UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANAacute
MARCUS AUREacuteLIO SOARES DA SILVA
O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO PARANAacute UMA
ANALISE DA FORMALIZACcedilAtildeO SOB A PERSPECTIVA DO TRABALHO
(2008-2016)
MATINHOS
2017
MARCUS AUREacuteLIO SOARES DA SILVA
O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO PARANAacute UMA
ANALISE DA FORMALIZACcedilAtildeO SOB A PERSPECTIVA DO TRABALHO
(2008-2016)
Dissertaccedilatildeo apresentada como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do grau de mestre em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel no Curso de Poacutes Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel Setor Litoral da Universidade Federal do Paranaacute Orientador Prof Dr Ivan Jairo Junckes
MATINHOS
2017
PARANAacute Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social Disponiacutevel httpwwwipardesgovbrindexphppg_conteudo=1ampcod_conteudo=30 Acesso 08 nov 16
ERRATA
FOLHA LINHAILUSTRACcedilAtildeO ONDE SE LEcirc LEIA-SE
56 Tabela 7 VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016)
VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF -R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2014)
56 Tabela 7 4788841664
2394420832
AGRADECIMENTOS
Ao Profordm Dr Ivan Jairo Junckes que embora com outros compromissos
assumiu a responsabilidade em me orientar e pela sua compreensatildeo e colaboraccedilatildeo
fundamentais na concretizaccedilatildeo desse trabalho que sem a sua dedicaccedilatildeo e
paciecircncia natildeo teria conseguido concluir
Agrave Profordf Dra Cinthia Maria Sena Abraatildeo que formidavelmente me orientou no
iniacutecio dessa dissertaccedilatildeo
Aos Professores do PPGDTS pelas aulas e o aprendizado durante o curso
Ao Joatildeo Rafael prestativo e esclarecedor
Aos meus amigos (as) de turma que de alguma maneira contribuiacuteram nessa
jornada
A todos os participantes das entrevistas (colaboradores) Agentes de
Desenvolvimento junto agraves salas do empreendedor
A todos os Microempreendedores Individuais que aceitaram colaborar com
esse trabalho
RESUMO
A partir da primeira deacutecada de 1970 o conceito keynesianismofordismo entrou em decliacutenio concorrendo para mudanccedilas estruturais de gerenciamento alocaccedilatildeo de recursos humanos reorganizaccedilatildeo do espaccedilo Dentro desse contexto haacute o deslocamento compulsoacuterio do trabalhador fabril para as mais diversas atividades no mercado de trabalho no setor terciaacuterio Boa parte das atividades desempenhadas pelos trabalhadores desse setor eacute desenvolvida na informalidade No Brasil para reverter o quadro de alastramento e superlativaccedilatildeo do setor informal foi criada a Lei Complementar12808 que formaliza a figura do Microempreendedor Individual (MEI) Na implantaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica estaacute prevista uma seacuterie de dispositivos que tem o objetivo de auxiliar na sustentabilidade e expansatildeo desse novo tecido empresarial Nos municiacutepios do Litoral do Paranaacute a implantaccedilatildeo da referida lei se daacute principalmente pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE atraveacutes das salas do empreendedor em cada municiacutepio que se constitui em canal de ligaccedilatildeo entre as estrateacutegias e accedilotildees desenvolvidas no sentido de atendimento do MEI Este trabalho visa a investigar como os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na Microrregiatildeo Geograacutefica de ParanaguaacuteLitoral Paranaense Para o desenvolvimento dos trabalhos foram pesquisados dados secundaacuterios realizada pesquisa bibliograacutefica e foi realizado um total de 38 entrevistas e aplicaccedilatildeo de questionaacuterios com agentes puacuteblicos de desenvolvimento e MEI Os resultados permitem conhecer a situaccedilatildeo dos MEI no litoral paranaense assim como servem de subsiacutedio para elaboraccedilatildeo de poliacuteticas especiacuteficas voltadas a essa populaccedilatildeo Palavras-chave Trabalho Informalidade Poliacutetica Puacuteblica Microempreendedor individual Litoral paranaense
RESUMEN
Desde los primeros antildeos de 1970 el concepto keynesianismofordismo entroacute en declinacioacuten concurriendo para los cambios estructurales de gestioacuten asignacioacuten de recursos humanos reorganizacioacuten del espacio Dentro de ese contexto hay el desplazamiento obligatorio del trabajador fabril para las maacutes distintas actividades en el mercado de trabajo en el sector terciario Buena parte de las actividades desempentildeadas por los trabajadores de este sector es desarrollada en la informalidad En Brasil para volver el cuadro de extensioacuten y superlativacioacuten del sector informal fue creada la Ley Complementar 12808 que formaliza la figura del micro emprendedor individual (MEI) En la implantacioacuten de esta poliacutetica puacuteblica estaacute prevista una serie de dispositivos que tiene el objetivo de auxiliar en la sostenibilidad y expansioacuten de este entorno empresarial En los municipios del litoral del Paranaacute la implantacioacuten de la referida ley se da principalmente por la asociacioacuten entre los ayuntamientos y l SEBRAE a traveacutes de las salas del emprendedor en cada municipio que se constituye en canal de conexioacuten entre las estrategias y acciones desarrolladas en apoyo a MEI Este trabajo busca investigar como los trabajadores mercado y organizaciones puacuteblicas y sociales han promovido y acogido la formacioacuten del micro emprendedor individual en la microrregioacuten de ParanaguaacuteLitoral paranaense Para el desarrollo del trabajo fueron investigados datos secundarios fue hecha una buacutesqueda bibliograacutefica y fue realizado un total de 38 entrevistas y aplicacioacuten de cuestionarios con agentes puacuteblicos de desarrollo y MEI Los resultados permiten conocer la situacioacuten de los MEI en la costa paranaense asiacute como sirven de subsidios para elaboracioacuten de poliacuteticas especiacuteficas orientadas a esa poblacioacuten
Palabras ndash clave Trabajo Informalidad Poliacutetica Puacuteblica Micro empresaacuterio individual Litoral paranaense
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO
BRASIL ANTERIOR A 1964 36
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL
DURANTE O REGIME MILITAR 39
QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO
DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016) 43
QUADRO 4- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA
ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
66
QUADRO 5- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute
PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS
ALTERACcedilOtildeES 68
QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS 69
QUADRO 7- ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP 71
QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES
EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO
PARANAacute 104
LISTA DE MAPAS
MAPA 1 - MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute 50
LISTA DE GRAacuteFICOS
GRAacuteFICO 1 - RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS 75
GRAacuteFICO 2 - ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015) 76
GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS
MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) () 77
GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO
84
GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS 84
GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI 85
GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE
ECONOcircMICA () 89
GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) 90
GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA
MRGP (N=30) 92
GRAacuteFICO 10 - VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP
ATRAVEacuteS DO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR
PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016) 101
GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA
MRGP () 102
GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO
REPRESENTANTE DA CATEGORIA 103
GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTO DOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS
ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA
MRGP () 106
GRAacuteFICO 14 - RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP
() 109
GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E
NAtildeO FORMALIZADOS EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP
() 110
GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA
RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O
SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) () 111
GRAacuteFICO 17 - QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE
PARTICIPARAM DE CURSOS DE 114
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL 29
TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E
POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010) 51
TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOS
MUNICIacutePIOS DA MRGP 52
TABELA 4 - DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)
53
TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014) 54
TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR
ECONOcircMICO 55
TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS
MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016) 56
TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP 57
TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016) 59
TABELA10- ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP
(maio2016) 59
TABELA11- PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)
97
TABELA12- NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS
NA MRGP CEDIDOS PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS
MPE (2015-2016) 98
TABELA13- NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016) 99
TABELA14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO
AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute
(FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016) 100
TABELA15- RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES
CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM
QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010) 112
LISTA DE SIGLAS
CLT - Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho
CODEFAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador
DIEESE - Departamento Intersindical de Estatiacutestica e Estudos
Socioeconocircmicos
ECINF - Economia Informal Urbana
FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo
IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho
INPS - Instituto Nacional de Previdecircncia Social
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LC - Lei Complementar
MEI - Microempreendedor Individual
MPAS - Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social
MRGP - Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute
MTE - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego
MTPS - Ministeacuterio do Trabalho e Previdecircncia Social
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e DesenvolvimentoEconocircmico
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PASEP - Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico
PDM - Poliacuteticas de Desenvolvimento do Milecircnio
PIS - Programa Integraccedilatildeo Social
PLANFOR - Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador
PND - Plano nacional de Desenvolvimento
PP - Poliacutetica Puacuteblica
PROGER - Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda
PRONAF - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PRORURAL - Programa de Desenvolvimento Econocircmico e Territorial - Renda
e Cidadania no Campo
SEBRAE - Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas
SINE - Sistema Nacional de Emprego
SUMAacuteRIO
APRESENTACcedilAtildeO 15
1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E
INFORMALIDADE 21
11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO 25
12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A
CRIacuteTICA 30
2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO DAS
ORIGENS AO MEI 33
21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
33
211Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento 36
212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar 39
213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil 42
214Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI 45
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute 50
31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP 52
32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP 61
321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP 65
322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento 69
323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI 71
4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute 74
41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR
MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI 74
411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita 81
42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS
DO MEI NA MRGP 83
43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO
88
431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral 88
do Paranaacute 88
432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute 90
434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP 91
435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute 95
436 O associativismo e os MEI na MRGP 102
437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI 105
438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute 108
439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia 110
4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute 112
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 115
REFEREcircNCIAS 119
APEcircNDICES 133
15
APRESENTACcedilAtildeO
O referente trabalho surgiu de reflexotildees acerca do processo acelerado da
expansatildeo do desemprego estrutural em niacutevel mundial mas que oferece pressatildeo
sobre configuraccedilotildees territoriais menores como na Microrregiatildeo Geograacutefica de
Paranaguaacute (MRGP) alertando sobre o deslocamento dos trabalhadores para a
economia informal e em resposta a accedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas
de trabalho na tentativa de equacionar as disfunccedilotildees geradas pela reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1970
O principal objetivo do nosso estudo eacute analisar como se apresenta a
implantaccedilatildeo da Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008 (LC 12808) nos
municiacutepios do litoral paranaense recortado como Microrregiatildeo Geograacutefica de
Paranaguaacute (MRGP) Esta poliacutetica puacuteblica eacute uma tentativa de retirar da informalidade
trabalhadores brasileiros exercendo as mais variadas atividades dentro desse setor
O que significa resgatar a sua dignidade e cidadania pela valoraccedilatildeo ao seu
trabalho pela inclusatildeo no sistema previdenciaacuterio dentre outros benefiacutecios
associados agrave formalizaccedilatildeo
Pretendemos descrever as principais caracteriacutesticas e estrateacutegias
organizadas na MRGP para a implantaccedilatildeo da LC 12808 que tem como uma de
suas premissas a inclusatildeo social descrita em seu art 18 Aleacutem disso realiza -se o
estudo sobre a aderecircncia dos governos locais agrave poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual (MEI)
Como objetivos secundaacuterios este estudo apresenta 1) Analisar os dados
relativos a emprego renda niacutevel de ocupaccedilatildeo volume de registros de MEI na
microrregiatildeo estudada 2) Identificar as estruturas e accedilotildees das prefeituras da
microrregiatildeo relacionadas agrave poliacutetica puacuteblica em questatildeo
Haacute algumas questotildees iniciais as quais entendemos pertinentes no processo
de estudo do referente trabalho e que foram balizares no encaminhamento das
pesquisas (a) De que maneira o mundo do trabalho (organizaccedilotildees puacuteblicas
mercado e organizaccedilotildees sociais) tem constituiacutedo poliacuteticas de formalizaccedilatildeo e renda
no trabalho (b) Qual a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas
enfrentados pelos trabalhadores informais na regiatildeo litoracircnea do Paranaacute (c) Como
os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e
acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na aacuterea de estudo
16
A ausecircncia na literatura de dados especiacuteficos atualizados sobre a aacuterea de
estudo sobretudo na aacuterea da economia do trabalho e a dificuldade em obter dados
em algumas instituiccedilotildees por conta da poliacutetica interna destas pode ter
comprometido em parte a anaacutelise do todo poreacutem natildeo alterou os objetivos dos
estudos sobre a categoria MEI
O processo metodoloacutegico foi constituiacutedo em dois momentos distintos e
complementares No primeiro momento buscamos na pesquisa exploratoacuteria
elementos que nos dessem suporte agrave compreensatildeo do objeto do estudo partindo
necessariamente do conjunto de fatores que levaram a criaccedilatildeo da LC 12808 e a
regulamentaccedilatildeo da formalizaccedilatildeo dos MEI Para tanto estabelecemos alguns
indicadores que nos orientaram no sentido das modificaccedilotildees ocorridas no sistema
capitalista a partir da deacutecada de 1970 e que resultaram no aumento do desemprego
da informalidade e da precarizaccedilatildeo do trabalho via flexibilizaccedilatildeo subcontrataccedilatildeo
Para estabelecermos a proximidade com o tema nos apoiamos na revisatildeo da
literatura especiacutefica resultando no reconhecimento sobre a trajetoacuteria histoacuterica das
modificaccedilotildees nas relaccedilotildees do trabalhoespaccedilo em cadeia global e nacional e
igualmente na criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equaccedilatildeo de deformidades na
economia do trabalho no cenaacuterio brasileiro nos aproximando ao entendimento do
nosso objeto de estudo Essa revisatildeo eacute descrita no decorrer da dissertaccedilatildeo pela
nomenclatura dada no corpo do texto
No segundo momento considerando que para a anaacutelise do objeto de estudo
ou seja a implantaccedilatildeo nos municiacutepios integrantes da microrregiatildeo de Paranaguaacute da
Lei Complementar 12808 que cria a pessoa juriacutedica do empreendedor individual se
fez necessaacuterio aleacutem da coleta de dados em possibilidades de controle a inclinaccedilatildeo
igualmente agrave percepccedilatildeo subjetiva de anaacutelise com o objetivo de compreensatildeo do
contexto mais amplo sob o olhar holiacutestico e criacutetico do processo de implantaccedilatildeo da
referida lei Nesse sentido como afirma Deslandes (2010 p 33) ―a)criacutetica porque
devemos estabelecer um diaacutelogo reflexivo entre a teoria e o objeto de estudo
escolhido por noacutes b)ampla porque deve dar conta do ―estado atual sobre o
problema
Tendo como uma das opccedilotildees a pesquisa qualitativa sublinhamos a
possibilidade de maior compreensatildeo das relaccedilotildees socialmente constituiacutedas por
atores no plano do concreto do real Essas relaccedilotildees exercem significados e se
manifestam de diversas formas pois o que se torna forma passa pelas relaccedilotildees
17
humanas e portanto ―o que as ―coisas (fenocircmenos manifestaccedilotildees ocorrecircncias
fatos eventos vivecircncias ideias sentimentos assuntos) representam daacute molde agrave
vida das pessoas (TURATO 2005 p 510)
Nesse momento percebemos a falta de informaccedilotildees histoacutericas em bancos de
dados oficiais e natildeo oficiais e na literatura que nos apoiassem na descriccedilatildeo objetiva
sobre o tema contextualizado no litoral paranaense
A escassez de dados sobre a poliacutetica de formalizaccedilatildeo do MEI no litoral do
Paranaacute eacute resultante em parte pela demora na regulamentaccedilatildeo da LC 12808 e da
operacionalizaccedilatildeo da referida LC nos municiacutepios da MRGP A regulamentaccedilatildeo e
operacionalizaccedilatildeo dessa lei complementar soacute foi possiacutevel em determinados casos
pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE a partir de 2013 em Matinhos e
Paranaguaacute e sequencialmente em Pontal do Paranaacute Morretes e Guaraqueccedilaba
Ainda com dificuldade de obter dados histoacutericos do litoral paranaense acerca da
informalidade do trabalho e especificamente sobre o microempreendedor individual
algumas informaccedilotildees secundaacuterias foram obtidas atraveacutes de instituiccedilotildees oficiais
(IBGE IPARDES DIEESE EMPRESOacuteMETRO) e foram processadas com base na
estatiacutestica descritiva atraveacutes de Planilha Excel representado por graacuteficos e tabelas
Informaccedilotildees igualmente sobre o MEI foram adquiridas atraveacutes de fontes primaacuterias
como dados estatiacutesticos das salas do empreendedor e possibilitaram avaliar alguns
indicadores importantes sobre o desenvolvimento dos trabalhos desempenhados
pelos agentes de desenvolvimento e sobre a sustentabilidade do MEI a) quantitativo
de baixas da empresa b) formalizaccedilotildees c) procura por serviccedilos nas salas d) oferta
de serviccedilos nas salas do empreendedor
Outra maneira utilizada para obter informaccedilotildees foi atraveacutes de entrevistas
semiestruturadas com atores da administraccedilatildeo puacuteblica e de instituiccedilotildees da iniciativa
privada e aplicaccedilatildeo de questionaacuterio para os microempreendedores individuais que
exercem suas atividades na aacuterea de estudo Segundo Oliveira (2011 p 36) ―esta
teacutecnica de coleta de dados eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees
acerca do que as pessoas sabemcrecircem esperam e desejam []
Foram entrevistados cinco (05) atores da administraccedilatildeo puacuteblica e trecircs (03)
atores da iniciativa privada Os atores foram escolhidos pela proximidade com
implantaccedilatildeo da LC 12808 Da administraccedilatildeo puacuteblica foram entrevistados quatro
agentes de desenvolvimento que atuam nas salas do empreendedor nos municiacutepios
que possuem parceria com o SEBRAE e um secretaacuterio municipal Da iniciativa
18
privada foram entrevistadas trecircs pessoas ligadas agraves associaccedilotildees da classe
empresarial e do SEBRAE Os MEI que participaram do questionaacuterio seratildeo
designados como respondentes Ao todo foram realizadas 08 (oito) entrevistas e 30
questionaacuterios aplicados
As entrevistas com os atores tanto da administraccedilatildeo puacuteblica quanto da
iniciativa privada se deram em seus locais de trabalho Ou seja nas salas do
empreendedor localizadas juntas agraves prefeituras e nas associaccedilotildees de classe e no
SEBRAE e tiveram como pressupostos levantar informaccedilotildees sobre as accedilotildees das
prefeituras e das associaccedilotildees sobre a implantaccedilatildeo da LC 12808 no litoral do
Paranaacute Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente com a
anuecircncia dos entrevistados que assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido e foram realizadas no periacuteodo de junho a outubro de 2016
Para a construccedilatildeo do questionaacuterio e das questotildees pertinentes foram
utilizadas como base referencial autores como Sachs (2003) e Albuquerque e
Zapata (2010) aleacutem de uma leitura atenta da Lei Complementar 12306 e da Lei
complementar 12808
Considerando a precaacuteria organizaccedilatildeo em classe dos microempreendedores
individuais (MEI) no litoral do Paranaacute natildeo sendo possiacutevel identificaacute-los atraveacutes de
banco de dados na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio optamos por deslocar ateacute o
estabelecimento do microempreendedor individual e aplicar o questionaacuterio em seu
local de trabalho Esse procedimento ao passo que era incerto pois natildeo havia
como identificar o MEI a natildeo ser percorrendo estabelecimento por estabelecimento
tornava-se solitaacuterio e exaustivo posto o deslocamento e o tempo para o
preenchimento do questionaacuterio e as duacutevidas que surgiam Poreacutem esta teacutecnica
possibilitou avaliar a estrutura do empreendimento e ao mesmo tempo conversar a
respeito da formalizaccedilatildeo dos MEI Dessa forma muito aleacutem da aplicaccedilatildeo do
questionaacuterio nos vimos envolto a uma realidade da qual natildeo percebiacuteamos Como
natildeo havia referecircncia sobre o enquadramento do estabelecimento perguntaacutevamos
para o proprietaacuterio se ele era MEI ou natildeo Os MEI que participaram respondendo ao
questionaacuterio muitas vezes falavam das dificuldades em aumentar seus negoacutecios e
da ausecircncia do poder puacuteblico local principalmente fora da temporada de praia
Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio durava cerca de 30 a 50 minutos
Participaram como respondentes do questionaacuterio 30 (trinta)
microempreendedores individuais abrangendo os municiacutepios de Guaratuba
19
Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute A aplicaccedilatildeo do questionaacuterio ocorreu nos
meses de dezembro de 2016 e janeiro e fevereiro de 2017
Os dados pesquisados foram organizados e descritos em Planilha Excel e
disponibilizados atraveacutes de graacuteficos e tabelas
Este estudo estaacute distribuiacutedo em quatro capiacutetulos onde procuramos sublinhar
sequencialmente as modificaccedilotildees ocorridas no mundo trabalho e o resultante
dissoo alastramento da informalidade em niacuteveis mundial e local assim como
analisar a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do MEI e seus dispositivos aplicados no
litoral do Paranaacute
No primeiro capiacutetulo estudamos as modificaccedilotildees no mundo do trabalho
atraveacutes de um recorte histoacuterico que levaram ao aumento exponencial do
desemprego estrutural e consequentemente da informalidade em niacuteveis mundiais
Ainda nesse capiacutetulo abordaremos o desemprego e a informalidade no cenaacuterio
brasileiro Para tanto nos apoiamos na literatura especializada sobre os temas
reestruturaccedilatildeo produtiva desemprego informalidade
O segundo capiacutetulo traz vaacuterias referecircncias ao conceito de Poliacutetica Puacuteblica e
a accedilatildeo do Estado brasileiro na economia do trabalho com quadros descritivos das
principais poliacuteticas puacuteblicas de trabalho no periacuteodo republicano e como essas
poliacuteticas organizaram a vida do trabalhador no Brasil Ainda nesse capiacutetulo
iniciamos nossas anaacutelises acerca da Lei de Formalizaccedilatildeo do Microempreendedor
Individual (LC 12808)
O terceiro capiacutetulo traz uma descriccedilatildeo da aacuterea de estudo (recorte espacial
da microrregiatildeo geograacutefica de Paranaguaacute) com dados demograacuteficos do mercado de
trabalho receitas municipais dados relacionados ao nuacutemero de empresas na regiatildeo
nuacutemeros de Micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais
escalonados por atividade econocircmica Assim como aspectos institucionais
relacionados agrave formalizaccedilatildeo do microempreendedor na regiatildeo de estudo
No quarto capiacutetulo observamos os avanccedilos quanto agrave implantaccedilatildeo da poliacutetica
de formalizaccedilatildeo e as dificuldades encontradas para a expansatildeo e sustentabilidade
do MEI na regiatildeo de estudo Neste capiacutetulo nossos estudos recaem inicialmente
para a participaccedilatildeo dos governos locais na implantaccedilatildeo da poliacutetica em questatildeo e sua
capacidade de mobilizar estrateacutegias de apoio aos MEI Ainda satildeo analisados os
dados relativos agrave formalizaccedilatildeo e baixas dos microempreendedores nos municiacutepios
de Morretes Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute observando a proposta de
20
sustentabilidade do MEI Igualmente atraveacutes de questionaacuterio respondido pelos MEI
da regiatildeo de estudo foi possiacutevel estabelecer um perfil soacutecio econocircmico dos
entrevistados e dos efeitos dos dispositivos elencados na Lei Geral que permitem
possibilidades da inserccedilatildeo e expansatildeo da categoria no mercado e resgate da sua
dignidade laboral
21
1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E
INFORMALIDADE
Para compreendermos o porquecirc da criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas1 voltadas
ao enfrentamento do fenocircmeno da informalidade superlativada do desemprego e a
geraccedilatildeo de renda no cenaacuterio brasileiro eacute necessaacuterio observarmos as transformaccedilotildees
ocorridas em cadeia global na dimensatildeo da economia do trabalho e as
consequecircncias sociais e econocircmicas vinculadas agraves relaccedilotildees do trabalho
(informalidade precarizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo trabalho temporaacuterio subcontrataccedilatildeo
dentre outros) que definem o quadro socioeconocircmico vigente e assim estabelecer
uma criacutetica histoacuterica que a partir da reorganizaccedilatildeo do processo produtivo incidiu
diretamente na concepccedilatildeo do trabalho do emprego e levou agrave
reorganizaccedilatildeoreformulaccedilatildeo do Estado (POCHMANN 2004) Para tal compreensatildeo
sobre o tema nos apoiaremos na extensa literatura jaacute existente
Em nossos estudos compreendemos o trabalho hoje formalizado ou natildeo
como uma atividade (humana) objetiva (no sentido da accedilatildeo) e subjetiva (no sentido
do pensamento) desenvolvida por homens e mulheres inclinada a transformar
modificar e produzir algo sob criteacuterios e validaccedilatildeo do Modelo de Produccedilatildeo
Capitalista Os criteacuterios do trabalho assim entendemos satildeo definidos com base nas
transformaccedilotildees ocorridas no proacuteprio sistema capitalista que por fim valida esse
processo pela viabilidade da produccedilatildeo laboral e intelectual conduzido por regras
vezes particulares vezes universais inseridos em contextos especiacuteficos ou
contextos globalmente unificados
O dinamismo do sistema capitalista produziu transformaccedilotildees de ordem
econocircmica social cultural ideoloacutegica configurando num processo contiacutenuo de
alteraccedilotildees permanentes no seio de sua proacutepria estrutura totalmente instaacutevel
flexiacutevel e mutante As mudanccedilas que ocorreram na economia mundial a exemplo
tiveram consequecircncias no processo produtivo logo nas relaccedilotildees do trabalho sob o
modelo fordista ocasionando mudanccedilas no tecido social cultural alimentados
ainda pelo crivo das contraposiccedilotildees ideoloacutegicas resultantes da polaridade mundial
1 Com efeito de poliacutetica puacuteblica voltada ao enfrentamento da informalidade no mercado de trabalho
brasileiro analisaremos mais a diante a Lei Complementar 12808 instrumento de criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI) que possui expresso em seu art 18E aleacutem da formalizaccedilatildeo do MEI o caraacuteter de inclusatildeo social
22
apoacutes a Segunda Grande Guerra Tais transformaccedilotildees estatildeo associadas ao decliacutenio
do modelo keynesiano2 - progressista que exigiu do Estado uma posiccedilatildeo mais
reformadora em sua estrutura assinalada por Laranjeira (2000) Lombardi (1997) e
Caminha (2012)
O que podemos observar no cenaacuterio econocircmico eacute o substancial crescimento
inflexiacutevel do desemprego estrutural bem como as mudanccedilas no sistema de
assalariamento que foi condicionado por eventos especiacuteficos de enorme
importacircncia 1) a reestruturaccedilatildeo produtiva iniciada na deacutecada de 1970 2) o advento
da globalizaccedilatildeo (SANTOS 2008 p 152) 3) ―difusatildeo de um novo paradigma teacutecnico-
produtivo e do acirramento da competiccedilatildeo internacionalista nas economias
avanccediladas (POCHMANN 2001 p 41)
A reestruturaccedilatildeo produtiva foi uma resposta imediata agrave crise econocircmica
caracterizada pela impossibilidade do modelo Keynesiano - fordista reverter agraves
contradiccedilotildees proacuteprias produzidas pelo sistema capitalista Tal resposta implicou de
imediato numa nova redefiniccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e das relaccedilotildees entre trabalho e
produccedilatildeo que se mantinham sob forte regulaccedilatildeo consensual entre ―Estado capital e
sindicatos como aponta Barbosa (2007 p 3)
As modificaccedilotildees que ocorreram no setor produtivo e nas relaccedilotildees do
trabalho levaram a excessiva acumulaccedilatildeo de capital (acumulaccedilatildeo flexiacutevel) muito
embora essas modificaccedilotildees natildeo ocorreram de forma generalizada mas foram
absorvidas considerando contextos especiacuteficos de espaccedilo e cultura conforme
salienta Lombardi (1997) e ao aumento do desemprego por cortes em postos de
trabalho (capital variaacutevel) observando a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica no setor produtivo e a
reconfiguraccedilatildeo desse setor com relocaccedilatildeo para espaccedilos perifeacutericos
Dentro dessa oacutetica como observa Lombardi (1997) a expansatildeo tecnoloacutegica
exerceu forte pressatildeo sobre os trabalhadores que se sentem ameaccedilados pela
concorrecircncia da tecnologia Trabalhos manuais foram substituiacutedos por trabalhos
mecacircnicos autocircmatos que produzem em escalas vertiginosas Ou seja
O avanccedilo na concorrecircncia intercapitalista e a adoccedilatildeo de um novo paradigma tecnoloacutegico estariam provocando alteraccedilotildees significativas nas economias avanccediladas Parece natildeo haver duacutevidas sobre o crescimento de
2O modelo Keynesinao tambeacutem chamado de Capitalismo Reformado por Sachs (2008) foi uma
resposta imediata aos efeitos causados pela Grande Depressatildeo tendo como base o pleno emprego e o Estado do Bem Estar Social
23
importacircncia das ocupaccedilotildees caracterizadas como superiores e de postos diretivos responsaacuteveis pela utilizaccedilatildeo de trabalhadores com maior exigecircncia de qualificaccedilatildeo e escolaridade Ao mesmo tempo as profissotildees inferiores (operaacuterios simples e manuais) ainda majoritaacuterios na estrutura ocupacional estariam perdendo participaccedilatildeo relativa (POCHMANN 2001 p 52)
Na segunda metade deacutecada de 1980 foi formulado por economistas norte-
americanos e outros ligados a OCDE (Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e o
Desenvolvimento Econocircmico) um conjunto de medidas de cunho macroeconocircmico
e estruturais destinado a paiacuteses do chamado Terceiro Mundo que apresentavam
baixos iacutendices de desenvolvimento econocircmico (BRESSER PEREIRA 1991)
Tais medidas foram sendo colocadas em praacutetica sobre tudo abaixo da linha
do equador americano pois como demonstra Bresser Pereira (1991) na Ameacuterica
Latina havia uma ―crise marcada por estagnaccedilatildeo econocircmica e altas taxas de
inflaccedilatildeo Dentro dessa perspectiva acreditava-se que havia uma necessidade de
restringir o tamanho do Estado e de sua participaccedilatildeo no setor econocircmico Assim a
orientaccedilatildeo era sua descentralizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo liberalizaccedilatildeo do
comeacutercio internacional promoccedilatildeo das exportaccedilotildees e a diminuiccedilatildeo das empresas
estatais pois entendiam que eram em grande nuacutemero e incapazes de gerir
produtividades adequadas as suas capacidades e ao modelo estrutural das novas
concepccedilotildees capitalistas (neoliberalismo globalizado)
No entanto tais modificaccedilotildees no sistema econocircmico permitiram o processo
de acumulaccedilatildeo do capital e da hipertrofia financeira criando mecanismos que
causaram enormes disfunccedilotildees sociais agravadas pela doutrinalsquo neoliberal e o novo
padratildeo tecnoloacutegico de produccedilatildeo e organizaccedilatildeo do trabalho (MOTTA 2009) Tais
fatores provocaram ―mudanccedilas substanciais que resultaram no aumento da pobreza
do desemprego e do subemprego e na precarizaccedilatildeo do trabalho (idem p 550)
O desemprego se constituiu como um dos maiores problemas sociais da humanidade A crise iniciada nos paiacuteses centrais a partir do final dos anos 1960 evidenciou o esgotamento do padratildeo de acumulaccedilatildeo fordista keynesiano alterando a relaccedilatildeo entre Estado e sociedade (OLIVEIRA 2012 p 494)
Conforme analisa Oliveira (2012) estima-se que em 2009 havia cerca de
210 milhotildees de pessoas desempregadas no mundo ―Os maiores afetados segundo
a agecircncia satildeo os jovens e as mulheres dos paiacuteses perifeacutericos (OLIVEIRA 2012 p
494) Diante de um quadro socioeconocircmico extremamente complexo seria
24
necessaacuterio novos mecanismos que dessem suporte ao controle das distorccedilotildees
sociais e de contenccedilatildeo Dessa forma foram lanccediladas novas bases da ideologia
dominante com objetivos especiacuteficos de controle da demanda com base nas
―poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio (PDM) (MOTTA 2009 p 549)
As PDM segundo a autora constituem ―mecanismos de hegemonia de
funccedilatildeo de direccedilatildeo intelectual e moral com accedilotildees concretas e definiccedilotildees de metas
focadas nas camadas de trabalhadores excluiacutedoslsquo do processo produtivo mas que
ainda possuem condiccedilotildees produtivas para instaurar um processo mais intensivo de
educar para o conformismo (idem p 549)
Assinala Motta (2009) que as poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio estatildeo
sublinhadas pelo forte investimento educacional balizado na ―teoria do capital
humano de Theodore Schultz na qual consiste em propor a qualificaccedilatildeo da forccedila do
trabalho humano atraveacutes do processo educacional direcionado para crescimento
econocircmico
Poderemos formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho mas
autores como Rifkin (1995) Pastore (2006) Martins e Veiga (2003) Oliveira (2012) e
Sachs (2007) enfatizam na diminuiccedilatildeo consideraacutevel dos postos de trabalho na esfera
global dando a entender que a crise do pleno emprego estaacute relacionada em parte
ao avanccedilo da automaccedilatildeo tecnoloacutegica e da chamada reestruturaccedilatildeo da produccedilatildeo
tanto nas aacutereas rurais quanto nas aacutereas urbanas como jaacute demonstrado
anteriormente Alertava Rifkin (1995) que mais de 800 milhotildees de pessoas no
mundo estavam desempregadas ou subempregadas e que esse quadro se agravaria
ateacute o final do seacuteculo XX
Com um quadro excessivamente preocupante as poliacuteticas de geraccedilatildeo de
emprego e renda entram na agenda internacional no entanto como salienta Souza
(2010 p 3) ―essas poliacuteticas puacuteblicas arrefecem o iacutempeto de uma celebraccedilatildeo liberal
na medida em que evidenciam a incapacidade de prover o pleno emprego
demonstrada pelo capitalismo mesmo em seus contextos mais avanccedilados
As tendecircncias multinacionais como analisa Oliveira (2012) ao mesmo
tempo em que preconizam a defesa de poliacuteticas focadas na geraccedilatildeo do trabalho (o
trabalho aqui entendido dentro do sistema capitalista portanto emprego formalizado
ou informal) que estimulassem a empregabilidade defendiam as flexibilizaccedilotildees das
leis regulatoacuterias que normatizam as leis do trabalho No caso brasileiro ―a poliacutetica de
emprego estaacute intrinsecamente relacionada agrave fraacutegil concepccedilatildeo de Welfare State e agrave
25
posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho reforccedilando um
crescimento subordinado e dependente do capital estrangeiro [] (OLIVEIRA
2012 p 494)
No Brasil as poliacuteticas de emprego estavam relacionadas agrave concepccedilatildeo de
submissatildeo das leis trabalhistas agraves estruturas e poliacuteticas macroeconocircmicas e apenas
eram direcionadas nesse sentido aos trabalhadores empregados sendo que natildeo
haviam poliacuteticas voltadas aos trabalhadores excluiacutedos do processo de produccedilatildeo
formalizado ateacute meados do final da deacutecada de 1980 No entanto como segue
Oliveira (2012)
[] as mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo do trabalho em consonacircncia com as poliacuteticas macroeconocircmicas de estabilizaccedilatildeo econocircmica imposta pelo FMI e demais organismos multilaterais delimitam a intervenccedilatildeo do Estado provocando um acirramento na questatildeo social em suas variadas expressotildees Eacute sob esta perspectiva que as poliacuteticas de emprego passam a ser implementadas no governo FHC Ou seja poliacuteticas que possam combater a crise do emprego e consequentemente a fome e a miseacuteria mas com recursos reduzidos e com ecircnfase na individualizaccedilatildeo do problema reforccedilando a histoacuterica intervenccedilatildeo residual do Estado brasileiro na questatildeo social (OLIVEIRA 2012 p 499)
No periacuteodo FHC assinalado por Oliveira (2012) foram criados vaacuterios
dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador Um dos mais importantes instrumentos foi o
seguro-desemprego que sofreu alteraccedilotildees em 1994 ampliando
[] o tempo de indenizaccedilatildeo Nesse periacuteodo o desemprego apresentava nuacutemeros elevados chegando a atingir de acordo com o IBGE em torno de 17 da PEA A renda meacutedia do trabalhador apresentou queda pelo sexto ano consecutivo atingindo em 2003 uma reduccedilatildeo de 129 (OLIVEIRA 2012 p 500)
Na primeira deacutecada do seacuteculo XXI o desemprego mantinha a taxa de 96 e
a informalidade atingia 60 dos trabalhadores ocupados como nos mostra Pastore
(2006)
11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO
Como jaacute mencionado as alteraccedilotildees no mundo do trabalho ocasionadas
pela reestruturaccedilatildeo produtiva concorreram para o aumento do desemprego
estrutural culminando em consequecircncias macroestruturais no seio da economia
26
mundial Retrato disso eacute o fenocircmeno denominado de informalidade esta vista como
um traccedilo marcante nos paiacuteses subdesenvolvidos ou em desenvolvimento
assinalado por Matsuo (2009) e Antunes (2011) Estes autores nos apontam os
variados modos de informalidade que constituem estrateacutegias de enfrentamento agraves
especificidades econocircmicas diferenciadas no tempo e no espaccedilo por serem
construiacutedas a partir de necessidades especiacuteficas territoriais Matsuo (2009) afirma
que estas estrateacutegias informais correspondem de um lado o trabalhador informal
adequando-se a economia de mercado e ―significa um traccedilo constitutivo e crescente
da acumulaccedilatildeo de capital dos nossos dias (ANTUNES 2011 p 4) eou de outro o
setor informal representa a exclusatildeo desses trabalhadores do sistema dinacircmico da
economia Dessa forma segue a autora no sentido de combinaccedilatildeo das duas
possibilidades
[] os trabalhadores marginalizados na economia informal procuram se articular com os setores dinacircmicos da economia e integrar a cadeia no circuito de acumulaccedilatildeo capitalista dependendo das oportunidades que surgem Por outro lado a economia informal nos apresenta setores que estatildeo a reboque da formal e que passam a ser marginais por estarem deslocadas do desenvolvimento econocircmico (MATSUO 2009 p 21)
Os setores informal e formal segundo Souza (2010) coexistem e se
estabelecem como uma fragmentaccedilatildeo da estrutura ocupacional Essa fragmentaccedilatildeo
no entanto deveria ser acompanhada de poliacuteticas puacuteblicas que observassem o setor
informal para a melhoria da sua capacidade de ganho (idem p 4) Essa anaacutelise parte
do pressuposto de que o capitalismo triunfante natildeo foi capaz de absorver a maioria
dos trabalhadores levando-os a concorrer sob a proacutepria sorte e sob a eacutegide da
inadaptaccedilatildeo da desvantagem e da exclusatildeo dos benefiacutecios desse capitalismo Para
esse autor
[] os estudos promovidos pela CEPAL e pelo PREALC defenderam a ideacuteia de uma heterogeneidade estrutural persistente na qual coexistiriam os setores moderno e arcaico Este uacuteltimo tiacutepico da economia informal refletiria o excedente de matildeo-de-obra que luta por sobrevivecircncia assumindo um caraacuteter estrutural e supeacuterfluo As poliacuteticas puacuteblicas deveriam contribuir para a elevaccedilatildeo da renda na economia informal atuando de forma compensatoacuteria (SOUZA 2010 p 4)
Sachs (2007) ao analisar a economia de mercado a partir das
reestruturaccedilotildees capitalistas nos paiacuteses subdesenvolvidos identifica os setores
sociais marginalizados dentro do processo produtivo assim como o sentido
27
excludente e endecircmico resultante da maciccedila exploraccedilatildeo pelos paiacuteses de economias
centrais O autor identifica o cenaacuterio e as transformaccedilotildees no mercado de trabalho
por conta dos processos de dominaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo da economia
No lugar do desaparecimento tradicional por meio da transferecircncia progressiva do excedente de sua matildeo-de-obra para o setor moderno assistimos a expulsatildeo das sobras dos trabalhadores do setor moderno para setores da economia informal de fundos de quintal ou nitidamente ilegal e ateacute a sua marginalizaccedilatildeo pura e simples fadados agrave afliccedilatildeo da ociosidade forccedilada condenados a situaccedilatildeo de assistidos para alguns do berccedilo ao tuacutemulo (SACHS 2007 p 254)
Antunes (2011) subdivide a informalidade em trecircs modalidades de
trabalhadores alocados a economia submersa a) trabalhadores informais
tradicionais b) trabalhadores informais assalariados sem registro c) trabalhadores
informais por conta proacutepria Essas trecircs categorias tambeacutem satildeo compreendidas nas
anaacutelises de Matsuo (2009) a qual define a informalidade em duas grandes
categorias ―velha informalidade (trabalhadores tradicionais) e a ―nova
informalidade (terceirizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo temporizaccedilatildeo) No entanto haacute algumas
―[] denominaccedilotildees atribuiacutedas a atividades praticadas nesse campo desemprego
disfarccedilado subemprego atividade clandestina iliacutecita natildeo estruturada etc
(SANTOS MACIEL e SATO 2014 p 330) que estatildeo presentes em todos os setores
da economia tanto no setor primaacuterio no secundaacuterio como no terciaacuterio como
apontam esses autores
De outra forma como aponta o estudo realizado em 2002 pelo Observatoacuterio
do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) haacute dois tipos
de mercado de trabalho que atuam concomitantemente
a) um setor formal cujo funcionamento das atividades foi definido como tendo barreiras agrave entrada com recursos externos sistema de propriedade impessoal operando em mercados amplos e protegidos por cotas e tarifas grande escala de produccedilatildeo processos produtivos de tecnologia moderna e intensivos em capital e matildeo-de-obra qualificada e b) um setor informal definido pela inexistecircncia de barreiras agrave entrada aporte de recursos de origem domeacutestica propriedade individual operando em pequena escala processos produtivos intensivos em trabalho atuando em mercados competitivos e natildeo regulados (MTE 2002 p 3)
O fato eacute que o crescimento da informalidade no caso brasileiro revelava
aleacutem da fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria a violaccedilatildeo agraves leis trabalhistas a
28
precarizaccedilatildeo do trabalho e a desqualificaccedilatildeo do trabalhador frente agraves novas
tecnologias e restriccedilotildees agrave sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal
Revelando o contraste entre os dois setores conforme as anaacutelises de
Meneguin e Bugarin (2008) em 2004 o trabalhador formalizado obteve uma
remuneraccedilatildeo de 623 superior em relaccedilatildeo ao trabalhador atuante na economia
submersa (CATANI 1985)
Alguns estudos realizados que apontam a informalidade no Brasil remontam
a deacutecada de 1990 Dessa forma a pesquisa Economia Informal Urbana (ECINF)
feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia a Estatiacutestica (IBGE) considerou a
―Organizaccedilatildeo e o Funcionamento da Unidade Econocircmica como uma caracteriacutestica
capaz de balizar os estudos sobre a informalidade Da mesma forma procurou
identificar e correlacionar as atividades informais identificando os
proprietaacuterios de negoacutecios informais trabalhadores por conta proacutepria e pequenos empregadores com 10 anos ou mais de idade ocupados em atividades natildeo-agriacutecolas e moradores em aacutereas urbanas nos domiciacutelios em que moram e atraveacutes deles investigar as caracteriacutesticas de funcionamento das unidades produtivas (IBGE - BRASIL 2003 p 15)
Um dos objetivos do IBGE era de ―quantificar o potencial das atividades
econocircmicas exercidas na informalidade em gerar oportunidades de trabalho e
rendimentos aleacutem de captar informaccedilotildees que permitam conhecer o papel e a
dimensatildeo do setor informal na economia brasileira (IBGE- BRASIL 2003 p 13)
O aumento da informalidade pode estar associado ao aumento da taxa de
desemprego o qual exige das pessoas estrateacutegias e formas diferenciadas de
sobrevivecircncia ou seja uma nova relaccedilatildeo com o mercado de trabalho como mostra
Matsuo (2009) Nas anaacutelises de Santos (2008)
Ateacute 1995 a cada aumento na oferta de emprego formal correspondia uma reduccedilatildeo do iacutendice de trabalhadores na informalidade Poreacutem a loacutegica mudou e a tendecircncia mostra que a criaccedilatildeo de novos empregos com carteira assinada natildeo causa mais esse impacto A informalidade passou a ser um traccedilo caracteriacutestico do mercado de trabalho brasileiro [] (SANTOS 2008 p6)
Pastore (2006) numa anaacutelise sobre o quadro nacional de empregos jaacute
indicava esta perspectiva e avalia o impacto sobre a previdecircncia social desse
quantitativo pois esta porcentagem corresponde agraves pessoas que natildeo contribuem
para o setor previdenciaacuterio gerando enormes distorccedilotildees no setor
29
Perceberemos (TABELA 1) a gradativa reduccedilatildeo na taxa de informalidade
brasileira bem como a reduccedilatildeo em 2 na taxa de desemprego entre 2002 e 2008
como observam Barbosa Filho e Pessocirca (2011) Estes autores ainda alertam para
a as diferenccedilas marcantes na composiccedilatildeo da taxa de desemprego de regiatildeo para
regiatildeo sugerindo o percentual em torno de 6 em Belo Horizonte e Porto Alegre e
superior a 12em Recife e Salvador no ano de 2008 (BARBOSA FILHO PESSOcircA
2011 p 2)
TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL
ANO DESEMPREGO INFORMALIDADE
2002 91 436 2003 97 423 2004 89 425 2005 93 414 2006 84 407 2007 82 391 2008 71 381 2009 83 374 2012 55 34 2013 54 33 2014 43 322 Fev2015 5 325
FONTE BARBOSA FILHO e MOURA (2012) IPEA (20142015) No primeiro semestre de 2013 a informalidade atingiu a taxa de 332
segundo IPEA (2013) Notamos (TABELA 1) que as atividades informais entre 2002
e 2006 obtiveram uma retraccedilatildeo de 29 e entre 2006 e 2013 houve decliacutenio na
ordem de 75 na informalidade brasileira Portanto houve a reduccedilatildeo de 104 da
informalidade entre os anos de 2002 e 2013 Em 2014 o desemprego obteve uma
variaccedilatildeo de 07 pp em relaccedilatildeo agrave fevereiro de 2015 assim como a informalidade
teve um acreacutescimo de 03 pp (IPEA 2015)
A informalidade segundo Malaguti (2001) eacute um traccedilo caracteriacutestico no
mercado de trabalho brasileiro e abrange parte significativa de trabalhadores
exercendo atividades de forma precarizada e desprotegida o que leva a reduccedilatildeo
salarial ao aumento da carga horaacuteria de trabalho e a desvalorizaccedilatildeo do trabalho
como garantia de dignidade
30
12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A
CRIacuteTICA
O deslocamento forccedilado dos trabalhadores formais para praacuteticas informais
no mercado de trabalho resultante de um processo de mudanccedilas nas relaccedilotildees de
produccedilatildeo e trabalho levaram milhares de pessoas a improvisar formas diferenciadas
de suas atividades habituais por necessidade de sobrevivecircncia muitas vezes
compreendidas como formas inovadoras e empreendedoras dentro de uma nova
realidade socioeconocircmica imposta
As praacuteticas empreendedoras muitas vezes como aponta Barbosa (2007) e
Malaguti (2001) surgem como estrateacutegias de autogestatildeo do trabalho do tempo e do
espaccedilo fiacutesico por se apresentarem como uacutenicas alternativas no processo de
desregulamentaccedilatildeo do trabalho e assim as novas configuraccedilotildees do trabalho
resultaram do esvaziamento da poliacutetica abrindo caminho na substituiccedilatildeo do trabalho
empregatiacutecio para uma forma autocircnoma do empreendedorismo Nas palavras de
Barbosa (2007)
A quebra do assalariamento baseado em contratos advindos da concentraccedilatildeo Estado capital e sindicatos penaliza o trabalho amplia as margens de accedilatildeo do mercado e expotildee a fragilizaccedilatildeo da poliacutetica como dimensatildeo da vida social por isso a pergunta que se faz agora entatildeo eacute de que modo o empreendedorismo pode reinventar ou inovar o trabalho garantindo espaccedilo para a poliacutetica Quer dizer frente agrave escassez (volume) e precarizaccedilatildeo (qualidade) do trabalho ateacute que ponto o empreendedorismo expresso nas ideias e praacuteticas de geraccedilatildeo de renda produz efeitos positivos no sentido de minorar as accedilotildees do mercado e impactar o quadro de desigualdade social (BARBOSA 2007 p 3)
Para essa autora o trabalhador desempregado perde sua identidade
subjetiva compartilhada e o emprego formalizado deixa de ser referecircncia de renda
pois com a ―reversatildeo do assalariamento e a ampliaccedilatildeo do trabalho desprotegido
informal se impotildee como regressividade social na medida em que diminui o poder de
barganha dos trabalhadores jogados agrave sorte no mercado e aumenta a desigualdade
social (idem p 4)
Essa realidade socioeconocircmica como demonstra Barbosa (2007) conduz
os trabalhadores para as diversas formas desprotegidas de gerar renda e o que
significava precariedade de uma sobrevivecircncia urbanizada passa a ser considerada
como um conjunto de qualidades dos trabalhadores pobres com caracteriacutesticas de
31
autonomia empregatiacutecia empreendedora e criativa escondendo a condiccedilatildeo de
inseguranccedila social Como segue a autora
Pode-se dizer que como barotildees da raleacute os trabalhadores informais reaparecem na narrativa empreendedora como portadores de futuro avalizados pela experimentaccedilatildeo do risco cotidianamente Todavia contraditoriamente a ocupaccedilatildeo em si natildeo oferece nenhuma seguranccedila social enquanto promessa de futuro para os trabalhadores envolvidos e suas famiacutelias (BARBOSA 2007 p 7)
Dessa maneira segundo a autora a reversatildeo forccedilada do assalariamento
protegido para o ―auto-emprego constituiu um esvaziamento das forccedilas sociais que
possuem bases nas condicionantes do trabalho coletivizado do trabalho protegido
pelas leis de regulaccedilatildeo do mercado de trabalho Sendo assim o auto-emprego pode
ser compreendido como sendo balizado em expectativas de mercado onde sua
capacidade de competitividade em muitos casos fica muito aqueacutem das forccedilas que
regulam o mercado impondo-lhe limitaccedilotildees de expansatildeo e ―desprovidos de capital
o trabalho autocircnomo paradoxalmente depende da sub-remuneraccedilatildeo que se auto
impotildee e do estaacutegio de desenvolvimento de dada sociedade capitalista cuja
tendecircncia eacute estender sua racionalizaccedilatildeo a todos os setores da economia (SOUZA
2010 p 5)
A gama de trabalhadores sem carteira assinada autocircnomos contrasta pela
sua heterogeneidade dependendo da escolaridade dos ganhos reais aacuterea de
atuaccedilatildeo remuneraccedilatildeo geralmente com pouca qualificaccedilatildeo e atuantes na produccedilatildeo
de bens e serviccedilos conforme analisa Souza (2010)
Dentro dessa oacutetica em suas anaacutelises sobre a formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual (MEI) Sulzbach e Denardin (2012) relatam que ―com
a instituiccedilatildeo desta figura o Estado brasileiro auxilia na desregulamentaccedilatildeo do
mercado de trabalho capitalista regulamentando-a Nesse sentido seguem os
autores
Esta nova forma de desregulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho estabelece o individualismo que cria uma cultura empreendimentista assim chamada por Harvey apud Miqueluzzi (1998) aonde a classe trabalhadora vislumbra ser um trabalhador por conta proacutepria natildeo ser mais assalariado (SUZBACH DENARDIN 2011 p 10)
32
Para Malaguti (2001 p 88) a informalidade aparece como uma das uacutenicas
formas de sobrevivecircncia para milhares de brasileiros e esta eacute um ―recurso de uacuteltima
instacircncia (p 92)
As pequenas empresas que surgem em meio agrave informalidade superlativada
resultado de uma modernidade que natildeo superou os preceitos do
subdesenvolvimento ao contraacuterio expandiu a pobreza e as diferenccedilas sociais pela
concentraccedilatildeo de renda excessiva e a reestruturaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo
enfrentam condiccedilotildees humilhantes e ultrajantes na procura de espaccedilo para a
sobrevivecircncia Segundo Malaguti (2001 p 68) a informalidade ―natildeo eacute um celeiro de
pessoas ativas empreendedoras eneacutergicas mas sim o refuacutegio sem opccedilatildeo
As empresas constituiacutedas diante de uma economia informal analisadas por
Malaguti (2001) Sachs (2006) Antunes (2011) Barbosa (2007) Catani (1985)
reproduzem o trabalho precarizado sob a forma de baixa remuneraccedilatildeo jornadas
excessivas de trabalho condiccedilotildees muitas vezes insalubres e sem orientaccedilatildeo
teacutecnica de seguranccedila
33
2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHOBRASILEIRO DAS
ORIGENS AO MEI
Neste capiacutetulo pretendemos estabelecer uma breve aproximaccedilatildeo sobre o
conceito de poliacuteticas puacuteblicas que em nosso entendimento eacute fundamental para a
compreensatildeo do objeto de estudo que eacute a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual Ainda neste toacutepico apresentaremos algumas das
principais poliacuteticas puacuteblicas sobre emprego no periacuteodo republicano brasileiro
21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
A Poliacutetica Puacuteblica eacute caracterizada como a posiccedilatildeo do ―Governo em accedilatildeo
assim definida por (SOUZA 2006) e ao mesmo tempo ―o Estado implantando um
projeto de governo atraveacutes de programas de accedilotildees voltadas para setores
especiacuteficos da sociedade(HOumlFLING 2001 p 31) ou mesmo a intervenccedilatildeo do
Estado em problemas e finalidades especiacuteficas
Podemos salientar que definiccedilotildees sobre o tema podem incidir em conceitos
significativamente diferentes pois como nos aponta Souza (2006) natildeo haacute uma
definiccedilatildeo singular para o termo Poliacutetica Puacuteblica diferentemente de outras aacutereas do
conhecimento tradicionalmente constituiacutedas como eacute o caso da Sociologia da
Economia ou da Psicologia a exemplos
Para Souza (2006) tal termo implica num conjunto de accedilotildeesprocessos que
permitem a dissociaccedilatildeo e separaccedilatildeo em fases de poliacuteticas ou ciclo de poliacutetica
puacuteblica pois no processo de estabilizaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica pode ocorrer
disparidades nas etapas de transcurso tanto na formulaccedilatildeo na implementaccedilatildeo
como na avaliaccedilatildeo da PP A partir de suas anaacutelises a autora nos apresenta algumas
definiccedilotildees sobre o tema
Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da poliacutetica que analisa o governo agrave luz de grandes questotildees puacuteblicas e Lynn (1980) como um conjunto de accedilotildees do governo que iratildeo produzir efeitos especiacuteficos Peters (1986) segue o mesmo veio poliacutetica puacuteblica eacute a soma das atividades dos governos que agem diretamente ou atraveacutes de delegaccedilatildeo e que influenciam a vida dos cidadatildeos Dye (1984) sintetiza a definiccedilatildeo de poliacutetica puacuteblica como ―o que o governo escolhe fazer ou natildeo fazer A definiccedilatildeo mais conhecida continua sendo a de Laswell ou seja decisotildees e anaacutelises sobre poliacutetica puacuteblica implicam responder agraves seguintes questotildees quem ganha o quecirc por quecirc e que diferenccedila faz (SOUZA 2006 p24)
34
O estudo do campo da Poliacutetica Puacuteblica estaacute direcionado agraves anaacutelises e
interpretaccedilotildees de interesses vantagens desvantagens ganhos e perdas dos grupos
e atores envolvidos no processo de construccedilatildeo da PP de forma direta ou indireta
desde a construccedilatildeo da agenda da formulaccedilatildeo do processo decisoacuterio da
implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo ateacute o puacuteblico alvo ao qual se originou a poliacutetica puacuteblica
Para Frey (2000) a Poliacutetica Puacuteblica constitui um campo da Ciecircncia Poliacutetica e
poderemos analisaacute-la sob trecircs perspectivas 1) o sistema poliacutetico no qual identifica e
avalia a accedilatildeo do governo e do Estado como promotores de felicidade de seus
cidadatildeos 2) o elemento poliacutetico representado pelas relaccedilotildees de forccedila e interesses
entre atores envolvidos no processo decisoacuterio 3) processo de avaliaccedilatildeo do sistema
poliacutetico no que concernem suas accedilotildees e estrateacutegias escolhidas para resolver
problemas especiacuteficos
Historicamente como aponta Frey (2000) o estudo sobre este campo da
Ciecircncia Poliacutetica nos Estados Unidos teve iniacutecio na deacutecada de 1950 Ao passo que
na Europa esta preocupaccedilatildeo comeccedilou a partir de 1970 com a ascensatildeo da social
democracia na Alemanha que estabeleceu poliacuteticas setoriais localizadas e
pontuais passiacuteveis de serem analisadas No caso brasileiro o interesse pelo
assunto eacute muito recente e conferiu ―ecircnfase ou agrave anaacutelise das estruturas e instituiccedilotildees
ou agrave caracterizaccedilatildeo dos processos de negociaccedilatildeo das poliacuteticas setoriais
especiacuteficas (p 214)
As poliacuteticas puacuteblicas desenvolvidas no plano da percepccedilatildeoaccedilatildeo pelo
Estado para a intervenccedilatildeo no mercado de trabalho satildeo constituiacutedas por Poliacuteticas
Ativas e Poliacuteticas Passivas (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA
2006) No Brasil elas estatildeo presentes concomitantemente no sistema puacuteblico de
emprego e ―existem para corrigir falhas de mercado relacionadas agrave restriccedilatildeo de
creacutedito assimetrias de informaccedilatildeo ou problemas de intermediaccedilatildeo de matildeo - de
obra (MACHADO E NETTO 2011 p 2) bem como promover a geraccedilatildeo de
emprego e renda e equacionar determinadas disfunccedilotildees no mercado de trabalho
Nas palavras de Chahad (2006)
Esta intervenccedilatildeo materializa-se por meio da oferta de serviccedilos baacutesicos como concessatildeo de creacutedito aos desempregados e trabalhadores autocircnomos melhoria da qualidade da matildeo-de-obra por meio do treinamento e da recolocaccedilatildeo do desempregado utilizando a intermediaccedilatildeo da matildeo-de-obra Essas poliacuteticas ativas que associando-se ao seguro-desemprego e a outras formas de assistecircncia aos desempregados atuam no sentido de
35
promover a geraccedilatildeo de emprego elevar o niacutevel de rendimentos e garantir melhor bem-estar aos trabalhadores em geral (CHAHAD 2006 p 1)
As Poliacuteticas Ativas tecircm a finalidade de facilitar o Acesso em ao mercado de
trabalho e aumentar o niacutevel de salaacuterios dos trabalhadores que apresentam
dificuldades de inserccedilatildeo nesse mercado criar frentes de trabalho oferecer
incentivos agraves micro e pequenas empresas aleacutem de possuir ―[] instrumentos para
criaccedilatildeo direta e indireta de emprego tanto no mercado formal de trabalho quanto no
setor informal contribuem para aumentar a ―empregabilidade do trabalhador
facilitando seu reemprego auxilia na reduccedilatildeo dos niacuteveis de pobreza (CHAHAD
2006 p 5 - 6) Essa forma de poliacutetica seraacute analisada mais adiante quando nos
referirmos agrave formalizaccedilatildeo do Microemprendedor individual sob a Lei Complementar
12808
No caso das Poliacuteticas passivas o objetivo eacute assegurar o miacutenimo de renda
consumo satisfaccedilatildeo para as pessoas excluiacutedas temporariamente ou natildeo do
processo produtivo do mercado de trabalho O dispositivo mais conhecido eacute o
Seguro-desemprego3 (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA 2006)
Para Oliveira (2012) jaacute mencionada anteriormente a poliacutetica de emprego
consiste numa representaccedilatildeo reduzida do ponto de vista do Estado do Bem Estar
Social e agrave ―posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho (idem p
494) o que resulta num quadro nacional do capitalismo dependente Veremos que
no primeiro momento do periacuteodo Republicano natildeo haacute a construccedilatildeo de um projeto de
poliacuteticas que coadunassem poliacuteticas ativas e poliacuteticas passivas Observamos nesse
sentido que o complexo de poliacuteticas ativas deixa claro o forte posicionamento ao
desenvolvimento econocircmico e dessa forma compreendemos que as ―principais
medidas de proteccedilatildeo ao trabalhador no Brasil foram no sentido de controlar a forccedila
de trabalho com a inserccedilatildeo de marcos regulatoacuterios corporativos e restritos a
pequenos grupos (OLIVEIRA 2012 p 495) Como salienta essa autora a privaccedilatildeo
de poliacuteticas passivas de atenccedilatildeo ao trabalhador tanto na Primeira Repuacuteblica como
no periacuteodo Vargas dilatou o quadro de pobreza brasileiro e criou um excedente de
matildeo de obra abrindo caminho para a subsistecircncia fora do setor formal
3 O Seguro desemprego eacute um benefiacutecio que oferece auxiacutelio em dinheiro por um periacuteodo determinado
pago ao trabalhador formal e domeacutestico em virtude da dispensa sem justa causa inclusive dispensa indireta trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso em virtude de participaccedilatildeo em curso de qualificaccedilatildeo fornecido pelo empregador pescador profissional durante o periacuteodo de defeso e trabalhador resgatado da condiccedilatildeo semelhante agrave de escravo (lthttpsgoogleX5hIw)
36
Para Fernandes (1975) Oliveira (1984) Machado (1999) Furtado (1978) e
Galeano (2010) o desenvolvimento latino-americano foi marcado pela incapacidade
de acompanhar a evoluccedilatildeo do capitalismo e das contradiccedilotildees e relaccedilotildees
antagocircnicas internas entre as capacidades produtivas e a correspondecircncia social
resultando no baixo desempenho econocircmico no mercado internacional dos paiacuteses
―subdesenvolvidos inseridos no sistema neocolonial o que permitiu a histoacuterica
dominaccedilatildeo e espoliaccedilatildeo territorial Para estes autores processo de dominaccedilatildeo foi
construiacutedo historicamente iniciado com o advento da ―Invasatildeo ou Conquista do
continente americano pela Espanha e Portugal As relaccedilotildees de poder produzidas
entre economias centrais e sateacutelites marcaram a crescente dependecircncia econocircmica
das uacuteltimas em relaccedilatildeo agraves primeiras sendo que o capitalismo latino americano se
tornou dependente na medida em que as bases relacionais foram pela via do
―endividamento externo e maior submissatildeo ao capital foracircneo (MACHADO 1999 p
200)
211 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento
Abaixo (QUADRO1) apresentamos algumas das principais poliacuteticas de
emprego desenvolvidas pelo Estado brasileiro anterior ao Regime Militar que se
estabeleceu em 1964
QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A
1964
Continua
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1919 Lei sobre acidentes de trabalho nordm 3724 de 15 janeiro de 1919
Responsabiliza empregadores pela indenizaccedilatildeo
Regulamentaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho Criaccedilatildeo do Aviso Preacutevio proibiccedilotildees de salaacuterios atrasados pagamentos de
horas extras natildeo salariais proibiccedilatildeo de trabalho para menores de quatorze anos
e estabilidade de emprego para ferroviaacuterios e portuaacuterios
1925 Decreto4982 de 24 de dezembro de 1925 ndash Lei de feacuterias
Concede 15 dias anuais de feacuterias para empregados
1926 Dec 5083 de 01 de dezembro de 1926 Coacutedigo do menor
Regulamentaccedilatildeo do trabalho de menores dentre outras providecircncias
1930 CriaccedilatildeodoMinisteacuterio do Trabalho Comeacutercio e induacutestria
Interferir sistematicamente no conflito entre capital e trabalho Estabeleceu
jornada de 8 horas e proibiccedilatildeo do trabalho infantil e noturno
1942 ServiccediloNacionaldeAprendizagemIndustrial (SENAI) - Dec Fed 4048 de 22 de janeiro de 1942
Formaccedilatildeo profissional para a insipiente induacutestria de base
37
QUADRO 1 - POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A
1964
Concluatildeo
FONTE OLIVEIRA (2012) MTE SENAI SENAC CPDOC SENADO FEDERAL
Com um desenvolvimento industrial ainda modesto e insipiente no primeiro
momento da Repuacuteblica do Brasil como analisa Cotrin (1999) a base econocircmica
brasileira estava atrelada ao campo pois segundo esse autor em 1920 697 das
pessoas ativas desenvolviam atividades na agricultura 138 na induacutestria e o setor
de serviccedilos abarcava 165 das pessoas ativas (COTRIN 1999 p 268)
Mesmo com uma sociedade predominantemente agraacuteria as poliacuteticas
puacuteblicas de emprego demonstradas acima atingiam apenas os trabalhadores
urbanos que representavam cerca de 30 dos trabalhadores brasileirosAs
condiccedilotildees de trabalho desse operariado na Primeira Repuacuteblica brasileira eram
excessivamente precaacuterias o que provocavam vaacuterios acidentes de trabalho somem-
se a isso os baixos salaacuterios pagos a natildeo existecircncia de salaacuterio miacutenimo sem direito a
feacuterias ou pagamento de horas extras carga horaacuteria excessiva de trabalho que
atingia como aponta Cotrin (1999) 15 horas diaacuterias de trabalho de segunda a
saacutebado e sem direito a qualquer forma de indenizaccedilatildeo ou aviso preacutevio o
trabalhador poderia ser demitido arbitrariamente (p 275) Como demonstra o autor
[] as instalaccedilotildees das faacutebricas eram geralmente precaacuterias Nos galpotildees de serviccedilo natildeo havia espaccedilo adequado para o trabalho o ambiente era mal iluminado quente e sem ventilaccedilatildeo Tudo isso favorecia a ocorrecircncia de acidentes de trabalho cujas as principais viacutetimas eram as crianccedilas (COTRIN 1999 p 274)
Diante do quadro que se encontrava o trabalhador brasileiro nesse periacuteodo
surgiram vaacuterios protestos reivindicatoacuterios para melhorias nas condiccedilotildees de trabalho
sendo importantes na contribuiccedilatildeo para o aparecimento dos primeiros sindicatos e
entidades ligadas ao operariado
Dessa maneira como aponta Fausto (1995) foi no curso das greves
ocorridas entre os anos de 1917 e 1920 que surgiram as primeiras possibilidades de
aprovaccedilatildeo legislativa de direitos aos trabalhadores Algumas medidas foram
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1946 Serviccedilo nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)
Voltado para o setor de comeacutercio produccedilatildeo de bens e serviccedilo e turismo
1943 Consolidaccedilatildeo das leis trabalhistas (CLT) (lei nordm 5452 de 1ordm maio de
1943)
Art 1ordm - Esta Consolidaccedilatildeo institui as normas que regulam as relaccedilotildees individuais e coletivas de
trabalho nela previstas
38
colocadas em um projeto denominado Coacutedigo de trabalho mas sofreram pesadas
criticas pelo empresariado sendo igualmente vetadas pelos congressistas Apenas
a Lei nordm 37241919 que dispunha sobre as regras resultantes de acidentes de
trabalho como indenizaccedilotildees e responsabilidades do empregador foi aprovada
Ainda assim duas leis importantes foram produzidas na segunda metade dos anos 20 a Lei de feacuterias (1925) e a Lei de Regulamentaccedilatildeo do Trabalho de menores (192627) A primeira visava a obrigar os empresaacuterios a conceder 15 dias de feacuterias a seus empregados sem prejuiacutezo do ordenadomas foi sistematicamente desrespeitada Jaacute o Coacutedigo do Menor estipulava a maioridade a partir dos 18 anos e propunha uma jornada de trabalho de seis horas (CPDOC ndash Centro de Pesquisas e documentaccedilatildeo de Histoacuteria Contemporacircnea do Brasil)
Jaacute na deacutecada de 1930 o Estado Getulista procurou estabelecer regulaccedilatildeo e
regulamentaccedilatildeo para a questatildeo trabalhista Neste periacuteodo foi criado o Ministeacuterio do
Trabalho Comeacutercio e Induacutestria como forma de atenccedilatildeo mais sistemaacutetica ao
trabalhador como aponta Oliveira (2012) A regulaccedilatildeo tinha como objetivo
interferecircncia do estado junto aos sindicatos e organizaccedilotildees trabalhistas sobre
maneira nas de inclinaccedilotildees marxistas apoiadas por partidos de esquerda o que
limitava accedilotildees no campo poliacutetico e conflitos de classes dificultando a organizaccedilatildeo
da classe trabalhadora Dessa forma como observam Fausto (1995) e Oliveira
(2012) a centralizaccedilatildeo estatal mantinha sobre forte domiacutenio a questatildeo do ―princiacutepio
da unidade sindical ou seja do reconhecimento do Estado de um uacutenico sindicato
por categoria profissional (FAUSTO1995 p 335) Segundo Oliveira (2012) o
governo centralizador e interventor de Vargas tinha a intenccedilatildeo de estabelecer a
harmonia entre as classes diluiacutedas pela inquietaccedilatildeo social e promover a adequaccedilatildeo
trabalhocapital o que levaria a acumulaccedilatildeo capitalista Consideremos que em
1920 a produccedilatildeo agriacutecola representava 79 do total produzido no paiacutes e a
induacutestria 21 em 1940 a agricultura era responsaacutevel por 57 da produccedilatildeo e a
induacutestria 43 o que denota um aumento significativo do setor industrial (FAUSTO
1995 p 392)
Na avaliaccedilatildeo de Fausto (1995 p 336) ―a poliacutetica trabalhista do Governo
Vargas constituiu um niacutetido exemplo de uma ampla iniciativa que natildeo derivou das
pressotildees de uma classe social e sim da accedilatildeo do Estado As medidas regulatoacuterias
de Vargas tinham um propoacutesito central aumentar a capacidade de produccedilatildeo
industrial nas aacutereas urbanas e para tanto havia a necessidade de prevenir a
instabilidade social e mediar as relaccedilotildees entre a classe trabalhadora e o patronato
39
Assim para normatizar as relaccedilotildees de trabalho individuais e coletivas bem
como as regulamentaccedilotildees sobre essas relaccedilotildees em 1943 foi instituiacuteda a
Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT) sob o Dec Lei nordm 5452 de 151943
Nesse periacuteodo ficou evidente a forte regulaccedilatildeo das forccedilas de trabalho
subordinadas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas de desenvolvimento e acumulaccedilatildeo de
capital A partir das deacutecadas de 197080 as poliacuteticas de emprego comeccedilaram a
ganhar destaque e porte sendo criado o Sistema Puacuteblico de Emprego ainda como
um sistema de pouca prospecccedilatildeo que atingia exclusivamente o mercado formal de
trabalho (MACHADO e NETO 2011)
212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar
O iniacutecio do regime militar foi marcado por uma seacuterie de mudanccedilas que
incidiram sobre a poliacutetica de emprego no Brasil Essas medidas tornaram-se
coercitivas em funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do governo militar em expandir o complexo
industrial e tecnoloacutegico (OLIVEIRA 2012) No entanto foi somente a partir da
deacutecada de 1970 no regime militar que comeccedilam a serem implementadas poliacuteticas
passivas ainda modestas de atendimento aos trabalhadores natildeo somente
formalizados mas algumas categorias de trabalhadores que se encontravam fora do
mercado de trabalho Uma das Poliacuteticas de Emprego de maior visibilidade foi a
criaccedilatildeo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) (Lei 5107 de
13set1966) orientado hoje pela Lei 8036 de 11maio1990 e tem como objetivo
dar auxiacutelio ao trabalhador dispensado do serviccedilo sem justa causa e garantir uma
renda para a subsistecircncia ateacute conseguir novo emprego Para Oliveira (2012) a
criaccedilatildeo do FGTS substitui a estabilidade de emprego contida na CLT pela
poupanccedila compulsoacuteria Abaixo (QUADRO 2) estatildeo algumas das Poliacuteticas de
Emprego desenvolvidas durante o regime militar que se instalou no Brasil em 1964
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASILDURANTE O REGIME MILITAR
continua
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1964 Lei Anti-greve4330 de 161964
Regula o direito de greve na forma do art 158 da Constituiccedilatildeo Federal de 1946
40
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL DURANTE O REGIME MILITAR
conclusatildeo
ANO POLIacuteTICA DEFINICcedilAtildeO
1965 Sobre os dissiacutedios coletivos entre categorias profissionais e econocircmicas (lei 4725 de
13765)
Estabelece normas para o processo dos dissiacutedios coletivos e daacute outras
providecircncias (Poliacutetica de contenccedilatildeo salarial)
1966 Criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) ndash Dec lei nordm 72 de 21111966
Unifica os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees
1966 Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo Lei 5107 de 13091966 ndash revogado o seu original em 1989 e posteriormente em 1990 pela Lei
8036 de 11051990
Dispotildee sobre o Fundo de garantia por Tempo de Serviccedilo
1970 Criaccedilatildeo do Programa de integraccedilatildeo Social (Lei Complementar 07 de 791970)
Art 1ordm [] destinado a promover a integraccedilatildeo do empregado na vida e no
desenvolvimento das empresas
1970 Criaccedilatildeo do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash LC
nordm 08 de 03121970
Institui o Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico
1971 Programa de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (PRORURAL) LC n 11 de 25051971
Poliacutetica de assistecircncia ao trabalhador rural
1973 Dec lei 71885 de 931973 Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico
Art 1ordm Satildeo assegurados aos empregados domeacutesticos os benefiacutecios e serviccedilos da Lei
Orgacircnica da Previdecircncia Social
1974 Criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS )Lei 6036 de
1051974
Atribuiccedilotildees diferentes do Ministeacuterio do Trabalho
11974
Lei Ordinaacuteria 6136 de 7111974 Define o salaacuterio maternidade e outros benefiacutecios a serem pagos aos
trabalhadores (na praacutetica somente aos trabalhadores formalizados)
11974
Lei n 6179 de 11121974 Art 1ordm Institui amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e para invaacutelidos definitivamente incapacitados
para o trabalho que natildeo exerccedilam atividades remuneradas []
11974
Lei n 6195 de 19121974 Extensatildeo aos trabalhadores rurais a concessatildeo de seguro por acidente do
trabalho
11974
Lei nordm 6019 de 03011974 Dispotildee sobre o Trabalho Temporaacuterio nas Empresas Urbanas - atendimento do
empresariado na substituiccedilatildeo de forccedila de trabalho ndash (OLIVEIRA 2012)
11975
Criaccedilatildeo do Sistema Puacuteblico de Emprego Conjunto de poliacuteticas ativas e passivas no mercado de trabalho
11975
Cria o Sistema Nacional de Emprego (SINE) Dec nordm 76403 de 08101975
Linhas de accedilatildeo organizar um sistema de informaccedilotildees e pesquisas sobre
o mercado de trabalho informar agraves empresas sobre a forccedila de trabalho
disponiacutevel (OLIVEIRA 2012)
FONTE OLIVEIRA (2012)wwwplanaltogovbr Instituo de Desenvolvimento do Trabalho
(IDT)CHAHAD (2006)
A centralidade econocircmica administrativa e poliacutetica que se iniciou no Brasil
apoacutes a implantaccedilatildeo do regime militar em 1964 culminou com a forte presenccedila do
41
Estado na sociedade e na economia e numa seacuterie de propostas de desenvolvimento
econocircmico colocadas nos Plano Nacional de Desenvolvimento l (1971 ndash 1974) e no
Plano Nacional de Desenvolvimento ll (1975 ndash 1979) (PND)
Neste momento da histoacuteria o Estado brasileiro inicia um processo de
enrijecimento atraveacutes da militarizaccedilatildeo poliacutetica administrativa e econocircmica do paiacutes
que avanccedilou para os setores da sociedade atingindo a classe trabalhadora Dentro
desse contexto foi decretado o impedimento agrave greve atraveacutes da Lei 433064 (Lei
Anti-greve) No ano seguinte foram instituiacutedas normas para o processo dos dissiacutedios
coletivos pela Lei nordm 472565 Tais medidas alertavam para o teor coercitivo do
governo militar e da sua proposta de crescimento econocircmico que penalizava a
classe trabalhadora do paiacutes
Na mesma medida em que manifestava sua posiccedilatildeo coercitiva e de controle
sobre as relaccedilotildees de trabalho o governo militar dava iniacutecio a propostas dos
trabalhadores como forma de compensaccedilatildeo pela falta de liberdade Em 1966 foi
criado o Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) o qual unificou os Institutos
de Aposentadorias e Pensotildees sob o Dec Lei nordm 7266 amparado pelo Ato
Institucional nordm 2 de 27111965 Em 1970 foram criados o Programa de Integraccedilatildeo
Social (PIS) sob a Lei nordm 071970 com o propoacutesito de ―[] promover a integraccedilatildeo do
empregado na vida e no desenvolvimento das empresas (art 1ordm) e o Programa de
Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash sob a Lei Complementar nordm
0870 Em 1971 a poliacutetica de trabalho passa a ser voltada ao meio rural por meio da
constituiccedilatildeo do Programa de Assistecircncia ao trabalhador Rural (PRORURAL) sob a
Lei Complementar 2571 Esta poliacutetica tinha o objetivo de dar assistecircncia ao
trabalhador rural que ateacute entatildeo natildeo possuiacutea benefiacutecios na legislaccedilatildeo trabalhista
Segundo Oliveira (2012)
Essa foi a primeira legislaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de um sistema previdenciaacuterio que beneficiasse os trabalhadores rurais benefiacutecio ampliados agraves empregadas domeacutesticas e em 1973 aos trabalhadores autocircnomos Essa inclusatildeo tardia dos trabalhadores rurais domeacutesticos e autocircnomos evidencia a poliacutetica trabalhista corporativa e excludente do Brasil e denota a ausecircncia de um sistema de garantias sociais para o conjunto da classe trabalhadora e dos trabalhadores fora do mercado de trabalho (OLIVEIRA 2012 p 497)
Em 1973 os empregados domeacutesticos passam a gozar dos benefiacutecios
instituiacutedos pela Lei orgacircnica da Previdecircncia Social amparados pelo Dec Lei
7188573 Em 1974 com o objetivo de ampliar a atenccedilatildeo ao trabalhador eacute criado o
42
Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) sob a Lei 603674 Outros
dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador foram criados como o Salaacuterio Maternidade
(Lei 613674) e o ―amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e
para invaacutelidos definitivamente incapacitados para o trabalho que natildeo exerccedilam
atividades remuneradas [] (Lei 617964 art 1ordm) No ano de 1975 ―sob a eacutegide da
Convenccedilatildeo nordm 88 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que orienta cada
paiacutes-membro a manter um serviccedilo puacuteblico e gratuito de emprego para a melhor
organizaccedilatildeo do mercado de trabalho (MTPS site) foi elaborado o Sistema Nacional
de Emprego (SINE)
Ao observarmos o quadro acima percebemos que as poliacuteticas de emprego
estabelecidas no regime militar eram Poliacuteticas Ativas e voltadas aos trabalhadores
formalizados excluindo dessas poliacuteticas quase em sua totalidade as categorias natildeo
formalizadas de trabalhadores brasileiros
Somente a partir da deacutecada de 1980 final do regime militar comeccedilam a
surgir mudanccedilas significativas sobre poliacuteticas puacuteblicas passivas de emprego no
Brasil Nas palavras de Oliveira (2012)
O esgotamento do regime militar e a crise econocircmica que se instaurou no paiacutes revelaram a precariedade das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira e reacendeu o debate por melhores serviccedilos de infraestrutura e de inclusatildeo nos programas sociais possibilitando a emergecircncia de movimentos sociais urbanos que clamavam por direitos sociais e pela redemocratizaccedilatildeo no paiacutes (OLIVEIRA 2012 p 498)
213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil
A partir da segunda metade da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990
as poliacuteticas marcadas pelo restabelecimento do governo democraacutetico brasileiro se
expandiram e foram criados vaacuterios programas destinados natildeo somente a dar
atenccedilatildeo ao trabalho formal mas tambeacutem ao setor informal da economia Com o
crescimento e demanda desse setor ficou evidente a necessidade de criaccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas direcionadas na possibilidade de equacionar distorccedilotildees entre os
setores formais e informais Para Machado e Neto (2011) os governos subnacionais
(estados e municiacutepios) foram importantes na medida de abertura do microcreacutedito
natildeo somente para o setor formal mas tambeacutem para os trabalhadores autocircnomos e
empreendimentos menores que absorviam boa parte dos trabalhadores ocupados
43
Observamos que os direitos dos trabalhadores se ampliam com a
promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (Constituiccedilatildeo Cidadatilde) estabelecidos
em seu art 7ordm com previsatildeo a ―melhoria de sua condiccedilatildeo social (BRASIL 1988
art 7ordm) No entanto como observa Oliveira (2012) natildeo havia ainda uma
preocupaccedilatildeo em formular poliacuteticas passivas de atendimento natildeo somente aos
trabalhadores formais mas tambeacutem aos desempregados subempregados e aos natildeo
formalizados que representavam parcela significativa no mercado de trabalho
brasileiro Dessa forma segue Oliveira (2012)
[] o paiacutes sempre conjugou poliacuteticas macroeconocircmicas com poliacuteticas assistencialistas limitando-se a introduzir marcos regulatoacuterios para algumas categorias profissionais sem contudo se debruccedilar na construccedilatildeo de uma poliacutetica de emprego passiva ou ativa que contemplasse a subsistecircncia ou a (re) inserccedilatildeo dos trabalhadores expulsos do mercado de trabalho (p 499)
Destacamos (QUADRO 3) as principais poliacuteticas criadas para garantir
direitos sociais de atenccedilatildeo aos trabalhadores sob a promoccedilatildeo de poliacuteticas passivas
para mercado de trabalho
QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
continua ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
1986 Lei nordm 2283 de 27021986 ndash cria o Seguro Desemprego
Dispotildee sobre a instituiccedilatildeo [] do Seguro desemprego e daacute outras providecircncias
1988 Art XIII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo das horas trabalhadas que passa de 48 horas para
44 horas semanais
1990 Lei nordm 7998 de 11011990 Regula o Programa do Seguro-Desemprego o Abono Salarial institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)
financiado com recursos advindos do PIS e do PASEP
1994 Resoluccedilatildeo CODEFAT nordm 59 de 250394 ndash autoriza alocar recursos do FAT para o Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e
Renda (PROGER)
Eacute uma poliacutetica puacuteblica de emprego que se faz mediante concessatildeo de creacutedito
financeiro Tem por objetivo proporcionar linhas especiais de creacutedito em atividades
produtivas [] (MTPS)
1996
Resoluccedilatildeo 126 de 23101996 (CODEFAT) Criacatildeo do Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo
do trabalhador (PLANFOR)
Aprova criteacuterios para a utilizaccedilatildeo de recursos do Fundo de Amparo ao
Trabalhador - FAT pela Secretaria de Formaccedilatildeo e Desenvolvimento Profissional - SEFOR com vistas agrave execuccedilatildeo de accedilotildees
de qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo profissional no acircmbito do Programa do Seguro-
Desemprego no periacuteodo e 19971999
44
QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
Continuaccedilatildeo
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
1996
Decreto 1946 de 28061996 - Cria o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar ndash PRONAF
Apoio financeiro a atividades agropecuaacuterias ou natildeo-agropecuaacuterias para implantaccedilatildeo
ampliaccedilatildeo ou modernizaccedilatildeo da estrutura de produccedilatildeo beneficiamento industrializaccedilatildeo e de serviccedilos no estabelecimento rural ou em aacutereas comunitaacuterias rurais proacuteximas de
acordo com projetos especiacuteficos
1996
RESOLUCcedilAtildeO CODEFAT Nordm 103 de 631996 ndash Cria o Programa de Expansatildeo do Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador ndash PROEMPREGO
Art 1ordm [] objetivo de criar novos empregos incrementar a renda do
trabalhador proporcionar a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em
especial das camadas de mais baixa renda e propiciar a diminuiccedilatildeo dos custos de
produccedilatildeo no contexto internacional preservando e expandindo as
oportunidades de trabalho e assegurando o equiliacutebrio do meio ambiente
1998 Resoluccedilatildeo CODEFAT 194 de 23091998 - Estabelece criteacuterios para transferecircncia de
recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador ndash FAT ao Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador ndash PLANFOR
Art 2ordm O PLANFOR tem o objetivo de construir gradativamente oferta de
educaccedilatildeo profissional (EP) permanente com foco na demanda do mercado de
trabalho de modo a qualificar ou requalificar a cada ano articulado agrave
capacidade e competecircncia existente nessa aacuterea pelo menos 20 da PEA - Populaccedilatildeo Economicamente Ativa maior de 14 anos
de idade
11999
Criaccedilatildeo do Fundo de Aval para a Geraccedilatildeo de Emprego e Renda (FUNPROGER)
Tem a finalidade de garantir parte do risco dos financiamentos concedidos pelas instituiccedilotildees financeiras oficiais federais diretamente ou por intermeacutedio de outras instituiccedilotildees financeiras no acircmbito do Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda - PROGER Setor Urbano
22001
Medida Provisoacuteria nordm 2164-41 de 24082001Subvenciona o trabalhador atraveacutes de Bolsa Qualificaccedilatildeo profissional
Altera a Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho - CLT para dispor sobre o trabalho a tempo parcial a suspensatildeo do contrato de trabalho e o programa de qualificaccedilatildeo profissional
22001
Lei nordm 10208 de 23032001 -Acrescenta os artigos 3ordmA 6ordmA 6ordmB 6ordmC e 6ordmD agrave Lei n
o 5859 de 11 de dezembro de 1972
Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico para facultar o Acesso em ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo - FGTS e ao seguro-desemprego (texto da poliacutetica)
22003
Lei 10779 de 25112003 Dispotildee sobre a concessatildeo do benefiacutecio de seguro desemprego durante o periacuteodo de defeso ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal (texto da poliacutetica)
22005
Decreto 5598 de 1122005 ndash Estabelece as normas para o Programa de Aprendizagem Profissional
Regulamenta a contrataccedilatildeo de aprendizes
45
QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
Conclusatildeo
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
22008
Lei Complementar 128 de 191208 ndash Criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI)
ART 18E - O instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo social e previdenciaacuteria
FONTE SENADO FEDERAL OLIVEIRA (2012) MTE BATISTA (2009)
As poliacuteticas de trabalho no Brasil quase que exclusivamente atingiam os
trabalhadores formalizados deixando fora de poliacuteticas especiacuteficas categorias natildeo
definidas dentro do setor formal isolando-os de direitos trabalhistas e
previdenciaacuterios Com a evoluccedilatildeo da economia de mercado informalizado e
considerando que boa parte dos trabalhadores sobrevivia do trabalho informal o
que nesse sentido como analisa Pastore (2006) gerava distorccedilotildees no setor
previdenciaacuterio o governo brasileiro instituiu a LC 1282008 com objetivos de 1)
criar a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual 2) promover a formalizaccedilatildeo
de trabalhadores que manteacutem atividades fora das relaccedilotildees de mercado formais 3)
promover a inclusatildeo social desses trabalhadores
214 Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI
Em 2008 foi regulamentada no Brasil a Lei Complementar (LC) nordm 12808 a
qual estabeleceu a pessoa juriacutedica do Microempreendedor Individual (MEI) em
complemento a LC 123 de 14 de dez de 20064 Esta poliacutetica puacuteblica representa uma
tentativa de resposta pelo poder puacuteblico ao crescente nuacutemero de trabalhadores
informais exercendo as mais diversas atividades econocircmicas e em muitos casos
em situaccedilatildeo de vulnerabilidade por exerciacutecios de trabalho precaacuterio irregular ou ilegal
em desconformidade com a legislaccedilatildeo trabalhista natildeo oportunizando dessa forma
os direitos previdenciaacuterios conquistados pelos trabalhadores formalizados Como
referecircncia ao MEI a legislaccedilatildeo traz a seguinte redaccedilatildeo
4A LC 12306 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser
dispensado agraves microempresas e empresas de pequeno porte no acircmbito dos poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal [] (art 1ordm) e segundo Guimaratildees (2011) a Lei Geral de 2006 estaacute relacionada agrave geraccedilatildeo de desenvolvimento econocircmico
46
Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se MEI o empregador individual a que se refere o art 966 da lei 10406 de 10 de janeiro de 2002 (Coacutedigo Civil) que tenha auferido receita bruta no calendaacuterio anterior de ateacute R$ 6000000 (sessenta mil reais) optante pelo Simples Nacional e que natildeo esteja impedido de optar pela sistemaacutetica prevista neste artigo (LC 12808 art 18ordf sect 1ordm)
Segundo a redaccedilatildeo da referida LC ―o instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica
que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo
social5 e previdenciaacuteria (BRASIL 2008 art 18-E) natildeo sendo objeto apenas de
caraacuteter econocircmico ou fiscal (idem sect 1ordm) Portanto como analisa Souza (2010 p15) o
―MEI tem como objetivo alcanccedilar aqueles empreendedores menores os chamados
autocircnomos ou ambulantes como cabeleireiros sapateiros costureiras pipoqueiros
entre outros e segundo Federaccedilatildeo Nacional das Empresas de Serviccedilos Contaacutebeis
e das Empresas de Assessoramento Periacutecias Informaccedilotildees e Pesquisas
(FENACON) tal poliacutetica puacuteblica consiste num dos ―maiores projetos de inclusatildeo
social colocados em praacutetica no paiacutes e assim decorre de uma accedilatildeopoliacutetica do
Estado perceptiacutevel frente a um problema soacutecioestrutural e que essa accedilatildeo estaraacute
diretamente ligada a fatores conjunturais e influenciaraacute a vida das pessoas
Com o advento da pessoa juriacutedica do MEI aleacutem da facilidade no processo
burocraacutetico de formalizaccedilatildeo das suas atividades pode-se verificar o baixo custo
tributaacuterio tanto para a previdecircncia quanto para os estados e municiacutepios muito
embora os encargos tributaacuterios se diferenciem dependendo da atividade
desenvolvida pelo empreendedor individual
Portanto com os objetivos expressos de inclusatildeo social previsto na
referente LC devemos destacar dois fatores muito importantes a) o aumento da
contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria b) o aumento na receita dos municiacutepios (ainda que
pequeno) Quanto agrave contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria o Microempreendedor Individual
estaraacute isento do Imposto de Renda sobre Pessoa Juriacutedica (IRPJ) do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) da Contribuiccedilatildeo Social sobre Lucro liacutequido (CSLL)
da Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) do
Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) e da Contribuiccedilatildeo Patronal Previdenciaacuteria no
entanto recolheraacute em forma de tributaccedilatildeo um valor fixo mensal no valor de R$
51656 disposto no art 18A sect 3ordm inciso V da referida LC desse modo isentando-o
5 Grifo nosso ndash texto incluiacutedo pela LC 1472014
6Valor expresso ateacute a data referente a esta pesquisa ndash ano base 2016
47
do regime de tributaccedilatildeo - o Simples Nacional O recolhimento de tributaccedilatildeo seraacute da
seguinte forma (LC 12808 art 18ordf inciso V aliacuteneas a b c)
a) R$ 4565 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) a tiacutetulo
da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria
b) R$ 100 (um real) a tiacutetulo ICMS
c) R$ 500 (cinco reais) a tiacutetulo de ISS
A referida LC em seu art 18E sect3ordm enquadra o MEI na modalidade de
microempresa no entanto com especificidade conceitual diferenciada do que refere
o art 3ordm item l da LC 12306 ―no caso da microempresa aufira em cada ano-
calendaacuterio receita bruta igual ou inferior a R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil
reais) Sem embargo a redaccedilatildeo no mesmo artigo em seu sect2ordm estende ao MEI
todos os benefiacutecios dispensados agrave pequena empresa sempre que favoraacutevel
Eacute compreensiacutevel o enquadramento do MEI na modalidade de microempresa
posto que a LC 12306 foi o marco de abertura para o processo de formalizaccedilatildeo
desburocratizaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo das micro e pequenas empresas que se
encontravam na informalidade dos seus negoacutecios comerciais possibilitando nesse
sentido a valorizaccedilatildeo e a inclusatildeo de uma quantidade significativa de empresas no
curso da regularizaccedilatildeo previdenciaacuteria social e econocircmica Os dispositivos
colocados tanto na facilidade para a abertura da empresa baixa tributaccedilatildeo e
tratamentos diferenciados nas licitaccedilotildees puacuteblicas como procedimentos de estiacutemulos
e apoio para a inovaccedilatildeo contrataccedilatildeo capacitaccedilatildeo e ao associativismo inclina-se na
construccedilatildeo no nosso entendimento de uma base complementar entre Poliacutetica
Publica Ativa e Poliacutetica Puacuteblica Passiva a) quanto agrave natureza estrutural b) quanto agrave
abrangecircncia fragmentada e c) quanto aos impactos redistributiva (TEIXEIRA
2002)
As micro e pequenas empresas e o microempreendedor individual
amparados pelas LC 12306 e LC 12808 respectivamente formam um segmento
do mercado aberto que nas anaacutelises de Sacks (2003) eacute excepcionalmente
importante para o desenvolvimento socioeconocircmico do paiacutes pois aleacutem de
representar uma economia que chega a 27 do PIB brasileiro corresponde ao
emprego de mais de 90 dos trabalhadores operantes no paiacutes portanto uma fonte
inestimaacutevel de geraccedilatildeo de renda
No entanto como observa o autor o isolamento dessas MPE assim como
os MEI (atividades produtivas de pequeno porte) frente a um mercado aberto natildeo
48
poderaacute corresponder agraves expectativas de expansatildeo em decorrecircncia da concorrecircncia
com empresas maiores e mais estruturadas atuantes no livre mercado Como
assinala Sachs (2003)
Esses pequenos empreendedores e produtores se submetidos apenas aos processos de mercado natildeo tecircm condiccedilotildees de competir com empresas estruturadas de maior porte ndash a natildeo ser concorrendo agrave ―competitividade espuacuteria que se traduz em salaacuterios baixos jornadas longas de trabalho sonegaccedilatildeo de impostos e natildeo recolhimento de encargos sociais (SACHS 2003 p 21)
Para esse autor o desafio em alterar esse quadro estaria em promover a
qualificaccedilatildeo acesso em agrave tecnologia ao creacutedito e ao mercado considerando
igualmente a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas menos setorizadas mas que
concebessem a integraccedilatildeo dos setores da economia propiciando a aproximaccedilatildeo das
empresas agrave competitividade Ou seja ―uma accedilatildeo afirmativa em favor dos mais
fracos sem poder e sem voz (SACHS 2003 p 21)
As microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) satildeo
estruturalmente diferenciadas dos microempreendedores Individuais tanto nas
dimensotildees fiacutesicas quanto na capacidade de abrangecircncia e inserccedilatildeo no mercado
sendo igualmente objeto diferenciado constante nas regulamentaccedilotildees descritas nas
LC 12306 e LC 12808 respectivamente quanto ao enquadramento sobre a receita
agraves obrigaccedilotildees tributaacuterias e fiscais O art 3ordm incisos I e II da LC 12306 nos diz como
jaacute mencionado acima que a microempresa eacute aquela que possui receita bruta anual
de ateacute R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil reais) a receita bruta da empresa de
pequeno porte por sua vez natildeo pode ser inferior a R$ 36000000 e superior a R$
360000000 (trecircs milhotildees e seiscentos mil reais) por outro lado o MEI possui uma
exigecircncia de receitaano muito menor que as demais estabelecida com um teto de
R$ 6000000 conforme expressa o art 18ordf sect 1ordm
Consideremos que as obrigaccedilotildees tributaacuterias diferenciadas para as
microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional7
descrevem as necessidades de se conceber mecanismos de atendimento a esse
segmento empresarial de importacircncia comprovada para a economia do paiacutes e da
sua fragilidade de continecircncia no livre mercado Por outro lado temos o MEI
7Simples Nacional eacute um regime de tributaccedilatildeo diferenciado aplicados agraves Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte que consiste no recolhimento dos tributos previstos em lei em um documento uacutenico de arrecadaccedilatildeo (DAS) e da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria
49
marcado pela inseguranccedila muitas vezes da sua condiccedilatildeo de ―empreendedor
forccedilado em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no universo do trabalho denotando a
fragilidade socioeconocircmica que o permeia No entanto
No Brasil existem algumas entidades que atuam como propulsoras das potencialidades de micro e pequenas empresas estimulando a cultura do empreendedorismo Uma das principais eacute o SEBRAE (Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas) que atua dando suporte no processo de abertura e registro de empresas com orientaccedilatildeo cursos e palestras para minimizar o grau de mortalidade desses pequenos empreendimentos (SILVEIRA TEIXEIRA 2011 p 227)
A finalidade do SEBRAE nesse sentido eacute apoiar o desenvolvimento das
micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo atraveacutes de programas
de capacitaccedilatildeo consultoria e financcedilas no atendimento de empresaacuterios e potenciais
empreendedores
A poliacutetica maior do MEI atribui determinada responsabilidade aos governos
locais de deferirem poliacuteticas alinhadas agrave implantaccedilatildeo agravequela de atenccedilatildeo agrave categoria
uma vez que o desenvolvimento desse segmento pode subtender aleacutem da
inclusatildeo descrita no art 18E da LC 12808 um avanccedilo nas questotildees
socioeconocircmicas locais Mesmo com direcionamento o impacto pode ser absorvido
por outros segmentos sob a forma de fortalecimento do mercado interno local que
por sua vez concorre para o aumento e extensatildeo da geraccedilatildeo de emprego renda e
com isso o aumento da receita municipal
Sob a oacutetica do desenvolvimento local a partir da interpretaccedilatildeo do
pensamento de autores como Albuquerque e Zapata (2008) Sachs (2003)
Albuquerque (1997) dentre outros dialogando com a Lei Geral e suas alteraccedilotildees
(LC 12808 e LC 147 de 07 de ago de 2014) analisaremos algumas accedilotildees e
estrateacutegias de atendimento ao MEI desenvolvidas nos municiacutepios integrantes da
MRGP
50
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute
A Microrregiatildeo8 Geograacutefica de Paranaguaacute (MRGP) (MAPA 1) situada no
litoral paranaense eacute composta pelos municiacutepios de Antonina Guaraqueccedilaba
Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute (IPARDES 2012) e
apresenta enorme complexidade em sua estrutura social econocircmica e natural
marcada ainda por seacuterios problemas de gestatildeo de desenvolvimento e de
conservaccedilatildeo (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT et al2002)
Para Horochowski et al (2007) a MRGP apresenta
[] uma espacialidade conturbada com mais de 60 quilocircmetros de extensatildeo que liga os municiacutepios de Guaratuba Matinhos Pontal e tambeacutem Paranaguaacute Esses trecircs uacuteltimos possuem graus de urbanizaccedilatildeo superiores a 96 e satildeo marcadamente ordenados por grupos imobiliaacuterios promotores de praacuteticas especulativas e pela ocupaccedilatildeo de aacutereas ambientalmente vulneraacuteveis(HOROCHOWSKI etal (2007)
MAPA 1 -MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute
FONTE Adaptado do CORPO DE BOMBEIROSPR Disponiacutevel em(lthttpsgooglBhsDTx)
Segundo IPARDES a aacuterea territorial da MRGP corresponde a 6333233
Km2 abrigando uma populaccedilatildeo de 286602 habitantes com densidade demograacutefica
8 As microrregiotildees satildeo definidas pelo IBGE (1990) como partes da mesorregiatildeo e possuem
especificidades proacuteprias sem apresentarem uniformidade ou auto-suficiecircncia contudo articulam-se com espaccedilos maiores (mesorregiotildees ou Unidades da Federaccedilatildeo) Essas especificidades dizem respeito agraves estruturas de produccedilatildeo que podem apresentar quadros naturais sociais ou econocircmicos particulares localizados e regionalizados
51
de 4525 habKm2 e alto grau de urbanizaccedilatildeo de 9048 (TABELA 2) A ―forte
polarizaccedilatildeo urbana e industrial com o complexo portuaacuterio de Paranaguaacute e das aacutereas
urbano-turiacutesticas na orla sul (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT
et al2002 p 160) constitui um traccedilo caracteriacutestico do litoral paranaense e possui
dinacircmicas diferenciadas no processo econocircmico
No litoral paranaense conforme assinalam esses autores o meio natural
estaacute relativamente menos impactado que no restante do Estado principalmente nas
aacutereas rurais de Guaratuba e Guaraqueccedilaba que natildeo concorreram aos modelos de
desenvolvimento econocircmico adotados pelos municiacutepios do Estado que mantinham
bases predominantemente agriacutecolas e agroindustriais (idem p 161)
TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010)
MUNICIacutePIO POPULACcedilAtildeO
2000 2010
Antonina 19174 18891 Guaraqueccedilaba 8288 7871 Guaratuba 27257 32095 Matinhos 24184 29428 Morretes 15275 15718 Paranaguaacute 127339 140469 Pontal do Paranaacute 14323 20920
FONTE IBGE ATLAS BRASIL
A MRGP eacute componente da Mesorregiatildeo9 de Curitiba e estaacute ligada agrave capital
paranaense atraveacutes da BR 277 Outras estradas alternativas que ligam a regiatildeo ao
Primeiro Planalto Paranaense podem ser observadas pela BR 376 (Guaratuba ndash
GaruvaSC) e pela estrada da Graciosa
A precaacuteria gestatildeo de desenvolvimento local10 e a falta de iniciativas que
atendessem as capacidades especificidades e realidades vividas localmente
concorreram para que o litoral paranaense se tornasse uma das regiotildees menos
9Entende-se por Mesorregiatildeo uma aacuterea individualizada em uma Unidade da Federaccedilatildeo que
apresenta formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico definida pelas seguintes dimensotildees o processo social como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de comunicaccedilatildeo e lugares como elemento de articulaccedilatildeo espacial Estas trecircs dimensotildees possibilitam que o espaccedilo delimitado como Mesorregiatildeo tenha uma identidade regional Esta identidade eacute uma realidade construiacuteda ao longo do tempo pela sociedade que aiacute se formou (IBGE 1990 p 8)
10
Atraveacutes do Sistema de Monitoramento da Implementaccedilatildeo da Lei Geral nos Municiacutepios Brasileiros disponibilizado pelo SEBRAE observamos que natildeo haacute poliacuteticas de desenvolvimento local nos municiacutepios integrantes da MRGP Disponiacutevel em (lthttpsgoogltb4OXE)
52
desenvolvidas do Paranaacute com altos iacutendices de pobreza baixo padratildeo de vida e
destacadas disparidades sociais como analisaram Raynaut et al (2002) e Turra e
Baccedilo (2014) Para esses uacuteltimos autores apoacutes realizarem estudos sobre Niacutevel de
Desenvolvimento Regional (NDR) no Paranaacute concluiacuteram que a MRGP possui um
niacutevel muito baixo (MB) de desenvolvimento o que estaacute relacionado agrave baixa
concentraccedilatildeo tecnoloacutegica e o niacutevel de ocupaccedilatildeo das pessoas
Abaixo (TABELA 3) demonstra uma evoluccedilatildeo no Iacutendice de Desenvolvimento
Humano (IDH) na MRGP
TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOSMUNICIacutePIOS DA MRGP
MUNICIacutePIO IDH POBREZA
2000 2010 2000 2010
Antonina 0582 0687 3339 1727
Guaraqueccedilaba 0430 0587 5387 3605 Guaratuba 0613 0717 1958 915 Matinhos 0635 0743 1671 616 Morretes 0573 0686 2364 1087 Paranaguaacute 0645 0750 1593 810 Pontal do Paranaacute 0622 0738 1741 598
FONTE IBGE ATLAS BRASIL
Alguns elementos como a longevidade a renda e a educaccedilatildeo contribuiacuteram
para o aumento do IDH Jaacute a queda no iacutendice de pobreza na MRGP pode ser
descrita igualmente pelo aumento da renda da populaccedilatildeo e de uma maneira mais
incisiva pela involuccedilatildeo da desigualdade nesses municiacutepios
No entanto o iacutendice da pobreza no caso de Antonina a exemplo segundo
IBGE (2010) chegou a 5022 e o iacutendice da pobreza subjetiva neste municiacutepio
ficou em 3018 Notemos que a permanecircncia da pobreza muitas vezes produz
um deslocamento e enfraquecimento das capacidades e potencialidades reais das
pessoas
31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP
A MRGP apresenta uma diversidade no setor econocircmico com atividades
agropastoris comercio induacutestria (setor industrial de Paranaguaacute) e o setor de
produccedilatildeo de bens e serviccedilos com ecircnfase no turismo sobretudo na orla sul da
regiatildeo que abrange os municiacutepios de Pontal do Paranaacute Matinhos e Guaratuba
53
ainda sujeitos agrave sazonalidade em decorrecircncia da temporada de praias (veratildeo) e o
inverno
Os setores produtivos da MRGP se apresentam de forma heterogenia com
ecircnfase na proporccedilatildeo do setor de comeacutercioserviccedilos que apresenta forte impacto
sobre a contrataccedilatildeo de pessoal formalizado (RAIS)
TABELA 4ndash DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)
FONTE IPARDES IBGE FUNPARUFPR
Observamos (TABELA 4) que a taxa de desemprego na MRGP em 2010
ficou em 7511 Frisamos que pela escassez de dados referentes ao setor informal
na MRGP natildeo foi possiacutevel estabelecer a descriccedilatildeo quantitativa das atividades
econocircmicas Poreacutem nas atividades exploratoacuterias de anaacutelise observamos enorme
diversidade das atividades informais no litoral serviccedilos domeacutesticos jardinagem
cabeleireiro manicure trabalhadores contratados para a limpeza de pescados
artesatildeos salgadeira doceira construccedilatildeo civil carpinteiros ambulantes catadores
de materiais reciclaacuteveis trabalhadores de Micro e Pequenas empresas
desprotegidos pela natildeo formalizaccedilatildeo trabalhadores rurais trabalhadores em
oficinas de mecacircnica de automoacuteveis motocicletas e bicicletas dentre outros
trabalhadores
A economia informal ou economia submersa (CATANI 1985) segundo
alguns autores como Sachs (2003) Antunes (2011) Matsuo (2008) se apresenta de
11
O desemprego foi calculado sobre a PEA (populaccedilatildeo economicamente ativa) em relaccedilatildeo agrave PO
(populaccedilatildeo ocupada) incluindo os setores formal e informal A PEA pode ser definida como o []
potencial de matildeo-de-obra com que pode contar o setor produtivo isto eacute a populaccedilatildeo ocupada e
a populaccedilatildeo desocupada (IBGE) A PO compreende aquelas pessoas que num determinado periacuteodo
de referecircncia trabalharam ou tinham trabalho mas natildeo trabalharam (por exemplo pessoas em feacuterias) As pessoas ocupadas sao classificadas em a) empregados b) conta proacutepria c) empregadores d) natildeo remunerados (idem)
TRABALHO REGIAtildeOANO
2000 2010
Populaccedilatildeo em Idade Ativa (PIA) (pessoas) 175483 223295 Populaccedilatildeo Ocupada total (PO) (pessoas) 85863 115811 Pessoal ocupado assalariado (pessoas) nd 51576 Populaccedilatildeo Economicamente Ativa (PEA) 100628 125263 Taxa de Atividade de 10 anos ou mais () 547 5625 T de Ocupaccedilatildeo de 10 anos ou mais () nd 9245
54
maneira complexa pelo volume frente a uma nova conjuntura e modificaccedilotildees no
mundo do trabalho um meio diferenciado encontrado pelas pessoas como
enfrentamento ao crescente processo de erradicaccedilatildeo do emprego formalizado Tais
formas de ―sobrevivecircncia laboral encontram suporte legal no art 170 paraacuteg uacutenico
da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 onde ―eacute assegurado a todos o livre exerciacutecio de
qualquer atividade econocircmica independentemente de autorizaccedilatildeo de oacutergatildeos
puacuteblicos salvo nos casos previstos em lei (BRASIL 1988)
Quanto ao emprego formal na MRGP verificamos (TABELA 5) um aumento
de 36 no quantitativo dos empregos ativos
TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014)
MUNICIacutePIO EMPREGOS
ATIVOS
2013 2014
Antonina 3169 3193 Guaraqueccedilaba 810 796 Guaratuba 5874 6509 Matinhos 7341 7838 Morretes 2252 2347 Paranaguaacute 38133 38275 Pontal do Paranaacute 3691 4543
Total 61270 63501
FONTE MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGOCAGED
Na tabela acima (TABELA 5) constatamos que o municiacutepio de
Guaraqueccedilaba apresentou variaccedilatildeo percentual negativa de -173 entre os anos de
2013 e 2014 e destacamos Guaratuba com o aumento na variaccedilatildeo relativa de
1081 seguida por Matinhos 677 e Morretes com uma variaccedilatildeo percentual de
422 na geraccedilatildeo de empregos
A compreensatildeo da evoluccedilatildeo na geraccedilatildeo de empregos nos remete ao
entendimento do comportamento da economia e das relaccedilotildees entre mercado capital
e trabalho Neste conjunto de elementos estatildeo alinhados o processo produtivo as
atividades produtivas e as forccedilas de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo
Segundo Salzbac Denardin e Felisbino (2012) a demanda do fluxo de
seguimentos produtivos eacute uma caracteriacutestica de cidades poacutelos pela oferta de
emprego no setor de comeacutercio e serviccedilos Dessa forma ao analisar o cenaacuterio
econocircmico do litoral paranaense esses autores concluiacuteram que
55
Os municiacutepios litoracircneos do Paranaacute os quais natildeo fazem parte de uma regiatildeo metropolitana natildeo apresentam empregos em volume significativos nem no setor industrial nem no setor de serviccedilos o que implica na baixa capacidade de geraccedilatildeo de tributos proacuteprios limitando tambeacutem a oferta de serviccedilos puacuteblicos [] os setores de serviccedilos comeacutercio e de administraccedilatildeo puacuteblica foram os segmentos que mais mantinham empregos ativos na MRGP (SALZBAC DENARDIN FELISBINO 2012 p 117)
TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR ECONOcircMICO
SETOR ECONOcircMICO Ano
2013 2014
1 extrativa mineral 187 188 2 induacutestria de transformaccedilatildeo 6100 6512 3 serviccedilos industriais de utilidade puacuteblica 294 255 4 construccedilatildeo civil 1722 1993 5 comeacutercio 15302 16154 6 serviccedilos 26660 27140 7 administraccedilatildeo puacuteblica 10501 10789 8 agropecuaacuteria ext vegetal caccedila e pesca 504 470
FONTE MTECAGED
Como podemos observar (TABELA 6) a maior parte dos empregos ativos
estaacute no setor terciaacuterio com especial atenccedilatildeo ao setor de serviccedilos
Um indicador econocircmico importante eacute o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que
permite ―espelhar o movimento econocircmico municipal e consequentemente o
potencial que o municiacutepio tem para gerar receitas puacuteblicas (MINAS GERAIS 2016)
Sobre o conceito poderemos dizer que o VAF eacute um instrumento
[] utilizado pelo Estado para calcular o iacutendice de participaccedilatildeo municipal no repasse de receita do Imposto sobre Operaccedilotildees relativas agrave Circulaccedilatildeo de Mercadorias e sobre Prestaccedilotildees de Serviccedilos de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicaccedilatildeo (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos municiacutepios [] Eacute apurado pela Secretaria de Estado de Fazenda [[ com base em declaraccedilotildees anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas nos respectivos municiacutepiosDisponiacutevel em (lthttpsgoogl80DhoU)
Com a anaacutelise do indicador acima mencionado poderemos verificar a
participaccedilatildeo na economia local por setor econocircmico e sua importacircncia nas poliacuteticas
de desenvolvimento e planejamento estrateacutegico na observacircncia das potencialidades
do mercado cultura local e heterogeneidade das atividades econocircmicas
Na MRGP o setor de comeacutercio e serviccedilos (setor terciaacuterio) notadamente
excetuando os municiacutepios de Antonina e Guaraqueccedilaba possui participaccedilatildeo maior
que a produccedilatildeo primaacuteria e a induacutestria local (TABELA 7) e constitui elemento de
56
anaacutelise importante na concepccedilatildeo de poliacuteticas de expansatildeo do emprego e renda12 Jaacute
a participaccedilatildeo sobre a receita dos municiacutepios a que apresenta menor potencial eacute a
produccedilatildeo primaacuteria em virtude da natildeo adoccedilatildeo do mesmo modelo industrial adotado
em outras regiotildees do Estado Paranaense
TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES
DA MRGP (2016)
MUNICIacutePIO PRODUCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA
INDUacuteSTRIA COMEacuteRCIO SERVICcedilOS
RECURSOS AUTOS
Antonina 4334454 125827796 68271749 Guaraqueccedilaba 3074904 5399117 3701577 4192 Guaratuba 15641921 21782241 119496927 47370 Matinhos 295763 23559310 109482578 147729 Morretes 12959951 23264839 44980267 14974 Paranaguaacute 54409213 1280856468 1980373389 543132 Pontal do Paranaacute
436246 19320486 68114345 19138
Total 91152452 1500010257 4788841664 1553070
FONTE IPARDES
Excetuando Paranaguaacute (TABELA 7) identificamos a fragilidade das receitas
municipais da MRGP e de outra maneira a fragilidade financeira e orccedilamentaacuteria jaacute
mencionadas por Sulzbach e Denardin (2012) que alertavam para a dependecircncia
financeira dos municiacutepios da MRGP para com as transferecircncias
intergovernamentais
Um dos principais indicadores da dependecircncia financeira dos municiacutepios agraves tributaccedilotildees das demais esferas pode ser observado atraveacutes das receitas de tributaccedilatildeo por setores produtivos e das receitas advindas de transferecircncias correntes Neste aspecto observa-se que os municiacutepios do litoral do Paranaacute apresentam uma dependecircncia financeira elevada das transferecircncias das esferas nacional e estadual O Municiacutepio com maior destaque eacute o de Guaraqueccedilaba que do total de suas receitas 93 adveacutem de transferecircncias correntes seguindo por Morretes com 78 e Antonina com 7052 das receitas advindas de transferecircncias (SULZBACH DENARDIN 2012 p 6)
Ainda observando a tabela 7 percebemos que o polo industrial e comercial
da MRGP eacute o municiacutepio de Paranaguaacute pressupondo importante vetor da economia
local e do seu posicionamento estrateacutegico diante dos outros municiacutepios da regiatildeo
tanto na articulaccedilatildeo com outros centros comerciais e industriais da Mesorregiatildeo
12
Para melhor compreensatildeo sobre as modificaccedilotildees no processo capitaltrabalho e o crescimento do setor terciaacuterio na economia ver CHESNAIS (1996) OFFE (1984) SUPERVILLE QUINtildeONES (2000)
57
pertencente quanto da Microrregiatildeo com os municiacutepios circunvizinhos e pelo
proacuteprio dinamismo da sua economia interna
Consideremos que o crescimento econocircmico segundo Sachs (2004) e
Furtado (2008) eacute um elemento importante no processo de desenvolvimento poreacutem
natildeo eacute o uacutenico a ser considerado mas sim eacute necessaacuterio incorporar
simultaneamente a extensatildeo dos direitos
Abaixo (TABELA 8) observando o PIB per capita dos municiacutepios da MRGP
destaca-se a vulnerabilidade econocircmica do municiacutepio de Guaraqueccedilaba em relaccedilatildeo
aos demais sobretudo em relaccedilatildeo ao municiacutepio de Paranaguaacute que supera a meacutedia
da regiatildeo A fragilidade econocircmica de Guaraqueccedilaba deriva de vaacuterios aspectos 1) a
dificuldade do acesso agrave aacuterea urbana do municiacutepio considerando que a uacutenica estrada
que liga o municiacutepio a outras localidades natildeo eacute pavimentada e tem uma extensatildeo
de aproximadamente 86 km Outra forma de acesso agrave cidade eacute atraveacutes do mar
pela baiacutea de Guaraqueccedilaba A dificuldade de cesso tem enorme impacto tanto para
escoar a produccedilatildeo local como para obter materiais e equipamentos agrave difusatildeo da
induacutestria quase ou completamente nula 2) a restriccedilatildeo ambiental agrave implantaccedilatildeo de
empresas 3) a falta de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento do municiacutepio
assinaladas por RAYNAUT et al (2002) na promoccedilatildeo de programas de gestatildeo com
as especificidades locais que fomentem o impulso do trabalho e da renda
TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP
MUNICIacutePIO 2013 (R$ 100)3 2014 (R$)
4
Antonina 1851678 17557
Guaraqueccedilaba 861303 8723
Guaratuba 1474865 15004
Matinhos 1648075 17238
Morretes 1390945 13638
Paranaguaacute 4155699 42193
Pontal do Paranaacute 1434381 15040
MRGP 29076 29489
FONTE IBGE IPARDES
A principal fonte de receita dos municiacutepios da MRGP jaacute indicada por
Sulsbach e Denardin (2010) deriva principalmente das transferecircncias correntes
intergovernamentais (Uniatildeo e Estado) o que possibilita um entendimento da
fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria do setor produtivo
58
Em suma no nosso entendimento a transferecircncia corrente tem o propoacutesito
de manutenccedilatildeo da coisa puacuteblica e do funcionamento da estrutura estatal
Percebemos nesse sentido que um dos maiores empregadores formais direta e
indiretamente da MRGP acaba por ser os governos subnacionais que atuam como
contratadores de serviccedilos temporaacuterios contratos de prestaccedilatildeo de serviccedilos
terceirizados e pessoal concursado (efetivo) aleacutem de contratar serviccedilos
especializados de manutenccedilatildeo de pequenas empresas e materiais de uso diaacuterio
Segundo DIEESE (2015 p 74) a distribuiccedilatildeo de empregos formais por
atividade econocircmica no Brasil entre os anos de 2009 a 2014 apresentou os
seguintes resultados onde destacaremos os principais a) serviccedilos (349) b)
comeacutercio (194) c) induacutestria de transformaccedilatildeo (172) d) administraccedilatildeo puacuteblica
(188) Dessa forma observamos que o setor de serviccedilos aleacutem de expandir as
possibilidades de emprego se manteacutem como o principal setor a contratar
Como jaacute mencionado acima a MRGP possui enorme heterogeneidade em
sua composiccedilatildeo econocircmica especificidades locais e uma distribuiccedilatildeo espacial dos
setores econocircmicos advinda das caracteriacutesticas de cada municiacutepio por vezes
semelhantes como eacute o caso nas aacutereas rurais da produccedilatildeo de farinha de
mandioca13 e da exploraccedilatildeo de produtos de origem vegetal (cipoacute guaricana e
musgo) produccedilatildeo de arroz de banana de palmito14 e de gengibre a cultura do taiaacute
caraacute e mandioca e hora muito distintas como eacute caso do polo industrial de
Paranaguaacute destacando os complexos portuaacuterios de Paranaguaacute e Antonina Assim
como destacamos na economia local da MRGP a exploraccedilatildeo do turismo sobretudo
na orla sul abrangendo os municiacutepios de Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute
com maior potencial no veratildeo Em Guaraqueccedilaba o turismo eacute voltado agrave praacutetica da
pesca esportiva que se estende o ano todo movimentando natildeo soacute os restaurantes
e comeacutercio urbanos mas restaurantes e pousadas nas ilhas de Tibicanga Bertgiga
Canudal Barbados e Superagui
O municiacutepio de Paranaguaacute abrange o maior nuacutemero de empresas na regiatildeo
(TABELA 9)15 e eacute destacadamente o maior poacutelo empresarial e industrial com
13
A produccedilatildeo de farinha atinge a MRGP em sua totalidade Ver DENARDIN LAUTERT e RIBAS (2009)lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphpcadarticleviewFile42573236 14
A produccedilatildeo do palmito representou em 2015 cerca de 6872 (3233 toneladas) da produccedilatildeo estadual e a banana correspondeu a 4484 (91284 cachostoneladas) do Estado IPARDES) 15
Houve variaccedilatildeo nos nuacutemeros entre as tabelas 9 e 10 pois a montagem da tabela 10 ocorreu dias apoacutes a montagem da tabela 9
59
4691 das Empresas Ativas 467 das MPE (Micro e Pequena Empresa) e
4548 dos MEI (Microempreendedor Individual) da MRGP Outra caracteriacutestica
particular eacute o municiacutepio de Guaraqueccedilaba que apresenta o menor quadro
empresarial com 129 das Empresas ativas 125 das MPE ativas e 162 do
MEI do total da regiatildeo
TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016)
MUNICIacutePIO EMPRESAS ATIVAS MPE MEI
Antonina 1832 1705 571 Guaraqueccedilaba 462 427 193 Guaratuba 4788 4586 1569 Matinhos 5185 4912 1799 Morretes 1926 1831 510 Paranaguaacute 16800 15832 5394 P do Paranaacute 4817 4604 1823
Total 35810 33897 11859
FONTE FOacuteRUM PERMANENTENatildeo foi possiacutevel localizar dados em bases estatiacutesticas de anos
anteriores
As empresas compotildeem um quadro diversificado na economia da regiatildeo e a
participaccedilatildeo por atividade econocircmica nos municiacutepios pressupotildee certo dinamismo da
economia com destaque ao setor de comeacutercio e serviccedilos
Abaixo (TABELA 10) estatildeo as atividades econocircmicas desenvolvidas na
MRPG e a participaccedilatildeo das MPE e MEI na dinacircmica econocircmica
TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016) continua
ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE16
EMP ATIVAS MPE MEI
Agricultura pecuaacuteria prod Florestal pesca e aquicultura 93 59 11 Induacutestrias extrativistas 39 38 0 Induacutestria de transformaccedilatildeo 2483 2351 1076 Aacutegua esgoto atividades de resiacuteduos e descontaminaccedilatildeo 121 110 39 Construccedilatildeo 2067 2418 1323 Comeacutercio reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e motocicleta 15410 14693 4044 Transporte armazenagem e correio 1865 1654 340 Alojamento e alimentaccedilatildeo 6911 6681 2469 Informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 334 312 89 Atividades financeiras de seguros e serv relacionados 22 18 0
16
A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)
60
TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016)
conclusatildeo
ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE17
EMP ATIVAS MPE MEI
Atividades imobiliaacuterias 203 172 0 Atividades profissionais cientiacuteficas e teacutecnicas 792 718 235 Atividades Administrativas e serviccedilos complementares 1826 1722 536 Educaccedilatildeo 465 443 175 Sauacutede humana e serviccedilo social 308 282 12 Arte cultura esporte e recreaccedilatildeo 394 374 115 Outras atividades e serviccedilos 1868 1757 1324 Serviccedilos domeacutesticos 76 57 57
Total 35277 33859 11845
FONTE FOacuteRUM PERMANENTE
Observamos (TABELA 10) que as principais atividades desenvolvidas pelo
MEI na MRGP satildeo as seguintes Comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e
motocicletas (3414) alojamento e alimentaccedilatildeo (2084) outras atividades e
serviccedilos (1117) construccedilatildeo (1116) induacutestria de transformaccedilatildeo (908)
As atividades na economia desenvolvidas na MRGP possuem aspectos
importantes na comparaccedilatildeo entre os setores primaacuterio secundaacuterio e terciaacuterio Como
observado na tabela acima veremos que o setor terciaacuterio abrange uma parcela
significativa das empresas da regiatildeo Do total das Empresas Ativas 926
enquadram-se no setor de comeacutercio e serviccedilos as Micro e Pequenas Empresas
alocadas no setor terciaacuterio representam 928 e os Microempreendedores
Individuais formalizados somam 909 nesse setor Conveacutem ressaltar que nas
anaacutelises de Nogueira e Pereira (2015 p 41) ―[] em 2011 as empresas de pequeno
porte ndash incluindo uma ainda diminuta parcela de MEI ndash representavam quase 98
do total de empresas no paiacutes e ocupavam mais da metade dos trabalhadores
formais
Eacute importante ressaltar que a demanda pelo setor terciaacuterio acompanha um
fluxo de mercado agregado aos outros dois setores da economia e o crescente
volume dos serviccedilos se evidenciam nos processos de flexibilizaccedilatildeo do trabalho das
modificaccedilotildees nas suas relaccedilotildees e no deslocamento do arqueacutetipo do trabalho no
qual o trabalhador passa de um trabalhador fabril para a categoria de um
trabalhador de serviccedilos apontado por Superville e Quintildeones (2000) Para esses
autores a expansatildeo do setor de serviccedilos seguiu simultaneamente ao processo de
17
A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)
61
crescimento da informalidade e da prestaccedilatildeo de serviccedilos com pouca qualificaccedilatildeo (p
61)
Entendemos que para uma anaacutelise da informalidade eacute necessaacuterio considerar
sua heterogeneidade e a proporccedilatildeo da sua relaccedilatildeo e participaccedilatildeo no mercado
assim como as assimetrias manifestadas nas formas de exploraccedilatildeo da forccedila de
trabalho e na precarizaccedilatildeo da classe trabalhadora (ANTUNES 2011)
32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP
Ao definir aspectos legais para o enfrentamento do problema da
informalidade no Brasil atraveacutes de leis regulamentares e regras especiacuteficas que
asseguram direitos estabelecidos na Constituiccedilatildeo federal de 1988 o Estado
brasileiro reconheceu a necessidade de normatizar benefiacutecios e deveres agraves micro e
pequenas empresas e empreendedores individuais procurando reverter o quadro de
informalidade e precariedade nas condiccedilotildees de trabalho e de garantias de
seguridade social
Para a implantaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica no nosso entendimento alguns
aspectos devem ser considerados 1) descrever as suas circunstacircncias de modo que
suas propostas sejam claras 2) adaptaccedilatildeo dos aparelhos sociais e do Estado que
possam ser vinculados agrave Poliacutetica Puacuteblica 3) capacidade de articulaccedilatildeo e
compreensatildeo do processo e dos temas debatidos pelos diversos atores envolvidos
(OLIVEIRA 2013 p 284)
Nesse contexto admite-se natildeo somente subordinaccedilatildeo agrave Poliacutetica mas um
quadro de compreensatildeo e reconhecimento da sua legitimidade constituindo dessa
maneira uma institucionalidade
Para institucionalidade devemos considerar trecircs aspectos importantes 1)
instituiccedilotildees 2) ambiente institucional 3) arranjos institucionais
As Instituiccedilotildees descritas por Fiani (2013 p 8) ―satildeo as regrasformais e natildeo
formais que regulam as interaccedilotildees sociaisDesta feita como demonstra o autor a
criaccedilatildeo de estruturas regulamentares de normatizaccedilatildeo de procedimentos formais e a
interaccedilatildeo com o estabelecimento das relaccedilotildees subterracircneas que se desenvolvem
diante do dia- a dia na sociedade descrevem o ambiente institucional ou seja satildeo
as ―[] regras poliacuteticas sociais e legais mais baacutesicas e gerais que estabelecem o
fundamento para o funcionamento do sistema econocircmico (FIANI 2013 p 8) Os
62
arranjos institucionais por sua vez segundo esse autor satildeo as regras
particularmente constituiacutedas pelos sujeitos e que por sua vez estabelecem as
relaccedilotildees poliacuteticas sociais e econocircmicas
Para Fiani (2013) eacute inquestionaacutevel que as poliacuteticas puacuteblicas afetam a vida
dos sujeitos A sua implicaccedilatildeo nesse sentido interfere em modus operandi diverso
ao cotidiano das relaccedilotildees instituiacutedas nos arranjos preestabelecidos pois uma accedilatildeo
do Estado que remete a uma reorganizaccedilatildeo do aparato institucional pode alterar as
relaccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas locais
O estabelecimento de um aporte ou adaptaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo institucional
(ALBUQUERQUE 1997 FIANI 2013) que possibilite accedilotildees conjuntas entre
instituiccedilotildees puacuteblicas quanto privadas no processo de otimizaccedilatildeo do
desenvolvimento e manutenccedilatildeo das propostas de uma poliacutetica puacuteblica de
desenvolvimento de categorias especiacuteficas ou bases produtivas adquire capacidade
de assegurar melhor eficiecircncia e dar melhores respostas aos objetivos da poliacutetica
puacuteblica
Schneider (2005) explica que a problematizaccedilatildeo formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para enfrentamento de problemas natildeo se
encontra mais exclusivamente ao setor estatal na qual estaria em curso a
policentralidade na concepccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica O autor parte da perspectiva de
rede de poliacuteticas puacuteblicas na qual problemas relativamente puacuteblicos tambeacutem podem
ter interferecircncia do setor privado e a sua interaccedilatildeo Como demonstra o autor
a problematizaccedilatildeo e o processamento poliacutetico de um problema social (Mayntz 1982) natildeo eacute mais um assunto exclusivo de uma hierarquia governamental e administrativa integradasenatildeo que se encontra em redes nas quais estatildeo envolvidas organizaccedilotildees tanto puacuteblicas quanto privadas (SCHNEIDER 2005 p 37)
No entanto como observa Moraes (2003) mesmo com essa nova
configuraccedilatildeo pluralista e policecircntrica das relaccedilotildees poliacuteticas o Estado continua sendo
o protagonista do processo seja pela accedilatildeo reguladora e normatizadora seja pela
legitimidade constitucional A legitimidade se faz presente pela administraccedilatildeo
puacuteblica18
Igualmente acrescenta-se nas palavras de Fiani (2013 p 7) que ―[] os
arranjos institucionais apresentam grande importacircncia para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas
18
Sobre Administraccedilatildeo Puacuteblica ver BOBBIO N et al Brasiacutelia UnB 1998
63
de desenvolvimento em especial para as poliacuteticas que demandam cooperaccedilatildeo por
parte de agentes privados Ainda segundo Albuquerque (1997)a interaccedilatildeo entre os
agentes puacuteblicos e privados constitui um novo cenaacuterio dentro de uma nova
perspectiva de adaptaccedilatildeo que necessita de coordenaccedilatildeo institucional
Consideramos que dentro desse contexto as mudanccedilas e perspectivas
inovadoras tanto no campo teacutecnico quanto no campo organizacional exigem ―[]
adaptaccedilotildees institucionais para melhorar as atuaccedilotildees do setor puacuteblico e do conjunto
de empresas e atores sociais territoriais (idem p 01) Segue o autor
[] todo processo de desenvolvimento local requer uma programaccedilatildeo minuciosa que integre e ordene linhas de atuaccedilatildeo e recursos orientados a objetivos da participaccedilatildeo estrateacutegica entre diferentes agentes sociais locais puacuteblicos e privados A criaccedilatildeo compartilhada entre os agentes locais de um ―entorno territorial que facilite a inovaccedilatildeo do tecido produtivo e empresarial constitui um aspecto crucial da estrateacutegia de desenvolvimento (ALBUQUERQUE 1997 p 1)
Pensando localmente na interpretaccedilatildeo do SEBRAE ―o ambiente
institucional [] pode ser entendido como o conjunto de instituiccedilotildees de que um dado
municiacutepio se dotou para que a atividade dos indiviacuteduos aleacutem de compatiacutevel com a
sobrevivecircncia da comunidade seja tambeacutem convergente com a execuccedilatildeo dos
objetivos comuns (SEBRAE 2013)
A estabilidade a preservaccedilatildeo e equiliacutebrio das instituiccedilotildees (das regras
formais e informais) oferecem credibilidade e legitimidade agraves accedilotildees do Estado
As Instituiccedilotildees Poliacuteticas especificamente tem como objetivo mediar
interferir organizar gerir o processo democraacutetico bem como quando
necessaacuterioprotagonizar poliacuteticas flexiacuteveis de decisatildeo em relaccedilotildees inerentes a
sociedade numa tarefa de disciplinar regras que insiram sobre os indiviacuteduos direitos
contidos na Constituiccedilatildeo Federal
Exemplificamos assim uma caracteriacutestica nesse contexto do processo
poliacutetico eacute a intervenccedilatildeo estatal inferindo sobre a economia no sentido de aliviar
distorccedilotildees ocorridas pelo mau funcionamento do mercado atraveacutes de poliacuteticas
puacuteblicas que estabelecem regras e diretrizes na qual o poder19poliacuteticopuacuteblico20 eacute o
protagonista no processo Para Oliveira (2008 p 59)
19
Para compreender o processo de dominaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo do Poder consideramos as anaacutelises de FRANCcedilOIS CHAZEL in Boudon e Curvelo (1996) 20
BOBBIO N Et al Dicionaacuterio de poliacutetica Brasiacutelia UnB 1998
64
O poder nasce com o indiviacuteduo mas passa aos grupos e afinal ao Estado pelo processo de institucionalizaccedilatildeo A concentraccedilatildeo de poder eacute um fenocircmeno espontacircneo na sociedade nascida da necessidade de atender a interesses que demandam escala meta individual Satildeo as concentraccedilotildees de poder que estabilizadas pelo consenso e pelo costume levam ao surgimento das instituiccedilotildees poliacuteticas
Ao observarmos a histoacuteria do sistema capitalista assinalamos que em todos
os momentos de instabilidade e fragilidade econocircmica culminando na inseguranccedila
social subsiste a forte presenccedila do Estado com possibilidades de equacionar as
deformaccedilotildees ocasionadas pelo sistema e que de maneira inexoraacutevel afetam as
vidas das pessoas apontando dessa maneira certa ineacutercia do mercado em
resoluccedilotildees dessa natureza
Fiani (2001 p 2) nos diz que a intervenccedilatildeo do Estado o qual ele denomina
de regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo eacute ―integrada e condicionada pelos processos de
natureza histoacuterica e poliacutetica que afetam o conjunto da sociedade Nesse contexto a
regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo estatal dependem de comportamento poliacutetico social e
econocircmicoMuito embora o fator de regulaccedilatildeo esteja mais vinculado agraves atividades
econocircmicas as decisotildees satildeo tomadas na esfera poliacutetica
A Lei Geral de 2006 ndash lei de normatizaccedilatildeo das MPE (LC 12306) - a
exemplo aleacutem de fomentar o desenvolvimento local foi uma accedilatildeo regulamentadora
do Estado Brasileiro em buscar alternativa em equacionar deformidades na
economia do trabalho e assim reverter o processo de alargamento do setor
informal Certamente que a regulamentaccedilatildeo de setores da economia eacute uma forma
de regular e disciplinar accedilotildees
Cabe ressaltar que a Lei 12306 submeteu algumas instituiccedilotildees agrave adequaccedilatildeo
administrativa para assegurar o funcionamento dessa Poliacutetica Puacuteblica assim como
instituiu oacutergatildeos de gestatildeo com competecircncias deliberativas e regulamentadoras que
dispotildeem de jurisdiccedilatildeo sobre tributaccedilatildeo e legalizaccedilatildeo das empresas Essa lei
estabelece inicialmente a criaccedilatildeo de trecircs oacutergatildeos a tiacutetulo dessas competecircncias
Art 2
o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta
Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Comitecirc Gestor do Simples Nacional vinculado ao Ministeacuterio da Fazenda composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil como representantes da Uniatildeo 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municiacutepios para tratar dos aspectos tributaacuterios
65
II - Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte com a participaccedilatildeo dos oacutergatildeos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor para tratar dos demais aspectos ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo III - Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios - CGSIM vinculado agrave Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidecircncia da Repuacuteblica composto por representantes da Uniatildeo dos Estados e do Distrito Federal dos Municiacutepios e demais oacutergatildeos de apoio e de registro empresarial na forma definida pelo Poder Executivo para tratar do processo de registro e de legalizaccedilatildeo de empresaacuterios e de pessoas juriacutedicas
21 (BRASIL 2006)
321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP
Na adequaccedilatildeo municipal agrave Lei Geral e suas alteraccedilotildees (LC 12808 e LC
14714) com o propoacutesito de estimular o ambiente institucional as prefeituras em
parcerias com o SEBRAE criaram Comitecircs Gestores Municipais22 (CGM) com a
proposta de ―[] implementar e acompanhar a aplicaccedilatildeo [] da Lei Complementar
Federal nordm 1232006 na redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar Federal nordm 1282008
(PARANAGUAacute Dec 88713 art 1ordm) Os Comitecircs Gestores Municipais satildeo oacutergatildeos
de ―natureza colegiada para coordenar a poliacutetica relativa agrave micro e pequena empresa
no municiacutepio (SEBRAE 2013 p 61) e satildeo integrados por sujeitos da administraccedilatildeo
puacuteblica e de setores da sociedade civil
No modelo institucional adotado pelo CGM estaacute previsto o viacutenculo e parceria
entre Instituiccedilotildees Poliacuteticas (Federal Estadual e Municipal) Instituiccedilotildees Mercantis e
Instituiccedilotildees de Produccedilatildeo
As Instituiccedilotildees Poliacuteticas nesse contexto especiacutefico satildeo representadas pelo
Governo Local atraveacutes das suas secretarias e a Sala do Empreendedor no Governo
Federal e Estadual atraveacutes de Instituiccedilotildees de creacutedito e de educaccedilatildeo
Os municiacutepios da MRGP que estabeleceram CGM satildeo Paranaguaacute Pontal do
Paranaacute e Matinhos Estes aderiram ao Programa Cidade Empreendedora em
formato integral e com isso possuem assessoramento contiacutenuo junto ao SEBRAE
seja na forma de capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicosseja na forma de consultoria
para os MEI e MPE Para o SEBRAE
21
O inciso III do sect 2ordm da PLC 12306 foi incluiacutedo pela LC 1472014 22
Utilizarei a sigla CGM para designar Comitecirc Gestor Municipal
66
O Comitecirc Gestor Municipal eacute a forma pela qual este projeto de institucionalizaccedilatildeo da lei geral seraacute implantado e controlado O Comitecirc poderaacute ser constituiacutedo de atores (instituiccedilotildees pessoas) que compotildeem o poder puacuteblico municipal associaccedilotildees representantes da sociedade etc e deveraacute conduzir a institucionalizaccedilatildeo da lei geral de forma a obter o melhor ambiente possiacutevel para os empreendedores individuais e micro e pequenas empresas (SEBRAE 2013 p 12)
O municiacutepio de Paranaguaacute em 2013 criou o Comitecirc Gestor Municipal sob o
Decreto Municipal 88713 composto por seguimentos representantes dos setores
puacuteblico e privado conforme listados no quadro abaixo (QUADRO 4)
QUADRO 4 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
FONTE Decreto Municipal Paranaguaacute n 887 de 25 out 2013
Por finalidade segundo o referido Decreto o CGM teraacute que implementar e
acompanhar a aplicaccedilatildeo da Lei Municipal 080 de 06 marccedilo de 2008 que oferece
regime juriacutedico tributaacuterio simplificado e diferenciado agraves micro e pequenas empresas
no acircmbito municipal alinhando-se agrave LC 12306 Dentre as competecircncias do CGM de
Paranaguaacute estatildeo
Art 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta
Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Acompanhar a regulamentaccedilatildeo e a implementaccedilatildeo do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte no Municiacutepio inclusive promovendo medidas de integraccedilatildeo e coordenaccedilatildeo entre os oacutergatildeos puacuteblicos e privados interessados II - orientar e assessorar a formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica municipal de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte III - Acompanhar as deliberaccedilotildees e os estudos desenvolvidos no acircmbito do Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do
CONTROLADORIA GERAL
SECRETARIAS MUNICIPAIS
SALA DO EMPREENDEDOR
ASSOCIACcedilAtildeO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE PARANAGUAacute
SITEMA DE CREacuteDITO
SENAIFIEP
INSTITUTO FEDERAL DO PARANAacute
CAcircMARA MUNICIPAL
SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE PARANAGUAacute
67
Foacuterum Estadual da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e do Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios IV - Sugerir eou promover accedilotildees de apoio ao desenvolvimento da microempresa e da empresa de pequeno porte local ou regional(Paranaguaacute 2008 art 1ordm incisos I II III e IV)
Em Paranaguaacute o CGM atua de maneira articulada envolvendo todos os
atores nas estrateacutegias voltadas ao segmento empresarial e empreendedor local
inclusive com organizaccedilotildees do ―Sistema S como o SEBRAE e o SENAI que atuam
na aacuterea de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo desses segmentos econocircmicos
As estrateacutegias satildeo colocadas em praacutetica em conformidade com a
capacidade orccedilamentaacuteria disponibilizada para este fim Nesse caso o orccedilamento
descrito no Plano Plurianual do municiacutepio para o ―Programa de Geraccedilatildeo de Emprego
e Renda entre os anos de 2014 a 2017 tem como foco
Apoio aos pequenos e microempreendedores cooperativas e outras formas associativas de produccedilatildeo desburocratizando o processo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos Promoccedilatildeo de projetos inovadores Desenvolvimento e integraccedilatildeo de pequenas meacutedias e grandes empresas e induacutestrias estimulando a formaccedilatildeo de cadeias produtivas para induzir o crescimento ordenado e sustentaacutevel (PARANAGUAacute 2013 p 163)
Dentre as accedilotildees estabelecidas no Plano Plurianual 2014-2017 estatildeo a)
capacitaccedilatildeo para o primeiro emprego b) treinamento para os desempregados c)
prestaccedilatildeo de atendimento ao trabalhador
Quanto agrave capacitaccedilatildeo e treinamento perfeitamente compete ao CGM
articular accedilotildees envolvendo entidades do sistema S como o SEBRAE e o SENAI que
possuem competecircncias teacutecnicas para atender a demanda
Assim como Paranaguaacute a Sala do Empreendedor em Pontal do Paranaacute
subordinado diretamente agrave Secretaria Municipal de Desenvolvimento eacute o
departamento mais atuante do CGM no apoio ao MEI tanto pela sua posiccedilatildeo
estrateacutegica em que o agente de desenvolvimento atua diretamente com o MEI
quanto pela articulaccedilatildeo com os outros oacutergatildeos e secretarias municipais
O CGM de Pontal do Paranaacute foi instituiacutedo pelo Decreto municipal 54812015
e dentre os objetivos relatado pelo Secretaacuterio de Desenvolvimento estaacute o de
coordenar os trabalhos de assistecircncia ao microempreendedor em aspectos
relacionados agrave formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo a processos licitatoacuterios
68
QUADRO 5 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
FONTE Decreto Municipal Pontal do Paranaacute n 5481 de 23 dez 2015
Ainda segundo relatos do Secretaacuterio Municipal no iniacutecio da criaccedilatildeo do
Comitecirc Gestor houve divergecircncias falta de colaboraccedilatildeo e dificuldade no
entendimento da proacutepria Lei Geral e sobretudo das LC 12806 e LC 14714 poreacutem
com o amadurecimento das ideias em torno dos objetivos do CGM e das estrateacutegias
adotadas houve ganho de credibilidade dos oacutergatildeo puacuteblicos
A LC 14714 comenta o secretaacuterio era interpretada de formas diferentes
pelos oacutergatildeos O Corpo de Bombeiros a exemplo era muito resistente em se adaptar
ao disposto no art 4ordm sect 3ordm da referida lei que tratava sobre isenccedilatildeo total para a
abertura de empresa para o microempreendedor individual o que acarretava
divergecircncias na leitura e interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo
Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (BRASIL 2014 art 4ordm sect3ordm)
A Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do Litoral do Paranaacute
(AMPEC Litoral) relatou das dificuldades quanto agraves licitaccedilotildees e a capacidade dos
―menores em participar do processo Na posiccedilatildeo do entrevistado2 o municiacutepio se
revela em suas palavras ―mau pagador e tem ateacute 90 dias para efetuar o
pagamento23 tornando inviaacutevel para a maioria dos microempreendedores fornecer
ao municiacutepio O argumento eacute de que grande parte dos MEI natildeo possui capital
23
O art 73 sect 3ordm da Lei nordm 8666 de21 jun 1993 estabelece o prazo de noventa dias para que o objeto executado seja pago pela Administraccedilatildeo Puacuteblica contratante
SECRETARIAS MUNICIPAIS
AMPEC - LITORAL
ACIAPAR
ASSOCIACcedilAtildeO DOS ARTESAtildeO
SISTEMA DE CREacuteDITO
CENTRO DE ESTUDOS DO MAR
CONTADORES DE PONTAL DO PARANAacute
69
suficiente e capacidade econocircmica para suportar um prazo tatildeo longo para receber
os serviccedilos prestados
O CGM do municiacutepio de Matinhos apresentou caracteriacutesticas muito
peculiares em relaccedilatildeo aos de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Segundo o
entrevistado5 havia muitas divergecircncias dentro do CGM sobretudo quando as
decisotildees tomadas coletivamente natildeo continham energia suficiente para colocaacute-las
em praacutetica
QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS
FONTE Decreto Municipal Matinhos n 441 de 30 jul 2013
Outro ponto que dificultava as tomadas de decisotildees com base na demanda
legal e de aspectos ligados agrave Lei Geral era o fato da pouca compreensatildeo pelos
sujeitos envolvidos nas finalidades e propostas da Poliacutetica Puacuteblica em questatildeo
Sobre este e os problemas da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica Lima e Dlsquo Ascenzi
(2013) em suas anaacutelises apresenta alguns pontos importantes
[] em primeiro lugar haacute uma multiplicidade de atores de diferentes tipos de organizaccedilotildees com interesses diversos que satildeo agregados para operar a poliacutetica Tais atores interagem em uma trajetoacuteria de pontos de decisatildeo nos quais suas perspectivas se expressam Em segundo lugar os atores mudam com o passar do tempo Isso faz que a interaccedilatildeo tambeacutem mude pois mudam as perspectivas e a percepccedilatildeo que um ator tem do outro Essa mudanccedila de atores insere pontos de descontinuidade e de necessidade de novas e mais negociaccedilotildees(LIMA Dlsquo ASCENZI 2013 p 103)
322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento
A sala do Empreendedor parceria entre os cinco municiacutepios citados do
litoral paranaense e o SEBRAE tem funccedilotildees especiacuteficas tanto no atendimento ao
MEI quanto agraves MPE Os serviccedilos vatildeo desde a desburocratizaccedilatildeo e formalizaccedilatildeo ateacute
a consultoria de gestatildeo e financcedilas que satildeo realizadas gratuitamente pelos Agentes
de Desenvolvimento e por consultores do SEBRAE A ―Sala eacute uma adaptaccedilatildeo do
Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econocircmico
Secretaria Municipal de Administraccedilatildeo
Secretaria Municipal de Planejamento
Sindicato dos Contabilistas
Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Paranaacute - FECOMEacuteRCIO
Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos - ACIMA
70
SEBRAE ao Programa Cidade Empreendedora24 e tem como objetivo segundo esta
Instituiccedilatildeo de a) incentivar a legalizaccedilatildeo de negoacutecios informais b) facilitar a
abertura de novas empresas c) regularizar as atividades informais aleacutem de apoiar o
MEI quanto agrave formalizaccedilatildeo e informaccedilotildees necessaacuterias relativas agraves especificidades
da sua atuaccedilatildeo como MEI formalizado Segundo o portal do Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute satildeo ofertados os serviccedilos de
a) Atendimento presencial individual
b) Orientaccedilatildeo de controles - Caixa e Vendas
Palestras
c) Orientaccedilatildeo sobre direitos e obrigaccedilotildees
d) Programa Negoacutecio a Negoacutecio
Os Agentes de Desenvolvimento25 satildeo funcionaacuterios dos quadros das
prefeituras que recebem treinamento pelo SEBRAE com vistas a assumirem
responsabilidades co-participativas na implementaccedilatildeo da Lei Geral dentro dos
municiacutepios de atuaccedilatildeo Esses atores da administraccedilatildeo puacuteblica direta podem
constituir elementos estrateacutegicos na dinacircmica das ideias de desenvolvimento local
sobretudo no apoio agrave evoluccedilatildeo e estruturaccedilatildeo das micro e pequenas empresas
futuros empreendedores e empreendedores que jaacute atuam
Esses agentes possibilitam o entendimento na inovaccedilatildeo da administraccedilatildeo
puacuteblica quanto agrave movimentaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos recursos humanos inicialmente
em seus quadros de pessoal que atende agraves demandas de transformaccedilotildees ocorridas
nas dimensotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas a partir do pressuposto que estas
trecircs dimensotildees estatildeo associadas
1) Social ndash promovida principalmente pela ―revoluccedilatildeo expansatildeo
tecnoloacutegica e pela globalizaccedilatildeo
24
Programa do SEBRAE tem como objetivo ―potencializar a implementaccedilatildeo e institucionalizaccedilatildeo da Lei Geral visando agrave melhoria do ambiente de negoacutecios para o Microempreendedor Individual e para as micro e pequenas empresas contribuindo dessa forma com a geraccedilatildeo de emprego e renda (SEBRAE 2013 p 9) lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtgt 25
Para Albuquerque (1997) o processo de desenvolvimento exige a movimentaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo dos recursos humanos e estes devem ser vistos como peccedilas decisivas e natildeo somente como ferramentas ou objeto de produccedilatildeo mas sim como elementos chaves e atores importantes no desenvolvimento
71
2) Econocircmica ndash pelas contradiccedilotildees econocircmicas do sistema neoliberal que
culminaram com a falecircncia da estrutura de produccedilatildeo fabril abrindo
espaccedilo para o setor terciaacuterio
3) Poliacutetica ndash no Estado Democraacutetico de Direito a participaccedilatildeo mais efetiva
de movimentos sociais nas questotildees puacuteblicas altera aspectos e
mecanismos antigos da poliacutetica sobre maneira na perspectiva do
controle social e no quadro decisoacuterio
Em nossos estudos percebemos que a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas
favoraacuteveis ao desenvolvimento regional e local assim como o estabelecimento de
convecircnio e parceria com entidades ligadas ao desenvolvimento das capacidades
locais depende de alguns elementos 1) Estrutura municipal 2) A maturidade do
municiacutepio com relaccedilatildeo agraves concepccedilotildees de desenvolvimento local 3) O tema de
desenvolvimento local estar na pauta do municiacutepio (prioridades de gestatildeo) 4)
Definiccedilatildeo de estrateacutegias por conta da administraccedilatildeo de recursos 5) A maturidade do
empresariado local
323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI
Os municiacutepios que estabelecem parcerias com o SEBRAE possuem
algumas accedilotildees planificadas em virtude da proacutepria capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicos
envolvidas no processo de implementaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e do
convecircnio que prevecirc essas accedilotildees Muito embora a expansatildeo de accedilotildees que
melhorem o ambiente de fomento fica a criteacuterio dos municiacutepios Abaixo (QUADRO
9) descrevemos algumas accedilotildees adotadas pelas prefeituras na MRGP
QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP continua
MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES
ANTONINA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil
GUARAQUECcedilABA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil
72
QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP conclusatildeo
MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES
GUARATUBA - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - A ACIG estaacute estudando para abrir espaccedilo de associaccedilatildeo para o MEI com parcelas de contribuiccedilatildeo reduzida que pode chegar a 50 a menos do valor cobrado
MATINHOS - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (uma vez por mecircs) - Feira da Lua organizada pela AMPEC serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIMA para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo
PARANAGUAacute - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (a cada 15 dias) - Feira da Lua serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Cursos de curta duraccedilatildeo oferecidos pelo SEBRAE atraveacutes de consultoria para a capacitaccedilatildeo e creacutedito que satildeo intermediados junto a Sala do Empreendedor - Articulaccedilatildeo da Sala do Empreendedor com Instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas na constituiccedilatildeo de creacutedito como na capacitaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo - Cursos de capacitaccedilatildeo de fornecimento e compra com o objetivo de identificaccedilatildeo de fornecedores dentro do municiacutepio e que sejam aptos a participarem de processos licitatoacuterios - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIAPAR para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo
PONTAL DO PARANAacute - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas e planejamento (uma vez por mecircs) - Palestras para os vendedores ambulantes com o objetivo de orientaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo - A Feira da Lua que ocorre no balneaacuterio de Sta Terezinha atraveacutes de parceria com a prefeitura o BB o SEBRAE realizam serviccedilos de consultoria gratuitamente - Cursos em parceria entre Prefeitura e ACIAP para vendedores e compradores - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil
FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Pontal do Paranaacute Paranaguaacute e Morretes
A planificaccedilatildeo de algumas accedilotildees pelo sistema SEBRAE se traduz por um
lado na pouca experiecircncia municipal em estrateacutegias de desenvolvimento e por
73
outro lado a substituiccedilatildeo dos governos locais que podem alterar determinadas
estrateacutegias poreacutem as adotadas pela parceria entre o municiacutepio e o SEBRAE ficam
imunes agraves mudanccedilas
Ressaltamos que uma das accedilotildees do Estado importante para facilitar a
legalizaccedilatildeo e a expediccedilatildeo de registro de maneira desburocratizada da empresa eacute a
criaccedilatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de
Empresas e Negoacutecios (REDESIM) instituiacuteda pela Lei 1159807 Sublinhamos que a
partir desta lei a interaccedilatildeo entre os oacutergatildeos responsaacuteveis pela legalizaccedilatildeo e pela
expediccedilatildeo do registro de funcionamento ocorre por dados lanccedilados em sistema
unificado entre oacutergatildeos da federaccedilatildeo dos Estados e Municiacutepios A implantaccedilatildeo
dessa Lei no Paranaacute foi efetivada com a criaccedilatildeo do sistema Empresa
Faacutecilintegrando o Governo de Estado do Paranaacute Associaccedilatildeo dos municiacutepios do
Paranaacute Junta Comercial do Paranaacute e SEBRAE
No litoral paranaense como demonstrado pelo site do Empresa Faacutecil a
implantaccedilatildeo e habilitaccedilatildeo dos sete municiacutepios ao sistema operante estaacute completa
Como observado (QUADRO 7) acima veremos que os municiacutepios de
Paranaguaacute Pontal do Paranaacute e Matinhos que possuem parcerias com o SEBRAE
de forma integral constituem vaacuterias accedilotildees planificadas com base na orientaccedilatildeo de
capacitaccedilatildeo institucional proporcionada por essa instituiccedilatildeo e como mencionado
pelo agente do SEBRAE algumas accedilotildees satildeo planificadas mas a sala do
empreendedor de acordo com a administraccedilatildeo local tem flexibilidade para
aumentar os serviccedilos prestados aos MEI e realizar accedilotildees que viabilizem a melhoria
dos serviccedilos prestados
74
4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute
O litoral se constituiu de forma diferenciada no Paranaacute natildeo tendo
incorporado ao modelo de desenvolvimento capitalista adotado por outras regiotildees
conforme descrito anteriormente Uma das caracteriacutesticas importantes que
predomina na regiatildeo eacute a quase nula existecircncia de poliacuteticas de desenvolvimento
voltadas agraves capacidades locais e regionais
Nesse capiacutetulo dentro das concepccedilotildees de desenvolvimento local
analisaremos alguns elementos geradores de desenvolvimento de crescimento e de
sustentabilidade para o MEI na MRGP
41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR
MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI
A participaccedilatildeo municipal como vetor do desenvolvimento local eacute vital para
conduzir accedilotildees e estrateacutegias que objetivem a superaccedilatildeo de obstaacuteculos produzidos
por desequiliacutebrios nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica Para isso um municiacutepio
atuante e proativo nas questotildees internas provido de atitudes positivas mediante
planejamento e poliacuteticas puacuteblicas de maximizaccedilatildeo das capacidades locais pode
reverter circunstacircncias muitas vezes de fragilidade do tecido social e empresarial
para a otimizaccedilatildeo das condiccedilotildees que promovam o desenvolvimento das liberdades
humanas (autonomia do indiviacuteduo) (SEN 2000 PEREIRA 2006)
O crescimento populacional e a expansatildeo urbana desordenada a falta de
poliacuteticas puacuteblicas especiacuteficas de desenvolvimento regional e local expocircs um quadro
que coloca em evidecircncia a fragilidade econocircmica e administrativa dos governos
locais no litoral do Paranaacute para enfrentamento de problemas especiacuteficos na
economia do trabalho e na manutenccedilatildeo e extensatildeo de programas de infraestrutura
e ainda a dificuldade de implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas includentes que
necessitam de aplicaccedilatildeo significativa de capital
A MRGP em 2004 possuiacutea uma dos maiores PIB per capta do Estado com
a meacutedia acima da estadual constituindo uma das microrregiotildees mais dinacircmicas
segundo Trevisan e Lima (2010) sendo que Paranaguaacute como o grande vetor
75
econocircmico da regiatildeo posto o complexo portuaacuterio e industrial segundo os autores
firmava-se como o 4ordm municiacutepio do Paranaacute com maior PIB per capta No entanto
havia dessemelhanccedilas econocircmicas entre os municiacutepios da regiatildeo em que
Paranaguaacute o municiacutepio mais rico evidenciava disparidades em relaccedilatildeo aos outros
municiacutepios sobretudo Guaraqueccedilaba Matinhos e Morretes agrave eacutepoca os mais
pobres justamente pela sua capacidade de produzir riquezas em funccedilatildeo do porto
de Paranaguaacute
Em 2015 como demonstra o IPARDES Paranaguaacute continua sendo o
principal vetor econocircmico da regiatildeo poreacutem seu PIB per capta ficou abaixo da meacutedia
estadual assim como a sua receita teve decreacutescimo entre os anos 2013 e 2015
(TABELA 8)
Percebemos (GRAacuteFICO 1) que os municiacutepios de Morretes Antonina e
Paranaguaacute tiveram quedas em suas receitas entre os anos de 2014 e 2015 e suas
despesas (GRAacuteFICO 2) no mesmo periacuteodo aumentaram em relaccedilatildeo agraves receitas
destes municiacutepios A identificaccedilatildeo de uma queda de receita desse modo pode
constituir em impacto negativo para investimentos em setores necessaacuterios ao
desenvolvimento visto a baixa capacidade econocircmica municipal
GRAacuteFICO 1- RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS
FONTE IPARDES DEEPASK
No caso especiacutefico de Antonina em 2015 o municiacutepio aumentou para 4 a
aliacutequota do ISSQN (ISS) O setor portuaacuterio contraacuterio ao aumento realizou um
depoacutesito judicial do montante dos tributos Tal accedilatildeo juriacutedica representou uma das
000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Milh
otildees
(R
$)
2013
2014
2015
76
principais causas diretas na queda de arrecadaccedilatildeo municipal permitindo a reduccedilatildeo
da disposiccedilatildeo do municiacutepio em criar propostas de melhoria das condiccedilotildees
socioeconocircmicas da populaccedilatildeo O fato eacute que o aumento na aliacutequota desse tributo
na expectativa de aumentar as divisas municipais de Antonina poderaacute causar em
curto prazo efeito reverso como indicado pela Secretaria de Infraestrutura e
Logiacutestica do Paranaacute (2014)
Uma lei municipal que entra em vigor a partir de janeiro de 2015 pode tornar a cidade de Antonina menos competitiva para investimentos no setor portuaacuterio Eacute que o municiacutepio aprovou o aumento na cobranccedila da aliacutequota do Imposto Sobre Serviccedilos (ISS) que passaraacute a ser de 4 Isso coloca Antonina como a cidade mais cara entre as principais cidades portuaacuterias do centro-sul do Brasil
Portanto com a queda na capacidade de geraccedilatildeo de riquezas a
inviabilidade de intervir em problemas socioeconocircmicos atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas
e accedilotildees de meacutedio e longo prazos e com o enfraquecimento dos governos locais por
conta na reduccedilatildeo das receitas suas accedilotildees na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de
desenvolvimento local ficam limitadas Ainda assim alinhando-se a queda de
receita as despesas municipais em alguns casos ultrapassaram a arrecadaccedilatildeo
agravando ainda mais as contas puacuteblicas e impedindo investimentos em setores
estrateacutegicos para o desenvolvimento
GRAacuteFICO 2- ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015)
FONTE IPARDES DEEPASK
-
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Milh
otildees
(R
$)
Arrecadaccedilatildeo2015
Despesas2015
77
O maior desequiliacutebrio das contas puacuteblicas (relaccedilatildeo entre arrecadaccedilatildeo e
despesas) se deu no municiacutepio de Paranaguaacute em que as despesas superaram a
arrecadaccedilatildeo em 49 como observado (GRAacuteFICO 2)
As quedas de receitas refletem em parte o pouco investimento em setores
produtivos tais como o fomento e apoio agraves micro e pequenas empresas que se
constituem segundo o SEBRAE e Sachs (2003) no setor que mais gera empregos
locais e se constitui como fonte de geraccedilatildeo de divisas para os municiacutepios de outro
lado a complexidade em buscar alternativas de substituiccedilatildeo da arrecadaccedilatildeo se
traduz em fator importante
Em Morretes e Antonina no entanto algumas accedilotildees para aumentar a receita
foram colocadas em praacutetica Uma delas eacute o georreferenciamento dos imoacuteveis para o
pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que satildeo representados
por altas taxas de inadimplecircncia e segundo o entrevistado (6) pode chegar a 50
de devedores
O IPTU como observado nas cidades de Morretes Guaraqueccedilaba Antonina
e Paranaguaacute (GRAacuteFICO3) tem pouca expressividade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
desses municiacutepios Jaacute nos municiacutepios de Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute o
IPTU contribui significativamente na geraccedilatildeo de receita se posicionando acima da
meacutedia nacional que ficou em 2435 em 2014
GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) ()
FONTE DEEPASK ndash montagem dos autores lthttpwwwdeepaskcombrgoespage=Imposto---
IPTU-Veja-a-receita-tributaria-no-seu-municipiogt
0
10
20
30
40
50
60
valo
res p
erc
entu
ais
78
No municiacutepio de Morretes o processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria adotado
pela Secretaria de Infraestrutura no nosso entendimento consiste numa estrateacutegia
de desenvolvimento e de receita na medida de geraccedilatildeo de emprego e renda atraveacutes
da construccedilatildeo civil que expande a prestaccedilatildeo de bens e serviccedilos
Tanto o georreferenciamento quanto a regularizaccedilatildeo fundiaacuteriapredial em
Antonina e Morretes satildeo estrateacutegias afirmativas que tem como propoacutesitos a
regularizaccedilatildeo de aacutereas habitacionais residecircncias e lotes com grandes
possibilidades de elevar a receita municipal observado as delimitaccedilotildees de aacutereas
especialmente protegidas como aacutereas de preservaccedilatildeo permanente (APP) Unidades
de Conservaccedilatildeo (UC) Poreacutem cabe ressaltar que a maior funccedilatildeo da regularizaccedilatildeo
fundiaacuteria eacute equacionar problemas resultantes da expansatildeo urbana desordenada (a
favelizaccedilatildeo eacute um dos problemas)
Nesse sentido a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria eacute ―um mecanismo apto a trazer para
a legalidade uma situaccedilatildeo fundiaacuteria que possa ser identificada como de interesse
social ou seja que tenha como puacuteblico alvo a populaccedilatildeo de baixa renda
(NASCIMENTO 2013 p 12) Como afirma a autora dessa forma a implementaccedilatildeo
da regularizaccedilatildeo fundiaacuteria torna ―evidente o conteuacutedo social a que o bem serviraacute
(idem p 18)
Em Pontal do Paranaacute como relatou entrevistado3 sobre o fortalecimento
das receitas o municiacutepio atraveacutes do Conselho Gestor adotou para 2017 um selo
de qualidade que seraacute fornecido agrave empresa que se encontrar regularizado com suas
diacutevidas junto agrave prefeitura ―O selo permite que haja retorno para a prefeitura atraveacutes
da contribuiccedilatildeo Eacute uma valorizaccedilatildeo para quem se encontra em situaccedilatildeo regular
(transcriccedilatildeo)
No entanto com pouca variaccedilatildeo para aumentar a receita e com menos
dinheiro em caixa as prefeituras deixam de investir em programas de meacutedio e longo
prazo com propostas no desenvolvimento positivosustentaacutevel e includente de
criaccedilatildeo institucional cultural social e econocircmica Ou seja criaccedilatildeo de um ambiente
favoraacutevel agrave extensatildeo das liberdades e capacidades das pessoas (SEN 2000)26
26
As liberdades na visatildeo do autor satildeo condicionadas pelas circunstacircncias sociais poliacuteticas e econocircmicas as quais denomina de liberdades instrumentais e correspondem 1) liberdades poliacuteticas 2) facilidades econocircmicas 3) oportunidades sociais 4) garantias de transparecircncias 5) seguranccedila protetora (p54)
79
Para esse autor as liberdades satildeo partes constitutivas fundamentais do
enriquecimento do processo de desenvolvimento natildeo satildeo finitas em si mesmas
mas permitem a expansatildeo de outras liberdades sendo que o proacuteprio
desenvolvimento pode ser considerado como a expansatildeo das liberdades humanas
ou como sublinha Pereira (2006) ao se referir agrave ―autonomia baacutesica como um
elemento de precondiccedilatildeo societal a noccedilatildeo de autonomia estaacute ancorada nos
preceitos da ―democracia como recurso capaz de livrar os indiviacuteduos natildeo soacute da
opressatildeo sobre as suas liberdades (de escolha e de accedilatildeo) mas tambeacutem da miseacuteria
e do desamparo (PEREIRA 2006 p 70)
A falta de recursos sinalizou nas entrevistas com os agentes de
desenvolvimentos de Morretes Matinhos e Paranaguaacute a pouca flexibilidade dos
municiacutepios em estruturar suas agendas de programas de desenvolvimento local
restando o atendimento de formalizaccedilatildeo e serviccedilos baacutesicos aos
Microempreendedores tais como alteraccedilatildeo de dados alvaraacute baixa da inscriccedilatildeo e
Documento de Arrecadaccedilatildeo Simplificada (DAS) Essas accedilotildees de apoio efetivo agrave
categoria se por um lado representam o auxiacutelio prestado ao MEI por outro
constituem um fim em si mesmas pois desempenham funccedilotildees meramente
burocraacuteticas natildeo menos importantes mas poderiam ser desenvolvidas dentro de
um plano estrateacutegico que coadunassem simultaneamente outras accedilotildees previstas
nos dispositivos da LC 12808 sobre os instrumentos de apoio e poliacuteticas que
assegurem o desenvolvimento e a sustentabilidade dos MEI Dentro dessa anaacutelise
por um lado o ―fluxo contiacutenuo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos que em sua
esmagadora maioria satildeo de pequeno porte (SACHS 2003 p 111) de outro lado
como demonstra o autor as MPE submetidas ao livre mercado aumentam os
nuacutemeros estatiacutesticos sobre a mortalidade das empresas posto as diferentes
condiccedilotildees de produccedilatildeo e competitividade no mercado aberto que produz um
―processo de seleccedilatildeo que pode ser qualificado de ―darwinismo social (idem p 111)
Em Morretes no final do ano de 2016 o desempenho da sala do
empreendedor estava muito limitado ou quase nulo como comentou o
entrevistado6 Aleacutem da estrutura reduzida em comparaccedilatildeo agraves cidades que
dispunham do programa em Morretes natildeo haviam atividades relacionadas ao
fomento das empresas locais nem tatildeo pouco a procura aos serviccedilos pelos MEI ou
potenciais empreendedores Poreacutem em 2015 como observou o entrevistado6 ―a
partir da adequaccedilatildeo da 147 (LC 14714) o carimbo da vigilacircncia sanitaacuteria deu
80
valoraccedilatildeo para o produto Alguns produtores padronizaram o roacutetulo e as empresas
Essas medidas favorecem o atendimento ao turismo (transcriccedilatildeo)
Em Paranaguaacute segundo o entrevistado7 as atividades da sala do
empreendedor estavam muito reduzidas e fixavam-se apenas no processo de
formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo nas duacutevidas que surgiam natildeo sendo possiacutevel desenvolver
accedilotildees muito extensas fora da sala27 Poreacutem atraveacutes do Programa Compras Paranaacute
o municiacutepio ofereceu cursos de capacitaccedilatildeo dos funcionaacuterios para compras em
oacutergatildeo puacuteblicos assim como capacitaccedilatildeo de alguns fornecedores em licitaccedilotildees O
objetivo dessa accedilatildeo era ―identificar novos fornecedores dentro do municiacutepio
fortalecendo o mercado interno gerando divisas emprego e renda (entrvistado7-
transcriccedilatildeo)
Em Morretes o entrevistado municipal o entrvistado6 nos disse ―natildeo haacute
procura por licitaccedilotildees (pelos MEI) E as empresas locais dificilmente procuram a
licitaccedilatildeo (transcriccedilatildeo) Assim a falta de poliacuteticas de desenvolvimento local e da
categoria poderaacute contribuir no afastamento de propostas significativas de inclusatildeo
social do MEI na MRGP frisados na LC 12808
Constatamos que a falta de recursos constitui um dos elementos importantes
que inviabilizam a implantaccedilatildeo integral contiacutenua e sustentaacutevel das LC 12306
LC12808 e LC 14714 ndash conjunto de leis que normatizam as MPE e
Microempreendedores individuais - bem como em poliacuteticas de geraccedilatildeo de emprego
e renda e mesmo em outras aacutereas de sustentaccedilatildeo de poliacuteticas sociais pois
segundo Sachs (2003) as poliacuteticas econocircmicas e sociais satildeo indissociaacuteveis
complementares e dependentes de investimentos
Embora outros motivos tais como o amadurecimento da gestatildeo municipal agrave
concepccedilatildeo de desenvolvimento local incluindo categorias especiacuteficas de produccedilatildeo e
inclusatildeo como eacute o caso dos MEI conferimos agrave baixa capacidade econocircmica do
poder puacuteblico local uma das principais dificuldades em produzir mecanismos de
enfrentamento agrave vulnerabilidade dos trabalhadores locais muitas vezes com pouca
ou sem qualificaccedilatildeo para o mercado de trabalho
Deduzimos atraveacutes de nossas pesquisas que a falta de comunicaccedilatildeo
informaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo nas propostas da sala do empreendedor assim como em
27
No plano Plurianual 20142017 de Paranaguaacute estaacute previsto o investimento de R$ 10000000 para o apoio aos MEI desenvolvimento das micro pequenas e grandes empresas e induacutestrias no estiacutemulo para desenvolver uma cadeia produtiva local de forma sustentaacutevel
81
processos de licitaccedilatildeo28 exclui grande parte dos MEI ao Acesso em de serviccedilos
baacutesicos estabelecidos em lei e possibilidades de relaccedilotildees comerciais com o
municiacutepio posto o desconhecimento das recomendaccedilotildees por parte dos MEI
estabelecidas na Lei Geral (LC 12308) a qual prescreve normas diferenciadas de
promoccedilatildeo de desenvolvimento desse segmento de trabalhadoresempreendedores
individuais
O municiacutepio empoderado atraveacutes de uma ambiente institucional e de um
aporte estrutural constituiacutedo aumenta as possibilidades de eficiecircncia na intervenccedilatildeo
em problemas locais O empoderamento dos municiacutepios nesse sentido eacute central no
processo de desenvolvimento tanto de categorias especiacuteficas quanto de categorias
marginalizadas pela ausecircncia do poder puacuteblico Eacute dessa forma que ―ao analisar
experiecircncias de desenvolvimento localregional vecirc-se forccedilada a noccedilatildeo de que a
presenccedila do Estado eacute fundamental (BARBOSA et al in POCHMANN 2004 p 275)
sendo ele o principal articulador e protagonista de poliacuteticas de desenvolvimento e
inclusatildeo social
411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita
Ao examinara literatura sobre o uso do dinheiro puacuteblico no litoral do Paranaacute
que no nosso entendimento tem a possibilidade de ser alocado prioritariamente em
instrumentos geradores de desenvolvimento para as pessoas das pessoas e pelas
pessoas (SACHS 2003) percebemos muitas vezes recursos jaacute reduzidos sendo
direcionados a atender minorias com respaldo poliacutetico econocircmico e social
Como analisa Monteiro (2013a) boa parte das receitas de Guaratuba e
Matinhos estatildeo sendo direcionadas agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria com projetos de
infraestruturas (pavimentaccedilatildeo rede de esgoto etc) que beneficiam as elites locais
Estas elites satildeo na visatildeo de Frey (2000) amparadas por ―instituiccedilotildees de
intermediaccedilatildeo ndash patronagem poliacutetica clientelismo nepotismo fisiologismo e a
corrupccedilatildeo ndash [] (p 104) que constituem praacuteticas relacionais entre o poder central
local e oligarquias locais contribuindo para a ampliaccedilatildeo das desigualdades sociais
visto a apropriaccedilatildeo dos benefiacutecios por parte dessas elites
28
Conforme obrigatoriedade legal as licitaccedilotildees satildeo publicadas no site da prefeitura Tribunal de Contas e Diaacuterio oficial
82
Segundo Monteiro (2013a) em Caiobaacute balneaacuterio eletizado de Matinhos
com forte presenccedila de residecircncias de alto padratildeo e ainda com propostas a proacute-
verticalizaccedilatildeo a pavimentaccedilatildeo chega a 94 853 de calccediladas e 686 de
bueiros Enquanto em bairros como o Tabuleiro haacute 254 de ruas pavimentadas
164 de calcadas e 285 de bueiros denotando dessa forma os desniacuteveis de
emprego da receita para a manutenccedilatildeo das iniquidades entre as classes sociais
Jaacute em Guaratuba como salienta Monteiro (2013b)
[] veremos que boa parte da receita puacuteblica alimenta a especulaccedilatildeo imobiliaacuteria atraveacutes de obras de infraestrutura que beneficiam sobremaneira glebas vazias lotes baldios em suma propriedades que natildeo estatildeo cumprindo a funccedilatildeo social (MONTEIRO 2013a p 1)
Compreendemos dessa maneira que o espaccedilo constituiacutedo por relaccedilotildees de
poder pode representar o exerciacutecio de poder considerando algumas variaacuteveis
Como acentua Silva (2008) o poder local deve ser compreendido como exerciacutecio
das dimensotildees poliacutetica econocircmica social simboacutelica e cultural
A criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento local que promovam a
expansatildeo das liberdades humanas eacute indispensaacutevel a vontade poliacutetica o
amadurecimento agraves perspectivas de desenvolvimento pelos gestores municipais e
pelo empresariado local os recursos satisfatoacuterios nesse sentido o empoderamento
do municiacutepio eacute fundamental para o financiamento das poliacuteticas de desenvolvimento
a mediaccedilatildeo entre as relaccedilotildees de poder um aporte institucional capaz reduzir as
disparidades de classe e o planejamento e accedilatildeo sendo que o planejamento pode
ser revisado e modificado a julgar que toda accedilatildeo provoca modificaccedilotildees
Dentro dessa perspectiva foram analisados por Horochovski Junckes e
Muraro (2011) em trabalho realizado sobre um Programa de Desenvolvimento
Sustentaacutevel em Matinhos promovido pelo Banco do Brasil a participaccedilatildeo e o
planejamento pelos atores envolvidos Para esses autores os ―componentes
estruturais do modo de produccedilatildeo vigente apatia poliacutetica deacuteficits informacionais e a
persistecircncia de assimetrias e padrotildees autoritaacuterios e clienteliacutesticos [] (p 51)
constituem entre outros barreiras no processo democraacutetico e participativo
(HOROCHOVSKI JUNCKES MURARO 2011)
Ao discorrer sobre aspectos para o desenvolvimento local e o custeio
puacuteblico SEN (2000) afirma que natildeo se pode esperar um governo enriquecer para
83
investir em serviccedilos de base como a educaccedilatildeo e a sauacutede que na visatildeo do autor
satildeo elementos geradores de desenvolvimento posto que
A viabilidade desse processo conduzido pelo custeio puacuteblico depende do fato de que os serviccedilos sociais relevantes (como os serviccedilos de sauacutede e educaccedilatildeo) satildeo altamente trabalho-intensivos e portanto relativamente barato nas economias pobres ndash onde os salaacuterios satildeo baixos (SEN 2000 p 65)
Para esse autor se devem ponderar preccedilos e custos como paracircmetros de
quanto pode ou natildeo pode o governo gastar Adverte ele ainda que o processo
mediado pelo crescimento econocircmico acarreta em muitas vantagens tanto pelas
condiccedilotildees de investimentos quanto por provisotildees em setores essenciais como
educaccedilatildeo e sauacutede baacutesica
Dessa maneira reiteramos dentro da perspectiva de nossas anaacutelises a
necessidade do empoderamento municipal pois o Estado se consolida como o
principal condutor de processos de desenvolvimento Nessa direccedilatildeo entendemos
que o crescimento econocircmico eacute importante para o desenvolvimento (SACHS 2003
SEN 2000 FURTADO 2008) Natildeo como um fim em si mesmo mas um elemento
estrutural de outros coeficientes (aporte institucional poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas da
sauacutede e educaccedilatildeo e estrateacutegias macro e microeconocircmicas locais para o
desenvolvimento sustentaacutevel) que se materializem em equipamentos propiacutecios agrave
extensatildeo das ―liberdades humanas (SEN 2000)
42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS29
DO MEI NA MRGP
No desenvolvimento local conduzido em especial pelo ―custeio puacuteblico
(SEN 2000) atraveacutes dos governos subnacionais de inferecircncia nas aacutereas da
educaccedilatildeo sauacutede e economia o peso de interferecircncia do processo econocircmico pode
revelar-se como um dos imperativos entre o sucesso ou fracasso das estrateacutegias
adotadas
A conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estrateacutegias setorizadas de apoio agrave
categoria do MEI satildeo definidas com base orccedilamentaacuteria e disponibilidade de recursos
29
Encerramento da inscriccedilatildeo do Cadastro de Pessoa Juriacutedica (fechamento legal da empresa)
84
apropriados para a realizaccedilatildeo Identificamos dentro das estrateacutegias municipais as
salas do empreendedor que fornecem orientaccedilotildees e auxiacutelio na formalizaccedilatildeo de
empresas e empreendedores individuais (EI) que se encontram na informalidade
No graacutefico 4 abaixo observamos o nuacutemero de atendimentos realizados
pelos agentes de desenvolvimento nas salas do empreendedor nos municiacutepios da
MRGP
GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO
EMPREENDEDOR NA MRGP (2015 ndash 2016)
FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
Percebemos o aumento significativo de atendimentos realizados pela ―sala
entre os anos 2015 e 2016 (GRAFICO 4) em Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute
Segundo informaccedilotildees do entrevistado7 em Paranaguaacute a aumento nos atendimentos
eacute proporcional agrave elevaccedilatildeo das formalizaccedilotildees e abaixo (GRAacuteFICO 5) verificamos as
formalizaccedilotildees realizadas nas salas do empreendedor na MRGP
GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS NAS SALAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP
FONTE Salas do empreendedor de Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Paranaguaacute Pontal doParanaacute
Morretes Matinhos
0
50
100
150
200
250
300
350
Morretes Paranaguaacute Pontal do Paranaacute
ano 2015
ano 2016
85
Observamos acima (GRAacuteFICO 5) a reduccedilatildeo de 475 nas formalizaccedilotildees
realizadas pela sala do empreendedor em Pontal do Paranaacute no ano de 2016 em
relaccedilatildeo a 2015 Paranaguaacute ao contraacuterio apresentou percentual positivo de 1133
nas formalizaccedilotildees efetivadas junto agrave sala do empreendedor entre os anos 2015 e
2016
De maneira um tanto preocupante em Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
(GRAacuteFICO 6) constatamos o aumento significativo nas operaccedilotildees de baixa de
inscriccedilatildeo do MEI realizadas pela sala do empreendedor entre os anos de 2015 e
2016 Pontal do Paranaacute apresentou acreacutescimo de 2217 nas baixas de inscriccedilatildeo do
MEI enquanto Paranaguaacute indicou o avanccedilo de 1594 nas baixas da categoria Em
Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo haacute baixas
registradas na sala do empreendedor em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato
com o agente de desenvolvimento
GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI REALIZADAS NAS SAAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP
30
FONTE Salas do empreendedor de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
Ao estabelecermos comparaccedilatildeo entre os graacuteficos (5 e 6) percebemos que
a) No ano de 2015 o nuacutemero de baixas de inscriccedilotildees do MEI registrados na
sala do empreendedor em Paranaguaacute correspondeu a 274 das
30
Em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato com o agente de desenvolvimento em Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo houve baixas registradas nas salas do empreendedor
0
20
40
60
80
100
120
ano 2015
ano 2016
86
formalizaccedilotildees naquele ano No ano de 2016 o nuacutemero de baixas (MEI)
em Paranaguaacute em relaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo correspondeu a 333
Portanto uma elevaccedilatildeo de 59 nas baixas do MEI entre os anos de
2015 e 2016
b) Em Pontal do Paranaacute as baixas do MEI registradas pela sala do
empreendedor em relaccedilatildeo agraves formalizaccedilotildees corresponderam a 116
em 2015 Em 2016 a variaccedilatildeo das baixas na inscriccedilatildeo do MEI em relaccedilatildeo
agraves formalizaccedilotildees atingiu o percentual de 7115 o que corresponde a um
aumento acentuado de 5955 nas baixas de inscriccedilotildees do MEI entre
2015 e 2016
Ao inclinar nossos olhares para os resultados dos graacuteficos (5e 6) veremos
expressiva diferenccedila na sustentabilidade do MEI entre os municiacutepios de Pontal do
Paranaacute e Paranaguaacute Isso nos remete a uma questatildeo como explicar o significativo
nuacutemero de baixas na inscriccedilatildeo do MEI em Pontal do Paranaacute em relaccedilatildeo agrave
Paranaguaacute resultando em dados estatiacutesticos tatildeo diacutespares na sustentabilidade dos
MEI jaacute que os dois municiacutepios possuem em sua maioria dentre algumas accedilotildees
isoladas estrateacutegias planificadas pelo SEBRAE
A resposta a essa questatildeo segundo o entrevistado3 estaacute na sazonalidade
pelo qual estatildeo sujeitos os municiacutepios balneaacuterios da MRGP ndash Matinhos Pontal do
Paranaacute e Guaratuba Esta anaacutelise estaacute sustentada igualmente por Sulzbac
Denardin e Felisbino (2012)
O fato destes enfrentarem a problemaacutetica da sazonalidade de visitaccedilotildees em virtude do lazer de sol e mar define-se a hipoacutetese de que a sazonalidade recorrente da principal atividade econocircmica resulta em instabilidades financeiras tanto as instituiccedilotildees locais como para a proacutepria populaccedilatildeo promovendo adequaccedilotildees dos empreendimentos especialmente no que se refere aos viacutenculos de trabalho Em consequecircncia os empreendimentos formais natildeo encontram suporte financeiro para sua manutenccedilatildeo resultando na criaccedilatildeo de empreendimentos informais que satildeo caracteriacutesticos destes locais (p 109-110)
Na temporada de praia conforme relato do entrevistado3 muitos MEI
transferiram-se ou se formalizam em Pontal do Paranaacute com vistas agrave fiscalizaccedilatildeo
intensa nesse periacuteodo Ao fim do veratildeo muitos vatildeo embora para suas cidades e
datildeo baixas das empresas Outros ―natildeo conseguem sequer pagar o boleto DAS no
final do mecircs (transcriccedilatildeo) com isso acabam por encerrar a microempresa e
87
―sobrevivendo com o que conseguiram juntar no veratildeo (transcriccedilatildeo) concorrendo
para o nuacutemero expressivo de baixas em janeiro e fevereiro de cada ano
Monteiro (2013b) acentua sobre a sazonalidade nos municiacutepios da
plataforma no Paranaacute e a variaccedilatildeo populacional decorrente do veratildeo e de alguns
feriados Para esse fato ele denomina de ―As meias cidades do litoral paranaense
(p 5)
[] as cidades do litoral transformam-se acentuadamente literalmente da noite para o dia quando chegam as pessoas para as festas de fim de ano e feacuterias de veratildeo Boa parte dos domiciacutelios vagos satildeo ocupados muitos com concentraccedilatildeo de mais de 4 pessoas por cocircmodo (MONTEIRO 2013b p 5)
A sazonalidade eacute um imperativo importante na observaccedilatildeo das baixas dos
MEI apoacutes a temporada de veratildeo Por outro lado destacamos uma variaacutevel
dependente que eacute a formaccedilatildeo da dinacircmica do mercado local em participar e
introduzir certa sustentabilidade das empresas atraveacutes de variaacuteveis como a da oferta
de trabalho aumento de consumo cooperaccedilatildeo entre as empresas locais entre
outras
Dessa maneira as empresas inclusas em um sistema de mercado
fortalecido onde a capacidade de gerar riqueza seja mais sustentaacutevel tecircm mais
possibilidades de prosperar e manter suas atividades Portanto um mercado ativo
comumente tem respaldo do poder puacuteblico local e as micro e pequenas empresas
que surgem em meio a essa dinacircmica requerem estrateacutegias definidas com vistas a
competirem no mercado aberto
Podemos discorrer na perspectiva de Sachs (2003) e Sen (2000) que aleacutem
de fomentar a formalizaccedilatildeo de micro pequenos e meacutedios empreendimentos dado a
―cobertura social para os trabalhadores (SACHS 2003 p113) ndash na visatildeo desse
autor a principal vantagem ndash eacute necessaacuterio expandir formas de adequaccedilatildeo agrave
sustentabilidade dessas empresas uma vez que lanccediladas no mercado aberto satildeo
incapazes de competir com empresas maiores e ampliar sua estrutura
A mortalidade nessa competiccedilatildeo em condiccedilotildees de inferioridade eacute elevada para os micro e pequenos empreendimentos Nuacutemeros do SEBRAE apontam para taxas de 32 de fechamento em menos de um ano 44 em menos de dois anos 56 em menos de trecircs 66em menos de quatro e 71 em menos de cinco (SACHS 2003 p 35)
Como analisa Sachs (2003) os pequenos e meacutedios empreendimentos natildeo
tecircm como sobreviver no mercado aberto dado a baixa capacidade de produzir em
88
condiccedilotildees desiguais No questionaacuterio aplicado ao MEI veremos algumas barreiras
que acentuam essas desigualdades
43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO
O questionaacuterio31 elaborado para o MEI e aplicado nos municiacutepios de
Matinhos Guaratuba Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute foi um instrumento que
permitiu ilustrar uma realidade da categoria MEI frente aos desafios enfrentados no
decorrer da sua formalizaccedilatildeo na mesma medida em que possibilitou compreender
um pouco a realidade concreta desses trabalhadores exposta pelas suas opiniotildees
suas respostas objetivas e por vezes subjetivas Ou seja uma fonte de
―informaccedilotildees vivas (RAYNAUT C et al 2002)
No mesmo sentido a anaacutelise dos dados tornou-se importante posto que
buscamos compreender a aproximaccedilatildeo entre alguns mecanismos de apoio ao MEI
descritos na Lei Geral (12308) e o Acesso em a esses mecanismos pelo puacuteblico
alvo
O questionaacuterio procurou coletar dados dos microemprendedores individuais
segundo atividade econocircmica tempo de atuaccedilatildeo no mercado formalizado renda
bruta participaccedilatildeo em compras puacuteblicas local da atividade econocircmica quanto agrave
capacitaccedilatildeo e consultoria entre outros
O questionaacuterio foi aplicado a trinta microemreendedores individuais
Natildeo houve classificaccedilatildeo especiacutefica para a escolha dos entrevistados na
aplicaccedilatildeo do questionaacuterio O que se propocircs a fazer foi deslocar ateacute o local de
trabalho do MEI e aplicar o questionaacuterio em meio agraves suas atividades Esta teacutecnica
possibilitou observar a estrutura do estabelecimento e dialogarmos diretamente com
o microempreendedor individual sobre suas dificuldades e avanccedilos apoacutes a
formalizaccedilatildeo Alguns MEI foram pouco receptivos a participar do questionaacuterio mas a
maioria se sentiu muito a vontade em responder as perguntas
431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral
do Paranaacute
31
O formulaacuterio aplicado ao MEI encontra-se nos anexos dessa dissertaccedilatildeo
89
Veremos abaixo (GRAacuteFICO 7) que a maior parte dos MEI respondentes
(n=24) estaacute alocada nos setores de serviccedilos e comeacutercio Doze (n=12) exercem suas
atividades no setor de prestaccedilatildeo de serviccedilos (informaacutetica conserto de bicicleta
eletrocircnica cabeleireira sapateiro) e doze (n=12) pertencem ao comeacutercio (papelaria
armarinho produtos de limpeza pet shop loja de roupas comeacutercio de artigos de
praia entre outros) Dos respondentes trecircs (n=3) exercem suas atividades na aacuterea
da cultura
GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE ECONOcircMICA ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Na observaccedilatildeo dos dados percebemos a maior concentraccedilatildeo da atividade
econocircmicano setor terciaacuterio Esta anaacutelise jaacute foi descrita por Superville e Quintildeones
(2000) Barbosa (2007) no qual concluiacuteram que o trabalhador fabril foi deslocado
para este setor passando ser um trabalhador de serviccedilos
Os empreendedores na perspectiva de Nassif et al (2014) apresentam
uma variaccedilatildeo de caracteriacutesticas como a criatividade flexibilidade autonomia e ideias
para inovar Poreacutem tal como notamos anteriormente as oportunidades de produzir
bens e serviccedilos satildeo frequentemente diferentes tanto pela capacidade de
investimento em tecnologia e informaccedilatildeo tanto pela expectativa de uma formaccedilatildeo
bruta de capital Ao analisarmos a capacidade estrutural dos MEI (condiccedilotildees
econocircmicas e de compreensatildeo de mercado) percebemos o distanciamento
(desconhecimento) dos instrumentos geradores de seu desenvolvimento previstos
em lei Os instrumentos descritos na Lei Geral (12306) podem facilitar e auxiliar na
Comeacutercio reparaccedilatildeo deveiacutec automotores emotocicleta
Outras atividades eserviccedilos
educaccedilatildeo
cultura
construccedilatildeo
natildeo respondeu
90
melhoria dos negoacutecios e desencadear um processo de desenvolvimento Na
percepccedilatildeo de Pochmann ( 2004) Sen (2000) Sachs (2003) o desenvolvimento eacute
associado simultaneamente ao crescimento econocircmico com o fortalecimento da
capacidade de produccedilatildeoacumulaccedilatildeo e pela ampliaccedilatildeo das liberdades substantivas
432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute
No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 8) percebemos a quantidade de anos
formalizados dos MEI respondentes
GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30)
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Observamos que dos respondentes 09 (nove) estatildeo formalizados haacute um
ano o que configura como a maioria dos microemperendedores formalizados
Percebemos uma reduccedilatildeo no nuacutemero de empreendimentos entre cinco e onze anos
de funcionamento
No primeiro ano de funcionamento conforme os dados acima (GRAacuteFICO 8)
dos microempreendimentos seis (n=6) desenvolvem suas atividades no comeacutercio e
dois(n=2) suas atividades estatildeo relacionadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos
Sachs (2003) ao analisar dados do SEBRAE nos diz que em menos de cinco
anos 71 das micro e pequenas empresas fecham as portas o que demonstra em
sua perspectiva e de Sen (2000) aleacutem da fragilidade dessa categoria existe a falta
de instrumentalizaccedilatildeo e praacuteticas dos mecanismos existentes para manter os
microempreendedores na formalidade e provocar a ruptura desse quadro
0
5
10
15
20
25
30
ateacute 1ano
ateacute 2anos
ateacute 3anos
ateacute 4anos
ateacute 5 ateacute 6anos
ateacute 8anos
ateacute 11anos
()
anos de formalizaccedilatildeo
91
O aumento ou a diminuiccedilatildeo gradual das formalizaccedilotildees de micro e pequenos
empreendimentos na MRGP assim como o fortalecimento desses empreendedores
pode representar indicativos do respaldo dado pelas estrateacutegias e accedilotildees colocadas
em praacutetica com base na Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo observando que
O principal objetivo das poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave consolidaccedilatildeo das MPE deve estar em assisti-las no desenvolvimento de uma competitividade genuiacutena que lhes permita aumentar gradualmente os salaacuterios estar em dia com os encargos sociais e impostos superar o imediatismo e adquirir uma perspectiva de longo prazo na gestatildeo do negoacutecio e na previsatildeo de investimentos (SACHS 2003 p 35)
Desse modo as estrateacutegias devem superar as circunstacircncias especiacuteficas de
processos burocraacuteticos ligados agrave formalizaccedilatildeo e sim expandir suas accedilotildees de
maneira que as MPE possam adquirir autonomia sustentaacutevel e desempenhar um
papel relevante na economia local
Observamos que Sachs (2003) alertava para as principais dificuldades
encontradas no desenvolvimento das MPE ―Acesso em ao creacutedito ao mercado agrave
miacutedia ao poder puacuteblico agrave classe poliacutetica e especialmente agrave tecnologia e ao
conhecimento [] (idem p 113) A falta de Acesso em a esses instrumentos
importantes restringe a capacidade de ampliaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo
(tecnologia de gestatildeo lucratividade rentabilidade) quanto ao de arranjos produtivos
locais
Para Albuquerque e Zapata (2010 p 2016) ―a introduccedilatildeo de inovaccedilotildees
tecnoloacutegicas e o fomento da capacidade empresarial e organizativa nos diferentes
acircmbitos territoriais satildeo variaacuteveis estrateacutegicas da poliacutetica de desenvolvimento e
podem possibilitar a reversatildeo ou minimizar as assimetrias do mercado resultantes
da competitividade desigual
434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP
Ao analisar o graacutefico baixo (GRAacuteFICO 9) observamos que vinte e trecircs
(n=23) dos respondentes disseram natildeo ter ou natildeo tiveram relaccedilotildees comerciais com
o municiacutepio Certamente que boa parte dos entrevistados natildeo possui caracteriacutesticas
comerciais para fornecer ao poder puacuteblico no entanto alguns setores dentre os
quais educaccedilatildeo eletrocircnica informaacutetica incluso nos tracircmites legais podem fornecer
92
serviccedilos para o municiacutepio No setor de comeacutercio papelarias e loja de materiais de
limpeza tecircm a possibilidade de fornecimento na compra direta dispensada de
licitaccedilatildeo descrita nos art 23 e 24 da Lei 86661993 Da mesma forma no setor de
serviccedilos observado as normas juriacutedicas
GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA MRGP (N=30)
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Nas licitaccedilotildees muitos respondentes (n=23) disseram natildeo manter relaccedilotildees
comerciais com o poder puacuteblico e desconhecem o funcionamento para participar do
processo O que denota a pouca extensatildeo de estrateacutegias como o Programa
―Compras Paranaacute Esse programa tem como foco otimizar o processo de licitaccedilatildeo
para empresas locais Propicia no mesmo sentido a capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios
puacuteblicos nesse processo e a capacitaccedilatildeo de fornecedores que desejam participar de
licitaccedilotildees
Para tanto na compra puacuteblica eacute indispensaacutevel a orientaccedilatildeo em licitaccedilotildees que
possam ser direcionadas agraves micro e pequenas empresas locais da regiatildeo Mas para
isso o setor puacuteblico tem que estar bem preparado assim como o empresariado local
para estabelecer a conexatildeo Segundo o entrevistado4 esta eacute uma condiccedilatildeo iacutempar no
sentido do desenvolvimento empresarial localizado
Ressaltamos que as compras puacuteblicas ou contrataccedilotildees puacuteblicas podem
conduzir e inserir os micro e pequenos empreendimentos no mercado uma vez que
a esfera puacuteblica constitui um mercado estaacutevel de relaccedilotildees comerciais quase sempre
sim
natildeo
natildeo respondeu
93
em ampliaccedilatildeo O capiacutetulo V da LC 12306 alterado pela 14714 descreve sobre os
criteacuterios a serem adotados em favorecimento agraves MPE quanto ao Acesso em ao
mercado destacando as compras e contrataccedilotildees puacuteblicas e sobre o processo de
licitaccedilatildeo
Segundo o SEBRAE 76 das MPE de Paranaguaacute natildeo participaram em
processos de compras puacuteblicas entre os anos de 2011-2014 Dessas empresas
55 desconhecem as oportunidades para comercializar com governoempresas
estatais Nesse sentido a pouca eou dificultosa informaccedilatildeo fornecida para o MEI
quanto aos serviccedilos disponibilizados pelo municiacutepio e sobre os instrumentos de
regulamentaccedilatildeo e direitos a Acesso ems facilitados dispostos na Lei Geral (12306)
poderia ser revertida pela divulgaccedilatildeo nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo locais - jornais
circulantes nos municiacutepios raacutedios comunitaacuterias por exemplo aleacutem dos oficiais ndash
relativo aos direitos e obrigaccedilotildees do MEI incorporado agrave sua formalizaccedilatildeo com o
propoacutesito de inseri-lo no mercado (trabalho) sua expansatildeo e sustentabilidade
Em Pontal do Paranaacute o secretaacuterio de desenvolvimento afirma que o
municiacutepio estaacute se empenhando para que as empresas locais inclusive o MEI
participem das licitaccedilotildees Para isso segundo ele a prefeitura se adequou a LC
14714 no sentido de que uma licitaccedilatildeo de determinado valor seja dividida para
facilitar o Acesso em dos microempreendedores observando igualmente a
possibilidade de pagamento de 10 a mais do valor miacutenimo para o MEI Essas satildeo
adequaccedilotildees importantes adotadas por Pontal do Paranaacute atraveacutes do Concelho
Gestor Municipal (CGM) Comenta o E8 sobre o CGM
Uniu mais a populaccedilatildeo agrave prefeitura uniu mais o microempreendedor a vender para a prefeitura Natildeo tinha ningueacutem vendendo pocirc Natildeo tinha ningueacutem fornecendo pra prefeitura Hoje noacutes temos o pequeno e microempresaacuterio fornecendo pra prefeitura Uniu os benefiacutecios e os trouxe pra prefeitura e pra comunidade neacute Um dinheiro pra circular aqui dentro e natildeo ir pra fora Por exemplo uma licitaccedilatildeo que era de ―x valor noacutes fomos quebrando ela em quatro ou cinco vezes para dar preferecircncia para o povo daqui Uma licitaccedilatildeo que era de R$ 10000000 noacutes fizemos quatro de 25 dividimosah compra o caderno de um laacutepis do outro caneta de outro Dividimos pra que o povo daqui participasse E deu certo Essa foi uma grande evoluccedilatildeo do Comitecirc Gestor (transcriccedilatildeo) (entrevistado8)
O conhecimento das bases legais de funcionamento da categoria no nosso
entendimento a ampliaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo para lidar com o mercado e a
aproximaccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados tanto pelo setor puacuteblico quanto pelo
94
setor privado poderaacute produzir em curto prazo impactos positivos no
desenvolvimento do MEI dentro da economia de mercado
Todavia o municiacutepio de Guaratuba ainda natildeo adaptou integralmente a LC
12306 e sua alteraccedilatildeo LC 1472014 ao seu modelo de gestatildeo pois os MEI que
participaram da pesquisa (Guaratuba) relataram que o municiacutepio cobra por taxas de
alvaraacute de funcionamento32 O municiacutepio isenta esse custo somente no primeiro ano
de abertura do micro negoacutecio contrariando dessa forma o disposto no art 4ordm sect3ordm
da LC 1472014
[] ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (grifo nosso)
O apoio ao MEI eacute fundamental pois esse tecido empresarial (MPE)
segundo autores como Sachs (2003) Albuquerque e Zapata (2010) e Sen (2000)
respondem por boa parte dos empregos e da renda da populaccedilatildeo Para o SEBRAE
(2014) 52 dos empregos formais no Brasil estatildeo nas micro e pequenas
empresas o que corresponde agrave significativa importacircncia dessa categoria
empresarial no desenvolvimento da economia brasileira
As observaccedilotildees e alteraccedilotildees contidas na LC 14714 representam avanccedilos
significativos na perspectiva do desenvolvimento dando maior envergadura social agrave
LC 12306 Esse dispositivo legal possui impacto positivo fundamental para
aumentar as oportunidades do MEI a se manter na formalidade pela inovaccedilatildeo na
reduccedilatildeo de barreiras de Acesso em ao mercado e agrave competitividade
Dentre os principais dispositivos contidos na LC 14714 incorporados a
outras ferramentas descritas na LC 12808 estatildeo
a Tributaccedilatildeo reduccedilatildeo a zero dos custos para o MEI (art 4ordmsect 1ordm e sect 3ordm)
b Desburocratizaccedilatildeo tratamento diferenciado pelos optantes do Simples
Nacional Cadastro uacutenico do CNPJ dispensados os demais cadastros
estaduais e municipais (art 1ordm inciso 4ordm)
32
Essa informaccedilatildeo foi confirmada pelo setor de fiscalizaccedilatildeo do municiacutepio de Guaratuba
95
A debilidade de uma microempresa ou ateacute a sua falecircncia pode acarretar
natildeo somente numa estatiacutestica de dados econocircmicos mas em resultados
socialmente negativos A microempresa eacute o trabalho do MEI seu sustento e de sua
famiacutelia suas necessidades baacutesicas satildeo satisfeitas atraveacutes de seu trabalho que eacute o
substrato da sua dignidade
O trabalho eacute uma dimensatildeo da vida essencial para a realizaccedilatildeo da humanidade lembra Joatildeo Paulo II na enciacuteclica Laboren Exercens A enciacuteclica papal observa que o valor do trabalho localiza-se na pessoa que o realiza natildeo podendo portanto ser compreendido como uma forccedila anocircnima de produccedilatildeo com o trabalhador equiparado a mero instrumento a serviccedilo do capital (BROM 2006 p 55)
Outra ferramenta possiacutevel associada a outros dispositivos que convertam no
fomento dos micro e pequenos empreendimentos eacute o Acesso em ao creacutedito como
forma de capital gerador de expansatildeo econocircmica assinalado por Sachs (2003) Sen
(2000)
435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute
O capiacutetulo IX da LC 12306 introduz na legislaccedilatildeo brasileira em
consonacircncia com o art 170 e 179 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 dispositivos
essenciais ao estiacutemulo ao creacutedito e ao microcreacutedito para micro e pequenas
empresas abrindo espaccedilo para inauguraccedilatildeo de formas e metodologias especiacuteficas
externas ao sistema creditiacutecio convencional o que caracteriza a concepccedilatildeo de
universalizar o creacutedito
Segundo a legislaccedilatildeo pertinente o sistema de creacutedito brasileiro deveraacute criar
linhas especiais de creacutedito a atender a demanda dos micro e pequenos
empreendimentos ―[] objetivando a reduccedilatildeo do custo de transaccedilatildeo a elevaccedilatildeo da
eficiecircncia alocativa o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto
informacional [] (LC 15516 art 57)
A posiccedilatildeo do sistema puacuteblico de creacutedito facilitado eacute fundamental na
intervenccedilatildeo do creacutedito frente ao sistema aberto convencional Atraveacutes do sistema
creditiacutecio com vinculaccedilatildeo federal ndash Caixa Econocircmica Federal (CEF) Banco Nacional
de Desenvolvimento Social (BNDES) Banco do Brasil (BB) (art 58 LC 15516) - e
dos bancos comerciais puacuteblicos estaduais abre-se espaccedilo para a inclusatildeo no
sistema de creacutedito agraves pessoas que natildeo possuiacuteam Acesso em ao serviccedilo Dessa
96
forma os bancos comerciais puacuteblicos passam a ser considerados atores importantes
nas poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento posto seu ponto estrateacutegico na alocaccedilatildeo
de creacutedito caracterizado como insumo necessaacuterio agrave ampliaccedilatildeo das oportunidades e
expansatildeo econocircmicas
A CEF o BB ndash entidades federalizadas ndash e o Fomento Paranaacute ndash entidade
estadual - satildeo os principais atores dentro da poliacutetica de Acesso em ao sistema de
creacutedito e microcreacutedito que atuam diretamente na MRGP
O art 62 da PLC 12306 a exemplo orienta o Banco Central a intervir na
ampliaccedilatildeo e facilidades agraves linhas de creacuteditos para os MEI e MPE que em
contrapartida estimularia a competiccedilatildeo bancaacuteria A disponibilizaccedilatildeo e a facilitaccedilatildeo
ao creacutedito ou ao microcreacutedito por instituiccedilotildees financeiras privadas ou estatais como
o banco do Brasil (BB) o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) pela Caixa
Econocircmica Federal33 (CEF) e outras instituiccedilotildees financeiras alinhadas ao
microcreacutedito estaacute respaldada no sect2o do art62 e nos art 57 58 59 e 60 da
supracitada PLC bem como na Lei federal 111102005 Esta institui o Programa
Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO) ―com o objetivo de incentivar
a geraccedilatildeo de trabalho e renda entre os microempreendedores populares (BRASIL
2005)34
O microcreacutedito segundo o SEBRAE consiste no fornecimento de creacutedito
aos microempreendedores que natildeo possuem Acesso em ao sistema financeiro
tradicional e estaacute inserido no contexto da microfinanccedila destinado agraves pessoas de
baixa renda Ainda segundo o SEBRAE suas principais caracteriacutesticas satildeo
A) ausecircncia de garantias reais jaacute que a maioria das transaccedilotildees tem como garantia o aval solidaacuterio b) Concessatildeo de creacutedito aacutegil e adequado ao ciclo de negoacutecios do empreendimento c) Baixo custo de transaccedilatildeo devido agrave proximidade entre a instituiccedilatildeo e o tomador dos empreacutestimos e agrave inexistecircncia de burocracia d) Accedilatildeo econocircmica com forte impacto social na comunidade e) Elevado custo operacional para a instituiccedilatildeo fornecedora dos recursos f) Metodologia especiacutefica que consiste na concessatildeo assistida do creacutedito (wwwsebraecombr)
O SEBRAE (2012) evidenciou que no Brasil em 2011 12 dos MEI
buscaram linhas de creacutedito em instituiccedilotildees financeiras e 88 natildeo recorreram ao
33
Os encargos da Caixa Econocircmica Federal constituem 1) taxa de juros 295 ao mecircs 2) taxa de abertura de creacutedito (TAC) 3 do valor do contrato 3) Aliacutequota zero sobre o Imposto sobre Operaccedilotildees de Creacutedito (IOF) 34
O BNDES proporciona um creacutedito de ateacute R$ 2000000 por cliente o Banco do Brasil R$ 1500000 (ateacute a data desse trabalho)
97
creacutedito Desses MEI 43 obtiveram empreacutestimos e 57 natildeo conseguiram
formalizar o empreacutestimo Em 2012 10 recorreram ao creacutedito sendo que 52
desses obtiveram empreacutestimos e 48 natildeo conseguiram o financiamento Em 2015
84 dos MEI natildeo procurou obter empreacutestimo junto agraves instituiccedilotildees financeiras Dos
16 que recorreram ao creacutedito 55 conseguiram o empreacutestimo e 45 natildeo
efetivaram o creacutedito
Entre os anos de 2011 e 2015 como aponta o SEBRAE houve decreacutescimo
de trecircs pontos percentuais pelos MEIS na taxa de procura por financiamentos junto
agraves instituiccedilotildees financeiras Sendo que as instituiccedilotildees puacuteblicas representam uma
parcela significativa na procura por empreacutestimos pelos Microempreendedores
individuais
Como podemos observar (TABELA 11) entre os anos 2011 e 2015 houve
reduccedilatildeo na taxa de procura entre os dois anos mas a reduccedilatildeo foi mais expressiva
na taxa de aprovaccedilatildeo Isso estaacute relacionado agraves medidas mais restritivas de creacutedito
do ano de 2015 que afetaram a poliacutetica de fomento aos MEI como aos demais
empreendedores
TABELA 11 - PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)
INSTITUICcedilAtildeO DE CREacuteDITO
PROCURA POR EMPREacuteSTIMO ()
EMPREacuteSTIMO APROVADO ()
2011 2015 2011 2015
Instituiccedilotildees Financeiras Puacuteblicas 68 67 00 44 Instituiccedilotildees Privadas 27 0 22 49 Cooperativas de creacutedito 4 6 99 42
FONTE SEBRAE (20122015)
Todavia alguns dispositivos de apoio e estiacutemulos a essas categorias
empresariais descritos nas LC 12306 e LC 12808 tais como baixa tributaccedilatildeo
programas de capacitaccedilatildeo e mesmo o Acesso em ao creacutedito a exemplo que
estimulem o seu desenvolvimento seratildeo analisadas posteriormente quando
abordarmos a MRGP
O microcreacutedito produtivo consiste numa ferramenta utilizada em muitos
paiacuteses como estrateacutegia de reduccedilatildeo da pobreza na promoccedilatildeo de emprego e renda e
na consolidaccedilatildeo do aumento da capacidade produtiva de microempreendimentos
aleacutem de favorecer condiccedilotildees a melhoria de vida das pessoas mais empobrecidas e
socialmente vulneraacuteveis (PEREIRA 2006 BARONE et al 2002)
98
O microcreacutedito democratiza o Acesso em ao creacutedito fundamental para a vida moderna do qual grande parte dos brasileiros estaacute excluiacuteda A disponibilidade de creacutedito para empreendedores de baixa renda capazes de transformaacute-lo em riquezas para eles proacuteprios e para o paiacutes faz do microcreacutedito parte importante das poliacuteticas de desenvolvimento (BARONE et al 2002 p 11)
No Brasil o microcreacutedito eacute regulamentado e normatizado pela Lei
111102005 que institui o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado
(PNMPO) e ―tem por finalidade especiacutefica disponibilizar recursos para o microcreacutedito
produtivo orientado (Lei 111102005 art 1ordm sect 2ordm)
O microcreacutedito produtivo orientado segundo Barone et al (2002) possui
efeito positivo junto aos tomadores de financiamento no sentido de melhoria das
condiccedilotildees habitacionais de sauacutede e alimentares da expectativa da restituiccedilatildeo da
cidadania e da auto-estima aleacutem da geraccedilatildeo de emprego e renda das famiacutelias que
fazem o uso desse instrumento
Tal posicionamento eacute defendido por Pereira (2005) posto os resultados
empiacutericos obtidos em estudos realizados no Centro de Apoio de Pequenos
Empreendimentos no Estado da Paraiacuteba (CEAPEPB) em 2005 Em suas anaacutelises
ela concluiu que o microcreacutedito proporciona a expansatildeo do ativo circulante35 e do
patrimocircnio liacutequido tendo peso significativo na consolidaccedilatildeo dos empreendimentos
(PEREIRA 2005 p 78) Percebe-se dessa maneira o impacto positivo do
microcreacutedito em paracircmetros econocircmicos aleacutem de ser uma ferramenta de
intervenccedilatildeo na exclusatildeo social Entretanto a situaccedilatildeo na MRGP apresenta um
quadro criticamente diverso A tabela abaixo (TABELA 12) expressa a regressatildeo
significativa das transaccedilotildees de creacutedito pela CEF na MRGP entre os anos 2015 e
2016
TABELA 12 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS NA MRGP CEDIDOS
PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS MPE (2015-2016)
ANO TOTAL DE CONTRATOS VALOR TATOAL (R$)
2015 13909 3759861821
2016 2756 795389276
FONTE CONTROLADORIA GERAL DA UNIAtildeO ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIA
35
O ativo circulante compreende o dinheiro em caixa os saldos bancaacuterios e todos os valores que podem ser convertidos em dinheiro imediatamente (SANDRONI 1999)
99
A diminuiccedilatildeo nos financiamentos estaacute atrelada em parte pelo baixo
desempenho da economia e por outro lado a forte restriccedilatildeo do sistema bancaacuterio no
processo de seletividade para o creacutedito Para o entrevistado3
Existe um preconceito muito grande seja por parte de associaccedilotildees seja por parte de instituiccedilotildees financeiras neacute Porque o MEI eacute um risco Como que eacute avaliado Ah ele eacute pequenininho Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar a mensalidade Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar um financiamento Eu vejo isso como um preconceito Mas eu natildeo tiro toda razatildeo da parte financeira (transcriccedilatildeo) (entrevistado3)
Notemos que o nuacutemero de contratantes (TABELA 12) em 2015 em relaccedilatildeo
ao nuacutemero de MPE na MRGP (TABELA 13) abaixo atingiu o percentual de 4487
No ano seguinte (2016) esse percentual reduziu sensivelmente para 814
TABELA 13 - NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016)
FONTE EMPRESOcircMETRO
Ainda na comparaccedilatildeo entre os dados expressos acima (TABELAS 12 e 13)
percebemos que a retraccedilatildeo nos contratos de financiamentos representou um
decreacutescimo de 2115 de ativos circulantes das MPE na MRGP o que compromete
o desenvolvimento tendo em vista que em meacutedia 95 das empresas da regiatildeo satildeo
MPE (Empresocircmetro) e geram empregos renda e tem forte impacto na produccedilatildeo de
riqueza em seus municiacutepios
Partindo das anaacutelises de Kohler (2010) observamos que o aumento da
atividade econocircmica requer a expansatildeo da capacidade de investimento o qual ele
denomina de ―investimento produtivo O investimento produtivo na concepccedilatildeo do
MUNICIacutePIO Nordm MPE
2015 2016
Antonina 1453 1581
Guaraqueccedilaba 358 400
Guaratuba 3913 4333
Matinhos 4138 4716
Morretes 1559 1703
Paranaguaacute 13612 14728
Pontal do Paranaacute 3929 4372
TOTAL 30977 33849
100
autor eacute um elemento importante na produccedilatildeo de riqueza local pois se materializa
em uma variaacutevel ex ante a poupanccedila produtiva resultado da riqueza gerada
Tratando-se do MEI as condiccedilotildees de alocaccedilatildeo de ―investimentos
produtivos- aquisiccedilatildeo de tecnologias maacutequinas estoque ndash podem ser referenciadas
na Lei Geral atraveacutes do estiacutemulo ao creacutedito
Magalhatildees Junior (2016) ao analisar o impacto dos micro - financiamentos
realizados nos municiacutepios paranaenses atraveacutes do Programa Banco do
Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) concluiu que a adiccedilatildeo em meacutedia de 1
nos contratos de microcreacutedito junto ao Programa Banco Empreendedor Paranaacute
possibilitou o aumento da capacidade econocircmica dos municiacutepios participantes em
032 entre os anos 2010 e 2013
Os dados abaixo (TABELA 14) demonstram o nuacutemero de contratos
creditiacutecios firmados com o MEI na MRGP junto ao Fomento Paranaacute entre os anos
2014 ndash 2016 Observamos ainda a elevaccedilatildeo de 400 no nuacutemero de financiamentos
entre os anos 2015 ndash 2016 ao contraacuterio dos bancos puacuteblicos federalizados que
manifestaram reduccedilatildeo nos contratos
TABELA 14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016)
MUNICIacutePIO Nordm DE FINANCIAMENTOS
2014 2015 2016
Antonina 3 3 4
Guaraqueccedilaba
6
Guaratuba 5
Matinhos 4
12
Morretes 10 3 12
Pontal do Paranaacute
7
TOTAL 29 9 45
FONTE FOMENTO PARANAacute ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIAPR
Mesmo com essa expansatildeo significativa o percentual em relaccedilatildeo ao
nuacutemero de MEI na MRGP eacute pouco expressivo pois representou apenas 038 do
total dos microempreendedores em 2016
Tal qual o nuacutemero de contratos os valores financiados aumentaram
significativamente em 47630 entre os anos 2015 ndash 2016 como demonstrado
101
abaixo (GRAacuteFICO10) Esse percentual segundo um agente representante do
Programa Banco Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) da regiatildeo deve cair
novamente em funccedilatildeo dos municiacutepios do litoral natildeo renovarem os convecircnios com o
banco supracitado
GRAacuteFICO 10- VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP ATRAVEacuteS DO
PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016)
FONTE Fomento Paranaacute ndash elaboraccedilatildeo proacutepria ndash dados obtidos atraveacutes
do Portal da Transparecircncia
Ao analisarmos os dados do graacutefico abaixo sobre o nuacutemero de contratos
firmados junto ao sistema de creacutedito na MRGP pelos respondentes (n=30)
reparamos que vinte e quatro (n=24) dos entrevistados (GRAacuteFICO 11) disseram natildeo
ter contratado financiamentos junto agraves entidades creditiacutecias para expandir seus
negoacutecios e seis (n=6) responderam ter realizado empreacutestimo Dos respondentes que
realizaram financiamentos quatro (n=4) disseram ter utilizado como capital de giro e
dois (n=2) dos respondentes que adquiriram o financiamento relataram que o
utilizaram tanto como capital de giro como para expandir os negoacutecios e na compra
de materiais
R$26674633
R$8176690
R$47121657
2014 2015 2016
Valor contratado (R$)
102
GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Um fato interessante no momento da entrevista eacute que grande parte dos
respondentes natildeo tinha conhecimento sobre essa prerrogativa estabelecida em lei e
nem mesmo disse conhecer as implicaccedilotildees que um financiamento produtivo
empregado de forma adequada pode oferecer para a melhoria das condiccedilotildees dos
microempreendimentos
436 O associativismo e os MEI na MRGP
O associativismo pode ser caracterizado como cooperaccedilatildeo para crescer
juntos Quem se associa usualmente tem objetivos em comum portanto a
cooperaccedilatildeo eacute fundamental ao avanccedilo desses objetivos
Com o escopo de incluir as MPE no processo produtivo competitivo e
saudaacutevel jaacute no art 1ordm inciso III a LC 12306 preceitua como uma das normas
descritas o Acesso em ao associativismo acentuando no capiacutetulo VIII da referida
Lei Geral que a associaccedilatildeo seraacute regulamentada sob a forma de Sociedade de
Propoacutesito Especifico (SPE)36 e ―seraacute constituiacuteda como Sociedade Limitada37 (art 56
sect2ordm inciso VII)
36
Sociedade de Propoacutesito Especiacutefico (SPE) eacute um modelo de organizaccedilatildeo empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anocircnima com um objetivo especiacutefico ―cuja atividade eacute bastante restrita podendo em alguns casos ter prazo de existecircncia determinado normalmente utilizada para isolar o risco financeiro da atividade desenvolvida (SEBRAE)disponiacutevel lthttpwwwbibliotecassebraecombrchronusARQUIVOS_CHRONUSbdsbdsnsff25877ce0f2ecbca17355fc33397deea$File5189pdfgtgt Esta previsatildeo estaacute fundamentada no art 981 do Coacutedigo Civil de 2002 37
Forma societaacuteria com personalidade juriacutedica de participaccedilatildeo definida com base em seu investimento
sim
natildeo
103
Uma associaccedilatildeo tem como objetivo a manutenccedilatildeo e salvaguarda do
interesses de seus associados promovendo permanentemente os lastros de
cooperaccedilatildeo entre eles reconhecendo que para prosperar eacute necessaacuteria adequaccedilatildeo
institucional administrativa e de recursos para adaptaccedilotildees decorrentes de
mudanccedilas em cenaacuterios especiacuteficos (social economia poliacutetica)
Agraves MPE em especial aos microempreendedores individuais as concepccedilotildees
do associativismo satildeo maneiras integradas ao movimento de inclusatildeo dessa
categoria no processo mercantil uma vez que a fragilidade no Acesso em ao
mercado ao creacutedito agraves tecnologias jaacute mencionadas anteriormente as relaccedilotildees
estabelecidas na consolidaccedilatildeo associativa geram possibilidades de surgirem
externalidades tais como conexotildees comerciais fortalecimento econocircmico
benefiacutecios em funccedilatildeo das parcerias com a associaccedilatildeo dentre outras Nessa
perspectiva
o estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo como forma de minimizar as fraquezas estruturais que envolvem os microempreendedores se apoia na perspectiva de que os atores econocircmicos natildeo podem ser tomados como aacutetomos isolados posto que suas accedilotildees dependem de vaacuterias limitaccedilotildees advindas das relaccedilotildees estabelecidas com outras organizaccedilotildees (CERQUEIRA CUNHA MOHR SOUZA ABRAHAO FLEIG 2014 p 739)
Abaixo (GRAacuteFICO 12) estatildeo os resultados sobre a participaccedilatildeo dos
respondentes (n=30) em associaccedilotildees de representaccedilatildeo da categoria Dos
respondentes vinte e oito (n=28) responderam que natildeo satildeo membros de nenhuma
associaccedilatildeo e dois (n=2) decidiram por natildeo responder
GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO REPRESENTANTE DA CATEGORIA
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
sim
natildeo
natildeo respondeu
104
No litoral identificamos (QUADRO 8) as principais entidades representantes
da classe comercial e industrial as quais abrem espaccedilo para o MEI se associar
QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO PARANAacute
ENTIDADE DESCRICcedilAtildeO
ACIG Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Guaratuba
ACIMA Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos
ACIAPAR Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Pontal do Paranaacute
ACIAP Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Paranaguaacute
ACIAM Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agropecuaacuteria de Morretes
AMPEC LITORAL Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do litoral do Paranaacute
FONTE Dados da PesquisaAssociaccedilotildees que possuem mensalidades reduzidas para os MEI
As entidades de classe descritas no quadro acima estatildeo distribuiacutedas em
todo o litoral paranaense mas destacamos a AMPEC por seu aspecto principal que
eacute uma associaccedilatildeo dos micro e pequenos empreendedores do litoral
A ASSOCIACcedilAtildeO teraacute por finalidade congregar as Microempresas Empresas de Pequeno Porte os Empreendedores Individuais e os profissionais autocircnomos formais e informais industriais comerciais agriacutecolas artesatildeos e prestadoras de serviccedilos em forma de associados optantes objetivando a promoccedilatildeo social e econocircmica estimulando o desenvolvimento e defendendo o interesse de seus associados (art 4ordm Estatuto Social AMPEC)
A AMPEC com sede em Pontal do Paranaacute na visatildeo do entrevistado2 eacute
muito importante poreacutem natildeo existe apoio do poder puacuteblico local ou de entidades que
possam contribuir para o desenvolvimento da associaccedilatildeo e de cooperaccedilatildeo conjunta
na composiccedilatildeo de estrateacutegias para aumentar a alocaccedilatildeo de recursos e
acompanhamento teacutecnico para a entidade Dessa forma o isolamento e soacute com a
arrecadaccedilatildeo dos associados natildeo tem como desenvolver accedilotildees para fortalecer a
classe Ateacute mesmo porque a inadimplecircncia segundo o entrevistado2 chega a
6038 Ainda segundo o entrevistado2 a associaccedilatildeo passou por algumas
reformulaccedilotildees administrativas posto problemas internos com respeito a recursos e
endividamento da entidade
38
O valor cobrado de mensalidade do associado eacute de R$1000 mensais (entrevistado2)
105
A AMPEC natildeo consegue atender os empreendedores seus associados Natildeo consegue ver um retorno por parte da AMPEC Nada de concreto Somente criacuteticas por parte da AMPEC [] Normalmente quando vocecirc se associa vocecirc quer crescer junto ou vocecirc tem o retorno Se vocecirc natildeo tem o retorno se vocecirc vecirc que natildeo ta criando natildeo ta juntando por que que vocecirc vai entrar NE Eu penso dessa forma o associativismo(transcriccedilatildeo) (entrevistado3)
Nas anaacutelises descritas por Cunha Mohr Souza Abrahao Fleig (2014) na
discussatildeo sobre as fraquezas e potencialidades da AMPEC o associativismo eacute
apontado como uma alternativa de melhoria das condiccedilotildees do microempreendedor
no litoral paranaense No entanto Como observa o entrevistado3 ―o associativismo
natildeo eacute aceito no litoral por questotildees culturais No sudoeste do Estado a SICREDI e o
SICOOB satildeo mais fortes que o Itauacute e o BB(transcriccedilatildeo)
Algumas estrateacutegias podem ser interessantes para o desenvolvimento do
MEI todavia elas deveriam ser adaptadas agrave realidade local como eacute o caso das
compras puacuteblicas O municiacutepio tem prazo de pagamento ateacute de 90 dias Para alguns
microempreendimentos isso se torna praticamente inviaacutevel 1) pela pouca
disponibilidade de ativos disponiacuteveis o que impossibilita a raacutepida reposiccedilatildeo dos
recursos utilizados 2) pelo fato de muitas empresas e microempreendedores natildeo
distinguirem as despesas da empresa com as da famiacutelia pois a famiacutelia depende
diretamente desses recursos (SACHS 2003)―O MEI eacute muito pequeno neacute Natildeo
consegue concorrer com os maiores Muitos MEI usam de outras atividades pra
completar a renda ou a renda do MEI eacute usada pra complementar (entrevistado2)
(transcriccedilatildeo)
437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI
Albuquerque e Zapata (2010) destacam a importacircncia de adesatildeo dos
governos locais nas poliacuteticas de desenvolvimento pois segundo os autores as
autoridades eleitas ndash municipais e estaduais ndash satildeo elementos chaves no processo
de desenvolvimento local Embora como acentuam os autores o desenvolvimento
dos territoacuterios muitas vezes eacute impulsionado por liacutederes locais (cooperativas
associaccedilotildees) jovens empresaacuterios e entidades natildeo governamentais eacute indispensaacutevel
a integraccedilatildeo dos governos locais agraves iniciativas de desenvolvimento posto que
―podem conferir a essas iniciativas algum caraacuteter institucional (idem p 216)
106
No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 13) estatildeo os resultados sobre o conhecimento
dos respondentes sobre estrateacutegias adotadas pelas prefeituras em apoio ao MEI na
MRGP
GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTODOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Na leitura dos dados acima (GRAacuteFICO 13) verificamos que vinte e dois
(n=22) dos respondentes natildeo sabem informar se as prefeituras possuem accedilotildees de
apoio ao MEI
Observamos durante nossas pesquisas que dos sete municiacutepios da MRGP
cinco esforccedilaram-se em apresentar propostas de fomento das capacidades de
produccedilatildeo do MEI firmando parcerias com entidades importantes no cenaacuterio
econocircmico e de desenvolvimento como eacute o caso do SEBRAE Foram eles
Guaraqueccedilaba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Certamente
como constatado nas pesquisas em alguns casos Morretes e Matinhos naquele
momento pela transiccedilatildeo do chefe do executivo (eleiccedilotildees municipais) pode ter
ocorrido certo abandono das poliacuteticas setorizadas de apoio ao MEI Destacamos
ainda duas circunstacircncias importantes 1) a falta de poliacuteticas de desenvolvimento
local nos municiacutepios do litoral (SEBRAE ndash monitoramento da implementaccedilatildeo da Lei
Geral) 2) ausecircncia de poliacuteticas puacuteblicas que reduzam o imediatismo e infiram metas
0
10
20
30
40
50
60
70
80
compra derodutos e
serviccedilos doMEI
na aquisiccedilatildeode
tecnologias
cursos decapacitaccedilatildeo
processo deformalizaccedilao
natildeo soubeinformar
natildeoresponderam
107
de meacutedio e longo prazo com vistas ao desenvolvimento sustentaacutevel assinalado por
Sachs (2003) e Albuquerque e Zapata (2010)
Os pontos assinalados acima na MRGP obedecem agrave perspectiva no nosso
entendimento das poliacuteticas puacuteblicas por vezes de inclinaccedilatildeo poliacuteticapartidaacuteria
unilateral sem representaccedilatildeo de atores locais externos agrave administraccedilatildeo puacuteblica (top
down) muitas vezes alheias agraves reais necessidades da populaccedilatildeo Geralmente
essas poliacuteticas natildeo satildeo produzidas com implicaccedilotildees de meacutedio e longo prazos mas
ciacuteclicas e temporais permanecendo ateacute o teacutermino da gestatildeo municipal
Em nossas pesquisas observamos ainda que Pontal do Paranaacute eacute um dos
municiacutepios da MRGP com maior maturidade nas concepccedilotildees de desenvolvimento
local posto a extensatildeo de estrateacutegias accedilotildees e programas diversificados de fomento
das MPE em especial agrave categoria especiacutefica do MEI Esta proposta vai ao encontro
das anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2010 p 2018) no sentido de que ―agraves vezes
uma estrateacutegia de desenvolvimento local pode se iniciar a partir da coordenaccedilatildeo
territorial de alguns programas e instrumentos setoriais de fomento definidos de
maneira central
Um ponto central nesse processo como assinalou o entrevistado8 eacute a
capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios efetivos da administraccedilatildeo puacuteblica municipal que atuam
na secretaria e na sala do empreendedor Esta estrateacutegia tem como objetivo dar
continuidade agraves propostas de desenvolvimento local isolando-se do plano partidaacuterio
denotando sentido neutro nas poliacuteticas de desenvolvimento
Na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio percebemos que muitos dos respondentes
como constatado no graacutefico 9 desconhecem as regulamentaccedilotildees que normatizam a
categoria (Leis) os dispositivos legais que favorecem a classe do MEI quanto ao
creacutedito agraves isenccedilotildees agrave licitaccedilatildeo dentre outros instrumentos relacionados agrave sua
inserccedilatildeo e expansatildeo no mercado
Como jaacute mencionado nos municiacutepios de Guaratuba e Antonina natildeo foram
identificadas estrateacutegias de apoio ao MEI por parte do governo local com vistas agrave
inserccedilatildeo no sistema de mercado observados os dispositivos da Lei Geral
Em Guaratuba em 2009 o municiacutepio instituiu a Lei Complementar 042009
sobre o tratamento diferenciado agraves MPE no acircmbito municipal Uma das estrateacutegias
previstas na referida LC de Guaratuba foi a criaccedilatildeo do Comitecirc Gestor Municipal com
o objetivo de acompanhar a implementaccedilatildeo da LC 12306 e suas complementaccedilotildees
108
Poreacutem nas pesquisas de campo em 2016 junto agraves secretarias de
Urbanismo de Infraestrutura e Obras e do Bem Estar e Promoccedilatildeo Social assim
como o entrevistado1 desconheciam a existecircncia e atuaccedilatildeo do citado comitecirc assim
como natildeo souberam informar sobre alguma proposta referida ao MEI
Um dos avanccedilos identificados no processo de desenvolvimento empresarial
de Guaratuba foi a criaccedilatildeo em 2016 de uma agecircncia da Junta Comercial do
Paranaacute firmando parceria com o governo local e com a Associaccedilatildeo Comercial e
industrial de Guaratuba (ACIG)Tal accedilatildeo pode fortalecer o caraacuteter institucional de
poliacuteticas voltadas agraves categoria empresarial e comercial do municiacutepio Destacamos
ainda que esta foi uma accedilatildeo isolada identificada para o desenvolvimento do
ambiente empresarial da cidade
Muito embora a maioria dos municiacutepios da MRGP apresente dificuldades
orccedilamentaacuterias eacute importante frisar que o enquadramento aos dispositivos legais
inseridos na Lei Geral podem ser implantados de maneira gradual vinculados a uma
postura de desenvolvimento integrado e com metas de meacutedio e longo prazos com
provimentos de investimentos que suportem em princiacutepio estrateacutegias e accedilotildees um
pouco mais reduzidas mas no segundo momento podem ser expandidas e
melhoradas encaixadas em novas estrateacutegias e accedilotildees em concepccedilotildees de
―inovaccedilatildeo renovaccedilatildeo e transformaccedilatildeo constantes as quais estatildeo sujeitas qualquer
poliacutetica puacuteblica
438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute
Segundo o SEBRAE (2014) as micro e pequenas empresas em 2011 eram
responsaacuteveis por ―44 dos empregos formais em serviccedilos e aproximadamente 70
dos empregos gerados no comeacutercio (p7)
Nota-se a impressionante importacircncia desse tecido empresarial na economia
do trabalho e sua relevacircncia que pode ser considerada nas poliacuteticas de inclusatildeo
social visto a geraccedilatildeo de emprego e renda e externalidades agregadas como o
combate a miseacuteria e a pobreza extrema aleacutem do aumento da auto-estima e da
manutenccedilatildeo da dignidade das pessoas em funccedilatildeo do trabalho
109
O MEI na forma da lei explicitado no art 18C da LC 12808 poderaacute
contratar um empregado com todos os direitos e deveres atribuiacutedos na
Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT)
Observado o disposto no art 18-A e seus paraacutegrafos desta Lei Complementar poderaacute se enquadrar como MEI o empresaacuterio individual que possua um uacutenico empregado que receba exclusivamente 1 (um) salaacuterio miacutenimo ou o piso salarial da categoria profissional
Ao analisar o graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 14) com base no questionaacuterio
identificamos que dezenove (n=19) dos MEI que participaram do questionaacuterio
responderam que natildeo possuem empregado no exerciacutecio de suas atividades oito
(n=8) responderam que possuem empregado e trecircs (n=3) natildeo responderam agrave
questatildeo
GRAacuteFICO 14 -RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Se por um lado a formalizaccedilatildeo do MEI constitui um avanccedilo no enfrentamento
agrave informalidade do outro lado haacute uma reproduccedilatildeo do processo informal que foge ao
controle da poliacutetica de formalizaccedilatildeo Trabalhadores que satildeo incluiacutedos por uma
poliacutetica que tem esforccedilo em pelo menos reduzir a informalidade contribui em
parte para a precarizaccedilatildeo do trabalho contratando trabalhadores dentro do sistema
informal para exercerem atividades que permanecem fora dos preceitos do trabalho
descente
0
10
20
30
40
50
60
70
sim natildeo natildeo respondeu
110
Nesse sentido sobre os microempreendedores individuais que empregam
constatamos(GRAacuteFICO 15) que dos trabalhadores empregados pelos MEI seis
(n=6) deles exercem suas funccedilotildees na informalidade e dois (n=2) satildeo formalizados
GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E NAtildeO FORMALIZADOS
EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Eacute importante ressaltar que nas observaccedilotildees de campo constatou-se que
333 dos empregados natildeo formalizados (n=2) eram filhos dos MEI respondentes
Dessa forma muitos MEI aleacutem de reproduzir a informalidade com forccedila de trabalho
familiar precarizando em muito as condiccedilotildees do trabalho comprometem o
rendimento escolar de crianccedilas e adolescentes
439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia
Os municiacutepios da MRGP apresentam caracteriacutesticas distintas tanto pela
economia industrial quanto pelas particularidades sazonais dos serviccedilos as quais as
cidades balneaacuterias estatildeo submetidas Segundo Monteiro (2013 p 5) a populaccedilatildeo
total dos trecircs municiacutepios pode aumentar em 400 na temporada de praia
As particularidades sazonais refletem consideravelmente nas economias dos
municiacutepios balneaacuterios pelo aumento do fluxo de pessoas na temporada de veratildeo
0
10
20
30
40
50
60
70
80
natildeo formalizado formalizado
111
responsaacutevel pelo estiacutemulo da economia local impulsionada pelo turismo Destaque
para os setores de serviccedilos e do comeacutercio Com a expansatildeo da economia nesse
periacuteodo (dezembro janeiro e fevereiro) surgem oportunidades de trabalho e renda
para a populaccedilatildeo local e o aumento de volume do comeacutercio e prestaccedilatildeo de serviccedilos
Abaixo (GRAacuteFICO 16) examinamos a renda bruta dos respondentes (n=30)
na temporada de praia e no inverno a partir do questionaacuterio A referecircncia de renda
teraacute como paracircmetro o salaacuterio miacutenimo nacional39
GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Ao observarmos acima (GRAacuteFICO 16) percebemos que dos respondentes
na temporada de praia quatro (n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs
trecircs(n=3) ganham ateacute dois salaacuteriosmecircs sete (n=7) ganham ateacute trecircs salaacuterios sete
(n=7) ganham ateacute quatro salaacuterios sete (n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois
(n=2) ganham mais de cinco salaacuterios por mecircs e fora da temporada de praia quatro
(n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs quatro (n=4) ganham ateacute dois salaacuterios
miacutenimos por mecircs oito (n=8) ateacute trecircs salaacuterios quatro (n=4) ateacute quatro salaacuterios sete
(n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois(n=2) ganham mais de cinco
salaacuteriosUm respondente natildeo se manifestou sobre a renda bruta fora do veratildeo
39
O salaacuterio miacutenimo nacional para o ano 2016 eacute de R$ 88000 tendo como base o Decreto Federal nordm 86182015
0
5
10
15
20
25
30
ateacute 1 ateacute 2 ateacute 3 ateacute 4 mais de4
mais de5
no veratildeono inverno
112
Na demonstraccedilatildeo acima (GRAacuteFICO 16) notamos que cerca de nove(n=9)
dos MEI respondentes possui rendimentos acima de quatro salaacuterios miacutenimos e
quatorze (n=14) possui variaccedilatildeo entre um e trecircs salaacuterios miacutenimos Em 201040 o
rendimento do trabalhador na MRGP era em meacutedia 245 salaacuterios miacutenimos como
indicado abaixo41 (TABELA 15)
TABELA 15 - RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010)
MUNICIacutePIO RENDIMENTO MEacuteDIO EM SALAacuteRIO MIacuteNIMO
Antonina 227
Guaraqueccedilaba 118
Guaratuba 244
Matinhos 278
Morretes 267
Paranaguaacute 304
Pontal do Paranaacute 279
MEacuteDIA 245
FONTE IBGE ndash senso 2010
Se estabelecermos uma comparaccedilatildeo tendo como indicativo de rendimento
do trabalhador o salaacuterio miacutenimo nacional veremos que o MEI categoria de
trabalhador inclusa no sistema previdenciaacuterio (IBGE) 30 dos respondentes possui
renda meacutedia superior agrave verificada em 2010 e 467 dessa categoria permanece
proacuteximo da meacutedia analisada em 2010
4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute
Os artigos 64 e 65 da LC 12306 com base no art 149 da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 reforccedilam a necessidade de articulaccedilatildeo entre as Instituiccedilotildees
Federais de Ensino Superior (IFES) as Instituiccedilotildees Cientiacuteficas e Tecnoloacutegicas (ICT)
e as FundaccedilotildeesInstituiccedilotildees de Apoio (Lei Fed 895894) na implementaccedilatildeo de ―[]
programas especiacuteficos para as microempresas e para as empresas de pequeno
porte [] Os programas possuem objetivos de auxiliar agrave capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e
40
O salaacuterio miacutenimo nacional em 2010 era de R$ 51000 conforme Lei 1225510 41
Utilizamos o paracircmetro de 2010 por conta da escassez de dados econocircmicos atualizados da MRGP
113
treinamento de pessoal assim como dinamizar o processo de inovaccedilatildeo e
estruturaccedilatildeo dessas categorias empresariais
O Sistema S42 a exemplo definido na paacutegina web do Senado Federal como
―Termo que define o conjunto de organizaccedilotildees das entidades corporativas voltadas
para o treinamento profissional assistecircncia social consultoria pesquisa e
assistecircncia teacutecnica que aleacutem de terem seu nome iniciado com a letra S tecircm raiacutezes
comuns e caracteriacutesticas organizacionais similares e dentro de suas competecircncias
―cumpre um papel fundamental na oferta de cursos profissionalizantes em todo o
Brasil Criadas a partir dos anos 1940 as entidades que compotildeem o sistema se
dedicam agrave formaccedilatildeo profissional em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo (induacutestria
comeacutercio agropecuaacuteria entre outras) como indica o site do Governo Federal
Dessa forma com base nas anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2008)
compreendemos que eacute igualmente necessaacuterio para o desenvolvimento e o
incremento das potencialidades estabelecerem o fortalecimento e expansatildeo tanto
das empresas inseridas em arranjos produtivos locais com qualificaccedilatildeo do capital
humano no gerenciamento e gestatildeo dos processos socioeconocircmicos Acesso em
agraves novas tecnologias promovendo a inovaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de produtos e a
conexatildeo em redes de produccedilatildeo e escoamento dos produtos dentro e fora do
territoacuterio quanto agrave otimizaccedilatildeo desses recursos alocados ao desenvolvimento
socioeconocircmico
Para o SEBRAE (2014) em 2011 os pequenos negoacutecios atingiram o
percentual de 27 do PIB brasileiro sendo que as Micro e Pequenas Empresas
respondem por 53 4 da riqueza gerada no setor de serviccedilos
Os dados demonstram a importacircncia de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte inclusive os Microempreendedores Individuais Isoladamente uma empresa representa pouco Mas juntas elas satildeo decisivas para a economia e natildeo se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas (SEBRAE 2014)
Abaixo (GRAacuteFICO 17) demonstra o quantitativo de MEI respondentes ao
questionaacuterio que participaram de cursos de capacitaccedilatildeo
42
A criaccedilatildeo das Instituiccedilotildees do sistema ―S tem como base fundamental o art 149 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e eacute composta pelo Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Comeacutercio (Senac) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Serviccedilo Social do Comeacutercio (Sesc) Serviccedilo Social da Induacutestria (Sesi) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviccedilo Social de Transporte (Sest) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)
114
GRAacuteFICO 17- QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE PARTICIPARAM DE CURSOS DE CAPACITACcedilAtildeO
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Percebemos (GRAacuteFICO 17) que dezessete (n=17) dos respondentes natildeo
participaram de cursos de capacitaccedilatildeo e dez (n=10) responderam que sim Dessa
forma veremos que a maioria dos respondentes se enquadra na perspectiva de
Sachs (2003) sobre a falta de conhecimentos baacutesicos para o desenvolvimento de
suas atividades Ou seja ausecircncia de capacitaccedilatildeo necessaacuteria nos negoacutecios pode se
tornar uma barreira na sustentabilidade do microempreendimento
O principal problema enfrentado pelo MEI eacute a falta de conhecimento de mercado Eles tecircm uma boa intenccedilatildeo mas sem capacidade de gerir o negoacutecio A natildeo ser aquele que jaacute exerce sua profissatildeo e resolve se formalizar Este jaacute conhece os limites do mercado (transcriccedilatildeo) entrevistado1)
Boa parte dos MEI no momento da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio natildeo
expressava desejo em se capacitar ou mesmo participar de qualquer qualificaccedilatildeo
Um dos MEI que respondeu natildeo participar de cursos de capacitaccedilatildeo nos disse se
considerar um ―autodidata e natildeo haveria a necessidade de se capacitar
A capacitaccedilatildeo para agir no mercado aberto eacute um elemento chave como
suporte agrave expansatildeo das capacidades envolvidas em um microempreendimento
posto agrave possibilidade de conhecimento de gestatildeo e financcedilas administraccedilatildeo de
recursos estoque fluxos de mercado e competitividade
participou
natildeo participou
Natildeo respondeu
115
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Iniciamos os trabalhos de pesquisa motivados por investigar como as
organizaccedilotildees puacuteblicas mercado e organizaccedilotildees sociais tecircm constituiacutedo poliacuteticas de
formalizaccedilatildeo do trabalho e como os trabalhadores e essas organizaccedilotildees tecircm
promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual no litoral do
Paranaacute Para tal realizamos estudos sobre as transformaccedilotildees no mundo do trabalho
investigamos a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas enfrentados
pelos trabalhadores informais na regiatildeo Tratando-se de um estudo pioneiro
enfrentamos uma seacuterie de dificuldades para a coleta de dados e entrevistas em um
setor marcado pela precariedade de informaccedilotildees e estudos sistemaacuteticos
Um traccedilo marcante no mercado de trabalho brasileiro eacute informalidade
decorrente das transformaccedilotildees no processo de produccedilatildeo promovidas pelo decliacutenio
da concepccedilatildeo keynesianafordista que culminaram nas modificaccedilotildees das relaccedilotildees
de trabalho e no deslocamento do trabalhador fabril para o setor terciaacuterio
O capitalismo no Brasil como na Ameacuterica Latina tambeacutem denominado de
capitalismo tardio foi fundamentalmente gerado a partir de forccedilas produtivas
exoacutegenas e natildeo da capacidade de produccedilatildeo endoacutegena apesar de grande parte de o
capital cafeeiro brasileiro ter sido convertido em capital industrial O setor industrial
no Brasil se expandiu rapidamente entre a segunda metade da deacutecada de 1950 e da
deacutecada de 1960 convertido por um novo padratildeo tecnoloacutegico e de acumulaccedilatildeo
No litoral paranaense o capitalismo adquiriu caracteriacutesticas diferentes do
restante do Estado como indica a literatura O poacutelo e vetor econocircmico da regiatildeo eacute o
municiacutepio de Paranaguaacute responsaacutevel por boa parte da produccedilatildeo de riquezas na
regiatildeo da geraccedilatildeo de postos de trabalho e renda pois possui o maior nuacutemero de
empresas da regiatildeo Em ponto oposto agrave Paranaguaacute temos o municiacutepio de
Guaraqueccedilaba o mais carente em recursos os quais 93 tem origem em
repasses do Estado e do Governo Federal
Muito embora com potenciais escondidos e pouco explorados passiacuteveis de
impulsionar o desenvolvimento a Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute eacute
considerada uma das menos desenvolvidas do Estado marcada pela ausecircncia de
poliacuteticas de desenvolvimento local altos iacutendices de pobreza e destacadas
desigualdades sociais Segundo a literatura a regiatildeo possui um Niacutevel de
Desenvolvimento Regional (NDR) classificado como Muito Baixo (MB) Ainda
116
segundo a literatura as receitas dos municiacutepios da MRGP possuem enorme
dependecircncia das transferecircncias correntes do Estado e da Uniatildeo demonstrando a
pouca capacidade na geraccedilatildeo de riquezas e de recursos necessaacuterios agrave aplicaccedilatildeo e
melhoria de serviccedilos baacutesicos para a populaccedilatildeo local tais como sauacutede e educaccedilatildeo
Alguns municiacutepios da MRGP aleacutem da dependecircncia das transferecircncias
correntes destinam boa parte de seus recursos a atenderem elites locais em um
cenaacuterio de clientelismo43
Os segmentos da economia no litoral que mais geram empregos formais satildeo
o comeacutercio setor de serviccedilos e administraccedilatildeo puacuteblica seguido modestamente pelo
setor industrial As variaccedilotildees sazonais caracteriacutesticas dos municiacutepios balneaacuterios ndash
Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute ndash produzem efeitos na economia da regiatildeo
que basicamente tem forte presenccedila do comeacutercio e do setor de serviccedilos
aumentando significativamente a oferta precarizada de emprego e renda na
temporada de veratildeo
Os municiacutepios de Guaraqueccedilaba Matinhos Pontal do Paranaacute Morretes e
Paranaguaacute estabeleceram parceria com o SEBRAE com o objetivo de criar
condiccedilotildees para a adaptaccedilatildeo da Lei Complementar 12808 Essa Lei Complementar
eacute uma Poliacutetica Puacuteblica que cria a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual
(MEI) e estabelece criteacuterios de normatizaccedilatildeo da categoria associados a dispositivos
de apoio a esse tecido empresarial
O canal de comunicaccedilatildeo entre as prefeituras e o SEBRAE tem sido a sala
do empreendedor presente nesses municiacutepios Essa foi uma iniciativa adotada para
criar condiccedilotildees de apoio ao microempreendedor individual no sentido de orientaacute-lo
quanto agrave formalizaccedilatildeo aspectos ligados agrave referida LC e promover as bases do
desenvolvimento desse tecido empresarial A sala do empreendedor se constitui em
uma importante ferramenta natildeo soacute de amparo ao empreendedor mas em uacuteltima
anaacutelise em uma estrateacutegia de fomento ao desenvolvimento local posto que aliada
a formalizaccedilatildeo de empreendimentos que atuam na informalidade e de potenciais
empreendedores estaacute o resgate agrave cidadania pelo direito ao trabalho descente e
regularizado
Por outro lado estudos de campo evidenciaram que ao se formalizar e
empregar um terceiro o MEI tende a reproduzir a informalidade pelo trabalho
43
Ver Monteiro (2013b)
117
precarizado pelas excessivas jornadas de trabalho e pela baixa remuneraccedilatildeo De
outra forma o trabalho informal pode se concretizar para muitos trabalhadores na
uacutenica maneira de sobrevivecircncia em um mundo onde haacute decreacutescimo dos postos de
trabalho protegido pelas leis regulatoacuterias e normativas
Um dispositivo importante contido na Lei Geral eacute o Acesso em facilitado ao
microcreacutedito produtivo estendido para o microempreendedor No litoral esta
ferramenta de inclusatildeo e expansatildeo do MEI estaacute pouco explorada considerando a
diminuiccedilatildeo dos financiamentos pela Caixa Econocircmica Federal Em contra partida os
contratos creditiacutecios firmados junto ao Banco Fomento Paranaacute aumentaram nos
uacuteltimos anos mas a sua representatividade ainda eacute pouco expressiva entre os
microempreendimentos no litoral
Ao longo dos estudos verificamos que a Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
MEI eacute uma poliacutetica de longo prazo que coaduna estrateacutegias e accedilotildees de resultados
que podem definir prazos mais longos mas em sentido imediato podem modificar a
vida desses trabalhadores Se de um lado esses trabalhadores encontraram uma
oportunidade de inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal atraveacutes da LC 12808
constituindo seu proacuteprio negoacutecio lutando por uma vida de dignidade atraveacutes de seu
trabalho por outro lado essa classe de trabalhadores representa a forma pela qual
o Estado de maneira ilusoacuteria tenta minimizar os efeitos da exclusatildeo de milhares de
postos de trabalho em funccedilatildeo dos novos padrotildees de produccedilatildeo inseridos na
perspectiva neoliberal que aleacutem do deslocamento forccedilado dos trabalhadores agrave
informalidade produz e reproduz desigualdades sociais e econocircmicas De certa
forma como a literatura indica a LC 12808 pode ser considerada uma ferramenta
utilizada pelo Estado para regulamentar o trabalho precarizado jaacute que as bases
estruturais do desemprego natildeo satildeo atingidas
Nesse contexto observamos o sentido ambivalente da poliacutetica puacuteblica de
formalizaccedilatildeo do MEI que se de um lado o Estado percebe o alastramento da
informalidade e dos efeitos nefastos para milhares de trabalhadores brasileiros e cria
uma poliacutetica puacuteblica para enfrentar esse fenocircmeno de outro lado observamos as
dificuldades dos MEI em empreender em meio a fatores exoacutegenos como retraccedilatildeo
econocircmica e endoacutegenos como a dependecircncia de fatores locais comprometendo os
objetivos da poliacutetica puacuteblica
Os municiacutepios do litoral paranaense em sua maioria carentes de
amadurecimento das concepccedilotildees de desenvolvimento local e de recursos
118
necessaacuterios ao suporte de estrateacutegias que correspondam a uma necessaacuteria
expansatildeo das equidades e das liberdades substantivas de suas populaccedilotildees vecircem
suas capacidades limitadas em funccedilatildeo de uma economia com pouca geraccedilatildeo de
riquezas influindo na baixa tributaccedilatildeo e no alastramento de problemas sociais como
o aumento da ociosidade forccedilada da pobreza da miseacuteria da violecircncia e da
criminalidade
Concluiacutemos que a inclusatildeo social do MEI expresso no art 18E da LC
12808 depende da sua permanecircncia e sustentabilidade entre outras circunstacircncias
aleacutem do ambiente empresarial de negoacutecios do fortalecimento do mercado e da
inclinaccedilatildeo do governo local agraves concepccedilotildees de desenvolvimento Dentro dessa
perspectiva empoderar o governo local se destaca como um dos elementos
fundamentais para o desenvolvimento de poliacuteticas puacuteblicas para o MEI assim como
a preparaccedilatildeo do empresariado local para a diminuiccedilatildeo das assimetrias no ambiente
de negoacutecios
A formalizaccedilatildeo do MEI natildeo eacute um fim em si mas pode ser adequada agraves
realidades locais e suplementada garantindo e expandindo direitos jaacute conquistados
Apesar de alguns avanccedilos que possibilitem os MEI sobreviver em meio a
imensidatildeo de empresas buscando um espaccedilo no mercado em curto prazo se natildeo
intensificarem investimentos para o fortalecimento da categoria presenciaremos o
esgotamento das estrateacutegias que ainda resistem
Esperamos que os estudos que realizamos sobre o MEI no litoral do Paranaacute
sejam o iniacutecio de outras investigaccedilotildees que possibilitem a sistematizaccedilatildeo de
conhecimentos que estatildeo dispersos entre os atores puacuteblicos e privados que
desenvolvem seus esforccedilos para a formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo do MEI Esta aacuterea de
estudos apresenta-se como um desafio em funccedilatildeo da precariedade de informaccedilotildees
para pesquisa todavia por seu caraacuteter inovador configura-se tambeacutem como
oportunidade de desenvolvimento de novos pesquisadores para a produccedilatildeo de
novos arranjos institucionais que permitam aos trabalhadores MEI a sua
formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo no mercado
119
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SIacuteTIOS DIGITAIS
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133
APEcircNDICES
APEcircNDICE 1 ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Tiacutetulo da Pesquisa Nome doPesquisador
1 Natureza da pesquisa
2 Participantes da pesquisa
3 Envolvimento na pesquisa ao participar deste estudo a sra (sr) permitiraacute que o (a) pesquisador perguntas agrave natureza da pesquisa O senhor (a) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa sem qualquer prejuiacutezo para a sra (sr)
4 Sobre as entrevistasas entrevistas seratildeo gravadas
5 Riscos e desconforto a participaccedilatildeo nesta pesquisa natildeo traz complicaccedilotildees
legais
6 Confidencialidadetodas as informaccedilotildees coletadas neste estudo satildeo estritamente confidenciais Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) teratildeo conhecimento dos dados
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre
para participar desta pesquisa Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Obs Natildeo assine esse termo se ainda tiver duacutevida a respeito
Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados eu de forma livre e
esclarecida manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Declaro que recebi coacutepia deste termo de consentimento e autorizo a realizaccedilatildeo da pesquisa e a divulgaccedilatildeo dos dados obtidos neste estudo
___________________________ Nome do Participante da Pesquisa ______________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa __________________________________ Assinatura do Pesquisador _________________________________
134
Assinatura do Orientador APEcircNDICE 2 ndash QUESTIONAacuteRIO PARA O MEI
Curso de Mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel UFPR- Setor Litoral
Mestrando Marcus Aureacutelio O objetivo desse questionaacuterio eacute obter dados estatiacutesticos de base quantitativa e
qualitativa que seratildeo utilizados em minha dissertaccedilatildeo
Obrigado por colaborar
QUESTIONAacuteRIO PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)
1 Qual eacute a aacuterea econocircmica de atuaccedilatildeo____________________________________ 2 Haacute quanto tempo estaacute formalizado______________________________________
3 Renda bruta mensal em salaacuterio miacutenimo
Na temporada de praiade ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos
Fora da temporada de ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos
4 Obteve financiamento junto agraves instituiccedilotildees de creacutedito facilitado ( ) sim ( ) natildeo
Se sim o financiamento foi utilizado ( ) na expansatildeo dos negoacutecios ( ) capital de giro ( ) compra de materiais ( ) todos os itens anteriores
5 Possui ou jaacute possuiu relaccedilatildeo comercial com o Municiacutepio Estado ( ) sim ( ) natildeo 6 Participa de alguma associaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo
7 Com a regularizaccedilatildeo do MEI sua situaccedilatildeo socioeconocircmica melhorou ( ) sim ( ) natildeo - (Em que
sentido)______________________________________ _____________________________________________________________
_____ _____________________________________________________________
_____ 8 Vocecirc deixaria de ser MEI por um emprego formalizado com carteira assinada e
salaacuterio mensal ( ) sim ( ) natildeo ndash (por
que)_____________________________________________ _____________________________________________________________
_____ 9 Vocecirc jaacute participou de algum curso de capacitaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo
10 Jaacute realizou consultoria com agentes do SEBRAE ou Agentes de Desenvolvimento do Municiacutepio disponiacuteveis na Sala do Empreendedor
( ) sim ( ) natildeo 11 Suas atividades satildeo realizadas em
( ) sua residecircncia ( ) imoacutevel alugado ( ) imoacutevel proacuteprio 12 Vocecirc possui outra atividade aleacutem de ser MEI ( ) sim ( ) natildeo
13 Na sua opiniatildeo a prefeitura tem auxiliado a categoria do MEI no seu desenvolvimento atraveacutes de
( ) compra de produtos e serviccedilos do MEI ( ) no processo de formalizaccedilatildeo ( ) promoccedilatildeo de cursos de capacitaccedilatildeo para o MEI ( ) incentivo agrave aquisiccedilatildeo de
tecnologias pelos MEI ( ) natildeo sabe informar se a prefeitura possui esses programas de incentivo
14 Vocecirc possui funcionaacuterio para o exerciacutecio da sua atividade ( ) sim ( ) natildeo
135
Se a resposta for sim ele eacute formalizado ( ) sim ( ) natildeo
15 Na sua opiniatildeo quais accedilotildees que a prefeitura poderia realizar para auxiliar o desenvolvimento da
categoria do MEI ____________________________________________________
MARCUS AUREacuteLIO SOARES DA SILVA
O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) NO LITORAL DO PARANAacute UMA
ANALISE DA FORMALIZACcedilAtildeO SOB A PERSPECTIVA DO TRABALHO
(2008-2016)
Dissertaccedilatildeo apresentada como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do grau de mestre em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel no Curso de Poacutes Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel Setor Litoral da Universidade Federal do Paranaacute Orientador Prof Dr Ivan Jairo Junckes
MATINHOS
2017
PARANAacute Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social Disponiacutevel httpwwwipardesgovbrindexphppg_conteudo=1ampcod_conteudo=30 Acesso 08 nov 16
ERRATA
FOLHA LINHAILUSTRACcedilAtildeO ONDE SE LEcirc LEIA-SE
56 Tabela 7 VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016)
VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF -R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2014)
56 Tabela 7 4788841664
2394420832
AGRADECIMENTOS
Ao Profordm Dr Ivan Jairo Junckes que embora com outros compromissos
assumiu a responsabilidade em me orientar e pela sua compreensatildeo e colaboraccedilatildeo
fundamentais na concretizaccedilatildeo desse trabalho que sem a sua dedicaccedilatildeo e
paciecircncia natildeo teria conseguido concluir
Agrave Profordf Dra Cinthia Maria Sena Abraatildeo que formidavelmente me orientou no
iniacutecio dessa dissertaccedilatildeo
Aos Professores do PPGDTS pelas aulas e o aprendizado durante o curso
Ao Joatildeo Rafael prestativo e esclarecedor
Aos meus amigos (as) de turma que de alguma maneira contribuiacuteram nessa
jornada
A todos os participantes das entrevistas (colaboradores) Agentes de
Desenvolvimento junto agraves salas do empreendedor
A todos os Microempreendedores Individuais que aceitaram colaborar com
esse trabalho
RESUMO
A partir da primeira deacutecada de 1970 o conceito keynesianismofordismo entrou em decliacutenio concorrendo para mudanccedilas estruturais de gerenciamento alocaccedilatildeo de recursos humanos reorganizaccedilatildeo do espaccedilo Dentro desse contexto haacute o deslocamento compulsoacuterio do trabalhador fabril para as mais diversas atividades no mercado de trabalho no setor terciaacuterio Boa parte das atividades desempenhadas pelos trabalhadores desse setor eacute desenvolvida na informalidade No Brasil para reverter o quadro de alastramento e superlativaccedilatildeo do setor informal foi criada a Lei Complementar12808 que formaliza a figura do Microempreendedor Individual (MEI) Na implantaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica estaacute prevista uma seacuterie de dispositivos que tem o objetivo de auxiliar na sustentabilidade e expansatildeo desse novo tecido empresarial Nos municiacutepios do Litoral do Paranaacute a implantaccedilatildeo da referida lei se daacute principalmente pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE atraveacutes das salas do empreendedor em cada municiacutepio que se constitui em canal de ligaccedilatildeo entre as estrateacutegias e accedilotildees desenvolvidas no sentido de atendimento do MEI Este trabalho visa a investigar como os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na Microrregiatildeo Geograacutefica de ParanaguaacuteLitoral Paranaense Para o desenvolvimento dos trabalhos foram pesquisados dados secundaacuterios realizada pesquisa bibliograacutefica e foi realizado um total de 38 entrevistas e aplicaccedilatildeo de questionaacuterios com agentes puacuteblicos de desenvolvimento e MEI Os resultados permitem conhecer a situaccedilatildeo dos MEI no litoral paranaense assim como servem de subsiacutedio para elaboraccedilatildeo de poliacuteticas especiacuteficas voltadas a essa populaccedilatildeo Palavras-chave Trabalho Informalidade Poliacutetica Puacuteblica Microempreendedor individual Litoral paranaense
RESUMEN
Desde los primeros antildeos de 1970 el concepto keynesianismofordismo entroacute en declinacioacuten concurriendo para los cambios estructurales de gestioacuten asignacioacuten de recursos humanos reorganizacioacuten del espacio Dentro de ese contexto hay el desplazamiento obligatorio del trabajador fabril para las maacutes distintas actividades en el mercado de trabajo en el sector terciario Buena parte de las actividades desempentildeadas por los trabajadores de este sector es desarrollada en la informalidad En Brasil para volver el cuadro de extensioacuten y superlativacioacuten del sector informal fue creada la Ley Complementar 12808 que formaliza la figura del micro emprendedor individual (MEI) En la implantacioacuten de esta poliacutetica puacuteblica estaacute prevista una serie de dispositivos que tiene el objetivo de auxiliar en la sostenibilidad y expansioacuten de este entorno empresarial En los municipios del litoral del Paranaacute la implantacioacuten de la referida ley se da principalmente por la asociacioacuten entre los ayuntamientos y l SEBRAE a traveacutes de las salas del emprendedor en cada municipio que se constituye en canal de conexioacuten entre las estrategias y acciones desarrolladas en apoyo a MEI Este trabajo busca investigar como los trabajadores mercado y organizaciones puacuteblicas y sociales han promovido y acogido la formacioacuten del micro emprendedor individual en la microrregioacuten de ParanaguaacuteLitoral paranaense Para el desarrollo del trabajo fueron investigados datos secundarios fue hecha una buacutesqueda bibliograacutefica y fue realizado un total de 38 entrevistas y aplicacioacuten de cuestionarios con agentes puacuteblicos de desarrollo y MEI Los resultados permiten conocer la situacioacuten de los MEI en la costa paranaense asiacute como sirven de subsidios para elaboracioacuten de poliacuteticas especiacuteficas orientadas a esa poblacioacuten
Palabras ndash clave Trabajo Informalidad Poliacutetica Puacuteblica Micro empresaacuterio individual Litoral paranaense
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO
BRASIL ANTERIOR A 1964 36
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL
DURANTE O REGIME MILITAR 39
QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO
DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016) 43
QUADRO 4- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA
ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
66
QUADRO 5- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute
PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS
ALTERACcedilOtildeES 68
QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS 69
QUADRO 7- ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP 71
QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES
EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO
PARANAacute 104
LISTA DE MAPAS
MAPA 1 - MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute 50
LISTA DE GRAacuteFICOS
GRAacuteFICO 1 - RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS 75
GRAacuteFICO 2 - ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015) 76
GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS
MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) () 77
GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO
84
GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS 84
GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI 85
GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE
ECONOcircMICA () 89
GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) 90
GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA
MRGP (N=30) 92
GRAacuteFICO 10 - VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP
ATRAVEacuteS DO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR
PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016) 101
GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA
MRGP () 102
GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO
REPRESENTANTE DA CATEGORIA 103
GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTO DOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS
ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA
MRGP () 106
GRAacuteFICO 14 - RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP
() 109
GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E
NAtildeO FORMALIZADOS EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP
() 110
GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA
RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O
SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) () 111
GRAacuteFICO 17 - QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE
PARTICIPARAM DE CURSOS DE 114
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL 29
TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E
POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010) 51
TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOS
MUNICIacutePIOS DA MRGP 52
TABELA 4 - DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)
53
TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014) 54
TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR
ECONOcircMICO 55
TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS
MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016) 56
TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP 57
TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016) 59
TABELA10- ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP
(maio2016) 59
TABELA11- PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)
97
TABELA12- NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS
NA MRGP CEDIDOS PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS
MPE (2015-2016) 98
TABELA13- NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016) 99
TABELA14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO
AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute
(FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016) 100
TABELA15- RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES
CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM
QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010) 112
LISTA DE SIGLAS
CLT - Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho
CODEFAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador
DIEESE - Departamento Intersindical de Estatiacutestica e Estudos
Socioeconocircmicos
ECINF - Economia Informal Urbana
FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo
IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho
INPS - Instituto Nacional de Previdecircncia Social
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LC - Lei Complementar
MEI - Microempreendedor Individual
MPAS - Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social
MRGP - Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute
MTE - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego
MTPS - Ministeacuterio do Trabalho e Previdecircncia Social
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e DesenvolvimentoEconocircmico
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PASEP - Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico
PDM - Poliacuteticas de Desenvolvimento do Milecircnio
PIS - Programa Integraccedilatildeo Social
PLANFOR - Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador
PND - Plano nacional de Desenvolvimento
PP - Poliacutetica Puacuteblica
PROGER - Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda
PRONAF - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PRORURAL - Programa de Desenvolvimento Econocircmico e Territorial - Renda
e Cidadania no Campo
SEBRAE - Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas
SINE - Sistema Nacional de Emprego
SUMAacuteRIO
APRESENTACcedilAtildeO 15
1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E
INFORMALIDADE 21
11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO 25
12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A
CRIacuteTICA 30
2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO DAS
ORIGENS AO MEI 33
21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
33
211Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento 36
212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar 39
213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil 42
214Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI 45
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute 50
31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP 52
32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP 61
321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP 65
322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento 69
323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI 71
4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute 74
41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR
MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI 74
411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita 81
42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS
DO MEI NA MRGP 83
43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO
88
431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral 88
do Paranaacute 88
432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute 90
434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP 91
435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute 95
436 O associativismo e os MEI na MRGP 102
437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI 105
438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute 108
439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia 110
4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute 112
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 115
REFEREcircNCIAS 119
APEcircNDICES 133
15
APRESENTACcedilAtildeO
O referente trabalho surgiu de reflexotildees acerca do processo acelerado da
expansatildeo do desemprego estrutural em niacutevel mundial mas que oferece pressatildeo
sobre configuraccedilotildees territoriais menores como na Microrregiatildeo Geograacutefica de
Paranaguaacute (MRGP) alertando sobre o deslocamento dos trabalhadores para a
economia informal e em resposta a accedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas
de trabalho na tentativa de equacionar as disfunccedilotildees geradas pela reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1970
O principal objetivo do nosso estudo eacute analisar como se apresenta a
implantaccedilatildeo da Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008 (LC 12808) nos
municiacutepios do litoral paranaense recortado como Microrregiatildeo Geograacutefica de
Paranaguaacute (MRGP) Esta poliacutetica puacuteblica eacute uma tentativa de retirar da informalidade
trabalhadores brasileiros exercendo as mais variadas atividades dentro desse setor
O que significa resgatar a sua dignidade e cidadania pela valoraccedilatildeo ao seu
trabalho pela inclusatildeo no sistema previdenciaacuterio dentre outros benefiacutecios
associados agrave formalizaccedilatildeo
Pretendemos descrever as principais caracteriacutesticas e estrateacutegias
organizadas na MRGP para a implantaccedilatildeo da LC 12808 que tem como uma de
suas premissas a inclusatildeo social descrita em seu art 18 Aleacutem disso realiza -se o
estudo sobre a aderecircncia dos governos locais agrave poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual (MEI)
Como objetivos secundaacuterios este estudo apresenta 1) Analisar os dados
relativos a emprego renda niacutevel de ocupaccedilatildeo volume de registros de MEI na
microrregiatildeo estudada 2) Identificar as estruturas e accedilotildees das prefeituras da
microrregiatildeo relacionadas agrave poliacutetica puacuteblica em questatildeo
Haacute algumas questotildees iniciais as quais entendemos pertinentes no processo
de estudo do referente trabalho e que foram balizares no encaminhamento das
pesquisas (a) De que maneira o mundo do trabalho (organizaccedilotildees puacuteblicas
mercado e organizaccedilotildees sociais) tem constituiacutedo poliacuteticas de formalizaccedilatildeo e renda
no trabalho (b) Qual a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas
enfrentados pelos trabalhadores informais na regiatildeo litoracircnea do Paranaacute (c) Como
os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e
acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na aacuterea de estudo
16
A ausecircncia na literatura de dados especiacuteficos atualizados sobre a aacuterea de
estudo sobretudo na aacuterea da economia do trabalho e a dificuldade em obter dados
em algumas instituiccedilotildees por conta da poliacutetica interna destas pode ter
comprometido em parte a anaacutelise do todo poreacutem natildeo alterou os objetivos dos
estudos sobre a categoria MEI
O processo metodoloacutegico foi constituiacutedo em dois momentos distintos e
complementares No primeiro momento buscamos na pesquisa exploratoacuteria
elementos que nos dessem suporte agrave compreensatildeo do objeto do estudo partindo
necessariamente do conjunto de fatores que levaram a criaccedilatildeo da LC 12808 e a
regulamentaccedilatildeo da formalizaccedilatildeo dos MEI Para tanto estabelecemos alguns
indicadores que nos orientaram no sentido das modificaccedilotildees ocorridas no sistema
capitalista a partir da deacutecada de 1970 e que resultaram no aumento do desemprego
da informalidade e da precarizaccedilatildeo do trabalho via flexibilizaccedilatildeo subcontrataccedilatildeo
Para estabelecermos a proximidade com o tema nos apoiamos na revisatildeo da
literatura especiacutefica resultando no reconhecimento sobre a trajetoacuteria histoacuterica das
modificaccedilotildees nas relaccedilotildees do trabalhoespaccedilo em cadeia global e nacional e
igualmente na criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equaccedilatildeo de deformidades na
economia do trabalho no cenaacuterio brasileiro nos aproximando ao entendimento do
nosso objeto de estudo Essa revisatildeo eacute descrita no decorrer da dissertaccedilatildeo pela
nomenclatura dada no corpo do texto
No segundo momento considerando que para a anaacutelise do objeto de estudo
ou seja a implantaccedilatildeo nos municiacutepios integrantes da microrregiatildeo de Paranaguaacute da
Lei Complementar 12808 que cria a pessoa juriacutedica do empreendedor individual se
fez necessaacuterio aleacutem da coleta de dados em possibilidades de controle a inclinaccedilatildeo
igualmente agrave percepccedilatildeo subjetiva de anaacutelise com o objetivo de compreensatildeo do
contexto mais amplo sob o olhar holiacutestico e criacutetico do processo de implantaccedilatildeo da
referida lei Nesse sentido como afirma Deslandes (2010 p 33) ―a)criacutetica porque
devemos estabelecer um diaacutelogo reflexivo entre a teoria e o objeto de estudo
escolhido por noacutes b)ampla porque deve dar conta do ―estado atual sobre o
problema
Tendo como uma das opccedilotildees a pesquisa qualitativa sublinhamos a
possibilidade de maior compreensatildeo das relaccedilotildees socialmente constituiacutedas por
atores no plano do concreto do real Essas relaccedilotildees exercem significados e se
manifestam de diversas formas pois o que se torna forma passa pelas relaccedilotildees
17
humanas e portanto ―o que as ―coisas (fenocircmenos manifestaccedilotildees ocorrecircncias
fatos eventos vivecircncias ideias sentimentos assuntos) representam daacute molde agrave
vida das pessoas (TURATO 2005 p 510)
Nesse momento percebemos a falta de informaccedilotildees histoacutericas em bancos de
dados oficiais e natildeo oficiais e na literatura que nos apoiassem na descriccedilatildeo objetiva
sobre o tema contextualizado no litoral paranaense
A escassez de dados sobre a poliacutetica de formalizaccedilatildeo do MEI no litoral do
Paranaacute eacute resultante em parte pela demora na regulamentaccedilatildeo da LC 12808 e da
operacionalizaccedilatildeo da referida LC nos municiacutepios da MRGP A regulamentaccedilatildeo e
operacionalizaccedilatildeo dessa lei complementar soacute foi possiacutevel em determinados casos
pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE a partir de 2013 em Matinhos e
Paranaguaacute e sequencialmente em Pontal do Paranaacute Morretes e Guaraqueccedilaba
Ainda com dificuldade de obter dados histoacutericos do litoral paranaense acerca da
informalidade do trabalho e especificamente sobre o microempreendedor individual
algumas informaccedilotildees secundaacuterias foram obtidas atraveacutes de instituiccedilotildees oficiais
(IBGE IPARDES DIEESE EMPRESOacuteMETRO) e foram processadas com base na
estatiacutestica descritiva atraveacutes de Planilha Excel representado por graacuteficos e tabelas
Informaccedilotildees igualmente sobre o MEI foram adquiridas atraveacutes de fontes primaacuterias
como dados estatiacutesticos das salas do empreendedor e possibilitaram avaliar alguns
indicadores importantes sobre o desenvolvimento dos trabalhos desempenhados
pelos agentes de desenvolvimento e sobre a sustentabilidade do MEI a) quantitativo
de baixas da empresa b) formalizaccedilotildees c) procura por serviccedilos nas salas d) oferta
de serviccedilos nas salas do empreendedor
Outra maneira utilizada para obter informaccedilotildees foi atraveacutes de entrevistas
semiestruturadas com atores da administraccedilatildeo puacuteblica e de instituiccedilotildees da iniciativa
privada e aplicaccedilatildeo de questionaacuterio para os microempreendedores individuais que
exercem suas atividades na aacuterea de estudo Segundo Oliveira (2011 p 36) ―esta
teacutecnica de coleta de dados eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees
acerca do que as pessoas sabemcrecircem esperam e desejam []
Foram entrevistados cinco (05) atores da administraccedilatildeo puacuteblica e trecircs (03)
atores da iniciativa privada Os atores foram escolhidos pela proximidade com
implantaccedilatildeo da LC 12808 Da administraccedilatildeo puacuteblica foram entrevistados quatro
agentes de desenvolvimento que atuam nas salas do empreendedor nos municiacutepios
que possuem parceria com o SEBRAE e um secretaacuterio municipal Da iniciativa
18
privada foram entrevistadas trecircs pessoas ligadas agraves associaccedilotildees da classe
empresarial e do SEBRAE Os MEI que participaram do questionaacuterio seratildeo
designados como respondentes Ao todo foram realizadas 08 (oito) entrevistas e 30
questionaacuterios aplicados
As entrevistas com os atores tanto da administraccedilatildeo puacuteblica quanto da
iniciativa privada se deram em seus locais de trabalho Ou seja nas salas do
empreendedor localizadas juntas agraves prefeituras e nas associaccedilotildees de classe e no
SEBRAE e tiveram como pressupostos levantar informaccedilotildees sobre as accedilotildees das
prefeituras e das associaccedilotildees sobre a implantaccedilatildeo da LC 12808 no litoral do
Paranaacute Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente com a
anuecircncia dos entrevistados que assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido e foram realizadas no periacuteodo de junho a outubro de 2016
Para a construccedilatildeo do questionaacuterio e das questotildees pertinentes foram
utilizadas como base referencial autores como Sachs (2003) e Albuquerque e
Zapata (2010) aleacutem de uma leitura atenta da Lei Complementar 12306 e da Lei
complementar 12808
Considerando a precaacuteria organizaccedilatildeo em classe dos microempreendedores
individuais (MEI) no litoral do Paranaacute natildeo sendo possiacutevel identificaacute-los atraveacutes de
banco de dados na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio optamos por deslocar ateacute o
estabelecimento do microempreendedor individual e aplicar o questionaacuterio em seu
local de trabalho Esse procedimento ao passo que era incerto pois natildeo havia
como identificar o MEI a natildeo ser percorrendo estabelecimento por estabelecimento
tornava-se solitaacuterio e exaustivo posto o deslocamento e o tempo para o
preenchimento do questionaacuterio e as duacutevidas que surgiam Poreacutem esta teacutecnica
possibilitou avaliar a estrutura do empreendimento e ao mesmo tempo conversar a
respeito da formalizaccedilatildeo dos MEI Dessa forma muito aleacutem da aplicaccedilatildeo do
questionaacuterio nos vimos envolto a uma realidade da qual natildeo percebiacuteamos Como
natildeo havia referecircncia sobre o enquadramento do estabelecimento perguntaacutevamos
para o proprietaacuterio se ele era MEI ou natildeo Os MEI que participaram respondendo ao
questionaacuterio muitas vezes falavam das dificuldades em aumentar seus negoacutecios e
da ausecircncia do poder puacuteblico local principalmente fora da temporada de praia
Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio durava cerca de 30 a 50 minutos
Participaram como respondentes do questionaacuterio 30 (trinta)
microempreendedores individuais abrangendo os municiacutepios de Guaratuba
19
Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute A aplicaccedilatildeo do questionaacuterio ocorreu nos
meses de dezembro de 2016 e janeiro e fevereiro de 2017
Os dados pesquisados foram organizados e descritos em Planilha Excel e
disponibilizados atraveacutes de graacuteficos e tabelas
Este estudo estaacute distribuiacutedo em quatro capiacutetulos onde procuramos sublinhar
sequencialmente as modificaccedilotildees ocorridas no mundo trabalho e o resultante
dissoo alastramento da informalidade em niacuteveis mundial e local assim como
analisar a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do MEI e seus dispositivos aplicados no
litoral do Paranaacute
No primeiro capiacutetulo estudamos as modificaccedilotildees no mundo do trabalho
atraveacutes de um recorte histoacuterico que levaram ao aumento exponencial do
desemprego estrutural e consequentemente da informalidade em niacuteveis mundiais
Ainda nesse capiacutetulo abordaremos o desemprego e a informalidade no cenaacuterio
brasileiro Para tanto nos apoiamos na literatura especializada sobre os temas
reestruturaccedilatildeo produtiva desemprego informalidade
O segundo capiacutetulo traz vaacuterias referecircncias ao conceito de Poliacutetica Puacuteblica e
a accedilatildeo do Estado brasileiro na economia do trabalho com quadros descritivos das
principais poliacuteticas puacuteblicas de trabalho no periacuteodo republicano e como essas
poliacuteticas organizaram a vida do trabalhador no Brasil Ainda nesse capiacutetulo
iniciamos nossas anaacutelises acerca da Lei de Formalizaccedilatildeo do Microempreendedor
Individual (LC 12808)
O terceiro capiacutetulo traz uma descriccedilatildeo da aacuterea de estudo (recorte espacial
da microrregiatildeo geograacutefica de Paranaguaacute) com dados demograacuteficos do mercado de
trabalho receitas municipais dados relacionados ao nuacutemero de empresas na regiatildeo
nuacutemeros de Micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais
escalonados por atividade econocircmica Assim como aspectos institucionais
relacionados agrave formalizaccedilatildeo do microempreendedor na regiatildeo de estudo
No quarto capiacutetulo observamos os avanccedilos quanto agrave implantaccedilatildeo da poliacutetica
de formalizaccedilatildeo e as dificuldades encontradas para a expansatildeo e sustentabilidade
do MEI na regiatildeo de estudo Neste capiacutetulo nossos estudos recaem inicialmente
para a participaccedilatildeo dos governos locais na implantaccedilatildeo da poliacutetica em questatildeo e sua
capacidade de mobilizar estrateacutegias de apoio aos MEI Ainda satildeo analisados os
dados relativos agrave formalizaccedilatildeo e baixas dos microempreendedores nos municiacutepios
de Morretes Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute observando a proposta de
20
sustentabilidade do MEI Igualmente atraveacutes de questionaacuterio respondido pelos MEI
da regiatildeo de estudo foi possiacutevel estabelecer um perfil soacutecio econocircmico dos
entrevistados e dos efeitos dos dispositivos elencados na Lei Geral que permitem
possibilidades da inserccedilatildeo e expansatildeo da categoria no mercado e resgate da sua
dignidade laboral
21
1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E
INFORMALIDADE
Para compreendermos o porquecirc da criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas1 voltadas
ao enfrentamento do fenocircmeno da informalidade superlativada do desemprego e a
geraccedilatildeo de renda no cenaacuterio brasileiro eacute necessaacuterio observarmos as transformaccedilotildees
ocorridas em cadeia global na dimensatildeo da economia do trabalho e as
consequecircncias sociais e econocircmicas vinculadas agraves relaccedilotildees do trabalho
(informalidade precarizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo trabalho temporaacuterio subcontrataccedilatildeo
dentre outros) que definem o quadro socioeconocircmico vigente e assim estabelecer
uma criacutetica histoacuterica que a partir da reorganizaccedilatildeo do processo produtivo incidiu
diretamente na concepccedilatildeo do trabalho do emprego e levou agrave
reorganizaccedilatildeoreformulaccedilatildeo do Estado (POCHMANN 2004) Para tal compreensatildeo
sobre o tema nos apoiaremos na extensa literatura jaacute existente
Em nossos estudos compreendemos o trabalho hoje formalizado ou natildeo
como uma atividade (humana) objetiva (no sentido da accedilatildeo) e subjetiva (no sentido
do pensamento) desenvolvida por homens e mulheres inclinada a transformar
modificar e produzir algo sob criteacuterios e validaccedilatildeo do Modelo de Produccedilatildeo
Capitalista Os criteacuterios do trabalho assim entendemos satildeo definidos com base nas
transformaccedilotildees ocorridas no proacuteprio sistema capitalista que por fim valida esse
processo pela viabilidade da produccedilatildeo laboral e intelectual conduzido por regras
vezes particulares vezes universais inseridos em contextos especiacuteficos ou
contextos globalmente unificados
O dinamismo do sistema capitalista produziu transformaccedilotildees de ordem
econocircmica social cultural ideoloacutegica configurando num processo contiacutenuo de
alteraccedilotildees permanentes no seio de sua proacutepria estrutura totalmente instaacutevel
flexiacutevel e mutante As mudanccedilas que ocorreram na economia mundial a exemplo
tiveram consequecircncias no processo produtivo logo nas relaccedilotildees do trabalho sob o
modelo fordista ocasionando mudanccedilas no tecido social cultural alimentados
ainda pelo crivo das contraposiccedilotildees ideoloacutegicas resultantes da polaridade mundial
1 Com efeito de poliacutetica puacuteblica voltada ao enfrentamento da informalidade no mercado de trabalho
brasileiro analisaremos mais a diante a Lei Complementar 12808 instrumento de criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI) que possui expresso em seu art 18E aleacutem da formalizaccedilatildeo do MEI o caraacuteter de inclusatildeo social
22
apoacutes a Segunda Grande Guerra Tais transformaccedilotildees estatildeo associadas ao decliacutenio
do modelo keynesiano2 - progressista que exigiu do Estado uma posiccedilatildeo mais
reformadora em sua estrutura assinalada por Laranjeira (2000) Lombardi (1997) e
Caminha (2012)
O que podemos observar no cenaacuterio econocircmico eacute o substancial crescimento
inflexiacutevel do desemprego estrutural bem como as mudanccedilas no sistema de
assalariamento que foi condicionado por eventos especiacuteficos de enorme
importacircncia 1) a reestruturaccedilatildeo produtiva iniciada na deacutecada de 1970 2) o advento
da globalizaccedilatildeo (SANTOS 2008 p 152) 3) ―difusatildeo de um novo paradigma teacutecnico-
produtivo e do acirramento da competiccedilatildeo internacionalista nas economias
avanccediladas (POCHMANN 2001 p 41)
A reestruturaccedilatildeo produtiva foi uma resposta imediata agrave crise econocircmica
caracterizada pela impossibilidade do modelo Keynesiano - fordista reverter agraves
contradiccedilotildees proacuteprias produzidas pelo sistema capitalista Tal resposta implicou de
imediato numa nova redefiniccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e das relaccedilotildees entre trabalho e
produccedilatildeo que se mantinham sob forte regulaccedilatildeo consensual entre ―Estado capital e
sindicatos como aponta Barbosa (2007 p 3)
As modificaccedilotildees que ocorreram no setor produtivo e nas relaccedilotildees do
trabalho levaram a excessiva acumulaccedilatildeo de capital (acumulaccedilatildeo flexiacutevel) muito
embora essas modificaccedilotildees natildeo ocorreram de forma generalizada mas foram
absorvidas considerando contextos especiacuteficos de espaccedilo e cultura conforme
salienta Lombardi (1997) e ao aumento do desemprego por cortes em postos de
trabalho (capital variaacutevel) observando a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica no setor produtivo e a
reconfiguraccedilatildeo desse setor com relocaccedilatildeo para espaccedilos perifeacutericos
Dentro dessa oacutetica como observa Lombardi (1997) a expansatildeo tecnoloacutegica
exerceu forte pressatildeo sobre os trabalhadores que se sentem ameaccedilados pela
concorrecircncia da tecnologia Trabalhos manuais foram substituiacutedos por trabalhos
mecacircnicos autocircmatos que produzem em escalas vertiginosas Ou seja
O avanccedilo na concorrecircncia intercapitalista e a adoccedilatildeo de um novo paradigma tecnoloacutegico estariam provocando alteraccedilotildees significativas nas economias avanccediladas Parece natildeo haver duacutevidas sobre o crescimento de
2O modelo Keynesinao tambeacutem chamado de Capitalismo Reformado por Sachs (2008) foi uma
resposta imediata aos efeitos causados pela Grande Depressatildeo tendo como base o pleno emprego e o Estado do Bem Estar Social
23
importacircncia das ocupaccedilotildees caracterizadas como superiores e de postos diretivos responsaacuteveis pela utilizaccedilatildeo de trabalhadores com maior exigecircncia de qualificaccedilatildeo e escolaridade Ao mesmo tempo as profissotildees inferiores (operaacuterios simples e manuais) ainda majoritaacuterios na estrutura ocupacional estariam perdendo participaccedilatildeo relativa (POCHMANN 2001 p 52)
Na segunda metade deacutecada de 1980 foi formulado por economistas norte-
americanos e outros ligados a OCDE (Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e o
Desenvolvimento Econocircmico) um conjunto de medidas de cunho macroeconocircmico
e estruturais destinado a paiacuteses do chamado Terceiro Mundo que apresentavam
baixos iacutendices de desenvolvimento econocircmico (BRESSER PEREIRA 1991)
Tais medidas foram sendo colocadas em praacutetica sobre tudo abaixo da linha
do equador americano pois como demonstra Bresser Pereira (1991) na Ameacuterica
Latina havia uma ―crise marcada por estagnaccedilatildeo econocircmica e altas taxas de
inflaccedilatildeo Dentro dessa perspectiva acreditava-se que havia uma necessidade de
restringir o tamanho do Estado e de sua participaccedilatildeo no setor econocircmico Assim a
orientaccedilatildeo era sua descentralizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo liberalizaccedilatildeo do
comeacutercio internacional promoccedilatildeo das exportaccedilotildees e a diminuiccedilatildeo das empresas
estatais pois entendiam que eram em grande nuacutemero e incapazes de gerir
produtividades adequadas as suas capacidades e ao modelo estrutural das novas
concepccedilotildees capitalistas (neoliberalismo globalizado)
No entanto tais modificaccedilotildees no sistema econocircmico permitiram o processo
de acumulaccedilatildeo do capital e da hipertrofia financeira criando mecanismos que
causaram enormes disfunccedilotildees sociais agravadas pela doutrinalsquo neoliberal e o novo
padratildeo tecnoloacutegico de produccedilatildeo e organizaccedilatildeo do trabalho (MOTTA 2009) Tais
fatores provocaram ―mudanccedilas substanciais que resultaram no aumento da pobreza
do desemprego e do subemprego e na precarizaccedilatildeo do trabalho (idem p 550)
O desemprego se constituiu como um dos maiores problemas sociais da humanidade A crise iniciada nos paiacuteses centrais a partir do final dos anos 1960 evidenciou o esgotamento do padratildeo de acumulaccedilatildeo fordista keynesiano alterando a relaccedilatildeo entre Estado e sociedade (OLIVEIRA 2012 p 494)
Conforme analisa Oliveira (2012) estima-se que em 2009 havia cerca de
210 milhotildees de pessoas desempregadas no mundo ―Os maiores afetados segundo
a agecircncia satildeo os jovens e as mulheres dos paiacuteses perifeacutericos (OLIVEIRA 2012 p
494) Diante de um quadro socioeconocircmico extremamente complexo seria
24
necessaacuterio novos mecanismos que dessem suporte ao controle das distorccedilotildees
sociais e de contenccedilatildeo Dessa forma foram lanccediladas novas bases da ideologia
dominante com objetivos especiacuteficos de controle da demanda com base nas
―poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio (PDM) (MOTTA 2009 p 549)
As PDM segundo a autora constituem ―mecanismos de hegemonia de
funccedilatildeo de direccedilatildeo intelectual e moral com accedilotildees concretas e definiccedilotildees de metas
focadas nas camadas de trabalhadores excluiacutedoslsquo do processo produtivo mas que
ainda possuem condiccedilotildees produtivas para instaurar um processo mais intensivo de
educar para o conformismo (idem p 549)
Assinala Motta (2009) que as poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio estatildeo
sublinhadas pelo forte investimento educacional balizado na ―teoria do capital
humano de Theodore Schultz na qual consiste em propor a qualificaccedilatildeo da forccedila do
trabalho humano atraveacutes do processo educacional direcionado para crescimento
econocircmico
Poderemos formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho mas
autores como Rifkin (1995) Pastore (2006) Martins e Veiga (2003) Oliveira (2012) e
Sachs (2007) enfatizam na diminuiccedilatildeo consideraacutevel dos postos de trabalho na esfera
global dando a entender que a crise do pleno emprego estaacute relacionada em parte
ao avanccedilo da automaccedilatildeo tecnoloacutegica e da chamada reestruturaccedilatildeo da produccedilatildeo
tanto nas aacutereas rurais quanto nas aacutereas urbanas como jaacute demonstrado
anteriormente Alertava Rifkin (1995) que mais de 800 milhotildees de pessoas no
mundo estavam desempregadas ou subempregadas e que esse quadro se agravaria
ateacute o final do seacuteculo XX
Com um quadro excessivamente preocupante as poliacuteticas de geraccedilatildeo de
emprego e renda entram na agenda internacional no entanto como salienta Souza
(2010 p 3) ―essas poliacuteticas puacuteblicas arrefecem o iacutempeto de uma celebraccedilatildeo liberal
na medida em que evidenciam a incapacidade de prover o pleno emprego
demonstrada pelo capitalismo mesmo em seus contextos mais avanccedilados
As tendecircncias multinacionais como analisa Oliveira (2012) ao mesmo
tempo em que preconizam a defesa de poliacuteticas focadas na geraccedilatildeo do trabalho (o
trabalho aqui entendido dentro do sistema capitalista portanto emprego formalizado
ou informal) que estimulassem a empregabilidade defendiam as flexibilizaccedilotildees das
leis regulatoacuterias que normatizam as leis do trabalho No caso brasileiro ―a poliacutetica de
emprego estaacute intrinsecamente relacionada agrave fraacutegil concepccedilatildeo de Welfare State e agrave
25
posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho reforccedilando um
crescimento subordinado e dependente do capital estrangeiro [] (OLIVEIRA
2012 p 494)
No Brasil as poliacuteticas de emprego estavam relacionadas agrave concepccedilatildeo de
submissatildeo das leis trabalhistas agraves estruturas e poliacuteticas macroeconocircmicas e apenas
eram direcionadas nesse sentido aos trabalhadores empregados sendo que natildeo
haviam poliacuteticas voltadas aos trabalhadores excluiacutedos do processo de produccedilatildeo
formalizado ateacute meados do final da deacutecada de 1980 No entanto como segue
Oliveira (2012)
[] as mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo do trabalho em consonacircncia com as poliacuteticas macroeconocircmicas de estabilizaccedilatildeo econocircmica imposta pelo FMI e demais organismos multilaterais delimitam a intervenccedilatildeo do Estado provocando um acirramento na questatildeo social em suas variadas expressotildees Eacute sob esta perspectiva que as poliacuteticas de emprego passam a ser implementadas no governo FHC Ou seja poliacuteticas que possam combater a crise do emprego e consequentemente a fome e a miseacuteria mas com recursos reduzidos e com ecircnfase na individualizaccedilatildeo do problema reforccedilando a histoacuterica intervenccedilatildeo residual do Estado brasileiro na questatildeo social (OLIVEIRA 2012 p 499)
No periacuteodo FHC assinalado por Oliveira (2012) foram criados vaacuterios
dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador Um dos mais importantes instrumentos foi o
seguro-desemprego que sofreu alteraccedilotildees em 1994 ampliando
[] o tempo de indenizaccedilatildeo Nesse periacuteodo o desemprego apresentava nuacutemeros elevados chegando a atingir de acordo com o IBGE em torno de 17 da PEA A renda meacutedia do trabalhador apresentou queda pelo sexto ano consecutivo atingindo em 2003 uma reduccedilatildeo de 129 (OLIVEIRA 2012 p 500)
Na primeira deacutecada do seacuteculo XXI o desemprego mantinha a taxa de 96 e
a informalidade atingia 60 dos trabalhadores ocupados como nos mostra Pastore
(2006)
11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO
Como jaacute mencionado as alteraccedilotildees no mundo do trabalho ocasionadas
pela reestruturaccedilatildeo produtiva concorreram para o aumento do desemprego
estrutural culminando em consequecircncias macroestruturais no seio da economia
26
mundial Retrato disso eacute o fenocircmeno denominado de informalidade esta vista como
um traccedilo marcante nos paiacuteses subdesenvolvidos ou em desenvolvimento
assinalado por Matsuo (2009) e Antunes (2011) Estes autores nos apontam os
variados modos de informalidade que constituem estrateacutegias de enfrentamento agraves
especificidades econocircmicas diferenciadas no tempo e no espaccedilo por serem
construiacutedas a partir de necessidades especiacuteficas territoriais Matsuo (2009) afirma
que estas estrateacutegias informais correspondem de um lado o trabalhador informal
adequando-se a economia de mercado e ―significa um traccedilo constitutivo e crescente
da acumulaccedilatildeo de capital dos nossos dias (ANTUNES 2011 p 4) eou de outro o
setor informal representa a exclusatildeo desses trabalhadores do sistema dinacircmico da
economia Dessa forma segue a autora no sentido de combinaccedilatildeo das duas
possibilidades
[] os trabalhadores marginalizados na economia informal procuram se articular com os setores dinacircmicos da economia e integrar a cadeia no circuito de acumulaccedilatildeo capitalista dependendo das oportunidades que surgem Por outro lado a economia informal nos apresenta setores que estatildeo a reboque da formal e que passam a ser marginais por estarem deslocadas do desenvolvimento econocircmico (MATSUO 2009 p 21)
Os setores informal e formal segundo Souza (2010) coexistem e se
estabelecem como uma fragmentaccedilatildeo da estrutura ocupacional Essa fragmentaccedilatildeo
no entanto deveria ser acompanhada de poliacuteticas puacuteblicas que observassem o setor
informal para a melhoria da sua capacidade de ganho (idem p 4) Essa anaacutelise parte
do pressuposto de que o capitalismo triunfante natildeo foi capaz de absorver a maioria
dos trabalhadores levando-os a concorrer sob a proacutepria sorte e sob a eacutegide da
inadaptaccedilatildeo da desvantagem e da exclusatildeo dos benefiacutecios desse capitalismo Para
esse autor
[] os estudos promovidos pela CEPAL e pelo PREALC defenderam a ideacuteia de uma heterogeneidade estrutural persistente na qual coexistiriam os setores moderno e arcaico Este uacuteltimo tiacutepico da economia informal refletiria o excedente de matildeo-de-obra que luta por sobrevivecircncia assumindo um caraacuteter estrutural e supeacuterfluo As poliacuteticas puacuteblicas deveriam contribuir para a elevaccedilatildeo da renda na economia informal atuando de forma compensatoacuteria (SOUZA 2010 p 4)
Sachs (2007) ao analisar a economia de mercado a partir das
reestruturaccedilotildees capitalistas nos paiacuteses subdesenvolvidos identifica os setores
sociais marginalizados dentro do processo produtivo assim como o sentido
27
excludente e endecircmico resultante da maciccedila exploraccedilatildeo pelos paiacuteses de economias
centrais O autor identifica o cenaacuterio e as transformaccedilotildees no mercado de trabalho
por conta dos processos de dominaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo da economia
No lugar do desaparecimento tradicional por meio da transferecircncia progressiva do excedente de sua matildeo-de-obra para o setor moderno assistimos a expulsatildeo das sobras dos trabalhadores do setor moderno para setores da economia informal de fundos de quintal ou nitidamente ilegal e ateacute a sua marginalizaccedilatildeo pura e simples fadados agrave afliccedilatildeo da ociosidade forccedilada condenados a situaccedilatildeo de assistidos para alguns do berccedilo ao tuacutemulo (SACHS 2007 p 254)
Antunes (2011) subdivide a informalidade em trecircs modalidades de
trabalhadores alocados a economia submersa a) trabalhadores informais
tradicionais b) trabalhadores informais assalariados sem registro c) trabalhadores
informais por conta proacutepria Essas trecircs categorias tambeacutem satildeo compreendidas nas
anaacutelises de Matsuo (2009) a qual define a informalidade em duas grandes
categorias ―velha informalidade (trabalhadores tradicionais) e a ―nova
informalidade (terceirizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo temporizaccedilatildeo) No entanto haacute algumas
―[] denominaccedilotildees atribuiacutedas a atividades praticadas nesse campo desemprego
disfarccedilado subemprego atividade clandestina iliacutecita natildeo estruturada etc
(SANTOS MACIEL e SATO 2014 p 330) que estatildeo presentes em todos os setores
da economia tanto no setor primaacuterio no secundaacuterio como no terciaacuterio como
apontam esses autores
De outra forma como aponta o estudo realizado em 2002 pelo Observatoacuterio
do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) haacute dois tipos
de mercado de trabalho que atuam concomitantemente
a) um setor formal cujo funcionamento das atividades foi definido como tendo barreiras agrave entrada com recursos externos sistema de propriedade impessoal operando em mercados amplos e protegidos por cotas e tarifas grande escala de produccedilatildeo processos produtivos de tecnologia moderna e intensivos em capital e matildeo-de-obra qualificada e b) um setor informal definido pela inexistecircncia de barreiras agrave entrada aporte de recursos de origem domeacutestica propriedade individual operando em pequena escala processos produtivos intensivos em trabalho atuando em mercados competitivos e natildeo regulados (MTE 2002 p 3)
O fato eacute que o crescimento da informalidade no caso brasileiro revelava
aleacutem da fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria a violaccedilatildeo agraves leis trabalhistas a
28
precarizaccedilatildeo do trabalho e a desqualificaccedilatildeo do trabalhador frente agraves novas
tecnologias e restriccedilotildees agrave sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal
Revelando o contraste entre os dois setores conforme as anaacutelises de
Meneguin e Bugarin (2008) em 2004 o trabalhador formalizado obteve uma
remuneraccedilatildeo de 623 superior em relaccedilatildeo ao trabalhador atuante na economia
submersa (CATANI 1985)
Alguns estudos realizados que apontam a informalidade no Brasil remontam
a deacutecada de 1990 Dessa forma a pesquisa Economia Informal Urbana (ECINF)
feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia a Estatiacutestica (IBGE) considerou a
―Organizaccedilatildeo e o Funcionamento da Unidade Econocircmica como uma caracteriacutestica
capaz de balizar os estudos sobre a informalidade Da mesma forma procurou
identificar e correlacionar as atividades informais identificando os
proprietaacuterios de negoacutecios informais trabalhadores por conta proacutepria e pequenos empregadores com 10 anos ou mais de idade ocupados em atividades natildeo-agriacutecolas e moradores em aacutereas urbanas nos domiciacutelios em que moram e atraveacutes deles investigar as caracteriacutesticas de funcionamento das unidades produtivas (IBGE - BRASIL 2003 p 15)
Um dos objetivos do IBGE era de ―quantificar o potencial das atividades
econocircmicas exercidas na informalidade em gerar oportunidades de trabalho e
rendimentos aleacutem de captar informaccedilotildees que permitam conhecer o papel e a
dimensatildeo do setor informal na economia brasileira (IBGE- BRASIL 2003 p 13)
O aumento da informalidade pode estar associado ao aumento da taxa de
desemprego o qual exige das pessoas estrateacutegias e formas diferenciadas de
sobrevivecircncia ou seja uma nova relaccedilatildeo com o mercado de trabalho como mostra
Matsuo (2009) Nas anaacutelises de Santos (2008)
Ateacute 1995 a cada aumento na oferta de emprego formal correspondia uma reduccedilatildeo do iacutendice de trabalhadores na informalidade Poreacutem a loacutegica mudou e a tendecircncia mostra que a criaccedilatildeo de novos empregos com carteira assinada natildeo causa mais esse impacto A informalidade passou a ser um traccedilo caracteriacutestico do mercado de trabalho brasileiro [] (SANTOS 2008 p6)
Pastore (2006) numa anaacutelise sobre o quadro nacional de empregos jaacute
indicava esta perspectiva e avalia o impacto sobre a previdecircncia social desse
quantitativo pois esta porcentagem corresponde agraves pessoas que natildeo contribuem
para o setor previdenciaacuterio gerando enormes distorccedilotildees no setor
29
Perceberemos (TABELA 1) a gradativa reduccedilatildeo na taxa de informalidade
brasileira bem como a reduccedilatildeo em 2 na taxa de desemprego entre 2002 e 2008
como observam Barbosa Filho e Pessocirca (2011) Estes autores ainda alertam para
a as diferenccedilas marcantes na composiccedilatildeo da taxa de desemprego de regiatildeo para
regiatildeo sugerindo o percentual em torno de 6 em Belo Horizonte e Porto Alegre e
superior a 12em Recife e Salvador no ano de 2008 (BARBOSA FILHO PESSOcircA
2011 p 2)
TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL
ANO DESEMPREGO INFORMALIDADE
2002 91 436 2003 97 423 2004 89 425 2005 93 414 2006 84 407 2007 82 391 2008 71 381 2009 83 374 2012 55 34 2013 54 33 2014 43 322 Fev2015 5 325
FONTE BARBOSA FILHO e MOURA (2012) IPEA (20142015) No primeiro semestre de 2013 a informalidade atingiu a taxa de 332
segundo IPEA (2013) Notamos (TABELA 1) que as atividades informais entre 2002
e 2006 obtiveram uma retraccedilatildeo de 29 e entre 2006 e 2013 houve decliacutenio na
ordem de 75 na informalidade brasileira Portanto houve a reduccedilatildeo de 104 da
informalidade entre os anos de 2002 e 2013 Em 2014 o desemprego obteve uma
variaccedilatildeo de 07 pp em relaccedilatildeo agrave fevereiro de 2015 assim como a informalidade
teve um acreacutescimo de 03 pp (IPEA 2015)
A informalidade segundo Malaguti (2001) eacute um traccedilo caracteriacutestico no
mercado de trabalho brasileiro e abrange parte significativa de trabalhadores
exercendo atividades de forma precarizada e desprotegida o que leva a reduccedilatildeo
salarial ao aumento da carga horaacuteria de trabalho e a desvalorizaccedilatildeo do trabalho
como garantia de dignidade
30
12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A
CRIacuteTICA
O deslocamento forccedilado dos trabalhadores formais para praacuteticas informais
no mercado de trabalho resultante de um processo de mudanccedilas nas relaccedilotildees de
produccedilatildeo e trabalho levaram milhares de pessoas a improvisar formas diferenciadas
de suas atividades habituais por necessidade de sobrevivecircncia muitas vezes
compreendidas como formas inovadoras e empreendedoras dentro de uma nova
realidade socioeconocircmica imposta
As praacuteticas empreendedoras muitas vezes como aponta Barbosa (2007) e
Malaguti (2001) surgem como estrateacutegias de autogestatildeo do trabalho do tempo e do
espaccedilo fiacutesico por se apresentarem como uacutenicas alternativas no processo de
desregulamentaccedilatildeo do trabalho e assim as novas configuraccedilotildees do trabalho
resultaram do esvaziamento da poliacutetica abrindo caminho na substituiccedilatildeo do trabalho
empregatiacutecio para uma forma autocircnoma do empreendedorismo Nas palavras de
Barbosa (2007)
A quebra do assalariamento baseado em contratos advindos da concentraccedilatildeo Estado capital e sindicatos penaliza o trabalho amplia as margens de accedilatildeo do mercado e expotildee a fragilizaccedilatildeo da poliacutetica como dimensatildeo da vida social por isso a pergunta que se faz agora entatildeo eacute de que modo o empreendedorismo pode reinventar ou inovar o trabalho garantindo espaccedilo para a poliacutetica Quer dizer frente agrave escassez (volume) e precarizaccedilatildeo (qualidade) do trabalho ateacute que ponto o empreendedorismo expresso nas ideias e praacuteticas de geraccedilatildeo de renda produz efeitos positivos no sentido de minorar as accedilotildees do mercado e impactar o quadro de desigualdade social (BARBOSA 2007 p 3)
Para essa autora o trabalhador desempregado perde sua identidade
subjetiva compartilhada e o emprego formalizado deixa de ser referecircncia de renda
pois com a ―reversatildeo do assalariamento e a ampliaccedilatildeo do trabalho desprotegido
informal se impotildee como regressividade social na medida em que diminui o poder de
barganha dos trabalhadores jogados agrave sorte no mercado e aumenta a desigualdade
social (idem p 4)
Essa realidade socioeconocircmica como demonstra Barbosa (2007) conduz
os trabalhadores para as diversas formas desprotegidas de gerar renda e o que
significava precariedade de uma sobrevivecircncia urbanizada passa a ser considerada
como um conjunto de qualidades dos trabalhadores pobres com caracteriacutesticas de
31
autonomia empregatiacutecia empreendedora e criativa escondendo a condiccedilatildeo de
inseguranccedila social Como segue a autora
Pode-se dizer que como barotildees da raleacute os trabalhadores informais reaparecem na narrativa empreendedora como portadores de futuro avalizados pela experimentaccedilatildeo do risco cotidianamente Todavia contraditoriamente a ocupaccedilatildeo em si natildeo oferece nenhuma seguranccedila social enquanto promessa de futuro para os trabalhadores envolvidos e suas famiacutelias (BARBOSA 2007 p 7)
Dessa maneira segundo a autora a reversatildeo forccedilada do assalariamento
protegido para o ―auto-emprego constituiu um esvaziamento das forccedilas sociais que
possuem bases nas condicionantes do trabalho coletivizado do trabalho protegido
pelas leis de regulaccedilatildeo do mercado de trabalho Sendo assim o auto-emprego pode
ser compreendido como sendo balizado em expectativas de mercado onde sua
capacidade de competitividade em muitos casos fica muito aqueacutem das forccedilas que
regulam o mercado impondo-lhe limitaccedilotildees de expansatildeo e ―desprovidos de capital
o trabalho autocircnomo paradoxalmente depende da sub-remuneraccedilatildeo que se auto
impotildee e do estaacutegio de desenvolvimento de dada sociedade capitalista cuja
tendecircncia eacute estender sua racionalizaccedilatildeo a todos os setores da economia (SOUZA
2010 p 5)
A gama de trabalhadores sem carteira assinada autocircnomos contrasta pela
sua heterogeneidade dependendo da escolaridade dos ganhos reais aacuterea de
atuaccedilatildeo remuneraccedilatildeo geralmente com pouca qualificaccedilatildeo e atuantes na produccedilatildeo
de bens e serviccedilos conforme analisa Souza (2010)
Dentro dessa oacutetica em suas anaacutelises sobre a formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual (MEI) Sulzbach e Denardin (2012) relatam que ―com
a instituiccedilatildeo desta figura o Estado brasileiro auxilia na desregulamentaccedilatildeo do
mercado de trabalho capitalista regulamentando-a Nesse sentido seguem os
autores
Esta nova forma de desregulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho estabelece o individualismo que cria uma cultura empreendimentista assim chamada por Harvey apud Miqueluzzi (1998) aonde a classe trabalhadora vislumbra ser um trabalhador por conta proacutepria natildeo ser mais assalariado (SUZBACH DENARDIN 2011 p 10)
32
Para Malaguti (2001 p 88) a informalidade aparece como uma das uacutenicas
formas de sobrevivecircncia para milhares de brasileiros e esta eacute um ―recurso de uacuteltima
instacircncia (p 92)
As pequenas empresas que surgem em meio agrave informalidade superlativada
resultado de uma modernidade que natildeo superou os preceitos do
subdesenvolvimento ao contraacuterio expandiu a pobreza e as diferenccedilas sociais pela
concentraccedilatildeo de renda excessiva e a reestruturaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo
enfrentam condiccedilotildees humilhantes e ultrajantes na procura de espaccedilo para a
sobrevivecircncia Segundo Malaguti (2001 p 68) a informalidade ―natildeo eacute um celeiro de
pessoas ativas empreendedoras eneacutergicas mas sim o refuacutegio sem opccedilatildeo
As empresas constituiacutedas diante de uma economia informal analisadas por
Malaguti (2001) Sachs (2006) Antunes (2011) Barbosa (2007) Catani (1985)
reproduzem o trabalho precarizado sob a forma de baixa remuneraccedilatildeo jornadas
excessivas de trabalho condiccedilotildees muitas vezes insalubres e sem orientaccedilatildeo
teacutecnica de seguranccedila
33
2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHOBRASILEIRO DAS
ORIGENS AO MEI
Neste capiacutetulo pretendemos estabelecer uma breve aproximaccedilatildeo sobre o
conceito de poliacuteticas puacuteblicas que em nosso entendimento eacute fundamental para a
compreensatildeo do objeto de estudo que eacute a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual Ainda neste toacutepico apresentaremos algumas das
principais poliacuteticas puacuteblicas sobre emprego no periacuteodo republicano brasileiro
21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
A Poliacutetica Puacuteblica eacute caracterizada como a posiccedilatildeo do ―Governo em accedilatildeo
assim definida por (SOUZA 2006) e ao mesmo tempo ―o Estado implantando um
projeto de governo atraveacutes de programas de accedilotildees voltadas para setores
especiacuteficos da sociedade(HOumlFLING 2001 p 31) ou mesmo a intervenccedilatildeo do
Estado em problemas e finalidades especiacuteficas
Podemos salientar que definiccedilotildees sobre o tema podem incidir em conceitos
significativamente diferentes pois como nos aponta Souza (2006) natildeo haacute uma
definiccedilatildeo singular para o termo Poliacutetica Puacuteblica diferentemente de outras aacutereas do
conhecimento tradicionalmente constituiacutedas como eacute o caso da Sociologia da
Economia ou da Psicologia a exemplos
Para Souza (2006) tal termo implica num conjunto de accedilotildeesprocessos que
permitem a dissociaccedilatildeo e separaccedilatildeo em fases de poliacuteticas ou ciclo de poliacutetica
puacuteblica pois no processo de estabilizaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica pode ocorrer
disparidades nas etapas de transcurso tanto na formulaccedilatildeo na implementaccedilatildeo
como na avaliaccedilatildeo da PP A partir de suas anaacutelises a autora nos apresenta algumas
definiccedilotildees sobre o tema
Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da poliacutetica que analisa o governo agrave luz de grandes questotildees puacuteblicas e Lynn (1980) como um conjunto de accedilotildees do governo que iratildeo produzir efeitos especiacuteficos Peters (1986) segue o mesmo veio poliacutetica puacuteblica eacute a soma das atividades dos governos que agem diretamente ou atraveacutes de delegaccedilatildeo e que influenciam a vida dos cidadatildeos Dye (1984) sintetiza a definiccedilatildeo de poliacutetica puacuteblica como ―o que o governo escolhe fazer ou natildeo fazer A definiccedilatildeo mais conhecida continua sendo a de Laswell ou seja decisotildees e anaacutelises sobre poliacutetica puacuteblica implicam responder agraves seguintes questotildees quem ganha o quecirc por quecirc e que diferenccedila faz (SOUZA 2006 p24)
34
O estudo do campo da Poliacutetica Puacuteblica estaacute direcionado agraves anaacutelises e
interpretaccedilotildees de interesses vantagens desvantagens ganhos e perdas dos grupos
e atores envolvidos no processo de construccedilatildeo da PP de forma direta ou indireta
desde a construccedilatildeo da agenda da formulaccedilatildeo do processo decisoacuterio da
implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo ateacute o puacuteblico alvo ao qual se originou a poliacutetica puacuteblica
Para Frey (2000) a Poliacutetica Puacuteblica constitui um campo da Ciecircncia Poliacutetica e
poderemos analisaacute-la sob trecircs perspectivas 1) o sistema poliacutetico no qual identifica e
avalia a accedilatildeo do governo e do Estado como promotores de felicidade de seus
cidadatildeos 2) o elemento poliacutetico representado pelas relaccedilotildees de forccedila e interesses
entre atores envolvidos no processo decisoacuterio 3) processo de avaliaccedilatildeo do sistema
poliacutetico no que concernem suas accedilotildees e estrateacutegias escolhidas para resolver
problemas especiacuteficos
Historicamente como aponta Frey (2000) o estudo sobre este campo da
Ciecircncia Poliacutetica nos Estados Unidos teve iniacutecio na deacutecada de 1950 Ao passo que
na Europa esta preocupaccedilatildeo comeccedilou a partir de 1970 com a ascensatildeo da social
democracia na Alemanha que estabeleceu poliacuteticas setoriais localizadas e
pontuais passiacuteveis de serem analisadas No caso brasileiro o interesse pelo
assunto eacute muito recente e conferiu ―ecircnfase ou agrave anaacutelise das estruturas e instituiccedilotildees
ou agrave caracterizaccedilatildeo dos processos de negociaccedilatildeo das poliacuteticas setoriais
especiacuteficas (p 214)
As poliacuteticas puacuteblicas desenvolvidas no plano da percepccedilatildeoaccedilatildeo pelo
Estado para a intervenccedilatildeo no mercado de trabalho satildeo constituiacutedas por Poliacuteticas
Ativas e Poliacuteticas Passivas (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA
2006) No Brasil elas estatildeo presentes concomitantemente no sistema puacuteblico de
emprego e ―existem para corrigir falhas de mercado relacionadas agrave restriccedilatildeo de
creacutedito assimetrias de informaccedilatildeo ou problemas de intermediaccedilatildeo de matildeo - de
obra (MACHADO E NETTO 2011 p 2) bem como promover a geraccedilatildeo de
emprego e renda e equacionar determinadas disfunccedilotildees no mercado de trabalho
Nas palavras de Chahad (2006)
Esta intervenccedilatildeo materializa-se por meio da oferta de serviccedilos baacutesicos como concessatildeo de creacutedito aos desempregados e trabalhadores autocircnomos melhoria da qualidade da matildeo-de-obra por meio do treinamento e da recolocaccedilatildeo do desempregado utilizando a intermediaccedilatildeo da matildeo-de-obra Essas poliacuteticas ativas que associando-se ao seguro-desemprego e a outras formas de assistecircncia aos desempregados atuam no sentido de
35
promover a geraccedilatildeo de emprego elevar o niacutevel de rendimentos e garantir melhor bem-estar aos trabalhadores em geral (CHAHAD 2006 p 1)
As Poliacuteticas Ativas tecircm a finalidade de facilitar o Acesso em ao mercado de
trabalho e aumentar o niacutevel de salaacuterios dos trabalhadores que apresentam
dificuldades de inserccedilatildeo nesse mercado criar frentes de trabalho oferecer
incentivos agraves micro e pequenas empresas aleacutem de possuir ―[] instrumentos para
criaccedilatildeo direta e indireta de emprego tanto no mercado formal de trabalho quanto no
setor informal contribuem para aumentar a ―empregabilidade do trabalhador
facilitando seu reemprego auxilia na reduccedilatildeo dos niacuteveis de pobreza (CHAHAD
2006 p 5 - 6) Essa forma de poliacutetica seraacute analisada mais adiante quando nos
referirmos agrave formalizaccedilatildeo do Microemprendedor individual sob a Lei Complementar
12808
No caso das Poliacuteticas passivas o objetivo eacute assegurar o miacutenimo de renda
consumo satisfaccedilatildeo para as pessoas excluiacutedas temporariamente ou natildeo do
processo produtivo do mercado de trabalho O dispositivo mais conhecido eacute o
Seguro-desemprego3 (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA 2006)
Para Oliveira (2012) jaacute mencionada anteriormente a poliacutetica de emprego
consiste numa representaccedilatildeo reduzida do ponto de vista do Estado do Bem Estar
Social e agrave ―posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho (idem p
494) o que resulta num quadro nacional do capitalismo dependente Veremos que
no primeiro momento do periacuteodo Republicano natildeo haacute a construccedilatildeo de um projeto de
poliacuteticas que coadunassem poliacuteticas ativas e poliacuteticas passivas Observamos nesse
sentido que o complexo de poliacuteticas ativas deixa claro o forte posicionamento ao
desenvolvimento econocircmico e dessa forma compreendemos que as ―principais
medidas de proteccedilatildeo ao trabalhador no Brasil foram no sentido de controlar a forccedila
de trabalho com a inserccedilatildeo de marcos regulatoacuterios corporativos e restritos a
pequenos grupos (OLIVEIRA 2012 p 495) Como salienta essa autora a privaccedilatildeo
de poliacuteticas passivas de atenccedilatildeo ao trabalhador tanto na Primeira Repuacuteblica como
no periacuteodo Vargas dilatou o quadro de pobreza brasileiro e criou um excedente de
matildeo de obra abrindo caminho para a subsistecircncia fora do setor formal
3 O Seguro desemprego eacute um benefiacutecio que oferece auxiacutelio em dinheiro por um periacuteodo determinado
pago ao trabalhador formal e domeacutestico em virtude da dispensa sem justa causa inclusive dispensa indireta trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso em virtude de participaccedilatildeo em curso de qualificaccedilatildeo fornecido pelo empregador pescador profissional durante o periacuteodo de defeso e trabalhador resgatado da condiccedilatildeo semelhante agrave de escravo (lthttpsgoogleX5hIw)
36
Para Fernandes (1975) Oliveira (1984) Machado (1999) Furtado (1978) e
Galeano (2010) o desenvolvimento latino-americano foi marcado pela incapacidade
de acompanhar a evoluccedilatildeo do capitalismo e das contradiccedilotildees e relaccedilotildees
antagocircnicas internas entre as capacidades produtivas e a correspondecircncia social
resultando no baixo desempenho econocircmico no mercado internacional dos paiacuteses
―subdesenvolvidos inseridos no sistema neocolonial o que permitiu a histoacuterica
dominaccedilatildeo e espoliaccedilatildeo territorial Para estes autores processo de dominaccedilatildeo foi
construiacutedo historicamente iniciado com o advento da ―Invasatildeo ou Conquista do
continente americano pela Espanha e Portugal As relaccedilotildees de poder produzidas
entre economias centrais e sateacutelites marcaram a crescente dependecircncia econocircmica
das uacuteltimas em relaccedilatildeo agraves primeiras sendo que o capitalismo latino americano se
tornou dependente na medida em que as bases relacionais foram pela via do
―endividamento externo e maior submissatildeo ao capital foracircneo (MACHADO 1999 p
200)
211 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento
Abaixo (QUADRO1) apresentamos algumas das principais poliacuteticas de
emprego desenvolvidas pelo Estado brasileiro anterior ao Regime Militar que se
estabeleceu em 1964
QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A
1964
Continua
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1919 Lei sobre acidentes de trabalho nordm 3724 de 15 janeiro de 1919
Responsabiliza empregadores pela indenizaccedilatildeo
Regulamentaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho Criaccedilatildeo do Aviso Preacutevio proibiccedilotildees de salaacuterios atrasados pagamentos de
horas extras natildeo salariais proibiccedilatildeo de trabalho para menores de quatorze anos
e estabilidade de emprego para ferroviaacuterios e portuaacuterios
1925 Decreto4982 de 24 de dezembro de 1925 ndash Lei de feacuterias
Concede 15 dias anuais de feacuterias para empregados
1926 Dec 5083 de 01 de dezembro de 1926 Coacutedigo do menor
Regulamentaccedilatildeo do trabalho de menores dentre outras providecircncias
1930 CriaccedilatildeodoMinisteacuterio do Trabalho Comeacutercio e induacutestria
Interferir sistematicamente no conflito entre capital e trabalho Estabeleceu
jornada de 8 horas e proibiccedilatildeo do trabalho infantil e noturno
1942 ServiccediloNacionaldeAprendizagemIndustrial (SENAI) - Dec Fed 4048 de 22 de janeiro de 1942
Formaccedilatildeo profissional para a insipiente induacutestria de base
37
QUADRO 1 - POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A
1964
Concluatildeo
FONTE OLIVEIRA (2012) MTE SENAI SENAC CPDOC SENADO FEDERAL
Com um desenvolvimento industrial ainda modesto e insipiente no primeiro
momento da Repuacuteblica do Brasil como analisa Cotrin (1999) a base econocircmica
brasileira estava atrelada ao campo pois segundo esse autor em 1920 697 das
pessoas ativas desenvolviam atividades na agricultura 138 na induacutestria e o setor
de serviccedilos abarcava 165 das pessoas ativas (COTRIN 1999 p 268)
Mesmo com uma sociedade predominantemente agraacuteria as poliacuteticas
puacuteblicas de emprego demonstradas acima atingiam apenas os trabalhadores
urbanos que representavam cerca de 30 dos trabalhadores brasileirosAs
condiccedilotildees de trabalho desse operariado na Primeira Repuacuteblica brasileira eram
excessivamente precaacuterias o que provocavam vaacuterios acidentes de trabalho somem-
se a isso os baixos salaacuterios pagos a natildeo existecircncia de salaacuterio miacutenimo sem direito a
feacuterias ou pagamento de horas extras carga horaacuteria excessiva de trabalho que
atingia como aponta Cotrin (1999) 15 horas diaacuterias de trabalho de segunda a
saacutebado e sem direito a qualquer forma de indenizaccedilatildeo ou aviso preacutevio o
trabalhador poderia ser demitido arbitrariamente (p 275) Como demonstra o autor
[] as instalaccedilotildees das faacutebricas eram geralmente precaacuterias Nos galpotildees de serviccedilo natildeo havia espaccedilo adequado para o trabalho o ambiente era mal iluminado quente e sem ventilaccedilatildeo Tudo isso favorecia a ocorrecircncia de acidentes de trabalho cujas as principais viacutetimas eram as crianccedilas (COTRIN 1999 p 274)
Diante do quadro que se encontrava o trabalhador brasileiro nesse periacuteodo
surgiram vaacuterios protestos reivindicatoacuterios para melhorias nas condiccedilotildees de trabalho
sendo importantes na contribuiccedilatildeo para o aparecimento dos primeiros sindicatos e
entidades ligadas ao operariado
Dessa maneira como aponta Fausto (1995) foi no curso das greves
ocorridas entre os anos de 1917 e 1920 que surgiram as primeiras possibilidades de
aprovaccedilatildeo legislativa de direitos aos trabalhadores Algumas medidas foram
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1946 Serviccedilo nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)
Voltado para o setor de comeacutercio produccedilatildeo de bens e serviccedilo e turismo
1943 Consolidaccedilatildeo das leis trabalhistas (CLT) (lei nordm 5452 de 1ordm maio de
1943)
Art 1ordm - Esta Consolidaccedilatildeo institui as normas que regulam as relaccedilotildees individuais e coletivas de
trabalho nela previstas
38
colocadas em um projeto denominado Coacutedigo de trabalho mas sofreram pesadas
criticas pelo empresariado sendo igualmente vetadas pelos congressistas Apenas
a Lei nordm 37241919 que dispunha sobre as regras resultantes de acidentes de
trabalho como indenizaccedilotildees e responsabilidades do empregador foi aprovada
Ainda assim duas leis importantes foram produzidas na segunda metade dos anos 20 a Lei de feacuterias (1925) e a Lei de Regulamentaccedilatildeo do Trabalho de menores (192627) A primeira visava a obrigar os empresaacuterios a conceder 15 dias de feacuterias a seus empregados sem prejuiacutezo do ordenadomas foi sistematicamente desrespeitada Jaacute o Coacutedigo do Menor estipulava a maioridade a partir dos 18 anos e propunha uma jornada de trabalho de seis horas (CPDOC ndash Centro de Pesquisas e documentaccedilatildeo de Histoacuteria Contemporacircnea do Brasil)
Jaacute na deacutecada de 1930 o Estado Getulista procurou estabelecer regulaccedilatildeo e
regulamentaccedilatildeo para a questatildeo trabalhista Neste periacuteodo foi criado o Ministeacuterio do
Trabalho Comeacutercio e Induacutestria como forma de atenccedilatildeo mais sistemaacutetica ao
trabalhador como aponta Oliveira (2012) A regulaccedilatildeo tinha como objetivo
interferecircncia do estado junto aos sindicatos e organizaccedilotildees trabalhistas sobre
maneira nas de inclinaccedilotildees marxistas apoiadas por partidos de esquerda o que
limitava accedilotildees no campo poliacutetico e conflitos de classes dificultando a organizaccedilatildeo
da classe trabalhadora Dessa forma como observam Fausto (1995) e Oliveira
(2012) a centralizaccedilatildeo estatal mantinha sobre forte domiacutenio a questatildeo do ―princiacutepio
da unidade sindical ou seja do reconhecimento do Estado de um uacutenico sindicato
por categoria profissional (FAUSTO1995 p 335) Segundo Oliveira (2012) o
governo centralizador e interventor de Vargas tinha a intenccedilatildeo de estabelecer a
harmonia entre as classes diluiacutedas pela inquietaccedilatildeo social e promover a adequaccedilatildeo
trabalhocapital o que levaria a acumulaccedilatildeo capitalista Consideremos que em
1920 a produccedilatildeo agriacutecola representava 79 do total produzido no paiacutes e a
induacutestria 21 em 1940 a agricultura era responsaacutevel por 57 da produccedilatildeo e a
induacutestria 43 o que denota um aumento significativo do setor industrial (FAUSTO
1995 p 392)
Na avaliaccedilatildeo de Fausto (1995 p 336) ―a poliacutetica trabalhista do Governo
Vargas constituiu um niacutetido exemplo de uma ampla iniciativa que natildeo derivou das
pressotildees de uma classe social e sim da accedilatildeo do Estado As medidas regulatoacuterias
de Vargas tinham um propoacutesito central aumentar a capacidade de produccedilatildeo
industrial nas aacutereas urbanas e para tanto havia a necessidade de prevenir a
instabilidade social e mediar as relaccedilotildees entre a classe trabalhadora e o patronato
39
Assim para normatizar as relaccedilotildees de trabalho individuais e coletivas bem
como as regulamentaccedilotildees sobre essas relaccedilotildees em 1943 foi instituiacuteda a
Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT) sob o Dec Lei nordm 5452 de 151943
Nesse periacuteodo ficou evidente a forte regulaccedilatildeo das forccedilas de trabalho
subordinadas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas de desenvolvimento e acumulaccedilatildeo de
capital A partir das deacutecadas de 197080 as poliacuteticas de emprego comeccedilaram a
ganhar destaque e porte sendo criado o Sistema Puacuteblico de Emprego ainda como
um sistema de pouca prospecccedilatildeo que atingia exclusivamente o mercado formal de
trabalho (MACHADO e NETO 2011)
212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar
O iniacutecio do regime militar foi marcado por uma seacuterie de mudanccedilas que
incidiram sobre a poliacutetica de emprego no Brasil Essas medidas tornaram-se
coercitivas em funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do governo militar em expandir o complexo
industrial e tecnoloacutegico (OLIVEIRA 2012) No entanto foi somente a partir da
deacutecada de 1970 no regime militar que comeccedilam a serem implementadas poliacuteticas
passivas ainda modestas de atendimento aos trabalhadores natildeo somente
formalizados mas algumas categorias de trabalhadores que se encontravam fora do
mercado de trabalho Uma das Poliacuteticas de Emprego de maior visibilidade foi a
criaccedilatildeo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) (Lei 5107 de
13set1966) orientado hoje pela Lei 8036 de 11maio1990 e tem como objetivo
dar auxiacutelio ao trabalhador dispensado do serviccedilo sem justa causa e garantir uma
renda para a subsistecircncia ateacute conseguir novo emprego Para Oliveira (2012) a
criaccedilatildeo do FGTS substitui a estabilidade de emprego contida na CLT pela
poupanccedila compulsoacuteria Abaixo (QUADRO 2) estatildeo algumas das Poliacuteticas de
Emprego desenvolvidas durante o regime militar que se instalou no Brasil em 1964
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASILDURANTE O REGIME MILITAR
continua
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1964 Lei Anti-greve4330 de 161964
Regula o direito de greve na forma do art 158 da Constituiccedilatildeo Federal de 1946
40
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL DURANTE O REGIME MILITAR
conclusatildeo
ANO POLIacuteTICA DEFINICcedilAtildeO
1965 Sobre os dissiacutedios coletivos entre categorias profissionais e econocircmicas (lei 4725 de
13765)
Estabelece normas para o processo dos dissiacutedios coletivos e daacute outras
providecircncias (Poliacutetica de contenccedilatildeo salarial)
1966 Criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) ndash Dec lei nordm 72 de 21111966
Unifica os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees
1966 Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo Lei 5107 de 13091966 ndash revogado o seu original em 1989 e posteriormente em 1990 pela Lei
8036 de 11051990
Dispotildee sobre o Fundo de garantia por Tempo de Serviccedilo
1970 Criaccedilatildeo do Programa de integraccedilatildeo Social (Lei Complementar 07 de 791970)
Art 1ordm [] destinado a promover a integraccedilatildeo do empregado na vida e no
desenvolvimento das empresas
1970 Criaccedilatildeo do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash LC
nordm 08 de 03121970
Institui o Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico
1971 Programa de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (PRORURAL) LC n 11 de 25051971
Poliacutetica de assistecircncia ao trabalhador rural
1973 Dec lei 71885 de 931973 Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico
Art 1ordm Satildeo assegurados aos empregados domeacutesticos os benefiacutecios e serviccedilos da Lei
Orgacircnica da Previdecircncia Social
1974 Criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS )Lei 6036 de
1051974
Atribuiccedilotildees diferentes do Ministeacuterio do Trabalho
11974
Lei Ordinaacuteria 6136 de 7111974 Define o salaacuterio maternidade e outros benefiacutecios a serem pagos aos
trabalhadores (na praacutetica somente aos trabalhadores formalizados)
11974
Lei n 6179 de 11121974 Art 1ordm Institui amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e para invaacutelidos definitivamente incapacitados
para o trabalho que natildeo exerccedilam atividades remuneradas []
11974
Lei n 6195 de 19121974 Extensatildeo aos trabalhadores rurais a concessatildeo de seguro por acidente do
trabalho
11974
Lei nordm 6019 de 03011974 Dispotildee sobre o Trabalho Temporaacuterio nas Empresas Urbanas - atendimento do
empresariado na substituiccedilatildeo de forccedila de trabalho ndash (OLIVEIRA 2012)
11975
Criaccedilatildeo do Sistema Puacuteblico de Emprego Conjunto de poliacuteticas ativas e passivas no mercado de trabalho
11975
Cria o Sistema Nacional de Emprego (SINE) Dec nordm 76403 de 08101975
Linhas de accedilatildeo organizar um sistema de informaccedilotildees e pesquisas sobre
o mercado de trabalho informar agraves empresas sobre a forccedila de trabalho
disponiacutevel (OLIVEIRA 2012)
FONTE OLIVEIRA (2012)wwwplanaltogovbr Instituo de Desenvolvimento do Trabalho
(IDT)CHAHAD (2006)
A centralidade econocircmica administrativa e poliacutetica que se iniciou no Brasil
apoacutes a implantaccedilatildeo do regime militar em 1964 culminou com a forte presenccedila do
41
Estado na sociedade e na economia e numa seacuterie de propostas de desenvolvimento
econocircmico colocadas nos Plano Nacional de Desenvolvimento l (1971 ndash 1974) e no
Plano Nacional de Desenvolvimento ll (1975 ndash 1979) (PND)
Neste momento da histoacuteria o Estado brasileiro inicia um processo de
enrijecimento atraveacutes da militarizaccedilatildeo poliacutetica administrativa e econocircmica do paiacutes
que avanccedilou para os setores da sociedade atingindo a classe trabalhadora Dentro
desse contexto foi decretado o impedimento agrave greve atraveacutes da Lei 433064 (Lei
Anti-greve) No ano seguinte foram instituiacutedas normas para o processo dos dissiacutedios
coletivos pela Lei nordm 472565 Tais medidas alertavam para o teor coercitivo do
governo militar e da sua proposta de crescimento econocircmico que penalizava a
classe trabalhadora do paiacutes
Na mesma medida em que manifestava sua posiccedilatildeo coercitiva e de controle
sobre as relaccedilotildees de trabalho o governo militar dava iniacutecio a propostas dos
trabalhadores como forma de compensaccedilatildeo pela falta de liberdade Em 1966 foi
criado o Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) o qual unificou os Institutos
de Aposentadorias e Pensotildees sob o Dec Lei nordm 7266 amparado pelo Ato
Institucional nordm 2 de 27111965 Em 1970 foram criados o Programa de Integraccedilatildeo
Social (PIS) sob a Lei nordm 071970 com o propoacutesito de ―[] promover a integraccedilatildeo do
empregado na vida e no desenvolvimento das empresas (art 1ordm) e o Programa de
Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash sob a Lei Complementar nordm
0870 Em 1971 a poliacutetica de trabalho passa a ser voltada ao meio rural por meio da
constituiccedilatildeo do Programa de Assistecircncia ao trabalhador Rural (PRORURAL) sob a
Lei Complementar 2571 Esta poliacutetica tinha o objetivo de dar assistecircncia ao
trabalhador rural que ateacute entatildeo natildeo possuiacutea benefiacutecios na legislaccedilatildeo trabalhista
Segundo Oliveira (2012)
Essa foi a primeira legislaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de um sistema previdenciaacuterio que beneficiasse os trabalhadores rurais benefiacutecio ampliados agraves empregadas domeacutesticas e em 1973 aos trabalhadores autocircnomos Essa inclusatildeo tardia dos trabalhadores rurais domeacutesticos e autocircnomos evidencia a poliacutetica trabalhista corporativa e excludente do Brasil e denota a ausecircncia de um sistema de garantias sociais para o conjunto da classe trabalhadora e dos trabalhadores fora do mercado de trabalho (OLIVEIRA 2012 p 497)
Em 1973 os empregados domeacutesticos passam a gozar dos benefiacutecios
instituiacutedos pela Lei orgacircnica da Previdecircncia Social amparados pelo Dec Lei
7188573 Em 1974 com o objetivo de ampliar a atenccedilatildeo ao trabalhador eacute criado o
42
Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) sob a Lei 603674 Outros
dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador foram criados como o Salaacuterio Maternidade
(Lei 613674) e o ―amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e
para invaacutelidos definitivamente incapacitados para o trabalho que natildeo exerccedilam
atividades remuneradas [] (Lei 617964 art 1ordm) No ano de 1975 ―sob a eacutegide da
Convenccedilatildeo nordm 88 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que orienta cada
paiacutes-membro a manter um serviccedilo puacuteblico e gratuito de emprego para a melhor
organizaccedilatildeo do mercado de trabalho (MTPS site) foi elaborado o Sistema Nacional
de Emprego (SINE)
Ao observarmos o quadro acima percebemos que as poliacuteticas de emprego
estabelecidas no regime militar eram Poliacuteticas Ativas e voltadas aos trabalhadores
formalizados excluindo dessas poliacuteticas quase em sua totalidade as categorias natildeo
formalizadas de trabalhadores brasileiros
Somente a partir da deacutecada de 1980 final do regime militar comeccedilam a
surgir mudanccedilas significativas sobre poliacuteticas puacuteblicas passivas de emprego no
Brasil Nas palavras de Oliveira (2012)
O esgotamento do regime militar e a crise econocircmica que se instaurou no paiacutes revelaram a precariedade das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira e reacendeu o debate por melhores serviccedilos de infraestrutura e de inclusatildeo nos programas sociais possibilitando a emergecircncia de movimentos sociais urbanos que clamavam por direitos sociais e pela redemocratizaccedilatildeo no paiacutes (OLIVEIRA 2012 p 498)
213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil
A partir da segunda metade da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990
as poliacuteticas marcadas pelo restabelecimento do governo democraacutetico brasileiro se
expandiram e foram criados vaacuterios programas destinados natildeo somente a dar
atenccedilatildeo ao trabalho formal mas tambeacutem ao setor informal da economia Com o
crescimento e demanda desse setor ficou evidente a necessidade de criaccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas direcionadas na possibilidade de equacionar distorccedilotildees entre os
setores formais e informais Para Machado e Neto (2011) os governos subnacionais
(estados e municiacutepios) foram importantes na medida de abertura do microcreacutedito
natildeo somente para o setor formal mas tambeacutem para os trabalhadores autocircnomos e
empreendimentos menores que absorviam boa parte dos trabalhadores ocupados
43
Observamos que os direitos dos trabalhadores se ampliam com a
promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (Constituiccedilatildeo Cidadatilde) estabelecidos
em seu art 7ordm com previsatildeo a ―melhoria de sua condiccedilatildeo social (BRASIL 1988
art 7ordm) No entanto como observa Oliveira (2012) natildeo havia ainda uma
preocupaccedilatildeo em formular poliacuteticas passivas de atendimento natildeo somente aos
trabalhadores formais mas tambeacutem aos desempregados subempregados e aos natildeo
formalizados que representavam parcela significativa no mercado de trabalho
brasileiro Dessa forma segue Oliveira (2012)
[] o paiacutes sempre conjugou poliacuteticas macroeconocircmicas com poliacuteticas assistencialistas limitando-se a introduzir marcos regulatoacuterios para algumas categorias profissionais sem contudo se debruccedilar na construccedilatildeo de uma poliacutetica de emprego passiva ou ativa que contemplasse a subsistecircncia ou a (re) inserccedilatildeo dos trabalhadores expulsos do mercado de trabalho (p 499)
Destacamos (QUADRO 3) as principais poliacuteticas criadas para garantir
direitos sociais de atenccedilatildeo aos trabalhadores sob a promoccedilatildeo de poliacuteticas passivas
para mercado de trabalho
QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
continua ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
1986 Lei nordm 2283 de 27021986 ndash cria o Seguro Desemprego
Dispotildee sobre a instituiccedilatildeo [] do Seguro desemprego e daacute outras providecircncias
1988 Art XIII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo das horas trabalhadas que passa de 48 horas para
44 horas semanais
1990 Lei nordm 7998 de 11011990 Regula o Programa do Seguro-Desemprego o Abono Salarial institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)
financiado com recursos advindos do PIS e do PASEP
1994 Resoluccedilatildeo CODEFAT nordm 59 de 250394 ndash autoriza alocar recursos do FAT para o Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e
Renda (PROGER)
Eacute uma poliacutetica puacuteblica de emprego que se faz mediante concessatildeo de creacutedito
financeiro Tem por objetivo proporcionar linhas especiais de creacutedito em atividades
produtivas [] (MTPS)
1996
Resoluccedilatildeo 126 de 23101996 (CODEFAT) Criacatildeo do Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo
do trabalhador (PLANFOR)
Aprova criteacuterios para a utilizaccedilatildeo de recursos do Fundo de Amparo ao
Trabalhador - FAT pela Secretaria de Formaccedilatildeo e Desenvolvimento Profissional - SEFOR com vistas agrave execuccedilatildeo de accedilotildees
de qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo profissional no acircmbito do Programa do Seguro-
Desemprego no periacuteodo e 19971999
44
QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
Continuaccedilatildeo
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
1996
Decreto 1946 de 28061996 - Cria o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar ndash PRONAF
Apoio financeiro a atividades agropecuaacuterias ou natildeo-agropecuaacuterias para implantaccedilatildeo
ampliaccedilatildeo ou modernizaccedilatildeo da estrutura de produccedilatildeo beneficiamento industrializaccedilatildeo e de serviccedilos no estabelecimento rural ou em aacutereas comunitaacuterias rurais proacuteximas de
acordo com projetos especiacuteficos
1996
RESOLUCcedilAtildeO CODEFAT Nordm 103 de 631996 ndash Cria o Programa de Expansatildeo do Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador ndash PROEMPREGO
Art 1ordm [] objetivo de criar novos empregos incrementar a renda do
trabalhador proporcionar a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em
especial das camadas de mais baixa renda e propiciar a diminuiccedilatildeo dos custos de
produccedilatildeo no contexto internacional preservando e expandindo as
oportunidades de trabalho e assegurando o equiliacutebrio do meio ambiente
1998 Resoluccedilatildeo CODEFAT 194 de 23091998 - Estabelece criteacuterios para transferecircncia de
recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador ndash FAT ao Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador ndash PLANFOR
Art 2ordm O PLANFOR tem o objetivo de construir gradativamente oferta de
educaccedilatildeo profissional (EP) permanente com foco na demanda do mercado de
trabalho de modo a qualificar ou requalificar a cada ano articulado agrave
capacidade e competecircncia existente nessa aacuterea pelo menos 20 da PEA - Populaccedilatildeo Economicamente Ativa maior de 14 anos
de idade
11999
Criaccedilatildeo do Fundo de Aval para a Geraccedilatildeo de Emprego e Renda (FUNPROGER)
Tem a finalidade de garantir parte do risco dos financiamentos concedidos pelas instituiccedilotildees financeiras oficiais federais diretamente ou por intermeacutedio de outras instituiccedilotildees financeiras no acircmbito do Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda - PROGER Setor Urbano
22001
Medida Provisoacuteria nordm 2164-41 de 24082001Subvenciona o trabalhador atraveacutes de Bolsa Qualificaccedilatildeo profissional
Altera a Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho - CLT para dispor sobre o trabalho a tempo parcial a suspensatildeo do contrato de trabalho e o programa de qualificaccedilatildeo profissional
22001
Lei nordm 10208 de 23032001 -Acrescenta os artigos 3ordmA 6ordmA 6ordmB 6ordmC e 6ordmD agrave Lei n
o 5859 de 11 de dezembro de 1972
Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico para facultar o Acesso em ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo - FGTS e ao seguro-desemprego (texto da poliacutetica)
22003
Lei 10779 de 25112003 Dispotildee sobre a concessatildeo do benefiacutecio de seguro desemprego durante o periacuteodo de defeso ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal (texto da poliacutetica)
22005
Decreto 5598 de 1122005 ndash Estabelece as normas para o Programa de Aprendizagem Profissional
Regulamenta a contrataccedilatildeo de aprendizes
45
QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
Conclusatildeo
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
22008
Lei Complementar 128 de 191208 ndash Criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI)
ART 18E - O instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo social e previdenciaacuteria
FONTE SENADO FEDERAL OLIVEIRA (2012) MTE BATISTA (2009)
As poliacuteticas de trabalho no Brasil quase que exclusivamente atingiam os
trabalhadores formalizados deixando fora de poliacuteticas especiacuteficas categorias natildeo
definidas dentro do setor formal isolando-os de direitos trabalhistas e
previdenciaacuterios Com a evoluccedilatildeo da economia de mercado informalizado e
considerando que boa parte dos trabalhadores sobrevivia do trabalho informal o
que nesse sentido como analisa Pastore (2006) gerava distorccedilotildees no setor
previdenciaacuterio o governo brasileiro instituiu a LC 1282008 com objetivos de 1)
criar a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual 2) promover a formalizaccedilatildeo
de trabalhadores que manteacutem atividades fora das relaccedilotildees de mercado formais 3)
promover a inclusatildeo social desses trabalhadores
214 Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI
Em 2008 foi regulamentada no Brasil a Lei Complementar (LC) nordm 12808 a
qual estabeleceu a pessoa juriacutedica do Microempreendedor Individual (MEI) em
complemento a LC 123 de 14 de dez de 20064 Esta poliacutetica puacuteblica representa uma
tentativa de resposta pelo poder puacuteblico ao crescente nuacutemero de trabalhadores
informais exercendo as mais diversas atividades econocircmicas e em muitos casos
em situaccedilatildeo de vulnerabilidade por exerciacutecios de trabalho precaacuterio irregular ou ilegal
em desconformidade com a legislaccedilatildeo trabalhista natildeo oportunizando dessa forma
os direitos previdenciaacuterios conquistados pelos trabalhadores formalizados Como
referecircncia ao MEI a legislaccedilatildeo traz a seguinte redaccedilatildeo
4A LC 12306 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser
dispensado agraves microempresas e empresas de pequeno porte no acircmbito dos poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal [] (art 1ordm) e segundo Guimaratildees (2011) a Lei Geral de 2006 estaacute relacionada agrave geraccedilatildeo de desenvolvimento econocircmico
46
Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se MEI o empregador individual a que se refere o art 966 da lei 10406 de 10 de janeiro de 2002 (Coacutedigo Civil) que tenha auferido receita bruta no calendaacuterio anterior de ateacute R$ 6000000 (sessenta mil reais) optante pelo Simples Nacional e que natildeo esteja impedido de optar pela sistemaacutetica prevista neste artigo (LC 12808 art 18ordf sect 1ordm)
Segundo a redaccedilatildeo da referida LC ―o instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica
que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo
social5 e previdenciaacuteria (BRASIL 2008 art 18-E) natildeo sendo objeto apenas de
caraacuteter econocircmico ou fiscal (idem sect 1ordm) Portanto como analisa Souza (2010 p15) o
―MEI tem como objetivo alcanccedilar aqueles empreendedores menores os chamados
autocircnomos ou ambulantes como cabeleireiros sapateiros costureiras pipoqueiros
entre outros e segundo Federaccedilatildeo Nacional das Empresas de Serviccedilos Contaacutebeis
e das Empresas de Assessoramento Periacutecias Informaccedilotildees e Pesquisas
(FENACON) tal poliacutetica puacuteblica consiste num dos ―maiores projetos de inclusatildeo
social colocados em praacutetica no paiacutes e assim decorre de uma accedilatildeopoliacutetica do
Estado perceptiacutevel frente a um problema soacutecioestrutural e que essa accedilatildeo estaraacute
diretamente ligada a fatores conjunturais e influenciaraacute a vida das pessoas
Com o advento da pessoa juriacutedica do MEI aleacutem da facilidade no processo
burocraacutetico de formalizaccedilatildeo das suas atividades pode-se verificar o baixo custo
tributaacuterio tanto para a previdecircncia quanto para os estados e municiacutepios muito
embora os encargos tributaacuterios se diferenciem dependendo da atividade
desenvolvida pelo empreendedor individual
Portanto com os objetivos expressos de inclusatildeo social previsto na
referente LC devemos destacar dois fatores muito importantes a) o aumento da
contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria b) o aumento na receita dos municiacutepios (ainda que
pequeno) Quanto agrave contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria o Microempreendedor Individual
estaraacute isento do Imposto de Renda sobre Pessoa Juriacutedica (IRPJ) do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) da Contribuiccedilatildeo Social sobre Lucro liacutequido (CSLL)
da Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) do
Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) e da Contribuiccedilatildeo Patronal Previdenciaacuteria no
entanto recolheraacute em forma de tributaccedilatildeo um valor fixo mensal no valor de R$
51656 disposto no art 18A sect 3ordm inciso V da referida LC desse modo isentando-o
5 Grifo nosso ndash texto incluiacutedo pela LC 1472014
6Valor expresso ateacute a data referente a esta pesquisa ndash ano base 2016
47
do regime de tributaccedilatildeo - o Simples Nacional O recolhimento de tributaccedilatildeo seraacute da
seguinte forma (LC 12808 art 18ordf inciso V aliacuteneas a b c)
a) R$ 4565 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) a tiacutetulo
da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria
b) R$ 100 (um real) a tiacutetulo ICMS
c) R$ 500 (cinco reais) a tiacutetulo de ISS
A referida LC em seu art 18E sect3ordm enquadra o MEI na modalidade de
microempresa no entanto com especificidade conceitual diferenciada do que refere
o art 3ordm item l da LC 12306 ―no caso da microempresa aufira em cada ano-
calendaacuterio receita bruta igual ou inferior a R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil
reais) Sem embargo a redaccedilatildeo no mesmo artigo em seu sect2ordm estende ao MEI
todos os benefiacutecios dispensados agrave pequena empresa sempre que favoraacutevel
Eacute compreensiacutevel o enquadramento do MEI na modalidade de microempresa
posto que a LC 12306 foi o marco de abertura para o processo de formalizaccedilatildeo
desburocratizaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo das micro e pequenas empresas que se
encontravam na informalidade dos seus negoacutecios comerciais possibilitando nesse
sentido a valorizaccedilatildeo e a inclusatildeo de uma quantidade significativa de empresas no
curso da regularizaccedilatildeo previdenciaacuteria social e econocircmica Os dispositivos
colocados tanto na facilidade para a abertura da empresa baixa tributaccedilatildeo e
tratamentos diferenciados nas licitaccedilotildees puacuteblicas como procedimentos de estiacutemulos
e apoio para a inovaccedilatildeo contrataccedilatildeo capacitaccedilatildeo e ao associativismo inclina-se na
construccedilatildeo no nosso entendimento de uma base complementar entre Poliacutetica
Publica Ativa e Poliacutetica Puacuteblica Passiva a) quanto agrave natureza estrutural b) quanto agrave
abrangecircncia fragmentada e c) quanto aos impactos redistributiva (TEIXEIRA
2002)
As micro e pequenas empresas e o microempreendedor individual
amparados pelas LC 12306 e LC 12808 respectivamente formam um segmento
do mercado aberto que nas anaacutelises de Sacks (2003) eacute excepcionalmente
importante para o desenvolvimento socioeconocircmico do paiacutes pois aleacutem de
representar uma economia que chega a 27 do PIB brasileiro corresponde ao
emprego de mais de 90 dos trabalhadores operantes no paiacutes portanto uma fonte
inestimaacutevel de geraccedilatildeo de renda
No entanto como observa o autor o isolamento dessas MPE assim como
os MEI (atividades produtivas de pequeno porte) frente a um mercado aberto natildeo
48
poderaacute corresponder agraves expectativas de expansatildeo em decorrecircncia da concorrecircncia
com empresas maiores e mais estruturadas atuantes no livre mercado Como
assinala Sachs (2003)
Esses pequenos empreendedores e produtores se submetidos apenas aos processos de mercado natildeo tecircm condiccedilotildees de competir com empresas estruturadas de maior porte ndash a natildeo ser concorrendo agrave ―competitividade espuacuteria que se traduz em salaacuterios baixos jornadas longas de trabalho sonegaccedilatildeo de impostos e natildeo recolhimento de encargos sociais (SACHS 2003 p 21)
Para esse autor o desafio em alterar esse quadro estaria em promover a
qualificaccedilatildeo acesso em agrave tecnologia ao creacutedito e ao mercado considerando
igualmente a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas menos setorizadas mas que
concebessem a integraccedilatildeo dos setores da economia propiciando a aproximaccedilatildeo das
empresas agrave competitividade Ou seja ―uma accedilatildeo afirmativa em favor dos mais
fracos sem poder e sem voz (SACHS 2003 p 21)
As microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) satildeo
estruturalmente diferenciadas dos microempreendedores Individuais tanto nas
dimensotildees fiacutesicas quanto na capacidade de abrangecircncia e inserccedilatildeo no mercado
sendo igualmente objeto diferenciado constante nas regulamentaccedilotildees descritas nas
LC 12306 e LC 12808 respectivamente quanto ao enquadramento sobre a receita
agraves obrigaccedilotildees tributaacuterias e fiscais O art 3ordm incisos I e II da LC 12306 nos diz como
jaacute mencionado acima que a microempresa eacute aquela que possui receita bruta anual
de ateacute R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil reais) a receita bruta da empresa de
pequeno porte por sua vez natildeo pode ser inferior a R$ 36000000 e superior a R$
360000000 (trecircs milhotildees e seiscentos mil reais) por outro lado o MEI possui uma
exigecircncia de receitaano muito menor que as demais estabelecida com um teto de
R$ 6000000 conforme expressa o art 18ordf sect 1ordm
Consideremos que as obrigaccedilotildees tributaacuterias diferenciadas para as
microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional7
descrevem as necessidades de se conceber mecanismos de atendimento a esse
segmento empresarial de importacircncia comprovada para a economia do paiacutes e da
sua fragilidade de continecircncia no livre mercado Por outro lado temos o MEI
7Simples Nacional eacute um regime de tributaccedilatildeo diferenciado aplicados agraves Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte que consiste no recolhimento dos tributos previstos em lei em um documento uacutenico de arrecadaccedilatildeo (DAS) e da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria
49
marcado pela inseguranccedila muitas vezes da sua condiccedilatildeo de ―empreendedor
forccedilado em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no universo do trabalho denotando a
fragilidade socioeconocircmica que o permeia No entanto
No Brasil existem algumas entidades que atuam como propulsoras das potencialidades de micro e pequenas empresas estimulando a cultura do empreendedorismo Uma das principais eacute o SEBRAE (Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas) que atua dando suporte no processo de abertura e registro de empresas com orientaccedilatildeo cursos e palestras para minimizar o grau de mortalidade desses pequenos empreendimentos (SILVEIRA TEIXEIRA 2011 p 227)
A finalidade do SEBRAE nesse sentido eacute apoiar o desenvolvimento das
micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo atraveacutes de programas
de capacitaccedilatildeo consultoria e financcedilas no atendimento de empresaacuterios e potenciais
empreendedores
A poliacutetica maior do MEI atribui determinada responsabilidade aos governos
locais de deferirem poliacuteticas alinhadas agrave implantaccedilatildeo agravequela de atenccedilatildeo agrave categoria
uma vez que o desenvolvimento desse segmento pode subtender aleacutem da
inclusatildeo descrita no art 18E da LC 12808 um avanccedilo nas questotildees
socioeconocircmicas locais Mesmo com direcionamento o impacto pode ser absorvido
por outros segmentos sob a forma de fortalecimento do mercado interno local que
por sua vez concorre para o aumento e extensatildeo da geraccedilatildeo de emprego renda e
com isso o aumento da receita municipal
Sob a oacutetica do desenvolvimento local a partir da interpretaccedilatildeo do
pensamento de autores como Albuquerque e Zapata (2008) Sachs (2003)
Albuquerque (1997) dentre outros dialogando com a Lei Geral e suas alteraccedilotildees
(LC 12808 e LC 147 de 07 de ago de 2014) analisaremos algumas accedilotildees e
estrateacutegias de atendimento ao MEI desenvolvidas nos municiacutepios integrantes da
MRGP
50
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute
A Microrregiatildeo8 Geograacutefica de Paranaguaacute (MRGP) (MAPA 1) situada no
litoral paranaense eacute composta pelos municiacutepios de Antonina Guaraqueccedilaba
Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute (IPARDES 2012) e
apresenta enorme complexidade em sua estrutura social econocircmica e natural
marcada ainda por seacuterios problemas de gestatildeo de desenvolvimento e de
conservaccedilatildeo (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT et al2002)
Para Horochowski et al (2007) a MRGP apresenta
[] uma espacialidade conturbada com mais de 60 quilocircmetros de extensatildeo que liga os municiacutepios de Guaratuba Matinhos Pontal e tambeacutem Paranaguaacute Esses trecircs uacuteltimos possuem graus de urbanizaccedilatildeo superiores a 96 e satildeo marcadamente ordenados por grupos imobiliaacuterios promotores de praacuteticas especulativas e pela ocupaccedilatildeo de aacutereas ambientalmente vulneraacuteveis(HOROCHOWSKI etal (2007)
MAPA 1 -MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute
FONTE Adaptado do CORPO DE BOMBEIROSPR Disponiacutevel em(lthttpsgooglBhsDTx)
Segundo IPARDES a aacuterea territorial da MRGP corresponde a 6333233
Km2 abrigando uma populaccedilatildeo de 286602 habitantes com densidade demograacutefica
8 As microrregiotildees satildeo definidas pelo IBGE (1990) como partes da mesorregiatildeo e possuem
especificidades proacuteprias sem apresentarem uniformidade ou auto-suficiecircncia contudo articulam-se com espaccedilos maiores (mesorregiotildees ou Unidades da Federaccedilatildeo) Essas especificidades dizem respeito agraves estruturas de produccedilatildeo que podem apresentar quadros naturais sociais ou econocircmicos particulares localizados e regionalizados
51
de 4525 habKm2 e alto grau de urbanizaccedilatildeo de 9048 (TABELA 2) A ―forte
polarizaccedilatildeo urbana e industrial com o complexo portuaacuterio de Paranaguaacute e das aacutereas
urbano-turiacutesticas na orla sul (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT
et al2002 p 160) constitui um traccedilo caracteriacutestico do litoral paranaense e possui
dinacircmicas diferenciadas no processo econocircmico
No litoral paranaense conforme assinalam esses autores o meio natural
estaacute relativamente menos impactado que no restante do Estado principalmente nas
aacutereas rurais de Guaratuba e Guaraqueccedilaba que natildeo concorreram aos modelos de
desenvolvimento econocircmico adotados pelos municiacutepios do Estado que mantinham
bases predominantemente agriacutecolas e agroindustriais (idem p 161)
TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010)
MUNICIacutePIO POPULACcedilAtildeO
2000 2010
Antonina 19174 18891 Guaraqueccedilaba 8288 7871 Guaratuba 27257 32095 Matinhos 24184 29428 Morretes 15275 15718 Paranaguaacute 127339 140469 Pontal do Paranaacute 14323 20920
FONTE IBGE ATLAS BRASIL
A MRGP eacute componente da Mesorregiatildeo9 de Curitiba e estaacute ligada agrave capital
paranaense atraveacutes da BR 277 Outras estradas alternativas que ligam a regiatildeo ao
Primeiro Planalto Paranaense podem ser observadas pela BR 376 (Guaratuba ndash
GaruvaSC) e pela estrada da Graciosa
A precaacuteria gestatildeo de desenvolvimento local10 e a falta de iniciativas que
atendessem as capacidades especificidades e realidades vividas localmente
concorreram para que o litoral paranaense se tornasse uma das regiotildees menos
9Entende-se por Mesorregiatildeo uma aacuterea individualizada em uma Unidade da Federaccedilatildeo que
apresenta formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico definida pelas seguintes dimensotildees o processo social como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de comunicaccedilatildeo e lugares como elemento de articulaccedilatildeo espacial Estas trecircs dimensotildees possibilitam que o espaccedilo delimitado como Mesorregiatildeo tenha uma identidade regional Esta identidade eacute uma realidade construiacuteda ao longo do tempo pela sociedade que aiacute se formou (IBGE 1990 p 8)
10
Atraveacutes do Sistema de Monitoramento da Implementaccedilatildeo da Lei Geral nos Municiacutepios Brasileiros disponibilizado pelo SEBRAE observamos que natildeo haacute poliacuteticas de desenvolvimento local nos municiacutepios integrantes da MRGP Disponiacutevel em (lthttpsgoogltb4OXE)
52
desenvolvidas do Paranaacute com altos iacutendices de pobreza baixo padratildeo de vida e
destacadas disparidades sociais como analisaram Raynaut et al (2002) e Turra e
Baccedilo (2014) Para esses uacuteltimos autores apoacutes realizarem estudos sobre Niacutevel de
Desenvolvimento Regional (NDR) no Paranaacute concluiacuteram que a MRGP possui um
niacutevel muito baixo (MB) de desenvolvimento o que estaacute relacionado agrave baixa
concentraccedilatildeo tecnoloacutegica e o niacutevel de ocupaccedilatildeo das pessoas
Abaixo (TABELA 3) demonstra uma evoluccedilatildeo no Iacutendice de Desenvolvimento
Humano (IDH) na MRGP
TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOSMUNICIacutePIOS DA MRGP
MUNICIacutePIO IDH POBREZA
2000 2010 2000 2010
Antonina 0582 0687 3339 1727
Guaraqueccedilaba 0430 0587 5387 3605 Guaratuba 0613 0717 1958 915 Matinhos 0635 0743 1671 616 Morretes 0573 0686 2364 1087 Paranaguaacute 0645 0750 1593 810 Pontal do Paranaacute 0622 0738 1741 598
FONTE IBGE ATLAS BRASIL
Alguns elementos como a longevidade a renda e a educaccedilatildeo contribuiacuteram
para o aumento do IDH Jaacute a queda no iacutendice de pobreza na MRGP pode ser
descrita igualmente pelo aumento da renda da populaccedilatildeo e de uma maneira mais
incisiva pela involuccedilatildeo da desigualdade nesses municiacutepios
No entanto o iacutendice da pobreza no caso de Antonina a exemplo segundo
IBGE (2010) chegou a 5022 e o iacutendice da pobreza subjetiva neste municiacutepio
ficou em 3018 Notemos que a permanecircncia da pobreza muitas vezes produz
um deslocamento e enfraquecimento das capacidades e potencialidades reais das
pessoas
31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP
A MRGP apresenta uma diversidade no setor econocircmico com atividades
agropastoris comercio induacutestria (setor industrial de Paranaguaacute) e o setor de
produccedilatildeo de bens e serviccedilos com ecircnfase no turismo sobretudo na orla sul da
regiatildeo que abrange os municiacutepios de Pontal do Paranaacute Matinhos e Guaratuba
53
ainda sujeitos agrave sazonalidade em decorrecircncia da temporada de praias (veratildeo) e o
inverno
Os setores produtivos da MRGP se apresentam de forma heterogenia com
ecircnfase na proporccedilatildeo do setor de comeacutercioserviccedilos que apresenta forte impacto
sobre a contrataccedilatildeo de pessoal formalizado (RAIS)
TABELA 4ndash DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)
FONTE IPARDES IBGE FUNPARUFPR
Observamos (TABELA 4) que a taxa de desemprego na MRGP em 2010
ficou em 7511 Frisamos que pela escassez de dados referentes ao setor informal
na MRGP natildeo foi possiacutevel estabelecer a descriccedilatildeo quantitativa das atividades
econocircmicas Poreacutem nas atividades exploratoacuterias de anaacutelise observamos enorme
diversidade das atividades informais no litoral serviccedilos domeacutesticos jardinagem
cabeleireiro manicure trabalhadores contratados para a limpeza de pescados
artesatildeos salgadeira doceira construccedilatildeo civil carpinteiros ambulantes catadores
de materiais reciclaacuteveis trabalhadores de Micro e Pequenas empresas
desprotegidos pela natildeo formalizaccedilatildeo trabalhadores rurais trabalhadores em
oficinas de mecacircnica de automoacuteveis motocicletas e bicicletas dentre outros
trabalhadores
A economia informal ou economia submersa (CATANI 1985) segundo
alguns autores como Sachs (2003) Antunes (2011) Matsuo (2008) se apresenta de
11
O desemprego foi calculado sobre a PEA (populaccedilatildeo economicamente ativa) em relaccedilatildeo agrave PO
(populaccedilatildeo ocupada) incluindo os setores formal e informal A PEA pode ser definida como o []
potencial de matildeo-de-obra com que pode contar o setor produtivo isto eacute a populaccedilatildeo ocupada e
a populaccedilatildeo desocupada (IBGE) A PO compreende aquelas pessoas que num determinado periacuteodo
de referecircncia trabalharam ou tinham trabalho mas natildeo trabalharam (por exemplo pessoas em feacuterias) As pessoas ocupadas sao classificadas em a) empregados b) conta proacutepria c) empregadores d) natildeo remunerados (idem)
TRABALHO REGIAtildeOANO
2000 2010
Populaccedilatildeo em Idade Ativa (PIA) (pessoas) 175483 223295 Populaccedilatildeo Ocupada total (PO) (pessoas) 85863 115811 Pessoal ocupado assalariado (pessoas) nd 51576 Populaccedilatildeo Economicamente Ativa (PEA) 100628 125263 Taxa de Atividade de 10 anos ou mais () 547 5625 T de Ocupaccedilatildeo de 10 anos ou mais () nd 9245
54
maneira complexa pelo volume frente a uma nova conjuntura e modificaccedilotildees no
mundo do trabalho um meio diferenciado encontrado pelas pessoas como
enfrentamento ao crescente processo de erradicaccedilatildeo do emprego formalizado Tais
formas de ―sobrevivecircncia laboral encontram suporte legal no art 170 paraacuteg uacutenico
da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 onde ―eacute assegurado a todos o livre exerciacutecio de
qualquer atividade econocircmica independentemente de autorizaccedilatildeo de oacutergatildeos
puacuteblicos salvo nos casos previstos em lei (BRASIL 1988)
Quanto ao emprego formal na MRGP verificamos (TABELA 5) um aumento
de 36 no quantitativo dos empregos ativos
TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014)
MUNICIacutePIO EMPREGOS
ATIVOS
2013 2014
Antonina 3169 3193 Guaraqueccedilaba 810 796 Guaratuba 5874 6509 Matinhos 7341 7838 Morretes 2252 2347 Paranaguaacute 38133 38275 Pontal do Paranaacute 3691 4543
Total 61270 63501
FONTE MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGOCAGED
Na tabela acima (TABELA 5) constatamos que o municiacutepio de
Guaraqueccedilaba apresentou variaccedilatildeo percentual negativa de -173 entre os anos de
2013 e 2014 e destacamos Guaratuba com o aumento na variaccedilatildeo relativa de
1081 seguida por Matinhos 677 e Morretes com uma variaccedilatildeo percentual de
422 na geraccedilatildeo de empregos
A compreensatildeo da evoluccedilatildeo na geraccedilatildeo de empregos nos remete ao
entendimento do comportamento da economia e das relaccedilotildees entre mercado capital
e trabalho Neste conjunto de elementos estatildeo alinhados o processo produtivo as
atividades produtivas e as forccedilas de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo
Segundo Salzbac Denardin e Felisbino (2012) a demanda do fluxo de
seguimentos produtivos eacute uma caracteriacutestica de cidades poacutelos pela oferta de
emprego no setor de comeacutercio e serviccedilos Dessa forma ao analisar o cenaacuterio
econocircmico do litoral paranaense esses autores concluiacuteram que
55
Os municiacutepios litoracircneos do Paranaacute os quais natildeo fazem parte de uma regiatildeo metropolitana natildeo apresentam empregos em volume significativos nem no setor industrial nem no setor de serviccedilos o que implica na baixa capacidade de geraccedilatildeo de tributos proacuteprios limitando tambeacutem a oferta de serviccedilos puacuteblicos [] os setores de serviccedilos comeacutercio e de administraccedilatildeo puacuteblica foram os segmentos que mais mantinham empregos ativos na MRGP (SALZBAC DENARDIN FELISBINO 2012 p 117)
TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR ECONOcircMICO
SETOR ECONOcircMICO Ano
2013 2014
1 extrativa mineral 187 188 2 induacutestria de transformaccedilatildeo 6100 6512 3 serviccedilos industriais de utilidade puacuteblica 294 255 4 construccedilatildeo civil 1722 1993 5 comeacutercio 15302 16154 6 serviccedilos 26660 27140 7 administraccedilatildeo puacuteblica 10501 10789 8 agropecuaacuteria ext vegetal caccedila e pesca 504 470
FONTE MTECAGED
Como podemos observar (TABELA 6) a maior parte dos empregos ativos
estaacute no setor terciaacuterio com especial atenccedilatildeo ao setor de serviccedilos
Um indicador econocircmico importante eacute o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que
permite ―espelhar o movimento econocircmico municipal e consequentemente o
potencial que o municiacutepio tem para gerar receitas puacuteblicas (MINAS GERAIS 2016)
Sobre o conceito poderemos dizer que o VAF eacute um instrumento
[] utilizado pelo Estado para calcular o iacutendice de participaccedilatildeo municipal no repasse de receita do Imposto sobre Operaccedilotildees relativas agrave Circulaccedilatildeo de Mercadorias e sobre Prestaccedilotildees de Serviccedilos de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicaccedilatildeo (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos municiacutepios [] Eacute apurado pela Secretaria de Estado de Fazenda [[ com base em declaraccedilotildees anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas nos respectivos municiacutepiosDisponiacutevel em (lthttpsgoogl80DhoU)
Com a anaacutelise do indicador acima mencionado poderemos verificar a
participaccedilatildeo na economia local por setor econocircmico e sua importacircncia nas poliacuteticas
de desenvolvimento e planejamento estrateacutegico na observacircncia das potencialidades
do mercado cultura local e heterogeneidade das atividades econocircmicas
Na MRGP o setor de comeacutercio e serviccedilos (setor terciaacuterio) notadamente
excetuando os municiacutepios de Antonina e Guaraqueccedilaba possui participaccedilatildeo maior
que a produccedilatildeo primaacuteria e a induacutestria local (TABELA 7) e constitui elemento de
56
anaacutelise importante na concepccedilatildeo de poliacuteticas de expansatildeo do emprego e renda12 Jaacute
a participaccedilatildeo sobre a receita dos municiacutepios a que apresenta menor potencial eacute a
produccedilatildeo primaacuteria em virtude da natildeo adoccedilatildeo do mesmo modelo industrial adotado
em outras regiotildees do Estado Paranaense
TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES
DA MRGP (2016)
MUNICIacutePIO PRODUCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA
INDUacuteSTRIA COMEacuteRCIO SERVICcedilOS
RECURSOS AUTOS
Antonina 4334454 125827796 68271749 Guaraqueccedilaba 3074904 5399117 3701577 4192 Guaratuba 15641921 21782241 119496927 47370 Matinhos 295763 23559310 109482578 147729 Morretes 12959951 23264839 44980267 14974 Paranaguaacute 54409213 1280856468 1980373389 543132 Pontal do Paranaacute
436246 19320486 68114345 19138
Total 91152452 1500010257 4788841664 1553070
FONTE IPARDES
Excetuando Paranaguaacute (TABELA 7) identificamos a fragilidade das receitas
municipais da MRGP e de outra maneira a fragilidade financeira e orccedilamentaacuteria jaacute
mencionadas por Sulzbach e Denardin (2012) que alertavam para a dependecircncia
financeira dos municiacutepios da MRGP para com as transferecircncias
intergovernamentais
Um dos principais indicadores da dependecircncia financeira dos municiacutepios agraves tributaccedilotildees das demais esferas pode ser observado atraveacutes das receitas de tributaccedilatildeo por setores produtivos e das receitas advindas de transferecircncias correntes Neste aspecto observa-se que os municiacutepios do litoral do Paranaacute apresentam uma dependecircncia financeira elevada das transferecircncias das esferas nacional e estadual O Municiacutepio com maior destaque eacute o de Guaraqueccedilaba que do total de suas receitas 93 adveacutem de transferecircncias correntes seguindo por Morretes com 78 e Antonina com 7052 das receitas advindas de transferecircncias (SULZBACH DENARDIN 2012 p 6)
Ainda observando a tabela 7 percebemos que o polo industrial e comercial
da MRGP eacute o municiacutepio de Paranaguaacute pressupondo importante vetor da economia
local e do seu posicionamento estrateacutegico diante dos outros municiacutepios da regiatildeo
tanto na articulaccedilatildeo com outros centros comerciais e industriais da Mesorregiatildeo
12
Para melhor compreensatildeo sobre as modificaccedilotildees no processo capitaltrabalho e o crescimento do setor terciaacuterio na economia ver CHESNAIS (1996) OFFE (1984) SUPERVILLE QUINtildeONES (2000)
57
pertencente quanto da Microrregiatildeo com os municiacutepios circunvizinhos e pelo
proacuteprio dinamismo da sua economia interna
Consideremos que o crescimento econocircmico segundo Sachs (2004) e
Furtado (2008) eacute um elemento importante no processo de desenvolvimento poreacutem
natildeo eacute o uacutenico a ser considerado mas sim eacute necessaacuterio incorporar
simultaneamente a extensatildeo dos direitos
Abaixo (TABELA 8) observando o PIB per capita dos municiacutepios da MRGP
destaca-se a vulnerabilidade econocircmica do municiacutepio de Guaraqueccedilaba em relaccedilatildeo
aos demais sobretudo em relaccedilatildeo ao municiacutepio de Paranaguaacute que supera a meacutedia
da regiatildeo A fragilidade econocircmica de Guaraqueccedilaba deriva de vaacuterios aspectos 1) a
dificuldade do acesso agrave aacuterea urbana do municiacutepio considerando que a uacutenica estrada
que liga o municiacutepio a outras localidades natildeo eacute pavimentada e tem uma extensatildeo
de aproximadamente 86 km Outra forma de acesso agrave cidade eacute atraveacutes do mar
pela baiacutea de Guaraqueccedilaba A dificuldade de cesso tem enorme impacto tanto para
escoar a produccedilatildeo local como para obter materiais e equipamentos agrave difusatildeo da
induacutestria quase ou completamente nula 2) a restriccedilatildeo ambiental agrave implantaccedilatildeo de
empresas 3) a falta de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento do municiacutepio
assinaladas por RAYNAUT et al (2002) na promoccedilatildeo de programas de gestatildeo com
as especificidades locais que fomentem o impulso do trabalho e da renda
TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP
MUNICIacutePIO 2013 (R$ 100)3 2014 (R$)
4
Antonina 1851678 17557
Guaraqueccedilaba 861303 8723
Guaratuba 1474865 15004
Matinhos 1648075 17238
Morretes 1390945 13638
Paranaguaacute 4155699 42193
Pontal do Paranaacute 1434381 15040
MRGP 29076 29489
FONTE IBGE IPARDES
A principal fonte de receita dos municiacutepios da MRGP jaacute indicada por
Sulsbach e Denardin (2010) deriva principalmente das transferecircncias correntes
intergovernamentais (Uniatildeo e Estado) o que possibilita um entendimento da
fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria do setor produtivo
58
Em suma no nosso entendimento a transferecircncia corrente tem o propoacutesito
de manutenccedilatildeo da coisa puacuteblica e do funcionamento da estrutura estatal
Percebemos nesse sentido que um dos maiores empregadores formais direta e
indiretamente da MRGP acaba por ser os governos subnacionais que atuam como
contratadores de serviccedilos temporaacuterios contratos de prestaccedilatildeo de serviccedilos
terceirizados e pessoal concursado (efetivo) aleacutem de contratar serviccedilos
especializados de manutenccedilatildeo de pequenas empresas e materiais de uso diaacuterio
Segundo DIEESE (2015 p 74) a distribuiccedilatildeo de empregos formais por
atividade econocircmica no Brasil entre os anos de 2009 a 2014 apresentou os
seguintes resultados onde destacaremos os principais a) serviccedilos (349) b)
comeacutercio (194) c) induacutestria de transformaccedilatildeo (172) d) administraccedilatildeo puacuteblica
(188) Dessa forma observamos que o setor de serviccedilos aleacutem de expandir as
possibilidades de emprego se manteacutem como o principal setor a contratar
Como jaacute mencionado acima a MRGP possui enorme heterogeneidade em
sua composiccedilatildeo econocircmica especificidades locais e uma distribuiccedilatildeo espacial dos
setores econocircmicos advinda das caracteriacutesticas de cada municiacutepio por vezes
semelhantes como eacute o caso nas aacutereas rurais da produccedilatildeo de farinha de
mandioca13 e da exploraccedilatildeo de produtos de origem vegetal (cipoacute guaricana e
musgo) produccedilatildeo de arroz de banana de palmito14 e de gengibre a cultura do taiaacute
caraacute e mandioca e hora muito distintas como eacute caso do polo industrial de
Paranaguaacute destacando os complexos portuaacuterios de Paranaguaacute e Antonina Assim
como destacamos na economia local da MRGP a exploraccedilatildeo do turismo sobretudo
na orla sul abrangendo os municiacutepios de Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute
com maior potencial no veratildeo Em Guaraqueccedilaba o turismo eacute voltado agrave praacutetica da
pesca esportiva que se estende o ano todo movimentando natildeo soacute os restaurantes
e comeacutercio urbanos mas restaurantes e pousadas nas ilhas de Tibicanga Bertgiga
Canudal Barbados e Superagui
O municiacutepio de Paranaguaacute abrange o maior nuacutemero de empresas na regiatildeo
(TABELA 9)15 e eacute destacadamente o maior poacutelo empresarial e industrial com
13
A produccedilatildeo de farinha atinge a MRGP em sua totalidade Ver DENARDIN LAUTERT e RIBAS (2009)lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphpcadarticleviewFile42573236 14
A produccedilatildeo do palmito representou em 2015 cerca de 6872 (3233 toneladas) da produccedilatildeo estadual e a banana correspondeu a 4484 (91284 cachostoneladas) do Estado IPARDES) 15
Houve variaccedilatildeo nos nuacutemeros entre as tabelas 9 e 10 pois a montagem da tabela 10 ocorreu dias apoacutes a montagem da tabela 9
59
4691 das Empresas Ativas 467 das MPE (Micro e Pequena Empresa) e
4548 dos MEI (Microempreendedor Individual) da MRGP Outra caracteriacutestica
particular eacute o municiacutepio de Guaraqueccedilaba que apresenta o menor quadro
empresarial com 129 das Empresas ativas 125 das MPE ativas e 162 do
MEI do total da regiatildeo
TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016)
MUNICIacutePIO EMPRESAS ATIVAS MPE MEI
Antonina 1832 1705 571 Guaraqueccedilaba 462 427 193 Guaratuba 4788 4586 1569 Matinhos 5185 4912 1799 Morretes 1926 1831 510 Paranaguaacute 16800 15832 5394 P do Paranaacute 4817 4604 1823
Total 35810 33897 11859
FONTE FOacuteRUM PERMANENTENatildeo foi possiacutevel localizar dados em bases estatiacutesticas de anos
anteriores
As empresas compotildeem um quadro diversificado na economia da regiatildeo e a
participaccedilatildeo por atividade econocircmica nos municiacutepios pressupotildee certo dinamismo da
economia com destaque ao setor de comeacutercio e serviccedilos
Abaixo (TABELA 10) estatildeo as atividades econocircmicas desenvolvidas na
MRPG e a participaccedilatildeo das MPE e MEI na dinacircmica econocircmica
TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016) continua
ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE16
EMP ATIVAS MPE MEI
Agricultura pecuaacuteria prod Florestal pesca e aquicultura 93 59 11 Induacutestrias extrativistas 39 38 0 Induacutestria de transformaccedilatildeo 2483 2351 1076 Aacutegua esgoto atividades de resiacuteduos e descontaminaccedilatildeo 121 110 39 Construccedilatildeo 2067 2418 1323 Comeacutercio reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e motocicleta 15410 14693 4044 Transporte armazenagem e correio 1865 1654 340 Alojamento e alimentaccedilatildeo 6911 6681 2469 Informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 334 312 89 Atividades financeiras de seguros e serv relacionados 22 18 0
16
A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)
60
TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016)
conclusatildeo
ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE17
EMP ATIVAS MPE MEI
Atividades imobiliaacuterias 203 172 0 Atividades profissionais cientiacuteficas e teacutecnicas 792 718 235 Atividades Administrativas e serviccedilos complementares 1826 1722 536 Educaccedilatildeo 465 443 175 Sauacutede humana e serviccedilo social 308 282 12 Arte cultura esporte e recreaccedilatildeo 394 374 115 Outras atividades e serviccedilos 1868 1757 1324 Serviccedilos domeacutesticos 76 57 57
Total 35277 33859 11845
FONTE FOacuteRUM PERMANENTE
Observamos (TABELA 10) que as principais atividades desenvolvidas pelo
MEI na MRGP satildeo as seguintes Comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e
motocicletas (3414) alojamento e alimentaccedilatildeo (2084) outras atividades e
serviccedilos (1117) construccedilatildeo (1116) induacutestria de transformaccedilatildeo (908)
As atividades na economia desenvolvidas na MRGP possuem aspectos
importantes na comparaccedilatildeo entre os setores primaacuterio secundaacuterio e terciaacuterio Como
observado na tabela acima veremos que o setor terciaacuterio abrange uma parcela
significativa das empresas da regiatildeo Do total das Empresas Ativas 926
enquadram-se no setor de comeacutercio e serviccedilos as Micro e Pequenas Empresas
alocadas no setor terciaacuterio representam 928 e os Microempreendedores
Individuais formalizados somam 909 nesse setor Conveacutem ressaltar que nas
anaacutelises de Nogueira e Pereira (2015 p 41) ―[] em 2011 as empresas de pequeno
porte ndash incluindo uma ainda diminuta parcela de MEI ndash representavam quase 98
do total de empresas no paiacutes e ocupavam mais da metade dos trabalhadores
formais
Eacute importante ressaltar que a demanda pelo setor terciaacuterio acompanha um
fluxo de mercado agregado aos outros dois setores da economia e o crescente
volume dos serviccedilos se evidenciam nos processos de flexibilizaccedilatildeo do trabalho das
modificaccedilotildees nas suas relaccedilotildees e no deslocamento do arqueacutetipo do trabalho no
qual o trabalhador passa de um trabalhador fabril para a categoria de um
trabalhador de serviccedilos apontado por Superville e Quintildeones (2000) Para esses
autores a expansatildeo do setor de serviccedilos seguiu simultaneamente ao processo de
17
A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)
61
crescimento da informalidade e da prestaccedilatildeo de serviccedilos com pouca qualificaccedilatildeo (p
61)
Entendemos que para uma anaacutelise da informalidade eacute necessaacuterio considerar
sua heterogeneidade e a proporccedilatildeo da sua relaccedilatildeo e participaccedilatildeo no mercado
assim como as assimetrias manifestadas nas formas de exploraccedilatildeo da forccedila de
trabalho e na precarizaccedilatildeo da classe trabalhadora (ANTUNES 2011)
32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP
Ao definir aspectos legais para o enfrentamento do problema da
informalidade no Brasil atraveacutes de leis regulamentares e regras especiacuteficas que
asseguram direitos estabelecidos na Constituiccedilatildeo federal de 1988 o Estado
brasileiro reconheceu a necessidade de normatizar benefiacutecios e deveres agraves micro e
pequenas empresas e empreendedores individuais procurando reverter o quadro de
informalidade e precariedade nas condiccedilotildees de trabalho e de garantias de
seguridade social
Para a implantaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica no nosso entendimento alguns
aspectos devem ser considerados 1) descrever as suas circunstacircncias de modo que
suas propostas sejam claras 2) adaptaccedilatildeo dos aparelhos sociais e do Estado que
possam ser vinculados agrave Poliacutetica Puacuteblica 3) capacidade de articulaccedilatildeo e
compreensatildeo do processo e dos temas debatidos pelos diversos atores envolvidos
(OLIVEIRA 2013 p 284)
Nesse contexto admite-se natildeo somente subordinaccedilatildeo agrave Poliacutetica mas um
quadro de compreensatildeo e reconhecimento da sua legitimidade constituindo dessa
maneira uma institucionalidade
Para institucionalidade devemos considerar trecircs aspectos importantes 1)
instituiccedilotildees 2) ambiente institucional 3) arranjos institucionais
As Instituiccedilotildees descritas por Fiani (2013 p 8) ―satildeo as regrasformais e natildeo
formais que regulam as interaccedilotildees sociaisDesta feita como demonstra o autor a
criaccedilatildeo de estruturas regulamentares de normatizaccedilatildeo de procedimentos formais e a
interaccedilatildeo com o estabelecimento das relaccedilotildees subterracircneas que se desenvolvem
diante do dia- a dia na sociedade descrevem o ambiente institucional ou seja satildeo
as ―[] regras poliacuteticas sociais e legais mais baacutesicas e gerais que estabelecem o
fundamento para o funcionamento do sistema econocircmico (FIANI 2013 p 8) Os
62
arranjos institucionais por sua vez segundo esse autor satildeo as regras
particularmente constituiacutedas pelos sujeitos e que por sua vez estabelecem as
relaccedilotildees poliacuteticas sociais e econocircmicas
Para Fiani (2013) eacute inquestionaacutevel que as poliacuteticas puacuteblicas afetam a vida
dos sujeitos A sua implicaccedilatildeo nesse sentido interfere em modus operandi diverso
ao cotidiano das relaccedilotildees instituiacutedas nos arranjos preestabelecidos pois uma accedilatildeo
do Estado que remete a uma reorganizaccedilatildeo do aparato institucional pode alterar as
relaccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas locais
O estabelecimento de um aporte ou adaptaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo institucional
(ALBUQUERQUE 1997 FIANI 2013) que possibilite accedilotildees conjuntas entre
instituiccedilotildees puacuteblicas quanto privadas no processo de otimizaccedilatildeo do
desenvolvimento e manutenccedilatildeo das propostas de uma poliacutetica puacuteblica de
desenvolvimento de categorias especiacuteficas ou bases produtivas adquire capacidade
de assegurar melhor eficiecircncia e dar melhores respostas aos objetivos da poliacutetica
puacuteblica
Schneider (2005) explica que a problematizaccedilatildeo formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para enfrentamento de problemas natildeo se
encontra mais exclusivamente ao setor estatal na qual estaria em curso a
policentralidade na concepccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica O autor parte da perspectiva de
rede de poliacuteticas puacuteblicas na qual problemas relativamente puacuteblicos tambeacutem podem
ter interferecircncia do setor privado e a sua interaccedilatildeo Como demonstra o autor
a problematizaccedilatildeo e o processamento poliacutetico de um problema social (Mayntz 1982) natildeo eacute mais um assunto exclusivo de uma hierarquia governamental e administrativa integradasenatildeo que se encontra em redes nas quais estatildeo envolvidas organizaccedilotildees tanto puacuteblicas quanto privadas (SCHNEIDER 2005 p 37)
No entanto como observa Moraes (2003) mesmo com essa nova
configuraccedilatildeo pluralista e policecircntrica das relaccedilotildees poliacuteticas o Estado continua sendo
o protagonista do processo seja pela accedilatildeo reguladora e normatizadora seja pela
legitimidade constitucional A legitimidade se faz presente pela administraccedilatildeo
puacuteblica18
Igualmente acrescenta-se nas palavras de Fiani (2013 p 7) que ―[] os
arranjos institucionais apresentam grande importacircncia para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas
18
Sobre Administraccedilatildeo Puacuteblica ver BOBBIO N et al Brasiacutelia UnB 1998
63
de desenvolvimento em especial para as poliacuteticas que demandam cooperaccedilatildeo por
parte de agentes privados Ainda segundo Albuquerque (1997)a interaccedilatildeo entre os
agentes puacuteblicos e privados constitui um novo cenaacuterio dentro de uma nova
perspectiva de adaptaccedilatildeo que necessita de coordenaccedilatildeo institucional
Consideramos que dentro desse contexto as mudanccedilas e perspectivas
inovadoras tanto no campo teacutecnico quanto no campo organizacional exigem ―[]
adaptaccedilotildees institucionais para melhorar as atuaccedilotildees do setor puacuteblico e do conjunto
de empresas e atores sociais territoriais (idem p 01) Segue o autor
[] todo processo de desenvolvimento local requer uma programaccedilatildeo minuciosa que integre e ordene linhas de atuaccedilatildeo e recursos orientados a objetivos da participaccedilatildeo estrateacutegica entre diferentes agentes sociais locais puacuteblicos e privados A criaccedilatildeo compartilhada entre os agentes locais de um ―entorno territorial que facilite a inovaccedilatildeo do tecido produtivo e empresarial constitui um aspecto crucial da estrateacutegia de desenvolvimento (ALBUQUERQUE 1997 p 1)
Pensando localmente na interpretaccedilatildeo do SEBRAE ―o ambiente
institucional [] pode ser entendido como o conjunto de instituiccedilotildees de que um dado
municiacutepio se dotou para que a atividade dos indiviacuteduos aleacutem de compatiacutevel com a
sobrevivecircncia da comunidade seja tambeacutem convergente com a execuccedilatildeo dos
objetivos comuns (SEBRAE 2013)
A estabilidade a preservaccedilatildeo e equiliacutebrio das instituiccedilotildees (das regras
formais e informais) oferecem credibilidade e legitimidade agraves accedilotildees do Estado
As Instituiccedilotildees Poliacuteticas especificamente tem como objetivo mediar
interferir organizar gerir o processo democraacutetico bem como quando
necessaacuterioprotagonizar poliacuteticas flexiacuteveis de decisatildeo em relaccedilotildees inerentes a
sociedade numa tarefa de disciplinar regras que insiram sobre os indiviacuteduos direitos
contidos na Constituiccedilatildeo Federal
Exemplificamos assim uma caracteriacutestica nesse contexto do processo
poliacutetico eacute a intervenccedilatildeo estatal inferindo sobre a economia no sentido de aliviar
distorccedilotildees ocorridas pelo mau funcionamento do mercado atraveacutes de poliacuteticas
puacuteblicas que estabelecem regras e diretrizes na qual o poder19poliacuteticopuacuteblico20 eacute o
protagonista no processo Para Oliveira (2008 p 59)
19
Para compreender o processo de dominaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo do Poder consideramos as anaacutelises de FRANCcedilOIS CHAZEL in Boudon e Curvelo (1996) 20
BOBBIO N Et al Dicionaacuterio de poliacutetica Brasiacutelia UnB 1998
64
O poder nasce com o indiviacuteduo mas passa aos grupos e afinal ao Estado pelo processo de institucionalizaccedilatildeo A concentraccedilatildeo de poder eacute um fenocircmeno espontacircneo na sociedade nascida da necessidade de atender a interesses que demandam escala meta individual Satildeo as concentraccedilotildees de poder que estabilizadas pelo consenso e pelo costume levam ao surgimento das instituiccedilotildees poliacuteticas
Ao observarmos a histoacuteria do sistema capitalista assinalamos que em todos
os momentos de instabilidade e fragilidade econocircmica culminando na inseguranccedila
social subsiste a forte presenccedila do Estado com possibilidades de equacionar as
deformaccedilotildees ocasionadas pelo sistema e que de maneira inexoraacutevel afetam as
vidas das pessoas apontando dessa maneira certa ineacutercia do mercado em
resoluccedilotildees dessa natureza
Fiani (2001 p 2) nos diz que a intervenccedilatildeo do Estado o qual ele denomina
de regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo eacute ―integrada e condicionada pelos processos de
natureza histoacuterica e poliacutetica que afetam o conjunto da sociedade Nesse contexto a
regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo estatal dependem de comportamento poliacutetico social e
econocircmicoMuito embora o fator de regulaccedilatildeo esteja mais vinculado agraves atividades
econocircmicas as decisotildees satildeo tomadas na esfera poliacutetica
A Lei Geral de 2006 ndash lei de normatizaccedilatildeo das MPE (LC 12306) - a
exemplo aleacutem de fomentar o desenvolvimento local foi uma accedilatildeo regulamentadora
do Estado Brasileiro em buscar alternativa em equacionar deformidades na
economia do trabalho e assim reverter o processo de alargamento do setor
informal Certamente que a regulamentaccedilatildeo de setores da economia eacute uma forma
de regular e disciplinar accedilotildees
Cabe ressaltar que a Lei 12306 submeteu algumas instituiccedilotildees agrave adequaccedilatildeo
administrativa para assegurar o funcionamento dessa Poliacutetica Puacuteblica assim como
instituiu oacutergatildeos de gestatildeo com competecircncias deliberativas e regulamentadoras que
dispotildeem de jurisdiccedilatildeo sobre tributaccedilatildeo e legalizaccedilatildeo das empresas Essa lei
estabelece inicialmente a criaccedilatildeo de trecircs oacutergatildeos a tiacutetulo dessas competecircncias
Art 2
o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta
Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Comitecirc Gestor do Simples Nacional vinculado ao Ministeacuterio da Fazenda composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil como representantes da Uniatildeo 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municiacutepios para tratar dos aspectos tributaacuterios
65
II - Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte com a participaccedilatildeo dos oacutergatildeos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor para tratar dos demais aspectos ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo III - Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios - CGSIM vinculado agrave Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidecircncia da Repuacuteblica composto por representantes da Uniatildeo dos Estados e do Distrito Federal dos Municiacutepios e demais oacutergatildeos de apoio e de registro empresarial na forma definida pelo Poder Executivo para tratar do processo de registro e de legalizaccedilatildeo de empresaacuterios e de pessoas juriacutedicas
21 (BRASIL 2006)
321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP
Na adequaccedilatildeo municipal agrave Lei Geral e suas alteraccedilotildees (LC 12808 e LC
14714) com o propoacutesito de estimular o ambiente institucional as prefeituras em
parcerias com o SEBRAE criaram Comitecircs Gestores Municipais22 (CGM) com a
proposta de ―[] implementar e acompanhar a aplicaccedilatildeo [] da Lei Complementar
Federal nordm 1232006 na redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar Federal nordm 1282008
(PARANAGUAacute Dec 88713 art 1ordm) Os Comitecircs Gestores Municipais satildeo oacutergatildeos
de ―natureza colegiada para coordenar a poliacutetica relativa agrave micro e pequena empresa
no municiacutepio (SEBRAE 2013 p 61) e satildeo integrados por sujeitos da administraccedilatildeo
puacuteblica e de setores da sociedade civil
No modelo institucional adotado pelo CGM estaacute previsto o viacutenculo e parceria
entre Instituiccedilotildees Poliacuteticas (Federal Estadual e Municipal) Instituiccedilotildees Mercantis e
Instituiccedilotildees de Produccedilatildeo
As Instituiccedilotildees Poliacuteticas nesse contexto especiacutefico satildeo representadas pelo
Governo Local atraveacutes das suas secretarias e a Sala do Empreendedor no Governo
Federal e Estadual atraveacutes de Instituiccedilotildees de creacutedito e de educaccedilatildeo
Os municiacutepios da MRGP que estabeleceram CGM satildeo Paranaguaacute Pontal do
Paranaacute e Matinhos Estes aderiram ao Programa Cidade Empreendedora em
formato integral e com isso possuem assessoramento contiacutenuo junto ao SEBRAE
seja na forma de capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicosseja na forma de consultoria
para os MEI e MPE Para o SEBRAE
21
O inciso III do sect 2ordm da PLC 12306 foi incluiacutedo pela LC 1472014 22
Utilizarei a sigla CGM para designar Comitecirc Gestor Municipal
66
O Comitecirc Gestor Municipal eacute a forma pela qual este projeto de institucionalizaccedilatildeo da lei geral seraacute implantado e controlado O Comitecirc poderaacute ser constituiacutedo de atores (instituiccedilotildees pessoas) que compotildeem o poder puacuteblico municipal associaccedilotildees representantes da sociedade etc e deveraacute conduzir a institucionalizaccedilatildeo da lei geral de forma a obter o melhor ambiente possiacutevel para os empreendedores individuais e micro e pequenas empresas (SEBRAE 2013 p 12)
O municiacutepio de Paranaguaacute em 2013 criou o Comitecirc Gestor Municipal sob o
Decreto Municipal 88713 composto por seguimentos representantes dos setores
puacuteblico e privado conforme listados no quadro abaixo (QUADRO 4)
QUADRO 4 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
FONTE Decreto Municipal Paranaguaacute n 887 de 25 out 2013
Por finalidade segundo o referido Decreto o CGM teraacute que implementar e
acompanhar a aplicaccedilatildeo da Lei Municipal 080 de 06 marccedilo de 2008 que oferece
regime juriacutedico tributaacuterio simplificado e diferenciado agraves micro e pequenas empresas
no acircmbito municipal alinhando-se agrave LC 12306 Dentre as competecircncias do CGM de
Paranaguaacute estatildeo
Art 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta
Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Acompanhar a regulamentaccedilatildeo e a implementaccedilatildeo do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte no Municiacutepio inclusive promovendo medidas de integraccedilatildeo e coordenaccedilatildeo entre os oacutergatildeos puacuteblicos e privados interessados II - orientar e assessorar a formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica municipal de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte III - Acompanhar as deliberaccedilotildees e os estudos desenvolvidos no acircmbito do Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do
CONTROLADORIA GERAL
SECRETARIAS MUNICIPAIS
SALA DO EMPREENDEDOR
ASSOCIACcedilAtildeO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE PARANAGUAacute
SITEMA DE CREacuteDITO
SENAIFIEP
INSTITUTO FEDERAL DO PARANAacute
CAcircMARA MUNICIPAL
SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE PARANAGUAacute
67
Foacuterum Estadual da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e do Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios IV - Sugerir eou promover accedilotildees de apoio ao desenvolvimento da microempresa e da empresa de pequeno porte local ou regional(Paranaguaacute 2008 art 1ordm incisos I II III e IV)
Em Paranaguaacute o CGM atua de maneira articulada envolvendo todos os
atores nas estrateacutegias voltadas ao segmento empresarial e empreendedor local
inclusive com organizaccedilotildees do ―Sistema S como o SEBRAE e o SENAI que atuam
na aacuterea de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo desses segmentos econocircmicos
As estrateacutegias satildeo colocadas em praacutetica em conformidade com a
capacidade orccedilamentaacuteria disponibilizada para este fim Nesse caso o orccedilamento
descrito no Plano Plurianual do municiacutepio para o ―Programa de Geraccedilatildeo de Emprego
e Renda entre os anos de 2014 a 2017 tem como foco
Apoio aos pequenos e microempreendedores cooperativas e outras formas associativas de produccedilatildeo desburocratizando o processo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos Promoccedilatildeo de projetos inovadores Desenvolvimento e integraccedilatildeo de pequenas meacutedias e grandes empresas e induacutestrias estimulando a formaccedilatildeo de cadeias produtivas para induzir o crescimento ordenado e sustentaacutevel (PARANAGUAacute 2013 p 163)
Dentre as accedilotildees estabelecidas no Plano Plurianual 2014-2017 estatildeo a)
capacitaccedilatildeo para o primeiro emprego b) treinamento para os desempregados c)
prestaccedilatildeo de atendimento ao trabalhador
Quanto agrave capacitaccedilatildeo e treinamento perfeitamente compete ao CGM
articular accedilotildees envolvendo entidades do sistema S como o SEBRAE e o SENAI que
possuem competecircncias teacutecnicas para atender a demanda
Assim como Paranaguaacute a Sala do Empreendedor em Pontal do Paranaacute
subordinado diretamente agrave Secretaria Municipal de Desenvolvimento eacute o
departamento mais atuante do CGM no apoio ao MEI tanto pela sua posiccedilatildeo
estrateacutegica em que o agente de desenvolvimento atua diretamente com o MEI
quanto pela articulaccedilatildeo com os outros oacutergatildeos e secretarias municipais
O CGM de Pontal do Paranaacute foi instituiacutedo pelo Decreto municipal 54812015
e dentre os objetivos relatado pelo Secretaacuterio de Desenvolvimento estaacute o de
coordenar os trabalhos de assistecircncia ao microempreendedor em aspectos
relacionados agrave formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo a processos licitatoacuterios
68
QUADRO 5 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
FONTE Decreto Municipal Pontal do Paranaacute n 5481 de 23 dez 2015
Ainda segundo relatos do Secretaacuterio Municipal no iniacutecio da criaccedilatildeo do
Comitecirc Gestor houve divergecircncias falta de colaboraccedilatildeo e dificuldade no
entendimento da proacutepria Lei Geral e sobretudo das LC 12806 e LC 14714 poreacutem
com o amadurecimento das ideias em torno dos objetivos do CGM e das estrateacutegias
adotadas houve ganho de credibilidade dos oacutergatildeo puacuteblicos
A LC 14714 comenta o secretaacuterio era interpretada de formas diferentes
pelos oacutergatildeos O Corpo de Bombeiros a exemplo era muito resistente em se adaptar
ao disposto no art 4ordm sect 3ordm da referida lei que tratava sobre isenccedilatildeo total para a
abertura de empresa para o microempreendedor individual o que acarretava
divergecircncias na leitura e interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo
Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (BRASIL 2014 art 4ordm sect3ordm)
A Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do Litoral do Paranaacute
(AMPEC Litoral) relatou das dificuldades quanto agraves licitaccedilotildees e a capacidade dos
―menores em participar do processo Na posiccedilatildeo do entrevistado2 o municiacutepio se
revela em suas palavras ―mau pagador e tem ateacute 90 dias para efetuar o
pagamento23 tornando inviaacutevel para a maioria dos microempreendedores fornecer
ao municiacutepio O argumento eacute de que grande parte dos MEI natildeo possui capital
23
O art 73 sect 3ordm da Lei nordm 8666 de21 jun 1993 estabelece o prazo de noventa dias para que o objeto executado seja pago pela Administraccedilatildeo Puacuteblica contratante
SECRETARIAS MUNICIPAIS
AMPEC - LITORAL
ACIAPAR
ASSOCIACcedilAtildeO DOS ARTESAtildeO
SISTEMA DE CREacuteDITO
CENTRO DE ESTUDOS DO MAR
CONTADORES DE PONTAL DO PARANAacute
69
suficiente e capacidade econocircmica para suportar um prazo tatildeo longo para receber
os serviccedilos prestados
O CGM do municiacutepio de Matinhos apresentou caracteriacutesticas muito
peculiares em relaccedilatildeo aos de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Segundo o
entrevistado5 havia muitas divergecircncias dentro do CGM sobretudo quando as
decisotildees tomadas coletivamente natildeo continham energia suficiente para colocaacute-las
em praacutetica
QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS
FONTE Decreto Municipal Matinhos n 441 de 30 jul 2013
Outro ponto que dificultava as tomadas de decisotildees com base na demanda
legal e de aspectos ligados agrave Lei Geral era o fato da pouca compreensatildeo pelos
sujeitos envolvidos nas finalidades e propostas da Poliacutetica Puacuteblica em questatildeo
Sobre este e os problemas da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica Lima e Dlsquo Ascenzi
(2013) em suas anaacutelises apresenta alguns pontos importantes
[] em primeiro lugar haacute uma multiplicidade de atores de diferentes tipos de organizaccedilotildees com interesses diversos que satildeo agregados para operar a poliacutetica Tais atores interagem em uma trajetoacuteria de pontos de decisatildeo nos quais suas perspectivas se expressam Em segundo lugar os atores mudam com o passar do tempo Isso faz que a interaccedilatildeo tambeacutem mude pois mudam as perspectivas e a percepccedilatildeo que um ator tem do outro Essa mudanccedila de atores insere pontos de descontinuidade e de necessidade de novas e mais negociaccedilotildees(LIMA Dlsquo ASCENZI 2013 p 103)
322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento
A sala do Empreendedor parceria entre os cinco municiacutepios citados do
litoral paranaense e o SEBRAE tem funccedilotildees especiacuteficas tanto no atendimento ao
MEI quanto agraves MPE Os serviccedilos vatildeo desde a desburocratizaccedilatildeo e formalizaccedilatildeo ateacute
a consultoria de gestatildeo e financcedilas que satildeo realizadas gratuitamente pelos Agentes
de Desenvolvimento e por consultores do SEBRAE A ―Sala eacute uma adaptaccedilatildeo do
Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econocircmico
Secretaria Municipal de Administraccedilatildeo
Secretaria Municipal de Planejamento
Sindicato dos Contabilistas
Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Paranaacute - FECOMEacuteRCIO
Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos - ACIMA
70
SEBRAE ao Programa Cidade Empreendedora24 e tem como objetivo segundo esta
Instituiccedilatildeo de a) incentivar a legalizaccedilatildeo de negoacutecios informais b) facilitar a
abertura de novas empresas c) regularizar as atividades informais aleacutem de apoiar o
MEI quanto agrave formalizaccedilatildeo e informaccedilotildees necessaacuterias relativas agraves especificidades
da sua atuaccedilatildeo como MEI formalizado Segundo o portal do Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute satildeo ofertados os serviccedilos de
a) Atendimento presencial individual
b) Orientaccedilatildeo de controles - Caixa e Vendas
Palestras
c) Orientaccedilatildeo sobre direitos e obrigaccedilotildees
d) Programa Negoacutecio a Negoacutecio
Os Agentes de Desenvolvimento25 satildeo funcionaacuterios dos quadros das
prefeituras que recebem treinamento pelo SEBRAE com vistas a assumirem
responsabilidades co-participativas na implementaccedilatildeo da Lei Geral dentro dos
municiacutepios de atuaccedilatildeo Esses atores da administraccedilatildeo puacuteblica direta podem
constituir elementos estrateacutegicos na dinacircmica das ideias de desenvolvimento local
sobretudo no apoio agrave evoluccedilatildeo e estruturaccedilatildeo das micro e pequenas empresas
futuros empreendedores e empreendedores que jaacute atuam
Esses agentes possibilitam o entendimento na inovaccedilatildeo da administraccedilatildeo
puacuteblica quanto agrave movimentaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos recursos humanos inicialmente
em seus quadros de pessoal que atende agraves demandas de transformaccedilotildees ocorridas
nas dimensotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas a partir do pressuposto que estas
trecircs dimensotildees estatildeo associadas
1) Social ndash promovida principalmente pela ―revoluccedilatildeo expansatildeo
tecnoloacutegica e pela globalizaccedilatildeo
24
Programa do SEBRAE tem como objetivo ―potencializar a implementaccedilatildeo e institucionalizaccedilatildeo da Lei Geral visando agrave melhoria do ambiente de negoacutecios para o Microempreendedor Individual e para as micro e pequenas empresas contribuindo dessa forma com a geraccedilatildeo de emprego e renda (SEBRAE 2013 p 9) lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtgt 25
Para Albuquerque (1997) o processo de desenvolvimento exige a movimentaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo dos recursos humanos e estes devem ser vistos como peccedilas decisivas e natildeo somente como ferramentas ou objeto de produccedilatildeo mas sim como elementos chaves e atores importantes no desenvolvimento
71
2) Econocircmica ndash pelas contradiccedilotildees econocircmicas do sistema neoliberal que
culminaram com a falecircncia da estrutura de produccedilatildeo fabril abrindo
espaccedilo para o setor terciaacuterio
3) Poliacutetica ndash no Estado Democraacutetico de Direito a participaccedilatildeo mais efetiva
de movimentos sociais nas questotildees puacuteblicas altera aspectos e
mecanismos antigos da poliacutetica sobre maneira na perspectiva do
controle social e no quadro decisoacuterio
Em nossos estudos percebemos que a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas
favoraacuteveis ao desenvolvimento regional e local assim como o estabelecimento de
convecircnio e parceria com entidades ligadas ao desenvolvimento das capacidades
locais depende de alguns elementos 1) Estrutura municipal 2) A maturidade do
municiacutepio com relaccedilatildeo agraves concepccedilotildees de desenvolvimento local 3) O tema de
desenvolvimento local estar na pauta do municiacutepio (prioridades de gestatildeo) 4)
Definiccedilatildeo de estrateacutegias por conta da administraccedilatildeo de recursos 5) A maturidade do
empresariado local
323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI
Os municiacutepios que estabelecem parcerias com o SEBRAE possuem
algumas accedilotildees planificadas em virtude da proacutepria capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicos
envolvidas no processo de implementaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e do
convecircnio que prevecirc essas accedilotildees Muito embora a expansatildeo de accedilotildees que
melhorem o ambiente de fomento fica a criteacuterio dos municiacutepios Abaixo (QUADRO
9) descrevemos algumas accedilotildees adotadas pelas prefeituras na MRGP
QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP continua
MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES
ANTONINA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil
GUARAQUECcedilABA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil
72
QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP conclusatildeo
MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES
GUARATUBA - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - A ACIG estaacute estudando para abrir espaccedilo de associaccedilatildeo para o MEI com parcelas de contribuiccedilatildeo reduzida que pode chegar a 50 a menos do valor cobrado
MATINHOS - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (uma vez por mecircs) - Feira da Lua organizada pela AMPEC serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIMA para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo
PARANAGUAacute - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (a cada 15 dias) - Feira da Lua serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Cursos de curta duraccedilatildeo oferecidos pelo SEBRAE atraveacutes de consultoria para a capacitaccedilatildeo e creacutedito que satildeo intermediados junto a Sala do Empreendedor - Articulaccedilatildeo da Sala do Empreendedor com Instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas na constituiccedilatildeo de creacutedito como na capacitaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo - Cursos de capacitaccedilatildeo de fornecimento e compra com o objetivo de identificaccedilatildeo de fornecedores dentro do municiacutepio e que sejam aptos a participarem de processos licitatoacuterios - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIAPAR para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo
PONTAL DO PARANAacute - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas e planejamento (uma vez por mecircs) - Palestras para os vendedores ambulantes com o objetivo de orientaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo - A Feira da Lua que ocorre no balneaacuterio de Sta Terezinha atraveacutes de parceria com a prefeitura o BB o SEBRAE realizam serviccedilos de consultoria gratuitamente - Cursos em parceria entre Prefeitura e ACIAP para vendedores e compradores - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil
FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Pontal do Paranaacute Paranaguaacute e Morretes
A planificaccedilatildeo de algumas accedilotildees pelo sistema SEBRAE se traduz por um
lado na pouca experiecircncia municipal em estrateacutegias de desenvolvimento e por
73
outro lado a substituiccedilatildeo dos governos locais que podem alterar determinadas
estrateacutegias poreacutem as adotadas pela parceria entre o municiacutepio e o SEBRAE ficam
imunes agraves mudanccedilas
Ressaltamos que uma das accedilotildees do Estado importante para facilitar a
legalizaccedilatildeo e a expediccedilatildeo de registro de maneira desburocratizada da empresa eacute a
criaccedilatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de
Empresas e Negoacutecios (REDESIM) instituiacuteda pela Lei 1159807 Sublinhamos que a
partir desta lei a interaccedilatildeo entre os oacutergatildeos responsaacuteveis pela legalizaccedilatildeo e pela
expediccedilatildeo do registro de funcionamento ocorre por dados lanccedilados em sistema
unificado entre oacutergatildeos da federaccedilatildeo dos Estados e Municiacutepios A implantaccedilatildeo
dessa Lei no Paranaacute foi efetivada com a criaccedilatildeo do sistema Empresa
Faacutecilintegrando o Governo de Estado do Paranaacute Associaccedilatildeo dos municiacutepios do
Paranaacute Junta Comercial do Paranaacute e SEBRAE
No litoral paranaense como demonstrado pelo site do Empresa Faacutecil a
implantaccedilatildeo e habilitaccedilatildeo dos sete municiacutepios ao sistema operante estaacute completa
Como observado (QUADRO 7) acima veremos que os municiacutepios de
Paranaguaacute Pontal do Paranaacute e Matinhos que possuem parcerias com o SEBRAE
de forma integral constituem vaacuterias accedilotildees planificadas com base na orientaccedilatildeo de
capacitaccedilatildeo institucional proporcionada por essa instituiccedilatildeo e como mencionado
pelo agente do SEBRAE algumas accedilotildees satildeo planificadas mas a sala do
empreendedor de acordo com a administraccedilatildeo local tem flexibilidade para
aumentar os serviccedilos prestados aos MEI e realizar accedilotildees que viabilizem a melhoria
dos serviccedilos prestados
74
4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute
O litoral se constituiu de forma diferenciada no Paranaacute natildeo tendo
incorporado ao modelo de desenvolvimento capitalista adotado por outras regiotildees
conforme descrito anteriormente Uma das caracteriacutesticas importantes que
predomina na regiatildeo eacute a quase nula existecircncia de poliacuteticas de desenvolvimento
voltadas agraves capacidades locais e regionais
Nesse capiacutetulo dentro das concepccedilotildees de desenvolvimento local
analisaremos alguns elementos geradores de desenvolvimento de crescimento e de
sustentabilidade para o MEI na MRGP
41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR
MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI
A participaccedilatildeo municipal como vetor do desenvolvimento local eacute vital para
conduzir accedilotildees e estrateacutegias que objetivem a superaccedilatildeo de obstaacuteculos produzidos
por desequiliacutebrios nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica Para isso um municiacutepio
atuante e proativo nas questotildees internas provido de atitudes positivas mediante
planejamento e poliacuteticas puacuteblicas de maximizaccedilatildeo das capacidades locais pode
reverter circunstacircncias muitas vezes de fragilidade do tecido social e empresarial
para a otimizaccedilatildeo das condiccedilotildees que promovam o desenvolvimento das liberdades
humanas (autonomia do indiviacuteduo) (SEN 2000 PEREIRA 2006)
O crescimento populacional e a expansatildeo urbana desordenada a falta de
poliacuteticas puacuteblicas especiacuteficas de desenvolvimento regional e local expocircs um quadro
que coloca em evidecircncia a fragilidade econocircmica e administrativa dos governos
locais no litoral do Paranaacute para enfrentamento de problemas especiacuteficos na
economia do trabalho e na manutenccedilatildeo e extensatildeo de programas de infraestrutura
e ainda a dificuldade de implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas includentes que
necessitam de aplicaccedilatildeo significativa de capital
A MRGP em 2004 possuiacutea uma dos maiores PIB per capta do Estado com
a meacutedia acima da estadual constituindo uma das microrregiotildees mais dinacircmicas
segundo Trevisan e Lima (2010) sendo que Paranaguaacute como o grande vetor
75
econocircmico da regiatildeo posto o complexo portuaacuterio e industrial segundo os autores
firmava-se como o 4ordm municiacutepio do Paranaacute com maior PIB per capta No entanto
havia dessemelhanccedilas econocircmicas entre os municiacutepios da regiatildeo em que
Paranaguaacute o municiacutepio mais rico evidenciava disparidades em relaccedilatildeo aos outros
municiacutepios sobretudo Guaraqueccedilaba Matinhos e Morretes agrave eacutepoca os mais
pobres justamente pela sua capacidade de produzir riquezas em funccedilatildeo do porto
de Paranaguaacute
Em 2015 como demonstra o IPARDES Paranaguaacute continua sendo o
principal vetor econocircmico da regiatildeo poreacutem seu PIB per capta ficou abaixo da meacutedia
estadual assim como a sua receita teve decreacutescimo entre os anos 2013 e 2015
(TABELA 8)
Percebemos (GRAacuteFICO 1) que os municiacutepios de Morretes Antonina e
Paranaguaacute tiveram quedas em suas receitas entre os anos de 2014 e 2015 e suas
despesas (GRAacuteFICO 2) no mesmo periacuteodo aumentaram em relaccedilatildeo agraves receitas
destes municiacutepios A identificaccedilatildeo de uma queda de receita desse modo pode
constituir em impacto negativo para investimentos em setores necessaacuterios ao
desenvolvimento visto a baixa capacidade econocircmica municipal
GRAacuteFICO 1- RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS
FONTE IPARDES DEEPASK
No caso especiacutefico de Antonina em 2015 o municiacutepio aumentou para 4 a
aliacutequota do ISSQN (ISS) O setor portuaacuterio contraacuterio ao aumento realizou um
depoacutesito judicial do montante dos tributos Tal accedilatildeo juriacutedica representou uma das
000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Milh
otildees
(R
$)
2013
2014
2015
76
principais causas diretas na queda de arrecadaccedilatildeo municipal permitindo a reduccedilatildeo
da disposiccedilatildeo do municiacutepio em criar propostas de melhoria das condiccedilotildees
socioeconocircmicas da populaccedilatildeo O fato eacute que o aumento na aliacutequota desse tributo
na expectativa de aumentar as divisas municipais de Antonina poderaacute causar em
curto prazo efeito reverso como indicado pela Secretaria de Infraestrutura e
Logiacutestica do Paranaacute (2014)
Uma lei municipal que entra em vigor a partir de janeiro de 2015 pode tornar a cidade de Antonina menos competitiva para investimentos no setor portuaacuterio Eacute que o municiacutepio aprovou o aumento na cobranccedila da aliacutequota do Imposto Sobre Serviccedilos (ISS) que passaraacute a ser de 4 Isso coloca Antonina como a cidade mais cara entre as principais cidades portuaacuterias do centro-sul do Brasil
Portanto com a queda na capacidade de geraccedilatildeo de riquezas a
inviabilidade de intervir em problemas socioeconocircmicos atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas
e accedilotildees de meacutedio e longo prazos e com o enfraquecimento dos governos locais por
conta na reduccedilatildeo das receitas suas accedilotildees na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de
desenvolvimento local ficam limitadas Ainda assim alinhando-se a queda de
receita as despesas municipais em alguns casos ultrapassaram a arrecadaccedilatildeo
agravando ainda mais as contas puacuteblicas e impedindo investimentos em setores
estrateacutegicos para o desenvolvimento
GRAacuteFICO 2- ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015)
FONTE IPARDES DEEPASK
-
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Milh
otildees
(R
$)
Arrecadaccedilatildeo2015
Despesas2015
77
O maior desequiliacutebrio das contas puacuteblicas (relaccedilatildeo entre arrecadaccedilatildeo e
despesas) se deu no municiacutepio de Paranaguaacute em que as despesas superaram a
arrecadaccedilatildeo em 49 como observado (GRAacuteFICO 2)
As quedas de receitas refletem em parte o pouco investimento em setores
produtivos tais como o fomento e apoio agraves micro e pequenas empresas que se
constituem segundo o SEBRAE e Sachs (2003) no setor que mais gera empregos
locais e se constitui como fonte de geraccedilatildeo de divisas para os municiacutepios de outro
lado a complexidade em buscar alternativas de substituiccedilatildeo da arrecadaccedilatildeo se
traduz em fator importante
Em Morretes e Antonina no entanto algumas accedilotildees para aumentar a receita
foram colocadas em praacutetica Uma delas eacute o georreferenciamento dos imoacuteveis para o
pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que satildeo representados
por altas taxas de inadimplecircncia e segundo o entrevistado (6) pode chegar a 50
de devedores
O IPTU como observado nas cidades de Morretes Guaraqueccedilaba Antonina
e Paranaguaacute (GRAacuteFICO3) tem pouca expressividade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
desses municiacutepios Jaacute nos municiacutepios de Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute o
IPTU contribui significativamente na geraccedilatildeo de receita se posicionando acima da
meacutedia nacional que ficou em 2435 em 2014
GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) ()
FONTE DEEPASK ndash montagem dos autores lthttpwwwdeepaskcombrgoespage=Imposto---
IPTU-Veja-a-receita-tributaria-no-seu-municipiogt
0
10
20
30
40
50
60
valo
res p
erc
entu
ais
78
No municiacutepio de Morretes o processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria adotado
pela Secretaria de Infraestrutura no nosso entendimento consiste numa estrateacutegia
de desenvolvimento e de receita na medida de geraccedilatildeo de emprego e renda atraveacutes
da construccedilatildeo civil que expande a prestaccedilatildeo de bens e serviccedilos
Tanto o georreferenciamento quanto a regularizaccedilatildeo fundiaacuteriapredial em
Antonina e Morretes satildeo estrateacutegias afirmativas que tem como propoacutesitos a
regularizaccedilatildeo de aacutereas habitacionais residecircncias e lotes com grandes
possibilidades de elevar a receita municipal observado as delimitaccedilotildees de aacutereas
especialmente protegidas como aacutereas de preservaccedilatildeo permanente (APP) Unidades
de Conservaccedilatildeo (UC) Poreacutem cabe ressaltar que a maior funccedilatildeo da regularizaccedilatildeo
fundiaacuteria eacute equacionar problemas resultantes da expansatildeo urbana desordenada (a
favelizaccedilatildeo eacute um dos problemas)
Nesse sentido a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria eacute ―um mecanismo apto a trazer para
a legalidade uma situaccedilatildeo fundiaacuteria que possa ser identificada como de interesse
social ou seja que tenha como puacuteblico alvo a populaccedilatildeo de baixa renda
(NASCIMENTO 2013 p 12) Como afirma a autora dessa forma a implementaccedilatildeo
da regularizaccedilatildeo fundiaacuteria torna ―evidente o conteuacutedo social a que o bem serviraacute
(idem p 18)
Em Pontal do Paranaacute como relatou entrevistado3 sobre o fortalecimento
das receitas o municiacutepio atraveacutes do Conselho Gestor adotou para 2017 um selo
de qualidade que seraacute fornecido agrave empresa que se encontrar regularizado com suas
diacutevidas junto agrave prefeitura ―O selo permite que haja retorno para a prefeitura atraveacutes
da contribuiccedilatildeo Eacute uma valorizaccedilatildeo para quem se encontra em situaccedilatildeo regular
(transcriccedilatildeo)
No entanto com pouca variaccedilatildeo para aumentar a receita e com menos
dinheiro em caixa as prefeituras deixam de investir em programas de meacutedio e longo
prazo com propostas no desenvolvimento positivosustentaacutevel e includente de
criaccedilatildeo institucional cultural social e econocircmica Ou seja criaccedilatildeo de um ambiente
favoraacutevel agrave extensatildeo das liberdades e capacidades das pessoas (SEN 2000)26
26
As liberdades na visatildeo do autor satildeo condicionadas pelas circunstacircncias sociais poliacuteticas e econocircmicas as quais denomina de liberdades instrumentais e correspondem 1) liberdades poliacuteticas 2) facilidades econocircmicas 3) oportunidades sociais 4) garantias de transparecircncias 5) seguranccedila protetora (p54)
79
Para esse autor as liberdades satildeo partes constitutivas fundamentais do
enriquecimento do processo de desenvolvimento natildeo satildeo finitas em si mesmas
mas permitem a expansatildeo de outras liberdades sendo que o proacuteprio
desenvolvimento pode ser considerado como a expansatildeo das liberdades humanas
ou como sublinha Pereira (2006) ao se referir agrave ―autonomia baacutesica como um
elemento de precondiccedilatildeo societal a noccedilatildeo de autonomia estaacute ancorada nos
preceitos da ―democracia como recurso capaz de livrar os indiviacuteduos natildeo soacute da
opressatildeo sobre as suas liberdades (de escolha e de accedilatildeo) mas tambeacutem da miseacuteria
e do desamparo (PEREIRA 2006 p 70)
A falta de recursos sinalizou nas entrevistas com os agentes de
desenvolvimentos de Morretes Matinhos e Paranaguaacute a pouca flexibilidade dos
municiacutepios em estruturar suas agendas de programas de desenvolvimento local
restando o atendimento de formalizaccedilatildeo e serviccedilos baacutesicos aos
Microempreendedores tais como alteraccedilatildeo de dados alvaraacute baixa da inscriccedilatildeo e
Documento de Arrecadaccedilatildeo Simplificada (DAS) Essas accedilotildees de apoio efetivo agrave
categoria se por um lado representam o auxiacutelio prestado ao MEI por outro
constituem um fim em si mesmas pois desempenham funccedilotildees meramente
burocraacuteticas natildeo menos importantes mas poderiam ser desenvolvidas dentro de
um plano estrateacutegico que coadunassem simultaneamente outras accedilotildees previstas
nos dispositivos da LC 12808 sobre os instrumentos de apoio e poliacuteticas que
assegurem o desenvolvimento e a sustentabilidade dos MEI Dentro dessa anaacutelise
por um lado o ―fluxo contiacutenuo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos que em sua
esmagadora maioria satildeo de pequeno porte (SACHS 2003 p 111) de outro lado
como demonstra o autor as MPE submetidas ao livre mercado aumentam os
nuacutemeros estatiacutesticos sobre a mortalidade das empresas posto as diferentes
condiccedilotildees de produccedilatildeo e competitividade no mercado aberto que produz um
―processo de seleccedilatildeo que pode ser qualificado de ―darwinismo social (idem p 111)
Em Morretes no final do ano de 2016 o desempenho da sala do
empreendedor estava muito limitado ou quase nulo como comentou o
entrevistado6 Aleacutem da estrutura reduzida em comparaccedilatildeo agraves cidades que
dispunham do programa em Morretes natildeo haviam atividades relacionadas ao
fomento das empresas locais nem tatildeo pouco a procura aos serviccedilos pelos MEI ou
potenciais empreendedores Poreacutem em 2015 como observou o entrevistado6 ―a
partir da adequaccedilatildeo da 147 (LC 14714) o carimbo da vigilacircncia sanitaacuteria deu
80
valoraccedilatildeo para o produto Alguns produtores padronizaram o roacutetulo e as empresas
Essas medidas favorecem o atendimento ao turismo (transcriccedilatildeo)
Em Paranaguaacute segundo o entrevistado7 as atividades da sala do
empreendedor estavam muito reduzidas e fixavam-se apenas no processo de
formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo nas duacutevidas que surgiam natildeo sendo possiacutevel desenvolver
accedilotildees muito extensas fora da sala27 Poreacutem atraveacutes do Programa Compras Paranaacute
o municiacutepio ofereceu cursos de capacitaccedilatildeo dos funcionaacuterios para compras em
oacutergatildeo puacuteblicos assim como capacitaccedilatildeo de alguns fornecedores em licitaccedilotildees O
objetivo dessa accedilatildeo era ―identificar novos fornecedores dentro do municiacutepio
fortalecendo o mercado interno gerando divisas emprego e renda (entrvistado7-
transcriccedilatildeo)
Em Morretes o entrevistado municipal o entrvistado6 nos disse ―natildeo haacute
procura por licitaccedilotildees (pelos MEI) E as empresas locais dificilmente procuram a
licitaccedilatildeo (transcriccedilatildeo) Assim a falta de poliacuteticas de desenvolvimento local e da
categoria poderaacute contribuir no afastamento de propostas significativas de inclusatildeo
social do MEI na MRGP frisados na LC 12808
Constatamos que a falta de recursos constitui um dos elementos importantes
que inviabilizam a implantaccedilatildeo integral contiacutenua e sustentaacutevel das LC 12306
LC12808 e LC 14714 ndash conjunto de leis que normatizam as MPE e
Microempreendedores individuais - bem como em poliacuteticas de geraccedilatildeo de emprego
e renda e mesmo em outras aacutereas de sustentaccedilatildeo de poliacuteticas sociais pois
segundo Sachs (2003) as poliacuteticas econocircmicas e sociais satildeo indissociaacuteveis
complementares e dependentes de investimentos
Embora outros motivos tais como o amadurecimento da gestatildeo municipal agrave
concepccedilatildeo de desenvolvimento local incluindo categorias especiacuteficas de produccedilatildeo e
inclusatildeo como eacute o caso dos MEI conferimos agrave baixa capacidade econocircmica do
poder puacuteblico local uma das principais dificuldades em produzir mecanismos de
enfrentamento agrave vulnerabilidade dos trabalhadores locais muitas vezes com pouca
ou sem qualificaccedilatildeo para o mercado de trabalho
Deduzimos atraveacutes de nossas pesquisas que a falta de comunicaccedilatildeo
informaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo nas propostas da sala do empreendedor assim como em
27
No plano Plurianual 20142017 de Paranaguaacute estaacute previsto o investimento de R$ 10000000 para o apoio aos MEI desenvolvimento das micro pequenas e grandes empresas e induacutestrias no estiacutemulo para desenvolver uma cadeia produtiva local de forma sustentaacutevel
81
processos de licitaccedilatildeo28 exclui grande parte dos MEI ao Acesso em de serviccedilos
baacutesicos estabelecidos em lei e possibilidades de relaccedilotildees comerciais com o
municiacutepio posto o desconhecimento das recomendaccedilotildees por parte dos MEI
estabelecidas na Lei Geral (LC 12308) a qual prescreve normas diferenciadas de
promoccedilatildeo de desenvolvimento desse segmento de trabalhadoresempreendedores
individuais
O municiacutepio empoderado atraveacutes de uma ambiente institucional e de um
aporte estrutural constituiacutedo aumenta as possibilidades de eficiecircncia na intervenccedilatildeo
em problemas locais O empoderamento dos municiacutepios nesse sentido eacute central no
processo de desenvolvimento tanto de categorias especiacuteficas quanto de categorias
marginalizadas pela ausecircncia do poder puacuteblico Eacute dessa forma que ―ao analisar
experiecircncias de desenvolvimento localregional vecirc-se forccedilada a noccedilatildeo de que a
presenccedila do Estado eacute fundamental (BARBOSA et al in POCHMANN 2004 p 275)
sendo ele o principal articulador e protagonista de poliacuteticas de desenvolvimento e
inclusatildeo social
411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita
Ao examinara literatura sobre o uso do dinheiro puacuteblico no litoral do Paranaacute
que no nosso entendimento tem a possibilidade de ser alocado prioritariamente em
instrumentos geradores de desenvolvimento para as pessoas das pessoas e pelas
pessoas (SACHS 2003) percebemos muitas vezes recursos jaacute reduzidos sendo
direcionados a atender minorias com respaldo poliacutetico econocircmico e social
Como analisa Monteiro (2013a) boa parte das receitas de Guaratuba e
Matinhos estatildeo sendo direcionadas agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria com projetos de
infraestruturas (pavimentaccedilatildeo rede de esgoto etc) que beneficiam as elites locais
Estas elites satildeo na visatildeo de Frey (2000) amparadas por ―instituiccedilotildees de
intermediaccedilatildeo ndash patronagem poliacutetica clientelismo nepotismo fisiologismo e a
corrupccedilatildeo ndash [] (p 104) que constituem praacuteticas relacionais entre o poder central
local e oligarquias locais contribuindo para a ampliaccedilatildeo das desigualdades sociais
visto a apropriaccedilatildeo dos benefiacutecios por parte dessas elites
28
Conforme obrigatoriedade legal as licitaccedilotildees satildeo publicadas no site da prefeitura Tribunal de Contas e Diaacuterio oficial
82
Segundo Monteiro (2013a) em Caiobaacute balneaacuterio eletizado de Matinhos
com forte presenccedila de residecircncias de alto padratildeo e ainda com propostas a proacute-
verticalizaccedilatildeo a pavimentaccedilatildeo chega a 94 853 de calccediladas e 686 de
bueiros Enquanto em bairros como o Tabuleiro haacute 254 de ruas pavimentadas
164 de calcadas e 285 de bueiros denotando dessa forma os desniacuteveis de
emprego da receita para a manutenccedilatildeo das iniquidades entre as classes sociais
Jaacute em Guaratuba como salienta Monteiro (2013b)
[] veremos que boa parte da receita puacuteblica alimenta a especulaccedilatildeo imobiliaacuteria atraveacutes de obras de infraestrutura que beneficiam sobremaneira glebas vazias lotes baldios em suma propriedades que natildeo estatildeo cumprindo a funccedilatildeo social (MONTEIRO 2013a p 1)
Compreendemos dessa maneira que o espaccedilo constituiacutedo por relaccedilotildees de
poder pode representar o exerciacutecio de poder considerando algumas variaacuteveis
Como acentua Silva (2008) o poder local deve ser compreendido como exerciacutecio
das dimensotildees poliacutetica econocircmica social simboacutelica e cultural
A criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento local que promovam a
expansatildeo das liberdades humanas eacute indispensaacutevel a vontade poliacutetica o
amadurecimento agraves perspectivas de desenvolvimento pelos gestores municipais e
pelo empresariado local os recursos satisfatoacuterios nesse sentido o empoderamento
do municiacutepio eacute fundamental para o financiamento das poliacuteticas de desenvolvimento
a mediaccedilatildeo entre as relaccedilotildees de poder um aporte institucional capaz reduzir as
disparidades de classe e o planejamento e accedilatildeo sendo que o planejamento pode
ser revisado e modificado a julgar que toda accedilatildeo provoca modificaccedilotildees
Dentro dessa perspectiva foram analisados por Horochovski Junckes e
Muraro (2011) em trabalho realizado sobre um Programa de Desenvolvimento
Sustentaacutevel em Matinhos promovido pelo Banco do Brasil a participaccedilatildeo e o
planejamento pelos atores envolvidos Para esses autores os ―componentes
estruturais do modo de produccedilatildeo vigente apatia poliacutetica deacuteficits informacionais e a
persistecircncia de assimetrias e padrotildees autoritaacuterios e clienteliacutesticos [] (p 51)
constituem entre outros barreiras no processo democraacutetico e participativo
(HOROCHOVSKI JUNCKES MURARO 2011)
Ao discorrer sobre aspectos para o desenvolvimento local e o custeio
puacuteblico SEN (2000) afirma que natildeo se pode esperar um governo enriquecer para
83
investir em serviccedilos de base como a educaccedilatildeo e a sauacutede que na visatildeo do autor
satildeo elementos geradores de desenvolvimento posto que
A viabilidade desse processo conduzido pelo custeio puacuteblico depende do fato de que os serviccedilos sociais relevantes (como os serviccedilos de sauacutede e educaccedilatildeo) satildeo altamente trabalho-intensivos e portanto relativamente barato nas economias pobres ndash onde os salaacuterios satildeo baixos (SEN 2000 p 65)
Para esse autor se devem ponderar preccedilos e custos como paracircmetros de
quanto pode ou natildeo pode o governo gastar Adverte ele ainda que o processo
mediado pelo crescimento econocircmico acarreta em muitas vantagens tanto pelas
condiccedilotildees de investimentos quanto por provisotildees em setores essenciais como
educaccedilatildeo e sauacutede baacutesica
Dessa maneira reiteramos dentro da perspectiva de nossas anaacutelises a
necessidade do empoderamento municipal pois o Estado se consolida como o
principal condutor de processos de desenvolvimento Nessa direccedilatildeo entendemos
que o crescimento econocircmico eacute importante para o desenvolvimento (SACHS 2003
SEN 2000 FURTADO 2008) Natildeo como um fim em si mesmo mas um elemento
estrutural de outros coeficientes (aporte institucional poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas da
sauacutede e educaccedilatildeo e estrateacutegias macro e microeconocircmicas locais para o
desenvolvimento sustentaacutevel) que se materializem em equipamentos propiacutecios agrave
extensatildeo das ―liberdades humanas (SEN 2000)
42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS29
DO MEI NA MRGP
No desenvolvimento local conduzido em especial pelo ―custeio puacuteblico
(SEN 2000) atraveacutes dos governos subnacionais de inferecircncia nas aacutereas da
educaccedilatildeo sauacutede e economia o peso de interferecircncia do processo econocircmico pode
revelar-se como um dos imperativos entre o sucesso ou fracasso das estrateacutegias
adotadas
A conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estrateacutegias setorizadas de apoio agrave
categoria do MEI satildeo definidas com base orccedilamentaacuteria e disponibilidade de recursos
29
Encerramento da inscriccedilatildeo do Cadastro de Pessoa Juriacutedica (fechamento legal da empresa)
84
apropriados para a realizaccedilatildeo Identificamos dentro das estrateacutegias municipais as
salas do empreendedor que fornecem orientaccedilotildees e auxiacutelio na formalizaccedilatildeo de
empresas e empreendedores individuais (EI) que se encontram na informalidade
No graacutefico 4 abaixo observamos o nuacutemero de atendimentos realizados
pelos agentes de desenvolvimento nas salas do empreendedor nos municiacutepios da
MRGP
GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO
EMPREENDEDOR NA MRGP (2015 ndash 2016)
FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
Percebemos o aumento significativo de atendimentos realizados pela ―sala
entre os anos 2015 e 2016 (GRAFICO 4) em Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute
Segundo informaccedilotildees do entrevistado7 em Paranaguaacute a aumento nos atendimentos
eacute proporcional agrave elevaccedilatildeo das formalizaccedilotildees e abaixo (GRAacuteFICO 5) verificamos as
formalizaccedilotildees realizadas nas salas do empreendedor na MRGP
GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS NAS SALAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP
FONTE Salas do empreendedor de Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Paranaguaacute Pontal doParanaacute
Morretes Matinhos
0
50
100
150
200
250
300
350
Morretes Paranaguaacute Pontal do Paranaacute
ano 2015
ano 2016
85
Observamos acima (GRAacuteFICO 5) a reduccedilatildeo de 475 nas formalizaccedilotildees
realizadas pela sala do empreendedor em Pontal do Paranaacute no ano de 2016 em
relaccedilatildeo a 2015 Paranaguaacute ao contraacuterio apresentou percentual positivo de 1133
nas formalizaccedilotildees efetivadas junto agrave sala do empreendedor entre os anos 2015 e
2016
De maneira um tanto preocupante em Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
(GRAacuteFICO 6) constatamos o aumento significativo nas operaccedilotildees de baixa de
inscriccedilatildeo do MEI realizadas pela sala do empreendedor entre os anos de 2015 e
2016 Pontal do Paranaacute apresentou acreacutescimo de 2217 nas baixas de inscriccedilatildeo do
MEI enquanto Paranaguaacute indicou o avanccedilo de 1594 nas baixas da categoria Em
Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo haacute baixas
registradas na sala do empreendedor em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato
com o agente de desenvolvimento
GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI REALIZADAS NAS SAAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP
30
FONTE Salas do empreendedor de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
Ao estabelecermos comparaccedilatildeo entre os graacuteficos (5 e 6) percebemos que
a) No ano de 2015 o nuacutemero de baixas de inscriccedilotildees do MEI registrados na
sala do empreendedor em Paranaguaacute correspondeu a 274 das
30
Em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato com o agente de desenvolvimento em Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo houve baixas registradas nas salas do empreendedor
0
20
40
60
80
100
120
ano 2015
ano 2016
86
formalizaccedilotildees naquele ano No ano de 2016 o nuacutemero de baixas (MEI)
em Paranaguaacute em relaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo correspondeu a 333
Portanto uma elevaccedilatildeo de 59 nas baixas do MEI entre os anos de
2015 e 2016
b) Em Pontal do Paranaacute as baixas do MEI registradas pela sala do
empreendedor em relaccedilatildeo agraves formalizaccedilotildees corresponderam a 116
em 2015 Em 2016 a variaccedilatildeo das baixas na inscriccedilatildeo do MEI em relaccedilatildeo
agraves formalizaccedilotildees atingiu o percentual de 7115 o que corresponde a um
aumento acentuado de 5955 nas baixas de inscriccedilotildees do MEI entre
2015 e 2016
Ao inclinar nossos olhares para os resultados dos graacuteficos (5e 6) veremos
expressiva diferenccedila na sustentabilidade do MEI entre os municiacutepios de Pontal do
Paranaacute e Paranaguaacute Isso nos remete a uma questatildeo como explicar o significativo
nuacutemero de baixas na inscriccedilatildeo do MEI em Pontal do Paranaacute em relaccedilatildeo agrave
Paranaguaacute resultando em dados estatiacutesticos tatildeo diacutespares na sustentabilidade dos
MEI jaacute que os dois municiacutepios possuem em sua maioria dentre algumas accedilotildees
isoladas estrateacutegias planificadas pelo SEBRAE
A resposta a essa questatildeo segundo o entrevistado3 estaacute na sazonalidade
pelo qual estatildeo sujeitos os municiacutepios balneaacuterios da MRGP ndash Matinhos Pontal do
Paranaacute e Guaratuba Esta anaacutelise estaacute sustentada igualmente por Sulzbac
Denardin e Felisbino (2012)
O fato destes enfrentarem a problemaacutetica da sazonalidade de visitaccedilotildees em virtude do lazer de sol e mar define-se a hipoacutetese de que a sazonalidade recorrente da principal atividade econocircmica resulta em instabilidades financeiras tanto as instituiccedilotildees locais como para a proacutepria populaccedilatildeo promovendo adequaccedilotildees dos empreendimentos especialmente no que se refere aos viacutenculos de trabalho Em consequecircncia os empreendimentos formais natildeo encontram suporte financeiro para sua manutenccedilatildeo resultando na criaccedilatildeo de empreendimentos informais que satildeo caracteriacutesticos destes locais (p 109-110)
Na temporada de praia conforme relato do entrevistado3 muitos MEI
transferiram-se ou se formalizam em Pontal do Paranaacute com vistas agrave fiscalizaccedilatildeo
intensa nesse periacuteodo Ao fim do veratildeo muitos vatildeo embora para suas cidades e
datildeo baixas das empresas Outros ―natildeo conseguem sequer pagar o boleto DAS no
final do mecircs (transcriccedilatildeo) com isso acabam por encerrar a microempresa e
87
―sobrevivendo com o que conseguiram juntar no veratildeo (transcriccedilatildeo) concorrendo
para o nuacutemero expressivo de baixas em janeiro e fevereiro de cada ano
Monteiro (2013b) acentua sobre a sazonalidade nos municiacutepios da
plataforma no Paranaacute e a variaccedilatildeo populacional decorrente do veratildeo e de alguns
feriados Para esse fato ele denomina de ―As meias cidades do litoral paranaense
(p 5)
[] as cidades do litoral transformam-se acentuadamente literalmente da noite para o dia quando chegam as pessoas para as festas de fim de ano e feacuterias de veratildeo Boa parte dos domiciacutelios vagos satildeo ocupados muitos com concentraccedilatildeo de mais de 4 pessoas por cocircmodo (MONTEIRO 2013b p 5)
A sazonalidade eacute um imperativo importante na observaccedilatildeo das baixas dos
MEI apoacutes a temporada de veratildeo Por outro lado destacamos uma variaacutevel
dependente que eacute a formaccedilatildeo da dinacircmica do mercado local em participar e
introduzir certa sustentabilidade das empresas atraveacutes de variaacuteveis como a da oferta
de trabalho aumento de consumo cooperaccedilatildeo entre as empresas locais entre
outras
Dessa maneira as empresas inclusas em um sistema de mercado
fortalecido onde a capacidade de gerar riqueza seja mais sustentaacutevel tecircm mais
possibilidades de prosperar e manter suas atividades Portanto um mercado ativo
comumente tem respaldo do poder puacuteblico local e as micro e pequenas empresas
que surgem em meio a essa dinacircmica requerem estrateacutegias definidas com vistas a
competirem no mercado aberto
Podemos discorrer na perspectiva de Sachs (2003) e Sen (2000) que aleacutem
de fomentar a formalizaccedilatildeo de micro pequenos e meacutedios empreendimentos dado a
―cobertura social para os trabalhadores (SACHS 2003 p113) ndash na visatildeo desse
autor a principal vantagem ndash eacute necessaacuterio expandir formas de adequaccedilatildeo agrave
sustentabilidade dessas empresas uma vez que lanccediladas no mercado aberto satildeo
incapazes de competir com empresas maiores e ampliar sua estrutura
A mortalidade nessa competiccedilatildeo em condiccedilotildees de inferioridade eacute elevada para os micro e pequenos empreendimentos Nuacutemeros do SEBRAE apontam para taxas de 32 de fechamento em menos de um ano 44 em menos de dois anos 56 em menos de trecircs 66em menos de quatro e 71 em menos de cinco (SACHS 2003 p 35)
Como analisa Sachs (2003) os pequenos e meacutedios empreendimentos natildeo
tecircm como sobreviver no mercado aberto dado a baixa capacidade de produzir em
88
condiccedilotildees desiguais No questionaacuterio aplicado ao MEI veremos algumas barreiras
que acentuam essas desigualdades
43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO
O questionaacuterio31 elaborado para o MEI e aplicado nos municiacutepios de
Matinhos Guaratuba Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute foi um instrumento que
permitiu ilustrar uma realidade da categoria MEI frente aos desafios enfrentados no
decorrer da sua formalizaccedilatildeo na mesma medida em que possibilitou compreender
um pouco a realidade concreta desses trabalhadores exposta pelas suas opiniotildees
suas respostas objetivas e por vezes subjetivas Ou seja uma fonte de
―informaccedilotildees vivas (RAYNAUT C et al 2002)
No mesmo sentido a anaacutelise dos dados tornou-se importante posto que
buscamos compreender a aproximaccedilatildeo entre alguns mecanismos de apoio ao MEI
descritos na Lei Geral (12308) e o Acesso em a esses mecanismos pelo puacuteblico
alvo
O questionaacuterio procurou coletar dados dos microemprendedores individuais
segundo atividade econocircmica tempo de atuaccedilatildeo no mercado formalizado renda
bruta participaccedilatildeo em compras puacuteblicas local da atividade econocircmica quanto agrave
capacitaccedilatildeo e consultoria entre outros
O questionaacuterio foi aplicado a trinta microemreendedores individuais
Natildeo houve classificaccedilatildeo especiacutefica para a escolha dos entrevistados na
aplicaccedilatildeo do questionaacuterio O que se propocircs a fazer foi deslocar ateacute o local de
trabalho do MEI e aplicar o questionaacuterio em meio agraves suas atividades Esta teacutecnica
possibilitou observar a estrutura do estabelecimento e dialogarmos diretamente com
o microempreendedor individual sobre suas dificuldades e avanccedilos apoacutes a
formalizaccedilatildeo Alguns MEI foram pouco receptivos a participar do questionaacuterio mas a
maioria se sentiu muito a vontade em responder as perguntas
431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral
do Paranaacute
31
O formulaacuterio aplicado ao MEI encontra-se nos anexos dessa dissertaccedilatildeo
89
Veremos abaixo (GRAacuteFICO 7) que a maior parte dos MEI respondentes
(n=24) estaacute alocada nos setores de serviccedilos e comeacutercio Doze (n=12) exercem suas
atividades no setor de prestaccedilatildeo de serviccedilos (informaacutetica conserto de bicicleta
eletrocircnica cabeleireira sapateiro) e doze (n=12) pertencem ao comeacutercio (papelaria
armarinho produtos de limpeza pet shop loja de roupas comeacutercio de artigos de
praia entre outros) Dos respondentes trecircs (n=3) exercem suas atividades na aacuterea
da cultura
GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE ECONOcircMICA ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Na observaccedilatildeo dos dados percebemos a maior concentraccedilatildeo da atividade
econocircmicano setor terciaacuterio Esta anaacutelise jaacute foi descrita por Superville e Quintildeones
(2000) Barbosa (2007) no qual concluiacuteram que o trabalhador fabril foi deslocado
para este setor passando ser um trabalhador de serviccedilos
Os empreendedores na perspectiva de Nassif et al (2014) apresentam
uma variaccedilatildeo de caracteriacutesticas como a criatividade flexibilidade autonomia e ideias
para inovar Poreacutem tal como notamos anteriormente as oportunidades de produzir
bens e serviccedilos satildeo frequentemente diferentes tanto pela capacidade de
investimento em tecnologia e informaccedilatildeo tanto pela expectativa de uma formaccedilatildeo
bruta de capital Ao analisarmos a capacidade estrutural dos MEI (condiccedilotildees
econocircmicas e de compreensatildeo de mercado) percebemos o distanciamento
(desconhecimento) dos instrumentos geradores de seu desenvolvimento previstos
em lei Os instrumentos descritos na Lei Geral (12306) podem facilitar e auxiliar na
Comeacutercio reparaccedilatildeo deveiacutec automotores emotocicleta
Outras atividades eserviccedilos
educaccedilatildeo
cultura
construccedilatildeo
natildeo respondeu
90
melhoria dos negoacutecios e desencadear um processo de desenvolvimento Na
percepccedilatildeo de Pochmann ( 2004) Sen (2000) Sachs (2003) o desenvolvimento eacute
associado simultaneamente ao crescimento econocircmico com o fortalecimento da
capacidade de produccedilatildeoacumulaccedilatildeo e pela ampliaccedilatildeo das liberdades substantivas
432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute
No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 8) percebemos a quantidade de anos
formalizados dos MEI respondentes
GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30)
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Observamos que dos respondentes 09 (nove) estatildeo formalizados haacute um
ano o que configura como a maioria dos microemperendedores formalizados
Percebemos uma reduccedilatildeo no nuacutemero de empreendimentos entre cinco e onze anos
de funcionamento
No primeiro ano de funcionamento conforme os dados acima (GRAacuteFICO 8)
dos microempreendimentos seis (n=6) desenvolvem suas atividades no comeacutercio e
dois(n=2) suas atividades estatildeo relacionadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos
Sachs (2003) ao analisar dados do SEBRAE nos diz que em menos de cinco
anos 71 das micro e pequenas empresas fecham as portas o que demonstra em
sua perspectiva e de Sen (2000) aleacutem da fragilidade dessa categoria existe a falta
de instrumentalizaccedilatildeo e praacuteticas dos mecanismos existentes para manter os
microempreendedores na formalidade e provocar a ruptura desse quadro
0
5
10
15
20
25
30
ateacute 1ano
ateacute 2anos
ateacute 3anos
ateacute 4anos
ateacute 5 ateacute 6anos
ateacute 8anos
ateacute 11anos
()
anos de formalizaccedilatildeo
91
O aumento ou a diminuiccedilatildeo gradual das formalizaccedilotildees de micro e pequenos
empreendimentos na MRGP assim como o fortalecimento desses empreendedores
pode representar indicativos do respaldo dado pelas estrateacutegias e accedilotildees colocadas
em praacutetica com base na Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo observando que
O principal objetivo das poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave consolidaccedilatildeo das MPE deve estar em assisti-las no desenvolvimento de uma competitividade genuiacutena que lhes permita aumentar gradualmente os salaacuterios estar em dia com os encargos sociais e impostos superar o imediatismo e adquirir uma perspectiva de longo prazo na gestatildeo do negoacutecio e na previsatildeo de investimentos (SACHS 2003 p 35)
Desse modo as estrateacutegias devem superar as circunstacircncias especiacuteficas de
processos burocraacuteticos ligados agrave formalizaccedilatildeo e sim expandir suas accedilotildees de
maneira que as MPE possam adquirir autonomia sustentaacutevel e desempenhar um
papel relevante na economia local
Observamos que Sachs (2003) alertava para as principais dificuldades
encontradas no desenvolvimento das MPE ―Acesso em ao creacutedito ao mercado agrave
miacutedia ao poder puacuteblico agrave classe poliacutetica e especialmente agrave tecnologia e ao
conhecimento [] (idem p 113) A falta de Acesso em a esses instrumentos
importantes restringe a capacidade de ampliaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo
(tecnologia de gestatildeo lucratividade rentabilidade) quanto ao de arranjos produtivos
locais
Para Albuquerque e Zapata (2010 p 2016) ―a introduccedilatildeo de inovaccedilotildees
tecnoloacutegicas e o fomento da capacidade empresarial e organizativa nos diferentes
acircmbitos territoriais satildeo variaacuteveis estrateacutegicas da poliacutetica de desenvolvimento e
podem possibilitar a reversatildeo ou minimizar as assimetrias do mercado resultantes
da competitividade desigual
434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP
Ao analisar o graacutefico baixo (GRAacuteFICO 9) observamos que vinte e trecircs
(n=23) dos respondentes disseram natildeo ter ou natildeo tiveram relaccedilotildees comerciais com
o municiacutepio Certamente que boa parte dos entrevistados natildeo possui caracteriacutesticas
comerciais para fornecer ao poder puacuteblico no entanto alguns setores dentre os
quais educaccedilatildeo eletrocircnica informaacutetica incluso nos tracircmites legais podem fornecer
92
serviccedilos para o municiacutepio No setor de comeacutercio papelarias e loja de materiais de
limpeza tecircm a possibilidade de fornecimento na compra direta dispensada de
licitaccedilatildeo descrita nos art 23 e 24 da Lei 86661993 Da mesma forma no setor de
serviccedilos observado as normas juriacutedicas
GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA MRGP (N=30)
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Nas licitaccedilotildees muitos respondentes (n=23) disseram natildeo manter relaccedilotildees
comerciais com o poder puacuteblico e desconhecem o funcionamento para participar do
processo O que denota a pouca extensatildeo de estrateacutegias como o Programa
―Compras Paranaacute Esse programa tem como foco otimizar o processo de licitaccedilatildeo
para empresas locais Propicia no mesmo sentido a capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios
puacuteblicos nesse processo e a capacitaccedilatildeo de fornecedores que desejam participar de
licitaccedilotildees
Para tanto na compra puacuteblica eacute indispensaacutevel a orientaccedilatildeo em licitaccedilotildees que
possam ser direcionadas agraves micro e pequenas empresas locais da regiatildeo Mas para
isso o setor puacuteblico tem que estar bem preparado assim como o empresariado local
para estabelecer a conexatildeo Segundo o entrevistado4 esta eacute uma condiccedilatildeo iacutempar no
sentido do desenvolvimento empresarial localizado
Ressaltamos que as compras puacuteblicas ou contrataccedilotildees puacuteblicas podem
conduzir e inserir os micro e pequenos empreendimentos no mercado uma vez que
a esfera puacuteblica constitui um mercado estaacutevel de relaccedilotildees comerciais quase sempre
sim
natildeo
natildeo respondeu
93
em ampliaccedilatildeo O capiacutetulo V da LC 12306 alterado pela 14714 descreve sobre os
criteacuterios a serem adotados em favorecimento agraves MPE quanto ao Acesso em ao
mercado destacando as compras e contrataccedilotildees puacuteblicas e sobre o processo de
licitaccedilatildeo
Segundo o SEBRAE 76 das MPE de Paranaguaacute natildeo participaram em
processos de compras puacuteblicas entre os anos de 2011-2014 Dessas empresas
55 desconhecem as oportunidades para comercializar com governoempresas
estatais Nesse sentido a pouca eou dificultosa informaccedilatildeo fornecida para o MEI
quanto aos serviccedilos disponibilizados pelo municiacutepio e sobre os instrumentos de
regulamentaccedilatildeo e direitos a Acesso ems facilitados dispostos na Lei Geral (12306)
poderia ser revertida pela divulgaccedilatildeo nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo locais - jornais
circulantes nos municiacutepios raacutedios comunitaacuterias por exemplo aleacutem dos oficiais ndash
relativo aos direitos e obrigaccedilotildees do MEI incorporado agrave sua formalizaccedilatildeo com o
propoacutesito de inseri-lo no mercado (trabalho) sua expansatildeo e sustentabilidade
Em Pontal do Paranaacute o secretaacuterio de desenvolvimento afirma que o
municiacutepio estaacute se empenhando para que as empresas locais inclusive o MEI
participem das licitaccedilotildees Para isso segundo ele a prefeitura se adequou a LC
14714 no sentido de que uma licitaccedilatildeo de determinado valor seja dividida para
facilitar o Acesso em dos microempreendedores observando igualmente a
possibilidade de pagamento de 10 a mais do valor miacutenimo para o MEI Essas satildeo
adequaccedilotildees importantes adotadas por Pontal do Paranaacute atraveacutes do Concelho
Gestor Municipal (CGM) Comenta o E8 sobre o CGM
Uniu mais a populaccedilatildeo agrave prefeitura uniu mais o microempreendedor a vender para a prefeitura Natildeo tinha ningueacutem vendendo pocirc Natildeo tinha ningueacutem fornecendo pra prefeitura Hoje noacutes temos o pequeno e microempresaacuterio fornecendo pra prefeitura Uniu os benefiacutecios e os trouxe pra prefeitura e pra comunidade neacute Um dinheiro pra circular aqui dentro e natildeo ir pra fora Por exemplo uma licitaccedilatildeo que era de ―x valor noacutes fomos quebrando ela em quatro ou cinco vezes para dar preferecircncia para o povo daqui Uma licitaccedilatildeo que era de R$ 10000000 noacutes fizemos quatro de 25 dividimosah compra o caderno de um laacutepis do outro caneta de outro Dividimos pra que o povo daqui participasse E deu certo Essa foi uma grande evoluccedilatildeo do Comitecirc Gestor (transcriccedilatildeo) (entrevistado8)
O conhecimento das bases legais de funcionamento da categoria no nosso
entendimento a ampliaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo para lidar com o mercado e a
aproximaccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados tanto pelo setor puacuteblico quanto pelo
94
setor privado poderaacute produzir em curto prazo impactos positivos no
desenvolvimento do MEI dentro da economia de mercado
Todavia o municiacutepio de Guaratuba ainda natildeo adaptou integralmente a LC
12306 e sua alteraccedilatildeo LC 1472014 ao seu modelo de gestatildeo pois os MEI que
participaram da pesquisa (Guaratuba) relataram que o municiacutepio cobra por taxas de
alvaraacute de funcionamento32 O municiacutepio isenta esse custo somente no primeiro ano
de abertura do micro negoacutecio contrariando dessa forma o disposto no art 4ordm sect3ordm
da LC 1472014
[] ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (grifo nosso)
O apoio ao MEI eacute fundamental pois esse tecido empresarial (MPE)
segundo autores como Sachs (2003) Albuquerque e Zapata (2010) e Sen (2000)
respondem por boa parte dos empregos e da renda da populaccedilatildeo Para o SEBRAE
(2014) 52 dos empregos formais no Brasil estatildeo nas micro e pequenas
empresas o que corresponde agrave significativa importacircncia dessa categoria
empresarial no desenvolvimento da economia brasileira
As observaccedilotildees e alteraccedilotildees contidas na LC 14714 representam avanccedilos
significativos na perspectiva do desenvolvimento dando maior envergadura social agrave
LC 12306 Esse dispositivo legal possui impacto positivo fundamental para
aumentar as oportunidades do MEI a se manter na formalidade pela inovaccedilatildeo na
reduccedilatildeo de barreiras de Acesso em ao mercado e agrave competitividade
Dentre os principais dispositivos contidos na LC 14714 incorporados a
outras ferramentas descritas na LC 12808 estatildeo
a Tributaccedilatildeo reduccedilatildeo a zero dos custos para o MEI (art 4ordmsect 1ordm e sect 3ordm)
b Desburocratizaccedilatildeo tratamento diferenciado pelos optantes do Simples
Nacional Cadastro uacutenico do CNPJ dispensados os demais cadastros
estaduais e municipais (art 1ordm inciso 4ordm)
32
Essa informaccedilatildeo foi confirmada pelo setor de fiscalizaccedilatildeo do municiacutepio de Guaratuba
95
A debilidade de uma microempresa ou ateacute a sua falecircncia pode acarretar
natildeo somente numa estatiacutestica de dados econocircmicos mas em resultados
socialmente negativos A microempresa eacute o trabalho do MEI seu sustento e de sua
famiacutelia suas necessidades baacutesicas satildeo satisfeitas atraveacutes de seu trabalho que eacute o
substrato da sua dignidade
O trabalho eacute uma dimensatildeo da vida essencial para a realizaccedilatildeo da humanidade lembra Joatildeo Paulo II na enciacuteclica Laboren Exercens A enciacuteclica papal observa que o valor do trabalho localiza-se na pessoa que o realiza natildeo podendo portanto ser compreendido como uma forccedila anocircnima de produccedilatildeo com o trabalhador equiparado a mero instrumento a serviccedilo do capital (BROM 2006 p 55)
Outra ferramenta possiacutevel associada a outros dispositivos que convertam no
fomento dos micro e pequenos empreendimentos eacute o Acesso em ao creacutedito como
forma de capital gerador de expansatildeo econocircmica assinalado por Sachs (2003) Sen
(2000)
435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute
O capiacutetulo IX da LC 12306 introduz na legislaccedilatildeo brasileira em
consonacircncia com o art 170 e 179 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 dispositivos
essenciais ao estiacutemulo ao creacutedito e ao microcreacutedito para micro e pequenas
empresas abrindo espaccedilo para inauguraccedilatildeo de formas e metodologias especiacuteficas
externas ao sistema creditiacutecio convencional o que caracteriza a concepccedilatildeo de
universalizar o creacutedito
Segundo a legislaccedilatildeo pertinente o sistema de creacutedito brasileiro deveraacute criar
linhas especiais de creacutedito a atender a demanda dos micro e pequenos
empreendimentos ―[] objetivando a reduccedilatildeo do custo de transaccedilatildeo a elevaccedilatildeo da
eficiecircncia alocativa o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto
informacional [] (LC 15516 art 57)
A posiccedilatildeo do sistema puacuteblico de creacutedito facilitado eacute fundamental na
intervenccedilatildeo do creacutedito frente ao sistema aberto convencional Atraveacutes do sistema
creditiacutecio com vinculaccedilatildeo federal ndash Caixa Econocircmica Federal (CEF) Banco Nacional
de Desenvolvimento Social (BNDES) Banco do Brasil (BB) (art 58 LC 15516) - e
dos bancos comerciais puacuteblicos estaduais abre-se espaccedilo para a inclusatildeo no
sistema de creacutedito agraves pessoas que natildeo possuiacuteam Acesso em ao serviccedilo Dessa
96
forma os bancos comerciais puacuteblicos passam a ser considerados atores importantes
nas poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento posto seu ponto estrateacutegico na alocaccedilatildeo
de creacutedito caracterizado como insumo necessaacuterio agrave ampliaccedilatildeo das oportunidades e
expansatildeo econocircmicas
A CEF o BB ndash entidades federalizadas ndash e o Fomento Paranaacute ndash entidade
estadual - satildeo os principais atores dentro da poliacutetica de Acesso em ao sistema de
creacutedito e microcreacutedito que atuam diretamente na MRGP
O art 62 da PLC 12306 a exemplo orienta o Banco Central a intervir na
ampliaccedilatildeo e facilidades agraves linhas de creacuteditos para os MEI e MPE que em
contrapartida estimularia a competiccedilatildeo bancaacuteria A disponibilizaccedilatildeo e a facilitaccedilatildeo
ao creacutedito ou ao microcreacutedito por instituiccedilotildees financeiras privadas ou estatais como
o banco do Brasil (BB) o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) pela Caixa
Econocircmica Federal33 (CEF) e outras instituiccedilotildees financeiras alinhadas ao
microcreacutedito estaacute respaldada no sect2o do art62 e nos art 57 58 59 e 60 da
supracitada PLC bem como na Lei federal 111102005 Esta institui o Programa
Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO) ―com o objetivo de incentivar
a geraccedilatildeo de trabalho e renda entre os microempreendedores populares (BRASIL
2005)34
O microcreacutedito segundo o SEBRAE consiste no fornecimento de creacutedito
aos microempreendedores que natildeo possuem Acesso em ao sistema financeiro
tradicional e estaacute inserido no contexto da microfinanccedila destinado agraves pessoas de
baixa renda Ainda segundo o SEBRAE suas principais caracteriacutesticas satildeo
A) ausecircncia de garantias reais jaacute que a maioria das transaccedilotildees tem como garantia o aval solidaacuterio b) Concessatildeo de creacutedito aacutegil e adequado ao ciclo de negoacutecios do empreendimento c) Baixo custo de transaccedilatildeo devido agrave proximidade entre a instituiccedilatildeo e o tomador dos empreacutestimos e agrave inexistecircncia de burocracia d) Accedilatildeo econocircmica com forte impacto social na comunidade e) Elevado custo operacional para a instituiccedilatildeo fornecedora dos recursos f) Metodologia especiacutefica que consiste na concessatildeo assistida do creacutedito (wwwsebraecombr)
O SEBRAE (2012) evidenciou que no Brasil em 2011 12 dos MEI
buscaram linhas de creacutedito em instituiccedilotildees financeiras e 88 natildeo recorreram ao
33
Os encargos da Caixa Econocircmica Federal constituem 1) taxa de juros 295 ao mecircs 2) taxa de abertura de creacutedito (TAC) 3 do valor do contrato 3) Aliacutequota zero sobre o Imposto sobre Operaccedilotildees de Creacutedito (IOF) 34
O BNDES proporciona um creacutedito de ateacute R$ 2000000 por cliente o Banco do Brasil R$ 1500000 (ateacute a data desse trabalho)
97
creacutedito Desses MEI 43 obtiveram empreacutestimos e 57 natildeo conseguiram
formalizar o empreacutestimo Em 2012 10 recorreram ao creacutedito sendo que 52
desses obtiveram empreacutestimos e 48 natildeo conseguiram o financiamento Em 2015
84 dos MEI natildeo procurou obter empreacutestimo junto agraves instituiccedilotildees financeiras Dos
16 que recorreram ao creacutedito 55 conseguiram o empreacutestimo e 45 natildeo
efetivaram o creacutedito
Entre os anos de 2011 e 2015 como aponta o SEBRAE houve decreacutescimo
de trecircs pontos percentuais pelos MEIS na taxa de procura por financiamentos junto
agraves instituiccedilotildees financeiras Sendo que as instituiccedilotildees puacuteblicas representam uma
parcela significativa na procura por empreacutestimos pelos Microempreendedores
individuais
Como podemos observar (TABELA 11) entre os anos 2011 e 2015 houve
reduccedilatildeo na taxa de procura entre os dois anos mas a reduccedilatildeo foi mais expressiva
na taxa de aprovaccedilatildeo Isso estaacute relacionado agraves medidas mais restritivas de creacutedito
do ano de 2015 que afetaram a poliacutetica de fomento aos MEI como aos demais
empreendedores
TABELA 11 - PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)
INSTITUICcedilAtildeO DE CREacuteDITO
PROCURA POR EMPREacuteSTIMO ()
EMPREacuteSTIMO APROVADO ()
2011 2015 2011 2015
Instituiccedilotildees Financeiras Puacuteblicas 68 67 00 44 Instituiccedilotildees Privadas 27 0 22 49 Cooperativas de creacutedito 4 6 99 42
FONTE SEBRAE (20122015)
Todavia alguns dispositivos de apoio e estiacutemulos a essas categorias
empresariais descritos nas LC 12306 e LC 12808 tais como baixa tributaccedilatildeo
programas de capacitaccedilatildeo e mesmo o Acesso em ao creacutedito a exemplo que
estimulem o seu desenvolvimento seratildeo analisadas posteriormente quando
abordarmos a MRGP
O microcreacutedito produtivo consiste numa ferramenta utilizada em muitos
paiacuteses como estrateacutegia de reduccedilatildeo da pobreza na promoccedilatildeo de emprego e renda e
na consolidaccedilatildeo do aumento da capacidade produtiva de microempreendimentos
aleacutem de favorecer condiccedilotildees a melhoria de vida das pessoas mais empobrecidas e
socialmente vulneraacuteveis (PEREIRA 2006 BARONE et al 2002)
98
O microcreacutedito democratiza o Acesso em ao creacutedito fundamental para a vida moderna do qual grande parte dos brasileiros estaacute excluiacuteda A disponibilidade de creacutedito para empreendedores de baixa renda capazes de transformaacute-lo em riquezas para eles proacuteprios e para o paiacutes faz do microcreacutedito parte importante das poliacuteticas de desenvolvimento (BARONE et al 2002 p 11)
No Brasil o microcreacutedito eacute regulamentado e normatizado pela Lei
111102005 que institui o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado
(PNMPO) e ―tem por finalidade especiacutefica disponibilizar recursos para o microcreacutedito
produtivo orientado (Lei 111102005 art 1ordm sect 2ordm)
O microcreacutedito produtivo orientado segundo Barone et al (2002) possui
efeito positivo junto aos tomadores de financiamento no sentido de melhoria das
condiccedilotildees habitacionais de sauacutede e alimentares da expectativa da restituiccedilatildeo da
cidadania e da auto-estima aleacutem da geraccedilatildeo de emprego e renda das famiacutelias que
fazem o uso desse instrumento
Tal posicionamento eacute defendido por Pereira (2005) posto os resultados
empiacutericos obtidos em estudos realizados no Centro de Apoio de Pequenos
Empreendimentos no Estado da Paraiacuteba (CEAPEPB) em 2005 Em suas anaacutelises
ela concluiu que o microcreacutedito proporciona a expansatildeo do ativo circulante35 e do
patrimocircnio liacutequido tendo peso significativo na consolidaccedilatildeo dos empreendimentos
(PEREIRA 2005 p 78) Percebe-se dessa maneira o impacto positivo do
microcreacutedito em paracircmetros econocircmicos aleacutem de ser uma ferramenta de
intervenccedilatildeo na exclusatildeo social Entretanto a situaccedilatildeo na MRGP apresenta um
quadro criticamente diverso A tabela abaixo (TABELA 12) expressa a regressatildeo
significativa das transaccedilotildees de creacutedito pela CEF na MRGP entre os anos 2015 e
2016
TABELA 12 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS NA MRGP CEDIDOS
PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS MPE (2015-2016)
ANO TOTAL DE CONTRATOS VALOR TATOAL (R$)
2015 13909 3759861821
2016 2756 795389276
FONTE CONTROLADORIA GERAL DA UNIAtildeO ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIA
35
O ativo circulante compreende o dinheiro em caixa os saldos bancaacuterios e todos os valores que podem ser convertidos em dinheiro imediatamente (SANDRONI 1999)
99
A diminuiccedilatildeo nos financiamentos estaacute atrelada em parte pelo baixo
desempenho da economia e por outro lado a forte restriccedilatildeo do sistema bancaacuterio no
processo de seletividade para o creacutedito Para o entrevistado3
Existe um preconceito muito grande seja por parte de associaccedilotildees seja por parte de instituiccedilotildees financeiras neacute Porque o MEI eacute um risco Como que eacute avaliado Ah ele eacute pequenininho Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar a mensalidade Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar um financiamento Eu vejo isso como um preconceito Mas eu natildeo tiro toda razatildeo da parte financeira (transcriccedilatildeo) (entrevistado3)
Notemos que o nuacutemero de contratantes (TABELA 12) em 2015 em relaccedilatildeo
ao nuacutemero de MPE na MRGP (TABELA 13) abaixo atingiu o percentual de 4487
No ano seguinte (2016) esse percentual reduziu sensivelmente para 814
TABELA 13 - NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016)
FONTE EMPRESOcircMETRO
Ainda na comparaccedilatildeo entre os dados expressos acima (TABELAS 12 e 13)
percebemos que a retraccedilatildeo nos contratos de financiamentos representou um
decreacutescimo de 2115 de ativos circulantes das MPE na MRGP o que compromete
o desenvolvimento tendo em vista que em meacutedia 95 das empresas da regiatildeo satildeo
MPE (Empresocircmetro) e geram empregos renda e tem forte impacto na produccedilatildeo de
riqueza em seus municiacutepios
Partindo das anaacutelises de Kohler (2010) observamos que o aumento da
atividade econocircmica requer a expansatildeo da capacidade de investimento o qual ele
denomina de ―investimento produtivo O investimento produtivo na concepccedilatildeo do
MUNICIacutePIO Nordm MPE
2015 2016
Antonina 1453 1581
Guaraqueccedilaba 358 400
Guaratuba 3913 4333
Matinhos 4138 4716
Morretes 1559 1703
Paranaguaacute 13612 14728
Pontal do Paranaacute 3929 4372
TOTAL 30977 33849
100
autor eacute um elemento importante na produccedilatildeo de riqueza local pois se materializa
em uma variaacutevel ex ante a poupanccedila produtiva resultado da riqueza gerada
Tratando-se do MEI as condiccedilotildees de alocaccedilatildeo de ―investimentos
produtivos- aquisiccedilatildeo de tecnologias maacutequinas estoque ndash podem ser referenciadas
na Lei Geral atraveacutes do estiacutemulo ao creacutedito
Magalhatildees Junior (2016) ao analisar o impacto dos micro - financiamentos
realizados nos municiacutepios paranaenses atraveacutes do Programa Banco do
Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) concluiu que a adiccedilatildeo em meacutedia de 1
nos contratos de microcreacutedito junto ao Programa Banco Empreendedor Paranaacute
possibilitou o aumento da capacidade econocircmica dos municiacutepios participantes em
032 entre os anos 2010 e 2013
Os dados abaixo (TABELA 14) demonstram o nuacutemero de contratos
creditiacutecios firmados com o MEI na MRGP junto ao Fomento Paranaacute entre os anos
2014 ndash 2016 Observamos ainda a elevaccedilatildeo de 400 no nuacutemero de financiamentos
entre os anos 2015 ndash 2016 ao contraacuterio dos bancos puacuteblicos federalizados que
manifestaram reduccedilatildeo nos contratos
TABELA 14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016)
MUNICIacutePIO Nordm DE FINANCIAMENTOS
2014 2015 2016
Antonina 3 3 4
Guaraqueccedilaba
6
Guaratuba 5
Matinhos 4
12
Morretes 10 3 12
Pontal do Paranaacute
7
TOTAL 29 9 45
FONTE FOMENTO PARANAacute ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIAPR
Mesmo com essa expansatildeo significativa o percentual em relaccedilatildeo ao
nuacutemero de MEI na MRGP eacute pouco expressivo pois representou apenas 038 do
total dos microempreendedores em 2016
Tal qual o nuacutemero de contratos os valores financiados aumentaram
significativamente em 47630 entre os anos 2015 ndash 2016 como demonstrado
101
abaixo (GRAacuteFICO10) Esse percentual segundo um agente representante do
Programa Banco Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) da regiatildeo deve cair
novamente em funccedilatildeo dos municiacutepios do litoral natildeo renovarem os convecircnios com o
banco supracitado
GRAacuteFICO 10- VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP ATRAVEacuteS DO
PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016)
FONTE Fomento Paranaacute ndash elaboraccedilatildeo proacutepria ndash dados obtidos atraveacutes
do Portal da Transparecircncia
Ao analisarmos os dados do graacutefico abaixo sobre o nuacutemero de contratos
firmados junto ao sistema de creacutedito na MRGP pelos respondentes (n=30)
reparamos que vinte e quatro (n=24) dos entrevistados (GRAacuteFICO 11) disseram natildeo
ter contratado financiamentos junto agraves entidades creditiacutecias para expandir seus
negoacutecios e seis (n=6) responderam ter realizado empreacutestimo Dos respondentes que
realizaram financiamentos quatro (n=4) disseram ter utilizado como capital de giro e
dois (n=2) dos respondentes que adquiriram o financiamento relataram que o
utilizaram tanto como capital de giro como para expandir os negoacutecios e na compra
de materiais
R$26674633
R$8176690
R$47121657
2014 2015 2016
Valor contratado (R$)
102
GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Um fato interessante no momento da entrevista eacute que grande parte dos
respondentes natildeo tinha conhecimento sobre essa prerrogativa estabelecida em lei e
nem mesmo disse conhecer as implicaccedilotildees que um financiamento produtivo
empregado de forma adequada pode oferecer para a melhoria das condiccedilotildees dos
microempreendimentos
436 O associativismo e os MEI na MRGP
O associativismo pode ser caracterizado como cooperaccedilatildeo para crescer
juntos Quem se associa usualmente tem objetivos em comum portanto a
cooperaccedilatildeo eacute fundamental ao avanccedilo desses objetivos
Com o escopo de incluir as MPE no processo produtivo competitivo e
saudaacutevel jaacute no art 1ordm inciso III a LC 12306 preceitua como uma das normas
descritas o Acesso em ao associativismo acentuando no capiacutetulo VIII da referida
Lei Geral que a associaccedilatildeo seraacute regulamentada sob a forma de Sociedade de
Propoacutesito Especifico (SPE)36 e ―seraacute constituiacuteda como Sociedade Limitada37 (art 56
sect2ordm inciso VII)
36
Sociedade de Propoacutesito Especiacutefico (SPE) eacute um modelo de organizaccedilatildeo empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anocircnima com um objetivo especiacutefico ―cuja atividade eacute bastante restrita podendo em alguns casos ter prazo de existecircncia determinado normalmente utilizada para isolar o risco financeiro da atividade desenvolvida (SEBRAE)disponiacutevel lthttpwwwbibliotecassebraecombrchronusARQUIVOS_CHRONUSbdsbdsnsff25877ce0f2ecbca17355fc33397deea$File5189pdfgtgt Esta previsatildeo estaacute fundamentada no art 981 do Coacutedigo Civil de 2002 37
Forma societaacuteria com personalidade juriacutedica de participaccedilatildeo definida com base em seu investimento
sim
natildeo
103
Uma associaccedilatildeo tem como objetivo a manutenccedilatildeo e salvaguarda do
interesses de seus associados promovendo permanentemente os lastros de
cooperaccedilatildeo entre eles reconhecendo que para prosperar eacute necessaacuteria adequaccedilatildeo
institucional administrativa e de recursos para adaptaccedilotildees decorrentes de
mudanccedilas em cenaacuterios especiacuteficos (social economia poliacutetica)
Agraves MPE em especial aos microempreendedores individuais as concepccedilotildees
do associativismo satildeo maneiras integradas ao movimento de inclusatildeo dessa
categoria no processo mercantil uma vez que a fragilidade no Acesso em ao
mercado ao creacutedito agraves tecnologias jaacute mencionadas anteriormente as relaccedilotildees
estabelecidas na consolidaccedilatildeo associativa geram possibilidades de surgirem
externalidades tais como conexotildees comerciais fortalecimento econocircmico
benefiacutecios em funccedilatildeo das parcerias com a associaccedilatildeo dentre outras Nessa
perspectiva
o estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo como forma de minimizar as fraquezas estruturais que envolvem os microempreendedores se apoia na perspectiva de que os atores econocircmicos natildeo podem ser tomados como aacutetomos isolados posto que suas accedilotildees dependem de vaacuterias limitaccedilotildees advindas das relaccedilotildees estabelecidas com outras organizaccedilotildees (CERQUEIRA CUNHA MOHR SOUZA ABRAHAO FLEIG 2014 p 739)
Abaixo (GRAacuteFICO 12) estatildeo os resultados sobre a participaccedilatildeo dos
respondentes (n=30) em associaccedilotildees de representaccedilatildeo da categoria Dos
respondentes vinte e oito (n=28) responderam que natildeo satildeo membros de nenhuma
associaccedilatildeo e dois (n=2) decidiram por natildeo responder
GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO REPRESENTANTE DA CATEGORIA
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
sim
natildeo
natildeo respondeu
104
No litoral identificamos (QUADRO 8) as principais entidades representantes
da classe comercial e industrial as quais abrem espaccedilo para o MEI se associar
QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO PARANAacute
ENTIDADE DESCRICcedilAtildeO
ACIG Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Guaratuba
ACIMA Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos
ACIAPAR Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Pontal do Paranaacute
ACIAP Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Paranaguaacute
ACIAM Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agropecuaacuteria de Morretes
AMPEC LITORAL Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do litoral do Paranaacute
FONTE Dados da PesquisaAssociaccedilotildees que possuem mensalidades reduzidas para os MEI
As entidades de classe descritas no quadro acima estatildeo distribuiacutedas em
todo o litoral paranaense mas destacamos a AMPEC por seu aspecto principal que
eacute uma associaccedilatildeo dos micro e pequenos empreendedores do litoral
A ASSOCIACcedilAtildeO teraacute por finalidade congregar as Microempresas Empresas de Pequeno Porte os Empreendedores Individuais e os profissionais autocircnomos formais e informais industriais comerciais agriacutecolas artesatildeos e prestadoras de serviccedilos em forma de associados optantes objetivando a promoccedilatildeo social e econocircmica estimulando o desenvolvimento e defendendo o interesse de seus associados (art 4ordm Estatuto Social AMPEC)
A AMPEC com sede em Pontal do Paranaacute na visatildeo do entrevistado2 eacute
muito importante poreacutem natildeo existe apoio do poder puacuteblico local ou de entidades que
possam contribuir para o desenvolvimento da associaccedilatildeo e de cooperaccedilatildeo conjunta
na composiccedilatildeo de estrateacutegias para aumentar a alocaccedilatildeo de recursos e
acompanhamento teacutecnico para a entidade Dessa forma o isolamento e soacute com a
arrecadaccedilatildeo dos associados natildeo tem como desenvolver accedilotildees para fortalecer a
classe Ateacute mesmo porque a inadimplecircncia segundo o entrevistado2 chega a
6038 Ainda segundo o entrevistado2 a associaccedilatildeo passou por algumas
reformulaccedilotildees administrativas posto problemas internos com respeito a recursos e
endividamento da entidade
38
O valor cobrado de mensalidade do associado eacute de R$1000 mensais (entrevistado2)
105
A AMPEC natildeo consegue atender os empreendedores seus associados Natildeo consegue ver um retorno por parte da AMPEC Nada de concreto Somente criacuteticas por parte da AMPEC [] Normalmente quando vocecirc se associa vocecirc quer crescer junto ou vocecirc tem o retorno Se vocecirc natildeo tem o retorno se vocecirc vecirc que natildeo ta criando natildeo ta juntando por que que vocecirc vai entrar NE Eu penso dessa forma o associativismo(transcriccedilatildeo) (entrevistado3)
Nas anaacutelises descritas por Cunha Mohr Souza Abrahao Fleig (2014) na
discussatildeo sobre as fraquezas e potencialidades da AMPEC o associativismo eacute
apontado como uma alternativa de melhoria das condiccedilotildees do microempreendedor
no litoral paranaense No entanto Como observa o entrevistado3 ―o associativismo
natildeo eacute aceito no litoral por questotildees culturais No sudoeste do Estado a SICREDI e o
SICOOB satildeo mais fortes que o Itauacute e o BB(transcriccedilatildeo)
Algumas estrateacutegias podem ser interessantes para o desenvolvimento do
MEI todavia elas deveriam ser adaptadas agrave realidade local como eacute o caso das
compras puacuteblicas O municiacutepio tem prazo de pagamento ateacute de 90 dias Para alguns
microempreendimentos isso se torna praticamente inviaacutevel 1) pela pouca
disponibilidade de ativos disponiacuteveis o que impossibilita a raacutepida reposiccedilatildeo dos
recursos utilizados 2) pelo fato de muitas empresas e microempreendedores natildeo
distinguirem as despesas da empresa com as da famiacutelia pois a famiacutelia depende
diretamente desses recursos (SACHS 2003)―O MEI eacute muito pequeno neacute Natildeo
consegue concorrer com os maiores Muitos MEI usam de outras atividades pra
completar a renda ou a renda do MEI eacute usada pra complementar (entrevistado2)
(transcriccedilatildeo)
437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI
Albuquerque e Zapata (2010) destacam a importacircncia de adesatildeo dos
governos locais nas poliacuteticas de desenvolvimento pois segundo os autores as
autoridades eleitas ndash municipais e estaduais ndash satildeo elementos chaves no processo
de desenvolvimento local Embora como acentuam os autores o desenvolvimento
dos territoacuterios muitas vezes eacute impulsionado por liacutederes locais (cooperativas
associaccedilotildees) jovens empresaacuterios e entidades natildeo governamentais eacute indispensaacutevel
a integraccedilatildeo dos governos locais agraves iniciativas de desenvolvimento posto que
―podem conferir a essas iniciativas algum caraacuteter institucional (idem p 216)
106
No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 13) estatildeo os resultados sobre o conhecimento
dos respondentes sobre estrateacutegias adotadas pelas prefeituras em apoio ao MEI na
MRGP
GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTODOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Na leitura dos dados acima (GRAacuteFICO 13) verificamos que vinte e dois
(n=22) dos respondentes natildeo sabem informar se as prefeituras possuem accedilotildees de
apoio ao MEI
Observamos durante nossas pesquisas que dos sete municiacutepios da MRGP
cinco esforccedilaram-se em apresentar propostas de fomento das capacidades de
produccedilatildeo do MEI firmando parcerias com entidades importantes no cenaacuterio
econocircmico e de desenvolvimento como eacute o caso do SEBRAE Foram eles
Guaraqueccedilaba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Certamente
como constatado nas pesquisas em alguns casos Morretes e Matinhos naquele
momento pela transiccedilatildeo do chefe do executivo (eleiccedilotildees municipais) pode ter
ocorrido certo abandono das poliacuteticas setorizadas de apoio ao MEI Destacamos
ainda duas circunstacircncias importantes 1) a falta de poliacuteticas de desenvolvimento
local nos municiacutepios do litoral (SEBRAE ndash monitoramento da implementaccedilatildeo da Lei
Geral) 2) ausecircncia de poliacuteticas puacuteblicas que reduzam o imediatismo e infiram metas
0
10
20
30
40
50
60
70
80
compra derodutos e
serviccedilos doMEI
na aquisiccedilatildeode
tecnologias
cursos decapacitaccedilatildeo
processo deformalizaccedilao
natildeo soubeinformar
natildeoresponderam
107
de meacutedio e longo prazo com vistas ao desenvolvimento sustentaacutevel assinalado por
Sachs (2003) e Albuquerque e Zapata (2010)
Os pontos assinalados acima na MRGP obedecem agrave perspectiva no nosso
entendimento das poliacuteticas puacuteblicas por vezes de inclinaccedilatildeo poliacuteticapartidaacuteria
unilateral sem representaccedilatildeo de atores locais externos agrave administraccedilatildeo puacuteblica (top
down) muitas vezes alheias agraves reais necessidades da populaccedilatildeo Geralmente
essas poliacuteticas natildeo satildeo produzidas com implicaccedilotildees de meacutedio e longo prazos mas
ciacuteclicas e temporais permanecendo ateacute o teacutermino da gestatildeo municipal
Em nossas pesquisas observamos ainda que Pontal do Paranaacute eacute um dos
municiacutepios da MRGP com maior maturidade nas concepccedilotildees de desenvolvimento
local posto a extensatildeo de estrateacutegias accedilotildees e programas diversificados de fomento
das MPE em especial agrave categoria especiacutefica do MEI Esta proposta vai ao encontro
das anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2010 p 2018) no sentido de que ―agraves vezes
uma estrateacutegia de desenvolvimento local pode se iniciar a partir da coordenaccedilatildeo
territorial de alguns programas e instrumentos setoriais de fomento definidos de
maneira central
Um ponto central nesse processo como assinalou o entrevistado8 eacute a
capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios efetivos da administraccedilatildeo puacuteblica municipal que atuam
na secretaria e na sala do empreendedor Esta estrateacutegia tem como objetivo dar
continuidade agraves propostas de desenvolvimento local isolando-se do plano partidaacuterio
denotando sentido neutro nas poliacuteticas de desenvolvimento
Na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio percebemos que muitos dos respondentes
como constatado no graacutefico 9 desconhecem as regulamentaccedilotildees que normatizam a
categoria (Leis) os dispositivos legais que favorecem a classe do MEI quanto ao
creacutedito agraves isenccedilotildees agrave licitaccedilatildeo dentre outros instrumentos relacionados agrave sua
inserccedilatildeo e expansatildeo no mercado
Como jaacute mencionado nos municiacutepios de Guaratuba e Antonina natildeo foram
identificadas estrateacutegias de apoio ao MEI por parte do governo local com vistas agrave
inserccedilatildeo no sistema de mercado observados os dispositivos da Lei Geral
Em Guaratuba em 2009 o municiacutepio instituiu a Lei Complementar 042009
sobre o tratamento diferenciado agraves MPE no acircmbito municipal Uma das estrateacutegias
previstas na referida LC de Guaratuba foi a criaccedilatildeo do Comitecirc Gestor Municipal com
o objetivo de acompanhar a implementaccedilatildeo da LC 12306 e suas complementaccedilotildees
108
Poreacutem nas pesquisas de campo em 2016 junto agraves secretarias de
Urbanismo de Infraestrutura e Obras e do Bem Estar e Promoccedilatildeo Social assim
como o entrevistado1 desconheciam a existecircncia e atuaccedilatildeo do citado comitecirc assim
como natildeo souberam informar sobre alguma proposta referida ao MEI
Um dos avanccedilos identificados no processo de desenvolvimento empresarial
de Guaratuba foi a criaccedilatildeo em 2016 de uma agecircncia da Junta Comercial do
Paranaacute firmando parceria com o governo local e com a Associaccedilatildeo Comercial e
industrial de Guaratuba (ACIG)Tal accedilatildeo pode fortalecer o caraacuteter institucional de
poliacuteticas voltadas agraves categoria empresarial e comercial do municiacutepio Destacamos
ainda que esta foi uma accedilatildeo isolada identificada para o desenvolvimento do
ambiente empresarial da cidade
Muito embora a maioria dos municiacutepios da MRGP apresente dificuldades
orccedilamentaacuterias eacute importante frisar que o enquadramento aos dispositivos legais
inseridos na Lei Geral podem ser implantados de maneira gradual vinculados a uma
postura de desenvolvimento integrado e com metas de meacutedio e longo prazos com
provimentos de investimentos que suportem em princiacutepio estrateacutegias e accedilotildees um
pouco mais reduzidas mas no segundo momento podem ser expandidas e
melhoradas encaixadas em novas estrateacutegias e accedilotildees em concepccedilotildees de
―inovaccedilatildeo renovaccedilatildeo e transformaccedilatildeo constantes as quais estatildeo sujeitas qualquer
poliacutetica puacuteblica
438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute
Segundo o SEBRAE (2014) as micro e pequenas empresas em 2011 eram
responsaacuteveis por ―44 dos empregos formais em serviccedilos e aproximadamente 70
dos empregos gerados no comeacutercio (p7)
Nota-se a impressionante importacircncia desse tecido empresarial na economia
do trabalho e sua relevacircncia que pode ser considerada nas poliacuteticas de inclusatildeo
social visto a geraccedilatildeo de emprego e renda e externalidades agregadas como o
combate a miseacuteria e a pobreza extrema aleacutem do aumento da auto-estima e da
manutenccedilatildeo da dignidade das pessoas em funccedilatildeo do trabalho
109
O MEI na forma da lei explicitado no art 18C da LC 12808 poderaacute
contratar um empregado com todos os direitos e deveres atribuiacutedos na
Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT)
Observado o disposto no art 18-A e seus paraacutegrafos desta Lei Complementar poderaacute se enquadrar como MEI o empresaacuterio individual que possua um uacutenico empregado que receba exclusivamente 1 (um) salaacuterio miacutenimo ou o piso salarial da categoria profissional
Ao analisar o graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 14) com base no questionaacuterio
identificamos que dezenove (n=19) dos MEI que participaram do questionaacuterio
responderam que natildeo possuem empregado no exerciacutecio de suas atividades oito
(n=8) responderam que possuem empregado e trecircs (n=3) natildeo responderam agrave
questatildeo
GRAacuteFICO 14 -RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Se por um lado a formalizaccedilatildeo do MEI constitui um avanccedilo no enfrentamento
agrave informalidade do outro lado haacute uma reproduccedilatildeo do processo informal que foge ao
controle da poliacutetica de formalizaccedilatildeo Trabalhadores que satildeo incluiacutedos por uma
poliacutetica que tem esforccedilo em pelo menos reduzir a informalidade contribui em
parte para a precarizaccedilatildeo do trabalho contratando trabalhadores dentro do sistema
informal para exercerem atividades que permanecem fora dos preceitos do trabalho
descente
0
10
20
30
40
50
60
70
sim natildeo natildeo respondeu
110
Nesse sentido sobre os microempreendedores individuais que empregam
constatamos(GRAacuteFICO 15) que dos trabalhadores empregados pelos MEI seis
(n=6) deles exercem suas funccedilotildees na informalidade e dois (n=2) satildeo formalizados
GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E NAtildeO FORMALIZADOS
EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Eacute importante ressaltar que nas observaccedilotildees de campo constatou-se que
333 dos empregados natildeo formalizados (n=2) eram filhos dos MEI respondentes
Dessa forma muitos MEI aleacutem de reproduzir a informalidade com forccedila de trabalho
familiar precarizando em muito as condiccedilotildees do trabalho comprometem o
rendimento escolar de crianccedilas e adolescentes
439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia
Os municiacutepios da MRGP apresentam caracteriacutesticas distintas tanto pela
economia industrial quanto pelas particularidades sazonais dos serviccedilos as quais as
cidades balneaacuterias estatildeo submetidas Segundo Monteiro (2013 p 5) a populaccedilatildeo
total dos trecircs municiacutepios pode aumentar em 400 na temporada de praia
As particularidades sazonais refletem consideravelmente nas economias dos
municiacutepios balneaacuterios pelo aumento do fluxo de pessoas na temporada de veratildeo
0
10
20
30
40
50
60
70
80
natildeo formalizado formalizado
111
responsaacutevel pelo estiacutemulo da economia local impulsionada pelo turismo Destaque
para os setores de serviccedilos e do comeacutercio Com a expansatildeo da economia nesse
periacuteodo (dezembro janeiro e fevereiro) surgem oportunidades de trabalho e renda
para a populaccedilatildeo local e o aumento de volume do comeacutercio e prestaccedilatildeo de serviccedilos
Abaixo (GRAacuteFICO 16) examinamos a renda bruta dos respondentes (n=30)
na temporada de praia e no inverno a partir do questionaacuterio A referecircncia de renda
teraacute como paracircmetro o salaacuterio miacutenimo nacional39
GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Ao observarmos acima (GRAacuteFICO 16) percebemos que dos respondentes
na temporada de praia quatro (n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs
trecircs(n=3) ganham ateacute dois salaacuteriosmecircs sete (n=7) ganham ateacute trecircs salaacuterios sete
(n=7) ganham ateacute quatro salaacuterios sete (n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois
(n=2) ganham mais de cinco salaacuterios por mecircs e fora da temporada de praia quatro
(n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs quatro (n=4) ganham ateacute dois salaacuterios
miacutenimos por mecircs oito (n=8) ateacute trecircs salaacuterios quatro (n=4) ateacute quatro salaacuterios sete
(n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois(n=2) ganham mais de cinco
salaacuteriosUm respondente natildeo se manifestou sobre a renda bruta fora do veratildeo
39
O salaacuterio miacutenimo nacional para o ano 2016 eacute de R$ 88000 tendo como base o Decreto Federal nordm 86182015
0
5
10
15
20
25
30
ateacute 1 ateacute 2 ateacute 3 ateacute 4 mais de4
mais de5
no veratildeono inverno
112
Na demonstraccedilatildeo acima (GRAacuteFICO 16) notamos que cerca de nove(n=9)
dos MEI respondentes possui rendimentos acima de quatro salaacuterios miacutenimos e
quatorze (n=14) possui variaccedilatildeo entre um e trecircs salaacuterios miacutenimos Em 201040 o
rendimento do trabalhador na MRGP era em meacutedia 245 salaacuterios miacutenimos como
indicado abaixo41 (TABELA 15)
TABELA 15 - RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010)
MUNICIacutePIO RENDIMENTO MEacuteDIO EM SALAacuteRIO MIacuteNIMO
Antonina 227
Guaraqueccedilaba 118
Guaratuba 244
Matinhos 278
Morretes 267
Paranaguaacute 304
Pontal do Paranaacute 279
MEacuteDIA 245
FONTE IBGE ndash senso 2010
Se estabelecermos uma comparaccedilatildeo tendo como indicativo de rendimento
do trabalhador o salaacuterio miacutenimo nacional veremos que o MEI categoria de
trabalhador inclusa no sistema previdenciaacuterio (IBGE) 30 dos respondentes possui
renda meacutedia superior agrave verificada em 2010 e 467 dessa categoria permanece
proacuteximo da meacutedia analisada em 2010
4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute
Os artigos 64 e 65 da LC 12306 com base no art 149 da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 reforccedilam a necessidade de articulaccedilatildeo entre as Instituiccedilotildees
Federais de Ensino Superior (IFES) as Instituiccedilotildees Cientiacuteficas e Tecnoloacutegicas (ICT)
e as FundaccedilotildeesInstituiccedilotildees de Apoio (Lei Fed 895894) na implementaccedilatildeo de ―[]
programas especiacuteficos para as microempresas e para as empresas de pequeno
porte [] Os programas possuem objetivos de auxiliar agrave capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e
40
O salaacuterio miacutenimo nacional em 2010 era de R$ 51000 conforme Lei 1225510 41
Utilizamos o paracircmetro de 2010 por conta da escassez de dados econocircmicos atualizados da MRGP
113
treinamento de pessoal assim como dinamizar o processo de inovaccedilatildeo e
estruturaccedilatildeo dessas categorias empresariais
O Sistema S42 a exemplo definido na paacutegina web do Senado Federal como
―Termo que define o conjunto de organizaccedilotildees das entidades corporativas voltadas
para o treinamento profissional assistecircncia social consultoria pesquisa e
assistecircncia teacutecnica que aleacutem de terem seu nome iniciado com a letra S tecircm raiacutezes
comuns e caracteriacutesticas organizacionais similares e dentro de suas competecircncias
―cumpre um papel fundamental na oferta de cursos profissionalizantes em todo o
Brasil Criadas a partir dos anos 1940 as entidades que compotildeem o sistema se
dedicam agrave formaccedilatildeo profissional em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo (induacutestria
comeacutercio agropecuaacuteria entre outras) como indica o site do Governo Federal
Dessa forma com base nas anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2008)
compreendemos que eacute igualmente necessaacuterio para o desenvolvimento e o
incremento das potencialidades estabelecerem o fortalecimento e expansatildeo tanto
das empresas inseridas em arranjos produtivos locais com qualificaccedilatildeo do capital
humano no gerenciamento e gestatildeo dos processos socioeconocircmicos Acesso em
agraves novas tecnologias promovendo a inovaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de produtos e a
conexatildeo em redes de produccedilatildeo e escoamento dos produtos dentro e fora do
territoacuterio quanto agrave otimizaccedilatildeo desses recursos alocados ao desenvolvimento
socioeconocircmico
Para o SEBRAE (2014) em 2011 os pequenos negoacutecios atingiram o
percentual de 27 do PIB brasileiro sendo que as Micro e Pequenas Empresas
respondem por 53 4 da riqueza gerada no setor de serviccedilos
Os dados demonstram a importacircncia de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte inclusive os Microempreendedores Individuais Isoladamente uma empresa representa pouco Mas juntas elas satildeo decisivas para a economia e natildeo se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas (SEBRAE 2014)
Abaixo (GRAacuteFICO 17) demonstra o quantitativo de MEI respondentes ao
questionaacuterio que participaram de cursos de capacitaccedilatildeo
42
A criaccedilatildeo das Instituiccedilotildees do sistema ―S tem como base fundamental o art 149 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e eacute composta pelo Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Comeacutercio (Senac) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Serviccedilo Social do Comeacutercio (Sesc) Serviccedilo Social da Induacutestria (Sesi) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviccedilo Social de Transporte (Sest) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)
114
GRAacuteFICO 17- QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE PARTICIPARAM DE CURSOS DE CAPACITACcedilAtildeO
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Percebemos (GRAacuteFICO 17) que dezessete (n=17) dos respondentes natildeo
participaram de cursos de capacitaccedilatildeo e dez (n=10) responderam que sim Dessa
forma veremos que a maioria dos respondentes se enquadra na perspectiva de
Sachs (2003) sobre a falta de conhecimentos baacutesicos para o desenvolvimento de
suas atividades Ou seja ausecircncia de capacitaccedilatildeo necessaacuteria nos negoacutecios pode se
tornar uma barreira na sustentabilidade do microempreendimento
O principal problema enfrentado pelo MEI eacute a falta de conhecimento de mercado Eles tecircm uma boa intenccedilatildeo mas sem capacidade de gerir o negoacutecio A natildeo ser aquele que jaacute exerce sua profissatildeo e resolve se formalizar Este jaacute conhece os limites do mercado (transcriccedilatildeo) entrevistado1)
Boa parte dos MEI no momento da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio natildeo
expressava desejo em se capacitar ou mesmo participar de qualquer qualificaccedilatildeo
Um dos MEI que respondeu natildeo participar de cursos de capacitaccedilatildeo nos disse se
considerar um ―autodidata e natildeo haveria a necessidade de se capacitar
A capacitaccedilatildeo para agir no mercado aberto eacute um elemento chave como
suporte agrave expansatildeo das capacidades envolvidas em um microempreendimento
posto agrave possibilidade de conhecimento de gestatildeo e financcedilas administraccedilatildeo de
recursos estoque fluxos de mercado e competitividade
participou
natildeo participou
Natildeo respondeu
115
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Iniciamos os trabalhos de pesquisa motivados por investigar como as
organizaccedilotildees puacuteblicas mercado e organizaccedilotildees sociais tecircm constituiacutedo poliacuteticas de
formalizaccedilatildeo do trabalho e como os trabalhadores e essas organizaccedilotildees tecircm
promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual no litoral do
Paranaacute Para tal realizamos estudos sobre as transformaccedilotildees no mundo do trabalho
investigamos a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas enfrentados
pelos trabalhadores informais na regiatildeo Tratando-se de um estudo pioneiro
enfrentamos uma seacuterie de dificuldades para a coleta de dados e entrevistas em um
setor marcado pela precariedade de informaccedilotildees e estudos sistemaacuteticos
Um traccedilo marcante no mercado de trabalho brasileiro eacute informalidade
decorrente das transformaccedilotildees no processo de produccedilatildeo promovidas pelo decliacutenio
da concepccedilatildeo keynesianafordista que culminaram nas modificaccedilotildees das relaccedilotildees
de trabalho e no deslocamento do trabalhador fabril para o setor terciaacuterio
O capitalismo no Brasil como na Ameacuterica Latina tambeacutem denominado de
capitalismo tardio foi fundamentalmente gerado a partir de forccedilas produtivas
exoacutegenas e natildeo da capacidade de produccedilatildeo endoacutegena apesar de grande parte de o
capital cafeeiro brasileiro ter sido convertido em capital industrial O setor industrial
no Brasil se expandiu rapidamente entre a segunda metade da deacutecada de 1950 e da
deacutecada de 1960 convertido por um novo padratildeo tecnoloacutegico e de acumulaccedilatildeo
No litoral paranaense o capitalismo adquiriu caracteriacutesticas diferentes do
restante do Estado como indica a literatura O poacutelo e vetor econocircmico da regiatildeo eacute o
municiacutepio de Paranaguaacute responsaacutevel por boa parte da produccedilatildeo de riquezas na
regiatildeo da geraccedilatildeo de postos de trabalho e renda pois possui o maior nuacutemero de
empresas da regiatildeo Em ponto oposto agrave Paranaguaacute temos o municiacutepio de
Guaraqueccedilaba o mais carente em recursos os quais 93 tem origem em
repasses do Estado e do Governo Federal
Muito embora com potenciais escondidos e pouco explorados passiacuteveis de
impulsionar o desenvolvimento a Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute eacute
considerada uma das menos desenvolvidas do Estado marcada pela ausecircncia de
poliacuteticas de desenvolvimento local altos iacutendices de pobreza e destacadas
desigualdades sociais Segundo a literatura a regiatildeo possui um Niacutevel de
Desenvolvimento Regional (NDR) classificado como Muito Baixo (MB) Ainda
116
segundo a literatura as receitas dos municiacutepios da MRGP possuem enorme
dependecircncia das transferecircncias correntes do Estado e da Uniatildeo demonstrando a
pouca capacidade na geraccedilatildeo de riquezas e de recursos necessaacuterios agrave aplicaccedilatildeo e
melhoria de serviccedilos baacutesicos para a populaccedilatildeo local tais como sauacutede e educaccedilatildeo
Alguns municiacutepios da MRGP aleacutem da dependecircncia das transferecircncias
correntes destinam boa parte de seus recursos a atenderem elites locais em um
cenaacuterio de clientelismo43
Os segmentos da economia no litoral que mais geram empregos formais satildeo
o comeacutercio setor de serviccedilos e administraccedilatildeo puacuteblica seguido modestamente pelo
setor industrial As variaccedilotildees sazonais caracteriacutesticas dos municiacutepios balneaacuterios ndash
Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute ndash produzem efeitos na economia da regiatildeo
que basicamente tem forte presenccedila do comeacutercio e do setor de serviccedilos
aumentando significativamente a oferta precarizada de emprego e renda na
temporada de veratildeo
Os municiacutepios de Guaraqueccedilaba Matinhos Pontal do Paranaacute Morretes e
Paranaguaacute estabeleceram parceria com o SEBRAE com o objetivo de criar
condiccedilotildees para a adaptaccedilatildeo da Lei Complementar 12808 Essa Lei Complementar
eacute uma Poliacutetica Puacuteblica que cria a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual
(MEI) e estabelece criteacuterios de normatizaccedilatildeo da categoria associados a dispositivos
de apoio a esse tecido empresarial
O canal de comunicaccedilatildeo entre as prefeituras e o SEBRAE tem sido a sala
do empreendedor presente nesses municiacutepios Essa foi uma iniciativa adotada para
criar condiccedilotildees de apoio ao microempreendedor individual no sentido de orientaacute-lo
quanto agrave formalizaccedilatildeo aspectos ligados agrave referida LC e promover as bases do
desenvolvimento desse tecido empresarial A sala do empreendedor se constitui em
uma importante ferramenta natildeo soacute de amparo ao empreendedor mas em uacuteltima
anaacutelise em uma estrateacutegia de fomento ao desenvolvimento local posto que aliada
a formalizaccedilatildeo de empreendimentos que atuam na informalidade e de potenciais
empreendedores estaacute o resgate agrave cidadania pelo direito ao trabalho descente e
regularizado
Por outro lado estudos de campo evidenciaram que ao se formalizar e
empregar um terceiro o MEI tende a reproduzir a informalidade pelo trabalho
43
Ver Monteiro (2013b)
117
precarizado pelas excessivas jornadas de trabalho e pela baixa remuneraccedilatildeo De
outra forma o trabalho informal pode se concretizar para muitos trabalhadores na
uacutenica maneira de sobrevivecircncia em um mundo onde haacute decreacutescimo dos postos de
trabalho protegido pelas leis regulatoacuterias e normativas
Um dispositivo importante contido na Lei Geral eacute o Acesso em facilitado ao
microcreacutedito produtivo estendido para o microempreendedor No litoral esta
ferramenta de inclusatildeo e expansatildeo do MEI estaacute pouco explorada considerando a
diminuiccedilatildeo dos financiamentos pela Caixa Econocircmica Federal Em contra partida os
contratos creditiacutecios firmados junto ao Banco Fomento Paranaacute aumentaram nos
uacuteltimos anos mas a sua representatividade ainda eacute pouco expressiva entre os
microempreendimentos no litoral
Ao longo dos estudos verificamos que a Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
MEI eacute uma poliacutetica de longo prazo que coaduna estrateacutegias e accedilotildees de resultados
que podem definir prazos mais longos mas em sentido imediato podem modificar a
vida desses trabalhadores Se de um lado esses trabalhadores encontraram uma
oportunidade de inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal atraveacutes da LC 12808
constituindo seu proacuteprio negoacutecio lutando por uma vida de dignidade atraveacutes de seu
trabalho por outro lado essa classe de trabalhadores representa a forma pela qual
o Estado de maneira ilusoacuteria tenta minimizar os efeitos da exclusatildeo de milhares de
postos de trabalho em funccedilatildeo dos novos padrotildees de produccedilatildeo inseridos na
perspectiva neoliberal que aleacutem do deslocamento forccedilado dos trabalhadores agrave
informalidade produz e reproduz desigualdades sociais e econocircmicas De certa
forma como a literatura indica a LC 12808 pode ser considerada uma ferramenta
utilizada pelo Estado para regulamentar o trabalho precarizado jaacute que as bases
estruturais do desemprego natildeo satildeo atingidas
Nesse contexto observamos o sentido ambivalente da poliacutetica puacuteblica de
formalizaccedilatildeo do MEI que se de um lado o Estado percebe o alastramento da
informalidade e dos efeitos nefastos para milhares de trabalhadores brasileiros e cria
uma poliacutetica puacuteblica para enfrentar esse fenocircmeno de outro lado observamos as
dificuldades dos MEI em empreender em meio a fatores exoacutegenos como retraccedilatildeo
econocircmica e endoacutegenos como a dependecircncia de fatores locais comprometendo os
objetivos da poliacutetica puacuteblica
Os municiacutepios do litoral paranaense em sua maioria carentes de
amadurecimento das concepccedilotildees de desenvolvimento local e de recursos
118
necessaacuterios ao suporte de estrateacutegias que correspondam a uma necessaacuteria
expansatildeo das equidades e das liberdades substantivas de suas populaccedilotildees vecircem
suas capacidades limitadas em funccedilatildeo de uma economia com pouca geraccedilatildeo de
riquezas influindo na baixa tributaccedilatildeo e no alastramento de problemas sociais como
o aumento da ociosidade forccedilada da pobreza da miseacuteria da violecircncia e da
criminalidade
Concluiacutemos que a inclusatildeo social do MEI expresso no art 18E da LC
12808 depende da sua permanecircncia e sustentabilidade entre outras circunstacircncias
aleacutem do ambiente empresarial de negoacutecios do fortalecimento do mercado e da
inclinaccedilatildeo do governo local agraves concepccedilotildees de desenvolvimento Dentro dessa
perspectiva empoderar o governo local se destaca como um dos elementos
fundamentais para o desenvolvimento de poliacuteticas puacuteblicas para o MEI assim como
a preparaccedilatildeo do empresariado local para a diminuiccedilatildeo das assimetrias no ambiente
de negoacutecios
A formalizaccedilatildeo do MEI natildeo eacute um fim em si mas pode ser adequada agraves
realidades locais e suplementada garantindo e expandindo direitos jaacute conquistados
Apesar de alguns avanccedilos que possibilitem os MEI sobreviver em meio a
imensidatildeo de empresas buscando um espaccedilo no mercado em curto prazo se natildeo
intensificarem investimentos para o fortalecimento da categoria presenciaremos o
esgotamento das estrateacutegias que ainda resistem
Esperamos que os estudos que realizamos sobre o MEI no litoral do Paranaacute
sejam o iniacutecio de outras investigaccedilotildees que possibilitem a sistematizaccedilatildeo de
conhecimentos que estatildeo dispersos entre os atores puacuteblicos e privados que
desenvolvem seus esforccedilos para a formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo do MEI Esta aacuterea de
estudos apresenta-se como um desafio em funccedilatildeo da precariedade de informaccedilotildees
para pesquisa todavia por seu caraacuteter inovador configura-se tambeacutem como
oportunidade de desenvolvimento de novos pesquisadores para a produccedilatildeo de
novos arranjos institucionais que permitam aos trabalhadores MEI a sua
formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo no mercado
119
REFEREcircNCIAS
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SUPERVIELLE MARCOS QUINtildeONES MARIELA La instalacioacuten de la flexibilidad en Uruguay Sociologias Porto Alegre ano 2 nordm 4 juldez 2000 p20-6 Disponiacutevel lthttpwwwscielobrpdfgtsocn4socn4a03pdfgt 10 ago 2016 SULZBACH MAYRA TAIZA DENARDIN VALDIR FIGO FELISBINO JANELIZE NASCIMENTO O trabalho em pequenos municiacutepios praianos do Litoral do Paranaacute Plural Revista do Programa de Pos-Graduacao em Sociologia v 1 p 101-132 2012 Disponiacutevel lthttpolivadcwixsitecomsociologiaspluraisespecial-1gt Acesso em06 out 2016 TEIXEIRA ELENALDO CELSO O Papel das Poliacuteticas Puacuteblicas no Desenvolvimento Local e na Transformaccedilatildeo da Realidade Salvador Bahia 2002 lthttpwwwescoladebicicletacombrpoliticaspublicaspdfgtAcesso em 08 abril 2016 TREVISAN EDINEIA DE SOUZA LIMA JANDIR FERRERA DE Crescimento e desigualdade regional no Paranaacute um estudo das disparidades de PIB per capita Revista Ciecircncias Sociais em Perspectiva vol 09 nordm 16 2010 lthttpe-revistaunioestebriacutendexphpccsaemperspectivagt Acesso em 01 jan 2017
130
TURATO EGBERTO RIBEIRO Meacutetodos qualitativos e quantitativos na aacuterea da sauacutede definiccedilotildees diferenccedilas e seus objetos de pesquisa Ver Sauacutede Puacuteblica 2005 39(3) 507-14 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfgtrspv39n324808pdfgt Acesso em 26 jul 2015 TURRA SALATIEL BACcedilO FERNANDA MENDES BEZERRA Identificaccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento regional das microrregiotildees paranaenses por meio da anaacutelise fatorial Revista de Economia v 40 n 1 (ano 38) p 97-114 janabr 2014 Disponiacutevel emlthttprevistasufprbreconomiaarticleviewFile3520524249gt Acesso em 01 out 2016
131
SIacuteTIOS DIGITAIS
lthttpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=410120ampidtema=152ampsearch=parana|antonina|produto-interno-bruto-dos-municipios-2013 lthttpcidadesibgegovbrxtrasperfilphpcodmun=410960 lthttpwwwipardesgovbrperfil_municipalMontaPerfilphpcodlocal=11ampbtOk=ok lthttpwwwipardesgovbrpdfgtmapasbase_fisicarelacao_mun_micros_mesos_paranapdfgtgt lthttpwwwforumpermanentesmpegovbr lthttpempresometrocncorgbrEstatisticas lthttpwwwsidraibgegovbrbdapesquisaspme lthttpwww12senadolegbrnoticiasglossario-legislativosistema-s lthttpwwwcepalorgbrasilnoticiasnoticias334013politicasativasepassivasnomercadodetrabalhochahadpdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decreto-leiDel5452htm lthttpscpdocfgvbrproducaodossiesAEraVargas1anos30-37PoliticaSocialMinisterioTrabalho lthttpwwwsenaiprorgbrosenaiconhecaFreeComponent20291content169224shtl lthttpwwwsenacbrinstitucionalsenacaspx lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis1950-1969L4725htm lthttpwwwdieeseorgbranuario2015sistPubLivreto1MercadoDeTrabalhopdfgtgt lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03decretoD1946htm lthttpwwwbndesgovbrapoiopronafhtml lthttpportalfatmtegovbrwp-contentuploads201602Res103_1996pdfgtgt lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalMonitoramentoLeiGeraldo lthttpappprsebraecombrleigeralnacionalVisualizarQuestionariodoacao=CARREGA_AVALIACAOampano=2017ampcodigoEstado=16ampcodigoMunicipio=6133 lthttpswwwsebraecombrSebraePortal20SebraeEstudos20e20PesquisasParticipacao20das20micro20e20pequenas20empresaspdfgtgt
132
lthttpwwwbrasilgovbreconomia-e-emprego201001maior-participacao-dos-bancos-comerciais-publicos-no-mercado-e-positiva-diz-diretor-do-sebrae lthttpseconomiauolcombrcotacoescambiodolar-comercial-estados-unidoshistorico
133
APEcircNDICES
APEcircNDICE 1 ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Tiacutetulo da Pesquisa Nome doPesquisador
1 Natureza da pesquisa
2 Participantes da pesquisa
3 Envolvimento na pesquisa ao participar deste estudo a sra (sr) permitiraacute que o (a) pesquisador perguntas agrave natureza da pesquisa O senhor (a) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa sem qualquer prejuiacutezo para a sra (sr)
4 Sobre as entrevistasas entrevistas seratildeo gravadas
5 Riscos e desconforto a participaccedilatildeo nesta pesquisa natildeo traz complicaccedilotildees
legais
6 Confidencialidadetodas as informaccedilotildees coletadas neste estudo satildeo estritamente confidenciais Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) teratildeo conhecimento dos dados
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre
para participar desta pesquisa Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Obs Natildeo assine esse termo se ainda tiver duacutevida a respeito
Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados eu de forma livre e
esclarecida manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Declaro que recebi coacutepia deste termo de consentimento e autorizo a realizaccedilatildeo da pesquisa e a divulgaccedilatildeo dos dados obtidos neste estudo
___________________________ Nome do Participante da Pesquisa ______________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa __________________________________ Assinatura do Pesquisador _________________________________
134
Assinatura do Orientador APEcircNDICE 2 ndash QUESTIONAacuteRIO PARA O MEI
Curso de Mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel UFPR- Setor Litoral
Mestrando Marcus Aureacutelio O objetivo desse questionaacuterio eacute obter dados estatiacutesticos de base quantitativa e
qualitativa que seratildeo utilizados em minha dissertaccedilatildeo
Obrigado por colaborar
QUESTIONAacuteRIO PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)
1 Qual eacute a aacuterea econocircmica de atuaccedilatildeo____________________________________ 2 Haacute quanto tempo estaacute formalizado______________________________________
3 Renda bruta mensal em salaacuterio miacutenimo
Na temporada de praiade ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos
Fora da temporada de ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos
4 Obteve financiamento junto agraves instituiccedilotildees de creacutedito facilitado ( ) sim ( ) natildeo
Se sim o financiamento foi utilizado ( ) na expansatildeo dos negoacutecios ( ) capital de giro ( ) compra de materiais ( ) todos os itens anteriores
5 Possui ou jaacute possuiu relaccedilatildeo comercial com o Municiacutepio Estado ( ) sim ( ) natildeo 6 Participa de alguma associaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo
7 Com a regularizaccedilatildeo do MEI sua situaccedilatildeo socioeconocircmica melhorou ( ) sim ( ) natildeo - (Em que
sentido)______________________________________ _____________________________________________________________
_____ _____________________________________________________________
_____ 8 Vocecirc deixaria de ser MEI por um emprego formalizado com carteira assinada e
salaacuterio mensal ( ) sim ( ) natildeo ndash (por
que)_____________________________________________ _____________________________________________________________
_____ 9 Vocecirc jaacute participou de algum curso de capacitaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo
10 Jaacute realizou consultoria com agentes do SEBRAE ou Agentes de Desenvolvimento do Municiacutepio disponiacuteveis na Sala do Empreendedor
( ) sim ( ) natildeo 11 Suas atividades satildeo realizadas em
( ) sua residecircncia ( ) imoacutevel alugado ( ) imoacutevel proacuteprio 12 Vocecirc possui outra atividade aleacutem de ser MEI ( ) sim ( ) natildeo
13 Na sua opiniatildeo a prefeitura tem auxiliado a categoria do MEI no seu desenvolvimento atraveacutes de
( ) compra de produtos e serviccedilos do MEI ( ) no processo de formalizaccedilatildeo ( ) promoccedilatildeo de cursos de capacitaccedilatildeo para o MEI ( ) incentivo agrave aquisiccedilatildeo de
tecnologias pelos MEI ( ) natildeo sabe informar se a prefeitura possui esses programas de incentivo
14 Vocecirc possui funcionaacuterio para o exerciacutecio da sua atividade ( ) sim ( ) natildeo
135
Se a resposta for sim ele eacute formalizado ( ) sim ( ) natildeo
15 Na sua opiniatildeo quais accedilotildees que a prefeitura poderia realizar para auxiliar o desenvolvimento da
categoria do MEI ____________________________________________________
PARANAacute Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social Disponiacutevel httpwwwipardesgovbrindexphppg_conteudo=1ampcod_conteudo=30 Acesso 08 nov 16
ERRATA
FOLHA LINHAILUSTRACcedilAtildeO ONDE SE LEcirc LEIA-SE
56 Tabela 7 VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016)
VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF -R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2014)
56 Tabela 7 4788841664
2394420832
AGRADECIMENTOS
Ao Profordm Dr Ivan Jairo Junckes que embora com outros compromissos
assumiu a responsabilidade em me orientar e pela sua compreensatildeo e colaboraccedilatildeo
fundamentais na concretizaccedilatildeo desse trabalho que sem a sua dedicaccedilatildeo e
paciecircncia natildeo teria conseguido concluir
Agrave Profordf Dra Cinthia Maria Sena Abraatildeo que formidavelmente me orientou no
iniacutecio dessa dissertaccedilatildeo
Aos Professores do PPGDTS pelas aulas e o aprendizado durante o curso
Ao Joatildeo Rafael prestativo e esclarecedor
Aos meus amigos (as) de turma que de alguma maneira contribuiacuteram nessa
jornada
A todos os participantes das entrevistas (colaboradores) Agentes de
Desenvolvimento junto agraves salas do empreendedor
A todos os Microempreendedores Individuais que aceitaram colaborar com
esse trabalho
RESUMO
A partir da primeira deacutecada de 1970 o conceito keynesianismofordismo entrou em decliacutenio concorrendo para mudanccedilas estruturais de gerenciamento alocaccedilatildeo de recursos humanos reorganizaccedilatildeo do espaccedilo Dentro desse contexto haacute o deslocamento compulsoacuterio do trabalhador fabril para as mais diversas atividades no mercado de trabalho no setor terciaacuterio Boa parte das atividades desempenhadas pelos trabalhadores desse setor eacute desenvolvida na informalidade No Brasil para reverter o quadro de alastramento e superlativaccedilatildeo do setor informal foi criada a Lei Complementar12808 que formaliza a figura do Microempreendedor Individual (MEI) Na implantaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica estaacute prevista uma seacuterie de dispositivos que tem o objetivo de auxiliar na sustentabilidade e expansatildeo desse novo tecido empresarial Nos municiacutepios do Litoral do Paranaacute a implantaccedilatildeo da referida lei se daacute principalmente pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE atraveacutes das salas do empreendedor em cada municiacutepio que se constitui em canal de ligaccedilatildeo entre as estrateacutegias e accedilotildees desenvolvidas no sentido de atendimento do MEI Este trabalho visa a investigar como os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na Microrregiatildeo Geograacutefica de ParanaguaacuteLitoral Paranaense Para o desenvolvimento dos trabalhos foram pesquisados dados secundaacuterios realizada pesquisa bibliograacutefica e foi realizado um total de 38 entrevistas e aplicaccedilatildeo de questionaacuterios com agentes puacuteblicos de desenvolvimento e MEI Os resultados permitem conhecer a situaccedilatildeo dos MEI no litoral paranaense assim como servem de subsiacutedio para elaboraccedilatildeo de poliacuteticas especiacuteficas voltadas a essa populaccedilatildeo Palavras-chave Trabalho Informalidade Poliacutetica Puacuteblica Microempreendedor individual Litoral paranaense
RESUMEN
Desde los primeros antildeos de 1970 el concepto keynesianismofordismo entroacute en declinacioacuten concurriendo para los cambios estructurales de gestioacuten asignacioacuten de recursos humanos reorganizacioacuten del espacio Dentro de ese contexto hay el desplazamiento obligatorio del trabajador fabril para las maacutes distintas actividades en el mercado de trabajo en el sector terciario Buena parte de las actividades desempentildeadas por los trabajadores de este sector es desarrollada en la informalidad En Brasil para volver el cuadro de extensioacuten y superlativacioacuten del sector informal fue creada la Ley Complementar 12808 que formaliza la figura del micro emprendedor individual (MEI) En la implantacioacuten de esta poliacutetica puacuteblica estaacute prevista una serie de dispositivos que tiene el objetivo de auxiliar en la sostenibilidad y expansioacuten de este entorno empresarial En los municipios del litoral del Paranaacute la implantacioacuten de la referida ley se da principalmente por la asociacioacuten entre los ayuntamientos y l SEBRAE a traveacutes de las salas del emprendedor en cada municipio que se constituye en canal de conexioacuten entre las estrategias y acciones desarrolladas en apoyo a MEI Este trabajo busca investigar como los trabajadores mercado y organizaciones puacuteblicas y sociales han promovido y acogido la formacioacuten del micro emprendedor individual en la microrregioacuten de ParanaguaacuteLitoral paranaense Para el desarrollo del trabajo fueron investigados datos secundarios fue hecha una buacutesqueda bibliograacutefica y fue realizado un total de 38 entrevistas y aplicacioacuten de cuestionarios con agentes puacuteblicos de desarrollo y MEI Los resultados permiten conocer la situacioacuten de los MEI en la costa paranaense asiacute como sirven de subsidios para elaboracioacuten de poliacuteticas especiacuteficas orientadas a esa poblacioacuten
Palabras ndash clave Trabajo Informalidad Poliacutetica Puacuteblica Micro empresaacuterio individual Litoral paranaense
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO
BRASIL ANTERIOR A 1964 36
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL
DURANTE O REGIME MILITAR 39
QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO
DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016) 43
QUADRO 4- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA
ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
66
QUADRO 5- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute
PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS
ALTERACcedilOtildeES 68
QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS 69
QUADRO 7- ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP 71
QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES
EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO
PARANAacute 104
LISTA DE MAPAS
MAPA 1 - MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute 50
LISTA DE GRAacuteFICOS
GRAacuteFICO 1 - RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS 75
GRAacuteFICO 2 - ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015) 76
GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS
MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) () 77
GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO
84
GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS 84
GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI 85
GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE
ECONOcircMICA () 89
GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) 90
GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA
MRGP (N=30) 92
GRAacuteFICO 10 - VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP
ATRAVEacuteS DO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR
PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016) 101
GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA
MRGP () 102
GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO
REPRESENTANTE DA CATEGORIA 103
GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTO DOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS
ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA
MRGP () 106
GRAacuteFICO 14 - RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP
() 109
GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E
NAtildeO FORMALIZADOS EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP
() 110
GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA
RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O
SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) () 111
GRAacuteFICO 17 - QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE
PARTICIPARAM DE CURSOS DE 114
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL 29
TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E
POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010) 51
TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOS
MUNICIacutePIOS DA MRGP 52
TABELA 4 - DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)
53
TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014) 54
TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR
ECONOcircMICO 55
TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS
MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016) 56
TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP 57
TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016) 59
TABELA10- ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP
(maio2016) 59
TABELA11- PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)
97
TABELA12- NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS
NA MRGP CEDIDOS PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS
MPE (2015-2016) 98
TABELA13- NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016) 99
TABELA14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO
AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute
(FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016) 100
TABELA15- RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES
CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM
QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010) 112
LISTA DE SIGLAS
CLT - Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho
CODEFAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador
DIEESE - Departamento Intersindical de Estatiacutestica e Estudos
Socioeconocircmicos
ECINF - Economia Informal Urbana
FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo
IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho
INPS - Instituto Nacional de Previdecircncia Social
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LC - Lei Complementar
MEI - Microempreendedor Individual
MPAS - Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social
MRGP - Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute
MTE - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego
MTPS - Ministeacuterio do Trabalho e Previdecircncia Social
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e DesenvolvimentoEconocircmico
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PASEP - Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico
PDM - Poliacuteticas de Desenvolvimento do Milecircnio
PIS - Programa Integraccedilatildeo Social
PLANFOR - Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador
PND - Plano nacional de Desenvolvimento
PP - Poliacutetica Puacuteblica
PROGER - Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda
PRONAF - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PRORURAL - Programa de Desenvolvimento Econocircmico e Territorial - Renda
e Cidadania no Campo
SEBRAE - Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas
SINE - Sistema Nacional de Emprego
SUMAacuteRIO
APRESENTACcedilAtildeO 15
1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E
INFORMALIDADE 21
11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO 25
12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A
CRIacuteTICA 30
2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO DAS
ORIGENS AO MEI 33
21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
33
211Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento 36
212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar 39
213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil 42
214Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI 45
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute 50
31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP 52
32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP 61
321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP 65
322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento 69
323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI 71
4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute 74
41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR
MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI 74
411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita 81
42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS
DO MEI NA MRGP 83
43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO
88
431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral 88
do Paranaacute 88
432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute 90
434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP 91
435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute 95
436 O associativismo e os MEI na MRGP 102
437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI 105
438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute 108
439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia 110
4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute 112
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 115
REFEREcircNCIAS 119
APEcircNDICES 133
15
APRESENTACcedilAtildeO
O referente trabalho surgiu de reflexotildees acerca do processo acelerado da
expansatildeo do desemprego estrutural em niacutevel mundial mas que oferece pressatildeo
sobre configuraccedilotildees territoriais menores como na Microrregiatildeo Geograacutefica de
Paranaguaacute (MRGP) alertando sobre o deslocamento dos trabalhadores para a
economia informal e em resposta a accedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas
de trabalho na tentativa de equacionar as disfunccedilotildees geradas pela reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1970
O principal objetivo do nosso estudo eacute analisar como se apresenta a
implantaccedilatildeo da Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008 (LC 12808) nos
municiacutepios do litoral paranaense recortado como Microrregiatildeo Geograacutefica de
Paranaguaacute (MRGP) Esta poliacutetica puacuteblica eacute uma tentativa de retirar da informalidade
trabalhadores brasileiros exercendo as mais variadas atividades dentro desse setor
O que significa resgatar a sua dignidade e cidadania pela valoraccedilatildeo ao seu
trabalho pela inclusatildeo no sistema previdenciaacuterio dentre outros benefiacutecios
associados agrave formalizaccedilatildeo
Pretendemos descrever as principais caracteriacutesticas e estrateacutegias
organizadas na MRGP para a implantaccedilatildeo da LC 12808 que tem como uma de
suas premissas a inclusatildeo social descrita em seu art 18 Aleacutem disso realiza -se o
estudo sobre a aderecircncia dos governos locais agrave poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual (MEI)
Como objetivos secundaacuterios este estudo apresenta 1) Analisar os dados
relativos a emprego renda niacutevel de ocupaccedilatildeo volume de registros de MEI na
microrregiatildeo estudada 2) Identificar as estruturas e accedilotildees das prefeituras da
microrregiatildeo relacionadas agrave poliacutetica puacuteblica em questatildeo
Haacute algumas questotildees iniciais as quais entendemos pertinentes no processo
de estudo do referente trabalho e que foram balizares no encaminhamento das
pesquisas (a) De que maneira o mundo do trabalho (organizaccedilotildees puacuteblicas
mercado e organizaccedilotildees sociais) tem constituiacutedo poliacuteticas de formalizaccedilatildeo e renda
no trabalho (b) Qual a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas
enfrentados pelos trabalhadores informais na regiatildeo litoracircnea do Paranaacute (c) Como
os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e
acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na aacuterea de estudo
16
A ausecircncia na literatura de dados especiacuteficos atualizados sobre a aacuterea de
estudo sobretudo na aacuterea da economia do trabalho e a dificuldade em obter dados
em algumas instituiccedilotildees por conta da poliacutetica interna destas pode ter
comprometido em parte a anaacutelise do todo poreacutem natildeo alterou os objetivos dos
estudos sobre a categoria MEI
O processo metodoloacutegico foi constituiacutedo em dois momentos distintos e
complementares No primeiro momento buscamos na pesquisa exploratoacuteria
elementos que nos dessem suporte agrave compreensatildeo do objeto do estudo partindo
necessariamente do conjunto de fatores que levaram a criaccedilatildeo da LC 12808 e a
regulamentaccedilatildeo da formalizaccedilatildeo dos MEI Para tanto estabelecemos alguns
indicadores que nos orientaram no sentido das modificaccedilotildees ocorridas no sistema
capitalista a partir da deacutecada de 1970 e que resultaram no aumento do desemprego
da informalidade e da precarizaccedilatildeo do trabalho via flexibilizaccedilatildeo subcontrataccedilatildeo
Para estabelecermos a proximidade com o tema nos apoiamos na revisatildeo da
literatura especiacutefica resultando no reconhecimento sobre a trajetoacuteria histoacuterica das
modificaccedilotildees nas relaccedilotildees do trabalhoespaccedilo em cadeia global e nacional e
igualmente na criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equaccedilatildeo de deformidades na
economia do trabalho no cenaacuterio brasileiro nos aproximando ao entendimento do
nosso objeto de estudo Essa revisatildeo eacute descrita no decorrer da dissertaccedilatildeo pela
nomenclatura dada no corpo do texto
No segundo momento considerando que para a anaacutelise do objeto de estudo
ou seja a implantaccedilatildeo nos municiacutepios integrantes da microrregiatildeo de Paranaguaacute da
Lei Complementar 12808 que cria a pessoa juriacutedica do empreendedor individual se
fez necessaacuterio aleacutem da coleta de dados em possibilidades de controle a inclinaccedilatildeo
igualmente agrave percepccedilatildeo subjetiva de anaacutelise com o objetivo de compreensatildeo do
contexto mais amplo sob o olhar holiacutestico e criacutetico do processo de implantaccedilatildeo da
referida lei Nesse sentido como afirma Deslandes (2010 p 33) ―a)criacutetica porque
devemos estabelecer um diaacutelogo reflexivo entre a teoria e o objeto de estudo
escolhido por noacutes b)ampla porque deve dar conta do ―estado atual sobre o
problema
Tendo como uma das opccedilotildees a pesquisa qualitativa sublinhamos a
possibilidade de maior compreensatildeo das relaccedilotildees socialmente constituiacutedas por
atores no plano do concreto do real Essas relaccedilotildees exercem significados e se
manifestam de diversas formas pois o que se torna forma passa pelas relaccedilotildees
17
humanas e portanto ―o que as ―coisas (fenocircmenos manifestaccedilotildees ocorrecircncias
fatos eventos vivecircncias ideias sentimentos assuntos) representam daacute molde agrave
vida das pessoas (TURATO 2005 p 510)
Nesse momento percebemos a falta de informaccedilotildees histoacutericas em bancos de
dados oficiais e natildeo oficiais e na literatura que nos apoiassem na descriccedilatildeo objetiva
sobre o tema contextualizado no litoral paranaense
A escassez de dados sobre a poliacutetica de formalizaccedilatildeo do MEI no litoral do
Paranaacute eacute resultante em parte pela demora na regulamentaccedilatildeo da LC 12808 e da
operacionalizaccedilatildeo da referida LC nos municiacutepios da MRGP A regulamentaccedilatildeo e
operacionalizaccedilatildeo dessa lei complementar soacute foi possiacutevel em determinados casos
pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE a partir de 2013 em Matinhos e
Paranaguaacute e sequencialmente em Pontal do Paranaacute Morretes e Guaraqueccedilaba
Ainda com dificuldade de obter dados histoacutericos do litoral paranaense acerca da
informalidade do trabalho e especificamente sobre o microempreendedor individual
algumas informaccedilotildees secundaacuterias foram obtidas atraveacutes de instituiccedilotildees oficiais
(IBGE IPARDES DIEESE EMPRESOacuteMETRO) e foram processadas com base na
estatiacutestica descritiva atraveacutes de Planilha Excel representado por graacuteficos e tabelas
Informaccedilotildees igualmente sobre o MEI foram adquiridas atraveacutes de fontes primaacuterias
como dados estatiacutesticos das salas do empreendedor e possibilitaram avaliar alguns
indicadores importantes sobre o desenvolvimento dos trabalhos desempenhados
pelos agentes de desenvolvimento e sobre a sustentabilidade do MEI a) quantitativo
de baixas da empresa b) formalizaccedilotildees c) procura por serviccedilos nas salas d) oferta
de serviccedilos nas salas do empreendedor
Outra maneira utilizada para obter informaccedilotildees foi atraveacutes de entrevistas
semiestruturadas com atores da administraccedilatildeo puacuteblica e de instituiccedilotildees da iniciativa
privada e aplicaccedilatildeo de questionaacuterio para os microempreendedores individuais que
exercem suas atividades na aacuterea de estudo Segundo Oliveira (2011 p 36) ―esta
teacutecnica de coleta de dados eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees
acerca do que as pessoas sabemcrecircem esperam e desejam []
Foram entrevistados cinco (05) atores da administraccedilatildeo puacuteblica e trecircs (03)
atores da iniciativa privada Os atores foram escolhidos pela proximidade com
implantaccedilatildeo da LC 12808 Da administraccedilatildeo puacuteblica foram entrevistados quatro
agentes de desenvolvimento que atuam nas salas do empreendedor nos municiacutepios
que possuem parceria com o SEBRAE e um secretaacuterio municipal Da iniciativa
18
privada foram entrevistadas trecircs pessoas ligadas agraves associaccedilotildees da classe
empresarial e do SEBRAE Os MEI que participaram do questionaacuterio seratildeo
designados como respondentes Ao todo foram realizadas 08 (oito) entrevistas e 30
questionaacuterios aplicados
As entrevistas com os atores tanto da administraccedilatildeo puacuteblica quanto da
iniciativa privada se deram em seus locais de trabalho Ou seja nas salas do
empreendedor localizadas juntas agraves prefeituras e nas associaccedilotildees de classe e no
SEBRAE e tiveram como pressupostos levantar informaccedilotildees sobre as accedilotildees das
prefeituras e das associaccedilotildees sobre a implantaccedilatildeo da LC 12808 no litoral do
Paranaacute Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente com a
anuecircncia dos entrevistados que assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido e foram realizadas no periacuteodo de junho a outubro de 2016
Para a construccedilatildeo do questionaacuterio e das questotildees pertinentes foram
utilizadas como base referencial autores como Sachs (2003) e Albuquerque e
Zapata (2010) aleacutem de uma leitura atenta da Lei Complementar 12306 e da Lei
complementar 12808
Considerando a precaacuteria organizaccedilatildeo em classe dos microempreendedores
individuais (MEI) no litoral do Paranaacute natildeo sendo possiacutevel identificaacute-los atraveacutes de
banco de dados na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio optamos por deslocar ateacute o
estabelecimento do microempreendedor individual e aplicar o questionaacuterio em seu
local de trabalho Esse procedimento ao passo que era incerto pois natildeo havia
como identificar o MEI a natildeo ser percorrendo estabelecimento por estabelecimento
tornava-se solitaacuterio e exaustivo posto o deslocamento e o tempo para o
preenchimento do questionaacuterio e as duacutevidas que surgiam Poreacutem esta teacutecnica
possibilitou avaliar a estrutura do empreendimento e ao mesmo tempo conversar a
respeito da formalizaccedilatildeo dos MEI Dessa forma muito aleacutem da aplicaccedilatildeo do
questionaacuterio nos vimos envolto a uma realidade da qual natildeo percebiacuteamos Como
natildeo havia referecircncia sobre o enquadramento do estabelecimento perguntaacutevamos
para o proprietaacuterio se ele era MEI ou natildeo Os MEI que participaram respondendo ao
questionaacuterio muitas vezes falavam das dificuldades em aumentar seus negoacutecios e
da ausecircncia do poder puacuteblico local principalmente fora da temporada de praia
Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio durava cerca de 30 a 50 minutos
Participaram como respondentes do questionaacuterio 30 (trinta)
microempreendedores individuais abrangendo os municiacutepios de Guaratuba
19
Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute A aplicaccedilatildeo do questionaacuterio ocorreu nos
meses de dezembro de 2016 e janeiro e fevereiro de 2017
Os dados pesquisados foram organizados e descritos em Planilha Excel e
disponibilizados atraveacutes de graacuteficos e tabelas
Este estudo estaacute distribuiacutedo em quatro capiacutetulos onde procuramos sublinhar
sequencialmente as modificaccedilotildees ocorridas no mundo trabalho e o resultante
dissoo alastramento da informalidade em niacuteveis mundial e local assim como
analisar a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do MEI e seus dispositivos aplicados no
litoral do Paranaacute
No primeiro capiacutetulo estudamos as modificaccedilotildees no mundo do trabalho
atraveacutes de um recorte histoacuterico que levaram ao aumento exponencial do
desemprego estrutural e consequentemente da informalidade em niacuteveis mundiais
Ainda nesse capiacutetulo abordaremos o desemprego e a informalidade no cenaacuterio
brasileiro Para tanto nos apoiamos na literatura especializada sobre os temas
reestruturaccedilatildeo produtiva desemprego informalidade
O segundo capiacutetulo traz vaacuterias referecircncias ao conceito de Poliacutetica Puacuteblica e
a accedilatildeo do Estado brasileiro na economia do trabalho com quadros descritivos das
principais poliacuteticas puacuteblicas de trabalho no periacuteodo republicano e como essas
poliacuteticas organizaram a vida do trabalhador no Brasil Ainda nesse capiacutetulo
iniciamos nossas anaacutelises acerca da Lei de Formalizaccedilatildeo do Microempreendedor
Individual (LC 12808)
O terceiro capiacutetulo traz uma descriccedilatildeo da aacuterea de estudo (recorte espacial
da microrregiatildeo geograacutefica de Paranaguaacute) com dados demograacuteficos do mercado de
trabalho receitas municipais dados relacionados ao nuacutemero de empresas na regiatildeo
nuacutemeros de Micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais
escalonados por atividade econocircmica Assim como aspectos institucionais
relacionados agrave formalizaccedilatildeo do microempreendedor na regiatildeo de estudo
No quarto capiacutetulo observamos os avanccedilos quanto agrave implantaccedilatildeo da poliacutetica
de formalizaccedilatildeo e as dificuldades encontradas para a expansatildeo e sustentabilidade
do MEI na regiatildeo de estudo Neste capiacutetulo nossos estudos recaem inicialmente
para a participaccedilatildeo dos governos locais na implantaccedilatildeo da poliacutetica em questatildeo e sua
capacidade de mobilizar estrateacutegias de apoio aos MEI Ainda satildeo analisados os
dados relativos agrave formalizaccedilatildeo e baixas dos microempreendedores nos municiacutepios
de Morretes Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute observando a proposta de
20
sustentabilidade do MEI Igualmente atraveacutes de questionaacuterio respondido pelos MEI
da regiatildeo de estudo foi possiacutevel estabelecer um perfil soacutecio econocircmico dos
entrevistados e dos efeitos dos dispositivos elencados na Lei Geral que permitem
possibilidades da inserccedilatildeo e expansatildeo da categoria no mercado e resgate da sua
dignidade laboral
21
1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E
INFORMALIDADE
Para compreendermos o porquecirc da criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas1 voltadas
ao enfrentamento do fenocircmeno da informalidade superlativada do desemprego e a
geraccedilatildeo de renda no cenaacuterio brasileiro eacute necessaacuterio observarmos as transformaccedilotildees
ocorridas em cadeia global na dimensatildeo da economia do trabalho e as
consequecircncias sociais e econocircmicas vinculadas agraves relaccedilotildees do trabalho
(informalidade precarizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo trabalho temporaacuterio subcontrataccedilatildeo
dentre outros) que definem o quadro socioeconocircmico vigente e assim estabelecer
uma criacutetica histoacuterica que a partir da reorganizaccedilatildeo do processo produtivo incidiu
diretamente na concepccedilatildeo do trabalho do emprego e levou agrave
reorganizaccedilatildeoreformulaccedilatildeo do Estado (POCHMANN 2004) Para tal compreensatildeo
sobre o tema nos apoiaremos na extensa literatura jaacute existente
Em nossos estudos compreendemos o trabalho hoje formalizado ou natildeo
como uma atividade (humana) objetiva (no sentido da accedilatildeo) e subjetiva (no sentido
do pensamento) desenvolvida por homens e mulheres inclinada a transformar
modificar e produzir algo sob criteacuterios e validaccedilatildeo do Modelo de Produccedilatildeo
Capitalista Os criteacuterios do trabalho assim entendemos satildeo definidos com base nas
transformaccedilotildees ocorridas no proacuteprio sistema capitalista que por fim valida esse
processo pela viabilidade da produccedilatildeo laboral e intelectual conduzido por regras
vezes particulares vezes universais inseridos em contextos especiacuteficos ou
contextos globalmente unificados
O dinamismo do sistema capitalista produziu transformaccedilotildees de ordem
econocircmica social cultural ideoloacutegica configurando num processo contiacutenuo de
alteraccedilotildees permanentes no seio de sua proacutepria estrutura totalmente instaacutevel
flexiacutevel e mutante As mudanccedilas que ocorreram na economia mundial a exemplo
tiveram consequecircncias no processo produtivo logo nas relaccedilotildees do trabalho sob o
modelo fordista ocasionando mudanccedilas no tecido social cultural alimentados
ainda pelo crivo das contraposiccedilotildees ideoloacutegicas resultantes da polaridade mundial
1 Com efeito de poliacutetica puacuteblica voltada ao enfrentamento da informalidade no mercado de trabalho
brasileiro analisaremos mais a diante a Lei Complementar 12808 instrumento de criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI) que possui expresso em seu art 18E aleacutem da formalizaccedilatildeo do MEI o caraacuteter de inclusatildeo social
22
apoacutes a Segunda Grande Guerra Tais transformaccedilotildees estatildeo associadas ao decliacutenio
do modelo keynesiano2 - progressista que exigiu do Estado uma posiccedilatildeo mais
reformadora em sua estrutura assinalada por Laranjeira (2000) Lombardi (1997) e
Caminha (2012)
O que podemos observar no cenaacuterio econocircmico eacute o substancial crescimento
inflexiacutevel do desemprego estrutural bem como as mudanccedilas no sistema de
assalariamento que foi condicionado por eventos especiacuteficos de enorme
importacircncia 1) a reestruturaccedilatildeo produtiva iniciada na deacutecada de 1970 2) o advento
da globalizaccedilatildeo (SANTOS 2008 p 152) 3) ―difusatildeo de um novo paradigma teacutecnico-
produtivo e do acirramento da competiccedilatildeo internacionalista nas economias
avanccediladas (POCHMANN 2001 p 41)
A reestruturaccedilatildeo produtiva foi uma resposta imediata agrave crise econocircmica
caracterizada pela impossibilidade do modelo Keynesiano - fordista reverter agraves
contradiccedilotildees proacuteprias produzidas pelo sistema capitalista Tal resposta implicou de
imediato numa nova redefiniccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e das relaccedilotildees entre trabalho e
produccedilatildeo que se mantinham sob forte regulaccedilatildeo consensual entre ―Estado capital e
sindicatos como aponta Barbosa (2007 p 3)
As modificaccedilotildees que ocorreram no setor produtivo e nas relaccedilotildees do
trabalho levaram a excessiva acumulaccedilatildeo de capital (acumulaccedilatildeo flexiacutevel) muito
embora essas modificaccedilotildees natildeo ocorreram de forma generalizada mas foram
absorvidas considerando contextos especiacuteficos de espaccedilo e cultura conforme
salienta Lombardi (1997) e ao aumento do desemprego por cortes em postos de
trabalho (capital variaacutevel) observando a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica no setor produtivo e a
reconfiguraccedilatildeo desse setor com relocaccedilatildeo para espaccedilos perifeacutericos
Dentro dessa oacutetica como observa Lombardi (1997) a expansatildeo tecnoloacutegica
exerceu forte pressatildeo sobre os trabalhadores que se sentem ameaccedilados pela
concorrecircncia da tecnologia Trabalhos manuais foram substituiacutedos por trabalhos
mecacircnicos autocircmatos que produzem em escalas vertiginosas Ou seja
O avanccedilo na concorrecircncia intercapitalista e a adoccedilatildeo de um novo paradigma tecnoloacutegico estariam provocando alteraccedilotildees significativas nas economias avanccediladas Parece natildeo haver duacutevidas sobre o crescimento de
2O modelo Keynesinao tambeacutem chamado de Capitalismo Reformado por Sachs (2008) foi uma
resposta imediata aos efeitos causados pela Grande Depressatildeo tendo como base o pleno emprego e o Estado do Bem Estar Social
23
importacircncia das ocupaccedilotildees caracterizadas como superiores e de postos diretivos responsaacuteveis pela utilizaccedilatildeo de trabalhadores com maior exigecircncia de qualificaccedilatildeo e escolaridade Ao mesmo tempo as profissotildees inferiores (operaacuterios simples e manuais) ainda majoritaacuterios na estrutura ocupacional estariam perdendo participaccedilatildeo relativa (POCHMANN 2001 p 52)
Na segunda metade deacutecada de 1980 foi formulado por economistas norte-
americanos e outros ligados a OCDE (Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e o
Desenvolvimento Econocircmico) um conjunto de medidas de cunho macroeconocircmico
e estruturais destinado a paiacuteses do chamado Terceiro Mundo que apresentavam
baixos iacutendices de desenvolvimento econocircmico (BRESSER PEREIRA 1991)
Tais medidas foram sendo colocadas em praacutetica sobre tudo abaixo da linha
do equador americano pois como demonstra Bresser Pereira (1991) na Ameacuterica
Latina havia uma ―crise marcada por estagnaccedilatildeo econocircmica e altas taxas de
inflaccedilatildeo Dentro dessa perspectiva acreditava-se que havia uma necessidade de
restringir o tamanho do Estado e de sua participaccedilatildeo no setor econocircmico Assim a
orientaccedilatildeo era sua descentralizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo liberalizaccedilatildeo do
comeacutercio internacional promoccedilatildeo das exportaccedilotildees e a diminuiccedilatildeo das empresas
estatais pois entendiam que eram em grande nuacutemero e incapazes de gerir
produtividades adequadas as suas capacidades e ao modelo estrutural das novas
concepccedilotildees capitalistas (neoliberalismo globalizado)
No entanto tais modificaccedilotildees no sistema econocircmico permitiram o processo
de acumulaccedilatildeo do capital e da hipertrofia financeira criando mecanismos que
causaram enormes disfunccedilotildees sociais agravadas pela doutrinalsquo neoliberal e o novo
padratildeo tecnoloacutegico de produccedilatildeo e organizaccedilatildeo do trabalho (MOTTA 2009) Tais
fatores provocaram ―mudanccedilas substanciais que resultaram no aumento da pobreza
do desemprego e do subemprego e na precarizaccedilatildeo do trabalho (idem p 550)
O desemprego se constituiu como um dos maiores problemas sociais da humanidade A crise iniciada nos paiacuteses centrais a partir do final dos anos 1960 evidenciou o esgotamento do padratildeo de acumulaccedilatildeo fordista keynesiano alterando a relaccedilatildeo entre Estado e sociedade (OLIVEIRA 2012 p 494)
Conforme analisa Oliveira (2012) estima-se que em 2009 havia cerca de
210 milhotildees de pessoas desempregadas no mundo ―Os maiores afetados segundo
a agecircncia satildeo os jovens e as mulheres dos paiacuteses perifeacutericos (OLIVEIRA 2012 p
494) Diante de um quadro socioeconocircmico extremamente complexo seria
24
necessaacuterio novos mecanismos que dessem suporte ao controle das distorccedilotildees
sociais e de contenccedilatildeo Dessa forma foram lanccediladas novas bases da ideologia
dominante com objetivos especiacuteficos de controle da demanda com base nas
―poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio (PDM) (MOTTA 2009 p 549)
As PDM segundo a autora constituem ―mecanismos de hegemonia de
funccedilatildeo de direccedilatildeo intelectual e moral com accedilotildees concretas e definiccedilotildees de metas
focadas nas camadas de trabalhadores excluiacutedoslsquo do processo produtivo mas que
ainda possuem condiccedilotildees produtivas para instaurar um processo mais intensivo de
educar para o conformismo (idem p 549)
Assinala Motta (2009) que as poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio estatildeo
sublinhadas pelo forte investimento educacional balizado na ―teoria do capital
humano de Theodore Schultz na qual consiste em propor a qualificaccedilatildeo da forccedila do
trabalho humano atraveacutes do processo educacional direcionado para crescimento
econocircmico
Poderemos formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho mas
autores como Rifkin (1995) Pastore (2006) Martins e Veiga (2003) Oliveira (2012) e
Sachs (2007) enfatizam na diminuiccedilatildeo consideraacutevel dos postos de trabalho na esfera
global dando a entender que a crise do pleno emprego estaacute relacionada em parte
ao avanccedilo da automaccedilatildeo tecnoloacutegica e da chamada reestruturaccedilatildeo da produccedilatildeo
tanto nas aacutereas rurais quanto nas aacutereas urbanas como jaacute demonstrado
anteriormente Alertava Rifkin (1995) que mais de 800 milhotildees de pessoas no
mundo estavam desempregadas ou subempregadas e que esse quadro se agravaria
ateacute o final do seacuteculo XX
Com um quadro excessivamente preocupante as poliacuteticas de geraccedilatildeo de
emprego e renda entram na agenda internacional no entanto como salienta Souza
(2010 p 3) ―essas poliacuteticas puacuteblicas arrefecem o iacutempeto de uma celebraccedilatildeo liberal
na medida em que evidenciam a incapacidade de prover o pleno emprego
demonstrada pelo capitalismo mesmo em seus contextos mais avanccedilados
As tendecircncias multinacionais como analisa Oliveira (2012) ao mesmo
tempo em que preconizam a defesa de poliacuteticas focadas na geraccedilatildeo do trabalho (o
trabalho aqui entendido dentro do sistema capitalista portanto emprego formalizado
ou informal) que estimulassem a empregabilidade defendiam as flexibilizaccedilotildees das
leis regulatoacuterias que normatizam as leis do trabalho No caso brasileiro ―a poliacutetica de
emprego estaacute intrinsecamente relacionada agrave fraacutegil concepccedilatildeo de Welfare State e agrave
25
posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho reforccedilando um
crescimento subordinado e dependente do capital estrangeiro [] (OLIVEIRA
2012 p 494)
No Brasil as poliacuteticas de emprego estavam relacionadas agrave concepccedilatildeo de
submissatildeo das leis trabalhistas agraves estruturas e poliacuteticas macroeconocircmicas e apenas
eram direcionadas nesse sentido aos trabalhadores empregados sendo que natildeo
haviam poliacuteticas voltadas aos trabalhadores excluiacutedos do processo de produccedilatildeo
formalizado ateacute meados do final da deacutecada de 1980 No entanto como segue
Oliveira (2012)
[] as mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo do trabalho em consonacircncia com as poliacuteticas macroeconocircmicas de estabilizaccedilatildeo econocircmica imposta pelo FMI e demais organismos multilaterais delimitam a intervenccedilatildeo do Estado provocando um acirramento na questatildeo social em suas variadas expressotildees Eacute sob esta perspectiva que as poliacuteticas de emprego passam a ser implementadas no governo FHC Ou seja poliacuteticas que possam combater a crise do emprego e consequentemente a fome e a miseacuteria mas com recursos reduzidos e com ecircnfase na individualizaccedilatildeo do problema reforccedilando a histoacuterica intervenccedilatildeo residual do Estado brasileiro na questatildeo social (OLIVEIRA 2012 p 499)
No periacuteodo FHC assinalado por Oliveira (2012) foram criados vaacuterios
dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador Um dos mais importantes instrumentos foi o
seguro-desemprego que sofreu alteraccedilotildees em 1994 ampliando
[] o tempo de indenizaccedilatildeo Nesse periacuteodo o desemprego apresentava nuacutemeros elevados chegando a atingir de acordo com o IBGE em torno de 17 da PEA A renda meacutedia do trabalhador apresentou queda pelo sexto ano consecutivo atingindo em 2003 uma reduccedilatildeo de 129 (OLIVEIRA 2012 p 500)
Na primeira deacutecada do seacuteculo XXI o desemprego mantinha a taxa de 96 e
a informalidade atingia 60 dos trabalhadores ocupados como nos mostra Pastore
(2006)
11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO
Como jaacute mencionado as alteraccedilotildees no mundo do trabalho ocasionadas
pela reestruturaccedilatildeo produtiva concorreram para o aumento do desemprego
estrutural culminando em consequecircncias macroestruturais no seio da economia
26
mundial Retrato disso eacute o fenocircmeno denominado de informalidade esta vista como
um traccedilo marcante nos paiacuteses subdesenvolvidos ou em desenvolvimento
assinalado por Matsuo (2009) e Antunes (2011) Estes autores nos apontam os
variados modos de informalidade que constituem estrateacutegias de enfrentamento agraves
especificidades econocircmicas diferenciadas no tempo e no espaccedilo por serem
construiacutedas a partir de necessidades especiacuteficas territoriais Matsuo (2009) afirma
que estas estrateacutegias informais correspondem de um lado o trabalhador informal
adequando-se a economia de mercado e ―significa um traccedilo constitutivo e crescente
da acumulaccedilatildeo de capital dos nossos dias (ANTUNES 2011 p 4) eou de outro o
setor informal representa a exclusatildeo desses trabalhadores do sistema dinacircmico da
economia Dessa forma segue a autora no sentido de combinaccedilatildeo das duas
possibilidades
[] os trabalhadores marginalizados na economia informal procuram se articular com os setores dinacircmicos da economia e integrar a cadeia no circuito de acumulaccedilatildeo capitalista dependendo das oportunidades que surgem Por outro lado a economia informal nos apresenta setores que estatildeo a reboque da formal e que passam a ser marginais por estarem deslocadas do desenvolvimento econocircmico (MATSUO 2009 p 21)
Os setores informal e formal segundo Souza (2010) coexistem e se
estabelecem como uma fragmentaccedilatildeo da estrutura ocupacional Essa fragmentaccedilatildeo
no entanto deveria ser acompanhada de poliacuteticas puacuteblicas que observassem o setor
informal para a melhoria da sua capacidade de ganho (idem p 4) Essa anaacutelise parte
do pressuposto de que o capitalismo triunfante natildeo foi capaz de absorver a maioria
dos trabalhadores levando-os a concorrer sob a proacutepria sorte e sob a eacutegide da
inadaptaccedilatildeo da desvantagem e da exclusatildeo dos benefiacutecios desse capitalismo Para
esse autor
[] os estudos promovidos pela CEPAL e pelo PREALC defenderam a ideacuteia de uma heterogeneidade estrutural persistente na qual coexistiriam os setores moderno e arcaico Este uacuteltimo tiacutepico da economia informal refletiria o excedente de matildeo-de-obra que luta por sobrevivecircncia assumindo um caraacuteter estrutural e supeacuterfluo As poliacuteticas puacuteblicas deveriam contribuir para a elevaccedilatildeo da renda na economia informal atuando de forma compensatoacuteria (SOUZA 2010 p 4)
Sachs (2007) ao analisar a economia de mercado a partir das
reestruturaccedilotildees capitalistas nos paiacuteses subdesenvolvidos identifica os setores
sociais marginalizados dentro do processo produtivo assim como o sentido
27
excludente e endecircmico resultante da maciccedila exploraccedilatildeo pelos paiacuteses de economias
centrais O autor identifica o cenaacuterio e as transformaccedilotildees no mercado de trabalho
por conta dos processos de dominaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo da economia
No lugar do desaparecimento tradicional por meio da transferecircncia progressiva do excedente de sua matildeo-de-obra para o setor moderno assistimos a expulsatildeo das sobras dos trabalhadores do setor moderno para setores da economia informal de fundos de quintal ou nitidamente ilegal e ateacute a sua marginalizaccedilatildeo pura e simples fadados agrave afliccedilatildeo da ociosidade forccedilada condenados a situaccedilatildeo de assistidos para alguns do berccedilo ao tuacutemulo (SACHS 2007 p 254)
Antunes (2011) subdivide a informalidade em trecircs modalidades de
trabalhadores alocados a economia submersa a) trabalhadores informais
tradicionais b) trabalhadores informais assalariados sem registro c) trabalhadores
informais por conta proacutepria Essas trecircs categorias tambeacutem satildeo compreendidas nas
anaacutelises de Matsuo (2009) a qual define a informalidade em duas grandes
categorias ―velha informalidade (trabalhadores tradicionais) e a ―nova
informalidade (terceirizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo temporizaccedilatildeo) No entanto haacute algumas
―[] denominaccedilotildees atribuiacutedas a atividades praticadas nesse campo desemprego
disfarccedilado subemprego atividade clandestina iliacutecita natildeo estruturada etc
(SANTOS MACIEL e SATO 2014 p 330) que estatildeo presentes em todos os setores
da economia tanto no setor primaacuterio no secundaacuterio como no terciaacuterio como
apontam esses autores
De outra forma como aponta o estudo realizado em 2002 pelo Observatoacuterio
do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) haacute dois tipos
de mercado de trabalho que atuam concomitantemente
a) um setor formal cujo funcionamento das atividades foi definido como tendo barreiras agrave entrada com recursos externos sistema de propriedade impessoal operando em mercados amplos e protegidos por cotas e tarifas grande escala de produccedilatildeo processos produtivos de tecnologia moderna e intensivos em capital e matildeo-de-obra qualificada e b) um setor informal definido pela inexistecircncia de barreiras agrave entrada aporte de recursos de origem domeacutestica propriedade individual operando em pequena escala processos produtivos intensivos em trabalho atuando em mercados competitivos e natildeo regulados (MTE 2002 p 3)
O fato eacute que o crescimento da informalidade no caso brasileiro revelava
aleacutem da fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria a violaccedilatildeo agraves leis trabalhistas a
28
precarizaccedilatildeo do trabalho e a desqualificaccedilatildeo do trabalhador frente agraves novas
tecnologias e restriccedilotildees agrave sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal
Revelando o contraste entre os dois setores conforme as anaacutelises de
Meneguin e Bugarin (2008) em 2004 o trabalhador formalizado obteve uma
remuneraccedilatildeo de 623 superior em relaccedilatildeo ao trabalhador atuante na economia
submersa (CATANI 1985)
Alguns estudos realizados que apontam a informalidade no Brasil remontam
a deacutecada de 1990 Dessa forma a pesquisa Economia Informal Urbana (ECINF)
feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia a Estatiacutestica (IBGE) considerou a
―Organizaccedilatildeo e o Funcionamento da Unidade Econocircmica como uma caracteriacutestica
capaz de balizar os estudos sobre a informalidade Da mesma forma procurou
identificar e correlacionar as atividades informais identificando os
proprietaacuterios de negoacutecios informais trabalhadores por conta proacutepria e pequenos empregadores com 10 anos ou mais de idade ocupados em atividades natildeo-agriacutecolas e moradores em aacutereas urbanas nos domiciacutelios em que moram e atraveacutes deles investigar as caracteriacutesticas de funcionamento das unidades produtivas (IBGE - BRASIL 2003 p 15)
Um dos objetivos do IBGE era de ―quantificar o potencial das atividades
econocircmicas exercidas na informalidade em gerar oportunidades de trabalho e
rendimentos aleacutem de captar informaccedilotildees que permitam conhecer o papel e a
dimensatildeo do setor informal na economia brasileira (IBGE- BRASIL 2003 p 13)
O aumento da informalidade pode estar associado ao aumento da taxa de
desemprego o qual exige das pessoas estrateacutegias e formas diferenciadas de
sobrevivecircncia ou seja uma nova relaccedilatildeo com o mercado de trabalho como mostra
Matsuo (2009) Nas anaacutelises de Santos (2008)
Ateacute 1995 a cada aumento na oferta de emprego formal correspondia uma reduccedilatildeo do iacutendice de trabalhadores na informalidade Poreacutem a loacutegica mudou e a tendecircncia mostra que a criaccedilatildeo de novos empregos com carteira assinada natildeo causa mais esse impacto A informalidade passou a ser um traccedilo caracteriacutestico do mercado de trabalho brasileiro [] (SANTOS 2008 p6)
Pastore (2006) numa anaacutelise sobre o quadro nacional de empregos jaacute
indicava esta perspectiva e avalia o impacto sobre a previdecircncia social desse
quantitativo pois esta porcentagem corresponde agraves pessoas que natildeo contribuem
para o setor previdenciaacuterio gerando enormes distorccedilotildees no setor
29
Perceberemos (TABELA 1) a gradativa reduccedilatildeo na taxa de informalidade
brasileira bem como a reduccedilatildeo em 2 na taxa de desemprego entre 2002 e 2008
como observam Barbosa Filho e Pessocirca (2011) Estes autores ainda alertam para
a as diferenccedilas marcantes na composiccedilatildeo da taxa de desemprego de regiatildeo para
regiatildeo sugerindo o percentual em torno de 6 em Belo Horizonte e Porto Alegre e
superior a 12em Recife e Salvador no ano de 2008 (BARBOSA FILHO PESSOcircA
2011 p 2)
TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL
ANO DESEMPREGO INFORMALIDADE
2002 91 436 2003 97 423 2004 89 425 2005 93 414 2006 84 407 2007 82 391 2008 71 381 2009 83 374 2012 55 34 2013 54 33 2014 43 322 Fev2015 5 325
FONTE BARBOSA FILHO e MOURA (2012) IPEA (20142015) No primeiro semestre de 2013 a informalidade atingiu a taxa de 332
segundo IPEA (2013) Notamos (TABELA 1) que as atividades informais entre 2002
e 2006 obtiveram uma retraccedilatildeo de 29 e entre 2006 e 2013 houve decliacutenio na
ordem de 75 na informalidade brasileira Portanto houve a reduccedilatildeo de 104 da
informalidade entre os anos de 2002 e 2013 Em 2014 o desemprego obteve uma
variaccedilatildeo de 07 pp em relaccedilatildeo agrave fevereiro de 2015 assim como a informalidade
teve um acreacutescimo de 03 pp (IPEA 2015)
A informalidade segundo Malaguti (2001) eacute um traccedilo caracteriacutestico no
mercado de trabalho brasileiro e abrange parte significativa de trabalhadores
exercendo atividades de forma precarizada e desprotegida o que leva a reduccedilatildeo
salarial ao aumento da carga horaacuteria de trabalho e a desvalorizaccedilatildeo do trabalho
como garantia de dignidade
30
12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A
CRIacuteTICA
O deslocamento forccedilado dos trabalhadores formais para praacuteticas informais
no mercado de trabalho resultante de um processo de mudanccedilas nas relaccedilotildees de
produccedilatildeo e trabalho levaram milhares de pessoas a improvisar formas diferenciadas
de suas atividades habituais por necessidade de sobrevivecircncia muitas vezes
compreendidas como formas inovadoras e empreendedoras dentro de uma nova
realidade socioeconocircmica imposta
As praacuteticas empreendedoras muitas vezes como aponta Barbosa (2007) e
Malaguti (2001) surgem como estrateacutegias de autogestatildeo do trabalho do tempo e do
espaccedilo fiacutesico por se apresentarem como uacutenicas alternativas no processo de
desregulamentaccedilatildeo do trabalho e assim as novas configuraccedilotildees do trabalho
resultaram do esvaziamento da poliacutetica abrindo caminho na substituiccedilatildeo do trabalho
empregatiacutecio para uma forma autocircnoma do empreendedorismo Nas palavras de
Barbosa (2007)
A quebra do assalariamento baseado em contratos advindos da concentraccedilatildeo Estado capital e sindicatos penaliza o trabalho amplia as margens de accedilatildeo do mercado e expotildee a fragilizaccedilatildeo da poliacutetica como dimensatildeo da vida social por isso a pergunta que se faz agora entatildeo eacute de que modo o empreendedorismo pode reinventar ou inovar o trabalho garantindo espaccedilo para a poliacutetica Quer dizer frente agrave escassez (volume) e precarizaccedilatildeo (qualidade) do trabalho ateacute que ponto o empreendedorismo expresso nas ideias e praacuteticas de geraccedilatildeo de renda produz efeitos positivos no sentido de minorar as accedilotildees do mercado e impactar o quadro de desigualdade social (BARBOSA 2007 p 3)
Para essa autora o trabalhador desempregado perde sua identidade
subjetiva compartilhada e o emprego formalizado deixa de ser referecircncia de renda
pois com a ―reversatildeo do assalariamento e a ampliaccedilatildeo do trabalho desprotegido
informal se impotildee como regressividade social na medida em que diminui o poder de
barganha dos trabalhadores jogados agrave sorte no mercado e aumenta a desigualdade
social (idem p 4)
Essa realidade socioeconocircmica como demonstra Barbosa (2007) conduz
os trabalhadores para as diversas formas desprotegidas de gerar renda e o que
significava precariedade de uma sobrevivecircncia urbanizada passa a ser considerada
como um conjunto de qualidades dos trabalhadores pobres com caracteriacutesticas de
31
autonomia empregatiacutecia empreendedora e criativa escondendo a condiccedilatildeo de
inseguranccedila social Como segue a autora
Pode-se dizer que como barotildees da raleacute os trabalhadores informais reaparecem na narrativa empreendedora como portadores de futuro avalizados pela experimentaccedilatildeo do risco cotidianamente Todavia contraditoriamente a ocupaccedilatildeo em si natildeo oferece nenhuma seguranccedila social enquanto promessa de futuro para os trabalhadores envolvidos e suas famiacutelias (BARBOSA 2007 p 7)
Dessa maneira segundo a autora a reversatildeo forccedilada do assalariamento
protegido para o ―auto-emprego constituiu um esvaziamento das forccedilas sociais que
possuem bases nas condicionantes do trabalho coletivizado do trabalho protegido
pelas leis de regulaccedilatildeo do mercado de trabalho Sendo assim o auto-emprego pode
ser compreendido como sendo balizado em expectativas de mercado onde sua
capacidade de competitividade em muitos casos fica muito aqueacutem das forccedilas que
regulam o mercado impondo-lhe limitaccedilotildees de expansatildeo e ―desprovidos de capital
o trabalho autocircnomo paradoxalmente depende da sub-remuneraccedilatildeo que se auto
impotildee e do estaacutegio de desenvolvimento de dada sociedade capitalista cuja
tendecircncia eacute estender sua racionalizaccedilatildeo a todos os setores da economia (SOUZA
2010 p 5)
A gama de trabalhadores sem carteira assinada autocircnomos contrasta pela
sua heterogeneidade dependendo da escolaridade dos ganhos reais aacuterea de
atuaccedilatildeo remuneraccedilatildeo geralmente com pouca qualificaccedilatildeo e atuantes na produccedilatildeo
de bens e serviccedilos conforme analisa Souza (2010)
Dentro dessa oacutetica em suas anaacutelises sobre a formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual (MEI) Sulzbach e Denardin (2012) relatam que ―com
a instituiccedilatildeo desta figura o Estado brasileiro auxilia na desregulamentaccedilatildeo do
mercado de trabalho capitalista regulamentando-a Nesse sentido seguem os
autores
Esta nova forma de desregulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho estabelece o individualismo que cria uma cultura empreendimentista assim chamada por Harvey apud Miqueluzzi (1998) aonde a classe trabalhadora vislumbra ser um trabalhador por conta proacutepria natildeo ser mais assalariado (SUZBACH DENARDIN 2011 p 10)
32
Para Malaguti (2001 p 88) a informalidade aparece como uma das uacutenicas
formas de sobrevivecircncia para milhares de brasileiros e esta eacute um ―recurso de uacuteltima
instacircncia (p 92)
As pequenas empresas que surgem em meio agrave informalidade superlativada
resultado de uma modernidade que natildeo superou os preceitos do
subdesenvolvimento ao contraacuterio expandiu a pobreza e as diferenccedilas sociais pela
concentraccedilatildeo de renda excessiva e a reestruturaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo
enfrentam condiccedilotildees humilhantes e ultrajantes na procura de espaccedilo para a
sobrevivecircncia Segundo Malaguti (2001 p 68) a informalidade ―natildeo eacute um celeiro de
pessoas ativas empreendedoras eneacutergicas mas sim o refuacutegio sem opccedilatildeo
As empresas constituiacutedas diante de uma economia informal analisadas por
Malaguti (2001) Sachs (2006) Antunes (2011) Barbosa (2007) Catani (1985)
reproduzem o trabalho precarizado sob a forma de baixa remuneraccedilatildeo jornadas
excessivas de trabalho condiccedilotildees muitas vezes insalubres e sem orientaccedilatildeo
teacutecnica de seguranccedila
33
2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHOBRASILEIRO DAS
ORIGENS AO MEI
Neste capiacutetulo pretendemos estabelecer uma breve aproximaccedilatildeo sobre o
conceito de poliacuteticas puacuteblicas que em nosso entendimento eacute fundamental para a
compreensatildeo do objeto de estudo que eacute a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual Ainda neste toacutepico apresentaremos algumas das
principais poliacuteticas puacuteblicas sobre emprego no periacuteodo republicano brasileiro
21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
A Poliacutetica Puacuteblica eacute caracterizada como a posiccedilatildeo do ―Governo em accedilatildeo
assim definida por (SOUZA 2006) e ao mesmo tempo ―o Estado implantando um
projeto de governo atraveacutes de programas de accedilotildees voltadas para setores
especiacuteficos da sociedade(HOumlFLING 2001 p 31) ou mesmo a intervenccedilatildeo do
Estado em problemas e finalidades especiacuteficas
Podemos salientar que definiccedilotildees sobre o tema podem incidir em conceitos
significativamente diferentes pois como nos aponta Souza (2006) natildeo haacute uma
definiccedilatildeo singular para o termo Poliacutetica Puacuteblica diferentemente de outras aacutereas do
conhecimento tradicionalmente constituiacutedas como eacute o caso da Sociologia da
Economia ou da Psicologia a exemplos
Para Souza (2006) tal termo implica num conjunto de accedilotildeesprocessos que
permitem a dissociaccedilatildeo e separaccedilatildeo em fases de poliacuteticas ou ciclo de poliacutetica
puacuteblica pois no processo de estabilizaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica pode ocorrer
disparidades nas etapas de transcurso tanto na formulaccedilatildeo na implementaccedilatildeo
como na avaliaccedilatildeo da PP A partir de suas anaacutelises a autora nos apresenta algumas
definiccedilotildees sobre o tema
Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da poliacutetica que analisa o governo agrave luz de grandes questotildees puacuteblicas e Lynn (1980) como um conjunto de accedilotildees do governo que iratildeo produzir efeitos especiacuteficos Peters (1986) segue o mesmo veio poliacutetica puacuteblica eacute a soma das atividades dos governos que agem diretamente ou atraveacutes de delegaccedilatildeo e que influenciam a vida dos cidadatildeos Dye (1984) sintetiza a definiccedilatildeo de poliacutetica puacuteblica como ―o que o governo escolhe fazer ou natildeo fazer A definiccedilatildeo mais conhecida continua sendo a de Laswell ou seja decisotildees e anaacutelises sobre poliacutetica puacuteblica implicam responder agraves seguintes questotildees quem ganha o quecirc por quecirc e que diferenccedila faz (SOUZA 2006 p24)
34
O estudo do campo da Poliacutetica Puacuteblica estaacute direcionado agraves anaacutelises e
interpretaccedilotildees de interesses vantagens desvantagens ganhos e perdas dos grupos
e atores envolvidos no processo de construccedilatildeo da PP de forma direta ou indireta
desde a construccedilatildeo da agenda da formulaccedilatildeo do processo decisoacuterio da
implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo ateacute o puacuteblico alvo ao qual se originou a poliacutetica puacuteblica
Para Frey (2000) a Poliacutetica Puacuteblica constitui um campo da Ciecircncia Poliacutetica e
poderemos analisaacute-la sob trecircs perspectivas 1) o sistema poliacutetico no qual identifica e
avalia a accedilatildeo do governo e do Estado como promotores de felicidade de seus
cidadatildeos 2) o elemento poliacutetico representado pelas relaccedilotildees de forccedila e interesses
entre atores envolvidos no processo decisoacuterio 3) processo de avaliaccedilatildeo do sistema
poliacutetico no que concernem suas accedilotildees e estrateacutegias escolhidas para resolver
problemas especiacuteficos
Historicamente como aponta Frey (2000) o estudo sobre este campo da
Ciecircncia Poliacutetica nos Estados Unidos teve iniacutecio na deacutecada de 1950 Ao passo que
na Europa esta preocupaccedilatildeo comeccedilou a partir de 1970 com a ascensatildeo da social
democracia na Alemanha que estabeleceu poliacuteticas setoriais localizadas e
pontuais passiacuteveis de serem analisadas No caso brasileiro o interesse pelo
assunto eacute muito recente e conferiu ―ecircnfase ou agrave anaacutelise das estruturas e instituiccedilotildees
ou agrave caracterizaccedilatildeo dos processos de negociaccedilatildeo das poliacuteticas setoriais
especiacuteficas (p 214)
As poliacuteticas puacuteblicas desenvolvidas no plano da percepccedilatildeoaccedilatildeo pelo
Estado para a intervenccedilatildeo no mercado de trabalho satildeo constituiacutedas por Poliacuteticas
Ativas e Poliacuteticas Passivas (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA
2006) No Brasil elas estatildeo presentes concomitantemente no sistema puacuteblico de
emprego e ―existem para corrigir falhas de mercado relacionadas agrave restriccedilatildeo de
creacutedito assimetrias de informaccedilatildeo ou problemas de intermediaccedilatildeo de matildeo - de
obra (MACHADO E NETTO 2011 p 2) bem como promover a geraccedilatildeo de
emprego e renda e equacionar determinadas disfunccedilotildees no mercado de trabalho
Nas palavras de Chahad (2006)
Esta intervenccedilatildeo materializa-se por meio da oferta de serviccedilos baacutesicos como concessatildeo de creacutedito aos desempregados e trabalhadores autocircnomos melhoria da qualidade da matildeo-de-obra por meio do treinamento e da recolocaccedilatildeo do desempregado utilizando a intermediaccedilatildeo da matildeo-de-obra Essas poliacuteticas ativas que associando-se ao seguro-desemprego e a outras formas de assistecircncia aos desempregados atuam no sentido de
35
promover a geraccedilatildeo de emprego elevar o niacutevel de rendimentos e garantir melhor bem-estar aos trabalhadores em geral (CHAHAD 2006 p 1)
As Poliacuteticas Ativas tecircm a finalidade de facilitar o Acesso em ao mercado de
trabalho e aumentar o niacutevel de salaacuterios dos trabalhadores que apresentam
dificuldades de inserccedilatildeo nesse mercado criar frentes de trabalho oferecer
incentivos agraves micro e pequenas empresas aleacutem de possuir ―[] instrumentos para
criaccedilatildeo direta e indireta de emprego tanto no mercado formal de trabalho quanto no
setor informal contribuem para aumentar a ―empregabilidade do trabalhador
facilitando seu reemprego auxilia na reduccedilatildeo dos niacuteveis de pobreza (CHAHAD
2006 p 5 - 6) Essa forma de poliacutetica seraacute analisada mais adiante quando nos
referirmos agrave formalizaccedilatildeo do Microemprendedor individual sob a Lei Complementar
12808
No caso das Poliacuteticas passivas o objetivo eacute assegurar o miacutenimo de renda
consumo satisfaccedilatildeo para as pessoas excluiacutedas temporariamente ou natildeo do
processo produtivo do mercado de trabalho O dispositivo mais conhecido eacute o
Seguro-desemprego3 (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA 2006)
Para Oliveira (2012) jaacute mencionada anteriormente a poliacutetica de emprego
consiste numa representaccedilatildeo reduzida do ponto de vista do Estado do Bem Estar
Social e agrave ―posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho (idem p
494) o que resulta num quadro nacional do capitalismo dependente Veremos que
no primeiro momento do periacuteodo Republicano natildeo haacute a construccedilatildeo de um projeto de
poliacuteticas que coadunassem poliacuteticas ativas e poliacuteticas passivas Observamos nesse
sentido que o complexo de poliacuteticas ativas deixa claro o forte posicionamento ao
desenvolvimento econocircmico e dessa forma compreendemos que as ―principais
medidas de proteccedilatildeo ao trabalhador no Brasil foram no sentido de controlar a forccedila
de trabalho com a inserccedilatildeo de marcos regulatoacuterios corporativos e restritos a
pequenos grupos (OLIVEIRA 2012 p 495) Como salienta essa autora a privaccedilatildeo
de poliacuteticas passivas de atenccedilatildeo ao trabalhador tanto na Primeira Repuacuteblica como
no periacuteodo Vargas dilatou o quadro de pobreza brasileiro e criou um excedente de
matildeo de obra abrindo caminho para a subsistecircncia fora do setor formal
3 O Seguro desemprego eacute um benefiacutecio que oferece auxiacutelio em dinheiro por um periacuteodo determinado
pago ao trabalhador formal e domeacutestico em virtude da dispensa sem justa causa inclusive dispensa indireta trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso em virtude de participaccedilatildeo em curso de qualificaccedilatildeo fornecido pelo empregador pescador profissional durante o periacuteodo de defeso e trabalhador resgatado da condiccedilatildeo semelhante agrave de escravo (lthttpsgoogleX5hIw)
36
Para Fernandes (1975) Oliveira (1984) Machado (1999) Furtado (1978) e
Galeano (2010) o desenvolvimento latino-americano foi marcado pela incapacidade
de acompanhar a evoluccedilatildeo do capitalismo e das contradiccedilotildees e relaccedilotildees
antagocircnicas internas entre as capacidades produtivas e a correspondecircncia social
resultando no baixo desempenho econocircmico no mercado internacional dos paiacuteses
―subdesenvolvidos inseridos no sistema neocolonial o que permitiu a histoacuterica
dominaccedilatildeo e espoliaccedilatildeo territorial Para estes autores processo de dominaccedilatildeo foi
construiacutedo historicamente iniciado com o advento da ―Invasatildeo ou Conquista do
continente americano pela Espanha e Portugal As relaccedilotildees de poder produzidas
entre economias centrais e sateacutelites marcaram a crescente dependecircncia econocircmica
das uacuteltimas em relaccedilatildeo agraves primeiras sendo que o capitalismo latino americano se
tornou dependente na medida em que as bases relacionais foram pela via do
―endividamento externo e maior submissatildeo ao capital foracircneo (MACHADO 1999 p
200)
211 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento
Abaixo (QUADRO1) apresentamos algumas das principais poliacuteticas de
emprego desenvolvidas pelo Estado brasileiro anterior ao Regime Militar que se
estabeleceu em 1964
QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A
1964
Continua
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1919 Lei sobre acidentes de trabalho nordm 3724 de 15 janeiro de 1919
Responsabiliza empregadores pela indenizaccedilatildeo
Regulamentaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho Criaccedilatildeo do Aviso Preacutevio proibiccedilotildees de salaacuterios atrasados pagamentos de
horas extras natildeo salariais proibiccedilatildeo de trabalho para menores de quatorze anos
e estabilidade de emprego para ferroviaacuterios e portuaacuterios
1925 Decreto4982 de 24 de dezembro de 1925 ndash Lei de feacuterias
Concede 15 dias anuais de feacuterias para empregados
1926 Dec 5083 de 01 de dezembro de 1926 Coacutedigo do menor
Regulamentaccedilatildeo do trabalho de menores dentre outras providecircncias
1930 CriaccedilatildeodoMinisteacuterio do Trabalho Comeacutercio e induacutestria
Interferir sistematicamente no conflito entre capital e trabalho Estabeleceu
jornada de 8 horas e proibiccedilatildeo do trabalho infantil e noturno
1942 ServiccediloNacionaldeAprendizagemIndustrial (SENAI) - Dec Fed 4048 de 22 de janeiro de 1942
Formaccedilatildeo profissional para a insipiente induacutestria de base
37
QUADRO 1 - POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A
1964
Concluatildeo
FONTE OLIVEIRA (2012) MTE SENAI SENAC CPDOC SENADO FEDERAL
Com um desenvolvimento industrial ainda modesto e insipiente no primeiro
momento da Repuacuteblica do Brasil como analisa Cotrin (1999) a base econocircmica
brasileira estava atrelada ao campo pois segundo esse autor em 1920 697 das
pessoas ativas desenvolviam atividades na agricultura 138 na induacutestria e o setor
de serviccedilos abarcava 165 das pessoas ativas (COTRIN 1999 p 268)
Mesmo com uma sociedade predominantemente agraacuteria as poliacuteticas
puacuteblicas de emprego demonstradas acima atingiam apenas os trabalhadores
urbanos que representavam cerca de 30 dos trabalhadores brasileirosAs
condiccedilotildees de trabalho desse operariado na Primeira Repuacuteblica brasileira eram
excessivamente precaacuterias o que provocavam vaacuterios acidentes de trabalho somem-
se a isso os baixos salaacuterios pagos a natildeo existecircncia de salaacuterio miacutenimo sem direito a
feacuterias ou pagamento de horas extras carga horaacuteria excessiva de trabalho que
atingia como aponta Cotrin (1999) 15 horas diaacuterias de trabalho de segunda a
saacutebado e sem direito a qualquer forma de indenizaccedilatildeo ou aviso preacutevio o
trabalhador poderia ser demitido arbitrariamente (p 275) Como demonstra o autor
[] as instalaccedilotildees das faacutebricas eram geralmente precaacuterias Nos galpotildees de serviccedilo natildeo havia espaccedilo adequado para o trabalho o ambiente era mal iluminado quente e sem ventilaccedilatildeo Tudo isso favorecia a ocorrecircncia de acidentes de trabalho cujas as principais viacutetimas eram as crianccedilas (COTRIN 1999 p 274)
Diante do quadro que se encontrava o trabalhador brasileiro nesse periacuteodo
surgiram vaacuterios protestos reivindicatoacuterios para melhorias nas condiccedilotildees de trabalho
sendo importantes na contribuiccedilatildeo para o aparecimento dos primeiros sindicatos e
entidades ligadas ao operariado
Dessa maneira como aponta Fausto (1995) foi no curso das greves
ocorridas entre os anos de 1917 e 1920 que surgiram as primeiras possibilidades de
aprovaccedilatildeo legislativa de direitos aos trabalhadores Algumas medidas foram
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1946 Serviccedilo nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)
Voltado para o setor de comeacutercio produccedilatildeo de bens e serviccedilo e turismo
1943 Consolidaccedilatildeo das leis trabalhistas (CLT) (lei nordm 5452 de 1ordm maio de
1943)
Art 1ordm - Esta Consolidaccedilatildeo institui as normas que regulam as relaccedilotildees individuais e coletivas de
trabalho nela previstas
38
colocadas em um projeto denominado Coacutedigo de trabalho mas sofreram pesadas
criticas pelo empresariado sendo igualmente vetadas pelos congressistas Apenas
a Lei nordm 37241919 que dispunha sobre as regras resultantes de acidentes de
trabalho como indenizaccedilotildees e responsabilidades do empregador foi aprovada
Ainda assim duas leis importantes foram produzidas na segunda metade dos anos 20 a Lei de feacuterias (1925) e a Lei de Regulamentaccedilatildeo do Trabalho de menores (192627) A primeira visava a obrigar os empresaacuterios a conceder 15 dias de feacuterias a seus empregados sem prejuiacutezo do ordenadomas foi sistematicamente desrespeitada Jaacute o Coacutedigo do Menor estipulava a maioridade a partir dos 18 anos e propunha uma jornada de trabalho de seis horas (CPDOC ndash Centro de Pesquisas e documentaccedilatildeo de Histoacuteria Contemporacircnea do Brasil)
Jaacute na deacutecada de 1930 o Estado Getulista procurou estabelecer regulaccedilatildeo e
regulamentaccedilatildeo para a questatildeo trabalhista Neste periacuteodo foi criado o Ministeacuterio do
Trabalho Comeacutercio e Induacutestria como forma de atenccedilatildeo mais sistemaacutetica ao
trabalhador como aponta Oliveira (2012) A regulaccedilatildeo tinha como objetivo
interferecircncia do estado junto aos sindicatos e organizaccedilotildees trabalhistas sobre
maneira nas de inclinaccedilotildees marxistas apoiadas por partidos de esquerda o que
limitava accedilotildees no campo poliacutetico e conflitos de classes dificultando a organizaccedilatildeo
da classe trabalhadora Dessa forma como observam Fausto (1995) e Oliveira
(2012) a centralizaccedilatildeo estatal mantinha sobre forte domiacutenio a questatildeo do ―princiacutepio
da unidade sindical ou seja do reconhecimento do Estado de um uacutenico sindicato
por categoria profissional (FAUSTO1995 p 335) Segundo Oliveira (2012) o
governo centralizador e interventor de Vargas tinha a intenccedilatildeo de estabelecer a
harmonia entre as classes diluiacutedas pela inquietaccedilatildeo social e promover a adequaccedilatildeo
trabalhocapital o que levaria a acumulaccedilatildeo capitalista Consideremos que em
1920 a produccedilatildeo agriacutecola representava 79 do total produzido no paiacutes e a
induacutestria 21 em 1940 a agricultura era responsaacutevel por 57 da produccedilatildeo e a
induacutestria 43 o que denota um aumento significativo do setor industrial (FAUSTO
1995 p 392)
Na avaliaccedilatildeo de Fausto (1995 p 336) ―a poliacutetica trabalhista do Governo
Vargas constituiu um niacutetido exemplo de uma ampla iniciativa que natildeo derivou das
pressotildees de uma classe social e sim da accedilatildeo do Estado As medidas regulatoacuterias
de Vargas tinham um propoacutesito central aumentar a capacidade de produccedilatildeo
industrial nas aacutereas urbanas e para tanto havia a necessidade de prevenir a
instabilidade social e mediar as relaccedilotildees entre a classe trabalhadora e o patronato
39
Assim para normatizar as relaccedilotildees de trabalho individuais e coletivas bem
como as regulamentaccedilotildees sobre essas relaccedilotildees em 1943 foi instituiacuteda a
Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT) sob o Dec Lei nordm 5452 de 151943
Nesse periacuteodo ficou evidente a forte regulaccedilatildeo das forccedilas de trabalho
subordinadas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas de desenvolvimento e acumulaccedilatildeo de
capital A partir das deacutecadas de 197080 as poliacuteticas de emprego comeccedilaram a
ganhar destaque e porte sendo criado o Sistema Puacuteblico de Emprego ainda como
um sistema de pouca prospecccedilatildeo que atingia exclusivamente o mercado formal de
trabalho (MACHADO e NETO 2011)
212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar
O iniacutecio do regime militar foi marcado por uma seacuterie de mudanccedilas que
incidiram sobre a poliacutetica de emprego no Brasil Essas medidas tornaram-se
coercitivas em funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do governo militar em expandir o complexo
industrial e tecnoloacutegico (OLIVEIRA 2012) No entanto foi somente a partir da
deacutecada de 1970 no regime militar que comeccedilam a serem implementadas poliacuteticas
passivas ainda modestas de atendimento aos trabalhadores natildeo somente
formalizados mas algumas categorias de trabalhadores que se encontravam fora do
mercado de trabalho Uma das Poliacuteticas de Emprego de maior visibilidade foi a
criaccedilatildeo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) (Lei 5107 de
13set1966) orientado hoje pela Lei 8036 de 11maio1990 e tem como objetivo
dar auxiacutelio ao trabalhador dispensado do serviccedilo sem justa causa e garantir uma
renda para a subsistecircncia ateacute conseguir novo emprego Para Oliveira (2012) a
criaccedilatildeo do FGTS substitui a estabilidade de emprego contida na CLT pela
poupanccedila compulsoacuteria Abaixo (QUADRO 2) estatildeo algumas das Poliacuteticas de
Emprego desenvolvidas durante o regime militar que se instalou no Brasil em 1964
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASILDURANTE O REGIME MILITAR
continua
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1964 Lei Anti-greve4330 de 161964
Regula o direito de greve na forma do art 158 da Constituiccedilatildeo Federal de 1946
40
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL DURANTE O REGIME MILITAR
conclusatildeo
ANO POLIacuteTICA DEFINICcedilAtildeO
1965 Sobre os dissiacutedios coletivos entre categorias profissionais e econocircmicas (lei 4725 de
13765)
Estabelece normas para o processo dos dissiacutedios coletivos e daacute outras
providecircncias (Poliacutetica de contenccedilatildeo salarial)
1966 Criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) ndash Dec lei nordm 72 de 21111966
Unifica os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees
1966 Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo Lei 5107 de 13091966 ndash revogado o seu original em 1989 e posteriormente em 1990 pela Lei
8036 de 11051990
Dispotildee sobre o Fundo de garantia por Tempo de Serviccedilo
1970 Criaccedilatildeo do Programa de integraccedilatildeo Social (Lei Complementar 07 de 791970)
Art 1ordm [] destinado a promover a integraccedilatildeo do empregado na vida e no
desenvolvimento das empresas
1970 Criaccedilatildeo do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash LC
nordm 08 de 03121970
Institui o Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico
1971 Programa de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (PRORURAL) LC n 11 de 25051971
Poliacutetica de assistecircncia ao trabalhador rural
1973 Dec lei 71885 de 931973 Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico
Art 1ordm Satildeo assegurados aos empregados domeacutesticos os benefiacutecios e serviccedilos da Lei
Orgacircnica da Previdecircncia Social
1974 Criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS )Lei 6036 de
1051974
Atribuiccedilotildees diferentes do Ministeacuterio do Trabalho
11974
Lei Ordinaacuteria 6136 de 7111974 Define o salaacuterio maternidade e outros benefiacutecios a serem pagos aos
trabalhadores (na praacutetica somente aos trabalhadores formalizados)
11974
Lei n 6179 de 11121974 Art 1ordm Institui amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e para invaacutelidos definitivamente incapacitados
para o trabalho que natildeo exerccedilam atividades remuneradas []
11974
Lei n 6195 de 19121974 Extensatildeo aos trabalhadores rurais a concessatildeo de seguro por acidente do
trabalho
11974
Lei nordm 6019 de 03011974 Dispotildee sobre o Trabalho Temporaacuterio nas Empresas Urbanas - atendimento do
empresariado na substituiccedilatildeo de forccedila de trabalho ndash (OLIVEIRA 2012)
11975
Criaccedilatildeo do Sistema Puacuteblico de Emprego Conjunto de poliacuteticas ativas e passivas no mercado de trabalho
11975
Cria o Sistema Nacional de Emprego (SINE) Dec nordm 76403 de 08101975
Linhas de accedilatildeo organizar um sistema de informaccedilotildees e pesquisas sobre
o mercado de trabalho informar agraves empresas sobre a forccedila de trabalho
disponiacutevel (OLIVEIRA 2012)
FONTE OLIVEIRA (2012)wwwplanaltogovbr Instituo de Desenvolvimento do Trabalho
(IDT)CHAHAD (2006)
A centralidade econocircmica administrativa e poliacutetica que se iniciou no Brasil
apoacutes a implantaccedilatildeo do regime militar em 1964 culminou com a forte presenccedila do
41
Estado na sociedade e na economia e numa seacuterie de propostas de desenvolvimento
econocircmico colocadas nos Plano Nacional de Desenvolvimento l (1971 ndash 1974) e no
Plano Nacional de Desenvolvimento ll (1975 ndash 1979) (PND)
Neste momento da histoacuteria o Estado brasileiro inicia um processo de
enrijecimento atraveacutes da militarizaccedilatildeo poliacutetica administrativa e econocircmica do paiacutes
que avanccedilou para os setores da sociedade atingindo a classe trabalhadora Dentro
desse contexto foi decretado o impedimento agrave greve atraveacutes da Lei 433064 (Lei
Anti-greve) No ano seguinte foram instituiacutedas normas para o processo dos dissiacutedios
coletivos pela Lei nordm 472565 Tais medidas alertavam para o teor coercitivo do
governo militar e da sua proposta de crescimento econocircmico que penalizava a
classe trabalhadora do paiacutes
Na mesma medida em que manifestava sua posiccedilatildeo coercitiva e de controle
sobre as relaccedilotildees de trabalho o governo militar dava iniacutecio a propostas dos
trabalhadores como forma de compensaccedilatildeo pela falta de liberdade Em 1966 foi
criado o Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) o qual unificou os Institutos
de Aposentadorias e Pensotildees sob o Dec Lei nordm 7266 amparado pelo Ato
Institucional nordm 2 de 27111965 Em 1970 foram criados o Programa de Integraccedilatildeo
Social (PIS) sob a Lei nordm 071970 com o propoacutesito de ―[] promover a integraccedilatildeo do
empregado na vida e no desenvolvimento das empresas (art 1ordm) e o Programa de
Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash sob a Lei Complementar nordm
0870 Em 1971 a poliacutetica de trabalho passa a ser voltada ao meio rural por meio da
constituiccedilatildeo do Programa de Assistecircncia ao trabalhador Rural (PRORURAL) sob a
Lei Complementar 2571 Esta poliacutetica tinha o objetivo de dar assistecircncia ao
trabalhador rural que ateacute entatildeo natildeo possuiacutea benefiacutecios na legislaccedilatildeo trabalhista
Segundo Oliveira (2012)
Essa foi a primeira legislaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de um sistema previdenciaacuterio que beneficiasse os trabalhadores rurais benefiacutecio ampliados agraves empregadas domeacutesticas e em 1973 aos trabalhadores autocircnomos Essa inclusatildeo tardia dos trabalhadores rurais domeacutesticos e autocircnomos evidencia a poliacutetica trabalhista corporativa e excludente do Brasil e denota a ausecircncia de um sistema de garantias sociais para o conjunto da classe trabalhadora e dos trabalhadores fora do mercado de trabalho (OLIVEIRA 2012 p 497)
Em 1973 os empregados domeacutesticos passam a gozar dos benefiacutecios
instituiacutedos pela Lei orgacircnica da Previdecircncia Social amparados pelo Dec Lei
7188573 Em 1974 com o objetivo de ampliar a atenccedilatildeo ao trabalhador eacute criado o
42
Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) sob a Lei 603674 Outros
dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador foram criados como o Salaacuterio Maternidade
(Lei 613674) e o ―amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e
para invaacutelidos definitivamente incapacitados para o trabalho que natildeo exerccedilam
atividades remuneradas [] (Lei 617964 art 1ordm) No ano de 1975 ―sob a eacutegide da
Convenccedilatildeo nordm 88 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que orienta cada
paiacutes-membro a manter um serviccedilo puacuteblico e gratuito de emprego para a melhor
organizaccedilatildeo do mercado de trabalho (MTPS site) foi elaborado o Sistema Nacional
de Emprego (SINE)
Ao observarmos o quadro acima percebemos que as poliacuteticas de emprego
estabelecidas no regime militar eram Poliacuteticas Ativas e voltadas aos trabalhadores
formalizados excluindo dessas poliacuteticas quase em sua totalidade as categorias natildeo
formalizadas de trabalhadores brasileiros
Somente a partir da deacutecada de 1980 final do regime militar comeccedilam a
surgir mudanccedilas significativas sobre poliacuteticas puacuteblicas passivas de emprego no
Brasil Nas palavras de Oliveira (2012)
O esgotamento do regime militar e a crise econocircmica que se instaurou no paiacutes revelaram a precariedade das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira e reacendeu o debate por melhores serviccedilos de infraestrutura e de inclusatildeo nos programas sociais possibilitando a emergecircncia de movimentos sociais urbanos que clamavam por direitos sociais e pela redemocratizaccedilatildeo no paiacutes (OLIVEIRA 2012 p 498)
213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil
A partir da segunda metade da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990
as poliacuteticas marcadas pelo restabelecimento do governo democraacutetico brasileiro se
expandiram e foram criados vaacuterios programas destinados natildeo somente a dar
atenccedilatildeo ao trabalho formal mas tambeacutem ao setor informal da economia Com o
crescimento e demanda desse setor ficou evidente a necessidade de criaccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas direcionadas na possibilidade de equacionar distorccedilotildees entre os
setores formais e informais Para Machado e Neto (2011) os governos subnacionais
(estados e municiacutepios) foram importantes na medida de abertura do microcreacutedito
natildeo somente para o setor formal mas tambeacutem para os trabalhadores autocircnomos e
empreendimentos menores que absorviam boa parte dos trabalhadores ocupados
43
Observamos que os direitos dos trabalhadores se ampliam com a
promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (Constituiccedilatildeo Cidadatilde) estabelecidos
em seu art 7ordm com previsatildeo a ―melhoria de sua condiccedilatildeo social (BRASIL 1988
art 7ordm) No entanto como observa Oliveira (2012) natildeo havia ainda uma
preocupaccedilatildeo em formular poliacuteticas passivas de atendimento natildeo somente aos
trabalhadores formais mas tambeacutem aos desempregados subempregados e aos natildeo
formalizados que representavam parcela significativa no mercado de trabalho
brasileiro Dessa forma segue Oliveira (2012)
[] o paiacutes sempre conjugou poliacuteticas macroeconocircmicas com poliacuteticas assistencialistas limitando-se a introduzir marcos regulatoacuterios para algumas categorias profissionais sem contudo se debruccedilar na construccedilatildeo de uma poliacutetica de emprego passiva ou ativa que contemplasse a subsistecircncia ou a (re) inserccedilatildeo dos trabalhadores expulsos do mercado de trabalho (p 499)
Destacamos (QUADRO 3) as principais poliacuteticas criadas para garantir
direitos sociais de atenccedilatildeo aos trabalhadores sob a promoccedilatildeo de poliacuteticas passivas
para mercado de trabalho
QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
continua ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
1986 Lei nordm 2283 de 27021986 ndash cria o Seguro Desemprego
Dispotildee sobre a instituiccedilatildeo [] do Seguro desemprego e daacute outras providecircncias
1988 Art XIII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo das horas trabalhadas que passa de 48 horas para
44 horas semanais
1990 Lei nordm 7998 de 11011990 Regula o Programa do Seguro-Desemprego o Abono Salarial institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)
financiado com recursos advindos do PIS e do PASEP
1994 Resoluccedilatildeo CODEFAT nordm 59 de 250394 ndash autoriza alocar recursos do FAT para o Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e
Renda (PROGER)
Eacute uma poliacutetica puacuteblica de emprego que se faz mediante concessatildeo de creacutedito
financeiro Tem por objetivo proporcionar linhas especiais de creacutedito em atividades
produtivas [] (MTPS)
1996
Resoluccedilatildeo 126 de 23101996 (CODEFAT) Criacatildeo do Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo
do trabalhador (PLANFOR)
Aprova criteacuterios para a utilizaccedilatildeo de recursos do Fundo de Amparo ao
Trabalhador - FAT pela Secretaria de Formaccedilatildeo e Desenvolvimento Profissional - SEFOR com vistas agrave execuccedilatildeo de accedilotildees
de qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo profissional no acircmbito do Programa do Seguro-
Desemprego no periacuteodo e 19971999
44
QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
Continuaccedilatildeo
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
1996
Decreto 1946 de 28061996 - Cria o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar ndash PRONAF
Apoio financeiro a atividades agropecuaacuterias ou natildeo-agropecuaacuterias para implantaccedilatildeo
ampliaccedilatildeo ou modernizaccedilatildeo da estrutura de produccedilatildeo beneficiamento industrializaccedilatildeo e de serviccedilos no estabelecimento rural ou em aacutereas comunitaacuterias rurais proacuteximas de
acordo com projetos especiacuteficos
1996
RESOLUCcedilAtildeO CODEFAT Nordm 103 de 631996 ndash Cria o Programa de Expansatildeo do Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador ndash PROEMPREGO
Art 1ordm [] objetivo de criar novos empregos incrementar a renda do
trabalhador proporcionar a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em
especial das camadas de mais baixa renda e propiciar a diminuiccedilatildeo dos custos de
produccedilatildeo no contexto internacional preservando e expandindo as
oportunidades de trabalho e assegurando o equiliacutebrio do meio ambiente
1998 Resoluccedilatildeo CODEFAT 194 de 23091998 - Estabelece criteacuterios para transferecircncia de
recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador ndash FAT ao Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador ndash PLANFOR
Art 2ordm O PLANFOR tem o objetivo de construir gradativamente oferta de
educaccedilatildeo profissional (EP) permanente com foco na demanda do mercado de
trabalho de modo a qualificar ou requalificar a cada ano articulado agrave
capacidade e competecircncia existente nessa aacuterea pelo menos 20 da PEA - Populaccedilatildeo Economicamente Ativa maior de 14 anos
de idade
11999
Criaccedilatildeo do Fundo de Aval para a Geraccedilatildeo de Emprego e Renda (FUNPROGER)
Tem a finalidade de garantir parte do risco dos financiamentos concedidos pelas instituiccedilotildees financeiras oficiais federais diretamente ou por intermeacutedio de outras instituiccedilotildees financeiras no acircmbito do Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda - PROGER Setor Urbano
22001
Medida Provisoacuteria nordm 2164-41 de 24082001Subvenciona o trabalhador atraveacutes de Bolsa Qualificaccedilatildeo profissional
Altera a Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho - CLT para dispor sobre o trabalho a tempo parcial a suspensatildeo do contrato de trabalho e o programa de qualificaccedilatildeo profissional
22001
Lei nordm 10208 de 23032001 -Acrescenta os artigos 3ordmA 6ordmA 6ordmB 6ordmC e 6ordmD agrave Lei n
o 5859 de 11 de dezembro de 1972
Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico para facultar o Acesso em ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo - FGTS e ao seguro-desemprego (texto da poliacutetica)
22003
Lei 10779 de 25112003 Dispotildee sobre a concessatildeo do benefiacutecio de seguro desemprego durante o periacuteodo de defeso ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal (texto da poliacutetica)
22005
Decreto 5598 de 1122005 ndash Estabelece as normas para o Programa de Aprendizagem Profissional
Regulamenta a contrataccedilatildeo de aprendizes
45
QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
Conclusatildeo
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
22008
Lei Complementar 128 de 191208 ndash Criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI)
ART 18E - O instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo social e previdenciaacuteria
FONTE SENADO FEDERAL OLIVEIRA (2012) MTE BATISTA (2009)
As poliacuteticas de trabalho no Brasil quase que exclusivamente atingiam os
trabalhadores formalizados deixando fora de poliacuteticas especiacuteficas categorias natildeo
definidas dentro do setor formal isolando-os de direitos trabalhistas e
previdenciaacuterios Com a evoluccedilatildeo da economia de mercado informalizado e
considerando que boa parte dos trabalhadores sobrevivia do trabalho informal o
que nesse sentido como analisa Pastore (2006) gerava distorccedilotildees no setor
previdenciaacuterio o governo brasileiro instituiu a LC 1282008 com objetivos de 1)
criar a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual 2) promover a formalizaccedilatildeo
de trabalhadores que manteacutem atividades fora das relaccedilotildees de mercado formais 3)
promover a inclusatildeo social desses trabalhadores
214 Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI
Em 2008 foi regulamentada no Brasil a Lei Complementar (LC) nordm 12808 a
qual estabeleceu a pessoa juriacutedica do Microempreendedor Individual (MEI) em
complemento a LC 123 de 14 de dez de 20064 Esta poliacutetica puacuteblica representa uma
tentativa de resposta pelo poder puacuteblico ao crescente nuacutemero de trabalhadores
informais exercendo as mais diversas atividades econocircmicas e em muitos casos
em situaccedilatildeo de vulnerabilidade por exerciacutecios de trabalho precaacuterio irregular ou ilegal
em desconformidade com a legislaccedilatildeo trabalhista natildeo oportunizando dessa forma
os direitos previdenciaacuterios conquistados pelos trabalhadores formalizados Como
referecircncia ao MEI a legislaccedilatildeo traz a seguinte redaccedilatildeo
4A LC 12306 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser
dispensado agraves microempresas e empresas de pequeno porte no acircmbito dos poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal [] (art 1ordm) e segundo Guimaratildees (2011) a Lei Geral de 2006 estaacute relacionada agrave geraccedilatildeo de desenvolvimento econocircmico
46
Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se MEI o empregador individual a que se refere o art 966 da lei 10406 de 10 de janeiro de 2002 (Coacutedigo Civil) que tenha auferido receita bruta no calendaacuterio anterior de ateacute R$ 6000000 (sessenta mil reais) optante pelo Simples Nacional e que natildeo esteja impedido de optar pela sistemaacutetica prevista neste artigo (LC 12808 art 18ordf sect 1ordm)
Segundo a redaccedilatildeo da referida LC ―o instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica
que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo
social5 e previdenciaacuteria (BRASIL 2008 art 18-E) natildeo sendo objeto apenas de
caraacuteter econocircmico ou fiscal (idem sect 1ordm) Portanto como analisa Souza (2010 p15) o
―MEI tem como objetivo alcanccedilar aqueles empreendedores menores os chamados
autocircnomos ou ambulantes como cabeleireiros sapateiros costureiras pipoqueiros
entre outros e segundo Federaccedilatildeo Nacional das Empresas de Serviccedilos Contaacutebeis
e das Empresas de Assessoramento Periacutecias Informaccedilotildees e Pesquisas
(FENACON) tal poliacutetica puacuteblica consiste num dos ―maiores projetos de inclusatildeo
social colocados em praacutetica no paiacutes e assim decorre de uma accedilatildeopoliacutetica do
Estado perceptiacutevel frente a um problema soacutecioestrutural e que essa accedilatildeo estaraacute
diretamente ligada a fatores conjunturais e influenciaraacute a vida das pessoas
Com o advento da pessoa juriacutedica do MEI aleacutem da facilidade no processo
burocraacutetico de formalizaccedilatildeo das suas atividades pode-se verificar o baixo custo
tributaacuterio tanto para a previdecircncia quanto para os estados e municiacutepios muito
embora os encargos tributaacuterios se diferenciem dependendo da atividade
desenvolvida pelo empreendedor individual
Portanto com os objetivos expressos de inclusatildeo social previsto na
referente LC devemos destacar dois fatores muito importantes a) o aumento da
contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria b) o aumento na receita dos municiacutepios (ainda que
pequeno) Quanto agrave contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria o Microempreendedor Individual
estaraacute isento do Imposto de Renda sobre Pessoa Juriacutedica (IRPJ) do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) da Contribuiccedilatildeo Social sobre Lucro liacutequido (CSLL)
da Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) do
Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) e da Contribuiccedilatildeo Patronal Previdenciaacuteria no
entanto recolheraacute em forma de tributaccedilatildeo um valor fixo mensal no valor de R$
51656 disposto no art 18A sect 3ordm inciso V da referida LC desse modo isentando-o
5 Grifo nosso ndash texto incluiacutedo pela LC 1472014
6Valor expresso ateacute a data referente a esta pesquisa ndash ano base 2016
47
do regime de tributaccedilatildeo - o Simples Nacional O recolhimento de tributaccedilatildeo seraacute da
seguinte forma (LC 12808 art 18ordf inciso V aliacuteneas a b c)
a) R$ 4565 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) a tiacutetulo
da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria
b) R$ 100 (um real) a tiacutetulo ICMS
c) R$ 500 (cinco reais) a tiacutetulo de ISS
A referida LC em seu art 18E sect3ordm enquadra o MEI na modalidade de
microempresa no entanto com especificidade conceitual diferenciada do que refere
o art 3ordm item l da LC 12306 ―no caso da microempresa aufira em cada ano-
calendaacuterio receita bruta igual ou inferior a R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil
reais) Sem embargo a redaccedilatildeo no mesmo artigo em seu sect2ordm estende ao MEI
todos os benefiacutecios dispensados agrave pequena empresa sempre que favoraacutevel
Eacute compreensiacutevel o enquadramento do MEI na modalidade de microempresa
posto que a LC 12306 foi o marco de abertura para o processo de formalizaccedilatildeo
desburocratizaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo das micro e pequenas empresas que se
encontravam na informalidade dos seus negoacutecios comerciais possibilitando nesse
sentido a valorizaccedilatildeo e a inclusatildeo de uma quantidade significativa de empresas no
curso da regularizaccedilatildeo previdenciaacuteria social e econocircmica Os dispositivos
colocados tanto na facilidade para a abertura da empresa baixa tributaccedilatildeo e
tratamentos diferenciados nas licitaccedilotildees puacuteblicas como procedimentos de estiacutemulos
e apoio para a inovaccedilatildeo contrataccedilatildeo capacitaccedilatildeo e ao associativismo inclina-se na
construccedilatildeo no nosso entendimento de uma base complementar entre Poliacutetica
Publica Ativa e Poliacutetica Puacuteblica Passiva a) quanto agrave natureza estrutural b) quanto agrave
abrangecircncia fragmentada e c) quanto aos impactos redistributiva (TEIXEIRA
2002)
As micro e pequenas empresas e o microempreendedor individual
amparados pelas LC 12306 e LC 12808 respectivamente formam um segmento
do mercado aberto que nas anaacutelises de Sacks (2003) eacute excepcionalmente
importante para o desenvolvimento socioeconocircmico do paiacutes pois aleacutem de
representar uma economia que chega a 27 do PIB brasileiro corresponde ao
emprego de mais de 90 dos trabalhadores operantes no paiacutes portanto uma fonte
inestimaacutevel de geraccedilatildeo de renda
No entanto como observa o autor o isolamento dessas MPE assim como
os MEI (atividades produtivas de pequeno porte) frente a um mercado aberto natildeo
48
poderaacute corresponder agraves expectativas de expansatildeo em decorrecircncia da concorrecircncia
com empresas maiores e mais estruturadas atuantes no livre mercado Como
assinala Sachs (2003)
Esses pequenos empreendedores e produtores se submetidos apenas aos processos de mercado natildeo tecircm condiccedilotildees de competir com empresas estruturadas de maior porte ndash a natildeo ser concorrendo agrave ―competitividade espuacuteria que se traduz em salaacuterios baixos jornadas longas de trabalho sonegaccedilatildeo de impostos e natildeo recolhimento de encargos sociais (SACHS 2003 p 21)
Para esse autor o desafio em alterar esse quadro estaria em promover a
qualificaccedilatildeo acesso em agrave tecnologia ao creacutedito e ao mercado considerando
igualmente a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas menos setorizadas mas que
concebessem a integraccedilatildeo dos setores da economia propiciando a aproximaccedilatildeo das
empresas agrave competitividade Ou seja ―uma accedilatildeo afirmativa em favor dos mais
fracos sem poder e sem voz (SACHS 2003 p 21)
As microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) satildeo
estruturalmente diferenciadas dos microempreendedores Individuais tanto nas
dimensotildees fiacutesicas quanto na capacidade de abrangecircncia e inserccedilatildeo no mercado
sendo igualmente objeto diferenciado constante nas regulamentaccedilotildees descritas nas
LC 12306 e LC 12808 respectivamente quanto ao enquadramento sobre a receita
agraves obrigaccedilotildees tributaacuterias e fiscais O art 3ordm incisos I e II da LC 12306 nos diz como
jaacute mencionado acima que a microempresa eacute aquela que possui receita bruta anual
de ateacute R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil reais) a receita bruta da empresa de
pequeno porte por sua vez natildeo pode ser inferior a R$ 36000000 e superior a R$
360000000 (trecircs milhotildees e seiscentos mil reais) por outro lado o MEI possui uma
exigecircncia de receitaano muito menor que as demais estabelecida com um teto de
R$ 6000000 conforme expressa o art 18ordf sect 1ordm
Consideremos que as obrigaccedilotildees tributaacuterias diferenciadas para as
microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional7
descrevem as necessidades de se conceber mecanismos de atendimento a esse
segmento empresarial de importacircncia comprovada para a economia do paiacutes e da
sua fragilidade de continecircncia no livre mercado Por outro lado temos o MEI
7Simples Nacional eacute um regime de tributaccedilatildeo diferenciado aplicados agraves Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte que consiste no recolhimento dos tributos previstos em lei em um documento uacutenico de arrecadaccedilatildeo (DAS) e da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria
49
marcado pela inseguranccedila muitas vezes da sua condiccedilatildeo de ―empreendedor
forccedilado em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no universo do trabalho denotando a
fragilidade socioeconocircmica que o permeia No entanto
No Brasil existem algumas entidades que atuam como propulsoras das potencialidades de micro e pequenas empresas estimulando a cultura do empreendedorismo Uma das principais eacute o SEBRAE (Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas) que atua dando suporte no processo de abertura e registro de empresas com orientaccedilatildeo cursos e palestras para minimizar o grau de mortalidade desses pequenos empreendimentos (SILVEIRA TEIXEIRA 2011 p 227)
A finalidade do SEBRAE nesse sentido eacute apoiar o desenvolvimento das
micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo atraveacutes de programas
de capacitaccedilatildeo consultoria e financcedilas no atendimento de empresaacuterios e potenciais
empreendedores
A poliacutetica maior do MEI atribui determinada responsabilidade aos governos
locais de deferirem poliacuteticas alinhadas agrave implantaccedilatildeo agravequela de atenccedilatildeo agrave categoria
uma vez que o desenvolvimento desse segmento pode subtender aleacutem da
inclusatildeo descrita no art 18E da LC 12808 um avanccedilo nas questotildees
socioeconocircmicas locais Mesmo com direcionamento o impacto pode ser absorvido
por outros segmentos sob a forma de fortalecimento do mercado interno local que
por sua vez concorre para o aumento e extensatildeo da geraccedilatildeo de emprego renda e
com isso o aumento da receita municipal
Sob a oacutetica do desenvolvimento local a partir da interpretaccedilatildeo do
pensamento de autores como Albuquerque e Zapata (2008) Sachs (2003)
Albuquerque (1997) dentre outros dialogando com a Lei Geral e suas alteraccedilotildees
(LC 12808 e LC 147 de 07 de ago de 2014) analisaremos algumas accedilotildees e
estrateacutegias de atendimento ao MEI desenvolvidas nos municiacutepios integrantes da
MRGP
50
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute
A Microrregiatildeo8 Geograacutefica de Paranaguaacute (MRGP) (MAPA 1) situada no
litoral paranaense eacute composta pelos municiacutepios de Antonina Guaraqueccedilaba
Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute (IPARDES 2012) e
apresenta enorme complexidade em sua estrutura social econocircmica e natural
marcada ainda por seacuterios problemas de gestatildeo de desenvolvimento e de
conservaccedilatildeo (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT et al2002)
Para Horochowski et al (2007) a MRGP apresenta
[] uma espacialidade conturbada com mais de 60 quilocircmetros de extensatildeo que liga os municiacutepios de Guaratuba Matinhos Pontal e tambeacutem Paranaguaacute Esses trecircs uacuteltimos possuem graus de urbanizaccedilatildeo superiores a 96 e satildeo marcadamente ordenados por grupos imobiliaacuterios promotores de praacuteticas especulativas e pela ocupaccedilatildeo de aacutereas ambientalmente vulneraacuteveis(HOROCHOWSKI etal (2007)
MAPA 1 -MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute
FONTE Adaptado do CORPO DE BOMBEIROSPR Disponiacutevel em(lthttpsgooglBhsDTx)
Segundo IPARDES a aacuterea territorial da MRGP corresponde a 6333233
Km2 abrigando uma populaccedilatildeo de 286602 habitantes com densidade demograacutefica
8 As microrregiotildees satildeo definidas pelo IBGE (1990) como partes da mesorregiatildeo e possuem
especificidades proacuteprias sem apresentarem uniformidade ou auto-suficiecircncia contudo articulam-se com espaccedilos maiores (mesorregiotildees ou Unidades da Federaccedilatildeo) Essas especificidades dizem respeito agraves estruturas de produccedilatildeo que podem apresentar quadros naturais sociais ou econocircmicos particulares localizados e regionalizados
51
de 4525 habKm2 e alto grau de urbanizaccedilatildeo de 9048 (TABELA 2) A ―forte
polarizaccedilatildeo urbana e industrial com o complexo portuaacuterio de Paranaguaacute e das aacutereas
urbano-turiacutesticas na orla sul (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT
et al2002 p 160) constitui um traccedilo caracteriacutestico do litoral paranaense e possui
dinacircmicas diferenciadas no processo econocircmico
No litoral paranaense conforme assinalam esses autores o meio natural
estaacute relativamente menos impactado que no restante do Estado principalmente nas
aacutereas rurais de Guaratuba e Guaraqueccedilaba que natildeo concorreram aos modelos de
desenvolvimento econocircmico adotados pelos municiacutepios do Estado que mantinham
bases predominantemente agriacutecolas e agroindustriais (idem p 161)
TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010)
MUNICIacutePIO POPULACcedilAtildeO
2000 2010
Antonina 19174 18891 Guaraqueccedilaba 8288 7871 Guaratuba 27257 32095 Matinhos 24184 29428 Morretes 15275 15718 Paranaguaacute 127339 140469 Pontal do Paranaacute 14323 20920
FONTE IBGE ATLAS BRASIL
A MRGP eacute componente da Mesorregiatildeo9 de Curitiba e estaacute ligada agrave capital
paranaense atraveacutes da BR 277 Outras estradas alternativas que ligam a regiatildeo ao
Primeiro Planalto Paranaense podem ser observadas pela BR 376 (Guaratuba ndash
GaruvaSC) e pela estrada da Graciosa
A precaacuteria gestatildeo de desenvolvimento local10 e a falta de iniciativas que
atendessem as capacidades especificidades e realidades vividas localmente
concorreram para que o litoral paranaense se tornasse uma das regiotildees menos
9Entende-se por Mesorregiatildeo uma aacuterea individualizada em uma Unidade da Federaccedilatildeo que
apresenta formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico definida pelas seguintes dimensotildees o processo social como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de comunicaccedilatildeo e lugares como elemento de articulaccedilatildeo espacial Estas trecircs dimensotildees possibilitam que o espaccedilo delimitado como Mesorregiatildeo tenha uma identidade regional Esta identidade eacute uma realidade construiacuteda ao longo do tempo pela sociedade que aiacute se formou (IBGE 1990 p 8)
10
Atraveacutes do Sistema de Monitoramento da Implementaccedilatildeo da Lei Geral nos Municiacutepios Brasileiros disponibilizado pelo SEBRAE observamos que natildeo haacute poliacuteticas de desenvolvimento local nos municiacutepios integrantes da MRGP Disponiacutevel em (lthttpsgoogltb4OXE)
52
desenvolvidas do Paranaacute com altos iacutendices de pobreza baixo padratildeo de vida e
destacadas disparidades sociais como analisaram Raynaut et al (2002) e Turra e
Baccedilo (2014) Para esses uacuteltimos autores apoacutes realizarem estudos sobre Niacutevel de
Desenvolvimento Regional (NDR) no Paranaacute concluiacuteram que a MRGP possui um
niacutevel muito baixo (MB) de desenvolvimento o que estaacute relacionado agrave baixa
concentraccedilatildeo tecnoloacutegica e o niacutevel de ocupaccedilatildeo das pessoas
Abaixo (TABELA 3) demonstra uma evoluccedilatildeo no Iacutendice de Desenvolvimento
Humano (IDH) na MRGP
TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOSMUNICIacutePIOS DA MRGP
MUNICIacutePIO IDH POBREZA
2000 2010 2000 2010
Antonina 0582 0687 3339 1727
Guaraqueccedilaba 0430 0587 5387 3605 Guaratuba 0613 0717 1958 915 Matinhos 0635 0743 1671 616 Morretes 0573 0686 2364 1087 Paranaguaacute 0645 0750 1593 810 Pontal do Paranaacute 0622 0738 1741 598
FONTE IBGE ATLAS BRASIL
Alguns elementos como a longevidade a renda e a educaccedilatildeo contribuiacuteram
para o aumento do IDH Jaacute a queda no iacutendice de pobreza na MRGP pode ser
descrita igualmente pelo aumento da renda da populaccedilatildeo e de uma maneira mais
incisiva pela involuccedilatildeo da desigualdade nesses municiacutepios
No entanto o iacutendice da pobreza no caso de Antonina a exemplo segundo
IBGE (2010) chegou a 5022 e o iacutendice da pobreza subjetiva neste municiacutepio
ficou em 3018 Notemos que a permanecircncia da pobreza muitas vezes produz
um deslocamento e enfraquecimento das capacidades e potencialidades reais das
pessoas
31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP
A MRGP apresenta uma diversidade no setor econocircmico com atividades
agropastoris comercio induacutestria (setor industrial de Paranaguaacute) e o setor de
produccedilatildeo de bens e serviccedilos com ecircnfase no turismo sobretudo na orla sul da
regiatildeo que abrange os municiacutepios de Pontal do Paranaacute Matinhos e Guaratuba
53
ainda sujeitos agrave sazonalidade em decorrecircncia da temporada de praias (veratildeo) e o
inverno
Os setores produtivos da MRGP se apresentam de forma heterogenia com
ecircnfase na proporccedilatildeo do setor de comeacutercioserviccedilos que apresenta forte impacto
sobre a contrataccedilatildeo de pessoal formalizado (RAIS)
TABELA 4ndash DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)
FONTE IPARDES IBGE FUNPARUFPR
Observamos (TABELA 4) que a taxa de desemprego na MRGP em 2010
ficou em 7511 Frisamos que pela escassez de dados referentes ao setor informal
na MRGP natildeo foi possiacutevel estabelecer a descriccedilatildeo quantitativa das atividades
econocircmicas Poreacutem nas atividades exploratoacuterias de anaacutelise observamos enorme
diversidade das atividades informais no litoral serviccedilos domeacutesticos jardinagem
cabeleireiro manicure trabalhadores contratados para a limpeza de pescados
artesatildeos salgadeira doceira construccedilatildeo civil carpinteiros ambulantes catadores
de materiais reciclaacuteveis trabalhadores de Micro e Pequenas empresas
desprotegidos pela natildeo formalizaccedilatildeo trabalhadores rurais trabalhadores em
oficinas de mecacircnica de automoacuteveis motocicletas e bicicletas dentre outros
trabalhadores
A economia informal ou economia submersa (CATANI 1985) segundo
alguns autores como Sachs (2003) Antunes (2011) Matsuo (2008) se apresenta de
11
O desemprego foi calculado sobre a PEA (populaccedilatildeo economicamente ativa) em relaccedilatildeo agrave PO
(populaccedilatildeo ocupada) incluindo os setores formal e informal A PEA pode ser definida como o []
potencial de matildeo-de-obra com que pode contar o setor produtivo isto eacute a populaccedilatildeo ocupada e
a populaccedilatildeo desocupada (IBGE) A PO compreende aquelas pessoas que num determinado periacuteodo
de referecircncia trabalharam ou tinham trabalho mas natildeo trabalharam (por exemplo pessoas em feacuterias) As pessoas ocupadas sao classificadas em a) empregados b) conta proacutepria c) empregadores d) natildeo remunerados (idem)
TRABALHO REGIAtildeOANO
2000 2010
Populaccedilatildeo em Idade Ativa (PIA) (pessoas) 175483 223295 Populaccedilatildeo Ocupada total (PO) (pessoas) 85863 115811 Pessoal ocupado assalariado (pessoas) nd 51576 Populaccedilatildeo Economicamente Ativa (PEA) 100628 125263 Taxa de Atividade de 10 anos ou mais () 547 5625 T de Ocupaccedilatildeo de 10 anos ou mais () nd 9245
54
maneira complexa pelo volume frente a uma nova conjuntura e modificaccedilotildees no
mundo do trabalho um meio diferenciado encontrado pelas pessoas como
enfrentamento ao crescente processo de erradicaccedilatildeo do emprego formalizado Tais
formas de ―sobrevivecircncia laboral encontram suporte legal no art 170 paraacuteg uacutenico
da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 onde ―eacute assegurado a todos o livre exerciacutecio de
qualquer atividade econocircmica independentemente de autorizaccedilatildeo de oacutergatildeos
puacuteblicos salvo nos casos previstos em lei (BRASIL 1988)
Quanto ao emprego formal na MRGP verificamos (TABELA 5) um aumento
de 36 no quantitativo dos empregos ativos
TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014)
MUNICIacutePIO EMPREGOS
ATIVOS
2013 2014
Antonina 3169 3193 Guaraqueccedilaba 810 796 Guaratuba 5874 6509 Matinhos 7341 7838 Morretes 2252 2347 Paranaguaacute 38133 38275 Pontal do Paranaacute 3691 4543
Total 61270 63501
FONTE MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGOCAGED
Na tabela acima (TABELA 5) constatamos que o municiacutepio de
Guaraqueccedilaba apresentou variaccedilatildeo percentual negativa de -173 entre os anos de
2013 e 2014 e destacamos Guaratuba com o aumento na variaccedilatildeo relativa de
1081 seguida por Matinhos 677 e Morretes com uma variaccedilatildeo percentual de
422 na geraccedilatildeo de empregos
A compreensatildeo da evoluccedilatildeo na geraccedilatildeo de empregos nos remete ao
entendimento do comportamento da economia e das relaccedilotildees entre mercado capital
e trabalho Neste conjunto de elementos estatildeo alinhados o processo produtivo as
atividades produtivas e as forccedilas de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo
Segundo Salzbac Denardin e Felisbino (2012) a demanda do fluxo de
seguimentos produtivos eacute uma caracteriacutestica de cidades poacutelos pela oferta de
emprego no setor de comeacutercio e serviccedilos Dessa forma ao analisar o cenaacuterio
econocircmico do litoral paranaense esses autores concluiacuteram que
55
Os municiacutepios litoracircneos do Paranaacute os quais natildeo fazem parte de uma regiatildeo metropolitana natildeo apresentam empregos em volume significativos nem no setor industrial nem no setor de serviccedilos o que implica na baixa capacidade de geraccedilatildeo de tributos proacuteprios limitando tambeacutem a oferta de serviccedilos puacuteblicos [] os setores de serviccedilos comeacutercio e de administraccedilatildeo puacuteblica foram os segmentos que mais mantinham empregos ativos na MRGP (SALZBAC DENARDIN FELISBINO 2012 p 117)
TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR ECONOcircMICO
SETOR ECONOcircMICO Ano
2013 2014
1 extrativa mineral 187 188 2 induacutestria de transformaccedilatildeo 6100 6512 3 serviccedilos industriais de utilidade puacuteblica 294 255 4 construccedilatildeo civil 1722 1993 5 comeacutercio 15302 16154 6 serviccedilos 26660 27140 7 administraccedilatildeo puacuteblica 10501 10789 8 agropecuaacuteria ext vegetal caccedila e pesca 504 470
FONTE MTECAGED
Como podemos observar (TABELA 6) a maior parte dos empregos ativos
estaacute no setor terciaacuterio com especial atenccedilatildeo ao setor de serviccedilos
Um indicador econocircmico importante eacute o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que
permite ―espelhar o movimento econocircmico municipal e consequentemente o
potencial que o municiacutepio tem para gerar receitas puacuteblicas (MINAS GERAIS 2016)
Sobre o conceito poderemos dizer que o VAF eacute um instrumento
[] utilizado pelo Estado para calcular o iacutendice de participaccedilatildeo municipal no repasse de receita do Imposto sobre Operaccedilotildees relativas agrave Circulaccedilatildeo de Mercadorias e sobre Prestaccedilotildees de Serviccedilos de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicaccedilatildeo (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos municiacutepios [] Eacute apurado pela Secretaria de Estado de Fazenda [[ com base em declaraccedilotildees anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas nos respectivos municiacutepiosDisponiacutevel em (lthttpsgoogl80DhoU)
Com a anaacutelise do indicador acima mencionado poderemos verificar a
participaccedilatildeo na economia local por setor econocircmico e sua importacircncia nas poliacuteticas
de desenvolvimento e planejamento estrateacutegico na observacircncia das potencialidades
do mercado cultura local e heterogeneidade das atividades econocircmicas
Na MRGP o setor de comeacutercio e serviccedilos (setor terciaacuterio) notadamente
excetuando os municiacutepios de Antonina e Guaraqueccedilaba possui participaccedilatildeo maior
que a produccedilatildeo primaacuteria e a induacutestria local (TABELA 7) e constitui elemento de
56
anaacutelise importante na concepccedilatildeo de poliacuteticas de expansatildeo do emprego e renda12 Jaacute
a participaccedilatildeo sobre a receita dos municiacutepios a que apresenta menor potencial eacute a
produccedilatildeo primaacuteria em virtude da natildeo adoccedilatildeo do mesmo modelo industrial adotado
em outras regiotildees do Estado Paranaense
TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES
DA MRGP (2016)
MUNICIacutePIO PRODUCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA
INDUacuteSTRIA COMEacuteRCIO SERVICcedilOS
RECURSOS AUTOS
Antonina 4334454 125827796 68271749 Guaraqueccedilaba 3074904 5399117 3701577 4192 Guaratuba 15641921 21782241 119496927 47370 Matinhos 295763 23559310 109482578 147729 Morretes 12959951 23264839 44980267 14974 Paranaguaacute 54409213 1280856468 1980373389 543132 Pontal do Paranaacute
436246 19320486 68114345 19138
Total 91152452 1500010257 4788841664 1553070
FONTE IPARDES
Excetuando Paranaguaacute (TABELA 7) identificamos a fragilidade das receitas
municipais da MRGP e de outra maneira a fragilidade financeira e orccedilamentaacuteria jaacute
mencionadas por Sulzbach e Denardin (2012) que alertavam para a dependecircncia
financeira dos municiacutepios da MRGP para com as transferecircncias
intergovernamentais
Um dos principais indicadores da dependecircncia financeira dos municiacutepios agraves tributaccedilotildees das demais esferas pode ser observado atraveacutes das receitas de tributaccedilatildeo por setores produtivos e das receitas advindas de transferecircncias correntes Neste aspecto observa-se que os municiacutepios do litoral do Paranaacute apresentam uma dependecircncia financeira elevada das transferecircncias das esferas nacional e estadual O Municiacutepio com maior destaque eacute o de Guaraqueccedilaba que do total de suas receitas 93 adveacutem de transferecircncias correntes seguindo por Morretes com 78 e Antonina com 7052 das receitas advindas de transferecircncias (SULZBACH DENARDIN 2012 p 6)
Ainda observando a tabela 7 percebemos que o polo industrial e comercial
da MRGP eacute o municiacutepio de Paranaguaacute pressupondo importante vetor da economia
local e do seu posicionamento estrateacutegico diante dos outros municiacutepios da regiatildeo
tanto na articulaccedilatildeo com outros centros comerciais e industriais da Mesorregiatildeo
12
Para melhor compreensatildeo sobre as modificaccedilotildees no processo capitaltrabalho e o crescimento do setor terciaacuterio na economia ver CHESNAIS (1996) OFFE (1984) SUPERVILLE QUINtildeONES (2000)
57
pertencente quanto da Microrregiatildeo com os municiacutepios circunvizinhos e pelo
proacuteprio dinamismo da sua economia interna
Consideremos que o crescimento econocircmico segundo Sachs (2004) e
Furtado (2008) eacute um elemento importante no processo de desenvolvimento poreacutem
natildeo eacute o uacutenico a ser considerado mas sim eacute necessaacuterio incorporar
simultaneamente a extensatildeo dos direitos
Abaixo (TABELA 8) observando o PIB per capita dos municiacutepios da MRGP
destaca-se a vulnerabilidade econocircmica do municiacutepio de Guaraqueccedilaba em relaccedilatildeo
aos demais sobretudo em relaccedilatildeo ao municiacutepio de Paranaguaacute que supera a meacutedia
da regiatildeo A fragilidade econocircmica de Guaraqueccedilaba deriva de vaacuterios aspectos 1) a
dificuldade do acesso agrave aacuterea urbana do municiacutepio considerando que a uacutenica estrada
que liga o municiacutepio a outras localidades natildeo eacute pavimentada e tem uma extensatildeo
de aproximadamente 86 km Outra forma de acesso agrave cidade eacute atraveacutes do mar
pela baiacutea de Guaraqueccedilaba A dificuldade de cesso tem enorme impacto tanto para
escoar a produccedilatildeo local como para obter materiais e equipamentos agrave difusatildeo da
induacutestria quase ou completamente nula 2) a restriccedilatildeo ambiental agrave implantaccedilatildeo de
empresas 3) a falta de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento do municiacutepio
assinaladas por RAYNAUT et al (2002) na promoccedilatildeo de programas de gestatildeo com
as especificidades locais que fomentem o impulso do trabalho e da renda
TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP
MUNICIacutePIO 2013 (R$ 100)3 2014 (R$)
4
Antonina 1851678 17557
Guaraqueccedilaba 861303 8723
Guaratuba 1474865 15004
Matinhos 1648075 17238
Morretes 1390945 13638
Paranaguaacute 4155699 42193
Pontal do Paranaacute 1434381 15040
MRGP 29076 29489
FONTE IBGE IPARDES
A principal fonte de receita dos municiacutepios da MRGP jaacute indicada por
Sulsbach e Denardin (2010) deriva principalmente das transferecircncias correntes
intergovernamentais (Uniatildeo e Estado) o que possibilita um entendimento da
fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria do setor produtivo
58
Em suma no nosso entendimento a transferecircncia corrente tem o propoacutesito
de manutenccedilatildeo da coisa puacuteblica e do funcionamento da estrutura estatal
Percebemos nesse sentido que um dos maiores empregadores formais direta e
indiretamente da MRGP acaba por ser os governos subnacionais que atuam como
contratadores de serviccedilos temporaacuterios contratos de prestaccedilatildeo de serviccedilos
terceirizados e pessoal concursado (efetivo) aleacutem de contratar serviccedilos
especializados de manutenccedilatildeo de pequenas empresas e materiais de uso diaacuterio
Segundo DIEESE (2015 p 74) a distribuiccedilatildeo de empregos formais por
atividade econocircmica no Brasil entre os anos de 2009 a 2014 apresentou os
seguintes resultados onde destacaremos os principais a) serviccedilos (349) b)
comeacutercio (194) c) induacutestria de transformaccedilatildeo (172) d) administraccedilatildeo puacuteblica
(188) Dessa forma observamos que o setor de serviccedilos aleacutem de expandir as
possibilidades de emprego se manteacutem como o principal setor a contratar
Como jaacute mencionado acima a MRGP possui enorme heterogeneidade em
sua composiccedilatildeo econocircmica especificidades locais e uma distribuiccedilatildeo espacial dos
setores econocircmicos advinda das caracteriacutesticas de cada municiacutepio por vezes
semelhantes como eacute o caso nas aacutereas rurais da produccedilatildeo de farinha de
mandioca13 e da exploraccedilatildeo de produtos de origem vegetal (cipoacute guaricana e
musgo) produccedilatildeo de arroz de banana de palmito14 e de gengibre a cultura do taiaacute
caraacute e mandioca e hora muito distintas como eacute caso do polo industrial de
Paranaguaacute destacando os complexos portuaacuterios de Paranaguaacute e Antonina Assim
como destacamos na economia local da MRGP a exploraccedilatildeo do turismo sobretudo
na orla sul abrangendo os municiacutepios de Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute
com maior potencial no veratildeo Em Guaraqueccedilaba o turismo eacute voltado agrave praacutetica da
pesca esportiva que se estende o ano todo movimentando natildeo soacute os restaurantes
e comeacutercio urbanos mas restaurantes e pousadas nas ilhas de Tibicanga Bertgiga
Canudal Barbados e Superagui
O municiacutepio de Paranaguaacute abrange o maior nuacutemero de empresas na regiatildeo
(TABELA 9)15 e eacute destacadamente o maior poacutelo empresarial e industrial com
13
A produccedilatildeo de farinha atinge a MRGP em sua totalidade Ver DENARDIN LAUTERT e RIBAS (2009)lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphpcadarticleviewFile42573236 14
A produccedilatildeo do palmito representou em 2015 cerca de 6872 (3233 toneladas) da produccedilatildeo estadual e a banana correspondeu a 4484 (91284 cachostoneladas) do Estado IPARDES) 15
Houve variaccedilatildeo nos nuacutemeros entre as tabelas 9 e 10 pois a montagem da tabela 10 ocorreu dias apoacutes a montagem da tabela 9
59
4691 das Empresas Ativas 467 das MPE (Micro e Pequena Empresa) e
4548 dos MEI (Microempreendedor Individual) da MRGP Outra caracteriacutestica
particular eacute o municiacutepio de Guaraqueccedilaba que apresenta o menor quadro
empresarial com 129 das Empresas ativas 125 das MPE ativas e 162 do
MEI do total da regiatildeo
TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016)
MUNICIacutePIO EMPRESAS ATIVAS MPE MEI
Antonina 1832 1705 571 Guaraqueccedilaba 462 427 193 Guaratuba 4788 4586 1569 Matinhos 5185 4912 1799 Morretes 1926 1831 510 Paranaguaacute 16800 15832 5394 P do Paranaacute 4817 4604 1823
Total 35810 33897 11859
FONTE FOacuteRUM PERMANENTENatildeo foi possiacutevel localizar dados em bases estatiacutesticas de anos
anteriores
As empresas compotildeem um quadro diversificado na economia da regiatildeo e a
participaccedilatildeo por atividade econocircmica nos municiacutepios pressupotildee certo dinamismo da
economia com destaque ao setor de comeacutercio e serviccedilos
Abaixo (TABELA 10) estatildeo as atividades econocircmicas desenvolvidas na
MRPG e a participaccedilatildeo das MPE e MEI na dinacircmica econocircmica
TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016) continua
ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE16
EMP ATIVAS MPE MEI
Agricultura pecuaacuteria prod Florestal pesca e aquicultura 93 59 11 Induacutestrias extrativistas 39 38 0 Induacutestria de transformaccedilatildeo 2483 2351 1076 Aacutegua esgoto atividades de resiacuteduos e descontaminaccedilatildeo 121 110 39 Construccedilatildeo 2067 2418 1323 Comeacutercio reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e motocicleta 15410 14693 4044 Transporte armazenagem e correio 1865 1654 340 Alojamento e alimentaccedilatildeo 6911 6681 2469 Informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 334 312 89 Atividades financeiras de seguros e serv relacionados 22 18 0
16
A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)
60
TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016)
conclusatildeo
ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE17
EMP ATIVAS MPE MEI
Atividades imobiliaacuterias 203 172 0 Atividades profissionais cientiacuteficas e teacutecnicas 792 718 235 Atividades Administrativas e serviccedilos complementares 1826 1722 536 Educaccedilatildeo 465 443 175 Sauacutede humana e serviccedilo social 308 282 12 Arte cultura esporte e recreaccedilatildeo 394 374 115 Outras atividades e serviccedilos 1868 1757 1324 Serviccedilos domeacutesticos 76 57 57
Total 35277 33859 11845
FONTE FOacuteRUM PERMANENTE
Observamos (TABELA 10) que as principais atividades desenvolvidas pelo
MEI na MRGP satildeo as seguintes Comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e
motocicletas (3414) alojamento e alimentaccedilatildeo (2084) outras atividades e
serviccedilos (1117) construccedilatildeo (1116) induacutestria de transformaccedilatildeo (908)
As atividades na economia desenvolvidas na MRGP possuem aspectos
importantes na comparaccedilatildeo entre os setores primaacuterio secundaacuterio e terciaacuterio Como
observado na tabela acima veremos que o setor terciaacuterio abrange uma parcela
significativa das empresas da regiatildeo Do total das Empresas Ativas 926
enquadram-se no setor de comeacutercio e serviccedilos as Micro e Pequenas Empresas
alocadas no setor terciaacuterio representam 928 e os Microempreendedores
Individuais formalizados somam 909 nesse setor Conveacutem ressaltar que nas
anaacutelises de Nogueira e Pereira (2015 p 41) ―[] em 2011 as empresas de pequeno
porte ndash incluindo uma ainda diminuta parcela de MEI ndash representavam quase 98
do total de empresas no paiacutes e ocupavam mais da metade dos trabalhadores
formais
Eacute importante ressaltar que a demanda pelo setor terciaacuterio acompanha um
fluxo de mercado agregado aos outros dois setores da economia e o crescente
volume dos serviccedilos se evidenciam nos processos de flexibilizaccedilatildeo do trabalho das
modificaccedilotildees nas suas relaccedilotildees e no deslocamento do arqueacutetipo do trabalho no
qual o trabalhador passa de um trabalhador fabril para a categoria de um
trabalhador de serviccedilos apontado por Superville e Quintildeones (2000) Para esses
autores a expansatildeo do setor de serviccedilos seguiu simultaneamente ao processo de
17
A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)
61
crescimento da informalidade e da prestaccedilatildeo de serviccedilos com pouca qualificaccedilatildeo (p
61)
Entendemos que para uma anaacutelise da informalidade eacute necessaacuterio considerar
sua heterogeneidade e a proporccedilatildeo da sua relaccedilatildeo e participaccedilatildeo no mercado
assim como as assimetrias manifestadas nas formas de exploraccedilatildeo da forccedila de
trabalho e na precarizaccedilatildeo da classe trabalhadora (ANTUNES 2011)
32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP
Ao definir aspectos legais para o enfrentamento do problema da
informalidade no Brasil atraveacutes de leis regulamentares e regras especiacuteficas que
asseguram direitos estabelecidos na Constituiccedilatildeo federal de 1988 o Estado
brasileiro reconheceu a necessidade de normatizar benefiacutecios e deveres agraves micro e
pequenas empresas e empreendedores individuais procurando reverter o quadro de
informalidade e precariedade nas condiccedilotildees de trabalho e de garantias de
seguridade social
Para a implantaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica no nosso entendimento alguns
aspectos devem ser considerados 1) descrever as suas circunstacircncias de modo que
suas propostas sejam claras 2) adaptaccedilatildeo dos aparelhos sociais e do Estado que
possam ser vinculados agrave Poliacutetica Puacuteblica 3) capacidade de articulaccedilatildeo e
compreensatildeo do processo e dos temas debatidos pelos diversos atores envolvidos
(OLIVEIRA 2013 p 284)
Nesse contexto admite-se natildeo somente subordinaccedilatildeo agrave Poliacutetica mas um
quadro de compreensatildeo e reconhecimento da sua legitimidade constituindo dessa
maneira uma institucionalidade
Para institucionalidade devemos considerar trecircs aspectos importantes 1)
instituiccedilotildees 2) ambiente institucional 3) arranjos institucionais
As Instituiccedilotildees descritas por Fiani (2013 p 8) ―satildeo as regrasformais e natildeo
formais que regulam as interaccedilotildees sociaisDesta feita como demonstra o autor a
criaccedilatildeo de estruturas regulamentares de normatizaccedilatildeo de procedimentos formais e a
interaccedilatildeo com o estabelecimento das relaccedilotildees subterracircneas que se desenvolvem
diante do dia- a dia na sociedade descrevem o ambiente institucional ou seja satildeo
as ―[] regras poliacuteticas sociais e legais mais baacutesicas e gerais que estabelecem o
fundamento para o funcionamento do sistema econocircmico (FIANI 2013 p 8) Os
62
arranjos institucionais por sua vez segundo esse autor satildeo as regras
particularmente constituiacutedas pelos sujeitos e que por sua vez estabelecem as
relaccedilotildees poliacuteticas sociais e econocircmicas
Para Fiani (2013) eacute inquestionaacutevel que as poliacuteticas puacuteblicas afetam a vida
dos sujeitos A sua implicaccedilatildeo nesse sentido interfere em modus operandi diverso
ao cotidiano das relaccedilotildees instituiacutedas nos arranjos preestabelecidos pois uma accedilatildeo
do Estado que remete a uma reorganizaccedilatildeo do aparato institucional pode alterar as
relaccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas locais
O estabelecimento de um aporte ou adaptaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo institucional
(ALBUQUERQUE 1997 FIANI 2013) que possibilite accedilotildees conjuntas entre
instituiccedilotildees puacuteblicas quanto privadas no processo de otimizaccedilatildeo do
desenvolvimento e manutenccedilatildeo das propostas de uma poliacutetica puacuteblica de
desenvolvimento de categorias especiacuteficas ou bases produtivas adquire capacidade
de assegurar melhor eficiecircncia e dar melhores respostas aos objetivos da poliacutetica
puacuteblica
Schneider (2005) explica que a problematizaccedilatildeo formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para enfrentamento de problemas natildeo se
encontra mais exclusivamente ao setor estatal na qual estaria em curso a
policentralidade na concepccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica O autor parte da perspectiva de
rede de poliacuteticas puacuteblicas na qual problemas relativamente puacuteblicos tambeacutem podem
ter interferecircncia do setor privado e a sua interaccedilatildeo Como demonstra o autor
a problematizaccedilatildeo e o processamento poliacutetico de um problema social (Mayntz 1982) natildeo eacute mais um assunto exclusivo de uma hierarquia governamental e administrativa integradasenatildeo que se encontra em redes nas quais estatildeo envolvidas organizaccedilotildees tanto puacuteblicas quanto privadas (SCHNEIDER 2005 p 37)
No entanto como observa Moraes (2003) mesmo com essa nova
configuraccedilatildeo pluralista e policecircntrica das relaccedilotildees poliacuteticas o Estado continua sendo
o protagonista do processo seja pela accedilatildeo reguladora e normatizadora seja pela
legitimidade constitucional A legitimidade se faz presente pela administraccedilatildeo
puacuteblica18
Igualmente acrescenta-se nas palavras de Fiani (2013 p 7) que ―[] os
arranjos institucionais apresentam grande importacircncia para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas
18
Sobre Administraccedilatildeo Puacuteblica ver BOBBIO N et al Brasiacutelia UnB 1998
63
de desenvolvimento em especial para as poliacuteticas que demandam cooperaccedilatildeo por
parte de agentes privados Ainda segundo Albuquerque (1997)a interaccedilatildeo entre os
agentes puacuteblicos e privados constitui um novo cenaacuterio dentro de uma nova
perspectiva de adaptaccedilatildeo que necessita de coordenaccedilatildeo institucional
Consideramos que dentro desse contexto as mudanccedilas e perspectivas
inovadoras tanto no campo teacutecnico quanto no campo organizacional exigem ―[]
adaptaccedilotildees institucionais para melhorar as atuaccedilotildees do setor puacuteblico e do conjunto
de empresas e atores sociais territoriais (idem p 01) Segue o autor
[] todo processo de desenvolvimento local requer uma programaccedilatildeo minuciosa que integre e ordene linhas de atuaccedilatildeo e recursos orientados a objetivos da participaccedilatildeo estrateacutegica entre diferentes agentes sociais locais puacuteblicos e privados A criaccedilatildeo compartilhada entre os agentes locais de um ―entorno territorial que facilite a inovaccedilatildeo do tecido produtivo e empresarial constitui um aspecto crucial da estrateacutegia de desenvolvimento (ALBUQUERQUE 1997 p 1)
Pensando localmente na interpretaccedilatildeo do SEBRAE ―o ambiente
institucional [] pode ser entendido como o conjunto de instituiccedilotildees de que um dado
municiacutepio se dotou para que a atividade dos indiviacuteduos aleacutem de compatiacutevel com a
sobrevivecircncia da comunidade seja tambeacutem convergente com a execuccedilatildeo dos
objetivos comuns (SEBRAE 2013)
A estabilidade a preservaccedilatildeo e equiliacutebrio das instituiccedilotildees (das regras
formais e informais) oferecem credibilidade e legitimidade agraves accedilotildees do Estado
As Instituiccedilotildees Poliacuteticas especificamente tem como objetivo mediar
interferir organizar gerir o processo democraacutetico bem como quando
necessaacuterioprotagonizar poliacuteticas flexiacuteveis de decisatildeo em relaccedilotildees inerentes a
sociedade numa tarefa de disciplinar regras que insiram sobre os indiviacuteduos direitos
contidos na Constituiccedilatildeo Federal
Exemplificamos assim uma caracteriacutestica nesse contexto do processo
poliacutetico eacute a intervenccedilatildeo estatal inferindo sobre a economia no sentido de aliviar
distorccedilotildees ocorridas pelo mau funcionamento do mercado atraveacutes de poliacuteticas
puacuteblicas que estabelecem regras e diretrizes na qual o poder19poliacuteticopuacuteblico20 eacute o
protagonista no processo Para Oliveira (2008 p 59)
19
Para compreender o processo de dominaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo do Poder consideramos as anaacutelises de FRANCcedilOIS CHAZEL in Boudon e Curvelo (1996) 20
BOBBIO N Et al Dicionaacuterio de poliacutetica Brasiacutelia UnB 1998
64
O poder nasce com o indiviacuteduo mas passa aos grupos e afinal ao Estado pelo processo de institucionalizaccedilatildeo A concentraccedilatildeo de poder eacute um fenocircmeno espontacircneo na sociedade nascida da necessidade de atender a interesses que demandam escala meta individual Satildeo as concentraccedilotildees de poder que estabilizadas pelo consenso e pelo costume levam ao surgimento das instituiccedilotildees poliacuteticas
Ao observarmos a histoacuteria do sistema capitalista assinalamos que em todos
os momentos de instabilidade e fragilidade econocircmica culminando na inseguranccedila
social subsiste a forte presenccedila do Estado com possibilidades de equacionar as
deformaccedilotildees ocasionadas pelo sistema e que de maneira inexoraacutevel afetam as
vidas das pessoas apontando dessa maneira certa ineacutercia do mercado em
resoluccedilotildees dessa natureza
Fiani (2001 p 2) nos diz que a intervenccedilatildeo do Estado o qual ele denomina
de regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo eacute ―integrada e condicionada pelos processos de
natureza histoacuterica e poliacutetica que afetam o conjunto da sociedade Nesse contexto a
regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo estatal dependem de comportamento poliacutetico social e
econocircmicoMuito embora o fator de regulaccedilatildeo esteja mais vinculado agraves atividades
econocircmicas as decisotildees satildeo tomadas na esfera poliacutetica
A Lei Geral de 2006 ndash lei de normatizaccedilatildeo das MPE (LC 12306) - a
exemplo aleacutem de fomentar o desenvolvimento local foi uma accedilatildeo regulamentadora
do Estado Brasileiro em buscar alternativa em equacionar deformidades na
economia do trabalho e assim reverter o processo de alargamento do setor
informal Certamente que a regulamentaccedilatildeo de setores da economia eacute uma forma
de regular e disciplinar accedilotildees
Cabe ressaltar que a Lei 12306 submeteu algumas instituiccedilotildees agrave adequaccedilatildeo
administrativa para assegurar o funcionamento dessa Poliacutetica Puacuteblica assim como
instituiu oacutergatildeos de gestatildeo com competecircncias deliberativas e regulamentadoras que
dispotildeem de jurisdiccedilatildeo sobre tributaccedilatildeo e legalizaccedilatildeo das empresas Essa lei
estabelece inicialmente a criaccedilatildeo de trecircs oacutergatildeos a tiacutetulo dessas competecircncias
Art 2
o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta
Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Comitecirc Gestor do Simples Nacional vinculado ao Ministeacuterio da Fazenda composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil como representantes da Uniatildeo 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municiacutepios para tratar dos aspectos tributaacuterios
65
II - Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte com a participaccedilatildeo dos oacutergatildeos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor para tratar dos demais aspectos ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo III - Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios - CGSIM vinculado agrave Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidecircncia da Repuacuteblica composto por representantes da Uniatildeo dos Estados e do Distrito Federal dos Municiacutepios e demais oacutergatildeos de apoio e de registro empresarial na forma definida pelo Poder Executivo para tratar do processo de registro e de legalizaccedilatildeo de empresaacuterios e de pessoas juriacutedicas
21 (BRASIL 2006)
321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP
Na adequaccedilatildeo municipal agrave Lei Geral e suas alteraccedilotildees (LC 12808 e LC
14714) com o propoacutesito de estimular o ambiente institucional as prefeituras em
parcerias com o SEBRAE criaram Comitecircs Gestores Municipais22 (CGM) com a
proposta de ―[] implementar e acompanhar a aplicaccedilatildeo [] da Lei Complementar
Federal nordm 1232006 na redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar Federal nordm 1282008
(PARANAGUAacute Dec 88713 art 1ordm) Os Comitecircs Gestores Municipais satildeo oacutergatildeos
de ―natureza colegiada para coordenar a poliacutetica relativa agrave micro e pequena empresa
no municiacutepio (SEBRAE 2013 p 61) e satildeo integrados por sujeitos da administraccedilatildeo
puacuteblica e de setores da sociedade civil
No modelo institucional adotado pelo CGM estaacute previsto o viacutenculo e parceria
entre Instituiccedilotildees Poliacuteticas (Federal Estadual e Municipal) Instituiccedilotildees Mercantis e
Instituiccedilotildees de Produccedilatildeo
As Instituiccedilotildees Poliacuteticas nesse contexto especiacutefico satildeo representadas pelo
Governo Local atraveacutes das suas secretarias e a Sala do Empreendedor no Governo
Federal e Estadual atraveacutes de Instituiccedilotildees de creacutedito e de educaccedilatildeo
Os municiacutepios da MRGP que estabeleceram CGM satildeo Paranaguaacute Pontal do
Paranaacute e Matinhos Estes aderiram ao Programa Cidade Empreendedora em
formato integral e com isso possuem assessoramento contiacutenuo junto ao SEBRAE
seja na forma de capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicosseja na forma de consultoria
para os MEI e MPE Para o SEBRAE
21
O inciso III do sect 2ordm da PLC 12306 foi incluiacutedo pela LC 1472014 22
Utilizarei a sigla CGM para designar Comitecirc Gestor Municipal
66
O Comitecirc Gestor Municipal eacute a forma pela qual este projeto de institucionalizaccedilatildeo da lei geral seraacute implantado e controlado O Comitecirc poderaacute ser constituiacutedo de atores (instituiccedilotildees pessoas) que compotildeem o poder puacuteblico municipal associaccedilotildees representantes da sociedade etc e deveraacute conduzir a institucionalizaccedilatildeo da lei geral de forma a obter o melhor ambiente possiacutevel para os empreendedores individuais e micro e pequenas empresas (SEBRAE 2013 p 12)
O municiacutepio de Paranaguaacute em 2013 criou o Comitecirc Gestor Municipal sob o
Decreto Municipal 88713 composto por seguimentos representantes dos setores
puacuteblico e privado conforme listados no quadro abaixo (QUADRO 4)
QUADRO 4 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
FONTE Decreto Municipal Paranaguaacute n 887 de 25 out 2013
Por finalidade segundo o referido Decreto o CGM teraacute que implementar e
acompanhar a aplicaccedilatildeo da Lei Municipal 080 de 06 marccedilo de 2008 que oferece
regime juriacutedico tributaacuterio simplificado e diferenciado agraves micro e pequenas empresas
no acircmbito municipal alinhando-se agrave LC 12306 Dentre as competecircncias do CGM de
Paranaguaacute estatildeo
Art 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta
Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Acompanhar a regulamentaccedilatildeo e a implementaccedilatildeo do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte no Municiacutepio inclusive promovendo medidas de integraccedilatildeo e coordenaccedilatildeo entre os oacutergatildeos puacuteblicos e privados interessados II - orientar e assessorar a formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica municipal de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte III - Acompanhar as deliberaccedilotildees e os estudos desenvolvidos no acircmbito do Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do
CONTROLADORIA GERAL
SECRETARIAS MUNICIPAIS
SALA DO EMPREENDEDOR
ASSOCIACcedilAtildeO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE PARANAGUAacute
SITEMA DE CREacuteDITO
SENAIFIEP
INSTITUTO FEDERAL DO PARANAacute
CAcircMARA MUNICIPAL
SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE PARANAGUAacute
67
Foacuterum Estadual da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e do Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios IV - Sugerir eou promover accedilotildees de apoio ao desenvolvimento da microempresa e da empresa de pequeno porte local ou regional(Paranaguaacute 2008 art 1ordm incisos I II III e IV)
Em Paranaguaacute o CGM atua de maneira articulada envolvendo todos os
atores nas estrateacutegias voltadas ao segmento empresarial e empreendedor local
inclusive com organizaccedilotildees do ―Sistema S como o SEBRAE e o SENAI que atuam
na aacuterea de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo desses segmentos econocircmicos
As estrateacutegias satildeo colocadas em praacutetica em conformidade com a
capacidade orccedilamentaacuteria disponibilizada para este fim Nesse caso o orccedilamento
descrito no Plano Plurianual do municiacutepio para o ―Programa de Geraccedilatildeo de Emprego
e Renda entre os anos de 2014 a 2017 tem como foco
Apoio aos pequenos e microempreendedores cooperativas e outras formas associativas de produccedilatildeo desburocratizando o processo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos Promoccedilatildeo de projetos inovadores Desenvolvimento e integraccedilatildeo de pequenas meacutedias e grandes empresas e induacutestrias estimulando a formaccedilatildeo de cadeias produtivas para induzir o crescimento ordenado e sustentaacutevel (PARANAGUAacute 2013 p 163)
Dentre as accedilotildees estabelecidas no Plano Plurianual 2014-2017 estatildeo a)
capacitaccedilatildeo para o primeiro emprego b) treinamento para os desempregados c)
prestaccedilatildeo de atendimento ao trabalhador
Quanto agrave capacitaccedilatildeo e treinamento perfeitamente compete ao CGM
articular accedilotildees envolvendo entidades do sistema S como o SEBRAE e o SENAI que
possuem competecircncias teacutecnicas para atender a demanda
Assim como Paranaguaacute a Sala do Empreendedor em Pontal do Paranaacute
subordinado diretamente agrave Secretaria Municipal de Desenvolvimento eacute o
departamento mais atuante do CGM no apoio ao MEI tanto pela sua posiccedilatildeo
estrateacutegica em que o agente de desenvolvimento atua diretamente com o MEI
quanto pela articulaccedilatildeo com os outros oacutergatildeos e secretarias municipais
O CGM de Pontal do Paranaacute foi instituiacutedo pelo Decreto municipal 54812015
e dentre os objetivos relatado pelo Secretaacuterio de Desenvolvimento estaacute o de
coordenar os trabalhos de assistecircncia ao microempreendedor em aspectos
relacionados agrave formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo a processos licitatoacuterios
68
QUADRO 5 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
FONTE Decreto Municipal Pontal do Paranaacute n 5481 de 23 dez 2015
Ainda segundo relatos do Secretaacuterio Municipal no iniacutecio da criaccedilatildeo do
Comitecirc Gestor houve divergecircncias falta de colaboraccedilatildeo e dificuldade no
entendimento da proacutepria Lei Geral e sobretudo das LC 12806 e LC 14714 poreacutem
com o amadurecimento das ideias em torno dos objetivos do CGM e das estrateacutegias
adotadas houve ganho de credibilidade dos oacutergatildeo puacuteblicos
A LC 14714 comenta o secretaacuterio era interpretada de formas diferentes
pelos oacutergatildeos O Corpo de Bombeiros a exemplo era muito resistente em se adaptar
ao disposto no art 4ordm sect 3ordm da referida lei que tratava sobre isenccedilatildeo total para a
abertura de empresa para o microempreendedor individual o que acarretava
divergecircncias na leitura e interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo
Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (BRASIL 2014 art 4ordm sect3ordm)
A Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do Litoral do Paranaacute
(AMPEC Litoral) relatou das dificuldades quanto agraves licitaccedilotildees e a capacidade dos
―menores em participar do processo Na posiccedilatildeo do entrevistado2 o municiacutepio se
revela em suas palavras ―mau pagador e tem ateacute 90 dias para efetuar o
pagamento23 tornando inviaacutevel para a maioria dos microempreendedores fornecer
ao municiacutepio O argumento eacute de que grande parte dos MEI natildeo possui capital
23
O art 73 sect 3ordm da Lei nordm 8666 de21 jun 1993 estabelece o prazo de noventa dias para que o objeto executado seja pago pela Administraccedilatildeo Puacuteblica contratante
SECRETARIAS MUNICIPAIS
AMPEC - LITORAL
ACIAPAR
ASSOCIACcedilAtildeO DOS ARTESAtildeO
SISTEMA DE CREacuteDITO
CENTRO DE ESTUDOS DO MAR
CONTADORES DE PONTAL DO PARANAacute
69
suficiente e capacidade econocircmica para suportar um prazo tatildeo longo para receber
os serviccedilos prestados
O CGM do municiacutepio de Matinhos apresentou caracteriacutesticas muito
peculiares em relaccedilatildeo aos de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Segundo o
entrevistado5 havia muitas divergecircncias dentro do CGM sobretudo quando as
decisotildees tomadas coletivamente natildeo continham energia suficiente para colocaacute-las
em praacutetica
QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS
FONTE Decreto Municipal Matinhos n 441 de 30 jul 2013
Outro ponto que dificultava as tomadas de decisotildees com base na demanda
legal e de aspectos ligados agrave Lei Geral era o fato da pouca compreensatildeo pelos
sujeitos envolvidos nas finalidades e propostas da Poliacutetica Puacuteblica em questatildeo
Sobre este e os problemas da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica Lima e Dlsquo Ascenzi
(2013) em suas anaacutelises apresenta alguns pontos importantes
[] em primeiro lugar haacute uma multiplicidade de atores de diferentes tipos de organizaccedilotildees com interesses diversos que satildeo agregados para operar a poliacutetica Tais atores interagem em uma trajetoacuteria de pontos de decisatildeo nos quais suas perspectivas se expressam Em segundo lugar os atores mudam com o passar do tempo Isso faz que a interaccedilatildeo tambeacutem mude pois mudam as perspectivas e a percepccedilatildeo que um ator tem do outro Essa mudanccedila de atores insere pontos de descontinuidade e de necessidade de novas e mais negociaccedilotildees(LIMA Dlsquo ASCENZI 2013 p 103)
322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento
A sala do Empreendedor parceria entre os cinco municiacutepios citados do
litoral paranaense e o SEBRAE tem funccedilotildees especiacuteficas tanto no atendimento ao
MEI quanto agraves MPE Os serviccedilos vatildeo desde a desburocratizaccedilatildeo e formalizaccedilatildeo ateacute
a consultoria de gestatildeo e financcedilas que satildeo realizadas gratuitamente pelos Agentes
de Desenvolvimento e por consultores do SEBRAE A ―Sala eacute uma adaptaccedilatildeo do
Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econocircmico
Secretaria Municipal de Administraccedilatildeo
Secretaria Municipal de Planejamento
Sindicato dos Contabilistas
Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Paranaacute - FECOMEacuteRCIO
Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos - ACIMA
70
SEBRAE ao Programa Cidade Empreendedora24 e tem como objetivo segundo esta
Instituiccedilatildeo de a) incentivar a legalizaccedilatildeo de negoacutecios informais b) facilitar a
abertura de novas empresas c) regularizar as atividades informais aleacutem de apoiar o
MEI quanto agrave formalizaccedilatildeo e informaccedilotildees necessaacuterias relativas agraves especificidades
da sua atuaccedilatildeo como MEI formalizado Segundo o portal do Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute satildeo ofertados os serviccedilos de
a) Atendimento presencial individual
b) Orientaccedilatildeo de controles - Caixa e Vendas
Palestras
c) Orientaccedilatildeo sobre direitos e obrigaccedilotildees
d) Programa Negoacutecio a Negoacutecio
Os Agentes de Desenvolvimento25 satildeo funcionaacuterios dos quadros das
prefeituras que recebem treinamento pelo SEBRAE com vistas a assumirem
responsabilidades co-participativas na implementaccedilatildeo da Lei Geral dentro dos
municiacutepios de atuaccedilatildeo Esses atores da administraccedilatildeo puacuteblica direta podem
constituir elementos estrateacutegicos na dinacircmica das ideias de desenvolvimento local
sobretudo no apoio agrave evoluccedilatildeo e estruturaccedilatildeo das micro e pequenas empresas
futuros empreendedores e empreendedores que jaacute atuam
Esses agentes possibilitam o entendimento na inovaccedilatildeo da administraccedilatildeo
puacuteblica quanto agrave movimentaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos recursos humanos inicialmente
em seus quadros de pessoal que atende agraves demandas de transformaccedilotildees ocorridas
nas dimensotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas a partir do pressuposto que estas
trecircs dimensotildees estatildeo associadas
1) Social ndash promovida principalmente pela ―revoluccedilatildeo expansatildeo
tecnoloacutegica e pela globalizaccedilatildeo
24
Programa do SEBRAE tem como objetivo ―potencializar a implementaccedilatildeo e institucionalizaccedilatildeo da Lei Geral visando agrave melhoria do ambiente de negoacutecios para o Microempreendedor Individual e para as micro e pequenas empresas contribuindo dessa forma com a geraccedilatildeo de emprego e renda (SEBRAE 2013 p 9) lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtgt 25
Para Albuquerque (1997) o processo de desenvolvimento exige a movimentaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo dos recursos humanos e estes devem ser vistos como peccedilas decisivas e natildeo somente como ferramentas ou objeto de produccedilatildeo mas sim como elementos chaves e atores importantes no desenvolvimento
71
2) Econocircmica ndash pelas contradiccedilotildees econocircmicas do sistema neoliberal que
culminaram com a falecircncia da estrutura de produccedilatildeo fabril abrindo
espaccedilo para o setor terciaacuterio
3) Poliacutetica ndash no Estado Democraacutetico de Direito a participaccedilatildeo mais efetiva
de movimentos sociais nas questotildees puacuteblicas altera aspectos e
mecanismos antigos da poliacutetica sobre maneira na perspectiva do
controle social e no quadro decisoacuterio
Em nossos estudos percebemos que a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas
favoraacuteveis ao desenvolvimento regional e local assim como o estabelecimento de
convecircnio e parceria com entidades ligadas ao desenvolvimento das capacidades
locais depende de alguns elementos 1) Estrutura municipal 2) A maturidade do
municiacutepio com relaccedilatildeo agraves concepccedilotildees de desenvolvimento local 3) O tema de
desenvolvimento local estar na pauta do municiacutepio (prioridades de gestatildeo) 4)
Definiccedilatildeo de estrateacutegias por conta da administraccedilatildeo de recursos 5) A maturidade do
empresariado local
323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI
Os municiacutepios que estabelecem parcerias com o SEBRAE possuem
algumas accedilotildees planificadas em virtude da proacutepria capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicos
envolvidas no processo de implementaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e do
convecircnio que prevecirc essas accedilotildees Muito embora a expansatildeo de accedilotildees que
melhorem o ambiente de fomento fica a criteacuterio dos municiacutepios Abaixo (QUADRO
9) descrevemos algumas accedilotildees adotadas pelas prefeituras na MRGP
QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP continua
MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES
ANTONINA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil
GUARAQUECcedilABA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil
72
QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP conclusatildeo
MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES
GUARATUBA - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - A ACIG estaacute estudando para abrir espaccedilo de associaccedilatildeo para o MEI com parcelas de contribuiccedilatildeo reduzida que pode chegar a 50 a menos do valor cobrado
MATINHOS - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (uma vez por mecircs) - Feira da Lua organizada pela AMPEC serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIMA para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo
PARANAGUAacute - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (a cada 15 dias) - Feira da Lua serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Cursos de curta duraccedilatildeo oferecidos pelo SEBRAE atraveacutes de consultoria para a capacitaccedilatildeo e creacutedito que satildeo intermediados junto a Sala do Empreendedor - Articulaccedilatildeo da Sala do Empreendedor com Instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas na constituiccedilatildeo de creacutedito como na capacitaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo - Cursos de capacitaccedilatildeo de fornecimento e compra com o objetivo de identificaccedilatildeo de fornecedores dentro do municiacutepio e que sejam aptos a participarem de processos licitatoacuterios - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIAPAR para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo
PONTAL DO PARANAacute - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas e planejamento (uma vez por mecircs) - Palestras para os vendedores ambulantes com o objetivo de orientaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo - A Feira da Lua que ocorre no balneaacuterio de Sta Terezinha atraveacutes de parceria com a prefeitura o BB o SEBRAE realizam serviccedilos de consultoria gratuitamente - Cursos em parceria entre Prefeitura e ACIAP para vendedores e compradores - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil
FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Pontal do Paranaacute Paranaguaacute e Morretes
A planificaccedilatildeo de algumas accedilotildees pelo sistema SEBRAE se traduz por um
lado na pouca experiecircncia municipal em estrateacutegias de desenvolvimento e por
73
outro lado a substituiccedilatildeo dos governos locais que podem alterar determinadas
estrateacutegias poreacutem as adotadas pela parceria entre o municiacutepio e o SEBRAE ficam
imunes agraves mudanccedilas
Ressaltamos que uma das accedilotildees do Estado importante para facilitar a
legalizaccedilatildeo e a expediccedilatildeo de registro de maneira desburocratizada da empresa eacute a
criaccedilatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de
Empresas e Negoacutecios (REDESIM) instituiacuteda pela Lei 1159807 Sublinhamos que a
partir desta lei a interaccedilatildeo entre os oacutergatildeos responsaacuteveis pela legalizaccedilatildeo e pela
expediccedilatildeo do registro de funcionamento ocorre por dados lanccedilados em sistema
unificado entre oacutergatildeos da federaccedilatildeo dos Estados e Municiacutepios A implantaccedilatildeo
dessa Lei no Paranaacute foi efetivada com a criaccedilatildeo do sistema Empresa
Faacutecilintegrando o Governo de Estado do Paranaacute Associaccedilatildeo dos municiacutepios do
Paranaacute Junta Comercial do Paranaacute e SEBRAE
No litoral paranaense como demonstrado pelo site do Empresa Faacutecil a
implantaccedilatildeo e habilitaccedilatildeo dos sete municiacutepios ao sistema operante estaacute completa
Como observado (QUADRO 7) acima veremos que os municiacutepios de
Paranaguaacute Pontal do Paranaacute e Matinhos que possuem parcerias com o SEBRAE
de forma integral constituem vaacuterias accedilotildees planificadas com base na orientaccedilatildeo de
capacitaccedilatildeo institucional proporcionada por essa instituiccedilatildeo e como mencionado
pelo agente do SEBRAE algumas accedilotildees satildeo planificadas mas a sala do
empreendedor de acordo com a administraccedilatildeo local tem flexibilidade para
aumentar os serviccedilos prestados aos MEI e realizar accedilotildees que viabilizem a melhoria
dos serviccedilos prestados
74
4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute
O litoral se constituiu de forma diferenciada no Paranaacute natildeo tendo
incorporado ao modelo de desenvolvimento capitalista adotado por outras regiotildees
conforme descrito anteriormente Uma das caracteriacutesticas importantes que
predomina na regiatildeo eacute a quase nula existecircncia de poliacuteticas de desenvolvimento
voltadas agraves capacidades locais e regionais
Nesse capiacutetulo dentro das concepccedilotildees de desenvolvimento local
analisaremos alguns elementos geradores de desenvolvimento de crescimento e de
sustentabilidade para o MEI na MRGP
41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR
MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI
A participaccedilatildeo municipal como vetor do desenvolvimento local eacute vital para
conduzir accedilotildees e estrateacutegias que objetivem a superaccedilatildeo de obstaacuteculos produzidos
por desequiliacutebrios nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica Para isso um municiacutepio
atuante e proativo nas questotildees internas provido de atitudes positivas mediante
planejamento e poliacuteticas puacuteblicas de maximizaccedilatildeo das capacidades locais pode
reverter circunstacircncias muitas vezes de fragilidade do tecido social e empresarial
para a otimizaccedilatildeo das condiccedilotildees que promovam o desenvolvimento das liberdades
humanas (autonomia do indiviacuteduo) (SEN 2000 PEREIRA 2006)
O crescimento populacional e a expansatildeo urbana desordenada a falta de
poliacuteticas puacuteblicas especiacuteficas de desenvolvimento regional e local expocircs um quadro
que coloca em evidecircncia a fragilidade econocircmica e administrativa dos governos
locais no litoral do Paranaacute para enfrentamento de problemas especiacuteficos na
economia do trabalho e na manutenccedilatildeo e extensatildeo de programas de infraestrutura
e ainda a dificuldade de implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas includentes que
necessitam de aplicaccedilatildeo significativa de capital
A MRGP em 2004 possuiacutea uma dos maiores PIB per capta do Estado com
a meacutedia acima da estadual constituindo uma das microrregiotildees mais dinacircmicas
segundo Trevisan e Lima (2010) sendo que Paranaguaacute como o grande vetor
75
econocircmico da regiatildeo posto o complexo portuaacuterio e industrial segundo os autores
firmava-se como o 4ordm municiacutepio do Paranaacute com maior PIB per capta No entanto
havia dessemelhanccedilas econocircmicas entre os municiacutepios da regiatildeo em que
Paranaguaacute o municiacutepio mais rico evidenciava disparidades em relaccedilatildeo aos outros
municiacutepios sobretudo Guaraqueccedilaba Matinhos e Morretes agrave eacutepoca os mais
pobres justamente pela sua capacidade de produzir riquezas em funccedilatildeo do porto
de Paranaguaacute
Em 2015 como demonstra o IPARDES Paranaguaacute continua sendo o
principal vetor econocircmico da regiatildeo poreacutem seu PIB per capta ficou abaixo da meacutedia
estadual assim como a sua receita teve decreacutescimo entre os anos 2013 e 2015
(TABELA 8)
Percebemos (GRAacuteFICO 1) que os municiacutepios de Morretes Antonina e
Paranaguaacute tiveram quedas em suas receitas entre os anos de 2014 e 2015 e suas
despesas (GRAacuteFICO 2) no mesmo periacuteodo aumentaram em relaccedilatildeo agraves receitas
destes municiacutepios A identificaccedilatildeo de uma queda de receita desse modo pode
constituir em impacto negativo para investimentos em setores necessaacuterios ao
desenvolvimento visto a baixa capacidade econocircmica municipal
GRAacuteFICO 1- RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS
FONTE IPARDES DEEPASK
No caso especiacutefico de Antonina em 2015 o municiacutepio aumentou para 4 a
aliacutequota do ISSQN (ISS) O setor portuaacuterio contraacuterio ao aumento realizou um
depoacutesito judicial do montante dos tributos Tal accedilatildeo juriacutedica representou uma das
000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Milh
otildees
(R
$)
2013
2014
2015
76
principais causas diretas na queda de arrecadaccedilatildeo municipal permitindo a reduccedilatildeo
da disposiccedilatildeo do municiacutepio em criar propostas de melhoria das condiccedilotildees
socioeconocircmicas da populaccedilatildeo O fato eacute que o aumento na aliacutequota desse tributo
na expectativa de aumentar as divisas municipais de Antonina poderaacute causar em
curto prazo efeito reverso como indicado pela Secretaria de Infraestrutura e
Logiacutestica do Paranaacute (2014)
Uma lei municipal que entra em vigor a partir de janeiro de 2015 pode tornar a cidade de Antonina menos competitiva para investimentos no setor portuaacuterio Eacute que o municiacutepio aprovou o aumento na cobranccedila da aliacutequota do Imposto Sobre Serviccedilos (ISS) que passaraacute a ser de 4 Isso coloca Antonina como a cidade mais cara entre as principais cidades portuaacuterias do centro-sul do Brasil
Portanto com a queda na capacidade de geraccedilatildeo de riquezas a
inviabilidade de intervir em problemas socioeconocircmicos atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas
e accedilotildees de meacutedio e longo prazos e com o enfraquecimento dos governos locais por
conta na reduccedilatildeo das receitas suas accedilotildees na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de
desenvolvimento local ficam limitadas Ainda assim alinhando-se a queda de
receita as despesas municipais em alguns casos ultrapassaram a arrecadaccedilatildeo
agravando ainda mais as contas puacuteblicas e impedindo investimentos em setores
estrateacutegicos para o desenvolvimento
GRAacuteFICO 2- ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015)
FONTE IPARDES DEEPASK
-
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Milh
otildees
(R
$)
Arrecadaccedilatildeo2015
Despesas2015
77
O maior desequiliacutebrio das contas puacuteblicas (relaccedilatildeo entre arrecadaccedilatildeo e
despesas) se deu no municiacutepio de Paranaguaacute em que as despesas superaram a
arrecadaccedilatildeo em 49 como observado (GRAacuteFICO 2)
As quedas de receitas refletem em parte o pouco investimento em setores
produtivos tais como o fomento e apoio agraves micro e pequenas empresas que se
constituem segundo o SEBRAE e Sachs (2003) no setor que mais gera empregos
locais e se constitui como fonte de geraccedilatildeo de divisas para os municiacutepios de outro
lado a complexidade em buscar alternativas de substituiccedilatildeo da arrecadaccedilatildeo se
traduz em fator importante
Em Morretes e Antonina no entanto algumas accedilotildees para aumentar a receita
foram colocadas em praacutetica Uma delas eacute o georreferenciamento dos imoacuteveis para o
pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que satildeo representados
por altas taxas de inadimplecircncia e segundo o entrevistado (6) pode chegar a 50
de devedores
O IPTU como observado nas cidades de Morretes Guaraqueccedilaba Antonina
e Paranaguaacute (GRAacuteFICO3) tem pouca expressividade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
desses municiacutepios Jaacute nos municiacutepios de Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute o
IPTU contribui significativamente na geraccedilatildeo de receita se posicionando acima da
meacutedia nacional que ficou em 2435 em 2014
GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) ()
FONTE DEEPASK ndash montagem dos autores lthttpwwwdeepaskcombrgoespage=Imposto---
IPTU-Veja-a-receita-tributaria-no-seu-municipiogt
0
10
20
30
40
50
60
valo
res p
erc
entu
ais
78
No municiacutepio de Morretes o processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria adotado
pela Secretaria de Infraestrutura no nosso entendimento consiste numa estrateacutegia
de desenvolvimento e de receita na medida de geraccedilatildeo de emprego e renda atraveacutes
da construccedilatildeo civil que expande a prestaccedilatildeo de bens e serviccedilos
Tanto o georreferenciamento quanto a regularizaccedilatildeo fundiaacuteriapredial em
Antonina e Morretes satildeo estrateacutegias afirmativas que tem como propoacutesitos a
regularizaccedilatildeo de aacutereas habitacionais residecircncias e lotes com grandes
possibilidades de elevar a receita municipal observado as delimitaccedilotildees de aacutereas
especialmente protegidas como aacutereas de preservaccedilatildeo permanente (APP) Unidades
de Conservaccedilatildeo (UC) Poreacutem cabe ressaltar que a maior funccedilatildeo da regularizaccedilatildeo
fundiaacuteria eacute equacionar problemas resultantes da expansatildeo urbana desordenada (a
favelizaccedilatildeo eacute um dos problemas)
Nesse sentido a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria eacute ―um mecanismo apto a trazer para
a legalidade uma situaccedilatildeo fundiaacuteria que possa ser identificada como de interesse
social ou seja que tenha como puacuteblico alvo a populaccedilatildeo de baixa renda
(NASCIMENTO 2013 p 12) Como afirma a autora dessa forma a implementaccedilatildeo
da regularizaccedilatildeo fundiaacuteria torna ―evidente o conteuacutedo social a que o bem serviraacute
(idem p 18)
Em Pontal do Paranaacute como relatou entrevistado3 sobre o fortalecimento
das receitas o municiacutepio atraveacutes do Conselho Gestor adotou para 2017 um selo
de qualidade que seraacute fornecido agrave empresa que se encontrar regularizado com suas
diacutevidas junto agrave prefeitura ―O selo permite que haja retorno para a prefeitura atraveacutes
da contribuiccedilatildeo Eacute uma valorizaccedilatildeo para quem se encontra em situaccedilatildeo regular
(transcriccedilatildeo)
No entanto com pouca variaccedilatildeo para aumentar a receita e com menos
dinheiro em caixa as prefeituras deixam de investir em programas de meacutedio e longo
prazo com propostas no desenvolvimento positivosustentaacutevel e includente de
criaccedilatildeo institucional cultural social e econocircmica Ou seja criaccedilatildeo de um ambiente
favoraacutevel agrave extensatildeo das liberdades e capacidades das pessoas (SEN 2000)26
26
As liberdades na visatildeo do autor satildeo condicionadas pelas circunstacircncias sociais poliacuteticas e econocircmicas as quais denomina de liberdades instrumentais e correspondem 1) liberdades poliacuteticas 2) facilidades econocircmicas 3) oportunidades sociais 4) garantias de transparecircncias 5) seguranccedila protetora (p54)
79
Para esse autor as liberdades satildeo partes constitutivas fundamentais do
enriquecimento do processo de desenvolvimento natildeo satildeo finitas em si mesmas
mas permitem a expansatildeo de outras liberdades sendo que o proacuteprio
desenvolvimento pode ser considerado como a expansatildeo das liberdades humanas
ou como sublinha Pereira (2006) ao se referir agrave ―autonomia baacutesica como um
elemento de precondiccedilatildeo societal a noccedilatildeo de autonomia estaacute ancorada nos
preceitos da ―democracia como recurso capaz de livrar os indiviacuteduos natildeo soacute da
opressatildeo sobre as suas liberdades (de escolha e de accedilatildeo) mas tambeacutem da miseacuteria
e do desamparo (PEREIRA 2006 p 70)
A falta de recursos sinalizou nas entrevistas com os agentes de
desenvolvimentos de Morretes Matinhos e Paranaguaacute a pouca flexibilidade dos
municiacutepios em estruturar suas agendas de programas de desenvolvimento local
restando o atendimento de formalizaccedilatildeo e serviccedilos baacutesicos aos
Microempreendedores tais como alteraccedilatildeo de dados alvaraacute baixa da inscriccedilatildeo e
Documento de Arrecadaccedilatildeo Simplificada (DAS) Essas accedilotildees de apoio efetivo agrave
categoria se por um lado representam o auxiacutelio prestado ao MEI por outro
constituem um fim em si mesmas pois desempenham funccedilotildees meramente
burocraacuteticas natildeo menos importantes mas poderiam ser desenvolvidas dentro de
um plano estrateacutegico que coadunassem simultaneamente outras accedilotildees previstas
nos dispositivos da LC 12808 sobre os instrumentos de apoio e poliacuteticas que
assegurem o desenvolvimento e a sustentabilidade dos MEI Dentro dessa anaacutelise
por um lado o ―fluxo contiacutenuo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos que em sua
esmagadora maioria satildeo de pequeno porte (SACHS 2003 p 111) de outro lado
como demonstra o autor as MPE submetidas ao livre mercado aumentam os
nuacutemeros estatiacutesticos sobre a mortalidade das empresas posto as diferentes
condiccedilotildees de produccedilatildeo e competitividade no mercado aberto que produz um
―processo de seleccedilatildeo que pode ser qualificado de ―darwinismo social (idem p 111)
Em Morretes no final do ano de 2016 o desempenho da sala do
empreendedor estava muito limitado ou quase nulo como comentou o
entrevistado6 Aleacutem da estrutura reduzida em comparaccedilatildeo agraves cidades que
dispunham do programa em Morretes natildeo haviam atividades relacionadas ao
fomento das empresas locais nem tatildeo pouco a procura aos serviccedilos pelos MEI ou
potenciais empreendedores Poreacutem em 2015 como observou o entrevistado6 ―a
partir da adequaccedilatildeo da 147 (LC 14714) o carimbo da vigilacircncia sanitaacuteria deu
80
valoraccedilatildeo para o produto Alguns produtores padronizaram o roacutetulo e as empresas
Essas medidas favorecem o atendimento ao turismo (transcriccedilatildeo)
Em Paranaguaacute segundo o entrevistado7 as atividades da sala do
empreendedor estavam muito reduzidas e fixavam-se apenas no processo de
formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo nas duacutevidas que surgiam natildeo sendo possiacutevel desenvolver
accedilotildees muito extensas fora da sala27 Poreacutem atraveacutes do Programa Compras Paranaacute
o municiacutepio ofereceu cursos de capacitaccedilatildeo dos funcionaacuterios para compras em
oacutergatildeo puacuteblicos assim como capacitaccedilatildeo de alguns fornecedores em licitaccedilotildees O
objetivo dessa accedilatildeo era ―identificar novos fornecedores dentro do municiacutepio
fortalecendo o mercado interno gerando divisas emprego e renda (entrvistado7-
transcriccedilatildeo)
Em Morretes o entrevistado municipal o entrvistado6 nos disse ―natildeo haacute
procura por licitaccedilotildees (pelos MEI) E as empresas locais dificilmente procuram a
licitaccedilatildeo (transcriccedilatildeo) Assim a falta de poliacuteticas de desenvolvimento local e da
categoria poderaacute contribuir no afastamento de propostas significativas de inclusatildeo
social do MEI na MRGP frisados na LC 12808
Constatamos que a falta de recursos constitui um dos elementos importantes
que inviabilizam a implantaccedilatildeo integral contiacutenua e sustentaacutevel das LC 12306
LC12808 e LC 14714 ndash conjunto de leis que normatizam as MPE e
Microempreendedores individuais - bem como em poliacuteticas de geraccedilatildeo de emprego
e renda e mesmo em outras aacutereas de sustentaccedilatildeo de poliacuteticas sociais pois
segundo Sachs (2003) as poliacuteticas econocircmicas e sociais satildeo indissociaacuteveis
complementares e dependentes de investimentos
Embora outros motivos tais como o amadurecimento da gestatildeo municipal agrave
concepccedilatildeo de desenvolvimento local incluindo categorias especiacuteficas de produccedilatildeo e
inclusatildeo como eacute o caso dos MEI conferimos agrave baixa capacidade econocircmica do
poder puacuteblico local uma das principais dificuldades em produzir mecanismos de
enfrentamento agrave vulnerabilidade dos trabalhadores locais muitas vezes com pouca
ou sem qualificaccedilatildeo para o mercado de trabalho
Deduzimos atraveacutes de nossas pesquisas que a falta de comunicaccedilatildeo
informaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo nas propostas da sala do empreendedor assim como em
27
No plano Plurianual 20142017 de Paranaguaacute estaacute previsto o investimento de R$ 10000000 para o apoio aos MEI desenvolvimento das micro pequenas e grandes empresas e induacutestrias no estiacutemulo para desenvolver uma cadeia produtiva local de forma sustentaacutevel
81
processos de licitaccedilatildeo28 exclui grande parte dos MEI ao Acesso em de serviccedilos
baacutesicos estabelecidos em lei e possibilidades de relaccedilotildees comerciais com o
municiacutepio posto o desconhecimento das recomendaccedilotildees por parte dos MEI
estabelecidas na Lei Geral (LC 12308) a qual prescreve normas diferenciadas de
promoccedilatildeo de desenvolvimento desse segmento de trabalhadoresempreendedores
individuais
O municiacutepio empoderado atraveacutes de uma ambiente institucional e de um
aporte estrutural constituiacutedo aumenta as possibilidades de eficiecircncia na intervenccedilatildeo
em problemas locais O empoderamento dos municiacutepios nesse sentido eacute central no
processo de desenvolvimento tanto de categorias especiacuteficas quanto de categorias
marginalizadas pela ausecircncia do poder puacuteblico Eacute dessa forma que ―ao analisar
experiecircncias de desenvolvimento localregional vecirc-se forccedilada a noccedilatildeo de que a
presenccedila do Estado eacute fundamental (BARBOSA et al in POCHMANN 2004 p 275)
sendo ele o principal articulador e protagonista de poliacuteticas de desenvolvimento e
inclusatildeo social
411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita
Ao examinara literatura sobre o uso do dinheiro puacuteblico no litoral do Paranaacute
que no nosso entendimento tem a possibilidade de ser alocado prioritariamente em
instrumentos geradores de desenvolvimento para as pessoas das pessoas e pelas
pessoas (SACHS 2003) percebemos muitas vezes recursos jaacute reduzidos sendo
direcionados a atender minorias com respaldo poliacutetico econocircmico e social
Como analisa Monteiro (2013a) boa parte das receitas de Guaratuba e
Matinhos estatildeo sendo direcionadas agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria com projetos de
infraestruturas (pavimentaccedilatildeo rede de esgoto etc) que beneficiam as elites locais
Estas elites satildeo na visatildeo de Frey (2000) amparadas por ―instituiccedilotildees de
intermediaccedilatildeo ndash patronagem poliacutetica clientelismo nepotismo fisiologismo e a
corrupccedilatildeo ndash [] (p 104) que constituem praacuteticas relacionais entre o poder central
local e oligarquias locais contribuindo para a ampliaccedilatildeo das desigualdades sociais
visto a apropriaccedilatildeo dos benefiacutecios por parte dessas elites
28
Conforme obrigatoriedade legal as licitaccedilotildees satildeo publicadas no site da prefeitura Tribunal de Contas e Diaacuterio oficial
82
Segundo Monteiro (2013a) em Caiobaacute balneaacuterio eletizado de Matinhos
com forte presenccedila de residecircncias de alto padratildeo e ainda com propostas a proacute-
verticalizaccedilatildeo a pavimentaccedilatildeo chega a 94 853 de calccediladas e 686 de
bueiros Enquanto em bairros como o Tabuleiro haacute 254 de ruas pavimentadas
164 de calcadas e 285 de bueiros denotando dessa forma os desniacuteveis de
emprego da receita para a manutenccedilatildeo das iniquidades entre as classes sociais
Jaacute em Guaratuba como salienta Monteiro (2013b)
[] veremos que boa parte da receita puacuteblica alimenta a especulaccedilatildeo imobiliaacuteria atraveacutes de obras de infraestrutura que beneficiam sobremaneira glebas vazias lotes baldios em suma propriedades que natildeo estatildeo cumprindo a funccedilatildeo social (MONTEIRO 2013a p 1)
Compreendemos dessa maneira que o espaccedilo constituiacutedo por relaccedilotildees de
poder pode representar o exerciacutecio de poder considerando algumas variaacuteveis
Como acentua Silva (2008) o poder local deve ser compreendido como exerciacutecio
das dimensotildees poliacutetica econocircmica social simboacutelica e cultural
A criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento local que promovam a
expansatildeo das liberdades humanas eacute indispensaacutevel a vontade poliacutetica o
amadurecimento agraves perspectivas de desenvolvimento pelos gestores municipais e
pelo empresariado local os recursos satisfatoacuterios nesse sentido o empoderamento
do municiacutepio eacute fundamental para o financiamento das poliacuteticas de desenvolvimento
a mediaccedilatildeo entre as relaccedilotildees de poder um aporte institucional capaz reduzir as
disparidades de classe e o planejamento e accedilatildeo sendo que o planejamento pode
ser revisado e modificado a julgar que toda accedilatildeo provoca modificaccedilotildees
Dentro dessa perspectiva foram analisados por Horochovski Junckes e
Muraro (2011) em trabalho realizado sobre um Programa de Desenvolvimento
Sustentaacutevel em Matinhos promovido pelo Banco do Brasil a participaccedilatildeo e o
planejamento pelos atores envolvidos Para esses autores os ―componentes
estruturais do modo de produccedilatildeo vigente apatia poliacutetica deacuteficits informacionais e a
persistecircncia de assimetrias e padrotildees autoritaacuterios e clienteliacutesticos [] (p 51)
constituem entre outros barreiras no processo democraacutetico e participativo
(HOROCHOVSKI JUNCKES MURARO 2011)
Ao discorrer sobre aspectos para o desenvolvimento local e o custeio
puacuteblico SEN (2000) afirma que natildeo se pode esperar um governo enriquecer para
83
investir em serviccedilos de base como a educaccedilatildeo e a sauacutede que na visatildeo do autor
satildeo elementos geradores de desenvolvimento posto que
A viabilidade desse processo conduzido pelo custeio puacuteblico depende do fato de que os serviccedilos sociais relevantes (como os serviccedilos de sauacutede e educaccedilatildeo) satildeo altamente trabalho-intensivos e portanto relativamente barato nas economias pobres ndash onde os salaacuterios satildeo baixos (SEN 2000 p 65)
Para esse autor se devem ponderar preccedilos e custos como paracircmetros de
quanto pode ou natildeo pode o governo gastar Adverte ele ainda que o processo
mediado pelo crescimento econocircmico acarreta em muitas vantagens tanto pelas
condiccedilotildees de investimentos quanto por provisotildees em setores essenciais como
educaccedilatildeo e sauacutede baacutesica
Dessa maneira reiteramos dentro da perspectiva de nossas anaacutelises a
necessidade do empoderamento municipal pois o Estado se consolida como o
principal condutor de processos de desenvolvimento Nessa direccedilatildeo entendemos
que o crescimento econocircmico eacute importante para o desenvolvimento (SACHS 2003
SEN 2000 FURTADO 2008) Natildeo como um fim em si mesmo mas um elemento
estrutural de outros coeficientes (aporte institucional poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas da
sauacutede e educaccedilatildeo e estrateacutegias macro e microeconocircmicas locais para o
desenvolvimento sustentaacutevel) que se materializem em equipamentos propiacutecios agrave
extensatildeo das ―liberdades humanas (SEN 2000)
42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS29
DO MEI NA MRGP
No desenvolvimento local conduzido em especial pelo ―custeio puacuteblico
(SEN 2000) atraveacutes dos governos subnacionais de inferecircncia nas aacutereas da
educaccedilatildeo sauacutede e economia o peso de interferecircncia do processo econocircmico pode
revelar-se como um dos imperativos entre o sucesso ou fracasso das estrateacutegias
adotadas
A conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estrateacutegias setorizadas de apoio agrave
categoria do MEI satildeo definidas com base orccedilamentaacuteria e disponibilidade de recursos
29
Encerramento da inscriccedilatildeo do Cadastro de Pessoa Juriacutedica (fechamento legal da empresa)
84
apropriados para a realizaccedilatildeo Identificamos dentro das estrateacutegias municipais as
salas do empreendedor que fornecem orientaccedilotildees e auxiacutelio na formalizaccedilatildeo de
empresas e empreendedores individuais (EI) que se encontram na informalidade
No graacutefico 4 abaixo observamos o nuacutemero de atendimentos realizados
pelos agentes de desenvolvimento nas salas do empreendedor nos municiacutepios da
MRGP
GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO
EMPREENDEDOR NA MRGP (2015 ndash 2016)
FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
Percebemos o aumento significativo de atendimentos realizados pela ―sala
entre os anos 2015 e 2016 (GRAFICO 4) em Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute
Segundo informaccedilotildees do entrevistado7 em Paranaguaacute a aumento nos atendimentos
eacute proporcional agrave elevaccedilatildeo das formalizaccedilotildees e abaixo (GRAacuteFICO 5) verificamos as
formalizaccedilotildees realizadas nas salas do empreendedor na MRGP
GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS NAS SALAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP
FONTE Salas do empreendedor de Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Paranaguaacute Pontal doParanaacute
Morretes Matinhos
0
50
100
150
200
250
300
350
Morretes Paranaguaacute Pontal do Paranaacute
ano 2015
ano 2016
85
Observamos acima (GRAacuteFICO 5) a reduccedilatildeo de 475 nas formalizaccedilotildees
realizadas pela sala do empreendedor em Pontal do Paranaacute no ano de 2016 em
relaccedilatildeo a 2015 Paranaguaacute ao contraacuterio apresentou percentual positivo de 1133
nas formalizaccedilotildees efetivadas junto agrave sala do empreendedor entre os anos 2015 e
2016
De maneira um tanto preocupante em Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
(GRAacuteFICO 6) constatamos o aumento significativo nas operaccedilotildees de baixa de
inscriccedilatildeo do MEI realizadas pela sala do empreendedor entre os anos de 2015 e
2016 Pontal do Paranaacute apresentou acreacutescimo de 2217 nas baixas de inscriccedilatildeo do
MEI enquanto Paranaguaacute indicou o avanccedilo de 1594 nas baixas da categoria Em
Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo haacute baixas
registradas na sala do empreendedor em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato
com o agente de desenvolvimento
GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI REALIZADAS NAS SAAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP
30
FONTE Salas do empreendedor de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
Ao estabelecermos comparaccedilatildeo entre os graacuteficos (5 e 6) percebemos que
a) No ano de 2015 o nuacutemero de baixas de inscriccedilotildees do MEI registrados na
sala do empreendedor em Paranaguaacute correspondeu a 274 das
30
Em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato com o agente de desenvolvimento em Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo houve baixas registradas nas salas do empreendedor
0
20
40
60
80
100
120
ano 2015
ano 2016
86
formalizaccedilotildees naquele ano No ano de 2016 o nuacutemero de baixas (MEI)
em Paranaguaacute em relaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo correspondeu a 333
Portanto uma elevaccedilatildeo de 59 nas baixas do MEI entre os anos de
2015 e 2016
b) Em Pontal do Paranaacute as baixas do MEI registradas pela sala do
empreendedor em relaccedilatildeo agraves formalizaccedilotildees corresponderam a 116
em 2015 Em 2016 a variaccedilatildeo das baixas na inscriccedilatildeo do MEI em relaccedilatildeo
agraves formalizaccedilotildees atingiu o percentual de 7115 o que corresponde a um
aumento acentuado de 5955 nas baixas de inscriccedilotildees do MEI entre
2015 e 2016
Ao inclinar nossos olhares para os resultados dos graacuteficos (5e 6) veremos
expressiva diferenccedila na sustentabilidade do MEI entre os municiacutepios de Pontal do
Paranaacute e Paranaguaacute Isso nos remete a uma questatildeo como explicar o significativo
nuacutemero de baixas na inscriccedilatildeo do MEI em Pontal do Paranaacute em relaccedilatildeo agrave
Paranaguaacute resultando em dados estatiacutesticos tatildeo diacutespares na sustentabilidade dos
MEI jaacute que os dois municiacutepios possuem em sua maioria dentre algumas accedilotildees
isoladas estrateacutegias planificadas pelo SEBRAE
A resposta a essa questatildeo segundo o entrevistado3 estaacute na sazonalidade
pelo qual estatildeo sujeitos os municiacutepios balneaacuterios da MRGP ndash Matinhos Pontal do
Paranaacute e Guaratuba Esta anaacutelise estaacute sustentada igualmente por Sulzbac
Denardin e Felisbino (2012)
O fato destes enfrentarem a problemaacutetica da sazonalidade de visitaccedilotildees em virtude do lazer de sol e mar define-se a hipoacutetese de que a sazonalidade recorrente da principal atividade econocircmica resulta em instabilidades financeiras tanto as instituiccedilotildees locais como para a proacutepria populaccedilatildeo promovendo adequaccedilotildees dos empreendimentos especialmente no que se refere aos viacutenculos de trabalho Em consequecircncia os empreendimentos formais natildeo encontram suporte financeiro para sua manutenccedilatildeo resultando na criaccedilatildeo de empreendimentos informais que satildeo caracteriacutesticos destes locais (p 109-110)
Na temporada de praia conforme relato do entrevistado3 muitos MEI
transferiram-se ou se formalizam em Pontal do Paranaacute com vistas agrave fiscalizaccedilatildeo
intensa nesse periacuteodo Ao fim do veratildeo muitos vatildeo embora para suas cidades e
datildeo baixas das empresas Outros ―natildeo conseguem sequer pagar o boleto DAS no
final do mecircs (transcriccedilatildeo) com isso acabam por encerrar a microempresa e
87
―sobrevivendo com o que conseguiram juntar no veratildeo (transcriccedilatildeo) concorrendo
para o nuacutemero expressivo de baixas em janeiro e fevereiro de cada ano
Monteiro (2013b) acentua sobre a sazonalidade nos municiacutepios da
plataforma no Paranaacute e a variaccedilatildeo populacional decorrente do veratildeo e de alguns
feriados Para esse fato ele denomina de ―As meias cidades do litoral paranaense
(p 5)
[] as cidades do litoral transformam-se acentuadamente literalmente da noite para o dia quando chegam as pessoas para as festas de fim de ano e feacuterias de veratildeo Boa parte dos domiciacutelios vagos satildeo ocupados muitos com concentraccedilatildeo de mais de 4 pessoas por cocircmodo (MONTEIRO 2013b p 5)
A sazonalidade eacute um imperativo importante na observaccedilatildeo das baixas dos
MEI apoacutes a temporada de veratildeo Por outro lado destacamos uma variaacutevel
dependente que eacute a formaccedilatildeo da dinacircmica do mercado local em participar e
introduzir certa sustentabilidade das empresas atraveacutes de variaacuteveis como a da oferta
de trabalho aumento de consumo cooperaccedilatildeo entre as empresas locais entre
outras
Dessa maneira as empresas inclusas em um sistema de mercado
fortalecido onde a capacidade de gerar riqueza seja mais sustentaacutevel tecircm mais
possibilidades de prosperar e manter suas atividades Portanto um mercado ativo
comumente tem respaldo do poder puacuteblico local e as micro e pequenas empresas
que surgem em meio a essa dinacircmica requerem estrateacutegias definidas com vistas a
competirem no mercado aberto
Podemos discorrer na perspectiva de Sachs (2003) e Sen (2000) que aleacutem
de fomentar a formalizaccedilatildeo de micro pequenos e meacutedios empreendimentos dado a
―cobertura social para os trabalhadores (SACHS 2003 p113) ndash na visatildeo desse
autor a principal vantagem ndash eacute necessaacuterio expandir formas de adequaccedilatildeo agrave
sustentabilidade dessas empresas uma vez que lanccediladas no mercado aberto satildeo
incapazes de competir com empresas maiores e ampliar sua estrutura
A mortalidade nessa competiccedilatildeo em condiccedilotildees de inferioridade eacute elevada para os micro e pequenos empreendimentos Nuacutemeros do SEBRAE apontam para taxas de 32 de fechamento em menos de um ano 44 em menos de dois anos 56 em menos de trecircs 66em menos de quatro e 71 em menos de cinco (SACHS 2003 p 35)
Como analisa Sachs (2003) os pequenos e meacutedios empreendimentos natildeo
tecircm como sobreviver no mercado aberto dado a baixa capacidade de produzir em
88
condiccedilotildees desiguais No questionaacuterio aplicado ao MEI veremos algumas barreiras
que acentuam essas desigualdades
43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO
O questionaacuterio31 elaborado para o MEI e aplicado nos municiacutepios de
Matinhos Guaratuba Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute foi um instrumento que
permitiu ilustrar uma realidade da categoria MEI frente aos desafios enfrentados no
decorrer da sua formalizaccedilatildeo na mesma medida em que possibilitou compreender
um pouco a realidade concreta desses trabalhadores exposta pelas suas opiniotildees
suas respostas objetivas e por vezes subjetivas Ou seja uma fonte de
―informaccedilotildees vivas (RAYNAUT C et al 2002)
No mesmo sentido a anaacutelise dos dados tornou-se importante posto que
buscamos compreender a aproximaccedilatildeo entre alguns mecanismos de apoio ao MEI
descritos na Lei Geral (12308) e o Acesso em a esses mecanismos pelo puacuteblico
alvo
O questionaacuterio procurou coletar dados dos microemprendedores individuais
segundo atividade econocircmica tempo de atuaccedilatildeo no mercado formalizado renda
bruta participaccedilatildeo em compras puacuteblicas local da atividade econocircmica quanto agrave
capacitaccedilatildeo e consultoria entre outros
O questionaacuterio foi aplicado a trinta microemreendedores individuais
Natildeo houve classificaccedilatildeo especiacutefica para a escolha dos entrevistados na
aplicaccedilatildeo do questionaacuterio O que se propocircs a fazer foi deslocar ateacute o local de
trabalho do MEI e aplicar o questionaacuterio em meio agraves suas atividades Esta teacutecnica
possibilitou observar a estrutura do estabelecimento e dialogarmos diretamente com
o microempreendedor individual sobre suas dificuldades e avanccedilos apoacutes a
formalizaccedilatildeo Alguns MEI foram pouco receptivos a participar do questionaacuterio mas a
maioria se sentiu muito a vontade em responder as perguntas
431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral
do Paranaacute
31
O formulaacuterio aplicado ao MEI encontra-se nos anexos dessa dissertaccedilatildeo
89
Veremos abaixo (GRAacuteFICO 7) que a maior parte dos MEI respondentes
(n=24) estaacute alocada nos setores de serviccedilos e comeacutercio Doze (n=12) exercem suas
atividades no setor de prestaccedilatildeo de serviccedilos (informaacutetica conserto de bicicleta
eletrocircnica cabeleireira sapateiro) e doze (n=12) pertencem ao comeacutercio (papelaria
armarinho produtos de limpeza pet shop loja de roupas comeacutercio de artigos de
praia entre outros) Dos respondentes trecircs (n=3) exercem suas atividades na aacuterea
da cultura
GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE ECONOcircMICA ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Na observaccedilatildeo dos dados percebemos a maior concentraccedilatildeo da atividade
econocircmicano setor terciaacuterio Esta anaacutelise jaacute foi descrita por Superville e Quintildeones
(2000) Barbosa (2007) no qual concluiacuteram que o trabalhador fabril foi deslocado
para este setor passando ser um trabalhador de serviccedilos
Os empreendedores na perspectiva de Nassif et al (2014) apresentam
uma variaccedilatildeo de caracteriacutesticas como a criatividade flexibilidade autonomia e ideias
para inovar Poreacutem tal como notamos anteriormente as oportunidades de produzir
bens e serviccedilos satildeo frequentemente diferentes tanto pela capacidade de
investimento em tecnologia e informaccedilatildeo tanto pela expectativa de uma formaccedilatildeo
bruta de capital Ao analisarmos a capacidade estrutural dos MEI (condiccedilotildees
econocircmicas e de compreensatildeo de mercado) percebemos o distanciamento
(desconhecimento) dos instrumentos geradores de seu desenvolvimento previstos
em lei Os instrumentos descritos na Lei Geral (12306) podem facilitar e auxiliar na
Comeacutercio reparaccedilatildeo deveiacutec automotores emotocicleta
Outras atividades eserviccedilos
educaccedilatildeo
cultura
construccedilatildeo
natildeo respondeu
90
melhoria dos negoacutecios e desencadear um processo de desenvolvimento Na
percepccedilatildeo de Pochmann ( 2004) Sen (2000) Sachs (2003) o desenvolvimento eacute
associado simultaneamente ao crescimento econocircmico com o fortalecimento da
capacidade de produccedilatildeoacumulaccedilatildeo e pela ampliaccedilatildeo das liberdades substantivas
432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute
No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 8) percebemos a quantidade de anos
formalizados dos MEI respondentes
GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30)
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Observamos que dos respondentes 09 (nove) estatildeo formalizados haacute um
ano o que configura como a maioria dos microemperendedores formalizados
Percebemos uma reduccedilatildeo no nuacutemero de empreendimentos entre cinco e onze anos
de funcionamento
No primeiro ano de funcionamento conforme os dados acima (GRAacuteFICO 8)
dos microempreendimentos seis (n=6) desenvolvem suas atividades no comeacutercio e
dois(n=2) suas atividades estatildeo relacionadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos
Sachs (2003) ao analisar dados do SEBRAE nos diz que em menos de cinco
anos 71 das micro e pequenas empresas fecham as portas o que demonstra em
sua perspectiva e de Sen (2000) aleacutem da fragilidade dessa categoria existe a falta
de instrumentalizaccedilatildeo e praacuteticas dos mecanismos existentes para manter os
microempreendedores na formalidade e provocar a ruptura desse quadro
0
5
10
15
20
25
30
ateacute 1ano
ateacute 2anos
ateacute 3anos
ateacute 4anos
ateacute 5 ateacute 6anos
ateacute 8anos
ateacute 11anos
()
anos de formalizaccedilatildeo
91
O aumento ou a diminuiccedilatildeo gradual das formalizaccedilotildees de micro e pequenos
empreendimentos na MRGP assim como o fortalecimento desses empreendedores
pode representar indicativos do respaldo dado pelas estrateacutegias e accedilotildees colocadas
em praacutetica com base na Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo observando que
O principal objetivo das poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave consolidaccedilatildeo das MPE deve estar em assisti-las no desenvolvimento de uma competitividade genuiacutena que lhes permita aumentar gradualmente os salaacuterios estar em dia com os encargos sociais e impostos superar o imediatismo e adquirir uma perspectiva de longo prazo na gestatildeo do negoacutecio e na previsatildeo de investimentos (SACHS 2003 p 35)
Desse modo as estrateacutegias devem superar as circunstacircncias especiacuteficas de
processos burocraacuteticos ligados agrave formalizaccedilatildeo e sim expandir suas accedilotildees de
maneira que as MPE possam adquirir autonomia sustentaacutevel e desempenhar um
papel relevante na economia local
Observamos que Sachs (2003) alertava para as principais dificuldades
encontradas no desenvolvimento das MPE ―Acesso em ao creacutedito ao mercado agrave
miacutedia ao poder puacuteblico agrave classe poliacutetica e especialmente agrave tecnologia e ao
conhecimento [] (idem p 113) A falta de Acesso em a esses instrumentos
importantes restringe a capacidade de ampliaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo
(tecnologia de gestatildeo lucratividade rentabilidade) quanto ao de arranjos produtivos
locais
Para Albuquerque e Zapata (2010 p 2016) ―a introduccedilatildeo de inovaccedilotildees
tecnoloacutegicas e o fomento da capacidade empresarial e organizativa nos diferentes
acircmbitos territoriais satildeo variaacuteveis estrateacutegicas da poliacutetica de desenvolvimento e
podem possibilitar a reversatildeo ou minimizar as assimetrias do mercado resultantes
da competitividade desigual
434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP
Ao analisar o graacutefico baixo (GRAacuteFICO 9) observamos que vinte e trecircs
(n=23) dos respondentes disseram natildeo ter ou natildeo tiveram relaccedilotildees comerciais com
o municiacutepio Certamente que boa parte dos entrevistados natildeo possui caracteriacutesticas
comerciais para fornecer ao poder puacuteblico no entanto alguns setores dentre os
quais educaccedilatildeo eletrocircnica informaacutetica incluso nos tracircmites legais podem fornecer
92
serviccedilos para o municiacutepio No setor de comeacutercio papelarias e loja de materiais de
limpeza tecircm a possibilidade de fornecimento na compra direta dispensada de
licitaccedilatildeo descrita nos art 23 e 24 da Lei 86661993 Da mesma forma no setor de
serviccedilos observado as normas juriacutedicas
GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA MRGP (N=30)
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Nas licitaccedilotildees muitos respondentes (n=23) disseram natildeo manter relaccedilotildees
comerciais com o poder puacuteblico e desconhecem o funcionamento para participar do
processo O que denota a pouca extensatildeo de estrateacutegias como o Programa
―Compras Paranaacute Esse programa tem como foco otimizar o processo de licitaccedilatildeo
para empresas locais Propicia no mesmo sentido a capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios
puacuteblicos nesse processo e a capacitaccedilatildeo de fornecedores que desejam participar de
licitaccedilotildees
Para tanto na compra puacuteblica eacute indispensaacutevel a orientaccedilatildeo em licitaccedilotildees que
possam ser direcionadas agraves micro e pequenas empresas locais da regiatildeo Mas para
isso o setor puacuteblico tem que estar bem preparado assim como o empresariado local
para estabelecer a conexatildeo Segundo o entrevistado4 esta eacute uma condiccedilatildeo iacutempar no
sentido do desenvolvimento empresarial localizado
Ressaltamos que as compras puacuteblicas ou contrataccedilotildees puacuteblicas podem
conduzir e inserir os micro e pequenos empreendimentos no mercado uma vez que
a esfera puacuteblica constitui um mercado estaacutevel de relaccedilotildees comerciais quase sempre
sim
natildeo
natildeo respondeu
93
em ampliaccedilatildeo O capiacutetulo V da LC 12306 alterado pela 14714 descreve sobre os
criteacuterios a serem adotados em favorecimento agraves MPE quanto ao Acesso em ao
mercado destacando as compras e contrataccedilotildees puacuteblicas e sobre o processo de
licitaccedilatildeo
Segundo o SEBRAE 76 das MPE de Paranaguaacute natildeo participaram em
processos de compras puacuteblicas entre os anos de 2011-2014 Dessas empresas
55 desconhecem as oportunidades para comercializar com governoempresas
estatais Nesse sentido a pouca eou dificultosa informaccedilatildeo fornecida para o MEI
quanto aos serviccedilos disponibilizados pelo municiacutepio e sobre os instrumentos de
regulamentaccedilatildeo e direitos a Acesso ems facilitados dispostos na Lei Geral (12306)
poderia ser revertida pela divulgaccedilatildeo nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo locais - jornais
circulantes nos municiacutepios raacutedios comunitaacuterias por exemplo aleacutem dos oficiais ndash
relativo aos direitos e obrigaccedilotildees do MEI incorporado agrave sua formalizaccedilatildeo com o
propoacutesito de inseri-lo no mercado (trabalho) sua expansatildeo e sustentabilidade
Em Pontal do Paranaacute o secretaacuterio de desenvolvimento afirma que o
municiacutepio estaacute se empenhando para que as empresas locais inclusive o MEI
participem das licitaccedilotildees Para isso segundo ele a prefeitura se adequou a LC
14714 no sentido de que uma licitaccedilatildeo de determinado valor seja dividida para
facilitar o Acesso em dos microempreendedores observando igualmente a
possibilidade de pagamento de 10 a mais do valor miacutenimo para o MEI Essas satildeo
adequaccedilotildees importantes adotadas por Pontal do Paranaacute atraveacutes do Concelho
Gestor Municipal (CGM) Comenta o E8 sobre o CGM
Uniu mais a populaccedilatildeo agrave prefeitura uniu mais o microempreendedor a vender para a prefeitura Natildeo tinha ningueacutem vendendo pocirc Natildeo tinha ningueacutem fornecendo pra prefeitura Hoje noacutes temos o pequeno e microempresaacuterio fornecendo pra prefeitura Uniu os benefiacutecios e os trouxe pra prefeitura e pra comunidade neacute Um dinheiro pra circular aqui dentro e natildeo ir pra fora Por exemplo uma licitaccedilatildeo que era de ―x valor noacutes fomos quebrando ela em quatro ou cinco vezes para dar preferecircncia para o povo daqui Uma licitaccedilatildeo que era de R$ 10000000 noacutes fizemos quatro de 25 dividimosah compra o caderno de um laacutepis do outro caneta de outro Dividimos pra que o povo daqui participasse E deu certo Essa foi uma grande evoluccedilatildeo do Comitecirc Gestor (transcriccedilatildeo) (entrevistado8)
O conhecimento das bases legais de funcionamento da categoria no nosso
entendimento a ampliaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo para lidar com o mercado e a
aproximaccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados tanto pelo setor puacuteblico quanto pelo
94
setor privado poderaacute produzir em curto prazo impactos positivos no
desenvolvimento do MEI dentro da economia de mercado
Todavia o municiacutepio de Guaratuba ainda natildeo adaptou integralmente a LC
12306 e sua alteraccedilatildeo LC 1472014 ao seu modelo de gestatildeo pois os MEI que
participaram da pesquisa (Guaratuba) relataram que o municiacutepio cobra por taxas de
alvaraacute de funcionamento32 O municiacutepio isenta esse custo somente no primeiro ano
de abertura do micro negoacutecio contrariando dessa forma o disposto no art 4ordm sect3ordm
da LC 1472014
[] ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (grifo nosso)
O apoio ao MEI eacute fundamental pois esse tecido empresarial (MPE)
segundo autores como Sachs (2003) Albuquerque e Zapata (2010) e Sen (2000)
respondem por boa parte dos empregos e da renda da populaccedilatildeo Para o SEBRAE
(2014) 52 dos empregos formais no Brasil estatildeo nas micro e pequenas
empresas o que corresponde agrave significativa importacircncia dessa categoria
empresarial no desenvolvimento da economia brasileira
As observaccedilotildees e alteraccedilotildees contidas na LC 14714 representam avanccedilos
significativos na perspectiva do desenvolvimento dando maior envergadura social agrave
LC 12306 Esse dispositivo legal possui impacto positivo fundamental para
aumentar as oportunidades do MEI a se manter na formalidade pela inovaccedilatildeo na
reduccedilatildeo de barreiras de Acesso em ao mercado e agrave competitividade
Dentre os principais dispositivos contidos na LC 14714 incorporados a
outras ferramentas descritas na LC 12808 estatildeo
a Tributaccedilatildeo reduccedilatildeo a zero dos custos para o MEI (art 4ordmsect 1ordm e sect 3ordm)
b Desburocratizaccedilatildeo tratamento diferenciado pelos optantes do Simples
Nacional Cadastro uacutenico do CNPJ dispensados os demais cadastros
estaduais e municipais (art 1ordm inciso 4ordm)
32
Essa informaccedilatildeo foi confirmada pelo setor de fiscalizaccedilatildeo do municiacutepio de Guaratuba
95
A debilidade de uma microempresa ou ateacute a sua falecircncia pode acarretar
natildeo somente numa estatiacutestica de dados econocircmicos mas em resultados
socialmente negativos A microempresa eacute o trabalho do MEI seu sustento e de sua
famiacutelia suas necessidades baacutesicas satildeo satisfeitas atraveacutes de seu trabalho que eacute o
substrato da sua dignidade
O trabalho eacute uma dimensatildeo da vida essencial para a realizaccedilatildeo da humanidade lembra Joatildeo Paulo II na enciacuteclica Laboren Exercens A enciacuteclica papal observa que o valor do trabalho localiza-se na pessoa que o realiza natildeo podendo portanto ser compreendido como uma forccedila anocircnima de produccedilatildeo com o trabalhador equiparado a mero instrumento a serviccedilo do capital (BROM 2006 p 55)
Outra ferramenta possiacutevel associada a outros dispositivos que convertam no
fomento dos micro e pequenos empreendimentos eacute o Acesso em ao creacutedito como
forma de capital gerador de expansatildeo econocircmica assinalado por Sachs (2003) Sen
(2000)
435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute
O capiacutetulo IX da LC 12306 introduz na legislaccedilatildeo brasileira em
consonacircncia com o art 170 e 179 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 dispositivos
essenciais ao estiacutemulo ao creacutedito e ao microcreacutedito para micro e pequenas
empresas abrindo espaccedilo para inauguraccedilatildeo de formas e metodologias especiacuteficas
externas ao sistema creditiacutecio convencional o que caracteriza a concepccedilatildeo de
universalizar o creacutedito
Segundo a legislaccedilatildeo pertinente o sistema de creacutedito brasileiro deveraacute criar
linhas especiais de creacutedito a atender a demanda dos micro e pequenos
empreendimentos ―[] objetivando a reduccedilatildeo do custo de transaccedilatildeo a elevaccedilatildeo da
eficiecircncia alocativa o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto
informacional [] (LC 15516 art 57)
A posiccedilatildeo do sistema puacuteblico de creacutedito facilitado eacute fundamental na
intervenccedilatildeo do creacutedito frente ao sistema aberto convencional Atraveacutes do sistema
creditiacutecio com vinculaccedilatildeo federal ndash Caixa Econocircmica Federal (CEF) Banco Nacional
de Desenvolvimento Social (BNDES) Banco do Brasil (BB) (art 58 LC 15516) - e
dos bancos comerciais puacuteblicos estaduais abre-se espaccedilo para a inclusatildeo no
sistema de creacutedito agraves pessoas que natildeo possuiacuteam Acesso em ao serviccedilo Dessa
96
forma os bancos comerciais puacuteblicos passam a ser considerados atores importantes
nas poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento posto seu ponto estrateacutegico na alocaccedilatildeo
de creacutedito caracterizado como insumo necessaacuterio agrave ampliaccedilatildeo das oportunidades e
expansatildeo econocircmicas
A CEF o BB ndash entidades federalizadas ndash e o Fomento Paranaacute ndash entidade
estadual - satildeo os principais atores dentro da poliacutetica de Acesso em ao sistema de
creacutedito e microcreacutedito que atuam diretamente na MRGP
O art 62 da PLC 12306 a exemplo orienta o Banco Central a intervir na
ampliaccedilatildeo e facilidades agraves linhas de creacuteditos para os MEI e MPE que em
contrapartida estimularia a competiccedilatildeo bancaacuteria A disponibilizaccedilatildeo e a facilitaccedilatildeo
ao creacutedito ou ao microcreacutedito por instituiccedilotildees financeiras privadas ou estatais como
o banco do Brasil (BB) o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) pela Caixa
Econocircmica Federal33 (CEF) e outras instituiccedilotildees financeiras alinhadas ao
microcreacutedito estaacute respaldada no sect2o do art62 e nos art 57 58 59 e 60 da
supracitada PLC bem como na Lei federal 111102005 Esta institui o Programa
Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO) ―com o objetivo de incentivar
a geraccedilatildeo de trabalho e renda entre os microempreendedores populares (BRASIL
2005)34
O microcreacutedito segundo o SEBRAE consiste no fornecimento de creacutedito
aos microempreendedores que natildeo possuem Acesso em ao sistema financeiro
tradicional e estaacute inserido no contexto da microfinanccedila destinado agraves pessoas de
baixa renda Ainda segundo o SEBRAE suas principais caracteriacutesticas satildeo
A) ausecircncia de garantias reais jaacute que a maioria das transaccedilotildees tem como garantia o aval solidaacuterio b) Concessatildeo de creacutedito aacutegil e adequado ao ciclo de negoacutecios do empreendimento c) Baixo custo de transaccedilatildeo devido agrave proximidade entre a instituiccedilatildeo e o tomador dos empreacutestimos e agrave inexistecircncia de burocracia d) Accedilatildeo econocircmica com forte impacto social na comunidade e) Elevado custo operacional para a instituiccedilatildeo fornecedora dos recursos f) Metodologia especiacutefica que consiste na concessatildeo assistida do creacutedito (wwwsebraecombr)
O SEBRAE (2012) evidenciou que no Brasil em 2011 12 dos MEI
buscaram linhas de creacutedito em instituiccedilotildees financeiras e 88 natildeo recorreram ao
33
Os encargos da Caixa Econocircmica Federal constituem 1) taxa de juros 295 ao mecircs 2) taxa de abertura de creacutedito (TAC) 3 do valor do contrato 3) Aliacutequota zero sobre o Imposto sobre Operaccedilotildees de Creacutedito (IOF) 34
O BNDES proporciona um creacutedito de ateacute R$ 2000000 por cliente o Banco do Brasil R$ 1500000 (ateacute a data desse trabalho)
97
creacutedito Desses MEI 43 obtiveram empreacutestimos e 57 natildeo conseguiram
formalizar o empreacutestimo Em 2012 10 recorreram ao creacutedito sendo que 52
desses obtiveram empreacutestimos e 48 natildeo conseguiram o financiamento Em 2015
84 dos MEI natildeo procurou obter empreacutestimo junto agraves instituiccedilotildees financeiras Dos
16 que recorreram ao creacutedito 55 conseguiram o empreacutestimo e 45 natildeo
efetivaram o creacutedito
Entre os anos de 2011 e 2015 como aponta o SEBRAE houve decreacutescimo
de trecircs pontos percentuais pelos MEIS na taxa de procura por financiamentos junto
agraves instituiccedilotildees financeiras Sendo que as instituiccedilotildees puacuteblicas representam uma
parcela significativa na procura por empreacutestimos pelos Microempreendedores
individuais
Como podemos observar (TABELA 11) entre os anos 2011 e 2015 houve
reduccedilatildeo na taxa de procura entre os dois anos mas a reduccedilatildeo foi mais expressiva
na taxa de aprovaccedilatildeo Isso estaacute relacionado agraves medidas mais restritivas de creacutedito
do ano de 2015 que afetaram a poliacutetica de fomento aos MEI como aos demais
empreendedores
TABELA 11 - PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)
INSTITUICcedilAtildeO DE CREacuteDITO
PROCURA POR EMPREacuteSTIMO ()
EMPREacuteSTIMO APROVADO ()
2011 2015 2011 2015
Instituiccedilotildees Financeiras Puacuteblicas 68 67 00 44 Instituiccedilotildees Privadas 27 0 22 49 Cooperativas de creacutedito 4 6 99 42
FONTE SEBRAE (20122015)
Todavia alguns dispositivos de apoio e estiacutemulos a essas categorias
empresariais descritos nas LC 12306 e LC 12808 tais como baixa tributaccedilatildeo
programas de capacitaccedilatildeo e mesmo o Acesso em ao creacutedito a exemplo que
estimulem o seu desenvolvimento seratildeo analisadas posteriormente quando
abordarmos a MRGP
O microcreacutedito produtivo consiste numa ferramenta utilizada em muitos
paiacuteses como estrateacutegia de reduccedilatildeo da pobreza na promoccedilatildeo de emprego e renda e
na consolidaccedilatildeo do aumento da capacidade produtiva de microempreendimentos
aleacutem de favorecer condiccedilotildees a melhoria de vida das pessoas mais empobrecidas e
socialmente vulneraacuteveis (PEREIRA 2006 BARONE et al 2002)
98
O microcreacutedito democratiza o Acesso em ao creacutedito fundamental para a vida moderna do qual grande parte dos brasileiros estaacute excluiacuteda A disponibilidade de creacutedito para empreendedores de baixa renda capazes de transformaacute-lo em riquezas para eles proacuteprios e para o paiacutes faz do microcreacutedito parte importante das poliacuteticas de desenvolvimento (BARONE et al 2002 p 11)
No Brasil o microcreacutedito eacute regulamentado e normatizado pela Lei
111102005 que institui o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado
(PNMPO) e ―tem por finalidade especiacutefica disponibilizar recursos para o microcreacutedito
produtivo orientado (Lei 111102005 art 1ordm sect 2ordm)
O microcreacutedito produtivo orientado segundo Barone et al (2002) possui
efeito positivo junto aos tomadores de financiamento no sentido de melhoria das
condiccedilotildees habitacionais de sauacutede e alimentares da expectativa da restituiccedilatildeo da
cidadania e da auto-estima aleacutem da geraccedilatildeo de emprego e renda das famiacutelias que
fazem o uso desse instrumento
Tal posicionamento eacute defendido por Pereira (2005) posto os resultados
empiacutericos obtidos em estudos realizados no Centro de Apoio de Pequenos
Empreendimentos no Estado da Paraiacuteba (CEAPEPB) em 2005 Em suas anaacutelises
ela concluiu que o microcreacutedito proporciona a expansatildeo do ativo circulante35 e do
patrimocircnio liacutequido tendo peso significativo na consolidaccedilatildeo dos empreendimentos
(PEREIRA 2005 p 78) Percebe-se dessa maneira o impacto positivo do
microcreacutedito em paracircmetros econocircmicos aleacutem de ser uma ferramenta de
intervenccedilatildeo na exclusatildeo social Entretanto a situaccedilatildeo na MRGP apresenta um
quadro criticamente diverso A tabela abaixo (TABELA 12) expressa a regressatildeo
significativa das transaccedilotildees de creacutedito pela CEF na MRGP entre os anos 2015 e
2016
TABELA 12 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS NA MRGP CEDIDOS
PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS MPE (2015-2016)
ANO TOTAL DE CONTRATOS VALOR TATOAL (R$)
2015 13909 3759861821
2016 2756 795389276
FONTE CONTROLADORIA GERAL DA UNIAtildeO ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIA
35
O ativo circulante compreende o dinheiro em caixa os saldos bancaacuterios e todos os valores que podem ser convertidos em dinheiro imediatamente (SANDRONI 1999)
99
A diminuiccedilatildeo nos financiamentos estaacute atrelada em parte pelo baixo
desempenho da economia e por outro lado a forte restriccedilatildeo do sistema bancaacuterio no
processo de seletividade para o creacutedito Para o entrevistado3
Existe um preconceito muito grande seja por parte de associaccedilotildees seja por parte de instituiccedilotildees financeiras neacute Porque o MEI eacute um risco Como que eacute avaliado Ah ele eacute pequenininho Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar a mensalidade Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar um financiamento Eu vejo isso como um preconceito Mas eu natildeo tiro toda razatildeo da parte financeira (transcriccedilatildeo) (entrevistado3)
Notemos que o nuacutemero de contratantes (TABELA 12) em 2015 em relaccedilatildeo
ao nuacutemero de MPE na MRGP (TABELA 13) abaixo atingiu o percentual de 4487
No ano seguinte (2016) esse percentual reduziu sensivelmente para 814
TABELA 13 - NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016)
FONTE EMPRESOcircMETRO
Ainda na comparaccedilatildeo entre os dados expressos acima (TABELAS 12 e 13)
percebemos que a retraccedilatildeo nos contratos de financiamentos representou um
decreacutescimo de 2115 de ativos circulantes das MPE na MRGP o que compromete
o desenvolvimento tendo em vista que em meacutedia 95 das empresas da regiatildeo satildeo
MPE (Empresocircmetro) e geram empregos renda e tem forte impacto na produccedilatildeo de
riqueza em seus municiacutepios
Partindo das anaacutelises de Kohler (2010) observamos que o aumento da
atividade econocircmica requer a expansatildeo da capacidade de investimento o qual ele
denomina de ―investimento produtivo O investimento produtivo na concepccedilatildeo do
MUNICIacutePIO Nordm MPE
2015 2016
Antonina 1453 1581
Guaraqueccedilaba 358 400
Guaratuba 3913 4333
Matinhos 4138 4716
Morretes 1559 1703
Paranaguaacute 13612 14728
Pontal do Paranaacute 3929 4372
TOTAL 30977 33849
100
autor eacute um elemento importante na produccedilatildeo de riqueza local pois se materializa
em uma variaacutevel ex ante a poupanccedila produtiva resultado da riqueza gerada
Tratando-se do MEI as condiccedilotildees de alocaccedilatildeo de ―investimentos
produtivos- aquisiccedilatildeo de tecnologias maacutequinas estoque ndash podem ser referenciadas
na Lei Geral atraveacutes do estiacutemulo ao creacutedito
Magalhatildees Junior (2016) ao analisar o impacto dos micro - financiamentos
realizados nos municiacutepios paranaenses atraveacutes do Programa Banco do
Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) concluiu que a adiccedilatildeo em meacutedia de 1
nos contratos de microcreacutedito junto ao Programa Banco Empreendedor Paranaacute
possibilitou o aumento da capacidade econocircmica dos municiacutepios participantes em
032 entre os anos 2010 e 2013
Os dados abaixo (TABELA 14) demonstram o nuacutemero de contratos
creditiacutecios firmados com o MEI na MRGP junto ao Fomento Paranaacute entre os anos
2014 ndash 2016 Observamos ainda a elevaccedilatildeo de 400 no nuacutemero de financiamentos
entre os anos 2015 ndash 2016 ao contraacuterio dos bancos puacuteblicos federalizados que
manifestaram reduccedilatildeo nos contratos
TABELA 14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016)
MUNICIacutePIO Nordm DE FINANCIAMENTOS
2014 2015 2016
Antonina 3 3 4
Guaraqueccedilaba
6
Guaratuba 5
Matinhos 4
12
Morretes 10 3 12
Pontal do Paranaacute
7
TOTAL 29 9 45
FONTE FOMENTO PARANAacute ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIAPR
Mesmo com essa expansatildeo significativa o percentual em relaccedilatildeo ao
nuacutemero de MEI na MRGP eacute pouco expressivo pois representou apenas 038 do
total dos microempreendedores em 2016
Tal qual o nuacutemero de contratos os valores financiados aumentaram
significativamente em 47630 entre os anos 2015 ndash 2016 como demonstrado
101
abaixo (GRAacuteFICO10) Esse percentual segundo um agente representante do
Programa Banco Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) da regiatildeo deve cair
novamente em funccedilatildeo dos municiacutepios do litoral natildeo renovarem os convecircnios com o
banco supracitado
GRAacuteFICO 10- VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP ATRAVEacuteS DO
PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016)
FONTE Fomento Paranaacute ndash elaboraccedilatildeo proacutepria ndash dados obtidos atraveacutes
do Portal da Transparecircncia
Ao analisarmos os dados do graacutefico abaixo sobre o nuacutemero de contratos
firmados junto ao sistema de creacutedito na MRGP pelos respondentes (n=30)
reparamos que vinte e quatro (n=24) dos entrevistados (GRAacuteFICO 11) disseram natildeo
ter contratado financiamentos junto agraves entidades creditiacutecias para expandir seus
negoacutecios e seis (n=6) responderam ter realizado empreacutestimo Dos respondentes que
realizaram financiamentos quatro (n=4) disseram ter utilizado como capital de giro e
dois (n=2) dos respondentes que adquiriram o financiamento relataram que o
utilizaram tanto como capital de giro como para expandir os negoacutecios e na compra
de materiais
R$26674633
R$8176690
R$47121657
2014 2015 2016
Valor contratado (R$)
102
GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Um fato interessante no momento da entrevista eacute que grande parte dos
respondentes natildeo tinha conhecimento sobre essa prerrogativa estabelecida em lei e
nem mesmo disse conhecer as implicaccedilotildees que um financiamento produtivo
empregado de forma adequada pode oferecer para a melhoria das condiccedilotildees dos
microempreendimentos
436 O associativismo e os MEI na MRGP
O associativismo pode ser caracterizado como cooperaccedilatildeo para crescer
juntos Quem se associa usualmente tem objetivos em comum portanto a
cooperaccedilatildeo eacute fundamental ao avanccedilo desses objetivos
Com o escopo de incluir as MPE no processo produtivo competitivo e
saudaacutevel jaacute no art 1ordm inciso III a LC 12306 preceitua como uma das normas
descritas o Acesso em ao associativismo acentuando no capiacutetulo VIII da referida
Lei Geral que a associaccedilatildeo seraacute regulamentada sob a forma de Sociedade de
Propoacutesito Especifico (SPE)36 e ―seraacute constituiacuteda como Sociedade Limitada37 (art 56
sect2ordm inciso VII)
36
Sociedade de Propoacutesito Especiacutefico (SPE) eacute um modelo de organizaccedilatildeo empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anocircnima com um objetivo especiacutefico ―cuja atividade eacute bastante restrita podendo em alguns casos ter prazo de existecircncia determinado normalmente utilizada para isolar o risco financeiro da atividade desenvolvida (SEBRAE)disponiacutevel lthttpwwwbibliotecassebraecombrchronusARQUIVOS_CHRONUSbdsbdsnsff25877ce0f2ecbca17355fc33397deea$File5189pdfgtgt Esta previsatildeo estaacute fundamentada no art 981 do Coacutedigo Civil de 2002 37
Forma societaacuteria com personalidade juriacutedica de participaccedilatildeo definida com base em seu investimento
sim
natildeo
103
Uma associaccedilatildeo tem como objetivo a manutenccedilatildeo e salvaguarda do
interesses de seus associados promovendo permanentemente os lastros de
cooperaccedilatildeo entre eles reconhecendo que para prosperar eacute necessaacuteria adequaccedilatildeo
institucional administrativa e de recursos para adaptaccedilotildees decorrentes de
mudanccedilas em cenaacuterios especiacuteficos (social economia poliacutetica)
Agraves MPE em especial aos microempreendedores individuais as concepccedilotildees
do associativismo satildeo maneiras integradas ao movimento de inclusatildeo dessa
categoria no processo mercantil uma vez que a fragilidade no Acesso em ao
mercado ao creacutedito agraves tecnologias jaacute mencionadas anteriormente as relaccedilotildees
estabelecidas na consolidaccedilatildeo associativa geram possibilidades de surgirem
externalidades tais como conexotildees comerciais fortalecimento econocircmico
benefiacutecios em funccedilatildeo das parcerias com a associaccedilatildeo dentre outras Nessa
perspectiva
o estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo como forma de minimizar as fraquezas estruturais que envolvem os microempreendedores se apoia na perspectiva de que os atores econocircmicos natildeo podem ser tomados como aacutetomos isolados posto que suas accedilotildees dependem de vaacuterias limitaccedilotildees advindas das relaccedilotildees estabelecidas com outras organizaccedilotildees (CERQUEIRA CUNHA MOHR SOUZA ABRAHAO FLEIG 2014 p 739)
Abaixo (GRAacuteFICO 12) estatildeo os resultados sobre a participaccedilatildeo dos
respondentes (n=30) em associaccedilotildees de representaccedilatildeo da categoria Dos
respondentes vinte e oito (n=28) responderam que natildeo satildeo membros de nenhuma
associaccedilatildeo e dois (n=2) decidiram por natildeo responder
GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO REPRESENTANTE DA CATEGORIA
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
sim
natildeo
natildeo respondeu
104
No litoral identificamos (QUADRO 8) as principais entidades representantes
da classe comercial e industrial as quais abrem espaccedilo para o MEI se associar
QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO PARANAacute
ENTIDADE DESCRICcedilAtildeO
ACIG Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Guaratuba
ACIMA Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos
ACIAPAR Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Pontal do Paranaacute
ACIAP Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Paranaguaacute
ACIAM Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agropecuaacuteria de Morretes
AMPEC LITORAL Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do litoral do Paranaacute
FONTE Dados da PesquisaAssociaccedilotildees que possuem mensalidades reduzidas para os MEI
As entidades de classe descritas no quadro acima estatildeo distribuiacutedas em
todo o litoral paranaense mas destacamos a AMPEC por seu aspecto principal que
eacute uma associaccedilatildeo dos micro e pequenos empreendedores do litoral
A ASSOCIACcedilAtildeO teraacute por finalidade congregar as Microempresas Empresas de Pequeno Porte os Empreendedores Individuais e os profissionais autocircnomos formais e informais industriais comerciais agriacutecolas artesatildeos e prestadoras de serviccedilos em forma de associados optantes objetivando a promoccedilatildeo social e econocircmica estimulando o desenvolvimento e defendendo o interesse de seus associados (art 4ordm Estatuto Social AMPEC)
A AMPEC com sede em Pontal do Paranaacute na visatildeo do entrevistado2 eacute
muito importante poreacutem natildeo existe apoio do poder puacuteblico local ou de entidades que
possam contribuir para o desenvolvimento da associaccedilatildeo e de cooperaccedilatildeo conjunta
na composiccedilatildeo de estrateacutegias para aumentar a alocaccedilatildeo de recursos e
acompanhamento teacutecnico para a entidade Dessa forma o isolamento e soacute com a
arrecadaccedilatildeo dos associados natildeo tem como desenvolver accedilotildees para fortalecer a
classe Ateacute mesmo porque a inadimplecircncia segundo o entrevistado2 chega a
6038 Ainda segundo o entrevistado2 a associaccedilatildeo passou por algumas
reformulaccedilotildees administrativas posto problemas internos com respeito a recursos e
endividamento da entidade
38
O valor cobrado de mensalidade do associado eacute de R$1000 mensais (entrevistado2)
105
A AMPEC natildeo consegue atender os empreendedores seus associados Natildeo consegue ver um retorno por parte da AMPEC Nada de concreto Somente criacuteticas por parte da AMPEC [] Normalmente quando vocecirc se associa vocecirc quer crescer junto ou vocecirc tem o retorno Se vocecirc natildeo tem o retorno se vocecirc vecirc que natildeo ta criando natildeo ta juntando por que que vocecirc vai entrar NE Eu penso dessa forma o associativismo(transcriccedilatildeo) (entrevistado3)
Nas anaacutelises descritas por Cunha Mohr Souza Abrahao Fleig (2014) na
discussatildeo sobre as fraquezas e potencialidades da AMPEC o associativismo eacute
apontado como uma alternativa de melhoria das condiccedilotildees do microempreendedor
no litoral paranaense No entanto Como observa o entrevistado3 ―o associativismo
natildeo eacute aceito no litoral por questotildees culturais No sudoeste do Estado a SICREDI e o
SICOOB satildeo mais fortes que o Itauacute e o BB(transcriccedilatildeo)
Algumas estrateacutegias podem ser interessantes para o desenvolvimento do
MEI todavia elas deveriam ser adaptadas agrave realidade local como eacute o caso das
compras puacuteblicas O municiacutepio tem prazo de pagamento ateacute de 90 dias Para alguns
microempreendimentos isso se torna praticamente inviaacutevel 1) pela pouca
disponibilidade de ativos disponiacuteveis o que impossibilita a raacutepida reposiccedilatildeo dos
recursos utilizados 2) pelo fato de muitas empresas e microempreendedores natildeo
distinguirem as despesas da empresa com as da famiacutelia pois a famiacutelia depende
diretamente desses recursos (SACHS 2003)―O MEI eacute muito pequeno neacute Natildeo
consegue concorrer com os maiores Muitos MEI usam de outras atividades pra
completar a renda ou a renda do MEI eacute usada pra complementar (entrevistado2)
(transcriccedilatildeo)
437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI
Albuquerque e Zapata (2010) destacam a importacircncia de adesatildeo dos
governos locais nas poliacuteticas de desenvolvimento pois segundo os autores as
autoridades eleitas ndash municipais e estaduais ndash satildeo elementos chaves no processo
de desenvolvimento local Embora como acentuam os autores o desenvolvimento
dos territoacuterios muitas vezes eacute impulsionado por liacutederes locais (cooperativas
associaccedilotildees) jovens empresaacuterios e entidades natildeo governamentais eacute indispensaacutevel
a integraccedilatildeo dos governos locais agraves iniciativas de desenvolvimento posto que
―podem conferir a essas iniciativas algum caraacuteter institucional (idem p 216)
106
No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 13) estatildeo os resultados sobre o conhecimento
dos respondentes sobre estrateacutegias adotadas pelas prefeituras em apoio ao MEI na
MRGP
GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTODOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Na leitura dos dados acima (GRAacuteFICO 13) verificamos que vinte e dois
(n=22) dos respondentes natildeo sabem informar se as prefeituras possuem accedilotildees de
apoio ao MEI
Observamos durante nossas pesquisas que dos sete municiacutepios da MRGP
cinco esforccedilaram-se em apresentar propostas de fomento das capacidades de
produccedilatildeo do MEI firmando parcerias com entidades importantes no cenaacuterio
econocircmico e de desenvolvimento como eacute o caso do SEBRAE Foram eles
Guaraqueccedilaba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Certamente
como constatado nas pesquisas em alguns casos Morretes e Matinhos naquele
momento pela transiccedilatildeo do chefe do executivo (eleiccedilotildees municipais) pode ter
ocorrido certo abandono das poliacuteticas setorizadas de apoio ao MEI Destacamos
ainda duas circunstacircncias importantes 1) a falta de poliacuteticas de desenvolvimento
local nos municiacutepios do litoral (SEBRAE ndash monitoramento da implementaccedilatildeo da Lei
Geral) 2) ausecircncia de poliacuteticas puacuteblicas que reduzam o imediatismo e infiram metas
0
10
20
30
40
50
60
70
80
compra derodutos e
serviccedilos doMEI
na aquisiccedilatildeode
tecnologias
cursos decapacitaccedilatildeo
processo deformalizaccedilao
natildeo soubeinformar
natildeoresponderam
107
de meacutedio e longo prazo com vistas ao desenvolvimento sustentaacutevel assinalado por
Sachs (2003) e Albuquerque e Zapata (2010)
Os pontos assinalados acima na MRGP obedecem agrave perspectiva no nosso
entendimento das poliacuteticas puacuteblicas por vezes de inclinaccedilatildeo poliacuteticapartidaacuteria
unilateral sem representaccedilatildeo de atores locais externos agrave administraccedilatildeo puacuteblica (top
down) muitas vezes alheias agraves reais necessidades da populaccedilatildeo Geralmente
essas poliacuteticas natildeo satildeo produzidas com implicaccedilotildees de meacutedio e longo prazos mas
ciacuteclicas e temporais permanecendo ateacute o teacutermino da gestatildeo municipal
Em nossas pesquisas observamos ainda que Pontal do Paranaacute eacute um dos
municiacutepios da MRGP com maior maturidade nas concepccedilotildees de desenvolvimento
local posto a extensatildeo de estrateacutegias accedilotildees e programas diversificados de fomento
das MPE em especial agrave categoria especiacutefica do MEI Esta proposta vai ao encontro
das anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2010 p 2018) no sentido de que ―agraves vezes
uma estrateacutegia de desenvolvimento local pode se iniciar a partir da coordenaccedilatildeo
territorial de alguns programas e instrumentos setoriais de fomento definidos de
maneira central
Um ponto central nesse processo como assinalou o entrevistado8 eacute a
capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios efetivos da administraccedilatildeo puacuteblica municipal que atuam
na secretaria e na sala do empreendedor Esta estrateacutegia tem como objetivo dar
continuidade agraves propostas de desenvolvimento local isolando-se do plano partidaacuterio
denotando sentido neutro nas poliacuteticas de desenvolvimento
Na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio percebemos que muitos dos respondentes
como constatado no graacutefico 9 desconhecem as regulamentaccedilotildees que normatizam a
categoria (Leis) os dispositivos legais que favorecem a classe do MEI quanto ao
creacutedito agraves isenccedilotildees agrave licitaccedilatildeo dentre outros instrumentos relacionados agrave sua
inserccedilatildeo e expansatildeo no mercado
Como jaacute mencionado nos municiacutepios de Guaratuba e Antonina natildeo foram
identificadas estrateacutegias de apoio ao MEI por parte do governo local com vistas agrave
inserccedilatildeo no sistema de mercado observados os dispositivos da Lei Geral
Em Guaratuba em 2009 o municiacutepio instituiu a Lei Complementar 042009
sobre o tratamento diferenciado agraves MPE no acircmbito municipal Uma das estrateacutegias
previstas na referida LC de Guaratuba foi a criaccedilatildeo do Comitecirc Gestor Municipal com
o objetivo de acompanhar a implementaccedilatildeo da LC 12306 e suas complementaccedilotildees
108
Poreacutem nas pesquisas de campo em 2016 junto agraves secretarias de
Urbanismo de Infraestrutura e Obras e do Bem Estar e Promoccedilatildeo Social assim
como o entrevistado1 desconheciam a existecircncia e atuaccedilatildeo do citado comitecirc assim
como natildeo souberam informar sobre alguma proposta referida ao MEI
Um dos avanccedilos identificados no processo de desenvolvimento empresarial
de Guaratuba foi a criaccedilatildeo em 2016 de uma agecircncia da Junta Comercial do
Paranaacute firmando parceria com o governo local e com a Associaccedilatildeo Comercial e
industrial de Guaratuba (ACIG)Tal accedilatildeo pode fortalecer o caraacuteter institucional de
poliacuteticas voltadas agraves categoria empresarial e comercial do municiacutepio Destacamos
ainda que esta foi uma accedilatildeo isolada identificada para o desenvolvimento do
ambiente empresarial da cidade
Muito embora a maioria dos municiacutepios da MRGP apresente dificuldades
orccedilamentaacuterias eacute importante frisar que o enquadramento aos dispositivos legais
inseridos na Lei Geral podem ser implantados de maneira gradual vinculados a uma
postura de desenvolvimento integrado e com metas de meacutedio e longo prazos com
provimentos de investimentos que suportem em princiacutepio estrateacutegias e accedilotildees um
pouco mais reduzidas mas no segundo momento podem ser expandidas e
melhoradas encaixadas em novas estrateacutegias e accedilotildees em concepccedilotildees de
―inovaccedilatildeo renovaccedilatildeo e transformaccedilatildeo constantes as quais estatildeo sujeitas qualquer
poliacutetica puacuteblica
438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute
Segundo o SEBRAE (2014) as micro e pequenas empresas em 2011 eram
responsaacuteveis por ―44 dos empregos formais em serviccedilos e aproximadamente 70
dos empregos gerados no comeacutercio (p7)
Nota-se a impressionante importacircncia desse tecido empresarial na economia
do trabalho e sua relevacircncia que pode ser considerada nas poliacuteticas de inclusatildeo
social visto a geraccedilatildeo de emprego e renda e externalidades agregadas como o
combate a miseacuteria e a pobreza extrema aleacutem do aumento da auto-estima e da
manutenccedilatildeo da dignidade das pessoas em funccedilatildeo do trabalho
109
O MEI na forma da lei explicitado no art 18C da LC 12808 poderaacute
contratar um empregado com todos os direitos e deveres atribuiacutedos na
Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT)
Observado o disposto no art 18-A e seus paraacutegrafos desta Lei Complementar poderaacute se enquadrar como MEI o empresaacuterio individual que possua um uacutenico empregado que receba exclusivamente 1 (um) salaacuterio miacutenimo ou o piso salarial da categoria profissional
Ao analisar o graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 14) com base no questionaacuterio
identificamos que dezenove (n=19) dos MEI que participaram do questionaacuterio
responderam que natildeo possuem empregado no exerciacutecio de suas atividades oito
(n=8) responderam que possuem empregado e trecircs (n=3) natildeo responderam agrave
questatildeo
GRAacuteFICO 14 -RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Se por um lado a formalizaccedilatildeo do MEI constitui um avanccedilo no enfrentamento
agrave informalidade do outro lado haacute uma reproduccedilatildeo do processo informal que foge ao
controle da poliacutetica de formalizaccedilatildeo Trabalhadores que satildeo incluiacutedos por uma
poliacutetica que tem esforccedilo em pelo menos reduzir a informalidade contribui em
parte para a precarizaccedilatildeo do trabalho contratando trabalhadores dentro do sistema
informal para exercerem atividades que permanecem fora dos preceitos do trabalho
descente
0
10
20
30
40
50
60
70
sim natildeo natildeo respondeu
110
Nesse sentido sobre os microempreendedores individuais que empregam
constatamos(GRAacuteFICO 15) que dos trabalhadores empregados pelos MEI seis
(n=6) deles exercem suas funccedilotildees na informalidade e dois (n=2) satildeo formalizados
GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E NAtildeO FORMALIZADOS
EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Eacute importante ressaltar que nas observaccedilotildees de campo constatou-se que
333 dos empregados natildeo formalizados (n=2) eram filhos dos MEI respondentes
Dessa forma muitos MEI aleacutem de reproduzir a informalidade com forccedila de trabalho
familiar precarizando em muito as condiccedilotildees do trabalho comprometem o
rendimento escolar de crianccedilas e adolescentes
439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia
Os municiacutepios da MRGP apresentam caracteriacutesticas distintas tanto pela
economia industrial quanto pelas particularidades sazonais dos serviccedilos as quais as
cidades balneaacuterias estatildeo submetidas Segundo Monteiro (2013 p 5) a populaccedilatildeo
total dos trecircs municiacutepios pode aumentar em 400 na temporada de praia
As particularidades sazonais refletem consideravelmente nas economias dos
municiacutepios balneaacuterios pelo aumento do fluxo de pessoas na temporada de veratildeo
0
10
20
30
40
50
60
70
80
natildeo formalizado formalizado
111
responsaacutevel pelo estiacutemulo da economia local impulsionada pelo turismo Destaque
para os setores de serviccedilos e do comeacutercio Com a expansatildeo da economia nesse
periacuteodo (dezembro janeiro e fevereiro) surgem oportunidades de trabalho e renda
para a populaccedilatildeo local e o aumento de volume do comeacutercio e prestaccedilatildeo de serviccedilos
Abaixo (GRAacuteFICO 16) examinamos a renda bruta dos respondentes (n=30)
na temporada de praia e no inverno a partir do questionaacuterio A referecircncia de renda
teraacute como paracircmetro o salaacuterio miacutenimo nacional39
GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Ao observarmos acima (GRAacuteFICO 16) percebemos que dos respondentes
na temporada de praia quatro (n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs
trecircs(n=3) ganham ateacute dois salaacuteriosmecircs sete (n=7) ganham ateacute trecircs salaacuterios sete
(n=7) ganham ateacute quatro salaacuterios sete (n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois
(n=2) ganham mais de cinco salaacuterios por mecircs e fora da temporada de praia quatro
(n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs quatro (n=4) ganham ateacute dois salaacuterios
miacutenimos por mecircs oito (n=8) ateacute trecircs salaacuterios quatro (n=4) ateacute quatro salaacuterios sete
(n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois(n=2) ganham mais de cinco
salaacuteriosUm respondente natildeo se manifestou sobre a renda bruta fora do veratildeo
39
O salaacuterio miacutenimo nacional para o ano 2016 eacute de R$ 88000 tendo como base o Decreto Federal nordm 86182015
0
5
10
15
20
25
30
ateacute 1 ateacute 2 ateacute 3 ateacute 4 mais de4
mais de5
no veratildeono inverno
112
Na demonstraccedilatildeo acima (GRAacuteFICO 16) notamos que cerca de nove(n=9)
dos MEI respondentes possui rendimentos acima de quatro salaacuterios miacutenimos e
quatorze (n=14) possui variaccedilatildeo entre um e trecircs salaacuterios miacutenimos Em 201040 o
rendimento do trabalhador na MRGP era em meacutedia 245 salaacuterios miacutenimos como
indicado abaixo41 (TABELA 15)
TABELA 15 - RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010)
MUNICIacutePIO RENDIMENTO MEacuteDIO EM SALAacuteRIO MIacuteNIMO
Antonina 227
Guaraqueccedilaba 118
Guaratuba 244
Matinhos 278
Morretes 267
Paranaguaacute 304
Pontal do Paranaacute 279
MEacuteDIA 245
FONTE IBGE ndash senso 2010
Se estabelecermos uma comparaccedilatildeo tendo como indicativo de rendimento
do trabalhador o salaacuterio miacutenimo nacional veremos que o MEI categoria de
trabalhador inclusa no sistema previdenciaacuterio (IBGE) 30 dos respondentes possui
renda meacutedia superior agrave verificada em 2010 e 467 dessa categoria permanece
proacuteximo da meacutedia analisada em 2010
4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute
Os artigos 64 e 65 da LC 12306 com base no art 149 da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 reforccedilam a necessidade de articulaccedilatildeo entre as Instituiccedilotildees
Federais de Ensino Superior (IFES) as Instituiccedilotildees Cientiacuteficas e Tecnoloacutegicas (ICT)
e as FundaccedilotildeesInstituiccedilotildees de Apoio (Lei Fed 895894) na implementaccedilatildeo de ―[]
programas especiacuteficos para as microempresas e para as empresas de pequeno
porte [] Os programas possuem objetivos de auxiliar agrave capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e
40
O salaacuterio miacutenimo nacional em 2010 era de R$ 51000 conforme Lei 1225510 41
Utilizamos o paracircmetro de 2010 por conta da escassez de dados econocircmicos atualizados da MRGP
113
treinamento de pessoal assim como dinamizar o processo de inovaccedilatildeo e
estruturaccedilatildeo dessas categorias empresariais
O Sistema S42 a exemplo definido na paacutegina web do Senado Federal como
―Termo que define o conjunto de organizaccedilotildees das entidades corporativas voltadas
para o treinamento profissional assistecircncia social consultoria pesquisa e
assistecircncia teacutecnica que aleacutem de terem seu nome iniciado com a letra S tecircm raiacutezes
comuns e caracteriacutesticas organizacionais similares e dentro de suas competecircncias
―cumpre um papel fundamental na oferta de cursos profissionalizantes em todo o
Brasil Criadas a partir dos anos 1940 as entidades que compotildeem o sistema se
dedicam agrave formaccedilatildeo profissional em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo (induacutestria
comeacutercio agropecuaacuteria entre outras) como indica o site do Governo Federal
Dessa forma com base nas anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2008)
compreendemos que eacute igualmente necessaacuterio para o desenvolvimento e o
incremento das potencialidades estabelecerem o fortalecimento e expansatildeo tanto
das empresas inseridas em arranjos produtivos locais com qualificaccedilatildeo do capital
humano no gerenciamento e gestatildeo dos processos socioeconocircmicos Acesso em
agraves novas tecnologias promovendo a inovaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de produtos e a
conexatildeo em redes de produccedilatildeo e escoamento dos produtos dentro e fora do
territoacuterio quanto agrave otimizaccedilatildeo desses recursos alocados ao desenvolvimento
socioeconocircmico
Para o SEBRAE (2014) em 2011 os pequenos negoacutecios atingiram o
percentual de 27 do PIB brasileiro sendo que as Micro e Pequenas Empresas
respondem por 53 4 da riqueza gerada no setor de serviccedilos
Os dados demonstram a importacircncia de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte inclusive os Microempreendedores Individuais Isoladamente uma empresa representa pouco Mas juntas elas satildeo decisivas para a economia e natildeo se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas (SEBRAE 2014)
Abaixo (GRAacuteFICO 17) demonstra o quantitativo de MEI respondentes ao
questionaacuterio que participaram de cursos de capacitaccedilatildeo
42
A criaccedilatildeo das Instituiccedilotildees do sistema ―S tem como base fundamental o art 149 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e eacute composta pelo Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Comeacutercio (Senac) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Serviccedilo Social do Comeacutercio (Sesc) Serviccedilo Social da Induacutestria (Sesi) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviccedilo Social de Transporte (Sest) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)
114
GRAacuteFICO 17- QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE PARTICIPARAM DE CURSOS DE CAPACITACcedilAtildeO
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Percebemos (GRAacuteFICO 17) que dezessete (n=17) dos respondentes natildeo
participaram de cursos de capacitaccedilatildeo e dez (n=10) responderam que sim Dessa
forma veremos que a maioria dos respondentes se enquadra na perspectiva de
Sachs (2003) sobre a falta de conhecimentos baacutesicos para o desenvolvimento de
suas atividades Ou seja ausecircncia de capacitaccedilatildeo necessaacuteria nos negoacutecios pode se
tornar uma barreira na sustentabilidade do microempreendimento
O principal problema enfrentado pelo MEI eacute a falta de conhecimento de mercado Eles tecircm uma boa intenccedilatildeo mas sem capacidade de gerir o negoacutecio A natildeo ser aquele que jaacute exerce sua profissatildeo e resolve se formalizar Este jaacute conhece os limites do mercado (transcriccedilatildeo) entrevistado1)
Boa parte dos MEI no momento da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio natildeo
expressava desejo em se capacitar ou mesmo participar de qualquer qualificaccedilatildeo
Um dos MEI que respondeu natildeo participar de cursos de capacitaccedilatildeo nos disse se
considerar um ―autodidata e natildeo haveria a necessidade de se capacitar
A capacitaccedilatildeo para agir no mercado aberto eacute um elemento chave como
suporte agrave expansatildeo das capacidades envolvidas em um microempreendimento
posto agrave possibilidade de conhecimento de gestatildeo e financcedilas administraccedilatildeo de
recursos estoque fluxos de mercado e competitividade
participou
natildeo participou
Natildeo respondeu
115
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Iniciamos os trabalhos de pesquisa motivados por investigar como as
organizaccedilotildees puacuteblicas mercado e organizaccedilotildees sociais tecircm constituiacutedo poliacuteticas de
formalizaccedilatildeo do trabalho e como os trabalhadores e essas organizaccedilotildees tecircm
promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual no litoral do
Paranaacute Para tal realizamos estudos sobre as transformaccedilotildees no mundo do trabalho
investigamos a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas enfrentados
pelos trabalhadores informais na regiatildeo Tratando-se de um estudo pioneiro
enfrentamos uma seacuterie de dificuldades para a coleta de dados e entrevistas em um
setor marcado pela precariedade de informaccedilotildees e estudos sistemaacuteticos
Um traccedilo marcante no mercado de trabalho brasileiro eacute informalidade
decorrente das transformaccedilotildees no processo de produccedilatildeo promovidas pelo decliacutenio
da concepccedilatildeo keynesianafordista que culminaram nas modificaccedilotildees das relaccedilotildees
de trabalho e no deslocamento do trabalhador fabril para o setor terciaacuterio
O capitalismo no Brasil como na Ameacuterica Latina tambeacutem denominado de
capitalismo tardio foi fundamentalmente gerado a partir de forccedilas produtivas
exoacutegenas e natildeo da capacidade de produccedilatildeo endoacutegena apesar de grande parte de o
capital cafeeiro brasileiro ter sido convertido em capital industrial O setor industrial
no Brasil se expandiu rapidamente entre a segunda metade da deacutecada de 1950 e da
deacutecada de 1960 convertido por um novo padratildeo tecnoloacutegico e de acumulaccedilatildeo
No litoral paranaense o capitalismo adquiriu caracteriacutesticas diferentes do
restante do Estado como indica a literatura O poacutelo e vetor econocircmico da regiatildeo eacute o
municiacutepio de Paranaguaacute responsaacutevel por boa parte da produccedilatildeo de riquezas na
regiatildeo da geraccedilatildeo de postos de trabalho e renda pois possui o maior nuacutemero de
empresas da regiatildeo Em ponto oposto agrave Paranaguaacute temos o municiacutepio de
Guaraqueccedilaba o mais carente em recursos os quais 93 tem origem em
repasses do Estado e do Governo Federal
Muito embora com potenciais escondidos e pouco explorados passiacuteveis de
impulsionar o desenvolvimento a Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute eacute
considerada uma das menos desenvolvidas do Estado marcada pela ausecircncia de
poliacuteticas de desenvolvimento local altos iacutendices de pobreza e destacadas
desigualdades sociais Segundo a literatura a regiatildeo possui um Niacutevel de
Desenvolvimento Regional (NDR) classificado como Muito Baixo (MB) Ainda
116
segundo a literatura as receitas dos municiacutepios da MRGP possuem enorme
dependecircncia das transferecircncias correntes do Estado e da Uniatildeo demonstrando a
pouca capacidade na geraccedilatildeo de riquezas e de recursos necessaacuterios agrave aplicaccedilatildeo e
melhoria de serviccedilos baacutesicos para a populaccedilatildeo local tais como sauacutede e educaccedilatildeo
Alguns municiacutepios da MRGP aleacutem da dependecircncia das transferecircncias
correntes destinam boa parte de seus recursos a atenderem elites locais em um
cenaacuterio de clientelismo43
Os segmentos da economia no litoral que mais geram empregos formais satildeo
o comeacutercio setor de serviccedilos e administraccedilatildeo puacuteblica seguido modestamente pelo
setor industrial As variaccedilotildees sazonais caracteriacutesticas dos municiacutepios balneaacuterios ndash
Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute ndash produzem efeitos na economia da regiatildeo
que basicamente tem forte presenccedila do comeacutercio e do setor de serviccedilos
aumentando significativamente a oferta precarizada de emprego e renda na
temporada de veratildeo
Os municiacutepios de Guaraqueccedilaba Matinhos Pontal do Paranaacute Morretes e
Paranaguaacute estabeleceram parceria com o SEBRAE com o objetivo de criar
condiccedilotildees para a adaptaccedilatildeo da Lei Complementar 12808 Essa Lei Complementar
eacute uma Poliacutetica Puacuteblica que cria a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual
(MEI) e estabelece criteacuterios de normatizaccedilatildeo da categoria associados a dispositivos
de apoio a esse tecido empresarial
O canal de comunicaccedilatildeo entre as prefeituras e o SEBRAE tem sido a sala
do empreendedor presente nesses municiacutepios Essa foi uma iniciativa adotada para
criar condiccedilotildees de apoio ao microempreendedor individual no sentido de orientaacute-lo
quanto agrave formalizaccedilatildeo aspectos ligados agrave referida LC e promover as bases do
desenvolvimento desse tecido empresarial A sala do empreendedor se constitui em
uma importante ferramenta natildeo soacute de amparo ao empreendedor mas em uacuteltima
anaacutelise em uma estrateacutegia de fomento ao desenvolvimento local posto que aliada
a formalizaccedilatildeo de empreendimentos que atuam na informalidade e de potenciais
empreendedores estaacute o resgate agrave cidadania pelo direito ao trabalho descente e
regularizado
Por outro lado estudos de campo evidenciaram que ao se formalizar e
empregar um terceiro o MEI tende a reproduzir a informalidade pelo trabalho
43
Ver Monteiro (2013b)
117
precarizado pelas excessivas jornadas de trabalho e pela baixa remuneraccedilatildeo De
outra forma o trabalho informal pode se concretizar para muitos trabalhadores na
uacutenica maneira de sobrevivecircncia em um mundo onde haacute decreacutescimo dos postos de
trabalho protegido pelas leis regulatoacuterias e normativas
Um dispositivo importante contido na Lei Geral eacute o Acesso em facilitado ao
microcreacutedito produtivo estendido para o microempreendedor No litoral esta
ferramenta de inclusatildeo e expansatildeo do MEI estaacute pouco explorada considerando a
diminuiccedilatildeo dos financiamentos pela Caixa Econocircmica Federal Em contra partida os
contratos creditiacutecios firmados junto ao Banco Fomento Paranaacute aumentaram nos
uacuteltimos anos mas a sua representatividade ainda eacute pouco expressiva entre os
microempreendimentos no litoral
Ao longo dos estudos verificamos que a Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
MEI eacute uma poliacutetica de longo prazo que coaduna estrateacutegias e accedilotildees de resultados
que podem definir prazos mais longos mas em sentido imediato podem modificar a
vida desses trabalhadores Se de um lado esses trabalhadores encontraram uma
oportunidade de inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal atraveacutes da LC 12808
constituindo seu proacuteprio negoacutecio lutando por uma vida de dignidade atraveacutes de seu
trabalho por outro lado essa classe de trabalhadores representa a forma pela qual
o Estado de maneira ilusoacuteria tenta minimizar os efeitos da exclusatildeo de milhares de
postos de trabalho em funccedilatildeo dos novos padrotildees de produccedilatildeo inseridos na
perspectiva neoliberal que aleacutem do deslocamento forccedilado dos trabalhadores agrave
informalidade produz e reproduz desigualdades sociais e econocircmicas De certa
forma como a literatura indica a LC 12808 pode ser considerada uma ferramenta
utilizada pelo Estado para regulamentar o trabalho precarizado jaacute que as bases
estruturais do desemprego natildeo satildeo atingidas
Nesse contexto observamos o sentido ambivalente da poliacutetica puacuteblica de
formalizaccedilatildeo do MEI que se de um lado o Estado percebe o alastramento da
informalidade e dos efeitos nefastos para milhares de trabalhadores brasileiros e cria
uma poliacutetica puacuteblica para enfrentar esse fenocircmeno de outro lado observamos as
dificuldades dos MEI em empreender em meio a fatores exoacutegenos como retraccedilatildeo
econocircmica e endoacutegenos como a dependecircncia de fatores locais comprometendo os
objetivos da poliacutetica puacuteblica
Os municiacutepios do litoral paranaense em sua maioria carentes de
amadurecimento das concepccedilotildees de desenvolvimento local e de recursos
118
necessaacuterios ao suporte de estrateacutegias que correspondam a uma necessaacuteria
expansatildeo das equidades e das liberdades substantivas de suas populaccedilotildees vecircem
suas capacidades limitadas em funccedilatildeo de uma economia com pouca geraccedilatildeo de
riquezas influindo na baixa tributaccedilatildeo e no alastramento de problemas sociais como
o aumento da ociosidade forccedilada da pobreza da miseacuteria da violecircncia e da
criminalidade
Concluiacutemos que a inclusatildeo social do MEI expresso no art 18E da LC
12808 depende da sua permanecircncia e sustentabilidade entre outras circunstacircncias
aleacutem do ambiente empresarial de negoacutecios do fortalecimento do mercado e da
inclinaccedilatildeo do governo local agraves concepccedilotildees de desenvolvimento Dentro dessa
perspectiva empoderar o governo local se destaca como um dos elementos
fundamentais para o desenvolvimento de poliacuteticas puacuteblicas para o MEI assim como
a preparaccedilatildeo do empresariado local para a diminuiccedilatildeo das assimetrias no ambiente
de negoacutecios
A formalizaccedilatildeo do MEI natildeo eacute um fim em si mas pode ser adequada agraves
realidades locais e suplementada garantindo e expandindo direitos jaacute conquistados
Apesar de alguns avanccedilos que possibilitem os MEI sobreviver em meio a
imensidatildeo de empresas buscando um espaccedilo no mercado em curto prazo se natildeo
intensificarem investimentos para o fortalecimento da categoria presenciaremos o
esgotamento das estrateacutegias que ainda resistem
Esperamos que os estudos que realizamos sobre o MEI no litoral do Paranaacute
sejam o iniacutecio de outras investigaccedilotildees que possibilitem a sistematizaccedilatildeo de
conhecimentos que estatildeo dispersos entre os atores puacuteblicos e privados que
desenvolvem seus esforccedilos para a formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo do MEI Esta aacuterea de
estudos apresenta-se como um desafio em funccedilatildeo da precariedade de informaccedilotildees
para pesquisa todavia por seu caraacuteter inovador configura-se tambeacutem como
oportunidade de desenvolvimento de novos pesquisadores para a produccedilatildeo de
novos arranjos institucionais que permitam aos trabalhadores MEI a sua
formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo no mercado
119
REFEREcircNCIAS
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APEcircNDICES
APEcircNDICE 1 ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Tiacutetulo da Pesquisa Nome doPesquisador
1 Natureza da pesquisa
2 Participantes da pesquisa
3 Envolvimento na pesquisa ao participar deste estudo a sra (sr) permitiraacute que o (a) pesquisador perguntas agrave natureza da pesquisa O senhor (a) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa sem qualquer prejuiacutezo para a sra (sr)
4 Sobre as entrevistasas entrevistas seratildeo gravadas
5 Riscos e desconforto a participaccedilatildeo nesta pesquisa natildeo traz complicaccedilotildees
legais
6 Confidencialidadetodas as informaccedilotildees coletadas neste estudo satildeo estritamente confidenciais Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) teratildeo conhecimento dos dados
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre
para participar desta pesquisa Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Obs Natildeo assine esse termo se ainda tiver duacutevida a respeito
Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados eu de forma livre e
esclarecida manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Declaro que recebi coacutepia deste termo de consentimento e autorizo a realizaccedilatildeo da pesquisa e a divulgaccedilatildeo dos dados obtidos neste estudo
___________________________ Nome do Participante da Pesquisa ______________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa __________________________________ Assinatura do Pesquisador _________________________________
134
Assinatura do Orientador APEcircNDICE 2 ndash QUESTIONAacuteRIO PARA O MEI
Curso de Mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel UFPR- Setor Litoral
Mestrando Marcus Aureacutelio O objetivo desse questionaacuterio eacute obter dados estatiacutesticos de base quantitativa e
qualitativa que seratildeo utilizados em minha dissertaccedilatildeo
Obrigado por colaborar
QUESTIONAacuteRIO PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)
1 Qual eacute a aacuterea econocircmica de atuaccedilatildeo____________________________________ 2 Haacute quanto tempo estaacute formalizado______________________________________
3 Renda bruta mensal em salaacuterio miacutenimo
Na temporada de praiade ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos
Fora da temporada de ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos
4 Obteve financiamento junto agraves instituiccedilotildees de creacutedito facilitado ( ) sim ( ) natildeo
Se sim o financiamento foi utilizado ( ) na expansatildeo dos negoacutecios ( ) capital de giro ( ) compra de materiais ( ) todos os itens anteriores
5 Possui ou jaacute possuiu relaccedilatildeo comercial com o Municiacutepio Estado ( ) sim ( ) natildeo 6 Participa de alguma associaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo
7 Com a regularizaccedilatildeo do MEI sua situaccedilatildeo socioeconocircmica melhorou ( ) sim ( ) natildeo - (Em que
sentido)______________________________________ _____________________________________________________________
_____ _____________________________________________________________
_____ 8 Vocecirc deixaria de ser MEI por um emprego formalizado com carteira assinada e
salaacuterio mensal ( ) sim ( ) natildeo ndash (por
que)_____________________________________________ _____________________________________________________________
_____ 9 Vocecirc jaacute participou de algum curso de capacitaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo
10 Jaacute realizou consultoria com agentes do SEBRAE ou Agentes de Desenvolvimento do Municiacutepio disponiacuteveis na Sala do Empreendedor
( ) sim ( ) natildeo 11 Suas atividades satildeo realizadas em
( ) sua residecircncia ( ) imoacutevel alugado ( ) imoacutevel proacuteprio 12 Vocecirc possui outra atividade aleacutem de ser MEI ( ) sim ( ) natildeo
13 Na sua opiniatildeo a prefeitura tem auxiliado a categoria do MEI no seu desenvolvimento atraveacutes de
( ) compra de produtos e serviccedilos do MEI ( ) no processo de formalizaccedilatildeo ( ) promoccedilatildeo de cursos de capacitaccedilatildeo para o MEI ( ) incentivo agrave aquisiccedilatildeo de
tecnologias pelos MEI ( ) natildeo sabe informar se a prefeitura possui esses programas de incentivo
14 Vocecirc possui funcionaacuterio para o exerciacutecio da sua atividade ( ) sim ( ) natildeo
135
Se a resposta for sim ele eacute formalizado ( ) sim ( ) natildeo
15 Na sua opiniatildeo quais accedilotildees que a prefeitura poderia realizar para auxiliar o desenvolvimento da
categoria do MEI ____________________________________________________
AGRADECIMENTOS
Ao Profordm Dr Ivan Jairo Junckes que embora com outros compromissos
assumiu a responsabilidade em me orientar e pela sua compreensatildeo e colaboraccedilatildeo
fundamentais na concretizaccedilatildeo desse trabalho que sem a sua dedicaccedilatildeo e
paciecircncia natildeo teria conseguido concluir
Agrave Profordf Dra Cinthia Maria Sena Abraatildeo que formidavelmente me orientou no
iniacutecio dessa dissertaccedilatildeo
Aos Professores do PPGDTS pelas aulas e o aprendizado durante o curso
Ao Joatildeo Rafael prestativo e esclarecedor
Aos meus amigos (as) de turma que de alguma maneira contribuiacuteram nessa
jornada
A todos os participantes das entrevistas (colaboradores) Agentes de
Desenvolvimento junto agraves salas do empreendedor
A todos os Microempreendedores Individuais que aceitaram colaborar com
esse trabalho
RESUMO
A partir da primeira deacutecada de 1970 o conceito keynesianismofordismo entrou em decliacutenio concorrendo para mudanccedilas estruturais de gerenciamento alocaccedilatildeo de recursos humanos reorganizaccedilatildeo do espaccedilo Dentro desse contexto haacute o deslocamento compulsoacuterio do trabalhador fabril para as mais diversas atividades no mercado de trabalho no setor terciaacuterio Boa parte das atividades desempenhadas pelos trabalhadores desse setor eacute desenvolvida na informalidade No Brasil para reverter o quadro de alastramento e superlativaccedilatildeo do setor informal foi criada a Lei Complementar12808 que formaliza a figura do Microempreendedor Individual (MEI) Na implantaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica estaacute prevista uma seacuterie de dispositivos que tem o objetivo de auxiliar na sustentabilidade e expansatildeo desse novo tecido empresarial Nos municiacutepios do Litoral do Paranaacute a implantaccedilatildeo da referida lei se daacute principalmente pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE atraveacutes das salas do empreendedor em cada municiacutepio que se constitui em canal de ligaccedilatildeo entre as estrateacutegias e accedilotildees desenvolvidas no sentido de atendimento do MEI Este trabalho visa a investigar como os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na Microrregiatildeo Geograacutefica de ParanaguaacuteLitoral Paranaense Para o desenvolvimento dos trabalhos foram pesquisados dados secundaacuterios realizada pesquisa bibliograacutefica e foi realizado um total de 38 entrevistas e aplicaccedilatildeo de questionaacuterios com agentes puacuteblicos de desenvolvimento e MEI Os resultados permitem conhecer a situaccedilatildeo dos MEI no litoral paranaense assim como servem de subsiacutedio para elaboraccedilatildeo de poliacuteticas especiacuteficas voltadas a essa populaccedilatildeo Palavras-chave Trabalho Informalidade Poliacutetica Puacuteblica Microempreendedor individual Litoral paranaense
RESUMEN
Desde los primeros antildeos de 1970 el concepto keynesianismofordismo entroacute en declinacioacuten concurriendo para los cambios estructurales de gestioacuten asignacioacuten de recursos humanos reorganizacioacuten del espacio Dentro de ese contexto hay el desplazamiento obligatorio del trabajador fabril para las maacutes distintas actividades en el mercado de trabajo en el sector terciario Buena parte de las actividades desempentildeadas por los trabajadores de este sector es desarrollada en la informalidad En Brasil para volver el cuadro de extensioacuten y superlativacioacuten del sector informal fue creada la Ley Complementar 12808 que formaliza la figura del micro emprendedor individual (MEI) En la implantacioacuten de esta poliacutetica puacuteblica estaacute prevista una serie de dispositivos que tiene el objetivo de auxiliar en la sostenibilidad y expansioacuten de este entorno empresarial En los municipios del litoral del Paranaacute la implantacioacuten de la referida ley se da principalmente por la asociacioacuten entre los ayuntamientos y l SEBRAE a traveacutes de las salas del emprendedor en cada municipio que se constituye en canal de conexioacuten entre las estrategias y acciones desarrolladas en apoyo a MEI Este trabajo busca investigar como los trabajadores mercado y organizaciones puacuteblicas y sociales han promovido y acogido la formacioacuten del micro emprendedor individual en la microrregioacuten de ParanaguaacuteLitoral paranaense Para el desarrollo del trabajo fueron investigados datos secundarios fue hecha una buacutesqueda bibliograacutefica y fue realizado un total de 38 entrevistas y aplicacioacuten de cuestionarios con agentes puacuteblicos de desarrollo y MEI Los resultados permiten conocer la situacioacuten de los MEI en la costa paranaense asiacute como sirven de subsidios para elaboracioacuten de poliacuteticas especiacuteficas orientadas a esa poblacioacuten
Palabras ndash clave Trabajo Informalidad Poliacutetica Puacuteblica Micro empresaacuterio individual Litoral paranaense
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO
BRASIL ANTERIOR A 1964 36
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL
DURANTE O REGIME MILITAR 39
QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO
DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016) 43
QUADRO 4- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA
ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
66
QUADRO 5- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute
PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS
ALTERACcedilOtildeES 68
QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS 69
QUADRO 7- ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP 71
QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES
EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO
PARANAacute 104
LISTA DE MAPAS
MAPA 1 - MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute 50
LISTA DE GRAacuteFICOS
GRAacuteFICO 1 - RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS 75
GRAacuteFICO 2 - ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015) 76
GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS
MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) () 77
GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO
84
GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS 84
GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI 85
GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE
ECONOcircMICA () 89
GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) 90
GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA
MRGP (N=30) 92
GRAacuteFICO 10 - VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP
ATRAVEacuteS DO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR
PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016) 101
GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA
MRGP () 102
GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO
REPRESENTANTE DA CATEGORIA 103
GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTO DOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS
ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA
MRGP () 106
GRAacuteFICO 14 - RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP
() 109
GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E
NAtildeO FORMALIZADOS EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP
() 110
GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA
RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O
SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) () 111
GRAacuteFICO 17 - QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE
PARTICIPARAM DE CURSOS DE 114
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL 29
TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E
POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010) 51
TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOS
MUNICIacutePIOS DA MRGP 52
TABELA 4 - DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)
53
TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014) 54
TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR
ECONOcircMICO 55
TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS
MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016) 56
TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP 57
TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016) 59
TABELA10- ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP
(maio2016) 59
TABELA11- PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)
97
TABELA12- NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS
NA MRGP CEDIDOS PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS
MPE (2015-2016) 98
TABELA13- NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016) 99
TABELA14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO
AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute
(FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016) 100
TABELA15- RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES
CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM
QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010) 112
LISTA DE SIGLAS
CLT - Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho
CODEFAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador
DIEESE - Departamento Intersindical de Estatiacutestica e Estudos
Socioeconocircmicos
ECINF - Economia Informal Urbana
FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo
IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho
INPS - Instituto Nacional de Previdecircncia Social
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LC - Lei Complementar
MEI - Microempreendedor Individual
MPAS - Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social
MRGP - Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute
MTE - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego
MTPS - Ministeacuterio do Trabalho e Previdecircncia Social
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e DesenvolvimentoEconocircmico
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PASEP - Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico
PDM - Poliacuteticas de Desenvolvimento do Milecircnio
PIS - Programa Integraccedilatildeo Social
PLANFOR - Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador
PND - Plano nacional de Desenvolvimento
PP - Poliacutetica Puacuteblica
PROGER - Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda
PRONAF - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PRORURAL - Programa de Desenvolvimento Econocircmico e Territorial - Renda
e Cidadania no Campo
SEBRAE - Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas
SINE - Sistema Nacional de Emprego
SUMAacuteRIO
APRESENTACcedilAtildeO 15
1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E
INFORMALIDADE 21
11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO 25
12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A
CRIacuteTICA 30
2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO DAS
ORIGENS AO MEI 33
21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
33
211Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento 36
212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar 39
213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil 42
214Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI 45
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute 50
31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP 52
32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP 61
321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP 65
322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento 69
323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI 71
4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute 74
41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR
MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI 74
411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita 81
42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS
DO MEI NA MRGP 83
43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO
88
431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral 88
do Paranaacute 88
432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute 90
434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP 91
435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute 95
436 O associativismo e os MEI na MRGP 102
437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI 105
438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute 108
439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia 110
4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute 112
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 115
REFEREcircNCIAS 119
APEcircNDICES 133
15
APRESENTACcedilAtildeO
O referente trabalho surgiu de reflexotildees acerca do processo acelerado da
expansatildeo do desemprego estrutural em niacutevel mundial mas que oferece pressatildeo
sobre configuraccedilotildees territoriais menores como na Microrregiatildeo Geograacutefica de
Paranaguaacute (MRGP) alertando sobre o deslocamento dos trabalhadores para a
economia informal e em resposta a accedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas
de trabalho na tentativa de equacionar as disfunccedilotildees geradas pela reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1970
O principal objetivo do nosso estudo eacute analisar como se apresenta a
implantaccedilatildeo da Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008 (LC 12808) nos
municiacutepios do litoral paranaense recortado como Microrregiatildeo Geograacutefica de
Paranaguaacute (MRGP) Esta poliacutetica puacuteblica eacute uma tentativa de retirar da informalidade
trabalhadores brasileiros exercendo as mais variadas atividades dentro desse setor
O que significa resgatar a sua dignidade e cidadania pela valoraccedilatildeo ao seu
trabalho pela inclusatildeo no sistema previdenciaacuterio dentre outros benefiacutecios
associados agrave formalizaccedilatildeo
Pretendemos descrever as principais caracteriacutesticas e estrateacutegias
organizadas na MRGP para a implantaccedilatildeo da LC 12808 que tem como uma de
suas premissas a inclusatildeo social descrita em seu art 18 Aleacutem disso realiza -se o
estudo sobre a aderecircncia dos governos locais agrave poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual (MEI)
Como objetivos secundaacuterios este estudo apresenta 1) Analisar os dados
relativos a emprego renda niacutevel de ocupaccedilatildeo volume de registros de MEI na
microrregiatildeo estudada 2) Identificar as estruturas e accedilotildees das prefeituras da
microrregiatildeo relacionadas agrave poliacutetica puacuteblica em questatildeo
Haacute algumas questotildees iniciais as quais entendemos pertinentes no processo
de estudo do referente trabalho e que foram balizares no encaminhamento das
pesquisas (a) De que maneira o mundo do trabalho (organizaccedilotildees puacuteblicas
mercado e organizaccedilotildees sociais) tem constituiacutedo poliacuteticas de formalizaccedilatildeo e renda
no trabalho (b) Qual a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas
enfrentados pelos trabalhadores informais na regiatildeo litoracircnea do Paranaacute (c) Como
os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e
acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na aacuterea de estudo
16
A ausecircncia na literatura de dados especiacuteficos atualizados sobre a aacuterea de
estudo sobretudo na aacuterea da economia do trabalho e a dificuldade em obter dados
em algumas instituiccedilotildees por conta da poliacutetica interna destas pode ter
comprometido em parte a anaacutelise do todo poreacutem natildeo alterou os objetivos dos
estudos sobre a categoria MEI
O processo metodoloacutegico foi constituiacutedo em dois momentos distintos e
complementares No primeiro momento buscamos na pesquisa exploratoacuteria
elementos que nos dessem suporte agrave compreensatildeo do objeto do estudo partindo
necessariamente do conjunto de fatores que levaram a criaccedilatildeo da LC 12808 e a
regulamentaccedilatildeo da formalizaccedilatildeo dos MEI Para tanto estabelecemos alguns
indicadores que nos orientaram no sentido das modificaccedilotildees ocorridas no sistema
capitalista a partir da deacutecada de 1970 e que resultaram no aumento do desemprego
da informalidade e da precarizaccedilatildeo do trabalho via flexibilizaccedilatildeo subcontrataccedilatildeo
Para estabelecermos a proximidade com o tema nos apoiamos na revisatildeo da
literatura especiacutefica resultando no reconhecimento sobre a trajetoacuteria histoacuterica das
modificaccedilotildees nas relaccedilotildees do trabalhoespaccedilo em cadeia global e nacional e
igualmente na criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equaccedilatildeo de deformidades na
economia do trabalho no cenaacuterio brasileiro nos aproximando ao entendimento do
nosso objeto de estudo Essa revisatildeo eacute descrita no decorrer da dissertaccedilatildeo pela
nomenclatura dada no corpo do texto
No segundo momento considerando que para a anaacutelise do objeto de estudo
ou seja a implantaccedilatildeo nos municiacutepios integrantes da microrregiatildeo de Paranaguaacute da
Lei Complementar 12808 que cria a pessoa juriacutedica do empreendedor individual se
fez necessaacuterio aleacutem da coleta de dados em possibilidades de controle a inclinaccedilatildeo
igualmente agrave percepccedilatildeo subjetiva de anaacutelise com o objetivo de compreensatildeo do
contexto mais amplo sob o olhar holiacutestico e criacutetico do processo de implantaccedilatildeo da
referida lei Nesse sentido como afirma Deslandes (2010 p 33) ―a)criacutetica porque
devemos estabelecer um diaacutelogo reflexivo entre a teoria e o objeto de estudo
escolhido por noacutes b)ampla porque deve dar conta do ―estado atual sobre o
problema
Tendo como uma das opccedilotildees a pesquisa qualitativa sublinhamos a
possibilidade de maior compreensatildeo das relaccedilotildees socialmente constituiacutedas por
atores no plano do concreto do real Essas relaccedilotildees exercem significados e se
manifestam de diversas formas pois o que se torna forma passa pelas relaccedilotildees
17
humanas e portanto ―o que as ―coisas (fenocircmenos manifestaccedilotildees ocorrecircncias
fatos eventos vivecircncias ideias sentimentos assuntos) representam daacute molde agrave
vida das pessoas (TURATO 2005 p 510)
Nesse momento percebemos a falta de informaccedilotildees histoacutericas em bancos de
dados oficiais e natildeo oficiais e na literatura que nos apoiassem na descriccedilatildeo objetiva
sobre o tema contextualizado no litoral paranaense
A escassez de dados sobre a poliacutetica de formalizaccedilatildeo do MEI no litoral do
Paranaacute eacute resultante em parte pela demora na regulamentaccedilatildeo da LC 12808 e da
operacionalizaccedilatildeo da referida LC nos municiacutepios da MRGP A regulamentaccedilatildeo e
operacionalizaccedilatildeo dessa lei complementar soacute foi possiacutevel em determinados casos
pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE a partir de 2013 em Matinhos e
Paranaguaacute e sequencialmente em Pontal do Paranaacute Morretes e Guaraqueccedilaba
Ainda com dificuldade de obter dados histoacutericos do litoral paranaense acerca da
informalidade do trabalho e especificamente sobre o microempreendedor individual
algumas informaccedilotildees secundaacuterias foram obtidas atraveacutes de instituiccedilotildees oficiais
(IBGE IPARDES DIEESE EMPRESOacuteMETRO) e foram processadas com base na
estatiacutestica descritiva atraveacutes de Planilha Excel representado por graacuteficos e tabelas
Informaccedilotildees igualmente sobre o MEI foram adquiridas atraveacutes de fontes primaacuterias
como dados estatiacutesticos das salas do empreendedor e possibilitaram avaliar alguns
indicadores importantes sobre o desenvolvimento dos trabalhos desempenhados
pelos agentes de desenvolvimento e sobre a sustentabilidade do MEI a) quantitativo
de baixas da empresa b) formalizaccedilotildees c) procura por serviccedilos nas salas d) oferta
de serviccedilos nas salas do empreendedor
Outra maneira utilizada para obter informaccedilotildees foi atraveacutes de entrevistas
semiestruturadas com atores da administraccedilatildeo puacuteblica e de instituiccedilotildees da iniciativa
privada e aplicaccedilatildeo de questionaacuterio para os microempreendedores individuais que
exercem suas atividades na aacuterea de estudo Segundo Oliveira (2011 p 36) ―esta
teacutecnica de coleta de dados eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees
acerca do que as pessoas sabemcrecircem esperam e desejam []
Foram entrevistados cinco (05) atores da administraccedilatildeo puacuteblica e trecircs (03)
atores da iniciativa privada Os atores foram escolhidos pela proximidade com
implantaccedilatildeo da LC 12808 Da administraccedilatildeo puacuteblica foram entrevistados quatro
agentes de desenvolvimento que atuam nas salas do empreendedor nos municiacutepios
que possuem parceria com o SEBRAE e um secretaacuterio municipal Da iniciativa
18
privada foram entrevistadas trecircs pessoas ligadas agraves associaccedilotildees da classe
empresarial e do SEBRAE Os MEI que participaram do questionaacuterio seratildeo
designados como respondentes Ao todo foram realizadas 08 (oito) entrevistas e 30
questionaacuterios aplicados
As entrevistas com os atores tanto da administraccedilatildeo puacuteblica quanto da
iniciativa privada se deram em seus locais de trabalho Ou seja nas salas do
empreendedor localizadas juntas agraves prefeituras e nas associaccedilotildees de classe e no
SEBRAE e tiveram como pressupostos levantar informaccedilotildees sobre as accedilotildees das
prefeituras e das associaccedilotildees sobre a implantaccedilatildeo da LC 12808 no litoral do
Paranaacute Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente com a
anuecircncia dos entrevistados que assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido e foram realizadas no periacuteodo de junho a outubro de 2016
Para a construccedilatildeo do questionaacuterio e das questotildees pertinentes foram
utilizadas como base referencial autores como Sachs (2003) e Albuquerque e
Zapata (2010) aleacutem de uma leitura atenta da Lei Complementar 12306 e da Lei
complementar 12808
Considerando a precaacuteria organizaccedilatildeo em classe dos microempreendedores
individuais (MEI) no litoral do Paranaacute natildeo sendo possiacutevel identificaacute-los atraveacutes de
banco de dados na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio optamos por deslocar ateacute o
estabelecimento do microempreendedor individual e aplicar o questionaacuterio em seu
local de trabalho Esse procedimento ao passo que era incerto pois natildeo havia
como identificar o MEI a natildeo ser percorrendo estabelecimento por estabelecimento
tornava-se solitaacuterio e exaustivo posto o deslocamento e o tempo para o
preenchimento do questionaacuterio e as duacutevidas que surgiam Poreacutem esta teacutecnica
possibilitou avaliar a estrutura do empreendimento e ao mesmo tempo conversar a
respeito da formalizaccedilatildeo dos MEI Dessa forma muito aleacutem da aplicaccedilatildeo do
questionaacuterio nos vimos envolto a uma realidade da qual natildeo percebiacuteamos Como
natildeo havia referecircncia sobre o enquadramento do estabelecimento perguntaacutevamos
para o proprietaacuterio se ele era MEI ou natildeo Os MEI que participaram respondendo ao
questionaacuterio muitas vezes falavam das dificuldades em aumentar seus negoacutecios e
da ausecircncia do poder puacuteblico local principalmente fora da temporada de praia
Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio durava cerca de 30 a 50 minutos
Participaram como respondentes do questionaacuterio 30 (trinta)
microempreendedores individuais abrangendo os municiacutepios de Guaratuba
19
Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute A aplicaccedilatildeo do questionaacuterio ocorreu nos
meses de dezembro de 2016 e janeiro e fevereiro de 2017
Os dados pesquisados foram organizados e descritos em Planilha Excel e
disponibilizados atraveacutes de graacuteficos e tabelas
Este estudo estaacute distribuiacutedo em quatro capiacutetulos onde procuramos sublinhar
sequencialmente as modificaccedilotildees ocorridas no mundo trabalho e o resultante
dissoo alastramento da informalidade em niacuteveis mundial e local assim como
analisar a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do MEI e seus dispositivos aplicados no
litoral do Paranaacute
No primeiro capiacutetulo estudamos as modificaccedilotildees no mundo do trabalho
atraveacutes de um recorte histoacuterico que levaram ao aumento exponencial do
desemprego estrutural e consequentemente da informalidade em niacuteveis mundiais
Ainda nesse capiacutetulo abordaremos o desemprego e a informalidade no cenaacuterio
brasileiro Para tanto nos apoiamos na literatura especializada sobre os temas
reestruturaccedilatildeo produtiva desemprego informalidade
O segundo capiacutetulo traz vaacuterias referecircncias ao conceito de Poliacutetica Puacuteblica e
a accedilatildeo do Estado brasileiro na economia do trabalho com quadros descritivos das
principais poliacuteticas puacuteblicas de trabalho no periacuteodo republicano e como essas
poliacuteticas organizaram a vida do trabalhador no Brasil Ainda nesse capiacutetulo
iniciamos nossas anaacutelises acerca da Lei de Formalizaccedilatildeo do Microempreendedor
Individual (LC 12808)
O terceiro capiacutetulo traz uma descriccedilatildeo da aacuterea de estudo (recorte espacial
da microrregiatildeo geograacutefica de Paranaguaacute) com dados demograacuteficos do mercado de
trabalho receitas municipais dados relacionados ao nuacutemero de empresas na regiatildeo
nuacutemeros de Micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais
escalonados por atividade econocircmica Assim como aspectos institucionais
relacionados agrave formalizaccedilatildeo do microempreendedor na regiatildeo de estudo
No quarto capiacutetulo observamos os avanccedilos quanto agrave implantaccedilatildeo da poliacutetica
de formalizaccedilatildeo e as dificuldades encontradas para a expansatildeo e sustentabilidade
do MEI na regiatildeo de estudo Neste capiacutetulo nossos estudos recaem inicialmente
para a participaccedilatildeo dos governos locais na implantaccedilatildeo da poliacutetica em questatildeo e sua
capacidade de mobilizar estrateacutegias de apoio aos MEI Ainda satildeo analisados os
dados relativos agrave formalizaccedilatildeo e baixas dos microempreendedores nos municiacutepios
de Morretes Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute observando a proposta de
20
sustentabilidade do MEI Igualmente atraveacutes de questionaacuterio respondido pelos MEI
da regiatildeo de estudo foi possiacutevel estabelecer um perfil soacutecio econocircmico dos
entrevistados e dos efeitos dos dispositivos elencados na Lei Geral que permitem
possibilidades da inserccedilatildeo e expansatildeo da categoria no mercado e resgate da sua
dignidade laboral
21
1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E
INFORMALIDADE
Para compreendermos o porquecirc da criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas1 voltadas
ao enfrentamento do fenocircmeno da informalidade superlativada do desemprego e a
geraccedilatildeo de renda no cenaacuterio brasileiro eacute necessaacuterio observarmos as transformaccedilotildees
ocorridas em cadeia global na dimensatildeo da economia do trabalho e as
consequecircncias sociais e econocircmicas vinculadas agraves relaccedilotildees do trabalho
(informalidade precarizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo trabalho temporaacuterio subcontrataccedilatildeo
dentre outros) que definem o quadro socioeconocircmico vigente e assim estabelecer
uma criacutetica histoacuterica que a partir da reorganizaccedilatildeo do processo produtivo incidiu
diretamente na concepccedilatildeo do trabalho do emprego e levou agrave
reorganizaccedilatildeoreformulaccedilatildeo do Estado (POCHMANN 2004) Para tal compreensatildeo
sobre o tema nos apoiaremos na extensa literatura jaacute existente
Em nossos estudos compreendemos o trabalho hoje formalizado ou natildeo
como uma atividade (humana) objetiva (no sentido da accedilatildeo) e subjetiva (no sentido
do pensamento) desenvolvida por homens e mulheres inclinada a transformar
modificar e produzir algo sob criteacuterios e validaccedilatildeo do Modelo de Produccedilatildeo
Capitalista Os criteacuterios do trabalho assim entendemos satildeo definidos com base nas
transformaccedilotildees ocorridas no proacuteprio sistema capitalista que por fim valida esse
processo pela viabilidade da produccedilatildeo laboral e intelectual conduzido por regras
vezes particulares vezes universais inseridos em contextos especiacuteficos ou
contextos globalmente unificados
O dinamismo do sistema capitalista produziu transformaccedilotildees de ordem
econocircmica social cultural ideoloacutegica configurando num processo contiacutenuo de
alteraccedilotildees permanentes no seio de sua proacutepria estrutura totalmente instaacutevel
flexiacutevel e mutante As mudanccedilas que ocorreram na economia mundial a exemplo
tiveram consequecircncias no processo produtivo logo nas relaccedilotildees do trabalho sob o
modelo fordista ocasionando mudanccedilas no tecido social cultural alimentados
ainda pelo crivo das contraposiccedilotildees ideoloacutegicas resultantes da polaridade mundial
1 Com efeito de poliacutetica puacuteblica voltada ao enfrentamento da informalidade no mercado de trabalho
brasileiro analisaremos mais a diante a Lei Complementar 12808 instrumento de criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI) que possui expresso em seu art 18E aleacutem da formalizaccedilatildeo do MEI o caraacuteter de inclusatildeo social
22
apoacutes a Segunda Grande Guerra Tais transformaccedilotildees estatildeo associadas ao decliacutenio
do modelo keynesiano2 - progressista que exigiu do Estado uma posiccedilatildeo mais
reformadora em sua estrutura assinalada por Laranjeira (2000) Lombardi (1997) e
Caminha (2012)
O que podemos observar no cenaacuterio econocircmico eacute o substancial crescimento
inflexiacutevel do desemprego estrutural bem como as mudanccedilas no sistema de
assalariamento que foi condicionado por eventos especiacuteficos de enorme
importacircncia 1) a reestruturaccedilatildeo produtiva iniciada na deacutecada de 1970 2) o advento
da globalizaccedilatildeo (SANTOS 2008 p 152) 3) ―difusatildeo de um novo paradigma teacutecnico-
produtivo e do acirramento da competiccedilatildeo internacionalista nas economias
avanccediladas (POCHMANN 2001 p 41)
A reestruturaccedilatildeo produtiva foi uma resposta imediata agrave crise econocircmica
caracterizada pela impossibilidade do modelo Keynesiano - fordista reverter agraves
contradiccedilotildees proacuteprias produzidas pelo sistema capitalista Tal resposta implicou de
imediato numa nova redefiniccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e das relaccedilotildees entre trabalho e
produccedilatildeo que se mantinham sob forte regulaccedilatildeo consensual entre ―Estado capital e
sindicatos como aponta Barbosa (2007 p 3)
As modificaccedilotildees que ocorreram no setor produtivo e nas relaccedilotildees do
trabalho levaram a excessiva acumulaccedilatildeo de capital (acumulaccedilatildeo flexiacutevel) muito
embora essas modificaccedilotildees natildeo ocorreram de forma generalizada mas foram
absorvidas considerando contextos especiacuteficos de espaccedilo e cultura conforme
salienta Lombardi (1997) e ao aumento do desemprego por cortes em postos de
trabalho (capital variaacutevel) observando a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica no setor produtivo e a
reconfiguraccedilatildeo desse setor com relocaccedilatildeo para espaccedilos perifeacutericos
Dentro dessa oacutetica como observa Lombardi (1997) a expansatildeo tecnoloacutegica
exerceu forte pressatildeo sobre os trabalhadores que se sentem ameaccedilados pela
concorrecircncia da tecnologia Trabalhos manuais foram substituiacutedos por trabalhos
mecacircnicos autocircmatos que produzem em escalas vertiginosas Ou seja
O avanccedilo na concorrecircncia intercapitalista e a adoccedilatildeo de um novo paradigma tecnoloacutegico estariam provocando alteraccedilotildees significativas nas economias avanccediladas Parece natildeo haver duacutevidas sobre o crescimento de
2O modelo Keynesinao tambeacutem chamado de Capitalismo Reformado por Sachs (2008) foi uma
resposta imediata aos efeitos causados pela Grande Depressatildeo tendo como base o pleno emprego e o Estado do Bem Estar Social
23
importacircncia das ocupaccedilotildees caracterizadas como superiores e de postos diretivos responsaacuteveis pela utilizaccedilatildeo de trabalhadores com maior exigecircncia de qualificaccedilatildeo e escolaridade Ao mesmo tempo as profissotildees inferiores (operaacuterios simples e manuais) ainda majoritaacuterios na estrutura ocupacional estariam perdendo participaccedilatildeo relativa (POCHMANN 2001 p 52)
Na segunda metade deacutecada de 1980 foi formulado por economistas norte-
americanos e outros ligados a OCDE (Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e o
Desenvolvimento Econocircmico) um conjunto de medidas de cunho macroeconocircmico
e estruturais destinado a paiacuteses do chamado Terceiro Mundo que apresentavam
baixos iacutendices de desenvolvimento econocircmico (BRESSER PEREIRA 1991)
Tais medidas foram sendo colocadas em praacutetica sobre tudo abaixo da linha
do equador americano pois como demonstra Bresser Pereira (1991) na Ameacuterica
Latina havia uma ―crise marcada por estagnaccedilatildeo econocircmica e altas taxas de
inflaccedilatildeo Dentro dessa perspectiva acreditava-se que havia uma necessidade de
restringir o tamanho do Estado e de sua participaccedilatildeo no setor econocircmico Assim a
orientaccedilatildeo era sua descentralizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo liberalizaccedilatildeo do
comeacutercio internacional promoccedilatildeo das exportaccedilotildees e a diminuiccedilatildeo das empresas
estatais pois entendiam que eram em grande nuacutemero e incapazes de gerir
produtividades adequadas as suas capacidades e ao modelo estrutural das novas
concepccedilotildees capitalistas (neoliberalismo globalizado)
No entanto tais modificaccedilotildees no sistema econocircmico permitiram o processo
de acumulaccedilatildeo do capital e da hipertrofia financeira criando mecanismos que
causaram enormes disfunccedilotildees sociais agravadas pela doutrinalsquo neoliberal e o novo
padratildeo tecnoloacutegico de produccedilatildeo e organizaccedilatildeo do trabalho (MOTTA 2009) Tais
fatores provocaram ―mudanccedilas substanciais que resultaram no aumento da pobreza
do desemprego e do subemprego e na precarizaccedilatildeo do trabalho (idem p 550)
O desemprego se constituiu como um dos maiores problemas sociais da humanidade A crise iniciada nos paiacuteses centrais a partir do final dos anos 1960 evidenciou o esgotamento do padratildeo de acumulaccedilatildeo fordista keynesiano alterando a relaccedilatildeo entre Estado e sociedade (OLIVEIRA 2012 p 494)
Conforme analisa Oliveira (2012) estima-se que em 2009 havia cerca de
210 milhotildees de pessoas desempregadas no mundo ―Os maiores afetados segundo
a agecircncia satildeo os jovens e as mulheres dos paiacuteses perifeacutericos (OLIVEIRA 2012 p
494) Diante de um quadro socioeconocircmico extremamente complexo seria
24
necessaacuterio novos mecanismos que dessem suporte ao controle das distorccedilotildees
sociais e de contenccedilatildeo Dessa forma foram lanccediladas novas bases da ideologia
dominante com objetivos especiacuteficos de controle da demanda com base nas
―poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio (PDM) (MOTTA 2009 p 549)
As PDM segundo a autora constituem ―mecanismos de hegemonia de
funccedilatildeo de direccedilatildeo intelectual e moral com accedilotildees concretas e definiccedilotildees de metas
focadas nas camadas de trabalhadores excluiacutedoslsquo do processo produtivo mas que
ainda possuem condiccedilotildees produtivas para instaurar um processo mais intensivo de
educar para o conformismo (idem p 549)
Assinala Motta (2009) que as poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio estatildeo
sublinhadas pelo forte investimento educacional balizado na ―teoria do capital
humano de Theodore Schultz na qual consiste em propor a qualificaccedilatildeo da forccedila do
trabalho humano atraveacutes do processo educacional direcionado para crescimento
econocircmico
Poderemos formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho mas
autores como Rifkin (1995) Pastore (2006) Martins e Veiga (2003) Oliveira (2012) e
Sachs (2007) enfatizam na diminuiccedilatildeo consideraacutevel dos postos de trabalho na esfera
global dando a entender que a crise do pleno emprego estaacute relacionada em parte
ao avanccedilo da automaccedilatildeo tecnoloacutegica e da chamada reestruturaccedilatildeo da produccedilatildeo
tanto nas aacutereas rurais quanto nas aacutereas urbanas como jaacute demonstrado
anteriormente Alertava Rifkin (1995) que mais de 800 milhotildees de pessoas no
mundo estavam desempregadas ou subempregadas e que esse quadro se agravaria
ateacute o final do seacuteculo XX
Com um quadro excessivamente preocupante as poliacuteticas de geraccedilatildeo de
emprego e renda entram na agenda internacional no entanto como salienta Souza
(2010 p 3) ―essas poliacuteticas puacuteblicas arrefecem o iacutempeto de uma celebraccedilatildeo liberal
na medida em que evidenciam a incapacidade de prover o pleno emprego
demonstrada pelo capitalismo mesmo em seus contextos mais avanccedilados
As tendecircncias multinacionais como analisa Oliveira (2012) ao mesmo
tempo em que preconizam a defesa de poliacuteticas focadas na geraccedilatildeo do trabalho (o
trabalho aqui entendido dentro do sistema capitalista portanto emprego formalizado
ou informal) que estimulassem a empregabilidade defendiam as flexibilizaccedilotildees das
leis regulatoacuterias que normatizam as leis do trabalho No caso brasileiro ―a poliacutetica de
emprego estaacute intrinsecamente relacionada agrave fraacutegil concepccedilatildeo de Welfare State e agrave
25
posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho reforccedilando um
crescimento subordinado e dependente do capital estrangeiro [] (OLIVEIRA
2012 p 494)
No Brasil as poliacuteticas de emprego estavam relacionadas agrave concepccedilatildeo de
submissatildeo das leis trabalhistas agraves estruturas e poliacuteticas macroeconocircmicas e apenas
eram direcionadas nesse sentido aos trabalhadores empregados sendo que natildeo
haviam poliacuteticas voltadas aos trabalhadores excluiacutedos do processo de produccedilatildeo
formalizado ateacute meados do final da deacutecada de 1980 No entanto como segue
Oliveira (2012)
[] as mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo do trabalho em consonacircncia com as poliacuteticas macroeconocircmicas de estabilizaccedilatildeo econocircmica imposta pelo FMI e demais organismos multilaterais delimitam a intervenccedilatildeo do Estado provocando um acirramento na questatildeo social em suas variadas expressotildees Eacute sob esta perspectiva que as poliacuteticas de emprego passam a ser implementadas no governo FHC Ou seja poliacuteticas que possam combater a crise do emprego e consequentemente a fome e a miseacuteria mas com recursos reduzidos e com ecircnfase na individualizaccedilatildeo do problema reforccedilando a histoacuterica intervenccedilatildeo residual do Estado brasileiro na questatildeo social (OLIVEIRA 2012 p 499)
No periacuteodo FHC assinalado por Oliveira (2012) foram criados vaacuterios
dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador Um dos mais importantes instrumentos foi o
seguro-desemprego que sofreu alteraccedilotildees em 1994 ampliando
[] o tempo de indenizaccedilatildeo Nesse periacuteodo o desemprego apresentava nuacutemeros elevados chegando a atingir de acordo com o IBGE em torno de 17 da PEA A renda meacutedia do trabalhador apresentou queda pelo sexto ano consecutivo atingindo em 2003 uma reduccedilatildeo de 129 (OLIVEIRA 2012 p 500)
Na primeira deacutecada do seacuteculo XXI o desemprego mantinha a taxa de 96 e
a informalidade atingia 60 dos trabalhadores ocupados como nos mostra Pastore
(2006)
11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO
Como jaacute mencionado as alteraccedilotildees no mundo do trabalho ocasionadas
pela reestruturaccedilatildeo produtiva concorreram para o aumento do desemprego
estrutural culminando em consequecircncias macroestruturais no seio da economia
26
mundial Retrato disso eacute o fenocircmeno denominado de informalidade esta vista como
um traccedilo marcante nos paiacuteses subdesenvolvidos ou em desenvolvimento
assinalado por Matsuo (2009) e Antunes (2011) Estes autores nos apontam os
variados modos de informalidade que constituem estrateacutegias de enfrentamento agraves
especificidades econocircmicas diferenciadas no tempo e no espaccedilo por serem
construiacutedas a partir de necessidades especiacuteficas territoriais Matsuo (2009) afirma
que estas estrateacutegias informais correspondem de um lado o trabalhador informal
adequando-se a economia de mercado e ―significa um traccedilo constitutivo e crescente
da acumulaccedilatildeo de capital dos nossos dias (ANTUNES 2011 p 4) eou de outro o
setor informal representa a exclusatildeo desses trabalhadores do sistema dinacircmico da
economia Dessa forma segue a autora no sentido de combinaccedilatildeo das duas
possibilidades
[] os trabalhadores marginalizados na economia informal procuram se articular com os setores dinacircmicos da economia e integrar a cadeia no circuito de acumulaccedilatildeo capitalista dependendo das oportunidades que surgem Por outro lado a economia informal nos apresenta setores que estatildeo a reboque da formal e que passam a ser marginais por estarem deslocadas do desenvolvimento econocircmico (MATSUO 2009 p 21)
Os setores informal e formal segundo Souza (2010) coexistem e se
estabelecem como uma fragmentaccedilatildeo da estrutura ocupacional Essa fragmentaccedilatildeo
no entanto deveria ser acompanhada de poliacuteticas puacuteblicas que observassem o setor
informal para a melhoria da sua capacidade de ganho (idem p 4) Essa anaacutelise parte
do pressuposto de que o capitalismo triunfante natildeo foi capaz de absorver a maioria
dos trabalhadores levando-os a concorrer sob a proacutepria sorte e sob a eacutegide da
inadaptaccedilatildeo da desvantagem e da exclusatildeo dos benefiacutecios desse capitalismo Para
esse autor
[] os estudos promovidos pela CEPAL e pelo PREALC defenderam a ideacuteia de uma heterogeneidade estrutural persistente na qual coexistiriam os setores moderno e arcaico Este uacuteltimo tiacutepico da economia informal refletiria o excedente de matildeo-de-obra que luta por sobrevivecircncia assumindo um caraacuteter estrutural e supeacuterfluo As poliacuteticas puacuteblicas deveriam contribuir para a elevaccedilatildeo da renda na economia informal atuando de forma compensatoacuteria (SOUZA 2010 p 4)
Sachs (2007) ao analisar a economia de mercado a partir das
reestruturaccedilotildees capitalistas nos paiacuteses subdesenvolvidos identifica os setores
sociais marginalizados dentro do processo produtivo assim como o sentido
27
excludente e endecircmico resultante da maciccedila exploraccedilatildeo pelos paiacuteses de economias
centrais O autor identifica o cenaacuterio e as transformaccedilotildees no mercado de trabalho
por conta dos processos de dominaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo da economia
No lugar do desaparecimento tradicional por meio da transferecircncia progressiva do excedente de sua matildeo-de-obra para o setor moderno assistimos a expulsatildeo das sobras dos trabalhadores do setor moderno para setores da economia informal de fundos de quintal ou nitidamente ilegal e ateacute a sua marginalizaccedilatildeo pura e simples fadados agrave afliccedilatildeo da ociosidade forccedilada condenados a situaccedilatildeo de assistidos para alguns do berccedilo ao tuacutemulo (SACHS 2007 p 254)
Antunes (2011) subdivide a informalidade em trecircs modalidades de
trabalhadores alocados a economia submersa a) trabalhadores informais
tradicionais b) trabalhadores informais assalariados sem registro c) trabalhadores
informais por conta proacutepria Essas trecircs categorias tambeacutem satildeo compreendidas nas
anaacutelises de Matsuo (2009) a qual define a informalidade em duas grandes
categorias ―velha informalidade (trabalhadores tradicionais) e a ―nova
informalidade (terceirizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo temporizaccedilatildeo) No entanto haacute algumas
―[] denominaccedilotildees atribuiacutedas a atividades praticadas nesse campo desemprego
disfarccedilado subemprego atividade clandestina iliacutecita natildeo estruturada etc
(SANTOS MACIEL e SATO 2014 p 330) que estatildeo presentes em todos os setores
da economia tanto no setor primaacuterio no secundaacuterio como no terciaacuterio como
apontam esses autores
De outra forma como aponta o estudo realizado em 2002 pelo Observatoacuterio
do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) haacute dois tipos
de mercado de trabalho que atuam concomitantemente
a) um setor formal cujo funcionamento das atividades foi definido como tendo barreiras agrave entrada com recursos externos sistema de propriedade impessoal operando em mercados amplos e protegidos por cotas e tarifas grande escala de produccedilatildeo processos produtivos de tecnologia moderna e intensivos em capital e matildeo-de-obra qualificada e b) um setor informal definido pela inexistecircncia de barreiras agrave entrada aporte de recursos de origem domeacutestica propriedade individual operando em pequena escala processos produtivos intensivos em trabalho atuando em mercados competitivos e natildeo regulados (MTE 2002 p 3)
O fato eacute que o crescimento da informalidade no caso brasileiro revelava
aleacutem da fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria a violaccedilatildeo agraves leis trabalhistas a
28
precarizaccedilatildeo do trabalho e a desqualificaccedilatildeo do trabalhador frente agraves novas
tecnologias e restriccedilotildees agrave sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal
Revelando o contraste entre os dois setores conforme as anaacutelises de
Meneguin e Bugarin (2008) em 2004 o trabalhador formalizado obteve uma
remuneraccedilatildeo de 623 superior em relaccedilatildeo ao trabalhador atuante na economia
submersa (CATANI 1985)
Alguns estudos realizados que apontam a informalidade no Brasil remontam
a deacutecada de 1990 Dessa forma a pesquisa Economia Informal Urbana (ECINF)
feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia a Estatiacutestica (IBGE) considerou a
―Organizaccedilatildeo e o Funcionamento da Unidade Econocircmica como uma caracteriacutestica
capaz de balizar os estudos sobre a informalidade Da mesma forma procurou
identificar e correlacionar as atividades informais identificando os
proprietaacuterios de negoacutecios informais trabalhadores por conta proacutepria e pequenos empregadores com 10 anos ou mais de idade ocupados em atividades natildeo-agriacutecolas e moradores em aacutereas urbanas nos domiciacutelios em que moram e atraveacutes deles investigar as caracteriacutesticas de funcionamento das unidades produtivas (IBGE - BRASIL 2003 p 15)
Um dos objetivos do IBGE era de ―quantificar o potencial das atividades
econocircmicas exercidas na informalidade em gerar oportunidades de trabalho e
rendimentos aleacutem de captar informaccedilotildees que permitam conhecer o papel e a
dimensatildeo do setor informal na economia brasileira (IBGE- BRASIL 2003 p 13)
O aumento da informalidade pode estar associado ao aumento da taxa de
desemprego o qual exige das pessoas estrateacutegias e formas diferenciadas de
sobrevivecircncia ou seja uma nova relaccedilatildeo com o mercado de trabalho como mostra
Matsuo (2009) Nas anaacutelises de Santos (2008)
Ateacute 1995 a cada aumento na oferta de emprego formal correspondia uma reduccedilatildeo do iacutendice de trabalhadores na informalidade Poreacutem a loacutegica mudou e a tendecircncia mostra que a criaccedilatildeo de novos empregos com carteira assinada natildeo causa mais esse impacto A informalidade passou a ser um traccedilo caracteriacutestico do mercado de trabalho brasileiro [] (SANTOS 2008 p6)
Pastore (2006) numa anaacutelise sobre o quadro nacional de empregos jaacute
indicava esta perspectiva e avalia o impacto sobre a previdecircncia social desse
quantitativo pois esta porcentagem corresponde agraves pessoas que natildeo contribuem
para o setor previdenciaacuterio gerando enormes distorccedilotildees no setor
29
Perceberemos (TABELA 1) a gradativa reduccedilatildeo na taxa de informalidade
brasileira bem como a reduccedilatildeo em 2 na taxa de desemprego entre 2002 e 2008
como observam Barbosa Filho e Pessocirca (2011) Estes autores ainda alertam para
a as diferenccedilas marcantes na composiccedilatildeo da taxa de desemprego de regiatildeo para
regiatildeo sugerindo o percentual em torno de 6 em Belo Horizonte e Porto Alegre e
superior a 12em Recife e Salvador no ano de 2008 (BARBOSA FILHO PESSOcircA
2011 p 2)
TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL
ANO DESEMPREGO INFORMALIDADE
2002 91 436 2003 97 423 2004 89 425 2005 93 414 2006 84 407 2007 82 391 2008 71 381 2009 83 374 2012 55 34 2013 54 33 2014 43 322 Fev2015 5 325
FONTE BARBOSA FILHO e MOURA (2012) IPEA (20142015) No primeiro semestre de 2013 a informalidade atingiu a taxa de 332
segundo IPEA (2013) Notamos (TABELA 1) que as atividades informais entre 2002
e 2006 obtiveram uma retraccedilatildeo de 29 e entre 2006 e 2013 houve decliacutenio na
ordem de 75 na informalidade brasileira Portanto houve a reduccedilatildeo de 104 da
informalidade entre os anos de 2002 e 2013 Em 2014 o desemprego obteve uma
variaccedilatildeo de 07 pp em relaccedilatildeo agrave fevereiro de 2015 assim como a informalidade
teve um acreacutescimo de 03 pp (IPEA 2015)
A informalidade segundo Malaguti (2001) eacute um traccedilo caracteriacutestico no
mercado de trabalho brasileiro e abrange parte significativa de trabalhadores
exercendo atividades de forma precarizada e desprotegida o que leva a reduccedilatildeo
salarial ao aumento da carga horaacuteria de trabalho e a desvalorizaccedilatildeo do trabalho
como garantia de dignidade
30
12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A
CRIacuteTICA
O deslocamento forccedilado dos trabalhadores formais para praacuteticas informais
no mercado de trabalho resultante de um processo de mudanccedilas nas relaccedilotildees de
produccedilatildeo e trabalho levaram milhares de pessoas a improvisar formas diferenciadas
de suas atividades habituais por necessidade de sobrevivecircncia muitas vezes
compreendidas como formas inovadoras e empreendedoras dentro de uma nova
realidade socioeconocircmica imposta
As praacuteticas empreendedoras muitas vezes como aponta Barbosa (2007) e
Malaguti (2001) surgem como estrateacutegias de autogestatildeo do trabalho do tempo e do
espaccedilo fiacutesico por se apresentarem como uacutenicas alternativas no processo de
desregulamentaccedilatildeo do trabalho e assim as novas configuraccedilotildees do trabalho
resultaram do esvaziamento da poliacutetica abrindo caminho na substituiccedilatildeo do trabalho
empregatiacutecio para uma forma autocircnoma do empreendedorismo Nas palavras de
Barbosa (2007)
A quebra do assalariamento baseado em contratos advindos da concentraccedilatildeo Estado capital e sindicatos penaliza o trabalho amplia as margens de accedilatildeo do mercado e expotildee a fragilizaccedilatildeo da poliacutetica como dimensatildeo da vida social por isso a pergunta que se faz agora entatildeo eacute de que modo o empreendedorismo pode reinventar ou inovar o trabalho garantindo espaccedilo para a poliacutetica Quer dizer frente agrave escassez (volume) e precarizaccedilatildeo (qualidade) do trabalho ateacute que ponto o empreendedorismo expresso nas ideias e praacuteticas de geraccedilatildeo de renda produz efeitos positivos no sentido de minorar as accedilotildees do mercado e impactar o quadro de desigualdade social (BARBOSA 2007 p 3)
Para essa autora o trabalhador desempregado perde sua identidade
subjetiva compartilhada e o emprego formalizado deixa de ser referecircncia de renda
pois com a ―reversatildeo do assalariamento e a ampliaccedilatildeo do trabalho desprotegido
informal se impotildee como regressividade social na medida em que diminui o poder de
barganha dos trabalhadores jogados agrave sorte no mercado e aumenta a desigualdade
social (idem p 4)
Essa realidade socioeconocircmica como demonstra Barbosa (2007) conduz
os trabalhadores para as diversas formas desprotegidas de gerar renda e o que
significava precariedade de uma sobrevivecircncia urbanizada passa a ser considerada
como um conjunto de qualidades dos trabalhadores pobres com caracteriacutesticas de
31
autonomia empregatiacutecia empreendedora e criativa escondendo a condiccedilatildeo de
inseguranccedila social Como segue a autora
Pode-se dizer que como barotildees da raleacute os trabalhadores informais reaparecem na narrativa empreendedora como portadores de futuro avalizados pela experimentaccedilatildeo do risco cotidianamente Todavia contraditoriamente a ocupaccedilatildeo em si natildeo oferece nenhuma seguranccedila social enquanto promessa de futuro para os trabalhadores envolvidos e suas famiacutelias (BARBOSA 2007 p 7)
Dessa maneira segundo a autora a reversatildeo forccedilada do assalariamento
protegido para o ―auto-emprego constituiu um esvaziamento das forccedilas sociais que
possuem bases nas condicionantes do trabalho coletivizado do trabalho protegido
pelas leis de regulaccedilatildeo do mercado de trabalho Sendo assim o auto-emprego pode
ser compreendido como sendo balizado em expectativas de mercado onde sua
capacidade de competitividade em muitos casos fica muito aqueacutem das forccedilas que
regulam o mercado impondo-lhe limitaccedilotildees de expansatildeo e ―desprovidos de capital
o trabalho autocircnomo paradoxalmente depende da sub-remuneraccedilatildeo que se auto
impotildee e do estaacutegio de desenvolvimento de dada sociedade capitalista cuja
tendecircncia eacute estender sua racionalizaccedilatildeo a todos os setores da economia (SOUZA
2010 p 5)
A gama de trabalhadores sem carteira assinada autocircnomos contrasta pela
sua heterogeneidade dependendo da escolaridade dos ganhos reais aacuterea de
atuaccedilatildeo remuneraccedilatildeo geralmente com pouca qualificaccedilatildeo e atuantes na produccedilatildeo
de bens e serviccedilos conforme analisa Souza (2010)
Dentro dessa oacutetica em suas anaacutelises sobre a formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual (MEI) Sulzbach e Denardin (2012) relatam que ―com
a instituiccedilatildeo desta figura o Estado brasileiro auxilia na desregulamentaccedilatildeo do
mercado de trabalho capitalista regulamentando-a Nesse sentido seguem os
autores
Esta nova forma de desregulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho estabelece o individualismo que cria uma cultura empreendimentista assim chamada por Harvey apud Miqueluzzi (1998) aonde a classe trabalhadora vislumbra ser um trabalhador por conta proacutepria natildeo ser mais assalariado (SUZBACH DENARDIN 2011 p 10)
32
Para Malaguti (2001 p 88) a informalidade aparece como uma das uacutenicas
formas de sobrevivecircncia para milhares de brasileiros e esta eacute um ―recurso de uacuteltima
instacircncia (p 92)
As pequenas empresas que surgem em meio agrave informalidade superlativada
resultado de uma modernidade que natildeo superou os preceitos do
subdesenvolvimento ao contraacuterio expandiu a pobreza e as diferenccedilas sociais pela
concentraccedilatildeo de renda excessiva e a reestruturaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo
enfrentam condiccedilotildees humilhantes e ultrajantes na procura de espaccedilo para a
sobrevivecircncia Segundo Malaguti (2001 p 68) a informalidade ―natildeo eacute um celeiro de
pessoas ativas empreendedoras eneacutergicas mas sim o refuacutegio sem opccedilatildeo
As empresas constituiacutedas diante de uma economia informal analisadas por
Malaguti (2001) Sachs (2006) Antunes (2011) Barbosa (2007) Catani (1985)
reproduzem o trabalho precarizado sob a forma de baixa remuneraccedilatildeo jornadas
excessivas de trabalho condiccedilotildees muitas vezes insalubres e sem orientaccedilatildeo
teacutecnica de seguranccedila
33
2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHOBRASILEIRO DAS
ORIGENS AO MEI
Neste capiacutetulo pretendemos estabelecer uma breve aproximaccedilatildeo sobre o
conceito de poliacuteticas puacuteblicas que em nosso entendimento eacute fundamental para a
compreensatildeo do objeto de estudo que eacute a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual Ainda neste toacutepico apresentaremos algumas das
principais poliacuteticas puacuteblicas sobre emprego no periacuteodo republicano brasileiro
21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
A Poliacutetica Puacuteblica eacute caracterizada como a posiccedilatildeo do ―Governo em accedilatildeo
assim definida por (SOUZA 2006) e ao mesmo tempo ―o Estado implantando um
projeto de governo atraveacutes de programas de accedilotildees voltadas para setores
especiacuteficos da sociedade(HOumlFLING 2001 p 31) ou mesmo a intervenccedilatildeo do
Estado em problemas e finalidades especiacuteficas
Podemos salientar que definiccedilotildees sobre o tema podem incidir em conceitos
significativamente diferentes pois como nos aponta Souza (2006) natildeo haacute uma
definiccedilatildeo singular para o termo Poliacutetica Puacuteblica diferentemente de outras aacutereas do
conhecimento tradicionalmente constituiacutedas como eacute o caso da Sociologia da
Economia ou da Psicologia a exemplos
Para Souza (2006) tal termo implica num conjunto de accedilotildeesprocessos que
permitem a dissociaccedilatildeo e separaccedilatildeo em fases de poliacuteticas ou ciclo de poliacutetica
puacuteblica pois no processo de estabilizaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica pode ocorrer
disparidades nas etapas de transcurso tanto na formulaccedilatildeo na implementaccedilatildeo
como na avaliaccedilatildeo da PP A partir de suas anaacutelises a autora nos apresenta algumas
definiccedilotildees sobre o tema
Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da poliacutetica que analisa o governo agrave luz de grandes questotildees puacuteblicas e Lynn (1980) como um conjunto de accedilotildees do governo que iratildeo produzir efeitos especiacuteficos Peters (1986) segue o mesmo veio poliacutetica puacuteblica eacute a soma das atividades dos governos que agem diretamente ou atraveacutes de delegaccedilatildeo e que influenciam a vida dos cidadatildeos Dye (1984) sintetiza a definiccedilatildeo de poliacutetica puacuteblica como ―o que o governo escolhe fazer ou natildeo fazer A definiccedilatildeo mais conhecida continua sendo a de Laswell ou seja decisotildees e anaacutelises sobre poliacutetica puacuteblica implicam responder agraves seguintes questotildees quem ganha o quecirc por quecirc e que diferenccedila faz (SOUZA 2006 p24)
34
O estudo do campo da Poliacutetica Puacuteblica estaacute direcionado agraves anaacutelises e
interpretaccedilotildees de interesses vantagens desvantagens ganhos e perdas dos grupos
e atores envolvidos no processo de construccedilatildeo da PP de forma direta ou indireta
desde a construccedilatildeo da agenda da formulaccedilatildeo do processo decisoacuterio da
implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo ateacute o puacuteblico alvo ao qual se originou a poliacutetica puacuteblica
Para Frey (2000) a Poliacutetica Puacuteblica constitui um campo da Ciecircncia Poliacutetica e
poderemos analisaacute-la sob trecircs perspectivas 1) o sistema poliacutetico no qual identifica e
avalia a accedilatildeo do governo e do Estado como promotores de felicidade de seus
cidadatildeos 2) o elemento poliacutetico representado pelas relaccedilotildees de forccedila e interesses
entre atores envolvidos no processo decisoacuterio 3) processo de avaliaccedilatildeo do sistema
poliacutetico no que concernem suas accedilotildees e estrateacutegias escolhidas para resolver
problemas especiacuteficos
Historicamente como aponta Frey (2000) o estudo sobre este campo da
Ciecircncia Poliacutetica nos Estados Unidos teve iniacutecio na deacutecada de 1950 Ao passo que
na Europa esta preocupaccedilatildeo comeccedilou a partir de 1970 com a ascensatildeo da social
democracia na Alemanha que estabeleceu poliacuteticas setoriais localizadas e
pontuais passiacuteveis de serem analisadas No caso brasileiro o interesse pelo
assunto eacute muito recente e conferiu ―ecircnfase ou agrave anaacutelise das estruturas e instituiccedilotildees
ou agrave caracterizaccedilatildeo dos processos de negociaccedilatildeo das poliacuteticas setoriais
especiacuteficas (p 214)
As poliacuteticas puacuteblicas desenvolvidas no plano da percepccedilatildeoaccedilatildeo pelo
Estado para a intervenccedilatildeo no mercado de trabalho satildeo constituiacutedas por Poliacuteticas
Ativas e Poliacuteticas Passivas (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA
2006) No Brasil elas estatildeo presentes concomitantemente no sistema puacuteblico de
emprego e ―existem para corrigir falhas de mercado relacionadas agrave restriccedilatildeo de
creacutedito assimetrias de informaccedilatildeo ou problemas de intermediaccedilatildeo de matildeo - de
obra (MACHADO E NETTO 2011 p 2) bem como promover a geraccedilatildeo de
emprego e renda e equacionar determinadas disfunccedilotildees no mercado de trabalho
Nas palavras de Chahad (2006)
Esta intervenccedilatildeo materializa-se por meio da oferta de serviccedilos baacutesicos como concessatildeo de creacutedito aos desempregados e trabalhadores autocircnomos melhoria da qualidade da matildeo-de-obra por meio do treinamento e da recolocaccedilatildeo do desempregado utilizando a intermediaccedilatildeo da matildeo-de-obra Essas poliacuteticas ativas que associando-se ao seguro-desemprego e a outras formas de assistecircncia aos desempregados atuam no sentido de
35
promover a geraccedilatildeo de emprego elevar o niacutevel de rendimentos e garantir melhor bem-estar aos trabalhadores em geral (CHAHAD 2006 p 1)
As Poliacuteticas Ativas tecircm a finalidade de facilitar o Acesso em ao mercado de
trabalho e aumentar o niacutevel de salaacuterios dos trabalhadores que apresentam
dificuldades de inserccedilatildeo nesse mercado criar frentes de trabalho oferecer
incentivos agraves micro e pequenas empresas aleacutem de possuir ―[] instrumentos para
criaccedilatildeo direta e indireta de emprego tanto no mercado formal de trabalho quanto no
setor informal contribuem para aumentar a ―empregabilidade do trabalhador
facilitando seu reemprego auxilia na reduccedilatildeo dos niacuteveis de pobreza (CHAHAD
2006 p 5 - 6) Essa forma de poliacutetica seraacute analisada mais adiante quando nos
referirmos agrave formalizaccedilatildeo do Microemprendedor individual sob a Lei Complementar
12808
No caso das Poliacuteticas passivas o objetivo eacute assegurar o miacutenimo de renda
consumo satisfaccedilatildeo para as pessoas excluiacutedas temporariamente ou natildeo do
processo produtivo do mercado de trabalho O dispositivo mais conhecido eacute o
Seguro-desemprego3 (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA 2006)
Para Oliveira (2012) jaacute mencionada anteriormente a poliacutetica de emprego
consiste numa representaccedilatildeo reduzida do ponto de vista do Estado do Bem Estar
Social e agrave ―posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho (idem p
494) o que resulta num quadro nacional do capitalismo dependente Veremos que
no primeiro momento do periacuteodo Republicano natildeo haacute a construccedilatildeo de um projeto de
poliacuteticas que coadunassem poliacuteticas ativas e poliacuteticas passivas Observamos nesse
sentido que o complexo de poliacuteticas ativas deixa claro o forte posicionamento ao
desenvolvimento econocircmico e dessa forma compreendemos que as ―principais
medidas de proteccedilatildeo ao trabalhador no Brasil foram no sentido de controlar a forccedila
de trabalho com a inserccedilatildeo de marcos regulatoacuterios corporativos e restritos a
pequenos grupos (OLIVEIRA 2012 p 495) Como salienta essa autora a privaccedilatildeo
de poliacuteticas passivas de atenccedilatildeo ao trabalhador tanto na Primeira Repuacuteblica como
no periacuteodo Vargas dilatou o quadro de pobreza brasileiro e criou um excedente de
matildeo de obra abrindo caminho para a subsistecircncia fora do setor formal
3 O Seguro desemprego eacute um benefiacutecio que oferece auxiacutelio em dinheiro por um periacuteodo determinado
pago ao trabalhador formal e domeacutestico em virtude da dispensa sem justa causa inclusive dispensa indireta trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso em virtude de participaccedilatildeo em curso de qualificaccedilatildeo fornecido pelo empregador pescador profissional durante o periacuteodo de defeso e trabalhador resgatado da condiccedilatildeo semelhante agrave de escravo (lthttpsgoogleX5hIw)
36
Para Fernandes (1975) Oliveira (1984) Machado (1999) Furtado (1978) e
Galeano (2010) o desenvolvimento latino-americano foi marcado pela incapacidade
de acompanhar a evoluccedilatildeo do capitalismo e das contradiccedilotildees e relaccedilotildees
antagocircnicas internas entre as capacidades produtivas e a correspondecircncia social
resultando no baixo desempenho econocircmico no mercado internacional dos paiacuteses
―subdesenvolvidos inseridos no sistema neocolonial o que permitiu a histoacuterica
dominaccedilatildeo e espoliaccedilatildeo territorial Para estes autores processo de dominaccedilatildeo foi
construiacutedo historicamente iniciado com o advento da ―Invasatildeo ou Conquista do
continente americano pela Espanha e Portugal As relaccedilotildees de poder produzidas
entre economias centrais e sateacutelites marcaram a crescente dependecircncia econocircmica
das uacuteltimas em relaccedilatildeo agraves primeiras sendo que o capitalismo latino americano se
tornou dependente na medida em que as bases relacionais foram pela via do
―endividamento externo e maior submissatildeo ao capital foracircneo (MACHADO 1999 p
200)
211 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento
Abaixo (QUADRO1) apresentamos algumas das principais poliacuteticas de
emprego desenvolvidas pelo Estado brasileiro anterior ao Regime Militar que se
estabeleceu em 1964
QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A
1964
Continua
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1919 Lei sobre acidentes de trabalho nordm 3724 de 15 janeiro de 1919
Responsabiliza empregadores pela indenizaccedilatildeo
Regulamentaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho Criaccedilatildeo do Aviso Preacutevio proibiccedilotildees de salaacuterios atrasados pagamentos de
horas extras natildeo salariais proibiccedilatildeo de trabalho para menores de quatorze anos
e estabilidade de emprego para ferroviaacuterios e portuaacuterios
1925 Decreto4982 de 24 de dezembro de 1925 ndash Lei de feacuterias
Concede 15 dias anuais de feacuterias para empregados
1926 Dec 5083 de 01 de dezembro de 1926 Coacutedigo do menor
Regulamentaccedilatildeo do trabalho de menores dentre outras providecircncias
1930 CriaccedilatildeodoMinisteacuterio do Trabalho Comeacutercio e induacutestria
Interferir sistematicamente no conflito entre capital e trabalho Estabeleceu
jornada de 8 horas e proibiccedilatildeo do trabalho infantil e noturno
1942 ServiccediloNacionaldeAprendizagemIndustrial (SENAI) - Dec Fed 4048 de 22 de janeiro de 1942
Formaccedilatildeo profissional para a insipiente induacutestria de base
37
QUADRO 1 - POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A
1964
Concluatildeo
FONTE OLIVEIRA (2012) MTE SENAI SENAC CPDOC SENADO FEDERAL
Com um desenvolvimento industrial ainda modesto e insipiente no primeiro
momento da Repuacuteblica do Brasil como analisa Cotrin (1999) a base econocircmica
brasileira estava atrelada ao campo pois segundo esse autor em 1920 697 das
pessoas ativas desenvolviam atividades na agricultura 138 na induacutestria e o setor
de serviccedilos abarcava 165 das pessoas ativas (COTRIN 1999 p 268)
Mesmo com uma sociedade predominantemente agraacuteria as poliacuteticas
puacuteblicas de emprego demonstradas acima atingiam apenas os trabalhadores
urbanos que representavam cerca de 30 dos trabalhadores brasileirosAs
condiccedilotildees de trabalho desse operariado na Primeira Repuacuteblica brasileira eram
excessivamente precaacuterias o que provocavam vaacuterios acidentes de trabalho somem-
se a isso os baixos salaacuterios pagos a natildeo existecircncia de salaacuterio miacutenimo sem direito a
feacuterias ou pagamento de horas extras carga horaacuteria excessiva de trabalho que
atingia como aponta Cotrin (1999) 15 horas diaacuterias de trabalho de segunda a
saacutebado e sem direito a qualquer forma de indenizaccedilatildeo ou aviso preacutevio o
trabalhador poderia ser demitido arbitrariamente (p 275) Como demonstra o autor
[] as instalaccedilotildees das faacutebricas eram geralmente precaacuterias Nos galpotildees de serviccedilo natildeo havia espaccedilo adequado para o trabalho o ambiente era mal iluminado quente e sem ventilaccedilatildeo Tudo isso favorecia a ocorrecircncia de acidentes de trabalho cujas as principais viacutetimas eram as crianccedilas (COTRIN 1999 p 274)
Diante do quadro que se encontrava o trabalhador brasileiro nesse periacuteodo
surgiram vaacuterios protestos reivindicatoacuterios para melhorias nas condiccedilotildees de trabalho
sendo importantes na contribuiccedilatildeo para o aparecimento dos primeiros sindicatos e
entidades ligadas ao operariado
Dessa maneira como aponta Fausto (1995) foi no curso das greves
ocorridas entre os anos de 1917 e 1920 que surgiram as primeiras possibilidades de
aprovaccedilatildeo legislativa de direitos aos trabalhadores Algumas medidas foram
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1946 Serviccedilo nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)
Voltado para o setor de comeacutercio produccedilatildeo de bens e serviccedilo e turismo
1943 Consolidaccedilatildeo das leis trabalhistas (CLT) (lei nordm 5452 de 1ordm maio de
1943)
Art 1ordm - Esta Consolidaccedilatildeo institui as normas que regulam as relaccedilotildees individuais e coletivas de
trabalho nela previstas
38
colocadas em um projeto denominado Coacutedigo de trabalho mas sofreram pesadas
criticas pelo empresariado sendo igualmente vetadas pelos congressistas Apenas
a Lei nordm 37241919 que dispunha sobre as regras resultantes de acidentes de
trabalho como indenizaccedilotildees e responsabilidades do empregador foi aprovada
Ainda assim duas leis importantes foram produzidas na segunda metade dos anos 20 a Lei de feacuterias (1925) e a Lei de Regulamentaccedilatildeo do Trabalho de menores (192627) A primeira visava a obrigar os empresaacuterios a conceder 15 dias de feacuterias a seus empregados sem prejuiacutezo do ordenadomas foi sistematicamente desrespeitada Jaacute o Coacutedigo do Menor estipulava a maioridade a partir dos 18 anos e propunha uma jornada de trabalho de seis horas (CPDOC ndash Centro de Pesquisas e documentaccedilatildeo de Histoacuteria Contemporacircnea do Brasil)
Jaacute na deacutecada de 1930 o Estado Getulista procurou estabelecer regulaccedilatildeo e
regulamentaccedilatildeo para a questatildeo trabalhista Neste periacuteodo foi criado o Ministeacuterio do
Trabalho Comeacutercio e Induacutestria como forma de atenccedilatildeo mais sistemaacutetica ao
trabalhador como aponta Oliveira (2012) A regulaccedilatildeo tinha como objetivo
interferecircncia do estado junto aos sindicatos e organizaccedilotildees trabalhistas sobre
maneira nas de inclinaccedilotildees marxistas apoiadas por partidos de esquerda o que
limitava accedilotildees no campo poliacutetico e conflitos de classes dificultando a organizaccedilatildeo
da classe trabalhadora Dessa forma como observam Fausto (1995) e Oliveira
(2012) a centralizaccedilatildeo estatal mantinha sobre forte domiacutenio a questatildeo do ―princiacutepio
da unidade sindical ou seja do reconhecimento do Estado de um uacutenico sindicato
por categoria profissional (FAUSTO1995 p 335) Segundo Oliveira (2012) o
governo centralizador e interventor de Vargas tinha a intenccedilatildeo de estabelecer a
harmonia entre as classes diluiacutedas pela inquietaccedilatildeo social e promover a adequaccedilatildeo
trabalhocapital o que levaria a acumulaccedilatildeo capitalista Consideremos que em
1920 a produccedilatildeo agriacutecola representava 79 do total produzido no paiacutes e a
induacutestria 21 em 1940 a agricultura era responsaacutevel por 57 da produccedilatildeo e a
induacutestria 43 o que denota um aumento significativo do setor industrial (FAUSTO
1995 p 392)
Na avaliaccedilatildeo de Fausto (1995 p 336) ―a poliacutetica trabalhista do Governo
Vargas constituiu um niacutetido exemplo de uma ampla iniciativa que natildeo derivou das
pressotildees de uma classe social e sim da accedilatildeo do Estado As medidas regulatoacuterias
de Vargas tinham um propoacutesito central aumentar a capacidade de produccedilatildeo
industrial nas aacutereas urbanas e para tanto havia a necessidade de prevenir a
instabilidade social e mediar as relaccedilotildees entre a classe trabalhadora e o patronato
39
Assim para normatizar as relaccedilotildees de trabalho individuais e coletivas bem
como as regulamentaccedilotildees sobre essas relaccedilotildees em 1943 foi instituiacuteda a
Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT) sob o Dec Lei nordm 5452 de 151943
Nesse periacuteodo ficou evidente a forte regulaccedilatildeo das forccedilas de trabalho
subordinadas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas de desenvolvimento e acumulaccedilatildeo de
capital A partir das deacutecadas de 197080 as poliacuteticas de emprego comeccedilaram a
ganhar destaque e porte sendo criado o Sistema Puacuteblico de Emprego ainda como
um sistema de pouca prospecccedilatildeo que atingia exclusivamente o mercado formal de
trabalho (MACHADO e NETO 2011)
212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar
O iniacutecio do regime militar foi marcado por uma seacuterie de mudanccedilas que
incidiram sobre a poliacutetica de emprego no Brasil Essas medidas tornaram-se
coercitivas em funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do governo militar em expandir o complexo
industrial e tecnoloacutegico (OLIVEIRA 2012) No entanto foi somente a partir da
deacutecada de 1970 no regime militar que comeccedilam a serem implementadas poliacuteticas
passivas ainda modestas de atendimento aos trabalhadores natildeo somente
formalizados mas algumas categorias de trabalhadores que se encontravam fora do
mercado de trabalho Uma das Poliacuteticas de Emprego de maior visibilidade foi a
criaccedilatildeo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) (Lei 5107 de
13set1966) orientado hoje pela Lei 8036 de 11maio1990 e tem como objetivo
dar auxiacutelio ao trabalhador dispensado do serviccedilo sem justa causa e garantir uma
renda para a subsistecircncia ateacute conseguir novo emprego Para Oliveira (2012) a
criaccedilatildeo do FGTS substitui a estabilidade de emprego contida na CLT pela
poupanccedila compulsoacuteria Abaixo (QUADRO 2) estatildeo algumas das Poliacuteticas de
Emprego desenvolvidas durante o regime militar que se instalou no Brasil em 1964
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASILDURANTE O REGIME MILITAR
continua
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1964 Lei Anti-greve4330 de 161964
Regula o direito de greve na forma do art 158 da Constituiccedilatildeo Federal de 1946
40
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL DURANTE O REGIME MILITAR
conclusatildeo
ANO POLIacuteTICA DEFINICcedilAtildeO
1965 Sobre os dissiacutedios coletivos entre categorias profissionais e econocircmicas (lei 4725 de
13765)
Estabelece normas para o processo dos dissiacutedios coletivos e daacute outras
providecircncias (Poliacutetica de contenccedilatildeo salarial)
1966 Criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) ndash Dec lei nordm 72 de 21111966
Unifica os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees
1966 Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo Lei 5107 de 13091966 ndash revogado o seu original em 1989 e posteriormente em 1990 pela Lei
8036 de 11051990
Dispotildee sobre o Fundo de garantia por Tempo de Serviccedilo
1970 Criaccedilatildeo do Programa de integraccedilatildeo Social (Lei Complementar 07 de 791970)
Art 1ordm [] destinado a promover a integraccedilatildeo do empregado na vida e no
desenvolvimento das empresas
1970 Criaccedilatildeo do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash LC
nordm 08 de 03121970
Institui o Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico
1971 Programa de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (PRORURAL) LC n 11 de 25051971
Poliacutetica de assistecircncia ao trabalhador rural
1973 Dec lei 71885 de 931973 Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico
Art 1ordm Satildeo assegurados aos empregados domeacutesticos os benefiacutecios e serviccedilos da Lei
Orgacircnica da Previdecircncia Social
1974 Criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS )Lei 6036 de
1051974
Atribuiccedilotildees diferentes do Ministeacuterio do Trabalho
11974
Lei Ordinaacuteria 6136 de 7111974 Define o salaacuterio maternidade e outros benefiacutecios a serem pagos aos
trabalhadores (na praacutetica somente aos trabalhadores formalizados)
11974
Lei n 6179 de 11121974 Art 1ordm Institui amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e para invaacutelidos definitivamente incapacitados
para o trabalho que natildeo exerccedilam atividades remuneradas []
11974
Lei n 6195 de 19121974 Extensatildeo aos trabalhadores rurais a concessatildeo de seguro por acidente do
trabalho
11974
Lei nordm 6019 de 03011974 Dispotildee sobre o Trabalho Temporaacuterio nas Empresas Urbanas - atendimento do
empresariado na substituiccedilatildeo de forccedila de trabalho ndash (OLIVEIRA 2012)
11975
Criaccedilatildeo do Sistema Puacuteblico de Emprego Conjunto de poliacuteticas ativas e passivas no mercado de trabalho
11975
Cria o Sistema Nacional de Emprego (SINE) Dec nordm 76403 de 08101975
Linhas de accedilatildeo organizar um sistema de informaccedilotildees e pesquisas sobre
o mercado de trabalho informar agraves empresas sobre a forccedila de trabalho
disponiacutevel (OLIVEIRA 2012)
FONTE OLIVEIRA (2012)wwwplanaltogovbr Instituo de Desenvolvimento do Trabalho
(IDT)CHAHAD (2006)
A centralidade econocircmica administrativa e poliacutetica que se iniciou no Brasil
apoacutes a implantaccedilatildeo do regime militar em 1964 culminou com a forte presenccedila do
41
Estado na sociedade e na economia e numa seacuterie de propostas de desenvolvimento
econocircmico colocadas nos Plano Nacional de Desenvolvimento l (1971 ndash 1974) e no
Plano Nacional de Desenvolvimento ll (1975 ndash 1979) (PND)
Neste momento da histoacuteria o Estado brasileiro inicia um processo de
enrijecimento atraveacutes da militarizaccedilatildeo poliacutetica administrativa e econocircmica do paiacutes
que avanccedilou para os setores da sociedade atingindo a classe trabalhadora Dentro
desse contexto foi decretado o impedimento agrave greve atraveacutes da Lei 433064 (Lei
Anti-greve) No ano seguinte foram instituiacutedas normas para o processo dos dissiacutedios
coletivos pela Lei nordm 472565 Tais medidas alertavam para o teor coercitivo do
governo militar e da sua proposta de crescimento econocircmico que penalizava a
classe trabalhadora do paiacutes
Na mesma medida em que manifestava sua posiccedilatildeo coercitiva e de controle
sobre as relaccedilotildees de trabalho o governo militar dava iniacutecio a propostas dos
trabalhadores como forma de compensaccedilatildeo pela falta de liberdade Em 1966 foi
criado o Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) o qual unificou os Institutos
de Aposentadorias e Pensotildees sob o Dec Lei nordm 7266 amparado pelo Ato
Institucional nordm 2 de 27111965 Em 1970 foram criados o Programa de Integraccedilatildeo
Social (PIS) sob a Lei nordm 071970 com o propoacutesito de ―[] promover a integraccedilatildeo do
empregado na vida e no desenvolvimento das empresas (art 1ordm) e o Programa de
Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash sob a Lei Complementar nordm
0870 Em 1971 a poliacutetica de trabalho passa a ser voltada ao meio rural por meio da
constituiccedilatildeo do Programa de Assistecircncia ao trabalhador Rural (PRORURAL) sob a
Lei Complementar 2571 Esta poliacutetica tinha o objetivo de dar assistecircncia ao
trabalhador rural que ateacute entatildeo natildeo possuiacutea benefiacutecios na legislaccedilatildeo trabalhista
Segundo Oliveira (2012)
Essa foi a primeira legislaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de um sistema previdenciaacuterio que beneficiasse os trabalhadores rurais benefiacutecio ampliados agraves empregadas domeacutesticas e em 1973 aos trabalhadores autocircnomos Essa inclusatildeo tardia dos trabalhadores rurais domeacutesticos e autocircnomos evidencia a poliacutetica trabalhista corporativa e excludente do Brasil e denota a ausecircncia de um sistema de garantias sociais para o conjunto da classe trabalhadora e dos trabalhadores fora do mercado de trabalho (OLIVEIRA 2012 p 497)
Em 1973 os empregados domeacutesticos passam a gozar dos benefiacutecios
instituiacutedos pela Lei orgacircnica da Previdecircncia Social amparados pelo Dec Lei
7188573 Em 1974 com o objetivo de ampliar a atenccedilatildeo ao trabalhador eacute criado o
42
Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) sob a Lei 603674 Outros
dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador foram criados como o Salaacuterio Maternidade
(Lei 613674) e o ―amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e
para invaacutelidos definitivamente incapacitados para o trabalho que natildeo exerccedilam
atividades remuneradas [] (Lei 617964 art 1ordm) No ano de 1975 ―sob a eacutegide da
Convenccedilatildeo nordm 88 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que orienta cada
paiacutes-membro a manter um serviccedilo puacuteblico e gratuito de emprego para a melhor
organizaccedilatildeo do mercado de trabalho (MTPS site) foi elaborado o Sistema Nacional
de Emprego (SINE)
Ao observarmos o quadro acima percebemos que as poliacuteticas de emprego
estabelecidas no regime militar eram Poliacuteticas Ativas e voltadas aos trabalhadores
formalizados excluindo dessas poliacuteticas quase em sua totalidade as categorias natildeo
formalizadas de trabalhadores brasileiros
Somente a partir da deacutecada de 1980 final do regime militar comeccedilam a
surgir mudanccedilas significativas sobre poliacuteticas puacuteblicas passivas de emprego no
Brasil Nas palavras de Oliveira (2012)
O esgotamento do regime militar e a crise econocircmica que se instaurou no paiacutes revelaram a precariedade das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira e reacendeu o debate por melhores serviccedilos de infraestrutura e de inclusatildeo nos programas sociais possibilitando a emergecircncia de movimentos sociais urbanos que clamavam por direitos sociais e pela redemocratizaccedilatildeo no paiacutes (OLIVEIRA 2012 p 498)
213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil
A partir da segunda metade da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990
as poliacuteticas marcadas pelo restabelecimento do governo democraacutetico brasileiro se
expandiram e foram criados vaacuterios programas destinados natildeo somente a dar
atenccedilatildeo ao trabalho formal mas tambeacutem ao setor informal da economia Com o
crescimento e demanda desse setor ficou evidente a necessidade de criaccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas direcionadas na possibilidade de equacionar distorccedilotildees entre os
setores formais e informais Para Machado e Neto (2011) os governos subnacionais
(estados e municiacutepios) foram importantes na medida de abertura do microcreacutedito
natildeo somente para o setor formal mas tambeacutem para os trabalhadores autocircnomos e
empreendimentos menores que absorviam boa parte dos trabalhadores ocupados
43
Observamos que os direitos dos trabalhadores se ampliam com a
promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (Constituiccedilatildeo Cidadatilde) estabelecidos
em seu art 7ordm com previsatildeo a ―melhoria de sua condiccedilatildeo social (BRASIL 1988
art 7ordm) No entanto como observa Oliveira (2012) natildeo havia ainda uma
preocupaccedilatildeo em formular poliacuteticas passivas de atendimento natildeo somente aos
trabalhadores formais mas tambeacutem aos desempregados subempregados e aos natildeo
formalizados que representavam parcela significativa no mercado de trabalho
brasileiro Dessa forma segue Oliveira (2012)
[] o paiacutes sempre conjugou poliacuteticas macroeconocircmicas com poliacuteticas assistencialistas limitando-se a introduzir marcos regulatoacuterios para algumas categorias profissionais sem contudo se debruccedilar na construccedilatildeo de uma poliacutetica de emprego passiva ou ativa que contemplasse a subsistecircncia ou a (re) inserccedilatildeo dos trabalhadores expulsos do mercado de trabalho (p 499)
Destacamos (QUADRO 3) as principais poliacuteticas criadas para garantir
direitos sociais de atenccedilatildeo aos trabalhadores sob a promoccedilatildeo de poliacuteticas passivas
para mercado de trabalho
QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
continua ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
1986 Lei nordm 2283 de 27021986 ndash cria o Seguro Desemprego
Dispotildee sobre a instituiccedilatildeo [] do Seguro desemprego e daacute outras providecircncias
1988 Art XIII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo das horas trabalhadas que passa de 48 horas para
44 horas semanais
1990 Lei nordm 7998 de 11011990 Regula o Programa do Seguro-Desemprego o Abono Salarial institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)
financiado com recursos advindos do PIS e do PASEP
1994 Resoluccedilatildeo CODEFAT nordm 59 de 250394 ndash autoriza alocar recursos do FAT para o Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e
Renda (PROGER)
Eacute uma poliacutetica puacuteblica de emprego que se faz mediante concessatildeo de creacutedito
financeiro Tem por objetivo proporcionar linhas especiais de creacutedito em atividades
produtivas [] (MTPS)
1996
Resoluccedilatildeo 126 de 23101996 (CODEFAT) Criacatildeo do Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo
do trabalhador (PLANFOR)
Aprova criteacuterios para a utilizaccedilatildeo de recursos do Fundo de Amparo ao
Trabalhador - FAT pela Secretaria de Formaccedilatildeo e Desenvolvimento Profissional - SEFOR com vistas agrave execuccedilatildeo de accedilotildees
de qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo profissional no acircmbito do Programa do Seguro-
Desemprego no periacuteodo e 19971999
44
QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
Continuaccedilatildeo
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
1996
Decreto 1946 de 28061996 - Cria o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar ndash PRONAF
Apoio financeiro a atividades agropecuaacuterias ou natildeo-agropecuaacuterias para implantaccedilatildeo
ampliaccedilatildeo ou modernizaccedilatildeo da estrutura de produccedilatildeo beneficiamento industrializaccedilatildeo e de serviccedilos no estabelecimento rural ou em aacutereas comunitaacuterias rurais proacuteximas de
acordo com projetos especiacuteficos
1996
RESOLUCcedilAtildeO CODEFAT Nordm 103 de 631996 ndash Cria o Programa de Expansatildeo do Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador ndash PROEMPREGO
Art 1ordm [] objetivo de criar novos empregos incrementar a renda do
trabalhador proporcionar a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em
especial das camadas de mais baixa renda e propiciar a diminuiccedilatildeo dos custos de
produccedilatildeo no contexto internacional preservando e expandindo as
oportunidades de trabalho e assegurando o equiliacutebrio do meio ambiente
1998 Resoluccedilatildeo CODEFAT 194 de 23091998 - Estabelece criteacuterios para transferecircncia de
recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador ndash FAT ao Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador ndash PLANFOR
Art 2ordm O PLANFOR tem o objetivo de construir gradativamente oferta de
educaccedilatildeo profissional (EP) permanente com foco na demanda do mercado de
trabalho de modo a qualificar ou requalificar a cada ano articulado agrave
capacidade e competecircncia existente nessa aacuterea pelo menos 20 da PEA - Populaccedilatildeo Economicamente Ativa maior de 14 anos
de idade
11999
Criaccedilatildeo do Fundo de Aval para a Geraccedilatildeo de Emprego e Renda (FUNPROGER)
Tem a finalidade de garantir parte do risco dos financiamentos concedidos pelas instituiccedilotildees financeiras oficiais federais diretamente ou por intermeacutedio de outras instituiccedilotildees financeiras no acircmbito do Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda - PROGER Setor Urbano
22001
Medida Provisoacuteria nordm 2164-41 de 24082001Subvenciona o trabalhador atraveacutes de Bolsa Qualificaccedilatildeo profissional
Altera a Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho - CLT para dispor sobre o trabalho a tempo parcial a suspensatildeo do contrato de trabalho e o programa de qualificaccedilatildeo profissional
22001
Lei nordm 10208 de 23032001 -Acrescenta os artigos 3ordmA 6ordmA 6ordmB 6ordmC e 6ordmD agrave Lei n
o 5859 de 11 de dezembro de 1972
Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico para facultar o Acesso em ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo - FGTS e ao seguro-desemprego (texto da poliacutetica)
22003
Lei 10779 de 25112003 Dispotildee sobre a concessatildeo do benefiacutecio de seguro desemprego durante o periacuteodo de defeso ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal (texto da poliacutetica)
22005
Decreto 5598 de 1122005 ndash Estabelece as normas para o Programa de Aprendizagem Profissional
Regulamenta a contrataccedilatildeo de aprendizes
45
QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
Conclusatildeo
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
22008
Lei Complementar 128 de 191208 ndash Criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI)
ART 18E - O instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo social e previdenciaacuteria
FONTE SENADO FEDERAL OLIVEIRA (2012) MTE BATISTA (2009)
As poliacuteticas de trabalho no Brasil quase que exclusivamente atingiam os
trabalhadores formalizados deixando fora de poliacuteticas especiacuteficas categorias natildeo
definidas dentro do setor formal isolando-os de direitos trabalhistas e
previdenciaacuterios Com a evoluccedilatildeo da economia de mercado informalizado e
considerando que boa parte dos trabalhadores sobrevivia do trabalho informal o
que nesse sentido como analisa Pastore (2006) gerava distorccedilotildees no setor
previdenciaacuterio o governo brasileiro instituiu a LC 1282008 com objetivos de 1)
criar a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual 2) promover a formalizaccedilatildeo
de trabalhadores que manteacutem atividades fora das relaccedilotildees de mercado formais 3)
promover a inclusatildeo social desses trabalhadores
214 Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI
Em 2008 foi regulamentada no Brasil a Lei Complementar (LC) nordm 12808 a
qual estabeleceu a pessoa juriacutedica do Microempreendedor Individual (MEI) em
complemento a LC 123 de 14 de dez de 20064 Esta poliacutetica puacuteblica representa uma
tentativa de resposta pelo poder puacuteblico ao crescente nuacutemero de trabalhadores
informais exercendo as mais diversas atividades econocircmicas e em muitos casos
em situaccedilatildeo de vulnerabilidade por exerciacutecios de trabalho precaacuterio irregular ou ilegal
em desconformidade com a legislaccedilatildeo trabalhista natildeo oportunizando dessa forma
os direitos previdenciaacuterios conquistados pelos trabalhadores formalizados Como
referecircncia ao MEI a legislaccedilatildeo traz a seguinte redaccedilatildeo
4A LC 12306 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser
dispensado agraves microempresas e empresas de pequeno porte no acircmbito dos poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal [] (art 1ordm) e segundo Guimaratildees (2011) a Lei Geral de 2006 estaacute relacionada agrave geraccedilatildeo de desenvolvimento econocircmico
46
Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se MEI o empregador individual a que se refere o art 966 da lei 10406 de 10 de janeiro de 2002 (Coacutedigo Civil) que tenha auferido receita bruta no calendaacuterio anterior de ateacute R$ 6000000 (sessenta mil reais) optante pelo Simples Nacional e que natildeo esteja impedido de optar pela sistemaacutetica prevista neste artigo (LC 12808 art 18ordf sect 1ordm)
Segundo a redaccedilatildeo da referida LC ―o instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica
que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo
social5 e previdenciaacuteria (BRASIL 2008 art 18-E) natildeo sendo objeto apenas de
caraacuteter econocircmico ou fiscal (idem sect 1ordm) Portanto como analisa Souza (2010 p15) o
―MEI tem como objetivo alcanccedilar aqueles empreendedores menores os chamados
autocircnomos ou ambulantes como cabeleireiros sapateiros costureiras pipoqueiros
entre outros e segundo Federaccedilatildeo Nacional das Empresas de Serviccedilos Contaacutebeis
e das Empresas de Assessoramento Periacutecias Informaccedilotildees e Pesquisas
(FENACON) tal poliacutetica puacuteblica consiste num dos ―maiores projetos de inclusatildeo
social colocados em praacutetica no paiacutes e assim decorre de uma accedilatildeopoliacutetica do
Estado perceptiacutevel frente a um problema soacutecioestrutural e que essa accedilatildeo estaraacute
diretamente ligada a fatores conjunturais e influenciaraacute a vida das pessoas
Com o advento da pessoa juriacutedica do MEI aleacutem da facilidade no processo
burocraacutetico de formalizaccedilatildeo das suas atividades pode-se verificar o baixo custo
tributaacuterio tanto para a previdecircncia quanto para os estados e municiacutepios muito
embora os encargos tributaacuterios se diferenciem dependendo da atividade
desenvolvida pelo empreendedor individual
Portanto com os objetivos expressos de inclusatildeo social previsto na
referente LC devemos destacar dois fatores muito importantes a) o aumento da
contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria b) o aumento na receita dos municiacutepios (ainda que
pequeno) Quanto agrave contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria o Microempreendedor Individual
estaraacute isento do Imposto de Renda sobre Pessoa Juriacutedica (IRPJ) do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) da Contribuiccedilatildeo Social sobre Lucro liacutequido (CSLL)
da Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) do
Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) e da Contribuiccedilatildeo Patronal Previdenciaacuteria no
entanto recolheraacute em forma de tributaccedilatildeo um valor fixo mensal no valor de R$
51656 disposto no art 18A sect 3ordm inciso V da referida LC desse modo isentando-o
5 Grifo nosso ndash texto incluiacutedo pela LC 1472014
6Valor expresso ateacute a data referente a esta pesquisa ndash ano base 2016
47
do regime de tributaccedilatildeo - o Simples Nacional O recolhimento de tributaccedilatildeo seraacute da
seguinte forma (LC 12808 art 18ordf inciso V aliacuteneas a b c)
a) R$ 4565 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) a tiacutetulo
da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria
b) R$ 100 (um real) a tiacutetulo ICMS
c) R$ 500 (cinco reais) a tiacutetulo de ISS
A referida LC em seu art 18E sect3ordm enquadra o MEI na modalidade de
microempresa no entanto com especificidade conceitual diferenciada do que refere
o art 3ordm item l da LC 12306 ―no caso da microempresa aufira em cada ano-
calendaacuterio receita bruta igual ou inferior a R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil
reais) Sem embargo a redaccedilatildeo no mesmo artigo em seu sect2ordm estende ao MEI
todos os benefiacutecios dispensados agrave pequena empresa sempre que favoraacutevel
Eacute compreensiacutevel o enquadramento do MEI na modalidade de microempresa
posto que a LC 12306 foi o marco de abertura para o processo de formalizaccedilatildeo
desburocratizaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo das micro e pequenas empresas que se
encontravam na informalidade dos seus negoacutecios comerciais possibilitando nesse
sentido a valorizaccedilatildeo e a inclusatildeo de uma quantidade significativa de empresas no
curso da regularizaccedilatildeo previdenciaacuteria social e econocircmica Os dispositivos
colocados tanto na facilidade para a abertura da empresa baixa tributaccedilatildeo e
tratamentos diferenciados nas licitaccedilotildees puacuteblicas como procedimentos de estiacutemulos
e apoio para a inovaccedilatildeo contrataccedilatildeo capacitaccedilatildeo e ao associativismo inclina-se na
construccedilatildeo no nosso entendimento de uma base complementar entre Poliacutetica
Publica Ativa e Poliacutetica Puacuteblica Passiva a) quanto agrave natureza estrutural b) quanto agrave
abrangecircncia fragmentada e c) quanto aos impactos redistributiva (TEIXEIRA
2002)
As micro e pequenas empresas e o microempreendedor individual
amparados pelas LC 12306 e LC 12808 respectivamente formam um segmento
do mercado aberto que nas anaacutelises de Sacks (2003) eacute excepcionalmente
importante para o desenvolvimento socioeconocircmico do paiacutes pois aleacutem de
representar uma economia que chega a 27 do PIB brasileiro corresponde ao
emprego de mais de 90 dos trabalhadores operantes no paiacutes portanto uma fonte
inestimaacutevel de geraccedilatildeo de renda
No entanto como observa o autor o isolamento dessas MPE assim como
os MEI (atividades produtivas de pequeno porte) frente a um mercado aberto natildeo
48
poderaacute corresponder agraves expectativas de expansatildeo em decorrecircncia da concorrecircncia
com empresas maiores e mais estruturadas atuantes no livre mercado Como
assinala Sachs (2003)
Esses pequenos empreendedores e produtores se submetidos apenas aos processos de mercado natildeo tecircm condiccedilotildees de competir com empresas estruturadas de maior porte ndash a natildeo ser concorrendo agrave ―competitividade espuacuteria que se traduz em salaacuterios baixos jornadas longas de trabalho sonegaccedilatildeo de impostos e natildeo recolhimento de encargos sociais (SACHS 2003 p 21)
Para esse autor o desafio em alterar esse quadro estaria em promover a
qualificaccedilatildeo acesso em agrave tecnologia ao creacutedito e ao mercado considerando
igualmente a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas menos setorizadas mas que
concebessem a integraccedilatildeo dos setores da economia propiciando a aproximaccedilatildeo das
empresas agrave competitividade Ou seja ―uma accedilatildeo afirmativa em favor dos mais
fracos sem poder e sem voz (SACHS 2003 p 21)
As microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) satildeo
estruturalmente diferenciadas dos microempreendedores Individuais tanto nas
dimensotildees fiacutesicas quanto na capacidade de abrangecircncia e inserccedilatildeo no mercado
sendo igualmente objeto diferenciado constante nas regulamentaccedilotildees descritas nas
LC 12306 e LC 12808 respectivamente quanto ao enquadramento sobre a receita
agraves obrigaccedilotildees tributaacuterias e fiscais O art 3ordm incisos I e II da LC 12306 nos diz como
jaacute mencionado acima que a microempresa eacute aquela que possui receita bruta anual
de ateacute R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil reais) a receita bruta da empresa de
pequeno porte por sua vez natildeo pode ser inferior a R$ 36000000 e superior a R$
360000000 (trecircs milhotildees e seiscentos mil reais) por outro lado o MEI possui uma
exigecircncia de receitaano muito menor que as demais estabelecida com um teto de
R$ 6000000 conforme expressa o art 18ordf sect 1ordm
Consideremos que as obrigaccedilotildees tributaacuterias diferenciadas para as
microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional7
descrevem as necessidades de se conceber mecanismos de atendimento a esse
segmento empresarial de importacircncia comprovada para a economia do paiacutes e da
sua fragilidade de continecircncia no livre mercado Por outro lado temos o MEI
7Simples Nacional eacute um regime de tributaccedilatildeo diferenciado aplicados agraves Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte que consiste no recolhimento dos tributos previstos em lei em um documento uacutenico de arrecadaccedilatildeo (DAS) e da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria
49
marcado pela inseguranccedila muitas vezes da sua condiccedilatildeo de ―empreendedor
forccedilado em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no universo do trabalho denotando a
fragilidade socioeconocircmica que o permeia No entanto
No Brasil existem algumas entidades que atuam como propulsoras das potencialidades de micro e pequenas empresas estimulando a cultura do empreendedorismo Uma das principais eacute o SEBRAE (Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas) que atua dando suporte no processo de abertura e registro de empresas com orientaccedilatildeo cursos e palestras para minimizar o grau de mortalidade desses pequenos empreendimentos (SILVEIRA TEIXEIRA 2011 p 227)
A finalidade do SEBRAE nesse sentido eacute apoiar o desenvolvimento das
micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo atraveacutes de programas
de capacitaccedilatildeo consultoria e financcedilas no atendimento de empresaacuterios e potenciais
empreendedores
A poliacutetica maior do MEI atribui determinada responsabilidade aos governos
locais de deferirem poliacuteticas alinhadas agrave implantaccedilatildeo agravequela de atenccedilatildeo agrave categoria
uma vez que o desenvolvimento desse segmento pode subtender aleacutem da
inclusatildeo descrita no art 18E da LC 12808 um avanccedilo nas questotildees
socioeconocircmicas locais Mesmo com direcionamento o impacto pode ser absorvido
por outros segmentos sob a forma de fortalecimento do mercado interno local que
por sua vez concorre para o aumento e extensatildeo da geraccedilatildeo de emprego renda e
com isso o aumento da receita municipal
Sob a oacutetica do desenvolvimento local a partir da interpretaccedilatildeo do
pensamento de autores como Albuquerque e Zapata (2008) Sachs (2003)
Albuquerque (1997) dentre outros dialogando com a Lei Geral e suas alteraccedilotildees
(LC 12808 e LC 147 de 07 de ago de 2014) analisaremos algumas accedilotildees e
estrateacutegias de atendimento ao MEI desenvolvidas nos municiacutepios integrantes da
MRGP
50
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute
A Microrregiatildeo8 Geograacutefica de Paranaguaacute (MRGP) (MAPA 1) situada no
litoral paranaense eacute composta pelos municiacutepios de Antonina Guaraqueccedilaba
Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute (IPARDES 2012) e
apresenta enorme complexidade em sua estrutura social econocircmica e natural
marcada ainda por seacuterios problemas de gestatildeo de desenvolvimento e de
conservaccedilatildeo (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT et al2002)
Para Horochowski et al (2007) a MRGP apresenta
[] uma espacialidade conturbada com mais de 60 quilocircmetros de extensatildeo que liga os municiacutepios de Guaratuba Matinhos Pontal e tambeacutem Paranaguaacute Esses trecircs uacuteltimos possuem graus de urbanizaccedilatildeo superiores a 96 e satildeo marcadamente ordenados por grupos imobiliaacuterios promotores de praacuteticas especulativas e pela ocupaccedilatildeo de aacutereas ambientalmente vulneraacuteveis(HOROCHOWSKI etal (2007)
MAPA 1 -MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute
FONTE Adaptado do CORPO DE BOMBEIROSPR Disponiacutevel em(lthttpsgooglBhsDTx)
Segundo IPARDES a aacuterea territorial da MRGP corresponde a 6333233
Km2 abrigando uma populaccedilatildeo de 286602 habitantes com densidade demograacutefica
8 As microrregiotildees satildeo definidas pelo IBGE (1990) como partes da mesorregiatildeo e possuem
especificidades proacuteprias sem apresentarem uniformidade ou auto-suficiecircncia contudo articulam-se com espaccedilos maiores (mesorregiotildees ou Unidades da Federaccedilatildeo) Essas especificidades dizem respeito agraves estruturas de produccedilatildeo que podem apresentar quadros naturais sociais ou econocircmicos particulares localizados e regionalizados
51
de 4525 habKm2 e alto grau de urbanizaccedilatildeo de 9048 (TABELA 2) A ―forte
polarizaccedilatildeo urbana e industrial com o complexo portuaacuterio de Paranaguaacute e das aacutereas
urbano-turiacutesticas na orla sul (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT
et al2002 p 160) constitui um traccedilo caracteriacutestico do litoral paranaense e possui
dinacircmicas diferenciadas no processo econocircmico
No litoral paranaense conforme assinalam esses autores o meio natural
estaacute relativamente menos impactado que no restante do Estado principalmente nas
aacutereas rurais de Guaratuba e Guaraqueccedilaba que natildeo concorreram aos modelos de
desenvolvimento econocircmico adotados pelos municiacutepios do Estado que mantinham
bases predominantemente agriacutecolas e agroindustriais (idem p 161)
TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010)
MUNICIacutePIO POPULACcedilAtildeO
2000 2010
Antonina 19174 18891 Guaraqueccedilaba 8288 7871 Guaratuba 27257 32095 Matinhos 24184 29428 Morretes 15275 15718 Paranaguaacute 127339 140469 Pontal do Paranaacute 14323 20920
FONTE IBGE ATLAS BRASIL
A MRGP eacute componente da Mesorregiatildeo9 de Curitiba e estaacute ligada agrave capital
paranaense atraveacutes da BR 277 Outras estradas alternativas que ligam a regiatildeo ao
Primeiro Planalto Paranaense podem ser observadas pela BR 376 (Guaratuba ndash
GaruvaSC) e pela estrada da Graciosa
A precaacuteria gestatildeo de desenvolvimento local10 e a falta de iniciativas que
atendessem as capacidades especificidades e realidades vividas localmente
concorreram para que o litoral paranaense se tornasse uma das regiotildees menos
9Entende-se por Mesorregiatildeo uma aacuterea individualizada em uma Unidade da Federaccedilatildeo que
apresenta formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico definida pelas seguintes dimensotildees o processo social como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de comunicaccedilatildeo e lugares como elemento de articulaccedilatildeo espacial Estas trecircs dimensotildees possibilitam que o espaccedilo delimitado como Mesorregiatildeo tenha uma identidade regional Esta identidade eacute uma realidade construiacuteda ao longo do tempo pela sociedade que aiacute se formou (IBGE 1990 p 8)
10
Atraveacutes do Sistema de Monitoramento da Implementaccedilatildeo da Lei Geral nos Municiacutepios Brasileiros disponibilizado pelo SEBRAE observamos que natildeo haacute poliacuteticas de desenvolvimento local nos municiacutepios integrantes da MRGP Disponiacutevel em (lthttpsgoogltb4OXE)
52
desenvolvidas do Paranaacute com altos iacutendices de pobreza baixo padratildeo de vida e
destacadas disparidades sociais como analisaram Raynaut et al (2002) e Turra e
Baccedilo (2014) Para esses uacuteltimos autores apoacutes realizarem estudos sobre Niacutevel de
Desenvolvimento Regional (NDR) no Paranaacute concluiacuteram que a MRGP possui um
niacutevel muito baixo (MB) de desenvolvimento o que estaacute relacionado agrave baixa
concentraccedilatildeo tecnoloacutegica e o niacutevel de ocupaccedilatildeo das pessoas
Abaixo (TABELA 3) demonstra uma evoluccedilatildeo no Iacutendice de Desenvolvimento
Humano (IDH) na MRGP
TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOSMUNICIacutePIOS DA MRGP
MUNICIacutePIO IDH POBREZA
2000 2010 2000 2010
Antonina 0582 0687 3339 1727
Guaraqueccedilaba 0430 0587 5387 3605 Guaratuba 0613 0717 1958 915 Matinhos 0635 0743 1671 616 Morretes 0573 0686 2364 1087 Paranaguaacute 0645 0750 1593 810 Pontal do Paranaacute 0622 0738 1741 598
FONTE IBGE ATLAS BRASIL
Alguns elementos como a longevidade a renda e a educaccedilatildeo contribuiacuteram
para o aumento do IDH Jaacute a queda no iacutendice de pobreza na MRGP pode ser
descrita igualmente pelo aumento da renda da populaccedilatildeo e de uma maneira mais
incisiva pela involuccedilatildeo da desigualdade nesses municiacutepios
No entanto o iacutendice da pobreza no caso de Antonina a exemplo segundo
IBGE (2010) chegou a 5022 e o iacutendice da pobreza subjetiva neste municiacutepio
ficou em 3018 Notemos que a permanecircncia da pobreza muitas vezes produz
um deslocamento e enfraquecimento das capacidades e potencialidades reais das
pessoas
31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP
A MRGP apresenta uma diversidade no setor econocircmico com atividades
agropastoris comercio induacutestria (setor industrial de Paranaguaacute) e o setor de
produccedilatildeo de bens e serviccedilos com ecircnfase no turismo sobretudo na orla sul da
regiatildeo que abrange os municiacutepios de Pontal do Paranaacute Matinhos e Guaratuba
53
ainda sujeitos agrave sazonalidade em decorrecircncia da temporada de praias (veratildeo) e o
inverno
Os setores produtivos da MRGP se apresentam de forma heterogenia com
ecircnfase na proporccedilatildeo do setor de comeacutercioserviccedilos que apresenta forte impacto
sobre a contrataccedilatildeo de pessoal formalizado (RAIS)
TABELA 4ndash DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)
FONTE IPARDES IBGE FUNPARUFPR
Observamos (TABELA 4) que a taxa de desemprego na MRGP em 2010
ficou em 7511 Frisamos que pela escassez de dados referentes ao setor informal
na MRGP natildeo foi possiacutevel estabelecer a descriccedilatildeo quantitativa das atividades
econocircmicas Poreacutem nas atividades exploratoacuterias de anaacutelise observamos enorme
diversidade das atividades informais no litoral serviccedilos domeacutesticos jardinagem
cabeleireiro manicure trabalhadores contratados para a limpeza de pescados
artesatildeos salgadeira doceira construccedilatildeo civil carpinteiros ambulantes catadores
de materiais reciclaacuteveis trabalhadores de Micro e Pequenas empresas
desprotegidos pela natildeo formalizaccedilatildeo trabalhadores rurais trabalhadores em
oficinas de mecacircnica de automoacuteveis motocicletas e bicicletas dentre outros
trabalhadores
A economia informal ou economia submersa (CATANI 1985) segundo
alguns autores como Sachs (2003) Antunes (2011) Matsuo (2008) se apresenta de
11
O desemprego foi calculado sobre a PEA (populaccedilatildeo economicamente ativa) em relaccedilatildeo agrave PO
(populaccedilatildeo ocupada) incluindo os setores formal e informal A PEA pode ser definida como o []
potencial de matildeo-de-obra com que pode contar o setor produtivo isto eacute a populaccedilatildeo ocupada e
a populaccedilatildeo desocupada (IBGE) A PO compreende aquelas pessoas que num determinado periacuteodo
de referecircncia trabalharam ou tinham trabalho mas natildeo trabalharam (por exemplo pessoas em feacuterias) As pessoas ocupadas sao classificadas em a) empregados b) conta proacutepria c) empregadores d) natildeo remunerados (idem)
TRABALHO REGIAtildeOANO
2000 2010
Populaccedilatildeo em Idade Ativa (PIA) (pessoas) 175483 223295 Populaccedilatildeo Ocupada total (PO) (pessoas) 85863 115811 Pessoal ocupado assalariado (pessoas) nd 51576 Populaccedilatildeo Economicamente Ativa (PEA) 100628 125263 Taxa de Atividade de 10 anos ou mais () 547 5625 T de Ocupaccedilatildeo de 10 anos ou mais () nd 9245
54
maneira complexa pelo volume frente a uma nova conjuntura e modificaccedilotildees no
mundo do trabalho um meio diferenciado encontrado pelas pessoas como
enfrentamento ao crescente processo de erradicaccedilatildeo do emprego formalizado Tais
formas de ―sobrevivecircncia laboral encontram suporte legal no art 170 paraacuteg uacutenico
da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 onde ―eacute assegurado a todos o livre exerciacutecio de
qualquer atividade econocircmica independentemente de autorizaccedilatildeo de oacutergatildeos
puacuteblicos salvo nos casos previstos em lei (BRASIL 1988)
Quanto ao emprego formal na MRGP verificamos (TABELA 5) um aumento
de 36 no quantitativo dos empregos ativos
TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014)
MUNICIacutePIO EMPREGOS
ATIVOS
2013 2014
Antonina 3169 3193 Guaraqueccedilaba 810 796 Guaratuba 5874 6509 Matinhos 7341 7838 Morretes 2252 2347 Paranaguaacute 38133 38275 Pontal do Paranaacute 3691 4543
Total 61270 63501
FONTE MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGOCAGED
Na tabela acima (TABELA 5) constatamos que o municiacutepio de
Guaraqueccedilaba apresentou variaccedilatildeo percentual negativa de -173 entre os anos de
2013 e 2014 e destacamos Guaratuba com o aumento na variaccedilatildeo relativa de
1081 seguida por Matinhos 677 e Morretes com uma variaccedilatildeo percentual de
422 na geraccedilatildeo de empregos
A compreensatildeo da evoluccedilatildeo na geraccedilatildeo de empregos nos remete ao
entendimento do comportamento da economia e das relaccedilotildees entre mercado capital
e trabalho Neste conjunto de elementos estatildeo alinhados o processo produtivo as
atividades produtivas e as forccedilas de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo
Segundo Salzbac Denardin e Felisbino (2012) a demanda do fluxo de
seguimentos produtivos eacute uma caracteriacutestica de cidades poacutelos pela oferta de
emprego no setor de comeacutercio e serviccedilos Dessa forma ao analisar o cenaacuterio
econocircmico do litoral paranaense esses autores concluiacuteram que
55
Os municiacutepios litoracircneos do Paranaacute os quais natildeo fazem parte de uma regiatildeo metropolitana natildeo apresentam empregos em volume significativos nem no setor industrial nem no setor de serviccedilos o que implica na baixa capacidade de geraccedilatildeo de tributos proacuteprios limitando tambeacutem a oferta de serviccedilos puacuteblicos [] os setores de serviccedilos comeacutercio e de administraccedilatildeo puacuteblica foram os segmentos que mais mantinham empregos ativos na MRGP (SALZBAC DENARDIN FELISBINO 2012 p 117)
TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR ECONOcircMICO
SETOR ECONOcircMICO Ano
2013 2014
1 extrativa mineral 187 188 2 induacutestria de transformaccedilatildeo 6100 6512 3 serviccedilos industriais de utilidade puacuteblica 294 255 4 construccedilatildeo civil 1722 1993 5 comeacutercio 15302 16154 6 serviccedilos 26660 27140 7 administraccedilatildeo puacuteblica 10501 10789 8 agropecuaacuteria ext vegetal caccedila e pesca 504 470
FONTE MTECAGED
Como podemos observar (TABELA 6) a maior parte dos empregos ativos
estaacute no setor terciaacuterio com especial atenccedilatildeo ao setor de serviccedilos
Um indicador econocircmico importante eacute o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que
permite ―espelhar o movimento econocircmico municipal e consequentemente o
potencial que o municiacutepio tem para gerar receitas puacuteblicas (MINAS GERAIS 2016)
Sobre o conceito poderemos dizer que o VAF eacute um instrumento
[] utilizado pelo Estado para calcular o iacutendice de participaccedilatildeo municipal no repasse de receita do Imposto sobre Operaccedilotildees relativas agrave Circulaccedilatildeo de Mercadorias e sobre Prestaccedilotildees de Serviccedilos de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicaccedilatildeo (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos municiacutepios [] Eacute apurado pela Secretaria de Estado de Fazenda [[ com base em declaraccedilotildees anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas nos respectivos municiacutepiosDisponiacutevel em (lthttpsgoogl80DhoU)
Com a anaacutelise do indicador acima mencionado poderemos verificar a
participaccedilatildeo na economia local por setor econocircmico e sua importacircncia nas poliacuteticas
de desenvolvimento e planejamento estrateacutegico na observacircncia das potencialidades
do mercado cultura local e heterogeneidade das atividades econocircmicas
Na MRGP o setor de comeacutercio e serviccedilos (setor terciaacuterio) notadamente
excetuando os municiacutepios de Antonina e Guaraqueccedilaba possui participaccedilatildeo maior
que a produccedilatildeo primaacuteria e a induacutestria local (TABELA 7) e constitui elemento de
56
anaacutelise importante na concepccedilatildeo de poliacuteticas de expansatildeo do emprego e renda12 Jaacute
a participaccedilatildeo sobre a receita dos municiacutepios a que apresenta menor potencial eacute a
produccedilatildeo primaacuteria em virtude da natildeo adoccedilatildeo do mesmo modelo industrial adotado
em outras regiotildees do Estado Paranaense
TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES
DA MRGP (2016)
MUNICIacutePIO PRODUCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA
INDUacuteSTRIA COMEacuteRCIO SERVICcedilOS
RECURSOS AUTOS
Antonina 4334454 125827796 68271749 Guaraqueccedilaba 3074904 5399117 3701577 4192 Guaratuba 15641921 21782241 119496927 47370 Matinhos 295763 23559310 109482578 147729 Morretes 12959951 23264839 44980267 14974 Paranaguaacute 54409213 1280856468 1980373389 543132 Pontal do Paranaacute
436246 19320486 68114345 19138
Total 91152452 1500010257 4788841664 1553070
FONTE IPARDES
Excetuando Paranaguaacute (TABELA 7) identificamos a fragilidade das receitas
municipais da MRGP e de outra maneira a fragilidade financeira e orccedilamentaacuteria jaacute
mencionadas por Sulzbach e Denardin (2012) que alertavam para a dependecircncia
financeira dos municiacutepios da MRGP para com as transferecircncias
intergovernamentais
Um dos principais indicadores da dependecircncia financeira dos municiacutepios agraves tributaccedilotildees das demais esferas pode ser observado atraveacutes das receitas de tributaccedilatildeo por setores produtivos e das receitas advindas de transferecircncias correntes Neste aspecto observa-se que os municiacutepios do litoral do Paranaacute apresentam uma dependecircncia financeira elevada das transferecircncias das esferas nacional e estadual O Municiacutepio com maior destaque eacute o de Guaraqueccedilaba que do total de suas receitas 93 adveacutem de transferecircncias correntes seguindo por Morretes com 78 e Antonina com 7052 das receitas advindas de transferecircncias (SULZBACH DENARDIN 2012 p 6)
Ainda observando a tabela 7 percebemos que o polo industrial e comercial
da MRGP eacute o municiacutepio de Paranaguaacute pressupondo importante vetor da economia
local e do seu posicionamento estrateacutegico diante dos outros municiacutepios da regiatildeo
tanto na articulaccedilatildeo com outros centros comerciais e industriais da Mesorregiatildeo
12
Para melhor compreensatildeo sobre as modificaccedilotildees no processo capitaltrabalho e o crescimento do setor terciaacuterio na economia ver CHESNAIS (1996) OFFE (1984) SUPERVILLE QUINtildeONES (2000)
57
pertencente quanto da Microrregiatildeo com os municiacutepios circunvizinhos e pelo
proacuteprio dinamismo da sua economia interna
Consideremos que o crescimento econocircmico segundo Sachs (2004) e
Furtado (2008) eacute um elemento importante no processo de desenvolvimento poreacutem
natildeo eacute o uacutenico a ser considerado mas sim eacute necessaacuterio incorporar
simultaneamente a extensatildeo dos direitos
Abaixo (TABELA 8) observando o PIB per capita dos municiacutepios da MRGP
destaca-se a vulnerabilidade econocircmica do municiacutepio de Guaraqueccedilaba em relaccedilatildeo
aos demais sobretudo em relaccedilatildeo ao municiacutepio de Paranaguaacute que supera a meacutedia
da regiatildeo A fragilidade econocircmica de Guaraqueccedilaba deriva de vaacuterios aspectos 1) a
dificuldade do acesso agrave aacuterea urbana do municiacutepio considerando que a uacutenica estrada
que liga o municiacutepio a outras localidades natildeo eacute pavimentada e tem uma extensatildeo
de aproximadamente 86 km Outra forma de acesso agrave cidade eacute atraveacutes do mar
pela baiacutea de Guaraqueccedilaba A dificuldade de cesso tem enorme impacto tanto para
escoar a produccedilatildeo local como para obter materiais e equipamentos agrave difusatildeo da
induacutestria quase ou completamente nula 2) a restriccedilatildeo ambiental agrave implantaccedilatildeo de
empresas 3) a falta de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento do municiacutepio
assinaladas por RAYNAUT et al (2002) na promoccedilatildeo de programas de gestatildeo com
as especificidades locais que fomentem o impulso do trabalho e da renda
TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP
MUNICIacutePIO 2013 (R$ 100)3 2014 (R$)
4
Antonina 1851678 17557
Guaraqueccedilaba 861303 8723
Guaratuba 1474865 15004
Matinhos 1648075 17238
Morretes 1390945 13638
Paranaguaacute 4155699 42193
Pontal do Paranaacute 1434381 15040
MRGP 29076 29489
FONTE IBGE IPARDES
A principal fonte de receita dos municiacutepios da MRGP jaacute indicada por
Sulsbach e Denardin (2010) deriva principalmente das transferecircncias correntes
intergovernamentais (Uniatildeo e Estado) o que possibilita um entendimento da
fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria do setor produtivo
58
Em suma no nosso entendimento a transferecircncia corrente tem o propoacutesito
de manutenccedilatildeo da coisa puacuteblica e do funcionamento da estrutura estatal
Percebemos nesse sentido que um dos maiores empregadores formais direta e
indiretamente da MRGP acaba por ser os governos subnacionais que atuam como
contratadores de serviccedilos temporaacuterios contratos de prestaccedilatildeo de serviccedilos
terceirizados e pessoal concursado (efetivo) aleacutem de contratar serviccedilos
especializados de manutenccedilatildeo de pequenas empresas e materiais de uso diaacuterio
Segundo DIEESE (2015 p 74) a distribuiccedilatildeo de empregos formais por
atividade econocircmica no Brasil entre os anos de 2009 a 2014 apresentou os
seguintes resultados onde destacaremos os principais a) serviccedilos (349) b)
comeacutercio (194) c) induacutestria de transformaccedilatildeo (172) d) administraccedilatildeo puacuteblica
(188) Dessa forma observamos que o setor de serviccedilos aleacutem de expandir as
possibilidades de emprego se manteacutem como o principal setor a contratar
Como jaacute mencionado acima a MRGP possui enorme heterogeneidade em
sua composiccedilatildeo econocircmica especificidades locais e uma distribuiccedilatildeo espacial dos
setores econocircmicos advinda das caracteriacutesticas de cada municiacutepio por vezes
semelhantes como eacute o caso nas aacutereas rurais da produccedilatildeo de farinha de
mandioca13 e da exploraccedilatildeo de produtos de origem vegetal (cipoacute guaricana e
musgo) produccedilatildeo de arroz de banana de palmito14 e de gengibre a cultura do taiaacute
caraacute e mandioca e hora muito distintas como eacute caso do polo industrial de
Paranaguaacute destacando os complexos portuaacuterios de Paranaguaacute e Antonina Assim
como destacamos na economia local da MRGP a exploraccedilatildeo do turismo sobretudo
na orla sul abrangendo os municiacutepios de Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute
com maior potencial no veratildeo Em Guaraqueccedilaba o turismo eacute voltado agrave praacutetica da
pesca esportiva que se estende o ano todo movimentando natildeo soacute os restaurantes
e comeacutercio urbanos mas restaurantes e pousadas nas ilhas de Tibicanga Bertgiga
Canudal Barbados e Superagui
O municiacutepio de Paranaguaacute abrange o maior nuacutemero de empresas na regiatildeo
(TABELA 9)15 e eacute destacadamente o maior poacutelo empresarial e industrial com
13
A produccedilatildeo de farinha atinge a MRGP em sua totalidade Ver DENARDIN LAUTERT e RIBAS (2009)lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphpcadarticleviewFile42573236 14
A produccedilatildeo do palmito representou em 2015 cerca de 6872 (3233 toneladas) da produccedilatildeo estadual e a banana correspondeu a 4484 (91284 cachostoneladas) do Estado IPARDES) 15
Houve variaccedilatildeo nos nuacutemeros entre as tabelas 9 e 10 pois a montagem da tabela 10 ocorreu dias apoacutes a montagem da tabela 9
59
4691 das Empresas Ativas 467 das MPE (Micro e Pequena Empresa) e
4548 dos MEI (Microempreendedor Individual) da MRGP Outra caracteriacutestica
particular eacute o municiacutepio de Guaraqueccedilaba que apresenta o menor quadro
empresarial com 129 das Empresas ativas 125 das MPE ativas e 162 do
MEI do total da regiatildeo
TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016)
MUNICIacutePIO EMPRESAS ATIVAS MPE MEI
Antonina 1832 1705 571 Guaraqueccedilaba 462 427 193 Guaratuba 4788 4586 1569 Matinhos 5185 4912 1799 Morretes 1926 1831 510 Paranaguaacute 16800 15832 5394 P do Paranaacute 4817 4604 1823
Total 35810 33897 11859
FONTE FOacuteRUM PERMANENTENatildeo foi possiacutevel localizar dados em bases estatiacutesticas de anos
anteriores
As empresas compotildeem um quadro diversificado na economia da regiatildeo e a
participaccedilatildeo por atividade econocircmica nos municiacutepios pressupotildee certo dinamismo da
economia com destaque ao setor de comeacutercio e serviccedilos
Abaixo (TABELA 10) estatildeo as atividades econocircmicas desenvolvidas na
MRPG e a participaccedilatildeo das MPE e MEI na dinacircmica econocircmica
TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016) continua
ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE16
EMP ATIVAS MPE MEI
Agricultura pecuaacuteria prod Florestal pesca e aquicultura 93 59 11 Induacutestrias extrativistas 39 38 0 Induacutestria de transformaccedilatildeo 2483 2351 1076 Aacutegua esgoto atividades de resiacuteduos e descontaminaccedilatildeo 121 110 39 Construccedilatildeo 2067 2418 1323 Comeacutercio reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e motocicleta 15410 14693 4044 Transporte armazenagem e correio 1865 1654 340 Alojamento e alimentaccedilatildeo 6911 6681 2469 Informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 334 312 89 Atividades financeiras de seguros e serv relacionados 22 18 0
16
A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)
60
TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016)
conclusatildeo
ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE17
EMP ATIVAS MPE MEI
Atividades imobiliaacuterias 203 172 0 Atividades profissionais cientiacuteficas e teacutecnicas 792 718 235 Atividades Administrativas e serviccedilos complementares 1826 1722 536 Educaccedilatildeo 465 443 175 Sauacutede humana e serviccedilo social 308 282 12 Arte cultura esporte e recreaccedilatildeo 394 374 115 Outras atividades e serviccedilos 1868 1757 1324 Serviccedilos domeacutesticos 76 57 57
Total 35277 33859 11845
FONTE FOacuteRUM PERMANENTE
Observamos (TABELA 10) que as principais atividades desenvolvidas pelo
MEI na MRGP satildeo as seguintes Comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e
motocicletas (3414) alojamento e alimentaccedilatildeo (2084) outras atividades e
serviccedilos (1117) construccedilatildeo (1116) induacutestria de transformaccedilatildeo (908)
As atividades na economia desenvolvidas na MRGP possuem aspectos
importantes na comparaccedilatildeo entre os setores primaacuterio secundaacuterio e terciaacuterio Como
observado na tabela acima veremos que o setor terciaacuterio abrange uma parcela
significativa das empresas da regiatildeo Do total das Empresas Ativas 926
enquadram-se no setor de comeacutercio e serviccedilos as Micro e Pequenas Empresas
alocadas no setor terciaacuterio representam 928 e os Microempreendedores
Individuais formalizados somam 909 nesse setor Conveacutem ressaltar que nas
anaacutelises de Nogueira e Pereira (2015 p 41) ―[] em 2011 as empresas de pequeno
porte ndash incluindo uma ainda diminuta parcela de MEI ndash representavam quase 98
do total de empresas no paiacutes e ocupavam mais da metade dos trabalhadores
formais
Eacute importante ressaltar que a demanda pelo setor terciaacuterio acompanha um
fluxo de mercado agregado aos outros dois setores da economia e o crescente
volume dos serviccedilos se evidenciam nos processos de flexibilizaccedilatildeo do trabalho das
modificaccedilotildees nas suas relaccedilotildees e no deslocamento do arqueacutetipo do trabalho no
qual o trabalhador passa de um trabalhador fabril para a categoria de um
trabalhador de serviccedilos apontado por Superville e Quintildeones (2000) Para esses
autores a expansatildeo do setor de serviccedilos seguiu simultaneamente ao processo de
17
A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)
61
crescimento da informalidade e da prestaccedilatildeo de serviccedilos com pouca qualificaccedilatildeo (p
61)
Entendemos que para uma anaacutelise da informalidade eacute necessaacuterio considerar
sua heterogeneidade e a proporccedilatildeo da sua relaccedilatildeo e participaccedilatildeo no mercado
assim como as assimetrias manifestadas nas formas de exploraccedilatildeo da forccedila de
trabalho e na precarizaccedilatildeo da classe trabalhadora (ANTUNES 2011)
32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP
Ao definir aspectos legais para o enfrentamento do problema da
informalidade no Brasil atraveacutes de leis regulamentares e regras especiacuteficas que
asseguram direitos estabelecidos na Constituiccedilatildeo federal de 1988 o Estado
brasileiro reconheceu a necessidade de normatizar benefiacutecios e deveres agraves micro e
pequenas empresas e empreendedores individuais procurando reverter o quadro de
informalidade e precariedade nas condiccedilotildees de trabalho e de garantias de
seguridade social
Para a implantaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica no nosso entendimento alguns
aspectos devem ser considerados 1) descrever as suas circunstacircncias de modo que
suas propostas sejam claras 2) adaptaccedilatildeo dos aparelhos sociais e do Estado que
possam ser vinculados agrave Poliacutetica Puacuteblica 3) capacidade de articulaccedilatildeo e
compreensatildeo do processo e dos temas debatidos pelos diversos atores envolvidos
(OLIVEIRA 2013 p 284)
Nesse contexto admite-se natildeo somente subordinaccedilatildeo agrave Poliacutetica mas um
quadro de compreensatildeo e reconhecimento da sua legitimidade constituindo dessa
maneira uma institucionalidade
Para institucionalidade devemos considerar trecircs aspectos importantes 1)
instituiccedilotildees 2) ambiente institucional 3) arranjos institucionais
As Instituiccedilotildees descritas por Fiani (2013 p 8) ―satildeo as regrasformais e natildeo
formais que regulam as interaccedilotildees sociaisDesta feita como demonstra o autor a
criaccedilatildeo de estruturas regulamentares de normatizaccedilatildeo de procedimentos formais e a
interaccedilatildeo com o estabelecimento das relaccedilotildees subterracircneas que se desenvolvem
diante do dia- a dia na sociedade descrevem o ambiente institucional ou seja satildeo
as ―[] regras poliacuteticas sociais e legais mais baacutesicas e gerais que estabelecem o
fundamento para o funcionamento do sistema econocircmico (FIANI 2013 p 8) Os
62
arranjos institucionais por sua vez segundo esse autor satildeo as regras
particularmente constituiacutedas pelos sujeitos e que por sua vez estabelecem as
relaccedilotildees poliacuteticas sociais e econocircmicas
Para Fiani (2013) eacute inquestionaacutevel que as poliacuteticas puacuteblicas afetam a vida
dos sujeitos A sua implicaccedilatildeo nesse sentido interfere em modus operandi diverso
ao cotidiano das relaccedilotildees instituiacutedas nos arranjos preestabelecidos pois uma accedilatildeo
do Estado que remete a uma reorganizaccedilatildeo do aparato institucional pode alterar as
relaccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas locais
O estabelecimento de um aporte ou adaptaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo institucional
(ALBUQUERQUE 1997 FIANI 2013) que possibilite accedilotildees conjuntas entre
instituiccedilotildees puacuteblicas quanto privadas no processo de otimizaccedilatildeo do
desenvolvimento e manutenccedilatildeo das propostas de uma poliacutetica puacuteblica de
desenvolvimento de categorias especiacuteficas ou bases produtivas adquire capacidade
de assegurar melhor eficiecircncia e dar melhores respostas aos objetivos da poliacutetica
puacuteblica
Schneider (2005) explica que a problematizaccedilatildeo formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para enfrentamento de problemas natildeo se
encontra mais exclusivamente ao setor estatal na qual estaria em curso a
policentralidade na concepccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica O autor parte da perspectiva de
rede de poliacuteticas puacuteblicas na qual problemas relativamente puacuteblicos tambeacutem podem
ter interferecircncia do setor privado e a sua interaccedilatildeo Como demonstra o autor
a problematizaccedilatildeo e o processamento poliacutetico de um problema social (Mayntz 1982) natildeo eacute mais um assunto exclusivo de uma hierarquia governamental e administrativa integradasenatildeo que se encontra em redes nas quais estatildeo envolvidas organizaccedilotildees tanto puacuteblicas quanto privadas (SCHNEIDER 2005 p 37)
No entanto como observa Moraes (2003) mesmo com essa nova
configuraccedilatildeo pluralista e policecircntrica das relaccedilotildees poliacuteticas o Estado continua sendo
o protagonista do processo seja pela accedilatildeo reguladora e normatizadora seja pela
legitimidade constitucional A legitimidade se faz presente pela administraccedilatildeo
puacuteblica18
Igualmente acrescenta-se nas palavras de Fiani (2013 p 7) que ―[] os
arranjos institucionais apresentam grande importacircncia para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas
18
Sobre Administraccedilatildeo Puacuteblica ver BOBBIO N et al Brasiacutelia UnB 1998
63
de desenvolvimento em especial para as poliacuteticas que demandam cooperaccedilatildeo por
parte de agentes privados Ainda segundo Albuquerque (1997)a interaccedilatildeo entre os
agentes puacuteblicos e privados constitui um novo cenaacuterio dentro de uma nova
perspectiva de adaptaccedilatildeo que necessita de coordenaccedilatildeo institucional
Consideramos que dentro desse contexto as mudanccedilas e perspectivas
inovadoras tanto no campo teacutecnico quanto no campo organizacional exigem ―[]
adaptaccedilotildees institucionais para melhorar as atuaccedilotildees do setor puacuteblico e do conjunto
de empresas e atores sociais territoriais (idem p 01) Segue o autor
[] todo processo de desenvolvimento local requer uma programaccedilatildeo minuciosa que integre e ordene linhas de atuaccedilatildeo e recursos orientados a objetivos da participaccedilatildeo estrateacutegica entre diferentes agentes sociais locais puacuteblicos e privados A criaccedilatildeo compartilhada entre os agentes locais de um ―entorno territorial que facilite a inovaccedilatildeo do tecido produtivo e empresarial constitui um aspecto crucial da estrateacutegia de desenvolvimento (ALBUQUERQUE 1997 p 1)
Pensando localmente na interpretaccedilatildeo do SEBRAE ―o ambiente
institucional [] pode ser entendido como o conjunto de instituiccedilotildees de que um dado
municiacutepio se dotou para que a atividade dos indiviacuteduos aleacutem de compatiacutevel com a
sobrevivecircncia da comunidade seja tambeacutem convergente com a execuccedilatildeo dos
objetivos comuns (SEBRAE 2013)
A estabilidade a preservaccedilatildeo e equiliacutebrio das instituiccedilotildees (das regras
formais e informais) oferecem credibilidade e legitimidade agraves accedilotildees do Estado
As Instituiccedilotildees Poliacuteticas especificamente tem como objetivo mediar
interferir organizar gerir o processo democraacutetico bem como quando
necessaacuterioprotagonizar poliacuteticas flexiacuteveis de decisatildeo em relaccedilotildees inerentes a
sociedade numa tarefa de disciplinar regras que insiram sobre os indiviacuteduos direitos
contidos na Constituiccedilatildeo Federal
Exemplificamos assim uma caracteriacutestica nesse contexto do processo
poliacutetico eacute a intervenccedilatildeo estatal inferindo sobre a economia no sentido de aliviar
distorccedilotildees ocorridas pelo mau funcionamento do mercado atraveacutes de poliacuteticas
puacuteblicas que estabelecem regras e diretrizes na qual o poder19poliacuteticopuacuteblico20 eacute o
protagonista no processo Para Oliveira (2008 p 59)
19
Para compreender o processo de dominaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo do Poder consideramos as anaacutelises de FRANCcedilOIS CHAZEL in Boudon e Curvelo (1996) 20
BOBBIO N Et al Dicionaacuterio de poliacutetica Brasiacutelia UnB 1998
64
O poder nasce com o indiviacuteduo mas passa aos grupos e afinal ao Estado pelo processo de institucionalizaccedilatildeo A concentraccedilatildeo de poder eacute um fenocircmeno espontacircneo na sociedade nascida da necessidade de atender a interesses que demandam escala meta individual Satildeo as concentraccedilotildees de poder que estabilizadas pelo consenso e pelo costume levam ao surgimento das instituiccedilotildees poliacuteticas
Ao observarmos a histoacuteria do sistema capitalista assinalamos que em todos
os momentos de instabilidade e fragilidade econocircmica culminando na inseguranccedila
social subsiste a forte presenccedila do Estado com possibilidades de equacionar as
deformaccedilotildees ocasionadas pelo sistema e que de maneira inexoraacutevel afetam as
vidas das pessoas apontando dessa maneira certa ineacutercia do mercado em
resoluccedilotildees dessa natureza
Fiani (2001 p 2) nos diz que a intervenccedilatildeo do Estado o qual ele denomina
de regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo eacute ―integrada e condicionada pelos processos de
natureza histoacuterica e poliacutetica que afetam o conjunto da sociedade Nesse contexto a
regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo estatal dependem de comportamento poliacutetico social e
econocircmicoMuito embora o fator de regulaccedilatildeo esteja mais vinculado agraves atividades
econocircmicas as decisotildees satildeo tomadas na esfera poliacutetica
A Lei Geral de 2006 ndash lei de normatizaccedilatildeo das MPE (LC 12306) - a
exemplo aleacutem de fomentar o desenvolvimento local foi uma accedilatildeo regulamentadora
do Estado Brasileiro em buscar alternativa em equacionar deformidades na
economia do trabalho e assim reverter o processo de alargamento do setor
informal Certamente que a regulamentaccedilatildeo de setores da economia eacute uma forma
de regular e disciplinar accedilotildees
Cabe ressaltar que a Lei 12306 submeteu algumas instituiccedilotildees agrave adequaccedilatildeo
administrativa para assegurar o funcionamento dessa Poliacutetica Puacuteblica assim como
instituiu oacutergatildeos de gestatildeo com competecircncias deliberativas e regulamentadoras que
dispotildeem de jurisdiccedilatildeo sobre tributaccedilatildeo e legalizaccedilatildeo das empresas Essa lei
estabelece inicialmente a criaccedilatildeo de trecircs oacutergatildeos a tiacutetulo dessas competecircncias
Art 2
o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta
Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Comitecirc Gestor do Simples Nacional vinculado ao Ministeacuterio da Fazenda composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil como representantes da Uniatildeo 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municiacutepios para tratar dos aspectos tributaacuterios
65
II - Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte com a participaccedilatildeo dos oacutergatildeos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor para tratar dos demais aspectos ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo III - Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios - CGSIM vinculado agrave Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidecircncia da Repuacuteblica composto por representantes da Uniatildeo dos Estados e do Distrito Federal dos Municiacutepios e demais oacutergatildeos de apoio e de registro empresarial na forma definida pelo Poder Executivo para tratar do processo de registro e de legalizaccedilatildeo de empresaacuterios e de pessoas juriacutedicas
21 (BRASIL 2006)
321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP
Na adequaccedilatildeo municipal agrave Lei Geral e suas alteraccedilotildees (LC 12808 e LC
14714) com o propoacutesito de estimular o ambiente institucional as prefeituras em
parcerias com o SEBRAE criaram Comitecircs Gestores Municipais22 (CGM) com a
proposta de ―[] implementar e acompanhar a aplicaccedilatildeo [] da Lei Complementar
Federal nordm 1232006 na redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar Federal nordm 1282008
(PARANAGUAacute Dec 88713 art 1ordm) Os Comitecircs Gestores Municipais satildeo oacutergatildeos
de ―natureza colegiada para coordenar a poliacutetica relativa agrave micro e pequena empresa
no municiacutepio (SEBRAE 2013 p 61) e satildeo integrados por sujeitos da administraccedilatildeo
puacuteblica e de setores da sociedade civil
No modelo institucional adotado pelo CGM estaacute previsto o viacutenculo e parceria
entre Instituiccedilotildees Poliacuteticas (Federal Estadual e Municipal) Instituiccedilotildees Mercantis e
Instituiccedilotildees de Produccedilatildeo
As Instituiccedilotildees Poliacuteticas nesse contexto especiacutefico satildeo representadas pelo
Governo Local atraveacutes das suas secretarias e a Sala do Empreendedor no Governo
Federal e Estadual atraveacutes de Instituiccedilotildees de creacutedito e de educaccedilatildeo
Os municiacutepios da MRGP que estabeleceram CGM satildeo Paranaguaacute Pontal do
Paranaacute e Matinhos Estes aderiram ao Programa Cidade Empreendedora em
formato integral e com isso possuem assessoramento contiacutenuo junto ao SEBRAE
seja na forma de capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicosseja na forma de consultoria
para os MEI e MPE Para o SEBRAE
21
O inciso III do sect 2ordm da PLC 12306 foi incluiacutedo pela LC 1472014 22
Utilizarei a sigla CGM para designar Comitecirc Gestor Municipal
66
O Comitecirc Gestor Municipal eacute a forma pela qual este projeto de institucionalizaccedilatildeo da lei geral seraacute implantado e controlado O Comitecirc poderaacute ser constituiacutedo de atores (instituiccedilotildees pessoas) que compotildeem o poder puacuteblico municipal associaccedilotildees representantes da sociedade etc e deveraacute conduzir a institucionalizaccedilatildeo da lei geral de forma a obter o melhor ambiente possiacutevel para os empreendedores individuais e micro e pequenas empresas (SEBRAE 2013 p 12)
O municiacutepio de Paranaguaacute em 2013 criou o Comitecirc Gestor Municipal sob o
Decreto Municipal 88713 composto por seguimentos representantes dos setores
puacuteblico e privado conforme listados no quadro abaixo (QUADRO 4)
QUADRO 4 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
FONTE Decreto Municipal Paranaguaacute n 887 de 25 out 2013
Por finalidade segundo o referido Decreto o CGM teraacute que implementar e
acompanhar a aplicaccedilatildeo da Lei Municipal 080 de 06 marccedilo de 2008 que oferece
regime juriacutedico tributaacuterio simplificado e diferenciado agraves micro e pequenas empresas
no acircmbito municipal alinhando-se agrave LC 12306 Dentre as competecircncias do CGM de
Paranaguaacute estatildeo
Art 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta
Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Acompanhar a regulamentaccedilatildeo e a implementaccedilatildeo do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte no Municiacutepio inclusive promovendo medidas de integraccedilatildeo e coordenaccedilatildeo entre os oacutergatildeos puacuteblicos e privados interessados II - orientar e assessorar a formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica municipal de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte III - Acompanhar as deliberaccedilotildees e os estudos desenvolvidos no acircmbito do Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do
CONTROLADORIA GERAL
SECRETARIAS MUNICIPAIS
SALA DO EMPREENDEDOR
ASSOCIACcedilAtildeO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE PARANAGUAacute
SITEMA DE CREacuteDITO
SENAIFIEP
INSTITUTO FEDERAL DO PARANAacute
CAcircMARA MUNICIPAL
SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE PARANAGUAacute
67
Foacuterum Estadual da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e do Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios IV - Sugerir eou promover accedilotildees de apoio ao desenvolvimento da microempresa e da empresa de pequeno porte local ou regional(Paranaguaacute 2008 art 1ordm incisos I II III e IV)
Em Paranaguaacute o CGM atua de maneira articulada envolvendo todos os
atores nas estrateacutegias voltadas ao segmento empresarial e empreendedor local
inclusive com organizaccedilotildees do ―Sistema S como o SEBRAE e o SENAI que atuam
na aacuterea de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo desses segmentos econocircmicos
As estrateacutegias satildeo colocadas em praacutetica em conformidade com a
capacidade orccedilamentaacuteria disponibilizada para este fim Nesse caso o orccedilamento
descrito no Plano Plurianual do municiacutepio para o ―Programa de Geraccedilatildeo de Emprego
e Renda entre os anos de 2014 a 2017 tem como foco
Apoio aos pequenos e microempreendedores cooperativas e outras formas associativas de produccedilatildeo desburocratizando o processo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos Promoccedilatildeo de projetos inovadores Desenvolvimento e integraccedilatildeo de pequenas meacutedias e grandes empresas e induacutestrias estimulando a formaccedilatildeo de cadeias produtivas para induzir o crescimento ordenado e sustentaacutevel (PARANAGUAacute 2013 p 163)
Dentre as accedilotildees estabelecidas no Plano Plurianual 2014-2017 estatildeo a)
capacitaccedilatildeo para o primeiro emprego b) treinamento para os desempregados c)
prestaccedilatildeo de atendimento ao trabalhador
Quanto agrave capacitaccedilatildeo e treinamento perfeitamente compete ao CGM
articular accedilotildees envolvendo entidades do sistema S como o SEBRAE e o SENAI que
possuem competecircncias teacutecnicas para atender a demanda
Assim como Paranaguaacute a Sala do Empreendedor em Pontal do Paranaacute
subordinado diretamente agrave Secretaria Municipal de Desenvolvimento eacute o
departamento mais atuante do CGM no apoio ao MEI tanto pela sua posiccedilatildeo
estrateacutegica em que o agente de desenvolvimento atua diretamente com o MEI
quanto pela articulaccedilatildeo com os outros oacutergatildeos e secretarias municipais
O CGM de Pontal do Paranaacute foi instituiacutedo pelo Decreto municipal 54812015
e dentre os objetivos relatado pelo Secretaacuterio de Desenvolvimento estaacute o de
coordenar os trabalhos de assistecircncia ao microempreendedor em aspectos
relacionados agrave formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo a processos licitatoacuterios
68
QUADRO 5 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
FONTE Decreto Municipal Pontal do Paranaacute n 5481 de 23 dez 2015
Ainda segundo relatos do Secretaacuterio Municipal no iniacutecio da criaccedilatildeo do
Comitecirc Gestor houve divergecircncias falta de colaboraccedilatildeo e dificuldade no
entendimento da proacutepria Lei Geral e sobretudo das LC 12806 e LC 14714 poreacutem
com o amadurecimento das ideias em torno dos objetivos do CGM e das estrateacutegias
adotadas houve ganho de credibilidade dos oacutergatildeo puacuteblicos
A LC 14714 comenta o secretaacuterio era interpretada de formas diferentes
pelos oacutergatildeos O Corpo de Bombeiros a exemplo era muito resistente em se adaptar
ao disposto no art 4ordm sect 3ordm da referida lei que tratava sobre isenccedilatildeo total para a
abertura de empresa para o microempreendedor individual o que acarretava
divergecircncias na leitura e interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo
Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (BRASIL 2014 art 4ordm sect3ordm)
A Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do Litoral do Paranaacute
(AMPEC Litoral) relatou das dificuldades quanto agraves licitaccedilotildees e a capacidade dos
―menores em participar do processo Na posiccedilatildeo do entrevistado2 o municiacutepio se
revela em suas palavras ―mau pagador e tem ateacute 90 dias para efetuar o
pagamento23 tornando inviaacutevel para a maioria dos microempreendedores fornecer
ao municiacutepio O argumento eacute de que grande parte dos MEI natildeo possui capital
23
O art 73 sect 3ordm da Lei nordm 8666 de21 jun 1993 estabelece o prazo de noventa dias para que o objeto executado seja pago pela Administraccedilatildeo Puacuteblica contratante
SECRETARIAS MUNICIPAIS
AMPEC - LITORAL
ACIAPAR
ASSOCIACcedilAtildeO DOS ARTESAtildeO
SISTEMA DE CREacuteDITO
CENTRO DE ESTUDOS DO MAR
CONTADORES DE PONTAL DO PARANAacute
69
suficiente e capacidade econocircmica para suportar um prazo tatildeo longo para receber
os serviccedilos prestados
O CGM do municiacutepio de Matinhos apresentou caracteriacutesticas muito
peculiares em relaccedilatildeo aos de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Segundo o
entrevistado5 havia muitas divergecircncias dentro do CGM sobretudo quando as
decisotildees tomadas coletivamente natildeo continham energia suficiente para colocaacute-las
em praacutetica
QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS
FONTE Decreto Municipal Matinhos n 441 de 30 jul 2013
Outro ponto que dificultava as tomadas de decisotildees com base na demanda
legal e de aspectos ligados agrave Lei Geral era o fato da pouca compreensatildeo pelos
sujeitos envolvidos nas finalidades e propostas da Poliacutetica Puacuteblica em questatildeo
Sobre este e os problemas da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica Lima e Dlsquo Ascenzi
(2013) em suas anaacutelises apresenta alguns pontos importantes
[] em primeiro lugar haacute uma multiplicidade de atores de diferentes tipos de organizaccedilotildees com interesses diversos que satildeo agregados para operar a poliacutetica Tais atores interagem em uma trajetoacuteria de pontos de decisatildeo nos quais suas perspectivas se expressam Em segundo lugar os atores mudam com o passar do tempo Isso faz que a interaccedilatildeo tambeacutem mude pois mudam as perspectivas e a percepccedilatildeo que um ator tem do outro Essa mudanccedila de atores insere pontos de descontinuidade e de necessidade de novas e mais negociaccedilotildees(LIMA Dlsquo ASCENZI 2013 p 103)
322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento
A sala do Empreendedor parceria entre os cinco municiacutepios citados do
litoral paranaense e o SEBRAE tem funccedilotildees especiacuteficas tanto no atendimento ao
MEI quanto agraves MPE Os serviccedilos vatildeo desde a desburocratizaccedilatildeo e formalizaccedilatildeo ateacute
a consultoria de gestatildeo e financcedilas que satildeo realizadas gratuitamente pelos Agentes
de Desenvolvimento e por consultores do SEBRAE A ―Sala eacute uma adaptaccedilatildeo do
Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econocircmico
Secretaria Municipal de Administraccedilatildeo
Secretaria Municipal de Planejamento
Sindicato dos Contabilistas
Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Paranaacute - FECOMEacuteRCIO
Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos - ACIMA
70
SEBRAE ao Programa Cidade Empreendedora24 e tem como objetivo segundo esta
Instituiccedilatildeo de a) incentivar a legalizaccedilatildeo de negoacutecios informais b) facilitar a
abertura de novas empresas c) regularizar as atividades informais aleacutem de apoiar o
MEI quanto agrave formalizaccedilatildeo e informaccedilotildees necessaacuterias relativas agraves especificidades
da sua atuaccedilatildeo como MEI formalizado Segundo o portal do Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute satildeo ofertados os serviccedilos de
a) Atendimento presencial individual
b) Orientaccedilatildeo de controles - Caixa e Vendas
Palestras
c) Orientaccedilatildeo sobre direitos e obrigaccedilotildees
d) Programa Negoacutecio a Negoacutecio
Os Agentes de Desenvolvimento25 satildeo funcionaacuterios dos quadros das
prefeituras que recebem treinamento pelo SEBRAE com vistas a assumirem
responsabilidades co-participativas na implementaccedilatildeo da Lei Geral dentro dos
municiacutepios de atuaccedilatildeo Esses atores da administraccedilatildeo puacuteblica direta podem
constituir elementos estrateacutegicos na dinacircmica das ideias de desenvolvimento local
sobretudo no apoio agrave evoluccedilatildeo e estruturaccedilatildeo das micro e pequenas empresas
futuros empreendedores e empreendedores que jaacute atuam
Esses agentes possibilitam o entendimento na inovaccedilatildeo da administraccedilatildeo
puacuteblica quanto agrave movimentaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos recursos humanos inicialmente
em seus quadros de pessoal que atende agraves demandas de transformaccedilotildees ocorridas
nas dimensotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas a partir do pressuposto que estas
trecircs dimensotildees estatildeo associadas
1) Social ndash promovida principalmente pela ―revoluccedilatildeo expansatildeo
tecnoloacutegica e pela globalizaccedilatildeo
24
Programa do SEBRAE tem como objetivo ―potencializar a implementaccedilatildeo e institucionalizaccedilatildeo da Lei Geral visando agrave melhoria do ambiente de negoacutecios para o Microempreendedor Individual e para as micro e pequenas empresas contribuindo dessa forma com a geraccedilatildeo de emprego e renda (SEBRAE 2013 p 9) lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtgt 25
Para Albuquerque (1997) o processo de desenvolvimento exige a movimentaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo dos recursos humanos e estes devem ser vistos como peccedilas decisivas e natildeo somente como ferramentas ou objeto de produccedilatildeo mas sim como elementos chaves e atores importantes no desenvolvimento
71
2) Econocircmica ndash pelas contradiccedilotildees econocircmicas do sistema neoliberal que
culminaram com a falecircncia da estrutura de produccedilatildeo fabril abrindo
espaccedilo para o setor terciaacuterio
3) Poliacutetica ndash no Estado Democraacutetico de Direito a participaccedilatildeo mais efetiva
de movimentos sociais nas questotildees puacuteblicas altera aspectos e
mecanismos antigos da poliacutetica sobre maneira na perspectiva do
controle social e no quadro decisoacuterio
Em nossos estudos percebemos que a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas
favoraacuteveis ao desenvolvimento regional e local assim como o estabelecimento de
convecircnio e parceria com entidades ligadas ao desenvolvimento das capacidades
locais depende de alguns elementos 1) Estrutura municipal 2) A maturidade do
municiacutepio com relaccedilatildeo agraves concepccedilotildees de desenvolvimento local 3) O tema de
desenvolvimento local estar na pauta do municiacutepio (prioridades de gestatildeo) 4)
Definiccedilatildeo de estrateacutegias por conta da administraccedilatildeo de recursos 5) A maturidade do
empresariado local
323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI
Os municiacutepios que estabelecem parcerias com o SEBRAE possuem
algumas accedilotildees planificadas em virtude da proacutepria capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicos
envolvidas no processo de implementaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e do
convecircnio que prevecirc essas accedilotildees Muito embora a expansatildeo de accedilotildees que
melhorem o ambiente de fomento fica a criteacuterio dos municiacutepios Abaixo (QUADRO
9) descrevemos algumas accedilotildees adotadas pelas prefeituras na MRGP
QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP continua
MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES
ANTONINA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil
GUARAQUECcedilABA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil
72
QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP conclusatildeo
MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES
GUARATUBA - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - A ACIG estaacute estudando para abrir espaccedilo de associaccedilatildeo para o MEI com parcelas de contribuiccedilatildeo reduzida que pode chegar a 50 a menos do valor cobrado
MATINHOS - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (uma vez por mecircs) - Feira da Lua organizada pela AMPEC serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIMA para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo
PARANAGUAacute - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (a cada 15 dias) - Feira da Lua serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Cursos de curta duraccedilatildeo oferecidos pelo SEBRAE atraveacutes de consultoria para a capacitaccedilatildeo e creacutedito que satildeo intermediados junto a Sala do Empreendedor - Articulaccedilatildeo da Sala do Empreendedor com Instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas na constituiccedilatildeo de creacutedito como na capacitaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo - Cursos de capacitaccedilatildeo de fornecimento e compra com o objetivo de identificaccedilatildeo de fornecedores dentro do municiacutepio e que sejam aptos a participarem de processos licitatoacuterios - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIAPAR para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo
PONTAL DO PARANAacute - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas e planejamento (uma vez por mecircs) - Palestras para os vendedores ambulantes com o objetivo de orientaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo - A Feira da Lua que ocorre no balneaacuterio de Sta Terezinha atraveacutes de parceria com a prefeitura o BB o SEBRAE realizam serviccedilos de consultoria gratuitamente - Cursos em parceria entre Prefeitura e ACIAP para vendedores e compradores - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil
FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Pontal do Paranaacute Paranaguaacute e Morretes
A planificaccedilatildeo de algumas accedilotildees pelo sistema SEBRAE se traduz por um
lado na pouca experiecircncia municipal em estrateacutegias de desenvolvimento e por
73
outro lado a substituiccedilatildeo dos governos locais que podem alterar determinadas
estrateacutegias poreacutem as adotadas pela parceria entre o municiacutepio e o SEBRAE ficam
imunes agraves mudanccedilas
Ressaltamos que uma das accedilotildees do Estado importante para facilitar a
legalizaccedilatildeo e a expediccedilatildeo de registro de maneira desburocratizada da empresa eacute a
criaccedilatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de
Empresas e Negoacutecios (REDESIM) instituiacuteda pela Lei 1159807 Sublinhamos que a
partir desta lei a interaccedilatildeo entre os oacutergatildeos responsaacuteveis pela legalizaccedilatildeo e pela
expediccedilatildeo do registro de funcionamento ocorre por dados lanccedilados em sistema
unificado entre oacutergatildeos da federaccedilatildeo dos Estados e Municiacutepios A implantaccedilatildeo
dessa Lei no Paranaacute foi efetivada com a criaccedilatildeo do sistema Empresa
Faacutecilintegrando o Governo de Estado do Paranaacute Associaccedilatildeo dos municiacutepios do
Paranaacute Junta Comercial do Paranaacute e SEBRAE
No litoral paranaense como demonstrado pelo site do Empresa Faacutecil a
implantaccedilatildeo e habilitaccedilatildeo dos sete municiacutepios ao sistema operante estaacute completa
Como observado (QUADRO 7) acima veremos que os municiacutepios de
Paranaguaacute Pontal do Paranaacute e Matinhos que possuem parcerias com o SEBRAE
de forma integral constituem vaacuterias accedilotildees planificadas com base na orientaccedilatildeo de
capacitaccedilatildeo institucional proporcionada por essa instituiccedilatildeo e como mencionado
pelo agente do SEBRAE algumas accedilotildees satildeo planificadas mas a sala do
empreendedor de acordo com a administraccedilatildeo local tem flexibilidade para
aumentar os serviccedilos prestados aos MEI e realizar accedilotildees que viabilizem a melhoria
dos serviccedilos prestados
74
4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute
O litoral se constituiu de forma diferenciada no Paranaacute natildeo tendo
incorporado ao modelo de desenvolvimento capitalista adotado por outras regiotildees
conforme descrito anteriormente Uma das caracteriacutesticas importantes que
predomina na regiatildeo eacute a quase nula existecircncia de poliacuteticas de desenvolvimento
voltadas agraves capacidades locais e regionais
Nesse capiacutetulo dentro das concepccedilotildees de desenvolvimento local
analisaremos alguns elementos geradores de desenvolvimento de crescimento e de
sustentabilidade para o MEI na MRGP
41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR
MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI
A participaccedilatildeo municipal como vetor do desenvolvimento local eacute vital para
conduzir accedilotildees e estrateacutegias que objetivem a superaccedilatildeo de obstaacuteculos produzidos
por desequiliacutebrios nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica Para isso um municiacutepio
atuante e proativo nas questotildees internas provido de atitudes positivas mediante
planejamento e poliacuteticas puacuteblicas de maximizaccedilatildeo das capacidades locais pode
reverter circunstacircncias muitas vezes de fragilidade do tecido social e empresarial
para a otimizaccedilatildeo das condiccedilotildees que promovam o desenvolvimento das liberdades
humanas (autonomia do indiviacuteduo) (SEN 2000 PEREIRA 2006)
O crescimento populacional e a expansatildeo urbana desordenada a falta de
poliacuteticas puacuteblicas especiacuteficas de desenvolvimento regional e local expocircs um quadro
que coloca em evidecircncia a fragilidade econocircmica e administrativa dos governos
locais no litoral do Paranaacute para enfrentamento de problemas especiacuteficos na
economia do trabalho e na manutenccedilatildeo e extensatildeo de programas de infraestrutura
e ainda a dificuldade de implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas includentes que
necessitam de aplicaccedilatildeo significativa de capital
A MRGP em 2004 possuiacutea uma dos maiores PIB per capta do Estado com
a meacutedia acima da estadual constituindo uma das microrregiotildees mais dinacircmicas
segundo Trevisan e Lima (2010) sendo que Paranaguaacute como o grande vetor
75
econocircmico da regiatildeo posto o complexo portuaacuterio e industrial segundo os autores
firmava-se como o 4ordm municiacutepio do Paranaacute com maior PIB per capta No entanto
havia dessemelhanccedilas econocircmicas entre os municiacutepios da regiatildeo em que
Paranaguaacute o municiacutepio mais rico evidenciava disparidades em relaccedilatildeo aos outros
municiacutepios sobretudo Guaraqueccedilaba Matinhos e Morretes agrave eacutepoca os mais
pobres justamente pela sua capacidade de produzir riquezas em funccedilatildeo do porto
de Paranaguaacute
Em 2015 como demonstra o IPARDES Paranaguaacute continua sendo o
principal vetor econocircmico da regiatildeo poreacutem seu PIB per capta ficou abaixo da meacutedia
estadual assim como a sua receita teve decreacutescimo entre os anos 2013 e 2015
(TABELA 8)
Percebemos (GRAacuteFICO 1) que os municiacutepios de Morretes Antonina e
Paranaguaacute tiveram quedas em suas receitas entre os anos de 2014 e 2015 e suas
despesas (GRAacuteFICO 2) no mesmo periacuteodo aumentaram em relaccedilatildeo agraves receitas
destes municiacutepios A identificaccedilatildeo de uma queda de receita desse modo pode
constituir em impacto negativo para investimentos em setores necessaacuterios ao
desenvolvimento visto a baixa capacidade econocircmica municipal
GRAacuteFICO 1- RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS
FONTE IPARDES DEEPASK
No caso especiacutefico de Antonina em 2015 o municiacutepio aumentou para 4 a
aliacutequota do ISSQN (ISS) O setor portuaacuterio contraacuterio ao aumento realizou um
depoacutesito judicial do montante dos tributos Tal accedilatildeo juriacutedica representou uma das
000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Milh
otildees
(R
$)
2013
2014
2015
76
principais causas diretas na queda de arrecadaccedilatildeo municipal permitindo a reduccedilatildeo
da disposiccedilatildeo do municiacutepio em criar propostas de melhoria das condiccedilotildees
socioeconocircmicas da populaccedilatildeo O fato eacute que o aumento na aliacutequota desse tributo
na expectativa de aumentar as divisas municipais de Antonina poderaacute causar em
curto prazo efeito reverso como indicado pela Secretaria de Infraestrutura e
Logiacutestica do Paranaacute (2014)
Uma lei municipal que entra em vigor a partir de janeiro de 2015 pode tornar a cidade de Antonina menos competitiva para investimentos no setor portuaacuterio Eacute que o municiacutepio aprovou o aumento na cobranccedila da aliacutequota do Imposto Sobre Serviccedilos (ISS) que passaraacute a ser de 4 Isso coloca Antonina como a cidade mais cara entre as principais cidades portuaacuterias do centro-sul do Brasil
Portanto com a queda na capacidade de geraccedilatildeo de riquezas a
inviabilidade de intervir em problemas socioeconocircmicos atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas
e accedilotildees de meacutedio e longo prazos e com o enfraquecimento dos governos locais por
conta na reduccedilatildeo das receitas suas accedilotildees na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de
desenvolvimento local ficam limitadas Ainda assim alinhando-se a queda de
receita as despesas municipais em alguns casos ultrapassaram a arrecadaccedilatildeo
agravando ainda mais as contas puacuteblicas e impedindo investimentos em setores
estrateacutegicos para o desenvolvimento
GRAacuteFICO 2- ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015)
FONTE IPARDES DEEPASK
-
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Milh
otildees
(R
$)
Arrecadaccedilatildeo2015
Despesas2015
77
O maior desequiliacutebrio das contas puacuteblicas (relaccedilatildeo entre arrecadaccedilatildeo e
despesas) se deu no municiacutepio de Paranaguaacute em que as despesas superaram a
arrecadaccedilatildeo em 49 como observado (GRAacuteFICO 2)
As quedas de receitas refletem em parte o pouco investimento em setores
produtivos tais como o fomento e apoio agraves micro e pequenas empresas que se
constituem segundo o SEBRAE e Sachs (2003) no setor que mais gera empregos
locais e se constitui como fonte de geraccedilatildeo de divisas para os municiacutepios de outro
lado a complexidade em buscar alternativas de substituiccedilatildeo da arrecadaccedilatildeo se
traduz em fator importante
Em Morretes e Antonina no entanto algumas accedilotildees para aumentar a receita
foram colocadas em praacutetica Uma delas eacute o georreferenciamento dos imoacuteveis para o
pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que satildeo representados
por altas taxas de inadimplecircncia e segundo o entrevistado (6) pode chegar a 50
de devedores
O IPTU como observado nas cidades de Morretes Guaraqueccedilaba Antonina
e Paranaguaacute (GRAacuteFICO3) tem pouca expressividade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
desses municiacutepios Jaacute nos municiacutepios de Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute o
IPTU contribui significativamente na geraccedilatildeo de receita se posicionando acima da
meacutedia nacional que ficou em 2435 em 2014
GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) ()
FONTE DEEPASK ndash montagem dos autores lthttpwwwdeepaskcombrgoespage=Imposto---
IPTU-Veja-a-receita-tributaria-no-seu-municipiogt
0
10
20
30
40
50
60
valo
res p
erc
entu
ais
78
No municiacutepio de Morretes o processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria adotado
pela Secretaria de Infraestrutura no nosso entendimento consiste numa estrateacutegia
de desenvolvimento e de receita na medida de geraccedilatildeo de emprego e renda atraveacutes
da construccedilatildeo civil que expande a prestaccedilatildeo de bens e serviccedilos
Tanto o georreferenciamento quanto a regularizaccedilatildeo fundiaacuteriapredial em
Antonina e Morretes satildeo estrateacutegias afirmativas que tem como propoacutesitos a
regularizaccedilatildeo de aacutereas habitacionais residecircncias e lotes com grandes
possibilidades de elevar a receita municipal observado as delimitaccedilotildees de aacutereas
especialmente protegidas como aacutereas de preservaccedilatildeo permanente (APP) Unidades
de Conservaccedilatildeo (UC) Poreacutem cabe ressaltar que a maior funccedilatildeo da regularizaccedilatildeo
fundiaacuteria eacute equacionar problemas resultantes da expansatildeo urbana desordenada (a
favelizaccedilatildeo eacute um dos problemas)
Nesse sentido a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria eacute ―um mecanismo apto a trazer para
a legalidade uma situaccedilatildeo fundiaacuteria que possa ser identificada como de interesse
social ou seja que tenha como puacuteblico alvo a populaccedilatildeo de baixa renda
(NASCIMENTO 2013 p 12) Como afirma a autora dessa forma a implementaccedilatildeo
da regularizaccedilatildeo fundiaacuteria torna ―evidente o conteuacutedo social a que o bem serviraacute
(idem p 18)
Em Pontal do Paranaacute como relatou entrevistado3 sobre o fortalecimento
das receitas o municiacutepio atraveacutes do Conselho Gestor adotou para 2017 um selo
de qualidade que seraacute fornecido agrave empresa que se encontrar regularizado com suas
diacutevidas junto agrave prefeitura ―O selo permite que haja retorno para a prefeitura atraveacutes
da contribuiccedilatildeo Eacute uma valorizaccedilatildeo para quem se encontra em situaccedilatildeo regular
(transcriccedilatildeo)
No entanto com pouca variaccedilatildeo para aumentar a receita e com menos
dinheiro em caixa as prefeituras deixam de investir em programas de meacutedio e longo
prazo com propostas no desenvolvimento positivosustentaacutevel e includente de
criaccedilatildeo institucional cultural social e econocircmica Ou seja criaccedilatildeo de um ambiente
favoraacutevel agrave extensatildeo das liberdades e capacidades das pessoas (SEN 2000)26
26
As liberdades na visatildeo do autor satildeo condicionadas pelas circunstacircncias sociais poliacuteticas e econocircmicas as quais denomina de liberdades instrumentais e correspondem 1) liberdades poliacuteticas 2) facilidades econocircmicas 3) oportunidades sociais 4) garantias de transparecircncias 5) seguranccedila protetora (p54)
79
Para esse autor as liberdades satildeo partes constitutivas fundamentais do
enriquecimento do processo de desenvolvimento natildeo satildeo finitas em si mesmas
mas permitem a expansatildeo de outras liberdades sendo que o proacuteprio
desenvolvimento pode ser considerado como a expansatildeo das liberdades humanas
ou como sublinha Pereira (2006) ao se referir agrave ―autonomia baacutesica como um
elemento de precondiccedilatildeo societal a noccedilatildeo de autonomia estaacute ancorada nos
preceitos da ―democracia como recurso capaz de livrar os indiviacuteduos natildeo soacute da
opressatildeo sobre as suas liberdades (de escolha e de accedilatildeo) mas tambeacutem da miseacuteria
e do desamparo (PEREIRA 2006 p 70)
A falta de recursos sinalizou nas entrevistas com os agentes de
desenvolvimentos de Morretes Matinhos e Paranaguaacute a pouca flexibilidade dos
municiacutepios em estruturar suas agendas de programas de desenvolvimento local
restando o atendimento de formalizaccedilatildeo e serviccedilos baacutesicos aos
Microempreendedores tais como alteraccedilatildeo de dados alvaraacute baixa da inscriccedilatildeo e
Documento de Arrecadaccedilatildeo Simplificada (DAS) Essas accedilotildees de apoio efetivo agrave
categoria se por um lado representam o auxiacutelio prestado ao MEI por outro
constituem um fim em si mesmas pois desempenham funccedilotildees meramente
burocraacuteticas natildeo menos importantes mas poderiam ser desenvolvidas dentro de
um plano estrateacutegico que coadunassem simultaneamente outras accedilotildees previstas
nos dispositivos da LC 12808 sobre os instrumentos de apoio e poliacuteticas que
assegurem o desenvolvimento e a sustentabilidade dos MEI Dentro dessa anaacutelise
por um lado o ―fluxo contiacutenuo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos que em sua
esmagadora maioria satildeo de pequeno porte (SACHS 2003 p 111) de outro lado
como demonstra o autor as MPE submetidas ao livre mercado aumentam os
nuacutemeros estatiacutesticos sobre a mortalidade das empresas posto as diferentes
condiccedilotildees de produccedilatildeo e competitividade no mercado aberto que produz um
―processo de seleccedilatildeo que pode ser qualificado de ―darwinismo social (idem p 111)
Em Morretes no final do ano de 2016 o desempenho da sala do
empreendedor estava muito limitado ou quase nulo como comentou o
entrevistado6 Aleacutem da estrutura reduzida em comparaccedilatildeo agraves cidades que
dispunham do programa em Morretes natildeo haviam atividades relacionadas ao
fomento das empresas locais nem tatildeo pouco a procura aos serviccedilos pelos MEI ou
potenciais empreendedores Poreacutem em 2015 como observou o entrevistado6 ―a
partir da adequaccedilatildeo da 147 (LC 14714) o carimbo da vigilacircncia sanitaacuteria deu
80
valoraccedilatildeo para o produto Alguns produtores padronizaram o roacutetulo e as empresas
Essas medidas favorecem o atendimento ao turismo (transcriccedilatildeo)
Em Paranaguaacute segundo o entrevistado7 as atividades da sala do
empreendedor estavam muito reduzidas e fixavam-se apenas no processo de
formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo nas duacutevidas que surgiam natildeo sendo possiacutevel desenvolver
accedilotildees muito extensas fora da sala27 Poreacutem atraveacutes do Programa Compras Paranaacute
o municiacutepio ofereceu cursos de capacitaccedilatildeo dos funcionaacuterios para compras em
oacutergatildeo puacuteblicos assim como capacitaccedilatildeo de alguns fornecedores em licitaccedilotildees O
objetivo dessa accedilatildeo era ―identificar novos fornecedores dentro do municiacutepio
fortalecendo o mercado interno gerando divisas emprego e renda (entrvistado7-
transcriccedilatildeo)
Em Morretes o entrevistado municipal o entrvistado6 nos disse ―natildeo haacute
procura por licitaccedilotildees (pelos MEI) E as empresas locais dificilmente procuram a
licitaccedilatildeo (transcriccedilatildeo) Assim a falta de poliacuteticas de desenvolvimento local e da
categoria poderaacute contribuir no afastamento de propostas significativas de inclusatildeo
social do MEI na MRGP frisados na LC 12808
Constatamos que a falta de recursos constitui um dos elementos importantes
que inviabilizam a implantaccedilatildeo integral contiacutenua e sustentaacutevel das LC 12306
LC12808 e LC 14714 ndash conjunto de leis que normatizam as MPE e
Microempreendedores individuais - bem como em poliacuteticas de geraccedilatildeo de emprego
e renda e mesmo em outras aacutereas de sustentaccedilatildeo de poliacuteticas sociais pois
segundo Sachs (2003) as poliacuteticas econocircmicas e sociais satildeo indissociaacuteveis
complementares e dependentes de investimentos
Embora outros motivos tais como o amadurecimento da gestatildeo municipal agrave
concepccedilatildeo de desenvolvimento local incluindo categorias especiacuteficas de produccedilatildeo e
inclusatildeo como eacute o caso dos MEI conferimos agrave baixa capacidade econocircmica do
poder puacuteblico local uma das principais dificuldades em produzir mecanismos de
enfrentamento agrave vulnerabilidade dos trabalhadores locais muitas vezes com pouca
ou sem qualificaccedilatildeo para o mercado de trabalho
Deduzimos atraveacutes de nossas pesquisas que a falta de comunicaccedilatildeo
informaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo nas propostas da sala do empreendedor assim como em
27
No plano Plurianual 20142017 de Paranaguaacute estaacute previsto o investimento de R$ 10000000 para o apoio aos MEI desenvolvimento das micro pequenas e grandes empresas e induacutestrias no estiacutemulo para desenvolver uma cadeia produtiva local de forma sustentaacutevel
81
processos de licitaccedilatildeo28 exclui grande parte dos MEI ao Acesso em de serviccedilos
baacutesicos estabelecidos em lei e possibilidades de relaccedilotildees comerciais com o
municiacutepio posto o desconhecimento das recomendaccedilotildees por parte dos MEI
estabelecidas na Lei Geral (LC 12308) a qual prescreve normas diferenciadas de
promoccedilatildeo de desenvolvimento desse segmento de trabalhadoresempreendedores
individuais
O municiacutepio empoderado atraveacutes de uma ambiente institucional e de um
aporte estrutural constituiacutedo aumenta as possibilidades de eficiecircncia na intervenccedilatildeo
em problemas locais O empoderamento dos municiacutepios nesse sentido eacute central no
processo de desenvolvimento tanto de categorias especiacuteficas quanto de categorias
marginalizadas pela ausecircncia do poder puacuteblico Eacute dessa forma que ―ao analisar
experiecircncias de desenvolvimento localregional vecirc-se forccedilada a noccedilatildeo de que a
presenccedila do Estado eacute fundamental (BARBOSA et al in POCHMANN 2004 p 275)
sendo ele o principal articulador e protagonista de poliacuteticas de desenvolvimento e
inclusatildeo social
411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita
Ao examinara literatura sobre o uso do dinheiro puacuteblico no litoral do Paranaacute
que no nosso entendimento tem a possibilidade de ser alocado prioritariamente em
instrumentos geradores de desenvolvimento para as pessoas das pessoas e pelas
pessoas (SACHS 2003) percebemos muitas vezes recursos jaacute reduzidos sendo
direcionados a atender minorias com respaldo poliacutetico econocircmico e social
Como analisa Monteiro (2013a) boa parte das receitas de Guaratuba e
Matinhos estatildeo sendo direcionadas agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria com projetos de
infraestruturas (pavimentaccedilatildeo rede de esgoto etc) que beneficiam as elites locais
Estas elites satildeo na visatildeo de Frey (2000) amparadas por ―instituiccedilotildees de
intermediaccedilatildeo ndash patronagem poliacutetica clientelismo nepotismo fisiologismo e a
corrupccedilatildeo ndash [] (p 104) que constituem praacuteticas relacionais entre o poder central
local e oligarquias locais contribuindo para a ampliaccedilatildeo das desigualdades sociais
visto a apropriaccedilatildeo dos benefiacutecios por parte dessas elites
28
Conforme obrigatoriedade legal as licitaccedilotildees satildeo publicadas no site da prefeitura Tribunal de Contas e Diaacuterio oficial
82
Segundo Monteiro (2013a) em Caiobaacute balneaacuterio eletizado de Matinhos
com forte presenccedila de residecircncias de alto padratildeo e ainda com propostas a proacute-
verticalizaccedilatildeo a pavimentaccedilatildeo chega a 94 853 de calccediladas e 686 de
bueiros Enquanto em bairros como o Tabuleiro haacute 254 de ruas pavimentadas
164 de calcadas e 285 de bueiros denotando dessa forma os desniacuteveis de
emprego da receita para a manutenccedilatildeo das iniquidades entre as classes sociais
Jaacute em Guaratuba como salienta Monteiro (2013b)
[] veremos que boa parte da receita puacuteblica alimenta a especulaccedilatildeo imobiliaacuteria atraveacutes de obras de infraestrutura que beneficiam sobremaneira glebas vazias lotes baldios em suma propriedades que natildeo estatildeo cumprindo a funccedilatildeo social (MONTEIRO 2013a p 1)
Compreendemos dessa maneira que o espaccedilo constituiacutedo por relaccedilotildees de
poder pode representar o exerciacutecio de poder considerando algumas variaacuteveis
Como acentua Silva (2008) o poder local deve ser compreendido como exerciacutecio
das dimensotildees poliacutetica econocircmica social simboacutelica e cultural
A criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento local que promovam a
expansatildeo das liberdades humanas eacute indispensaacutevel a vontade poliacutetica o
amadurecimento agraves perspectivas de desenvolvimento pelos gestores municipais e
pelo empresariado local os recursos satisfatoacuterios nesse sentido o empoderamento
do municiacutepio eacute fundamental para o financiamento das poliacuteticas de desenvolvimento
a mediaccedilatildeo entre as relaccedilotildees de poder um aporte institucional capaz reduzir as
disparidades de classe e o planejamento e accedilatildeo sendo que o planejamento pode
ser revisado e modificado a julgar que toda accedilatildeo provoca modificaccedilotildees
Dentro dessa perspectiva foram analisados por Horochovski Junckes e
Muraro (2011) em trabalho realizado sobre um Programa de Desenvolvimento
Sustentaacutevel em Matinhos promovido pelo Banco do Brasil a participaccedilatildeo e o
planejamento pelos atores envolvidos Para esses autores os ―componentes
estruturais do modo de produccedilatildeo vigente apatia poliacutetica deacuteficits informacionais e a
persistecircncia de assimetrias e padrotildees autoritaacuterios e clienteliacutesticos [] (p 51)
constituem entre outros barreiras no processo democraacutetico e participativo
(HOROCHOVSKI JUNCKES MURARO 2011)
Ao discorrer sobre aspectos para o desenvolvimento local e o custeio
puacuteblico SEN (2000) afirma que natildeo se pode esperar um governo enriquecer para
83
investir em serviccedilos de base como a educaccedilatildeo e a sauacutede que na visatildeo do autor
satildeo elementos geradores de desenvolvimento posto que
A viabilidade desse processo conduzido pelo custeio puacuteblico depende do fato de que os serviccedilos sociais relevantes (como os serviccedilos de sauacutede e educaccedilatildeo) satildeo altamente trabalho-intensivos e portanto relativamente barato nas economias pobres ndash onde os salaacuterios satildeo baixos (SEN 2000 p 65)
Para esse autor se devem ponderar preccedilos e custos como paracircmetros de
quanto pode ou natildeo pode o governo gastar Adverte ele ainda que o processo
mediado pelo crescimento econocircmico acarreta em muitas vantagens tanto pelas
condiccedilotildees de investimentos quanto por provisotildees em setores essenciais como
educaccedilatildeo e sauacutede baacutesica
Dessa maneira reiteramos dentro da perspectiva de nossas anaacutelises a
necessidade do empoderamento municipal pois o Estado se consolida como o
principal condutor de processos de desenvolvimento Nessa direccedilatildeo entendemos
que o crescimento econocircmico eacute importante para o desenvolvimento (SACHS 2003
SEN 2000 FURTADO 2008) Natildeo como um fim em si mesmo mas um elemento
estrutural de outros coeficientes (aporte institucional poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas da
sauacutede e educaccedilatildeo e estrateacutegias macro e microeconocircmicas locais para o
desenvolvimento sustentaacutevel) que se materializem em equipamentos propiacutecios agrave
extensatildeo das ―liberdades humanas (SEN 2000)
42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS29
DO MEI NA MRGP
No desenvolvimento local conduzido em especial pelo ―custeio puacuteblico
(SEN 2000) atraveacutes dos governos subnacionais de inferecircncia nas aacutereas da
educaccedilatildeo sauacutede e economia o peso de interferecircncia do processo econocircmico pode
revelar-se como um dos imperativos entre o sucesso ou fracasso das estrateacutegias
adotadas
A conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estrateacutegias setorizadas de apoio agrave
categoria do MEI satildeo definidas com base orccedilamentaacuteria e disponibilidade de recursos
29
Encerramento da inscriccedilatildeo do Cadastro de Pessoa Juriacutedica (fechamento legal da empresa)
84
apropriados para a realizaccedilatildeo Identificamos dentro das estrateacutegias municipais as
salas do empreendedor que fornecem orientaccedilotildees e auxiacutelio na formalizaccedilatildeo de
empresas e empreendedores individuais (EI) que se encontram na informalidade
No graacutefico 4 abaixo observamos o nuacutemero de atendimentos realizados
pelos agentes de desenvolvimento nas salas do empreendedor nos municiacutepios da
MRGP
GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO
EMPREENDEDOR NA MRGP (2015 ndash 2016)
FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
Percebemos o aumento significativo de atendimentos realizados pela ―sala
entre os anos 2015 e 2016 (GRAFICO 4) em Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute
Segundo informaccedilotildees do entrevistado7 em Paranaguaacute a aumento nos atendimentos
eacute proporcional agrave elevaccedilatildeo das formalizaccedilotildees e abaixo (GRAacuteFICO 5) verificamos as
formalizaccedilotildees realizadas nas salas do empreendedor na MRGP
GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS NAS SALAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP
FONTE Salas do empreendedor de Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Paranaguaacute Pontal doParanaacute
Morretes Matinhos
0
50
100
150
200
250
300
350
Morretes Paranaguaacute Pontal do Paranaacute
ano 2015
ano 2016
85
Observamos acima (GRAacuteFICO 5) a reduccedilatildeo de 475 nas formalizaccedilotildees
realizadas pela sala do empreendedor em Pontal do Paranaacute no ano de 2016 em
relaccedilatildeo a 2015 Paranaguaacute ao contraacuterio apresentou percentual positivo de 1133
nas formalizaccedilotildees efetivadas junto agrave sala do empreendedor entre os anos 2015 e
2016
De maneira um tanto preocupante em Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
(GRAacuteFICO 6) constatamos o aumento significativo nas operaccedilotildees de baixa de
inscriccedilatildeo do MEI realizadas pela sala do empreendedor entre os anos de 2015 e
2016 Pontal do Paranaacute apresentou acreacutescimo de 2217 nas baixas de inscriccedilatildeo do
MEI enquanto Paranaguaacute indicou o avanccedilo de 1594 nas baixas da categoria Em
Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo haacute baixas
registradas na sala do empreendedor em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato
com o agente de desenvolvimento
GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI REALIZADAS NAS SAAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP
30
FONTE Salas do empreendedor de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
Ao estabelecermos comparaccedilatildeo entre os graacuteficos (5 e 6) percebemos que
a) No ano de 2015 o nuacutemero de baixas de inscriccedilotildees do MEI registrados na
sala do empreendedor em Paranaguaacute correspondeu a 274 das
30
Em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato com o agente de desenvolvimento em Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo houve baixas registradas nas salas do empreendedor
0
20
40
60
80
100
120
ano 2015
ano 2016
86
formalizaccedilotildees naquele ano No ano de 2016 o nuacutemero de baixas (MEI)
em Paranaguaacute em relaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo correspondeu a 333
Portanto uma elevaccedilatildeo de 59 nas baixas do MEI entre os anos de
2015 e 2016
b) Em Pontal do Paranaacute as baixas do MEI registradas pela sala do
empreendedor em relaccedilatildeo agraves formalizaccedilotildees corresponderam a 116
em 2015 Em 2016 a variaccedilatildeo das baixas na inscriccedilatildeo do MEI em relaccedilatildeo
agraves formalizaccedilotildees atingiu o percentual de 7115 o que corresponde a um
aumento acentuado de 5955 nas baixas de inscriccedilotildees do MEI entre
2015 e 2016
Ao inclinar nossos olhares para os resultados dos graacuteficos (5e 6) veremos
expressiva diferenccedila na sustentabilidade do MEI entre os municiacutepios de Pontal do
Paranaacute e Paranaguaacute Isso nos remete a uma questatildeo como explicar o significativo
nuacutemero de baixas na inscriccedilatildeo do MEI em Pontal do Paranaacute em relaccedilatildeo agrave
Paranaguaacute resultando em dados estatiacutesticos tatildeo diacutespares na sustentabilidade dos
MEI jaacute que os dois municiacutepios possuem em sua maioria dentre algumas accedilotildees
isoladas estrateacutegias planificadas pelo SEBRAE
A resposta a essa questatildeo segundo o entrevistado3 estaacute na sazonalidade
pelo qual estatildeo sujeitos os municiacutepios balneaacuterios da MRGP ndash Matinhos Pontal do
Paranaacute e Guaratuba Esta anaacutelise estaacute sustentada igualmente por Sulzbac
Denardin e Felisbino (2012)
O fato destes enfrentarem a problemaacutetica da sazonalidade de visitaccedilotildees em virtude do lazer de sol e mar define-se a hipoacutetese de que a sazonalidade recorrente da principal atividade econocircmica resulta em instabilidades financeiras tanto as instituiccedilotildees locais como para a proacutepria populaccedilatildeo promovendo adequaccedilotildees dos empreendimentos especialmente no que se refere aos viacutenculos de trabalho Em consequecircncia os empreendimentos formais natildeo encontram suporte financeiro para sua manutenccedilatildeo resultando na criaccedilatildeo de empreendimentos informais que satildeo caracteriacutesticos destes locais (p 109-110)
Na temporada de praia conforme relato do entrevistado3 muitos MEI
transferiram-se ou se formalizam em Pontal do Paranaacute com vistas agrave fiscalizaccedilatildeo
intensa nesse periacuteodo Ao fim do veratildeo muitos vatildeo embora para suas cidades e
datildeo baixas das empresas Outros ―natildeo conseguem sequer pagar o boleto DAS no
final do mecircs (transcriccedilatildeo) com isso acabam por encerrar a microempresa e
87
―sobrevivendo com o que conseguiram juntar no veratildeo (transcriccedilatildeo) concorrendo
para o nuacutemero expressivo de baixas em janeiro e fevereiro de cada ano
Monteiro (2013b) acentua sobre a sazonalidade nos municiacutepios da
plataforma no Paranaacute e a variaccedilatildeo populacional decorrente do veratildeo e de alguns
feriados Para esse fato ele denomina de ―As meias cidades do litoral paranaense
(p 5)
[] as cidades do litoral transformam-se acentuadamente literalmente da noite para o dia quando chegam as pessoas para as festas de fim de ano e feacuterias de veratildeo Boa parte dos domiciacutelios vagos satildeo ocupados muitos com concentraccedilatildeo de mais de 4 pessoas por cocircmodo (MONTEIRO 2013b p 5)
A sazonalidade eacute um imperativo importante na observaccedilatildeo das baixas dos
MEI apoacutes a temporada de veratildeo Por outro lado destacamos uma variaacutevel
dependente que eacute a formaccedilatildeo da dinacircmica do mercado local em participar e
introduzir certa sustentabilidade das empresas atraveacutes de variaacuteveis como a da oferta
de trabalho aumento de consumo cooperaccedilatildeo entre as empresas locais entre
outras
Dessa maneira as empresas inclusas em um sistema de mercado
fortalecido onde a capacidade de gerar riqueza seja mais sustentaacutevel tecircm mais
possibilidades de prosperar e manter suas atividades Portanto um mercado ativo
comumente tem respaldo do poder puacuteblico local e as micro e pequenas empresas
que surgem em meio a essa dinacircmica requerem estrateacutegias definidas com vistas a
competirem no mercado aberto
Podemos discorrer na perspectiva de Sachs (2003) e Sen (2000) que aleacutem
de fomentar a formalizaccedilatildeo de micro pequenos e meacutedios empreendimentos dado a
―cobertura social para os trabalhadores (SACHS 2003 p113) ndash na visatildeo desse
autor a principal vantagem ndash eacute necessaacuterio expandir formas de adequaccedilatildeo agrave
sustentabilidade dessas empresas uma vez que lanccediladas no mercado aberto satildeo
incapazes de competir com empresas maiores e ampliar sua estrutura
A mortalidade nessa competiccedilatildeo em condiccedilotildees de inferioridade eacute elevada para os micro e pequenos empreendimentos Nuacutemeros do SEBRAE apontam para taxas de 32 de fechamento em menos de um ano 44 em menos de dois anos 56 em menos de trecircs 66em menos de quatro e 71 em menos de cinco (SACHS 2003 p 35)
Como analisa Sachs (2003) os pequenos e meacutedios empreendimentos natildeo
tecircm como sobreviver no mercado aberto dado a baixa capacidade de produzir em
88
condiccedilotildees desiguais No questionaacuterio aplicado ao MEI veremos algumas barreiras
que acentuam essas desigualdades
43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO
O questionaacuterio31 elaborado para o MEI e aplicado nos municiacutepios de
Matinhos Guaratuba Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute foi um instrumento que
permitiu ilustrar uma realidade da categoria MEI frente aos desafios enfrentados no
decorrer da sua formalizaccedilatildeo na mesma medida em que possibilitou compreender
um pouco a realidade concreta desses trabalhadores exposta pelas suas opiniotildees
suas respostas objetivas e por vezes subjetivas Ou seja uma fonte de
―informaccedilotildees vivas (RAYNAUT C et al 2002)
No mesmo sentido a anaacutelise dos dados tornou-se importante posto que
buscamos compreender a aproximaccedilatildeo entre alguns mecanismos de apoio ao MEI
descritos na Lei Geral (12308) e o Acesso em a esses mecanismos pelo puacuteblico
alvo
O questionaacuterio procurou coletar dados dos microemprendedores individuais
segundo atividade econocircmica tempo de atuaccedilatildeo no mercado formalizado renda
bruta participaccedilatildeo em compras puacuteblicas local da atividade econocircmica quanto agrave
capacitaccedilatildeo e consultoria entre outros
O questionaacuterio foi aplicado a trinta microemreendedores individuais
Natildeo houve classificaccedilatildeo especiacutefica para a escolha dos entrevistados na
aplicaccedilatildeo do questionaacuterio O que se propocircs a fazer foi deslocar ateacute o local de
trabalho do MEI e aplicar o questionaacuterio em meio agraves suas atividades Esta teacutecnica
possibilitou observar a estrutura do estabelecimento e dialogarmos diretamente com
o microempreendedor individual sobre suas dificuldades e avanccedilos apoacutes a
formalizaccedilatildeo Alguns MEI foram pouco receptivos a participar do questionaacuterio mas a
maioria se sentiu muito a vontade em responder as perguntas
431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral
do Paranaacute
31
O formulaacuterio aplicado ao MEI encontra-se nos anexos dessa dissertaccedilatildeo
89
Veremos abaixo (GRAacuteFICO 7) que a maior parte dos MEI respondentes
(n=24) estaacute alocada nos setores de serviccedilos e comeacutercio Doze (n=12) exercem suas
atividades no setor de prestaccedilatildeo de serviccedilos (informaacutetica conserto de bicicleta
eletrocircnica cabeleireira sapateiro) e doze (n=12) pertencem ao comeacutercio (papelaria
armarinho produtos de limpeza pet shop loja de roupas comeacutercio de artigos de
praia entre outros) Dos respondentes trecircs (n=3) exercem suas atividades na aacuterea
da cultura
GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE ECONOcircMICA ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Na observaccedilatildeo dos dados percebemos a maior concentraccedilatildeo da atividade
econocircmicano setor terciaacuterio Esta anaacutelise jaacute foi descrita por Superville e Quintildeones
(2000) Barbosa (2007) no qual concluiacuteram que o trabalhador fabril foi deslocado
para este setor passando ser um trabalhador de serviccedilos
Os empreendedores na perspectiva de Nassif et al (2014) apresentam
uma variaccedilatildeo de caracteriacutesticas como a criatividade flexibilidade autonomia e ideias
para inovar Poreacutem tal como notamos anteriormente as oportunidades de produzir
bens e serviccedilos satildeo frequentemente diferentes tanto pela capacidade de
investimento em tecnologia e informaccedilatildeo tanto pela expectativa de uma formaccedilatildeo
bruta de capital Ao analisarmos a capacidade estrutural dos MEI (condiccedilotildees
econocircmicas e de compreensatildeo de mercado) percebemos o distanciamento
(desconhecimento) dos instrumentos geradores de seu desenvolvimento previstos
em lei Os instrumentos descritos na Lei Geral (12306) podem facilitar e auxiliar na
Comeacutercio reparaccedilatildeo deveiacutec automotores emotocicleta
Outras atividades eserviccedilos
educaccedilatildeo
cultura
construccedilatildeo
natildeo respondeu
90
melhoria dos negoacutecios e desencadear um processo de desenvolvimento Na
percepccedilatildeo de Pochmann ( 2004) Sen (2000) Sachs (2003) o desenvolvimento eacute
associado simultaneamente ao crescimento econocircmico com o fortalecimento da
capacidade de produccedilatildeoacumulaccedilatildeo e pela ampliaccedilatildeo das liberdades substantivas
432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute
No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 8) percebemos a quantidade de anos
formalizados dos MEI respondentes
GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30)
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Observamos que dos respondentes 09 (nove) estatildeo formalizados haacute um
ano o que configura como a maioria dos microemperendedores formalizados
Percebemos uma reduccedilatildeo no nuacutemero de empreendimentos entre cinco e onze anos
de funcionamento
No primeiro ano de funcionamento conforme os dados acima (GRAacuteFICO 8)
dos microempreendimentos seis (n=6) desenvolvem suas atividades no comeacutercio e
dois(n=2) suas atividades estatildeo relacionadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos
Sachs (2003) ao analisar dados do SEBRAE nos diz que em menos de cinco
anos 71 das micro e pequenas empresas fecham as portas o que demonstra em
sua perspectiva e de Sen (2000) aleacutem da fragilidade dessa categoria existe a falta
de instrumentalizaccedilatildeo e praacuteticas dos mecanismos existentes para manter os
microempreendedores na formalidade e provocar a ruptura desse quadro
0
5
10
15
20
25
30
ateacute 1ano
ateacute 2anos
ateacute 3anos
ateacute 4anos
ateacute 5 ateacute 6anos
ateacute 8anos
ateacute 11anos
()
anos de formalizaccedilatildeo
91
O aumento ou a diminuiccedilatildeo gradual das formalizaccedilotildees de micro e pequenos
empreendimentos na MRGP assim como o fortalecimento desses empreendedores
pode representar indicativos do respaldo dado pelas estrateacutegias e accedilotildees colocadas
em praacutetica com base na Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo observando que
O principal objetivo das poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave consolidaccedilatildeo das MPE deve estar em assisti-las no desenvolvimento de uma competitividade genuiacutena que lhes permita aumentar gradualmente os salaacuterios estar em dia com os encargos sociais e impostos superar o imediatismo e adquirir uma perspectiva de longo prazo na gestatildeo do negoacutecio e na previsatildeo de investimentos (SACHS 2003 p 35)
Desse modo as estrateacutegias devem superar as circunstacircncias especiacuteficas de
processos burocraacuteticos ligados agrave formalizaccedilatildeo e sim expandir suas accedilotildees de
maneira que as MPE possam adquirir autonomia sustentaacutevel e desempenhar um
papel relevante na economia local
Observamos que Sachs (2003) alertava para as principais dificuldades
encontradas no desenvolvimento das MPE ―Acesso em ao creacutedito ao mercado agrave
miacutedia ao poder puacuteblico agrave classe poliacutetica e especialmente agrave tecnologia e ao
conhecimento [] (idem p 113) A falta de Acesso em a esses instrumentos
importantes restringe a capacidade de ampliaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo
(tecnologia de gestatildeo lucratividade rentabilidade) quanto ao de arranjos produtivos
locais
Para Albuquerque e Zapata (2010 p 2016) ―a introduccedilatildeo de inovaccedilotildees
tecnoloacutegicas e o fomento da capacidade empresarial e organizativa nos diferentes
acircmbitos territoriais satildeo variaacuteveis estrateacutegicas da poliacutetica de desenvolvimento e
podem possibilitar a reversatildeo ou minimizar as assimetrias do mercado resultantes
da competitividade desigual
434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP
Ao analisar o graacutefico baixo (GRAacuteFICO 9) observamos que vinte e trecircs
(n=23) dos respondentes disseram natildeo ter ou natildeo tiveram relaccedilotildees comerciais com
o municiacutepio Certamente que boa parte dos entrevistados natildeo possui caracteriacutesticas
comerciais para fornecer ao poder puacuteblico no entanto alguns setores dentre os
quais educaccedilatildeo eletrocircnica informaacutetica incluso nos tracircmites legais podem fornecer
92
serviccedilos para o municiacutepio No setor de comeacutercio papelarias e loja de materiais de
limpeza tecircm a possibilidade de fornecimento na compra direta dispensada de
licitaccedilatildeo descrita nos art 23 e 24 da Lei 86661993 Da mesma forma no setor de
serviccedilos observado as normas juriacutedicas
GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA MRGP (N=30)
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Nas licitaccedilotildees muitos respondentes (n=23) disseram natildeo manter relaccedilotildees
comerciais com o poder puacuteblico e desconhecem o funcionamento para participar do
processo O que denota a pouca extensatildeo de estrateacutegias como o Programa
―Compras Paranaacute Esse programa tem como foco otimizar o processo de licitaccedilatildeo
para empresas locais Propicia no mesmo sentido a capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios
puacuteblicos nesse processo e a capacitaccedilatildeo de fornecedores que desejam participar de
licitaccedilotildees
Para tanto na compra puacuteblica eacute indispensaacutevel a orientaccedilatildeo em licitaccedilotildees que
possam ser direcionadas agraves micro e pequenas empresas locais da regiatildeo Mas para
isso o setor puacuteblico tem que estar bem preparado assim como o empresariado local
para estabelecer a conexatildeo Segundo o entrevistado4 esta eacute uma condiccedilatildeo iacutempar no
sentido do desenvolvimento empresarial localizado
Ressaltamos que as compras puacuteblicas ou contrataccedilotildees puacuteblicas podem
conduzir e inserir os micro e pequenos empreendimentos no mercado uma vez que
a esfera puacuteblica constitui um mercado estaacutevel de relaccedilotildees comerciais quase sempre
sim
natildeo
natildeo respondeu
93
em ampliaccedilatildeo O capiacutetulo V da LC 12306 alterado pela 14714 descreve sobre os
criteacuterios a serem adotados em favorecimento agraves MPE quanto ao Acesso em ao
mercado destacando as compras e contrataccedilotildees puacuteblicas e sobre o processo de
licitaccedilatildeo
Segundo o SEBRAE 76 das MPE de Paranaguaacute natildeo participaram em
processos de compras puacuteblicas entre os anos de 2011-2014 Dessas empresas
55 desconhecem as oportunidades para comercializar com governoempresas
estatais Nesse sentido a pouca eou dificultosa informaccedilatildeo fornecida para o MEI
quanto aos serviccedilos disponibilizados pelo municiacutepio e sobre os instrumentos de
regulamentaccedilatildeo e direitos a Acesso ems facilitados dispostos na Lei Geral (12306)
poderia ser revertida pela divulgaccedilatildeo nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo locais - jornais
circulantes nos municiacutepios raacutedios comunitaacuterias por exemplo aleacutem dos oficiais ndash
relativo aos direitos e obrigaccedilotildees do MEI incorporado agrave sua formalizaccedilatildeo com o
propoacutesito de inseri-lo no mercado (trabalho) sua expansatildeo e sustentabilidade
Em Pontal do Paranaacute o secretaacuterio de desenvolvimento afirma que o
municiacutepio estaacute se empenhando para que as empresas locais inclusive o MEI
participem das licitaccedilotildees Para isso segundo ele a prefeitura se adequou a LC
14714 no sentido de que uma licitaccedilatildeo de determinado valor seja dividida para
facilitar o Acesso em dos microempreendedores observando igualmente a
possibilidade de pagamento de 10 a mais do valor miacutenimo para o MEI Essas satildeo
adequaccedilotildees importantes adotadas por Pontal do Paranaacute atraveacutes do Concelho
Gestor Municipal (CGM) Comenta o E8 sobre o CGM
Uniu mais a populaccedilatildeo agrave prefeitura uniu mais o microempreendedor a vender para a prefeitura Natildeo tinha ningueacutem vendendo pocirc Natildeo tinha ningueacutem fornecendo pra prefeitura Hoje noacutes temos o pequeno e microempresaacuterio fornecendo pra prefeitura Uniu os benefiacutecios e os trouxe pra prefeitura e pra comunidade neacute Um dinheiro pra circular aqui dentro e natildeo ir pra fora Por exemplo uma licitaccedilatildeo que era de ―x valor noacutes fomos quebrando ela em quatro ou cinco vezes para dar preferecircncia para o povo daqui Uma licitaccedilatildeo que era de R$ 10000000 noacutes fizemos quatro de 25 dividimosah compra o caderno de um laacutepis do outro caneta de outro Dividimos pra que o povo daqui participasse E deu certo Essa foi uma grande evoluccedilatildeo do Comitecirc Gestor (transcriccedilatildeo) (entrevistado8)
O conhecimento das bases legais de funcionamento da categoria no nosso
entendimento a ampliaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo para lidar com o mercado e a
aproximaccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados tanto pelo setor puacuteblico quanto pelo
94
setor privado poderaacute produzir em curto prazo impactos positivos no
desenvolvimento do MEI dentro da economia de mercado
Todavia o municiacutepio de Guaratuba ainda natildeo adaptou integralmente a LC
12306 e sua alteraccedilatildeo LC 1472014 ao seu modelo de gestatildeo pois os MEI que
participaram da pesquisa (Guaratuba) relataram que o municiacutepio cobra por taxas de
alvaraacute de funcionamento32 O municiacutepio isenta esse custo somente no primeiro ano
de abertura do micro negoacutecio contrariando dessa forma o disposto no art 4ordm sect3ordm
da LC 1472014
[] ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (grifo nosso)
O apoio ao MEI eacute fundamental pois esse tecido empresarial (MPE)
segundo autores como Sachs (2003) Albuquerque e Zapata (2010) e Sen (2000)
respondem por boa parte dos empregos e da renda da populaccedilatildeo Para o SEBRAE
(2014) 52 dos empregos formais no Brasil estatildeo nas micro e pequenas
empresas o que corresponde agrave significativa importacircncia dessa categoria
empresarial no desenvolvimento da economia brasileira
As observaccedilotildees e alteraccedilotildees contidas na LC 14714 representam avanccedilos
significativos na perspectiva do desenvolvimento dando maior envergadura social agrave
LC 12306 Esse dispositivo legal possui impacto positivo fundamental para
aumentar as oportunidades do MEI a se manter na formalidade pela inovaccedilatildeo na
reduccedilatildeo de barreiras de Acesso em ao mercado e agrave competitividade
Dentre os principais dispositivos contidos na LC 14714 incorporados a
outras ferramentas descritas na LC 12808 estatildeo
a Tributaccedilatildeo reduccedilatildeo a zero dos custos para o MEI (art 4ordmsect 1ordm e sect 3ordm)
b Desburocratizaccedilatildeo tratamento diferenciado pelos optantes do Simples
Nacional Cadastro uacutenico do CNPJ dispensados os demais cadastros
estaduais e municipais (art 1ordm inciso 4ordm)
32
Essa informaccedilatildeo foi confirmada pelo setor de fiscalizaccedilatildeo do municiacutepio de Guaratuba
95
A debilidade de uma microempresa ou ateacute a sua falecircncia pode acarretar
natildeo somente numa estatiacutestica de dados econocircmicos mas em resultados
socialmente negativos A microempresa eacute o trabalho do MEI seu sustento e de sua
famiacutelia suas necessidades baacutesicas satildeo satisfeitas atraveacutes de seu trabalho que eacute o
substrato da sua dignidade
O trabalho eacute uma dimensatildeo da vida essencial para a realizaccedilatildeo da humanidade lembra Joatildeo Paulo II na enciacuteclica Laboren Exercens A enciacuteclica papal observa que o valor do trabalho localiza-se na pessoa que o realiza natildeo podendo portanto ser compreendido como uma forccedila anocircnima de produccedilatildeo com o trabalhador equiparado a mero instrumento a serviccedilo do capital (BROM 2006 p 55)
Outra ferramenta possiacutevel associada a outros dispositivos que convertam no
fomento dos micro e pequenos empreendimentos eacute o Acesso em ao creacutedito como
forma de capital gerador de expansatildeo econocircmica assinalado por Sachs (2003) Sen
(2000)
435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute
O capiacutetulo IX da LC 12306 introduz na legislaccedilatildeo brasileira em
consonacircncia com o art 170 e 179 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 dispositivos
essenciais ao estiacutemulo ao creacutedito e ao microcreacutedito para micro e pequenas
empresas abrindo espaccedilo para inauguraccedilatildeo de formas e metodologias especiacuteficas
externas ao sistema creditiacutecio convencional o que caracteriza a concepccedilatildeo de
universalizar o creacutedito
Segundo a legislaccedilatildeo pertinente o sistema de creacutedito brasileiro deveraacute criar
linhas especiais de creacutedito a atender a demanda dos micro e pequenos
empreendimentos ―[] objetivando a reduccedilatildeo do custo de transaccedilatildeo a elevaccedilatildeo da
eficiecircncia alocativa o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto
informacional [] (LC 15516 art 57)
A posiccedilatildeo do sistema puacuteblico de creacutedito facilitado eacute fundamental na
intervenccedilatildeo do creacutedito frente ao sistema aberto convencional Atraveacutes do sistema
creditiacutecio com vinculaccedilatildeo federal ndash Caixa Econocircmica Federal (CEF) Banco Nacional
de Desenvolvimento Social (BNDES) Banco do Brasil (BB) (art 58 LC 15516) - e
dos bancos comerciais puacuteblicos estaduais abre-se espaccedilo para a inclusatildeo no
sistema de creacutedito agraves pessoas que natildeo possuiacuteam Acesso em ao serviccedilo Dessa
96
forma os bancos comerciais puacuteblicos passam a ser considerados atores importantes
nas poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento posto seu ponto estrateacutegico na alocaccedilatildeo
de creacutedito caracterizado como insumo necessaacuterio agrave ampliaccedilatildeo das oportunidades e
expansatildeo econocircmicas
A CEF o BB ndash entidades federalizadas ndash e o Fomento Paranaacute ndash entidade
estadual - satildeo os principais atores dentro da poliacutetica de Acesso em ao sistema de
creacutedito e microcreacutedito que atuam diretamente na MRGP
O art 62 da PLC 12306 a exemplo orienta o Banco Central a intervir na
ampliaccedilatildeo e facilidades agraves linhas de creacuteditos para os MEI e MPE que em
contrapartida estimularia a competiccedilatildeo bancaacuteria A disponibilizaccedilatildeo e a facilitaccedilatildeo
ao creacutedito ou ao microcreacutedito por instituiccedilotildees financeiras privadas ou estatais como
o banco do Brasil (BB) o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) pela Caixa
Econocircmica Federal33 (CEF) e outras instituiccedilotildees financeiras alinhadas ao
microcreacutedito estaacute respaldada no sect2o do art62 e nos art 57 58 59 e 60 da
supracitada PLC bem como na Lei federal 111102005 Esta institui o Programa
Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO) ―com o objetivo de incentivar
a geraccedilatildeo de trabalho e renda entre os microempreendedores populares (BRASIL
2005)34
O microcreacutedito segundo o SEBRAE consiste no fornecimento de creacutedito
aos microempreendedores que natildeo possuem Acesso em ao sistema financeiro
tradicional e estaacute inserido no contexto da microfinanccedila destinado agraves pessoas de
baixa renda Ainda segundo o SEBRAE suas principais caracteriacutesticas satildeo
A) ausecircncia de garantias reais jaacute que a maioria das transaccedilotildees tem como garantia o aval solidaacuterio b) Concessatildeo de creacutedito aacutegil e adequado ao ciclo de negoacutecios do empreendimento c) Baixo custo de transaccedilatildeo devido agrave proximidade entre a instituiccedilatildeo e o tomador dos empreacutestimos e agrave inexistecircncia de burocracia d) Accedilatildeo econocircmica com forte impacto social na comunidade e) Elevado custo operacional para a instituiccedilatildeo fornecedora dos recursos f) Metodologia especiacutefica que consiste na concessatildeo assistida do creacutedito (wwwsebraecombr)
O SEBRAE (2012) evidenciou que no Brasil em 2011 12 dos MEI
buscaram linhas de creacutedito em instituiccedilotildees financeiras e 88 natildeo recorreram ao
33
Os encargos da Caixa Econocircmica Federal constituem 1) taxa de juros 295 ao mecircs 2) taxa de abertura de creacutedito (TAC) 3 do valor do contrato 3) Aliacutequota zero sobre o Imposto sobre Operaccedilotildees de Creacutedito (IOF) 34
O BNDES proporciona um creacutedito de ateacute R$ 2000000 por cliente o Banco do Brasil R$ 1500000 (ateacute a data desse trabalho)
97
creacutedito Desses MEI 43 obtiveram empreacutestimos e 57 natildeo conseguiram
formalizar o empreacutestimo Em 2012 10 recorreram ao creacutedito sendo que 52
desses obtiveram empreacutestimos e 48 natildeo conseguiram o financiamento Em 2015
84 dos MEI natildeo procurou obter empreacutestimo junto agraves instituiccedilotildees financeiras Dos
16 que recorreram ao creacutedito 55 conseguiram o empreacutestimo e 45 natildeo
efetivaram o creacutedito
Entre os anos de 2011 e 2015 como aponta o SEBRAE houve decreacutescimo
de trecircs pontos percentuais pelos MEIS na taxa de procura por financiamentos junto
agraves instituiccedilotildees financeiras Sendo que as instituiccedilotildees puacuteblicas representam uma
parcela significativa na procura por empreacutestimos pelos Microempreendedores
individuais
Como podemos observar (TABELA 11) entre os anos 2011 e 2015 houve
reduccedilatildeo na taxa de procura entre os dois anos mas a reduccedilatildeo foi mais expressiva
na taxa de aprovaccedilatildeo Isso estaacute relacionado agraves medidas mais restritivas de creacutedito
do ano de 2015 que afetaram a poliacutetica de fomento aos MEI como aos demais
empreendedores
TABELA 11 - PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)
INSTITUICcedilAtildeO DE CREacuteDITO
PROCURA POR EMPREacuteSTIMO ()
EMPREacuteSTIMO APROVADO ()
2011 2015 2011 2015
Instituiccedilotildees Financeiras Puacuteblicas 68 67 00 44 Instituiccedilotildees Privadas 27 0 22 49 Cooperativas de creacutedito 4 6 99 42
FONTE SEBRAE (20122015)
Todavia alguns dispositivos de apoio e estiacutemulos a essas categorias
empresariais descritos nas LC 12306 e LC 12808 tais como baixa tributaccedilatildeo
programas de capacitaccedilatildeo e mesmo o Acesso em ao creacutedito a exemplo que
estimulem o seu desenvolvimento seratildeo analisadas posteriormente quando
abordarmos a MRGP
O microcreacutedito produtivo consiste numa ferramenta utilizada em muitos
paiacuteses como estrateacutegia de reduccedilatildeo da pobreza na promoccedilatildeo de emprego e renda e
na consolidaccedilatildeo do aumento da capacidade produtiva de microempreendimentos
aleacutem de favorecer condiccedilotildees a melhoria de vida das pessoas mais empobrecidas e
socialmente vulneraacuteveis (PEREIRA 2006 BARONE et al 2002)
98
O microcreacutedito democratiza o Acesso em ao creacutedito fundamental para a vida moderna do qual grande parte dos brasileiros estaacute excluiacuteda A disponibilidade de creacutedito para empreendedores de baixa renda capazes de transformaacute-lo em riquezas para eles proacuteprios e para o paiacutes faz do microcreacutedito parte importante das poliacuteticas de desenvolvimento (BARONE et al 2002 p 11)
No Brasil o microcreacutedito eacute regulamentado e normatizado pela Lei
111102005 que institui o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado
(PNMPO) e ―tem por finalidade especiacutefica disponibilizar recursos para o microcreacutedito
produtivo orientado (Lei 111102005 art 1ordm sect 2ordm)
O microcreacutedito produtivo orientado segundo Barone et al (2002) possui
efeito positivo junto aos tomadores de financiamento no sentido de melhoria das
condiccedilotildees habitacionais de sauacutede e alimentares da expectativa da restituiccedilatildeo da
cidadania e da auto-estima aleacutem da geraccedilatildeo de emprego e renda das famiacutelias que
fazem o uso desse instrumento
Tal posicionamento eacute defendido por Pereira (2005) posto os resultados
empiacutericos obtidos em estudos realizados no Centro de Apoio de Pequenos
Empreendimentos no Estado da Paraiacuteba (CEAPEPB) em 2005 Em suas anaacutelises
ela concluiu que o microcreacutedito proporciona a expansatildeo do ativo circulante35 e do
patrimocircnio liacutequido tendo peso significativo na consolidaccedilatildeo dos empreendimentos
(PEREIRA 2005 p 78) Percebe-se dessa maneira o impacto positivo do
microcreacutedito em paracircmetros econocircmicos aleacutem de ser uma ferramenta de
intervenccedilatildeo na exclusatildeo social Entretanto a situaccedilatildeo na MRGP apresenta um
quadro criticamente diverso A tabela abaixo (TABELA 12) expressa a regressatildeo
significativa das transaccedilotildees de creacutedito pela CEF na MRGP entre os anos 2015 e
2016
TABELA 12 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS NA MRGP CEDIDOS
PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS MPE (2015-2016)
ANO TOTAL DE CONTRATOS VALOR TATOAL (R$)
2015 13909 3759861821
2016 2756 795389276
FONTE CONTROLADORIA GERAL DA UNIAtildeO ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIA
35
O ativo circulante compreende o dinheiro em caixa os saldos bancaacuterios e todos os valores que podem ser convertidos em dinheiro imediatamente (SANDRONI 1999)
99
A diminuiccedilatildeo nos financiamentos estaacute atrelada em parte pelo baixo
desempenho da economia e por outro lado a forte restriccedilatildeo do sistema bancaacuterio no
processo de seletividade para o creacutedito Para o entrevistado3
Existe um preconceito muito grande seja por parte de associaccedilotildees seja por parte de instituiccedilotildees financeiras neacute Porque o MEI eacute um risco Como que eacute avaliado Ah ele eacute pequenininho Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar a mensalidade Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar um financiamento Eu vejo isso como um preconceito Mas eu natildeo tiro toda razatildeo da parte financeira (transcriccedilatildeo) (entrevistado3)
Notemos que o nuacutemero de contratantes (TABELA 12) em 2015 em relaccedilatildeo
ao nuacutemero de MPE na MRGP (TABELA 13) abaixo atingiu o percentual de 4487
No ano seguinte (2016) esse percentual reduziu sensivelmente para 814
TABELA 13 - NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016)
FONTE EMPRESOcircMETRO
Ainda na comparaccedilatildeo entre os dados expressos acima (TABELAS 12 e 13)
percebemos que a retraccedilatildeo nos contratos de financiamentos representou um
decreacutescimo de 2115 de ativos circulantes das MPE na MRGP o que compromete
o desenvolvimento tendo em vista que em meacutedia 95 das empresas da regiatildeo satildeo
MPE (Empresocircmetro) e geram empregos renda e tem forte impacto na produccedilatildeo de
riqueza em seus municiacutepios
Partindo das anaacutelises de Kohler (2010) observamos que o aumento da
atividade econocircmica requer a expansatildeo da capacidade de investimento o qual ele
denomina de ―investimento produtivo O investimento produtivo na concepccedilatildeo do
MUNICIacutePIO Nordm MPE
2015 2016
Antonina 1453 1581
Guaraqueccedilaba 358 400
Guaratuba 3913 4333
Matinhos 4138 4716
Morretes 1559 1703
Paranaguaacute 13612 14728
Pontal do Paranaacute 3929 4372
TOTAL 30977 33849
100
autor eacute um elemento importante na produccedilatildeo de riqueza local pois se materializa
em uma variaacutevel ex ante a poupanccedila produtiva resultado da riqueza gerada
Tratando-se do MEI as condiccedilotildees de alocaccedilatildeo de ―investimentos
produtivos- aquisiccedilatildeo de tecnologias maacutequinas estoque ndash podem ser referenciadas
na Lei Geral atraveacutes do estiacutemulo ao creacutedito
Magalhatildees Junior (2016) ao analisar o impacto dos micro - financiamentos
realizados nos municiacutepios paranaenses atraveacutes do Programa Banco do
Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) concluiu que a adiccedilatildeo em meacutedia de 1
nos contratos de microcreacutedito junto ao Programa Banco Empreendedor Paranaacute
possibilitou o aumento da capacidade econocircmica dos municiacutepios participantes em
032 entre os anos 2010 e 2013
Os dados abaixo (TABELA 14) demonstram o nuacutemero de contratos
creditiacutecios firmados com o MEI na MRGP junto ao Fomento Paranaacute entre os anos
2014 ndash 2016 Observamos ainda a elevaccedilatildeo de 400 no nuacutemero de financiamentos
entre os anos 2015 ndash 2016 ao contraacuterio dos bancos puacuteblicos federalizados que
manifestaram reduccedilatildeo nos contratos
TABELA 14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016)
MUNICIacutePIO Nordm DE FINANCIAMENTOS
2014 2015 2016
Antonina 3 3 4
Guaraqueccedilaba
6
Guaratuba 5
Matinhos 4
12
Morretes 10 3 12
Pontal do Paranaacute
7
TOTAL 29 9 45
FONTE FOMENTO PARANAacute ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIAPR
Mesmo com essa expansatildeo significativa o percentual em relaccedilatildeo ao
nuacutemero de MEI na MRGP eacute pouco expressivo pois representou apenas 038 do
total dos microempreendedores em 2016
Tal qual o nuacutemero de contratos os valores financiados aumentaram
significativamente em 47630 entre os anos 2015 ndash 2016 como demonstrado
101
abaixo (GRAacuteFICO10) Esse percentual segundo um agente representante do
Programa Banco Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) da regiatildeo deve cair
novamente em funccedilatildeo dos municiacutepios do litoral natildeo renovarem os convecircnios com o
banco supracitado
GRAacuteFICO 10- VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP ATRAVEacuteS DO
PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016)
FONTE Fomento Paranaacute ndash elaboraccedilatildeo proacutepria ndash dados obtidos atraveacutes
do Portal da Transparecircncia
Ao analisarmos os dados do graacutefico abaixo sobre o nuacutemero de contratos
firmados junto ao sistema de creacutedito na MRGP pelos respondentes (n=30)
reparamos que vinte e quatro (n=24) dos entrevistados (GRAacuteFICO 11) disseram natildeo
ter contratado financiamentos junto agraves entidades creditiacutecias para expandir seus
negoacutecios e seis (n=6) responderam ter realizado empreacutestimo Dos respondentes que
realizaram financiamentos quatro (n=4) disseram ter utilizado como capital de giro e
dois (n=2) dos respondentes que adquiriram o financiamento relataram que o
utilizaram tanto como capital de giro como para expandir os negoacutecios e na compra
de materiais
R$26674633
R$8176690
R$47121657
2014 2015 2016
Valor contratado (R$)
102
GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Um fato interessante no momento da entrevista eacute que grande parte dos
respondentes natildeo tinha conhecimento sobre essa prerrogativa estabelecida em lei e
nem mesmo disse conhecer as implicaccedilotildees que um financiamento produtivo
empregado de forma adequada pode oferecer para a melhoria das condiccedilotildees dos
microempreendimentos
436 O associativismo e os MEI na MRGP
O associativismo pode ser caracterizado como cooperaccedilatildeo para crescer
juntos Quem se associa usualmente tem objetivos em comum portanto a
cooperaccedilatildeo eacute fundamental ao avanccedilo desses objetivos
Com o escopo de incluir as MPE no processo produtivo competitivo e
saudaacutevel jaacute no art 1ordm inciso III a LC 12306 preceitua como uma das normas
descritas o Acesso em ao associativismo acentuando no capiacutetulo VIII da referida
Lei Geral que a associaccedilatildeo seraacute regulamentada sob a forma de Sociedade de
Propoacutesito Especifico (SPE)36 e ―seraacute constituiacuteda como Sociedade Limitada37 (art 56
sect2ordm inciso VII)
36
Sociedade de Propoacutesito Especiacutefico (SPE) eacute um modelo de organizaccedilatildeo empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anocircnima com um objetivo especiacutefico ―cuja atividade eacute bastante restrita podendo em alguns casos ter prazo de existecircncia determinado normalmente utilizada para isolar o risco financeiro da atividade desenvolvida (SEBRAE)disponiacutevel lthttpwwwbibliotecassebraecombrchronusARQUIVOS_CHRONUSbdsbdsnsff25877ce0f2ecbca17355fc33397deea$File5189pdfgtgt Esta previsatildeo estaacute fundamentada no art 981 do Coacutedigo Civil de 2002 37
Forma societaacuteria com personalidade juriacutedica de participaccedilatildeo definida com base em seu investimento
sim
natildeo
103
Uma associaccedilatildeo tem como objetivo a manutenccedilatildeo e salvaguarda do
interesses de seus associados promovendo permanentemente os lastros de
cooperaccedilatildeo entre eles reconhecendo que para prosperar eacute necessaacuteria adequaccedilatildeo
institucional administrativa e de recursos para adaptaccedilotildees decorrentes de
mudanccedilas em cenaacuterios especiacuteficos (social economia poliacutetica)
Agraves MPE em especial aos microempreendedores individuais as concepccedilotildees
do associativismo satildeo maneiras integradas ao movimento de inclusatildeo dessa
categoria no processo mercantil uma vez que a fragilidade no Acesso em ao
mercado ao creacutedito agraves tecnologias jaacute mencionadas anteriormente as relaccedilotildees
estabelecidas na consolidaccedilatildeo associativa geram possibilidades de surgirem
externalidades tais como conexotildees comerciais fortalecimento econocircmico
benefiacutecios em funccedilatildeo das parcerias com a associaccedilatildeo dentre outras Nessa
perspectiva
o estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo como forma de minimizar as fraquezas estruturais que envolvem os microempreendedores se apoia na perspectiva de que os atores econocircmicos natildeo podem ser tomados como aacutetomos isolados posto que suas accedilotildees dependem de vaacuterias limitaccedilotildees advindas das relaccedilotildees estabelecidas com outras organizaccedilotildees (CERQUEIRA CUNHA MOHR SOUZA ABRAHAO FLEIG 2014 p 739)
Abaixo (GRAacuteFICO 12) estatildeo os resultados sobre a participaccedilatildeo dos
respondentes (n=30) em associaccedilotildees de representaccedilatildeo da categoria Dos
respondentes vinte e oito (n=28) responderam que natildeo satildeo membros de nenhuma
associaccedilatildeo e dois (n=2) decidiram por natildeo responder
GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO REPRESENTANTE DA CATEGORIA
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
sim
natildeo
natildeo respondeu
104
No litoral identificamos (QUADRO 8) as principais entidades representantes
da classe comercial e industrial as quais abrem espaccedilo para o MEI se associar
QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO PARANAacute
ENTIDADE DESCRICcedilAtildeO
ACIG Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Guaratuba
ACIMA Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos
ACIAPAR Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Pontal do Paranaacute
ACIAP Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Paranaguaacute
ACIAM Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agropecuaacuteria de Morretes
AMPEC LITORAL Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do litoral do Paranaacute
FONTE Dados da PesquisaAssociaccedilotildees que possuem mensalidades reduzidas para os MEI
As entidades de classe descritas no quadro acima estatildeo distribuiacutedas em
todo o litoral paranaense mas destacamos a AMPEC por seu aspecto principal que
eacute uma associaccedilatildeo dos micro e pequenos empreendedores do litoral
A ASSOCIACcedilAtildeO teraacute por finalidade congregar as Microempresas Empresas de Pequeno Porte os Empreendedores Individuais e os profissionais autocircnomos formais e informais industriais comerciais agriacutecolas artesatildeos e prestadoras de serviccedilos em forma de associados optantes objetivando a promoccedilatildeo social e econocircmica estimulando o desenvolvimento e defendendo o interesse de seus associados (art 4ordm Estatuto Social AMPEC)
A AMPEC com sede em Pontal do Paranaacute na visatildeo do entrevistado2 eacute
muito importante poreacutem natildeo existe apoio do poder puacuteblico local ou de entidades que
possam contribuir para o desenvolvimento da associaccedilatildeo e de cooperaccedilatildeo conjunta
na composiccedilatildeo de estrateacutegias para aumentar a alocaccedilatildeo de recursos e
acompanhamento teacutecnico para a entidade Dessa forma o isolamento e soacute com a
arrecadaccedilatildeo dos associados natildeo tem como desenvolver accedilotildees para fortalecer a
classe Ateacute mesmo porque a inadimplecircncia segundo o entrevistado2 chega a
6038 Ainda segundo o entrevistado2 a associaccedilatildeo passou por algumas
reformulaccedilotildees administrativas posto problemas internos com respeito a recursos e
endividamento da entidade
38
O valor cobrado de mensalidade do associado eacute de R$1000 mensais (entrevistado2)
105
A AMPEC natildeo consegue atender os empreendedores seus associados Natildeo consegue ver um retorno por parte da AMPEC Nada de concreto Somente criacuteticas por parte da AMPEC [] Normalmente quando vocecirc se associa vocecirc quer crescer junto ou vocecirc tem o retorno Se vocecirc natildeo tem o retorno se vocecirc vecirc que natildeo ta criando natildeo ta juntando por que que vocecirc vai entrar NE Eu penso dessa forma o associativismo(transcriccedilatildeo) (entrevistado3)
Nas anaacutelises descritas por Cunha Mohr Souza Abrahao Fleig (2014) na
discussatildeo sobre as fraquezas e potencialidades da AMPEC o associativismo eacute
apontado como uma alternativa de melhoria das condiccedilotildees do microempreendedor
no litoral paranaense No entanto Como observa o entrevistado3 ―o associativismo
natildeo eacute aceito no litoral por questotildees culturais No sudoeste do Estado a SICREDI e o
SICOOB satildeo mais fortes que o Itauacute e o BB(transcriccedilatildeo)
Algumas estrateacutegias podem ser interessantes para o desenvolvimento do
MEI todavia elas deveriam ser adaptadas agrave realidade local como eacute o caso das
compras puacuteblicas O municiacutepio tem prazo de pagamento ateacute de 90 dias Para alguns
microempreendimentos isso se torna praticamente inviaacutevel 1) pela pouca
disponibilidade de ativos disponiacuteveis o que impossibilita a raacutepida reposiccedilatildeo dos
recursos utilizados 2) pelo fato de muitas empresas e microempreendedores natildeo
distinguirem as despesas da empresa com as da famiacutelia pois a famiacutelia depende
diretamente desses recursos (SACHS 2003)―O MEI eacute muito pequeno neacute Natildeo
consegue concorrer com os maiores Muitos MEI usam de outras atividades pra
completar a renda ou a renda do MEI eacute usada pra complementar (entrevistado2)
(transcriccedilatildeo)
437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI
Albuquerque e Zapata (2010) destacam a importacircncia de adesatildeo dos
governos locais nas poliacuteticas de desenvolvimento pois segundo os autores as
autoridades eleitas ndash municipais e estaduais ndash satildeo elementos chaves no processo
de desenvolvimento local Embora como acentuam os autores o desenvolvimento
dos territoacuterios muitas vezes eacute impulsionado por liacutederes locais (cooperativas
associaccedilotildees) jovens empresaacuterios e entidades natildeo governamentais eacute indispensaacutevel
a integraccedilatildeo dos governos locais agraves iniciativas de desenvolvimento posto que
―podem conferir a essas iniciativas algum caraacuteter institucional (idem p 216)
106
No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 13) estatildeo os resultados sobre o conhecimento
dos respondentes sobre estrateacutegias adotadas pelas prefeituras em apoio ao MEI na
MRGP
GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTODOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Na leitura dos dados acima (GRAacuteFICO 13) verificamos que vinte e dois
(n=22) dos respondentes natildeo sabem informar se as prefeituras possuem accedilotildees de
apoio ao MEI
Observamos durante nossas pesquisas que dos sete municiacutepios da MRGP
cinco esforccedilaram-se em apresentar propostas de fomento das capacidades de
produccedilatildeo do MEI firmando parcerias com entidades importantes no cenaacuterio
econocircmico e de desenvolvimento como eacute o caso do SEBRAE Foram eles
Guaraqueccedilaba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Certamente
como constatado nas pesquisas em alguns casos Morretes e Matinhos naquele
momento pela transiccedilatildeo do chefe do executivo (eleiccedilotildees municipais) pode ter
ocorrido certo abandono das poliacuteticas setorizadas de apoio ao MEI Destacamos
ainda duas circunstacircncias importantes 1) a falta de poliacuteticas de desenvolvimento
local nos municiacutepios do litoral (SEBRAE ndash monitoramento da implementaccedilatildeo da Lei
Geral) 2) ausecircncia de poliacuteticas puacuteblicas que reduzam o imediatismo e infiram metas
0
10
20
30
40
50
60
70
80
compra derodutos e
serviccedilos doMEI
na aquisiccedilatildeode
tecnologias
cursos decapacitaccedilatildeo
processo deformalizaccedilao
natildeo soubeinformar
natildeoresponderam
107
de meacutedio e longo prazo com vistas ao desenvolvimento sustentaacutevel assinalado por
Sachs (2003) e Albuquerque e Zapata (2010)
Os pontos assinalados acima na MRGP obedecem agrave perspectiva no nosso
entendimento das poliacuteticas puacuteblicas por vezes de inclinaccedilatildeo poliacuteticapartidaacuteria
unilateral sem representaccedilatildeo de atores locais externos agrave administraccedilatildeo puacuteblica (top
down) muitas vezes alheias agraves reais necessidades da populaccedilatildeo Geralmente
essas poliacuteticas natildeo satildeo produzidas com implicaccedilotildees de meacutedio e longo prazos mas
ciacuteclicas e temporais permanecendo ateacute o teacutermino da gestatildeo municipal
Em nossas pesquisas observamos ainda que Pontal do Paranaacute eacute um dos
municiacutepios da MRGP com maior maturidade nas concepccedilotildees de desenvolvimento
local posto a extensatildeo de estrateacutegias accedilotildees e programas diversificados de fomento
das MPE em especial agrave categoria especiacutefica do MEI Esta proposta vai ao encontro
das anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2010 p 2018) no sentido de que ―agraves vezes
uma estrateacutegia de desenvolvimento local pode se iniciar a partir da coordenaccedilatildeo
territorial de alguns programas e instrumentos setoriais de fomento definidos de
maneira central
Um ponto central nesse processo como assinalou o entrevistado8 eacute a
capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios efetivos da administraccedilatildeo puacuteblica municipal que atuam
na secretaria e na sala do empreendedor Esta estrateacutegia tem como objetivo dar
continuidade agraves propostas de desenvolvimento local isolando-se do plano partidaacuterio
denotando sentido neutro nas poliacuteticas de desenvolvimento
Na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio percebemos que muitos dos respondentes
como constatado no graacutefico 9 desconhecem as regulamentaccedilotildees que normatizam a
categoria (Leis) os dispositivos legais que favorecem a classe do MEI quanto ao
creacutedito agraves isenccedilotildees agrave licitaccedilatildeo dentre outros instrumentos relacionados agrave sua
inserccedilatildeo e expansatildeo no mercado
Como jaacute mencionado nos municiacutepios de Guaratuba e Antonina natildeo foram
identificadas estrateacutegias de apoio ao MEI por parte do governo local com vistas agrave
inserccedilatildeo no sistema de mercado observados os dispositivos da Lei Geral
Em Guaratuba em 2009 o municiacutepio instituiu a Lei Complementar 042009
sobre o tratamento diferenciado agraves MPE no acircmbito municipal Uma das estrateacutegias
previstas na referida LC de Guaratuba foi a criaccedilatildeo do Comitecirc Gestor Municipal com
o objetivo de acompanhar a implementaccedilatildeo da LC 12306 e suas complementaccedilotildees
108
Poreacutem nas pesquisas de campo em 2016 junto agraves secretarias de
Urbanismo de Infraestrutura e Obras e do Bem Estar e Promoccedilatildeo Social assim
como o entrevistado1 desconheciam a existecircncia e atuaccedilatildeo do citado comitecirc assim
como natildeo souberam informar sobre alguma proposta referida ao MEI
Um dos avanccedilos identificados no processo de desenvolvimento empresarial
de Guaratuba foi a criaccedilatildeo em 2016 de uma agecircncia da Junta Comercial do
Paranaacute firmando parceria com o governo local e com a Associaccedilatildeo Comercial e
industrial de Guaratuba (ACIG)Tal accedilatildeo pode fortalecer o caraacuteter institucional de
poliacuteticas voltadas agraves categoria empresarial e comercial do municiacutepio Destacamos
ainda que esta foi uma accedilatildeo isolada identificada para o desenvolvimento do
ambiente empresarial da cidade
Muito embora a maioria dos municiacutepios da MRGP apresente dificuldades
orccedilamentaacuterias eacute importante frisar que o enquadramento aos dispositivos legais
inseridos na Lei Geral podem ser implantados de maneira gradual vinculados a uma
postura de desenvolvimento integrado e com metas de meacutedio e longo prazos com
provimentos de investimentos que suportem em princiacutepio estrateacutegias e accedilotildees um
pouco mais reduzidas mas no segundo momento podem ser expandidas e
melhoradas encaixadas em novas estrateacutegias e accedilotildees em concepccedilotildees de
―inovaccedilatildeo renovaccedilatildeo e transformaccedilatildeo constantes as quais estatildeo sujeitas qualquer
poliacutetica puacuteblica
438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute
Segundo o SEBRAE (2014) as micro e pequenas empresas em 2011 eram
responsaacuteveis por ―44 dos empregos formais em serviccedilos e aproximadamente 70
dos empregos gerados no comeacutercio (p7)
Nota-se a impressionante importacircncia desse tecido empresarial na economia
do trabalho e sua relevacircncia que pode ser considerada nas poliacuteticas de inclusatildeo
social visto a geraccedilatildeo de emprego e renda e externalidades agregadas como o
combate a miseacuteria e a pobreza extrema aleacutem do aumento da auto-estima e da
manutenccedilatildeo da dignidade das pessoas em funccedilatildeo do trabalho
109
O MEI na forma da lei explicitado no art 18C da LC 12808 poderaacute
contratar um empregado com todos os direitos e deveres atribuiacutedos na
Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT)
Observado o disposto no art 18-A e seus paraacutegrafos desta Lei Complementar poderaacute se enquadrar como MEI o empresaacuterio individual que possua um uacutenico empregado que receba exclusivamente 1 (um) salaacuterio miacutenimo ou o piso salarial da categoria profissional
Ao analisar o graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 14) com base no questionaacuterio
identificamos que dezenove (n=19) dos MEI que participaram do questionaacuterio
responderam que natildeo possuem empregado no exerciacutecio de suas atividades oito
(n=8) responderam que possuem empregado e trecircs (n=3) natildeo responderam agrave
questatildeo
GRAacuteFICO 14 -RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Se por um lado a formalizaccedilatildeo do MEI constitui um avanccedilo no enfrentamento
agrave informalidade do outro lado haacute uma reproduccedilatildeo do processo informal que foge ao
controle da poliacutetica de formalizaccedilatildeo Trabalhadores que satildeo incluiacutedos por uma
poliacutetica que tem esforccedilo em pelo menos reduzir a informalidade contribui em
parte para a precarizaccedilatildeo do trabalho contratando trabalhadores dentro do sistema
informal para exercerem atividades que permanecem fora dos preceitos do trabalho
descente
0
10
20
30
40
50
60
70
sim natildeo natildeo respondeu
110
Nesse sentido sobre os microempreendedores individuais que empregam
constatamos(GRAacuteFICO 15) que dos trabalhadores empregados pelos MEI seis
(n=6) deles exercem suas funccedilotildees na informalidade e dois (n=2) satildeo formalizados
GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E NAtildeO FORMALIZADOS
EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Eacute importante ressaltar que nas observaccedilotildees de campo constatou-se que
333 dos empregados natildeo formalizados (n=2) eram filhos dos MEI respondentes
Dessa forma muitos MEI aleacutem de reproduzir a informalidade com forccedila de trabalho
familiar precarizando em muito as condiccedilotildees do trabalho comprometem o
rendimento escolar de crianccedilas e adolescentes
439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia
Os municiacutepios da MRGP apresentam caracteriacutesticas distintas tanto pela
economia industrial quanto pelas particularidades sazonais dos serviccedilos as quais as
cidades balneaacuterias estatildeo submetidas Segundo Monteiro (2013 p 5) a populaccedilatildeo
total dos trecircs municiacutepios pode aumentar em 400 na temporada de praia
As particularidades sazonais refletem consideravelmente nas economias dos
municiacutepios balneaacuterios pelo aumento do fluxo de pessoas na temporada de veratildeo
0
10
20
30
40
50
60
70
80
natildeo formalizado formalizado
111
responsaacutevel pelo estiacutemulo da economia local impulsionada pelo turismo Destaque
para os setores de serviccedilos e do comeacutercio Com a expansatildeo da economia nesse
periacuteodo (dezembro janeiro e fevereiro) surgem oportunidades de trabalho e renda
para a populaccedilatildeo local e o aumento de volume do comeacutercio e prestaccedilatildeo de serviccedilos
Abaixo (GRAacuteFICO 16) examinamos a renda bruta dos respondentes (n=30)
na temporada de praia e no inverno a partir do questionaacuterio A referecircncia de renda
teraacute como paracircmetro o salaacuterio miacutenimo nacional39
GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Ao observarmos acima (GRAacuteFICO 16) percebemos que dos respondentes
na temporada de praia quatro (n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs
trecircs(n=3) ganham ateacute dois salaacuteriosmecircs sete (n=7) ganham ateacute trecircs salaacuterios sete
(n=7) ganham ateacute quatro salaacuterios sete (n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois
(n=2) ganham mais de cinco salaacuterios por mecircs e fora da temporada de praia quatro
(n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs quatro (n=4) ganham ateacute dois salaacuterios
miacutenimos por mecircs oito (n=8) ateacute trecircs salaacuterios quatro (n=4) ateacute quatro salaacuterios sete
(n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois(n=2) ganham mais de cinco
salaacuteriosUm respondente natildeo se manifestou sobre a renda bruta fora do veratildeo
39
O salaacuterio miacutenimo nacional para o ano 2016 eacute de R$ 88000 tendo como base o Decreto Federal nordm 86182015
0
5
10
15
20
25
30
ateacute 1 ateacute 2 ateacute 3 ateacute 4 mais de4
mais de5
no veratildeono inverno
112
Na demonstraccedilatildeo acima (GRAacuteFICO 16) notamos que cerca de nove(n=9)
dos MEI respondentes possui rendimentos acima de quatro salaacuterios miacutenimos e
quatorze (n=14) possui variaccedilatildeo entre um e trecircs salaacuterios miacutenimos Em 201040 o
rendimento do trabalhador na MRGP era em meacutedia 245 salaacuterios miacutenimos como
indicado abaixo41 (TABELA 15)
TABELA 15 - RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010)
MUNICIacutePIO RENDIMENTO MEacuteDIO EM SALAacuteRIO MIacuteNIMO
Antonina 227
Guaraqueccedilaba 118
Guaratuba 244
Matinhos 278
Morretes 267
Paranaguaacute 304
Pontal do Paranaacute 279
MEacuteDIA 245
FONTE IBGE ndash senso 2010
Se estabelecermos uma comparaccedilatildeo tendo como indicativo de rendimento
do trabalhador o salaacuterio miacutenimo nacional veremos que o MEI categoria de
trabalhador inclusa no sistema previdenciaacuterio (IBGE) 30 dos respondentes possui
renda meacutedia superior agrave verificada em 2010 e 467 dessa categoria permanece
proacuteximo da meacutedia analisada em 2010
4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute
Os artigos 64 e 65 da LC 12306 com base no art 149 da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 reforccedilam a necessidade de articulaccedilatildeo entre as Instituiccedilotildees
Federais de Ensino Superior (IFES) as Instituiccedilotildees Cientiacuteficas e Tecnoloacutegicas (ICT)
e as FundaccedilotildeesInstituiccedilotildees de Apoio (Lei Fed 895894) na implementaccedilatildeo de ―[]
programas especiacuteficos para as microempresas e para as empresas de pequeno
porte [] Os programas possuem objetivos de auxiliar agrave capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e
40
O salaacuterio miacutenimo nacional em 2010 era de R$ 51000 conforme Lei 1225510 41
Utilizamos o paracircmetro de 2010 por conta da escassez de dados econocircmicos atualizados da MRGP
113
treinamento de pessoal assim como dinamizar o processo de inovaccedilatildeo e
estruturaccedilatildeo dessas categorias empresariais
O Sistema S42 a exemplo definido na paacutegina web do Senado Federal como
―Termo que define o conjunto de organizaccedilotildees das entidades corporativas voltadas
para o treinamento profissional assistecircncia social consultoria pesquisa e
assistecircncia teacutecnica que aleacutem de terem seu nome iniciado com a letra S tecircm raiacutezes
comuns e caracteriacutesticas organizacionais similares e dentro de suas competecircncias
―cumpre um papel fundamental na oferta de cursos profissionalizantes em todo o
Brasil Criadas a partir dos anos 1940 as entidades que compotildeem o sistema se
dedicam agrave formaccedilatildeo profissional em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo (induacutestria
comeacutercio agropecuaacuteria entre outras) como indica o site do Governo Federal
Dessa forma com base nas anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2008)
compreendemos que eacute igualmente necessaacuterio para o desenvolvimento e o
incremento das potencialidades estabelecerem o fortalecimento e expansatildeo tanto
das empresas inseridas em arranjos produtivos locais com qualificaccedilatildeo do capital
humano no gerenciamento e gestatildeo dos processos socioeconocircmicos Acesso em
agraves novas tecnologias promovendo a inovaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de produtos e a
conexatildeo em redes de produccedilatildeo e escoamento dos produtos dentro e fora do
territoacuterio quanto agrave otimizaccedilatildeo desses recursos alocados ao desenvolvimento
socioeconocircmico
Para o SEBRAE (2014) em 2011 os pequenos negoacutecios atingiram o
percentual de 27 do PIB brasileiro sendo que as Micro e Pequenas Empresas
respondem por 53 4 da riqueza gerada no setor de serviccedilos
Os dados demonstram a importacircncia de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte inclusive os Microempreendedores Individuais Isoladamente uma empresa representa pouco Mas juntas elas satildeo decisivas para a economia e natildeo se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas (SEBRAE 2014)
Abaixo (GRAacuteFICO 17) demonstra o quantitativo de MEI respondentes ao
questionaacuterio que participaram de cursos de capacitaccedilatildeo
42
A criaccedilatildeo das Instituiccedilotildees do sistema ―S tem como base fundamental o art 149 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e eacute composta pelo Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Comeacutercio (Senac) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Serviccedilo Social do Comeacutercio (Sesc) Serviccedilo Social da Induacutestria (Sesi) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviccedilo Social de Transporte (Sest) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)
114
GRAacuteFICO 17- QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE PARTICIPARAM DE CURSOS DE CAPACITACcedilAtildeO
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Percebemos (GRAacuteFICO 17) que dezessete (n=17) dos respondentes natildeo
participaram de cursos de capacitaccedilatildeo e dez (n=10) responderam que sim Dessa
forma veremos que a maioria dos respondentes se enquadra na perspectiva de
Sachs (2003) sobre a falta de conhecimentos baacutesicos para o desenvolvimento de
suas atividades Ou seja ausecircncia de capacitaccedilatildeo necessaacuteria nos negoacutecios pode se
tornar uma barreira na sustentabilidade do microempreendimento
O principal problema enfrentado pelo MEI eacute a falta de conhecimento de mercado Eles tecircm uma boa intenccedilatildeo mas sem capacidade de gerir o negoacutecio A natildeo ser aquele que jaacute exerce sua profissatildeo e resolve se formalizar Este jaacute conhece os limites do mercado (transcriccedilatildeo) entrevistado1)
Boa parte dos MEI no momento da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio natildeo
expressava desejo em se capacitar ou mesmo participar de qualquer qualificaccedilatildeo
Um dos MEI que respondeu natildeo participar de cursos de capacitaccedilatildeo nos disse se
considerar um ―autodidata e natildeo haveria a necessidade de se capacitar
A capacitaccedilatildeo para agir no mercado aberto eacute um elemento chave como
suporte agrave expansatildeo das capacidades envolvidas em um microempreendimento
posto agrave possibilidade de conhecimento de gestatildeo e financcedilas administraccedilatildeo de
recursos estoque fluxos de mercado e competitividade
participou
natildeo participou
Natildeo respondeu
115
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Iniciamos os trabalhos de pesquisa motivados por investigar como as
organizaccedilotildees puacuteblicas mercado e organizaccedilotildees sociais tecircm constituiacutedo poliacuteticas de
formalizaccedilatildeo do trabalho e como os trabalhadores e essas organizaccedilotildees tecircm
promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual no litoral do
Paranaacute Para tal realizamos estudos sobre as transformaccedilotildees no mundo do trabalho
investigamos a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas enfrentados
pelos trabalhadores informais na regiatildeo Tratando-se de um estudo pioneiro
enfrentamos uma seacuterie de dificuldades para a coleta de dados e entrevistas em um
setor marcado pela precariedade de informaccedilotildees e estudos sistemaacuteticos
Um traccedilo marcante no mercado de trabalho brasileiro eacute informalidade
decorrente das transformaccedilotildees no processo de produccedilatildeo promovidas pelo decliacutenio
da concepccedilatildeo keynesianafordista que culminaram nas modificaccedilotildees das relaccedilotildees
de trabalho e no deslocamento do trabalhador fabril para o setor terciaacuterio
O capitalismo no Brasil como na Ameacuterica Latina tambeacutem denominado de
capitalismo tardio foi fundamentalmente gerado a partir de forccedilas produtivas
exoacutegenas e natildeo da capacidade de produccedilatildeo endoacutegena apesar de grande parte de o
capital cafeeiro brasileiro ter sido convertido em capital industrial O setor industrial
no Brasil se expandiu rapidamente entre a segunda metade da deacutecada de 1950 e da
deacutecada de 1960 convertido por um novo padratildeo tecnoloacutegico e de acumulaccedilatildeo
No litoral paranaense o capitalismo adquiriu caracteriacutesticas diferentes do
restante do Estado como indica a literatura O poacutelo e vetor econocircmico da regiatildeo eacute o
municiacutepio de Paranaguaacute responsaacutevel por boa parte da produccedilatildeo de riquezas na
regiatildeo da geraccedilatildeo de postos de trabalho e renda pois possui o maior nuacutemero de
empresas da regiatildeo Em ponto oposto agrave Paranaguaacute temos o municiacutepio de
Guaraqueccedilaba o mais carente em recursos os quais 93 tem origem em
repasses do Estado e do Governo Federal
Muito embora com potenciais escondidos e pouco explorados passiacuteveis de
impulsionar o desenvolvimento a Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute eacute
considerada uma das menos desenvolvidas do Estado marcada pela ausecircncia de
poliacuteticas de desenvolvimento local altos iacutendices de pobreza e destacadas
desigualdades sociais Segundo a literatura a regiatildeo possui um Niacutevel de
Desenvolvimento Regional (NDR) classificado como Muito Baixo (MB) Ainda
116
segundo a literatura as receitas dos municiacutepios da MRGP possuem enorme
dependecircncia das transferecircncias correntes do Estado e da Uniatildeo demonstrando a
pouca capacidade na geraccedilatildeo de riquezas e de recursos necessaacuterios agrave aplicaccedilatildeo e
melhoria de serviccedilos baacutesicos para a populaccedilatildeo local tais como sauacutede e educaccedilatildeo
Alguns municiacutepios da MRGP aleacutem da dependecircncia das transferecircncias
correntes destinam boa parte de seus recursos a atenderem elites locais em um
cenaacuterio de clientelismo43
Os segmentos da economia no litoral que mais geram empregos formais satildeo
o comeacutercio setor de serviccedilos e administraccedilatildeo puacuteblica seguido modestamente pelo
setor industrial As variaccedilotildees sazonais caracteriacutesticas dos municiacutepios balneaacuterios ndash
Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute ndash produzem efeitos na economia da regiatildeo
que basicamente tem forte presenccedila do comeacutercio e do setor de serviccedilos
aumentando significativamente a oferta precarizada de emprego e renda na
temporada de veratildeo
Os municiacutepios de Guaraqueccedilaba Matinhos Pontal do Paranaacute Morretes e
Paranaguaacute estabeleceram parceria com o SEBRAE com o objetivo de criar
condiccedilotildees para a adaptaccedilatildeo da Lei Complementar 12808 Essa Lei Complementar
eacute uma Poliacutetica Puacuteblica que cria a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual
(MEI) e estabelece criteacuterios de normatizaccedilatildeo da categoria associados a dispositivos
de apoio a esse tecido empresarial
O canal de comunicaccedilatildeo entre as prefeituras e o SEBRAE tem sido a sala
do empreendedor presente nesses municiacutepios Essa foi uma iniciativa adotada para
criar condiccedilotildees de apoio ao microempreendedor individual no sentido de orientaacute-lo
quanto agrave formalizaccedilatildeo aspectos ligados agrave referida LC e promover as bases do
desenvolvimento desse tecido empresarial A sala do empreendedor se constitui em
uma importante ferramenta natildeo soacute de amparo ao empreendedor mas em uacuteltima
anaacutelise em uma estrateacutegia de fomento ao desenvolvimento local posto que aliada
a formalizaccedilatildeo de empreendimentos que atuam na informalidade e de potenciais
empreendedores estaacute o resgate agrave cidadania pelo direito ao trabalho descente e
regularizado
Por outro lado estudos de campo evidenciaram que ao se formalizar e
empregar um terceiro o MEI tende a reproduzir a informalidade pelo trabalho
43
Ver Monteiro (2013b)
117
precarizado pelas excessivas jornadas de trabalho e pela baixa remuneraccedilatildeo De
outra forma o trabalho informal pode se concretizar para muitos trabalhadores na
uacutenica maneira de sobrevivecircncia em um mundo onde haacute decreacutescimo dos postos de
trabalho protegido pelas leis regulatoacuterias e normativas
Um dispositivo importante contido na Lei Geral eacute o Acesso em facilitado ao
microcreacutedito produtivo estendido para o microempreendedor No litoral esta
ferramenta de inclusatildeo e expansatildeo do MEI estaacute pouco explorada considerando a
diminuiccedilatildeo dos financiamentos pela Caixa Econocircmica Federal Em contra partida os
contratos creditiacutecios firmados junto ao Banco Fomento Paranaacute aumentaram nos
uacuteltimos anos mas a sua representatividade ainda eacute pouco expressiva entre os
microempreendimentos no litoral
Ao longo dos estudos verificamos que a Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
MEI eacute uma poliacutetica de longo prazo que coaduna estrateacutegias e accedilotildees de resultados
que podem definir prazos mais longos mas em sentido imediato podem modificar a
vida desses trabalhadores Se de um lado esses trabalhadores encontraram uma
oportunidade de inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal atraveacutes da LC 12808
constituindo seu proacuteprio negoacutecio lutando por uma vida de dignidade atraveacutes de seu
trabalho por outro lado essa classe de trabalhadores representa a forma pela qual
o Estado de maneira ilusoacuteria tenta minimizar os efeitos da exclusatildeo de milhares de
postos de trabalho em funccedilatildeo dos novos padrotildees de produccedilatildeo inseridos na
perspectiva neoliberal que aleacutem do deslocamento forccedilado dos trabalhadores agrave
informalidade produz e reproduz desigualdades sociais e econocircmicas De certa
forma como a literatura indica a LC 12808 pode ser considerada uma ferramenta
utilizada pelo Estado para regulamentar o trabalho precarizado jaacute que as bases
estruturais do desemprego natildeo satildeo atingidas
Nesse contexto observamos o sentido ambivalente da poliacutetica puacuteblica de
formalizaccedilatildeo do MEI que se de um lado o Estado percebe o alastramento da
informalidade e dos efeitos nefastos para milhares de trabalhadores brasileiros e cria
uma poliacutetica puacuteblica para enfrentar esse fenocircmeno de outro lado observamos as
dificuldades dos MEI em empreender em meio a fatores exoacutegenos como retraccedilatildeo
econocircmica e endoacutegenos como a dependecircncia de fatores locais comprometendo os
objetivos da poliacutetica puacuteblica
Os municiacutepios do litoral paranaense em sua maioria carentes de
amadurecimento das concepccedilotildees de desenvolvimento local e de recursos
118
necessaacuterios ao suporte de estrateacutegias que correspondam a uma necessaacuteria
expansatildeo das equidades e das liberdades substantivas de suas populaccedilotildees vecircem
suas capacidades limitadas em funccedilatildeo de uma economia com pouca geraccedilatildeo de
riquezas influindo na baixa tributaccedilatildeo e no alastramento de problemas sociais como
o aumento da ociosidade forccedilada da pobreza da miseacuteria da violecircncia e da
criminalidade
Concluiacutemos que a inclusatildeo social do MEI expresso no art 18E da LC
12808 depende da sua permanecircncia e sustentabilidade entre outras circunstacircncias
aleacutem do ambiente empresarial de negoacutecios do fortalecimento do mercado e da
inclinaccedilatildeo do governo local agraves concepccedilotildees de desenvolvimento Dentro dessa
perspectiva empoderar o governo local se destaca como um dos elementos
fundamentais para o desenvolvimento de poliacuteticas puacuteblicas para o MEI assim como
a preparaccedilatildeo do empresariado local para a diminuiccedilatildeo das assimetrias no ambiente
de negoacutecios
A formalizaccedilatildeo do MEI natildeo eacute um fim em si mas pode ser adequada agraves
realidades locais e suplementada garantindo e expandindo direitos jaacute conquistados
Apesar de alguns avanccedilos que possibilitem os MEI sobreviver em meio a
imensidatildeo de empresas buscando um espaccedilo no mercado em curto prazo se natildeo
intensificarem investimentos para o fortalecimento da categoria presenciaremos o
esgotamento das estrateacutegias que ainda resistem
Esperamos que os estudos que realizamos sobre o MEI no litoral do Paranaacute
sejam o iniacutecio de outras investigaccedilotildees que possibilitem a sistematizaccedilatildeo de
conhecimentos que estatildeo dispersos entre os atores puacuteblicos e privados que
desenvolvem seus esforccedilos para a formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo do MEI Esta aacuterea de
estudos apresenta-se como um desafio em funccedilatildeo da precariedade de informaccedilotildees
para pesquisa todavia por seu caraacuteter inovador configura-se tambeacutem como
oportunidade de desenvolvimento de novos pesquisadores para a produccedilatildeo de
novos arranjos institucionais que permitam aos trabalhadores MEI a sua
formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo no mercado
119
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SIacuteTIOS DIGITAIS
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APEcircNDICES
APEcircNDICE 1 ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Tiacutetulo da Pesquisa Nome doPesquisador
1 Natureza da pesquisa
2 Participantes da pesquisa
3 Envolvimento na pesquisa ao participar deste estudo a sra (sr) permitiraacute que o (a) pesquisador perguntas agrave natureza da pesquisa O senhor (a) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa sem qualquer prejuiacutezo para a sra (sr)
4 Sobre as entrevistasas entrevistas seratildeo gravadas
5 Riscos e desconforto a participaccedilatildeo nesta pesquisa natildeo traz complicaccedilotildees
legais
6 Confidencialidadetodas as informaccedilotildees coletadas neste estudo satildeo estritamente confidenciais Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) teratildeo conhecimento dos dados
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre
para participar desta pesquisa Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Obs Natildeo assine esse termo se ainda tiver duacutevida a respeito
Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados eu de forma livre e
esclarecida manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Declaro que recebi coacutepia deste termo de consentimento e autorizo a realizaccedilatildeo da pesquisa e a divulgaccedilatildeo dos dados obtidos neste estudo
___________________________ Nome do Participante da Pesquisa ______________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa __________________________________ Assinatura do Pesquisador _________________________________
134
Assinatura do Orientador APEcircNDICE 2 ndash QUESTIONAacuteRIO PARA O MEI
Curso de Mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel UFPR- Setor Litoral
Mestrando Marcus Aureacutelio O objetivo desse questionaacuterio eacute obter dados estatiacutesticos de base quantitativa e
qualitativa que seratildeo utilizados em minha dissertaccedilatildeo
Obrigado por colaborar
QUESTIONAacuteRIO PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)
1 Qual eacute a aacuterea econocircmica de atuaccedilatildeo____________________________________ 2 Haacute quanto tempo estaacute formalizado______________________________________
3 Renda bruta mensal em salaacuterio miacutenimo
Na temporada de praiade ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos
Fora da temporada de ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos
4 Obteve financiamento junto agraves instituiccedilotildees de creacutedito facilitado ( ) sim ( ) natildeo
Se sim o financiamento foi utilizado ( ) na expansatildeo dos negoacutecios ( ) capital de giro ( ) compra de materiais ( ) todos os itens anteriores
5 Possui ou jaacute possuiu relaccedilatildeo comercial com o Municiacutepio Estado ( ) sim ( ) natildeo 6 Participa de alguma associaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo
7 Com a regularizaccedilatildeo do MEI sua situaccedilatildeo socioeconocircmica melhorou ( ) sim ( ) natildeo - (Em que
sentido)______________________________________ _____________________________________________________________
_____ _____________________________________________________________
_____ 8 Vocecirc deixaria de ser MEI por um emprego formalizado com carteira assinada e
salaacuterio mensal ( ) sim ( ) natildeo ndash (por
que)_____________________________________________ _____________________________________________________________
_____ 9 Vocecirc jaacute participou de algum curso de capacitaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo
10 Jaacute realizou consultoria com agentes do SEBRAE ou Agentes de Desenvolvimento do Municiacutepio disponiacuteveis na Sala do Empreendedor
( ) sim ( ) natildeo 11 Suas atividades satildeo realizadas em
( ) sua residecircncia ( ) imoacutevel alugado ( ) imoacutevel proacuteprio 12 Vocecirc possui outra atividade aleacutem de ser MEI ( ) sim ( ) natildeo
13 Na sua opiniatildeo a prefeitura tem auxiliado a categoria do MEI no seu desenvolvimento atraveacutes de
( ) compra de produtos e serviccedilos do MEI ( ) no processo de formalizaccedilatildeo ( ) promoccedilatildeo de cursos de capacitaccedilatildeo para o MEI ( ) incentivo agrave aquisiccedilatildeo de
tecnologias pelos MEI ( ) natildeo sabe informar se a prefeitura possui esses programas de incentivo
14 Vocecirc possui funcionaacuterio para o exerciacutecio da sua atividade ( ) sim ( ) natildeo
135
Se a resposta for sim ele eacute formalizado ( ) sim ( ) natildeo
15 Na sua opiniatildeo quais accedilotildees que a prefeitura poderia realizar para auxiliar o desenvolvimento da
categoria do MEI ____________________________________________________
RESUMO
A partir da primeira deacutecada de 1970 o conceito keynesianismofordismo entrou em decliacutenio concorrendo para mudanccedilas estruturais de gerenciamento alocaccedilatildeo de recursos humanos reorganizaccedilatildeo do espaccedilo Dentro desse contexto haacute o deslocamento compulsoacuterio do trabalhador fabril para as mais diversas atividades no mercado de trabalho no setor terciaacuterio Boa parte das atividades desempenhadas pelos trabalhadores desse setor eacute desenvolvida na informalidade No Brasil para reverter o quadro de alastramento e superlativaccedilatildeo do setor informal foi criada a Lei Complementar12808 que formaliza a figura do Microempreendedor Individual (MEI) Na implantaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica estaacute prevista uma seacuterie de dispositivos que tem o objetivo de auxiliar na sustentabilidade e expansatildeo desse novo tecido empresarial Nos municiacutepios do Litoral do Paranaacute a implantaccedilatildeo da referida lei se daacute principalmente pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE atraveacutes das salas do empreendedor em cada municiacutepio que se constitui em canal de ligaccedilatildeo entre as estrateacutegias e accedilotildees desenvolvidas no sentido de atendimento do MEI Este trabalho visa a investigar como os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na Microrregiatildeo Geograacutefica de ParanaguaacuteLitoral Paranaense Para o desenvolvimento dos trabalhos foram pesquisados dados secundaacuterios realizada pesquisa bibliograacutefica e foi realizado um total de 38 entrevistas e aplicaccedilatildeo de questionaacuterios com agentes puacuteblicos de desenvolvimento e MEI Os resultados permitem conhecer a situaccedilatildeo dos MEI no litoral paranaense assim como servem de subsiacutedio para elaboraccedilatildeo de poliacuteticas especiacuteficas voltadas a essa populaccedilatildeo Palavras-chave Trabalho Informalidade Poliacutetica Puacuteblica Microempreendedor individual Litoral paranaense
RESUMEN
Desde los primeros antildeos de 1970 el concepto keynesianismofordismo entroacute en declinacioacuten concurriendo para los cambios estructurales de gestioacuten asignacioacuten de recursos humanos reorganizacioacuten del espacio Dentro de ese contexto hay el desplazamiento obligatorio del trabajador fabril para las maacutes distintas actividades en el mercado de trabajo en el sector terciario Buena parte de las actividades desempentildeadas por los trabajadores de este sector es desarrollada en la informalidad En Brasil para volver el cuadro de extensioacuten y superlativacioacuten del sector informal fue creada la Ley Complementar 12808 que formaliza la figura del micro emprendedor individual (MEI) En la implantacioacuten de esta poliacutetica puacuteblica estaacute prevista una serie de dispositivos que tiene el objetivo de auxiliar en la sostenibilidad y expansioacuten de este entorno empresarial En los municipios del litoral del Paranaacute la implantacioacuten de la referida ley se da principalmente por la asociacioacuten entre los ayuntamientos y l SEBRAE a traveacutes de las salas del emprendedor en cada municipio que se constituye en canal de conexioacuten entre las estrategias y acciones desarrolladas en apoyo a MEI Este trabajo busca investigar como los trabajadores mercado y organizaciones puacuteblicas y sociales han promovido y acogido la formacioacuten del micro emprendedor individual en la microrregioacuten de ParanaguaacuteLitoral paranaense Para el desarrollo del trabajo fueron investigados datos secundarios fue hecha una buacutesqueda bibliograacutefica y fue realizado un total de 38 entrevistas y aplicacioacuten de cuestionarios con agentes puacuteblicos de desarrollo y MEI Los resultados permiten conocer la situacioacuten de los MEI en la costa paranaense asiacute como sirven de subsidios para elaboracioacuten de poliacuteticas especiacuteficas orientadas a esa poblacioacuten
Palabras ndash clave Trabajo Informalidad Poliacutetica Puacuteblica Micro empresaacuterio individual Litoral paranaense
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO
BRASIL ANTERIOR A 1964 36
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL
DURANTE O REGIME MILITAR 39
QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO
DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016) 43
QUADRO 4- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA
ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
66
QUADRO 5- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute
PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS
ALTERACcedilOtildeES 68
QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS 69
QUADRO 7- ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP 71
QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES
EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO
PARANAacute 104
LISTA DE MAPAS
MAPA 1 - MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute 50
LISTA DE GRAacuteFICOS
GRAacuteFICO 1 - RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS 75
GRAacuteFICO 2 - ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015) 76
GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS
MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) () 77
GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO
84
GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS 84
GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI 85
GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE
ECONOcircMICA () 89
GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) 90
GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA
MRGP (N=30) 92
GRAacuteFICO 10 - VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP
ATRAVEacuteS DO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR
PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016) 101
GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA
MRGP () 102
GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO
REPRESENTANTE DA CATEGORIA 103
GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTO DOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS
ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA
MRGP () 106
GRAacuteFICO 14 - RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP
() 109
GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E
NAtildeO FORMALIZADOS EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP
() 110
GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA
RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O
SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) () 111
GRAacuteFICO 17 - QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE
PARTICIPARAM DE CURSOS DE 114
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL 29
TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E
POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010) 51
TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOS
MUNICIacutePIOS DA MRGP 52
TABELA 4 - DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)
53
TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014) 54
TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR
ECONOcircMICO 55
TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS
MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016) 56
TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP 57
TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016) 59
TABELA10- ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP
(maio2016) 59
TABELA11- PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)
97
TABELA12- NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS
NA MRGP CEDIDOS PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS
MPE (2015-2016) 98
TABELA13- NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016) 99
TABELA14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO
AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute
(FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016) 100
TABELA15- RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES
CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM
QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010) 112
LISTA DE SIGLAS
CLT - Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho
CODEFAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador
DIEESE - Departamento Intersindical de Estatiacutestica e Estudos
Socioeconocircmicos
ECINF - Economia Informal Urbana
FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo
IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho
INPS - Instituto Nacional de Previdecircncia Social
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LC - Lei Complementar
MEI - Microempreendedor Individual
MPAS - Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social
MRGP - Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute
MTE - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego
MTPS - Ministeacuterio do Trabalho e Previdecircncia Social
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e DesenvolvimentoEconocircmico
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PASEP - Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico
PDM - Poliacuteticas de Desenvolvimento do Milecircnio
PIS - Programa Integraccedilatildeo Social
PLANFOR - Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador
PND - Plano nacional de Desenvolvimento
PP - Poliacutetica Puacuteblica
PROGER - Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda
PRONAF - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PRORURAL - Programa de Desenvolvimento Econocircmico e Territorial - Renda
e Cidadania no Campo
SEBRAE - Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas
SINE - Sistema Nacional de Emprego
SUMAacuteRIO
APRESENTACcedilAtildeO 15
1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E
INFORMALIDADE 21
11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO 25
12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A
CRIacuteTICA 30
2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO DAS
ORIGENS AO MEI 33
21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
33
211Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento 36
212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar 39
213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil 42
214Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI 45
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute 50
31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP 52
32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP 61
321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP 65
322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento 69
323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI 71
4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute 74
41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR
MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI 74
411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita 81
42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS
DO MEI NA MRGP 83
43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO
88
431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral 88
do Paranaacute 88
432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute 90
434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP 91
435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute 95
436 O associativismo e os MEI na MRGP 102
437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI 105
438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute 108
439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia 110
4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute 112
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 115
REFEREcircNCIAS 119
APEcircNDICES 133
15
APRESENTACcedilAtildeO
O referente trabalho surgiu de reflexotildees acerca do processo acelerado da
expansatildeo do desemprego estrutural em niacutevel mundial mas que oferece pressatildeo
sobre configuraccedilotildees territoriais menores como na Microrregiatildeo Geograacutefica de
Paranaguaacute (MRGP) alertando sobre o deslocamento dos trabalhadores para a
economia informal e em resposta a accedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas
de trabalho na tentativa de equacionar as disfunccedilotildees geradas pela reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1970
O principal objetivo do nosso estudo eacute analisar como se apresenta a
implantaccedilatildeo da Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008 (LC 12808) nos
municiacutepios do litoral paranaense recortado como Microrregiatildeo Geograacutefica de
Paranaguaacute (MRGP) Esta poliacutetica puacuteblica eacute uma tentativa de retirar da informalidade
trabalhadores brasileiros exercendo as mais variadas atividades dentro desse setor
O que significa resgatar a sua dignidade e cidadania pela valoraccedilatildeo ao seu
trabalho pela inclusatildeo no sistema previdenciaacuterio dentre outros benefiacutecios
associados agrave formalizaccedilatildeo
Pretendemos descrever as principais caracteriacutesticas e estrateacutegias
organizadas na MRGP para a implantaccedilatildeo da LC 12808 que tem como uma de
suas premissas a inclusatildeo social descrita em seu art 18 Aleacutem disso realiza -se o
estudo sobre a aderecircncia dos governos locais agrave poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual (MEI)
Como objetivos secundaacuterios este estudo apresenta 1) Analisar os dados
relativos a emprego renda niacutevel de ocupaccedilatildeo volume de registros de MEI na
microrregiatildeo estudada 2) Identificar as estruturas e accedilotildees das prefeituras da
microrregiatildeo relacionadas agrave poliacutetica puacuteblica em questatildeo
Haacute algumas questotildees iniciais as quais entendemos pertinentes no processo
de estudo do referente trabalho e que foram balizares no encaminhamento das
pesquisas (a) De que maneira o mundo do trabalho (organizaccedilotildees puacuteblicas
mercado e organizaccedilotildees sociais) tem constituiacutedo poliacuteticas de formalizaccedilatildeo e renda
no trabalho (b) Qual a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas
enfrentados pelos trabalhadores informais na regiatildeo litoracircnea do Paranaacute (c) Como
os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e
acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na aacuterea de estudo
16
A ausecircncia na literatura de dados especiacuteficos atualizados sobre a aacuterea de
estudo sobretudo na aacuterea da economia do trabalho e a dificuldade em obter dados
em algumas instituiccedilotildees por conta da poliacutetica interna destas pode ter
comprometido em parte a anaacutelise do todo poreacutem natildeo alterou os objetivos dos
estudos sobre a categoria MEI
O processo metodoloacutegico foi constituiacutedo em dois momentos distintos e
complementares No primeiro momento buscamos na pesquisa exploratoacuteria
elementos que nos dessem suporte agrave compreensatildeo do objeto do estudo partindo
necessariamente do conjunto de fatores que levaram a criaccedilatildeo da LC 12808 e a
regulamentaccedilatildeo da formalizaccedilatildeo dos MEI Para tanto estabelecemos alguns
indicadores que nos orientaram no sentido das modificaccedilotildees ocorridas no sistema
capitalista a partir da deacutecada de 1970 e que resultaram no aumento do desemprego
da informalidade e da precarizaccedilatildeo do trabalho via flexibilizaccedilatildeo subcontrataccedilatildeo
Para estabelecermos a proximidade com o tema nos apoiamos na revisatildeo da
literatura especiacutefica resultando no reconhecimento sobre a trajetoacuteria histoacuterica das
modificaccedilotildees nas relaccedilotildees do trabalhoespaccedilo em cadeia global e nacional e
igualmente na criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equaccedilatildeo de deformidades na
economia do trabalho no cenaacuterio brasileiro nos aproximando ao entendimento do
nosso objeto de estudo Essa revisatildeo eacute descrita no decorrer da dissertaccedilatildeo pela
nomenclatura dada no corpo do texto
No segundo momento considerando que para a anaacutelise do objeto de estudo
ou seja a implantaccedilatildeo nos municiacutepios integrantes da microrregiatildeo de Paranaguaacute da
Lei Complementar 12808 que cria a pessoa juriacutedica do empreendedor individual se
fez necessaacuterio aleacutem da coleta de dados em possibilidades de controle a inclinaccedilatildeo
igualmente agrave percepccedilatildeo subjetiva de anaacutelise com o objetivo de compreensatildeo do
contexto mais amplo sob o olhar holiacutestico e criacutetico do processo de implantaccedilatildeo da
referida lei Nesse sentido como afirma Deslandes (2010 p 33) ―a)criacutetica porque
devemos estabelecer um diaacutelogo reflexivo entre a teoria e o objeto de estudo
escolhido por noacutes b)ampla porque deve dar conta do ―estado atual sobre o
problema
Tendo como uma das opccedilotildees a pesquisa qualitativa sublinhamos a
possibilidade de maior compreensatildeo das relaccedilotildees socialmente constituiacutedas por
atores no plano do concreto do real Essas relaccedilotildees exercem significados e se
manifestam de diversas formas pois o que se torna forma passa pelas relaccedilotildees
17
humanas e portanto ―o que as ―coisas (fenocircmenos manifestaccedilotildees ocorrecircncias
fatos eventos vivecircncias ideias sentimentos assuntos) representam daacute molde agrave
vida das pessoas (TURATO 2005 p 510)
Nesse momento percebemos a falta de informaccedilotildees histoacutericas em bancos de
dados oficiais e natildeo oficiais e na literatura que nos apoiassem na descriccedilatildeo objetiva
sobre o tema contextualizado no litoral paranaense
A escassez de dados sobre a poliacutetica de formalizaccedilatildeo do MEI no litoral do
Paranaacute eacute resultante em parte pela demora na regulamentaccedilatildeo da LC 12808 e da
operacionalizaccedilatildeo da referida LC nos municiacutepios da MRGP A regulamentaccedilatildeo e
operacionalizaccedilatildeo dessa lei complementar soacute foi possiacutevel em determinados casos
pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE a partir de 2013 em Matinhos e
Paranaguaacute e sequencialmente em Pontal do Paranaacute Morretes e Guaraqueccedilaba
Ainda com dificuldade de obter dados histoacutericos do litoral paranaense acerca da
informalidade do trabalho e especificamente sobre o microempreendedor individual
algumas informaccedilotildees secundaacuterias foram obtidas atraveacutes de instituiccedilotildees oficiais
(IBGE IPARDES DIEESE EMPRESOacuteMETRO) e foram processadas com base na
estatiacutestica descritiva atraveacutes de Planilha Excel representado por graacuteficos e tabelas
Informaccedilotildees igualmente sobre o MEI foram adquiridas atraveacutes de fontes primaacuterias
como dados estatiacutesticos das salas do empreendedor e possibilitaram avaliar alguns
indicadores importantes sobre o desenvolvimento dos trabalhos desempenhados
pelos agentes de desenvolvimento e sobre a sustentabilidade do MEI a) quantitativo
de baixas da empresa b) formalizaccedilotildees c) procura por serviccedilos nas salas d) oferta
de serviccedilos nas salas do empreendedor
Outra maneira utilizada para obter informaccedilotildees foi atraveacutes de entrevistas
semiestruturadas com atores da administraccedilatildeo puacuteblica e de instituiccedilotildees da iniciativa
privada e aplicaccedilatildeo de questionaacuterio para os microempreendedores individuais que
exercem suas atividades na aacuterea de estudo Segundo Oliveira (2011 p 36) ―esta
teacutecnica de coleta de dados eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees
acerca do que as pessoas sabemcrecircem esperam e desejam []
Foram entrevistados cinco (05) atores da administraccedilatildeo puacuteblica e trecircs (03)
atores da iniciativa privada Os atores foram escolhidos pela proximidade com
implantaccedilatildeo da LC 12808 Da administraccedilatildeo puacuteblica foram entrevistados quatro
agentes de desenvolvimento que atuam nas salas do empreendedor nos municiacutepios
que possuem parceria com o SEBRAE e um secretaacuterio municipal Da iniciativa
18
privada foram entrevistadas trecircs pessoas ligadas agraves associaccedilotildees da classe
empresarial e do SEBRAE Os MEI que participaram do questionaacuterio seratildeo
designados como respondentes Ao todo foram realizadas 08 (oito) entrevistas e 30
questionaacuterios aplicados
As entrevistas com os atores tanto da administraccedilatildeo puacuteblica quanto da
iniciativa privada se deram em seus locais de trabalho Ou seja nas salas do
empreendedor localizadas juntas agraves prefeituras e nas associaccedilotildees de classe e no
SEBRAE e tiveram como pressupostos levantar informaccedilotildees sobre as accedilotildees das
prefeituras e das associaccedilotildees sobre a implantaccedilatildeo da LC 12808 no litoral do
Paranaacute Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente com a
anuecircncia dos entrevistados que assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido e foram realizadas no periacuteodo de junho a outubro de 2016
Para a construccedilatildeo do questionaacuterio e das questotildees pertinentes foram
utilizadas como base referencial autores como Sachs (2003) e Albuquerque e
Zapata (2010) aleacutem de uma leitura atenta da Lei Complementar 12306 e da Lei
complementar 12808
Considerando a precaacuteria organizaccedilatildeo em classe dos microempreendedores
individuais (MEI) no litoral do Paranaacute natildeo sendo possiacutevel identificaacute-los atraveacutes de
banco de dados na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio optamos por deslocar ateacute o
estabelecimento do microempreendedor individual e aplicar o questionaacuterio em seu
local de trabalho Esse procedimento ao passo que era incerto pois natildeo havia
como identificar o MEI a natildeo ser percorrendo estabelecimento por estabelecimento
tornava-se solitaacuterio e exaustivo posto o deslocamento e o tempo para o
preenchimento do questionaacuterio e as duacutevidas que surgiam Poreacutem esta teacutecnica
possibilitou avaliar a estrutura do empreendimento e ao mesmo tempo conversar a
respeito da formalizaccedilatildeo dos MEI Dessa forma muito aleacutem da aplicaccedilatildeo do
questionaacuterio nos vimos envolto a uma realidade da qual natildeo percebiacuteamos Como
natildeo havia referecircncia sobre o enquadramento do estabelecimento perguntaacutevamos
para o proprietaacuterio se ele era MEI ou natildeo Os MEI que participaram respondendo ao
questionaacuterio muitas vezes falavam das dificuldades em aumentar seus negoacutecios e
da ausecircncia do poder puacuteblico local principalmente fora da temporada de praia
Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio durava cerca de 30 a 50 minutos
Participaram como respondentes do questionaacuterio 30 (trinta)
microempreendedores individuais abrangendo os municiacutepios de Guaratuba
19
Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute A aplicaccedilatildeo do questionaacuterio ocorreu nos
meses de dezembro de 2016 e janeiro e fevereiro de 2017
Os dados pesquisados foram organizados e descritos em Planilha Excel e
disponibilizados atraveacutes de graacuteficos e tabelas
Este estudo estaacute distribuiacutedo em quatro capiacutetulos onde procuramos sublinhar
sequencialmente as modificaccedilotildees ocorridas no mundo trabalho e o resultante
dissoo alastramento da informalidade em niacuteveis mundial e local assim como
analisar a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do MEI e seus dispositivos aplicados no
litoral do Paranaacute
No primeiro capiacutetulo estudamos as modificaccedilotildees no mundo do trabalho
atraveacutes de um recorte histoacuterico que levaram ao aumento exponencial do
desemprego estrutural e consequentemente da informalidade em niacuteveis mundiais
Ainda nesse capiacutetulo abordaremos o desemprego e a informalidade no cenaacuterio
brasileiro Para tanto nos apoiamos na literatura especializada sobre os temas
reestruturaccedilatildeo produtiva desemprego informalidade
O segundo capiacutetulo traz vaacuterias referecircncias ao conceito de Poliacutetica Puacuteblica e
a accedilatildeo do Estado brasileiro na economia do trabalho com quadros descritivos das
principais poliacuteticas puacuteblicas de trabalho no periacuteodo republicano e como essas
poliacuteticas organizaram a vida do trabalhador no Brasil Ainda nesse capiacutetulo
iniciamos nossas anaacutelises acerca da Lei de Formalizaccedilatildeo do Microempreendedor
Individual (LC 12808)
O terceiro capiacutetulo traz uma descriccedilatildeo da aacuterea de estudo (recorte espacial
da microrregiatildeo geograacutefica de Paranaguaacute) com dados demograacuteficos do mercado de
trabalho receitas municipais dados relacionados ao nuacutemero de empresas na regiatildeo
nuacutemeros de Micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais
escalonados por atividade econocircmica Assim como aspectos institucionais
relacionados agrave formalizaccedilatildeo do microempreendedor na regiatildeo de estudo
No quarto capiacutetulo observamos os avanccedilos quanto agrave implantaccedilatildeo da poliacutetica
de formalizaccedilatildeo e as dificuldades encontradas para a expansatildeo e sustentabilidade
do MEI na regiatildeo de estudo Neste capiacutetulo nossos estudos recaem inicialmente
para a participaccedilatildeo dos governos locais na implantaccedilatildeo da poliacutetica em questatildeo e sua
capacidade de mobilizar estrateacutegias de apoio aos MEI Ainda satildeo analisados os
dados relativos agrave formalizaccedilatildeo e baixas dos microempreendedores nos municiacutepios
de Morretes Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute observando a proposta de
20
sustentabilidade do MEI Igualmente atraveacutes de questionaacuterio respondido pelos MEI
da regiatildeo de estudo foi possiacutevel estabelecer um perfil soacutecio econocircmico dos
entrevistados e dos efeitos dos dispositivos elencados na Lei Geral que permitem
possibilidades da inserccedilatildeo e expansatildeo da categoria no mercado e resgate da sua
dignidade laboral
21
1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E
INFORMALIDADE
Para compreendermos o porquecirc da criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas1 voltadas
ao enfrentamento do fenocircmeno da informalidade superlativada do desemprego e a
geraccedilatildeo de renda no cenaacuterio brasileiro eacute necessaacuterio observarmos as transformaccedilotildees
ocorridas em cadeia global na dimensatildeo da economia do trabalho e as
consequecircncias sociais e econocircmicas vinculadas agraves relaccedilotildees do trabalho
(informalidade precarizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo trabalho temporaacuterio subcontrataccedilatildeo
dentre outros) que definem o quadro socioeconocircmico vigente e assim estabelecer
uma criacutetica histoacuterica que a partir da reorganizaccedilatildeo do processo produtivo incidiu
diretamente na concepccedilatildeo do trabalho do emprego e levou agrave
reorganizaccedilatildeoreformulaccedilatildeo do Estado (POCHMANN 2004) Para tal compreensatildeo
sobre o tema nos apoiaremos na extensa literatura jaacute existente
Em nossos estudos compreendemos o trabalho hoje formalizado ou natildeo
como uma atividade (humana) objetiva (no sentido da accedilatildeo) e subjetiva (no sentido
do pensamento) desenvolvida por homens e mulheres inclinada a transformar
modificar e produzir algo sob criteacuterios e validaccedilatildeo do Modelo de Produccedilatildeo
Capitalista Os criteacuterios do trabalho assim entendemos satildeo definidos com base nas
transformaccedilotildees ocorridas no proacuteprio sistema capitalista que por fim valida esse
processo pela viabilidade da produccedilatildeo laboral e intelectual conduzido por regras
vezes particulares vezes universais inseridos em contextos especiacuteficos ou
contextos globalmente unificados
O dinamismo do sistema capitalista produziu transformaccedilotildees de ordem
econocircmica social cultural ideoloacutegica configurando num processo contiacutenuo de
alteraccedilotildees permanentes no seio de sua proacutepria estrutura totalmente instaacutevel
flexiacutevel e mutante As mudanccedilas que ocorreram na economia mundial a exemplo
tiveram consequecircncias no processo produtivo logo nas relaccedilotildees do trabalho sob o
modelo fordista ocasionando mudanccedilas no tecido social cultural alimentados
ainda pelo crivo das contraposiccedilotildees ideoloacutegicas resultantes da polaridade mundial
1 Com efeito de poliacutetica puacuteblica voltada ao enfrentamento da informalidade no mercado de trabalho
brasileiro analisaremos mais a diante a Lei Complementar 12808 instrumento de criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI) que possui expresso em seu art 18E aleacutem da formalizaccedilatildeo do MEI o caraacuteter de inclusatildeo social
22
apoacutes a Segunda Grande Guerra Tais transformaccedilotildees estatildeo associadas ao decliacutenio
do modelo keynesiano2 - progressista que exigiu do Estado uma posiccedilatildeo mais
reformadora em sua estrutura assinalada por Laranjeira (2000) Lombardi (1997) e
Caminha (2012)
O que podemos observar no cenaacuterio econocircmico eacute o substancial crescimento
inflexiacutevel do desemprego estrutural bem como as mudanccedilas no sistema de
assalariamento que foi condicionado por eventos especiacuteficos de enorme
importacircncia 1) a reestruturaccedilatildeo produtiva iniciada na deacutecada de 1970 2) o advento
da globalizaccedilatildeo (SANTOS 2008 p 152) 3) ―difusatildeo de um novo paradigma teacutecnico-
produtivo e do acirramento da competiccedilatildeo internacionalista nas economias
avanccediladas (POCHMANN 2001 p 41)
A reestruturaccedilatildeo produtiva foi uma resposta imediata agrave crise econocircmica
caracterizada pela impossibilidade do modelo Keynesiano - fordista reverter agraves
contradiccedilotildees proacuteprias produzidas pelo sistema capitalista Tal resposta implicou de
imediato numa nova redefiniccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e das relaccedilotildees entre trabalho e
produccedilatildeo que se mantinham sob forte regulaccedilatildeo consensual entre ―Estado capital e
sindicatos como aponta Barbosa (2007 p 3)
As modificaccedilotildees que ocorreram no setor produtivo e nas relaccedilotildees do
trabalho levaram a excessiva acumulaccedilatildeo de capital (acumulaccedilatildeo flexiacutevel) muito
embora essas modificaccedilotildees natildeo ocorreram de forma generalizada mas foram
absorvidas considerando contextos especiacuteficos de espaccedilo e cultura conforme
salienta Lombardi (1997) e ao aumento do desemprego por cortes em postos de
trabalho (capital variaacutevel) observando a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica no setor produtivo e a
reconfiguraccedilatildeo desse setor com relocaccedilatildeo para espaccedilos perifeacutericos
Dentro dessa oacutetica como observa Lombardi (1997) a expansatildeo tecnoloacutegica
exerceu forte pressatildeo sobre os trabalhadores que se sentem ameaccedilados pela
concorrecircncia da tecnologia Trabalhos manuais foram substituiacutedos por trabalhos
mecacircnicos autocircmatos que produzem em escalas vertiginosas Ou seja
O avanccedilo na concorrecircncia intercapitalista e a adoccedilatildeo de um novo paradigma tecnoloacutegico estariam provocando alteraccedilotildees significativas nas economias avanccediladas Parece natildeo haver duacutevidas sobre o crescimento de
2O modelo Keynesinao tambeacutem chamado de Capitalismo Reformado por Sachs (2008) foi uma
resposta imediata aos efeitos causados pela Grande Depressatildeo tendo como base o pleno emprego e o Estado do Bem Estar Social
23
importacircncia das ocupaccedilotildees caracterizadas como superiores e de postos diretivos responsaacuteveis pela utilizaccedilatildeo de trabalhadores com maior exigecircncia de qualificaccedilatildeo e escolaridade Ao mesmo tempo as profissotildees inferiores (operaacuterios simples e manuais) ainda majoritaacuterios na estrutura ocupacional estariam perdendo participaccedilatildeo relativa (POCHMANN 2001 p 52)
Na segunda metade deacutecada de 1980 foi formulado por economistas norte-
americanos e outros ligados a OCDE (Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e o
Desenvolvimento Econocircmico) um conjunto de medidas de cunho macroeconocircmico
e estruturais destinado a paiacuteses do chamado Terceiro Mundo que apresentavam
baixos iacutendices de desenvolvimento econocircmico (BRESSER PEREIRA 1991)
Tais medidas foram sendo colocadas em praacutetica sobre tudo abaixo da linha
do equador americano pois como demonstra Bresser Pereira (1991) na Ameacuterica
Latina havia uma ―crise marcada por estagnaccedilatildeo econocircmica e altas taxas de
inflaccedilatildeo Dentro dessa perspectiva acreditava-se que havia uma necessidade de
restringir o tamanho do Estado e de sua participaccedilatildeo no setor econocircmico Assim a
orientaccedilatildeo era sua descentralizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo liberalizaccedilatildeo do
comeacutercio internacional promoccedilatildeo das exportaccedilotildees e a diminuiccedilatildeo das empresas
estatais pois entendiam que eram em grande nuacutemero e incapazes de gerir
produtividades adequadas as suas capacidades e ao modelo estrutural das novas
concepccedilotildees capitalistas (neoliberalismo globalizado)
No entanto tais modificaccedilotildees no sistema econocircmico permitiram o processo
de acumulaccedilatildeo do capital e da hipertrofia financeira criando mecanismos que
causaram enormes disfunccedilotildees sociais agravadas pela doutrinalsquo neoliberal e o novo
padratildeo tecnoloacutegico de produccedilatildeo e organizaccedilatildeo do trabalho (MOTTA 2009) Tais
fatores provocaram ―mudanccedilas substanciais que resultaram no aumento da pobreza
do desemprego e do subemprego e na precarizaccedilatildeo do trabalho (idem p 550)
O desemprego se constituiu como um dos maiores problemas sociais da humanidade A crise iniciada nos paiacuteses centrais a partir do final dos anos 1960 evidenciou o esgotamento do padratildeo de acumulaccedilatildeo fordista keynesiano alterando a relaccedilatildeo entre Estado e sociedade (OLIVEIRA 2012 p 494)
Conforme analisa Oliveira (2012) estima-se que em 2009 havia cerca de
210 milhotildees de pessoas desempregadas no mundo ―Os maiores afetados segundo
a agecircncia satildeo os jovens e as mulheres dos paiacuteses perifeacutericos (OLIVEIRA 2012 p
494) Diante de um quadro socioeconocircmico extremamente complexo seria
24
necessaacuterio novos mecanismos que dessem suporte ao controle das distorccedilotildees
sociais e de contenccedilatildeo Dessa forma foram lanccediladas novas bases da ideologia
dominante com objetivos especiacuteficos de controle da demanda com base nas
―poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio (PDM) (MOTTA 2009 p 549)
As PDM segundo a autora constituem ―mecanismos de hegemonia de
funccedilatildeo de direccedilatildeo intelectual e moral com accedilotildees concretas e definiccedilotildees de metas
focadas nas camadas de trabalhadores excluiacutedoslsquo do processo produtivo mas que
ainda possuem condiccedilotildees produtivas para instaurar um processo mais intensivo de
educar para o conformismo (idem p 549)
Assinala Motta (2009) que as poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio estatildeo
sublinhadas pelo forte investimento educacional balizado na ―teoria do capital
humano de Theodore Schultz na qual consiste em propor a qualificaccedilatildeo da forccedila do
trabalho humano atraveacutes do processo educacional direcionado para crescimento
econocircmico
Poderemos formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho mas
autores como Rifkin (1995) Pastore (2006) Martins e Veiga (2003) Oliveira (2012) e
Sachs (2007) enfatizam na diminuiccedilatildeo consideraacutevel dos postos de trabalho na esfera
global dando a entender que a crise do pleno emprego estaacute relacionada em parte
ao avanccedilo da automaccedilatildeo tecnoloacutegica e da chamada reestruturaccedilatildeo da produccedilatildeo
tanto nas aacutereas rurais quanto nas aacutereas urbanas como jaacute demonstrado
anteriormente Alertava Rifkin (1995) que mais de 800 milhotildees de pessoas no
mundo estavam desempregadas ou subempregadas e que esse quadro se agravaria
ateacute o final do seacuteculo XX
Com um quadro excessivamente preocupante as poliacuteticas de geraccedilatildeo de
emprego e renda entram na agenda internacional no entanto como salienta Souza
(2010 p 3) ―essas poliacuteticas puacuteblicas arrefecem o iacutempeto de uma celebraccedilatildeo liberal
na medida em que evidenciam a incapacidade de prover o pleno emprego
demonstrada pelo capitalismo mesmo em seus contextos mais avanccedilados
As tendecircncias multinacionais como analisa Oliveira (2012) ao mesmo
tempo em que preconizam a defesa de poliacuteticas focadas na geraccedilatildeo do trabalho (o
trabalho aqui entendido dentro do sistema capitalista portanto emprego formalizado
ou informal) que estimulassem a empregabilidade defendiam as flexibilizaccedilotildees das
leis regulatoacuterias que normatizam as leis do trabalho No caso brasileiro ―a poliacutetica de
emprego estaacute intrinsecamente relacionada agrave fraacutegil concepccedilatildeo de Welfare State e agrave
25
posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho reforccedilando um
crescimento subordinado e dependente do capital estrangeiro [] (OLIVEIRA
2012 p 494)
No Brasil as poliacuteticas de emprego estavam relacionadas agrave concepccedilatildeo de
submissatildeo das leis trabalhistas agraves estruturas e poliacuteticas macroeconocircmicas e apenas
eram direcionadas nesse sentido aos trabalhadores empregados sendo que natildeo
haviam poliacuteticas voltadas aos trabalhadores excluiacutedos do processo de produccedilatildeo
formalizado ateacute meados do final da deacutecada de 1980 No entanto como segue
Oliveira (2012)
[] as mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo do trabalho em consonacircncia com as poliacuteticas macroeconocircmicas de estabilizaccedilatildeo econocircmica imposta pelo FMI e demais organismos multilaterais delimitam a intervenccedilatildeo do Estado provocando um acirramento na questatildeo social em suas variadas expressotildees Eacute sob esta perspectiva que as poliacuteticas de emprego passam a ser implementadas no governo FHC Ou seja poliacuteticas que possam combater a crise do emprego e consequentemente a fome e a miseacuteria mas com recursos reduzidos e com ecircnfase na individualizaccedilatildeo do problema reforccedilando a histoacuterica intervenccedilatildeo residual do Estado brasileiro na questatildeo social (OLIVEIRA 2012 p 499)
No periacuteodo FHC assinalado por Oliveira (2012) foram criados vaacuterios
dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador Um dos mais importantes instrumentos foi o
seguro-desemprego que sofreu alteraccedilotildees em 1994 ampliando
[] o tempo de indenizaccedilatildeo Nesse periacuteodo o desemprego apresentava nuacutemeros elevados chegando a atingir de acordo com o IBGE em torno de 17 da PEA A renda meacutedia do trabalhador apresentou queda pelo sexto ano consecutivo atingindo em 2003 uma reduccedilatildeo de 129 (OLIVEIRA 2012 p 500)
Na primeira deacutecada do seacuteculo XXI o desemprego mantinha a taxa de 96 e
a informalidade atingia 60 dos trabalhadores ocupados como nos mostra Pastore
(2006)
11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO
Como jaacute mencionado as alteraccedilotildees no mundo do trabalho ocasionadas
pela reestruturaccedilatildeo produtiva concorreram para o aumento do desemprego
estrutural culminando em consequecircncias macroestruturais no seio da economia
26
mundial Retrato disso eacute o fenocircmeno denominado de informalidade esta vista como
um traccedilo marcante nos paiacuteses subdesenvolvidos ou em desenvolvimento
assinalado por Matsuo (2009) e Antunes (2011) Estes autores nos apontam os
variados modos de informalidade que constituem estrateacutegias de enfrentamento agraves
especificidades econocircmicas diferenciadas no tempo e no espaccedilo por serem
construiacutedas a partir de necessidades especiacuteficas territoriais Matsuo (2009) afirma
que estas estrateacutegias informais correspondem de um lado o trabalhador informal
adequando-se a economia de mercado e ―significa um traccedilo constitutivo e crescente
da acumulaccedilatildeo de capital dos nossos dias (ANTUNES 2011 p 4) eou de outro o
setor informal representa a exclusatildeo desses trabalhadores do sistema dinacircmico da
economia Dessa forma segue a autora no sentido de combinaccedilatildeo das duas
possibilidades
[] os trabalhadores marginalizados na economia informal procuram se articular com os setores dinacircmicos da economia e integrar a cadeia no circuito de acumulaccedilatildeo capitalista dependendo das oportunidades que surgem Por outro lado a economia informal nos apresenta setores que estatildeo a reboque da formal e que passam a ser marginais por estarem deslocadas do desenvolvimento econocircmico (MATSUO 2009 p 21)
Os setores informal e formal segundo Souza (2010) coexistem e se
estabelecem como uma fragmentaccedilatildeo da estrutura ocupacional Essa fragmentaccedilatildeo
no entanto deveria ser acompanhada de poliacuteticas puacuteblicas que observassem o setor
informal para a melhoria da sua capacidade de ganho (idem p 4) Essa anaacutelise parte
do pressuposto de que o capitalismo triunfante natildeo foi capaz de absorver a maioria
dos trabalhadores levando-os a concorrer sob a proacutepria sorte e sob a eacutegide da
inadaptaccedilatildeo da desvantagem e da exclusatildeo dos benefiacutecios desse capitalismo Para
esse autor
[] os estudos promovidos pela CEPAL e pelo PREALC defenderam a ideacuteia de uma heterogeneidade estrutural persistente na qual coexistiriam os setores moderno e arcaico Este uacuteltimo tiacutepico da economia informal refletiria o excedente de matildeo-de-obra que luta por sobrevivecircncia assumindo um caraacuteter estrutural e supeacuterfluo As poliacuteticas puacuteblicas deveriam contribuir para a elevaccedilatildeo da renda na economia informal atuando de forma compensatoacuteria (SOUZA 2010 p 4)
Sachs (2007) ao analisar a economia de mercado a partir das
reestruturaccedilotildees capitalistas nos paiacuteses subdesenvolvidos identifica os setores
sociais marginalizados dentro do processo produtivo assim como o sentido
27
excludente e endecircmico resultante da maciccedila exploraccedilatildeo pelos paiacuteses de economias
centrais O autor identifica o cenaacuterio e as transformaccedilotildees no mercado de trabalho
por conta dos processos de dominaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo da economia
No lugar do desaparecimento tradicional por meio da transferecircncia progressiva do excedente de sua matildeo-de-obra para o setor moderno assistimos a expulsatildeo das sobras dos trabalhadores do setor moderno para setores da economia informal de fundos de quintal ou nitidamente ilegal e ateacute a sua marginalizaccedilatildeo pura e simples fadados agrave afliccedilatildeo da ociosidade forccedilada condenados a situaccedilatildeo de assistidos para alguns do berccedilo ao tuacutemulo (SACHS 2007 p 254)
Antunes (2011) subdivide a informalidade em trecircs modalidades de
trabalhadores alocados a economia submersa a) trabalhadores informais
tradicionais b) trabalhadores informais assalariados sem registro c) trabalhadores
informais por conta proacutepria Essas trecircs categorias tambeacutem satildeo compreendidas nas
anaacutelises de Matsuo (2009) a qual define a informalidade em duas grandes
categorias ―velha informalidade (trabalhadores tradicionais) e a ―nova
informalidade (terceirizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo temporizaccedilatildeo) No entanto haacute algumas
―[] denominaccedilotildees atribuiacutedas a atividades praticadas nesse campo desemprego
disfarccedilado subemprego atividade clandestina iliacutecita natildeo estruturada etc
(SANTOS MACIEL e SATO 2014 p 330) que estatildeo presentes em todos os setores
da economia tanto no setor primaacuterio no secundaacuterio como no terciaacuterio como
apontam esses autores
De outra forma como aponta o estudo realizado em 2002 pelo Observatoacuterio
do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) haacute dois tipos
de mercado de trabalho que atuam concomitantemente
a) um setor formal cujo funcionamento das atividades foi definido como tendo barreiras agrave entrada com recursos externos sistema de propriedade impessoal operando em mercados amplos e protegidos por cotas e tarifas grande escala de produccedilatildeo processos produtivos de tecnologia moderna e intensivos em capital e matildeo-de-obra qualificada e b) um setor informal definido pela inexistecircncia de barreiras agrave entrada aporte de recursos de origem domeacutestica propriedade individual operando em pequena escala processos produtivos intensivos em trabalho atuando em mercados competitivos e natildeo regulados (MTE 2002 p 3)
O fato eacute que o crescimento da informalidade no caso brasileiro revelava
aleacutem da fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria a violaccedilatildeo agraves leis trabalhistas a
28
precarizaccedilatildeo do trabalho e a desqualificaccedilatildeo do trabalhador frente agraves novas
tecnologias e restriccedilotildees agrave sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal
Revelando o contraste entre os dois setores conforme as anaacutelises de
Meneguin e Bugarin (2008) em 2004 o trabalhador formalizado obteve uma
remuneraccedilatildeo de 623 superior em relaccedilatildeo ao trabalhador atuante na economia
submersa (CATANI 1985)
Alguns estudos realizados que apontam a informalidade no Brasil remontam
a deacutecada de 1990 Dessa forma a pesquisa Economia Informal Urbana (ECINF)
feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia a Estatiacutestica (IBGE) considerou a
―Organizaccedilatildeo e o Funcionamento da Unidade Econocircmica como uma caracteriacutestica
capaz de balizar os estudos sobre a informalidade Da mesma forma procurou
identificar e correlacionar as atividades informais identificando os
proprietaacuterios de negoacutecios informais trabalhadores por conta proacutepria e pequenos empregadores com 10 anos ou mais de idade ocupados em atividades natildeo-agriacutecolas e moradores em aacutereas urbanas nos domiciacutelios em que moram e atraveacutes deles investigar as caracteriacutesticas de funcionamento das unidades produtivas (IBGE - BRASIL 2003 p 15)
Um dos objetivos do IBGE era de ―quantificar o potencial das atividades
econocircmicas exercidas na informalidade em gerar oportunidades de trabalho e
rendimentos aleacutem de captar informaccedilotildees que permitam conhecer o papel e a
dimensatildeo do setor informal na economia brasileira (IBGE- BRASIL 2003 p 13)
O aumento da informalidade pode estar associado ao aumento da taxa de
desemprego o qual exige das pessoas estrateacutegias e formas diferenciadas de
sobrevivecircncia ou seja uma nova relaccedilatildeo com o mercado de trabalho como mostra
Matsuo (2009) Nas anaacutelises de Santos (2008)
Ateacute 1995 a cada aumento na oferta de emprego formal correspondia uma reduccedilatildeo do iacutendice de trabalhadores na informalidade Poreacutem a loacutegica mudou e a tendecircncia mostra que a criaccedilatildeo de novos empregos com carteira assinada natildeo causa mais esse impacto A informalidade passou a ser um traccedilo caracteriacutestico do mercado de trabalho brasileiro [] (SANTOS 2008 p6)
Pastore (2006) numa anaacutelise sobre o quadro nacional de empregos jaacute
indicava esta perspectiva e avalia o impacto sobre a previdecircncia social desse
quantitativo pois esta porcentagem corresponde agraves pessoas que natildeo contribuem
para o setor previdenciaacuterio gerando enormes distorccedilotildees no setor
29
Perceberemos (TABELA 1) a gradativa reduccedilatildeo na taxa de informalidade
brasileira bem como a reduccedilatildeo em 2 na taxa de desemprego entre 2002 e 2008
como observam Barbosa Filho e Pessocirca (2011) Estes autores ainda alertam para
a as diferenccedilas marcantes na composiccedilatildeo da taxa de desemprego de regiatildeo para
regiatildeo sugerindo o percentual em torno de 6 em Belo Horizonte e Porto Alegre e
superior a 12em Recife e Salvador no ano de 2008 (BARBOSA FILHO PESSOcircA
2011 p 2)
TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL
ANO DESEMPREGO INFORMALIDADE
2002 91 436 2003 97 423 2004 89 425 2005 93 414 2006 84 407 2007 82 391 2008 71 381 2009 83 374 2012 55 34 2013 54 33 2014 43 322 Fev2015 5 325
FONTE BARBOSA FILHO e MOURA (2012) IPEA (20142015) No primeiro semestre de 2013 a informalidade atingiu a taxa de 332
segundo IPEA (2013) Notamos (TABELA 1) que as atividades informais entre 2002
e 2006 obtiveram uma retraccedilatildeo de 29 e entre 2006 e 2013 houve decliacutenio na
ordem de 75 na informalidade brasileira Portanto houve a reduccedilatildeo de 104 da
informalidade entre os anos de 2002 e 2013 Em 2014 o desemprego obteve uma
variaccedilatildeo de 07 pp em relaccedilatildeo agrave fevereiro de 2015 assim como a informalidade
teve um acreacutescimo de 03 pp (IPEA 2015)
A informalidade segundo Malaguti (2001) eacute um traccedilo caracteriacutestico no
mercado de trabalho brasileiro e abrange parte significativa de trabalhadores
exercendo atividades de forma precarizada e desprotegida o que leva a reduccedilatildeo
salarial ao aumento da carga horaacuteria de trabalho e a desvalorizaccedilatildeo do trabalho
como garantia de dignidade
30
12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A
CRIacuteTICA
O deslocamento forccedilado dos trabalhadores formais para praacuteticas informais
no mercado de trabalho resultante de um processo de mudanccedilas nas relaccedilotildees de
produccedilatildeo e trabalho levaram milhares de pessoas a improvisar formas diferenciadas
de suas atividades habituais por necessidade de sobrevivecircncia muitas vezes
compreendidas como formas inovadoras e empreendedoras dentro de uma nova
realidade socioeconocircmica imposta
As praacuteticas empreendedoras muitas vezes como aponta Barbosa (2007) e
Malaguti (2001) surgem como estrateacutegias de autogestatildeo do trabalho do tempo e do
espaccedilo fiacutesico por se apresentarem como uacutenicas alternativas no processo de
desregulamentaccedilatildeo do trabalho e assim as novas configuraccedilotildees do trabalho
resultaram do esvaziamento da poliacutetica abrindo caminho na substituiccedilatildeo do trabalho
empregatiacutecio para uma forma autocircnoma do empreendedorismo Nas palavras de
Barbosa (2007)
A quebra do assalariamento baseado em contratos advindos da concentraccedilatildeo Estado capital e sindicatos penaliza o trabalho amplia as margens de accedilatildeo do mercado e expotildee a fragilizaccedilatildeo da poliacutetica como dimensatildeo da vida social por isso a pergunta que se faz agora entatildeo eacute de que modo o empreendedorismo pode reinventar ou inovar o trabalho garantindo espaccedilo para a poliacutetica Quer dizer frente agrave escassez (volume) e precarizaccedilatildeo (qualidade) do trabalho ateacute que ponto o empreendedorismo expresso nas ideias e praacuteticas de geraccedilatildeo de renda produz efeitos positivos no sentido de minorar as accedilotildees do mercado e impactar o quadro de desigualdade social (BARBOSA 2007 p 3)
Para essa autora o trabalhador desempregado perde sua identidade
subjetiva compartilhada e o emprego formalizado deixa de ser referecircncia de renda
pois com a ―reversatildeo do assalariamento e a ampliaccedilatildeo do trabalho desprotegido
informal se impotildee como regressividade social na medida em que diminui o poder de
barganha dos trabalhadores jogados agrave sorte no mercado e aumenta a desigualdade
social (idem p 4)
Essa realidade socioeconocircmica como demonstra Barbosa (2007) conduz
os trabalhadores para as diversas formas desprotegidas de gerar renda e o que
significava precariedade de uma sobrevivecircncia urbanizada passa a ser considerada
como um conjunto de qualidades dos trabalhadores pobres com caracteriacutesticas de
31
autonomia empregatiacutecia empreendedora e criativa escondendo a condiccedilatildeo de
inseguranccedila social Como segue a autora
Pode-se dizer que como barotildees da raleacute os trabalhadores informais reaparecem na narrativa empreendedora como portadores de futuro avalizados pela experimentaccedilatildeo do risco cotidianamente Todavia contraditoriamente a ocupaccedilatildeo em si natildeo oferece nenhuma seguranccedila social enquanto promessa de futuro para os trabalhadores envolvidos e suas famiacutelias (BARBOSA 2007 p 7)
Dessa maneira segundo a autora a reversatildeo forccedilada do assalariamento
protegido para o ―auto-emprego constituiu um esvaziamento das forccedilas sociais que
possuem bases nas condicionantes do trabalho coletivizado do trabalho protegido
pelas leis de regulaccedilatildeo do mercado de trabalho Sendo assim o auto-emprego pode
ser compreendido como sendo balizado em expectativas de mercado onde sua
capacidade de competitividade em muitos casos fica muito aqueacutem das forccedilas que
regulam o mercado impondo-lhe limitaccedilotildees de expansatildeo e ―desprovidos de capital
o trabalho autocircnomo paradoxalmente depende da sub-remuneraccedilatildeo que se auto
impotildee e do estaacutegio de desenvolvimento de dada sociedade capitalista cuja
tendecircncia eacute estender sua racionalizaccedilatildeo a todos os setores da economia (SOUZA
2010 p 5)
A gama de trabalhadores sem carteira assinada autocircnomos contrasta pela
sua heterogeneidade dependendo da escolaridade dos ganhos reais aacuterea de
atuaccedilatildeo remuneraccedilatildeo geralmente com pouca qualificaccedilatildeo e atuantes na produccedilatildeo
de bens e serviccedilos conforme analisa Souza (2010)
Dentro dessa oacutetica em suas anaacutelises sobre a formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual (MEI) Sulzbach e Denardin (2012) relatam que ―com
a instituiccedilatildeo desta figura o Estado brasileiro auxilia na desregulamentaccedilatildeo do
mercado de trabalho capitalista regulamentando-a Nesse sentido seguem os
autores
Esta nova forma de desregulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho estabelece o individualismo que cria uma cultura empreendimentista assim chamada por Harvey apud Miqueluzzi (1998) aonde a classe trabalhadora vislumbra ser um trabalhador por conta proacutepria natildeo ser mais assalariado (SUZBACH DENARDIN 2011 p 10)
32
Para Malaguti (2001 p 88) a informalidade aparece como uma das uacutenicas
formas de sobrevivecircncia para milhares de brasileiros e esta eacute um ―recurso de uacuteltima
instacircncia (p 92)
As pequenas empresas que surgem em meio agrave informalidade superlativada
resultado de uma modernidade que natildeo superou os preceitos do
subdesenvolvimento ao contraacuterio expandiu a pobreza e as diferenccedilas sociais pela
concentraccedilatildeo de renda excessiva e a reestruturaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo
enfrentam condiccedilotildees humilhantes e ultrajantes na procura de espaccedilo para a
sobrevivecircncia Segundo Malaguti (2001 p 68) a informalidade ―natildeo eacute um celeiro de
pessoas ativas empreendedoras eneacutergicas mas sim o refuacutegio sem opccedilatildeo
As empresas constituiacutedas diante de uma economia informal analisadas por
Malaguti (2001) Sachs (2006) Antunes (2011) Barbosa (2007) Catani (1985)
reproduzem o trabalho precarizado sob a forma de baixa remuneraccedilatildeo jornadas
excessivas de trabalho condiccedilotildees muitas vezes insalubres e sem orientaccedilatildeo
teacutecnica de seguranccedila
33
2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHOBRASILEIRO DAS
ORIGENS AO MEI
Neste capiacutetulo pretendemos estabelecer uma breve aproximaccedilatildeo sobre o
conceito de poliacuteticas puacuteblicas que em nosso entendimento eacute fundamental para a
compreensatildeo do objeto de estudo que eacute a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual Ainda neste toacutepico apresentaremos algumas das
principais poliacuteticas puacuteblicas sobre emprego no periacuteodo republicano brasileiro
21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
A Poliacutetica Puacuteblica eacute caracterizada como a posiccedilatildeo do ―Governo em accedilatildeo
assim definida por (SOUZA 2006) e ao mesmo tempo ―o Estado implantando um
projeto de governo atraveacutes de programas de accedilotildees voltadas para setores
especiacuteficos da sociedade(HOumlFLING 2001 p 31) ou mesmo a intervenccedilatildeo do
Estado em problemas e finalidades especiacuteficas
Podemos salientar que definiccedilotildees sobre o tema podem incidir em conceitos
significativamente diferentes pois como nos aponta Souza (2006) natildeo haacute uma
definiccedilatildeo singular para o termo Poliacutetica Puacuteblica diferentemente de outras aacutereas do
conhecimento tradicionalmente constituiacutedas como eacute o caso da Sociologia da
Economia ou da Psicologia a exemplos
Para Souza (2006) tal termo implica num conjunto de accedilotildeesprocessos que
permitem a dissociaccedilatildeo e separaccedilatildeo em fases de poliacuteticas ou ciclo de poliacutetica
puacuteblica pois no processo de estabilizaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica pode ocorrer
disparidades nas etapas de transcurso tanto na formulaccedilatildeo na implementaccedilatildeo
como na avaliaccedilatildeo da PP A partir de suas anaacutelises a autora nos apresenta algumas
definiccedilotildees sobre o tema
Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da poliacutetica que analisa o governo agrave luz de grandes questotildees puacuteblicas e Lynn (1980) como um conjunto de accedilotildees do governo que iratildeo produzir efeitos especiacuteficos Peters (1986) segue o mesmo veio poliacutetica puacuteblica eacute a soma das atividades dos governos que agem diretamente ou atraveacutes de delegaccedilatildeo e que influenciam a vida dos cidadatildeos Dye (1984) sintetiza a definiccedilatildeo de poliacutetica puacuteblica como ―o que o governo escolhe fazer ou natildeo fazer A definiccedilatildeo mais conhecida continua sendo a de Laswell ou seja decisotildees e anaacutelises sobre poliacutetica puacuteblica implicam responder agraves seguintes questotildees quem ganha o quecirc por quecirc e que diferenccedila faz (SOUZA 2006 p24)
34
O estudo do campo da Poliacutetica Puacuteblica estaacute direcionado agraves anaacutelises e
interpretaccedilotildees de interesses vantagens desvantagens ganhos e perdas dos grupos
e atores envolvidos no processo de construccedilatildeo da PP de forma direta ou indireta
desde a construccedilatildeo da agenda da formulaccedilatildeo do processo decisoacuterio da
implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo ateacute o puacuteblico alvo ao qual se originou a poliacutetica puacuteblica
Para Frey (2000) a Poliacutetica Puacuteblica constitui um campo da Ciecircncia Poliacutetica e
poderemos analisaacute-la sob trecircs perspectivas 1) o sistema poliacutetico no qual identifica e
avalia a accedilatildeo do governo e do Estado como promotores de felicidade de seus
cidadatildeos 2) o elemento poliacutetico representado pelas relaccedilotildees de forccedila e interesses
entre atores envolvidos no processo decisoacuterio 3) processo de avaliaccedilatildeo do sistema
poliacutetico no que concernem suas accedilotildees e estrateacutegias escolhidas para resolver
problemas especiacuteficos
Historicamente como aponta Frey (2000) o estudo sobre este campo da
Ciecircncia Poliacutetica nos Estados Unidos teve iniacutecio na deacutecada de 1950 Ao passo que
na Europa esta preocupaccedilatildeo comeccedilou a partir de 1970 com a ascensatildeo da social
democracia na Alemanha que estabeleceu poliacuteticas setoriais localizadas e
pontuais passiacuteveis de serem analisadas No caso brasileiro o interesse pelo
assunto eacute muito recente e conferiu ―ecircnfase ou agrave anaacutelise das estruturas e instituiccedilotildees
ou agrave caracterizaccedilatildeo dos processos de negociaccedilatildeo das poliacuteticas setoriais
especiacuteficas (p 214)
As poliacuteticas puacuteblicas desenvolvidas no plano da percepccedilatildeoaccedilatildeo pelo
Estado para a intervenccedilatildeo no mercado de trabalho satildeo constituiacutedas por Poliacuteticas
Ativas e Poliacuteticas Passivas (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA
2006) No Brasil elas estatildeo presentes concomitantemente no sistema puacuteblico de
emprego e ―existem para corrigir falhas de mercado relacionadas agrave restriccedilatildeo de
creacutedito assimetrias de informaccedilatildeo ou problemas de intermediaccedilatildeo de matildeo - de
obra (MACHADO E NETTO 2011 p 2) bem como promover a geraccedilatildeo de
emprego e renda e equacionar determinadas disfunccedilotildees no mercado de trabalho
Nas palavras de Chahad (2006)
Esta intervenccedilatildeo materializa-se por meio da oferta de serviccedilos baacutesicos como concessatildeo de creacutedito aos desempregados e trabalhadores autocircnomos melhoria da qualidade da matildeo-de-obra por meio do treinamento e da recolocaccedilatildeo do desempregado utilizando a intermediaccedilatildeo da matildeo-de-obra Essas poliacuteticas ativas que associando-se ao seguro-desemprego e a outras formas de assistecircncia aos desempregados atuam no sentido de
35
promover a geraccedilatildeo de emprego elevar o niacutevel de rendimentos e garantir melhor bem-estar aos trabalhadores em geral (CHAHAD 2006 p 1)
As Poliacuteticas Ativas tecircm a finalidade de facilitar o Acesso em ao mercado de
trabalho e aumentar o niacutevel de salaacuterios dos trabalhadores que apresentam
dificuldades de inserccedilatildeo nesse mercado criar frentes de trabalho oferecer
incentivos agraves micro e pequenas empresas aleacutem de possuir ―[] instrumentos para
criaccedilatildeo direta e indireta de emprego tanto no mercado formal de trabalho quanto no
setor informal contribuem para aumentar a ―empregabilidade do trabalhador
facilitando seu reemprego auxilia na reduccedilatildeo dos niacuteveis de pobreza (CHAHAD
2006 p 5 - 6) Essa forma de poliacutetica seraacute analisada mais adiante quando nos
referirmos agrave formalizaccedilatildeo do Microemprendedor individual sob a Lei Complementar
12808
No caso das Poliacuteticas passivas o objetivo eacute assegurar o miacutenimo de renda
consumo satisfaccedilatildeo para as pessoas excluiacutedas temporariamente ou natildeo do
processo produtivo do mercado de trabalho O dispositivo mais conhecido eacute o
Seguro-desemprego3 (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA 2006)
Para Oliveira (2012) jaacute mencionada anteriormente a poliacutetica de emprego
consiste numa representaccedilatildeo reduzida do ponto de vista do Estado do Bem Estar
Social e agrave ―posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho (idem p
494) o que resulta num quadro nacional do capitalismo dependente Veremos que
no primeiro momento do periacuteodo Republicano natildeo haacute a construccedilatildeo de um projeto de
poliacuteticas que coadunassem poliacuteticas ativas e poliacuteticas passivas Observamos nesse
sentido que o complexo de poliacuteticas ativas deixa claro o forte posicionamento ao
desenvolvimento econocircmico e dessa forma compreendemos que as ―principais
medidas de proteccedilatildeo ao trabalhador no Brasil foram no sentido de controlar a forccedila
de trabalho com a inserccedilatildeo de marcos regulatoacuterios corporativos e restritos a
pequenos grupos (OLIVEIRA 2012 p 495) Como salienta essa autora a privaccedilatildeo
de poliacuteticas passivas de atenccedilatildeo ao trabalhador tanto na Primeira Repuacuteblica como
no periacuteodo Vargas dilatou o quadro de pobreza brasileiro e criou um excedente de
matildeo de obra abrindo caminho para a subsistecircncia fora do setor formal
3 O Seguro desemprego eacute um benefiacutecio que oferece auxiacutelio em dinheiro por um periacuteodo determinado
pago ao trabalhador formal e domeacutestico em virtude da dispensa sem justa causa inclusive dispensa indireta trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso em virtude de participaccedilatildeo em curso de qualificaccedilatildeo fornecido pelo empregador pescador profissional durante o periacuteodo de defeso e trabalhador resgatado da condiccedilatildeo semelhante agrave de escravo (lthttpsgoogleX5hIw)
36
Para Fernandes (1975) Oliveira (1984) Machado (1999) Furtado (1978) e
Galeano (2010) o desenvolvimento latino-americano foi marcado pela incapacidade
de acompanhar a evoluccedilatildeo do capitalismo e das contradiccedilotildees e relaccedilotildees
antagocircnicas internas entre as capacidades produtivas e a correspondecircncia social
resultando no baixo desempenho econocircmico no mercado internacional dos paiacuteses
―subdesenvolvidos inseridos no sistema neocolonial o que permitiu a histoacuterica
dominaccedilatildeo e espoliaccedilatildeo territorial Para estes autores processo de dominaccedilatildeo foi
construiacutedo historicamente iniciado com o advento da ―Invasatildeo ou Conquista do
continente americano pela Espanha e Portugal As relaccedilotildees de poder produzidas
entre economias centrais e sateacutelites marcaram a crescente dependecircncia econocircmica
das uacuteltimas em relaccedilatildeo agraves primeiras sendo que o capitalismo latino americano se
tornou dependente na medida em que as bases relacionais foram pela via do
―endividamento externo e maior submissatildeo ao capital foracircneo (MACHADO 1999 p
200)
211 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento
Abaixo (QUADRO1) apresentamos algumas das principais poliacuteticas de
emprego desenvolvidas pelo Estado brasileiro anterior ao Regime Militar que se
estabeleceu em 1964
QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A
1964
Continua
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1919 Lei sobre acidentes de trabalho nordm 3724 de 15 janeiro de 1919
Responsabiliza empregadores pela indenizaccedilatildeo
Regulamentaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho Criaccedilatildeo do Aviso Preacutevio proibiccedilotildees de salaacuterios atrasados pagamentos de
horas extras natildeo salariais proibiccedilatildeo de trabalho para menores de quatorze anos
e estabilidade de emprego para ferroviaacuterios e portuaacuterios
1925 Decreto4982 de 24 de dezembro de 1925 ndash Lei de feacuterias
Concede 15 dias anuais de feacuterias para empregados
1926 Dec 5083 de 01 de dezembro de 1926 Coacutedigo do menor
Regulamentaccedilatildeo do trabalho de menores dentre outras providecircncias
1930 CriaccedilatildeodoMinisteacuterio do Trabalho Comeacutercio e induacutestria
Interferir sistematicamente no conflito entre capital e trabalho Estabeleceu
jornada de 8 horas e proibiccedilatildeo do trabalho infantil e noturno
1942 ServiccediloNacionaldeAprendizagemIndustrial (SENAI) - Dec Fed 4048 de 22 de janeiro de 1942
Formaccedilatildeo profissional para a insipiente induacutestria de base
37
QUADRO 1 - POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A
1964
Concluatildeo
FONTE OLIVEIRA (2012) MTE SENAI SENAC CPDOC SENADO FEDERAL
Com um desenvolvimento industrial ainda modesto e insipiente no primeiro
momento da Repuacuteblica do Brasil como analisa Cotrin (1999) a base econocircmica
brasileira estava atrelada ao campo pois segundo esse autor em 1920 697 das
pessoas ativas desenvolviam atividades na agricultura 138 na induacutestria e o setor
de serviccedilos abarcava 165 das pessoas ativas (COTRIN 1999 p 268)
Mesmo com uma sociedade predominantemente agraacuteria as poliacuteticas
puacuteblicas de emprego demonstradas acima atingiam apenas os trabalhadores
urbanos que representavam cerca de 30 dos trabalhadores brasileirosAs
condiccedilotildees de trabalho desse operariado na Primeira Repuacuteblica brasileira eram
excessivamente precaacuterias o que provocavam vaacuterios acidentes de trabalho somem-
se a isso os baixos salaacuterios pagos a natildeo existecircncia de salaacuterio miacutenimo sem direito a
feacuterias ou pagamento de horas extras carga horaacuteria excessiva de trabalho que
atingia como aponta Cotrin (1999) 15 horas diaacuterias de trabalho de segunda a
saacutebado e sem direito a qualquer forma de indenizaccedilatildeo ou aviso preacutevio o
trabalhador poderia ser demitido arbitrariamente (p 275) Como demonstra o autor
[] as instalaccedilotildees das faacutebricas eram geralmente precaacuterias Nos galpotildees de serviccedilo natildeo havia espaccedilo adequado para o trabalho o ambiente era mal iluminado quente e sem ventilaccedilatildeo Tudo isso favorecia a ocorrecircncia de acidentes de trabalho cujas as principais viacutetimas eram as crianccedilas (COTRIN 1999 p 274)
Diante do quadro que se encontrava o trabalhador brasileiro nesse periacuteodo
surgiram vaacuterios protestos reivindicatoacuterios para melhorias nas condiccedilotildees de trabalho
sendo importantes na contribuiccedilatildeo para o aparecimento dos primeiros sindicatos e
entidades ligadas ao operariado
Dessa maneira como aponta Fausto (1995) foi no curso das greves
ocorridas entre os anos de 1917 e 1920 que surgiram as primeiras possibilidades de
aprovaccedilatildeo legislativa de direitos aos trabalhadores Algumas medidas foram
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1946 Serviccedilo nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)
Voltado para o setor de comeacutercio produccedilatildeo de bens e serviccedilo e turismo
1943 Consolidaccedilatildeo das leis trabalhistas (CLT) (lei nordm 5452 de 1ordm maio de
1943)
Art 1ordm - Esta Consolidaccedilatildeo institui as normas que regulam as relaccedilotildees individuais e coletivas de
trabalho nela previstas
38
colocadas em um projeto denominado Coacutedigo de trabalho mas sofreram pesadas
criticas pelo empresariado sendo igualmente vetadas pelos congressistas Apenas
a Lei nordm 37241919 que dispunha sobre as regras resultantes de acidentes de
trabalho como indenizaccedilotildees e responsabilidades do empregador foi aprovada
Ainda assim duas leis importantes foram produzidas na segunda metade dos anos 20 a Lei de feacuterias (1925) e a Lei de Regulamentaccedilatildeo do Trabalho de menores (192627) A primeira visava a obrigar os empresaacuterios a conceder 15 dias de feacuterias a seus empregados sem prejuiacutezo do ordenadomas foi sistematicamente desrespeitada Jaacute o Coacutedigo do Menor estipulava a maioridade a partir dos 18 anos e propunha uma jornada de trabalho de seis horas (CPDOC ndash Centro de Pesquisas e documentaccedilatildeo de Histoacuteria Contemporacircnea do Brasil)
Jaacute na deacutecada de 1930 o Estado Getulista procurou estabelecer regulaccedilatildeo e
regulamentaccedilatildeo para a questatildeo trabalhista Neste periacuteodo foi criado o Ministeacuterio do
Trabalho Comeacutercio e Induacutestria como forma de atenccedilatildeo mais sistemaacutetica ao
trabalhador como aponta Oliveira (2012) A regulaccedilatildeo tinha como objetivo
interferecircncia do estado junto aos sindicatos e organizaccedilotildees trabalhistas sobre
maneira nas de inclinaccedilotildees marxistas apoiadas por partidos de esquerda o que
limitava accedilotildees no campo poliacutetico e conflitos de classes dificultando a organizaccedilatildeo
da classe trabalhadora Dessa forma como observam Fausto (1995) e Oliveira
(2012) a centralizaccedilatildeo estatal mantinha sobre forte domiacutenio a questatildeo do ―princiacutepio
da unidade sindical ou seja do reconhecimento do Estado de um uacutenico sindicato
por categoria profissional (FAUSTO1995 p 335) Segundo Oliveira (2012) o
governo centralizador e interventor de Vargas tinha a intenccedilatildeo de estabelecer a
harmonia entre as classes diluiacutedas pela inquietaccedilatildeo social e promover a adequaccedilatildeo
trabalhocapital o que levaria a acumulaccedilatildeo capitalista Consideremos que em
1920 a produccedilatildeo agriacutecola representava 79 do total produzido no paiacutes e a
induacutestria 21 em 1940 a agricultura era responsaacutevel por 57 da produccedilatildeo e a
induacutestria 43 o que denota um aumento significativo do setor industrial (FAUSTO
1995 p 392)
Na avaliaccedilatildeo de Fausto (1995 p 336) ―a poliacutetica trabalhista do Governo
Vargas constituiu um niacutetido exemplo de uma ampla iniciativa que natildeo derivou das
pressotildees de uma classe social e sim da accedilatildeo do Estado As medidas regulatoacuterias
de Vargas tinham um propoacutesito central aumentar a capacidade de produccedilatildeo
industrial nas aacutereas urbanas e para tanto havia a necessidade de prevenir a
instabilidade social e mediar as relaccedilotildees entre a classe trabalhadora e o patronato
39
Assim para normatizar as relaccedilotildees de trabalho individuais e coletivas bem
como as regulamentaccedilotildees sobre essas relaccedilotildees em 1943 foi instituiacuteda a
Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT) sob o Dec Lei nordm 5452 de 151943
Nesse periacuteodo ficou evidente a forte regulaccedilatildeo das forccedilas de trabalho
subordinadas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas de desenvolvimento e acumulaccedilatildeo de
capital A partir das deacutecadas de 197080 as poliacuteticas de emprego comeccedilaram a
ganhar destaque e porte sendo criado o Sistema Puacuteblico de Emprego ainda como
um sistema de pouca prospecccedilatildeo que atingia exclusivamente o mercado formal de
trabalho (MACHADO e NETO 2011)
212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar
O iniacutecio do regime militar foi marcado por uma seacuterie de mudanccedilas que
incidiram sobre a poliacutetica de emprego no Brasil Essas medidas tornaram-se
coercitivas em funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do governo militar em expandir o complexo
industrial e tecnoloacutegico (OLIVEIRA 2012) No entanto foi somente a partir da
deacutecada de 1970 no regime militar que comeccedilam a serem implementadas poliacuteticas
passivas ainda modestas de atendimento aos trabalhadores natildeo somente
formalizados mas algumas categorias de trabalhadores que se encontravam fora do
mercado de trabalho Uma das Poliacuteticas de Emprego de maior visibilidade foi a
criaccedilatildeo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) (Lei 5107 de
13set1966) orientado hoje pela Lei 8036 de 11maio1990 e tem como objetivo
dar auxiacutelio ao trabalhador dispensado do serviccedilo sem justa causa e garantir uma
renda para a subsistecircncia ateacute conseguir novo emprego Para Oliveira (2012) a
criaccedilatildeo do FGTS substitui a estabilidade de emprego contida na CLT pela
poupanccedila compulsoacuteria Abaixo (QUADRO 2) estatildeo algumas das Poliacuteticas de
Emprego desenvolvidas durante o regime militar que se instalou no Brasil em 1964
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASILDURANTE O REGIME MILITAR
continua
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1964 Lei Anti-greve4330 de 161964
Regula o direito de greve na forma do art 158 da Constituiccedilatildeo Federal de 1946
40
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL DURANTE O REGIME MILITAR
conclusatildeo
ANO POLIacuteTICA DEFINICcedilAtildeO
1965 Sobre os dissiacutedios coletivos entre categorias profissionais e econocircmicas (lei 4725 de
13765)
Estabelece normas para o processo dos dissiacutedios coletivos e daacute outras
providecircncias (Poliacutetica de contenccedilatildeo salarial)
1966 Criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) ndash Dec lei nordm 72 de 21111966
Unifica os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees
1966 Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo Lei 5107 de 13091966 ndash revogado o seu original em 1989 e posteriormente em 1990 pela Lei
8036 de 11051990
Dispotildee sobre o Fundo de garantia por Tempo de Serviccedilo
1970 Criaccedilatildeo do Programa de integraccedilatildeo Social (Lei Complementar 07 de 791970)
Art 1ordm [] destinado a promover a integraccedilatildeo do empregado na vida e no
desenvolvimento das empresas
1970 Criaccedilatildeo do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash LC
nordm 08 de 03121970
Institui o Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico
1971 Programa de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (PRORURAL) LC n 11 de 25051971
Poliacutetica de assistecircncia ao trabalhador rural
1973 Dec lei 71885 de 931973 Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico
Art 1ordm Satildeo assegurados aos empregados domeacutesticos os benefiacutecios e serviccedilos da Lei
Orgacircnica da Previdecircncia Social
1974 Criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS )Lei 6036 de
1051974
Atribuiccedilotildees diferentes do Ministeacuterio do Trabalho
11974
Lei Ordinaacuteria 6136 de 7111974 Define o salaacuterio maternidade e outros benefiacutecios a serem pagos aos
trabalhadores (na praacutetica somente aos trabalhadores formalizados)
11974
Lei n 6179 de 11121974 Art 1ordm Institui amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e para invaacutelidos definitivamente incapacitados
para o trabalho que natildeo exerccedilam atividades remuneradas []
11974
Lei n 6195 de 19121974 Extensatildeo aos trabalhadores rurais a concessatildeo de seguro por acidente do
trabalho
11974
Lei nordm 6019 de 03011974 Dispotildee sobre o Trabalho Temporaacuterio nas Empresas Urbanas - atendimento do
empresariado na substituiccedilatildeo de forccedila de trabalho ndash (OLIVEIRA 2012)
11975
Criaccedilatildeo do Sistema Puacuteblico de Emprego Conjunto de poliacuteticas ativas e passivas no mercado de trabalho
11975
Cria o Sistema Nacional de Emprego (SINE) Dec nordm 76403 de 08101975
Linhas de accedilatildeo organizar um sistema de informaccedilotildees e pesquisas sobre
o mercado de trabalho informar agraves empresas sobre a forccedila de trabalho
disponiacutevel (OLIVEIRA 2012)
FONTE OLIVEIRA (2012)wwwplanaltogovbr Instituo de Desenvolvimento do Trabalho
(IDT)CHAHAD (2006)
A centralidade econocircmica administrativa e poliacutetica que se iniciou no Brasil
apoacutes a implantaccedilatildeo do regime militar em 1964 culminou com a forte presenccedila do
41
Estado na sociedade e na economia e numa seacuterie de propostas de desenvolvimento
econocircmico colocadas nos Plano Nacional de Desenvolvimento l (1971 ndash 1974) e no
Plano Nacional de Desenvolvimento ll (1975 ndash 1979) (PND)
Neste momento da histoacuteria o Estado brasileiro inicia um processo de
enrijecimento atraveacutes da militarizaccedilatildeo poliacutetica administrativa e econocircmica do paiacutes
que avanccedilou para os setores da sociedade atingindo a classe trabalhadora Dentro
desse contexto foi decretado o impedimento agrave greve atraveacutes da Lei 433064 (Lei
Anti-greve) No ano seguinte foram instituiacutedas normas para o processo dos dissiacutedios
coletivos pela Lei nordm 472565 Tais medidas alertavam para o teor coercitivo do
governo militar e da sua proposta de crescimento econocircmico que penalizava a
classe trabalhadora do paiacutes
Na mesma medida em que manifestava sua posiccedilatildeo coercitiva e de controle
sobre as relaccedilotildees de trabalho o governo militar dava iniacutecio a propostas dos
trabalhadores como forma de compensaccedilatildeo pela falta de liberdade Em 1966 foi
criado o Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) o qual unificou os Institutos
de Aposentadorias e Pensotildees sob o Dec Lei nordm 7266 amparado pelo Ato
Institucional nordm 2 de 27111965 Em 1970 foram criados o Programa de Integraccedilatildeo
Social (PIS) sob a Lei nordm 071970 com o propoacutesito de ―[] promover a integraccedilatildeo do
empregado na vida e no desenvolvimento das empresas (art 1ordm) e o Programa de
Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash sob a Lei Complementar nordm
0870 Em 1971 a poliacutetica de trabalho passa a ser voltada ao meio rural por meio da
constituiccedilatildeo do Programa de Assistecircncia ao trabalhador Rural (PRORURAL) sob a
Lei Complementar 2571 Esta poliacutetica tinha o objetivo de dar assistecircncia ao
trabalhador rural que ateacute entatildeo natildeo possuiacutea benefiacutecios na legislaccedilatildeo trabalhista
Segundo Oliveira (2012)
Essa foi a primeira legislaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de um sistema previdenciaacuterio que beneficiasse os trabalhadores rurais benefiacutecio ampliados agraves empregadas domeacutesticas e em 1973 aos trabalhadores autocircnomos Essa inclusatildeo tardia dos trabalhadores rurais domeacutesticos e autocircnomos evidencia a poliacutetica trabalhista corporativa e excludente do Brasil e denota a ausecircncia de um sistema de garantias sociais para o conjunto da classe trabalhadora e dos trabalhadores fora do mercado de trabalho (OLIVEIRA 2012 p 497)
Em 1973 os empregados domeacutesticos passam a gozar dos benefiacutecios
instituiacutedos pela Lei orgacircnica da Previdecircncia Social amparados pelo Dec Lei
7188573 Em 1974 com o objetivo de ampliar a atenccedilatildeo ao trabalhador eacute criado o
42
Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) sob a Lei 603674 Outros
dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador foram criados como o Salaacuterio Maternidade
(Lei 613674) e o ―amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e
para invaacutelidos definitivamente incapacitados para o trabalho que natildeo exerccedilam
atividades remuneradas [] (Lei 617964 art 1ordm) No ano de 1975 ―sob a eacutegide da
Convenccedilatildeo nordm 88 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que orienta cada
paiacutes-membro a manter um serviccedilo puacuteblico e gratuito de emprego para a melhor
organizaccedilatildeo do mercado de trabalho (MTPS site) foi elaborado o Sistema Nacional
de Emprego (SINE)
Ao observarmos o quadro acima percebemos que as poliacuteticas de emprego
estabelecidas no regime militar eram Poliacuteticas Ativas e voltadas aos trabalhadores
formalizados excluindo dessas poliacuteticas quase em sua totalidade as categorias natildeo
formalizadas de trabalhadores brasileiros
Somente a partir da deacutecada de 1980 final do regime militar comeccedilam a
surgir mudanccedilas significativas sobre poliacuteticas puacuteblicas passivas de emprego no
Brasil Nas palavras de Oliveira (2012)
O esgotamento do regime militar e a crise econocircmica que se instaurou no paiacutes revelaram a precariedade das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira e reacendeu o debate por melhores serviccedilos de infraestrutura e de inclusatildeo nos programas sociais possibilitando a emergecircncia de movimentos sociais urbanos que clamavam por direitos sociais e pela redemocratizaccedilatildeo no paiacutes (OLIVEIRA 2012 p 498)
213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil
A partir da segunda metade da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990
as poliacuteticas marcadas pelo restabelecimento do governo democraacutetico brasileiro se
expandiram e foram criados vaacuterios programas destinados natildeo somente a dar
atenccedilatildeo ao trabalho formal mas tambeacutem ao setor informal da economia Com o
crescimento e demanda desse setor ficou evidente a necessidade de criaccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas direcionadas na possibilidade de equacionar distorccedilotildees entre os
setores formais e informais Para Machado e Neto (2011) os governos subnacionais
(estados e municiacutepios) foram importantes na medida de abertura do microcreacutedito
natildeo somente para o setor formal mas tambeacutem para os trabalhadores autocircnomos e
empreendimentos menores que absorviam boa parte dos trabalhadores ocupados
43
Observamos que os direitos dos trabalhadores se ampliam com a
promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (Constituiccedilatildeo Cidadatilde) estabelecidos
em seu art 7ordm com previsatildeo a ―melhoria de sua condiccedilatildeo social (BRASIL 1988
art 7ordm) No entanto como observa Oliveira (2012) natildeo havia ainda uma
preocupaccedilatildeo em formular poliacuteticas passivas de atendimento natildeo somente aos
trabalhadores formais mas tambeacutem aos desempregados subempregados e aos natildeo
formalizados que representavam parcela significativa no mercado de trabalho
brasileiro Dessa forma segue Oliveira (2012)
[] o paiacutes sempre conjugou poliacuteticas macroeconocircmicas com poliacuteticas assistencialistas limitando-se a introduzir marcos regulatoacuterios para algumas categorias profissionais sem contudo se debruccedilar na construccedilatildeo de uma poliacutetica de emprego passiva ou ativa que contemplasse a subsistecircncia ou a (re) inserccedilatildeo dos trabalhadores expulsos do mercado de trabalho (p 499)
Destacamos (QUADRO 3) as principais poliacuteticas criadas para garantir
direitos sociais de atenccedilatildeo aos trabalhadores sob a promoccedilatildeo de poliacuteticas passivas
para mercado de trabalho
QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
continua ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
1986 Lei nordm 2283 de 27021986 ndash cria o Seguro Desemprego
Dispotildee sobre a instituiccedilatildeo [] do Seguro desemprego e daacute outras providecircncias
1988 Art XIII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo das horas trabalhadas que passa de 48 horas para
44 horas semanais
1990 Lei nordm 7998 de 11011990 Regula o Programa do Seguro-Desemprego o Abono Salarial institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)
financiado com recursos advindos do PIS e do PASEP
1994 Resoluccedilatildeo CODEFAT nordm 59 de 250394 ndash autoriza alocar recursos do FAT para o Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e
Renda (PROGER)
Eacute uma poliacutetica puacuteblica de emprego que se faz mediante concessatildeo de creacutedito
financeiro Tem por objetivo proporcionar linhas especiais de creacutedito em atividades
produtivas [] (MTPS)
1996
Resoluccedilatildeo 126 de 23101996 (CODEFAT) Criacatildeo do Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo
do trabalhador (PLANFOR)
Aprova criteacuterios para a utilizaccedilatildeo de recursos do Fundo de Amparo ao
Trabalhador - FAT pela Secretaria de Formaccedilatildeo e Desenvolvimento Profissional - SEFOR com vistas agrave execuccedilatildeo de accedilotildees
de qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo profissional no acircmbito do Programa do Seguro-
Desemprego no periacuteodo e 19971999
44
QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
Continuaccedilatildeo
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
1996
Decreto 1946 de 28061996 - Cria o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar ndash PRONAF
Apoio financeiro a atividades agropecuaacuterias ou natildeo-agropecuaacuterias para implantaccedilatildeo
ampliaccedilatildeo ou modernizaccedilatildeo da estrutura de produccedilatildeo beneficiamento industrializaccedilatildeo e de serviccedilos no estabelecimento rural ou em aacutereas comunitaacuterias rurais proacuteximas de
acordo com projetos especiacuteficos
1996
RESOLUCcedilAtildeO CODEFAT Nordm 103 de 631996 ndash Cria o Programa de Expansatildeo do Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador ndash PROEMPREGO
Art 1ordm [] objetivo de criar novos empregos incrementar a renda do
trabalhador proporcionar a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em
especial das camadas de mais baixa renda e propiciar a diminuiccedilatildeo dos custos de
produccedilatildeo no contexto internacional preservando e expandindo as
oportunidades de trabalho e assegurando o equiliacutebrio do meio ambiente
1998 Resoluccedilatildeo CODEFAT 194 de 23091998 - Estabelece criteacuterios para transferecircncia de
recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador ndash FAT ao Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador ndash PLANFOR
Art 2ordm O PLANFOR tem o objetivo de construir gradativamente oferta de
educaccedilatildeo profissional (EP) permanente com foco na demanda do mercado de
trabalho de modo a qualificar ou requalificar a cada ano articulado agrave
capacidade e competecircncia existente nessa aacuterea pelo menos 20 da PEA - Populaccedilatildeo Economicamente Ativa maior de 14 anos
de idade
11999
Criaccedilatildeo do Fundo de Aval para a Geraccedilatildeo de Emprego e Renda (FUNPROGER)
Tem a finalidade de garantir parte do risco dos financiamentos concedidos pelas instituiccedilotildees financeiras oficiais federais diretamente ou por intermeacutedio de outras instituiccedilotildees financeiras no acircmbito do Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda - PROGER Setor Urbano
22001
Medida Provisoacuteria nordm 2164-41 de 24082001Subvenciona o trabalhador atraveacutes de Bolsa Qualificaccedilatildeo profissional
Altera a Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho - CLT para dispor sobre o trabalho a tempo parcial a suspensatildeo do contrato de trabalho e o programa de qualificaccedilatildeo profissional
22001
Lei nordm 10208 de 23032001 -Acrescenta os artigos 3ordmA 6ordmA 6ordmB 6ordmC e 6ordmD agrave Lei n
o 5859 de 11 de dezembro de 1972
Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico para facultar o Acesso em ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo - FGTS e ao seguro-desemprego (texto da poliacutetica)
22003
Lei 10779 de 25112003 Dispotildee sobre a concessatildeo do benefiacutecio de seguro desemprego durante o periacuteodo de defeso ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal (texto da poliacutetica)
22005
Decreto 5598 de 1122005 ndash Estabelece as normas para o Programa de Aprendizagem Profissional
Regulamenta a contrataccedilatildeo de aprendizes
45
QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
Conclusatildeo
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
22008
Lei Complementar 128 de 191208 ndash Criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI)
ART 18E - O instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo social e previdenciaacuteria
FONTE SENADO FEDERAL OLIVEIRA (2012) MTE BATISTA (2009)
As poliacuteticas de trabalho no Brasil quase que exclusivamente atingiam os
trabalhadores formalizados deixando fora de poliacuteticas especiacuteficas categorias natildeo
definidas dentro do setor formal isolando-os de direitos trabalhistas e
previdenciaacuterios Com a evoluccedilatildeo da economia de mercado informalizado e
considerando que boa parte dos trabalhadores sobrevivia do trabalho informal o
que nesse sentido como analisa Pastore (2006) gerava distorccedilotildees no setor
previdenciaacuterio o governo brasileiro instituiu a LC 1282008 com objetivos de 1)
criar a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual 2) promover a formalizaccedilatildeo
de trabalhadores que manteacutem atividades fora das relaccedilotildees de mercado formais 3)
promover a inclusatildeo social desses trabalhadores
214 Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI
Em 2008 foi regulamentada no Brasil a Lei Complementar (LC) nordm 12808 a
qual estabeleceu a pessoa juriacutedica do Microempreendedor Individual (MEI) em
complemento a LC 123 de 14 de dez de 20064 Esta poliacutetica puacuteblica representa uma
tentativa de resposta pelo poder puacuteblico ao crescente nuacutemero de trabalhadores
informais exercendo as mais diversas atividades econocircmicas e em muitos casos
em situaccedilatildeo de vulnerabilidade por exerciacutecios de trabalho precaacuterio irregular ou ilegal
em desconformidade com a legislaccedilatildeo trabalhista natildeo oportunizando dessa forma
os direitos previdenciaacuterios conquistados pelos trabalhadores formalizados Como
referecircncia ao MEI a legislaccedilatildeo traz a seguinte redaccedilatildeo
4A LC 12306 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser
dispensado agraves microempresas e empresas de pequeno porte no acircmbito dos poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal [] (art 1ordm) e segundo Guimaratildees (2011) a Lei Geral de 2006 estaacute relacionada agrave geraccedilatildeo de desenvolvimento econocircmico
46
Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se MEI o empregador individual a que se refere o art 966 da lei 10406 de 10 de janeiro de 2002 (Coacutedigo Civil) que tenha auferido receita bruta no calendaacuterio anterior de ateacute R$ 6000000 (sessenta mil reais) optante pelo Simples Nacional e que natildeo esteja impedido de optar pela sistemaacutetica prevista neste artigo (LC 12808 art 18ordf sect 1ordm)
Segundo a redaccedilatildeo da referida LC ―o instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica
que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo
social5 e previdenciaacuteria (BRASIL 2008 art 18-E) natildeo sendo objeto apenas de
caraacuteter econocircmico ou fiscal (idem sect 1ordm) Portanto como analisa Souza (2010 p15) o
―MEI tem como objetivo alcanccedilar aqueles empreendedores menores os chamados
autocircnomos ou ambulantes como cabeleireiros sapateiros costureiras pipoqueiros
entre outros e segundo Federaccedilatildeo Nacional das Empresas de Serviccedilos Contaacutebeis
e das Empresas de Assessoramento Periacutecias Informaccedilotildees e Pesquisas
(FENACON) tal poliacutetica puacuteblica consiste num dos ―maiores projetos de inclusatildeo
social colocados em praacutetica no paiacutes e assim decorre de uma accedilatildeopoliacutetica do
Estado perceptiacutevel frente a um problema soacutecioestrutural e que essa accedilatildeo estaraacute
diretamente ligada a fatores conjunturais e influenciaraacute a vida das pessoas
Com o advento da pessoa juriacutedica do MEI aleacutem da facilidade no processo
burocraacutetico de formalizaccedilatildeo das suas atividades pode-se verificar o baixo custo
tributaacuterio tanto para a previdecircncia quanto para os estados e municiacutepios muito
embora os encargos tributaacuterios se diferenciem dependendo da atividade
desenvolvida pelo empreendedor individual
Portanto com os objetivos expressos de inclusatildeo social previsto na
referente LC devemos destacar dois fatores muito importantes a) o aumento da
contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria b) o aumento na receita dos municiacutepios (ainda que
pequeno) Quanto agrave contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria o Microempreendedor Individual
estaraacute isento do Imposto de Renda sobre Pessoa Juriacutedica (IRPJ) do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) da Contribuiccedilatildeo Social sobre Lucro liacutequido (CSLL)
da Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) do
Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) e da Contribuiccedilatildeo Patronal Previdenciaacuteria no
entanto recolheraacute em forma de tributaccedilatildeo um valor fixo mensal no valor de R$
51656 disposto no art 18A sect 3ordm inciso V da referida LC desse modo isentando-o
5 Grifo nosso ndash texto incluiacutedo pela LC 1472014
6Valor expresso ateacute a data referente a esta pesquisa ndash ano base 2016
47
do regime de tributaccedilatildeo - o Simples Nacional O recolhimento de tributaccedilatildeo seraacute da
seguinte forma (LC 12808 art 18ordf inciso V aliacuteneas a b c)
a) R$ 4565 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) a tiacutetulo
da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria
b) R$ 100 (um real) a tiacutetulo ICMS
c) R$ 500 (cinco reais) a tiacutetulo de ISS
A referida LC em seu art 18E sect3ordm enquadra o MEI na modalidade de
microempresa no entanto com especificidade conceitual diferenciada do que refere
o art 3ordm item l da LC 12306 ―no caso da microempresa aufira em cada ano-
calendaacuterio receita bruta igual ou inferior a R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil
reais) Sem embargo a redaccedilatildeo no mesmo artigo em seu sect2ordm estende ao MEI
todos os benefiacutecios dispensados agrave pequena empresa sempre que favoraacutevel
Eacute compreensiacutevel o enquadramento do MEI na modalidade de microempresa
posto que a LC 12306 foi o marco de abertura para o processo de formalizaccedilatildeo
desburocratizaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo das micro e pequenas empresas que se
encontravam na informalidade dos seus negoacutecios comerciais possibilitando nesse
sentido a valorizaccedilatildeo e a inclusatildeo de uma quantidade significativa de empresas no
curso da regularizaccedilatildeo previdenciaacuteria social e econocircmica Os dispositivos
colocados tanto na facilidade para a abertura da empresa baixa tributaccedilatildeo e
tratamentos diferenciados nas licitaccedilotildees puacuteblicas como procedimentos de estiacutemulos
e apoio para a inovaccedilatildeo contrataccedilatildeo capacitaccedilatildeo e ao associativismo inclina-se na
construccedilatildeo no nosso entendimento de uma base complementar entre Poliacutetica
Publica Ativa e Poliacutetica Puacuteblica Passiva a) quanto agrave natureza estrutural b) quanto agrave
abrangecircncia fragmentada e c) quanto aos impactos redistributiva (TEIXEIRA
2002)
As micro e pequenas empresas e o microempreendedor individual
amparados pelas LC 12306 e LC 12808 respectivamente formam um segmento
do mercado aberto que nas anaacutelises de Sacks (2003) eacute excepcionalmente
importante para o desenvolvimento socioeconocircmico do paiacutes pois aleacutem de
representar uma economia que chega a 27 do PIB brasileiro corresponde ao
emprego de mais de 90 dos trabalhadores operantes no paiacutes portanto uma fonte
inestimaacutevel de geraccedilatildeo de renda
No entanto como observa o autor o isolamento dessas MPE assim como
os MEI (atividades produtivas de pequeno porte) frente a um mercado aberto natildeo
48
poderaacute corresponder agraves expectativas de expansatildeo em decorrecircncia da concorrecircncia
com empresas maiores e mais estruturadas atuantes no livre mercado Como
assinala Sachs (2003)
Esses pequenos empreendedores e produtores se submetidos apenas aos processos de mercado natildeo tecircm condiccedilotildees de competir com empresas estruturadas de maior porte ndash a natildeo ser concorrendo agrave ―competitividade espuacuteria que se traduz em salaacuterios baixos jornadas longas de trabalho sonegaccedilatildeo de impostos e natildeo recolhimento de encargos sociais (SACHS 2003 p 21)
Para esse autor o desafio em alterar esse quadro estaria em promover a
qualificaccedilatildeo acesso em agrave tecnologia ao creacutedito e ao mercado considerando
igualmente a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas menos setorizadas mas que
concebessem a integraccedilatildeo dos setores da economia propiciando a aproximaccedilatildeo das
empresas agrave competitividade Ou seja ―uma accedilatildeo afirmativa em favor dos mais
fracos sem poder e sem voz (SACHS 2003 p 21)
As microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) satildeo
estruturalmente diferenciadas dos microempreendedores Individuais tanto nas
dimensotildees fiacutesicas quanto na capacidade de abrangecircncia e inserccedilatildeo no mercado
sendo igualmente objeto diferenciado constante nas regulamentaccedilotildees descritas nas
LC 12306 e LC 12808 respectivamente quanto ao enquadramento sobre a receita
agraves obrigaccedilotildees tributaacuterias e fiscais O art 3ordm incisos I e II da LC 12306 nos diz como
jaacute mencionado acima que a microempresa eacute aquela que possui receita bruta anual
de ateacute R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil reais) a receita bruta da empresa de
pequeno porte por sua vez natildeo pode ser inferior a R$ 36000000 e superior a R$
360000000 (trecircs milhotildees e seiscentos mil reais) por outro lado o MEI possui uma
exigecircncia de receitaano muito menor que as demais estabelecida com um teto de
R$ 6000000 conforme expressa o art 18ordf sect 1ordm
Consideremos que as obrigaccedilotildees tributaacuterias diferenciadas para as
microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional7
descrevem as necessidades de se conceber mecanismos de atendimento a esse
segmento empresarial de importacircncia comprovada para a economia do paiacutes e da
sua fragilidade de continecircncia no livre mercado Por outro lado temos o MEI
7Simples Nacional eacute um regime de tributaccedilatildeo diferenciado aplicados agraves Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte que consiste no recolhimento dos tributos previstos em lei em um documento uacutenico de arrecadaccedilatildeo (DAS) e da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria
49
marcado pela inseguranccedila muitas vezes da sua condiccedilatildeo de ―empreendedor
forccedilado em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no universo do trabalho denotando a
fragilidade socioeconocircmica que o permeia No entanto
No Brasil existem algumas entidades que atuam como propulsoras das potencialidades de micro e pequenas empresas estimulando a cultura do empreendedorismo Uma das principais eacute o SEBRAE (Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas) que atua dando suporte no processo de abertura e registro de empresas com orientaccedilatildeo cursos e palestras para minimizar o grau de mortalidade desses pequenos empreendimentos (SILVEIRA TEIXEIRA 2011 p 227)
A finalidade do SEBRAE nesse sentido eacute apoiar o desenvolvimento das
micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo atraveacutes de programas
de capacitaccedilatildeo consultoria e financcedilas no atendimento de empresaacuterios e potenciais
empreendedores
A poliacutetica maior do MEI atribui determinada responsabilidade aos governos
locais de deferirem poliacuteticas alinhadas agrave implantaccedilatildeo agravequela de atenccedilatildeo agrave categoria
uma vez que o desenvolvimento desse segmento pode subtender aleacutem da
inclusatildeo descrita no art 18E da LC 12808 um avanccedilo nas questotildees
socioeconocircmicas locais Mesmo com direcionamento o impacto pode ser absorvido
por outros segmentos sob a forma de fortalecimento do mercado interno local que
por sua vez concorre para o aumento e extensatildeo da geraccedilatildeo de emprego renda e
com isso o aumento da receita municipal
Sob a oacutetica do desenvolvimento local a partir da interpretaccedilatildeo do
pensamento de autores como Albuquerque e Zapata (2008) Sachs (2003)
Albuquerque (1997) dentre outros dialogando com a Lei Geral e suas alteraccedilotildees
(LC 12808 e LC 147 de 07 de ago de 2014) analisaremos algumas accedilotildees e
estrateacutegias de atendimento ao MEI desenvolvidas nos municiacutepios integrantes da
MRGP
50
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute
A Microrregiatildeo8 Geograacutefica de Paranaguaacute (MRGP) (MAPA 1) situada no
litoral paranaense eacute composta pelos municiacutepios de Antonina Guaraqueccedilaba
Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute (IPARDES 2012) e
apresenta enorme complexidade em sua estrutura social econocircmica e natural
marcada ainda por seacuterios problemas de gestatildeo de desenvolvimento e de
conservaccedilatildeo (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT et al2002)
Para Horochowski et al (2007) a MRGP apresenta
[] uma espacialidade conturbada com mais de 60 quilocircmetros de extensatildeo que liga os municiacutepios de Guaratuba Matinhos Pontal e tambeacutem Paranaguaacute Esses trecircs uacuteltimos possuem graus de urbanizaccedilatildeo superiores a 96 e satildeo marcadamente ordenados por grupos imobiliaacuterios promotores de praacuteticas especulativas e pela ocupaccedilatildeo de aacutereas ambientalmente vulneraacuteveis(HOROCHOWSKI etal (2007)
MAPA 1 -MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute
FONTE Adaptado do CORPO DE BOMBEIROSPR Disponiacutevel em(lthttpsgooglBhsDTx)
Segundo IPARDES a aacuterea territorial da MRGP corresponde a 6333233
Km2 abrigando uma populaccedilatildeo de 286602 habitantes com densidade demograacutefica
8 As microrregiotildees satildeo definidas pelo IBGE (1990) como partes da mesorregiatildeo e possuem
especificidades proacuteprias sem apresentarem uniformidade ou auto-suficiecircncia contudo articulam-se com espaccedilos maiores (mesorregiotildees ou Unidades da Federaccedilatildeo) Essas especificidades dizem respeito agraves estruturas de produccedilatildeo que podem apresentar quadros naturais sociais ou econocircmicos particulares localizados e regionalizados
51
de 4525 habKm2 e alto grau de urbanizaccedilatildeo de 9048 (TABELA 2) A ―forte
polarizaccedilatildeo urbana e industrial com o complexo portuaacuterio de Paranaguaacute e das aacutereas
urbano-turiacutesticas na orla sul (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT
et al2002 p 160) constitui um traccedilo caracteriacutestico do litoral paranaense e possui
dinacircmicas diferenciadas no processo econocircmico
No litoral paranaense conforme assinalam esses autores o meio natural
estaacute relativamente menos impactado que no restante do Estado principalmente nas
aacutereas rurais de Guaratuba e Guaraqueccedilaba que natildeo concorreram aos modelos de
desenvolvimento econocircmico adotados pelos municiacutepios do Estado que mantinham
bases predominantemente agriacutecolas e agroindustriais (idem p 161)
TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010)
MUNICIacutePIO POPULACcedilAtildeO
2000 2010
Antonina 19174 18891 Guaraqueccedilaba 8288 7871 Guaratuba 27257 32095 Matinhos 24184 29428 Morretes 15275 15718 Paranaguaacute 127339 140469 Pontal do Paranaacute 14323 20920
FONTE IBGE ATLAS BRASIL
A MRGP eacute componente da Mesorregiatildeo9 de Curitiba e estaacute ligada agrave capital
paranaense atraveacutes da BR 277 Outras estradas alternativas que ligam a regiatildeo ao
Primeiro Planalto Paranaense podem ser observadas pela BR 376 (Guaratuba ndash
GaruvaSC) e pela estrada da Graciosa
A precaacuteria gestatildeo de desenvolvimento local10 e a falta de iniciativas que
atendessem as capacidades especificidades e realidades vividas localmente
concorreram para que o litoral paranaense se tornasse uma das regiotildees menos
9Entende-se por Mesorregiatildeo uma aacuterea individualizada em uma Unidade da Federaccedilatildeo que
apresenta formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico definida pelas seguintes dimensotildees o processo social como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de comunicaccedilatildeo e lugares como elemento de articulaccedilatildeo espacial Estas trecircs dimensotildees possibilitam que o espaccedilo delimitado como Mesorregiatildeo tenha uma identidade regional Esta identidade eacute uma realidade construiacuteda ao longo do tempo pela sociedade que aiacute se formou (IBGE 1990 p 8)
10
Atraveacutes do Sistema de Monitoramento da Implementaccedilatildeo da Lei Geral nos Municiacutepios Brasileiros disponibilizado pelo SEBRAE observamos que natildeo haacute poliacuteticas de desenvolvimento local nos municiacutepios integrantes da MRGP Disponiacutevel em (lthttpsgoogltb4OXE)
52
desenvolvidas do Paranaacute com altos iacutendices de pobreza baixo padratildeo de vida e
destacadas disparidades sociais como analisaram Raynaut et al (2002) e Turra e
Baccedilo (2014) Para esses uacuteltimos autores apoacutes realizarem estudos sobre Niacutevel de
Desenvolvimento Regional (NDR) no Paranaacute concluiacuteram que a MRGP possui um
niacutevel muito baixo (MB) de desenvolvimento o que estaacute relacionado agrave baixa
concentraccedilatildeo tecnoloacutegica e o niacutevel de ocupaccedilatildeo das pessoas
Abaixo (TABELA 3) demonstra uma evoluccedilatildeo no Iacutendice de Desenvolvimento
Humano (IDH) na MRGP
TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOSMUNICIacutePIOS DA MRGP
MUNICIacutePIO IDH POBREZA
2000 2010 2000 2010
Antonina 0582 0687 3339 1727
Guaraqueccedilaba 0430 0587 5387 3605 Guaratuba 0613 0717 1958 915 Matinhos 0635 0743 1671 616 Morretes 0573 0686 2364 1087 Paranaguaacute 0645 0750 1593 810 Pontal do Paranaacute 0622 0738 1741 598
FONTE IBGE ATLAS BRASIL
Alguns elementos como a longevidade a renda e a educaccedilatildeo contribuiacuteram
para o aumento do IDH Jaacute a queda no iacutendice de pobreza na MRGP pode ser
descrita igualmente pelo aumento da renda da populaccedilatildeo e de uma maneira mais
incisiva pela involuccedilatildeo da desigualdade nesses municiacutepios
No entanto o iacutendice da pobreza no caso de Antonina a exemplo segundo
IBGE (2010) chegou a 5022 e o iacutendice da pobreza subjetiva neste municiacutepio
ficou em 3018 Notemos que a permanecircncia da pobreza muitas vezes produz
um deslocamento e enfraquecimento das capacidades e potencialidades reais das
pessoas
31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP
A MRGP apresenta uma diversidade no setor econocircmico com atividades
agropastoris comercio induacutestria (setor industrial de Paranaguaacute) e o setor de
produccedilatildeo de bens e serviccedilos com ecircnfase no turismo sobretudo na orla sul da
regiatildeo que abrange os municiacutepios de Pontal do Paranaacute Matinhos e Guaratuba
53
ainda sujeitos agrave sazonalidade em decorrecircncia da temporada de praias (veratildeo) e o
inverno
Os setores produtivos da MRGP se apresentam de forma heterogenia com
ecircnfase na proporccedilatildeo do setor de comeacutercioserviccedilos que apresenta forte impacto
sobre a contrataccedilatildeo de pessoal formalizado (RAIS)
TABELA 4ndash DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)
FONTE IPARDES IBGE FUNPARUFPR
Observamos (TABELA 4) que a taxa de desemprego na MRGP em 2010
ficou em 7511 Frisamos que pela escassez de dados referentes ao setor informal
na MRGP natildeo foi possiacutevel estabelecer a descriccedilatildeo quantitativa das atividades
econocircmicas Poreacutem nas atividades exploratoacuterias de anaacutelise observamos enorme
diversidade das atividades informais no litoral serviccedilos domeacutesticos jardinagem
cabeleireiro manicure trabalhadores contratados para a limpeza de pescados
artesatildeos salgadeira doceira construccedilatildeo civil carpinteiros ambulantes catadores
de materiais reciclaacuteveis trabalhadores de Micro e Pequenas empresas
desprotegidos pela natildeo formalizaccedilatildeo trabalhadores rurais trabalhadores em
oficinas de mecacircnica de automoacuteveis motocicletas e bicicletas dentre outros
trabalhadores
A economia informal ou economia submersa (CATANI 1985) segundo
alguns autores como Sachs (2003) Antunes (2011) Matsuo (2008) se apresenta de
11
O desemprego foi calculado sobre a PEA (populaccedilatildeo economicamente ativa) em relaccedilatildeo agrave PO
(populaccedilatildeo ocupada) incluindo os setores formal e informal A PEA pode ser definida como o []
potencial de matildeo-de-obra com que pode contar o setor produtivo isto eacute a populaccedilatildeo ocupada e
a populaccedilatildeo desocupada (IBGE) A PO compreende aquelas pessoas que num determinado periacuteodo
de referecircncia trabalharam ou tinham trabalho mas natildeo trabalharam (por exemplo pessoas em feacuterias) As pessoas ocupadas sao classificadas em a) empregados b) conta proacutepria c) empregadores d) natildeo remunerados (idem)
TRABALHO REGIAtildeOANO
2000 2010
Populaccedilatildeo em Idade Ativa (PIA) (pessoas) 175483 223295 Populaccedilatildeo Ocupada total (PO) (pessoas) 85863 115811 Pessoal ocupado assalariado (pessoas) nd 51576 Populaccedilatildeo Economicamente Ativa (PEA) 100628 125263 Taxa de Atividade de 10 anos ou mais () 547 5625 T de Ocupaccedilatildeo de 10 anos ou mais () nd 9245
54
maneira complexa pelo volume frente a uma nova conjuntura e modificaccedilotildees no
mundo do trabalho um meio diferenciado encontrado pelas pessoas como
enfrentamento ao crescente processo de erradicaccedilatildeo do emprego formalizado Tais
formas de ―sobrevivecircncia laboral encontram suporte legal no art 170 paraacuteg uacutenico
da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 onde ―eacute assegurado a todos o livre exerciacutecio de
qualquer atividade econocircmica independentemente de autorizaccedilatildeo de oacutergatildeos
puacuteblicos salvo nos casos previstos em lei (BRASIL 1988)
Quanto ao emprego formal na MRGP verificamos (TABELA 5) um aumento
de 36 no quantitativo dos empregos ativos
TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014)
MUNICIacutePIO EMPREGOS
ATIVOS
2013 2014
Antonina 3169 3193 Guaraqueccedilaba 810 796 Guaratuba 5874 6509 Matinhos 7341 7838 Morretes 2252 2347 Paranaguaacute 38133 38275 Pontal do Paranaacute 3691 4543
Total 61270 63501
FONTE MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGOCAGED
Na tabela acima (TABELA 5) constatamos que o municiacutepio de
Guaraqueccedilaba apresentou variaccedilatildeo percentual negativa de -173 entre os anos de
2013 e 2014 e destacamos Guaratuba com o aumento na variaccedilatildeo relativa de
1081 seguida por Matinhos 677 e Morretes com uma variaccedilatildeo percentual de
422 na geraccedilatildeo de empregos
A compreensatildeo da evoluccedilatildeo na geraccedilatildeo de empregos nos remete ao
entendimento do comportamento da economia e das relaccedilotildees entre mercado capital
e trabalho Neste conjunto de elementos estatildeo alinhados o processo produtivo as
atividades produtivas e as forccedilas de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo
Segundo Salzbac Denardin e Felisbino (2012) a demanda do fluxo de
seguimentos produtivos eacute uma caracteriacutestica de cidades poacutelos pela oferta de
emprego no setor de comeacutercio e serviccedilos Dessa forma ao analisar o cenaacuterio
econocircmico do litoral paranaense esses autores concluiacuteram que
55
Os municiacutepios litoracircneos do Paranaacute os quais natildeo fazem parte de uma regiatildeo metropolitana natildeo apresentam empregos em volume significativos nem no setor industrial nem no setor de serviccedilos o que implica na baixa capacidade de geraccedilatildeo de tributos proacuteprios limitando tambeacutem a oferta de serviccedilos puacuteblicos [] os setores de serviccedilos comeacutercio e de administraccedilatildeo puacuteblica foram os segmentos que mais mantinham empregos ativos na MRGP (SALZBAC DENARDIN FELISBINO 2012 p 117)
TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR ECONOcircMICO
SETOR ECONOcircMICO Ano
2013 2014
1 extrativa mineral 187 188 2 induacutestria de transformaccedilatildeo 6100 6512 3 serviccedilos industriais de utilidade puacuteblica 294 255 4 construccedilatildeo civil 1722 1993 5 comeacutercio 15302 16154 6 serviccedilos 26660 27140 7 administraccedilatildeo puacuteblica 10501 10789 8 agropecuaacuteria ext vegetal caccedila e pesca 504 470
FONTE MTECAGED
Como podemos observar (TABELA 6) a maior parte dos empregos ativos
estaacute no setor terciaacuterio com especial atenccedilatildeo ao setor de serviccedilos
Um indicador econocircmico importante eacute o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que
permite ―espelhar o movimento econocircmico municipal e consequentemente o
potencial que o municiacutepio tem para gerar receitas puacuteblicas (MINAS GERAIS 2016)
Sobre o conceito poderemos dizer que o VAF eacute um instrumento
[] utilizado pelo Estado para calcular o iacutendice de participaccedilatildeo municipal no repasse de receita do Imposto sobre Operaccedilotildees relativas agrave Circulaccedilatildeo de Mercadorias e sobre Prestaccedilotildees de Serviccedilos de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicaccedilatildeo (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos municiacutepios [] Eacute apurado pela Secretaria de Estado de Fazenda [[ com base em declaraccedilotildees anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas nos respectivos municiacutepiosDisponiacutevel em (lthttpsgoogl80DhoU)
Com a anaacutelise do indicador acima mencionado poderemos verificar a
participaccedilatildeo na economia local por setor econocircmico e sua importacircncia nas poliacuteticas
de desenvolvimento e planejamento estrateacutegico na observacircncia das potencialidades
do mercado cultura local e heterogeneidade das atividades econocircmicas
Na MRGP o setor de comeacutercio e serviccedilos (setor terciaacuterio) notadamente
excetuando os municiacutepios de Antonina e Guaraqueccedilaba possui participaccedilatildeo maior
que a produccedilatildeo primaacuteria e a induacutestria local (TABELA 7) e constitui elemento de
56
anaacutelise importante na concepccedilatildeo de poliacuteticas de expansatildeo do emprego e renda12 Jaacute
a participaccedilatildeo sobre a receita dos municiacutepios a que apresenta menor potencial eacute a
produccedilatildeo primaacuteria em virtude da natildeo adoccedilatildeo do mesmo modelo industrial adotado
em outras regiotildees do Estado Paranaense
TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES
DA MRGP (2016)
MUNICIacutePIO PRODUCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA
INDUacuteSTRIA COMEacuteRCIO SERVICcedilOS
RECURSOS AUTOS
Antonina 4334454 125827796 68271749 Guaraqueccedilaba 3074904 5399117 3701577 4192 Guaratuba 15641921 21782241 119496927 47370 Matinhos 295763 23559310 109482578 147729 Morretes 12959951 23264839 44980267 14974 Paranaguaacute 54409213 1280856468 1980373389 543132 Pontal do Paranaacute
436246 19320486 68114345 19138
Total 91152452 1500010257 4788841664 1553070
FONTE IPARDES
Excetuando Paranaguaacute (TABELA 7) identificamos a fragilidade das receitas
municipais da MRGP e de outra maneira a fragilidade financeira e orccedilamentaacuteria jaacute
mencionadas por Sulzbach e Denardin (2012) que alertavam para a dependecircncia
financeira dos municiacutepios da MRGP para com as transferecircncias
intergovernamentais
Um dos principais indicadores da dependecircncia financeira dos municiacutepios agraves tributaccedilotildees das demais esferas pode ser observado atraveacutes das receitas de tributaccedilatildeo por setores produtivos e das receitas advindas de transferecircncias correntes Neste aspecto observa-se que os municiacutepios do litoral do Paranaacute apresentam uma dependecircncia financeira elevada das transferecircncias das esferas nacional e estadual O Municiacutepio com maior destaque eacute o de Guaraqueccedilaba que do total de suas receitas 93 adveacutem de transferecircncias correntes seguindo por Morretes com 78 e Antonina com 7052 das receitas advindas de transferecircncias (SULZBACH DENARDIN 2012 p 6)
Ainda observando a tabela 7 percebemos que o polo industrial e comercial
da MRGP eacute o municiacutepio de Paranaguaacute pressupondo importante vetor da economia
local e do seu posicionamento estrateacutegico diante dos outros municiacutepios da regiatildeo
tanto na articulaccedilatildeo com outros centros comerciais e industriais da Mesorregiatildeo
12
Para melhor compreensatildeo sobre as modificaccedilotildees no processo capitaltrabalho e o crescimento do setor terciaacuterio na economia ver CHESNAIS (1996) OFFE (1984) SUPERVILLE QUINtildeONES (2000)
57
pertencente quanto da Microrregiatildeo com os municiacutepios circunvizinhos e pelo
proacuteprio dinamismo da sua economia interna
Consideremos que o crescimento econocircmico segundo Sachs (2004) e
Furtado (2008) eacute um elemento importante no processo de desenvolvimento poreacutem
natildeo eacute o uacutenico a ser considerado mas sim eacute necessaacuterio incorporar
simultaneamente a extensatildeo dos direitos
Abaixo (TABELA 8) observando o PIB per capita dos municiacutepios da MRGP
destaca-se a vulnerabilidade econocircmica do municiacutepio de Guaraqueccedilaba em relaccedilatildeo
aos demais sobretudo em relaccedilatildeo ao municiacutepio de Paranaguaacute que supera a meacutedia
da regiatildeo A fragilidade econocircmica de Guaraqueccedilaba deriva de vaacuterios aspectos 1) a
dificuldade do acesso agrave aacuterea urbana do municiacutepio considerando que a uacutenica estrada
que liga o municiacutepio a outras localidades natildeo eacute pavimentada e tem uma extensatildeo
de aproximadamente 86 km Outra forma de acesso agrave cidade eacute atraveacutes do mar
pela baiacutea de Guaraqueccedilaba A dificuldade de cesso tem enorme impacto tanto para
escoar a produccedilatildeo local como para obter materiais e equipamentos agrave difusatildeo da
induacutestria quase ou completamente nula 2) a restriccedilatildeo ambiental agrave implantaccedilatildeo de
empresas 3) a falta de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento do municiacutepio
assinaladas por RAYNAUT et al (2002) na promoccedilatildeo de programas de gestatildeo com
as especificidades locais que fomentem o impulso do trabalho e da renda
TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP
MUNICIacutePIO 2013 (R$ 100)3 2014 (R$)
4
Antonina 1851678 17557
Guaraqueccedilaba 861303 8723
Guaratuba 1474865 15004
Matinhos 1648075 17238
Morretes 1390945 13638
Paranaguaacute 4155699 42193
Pontal do Paranaacute 1434381 15040
MRGP 29076 29489
FONTE IBGE IPARDES
A principal fonte de receita dos municiacutepios da MRGP jaacute indicada por
Sulsbach e Denardin (2010) deriva principalmente das transferecircncias correntes
intergovernamentais (Uniatildeo e Estado) o que possibilita um entendimento da
fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria do setor produtivo
58
Em suma no nosso entendimento a transferecircncia corrente tem o propoacutesito
de manutenccedilatildeo da coisa puacuteblica e do funcionamento da estrutura estatal
Percebemos nesse sentido que um dos maiores empregadores formais direta e
indiretamente da MRGP acaba por ser os governos subnacionais que atuam como
contratadores de serviccedilos temporaacuterios contratos de prestaccedilatildeo de serviccedilos
terceirizados e pessoal concursado (efetivo) aleacutem de contratar serviccedilos
especializados de manutenccedilatildeo de pequenas empresas e materiais de uso diaacuterio
Segundo DIEESE (2015 p 74) a distribuiccedilatildeo de empregos formais por
atividade econocircmica no Brasil entre os anos de 2009 a 2014 apresentou os
seguintes resultados onde destacaremos os principais a) serviccedilos (349) b)
comeacutercio (194) c) induacutestria de transformaccedilatildeo (172) d) administraccedilatildeo puacuteblica
(188) Dessa forma observamos que o setor de serviccedilos aleacutem de expandir as
possibilidades de emprego se manteacutem como o principal setor a contratar
Como jaacute mencionado acima a MRGP possui enorme heterogeneidade em
sua composiccedilatildeo econocircmica especificidades locais e uma distribuiccedilatildeo espacial dos
setores econocircmicos advinda das caracteriacutesticas de cada municiacutepio por vezes
semelhantes como eacute o caso nas aacutereas rurais da produccedilatildeo de farinha de
mandioca13 e da exploraccedilatildeo de produtos de origem vegetal (cipoacute guaricana e
musgo) produccedilatildeo de arroz de banana de palmito14 e de gengibre a cultura do taiaacute
caraacute e mandioca e hora muito distintas como eacute caso do polo industrial de
Paranaguaacute destacando os complexos portuaacuterios de Paranaguaacute e Antonina Assim
como destacamos na economia local da MRGP a exploraccedilatildeo do turismo sobretudo
na orla sul abrangendo os municiacutepios de Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute
com maior potencial no veratildeo Em Guaraqueccedilaba o turismo eacute voltado agrave praacutetica da
pesca esportiva que se estende o ano todo movimentando natildeo soacute os restaurantes
e comeacutercio urbanos mas restaurantes e pousadas nas ilhas de Tibicanga Bertgiga
Canudal Barbados e Superagui
O municiacutepio de Paranaguaacute abrange o maior nuacutemero de empresas na regiatildeo
(TABELA 9)15 e eacute destacadamente o maior poacutelo empresarial e industrial com
13
A produccedilatildeo de farinha atinge a MRGP em sua totalidade Ver DENARDIN LAUTERT e RIBAS (2009)lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphpcadarticleviewFile42573236 14
A produccedilatildeo do palmito representou em 2015 cerca de 6872 (3233 toneladas) da produccedilatildeo estadual e a banana correspondeu a 4484 (91284 cachostoneladas) do Estado IPARDES) 15
Houve variaccedilatildeo nos nuacutemeros entre as tabelas 9 e 10 pois a montagem da tabela 10 ocorreu dias apoacutes a montagem da tabela 9
59
4691 das Empresas Ativas 467 das MPE (Micro e Pequena Empresa) e
4548 dos MEI (Microempreendedor Individual) da MRGP Outra caracteriacutestica
particular eacute o municiacutepio de Guaraqueccedilaba que apresenta o menor quadro
empresarial com 129 das Empresas ativas 125 das MPE ativas e 162 do
MEI do total da regiatildeo
TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016)
MUNICIacutePIO EMPRESAS ATIVAS MPE MEI
Antonina 1832 1705 571 Guaraqueccedilaba 462 427 193 Guaratuba 4788 4586 1569 Matinhos 5185 4912 1799 Morretes 1926 1831 510 Paranaguaacute 16800 15832 5394 P do Paranaacute 4817 4604 1823
Total 35810 33897 11859
FONTE FOacuteRUM PERMANENTENatildeo foi possiacutevel localizar dados em bases estatiacutesticas de anos
anteriores
As empresas compotildeem um quadro diversificado na economia da regiatildeo e a
participaccedilatildeo por atividade econocircmica nos municiacutepios pressupotildee certo dinamismo da
economia com destaque ao setor de comeacutercio e serviccedilos
Abaixo (TABELA 10) estatildeo as atividades econocircmicas desenvolvidas na
MRPG e a participaccedilatildeo das MPE e MEI na dinacircmica econocircmica
TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016) continua
ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE16
EMP ATIVAS MPE MEI
Agricultura pecuaacuteria prod Florestal pesca e aquicultura 93 59 11 Induacutestrias extrativistas 39 38 0 Induacutestria de transformaccedilatildeo 2483 2351 1076 Aacutegua esgoto atividades de resiacuteduos e descontaminaccedilatildeo 121 110 39 Construccedilatildeo 2067 2418 1323 Comeacutercio reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e motocicleta 15410 14693 4044 Transporte armazenagem e correio 1865 1654 340 Alojamento e alimentaccedilatildeo 6911 6681 2469 Informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 334 312 89 Atividades financeiras de seguros e serv relacionados 22 18 0
16
A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)
60
TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016)
conclusatildeo
ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE17
EMP ATIVAS MPE MEI
Atividades imobiliaacuterias 203 172 0 Atividades profissionais cientiacuteficas e teacutecnicas 792 718 235 Atividades Administrativas e serviccedilos complementares 1826 1722 536 Educaccedilatildeo 465 443 175 Sauacutede humana e serviccedilo social 308 282 12 Arte cultura esporte e recreaccedilatildeo 394 374 115 Outras atividades e serviccedilos 1868 1757 1324 Serviccedilos domeacutesticos 76 57 57
Total 35277 33859 11845
FONTE FOacuteRUM PERMANENTE
Observamos (TABELA 10) que as principais atividades desenvolvidas pelo
MEI na MRGP satildeo as seguintes Comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e
motocicletas (3414) alojamento e alimentaccedilatildeo (2084) outras atividades e
serviccedilos (1117) construccedilatildeo (1116) induacutestria de transformaccedilatildeo (908)
As atividades na economia desenvolvidas na MRGP possuem aspectos
importantes na comparaccedilatildeo entre os setores primaacuterio secundaacuterio e terciaacuterio Como
observado na tabela acima veremos que o setor terciaacuterio abrange uma parcela
significativa das empresas da regiatildeo Do total das Empresas Ativas 926
enquadram-se no setor de comeacutercio e serviccedilos as Micro e Pequenas Empresas
alocadas no setor terciaacuterio representam 928 e os Microempreendedores
Individuais formalizados somam 909 nesse setor Conveacutem ressaltar que nas
anaacutelises de Nogueira e Pereira (2015 p 41) ―[] em 2011 as empresas de pequeno
porte ndash incluindo uma ainda diminuta parcela de MEI ndash representavam quase 98
do total de empresas no paiacutes e ocupavam mais da metade dos trabalhadores
formais
Eacute importante ressaltar que a demanda pelo setor terciaacuterio acompanha um
fluxo de mercado agregado aos outros dois setores da economia e o crescente
volume dos serviccedilos se evidenciam nos processos de flexibilizaccedilatildeo do trabalho das
modificaccedilotildees nas suas relaccedilotildees e no deslocamento do arqueacutetipo do trabalho no
qual o trabalhador passa de um trabalhador fabril para a categoria de um
trabalhador de serviccedilos apontado por Superville e Quintildeones (2000) Para esses
autores a expansatildeo do setor de serviccedilos seguiu simultaneamente ao processo de
17
A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)
61
crescimento da informalidade e da prestaccedilatildeo de serviccedilos com pouca qualificaccedilatildeo (p
61)
Entendemos que para uma anaacutelise da informalidade eacute necessaacuterio considerar
sua heterogeneidade e a proporccedilatildeo da sua relaccedilatildeo e participaccedilatildeo no mercado
assim como as assimetrias manifestadas nas formas de exploraccedilatildeo da forccedila de
trabalho e na precarizaccedilatildeo da classe trabalhadora (ANTUNES 2011)
32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP
Ao definir aspectos legais para o enfrentamento do problema da
informalidade no Brasil atraveacutes de leis regulamentares e regras especiacuteficas que
asseguram direitos estabelecidos na Constituiccedilatildeo federal de 1988 o Estado
brasileiro reconheceu a necessidade de normatizar benefiacutecios e deveres agraves micro e
pequenas empresas e empreendedores individuais procurando reverter o quadro de
informalidade e precariedade nas condiccedilotildees de trabalho e de garantias de
seguridade social
Para a implantaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica no nosso entendimento alguns
aspectos devem ser considerados 1) descrever as suas circunstacircncias de modo que
suas propostas sejam claras 2) adaptaccedilatildeo dos aparelhos sociais e do Estado que
possam ser vinculados agrave Poliacutetica Puacuteblica 3) capacidade de articulaccedilatildeo e
compreensatildeo do processo e dos temas debatidos pelos diversos atores envolvidos
(OLIVEIRA 2013 p 284)
Nesse contexto admite-se natildeo somente subordinaccedilatildeo agrave Poliacutetica mas um
quadro de compreensatildeo e reconhecimento da sua legitimidade constituindo dessa
maneira uma institucionalidade
Para institucionalidade devemos considerar trecircs aspectos importantes 1)
instituiccedilotildees 2) ambiente institucional 3) arranjos institucionais
As Instituiccedilotildees descritas por Fiani (2013 p 8) ―satildeo as regrasformais e natildeo
formais que regulam as interaccedilotildees sociaisDesta feita como demonstra o autor a
criaccedilatildeo de estruturas regulamentares de normatizaccedilatildeo de procedimentos formais e a
interaccedilatildeo com o estabelecimento das relaccedilotildees subterracircneas que se desenvolvem
diante do dia- a dia na sociedade descrevem o ambiente institucional ou seja satildeo
as ―[] regras poliacuteticas sociais e legais mais baacutesicas e gerais que estabelecem o
fundamento para o funcionamento do sistema econocircmico (FIANI 2013 p 8) Os
62
arranjos institucionais por sua vez segundo esse autor satildeo as regras
particularmente constituiacutedas pelos sujeitos e que por sua vez estabelecem as
relaccedilotildees poliacuteticas sociais e econocircmicas
Para Fiani (2013) eacute inquestionaacutevel que as poliacuteticas puacuteblicas afetam a vida
dos sujeitos A sua implicaccedilatildeo nesse sentido interfere em modus operandi diverso
ao cotidiano das relaccedilotildees instituiacutedas nos arranjos preestabelecidos pois uma accedilatildeo
do Estado que remete a uma reorganizaccedilatildeo do aparato institucional pode alterar as
relaccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas locais
O estabelecimento de um aporte ou adaptaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo institucional
(ALBUQUERQUE 1997 FIANI 2013) que possibilite accedilotildees conjuntas entre
instituiccedilotildees puacuteblicas quanto privadas no processo de otimizaccedilatildeo do
desenvolvimento e manutenccedilatildeo das propostas de uma poliacutetica puacuteblica de
desenvolvimento de categorias especiacuteficas ou bases produtivas adquire capacidade
de assegurar melhor eficiecircncia e dar melhores respostas aos objetivos da poliacutetica
puacuteblica
Schneider (2005) explica que a problematizaccedilatildeo formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para enfrentamento de problemas natildeo se
encontra mais exclusivamente ao setor estatal na qual estaria em curso a
policentralidade na concepccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica O autor parte da perspectiva de
rede de poliacuteticas puacuteblicas na qual problemas relativamente puacuteblicos tambeacutem podem
ter interferecircncia do setor privado e a sua interaccedilatildeo Como demonstra o autor
a problematizaccedilatildeo e o processamento poliacutetico de um problema social (Mayntz 1982) natildeo eacute mais um assunto exclusivo de uma hierarquia governamental e administrativa integradasenatildeo que se encontra em redes nas quais estatildeo envolvidas organizaccedilotildees tanto puacuteblicas quanto privadas (SCHNEIDER 2005 p 37)
No entanto como observa Moraes (2003) mesmo com essa nova
configuraccedilatildeo pluralista e policecircntrica das relaccedilotildees poliacuteticas o Estado continua sendo
o protagonista do processo seja pela accedilatildeo reguladora e normatizadora seja pela
legitimidade constitucional A legitimidade se faz presente pela administraccedilatildeo
puacuteblica18
Igualmente acrescenta-se nas palavras de Fiani (2013 p 7) que ―[] os
arranjos institucionais apresentam grande importacircncia para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas
18
Sobre Administraccedilatildeo Puacuteblica ver BOBBIO N et al Brasiacutelia UnB 1998
63
de desenvolvimento em especial para as poliacuteticas que demandam cooperaccedilatildeo por
parte de agentes privados Ainda segundo Albuquerque (1997)a interaccedilatildeo entre os
agentes puacuteblicos e privados constitui um novo cenaacuterio dentro de uma nova
perspectiva de adaptaccedilatildeo que necessita de coordenaccedilatildeo institucional
Consideramos que dentro desse contexto as mudanccedilas e perspectivas
inovadoras tanto no campo teacutecnico quanto no campo organizacional exigem ―[]
adaptaccedilotildees institucionais para melhorar as atuaccedilotildees do setor puacuteblico e do conjunto
de empresas e atores sociais territoriais (idem p 01) Segue o autor
[] todo processo de desenvolvimento local requer uma programaccedilatildeo minuciosa que integre e ordene linhas de atuaccedilatildeo e recursos orientados a objetivos da participaccedilatildeo estrateacutegica entre diferentes agentes sociais locais puacuteblicos e privados A criaccedilatildeo compartilhada entre os agentes locais de um ―entorno territorial que facilite a inovaccedilatildeo do tecido produtivo e empresarial constitui um aspecto crucial da estrateacutegia de desenvolvimento (ALBUQUERQUE 1997 p 1)
Pensando localmente na interpretaccedilatildeo do SEBRAE ―o ambiente
institucional [] pode ser entendido como o conjunto de instituiccedilotildees de que um dado
municiacutepio se dotou para que a atividade dos indiviacuteduos aleacutem de compatiacutevel com a
sobrevivecircncia da comunidade seja tambeacutem convergente com a execuccedilatildeo dos
objetivos comuns (SEBRAE 2013)
A estabilidade a preservaccedilatildeo e equiliacutebrio das instituiccedilotildees (das regras
formais e informais) oferecem credibilidade e legitimidade agraves accedilotildees do Estado
As Instituiccedilotildees Poliacuteticas especificamente tem como objetivo mediar
interferir organizar gerir o processo democraacutetico bem como quando
necessaacuterioprotagonizar poliacuteticas flexiacuteveis de decisatildeo em relaccedilotildees inerentes a
sociedade numa tarefa de disciplinar regras que insiram sobre os indiviacuteduos direitos
contidos na Constituiccedilatildeo Federal
Exemplificamos assim uma caracteriacutestica nesse contexto do processo
poliacutetico eacute a intervenccedilatildeo estatal inferindo sobre a economia no sentido de aliviar
distorccedilotildees ocorridas pelo mau funcionamento do mercado atraveacutes de poliacuteticas
puacuteblicas que estabelecem regras e diretrizes na qual o poder19poliacuteticopuacuteblico20 eacute o
protagonista no processo Para Oliveira (2008 p 59)
19
Para compreender o processo de dominaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo do Poder consideramos as anaacutelises de FRANCcedilOIS CHAZEL in Boudon e Curvelo (1996) 20
BOBBIO N Et al Dicionaacuterio de poliacutetica Brasiacutelia UnB 1998
64
O poder nasce com o indiviacuteduo mas passa aos grupos e afinal ao Estado pelo processo de institucionalizaccedilatildeo A concentraccedilatildeo de poder eacute um fenocircmeno espontacircneo na sociedade nascida da necessidade de atender a interesses que demandam escala meta individual Satildeo as concentraccedilotildees de poder que estabilizadas pelo consenso e pelo costume levam ao surgimento das instituiccedilotildees poliacuteticas
Ao observarmos a histoacuteria do sistema capitalista assinalamos que em todos
os momentos de instabilidade e fragilidade econocircmica culminando na inseguranccedila
social subsiste a forte presenccedila do Estado com possibilidades de equacionar as
deformaccedilotildees ocasionadas pelo sistema e que de maneira inexoraacutevel afetam as
vidas das pessoas apontando dessa maneira certa ineacutercia do mercado em
resoluccedilotildees dessa natureza
Fiani (2001 p 2) nos diz que a intervenccedilatildeo do Estado o qual ele denomina
de regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo eacute ―integrada e condicionada pelos processos de
natureza histoacuterica e poliacutetica que afetam o conjunto da sociedade Nesse contexto a
regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo estatal dependem de comportamento poliacutetico social e
econocircmicoMuito embora o fator de regulaccedilatildeo esteja mais vinculado agraves atividades
econocircmicas as decisotildees satildeo tomadas na esfera poliacutetica
A Lei Geral de 2006 ndash lei de normatizaccedilatildeo das MPE (LC 12306) - a
exemplo aleacutem de fomentar o desenvolvimento local foi uma accedilatildeo regulamentadora
do Estado Brasileiro em buscar alternativa em equacionar deformidades na
economia do trabalho e assim reverter o processo de alargamento do setor
informal Certamente que a regulamentaccedilatildeo de setores da economia eacute uma forma
de regular e disciplinar accedilotildees
Cabe ressaltar que a Lei 12306 submeteu algumas instituiccedilotildees agrave adequaccedilatildeo
administrativa para assegurar o funcionamento dessa Poliacutetica Puacuteblica assim como
instituiu oacutergatildeos de gestatildeo com competecircncias deliberativas e regulamentadoras que
dispotildeem de jurisdiccedilatildeo sobre tributaccedilatildeo e legalizaccedilatildeo das empresas Essa lei
estabelece inicialmente a criaccedilatildeo de trecircs oacutergatildeos a tiacutetulo dessas competecircncias
Art 2
o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta
Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Comitecirc Gestor do Simples Nacional vinculado ao Ministeacuterio da Fazenda composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil como representantes da Uniatildeo 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municiacutepios para tratar dos aspectos tributaacuterios
65
II - Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte com a participaccedilatildeo dos oacutergatildeos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor para tratar dos demais aspectos ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo III - Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios - CGSIM vinculado agrave Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidecircncia da Repuacuteblica composto por representantes da Uniatildeo dos Estados e do Distrito Federal dos Municiacutepios e demais oacutergatildeos de apoio e de registro empresarial na forma definida pelo Poder Executivo para tratar do processo de registro e de legalizaccedilatildeo de empresaacuterios e de pessoas juriacutedicas
21 (BRASIL 2006)
321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP
Na adequaccedilatildeo municipal agrave Lei Geral e suas alteraccedilotildees (LC 12808 e LC
14714) com o propoacutesito de estimular o ambiente institucional as prefeituras em
parcerias com o SEBRAE criaram Comitecircs Gestores Municipais22 (CGM) com a
proposta de ―[] implementar e acompanhar a aplicaccedilatildeo [] da Lei Complementar
Federal nordm 1232006 na redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar Federal nordm 1282008
(PARANAGUAacute Dec 88713 art 1ordm) Os Comitecircs Gestores Municipais satildeo oacutergatildeos
de ―natureza colegiada para coordenar a poliacutetica relativa agrave micro e pequena empresa
no municiacutepio (SEBRAE 2013 p 61) e satildeo integrados por sujeitos da administraccedilatildeo
puacuteblica e de setores da sociedade civil
No modelo institucional adotado pelo CGM estaacute previsto o viacutenculo e parceria
entre Instituiccedilotildees Poliacuteticas (Federal Estadual e Municipal) Instituiccedilotildees Mercantis e
Instituiccedilotildees de Produccedilatildeo
As Instituiccedilotildees Poliacuteticas nesse contexto especiacutefico satildeo representadas pelo
Governo Local atraveacutes das suas secretarias e a Sala do Empreendedor no Governo
Federal e Estadual atraveacutes de Instituiccedilotildees de creacutedito e de educaccedilatildeo
Os municiacutepios da MRGP que estabeleceram CGM satildeo Paranaguaacute Pontal do
Paranaacute e Matinhos Estes aderiram ao Programa Cidade Empreendedora em
formato integral e com isso possuem assessoramento contiacutenuo junto ao SEBRAE
seja na forma de capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicosseja na forma de consultoria
para os MEI e MPE Para o SEBRAE
21
O inciso III do sect 2ordm da PLC 12306 foi incluiacutedo pela LC 1472014 22
Utilizarei a sigla CGM para designar Comitecirc Gestor Municipal
66
O Comitecirc Gestor Municipal eacute a forma pela qual este projeto de institucionalizaccedilatildeo da lei geral seraacute implantado e controlado O Comitecirc poderaacute ser constituiacutedo de atores (instituiccedilotildees pessoas) que compotildeem o poder puacuteblico municipal associaccedilotildees representantes da sociedade etc e deveraacute conduzir a institucionalizaccedilatildeo da lei geral de forma a obter o melhor ambiente possiacutevel para os empreendedores individuais e micro e pequenas empresas (SEBRAE 2013 p 12)
O municiacutepio de Paranaguaacute em 2013 criou o Comitecirc Gestor Municipal sob o
Decreto Municipal 88713 composto por seguimentos representantes dos setores
puacuteblico e privado conforme listados no quadro abaixo (QUADRO 4)
QUADRO 4 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
FONTE Decreto Municipal Paranaguaacute n 887 de 25 out 2013
Por finalidade segundo o referido Decreto o CGM teraacute que implementar e
acompanhar a aplicaccedilatildeo da Lei Municipal 080 de 06 marccedilo de 2008 que oferece
regime juriacutedico tributaacuterio simplificado e diferenciado agraves micro e pequenas empresas
no acircmbito municipal alinhando-se agrave LC 12306 Dentre as competecircncias do CGM de
Paranaguaacute estatildeo
Art 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta
Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Acompanhar a regulamentaccedilatildeo e a implementaccedilatildeo do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte no Municiacutepio inclusive promovendo medidas de integraccedilatildeo e coordenaccedilatildeo entre os oacutergatildeos puacuteblicos e privados interessados II - orientar e assessorar a formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica municipal de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte III - Acompanhar as deliberaccedilotildees e os estudos desenvolvidos no acircmbito do Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do
CONTROLADORIA GERAL
SECRETARIAS MUNICIPAIS
SALA DO EMPREENDEDOR
ASSOCIACcedilAtildeO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE PARANAGUAacute
SITEMA DE CREacuteDITO
SENAIFIEP
INSTITUTO FEDERAL DO PARANAacute
CAcircMARA MUNICIPAL
SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE PARANAGUAacute
67
Foacuterum Estadual da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e do Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios IV - Sugerir eou promover accedilotildees de apoio ao desenvolvimento da microempresa e da empresa de pequeno porte local ou regional(Paranaguaacute 2008 art 1ordm incisos I II III e IV)
Em Paranaguaacute o CGM atua de maneira articulada envolvendo todos os
atores nas estrateacutegias voltadas ao segmento empresarial e empreendedor local
inclusive com organizaccedilotildees do ―Sistema S como o SEBRAE e o SENAI que atuam
na aacuterea de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo desses segmentos econocircmicos
As estrateacutegias satildeo colocadas em praacutetica em conformidade com a
capacidade orccedilamentaacuteria disponibilizada para este fim Nesse caso o orccedilamento
descrito no Plano Plurianual do municiacutepio para o ―Programa de Geraccedilatildeo de Emprego
e Renda entre os anos de 2014 a 2017 tem como foco
Apoio aos pequenos e microempreendedores cooperativas e outras formas associativas de produccedilatildeo desburocratizando o processo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos Promoccedilatildeo de projetos inovadores Desenvolvimento e integraccedilatildeo de pequenas meacutedias e grandes empresas e induacutestrias estimulando a formaccedilatildeo de cadeias produtivas para induzir o crescimento ordenado e sustentaacutevel (PARANAGUAacute 2013 p 163)
Dentre as accedilotildees estabelecidas no Plano Plurianual 2014-2017 estatildeo a)
capacitaccedilatildeo para o primeiro emprego b) treinamento para os desempregados c)
prestaccedilatildeo de atendimento ao trabalhador
Quanto agrave capacitaccedilatildeo e treinamento perfeitamente compete ao CGM
articular accedilotildees envolvendo entidades do sistema S como o SEBRAE e o SENAI que
possuem competecircncias teacutecnicas para atender a demanda
Assim como Paranaguaacute a Sala do Empreendedor em Pontal do Paranaacute
subordinado diretamente agrave Secretaria Municipal de Desenvolvimento eacute o
departamento mais atuante do CGM no apoio ao MEI tanto pela sua posiccedilatildeo
estrateacutegica em que o agente de desenvolvimento atua diretamente com o MEI
quanto pela articulaccedilatildeo com os outros oacutergatildeos e secretarias municipais
O CGM de Pontal do Paranaacute foi instituiacutedo pelo Decreto municipal 54812015
e dentre os objetivos relatado pelo Secretaacuterio de Desenvolvimento estaacute o de
coordenar os trabalhos de assistecircncia ao microempreendedor em aspectos
relacionados agrave formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo a processos licitatoacuterios
68
QUADRO 5 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
FONTE Decreto Municipal Pontal do Paranaacute n 5481 de 23 dez 2015
Ainda segundo relatos do Secretaacuterio Municipal no iniacutecio da criaccedilatildeo do
Comitecirc Gestor houve divergecircncias falta de colaboraccedilatildeo e dificuldade no
entendimento da proacutepria Lei Geral e sobretudo das LC 12806 e LC 14714 poreacutem
com o amadurecimento das ideias em torno dos objetivos do CGM e das estrateacutegias
adotadas houve ganho de credibilidade dos oacutergatildeo puacuteblicos
A LC 14714 comenta o secretaacuterio era interpretada de formas diferentes
pelos oacutergatildeos O Corpo de Bombeiros a exemplo era muito resistente em se adaptar
ao disposto no art 4ordm sect 3ordm da referida lei que tratava sobre isenccedilatildeo total para a
abertura de empresa para o microempreendedor individual o que acarretava
divergecircncias na leitura e interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo
Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (BRASIL 2014 art 4ordm sect3ordm)
A Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do Litoral do Paranaacute
(AMPEC Litoral) relatou das dificuldades quanto agraves licitaccedilotildees e a capacidade dos
―menores em participar do processo Na posiccedilatildeo do entrevistado2 o municiacutepio se
revela em suas palavras ―mau pagador e tem ateacute 90 dias para efetuar o
pagamento23 tornando inviaacutevel para a maioria dos microempreendedores fornecer
ao municiacutepio O argumento eacute de que grande parte dos MEI natildeo possui capital
23
O art 73 sect 3ordm da Lei nordm 8666 de21 jun 1993 estabelece o prazo de noventa dias para que o objeto executado seja pago pela Administraccedilatildeo Puacuteblica contratante
SECRETARIAS MUNICIPAIS
AMPEC - LITORAL
ACIAPAR
ASSOCIACcedilAtildeO DOS ARTESAtildeO
SISTEMA DE CREacuteDITO
CENTRO DE ESTUDOS DO MAR
CONTADORES DE PONTAL DO PARANAacute
69
suficiente e capacidade econocircmica para suportar um prazo tatildeo longo para receber
os serviccedilos prestados
O CGM do municiacutepio de Matinhos apresentou caracteriacutesticas muito
peculiares em relaccedilatildeo aos de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Segundo o
entrevistado5 havia muitas divergecircncias dentro do CGM sobretudo quando as
decisotildees tomadas coletivamente natildeo continham energia suficiente para colocaacute-las
em praacutetica
QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS
FONTE Decreto Municipal Matinhos n 441 de 30 jul 2013
Outro ponto que dificultava as tomadas de decisotildees com base na demanda
legal e de aspectos ligados agrave Lei Geral era o fato da pouca compreensatildeo pelos
sujeitos envolvidos nas finalidades e propostas da Poliacutetica Puacuteblica em questatildeo
Sobre este e os problemas da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica Lima e Dlsquo Ascenzi
(2013) em suas anaacutelises apresenta alguns pontos importantes
[] em primeiro lugar haacute uma multiplicidade de atores de diferentes tipos de organizaccedilotildees com interesses diversos que satildeo agregados para operar a poliacutetica Tais atores interagem em uma trajetoacuteria de pontos de decisatildeo nos quais suas perspectivas se expressam Em segundo lugar os atores mudam com o passar do tempo Isso faz que a interaccedilatildeo tambeacutem mude pois mudam as perspectivas e a percepccedilatildeo que um ator tem do outro Essa mudanccedila de atores insere pontos de descontinuidade e de necessidade de novas e mais negociaccedilotildees(LIMA Dlsquo ASCENZI 2013 p 103)
322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento
A sala do Empreendedor parceria entre os cinco municiacutepios citados do
litoral paranaense e o SEBRAE tem funccedilotildees especiacuteficas tanto no atendimento ao
MEI quanto agraves MPE Os serviccedilos vatildeo desde a desburocratizaccedilatildeo e formalizaccedilatildeo ateacute
a consultoria de gestatildeo e financcedilas que satildeo realizadas gratuitamente pelos Agentes
de Desenvolvimento e por consultores do SEBRAE A ―Sala eacute uma adaptaccedilatildeo do
Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econocircmico
Secretaria Municipal de Administraccedilatildeo
Secretaria Municipal de Planejamento
Sindicato dos Contabilistas
Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Paranaacute - FECOMEacuteRCIO
Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos - ACIMA
70
SEBRAE ao Programa Cidade Empreendedora24 e tem como objetivo segundo esta
Instituiccedilatildeo de a) incentivar a legalizaccedilatildeo de negoacutecios informais b) facilitar a
abertura de novas empresas c) regularizar as atividades informais aleacutem de apoiar o
MEI quanto agrave formalizaccedilatildeo e informaccedilotildees necessaacuterias relativas agraves especificidades
da sua atuaccedilatildeo como MEI formalizado Segundo o portal do Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute satildeo ofertados os serviccedilos de
a) Atendimento presencial individual
b) Orientaccedilatildeo de controles - Caixa e Vendas
Palestras
c) Orientaccedilatildeo sobre direitos e obrigaccedilotildees
d) Programa Negoacutecio a Negoacutecio
Os Agentes de Desenvolvimento25 satildeo funcionaacuterios dos quadros das
prefeituras que recebem treinamento pelo SEBRAE com vistas a assumirem
responsabilidades co-participativas na implementaccedilatildeo da Lei Geral dentro dos
municiacutepios de atuaccedilatildeo Esses atores da administraccedilatildeo puacuteblica direta podem
constituir elementos estrateacutegicos na dinacircmica das ideias de desenvolvimento local
sobretudo no apoio agrave evoluccedilatildeo e estruturaccedilatildeo das micro e pequenas empresas
futuros empreendedores e empreendedores que jaacute atuam
Esses agentes possibilitam o entendimento na inovaccedilatildeo da administraccedilatildeo
puacuteblica quanto agrave movimentaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos recursos humanos inicialmente
em seus quadros de pessoal que atende agraves demandas de transformaccedilotildees ocorridas
nas dimensotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas a partir do pressuposto que estas
trecircs dimensotildees estatildeo associadas
1) Social ndash promovida principalmente pela ―revoluccedilatildeo expansatildeo
tecnoloacutegica e pela globalizaccedilatildeo
24
Programa do SEBRAE tem como objetivo ―potencializar a implementaccedilatildeo e institucionalizaccedilatildeo da Lei Geral visando agrave melhoria do ambiente de negoacutecios para o Microempreendedor Individual e para as micro e pequenas empresas contribuindo dessa forma com a geraccedilatildeo de emprego e renda (SEBRAE 2013 p 9) lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtgt 25
Para Albuquerque (1997) o processo de desenvolvimento exige a movimentaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo dos recursos humanos e estes devem ser vistos como peccedilas decisivas e natildeo somente como ferramentas ou objeto de produccedilatildeo mas sim como elementos chaves e atores importantes no desenvolvimento
71
2) Econocircmica ndash pelas contradiccedilotildees econocircmicas do sistema neoliberal que
culminaram com a falecircncia da estrutura de produccedilatildeo fabril abrindo
espaccedilo para o setor terciaacuterio
3) Poliacutetica ndash no Estado Democraacutetico de Direito a participaccedilatildeo mais efetiva
de movimentos sociais nas questotildees puacuteblicas altera aspectos e
mecanismos antigos da poliacutetica sobre maneira na perspectiva do
controle social e no quadro decisoacuterio
Em nossos estudos percebemos que a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas
favoraacuteveis ao desenvolvimento regional e local assim como o estabelecimento de
convecircnio e parceria com entidades ligadas ao desenvolvimento das capacidades
locais depende de alguns elementos 1) Estrutura municipal 2) A maturidade do
municiacutepio com relaccedilatildeo agraves concepccedilotildees de desenvolvimento local 3) O tema de
desenvolvimento local estar na pauta do municiacutepio (prioridades de gestatildeo) 4)
Definiccedilatildeo de estrateacutegias por conta da administraccedilatildeo de recursos 5) A maturidade do
empresariado local
323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI
Os municiacutepios que estabelecem parcerias com o SEBRAE possuem
algumas accedilotildees planificadas em virtude da proacutepria capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicos
envolvidas no processo de implementaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e do
convecircnio que prevecirc essas accedilotildees Muito embora a expansatildeo de accedilotildees que
melhorem o ambiente de fomento fica a criteacuterio dos municiacutepios Abaixo (QUADRO
9) descrevemos algumas accedilotildees adotadas pelas prefeituras na MRGP
QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP continua
MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES
ANTONINA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil
GUARAQUECcedilABA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil
72
QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP conclusatildeo
MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES
GUARATUBA - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - A ACIG estaacute estudando para abrir espaccedilo de associaccedilatildeo para o MEI com parcelas de contribuiccedilatildeo reduzida que pode chegar a 50 a menos do valor cobrado
MATINHOS - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (uma vez por mecircs) - Feira da Lua organizada pela AMPEC serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIMA para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo
PARANAGUAacute - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (a cada 15 dias) - Feira da Lua serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Cursos de curta duraccedilatildeo oferecidos pelo SEBRAE atraveacutes de consultoria para a capacitaccedilatildeo e creacutedito que satildeo intermediados junto a Sala do Empreendedor - Articulaccedilatildeo da Sala do Empreendedor com Instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas na constituiccedilatildeo de creacutedito como na capacitaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo - Cursos de capacitaccedilatildeo de fornecimento e compra com o objetivo de identificaccedilatildeo de fornecedores dentro do municiacutepio e que sejam aptos a participarem de processos licitatoacuterios - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIAPAR para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo
PONTAL DO PARANAacute - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas e planejamento (uma vez por mecircs) - Palestras para os vendedores ambulantes com o objetivo de orientaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo - A Feira da Lua que ocorre no balneaacuterio de Sta Terezinha atraveacutes de parceria com a prefeitura o BB o SEBRAE realizam serviccedilos de consultoria gratuitamente - Cursos em parceria entre Prefeitura e ACIAP para vendedores e compradores - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil
FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Pontal do Paranaacute Paranaguaacute e Morretes
A planificaccedilatildeo de algumas accedilotildees pelo sistema SEBRAE se traduz por um
lado na pouca experiecircncia municipal em estrateacutegias de desenvolvimento e por
73
outro lado a substituiccedilatildeo dos governos locais que podem alterar determinadas
estrateacutegias poreacutem as adotadas pela parceria entre o municiacutepio e o SEBRAE ficam
imunes agraves mudanccedilas
Ressaltamos que uma das accedilotildees do Estado importante para facilitar a
legalizaccedilatildeo e a expediccedilatildeo de registro de maneira desburocratizada da empresa eacute a
criaccedilatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de
Empresas e Negoacutecios (REDESIM) instituiacuteda pela Lei 1159807 Sublinhamos que a
partir desta lei a interaccedilatildeo entre os oacutergatildeos responsaacuteveis pela legalizaccedilatildeo e pela
expediccedilatildeo do registro de funcionamento ocorre por dados lanccedilados em sistema
unificado entre oacutergatildeos da federaccedilatildeo dos Estados e Municiacutepios A implantaccedilatildeo
dessa Lei no Paranaacute foi efetivada com a criaccedilatildeo do sistema Empresa
Faacutecilintegrando o Governo de Estado do Paranaacute Associaccedilatildeo dos municiacutepios do
Paranaacute Junta Comercial do Paranaacute e SEBRAE
No litoral paranaense como demonstrado pelo site do Empresa Faacutecil a
implantaccedilatildeo e habilitaccedilatildeo dos sete municiacutepios ao sistema operante estaacute completa
Como observado (QUADRO 7) acima veremos que os municiacutepios de
Paranaguaacute Pontal do Paranaacute e Matinhos que possuem parcerias com o SEBRAE
de forma integral constituem vaacuterias accedilotildees planificadas com base na orientaccedilatildeo de
capacitaccedilatildeo institucional proporcionada por essa instituiccedilatildeo e como mencionado
pelo agente do SEBRAE algumas accedilotildees satildeo planificadas mas a sala do
empreendedor de acordo com a administraccedilatildeo local tem flexibilidade para
aumentar os serviccedilos prestados aos MEI e realizar accedilotildees que viabilizem a melhoria
dos serviccedilos prestados
74
4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute
O litoral se constituiu de forma diferenciada no Paranaacute natildeo tendo
incorporado ao modelo de desenvolvimento capitalista adotado por outras regiotildees
conforme descrito anteriormente Uma das caracteriacutesticas importantes que
predomina na regiatildeo eacute a quase nula existecircncia de poliacuteticas de desenvolvimento
voltadas agraves capacidades locais e regionais
Nesse capiacutetulo dentro das concepccedilotildees de desenvolvimento local
analisaremos alguns elementos geradores de desenvolvimento de crescimento e de
sustentabilidade para o MEI na MRGP
41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR
MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI
A participaccedilatildeo municipal como vetor do desenvolvimento local eacute vital para
conduzir accedilotildees e estrateacutegias que objetivem a superaccedilatildeo de obstaacuteculos produzidos
por desequiliacutebrios nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica Para isso um municiacutepio
atuante e proativo nas questotildees internas provido de atitudes positivas mediante
planejamento e poliacuteticas puacuteblicas de maximizaccedilatildeo das capacidades locais pode
reverter circunstacircncias muitas vezes de fragilidade do tecido social e empresarial
para a otimizaccedilatildeo das condiccedilotildees que promovam o desenvolvimento das liberdades
humanas (autonomia do indiviacuteduo) (SEN 2000 PEREIRA 2006)
O crescimento populacional e a expansatildeo urbana desordenada a falta de
poliacuteticas puacuteblicas especiacuteficas de desenvolvimento regional e local expocircs um quadro
que coloca em evidecircncia a fragilidade econocircmica e administrativa dos governos
locais no litoral do Paranaacute para enfrentamento de problemas especiacuteficos na
economia do trabalho e na manutenccedilatildeo e extensatildeo de programas de infraestrutura
e ainda a dificuldade de implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas includentes que
necessitam de aplicaccedilatildeo significativa de capital
A MRGP em 2004 possuiacutea uma dos maiores PIB per capta do Estado com
a meacutedia acima da estadual constituindo uma das microrregiotildees mais dinacircmicas
segundo Trevisan e Lima (2010) sendo que Paranaguaacute como o grande vetor
75
econocircmico da regiatildeo posto o complexo portuaacuterio e industrial segundo os autores
firmava-se como o 4ordm municiacutepio do Paranaacute com maior PIB per capta No entanto
havia dessemelhanccedilas econocircmicas entre os municiacutepios da regiatildeo em que
Paranaguaacute o municiacutepio mais rico evidenciava disparidades em relaccedilatildeo aos outros
municiacutepios sobretudo Guaraqueccedilaba Matinhos e Morretes agrave eacutepoca os mais
pobres justamente pela sua capacidade de produzir riquezas em funccedilatildeo do porto
de Paranaguaacute
Em 2015 como demonstra o IPARDES Paranaguaacute continua sendo o
principal vetor econocircmico da regiatildeo poreacutem seu PIB per capta ficou abaixo da meacutedia
estadual assim como a sua receita teve decreacutescimo entre os anos 2013 e 2015
(TABELA 8)
Percebemos (GRAacuteFICO 1) que os municiacutepios de Morretes Antonina e
Paranaguaacute tiveram quedas em suas receitas entre os anos de 2014 e 2015 e suas
despesas (GRAacuteFICO 2) no mesmo periacuteodo aumentaram em relaccedilatildeo agraves receitas
destes municiacutepios A identificaccedilatildeo de uma queda de receita desse modo pode
constituir em impacto negativo para investimentos em setores necessaacuterios ao
desenvolvimento visto a baixa capacidade econocircmica municipal
GRAacuteFICO 1- RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS
FONTE IPARDES DEEPASK
No caso especiacutefico de Antonina em 2015 o municiacutepio aumentou para 4 a
aliacutequota do ISSQN (ISS) O setor portuaacuterio contraacuterio ao aumento realizou um
depoacutesito judicial do montante dos tributos Tal accedilatildeo juriacutedica representou uma das
000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Milh
otildees
(R
$)
2013
2014
2015
76
principais causas diretas na queda de arrecadaccedilatildeo municipal permitindo a reduccedilatildeo
da disposiccedilatildeo do municiacutepio em criar propostas de melhoria das condiccedilotildees
socioeconocircmicas da populaccedilatildeo O fato eacute que o aumento na aliacutequota desse tributo
na expectativa de aumentar as divisas municipais de Antonina poderaacute causar em
curto prazo efeito reverso como indicado pela Secretaria de Infraestrutura e
Logiacutestica do Paranaacute (2014)
Uma lei municipal que entra em vigor a partir de janeiro de 2015 pode tornar a cidade de Antonina menos competitiva para investimentos no setor portuaacuterio Eacute que o municiacutepio aprovou o aumento na cobranccedila da aliacutequota do Imposto Sobre Serviccedilos (ISS) que passaraacute a ser de 4 Isso coloca Antonina como a cidade mais cara entre as principais cidades portuaacuterias do centro-sul do Brasil
Portanto com a queda na capacidade de geraccedilatildeo de riquezas a
inviabilidade de intervir em problemas socioeconocircmicos atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas
e accedilotildees de meacutedio e longo prazos e com o enfraquecimento dos governos locais por
conta na reduccedilatildeo das receitas suas accedilotildees na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de
desenvolvimento local ficam limitadas Ainda assim alinhando-se a queda de
receita as despesas municipais em alguns casos ultrapassaram a arrecadaccedilatildeo
agravando ainda mais as contas puacuteblicas e impedindo investimentos em setores
estrateacutegicos para o desenvolvimento
GRAacuteFICO 2- ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015)
FONTE IPARDES DEEPASK
-
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Milh
otildees
(R
$)
Arrecadaccedilatildeo2015
Despesas2015
77
O maior desequiliacutebrio das contas puacuteblicas (relaccedilatildeo entre arrecadaccedilatildeo e
despesas) se deu no municiacutepio de Paranaguaacute em que as despesas superaram a
arrecadaccedilatildeo em 49 como observado (GRAacuteFICO 2)
As quedas de receitas refletem em parte o pouco investimento em setores
produtivos tais como o fomento e apoio agraves micro e pequenas empresas que se
constituem segundo o SEBRAE e Sachs (2003) no setor que mais gera empregos
locais e se constitui como fonte de geraccedilatildeo de divisas para os municiacutepios de outro
lado a complexidade em buscar alternativas de substituiccedilatildeo da arrecadaccedilatildeo se
traduz em fator importante
Em Morretes e Antonina no entanto algumas accedilotildees para aumentar a receita
foram colocadas em praacutetica Uma delas eacute o georreferenciamento dos imoacuteveis para o
pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que satildeo representados
por altas taxas de inadimplecircncia e segundo o entrevistado (6) pode chegar a 50
de devedores
O IPTU como observado nas cidades de Morretes Guaraqueccedilaba Antonina
e Paranaguaacute (GRAacuteFICO3) tem pouca expressividade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
desses municiacutepios Jaacute nos municiacutepios de Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute o
IPTU contribui significativamente na geraccedilatildeo de receita se posicionando acima da
meacutedia nacional que ficou em 2435 em 2014
GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) ()
FONTE DEEPASK ndash montagem dos autores lthttpwwwdeepaskcombrgoespage=Imposto---
IPTU-Veja-a-receita-tributaria-no-seu-municipiogt
0
10
20
30
40
50
60
valo
res p
erc
entu
ais
78
No municiacutepio de Morretes o processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria adotado
pela Secretaria de Infraestrutura no nosso entendimento consiste numa estrateacutegia
de desenvolvimento e de receita na medida de geraccedilatildeo de emprego e renda atraveacutes
da construccedilatildeo civil que expande a prestaccedilatildeo de bens e serviccedilos
Tanto o georreferenciamento quanto a regularizaccedilatildeo fundiaacuteriapredial em
Antonina e Morretes satildeo estrateacutegias afirmativas que tem como propoacutesitos a
regularizaccedilatildeo de aacutereas habitacionais residecircncias e lotes com grandes
possibilidades de elevar a receita municipal observado as delimitaccedilotildees de aacutereas
especialmente protegidas como aacutereas de preservaccedilatildeo permanente (APP) Unidades
de Conservaccedilatildeo (UC) Poreacutem cabe ressaltar que a maior funccedilatildeo da regularizaccedilatildeo
fundiaacuteria eacute equacionar problemas resultantes da expansatildeo urbana desordenada (a
favelizaccedilatildeo eacute um dos problemas)
Nesse sentido a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria eacute ―um mecanismo apto a trazer para
a legalidade uma situaccedilatildeo fundiaacuteria que possa ser identificada como de interesse
social ou seja que tenha como puacuteblico alvo a populaccedilatildeo de baixa renda
(NASCIMENTO 2013 p 12) Como afirma a autora dessa forma a implementaccedilatildeo
da regularizaccedilatildeo fundiaacuteria torna ―evidente o conteuacutedo social a que o bem serviraacute
(idem p 18)
Em Pontal do Paranaacute como relatou entrevistado3 sobre o fortalecimento
das receitas o municiacutepio atraveacutes do Conselho Gestor adotou para 2017 um selo
de qualidade que seraacute fornecido agrave empresa que se encontrar regularizado com suas
diacutevidas junto agrave prefeitura ―O selo permite que haja retorno para a prefeitura atraveacutes
da contribuiccedilatildeo Eacute uma valorizaccedilatildeo para quem se encontra em situaccedilatildeo regular
(transcriccedilatildeo)
No entanto com pouca variaccedilatildeo para aumentar a receita e com menos
dinheiro em caixa as prefeituras deixam de investir em programas de meacutedio e longo
prazo com propostas no desenvolvimento positivosustentaacutevel e includente de
criaccedilatildeo institucional cultural social e econocircmica Ou seja criaccedilatildeo de um ambiente
favoraacutevel agrave extensatildeo das liberdades e capacidades das pessoas (SEN 2000)26
26
As liberdades na visatildeo do autor satildeo condicionadas pelas circunstacircncias sociais poliacuteticas e econocircmicas as quais denomina de liberdades instrumentais e correspondem 1) liberdades poliacuteticas 2) facilidades econocircmicas 3) oportunidades sociais 4) garantias de transparecircncias 5) seguranccedila protetora (p54)
79
Para esse autor as liberdades satildeo partes constitutivas fundamentais do
enriquecimento do processo de desenvolvimento natildeo satildeo finitas em si mesmas
mas permitem a expansatildeo de outras liberdades sendo que o proacuteprio
desenvolvimento pode ser considerado como a expansatildeo das liberdades humanas
ou como sublinha Pereira (2006) ao se referir agrave ―autonomia baacutesica como um
elemento de precondiccedilatildeo societal a noccedilatildeo de autonomia estaacute ancorada nos
preceitos da ―democracia como recurso capaz de livrar os indiviacuteduos natildeo soacute da
opressatildeo sobre as suas liberdades (de escolha e de accedilatildeo) mas tambeacutem da miseacuteria
e do desamparo (PEREIRA 2006 p 70)
A falta de recursos sinalizou nas entrevistas com os agentes de
desenvolvimentos de Morretes Matinhos e Paranaguaacute a pouca flexibilidade dos
municiacutepios em estruturar suas agendas de programas de desenvolvimento local
restando o atendimento de formalizaccedilatildeo e serviccedilos baacutesicos aos
Microempreendedores tais como alteraccedilatildeo de dados alvaraacute baixa da inscriccedilatildeo e
Documento de Arrecadaccedilatildeo Simplificada (DAS) Essas accedilotildees de apoio efetivo agrave
categoria se por um lado representam o auxiacutelio prestado ao MEI por outro
constituem um fim em si mesmas pois desempenham funccedilotildees meramente
burocraacuteticas natildeo menos importantes mas poderiam ser desenvolvidas dentro de
um plano estrateacutegico que coadunassem simultaneamente outras accedilotildees previstas
nos dispositivos da LC 12808 sobre os instrumentos de apoio e poliacuteticas que
assegurem o desenvolvimento e a sustentabilidade dos MEI Dentro dessa anaacutelise
por um lado o ―fluxo contiacutenuo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos que em sua
esmagadora maioria satildeo de pequeno porte (SACHS 2003 p 111) de outro lado
como demonstra o autor as MPE submetidas ao livre mercado aumentam os
nuacutemeros estatiacutesticos sobre a mortalidade das empresas posto as diferentes
condiccedilotildees de produccedilatildeo e competitividade no mercado aberto que produz um
―processo de seleccedilatildeo que pode ser qualificado de ―darwinismo social (idem p 111)
Em Morretes no final do ano de 2016 o desempenho da sala do
empreendedor estava muito limitado ou quase nulo como comentou o
entrevistado6 Aleacutem da estrutura reduzida em comparaccedilatildeo agraves cidades que
dispunham do programa em Morretes natildeo haviam atividades relacionadas ao
fomento das empresas locais nem tatildeo pouco a procura aos serviccedilos pelos MEI ou
potenciais empreendedores Poreacutem em 2015 como observou o entrevistado6 ―a
partir da adequaccedilatildeo da 147 (LC 14714) o carimbo da vigilacircncia sanitaacuteria deu
80
valoraccedilatildeo para o produto Alguns produtores padronizaram o roacutetulo e as empresas
Essas medidas favorecem o atendimento ao turismo (transcriccedilatildeo)
Em Paranaguaacute segundo o entrevistado7 as atividades da sala do
empreendedor estavam muito reduzidas e fixavam-se apenas no processo de
formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo nas duacutevidas que surgiam natildeo sendo possiacutevel desenvolver
accedilotildees muito extensas fora da sala27 Poreacutem atraveacutes do Programa Compras Paranaacute
o municiacutepio ofereceu cursos de capacitaccedilatildeo dos funcionaacuterios para compras em
oacutergatildeo puacuteblicos assim como capacitaccedilatildeo de alguns fornecedores em licitaccedilotildees O
objetivo dessa accedilatildeo era ―identificar novos fornecedores dentro do municiacutepio
fortalecendo o mercado interno gerando divisas emprego e renda (entrvistado7-
transcriccedilatildeo)
Em Morretes o entrevistado municipal o entrvistado6 nos disse ―natildeo haacute
procura por licitaccedilotildees (pelos MEI) E as empresas locais dificilmente procuram a
licitaccedilatildeo (transcriccedilatildeo) Assim a falta de poliacuteticas de desenvolvimento local e da
categoria poderaacute contribuir no afastamento de propostas significativas de inclusatildeo
social do MEI na MRGP frisados na LC 12808
Constatamos que a falta de recursos constitui um dos elementos importantes
que inviabilizam a implantaccedilatildeo integral contiacutenua e sustentaacutevel das LC 12306
LC12808 e LC 14714 ndash conjunto de leis que normatizam as MPE e
Microempreendedores individuais - bem como em poliacuteticas de geraccedilatildeo de emprego
e renda e mesmo em outras aacutereas de sustentaccedilatildeo de poliacuteticas sociais pois
segundo Sachs (2003) as poliacuteticas econocircmicas e sociais satildeo indissociaacuteveis
complementares e dependentes de investimentos
Embora outros motivos tais como o amadurecimento da gestatildeo municipal agrave
concepccedilatildeo de desenvolvimento local incluindo categorias especiacuteficas de produccedilatildeo e
inclusatildeo como eacute o caso dos MEI conferimos agrave baixa capacidade econocircmica do
poder puacuteblico local uma das principais dificuldades em produzir mecanismos de
enfrentamento agrave vulnerabilidade dos trabalhadores locais muitas vezes com pouca
ou sem qualificaccedilatildeo para o mercado de trabalho
Deduzimos atraveacutes de nossas pesquisas que a falta de comunicaccedilatildeo
informaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo nas propostas da sala do empreendedor assim como em
27
No plano Plurianual 20142017 de Paranaguaacute estaacute previsto o investimento de R$ 10000000 para o apoio aos MEI desenvolvimento das micro pequenas e grandes empresas e induacutestrias no estiacutemulo para desenvolver uma cadeia produtiva local de forma sustentaacutevel
81
processos de licitaccedilatildeo28 exclui grande parte dos MEI ao Acesso em de serviccedilos
baacutesicos estabelecidos em lei e possibilidades de relaccedilotildees comerciais com o
municiacutepio posto o desconhecimento das recomendaccedilotildees por parte dos MEI
estabelecidas na Lei Geral (LC 12308) a qual prescreve normas diferenciadas de
promoccedilatildeo de desenvolvimento desse segmento de trabalhadoresempreendedores
individuais
O municiacutepio empoderado atraveacutes de uma ambiente institucional e de um
aporte estrutural constituiacutedo aumenta as possibilidades de eficiecircncia na intervenccedilatildeo
em problemas locais O empoderamento dos municiacutepios nesse sentido eacute central no
processo de desenvolvimento tanto de categorias especiacuteficas quanto de categorias
marginalizadas pela ausecircncia do poder puacuteblico Eacute dessa forma que ―ao analisar
experiecircncias de desenvolvimento localregional vecirc-se forccedilada a noccedilatildeo de que a
presenccedila do Estado eacute fundamental (BARBOSA et al in POCHMANN 2004 p 275)
sendo ele o principal articulador e protagonista de poliacuteticas de desenvolvimento e
inclusatildeo social
411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita
Ao examinara literatura sobre o uso do dinheiro puacuteblico no litoral do Paranaacute
que no nosso entendimento tem a possibilidade de ser alocado prioritariamente em
instrumentos geradores de desenvolvimento para as pessoas das pessoas e pelas
pessoas (SACHS 2003) percebemos muitas vezes recursos jaacute reduzidos sendo
direcionados a atender minorias com respaldo poliacutetico econocircmico e social
Como analisa Monteiro (2013a) boa parte das receitas de Guaratuba e
Matinhos estatildeo sendo direcionadas agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria com projetos de
infraestruturas (pavimentaccedilatildeo rede de esgoto etc) que beneficiam as elites locais
Estas elites satildeo na visatildeo de Frey (2000) amparadas por ―instituiccedilotildees de
intermediaccedilatildeo ndash patronagem poliacutetica clientelismo nepotismo fisiologismo e a
corrupccedilatildeo ndash [] (p 104) que constituem praacuteticas relacionais entre o poder central
local e oligarquias locais contribuindo para a ampliaccedilatildeo das desigualdades sociais
visto a apropriaccedilatildeo dos benefiacutecios por parte dessas elites
28
Conforme obrigatoriedade legal as licitaccedilotildees satildeo publicadas no site da prefeitura Tribunal de Contas e Diaacuterio oficial
82
Segundo Monteiro (2013a) em Caiobaacute balneaacuterio eletizado de Matinhos
com forte presenccedila de residecircncias de alto padratildeo e ainda com propostas a proacute-
verticalizaccedilatildeo a pavimentaccedilatildeo chega a 94 853 de calccediladas e 686 de
bueiros Enquanto em bairros como o Tabuleiro haacute 254 de ruas pavimentadas
164 de calcadas e 285 de bueiros denotando dessa forma os desniacuteveis de
emprego da receita para a manutenccedilatildeo das iniquidades entre as classes sociais
Jaacute em Guaratuba como salienta Monteiro (2013b)
[] veremos que boa parte da receita puacuteblica alimenta a especulaccedilatildeo imobiliaacuteria atraveacutes de obras de infraestrutura que beneficiam sobremaneira glebas vazias lotes baldios em suma propriedades que natildeo estatildeo cumprindo a funccedilatildeo social (MONTEIRO 2013a p 1)
Compreendemos dessa maneira que o espaccedilo constituiacutedo por relaccedilotildees de
poder pode representar o exerciacutecio de poder considerando algumas variaacuteveis
Como acentua Silva (2008) o poder local deve ser compreendido como exerciacutecio
das dimensotildees poliacutetica econocircmica social simboacutelica e cultural
A criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento local que promovam a
expansatildeo das liberdades humanas eacute indispensaacutevel a vontade poliacutetica o
amadurecimento agraves perspectivas de desenvolvimento pelos gestores municipais e
pelo empresariado local os recursos satisfatoacuterios nesse sentido o empoderamento
do municiacutepio eacute fundamental para o financiamento das poliacuteticas de desenvolvimento
a mediaccedilatildeo entre as relaccedilotildees de poder um aporte institucional capaz reduzir as
disparidades de classe e o planejamento e accedilatildeo sendo que o planejamento pode
ser revisado e modificado a julgar que toda accedilatildeo provoca modificaccedilotildees
Dentro dessa perspectiva foram analisados por Horochovski Junckes e
Muraro (2011) em trabalho realizado sobre um Programa de Desenvolvimento
Sustentaacutevel em Matinhos promovido pelo Banco do Brasil a participaccedilatildeo e o
planejamento pelos atores envolvidos Para esses autores os ―componentes
estruturais do modo de produccedilatildeo vigente apatia poliacutetica deacuteficits informacionais e a
persistecircncia de assimetrias e padrotildees autoritaacuterios e clienteliacutesticos [] (p 51)
constituem entre outros barreiras no processo democraacutetico e participativo
(HOROCHOVSKI JUNCKES MURARO 2011)
Ao discorrer sobre aspectos para o desenvolvimento local e o custeio
puacuteblico SEN (2000) afirma que natildeo se pode esperar um governo enriquecer para
83
investir em serviccedilos de base como a educaccedilatildeo e a sauacutede que na visatildeo do autor
satildeo elementos geradores de desenvolvimento posto que
A viabilidade desse processo conduzido pelo custeio puacuteblico depende do fato de que os serviccedilos sociais relevantes (como os serviccedilos de sauacutede e educaccedilatildeo) satildeo altamente trabalho-intensivos e portanto relativamente barato nas economias pobres ndash onde os salaacuterios satildeo baixos (SEN 2000 p 65)
Para esse autor se devem ponderar preccedilos e custos como paracircmetros de
quanto pode ou natildeo pode o governo gastar Adverte ele ainda que o processo
mediado pelo crescimento econocircmico acarreta em muitas vantagens tanto pelas
condiccedilotildees de investimentos quanto por provisotildees em setores essenciais como
educaccedilatildeo e sauacutede baacutesica
Dessa maneira reiteramos dentro da perspectiva de nossas anaacutelises a
necessidade do empoderamento municipal pois o Estado se consolida como o
principal condutor de processos de desenvolvimento Nessa direccedilatildeo entendemos
que o crescimento econocircmico eacute importante para o desenvolvimento (SACHS 2003
SEN 2000 FURTADO 2008) Natildeo como um fim em si mesmo mas um elemento
estrutural de outros coeficientes (aporte institucional poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas da
sauacutede e educaccedilatildeo e estrateacutegias macro e microeconocircmicas locais para o
desenvolvimento sustentaacutevel) que se materializem em equipamentos propiacutecios agrave
extensatildeo das ―liberdades humanas (SEN 2000)
42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS29
DO MEI NA MRGP
No desenvolvimento local conduzido em especial pelo ―custeio puacuteblico
(SEN 2000) atraveacutes dos governos subnacionais de inferecircncia nas aacutereas da
educaccedilatildeo sauacutede e economia o peso de interferecircncia do processo econocircmico pode
revelar-se como um dos imperativos entre o sucesso ou fracasso das estrateacutegias
adotadas
A conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estrateacutegias setorizadas de apoio agrave
categoria do MEI satildeo definidas com base orccedilamentaacuteria e disponibilidade de recursos
29
Encerramento da inscriccedilatildeo do Cadastro de Pessoa Juriacutedica (fechamento legal da empresa)
84
apropriados para a realizaccedilatildeo Identificamos dentro das estrateacutegias municipais as
salas do empreendedor que fornecem orientaccedilotildees e auxiacutelio na formalizaccedilatildeo de
empresas e empreendedores individuais (EI) que se encontram na informalidade
No graacutefico 4 abaixo observamos o nuacutemero de atendimentos realizados
pelos agentes de desenvolvimento nas salas do empreendedor nos municiacutepios da
MRGP
GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO
EMPREENDEDOR NA MRGP (2015 ndash 2016)
FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
Percebemos o aumento significativo de atendimentos realizados pela ―sala
entre os anos 2015 e 2016 (GRAFICO 4) em Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute
Segundo informaccedilotildees do entrevistado7 em Paranaguaacute a aumento nos atendimentos
eacute proporcional agrave elevaccedilatildeo das formalizaccedilotildees e abaixo (GRAacuteFICO 5) verificamos as
formalizaccedilotildees realizadas nas salas do empreendedor na MRGP
GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS NAS SALAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP
FONTE Salas do empreendedor de Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Paranaguaacute Pontal doParanaacute
Morretes Matinhos
0
50
100
150
200
250
300
350
Morretes Paranaguaacute Pontal do Paranaacute
ano 2015
ano 2016
85
Observamos acima (GRAacuteFICO 5) a reduccedilatildeo de 475 nas formalizaccedilotildees
realizadas pela sala do empreendedor em Pontal do Paranaacute no ano de 2016 em
relaccedilatildeo a 2015 Paranaguaacute ao contraacuterio apresentou percentual positivo de 1133
nas formalizaccedilotildees efetivadas junto agrave sala do empreendedor entre os anos 2015 e
2016
De maneira um tanto preocupante em Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
(GRAacuteFICO 6) constatamos o aumento significativo nas operaccedilotildees de baixa de
inscriccedilatildeo do MEI realizadas pela sala do empreendedor entre os anos de 2015 e
2016 Pontal do Paranaacute apresentou acreacutescimo de 2217 nas baixas de inscriccedilatildeo do
MEI enquanto Paranaguaacute indicou o avanccedilo de 1594 nas baixas da categoria Em
Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo haacute baixas
registradas na sala do empreendedor em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato
com o agente de desenvolvimento
GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI REALIZADAS NAS SAAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP
30
FONTE Salas do empreendedor de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
Ao estabelecermos comparaccedilatildeo entre os graacuteficos (5 e 6) percebemos que
a) No ano de 2015 o nuacutemero de baixas de inscriccedilotildees do MEI registrados na
sala do empreendedor em Paranaguaacute correspondeu a 274 das
30
Em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato com o agente de desenvolvimento em Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo houve baixas registradas nas salas do empreendedor
0
20
40
60
80
100
120
ano 2015
ano 2016
86
formalizaccedilotildees naquele ano No ano de 2016 o nuacutemero de baixas (MEI)
em Paranaguaacute em relaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo correspondeu a 333
Portanto uma elevaccedilatildeo de 59 nas baixas do MEI entre os anos de
2015 e 2016
b) Em Pontal do Paranaacute as baixas do MEI registradas pela sala do
empreendedor em relaccedilatildeo agraves formalizaccedilotildees corresponderam a 116
em 2015 Em 2016 a variaccedilatildeo das baixas na inscriccedilatildeo do MEI em relaccedilatildeo
agraves formalizaccedilotildees atingiu o percentual de 7115 o que corresponde a um
aumento acentuado de 5955 nas baixas de inscriccedilotildees do MEI entre
2015 e 2016
Ao inclinar nossos olhares para os resultados dos graacuteficos (5e 6) veremos
expressiva diferenccedila na sustentabilidade do MEI entre os municiacutepios de Pontal do
Paranaacute e Paranaguaacute Isso nos remete a uma questatildeo como explicar o significativo
nuacutemero de baixas na inscriccedilatildeo do MEI em Pontal do Paranaacute em relaccedilatildeo agrave
Paranaguaacute resultando em dados estatiacutesticos tatildeo diacutespares na sustentabilidade dos
MEI jaacute que os dois municiacutepios possuem em sua maioria dentre algumas accedilotildees
isoladas estrateacutegias planificadas pelo SEBRAE
A resposta a essa questatildeo segundo o entrevistado3 estaacute na sazonalidade
pelo qual estatildeo sujeitos os municiacutepios balneaacuterios da MRGP ndash Matinhos Pontal do
Paranaacute e Guaratuba Esta anaacutelise estaacute sustentada igualmente por Sulzbac
Denardin e Felisbino (2012)
O fato destes enfrentarem a problemaacutetica da sazonalidade de visitaccedilotildees em virtude do lazer de sol e mar define-se a hipoacutetese de que a sazonalidade recorrente da principal atividade econocircmica resulta em instabilidades financeiras tanto as instituiccedilotildees locais como para a proacutepria populaccedilatildeo promovendo adequaccedilotildees dos empreendimentos especialmente no que se refere aos viacutenculos de trabalho Em consequecircncia os empreendimentos formais natildeo encontram suporte financeiro para sua manutenccedilatildeo resultando na criaccedilatildeo de empreendimentos informais que satildeo caracteriacutesticos destes locais (p 109-110)
Na temporada de praia conforme relato do entrevistado3 muitos MEI
transferiram-se ou se formalizam em Pontal do Paranaacute com vistas agrave fiscalizaccedilatildeo
intensa nesse periacuteodo Ao fim do veratildeo muitos vatildeo embora para suas cidades e
datildeo baixas das empresas Outros ―natildeo conseguem sequer pagar o boleto DAS no
final do mecircs (transcriccedilatildeo) com isso acabam por encerrar a microempresa e
87
―sobrevivendo com o que conseguiram juntar no veratildeo (transcriccedilatildeo) concorrendo
para o nuacutemero expressivo de baixas em janeiro e fevereiro de cada ano
Monteiro (2013b) acentua sobre a sazonalidade nos municiacutepios da
plataforma no Paranaacute e a variaccedilatildeo populacional decorrente do veratildeo e de alguns
feriados Para esse fato ele denomina de ―As meias cidades do litoral paranaense
(p 5)
[] as cidades do litoral transformam-se acentuadamente literalmente da noite para o dia quando chegam as pessoas para as festas de fim de ano e feacuterias de veratildeo Boa parte dos domiciacutelios vagos satildeo ocupados muitos com concentraccedilatildeo de mais de 4 pessoas por cocircmodo (MONTEIRO 2013b p 5)
A sazonalidade eacute um imperativo importante na observaccedilatildeo das baixas dos
MEI apoacutes a temporada de veratildeo Por outro lado destacamos uma variaacutevel
dependente que eacute a formaccedilatildeo da dinacircmica do mercado local em participar e
introduzir certa sustentabilidade das empresas atraveacutes de variaacuteveis como a da oferta
de trabalho aumento de consumo cooperaccedilatildeo entre as empresas locais entre
outras
Dessa maneira as empresas inclusas em um sistema de mercado
fortalecido onde a capacidade de gerar riqueza seja mais sustentaacutevel tecircm mais
possibilidades de prosperar e manter suas atividades Portanto um mercado ativo
comumente tem respaldo do poder puacuteblico local e as micro e pequenas empresas
que surgem em meio a essa dinacircmica requerem estrateacutegias definidas com vistas a
competirem no mercado aberto
Podemos discorrer na perspectiva de Sachs (2003) e Sen (2000) que aleacutem
de fomentar a formalizaccedilatildeo de micro pequenos e meacutedios empreendimentos dado a
―cobertura social para os trabalhadores (SACHS 2003 p113) ndash na visatildeo desse
autor a principal vantagem ndash eacute necessaacuterio expandir formas de adequaccedilatildeo agrave
sustentabilidade dessas empresas uma vez que lanccediladas no mercado aberto satildeo
incapazes de competir com empresas maiores e ampliar sua estrutura
A mortalidade nessa competiccedilatildeo em condiccedilotildees de inferioridade eacute elevada para os micro e pequenos empreendimentos Nuacutemeros do SEBRAE apontam para taxas de 32 de fechamento em menos de um ano 44 em menos de dois anos 56 em menos de trecircs 66em menos de quatro e 71 em menos de cinco (SACHS 2003 p 35)
Como analisa Sachs (2003) os pequenos e meacutedios empreendimentos natildeo
tecircm como sobreviver no mercado aberto dado a baixa capacidade de produzir em
88
condiccedilotildees desiguais No questionaacuterio aplicado ao MEI veremos algumas barreiras
que acentuam essas desigualdades
43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO
O questionaacuterio31 elaborado para o MEI e aplicado nos municiacutepios de
Matinhos Guaratuba Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute foi um instrumento que
permitiu ilustrar uma realidade da categoria MEI frente aos desafios enfrentados no
decorrer da sua formalizaccedilatildeo na mesma medida em que possibilitou compreender
um pouco a realidade concreta desses trabalhadores exposta pelas suas opiniotildees
suas respostas objetivas e por vezes subjetivas Ou seja uma fonte de
―informaccedilotildees vivas (RAYNAUT C et al 2002)
No mesmo sentido a anaacutelise dos dados tornou-se importante posto que
buscamos compreender a aproximaccedilatildeo entre alguns mecanismos de apoio ao MEI
descritos na Lei Geral (12308) e o Acesso em a esses mecanismos pelo puacuteblico
alvo
O questionaacuterio procurou coletar dados dos microemprendedores individuais
segundo atividade econocircmica tempo de atuaccedilatildeo no mercado formalizado renda
bruta participaccedilatildeo em compras puacuteblicas local da atividade econocircmica quanto agrave
capacitaccedilatildeo e consultoria entre outros
O questionaacuterio foi aplicado a trinta microemreendedores individuais
Natildeo houve classificaccedilatildeo especiacutefica para a escolha dos entrevistados na
aplicaccedilatildeo do questionaacuterio O que se propocircs a fazer foi deslocar ateacute o local de
trabalho do MEI e aplicar o questionaacuterio em meio agraves suas atividades Esta teacutecnica
possibilitou observar a estrutura do estabelecimento e dialogarmos diretamente com
o microempreendedor individual sobre suas dificuldades e avanccedilos apoacutes a
formalizaccedilatildeo Alguns MEI foram pouco receptivos a participar do questionaacuterio mas a
maioria se sentiu muito a vontade em responder as perguntas
431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral
do Paranaacute
31
O formulaacuterio aplicado ao MEI encontra-se nos anexos dessa dissertaccedilatildeo
89
Veremos abaixo (GRAacuteFICO 7) que a maior parte dos MEI respondentes
(n=24) estaacute alocada nos setores de serviccedilos e comeacutercio Doze (n=12) exercem suas
atividades no setor de prestaccedilatildeo de serviccedilos (informaacutetica conserto de bicicleta
eletrocircnica cabeleireira sapateiro) e doze (n=12) pertencem ao comeacutercio (papelaria
armarinho produtos de limpeza pet shop loja de roupas comeacutercio de artigos de
praia entre outros) Dos respondentes trecircs (n=3) exercem suas atividades na aacuterea
da cultura
GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE ECONOcircMICA ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Na observaccedilatildeo dos dados percebemos a maior concentraccedilatildeo da atividade
econocircmicano setor terciaacuterio Esta anaacutelise jaacute foi descrita por Superville e Quintildeones
(2000) Barbosa (2007) no qual concluiacuteram que o trabalhador fabril foi deslocado
para este setor passando ser um trabalhador de serviccedilos
Os empreendedores na perspectiva de Nassif et al (2014) apresentam
uma variaccedilatildeo de caracteriacutesticas como a criatividade flexibilidade autonomia e ideias
para inovar Poreacutem tal como notamos anteriormente as oportunidades de produzir
bens e serviccedilos satildeo frequentemente diferentes tanto pela capacidade de
investimento em tecnologia e informaccedilatildeo tanto pela expectativa de uma formaccedilatildeo
bruta de capital Ao analisarmos a capacidade estrutural dos MEI (condiccedilotildees
econocircmicas e de compreensatildeo de mercado) percebemos o distanciamento
(desconhecimento) dos instrumentos geradores de seu desenvolvimento previstos
em lei Os instrumentos descritos na Lei Geral (12306) podem facilitar e auxiliar na
Comeacutercio reparaccedilatildeo deveiacutec automotores emotocicleta
Outras atividades eserviccedilos
educaccedilatildeo
cultura
construccedilatildeo
natildeo respondeu
90
melhoria dos negoacutecios e desencadear um processo de desenvolvimento Na
percepccedilatildeo de Pochmann ( 2004) Sen (2000) Sachs (2003) o desenvolvimento eacute
associado simultaneamente ao crescimento econocircmico com o fortalecimento da
capacidade de produccedilatildeoacumulaccedilatildeo e pela ampliaccedilatildeo das liberdades substantivas
432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute
No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 8) percebemos a quantidade de anos
formalizados dos MEI respondentes
GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30)
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Observamos que dos respondentes 09 (nove) estatildeo formalizados haacute um
ano o que configura como a maioria dos microemperendedores formalizados
Percebemos uma reduccedilatildeo no nuacutemero de empreendimentos entre cinco e onze anos
de funcionamento
No primeiro ano de funcionamento conforme os dados acima (GRAacuteFICO 8)
dos microempreendimentos seis (n=6) desenvolvem suas atividades no comeacutercio e
dois(n=2) suas atividades estatildeo relacionadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos
Sachs (2003) ao analisar dados do SEBRAE nos diz que em menos de cinco
anos 71 das micro e pequenas empresas fecham as portas o que demonstra em
sua perspectiva e de Sen (2000) aleacutem da fragilidade dessa categoria existe a falta
de instrumentalizaccedilatildeo e praacuteticas dos mecanismos existentes para manter os
microempreendedores na formalidade e provocar a ruptura desse quadro
0
5
10
15
20
25
30
ateacute 1ano
ateacute 2anos
ateacute 3anos
ateacute 4anos
ateacute 5 ateacute 6anos
ateacute 8anos
ateacute 11anos
()
anos de formalizaccedilatildeo
91
O aumento ou a diminuiccedilatildeo gradual das formalizaccedilotildees de micro e pequenos
empreendimentos na MRGP assim como o fortalecimento desses empreendedores
pode representar indicativos do respaldo dado pelas estrateacutegias e accedilotildees colocadas
em praacutetica com base na Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo observando que
O principal objetivo das poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave consolidaccedilatildeo das MPE deve estar em assisti-las no desenvolvimento de uma competitividade genuiacutena que lhes permita aumentar gradualmente os salaacuterios estar em dia com os encargos sociais e impostos superar o imediatismo e adquirir uma perspectiva de longo prazo na gestatildeo do negoacutecio e na previsatildeo de investimentos (SACHS 2003 p 35)
Desse modo as estrateacutegias devem superar as circunstacircncias especiacuteficas de
processos burocraacuteticos ligados agrave formalizaccedilatildeo e sim expandir suas accedilotildees de
maneira que as MPE possam adquirir autonomia sustentaacutevel e desempenhar um
papel relevante na economia local
Observamos que Sachs (2003) alertava para as principais dificuldades
encontradas no desenvolvimento das MPE ―Acesso em ao creacutedito ao mercado agrave
miacutedia ao poder puacuteblico agrave classe poliacutetica e especialmente agrave tecnologia e ao
conhecimento [] (idem p 113) A falta de Acesso em a esses instrumentos
importantes restringe a capacidade de ampliaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo
(tecnologia de gestatildeo lucratividade rentabilidade) quanto ao de arranjos produtivos
locais
Para Albuquerque e Zapata (2010 p 2016) ―a introduccedilatildeo de inovaccedilotildees
tecnoloacutegicas e o fomento da capacidade empresarial e organizativa nos diferentes
acircmbitos territoriais satildeo variaacuteveis estrateacutegicas da poliacutetica de desenvolvimento e
podem possibilitar a reversatildeo ou minimizar as assimetrias do mercado resultantes
da competitividade desigual
434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP
Ao analisar o graacutefico baixo (GRAacuteFICO 9) observamos que vinte e trecircs
(n=23) dos respondentes disseram natildeo ter ou natildeo tiveram relaccedilotildees comerciais com
o municiacutepio Certamente que boa parte dos entrevistados natildeo possui caracteriacutesticas
comerciais para fornecer ao poder puacuteblico no entanto alguns setores dentre os
quais educaccedilatildeo eletrocircnica informaacutetica incluso nos tracircmites legais podem fornecer
92
serviccedilos para o municiacutepio No setor de comeacutercio papelarias e loja de materiais de
limpeza tecircm a possibilidade de fornecimento na compra direta dispensada de
licitaccedilatildeo descrita nos art 23 e 24 da Lei 86661993 Da mesma forma no setor de
serviccedilos observado as normas juriacutedicas
GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA MRGP (N=30)
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Nas licitaccedilotildees muitos respondentes (n=23) disseram natildeo manter relaccedilotildees
comerciais com o poder puacuteblico e desconhecem o funcionamento para participar do
processo O que denota a pouca extensatildeo de estrateacutegias como o Programa
―Compras Paranaacute Esse programa tem como foco otimizar o processo de licitaccedilatildeo
para empresas locais Propicia no mesmo sentido a capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios
puacuteblicos nesse processo e a capacitaccedilatildeo de fornecedores que desejam participar de
licitaccedilotildees
Para tanto na compra puacuteblica eacute indispensaacutevel a orientaccedilatildeo em licitaccedilotildees que
possam ser direcionadas agraves micro e pequenas empresas locais da regiatildeo Mas para
isso o setor puacuteblico tem que estar bem preparado assim como o empresariado local
para estabelecer a conexatildeo Segundo o entrevistado4 esta eacute uma condiccedilatildeo iacutempar no
sentido do desenvolvimento empresarial localizado
Ressaltamos que as compras puacuteblicas ou contrataccedilotildees puacuteblicas podem
conduzir e inserir os micro e pequenos empreendimentos no mercado uma vez que
a esfera puacuteblica constitui um mercado estaacutevel de relaccedilotildees comerciais quase sempre
sim
natildeo
natildeo respondeu
93
em ampliaccedilatildeo O capiacutetulo V da LC 12306 alterado pela 14714 descreve sobre os
criteacuterios a serem adotados em favorecimento agraves MPE quanto ao Acesso em ao
mercado destacando as compras e contrataccedilotildees puacuteblicas e sobre o processo de
licitaccedilatildeo
Segundo o SEBRAE 76 das MPE de Paranaguaacute natildeo participaram em
processos de compras puacuteblicas entre os anos de 2011-2014 Dessas empresas
55 desconhecem as oportunidades para comercializar com governoempresas
estatais Nesse sentido a pouca eou dificultosa informaccedilatildeo fornecida para o MEI
quanto aos serviccedilos disponibilizados pelo municiacutepio e sobre os instrumentos de
regulamentaccedilatildeo e direitos a Acesso ems facilitados dispostos na Lei Geral (12306)
poderia ser revertida pela divulgaccedilatildeo nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo locais - jornais
circulantes nos municiacutepios raacutedios comunitaacuterias por exemplo aleacutem dos oficiais ndash
relativo aos direitos e obrigaccedilotildees do MEI incorporado agrave sua formalizaccedilatildeo com o
propoacutesito de inseri-lo no mercado (trabalho) sua expansatildeo e sustentabilidade
Em Pontal do Paranaacute o secretaacuterio de desenvolvimento afirma que o
municiacutepio estaacute se empenhando para que as empresas locais inclusive o MEI
participem das licitaccedilotildees Para isso segundo ele a prefeitura se adequou a LC
14714 no sentido de que uma licitaccedilatildeo de determinado valor seja dividida para
facilitar o Acesso em dos microempreendedores observando igualmente a
possibilidade de pagamento de 10 a mais do valor miacutenimo para o MEI Essas satildeo
adequaccedilotildees importantes adotadas por Pontal do Paranaacute atraveacutes do Concelho
Gestor Municipal (CGM) Comenta o E8 sobre o CGM
Uniu mais a populaccedilatildeo agrave prefeitura uniu mais o microempreendedor a vender para a prefeitura Natildeo tinha ningueacutem vendendo pocirc Natildeo tinha ningueacutem fornecendo pra prefeitura Hoje noacutes temos o pequeno e microempresaacuterio fornecendo pra prefeitura Uniu os benefiacutecios e os trouxe pra prefeitura e pra comunidade neacute Um dinheiro pra circular aqui dentro e natildeo ir pra fora Por exemplo uma licitaccedilatildeo que era de ―x valor noacutes fomos quebrando ela em quatro ou cinco vezes para dar preferecircncia para o povo daqui Uma licitaccedilatildeo que era de R$ 10000000 noacutes fizemos quatro de 25 dividimosah compra o caderno de um laacutepis do outro caneta de outro Dividimos pra que o povo daqui participasse E deu certo Essa foi uma grande evoluccedilatildeo do Comitecirc Gestor (transcriccedilatildeo) (entrevistado8)
O conhecimento das bases legais de funcionamento da categoria no nosso
entendimento a ampliaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo para lidar com o mercado e a
aproximaccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados tanto pelo setor puacuteblico quanto pelo
94
setor privado poderaacute produzir em curto prazo impactos positivos no
desenvolvimento do MEI dentro da economia de mercado
Todavia o municiacutepio de Guaratuba ainda natildeo adaptou integralmente a LC
12306 e sua alteraccedilatildeo LC 1472014 ao seu modelo de gestatildeo pois os MEI que
participaram da pesquisa (Guaratuba) relataram que o municiacutepio cobra por taxas de
alvaraacute de funcionamento32 O municiacutepio isenta esse custo somente no primeiro ano
de abertura do micro negoacutecio contrariando dessa forma o disposto no art 4ordm sect3ordm
da LC 1472014
[] ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (grifo nosso)
O apoio ao MEI eacute fundamental pois esse tecido empresarial (MPE)
segundo autores como Sachs (2003) Albuquerque e Zapata (2010) e Sen (2000)
respondem por boa parte dos empregos e da renda da populaccedilatildeo Para o SEBRAE
(2014) 52 dos empregos formais no Brasil estatildeo nas micro e pequenas
empresas o que corresponde agrave significativa importacircncia dessa categoria
empresarial no desenvolvimento da economia brasileira
As observaccedilotildees e alteraccedilotildees contidas na LC 14714 representam avanccedilos
significativos na perspectiva do desenvolvimento dando maior envergadura social agrave
LC 12306 Esse dispositivo legal possui impacto positivo fundamental para
aumentar as oportunidades do MEI a se manter na formalidade pela inovaccedilatildeo na
reduccedilatildeo de barreiras de Acesso em ao mercado e agrave competitividade
Dentre os principais dispositivos contidos na LC 14714 incorporados a
outras ferramentas descritas na LC 12808 estatildeo
a Tributaccedilatildeo reduccedilatildeo a zero dos custos para o MEI (art 4ordmsect 1ordm e sect 3ordm)
b Desburocratizaccedilatildeo tratamento diferenciado pelos optantes do Simples
Nacional Cadastro uacutenico do CNPJ dispensados os demais cadastros
estaduais e municipais (art 1ordm inciso 4ordm)
32
Essa informaccedilatildeo foi confirmada pelo setor de fiscalizaccedilatildeo do municiacutepio de Guaratuba
95
A debilidade de uma microempresa ou ateacute a sua falecircncia pode acarretar
natildeo somente numa estatiacutestica de dados econocircmicos mas em resultados
socialmente negativos A microempresa eacute o trabalho do MEI seu sustento e de sua
famiacutelia suas necessidades baacutesicas satildeo satisfeitas atraveacutes de seu trabalho que eacute o
substrato da sua dignidade
O trabalho eacute uma dimensatildeo da vida essencial para a realizaccedilatildeo da humanidade lembra Joatildeo Paulo II na enciacuteclica Laboren Exercens A enciacuteclica papal observa que o valor do trabalho localiza-se na pessoa que o realiza natildeo podendo portanto ser compreendido como uma forccedila anocircnima de produccedilatildeo com o trabalhador equiparado a mero instrumento a serviccedilo do capital (BROM 2006 p 55)
Outra ferramenta possiacutevel associada a outros dispositivos que convertam no
fomento dos micro e pequenos empreendimentos eacute o Acesso em ao creacutedito como
forma de capital gerador de expansatildeo econocircmica assinalado por Sachs (2003) Sen
(2000)
435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute
O capiacutetulo IX da LC 12306 introduz na legislaccedilatildeo brasileira em
consonacircncia com o art 170 e 179 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 dispositivos
essenciais ao estiacutemulo ao creacutedito e ao microcreacutedito para micro e pequenas
empresas abrindo espaccedilo para inauguraccedilatildeo de formas e metodologias especiacuteficas
externas ao sistema creditiacutecio convencional o que caracteriza a concepccedilatildeo de
universalizar o creacutedito
Segundo a legislaccedilatildeo pertinente o sistema de creacutedito brasileiro deveraacute criar
linhas especiais de creacutedito a atender a demanda dos micro e pequenos
empreendimentos ―[] objetivando a reduccedilatildeo do custo de transaccedilatildeo a elevaccedilatildeo da
eficiecircncia alocativa o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto
informacional [] (LC 15516 art 57)
A posiccedilatildeo do sistema puacuteblico de creacutedito facilitado eacute fundamental na
intervenccedilatildeo do creacutedito frente ao sistema aberto convencional Atraveacutes do sistema
creditiacutecio com vinculaccedilatildeo federal ndash Caixa Econocircmica Federal (CEF) Banco Nacional
de Desenvolvimento Social (BNDES) Banco do Brasil (BB) (art 58 LC 15516) - e
dos bancos comerciais puacuteblicos estaduais abre-se espaccedilo para a inclusatildeo no
sistema de creacutedito agraves pessoas que natildeo possuiacuteam Acesso em ao serviccedilo Dessa
96
forma os bancos comerciais puacuteblicos passam a ser considerados atores importantes
nas poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento posto seu ponto estrateacutegico na alocaccedilatildeo
de creacutedito caracterizado como insumo necessaacuterio agrave ampliaccedilatildeo das oportunidades e
expansatildeo econocircmicas
A CEF o BB ndash entidades federalizadas ndash e o Fomento Paranaacute ndash entidade
estadual - satildeo os principais atores dentro da poliacutetica de Acesso em ao sistema de
creacutedito e microcreacutedito que atuam diretamente na MRGP
O art 62 da PLC 12306 a exemplo orienta o Banco Central a intervir na
ampliaccedilatildeo e facilidades agraves linhas de creacuteditos para os MEI e MPE que em
contrapartida estimularia a competiccedilatildeo bancaacuteria A disponibilizaccedilatildeo e a facilitaccedilatildeo
ao creacutedito ou ao microcreacutedito por instituiccedilotildees financeiras privadas ou estatais como
o banco do Brasil (BB) o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) pela Caixa
Econocircmica Federal33 (CEF) e outras instituiccedilotildees financeiras alinhadas ao
microcreacutedito estaacute respaldada no sect2o do art62 e nos art 57 58 59 e 60 da
supracitada PLC bem como na Lei federal 111102005 Esta institui o Programa
Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO) ―com o objetivo de incentivar
a geraccedilatildeo de trabalho e renda entre os microempreendedores populares (BRASIL
2005)34
O microcreacutedito segundo o SEBRAE consiste no fornecimento de creacutedito
aos microempreendedores que natildeo possuem Acesso em ao sistema financeiro
tradicional e estaacute inserido no contexto da microfinanccedila destinado agraves pessoas de
baixa renda Ainda segundo o SEBRAE suas principais caracteriacutesticas satildeo
A) ausecircncia de garantias reais jaacute que a maioria das transaccedilotildees tem como garantia o aval solidaacuterio b) Concessatildeo de creacutedito aacutegil e adequado ao ciclo de negoacutecios do empreendimento c) Baixo custo de transaccedilatildeo devido agrave proximidade entre a instituiccedilatildeo e o tomador dos empreacutestimos e agrave inexistecircncia de burocracia d) Accedilatildeo econocircmica com forte impacto social na comunidade e) Elevado custo operacional para a instituiccedilatildeo fornecedora dos recursos f) Metodologia especiacutefica que consiste na concessatildeo assistida do creacutedito (wwwsebraecombr)
O SEBRAE (2012) evidenciou que no Brasil em 2011 12 dos MEI
buscaram linhas de creacutedito em instituiccedilotildees financeiras e 88 natildeo recorreram ao
33
Os encargos da Caixa Econocircmica Federal constituem 1) taxa de juros 295 ao mecircs 2) taxa de abertura de creacutedito (TAC) 3 do valor do contrato 3) Aliacutequota zero sobre o Imposto sobre Operaccedilotildees de Creacutedito (IOF) 34
O BNDES proporciona um creacutedito de ateacute R$ 2000000 por cliente o Banco do Brasil R$ 1500000 (ateacute a data desse trabalho)
97
creacutedito Desses MEI 43 obtiveram empreacutestimos e 57 natildeo conseguiram
formalizar o empreacutestimo Em 2012 10 recorreram ao creacutedito sendo que 52
desses obtiveram empreacutestimos e 48 natildeo conseguiram o financiamento Em 2015
84 dos MEI natildeo procurou obter empreacutestimo junto agraves instituiccedilotildees financeiras Dos
16 que recorreram ao creacutedito 55 conseguiram o empreacutestimo e 45 natildeo
efetivaram o creacutedito
Entre os anos de 2011 e 2015 como aponta o SEBRAE houve decreacutescimo
de trecircs pontos percentuais pelos MEIS na taxa de procura por financiamentos junto
agraves instituiccedilotildees financeiras Sendo que as instituiccedilotildees puacuteblicas representam uma
parcela significativa na procura por empreacutestimos pelos Microempreendedores
individuais
Como podemos observar (TABELA 11) entre os anos 2011 e 2015 houve
reduccedilatildeo na taxa de procura entre os dois anos mas a reduccedilatildeo foi mais expressiva
na taxa de aprovaccedilatildeo Isso estaacute relacionado agraves medidas mais restritivas de creacutedito
do ano de 2015 que afetaram a poliacutetica de fomento aos MEI como aos demais
empreendedores
TABELA 11 - PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)
INSTITUICcedilAtildeO DE CREacuteDITO
PROCURA POR EMPREacuteSTIMO ()
EMPREacuteSTIMO APROVADO ()
2011 2015 2011 2015
Instituiccedilotildees Financeiras Puacuteblicas 68 67 00 44 Instituiccedilotildees Privadas 27 0 22 49 Cooperativas de creacutedito 4 6 99 42
FONTE SEBRAE (20122015)
Todavia alguns dispositivos de apoio e estiacutemulos a essas categorias
empresariais descritos nas LC 12306 e LC 12808 tais como baixa tributaccedilatildeo
programas de capacitaccedilatildeo e mesmo o Acesso em ao creacutedito a exemplo que
estimulem o seu desenvolvimento seratildeo analisadas posteriormente quando
abordarmos a MRGP
O microcreacutedito produtivo consiste numa ferramenta utilizada em muitos
paiacuteses como estrateacutegia de reduccedilatildeo da pobreza na promoccedilatildeo de emprego e renda e
na consolidaccedilatildeo do aumento da capacidade produtiva de microempreendimentos
aleacutem de favorecer condiccedilotildees a melhoria de vida das pessoas mais empobrecidas e
socialmente vulneraacuteveis (PEREIRA 2006 BARONE et al 2002)
98
O microcreacutedito democratiza o Acesso em ao creacutedito fundamental para a vida moderna do qual grande parte dos brasileiros estaacute excluiacuteda A disponibilidade de creacutedito para empreendedores de baixa renda capazes de transformaacute-lo em riquezas para eles proacuteprios e para o paiacutes faz do microcreacutedito parte importante das poliacuteticas de desenvolvimento (BARONE et al 2002 p 11)
No Brasil o microcreacutedito eacute regulamentado e normatizado pela Lei
111102005 que institui o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado
(PNMPO) e ―tem por finalidade especiacutefica disponibilizar recursos para o microcreacutedito
produtivo orientado (Lei 111102005 art 1ordm sect 2ordm)
O microcreacutedito produtivo orientado segundo Barone et al (2002) possui
efeito positivo junto aos tomadores de financiamento no sentido de melhoria das
condiccedilotildees habitacionais de sauacutede e alimentares da expectativa da restituiccedilatildeo da
cidadania e da auto-estima aleacutem da geraccedilatildeo de emprego e renda das famiacutelias que
fazem o uso desse instrumento
Tal posicionamento eacute defendido por Pereira (2005) posto os resultados
empiacutericos obtidos em estudos realizados no Centro de Apoio de Pequenos
Empreendimentos no Estado da Paraiacuteba (CEAPEPB) em 2005 Em suas anaacutelises
ela concluiu que o microcreacutedito proporciona a expansatildeo do ativo circulante35 e do
patrimocircnio liacutequido tendo peso significativo na consolidaccedilatildeo dos empreendimentos
(PEREIRA 2005 p 78) Percebe-se dessa maneira o impacto positivo do
microcreacutedito em paracircmetros econocircmicos aleacutem de ser uma ferramenta de
intervenccedilatildeo na exclusatildeo social Entretanto a situaccedilatildeo na MRGP apresenta um
quadro criticamente diverso A tabela abaixo (TABELA 12) expressa a regressatildeo
significativa das transaccedilotildees de creacutedito pela CEF na MRGP entre os anos 2015 e
2016
TABELA 12 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS NA MRGP CEDIDOS
PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS MPE (2015-2016)
ANO TOTAL DE CONTRATOS VALOR TATOAL (R$)
2015 13909 3759861821
2016 2756 795389276
FONTE CONTROLADORIA GERAL DA UNIAtildeO ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIA
35
O ativo circulante compreende o dinheiro em caixa os saldos bancaacuterios e todos os valores que podem ser convertidos em dinheiro imediatamente (SANDRONI 1999)
99
A diminuiccedilatildeo nos financiamentos estaacute atrelada em parte pelo baixo
desempenho da economia e por outro lado a forte restriccedilatildeo do sistema bancaacuterio no
processo de seletividade para o creacutedito Para o entrevistado3
Existe um preconceito muito grande seja por parte de associaccedilotildees seja por parte de instituiccedilotildees financeiras neacute Porque o MEI eacute um risco Como que eacute avaliado Ah ele eacute pequenininho Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar a mensalidade Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar um financiamento Eu vejo isso como um preconceito Mas eu natildeo tiro toda razatildeo da parte financeira (transcriccedilatildeo) (entrevistado3)
Notemos que o nuacutemero de contratantes (TABELA 12) em 2015 em relaccedilatildeo
ao nuacutemero de MPE na MRGP (TABELA 13) abaixo atingiu o percentual de 4487
No ano seguinte (2016) esse percentual reduziu sensivelmente para 814
TABELA 13 - NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016)
FONTE EMPRESOcircMETRO
Ainda na comparaccedilatildeo entre os dados expressos acima (TABELAS 12 e 13)
percebemos que a retraccedilatildeo nos contratos de financiamentos representou um
decreacutescimo de 2115 de ativos circulantes das MPE na MRGP o que compromete
o desenvolvimento tendo em vista que em meacutedia 95 das empresas da regiatildeo satildeo
MPE (Empresocircmetro) e geram empregos renda e tem forte impacto na produccedilatildeo de
riqueza em seus municiacutepios
Partindo das anaacutelises de Kohler (2010) observamos que o aumento da
atividade econocircmica requer a expansatildeo da capacidade de investimento o qual ele
denomina de ―investimento produtivo O investimento produtivo na concepccedilatildeo do
MUNICIacutePIO Nordm MPE
2015 2016
Antonina 1453 1581
Guaraqueccedilaba 358 400
Guaratuba 3913 4333
Matinhos 4138 4716
Morretes 1559 1703
Paranaguaacute 13612 14728
Pontal do Paranaacute 3929 4372
TOTAL 30977 33849
100
autor eacute um elemento importante na produccedilatildeo de riqueza local pois se materializa
em uma variaacutevel ex ante a poupanccedila produtiva resultado da riqueza gerada
Tratando-se do MEI as condiccedilotildees de alocaccedilatildeo de ―investimentos
produtivos- aquisiccedilatildeo de tecnologias maacutequinas estoque ndash podem ser referenciadas
na Lei Geral atraveacutes do estiacutemulo ao creacutedito
Magalhatildees Junior (2016) ao analisar o impacto dos micro - financiamentos
realizados nos municiacutepios paranaenses atraveacutes do Programa Banco do
Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) concluiu que a adiccedilatildeo em meacutedia de 1
nos contratos de microcreacutedito junto ao Programa Banco Empreendedor Paranaacute
possibilitou o aumento da capacidade econocircmica dos municiacutepios participantes em
032 entre os anos 2010 e 2013
Os dados abaixo (TABELA 14) demonstram o nuacutemero de contratos
creditiacutecios firmados com o MEI na MRGP junto ao Fomento Paranaacute entre os anos
2014 ndash 2016 Observamos ainda a elevaccedilatildeo de 400 no nuacutemero de financiamentos
entre os anos 2015 ndash 2016 ao contraacuterio dos bancos puacuteblicos federalizados que
manifestaram reduccedilatildeo nos contratos
TABELA 14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016)
MUNICIacutePIO Nordm DE FINANCIAMENTOS
2014 2015 2016
Antonina 3 3 4
Guaraqueccedilaba
6
Guaratuba 5
Matinhos 4
12
Morretes 10 3 12
Pontal do Paranaacute
7
TOTAL 29 9 45
FONTE FOMENTO PARANAacute ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIAPR
Mesmo com essa expansatildeo significativa o percentual em relaccedilatildeo ao
nuacutemero de MEI na MRGP eacute pouco expressivo pois representou apenas 038 do
total dos microempreendedores em 2016
Tal qual o nuacutemero de contratos os valores financiados aumentaram
significativamente em 47630 entre os anos 2015 ndash 2016 como demonstrado
101
abaixo (GRAacuteFICO10) Esse percentual segundo um agente representante do
Programa Banco Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) da regiatildeo deve cair
novamente em funccedilatildeo dos municiacutepios do litoral natildeo renovarem os convecircnios com o
banco supracitado
GRAacuteFICO 10- VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP ATRAVEacuteS DO
PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016)
FONTE Fomento Paranaacute ndash elaboraccedilatildeo proacutepria ndash dados obtidos atraveacutes
do Portal da Transparecircncia
Ao analisarmos os dados do graacutefico abaixo sobre o nuacutemero de contratos
firmados junto ao sistema de creacutedito na MRGP pelos respondentes (n=30)
reparamos que vinte e quatro (n=24) dos entrevistados (GRAacuteFICO 11) disseram natildeo
ter contratado financiamentos junto agraves entidades creditiacutecias para expandir seus
negoacutecios e seis (n=6) responderam ter realizado empreacutestimo Dos respondentes que
realizaram financiamentos quatro (n=4) disseram ter utilizado como capital de giro e
dois (n=2) dos respondentes que adquiriram o financiamento relataram que o
utilizaram tanto como capital de giro como para expandir os negoacutecios e na compra
de materiais
R$26674633
R$8176690
R$47121657
2014 2015 2016
Valor contratado (R$)
102
GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Um fato interessante no momento da entrevista eacute que grande parte dos
respondentes natildeo tinha conhecimento sobre essa prerrogativa estabelecida em lei e
nem mesmo disse conhecer as implicaccedilotildees que um financiamento produtivo
empregado de forma adequada pode oferecer para a melhoria das condiccedilotildees dos
microempreendimentos
436 O associativismo e os MEI na MRGP
O associativismo pode ser caracterizado como cooperaccedilatildeo para crescer
juntos Quem se associa usualmente tem objetivos em comum portanto a
cooperaccedilatildeo eacute fundamental ao avanccedilo desses objetivos
Com o escopo de incluir as MPE no processo produtivo competitivo e
saudaacutevel jaacute no art 1ordm inciso III a LC 12306 preceitua como uma das normas
descritas o Acesso em ao associativismo acentuando no capiacutetulo VIII da referida
Lei Geral que a associaccedilatildeo seraacute regulamentada sob a forma de Sociedade de
Propoacutesito Especifico (SPE)36 e ―seraacute constituiacuteda como Sociedade Limitada37 (art 56
sect2ordm inciso VII)
36
Sociedade de Propoacutesito Especiacutefico (SPE) eacute um modelo de organizaccedilatildeo empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anocircnima com um objetivo especiacutefico ―cuja atividade eacute bastante restrita podendo em alguns casos ter prazo de existecircncia determinado normalmente utilizada para isolar o risco financeiro da atividade desenvolvida (SEBRAE)disponiacutevel lthttpwwwbibliotecassebraecombrchronusARQUIVOS_CHRONUSbdsbdsnsff25877ce0f2ecbca17355fc33397deea$File5189pdfgtgt Esta previsatildeo estaacute fundamentada no art 981 do Coacutedigo Civil de 2002 37
Forma societaacuteria com personalidade juriacutedica de participaccedilatildeo definida com base em seu investimento
sim
natildeo
103
Uma associaccedilatildeo tem como objetivo a manutenccedilatildeo e salvaguarda do
interesses de seus associados promovendo permanentemente os lastros de
cooperaccedilatildeo entre eles reconhecendo que para prosperar eacute necessaacuteria adequaccedilatildeo
institucional administrativa e de recursos para adaptaccedilotildees decorrentes de
mudanccedilas em cenaacuterios especiacuteficos (social economia poliacutetica)
Agraves MPE em especial aos microempreendedores individuais as concepccedilotildees
do associativismo satildeo maneiras integradas ao movimento de inclusatildeo dessa
categoria no processo mercantil uma vez que a fragilidade no Acesso em ao
mercado ao creacutedito agraves tecnologias jaacute mencionadas anteriormente as relaccedilotildees
estabelecidas na consolidaccedilatildeo associativa geram possibilidades de surgirem
externalidades tais como conexotildees comerciais fortalecimento econocircmico
benefiacutecios em funccedilatildeo das parcerias com a associaccedilatildeo dentre outras Nessa
perspectiva
o estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo como forma de minimizar as fraquezas estruturais que envolvem os microempreendedores se apoia na perspectiva de que os atores econocircmicos natildeo podem ser tomados como aacutetomos isolados posto que suas accedilotildees dependem de vaacuterias limitaccedilotildees advindas das relaccedilotildees estabelecidas com outras organizaccedilotildees (CERQUEIRA CUNHA MOHR SOUZA ABRAHAO FLEIG 2014 p 739)
Abaixo (GRAacuteFICO 12) estatildeo os resultados sobre a participaccedilatildeo dos
respondentes (n=30) em associaccedilotildees de representaccedilatildeo da categoria Dos
respondentes vinte e oito (n=28) responderam que natildeo satildeo membros de nenhuma
associaccedilatildeo e dois (n=2) decidiram por natildeo responder
GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO REPRESENTANTE DA CATEGORIA
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
sim
natildeo
natildeo respondeu
104
No litoral identificamos (QUADRO 8) as principais entidades representantes
da classe comercial e industrial as quais abrem espaccedilo para o MEI se associar
QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO PARANAacute
ENTIDADE DESCRICcedilAtildeO
ACIG Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Guaratuba
ACIMA Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos
ACIAPAR Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Pontal do Paranaacute
ACIAP Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Paranaguaacute
ACIAM Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agropecuaacuteria de Morretes
AMPEC LITORAL Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do litoral do Paranaacute
FONTE Dados da PesquisaAssociaccedilotildees que possuem mensalidades reduzidas para os MEI
As entidades de classe descritas no quadro acima estatildeo distribuiacutedas em
todo o litoral paranaense mas destacamos a AMPEC por seu aspecto principal que
eacute uma associaccedilatildeo dos micro e pequenos empreendedores do litoral
A ASSOCIACcedilAtildeO teraacute por finalidade congregar as Microempresas Empresas de Pequeno Porte os Empreendedores Individuais e os profissionais autocircnomos formais e informais industriais comerciais agriacutecolas artesatildeos e prestadoras de serviccedilos em forma de associados optantes objetivando a promoccedilatildeo social e econocircmica estimulando o desenvolvimento e defendendo o interesse de seus associados (art 4ordm Estatuto Social AMPEC)
A AMPEC com sede em Pontal do Paranaacute na visatildeo do entrevistado2 eacute
muito importante poreacutem natildeo existe apoio do poder puacuteblico local ou de entidades que
possam contribuir para o desenvolvimento da associaccedilatildeo e de cooperaccedilatildeo conjunta
na composiccedilatildeo de estrateacutegias para aumentar a alocaccedilatildeo de recursos e
acompanhamento teacutecnico para a entidade Dessa forma o isolamento e soacute com a
arrecadaccedilatildeo dos associados natildeo tem como desenvolver accedilotildees para fortalecer a
classe Ateacute mesmo porque a inadimplecircncia segundo o entrevistado2 chega a
6038 Ainda segundo o entrevistado2 a associaccedilatildeo passou por algumas
reformulaccedilotildees administrativas posto problemas internos com respeito a recursos e
endividamento da entidade
38
O valor cobrado de mensalidade do associado eacute de R$1000 mensais (entrevistado2)
105
A AMPEC natildeo consegue atender os empreendedores seus associados Natildeo consegue ver um retorno por parte da AMPEC Nada de concreto Somente criacuteticas por parte da AMPEC [] Normalmente quando vocecirc se associa vocecirc quer crescer junto ou vocecirc tem o retorno Se vocecirc natildeo tem o retorno se vocecirc vecirc que natildeo ta criando natildeo ta juntando por que que vocecirc vai entrar NE Eu penso dessa forma o associativismo(transcriccedilatildeo) (entrevistado3)
Nas anaacutelises descritas por Cunha Mohr Souza Abrahao Fleig (2014) na
discussatildeo sobre as fraquezas e potencialidades da AMPEC o associativismo eacute
apontado como uma alternativa de melhoria das condiccedilotildees do microempreendedor
no litoral paranaense No entanto Como observa o entrevistado3 ―o associativismo
natildeo eacute aceito no litoral por questotildees culturais No sudoeste do Estado a SICREDI e o
SICOOB satildeo mais fortes que o Itauacute e o BB(transcriccedilatildeo)
Algumas estrateacutegias podem ser interessantes para o desenvolvimento do
MEI todavia elas deveriam ser adaptadas agrave realidade local como eacute o caso das
compras puacuteblicas O municiacutepio tem prazo de pagamento ateacute de 90 dias Para alguns
microempreendimentos isso se torna praticamente inviaacutevel 1) pela pouca
disponibilidade de ativos disponiacuteveis o que impossibilita a raacutepida reposiccedilatildeo dos
recursos utilizados 2) pelo fato de muitas empresas e microempreendedores natildeo
distinguirem as despesas da empresa com as da famiacutelia pois a famiacutelia depende
diretamente desses recursos (SACHS 2003)―O MEI eacute muito pequeno neacute Natildeo
consegue concorrer com os maiores Muitos MEI usam de outras atividades pra
completar a renda ou a renda do MEI eacute usada pra complementar (entrevistado2)
(transcriccedilatildeo)
437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI
Albuquerque e Zapata (2010) destacam a importacircncia de adesatildeo dos
governos locais nas poliacuteticas de desenvolvimento pois segundo os autores as
autoridades eleitas ndash municipais e estaduais ndash satildeo elementos chaves no processo
de desenvolvimento local Embora como acentuam os autores o desenvolvimento
dos territoacuterios muitas vezes eacute impulsionado por liacutederes locais (cooperativas
associaccedilotildees) jovens empresaacuterios e entidades natildeo governamentais eacute indispensaacutevel
a integraccedilatildeo dos governos locais agraves iniciativas de desenvolvimento posto que
―podem conferir a essas iniciativas algum caraacuteter institucional (idem p 216)
106
No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 13) estatildeo os resultados sobre o conhecimento
dos respondentes sobre estrateacutegias adotadas pelas prefeituras em apoio ao MEI na
MRGP
GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTODOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Na leitura dos dados acima (GRAacuteFICO 13) verificamos que vinte e dois
(n=22) dos respondentes natildeo sabem informar se as prefeituras possuem accedilotildees de
apoio ao MEI
Observamos durante nossas pesquisas que dos sete municiacutepios da MRGP
cinco esforccedilaram-se em apresentar propostas de fomento das capacidades de
produccedilatildeo do MEI firmando parcerias com entidades importantes no cenaacuterio
econocircmico e de desenvolvimento como eacute o caso do SEBRAE Foram eles
Guaraqueccedilaba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Certamente
como constatado nas pesquisas em alguns casos Morretes e Matinhos naquele
momento pela transiccedilatildeo do chefe do executivo (eleiccedilotildees municipais) pode ter
ocorrido certo abandono das poliacuteticas setorizadas de apoio ao MEI Destacamos
ainda duas circunstacircncias importantes 1) a falta de poliacuteticas de desenvolvimento
local nos municiacutepios do litoral (SEBRAE ndash monitoramento da implementaccedilatildeo da Lei
Geral) 2) ausecircncia de poliacuteticas puacuteblicas que reduzam o imediatismo e infiram metas
0
10
20
30
40
50
60
70
80
compra derodutos e
serviccedilos doMEI
na aquisiccedilatildeode
tecnologias
cursos decapacitaccedilatildeo
processo deformalizaccedilao
natildeo soubeinformar
natildeoresponderam
107
de meacutedio e longo prazo com vistas ao desenvolvimento sustentaacutevel assinalado por
Sachs (2003) e Albuquerque e Zapata (2010)
Os pontos assinalados acima na MRGP obedecem agrave perspectiva no nosso
entendimento das poliacuteticas puacuteblicas por vezes de inclinaccedilatildeo poliacuteticapartidaacuteria
unilateral sem representaccedilatildeo de atores locais externos agrave administraccedilatildeo puacuteblica (top
down) muitas vezes alheias agraves reais necessidades da populaccedilatildeo Geralmente
essas poliacuteticas natildeo satildeo produzidas com implicaccedilotildees de meacutedio e longo prazos mas
ciacuteclicas e temporais permanecendo ateacute o teacutermino da gestatildeo municipal
Em nossas pesquisas observamos ainda que Pontal do Paranaacute eacute um dos
municiacutepios da MRGP com maior maturidade nas concepccedilotildees de desenvolvimento
local posto a extensatildeo de estrateacutegias accedilotildees e programas diversificados de fomento
das MPE em especial agrave categoria especiacutefica do MEI Esta proposta vai ao encontro
das anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2010 p 2018) no sentido de que ―agraves vezes
uma estrateacutegia de desenvolvimento local pode se iniciar a partir da coordenaccedilatildeo
territorial de alguns programas e instrumentos setoriais de fomento definidos de
maneira central
Um ponto central nesse processo como assinalou o entrevistado8 eacute a
capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios efetivos da administraccedilatildeo puacuteblica municipal que atuam
na secretaria e na sala do empreendedor Esta estrateacutegia tem como objetivo dar
continuidade agraves propostas de desenvolvimento local isolando-se do plano partidaacuterio
denotando sentido neutro nas poliacuteticas de desenvolvimento
Na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio percebemos que muitos dos respondentes
como constatado no graacutefico 9 desconhecem as regulamentaccedilotildees que normatizam a
categoria (Leis) os dispositivos legais que favorecem a classe do MEI quanto ao
creacutedito agraves isenccedilotildees agrave licitaccedilatildeo dentre outros instrumentos relacionados agrave sua
inserccedilatildeo e expansatildeo no mercado
Como jaacute mencionado nos municiacutepios de Guaratuba e Antonina natildeo foram
identificadas estrateacutegias de apoio ao MEI por parte do governo local com vistas agrave
inserccedilatildeo no sistema de mercado observados os dispositivos da Lei Geral
Em Guaratuba em 2009 o municiacutepio instituiu a Lei Complementar 042009
sobre o tratamento diferenciado agraves MPE no acircmbito municipal Uma das estrateacutegias
previstas na referida LC de Guaratuba foi a criaccedilatildeo do Comitecirc Gestor Municipal com
o objetivo de acompanhar a implementaccedilatildeo da LC 12306 e suas complementaccedilotildees
108
Poreacutem nas pesquisas de campo em 2016 junto agraves secretarias de
Urbanismo de Infraestrutura e Obras e do Bem Estar e Promoccedilatildeo Social assim
como o entrevistado1 desconheciam a existecircncia e atuaccedilatildeo do citado comitecirc assim
como natildeo souberam informar sobre alguma proposta referida ao MEI
Um dos avanccedilos identificados no processo de desenvolvimento empresarial
de Guaratuba foi a criaccedilatildeo em 2016 de uma agecircncia da Junta Comercial do
Paranaacute firmando parceria com o governo local e com a Associaccedilatildeo Comercial e
industrial de Guaratuba (ACIG)Tal accedilatildeo pode fortalecer o caraacuteter institucional de
poliacuteticas voltadas agraves categoria empresarial e comercial do municiacutepio Destacamos
ainda que esta foi uma accedilatildeo isolada identificada para o desenvolvimento do
ambiente empresarial da cidade
Muito embora a maioria dos municiacutepios da MRGP apresente dificuldades
orccedilamentaacuterias eacute importante frisar que o enquadramento aos dispositivos legais
inseridos na Lei Geral podem ser implantados de maneira gradual vinculados a uma
postura de desenvolvimento integrado e com metas de meacutedio e longo prazos com
provimentos de investimentos que suportem em princiacutepio estrateacutegias e accedilotildees um
pouco mais reduzidas mas no segundo momento podem ser expandidas e
melhoradas encaixadas em novas estrateacutegias e accedilotildees em concepccedilotildees de
―inovaccedilatildeo renovaccedilatildeo e transformaccedilatildeo constantes as quais estatildeo sujeitas qualquer
poliacutetica puacuteblica
438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute
Segundo o SEBRAE (2014) as micro e pequenas empresas em 2011 eram
responsaacuteveis por ―44 dos empregos formais em serviccedilos e aproximadamente 70
dos empregos gerados no comeacutercio (p7)
Nota-se a impressionante importacircncia desse tecido empresarial na economia
do trabalho e sua relevacircncia que pode ser considerada nas poliacuteticas de inclusatildeo
social visto a geraccedilatildeo de emprego e renda e externalidades agregadas como o
combate a miseacuteria e a pobreza extrema aleacutem do aumento da auto-estima e da
manutenccedilatildeo da dignidade das pessoas em funccedilatildeo do trabalho
109
O MEI na forma da lei explicitado no art 18C da LC 12808 poderaacute
contratar um empregado com todos os direitos e deveres atribuiacutedos na
Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT)
Observado o disposto no art 18-A e seus paraacutegrafos desta Lei Complementar poderaacute se enquadrar como MEI o empresaacuterio individual que possua um uacutenico empregado que receba exclusivamente 1 (um) salaacuterio miacutenimo ou o piso salarial da categoria profissional
Ao analisar o graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 14) com base no questionaacuterio
identificamos que dezenove (n=19) dos MEI que participaram do questionaacuterio
responderam que natildeo possuem empregado no exerciacutecio de suas atividades oito
(n=8) responderam que possuem empregado e trecircs (n=3) natildeo responderam agrave
questatildeo
GRAacuteFICO 14 -RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Se por um lado a formalizaccedilatildeo do MEI constitui um avanccedilo no enfrentamento
agrave informalidade do outro lado haacute uma reproduccedilatildeo do processo informal que foge ao
controle da poliacutetica de formalizaccedilatildeo Trabalhadores que satildeo incluiacutedos por uma
poliacutetica que tem esforccedilo em pelo menos reduzir a informalidade contribui em
parte para a precarizaccedilatildeo do trabalho contratando trabalhadores dentro do sistema
informal para exercerem atividades que permanecem fora dos preceitos do trabalho
descente
0
10
20
30
40
50
60
70
sim natildeo natildeo respondeu
110
Nesse sentido sobre os microempreendedores individuais que empregam
constatamos(GRAacuteFICO 15) que dos trabalhadores empregados pelos MEI seis
(n=6) deles exercem suas funccedilotildees na informalidade e dois (n=2) satildeo formalizados
GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E NAtildeO FORMALIZADOS
EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Eacute importante ressaltar que nas observaccedilotildees de campo constatou-se que
333 dos empregados natildeo formalizados (n=2) eram filhos dos MEI respondentes
Dessa forma muitos MEI aleacutem de reproduzir a informalidade com forccedila de trabalho
familiar precarizando em muito as condiccedilotildees do trabalho comprometem o
rendimento escolar de crianccedilas e adolescentes
439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia
Os municiacutepios da MRGP apresentam caracteriacutesticas distintas tanto pela
economia industrial quanto pelas particularidades sazonais dos serviccedilos as quais as
cidades balneaacuterias estatildeo submetidas Segundo Monteiro (2013 p 5) a populaccedilatildeo
total dos trecircs municiacutepios pode aumentar em 400 na temporada de praia
As particularidades sazonais refletem consideravelmente nas economias dos
municiacutepios balneaacuterios pelo aumento do fluxo de pessoas na temporada de veratildeo
0
10
20
30
40
50
60
70
80
natildeo formalizado formalizado
111
responsaacutevel pelo estiacutemulo da economia local impulsionada pelo turismo Destaque
para os setores de serviccedilos e do comeacutercio Com a expansatildeo da economia nesse
periacuteodo (dezembro janeiro e fevereiro) surgem oportunidades de trabalho e renda
para a populaccedilatildeo local e o aumento de volume do comeacutercio e prestaccedilatildeo de serviccedilos
Abaixo (GRAacuteFICO 16) examinamos a renda bruta dos respondentes (n=30)
na temporada de praia e no inverno a partir do questionaacuterio A referecircncia de renda
teraacute como paracircmetro o salaacuterio miacutenimo nacional39
GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Ao observarmos acima (GRAacuteFICO 16) percebemos que dos respondentes
na temporada de praia quatro (n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs
trecircs(n=3) ganham ateacute dois salaacuteriosmecircs sete (n=7) ganham ateacute trecircs salaacuterios sete
(n=7) ganham ateacute quatro salaacuterios sete (n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois
(n=2) ganham mais de cinco salaacuterios por mecircs e fora da temporada de praia quatro
(n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs quatro (n=4) ganham ateacute dois salaacuterios
miacutenimos por mecircs oito (n=8) ateacute trecircs salaacuterios quatro (n=4) ateacute quatro salaacuterios sete
(n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois(n=2) ganham mais de cinco
salaacuteriosUm respondente natildeo se manifestou sobre a renda bruta fora do veratildeo
39
O salaacuterio miacutenimo nacional para o ano 2016 eacute de R$ 88000 tendo como base o Decreto Federal nordm 86182015
0
5
10
15
20
25
30
ateacute 1 ateacute 2 ateacute 3 ateacute 4 mais de4
mais de5
no veratildeono inverno
112
Na demonstraccedilatildeo acima (GRAacuteFICO 16) notamos que cerca de nove(n=9)
dos MEI respondentes possui rendimentos acima de quatro salaacuterios miacutenimos e
quatorze (n=14) possui variaccedilatildeo entre um e trecircs salaacuterios miacutenimos Em 201040 o
rendimento do trabalhador na MRGP era em meacutedia 245 salaacuterios miacutenimos como
indicado abaixo41 (TABELA 15)
TABELA 15 - RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010)
MUNICIacutePIO RENDIMENTO MEacuteDIO EM SALAacuteRIO MIacuteNIMO
Antonina 227
Guaraqueccedilaba 118
Guaratuba 244
Matinhos 278
Morretes 267
Paranaguaacute 304
Pontal do Paranaacute 279
MEacuteDIA 245
FONTE IBGE ndash senso 2010
Se estabelecermos uma comparaccedilatildeo tendo como indicativo de rendimento
do trabalhador o salaacuterio miacutenimo nacional veremos que o MEI categoria de
trabalhador inclusa no sistema previdenciaacuterio (IBGE) 30 dos respondentes possui
renda meacutedia superior agrave verificada em 2010 e 467 dessa categoria permanece
proacuteximo da meacutedia analisada em 2010
4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute
Os artigos 64 e 65 da LC 12306 com base no art 149 da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 reforccedilam a necessidade de articulaccedilatildeo entre as Instituiccedilotildees
Federais de Ensino Superior (IFES) as Instituiccedilotildees Cientiacuteficas e Tecnoloacutegicas (ICT)
e as FundaccedilotildeesInstituiccedilotildees de Apoio (Lei Fed 895894) na implementaccedilatildeo de ―[]
programas especiacuteficos para as microempresas e para as empresas de pequeno
porte [] Os programas possuem objetivos de auxiliar agrave capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e
40
O salaacuterio miacutenimo nacional em 2010 era de R$ 51000 conforme Lei 1225510 41
Utilizamos o paracircmetro de 2010 por conta da escassez de dados econocircmicos atualizados da MRGP
113
treinamento de pessoal assim como dinamizar o processo de inovaccedilatildeo e
estruturaccedilatildeo dessas categorias empresariais
O Sistema S42 a exemplo definido na paacutegina web do Senado Federal como
―Termo que define o conjunto de organizaccedilotildees das entidades corporativas voltadas
para o treinamento profissional assistecircncia social consultoria pesquisa e
assistecircncia teacutecnica que aleacutem de terem seu nome iniciado com a letra S tecircm raiacutezes
comuns e caracteriacutesticas organizacionais similares e dentro de suas competecircncias
―cumpre um papel fundamental na oferta de cursos profissionalizantes em todo o
Brasil Criadas a partir dos anos 1940 as entidades que compotildeem o sistema se
dedicam agrave formaccedilatildeo profissional em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo (induacutestria
comeacutercio agropecuaacuteria entre outras) como indica o site do Governo Federal
Dessa forma com base nas anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2008)
compreendemos que eacute igualmente necessaacuterio para o desenvolvimento e o
incremento das potencialidades estabelecerem o fortalecimento e expansatildeo tanto
das empresas inseridas em arranjos produtivos locais com qualificaccedilatildeo do capital
humano no gerenciamento e gestatildeo dos processos socioeconocircmicos Acesso em
agraves novas tecnologias promovendo a inovaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de produtos e a
conexatildeo em redes de produccedilatildeo e escoamento dos produtos dentro e fora do
territoacuterio quanto agrave otimizaccedilatildeo desses recursos alocados ao desenvolvimento
socioeconocircmico
Para o SEBRAE (2014) em 2011 os pequenos negoacutecios atingiram o
percentual de 27 do PIB brasileiro sendo que as Micro e Pequenas Empresas
respondem por 53 4 da riqueza gerada no setor de serviccedilos
Os dados demonstram a importacircncia de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte inclusive os Microempreendedores Individuais Isoladamente uma empresa representa pouco Mas juntas elas satildeo decisivas para a economia e natildeo se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas (SEBRAE 2014)
Abaixo (GRAacuteFICO 17) demonstra o quantitativo de MEI respondentes ao
questionaacuterio que participaram de cursos de capacitaccedilatildeo
42
A criaccedilatildeo das Instituiccedilotildees do sistema ―S tem como base fundamental o art 149 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e eacute composta pelo Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Comeacutercio (Senac) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Serviccedilo Social do Comeacutercio (Sesc) Serviccedilo Social da Induacutestria (Sesi) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviccedilo Social de Transporte (Sest) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)
114
GRAacuteFICO 17- QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE PARTICIPARAM DE CURSOS DE CAPACITACcedilAtildeO
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Percebemos (GRAacuteFICO 17) que dezessete (n=17) dos respondentes natildeo
participaram de cursos de capacitaccedilatildeo e dez (n=10) responderam que sim Dessa
forma veremos que a maioria dos respondentes se enquadra na perspectiva de
Sachs (2003) sobre a falta de conhecimentos baacutesicos para o desenvolvimento de
suas atividades Ou seja ausecircncia de capacitaccedilatildeo necessaacuteria nos negoacutecios pode se
tornar uma barreira na sustentabilidade do microempreendimento
O principal problema enfrentado pelo MEI eacute a falta de conhecimento de mercado Eles tecircm uma boa intenccedilatildeo mas sem capacidade de gerir o negoacutecio A natildeo ser aquele que jaacute exerce sua profissatildeo e resolve se formalizar Este jaacute conhece os limites do mercado (transcriccedilatildeo) entrevistado1)
Boa parte dos MEI no momento da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio natildeo
expressava desejo em se capacitar ou mesmo participar de qualquer qualificaccedilatildeo
Um dos MEI que respondeu natildeo participar de cursos de capacitaccedilatildeo nos disse se
considerar um ―autodidata e natildeo haveria a necessidade de se capacitar
A capacitaccedilatildeo para agir no mercado aberto eacute um elemento chave como
suporte agrave expansatildeo das capacidades envolvidas em um microempreendimento
posto agrave possibilidade de conhecimento de gestatildeo e financcedilas administraccedilatildeo de
recursos estoque fluxos de mercado e competitividade
participou
natildeo participou
Natildeo respondeu
115
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Iniciamos os trabalhos de pesquisa motivados por investigar como as
organizaccedilotildees puacuteblicas mercado e organizaccedilotildees sociais tecircm constituiacutedo poliacuteticas de
formalizaccedilatildeo do trabalho e como os trabalhadores e essas organizaccedilotildees tecircm
promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual no litoral do
Paranaacute Para tal realizamos estudos sobre as transformaccedilotildees no mundo do trabalho
investigamos a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas enfrentados
pelos trabalhadores informais na regiatildeo Tratando-se de um estudo pioneiro
enfrentamos uma seacuterie de dificuldades para a coleta de dados e entrevistas em um
setor marcado pela precariedade de informaccedilotildees e estudos sistemaacuteticos
Um traccedilo marcante no mercado de trabalho brasileiro eacute informalidade
decorrente das transformaccedilotildees no processo de produccedilatildeo promovidas pelo decliacutenio
da concepccedilatildeo keynesianafordista que culminaram nas modificaccedilotildees das relaccedilotildees
de trabalho e no deslocamento do trabalhador fabril para o setor terciaacuterio
O capitalismo no Brasil como na Ameacuterica Latina tambeacutem denominado de
capitalismo tardio foi fundamentalmente gerado a partir de forccedilas produtivas
exoacutegenas e natildeo da capacidade de produccedilatildeo endoacutegena apesar de grande parte de o
capital cafeeiro brasileiro ter sido convertido em capital industrial O setor industrial
no Brasil se expandiu rapidamente entre a segunda metade da deacutecada de 1950 e da
deacutecada de 1960 convertido por um novo padratildeo tecnoloacutegico e de acumulaccedilatildeo
No litoral paranaense o capitalismo adquiriu caracteriacutesticas diferentes do
restante do Estado como indica a literatura O poacutelo e vetor econocircmico da regiatildeo eacute o
municiacutepio de Paranaguaacute responsaacutevel por boa parte da produccedilatildeo de riquezas na
regiatildeo da geraccedilatildeo de postos de trabalho e renda pois possui o maior nuacutemero de
empresas da regiatildeo Em ponto oposto agrave Paranaguaacute temos o municiacutepio de
Guaraqueccedilaba o mais carente em recursos os quais 93 tem origem em
repasses do Estado e do Governo Federal
Muito embora com potenciais escondidos e pouco explorados passiacuteveis de
impulsionar o desenvolvimento a Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute eacute
considerada uma das menos desenvolvidas do Estado marcada pela ausecircncia de
poliacuteticas de desenvolvimento local altos iacutendices de pobreza e destacadas
desigualdades sociais Segundo a literatura a regiatildeo possui um Niacutevel de
Desenvolvimento Regional (NDR) classificado como Muito Baixo (MB) Ainda
116
segundo a literatura as receitas dos municiacutepios da MRGP possuem enorme
dependecircncia das transferecircncias correntes do Estado e da Uniatildeo demonstrando a
pouca capacidade na geraccedilatildeo de riquezas e de recursos necessaacuterios agrave aplicaccedilatildeo e
melhoria de serviccedilos baacutesicos para a populaccedilatildeo local tais como sauacutede e educaccedilatildeo
Alguns municiacutepios da MRGP aleacutem da dependecircncia das transferecircncias
correntes destinam boa parte de seus recursos a atenderem elites locais em um
cenaacuterio de clientelismo43
Os segmentos da economia no litoral que mais geram empregos formais satildeo
o comeacutercio setor de serviccedilos e administraccedilatildeo puacuteblica seguido modestamente pelo
setor industrial As variaccedilotildees sazonais caracteriacutesticas dos municiacutepios balneaacuterios ndash
Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute ndash produzem efeitos na economia da regiatildeo
que basicamente tem forte presenccedila do comeacutercio e do setor de serviccedilos
aumentando significativamente a oferta precarizada de emprego e renda na
temporada de veratildeo
Os municiacutepios de Guaraqueccedilaba Matinhos Pontal do Paranaacute Morretes e
Paranaguaacute estabeleceram parceria com o SEBRAE com o objetivo de criar
condiccedilotildees para a adaptaccedilatildeo da Lei Complementar 12808 Essa Lei Complementar
eacute uma Poliacutetica Puacuteblica que cria a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual
(MEI) e estabelece criteacuterios de normatizaccedilatildeo da categoria associados a dispositivos
de apoio a esse tecido empresarial
O canal de comunicaccedilatildeo entre as prefeituras e o SEBRAE tem sido a sala
do empreendedor presente nesses municiacutepios Essa foi uma iniciativa adotada para
criar condiccedilotildees de apoio ao microempreendedor individual no sentido de orientaacute-lo
quanto agrave formalizaccedilatildeo aspectos ligados agrave referida LC e promover as bases do
desenvolvimento desse tecido empresarial A sala do empreendedor se constitui em
uma importante ferramenta natildeo soacute de amparo ao empreendedor mas em uacuteltima
anaacutelise em uma estrateacutegia de fomento ao desenvolvimento local posto que aliada
a formalizaccedilatildeo de empreendimentos que atuam na informalidade e de potenciais
empreendedores estaacute o resgate agrave cidadania pelo direito ao trabalho descente e
regularizado
Por outro lado estudos de campo evidenciaram que ao se formalizar e
empregar um terceiro o MEI tende a reproduzir a informalidade pelo trabalho
43
Ver Monteiro (2013b)
117
precarizado pelas excessivas jornadas de trabalho e pela baixa remuneraccedilatildeo De
outra forma o trabalho informal pode se concretizar para muitos trabalhadores na
uacutenica maneira de sobrevivecircncia em um mundo onde haacute decreacutescimo dos postos de
trabalho protegido pelas leis regulatoacuterias e normativas
Um dispositivo importante contido na Lei Geral eacute o Acesso em facilitado ao
microcreacutedito produtivo estendido para o microempreendedor No litoral esta
ferramenta de inclusatildeo e expansatildeo do MEI estaacute pouco explorada considerando a
diminuiccedilatildeo dos financiamentos pela Caixa Econocircmica Federal Em contra partida os
contratos creditiacutecios firmados junto ao Banco Fomento Paranaacute aumentaram nos
uacuteltimos anos mas a sua representatividade ainda eacute pouco expressiva entre os
microempreendimentos no litoral
Ao longo dos estudos verificamos que a Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
MEI eacute uma poliacutetica de longo prazo que coaduna estrateacutegias e accedilotildees de resultados
que podem definir prazos mais longos mas em sentido imediato podem modificar a
vida desses trabalhadores Se de um lado esses trabalhadores encontraram uma
oportunidade de inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal atraveacutes da LC 12808
constituindo seu proacuteprio negoacutecio lutando por uma vida de dignidade atraveacutes de seu
trabalho por outro lado essa classe de trabalhadores representa a forma pela qual
o Estado de maneira ilusoacuteria tenta minimizar os efeitos da exclusatildeo de milhares de
postos de trabalho em funccedilatildeo dos novos padrotildees de produccedilatildeo inseridos na
perspectiva neoliberal que aleacutem do deslocamento forccedilado dos trabalhadores agrave
informalidade produz e reproduz desigualdades sociais e econocircmicas De certa
forma como a literatura indica a LC 12808 pode ser considerada uma ferramenta
utilizada pelo Estado para regulamentar o trabalho precarizado jaacute que as bases
estruturais do desemprego natildeo satildeo atingidas
Nesse contexto observamos o sentido ambivalente da poliacutetica puacuteblica de
formalizaccedilatildeo do MEI que se de um lado o Estado percebe o alastramento da
informalidade e dos efeitos nefastos para milhares de trabalhadores brasileiros e cria
uma poliacutetica puacuteblica para enfrentar esse fenocircmeno de outro lado observamos as
dificuldades dos MEI em empreender em meio a fatores exoacutegenos como retraccedilatildeo
econocircmica e endoacutegenos como a dependecircncia de fatores locais comprometendo os
objetivos da poliacutetica puacuteblica
Os municiacutepios do litoral paranaense em sua maioria carentes de
amadurecimento das concepccedilotildees de desenvolvimento local e de recursos
118
necessaacuterios ao suporte de estrateacutegias que correspondam a uma necessaacuteria
expansatildeo das equidades e das liberdades substantivas de suas populaccedilotildees vecircem
suas capacidades limitadas em funccedilatildeo de uma economia com pouca geraccedilatildeo de
riquezas influindo na baixa tributaccedilatildeo e no alastramento de problemas sociais como
o aumento da ociosidade forccedilada da pobreza da miseacuteria da violecircncia e da
criminalidade
Concluiacutemos que a inclusatildeo social do MEI expresso no art 18E da LC
12808 depende da sua permanecircncia e sustentabilidade entre outras circunstacircncias
aleacutem do ambiente empresarial de negoacutecios do fortalecimento do mercado e da
inclinaccedilatildeo do governo local agraves concepccedilotildees de desenvolvimento Dentro dessa
perspectiva empoderar o governo local se destaca como um dos elementos
fundamentais para o desenvolvimento de poliacuteticas puacuteblicas para o MEI assim como
a preparaccedilatildeo do empresariado local para a diminuiccedilatildeo das assimetrias no ambiente
de negoacutecios
A formalizaccedilatildeo do MEI natildeo eacute um fim em si mas pode ser adequada agraves
realidades locais e suplementada garantindo e expandindo direitos jaacute conquistados
Apesar de alguns avanccedilos que possibilitem os MEI sobreviver em meio a
imensidatildeo de empresas buscando um espaccedilo no mercado em curto prazo se natildeo
intensificarem investimentos para o fortalecimento da categoria presenciaremos o
esgotamento das estrateacutegias que ainda resistem
Esperamos que os estudos que realizamos sobre o MEI no litoral do Paranaacute
sejam o iniacutecio de outras investigaccedilotildees que possibilitem a sistematizaccedilatildeo de
conhecimentos que estatildeo dispersos entre os atores puacuteblicos e privados que
desenvolvem seus esforccedilos para a formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo do MEI Esta aacuterea de
estudos apresenta-se como um desafio em funccedilatildeo da precariedade de informaccedilotildees
para pesquisa todavia por seu caraacuteter inovador configura-se tambeacutem como
oportunidade de desenvolvimento de novos pesquisadores para a produccedilatildeo de
novos arranjos institucionais que permitam aos trabalhadores MEI a sua
formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo no mercado
119
REFEREcircNCIAS
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APEcircNDICES
APEcircNDICE 1 ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Tiacutetulo da Pesquisa Nome doPesquisador
1 Natureza da pesquisa
2 Participantes da pesquisa
3 Envolvimento na pesquisa ao participar deste estudo a sra (sr) permitiraacute que o (a) pesquisador perguntas agrave natureza da pesquisa O senhor (a) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa sem qualquer prejuiacutezo para a sra (sr)
4 Sobre as entrevistasas entrevistas seratildeo gravadas
5 Riscos e desconforto a participaccedilatildeo nesta pesquisa natildeo traz complicaccedilotildees
legais
6 Confidencialidadetodas as informaccedilotildees coletadas neste estudo satildeo estritamente confidenciais Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) teratildeo conhecimento dos dados
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre
para participar desta pesquisa Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Obs Natildeo assine esse termo se ainda tiver duacutevida a respeito
Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados eu de forma livre e
esclarecida manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Declaro que recebi coacutepia deste termo de consentimento e autorizo a realizaccedilatildeo da pesquisa e a divulgaccedilatildeo dos dados obtidos neste estudo
___________________________ Nome do Participante da Pesquisa ______________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa __________________________________ Assinatura do Pesquisador _________________________________
134
Assinatura do Orientador APEcircNDICE 2 ndash QUESTIONAacuteRIO PARA O MEI
Curso de Mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel UFPR- Setor Litoral
Mestrando Marcus Aureacutelio O objetivo desse questionaacuterio eacute obter dados estatiacutesticos de base quantitativa e
qualitativa que seratildeo utilizados em minha dissertaccedilatildeo
Obrigado por colaborar
QUESTIONAacuteRIO PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)
1 Qual eacute a aacuterea econocircmica de atuaccedilatildeo____________________________________ 2 Haacute quanto tempo estaacute formalizado______________________________________
3 Renda bruta mensal em salaacuterio miacutenimo
Na temporada de praiade ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos
Fora da temporada de ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos
4 Obteve financiamento junto agraves instituiccedilotildees de creacutedito facilitado ( ) sim ( ) natildeo
Se sim o financiamento foi utilizado ( ) na expansatildeo dos negoacutecios ( ) capital de giro ( ) compra de materiais ( ) todos os itens anteriores
5 Possui ou jaacute possuiu relaccedilatildeo comercial com o Municiacutepio Estado ( ) sim ( ) natildeo 6 Participa de alguma associaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo
7 Com a regularizaccedilatildeo do MEI sua situaccedilatildeo socioeconocircmica melhorou ( ) sim ( ) natildeo - (Em que
sentido)______________________________________ _____________________________________________________________
_____ _____________________________________________________________
_____ 8 Vocecirc deixaria de ser MEI por um emprego formalizado com carteira assinada e
salaacuterio mensal ( ) sim ( ) natildeo ndash (por
que)_____________________________________________ _____________________________________________________________
_____ 9 Vocecirc jaacute participou de algum curso de capacitaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo
10 Jaacute realizou consultoria com agentes do SEBRAE ou Agentes de Desenvolvimento do Municiacutepio disponiacuteveis na Sala do Empreendedor
( ) sim ( ) natildeo 11 Suas atividades satildeo realizadas em
( ) sua residecircncia ( ) imoacutevel alugado ( ) imoacutevel proacuteprio 12 Vocecirc possui outra atividade aleacutem de ser MEI ( ) sim ( ) natildeo
13 Na sua opiniatildeo a prefeitura tem auxiliado a categoria do MEI no seu desenvolvimento atraveacutes de
( ) compra de produtos e serviccedilos do MEI ( ) no processo de formalizaccedilatildeo ( ) promoccedilatildeo de cursos de capacitaccedilatildeo para o MEI ( ) incentivo agrave aquisiccedilatildeo de
tecnologias pelos MEI ( ) natildeo sabe informar se a prefeitura possui esses programas de incentivo
14 Vocecirc possui funcionaacuterio para o exerciacutecio da sua atividade ( ) sim ( ) natildeo
135
Se a resposta for sim ele eacute formalizado ( ) sim ( ) natildeo
15 Na sua opiniatildeo quais accedilotildees que a prefeitura poderia realizar para auxiliar o desenvolvimento da
categoria do MEI ____________________________________________________
RESUMEN
Desde los primeros antildeos de 1970 el concepto keynesianismofordismo entroacute en declinacioacuten concurriendo para los cambios estructurales de gestioacuten asignacioacuten de recursos humanos reorganizacioacuten del espacio Dentro de ese contexto hay el desplazamiento obligatorio del trabajador fabril para las maacutes distintas actividades en el mercado de trabajo en el sector terciario Buena parte de las actividades desempentildeadas por los trabajadores de este sector es desarrollada en la informalidad En Brasil para volver el cuadro de extensioacuten y superlativacioacuten del sector informal fue creada la Ley Complementar 12808 que formaliza la figura del micro emprendedor individual (MEI) En la implantacioacuten de esta poliacutetica puacuteblica estaacute prevista una serie de dispositivos que tiene el objetivo de auxiliar en la sostenibilidad y expansioacuten de este entorno empresarial En los municipios del litoral del Paranaacute la implantacioacuten de la referida ley se da principalmente por la asociacioacuten entre los ayuntamientos y l SEBRAE a traveacutes de las salas del emprendedor en cada municipio que se constituye en canal de conexioacuten entre las estrategias y acciones desarrolladas en apoyo a MEI Este trabajo busca investigar como los trabajadores mercado y organizaciones puacuteblicas y sociales han promovido y acogido la formacioacuten del micro emprendedor individual en la microrregioacuten de ParanaguaacuteLitoral paranaense Para el desarrollo del trabajo fueron investigados datos secundarios fue hecha una buacutesqueda bibliograacutefica y fue realizado un total de 38 entrevistas y aplicacioacuten de cuestionarios con agentes puacuteblicos de desarrollo y MEI Los resultados permiten conocer la situacioacuten de los MEI en la costa paranaense asiacute como sirven de subsidios para elaboracioacuten de poliacuteticas especiacuteficas orientadas a esa poblacioacuten
Palabras ndash clave Trabajo Informalidad Poliacutetica Puacuteblica Micro empresaacuterio individual Litoral paranaense
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO
BRASIL ANTERIOR A 1964 36
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL
DURANTE O REGIME MILITAR 39
QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO
DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016) 43
QUADRO 4- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA
ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
66
QUADRO 5- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute
PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS
ALTERACcedilOtildeES 68
QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS 69
QUADRO 7- ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP 71
QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES
EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO
PARANAacute 104
LISTA DE MAPAS
MAPA 1 - MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute 50
LISTA DE GRAacuteFICOS
GRAacuteFICO 1 - RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS 75
GRAacuteFICO 2 - ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015) 76
GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS
MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) () 77
GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO
84
GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS 84
GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI 85
GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE
ECONOcircMICA () 89
GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) 90
GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA
MRGP (N=30) 92
GRAacuteFICO 10 - VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP
ATRAVEacuteS DO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR
PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016) 101
GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA
MRGP () 102
GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO
REPRESENTANTE DA CATEGORIA 103
GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTO DOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS
ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA
MRGP () 106
GRAacuteFICO 14 - RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP
() 109
GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E
NAtildeO FORMALIZADOS EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP
() 110
GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA
RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O
SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) () 111
GRAacuteFICO 17 - QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE
PARTICIPARAM DE CURSOS DE 114
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL 29
TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E
POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010) 51
TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOS
MUNICIacutePIOS DA MRGP 52
TABELA 4 - DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)
53
TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014) 54
TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR
ECONOcircMICO 55
TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS
MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016) 56
TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP 57
TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016) 59
TABELA10- ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP
(maio2016) 59
TABELA11- PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)
97
TABELA12- NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS
NA MRGP CEDIDOS PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS
MPE (2015-2016) 98
TABELA13- NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016) 99
TABELA14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO
AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute
(FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016) 100
TABELA15- RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES
CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM
QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010) 112
LISTA DE SIGLAS
CLT - Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho
CODEFAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador
DIEESE - Departamento Intersindical de Estatiacutestica e Estudos
Socioeconocircmicos
ECINF - Economia Informal Urbana
FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo
IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho
INPS - Instituto Nacional de Previdecircncia Social
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LC - Lei Complementar
MEI - Microempreendedor Individual
MPAS - Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social
MRGP - Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute
MTE - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego
MTPS - Ministeacuterio do Trabalho e Previdecircncia Social
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e DesenvolvimentoEconocircmico
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PASEP - Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico
PDM - Poliacuteticas de Desenvolvimento do Milecircnio
PIS - Programa Integraccedilatildeo Social
PLANFOR - Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador
PND - Plano nacional de Desenvolvimento
PP - Poliacutetica Puacuteblica
PROGER - Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda
PRONAF - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PRORURAL - Programa de Desenvolvimento Econocircmico e Territorial - Renda
e Cidadania no Campo
SEBRAE - Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas
SINE - Sistema Nacional de Emprego
SUMAacuteRIO
APRESENTACcedilAtildeO 15
1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E
INFORMALIDADE 21
11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO 25
12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A
CRIacuteTICA 30
2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO DAS
ORIGENS AO MEI 33
21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
33
211Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento 36
212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar 39
213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil 42
214Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI 45
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute 50
31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP 52
32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP 61
321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP 65
322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento 69
323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI 71
4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute 74
41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR
MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI 74
411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita 81
42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS
DO MEI NA MRGP 83
43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO
88
431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral 88
do Paranaacute 88
432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute 90
434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP 91
435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute 95
436 O associativismo e os MEI na MRGP 102
437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI 105
438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute 108
439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia 110
4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute 112
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 115
REFEREcircNCIAS 119
APEcircNDICES 133
15
APRESENTACcedilAtildeO
O referente trabalho surgiu de reflexotildees acerca do processo acelerado da
expansatildeo do desemprego estrutural em niacutevel mundial mas que oferece pressatildeo
sobre configuraccedilotildees territoriais menores como na Microrregiatildeo Geograacutefica de
Paranaguaacute (MRGP) alertando sobre o deslocamento dos trabalhadores para a
economia informal e em resposta a accedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas
de trabalho na tentativa de equacionar as disfunccedilotildees geradas pela reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1970
O principal objetivo do nosso estudo eacute analisar como se apresenta a
implantaccedilatildeo da Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008 (LC 12808) nos
municiacutepios do litoral paranaense recortado como Microrregiatildeo Geograacutefica de
Paranaguaacute (MRGP) Esta poliacutetica puacuteblica eacute uma tentativa de retirar da informalidade
trabalhadores brasileiros exercendo as mais variadas atividades dentro desse setor
O que significa resgatar a sua dignidade e cidadania pela valoraccedilatildeo ao seu
trabalho pela inclusatildeo no sistema previdenciaacuterio dentre outros benefiacutecios
associados agrave formalizaccedilatildeo
Pretendemos descrever as principais caracteriacutesticas e estrateacutegias
organizadas na MRGP para a implantaccedilatildeo da LC 12808 que tem como uma de
suas premissas a inclusatildeo social descrita em seu art 18 Aleacutem disso realiza -se o
estudo sobre a aderecircncia dos governos locais agrave poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual (MEI)
Como objetivos secundaacuterios este estudo apresenta 1) Analisar os dados
relativos a emprego renda niacutevel de ocupaccedilatildeo volume de registros de MEI na
microrregiatildeo estudada 2) Identificar as estruturas e accedilotildees das prefeituras da
microrregiatildeo relacionadas agrave poliacutetica puacuteblica em questatildeo
Haacute algumas questotildees iniciais as quais entendemos pertinentes no processo
de estudo do referente trabalho e que foram balizares no encaminhamento das
pesquisas (a) De que maneira o mundo do trabalho (organizaccedilotildees puacuteblicas
mercado e organizaccedilotildees sociais) tem constituiacutedo poliacuteticas de formalizaccedilatildeo e renda
no trabalho (b) Qual a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas
enfrentados pelos trabalhadores informais na regiatildeo litoracircnea do Paranaacute (c) Como
os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e
acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na aacuterea de estudo
16
A ausecircncia na literatura de dados especiacuteficos atualizados sobre a aacuterea de
estudo sobretudo na aacuterea da economia do trabalho e a dificuldade em obter dados
em algumas instituiccedilotildees por conta da poliacutetica interna destas pode ter
comprometido em parte a anaacutelise do todo poreacutem natildeo alterou os objetivos dos
estudos sobre a categoria MEI
O processo metodoloacutegico foi constituiacutedo em dois momentos distintos e
complementares No primeiro momento buscamos na pesquisa exploratoacuteria
elementos que nos dessem suporte agrave compreensatildeo do objeto do estudo partindo
necessariamente do conjunto de fatores que levaram a criaccedilatildeo da LC 12808 e a
regulamentaccedilatildeo da formalizaccedilatildeo dos MEI Para tanto estabelecemos alguns
indicadores que nos orientaram no sentido das modificaccedilotildees ocorridas no sistema
capitalista a partir da deacutecada de 1970 e que resultaram no aumento do desemprego
da informalidade e da precarizaccedilatildeo do trabalho via flexibilizaccedilatildeo subcontrataccedilatildeo
Para estabelecermos a proximidade com o tema nos apoiamos na revisatildeo da
literatura especiacutefica resultando no reconhecimento sobre a trajetoacuteria histoacuterica das
modificaccedilotildees nas relaccedilotildees do trabalhoespaccedilo em cadeia global e nacional e
igualmente na criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equaccedilatildeo de deformidades na
economia do trabalho no cenaacuterio brasileiro nos aproximando ao entendimento do
nosso objeto de estudo Essa revisatildeo eacute descrita no decorrer da dissertaccedilatildeo pela
nomenclatura dada no corpo do texto
No segundo momento considerando que para a anaacutelise do objeto de estudo
ou seja a implantaccedilatildeo nos municiacutepios integrantes da microrregiatildeo de Paranaguaacute da
Lei Complementar 12808 que cria a pessoa juriacutedica do empreendedor individual se
fez necessaacuterio aleacutem da coleta de dados em possibilidades de controle a inclinaccedilatildeo
igualmente agrave percepccedilatildeo subjetiva de anaacutelise com o objetivo de compreensatildeo do
contexto mais amplo sob o olhar holiacutestico e criacutetico do processo de implantaccedilatildeo da
referida lei Nesse sentido como afirma Deslandes (2010 p 33) ―a)criacutetica porque
devemos estabelecer um diaacutelogo reflexivo entre a teoria e o objeto de estudo
escolhido por noacutes b)ampla porque deve dar conta do ―estado atual sobre o
problema
Tendo como uma das opccedilotildees a pesquisa qualitativa sublinhamos a
possibilidade de maior compreensatildeo das relaccedilotildees socialmente constituiacutedas por
atores no plano do concreto do real Essas relaccedilotildees exercem significados e se
manifestam de diversas formas pois o que se torna forma passa pelas relaccedilotildees
17
humanas e portanto ―o que as ―coisas (fenocircmenos manifestaccedilotildees ocorrecircncias
fatos eventos vivecircncias ideias sentimentos assuntos) representam daacute molde agrave
vida das pessoas (TURATO 2005 p 510)
Nesse momento percebemos a falta de informaccedilotildees histoacutericas em bancos de
dados oficiais e natildeo oficiais e na literatura que nos apoiassem na descriccedilatildeo objetiva
sobre o tema contextualizado no litoral paranaense
A escassez de dados sobre a poliacutetica de formalizaccedilatildeo do MEI no litoral do
Paranaacute eacute resultante em parte pela demora na regulamentaccedilatildeo da LC 12808 e da
operacionalizaccedilatildeo da referida LC nos municiacutepios da MRGP A regulamentaccedilatildeo e
operacionalizaccedilatildeo dessa lei complementar soacute foi possiacutevel em determinados casos
pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE a partir de 2013 em Matinhos e
Paranaguaacute e sequencialmente em Pontal do Paranaacute Morretes e Guaraqueccedilaba
Ainda com dificuldade de obter dados histoacutericos do litoral paranaense acerca da
informalidade do trabalho e especificamente sobre o microempreendedor individual
algumas informaccedilotildees secundaacuterias foram obtidas atraveacutes de instituiccedilotildees oficiais
(IBGE IPARDES DIEESE EMPRESOacuteMETRO) e foram processadas com base na
estatiacutestica descritiva atraveacutes de Planilha Excel representado por graacuteficos e tabelas
Informaccedilotildees igualmente sobre o MEI foram adquiridas atraveacutes de fontes primaacuterias
como dados estatiacutesticos das salas do empreendedor e possibilitaram avaliar alguns
indicadores importantes sobre o desenvolvimento dos trabalhos desempenhados
pelos agentes de desenvolvimento e sobre a sustentabilidade do MEI a) quantitativo
de baixas da empresa b) formalizaccedilotildees c) procura por serviccedilos nas salas d) oferta
de serviccedilos nas salas do empreendedor
Outra maneira utilizada para obter informaccedilotildees foi atraveacutes de entrevistas
semiestruturadas com atores da administraccedilatildeo puacuteblica e de instituiccedilotildees da iniciativa
privada e aplicaccedilatildeo de questionaacuterio para os microempreendedores individuais que
exercem suas atividades na aacuterea de estudo Segundo Oliveira (2011 p 36) ―esta
teacutecnica de coleta de dados eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees
acerca do que as pessoas sabemcrecircem esperam e desejam []
Foram entrevistados cinco (05) atores da administraccedilatildeo puacuteblica e trecircs (03)
atores da iniciativa privada Os atores foram escolhidos pela proximidade com
implantaccedilatildeo da LC 12808 Da administraccedilatildeo puacuteblica foram entrevistados quatro
agentes de desenvolvimento que atuam nas salas do empreendedor nos municiacutepios
que possuem parceria com o SEBRAE e um secretaacuterio municipal Da iniciativa
18
privada foram entrevistadas trecircs pessoas ligadas agraves associaccedilotildees da classe
empresarial e do SEBRAE Os MEI que participaram do questionaacuterio seratildeo
designados como respondentes Ao todo foram realizadas 08 (oito) entrevistas e 30
questionaacuterios aplicados
As entrevistas com os atores tanto da administraccedilatildeo puacuteblica quanto da
iniciativa privada se deram em seus locais de trabalho Ou seja nas salas do
empreendedor localizadas juntas agraves prefeituras e nas associaccedilotildees de classe e no
SEBRAE e tiveram como pressupostos levantar informaccedilotildees sobre as accedilotildees das
prefeituras e das associaccedilotildees sobre a implantaccedilatildeo da LC 12808 no litoral do
Paranaacute Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente com a
anuecircncia dos entrevistados que assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido e foram realizadas no periacuteodo de junho a outubro de 2016
Para a construccedilatildeo do questionaacuterio e das questotildees pertinentes foram
utilizadas como base referencial autores como Sachs (2003) e Albuquerque e
Zapata (2010) aleacutem de uma leitura atenta da Lei Complementar 12306 e da Lei
complementar 12808
Considerando a precaacuteria organizaccedilatildeo em classe dos microempreendedores
individuais (MEI) no litoral do Paranaacute natildeo sendo possiacutevel identificaacute-los atraveacutes de
banco de dados na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio optamos por deslocar ateacute o
estabelecimento do microempreendedor individual e aplicar o questionaacuterio em seu
local de trabalho Esse procedimento ao passo que era incerto pois natildeo havia
como identificar o MEI a natildeo ser percorrendo estabelecimento por estabelecimento
tornava-se solitaacuterio e exaustivo posto o deslocamento e o tempo para o
preenchimento do questionaacuterio e as duacutevidas que surgiam Poreacutem esta teacutecnica
possibilitou avaliar a estrutura do empreendimento e ao mesmo tempo conversar a
respeito da formalizaccedilatildeo dos MEI Dessa forma muito aleacutem da aplicaccedilatildeo do
questionaacuterio nos vimos envolto a uma realidade da qual natildeo percebiacuteamos Como
natildeo havia referecircncia sobre o enquadramento do estabelecimento perguntaacutevamos
para o proprietaacuterio se ele era MEI ou natildeo Os MEI que participaram respondendo ao
questionaacuterio muitas vezes falavam das dificuldades em aumentar seus negoacutecios e
da ausecircncia do poder puacuteblico local principalmente fora da temporada de praia
Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio durava cerca de 30 a 50 minutos
Participaram como respondentes do questionaacuterio 30 (trinta)
microempreendedores individuais abrangendo os municiacutepios de Guaratuba
19
Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute A aplicaccedilatildeo do questionaacuterio ocorreu nos
meses de dezembro de 2016 e janeiro e fevereiro de 2017
Os dados pesquisados foram organizados e descritos em Planilha Excel e
disponibilizados atraveacutes de graacuteficos e tabelas
Este estudo estaacute distribuiacutedo em quatro capiacutetulos onde procuramos sublinhar
sequencialmente as modificaccedilotildees ocorridas no mundo trabalho e o resultante
dissoo alastramento da informalidade em niacuteveis mundial e local assim como
analisar a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do MEI e seus dispositivos aplicados no
litoral do Paranaacute
No primeiro capiacutetulo estudamos as modificaccedilotildees no mundo do trabalho
atraveacutes de um recorte histoacuterico que levaram ao aumento exponencial do
desemprego estrutural e consequentemente da informalidade em niacuteveis mundiais
Ainda nesse capiacutetulo abordaremos o desemprego e a informalidade no cenaacuterio
brasileiro Para tanto nos apoiamos na literatura especializada sobre os temas
reestruturaccedilatildeo produtiva desemprego informalidade
O segundo capiacutetulo traz vaacuterias referecircncias ao conceito de Poliacutetica Puacuteblica e
a accedilatildeo do Estado brasileiro na economia do trabalho com quadros descritivos das
principais poliacuteticas puacuteblicas de trabalho no periacuteodo republicano e como essas
poliacuteticas organizaram a vida do trabalhador no Brasil Ainda nesse capiacutetulo
iniciamos nossas anaacutelises acerca da Lei de Formalizaccedilatildeo do Microempreendedor
Individual (LC 12808)
O terceiro capiacutetulo traz uma descriccedilatildeo da aacuterea de estudo (recorte espacial
da microrregiatildeo geograacutefica de Paranaguaacute) com dados demograacuteficos do mercado de
trabalho receitas municipais dados relacionados ao nuacutemero de empresas na regiatildeo
nuacutemeros de Micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais
escalonados por atividade econocircmica Assim como aspectos institucionais
relacionados agrave formalizaccedilatildeo do microempreendedor na regiatildeo de estudo
No quarto capiacutetulo observamos os avanccedilos quanto agrave implantaccedilatildeo da poliacutetica
de formalizaccedilatildeo e as dificuldades encontradas para a expansatildeo e sustentabilidade
do MEI na regiatildeo de estudo Neste capiacutetulo nossos estudos recaem inicialmente
para a participaccedilatildeo dos governos locais na implantaccedilatildeo da poliacutetica em questatildeo e sua
capacidade de mobilizar estrateacutegias de apoio aos MEI Ainda satildeo analisados os
dados relativos agrave formalizaccedilatildeo e baixas dos microempreendedores nos municiacutepios
de Morretes Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute observando a proposta de
20
sustentabilidade do MEI Igualmente atraveacutes de questionaacuterio respondido pelos MEI
da regiatildeo de estudo foi possiacutevel estabelecer um perfil soacutecio econocircmico dos
entrevistados e dos efeitos dos dispositivos elencados na Lei Geral que permitem
possibilidades da inserccedilatildeo e expansatildeo da categoria no mercado e resgate da sua
dignidade laboral
21
1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E
INFORMALIDADE
Para compreendermos o porquecirc da criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas1 voltadas
ao enfrentamento do fenocircmeno da informalidade superlativada do desemprego e a
geraccedilatildeo de renda no cenaacuterio brasileiro eacute necessaacuterio observarmos as transformaccedilotildees
ocorridas em cadeia global na dimensatildeo da economia do trabalho e as
consequecircncias sociais e econocircmicas vinculadas agraves relaccedilotildees do trabalho
(informalidade precarizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo trabalho temporaacuterio subcontrataccedilatildeo
dentre outros) que definem o quadro socioeconocircmico vigente e assim estabelecer
uma criacutetica histoacuterica que a partir da reorganizaccedilatildeo do processo produtivo incidiu
diretamente na concepccedilatildeo do trabalho do emprego e levou agrave
reorganizaccedilatildeoreformulaccedilatildeo do Estado (POCHMANN 2004) Para tal compreensatildeo
sobre o tema nos apoiaremos na extensa literatura jaacute existente
Em nossos estudos compreendemos o trabalho hoje formalizado ou natildeo
como uma atividade (humana) objetiva (no sentido da accedilatildeo) e subjetiva (no sentido
do pensamento) desenvolvida por homens e mulheres inclinada a transformar
modificar e produzir algo sob criteacuterios e validaccedilatildeo do Modelo de Produccedilatildeo
Capitalista Os criteacuterios do trabalho assim entendemos satildeo definidos com base nas
transformaccedilotildees ocorridas no proacuteprio sistema capitalista que por fim valida esse
processo pela viabilidade da produccedilatildeo laboral e intelectual conduzido por regras
vezes particulares vezes universais inseridos em contextos especiacuteficos ou
contextos globalmente unificados
O dinamismo do sistema capitalista produziu transformaccedilotildees de ordem
econocircmica social cultural ideoloacutegica configurando num processo contiacutenuo de
alteraccedilotildees permanentes no seio de sua proacutepria estrutura totalmente instaacutevel
flexiacutevel e mutante As mudanccedilas que ocorreram na economia mundial a exemplo
tiveram consequecircncias no processo produtivo logo nas relaccedilotildees do trabalho sob o
modelo fordista ocasionando mudanccedilas no tecido social cultural alimentados
ainda pelo crivo das contraposiccedilotildees ideoloacutegicas resultantes da polaridade mundial
1 Com efeito de poliacutetica puacuteblica voltada ao enfrentamento da informalidade no mercado de trabalho
brasileiro analisaremos mais a diante a Lei Complementar 12808 instrumento de criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI) que possui expresso em seu art 18E aleacutem da formalizaccedilatildeo do MEI o caraacuteter de inclusatildeo social
22
apoacutes a Segunda Grande Guerra Tais transformaccedilotildees estatildeo associadas ao decliacutenio
do modelo keynesiano2 - progressista que exigiu do Estado uma posiccedilatildeo mais
reformadora em sua estrutura assinalada por Laranjeira (2000) Lombardi (1997) e
Caminha (2012)
O que podemos observar no cenaacuterio econocircmico eacute o substancial crescimento
inflexiacutevel do desemprego estrutural bem como as mudanccedilas no sistema de
assalariamento que foi condicionado por eventos especiacuteficos de enorme
importacircncia 1) a reestruturaccedilatildeo produtiva iniciada na deacutecada de 1970 2) o advento
da globalizaccedilatildeo (SANTOS 2008 p 152) 3) ―difusatildeo de um novo paradigma teacutecnico-
produtivo e do acirramento da competiccedilatildeo internacionalista nas economias
avanccediladas (POCHMANN 2001 p 41)
A reestruturaccedilatildeo produtiva foi uma resposta imediata agrave crise econocircmica
caracterizada pela impossibilidade do modelo Keynesiano - fordista reverter agraves
contradiccedilotildees proacuteprias produzidas pelo sistema capitalista Tal resposta implicou de
imediato numa nova redefiniccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e das relaccedilotildees entre trabalho e
produccedilatildeo que se mantinham sob forte regulaccedilatildeo consensual entre ―Estado capital e
sindicatos como aponta Barbosa (2007 p 3)
As modificaccedilotildees que ocorreram no setor produtivo e nas relaccedilotildees do
trabalho levaram a excessiva acumulaccedilatildeo de capital (acumulaccedilatildeo flexiacutevel) muito
embora essas modificaccedilotildees natildeo ocorreram de forma generalizada mas foram
absorvidas considerando contextos especiacuteficos de espaccedilo e cultura conforme
salienta Lombardi (1997) e ao aumento do desemprego por cortes em postos de
trabalho (capital variaacutevel) observando a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica no setor produtivo e a
reconfiguraccedilatildeo desse setor com relocaccedilatildeo para espaccedilos perifeacutericos
Dentro dessa oacutetica como observa Lombardi (1997) a expansatildeo tecnoloacutegica
exerceu forte pressatildeo sobre os trabalhadores que se sentem ameaccedilados pela
concorrecircncia da tecnologia Trabalhos manuais foram substituiacutedos por trabalhos
mecacircnicos autocircmatos que produzem em escalas vertiginosas Ou seja
O avanccedilo na concorrecircncia intercapitalista e a adoccedilatildeo de um novo paradigma tecnoloacutegico estariam provocando alteraccedilotildees significativas nas economias avanccediladas Parece natildeo haver duacutevidas sobre o crescimento de
2O modelo Keynesinao tambeacutem chamado de Capitalismo Reformado por Sachs (2008) foi uma
resposta imediata aos efeitos causados pela Grande Depressatildeo tendo como base o pleno emprego e o Estado do Bem Estar Social
23
importacircncia das ocupaccedilotildees caracterizadas como superiores e de postos diretivos responsaacuteveis pela utilizaccedilatildeo de trabalhadores com maior exigecircncia de qualificaccedilatildeo e escolaridade Ao mesmo tempo as profissotildees inferiores (operaacuterios simples e manuais) ainda majoritaacuterios na estrutura ocupacional estariam perdendo participaccedilatildeo relativa (POCHMANN 2001 p 52)
Na segunda metade deacutecada de 1980 foi formulado por economistas norte-
americanos e outros ligados a OCDE (Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e o
Desenvolvimento Econocircmico) um conjunto de medidas de cunho macroeconocircmico
e estruturais destinado a paiacuteses do chamado Terceiro Mundo que apresentavam
baixos iacutendices de desenvolvimento econocircmico (BRESSER PEREIRA 1991)
Tais medidas foram sendo colocadas em praacutetica sobre tudo abaixo da linha
do equador americano pois como demonstra Bresser Pereira (1991) na Ameacuterica
Latina havia uma ―crise marcada por estagnaccedilatildeo econocircmica e altas taxas de
inflaccedilatildeo Dentro dessa perspectiva acreditava-se que havia uma necessidade de
restringir o tamanho do Estado e de sua participaccedilatildeo no setor econocircmico Assim a
orientaccedilatildeo era sua descentralizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo liberalizaccedilatildeo do
comeacutercio internacional promoccedilatildeo das exportaccedilotildees e a diminuiccedilatildeo das empresas
estatais pois entendiam que eram em grande nuacutemero e incapazes de gerir
produtividades adequadas as suas capacidades e ao modelo estrutural das novas
concepccedilotildees capitalistas (neoliberalismo globalizado)
No entanto tais modificaccedilotildees no sistema econocircmico permitiram o processo
de acumulaccedilatildeo do capital e da hipertrofia financeira criando mecanismos que
causaram enormes disfunccedilotildees sociais agravadas pela doutrinalsquo neoliberal e o novo
padratildeo tecnoloacutegico de produccedilatildeo e organizaccedilatildeo do trabalho (MOTTA 2009) Tais
fatores provocaram ―mudanccedilas substanciais que resultaram no aumento da pobreza
do desemprego e do subemprego e na precarizaccedilatildeo do trabalho (idem p 550)
O desemprego se constituiu como um dos maiores problemas sociais da humanidade A crise iniciada nos paiacuteses centrais a partir do final dos anos 1960 evidenciou o esgotamento do padratildeo de acumulaccedilatildeo fordista keynesiano alterando a relaccedilatildeo entre Estado e sociedade (OLIVEIRA 2012 p 494)
Conforme analisa Oliveira (2012) estima-se que em 2009 havia cerca de
210 milhotildees de pessoas desempregadas no mundo ―Os maiores afetados segundo
a agecircncia satildeo os jovens e as mulheres dos paiacuteses perifeacutericos (OLIVEIRA 2012 p
494) Diante de um quadro socioeconocircmico extremamente complexo seria
24
necessaacuterio novos mecanismos que dessem suporte ao controle das distorccedilotildees
sociais e de contenccedilatildeo Dessa forma foram lanccediladas novas bases da ideologia
dominante com objetivos especiacuteficos de controle da demanda com base nas
―poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio (PDM) (MOTTA 2009 p 549)
As PDM segundo a autora constituem ―mecanismos de hegemonia de
funccedilatildeo de direccedilatildeo intelectual e moral com accedilotildees concretas e definiccedilotildees de metas
focadas nas camadas de trabalhadores excluiacutedoslsquo do processo produtivo mas que
ainda possuem condiccedilotildees produtivas para instaurar um processo mais intensivo de
educar para o conformismo (idem p 549)
Assinala Motta (2009) que as poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio estatildeo
sublinhadas pelo forte investimento educacional balizado na ―teoria do capital
humano de Theodore Schultz na qual consiste em propor a qualificaccedilatildeo da forccedila do
trabalho humano atraveacutes do processo educacional direcionado para crescimento
econocircmico
Poderemos formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho mas
autores como Rifkin (1995) Pastore (2006) Martins e Veiga (2003) Oliveira (2012) e
Sachs (2007) enfatizam na diminuiccedilatildeo consideraacutevel dos postos de trabalho na esfera
global dando a entender que a crise do pleno emprego estaacute relacionada em parte
ao avanccedilo da automaccedilatildeo tecnoloacutegica e da chamada reestruturaccedilatildeo da produccedilatildeo
tanto nas aacutereas rurais quanto nas aacutereas urbanas como jaacute demonstrado
anteriormente Alertava Rifkin (1995) que mais de 800 milhotildees de pessoas no
mundo estavam desempregadas ou subempregadas e que esse quadro se agravaria
ateacute o final do seacuteculo XX
Com um quadro excessivamente preocupante as poliacuteticas de geraccedilatildeo de
emprego e renda entram na agenda internacional no entanto como salienta Souza
(2010 p 3) ―essas poliacuteticas puacuteblicas arrefecem o iacutempeto de uma celebraccedilatildeo liberal
na medida em que evidenciam a incapacidade de prover o pleno emprego
demonstrada pelo capitalismo mesmo em seus contextos mais avanccedilados
As tendecircncias multinacionais como analisa Oliveira (2012) ao mesmo
tempo em que preconizam a defesa de poliacuteticas focadas na geraccedilatildeo do trabalho (o
trabalho aqui entendido dentro do sistema capitalista portanto emprego formalizado
ou informal) que estimulassem a empregabilidade defendiam as flexibilizaccedilotildees das
leis regulatoacuterias que normatizam as leis do trabalho No caso brasileiro ―a poliacutetica de
emprego estaacute intrinsecamente relacionada agrave fraacutegil concepccedilatildeo de Welfare State e agrave
25
posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho reforccedilando um
crescimento subordinado e dependente do capital estrangeiro [] (OLIVEIRA
2012 p 494)
No Brasil as poliacuteticas de emprego estavam relacionadas agrave concepccedilatildeo de
submissatildeo das leis trabalhistas agraves estruturas e poliacuteticas macroeconocircmicas e apenas
eram direcionadas nesse sentido aos trabalhadores empregados sendo que natildeo
haviam poliacuteticas voltadas aos trabalhadores excluiacutedos do processo de produccedilatildeo
formalizado ateacute meados do final da deacutecada de 1980 No entanto como segue
Oliveira (2012)
[] as mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo do trabalho em consonacircncia com as poliacuteticas macroeconocircmicas de estabilizaccedilatildeo econocircmica imposta pelo FMI e demais organismos multilaterais delimitam a intervenccedilatildeo do Estado provocando um acirramento na questatildeo social em suas variadas expressotildees Eacute sob esta perspectiva que as poliacuteticas de emprego passam a ser implementadas no governo FHC Ou seja poliacuteticas que possam combater a crise do emprego e consequentemente a fome e a miseacuteria mas com recursos reduzidos e com ecircnfase na individualizaccedilatildeo do problema reforccedilando a histoacuterica intervenccedilatildeo residual do Estado brasileiro na questatildeo social (OLIVEIRA 2012 p 499)
No periacuteodo FHC assinalado por Oliveira (2012) foram criados vaacuterios
dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador Um dos mais importantes instrumentos foi o
seguro-desemprego que sofreu alteraccedilotildees em 1994 ampliando
[] o tempo de indenizaccedilatildeo Nesse periacuteodo o desemprego apresentava nuacutemeros elevados chegando a atingir de acordo com o IBGE em torno de 17 da PEA A renda meacutedia do trabalhador apresentou queda pelo sexto ano consecutivo atingindo em 2003 uma reduccedilatildeo de 129 (OLIVEIRA 2012 p 500)
Na primeira deacutecada do seacuteculo XXI o desemprego mantinha a taxa de 96 e
a informalidade atingia 60 dos trabalhadores ocupados como nos mostra Pastore
(2006)
11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO
Como jaacute mencionado as alteraccedilotildees no mundo do trabalho ocasionadas
pela reestruturaccedilatildeo produtiva concorreram para o aumento do desemprego
estrutural culminando em consequecircncias macroestruturais no seio da economia
26
mundial Retrato disso eacute o fenocircmeno denominado de informalidade esta vista como
um traccedilo marcante nos paiacuteses subdesenvolvidos ou em desenvolvimento
assinalado por Matsuo (2009) e Antunes (2011) Estes autores nos apontam os
variados modos de informalidade que constituem estrateacutegias de enfrentamento agraves
especificidades econocircmicas diferenciadas no tempo e no espaccedilo por serem
construiacutedas a partir de necessidades especiacuteficas territoriais Matsuo (2009) afirma
que estas estrateacutegias informais correspondem de um lado o trabalhador informal
adequando-se a economia de mercado e ―significa um traccedilo constitutivo e crescente
da acumulaccedilatildeo de capital dos nossos dias (ANTUNES 2011 p 4) eou de outro o
setor informal representa a exclusatildeo desses trabalhadores do sistema dinacircmico da
economia Dessa forma segue a autora no sentido de combinaccedilatildeo das duas
possibilidades
[] os trabalhadores marginalizados na economia informal procuram se articular com os setores dinacircmicos da economia e integrar a cadeia no circuito de acumulaccedilatildeo capitalista dependendo das oportunidades que surgem Por outro lado a economia informal nos apresenta setores que estatildeo a reboque da formal e que passam a ser marginais por estarem deslocadas do desenvolvimento econocircmico (MATSUO 2009 p 21)
Os setores informal e formal segundo Souza (2010) coexistem e se
estabelecem como uma fragmentaccedilatildeo da estrutura ocupacional Essa fragmentaccedilatildeo
no entanto deveria ser acompanhada de poliacuteticas puacuteblicas que observassem o setor
informal para a melhoria da sua capacidade de ganho (idem p 4) Essa anaacutelise parte
do pressuposto de que o capitalismo triunfante natildeo foi capaz de absorver a maioria
dos trabalhadores levando-os a concorrer sob a proacutepria sorte e sob a eacutegide da
inadaptaccedilatildeo da desvantagem e da exclusatildeo dos benefiacutecios desse capitalismo Para
esse autor
[] os estudos promovidos pela CEPAL e pelo PREALC defenderam a ideacuteia de uma heterogeneidade estrutural persistente na qual coexistiriam os setores moderno e arcaico Este uacuteltimo tiacutepico da economia informal refletiria o excedente de matildeo-de-obra que luta por sobrevivecircncia assumindo um caraacuteter estrutural e supeacuterfluo As poliacuteticas puacuteblicas deveriam contribuir para a elevaccedilatildeo da renda na economia informal atuando de forma compensatoacuteria (SOUZA 2010 p 4)
Sachs (2007) ao analisar a economia de mercado a partir das
reestruturaccedilotildees capitalistas nos paiacuteses subdesenvolvidos identifica os setores
sociais marginalizados dentro do processo produtivo assim como o sentido
27
excludente e endecircmico resultante da maciccedila exploraccedilatildeo pelos paiacuteses de economias
centrais O autor identifica o cenaacuterio e as transformaccedilotildees no mercado de trabalho
por conta dos processos de dominaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo da economia
No lugar do desaparecimento tradicional por meio da transferecircncia progressiva do excedente de sua matildeo-de-obra para o setor moderno assistimos a expulsatildeo das sobras dos trabalhadores do setor moderno para setores da economia informal de fundos de quintal ou nitidamente ilegal e ateacute a sua marginalizaccedilatildeo pura e simples fadados agrave afliccedilatildeo da ociosidade forccedilada condenados a situaccedilatildeo de assistidos para alguns do berccedilo ao tuacutemulo (SACHS 2007 p 254)
Antunes (2011) subdivide a informalidade em trecircs modalidades de
trabalhadores alocados a economia submersa a) trabalhadores informais
tradicionais b) trabalhadores informais assalariados sem registro c) trabalhadores
informais por conta proacutepria Essas trecircs categorias tambeacutem satildeo compreendidas nas
anaacutelises de Matsuo (2009) a qual define a informalidade em duas grandes
categorias ―velha informalidade (trabalhadores tradicionais) e a ―nova
informalidade (terceirizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo temporizaccedilatildeo) No entanto haacute algumas
―[] denominaccedilotildees atribuiacutedas a atividades praticadas nesse campo desemprego
disfarccedilado subemprego atividade clandestina iliacutecita natildeo estruturada etc
(SANTOS MACIEL e SATO 2014 p 330) que estatildeo presentes em todos os setores
da economia tanto no setor primaacuterio no secundaacuterio como no terciaacuterio como
apontam esses autores
De outra forma como aponta o estudo realizado em 2002 pelo Observatoacuterio
do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) haacute dois tipos
de mercado de trabalho que atuam concomitantemente
a) um setor formal cujo funcionamento das atividades foi definido como tendo barreiras agrave entrada com recursos externos sistema de propriedade impessoal operando em mercados amplos e protegidos por cotas e tarifas grande escala de produccedilatildeo processos produtivos de tecnologia moderna e intensivos em capital e matildeo-de-obra qualificada e b) um setor informal definido pela inexistecircncia de barreiras agrave entrada aporte de recursos de origem domeacutestica propriedade individual operando em pequena escala processos produtivos intensivos em trabalho atuando em mercados competitivos e natildeo regulados (MTE 2002 p 3)
O fato eacute que o crescimento da informalidade no caso brasileiro revelava
aleacutem da fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria a violaccedilatildeo agraves leis trabalhistas a
28
precarizaccedilatildeo do trabalho e a desqualificaccedilatildeo do trabalhador frente agraves novas
tecnologias e restriccedilotildees agrave sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal
Revelando o contraste entre os dois setores conforme as anaacutelises de
Meneguin e Bugarin (2008) em 2004 o trabalhador formalizado obteve uma
remuneraccedilatildeo de 623 superior em relaccedilatildeo ao trabalhador atuante na economia
submersa (CATANI 1985)
Alguns estudos realizados que apontam a informalidade no Brasil remontam
a deacutecada de 1990 Dessa forma a pesquisa Economia Informal Urbana (ECINF)
feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia a Estatiacutestica (IBGE) considerou a
―Organizaccedilatildeo e o Funcionamento da Unidade Econocircmica como uma caracteriacutestica
capaz de balizar os estudos sobre a informalidade Da mesma forma procurou
identificar e correlacionar as atividades informais identificando os
proprietaacuterios de negoacutecios informais trabalhadores por conta proacutepria e pequenos empregadores com 10 anos ou mais de idade ocupados em atividades natildeo-agriacutecolas e moradores em aacutereas urbanas nos domiciacutelios em que moram e atraveacutes deles investigar as caracteriacutesticas de funcionamento das unidades produtivas (IBGE - BRASIL 2003 p 15)
Um dos objetivos do IBGE era de ―quantificar o potencial das atividades
econocircmicas exercidas na informalidade em gerar oportunidades de trabalho e
rendimentos aleacutem de captar informaccedilotildees que permitam conhecer o papel e a
dimensatildeo do setor informal na economia brasileira (IBGE- BRASIL 2003 p 13)
O aumento da informalidade pode estar associado ao aumento da taxa de
desemprego o qual exige das pessoas estrateacutegias e formas diferenciadas de
sobrevivecircncia ou seja uma nova relaccedilatildeo com o mercado de trabalho como mostra
Matsuo (2009) Nas anaacutelises de Santos (2008)
Ateacute 1995 a cada aumento na oferta de emprego formal correspondia uma reduccedilatildeo do iacutendice de trabalhadores na informalidade Poreacutem a loacutegica mudou e a tendecircncia mostra que a criaccedilatildeo de novos empregos com carteira assinada natildeo causa mais esse impacto A informalidade passou a ser um traccedilo caracteriacutestico do mercado de trabalho brasileiro [] (SANTOS 2008 p6)
Pastore (2006) numa anaacutelise sobre o quadro nacional de empregos jaacute
indicava esta perspectiva e avalia o impacto sobre a previdecircncia social desse
quantitativo pois esta porcentagem corresponde agraves pessoas que natildeo contribuem
para o setor previdenciaacuterio gerando enormes distorccedilotildees no setor
29
Perceberemos (TABELA 1) a gradativa reduccedilatildeo na taxa de informalidade
brasileira bem como a reduccedilatildeo em 2 na taxa de desemprego entre 2002 e 2008
como observam Barbosa Filho e Pessocirca (2011) Estes autores ainda alertam para
a as diferenccedilas marcantes na composiccedilatildeo da taxa de desemprego de regiatildeo para
regiatildeo sugerindo o percentual em torno de 6 em Belo Horizonte e Porto Alegre e
superior a 12em Recife e Salvador no ano de 2008 (BARBOSA FILHO PESSOcircA
2011 p 2)
TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL
ANO DESEMPREGO INFORMALIDADE
2002 91 436 2003 97 423 2004 89 425 2005 93 414 2006 84 407 2007 82 391 2008 71 381 2009 83 374 2012 55 34 2013 54 33 2014 43 322 Fev2015 5 325
FONTE BARBOSA FILHO e MOURA (2012) IPEA (20142015) No primeiro semestre de 2013 a informalidade atingiu a taxa de 332
segundo IPEA (2013) Notamos (TABELA 1) que as atividades informais entre 2002
e 2006 obtiveram uma retraccedilatildeo de 29 e entre 2006 e 2013 houve decliacutenio na
ordem de 75 na informalidade brasileira Portanto houve a reduccedilatildeo de 104 da
informalidade entre os anos de 2002 e 2013 Em 2014 o desemprego obteve uma
variaccedilatildeo de 07 pp em relaccedilatildeo agrave fevereiro de 2015 assim como a informalidade
teve um acreacutescimo de 03 pp (IPEA 2015)
A informalidade segundo Malaguti (2001) eacute um traccedilo caracteriacutestico no
mercado de trabalho brasileiro e abrange parte significativa de trabalhadores
exercendo atividades de forma precarizada e desprotegida o que leva a reduccedilatildeo
salarial ao aumento da carga horaacuteria de trabalho e a desvalorizaccedilatildeo do trabalho
como garantia de dignidade
30
12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A
CRIacuteTICA
O deslocamento forccedilado dos trabalhadores formais para praacuteticas informais
no mercado de trabalho resultante de um processo de mudanccedilas nas relaccedilotildees de
produccedilatildeo e trabalho levaram milhares de pessoas a improvisar formas diferenciadas
de suas atividades habituais por necessidade de sobrevivecircncia muitas vezes
compreendidas como formas inovadoras e empreendedoras dentro de uma nova
realidade socioeconocircmica imposta
As praacuteticas empreendedoras muitas vezes como aponta Barbosa (2007) e
Malaguti (2001) surgem como estrateacutegias de autogestatildeo do trabalho do tempo e do
espaccedilo fiacutesico por se apresentarem como uacutenicas alternativas no processo de
desregulamentaccedilatildeo do trabalho e assim as novas configuraccedilotildees do trabalho
resultaram do esvaziamento da poliacutetica abrindo caminho na substituiccedilatildeo do trabalho
empregatiacutecio para uma forma autocircnoma do empreendedorismo Nas palavras de
Barbosa (2007)
A quebra do assalariamento baseado em contratos advindos da concentraccedilatildeo Estado capital e sindicatos penaliza o trabalho amplia as margens de accedilatildeo do mercado e expotildee a fragilizaccedilatildeo da poliacutetica como dimensatildeo da vida social por isso a pergunta que se faz agora entatildeo eacute de que modo o empreendedorismo pode reinventar ou inovar o trabalho garantindo espaccedilo para a poliacutetica Quer dizer frente agrave escassez (volume) e precarizaccedilatildeo (qualidade) do trabalho ateacute que ponto o empreendedorismo expresso nas ideias e praacuteticas de geraccedilatildeo de renda produz efeitos positivos no sentido de minorar as accedilotildees do mercado e impactar o quadro de desigualdade social (BARBOSA 2007 p 3)
Para essa autora o trabalhador desempregado perde sua identidade
subjetiva compartilhada e o emprego formalizado deixa de ser referecircncia de renda
pois com a ―reversatildeo do assalariamento e a ampliaccedilatildeo do trabalho desprotegido
informal se impotildee como regressividade social na medida em que diminui o poder de
barganha dos trabalhadores jogados agrave sorte no mercado e aumenta a desigualdade
social (idem p 4)
Essa realidade socioeconocircmica como demonstra Barbosa (2007) conduz
os trabalhadores para as diversas formas desprotegidas de gerar renda e o que
significava precariedade de uma sobrevivecircncia urbanizada passa a ser considerada
como um conjunto de qualidades dos trabalhadores pobres com caracteriacutesticas de
31
autonomia empregatiacutecia empreendedora e criativa escondendo a condiccedilatildeo de
inseguranccedila social Como segue a autora
Pode-se dizer que como barotildees da raleacute os trabalhadores informais reaparecem na narrativa empreendedora como portadores de futuro avalizados pela experimentaccedilatildeo do risco cotidianamente Todavia contraditoriamente a ocupaccedilatildeo em si natildeo oferece nenhuma seguranccedila social enquanto promessa de futuro para os trabalhadores envolvidos e suas famiacutelias (BARBOSA 2007 p 7)
Dessa maneira segundo a autora a reversatildeo forccedilada do assalariamento
protegido para o ―auto-emprego constituiu um esvaziamento das forccedilas sociais que
possuem bases nas condicionantes do trabalho coletivizado do trabalho protegido
pelas leis de regulaccedilatildeo do mercado de trabalho Sendo assim o auto-emprego pode
ser compreendido como sendo balizado em expectativas de mercado onde sua
capacidade de competitividade em muitos casos fica muito aqueacutem das forccedilas que
regulam o mercado impondo-lhe limitaccedilotildees de expansatildeo e ―desprovidos de capital
o trabalho autocircnomo paradoxalmente depende da sub-remuneraccedilatildeo que se auto
impotildee e do estaacutegio de desenvolvimento de dada sociedade capitalista cuja
tendecircncia eacute estender sua racionalizaccedilatildeo a todos os setores da economia (SOUZA
2010 p 5)
A gama de trabalhadores sem carteira assinada autocircnomos contrasta pela
sua heterogeneidade dependendo da escolaridade dos ganhos reais aacuterea de
atuaccedilatildeo remuneraccedilatildeo geralmente com pouca qualificaccedilatildeo e atuantes na produccedilatildeo
de bens e serviccedilos conforme analisa Souza (2010)
Dentro dessa oacutetica em suas anaacutelises sobre a formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual (MEI) Sulzbach e Denardin (2012) relatam que ―com
a instituiccedilatildeo desta figura o Estado brasileiro auxilia na desregulamentaccedilatildeo do
mercado de trabalho capitalista regulamentando-a Nesse sentido seguem os
autores
Esta nova forma de desregulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho estabelece o individualismo que cria uma cultura empreendimentista assim chamada por Harvey apud Miqueluzzi (1998) aonde a classe trabalhadora vislumbra ser um trabalhador por conta proacutepria natildeo ser mais assalariado (SUZBACH DENARDIN 2011 p 10)
32
Para Malaguti (2001 p 88) a informalidade aparece como uma das uacutenicas
formas de sobrevivecircncia para milhares de brasileiros e esta eacute um ―recurso de uacuteltima
instacircncia (p 92)
As pequenas empresas que surgem em meio agrave informalidade superlativada
resultado de uma modernidade que natildeo superou os preceitos do
subdesenvolvimento ao contraacuterio expandiu a pobreza e as diferenccedilas sociais pela
concentraccedilatildeo de renda excessiva e a reestruturaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo
enfrentam condiccedilotildees humilhantes e ultrajantes na procura de espaccedilo para a
sobrevivecircncia Segundo Malaguti (2001 p 68) a informalidade ―natildeo eacute um celeiro de
pessoas ativas empreendedoras eneacutergicas mas sim o refuacutegio sem opccedilatildeo
As empresas constituiacutedas diante de uma economia informal analisadas por
Malaguti (2001) Sachs (2006) Antunes (2011) Barbosa (2007) Catani (1985)
reproduzem o trabalho precarizado sob a forma de baixa remuneraccedilatildeo jornadas
excessivas de trabalho condiccedilotildees muitas vezes insalubres e sem orientaccedilatildeo
teacutecnica de seguranccedila
33
2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHOBRASILEIRO DAS
ORIGENS AO MEI
Neste capiacutetulo pretendemos estabelecer uma breve aproximaccedilatildeo sobre o
conceito de poliacuteticas puacuteblicas que em nosso entendimento eacute fundamental para a
compreensatildeo do objeto de estudo que eacute a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual Ainda neste toacutepico apresentaremos algumas das
principais poliacuteticas puacuteblicas sobre emprego no periacuteodo republicano brasileiro
21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
A Poliacutetica Puacuteblica eacute caracterizada como a posiccedilatildeo do ―Governo em accedilatildeo
assim definida por (SOUZA 2006) e ao mesmo tempo ―o Estado implantando um
projeto de governo atraveacutes de programas de accedilotildees voltadas para setores
especiacuteficos da sociedade(HOumlFLING 2001 p 31) ou mesmo a intervenccedilatildeo do
Estado em problemas e finalidades especiacuteficas
Podemos salientar que definiccedilotildees sobre o tema podem incidir em conceitos
significativamente diferentes pois como nos aponta Souza (2006) natildeo haacute uma
definiccedilatildeo singular para o termo Poliacutetica Puacuteblica diferentemente de outras aacutereas do
conhecimento tradicionalmente constituiacutedas como eacute o caso da Sociologia da
Economia ou da Psicologia a exemplos
Para Souza (2006) tal termo implica num conjunto de accedilotildeesprocessos que
permitem a dissociaccedilatildeo e separaccedilatildeo em fases de poliacuteticas ou ciclo de poliacutetica
puacuteblica pois no processo de estabilizaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica pode ocorrer
disparidades nas etapas de transcurso tanto na formulaccedilatildeo na implementaccedilatildeo
como na avaliaccedilatildeo da PP A partir de suas anaacutelises a autora nos apresenta algumas
definiccedilotildees sobre o tema
Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da poliacutetica que analisa o governo agrave luz de grandes questotildees puacuteblicas e Lynn (1980) como um conjunto de accedilotildees do governo que iratildeo produzir efeitos especiacuteficos Peters (1986) segue o mesmo veio poliacutetica puacuteblica eacute a soma das atividades dos governos que agem diretamente ou atraveacutes de delegaccedilatildeo e que influenciam a vida dos cidadatildeos Dye (1984) sintetiza a definiccedilatildeo de poliacutetica puacuteblica como ―o que o governo escolhe fazer ou natildeo fazer A definiccedilatildeo mais conhecida continua sendo a de Laswell ou seja decisotildees e anaacutelises sobre poliacutetica puacuteblica implicam responder agraves seguintes questotildees quem ganha o quecirc por quecirc e que diferenccedila faz (SOUZA 2006 p24)
34
O estudo do campo da Poliacutetica Puacuteblica estaacute direcionado agraves anaacutelises e
interpretaccedilotildees de interesses vantagens desvantagens ganhos e perdas dos grupos
e atores envolvidos no processo de construccedilatildeo da PP de forma direta ou indireta
desde a construccedilatildeo da agenda da formulaccedilatildeo do processo decisoacuterio da
implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo ateacute o puacuteblico alvo ao qual se originou a poliacutetica puacuteblica
Para Frey (2000) a Poliacutetica Puacuteblica constitui um campo da Ciecircncia Poliacutetica e
poderemos analisaacute-la sob trecircs perspectivas 1) o sistema poliacutetico no qual identifica e
avalia a accedilatildeo do governo e do Estado como promotores de felicidade de seus
cidadatildeos 2) o elemento poliacutetico representado pelas relaccedilotildees de forccedila e interesses
entre atores envolvidos no processo decisoacuterio 3) processo de avaliaccedilatildeo do sistema
poliacutetico no que concernem suas accedilotildees e estrateacutegias escolhidas para resolver
problemas especiacuteficos
Historicamente como aponta Frey (2000) o estudo sobre este campo da
Ciecircncia Poliacutetica nos Estados Unidos teve iniacutecio na deacutecada de 1950 Ao passo que
na Europa esta preocupaccedilatildeo comeccedilou a partir de 1970 com a ascensatildeo da social
democracia na Alemanha que estabeleceu poliacuteticas setoriais localizadas e
pontuais passiacuteveis de serem analisadas No caso brasileiro o interesse pelo
assunto eacute muito recente e conferiu ―ecircnfase ou agrave anaacutelise das estruturas e instituiccedilotildees
ou agrave caracterizaccedilatildeo dos processos de negociaccedilatildeo das poliacuteticas setoriais
especiacuteficas (p 214)
As poliacuteticas puacuteblicas desenvolvidas no plano da percepccedilatildeoaccedilatildeo pelo
Estado para a intervenccedilatildeo no mercado de trabalho satildeo constituiacutedas por Poliacuteticas
Ativas e Poliacuteticas Passivas (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA
2006) No Brasil elas estatildeo presentes concomitantemente no sistema puacuteblico de
emprego e ―existem para corrigir falhas de mercado relacionadas agrave restriccedilatildeo de
creacutedito assimetrias de informaccedilatildeo ou problemas de intermediaccedilatildeo de matildeo - de
obra (MACHADO E NETTO 2011 p 2) bem como promover a geraccedilatildeo de
emprego e renda e equacionar determinadas disfunccedilotildees no mercado de trabalho
Nas palavras de Chahad (2006)
Esta intervenccedilatildeo materializa-se por meio da oferta de serviccedilos baacutesicos como concessatildeo de creacutedito aos desempregados e trabalhadores autocircnomos melhoria da qualidade da matildeo-de-obra por meio do treinamento e da recolocaccedilatildeo do desempregado utilizando a intermediaccedilatildeo da matildeo-de-obra Essas poliacuteticas ativas que associando-se ao seguro-desemprego e a outras formas de assistecircncia aos desempregados atuam no sentido de
35
promover a geraccedilatildeo de emprego elevar o niacutevel de rendimentos e garantir melhor bem-estar aos trabalhadores em geral (CHAHAD 2006 p 1)
As Poliacuteticas Ativas tecircm a finalidade de facilitar o Acesso em ao mercado de
trabalho e aumentar o niacutevel de salaacuterios dos trabalhadores que apresentam
dificuldades de inserccedilatildeo nesse mercado criar frentes de trabalho oferecer
incentivos agraves micro e pequenas empresas aleacutem de possuir ―[] instrumentos para
criaccedilatildeo direta e indireta de emprego tanto no mercado formal de trabalho quanto no
setor informal contribuem para aumentar a ―empregabilidade do trabalhador
facilitando seu reemprego auxilia na reduccedilatildeo dos niacuteveis de pobreza (CHAHAD
2006 p 5 - 6) Essa forma de poliacutetica seraacute analisada mais adiante quando nos
referirmos agrave formalizaccedilatildeo do Microemprendedor individual sob a Lei Complementar
12808
No caso das Poliacuteticas passivas o objetivo eacute assegurar o miacutenimo de renda
consumo satisfaccedilatildeo para as pessoas excluiacutedas temporariamente ou natildeo do
processo produtivo do mercado de trabalho O dispositivo mais conhecido eacute o
Seguro-desemprego3 (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA 2006)
Para Oliveira (2012) jaacute mencionada anteriormente a poliacutetica de emprego
consiste numa representaccedilatildeo reduzida do ponto de vista do Estado do Bem Estar
Social e agrave ―posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho (idem p
494) o que resulta num quadro nacional do capitalismo dependente Veremos que
no primeiro momento do periacuteodo Republicano natildeo haacute a construccedilatildeo de um projeto de
poliacuteticas que coadunassem poliacuteticas ativas e poliacuteticas passivas Observamos nesse
sentido que o complexo de poliacuteticas ativas deixa claro o forte posicionamento ao
desenvolvimento econocircmico e dessa forma compreendemos que as ―principais
medidas de proteccedilatildeo ao trabalhador no Brasil foram no sentido de controlar a forccedila
de trabalho com a inserccedilatildeo de marcos regulatoacuterios corporativos e restritos a
pequenos grupos (OLIVEIRA 2012 p 495) Como salienta essa autora a privaccedilatildeo
de poliacuteticas passivas de atenccedilatildeo ao trabalhador tanto na Primeira Repuacuteblica como
no periacuteodo Vargas dilatou o quadro de pobreza brasileiro e criou um excedente de
matildeo de obra abrindo caminho para a subsistecircncia fora do setor formal
3 O Seguro desemprego eacute um benefiacutecio que oferece auxiacutelio em dinheiro por um periacuteodo determinado
pago ao trabalhador formal e domeacutestico em virtude da dispensa sem justa causa inclusive dispensa indireta trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso em virtude de participaccedilatildeo em curso de qualificaccedilatildeo fornecido pelo empregador pescador profissional durante o periacuteodo de defeso e trabalhador resgatado da condiccedilatildeo semelhante agrave de escravo (lthttpsgoogleX5hIw)
36
Para Fernandes (1975) Oliveira (1984) Machado (1999) Furtado (1978) e
Galeano (2010) o desenvolvimento latino-americano foi marcado pela incapacidade
de acompanhar a evoluccedilatildeo do capitalismo e das contradiccedilotildees e relaccedilotildees
antagocircnicas internas entre as capacidades produtivas e a correspondecircncia social
resultando no baixo desempenho econocircmico no mercado internacional dos paiacuteses
―subdesenvolvidos inseridos no sistema neocolonial o que permitiu a histoacuterica
dominaccedilatildeo e espoliaccedilatildeo territorial Para estes autores processo de dominaccedilatildeo foi
construiacutedo historicamente iniciado com o advento da ―Invasatildeo ou Conquista do
continente americano pela Espanha e Portugal As relaccedilotildees de poder produzidas
entre economias centrais e sateacutelites marcaram a crescente dependecircncia econocircmica
das uacuteltimas em relaccedilatildeo agraves primeiras sendo que o capitalismo latino americano se
tornou dependente na medida em que as bases relacionais foram pela via do
―endividamento externo e maior submissatildeo ao capital foracircneo (MACHADO 1999 p
200)
211 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento
Abaixo (QUADRO1) apresentamos algumas das principais poliacuteticas de
emprego desenvolvidas pelo Estado brasileiro anterior ao Regime Militar que se
estabeleceu em 1964
QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A
1964
Continua
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1919 Lei sobre acidentes de trabalho nordm 3724 de 15 janeiro de 1919
Responsabiliza empregadores pela indenizaccedilatildeo
Regulamentaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho Criaccedilatildeo do Aviso Preacutevio proibiccedilotildees de salaacuterios atrasados pagamentos de
horas extras natildeo salariais proibiccedilatildeo de trabalho para menores de quatorze anos
e estabilidade de emprego para ferroviaacuterios e portuaacuterios
1925 Decreto4982 de 24 de dezembro de 1925 ndash Lei de feacuterias
Concede 15 dias anuais de feacuterias para empregados
1926 Dec 5083 de 01 de dezembro de 1926 Coacutedigo do menor
Regulamentaccedilatildeo do trabalho de menores dentre outras providecircncias
1930 CriaccedilatildeodoMinisteacuterio do Trabalho Comeacutercio e induacutestria
Interferir sistematicamente no conflito entre capital e trabalho Estabeleceu
jornada de 8 horas e proibiccedilatildeo do trabalho infantil e noturno
1942 ServiccediloNacionaldeAprendizagemIndustrial (SENAI) - Dec Fed 4048 de 22 de janeiro de 1942
Formaccedilatildeo profissional para a insipiente induacutestria de base
37
QUADRO 1 - POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A
1964
Concluatildeo
FONTE OLIVEIRA (2012) MTE SENAI SENAC CPDOC SENADO FEDERAL
Com um desenvolvimento industrial ainda modesto e insipiente no primeiro
momento da Repuacuteblica do Brasil como analisa Cotrin (1999) a base econocircmica
brasileira estava atrelada ao campo pois segundo esse autor em 1920 697 das
pessoas ativas desenvolviam atividades na agricultura 138 na induacutestria e o setor
de serviccedilos abarcava 165 das pessoas ativas (COTRIN 1999 p 268)
Mesmo com uma sociedade predominantemente agraacuteria as poliacuteticas
puacuteblicas de emprego demonstradas acima atingiam apenas os trabalhadores
urbanos que representavam cerca de 30 dos trabalhadores brasileirosAs
condiccedilotildees de trabalho desse operariado na Primeira Repuacuteblica brasileira eram
excessivamente precaacuterias o que provocavam vaacuterios acidentes de trabalho somem-
se a isso os baixos salaacuterios pagos a natildeo existecircncia de salaacuterio miacutenimo sem direito a
feacuterias ou pagamento de horas extras carga horaacuteria excessiva de trabalho que
atingia como aponta Cotrin (1999) 15 horas diaacuterias de trabalho de segunda a
saacutebado e sem direito a qualquer forma de indenizaccedilatildeo ou aviso preacutevio o
trabalhador poderia ser demitido arbitrariamente (p 275) Como demonstra o autor
[] as instalaccedilotildees das faacutebricas eram geralmente precaacuterias Nos galpotildees de serviccedilo natildeo havia espaccedilo adequado para o trabalho o ambiente era mal iluminado quente e sem ventilaccedilatildeo Tudo isso favorecia a ocorrecircncia de acidentes de trabalho cujas as principais viacutetimas eram as crianccedilas (COTRIN 1999 p 274)
Diante do quadro que se encontrava o trabalhador brasileiro nesse periacuteodo
surgiram vaacuterios protestos reivindicatoacuterios para melhorias nas condiccedilotildees de trabalho
sendo importantes na contribuiccedilatildeo para o aparecimento dos primeiros sindicatos e
entidades ligadas ao operariado
Dessa maneira como aponta Fausto (1995) foi no curso das greves
ocorridas entre os anos de 1917 e 1920 que surgiram as primeiras possibilidades de
aprovaccedilatildeo legislativa de direitos aos trabalhadores Algumas medidas foram
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1946 Serviccedilo nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)
Voltado para o setor de comeacutercio produccedilatildeo de bens e serviccedilo e turismo
1943 Consolidaccedilatildeo das leis trabalhistas (CLT) (lei nordm 5452 de 1ordm maio de
1943)
Art 1ordm - Esta Consolidaccedilatildeo institui as normas que regulam as relaccedilotildees individuais e coletivas de
trabalho nela previstas
38
colocadas em um projeto denominado Coacutedigo de trabalho mas sofreram pesadas
criticas pelo empresariado sendo igualmente vetadas pelos congressistas Apenas
a Lei nordm 37241919 que dispunha sobre as regras resultantes de acidentes de
trabalho como indenizaccedilotildees e responsabilidades do empregador foi aprovada
Ainda assim duas leis importantes foram produzidas na segunda metade dos anos 20 a Lei de feacuterias (1925) e a Lei de Regulamentaccedilatildeo do Trabalho de menores (192627) A primeira visava a obrigar os empresaacuterios a conceder 15 dias de feacuterias a seus empregados sem prejuiacutezo do ordenadomas foi sistematicamente desrespeitada Jaacute o Coacutedigo do Menor estipulava a maioridade a partir dos 18 anos e propunha uma jornada de trabalho de seis horas (CPDOC ndash Centro de Pesquisas e documentaccedilatildeo de Histoacuteria Contemporacircnea do Brasil)
Jaacute na deacutecada de 1930 o Estado Getulista procurou estabelecer regulaccedilatildeo e
regulamentaccedilatildeo para a questatildeo trabalhista Neste periacuteodo foi criado o Ministeacuterio do
Trabalho Comeacutercio e Induacutestria como forma de atenccedilatildeo mais sistemaacutetica ao
trabalhador como aponta Oliveira (2012) A regulaccedilatildeo tinha como objetivo
interferecircncia do estado junto aos sindicatos e organizaccedilotildees trabalhistas sobre
maneira nas de inclinaccedilotildees marxistas apoiadas por partidos de esquerda o que
limitava accedilotildees no campo poliacutetico e conflitos de classes dificultando a organizaccedilatildeo
da classe trabalhadora Dessa forma como observam Fausto (1995) e Oliveira
(2012) a centralizaccedilatildeo estatal mantinha sobre forte domiacutenio a questatildeo do ―princiacutepio
da unidade sindical ou seja do reconhecimento do Estado de um uacutenico sindicato
por categoria profissional (FAUSTO1995 p 335) Segundo Oliveira (2012) o
governo centralizador e interventor de Vargas tinha a intenccedilatildeo de estabelecer a
harmonia entre as classes diluiacutedas pela inquietaccedilatildeo social e promover a adequaccedilatildeo
trabalhocapital o que levaria a acumulaccedilatildeo capitalista Consideremos que em
1920 a produccedilatildeo agriacutecola representava 79 do total produzido no paiacutes e a
induacutestria 21 em 1940 a agricultura era responsaacutevel por 57 da produccedilatildeo e a
induacutestria 43 o que denota um aumento significativo do setor industrial (FAUSTO
1995 p 392)
Na avaliaccedilatildeo de Fausto (1995 p 336) ―a poliacutetica trabalhista do Governo
Vargas constituiu um niacutetido exemplo de uma ampla iniciativa que natildeo derivou das
pressotildees de uma classe social e sim da accedilatildeo do Estado As medidas regulatoacuterias
de Vargas tinham um propoacutesito central aumentar a capacidade de produccedilatildeo
industrial nas aacutereas urbanas e para tanto havia a necessidade de prevenir a
instabilidade social e mediar as relaccedilotildees entre a classe trabalhadora e o patronato
39
Assim para normatizar as relaccedilotildees de trabalho individuais e coletivas bem
como as regulamentaccedilotildees sobre essas relaccedilotildees em 1943 foi instituiacuteda a
Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT) sob o Dec Lei nordm 5452 de 151943
Nesse periacuteodo ficou evidente a forte regulaccedilatildeo das forccedilas de trabalho
subordinadas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas de desenvolvimento e acumulaccedilatildeo de
capital A partir das deacutecadas de 197080 as poliacuteticas de emprego comeccedilaram a
ganhar destaque e porte sendo criado o Sistema Puacuteblico de Emprego ainda como
um sistema de pouca prospecccedilatildeo que atingia exclusivamente o mercado formal de
trabalho (MACHADO e NETO 2011)
212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar
O iniacutecio do regime militar foi marcado por uma seacuterie de mudanccedilas que
incidiram sobre a poliacutetica de emprego no Brasil Essas medidas tornaram-se
coercitivas em funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do governo militar em expandir o complexo
industrial e tecnoloacutegico (OLIVEIRA 2012) No entanto foi somente a partir da
deacutecada de 1970 no regime militar que comeccedilam a serem implementadas poliacuteticas
passivas ainda modestas de atendimento aos trabalhadores natildeo somente
formalizados mas algumas categorias de trabalhadores que se encontravam fora do
mercado de trabalho Uma das Poliacuteticas de Emprego de maior visibilidade foi a
criaccedilatildeo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) (Lei 5107 de
13set1966) orientado hoje pela Lei 8036 de 11maio1990 e tem como objetivo
dar auxiacutelio ao trabalhador dispensado do serviccedilo sem justa causa e garantir uma
renda para a subsistecircncia ateacute conseguir novo emprego Para Oliveira (2012) a
criaccedilatildeo do FGTS substitui a estabilidade de emprego contida na CLT pela
poupanccedila compulsoacuteria Abaixo (QUADRO 2) estatildeo algumas das Poliacuteticas de
Emprego desenvolvidas durante o regime militar que se instalou no Brasil em 1964
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASILDURANTE O REGIME MILITAR
continua
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1964 Lei Anti-greve4330 de 161964
Regula o direito de greve na forma do art 158 da Constituiccedilatildeo Federal de 1946
40
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL DURANTE O REGIME MILITAR
conclusatildeo
ANO POLIacuteTICA DEFINICcedilAtildeO
1965 Sobre os dissiacutedios coletivos entre categorias profissionais e econocircmicas (lei 4725 de
13765)
Estabelece normas para o processo dos dissiacutedios coletivos e daacute outras
providecircncias (Poliacutetica de contenccedilatildeo salarial)
1966 Criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) ndash Dec lei nordm 72 de 21111966
Unifica os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees
1966 Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo Lei 5107 de 13091966 ndash revogado o seu original em 1989 e posteriormente em 1990 pela Lei
8036 de 11051990
Dispotildee sobre o Fundo de garantia por Tempo de Serviccedilo
1970 Criaccedilatildeo do Programa de integraccedilatildeo Social (Lei Complementar 07 de 791970)
Art 1ordm [] destinado a promover a integraccedilatildeo do empregado na vida e no
desenvolvimento das empresas
1970 Criaccedilatildeo do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash LC
nordm 08 de 03121970
Institui o Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico
1971 Programa de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (PRORURAL) LC n 11 de 25051971
Poliacutetica de assistecircncia ao trabalhador rural
1973 Dec lei 71885 de 931973 Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico
Art 1ordm Satildeo assegurados aos empregados domeacutesticos os benefiacutecios e serviccedilos da Lei
Orgacircnica da Previdecircncia Social
1974 Criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS )Lei 6036 de
1051974
Atribuiccedilotildees diferentes do Ministeacuterio do Trabalho
11974
Lei Ordinaacuteria 6136 de 7111974 Define o salaacuterio maternidade e outros benefiacutecios a serem pagos aos
trabalhadores (na praacutetica somente aos trabalhadores formalizados)
11974
Lei n 6179 de 11121974 Art 1ordm Institui amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e para invaacutelidos definitivamente incapacitados
para o trabalho que natildeo exerccedilam atividades remuneradas []
11974
Lei n 6195 de 19121974 Extensatildeo aos trabalhadores rurais a concessatildeo de seguro por acidente do
trabalho
11974
Lei nordm 6019 de 03011974 Dispotildee sobre o Trabalho Temporaacuterio nas Empresas Urbanas - atendimento do
empresariado na substituiccedilatildeo de forccedila de trabalho ndash (OLIVEIRA 2012)
11975
Criaccedilatildeo do Sistema Puacuteblico de Emprego Conjunto de poliacuteticas ativas e passivas no mercado de trabalho
11975
Cria o Sistema Nacional de Emprego (SINE) Dec nordm 76403 de 08101975
Linhas de accedilatildeo organizar um sistema de informaccedilotildees e pesquisas sobre
o mercado de trabalho informar agraves empresas sobre a forccedila de trabalho
disponiacutevel (OLIVEIRA 2012)
FONTE OLIVEIRA (2012)wwwplanaltogovbr Instituo de Desenvolvimento do Trabalho
(IDT)CHAHAD (2006)
A centralidade econocircmica administrativa e poliacutetica que se iniciou no Brasil
apoacutes a implantaccedilatildeo do regime militar em 1964 culminou com a forte presenccedila do
41
Estado na sociedade e na economia e numa seacuterie de propostas de desenvolvimento
econocircmico colocadas nos Plano Nacional de Desenvolvimento l (1971 ndash 1974) e no
Plano Nacional de Desenvolvimento ll (1975 ndash 1979) (PND)
Neste momento da histoacuteria o Estado brasileiro inicia um processo de
enrijecimento atraveacutes da militarizaccedilatildeo poliacutetica administrativa e econocircmica do paiacutes
que avanccedilou para os setores da sociedade atingindo a classe trabalhadora Dentro
desse contexto foi decretado o impedimento agrave greve atraveacutes da Lei 433064 (Lei
Anti-greve) No ano seguinte foram instituiacutedas normas para o processo dos dissiacutedios
coletivos pela Lei nordm 472565 Tais medidas alertavam para o teor coercitivo do
governo militar e da sua proposta de crescimento econocircmico que penalizava a
classe trabalhadora do paiacutes
Na mesma medida em que manifestava sua posiccedilatildeo coercitiva e de controle
sobre as relaccedilotildees de trabalho o governo militar dava iniacutecio a propostas dos
trabalhadores como forma de compensaccedilatildeo pela falta de liberdade Em 1966 foi
criado o Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) o qual unificou os Institutos
de Aposentadorias e Pensotildees sob o Dec Lei nordm 7266 amparado pelo Ato
Institucional nordm 2 de 27111965 Em 1970 foram criados o Programa de Integraccedilatildeo
Social (PIS) sob a Lei nordm 071970 com o propoacutesito de ―[] promover a integraccedilatildeo do
empregado na vida e no desenvolvimento das empresas (art 1ordm) e o Programa de
Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash sob a Lei Complementar nordm
0870 Em 1971 a poliacutetica de trabalho passa a ser voltada ao meio rural por meio da
constituiccedilatildeo do Programa de Assistecircncia ao trabalhador Rural (PRORURAL) sob a
Lei Complementar 2571 Esta poliacutetica tinha o objetivo de dar assistecircncia ao
trabalhador rural que ateacute entatildeo natildeo possuiacutea benefiacutecios na legislaccedilatildeo trabalhista
Segundo Oliveira (2012)
Essa foi a primeira legislaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de um sistema previdenciaacuterio que beneficiasse os trabalhadores rurais benefiacutecio ampliados agraves empregadas domeacutesticas e em 1973 aos trabalhadores autocircnomos Essa inclusatildeo tardia dos trabalhadores rurais domeacutesticos e autocircnomos evidencia a poliacutetica trabalhista corporativa e excludente do Brasil e denota a ausecircncia de um sistema de garantias sociais para o conjunto da classe trabalhadora e dos trabalhadores fora do mercado de trabalho (OLIVEIRA 2012 p 497)
Em 1973 os empregados domeacutesticos passam a gozar dos benefiacutecios
instituiacutedos pela Lei orgacircnica da Previdecircncia Social amparados pelo Dec Lei
7188573 Em 1974 com o objetivo de ampliar a atenccedilatildeo ao trabalhador eacute criado o
42
Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) sob a Lei 603674 Outros
dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador foram criados como o Salaacuterio Maternidade
(Lei 613674) e o ―amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e
para invaacutelidos definitivamente incapacitados para o trabalho que natildeo exerccedilam
atividades remuneradas [] (Lei 617964 art 1ordm) No ano de 1975 ―sob a eacutegide da
Convenccedilatildeo nordm 88 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que orienta cada
paiacutes-membro a manter um serviccedilo puacuteblico e gratuito de emprego para a melhor
organizaccedilatildeo do mercado de trabalho (MTPS site) foi elaborado o Sistema Nacional
de Emprego (SINE)
Ao observarmos o quadro acima percebemos que as poliacuteticas de emprego
estabelecidas no regime militar eram Poliacuteticas Ativas e voltadas aos trabalhadores
formalizados excluindo dessas poliacuteticas quase em sua totalidade as categorias natildeo
formalizadas de trabalhadores brasileiros
Somente a partir da deacutecada de 1980 final do regime militar comeccedilam a
surgir mudanccedilas significativas sobre poliacuteticas puacuteblicas passivas de emprego no
Brasil Nas palavras de Oliveira (2012)
O esgotamento do regime militar e a crise econocircmica que se instaurou no paiacutes revelaram a precariedade das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira e reacendeu o debate por melhores serviccedilos de infraestrutura e de inclusatildeo nos programas sociais possibilitando a emergecircncia de movimentos sociais urbanos que clamavam por direitos sociais e pela redemocratizaccedilatildeo no paiacutes (OLIVEIRA 2012 p 498)
213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil
A partir da segunda metade da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990
as poliacuteticas marcadas pelo restabelecimento do governo democraacutetico brasileiro se
expandiram e foram criados vaacuterios programas destinados natildeo somente a dar
atenccedilatildeo ao trabalho formal mas tambeacutem ao setor informal da economia Com o
crescimento e demanda desse setor ficou evidente a necessidade de criaccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas direcionadas na possibilidade de equacionar distorccedilotildees entre os
setores formais e informais Para Machado e Neto (2011) os governos subnacionais
(estados e municiacutepios) foram importantes na medida de abertura do microcreacutedito
natildeo somente para o setor formal mas tambeacutem para os trabalhadores autocircnomos e
empreendimentos menores que absorviam boa parte dos trabalhadores ocupados
43
Observamos que os direitos dos trabalhadores se ampliam com a
promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (Constituiccedilatildeo Cidadatilde) estabelecidos
em seu art 7ordm com previsatildeo a ―melhoria de sua condiccedilatildeo social (BRASIL 1988
art 7ordm) No entanto como observa Oliveira (2012) natildeo havia ainda uma
preocupaccedilatildeo em formular poliacuteticas passivas de atendimento natildeo somente aos
trabalhadores formais mas tambeacutem aos desempregados subempregados e aos natildeo
formalizados que representavam parcela significativa no mercado de trabalho
brasileiro Dessa forma segue Oliveira (2012)
[] o paiacutes sempre conjugou poliacuteticas macroeconocircmicas com poliacuteticas assistencialistas limitando-se a introduzir marcos regulatoacuterios para algumas categorias profissionais sem contudo se debruccedilar na construccedilatildeo de uma poliacutetica de emprego passiva ou ativa que contemplasse a subsistecircncia ou a (re) inserccedilatildeo dos trabalhadores expulsos do mercado de trabalho (p 499)
Destacamos (QUADRO 3) as principais poliacuteticas criadas para garantir
direitos sociais de atenccedilatildeo aos trabalhadores sob a promoccedilatildeo de poliacuteticas passivas
para mercado de trabalho
QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
continua ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
1986 Lei nordm 2283 de 27021986 ndash cria o Seguro Desemprego
Dispotildee sobre a instituiccedilatildeo [] do Seguro desemprego e daacute outras providecircncias
1988 Art XIII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo das horas trabalhadas que passa de 48 horas para
44 horas semanais
1990 Lei nordm 7998 de 11011990 Regula o Programa do Seguro-Desemprego o Abono Salarial institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)
financiado com recursos advindos do PIS e do PASEP
1994 Resoluccedilatildeo CODEFAT nordm 59 de 250394 ndash autoriza alocar recursos do FAT para o Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e
Renda (PROGER)
Eacute uma poliacutetica puacuteblica de emprego que se faz mediante concessatildeo de creacutedito
financeiro Tem por objetivo proporcionar linhas especiais de creacutedito em atividades
produtivas [] (MTPS)
1996
Resoluccedilatildeo 126 de 23101996 (CODEFAT) Criacatildeo do Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo
do trabalhador (PLANFOR)
Aprova criteacuterios para a utilizaccedilatildeo de recursos do Fundo de Amparo ao
Trabalhador - FAT pela Secretaria de Formaccedilatildeo e Desenvolvimento Profissional - SEFOR com vistas agrave execuccedilatildeo de accedilotildees
de qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo profissional no acircmbito do Programa do Seguro-
Desemprego no periacuteodo e 19971999
44
QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
Continuaccedilatildeo
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
1996
Decreto 1946 de 28061996 - Cria o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar ndash PRONAF
Apoio financeiro a atividades agropecuaacuterias ou natildeo-agropecuaacuterias para implantaccedilatildeo
ampliaccedilatildeo ou modernizaccedilatildeo da estrutura de produccedilatildeo beneficiamento industrializaccedilatildeo e de serviccedilos no estabelecimento rural ou em aacutereas comunitaacuterias rurais proacuteximas de
acordo com projetos especiacuteficos
1996
RESOLUCcedilAtildeO CODEFAT Nordm 103 de 631996 ndash Cria o Programa de Expansatildeo do Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador ndash PROEMPREGO
Art 1ordm [] objetivo de criar novos empregos incrementar a renda do
trabalhador proporcionar a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em
especial das camadas de mais baixa renda e propiciar a diminuiccedilatildeo dos custos de
produccedilatildeo no contexto internacional preservando e expandindo as
oportunidades de trabalho e assegurando o equiliacutebrio do meio ambiente
1998 Resoluccedilatildeo CODEFAT 194 de 23091998 - Estabelece criteacuterios para transferecircncia de
recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador ndash FAT ao Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador ndash PLANFOR
Art 2ordm O PLANFOR tem o objetivo de construir gradativamente oferta de
educaccedilatildeo profissional (EP) permanente com foco na demanda do mercado de
trabalho de modo a qualificar ou requalificar a cada ano articulado agrave
capacidade e competecircncia existente nessa aacuterea pelo menos 20 da PEA - Populaccedilatildeo Economicamente Ativa maior de 14 anos
de idade
11999
Criaccedilatildeo do Fundo de Aval para a Geraccedilatildeo de Emprego e Renda (FUNPROGER)
Tem a finalidade de garantir parte do risco dos financiamentos concedidos pelas instituiccedilotildees financeiras oficiais federais diretamente ou por intermeacutedio de outras instituiccedilotildees financeiras no acircmbito do Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda - PROGER Setor Urbano
22001
Medida Provisoacuteria nordm 2164-41 de 24082001Subvenciona o trabalhador atraveacutes de Bolsa Qualificaccedilatildeo profissional
Altera a Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho - CLT para dispor sobre o trabalho a tempo parcial a suspensatildeo do contrato de trabalho e o programa de qualificaccedilatildeo profissional
22001
Lei nordm 10208 de 23032001 -Acrescenta os artigos 3ordmA 6ordmA 6ordmB 6ordmC e 6ordmD agrave Lei n
o 5859 de 11 de dezembro de 1972
Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico para facultar o Acesso em ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo - FGTS e ao seguro-desemprego (texto da poliacutetica)
22003
Lei 10779 de 25112003 Dispotildee sobre a concessatildeo do benefiacutecio de seguro desemprego durante o periacuteodo de defeso ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal (texto da poliacutetica)
22005
Decreto 5598 de 1122005 ndash Estabelece as normas para o Programa de Aprendizagem Profissional
Regulamenta a contrataccedilatildeo de aprendizes
45
QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
Conclusatildeo
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
22008
Lei Complementar 128 de 191208 ndash Criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI)
ART 18E - O instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo social e previdenciaacuteria
FONTE SENADO FEDERAL OLIVEIRA (2012) MTE BATISTA (2009)
As poliacuteticas de trabalho no Brasil quase que exclusivamente atingiam os
trabalhadores formalizados deixando fora de poliacuteticas especiacuteficas categorias natildeo
definidas dentro do setor formal isolando-os de direitos trabalhistas e
previdenciaacuterios Com a evoluccedilatildeo da economia de mercado informalizado e
considerando que boa parte dos trabalhadores sobrevivia do trabalho informal o
que nesse sentido como analisa Pastore (2006) gerava distorccedilotildees no setor
previdenciaacuterio o governo brasileiro instituiu a LC 1282008 com objetivos de 1)
criar a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual 2) promover a formalizaccedilatildeo
de trabalhadores que manteacutem atividades fora das relaccedilotildees de mercado formais 3)
promover a inclusatildeo social desses trabalhadores
214 Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI
Em 2008 foi regulamentada no Brasil a Lei Complementar (LC) nordm 12808 a
qual estabeleceu a pessoa juriacutedica do Microempreendedor Individual (MEI) em
complemento a LC 123 de 14 de dez de 20064 Esta poliacutetica puacuteblica representa uma
tentativa de resposta pelo poder puacuteblico ao crescente nuacutemero de trabalhadores
informais exercendo as mais diversas atividades econocircmicas e em muitos casos
em situaccedilatildeo de vulnerabilidade por exerciacutecios de trabalho precaacuterio irregular ou ilegal
em desconformidade com a legislaccedilatildeo trabalhista natildeo oportunizando dessa forma
os direitos previdenciaacuterios conquistados pelos trabalhadores formalizados Como
referecircncia ao MEI a legislaccedilatildeo traz a seguinte redaccedilatildeo
4A LC 12306 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser
dispensado agraves microempresas e empresas de pequeno porte no acircmbito dos poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal [] (art 1ordm) e segundo Guimaratildees (2011) a Lei Geral de 2006 estaacute relacionada agrave geraccedilatildeo de desenvolvimento econocircmico
46
Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se MEI o empregador individual a que se refere o art 966 da lei 10406 de 10 de janeiro de 2002 (Coacutedigo Civil) que tenha auferido receita bruta no calendaacuterio anterior de ateacute R$ 6000000 (sessenta mil reais) optante pelo Simples Nacional e que natildeo esteja impedido de optar pela sistemaacutetica prevista neste artigo (LC 12808 art 18ordf sect 1ordm)
Segundo a redaccedilatildeo da referida LC ―o instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica
que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo
social5 e previdenciaacuteria (BRASIL 2008 art 18-E) natildeo sendo objeto apenas de
caraacuteter econocircmico ou fiscal (idem sect 1ordm) Portanto como analisa Souza (2010 p15) o
―MEI tem como objetivo alcanccedilar aqueles empreendedores menores os chamados
autocircnomos ou ambulantes como cabeleireiros sapateiros costureiras pipoqueiros
entre outros e segundo Federaccedilatildeo Nacional das Empresas de Serviccedilos Contaacutebeis
e das Empresas de Assessoramento Periacutecias Informaccedilotildees e Pesquisas
(FENACON) tal poliacutetica puacuteblica consiste num dos ―maiores projetos de inclusatildeo
social colocados em praacutetica no paiacutes e assim decorre de uma accedilatildeopoliacutetica do
Estado perceptiacutevel frente a um problema soacutecioestrutural e que essa accedilatildeo estaraacute
diretamente ligada a fatores conjunturais e influenciaraacute a vida das pessoas
Com o advento da pessoa juriacutedica do MEI aleacutem da facilidade no processo
burocraacutetico de formalizaccedilatildeo das suas atividades pode-se verificar o baixo custo
tributaacuterio tanto para a previdecircncia quanto para os estados e municiacutepios muito
embora os encargos tributaacuterios se diferenciem dependendo da atividade
desenvolvida pelo empreendedor individual
Portanto com os objetivos expressos de inclusatildeo social previsto na
referente LC devemos destacar dois fatores muito importantes a) o aumento da
contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria b) o aumento na receita dos municiacutepios (ainda que
pequeno) Quanto agrave contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria o Microempreendedor Individual
estaraacute isento do Imposto de Renda sobre Pessoa Juriacutedica (IRPJ) do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) da Contribuiccedilatildeo Social sobre Lucro liacutequido (CSLL)
da Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) do
Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) e da Contribuiccedilatildeo Patronal Previdenciaacuteria no
entanto recolheraacute em forma de tributaccedilatildeo um valor fixo mensal no valor de R$
51656 disposto no art 18A sect 3ordm inciso V da referida LC desse modo isentando-o
5 Grifo nosso ndash texto incluiacutedo pela LC 1472014
6Valor expresso ateacute a data referente a esta pesquisa ndash ano base 2016
47
do regime de tributaccedilatildeo - o Simples Nacional O recolhimento de tributaccedilatildeo seraacute da
seguinte forma (LC 12808 art 18ordf inciso V aliacuteneas a b c)
a) R$ 4565 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) a tiacutetulo
da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria
b) R$ 100 (um real) a tiacutetulo ICMS
c) R$ 500 (cinco reais) a tiacutetulo de ISS
A referida LC em seu art 18E sect3ordm enquadra o MEI na modalidade de
microempresa no entanto com especificidade conceitual diferenciada do que refere
o art 3ordm item l da LC 12306 ―no caso da microempresa aufira em cada ano-
calendaacuterio receita bruta igual ou inferior a R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil
reais) Sem embargo a redaccedilatildeo no mesmo artigo em seu sect2ordm estende ao MEI
todos os benefiacutecios dispensados agrave pequena empresa sempre que favoraacutevel
Eacute compreensiacutevel o enquadramento do MEI na modalidade de microempresa
posto que a LC 12306 foi o marco de abertura para o processo de formalizaccedilatildeo
desburocratizaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo das micro e pequenas empresas que se
encontravam na informalidade dos seus negoacutecios comerciais possibilitando nesse
sentido a valorizaccedilatildeo e a inclusatildeo de uma quantidade significativa de empresas no
curso da regularizaccedilatildeo previdenciaacuteria social e econocircmica Os dispositivos
colocados tanto na facilidade para a abertura da empresa baixa tributaccedilatildeo e
tratamentos diferenciados nas licitaccedilotildees puacuteblicas como procedimentos de estiacutemulos
e apoio para a inovaccedilatildeo contrataccedilatildeo capacitaccedilatildeo e ao associativismo inclina-se na
construccedilatildeo no nosso entendimento de uma base complementar entre Poliacutetica
Publica Ativa e Poliacutetica Puacuteblica Passiva a) quanto agrave natureza estrutural b) quanto agrave
abrangecircncia fragmentada e c) quanto aos impactos redistributiva (TEIXEIRA
2002)
As micro e pequenas empresas e o microempreendedor individual
amparados pelas LC 12306 e LC 12808 respectivamente formam um segmento
do mercado aberto que nas anaacutelises de Sacks (2003) eacute excepcionalmente
importante para o desenvolvimento socioeconocircmico do paiacutes pois aleacutem de
representar uma economia que chega a 27 do PIB brasileiro corresponde ao
emprego de mais de 90 dos trabalhadores operantes no paiacutes portanto uma fonte
inestimaacutevel de geraccedilatildeo de renda
No entanto como observa o autor o isolamento dessas MPE assim como
os MEI (atividades produtivas de pequeno porte) frente a um mercado aberto natildeo
48
poderaacute corresponder agraves expectativas de expansatildeo em decorrecircncia da concorrecircncia
com empresas maiores e mais estruturadas atuantes no livre mercado Como
assinala Sachs (2003)
Esses pequenos empreendedores e produtores se submetidos apenas aos processos de mercado natildeo tecircm condiccedilotildees de competir com empresas estruturadas de maior porte ndash a natildeo ser concorrendo agrave ―competitividade espuacuteria que se traduz em salaacuterios baixos jornadas longas de trabalho sonegaccedilatildeo de impostos e natildeo recolhimento de encargos sociais (SACHS 2003 p 21)
Para esse autor o desafio em alterar esse quadro estaria em promover a
qualificaccedilatildeo acesso em agrave tecnologia ao creacutedito e ao mercado considerando
igualmente a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas menos setorizadas mas que
concebessem a integraccedilatildeo dos setores da economia propiciando a aproximaccedilatildeo das
empresas agrave competitividade Ou seja ―uma accedilatildeo afirmativa em favor dos mais
fracos sem poder e sem voz (SACHS 2003 p 21)
As microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) satildeo
estruturalmente diferenciadas dos microempreendedores Individuais tanto nas
dimensotildees fiacutesicas quanto na capacidade de abrangecircncia e inserccedilatildeo no mercado
sendo igualmente objeto diferenciado constante nas regulamentaccedilotildees descritas nas
LC 12306 e LC 12808 respectivamente quanto ao enquadramento sobre a receita
agraves obrigaccedilotildees tributaacuterias e fiscais O art 3ordm incisos I e II da LC 12306 nos diz como
jaacute mencionado acima que a microempresa eacute aquela que possui receita bruta anual
de ateacute R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil reais) a receita bruta da empresa de
pequeno porte por sua vez natildeo pode ser inferior a R$ 36000000 e superior a R$
360000000 (trecircs milhotildees e seiscentos mil reais) por outro lado o MEI possui uma
exigecircncia de receitaano muito menor que as demais estabelecida com um teto de
R$ 6000000 conforme expressa o art 18ordf sect 1ordm
Consideremos que as obrigaccedilotildees tributaacuterias diferenciadas para as
microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional7
descrevem as necessidades de se conceber mecanismos de atendimento a esse
segmento empresarial de importacircncia comprovada para a economia do paiacutes e da
sua fragilidade de continecircncia no livre mercado Por outro lado temos o MEI
7Simples Nacional eacute um regime de tributaccedilatildeo diferenciado aplicados agraves Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte que consiste no recolhimento dos tributos previstos em lei em um documento uacutenico de arrecadaccedilatildeo (DAS) e da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria
49
marcado pela inseguranccedila muitas vezes da sua condiccedilatildeo de ―empreendedor
forccedilado em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no universo do trabalho denotando a
fragilidade socioeconocircmica que o permeia No entanto
No Brasil existem algumas entidades que atuam como propulsoras das potencialidades de micro e pequenas empresas estimulando a cultura do empreendedorismo Uma das principais eacute o SEBRAE (Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas) que atua dando suporte no processo de abertura e registro de empresas com orientaccedilatildeo cursos e palestras para minimizar o grau de mortalidade desses pequenos empreendimentos (SILVEIRA TEIXEIRA 2011 p 227)
A finalidade do SEBRAE nesse sentido eacute apoiar o desenvolvimento das
micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo atraveacutes de programas
de capacitaccedilatildeo consultoria e financcedilas no atendimento de empresaacuterios e potenciais
empreendedores
A poliacutetica maior do MEI atribui determinada responsabilidade aos governos
locais de deferirem poliacuteticas alinhadas agrave implantaccedilatildeo agravequela de atenccedilatildeo agrave categoria
uma vez que o desenvolvimento desse segmento pode subtender aleacutem da
inclusatildeo descrita no art 18E da LC 12808 um avanccedilo nas questotildees
socioeconocircmicas locais Mesmo com direcionamento o impacto pode ser absorvido
por outros segmentos sob a forma de fortalecimento do mercado interno local que
por sua vez concorre para o aumento e extensatildeo da geraccedilatildeo de emprego renda e
com isso o aumento da receita municipal
Sob a oacutetica do desenvolvimento local a partir da interpretaccedilatildeo do
pensamento de autores como Albuquerque e Zapata (2008) Sachs (2003)
Albuquerque (1997) dentre outros dialogando com a Lei Geral e suas alteraccedilotildees
(LC 12808 e LC 147 de 07 de ago de 2014) analisaremos algumas accedilotildees e
estrateacutegias de atendimento ao MEI desenvolvidas nos municiacutepios integrantes da
MRGP
50
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute
A Microrregiatildeo8 Geograacutefica de Paranaguaacute (MRGP) (MAPA 1) situada no
litoral paranaense eacute composta pelos municiacutepios de Antonina Guaraqueccedilaba
Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute (IPARDES 2012) e
apresenta enorme complexidade em sua estrutura social econocircmica e natural
marcada ainda por seacuterios problemas de gestatildeo de desenvolvimento e de
conservaccedilatildeo (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT et al2002)
Para Horochowski et al (2007) a MRGP apresenta
[] uma espacialidade conturbada com mais de 60 quilocircmetros de extensatildeo que liga os municiacutepios de Guaratuba Matinhos Pontal e tambeacutem Paranaguaacute Esses trecircs uacuteltimos possuem graus de urbanizaccedilatildeo superiores a 96 e satildeo marcadamente ordenados por grupos imobiliaacuterios promotores de praacuteticas especulativas e pela ocupaccedilatildeo de aacutereas ambientalmente vulneraacuteveis(HOROCHOWSKI etal (2007)
MAPA 1 -MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute
FONTE Adaptado do CORPO DE BOMBEIROSPR Disponiacutevel em(lthttpsgooglBhsDTx)
Segundo IPARDES a aacuterea territorial da MRGP corresponde a 6333233
Km2 abrigando uma populaccedilatildeo de 286602 habitantes com densidade demograacutefica
8 As microrregiotildees satildeo definidas pelo IBGE (1990) como partes da mesorregiatildeo e possuem
especificidades proacuteprias sem apresentarem uniformidade ou auto-suficiecircncia contudo articulam-se com espaccedilos maiores (mesorregiotildees ou Unidades da Federaccedilatildeo) Essas especificidades dizem respeito agraves estruturas de produccedilatildeo que podem apresentar quadros naturais sociais ou econocircmicos particulares localizados e regionalizados
51
de 4525 habKm2 e alto grau de urbanizaccedilatildeo de 9048 (TABELA 2) A ―forte
polarizaccedilatildeo urbana e industrial com o complexo portuaacuterio de Paranaguaacute e das aacutereas
urbano-turiacutesticas na orla sul (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT
et al2002 p 160) constitui um traccedilo caracteriacutestico do litoral paranaense e possui
dinacircmicas diferenciadas no processo econocircmico
No litoral paranaense conforme assinalam esses autores o meio natural
estaacute relativamente menos impactado que no restante do Estado principalmente nas
aacutereas rurais de Guaratuba e Guaraqueccedilaba que natildeo concorreram aos modelos de
desenvolvimento econocircmico adotados pelos municiacutepios do Estado que mantinham
bases predominantemente agriacutecolas e agroindustriais (idem p 161)
TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010)
MUNICIacutePIO POPULACcedilAtildeO
2000 2010
Antonina 19174 18891 Guaraqueccedilaba 8288 7871 Guaratuba 27257 32095 Matinhos 24184 29428 Morretes 15275 15718 Paranaguaacute 127339 140469 Pontal do Paranaacute 14323 20920
FONTE IBGE ATLAS BRASIL
A MRGP eacute componente da Mesorregiatildeo9 de Curitiba e estaacute ligada agrave capital
paranaense atraveacutes da BR 277 Outras estradas alternativas que ligam a regiatildeo ao
Primeiro Planalto Paranaense podem ser observadas pela BR 376 (Guaratuba ndash
GaruvaSC) e pela estrada da Graciosa
A precaacuteria gestatildeo de desenvolvimento local10 e a falta de iniciativas que
atendessem as capacidades especificidades e realidades vividas localmente
concorreram para que o litoral paranaense se tornasse uma das regiotildees menos
9Entende-se por Mesorregiatildeo uma aacuterea individualizada em uma Unidade da Federaccedilatildeo que
apresenta formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico definida pelas seguintes dimensotildees o processo social como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de comunicaccedilatildeo e lugares como elemento de articulaccedilatildeo espacial Estas trecircs dimensotildees possibilitam que o espaccedilo delimitado como Mesorregiatildeo tenha uma identidade regional Esta identidade eacute uma realidade construiacuteda ao longo do tempo pela sociedade que aiacute se formou (IBGE 1990 p 8)
10
Atraveacutes do Sistema de Monitoramento da Implementaccedilatildeo da Lei Geral nos Municiacutepios Brasileiros disponibilizado pelo SEBRAE observamos que natildeo haacute poliacuteticas de desenvolvimento local nos municiacutepios integrantes da MRGP Disponiacutevel em (lthttpsgoogltb4OXE)
52
desenvolvidas do Paranaacute com altos iacutendices de pobreza baixo padratildeo de vida e
destacadas disparidades sociais como analisaram Raynaut et al (2002) e Turra e
Baccedilo (2014) Para esses uacuteltimos autores apoacutes realizarem estudos sobre Niacutevel de
Desenvolvimento Regional (NDR) no Paranaacute concluiacuteram que a MRGP possui um
niacutevel muito baixo (MB) de desenvolvimento o que estaacute relacionado agrave baixa
concentraccedilatildeo tecnoloacutegica e o niacutevel de ocupaccedilatildeo das pessoas
Abaixo (TABELA 3) demonstra uma evoluccedilatildeo no Iacutendice de Desenvolvimento
Humano (IDH) na MRGP
TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOSMUNICIacutePIOS DA MRGP
MUNICIacutePIO IDH POBREZA
2000 2010 2000 2010
Antonina 0582 0687 3339 1727
Guaraqueccedilaba 0430 0587 5387 3605 Guaratuba 0613 0717 1958 915 Matinhos 0635 0743 1671 616 Morretes 0573 0686 2364 1087 Paranaguaacute 0645 0750 1593 810 Pontal do Paranaacute 0622 0738 1741 598
FONTE IBGE ATLAS BRASIL
Alguns elementos como a longevidade a renda e a educaccedilatildeo contribuiacuteram
para o aumento do IDH Jaacute a queda no iacutendice de pobreza na MRGP pode ser
descrita igualmente pelo aumento da renda da populaccedilatildeo e de uma maneira mais
incisiva pela involuccedilatildeo da desigualdade nesses municiacutepios
No entanto o iacutendice da pobreza no caso de Antonina a exemplo segundo
IBGE (2010) chegou a 5022 e o iacutendice da pobreza subjetiva neste municiacutepio
ficou em 3018 Notemos que a permanecircncia da pobreza muitas vezes produz
um deslocamento e enfraquecimento das capacidades e potencialidades reais das
pessoas
31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP
A MRGP apresenta uma diversidade no setor econocircmico com atividades
agropastoris comercio induacutestria (setor industrial de Paranaguaacute) e o setor de
produccedilatildeo de bens e serviccedilos com ecircnfase no turismo sobretudo na orla sul da
regiatildeo que abrange os municiacutepios de Pontal do Paranaacute Matinhos e Guaratuba
53
ainda sujeitos agrave sazonalidade em decorrecircncia da temporada de praias (veratildeo) e o
inverno
Os setores produtivos da MRGP se apresentam de forma heterogenia com
ecircnfase na proporccedilatildeo do setor de comeacutercioserviccedilos que apresenta forte impacto
sobre a contrataccedilatildeo de pessoal formalizado (RAIS)
TABELA 4ndash DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)
FONTE IPARDES IBGE FUNPARUFPR
Observamos (TABELA 4) que a taxa de desemprego na MRGP em 2010
ficou em 7511 Frisamos que pela escassez de dados referentes ao setor informal
na MRGP natildeo foi possiacutevel estabelecer a descriccedilatildeo quantitativa das atividades
econocircmicas Poreacutem nas atividades exploratoacuterias de anaacutelise observamos enorme
diversidade das atividades informais no litoral serviccedilos domeacutesticos jardinagem
cabeleireiro manicure trabalhadores contratados para a limpeza de pescados
artesatildeos salgadeira doceira construccedilatildeo civil carpinteiros ambulantes catadores
de materiais reciclaacuteveis trabalhadores de Micro e Pequenas empresas
desprotegidos pela natildeo formalizaccedilatildeo trabalhadores rurais trabalhadores em
oficinas de mecacircnica de automoacuteveis motocicletas e bicicletas dentre outros
trabalhadores
A economia informal ou economia submersa (CATANI 1985) segundo
alguns autores como Sachs (2003) Antunes (2011) Matsuo (2008) se apresenta de
11
O desemprego foi calculado sobre a PEA (populaccedilatildeo economicamente ativa) em relaccedilatildeo agrave PO
(populaccedilatildeo ocupada) incluindo os setores formal e informal A PEA pode ser definida como o []
potencial de matildeo-de-obra com que pode contar o setor produtivo isto eacute a populaccedilatildeo ocupada e
a populaccedilatildeo desocupada (IBGE) A PO compreende aquelas pessoas que num determinado periacuteodo
de referecircncia trabalharam ou tinham trabalho mas natildeo trabalharam (por exemplo pessoas em feacuterias) As pessoas ocupadas sao classificadas em a) empregados b) conta proacutepria c) empregadores d) natildeo remunerados (idem)
TRABALHO REGIAtildeOANO
2000 2010
Populaccedilatildeo em Idade Ativa (PIA) (pessoas) 175483 223295 Populaccedilatildeo Ocupada total (PO) (pessoas) 85863 115811 Pessoal ocupado assalariado (pessoas) nd 51576 Populaccedilatildeo Economicamente Ativa (PEA) 100628 125263 Taxa de Atividade de 10 anos ou mais () 547 5625 T de Ocupaccedilatildeo de 10 anos ou mais () nd 9245
54
maneira complexa pelo volume frente a uma nova conjuntura e modificaccedilotildees no
mundo do trabalho um meio diferenciado encontrado pelas pessoas como
enfrentamento ao crescente processo de erradicaccedilatildeo do emprego formalizado Tais
formas de ―sobrevivecircncia laboral encontram suporte legal no art 170 paraacuteg uacutenico
da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 onde ―eacute assegurado a todos o livre exerciacutecio de
qualquer atividade econocircmica independentemente de autorizaccedilatildeo de oacutergatildeos
puacuteblicos salvo nos casos previstos em lei (BRASIL 1988)
Quanto ao emprego formal na MRGP verificamos (TABELA 5) um aumento
de 36 no quantitativo dos empregos ativos
TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014)
MUNICIacutePIO EMPREGOS
ATIVOS
2013 2014
Antonina 3169 3193 Guaraqueccedilaba 810 796 Guaratuba 5874 6509 Matinhos 7341 7838 Morretes 2252 2347 Paranaguaacute 38133 38275 Pontal do Paranaacute 3691 4543
Total 61270 63501
FONTE MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGOCAGED
Na tabela acima (TABELA 5) constatamos que o municiacutepio de
Guaraqueccedilaba apresentou variaccedilatildeo percentual negativa de -173 entre os anos de
2013 e 2014 e destacamos Guaratuba com o aumento na variaccedilatildeo relativa de
1081 seguida por Matinhos 677 e Morretes com uma variaccedilatildeo percentual de
422 na geraccedilatildeo de empregos
A compreensatildeo da evoluccedilatildeo na geraccedilatildeo de empregos nos remete ao
entendimento do comportamento da economia e das relaccedilotildees entre mercado capital
e trabalho Neste conjunto de elementos estatildeo alinhados o processo produtivo as
atividades produtivas e as forccedilas de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo
Segundo Salzbac Denardin e Felisbino (2012) a demanda do fluxo de
seguimentos produtivos eacute uma caracteriacutestica de cidades poacutelos pela oferta de
emprego no setor de comeacutercio e serviccedilos Dessa forma ao analisar o cenaacuterio
econocircmico do litoral paranaense esses autores concluiacuteram que
55
Os municiacutepios litoracircneos do Paranaacute os quais natildeo fazem parte de uma regiatildeo metropolitana natildeo apresentam empregos em volume significativos nem no setor industrial nem no setor de serviccedilos o que implica na baixa capacidade de geraccedilatildeo de tributos proacuteprios limitando tambeacutem a oferta de serviccedilos puacuteblicos [] os setores de serviccedilos comeacutercio e de administraccedilatildeo puacuteblica foram os segmentos que mais mantinham empregos ativos na MRGP (SALZBAC DENARDIN FELISBINO 2012 p 117)
TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR ECONOcircMICO
SETOR ECONOcircMICO Ano
2013 2014
1 extrativa mineral 187 188 2 induacutestria de transformaccedilatildeo 6100 6512 3 serviccedilos industriais de utilidade puacuteblica 294 255 4 construccedilatildeo civil 1722 1993 5 comeacutercio 15302 16154 6 serviccedilos 26660 27140 7 administraccedilatildeo puacuteblica 10501 10789 8 agropecuaacuteria ext vegetal caccedila e pesca 504 470
FONTE MTECAGED
Como podemos observar (TABELA 6) a maior parte dos empregos ativos
estaacute no setor terciaacuterio com especial atenccedilatildeo ao setor de serviccedilos
Um indicador econocircmico importante eacute o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que
permite ―espelhar o movimento econocircmico municipal e consequentemente o
potencial que o municiacutepio tem para gerar receitas puacuteblicas (MINAS GERAIS 2016)
Sobre o conceito poderemos dizer que o VAF eacute um instrumento
[] utilizado pelo Estado para calcular o iacutendice de participaccedilatildeo municipal no repasse de receita do Imposto sobre Operaccedilotildees relativas agrave Circulaccedilatildeo de Mercadorias e sobre Prestaccedilotildees de Serviccedilos de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicaccedilatildeo (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos municiacutepios [] Eacute apurado pela Secretaria de Estado de Fazenda [[ com base em declaraccedilotildees anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas nos respectivos municiacutepiosDisponiacutevel em (lthttpsgoogl80DhoU)
Com a anaacutelise do indicador acima mencionado poderemos verificar a
participaccedilatildeo na economia local por setor econocircmico e sua importacircncia nas poliacuteticas
de desenvolvimento e planejamento estrateacutegico na observacircncia das potencialidades
do mercado cultura local e heterogeneidade das atividades econocircmicas
Na MRGP o setor de comeacutercio e serviccedilos (setor terciaacuterio) notadamente
excetuando os municiacutepios de Antonina e Guaraqueccedilaba possui participaccedilatildeo maior
que a produccedilatildeo primaacuteria e a induacutestria local (TABELA 7) e constitui elemento de
56
anaacutelise importante na concepccedilatildeo de poliacuteticas de expansatildeo do emprego e renda12 Jaacute
a participaccedilatildeo sobre a receita dos municiacutepios a que apresenta menor potencial eacute a
produccedilatildeo primaacuteria em virtude da natildeo adoccedilatildeo do mesmo modelo industrial adotado
em outras regiotildees do Estado Paranaense
TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES
DA MRGP (2016)
MUNICIacutePIO PRODUCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA
INDUacuteSTRIA COMEacuteRCIO SERVICcedilOS
RECURSOS AUTOS
Antonina 4334454 125827796 68271749 Guaraqueccedilaba 3074904 5399117 3701577 4192 Guaratuba 15641921 21782241 119496927 47370 Matinhos 295763 23559310 109482578 147729 Morretes 12959951 23264839 44980267 14974 Paranaguaacute 54409213 1280856468 1980373389 543132 Pontal do Paranaacute
436246 19320486 68114345 19138
Total 91152452 1500010257 4788841664 1553070
FONTE IPARDES
Excetuando Paranaguaacute (TABELA 7) identificamos a fragilidade das receitas
municipais da MRGP e de outra maneira a fragilidade financeira e orccedilamentaacuteria jaacute
mencionadas por Sulzbach e Denardin (2012) que alertavam para a dependecircncia
financeira dos municiacutepios da MRGP para com as transferecircncias
intergovernamentais
Um dos principais indicadores da dependecircncia financeira dos municiacutepios agraves tributaccedilotildees das demais esferas pode ser observado atraveacutes das receitas de tributaccedilatildeo por setores produtivos e das receitas advindas de transferecircncias correntes Neste aspecto observa-se que os municiacutepios do litoral do Paranaacute apresentam uma dependecircncia financeira elevada das transferecircncias das esferas nacional e estadual O Municiacutepio com maior destaque eacute o de Guaraqueccedilaba que do total de suas receitas 93 adveacutem de transferecircncias correntes seguindo por Morretes com 78 e Antonina com 7052 das receitas advindas de transferecircncias (SULZBACH DENARDIN 2012 p 6)
Ainda observando a tabela 7 percebemos que o polo industrial e comercial
da MRGP eacute o municiacutepio de Paranaguaacute pressupondo importante vetor da economia
local e do seu posicionamento estrateacutegico diante dos outros municiacutepios da regiatildeo
tanto na articulaccedilatildeo com outros centros comerciais e industriais da Mesorregiatildeo
12
Para melhor compreensatildeo sobre as modificaccedilotildees no processo capitaltrabalho e o crescimento do setor terciaacuterio na economia ver CHESNAIS (1996) OFFE (1984) SUPERVILLE QUINtildeONES (2000)
57
pertencente quanto da Microrregiatildeo com os municiacutepios circunvizinhos e pelo
proacuteprio dinamismo da sua economia interna
Consideremos que o crescimento econocircmico segundo Sachs (2004) e
Furtado (2008) eacute um elemento importante no processo de desenvolvimento poreacutem
natildeo eacute o uacutenico a ser considerado mas sim eacute necessaacuterio incorporar
simultaneamente a extensatildeo dos direitos
Abaixo (TABELA 8) observando o PIB per capita dos municiacutepios da MRGP
destaca-se a vulnerabilidade econocircmica do municiacutepio de Guaraqueccedilaba em relaccedilatildeo
aos demais sobretudo em relaccedilatildeo ao municiacutepio de Paranaguaacute que supera a meacutedia
da regiatildeo A fragilidade econocircmica de Guaraqueccedilaba deriva de vaacuterios aspectos 1) a
dificuldade do acesso agrave aacuterea urbana do municiacutepio considerando que a uacutenica estrada
que liga o municiacutepio a outras localidades natildeo eacute pavimentada e tem uma extensatildeo
de aproximadamente 86 km Outra forma de acesso agrave cidade eacute atraveacutes do mar
pela baiacutea de Guaraqueccedilaba A dificuldade de cesso tem enorme impacto tanto para
escoar a produccedilatildeo local como para obter materiais e equipamentos agrave difusatildeo da
induacutestria quase ou completamente nula 2) a restriccedilatildeo ambiental agrave implantaccedilatildeo de
empresas 3) a falta de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento do municiacutepio
assinaladas por RAYNAUT et al (2002) na promoccedilatildeo de programas de gestatildeo com
as especificidades locais que fomentem o impulso do trabalho e da renda
TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP
MUNICIacutePIO 2013 (R$ 100)3 2014 (R$)
4
Antonina 1851678 17557
Guaraqueccedilaba 861303 8723
Guaratuba 1474865 15004
Matinhos 1648075 17238
Morretes 1390945 13638
Paranaguaacute 4155699 42193
Pontal do Paranaacute 1434381 15040
MRGP 29076 29489
FONTE IBGE IPARDES
A principal fonte de receita dos municiacutepios da MRGP jaacute indicada por
Sulsbach e Denardin (2010) deriva principalmente das transferecircncias correntes
intergovernamentais (Uniatildeo e Estado) o que possibilita um entendimento da
fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria do setor produtivo
58
Em suma no nosso entendimento a transferecircncia corrente tem o propoacutesito
de manutenccedilatildeo da coisa puacuteblica e do funcionamento da estrutura estatal
Percebemos nesse sentido que um dos maiores empregadores formais direta e
indiretamente da MRGP acaba por ser os governos subnacionais que atuam como
contratadores de serviccedilos temporaacuterios contratos de prestaccedilatildeo de serviccedilos
terceirizados e pessoal concursado (efetivo) aleacutem de contratar serviccedilos
especializados de manutenccedilatildeo de pequenas empresas e materiais de uso diaacuterio
Segundo DIEESE (2015 p 74) a distribuiccedilatildeo de empregos formais por
atividade econocircmica no Brasil entre os anos de 2009 a 2014 apresentou os
seguintes resultados onde destacaremos os principais a) serviccedilos (349) b)
comeacutercio (194) c) induacutestria de transformaccedilatildeo (172) d) administraccedilatildeo puacuteblica
(188) Dessa forma observamos que o setor de serviccedilos aleacutem de expandir as
possibilidades de emprego se manteacutem como o principal setor a contratar
Como jaacute mencionado acima a MRGP possui enorme heterogeneidade em
sua composiccedilatildeo econocircmica especificidades locais e uma distribuiccedilatildeo espacial dos
setores econocircmicos advinda das caracteriacutesticas de cada municiacutepio por vezes
semelhantes como eacute o caso nas aacutereas rurais da produccedilatildeo de farinha de
mandioca13 e da exploraccedilatildeo de produtos de origem vegetal (cipoacute guaricana e
musgo) produccedilatildeo de arroz de banana de palmito14 e de gengibre a cultura do taiaacute
caraacute e mandioca e hora muito distintas como eacute caso do polo industrial de
Paranaguaacute destacando os complexos portuaacuterios de Paranaguaacute e Antonina Assim
como destacamos na economia local da MRGP a exploraccedilatildeo do turismo sobretudo
na orla sul abrangendo os municiacutepios de Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute
com maior potencial no veratildeo Em Guaraqueccedilaba o turismo eacute voltado agrave praacutetica da
pesca esportiva que se estende o ano todo movimentando natildeo soacute os restaurantes
e comeacutercio urbanos mas restaurantes e pousadas nas ilhas de Tibicanga Bertgiga
Canudal Barbados e Superagui
O municiacutepio de Paranaguaacute abrange o maior nuacutemero de empresas na regiatildeo
(TABELA 9)15 e eacute destacadamente o maior poacutelo empresarial e industrial com
13
A produccedilatildeo de farinha atinge a MRGP em sua totalidade Ver DENARDIN LAUTERT e RIBAS (2009)lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphpcadarticleviewFile42573236 14
A produccedilatildeo do palmito representou em 2015 cerca de 6872 (3233 toneladas) da produccedilatildeo estadual e a banana correspondeu a 4484 (91284 cachostoneladas) do Estado IPARDES) 15
Houve variaccedilatildeo nos nuacutemeros entre as tabelas 9 e 10 pois a montagem da tabela 10 ocorreu dias apoacutes a montagem da tabela 9
59
4691 das Empresas Ativas 467 das MPE (Micro e Pequena Empresa) e
4548 dos MEI (Microempreendedor Individual) da MRGP Outra caracteriacutestica
particular eacute o municiacutepio de Guaraqueccedilaba que apresenta o menor quadro
empresarial com 129 das Empresas ativas 125 das MPE ativas e 162 do
MEI do total da regiatildeo
TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016)
MUNICIacutePIO EMPRESAS ATIVAS MPE MEI
Antonina 1832 1705 571 Guaraqueccedilaba 462 427 193 Guaratuba 4788 4586 1569 Matinhos 5185 4912 1799 Morretes 1926 1831 510 Paranaguaacute 16800 15832 5394 P do Paranaacute 4817 4604 1823
Total 35810 33897 11859
FONTE FOacuteRUM PERMANENTENatildeo foi possiacutevel localizar dados em bases estatiacutesticas de anos
anteriores
As empresas compotildeem um quadro diversificado na economia da regiatildeo e a
participaccedilatildeo por atividade econocircmica nos municiacutepios pressupotildee certo dinamismo da
economia com destaque ao setor de comeacutercio e serviccedilos
Abaixo (TABELA 10) estatildeo as atividades econocircmicas desenvolvidas na
MRPG e a participaccedilatildeo das MPE e MEI na dinacircmica econocircmica
TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016) continua
ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE16
EMP ATIVAS MPE MEI
Agricultura pecuaacuteria prod Florestal pesca e aquicultura 93 59 11 Induacutestrias extrativistas 39 38 0 Induacutestria de transformaccedilatildeo 2483 2351 1076 Aacutegua esgoto atividades de resiacuteduos e descontaminaccedilatildeo 121 110 39 Construccedilatildeo 2067 2418 1323 Comeacutercio reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e motocicleta 15410 14693 4044 Transporte armazenagem e correio 1865 1654 340 Alojamento e alimentaccedilatildeo 6911 6681 2469 Informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 334 312 89 Atividades financeiras de seguros e serv relacionados 22 18 0
16
A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)
60
TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016)
conclusatildeo
ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE17
EMP ATIVAS MPE MEI
Atividades imobiliaacuterias 203 172 0 Atividades profissionais cientiacuteficas e teacutecnicas 792 718 235 Atividades Administrativas e serviccedilos complementares 1826 1722 536 Educaccedilatildeo 465 443 175 Sauacutede humana e serviccedilo social 308 282 12 Arte cultura esporte e recreaccedilatildeo 394 374 115 Outras atividades e serviccedilos 1868 1757 1324 Serviccedilos domeacutesticos 76 57 57
Total 35277 33859 11845
FONTE FOacuteRUM PERMANENTE
Observamos (TABELA 10) que as principais atividades desenvolvidas pelo
MEI na MRGP satildeo as seguintes Comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e
motocicletas (3414) alojamento e alimentaccedilatildeo (2084) outras atividades e
serviccedilos (1117) construccedilatildeo (1116) induacutestria de transformaccedilatildeo (908)
As atividades na economia desenvolvidas na MRGP possuem aspectos
importantes na comparaccedilatildeo entre os setores primaacuterio secundaacuterio e terciaacuterio Como
observado na tabela acima veremos que o setor terciaacuterio abrange uma parcela
significativa das empresas da regiatildeo Do total das Empresas Ativas 926
enquadram-se no setor de comeacutercio e serviccedilos as Micro e Pequenas Empresas
alocadas no setor terciaacuterio representam 928 e os Microempreendedores
Individuais formalizados somam 909 nesse setor Conveacutem ressaltar que nas
anaacutelises de Nogueira e Pereira (2015 p 41) ―[] em 2011 as empresas de pequeno
porte ndash incluindo uma ainda diminuta parcela de MEI ndash representavam quase 98
do total de empresas no paiacutes e ocupavam mais da metade dos trabalhadores
formais
Eacute importante ressaltar que a demanda pelo setor terciaacuterio acompanha um
fluxo de mercado agregado aos outros dois setores da economia e o crescente
volume dos serviccedilos se evidenciam nos processos de flexibilizaccedilatildeo do trabalho das
modificaccedilotildees nas suas relaccedilotildees e no deslocamento do arqueacutetipo do trabalho no
qual o trabalhador passa de um trabalhador fabril para a categoria de um
trabalhador de serviccedilos apontado por Superville e Quintildeones (2000) Para esses
autores a expansatildeo do setor de serviccedilos seguiu simultaneamente ao processo de
17
A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)
61
crescimento da informalidade e da prestaccedilatildeo de serviccedilos com pouca qualificaccedilatildeo (p
61)
Entendemos que para uma anaacutelise da informalidade eacute necessaacuterio considerar
sua heterogeneidade e a proporccedilatildeo da sua relaccedilatildeo e participaccedilatildeo no mercado
assim como as assimetrias manifestadas nas formas de exploraccedilatildeo da forccedila de
trabalho e na precarizaccedilatildeo da classe trabalhadora (ANTUNES 2011)
32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP
Ao definir aspectos legais para o enfrentamento do problema da
informalidade no Brasil atraveacutes de leis regulamentares e regras especiacuteficas que
asseguram direitos estabelecidos na Constituiccedilatildeo federal de 1988 o Estado
brasileiro reconheceu a necessidade de normatizar benefiacutecios e deveres agraves micro e
pequenas empresas e empreendedores individuais procurando reverter o quadro de
informalidade e precariedade nas condiccedilotildees de trabalho e de garantias de
seguridade social
Para a implantaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica no nosso entendimento alguns
aspectos devem ser considerados 1) descrever as suas circunstacircncias de modo que
suas propostas sejam claras 2) adaptaccedilatildeo dos aparelhos sociais e do Estado que
possam ser vinculados agrave Poliacutetica Puacuteblica 3) capacidade de articulaccedilatildeo e
compreensatildeo do processo e dos temas debatidos pelos diversos atores envolvidos
(OLIVEIRA 2013 p 284)
Nesse contexto admite-se natildeo somente subordinaccedilatildeo agrave Poliacutetica mas um
quadro de compreensatildeo e reconhecimento da sua legitimidade constituindo dessa
maneira uma institucionalidade
Para institucionalidade devemos considerar trecircs aspectos importantes 1)
instituiccedilotildees 2) ambiente institucional 3) arranjos institucionais
As Instituiccedilotildees descritas por Fiani (2013 p 8) ―satildeo as regrasformais e natildeo
formais que regulam as interaccedilotildees sociaisDesta feita como demonstra o autor a
criaccedilatildeo de estruturas regulamentares de normatizaccedilatildeo de procedimentos formais e a
interaccedilatildeo com o estabelecimento das relaccedilotildees subterracircneas que se desenvolvem
diante do dia- a dia na sociedade descrevem o ambiente institucional ou seja satildeo
as ―[] regras poliacuteticas sociais e legais mais baacutesicas e gerais que estabelecem o
fundamento para o funcionamento do sistema econocircmico (FIANI 2013 p 8) Os
62
arranjos institucionais por sua vez segundo esse autor satildeo as regras
particularmente constituiacutedas pelos sujeitos e que por sua vez estabelecem as
relaccedilotildees poliacuteticas sociais e econocircmicas
Para Fiani (2013) eacute inquestionaacutevel que as poliacuteticas puacuteblicas afetam a vida
dos sujeitos A sua implicaccedilatildeo nesse sentido interfere em modus operandi diverso
ao cotidiano das relaccedilotildees instituiacutedas nos arranjos preestabelecidos pois uma accedilatildeo
do Estado que remete a uma reorganizaccedilatildeo do aparato institucional pode alterar as
relaccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas locais
O estabelecimento de um aporte ou adaptaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo institucional
(ALBUQUERQUE 1997 FIANI 2013) que possibilite accedilotildees conjuntas entre
instituiccedilotildees puacuteblicas quanto privadas no processo de otimizaccedilatildeo do
desenvolvimento e manutenccedilatildeo das propostas de uma poliacutetica puacuteblica de
desenvolvimento de categorias especiacuteficas ou bases produtivas adquire capacidade
de assegurar melhor eficiecircncia e dar melhores respostas aos objetivos da poliacutetica
puacuteblica
Schneider (2005) explica que a problematizaccedilatildeo formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para enfrentamento de problemas natildeo se
encontra mais exclusivamente ao setor estatal na qual estaria em curso a
policentralidade na concepccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica O autor parte da perspectiva de
rede de poliacuteticas puacuteblicas na qual problemas relativamente puacuteblicos tambeacutem podem
ter interferecircncia do setor privado e a sua interaccedilatildeo Como demonstra o autor
a problematizaccedilatildeo e o processamento poliacutetico de um problema social (Mayntz 1982) natildeo eacute mais um assunto exclusivo de uma hierarquia governamental e administrativa integradasenatildeo que se encontra em redes nas quais estatildeo envolvidas organizaccedilotildees tanto puacuteblicas quanto privadas (SCHNEIDER 2005 p 37)
No entanto como observa Moraes (2003) mesmo com essa nova
configuraccedilatildeo pluralista e policecircntrica das relaccedilotildees poliacuteticas o Estado continua sendo
o protagonista do processo seja pela accedilatildeo reguladora e normatizadora seja pela
legitimidade constitucional A legitimidade se faz presente pela administraccedilatildeo
puacuteblica18
Igualmente acrescenta-se nas palavras de Fiani (2013 p 7) que ―[] os
arranjos institucionais apresentam grande importacircncia para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas
18
Sobre Administraccedilatildeo Puacuteblica ver BOBBIO N et al Brasiacutelia UnB 1998
63
de desenvolvimento em especial para as poliacuteticas que demandam cooperaccedilatildeo por
parte de agentes privados Ainda segundo Albuquerque (1997)a interaccedilatildeo entre os
agentes puacuteblicos e privados constitui um novo cenaacuterio dentro de uma nova
perspectiva de adaptaccedilatildeo que necessita de coordenaccedilatildeo institucional
Consideramos que dentro desse contexto as mudanccedilas e perspectivas
inovadoras tanto no campo teacutecnico quanto no campo organizacional exigem ―[]
adaptaccedilotildees institucionais para melhorar as atuaccedilotildees do setor puacuteblico e do conjunto
de empresas e atores sociais territoriais (idem p 01) Segue o autor
[] todo processo de desenvolvimento local requer uma programaccedilatildeo minuciosa que integre e ordene linhas de atuaccedilatildeo e recursos orientados a objetivos da participaccedilatildeo estrateacutegica entre diferentes agentes sociais locais puacuteblicos e privados A criaccedilatildeo compartilhada entre os agentes locais de um ―entorno territorial que facilite a inovaccedilatildeo do tecido produtivo e empresarial constitui um aspecto crucial da estrateacutegia de desenvolvimento (ALBUQUERQUE 1997 p 1)
Pensando localmente na interpretaccedilatildeo do SEBRAE ―o ambiente
institucional [] pode ser entendido como o conjunto de instituiccedilotildees de que um dado
municiacutepio se dotou para que a atividade dos indiviacuteduos aleacutem de compatiacutevel com a
sobrevivecircncia da comunidade seja tambeacutem convergente com a execuccedilatildeo dos
objetivos comuns (SEBRAE 2013)
A estabilidade a preservaccedilatildeo e equiliacutebrio das instituiccedilotildees (das regras
formais e informais) oferecem credibilidade e legitimidade agraves accedilotildees do Estado
As Instituiccedilotildees Poliacuteticas especificamente tem como objetivo mediar
interferir organizar gerir o processo democraacutetico bem como quando
necessaacuterioprotagonizar poliacuteticas flexiacuteveis de decisatildeo em relaccedilotildees inerentes a
sociedade numa tarefa de disciplinar regras que insiram sobre os indiviacuteduos direitos
contidos na Constituiccedilatildeo Federal
Exemplificamos assim uma caracteriacutestica nesse contexto do processo
poliacutetico eacute a intervenccedilatildeo estatal inferindo sobre a economia no sentido de aliviar
distorccedilotildees ocorridas pelo mau funcionamento do mercado atraveacutes de poliacuteticas
puacuteblicas que estabelecem regras e diretrizes na qual o poder19poliacuteticopuacuteblico20 eacute o
protagonista no processo Para Oliveira (2008 p 59)
19
Para compreender o processo de dominaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo do Poder consideramos as anaacutelises de FRANCcedilOIS CHAZEL in Boudon e Curvelo (1996) 20
BOBBIO N Et al Dicionaacuterio de poliacutetica Brasiacutelia UnB 1998
64
O poder nasce com o indiviacuteduo mas passa aos grupos e afinal ao Estado pelo processo de institucionalizaccedilatildeo A concentraccedilatildeo de poder eacute um fenocircmeno espontacircneo na sociedade nascida da necessidade de atender a interesses que demandam escala meta individual Satildeo as concentraccedilotildees de poder que estabilizadas pelo consenso e pelo costume levam ao surgimento das instituiccedilotildees poliacuteticas
Ao observarmos a histoacuteria do sistema capitalista assinalamos que em todos
os momentos de instabilidade e fragilidade econocircmica culminando na inseguranccedila
social subsiste a forte presenccedila do Estado com possibilidades de equacionar as
deformaccedilotildees ocasionadas pelo sistema e que de maneira inexoraacutevel afetam as
vidas das pessoas apontando dessa maneira certa ineacutercia do mercado em
resoluccedilotildees dessa natureza
Fiani (2001 p 2) nos diz que a intervenccedilatildeo do Estado o qual ele denomina
de regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo eacute ―integrada e condicionada pelos processos de
natureza histoacuterica e poliacutetica que afetam o conjunto da sociedade Nesse contexto a
regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo estatal dependem de comportamento poliacutetico social e
econocircmicoMuito embora o fator de regulaccedilatildeo esteja mais vinculado agraves atividades
econocircmicas as decisotildees satildeo tomadas na esfera poliacutetica
A Lei Geral de 2006 ndash lei de normatizaccedilatildeo das MPE (LC 12306) - a
exemplo aleacutem de fomentar o desenvolvimento local foi uma accedilatildeo regulamentadora
do Estado Brasileiro em buscar alternativa em equacionar deformidades na
economia do trabalho e assim reverter o processo de alargamento do setor
informal Certamente que a regulamentaccedilatildeo de setores da economia eacute uma forma
de regular e disciplinar accedilotildees
Cabe ressaltar que a Lei 12306 submeteu algumas instituiccedilotildees agrave adequaccedilatildeo
administrativa para assegurar o funcionamento dessa Poliacutetica Puacuteblica assim como
instituiu oacutergatildeos de gestatildeo com competecircncias deliberativas e regulamentadoras que
dispotildeem de jurisdiccedilatildeo sobre tributaccedilatildeo e legalizaccedilatildeo das empresas Essa lei
estabelece inicialmente a criaccedilatildeo de trecircs oacutergatildeos a tiacutetulo dessas competecircncias
Art 2
o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta
Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Comitecirc Gestor do Simples Nacional vinculado ao Ministeacuterio da Fazenda composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil como representantes da Uniatildeo 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municiacutepios para tratar dos aspectos tributaacuterios
65
II - Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte com a participaccedilatildeo dos oacutergatildeos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor para tratar dos demais aspectos ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo III - Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios - CGSIM vinculado agrave Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidecircncia da Repuacuteblica composto por representantes da Uniatildeo dos Estados e do Distrito Federal dos Municiacutepios e demais oacutergatildeos de apoio e de registro empresarial na forma definida pelo Poder Executivo para tratar do processo de registro e de legalizaccedilatildeo de empresaacuterios e de pessoas juriacutedicas
21 (BRASIL 2006)
321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP
Na adequaccedilatildeo municipal agrave Lei Geral e suas alteraccedilotildees (LC 12808 e LC
14714) com o propoacutesito de estimular o ambiente institucional as prefeituras em
parcerias com o SEBRAE criaram Comitecircs Gestores Municipais22 (CGM) com a
proposta de ―[] implementar e acompanhar a aplicaccedilatildeo [] da Lei Complementar
Federal nordm 1232006 na redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar Federal nordm 1282008
(PARANAGUAacute Dec 88713 art 1ordm) Os Comitecircs Gestores Municipais satildeo oacutergatildeos
de ―natureza colegiada para coordenar a poliacutetica relativa agrave micro e pequena empresa
no municiacutepio (SEBRAE 2013 p 61) e satildeo integrados por sujeitos da administraccedilatildeo
puacuteblica e de setores da sociedade civil
No modelo institucional adotado pelo CGM estaacute previsto o viacutenculo e parceria
entre Instituiccedilotildees Poliacuteticas (Federal Estadual e Municipal) Instituiccedilotildees Mercantis e
Instituiccedilotildees de Produccedilatildeo
As Instituiccedilotildees Poliacuteticas nesse contexto especiacutefico satildeo representadas pelo
Governo Local atraveacutes das suas secretarias e a Sala do Empreendedor no Governo
Federal e Estadual atraveacutes de Instituiccedilotildees de creacutedito e de educaccedilatildeo
Os municiacutepios da MRGP que estabeleceram CGM satildeo Paranaguaacute Pontal do
Paranaacute e Matinhos Estes aderiram ao Programa Cidade Empreendedora em
formato integral e com isso possuem assessoramento contiacutenuo junto ao SEBRAE
seja na forma de capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicosseja na forma de consultoria
para os MEI e MPE Para o SEBRAE
21
O inciso III do sect 2ordm da PLC 12306 foi incluiacutedo pela LC 1472014 22
Utilizarei a sigla CGM para designar Comitecirc Gestor Municipal
66
O Comitecirc Gestor Municipal eacute a forma pela qual este projeto de institucionalizaccedilatildeo da lei geral seraacute implantado e controlado O Comitecirc poderaacute ser constituiacutedo de atores (instituiccedilotildees pessoas) que compotildeem o poder puacuteblico municipal associaccedilotildees representantes da sociedade etc e deveraacute conduzir a institucionalizaccedilatildeo da lei geral de forma a obter o melhor ambiente possiacutevel para os empreendedores individuais e micro e pequenas empresas (SEBRAE 2013 p 12)
O municiacutepio de Paranaguaacute em 2013 criou o Comitecirc Gestor Municipal sob o
Decreto Municipal 88713 composto por seguimentos representantes dos setores
puacuteblico e privado conforme listados no quadro abaixo (QUADRO 4)
QUADRO 4 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
FONTE Decreto Municipal Paranaguaacute n 887 de 25 out 2013
Por finalidade segundo o referido Decreto o CGM teraacute que implementar e
acompanhar a aplicaccedilatildeo da Lei Municipal 080 de 06 marccedilo de 2008 que oferece
regime juriacutedico tributaacuterio simplificado e diferenciado agraves micro e pequenas empresas
no acircmbito municipal alinhando-se agrave LC 12306 Dentre as competecircncias do CGM de
Paranaguaacute estatildeo
Art 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta
Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Acompanhar a regulamentaccedilatildeo e a implementaccedilatildeo do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte no Municiacutepio inclusive promovendo medidas de integraccedilatildeo e coordenaccedilatildeo entre os oacutergatildeos puacuteblicos e privados interessados II - orientar e assessorar a formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica municipal de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte III - Acompanhar as deliberaccedilotildees e os estudos desenvolvidos no acircmbito do Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do
CONTROLADORIA GERAL
SECRETARIAS MUNICIPAIS
SALA DO EMPREENDEDOR
ASSOCIACcedilAtildeO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE PARANAGUAacute
SITEMA DE CREacuteDITO
SENAIFIEP
INSTITUTO FEDERAL DO PARANAacute
CAcircMARA MUNICIPAL
SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE PARANAGUAacute
67
Foacuterum Estadual da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e do Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios IV - Sugerir eou promover accedilotildees de apoio ao desenvolvimento da microempresa e da empresa de pequeno porte local ou regional(Paranaguaacute 2008 art 1ordm incisos I II III e IV)
Em Paranaguaacute o CGM atua de maneira articulada envolvendo todos os
atores nas estrateacutegias voltadas ao segmento empresarial e empreendedor local
inclusive com organizaccedilotildees do ―Sistema S como o SEBRAE e o SENAI que atuam
na aacuterea de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo desses segmentos econocircmicos
As estrateacutegias satildeo colocadas em praacutetica em conformidade com a
capacidade orccedilamentaacuteria disponibilizada para este fim Nesse caso o orccedilamento
descrito no Plano Plurianual do municiacutepio para o ―Programa de Geraccedilatildeo de Emprego
e Renda entre os anos de 2014 a 2017 tem como foco
Apoio aos pequenos e microempreendedores cooperativas e outras formas associativas de produccedilatildeo desburocratizando o processo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos Promoccedilatildeo de projetos inovadores Desenvolvimento e integraccedilatildeo de pequenas meacutedias e grandes empresas e induacutestrias estimulando a formaccedilatildeo de cadeias produtivas para induzir o crescimento ordenado e sustentaacutevel (PARANAGUAacute 2013 p 163)
Dentre as accedilotildees estabelecidas no Plano Plurianual 2014-2017 estatildeo a)
capacitaccedilatildeo para o primeiro emprego b) treinamento para os desempregados c)
prestaccedilatildeo de atendimento ao trabalhador
Quanto agrave capacitaccedilatildeo e treinamento perfeitamente compete ao CGM
articular accedilotildees envolvendo entidades do sistema S como o SEBRAE e o SENAI que
possuem competecircncias teacutecnicas para atender a demanda
Assim como Paranaguaacute a Sala do Empreendedor em Pontal do Paranaacute
subordinado diretamente agrave Secretaria Municipal de Desenvolvimento eacute o
departamento mais atuante do CGM no apoio ao MEI tanto pela sua posiccedilatildeo
estrateacutegica em que o agente de desenvolvimento atua diretamente com o MEI
quanto pela articulaccedilatildeo com os outros oacutergatildeos e secretarias municipais
O CGM de Pontal do Paranaacute foi instituiacutedo pelo Decreto municipal 54812015
e dentre os objetivos relatado pelo Secretaacuterio de Desenvolvimento estaacute o de
coordenar os trabalhos de assistecircncia ao microempreendedor em aspectos
relacionados agrave formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo a processos licitatoacuterios
68
QUADRO 5 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
FONTE Decreto Municipal Pontal do Paranaacute n 5481 de 23 dez 2015
Ainda segundo relatos do Secretaacuterio Municipal no iniacutecio da criaccedilatildeo do
Comitecirc Gestor houve divergecircncias falta de colaboraccedilatildeo e dificuldade no
entendimento da proacutepria Lei Geral e sobretudo das LC 12806 e LC 14714 poreacutem
com o amadurecimento das ideias em torno dos objetivos do CGM e das estrateacutegias
adotadas houve ganho de credibilidade dos oacutergatildeo puacuteblicos
A LC 14714 comenta o secretaacuterio era interpretada de formas diferentes
pelos oacutergatildeos O Corpo de Bombeiros a exemplo era muito resistente em se adaptar
ao disposto no art 4ordm sect 3ordm da referida lei que tratava sobre isenccedilatildeo total para a
abertura de empresa para o microempreendedor individual o que acarretava
divergecircncias na leitura e interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo
Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (BRASIL 2014 art 4ordm sect3ordm)
A Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do Litoral do Paranaacute
(AMPEC Litoral) relatou das dificuldades quanto agraves licitaccedilotildees e a capacidade dos
―menores em participar do processo Na posiccedilatildeo do entrevistado2 o municiacutepio se
revela em suas palavras ―mau pagador e tem ateacute 90 dias para efetuar o
pagamento23 tornando inviaacutevel para a maioria dos microempreendedores fornecer
ao municiacutepio O argumento eacute de que grande parte dos MEI natildeo possui capital
23
O art 73 sect 3ordm da Lei nordm 8666 de21 jun 1993 estabelece o prazo de noventa dias para que o objeto executado seja pago pela Administraccedilatildeo Puacuteblica contratante
SECRETARIAS MUNICIPAIS
AMPEC - LITORAL
ACIAPAR
ASSOCIACcedilAtildeO DOS ARTESAtildeO
SISTEMA DE CREacuteDITO
CENTRO DE ESTUDOS DO MAR
CONTADORES DE PONTAL DO PARANAacute
69
suficiente e capacidade econocircmica para suportar um prazo tatildeo longo para receber
os serviccedilos prestados
O CGM do municiacutepio de Matinhos apresentou caracteriacutesticas muito
peculiares em relaccedilatildeo aos de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Segundo o
entrevistado5 havia muitas divergecircncias dentro do CGM sobretudo quando as
decisotildees tomadas coletivamente natildeo continham energia suficiente para colocaacute-las
em praacutetica
QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS
FONTE Decreto Municipal Matinhos n 441 de 30 jul 2013
Outro ponto que dificultava as tomadas de decisotildees com base na demanda
legal e de aspectos ligados agrave Lei Geral era o fato da pouca compreensatildeo pelos
sujeitos envolvidos nas finalidades e propostas da Poliacutetica Puacuteblica em questatildeo
Sobre este e os problemas da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica Lima e Dlsquo Ascenzi
(2013) em suas anaacutelises apresenta alguns pontos importantes
[] em primeiro lugar haacute uma multiplicidade de atores de diferentes tipos de organizaccedilotildees com interesses diversos que satildeo agregados para operar a poliacutetica Tais atores interagem em uma trajetoacuteria de pontos de decisatildeo nos quais suas perspectivas se expressam Em segundo lugar os atores mudam com o passar do tempo Isso faz que a interaccedilatildeo tambeacutem mude pois mudam as perspectivas e a percepccedilatildeo que um ator tem do outro Essa mudanccedila de atores insere pontos de descontinuidade e de necessidade de novas e mais negociaccedilotildees(LIMA Dlsquo ASCENZI 2013 p 103)
322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento
A sala do Empreendedor parceria entre os cinco municiacutepios citados do
litoral paranaense e o SEBRAE tem funccedilotildees especiacuteficas tanto no atendimento ao
MEI quanto agraves MPE Os serviccedilos vatildeo desde a desburocratizaccedilatildeo e formalizaccedilatildeo ateacute
a consultoria de gestatildeo e financcedilas que satildeo realizadas gratuitamente pelos Agentes
de Desenvolvimento e por consultores do SEBRAE A ―Sala eacute uma adaptaccedilatildeo do
Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econocircmico
Secretaria Municipal de Administraccedilatildeo
Secretaria Municipal de Planejamento
Sindicato dos Contabilistas
Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Paranaacute - FECOMEacuteRCIO
Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos - ACIMA
70
SEBRAE ao Programa Cidade Empreendedora24 e tem como objetivo segundo esta
Instituiccedilatildeo de a) incentivar a legalizaccedilatildeo de negoacutecios informais b) facilitar a
abertura de novas empresas c) regularizar as atividades informais aleacutem de apoiar o
MEI quanto agrave formalizaccedilatildeo e informaccedilotildees necessaacuterias relativas agraves especificidades
da sua atuaccedilatildeo como MEI formalizado Segundo o portal do Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute satildeo ofertados os serviccedilos de
a) Atendimento presencial individual
b) Orientaccedilatildeo de controles - Caixa e Vendas
Palestras
c) Orientaccedilatildeo sobre direitos e obrigaccedilotildees
d) Programa Negoacutecio a Negoacutecio
Os Agentes de Desenvolvimento25 satildeo funcionaacuterios dos quadros das
prefeituras que recebem treinamento pelo SEBRAE com vistas a assumirem
responsabilidades co-participativas na implementaccedilatildeo da Lei Geral dentro dos
municiacutepios de atuaccedilatildeo Esses atores da administraccedilatildeo puacuteblica direta podem
constituir elementos estrateacutegicos na dinacircmica das ideias de desenvolvimento local
sobretudo no apoio agrave evoluccedilatildeo e estruturaccedilatildeo das micro e pequenas empresas
futuros empreendedores e empreendedores que jaacute atuam
Esses agentes possibilitam o entendimento na inovaccedilatildeo da administraccedilatildeo
puacuteblica quanto agrave movimentaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos recursos humanos inicialmente
em seus quadros de pessoal que atende agraves demandas de transformaccedilotildees ocorridas
nas dimensotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas a partir do pressuposto que estas
trecircs dimensotildees estatildeo associadas
1) Social ndash promovida principalmente pela ―revoluccedilatildeo expansatildeo
tecnoloacutegica e pela globalizaccedilatildeo
24
Programa do SEBRAE tem como objetivo ―potencializar a implementaccedilatildeo e institucionalizaccedilatildeo da Lei Geral visando agrave melhoria do ambiente de negoacutecios para o Microempreendedor Individual e para as micro e pequenas empresas contribuindo dessa forma com a geraccedilatildeo de emprego e renda (SEBRAE 2013 p 9) lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtgt 25
Para Albuquerque (1997) o processo de desenvolvimento exige a movimentaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo dos recursos humanos e estes devem ser vistos como peccedilas decisivas e natildeo somente como ferramentas ou objeto de produccedilatildeo mas sim como elementos chaves e atores importantes no desenvolvimento
71
2) Econocircmica ndash pelas contradiccedilotildees econocircmicas do sistema neoliberal que
culminaram com a falecircncia da estrutura de produccedilatildeo fabril abrindo
espaccedilo para o setor terciaacuterio
3) Poliacutetica ndash no Estado Democraacutetico de Direito a participaccedilatildeo mais efetiva
de movimentos sociais nas questotildees puacuteblicas altera aspectos e
mecanismos antigos da poliacutetica sobre maneira na perspectiva do
controle social e no quadro decisoacuterio
Em nossos estudos percebemos que a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas
favoraacuteveis ao desenvolvimento regional e local assim como o estabelecimento de
convecircnio e parceria com entidades ligadas ao desenvolvimento das capacidades
locais depende de alguns elementos 1) Estrutura municipal 2) A maturidade do
municiacutepio com relaccedilatildeo agraves concepccedilotildees de desenvolvimento local 3) O tema de
desenvolvimento local estar na pauta do municiacutepio (prioridades de gestatildeo) 4)
Definiccedilatildeo de estrateacutegias por conta da administraccedilatildeo de recursos 5) A maturidade do
empresariado local
323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI
Os municiacutepios que estabelecem parcerias com o SEBRAE possuem
algumas accedilotildees planificadas em virtude da proacutepria capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicos
envolvidas no processo de implementaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e do
convecircnio que prevecirc essas accedilotildees Muito embora a expansatildeo de accedilotildees que
melhorem o ambiente de fomento fica a criteacuterio dos municiacutepios Abaixo (QUADRO
9) descrevemos algumas accedilotildees adotadas pelas prefeituras na MRGP
QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP continua
MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES
ANTONINA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil
GUARAQUECcedilABA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil
72
QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP conclusatildeo
MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES
GUARATUBA - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - A ACIG estaacute estudando para abrir espaccedilo de associaccedilatildeo para o MEI com parcelas de contribuiccedilatildeo reduzida que pode chegar a 50 a menos do valor cobrado
MATINHOS - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (uma vez por mecircs) - Feira da Lua organizada pela AMPEC serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIMA para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo
PARANAGUAacute - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (a cada 15 dias) - Feira da Lua serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Cursos de curta duraccedilatildeo oferecidos pelo SEBRAE atraveacutes de consultoria para a capacitaccedilatildeo e creacutedito que satildeo intermediados junto a Sala do Empreendedor - Articulaccedilatildeo da Sala do Empreendedor com Instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas na constituiccedilatildeo de creacutedito como na capacitaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo - Cursos de capacitaccedilatildeo de fornecimento e compra com o objetivo de identificaccedilatildeo de fornecedores dentro do municiacutepio e que sejam aptos a participarem de processos licitatoacuterios - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIAPAR para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo
PONTAL DO PARANAacute - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas e planejamento (uma vez por mecircs) - Palestras para os vendedores ambulantes com o objetivo de orientaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo - A Feira da Lua que ocorre no balneaacuterio de Sta Terezinha atraveacutes de parceria com a prefeitura o BB o SEBRAE realizam serviccedilos de consultoria gratuitamente - Cursos em parceria entre Prefeitura e ACIAP para vendedores e compradores - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil
FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Pontal do Paranaacute Paranaguaacute e Morretes
A planificaccedilatildeo de algumas accedilotildees pelo sistema SEBRAE se traduz por um
lado na pouca experiecircncia municipal em estrateacutegias de desenvolvimento e por
73
outro lado a substituiccedilatildeo dos governos locais que podem alterar determinadas
estrateacutegias poreacutem as adotadas pela parceria entre o municiacutepio e o SEBRAE ficam
imunes agraves mudanccedilas
Ressaltamos que uma das accedilotildees do Estado importante para facilitar a
legalizaccedilatildeo e a expediccedilatildeo de registro de maneira desburocratizada da empresa eacute a
criaccedilatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de
Empresas e Negoacutecios (REDESIM) instituiacuteda pela Lei 1159807 Sublinhamos que a
partir desta lei a interaccedilatildeo entre os oacutergatildeos responsaacuteveis pela legalizaccedilatildeo e pela
expediccedilatildeo do registro de funcionamento ocorre por dados lanccedilados em sistema
unificado entre oacutergatildeos da federaccedilatildeo dos Estados e Municiacutepios A implantaccedilatildeo
dessa Lei no Paranaacute foi efetivada com a criaccedilatildeo do sistema Empresa
Faacutecilintegrando o Governo de Estado do Paranaacute Associaccedilatildeo dos municiacutepios do
Paranaacute Junta Comercial do Paranaacute e SEBRAE
No litoral paranaense como demonstrado pelo site do Empresa Faacutecil a
implantaccedilatildeo e habilitaccedilatildeo dos sete municiacutepios ao sistema operante estaacute completa
Como observado (QUADRO 7) acima veremos que os municiacutepios de
Paranaguaacute Pontal do Paranaacute e Matinhos que possuem parcerias com o SEBRAE
de forma integral constituem vaacuterias accedilotildees planificadas com base na orientaccedilatildeo de
capacitaccedilatildeo institucional proporcionada por essa instituiccedilatildeo e como mencionado
pelo agente do SEBRAE algumas accedilotildees satildeo planificadas mas a sala do
empreendedor de acordo com a administraccedilatildeo local tem flexibilidade para
aumentar os serviccedilos prestados aos MEI e realizar accedilotildees que viabilizem a melhoria
dos serviccedilos prestados
74
4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute
O litoral se constituiu de forma diferenciada no Paranaacute natildeo tendo
incorporado ao modelo de desenvolvimento capitalista adotado por outras regiotildees
conforme descrito anteriormente Uma das caracteriacutesticas importantes que
predomina na regiatildeo eacute a quase nula existecircncia de poliacuteticas de desenvolvimento
voltadas agraves capacidades locais e regionais
Nesse capiacutetulo dentro das concepccedilotildees de desenvolvimento local
analisaremos alguns elementos geradores de desenvolvimento de crescimento e de
sustentabilidade para o MEI na MRGP
41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR
MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI
A participaccedilatildeo municipal como vetor do desenvolvimento local eacute vital para
conduzir accedilotildees e estrateacutegias que objetivem a superaccedilatildeo de obstaacuteculos produzidos
por desequiliacutebrios nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica Para isso um municiacutepio
atuante e proativo nas questotildees internas provido de atitudes positivas mediante
planejamento e poliacuteticas puacuteblicas de maximizaccedilatildeo das capacidades locais pode
reverter circunstacircncias muitas vezes de fragilidade do tecido social e empresarial
para a otimizaccedilatildeo das condiccedilotildees que promovam o desenvolvimento das liberdades
humanas (autonomia do indiviacuteduo) (SEN 2000 PEREIRA 2006)
O crescimento populacional e a expansatildeo urbana desordenada a falta de
poliacuteticas puacuteblicas especiacuteficas de desenvolvimento regional e local expocircs um quadro
que coloca em evidecircncia a fragilidade econocircmica e administrativa dos governos
locais no litoral do Paranaacute para enfrentamento de problemas especiacuteficos na
economia do trabalho e na manutenccedilatildeo e extensatildeo de programas de infraestrutura
e ainda a dificuldade de implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas includentes que
necessitam de aplicaccedilatildeo significativa de capital
A MRGP em 2004 possuiacutea uma dos maiores PIB per capta do Estado com
a meacutedia acima da estadual constituindo uma das microrregiotildees mais dinacircmicas
segundo Trevisan e Lima (2010) sendo que Paranaguaacute como o grande vetor
75
econocircmico da regiatildeo posto o complexo portuaacuterio e industrial segundo os autores
firmava-se como o 4ordm municiacutepio do Paranaacute com maior PIB per capta No entanto
havia dessemelhanccedilas econocircmicas entre os municiacutepios da regiatildeo em que
Paranaguaacute o municiacutepio mais rico evidenciava disparidades em relaccedilatildeo aos outros
municiacutepios sobretudo Guaraqueccedilaba Matinhos e Morretes agrave eacutepoca os mais
pobres justamente pela sua capacidade de produzir riquezas em funccedilatildeo do porto
de Paranaguaacute
Em 2015 como demonstra o IPARDES Paranaguaacute continua sendo o
principal vetor econocircmico da regiatildeo poreacutem seu PIB per capta ficou abaixo da meacutedia
estadual assim como a sua receita teve decreacutescimo entre os anos 2013 e 2015
(TABELA 8)
Percebemos (GRAacuteFICO 1) que os municiacutepios de Morretes Antonina e
Paranaguaacute tiveram quedas em suas receitas entre os anos de 2014 e 2015 e suas
despesas (GRAacuteFICO 2) no mesmo periacuteodo aumentaram em relaccedilatildeo agraves receitas
destes municiacutepios A identificaccedilatildeo de uma queda de receita desse modo pode
constituir em impacto negativo para investimentos em setores necessaacuterios ao
desenvolvimento visto a baixa capacidade econocircmica municipal
GRAacuteFICO 1- RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS
FONTE IPARDES DEEPASK
No caso especiacutefico de Antonina em 2015 o municiacutepio aumentou para 4 a
aliacutequota do ISSQN (ISS) O setor portuaacuterio contraacuterio ao aumento realizou um
depoacutesito judicial do montante dos tributos Tal accedilatildeo juriacutedica representou uma das
000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Milh
otildees
(R
$)
2013
2014
2015
76
principais causas diretas na queda de arrecadaccedilatildeo municipal permitindo a reduccedilatildeo
da disposiccedilatildeo do municiacutepio em criar propostas de melhoria das condiccedilotildees
socioeconocircmicas da populaccedilatildeo O fato eacute que o aumento na aliacutequota desse tributo
na expectativa de aumentar as divisas municipais de Antonina poderaacute causar em
curto prazo efeito reverso como indicado pela Secretaria de Infraestrutura e
Logiacutestica do Paranaacute (2014)
Uma lei municipal que entra em vigor a partir de janeiro de 2015 pode tornar a cidade de Antonina menos competitiva para investimentos no setor portuaacuterio Eacute que o municiacutepio aprovou o aumento na cobranccedila da aliacutequota do Imposto Sobre Serviccedilos (ISS) que passaraacute a ser de 4 Isso coloca Antonina como a cidade mais cara entre as principais cidades portuaacuterias do centro-sul do Brasil
Portanto com a queda na capacidade de geraccedilatildeo de riquezas a
inviabilidade de intervir em problemas socioeconocircmicos atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas
e accedilotildees de meacutedio e longo prazos e com o enfraquecimento dos governos locais por
conta na reduccedilatildeo das receitas suas accedilotildees na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de
desenvolvimento local ficam limitadas Ainda assim alinhando-se a queda de
receita as despesas municipais em alguns casos ultrapassaram a arrecadaccedilatildeo
agravando ainda mais as contas puacuteblicas e impedindo investimentos em setores
estrateacutegicos para o desenvolvimento
GRAacuteFICO 2- ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015)
FONTE IPARDES DEEPASK
-
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Milh
otildees
(R
$)
Arrecadaccedilatildeo2015
Despesas2015
77
O maior desequiliacutebrio das contas puacuteblicas (relaccedilatildeo entre arrecadaccedilatildeo e
despesas) se deu no municiacutepio de Paranaguaacute em que as despesas superaram a
arrecadaccedilatildeo em 49 como observado (GRAacuteFICO 2)
As quedas de receitas refletem em parte o pouco investimento em setores
produtivos tais como o fomento e apoio agraves micro e pequenas empresas que se
constituem segundo o SEBRAE e Sachs (2003) no setor que mais gera empregos
locais e se constitui como fonte de geraccedilatildeo de divisas para os municiacutepios de outro
lado a complexidade em buscar alternativas de substituiccedilatildeo da arrecadaccedilatildeo se
traduz em fator importante
Em Morretes e Antonina no entanto algumas accedilotildees para aumentar a receita
foram colocadas em praacutetica Uma delas eacute o georreferenciamento dos imoacuteveis para o
pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que satildeo representados
por altas taxas de inadimplecircncia e segundo o entrevistado (6) pode chegar a 50
de devedores
O IPTU como observado nas cidades de Morretes Guaraqueccedilaba Antonina
e Paranaguaacute (GRAacuteFICO3) tem pouca expressividade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
desses municiacutepios Jaacute nos municiacutepios de Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute o
IPTU contribui significativamente na geraccedilatildeo de receita se posicionando acima da
meacutedia nacional que ficou em 2435 em 2014
GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) ()
FONTE DEEPASK ndash montagem dos autores lthttpwwwdeepaskcombrgoespage=Imposto---
IPTU-Veja-a-receita-tributaria-no-seu-municipiogt
0
10
20
30
40
50
60
valo
res p
erc
entu
ais
78
No municiacutepio de Morretes o processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria adotado
pela Secretaria de Infraestrutura no nosso entendimento consiste numa estrateacutegia
de desenvolvimento e de receita na medida de geraccedilatildeo de emprego e renda atraveacutes
da construccedilatildeo civil que expande a prestaccedilatildeo de bens e serviccedilos
Tanto o georreferenciamento quanto a regularizaccedilatildeo fundiaacuteriapredial em
Antonina e Morretes satildeo estrateacutegias afirmativas que tem como propoacutesitos a
regularizaccedilatildeo de aacutereas habitacionais residecircncias e lotes com grandes
possibilidades de elevar a receita municipal observado as delimitaccedilotildees de aacutereas
especialmente protegidas como aacutereas de preservaccedilatildeo permanente (APP) Unidades
de Conservaccedilatildeo (UC) Poreacutem cabe ressaltar que a maior funccedilatildeo da regularizaccedilatildeo
fundiaacuteria eacute equacionar problemas resultantes da expansatildeo urbana desordenada (a
favelizaccedilatildeo eacute um dos problemas)
Nesse sentido a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria eacute ―um mecanismo apto a trazer para
a legalidade uma situaccedilatildeo fundiaacuteria que possa ser identificada como de interesse
social ou seja que tenha como puacuteblico alvo a populaccedilatildeo de baixa renda
(NASCIMENTO 2013 p 12) Como afirma a autora dessa forma a implementaccedilatildeo
da regularizaccedilatildeo fundiaacuteria torna ―evidente o conteuacutedo social a que o bem serviraacute
(idem p 18)
Em Pontal do Paranaacute como relatou entrevistado3 sobre o fortalecimento
das receitas o municiacutepio atraveacutes do Conselho Gestor adotou para 2017 um selo
de qualidade que seraacute fornecido agrave empresa que se encontrar regularizado com suas
diacutevidas junto agrave prefeitura ―O selo permite que haja retorno para a prefeitura atraveacutes
da contribuiccedilatildeo Eacute uma valorizaccedilatildeo para quem se encontra em situaccedilatildeo regular
(transcriccedilatildeo)
No entanto com pouca variaccedilatildeo para aumentar a receita e com menos
dinheiro em caixa as prefeituras deixam de investir em programas de meacutedio e longo
prazo com propostas no desenvolvimento positivosustentaacutevel e includente de
criaccedilatildeo institucional cultural social e econocircmica Ou seja criaccedilatildeo de um ambiente
favoraacutevel agrave extensatildeo das liberdades e capacidades das pessoas (SEN 2000)26
26
As liberdades na visatildeo do autor satildeo condicionadas pelas circunstacircncias sociais poliacuteticas e econocircmicas as quais denomina de liberdades instrumentais e correspondem 1) liberdades poliacuteticas 2) facilidades econocircmicas 3) oportunidades sociais 4) garantias de transparecircncias 5) seguranccedila protetora (p54)
79
Para esse autor as liberdades satildeo partes constitutivas fundamentais do
enriquecimento do processo de desenvolvimento natildeo satildeo finitas em si mesmas
mas permitem a expansatildeo de outras liberdades sendo que o proacuteprio
desenvolvimento pode ser considerado como a expansatildeo das liberdades humanas
ou como sublinha Pereira (2006) ao se referir agrave ―autonomia baacutesica como um
elemento de precondiccedilatildeo societal a noccedilatildeo de autonomia estaacute ancorada nos
preceitos da ―democracia como recurso capaz de livrar os indiviacuteduos natildeo soacute da
opressatildeo sobre as suas liberdades (de escolha e de accedilatildeo) mas tambeacutem da miseacuteria
e do desamparo (PEREIRA 2006 p 70)
A falta de recursos sinalizou nas entrevistas com os agentes de
desenvolvimentos de Morretes Matinhos e Paranaguaacute a pouca flexibilidade dos
municiacutepios em estruturar suas agendas de programas de desenvolvimento local
restando o atendimento de formalizaccedilatildeo e serviccedilos baacutesicos aos
Microempreendedores tais como alteraccedilatildeo de dados alvaraacute baixa da inscriccedilatildeo e
Documento de Arrecadaccedilatildeo Simplificada (DAS) Essas accedilotildees de apoio efetivo agrave
categoria se por um lado representam o auxiacutelio prestado ao MEI por outro
constituem um fim em si mesmas pois desempenham funccedilotildees meramente
burocraacuteticas natildeo menos importantes mas poderiam ser desenvolvidas dentro de
um plano estrateacutegico que coadunassem simultaneamente outras accedilotildees previstas
nos dispositivos da LC 12808 sobre os instrumentos de apoio e poliacuteticas que
assegurem o desenvolvimento e a sustentabilidade dos MEI Dentro dessa anaacutelise
por um lado o ―fluxo contiacutenuo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos que em sua
esmagadora maioria satildeo de pequeno porte (SACHS 2003 p 111) de outro lado
como demonstra o autor as MPE submetidas ao livre mercado aumentam os
nuacutemeros estatiacutesticos sobre a mortalidade das empresas posto as diferentes
condiccedilotildees de produccedilatildeo e competitividade no mercado aberto que produz um
―processo de seleccedilatildeo que pode ser qualificado de ―darwinismo social (idem p 111)
Em Morretes no final do ano de 2016 o desempenho da sala do
empreendedor estava muito limitado ou quase nulo como comentou o
entrevistado6 Aleacutem da estrutura reduzida em comparaccedilatildeo agraves cidades que
dispunham do programa em Morretes natildeo haviam atividades relacionadas ao
fomento das empresas locais nem tatildeo pouco a procura aos serviccedilos pelos MEI ou
potenciais empreendedores Poreacutem em 2015 como observou o entrevistado6 ―a
partir da adequaccedilatildeo da 147 (LC 14714) o carimbo da vigilacircncia sanitaacuteria deu
80
valoraccedilatildeo para o produto Alguns produtores padronizaram o roacutetulo e as empresas
Essas medidas favorecem o atendimento ao turismo (transcriccedilatildeo)
Em Paranaguaacute segundo o entrevistado7 as atividades da sala do
empreendedor estavam muito reduzidas e fixavam-se apenas no processo de
formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo nas duacutevidas que surgiam natildeo sendo possiacutevel desenvolver
accedilotildees muito extensas fora da sala27 Poreacutem atraveacutes do Programa Compras Paranaacute
o municiacutepio ofereceu cursos de capacitaccedilatildeo dos funcionaacuterios para compras em
oacutergatildeo puacuteblicos assim como capacitaccedilatildeo de alguns fornecedores em licitaccedilotildees O
objetivo dessa accedilatildeo era ―identificar novos fornecedores dentro do municiacutepio
fortalecendo o mercado interno gerando divisas emprego e renda (entrvistado7-
transcriccedilatildeo)
Em Morretes o entrevistado municipal o entrvistado6 nos disse ―natildeo haacute
procura por licitaccedilotildees (pelos MEI) E as empresas locais dificilmente procuram a
licitaccedilatildeo (transcriccedilatildeo) Assim a falta de poliacuteticas de desenvolvimento local e da
categoria poderaacute contribuir no afastamento de propostas significativas de inclusatildeo
social do MEI na MRGP frisados na LC 12808
Constatamos que a falta de recursos constitui um dos elementos importantes
que inviabilizam a implantaccedilatildeo integral contiacutenua e sustentaacutevel das LC 12306
LC12808 e LC 14714 ndash conjunto de leis que normatizam as MPE e
Microempreendedores individuais - bem como em poliacuteticas de geraccedilatildeo de emprego
e renda e mesmo em outras aacutereas de sustentaccedilatildeo de poliacuteticas sociais pois
segundo Sachs (2003) as poliacuteticas econocircmicas e sociais satildeo indissociaacuteveis
complementares e dependentes de investimentos
Embora outros motivos tais como o amadurecimento da gestatildeo municipal agrave
concepccedilatildeo de desenvolvimento local incluindo categorias especiacuteficas de produccedilatildeo e
inclusatildeo como eacute o caso dos MEI conferimos agrave baixa capacidade econocircmica do
poder puacuteblico local uma das principais dificuldades em produzir mecanismos de
enfrentamento agrave vulnerabilidade dos trabalhadores locais muitas vezes com pouca
ou sem qualificaccedilatildeo para o mercado de trabalho
Deduzimos atraveacutes de nossas pesquisas que a falta de comunicaccedilatildeo
informaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo nas propostas da sala do empreendedor assim como em
27
No plano Plurianual 20142017 de Paranaguaacute estaacute previsto o investimento de R$ 10000000 para o apoio aos MEI desenvolvimento das micro pequenas e grandes empresas e induacutestrias no estiacutemulo para desenvolver uma cadeia produtiva local de forma sustentaacutevel
81
processos de licitaccedilatildeo28 exclui grande parte dos MEI ao Acesso em de serviccedilos
baacutesicos estabelecidos em lei e possibilidades de relaccedilotildees comerciais com o
municiacutepio posto o desconhecimento das recomendaccedilotildees por parte dos MEI
estabelecidas na Lei Geral (LC 12308) a qual prescreve normas diferenciadas de
promoccedilatildeo de desenvolvimento desse segmento de trabalhadoresempreendedores
individuais
O municiacutepio empoderado atraveacutes de uma ambiente institucional e de um
aporte estrutural constituiacutedo aumenta as possibilidades de eficiecircncia na intervenccedilatildeo
em problemas locais O empoderamento dos municiacutepios nesse sentido eacute central no
processo de desenvolvimento tanto de categorias especiacuteficas quanto de categorias
marginalizadas pela ausecircncia do poder puacuteblico Eacute dessa forma que ―ao analisar
experiecircncias de desenvolvimento localregional vecirc-se forccedilada a noccedilatildeo de que a
presenccedila do Estado eacute fundamental (BARBOSA et al in POCHMANN 2004 p 275)
sendo ele o principal articulador e protagonista de poliacuteticas de desenvolvimento e
inclusatildeo social
411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita
Ao examinara literatura sobre o uso do dinheiro puacuteblico no litoral do Paranaacute
que no nosso entendimento tem a possibilidade de ser alocado prioritariamente em
instrumentos geradores de desenvolvimento para as pessoas das pessoas e pelas
pessoas (SACHS 2003) percebemos muitas vezes recursos jaacute reduzidos sendo
direcionados a atender minorias com respaldo poliacutetico econocircmico e social
Como analisa Monteiro (2013a) boa parte das receitas de Guaratuba e
Matinhos estatildeo sendo direcionadas agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria com projetos de
infraestruturas (pavimentaccedilatildeo rede de esgoto etc) que beneficiam as elites locais
Estas elites satildeo na visatildeo de Frey (2000) amparadas por ―instituiccedilotildees de
intermediaccedilatildeo ndash patronagem poliacutetica clientelismo nepotismo fisiologismo e a
corrupccedilatildeo ndash [] (p 104) que constituem praacuteticas relacionais entre o poder central
local e oligarquias locais contribuindo para a ampliaccedilatildeo das desigualdades sociais
visto a apropriaccedilatildeo dos benefiacutecios por parte dessas elites
28
Conforme obrigatoriedade legal as licitaccedilotildees satildeo publicadas no site da prefeitura Tribunal de Contas e Diaacuterio oficial
82
Segundo Monteiro (2013a) em Caiobaacute balneaacuterio eletizado de Matinhos
com forte presenccedila de residecircncias de alto padratildeo e ainda com propostas a proacute-
verticalizaccedilatildeo a pavimentaccedilatildeo chega a 94 853 de calccediladas e 686 de
bueiros Enquanto em bairros como o Tabuleiro haacute 254 de ruas pavimentadas
164 de calcadas e 285 de bueiros denotando dessa forma os desniacuteveis de
emprego da receita para a manutenccedilatildeo das iniquidades entre as classes sociais
Jaacute em Guaratuba como salienta Monteiro (2013b)
[] veremos que boa parte da receita puacuteblica alimenta a especulaccedilatildeo imobiliaacuteria atraveacutes de obras de infraestrutura que beneficiam sobremaneira glebas vazias lotes baldios em suma propriedades que natildeo estatildeo cumprindo a funccedilatildeo social (MONTEIRO 2013a p 1)
Compreendemos dessa maneira que o espaccedilo constituiacutedo por relaccedilotildees de
poder pode representar o exerciacutecio de poder considerando algumas variaacuteveis
Como acentua Silva (2008) o poder local deve ser compreendido como exerciacutecio
das dimensotildees poliacutetica econocircmica social simboacutelica e cultural
A criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento local que promovam a
expansatildeo das liberdades humanas eacute indispensaacutevel a vontade poliacutetica o
amadurecimento agraves perspectivas de desenvolvimento pelos gestores municipais e
pelo empresariado local os recursos satisfatoacuterios nesse sentido o empoderamento
do municiacutepio eacute fundamental para o financiamento das poliacuteticas de desenvolvimento
a mediaccedilatildeo entre as relaccedilotildees de poder um aporte institucional capaz reduzir as
disparidades de classe e o planejamento e accedilatildeo sendo que o planejamento pode
ser revisado e modificado a julgar que toda accedilatildeo provoca modificaccedilotildees
Dentro dessa perspectiva foram analisados por Horochovski Junckes e
Muraro (2011) em trabalho realizado sobre um Programa de Desenvolvimento
Sustentaacutevel em Matinhos promovido pelo Banco do Brasil a participaccedilatildeo e o
planejamento pelos atores envolvidos Para esses autores os ―componentes
estruturais do modo de produccedilatildeo vigente apatia poliacutetica deacuteficits informacionais e a
persistecircncia de assimetrias e padrotildees autoritaacuterios e clienteliacutesticos [] (p 51)
constituem entre outros barreiras no processo democraacutetico e participativo
(HOROCHOVSKI JUNCKES MURARO 2011)
Ao discorrer sobre aspectos para o desenvolvimento local e o custeio
puacuteblico SEN (2000) afirma que natildeo se pode esperar um governo enriquecer para
83
investir em serviccedilos de base como a educaccedilatildeo e a sauacutede que na visatildeo do autor
satildeo elementos geradores de desenvolvimento posto que
A viabilidade desse processo conduzido pelo custeio puacuteblico depende do fato de que os serviccedilos sociais relevantes (como os serviccedilos de sauacutede e educaccedilatildeo) satildeo altamente trabalho-intensivos e portanto relativamente barato nas economias pobres ndash onde os salaacuterios satildeo baixos (SEN 2000 p 65)
Para esse autor se devem ponderar preccedilos e custos como paracircmetros de
quanto pode ou natildeo pode o governo gastar Adverte ele ainda que o processo
mediado pelo crescimento econocircmico acarreta em muitas vantagens tanto pelas
condiccedilotildees de investimentos quanto por provisotildees em setores essenciais como
educaccedilatildeo e sauacutede baacutesica
Dessa maneira reiteramos dentro da perspectiva de nossas anaacutelises a
necessidade do empoderamento municipal pois o Estado se consolida como o
principal condutor de processos de desenvolvimento Nessa direccedilatildeo entendemos
que o crescimento econocircmico eacute importante para o desenvolvimento (SACHS 2003
SEN 2000 FURTADO 2008) Natildeo como um fim em si mesmo mas um elemento
estrutural de outros coeficientes (aporte institucional poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas da
sauacutede e educaccedilatildeo e estrateacutegias macro e microeconocircmicas locais para o
desenvolvimento sustentaacutevel) que se materializem em equipamentos propiacutecios agrave
extensatildeo das ―liberdades humanas (SEN 2000)
42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS29
DO MEI NA MRGP
No desenvolvimento local conduzido em especial pelo ―custeio puacuteblico
(SEN 2000) atraveacutes dos governos subnacionais de inferecircncia nas aacutereas da
educaccedilatildeo sauacutede e economia o peso de interferecircncia do processo econocircmico pode
revelar-se como um dos imperativos entre o sucesso ou fracasso das estrateacutegias
adotadas
A conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estrateacutegias setorizadas de apoio agrave
categoria do MEI satildeo definidas com base orccedilamentaacuteria e disponibilidade de recursos
29
Encerramento da inscriccedilatildeo do Cadastro de Pessoa Juriacutedica (fechamento legal da empresa)
84
apropriados para a realizaccedilatildeo Identificamos dentro das estrateacutegias municipais as
salas do empreendedor que fornecem orientaccedilotildees e auxiacutelio na formalizaccedilatildeo de
empresas e empreendedores individuais (EI) que se encontram na informalidade
No graacutefico 4 abaixo observamos o nuacutemero de atendimentos realizados
pelos agentes de desenvolvimento nas salas do empreendedor nos municiacutepios da
MRGP
GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO
EMPREENDEDOR NA MRGP (2015 ndash 2016)
FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
Percebemos o aumento significativo de atendimentos realizados pela ―sala
entre os anos 2015 e 2016 (GRAFICO 4) em Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute
Segundo informaccedilotildees do entrevistado7 em Paranaguaacute a aumento nos atendimentos
eacute proporcional agrave elevaccedilatildeo das formalizaccedilotildees e abaixo (GRAacuteFICO 5) verificamos as
formalizaccedilotildees realizadas nas salas do empreendedor na MRGP
GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS NAS SALAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP
FONTE Salas do empreendedor de Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Paranaguaacute Pontal doParanaacute
Morretes Matinhos
0
50
100
150
200
250
300
350
Morretes Paranaguaacute Pontal do Paranaacute
ano 2015
ano 2016
85
Observamos acima (GRAacuteFICO 5) a reduccedilatildeo de 475 nas formalizaccedilotildees
realizadas pela sala do empreendedor em Pontal do Paranaacute no ano de 2016 em
relaccedilatildeo a 2015 Paranaguaacute ao contraacuterio apresentou percentual positivo de 1133
nas formalizaccedilotildees efetivadas junto agrave sala do empreendedor entre os anos 2015 e
2016
De maneira um tanto preocupante em Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
(GRAacuteFICO 6) constatamos o aumento significativo nas operaccedilotildees de baixa de
inscriccedilatildeo do MEI realizadas pela sala do empreendedor entre os anos de 2015 e
2016 Pontal do Paranaacute apresentou acreacutescimo de 2217 nas baixas de inscriccedilatildeo do
MEI enquanto Paranaguaacute indicou o avanccedilo de 1594 nas baixas da categoria Em
Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo haacute baixas
registradas na sala do empreendedor em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato
com o agente de desenvolvimento
GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI REALIZADAS NAS SAAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP
30
FONTE Salas do empreendedor de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
Ao estabelecermos comparaccedilatildeo entre os graacuteficos (5 e 6) percebemos que
a) No ano de 2015 o nuacutemero de baixas de inscriccedilotildees do MEI registrados na
sala do empreendedor em Paranaguaacute correspondeu a 274 das
30
Em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato com o agente de desenvolvimento em Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo houve baixas registradas nas salas do empreendedor
0
20
40
60
80
100
120
ano 2015
ano 2016
86
formalizaccedilotildees naquele ano No ano de 2016 o nuacutemero de baixas (MEI)
em Paranaguaacute em relaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo correspondeu a 333
Portanto uma elevaccedilatildeo de 59 nas baixas do MEI entre os anos de
2015 e 2016
b) Em Pontal do Paranaacute as baixas do MEI registradas pela sala do
empreendedor em relaccedilatildeo agraves formalizaccedilotildees corresponderam a 116
em 2015 Em 2016 a variaccedilatildeo das baixas na inscriccedilatildeo do MEI em relaccedilatildeo
agraves formalizaccedilotildees atingiu o percentual de 7115 o que corresponde a um
aumento acentuado de 5955 nas baixas de inscriccedilotildees do MEI entre
2015 e 2016
Ao inclinar nossos olhares para os resultados dos graacuteficos (5e 6) veremos
expressiva diferenccedila na sustentabilidade do MEI entre os municiacutepios de Pontal do
Paranaacute e Paranaguaacute Isso nos remete a uma questatildeo como explicar o significativo
nuacutemero de baixas na inscriccedilatildeo do MEI em Pontal do Paranaacute em relaccedilatildeo agrave
Paranaguaacute resultando em dados estatiacutesticos tatildeo diacutespares na sustentabilidade dos
MEI jaacute que os dois municiacutepios possuem em sua maioria dentre algumas accedilotildees
isoladas estrateacutegias planificadas pelo SEBRAE
A resposta a essa questatildeo segundo o entrevistado3 estaacute na sazonalidade
pelo qual estatildeo sujeitos os municiacutepios balneaacuterios da MRGP ndash Matinhos Pontal do
Paranaacute e Guaratuba Esta anaacutelise estaacute sustentada igualmente por Sulzbac
Denardin e Felisbino (2012)
O fato destes enfrentarem a problemaacutetica da sazonalidade de visitaccedilotildees em virtude do lazer de sol e mar define-se a hipoacutetese de que a sazonalidade recorrente da principal atividade econocircmica resulta em instabilidades financeiras tanto as instituiccedilotildees locais como para a proacutepria populaccedilatildeo promovendo adequaccedilotildees dos empreendimentos especialmente no que se refere aos viacutenculos de trabalho Em consequecircncia os empreendimentos formais natildeo encontram suporte financeiro para sua manutenccedilatildeo resultando na criaccedilatildeo de empreendimentos informais que satildeo caracteriacutesticos destes locais (p 109-110)
Na temporada de praia conforme relato do entrevistado3 muitos MEI
transferiram-se ou se formalizam em Pontal do Paranaacute com vistas agrave fiscalizaccedilatildeo
intensa nesse periacuteodo Ao fim do veratildeo muitos vatildeo embora para suas cidades e
datildeo baixas das empresas Outros ―natildeo conseguem sequer pagar o boleto DAS no
final do mecircs (transcriccedilatildeo) com isso acabam por encerrar a microempresa e
87
―sobrevivendo com o que conseguiram juntar no veratildeo (transcriccedilatildeo) concorrendo
para o nuacutemero expressivo de baixas em janeiro e fevereiro de cada ano
Monteiro (2013b) acentua sobre a sazonalidade nos municiacutepios da
plataforma no Paranaacute e a variaccedilatildeo populacional decorrente do veratildeo e de alguns
feriados Para esse fato ele denomina de ―As meias cidades do litoral paranaense
(p 5)
[] as cidades do litoral transformam-se acentuadamente literalmente da noite para o dia quando chegam as pessoas para as festas de fim de ano e feacuterias de veratildeo Boa parte dos domiciacutelios vagos satildeo ocupados muitos com concentraccedilatildeo de mais de 4 pessoas por cocircmodo (MONTEIRO 2013b p 5)
A sazonalidade eacute um imperativo importante na observaccedilatildeo das baixas dos
MEI apoacutes a temporada de veratildeo Por outro lado destacamos uma variaacutevel
dependente que eacute a formaccedilatildeo da dinacircmica do mercado local em participar e
introduzir certa sustentabilidade das empresas atraveacutes de variaacuteveis como a da oferta
de trabalho aumento de consumo cooperaccedilatildeo entre as empresas locais entre
outras
Dessa maneira as empresas inclusas em um sistema de mercado
fortalecido onde a capacidade de gerar riqueza seja mais sustentaacutevel tecircm mais
possibilidades de prosperar e manter suas atividades Portanto um mercado ativo
comumente tem respaldo do poder puacuteblico local e as micro e pequenas empresas
que surgem em meio a essa dinacircmica requerem estrateacutegias definidas com vistas a
competirem no mercado aberto
Podemos discorrer na perspectiva de Sachs (2003) e Sen (2000) que aleacutem
de fomentar a formalizaccedilatildeo de micro pequenos e meacutedios empreendimentos dado a
―cobertura social para os trabalhadores (SACHS 2003 p113) ndash na visatildeo desse
autor a principal vantagem ndash eacute necessaacuterio expandir formas de adequaccedilatildeo agrave
sustentabilidade dessas empresas uma vez que lanccediladas no mercado aberto satildeo
incapazes de competir com empresas maiores e ampliar sua estrutura
A mortalidade nessa competiccedilatildeo em condiccedilotildees de inferioridade eacute elevada para os micro e pequenos empreendimentos Nuacutemeros do SEBRAE apontam para taxas de 32 de fechamento em menos de um ano 44 em menos de dois anos 56 em menos de trecircs 66em menos de quatro e 71 em menos de cinco (SACHS 2003 p 35)
Como analisa Sachs (2003) os pequenos e meacutedios empreendimentos natildeo
tecircm como sobreviver no mercado aberto dado a baixa capacidade de produzir em
88
condiccedilotildees desiguais No questionaacuterio aplicado ao MEI veremos algumas barreiras
que acentuam essas desigualdades
43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO
O questionaacuterio31 elaborado para o MEI e aplicado nos municiacutepios de
Matinhos Guaratuba Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute foi um instrumento que
permitiu ilustrar uma realidade da categoria MEI frente aos desafios enfrentados no
decorrer da sua formalizaccedilatildeo na mesma medida em que possibilitou compreender
um pouco a realidade concreta desses trabalhadores exposta pelas suas opiniotildees
suas respostas objetivas e por vezes subjetivas Ou seja uma fonte de
―informaccedilotildees vivas (RAYNAUT C et al 2002)
No mesmo sentido a anaacutelise dos dados tornou-se importante posto que
buscamos compreender a aproximaccedilatildeo entre alguns mecanismos de apoio ao MEI
descritos na Lei Geral (12308) e o Acesso em a esses mecanismos pelo puacuteblico
alvo
O questionaacuterio procurou coletar dados dos microemprendedores individuais
segundo atividade econocircmica tempo de atuaccedilatildeo no mercado formalizado renda
bruta participaccedilatildeo em compras puacuteblicas local da atividade econocircmica quanto agrave
capacitaccedilatildeo e consultoria entre outros
O questionaacuterio foi aplicado a trinta microemreendedores individuais
Natildeo houve classificaccedilatildeo especiacutefica para a escolha dos entrevistados na
aplicaccedilatildeo do questionaacuterio O que se propocircs a fazer foi deslocar ateacute o local de
trabalho do MEI e aplicar o questionaacuterio em meio agraves suas atividades Esta teacutecnica
possibilitou observar a estrutura do estabelecimento e dialogarmos diretamente com
o microempreendedor individual sobre suas dificuldades e avanccedilos apoacutes a
formalizaccedilatildeo Alguns MEI foram pouco receptivos a participar do questionaacuterio mas a
maioria se sentiu muito a vontade em responder as perguntas
431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral
do Paranaacute
31
O formulaacuterio aplicado ao MEI encontra-se nos anexos dessa dissertaccedilatildeo
89
Veremos abaixo (GRAacuteFICO 7) que a maior parte dos MEI respondentes
(n=24) estaacute alocada nos setores de serviccedilos e comeacutercio Doze (n=12) exercem suas
atividades no setor de prestaccedilatildeo de serviccedilos (informaacutetica conserto de bicicleta
eletrocircnica cabeleireira sapateiro) e doze (n=12) pertencem ao comeacutercio (papelaria
armarinho produtos de limpeza pet shop loja de roupas comeacutercio de artigos de
praia entre outros) Dos respondentes trecircs (n=3) exercem suas atividades na aacuterea
da cultura
GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE ECONOcircMICA ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Na observaccedilatildeo dos dados percebemos a maior concentraccedilatildeo da atividade
econocircmicano setor terciaacuterio Esta anaacutelise jaacute foi descrita por Superville e Quintildeones
(2000) Barbosa (2007) no qual concluiacuteram que o trabalhador fabril foi deslocado
para este setor passando ser um trabalhador de serviccedilos
Os empreendedores na perspectiva de Nassif et al (2014) apresentam
uma variaccedilatildeo de caracteriacutesticas como a criatividade flexibilidade autonomia e ideias
para inovar Poreacutem tal como notamos anteriormente as oportunidades de produzir
bens e serviccedilos satildeo frequentemente diferentes tanto pela capacidade de
investimento em tecnologia e informaccedilatildeo tanto pela expectativa de uma formaccedilatildeo
bruta de capital Ao analisarmos a capacidade estrutural dos MEI (condiccedilotildees
econocircmicas e de compreensatildeo de mercado) percebemos o distanciamento
(desconhecimento) dos instrumentos geradores de seu desenvolvimento previstos
em lei Os instrumentos descritos na Lei Geral (12306) podem facilitar e auxiliar na
Comeacutercio reparaccedilatildeo deveiacutec automotores emotocicleta
Outras atividades eserviccedilos
educaccedilatildeo
cultura
construccedilatildeo
natildeo respondeu
90
melhoria dos negoacutecios e desencadear um processo de desenvolvimento Na
percepccedilatildeo de Pochmann ( 2004) Sen (2000) Sachs (2003) o desenvolvimento eacute
associado simultaneamente ao crescimento econocircmico com o fortalecimento da
capacidade de produccedilatildeoacumulaccedilatildeo e pela ampliaccedilatildeo das liberdades substantivas
432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute
No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 8) percebemos a quantidade de anos
formalizados dos MEI respondentes
GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30)
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Observamos que dos respondentes 09 (nove) estatildeo formalizados haacute um
ano o que configura como a maioria dos microemperendedores formalizados
Percebemos uma reduccedilatildeo no nuacutemero de empreendimentos entre cinco e onze anos
de funcionamento
No primeiro ano de funcionamento conforme os dados acima (GRAacuteFICO 8)
dos microempreendimentos seis (n=6) desenvolvem suas atividades no comeacutercio e
dois(n=2) suas atividades estatildeo relacionadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos
Sachs (2003) ao analisar dados do SEBRAE nos diz que em menos de cinco
anos 71 das micro e pequenas empresas fecham as portas o que demonstra em
sua perspectiva e de Sen (2000) aleacutem da fragilidade dessa categoria existe a falta
de instrumentalizaccedilatildeo e praacuteticas dos mecanismos existentes para manter os
microempreendedores na formalidade e provocar a ruptura desse quadro
0
5
10
15
20
25
30
ateacute 1ano
ateacute 2anos
ateacute 3anos
ateacute 4anos
ateacute 5 ateacute 6anos
ateacute 8anos
ateacute 11anos
()
anos de formalizaccedilatildeo
91
O aumento ou a diminuiccedilatildeo gradual das formalizaccedilotildees de micro e pequenos
empreendimentos na MRGP assim como o fortalecimento desses empreendedores
pode representar indicativos do respaldo dado pelas estrateacutegias e accedilotildees colocadas
em praacutetica com base na Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo observando que
O principal objetivo das poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave consolidaccedilatildeo das MPE deve estar em assisti-las no desenvolvimento de uma competitividade genuiacutena que lhes permita aumentar gradualmente os salaacuterios estar em dia com os encargos sociais e impostos superar o imediatismo e adquirir uma perspectiva de longo prazo na gestatildeo do negoacutecio e na previsatildeo de investimentos (SACHS 2003 p 35)
Desse modo as estrateacutegias devem superar as circunstacircncias especiacuteficas de
processos burocraacuteticos ligados agrave formalizaccedilatildeo e sim expandir suas accedilotildees de
maneira que as MPE possam adquirir autonomia sustentaacutevel e desempenhar um
papel relevante na economia local
Observamos que Sachs (2003) alertava para as principais dificuldades
encontradas no desenvolvimento das MPE ―Acesso em ao creacutedito ao mercado agrave
miacutedia ao poder puacuteblico agrave classe poliacutetica e especialmente agrave tecnologia e ao
conhecimento [] (idem p 113) A falta de Acesso em a esses instrumentos
importantes restringe a capacidade de ampliaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo
(tecnologia de gestatildeo lucratividade rentabilidade) quanto ao de arranjos produtivos
locais
Para Albuquerque e Zapata (2010 p 2016) ―a introduccedilatildeo de inovaccedilotildees
tecnoloacutegicas e o fomento da capacidade empresarial e organizativa nos diferentes
acircmbitos territoriais satildeo variaacuteveis estrateacutegicas da poliacutetica de desenvolvimento e
podem possibilitar a reversatildeo ou minimizar as assimetrias do mercado resultantes
da competitividade desigual
434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP
Ao analisar o graacutefico baixo (GRAacuteFICO 9) observamos que vinte e trecircs
(n=23) dos respondentes disseram natildeo ter ou natildeo tiveram relaccedilotildees comerciais com
o municiacutepio Certamente que boa parte dos entrevistados natildeo possui caracteriacutesticas
comerciais para fornecer ao poder puacuteblico no entanto alguns setores dentre os
quais educaccedilatildeo eletrocircnica informaacutetica incluso nos tracircmites legais podem fornecer
92
serviccedilos para o municiacutepio No setor de comeacutercio papelarias e loja de materiais de
limpeza tecircm a possibilidade de fornecimento na compra direta dispensada de
licitaccedilatildeo descrita nos art 23 e 24 da Lei 86661993 Da mesma forma no setor de
serviccedilos observado as normas juriacutedicas
GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA MRGP (N=30)
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Nas licitaccedilotildees muitos respondentes (n=23) disseram natildeo manter relaccedilotildees
comerciais com o poder puacuteblico e desconhecem o funcionamento para participar do
processo O que denota a pouca extensatildeo de estrateacutegias como o Programa
―Compras Paranaacute Esse programa tem como foco otimizar o processo de licitaccedilatildeo
para empresas locais Propicia no mesmo sentido a capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios
puacuteblicos nesse processo e a capacitaccedilatildeo de fornecedores que desejam participar de
licitaccedilotildees
Para tanto na compra puacuteblica eacute indispensaacutevel a orientaccedilatildeo em licitaccedilotildees que
possam ser direcionadas agraves micro e pequenas empresas locais da regiatildeo Mas para
isso o setor puacuteblico tem que estar bem preparado assim como o empresariado local
para estabelecer a conexatildeo Segundo o entrevistado4 esta eacute uma condiccedilatildeo iacutempar no
sentido do desenvolvimento empresarial localizado
Ressaltamos que as compras puacuteblicas ou contrataccedilotildees puacuteblicas podem
conduzir e inserir os micro e pequenos empreendimentos no mercado uma vez que
a esfera puacuteblica constitui um mercado estaacutevel de relaccedilotildees comerciais quase sempre
sim
natildeo
natildeo respondeu
93
em ampliaccedilatildeo O capiacutetulo V da LC 12306 alterado pela 14714 descreve sobre os
criteacuterios a serem adotados em favorecimento agraves MPE quanto ao Acesso em ao
mercado destacando as compras e contrataccedilotildees puacuteblicas e sobre o processo de
licitaccedilatildeo
Segundo o SEBRAE 76 das MPE de Paranaguaacute natildeo participaram em
processos de compras puacuteblicas entre os anos de 2011-2014 Dessas empresas
55 desconhecem as oportunidades para comercializar com governoempresas
estatais Nesse sentido a pouca eou dificultosa informaccedilatildeo fornecida para o MEI
quanto aos serviccedilos disponibilizados pelo municiacutepio e sobre os instrumentos de
regulamentaccedilatildeo e direitos a Acesso ems facilitados dispostos na Lei Geral (12306)
poderia ser revertida pela divulgaccedilatildeo nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo locais - jornais
circulantes nos municiacutepios raacutedios comunitaacuterias por exemplo aleacutem dos oficiais ndash
relativo aos direitos e obrigaccedilotildees do MEI incorporado agrave sua formalizaccedilatildeo com o
propoacutesito de inseri-lo no mercado (trabalho) sua expansatildeo e sustentabilidade
Em Pontal do Paranaacute o secretaacuterio de desenvolvimento afirma que o
municiacutepio estaacute se empenhando para que as empresas locais inclusive o MEI
participem das licitaccedilotildees Para isso segundo ele a prefeitura se adequou a LC
14714 no sentido de que uma licitaccedilatildeo de determinado valor seja dividida para
facilitar o Acesso em dos microempreendedores observando igualmente a
possibilidade de pagamento de 10 a mais do valor miacutenimo para o MEI Essas satildeo
adequaccedilotildees importantes adotadas por Pontal do Paranaacute atraveacutes do Concelho
Gestor Municipal (CGM) Comenta o E8 sobre o CGM
Uniu mais a populaccedilatildeo agrave prefeitura uniu mais o microempreendedor a vender para a prefeitura Natildeo tinha ningueacutem vendendo pocirc Natildeo tinha ningueacutem fornecendo pra prefeitura Hoje noacutes temos o pequeno e microempresaacuterio fornecendo pra prefeitura Uniu os benefiacutecios e os trouxe pra prefeitura e pra comunidade neacute Um dinheiro pra circular aqui dentro e natildeo ir pra fora Por exemplo uma licitaccedilatildeo que era de ―x valor noacutes fomos quebrando ela em quatro ou cinco vezes para dar preferecircncia para o povo daqui Uma licitaccedilatildeo que era de R$ 10000000 noacutes fizemos quatro de 25 dividimosah compra o caderno de um laacutepis do outro caneta de outro Dividimos pra que o povo daqui participasse E deu certo Essa foi uma grande evoluccedilatildeo do Comitecirc Gestor (transcriccedilatildeo) (entrevistado8)
O conhecimento das bases legais de funcionamento da categoria no nosso
entendimento a ampliaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo para lidar com o mercado e a
aproximaccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados tanto pelo setor puacuteblico quanto pelo
94
setor privado poderaacute produzir em curto prazo impactos positivos no
desenvolvimento do MEI dentro da economia de mercado
Todavia o municiacutepio de Guaratuba ainda natildeo adaptou integralmente a LC
12306 e sua alteraccedilatildeo LC 1472014 ao seu modelo de gestatildeo pois os MEI que
participaram da pesquisa (Guaratuba) relataram que o municiacutepio cobra por taxas de
alvaraacute de funcionamento32 O municiacutepio isenta esse custo somente no primeiro ano
de abertura do micro negoacutecio contrariando dessa forma o disposto no art 4ordm sect3ordm
da LC 1472014
[] ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (grifo nosso)
O apoio ao MEI eacute fundamental pois esse tecido empresarial (MPE)
segundo autores como Sachs (2003) Albuquerque e Zapata (2010) e Sen (2000)
respondem por boa parte dos empregos e da renda da populaccedilatildeo Para o SEBRAE
(2014) 52 dos empregos formais no Brasil estatildeo nas micro e pequenas
empresas o que corresponde agrave significativa importacircncia dessa categoria
empresarial no desenvolvimento da economia brasileira
As observaccedilotildees e alteraccedilotildees contidas na LC 14714 representam avanccedilos
significativos na perspectiva do desenvolvimento dando maior envergadura social agrave
LC 12306 Esse dispositivo legal possui impacto positivo fundamental para
aumentar as oportunidades do MEI a se manter na formalidade pela inovaccedilatildeo na
reduccedilatildeo de barreiras de Acesso em ao mercado e agrave competitividade
Dentre os principais dispositivos contidos na LC 14714 incorporados a
outras ferramentas descritas na LC 12808 estatildeo
a Tributaccedilatildeo reduccedilatildeo a zero dos custos para o MEI (art 4ordmsect 1ordm e sect 3ordm)
b Desburocratizaccedilatildeo tratamento diferenciado pelos optantes do Simples
Nacional Cadastro uacutenico do CNPJ dispensados os demais cadastros
estaduais e municipais (art 1ordm inciso 4ordm)
32
Essa informaccedilatildeo foi confirmada pelo setor de fiscalizaccedilatildeo do municiacutepio de Guaratuba
95
A debilidade de uma microempresa ou ateacute a sua falecircncia pode acarretar
natildeo somente numa estatiacutestica de dados econocircmicos mas em resultados
socialmente negativos A microempresa eacute o trabalho do MEI seu sustento e de sua
famiacutelia suas necessidades baacutesicas satildeo satisfeitas atraveacutes de seu trabalho que eacute o
substrato da sua dignidade
O trabalho eacute uma dimensatildeo da vida essencial para a realizaccedilatildeo da humanidade lembra Joatildeo Paulo II na enciacuteclica Laboren Exercens A enciacuteclica papal observa que o valor do trabalho localiza-se na pessoa que o realiza natildeo podendo portanto ser compreendido como uma forccedila anocircnima de produccedilatildeo com o trabalhador equiparado a mero instrumento a serviccedilo do capital (BROM 2006 p 55)
Outra ferramenta possiacutevel associada a outros dispositivos que convertam no
fomento dos micro e pequenos empreendimentos eacute o Acesso em ao creacutedito como
forma de capital gerador de expansatildeo econocircmica assinalado por Sachs (2003) Sen
(2000)
435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute
O capiacutetulo IX da LC 12306 introduz na legislaccedilatildeo brasileira em
consonacircncia com o art 170 e 179 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 dispositivos
essenciais ao estiacutemulo ao creacutedito e ao microcreacutedito para micro e pequenas
empresas abrindo espaccedilo para inauguraccedilatildeo de formas e metodologias especiacuteficas
externas ao sistema creditiacutecio convencional o que caracteriza a concepccedilatildeo de
universalizar o creacutedito
Segundo a legislaccedilatildeo pertinente o sistema de creacutedito brasileiro deveraacute criar
linhas especiais de creacutedito a atender a demanda dos micro e pequenos
empreendimentos ―[] objetivando a reduccedilatildeo do custo de transaccedilatildeo a elevaccedilatildeo da
eficiecircncia alocativa o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto
informacional [] (LC 15516 art 57)
A posiccedilatildeo do sistema puacuteblico de creacutedito facilitado eacute fundamental na
intervenccedilatildeo do creacutedito frente ao sistema aberto convencional Atraveacutes do sistema
creditiacutecio com vinculaccedilatildeo federal ndash Caixa Econocircmica Federal (CEF) Banco Nacional
de Desenvolvimento Social (BNDES) Banco do Brasil (BB) (art 58 LC 15516) - e
dos bancos comerciais puacuteblicos estaduais abre-se espaccedilo para a inclusatildeo no
sistema de creacutedito agraves pessoas que natildeo possuiacuteam Acesso em ao serviccedilo Dessa
96
forma os bancos comerciais puacuteblicos passam a ser considerados atores importantes
nas poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento posto seu ponto estrateacutegico na alocaccedilatildeo
de creacutedito caracterizado como insumo necessaacuterio agrave ampliaccedilatildeo das oportunidades e
expansatildeo econocircmicas
A CEF o BB ndash entidades federalizadas ndash e o Fomento Paranaacute ndash entidade
estadual - satildeo os principais atores dentro da poliacutetica de Acesso em ao sistema de
creacutedito e microcreacutedito que atuam diretamente na MRGP
O art 62 da PLC 12306 a exemplo orienta o Banco Central a intervir na
ampliaccedilatildeo e facilidades agraves linhas de creacuteditos para os MEI e MPE que em
contrapartida estimularia a competiccedilatildeo bancaacuteria A disponibilizaccedilatildeo e a facilitaccedilatildeo
ao creacutedito ou ao microcreacutedito por instituiccedilotildees financeiras privadas ou estatais como
o banco do Brasil (BB) o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) pela Caixa
Econocircmica Federal33 (CEF) e outras instituiccedilotildees financeiras alinhadas ao
microcreacutedito estaacute respaldada no sect2o do art62 e nos art 57 58 59 e 60 da
supracitada PLC bem como na Lei federal 111102005 Esta institui o Programa
Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO) ―com o objetivo de incentivar
a geraccedilatildeo de trabalho e renda entre os microempreendedores populares (BRASIL
2005)34
O microcreacutedito segundo o SEBRAE consiste no fornecimento de creacutedito
aos microempreendedores que natildeo possuem Acesso em ao sistema financeiro
tradicional e estaacute inserido no contexto da microfinanccedila destinado agraves pessoas de
baixa renda Ainda segundo o SEBRAE suas principais caracteriacutesticas satildeo
A) ausecircncia de garantias reais jaacute que a maioria das transaccedilotildees tem como garantia o aval solidaacuterio b) Concessatildeo de creacutedito aacutegil e adequado ao ciclo de negoacutecios do empreendimento c) Baixo custo de transaccedilatildeo devido agrave proximidade entre a instituiccedilatildeo e o tomador dos empreacutestimos e agrave inexistecircncia de burocracia d) Accedilatildeo econocircmica com forte impacto social na comunidade e) Elevado custo operacional para a instituiccedilatildeo fornecedora dos recursos f) Metodologia especiacutefica que consiste na concessatildeo assistida do creacutedito (wwwsebraecombr)
O SEBRAE (2012) evidenciou que no Brasil em 2011 12 dos MEI
buscaram linhas de creacutedito em instituiccedilotildees financeiras e 88 natildeo recorreram ao
33
Os encargos da Caixa Econocircmica Federal constituem 1) taxa de juros 295 ao mecircs 2) taxa de abertura de creacutedito (TAC) 3 do valor do contrato 3) Aliacutequota zero sobre o Imposto sobre Operaccedilotildees de Creacutedito (IOF) 34
O BNDES proporciona um creacutedito de ateacute R$ 2000000 por cliente o Banco do Brasil R$ 1500000 (ateacute a data desse trabalho)
97
creacutedito Desses MEI 43 obtiveram empreacutestimos e 57 natildeo conseguiram
formalizar o empreacutestimo Em 2012 10 recorreram ao creacutedito sendo que 52
desses obtiveram empreacutestimos e 48 natildeo conseguiram o financiamento Em 2015
84 dos MEI natildeo procurou obter empreacutestimo junto agraves instituiccedilotildees financeiras Dos
16 que recorreram ao creacutedito 55 conseguiram o empreacutestimo e 45 natildeo
efetivaram o creacutedito
Entre os anos de 2011 e 2015 como aponta o SEBRAE houve decreacutescimo
de trecircs pontos percentuais pelos MEIS na taxa de procura por financiamentos junto
agraves instituiccedilotildees financeiras Sendo que as instituiccedilotildees puacuteblicas representam uma
parcela significativa na procura por empreacutestimos pelos Microempreendedores
individuais
Como podemos observar (TABELA 11) entre os anos 2011 e 2015 houve
reduccedilatildeo na taxa de procura entre os dois anos mas a reduccedilatildeo foi mais expressiva
na taxa de aprovaccedilatildeo Isso estaacute relacionado agraves medidas mais restritivas de creacutedito
do ano de 2015 que afetaram a poliacutetica de fomento aos MEI como aos demais
empreendedores
TABELA 11 - PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)
INSTITUICcedilAtildeO DE CREacuteDITO
PROCURA POR EMPREacuteSTIMO ()
EMPREacuteSTIMO APROVADO ()
2011 2015 2011 2015
Instituiccedilotildees Financeiras Puacuteblicas 68 67 00 44 Instituiccedilotildees Privadas 27 0 22 49 Cooperativas de creacutedito 4 6 99 42
FONTE SEBRAE (20122015)
Todavia alguns dispositivos de apoio e estiacutemulos a essas categorias
empresariais descritos nas LC 12306 e LC 12808 tais como baixa tributaccedilatildeo
programas de capacitaccedilatildeo e mesmo o Acesso em ao creacutedito a exemplo que
estimulem o seu desenvolvimento seratildeo analisadas posteriormente quando
abordarmos a MRGP
O microcreacutedito produtivo consiste numa ferramenta utilizada em muitos
paiacuteses como estrateacutegia de reduccedilatildeo da pobreza na promoccedilatildeo de emprego e renda e
na consolidaccedilatildeo do aumento da capacidade produtiva de microempreendimentos
aleacutem de favorecer condiccedilotildees a melhoria de vida das pessoas mais empobrecidas e
socialmente vulneraacuteveis (PEREIRA 2006 BARONE et al 2002)
98
O microcreacutedito democratiza o Acesso em ao creacutedito fundamental para a vida moderna do qual grande parte dos brasileiros estaacute excluiacuteda A disponibilidade de creacutedito para empreendedores de baixa renda capazes de transformaacute-lo em riquezas para eles proacuteprios e para o paiacutes faz do microcreacutedito parte importante das poliacuteticas de desenvolvimento (BARONE et al 2002 p 11)
No Brasil o microcreacutedito eacute regulamentado e normatizado pela Lei
111102005 que institui o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado
(PNMPO) e ―tem por finalidade especiacutefica disponibilizar recursos para o microcreacutedito
produtivo orientado (Lei 111102005 art 1ordm sect 2ordm)
O microcreacutedito produtivo orientado segundo Barone et al (2002) possui
efeito positivo junto aos tomadores de financiamento no sentido de melhoria das
condiccedilotildees habitacionais de sauacutede e alimentares da expectativa da restituiccedilatildeo da
cidadania e da auto-estima aleacutem da geraccedilatildeo de emprego e renda das famiacutelias que
fazem o uso desse instrumento
Tal posicionamento eacute defendido por Pereira (2005) posto os resultados
empiacutericos obtidos em estudos realizados no Centro de Apoio de Pequenos
Empreendimentos no Estado da Paraiacuteba (CEAPEPB) em 2005 Em suas anaacutelises
ela concluiu que o microcreacutedito proporciona a expansatildeo do ativo circulante35 e do
patrimocircnio liacutequido tendo peso significativo na consolidaccedilatildeo dos empreendimentos
(PEREIRA 2005 p 78) Percebe-se dessa maneira o impacto positivo do
microcreacutedito em paracircmetros econocircmicos aleacutem de ser uma ferramenta de
intervenccedilatildeo na exclusatildeo social Entretanto a situaccedilatildeo na MRGP apresenta um
quadro criticamente diverso A tabela abaixo (TABELA 12) expressa a regressatildeo
significativa das transaccedilotildees de creacutedito pela CEF na MRGP entre os anos 2015 e
2016
TABELA 12 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS NA MRGP CEDIDOS
PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS MPE (2015-2016)
ANO TOTAL DE CONTRATOS VALOR TATOAL (R$)
2015 13909 3759861821
2016 2756 795389276
FONTE CONTROLADORIA GERAL DA UNIAtildeO ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIA
35
O ativo circulante compreende o dinheiro em caixa os saldos bancaacuterios e todos os valores que podem ser convertidos em dinheiro imediatamente (SANDRONI 1999)
99
A diminuiccedilatildeo nos financiamentos estaacute atrelada em parte pelo baixo
desempenho da economia e por outro lado a forte restriccedilatildeo do sistema bancaacuterio no
processo de seletividade para o creacutedito Para o entrevistado3
Existe um preconceito muito grande seja por parte de associaccedilotildees seja por parte de instituiccedilotildees financeiras neacute Porque o MEI eacute um risco Como que eacute avaliado Ah ele eacute pequenininho Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar a mensalidade Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar um financiamento Eu vejo isso como um preconceito Mas eu natildeo tiro toda razatildeo da parte financeira (transcriccedilatildeo) (entrevistado3)
Notemos que o nuacutemero de contratantes (TABELA 12) em 2015 em relaccedilatildeo
ao nuacutemero de MPE na MRGP (TABELA 13) abaixo atingiu o percentual de 4487
No ano seguinte (2016) esse percentual reduziu sensivelmente para 814
TABELA 13 - NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016)
FONTE EMPRESOcircMETRO
Ainda na comparaccedilatildeo entre os dados expressos acima (TABELAS 12 e 13)
percebemos que a retraccedilatildeo nos contratos de financiamentos representou um
decreacutescimo de 2115 de ativos circulantes das MPE na MRGP o que compromete
o desenvolvimento tendo em vista que em meacutedia 95 das empresas da regiatildeo satildeo
MPE (Empresocircmetro) e geram empregos renda e tem forte impacto na produccedilatildeo de
riqueza em seus municiacutepios
Partindo das anaacutelises de Kohler (2010) observamos que o aumento da
atividade econocircmica requer a expansatildeo da capacidade de investimento o qual ele
denomina de ―investimento produtivo O investimento produtivo na concepccedilatildeo do
MUNICIacutePIO Nordm MPE
2015 2016
Antonina 1453 1581
Guaraqueccedilaba 358 400
Guaratuba 3913 4333
Matinhos 4138 4716
Morretes 1559 1703
Paranaguaacute 13612 14728
Pontal do Paranaacute 3929 4372
TOTAL 30977 33849
100
autor eacute um elemento importante na produccedilatildeo de riqueza local pois se materializa
em uma variaacutevel ex ante a poupanccedila produtiva resultado da riqueza gerada
Tratando-se do MEI as condiccedilotildees de alocaccedilatildeo de ―investimentos
produtivos- aquisiccedilatildeo de tecnologias maacutequinas estoque ndash podem ser referenciadas
na Lei Geral atraveacutes do estiacutemulo ao creacutedito
Magalhatildees Junior (2016) ao analisar o impacto dos micro - financiamentos
realizados nos municiacutepios paranaenses atraveacutes do Programa Banco do
Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) concluiu que a adiccedilatildeo em meacutedia de 1
nos contratos de microcreacutedito junto ao Programa Banco Empreendedor Paranaacute
possibilitou o aumento da capacidade econocircmica dos municiacutepios participantes em
032 entre os anos 2010 e 2013
Os dados abaixo (TABELA 14) demonstram o nuacutemero de contratos
creditiacutecios firmados com o MEI na MRGP junto ao Fomento Paranaacute entre os anos
2014 ndash 2016 Observamos ainda a elevaccedilatildeo de 400 no nuacutemero de financiamentos
entre os anos 2015 ndash 2016 ao contraacuterio dos bancos puacuteblicos federalizados que
manifestaram reduccedilatildeo nos contratos
TABELA 14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016)
MUNICIacutePIO Nordm DE FINANCIAMENTOS
2014 2015 2016
Antonina 3 3 4
Guaraqueccedilaba
6
Guaratuba 5
Matinhos 4
12
Morretes 10 3 12
Pontal do Paranaacute
7
TOTAL 29 9 45
FONTE FOMENTO PARANAacute ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIAPR
Mesmo com essa expansatildeo significativa o percentual em relaccedilatildeo ao
nuacutemero de MEI na MRGP eacute pouco expressivo pois representou apenas 038 do
total dos microempreendedores em 2016
Tal qual o nuacutemero de contratos os valores financiados aumentaram
significativamente em 47630 entre os anos 2015 ndash 2016 como demonstrado
101
abaixo (GRAacuteFICO10) Esse percentual segundo um agente representante do
Programa Banco Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) da regiatildeo deve cair
novamente em funccedilatildeo dos municiacutepios do litoral natildeo renovarem os convecircnios com o
banco supracitado
GRAacuteFICO 10- VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP ATRAVEacuteS DO
PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016)
FONTE Fomento Paranaacute ndash elaboraccedilatildeo proacutepria ndash dados obtidos atraveacutes
do Portal da Transparecircncia
Ao analisarmos os dados do graacutefico abaixo sobre o nuacutemero de contratos
firmados junto ao sistema de creacutedito na MRGP pelos respondentes (n=30)
reparamos que vinte e quatro (n=24) dos entrevistados (GRAacuteFICO 11) disseram natildeo
ter contratado financiamentos junto agraves entidades creditiacutecias para expandir seus
negoacutecios e seis (n=6) responderam ter realizado empreacutestimo Dos respondentes que
realizaram financiamentos quatro (n=4) disseram ter utilizado como capital de giro e
dois (n=2) dos respondentes que adquiriram o financiamento relataram que o
utilizaram tanto como capital de giro como para expandir os negoacutecios e na compra
de materiais
R$26674633
R$8176690
R$47121657
2014 2015 2016
Valor contratado (R$)
102
GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Um fato interessante no momento da entrevista eacute que grande parte dos
respondentes natildeo tinha conhecimento sobre essa prerrogativa estabelecida em lei e
nem mesmo disse conhecer as implicaccedilotildees que um financiamento produtivo
empregado de forma adequada pode oferecer para a melhoria das condiccedilotildees dos
microempreendimentos
436 O associativismo e os MEI na MRGP
O associativismo pode ser caracterizado como cooperaccedilatildeo para crescer
juntos Quem se associa usualmente tem objetivos em comum portanto a
cooperaccedilatildeo eacute fundamental ao avanccedilo desses objetivos
Com o escopo de incluir as MPE no processo produtivo competitivo e
saudaacutevel jaacute no art 1ordm inciso III a LC 12306 preceitua como uma das normas
descritas o Acesso em ao associativismo acentuando no capiacutetulo VIII da referida
Lei Geral que a associaccedilatildeo seraacute regulamentada sob a forma de Sociedade de
Propoacutesito Especifico (SPE)36 e ―seraacute constituiacuteda como Sociedade Limitada37 (art 56
sect2ordm inciso VII)
36
Sociedade de Propoacutesito Especiacutefico (SPE) eacute um modelo de organizaccedilatildeo empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anocircnima com um objetivo especiacutefico ―cuja atividade eacute bastante restrita podendo em alguns casos ter prazo de existecircncia determinado normalmente utilizada para isolar o risco financeiro da atividade desenvolvida (SEBRAE)disponiacutevel lthttpwwwbibliotecassebraecombrchronusARQUIVOS_CHRONUSbdsbdsnsff25877ce0f2ecbca17355fc33397deea$File5189pdfgtgt Esta previsatildeo estaacute fundamentada no art 981 do Coacutedigo Civil de 2002 37
Forma societaacuteria com personalidade juriacutedica de participaccedilatildeo definida com base em seu investimento
sim
natildeo
103
Uma associaccedilatildeo tem como objetivo a manutenccedilatildeo e salvaguarda do
interesses de seus associados promovendo permanentemente os lastros de
cooperaccedilatildeo entre eles reconhecendo que para prosperar eacute necessaacuteria adequaccedilatildeo
institucional administrativa e de recursos para adaptaccedilotildees decorrentes de
mudanccedilas em cenaacuterios especiacuteficos (social economia poliacutetica)
Agraves MPE em especial aos microempreendedores individuais as concepccedilotildees
do associativismo satildeo maneiras integradas ao movimento de inclusatildeo dessa
categoria no processo mercantil uma vez que a fragilidade no Acesso em ao
mercado ao creacutedito agraves tecnologias jaacute mencionadas anteriormente as relaccedilotildees
estabelecidas na consolidaccedilatildeo associativa geram possibilidades de surgirem
externalidades tais como conexotildees comerciais fortalecimento econocircmico
benefiacutecios em funccedilatildeo das parcerias com a associaccedilatildeo dentre outras Nessa
perspectiva
o estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo como forma de minimizar as fraquezas estruturais que envolvem os microempreendedores se apoia na perspectiva de que os atores econocircmicos natildeo podem ser tomados como aacutetomos isolados posto que suas accedilotildees dependem de vaacuterias limitaccedilotildees advindas das relaccedilotildees estabelecidas com outras organizaccedilotildees (CERQUEIRA CUNHA MOHR SOUZA ABRAHAO FLEIG 2014 p 739)
Abaixo (GRAacuteFICO 12) estatildeo os resultados sobre a participaccedilatildeo dos
respondentes (n=30) em associaccedilotildees de representaccedilatildeo da categoria Dos
respondentes vinte e oito (n=28) responderam que natildeo satildeo membros de nenhuma
associaccedilatildeo e dois (n=2) decidiram por natildeo responder
GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO REPRESENTANTE DA CATEGORIA
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
sim
natildeo
natildeo respondeu
104
No litoral identificamos (QUADRO 8) as principais entidades representantes
da classe comercial e industrial as quais abrem espaccedilo para o MEI se associar
QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO PARANAacute
ENTIDADE DESCRICcedilAtildeO
ACIG Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Guaratuba
ACIMA Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos
ACIAPAR Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Pontal do Paranaacute
ACIAP Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Paranaguaacute
ACIAM Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agropecuaacuteria de Morretes
AMPEC LITORAL Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do litoral do Paranaacute
FONTE Dados da PesquisaAssociaccedilotildees que possuem mensalidades reduzidas para os MEI
As entidades de classe descritas no quadro acima estatildeo distribuiacutedas em
todo o litoral paranaense mas destacamos a AMPEC por seu aspecto principal que
eacute uma associaccedilatildeo dos micro e pequenos empreendedores do litoral
A ASSOCIACcedilAtildeO teraacute por finalidade congregar as Microempresas Empresas de Pequeno Porte os Empreendedores Individuais e os profissionais autocircnomos formais e informais industriais comerciais agriacutecolas artesatildeos e prestadoras de serviccedilos em forma de associados optantes objetivando a promoccedilatildeo social e econocircmica estimulando o desenvolvimento e defendendo o interesse de seus associados (art 4ordm Estatuto Social AMPEC)
A AMPEC com sede em Pontal do Paranaacute na visatildeo do entrevistado2 eacute
muito importante poreacutem natildeo existe apoio do poder puacuteblico local ou de entidades que
possam contribuir para o desenvolvimento da associaccedilatildeo e de cooperaccedilatildeo conjunta
na composiccedilatildeo de estrateacutegias para aumentar a alocaccedilatildeo de recursos e
acompanhamento teacutecnico para a entidade Dessa forma o isolamento e soacute com a
arrecadaccedilatildeo dos associados natildeo tem como desenvolver accedilotildees para fortalecer a
classe Ateacute mesmo porque a inadimplecircncia segundo o entrevistado2 chega a
6038 Ainda segundo o entrevistado2 a associaccedilatildeo passou por algumas
reformulaccedilotildees administrativas posto problemas internos com respeito a recursos e
endividamento da entidade
38
O valor cobrado de mensalidade do associado eacute de R$1000 mensais (entrevistado2)
105
A AMPEC natildeo consegue atender os empreendedores seus associados Natildeo consegue ver um retorno por parte da AMPEC Nada de concreto Somente criacuteticas por parte da AMPEC [] Normalmente quando vocecirc se associa vocecirc quer crescer junto ou vocecirc tem o retorno Se vocecirc natildeo tem o retorno se vocecirc vecirc que natildeo ta criando natildeo ta juntando por que que vocecirc vai entrar NE Eu penso dessa forma o associativismo(transcriccedilatildeo) (entrevistado3)
Nas anaacutelises descritas por Cunha Mohr Souza Abrahao Fleig (2014) na
discussatildeo sobre as fraquezas e potencialidades da AMPEC o associativismo eacute
apontado como uma alternativa de melhoria das condiccedilotildees do microempreendedor
no litoral paranaense No entanto Como observa o entrevistado3 ―o associativismo
natildeo eacute aceito no litoral por questotildees culturais No sudoeste do Estado a SICREDI e o
SICOOB satildeo mais fortes que o Itauacute e o BB(transcriccedilatildeo)
Algumas estrateacutegias podem ser interessantes para o desenvolvimento do
MEI todavia elas deveriam ser adaptadas agrave realidade local como eacute o caso das
compras puacuteblicas O municiacutepio tem prazo de pagamento ateacute de 90 dias Para alguns
microempreendimentos isso se torna praticamente inviaacutevel 1) pela pouca
disponibilidade de ativos disponiacuteveis o que impossibilita a raacutepida reposiccedilatildeo dos
recursos utilizados 2) pelo fato de muitas empresas e microempreendedores natildeo
distinguirem as despesas da empresa com as da famiacutelia pois a famiacutelia depende
diretamente desses recursos (SACHS 2003)―O MEI eacute muito pequeno neacute Natildeo
consegue concorrer com os maiores Muitos MEI usam de outras atividades pra
completar a renda ou a renda do MEI eacute usada pra complementar (entrevistado2)
(transcriccedilatildeo)
437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI
Albuquerque e Zapata (2010) destacam a importacircncia de adesatildeo dos
governos locais nas poliacuteticas de desenvolvimento pois segundo os autores as
autoridades eleitas ndash municipais e estaduais ndash satildeo elementos chaves no processo
de desenvolvimento local Embora como acentuam os autores o desenvolvimento
dos territoacuterios muitas vezes eacute impulsionado por liacutederes locais (cooperativas
associaccedilotildees) jovens empresaacuterios e entidades natildeo governamentais eacute indispensaacutevel
a integraccedilatildeo dos governos locais agraves iniciativas de desenvolvimento posto que
―podem conferir a essas iniciativas algum caraacuteter institucional (idem p 216)
106
No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 13) estatildeo os resultados sobre o conhecimento
dos respondentes sobre estrateacutegias adotadas pelas prefeituras em apoio ao MEI na
MRGP
GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTODOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Na leitura dos dados acima (GRAacuteFICO 13) verificamos que vinte e dois
(n=22) dos respondentes natildeo sabem informar se as prefeituras possuem accedilotildees de
apoio ao MEI
Observamos durante nossas pesquisas que dos sete municiacutepios da MRGP
cinco esforccedilaram-se em apresentar propostas de fomento das capacidades de
produccedilatildeo do MEI firmando parcerias com entidades importantes no cenaacuterio
econocircmico e de desenvolvimento como eacute o caso do SEBRAE Foram eles
Guaraqueccedilaba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Certamente
como constatado nas pesquisas em alguns casos Morretes e Matinhos naquele
momento pela transiccedilatildeo do chefe do executivo (eleiccedilotildees municipais) pode ter
ocorrido certo abandono das poliacuteticas setorizadas de apoio ao MEI Destacamos
ainda duas circunstacircncias importantes 1) a falta de poliacuteticas de desenvolvimento
local nos municiacutepios do litoral (SEBRAE ndash monitoramento da implementaccedilatildeo da Lei
Geral) 2) ausecircncia de poliacuteticas puacuteblicas que reduzam o imediatismo e infiram metas
0
10
20
30
40
50
60
70
80
compra derodutos e
serviccedilos doMEI
na aquisiccedilatildeode
tecnologias
cursos decapacitaccedilatildeo
processo deformalizaccedilao
natildeo soubeinformar
natildeoresponderam
107
de meacutedio e longo prazo com vistas ao desenvolvimento sustentaacutevel assinalado por
Sachs (2003) e Albuquerque e Zapata (2010)
Os pontos assinalados acima na MRGP obedecem agrave perspectiva no nosso
entendimento das poliacuteticas puacuteblicas por vezes de inclinaccedilatildeo poliacuteticapartidaacuteria
unilateral sem representaccedilatildeo de atores locais externos agrave administraccedilatildeo puacuteblica (top
down) muitas vezes alheias agraves reais necessidades da populaccedilatildeo Geralmente
essas poliacuteticas natildeo satildeo produzidas com implicaccedilotildees de meacutedio e longo prazos mas
ciacuteclicas e temporais permanecendo ateacute o teacutermino da gestatildeo municipal
Em nossas pesquisas observamos ainda que Pontal do Paranaacute eacute um dos
municiacutepios da MRGP com maior maturidade nas concepccedilotildees de desenvolvimento
local posto a extensatildeo de estrateacutegias accedilotildees e programas diversificados de fomento
das MPE em especial agrave categoria especiacutefica do MEI Esta proposta vai ao encontro
das anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2010 p 2018) no sentido de que ―agraves vezes
uma estrateacutegia de desenvolvimento local pode se iniciar a partir da coordenaccedilatildeo
territorial de alguns programas e instrumentos setoriais de fomento definidos de
maneira central
Um ponto central nesse processo como assinalou o entrevistado8 eacute a
capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios efetivos da administraccedilatildeo puacuteblica municipal que atuam
na secretaria e na sala do empreendedor Esta estrateacutegia tem como objetivo dar
continuidade agraves propostas de desenvolvimento local isolando-se do plano partidaacuterio
denotando sentido neutro nas poliacuteticas de desenvolvimento
Na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio percebemos que muitos dos respondentes
como constatado no graacutefico 9 desconhecem as regulamentaccedilotildees que normatizam a
categoria (Leis) os dispositivos legais que favorecem a classe do MEI quanto ao
creacutedito agraves isenccedilotildees agrave licitaccedilatildeo dentre outros instrumentos relacionados agrave sua
inserccedilatildeo e expansatildeo no mercado
Como jaacute mencionado nos municiacutepios de Guaratuba e Antonina natildeo foram
identificadas estrateacutegias de apoio ao MEI por parte do governo local com vistas agrave
inserccedilatildeo no sistema de mercado observados os dispositivos da Lei Geral
Em Guaratuba em 2009 o municiacutepio instituiu a Lei Complementar 042009
sobre o tratamento diferenciado agraves MPE no acircmbito municipal Uma das estrateacutegias
previstas na referida LC de Guaratuba foi a criaccedilatildeo do Comitecirc Gestor Municipal com
o objetivo de acompanhar a implementaccedilatildeo da LC 12306 e suas complementaccedilotildees
108
Poreacutem nas pesquisas de campo em 2016 junto agraves secretarias de
Urbanismo de Infraestrutura e Obras e do Bem Estar e Promoccedilatildeo Social assim
como o entrevistado1 desconheciam a existecircncia e atuaccedilatildeo do citado comitecirc assim
como natildeo souberam informar sobre alguma proposta referida ao MEI
Um dos avanccedilos identificados no processo de desenvolvimento empresarial
de Guaratuba foi a criaccedilatildeo em 2016 de uma agecircncia da Junta Comercial do
Paranaacute firmando parceria com o governo local e com a Associaccedilatildeo Comercial e
industrial de Guaratuba (ACIG)Tal accedilatildeo pode fortalecer o caraacuteter institucional de
poliacuteticas voltadas agraves categoria empresarial e comercial do municiacutepio Destacamos
ainda que esta foi uma accedilatildeo isolada identificada para o desenvolvimento do
ambiente empresarial da cidade
Muito embora a maioria dos municiacutepios da MRGP apresente dificuldades
orccedilamentaacuterias eacute importante frisar que o enquadramento aos dispositivos legais
inseridos na Lei Geral podem ser implantados de maneira gradual vinculados a uma
postura de desenvolvimento integrado e com metas de meacutedio e longo prazos com
provimentos de investimentos que suportem em princiacutepio estrateacutegias e accedilotildees um
pouco mais reduzidas mas no segundo momento podem ser expandidas e
melhoradas encaixadas em novas estrateacutegias e accedilotildees em concepccedilotildees de
―inovaccedilatildeo renovaccedilatildeo e transformaccedilatildeo constantes as quais estatildeo sujeitas qualquer
poliacutetica puacuteblica
438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute
Segundo o SEBRAE (2014) as micro e pequenas empresas em 2011 eram
responsaacuteveis por ―44 dos empregos formais em serviccedilos e aproximadamente 70
dos empregos gerados no comeacutercio (p7)
Nota-se a impressionante importacircncia desse tecido empresarial na economia
do trabalho e sua relevacircncia que pode ser considerada nas poliacuteticas de inclusatildeo
social visto a geraccedilatildeo de emprego e renda e externalidades agregadas como o
combate a miseacuteria e a pobreza extrema aleacutem do aumento da auto-estima e da
manutenccedilatildeo da dignidade das pessoas em funccedilatildeo do trabalho
109
O MEI na forma da lei explicitado no art 18C da LC 12808 poderaacute
contratar um empregado com todos os direitos e deveres atribuiacutedos na
Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT)
Observado o disposto no art 18-A e seus paraacutegrafos desta Lei Complementar poderaacute se enquadrar como MEI o empresaacuterio individual que possua um uacutenico empregado que receba exclusivamente 1 (um) salaacuterio miacutenimo ou o piso salarial da categoria profissional
Ao analisar o graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 14) com base no questionaacuterio
identificamos que dezenove (n=19) dos MEI que participaram do questionaacuterio
responderam que natildeo possuem empregado no exerciacutecio de suas atividades oito
(n=8) responderam que possuem empregado e trecircs (n=3) natildeo responderam agrave
questatildeo
GRAacuteFICO 14 -RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Se por um lado a formalizaccedilatildeo do MEI constitui um avanccedilo no enfrentamento
agrave informalidade do outro lado haacute uma reproduccedilatildeo do processo informal que foge ao
controle da poliacutetica de formalizaccedilatildeo Trabalhadores que satildeo incluiacutedos por uma
poliacutetica que tem esforccedilo em pelo menos reduzir a informalidade contribui em
parte para a precarizaccedilatildeo do trabalho contratando trabalhadores dentro do sistema
informal para exercerem atividades que permanecem fora dos preceitos do trabalho
descente
0
10
20
30
40
50
60
70
sim natildeo natildeo respondeu
110
Nesse sentido sobre os microempreendedores individuais que empregam
constatamos(GRAacuteFICO 15) que dos trabalhadores empregados pelos MEI seis
(n=6) deles exercem suas funccedilotildees na informalidade e dois (n=2) satildeo formalizados
GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E NAtildeO FORMALIZADOS
EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Eacute importante ressaltar que nas observaccedilotildees de campo constatou-se que
333 dos empregados natildeo formalizados (n=2) eram filhos dos MEI respondentes
Dessa forma muitos MEI aleacutem de reproduzir a informalidade com forccedila de trabalho
familiar precarizando em muito as condiccedilotildees do trabalho comprometem o
rendimento escolar de crianccedilas e adolescentes
439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia
Os municiacutepios da MRGP apresentam caracteriacutesticas distintas tanto pela
economia industrial quanto pelas particularidades sazonais dos serviccedilos as quais as
cidades balneaacuterias estatildeo submetidas Segundo Monteiro (2013 p 5) a populaccedilatildeo
total dos trecircs municiacutepios pode aumentar em 400 na temporada de praia
As particularidades sazonais refletem consideravelmente nas economias dos
municiacutepios balneaacuterios pelo aumento do fluxo de pessoas na temporada de veratildeo
0
10
20
30
40
50
60
70
80
natildeo formalizado formalizado
111
responsaacutevel pelo estiacutemulo da economia local impulsionada pelo turismo Destaque
para os setores de serviccedilos e do comeacutercio Com a expansatildeo da economia nesse
periacuteodo (dezembro janeiro e fevereiro) surgem oportunidades de trabalho e renda
para a populaccedilatildeo local e o aumento de volume do comeacutercio e prestaccedilatildeo de serviccedilos
Abaixo (GRAacuteFICO 16) examinamos a renda bruta dos respondentes (n=30)
na temporada de praia e no inverno a partir do questionaacuterio A referecircncia de renda
teraacute como paracircmetro o salaacuterio miacutenimo nacional39
GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Ao observarmos acima (GRAacuteFICO 16) percebemos que dos respondentes
na temporada de praia quatro (n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs
trecircs(n=3) ganham ateacute dois salaacuteriosmecircs sete (n=7) ganham ateacute trecircs salaacuterios sete
(n=7) ganham ateacute quatro salaacuterios sete (n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois
(n=2) ganham mais de cinco salaacuterios por mecircs e fora da temporada de praia quatro
(n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs quatro (n=4) ganham ateacute dois salaacuterios
miacutenimos por mecircs oito (n=8) ateacute trecircs salaacuterios quatro (n=4) ateacute quatro salaacuterios sete
(n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois(n=2) ganham mais de cinco
salaacuteriosUm respondente natildeo se manifestou sobre a renda bruta fora do veratildeo
39
O salaacuterio miacutenimo nacional para o ano 2016 eacute de R$ 88000 tendo como base o Decreto Federal nordm 86182015
0
5
10
15
20
25
30
ateacute 1 ateacute 2 ateacute 3 ateacute 4 mais de4
mais de5
no veratildeono inverno
112
Na demonstraccedilatildeo acima (GRAacuteFICO 16) notamos que cerca de nove(n=9)
dos MEI respondentes possui rendimentos acima de quatro salaacuterios miacutenimos e
quatorze (n=14) possui variaccedilatildeo entre um e trecircs salaacuterios miacutenimos Em 201040 o
rendimento do trabalhador na MRGP era em meacutedia 245 salaacuterios miacutenimos como
indicado abaixo41 (TABELA 15)
TABELA 15 - RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010)
MUNICIacutePIO RENDIMENTO MEacuteDIO EM SALAacuteRIO MIacuteNIMO
Antonina 227
Guaraqueccedilaba 118
Guaratuba 244
Matinhos 278
Morretes 267
Paranaguaacute 304
Pontal do Paranaacute 279
MEacuteDIA 245
FONTE IBGE ndash senso 2010
Se estabelecermos uma comparaccedilatildeo tendo como indicativo de rendimento
do trabalhador o salaacuterio miacutenimo nacional veremos que o MEI categoria de
trabalhador inclusa no sistema previdenciaacuterio (IBGE) 30 dos respondentes possui
renda meacutedia superior agrave verificada em 2010 e 467 dessa categoria permanece
proacuteximo da meacutedia analisada em 2010
4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute
Os artigos 64 e 65 da LC 12306 com base no art 149 da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 reforccedilam a necessidade de articulaccedilatildeo entre as Instituiccedilotildees
Federais de Ensino Superior (IFES) as Instituiccedilotildees Cientiacuteficas e Tecnoloacutegicas (ICT)
e as FundaccedilotildeesInstituiccedilotildees de Apoio (Lei Fed 895894) na implementaccedilatildeo de ―[]
programas especiacuteficos para as microempresas e para as empresas de pequeno
porte [] Os programas possuem objetivos de auxiliar agrave capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e
40
O salaacuterio miacutenimo nacional em 2010 era de R$ 51000 conforme Lei 1225510 41
Utilizamos o paracircmetro de 2010 por conta da escassez de dados econocircmicos atualizados da MRGP
113
treinamento de pessoal assim como dinamizar o processo de inovaccedilatildeo e
estruturaccedilatildeo dessas categorias empresariais
O Sistema S42 a exemplo definido na paacutegina web do Senado Federal como
―Termo que define o conjunto de organizaccedilotildees das entidades corporativas voltadas
para o treinamento profissional assistecircncia social consultoria pesquisa e
assistecircncia teacutecnica que aleacutem de terem seu nome iniciado com a letra S tecircm raiacutezes
comuns e caracteriacutesticas organizacionais similares e dentro de suas competecircncias
―cumpre um papel fundamental na oferta de cursos profissionalizantes em todo o
Brasil Criadas a partir dos anos 1940 as entidades que compotildeem o sistema se
dedicam agrave formaccedilatildeo profissional em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo (induacutestria
comeacutercio agropecuaacuteria entre outras) como indica o site do Governo Federal
Dessa forma com base nas anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2008)
compreendemos que eacute igualmente necessaacuterio para o desenvolvimento e o
incremento das potencialidades estabelecerem o fortalecimento e expansatildeo tanto
das empresas inseridas em arranjos produtivos locais com qualificaccedilatildeo do capital
humano no gerenciamento e gestatildeo dos processos socioeconocircmicos Acesso em
agraves novas tecnologias promovendo a inovaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de produtos e a
conexatildeo em redes de produccedilatildeo e escoamento dos produtos dentro e fora do
territoacuterio quanto agrave otimizaccedilatildeo desses recursos alocados ao desenvolvimento
socioeconocircmico
Para o SEBRAE (2014) em 2011 os pequenos negoacutecios atingiram o
percentual de 27 do PIB brasileiro sendo que as Micro e Pequenas Empresas
respondem por 53 4 da riqueza gerada no setor de serviccedilos
Os dados demonstram a importacircncia de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte inclusive os Microempreendedores Individuais Isoladamente uma empresa representa pouco Mas juntas elas satildeo decisivas para a economia e natildeo se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas (SEBRAE 2014)
Abaixo (GRAacuteFICO 17) demonstra o quantitativo de MEI respondentes ao
questionaacuterio que participaram de cursos de capacitaccedilatildeo
42
A criaccedilatildeo das Instituiccedilotildees do sistema ―S tem como base fundamental o art 149 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e eacute composta pelo Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Comeacutercio (Senac) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Serviccedilo Social do Comeacutercio (Sesc) Serviccedilo Social da Induacutestria (Sesi) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviccedilo Social de Transporte (Sest) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)
114
GRAacuteFICO 17- QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE PARTICIPARAM DE CURSOS DE CAPACITACcedilAtildeO
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Percebemos (GRAacuteFICO 17) que dezessete (n=17) dos respondentes natildeo
participaram de cursos de capacitaccedilatildeo e dez (n=10) responderam que sim Dessa
forma veremos que a maioria dos respondentes se enquadra na perspectiva de
Sachs (2003) sobre a falta de conhecimentos baacutesicos para o desenvolvimento de
suas atividades Ou seja ausecircncia de capacitaccedilatildeo necessaacuteria nos negoacutecios pode se
tornar uma barreira na sustentabilidade do microempreendimento
O principal problema enfrentado pelo MEI eacute a falta de conhecimento de mercado Eles tecircm uma boa intenccedilatildeo mas sem capacidade de gerir o negoacutecio A natildeo ser aquele que jaacute exerce sua profissatildeo e resolve se formalizar Este jaacute conhece os limites do mercado (transcriccedilatildeo) entrevistado1)
Boa parte dos MEI no momento da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio natildeo
expressava desejo em se capacitar ou mesmo participar de qualquer qualificaccedilatildeo
Um dos MEI que respondeu natildeo participar de cursos de capacitaccedilatildeo nos disse se
considerar um ―autodidata e natildeo haveria a necessidade de se capacitar
A capacitaccedilatildeo para agir no mercado aberto eacute um elemento chave como
suporte agrave expansatildeo das capacidades envolvidas em um microempreendimento
posto agrave possibilidade de conhecimento de gestatildeo e financcedilas administraccedilatildeo de
recursos estoque fluxos de mercado e competitividade
participou
natildeo participou
Natildeo respondeu
115
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Iniciamos os trabalhos de pesquisa motivados por investigar como as
organizaccedilotildees puacuteblicas mercado e organizaccedilotildees sociais tecircm constituiacutedo poliacuteticas de
formalizaccedilatildeo do trabalho e como os trabalhadores e essas organizaccedilotildees tecircm
promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual no litoral do
Paranaacute Para tal realizamos estudos sobre as transformaccedilotildees no mundo do trabalho
investigamos a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas enfrentados
pelos trabalhadores informais na regiatildeo Tratando-se de um estudo pioneiro
enfrentamos uma seacuterie de dificuldades para a coleta de dados e entrevistas em um
setor marcado pela precariedade de informaccedilotildees e estudos sistemaacuteticos
Um traccedilo marcante no mercado de trabalho brasileiro eacute informalidade
decorrente das transformaccedilotildees no processo de produccedilatildeo promovidas pelo decliacutenio
da concepccedilatildeo keynesianafordista que culminaram nas modificaccedilotildees das relaccedilotildees
de trabalho e no deslocamento do trabalhador fabril para o setor terciaacuterio
O capitalismo no Brasil como na Ameacuterica Latina tambeacutem denominado de
capitalismo tardio foi fundamentalmente gerado a partir de forccedilas produtivas
exoacutegenas e natildeo da capacidade de produccedilatildeo endoacutegena apesar de grande parte de o
capital cafeeiro brasileiro ter sido convertido em capital industrial O setor industrial
no Brasil se expandiu rapidamente entre a segunda metade da deacutecada de 1950 e da
deacutecada de 1960 convertido por um novo padratildeo tecnoloacutegico e de acumulaccedilatildeo
No litoral paranaense o capitalismo adquiriu caracteriacutesticas diferentes do
restante do Estado como indica a literatura O poacutelo e vetor econocircmico da regiatildeo eacute o
municiacutepio de Paranaguaacute responsaacutevel por boa parte da produccedilatildeo de riquezas na
regiatildeo da geraccedilatildeo de postos de trabalho e renda pois possui o maior nuacutemero de
empresas da regiatildeo Em ponto oposto agrave Paranaguaacute temos o municiacutepio de
Guaraqueccedilaba o mais carente em recursos os quais 93 tem origem em
repasses do Estado e do Governo Federal
Muito embora com potenciais escondidos e pouco explorados passiacuteveis de
impulsionar o desenvolvimento a Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute eacute
considerada uma das menos desenvolvidas do Estado marcada pela ausecircncia de
poliacuteticas de desenvolvimento local altos iacutendices de pobreza e destacadas
desigualdades sociais Segundo a literatura a regiatildeo possui um Niacutevel de
Desenvolvimento Regional (NDR) classificado como Muito Baixo (MB) Ainda
116
segundo a literatura as receitas dos municiacutepios da MRGP possuem enorme
dependecircncia das transferecircncias correntes do Estado e da Uniatildeo demonstrando a
pouca capacidade na geraccedilatildeo de riquezas e de recursos necessaacuterios agrave aplicaccedilatildeo e
melhoria de serviccedilos baacutesicos para a populaccedilatildeo local tais como sauacutede e educaccedilatildeo
Alguns municiacutepios da MRGP aleacutem da dependecircncia das transferecircncias
correntes destinam boa parte de seus recursos a atenderem elites locais em um
cenaacuterio de clientelismo43
Os segmentos da economia no litoral que mais geram empregos formais satildeo
o comeacutercio setor de serviccedilos e administraccedilatildeo puacuteblica seguido modestamente pelo
setor industrial As variaccedilotildees sazonais caracteriacutesticas dos municiacutepios balneaacuterios ndash
Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute ndash produzem efeitos na economia da regiatildeo
que basicamente tem forte presenccedila do comeacutercio e do setor de serviccedilos
aumentando significativamente a oferta precarizada de emprego e renda na
temporada de veratildeo
Os municiacutepios de Guaraqueccedilaba Matinhos Pontal do Paranaacute Morretes e
Paranaguaacute estabeleceram parceria com o SEBRAE com o objetivo de criar
condiccedilotildees para a adaptaccedilatildeo da Lei Complementar 12808 Essa Lei Complementar
eacute uma Poliacutetica Puacuteblica que cria a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual
(MEI) e estabelece criteacuterios de normatizaccedilatildeo da categoria associados a dispositivos
de apoio a esse tecido empresarial
O canal de comunicaccedilatildeo entre as prefeituras e o SEBRAE tem sido a sala
do empreendedor presente nesses municiacutepios Essa foi uma iniciativa adotada para
criar condiccedilotildees de apoio ao microempreendedor individual no sentido de orientaacute-lo
quanto agrave formalizaccedilatildeo aspectos ligados agrave referida LC e promover as bases do
desenvolvimento desse tecido empresarial A sala do empreendedor se constitui em
uma importante ferramenta natildeo soacute de amparo ao empreendedor mas em uacuteltima
anaacutelise em uma estrateacutegia de fomento ao desenvolvimento local posto que aliada
a formalizaccedilatildeo de empreendimentos que atuam na informalidade e de potenciais
empreendedores estaacute o resgate agrave cidadania pelo direito ao trabalho descente e
regularizado
Por outro lado estudos de campo evidenciaram que ao se formalizar e
empregar um terceiro o MEI tende a reproduzir a informalidade pelo trabalho
43
Ver Monteiro (2013b)
117
precarizado pelas excessivas jornadas de trabalho e pela baixa remuneraccedilatildeo De
outra forma o trabalho informal pode se concretizar para muitos trabalhadores na
uacutenica maneira de sobrevivecircncia em um mundo onde haacute decreacutescimo dos postos de
trabalho protegido pelas leis regulatoacuterias e normativas
Um dispositivo importante contido na Lei Geral eacute o Acesso em facilitado ao
microcreacutedito produtivo estendido para o microempreendedor No litoral esta
ferramenta de inclusatildeo e expansatildeo do MEI estaacute pouco explorada considerando a
diminuiccedilatildeo dos financiamentos pela Caixa Econocircmica Federal Em contra partida os
contratos creditiacutecios firmados junto ao Banco Fomento Paranaacute aumentaram nos
uacuteltimos anos mas a sua representatividade ainda eacute pouco expressiva entre os
microempreendimentos no litoral
Ao longo dos estudos verificamos que a Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
MEI eacute uma poliacutetica de longo prazo que coaduna estrateacutegias e accedilotildees de resultados
que podem definir prazos mais longos mas em sentido imediato podem modificar a
vida desses trabalhadores Se de um lado esses trabalhadores encontraram uma
oportunidade de inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal atraveacutes da LC 12808
constituindo seu proacuteprio negoacutecio lutando por uma vida de dignidade atraveacutes de seu
trabalho por outro lado essa classe de trabalhadores representa a forma pela qual
o Estado de maneira ilusoacuteria tenta minimizar os efeitos da exclusatildeo de milhares de
postos de trabalho em funccedilatildeo dos novos padrotildees de produccedilatildeo inseridos na
perspectiva neoliberal que aleacutem do deslocamento forccedilado dos trabalhadores agrave
informalidade produz e reproduz desigualdades sociais e econocircmicas De certa
forma como a literatura indica a LC 12808 pode ser considerada uma ferramenta
utilizada pelo Estado para regulamentar o trabalho precarizado jaacute que as bases
estruturais do desemprego natildeo satildeo atingidas
Nesse contexto observamos o sentido ambivalente da poliacutetica puacuteblica de
formalizaccedilatildeo do MEI que se de um lado o Estado percebe o alastramento da
informalidade e dos efeitos nefastos para milhares de trabalhadores brasileiros e cria
uma poliacutetica puacuteblica para enfrentar esse fenocircmeno de outro lado observamos as
dificuldades dos MEI em empreender em meio a fatores exoacutegenos como retraccedilatildeo
econocircmica e endoacutegenos como a dependecircncia de fatores locais comprometendo os
objetivos da poliacutetica puacuteblica
Os municiacutepios do litoral paranaense em sua maioria carentes de
amadurecimento das concepccedilotildees de desenvolvimento local e de recursos
118
necessaacuterios ao suporte de estrateacutegias que correspondam a uma necessaacuteria
expansatildeo das equidades e das liberdades substantivas de suas populaccedilotildees vecircem
suas capacidades limitadas em funccedilatildeo de uma economia com pouca geraccedilatildeo de
riquezas influindo na baixa tributaccedilatildeo e no alastramento de problemas sociais como
o aumento da ociosidade forccedilada da pobreza da miseacuteria da violecircncia e da
criminalidade
Concluiacutemos que a inclusatildeo social do MEI expresso no art 18E da LC
12808 depende da sua permanecircncia e sustentabilidade entre outras circunstacircncias
aleacutem do ambiente empresarial de negoacutecios do fortalecimento do mercado e da
inclinaccedilatildeo do governo local agraves concepccedilotildees de desenvolvimento Dentro dessa
perspectiva empoderar o governo local se destaca como um dos elementos
fundamentais para o desenvolvimento de poliacuteticas puacuteblicas para o MEI assim como
a preparaccedilatildeo do empresariado local para a diminuiccedilatildeo das assimetrias no ambiente
de negoacutecios
A formalizaccedilatildeo do MEI natildeo eacute um fim em si mas pode ser adequada agraves
realidades locais e suplementada garantindo e expandindo direitos jaacute conquistados
Apesar de alguns avanccedilos que possibilitem os MEI sobreviver em meio a
imensidatildeo de empresas buscando um espaccedilo no mercado em curto prazo se natildeo
intensificarem investimentos para o fortalecimento da categoria presenciaremos o
esgotamento das estrateacutegias que ainda resistem
Esperamos que os estudos que realizamos sobre o MEI no litoral do Paranaacute
sejam o iniacutecio de outras investigaccedilotildees que possibilitem a sistematizaccedilatildeo de
conhecimentos que estatildeo dispersos entre os atores puacuteblicos e privados que
desenvolvem seus esforccedilos para a formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo do MEI Esta aacuterea de
estudos apresenta-se como um desafio em funccedilatildeo da precariedade de informaccedilotildees
para pesquisa todavia por seu caraacuteter inovador configura-se tambeacutem como
oportunidade de desenvolvimento de novos pesquisadores para a produccedilatildeo de
novos arranjos institucionais que permitam aos trabalhadores MEI a sua
formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo no mercado
119
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SIacuteTIOS DIGITAIS
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133
APEcircNDICES
APEcircNDICE 1 ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Tiacutetulo da Pesquisa Nome doPesquisador
1 Natureza da pesquisa
2 Participantes da pesquisa
3 Envolvimento na pesquisa ao participar deste estudo a sra (sr) permitiraacute que o (a) pesquisador perguntas agrave natureza da pesquisa O senhor (a) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa sem qualquer prejuiacutezo para a sra (sr)
4 Sobre as entrevistasas entrevistas seratildeo gravadas
5 Riscos e desconforto a participaccedilatildeo nesta pesquisa natildeo traz complicaccedilotildees
legais
6 Confidencialidadetodas as informaccedilotildees coletadas neste estudo satildeo estritamente confidenciais Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) teratildeo conhecimento dos dados
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre
para participar desta pesquisa Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Obs Natildeo assine esse termo se ainda tiver duacutevida a respeito
Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados eu de forma livre e
esclarecida manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Declaro que recebi coacutepia deste termo de consentimento e autorizo a realizaccedilatildeo da pesquisa e a divulgaccedilatildeo dos dados obtidos neste estudo
___________________________ Nome do Participante da Pesquisa ______________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa __________________________________ Assinatura do Pesquisador _________________________________
134
Assinatura do Orientador APEcircNDICE 2 ndash QUESTIONAacuteRIO PARA O MEI
Curso de Mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel UFPR- Setor Litoral
Mestrando Marcus Aureacutelio O objetivo desse questionaacuterio eacute obter dados estatiacutesticos de base quantitativa e
qualitativa que seratildeo utilizados em minha dissertaccedilatildeo
Obrigado por colaborar
QUESTIONAacuteRIO PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)
1 Qual eacute a aacuterea econocircmica de atuaccedilatildeo____________________________________ 2 Haacute quanto tempo estaacute formalizado______________________________________
3 Renda bruta mensal em salaacuterio miacutenimo
Na temporada de praiade ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos
Fora da temporada de ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos
4 Obteve financiamento junto agraves instituiccedilotildees de creacutedito facilitado ( ) sim ( ) natildeo
Se sim o financiamento foi utilizado ( ) na expansatildeo dos negoacutecios ( ) capital de giro ( ) compra de materiais ( ) todos os itens anteriores
5 Possui ou jaacute possuiu relaccedilatildeo comercial com o Municiacutepio Estado ( ) sim ( ) natildeo 6 Participa de alguma associaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo
7 Com a regularizaccedilatildeo do MEI sua situaccedilatildeo socioeconocircmica melhorou ( ) sim ( ) natildeo - (Em que
sentido)______________________________________ _____________________________________________________________
_____ _____________________________________________________________
_____ 8 Vocecirc deixaria de ser MEI por um emprego formalizado com carteira assinada e
salaacuterio mensal ( ) sim ( ) natildeo ndash (por
que)_____________________________________________ _____________________________________________________________
_____ 9 Vocecirc jaacute participou de algum curso de capacitaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo
10 Jaacute realizou consultoria com agentes do SEBRAE ou Agentes de Desenvolvimento do Municiacutepio disponiacuteveis na Sala do Empreendedor
( ) sim ( ) natildeo 11 Suas atividades satildeo realizadas em
( ) sua residecircncia ( ) imoacutevel alugado ( ) imoacutevel proacuteprio 12 Vocecirc possui outra atividade aleacutem de ser MEI ( ) sim ( ) natildeo
13 Na sua opiniatildeo a prefeitura tem auxiliado a categoria do MEI no seu desenvolvimento atraveacutes de
( ) compra de produtos e serviccedilos do MEI ( ) no processo de formalizaccedilatildeo ( ) promoccedilatildeo de cursos de capacitaccedilatildeo para o MEI ( ) incentivo agrave aquisiccedilatildeo de
tecnologias pelos MEI ( ) natildeo sabe informar se a prefeitura possui esses programas de incentivo
14 Vocecirc possui funcionaacuterio para o exerciacutecio da sua atividade ( ) sim ( ) natildeo
135
Se a resposta for sim ele eacute formalizado ( ) sim ( ) natildeo
15 Na sua opiniatildeo quais accedilotildees que a prefeitura poderia realizar para auxiliar o desenvolvimento da
categoria do MEI ____________________________________________________
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO
BRASIL ANTERIOR A 1964 36
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL
DURANTE O REGIME MILITAR 39
QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO
DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016) 43
QUADRO 4- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA
ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
66
QUADRO 5- BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute
PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS
ALTERACcedilOtildeES 68
QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS 69
QUADRO 7- ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP 71
QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES
EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO
PARANAacute 104
LISTA DE MAPAS
MAPA 1 - MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute 50
LISTA DE GRAacuteFICOS
GRAacuteFICO 1 - RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS 75
GRAacuteFICO 2 - ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015) 76
GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS
MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) () 77
GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO
84
GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS 84
GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI 85
GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE
ECONOcircMICA () 89
GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) 90
GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA
MRGP (N=30) 92
GRAacuteFICO 10 - VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP
ATRAVEacuteS DO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR
PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016) 101
GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA
MRGP () 102
GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO
REPRESENTANTE DA CATEGORIA 103
GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTO DOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS
ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA
MRGP () 106
GRAacuteFICO 14 - RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP
() 109
GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E
NAtildeO FORMALIZADOS EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP
() 110
GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA
RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O
SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) () 111
GRAacuteFICO 17 - QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE
PARTICIPARAM DE CURSOS DE 114
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL 29
TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E
POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010) 51
TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOS
MUNICIacutePIOS DA MRGP 52
TABELA 4 - DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)
53
TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014) 54
TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR
ECONOcircMICO 55
TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS
MUNICIacutePIOS INTEGRANTES DA MRGP (2016) 56
TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP 57
TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016) 59
TABELA10- ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP
(maio2016) 59
TABELA11- PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)
97
TABELA12- NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS
NA MRGP CEDIDOS PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS
MPE (2015-2016) 98
TABELA13- NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016) 99
TABELA14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO
AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute
(FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016) 100
TABELA15- RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES
CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM
QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010) 112
LISTA DE SIGLAS
CLT - Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho
CODEFAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador
DIEESE - Departamento Intersindical de Estatiacutestica e Estudos
Socioeconocircmicos
ECINF - Economia Informal Urbana
FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo
IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho
INPS - Instituto Nacional de Previdecircncia Social
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social
IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
LC - Lei Complementar
MEI - Microempreendedor Individual
MPAS - Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social
MRGP - Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute
MTE - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego
MTPS - Ministeacuterio do Trabalho e Previdecircncia Social
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e DesenvolvimentoEconocircmico
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PASEP - Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico
PDM - Poliacuteticas de Desenvolvimento do Milecircnio
PIS - Programa Integraccedilatildeo Social
PLANFOR - Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador
PND - Plano nacional de Desenvolvimento
PP - Poliacutetica Puacuteblica
PROGER - Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda
PRONAF - Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PRORURAL - Programa de Desenvolvimento Econocircmico e Territorial - Renda
e Cidadania no Campo
SEBRAE - Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas
SINE - Sistema Nacional de Emprego
SUMAacuteRIO
APRESENTACcedilAtildeO 15
1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E
INFORMALIDADE 21
11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO 25
12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A
CRIacuteTICA 30
2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO DAS
ORIGENS AO MEI 33
21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
33
211Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento 36
212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar 39
213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil 42
214Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI 45
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute 50
31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP 52
32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP 61
321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP 65
322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento 69
323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI 71
4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute 74
41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR
MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI 74
411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita 81
42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS
DO MEI NA MRGP 83
43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO
88
431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral 88
do Paranaacute 88
432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute 90
434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP 91
435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute 95
436 O associativismo e os MEI na MRGP 102
437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI 105
438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute 108
439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia 110
4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute 112
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 115
REFEREcircNCIAS 119
APEcircNDICES 133
15
APRESENTACcedilAtildeO
O referente trabalho surgiu de reflexotildees acerca do processo acelerado da
expansatildeo do desemprego estrutural em niacutevel mundial mas que oferece pressatildeo
sobre configuraccedilotildees territoriais menores como na Microrregiatildeo Geograacutefica de
Paranaguaacute (MRGP) alertando sobre o deslocamento dos trabalhadores para a
economia informal e em resposta a accedilatildeo do Estado atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas
de trabalho na tentativa de equacionar as disfunccedilotildees geradas pela reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1970
O principal objetivo do nosso estudo eacute analisar como se apresenta a
implantaccedilatildeo da Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008 (LC 12808) nos
municiacutepios do litoral paranaense recortado como Microrregiatildeo Geograacutefica de
Paranaguaacute (MRGP) Esta poliacutetica puacuteblica eacute uma tentativa de retirar da informalidade
trabalhadores brasileiros exercendo as mais variadas atividades dentro desse setor
O que significa resgatar a sua dignidade e cidadania pela valoraccedilatildeo ao seu
trabalho pela inclusatildeo no sistema previdenciaacuterio dentre outros benefiacutecios
associados agrave formalizaccedilatildeo
Pretendemos descrever as principais caracteriacutesticas e estrateacutegias
organizadas na MRGP para a implantaccedilatildeo da LC 12808 que tem como uma de
suas premissas a inclusatildeo social descrita em seu art 18 Aleacutem disso realiza -se o
estudo sobre a aderecircncia dos governos locais agrave poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual (MEI)
Como objetivos secundaacuterios este estudo apresenta 1) Analisar os dados
relativos a emprego renda niacutevel de ocupaccedilatildeo volume de registros de MEI na
microrregiatildeo estudada 2) Identificar as estruturas e accedilotildees das prefeituras da
microrregiatildeo relacionadas agrave poliacutetica puacuteblica em questatildeo
Haacute algumas questotildees iniciais as quais entendemos pertinentes no processo
de estudo do referente trabalho e que foram balizares no encaminhamento das
pesquisas (a) De que maneira o mundo do trabalho (organizaccedilotildees puacuteblicas
mercado e organizaccedilotildees sociais) tem constituiacutedo poliacuteticas de formalizaccedilatildeo e renda
no trabalho (b) Qual a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas
enfrentados pelos trabalhadores informais na regiatildeo litoracircnea do Paranaacute (c) Como
os trabalhadores mercado e organizaccedilotildees puacuteblicas e sociais tecircm promovido e
acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual na aacuterea de estudo
16
A ausecircncia na literatura de dados especiacuteficos atualizados sobre a aacuterea de
estudo sobretudo na aacuterea da economia do trabalho e a dificuldade em obter dados
em algumas instituiccedilotildees por conta da poliacutetica interna destas pode ter
comprometido em parte a anaacutelise do todo poreacutem natildeo alterou os objetivos dos
estudos sobre a categoria MEI
O processo metodoloacutegico foi constituiacutedo em dois momentos distintos e
complementares No primeiro momento buscamos na pesquisa exploratoacuteria
elementos que nos dessem suporte agrave compreensatildeo do objeto do estudo partindo
necessariamente do conjunto de fatores que levaram a criaccedilatildeo da LC 12808 e a
regulamentaccedilatildeo da formalizaccedilatildeo dos MEI Para tanto estabelecemos alguns
indicadores que nos orientaram no sentido das modificaccedilotildees ocorridas no sistema
capitalista a partir da deacutecada de 1970 e que resultaram no aumento do desemprego
da informalidade e da precarizaccedilatildeo do trabalho via flexibilizaccedilatildeo subcontrataccedilatildeo
Para estabelecermos a proximidade com o tema nos apoiamos na revisatildeo da
literatura especiacutefica resultando no reconhecimento sobre a trajetoacuteria histoacuterica das
modificaccedilotildees nas relaccedilotildees do trabalhoespaccedilo em cadeia global e nacional e
igualmente na criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave equaccedilatildeo de deformidades na
economia do trabalho no cenaacuterio brasileiro nos aproximando ao entendimento do
nosso objeto de estudo Essa revisatildeo eacute descrita no decorrer da dissertaccedilatildeo pela
nomenclatura dada no corpo do texto
No segundo momento considerando que para a anaacutelise do objeto de estudo
ou seja a implantaccedilatildeo nos municiacutepios integrantes da microrregiatildeo de Paranaguaacute da
Lei Complementar 12808 que cria a pessoa juriacutedica do empreendedor individual se
fez necessaacuterio aleacutem da coleta de dados em possibilidades de controle a inclinaccedilatildeo
igualmente agrave percepccedilatildeo subjetiva de anaacutelise com o objetivo de compreensatildeo do
contexto mais amplo sob o olhar holiacutestico e criacutetico do processo de implantaccedilatildeo da
referida lei Nesse sentido como afirma Deslandes (2010 p 33) ―a)criacutetica porque
devemos estabelecer um diaacutelogo reflexivo entre a teoria e o objeto de estudo
escolhido por noacutes b)ampla porque deve dar conta do ―estado atual sobre o
problema
Tendo como uma das opccedilotildees a pesquisa qualitativa sublinhamos a
possibilidade de maior compreensatildeo das relaccedilotildees socialmente constituiacutedas por
atores no plano do concreto do real Essas relaccedilotildees exercem significados e se
manifestam de diversas formas pois o que se torna forma passa pelas relaccedilotildees
17
humanas e portanto ―o que as ―coisas (fenocircmenos manifestaccedilotildees ocorrecircncias
fatos eventos vivecircncias ideias sentimentos assuntos) representam daacute molde agrave
vida das pessoas (TURATO 2005 p 510)
Nesse momento percebemos a falta de informaccedilotildees histoacutericas em bancos de
dados oficiais e natildeo oficiais e na literatura que nos apoiassem na descriccedilatildeo objetiva
sobre o tema contextualizado no litoral paranaense
A escassez de dados sobre a poliacutetica de formalizaccedilatildeo do MEI no litoral do
Paranaacute eacute resultante em parte pela demora na regulamentaccedilatildeo da LC 12808 e da
operacionalizaccedilatildeo da referida LC nos municiacutepios da MRGP A regulamentaccedilatildeo e
operacionalizaccedilatildeo dessa lei complementar soacute foi possiacutevel em determinados casos
pela parceria entre as prefeituras e o SEBRAE a partir de 2013 em Matinhos e
Paranaguaacute e sequencialmente em Pontal do Paranaacute Morretes e Guaraqueccedilaba
Ainda com dificuldade de obter dados histoacutericos do litoral paranaense acerca da
informalidade do trabalho e especificamente sobre o microempreendedor individual
algumas informaccedilotildees secundaacuterias foram obtidas atraveacutes de instituiccedilotildees oficiais
(IBGE IPARDES DIEESE EMPRESOacuteMETRO) e foram processadas com base na
estatiacutestica descritiva atraveacutes de Planilha Excel representado por graacuteficos e tabelas
Informaccedilotildees igualmente sobre o MEI foram adquiridas atraveacutes de fontes primaacuterias
como dados estatiacutesticos das salas do empreendedor e possibilitaram avaliar alguns
indicadores importantes sobre o desenvolvimento dos trabalhos desempenhados
pelos agentes de desenvolvimento e sobre a sustentabilidade do MEI a) quantitativo
de baixas da empresa b) formalizaccedilotildees c) procura por serviccedilos nas salas d) oferta
de serviccedilos nas salas do empreendedor
Outra maneira utilizada para obter informaccedilotildees foi atraveacutes de entrevistas
semiestruturadas com atores da administraccedilatildeo puacuteblica e de instituiccedilotildees da iniciativa
privada e aplicaccedilatildeo de questionaacuterio para os microempreendedores individuais que
exercem suas atividades na aacuterea de estudo Segundo Oliveira (2011 p 36) ―esta
teacutecnica de coleta de dados eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees
acerca do que as pessoas sabemcrecircem esperam e desejam []
Foram entrevistados cinco (05) atores da administraccedilatildeo puacuteblica e trecircs (03)
atores da iniciativa privada Os atores foram escolhidos pela proximidade com
implantaccedilatildeo da LC 12808 Da administraccedilatildeo puacuteblica foram entrevistados quatro
agentes de desenvolvimento que atuam nas salas do empreendedor nos municiacutepios
que possuem parceria com o SEBRAE e um secretaacuterio municipal Da iniciativa
18
privada foram entrevistadas trecircs pessoas ligadas agraves associaccedilotildees da classe
empresarial e do SEBRAE Os MEI que participaram do questionaacuterio seratildeo
designados como respondentes Ao todo foram realizadas 08 (oito) entrevistas e 30
questionaacuterios aplicados
As entrevistas com os atores tanto da administraccedilatildeo puacuteblica quanto da
iniciativa privada se deram em seus locais de trabalho Ou seja nas salas do
empreendedor localizadas juntas agraves prefeituras e nas associaccedilotildees de classe e no
SEBRAE e tiveram como pressupostos levantar informaccedilotildees sobre as accedilotildees das
prefeituras e das associaccedilotildees sobre a implantaccedilatildeo da LC 12808 no litoral do
Paranaacute Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente com a
anuecircncia dos entrevistados que assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido e foram realizadas no periacuteodo de junho a outubro de 2016
Para a construccedilatildeo do questionaacuterio e das questotildees pertinentes foram
utilizadas como base referencial autores como Sachs (2003) e Albuquerque e
Zapata (2010) aleacutem de uma leitura atenta da Lei Complementar 12306 e da Lei
complementar 12808
Considerando a precaacuteria organizaccedilatildeo em classe dos microempreendedores
individuais (MEI) no litoral do Paranaacute natildeo sendo possiacutevel identificaacute-los atraveacutes de
banco de dados na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio optamos por deslocar ateacute o
estabelecimento do microempreendedor individual e aplicar o questionaacuterio em seu
local de trabalho Esse procedimento ao passo que era incerto pois natildeo havia
como identificar o MEI a natildeo ser percorrendo estabelecimento por estabelecimento
tornava-se solitaacuterio e exaustivo posto o deslocamento e o tempo para o
preenchimento do questionaacuterio e as duacutevidas que surgiam Poreacutem esta teacutecnica
possibilitou avaliar a estrutura do empreendimento e ao mesmo tempo conversar a
respeito da formalizaccedilatildeo dos MEI Dessa forma muito aleacutem da aplicaccedilatildeo do
questionaacuterio nos vimos envolto a uma realidade da qual natildeo percebiacuteamos Como
natildeo havia referecircncia sobre o enquadramento do estabelecimento perguntaacutevamos
para o proprietaacuterio se ele era MEI ou natildeo Os MEI que participaram respondendo ao
questionaacuterio muitas vezes falavam das dificuldades em aumentar seus negoacutecios e
da ausecircncia do poder puacuteblico local principalmente fora da temporada de praia
Cada aplicaccedilatildeo do questionaacuterio durava cerca de 30 a 50 minutos
Participaram como respondentes do questionaacuterio 30 (trinta)
microempreendedores individuais abrangendo os municiacutepios de Guaratuba
19
Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute A aplicaccedilatildeo do questionaacuterio ocorreu nos
meses de dezembro de 2016 e janeiro e fevereiro de 2017
Os dados pesquisados foram organizados e descritos em Planilha Excel e
disponibilizados atraveacutes de graacuteficos e tabelas
Este estudo estaacute distribuiacutedo em quatro capiacutetulos onde procuramos sublinhar
sequencialmente as modificaccedilotildees ocorridas no mundo trabalho e o resultante
dissoo alastramento da informalidade em niacuteveis mundial e local assim como
analisar a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do MEI e seus dispositivos aplicados no
litoral do Paranaacute
No primeiro capiacutetulo estudamos as modificaccedilotildees no mundo do trabalho
atraveacutes de um recorte histoacuterico que levaram ao aumento exponencial do
desemprego estrutural e consequentemente da informalidade em niacuteveis mundiais
Ainda nesse capiacutetulo abordaremos o desemprego e a informalidade no cenaacuterio
brasileiro Para tanto nos apoiamos na literatura especializada sobre os temas
reestruturaccedilatildeo produtiva desemprego informalidade
O segundo capiacutetulo traz vaacuterias referecircncias ao conceito de Poliacutetica Puacuteblica e
a accedilatildeo do Estado brasileiro na economia do trabalho com quadros descritivos das
principais poliacuteticas puacuteblicas de trabalho no periacuteodo republicano e como essas
poliacuteticas organizaram a vida do trabalhador no Brasil Ainda nesse capiacutetulo
iniciamos nossas anaacutelises acerca da Lei de Formalizaccedilatildeo do Microempreendedor
Individual (LC 12808)
O terceiro capiacutetulo traz uma descriccedilatildeo da aacuterea de estudo (recorte espacial
da microrregiatildeo geograacutefica de Paranaguaacute) com dados demograacuteficos do mercado de
trabalho receitas municipais dados relacionados ao nuacutemero de empresas na regiatildeo
nuacutemeros de Micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais
escalonados por atividade econocircmica Assim como aspectos institucionais
relacionados agrave formalizaccedilatildeo do microempreendedor na regiatildeo de estudo
No quarto capiacutetulo observamos os avanccedilos quanto agrave implantaccedilatildeo da poliacutetica
de formalizaccedilatildeo e as dificuldades encontradas para a expansatildeo e sustentabilidade
do MEI na regiatildeo de estudo Neste capiacutetulo nossos estudos recaem inicialmente
para a participaccedilatildeo dos governos locais na implantaccedilatildeo da poliacutetica em questatildeo e sua
capacidade de mobilizar estrateacutegias de apoio aos MEI Ainda satildeo analisados os
dados relativos agrave formalizaccedilatildeo e baixas dos microempreendedores nos municiacutepios
de Morretes Matinhos Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute observando a proposta de
20
sustentabilidade do MEI Igualmente atraveacutes de questionaacuterio respondido pelos MEI
da regiatildeo de estudo foi possiacutevel estabelecer um perfil soacutecio econocircmico dos
entrevistados e dos efeitos dos dispositivos elencados na Lei Geral que permitem
possibilidades da inserccedilatildeo e expansatildeo da categoria no mercado e resgate da sua
dignidade laboral
21
1 ALTERACcedilOtildeES NO MUNDO DO TRABALHO DESEMPREGO E
INFORMALIDADE
Para compreendermos o porquecirc da criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas1 voltadas
ao enfrentamento do fenocircmeno da informalidade superlativada do desemprego e a
geraccedilatildeo de renda no cenaacuterio brasileiro eacute necessaacuterio observarmos as transformaccedilotildees
ocorridas em cadeia global na dimensatildeo da economia do trabalho e as
consequecircncias sociais e econocircmicas vinculadas agraves relaccedilotildees do trabalho
(informalidade precarizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo trabalho temporaacuterio subcontrataccedilatildeo
dentre outros) que definem o quadro socioeconocircmico vigente e assim estabelecer
uma criacutetica histoacuterica que a partir da reorganizaccedilatildeo do processo produtivo incidiu
diretamente na concepccedilatildeo do trabalho do emprego e levou agrave
reorganizaccedilatildeoreformulaccedilatildeo do Estado (POCHMANN 2004) Para tal compreensatildeo
sobre o tema nos apoiaremos na extensa literatura jaacute existente
Em nossos estudos compreendemos o trabalho hoje formalizado ou natildeo
como uma atividade (humana) objetiva (no sentido da accedilatildeo) e subjetiva (no sentido
do pensamento) desenvolvida por homens e mulheres inclinada a transformar
modificar e produzir algo sob criteacuterios e validaccedilatildeo do Modelo de Produccedilatildeo
Capitalista Os criteacuterios do trabalho assim entendemos satildeo definidos com base nas
transformaccedilotildees ocorridas no proacuteprio sistema capitalista que por fim valida esse
processo pela viabilidade da produccedilatildeo laboral e intelectual conduzido por regras
vezes particulares vezes universais inseridos em contextos especiacuteficos ou
contextos globalmente unificados
O dinamismo do sistema capitalista produziu transformaccedilotildees de ordem
econocircmica social cultural ideoloacutegica configurando num processo contiacutenuo de
alteraccedilotildees permanentes no seio de sua proacutepria estrutura totalmente instaacutevel
flexiacutevel e mutante As mudanccedilas que ocorreram na economia mundial a exemplo
tiveram consequecircncias no processo produtivo logo nas relaccedilotildees do trabalho sob o
modelo fordista ocasionando mudanccedilas no tecido social cultural alimentados
ainda pelo crivo das contraposiccedilotildees ideoloacutegicas resultantes da polaridade mundial
1 Com efeito de poliacutetica puacuteblica voltada ao enfrentamento da informalidade no mercado de trabalho
brasileiro analisaremos mais a diante a Lei Complementar 12808 instrumento de criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI) que possui expresso em seu art 18E aleacutem da formalizaccedilatildeo do MEI o caraacuteter de inclusatildeo social
22
apoacutes a Segunda Grande Guerra Tais transformaccedilotildees estatildeo associadas ao decliacutenio
do modelo keynesiano2 - progressista que exigiu do Estado uma posiccedilatildeo mais
reformadora em sua estrutura assinalada por Laranjeira (2000) Lombardi (1997) e
Caminha (2012)
O que podemos observar no cenaacuterio econocircmico eacute o substancial crescimento
inflexiacutevel do desemprego estrutural bem como as mudanccedilas no sistema de
assalariamento que foi condicionado por eventos especiacuteficos de enorme
importacircncia 1) a reestruturaccedilatildeo produtiva iniciada na deacutecada de 1970 2) o advento
da globalizaccedilatildeo (SANTOS 2008 p 152) 3) ―difusatildeo de um novo paradigma teacutecnico-
produtivo e do acirramento da competiccedilatildeo internacionalista nas economias
avanccediladas (POCHMANN 2001 p 41)
A reestruturaccedilatildeo produtiva foi uma resposta imediata agrave crise econocircmica
caracterizada pela impossibilidade do modelo Keynesiano - fordista reverter agraves
contradiccedilotildees proacuteprias produzidas pelo sistema capitalista Tal resposta implicou de
imediato numa nova redefiniccedilatildeo do espaccedilo fiacutesico e das relaccedilotildees entre trabalho e
produccedilatildeo que se mantinham sob forte regulaccedilatildeo consensual entre ―Estado capital e
sindicatos como aponta Barbosa (2007 p 3)
As modificaccedilotildees que ocorreram no setor produtivo e nas relaccedilotildees do
trabalho levaram a excessiva acumulaccedilatildeo de capital (acumulaccedilatildeo flexiacutevel) muito
embora essas modificaccedilotildees natildeo ocorreram de forma generalizada mas foram
absorvidas considerando contextos especiacuteficos de espaccedilo e cultura conforme
salienta Lombardi (1997) e ao aumento do desemprego por cortes em postos de
trabalho (capital variaacutevel) observando a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica no setor produtivo e a
reconfiguraccedilatildeo desse setor com relocaccedilatildeo para espaccedilos perifeacutericos
Dentro dessa oacutetica como observa Lombardi (1997) a expansatildeo tecnoloacutegica
exerceu forte pressatildeo sobre os trabalhadores que se sentem ameaccedilados pela
concorrecircncia da tecnologia Trabalhos manuais foram substituiacutedos por trabalhos
mecacircnicos autocircmatos que produzem em escalas vertiginosas Ou seja
O avanccedilo na concorrecircncia intercapitalista e a adoccedilatildeo de um novo paradigma tecnoloacutegico estariam provocando alteraccedilotildees significativas nas economias avanccediladas Parece natildeo haver duacutevidas sobre o crescimento de
2O modelo Keynesinao tambeacutem chamado de Capitalismo Reformado por Sachs (2008) foi uma
resposta imediata aos efeitos causados pela Grande Depressatildeo tendo como base o pleno emprego e o Estado do Bem Estar Social
23
importacircncia das ocupaccedilotildees caracterizadas como superiores e de postos diretivos responsaacuteveis pela utilizaccedilatildeo de trabalhadores com maior exigecircncia de qualificaccedilatildeo e escolaridade Ao mesmo tempo as profissotildees inferiores (operaacuterios simples e manuais) ainda majoritaacuterios na estrutura ocupacional estariam perdendo participaccedilatildeo relativa (POCHMANN 2001 p 52)
Na segunda metade deacutecada de 1980 foi formulado por economistas norte-
americanos e outros ligados a OCDE (Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e o
Desenvolvimento Econocircmico) um conjunto de medidas de cunho macroeconocircmico
e estruturais destinado a paiacuteses do chamado Terceiro Mundo que apresentavam
baixos iacutendices de desenvolvimento econocircmico (BRESSER PEREIRA 1991)
Tais medidas foram sendo colocadas em praacutetica sobre tudo abaixo da linha
do equador americano pois como demonstra Bresser Pereira (1991) na Ameacuterica
Latina havia uma ―crise marcada por estagnaccedilatildeo econocircmica e altas taxas de
inflaccedilatildeo Dentro dessa perspectiva acreditava-se que havia uma necessidade de
restringir o tamanho do Estado e de sua participaccedilatildeo no setor econocircmico Assim a
orientaccedilatildeo era sua descentralizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo na regulaccedilatildeo liberalizaccedilatildeo do
comeacutercio internacional promoccedilatildeo das exportaccedilotildees e a diminuiccedilatildeo das empresas
estatais pois entendiam que eram em grande nuacutemero e incapazes de gerir
produtividades adequadas as suas capacidades e ao modelo estrutural das novas
concepccedilotildees capitalistas (neoliberalismo globalizado)
No entanto tais modificaccedilotildees no sistema econocircmico permitiram o processo
de acumulaccedilatildeo do capital e da hipertrofia financeira criando mecanismos que
causaram enormes disfunccedilotildees sociais agravadas pela doutrinalsquo neoliberal e o novo
padratildeo tecnoloacutegico de produccedilatildeo e organizaccedilatildeo do trabalho (MOTTA 2009) Tais
fatores provocaram ―mudanccedilas substanciais que resultaram no aumento da pobreza
do desemprego e do subemprego e na precarizaccedilatildeo do trabalho (idem p 550)
O desemprego se constituiu como um dos maiores problemas sociais da humanidade A crise iniciada nos paiacuteses centrais a partir do final dos anos 1960 evidenciou o esgotamento do padratildeo de acumulaccedilatildeo fordista keynesiano alterando a relaccedilatildeo entre Estado e sociedade (OLIVEIRA 2012 p 494)
Conforme analisa Oliveira (2012) estima-se que em 2009 havia cerca de
210 milhotildees de pessoas desempregadas no mundo ―Os maiores afetados segundo
a agecircncia satildeo os jovens e as mulheres dos paiacuteses perifeacutericos (OLIVEIRA 2012 p
494) Diante de um quadro socioeconocircmico extremamente complexo seria
24
necessaacuterio novos mecanismos que dessem suporte ao controle das distorccedilotildees
sociais e de contenccedilatildeo Dessa forma foram lanccediladas novas bases da ideologia
dominante com objetivos especiacuteficos de controle da demanda com base nas
―poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio (PDM) (MOTTA 2009 p 549)
As PDM segundo a autora constituem ―mecanismos de hegemonia de
funccedilatildeo de direccedilatildeo intelectual e moral com accedilotildees concretas e definiccedilotildees de metas
focadas nas camadas de trabalhadores excluiacutedoslsquo do processo produtivo mas que
ainda possuem condiccedilotildees produtivas para instaurar um processo mais intensivo de
educar para o conformismo (idem p 549)
Assinala Motta (2009) que as poliacuteticas de desenvolvimento do milecircnio estatildeo
sublinhadas pelo forte investimento educacional balizado na ―teoria do capital
humano de Theodore Schultz na qual consiste em propor a qualificaccedilatildeo da forccedila do
trabalho humano atraveacutes do processo educacional direcionado para crescimento
econocircmico
Poderemos formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho mas
autores como Rifkin (1995) Pastore (2006) Martins e Veiga (2003) Oliveira (2012) e
Sachs (2007) enfatizam na diminuiccedilatildeo consideraacutevel dos postos de trabalho na esfera
global dando a entender que a crise do pleno emprego estaacute relacionada em parte
ao avanccedilo da automaccedilatildeo tecnoloacutegica e da chamada reestruturaccedilatildeo da produccedilatildeo
tanto nas aacutereas rurais quanto nas aacutereas urbanas como jaacute demonstrado
anteriormente Alertava Rifkin (1995) que mais de 800 milhotildees de pessoas no
mundo estavam desempregadas ou subempregadas e que esse quadro se agravaria
ateacute o final do seacuteculo XX
Com um quadro excessivamente preocupante as poliacuteticas de geraccedilatildeo de
emprego e renda entram na agenda internacional no entanto como salienta Souza
(2010 p 3) ―essas poliacuteticas puacuteblicas arrefecem o iacutempeto de uma celebraccedilatildeo liberal
na medida em que evidenciam a incapacidade de prover o pleno emprego
demonstrada pelo capitalismo mesmo em seus contextos mais avanccedilados
As tendecircncias multinacionais como analisa Oliveira (2012) ao mesmo
tempo em que preconizam a defesa de poliacuteticas focadas na geraccedilatildeo do trabalho (o
trabalho aqui entendido dentro do sistema capitalista portanto emprego formalizado
ou informal) que estimulassem a empregabilidade defendiam as flexibilizaccedilotildees das
leis regulatoacuterias que normatizam as leis do trabalho No caso brasileiro ―a poliacutetica de
emprego estaacute intrinsecamente relacionada agrave fraacutegil concepccedilatildeo de Welfare State e agrave
25
posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho reforccedilando um
crescimento subordinado e dependente do capital estrangeiro [] (OLIVEIRA
2012 p 494)
No Brasil as poliacuteticas de emprego estavam relacionadas agrave concepccedilatildeo de
submissatildeo das leis trabalhistas agraves estruturas e poliacuteticas macroeconocircmicas e apenas
eram direcionadas nesse sentido aos trabalhadores empregados sendo que natildeo
haviam poliacuteticas voltadas aos trabalhadores excluiacutedos do processo de produccedilatildeo
formalizado ateacute meados do final da deacutecada de 1980 No entanto como segue
Oliveira (2012)
[] as mudanccedilas no padratildeo de organizaccedilatildeo do trabalho em consonacircncia com as poliacuteticas macroeconocircmicas de estabilizaccedilatildeo econocircmica imposta pelo FMI e demais organismos multilaterais delimitam a intervenccedilatildeo do Estado provocando um acirramento na questatildeo social em suas variadas expressotildees Eacute sob esta perspectiva que as poliacuteticas de emprego passam a ser implementadas no governo FHC Ou seja poliacuteticas que possam combater a crise do emprego e consequentemente a fome e a miseacuteria mas com recursos reduzidos e com ecircnfase na individualizaccedilatildeo do problema reforccedilando a histoacuterica intervenccedilatildeo residual do Estado brasileiro na questatildeo social (OLIVEIRA 2012 p 499)
No periacuteodo FHC assinalado por Oliveira (2012) foram criados vaacuterios
dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador Um dos mais importantes instrumentos foi o
seguro-desemprego que sofreu alteraccedilotildees em 1994 ampliando
[] o tempo de indenizaccedilatildeo Nesse periacuteodo o desemprego apresentava nuacutemeros elevados chegando a atingir de acordo com o IBGE em torno de 17 da PEA A renda meacutedia do trabalhador apresentou queda pelo sexto ano consecutivo atingindo em 2003 uma reduccedilatildeo de 129 (OLIVEIRA 2012 p 500)
Na primeira deacutecada do seacuteculo XXI o desemprego mantinha a taxa de 96 e
a informalidade atingia 60 dos trabalhadores ocupados como nos mostra Pastore
(2006)
11 A INFORMALIDADE NO CENAacuteRIO BRASILEIRO
Como jaacute mencionado as alteraccedilotildees no mundo do trabalho ocasionadas
pela reestruturaccedilatildeo produtiva concorreram para o aumento do desemprego
estrutural culminando em consequecircncias macroestruturais no seio da economia
26
mundial Retrato disso eacute o fenocircmeno denominado de informalidade esta vista como
um traccedilo marcante nos paiacuteses subdesenvolvidos ou em desenvolvimento
assinalado por Matsuo (2009) e Antunes (2011) Estes autores nos apontam os
variados modos de informalidade que constituem estrateacutegias de enfrentamento agraves
especificidades econocircmicas diferenciadas no tempo e no espaccedilo por serem
construiacutedas a partir de necessidades especiacuteficas territoriais Matsuo (2009) afirma
que estas estrateacutegias informais correspondem de um lado o trabalhador informal
adequando-se a economia de mercado e ―significa um traccedilo constitutivo e crescente
da acumulaccedilatildeo de capital dos nossos dias (ANTUNES 2011 p 4) eou de outro o
setor informal representa a exclusatildeo desses trabalhadores do sistema dinacircmico da
economia Dessa forma segue a autora no sentido de combinaccedilatildeo das duas
possibilidades
[] os trabalhadores marginalizados na economia informal procuram se articular com os setores dinacircmicos da economia e integrar a cadeia no circuito de acumulaccedilatildeo capitalista dependendo das oportunidades que surgem Por outro lado a economia informal nos apresenta setores que estatildeo a reboque da formal e que passam a ser marginais por estarem deslocadas do desenvolvimento econocircmico (MATSUO 2009 p 21)
Os setores informal e formal segundo Souza (2010) coexistem e se
estabelecem como uma fragmentaccedilatildeo da estrutura ocupacional Essa fragmentaccedilatildeo
no entanto deveria ser acompanhada de poliacuteticas puacuteblicas que observassem o setor
informal para a melhoria da sua capacidade de ganho (idem p 4) Essa anaacutelise parte
do pressuposto de que o capitalismo triunfante natildeo foi capaz de absorver a maioria
dos trabalhadores levando-os a concorrer sob a proacutepria sorte e sob a eacutegide da
inadaptaccedilatildeo da desvantagem e da exclusatildeo dos benefiacutecios desse capitalismo Para
esse autor
[] os estudos promovidos pela CEPAL e pelo PREALC defenderam a ideacuteia de uma heterogeneidade estrutural persistente na qual coexistiriam os setores moderno e arcaico Este uacuteltimo tiacutepico da economia informal refletiria o excedente de matildeo-de-obra que luta por sobrevivecircncia assumindo um caraacuteter estrutural e supeacuterfluo As poliacuteticas puacuteblicas deveriam contribuir para a elevaccedilatildeo da renda na economia informal atuando de forma compensatoacuteria (SOUZA 2010 p 4)
Sachs (2007) ao analisar a economia de mercado a partir das
reestruturaccedilotildees capitalistas nos paiacuteses subdesenvolvidos identifica os setores
sociais marginalizados dentro do processo produtivo assim como o sentido
27
excludente e endecircmico resultante da maciccedila exploraccedilatildeo pelos paiacuteses de economias
centrais O autor identifica o cenaacuterio e as transformaccedilotildees no mercado de trabalho
por conta dos processos de dominaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo da economia
No lugar do desaparecimento tradicional por meio da transferecircncia progressiva do excedente de sua matildeo-de-obra para o setor moderno assistimos a expulsatildeo das sobras dos trabalhadores do setor moderno para setores da economia informal de fundos de quintal ou nitidamente ilegal e ateacute a sua marginalizaccedilatildeo pura e simples fadados agrave afliccedilatildeo da ociosidade forccedilada condenados a situaccedilatildeo de assistidos para alguns do berccedilo ao tuacutemulo (SACHS 2007 p 254)
Antunes (2011) subdivide a informalidade em trecircs modalidades de
trabalhadores alocados a economia submersa a) trabalhadores informais
tradicionais b) trabalhadores informais assalariados sem registro c) trabalhadores
informais por conta proacutepria Essas trecircs categorias tambeacutem satildeo compreendidas nas
anaacutelises de Matsuo (2009) a qual define a informalidade em duas grandes
categorias ―velha informalidade (trabalhadores tradicionais) e a ―nova
informalidade (terceirizaccedilatildeo flexibilizaccedilatildeo temporizaccedilatildeo) No entanto haacute algumas
―[] denominaccedilotildees atribuiacutedas a atividades praticadas nesse campo desemprego
disfarccedilado subemprego atividade clandestina iliacutecita natildeo estruturada etc
(SANTOS MACIEL e SATO 2014 p 330) que estatildeo presentes em todos os setores
da economia tanto no setor primaacuterio no secundaacuterio como no terciaacuterio como
apontam esses autores
De outra forma como aponta o estudo realizado em 2002 pelo Observatoacuterio
do Mercado de Trabalho do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) haacute dois tipos
de mercado de trabalho que atuam concomitantemente
a) um setor formal cujo funcionamento das atividades foi definido como tendo barreiras agrave entrada com recursos externos sistema de propriedade impessoal operando em mercados amplos e protegidos por cotas e tarifas grande escala de produccedilatildeo processos produtivos de tecnologia moderna e intensivos em capital e matildeo-de-obra qualificada e b) um setor informal definido pela inexistecircncia de barreiras agrave entrada aporte de recursos de origem domeacutestica propriedade individual operando em pequena escala processos produtivos intensivos em trabalho atuando em mercados competitivos e natildeo regulados (MTE 2002 p 3)
O fato eacute que o crescimento da informalidade no caso brasileiro revelava
aleacutem da fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria a violaccedilatildeo agraves leis trabalhistas a
28
precarizaccedilatildeo do trabalho e a desqualificaccedilatildeo do trabalhador frente agraves novas
tecnologias e restriccedilotildees agrave sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal
Revelando o contraste entre os dois setores conforme as anaacutelises de
Meneguin e Bugarin (2008) em 2004 o trabalhador formalizado obteve uma
remuneraccedilatildeo de 623 superior em relaccedilatildeo ao trabalhador atuante na economia
submersa (CATANI 1985)
Alguns estudos realizados que apontam a informalidade no Brasil remontam
a deacutecada de 1990 Dessa forma a pesquisa Economia Informal Urbana (ECINF)
feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia a Estatiacutestica (IBGE) considerou a
―Organizaccedilatildeo e o Funcionamento da Unidade Econocircmica como uma caracteriacutestica
capaz de balizar os estudos sobre a informalidade Da mesma forma procurou
identificar e correlacionar as atividades informais identificando os
proprietaacuterios de negoacutecios informais trabalhadores por conta proacutepria e pequenos empregadores com 10 anos ou mais de idade ocupados em atividades natildeo-agriacutecolas e moradores em aacutereas urbanas nos domiciacutelios em que moram e atraveacutes deles investigar as caracteriacutesticas de funcionamento das unidades produtivas (IBGE - BRASIL 2003 p 15)
Um dos objetivos do IBGE era de ―quantificar o potencial das atividades
econocircmicas exercidas na informalidade em gerar oportunidades de trabalho e
rendimentos aleacutem de captar informaccedilotildees que permitam conhecer o papel e a
dimensatildeo do setor informal na economia brasileira (IBGE- BRASIL 2003 p 13)
O aumento da informalidade pode estar associado ao aumento da taxa de
desemprego o qual exige das pessoas estrateacutegias e formas diferenciadas de
sobrevivecircncia ou seja uma nova relaccedilatildeo com o mercado de trabalho como mostra
Matsuo (2009) Nas anaacutelises de Santos (2008)
Ateacute 1995 a cada aumento na oferta de emprego formal correspondia uma reduccedilatildeo do iacutendice de trabalhadores na informalidade Poreacutem a loacutegica mudou e a tendecircncia mostra que a criaccedilatildeo de novos empregos com carteira assinada natildeo causa mais esse impacto A informalidade passou a ser um traccedilo caracteriacutestico do mercado de trabalho brasileiro [] (SANTOS 2008 p6)
Pastore (2006) numa anaacutelise sobre o quadro nacional de empregos jaacute
indicava esta perspectiva e avalia o impacto sobre a previdecircncia social desse
quantitativo pois esta porcentagem corresponde agraves pessoas que natildeo contribuem
para o setor previdenciaacuterio gerando enormes distorccedilotildees no setor
29
Perceberemos (TABELA 1) a gradativa reduccedilatildeo na taxa de informalidade
brasileira bem como a reduccedilatildeo em 2 na taxa de desemprego entre 2002 e 2008
como observam Barbosa Filho e Pessocirca (2011) Estes autores ainda alertam para
a as diferenccedilas marcantes na composiccedilatildeo da taxa de desemprego de regiatildeo para
regiatildeo sugerindo o percentual em torno de 6 em Belo Horizonte e Porto Alegre e
superior a 12em Recife e Salvador no ano de 2008 (BARBOSA FILHO PESSOcircA
2011 p 2)
TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO E INFORMALIDADE NO BRASIL
ANO DESEMPREGO INFORMALIDADE
2002 91 436 2003 97 423 2004 89 425 2005 93 414 2006 84 407 2007 82 391 2008 71 381 2009 83 374 2012 55 34 2013 54 33 2014 43 322 Fev2015 5 325
FONTE BARBOSA FILHO e MOURA (2012) IPEA (20142015) No primeiro semestre de 2013 a informalidade atingiu a taxa de 332
segundo IPEA (2013) Notamos (TABELA 1) que as atividades informais entre 2002
e 2006 obtiveram uma retraccedilatildeo de 29 e entre 2006 e 2013 houve decliacutenio na
ordem de 75 na informalidade brasileira Portanto houve a reduccedilatildeo de 104 da
informalidade entre os anos de 2002 e 2013 Em 2014 o desemprego obteve uma
variaccedilatildeo de 07 pp em relaccedilatildeo agrave fevereiro de 2015 assim como a informalidade
teve um acreacutescimo de 03 pp (IPEA 2015)
A informalidade segundo Malaguti (2001) eacute um traccedilo caracteriacutestico no
mercado de trabalho brasileiro e abrange parte significativa de trabalhadores
exercendo atividades de forma precarizada e desprotegida o que leva a reduccedilatildeo
salarial ao aumento da carga horaacuteria de trabalho e a desvalorizaccedilatildeo do trabalho
como garantia de dignidade
30
12 DO TRABALHO FORMALIZADO Agrave NECESSIDADE EMPREENDEDORA A
CRIacuteTICA
O deslocamento forccedilado dos trabalhadores formais para praacuteticas informais
no mercado de trabalho resultante de um processo de mudanccedilas nas relaccedilotildees de
produccedilatildeo e trabalho levaram milhares de pessoas a improvisar formas diferenciadas
de suas atividades habituais por necessidade de sobrevivecircncia muitas vezes
compreendidas como formas inovadoras e empreendedoras dentro de uma nova
realidade socioeconocircmica imposta
As praacuteticas empreendedoras muitas vezes como aponta Barbosa (2007) e
Malaguti (2001) surgem como estrateacutegias de autogestatildeo do trabalho do tempo e do
espaccedilo fiacutesico por se apresentarem como uacutenicas alternativas no processo de
desregulamentaccedilatildeo do trabalho e assim as novas configuraccedilotildees do trabalho
resultaram do esvaziamento da poliacutetica abrindo caminho na substituiccedilatildeo do trabalho
empregatiacutecio para uma forma autocircnoma do empreendedorismo Nas palavras de
Barbosa (2007)
A quebra do assalariamento baseado em contratos advindos da concentraccedilatildeo Estado capital e sindicatos penaliza o trabalho amplia as margens de accedilatildeo do mercado e expotildee a fragilizaccedilatildeo da poliacutetica como dimensatildeo da vida social por isso a pergunta que se faz agora entatildeo eacute de que modo o empreendedorismo pode reinventar ou inovar o trabalho garantindo espaccedilo para a poliacutetica Quer dizer frente agrave escassez (volume) e precarizaccedilatildeo (qualidade) do trabalho ateacute que ponto o empreendedorismo expresso nas ideias e praacuteticas de geraccedilatildeo de renda produz efeitos positivos no sentido de minorar as accedilotildees do mercado e impactar o quadro de desigualdade social (BARBOSA 2007 p 3)
Para essa autora o trabalhador desempregado perde sua identidade
subjetiva compartilhada e o emprego formalizado deixa de ser referecircncia de renda
pois com a ―reversatildeo do assalariamento e a ampliaccedilatildeo do trabalho desprotegido
informal se impotildee como regressividade social na medida em que diminui o poder de
barganha dos trabalhadores jogados agrave sorte no mercado e aumenta a desigualdade
social (idem p 4)
Essa realidade socioeconocircmica como demonstra Barbosa (2007) conduz
os trabalhadores para as diversas formas desprotegidas de gerar renda e o que
significava precariedade de uma sobrevivecircncia urbanizada passa a ser considerada
como um conjunto de qualidades dos trabalhadores pobres com caracteriacutesticas de
31
autonomia empregatiacutecia empreendedora e criativa escondendo a condiccedilatildeo de
inseguranccedila social Como segue a autora
Pode-se dizer que como barotildees da raleacute os trabalhadores informais reaparecem na narrativa empreendedora como portadores de futuro avalizados pela experimentaccedilatildeo do risco cotidianamente Todavia contraditoriamente a ocupaccedilatildeo em si natildeo oferece nenhuma seguranccedila social enquanto promessa de futuro para os trabalhadores envolvidos e suas famiacutelias (BARBOSA 2007 p 7)
Dessa maneira segundo a autora a reversatildeo forccedilada do assalariamento
protegido para o ―auto-emprego constituiu um esvaziamento das forccedilas sociais que
possuem bases nas condicionantes do trabalho coletivizado do trabalho protegido
pelas leis de regulaccedilatildeo do mercado de trabalho Sendo assim o auto-emprego pode
ser compreendido como sendo balizado em expectativas de mercado onde sua
capacidade de competitividade em muitos casos fica muito aqueacutem das forccedilas que
regulam o mercado impondo-lhe limitaccedilotildees de expansatildeo e ―desprovidos de capital
o trabalho autocircnomo paradoxalmente depende da sub-remuneraccedilatildeo que se auto
impotildee e do estaacutegio de desenvolvimento de dada sociedade capitalista cuja
tendecircncia eacute estender sua racionalizaccedilatildeo a todos os setores da economia (SOUZA
2010 p 5)
A gama de trabalhadores sem carteira assinada autocircnomos contrasta pela
sua heterogeneidade dependendo da escolaridade dos ganhos reais aacuterea de
atuaccedilatildeo remuneraccedilatildeo geralmente com pouca qualificaccedilatildeo e atuantes na produccedilatildeo
de bens e serviccedilos conforme analisa Souza (2010)
Dentro dessa oacutetica em suas anaacutelises sobre a formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual (MEI) Sulzbach e Denardin (2012) relatam que ―com
a instituiccedilatildeo desta figura o Estado brasileiro auxilia na desregulamentaccedilatildeo do
mercado de trabalho capitalista regulamentando-a Nesse sentido seguem os
autores
Esta nova forma de desregulamentaccedilatildeo do mercado de trabalho estabelece o individualismo que cria uma cultura empreendimentista assim chamada por Harvey apud Miqueluzzi (1998) aonde a classe trabalhadora vislumbra ser um trabalhador por conta proacutepria natildeo ser mais assalariado (SUZBACH DENARDIN 2011 p 10)
32
Para Malaguti (2001 p 88) a informalidade aparece como uma das uacutenicas
formas de sobrevivecircncia para milhares de brasileiros e esta eacute um ―recurso de uacuteltima
instacircncia (p 92)
As pequenas empresas que surgem em meio agrave informalidade superlativada
resultado de uma modernidade que natildeo superou os preceitos do
subdesenvolvimento ao contraacuterio expandiu a pobreza e as diferenccedilas sociais pela
concentraccedilatildeo de renda excessiva e a reestruturaccedilatildeo do processo de produccedilatildeo
enfrentam condiccedilotildees humilhantes e ultrajantes na procura de espaccedilo para a
sobrevivecircncia Segundo Malaguti (2001 p 68) a informalidade ―natildeo eacute um celeiro de
pessoas ativas empreendedoras eneacutergicas mas sim o refuacutegio sem opccedilatildeo
As empresas constituiacutedas diante de uma economia informal analisadas por
Malaguti (2001) Sachs (2006) Antunes (2011) Barbosa (2007) Catani (1985)
reproduzem o trabalho precarizado sob a forma de baixa remuneraccedilatildeo jornadas
excessivas de trabalho condiccedilotildees muitas vezes insalubres e sem orientaccedilatildeo
teacutecnica de seguranccedila
33
2 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS NO MERCADO DE TRABALHOBRASILEIRO DAS
ORIGENS AO MEI
Neste capiacutetulo pretendemos estabelecer uma breve aproximaccedilatildeo sobre o
conceito de poliacuteticas puacuteblicas que em nosso entendimento eacute fundamental para a
compreensatildeo do objeto de estudo que eacute a poliacutetica puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
microempreendedor individual Ainda neste toacutepico apresentaremos algumas das
principais poliacuteticas puacuteblicas sobre emprego no periacuteodo republicano brasileiro
21 SOBRE A POLIacuteTICA PUacuteBLICA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
A Poliacutetica Puacuteblica eacute caracterizada como a posiccedilatildeo do ―Governo em accedilatildeo
assim definida por (SOUZA 2006) e ao mesmo tempo ―o Estado implantando um
projeto de governo atraveacutes de programas de accedilotildees voltadas para setores
especiacuteficos da sociedade(HOumlFLING 2001 p 31) ou mesmo a intervenccedilatildeo do
Estado em problemas e finalidades especiacuteficas
Podemos salientar que definiccedilotildees sobre o tema podem incidir em conceitos
significativamente diferentes pois como nos aponta Souza (2006) natildeo haacute uma
definiccedilatildeo singular para o termo Poliacutetica Puacuteblica diferentemente de outras aacutereas do
conhecimento tradicionalmente constituiacutedas como eacute o caso da Sociologia da
Economia ou da Psicologia a exemplos
Para Souza (2006) tal termo implica num conjunto de accedilotildeesprocessos que
permitem a dissociaccedilatildeo e separaccedilatildeo em fases de poliacuteticas ou ciclo de poliacutetica
puacuteblica pois no processo de estabilizaccedilatildeo dessa poliacutetica puacuteblica pode ocorrer
disparidades nas etapas de transcurso tanto na formulaccedilatildeo na implementaccedilatildeo
como na avaliaccedilatildeo da PP A partir de suas anaacutelises a autora nos apresenta algumas
definiccedilotildees sobre o tema
Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da poliacutetica que analisa o governo agrave luz de grandes questotildees puacuteblicas e Lynn (1980) como um conjunto de accedilotildees do governo que iratildeo produzir efeitos especiacuteficos Peters (1986) segue o mesmo veio poliacutetica puacuteblica eacute a soma das atividades dos governos que agem diretamente ou atraveacutes de delegaccedilatildeo e que influenciam a vida dos cidadatildeos Dye (1984) sintetiza a definiccedilatildeo de poliacutetica puacuteblica como ―o que o governo escolhe fazer ou natildeo fazer A definiccedilatildeo mais conhecida continua sendo a de Laswell ou seja decisotildees e anaacutelises sobre poliacutetica puacuteblica implicam responder agraves seguintes questotildees quem ganha o quecirc por quecirc e que diferenccedila faz (SOUZA 2006 p24)
34
O estudo do campo da Poliacutetica Puacuteblica estaacute direcionado agraves anaacutelises e
interpretaccedilotildees de interesses vantagens desvantagens ganhos e perdas dos grupos
e atores envolvidos no processo de construccedilatildeo da PP de forma direta ou indireta
desde a construccedilatildeo da agenda da formulaccedilatildeo do processo decisoacuterio da
implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo ateacute o puacuteblico alvo ao qual se originou a poliacutetica puacuteblica
Para Frey (2000) a Poliacutetica Puacuteblica constitui um campo da Ciecircncia Poliacutetica e
poderemos analisaacute-la sob trecircs perspectivas 1) o sistema poliacutetico no qual identifica e
avalia a accedilatildeo do governo e do Estado como promotores de felicidade de seus
cidadatildeos 2) o elemento poliacutetico representado pelas relaccedilotildees de forccedila e interesses
entre atores envolvidos no processo decisoacuterio 3) processo de avaliaccedilatildeo do sistema
poliacutetico no que concernem suas accedilotildees e estrateacutegias escolhidas para resolver
problemas especiacuteficos
Historicamente como aponta Frey (2000) o estudo sobre este campo da
Ciecircncia Poliacutetica nos Estados Unidos teve iniacutecio na deacutecada de 1950 Ao passo que
na Europa esta preocupaccedilatildeo comeccedilou a partir de 1970 com a ascensatildeo da social
democracia na Alemanha que estabeleceu poliacuteticas setoriais localizadas e
pontuais passiacuteveis de serem analisadas No caso brasileiro o interesse pelo
assunto eacute muito recente e conferiu ―ecircnfase ou agrave anaacutelise das estruturas e instituiccedilotildees
ou agrave caracterizaccedilatildeo dos processos de negociaccedilatildeo das poliacuteticas setoriais
especiacuteficas (p 214)
As poliacuteticas puacuteblicas desenvolvidas no plano da percepccedilatildeoaccedilatildeo pelo
Estado para a intervenccedilatildeo no mercado de trabalho satildeo constituiacutedas por Poliacuteticas
Ativas e Poliacuteticas Passivas (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA
2006) No Brasil elas estatildeo presentes concomitantemente no sistema puacuteblico de
emprego e ―existem para corrigir falhas de mercado relacionadas agrave restriccedilatildeo de
creacutedito assimetrias de informaccedilatildeo ou problemas de intermediaccedilatildeo de matildeo - de
obra (MACHADO E NETTO 2011 p 2) bem como promover a geraccedilatildeo de
emprego e renda e equacionar determinadas disfunccedilotildees no mercado de trabalho
Nas palavras de Chahad (2006)
Esta intervenccedilatildeo materializa-se por meio da oferta de serviccedilos baacutesicos como concessatildeo de creacutedito aos desempregados e trabalhadores autocircnomos melhoria da qualidade da matildeo-de-obra por meio do treinamento e da recolocaccedilatildeo do desempregado utilizando a intermediaccedilatildeo da matildeo-de-obra Essas poliacuteticas ativas que associando-se ao seguro-desemprego e a outras formas de assistecircncia aos desempregados atuam no sentido de
35
promover a geraccedilatildeo de emprego elevar o niacutevel de rendimentos e garantir melhor bem-estar aos trabalhadores em geral (CHAHAD 2006 p 1)
As Poliacuteticas Ativas tecircm a finalidade de facilitar o Acesso em ao mercado de
trabalho e aumentar o niacutevel de salaacuterios dos trabalhadores que apresentam
dificuldades de inserccedilatildeo nesse mercado criar frentes de trabalho oferecer
incentivos agraves micro e pequenas empresas aleacutem de possuir ―[] instrumentos para
criaccedilatildeo direta e indireta de emprego tanto no mercado formal de trabalho quanto no
setor informal contribuem para aumentar a ―empregabilidade do trabalhador
facilitando seu reemprego auxilia na reduccedilatildeo dos niacuteveis de pobreza (CHAHAD
2006 p 5 - 6) Essa forma de poliacutetica seraacute analisada mais adiante quando nos
referirmos agrave formalizaccedilatildeo do Microemprendedor individual sob a Lei Complementar
12808
No caso das Poliacuteticas passivas o objetivo eacute assegurar o miacutenimo de renda
consumo satisfaccedilatildeo para as pessoas excluiacutedas temporariamente ou natildeo do
processo produtivo do mercado de trabalho O dispositivo mais conhecido eacute o
Seguro-desemprego3 (MACHADO E NETTO 2011 CHAHAD 2006 PAIVA 2006)
Para Oliveira (2012) jaacute mencionada anteriormente a poliacutetica de emprego
consiste numa representaccedilatildeo reduzida do ponto de vista do Estado do Bem Estar
Social e agrave ―posiccedilatildeo ocupada pelo paiacutes na divisatildeo internacional do trabalho (idem p
494) o que resulta num quadro nacional do capitalismo dependente Veremos que
no primeiro momento do periacuteodo Republicano natildeo haacute a construccedilatildeo de um projeto de
poliacuteticas que coadunassem poliacuteticas ativas e poliacuteticas passivas Observamos nesse
sentido que o complexo de poliacuteticas ativas deixa claro o forte posicionamento ao
desenvolvimento econocircmico e dessa forma compreendemos que as ―principais
medidas de proteccedilatildeo ao trabalhador no Brasil foram no sentido de controlar a forccedila
de trabalho com a inserccedilatildeo de marcos regulatoacuterios corporativos e restritos a
pequenos grupos (OLIVEIRA 2012 p 495) Como salienta essa autora a privaccedilatildeo
de poliacuteticas passivas de atenccedilatildeo ao trabalhador tanto na Primeira Repuacuteblica como
no periacuteodo Vargas dilatou o quadro de pobreza brasileiro e criou um excedente de
matildeo de obra abrindo caminho para a subsistecircncia fora do setor formal
3 O Seguro desemprego eacute um benefiacutecio que oferece auxiacutelio em dinheiro por um periacuteodo determinado
pago ao trabalhador formal e domeacutestico em virtude da dispensa sem justa causa inclusive dispensa indireta trabalhador formal com contrato de trabalho suspenso em virtude de participaccedilatildeo em curso de qualificaccedilatildeo fornecido pelo empregador pescador profissional durante o periacuteodo de defeso e trabalhador resgatado da condiccedilatildeo semelhante agrave de escravo (lthttpsgoogleX5hIw)
36
Para Fernandes (1975) Oliveira (1984) Machado (1999) Furtado (1978) e
Galeano (2010) o desenvolvimento latino-americano foi marcado pela incapacidade
de acompanhar a evoluccedilatildeo do capitalismo e das contradiccedilotildees e relaccedilotildees
antagocircnicas internas entre as capacidades produtivas e a correspondecircncia social
resultando no baixo desempenho econocircmico no mercado internacional dos paiacuteses
―subdesenvolvidos inseridos no sistema neocolonial o que permitiu a histoacuterica
dominaccedilatildeo e espoliaccedilatildeo territorial Para estes autores processo de dominaccedilatildeo foi
construiacutedo historicamente iniciado com o advento da ―Invasatildeo ou Conquista do
continente americano pela Espanha e Portugal As relaccedilotildees de poder produzidas
entre economias centrais e sateacutelites marcaram a crescente dependecircncia econocircmica
das uacuteltimas em relaccedilatildeo agraves primeiras sendo que o capitalismo latino americano se
tornou dependente na medida em que as bases relacionais foram pela via do
―endividamento externo e maior submissatildeo ao capital foracircneo (MACHADO 1999 p
200)
211 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho primeiro momento
Abaixo (QUADRO1) apresentamos algumas das principais poliacuteticas de
emprego desenvolvidas pelo Estado brasileiro anterior ao Regime Militar que se
estabeleceu em 1964
QUADRO 1- POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A
1964
Continua
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1919 Lei sobre acidentes de trabalho nordm 3724 de 15 janeiro de 1919
Responsabiliza empregadores pela indenizaccedilatildeo
Regulamentaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho Criaccedilatildeo do Aviso Preacutevio proibiccedilotildees de salaacuterios atrasados pagamentos de
horas extras natildeo salariais proibiccedilatildeo de trabalho para menores de quatorze anos
e estabilidade de emprego para ferroviaacuterios e portuaacuterios
1925 Decreto4982 de 24 de dezembro de 1925 ndash Lei de feacuterias
Concede 15 dias anuais de feacuterias para empregados
1926 Dec 5083 de 01 de dezembro de 1926 Coacutedigo do menor
Regulamentaccedilatildeo do trabalho de menores dentre outras providecircncias
1930 CriaccedilatildeodoMinisteacuterio do Trabalho Comeacutercio e induacutestria
Interferir sistematicamente no conflito entre capital e trabalho Estabeleceu
jornada de 8 horas e proibiccedilatildeo do trabalho infantil e noturno
1942 ServiccediloNacionaldeAprendizagemIndustrial (SENAI) - Dec Fed 4048 de 22 de janeiro de 1942
Formaccedilatildeo profissional para a insipiente induacutestria de base
37
QUADRO 1 - POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS DE TRABALHO DESENVOLVIDAS NO BRASIL ANTERIOR A
1964
Concluatildeo
FONTE OLIVEIRA (2012) MTE SENAI SENAC CPDOC SENADO FEDERAL
Com um desenvolvimento industrial ainda modesto e insipiente no primeiro
momento da Repuacuteblica do Brasil como analisa Cotrin (1999) a base econocircmica
brasileira estava atrelada ao campo pois segundo esse autor em 1920 697 das
pessoas ativas desenvolviam atividades na agricultura 138 na induacutestria e o setor
de serviccedilos abarcava 165 das pessoas ativas (COTRIN 1999 p 268)
Mesmo com uma sociedade predominantemente agraacuteria as poliacuteticas
puacuteblicas de emprego demonstradas acima atingiam apenas os trabalhadores
urbanos que representavam cerca de 30 dos trabalhadores brasileirosAs
condiccedilotildees de trabalho desse operariado na Primeira Repuacuteblica brasileira eram
excessivamente precaacuterias o que provocavam vaacuterios acidentes de trabalho somem-
se a isso os baixos salaacuterios pagos a natildeo existecircncia de salaacuterio miacutenimo sem direito a
feacuterias ou pagamento de horas extras carga horaacuteria excessiva de trabalho que
atingia como aponta Cotrin (1999) 15 horas diaacuterias de trabalho de segunda a
saacutebado e sem direito a qualquer forma de indenizaccedilatildeo ou aviso preacutevio o
trabalhador poderia ser demitido arbitrariamente (p 275) Como demonstra o autor
[] as instalaccedilotildees das faacutebricas eram geralmente precaacuterias Nos galpotildees de serviccedilo natildeo havia espaccedilo adequado para o trabalho o ambiente era mal iluminado quente e sem ventilaccedilatildeo Tudo isso favorecia a ocorrecircncia de acidentes de trabalho cujas as principais viacutetimas eram as crianccedilas (COTRIN 1999 p 274)
Diante do quadro que se encontrava o trabalhador brasileiro nesse periacuteodo
surgiram vaacuterios protestos reivindicatoacuterios para melhorias nas condiccedilotildees de trabalho
sendo importantes na contribuiccedilatildeo para o aparecimento dos primeiros sindicatos e
entidades ligadas ao operariado
Dessa maneira como aponta Fausto (1995) foi no curso das greves
ocorridas entre os anos de 1917 e 1920 que surgiram as primeiras possibilidades de
aprovaccedilatildeo legislativa de direitos aos trabalhadores Algumas medidas foram
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1946 Serviccedilo nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)
Voltado para o setor de comeacutercio produccedilatildeo de bens e serviccedilo e turismo
1943 Consolidaccedilatildeo das leis trabalhistas (CLT) (lei nordm 5452 de 1ordm maio de
1943)
Art 1ordm - Esta Consolidaccedilatildeo institui as normas que regulam as relaccedilotildees individuais e coletivas de
trabalho nela previstas
38
colocadas em um projeto denominado Coacutedigo de trabalho mas sofreram pesadas
criticas pelo empresariado sendo igualmente vetadas pelos congressistas Apenas
a Lei nordm 37241919 que dispunha sobre as regras resultantes de acidentes de
trabalho como indenizaccedilotildees e responsabilidades do empregador foi aprovada
Ainda assim duas leis importantes foram produzidas na segunda metade dos anos 20 a Lei de feacuterias (1925) e a Lei de Regulamentaccedilatildeo do Trabalho de menores (192627) A primeira visava a obrigar os empresaacuterios a conceder 15 dias de feacuterias a seus empregados sem prejuiacutezo do ordenadomas foi sistematicamente desrespeitada Jaacute o Coacutedigo do Menor estipulava a maioridade a partir dos 18 anos e propunha uma jornada de trabalho de seis horas (CPDOC ndash Centro de Pesquisas e documentaccedilatildeo de Histoacuteria Contemporacircnea do Brasil)
Jaacute na deacutecada de 1930 o Estado Getulista procurou estabelecer regulaccedilatildeo e
regulamentaccedilatildeo para a questatildeo trabalhista Neste periacuteodo foi criado o Ministeacuterio do
Trabalho Comeacutercio e Induacutestria como forma de atenccedilatildeo mais sistemaacutetica ao
trabalhador como aponta Oliveira (2012) A regulaccedilatildeo tinha como objetivo
interferecircncia do estado junto aos sindicatos e organizaccedilotildees trabalhistas sobre
maneira nas de inclinaccedilotildees marxistas apoiadas por partidos de esquerda o que
limitava accedilotildees no campo poliacutetico e conflitos de classes dificultando a organizaccedilatildeo
da classe trabalhadora Dessa forma como observam Fausto (1995) e Oliveira
(2012) a centralizaccedilatildeo estatal mantinha sobre forte domiacutenio a questatildeo do ―princiacutepio
da unidade sindical ou seja do reconhecimento do Estado de um uacutenico sindicato
por categoria profissional (FAUSTO1995 p 335) Segundo Oliveira (2012) o
governo centralizador e interventor de Vargas tinha a intenccedilatildeo de estabelecer a
harmonia entre as classes diluiacutedas pela inquietaccedilatildeo social e promover a adequaccedilatildeo
trabalhocapital o que levaria a acumulaccedilatildeo capitalista Consideremos que em
1920 a produccedilatildeo agriacutecola representava 79 do total produzido no paiacutes e a
induacutestria 21 em 1940 a agricultura era responsaacutevel por 57 da produccedilatildeo e a
induacutestria 43 o que denota um aumento significativo do setor industrial (FAUSTO
1995 p 392)
Na avaliaccedilatildeo de Fausto (1995 p 336) ―a poliacutetica trabalhista do Governo
Vargas constituiu um niacutetido exemplo de uma ampla iniciativa que natildeo derivou das
pressotildees de uma classe social e sim da accedilatildeo do Estado As medidas regulatoacuterias
de Vargas tinham um propoacutesito central aumentar a capacidade de produccedilatildeo
industrial nas aacutereas urbanas e para tanto havia a necessidade de prevenir a
instabilidade social e mediar as relaccedilotildees entre a classe trabalhadora e o patronato
39
Assim para normatizar as relaccedilotildees de trabalho individuais e coletivas bem
como as regulamentaccedilotildees sobre essas relaccedilotildees em 1943 foi instituiacuteda a
Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT) sob o Dec Lei nordm 5452 de 151943
Nesse periacuteodo ficou evidente a forte regulaccedilatildeo das forccedilas de trabalho
subordinadas agraves poliacuteticas macroeconocircmicas de desenvolvimento e acumulaccedilatildeo de
capital A partir das deacutecadas de 197080 as poliacuteticas de emprego comeccedilaram a
ganhar destaque e porte sendo criado o Sistema Puacuteblico de Emprego ainda como
um sistema de pouca prospecccedilatildeo que atingia exclusivamente o mercado formal de
trabalho (MACHADO e NETO 2011)
212 Poliacuteticas Puacuteblicas de Trabalho no Regime Militar
O iniacutecio do regime militar foi marcado por uma seacuterie de mudanccedilas que
incidiram sobre a poliacutetica de emprego no Brasil Essas medidas tornaram-se
coercitivas em funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do governo militar em expandir o complexo
industrial e tecnoloacutegico (OLIVEIRA 2012) No entanto foi somente a partir da
deacutecada de 1970 no regime militar que comeccedilam a serem implementadas poliacuteticas
passivas ainda modestas de atendimento aos trabalhadores natildeo somente
formalizados mas algumas categorias de trabalhadores que se encontravam fora do
mercado de trabalho Uma das Poliacuteticas de Emprego de maior visibilidade foi a
criaccedilatildeo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) (Lei 5107 de
13set1966) orientado hoje pela Lei 8036 de 11maio1990 e tem como objetivo
dar auxiacutelio ao trabalhador dispensado do serviccedilo sem justa causa e garantir uma
renda para a subsistecircncia ateacute conseguir novo emprego Para Oliveira (2012) a
criaccedilatildeo do FGTS substitui a estabilidade de emprego contida na CLT pela
poupanccedila compulsoacuteria Abaixo (QUADRO 2) estatildeo algumas das Poliacuteticas de
Emprego desenvolvidas durante o regime militar que se instalou no Brasil em 1964
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASILDURANTE O REGIME MILITAR
continua
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DEFINICcedilAtildeO
1964 Lei Anti-greve4330 de 161964
Regula o direito de greve na forma do art 158 da Constituiccedilatildeo Federal de 1946
40
QUADRO 2 - POLIacuteTICAS DE EMPREGO DESENVOLVDAS NO BRASIL DURANTE O REGIME MILITAR
conclusatildeo
ANO POLIacuteTICA DEFINICcedilAtildeO
1965 Sobre os dissiacutedios coletivos entre categorias profissionais e econocircmicas (lei 4725 de
13765)
Estabelece normas para o processo dos dissiacutedios coletivos e daacute outras
providecircncias (Poliacutetica de contenccedilatildeo salarial)
1966 Criaccedilatildeo do Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) ndash Dec lei nordm 72 de 21111966
Unifica os Institutos de Aposentadoria e Pensotildees
1966 Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo Lei 5107 de 13091966 ndash revogado o seu original em 1989 e posteriormente em 1990 pela Lei
8036 de 11051990
Dispotildee sobre o Fundo de garantia por Tempo de Serviccedilo
1970 Criaccedilatildeo do Programa de integraccedilatildeo Social (Lei Complementar 07 de 791970)
Art 1ordm [] destinado a promover a integraccedilatildeo do empregado na vida e no
desenvolvimento das empresas
1970 Criaccedilatildeo do Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash LC
nordm 08 de 03121970
Institui o Programa de Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico
1971 Programa de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (PRORURAL) LC n 11 de 25051971
Poliacutetica de assistecircncia ao trabalhador rural
1973 Dec lei 71885 de 931973 Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico
Art 1ordm Satildeo assegurados aos empregados domeacutesticos os benefiacutecios e serviccedilos da Lei
Orgacircnica da Previdecircncia Social
1974 Criaccedilatildeo do Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS )Lei 6036 de
1051974
Atribuiccedilotildees diferentes do Ministeacuterio do Trabalho
11974
Lei Ordinaacuteria 6136 de 7111974 Define o salaacuterio maternidade e outros benefiacutecios a serem pagos aos
trabalhadores (na praacutetica somente aos trabalhadores formalizados)
11974
Lei n 6179 de 11121974 Art 1ordm Institui amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e para invaacutelidos definitivamente incapacitados
para o trabalho que natildeo exerccedilam atividades remuneradas []
11974
Lei n 6195 de 19121974 Extensatildeo aos trabalhadores rurais a concessatildeo de seguro por acidente do
trabalho
11974
Lei nordm 6019 de 03011974 Dispotildee sobre o Trabalho Temporaacuterio nas Empresas Urbanas - atendimento do
empresariado na substituiccedilatildeo de forccedila de trabalho ndash (OLIVEIRA 2012)
11975
Criaccedilatildeo do Sistema Puacuteblico de Emprego Conjunto de poliacuteticas ativas e passivas no mercado de trabalho
11975
Cria o Sistema Nacional de Emprego (SINE) Dec nordm 76403 de 08101975
Linhas de accedilatildeo organizar um sistema de informaccedilotildees e pesquisas sobre
o mercado de trabalho informar agraves empresas sobre a forccedila de trabalho
disponiacutevel (OLIVEIRA 2012)
FONTE OLIVEIRA (2012)wwwplanaltogovbr Instituo de Desenvolvimento do Trabalho
(IDT)CHAHAD (2006)
A centralidade econocircmica administrativa e poliacutetica que se iniciou no Brasil
apoacutes a implantaccedilatildeo do regime militar em 1964 culminou com a forte presenccedila do
41
Estado na sociedade e na economia e numa seacuterie de propostas de desenvolvimento
econocircmico colocadas nos Plano Nacional de Desenvolvimento l (1971 ndash 1974) e no
Plano Nacional de Desenvolvimento ll (1975 ndash 1979) (PND)
Neste momento da histoacuteria o Estado brasileiro inicia um processo de
enrijecimento atraveacutes da militarizaccedilatildeo poliacutetica administrativa e econocircmica do paiacutes
que avanccedilou para os setores da sociedade atingindo a classe trabalhadora Dentro
desse contexto foi decretado o impedimento agrave greve atraveacutes da Lei 433064 (Lei
Anti-greve) No ano seguinte foram instituiacutedas normas para o processo dos dissiacutedios
coletivos pela Lei nordm 472565 Tais medidas alertavam para o teor coercitivo do
governo militar e da sua proposta de crescimento econocircmico que penalizava a
classe trabalhadora do paiacutes
Na mesma medida em que manifestava sua posiccedilatildeo coercitiva e de controle
sobre as relaccedilotildees de trabalho o governo militar dava iniacutecio a propostas dos
trabalhadores como forma de compensaccedilatildeo pela falta de liberdade Em 1966 foi
criado o Instituto Nacional de Previdecircncia Social (INPS) o qual unificou os Institutos
de Aposentadorias e Pensotildees sob o Dec Lei nordm 7266 amparado pelo Ato
Institucional nordm 2 de 27111965 Em 1970 foram criados o Programa de Integraccedilatildeo
Social (PIS) sob a Lei nordm 071970 com o propoacutesito de ―[] promover a integraccedilatildeo do
empregado na vida e no desenvolvimento das empresas (art 1ordm) e o Programa de
Formaccedilatildeo do Patrimocircnio do Servidor Puacuteblico (PASEP) ndash sob a Lei Complementar nordm
0870 Em 1971 a poliacutetica de trabalho passa a ser voltada ao meio rural por meio da
constituiccedilatildeo do Programa de Assistecircncia ao trabalhador Rural (PRORURAL) sob a
Lei Complementar 2571 Esta poliacutetica tinha o objetivo de dar assistecircncia ao
trabalhador rural que ateacute entatildeo natildeo possuiacutea benefiacutecios na legislaccedilatildeo trabalhista
Segundo Oliveira (2012)
Essa foi a primeira legislaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de um sistema previdenciaacuterio que beneficiasse os trabalhadores rurais benefiacutecio ampliados agraves empregadas domeacutesticas e em 1973 aos trabalhadores autocircnomos Essa inclusatildeo tardia dos trabalhadores rurais domeacutesticos e autocircnomos evidencia a poliacutetica trabalhista corporativa e excludente do Brasil e denota a ausecircncia de um sistema de garantias sociais para o conjunto da classe trabalhadora e dos trabalhadores fora do mercado de trabalho (OLIVEIRA 2012 p 497)
Em 1973 os empregados domeacutesticos passam a gozar dos benefiacutecios
instituiacutedos pela Lei orgacircnica da Previdecircncia Social amparados pelo Dec Lei
7188573 Em 1974 com o objetivo de ampliar a atenccedilatildeo ao trabalhador eacute criado o
42
Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) sob a Lei 603674 Outros
dispositivos de atenccedilatildeo ao trabalhador foram criados como o Salaacuterio Maternidade
(Lei 613674) e o ―amparo previdenciaacuterio para maiores de setenta anos de idade e
para invaacutelidos definitivamente incapacitados para o trabalho que natildeo exerccedilam
atividades remuneradas [] (Lei 617964 art 1ordm) No ano de 1975 ―sob a eacutegide da
Convenccedilatildeo nordm 88 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que orienta cada
paiacutes-membro a manter um serviccedilo puacuteblico e gratuito de emprego para a melhor
organizaccedilatildeo do mercado de trabalho (MTPS site) foi elaborado o Sistema Nacional
de Emprego (SINE)
Ao observarmos o quadro acima percebemos que as poliacuteticas de emprego
estabelecidas no regime militar eram Poliacuteticas Ativas e voltadas aos trabalhadores
formalizados excluindo dessas poliacuteticas quase em sua totalidade as categorias natildeo
formalizadas de trabalhadores brasileiros
Somente a partir da deacutecada de 1980 final do regime militar comeccedilam a
surgir mudanccedilas significativas sobre poliacuteticas puacuteblicas passivas de emprego no
Brasil Nas palavras de Oliveira (2012)
O esgotamento do regime militar e a crise econocircmica que se instaurou no paiacutes revelaram a precariedade das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira e reacendeu o debate por melhores serviccedilos de infraestrutura e de inclusatildeo nos programas sociais possibilitando a emergecircncia de movimentos sociais urbanos que clamavam por direitos sociais e pela redemocratizaccedilatildeo no paiacutes (OLIVEIRA 2012 p 498)
213 Poliacuteticas Puacuteblicas de trabalho no periacuteodo de redemocratizaccedilatildeo do Brasil
A partir da segunda metade da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990
as poliacuteticas marcadas pelo restabelecimento do governo democraacutetico brasileiro se
expandiram e foram criados vaacuterios programas destinados natildeo somente a dar
atenccedilatildeo ao trabalho formal mas tambeacutem ao setor informal da economia Com o
crescimento e demanda desse setor ficou evidente a necessidade de criaccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas direcionadas na possibilidade de equacionar distorccedilotildees entre os
setores formais e informais Para Machado e Neto (2011) os governos subnacionais
(estados e municiacutepios) foram importantes na medida de abertura do microcreacutedito
natildeo somente para o setor formal mas tambeacutem para os trabalhadores autocircnomos e
empreendimentos menores que absorviam boa parte dos trabalhadores ocupados
43
Observamos que os direitos dos trabalhadores se ampliam com a
promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (Constituiccedilatildeo Cidadatilde) estabelecidos
em seu art 7ordm com previsatildeo a ―melhoria de sua condiccedilatildeo social (BRASIL 1988
art 7ordm) No entanto como observa Oliveira (2012) natildeo havia ainda uma
preocupaccedilatildeo em formular poliacuteticas passivas de atendimento natildeo somente aos
trabalhadores formais mas tambeacutem aos desempregados subempregados e aos natildeo
formalizados que representavam parcela significativa no mercado de trabalho
brasileiro Dessa forma segue Oliveira (2012)
[] o paiacutes sempre conjugou poliacuteticas macroeconocircmicas com poliacuteticas assistencialistas limitando-se a introduzir marcos regulatoacuterios para algumas categorias profissionais sem contudo se debruccedilar na construccedilatildeo de uma poliacutetica de emprego passiva ou ativa que contemplasse a subsistecircncia ou a (re) inserccedilatildeo dos trabalhadores expulsos do mercado de trabalho (p 499)
Destacamos (QUADRO 3) as principais poliacuteticas criadas para garantir
direitos sociais de atenccedilatildeo aos trabalhadores sob a promoccedilatildeo de poliacuteticas passivas
para mercado de trabalho
QUADRO 3 - PRINCIPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
continua ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
1986 Lei nordm 2283 de 27021986 ndash cria o Seguro Desemprego
Dispotildee sobre a instituiccedilatildeo [] do Seguro desemprego e daacute outras providecircncias
1988 Art XIII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 Diminuiccedilatildeo da duraccedilatildeo das horas trabalhadas que passa de 48 horas para
44 horas semanais
1990 Lei nordm 7998 de 11011990 Regula o Programa do Seguro-Desemprego o Abono Salarial institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)
financiado com recursos advindos do PIS e do PASEP
1994 Resoluccedilatildeo CODEFAT nordm 59 de 250394 ndash autoriza alocar recursos do FAT para o Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e
Renda (PROGER)
Eacute uma poliacutetica puacuteblica de emprego que se faz mediante concessatildeo de creacutedito
financeiro Tem por objetivo proporcionar linhas especiais de creacutedito em atividades
produtivas [] (MTPS)
1996
Resoluccedilatildeo 126 de 23101996 (CODEFAT) Criacatildeo do Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo
do trabalhador (PLANFOR)
Aprova criteacuterios para a utilizaccedilatildeo de recursos do Fundo de Amparo ao
Trabalhador - FAT pela Secretaria de Formaccedilatildeo e Desenvolvimento Profissional - SEFOR com vistas agrave execuccedilatildeo de accedilotildees
de qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo profissional no acircmbito do Programa do Seguro-
Desemprego no periacuteodo e 19971999
44
QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
Continuaccedilatildeo
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
1996
Decreto 1946 de 28061996 - Cria o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar ndash PRONAF
Apoio financeiro a atividades agropecuaacuterias ou natildeo-agropecuaacuterias para implantaccedilatildeo
ampliaccedilatildeo ou modernizaccedilatildeo da estrutura de produccedilatildeo beneficiamento industrializaccedilatildeo e de serviccedilos no estabelecimento rural ou em aacutereas comunitaacuterias rurais proacuteximas de
acordo com projetos especiacuteficos
1996
RESOLUCcedilAtildeO CODEFAT Nordm 103 de 631996 ndash Cria o Programa de Expansatildeo do Emprego e Melhoria da Qualidade de Vida do Trabalhador ndash PROEMPREGO
Art 1ordm [] objetivo de criar novos empregos incrementar a renda do
trabalhador proporcionar a melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo em
especial das camadas de mais baixa renda e propiciar a diminuiccedilatildeo dos custos de
produccedilatildeo no contexto internacional preservando e expandindo as
oportunidades de trabalho e assegurando o equiliacutebrio do meio ambiente
1998 Resoluccedilatildeo CODEFAT 194 de 23091998 - Estabelece criteacuterios para transferecircncia de
recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador ndash FAT ao Plano Nacional de Qualificaccedilatildeo do Trabalhador ndash PLANFOR
Art 2ordm O PLANFOR tem o objetivo de construir gradativamente oferta de
educaccedilatildeo profissional (EP) permanente com foco na demanda do mercado de
trabalho de modo a qualificar ou requalificar a cada ano articulado agrave
capacidade e competecircncia existente nessa aacuterea pelo menos 20 da PEA - Populaccedilatildeo Economicamente Ativa maior de 14 anos
de idade
11999
Criaccedilatildeo do Fundo de Aval para a Geraccedilatildeo de Emprego e Renda (FUNPROGER)
Tem a finalidade de garantir parte do risco dos financiamentos concedidos pelas instituiccedilotildees financeiras oficiais federais diretamente ou por intermeacutedio de outras instituiccedilotildees financeiras no acircmbito do Programa de Geraccedilatildeo de Emprego e Renda - PROGER Setor Urbano
22001
Medida Provisoacuteria nordm 2164-41 de 24082001Subvenciona o trabalhador atraveacutes de Bolsa Qualificaccedilatildeo profissional
Altera a Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho - CLT para dispor sobre o trabalho a tempo parcial a suspensatildeo do contrato de trabalho e o programa de qualificaccedilatildeo profissional
22001
Lei nordm 10208 de 23032001 -Acrescenta os artigos 3ordmA 6ordmA 6ordmB 6ordmC e 6ordmD agrave Lei n
o 5859 de 11 de dezembro de 1972
Dispotildee sobre a profissatildeo de empregado domeacutestico para facultar o Acesso em ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviccedilo - FGTS e ao seguro-desemprego (texto da poliacutetica)
22003
Lei 10779 de 25112003 Dispotildee sobre a concessatildeo do benefiacutecio de seguro desemprego durante o periacuteodo de defeso ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal (texto da poliacutetica)
22005
Decreto 5598 de 1122005 ndash Estabelece as normas para o Programa de Aprendizagem Profissional
Regulamenta a contrataccedilatildeo de aprendizes
45
QUADRO 3 ndash PRINCPAIS POLIacuteTICAS DE EMPREGO APOacuteS A RESTITUICcedilAtildeO DO REGIME DEMOCRAacuteTICO NO BRASIL (1986-2016)
Conclusatildeo
ANO POLIacuteTICA PUacuteBLICA DESCRICcedilAtildeO
22008
Lei Complementar 128 de 191208 ndash Criaccedilatildeo do Microempreendedor Individual (MEI)
ART 18E - O instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo social e previdenciaacuteria
FONTE SENADO FEDERAL OLIVEIRA (2012) MTE BATISTA (2009)
As poliacuteticas de trabalho no Brasil quase que exclusivamente atingiam os
trabalhadores formalizados deixando fora de poliacuteticas especiacuteficas categorias natildeo
definidas dentro do setor formal isolando-os de direitos trabalhistas e
previdenciaacuterios Com a evoluccedilatildeo da economia de mercado informalizado e
considerando que boa parte dos trabalhadores sobrevivia do trabalho informal o
que nesse sentido como analisa Pastore (2006) gerava distorccedilotildees no setor
previdenciaacuterio o governo brasileiro instituiu a LC 1282008 com objetivos de 1)
criar a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual 2) promover a formalizaccedilatildeo
de trabalhadores que manteacutem atividades fora das relaccedilotildees de mercado formais 3)
promover a inclusatildeo social desses trabalhadores
214 Poliacutetica Puacuteblica de Trabalho MEI
Em 2008 foi regulamentada no Brasil a Lei Complementar (LC) nordm 12808 a
qual estabeleceu a pessoa juriacutedica do Microempreendedor Individual (MEI) em
complemento a LC 123 de 14 de dez de 20064 Esta poliacutetica puacuteblica representa uma
tentativa de resposta pelo poder puacuteblico ao crescente nuacutemero de trabalhadores
informais exercendo as mais diversas atividades econocircmicas e em muitos casos
em situaccedilatildeo de vulnerabilidade por exerciacutecios de trabalho precaacuterio irregular ou ilegal
em desconformidade com a legislaccedilatildeo trabalhista natildeo oportunizando dessa forma
os direitos previdenciaacuterios conquistados pelos trabalhadores formalizados Como
referecircncia ao MEI a legislaccedilatildeo traz a seguinte redaccedilatildeo
4A LC 12306 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser
dispensado agraves microempresas e empresas de pequeno porte no acircmbito dos poderes da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal [] (art 1ordm) e segundo Guimaratildees (2011) a Lei Geral de 2006 estaacute relacionada agrave geraccedilatildeo de desenvolvimento econocircmico
46
Para os efeitos desta Lei Complementar considera-se MEI o empregador individual a que se refere o art 966 da lei 10406 de 10 de janeiro de 2002 (Coacutedigo Civil) que tenha auferido receita bruta no calendaacuterio anterior de ateacute R$ 6000000 (sessenta mil reais) optante pelo Simples Nacional e que natildeo esteja impedido de optar pela sistemaacutetica prevista neste artigo (LC 12808 art 18ordf sect 1ordm)
Segundo a redaccedilatildeo da referida LC ―o instituto do MEI eacute uma poliacutetica puacuteblica
que tem por objetivo a formalizaccedilatildeo de pequenos empreendimentos e a inclusatildeo
social5 e previdenciaacuteria (BRASIL 2008 art 18-E) natildeo sendo objeto apenas de
caraacuteter econocircmico ou fiscal (idem sect 1ordm) Portanto como analisa Souza (2010 p15) o
―MEI tem como objetivo alcanccedilar aqueles empreendedores menores os chamados
autocircnomos ou ambulantes como cabeleireiros sapateiros costureiras pipoqueiros
entre outros e segundo Federaccedilatildeo Nacional das Empresas de Serviccedilos Contaacutebeis
e das Empresas de Assessoramento Periacutecias Informaccedilotildees e Pesquisas
(FENACON) tal poliacutetica puacuteblica consiste num dos ―maiores projetos de inclusatildeo
social colocados em praacutetica no paiacutes e assim decorre de uma accedilatildeopoliacutetica do
Estado perceptiacutevel frente a um problema soacutecioestrutural e que essa accedilatildeo estaraacute
diretamente ligada a fatores conjunturais e influenciaraacute a vida das pessoas
Com o advento da pessoa juriacutedica do MEI aleacutem da facilidade no processo
burocraacutetico de formalizaccedilatildeo das suas atividades pode-se verificar o baixo custo
tributaacuterio tanto para a previdecircncia quanto para os estados e municiacutepios muito
embora os encargos tributaacuterios se diferenciem dependendo da atividade
desenvolvida pelo empreendedor individual
Portanto com os objetivos expressos de inclusatildeo social previsto na
referente LC devemos destacar dois fatores muito importantes a) o aumento da
contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria b) o aumento na receita dos municiacutepios (ainda que
pequeno) Quanto agrave contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria o Microempreendedor Individual
estaraacute isento do Imposto de Renda sobre Pessoa Juriacutedica (IRPJ) do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) da Contribuiccedilatildeo Social sobre Lucro liacutequido (CSLL)
da Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) do
Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) e da Contribuiccedilatildeo Patronal Previdenciaacuteria no
entanto recolheraacute em forma de tributaccedilatildeo um valor fixo mensal no valor de R$
51656 disposto no art 18A sect 3ordm inciso V da referida LC desse modo isentando-o
5 Grifo nosso ndash texto incluiacutedo pela LC 1472014
6Valor expresso ateacute a data referente a esta pesquisa ndash ano base 2016
47
do regime de tributaccedilatildeo - o Simples Nacional O recolhimento de tributaccedilatildeo seraacute da
seguinte forma (LC 12808 art 18ordf inciso V aliacuteneas a b c)
a) R$ 4565 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) a tiacutetulo
da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria
b) R$ 100 (um real) a tiacutetulo ICMS
c) R$ 500 (cinco reais) a tiacutetulo de ISS
A referida LC em seu art 18E sect3ordm enquadra o MEI na modalidade de
microempresa no entanto com especificidade conceitual diferenciada do que refere
o art 3ordm item l da LC 12306 ―no caso da microempresa aufira em cada ano-
calendaacuterio receita bruta igual ou inferior a R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil
reais) Sem embargo a redaccedilatildeo no mesmo artigo em seu sect2ordm estende ao MEI
todos os benefiacutecios dispensados agrave pequena empresa sempre que favoraacutevel
Eacute compreensiacutevel o enquadramento do MEI na modalidade de microempresa
posto que a LC 12306 foi o marco de abertura para o processo de formalizaccedilatildeo
desburocratizaccedilatildeo e regulamentaccedilatildeo das micro e pequenas empresas que se
encontravam na informalidade dos seus negoacutecios comerciais possibilitando nesse
sentido a valorizaccedilatildeo e a inclusatildeo de uma quantidade significativa de empresas no
curso da regularizaccedilatildeo previdenciaacuteria social e econocircmica Os dispositivos
colocados tanto na facilidade para a abertura da empresa baixa tributaccedilatildeo e
tratamentos diferenciados nas licitaccedilotildees puacuteblicas como procedimentos de estiacutemulos
e apoio para a inovaccedilatildeo contrataccedilatildeo capacitaccedilatildeo e ao associativismo inclina-se na
construccedilatildeo no nosso entendimento de uma base complementar entre Poliacutetica
Publica Ativa e Poliacutetica Puacuteblica Passiva a) quanto agrave natureza estrutural b) quanto agrave
abrangecircncia fragmentada e c) quanto aos impactos redistributiva (TEIXEIRA
2002)
As micro e pequenas empresas e o microempreendedor individual
amparados pelas LC 12306 e LC 12808 respectivamente formam um segmento
do mercado aberto que nas anaacutelises de Sacks (2003) eacute excepcionalmente
importante para o desenvolvimento socioeconocircmico do paiacutes pois aleacutem de
representar uma economia que chega a 27 do PIB brasileiro corresponde ao
emprego de mais de 90 dos trabalhadores operantes no paiacutes portanto uma fonte
inestimaacutevel de geraccedilatildeo de renda
No entanto como observa o autor o isolamento dessas MPE assim como
os MEI (atividades produtivas de pequeno porte) frente a um mercado aberto natildeo
48
poderaacute corresponder agraves expectativas de expansatildeo em decorrecircncia da concorrecircncia
com empresas maiores e mais estruturadas atuantes no livre mercado Como
assinala Sachs (2003)
Esses pequenos empreendedores e produtores se submetidos apenas aos processos de mercado natildeo tecircm condiccedilotildees de competir com empresas estruturadas de maior porte ndash a natildeo ser concorrendo agrave ―competitividade espuacuteria que se traduz em salaacuterios baixos jornadas longas de trabalho sonegaccedilatildeo de impostos e natildeo recolhimento de encargos sociais (SACHS 2003 p 21)
Para esse autor o desafio em alterar esse quadro estaria em promover a
qualificaccedilatildeo acesso em agrave tecnologia ao creacutedito e ao mercado considerando
igualmente a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas menos setorizadas mas que
concebessem a integraccedilatildeo dos setores da economia propiciando a aproximaccedilatildeo das
empresas agrave competitividade Ou seja ―uma accedilatildeo afirmativa em favor dos mais
fracos sem poder e sem voz (SACHS 2003 p 21)
As microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) satildeo
estruturalmente diferenciadas dos microempreendedores Individuais tanto nas
dimensotildees fiacutesicas quanto na capacidade de abrangecircncia e inserccedilatildeo no mercado
sendo igualmente objeto diferenciado constante nas regulamentaccedilotildees descritas nas
LC 12306 e LC 12808 respectivamente quanto ao enquadramento sobre a receita
agraves obrigaccedilotildees tributaacuterias e fiscais O art 3ordm incisos I e II da LC 12306 nos diz como
jaacute mencionado acima que a microempresa eacute aquela que possui receita bruta anual
de ateacute R$ 36000000 (trezentos e sessenta mil reais) a receita bruta da empresa de
pequeno porte por sua vez natildeo pode ser inferior a R$ 36000000 e superior a R$
360000000 (trecircs milhotildees e seiscentos mil reais) por outro lado o MEI possui uma
exigecircncia de receitaano muito menor que as demais estabelecida com um teto de
R$ 6000000 conforme expressa o art 18ordf sect 1ordm
Consideremos que as obrigaccedilotildees tributaacuterias diferenciadas para as
microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional7
descrevem as necessidades de se conceber mecanismos de atendimento a esse
segmento empresarial de importacircncia comprovada para a economia do paiacutes e da
sua fragilidade de continecircncia no livre mercado Por outro lado temos o MEI
7Simples Nacional eacute um regime de tributaccedilatildeo diferenciado aplicados agraves Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte que consiste no recolhimento dos tributos previstos em lei em um documento uacutenico de arrecadaccedilatildeo (DAS) e da contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria
49
marcado pela inseguranccedila muitas vezes da sua condiccedilatildeo de ―empreendedor
forccedilado em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no universo do trabalho denotando a
fragilidade socioeconocircmica que o permeia No entanto
No Brasil existem algumas entidades que atuam como propulsoras das potencialidades de micro e pequenas empresas estimulando a cultura do empreendedorismo Uma das principais eacute o SEBRAE (Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas) que atua dando suporte no processo de abertura e registro de empresas com orientaccedilatildeo cursos e palestras para minimizar o grau de mortalidade desses pequenos empreendimentos (SILVEIRA TEIXEIRA 2011 p 227)
A finalidade do SEBRAE nesse sentido eacute apoiar o desenvolvimento das
micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo atraveacutes de programas
de capacitaccedilatildeo consultoria e financcedilas no atendimento de empresaacuterios e potenciais
empreendedores
A poliacutetica maior do MEI atribui determinada responsabilidade aos governos
locais de deferirem poliacuteticas alinhadas agrave implantaccedilatildeo agravequela de atenccedilatildeo agrave categoria
uma vez que o desenvolvimento desse segmento pode subtender aleacutem da
inclusatildeo descrita no art 18E da LC 12808 um avanccedilo nas questotildees
socioeconocircmicas locais Mesmo com direcionamento o impacto pode ser absorvido
por outros segmentos sob a forma de fortalecimento do mercado interno local que
por sua vez concorre para o aumento e extensatildeo da geraccedilatildeo de emprego renda e
com isso o aumento da receita municipal
Sob a oacutetica do desenvolvimento local a partir da interpretaccedilatildeo do
pensamento de autores como Albuquerque e Zapata (2008) Sachs (2003)
Albuquerque (1997) dentre outros dialogando com a Lei Geral e suas alteraccedilotildees
(LC 12808 e LC 147 de 07 de ago de 2014) analisaremos algumas accedilotildees e
estrateacutegias de atendimento ao MEI desenvolvidas nos municiacutepios integrantes da
MRGP
50
3 POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O MEI NA MICRORREGIAtildeO DE PARANAGUAacute
A Microrregiatildeo8 Geograacutefica de Paranaguaacute (MRGP) (MAPA 1) situada no
litoral paranaense eacute composta pelos municiacutepios de Antonina Guaraqueccedilaba
Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute (IPARDES 2012) e
apresenta enorme complexidade em sua estrutura social econocircmica e natural
marcada ainda por seacuterios problemas de gestatildeo de desenvolvimento e de
conservaccedilatildeo (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT et al2002)
Para Horochowski et al (2007) a MRGP apresenta
[] uma espacialidade conturbada com mais de 60 quilocircmetros de extensatildeo que liga os municiacutepios de Guaratuba Matinhos Pontal e tambeacutem Paranaguaacute Esses trecircs uacuteltimos possuem graus de urbanizaccedilatildeo superiores a 96 e satildeo marcadamente ordenados por grupos imobiliaacuterios promotores de praacuteticas especulativas e pela ocupaccedilatildeo de aacutereas ambientalmente vulneraacuteveis(HOROCHOWSKI etal (2007)
MAPA 1 -MICRORREGIAtildeO GEOGRAacuteFICA DE PARANAGUAacute
FONTE Adaptado do CORPO DE BOMBEIROSPR Disponiacutevel em(lthttpsgooglBhsDTx)
Segundo IPARDES a aacuterea territorial da MRGP corresponde a 6333233
Km2 abrigando uma populaccedilatildeo de 286602 habitantes com densidade demograacutefica
8 As microrregiotildees satildeo definidas pelo IBGE (1990) como partes da mesorregiatildeo e possuem
especificidades proacuteprias sem apresentarem uniformidade ou auto-suficiecircncia contudo articulam-se com espaccedilos maiores (mesorregiotildees ou Unidades da Federaccedilatildeo) Essas especificidades dizem respeito agraves estruturas de produccedilatildeo que podem apresentar quadros naturais sociais ou econocircmicos particulares localizados e regionalizados
51
de 4525 habKm2 e alto grau de urbanizaccedilatildeo de 9048 (TABELA 2) A ―forte
polarizaccedilatildeo urbana e industrial com o complexo portuaacuterio de Paranaguaacute e das aacutereas
urbano-turiacutesticas na orla sul (ANDRIGUETTO FILHO MARCHIORO in RAYNAUT
et al2002 p 160) constitui um traccedilo caracteriacutestico do litoral paranaense e possui
dinacircmicas diferenciadas no processo econocircmico
No litoral paranaense conforme assinalam esses autores o meio natural
estaacute relativamente menos impactado que no restante do Estado principalmente nas
aacutereas rurais de Guaratuba e Guaraqueccedilaba que natildeo concorreram aos modelos de
desenvolvimento econocircmico adotados pelos municiacutepios do Estado que mantinham
bases predominantemente agriacutecolas e agroindustriais (idem p 161)
TABELA 2 - POPULACcedilAtildeO ABSOLUTA POPULACcedilAtildeO URBANA E POPULACcedilAtildeO RURAL DA MRGP (2000-2010)
MUNICIacutePIO POPULACcedilAtildeO
2000 2010
Antonina 19174 18891 Guaraqueccedilaba 8288 7871 Guaratuba 27257 32095 Matinhos 24184 29428 Morretes 15275 15718 Paranaguaacute 127339 140469 Pontal do Paranaacute 14323 20920
FONTE IBGE ATLAS BRASIL
A MRGP eacute componente da Mesorregiatildeo9 de Curitiba e estaacute ligada agrave capital
paranaense atraveacutes da BR 277 Outras estradas alternativas que ligam a regiatildeo ao
Primeiro Planalto Paranaense podem ser observadas pela BR 376 (Guaratuba ndash
GaruvaSC) e pela estrada da Graciosa
A precaacuteria gestatildeo de desenvolvimento local10 e a falta de iniciativas que
atendessem as capacidades especificidades e realidades vividas localmente
concorreram para que o litoral paranaense se tornasse uma das regiotildees menos
9Entende-se por Mesorregiatildeo uma aacuterea individualizada em uma Unidade da Federaccedilatildeo que
apresenta formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo geograacutefico definida pelas seguintes dimensotildees o processo social como determinante o quadro natural como condicionante e a rede de comunicaccedilatildeo e lugares como elemento de articulaccedilatildeo espacial Estas trecircs dimensotildees possibilitam que o espaccedilo delimitado como Mesorregiatildeo tenha uma identidade regional Esta identidade eacute uma realidade construiacuteda ao longo do tempo pela sociedade que aiacute se formou (IBGE 1990 p 8)
10
Atraveacutes do Sistema de Monitoramento da Implementaccedilatildeo da Lei Geral nos Municiacutepios Brasileiros disponibilizado pelo SEBRAE observamos que natildeo haacute poliacuteticas de desenvolvimento local nos municiacutepios integrantes da MRGP Disponiacutevel em (lthttpsgoogltb4OXE)
52
desenvolvidas do Paranaacute com altos iacutendices de pobreza baixo padratildeo de vida e
destacadas disparidades sociais como analisaram Raynaut et al (2002) e Turra e
Baccedilo (2014) Para esses uacuteltimos autores apoacutes realizarem estudos sobre Niacutevel de
Desenvolvimento Regional (NDR) no Paranaacute concluiacuteram que a MRGP possui um
niacutevel muito baixo (MB) de desenvolvimento o que estaacute relacionado agrave baixa
concentraccedilatildeo tecnoloacutegica e o niacutevel de ocupaccedilatildeo das pessoas
Abaixo (TABELA 3) demonstra uma evoluccedilatildeo no Iacutendice de Desenvolvimento
Humano (IDH) na MRGP
TABELA 3 - DEMONSTRATIVO DO IDH E DO IacuteNDICE DE POBREZA DOSMUNICIacutePIOS DA MRGP
MUNICIacutePIO IDH POBREZA
2000 2010 2000 2010
Antonina 0582 0687 3339 1727
Guaraqueccedilaba 0430 0587 5387 3605 Guaratuba 0613 0717 1958 915 Matinhos 0635 0743 1671 616 Morretes 0573 0686 2364 1087 Paranaguaacute 0645 0750 1593 810 Pontal do Paranaacute 0622 0738 1741 598
FONTE IBGE ATLAS BRASIL
Alguns elementos como a longevidade a renda e a educaccedilatildeo contribuiacuteram
para o aumento do IDH Jaacute a queda no iacutendice de pobreza na MRGP pode ser
descrita igualmente pelo aumento da renda da populaccedilatildeo e de uma maneira mais
incisiva pela involuccedilatildeo da desigualdade nesses municiacutepios
No entanto o iacutendice da pobreza no caso de Antonina a exemplo segundo
IBGE (2010) chegou a 5022 e o iacutendice da pobreza subjetiva neste municiacutepio
ficou em 3018 Notemos que a permanecircncia da pobreza muitas vezes produz
um deslocamento e enfraquecimento das capacidades e potencialidades reais das
pessoas
31 A FRAacuteGIL ECONOMIA NA MRGP
A MRGP apresenta uma diversidade no setor econocircmico com atividades
agropastoris comercio induacutestria (setor industrial de Paranaguaacute) e o setor de
produccedilatildeo de bens e serviccedilos com ecircnfase no turismo sobretudo na orla sul da
regiatildeo que abrange os municiacutepios de Pontal do Paranaacute Matinhos e Guaratuba
53
ainda sujeitos agrave sazonalidade em decorrecircncia da temporada de praias (veratildeo) e o
inverno
Os setores produtivos da MRGP se apresentam de forma heterogenia com
ecircnfase na proporccedilatildeo do setor de comeacutercioserviccedilos que apresenta forte impacto
sobre a contrataccedilatildeo de pessoal formalizado (RAIS)
TABELA 4ndash DADOS DO MERCADO DE TRABALHO NA MRGP (2000-2016)
FONTE IPARDES IBGE FUNPARUFPR
Observamos (TABELA 4) que a taxa de desemprego na MRGP em 2010
ficou em 7511 Frisamos que pela escassez de dados referentes ao setor informal
na MRGP natildeo foi possiacutevel estabelecer a descriccedilatildeo quantitativa das atividades
econocircmicas Poreacutem nas atividades exploratoacuterias de anaacutelise observamos enorme
diversidade das atividades informais no litoral serviccedilos domeacutesticos jardinagem
cabeleireiro manicure trabalhadores contratados para a limpeza de pescados
artesatildeos salgadeira doceira construccedilatildeo civil carpinteiros ambulantes catadores
de materiais reciclaacuteveis trabalhadores de Micro e Pequenas empresas
desprotegidos pela natildeo formalizaccedilatildeo trabalhadores rurais trabalhadores em
oficinas de mecacircnica de automoacuteveis motocicletas e bicicletas dentre outros
trabalhadores
A economia informal ou economia submersa (CATANI 1985) segundo
alguns autores como Sachs (2003) Antunes (2011) Matsuo (2008) se apresenta de
11
O desemprego foi calculado sobre a PEA (populaccedilatildeo economicamente ativa) em relaccedilatildeo agrave PO
(populaccedilatildeo ocupada) incluindo os setores formal e informal A PEA pode ser definida como o []
potencial de matildeo-de-obra com que pode contar o setor produtivo isto eacute a populaccedilatildeo ocupada e
a populaccedilatildeo desocupada (IBGE) A PO compreende aquelas pessoas que num determinado periacuteodo
de referecircncia trabalharam ou tinham trabalho mas natildeo trabalharam (por exemplo pessoas em feacuterias) As pessoas ocupadas sao classificadas em a) empregados b) conta proacutepria c) empregadores d) natildeo remunerados (idem)
TRABALHO REGIAtildeOANO
2000 2010
Populaccedilatildeo em Idade Ativa (PIA) (pessoas) 175483 223295 Populaccedilatildeo Ocupada total (PO) (pessoas) 85863 115811 Pessoal ocupado assalariado (pessoas) nd 51576 Populaccedilatildeo Economicamente Ativa (PEA) 100628 125263 Taxa de Atividade de 10 anos ou mais () 547 5625 T de Ocupaccedilatildeo de 10 anos ou mais () nd 9245
54
maneira complexa pelo volume frente a uma nova conjuntura e modificaccedilotildees no
mundo do trabalho um meio diferenciado encontrado pelas pessoas como
enfrentamento ao crescente processo de erradicaccedilatildeo do emprego formalizado Tais
formas de ―sobrevivecircncia laboral encontram suporte legal no art 170 paraacuteg uacutenico
da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 onde ―eacute assegurado a todos o livre exerciacutecio de
qualquer atividade econocircmica independentemente de autorizaccedilatildeo de oacutergatildeos
puacuteblicos salvo nos casos previstos em lei (BRASIL 1988)
Quanto ao emprego formal na MRGP verificamos (TABELA 5) um aumento
de 36 no quantitativo dos empregos ativos
TABELA 5 - NUacuteMERO DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP (2013-2014)
MUNICIacutePIO EMPREGOS
ATIVOS
2013 2014
Antonina 3169 3193 Guaraqueccedilaba 810 796 Guaratuba 5874 6509 Matinhos 7341 7838 Morretes 2252 2347 Paranaguaacute 38133 38275 Pontal do Paranaacute 3691 4543
Total 61270 63501
FONTE MINISTEacuteRIO DO TRABALHO E EMPREGOCAGED
Na tabela acima (TABELA 5) constatamos que o municiacutepio de
Guaraqueccedilaba apresentou variaccedilatildeo percentual negativa de -173 entre os anos de
2013 e 2014 e destacamos Guaratuba com o aumento na variaccedilatildeo relativa de
1081 seguida por Matinhos 677 e Morretes com uma variaccedilatildeo percentual de
422 na geraccedilatildeo de empregos
A compreensatildeo da evoluccedilatildeo na geraccedilatildeo de empregos nos remete ao
entendimento do comportamento da economia e das relaccedilotildees entre mercado capital
e trabalho Neste conjunto de elementos estatildeo alinhados o processo produtivo as
atividades produtivas e as forccedilas de produccedilatildeodistribuiccedilatildeo e consumo
Segundo Salzbac Denardin e Felisbino (2012) a demanda do fluxo de
seguimentos produtivos eacute uma caracteriacutestica de cidades poacutelos pela oferta de
emprego no setor de comeacutercio e serviccedilos Dessa forma ao analisar o cenaacuterio
econocircmico do litoral paranaense esses autores concluiacuteram que
55
Os municiacutepios litoracircneos do Paranaacute os quais natildeo fazem parte de uma regiatildeo metropolitana natildeo apresentam empregos em volume significativos nem no setor industrial nem no setor de serviccedilos o que implica na baixa capacidade de geraccedilatildeo de tributos proacuteprios limitando tambeacutem a oferta de serviccedilos puacuteblicos [] os setores de serviccedilos comeacutercio e de administraccedilatildeo puacuteblica foram os segmentos que mais mantinham empregos ativos na MRGP (SALZBAC DENARDIN FELISBINO 2012 p 117)
TABELA 6 - NUacuteMEROS DE EMPREGOS ATIVOS NA MRGP POR SETOR ECONOcircMICO
SETOR ECONOcircMICO Ano
2013 2014
1 extrativa mineral 187 188 2 induacutestria de transformaccedilatildeo 6100 6512 3 serviccedilos industriais de utilidade puacuteblica 294 255 4 construccedilatildeo civil 1722 1993 5 comeacutercio 15302 16154 6 serviccedilos 26660 27140 7 administraccedilatildeo puacuteblica 10501 10789 8 agropecuaacuteria ext vegetal caccedila e pesca 504 470
FONTE MTECAGED
Como podemos observar (TABELA 6) a maior parte dos empregos ativos
estaacute no setor terciaacuterio com especial atenccedilatildeo ao setor de serviccedilos
Um indicador econocircmico importante eacute o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que
permite ―espelhar o movimento econocircmico municipal e consequentemente o
potencial que o municiacutepio tem para gerar receitas puacuteblicas (MINAS GERAIS 2016)
Sobre o conceito poderemos dizer que o VAF eacute um instrumento
[] utilizado pelo Estado para calcular o iacutendice de participaccedilatildeo municipal no repasse de receita do Imposto sobre Operaccedilotildees relativas agrave Circulaccedilatildeo de Mercadorias e sobre Prestaccedilotildees de Serviccedilos de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicaccedilatildeo (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aos municiacutepios [] Eacute apurado pela Secretaria de Estado de Fazenda [[ com base em declaraccedilotildees anuais apresentadas pelas empresas estabelecidas nos respectivos municiacutepiosDisponiacutevel em (lthttpsgoogl80DhoU)
Com a anaacutelise do indicador acima mencionado poderemos verificar a
participaccedilatildeo na economia local por setor econocircmico e sua importacircncia nas poliacuteticas
de desenvolvimento e planejamento estrateacutegico na observacircncia das potencialidades
do mercado cultura local e heterogeneidade das atividades econocircmicas
Na MRGP o setor de comeacutercio e serviccedilos (setor terciaacuterio) notadamente
excetuando os municiacutepios de Antonina e Guaraqueccedilaba possui participaccedilatildeo maior
que a produccedilatildeo primaacuteria e a induacutestria local (TABELA 7) e constitui elemento de
56
anaacutelise importante na concepccedilatildeo de poliacuteticas de expansatildeo do emprego e renda12 Jaacute
a participaccedilatildeo sobre a receita dos municiacutepios a que apresenta menor potencial eacute a
produccedilatildeo primaacuteria em virtude da natildeo adoccedilatildeo do mesmo modelo industrial adotado
em outras regiotildees do Estado Paranaense
TABELA 7 - VALOR ADICIONADO FISCAL (VAF - R$ 100 (P)) DOS MUNICIacutePIOS INTEGRANTES
DA MRGP (2016)
MUNICIacutePIO PRODUCcedilAtildeO PRIMAacuteRIA
INDUacuteSTRIA COMEacuteRCIO SERVICcedilOS
RECURSOS AUTOS
Antonina 4334454 125827796 68271749 Guaraqueccedilaba 3074904 5399117 3701577 4192 Guaratuba 15641921 21782241 119496927 47370 Matinhos 295763 23559310 109482578 147729 Morretes 12959951 23264839 44980267 14974 Paranaguaacute 54409213 1280856468 1980373389 543132 Pontal do Paranaacute
436246 19320486 68114345 19138
Total 91152452 1500010257 4788841664 1553070
FONTE IPARDES
Excetuando Paranaguaacute (TABELA 7) identificamos a fragilidade das receitas
municipais da MRGP e de outra maneira a fragilidade financeira e orccedilamentaacuteria jaacute
mencionadas por Sulzbach e Denardin (2012) que alertavam para a dependecircncia
financeira dos municiacutepios da MRGP para com as transferecircncias
intergovernamentais
Um dos principais indicadores da dependecircncia financeira dos municiacutepios agraves tributaccedilotildees das demais esferas pode ser observado atraveacutes das receitas de tributaccedilatildeo por setores produtivos e das receitas advindas de transferecircncias correntes Neste aspecto observa-se que os municiacutepios do litoral do Paranaacute apresentam uma dependecircncia financeira elevada das transferecircncias das esferas nacional e estadual O Municiacutepio com maior destaque eacute o de Guaraqueccedilaba que do total de suas receitas 93 adveacutem de transferecircncias correntes seguindo por Morretes com 78 e Antonina com 7052 das receitas advindas de transferecircncias (SULZBACH DENARDIN 2012 p 6)
Ainda observando a tabela 7 percebemos que o polo industrial e comercial
da MRGP eacute o municiacutepio de Paranaguaacute pressupondo importante vetor da economia
local e do seu posicionamento estrateacutegico diante dos outros municiacutepios da regiatildeo
tanto na articulaccedilatildeo com outros centros comerciais e industriais da Mesorregiatildeo
12
Para melhor compreensatildeo sobre as modificaccedilotildees no processo capitaltrabalho e o crescimento do setor terciaacuterio na economia ver CHESNAIS (1996) OFFE (1984) SUPERVILLE QUINtildeONES (2000)
57
pertencente quanto da Microrregiatildeo com os municiacutepios circunvizinhos e pelo
proacuteprio dinamismo da sua economia interna
Consideremos que o crescimento econocircmico segundo Sachs (2004) e
Furtado (2008) eacute um elemento importante no processo de desenvolvimento poreacutem
natildeo eacute o uacutenico a ser considerado mas sim eacute necessaacuterio incorporar
simultaneamente a extensatildeo dos direitos
Abaixo (TABELA 8) observando o PIB per capita dos municiacutepios da MRGP
destaca-se a vulnerabilidade econocircmica do municiacutepio de Guaraqueccedilaba em relaccedilatildeo
aos demais sobretudo em relaccedilatildeo ao municiacutepio de Paranaguaacute que supera a meacutedia
da regiatildeo A fragilidade econocircmica de Guaraqueccedilaba deriva de vaacuterios aspectos 1) a
dificuldade do acesso agrave aacuterea urbana do municiacutepio considerando que a uacutenica estrada
que liga o municiacutepio a outras localidades natildeo eacute pavimentada e tem uma extensatildeo
de aproximadamente 86 km Outra forma de acesso agrave cidade eacute atraveacutes do mar
pela baiacutea de Guaraqueccedilaba A dificuldade de cesso tem enorme impacto tanto para
escoar a produccedilatildeo local como para obter materiais e equipamentos agrave difusatildeo da
induacutestria quase ou completamente nula 2) a restriccedilatildeo ambiental agrave implantaccedilatildeo de
empresas 3) a falta de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento do municiacutepio
assinaladas por RAYNAUT et al (2002) na promoccedilatildeo de programas de gestatildeo com
as especificidades locais que fomentem o impulso do trabalho e da renda
TABELA 8 - PIB PER CAPTA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP
MUNICIacutePIO 2013 (R$ 100)3 2014 (R$)
4
Antonina 1851678 17557
Guaraqueccedilaba 861303 8723
Guaratuba 1474865 15004
Matinhos 1648075 17238
Morretes 1390945 13638
Paranaguaacute 4155699 42193
Pontal do Paranaacute 1434381 15040
MRGP 29076 29489
FONTE IBGE IPARDES
A principal fonte de receita dos municiacutepios da MRGP jaacute indicada por
Sulsbach e Denardin (2010) deriva principalmente das transferecircncias correntes
intergovernamentais (Uniatildeo e Estado) o que possibilita um entendimento da
fragilidade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria do setor produtivo
58
Em suma no nosso entendimento a transferecircncia corrente tem o propoacutesito
de manutenccedilatildeo da coisa puacuteblica e do funcionamento da estrutura estatal
Percebemos nesse sentido que um dos maiores empregadores formais direta e
indiretamente da MRGP acaba por ser os governos subnacionais que atuam como
contratadores de serviccedilos temporaacuterios contratos de prestaccedilatildeo de serviccedilos
terceirizados e pessoal concursado (efetivo) aleacutem de contratar serviccedilos
especializados de manutenccedilatildeo de pequenas empresas e materiais de uso diaacuterio
Segundo DIEESE (2015 p 74) a distribuiccedilatildeo de empregos formais por
atividade econocircmica no Brasil entre os anos de 2009 a 2014 apresentou os
seguintes resultados onde destacaremos os principais a) serviccedilos (349) b)
comeacutercio (194) c) induacutestria de transformaccedilatildeo (172) d) administraccedilatildeo puacuteblica
(188) Dessa forma observamos que o setor de serviccedilos aleacutem de expandir as
possibilidades de emprego se manteacutem como o principal setor a contratar
Como jaacute mencionado acima a MRGP possui enorme heterogeneidade em
sua composiccedilatildeo econocircmica especificidades locais e uma distribuiccedilatildeo espacial dos
setores econocircmicos advinda das caracteriacutesticas de cada municiacutepio por vezes
semelhantes como eacute o caso nas aacutereas rurais da produccedilatildeo de farinha de
mandioca13 e da exploraccedilatildeo de produtos de origem vegetal (cipoacute guaricana e
musgo) produccedilatildeo de arroz de banana de palmito14 e de gengibre a cultura do taiaacute
caraacute e mandioca e hora muito distintas como eacute caso do polo industrial de
Paranaguaacute destacando os complexos portuaacuterios de Paranaguaacute e Antonina Assim
como destacamos na economia local da MRGP a exploraccedilatildeo do turismo sobretudo
na orla sul abrangendo os municiacutepios de Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute
com maior potencial no veratildeo Em Guaraqueccedilaba o turismo eacute voltado agrave praacutetica da
pesca esportiva que se estende o ano todo movimentando natildeo soacute os restaurantes
e comeacutercio urbanos mas restaurantes e pousadas nas ilhas de Tibicanga Bertgiga
Canudal Barbados e Superagui
O municiacutepio de Paranaguaacute abrange o maior nuacutemero de empresas na regiatildeo
(TABELA 9)15 e eacute destacadamente o maior poacutelo empresarial e industrial com
13
A produccedilatildeo de farinha atinge a MRGP em sua totalidade Ver DENARDIN LAUTERT e RIBAS (2009)lthttpwwwaba-agroecologiaorgbrrevistasindexphpcadarticleviewFile42573236 14
A produccedilatildeo do palmito representou em 2015 cerca de 6872 (3233 toneladas) da produccedilatildeo estadual e a banana correspondeu a 4484 (91284 cachostoneladas) do Estado IPARDES) 15
Houve variaccedilatildeo nos nuacutemeros entre as tabelas 9 e 10 pois a montagem da tabela 10 ocorreu dias apoacutes a montagem da tabela 9
59
4691 das Empresas Ativas 467 das MPE (Micro e Pequena Empresa) e
4548 dos MEI (Microempreendedor Individual) da MRGP Outra caracteriacutestica
particular eacute o municiacutepio de Guaraqueccedilaba que apresenta o menor quadro
empresarial com 129 das Empresas ativas 125 das MPE ativas e 162 do
MEI do total da regiatildeo
TABELA 9 - NUacuteMERO DE EMPRESAS NA MRGP (MAIO2016)
MUNICIacutePIO EMPRESAS ATIVAS MPE MEI
Antonina 1832 1705 571 Guaraqueccedilaba 462 427 193 Guaratuba 4788 4586 1569 Matinhos 5185 4912 1799 Morretes 1926 1831 510 Paranaguaacute 16800 15832 5394 P do Paranaacute 4817 4604 1823
Total 35810 33897 11859
FONTE FOacuteRUM PERMANENTENatildeo foi possiacutevel localizar dados em bases estatiacutesticas de anos
anteriores
As empresas compotildeem um quadro diversificado na economia da regiatildeo e a
participaccedilatildeo por atividade econocircmica nos municiacutepios pressupotildee certo dinamismo da
economia com destaque ao setor de comeacutercio e serviccedilos
Abaixo (TABELA 10) estatildeo as atividades econocircmicas desenvolvidas na
MRPG e a participaccedilatildeo das MPE e MEI na dinacircmica econocircmica
TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016) continua
ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE16
EMP ATIVAS MPE MEI
Agricultura pecuaacuteria prod Florestal pesca e aquicultura 93 59 11 Induacutestrias extrativistas 39 38 0 Induacutestria de transformaccedilatildeo 2483 2351 1076 Aacutegua esgoto atividades de resiacuteduos e descontaminaccedilatildeo 121 110 39 Construccedilatildeo 2067 2418 1323 Comeacutercio reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e motocicleta 15410 14693 4044 Transporte armazenagem e correio 1865 1654 340 Alojamento e alimentaccedilatildeo 6911 6681 2469 Informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo 334 312 89 Atividades financeiras de seguros e serv relacionados 22 18 0
16
A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)
60
TABELA 10 - ATIVIDADES ECONOcircMICAS DESENVOLVIDAS NA MRGP (maio2016)
conclusatildeo
ATIVIDADE ECONOcircMICA COM BASE NO CNAE17
EMP ATIVAS MPE MEI
Atividades imobiliaacuterias 203 172 0 Atividades profissionais cientiacuteficas e teacutecnicas 792 718 235 Atividades Administrativas e serviccedilos complementares 1826 1722 536 Educaccedilatildeo 465 443 175 Sauacutede humana e serviccedilo social 308 282 12 Arte cultura esporte e recreaccedilatildeo 394 374 115 Outras atividades e serviccedilos 1868 1757 1324 Serviccedilos domeacutesticos 76 57 57
Total 35277 33859 11845
FONTE FOacuteRUM PERMANENTE
Observamos (TABELA 10) que as principais atividades desenvolvidas pelo
MEI na MRGP satildeo as seguintes Comeacutercio e reparaccedilatildeo de veiacuteculos automotores e
motocicletas (3414) alojamento e alimentaccedilatildeo (2084) outras atividades e
serviccedilos (1117) construccedilatildeo (1116) induacutestria de transformaccedilatildeo (908)
As atividades na economia desenvolvidas na MRGP possuem aspectos
importantes na comparaccedilatildeo entre os setores primaacuterio secundaacuterio e terciaacuterio Como
observado na tabela acima veremos que o setor terciaacuterio abrange uma parcela
significativa das empresas da regiatildeo Do total das Empresas Ativas 926
enquadram-se no setor de comeacutercio e serviccedilos as Micro e Pequenas Empresas
alocadas no setor terciaacuterio representam 928 e os Microempreendedores
Individuais formalizados somam 909 nesse setor Conveacutem ressaltar que nas
anaacutelises de Nogueira e Pereira (2015 p 41) ―[] em 2011 as empresas de pequeno
porte ndash incluindo uma ainda diminuta parcela de MEI ndash representavam quase 98
do total de empresas no paiacutes e ocupavam mais da metade dos trabalhadores
formais
Eacute importante ressaltar que a demanda pelo setor terciaacuterio acompanha um
fluxo de mercado agregado aos outros dois setores da economia e o crescente
volume dos serviccedilos se evidenciam nos processos de flexibilizaccedilatildeo do trabalho das
modificaccedilotildees nas suas relaccedilotildees e no deslocamento do arqueacutetipo do trabalho no
qual o trabalhador passa de um trabalhador fabril para a categoria de um
trabalhador de serviccedilos apontado por Superville e Quintildeones (2000) Para esses
autores a expansatildeo do setor de serviccedilos seguiu simultaneamente ao processo de
17
A Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE)
61
crescimento da informalidade e da prestaccedilatildeo de serviccedilos com pouca qualificaccedilatildeo (p
61)
Entendemos que para uma anaacutelise da informalidade eacute necessaacuterio considerar
sua heterogeneidade e a proporccedilatildeo da sua relaccedilatildeo e participaccedilatildeo no mercado
assim como as assimetrias manifestadas nas formas de exploraccedilatildeo da forccedila de
trabalho e na precarizaccedilatildeo da classe trabalhadora (ANTUNES 2011)
32 A INSTITUCIONALIDADE MEI NA MRGP
Ao definir aspectos legais para o enfrentamento do problema da
informalidade no Brasil atraveacutes de leis regulamentares e regras especiacuteficas que
asseguram direitos estabelecidos na Constituiccedilatildeo federal de 1988 o Estado
brasileiro reconheceu a necessidade de normatizar benefiacutecios e deveres agraves micro e
pequenas empresas e empreendedores individuais procurando reverter o quadro de
informalidade e precariedade nas condiccedilotildees de trabalho e de garantias de
seguridade social
Para a implantaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica no nosso entendimento alguns
aspectos devem ser considerados 1) descrever as suas circunstacircncias de modo que
suas propostas sejam claras 2) adaptaccedilatildeo dos aparelhos sociais e do Estado que
possam ser vinculados agrave Poliacutetica Puacuteblica 3) capacidade de articulaccedilatildeo e
compreensatildeo do processo e dos temas debatidos pelos diversos atores envolvidos
(OLIVEIRA 2013 p 284)
Nesse contexto admite-se natildeo somente subordinaccedilatildeo agrave Poliacutetica mas um
quadro de compreensatildeo e reconhecimento da sua legitimidade constituindo dessa
maneira uma institucionalidade
Para institucionalidade devemos considerar trecircs aspectos importantes 1)
instituiccedilotildees 2) ambiente institucional 3) arranjos institucionais
As Instituiccedilotildees descritas por Fiani (2013 p 8) ―satildeo as regrasformais e natildeo
formais que regulam as interaccedilotildees sociaisDesta feita como demonstra o autor a
criaccedilatildeo de estruturas regulamentares de normatizaccedilatildeo de procedimentos formais e a
interaccedilatildeo com o estabelecimento das relaccedilotildees subterracircneas que se desenvolvem
diante do dia- a dia na sociedade descrevem o ambiente institucional ou seja satildeo
as ―[] regras poliacuteticas sociais e legais mais baacutesicas e gerais que estabelecem o
fundamento para o funcionamento do sistema econocircmico (FIANI 2013 p 8) Os
62
arranjos institucionais por sua vez segundo esse autor satildeo as regras
particularmente constituiacutedas pelos sujeitos e que por sua vez estabelecem as
relaccedilotildees poliacuteticas sociais e econocircmicas
Para Fiani (2013) eacute inquestionaacutevel que as poliacuteticas puacuteblicas afetam a vida
dos sujeitos A sua implicaccedilatildeo nesse sentido interfere em modus operandi diverso
ao cotidiano das relaccedilotildees instituiacutedas nos arranjos preestabelecidos pois uma accedilatildeo
do Estado que remete a uma reorganizaccedilatildeo do aparato institucional pode alterar as
relaccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas locais
O estabelecimento de um aporte ou adaptaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo institucional
(ALBUQUERQUE 1997 FIANI 2013) que possibilite accedilotildees conjuntas entre
instituiccedilotildees puacuteblicas quanto privadas no processo de otimizaccedilatildeo do
desenvolvimento e manutenccedilatildeo das propostas de uma poliacutetica puacuteblica de
desenvolvimento de categorias especiacuteficas ou bases produtivas adquire capacidade
de assegurar melhor eficiecircncia e dar melhores respostas aos objetivos da poliacutetica
puacuteblica
Schneider (2005) explica que a problematizaccedilatildeo formulaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para enfrentamento de problemas natildeo se
encontra mais exclusivamente ao setor estatal na qual estaria em curso a
policentralidade na concepccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica O autor parte da perspectiva de
rede de poliacuteticas puacuteblicas na qual problemas relativamente puacuteblicos tambeacutem podem
ter interferecircncia do setor privado e a sua interaccedilatildeo Como demonstra o autor
a problematizaccedilatildeo e o processamento poliacutetico de um problema social (Mayntz 1982) natildeo eacute mais um assunto exclusivo de uma hierarquia governamental e administrativa integradasenatildeo que se encontra em redes nas quais estatildeo envolvidas organizaccedilotildees tanto puacuteblicas quanto privadas (SCHNEIDER 2005 p 37)
No entanto como observa Moraes (2003) mesmo com essa nova
configuraccedilatildeo pluralista e policecircntrica das relaccedilotildees poliacuteticas o Estado continua sendo
o protagonista do processo seja pela accedilatildeo reguladora e normatizadora seja pela
legitimidade constitucional A legitimidade se faz presente pela administraccedilatildeo
puacuteblica18
Igualmente acrescenta-se nas palavras de Fiani (2013 p 7) que ―[] os
arranjos institucionais apresentam grande importacircncia para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas
18
Sobre Administraccedilatildeo Puacuteblica ver BOBBIO N et al Brasiacutelia UnB 1998
63
de desenvolvimento em especial para as poliacuteticas que demandam cooperaccedilatildeo por
parte de agentes privados Ainda segundo Albuquerque (1997)a interaccedilatildeo entre os
agentes puacuteblicos e privados constitui um novo cenaacuterio dentro de uma nova
perspectiva de adaptaccedilatildeo que necessita de coordenaccedilatildeo institucional
Consideramos que dentro desse contexto as mudanccedilas e perspectivas
inovadoras tanto no campo teacutecnico quanto no campo organizacional exigem ―[]
adaptaccedilotildees institucionais para melhorar as atuaccedilotildees do setor puacuteblico e do conjunto
de empresas e atores sociais territoriais (idem p 01) Segue o autor
[] todo processo de desenvolvimento local requer uma programaccedilatildeo minuciosa que integre e ordene linhas de atuaccedilatildeo e recursos orientados a objetivos da participaccedilatildeo estrateacutegica entre diferentes agentes sociais locais puacuteblicos e privados A criaccedilatildeo compartilhada entre os agentes locais de um ―entorno territorial que facilite a inovaccedilatildeo do tecido produtivo e empresarial constitui um aspecto crucial da estrateacutegia de desenvolvimento (ALBUQUERQUE 1997 p 1)
Pensando localmente na interpretaccedilatildeo do SEBRAE ―o ambiente
institucional [] pode ser entendido como o conjunto de instituiccedilotildees de que um dado
municiacutepio se dotou para que a atividade dos indiviacuteduos aleacutem de compatiacutevel com a
sobrevivecircncia da comunidade seja tambeacutem convergente com a execuccedilatildeo dos
objetivos comuns (SEBRAE 2013)
A estabilidade a preservaccedilatildeo e equiliacutebrio das instituiccedilotildees (das regras
formais e informais) oferecem credibilidade e legitimidade agraves accedilotildees do Estado
As Instituiccedilotildees Poliacuteticas especificamente tem como objetivo mediar
interferir organizar gerir o processo democraacutetico bem como quando
necessaacuterioprotagonizar poliacuteticas flexiacuteveis de decisatildeo em relaccedilotildees inerentes a
sociedade numa tarefa de disciplinar regras que insiram sobre os indiviacuteduos direitos
contidos na Constituiccedilatildeo Federal
Exemplificamos assim uma caracteriacutestica nesse contexto do processo
poliacutetico eacute a intervenccedilatildeo estatal inferindo sobre a economia no sentido de aliviar
distorccedilotildees ocorridas pelo mau funcionamento do mercado atraveacutes de poliacuteticas
puacuteblicas que estabelecem regras e diretrizes na qual o poder19poliacuteticopuacuteblico20 eacute o
protagonista no processo Para Oliveira (2008 p 59)
19
Para compreender o processo de dominaccedilatildeo e legitimaccedilatildeo do Poder consideramos as anaacutelises de FRANCcedilOIS CHAZEL in Boudon e Curvelo (1996) 20
BOBBIO N Et al Dicionaacuterio de poliacutetica Brasiacutelia UnB 1998
64
O poder nasce com o indiviacuteduo mas passa aos grupos e afinal ao Estado pelo processo de institucionalizaccedilatildeo A concentraccedilatildeo de poder eacute um fenocircmeno espontacircneo na sociedade nascida da necessidade de atender a interesses que demandam escala meta individual Satildeo as concentraccedilotildees de poder que estabilizadas pelo consenso e pelo costume levam ao surgimento das instituiccedilotildees poliacuteticas
Ao observarmos a histoacuteria do sistema capitalista assinalamos que em todos
os momentos de instabilidade e fragilidade econocircmica culminando na inseguranccedila
social subsiste a forte presenccedila do Estado com possibilidades de equacionar as
deformaccedilotildees ocasionadas pelo sistema e que de maneira inexoraacutevel afetam as
vidas das pessoas apontando dessa maneira certa ineacutercia do mercado em
resoluccedilotildees dessa natureza
Fiani (2001 p 2) nos diz que a intervenccedilatildeo do Estado o qual ele denomina
de regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo eacute ―integrada e condicionada pelos processos de
natureza histoacuterica e poliacutetica que afetam o conjunto da sociedade Nesse contexto a
regulaccedilatildeo e desregulaccedilatildeo estatal dependem de comportamento poliacutetico social e
econocircmicoMuito embora o fator de regulaccedilatildeo esteja mais vinculado agraves atividades
econocircmicas as decisotildees satildeo tomadas na esfera poliacutetica
A Lei Geral de 2006 ndash lei de normatizaccedilatildeo das MPE (LC 12306) - a
exemplo aleacutem de fomentar o desenvolvimento local foi uma accedilatildeo regulamentadora
do Estado Brasileiro em buscar alternativa em equacionar deformidades na
economia do trabalho e assim reverter o processo de alargamento do setor
informal Certamente que a regulamentaccedilatildeo de setores da economia eacute uma forma
de regular e disciplinar accedilotildees
Cabe ressaltar que a Lei 12306 submeteu algumas instituiccedilotildees agrave adequaccedilatildeo
administrativa para assegurar o funcionamento dessa Poliacutetica Puacuteblica assim como
instituiu oacutergatildeos de gestatildeo com competecircncias deliberativas e regulamentadoras que
dispotildeem de jurisdiccedilatildeo sobre tributaccedilatildeo e legalizaccedilatildeo das empresas Essa lei
estabelece inicialmente a criaccedilatildeo de trecircs oacutergatildeos a tiacutetulo dessas competecircncias
Art 2
o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta
Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Comitecirc Gestor do Simples Nacional vinculado ao Ministeacuterio da Fazenda composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil como representantes da Uniatildeo 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municiacutepios para tratar dos aspectos tributaacuterios
65
II - Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte com a participaccedilatildeo dos oacutergatildeos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor para tratar dos demais aspectos ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo III - Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios - CGSIM vinculado agrave Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidecircncia da Repuacuteblica composto por representantes da Uniatildeo dos Estados e do Distrito Federal dos Municiacutepios e demais oacutergatildeos de apoio e de registro empresarial na forma definida pelo Poder Executivo para tratar do processo de registro e de legalizaccedilatildeo de empresaacuterios e de pessoas juriacutedicas
21 (BRASIL 2006)
321 O Comitecirc Gestor Municipal na MRGP
Na adequaccedilatildeo municipal agrave Lei Geral e suas alteraccedilotildees (LC 12808 e LC
14714) com o propoacutesito de estimular o ambiente institucional as prefeituras em
parcerias com o SEBRAE criaram Comitecircs Gestores Municipais22 (CGM) com a
proposta de ―[] implementar e acompanhar a aplicaccedilatildeo [] da Lei Complementar
Federal nordm 1232006 na redaccedilatildeo dada pela Lei Complementar Federal nordm 1282008
(PARANAGUAacute Dec 88713 art 1ordm) Os Comitecircs Gestores Municipais satildeo oacutergatildeos
de ―natureza colegiada para coordenar a poliacutetica relativa agrave micro e pequena empresa
no municiacutepio (SEBRAE 2013 p 61) e satildeo integrados por sujeitos da administraccedilatildeo
puacuteblica e de setores da sociedade civil
No modelo institucional adotado pelo CGM estaacute previsto o viacutenculo e parceria
entre Instituiccedilotildees Poliacuteticas (Federal Estadual e Municipal) Instituiccedilotildees Mercantis e
Instituiccedilotildees de Produccedilatildeo
As Instituiccedilotildees Poliacuteticas nesse contexto especiacutefico satildeo representadas pelo
Governo Local atraveacutes das suas secretarias e a Sala do Empreendedor no Governo
Federal e Estadual atraveacutes de Instituiccedilotildees de creacutedito e de educaccedilatildeo
Os municiacutepios da MRGP que estabeleceram CGM satildeo Paranaguaacute Pontal do
Paranaacute e Matinhos Estes aderiram ao Programa Cidade Empreendedora em
formato integral e com isso possuem assessoramento contiacutenuo junto ao SEBRAE
seja na forma de capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicosseja na forma de consultoria
para os MEI e MPE Para o SEBRAE
21
O inciso III do sect 2ordm da PLC 12306 foi incluiacutedo pela LC 1472014 22
Utilizarei a sigla CGM para designar Comitecirc Gestor Municipal
66
O Comitecirc Gestor Municipal eacute a forma pela qual este projeto de institucionalizaccedilatildeo da lei geral seraacute implantado e controlado O Comitecirc poderaacute ser constituiacutedo de atores (instituiccedilotildees pessoas) que compotildeem o poder puacuteblico municipal associaccedilotildees representantes da sociedade etc e deveraacute conduzir a institucionalizaccedilatildeo da lei geral de forma a obter o melhor ambiente possiacutevel para os empreendedores individuais e micro e pequenas empresas (SEBRAE 2013 p 12)
O municiacutepio de Paranaguaacute em 2013 criou o Comitecirc Gestor Municipal sob o
Decreto Municipal 88713 composto por seguimentos representantes dos setores
puacuteblico e privado conforme listados no quadro abaixo (QUADRO 4)
QUADRO 4 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PARANAGUAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
FONTE Decreto Municipal Paranaguaacute n 887 de 25 out 2013
Por finalidade segundo o referido Decreto o CGM teraacute que implementar e
acompanhar a aplicaccedilatildeo da Lei Municipal 080 de 06 marccedilo de 2008 que oferece
regime juriacutedico tributaacuterio simplificado e diferenciado agraves micro e pequenas empresas
no acircmbito municipal alinhando-se agrave LC 12306 Dentre as competecircncias do CGM de
Paranaguaacute estatildeo
Art 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado agraves
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art 1o desta
Lei Complementar seraacute gerido pelas instacircncias a seguir especificadas I - Acompanhar a regulamentaccedilatildeo e a implementaccedilatildeo do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte no Municiacutepio inclusive promovendo medidas de integraccedilatildeo e coordenaccedilatildeo entre os oacutergatildeos puacuteblicos e privados interessados II - orientar e assessorar a formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica municipal de desenvolvimento das microempresas e empresas de pequeno porte III - Acompanhar as deliberaccedilotildees e os estudos desenvolvidos no acircmbito do Foacuterum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do
CONTROLADORIA GERAL
SECRETARIAS MUNICIPAIS
SALA DO EMPREENDEDOR
ASSOCIACcedilAtildeO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE PARANAGUAacute
SITEMA DE CREacuteDITO
SENAIFIEP
INSTITUTO FEDERAL DO PARANAacute
CAcircMARA MUNICIPAL
SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE PARANAGUAacute
67
Foacuterum Estadual da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e do Comitecirc para Gestatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de Empresas e Negoacutecios IV - Sugerir eou promover accedilotildees de apoio ao desenvolvimento da microempresa e da empresa de pequeno porte local ou regional(Paranaguaacute 2008 art 1ordm incisos I II III e IV)
Em Paranaguaacute o CGM atua de maneira articulada envolvendo todos os
atores nas estrateacutegias voltadas ao segmento empresarial e empreendedor local
inclusive com organizaccedilotildees do ―Sistema S como o SEBRAE e o SENAI que atuam
na aacuterea de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo desses segmentos econocircmicos
As estrateacutegias satildeo colocadas em praacutetica em conformidade com a
capacidade orccedilamentaacuteria disponibilizada para este fim Nesse caso o orccedilamento
descrito no Plano Plurianual do municiacutepio para o ―Programa de Geraccedilatildeo de Emprego
e Renda entre os anos de 2014 a 2017 tem como foco
Apoio aos pequenos e microempreendedores cooperativas e outras formas associativas de produccedilatildeo desburocratizando o processo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos Promoccedilatildeo de projetos inovadores Desenvolvimento e integraccedilatildeo de pequenas meacutedias e grandes empresas e induacutestrias estimulando a formaccedilatildeo de cadeias produtivas para induzir o crescimento ordenado e sustentaacutevel (PARANAGUAacute 2013 p 163)
Dentre as accedilotildees estabelecidas no Plano Plurianual 2014-2017 estatildeo a)
capacitaccedilatildeo para o primeiro emprego b) treinamento para os desempregados c)
prestaccedilatildeo de atendimento ao trabalhador
Quanto agrave capacitaccedilatildeo e treinamento perfeitamente compete ao CGM
articular accedilotildees envolvendo entidades do sistema S como o SEBRAE e o SENAI que
possuem competecircncias teacutecnicas para atender a demanda
Assim como Paranaguaacute a Sala do Empreendedor em Pontal do Paranaacute
subordinado diretamente agrave Secretaria Municipal de Desenvolvimento eacute o
departamento mais atuante do CGM no apoio ao MEI tanto pela sua posiccedilatildeo
estrateacutegica em que o agente de desenvolvimento atua diretamente com o MEI
quanto pela articulaccedilatildeo com os outros oacutergatildeos e secretarias municipais
O CGM de Pontal do Paranaacute foi instituiacutedo pelo Decreto municipal 54812015
e dentre os objetivos relatado pelo Secretaacuterio de Desenvolvimento estaacute o de
coordenar os trabalhos de assistecircncia ao microempreendedor em aspectos
relacionados agrave formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo a processos licitatoacuterios
68
QUADRO 5 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM PONTAL DO PARANAacute PARA ATENDER A DEMANDA DA LC 12306 E SUAS ALTERACcedilOtildeES
FONTE Decreto Municipal Pontal do Paranaacute n 5481 de 23 dez 2015
Ainda segundo relatos do Secretaacuterio Municipal no iniacutecio da criaccedilatildeo do
Comitecirc Gestor houve divergecircncias falta de colaboraccedilatildeo e dificuldade no
entendimento da proacutepria Lei Geral e sobretudo das LC 12806 e LC 14714 poreacutem
com o amadurecimento das ideias em torno dos objetivos do CGM e das estrateacutegias
adotadas houve ganho de credibilidade dos oacutergatildeo puacuteblicos
A LC 14714 comenta o secretaacuterio era interpretada de formas diferentes
pelos oacutergatildeos O Corpo de Bombeiros a exemplo era muito resistente em se adaptar
ao disposto no art 4ordm sect 3ordm da referida lei que tratava sobre isenccedilatildeo total para a
abertura de empresa para o microempreendedor individual o que acarretava
divergecircncias na leitura e interpretaccedilatildeo da legislaccedilatildeo
Ressalvado o disposto nesta Lei Complementar ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (BRASIL 2014 art 4ordm sect3ordm)
A Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do Litoral do Paranaacute
(AMPEC Litoral) relatou das dificuldades quanto agraves licitaccedilotildees e a capacidade dos
―menores em participar do processo Na posiccedilatildeo do entrevistado2 o municiacutepio se
revela em suas palavras ―mau pagador e tem ateacute 90 dias para efetuar o
pagamento23 tornando inviaacutevel para a maioria dos microempreendedores fornecer
ao municiacutepio O argumento eacute de que grande parte dos MEI natildeo possui capital
23
O art 73 sect 3ordm da Lei nordm 8666 de21 jun 1993 estabelece o prazo de noventa dias para que o objeto executado seja pago pela Administraccedilatildeo Puacuteblica contratante
SECRETARIAS MUNICIPAIS
AMPEC - LITORAL
ACIAPAR
ASSOCIACcedilAtildeO DOS ARTESAtildeO
SISTEMA DE CREacuteDITO
CENTRO DE ESTUDOS DO MAR
CONTADORES DE PONTAL DO PARANAacute
69
suficiente e capacidade econocircmica para suportar um prazo tatildeo longo para receber
os serviccedilos prestados
O CGM do municiacutepio de Matinhos apresentou caracteriacutesticas muito
peculiares em relaccedilatildeo aos de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Segundo o
entrevistado5 havia muitas divergecircncias dentro do CGM sobretudo quando as
decisotildees tomadas coletivamente natildeo continham energia suficiente para colocaacute-las
em praacutetica
QUADRO 6 - BASE INSTITUCIONAL (LEGAL) DO CGM DE MATINHOS
FONTE Decreto Municipal Matinhos n 441 de 30 jul 2013
Outro ponto que dificultava as tomadas de decisotildees com base na demanda
legal e de aspectos ligados agrave Lei Geral era o fato da pouca compreensatildeo pelos
sujeitos envolvidos nas finalidades e propostas da Poliacutetica Puacuteblica em questatildeo
Sobre este e os problemas da implementaccedilatildeo da Poliacutetica Puacuteblica Lima e Dlsquo Ascenzi
(2013) em suas anaacutelises apresenta alguns pontos importantes
[] em primeiro lugar haacute uma multiplicidade de atores de diferentes tipos de organizaccedilotildees com interesses diversos que satildeo agregados para operar a poliacutetica Tais atores interagem em uma trajetoacuteria de pontos de decisatildeo nos quais suas perspectivas se expressam Em segundo lugar os atores mudam com o passar do tempo Isso faz que a interaccedilatildeo tambeacutem mude pois mudam as perspectivas e a percepccedilatildeo que um ator tem do outro Essa mudanccedila de atores insere pontos de descontinuidade e de necessidade de novas e mais negociaccedilotildees(LIMA Dlsquo ASCENZI 2013 p 103)
322 Salas do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento
A sala do Empreendedor parceria entre os cinco municiacutepios citados do
litoral paranaense e o SEBRAE tem funccedilotildees especiacuteficas tanto no atendimento ao
MEI quanto agraves MPE Os serviccedilos vatildeo desde a desburocratizaccedilatildeo e formalizaccedilatildeo ateacute
a consultoria de gestatildeo e financcedilas que satildeo realizadas gratuitamente pelos Agentes
de Desenvolvimento e por consultores do SEBRAE A ―Sala eacute uma adaptaccedilatildeo do
Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econocircmico
Secretaria Municipal de Administraccedilatildeo
Secretaria Municipal de Planejamento
Sindicato dos Contabilistas
Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Paranaacute - FECOMEacuteRCIO
Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos - ACIMA
70
SEBRAE ao Programa Cidade Empreendedora24 e tem como objetivo segundo esta
Instituiccedilatildeo de a) incentivar a legalizaccedilatildeo de negoacutecios informais b) facilitar a
abertura de novas empresas c) regularizar as atividades informais aleacutem de apoiar o
MEI quanto agrave formalizaccedilatildeo e informaccedilotildees necessaacuterias relativas agraves especificidades
da sua atuaccedilatildeo como MEI formalizado Segundo o portal do Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute satildeo ofertados os serviccedilos de
a) Atendimento presencial individual
b) Orientaccedilatildeo de controles - Caixa e Vendas
Palestras
c) Orientaccedilatildeo sobre direitos e obrigaccedilotildees
d) Programa Negoacutecio a Negoacutecio
Os Agentes de Desenvolvimento25 satildeo funcionaacuterios dos quadros das
prefeituras que recebem treinamento pelo SEBRAE com vistas a assumirem
responsabilidades co-participativas na implementaccedilatildeo da Lei Geral dentro dos
municiacutepios de atuaccedilatildeo Esses atores da administraccedilatildeo puacuteblica direta podem
constituir elementos estrateacutegicos na dinacircmica das ideias de desenvolvimento local
sobretudo no apoio agrave evoluccedilatildeo e estruturaccedilatildeo das micro e pequenas empresas
futuros empreendedores e empreendedores que jaacute atuam
Esses agentes possibilitam o entendimento na inovaccedilatildeo da administraccedilatildeo
puacuteblica quanto agrave movimentaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos recursos humanos inicialmente
em seus quadros de pessoal que atende agraves demandas de transformaccedilotildees ocorridas
nas dimensotildees sociais econocircmicas e poliacuteticas a partir do pressuposto que estas
trecircs dimensotildees estatildeo associadas
1) Social ndash promovida principalmente pela ―revoluccedilatildeo expansatildeo
tecnoloacutegica e pela globalizaccedilatildeo
24
Programa do SEBRAE tem como objetivo ―potencializar a implementaccedilatildeo e institucionalizaccedilatildeo da Lei Geral visando agrave melhoria do ambiente de negoacutecios para o Microempreendedor Individual e para as micro e pequenas empresas contribuindo dessa forma com a geraccedilatildeo de emprego e renda (SEBRAE 2013 p 9) lthttpsitesprsebraecombrleigeralwp-contentuploadssites35201402Termo_referencia_2013-2ultimaversaopdfgtgt 25
Para Albuquerque (1997) o processo de desenvolvimento exige a movimentaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo dos recursos humanos e estes devem ser vistos como peccedilas decisivas e natildeo somente como ferramentas ou objeto de produccedilatildeo mas sim como elementos chaves e atores importantes no desenvolvimento
71
2) Econocircmica ndash pelas contradiccedilotildees econocircmicas do sistema neoliberal que
culminaram com a falecircncia da estrutura de produccedilatildeo fabril abrindo
espaccedilo para o setor terciaacuterio
3) Poliacutetica ndash no Estado Democraacutetico de Direito a participaccedilatildeo mais efetiva
de movimentos sociais nas questotildees puacuteblicas altera aspectos e
mecanismos antigos da poliacutetica sobre maneira na perspectiva do
controle social e no quadro decisoacuterio
Em nossos estudos percebemos que a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas
favoraacuteveis ao desenvolvimento regional e local assim como o estabelecimento de
convecircnio e parceria com entidades ligadas ao desenvolvimento das capacidades
locais depende de alguns elementos 1) Estrutura municipal 2) A maturidade do
municiacutepio com relaccedilatildeo agraves concepccedilotildees de desenvolvimento local 3) O tema de
desenvolvimento local estar na pauta do municiacutepio (prioridades de gestatildeo) 4)
Definiccedilatildeo de estrateacutegias por conta da administraccedilatildeo de recursos 5) A maturidade do
empresariado local
323 Accedilotildees regulares coordenadas pelos municiacutepios de incentivo ao MEI
Os municiacutepios que estabelecem parcerias com o SEBRAE possuem
algumas accedilotildees planificadas em virtude da proacutepria capacitaccedilatildeo dos agentes puacuteblicos
envolvidas no processo de implementaccedilatildeo das poliacuteticas de desenvolvimento e do
convecircnio que prevecirc essas accedilotildees Muito embora a expansatildeo de accedilotildees que
melhorem o ambiente de fomento fica a criteacuterio dos municiacutepios Abaixo (QUADRO
9) descrevemos algumas accedilotildees adotadas pelas prefeituras na MRGP
QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP continua
MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES
ANTONINA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil
GUARAQUECcedilABA - Habilitaccedilatildeo ao sistema Empresa Faacutecil
72
QUADRO 7 - ACcedilOtildeES REGULARES DE APOIO AO MEI NA MRGP conclusatildeo
MUNICIacutePIO ACcedilOtildeES REGULARES
GUARATUBA - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - A ACIG estaacute estudando para abrir espaccedilo de associaccedilatildeo para o MEI com parcelas de contribuiccedilatildeo reduzida que pode chegar a 50 a menos do valor cobrado
MATINHOS - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (uma vez por mecircs) - Feira da Lua organizada pela AMPEC serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIMA para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo
PARANAGUAacute - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas planejamento e gestatildeo (a cada 15 dias) - Feira da Lua serve de exposiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos e serviccedilos ofertados pelos MEI aleacutem de orientaccedilatildeo e consultoria oferecida pelo SEBRAE - Semana do Microempreendedor Individual organizado pelo SEBRAE acontece anualmente e tem como propoacutesito consultorias e orientaccedilotildees ao MEI - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Cursos de curta duraccedilatildeo oferecidos pelo SEBRAE atraveacutes de consultoria para a capacitaccedilatildeo e creacutedito que satildeo intermediados junto a Sala do Empreendedor - Articulaccedilatildeo da Sala do Empreendedor com Instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas na constituiccedilatildeo de creacutedito como na capacitaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo - Cursos de capacitaccedilatildeo de fornecimento e compra com o objetivo de identificaccedilatildeo de fornecedores dentro do municiacutepio e que sejam aptos a participarem de processos licitatoacuterios - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil - Na ACIAPAR para se associar o MEI contribui com parcelas reduzidas obtendo todos os serviccedilos disponibilizados pela associaccedilatildeo
PONTAL DO PARANAacute - Palestras do Programa SEI para o MEI ofertadas pelo SEBRAE - Atendimento na Sala do Empreendedor pelo agente do SEBRAE na aacuterea de financcedilas e planejamento (uma vez por mecircs) - Palestras para os vendedores ambulantes com o objetivo de orientaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo - A Feira da Lua que ocorre no balneaacuterio de Sta Terezinha atraveacutes de parceria com a prefeitura o BB o SEBRAE realizam serviccedilos de consultoria gratuitamente - Cursos em parceria entre Prefeitura e ACIAP para vendedores e compradores - Aderecircncia do municiacutepio ao sistema Empresa Faacutecil
FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Pontal do Paranaacute Paranaguaacute e Morretes
A planificaccedilatildeo de algumas accedilotildees pelo sistema SEBRAE se traduz por um
lado na pouca experiecircncia municipal em estrateacutegias de desenvolvimento e por
73
outro lado a substituiccedilatildeo dos governos locais que podem alterar determinadas
estrateacutegias poreacutem as adotadas pela parceria entre o municiacutepio e o SEBRAE ficam
imunes agraves mudanccedilas
Ressaltamos que uma das accedilotildees do Estado importante para facilitar a
legalizaccedilatildeo e a expediccedilatildeo de registro de maneira desburocratizada da empresa eacute a
criaccedilatildeo da Rede Nacional para a Simplificaccedilatildeo do Registro e da Legalizaccedilatildeo de
Empresas e Negoacutecios (REDESIM) instituiacuteda pela Lei 1159807 Sublinhamos que a
partir desta lei a interaccedilatildeo entre os oacutergatildeos responsaacuteveis pela legalizaccedilatildeo e pela
expediccedilatildeo do registro de funcionamento ocorre por dados lanccedilados em sistema
unificado entre oacutergatildeos da federaccedilatildeo dos Estados e Municiacutepios A implantaccedilatildeo
dessa Lei no Paranaacute foi efetivada com a criaccedilatildeo do sistema Empresa
Faacutecilintegrando o Governo de Estado do Paranaacute Associaccedilatildeo dos municiacutepios do
Paranaacute Junta Comercial do Paranaacute e SEBRAE
No litoral paranaense como demonstrado pelo site do Empresa Faacutecil a
implantaccedilatildeo e habilitaccedilatildeo dos sete municiacutepios ao sistema operante estaacute completa
Como observado (QUADRO 7) acima veremos que os municiacutepios de
Paranaguaacute Pontal do Paranaacute e Matinhos que possuem parcerias com o SEBRAE
de forma integral constituem vaacuterias accedilotildees planificadas com base na orientaccedilatildeo de
capacitaccedilatildeo institucional proporcionada por essa instituiccedilatildeo e como mencionado
pelo agente do SEBRAE algumas accedilotildees satildeo planificadas mas a sala do
empreendedor de acordo com a administraccedilatildeo local tem flexibilidade para
aumentar os serviccedilos prestados aos MEI e realizar accedilotildees que viabilizem a melhoria
dos serviccedilos prestados
74
4 DIFICULDADES E AVANCcedilOS NO DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE DO
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO LITORAL DO PARANAacute
O litoral se constituiu de forma diferenciada no Paranaacute natildeo tendo
incorporado ao modelo de desenvolvimento capitalista adotado por outras regiotildees
conforme descrito anteriormente Uma das caracteriacutesticas importantes que
predomina na regiatildeo eacute a quase nula existecircncia de poliacuteticas de desenvolvimento
voltadas agraves capacidades locais e regionais
Nesse capiacutetulo dentro das concepccedilotildees de desenvolvimento local
analisaremos alguns elementos geradores de desenvolvimento de crescimento e de
sustentabilidade para o MEI na MRGP
41 A CAPACIDADE MUNICIPAL NO LITORAL DO PARANAacute EM MOBILIZAR
MECANISMOS PROPIacuteCIOS AO DESENVOLVIMENTO DO MEI
A participaccedilatildeo municipal como vetor do desenvolvimento local eacute vital para
conduzir accedilotildees e estrateacutegias que objetivem a superaccedilatildeo de obstaacuteculos produzidos
por desequiliacutebrios nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica Para isso um municiacutepio
atuante e proativo nas questotildees internas provido de atitudes positivas mediante
planejamento e poliacuteticas puacuteblicas de maximizaccedilatildeo das capacidades locais pode
reverter circunstacircncias muitas vezes de fragilidade do tecido social e empresarial
para a otimizaccedilatildeo das condiccedilotildees que promovam o desenvolvimento das liberdades
humanas (autonomia do indiviacuteduo) (SEN 2000 PEREIRA 2006)
O crescimento populacional e a expansatildeo urbana desordenada a falta de
poliacuteticas puacuteblicas especiacuteficas de desenvolvimento regional e local expocircs um quadro
que coloca em evidecircncia a fragilidade econocircmica e administrativa dos governos
locais no litoral do Paranaacute para enfrentamento de problemas especiacuteficos na
economia do trabalho e na manutenccedilatildeo e extensatildeo de programas de infraestrutura
e ainda a dificuldade de implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas includentes que
necessitam de aplicaccedilatildeo significativa de capital
A MRGP em 2004 possuiacutea uma dos maiores PIB per capta do Estado com
a meacutedia acima da estadual constituindo uma das microrregiotildees mais dinacircmicas
segundo Trevisan e Lima (2010) sendo que Paranaguaacute como o grande vetor
75
econocircmico da regiatildeo posto o complexo portuaacuterio e industrial segundo os autores
firmava-se como o 4ordm municiacutepio do Paranaacute com maior PIB per capta No entanto
havia dessemelhanccedilas econocircmicas entre os municiacutepios da regiatildeo em que
Paranaguaacute o municiacutepio mais rico evidenciava disparidades em relaccedilatildeo aos outros
municiacutepios sobretudo Guaraqueccedilaba Matinhos e Morretes agrave eacutepoca os mais
pobres justamente pela sua capacidade de produzir riquezas em funccedilatildeo do porto
de Paranaguaacute
Em 2015 como demonstra o IPARDES Paranaguaacute continua sendo o
principal vetor econocircmico da regiatildeo poreacutem seu PIB per capta ficou abaixo da meacutedia
estadual assim como a sua receita teve decreacutescimo entre os anos 2013 e 2015
(TABELA 8)
Percebemos (GRAacuteFICO 1) que os municiacutepios de Morretes Antonina e
Paranaguaacute tiveram quedas em suas receitas entre os anos de 2014 e 2015 e suas
despesas (GRAacuteFICO 2) no mesmo periacuteodo aumentaram em relaccedilatildeo agraves receitas
destes municiacutepios A identificaccedilatildeo de uma queda de receita desse modo pode
constituir em impacto negativo para investimentos em setores necessaacuterios ao
desenvolvimento visto a baixa capacidade econocircmica municipal
GRAacuteFICO 1- RECEITAS TOTAIS DOS MUNICIacutePIOS
FONTE IPARDES DEEPASK
No caso especiacutefico de Antonina em 2015 o municiacutepio aumentou para 4 a
aliacutequota do ISSQN (ISS) O setor portuaacuterio contraacuterio ao aumento realizou um
depoacutesito judicial do montante dos tributos Tal accedilatildeo juriacutedica representou uma das
000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Milh
otildees
(R
$)
2013
2014
2015
76
principais causas diretas na queda de arrecadaccedilatildeo municipal permitindo a reduccedilatildeo
da disposiccedilatildeo do municiacutepio em criar propostas de melhoria das condiccedilotildees
socioeconocircmicas da populaccedilatildeo O fato eacute que o aumento na aliacutequota desse tributo
na expectativa de aumentar as divisas municipais de Antonina poderaacute causar em
curto prazo efeito reverso como indicado pela Secretaria de Infraestrutura e
Logiacutestica do Paranaacute (2014)
Uma lei municipal que entra em vigor a partir de janeiro de 2015 pode tornar a cidade de Antonina menos competitiva para investimentos no setor portuaacuterio Eacute que o municiacutepio aprovou o aumento na cobranccedila da aliacutequota do Imposto Sobre Serviccedilos (ISS) que passaraacute a ser de 4 Isso coloca Antonina como a cidade mais cara entre as principais cidades portuaacuterias do centro-sul do Brasil
Portanto com a queda na capacidade de geraccedilatildeo de riquezas a
inviabilidade de intervir em problemas socioeconocircmicos atraveacutes de poliacuteticas puacuteblicas
e accedilotildees de meacutedio e longo prazos e com o enfraquecimento dos governos locais por
conta na reduccedilatildeo das receitas suas accedilotildees na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de
desenvolvimento local ficam limitadas Ainda assim alinhando-se a queda de
receita as despesas municipais em alguns casos ultrapassaram a arrecadaccedilatildeo
agravando ainda mais as contas puacuteblicas e impedindo investimentos em setores
estrateacutegicos para o desenvolvimento
GRAacuteFICO 2- ARRECADCcedilAtildeO E DESPESAS MUNICIPAIS NA MRGP (2015)
FONTE IPARDES DEEPASK
-
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
Milh
otildees
(R
$)
Arrecadaccedilatildeo2015
Despesas2015
77
O maior desequiliacutebrio das contas puacuteblicas (relaccedilatildeo entre arrecadaccedilatildeo e
despesas) se deu no municiacutepio de Paranaguaacute em que as despesas superaram a
arrecadaccedilatildeo em 49 como observado (GRAacuteFICO 2)
As quedas de receitas refletem em parte o pouco investimento em setores
produtivos tais como o fomento e apoio agraves micro e pequenas empresas que se
constituem segundo o SEBRAE e Sachs (2003) no setor que mais gera empregos
locais e se constitui como fonte de geraccedilatildeo de divisas para os municiacutepios de outro
lado a complexidade em buscar alternativas de substituiccedilatildeo da arrecadaccedilatildeo se
traduz em fator importante
Em Morretes e Antonina no entanto algumas accedilotildees para aumentar a receita
foram colocadas em praacutetica Uma delas eacute o georreferenciamento dos imoacuteveis para o
pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que satildeo representados
por altas taxas de inadimplecircncia e segundo o entrevistado (6) pode chegar a 50
de devedores
O IPTU como observado nas cidades de Morretes Guaraqueccedilaba Antonina
e Paranaguaacute (GRAacuteFICO3) tem pouca expressividade na arrecadaccedilatildeo tributaacuteria
desses municiacutepios Jaacute nos municiacutepios de Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute o
IPTU contribui significativamente na geraccedilatildeo de receita se posicionando acima da
meacutedia nacional que ficou em 2435 em 2014
GRAacuteFICO 3 - IPTU EM RELACcedilAtildeO Agrave ARRECADACcedilAtildeO TRIBUTAacuteRIA DOS MUNICIacutePIOS DA MRGP (2013 ndash 2014) ()
FONTE DEEPASK ndash montagem dos autores lthttpwwwdeepaskcombrgoespage=Imposto---
IPTU-Veja-a-receita-tributaria-no-seu-municipiogt
0
10
20
30
40
50
60
valo
res p
erc
entu
ais
78
No municiacutepio de Morretes o processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria adotado
pela Secretaria de Infraestrutura no nosso entendimento consiste numa estrateacutegia
de desenvolvimento e de receita na medida de geraccedilatildeo de emprego e renda atraveacutes
da construccedilatildeo civil que expande a prestaccedilatildeo de bens e serviccedilos
Tanto o georreferenciamento quanto a regularizaccedilatildeo fundiaacuteriapredial em
Antonina e Morretes satildeo estrateacutegias afirmativas que tem como propoacutesitos a
regularizaccedilatildeo de aacutereas habitacionais residecircncias e lotes com grandes
possibilidades de elevar a receita municipal observado as delimitaccedilotildees de aacutereas
especialmente protegidas como aacutereas de preservaccedilatildeo permanente (APP) Unidades
de Conservaccedilatildeo (UC) Poreacutem cabe ressaltar que a maior funccedilatildeo da regularizaccedilatildeo
fundiaacuteria eacute equacionar problemas resultantes da expansatildeo urbana desordenada (a
favelizaccedilatildeo eacute um dos problemas)
Nesse sentido a regularizaccedilatildeo fundiaacuteria eacute ―um mecanismo apto a trazer para
a legalidade uma situaccedilatildeo fundiaacuteria que possa ser identificada como de interesse
social ou seja que tenha como puacuteblico alvo a populaccedilatildeo de baixa renda
(NASCIMENTO 2013 p 12) Como afirma a autora dessa forma a implementaccedilatildeo
da regularizaccedilatildeo fundiaacuteria torna ―evidente o conteuacutedo social a que o bem serviraacute
(idem p 18)
Em Pontal do Paranaacute como relatou entrevistado3 sobre o fortalecimento
das receitas o municiacutepio atraveacutes do Conselho Gestor adotou para 2017 um selo
de qualidade que seraacute fornecido agrave empresa que se encontrar regularizado com suas
diacutevidas junto agrave prefeitura ―O selo permite que haja retorno para a prefeitura atraveacutes
da contribuiccedilatildeo Eacute uma valorizaccedilatildeo para quem se encontra em situaccedilatildeo regular
(transcriccedilatildeo)
No entanto com pouca variaccedilatildeo para aumentar a receita e com menos
dinheiro em caixa as prefeituras deixam de investir em programas de meacutedio e longo
prazo com propostas no desenvolvimento positivosustentaacutevel e includente de
criaccedilatildeo institucional cultural social e econocircmica Ou seja criaccedilatildeo de um ambiente
favoraacutevel agrave extensatildeo das liberdades e capacidades das pessoas (SEN 2000)26
26
As liberdades na visatildeo do autor satildeo condicionadas pelas circunstacircncias sociais poliacuteticas e econocircmicas as quais denomina de liberdades instrumentais e correspondem 1) liberdades poliacuteticas 2) facilidades econocircmicas 3) oportunidades sociais 4) garantias de transparecircncias 5) seguranccedila protetora (p54)
79
Para esse autor as liberdades satildeo partes constitutivas fundamentais do
enriquecimento do processo de desenvolvimento natildeo satildeo finitas em si mesmas
mas permitem a expansatildeo de outras liberdades sendo que o proacuteprio
desenvolvimento pode ser considerado como a expansatildeo das liberdades humanas
ou como sublinha Pereira (2006) ao se referir agrave ―autonomia baacutesica como um
elemento de precondiccedilatildeo societal a noccedilatildeo de autonomia estaacute ancorada nos
preceitos da ―democracia como recurso capaz de livrar os indiviacuteduos natildeo soacute da
opressatildeo sobre as suas liberdades (de escolha e de accedilatildeo) mas tambeacutem da miseacuteria
e do desamparo (PEREIRA 2006 p 70)
A falta de recursos sinalizou nas entrevistas com os agentes de
desenvolvimentos de Morretes Matinhos e Paranaguaacute a pouca flexibilidade dos
municiacutepios em estruturar suas agendas de programas de desenvolvimento local
restando o atendimento de formalizaccedilatildeo e serviccedilos baacutesicos aos
Microempreendedores tais como alteraccedilatildeo de dados alvaraacute baixa da inscriccedilatildeo e
Documento de Arrecadaccedilatildeo Simplificada (DAS) Essas accedilotildees de apoio efetivo agrave
categoria se por um lado representam o auxiacutelio prestado ao MEI por outro
constituem um fim em si mesmas pois desempenham funccedilotildees meramente
burocraacuteticas natildeo menos importantes mas poderiam ser desenvolvidas dentro de
um plano estrateacutegico que coadunassem simultaneamente outras accedilotildees previstas
nos dispositivos da LC 12808 sobre os instrumentos de apoio e poliacuteticas que
assegurem o desenvolvimento e a sustentabilidade dos MEI Dentro dessa anaacutelise
por um lado o ―fluxo contiacutenuo de criaccedilatildeo de novos empreendimentos que em sua
esmagadora maioria satildeo de pequeno porte (SACHS 2003 p 111) de outro lado
como demonstra o autor as MPE submetidas ao livre mercado aumentam os
nuacutemeros estatiacutesticos sobre a mortalidade das empresas posto as diferentes
condiccedilotildees de produccedilatildeo e competitividade no mercado aberto que produz um
―processo de seleccedilatildeo que pode ser qualificado de ―darwinismo social (idem p 111)
Em Morretes no final do ano de 2016 o desempenho da sala do
empreendedor estava muito limitado ou quase nulo como comentou o
entrevistado6 Aleacutem da estrutura reduzida em comparaccedilatildeo agraves cidades que
dispunham do programa em Morretes natildeo haviam atividades relacionadas ao
fomento das empresas locais nem tatildeo pouco a procura aos serviccedilos pelos MEI ou
potenciais empreendedores Poreacutem em 2015 como observou o entrevistado6 ―a
partir da adequaccedilatildeo da 147 (LC 14714) o carimbo da vigilacircncia sanitaacuteria deu
80
valoraccedilatildeo para o produto Alguns produtores padronizaram o roacutetulo e as empresas
Essas medidas favorecem o atendimento ao turismo (transcriccedilatildeo)
Em Paranaguaacute segundo o entrevistado7 as atividades da sala do
empreendedor estavam muito reduzidas e fixavam-se apenas no processo de
formalizaccedilatildeo e orientaccedilatildeo nas duacutevidas que surgiam natildeo sendo possiacutevel desenvolver
accedilotildees muito extensas fora da sala27 Poreacutem atraveacutes do Programa Compras Paranaacute
o municiacutepio ofereceu cursos de capacitaccedilatildeo dos funcionaacuterios para compras em
oacutergatildeo puacuteblicos assim como capacitaccedilatildeo de alguns fornecedores em licitaccedilotildees O
objetivo dessa accedilatildeo era ―identificar novos fornecedores dentro do municiacutepio
fortalecendo o mercado interno gerando divisas emprego e renda (entrvistado7-
transcriccedilatildeo)
Em Morretes o entrevistado municipal o entrvistado6 nos disse ―natildeo haacute
procura por licitaccedilotildees (pelos MEI) E as empresas locais dificilmente procuram a
licitaccedilatildeo (transcriccedilatildeo) Assim a falta de poliacuteticas de desenvolvimento local e da
categoria poderaacute contribuir no afastamento de propostas significativas de inclusatildeo
social do MEI na MRGP frisados na LC 12808
Constatamos que a falta de recursos constitui um dos elementos importantes
que inviabilizam a implantaccedilatildeo integral contiacutenua e sustentaacutevel das LC 12306
LC12808 e LC 14714 ndash conjunto de leis que normatizam as MPE e
Microempreendedores individuais - bem como em poliacuteticas de geraccedilatildeo de emprego
e renda e mesmo em outras aacutereas de sustentaccedilatildeo de poliacuteticas sociais pois
segundo Sachs (2003) as poliacuteticas econocircmicas e sociais satildeo indissociaacuteveis
complementares e dependentes de investimentos
Embora outros motivos tais como o amadurecimento da gestatildeo municipal agrave
concepccedilatildeo de desenvolvimento local incluindo categorias especiacuteficas de produccedilatildeo e
inclusatildeo como eacute o caso dos MEI conferimos agrave baixa capacidade econocircmica do
poder puacuteblico local uma das principais dificuldades em produzir mecanismos de
enfrentamento agrave vulnerabilidade dos trabalhadores locais muitas vezes com pouca
ou sem qualificaccedilatildeo para o mercado de trabalho
Deduzimos atraveacutes de nossas pesquisas que a falta de comunicaccedilatildeo
informaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo nas propostas da sala do empreendedor assim como em
27
No plano Plurianual 20142017 de Paranaguaacute estaacute previsto o investimento de R$ 10000000 para o apoio aos MEI desenvolvimento das micro pequenas e grandes empresas e induacutestrias no estiacutemulo para desenvolver uma cadeia produtiva local de forma sustentaacutevel
81
processos de licitaccedilatildeo28 exclui grande parte dos MEI ao Acesso em de serviccedilos
baacutesicos estabelecidos em lei e possibilidades de relaccedilotildees comerciais com o
municiacutepio posto o desconhecimento das recomendaccedilotildees por parte dos MEI
estabelecidas na Lei Geral (LC 12308) a qual prescreve normas diferenciadas de
promoccedilatildeo de desenvolvimento desse segmento de trabalhadoresempreendedores
individuais
O municiacutepio empoderado atraveacutes de uma ambiente institucional e de um
aporte estrutural constituiacutedo aumenta as possibilidades de eficiecircncia na intervenccedilatildeo
em problemas locais O empoderamento dos municiacutepios nesse sentido eacute central no
processo de desenvolvimento tanto de categorias especiacuteficas quanto de categorias
marginalizadas pela ausecircncia do poder puacuteblico Eacute dessa forma que ―ao analisar
experiecircncias de desenvolvimento localregional vecirc-se forccedilada a noccedilatildeo de que a
presenccedila do Estado eacute fundamental (BARBOSA et al in POCHMANN 2004 p 275)
sendo ele o principal articulador e protagonista de poliacuteticas de desenvolvimento e
inclusatildeo social
411 A gestatildeo puacuteblica municipal no litoral paranaense e a destinaccedilatildeo da receita
Ao examinara literatura sobre o uso do dinheiro puacuteblico no litoral do Paranaacute
que no nosso entendimento tem a possibilidade de ser alocado prioritariamente em
instrumentos geradores de desenvolvimento para as pessoas das pessoas e pelas
pessoas (SACHS 2003) percebemos muitas vezes recursos jaacute reduzidos sendo
direcionados a atender minorias com respaldo poliacutetico econocircmico e social
Como analisa Monteiro (2013a) boa parte das receitas de Guaratuba e
Matinhos estatildeo sendo direcionadas agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria com projetos de
infraestruturas (pavimentaccedilatildeo rede de esgoto etc) que beneficiam as elites locais
Estas elites satildeo na visatildeo de Frey (2000) amparadas por ―instituiccedilotildees de
intermediaccedilatildeo ndash patronagem poliacutetica clientelismo nepotismo fisiologismo e a
corrupccedilatildeo ndash [] (p 104) que constituem praacuteticas relacionais entre o poder central
local e oligarquias locais contribuindo para a ampliaccedilatildeo das desigualdades sociais
visto a apropriaccedilatildeo dos benefiacutecios por parte dessas elites
28
Conforme obrigatoriedade legal as licitaccedilotildees satildeo publicadas no site da prefeitura Tribunal de Contas e Diaacuterio oficial
82
Segundo Monteiro (2013a) em Caiobaacute balneaacuterio eletizado de Matinhos
com forte presenccedila de residecircncias de alto padratildeo e ainda com propostas a proacute-
verticalizaccedilatildeo a pavimentaccedilatildeo chega a 94 853 de calccediladas e 686 de
bueiros Enquanto em bairros como o Tabuleiro haacute 254 de ruas pavimentadas
164 de calcadas e 285 de bueiros denotando dessa forma os desniacuteveis de
emprego da receita para a manutenccedilatildeo das iniquidades entre as classes sociais
Jaacute em Guaratuba como salienta Monteiro (2013b)
[] veremos que boa parte da receita puacuteblica alimenta a especulaccedilatildeo imobiliaacuteria atraveacutes de obras de infraestrutura que beneficiam sobremaneira glebas vazias lotes baldios em suma propriedades que natildeo estatildeo cumprindo a funccedilatildeo social (MONTEIRO 2013a p 1)
Compreendemos dessa maneira que o espaccedilo constituiacutedo por relaccedilotildees de
poder pode representar o exerciacutecio de poder considerando algumas variaacuteveis
Como acentua Silva (2008) o poder local deve ser compreendido como exerciacutecio
das dimensotildees poliacutetica econocircmica social simboacutelica e cultural
A criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento local que promovam a
expansatildeo das liberdades humanas eacute indispensaacutevel a vontade poliacutetica o
amadurecimento agraves perspectivas de desenvolvimento pelos gestores municipais e
pelo empresariado local os recursos satisfatoacuterios nesse sentido o empoderamento
do municiacutepio eacute fundamental para o financiamento das poliacuteticas de desenvolvimento
a mediaccedilatildeo entre as relaccedilotildees de poder um aporte institucional capaz reduzir as
disparidades de classe e o planejamento e accedilatildeo sendo que o planejamento pode
ser revisado e modificado a julgar que toda accedilatildeo provoca modificaccedilotildees
Dentro dessa perspectiva foram analisados por Horochovski Junckes e
Muraro (2011) em trabalho realizado sobre um Programa de Desenvolvimento
Sustentaacutevel em Matinhos promovido pelo Banco do Brasil a participaccedilatildeo e o
planejamento pelos atores envolvidos Para esses autores os ―componentes
estruturais do modo de produccedilatildeo vigente apatia poliacutetica deacuteficits informacionais e a
persistecircncia de assimetrias e padrotildees autoritaacuterios e clienteliacutesticos [] (p 51)
constituem entre outros barreiras no processo democraacutetico e participativo
(HOROCHOVSKI JUNCKES MURARO 2011)
Ao discorrer sobre aspectos para o desenvolvimento local e o custeio
puacuteblico SEN (2000) afirma que natildeo se pode esperar um governo enriquecer para
83
investir em serviccedilos de base como a educaccedilatildeo e a sauacutede que na visatildeo do autor
satildeo elementos geradores de desenvolvimento posto que
A viabilidade desse processo conduzido pelo custeio puacuteblico depende do fato de que os serviccedilos sociais relevantes (como os serviccedilos de sauacutede e educaccedilatildeo) satildeo altamente trabalho-intensivos e portanto relativamente barato nas economias pobres ndash onde os salaacuterios satildeo baixos (SEN 2000 p 65)
Para esse autor se devem ponderar preccedilos e custos como paracircmetros de
quanto pode ou natildeo pode o governo gastar Adverte ele ainda que o processo
mediado pelo crescimento econocircmico acarreta em muitas vantagens tanto pelas
condiccedilotildees de investimentos quanto por provisotildees em setores essenciais como
educaccedilatildeo e sauacutede baacutesica
Dessa maneira reiteramos dentro da perspectiva de nossas anaacutelises a
necessidade do empoderamento municipal pois o Estado se consolida como o
principal condutor de processos de desenvolvimento Nessa direccedilatildeo entendemos
que o crescimento econocircmico eacute importante para o desenvolvimento (SACHS 2003
SEN 2000 FURTADO 2008) Natildeo como um fim em si mesmo mas um elemento
estrutural de outros coeficientes (aporte institucional poliacuteticas puacuteblicas nas aacutereas da
sauacutede e educaccedilatildeo e estrateacutegias macro e microeconocircmicas locais para o
desenvolvimento sustentaacutevel) que se materializem em equipamentos propiacutecios agrave
extensatildeo das ―liberdades humanas (SEN 2000)
42 UMA SIacuteNTESE COMPARATIVA ENTRE AS FORMALIZACcedilOtildeES E AS BAIXAS29
DO MEI NA MRGP
No desenvolvimento local conduzido em especial pelo ―custeio puacuteblico
(SEN 2000) atraveacutes dos governos subnacionais de inferecircncia nas aacutereas da
educaccedilatildeo sauacutede e economia o peso de interferecircncia do processo econocircmico pode
revelar-se como um dos imperativos entre o sucesso ou fracasso das estrateacutegias
adotadas
A conduccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e estrateacutegias setorizadas de apoio agrave
categoria do MEI satildeo definidas com base orccedilamentaacuteria e disponibilidade de recursos
29
Encerramento da inscriccedilatildeo do Cadastro de Pessoa Juriacutedica (fechamento legal da empresa)
84
apropriados para a realizaccedilatildeo Identificamos dentro das estrateacutegias municipais as
salas do empreendedor que fornecem orientaccedilotildees e auxiacutelio na formalizaccedilatildeo de
empresas e empreendedores individuais (EI) que se encontram na informalidade
No graacutefico 4 abaixo observamos o nuacutemero de atendimentos realizados
pelos agentes de desenvolvimento nas salas do empreendedor nos municiacutepios da
MRGP
GRAacuteFICO 4 - NUacuteMERO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NAS SALAS DO
EMPREENDEDOR NA MRGP (2015 ndash 2016)
FONTE Salas do empreendedor de Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
Percebemos o aumento significativo de atendimentos realizados pela ―sala
entre os anos 2015 e 2016 (GRAFICO 4) em Pontal do Paranaacute e Paranaguaacute
Segundo informaccedilotildees do entrevistado7 em Paranaguaacute a aumento nos atendimentos
eacute proporcional agrave elevaccedilatildeo das formalizaccedilotildees e abaixo (GRAacuteFICO 5) verificamos as
formalizaccedilotildees realizadas nas salas do empreendedor na MRGP
GRAacuteFICO 5 - NUacuteMERO DE FORMALIZACcedilOtildeES REALIZADAS NAS SALAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP
FONTE Salas do empreendedor de Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Paranaguaacute Pontal doParanaacute
Morretes Matinhos
0
50
100
150
200
250
300
350
Morretes Paranaguaacute Pontal do Paranaacute
ano 2015
ano 2016
85
Observamos acima (GRAacuteFICO 5) a reduccedilatildeo de 475 nas formalizaccedilotildees
realizadas pela sala do empreendedor em Pontal do Paranaacute no ano de 2016 em
relaccedilatildeo a 2015 Paranaguaacute ao contraacuterio apresentou percentual positivo de 1133
nas formalizaccedilotildees efetivadas junto agrave sala do empreendedor entre os anos 2015 e
2016
De maneira um tanto preocupante em Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
(GRAacuteFICO 6) constatamos o aumento significativo nas operaccedilotildees de baixa de
inscriccedilatildeo do MEI realizadas pela sala do empreendedor entre os anos de 2015 e
2016 Pontal do Paranaacute apresentou acreacutescimo de 2217 nas baixas de inscriccedilatildeo do
MEI enquanto Paranaguaacute indicou o avanccedilo de 1594 nas baixas da categoria Em
Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo haacute baixas
registradas na sala do empreendedor em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato
com o agente de desenvolvimento
GRAacuteFICO 6 - NUacuteMERO DE BAIXAS DE INCRICcedilAtildeO DO MEI REALIZADAS NAS SAAS DO EMPREENDEDOR NA MRGP
30
FONTE Salas do empreendedor de Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute
Ao estabelecermos comparaccedilatildeo entre os graacuteficos (5 e 6) percebemos que
a) No ano de 2015 o nuacutemero de baixas de inscriccedilotildees do MEI registrados na
sala do empreendedor em Paranaguaacute correspondeu a 274 das
30
Em Guaraqueccedilaba natildeo conseguimos contato com o agente de desenvolvimento em Matinhos natildeo houve retorno no pedido dos dados em Morretes natildeo houve baixas registradas nas salas do empreendedor
0
20
40
60
80
100
120
ano 2015
ano 2016
86
formalizaccedilotildees naquele ano No ano de 2016 o nuacutemero de baixas (MEI)
em Paranaguaacute em relaccedilatildeo agrave formalizaccedilatildeo correspondeu a 333
Portanto uma elevaccedilatildeo de 59 nas baixas do MEI entre os anos de
2015 e 2016
b) Em Pontal do Paranaacute as baixas do MEI registradas pela sala do
empreendedor em relaccedilatildeo agraves formalizaccedilotildees corresponderam a 116
em 2015 Em 2016 a variaccedilatildeo das baixas na inscriccedilatildeo do MEI em relaccedilatildeo
agraves formalizaccedilotildees atingiu o percentual de 7115 o que corresponde a um
aumento acentuado de 5955 nas baixas de inscriccedilotildees do MEI entre
2015 e 2016
Ao inclinar nossos olhares para os resultados dos graacuteficos (5e 6) veremos
expressiva diferenccedila na sustentabilidade do MEI entre os municiacutepios de Pontal do
Paranaacute e Paranaguaacute Isso nos remete a uma questatildeo como explicar o significativo
nuacutemero de baixas na inscriccedilatildeo do MEI em Pontal do Paranaacute em relaccedilatildeo agrave
Paranaguaacute resultando em dados estatiacutesticos tatildeo diacutespares na sustentabilidade dos
MEI jaacute que os dois municiacutepios possuem em sua maioria dentre algumas accedilotildees
isoladas estrateacutegias planificadas pelo SEBRAE
A resposta a essa questatildeo segundo o entrevistado3 estaacute na sazonalidade
pelo qual estatildeo sujeitos os municiacutepios balneaacuterios da MRGP ndash Matinhos Pontal do
Paranaacute e Guaratuba Esta anaacutelise estaacute sustentada igualmente por Sulzbac
Denardin e Felisbino (2012)
O fato destes enfrentarem a problemaacutetica da sazonalidade de visitaccedilotildees em virtude do lazer de sol e mar define-se a hipoacutetese de que a sazonalidade recorrente da principal atividade econocircmica resulta em instabilidades financeiras tanto as instituiccedilotildees locais como para a proacutepria populaccedilatildeo promovendo adequaccedilotildees dos empreendimentos especialmente no que se refere aos viacutenculos de trabalho Em consequecircncia os empreendimentos formais natildeo encontram suporte financeiro para sua manutenccedilatildeo resultando na criaccedilatildeo de empreendimentos informais que satildeo caracteriacutesticos destes locais (p 109-110)
Na temporada de praia conforme relato do entrevistado3 muitos MEI
transferiram-se ou se formalizam em Pontal do Paranaacute com vistas agrave fiscalizaccedilatildeo
intensa nesse periacuteodo Ao fim do veratildeo muitos vatildeo embora para suas cidades e
datildeo baixas das empresas Outros ―natildeo conseguem sequer pagar o boleto DAS no
final do mecircs (transcriccedilatildeo) com isso acabam por encerrar a microempresa e
87
―sobrevivendo com o que conseguiram juntar no veratildeo (transcriccedilatildeo) concorrendo
para o nuacutemero expressivo de baixas em janeiro e fevereiro de cada ano
Monteiro (2013b) acentua sobre a sazonalidade nos municiacutepios da
plataforma no Paranaacute e a variaccedilatildeo populacional decorrente do veratildeo e de alguns
feriados Para esse fato ele denomina de ―As meias cidades do litoral paranaense
(p 5)
[] as cidades do litoral transformam-se acentuadamente literalmente da noite para o dia quando chegam as pessoas para as festas de fim de ano e feacuterias de veratildeo Boa parte dos domiciacutelios vagos satildeo ocupados muitos com concentraccedilatildeo de mais de 4 pessoas por cocircmodo (MONTEIRO 2013b p 5)
A sazonalidade eacute um imperativo importante na observaccedilatildeo das baixas dos
MEI apoacutes a temporada de veratildeo Por outro lado destacamos uma variaacutevel
dependente que eacute a formaccedilatildeo da dinacircmica do mercado local em participar e
introduzir certa sustentabilidade das empresas atraveacutes de variaacuteveis como a da oferta
de trabalho aumento de consumo cooperaccedilatildeo entre as empresas locais entre
outras
Dessa maneira as empresas inclusas em um sistema de mercado
fortalecido onde a capacidade de gerar riqueza seja mais sustentaacutevel tecircm mais
possibilidades de prosperar e manter suas atividades Portanto um mercado ativo
comumente tem respaldo do poder puacuteblico local e as micro e pequenas empresas
que surgem em meio a essa dinacircmica requerem estrateacutegias definidas com vistas a
competirem no mercado aberto
Podemos discorrer na perspectiva de Sachs (2003) e Sen (2000) que aleacutem
de fomentar a formalizaccedilatildeo de micro pequenos e meacutedios empreendimentos dado a
―cobertura social para os trabalhadores (SACHS 2003 p113) ndash na visatildeo desse
autor a principal vantagem ndash eacute necessaacuterio expandir formas de adequaccedilatildeo agrave
sustentabilidade dessas empresas uma vez que lanccediladas no mercado aberto satildeo
incapazes de competir com empresas maiores e ampliar sua estrutura
A mortalidade nessa competiccedilatildeo em condiccedilotildees de inferioridade eacute elevada para os micro e pequenos empreendimentos Nuacutemeros do SEBRAE apontam para taxas de 32 de fechamento em menos de um ano 44 em menos de dois anos 56 em menos de trecircs 66em menos de quatro e 71 em menos de cinco (SACHS 2003 p 35)
Como analisa Sachs (2003) os pequenos e meacutedios empreendimentos natildeo
tecircm como sobreviver no mercado aberto dado a baixa capacidade de produzir em
88
condiccedilotildees desiguais No questionaacuterio aplicado ao MEI veremos algumas barreiras
que acentuam essas desigualdades
43 O MEI POR ELE MESMO AS LUTAS E DESAFIOS ATRAVEacuteS DO TRABALHO
O questionaacuterio31 elaborado para o MEI e aplicado nos municiacutepios de
Matinhos Guaratuba Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute foi um instrumento que
permitiu ilustrar uma realidade da categoria MEI frente aos desafios enfrentados no
decorrer da sua formalizaccedilatildeo na mesma medida em que possibilitou compreender
um pouco a realidade concreta desses trabalhadores exposta pelas suas opiniotildees
suas respostas objetivas e por vezes subjetivas Ou seja uma fonte de
―informaccedilotildees vivas (RAYNAUT C et al 2002)
No mesmo sentido a anaacutelise dos dados tornou-se importante posto que
buscamos compreender a aproximaccedilatildeo entre alguns mecanismos de apoio ao MEI
descritos na Lei Geral (12308) e o Acesso em a esses mecanismos pelo puacuteblico
alvo
O questionaacuterio procurou coletar dados dos microemprendedores individuais
segundo atividade econocircmica tempo de atuaccedilatildeo no mercado formalizado renda
bruta participaccedilatildeo em compras puacuteblicas local da atividade econocircmica quanto agrave
capacitaccedilatildeo e consultoria entre outros
O questionaacuterio foi aplicado a trinta microemreendedores individuais
Natildeo houve classificaccedilatildeo especiacutefica para a escolha dos entrevistados na
aplicaccedilatildeo do questionaacuterio O que se propocircs a fazer foi deslocar ateacute o local de
trabalho do MEI e aplicar o questionaacuterio em meio agraves suas atividades Esta teacutecnica
possibilitou observar a estrutura do estabelecimento e dialogarmos diretamente com
o microempreendedor individual sobre suas dificuldades e avanccedilos apoacutes a
formalizaccedilatildeo Alguns MEI foram pouco receptivos a participar do questionaacuterio mas a
maioria se sentiu muito a vontade em responder as perguntas
431 Atividades econocircmicas desenvolvidas pelos MEI entrevistados no Litoral
do Paranaacute
31
O formulaacuterio aplicado ao MEI encontra-se nos anexos dessa dissertaccedilatildeo
89
Veremos abaixo (GRAacuteFICO 7) que a maior parte dos MEI respondentes
(n=24) estaacute alocada nos setores de serviccedilos e comeacutercio Doze (n=12) exercem suas
atividades no setor de prestaccedilatildeo de serviccedilos (informaacutetica conserto de bicicleta
eletrocircnica cabeleireira sapateiro) e doze (n=12) pertencem ao comeacutercio (papelaria
armarinho produtos de limpeza pet shop loja de roupas comeacutercio de artigos de
praia entre outros) Dos respondentes trecircs (n=3) exercem suas atividades na aacuterea
da cultura
GRAacuteFICO 7 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30) POR ATIVIDADE ECONOcircMICA ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Na observaccedilatildeo dos dados percebemos a maior concentraccedilatildeo da atividade
econocircmicano setor terciaacuterio Esta anaacutelise jaacute foi descrita por Superville e Quintildeones
(2000) Barbosa (2007) no qual concluiacuteram que o trabalhador fabril foi deslocado
para este setor passando ser um trabalhador de serviccedilos
Os empreendedores na perspectiva de Nassif et al (2014) apresentam
uma variaccedilatildeo de caracteriacutesticas como a criatividade flexibilidade autonomia e ideias
para inovar Poreacutem tal como notamos anteriormente as oportunidades de produzir
bens e serviccedilos satildeo frequentemente diferentes tanto pela capacidade de
investimento em tecnologia e informaccedilatildeo tanto pela expectativa de uma formaccedilatildeo
bruta de capital Ao analisarmos a capacidade estrutural dos MEI (condiccedilotildees
econocircmicas e de compreensatildeo de mercado) percebemos o distanciamento
(desconhecimento) dos instrumentos geradores de seu desenvolvimento previstos
em lei Os instrumentos descritos na Lei Geral (12306) podem facilitar e auxiliar na
Comeacutercio reparaccedilatildeo deveiacutec automotores emotocicleta
Outras atividades eserviccedilos
educaccedilatildeo
cultura
construccedilatildeo
natildeo respondeu
90
melhoria dos negoacutecios e desencadear um processo de desenvolvimento Na
percepccedilatildeo de Pochmann ( 2004) Sen (2000) Sachs (2003) o desenvolvimento eacute
associado simultaneamente ao crescimento econocircmico com o fortalecimento da
capacidade de produccedilatildeoacumulaccedilatildeo e pela ampliaccedilatildeo das liberdades substantivas
432 Tempo de formalizaccedilatildeo e os MEI no Litoral do Paranaacute
No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 8) percebemos a quantidade de anos
formalizados dos MEI respondentes
GRAacuteFICO 8 - ANOS DE FORMALIZACcedilAtildeO DOS RESPONDENTES (N=30)
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Observamos que dos respondentes 09 (nove) estatildeo formalizados haacute um
ano o que configura como a maioria dos microemperendedores formalizados
Percebemos uma reduccedilatildeo no nuacutemero de empreendimentos entre cinco e onze anos
de funcionamento
No primeiro ano de funcionamento conforme os dados acima (GRAacuteFICO 8)
dos microempreendimentos seis (n=6) desenvolvem suas atividades no comeacutercio e
dois(n=2) suas atividades estatildeo relacionadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos
Sachs (2003) ao analisar dados do SEBRAE nos diz que em menos de cinco
anos 71 das micro e pequenas empresas fecham as portas o que demonstra em
sua perspectiva e de Sen (2000) aleacutem da fragilidade dessa categoria existe a falta
de instrumentalizaccedilatildeo e praacuteticas dos mecanismos existentes para manter os
microempreendedores na formalidade e provocar a ruptura desse quadro
0
5
10
15
20
25
30
ateacute 1ano
ateacute 2anos
ateacute 3anos
ateacute 4anos
ateacute 5 ateacute 6anos
ateacute 8anos
ateacute 11anos
()
anos de formalizaccedilatildeo
91
O aumento ou a diminuiccedilatildeo gradual das formalizaccedilotildees de micro e pequenos
empreendimentos na MRGP assim como o fortalecimento desses empreendedores
pode representar indicativos do respaldo dado pelas estrateacutegias e accedilotildees colocadas
em praacutetica com base na Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo observando que
O principal objetivo das poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave consolidaccedilatildeo das MPE deve estar em assisti-las no desenvolvimento de uma competitividade genuiacutena que lhes permita aumentar gradualmente os salaacuterios estar em dia com os encargos sociais e impostos superar o imediatismo e adquirir uma perspectiva de longo prazo na gestatildeo do negoacutecio e na previsatildeo de investimentos (SACHS 2003 p 35)
Desse modo as estrateacutegias devem superar as circunstacircncias especiacuteficas de
processos burocraacuteticos ligados agrave formalizaccedilatildeo e sim expandir suas accedilotildees de
maneira que as MPE possam adquirir autonomia sustentaacutevel e desempenhar um
papel relevante na economia local
Observamos que Sachs (2003) alertava para as principais dificuldades
encontradas no desenvolvimento das MPE ―Acesso em ao creacutedito ao mercado agrave
miacutedia ao poder puacuteblico agrave classe poliacutetica e especialmente agrave tecnologia e ao
conhecimento [] (idem p 113) A falta de Acesso em a esses instrumentos
importantes restringe a capacidade de ampliaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo
(tecnologia de gestatildeo lucratividade rentabilidade) quanto ao de arranjos produtivos
locais
Para Albuquerque e Zapata (2010 p 2016) ―a introduccedilatildeo de inovaccedilotildees
tecnoloacutegicas e o fomento da capacidade empresarial e organizativa nos diferentes
acircmbitos territoriais satildeo variaacuteveis estrateacutegicas da poliacutetica de desenvolvimento e
podem possibilitar a reversatildeo ou minimizar as assimetrias do mercado resultantes
da competitividade desigual
434 Compras puacuteblicas e o apoio aos MEI na MRGP
Ao analisar o graacutefico baixo (GRAacuteFICO 9) observamos que vinte e trecircs
(n=23) dos respondentes disseram natildeo ter ou natildeo tiveram relaccedilotildees comerciais com
o municiacutepio Certamente que boa parte dos entrevistados natildeo possui caracteriacutesticas
comerciais para fornecer ao poder puacuteblico no entanto alguns setores dentre os
quais educaccedilatildeo eletrocircnica informaacutetica incluso nos tracircmites legais podem fornecer
92
serviccedilos para o municiacutepio No setor de comeacutercio papelarias e loja de materiais de
limpeza tecircm a possibilidade de fornecimento na compra direta dispensada de
licitaccedilatildeo descrita nos art 23 e 24 da Lei 86661993 Da mesma forma no setor de
serviccedilos observado as normas juriacutedicas
GRAacuteFICO 9 - RELACcedilOtildeES COMERCIAIS DOS MEI COM O MUNICIacutePIO NA MRGP (N=30)
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Nas licitaccedilotildees muitos respondentes (n=23) disseram natildeo manter relaccedilotildees
comerciais com o poder puacuteblico e desconhecem o funcionamento para participar do
processo O que denota a pouca extensatildeo de estrateacutegias como o Programa
―Compras Paranaacute Esse programa tem como foco otimizar o processo de licitaccedilatildeo
para empresas locais Propicia no mesmo sentido a capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios
puacuteblicos nesse processo e a capacitaccedilatildeo de fornecedores que desejam participar de
licitaccedilotildees
Para tanto na compra puacuteblica eacute indispensaacutevel a orientaccedilatildeo em licitaccedilotildees que
possam ser direcionadas agraves micro e pequenas empresas locais da regiatildeo Mas para
isso o setor puacuteblico tem que estar bem preparado assim como o empresariado local
para estabelecer a conexatildeo Segundo o entrevistado4 esta eacute uma condiccedilatildeo iacutempar no
sentido do desenvolvimento empresarial localizado
Ressaltamos que as compras puacuteblicas ou contrataccedilotildees puacuteblicas podem
conduzir e inserir os micro e pequenos empreendimentos no mercado uma vez que
a esfera puacuteblica constitui um mercado estaacutevel de relaccedilotildees comerciais quase sempre
sim
natildeo
natildeo respondeu
93
em ampliaccedilatildeo O capiacutetulo V da LC 12306 alterado pela 14714 descreve sobre os
criteacuterios a serem adotados em favorecimento agraves MPE quanto ao Acesso em ao
mercado destacando as compras e contrataccedilotildees puacuteblicas e sobre o processo de
licitaccedilatildeo
Segundo o SEBRAE 76 das MPE de Paranaguaacute natildeo participaram em
processos de compras puacuteblicas entre os anos de 2011-2014 Dessas empresas
55 desconhecem as oportunidades para comercializar com governoempresas
estatais Nesse sentido a pouca eou dificultosa informaccedilatildeo fornecida para o MEI
quanto aos serviccedilos disponibilizados pelo municiacutepio e sobre os instrumentos de
regulamentaccedilatildeo e direitos a Acesso ems facilitados dispostos na Lei Geral (12306)
poderia ser revertida pela divulgaccedilatildeo nos veiacuteculos de comunicaccedilatildeo locais - jornais
circulantes nos municiacutepios raacutedios comunitaacuterias por exemplo aleacutem dos oficiais ndash
relativo aos direitos e obrigaccedilotildees do MEI incorporado agrave sua formalizaccedilatildeo com o
propoacutesito de inseri-lo no mercado (trabalho) sua expansatildeo e sustentabilidade
Em Pontal do Paranaacute o secretaacuterio de desenvolvimento afirma que o
municiacutepio estaacute se empenhando para que as empresas locais inclusive o MEI
participem das licitaccedilotildees Para isso segundo ele a prefeitura se adequou a LC
14714 no sentido de que uma licitaccedilatildeo de determinado valor seja dividida para
facilitar o Acesso em dos microempreendedores observando igualmente a
possibilidade de pagamento de 10 a mais do valor miacutenimo para o MEI Essas satildeo
adequaccedilotildees importantes adotadas por Pontal do Paranaacute atraveacutes do Concelho
Gestor Municipal (CGM) Comenta o E8 sobre o CGM
Uniu mais a populaccedilatildeo agrave prefeitura uniu mais o microempreendedor a vender para a prefeitura Natildeo tinha ningueacutem vendendo pocirc Natildeo tinha ningueacutem fornecendo pra prefeitura Hoje noacutes temos o pequeno e microempresaacuterio fornecendo pra prefeitura Uniu os benefiacutecios e os trouxe pra prefeitura e pra comunidade neacute Um dinheiro pra circular aqui dentro e natildeo ir pra fora Por exemplo uma licitaccedilatildeo que era de ―x valor noacutes fomos quebrando ela em quatro ou cinco vezes para dar preferecircncia para o povo daqui Uma licitaccedilatildeo que era de R$ 10000000 noacutes fizemos quatro de 25 dividimosah compra o caderno de um laacutepis do outro caneta de outro Dividimos pra que o povo daqui participasse E deu certo Essa foi uma grande evoluccedilatildeo do Comitecirc Gestor (transcriccedilatildeo) (entrevistado8)
O conhecimento das bases legais de funcionamento da categoria no nosso
entendimento a ampliaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo para lidar com o mercado e a
aproximaccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados tanto pelo setor puacuteblico quanto pelo
94
setor privado poderaacute produzir em curto prazo impactos positivos no
desenvolvimento do MEI dentro da economia de mercado
Todavia o municiacutepio de Guaratuba ainda natildeo adaptou integralmente a LC
12306 e sua alteraccedilatildeo LC 1472014 ao seu modelo de gestatildeo pois os MEI que
participaram da pesquisa (Guaratuba) relataram que o municiacutepio cobra por taxas de
alvaraacute de funcionamento32 O municiacutepio isenta esse custo somente no primeiro ano
de abertura do micro negoacutecio contrariando dessa forma o disposto no art 4ordm sect3ordm
da LC 1472014
[] ficam reduzidos a 0 (zero) todos os custos inclusive preacutevios relativos agrave abertura agrave inscriccedilatildeo ao registro ao funcionamento ao alvaraacute agrave licenccedila ao cadastro agraves alteraccedilotildees e procedimentos de baixa e encerramento e aos demais itens relativos ao Microempreendedor Individual incluindo os valores referentes a taxas a emolumentos e a demais contribuiccedilotildees relativas aos oacutergatildeos de registro de licenciamento sindicais de regulamentaccedilatildeo de anotaccedilatildeo de responsabilidade teacutecnica de vistoria e de fiscalizaccedilatildeo do exerciacutecio de profissotildees regulamentadas (grifo nosso)
O apoio ao MEI eacute fundamental pois esse tecido empresarial (MPE)
segundo autores como Sachs (2003) Albuquerque e Zapata (2010) e Sen (2000)
respondem por boa parte dos empregos e da renda da populaccedilatildeo Para o SEBRAE
(2014) 52 dos empregos formais no Brasil estatildeo nas micro e pequenas
empresas o que corresponde agrave significativa importacircncia dessa categoria
empresarial no desenvolvimento da economia brasileira
As observaccedilotildees e alteraccedilotildees contidas na LC 14714 representam avanccedilos
significativos na perspectiva do desenvolvimento dando maior envergadura social agrave
LC 12306 Esse dispositivo legal possui impacto positivo fundamental para
aumentar as oportunidades do MEI a se manter na formalidade pela inovaccedilatildeo na
reduccedilatildeo de barreiras de Acesso em ao mercado e agrave competitividade
Dentre os principais dispositivos contidos na LC 14714 incorporados a
outras ferramentas descritas na LC 12808 estatildeo
a Tributaccedilatildeo reduccedilatildeo a zero dos custos para o MEI (art 4ordmsect 1ordm e sect 3ordm)
b Desburocratizaccedilatildeo tratamento diferenciado pelos optantes do Simples
Nacional Cadastro uacutenico do CNPJ dispensados os demais cadastros
estaduais e municipais (art 1ordm inciso 4ordm)
32
Essa informaccedilatildeo foi confirmada pelo setor de fiscalizaccedilatildeo do municiacutepio de Guaratuba
95
A debilidade de uma microempresa ou ateacute a sua falecircncia pode acarretar
natildeo somente numa estatiacutestica de dados econocircmicos mas em resultados
socialmente negativos A microempresa eacute o trabalho do MEI seu sustento e de sua
famiacutelia suas necessidades baacutesicas satildeo satisfeitas atraveacutes de seu trabalho que eacute o
substrato da sua dignidade
O trabalho eacute uma dimensatildeo da vida essencial para a realizaccedilatildeo da humanidade lembra Joatildeo Paulo II na enciacuteclica Laboren Exercens A enciacuteclica papal observa que o valor do trabalho localiza-se na pessoa que o realiza natildeo podendo portanto ser compreendido como uma forccedila anocircnima de produccedilatildeo com o trabalhador equiparado a mero instrumento a serviccedilo do capital (BROM 2006 p 55)
Outra ferramenta possiacutevel associada a outros dispositivos que convertam no
fomento dos micro e pequenos empreendimentos eacute o Acesso em ao creacutedito como
forma de capital gerador de expansatildeo econocircmica assinalado por Sachs (2003) Sen
(2000)
435 O Acesso em ao creacutedito aos MEI no Litoral do Paranaacute
O capiacutetulo IX da LC 12306 introduz na legislaccedilatildeo brasileira em
consonacircncia com o art 170 e 179 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 dispositivos
essenciais ao estiacutemulo ao creacutedito e ao microcreacutedito para micro e pequenas
empresas abrindo espaccedilo para inauguraccedilatildeo de formas e metodologias especiacuteficas
externas ao sistema creditiacutecio convencional o que caracteriza a concepccedilatildeo de
universalizar o creacutedito
Segundo a legislaccedilatildeo pertinente o sistema de creacutedito brasileiro deveraacute criar
linhas especiais de creacutedito a atender a demanda dos micro e pequenos
empreendimentos ―[] objetivando a reduccedilatildeo do custo de transaccedilatildeo a elevaccedilatildeo da
eficiecircncia alocativa o incentivo ao ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto
informacional [] (LC 15516 art 57)
A posiccedilatildeo do sistema puacuteblico de creacutedito facilitado eacute fundamental na
intervenccedilatildeo do creacutedito frente ao sistema aberto convencional Atraveacutes do sistema
creditiacutecio com vinculaccedilatildeo federal ndash Caixa Econocircmica Federal (CEF) Banco Nacional
de Desenvolvimento Social (BNDES) Banco do Brasil (BB) (art 58 LC 15516) - e
dos bancos comerciais puacuteblicos estaduais abre-se espaccedilo para a inclusatildeo no
sistema de creacutedito agraves pessoas que natildeo possuiacuteam Acesso em ao serviccedilo Dessa
96
forma os bancos comerciais puacuteblicos passam a ser considerados atores importantes
nas poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento posto seu ponto estrateacutegico na alocaccedilatildeo
de creacutedito caracterizado como insumo necessaacuterio agrave ampliaccedilatildeo das oportunidades e
expansatildeo econocircmicas
A CEF o BB ndash entidades federalizadas ndash e o Fomento Paranaacute ndash entidade
estadual - satildeo os principais atores dentro da poliacutetica de Acesso em ao sistema de
creacutedito e microcreacutedito que atuam diretamente na MRGP
O art 62 da PLC 12306 a exemplo orienta o Banco Central a intervir na
ampliaccedilatildeo e facilidades agraves linhas de creacuteditos para os MEI e MPE que em
contrapartida estimularia a competiccedilatildeo bancaacuteria A disponibilizaccedilatildeo e a facilitaccedilatildeo
ao creacutedito ou ao microcreacutedito por instituiccedilotildees financeiras privadas ou estatais como
o banco do Brasil (BB) o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) pela Caixa
Econocircmica Federal33 (CEF) e outras instituiccedilotildees financeiras alinhadas ao
microcreacutedito estaacute respaldada no sect2o do art62 e nos art 57 58 59 e 60 da
supracitada PLC bem como na Lei federal 111102005 Esta institui o Programa
Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado (PNMPO) ―com o objetivo de incentivar
a geraccedilatildeo de trabalho e renda entre os microempreendedores populares (BRASIL
2005)34
O microcreacutedito segundo o SEBRAE consiste no fornecimento de creacutedito
aos microempreendedores que natildeo possuem Acesso em ao sistema financeiro
tradicional e estaacute inserido no contexto da microfinanccedila destinado agraves pessoas de
baixa renda Ainda segundo o SEBRAE suas principais caracteriacutesticas satildeo
A) ausecircncia de garantias reais jaacute que a maioria das transaccedilotildees tem como garantia o aval solidaacuterio b) Concessatildeo de creacutedito aacutegil e adequado ao ciclo de negoacutecios do empreendimento c) Baixo custo de transaccedilatildeo devido agrave proximidade entre a instituiccedilatildeo e o tomador dos empreacutestimos e agrave inexistecircncia de burocracia d) Accedilatildeo econocircmica com forte impacto social na comunidade e) Elevado custo operacional para a instituiccedilatildeo fornecedora dos recursos f) Metodologia especiacutefica que consiste na concessatildeo assistida do creacutedito (wwwsebraecombr)
O SEBRAE (2012) evidenciou que no Brasil em 2011 12 dos MEI
buscaram linhas de creacutedito em instituiccedilotildees financeiras e 88 natildeo recorreram ao
33
Os encargos da Caixa Econocircmica Federal constituem 1) taxa de juros 295 ao mecircs 2) taxa de abertura de creacutedito (TAC) 3 do valor do contrato 3) Aliacutequota zero sobre o Imposto sobre Operaccedilotildees de Creacutedito (IOF) 34
O BNDES proporciona um creacutedito de ateacute R$ 2000000 por cliente o Banco do Brasil R$ 1500000 (ateacute a data desse trabalho)
97
creacutedito Desses MEI 43 obtiveram empreacutestimos e 57 natildeo conseguiram
formalizar o empreacutestimo Em 2012 10 recorreram ao creacutedito sendo que 52
desses obtiveram empreacutestimos e 48 natildeo conseguiram o financiamento Em 2015
84 dos MEI natildeo procurou obter empreacutestimo junto agraves instituiccedilotildees financeiras Dos
16 que recorreram ao creacutedito 55 conseguiram o empreacutestimo e 45 natildeo
efetivaram o creacutedito
Entre os anos de 2011 e 2015 como aponta o SEBRAE houve decreacutescimo
de trecircs pontos percentuais pelos MEIS na taxa de procura por financiamentos junto
agraves instituiccedilotildees financeiras Sendo que as instituiccedilotildees puacuteblicas representam uma
parcela significativa na procura por empreacutestimos pelos Microempreendedores
individuais
Como podemos observar (TABELA 11) entre os anos 2011 e 2015 houve
reduccedilatildeo na taxa de procura entre os dois anos mas a reduccedilatildeo foi mais expressiva
na taxa de aprovaccedilatildeo Isso estaacute relacionado agraves medidas mais restritivas de creacutedito
do ano de 2015 que afetaram a poliacutetica de fomento aos MEI como aos demais
empreendedores
TABELA 11 - PROCURA E APROVACcedilAtildeO DE CREacuteDITO PELOS MEI (BRASIL)
INSTITUICcedilAtildeO DE CREacuteDITO
PROCURA POR EMPREacuteSTIMO ()
EMPREacuteSTIMO APROVADO ()
2011 2015 2011 2015
Instituiccedilotildees Financeiras Puacuteblicas 68 67 00 44 Instituiccedilotildees Privadas 27 0 22 49 Cooperativas de creacutedito 4 6 99 42
FONTE SEBRAE (20122015)
Todavia alguns dispositivos de apoio e estiacutemulos a essas categorias
empresariais descritos nas LC 12306 e LC 12808 tais como baixa tributaccedilatildeo
programas de capacitaccedilatildeo e mesmo o Acesso em ao creacutedito a exemplo que
estimulem o seu desenvolvimento seratildeo analisadas posteriormente quando
abordarmos a MRGP
O microcreacutedito produtivo consiste numa ferramenta utilizada em muitos
paiacuteses como estrateacutegia de reduccedilatildeo da pobreza na promoccedilatildeo de emprego e renda e
na consolidaccedilatildeo do aumento da capacidade produtiva de microempreendimentos
aleacutem de favorecer condiccedilotildees a melhoria de vida das pessoas mais empobrecidas e
socialmente vulneraacuteveis (PEREIRA 2006 BARONE et al 2002)
98
O microcreacutedito democratiza o Acesso em ao creacutedito fundamental para a vida moderna do qual grande parte dos brasileiros estaacute excluiacuteda A disponibilidade de creacutedito para empreendedores de baixa renda capazes de transformaacute-lo em riquezas para eles proacuteprios e para o paiacutes faz do microcreacutedito parte importante das poliacuteticas de desenvolvimento (BARONE et al 2002 p 11)
No Brasil o microcreacutedito eacute regulamentado e normatizado pela Lei
111102005 que institui o Programa Nacional de Microcreacutedito Produtivo Orientado
(PNMPO) e ―tem por finalidade especiacutefica disponibilizar recursos para o microcreacutedito
produtivo orientado (Lei 111102005 art 1ordm sect 2ordm)
O microcreacutedito produtivo orientado segundo Barone et al (2002) possui
efeito positivo junto aos tomadores de financiamento no sentido de melhoria das
condiccedilotildees habitacionais de sauacutede e alimentares da expectativa da restituiccedilatildeo da
cidadania e da auto-estima aleacutem da geraccedilatildeo de emprego e renda das famiacutelias que
fazem o uso desse instrumento
Tal posicionamento eacute defendido por Pereira (2005) posto os resultados
empiacutericos obtidos em estudos realizados no Centro de Apoio de Pequenos
Empreendimentos no Estado da Paraiacuteba (CEAPEPB) em 2005 Em suas anaacutelises
ela concluiu que o microcreacutedito proporciona a expansatildeo do ativo circulante35 e do
patrimocircnio liacutequido tendo peso significativo na consolidaccedilatildeo dos empreendimentos
(PEREIRA 2005 p 78) Percebe-se dessa maneira o impacto positivo do
microcreacutedito em paracircmetros econocircmicos aleacutem de ser uma ferramenta de
intervenccedilatildeo na exclusatildeo social Entretanto a situaccedilatildeo na MRGP apresenta um
quadro criticamente diverso A tabela abaixo (TABELA 12) expressa a regressatildeo
significativa das transaccedilotildees de creacutedito pela CEF na MRGP entre os anos 2015 e
2016
TABELA 12 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS E VALORES FINANCIADOS NA MRGP CEDIDOS
PELA CAIXA ECONOcircMICA FEDERAL AgraveS MPE (2015-2016)
ANO TOTAL DE CONTRATOS VALOR TATOAL (R$)
2015 13909 3759861821
2016 2756 795389276
FONTE CONTROLADORIA GERAL DA UNIAtildeO ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIA
35
O ativo circulante compreende o dinheiro em caixa os saldos bancaacuterios e todos os valores que podem ser convertidos em dinheiro imediatamente (SANDRONI 1999)
99
A diminuiccedilatildeo nos financiamentos estaacute atrelada em parte pelo baixo
desempenho da economia e por outro lado a forte restriccedilatildeo do sistema bancaacuterio no
processo de seletividade para o creacutedito Para o entrevistado3
Existe um preconceito muito grande seja por parte de associaccedilotildees seja por parte de instituiccedilotildees financeiras neacute Porque o MEI eacute um risco Como que eacute avaliado Ah ele eacute pequenininho Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar a mensalidade Se ele natildeo aguenta pagar um boleto DAS como ele vai pagar um financiamento Eu vejo isso como um preconceito Mas eu natildeo tiro toda razatildeo da parte financeira (transcriccedilatildeo) (entrevistado3)
Notemos que o nuacutemero de contratantes (TABELA 12) em 2015 em relaccedilatildeo
ao nuacutemero de MPE na MRGP (TABELA 13) abaixo atingiu o percentual de 4487
No ano seguinte (2016) esse percentual reduziu sensivelmente para 814
TABELA 13 - NUacuteMERO DE MPE NA MRGP (2015-2016)
FONTE EMPRESOcircMETRO
Ainda na comparaccedilatildeo entre os dados expressos acima (TABELAS 12 e 13)
percebemos que a retraccedilatildeo nos contratos de financiamentos representou um
decreacutescimo de 2115 de ativos circulantes das MPE na MRGP o que compromete
o desenvolvimento tendo em vista que em meacutedia 95 das empresas da regiatildeo satildeo
MPE (Empresocircmetro) e geram empregos renda e tem forte impacto na produccedilatildeo de
riqueza em seus municiacutepios
Partindo das anaacutelises de Kohler (2010) observamos que o aumento da
atividade econocircmica requer a expansatildeo da capacidade de investimento o qual ele
denomina de ―investimento produtivo O investimento produtivo na concepccedilatildeo do
MUNICIacutePIO Nordm MPE
2015 2016
Antonina 1453 1581
Guaraqueccedilaba 358 400
Guaratuba 3913 4333
Matinhos 4138 4716
Morretes 1559 1703
Paranaguaacute 13612 14728
Pontal do Paranaacute 3929 4372
TOTAL 30977 33849
100
autor eacute um elemento importante na produccedilatildeo de riqueza local pois se materializa
em uma variaacutevel ex ante a poupanccedila produtiva resultado da riqueza gerada
Tratando-se do MEI as condiccedilotildees de alocaccedilatildeo de ―investimentos
produtivos- aquisiccedilatildeo de tecnologias maacutequinas estoque ndash podem ser referenciadas
na Lei Geral atraveacutes do estiacutemulo ao creacutedito
Magalhatildees Junior (2016) ao analisar o impacto dos micro - financiamentos
realizados nos municiacutepios paranaenses atraveacutes do Programa Banco do
Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) concluiu que a adiccedilatildeo em meacutedia de 1
nos contratos de microcreacutedito junto ao Programa Banco Empreendedor Paranaacute
possibilitou o aumento da capacidade econocircmica dos municiacutepios participantes em
032 entre os anos 2010 e 2013
Os dados abaixo (TABELA 14) demonstram o nuacutemero de contratos
creditiacutecios firmados com o MEI na MRGP junto ao Fomento Paranaacute entre os anos
2014 ndash 2016 Observamos ainda a elevaccedilatildeo de 400 no nuacutemero de financiamentos
entre os anos 2015 ndash 2016 ao contraacuterio dos bancos puacuteblicos federalizados que
manifestaram reduccedilatildeo nos contratos
TABELA 14 - NUacuteMERO DE FINANCIAMENTOS CEDIDOS AO MEI JUNTO AO PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR DO PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) NA MRGP (2014-2015-2016)
MUNICIacutePIO Nordm DE FINANCIAMENTOS
2014 2015 2016
Antonina 3 3 4
Guaraqueccedilaba
6
Guaratuba 5
Matinhos 4
12
Morretes 10 3 12
Pontal do Paranaacute
7
TOTAL 29 9 45
FONTE FOMENTO PARANAacute ATRAVEacuteS DO PORTAL DA TRANSPAREcircNCIAPR
Mesmo com essa expansatildeo significativa o percentual em relaccedilatildeo ao
nuacutemero de MEI na MRGP eacute pouco expressivo pois representou apenas 038 do
total dos microempreendedores em 2016
Tal qual o nuacutemero de contratos os valores financiados aumentaram
significativamente em 47630 entre os anos 2015 ndash 2016 como demonstrado
101
abaixo (GRAacuteFICO10) Esse percentual segundo um agente representante do
Programa Banco Empreendedor Paranaacute (Fomento Paranaacute) da regiatildeo deve cair
novamente em funccedilatildeo dos municiacutepios do litoral natildeo renovarem os convecircnios com o
banco supracitado
GRAacuteFICO 10- VAOLRES TOTAIS FINANCIADOS PELO MEI NA MRGP ATRAVEacuteS DO
PROGRAMA BANCO EMPREENDEDOR PARANAacute (FOMENTO PARANAacute) (201 ndash 2015 ndash 2016)
FONTE Fomento Paranaacute ndash elaboraccedilatildeo proacutepria ndash dados obtidos atraveacutes
do Portal da Transparecircncia
Ao analisarmos os dados do graacutefico abaixo sobre o nuacutemero de contratos
firmados junto ao sistema de creacutedito na MRGP pelos respondentes (n=30)
reparamos que vinte e quatro (n=24) dos entrevistados (GRAacuteFICO 11) disseram natildeo
ter contratado financiamentos junto agraves entidades creditiacutecias para expandir seus
negoacutecios e seis (n=6) responderam ter realizado empreacutestimo Dos respondentes que
realizaram financiamentos quatro (n=4) disseram ter utilizado como capital de giro e
dois (n=2) dos respondentes que adquiriram o financiamento relataram que o
utilizaram tanto como capital de giro como para expandir os negoacutecios e na compra
de materiais
R$26674633
R$8176690
R$47121657
2014 2015 2016
Valor contratado (R$)
102
GRAacuteFICO 11 - FINANCIAMENTOS JUNTO AO SISTEMA DE CREacuteDITO NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Um fato interessante no momento da entrevista eacute que grande parte dos
respondentes natildeo tinha conhecimento sobre essa prerrogativa estabelecida em lei e
nem mesmo disse conhecer as implicaccedilotildees que um financiamento produtivo
empregado de forma adequada pode oferecer para a melhoria das condiccedilotildees dos
microempreendimentos
436 O associativismo e os MEI na MRGP
O associativismo pode ser caracterizado como cooperaccedilatildeo para crescer
juntos Quem se associa usualmente tem objetivos em comum portanto a
cooperaccedilatildeo eacute fundamental ao avanccedilo desses objetivos
Com o escopo de incluir as MPE no processo produtivo competitivo e
saudaacutevel jaacute no art 1ordm inciso III a LC 12306 preceitua como uma das normas
descritas o Acesso em ao associativismo acentuando no capiacutetulo VIII da referida
Lei Geral que a associaccedilatildeo seraacute regulamentada sob a forma de Sociedade de
Propoacutesito Especifico (SPE)36 e ―seraacute constituiacuteda como Sociedade Limitada37 (art 56
sect2ordm inciso VII)
36
Sociedade de Propoacutesito Especiacutefico (SPE) eacute um modelo de organizaccedilatildeo empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anocircnima com um objetivo especiacutefico ―cuja atividade eacute bastante restrita podendo em alguns casos ter prazo de existecircncia determinado normalmente utilizada para isolar o risco financeiro da atividade desenvolvida (SEBRAE)disponiacutevel lthttpwwwbibliotecassebraecombrchronusARQUIVOS_CHRONUSbdsbdsnsff25877ce0f2ecbca17355fc33397deea$File5189pdfgtgt Esta previsatildeo estaacute fundamentada no art 981 do Coacutedigo Civil de 2002 37
Forma societaacuteria com personalidade juriacutedica de participaccedilatildeo definida com base em seu investimento
sim
natildeo
103
Uma associaccedilatildeo tem como objetivo a manutenccedilatildeo e salvaguarda do
interesses de seus associados promovendo permanentemente os lastros de
cooperaccedilatildeo entre eles reconhecendo que para prosperar eacute necessaacuteria adequaccedilatildeo
institucional administrativa e de recursos para adaptaccedilotildees decorrentes de
mudanccedilas em cenaacuterios especiacuteficos (social economia poliacutetica)
Agraves MPE em especial aos microempreendedores individuais as concepccedilotildees
do associativismo satildeo maneiras integradas ao movimento de inclusatildeo dessa
categoria no processo mercantil uma vez que a fragilidade no Acesso em ao
mercado ao creacutedito agraves tecnologias jaacute mencionadas anteriormente as relaccedilotildees
estabelecidas na consolidaccedilatildeo associativa geram possibilidades de surgirem
externalidades tais como conexotildees comerciais fortalecimento econocircmico
benefiacutecios em funccedilatildeo das parcerias com a associaccedilatildeo dentre outras Nessa
perspectiva
o estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo como forma de minimizar as fraquezas estruturais que envolvem os microempreendedores se apoia na perspectiva de que os atores econocircmicos natildeo podem ser tomados como aacutetomos isolados posto que suas accedilotildees dependem de vaacuterias limitaccedilotildees advindas das relaccedilotildees estabelecidas com outras organizaccedilotildees (CERQUEIRA CUNHA MOHR SOUZA ABRAHAO FLEIG 2014 p 739)
Abaixo (GRAacuteFICO 12) estatildeo os resultados sobre a participaccedilatildeo dos
respondentes (n=30) em associaccedilotildees de representaccedilatildeo da categoria Dos
respondentes vinte e oito (n=28) responderam que natildeo satildeo membros de nenhuma
associaccedilatildeo e dois (n=2) decidiram por natildeo responder
GRAacuteFICO 12 - RESPOSTA SOBRE PARTICIPACcedilAtildeO EM ASSOCIACcedilAtildeO REPRESENTANTE DA CATEGORIA
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
sim
natildeo
natildeo respondeu
104
No litoral identificamos (QUADRO 8) as principais entidades representantes
da classe comercial e industrial as quais abrem espaccedilo para o MEI se associar
QUADRO 8- ENTIDADES REPRESENTANTES DAS CLASSES EMPRESARIAL COMERCIAL E AGRIacuteCOLA NO LITORAL DO PARANAacute
ENTIDADE DESCRICcedilAtildeO
ACIG Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Guaratuba
ACIMA Associaccedilatildeo Comercial e Empresarial de Matinhos
ACIAPAR Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Pontal do Paranaacute
ACIAP Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agriacutecola de Paranaguaacute
ACIAM Associaccedilatildeo Comercial Industrial e Agropecuaacuteria de Morretes
AMPEC LITORAL Associaccedilatildeo das Micro e pequenas Empresas do litoral do Paranaacute
FONTE Dados da PesquisaAssociaccedilotildees que possuem mensalidades reduzidas para os MEI
As entidades de classe descritas no quadro acima estatildeo distribuiacutedas em
todo o litoral paranaense mas destacamos a AMPEC por seu aspecto principal que
eacute uma associaccedilatildeo dos micro e pequenos empreendedores do litoral
A ASSOCIACcedilAtildeO teraacute por finalidade congregar as Microempresas Empresas de Pequeno Porte os Empreendedores Individuais e os profissionais autocircnomos formais e informais industriais comerciais agriacutecolas artesatildeos e prestadoras de serviccedilos em forma de associados optantes objetivando a promoccedilatildeo social e econocircmica estimulando o desenvolvimento e defendendo o interesse de seus associados (art 4ordm Estatuto Social AMPEC)
A AMPEC com sede em Pontal do Paranaacute na visatildeo do entrevistado2 eacute
muito importante poreacutem natildeo existe apoio do poder puacuteblico local ou de entidades que
possam contribuir para o desenvolvimento da associaccedilatildeo e de cooperaccedilatildeo conjunta
na composiccedilatildeo de estrateacutegias para aumentar a alocaccedilatildeo de recursos e
acompanhamento teacutecnico para a entidade Dessa forma o isolamento e soacute com a
arrecadaccedilatildeo dos associados natildeo tem como desenvolver accedilotildees para fortalecer a
classe Ateacute mesmo porque a inadimplecircncia segundo o entrevistado2 chega a
6038 Ainda segundo o entrevistado2 a associaccedilatildeo passou por algumas
reformulaccedilotildees administrativas posto problemas internos com respeito a recursos e
endividamento da entidade
38
O valor cobrado de mensalidade do associado eacute de R$1000 mensais (entrevistado2)
105
A AMPEC natildeo consegue atender os empreendedores seus associados Natildeo consegue ver um retorno por parte da AMPEC Nada de concreto Somente criacuteticas por parte da AMPEC [] Normalmente quando vocecirc se associa vocecirc quer crescer junto ou vocecirc tem o retorno Se vocecirc natildeo tem o retorno se vocecirc vecirc que natildeo ta criando natildeo ta juntando por que que vocecirc vai entrar NE Eu penso dessa forma o associativismo(transcriccedilatildeo) (entrevistado3)
Nas anaacutelises descritas por Cunha Mohr Souza Abrahao Fleig (2014) na
discussatildeo sobre as fraquezas e potencialidades da AMPEC o associativismo eacute
apontado como uma alternativa de melhoria das condiccedilotildees do microempreendedor
no litoral paranaense No entanto Como observa o entrevistado3 ―o associativismo
natildeo eacute aceito no litoral por questotildees culturais No sudoeste do Estado a SICREDI e o
SICOOB satildeo mais fortes que o Itauacute e o BB(transcriccedilatildeo)
Algumas estrateacutegias podem ser interessantes para o desenvolvimento do
MEI todavia elas deveriam ser adaptadas agrave realidade local como eacute o caso das
compras puacuteblicas O municiacutepio tem prazo de pagamento ateacute de 90 dias Para alguns
microempreendimentos isso se torna praticamente inviaacutevel 1) pela pouca
disponibilidade de ativos disponiacuteveis o que impossibilita a raacutepida reposiccedilatildeo dos
recursos utilizados 2) pelo fato de muitas empresas e microempreendedores natildeo
distinguirem as despesas da empresa com as da famiacutelia pois a famiacutelia depende
diretamente desses recursos (SACHS 2003)―O MEI eacute muito pequeno neacute Natildeo
consegue concorrer com os maiores Muitos MEI usam de outras atividades pra
completar a renda ou a renda do MEI eacute usada pra complementar (entrevistado2)
(transcriccedilatildeo)
437 Mobilizaccedilatildeo dos governos locais no estiacutemulo agrave categoria do MEI
Albuquerque e Zapata (2010) destacam a importacircncia de adesatildeo dos
governos locais nas poliacuteticas de desenvolvimento pois segundo os autores as
autoridades eleitas ndash municipais e estaduais ndash satildeo elementos chaves no processo
de desenvolvimento local Embora como acentuam os autores o desenvolvimento
dos territoacuterios muitas vezes eacute impulsionado por liacutederes locais (cooperativas
associaccedilotildees) jovens empresaacuterios e entidades natildeo governamentais eacute indispensaacutevel
a integraccedilatildeo dos governos locais agraves iniciativas de desenvolvimento posto que
―podem conferir a essas iniciativas algum caraacuteter institucional (idem p 216)
106
No graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 13) estatildeo os resultados sobre o conhecimento
dos respondentes sobre estrateacutegias adotadas pelas prefeituras em apoio ao MEI na
MRGP
GRAacuteFICO 13 - CONHECIMENTODOS RESPONDENTES DE ESTRATEacuteGIAS ADOTADAS PELAS PREFEITURAS EM APOIO AO MEI NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Na leitura dos dados acima (GRAacuteFICO 13) verificamos que vinte e dois
(n=22) dos respondentes natildeo sabem informar se as prefeituras possuem accedilotildees de
apoio ao MEI
Observamos durante nossas pesquisas que dos sete municiacutepios da MRGP
cinco esforccedilaram-se em apresentar propostas de fomento das capacidades de
produccedilatildeo do MEI firmando parcerias com entidades importantes no cenaacuterio
econocircmico e de desenvolvimento como eacute o caso do SEBRAE Foram eles
Guaraqueccedilaba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do Paranaacute Certamente
como constatado nas pesquisas em alguns casos Morretes e Matinhos naquele
momento pela transiccedilatildeo do chefe do executivo (eleiccedilotildees municipais) pode ter
ocorrido certo abandono das poliacuteticas setorizadas de apoio ao MEI Destacamos
ainda duas circunstacircncias importantes 1) a falta de poliacuteticas de desenvolvimento
local nos municiacutepios do litoral (SEBRAE ndash monitoramento da implementaccedilatildeo da Lei
Geral) 2) ausecircncia de poliacuteticas puacuteblicas que reduzam o imediatismo e infiram metas
0
10
20
30
40
50
60
70
80
compra derodutos e
serviccedilos doMEI
na aquisiccedilatildeode
tecnologias
cursos decapacitaccedilatildeo
processo deformalizaccedilao
natildeo soubeinformar
natildeoresponderam
107
de meacutedio e longo prazo com vistas ao desenvolvimento sustentaacutevel assinalado por
Sachs (2003) e Albuquerque e Zapata (2010)
Os pontos assinalados acima na MRGP obedecem agrave perspectiva no nosso
entendimento das poliacuteticas puacuteblicas por vezes de inclinaccedilatildeo poliacuteticapartidaacuteria
unilateral sem representaccedilatildeo de atores locais externos agrave administraccedilatildeo puacuteblica (top
down) muitas vezes alheias agraves reais necessidades da populaccedilatildeo Geralmente
essas poliacuteticas natildeo satildeo produzidas com implicaccedilotildees de meacutedio e longo prazos mas
ciacuteclicas e temporais permanecendo ateacute o teacutermino da gestatildeo municipal
Em nossas pesquisas observamos ainda que Pontal do Paranaacute eacute um dos
municiacutepios da MRGP com maior maturidade nas concepccedilotildees de desenvolvimento
local posto a extensatildeo de estrateacutegias accedilotildees e programas diversificados de fomento
das MPE em especial agrave categoria especiacutefica do MEI Esta proposta vai ao encontro
das anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2010 p 2018) no sentido de que ―agraves vezes
uma estrateacutegia de desenvolvimento local pode se iniciar a partir da coordenaccedilatildeo
territorial de alguns programas e instrumentos setoriais de fomento definidos de
maneira central
Um ponto central nesse processo como assinalou o entrevistado8 eacute a
capacitaccedilatildeo de funcionaacuterios efetivos da administraccedilatildeo puacuteblica municipal que atuam
na secretaria e na sala do empreendedor Esta estrateacutegia tem como objetivo dar
continuidade agraves propostas de desenvolvimento local isolando-se do plano partidaacuterio
denotando sentido neutro nas poliacuteticas de desenvolvimento
Na aplicaccedilatildeo do questionaacuterio percebemos que muitos dos respondentes
como constatado no graacutefico 9 desconhecem as regulamentaccedilotildees que normatizam a
categoria (Leis) os dispositivos legais que favorecem a classe do MEI quanto ao
creacutedito agraves isenccedilotildees agrave licitaccedilatildeo dentre outros instrumentos relacionados agrave sua
inserccedilatildeo e expansatildeo no mercado
Como jaacute mencionado nos municiacutepios de Guaratuba e Antonina natildeo foram
identificadas estrateacutegias de apoio ao MEI por parte do governo local com vistas agrave
inserccedilatildeo no sistema de mercado observados os dispositivos da Lei Geral
Em Guaratuba em 2009 o municiacutepio instituiu a Lei Complementar 042009
sobre o tratamento diferenciado agraves MPE no acircmbito municipal Uma das estrateacutegias
previstas na referida LC de Guaratuba foi a criaccedilatildeo do Comitecirc Gestor Municipal com
o objetivo de acompanhar a implementaccedilatildeo da LC 12306 e suas complementaccedilotildees
108
Poreacutem nas pesquisas de campo em 2016 junto agraves secretarias de
Urbanismo de Infraestrutura e Obras e do Bem Estar e Promoccedilatildeo Social assim
como o entrevistado1 desconheciam a existecircncia e atuaccedilatildeo do citado comitecirc assim
como natildeo souberam informar sobre alguma proposta referida ao MEI
Um dos avanccedilos identificados no processo de desenvolvimento empresarial
de Guaratuba foi a criaccedilatildeo em 2016 de uma agecircncia da Junta Comercial do
Paranaacute firmando parceria com o governo local e com a Associaccedilatildeo Comercial e
industrial de Guaratuba (ACIG)Tal accedilatildeo pode fortalecer o caraacuteter institucional de
poliacuteticas voltadas agraves categoria empresarial e comercial do municiacutepio Destacamos
ainda que esta foi uma accedilatildeo isolada identificada para o desenvolvimento do
ambiente empresarial da cidade
Muito embora a maioria dos municiacutepios da MRGP apresente dificuldades
orccedilamentaacuterias eacute importante frisar que o enquadramento aos dispositivos legais
inseridos na Lei Geral podem ser implantados de maneira gradual vinculados a uma
postura de desenvolvimento integrado e com metas de meacutedio e longo prazos com
provimentos de investimentos que suportem em princiacutepio estrateacutegias e accedilotildees um
pouco mais reduzidas mas no segundo momento podem ser expandidas e
melhoradas encaixadas em novas estrateacutegias e accedilotildees em concepccedilotildees de
―inovaccedilatildeo renovaccedilatildeo e transformaccedilatildeo constantes as quais estatildeo sujeitas qualquer
poliacutetica puacuteblica
438 O MEI-Patratildeo no Litoral do Paranaacute
Segundo o SEBRAE (2014) as micro e pequenas empresas em 2011 eram
responsaacuteveis por ―44 dos empregos formais em serviccedilos e aproximadamente 70
dos empregos gerados no comeacutercio (p7)
Nota-se a impressionante importacircncia desse tecido empresarial na economia
do trabalho e sua relevacircncia que pode ser considerada nas poliacuteticas de inclusatildeo
social visto a geraccedilatildeo de emprego e renda e externalidades agregadas como o
combate a miseacuteria e a pobreza extrema aleacutem do aumento da auto-estima e da
manutenccedilatildeo da dignidade das pessoas em funccedilatildeo do trabalho
109
O MEI na forma da lei explicitado no art 18C da LC 12808 poderaacute
contratar um empregado com todos os direitos e deveres atribuiacutedos na
Consolidaccedilatildeo das Leis do Trabalho (CLT)
Observado o disposto no art 18-A e seus paraacutegrafos desta Lei Complementar poderaacute se enquadrar como MEI o empresaacuterio individual que possua um uacutenico empregado que receba exclusivamente 1 (um) salaacuterio miacutenimo ou o piso salarial da categoria profissional
Ao analisar o graacutefico abaixo (GRAacuteFICO 14) com base no questionaacuterio
identificamos que dezenove (n=19) dos MEI que participaram do questionaacuterio
responderam que natildeo possuem empregado no exerciacutecio de suas atividades oito
(n=8) responderam que possuem empregado e trecircs (n=3) natildeo responderam agrave
questatildeo
GRAacuteFICO 14 -RESPONDENTES QUE POSSUEM FUNCIONAacuteRIOS NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Se por um lado a formalizaccedilatildeo do MEI constitui um avanccedilo no enfrentamento
agrave informalidade do outro lado haacute uma reproduccedilatildeo do processo informal que foge ao
controle da poliacutetica de formalizaccedilatildeo Trabalhadores que satildeo incluiacutedos por uma
poliacutetica que tem esforccedilo em pelo menos reduzir a informalidade contribui em
parte para a precarizaccedilatildeo do trabalho contratando trabalhadores dentro do sistema
informal para exercerem atividades que permanecem fora dos preceitos do trabalho
descente
0
10
20
30
40
50
60
70
sim natildeo natildeo respondeu
110
Nesse sentido sobre os microempreendedores individuais que empregam
constatamos(GRAacuteFICO 15) que dos trabalhadores empregados pelos MEI seis
(n=6) deles exercem suas funccedilotildees na informalidade e dois (n=2) satildeo formalizados
GRAacuteFICO 15 - QUANTITATIVO DE TRABALHADORES FORMALIZADOS E NAtildeO FORMALIZADOS
EMPREGADOS PELO MEI NA MRGP ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Eacute importante ressaltar que nas observaccedilotildees de campo constatou-se que
333 dos empregados natildeo formalizados (n=2) eram filhos dos MEI respondentes
Dessa forma muitos MEI aleacutem de reproduzir a informalidade com forccedila de trabalho
familiar precarizando em muito as condiccedilotildees do trabalho comprometem o
rendimento escolar de crianccedilas e adolescentes
439 Renda bruta dos MEI entrevistados um alento agrave meacutedia
Os municiacutepios da MRGP apresentam caracteriacutesticas distintas tanto pela
economia industrial quanto pelas particularidades sazonais dos serviccedilos as quais as
cidades balneaacuterias estatildeo submetidas Segundo Monteiro (2013 p 5) a populaccedilatildeo
total dos trecircs municiacutepios pode aumentar em 400 na temporada de praia
As particularidades sazonais refletem consideravelmente nas economias dos
municiacutepios balneaacuterios pelo aumento do fluxo de pessoas na temporada de veratildeo
0
10
20
30
40
50
60
70
80
natildeo formalizado formalizado
111
responsaacutevel pelo estiacutemulo da economia local impulsionada pelo turismo Destaque
para os setores de serviccedilos e do comeacutercio Com a expansatildeo da economia nesse
periacuteodo (dezembro janeiro e fevereiro) surgem oportunidades de trabalho e renda
para a populaccedilatildeo local e o aumento de volume do comeacutercio e prestaccedilatildeo de serviccedilos
Abaixo (GRAacuteFICO 16) examinamos a renda bruta dos respondentes (n=30)
na temporada de praia e no inverno a partir do questionaacuterio A referecircncia de renda
teraacute como paracircmetro o salaacuterio miacutenimo nacional39
GRAacuteFICO 16 - DISTRIBUICcedilAtildeO DOS MEI RESPONDENTES COM BASE NA RENDA BRUTA TENDO COMO PARAcircMETRO DE VALOR O SALAacuteRIO MIacuteNIMO NACIONAL (2016) ()
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Ao observarmos acima (GRAacuteFICO 16) percebemos que dos respondentes
na temporada de praia quatro (n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs
trecircs(n=3) ganham ateacute dois salaacuteriosmecircs sete (n=7) ganham ateacute trecircs salaacuterios sete
(n=7) ganham ateacute quatro salaacuterios sete (n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois
(n=2) ganham mais de cinco salaacuterios por mecircs e fora da temporada de praia quatro
(n=4) ganham ateacute um salaacuterio miacutenimo por mecircs quatro (n=4) ganham ateacute dois salaacuterios
miacutenimos por mecircs oito (n=8) ateacute trecircs salaacuterios quatro (n=4) ateacute quatro salaacuterios sete
(n=7) ganham mais de quatro salaacuterios e dois(n=2) ganham mais de cinco
salaacuteriosUm respondente natildeo se manifestou sobre a renda bruta fora do veratildeo
39
O salaacuterio miacutenimo nacional para o ano 2016 eacute de R$ 88000 tendo como base o Decreto Federal nordm 86182015
0
5
10
15
20
25
30
ateacute 1 ateacute 2 ateacute 3 ateacute 4 mais de4
mais de5
no veratildeono inverno
112
Na demonstraccedilatildeo acima (GRAacuteFICO 16) notamos que cerca de nove(n=9)
dos MEI respondentes possui rendimentos acima de quatro salaacuterios miacutenimos e
quatorze (n=14) possui variaccedilatildeo entre um e trecircs salaacuterios miacutenimos Em 201040 o
rendimento do trabalhador na MRGP era em meacutedia 245 salaacuterios miacutenimos como
indicado abaixo41 (TABELA 15)
TABELA 15 - RENDIMENTO NOMINAL MEacuteDIO DOS TRABALHADORES CONTRIBUINTES PARA A PREVIDEcircNCIA SOCIAL EM QUALQUER TRABALHO NA MRGP (2010)
MUNICIacutePIO RENDIMENTO MEacuteDIO EM SALAacuteRIO MIacuteNIMO
Antonina 227
Guaraqueccedilaba 118
Guaratuba 244
Matinhos 278
Morretes 267
Paranaguaacute 304
Pontal do Paranaacute 279
MEacuteDIA 245
FONTE IBGE ndash senso 2010
Se estabelecermos uma comparaccedilatildeo tendo como indicativo de rendimento
do trabalhador o salaacuterio miacutenimo nacional veremos que o MEI categoria de
trabalhador inclusa no sistema previdenciaacuterio (IBGE) 30 dos respondentes possui
renda meacutedia superior agrave verificada em 2010 e 467 dessa categoria permanece
proacuteximo da meacutedia analisada em 2010
4310 Capacitaccedilatildeo profissional dos MEI no Litoral do Paranaacute
Os artigos 64 e 65 da LC 12306 com base no art 149 da Constituiccedilatildeo
Federal de 1988 reforccedilam a necessidade de articulaccedilatildeo entre as Instituiccedilotildees
Federais de Ensino Superior (IFES) as Instituiccedilotildees Cientiacuteficas e Tecnoloacutegicas (ICT)
e as FundaccedilotildeesInstituiccedilotildees de Apoio (Lei Fed 895894) na implementaccedilatildeo de ―[]
programas especiacuteficos para as microempresas e para as empresas de pequeno
porte [] Os programas possuem objetivos de auxiliar agrave capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e
40
O salaacuterio miacutenimo nacional em 2010 era de R$ 51000 conforme Lei 1225510 41
Utilizamos o paracircmetro de 2010 por conta da escassez de dados econocircmicos atualizados da MRGP
113
treinamento de pessoal assim como dinamizar o processo de inovaccedilatildeo e
estruturaccedilatildeo dessas categorias empresariais
O Sistema S42 a exemplo definido na paacutegina web do Senado Federal como
―Termo que define o conjunto de organizaccedilotildees das entidades corporativas voltadas
para o treinamento profissional assistecircncia social consultoria pesquisa e
assistecircncia teacutecnica que aleacutem de terem seu nome iniciado com a letra S tecircm raiacutezes
comuns e caracteriacutesticas organizacionais similares e dentro de suas competecircncias
―cumpre um papel fundamental na oferta de cursos profissionalizantes em todo o
Brasil Criadas a partir dos anos 1940 as entidades que compotildeem o sistema se
dedicam agrave formaccedilatildeo profissional em suas respectivas aacutereas de atuaccedilatildeo (induacutestria
comeacutercio agropecuaacuteria entre outras) como indica o site do Governo Federal
Dessa forma com base nas anaacutelises de Albuquerque e Zapata (2008)
compreendemos que eacute igualmente necessaacuterio para o desenvolvimento e o
incremento das potencialidades estabelecerem o fortalecimento e expansatildeo tanto
das empresas inseridas em arranjos produtivos locais com qualificaccedilatildeo do capital
humano no gerenciamento e gestatildeo dos processos socioeconocircmicos Acesso em
agraves novas tecnologias promovendo a inovaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de produtos e a
conexatildeo em redes de produccedilatildeo e escoamento dos produtos dentro e fora do
territoacuterio quanto agrave otimizaccedilatildeo desses recursos alocados ao desenvolvimento
socioeconocircmico
Para o SEBRAE (2014) em 2011 os pequenos negoacutecios atingiram o
percentual de 27 do PIB brasileiro sendo que as Micro e Pequenas Empresas
respondem por 53 4 da riqueza gerada no setor de serviccedilos
Os dados demonstram a importacircncia de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte inclusive os Microempreendedores Individuais Isoladamente uma empresa representa pouco Mas juntas elas satildeo decisivas para a economia e natildeo se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas (SEBRAE 2014)
Abaixo (GRAacuteFICO 17) demonstra o quantitativo de MEI respondentes ao
questionaacuterio que participaram de cursos de capacitaccedilatildeo
42
A criaccedilatildeo das Instituiccedilotildees do sistema ―S tem como base fundamental o art 149 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e eacute composta pelo Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Comeacutercio (Senac) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Serviccedilo Social do Comeacutercio (Sesc) Serviccedilo Social da Induacutestria (Sesi) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviccedilo Social de Transporte (Sest) Serviccedilo Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)
114
GRAacuteFICO 17- QUANTITATIVO DE MEI RESPONDENTES QUE PARTICIPARAM DE CURSOS DE CAPACITACcedilAtildeO
FONTE Dados da pesquisa com base no questionaacuterio
Percebemos (GRAacuteFICO 17) que dezessete (n=17) dos respondentes natildeo
participaram de cursos de capacitaccedilatildeo e dez (n=10) responderam que sim Dessa
forma veremos que a maioria dos respondentes se enquadra na perspectiva de
Sachs (2003) sobre a falta de conhecimentos baacutesicos para o desenvolvimento de
suas atividades Ou seja ausecircncia de capacitaccedilatildeo necessaacuteria nos negoacutecios pode se
tornar uma barreira na sustentabilidade do microempreendimento
O principal problema enfrentado pelo MEI eacute a falta de conhecimento de mercado Eles tecircm uma boa intenccedilatildeo mas sem capacidade de gerir o negoacutecio A natildeo ser aquele que jaacute exerce sua profissatildeo e resolve se formalizar Este jaacute conhece os limites do mercado (transcriccedilatildeo) entrevistado1)
Boa parte dos MEI no momento da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio natildeo
expressava desejo em se capacitar ou mesmo participar de qualquer qualificaccedilatildeo
Um dos MEI que respondeu natildeo participar de cursos de capacitaccedilatildeo nos disse se
considerar um ―autodidata e natildeo haveria a necessidade de se capacitar
A capacitaccedilatildeo para agir no mercado aberto eacute um elemento chave como
suporte agrave expansatildeo das capacidades envolvidas em um microempreendimento
posto agrave possibilidade de conhecimento de gestatildeo e financcedilas administraccedilatildeo de
recursos estoque fluxos de mercado e competitividade
participou
natildeo participou
Natildeo respondeu
115
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Iniciamos os trabalhos de pesquisa motivados por investigar como as
organizaccedilotildees puacuteblicas mercado e organizaccedilotildees sociais tecircm constituiacutedo poliacuteticas de
formalizaccedilatildeo do trabalho e como os trabalhadores e essas organizaccedilotildees tecircm
promovido e acolhido a formalizaccedilatildeo do microempreendedor individual no litoral do
Paranaacute Para tal realizamos estudos sobre as transformaccedilotildees no mundo do trabalho
investigamos a configuraccedilatildeo socioeconocircmica e os principais problemas enfrentados
pelos trabalhadores informais na regiatildeo Tratando-se de um estudo pioneiro
enfrentamos uma seacuterie de dificuldades para a coleta de dados e entrevistas em um
setor marcado pela precariedade de informaccedilotildees e estudos sistemaacuteticos
Um traccedilo marcante no mercado de trabalho brasileiro eacute informalidade
decorrente das transformaccedilotildees no processo de produccedilatildeo promovidas pelo decliacutenio
da concepccedilatildeo keynesianafordista que culminaram nas modificaccedilotildees das relaccedilotildees
de trabalho e no deslocamento do trabalhador fabril para o setor terciaacuterio
O capitalismo no Brasil como na Ameacuterica Latina tambeacutem denominado de
capitalismo tardio foi fundamentalmente gerado a partir de forccedilas produtivas
exoacutegenas e natildeo da capacidade de produccedilatildeo endoacutegena apesar de grande parte de o
capital cafeeiro brasileiro ter sido convertido em capital industrial O setor industrial
no Brasil se expandiu rapidamente entre a segunda metade da deacutecada de 1950 e da
deacutecada de 1960 convertido por um novo padratildeo tecnoloacutegico e de acumulaccedilatildeo
No litoral paranaense o capitalismo adquiriu caracteriacutesticas diferentes do
restante do Estado como indica a literatura O poacutelo e vetor econocircmico da regiatildeo eacute o
municiacutepio de Paranaguaacute responsaacutevel por boa parte da produccedilatildeo de riquezas na
regiatildeo da geraccedilatildeo de postos de trabalho e renda pois possui o maior nuacutemero de
empresas da regiatildeo Em ponto oposto agrave Paranaguaacute temos o municiacutepio de
Guaraqueccedilaba o mais carente em recursos os quais 93 tem origem em
repasses do Estado e do Governo Federal
Muito embora com potenciais escondidos e pouco explorados passiacuteveis de
impulsionar o desenvolvimento a Microrregiatildeo Geograacutefica de Paranaguaacute eacute
considerada uma das menos desenvolvidas do Estado marcada pela ausecircncia de
poliacuteticas de desenvolvimento local altos iacutendices de pobreza e destacadas
desigualdades sociais Segundo a literatura a regiatildeo possui um Niacutevel de
Desenvolvimento Regional (NDR) classificado como Muito Baixo (MB) Ainda
116
segundo a literatura as receitas dos municiacutepios da MRGP possuem enorme
dependecircncia das transferecircncias correntes do Estado e da Uniatildeo demonstrando a
pouca capacidade na geraccedilatildeo de riquezas e de recursos necessaacuterios agrave aplicaccedilatildeo e
melhoria de serviccedilos baacutesicos para a populaccedilatildeo local tais como sauacutede e educaccedilatildeo
Alguns municiacutepios da MRGP aleacutem da dependecircncia das transferecircncias
correntes destinam boa parte de seus recursos a atenderem elites locais em um
cenaacuterio de clientelismo43
Os segmentos da economia no litoral que mais geram empregos formais satildeo
o comeacutercio setor de serviccedilos e administraccedilatildeo puacuteblica seguido modestamente pelo
setor industrial As variaccedilotildees sazonais caracteriacutesticas dos municiacutepios balneaacuterios ndash
Guaratuba Matinhos e Pontal do Paranaacute ndash produzem efeitos na economia da regiatildeo
que basicamente tem forte presenccedila do comeacutercio e do setor de serviccedilos
aumentando significativamente a oferta precarizada de emprego e renda na
temporada de veratildeo
Os municiacutepios de Guaraqueccedilaba Matinhos Pontal do Paranaacute Morretes e
Paranaguaacute estabeleceram parceria com o SEBRAE com o objetivo de criar
condiccedilotildees para a adaptaccedilatildeo da Lei Complementar 12808 Essa Lei Complementar
eacute uma Poliacutetica Puacuteblica que cria a figura juriacutedica do Microempreendedor Individual
(MEI) e estabelece criteacuterios de normatizaccedilatildeo da categoria associados a dispositivos
de apoio a esse tecido empresarial
O canal de comunicaccedilatildeo entre as prefeituras e o SEBRAE tem sido a sala
do empreendedor presente nesses municiacutepios Essa foi uma iniciativa adotada para
criar condiccedilotildees de apoio ao microempreendedor individual no sentido de orientaacute-lo
quanto agrave formalizaccedilatildeo aspectos ligados agrave referida LC e promover as bases do
desenvolvimento desse tecido empresarial A sala do empreendedor se constitui em
uma importante ferramenta natildeo soacute de amparo ao empreendedor mas em uacuteltima
anaacutelise em uma estrateacutegia de fomento ao desenvolvimento local posto que aliada
a formalizaccedilatildeo de empreendimentos que atuam na informalidade e de potenciais
empreendedores estaacute o resgate agrave cidadania pelo direito ao trabalho descente e
regularizado
Por outro lado estudos de campo evidenciaram que ao se formalizar e
empregar um terceiro o MEI tende a reproduzir a informalidade pelo trabalho
43
Ver Monteiro (2013b)
117
precarizado pelas excessivas jornadas de trabalho e pela baixa remuneraccedilatildeo De
outra forma o trabalho informal pode se concretizar para muitos trabalhadores na
uacutenica maneira de sobrevivecircncia em um mundo onde haacute decreacutescimo dos postos de
trabalho protegido pelas leis regulatoacuterias e normativas
Um dispositivo importante contido na Lei Geral eacute o Acesso em facilitado ao
microcreacutedito produtivo estendido para o microempreendedor No litoral esta
ferramenta de inclusatildeo e expansatildeo do MEI estaacute pouco explorada considerando a
diminuiccedilatildeo dos financiamentos pela Caixa Econocircmica Federal Em contra partida os
contratos creditiacutecios firmados junto ao Banco Fomento Paranaacute aumentaram nos
uacuteltimos anos mas a sua representatividade ainda eacute pouco expressiva entre os
microempreendimentos no litoral
Ao longo dos estudos verificamos que a Poliacutetica Puacuteblica de formalizaccedilatildeo do
MEI eacute uma poliacutetica de longo prazo que coaduna estrateacutegias e accedilotildees de resultados
que podem definir prazos mais longos mas em sentido imediato podem modificar a
vida desses trabalhadores Se de um lado esses trabalhadores encontraram uma
oportunidade de inserccedilatildeo no mercado de trabalho formal atraveacutes da LC 12808
constituindo seu proacuteprio negoacutecio lutando por uma vida de dignidade atraveacutes de seu
trabalho por outro lado essa classe de trabalhadores representa a forma pela qual
o Estado de maneira ilusoacuteria tenta minimizar os efeitos da exclusatildeo de milhares de
postos de trabalho em funccedilatildeo dos novos padrotildees de produccedilatildeo inseridos na
perspectiva neoliberal que aleacutem do deslocamento forccedilado dos trabalhadores agrave
informalidade produz e reproduz desigualdades sociais e econocircmicas De certa
forma como a literatura indica a LC 12808 pode ser considerada uma ferramenta
utilizada pelo Estado para regulamentar o trabalho precarizado jaacute que as bases
estruturais do desemprego natildeo satildeo atingidas
Nesse contexto observamos o sentido ambivalente da poliacutetica puacuteblica de
formalizaccedilatildeo do MEI que se de um lado o Estado percebe o alastramento da
informalidade e dos efeitos nefastos para milhares de trabalhadores brasileiros e cria
uma poliacutetica puacuteblica para enfrentar esse fenocircmeno de outro lado observamos as
dificuldades dos MEI em empreender em meio a fatores exoacutegenos como retraccedilatildeo
econocircmica e endoacutegenos como a dependecircncia de fatores locais comprometendo os
objetivos da poliacutetica puacuteblica
Os municiacutepios do litoral paranaense em sua maioria carentes de
amadurecimento das concepccedilotildees de desenvolvimento local e de recursos
118
necessaacuterios ao suporte de estrateacutegias que correspondam a uma necessaacuteria
expansatildeo das equidades e das liberdades substantivas de suas populaccedilotildees vecircem
suas capacidades limitadas em funccedilatildeo de uma economia com pouca geraccedilatildeo de
riquezas influindo na baixa tributaccedilatildeo e no alastramento de problemas sociais como
o aumento da ociosidade forccedilada da pobreza da miseacuteria da violecircncia e da
criminalidade
Concluiacutemos que a inclusatildeo social do MEI expresso no art 18E da LC
12808 depende da sua permanecircncia e sustentabilidade entre outras circunstacircncias
aleacutem do ambiente empresarial de negoacutecios do fortalecimento do mercado e da
inclinaccedilatildeo do governo local agraves concepccedilotildees de desenvolvimento Dentro dessa
perspectiva empoderar o governo local se destaca como um dos elementos
fundamentais para o desenvolvimento de poliacuteticas puacuteblicas para o MEI assim como
a preparaccedilatildeo do empresariado local para a diminuiccedilatildeo das assimetrias no ambiente
de negoacutecios
A formalizaccedilatildeo do MEI natildeo eacute um fim em si mas pode ser adequada agraves
realidades locais e suplementada garantindo e expandindo direitos jaacute conquistados
Apesar de alguns avanccedilos que possibilitem os MEI sobreviver em meio a
imensidatildeo de empresas buscando um espaccedilo no mercado em curto prazo se natildeo
intensificarem investimentos para o fortalecimento da categoria presenciaremos o
esgotamento das estrateacutegias que ainda resistem
Esperamos que os estudos que realizamos sobre o MEI no litoral do Paranaacute
sejam o iniacutecio de outras investigaccedilotildees que possibilitem a sistematizaccedilatildeo de
conhecimentos que estatildeo dispersos entre os atores puacuteblicos e privados que
desenvolvem seus esforccedilos para a formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo do MEI Esta aacuterea de
estudos apresenta-se como um desafio em funccedilatildeo da precariedade de informaccedilotildees
para pesquisa todavia por seu caraacuteter inovador configura-se tambeacutem como
oportunidade de desenvolvimento de novos pesquisadores para a produccedilatildeo de
novos arranjos institucionais que permitam aos trabalhadores MEI a sua
formalizaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo no mercado
119
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APEcircNDICES
APEcircNDICE 1 ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Tiacutetulo da Pesquisa Nome doPesquisador
1 Natureza da pesquisa
2 Participantes da pesquisa
3 Envolvimento na pesquisa ao participar deste estudo a sra (sr) permitiraacute que o (a) pesquisador perguntas agrave natureza da pesquisa O senhor (a) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa sem qualquer prejuiacutezo para a sra (sr)
4 Sobre as entrevistasas entrevistas seratildeo gravadas
5 Riscos e desconforto a participaccedilatildeo nesta pesquisa natildeo traz complicaccedilotildees
legais
6 Confidencialidadetodas as informaccedilotildees coletadas neste estudo satildeo estritamente confidenciais Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) teratildeo conhecimento dos dados
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre
para participar desta pesquisa Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Obs Natildeo assine esse termo se ainda tiver duacutevida a respeito
Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados eu de forma livre e
esclarecida manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Declaro que recebi coacutepia deste termo de consentimento e autorizo a realizaccedilatildeo da pesquisa e a divulgaccedilatildeo dos dados obtidos neste estudo
___________________________ Nome do Participante da Pesquisa ______________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa __________________________________ Assinatura do Pesquisador _________________________________
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Assinatura do Orientador APEcircNDICE 2 ndash QUESTIONAacuteRIO PARA O MEI
Curso de Mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentaacutevel UFPR- Setor Litoral
Mestrando Marcus Aureacutelio O objetivo desse questionaacuterio eacute obter dados estatiacutesticos de base quantitativa e
qualitativa que seratildeo utilizados em minha dissertaccedilatildeo
Obrigado por colaborar
QUESTIONAacuteRIO PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)
1 Qual eacute a aacuterea econocircmica de atuaccedilatildeo____________________________________ 2 Haacute quanto tempo estaacute formalizado______________________________________
3 Renda bruta mensal em salaacuterio miacutenimo
Na temporada de praiade ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos
Fora da temporada de ateacute ( ) 1 salaacuterio ( ) 2 salaacuterios ( ) 3 salaacuterios ( ) 4 salaacuterios ( ) maior que 5 salaacuterios miacutenimos
4 Obteve financiamento junto agraves instituiccedilotildees de creacutedito facilitado ( ) sim ( ) natildeo
Se sim o financiamento foi utilizado ( ) na expansatildeo dos negoacutecios ( ) capital de giro ( ) compra de materiais ( ) todos os itens anteriores
5 Possui ou jaacute possuiu relaccedilatildeo comercial com o Municiacutepio Estado ( ) sim ( ) natildeo 6 Participa de alguma associaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo
7 Com a regularizaccedilatildeo do MEI sua situaccedilatildeo socioeconocircmica melhorou ( ) sim ( ) natildeo - (Em que
sentido)______________________________________ _____________________________________________________________
_____ _____________________________________________________________
_____ 8 Vocecirc deixaria de ser MEI por um emprego formalizado com carteira assinada e
salaacuterio mensal ( ) sim ( ) natildeo ndash (por
que)_____________________________________________ _____________________________________________________________
_____ 9 Vocecirc jaacute participou de algum curso de capacitaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo
10 Jaacute realizou consultoria com agentes do SEBRAE ou Agentes de Desenvolvimento do Municiacutepio disponiacuteveis na Sala do Empreendedor
( ) sim ( ) natildeo 11 Suas atividades satildeo realizadas em
( ) sua residecircncia ( ) imoacutevel alugado ( ) imoacutevel proacuteprio 12 Vocecirc possui outra atividade aleacutem de ser MEI ( ) sim ( ) natildeo
13 Na sua opiniatildeo a prefeitura tem auxiliado a categoria do MEI no seu desenvolvimento atraveacutes de
( ) compra de produtos e serviccedilos do MEI ( ) no processo de formalizaccedilatildeo ( ) promoccedilatildeo de cursos de capacitaccedilatildeo para o MEI ( ) incentivo agrave aquisiccedilatildeo de
tecnologias pelos MEI ( ) natildeo sabe informar se a prefeitura possui esses programas de incentivo
14 Vocecirc possui funcionaacuterio para o exerciacutecio da sua atividade ( ) sim ( ) natildeo
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Se a resposta for sim ele eacute formalizado ( ) sim ( ) natildeo
15 Na sua opiniatildeo quais accedilotildees que a prefeitura poderia realizar para auxiliar o desenvolvimento da
categoria do MEI ____________________________________________________