Mestrado em Administração Disciplina: Gestão Pública Docente: Prof Élvia Fadul Discente: Raphael Luiz Guimarães Matos Sobrinho
Raphael Matos Sobrinho | Resenha do Artigo de Alcindo Gonçalves:
O CONCEITO DE GOVERNANÇA.
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Atividade - Resenha do artigo de Alcindo Gonçalves:
Doutor em Ciência Política pela USP e professor titular do Programa de Mestrado em Direito da
Universidade Católica de Santos
O CONCEITO DE GOVERNANÇA.
Gonçalves, Alcindo. O Conceito de Governança. In: XIV CONGRESSO NACIONAL CONPEDI. Anais... Fortaleza 3,4 e 5 de
novembro de 2005. Disponível em<http://www.conpedi.or.br/manaus/arquivo/Anais/Alcindo20%Gonçalves.pdf>
1 INTRODUÇÃO
O autor ao longo de seu artigo apresenta conceitos teóricos sobre institutos que se apresentam como seu objeto
de estudo, quais sejam, governabilidade e governança. O cuidado de descrever com minucias cada um deste
institutos revela-se importante porquanto as suas aplicações no ambiente político e acadêmico, muitas vezes,
mostram-se como definições limítrofes, que se tocam em alguns pontos.
Definições outras são trabalhadas no artigo, todavia tais informações se prestam ao melhor entendimento dos
conceitos de governabilidade e governança.
O artigo também se presta a descrever o histórico do surgimento e aplicação dos institutos e os impactos que
eventos globais recentes promoveram a eles, com ênfase na governança.
Na tentativa de conceder uma lógica de precedência aos conceitos trabalhos pelo autor, nesta resenha, não o sigo
a sua ordem de apresentação dos eventos. O faço em tópicos que trataram dos institutos do início ao fim. Com
efeito, trabalharemos conceitos secundários – é dizer, não objeto de análise aprofundada pelo autor, mas cujos
contornos se mostram importantes para entendimento dos demais – e trabalharemos os conceitos principais da
governabilidade e governança. Passamos a eles:
2 DEFINIÇÕES
2.1 Governo
Segundo o autor, governo é um substantivo sugere atividades sustentadas por uma autoridade formal, pelo poder
de polícia que garante a implementação das políticas devidamente instituídas.
2.2 Governar
Partindo da premissa da existência de um Governo, nos moldes acima estabelecidos, avança o autor, para tratar
da definição de Governar. Segundo ele, parafraseando (Nogueira, 2001, p. 99), governar significa “deter uma
posição de força a partir da qual seja possível desempenhar uma função imediatamente associada ao poder de
decidir e implementar decisões ou, ainda, de comandar e mandar nas pessoas”.
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2.3 Governabilidade
Segue o autor, agora debruçando-se sobre o seu real objeto de estudo, descrevendo a governabilidade como a
dimensão estatal do exercício do poder, apresentando-se com uma verdadeira arquitetura institucional. Diz
respeito as “condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as
características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os Poderes, o sistema de intermediação
de interesses” (Santos,1997, p. 342).
Destaca que três dimensões estão envolvidas no seu conceito: (i) capacidade do governo para identificar problemas
críticos e formular políticas adequadas ao seu enfrentamento; (ii) capacidade governamental de mobilizar os meios
e recursos necessários a execução dessas políticas, bem como a sua implementação; e (iii) capacidade liderança do
Estado sem a qual as decisões tornam-se inócuas.
2.4 Governança
Os demais conceitos até aqui trabalhados sem prestam neste artigo para contextualizar e diferenciar as definições
impregnadas no conceito de governança.
Segundo o autor, a Governança evidencia-se como meio e processo capaz de produzir resultados eficazes. Noutras
palavras, refere-se ao modus operandi das políticas governamentais – que inclui, dentre outras, questões ligadas
ao formato político-institucional do processo decisório, a definição do mix apropriado de financiamento de
políticas e ao alcance geral dos programas. A sua difusão remonta reflexões emitidas pelo Banco Mundial, que
visavam aprofundar o conhecimento das condições que garantem um Estado eficiente, propiciando um
desenvolvimento sustentável bem como a concessão de um formato institucional do processo decisório, a
articulação público-privado na formulação de políticas ou ainda a abertura maior ou menor para a participação
dos setores interessados ou de distintas esferas de poder.
A expressão governança tem sido aplicada por diferentes campos de estudo. A “governança corporativa”, por
exemplo, empregada na Administração de Empresas, segundo definição do Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa (IBGC), refere-se às práticas e os relacionamentos entre os Acionistas/Cotistas, Conselho de
Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal, com a finalidade de otimizar o desempenho
da empresa e facilitar o acesso ao capital. Embora distintos, importa ressaltar que a governança corporativa é
também um meio e processo capaz de produzir resultados eficazes na gestão das empresas, coincidindo em sua
matriz com a definição de governança, ora objeto de análise. Visão esta rechaçada pelo autor.
O fenômeno multidimensional da globalização, então responsável pela mudança na organização da atividade
humana e no deslocamento do poder de uma orientação local e nacional no sentido de padrões globais. A sua
difusão reconfigurou o papel do Estado Nacional e impulsionou a discussão sobre os novos meios e padrões de
articulação entre indivíduos, organizações, empresas e o próprio Estado, deixando clara a importância da
governança em todos os níveis.
A partir desse fenômeno evidencia-se um declínio nos níveis de poder e autonomia dos governos soberanos
nacionais e, de outro lado, uma crescente influência de organizações supranacionais (organizações internacionais
e supranacionais, ONGI’s, movimentos civis, empresas multinacionais e transnacionais e mercados de capitais
globais) suprindo este vácuo de poder.
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Redefine-se os contornos da soberania e evidencia-se uma crescente influência do plano de governança global,
com reflexos no direito interno e internacional a partir da necessidade de adoção de ações integradas e
multilaterais de proteção.
A legitimidade da governança enfrenta desafios nos espectros de sua legalidade e legitimidade. O desafio da
legalidade baseia-se na inexistência de normas internacionais ou nacionais uniformizadoras que versem sobre o
assunto ou da simples dificuldade da convalidação interna de normas internacionais pelos Estados-nações. Outro
aspecto, ainda no âmbito do desafio da legalidade da governança, faz-se referência a inexistência de personalidade
jurídica de direito internacional dos atores internacionais responsável pela difusão das orientações.
O da legitimidade refere-se à inexistência de ideia de soberania supranacional que seja aceita pelos demais. As
organizações supranacionais são responsável pela difusão de orientações quanto a meios e processos que sugerem
uma boa governança e para aceitação destas orientações adentra-se em aspectos subjetivos (segundo Max Weber:
crença, tradição ou virtude do carisma) que estas organizações supranacionais deveriam gozar.
Em que pese careçam de aspectos de legalidade e legitimidade estes atores não-estatais responsáveis pela difusão
de práticas de boa governança, a suas intervenções dentro dos cenários internacionais vem sendo admitidas e
estimuladas, a exemplo, da atuação desta entidades no âmbito da Autoridade Internacional dos fundos Marinhos,
Organização das nações unidas - ONU e Organização Mundial do Comércio – OMC.
Sendo entendida como possível atuação destes atores não-estatais, muito embora lhes careçam aspectos fechados
de legalidade e legitimidade nos seus moldes didáticos, avança-se para tratar se as atuações destes atores não-
estatais é obrigatória ou somente recomendável.
Salvo exceção verificada na atuação destas entidades perante a Organização Internacional do Trabalho, entende-
se que o desempenho das atividades destes atores não é obrigatória e essa característica deve ser mantida para
fins de garantir o seu papel independente. Em que pese não obrigatória, a atuação dos atores não-estatais é
recomendável devido a sua notória capacidade técnica.
3 CONCLUSÃO
As definições trazidas ao longo do artigo permitem que se promova uma contextualização teórica e histórica clara
de precedência e distinção entre os conceitos. E assim o procedendo, este autor está em alinhamento, em seu
substrato principal, com outros autores que se dedicaram a estudar tais institutos.
Todavia, especificamente, no que tange a tentativa do autor no sentido da criação de sub espécies de governança
(pública e privada), como sendo institutos desconexos, peço venia para discordar.
Sendo a governança, segundo o autor, precipuamente como meio e processo capaz de produzir resultados
eficazes,
Sendo assim, aquiesço com a ideia de que a governança tem aplicação em variados campos. Entretanto, discordo
quando o autor descreve que esta aplicação terá sentido diferentes.
Os meios e processos de aplicação da boa governança podem ter variações entre a gestão pública e privada, como
também podem diferir dentro da própria gestão pública ou da privada. Isto não implica que em nossa análise
científica sobre o estudo, tenhamos que criar gêneros e espécies do mesmo conceito. Estaríamos sim diante de
variações decorrentes de um dado cenário prático (público e privado).
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Concluo, destarte, que a dita governança corporativa, como meio e processos capazes de produzir resultados
eficazes na gestão das empresas, coincide com a definição geral apresentada ao longo do artigo objeto de análise.
Pesquisa Bibliográfica: Governabilidade, Governança e Capital Social
Segue o resultado da pesquisa bibliográfica sobre capital social, governança e governabilidade, destacando o
seguinte artigo que trata sobre a governança e governabilidade sob o enfoque de recentes governos latinos
americanos:
1. IVO, Anete B. L.. Governabilidade e governança na América Latina: teses e paradoxos. In: VII Congreso
Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11
Oct. 2002.