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Por: Jefferson Santos
O CANGAÇO BANDIDOS OU MOCINHOS?
PARA RELFETIR UM POUCO
• Em outros países se cultuam e em admirações os Piratas e os
Pistoleiros do Velho Oeste Norte Americano, por que não saudar as
guerras confrontadas por Virgulino Ferreira em solo nordestino
como um herói também?
PARA RELFETIR UM POUCO
• “Em grande parte da nossa literatura regionalista, se o cangaceiro
não é visto como herói, é mostrado como vítima das circunstâncias
sociais do nordeste – O que é pelo menos parcialmente verdadeiro”
– Antônio Carlos Olivieri – Escritor e professor.
A FORMAÇÃO DOS GRUPOS: JAGUNÇOS E
OS CANGACEIROS.
• No período da colonização os chefes de grandes famílias, nobre da
coroa portuguesa recebiam terras no Brasil e vinham para cá
decididos a conquistar o solo do sertão.
• Os grandes senhores usavam bando de homens armados para
proteger as suas propriedades de terra, e as disputas entre as
famílias pelas suas posses e estas brigas se prolongavam às vezes
por dezenas de anos.
• Durante o séc. XIX, esses antigos bandoleiros transformaram-se em
grupos de capangas ou guarda-costas chamados de Jagunços,
defendiam as terras dos grandes e médios fazendeiros, os Jagunços
não recebiam salário, em troca de moradia e comida.
OS JAGUNÇOS
• A função de um é expulsar moradores ou posseiros, eliminando
os inimigos de seus senhores, é justamente nesta época que
surge o coronelismo, que foi o modo pelo qual os grandes
proprietários de terra exerciam o poder político no interior do
Brasil.
Os Jagunços e o senhor das terras ao centro
OS CANGACEIROS
• Recebiam o nome de cangaceiros, porque as suas roupas lembram uma
canga, arreio utilizado no boi para puxar um carro, usavam espingardas a
tiracolo com as correias tiradas no peito lembrando uma canga de boi.
• Não tinham moradas fixas, viviam andando pelo sertão a pé ou a cavalo,
geralmente prestando serviços a chefes políticos, surgindo no inicio do
século XX até meados de 1940, de Antônio Silvino que formou o primeiro
grupo e Corisco após a sua morte marca o fim dos cangaceiros.
Bando de cangaceiros
VIRGULINO FERREIRA DA SILVA
• Em 7 de Julho de 1887, em Vila Bela (Atual Serra Talhada),no sertão de
Pernambuco, nasce o terceiro dos nove filhos de Maria Lopes e José
Ferreira da Silva. Foi batizado com o nome de Virgulino Ferreira da Silva.
• Não frequentou a escola, mas os seu pai um homem de posses e de gado
pagavam os professores para dar as aulas em casa, aprendendo a ler e a
escrever e fazer contas.
• Cada um dos irmãos tinha o seu papel importante para a sobrevivência, o
mais velho Antônio era o responsável pela plantação e o segundo Levino
pelos transportes e Virgulino do pastoreio, com 12 anos já era considerado
um dos vaqueiros mais hábil da região, chegando a ganhar várias
competições na região onde moravam.
VIRGULINO FERREIRA DA SILVA O “LAMPIÃO”.
O INICIO DA VIDA NO CANGAÇO
• Invasão de propriedade e roubo de gado eram o pretexto frequente para
sangrentas brigas no sertão, foi justamente sobre disputas de terras e de
poses que os irmãos Ferreira entraram para o cangaço. Segundo a família
Ferreira, um morador da fazenda vizinha, da propriedade de José Saturnino,
teria invadido suas terras e roubado algumas cabeças de gado.
• Virgulino e Levino deram queixa a polícia e foram com um soldado à casa do
acusado, Saturnino tomou a questão como um insulto e acusou os Ferreira
do mesmo crime e expulsou os Ferreiras de suas terras, iniciando assim
uma confusão armada. No dia seguinte foram os três irmãos armados a
fazenda do José Saturnino onde foram recebidos a tiros pelos vaqueiros,
onde o irmão mais o Antônio foi atingido na coxa.
O INICIO DA INJUSTIÇA
• José Ferreira, o pai um homem pacato procurou os coronéis mais importantes da
região para que atuassem como juízes da disputa, onde a decisão foi favorável ao
José Saturnino pois tinha mais privilégios entre os poderosos da região.
• Os Ferreira foram obrigados a vender a fazenda e mudar-se para outra região, para
a cidade de Nazaré uma cidade próxima, Saturnino comprometeu-se a ficar longe a
família Ferreira, mas o trato durou pouco alguns meses, Saturnino descumpriu o
acordo onde ocorreram novos tiroteios entre os dois grupos de Saturnino e os
Ferreira.
Família Ferreira no lado esquerdo Antônio e no lado direito Virgulino
OS COSTUMES DE UMA CIDADE
• Como de costume na região era proibido portar qualquer tipo de arma na cidade e
nos vilarejos próximos, só que os filhos de José Ferreira andavam sempre armados
temendo algum ataque a mando do José Saturnino, usando vestimentas de
cangaceiros: chapéu de abas largas, roupas de couro muito enfeitadas, punhais e
armas de fogo na cintura e a tiracolo. Onde os Ferreira passaram a ser malvistos e
hostilizados pela população.
Grupo de cangaceiros
A MUDANÇA PARA UMA CIDADE
• O bando do Sinhô Pereira, o cangaceiro mais famoso na época, atacou a cidade de
Nazaré, Virgulino, Antônio e Levino não estavam na cidade, em represália a família
dos Ferreira foram atacados pela polícia e pelos habitantes da cidade, Levino é
preso em troca da liberdade, a família teria que ir embora da região.
• Em 1920 os Ferreira mudam-se para a cidade de Água Branca, no estado de
Alagoas, eram agora mais pobres, pois tinham perdido quase todo o gado, além
disso, os filhos de José Ferreira chegaram com a fama de bandidos na cidade.
De Vila Bela á Água Branca
O PRIMEIRO ATAQUE A FAZENDA DE
SATURNINO
• Alguns meses se passam e chega a cidade o boato que a fazenda de
Saturnino foi atacada, as acusações caem sobre a família Ferreira, o quarto
filho João Ferreira é preso, revoltado com a ação Virgulino mandou um
ultimato ao chefe da polícia: Se o irmão não fosse solto iria juntar um bando
e tocar fogo na cidade, onde o pedido foi atendido evitando o derramamento
de sangue.
• A família Ferreira sabia agora que a cidade de Água Branca não era mais
segura, o pai José Ferreira pede aos três filhos mais velhos para fugirem
para a caatinga e o restante da família iria para o sítio de um amigo.
• Adoentada a mãe de Virgulino morre na viagem devido a um infarto.
O ATAQUE OUSADO A UMA CIDADE E A
MORTE DO PAI
• O ataque ousado a vila de Pariconhas (Alagoas) onde o delegado foi
surrado e amarrado a um poste e foram roubado 18 contos de reis,
provocando a ira do chefe de polícia da cidade de Água Branca Amarilo
Batista, onde juntou uma tropa e foi ao sitio onde a família Ferreira se
encontrava.
• Abrindo fogo em toda a casa com a família dentro morre José Ferreira em
18 de Maio de 1921, quando Lampião ficou sabendo da morte do pai afirmou
inúmeras vezes que sua vida agora tinha um único sentido: Vingar a morte
do pai e também da mãe, atribuindo as duas à polícia.
O NOME DE LAMPIÃO
• Virgulino levava uma vida de refugiado fora da lei, decidido a se vingar das
afrontas à família, atacando localidades onde se encontravam seus inimigos.
• Conta-se que num tiroteio noturno contra a polícia, ele deu tantos tiros
seguidos que o cano de sua espingarda iluminou a noite, como se fosse de
um lampião, de onde lhe veio o apelido.
O CANGAÇO COMO PROFISSÃO
• Depois da morte do pai, Virgulino e seus irmãos Antônio e Levino entram
definitivamente no cangaço entrando para o bando do Sinhô Pereira, além
das táticas de combate e despistamento, aprendeu a relacionar-se com
fazendeiros e chefes de políticos, aprendeu a lidar com policiais corruptos,
dispostos até a fornecer armas e munição em troca de algum tipo de
pagamento.
• Sinhô Pereira deixa o bando no inicio de 1922 passando o comando do
grupo para Lampião.
OS CONFRONTOS COM A POLICIA E AS SUA
ESCAPADAS
• De 1922 á 1926, Pernambuco, Alagoas e a Paraíba eram as áreas de atuação de
Virgulino Ferreira da Silva, o cangaço deixava de ser um problema isolado para um
problema estadual, a policia não estava preparada para esta situação e os
cangaceiros contavam com a ajuda de grandes fazendeiros e chefes políticos.
• Para ajudar a policia na busca do fim cangaço surge pessoas voluntárias que tinha
sofrido algum tipo de perda por parte dos cangaceiros, juntando-se com a policia
formando as VOLANTES, cujo objetivo único era perseguir os cangaceiros pelo
sertão.
ENCONTRO COM PADRE CÍCERO E O TITULO DE
CAPITÃO• No inicio de 1926, para escapar da perseguição da policia da Paraíba e
Pernambuco, Lampião refugiou-se com seu bando no Ceará, nesta mesma
época no nordeste a Coluna Prestes encontrava-se na região, o deputado
Floro Bartolomeu então pediu ao Padre Cícero que convidasse o Lampião
para combater os revoltosos e que o Lampião seria ordenado a Capitão dos
Batalhões Patrióticos.
• Lampião aceitou a proposta em troca de armamentos e fardas para
combater os revoltosos, foi desta época que Lampião começou a ser
chamado de Capitão Virgulino, saindo a caça da Coluna Prestes que já tinha
passado pelo Ceará e se encontrava na Bahia, chegando em Pernambuco
num encontro casual com a policia, mostrando a carta que tinha recebido
com o título da patente os policias dizem que a carta não tem nenhum valor
legal e atacam o bando onde fogem em retirada, desiludido volta a vida de
cangaceiro e não persegue a Coluna Prestes.
OS GRANDES CONFLITOS: SERRA GRANDE E
MOSSORÓ
• Em 28 de novembro de 1914 nas proximidades de Serra Grande, em Pernambuco
um destacamento de 295 homens conseguem alcançar o bando de Lampião, mas
eles já estavam bem preparados, entrincheirados com 100 homens vence o conflito,
só que num treinamento de tiro acidentalmente morre o irmão mais velho de
Lampião o Antônio.
• Em junho de 1927, Lampião decide atacar a cidade de Mossoró no Rio Grande do
Norte, no percurso até chegar ao seu destino final ataca várias cidades e a
população de Mossoró se prepara para enfrentar Lampião e seu bando, chegando
em Mossoró a cidade havia feito várias trincheiras esperando o bando, onde foi a
primeira vez que o bando de Lampião perde uma batalha, até hoje é festejada na
cidade de Mossoró este episódio onde a população defende a sua cidade.
BAHIA, DO PARAÍSO AO INFERNO
• A partir de 1928, Lampião procura um local de descaço e que não fosse perseguido,
escolhendo a Bahia pois até então nunca tinha cometido nenhum crime, nos lugares
onde o bando chegava promovia festas e era bem recepcionado, mostrando o outro
lado da fama que o acompanhava pelo sertão de um homem generoso e amigo dos
pobres, era a forma de conquistar novos simpatizantes e amizades, é na Bahia que
ele encontra alguns reforços para o seu bando como é o caso de Antônio de
Egrácia, Cristiano Gomes de Silva, que ficou conhecido como Corisco entrando para
o bando com 14 anos.
• Mas a paz durou alguns meses, uma volante baiana atacou Lampião e o seu bando,
a partir dai, a Bahia era considerada por ele um lugar igual aos outros, foi na cidade
de Queimados que sofreu o seu ato mais cruel quando o bando entrou na cidade e a
população sem perceber quem seria dominou toda a cidade matando todos os
policias da cidade e um juiz de direito que morava por lá.
CARTAZ ESPALHADO PELO GOVERNO DA BAHIA
Cartaz de procura de Lampião
MARIA BONITA
• Entre 1930 e 1931, entra para o bando Maria Déia Neném, que passou a ser
conhecida com o apelido de Maria Bonita, Maria era casada com um
sapateiro mas não se dava muito bem com o marido, seus pais tinham uma
pequena fazenda entre a Bahia e Sergipe, onde abrigava o bando de
Lampião, apaixonado pela mulher que acabara de conhecer pediu a ela para
entrar no bando e ela aceitou.
• Outras mulheres entraram no bando, onde também se destaca a Dadá
esposa do Corisco, acompanhando o marido até a sua morte.
MARIA BONITA
Maria Bonita antes e quando estava no cangaço
O FIM DO REINADO
• Foi planejada uma operação contra Lampião em 1931, mas só saiu do papel
definitivamente em Janeiro de 1932, numa batalha em Maranduba, no limite entre
Sergipe e a Bahia, Lampião a frente com 32 homens consegue escapar do cerco policial
de 100 homens.
• No final de 1932 os policiais mudam de estratégia e combate violentamente as pessoas
que devam cobertura ao bando de Lampião, eram chamados de COITEIROS, que
geralmente eram cidadãos indefesos com medo de represálias abrigavam os
cangaceiros.
• Com isso o bando de Lampião não tinha mais como adquirir abrigos e mantimentos,
sendo obrigados a irem a lugares cada vez mais remotos.
O CERCO A FAZENDA ANGICOS
• Depois de algumas andanças em Alagoas, no inicio de 1938, Lampião procurou
novamente refúgio em Sergipe, numa fazenda chamada Angicos, às margens do Rio
São Francisco.
• José Lucena antigo perseguidor de Lampião e comandante da campanha contra o
cangaço em Alagoas, resolveu agir sem o consentimento das autoridades
sergipanas, juntando-se com o sargento Aniceto Rodrigues e o Aspirante a oficial
Francisco Ferreira de Melo, armou um plano sigiloso.
• Na madrugada de 28 de Julho de 1938, 45 homens chegaram a região conhecida
como Raso da Catarina, onde cinquenta cangaceiros estavam acampados.
• Inexplicavelmente , dessa vez o bando não tinha tomado nenhuma precaução como
de costume, sem sentinelas próximos aos acampamentos, com 3 metralhadoras
fecharam o cerco e abriram fogo no bando de cangaceiros que ali se encontravam,
pondo um fim ao cangaço, alguns ainda conseguiram fugir, mas logo deixaram o
cangaço de lado.
CABEÇAS DOS INTEGRANTES DOBANDO DE
LAMPIÃO
Isolado na parte debaixo seria a cabeça de Lampião, logo acima a cabeça de Maria Bonita
DE VILA BELA A MOSSORÓ
MAPA GERAL DE ATUAÇÃO DO CANGAÇO