga Internacional dosTrabalhadores (LIT-QI), o deputadofederal Ivan Valente do PSOL, muitosjornalistas e diretores do Sindicato, mili-tantes e dirigentes do PT, sindicalistas daCUT, intelectuais e jovens.A mesa foi composta por Antonio

Cândido, Markus Sokol, pela CorrenteO Trabalho, Dainis Karepovs, do Centrode Documentação Mário Pedrosa, GutoCamargo, presidente do Sindicato dosJornalistas, vereador do PT-SP AntonioDonato, Jacob Gorender, historiador, epelos familiares dos homenageados.

As obras de TrotskyAntonio Candido, que trabalhou e

militou com Fúlvio e Sacchetta, relem-brou o ambiente político dos anos 40 eo contato que teve com os dois militan-

tes. Ele destacou que lera as obras deTrotsky, que o ajudaram a compreendero processo na União Soviética, em parti-cular a História da Revolução Russa. Emseu primeiro contato com Sacchetta, em1942, no jornal Folha da Manhã, jáhavia lido a autobiografia de Trotsky,“Minha Vida”. Segundo ele, não só umtexto político que desnuda a luta contrao stalinismo, mas uma “importante obraliterária”. Ele afirmou que, mesmo nãosendo trotskista, a relação com Sacchettae depois com Fúlvio Abramo, o levou auma militância comum num grupo quedeu origem ao Partido Socialista. A inter-venção de Antonio Candido, muitoaplaudida, foi um testemunho vivo dolugar dos militantes homeneageados naluta da classe operária brasileira.

A 4ª Internacional viveMarkus Sokol homenageou “os dois

homens que militaram na 4ªInternacional, morreram fiéis aos ideaisda classe operária, e na última fase aindaencontraram forças para ajudar o movi-mento que construiu o PT e a CUT”.Lembrou, no caso de Fúlvio, de suaemoção no Congresso de fundação da

CUT ao qual esteve, junto com CorrenteO Trabalho.“Fúlvio e Sacchetta fazem parte da

história do movimento operário, comoartífices da frente única que expulsou osfascistas da Praça da Sé, em 1934.Herdamos esta tradição, a tradição da4ª Internacional que acaba de realizarseu 7º Congresso. Se estivessem vivos,vendo hoje a enorme crise capitalista,concluiriam pela atualidade da luta pelatomada do poder político, portanto, pelanecessidade da organização independen-te dos trabalhadores na luta pela maisampla unidade. É o combate que OTrabalho se propõe a continuar”. Sokolleu um trecho atualíssimo de uma fala deFúlvio ao 8º Encontro Nacional de OTrabalho, em 1989 (ver Box)Marcelo Abramo lembrou sua convi-

vência com o pai, antes de seu exílio,desde 1969 no México, onde vive atéhoje. Vladimir Sacchetta, falou da ami-zade entre as duas famílias. A neta PaulaSacchetta, falou que seu trabalho deconclusão de jornalismo na USP é sobrea trajetória do avô. Paula Abramo lem-brou da avó, companheira de Fúlvio,filha de um soldado do Exército

Vermelho e disse que “ao homenagear amemória de Fúlvio Abramo, a gente estáhomenageando, em realidade, umacoisa que vai mais além das suas quali-dades pessoais, está homenageando aidéia que guiou a sua vida e a doHermínio Sacchetta: o marxismo revolu-cionário, que não é mais do que aexpressão intelectual de uma realidadesocial tangível: a luta emancipadora doproletariado”. No final, com a sala emo-cionada, ela concluiu : “Esta celebraçãoaqui não é uma celebração do passado,mas do futuro. O fato da classe operáriater atraído ao seu lado figuras do calibredo Fúlvio Abramo e do HermínioSacchetta é a melhor prova de que essaclasse é a dona do futuro.“

MensagemA Liga Internacional dos Trabalhado-

res/Quarta Internacional e o PartidoSocialista dos Trabalhadores Unificado(PSTU), através de seus representantespresentes, José Welmovik (Zezóca) eMartin Hernandes, enviou uma mensa-gem que, por equívoco da mesa, não foilida para o plenário. “Nestes tempos emque o capitalismo mostra a sua verdadei-ra cara de forme e miséria, em que a criseeconômica mundial faz aparecer comtoda a força seu caráter destrutivo, se rea-firma a necessidade imperiosa que tem omovimento operário mundial da revolu-ção socialista mundial. Nessa luta, o esfor-ço de va-lorosos militantes trotskistas noBrasil servirá de exemplo a todos os que secomprometem nesse combate em nossoPaís”, diz a mensagem na sua conclusão.

Henrique Ollitta

Mesa do ato em homenagem a Fulvio Abramo e Hermínio Sacchetta Antônio Cândido fala no auditório do Sindicato dos Jornalistas

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