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AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Margarida Duarte, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

04 - Editorial: Cónego João Aguiar Campos06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14- A semana de... Henrique Matos16- Entrevista D. António Francisco dos Santos22- Dossier Diocese do Porto

40 - Internacional46 - Cinema48 - Multimédia50 - Estante52 - Vaticano II54- Agenda56 - Por estes dias58 - Programação Religiosa59 - Minuto YouCat60 - Liturgia62 - Fundação AIS64 - Luso Fonias66 - Cáritas Portuguesa

Foto da capa: LFS/AEFoto da contracapa: Agência Ecclesia

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Opinião

Novasprioridades paraa Europa[ver+]

Bispo toma posseno Porto[ver+]

Santo do Brasil,Portugal eEspanha[ver+] João Aguiar| Daniel Serrão |RuiOsório| Tony Neves | MárciaCarvalho | Álvaro Pacheco 3

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O desassossego

João Aguiar CamposSecretariado Nacionaldas ComunicaçõesSociais

Perguntaram-me, há dias, por ocasião doprimeiro aniversário do início do pontificado dopapa Francisco, se me sinto agitado pelo seudesassossego. Inicialmente fiz de conta que nãopercebia a pertinência da pergunta; mas depoisdei comigo a enumerar os verbos que vêmmarcado as suas intervenções -- sair, partir,primeirear, procurar, ouvir, acompanhar; e, sim --disse para mim mesmo -- estes verbosdesinstalam.Não sou dos que pensam que tudo está acomeçar agora. Mas não consigo negar queíamos apresentando alguns sintomas de haversido afectados por uma modorra de pós-almoço,com a rua a ser vista a partir de uma sombra epelo canto de pálpebras mal abertas. Até a nossalinguagem ganhara as formas redondas etranquilas do gerúndio: vamos andando, vamosfazendo, isto vai indo!...Com estes pensamentos à flor da pele, quisDeus Nosso Senhor (que no acaso não acredito)que, em recente manhã de meditação, fosse tercom Marcos 1, 21-39. Li o texto. Rezei o texto. Nofim, anotei, à laia de pessoal memória futura, aslinhas que agora partilho.….Correra bem a jornada de Cafarnaum: nasinagoga maravilharam-se com o seuensinamento, o espírito maligno foi obrigado adeixar o homem que aprisionava,

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a sogra de Pedro recuperou ahoras da merenda e muitosdoentes e possessos foramigualmente curados. Além disso, aspessoas queriam mais, muito mais– tal e qual sonhassem fazer daterra o centro da curiosidadeturística dos vizinhos. Os própriosdiscípulos estavam encantadoscom a sua provável condição deguias e porta de acesso ao Mestre.Revelaram-se, por isso,impertinentes: «Onde te meteste,que todos te procuram?»Paro a constatar como são tãoamorosamente humanos estesqueridos discípulos!...Ai como oscompreendo, se bem os imagino apensarem em estabelecer-se, emsossegar e usufruir da boa vontadee admiração respiradas ao seuredor.Convenhamos que, pelo descrito,em Cafarnaum se estava mesmobem!... Mas não se tratava só deaproveitar o clima positivo; haveriatambém – piedosa desculpa? --que retribuir a hospitalidade!...A ordem para pegar nas trouxas epartir, a fim de percorrer aldeias,deve ter-lhes soado, por isso,estranha; muito estranha mesmo.Ainda para mais, apresentadacomo uma vocação: «foi para issoque vim».

Releio, pela terceira vez o texto eprocuro a luz: o desassossego éestranho se não se percebe o amorque o motiva; o desprendimento éestranho, se de administradorespassamos a donos; partir é estranhose habitamos num sítio, em vez demorarmos na voz que nos chama…Enviar e deslocalizar parece-me fácil.Difícil é ir e desprender-me; difícil épassar de sinaleiro a condutor econtinuar a respeitar todas as regrasdos cruzamentos e entroncamentos;difícil é admitir que sou destinatárioda mensagem e não simplesmenteseu circunstancial porta-voz…Seja então bem-vindo odesassossego doutras aldeias!...

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Sismo de 8,2 na escala de Richter faz seis mortos na costa do Chile

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“Eu, francamente, não tenhoqualquer intenção de ser candidatoa Presidente. Não tenho essaintenção” – Durão Barroso ao jornalExpresso, afastando a possibilidadede um candidatura a Presidente daRepública, 28.03.2014 "Assumi o compromisso de criaras condições, no espaço de umalegislatura, para que possamosretirar da rua os portuguesessem-abrigo, que vivem aorelento, que é das coisas maischocantes para qualquerportuguês, como considero queé muito importante criar políticaspúblicas que de uma formaintegrada, na educação, nasaúde, no apoio social possamcombater o flagelo social que é apobreza." António José Seguro,02.04.2014, Rádio Renascença

“O Governo está enganado emquerer resolver a crise atravésda força. A repressão não é ocaminho a tomar”, D. DiegoPadrón, Arcebispo de Cumaná ePresidente da ConferenciaEpiscopal venezuelana, agênciaLusa, 02.04.2014 “(…) nem tudo é dinheiro. Nós nãopodemos olhar para os problemas eachar que os resolvemos pondodinheiro em cima deles. Só osestragamos. A questão não é sófinanceira. Tem muito que ver comessa engenharia social. O EstadoSocial custa muitíssimo dinheiro. Setemos tantos recursos, a questão éa de sermos capazes de reorientar aforma como os usamos, a favor daautonomia das pessoas, doempreendimento das pessoas, dasua capacidade de iniciativa,solidariedade e de resolução dosproblemas que enfrentam”, JoaquimAzevedo ao jornal Público, sobre osincentivos à natalidade, 03.04.2014

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LOC/MTC pede prioridadeao crescimento na EuropaA Liga Operária Católica/Movimentode Trabalhadores Cristãos(LOC/MTC) defende que o BancoCentral Europeu deve “reorientar”as suas prioridades do “controlo dainflação” para o “emprego, ocrescimento e a estabilidadefinanceira”. "A palavraDesenvolvimento deve ser tomadano sentido da melhoria dascondições sociais dos cidadãos enão do crescimento económico dolado do capital”, defende aLOC/MTC em comunicado enviadoà Agência ECCLESIA.Para o Movimento de TrabalhadoresCristãos, é “indispensável que seadote uma “nova política monetáriaque coloque as InstituiçõesMonetárias ao serviço do plenoemprego”. “Esta medida implica umBanco Central Europeu maisresponsável e mais representativo euma reorientação das prioridadesda sua ação do controlo da inflação,para o emprego, o crescimento, e aestabilidade financeira”,

afirma o documento.A LOC/MTC promoveu durante omês março três encontros deformação com o objetivo de debateralguns dos graves problemas queafetam os trabalhadores, as famíliase a atual organização social, cujasconclusões divulgou hoje emcomunicado. Os encontros, quedecorreram em Famalicão, Coimbrae Amadora, pretenderam “debateralguns dos graves problemas queafetam os trabalhadores, as famíliase a atual organização social, maisespecificamente, a necessidade degarantir trabalho para todos comofundamento da dignidade humanabem como aprofundar o processode iniciação de novos militantes e deexpansão da LOC/MTC a partir dasRevisões de Vida recentementeefetuadas por muitas equipas debase”.“No mundo e em Portugal o modeloeconómico que domina é ocapitalismo ou a economia demercado”, reitera a LOC/MTC queculpa esse modelo económico pelas“tantas crises em

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Portugal e no mundo, pelos tantosdesempregados, pela pobreza epelas necessidades humanas queestão por satisfazer, e que emmuitos casos atinge mesmo as maisbásicas e essenciais à vida humanae que envolve muitos milhões decidadãos”.A LOC/MTC refere que o “flagelo dodesemprego”, que em janeiroatingiu em Portugal a taxa de 15,3%“e sabe-se que há muitos quefogem à estatística”, “está

intimamente relacionado com adesigualdade de repartição dorendimento gerado pela economia, oenfraquecimento do poder doEstado, o enfraquecimento dosmecanismos de regulação, o modelode globalização e de governaçãodominante das empresas e a”financeirização” da economia”.

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Cultura do encontroé desafio do Papa aos católicosO diretor do Secretariado Nacionaldas Comunicações Sociais (SNCS)da Igreja afirmou que a promoçãodo “encontro” que leva ao anúncioda fé é um dos maiores desafioslançados pelo Papa aos cristãos. “Acultura do encontro é uma dasnossas maiores carências elacunas”, disse o cónego JoãoAguiar, durante o encontro deQuaresma dos organismos daConferência Episcopal Portuguesaque decorreu esta terça-feira emAlfragide, arredores de Lisboa.O responsável destacou os“desafios” lançados pelo PapaFrancisco ao longo do seu primeiroano de pontificado, em particular osque resultam da exortaçãoapostólica ‘Evangelii Gaudium’ (Aalegria do Evangelho), publicada emnovembro de 2013.O presidente do Conselho deGerência do Grupo Renascençafalou de uma “atitude fundamental,uma cultura”, um “modo de ser” queparte do “encontro com Cristo”. “Se o que nos leva ao encontro dooutro não foi o sentirmo-nos

amados”, acaba por se falar apenasde si próprio sem um “anúncioexplícito” de Jesus Cristo, comopede Francisco, assinalou. “Falar denós não é o conteúdo dos encontrospara os quais o Papa nos desafia”,afirmou o cónego João Aguiar.A intervenção deixou reparos àatitude dos cristãos para quem “ésempre bom ficar” e que confundem“a permanência com a fidelidade”.“Ser cristão hoje é aceitar serminoria”, ir às “periferias” que são“pessoas e situações de vida”,observou o sacerdote. O diretor doSNCS sublinhou a necessidade de“viver a missão com alegria” e“aceitar o amor de Deus comomodelo do amor humano”.

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Cooperação: Rede jesuítareunida em LisboaOs membros da ‘Rede Xavier’, redeeuropeia de organizações jesuítas,estão reunidos em Lisboa até sexta-feira para avaliar as atividadesrealizadas em conjunto, incluindo aAção de Emergência nas Filipinas.O coordenador da Rede Xavier eresponsável por uma organizaçãojesuíta em Nuremberga, naAlemanha, Klaus Vathroder, explicouà Agência ECCLESIA que esteencontro de três dias a decorrer noMosteiro das Irmãs Franciscanas deNossa Senhora das Vitórias emLisboa “é muito importante, porqueé um momento de encontro epartilha onde se debate cara-a-carao trabalho da rede”.A Rede Xavier foi constituída comoFundação em 2004 e reúneatualmente 12 instituições jesuítas,(dez europeias, uma Canadá eoutra da Austrália).A Fundação Gonçalo da Silveira(FGS) é a representante daProvíncia Portuguesa daCompanhia de Jesus nesta redecujo objetivo é “a partilha deexperiências de trabalho no âmbitoda justiça social e dodesenvolvimento”.

Fundada em 2004 por deliberaçãoda Província Portuguesa daCompanhia de Jesus a FGS é umaONGD que tem como missão“contribuir para o desenvolvimentohumano integral e de sensibilizar asociedade para um maiorcompromisso com os valores daigualdade e da justiça social”.Entre os temas desta reunião quejunta cerca de 20 representantesdesta rede em Lisboa debate-se aforma como a Rede Xavier reageperante situações de emergênciacomo foi o caso do terramoto noHaiti ou o tufão nas Filipinas, revelaKlaus Vathroder.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima vai visitar IPO de Lisboa

EMRC no Colégio Militar

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A verdade do templo,é a verdade da Igreja!

Henrique MatosAgência ECCLESIA

Dia 30 de março, IV Domingo da Quaresma,Lisboa, Parque das Nações... 16 horas.Os aguaceiros que fustigavam a região da capitalfizeram uma súbita pausa, mesmo a tempo depermitir a reunião de algumas centenas frente ànova igreja da "Expo". O Patriarca de Lisboadedicou e inaugurou o novo templo que,pensado para acolher muitos, se revelou afinalescasso para albergar os que estavam. Estavammuitos.O novo espaço dignifica o Parque das Naçõesnão só porque o dota de um excelente exemplode arquitetura religiosa mas, porque coloca osagrado na cidade. Este lugar, que todosreconhecem como excelente exemplo derecuperação urbanística, reabilitação de umazona degradada e poluída que deu lugar aespaços de lazer e habitações de exceção, contaagora com uma casa para Deus.Escrevo porém, para sublinhar algo que meentusiasma bem mais do que uma bela igrejanum belo espaço. Falo da comunidade cristã quea tornou possível. Todos nos recordamos daExpo98, foi nesse ano... pouco depois, aexposição fechava e chegavam os primeiroshabitantes daquele que se chamava agora,Parque das Nações. Residências de luxo,habitações que não estariam ao alcance dequalquer um, o necessário para viverconfortavelmente e desfrutar da vista e doespaço. Potencialmente, uma urbanização

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para pessoas que não precisamnem têm de solicitar o auxílio dovizinho ou preocupar-se com ele.Belas bolhas de conforto. Nãoforçosamente. Também ali moravaquem leve a sério o seu batismo eestes, perceberam que não tinhamigreja e como tal, antes de aconstruírem, começaram pelacomunidade. Começaram pela partedifícil, é que os laços humanos sãomais difíceis de concretizar do queos tijolos que facilmente se unemcom cimento. Durante 13 anostrabalharam uma fé em comum,atraíram muitos e edificaram oprimeiro tecido social daquela parteda cidade. Celebraram a fé emespaços comerciais alugados,tiveram que comprar um terreno epor fim, conseguiram erguer umaigreja com a dimensão e a belezaque se vê. Só foi possível porqueantes de haver igreja, houvecomunidade.

Como diz o pároco, umacomunidade exigente, que não secontenta com simplesentretenimento pastoral. Mas,segundo o Padre Paulo Franco, aexigência também se traduz emfrutos de dedicação e entrega.No dia da dedicação da nova igreja,D. Manuel Clemente reconhecia que"a verdade do templo, é a verdadeda Igreja, pois esta é uma realidadecomunitária onde os carismasconcorrem para o benefício doconjunto... antes do templo material,há sempre uma realidade eclesialque depois tem esta expressãoplástica". Penso também, que nãofoi um acaso, o facto do desafioinspirador deste esforço secondensar na frase sugerida pelaparóquia: "Construir a Igreja,Construindo Comunidade". Esta é eserá sempre a angariação defundos mais eficaz... é que, antesdos euros, congrega os corações.

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D. António Francisco Santos,Bispo do Porto

O novo bispo do Porto, D. AntónioFrancisco dos Santos, fala àAgência ECCLESIA sobre estamissão, para a qual diz partir com oobjetivo de estar próximo de toda apopulação, de uma maneira“simples, próxima e fraterna”. Agência ECCLESIA (AE) – Aserenidade e a tranquilidade sãoduas características de D. AntónioFrancisco Santos. Este períodoentre a nomeação (21 de fevereiro)e a tomada de posse na Diocese doPorto (dia 06 de abril) mexeuconsigo?D. António Francisco Santos (AFS)– Costumo ser uma pessoa serenae tranquila. Mas ao ser confrontadocom a decisão do Santo Padresenti-me surpreendido. Só à luz dafé pude entender esta decisão e é,também, à luz da fé que assumi estaminha decisão de obedecer, acolhere ir com alegria e entusiasmo servira Diocese do Porto. Sempreprocurei fazê-lo em todo o itinerárioda minha vida de sacerdote e debispo.

AE – É natural de Lamego, jáesteve em Braga e depois Aveiro.Agora vai para a diocese vizinha,Porto. Nota-se que deixa sempre oseu cunho pessoal e serenidadepor onde passa.AFS – Creio que isso é,simultaneamente, um dom de Deusrecebido e acolhido. Recebido pormim e acolhido também nas pessoasque encontro. Este meu peregrinar,este meu jeito itinerante de ser, quemanifesta a minha disponibilidadeinterior. Esse é o único mérito quetenho porque quem me conduz sãoas mãos do Senhor. Tenho-mesentido muito feliz em todos oslugares onde trabalhei e servi. Querna minha diocese de origem(Lamego), depois na diocese deBraga, como bispo auxiliar, e agora,neste encanto e nesta vivência tãobela na diocese de Aveiro. Devomuito, muito, a todas as pessoas e àcomunidade que encontrei eprocuro servir.

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AE – Na mensagem à diocese doPorto e citando o profeta Jeremiasrefere “Irás aonde Eu te enviar” (Jer1,7). Essa é a expressão quesimboliza a sua partida para adiocese do Douro?AFS – Essa expressão veio ao meuespírito e senti pulsar no meucoração quando me foi anunciada ecomunicada a decisão e escolha doSanto Padre. Sempre procurei irpara todos os lugares para ondeDeus me enviou. É com esseespírito, ânimo, alegria e coragemque vou. Queria que fosse acoragem dos profetas. É a bênção ea bondade de Deus que me anima aprosseguir neste caminho.

AE – O Porto está a poucosquilómetros de Aveiro. No entanto,sente-se – pela forma como serefere à Diocese de Aveiro – que aságuas da ria já entraram no seusangue.AFS – Sem dúvida. Senti sempreque aqui era a minha terra. Massinto também que da janela daminha aldeia natal vê-se o Porto.Essa grande e encantadora dioceseque é o Porto, com tantas pessoasde bem e de valor, com um itinerárioe percurso histórico maravilhoso.Depois da confirmação do PapaFrancisco e da minha decisão tenhocolocado no coração de Deus e nomeu coração, esta oração pela

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diocese do Porto. Procurarei serapóstolo das bem-aventuranças etestemunho da bondade de Deus. AE – Acredita que deixou coraçõesdestroçados na Diocese de Aveiro?AFS – A dureza da separação não aposso ignorar nem a possocontornar. Sinto que fui sempremuito bem acolhido e muitoacarinhado e que encontrei ,

generosos colaboradores. Sofrocom a tristeza desta separaçãoesobretudo, por ver que elessofrem, mas sinto também que é àluz da fé que eles aceitam a decisãodo Santo Padre e a minhadisponibilidade para ir ao encontrodesta nova missão. Acredito que oSenhor lhes vai proporcionar umservidor generoso, como elesmerecem.

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AE – Para além da sua sabedoria edisponibilidade, o que leva para oPorto?AFS – Levo a minha entrega ealegria de anunciar o Evangelho.Levo também a minha certeza daproximidade com todos. Levo aminha disponibilidade para quetodos encontrem em mim um pastore um irmão. Vou para estar com elessempre e em todas as situações.Quero ser o porta-voz do amor deDeus e esse rosto de um Deus queama cada um em cada situação eem cada circunstância. Vou tambémpara semear esperança no futuroda história daquela Igreja. AE – O pontificado do PapaFrancisco tem deixado marcasinapagáveis. É um seguidor destemodelo de proximidade do papaargentino?AFS – Sou e muito. Tive a graça deestar com o Papa Francisco, emRoma, no passado mês desetembro (no congressointernacional da catequese). Falei-lhe da diocese de Aveiro e o domque ele é para a Igreja universal.Quero aprender

sempre com ele, nos seus exemplose suas atitudes proféticas. Os seusgestos fazem escola. Com ele queroaprender a ser o pastor que a Igrejado Porto merece. AE – Caminha rápido com os maisrápidos e mais lento com osvagarosos. A sua pastoral tem duasvelocidades?AFS – Essa é uma generosamaneira de compreender a minhaforma de estar e ser bispo. Noentanto, não esqueço que naexortação apostólica, o PapaFrancisco nos diz: “o bispo é aqueleque deve guiar o povo”. Deve ir àfrente, mas em alguns momentosdeve saber ir no meio e noutrasocasiões deve saber ir atrás paraacolher e acompanhar os que têmritmo mais lento. Não há caminho aduas velocidades, mas tem de havera perspicácia e lucidez do bispopara saber estar com todos. Orebanho conhece-se pelo olfato.Isso é uma forma de viver acaridade pastoral.

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D. António Francisco dos Santos,bispo do PortoD. António Francisco dos Santos, de65 anos, é o novo bispo do Porto,sucedendo a D. Manuel Clemente,que em julho de 2013 deixou adiocese para assumir o cargo depatriarca de Lisboa.O prelado é natural de Tendais, noConcelho de Cinfães (Diocese deLamego) e foi ordenado padre emdezembro de 1972. Após os estudosno seminário da sua diocese,licenciou-se em Filosofia na 'ÉcolePratique de Hautes ÉtudesSociales', com mestrado no InstitutoCatólico de Paris, onde obteveainda o diploma de SociologiaReligiosa.Durante os estudos em Paris, foimembro da equipa sacerdotal daParóquia de São João Bptista deNeuilly-sur-Seine, assumindo aresponsabilidade pastoral dacomunidade portuguesa.João Paulo II nomeou-o auxiliar deBraga, a 21 de dezembro de 2004,e foi ordenado bispo em março doano seguinte, na Sé de Lamego.D. António Francisco dos Santos foinomeado bispo de Aveiro por BentoXVI em setembro

de 2006 e tomou posse a 8 dedezembro do mesmo ano.Na Conferência EpiscopalPortuguesa, ocupa o cargo de vogaldo Conselho Permanente e presideà Comissão Episcopal da EducaçãoCristã e Doutrina da Fé.O prelado esteve à frente daDiocese de Aveiro durante ascelebrações do seu 75.º aniversáriode restauração, tendo promovidonessa ocasião uma ‘Missão Jubilar’que se encerrou em dezembro de2013.Ao longo desses meses, marcoupresença, entre outros eventos,numa ‘Cristoteca’ com os jovens eceou com sem-abrigo na Noite deNatal.D. António Francisco dos Santos vaicontar como bispos auxiliares comD. Pio Alves, atual administradorapostólico, D. António Bessa Taipa eD. João Lavrador.A Diocese do Porto tem mais de 2milhões de habitantes e uma áreade 3010 quilómetros quadrados, aqual engloba 26 concelhos, 17 dosquais pertencem ao Distrito doPorto, oito ao Distrito de

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Aveiro e um ao Distrito de Braga.O território diocesano estende-seao longo do litoral atlântico do nortede Portugal, prolonga-se em direçãoao interior pela margem

esquerda do Rio Ave e Vizela até aovale do Tâmega (inclusive), e élimitada a sul pelo vale do RioDouro.

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Igreja pronta a cuidarO novo bispo do Porto, D. AntónioFrancisco dos Santos, disse aosemanário diocesano ‘VozPortucalense’ que quer uma Igrejapronta para “cuidar” de todas aspessoas que vivem numa situaçãode sofrimento. “A melhor maneira,senão mesmo a única, deimpulsionar o cuidado pastoral pelasclasses desfavorecidas, pelosdesempregados (e o desemprego éum dos dramas maiores hoje), pelospobres e marginalizados, pelasfamílias em dor, rutura ou provação,pelos doentes ou pelos reclusos, écuidar de todos e de cada umindividualmente como pessoa, comdignidade, como irmão com nome ecom alma”, refere o prelado, que vaitomar posse este sábado, após tersido nomeado pelo Papa Franciscocomo bispo do Porto, a 21 defevereiro.D. António Francisco dos Santos, de65 anos, tomará posse perante oColégio de Consultores da dioceseno Paço Episcopal, numa cerimóniaprivada, e a entrada solene será nodomingo, às 16 horas, na Catedraldo Porto.

“Cuidar é uma bela e necessáriaforma de curar as feridas dos quesofrem. Cuidar é agir sem demora,sem arrastar ou retardar respostassociais, porque os pobres nãopodem esperar”, precisa oresponsável.Na primeira entrevista ao semanáriodiocesano, o bispo diz querer“assumir a história e a memória daIgreja do Porto, que viveu momentosmarcantes ao longo da história” eassume a necessidade de“conhecer as pessoas e a realidade”.“Tudo devo delinear, programar,decidir, realizar e avaliar emcomunhão e corresponsabilidadecom as pessoas e as estruturasdiocesanas, vicariais ou paroquiais.Sei que não posso nem devo repetir,por si mesmas, experiênciaspastorais anteriores nem replicarformas e métodos de ação pastoralrealizadas noutras circunstâncias”,adianta.D. António Francisco dos Santosreconhece que Papa trouxe uma“nova pedagogia pastoral à Igreja” erefere a “dor sentida” por ter dedeixar a Diocese de Aveiro, ondeera bispo desde 2006.

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Sempre que obedeci a Deus mesenti bem com a minha consciênciae parti confiante para

cada nova missão. Assim rezo econfio também nesta hora?, concluiD. António Francisco dos Santos.

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Agradecimento da Diocese de Aveiroa D. António Francisco dos SantosO Papa Francisco nomeou o Sr. D.António Francisco dos Santos comoBispo do Porto.Com esta nomeação, a Diocese deAveiro vê partir com saudade o seuBispo, que ao longo de mais de seteanos a serviu com dedicação,empenho e espírito evangelizador, ea Diocese do Porto ganha assim umpastor que tornará ainda maisvisível o rosto paterno e próximo donosso bom Deus.A presença do Sr. D. AntónioFrancisco na Igreja de Cristopresente em Aveiro deixouprofundas marcas; no futuro, com odecorrer do tempo, o Espírito deDeus fará multiplicar os frutos doseu trabalho pastoral. Vivemosalguns anos em queexperimentámos, de modoextraordinário, a Bondade de Deuse sentimos no nosso hoje a Hora deDeus para nós. A sua ação fez-sesentir não só na comunidadeeclesial que constituímos, mastambém em toda a sociedade civil,cultural,

académica, política e militar. Nãoesqueceremos os desafiosevangélicos que tornou maispresentes pela sua palavra e pelo

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marginalizados, o ardor pela missãoe evangelização e o espírito deoração.Esta nomeação, que a todosapanhou de surpresa, não pode teroutra resposta que não seja a da fée consequente confiança

a da fé e consequenteconfiança inabalável no cuidado deDeus por esta sua amada Igrejapresente em terras de Aveiro.Obrigado, Sr. D. António Francisco.Rezamos por si e contamos com asua oração.

Diocese de Aveiro

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Mensagem à Diocese do PortoCaros Diocesanos,Era tão imprevisível estechamamento que Deus agora mefaz que não consegui balbuciarpalavra, quando a decisão do PapaFrancisco me foi comunicada.Sei que é ao Santo Padre, comoBispo de Roma e Pastor Universalda Igreja, que compete dar Pastoresa todas as Igrejas. Lembrei nessemomento a Palavra de Deus aoProfeta Jeremias: “Irás aonde Eu teenviar” (Jer 1,7).Apesar desta palavra recorrente aomeu espírito e presente no meucoração, muitas as dúvidas egrande o temor com que medefrontei ao ver as minhaslimitações e fragilidades, perante agrandeza da missão.Interroguei-me dia e noite sobre oque posso eu levar de novo a umaDiocese habitada por tanta gente debem e de valor e habituada a tãogenerosos servidores como bispos,presbíteros, diáconos, consagradose leigos.À Diocese de Aveiro peço acompreensão para este meu gestoao serviço da Igreja, que em nadasignifica, menos respeito

ou menor amor. Aveiro sabe comosempre aqui me senti feliz comobispo e como é grande a dor daseparação.Todavia, senti que só conseguiriareencontrar a serenidade decoração e a liberdade de espírito,quando com a ajuda de Deusvencesse todos os receios etemores.Levo comigo o modo próximo de sere de viver, a alegria convicta da fé eo desejo fraterno de a todos olharcom os olhos de Deus, para a todosservir como Deus quer e ama.IN MANUS TUAS é o lema episcopalque escolhi, quando o Papa JoãoPaulo II, me chamou a ser bispoauxiliar de Braga e titular deMeinedo. Renovei este mesmocompromisso diante do Papa BentoXVI quando me enviou para Aveiro.É com igual verdade que agora oafirmo diante do Papa Francisco.Este lema e os sentimentos que eleexprime unem-me a Cristo e à SuaCruz e colocam-me sob o olharterno da Mãe de Jesus, Senhora daAssunção, nossa Mãe e Padroeira.Saúdo, como irmão que sempreserei, o senhor Administrador

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Apostólico, D. Pio Alves, ossenhores Bispos Auxiliares, D.António Taipa e D. João Lavrador,os senhores Bispos Eméritos, ossenhores Vigários Gerais, o Cabidoda Catedral, os Sacerdotes,Seminários, Diáconos, Consagradose Leigos.Desde já afirmo a alegria de servir agrande comunidade humana daDiocese do Porto, com os seuseleitos e representantesautárquicos, as Autoridades Locais,as Universidades e Escolas,Instituições e Associações.Quero dirigir uma palavra de muitoafeto às crianças, aos jovens e àsfamílias.Serei irmão e presença junto dosdoentes, dos pobres e dos quesofrem e com eles

procurarei fazer caminho debondade e de esperança na buscacomum de um mundo melhor.Quero ser apóstolo das Bem-Aventuranças nestes tempos difíceisque vivemos.Sei que é grande a missão queagora me é confiada, mas vou comalegria e generosidade ao vossoencontro para amar a Deus e vosservir.Alegra-me e conforta-me ser irmãoconvosco, tão belo é o testemunhocristão da Igreja do Porto.Que Deus me ajude e vos abençoe.Abençoai-me, também vós, carosdiocesanos.

D. António Francisco dos Santos

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Saudação da Diocese do PortoA Diocese do Porto congratula-secom a nomeação, do Santo PadreFrancisco, de D. António Franciscodos Santos, até agora bispo deAveiro, para Bispo do Porto. Saúda-o com alegria e esperança eaugura-lhe um frutuoso Episcopado.Todos quantos fazem parte destaporção do Povo de Deus estarão,certamente, dispostos a acolher e acolaborar, leal e

generosamente, com o novo Bispona edificação do Reino de Deusnesta Igreja Particular, abertos àsinterrogações da Sociedade.A Diocese acompanha o Senhor D.António Francisco com a sua oraçãoe invoca, para si e para a sua açãopastoral, a intercessão maternal deNossa Senhora da Assunção.

D. Pio Alves,administrador apostólico

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Um bispo, uma dádiva

O diretor-adjunto do núcleo doPorto da Faculdade de Teologiadisse que a diocese vai receber onovo bispo, D. António Franciscodos Santos, “muito bem”.“Vamos recebê-lo como um sinal,uma dádiva, alguém que faz aligação à Igreja Universal e quemvem certamente cheio de boavontade para capacitar epotencializar as capacidades destagrande diocese que lhe competegovernar agora”, declarou o padreJorge Teixeira da Cunha à AgênciaECCLESIA.O docente da Universidade CatólicaPortuguesa (UCP) do Portoconsidera a nomeação de D.António Francisco dos Santos comobispo do Porto “uma surpresa” emotivo de grande alegria para todosos diocesanos.Para o responsável, esta é umadecisão “muito importante” do PapaFrancisco, porque os diocesanos“estavam à espera há muito tempoque a situação provisória de ter umadministrador apostólico tivesse umdesfecho”.“Para nós é muito bom

que finalmente tenhamos um bispo,a nomeação pecou pela demora,tivemos aqui até algumas dúvidas eaté alguma apreensão sobre qualseria o motivo da demora destanomeação que era tão significativa eesperada no Porto”, concluiu.

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Igreja do Porto mais sinodalDepois de uma longa eincompreensível espera, a Diocesedo Porto recebe o seu novo bispo,D. António Francisco dos Santos,um pastor que deu boas provas emBraga e em Aveiro.A Igreja Portucalense, cheia dehistória e de grandes bispos, comuma população de mais de doismilhões de habitantes, será a provafinal do exercício efetivo da suamissão episcopal.Não lhe faltarão a competência e agenerosidade pastorais de umagrande diocese que dispõe dequalidade na variedade vocacionale ministerial do Povo de Deus. Masterá alguns problemas para a suaatenção vigilante.É urgente o restabelecimento dasaúde financeira na diocese doPorto, a braços com gravesproblemas de tesouraria. A diocesenão é uma empresa nem se move por interesses lucrativos, mas, aindaassim, as despesas correntes namultiplicidade de serviços – algunscriados ou mantidos ao deus-dará -, requerem,

na modéstia do orçamento, gestãocuidadosa.A diocese em dívida continuagenerosa na solidariedade com osmais pobres e na açãosociocaritativa das suascomunidades e instituições.A escassez e o envelhecimento doclero secular - e do clero religioso,cada vez mais colaborante nadiocese – é outro grande problema.Será preciso, também, aprofundar opapel do Seminário, para que ajudeos seus escassos alunos nodiscernimento da sua candidaturaao ministerial sacerdotal ordenado.Há muito trabalho por fazer nocompromisso eclesial dos leigos queexercem a sua vocação e a suamissão, indispensáveis para avitalidade da Igreja, nas realidadesseculares dos casais, famílias, profissões e opções económicas,sociais, culturais, cívicas e políticas.Se a Igreja no Porto persistir empráticas clericalizadas, correrá orisco de pecar por omissão,impedindo a voz e a vez dos leigos.É necessário despertar o ânimo dosleigos, para que marquem

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presença cristã nas tarefas daIgreja, através de mais e melhoresministérios laicais, e, sobretudo,para que sejam ativos natransformação da sociedade aoestilo do fermento na massa e paraque ajudem a levedar mentalidadese estruturas com a força doEvangelho. Assim, os leigosdespertarão para acorresponsabilidade em Igreja.Há muito que não se realiza umSínodo na diocese do Porto. Talvezseja agora o tempo oportuno, paraque todos abram horizontes noReino de Deus.Contas à moda do Porto, tambémem Igreja, exigem a concretizaçãode tarefas divididas paradesempenho conjunto e para queninguém viva às custas alheias.

Seria ótimo se o novo bispo doPorto for o grande animador daprática mais sinodal. Terá aobrigação de dar mais relevo àcorresponsabilidade do ConselhoPresbiteral, Diocesano de Pastoral eCabido, que é, simultaneamente,Colégio de Consultores.Oxalá D. António Francisco dosSantos seja um “pastor com cheiro aovelhas” e se sinta bem com tantagente honrada que o recebe comsimpatia. Será bom que saiba ouvirmais do que fazer-se ouvir; e, noseu estilo, tenha a coragemprofética para levar o seu diálogopacificador até às periferiasexistenciais.Se não for tão profeta, seja um bomsalmista!

Rui Osório,Jornalista e pároco da Foz do Douro

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O Bispo e o Povo Cristão1. A entrada de um novo Bisponuma Diocese, como irá acontecerem 6 de abril na Diocese do Porto,dá ensejo para que um humildemembro desse Povo, um leigo,como se costuma dizer, escrevaaqui o que lhe vai na alma decristão. Porque tenho 86 anos evivo no Porto desde 1945, já sentivárias vezes este acontecimento:um novo Bispo toma conta destaDiocese e apresenta-se aosCristãos.Desta vez será D. António Franciscodos Santos.O Bispo, como acentua o PapaFrancisco,” deve favorecer semprea comunhão missionária na suaIgreja diocesana, seguindo o idealdas primeiras comunidades, em queos crentes tinham um só coração euma só alma. Para isso, umas vezespôr-se-á à frente para indicar aestrada e sustentar a esperança dopovo, outras vezes manter-se-ásimplesmente no meio de todos coma sua proximidade simples emisericordiosa e, em certascircunstâncias, deverá caminharatrás do povo, para ajudar aquelesque se atrasaram

e sobretudo porque o própriorebanho possui o olfato paraencontrar novas estradas.”O povo cristão da Diocese do Portoestá já a viver esta expectativa: querconhecer e amar o seu novo Bispo eespera que não faltem asoportunidades para o fazer. Não naspomposas cerimónias litúrgicas –como as da entrada solene - em quehá um afastamento que é impostopelo ritual hierático que,infelizmente, continua complexo efavorecedor de um distanciamentopessoal entre clérigos e leigos.Mas sobretudo, como pede o PapaFrancisco, “na missão de promoveruma comunhão dinâmica, aberta emissionária” que sempre passarápor “estimular e procurar oamadurecimento dos organismos departicipação e de outras formas dediálogo pastoral, com o desejo deouvir a todos e não apenas aalguns, sempre prontos a lisonjeá-lo. Mas o objetivo destes processosparticipativos não há de serprincipalmente a organizaçãoeclesial, mas o sonho missionário dechegar a todos”.

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2. Esta mudança do relacionamentodos Bispos com os Cristãos e osnão cristãos será causa demudança no Papado, pois o Papa éo Bispo de Roma e deseja fazer“uma conversão pastoral”. Não é adistância que induz o respeito e oafeto. O Bispo distante, encerradono seu “Paço Episcopal”, geraindiferença e, depois,

desconhecimento. O Bispo próximoe presente, com uma agenda demostrar-se e sair para a rua, terá oacolhimento dos cristãos e umprofundo e afetuoso respeito detodos os crentes.Que D. António Francisco dosSantos seja bem-vindo à Diocese doPorto. Daniel Serrão

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Missão pastoral orientada para aspessoasO presidente da Câmara Municipaldo Porto congratulou-se com anomeação de D. António Franciscodos Santos para Bispo do Porto,sucedendo a D. Manuel Clementeque em julho de 2013 se tornouPatriarca de Lisboa."É com satisfação que vejo a vagadeixada por D. Manuel Clementepreenchida por uma personalidadeque dá garantias à cidade de poderprosseguir com uma missão pastoralorientada para as pessoas

e para a sua dimensão humana",afirmou Rui Moreira."D. António Francisco dos Santos éalguém conhecedor da realidadeprática, como Bispo de Aveiro eespero que no Porto possaprosseguir uma missão pastoral,sabendo de antemão que poderásempre contar com o presidente daCâmara para cooperar em projetosque possam contribuir para acoesão social no Porto", concluiu.

Câmara Municipal do Porto

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Grande figura do episcopadoportuguêsD. Manuel Clemente felicitou aDiocese do Porto pela nomeação deum novo bispo, que apresenta comouma “grande figura” do episcopadoportuguês.“Quero felicitar a Diocese do Portopelo seu novo bispo, o senhor D.António Francisco dos Santos, queé uma grande figura do episcopadoportuguês, pela sua inteligência, asua serenidade, o seu sentidopastoral, a sua proximidade ao cleroe aos fiéis, também à sociedadecivil”, disse o patriarca de Lisboa,em declarações divulgadas pelo seuDepartamento de Comunicação eenviadas à Agência ECCLESIA.Para o atual presidente da

Conferência Episcopal Portuguesa(CEP), bispo do Porto entre 2007 e2013, está é “a todos os títulos umabelíssima nomeação”. “Peço a Deusque lhe dê a ele e a todos os seusnovos diocesanos do Porto asmaiores felicidades neste ministérioque o Papa Francisco lhe confia”,refere D. Manuel Clemente.O patriarca de Lisboa deixa “umapalavra de reconhecimento” aotrabalho de D. Pio Alves,administrador apostólico da Diocesedo Porto desde julho de 2013, cargodesempenhado “com tantadiligência, com tanta aplicação,também com tanto discernimento”.

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Um testemunho

Conheço D. António Francisco quase desde aminha entrada no Seminário Menor da Diocesede Lamego, em 1971. D. António Franciscoestava então a terminar os seus estudoseclesiásticos, no Seminário de Lamego. Poronde passou, deixou saudade e amigos,sempre muitos amigos. Desde São João daPesqueira, Paris, Seminário de Lamego, Bispoauxiliar de Braga, Bispo de Aveiro.Que posso dizer sobre a sua pessoa?Sempre admirei a sua humildade, bondade,simplicidade, humanidade, a sua fidelidade àIgreja, a sua inteligência. Pessoa simples,estabelece com naturalidade uma relaçãoimediata com as pessoas. Aproxima-se, escuta,acolhe. Este é o segredo da capacidade quedemonstra para cativar quem o conhece.Que na Diocese do Porto D. António Franciscocontinue a ser pai e pastor, como o foi naDiocese de Aveiro. D. Manuel António Mendes dos Santos, CMFBispo de São Tomé e Príncipe

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AIS reforça meios para responderàs dificuldades das comunidadescristãsno mundoA Fundação Ajuda a Igreja queSofre (AIS), organismo dependenteda Santa Sé, está a alargar a suarede de infraestruturas ebenfeitores para fazer face aosdesafios das comunidades cristãsno mundo, “cada vez mais”prementes. “Hoje temos muitospaíses marcados pela perseguiçãoreligiosa e muitos também onde aIgreja é significativamente pobre,onde faltam apoios para a formaçãodos padres e meios de transportepara as freiras ou sacerdotes,sobretudo em África ou na Ásia, epara isso precisamos de doações”,disse à Agência ECCLESIA opresidente-executivo da AIS.Johannes Heereman está emPortugal a participar numa reuniãogeral da Fundação, a primeira aeste nível no país, com a presençade responsáveis das 17 delegaçõesque atualmente fazem parte doprojeto, incluindo a estruturaportuguesa.Um dos principais destaques

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deste ano, para a organizaçãocatólica, vai ser a abertura de trêsnovas delegações, na Coreia doSul, no México e também em Malta.No que diz respeito aos doisprimeiros casos, estão em causapaíses que a AIS “apoiou bastanteno passado e que sedesenvolveram muito”, e a ideiaagora é “envolver mais essasnações na causa solidária, a favorda Igreja perseguida”, explicaJohannes Heereman.Quanto a Malta, a parceria vaicomeçar a ser definida em maio, nodia 12, com a realização de umcongresso sobre a “LiberdadeReligiosa no Mundo”. Ao mesmotempo que alarga o seu número dedelegações, a organização fundadapelo padre Werenfried van Straatenem 1947 pretende mobilizar mais asnovas gerações, para alargar erejuvenescer o seu número debenfeitores e amigos, atualmentesituado nos 600 mil.“A AIS não tem apoios oficiais daIgreja, depende exclusivamente

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dos seus benfeitores, mas a maiorparte conta já com uma idadebastante elevada. Queremosaproximar-nos dos mais novos, quese calhar não estão tão próximos daIgreja mas sabem o perigo quepoderá vir de um mundo onde nãohaja mais pensamento cristão”,realça o presidente-executivo.Neste momento, o principal foco daFundação está centrado em paísescomo a Nigéria, o Sudão, a Síria e oIraque, onde a perseguiçãoreligiosa

ganhou força depois da chamada“Primavera Árabe”.O próximo relatório da AIS sobreesta matéria vai ser publicado nopróximo mês de novembro esegundo Catarina Bettencourt,responsável pela fundação emPortugal, os dados vão indicar “umagravamento” nos atentados àliberdade religiosa. “São cada vezmais os casos de perseguição quechegam ao nosso conhecimento,vamos lançar o relatório com umasituação infelizmente pior do que em2012”, adiantou.

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Papa evoca legado de João Paulo II

O Papa recordou esta quarta-feirano Vaticano o 9.º aniversário damorte do Beato João Paulo II, numasaudação aos peregrinos polacosque participaram na audiênciapública semanal, destacando o“património de fé” do futuro santo.“Imitando Cristo, foi para o mundoum pregador incansável da Palavrade Deus, da verdade e do bem: elefez o bem mesmo com o seusofrimento. Este foi o magistério dasua vida ao qual o Povo de Deusrespondeu com grande amor eestima”, declarou Francisco,perante dezenas de milhares defiéis reunidos na Praça de SãoPedro.O Papa argentino aludiu à próximacanonização de João Paulo II,marcada para o dia 27 deste mês, eafirmou que este acontecimentodeve ser uma ocasião para“prepara-se espiritualmente e parareavivar o património de fé por eledeixado”. “Que a sua intercessãoreforce em nós a fé, a esperança eo amor”, concluiu.

Karol Jozef Wojtyla, eleito Papa a 16de outubro de 1978, nasceu emWadowice (Polónia), a 18 de maiode 1920, e morreu no Vaticano, a 2de abril de 2005.De acordo com o direito canónico,para a canonização era necessárioum novo milagre atribuível àintercessão do beato, o qual foiaprovado por Francisco a 5 de julhode 2013. O milagre diz respeito àcura de uma mulher da Costa Rica,Floribhet Mora, que teve lugar natarde de 1 de maio de 2011, dia emque o Papa polaco foi proclamadobeato por Bento XVI na Praça deSão Pedro.

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Novo santo para a Igreja CatólicaO Papa proclamou hoje como santoo jesuíta José de Anchieta (1534-1597), religioso ligado àevangelização no Brasil, e vaipresidir a uma Missa na igreja deSanto Inácio, Roma, a 24 de abril,em ação de graças. O decreto deFrancisco foi publicado pela sala deimprensa da Santa Sé e recorre à‘canonização equipolente’, umprocesso instituído no século XVIIIpor Bento XIV, através do qual oPapa vincula a Igreja para queobserve a veneração de um católicoainda não canonizado pela inserçãoda sua festividade no calendáriolitúrgico, com Missa e Ofício Divino.Nascido em Tenerife, nas Canárias(Espanha), José de Anchieta veiopara Portugal aos 14 anos, sendoaluno do Colégio das Artes eHumanidades, em Coimbra,confiado aos jesuítas, anexo àUniversidade local. Ali entrou nonoviciado da Companhia de Jesus,e foi depois destinado à missão doBrasil; o jesuíta desembarcou emSalvador a 13 de julho de 1553,juntamente com o padre portuguêsManuel da Nóbrega.“Anchieta acompanhou o padreNóbrega à nova missão de

Piratininga, onde chegaram em 24de janeiro de 1554. No dia seguinte,festa litúrgica da conversão doapóstolo São Paulo, foi celebrada aprimeira missa nessa missão, querecebeu o nome de São Paulo emhomenagem ao apóstolomissionário. Essa data éreconhecida oficialmente comomarco histórico da fundação dacidade de São Paulo”, refere o siteda Província Portuguesa daCompanhia de Jesus.O Papa Francisco assinou tambémos decretos de canonizaçãoequipolente de dois beatosfranceses que promoveram aevangelização no Canadá: o bispoFrançois de Montmorency-Laval(1623-1708) e a mística missionáriaMaria da Encarnação Guyart (1599-1672).

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Isabel II de Inglaterra visita o Papa Francisco

Audiência Geral de 2 de abril

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INDIELISBOA RegressaPrestes a chegar, o FestivalInternacional de CinemaIndependente celebra a sua 11ªedição de 24 de Abril a 4 de Maiopróximos. Com a vitalidade a quenos habituou, e passada já umadécada sobre o seu nascimento,este é o ano em que comemora umadas suas mais bem sucedidassecções: o Indiejúnior. Associando-se a este festejo, no cumprimentode um anseio que vem de longe, oPrémio Árvore da Vida contemplatambém os filmes para os maisnovos, com júri próprio constituídopor quatro alunos do Colégio SãoJoão de Brito, em Lisboa. Estreita-se assim a relação que vem unindo,de há cinco anos a esta parte, aIgreja portuguesa e o festival, agorareforçada e renovada com estaatenção particular aos criadores docinema infanto juvenil. O prémio,incentivo à criação de obras queprivilegiem valores humanos eespirituais, no valor de mil euros, étambém uma forma de olharadiante, acompanhando o que demais recente se faz e, dentro disso,as abordagens que maior interessedespertam na

‘geração do futuro’ .O Prémio Árvore da Vida, destinadoaos criadores portugueses delongas e curtas metragens incluídosna secção Competição Nacionalmantém-se, selecionando da mesmaforma o filme que, entre as quatrolongas e as dezassete curtasprogramadas, se distinga pelosvalores refletidos nas suasabordagens. ‘Alentejo, Alentejo’, deSergio Tréfaut, ‘O Novo Testamentode Jesus Cristo Segundo João’, deJoaquim Pinto e Nuno Leonel,‘Revolução Industrial’ de TiagoHespanha e Frederico Lobo e ‘Talesof Blindness’ de Cláudia Alves sãoalguns dos filmes a ver.Entre as restantes secçõesprevistas, destaque para a Pulsardo Mundo, compostaessencialmente por documentáriosque lidam com questões relevantesda atualidade mundial, e que esteano conta com uma obra de InêsMendes Gil, membro do grupo decinema da Pastoral da Cultura, dosanteriores júris Árvore da Vida epresença assídua no festival.‘Sangue na Guelra’,

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que resulta duma parceria entre aUniversidade Lusófona e o CentroUnesco, mostra a realidadecomplexa de uma escola naReboleira.Outra boa novidade é a daassociação, em parceria, do Indiecom a Universidade Católica queeste ano disponibiliza uma equipade filmagem para acompanhar edocumentar o decorrer do festival.Observatório, panorama de obrasessenciais do cinemacontemporâneo assinadas porcineastas consagrados e inéditasem Portugal, Cinema Emergente –espaço para novas linguagens docinema contemporâneo, paraexperiências narrativas originais enovos talentos e Novíssimos,primeiros passos de jovenscineastas portugueses com modosde olhar e expressar muito diversos,são três secções que amplificamsignificativamente a nossaexperiência de cinema.Despertando-nos também para

novas formas de olhar o mundo.Retomando a retrospetiva queconheceu uma interrupção de doisanos, o Indielisboa homenageia esteano a filmografia de Claire Simon.Simon, que iniciou a sua carreiranos anos noventa comdocumentário, progrediu paraincursões no cinema de ficção,acabando em 2013 por realizar umdíptico em que revela a suaextraordinária capacidade decombinação dos dois géneros:Géographie Humaine e Gare duNord, dois filmes a ter em conta. Noprimeiro, documental, a realizadorafilma o quotidiano da estaçãoparisiense, experiência a partir daqual nascem as histórias ficcionadasdo segundo filme.Cheia de energia, a equipa do Indieque inclui os sempre tão dedicadosvoluntários disponibilizará a suaagenda, detalhada, a partir de 10 deAbril em www.indielisboa.com.

Margarida Ataíde

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EMRC onlinehttp://www.educris.com/

Iniciou no passado 31 de Março asemana nacional da EducaçãoMoral e Religiosa Católica (EMRC)2014 que se prolonga até ao dia 4de abril. Sob o lema “Peloscaminhos de Francisco”, “a semanaconta com inúmeras propostas quevão por em evidência a disciplina ea figura do Papa Francisco porocasião do 1º aniversário do seupontificado de modo a levar àEscola um melhor conhecimentodeste Papa em particular e doministério papal em geral, assimcomo da sua importância para aIgreja e para o mundo".Assim a proposta para esta semanapassa por uma visita virtual ao sítioda Comissão Episcopal responsávelpor este sector, que tem, além dadisciplina de EMRC, aresponsabilidade de coordenar ascatequeses e as escolas católicas.Ao digitarmos o endereçowww.educris.com encontramos umespaço interessante, com umaapresentação gráfica bastante

atual e onde as quatro grandesáreas (EMRC, Catequese, EscolasCatólicas e Comissão Episcopal) seencontram em destaque. Surgemdepois oito opções complementareso que torna a navegação e adisposição dos conteúdos bastantesimples.Ao clicarmos em “notícias”,encontramos os apontamentosnoticiosos que são publicados nestaplataforma, ordenadoscronologicamente. Existindo ainda aopção de pesquisarmos notícias pordeterminada data e/ou título.Em “Centro de Recursos”,encontramos um conjunto bastantealargado de conteúdos, nos maisvariados formatos (texto, áudio,vídeo, powerpoint, imagens,flipchart, aulas interativas),suportados por um motor de buscaque facilita a pesquisa.Uma área em completa evolução eque cada vez mais é importante asua existência – TV Online - éaquela que dispõe de registos emformato de vídeo das muitasconferências, debates e outrosencontros que vão sendoorganizados por este

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secretariado.Na opção “Galeria”, encontradevidamente catalogadas, umconjunto enorme de registosfotográficos dos diversos eventosnacionais.O espaço “agenda”, procura manterinformadas todas as pessoas quevisitam este sítio, por forma aficarem a conhecer as datas e oslocais dos eventos relacionadoscom a área de atuação do SNEC.Por último em “edições SNEC”, podeconsultar todas as publicaçõesrealizadas

por este secretariado e emalgumas delas, com a possibilidadede aceder a partes do seuconteúdo.Aqui fica a sugestão de visitaconstante a este espaço virtual, porparte de crianças, adolescentes,jovens e adultos, sejam elescatequistas, professores,educadores ou encarregados deeducação, pois este sítio dispõe deconteúdos bastante relevantes parao sector da educação cristã.

Fernando Cassola Marques

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Reportagens em MissãoO superior provincial dos espiritanosem Portugal, padre Tony Neves,celebra este ano as bodas de pratasacerdotais e para assinalar a datavai lançar um livro que englobaalgumas das reportagens que fezsobre as suas missões pelo mundo.“Para marcar estes 25 anos” opadre Tony Neves decidiu “não fazeruma publicação sobre si mas antesum olhar sobre a Missão que fuitestemunhando ao longo destes 25anos de padre”.“Das muitas reportagens que fiz,escolhi 80 e tais, ilustrando, no fim,com algumas fotos que marcam aminha vida, a minha missão, o meuolhar de jornalista”, explica osuperior provincial dos espiritanosem Portugal.O prefácio do livro ‘Reportagenscom Missão’ é assinado pelopatriarca de Lisboa, D. ManuelClemente que recorda “a presençae compromisso” do padre TonyNeves.“Em boa hora se publicam emconjunto os textos deste livro.

Foram escritos ao correr da pena,do teclado agora, mas ainda maisao correr da vida. Em cima doacontecimento, diz-se, massobretudo dentro dele, do casoocorrido, da circunstância vivida, dosignificado ou apelo que cada coisatransporta”, escreve D. ManuelClemente.O missionário espiritano Tony Nevesnasceu em Gondomar em 1962 e foiordenado padre em 1989trabalhando desde essa altura até1994 em Angola durante a guerracivil que abalou o país africano.Licenciado em Teologia eComunicação Social naUniversidade Católica Portuguesafez pós-graduações em Ciência dasReligiões e Lusofonia e RelaçõesInternacionais.Em 2011 fez o doutoramento emCiência Política com uma tese sobreo impacto das intervenções da IgrejaCatólica em Angola no processo depaz.O padre Tony Neves vai celebrar asbodas de prata sacerdotais a 30 dejulho no Seminário da Torred’Aguilha em Cascais.

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“Farei as bodas de prata a 30 dejulho, com a alegria de ter sido oprimeiro padre a ser ordenado porD. Gilberto Reis, bispo de Setúbaltambém ele a celebrar as bodas

de prata episcopais, jubileu a queme associo pela oração”, escreve opadre Tony Neves na apresentaçãoque acompanha o livro‘Reportagens com Missão’..

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II Concílio do Vaticano: Um cardealque investigou com livros proibidos

O cardeal português José Saraiva Martins estava nacapital italiana no decorrer dos trabalhos conciliares(1962-65) e conseguiu assistir às discussões destaassembleia magna nos últimos três dias, “emboranão tivesse qualquer direito a isso”, mas pediuautorização a monsenhor Pericle Felici, o futurocardeal, que era secretário-geral do Concílio.“Ele acedeu e deu-me um bilhete que me permitiaassistir aos trabalhos conciliares. Eu estava muitointeressado nos debates, porque um dos temas maisdiscutidos era o da colegialidade episcopal” (In:Andrea Tornielli; «Quando a Igreja Sorri - UmaBiografia do Cardeal José Saraiva Martins», Lisboa,Alêtheia Editores). Um colega espanhol do padreJosé Saraiva Martins “opunha-se bastante à ideia dacolegialidade”, mas o futuro cardeal português tinhauma “opinião diferente, e estava convencido de queo problema não se podia pôr apenas em termosestritamente jurídicos”.O debate de ideias era uma constante e, no referidolivro, o padre José Saraiva Martins, missionárioclaretiano, escreve que esse seu colega espanholredigiu um opúsculo contra a colegialidade. Oportuguês fez o mesmo, mas a defender acolegialidade. A articulação da defesa estava bemredigida e o “grande teólogo Yves Congar” –nomeado cardeal por João Paulo II, numa idadeavançada – escreveu-lhe dizendo que “apreciara osestudos sobre o tema

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e que depois os citou nos seuspróprios artigos”.Em 1959, mal se licenciou emTeologia, o jovem sacerdote iniciouo seu magistério docente a ensinarmetafísica na pequena e risonhacidade de Marino (nos castelliRomani). A partir do ano letivo de1959-60 lecionou TeologiaFundamental, o Tratado «deRevelatione» e DogmáticaSacramental no Instituto TeológicoClaretiano de Roma, situado na ViaAurelia Nuova e filiado naFaculdade de Teologia da PontifíciaUniversidade Lateranense, primeirocomo professor convidado (1959-64), depois como professorextraordinário (1964-66) e,finalmente, como professor ordinário(1966-69).A sua atividade docentecaracterizou-se sempre “pelo rigorcientífico” e por uma notável clarezade exposição, fruto de umaprofundado estudo e de “cuidadapreparação das aulas”. Foiprecisamente esse rigor científico,ou seja, o desejo

de aprofundar os problemasteológicos, que o levou a “pedirautorização para ler determinadoslivros, que na altura eramseveramente proibidos por motivosdoutrinais” (In: Andrea Tornielli;«Quando a Igreja Sorri - UmaBiografia do Cardeal José SaraivaMartins», Lisboa, Alêtheia Editores).O pedido foi “deferido”; “com efeito,João XXIII concedeu-lhe, por meio daentão «Suprema Congregação doSanto Ofício», autorização”.O professor John Egbulefu sintetizabem as capacidades do padre eprofessor português e onde se situaas suas diretrizes teológicas: “Umateologia viva, que respira com doispulmões: o tomismo e a patrística”.Encontramo-nos perante um teólogovigoroso […], profundo e serenocomo um mar tranquilo, perante umverdadeiro dogmático, que nãovacila nem hesita”, referiu um dia D.José Policarpo sobre o cardeal JoséSaraiva Martins.

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Abril 2014Dia 04* Coimbra - Cantanhede - Conferência Quaresmal sobre «OsÚltimos e a economia: O dinheiroserve, não governa» com PauloMorais. * Funchal - Igreja de São Pedro - Apresentação do livro «Jesus -Subimos a Jerusalém» da autoria deD. Teodoro de Faria.* Coimbra - Pombal (BibliotecaMunicipal) (21h00m) - ConferênciaQuaresmal sobre «Acorresponsabilidade pastoral» porD. Virgilio Antunes, bispo deCoimbra.* Porto - Matosinhos (Lar deSant´Ana) - Conferência «A oraçãoe a cruz no caminho de João PauloII» pelo padre Roberto Sousa.* Évora - Capela dos Ossos - Encerramento (início a 27 demarço) da novena do Senhor Jesusdos Passos da Capela dos Ossos.* Fátima - Inauguração da Casa dasCandeias - Núcleo Museológico daFundação Francisco e JacintaMarto.* Funchal - Centro de Congressosda Madeira - VIII Conferência anualdo Turismo com a participação dopadre Tolentino Mendonça.

* Coimbra - Soure - ConferênciaQuaresmal sobre «Evangelizadorescom Espírito» por Isabel Varanda.* Fátima - Casa Nossa Senhora dasDores - Conselho Nacional daPastoral Juvenil. (04 e 05)* Évora - Paróquia de MariaAuxiliadora - Apresentação domusical «A Paixão de Cristo». (04 e05)* Beja - Conselho geral da CáritasPortuguesa. (04 e 06)* Fátima - Encontro nacional dasEquipas Jovens de Nossa Senhoracom o tema «Abri as Portas aCristo». (04 e 06)* Fátima - Encontro da AssociaçãoCristã de Empresários eGestores. (04 e 06) Dia 05* Leiria - Regimento de Artilharia Nº4 (14h30m) - Lançamento do livro«O Jornalismo Leiriense e a GrandeGuerra» da autoria de JoaquimSantos.* Setúbal - Moita (capela de SarilhosPequenos) - Conferência Quaresmalsobre “Respeitar, viver, trabalhar etestemunhar em Deus" pelo padreJacinto Farias.

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* Leiria - Seminário de Leiria - Oencontro de formação sobre o retiro«Para além da porta» promovidopelo Serviço de AnimaçãoVocacional (SAV) da Diocese deLeiria-Fátima. * Porto - Paço episcopal - Tomadade posse de D. António FranciscoSantos perante o Colégio deConsultores da Diocese do Porto.* Fátima - Centro João Paulo II - Assembleia-geral da UMP (Uniãodas Misericórdias Portuguesas). * Braga - Faculdade de Filosofia - Terceira edição do encontro «Fé eArte» sob o tema «Elogio dosSentidos: do Corpo e do Espírito». * Évora - Seminário - Encontro deformação de responsáveis de corosparoquiais.* Coimbra - Dia diocesano dosdoentes.* Funchal - Igreja do Colégio - Colóquio sobre «Respostas sociaisao sofrimento» promovido peloSecretariado Diocesano da Pastoralda Saúde. * Porto - São Pedro de Lavadores(21h00m) - Musical «O Nazareno»de Frei Hermano da Câmara. * Coimbra - Sé Velha (21h30m) - Concerto do II Ciclo de Requiem.* Lisboa - Igreja de São Tomás deAquino - Concerto com motetos daSemana Santa.

* Aveiro - Centro Universitário Fé eCultura (CUFC) - Acção deformação sobre «Órgão:Harmonização e Acompanhamento»promovida pela EDMUSA.* Lisboa - Convento de SãoDomingos - Sessão do ciclo deconferências «Cristianismo noespaço e o espaço do cristianismo».* Fátima - Centro Paulo VI - Festivalda Canção Jovem promovido peloSecretariado da Pastoral Juvenil daDiocese de Leiria-Fátima com otema «Atreves-te?».* Porto - Biblioteca Almeida Garrett - Congresso «Projectar o futuro»integrado nas comemorações dos50 anos da Escola Superior deEducação Paula Frassinetti. * Coimbra - Figueira da Foz - Encontro Nacional de animadores emilitantes da JOC. (05 e 06)* Fátima - Peregrinação nacionaldos amigos do Verbo Divino com olema «Pelo Espírito à Alegria doEvangelho». (05 e 06)

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O Conselho Nacional da Pastoral Juvenil vai reunir-se

em Fátima entre sexta-feira e domingo para dois diasde reflexão sobre o tema «‘Não te conformes,transforma-te. Bem -aventurados, protagonistas damudança’. Os jovens em tempos exigentes: o poderrevolucionário das bem-aventuranças». A Figueira da Foz acolhe nos dias 5 e 6 oEncontro Nacional da Juventude OperáriaCatólica que se destina a militantes, jovens eminiciação animadores (ou que pretendem iniciarbrevemente a animação), jovens em caminhadapara a militância, animadores adultos edirigentes associativos/responsáveis pelaanimações de jovens noutros movimentos e/ouassociações que as equipas diocesanasconsiderem pertinente convidar. A assembleia-geral da União das MisericórdiasPortuguesas vai decorrer este sábado, em Fátima,para, entre outros temas, a apresentação de relatóriode atividades e contas de 2013. A Diocese de Leiria-Fátima vai peregrinar à Covada Iria, no domingo, tendo por tema ‘Com Maria,testemunhar o amor conjugal como dom evocação’. O programa oficial começa às 09h00,com ‘O Caminho da Família’, juntando-se osperegrinos, por vigararias, em quatro locaisdiferentes, numa caminhada processional até àCapelinha, onde pelas 10h00, se fará a saudaçãoa Nossa Senhora e a oração do Rosário,seguindo-se, às 11h00, a procissão e acelebração da Eucaristia no altar do recinto.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h22Domingo, dia 06 - Um temploe uma comunidade no Parquedas Nações. RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 07 -Entrevista a Cristina SáCarvalho sobre o EncontroNacional de Catequese;Terça-feira, dia 08 -Informação e entrevista aLisandra Rodrigues,presidente da JuventudeOperária Católica;Quarta-feira, dia 09 - Informação e entrevista a ManuelMatias, coautor do livro "O Inimigo em Casa";Quinta-feira, dia 10 - Informação e entrevista a JuanAmbrosio sobre o Sínodo da Família;Sexta-feira, dia 11 - Apresentação da Dia Mundial daJuventude pelo padre Eduardo Novo. Antena 1Domingo, dia 6 de abril, 06h00 - Entrada de D.António Francisco dos Santos na diocese do Porto.Comentário de Paula Martinho da Silva Segunda a sexta-feira, 22h45 - 07 a 11 de abril -Conheça os destinos das renúncias quaresmais dasdioceses de Setubal, Coimbra, Santarém, Lamego eLisboa

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A oração é um monólogo?

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Ano A - 5º Domingo da Quaresma Creio noSenhor daVida

Neste 5.º Domingo da Quaresma, a liturgia garante-nos que o desígnio de Deus é a comunicação de umavida que ultrapassa definitivamente a vida biológica: éa vida definitiva que supera a morte.Na nossa existência pessoal passamos por situaçõesde desespero, em que tudo parece perder o sentido. Amorte de alguém querido, o desmoronar dos laçosfamiliares, a traição de um amigo ou de alguém aquem amamos, a perda do emprego, a solidão, a faltade objetivos e perspetivas lançam-nos muitas vezesnum vazio do qual não conseguimos facilmente sair.A Palavra de Deus garante-nos: não estamos perdidose abandonados à nossa miséria e finitude. Deuscaminha ao nosso lado; em cada instante Ele aí está,tirando vida da morte, escrevendo direito por linhastortas, dando-nos a coragem para sair dos sepulcrosda vida e avançar mais um passo ao encontro da vidaplena.Diz a primeira leitura: «Vou abrir os vossos túmulos edeles vos farei ressuscitar. Infundirei em vós o meuespírito e revivereis».E São Paulo na segunda leitura: «Ele, que ressuscitouCristo Jesus de entre os mortos, também dará vidaaos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito quehabita em vós».No dia do Batismo, escolhemos, ou escolheram pornós, a vida segundo o Espírito. A nossa vida cristã sópode ser coerente com essa opção. Não se podedesenrolar à margem de Deus e das suas propostas,numa vida segundo a carne, mas deve realizar-se naescuta atenta e consequente dos projetos de Deus, navida segundo o Espírito.

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No episódio da ressurreição deLázaro do evangelho de hoje, afirmaJesus: «Eu sou a ressurreição e avida. Quem acredita em Mim, aindaque tenha morrido, viverá; E todoaquele que vive e acredita em Mim,nunca morrerá».Diante da certeza que a fé nos dá,somos convidados a viver a vidasem medo. O medo da morte comoaniquilamento total torna-nospessoas cautelosas e impotentesface à opressão e ao poder dosopressores. Mas libertando-nos domedo da morte, Jesus torna-noslivres e capacita-nos para gastar avida ao serviço dos irmãos, lutandogenerosamente contra

tudo aquilo que oprime e que nosrouba a vida plena.Continuemos a viver o que rezámosno Salmo: «Eu confio no Senhor, aminha alma espera na sua palavra.A minha alma espera pelo Senhor,mais do que as sentinelas pelaaurora. No Senhor está amisericórdia e abundante redenção».Continuemos a viver, comentusiasmo e criatividade, o querezámos no credo, às vezes com arrotineiro e repetitivo: o nosso Deusé o Senhor da Vida e daRessurreição!

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Nigéria: Milícia islâmica quer impor a ‘sharia’ no país

“Nós estamos a morrer”A milícia islâmica Boko Harampretende impor a sharia no norteda Nigéria. Desde 2009 já secontabilizaram milhares demortos. Os cristãos são o alvoprincipal. O mundo pareceignorar esta chacina. Rua a rua. Casa a casa. Tem sidoassim muitas vezes. Grupos dehomens armados aparecem derepente, por vezes escondidos peloescuro da noite, e atacam. Sempiedade. Os alvos são, na suagrande maioria, cristãos. Nem ascrianças são poupadas. Entram nascasas, nas igrejas e nas escolas edisparam. Desde 2009 que o grupoislâmico Boko Haram tem colocado oNorte do país em sobressalto. Aestratégia é simples: criar, aí, umEstado Islâmico independente. Opânico instalou-se entre aspopulações. Segundo o Gabinetede Coordenação da AjudaHumanitária das Nações Unidas(Ochoa), calcula-se que cerca de300 mil pessoas tenhamabandonado as suas casas desdeMaio do ano passado.A Nigéria está dividida entre o Norte,onde predomina a

religião muçulmana, e o Sul, cristão.O Boko Haram pretende criar umEstado Islâmico independente noNorte, mas a sua ambição é estendê-lo a todo o país. Para isso,pretende levar a Nigéria aoprecipício de uma guerra civil. D.Hyacinth Egbebo, Administrador doVicariato Apostólico de Bomadi,numa conversa telefónica com aFundação AIS, disse mesmo que,“se a Nigéria cair nas mãos dosextremistas islâmicos, toda a Áfricaestará em perigo”.Milhares de mortosNinguém consegue afirmar quantaspessoas foram mortas desde que seiniciaram as acções terroristas doBoko Haram desde 2009. Noentanto, todos coincidem numponto: já morreram milhares depessoas. Só desde Maio do anopassado, quando foi decretado oestado de emergência em algumasregiões do nordeste do país,perderam a vida cerca de 1.200pessoas. Ninguém está emsegurança. “O Boko Harampretende um Estado islâmico nonorte do país e impor a sharia atoda a gente”, esclarece

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D. Egbebo numa conversa coma Fundação AIS. “Assim, tudo o queobstaculize a implementação dissoconverte-se num alvo para aviolência”.Entre esses obstáculos estão oscristãos. Da Nigéria chega-nos umgrito de alerta. O AdministradorApostólico de Bomadi não poupa aspalavras e dirige-se também a nós:“Não fiquem aí de braços cruzadosenquanto a Nigéria se está adesintegrar. É preciso derrotar oBoko Haram. O Ocidente estádemasiado interessado no que podeextrair de África – o nosso petróleo,ou os diamantes da República

Democrática do Congo – dando-nosem troca apenas uns presentesinsignificantes ou vendendo-nos asarmas de que não precisamos. Emvez disso, por favor, ajudem-nospara andarmos pelos nossospróprios pés, para que possamoscontribuir para a vida em todo omundo. África é uma prenda para omundo, mas África precisa delevantar-se… e nós estamos amorrer”.

Paulo Aido | Departamento deInformação da Fundação AIS

| [email protected]

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Brindemos à nossa Saúde!

Tony Neves

O Dia Mundial da Saúde é um grito de alerta. Averdade é que, por esse mundo fora, há milhõese milhões de pessoas sem acesso aos maiselementares cuidados de saúde. Muitas grávidasnão são acompanhadas, muitas crianças não sãovacinadas, muitos jovens e adultos não têmmédico, hospital ou centro de saúde por perto,milhões de pessoas não têm dinheiro paracomprar medicamentos…Tudo isto constituiu umdrama para os excluídos do mundo da saúde eexige medidas, à escala do mundo, para que segere mais igualdade e justiça a este nível.O indicador da saúde é fundamental para seperceber o grau de desenvolvimento de umpovo. Quando faltam os meios para garantir umaboa saúde pública, disparam outros indicadores.Assim, aumenta a mortalidade infantil, baixa amédia de vida das pessoas e a consequentecapacidade de trabalhar. Também aqui há umlongo caminho a percorrer para que a dignidadedos humanos seja mais respeitada.As questões de saúde tornam-se mais graves emcontextos de pobreza extrema e de violência. Apobreza gera fome e esta cria enormesproblemas á saúde pública. E, com realismo, háque concluir que quando não há pão tambémnão há medicamentos nem hospitais por perto afuncionar bem. As desgraças juntam-se umas àsoutras. Mas a guerra é o que de pior podeacontecer no

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âmbito da saúde pois, além dedestruir as infra-estruturas quepodem garantir saúde ao povo,ainda gera feridos com fartura. Asimagens da guerra de Angola, queeu ainda guardo na memória e nocoração, provam que os conflitosarmados deitam por terra toda equalquer hipótese de se tratar aspessoas quando estão doentes.Nestes contextos, vive-se a lógicado ‘salve-se quem puder’, e averdade é que são poucos os quese conseguem salvar, sobretudoquando há ferimentos ou doençasgraves.

Mas há soluções: a primeira passapor mais justiça à escala mundial; asegunda obriga o mundo a ser maissolidário, com partilha de meiosentre os mais ricos e os maisdesfavorecidos; a terceira exige quese acabem os conflitos armados eos focos de violência. Eu sei que épedir muito, mas estamos naquaresma e há que propormudanças radicais nocomportamento das pessoas einstituições. E esta julgo que valia apena tomar a sério, com um brinde‘à nossa Saúde!’.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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O impacto das mudanças climáticasna alimentação do planetaEm tempos de chuva que já nãoapetece a ninguém o tema dasalterações climáticas surge em cadaconversa. Mas a verdade é que sãomuitos os exemplos do impactonegativo que resulta das alteraçõesaos ciclos climáticos. Um deles será,sem sombra de dúvida, osconstrangimentos que levanta naerradicação da fome no mundo eaqui falamos não apenas nasmudanças ao ambiente mas tambémna forma como afetam os mercadosglobais, o crescimento económico, acoesão social, a segurança e asaúde. Uma das consequênciasmais evidentes é o movimentomigratório. Face à incapacidade deprodução pela infertilidade dossolos ou pela dificuldade no acessoa meios e técnicas dedesenvolvimento agrícola, aspopulações vêm-se confrontadascom a necessidade de abandonaras suas terras e partir para outrasregiões. É uma questão desobrevivência!O atual modelo da indústriaalimentar, da cadeia de distribuiçãoe até mesmo o padrão de consumoda

sociedade atual assumemresponsabilidades nas alteraçõesdeste ciclo. O mau uso dos recursosnaturais como a terra, água, arejeição de culturas e técnicastradicionais aceleram os efeitosdestas mudanças provocando novassituações de exclusão e conduzindoa novas situações de pobreza.Inverter esta tendência requerconciliar soluções políticas,convergentes e organizadas,segundo aquilo a que se poderáchamar de “boa governação”. Asustentabilidade agrícola, odesenvolvimento rural e aqui não sepode deixar de sublinhar aimportância do papel da mulher nassociedades em desenvolvimento,devem fazer soar as campainhassempre que não são respeitadosnas reformas agrícolas, nafacilitação do acesso aos mercados,e no desenvolvimento de políticas“amigas” dos recursos energéticos.Estes são fatoresdeterminantes para uma respostaresponsável aos desafios colocadospelas alterações climáticas e pelanecessidade

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de salvaguardar a segurançaalimentar.Apesar disto, hoje não se trataapenas de pedir aos governos quedesenvolvam medidas políticas queassegurem a resposta a todas estasquestões. Esta é umaresponsabilidade dividida por váriosgrupos, incluindo o setor privado.Cada um tem um papel bem definidona defesa do desenvolvimentointegral do homem. Este é umesforço comum que requer umapolítica séria e isso será possível sehouver vontade coletiva,coordenação e capacitação.Infelizmente nem a Conferência“Rio+20”, em 2012, nem a maisrecente reunião da União Europeiasobre o clima deixaram mostras deuma vontade política para fazermudanças efetivas. Isto releva queos governos locais não

podem descartar-se das suasresponsabilidades como guardiõesdo bem comum. O objetivo deassegurar a segurança alimentarpara todos é, em última análise,parte de uma visão global dosupremo bem-estar humano.Para a Cáritas, o desenvolvimentointegral do homem, deve ser oobjetivo central de uma estratégiade desenvolvimento sustentável queenglobe politicas sobre o clima,educação, empowerment esegurança alimentar. Por tudo istotodas as intervenções que surjam,quer a curto quer a longo prazo, noâmbito da segurança alimentar edas mudanças climáticas devem tercomo objetivo o bomdesenvolvimento de todas aspessoas.

Márcia CarvalhoCáritas Portuguesa

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«Serei irmão e presença junto dos doentes, dos pobres e dosque sofrem e com eles procurarei fazer caminho de bondadee de esperança na busca comum de um mundo melhor.Quero ser apóstolo das Bem-Aventuranças nestes temposdifíceis que vivemos»(Da Mensagem de D. António Francisco dos Santos à diocese do Porto)

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