Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery
http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981 0377
Curso de Pedagogia - N. 14, JAN/JUN 2013
O ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL FRENTE AOS PRINCÍPIOS DO ESTADO
LAICO E DA LIBERDADE DE CRENÇA
Lidyane Loures do Nascimento1
Ana Lúcia Damascena2
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo analisar a relação existente entre Estado e
Religião na implementação do Ensino Religioso na matriz curricular do Ensino Fundamental
como disciplina regular das escolas públicas frente aos princípios da liberdade de crença e do
Estado Laico. Para tanto serão analisados elementos históricos e culturais relacionados ao
Ensino Religioso enquanto disciplina, apontando, ainda, a necessidade de uma formação
adequada dos professores regentes da disciplina.
Palavras-chave: Ensino Religioso. Estado Laico. Religião.
ABSTRACT
This article aims to analyze the relationship between state / Religion in the
implementation of religious education in the curriculum of elementary school discipline as
1 Graduada em Pedagogia pela Faculdade Metodista Granbery em 2012.
2 Graduada em Direito pela Faculdade Metodista Granbery em 2009/2010; Mestranda em Serviço Social pela
UFJF – Linha de pesquisa: Políticas Sociais e Gestão Pública; Professora das disciplinas de Direito
Administrativo, Financeiro e Tributário da Faculdade Metodista Granbery.
regular public schools against the principles of freedom of belief and the Secular State. To be
analyzed both historical and cultural elements related to religious teaching discipline while
pointing also the need for adequate training of school teachers of the discipline.
Keywords: Religious Education. Secular State. Religion.
1. INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como tema a análise da relação Estado e Religião no que se
refere à implantação do Ensino Religioso na matriz curricular do Ensino Fundamental das
escolas públicas frente ao princípio da liberdade de religião e dos princípios do Estado laico.
Com o presente estudo, busca-se analisar se a implantação do Ensino Religioso
nas escolas públicas é legal, sob o aspecto jurídico, pertinente e desejável, sob o aspecto
pedagógico, a fim de compatibilizar a disciplina com os princípios da liberdade de crença e
laicismo do Estado.
Parte-se da hipótese de que o Ensino Religioso pode ser reconhecido como
disciplina regular das escolas públicas brasileiras, a partir de uma leitura humanista, aberta,
que contemple o estudo das diversas formas de religião, como as mesmas se manifestam na
história em seus aspectos filosóficos, sociológicos, históricos, psicológicos entre outros temas
universais, ministrado por profissionais qualificados para trabalhar com tal disciplina.
O tema, embora já discutido por diversas áreas, ainda guarda polêmicas e mostra-
se atual, sobretudo em virtude do tratamento equivocado dado ao mesmo pela prática
pedagógica nas escolas brasileiras, sendo inclusive pauta de discussão do Supremo Tribunal
Federal, que deve analisar a constitucionalidade do Ensino Religioso no Brasil por meio do
julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº. 4.439, proposta pela Procuradoria
Geral da República.
O estudo do tema tem como referencial teórico os princípios do laicismo do
Estado e da liberdade de crença, contidos em nosso texto constitucional. Para melhor
compreender o Ensino Religioso no Brasil, à luz dos citados princípios, optou-se por iniciar a
análise contextualizando o tema com questões histórico-culturais da relação Estado e Religião
em sentido geral, como forma de legitimação do poder político, assim como as peculiaridades
do caso brasileiro.
Diante desses elementos, cuidou-se de analisar o desenvolvimento do Ensino
Religioso pós Constituição de 1988 e LDB de 1996, avaliando-se todo o processo de
construção de tais parâmetros legais e os elementos culturais que influenciam a prática
pedagógica da disciplina no Brasil.
Buscou-se analisar o tratamento dado ao Ensino Religioso na prática educacional
frente à ausência de parâmetros específicos e uniformes para a disciplina, bem como os
elementos que possibilitam interpretar o ensino religioso em conformidade com os preceitos
constitucionais e legais.
O presente trabalho tem como objetivo contribuir para a reflexão sobre o tema,
que por sua alta complexidade e carga polêmica ainda será objeto de muita discussão,
principalmente, enquanto depende de manifestação do STF.
2. A RELAÇÃO HISTÓRICA ESTADO E RELIGIÃO
A necessidade de organização da vida em sociedade e a complexidade das
relações sociais fizeram com que os indivíduos instituíssem um poder organizado para regular
o convívio social. Nesse contexto surgem as primeiras formas de “Estado”.
Segundo MALUF (1988, p. 100), nas sociedades primitivas não havia uma
organização política que se identifique ao que denominamos atualmente “Estado”, embora já
houvesse determinadas regras de organização do convívio social, com poder centrado em uma
instituição política, tida como natural e necessária, decorrente da própria natureza humana,
para organizar a vida em sociedade.
As primeiras formas de organização política se deram na Grécia e em Roma, na
idade antiga, período compreendido entre 3.000 a.C até o séc. V da era cristã, quando o
Império Romano se desmoronou diante da invasão dos bárbaros.3
3 Sobre a origem e evolução histórica do Estado consultar: MAULF, Sahid . Teoria Geral do Estado.19 ed. São
Paulo: Sugestões Literárias, 1988; BOBBIO, Norberto. Estado Governo e Sociedade. Para uma teoria geral da
política. Traduzido por Marco Aurélio Nogueira. 8 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000; ZIPPELIUS, Reinhold.
Teoria Geral do Estado. Traduzido por Karin Praefke-Aires Coutinho. 12 ed. Lisboa: Fundação Caloustre
Gulbenkian, 1997; DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da Teoria Geral do Estado. 17 ed. São Paulo:
Saraiva 1993 e AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado. 4 ed. Porto Alegre: Editora Globo, 1963.
Nas primeiras formas de organização, o poder do monarca era absoluto,
equivalente ao poder divino, e este acumulava as funções militar, judicial, sacerdotal e de
coleta de impostos. Desta forma, percebe-se então a existência de uma estreita relação entre
Estado e Religião, como forma de legitimação do poder, nos primeiros formatos de
organização política.
Com o desenvolvimento histórico do Estado e a passagem do “Estado” Antigo
para o modelo de “Estado” Medieval, persiste a submissão do “Estado” ao poder espiritual
representado pela Igreja Romana. (MALUF, 1988, p. 124)
Durante um longo período, o fundamento de legitimação do Estado consistia nos
dogmas religiosos. Segundo a teoria do poder divino, o Estado foi fundado por Deus, através
de um ato concreto de manifestação de sua vontade. O Rei é ao mesmo tempo sumo-
sacerdote, representante de Deus na ordem temporal e governador civil (MALUF, 1988, p.
76).
Sendo assim, era devida obediência ao Rei ainda que este fosse injusto e infiel. Os
súditos deviam respeitá-lo. A pessoa do Rei era sagrada e, diante de suas violências e
injustiças, os súditos poderiam apenas orar pela sua conversão.
Somente no limiar da Idade Moderna surgem as teorias racionalistas, que
justificam o Estado como sendo de origem convencional, como produto da razão humana, que
tem sua justificativa de legitimação não mais no poder divino, mas no acordo racional e
livremente motivado dos sujeitos, teoria esta desenvolvida pelos chamados “Contratualistas”,
sobretudo por Hobbes, Locke e Rousseau.
Contudo, é importante ressaltar que há diferenças na concepção da origem do
contrato social apresentadas por Locke e por Hobbes, no que se refere ao estado de natureza,
o que os fazem chegar a fundamentos distintos para a criação do Estado pelo homem através
do contrato social.
Para Locke “os homens viviam originalmente em um estágio pré-social e pré-
político caracterizado pela mais perfeita liberdade e igualdade denominado estado de
natureza” (WEFFORT, 1991, p. 84.)
Observa-se que a concepção de estado de natureza de Locke difere da concepção
de estado de natureza de Hobbes, uma vez que, no estado de natureza de Hobbes, o homem
vive em estado de guerra, motivo que fez com que o homem abrisse mão de sua liberdade em
troca da segurança do Estado. No estado de natureza de Locke, os homens vivem em perfeita
harmonia e já havia a consciência de que alguns direitos como a vida, a liberdade e os bens
consistiam em direitos naturais do ser humano (WEFFORT, 1991, p. 84).
Para Rousseau, o Estado é de natureza convencional, ou seja, resulta da vontade
geral que se dá por meio da soma das vontades manifestadas pela maioria dos indivíduos.
Assim como Hobbes e Locke, Rousseau também parte do jusnaturalismo, do estado de
natureza primitivo do homem, para caracterizar o surgimento do Estado. Contudo, em
contraposição a Hobbes, Rousseau afirma que, no estado de natureza primitivo, os homens
viviam em perfeita felicidade, eles encontravam facilmente o pouco que precisavam para a
subsistência e apenas temiam a dor e a fome (MALUF, 1988, p. 88).
Com o desenvolvimento da sociedade, a complexidade das relações sociais e as
desigualdades, o homem então, para proteção de seus interesses, se vê diante da necessidade
de criação de um poder supremo, que defenderia o interesse de todos, garantindo assim a sua
liberdade e a liberdade de propriedade dos bens.
Desta feita, o homem abre mão de sua liberdade particular em favor da direção
suprema da vontade geral, que em suma deveria representar a sua própria vontade, e o corpo
social passa a ser uno e soberano, sendo a lei a manifestação positiva da vontade geral.
O Estado é convencional, afirmou Rousseau. Resulta da vontade geral que é
uma soma da vontade manifestada pela maioria dos indivíduos. A nação
(povo organizado) é superior ao rei. Não há direito divino da Coroa, mas
sim, direito legal decorrente da soberania nacional. A soberania nacional é
ilimitada, ilimitável, total e inconstrangível. O governo é instituído para
promover o bem comum, e só é suportável enquanto justo. Não
correspondendo ele com os anseios populares que determinaram a sua
organização, o povo tem o direito de substituí-lo, refazendo o contrato...
(sustenta, pois, o direito de revolução) (MALUF, 1988, p. 88).
Observa-se que, nesse contexto, diante da teoria contratualista do Estado, a
legitimidade de seu poder decorre da razão e da normatividade da legislação.
Diante do rompimento com o modelo absolutista e a ascensão do Estado Liberal
Burguês, surgem as primeiras constituições escritas que legitimam o poder do Estado e
estabelecem as primeiras separações Estado e Igreja, no modelo de Estado Moderno Racional,
com a implementação por Montesquieu da separação dos poderes, a fim de garantir os ideais
defendidos pelos movimentos revolucionários de liberdade, igualdade e fraternidade e limitar
o exercício do poder de forma absoluta, freando o poder e garantindo os direitos individuais.
(MEDAUAR, 2005, p. 29).
Contudo, mesmo diante do desenvolvimento do Estado Moderno, a influência
histórica da religião continua sendo exercida no campo político ao logo do tempo, ainda que
de forma mais branda, principalmente diante das crises da Igreja Católica e do surgimento do
Movimento Protestante.
Observa-se, ainda assim, que os dogmas religiosos e o poder político da Igreja
continuam, até os tempos atuais, a influenciar o Estado e a permear as relações sociais, tendo
essa influência rebatimentos diretos no estudo que se propõe sobre o ensino religioso nas
escolas públicas. Para melhor traçar a importância e a influência da relação Estado-Igreja na
pesquisa do tema, faz-se necessário, ainda, tratar da relação Estado-Igreja no contexto
histórico brasileiro, apontando suas particularidades em virtude da forma de colonização do
nosso país.
2.1. Relação Estado e Religião e a peculiaridade do caso brasileiro
Em virtude da colonização portuguesa de nosso país, houve grande influência da
questão religiosa da Igreja Católica sobre nosso Estado. Sendo assim, é necessário trazer
elementos de análise dessa trajetória histórico-cultural, para que possamos compreender o
debate do ensino religioso no Brasil.
Conforme aponta Emmerick (2010), para a implementação do projeto de
colonização das novas terras, o Estado português precisou do apoio da Igreja Católica, a fim
de legitimar seu poder e estabelecer a coesão social necessária para a governabilidade dos
povos. Isso também se deu no descobrimento do Brasil.
O primeiro documento legal que trata da educação religiosa de forma clara foram
as “Constituições Primeiras do Arcebispo da Bahia”, aceitas no sínodo diocesano em 12 de
junho de 1707. Essas constituições apontavam a obrigatoriedade dos senhores proprietários de
escravos cuidarem da formação religiosa dos mesmos. Nessa época, não se tratava do ensino
religioso como disciplina, ele era visto como uma formação religiosa (OLIVEIRA, 2004, p.
21). Desta forma, ocorria em paralelo à doutrinação das crianças com princípios da religião
católica. A educação girava em torno da Igreja Católica, que dominava as instituições de
ensino no Brasil.
A evangelização pregada pelo catolicismo português no Brasil trouxe, sem dúvida
alguma, rebatimentos para o contexto cultural, com influência na educação e na regulação
normativa da vida em sociedade.
No que diz respeito à evangelização/catolização dos indivíduos em terras
brasileiras, a Igreja Católica deteve o monopólio no controle da vida
cotidiana dos sujeitos, principalmente em matéria de educação e família.
Assim, ela ditava o que era ou não moralmente aceitável do ponto de vista
moral e jurídico, já que as leis vigentes no Brasil Colônia eram as mesmas de
Portugal e, não raramente, confundiam-se com as leis de Deus, ou melhor,
com as leis ditadas pela Igreja Católica. Evidente, assim, que a atuação da
Igreja Católica foi muito além do campo religioso, haja vista que se estendeu
no espaço social e político (EMMERICK, 2010).
Contudo, com o processo de independência do Brasil, consolidado em 1822, não
houve alteração significativa dessa relação entre Estado e Igreja.
O ensino da religião não era questão controversa enquanto o Estado reconhecia a
religião Católica como religião oficial. Esse contexto perdurou durante longa data em nossa
tradição histórico-política. A primeira Constituição Brasileira, datada de 1824, conferiu o
título de religião oficial do Império à Igreja Católica, mantendo-se uma estreita relação entre
essas instituições. Assim determinava o art. 5º da citada Constituição:
Art. 5º - A religião Catholica Apostólica Romana continuará a ser a Religião
do Império. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto
doméstico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma
exterior do Templo.
Nesse sentido, cabe destacar o posicionamento de Cunha (1999, p. 344), que nos
indica que:
O ensino da religião católica, nas escolas públicas brasileiras, no período
imperial, era uma conseqüência da união entre o Estado e a Igreja. Essa
herança dos tempos coloniais chegava a tal ponto que houve quem dissesse
que a Igreja Católica no Brasil nada mais era do que um apêndice da
administração civil.
Já em 15 de outubro de 1827, temos a primeira lei que trata sobre o ensino
religioso, ordena-se a criação de escolas em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos
do Império. Segundo Cury (1993, p.22), o artigo 6º da lei apontava que os professores
deveriam ensinar a ler, escrever, as quatro operações de aritmética, prática de quebrados,
decimais, proporções, as noções mais gerais de geometria prática, a gramática da língua
nacional, e os princípios de moral cristã e da doutrina da religião católica e a apostólica
romana.
A situação foi se modificando de maneira lenta, porém progressiva ao longo do
século XIX. No Brasil, conforme indica Emmerick (2010), com a influência dos ideais
iluministas e a crise da Igreja Católica na Europa, ocorre uma mudança significativa das
relações entre Estado e Igreja Católica.
Com os movimentos de independência influenciados pelos ideais da Revolução
Francesa, com a posterior instituição da república no Brasil e os ideais de laicismo
decorrentes da separação Estado e Igreja vivenciados tardiamente no Brasil, a Igreja perde sua
força política e seu poder, não sendo mais fonte de legitimação do poder estatal.
Enfraquecida ideologicamente e nos seus apoios tradicionais, a Igreja não tem
condições de negociar uma posição de força, um novo pacto com o Estado Republicano que
se instala em 15 de novembro de 1889. “A iniciativa está com o Estado que impõe pelo
decreto de 7 de janeiro de 1890 a separação entre a Igreja e o Estado” (FAUSTO, 1984, p.
277).
O primeiro sinal da cisão dessa relação estreita ocorre, como indicado acima, em
janeiro de 1890, com a publicação do Decreto nº 119-A, de autoria de Rui Barbosa, que
oficializa no Brasil a separação Igreja e Estado.
Posteriormente, quando da promulgação da constituição de 1891, ocorre formal e
constitucionalmente a separação das instituições Igreja e Estado. Representando os objetivos
do Estado Moderno, o texto constitucional rejeitou qualquer união entre o pode civil e o poder
religioso, sendo papel do Estado garantir liberdade e igualdade a todos os cidadãos, conforme
disposto em seu art. 72, abaixo destacado:
Artigo 72 – A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes
no país a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança
individual e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
§ 4º - A República só reconhece o casamento civil, cuja celebração será
gratuita.
§ 5º - Os cemitérios terão caráter secular e serão administrados pela
autoridade municipal, ficando livre de todos os cultos religiosos a prática dos
respectivos ritos em relação aos seus crentes, desde que não ofendam a
moral pública e as leis.
§ 6º - Será leigo, o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos.
§ 7º - Nenhum culto ou igreja gozará de subvenção oficial, nem terá relações
de dependência ou aliança com o Governo da União ou dos Estados.
Embora se reconheça que no contexto da vida social a Igreja Católica continuou
exercendo grande influência, no texto constitucional de 1891 fica claro que a religião não foi
a fonte de legitimação do poder, apregoando-se os ideais do Estado Racional Moderno.
Contudo, conforme aponta Emmerick (2010), essa relação em nosso contexto
histórico-político-cultural sempre foi conflituosa e contraditória, com inúmeras situações de
relativização e retrocessos.
No dia 30 de abril de 1931,
foi publicado o Decreto nº 19.9414, que reintroduziu o
Ensino Religioso confessional nas escolas públicas, de acordo com o decreto 19.941, de 1931,
em seu artigo 1°: “Fica facultativo, nos estabelecimentos de instrução primária, secundária e
normal, o ensino da religião.”.
Com o advento da Constituição de 1934, há grande retrocesso no avanço
alcançado pela constituição anterior, citando em seu preâmbulo a confiança em Deus como
fonte de legitimação para o texto constitucional, e embora trouxesse em seu art. 17 vedações à
relação direta de dependência e aliança entre Igreja e Estado, previa a colaboração recíproca,
com fundamento no interesse coletivo. Observe-se:
Artigo 17 - É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
[...]
II - estabelecer, subvencionar ou embaraçar o exercício de cultos religiosos;
III - ter relação de aliança ou dependência com qualquer culto, ou igreja sem
prejuízo da colaboração recíproca em prol do interesse coletivo;
[...] (GRIFOS ACRESCIDOS)
Essa separação Estado e Igreja como fruto da racionalidade humana não é algo
que na prática social tenha se dado no Brasil de forma linear e absoluta. A confusão entre
Estado Laico e Religião é percebida com clareza nas divergências encontradas não só no texto
constitucional de 1934, mas ao longo de nossa história político e jurídica, com reflexos até os
dias atuais, no próprio texto constitucional de 1988, como veremos no desenvolver desse
estudo.
4 O padre jesuíta Leonel Franca foi o responsável, a pedido do ministro, por redigir a exposição de motivos e a
fórmula do decreto. No entanto, houve uma modificação no decreto, pois a fórmula do Padre Leonel Franca
estabelecia o ensino religioso obrigatório dentro do horário escolar, enquanto o decreto de 1931 estabeleceu o
ensino religioso facultativo fora do horário escolar.
No texto da Constituição brasileira de 1937, ocorrem avanços jurídicos em relação
a separação Estado e Igreja, com a eliminação da citada cláusula da Constituição de 1934, que
possibilitava a colaboração entre Estado e Igreja, e ainda as chamadas Emendas Católicas.
Contudo, as disposições referentes ao ensino religioso foram mantidas, embora em alcance
reduzido.
Esta situação do Ensino Religioso não sofre grandes alterações após a
Constituição de 1937. De acordo com Ranquetat (2007), o Ensino Religioso nas escolas
públicas fica assegurado na Constituição Federal de 1946, de acordo com grupos religiosos
que se vinculam à Igreja Católica. Sendo assim, podemos citar o artigo 168, que aponta tal
manifestação: “O Ensino Religioso constitui disciplina dos horários das escolas oficiais, é de
matrícula facultativa e será ministrado de acordo com a confissão religiosa do aluno.”.
No ano de 1961 foi publicada a primeira LDB, na qual a Igreja Católica consegue
incluir o Ensino Religioso, que no artigo 97 aponta:
O ensino religioso constitui disciplina dos horários normais das escolas
oficiais, é de matrícula facultativa e será ministrado sem ônus para os cofres
públicos, de acordo com a confissão religiosa do aluno, manifestada por ele,
se for capaz, ou pelo seu representante legal ou responsável.” O § 1º do
referido artigo estabelece que: “A formação de classe para o ensino religioso
independe de número mínimo de alunos.” Diz o § 2º “O registro dos
professores de ensino religioso será realizado perante a autoridade religiosa
respectiva” (FIGUEIREDO, 1996, p. 62).
Já na Constituição Federal de 24 de janeiro de 1967, encontramos, no artigo 176,
o seguinte apontamento sobre o ensino religioso nas escolas públicas: “O Ensino Religioso,
de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas de grau
primário e médio.”.
A segunda LDB, que surge no ano de 1971, referencia o Ensino Religioso nas
escolas públicas no seu artigo 7º, parágrafo único: “O ensino religioso, de matrícula
facultativa, constituirá disciplina dos horários normais dos estabelecimentos oficiais de 1º e 2º
graus”. A diferença existente entre os artigos citados aponta a exclusão da expressão sem ônus
para os cofres públicos, existente na LDB de 1961, em que não se estabelece que a disciplina
deve ser ministrada de acordo com a confissão religiosa do aluno e estende-se às disciplinas
nas escolas públicas até o 2º grau.
Caron (1999) aponta que, desde a década de 70, temos o início da existência de
uma distinção entre Catequese e Ensino Religioso (ER); já na década de 80, temos a busca do
esclarecimento e a definição clara do objeto dessa disciplina, para que se possa adequar uma
metodologia aos princípios que o configurem como elemento próprio da escola e não da
igreja.
Como bem aponta Emmerick (2010), no plano jurídico-constitucional foram
poucas as alterações ocorridas no período compreendido ente as Constituições de 1934 e
1967, inclusive a Emenda nº. 01 de 1969. Contudo, tais alterações foram significativas nos
planos econômico, social, cultural e intelectual, a ponto de ruir os alicerces da Igreja Católica,
que tem, nesse período, que substituir a tradicional estratégia de atuação para buscar
legitimidade no apoio às lutas sociais, o que redundou, segundo o referido autor, no
surgimento da Teologia da Libertação e, consequentemente, nos Movimentos Eclesiais de
Base.
Por fim, a atual Constituição de 1988, que, sem dúvida alguma, traduz um
significativo avanço em relação à garantia de direitos individuais e sociais, bem como
mecanismos democráticos, também apresenta em seu texto constitucional a confusa e
contraditória relação Estado e Religião, já que não mais se pode afirmar nesse contexto que a
relação seja restrita à Igreja Católica.
O Brasil, sob a égide da Constituição Federal de 1988, intitula-se um Estado
Laico, em virtude do disposto no artigo 19, inciso I, que assim determina:
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de
interesse público; (GRIFOS ACRESCIDOS)
Entretanto, prevê de forma expressa a possibilidade de colaboração na forma da
lei para resguardar o interesse público.
Prevê em seu preâmbulo a seguinte disposição: “nós, representantes do povo
brasileiro reunidos em Assembleia Nacional Constituinte [...] promulgamos, sob a proteção
de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil” (GRIFOS
ACRESCIDOS).
O Art. 5º, inciso IV, da Constituição trata da liberdade de consciência, de crença e
de cultos religiosos, ao passo que o Art. 210 instituiu o Ensino Religioso como disciplina na
matriz curricular do Ensino Fundamental da escola pública.
Por outro lado, Estado Laico é aquele que não se confunde com determinada
religião, não adota uma religião oficial e permite a mais ampla liberdade de crença e
descrença.
De acordo com Fausto (1984), pode-se afirmar que a grande dificuldade de
implementação do Ensino Religioso nas escolas públicas do Brasil, atualmente, está
relacionada com o laicismo do Estado. Isto é, a concepção de que, mesmo não sendo pró-
ateísta ou antirreligioso, o Estado precisa ser neutro em questão de consciência e liberdade
religiosa, a fim de não afrontar garantias constitucionais.
Essa contradição precisa ser avaliada com mais cautela, sob os aspectos jurídicos
e pedagógicos, a fim de buscar elementos que nos levem a uma compreensão mais
aprofundada sobre o tema, para ao final concluir pela possibilidade ou não de conciliar
interesses que aparentemente são bastante antagônicos: Estado Laico x Ensino Religioso.
3. O ENSINO RELIGIOSO PÓS-CONSTITUIÇÃO DE 1988 E LDB DE 1996
Como já anteriormente apontado, a Constituição de 1988, embora trate da questão
da separação entre Estado e Igreja no Art. 19, prevê, por sua vez, o ensino religioso como
disciplina integrante da grade curricular das escolas públicas. Observe-se:
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de
interesse público;
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de
maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais
e artísticos, nacionais e regionais.
§ 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos
horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.
§ 2º - O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa,
assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas
maternas e processos próprios de aprendizagem. (GRIFOS ACRESCIDOS)
Contudo, é necessário esclarecer que, diante das garantias constitucionais de
liberdade de crença, contidas no Art. 5º, inciso VI da Constituição Federal de 1988, enquanto
disciplina, o Ensino Religioso deve ser interpretado com a máxima cautela, com observância
aos demais preceitos constitucionais, a fim de que não ocorra uma colisão entre os referidos
dispositivos e os interesses que aparentemente se mostram conflitantes.
A principal dificuldade de uma interpretação adequada do Ensino Religioso no
Brasil e de sua condução prática encontra-se vinculada à forma de seu desenvolvimento
histórico, com práticas equivocadas que permanecem mesmo depois da promulgação da
Constituição de 1988, em afronta aos seus dispositivos, bem como à ausência de
regulamentação do dispositivo, de forma a apontar os parâmetros para sua implementação e
conteúdo.
Ressalta-se que a inclusão do Ensino Religioso nas escolas públicas ocorreu
graças à pressão exercida pelos grupos religiosos. Nesse contexto foi criado, em 26 de
setembro de 1995, em Florianópolis, o FONAPER (Fórum Nacional Permanente do Ensino
Religioso), sociedade civil de âmbito nacional, composta de pessoas físicas e jurídicas,
identificadas com o ensino religioso escolar, com a finalidade de tratar de questões pertinentes
ao Ensino Religioso (JUQUEIRA, 2002, p.49).
Segundo Ranquetat Jr. (2007), o FONAPER tinha como principais objetivos
garantir a presença do Ensino Religioso na LDB de 1996, de cujo processo de constituição
trata-se a seguir, e a criação de parâmetros curriculares nacionais para a referida disciplina,
como forma de evitar qualquer forma de proselitismo e doutrinação5, projeto que não logrou
êxito.
Para melhor compreender esses obstáculos práticos e legais, que representam
rebatimentos diretos na prática educacional vivenciada atualmente no Brasil, passa-se a
descrever o processo de regulamentação do Ensino Religioso no período pós Constituição
Federal de 1988 e LDB de 1996.
5 Os PCN elaborados pelo FONAPER apresentam as diretrizes fundamentais para o ensino religioso,
enfatizando que o ensino religioso deve evitar qualquer forma de proselitismo, de doutrinação. O ensino
religioso nesse contexto não é estudo de determinada religião, mas do estudo das diversas formas como as
religiões se manifestam na história em seus aspectos filosóficos, sociológicos, históricos, psicológicos e etc. Os
PCN elaborados pela FONAPER se articulam em torno de cinco eixos: culturas e religiões, escrituras sagradas,
teologias, ritos e ethos. Para que restassem atendidos esses objetivos, o ensino religioso não deve ser entendido
como ensino de uma religião ou das religiões na escola, e sim uma disciplina centrada na antropologia religiosa
(PCN, 1997). Os PCN elaborados pelo FONAPER foram editados em 1997, por uma editora católica, a editora
Ave-Maria, de São Paulo.
Para indicar a trajetória histórica e política enfrentada na construção da LDB para
regulamentação do disposto no § 1º do art. 210 da Constituição Federal, destacam-se os
estudos desenvolvidos por Caron (1999) e Equipe do GRERE, que resultaram na publicação
da obra específica que relata a trajetória do ensino religioso no Brasil na nova LDB, pós
Constituição de 1988.
Desse modo, partimos da análise do primeiro projeto, apresentado ao Congresso
para regulamentação do referido dispositivo constitucional. No texto original do primeiro
projeto de LDB regulamentando o ensino religioso no Brasil, encontramos o seguinte
dispositivo, contido no art. 33 do citado projeto:
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos
horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, sendo
oferecido, de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por
seus responsáveis, em caráter:
I - confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno ou do seu
responsável, ministrado por professores ou orientadores religiosos
preparados e credenciados pelas respectivas igrejas ou entidades religiosas;
ou
II - interconfessional, resultante de acordo entre as diversas entidades
religiosas, que se responsabilizarão pela elaboração do respectivo programa.
Contudo, na tramitação do projeto original, em fevereiro de 1996, foi introduzida
nova redação ao dispositivo legal por meio de Projeto Substitutivo, de autoria do Senador
Darcy Ribeiro, incluindo-se a expressão “sem ônus para os cofres públicos”, no Art. 33 da
LDB.
Observa-se que, desde a primeira redação, o que se tem é a abertura do espaço
escolar para que as organizações religiosas possam preparar o ensino confessional ou
interconfessional, com o objetivo de aperfeiçoar o conhecimento dos alunos numa
determinada religião por eles declarada, de forma facultativa.
Com a inserção da referida expressão, “sem ônus para os cofres públicos”,
consolidou-se, ainda mais, a orientação de que a implementação e execução da disciplina
deveria ser dada por membros dos segmentos religiosos indicados pelos alunos no ato da
matrícula como sendo sua profissão de fé. Tal forma de condução da disciplina fez com que a
mesma se tornasse doutrinamento específico de cada religião, com abordagem de caráter
confessional. Isso vem ferir os parâmetros constitucionais e legais estabelecidos na LDB, que
garantem a liberdade de crença, assim como as diretrizes constantes dos PCN elaborados pelo
FONAPER, que nunca chegou a ser implementado.
Contudo, ainda assim, segmentos religiosos inconformados com a inclusão da
expressão acrescida ao texto original se organizaram para a retirada da mesma. Tal
movimento, conforme aponta Caron (1999, p. 19), ganha força com a atuação da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Associação de Professores de Ensino Religioso do
Distrito Federal (ASPER), e o Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso, a partir da
carta aberta de 26 de março de 1996.
De acordo com os apontamentos de Caron (1999, p. 19-20), na 34ª Assembleia
Geral dos Bispos do Brasil, que aconteceu em Indaiatuba, São Paulo, em maio de 1996,
dedicou-se um tempo para tratar sobre o assunto e foi encaminhado um documento assinado
inicialmente pela Presidência da CNBB e em seguida pelos bispos do Brasil, diretamente aos
deputados, pedindo apoio e atenção ao artigo que relata sobre o Ensino Religioso na futura
LDB, com o propósito de retirada da expressão “sem ônus para os cofres públicos”.
Várias entidades apoiaram esta posição, desta forma a mobilização nacional foi
intensificada com a participação dos integrantes do 11º Encontro Nacional de Ensino
Religioso (11º ENER), realizado pela CNBB em agosto de 1996.
O já citado Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso não mediu esforços
para uma parceria com a Câmara dos Deputados e com o Ministério da Educação e Cultura
(MEC).
No primeiro semestre de 1997, devido à grande pressão exercida pela Igreja
Católica e pelo FONAPER, a Câmara dos Deputados recebe três Projetos sobre o Ensino
Religioso, propondo alterações para o artigo 33 da nova LDB, Lei nº 9.394, de 20/12/96.
Caron (1999, p. 24-25) aponta detalhadamente as diferenças entre os referidos projetos,
conforme abaixo transcrito:
a) O projeto de Lei nº 2.757/97, do Deputado Nelson Marchezan, pretendeu
alterar o artigo 33, simplesmente retirando a expressão “sem ônus para os
cofres públicos”.
b) O projeto do Deputado Mauricio Requião, sob o nº 2.997/97, propôs uma
alteração significativa do artigo 33, da Lei nº 9.394/96, através dos
dispositivos assim redigidos:
Art. 33 – O ensino religioso é parte integrante da formatação básica do
cidadão.
§ 1º - O ensino religioso de matrícula facultativa, constitui disciplina dos
horários normais da escola pública fundamental, vedadas quaisquer formas
de doutrinação ou proselitismo.
§ 2º - Assegurado o respeito à diversidade cultural brasileira, os conteúdos
do ensino religioso serão definidos segundo os parâmetros curriculares
nacionais e de comum acordo com as diferentes denominações religiosas ou
suas entidades representativas.
c) O projeto nº 3.043/97, de iniciativa do Poder Executivo – após ampla
consulta aos Estados, via Secretaria de Estado da Educação, e a setores da
sociedade em geral – tramitou em regime de urgência constitucional, nos
termos do artigo 64, parágrafo 1º da Constituição Federal, acrescentando a
modalidade de ER “ecumênico” às outras duas existentes no artigo 33 da
LDB: “confessional e interconfessional”. A este tipo de ER, o “ecumênico”,
no Parecer, conforme a Exposição de Motivos nº 78 de 12 de março de 1997,
não se aplica o dispositivo “sem ônus para os cofres públicos”.
Estes projetos não receberam emendas dentro dos prazos regimentais na Comissão
de Educação da Câmara. Contudo, como indica Caron (1999, p. 26), Padre Roque
Zimermann, deputado e relator dos projetos, após ouvir a sociedade que foi representada por
alguns órgãos como CNBB, CONIC e MEC, por meio de estudos aprofundados, elaborou um
Substitutivo ao Projeto de Lei, nº 2.757, de 1997, de Nelson Marchezan, levando em conta as
propostas apresentadas nos demais projetos. Houve a apresentação de um projeto substitutivo
que consolidava conteúdos dos três substitutivos anteriores, alterando toda a redação do artigo
33 da LDB.
Em caráter de urgência Constitucional, o referido Projeto foi votado na Câmara
dos Deputados, recebendo uma aprovação de grande parte das lideranças dos partidos, tendo
sido consolidado o texto legal, contido na Lei nº 9.475, de 22 de julho de 1997, atualmente
vigente.
Este novo texto, além de reconhecer o Ensino Religioso como disciplina das
escolas públicas de ensino fundamental, considerando-a como parte integrante do sistema de
ensino, considera a mesma um elemento essencial na formação do cidadão, e indica a
necessidade de respeito à diversidade cultural-religiosa do Brasil, vedando qualquer forma de
proselitismo, ou seja, qualquer forma de atividade com o objetivo de converter uma ou mais
pessoas a uma determinada causa, ideia ou religião.
Essa redação concilia-se com o disposto nos princípios do Estado Laico e com a
liberdade de crença existentes na Constituição de 1988, e a retirada da expressão “sem ônus
para os cofres públicos” possibilita a implementação da mesma por profissionais da área de
educação, abrindo caminho para a mudança da forma de ensino até então empregada por meio
das organizações religiosas, que mais se assemelhavam à catequização do que ao Ensino
Religioso.
O novo texto aponta, ainda, a necessidade de regulamentação adequada do tema,
dos conteúdos a serem ministrados e o estabelecimento de regras para a capacitação e
contratação dos professores.
Embora o próprio texto da LDB esteja em consonância com o texto
Constitucional, em relação ao caráter pedagógico do Ensino Religioso, que deve ter como
objetivo transmitir princípios éticos, morais e de cidadania, a fim de garantir a liberdade de
religião, essa não é realidade encontrada na prática pedagógica.
Ao revés, a ausência de regulamentação adequada fez com que pouca coisa tenha
alterado na prática do Ensino Religioso no sistema público de ensino durante todos esses
anos. O aluno não tem assegurado seu direito de conhecer a história e os fundamentos das
religiões em geral, abrangendo conteúdos, inclusive, das religiões menos tradicionais.
Ressalta-se que a liberdade de crença ou descrença só é efetivamente exercida por aqueles que
detêm a informação sobre o tema.
Mesmo diante da consolidação do Ensino Religioso como disciplina na LDB, um
grande desafio colocado aos educadores e à sociedade em geral é a busca de parâmetros para
a implementação da disciplina.
A expectativa que se tinha era de que com a regulamentação dos PCN (Parâmetros
Curriculares Nacionais) tal problemática viesse a ser sanada. Contudo, em 1996, o MED
(Ministério da Educação e Desporto) divulga os PCN, com a finalidade de estabelecer
diretrizes que apontam para a estruturação e reestruturação dos currículos escolares de todo o
Brasil, obrigatório para a rede pública e opcional para a rede privada, sem disciplinar normas
para orientação da prática pedagógica da disciplina de Ensino Religioso.
O principal objetivo dos PCN é padronizar no país fundamentos para uma
educação formal e, também, a própria relação escola e sociedade no cotidiano. Ressalta-se
que, mesmo diante dos esforços realizados pela CNBB através do Grupo GRERE e o Fórum
Nacional Permanente de Ensino Religioso, não houve a inclusão de parâmetros para a
disciplina de Ensino Religioso em tal documento.
Após muitas mobilizações, a coordenação do Fórum Nacional, com a participação
de vários educadores e entidades religiosas, assume a árdua tarefa de elaborar e divulgar esses
parâmetros que, em tempo recorde, foram elaborados e apresentados em setembro de 1996, na
cidade de Ouro Preto, ao CONSED, e logo depois foram igualmente apresentados junto ao
MEC e à Câmara do Conselho Nacional de Ensino Básico.
De acordo com Caron (1999), em seguida, a Comissão dos PCN, tendo posse do
referido trabalho, aceita de maneira positiva o texto e aponta intenções de, no futuro,
transformá-lo em diretrizes para o Ensino Religioso no Brasil.
Ocorre que desde então não houve a inclusão da temática nos PCN, o que faz com
que o tema seja tratado de forma individualizada pelos diferentes sistemas de ensino,
causando uma diversidade de orientações estaduais e municipais, e a ausência de
uniformidade no tratamento do Ensino Religioso nas escolas públicas brasileiras.
Diante desse quadro atual de abertura, vêm prevalecendo interpretações dos
dispositivos constitucionais e da LDB que contrariam os fundamentos da nova ordem, que
distorcem o caráter do Ensino Religioso com fundamento equivocado no conceito de Estado
Laico, como será tratado no próximo capítulo.
Sendo assim, fica o questionamento que se busca responder a seguir: será que é
conveniente estabelecer parâmetros rígidos para o conteúdo e a forma de condução da
disciplina de Ensino Religioso, e mais, será adequado adotar parâmetros indicados pelas
organizações religiosas? Ou será que os princípio que norteiam o Estado Laico e a liberdade
de religião já apontam os parâmetros necessários a implementação da disciplina?
4. DO TRATAMENTO DADO AO ENSINO RELIGIOSO NA PRÁTICA
EDUCACIONAL FRENTE À AUSÊNCIA DE PARÂMETROS ESPECÍFICOS E
UNIFORMES PARA A DISCIPLINA
Para que se possa discutir o tratamento dado ao Ensino Religioso nas escolas
públicas brasileiras é necessário estabelecer de forma clara a distinção entre escola
confessional e escola laica.
A escola confessional é aquela que professa determinada religião, vincula-se a
igrejas e/ou confissões religiosas e tem seus princípios baseados nos objetivos e formas de
atuação numa religião.
A escola laica, que é uma doutrina filosófica, defende e promove a separação
Estado e Igreja e é pautada pelo ensino da cidadania, sem que se professe religião específica.
Os seus principais valores são a liberdade de consciência e a igualdade entre cidadãos em
matérias religiosa.
No contexto do Estado Moderno, apenas é possível defender a possibilidade de
escolas confessionais em instituições privadas, em que o indivíduo que opta pela matrícula
expressa estar de acordo com os ensinamentos religiosos apregoados pela instituição.
No âmbito do ensino público, contudo, frente ao princípio de liberdade de crença,
só é possível o desenvolvimento de escolas laicas, que guardem relação ao Estado Laico,
então vigente.
Entretanto, na prática, a implementação do ensino religioso no contexto da escola
laica é bastante complexa, seja por conta do nosso contexto histórico de relação Estado e
Igreja, seja em virtude da interpretação equivocada de Estado Laico, ou ainda, por conta da
deficiência por parte dos profissionais para trabalhar essa disciplina.
O Ensino Religioso, ao ser compreendido como disciplina curricular, não pode
mais ser visto como ensino da religião na escola, tendo que refletir diante da multiplicidade de
crenças e da liberdade de seu exercício, do ensino das religiões e dos seus fundamentos éticos,
morais e de cidadania.
Contudo, é muito comum encontrar posicionamentos equivocados que defendem a
impossibilidade de se estabelecer uma orientação nacional uniforme sem ferir a necessária
independência entre Igreja e Estado.
Há ainda aqueles que entendem que a disciplina, por conta do princípio da
liberdade de crença e do Estado Laico, resume-se em abrir espaço para a ocupação deste pelas
organizações religiosas, conforme abaixo destacado:
Compete ao Estado facultar a utilização de um espaço, que poderá ou não ser
ocupado pelas religiões. Ou seja: não compete ao Estado proporcionar o
ensino religioso (fazendo currículos ou remunerando professores). Este
espaço proporcionado pelo Estado, nas escolas públicas, será ocupado ou
não pelas confissões religiosas. Se ele não for ocupado, por este ou aquele
motivo, não cabe ao Poder Público desvestir-se de sua condição laica, sob o
pretexto meritório de dar aulas de religião a quem manifestou interesse. Se
fizesse isso, estaria interferindo ou, por via indireta, subvencionando, ferindo
vários princípios constitucionais e atentando contra a liberdade religiosa.
[...]
Por outro lado parece-nos razoável que as confissões religiosas, através de
seus pastores, possam associar-se ou conveniar-se para ministrarem aulas de
religião, estabelecendo conteúdos consensuais a serem transmitidos aos
alunos que optaram pelas religiões consorciadas. Este tipo de ensino,
chamado de “inter-confessional”, [...] depende, é claro, de um acordo entre
as religiões interessadas, assunto que foge absolutamente à competência e
influência do Estado Laico (MONTEIRO, 2012).
O citado autor, equivocadamente, ainda acrescenta:
Justifica-se o ensino religioso na medida em que a criança terá, na escola,
uma continuação da educação religiosa oferecida no lar, sempre lembrando
que a educação é dever do Estado e da família (Art. 205, caput).
[...]
Os pais dos alunos ou responsáveis são co-responsáveis pela educação. Nos
termos do art. 205. Na hipótese do ensino religioso, eles têm o direito a
verem a orientação religiosa praticada ou desejada no lar, ser estendida no
âmbito da escola pública de ensino fundamental, se houver condições para
tanto. Sob esse aspecto a opção manifestada pelos alunos ou pelos pais,
quando estes forem menores, é de vital importância. Não pode ninguém,
muito menos a própria escola, tornar essa opção como mera formalidade:
trata-se de manifestação de liberdade de crença (MONTEIRO, 2012)
Sabe-se que o Ensino Religioso envolve o problema da laicidade e da liberdade de
crença, contudo, a implementação da referida disciplina depende da compatibilização desses
dois princípios.
Ao contrário do que possa parecer, não é da forma indicada por Monteiro (2012)
que se estabelece a compatibilização entre tais princípios. Abrir espaço para a ocupação da
escola por determinadas religiões, ainda que indicadas pelos alunos como profissão de fé, não
reflete os princípios contidos na Constituição Federal de 1988, assim como não atende ao
disposto no art. 33 da Nova LDB, que veda qualquer forma de proselitismo. O citado autor
afirma que dar continuidade à educação religiosa recebida pelos alunos na família é
manifestação de liberdade de crença. Contudo, ao contrário, representa doutrinação religiosa,
proselitismo vedado expressamente pela lei. Tal posicionamento reflete o entendimento do
ensino religioso anterior à nova ordem, um grande retrocesso em relação às conquistas
alcançadas pelo Ensino Religioso nas escolas públicas.
Entende-se então que compatibilizar o Ensino Religioso com a nova ordem
constitucional e legal exige a interpretação da disciplina de acordo com aos princípios da
liberdade religiosa e da laicidade, conforme demonstra-se a seguir.
A liberdade de consciência, crença e culto está descrita como direito fundamental
no Art. 5º, inciso VI, da Constituição Federal e representa garantia do particular contra o
Estado, que não pode intervir para embaraçar o livre exercício da religião.
No mesmo sentido, temos dispositivos no ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente) que disciplinam que:
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à
dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como
sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas
leis.
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:
[...]
III - crença e culto religioso;
[...]
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade
física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a
preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e
crenças, dos espaços e objetos pessoais. (GRIFOS ACRESCIDOS)
No Estado de Minas Gerais, encontramos a legislação que disciplina o Ensino
Religioso no âmbito das escolas pública estaduais, que compatibilizam os referidos princípios
com a existência da disciplina, em atendimento aos preceitos constitucionais e legais. A Lei
Estadual nº. 15.434, de 05 de janeiro de 2005, indica que o Ensino Religioso deve respeitar a
diversidade cultural e religiosa, vedando quaisquer formas de proselitismo e de abordagens de
caráter confessional, além de indicar para seu conteúdo aspectos da religiosidade em geral, da
religiosidade brasileira e regional, da fenomenologia da religião, da antropologia cultural e
filosófica e da formação ética. Por fim, a referida lei indica, ainda, os requisitos para que o
profissional da educação se habilite como professor da disciplina, com possibilidade de
ingresso na rede pública estadual, inclusive, por meio de concurso público.
Ao tratar da formação do profissional para o exercício da docência do Ensino
Religioso, a referida lei assim dispõe em seu Art. 5º:
Art. 5º - O exercício da docência do ensino religioso na rede pública estadual
de ensino fica reservado a profissional que atenda a um dos seguintes
requisitos:
I - conclusão de curso superior de licenciatura plena em ensino religioso,
ciências da religião ou educação religiosa;
II - conclusão de curso superior de licenciatura plena ou de licenciatura curta
autorizado e reconhecido pelo órgão competente, em qualquer área do
conhecimento, cuja grade curricular inclua conteúdo relativo a ciências da
religião, metodologia e filosofia do ensino religioso ou educação religiosa,
com carga horária mínima de quinhentas horas;
III - conclusão de curso superior de licenciatura plena ou de licenciatura
curta, em qualquer área de conhecimento, acrescido de curso de pós-
graduação lato sensu em ensino religioso ou ciências da religião, com carga
horária mínima de trezentas e sessenta horas, oferecido até a data de
publicação desta Lei;
IV - conclusão de curso superior de licenciatura plena ou de licenciatura
curta, em qualquer área de conhecimento, acrescido de curso de metodologia
e filosofia do ensino religioso oferecido até a data de publicação desta Lei
por entidade credenciada e reconhecida pela Secretaria de Estado da
Educação.
§ 1º Fica assegurada isonomia de tratamento entre os professores de ensino
religioso e os demais professores da rede pública estadual de ensino.
§ 2º É garantido ao profissional que satisfizer requisito definido em inciso do
caput deste artigo o direito de participar de concurso público para docência
de ensino religioso na rede pública estadual de ensino.
Observa-se que a legislação do Estado de Minas Gerais encontra-se em harmonia
com o disposto no art. 62 da LDB, que estipula regulamentos gerais para a educação nacional.
Art. 62 - A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em
nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em
universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação
mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro
primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na
modalidade Normal.
Contudo, essa não é a realidade da maior parte do país, tanto em relação ao
Ensino Religioso quanto às disciplinas em geral.
De acordo com Marcondes (2010) é importante mencionar ainda a facilidade de
encontrarmos professores de disciplinas como história, filosofia, sociologia, educação física
ou informática, atuando nas salas de aula com a disciplina de Ensino Religioso. Isso acontece
porque o conselho permite, para que possa ser implementada a disciplina diante da ausência
de profissional capacitado, e, dessa forma, estes professores têm a possibilidade de
complementar sua carga horária, trabalhando os conteúdos de maneira inadequada, por vezes
divulgando sua própria crença.
Desta forma, pode-se afirmar que é importante termos um profissional qualificado
para trabalhar com tal disciplina, que pode perfeitamente se conciliar com a liberdade de
crença e com o Estado Laico, desde que tenha uma ementa aberta que contemple o estudo das
diversas formas de religião, como as mesmas se manifestam na história em seus aspectos
filosóficos, sociológicos, históricos, psicológicos e etc.
Segundo Caron, (1999, p. 23) nenhum cidadão deve ser discriminado por motivo
de crença. Além de ser dever do Estado e da sociedade assegurar uma educação integral,
incluindo o desenvolvimento de todas as dimensões do ser, inclusive a religiosa, respeitada a
multiplicidade de crença, a fim de se evitar qualquer tipo de discriminação ou preconceito.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Ensino Religioso, quando presente na matriz curricular do Ensino Fundamental
como disciplina, deve ser regido por professores qualificados e remunerados pelo Estado.
Esta disciplina precisa ser trabalhada de maneira idônea, respeitando assim o
direito previsto pela Constituição e pela LDB, assim como outros documentos oficiais
estudados e citados no decorrer do trabalho, que venham a garantir a liberdade de crença e
uma atuação estatal adequada e imparcial.
Para que isso aconteça, é necessário que o Estado Laico venha a investir em mão
de obra qualificada, assim como os próprios profissionais da educação necessitam de uma
formação adequada.
O Ensino Religioso, ao ser entendido como disciplina curricular, não deve mais
ser visto como ensino de religião na escola. Sendo assim, é necessário refletir diante da
multiplicidade de crenças e da liberdade de seu exercício, do ensino das religiões e dos seus
fundamentos éticos, morais e de cidadania.
Percebe-se que desta forma alcançaremos o ensino de um conteúdo múltiplo, com
a apresentação das várias religiões e crenças existentes no Brasil, criando assim a
oportunidade de escolha consciente dos indivíduos, de adotar ou não determinada religião.
Isso trás ainda a minimização do preconceito a que ficam expostos cidadãos adeptos das
religiões menos tradicionais, assegurando uma educação integral e cidadã.
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