Download - Notação Musical
Notação musical é o nome genérico de qualquer sistema de escrita utilizado para representar
graficamente uma peça musical, permitindo a um intérprete que a execute da maneira desejada pelo
compositor ou arranjador. O sistema de notação mais utilizado atualmente é o sistema gráfico ocidental
que utiliza símbolos grafados sobre uma pauta de 5 linhas, também chamada de pentagrama. Diversos
outros sistemas de notação existem e muitos deles também são usados na música moderna.
O elemento básico de qualquer sistema de notação musical é a nota, que representa um único som e
suas características básicas: duração e altura. Os sistemas de notação também permitem representar
diversas outras características, tais como variações de intensidade, expressão ou técnicas de execução
instrumental.
Origem
O epitáfio de Seikilos é um exemplo da notação musical praticada durante a Grécia Antiga.
Os primeiros neumas, apenas como marcas junto das palavras. Fragmento de Laon, Metz, meados do
século X
Os sistemas de notação musical existem há milhares de anos. Foram encontradas evidências
arqueológicas de escrita musical praticada no Egito e Mesopotâmia por volta do terceiro milênio a.C..
Outros povos também desenvolveram sistemas de notação musical em épocas mais recentes. Os gregos
utilizavam um sistema que consistia de símbolos e letras que representavam as notas, sobre o texto de
uma canção. Um dos exemplos mais antigos deste tipo é o epitáfio de Seikilos, encontrado em uma
tumba na Turquia. Os Gregos tinham pelo menos quatro sistemas derivados das letras do alfabeto;
O conhecimento deste tipo de notação foi perdido juntamente com grande parte da cultura grega após a
invasão romana.
O sistema moderno teve suas origens nas neumas (do latim: sinal ou curvado), símbolos que
representavam as notas musicais em peças vocais do canto gregoriano, por volta do século VIII.
Inicialmente, as neumas, pontos e traços que representavam intervalos e regras de expressão, eram
posicionadas sobre as sílabas do texto e serviam como um lembrete da forma de execução para os que
já conheciam a música. No entanto este sistema não permitia que pessoas que nunca a tivessem ouvido
pudessem cantá-la, pois não era possível representar com precisão as alturas e durações das notas.
Para resolver este problema as notas passaram a ser representadas com distâncias variáveis em relação
a uma linha horizontal. Isto permitia representar as alturas. Este sistema evoluiu até uma pauta de quatro
linhas, com a utilização de claves que permitiam alterar a extensão das alturas representadas.
Inicialmente o sistema não continha símbolos de durações das notas pois elas eram facilmente inferidas
pelo texto a ser cantado. Por volta do século X, quatro figuras diferentes foram introduzidas para
representar durações relativas entre as notas.
Grande parte do desenvolvimento da notação musical deriva do trabalho do monge beneditino Guido
d'Arezzo (aprox. 992 - aprox. 1050). Entre suas contribuições estão o desenvolvimento da notação
absoluta das alturas (onde cada nota ocupa uma posição na pauta de acordo com a nota desejada). Além
disso foi o idealizador do solfejo, sistema de ensino musical que permite ao estudante cantar os nomes
das notas. Com essa finalidade criou os nomes pelos quais as notas são conhecidas atualmente (Dó, Ré,
Mi, Fá, Sol, Lá e Si) em substituição ao sistema de letras de A a G que eram usadas anteriormente. Os
nomes foram retirados das sílabas iniciais de um Hino a São João Batista, chamado Ut queant laxis.
Como Guido d'Arezzo utilizou a italiano em seu tratado, seus termos se popularizaram e é essa a
principal razão para que a notação moderna utilize termos em italiano.
Nesta época o sistema tonal já estava desenvolvido e o sistema de notação com pautas de cinco linhas
tornou-se o padrão para toda a música ocidental, mantendo-se assim até os dias de hoje. O sistema
padrão pode ser utilizado para representar música vocal ou instrumental, desde que seja utilizada a
escala cromática de 12 semitons ou qualquer de seus subconjuntos, como as escalas diatônicas e
pentatónicas. Com a utilização de alguns acidentes adicionais, notas em afinações microtonais também
podem ser utilizadas.
Notação padrão
A notação musical padrão é escrita sobre uma pauta de cinco linhas. Por isso também é chamada de
pentagrama. O conjunto da pauta e dos demais símbolos musicais, representando uma peça musical é
chamado de partitura. Seguem-se alguns dos elementos que podemos encontrar numa partitura.
Linhas
Pauta ou Pentagrama
São cinco linhas e quatro espaços. A pauta musical serve para escrever as partituras
(feitas com notas, pausas, claves, etc.)
Linhas e espaços suplementares
São linhas que existem acima ou abaixo da pauta porque nem sempre as 5 linhas e 4
espaços são suficientes para receberem todas as notas da música e representam sons
agudos (quando acima da pauta) e sons graves (quando abaixo da pauta).
Linhas de compasso
Usada para separar dois compassos.
Linha de compasso dupla
Usada para separar duas seções da música.
Linha de compasso tracejada
Subdivide compassos.
Barra final
Marca o fim de uma composição.
[editar] Figuras e pausas
Valores de duração de notas e Pausas não são definidos absolutamente, mas são proporcionais à
duração das demais notas e pausas. Para efeito de definição a duração de uma semibreve será tomada
como uma "duração de referência" (R).
Nota Duração Pausa
Máxima
Arcaica. Não é mais usada desde a música medieval.
Duração R × 8
Longa
Arcaica. Não é mais usada desde a música medieval.
Duração: R × 4
Breve
Arcaica. Não é mais usada desde a música medieval.
Duração: R × 2
Semibreve
É a nota usada atualmente como referência de tempo
Duração: R
Mínima
Duração: R/2
Semínima
Duração: R/4
Colcheia
Duração: R/8
Semicolcheia
Duração: R/16
Fusa
Duração: R/32
Semifusa
Duração: R/64
Quartifusa
Uso extremamente raro
Duração: R/128
Notas unidas
linhas de união conectam grupos de colcheias e notas menores, para facilitar a leitura.
Nota pontuada
O uso de pontos à direita da nota permite prolongar a duração de uma nota. Um ponto
aumenta a duração de uma nota em metade do tempo original. Dois pontos aumentam
três quartos da duração original, três pontos aumentam sete oitavos e assim por diante.
Pausas também podem ser pontuadas da mesma forma que as notas.
Compassos de espera
Marcação abreviada de pausa, indicando por quantos compassos deve-se manter a
pausa.
Marcas de interrupção
Marca de respiração
Em uma partitura vocal, indica o momento correto de fazer uma inspiração.
Cesura
Indica que o músico deve silenciar completamente seu instrumento entre uma nota e a
próxima.
Claves
Claves definem a faixa de altura ou a tessitura que a pauta representa.
Clave de Sol
O centro da espiral define a linha onde ela pousa como o Sol3 (aproximadamente 392
Hz). Na posição mostrada, o Sol3 está na segunda linha da pauta.
Clave de Dó
Esta clave indica qual linha representa o Dó central do piano - Dó3 (aproximadamente
262 Hz). Nesta posição é a terceira linha que assume a nota Dó4.
Clave de Fá
A linha entre os pontos indica o Fá abaixo do Dó central do piano, ou Fá2
(aproximadamente 175 Hz). Nesta posição a quarta linha indica a nota Fá2.
Clave de percussão
Usada para instrumentos sem altura definida, em geral instrumentos de percussão. Cada
linha ou espaço representa um instrumento diferente em um conjunto de percussão, tal
como uma bateria. Dois estilos de clave de percussão são mostrados aqui.
As claves de Dó, Fá e Sol podem ser modificadas por números de oitavas. Um oito ou quinze sobre a
clave indica que a tessitura da pauta será elevada em uma ou duas oitavas respectivamente. De forma
similar um oito ou quinze sob a clave rebaixa a tessitura em uma ou duas oitavas respectivamente.
Acidentes e armaduras de clave
Acidentes modificam a altura das notas à sua direita e de todas as notas na mesma posição na pauta até
o final do compasso corrente.
Dobrado bemol
Abaixa a altura da nota em seu nível em um tom (dois semitons).
Bemol e meio
Abaixa a altura da nota que se segue em três quartos de tom.
Bemol
Abaixa a altura da nota que se segue em um semitom.
Meio bemol
Abaixa a altura da nota que se segue em um quarto de tom.
Bequadro
Cancela qualquer acidente prévio na mesma nota.
Meio sustenido
Eleva a altura da nota que se segue em um quarto de tom.
Sustenido
Eleva a altura da nota que se segue em um semitom.
Sustenido e meio
Eleva a altura da nota que se segue em três quartos de tom.
Dobrado sustenido
Eleva a altura da nota em seu nível em um tom(dois semitons).
Armadura de clave - define a tonalidade da música, indicando quais notas têm sua altura modificada por
bemóis ou sustenidos durante toda a música ou até que uma nova armadura de clave seja utilizada. Se
nenhum acidente for colocado junto à clave, o tom da música é Dó maior ou Lá menor. Os exemplos
mostrados estão em clave de sol.
Armadura com bemóis
Abaixa a altura de todas as notas indicadas pelos bemóis nas posições indicadas junto à
clave e as notas de mesmo nome em qualquer oitava. Os bemóis são acrescentados de
acordo com a sequência do ciclo das quartas, ou seja Sib, Mib, Láb, Réb, Sólb, Dób e
Fáb. Tonalidades diferentes são indicadas pelo número de acidentes. Por exemplo, se
os dois primeiros bemóis são usados (Sib e Mib), a tonalidade é Sib maior ou Sol menor.
Armadura com sustenidos
Eleva a altura de todas as notas indicadas pelos sustenidos nas posições indicadas junto
à clave e as notas de mesmo nome em qualquer oitava. Os sustenidos são
acrescentados de acordo com a sequência do ciclo das quintas, ou seja Fá#, Dó#, Sol#,
Ré#, Lá#, Mi# e Si#. Tonalidades diferentes são indicadas pelo número de acidentes.
Por exemplo, se os quatro primeiros sustenidos são usados (Fá#, Dó#, Sol# e Ré#), a
tonalidade é Mi maior ou Dó# menor.
Fórmula de compasso
A marcação de Tempo define a métrica das notas, a duração dos compassos e a pulsação da
composição.
Fórmula de compasso
O numerador indica o tamanho do compasso em batidas ou pulsos. O denominador
indica qual valor de nota (em frações de uma semibreve) serve de referência de tempo
para o pulso. Por exemplo 4/4 indica que há quatro pulsos por compasso e a semínima
(1/4 de uma semibreve) é a unidade de tempo.
Tempo quaternário
Este é o tempo mais usado e representa abreviadamente uma fórmula de 4/4.
Tempo 2/2
Indica um tempo de 2/2.
Marca de metrônomo
Escrita no início da partitura, indica precisamente a duração de uma unidade de tempo
(ou de um pulso), em batidas por minuto. Neste exemplo, a marca indica que 120
unidades de tempo (semínimas) ocupam um minuto, ou que a pulsação é de 120 batidas
por minuto (120 BPM).
Articulação
Ligadura
A ligadura é um sinal de forma semicircular que se coloca acima ou abaixo das notas
para ligar sons. Existem 3 tipos de ligadura: valor, portamento, e de frase ou fraseado. A
de valor é a união de duas ou mais notas da mesma altura e mesmo nome. As durações
das notas são somadas e ela é tocada como uma única nota. A ligadura de portamento
liga duas notas de nomes diferentes. A ligadura de frase ou fraseado liga três ou mais
notas de nomes diferentes.
Legato
Notas cobertas por este símbolo devem ser tocadas sem nenhuma interrupção como se
fossem uma só.
Glissando
Uma variação contínua de altura entre os dois extremos.
Marca de fraseado
Indica como as notas devem ser ligadas para formar uma frase. A execução varia de
acordo com o instrumento.
Tercina
Condensa três notas na duração que normalmente seria ocupada por apenas duas. Se
as notas forem unidas por uma barra de ligação, as chaves ao lado do número podem
ser omitidas. Grupos maiores podem ser formados e recebem o nome genérico de
quiálteras, em que um certo número de notas é condensado na duração da maior
potência de dois menor que aquele número. Por exemplo, seis notas tocadas na duração
que seria ocupada por quatro notas.
Acorde
Três ou mais notas tocadas simultaneamente. Se apenas duas notas são tocadas isso é
chamado de intervalo.
Arpejo, Harpejo ou arpeggio
Como um acorde, mas as notas não são tocadas simultaneamente, mas sim uma de
cada vez em sequência.
Dinâmica
Dinâmica musical é a forma como a intensidade ou volume de som varia ao longo da música.
Pianíssimo
Execução muito suave.
Piano
Suave.
Mezzo-piano
Suave, mas ligeiramente mais forte que o piano.
Mezzo-forte
Metade da intensidade do forte.
Forte
Execução com intensidade elevada.
Fortissimo
Muito forte.
Sforzando
Denota um aumento súbito de intensidade.
Crescendo
Um crescimento gradual do volume. Esta marca pode ser estendida ao longo de muitas
notas para indicar que o volume cresce gradualmente ao longo da frase musical.
Diminuendo
Uma diminuição gradual do volume. Pode ser estendida como o crescendo.
Acentuação
Acentos indicam como notas individuais devem ser tocadas. A combinação de vários símbolos pode
indicar com mais precisão a execução esperada.
Staccato
A nota é destacada das demais por um breve silêncio. Na prática há uma diminuição no
tempo da nota. Literalmente significa "destacado".
Staccatissimo
A nota é mais curta ficando mais separada das demais.
Marcato
O tempo é precisamente como indicado na partitura.
Pizzicato
Uma nota de um instrumento de corda com arco, em que a corda é pinçada ao invés de
tocada com o arco.
Snap pizzicato (pizzicato Bartók)
Em um instrumento de corda indica que a corda é muito esticada longe do corpo do
instrumento e solta para provocar um estalo.
Harmónica natural
Tocada em um instrumento de corda pela divisão suave da corda em frações da série
harmônica. Produz um timbre diferente da execução normal.
Tenuto
Uma nota sustentada. A combinação de um tenuto com um staccato produz um
"portato", ou portamento em que cada nota é tocada pelo tempo normal, como o marcato
mas levemente ligada às notas vizinhas.
Fermata
Uma nota sustentada indefinidamente ao gosto do executante. Na prática pode aumentar
ou reduzir a duração da nota, mas é mais freqüente o uso para prolongar a nota,
principalmente em codas. Também pode ser usada para indicar uma cadenza.
Sull'arco
Em um instrumento de corda, a nota é produzida pela subida do arco.
Giù arco
Como o anterior, mas na descida do arco.
Ornamentos
Ornamentos provocam diversas alterações na altura, duração ou forma de execução de cada nota.
Trilo ou trinado
Uma alternância rápida entre a nota especificada e o semitom imediatamente mais
agudo, durante toda a duração da nota.
Mordente
A execução da nota especificada seguida do semitom abaixo do especificado e a volta à
altura normal, durante o valor da nota Equivale a tocar três notas ligadas no tempo do
valor da nota. Na forma da figura é chamado de mordente inferior. Sem a linha vertical, o
semitom inserido na nota é acima da nota normal e o mordente é chamado de superior.
Grupetto
O grupetto é uma figura(ornamento musical) que se parece com um "S" deitado, que
transforma a execução da nota marcada como se fosse um mordente superior e um
inferior nesta ordem, de acordo com a duração da nota. Sua execução é feita tocando-se
a nota acima da marcada, seguindo com a nota marcada, a nota abaixo da marcada e
então a nota marcada novamente. O tempo da execução do grupetto deve ser o mesmo
tempo da nota marcada.
appoggiatura
A primeira metade da duração da nota principal é tocada com a altura da nota
ornamental.
acciaccatura
Semelhante à appoggiatura, mas a nota ornamental é tocada muito rapidamente e não
chega a "roubar" metade do tempo da nota principal.
Oitavas
Ottava alta
Ou oitava acima. Notas abaixo da linha pontilhada são tocadas uma oitava acima do
escrito.
Ottava bassa
Ou oitava abaixo. Notas abaixo da linha pontilhada são tocadas uma oitava abaixo do
escrito.
Quindicesima alta
Notas abaixo da linha pontilhada são tocadas duas oitavas acima do escrito.
Quindicesima bassa
Notas abaixo da linha pontilhada são tocadas duas oitavas abaixo do escrito.
Repetições e codas
Tremolo
Uma nota repetida rapidamente. Se a marca está entre duas notas então elas devem ser
alternadas rapidamente.
Marcas de repetição ou rittornello
Delimitam uma passagem que deve ser tocada mais de uma vez. Se não houver uma
marca à esquerda, a marca à direita faz retornar para o início da música.
Simile
Indica que os grupos precedentes de compassos ou tempos devem ser repetidos.
Chaves de volta
Denotam que uma passagem repetida deve ser tocada de forma diferente a cada vez. A
chave 1 é tocada antes da repetição, o trecho anterior é repetido e quando chega
novamente ao mesmo ponto, a execução passa para a segunda chave. Pode haver
variaçãoes para uma terceira repetição e assim sucessivamente.
Da capo
Indica que o músico deve repetir a última parte. Em obras extensas, freqüentemente
indica voltar ao início da peça. Se seguido por al fine indica que a música só deve ser
repetida até a marca fine. Se for seguida por al coda a música deve ir até a marca de
coda (ver abaixo) e pular para o trecho final.
Dal segno
Indica que a execução deve ir para o segno mais próximo. É seguido por al fine ou al
coda, da mesma forma que da capo.
Segno
Marca usada com dal segno.
Coda
Indica um pulo para a frente na música até a passagem final, indicada pelo mesmo sinal.
Só é usada depois que a música já foi executada uma vez e uma indicação D.S. al coda
ou D.C. al coda foi seguida.
Representação das durações
Tempo e compasso - regulam quantas unidades de tempo devem existir em cada compasso. Os
compassos são delimitados na partitura por linhas verticais e determinam a estrutura rítmica da música.
O compasso escolhido está diretamente associado ao estilo da música. Uma valsa por exemplo tem o
compasso 3/4 e um rock tipicamente usa o compasso 4/4.
Em uma fórmula de compasso, o denominador indica em quantas partes uma semibreve deve ser
dividida para obtermos uma unidade de tempo (na notação atual a semibreve é a maior duração possível
e por isso todas as durações são tomadas em referência a ela). O numerador define quantas unidades de
tempo o compasso contém. No exemplo abaixo estamos perante um tempo de "quatro por quatro", ou
seja, a unidade de tempo tem duração de 1/4 da semibreve e o compasso tem 4 unidades de tempo.
Neste caso, uma semibreve iria ocupar todo o compasso.
Figuras musicais - Valores ou figuras musicais são símbolos que representam o tempo de duração das
notas musicais. São também chamados de valores positivos.
Os símbolos das figuras são usados para representar a duração do som a ser executado. As notas são
mostradas na figura abaixo, por ordem decrescente de duração. Elas são: semibreve, mínima, semínima,
colcheia, semicolcheia, fusa e semifusa.
Antigamente existia ainda a breve, com o dobro da duração da semibreve, a longa, com o dobro da
duração da breve e a máxima, com o dobro da duração da longa, mas essas notas não são mais usadas
na notação atual. Cada nota tem metade da duração da anterior. Se pretendermos representar uma nota
de um tempo e meio (por exemplo, o tempo de uma mínima acrescentado ao de uma colcheia) usa-se
um ponto a seguir à nota.
A duração real (medida em segundos) de uma nota depende da fórmula de compasso e do andamento
utilizado. Isso significa que a mesma nota pode ser executada com duração diferente em peças
diferentes ou mesmo dentro da mesma música, caso haja uma mudança de andamento.
Nota pontuada é uma nota musical que é seguida com um ponto logo a sua frente. Este ponto adiciona
metade do valor da nota que o precede.
Pausas - representam o silêncio, isto é, o tempo em que o instrumento não produz som nenhum, sendo
chamados valores negativos. As pausas se subdividem também como as notas em termos de duração.
Cada pausa dura o mesmo tempo relativo que sua nota correspondente, ou seja, a pausa mais longa
corresponde exatamente à duração de uma semibreve. A correspondência é feita na seguinte ordem:
Representação das alturas
Clave - clave de Sol, clave de Fá, clave de Dó. Propõe toda a representação musical a uma que mais se
adeque ao instrumento que a irá reproduzir. Por exemplo, as vozes graves usam geralmente a clave de
Fá, enquanto que as mais agudas usam a clave de Sol. Costuma dizer-se que a clave de Fá começa
onde acaba a clave de Sol. De um modo geral, é a clave que define qual a nota que ocupará cada linha
ou espaço na pauta.
Alturas - a altura de cada nota é representada pela sua posição na pauta em referência à nota definida
pela clave utilizada, como mostrado abaixo:
Deslocações de tom ou acidentes: o sustenido, o bemol, o dobrado sustenido e o dobrado bemol. São
representados sempre antes do símbolo da nota cuja altura será modificada e depois do nome das notas,
cifras e tonalidades. Um sustenido desloca a nota meio-tom acima (na escala), um dobrado sustenido
desloca o som um tom acima, um bemol desloca a nota meio-tom abaixo e o dobrado bemol desloca o
som um tom abaixo. Por exemplo, pode-se dizer que um "Fá sustenido" (Fá#) é a mesma nota que um
"Sol bemol" (Sol♭), porém, devido às características de cada instrumento (e à sua própria disposição da
escala), o timbre pode variar. Considere, como exemplo, o caso da guitarra, em que um Dó tocado na
segunda corda (Si), primeira posição, é equivalente a um Dó tocado na terceira corda (Sol) na quinta
posição, embora o timbre seja diferente.
Uma vez que um sustenido ou bemol tenha sido aplicado a uma nota, todas as notas de mesma altura
manterão a alteração até o fim do compasso. No compasso seguinte, todos os acidentes perdem o efeito
e, se necessário, deverão ser aplicados novamente. Se desejarmos anular o efeito de um acidente
aplicado imediatamente antes ou na chave de tonalidade, devemos usar um bequadro, que faz a nota
retornar à sua condição natural. No exemplo visto acima podemos notar que a terceira nota do primeiro
compasso também é sustenida, pois o acidente aplicado à nota anterior permanece válido e só é anulado
pelo bequadro que faz a quarta nota voltar a ser um Lá natural. O segundo compasso é semelhante a
não ser pelo acidente aplicado que é um bemol. No terceiro compasso, uma nota Sol, um Lá dobrado
bemol e um Fá dobrado sustenido. Embora tenham nome diferente e ocupem posições diferentes na
clave, os acidentes aplicados fazem com que as três notas soem exatamente iguais.
Chave ou tonalidade, que não é mais que a associação de sustenidos ou bemóis representados junto à
clave, indicando a escala em que a música será expressa. Por exemplo, uma representação sem
sustenidos ou bemóis, será a escala de Dó Maior. Ao contrário dos acidentes aplicados ao longo da
partitura, os sustenidos ou bemóis aplicados na chave duram por toda a peça ou até que uma nova chave
seja definida (modulação). Na figura vemos a chave de tonalidade de uma escala de Lá maior. Nesta
escala todas as notas Fá, Dó e Sol devem ser sustenidas, por isso os acidentes são aplicados junto à
clave.
Expressão
Expressão, em música, é o conjunto de todas as características de uma composição musical que podem
variar de acordo com a interpretação. Em geral, a expressão engloba variações de andamento (cinética
musical) e de intensidade (dinâmica musical), bem como a forma com que as notas são tocadas
individualmente (acentuação - staccatto, tenuto, legato) ou em conjunto (articulação ou fraseado). Em
geral, o compositor da obra musical fornece na partitura todas as indicações da execução esperada, mas
dois intérpretes nunca executarão a música da mesma forma. Mesmo entre duas execuções pelo mesmo
intérprete, podem ocorrer pequenas variações. Essas variações não são falhas; ao contrário, são
esperadas, e é a expressão que diferencia uma execução mecânica, excessivamente precisa, de uma
boa interpretação, que consegue transmitir as emoções planejadas pelo compositor e também as do
próprio intérprete.
Certos símbolos e textos indicam ao intérprete a forma de executar a partitura, incluindo as variações de
volume (dinâmica) e tempo (cinética), assim como a maneira correta de articular as notas e separá-las
em frases (articulação e acentuação).
Dinâmica musical
Na notação musical existe um conjunto de indicações de expressão que, combinadas, permitem ao
intérprete conhecer a intenção do compositor ao criar determinada peça musical. Obviamente, o
intérprete pode ignorar essas indicações e executar a música de outra forma, mas as marcas são
bastante úteis quando se deseja conseguir a interpretação mais próxima do original. Geralmente, as
indicações de expressão são utilizadas junto à indicação de andamento no início da composição, do
movimento ou de uma seção, e fornecem uma indicação genérica do clima que deve dominar a
execução. Essas indicações são apresentadas frequentemente junto à indicação de andamento, mas
também podem ocorrer isoladamente. Como a maior parte dos termos da notação musical, as marcas de
expressão são grafadas em italiano. Embora qualquer combinação de andamento e expressão seja
possível, certas combinações são mais frequentes e são indicadas na tabela abaixo:
Termo Significado Andamentos mais frequentesAffettuoso com afeto, com sentimento andante, adagio, largo
Con brio ou Con Spirito com vigor, com espírito allegro, moderato, andante
Cantabile cantando, lírico, leve allegro, moderato, andante
Vivace vivo (leve e rápido) allegro
Maestoso majestoso (notas bem marcadas) andante, adagio
Dolce doce (leve e com sentimento) moderato, andante, adagio
Agitato agitado (rápido e dramático) presto, allegro, allegretto
Animato animado presto, allegro
Bruscamente brusco (muito marcado) allegro, presto
Con amore com amor moderato, andante, adagio
Con fuoco com fogo (vivo e agressivo) allegro, presto
Scherzando brincando allegro, andante
A intensidade das notas pode variar ao longo de uma música. Isso é chamado de dinâmica. A
intensidade é indicada em forma de siglas que indicam expressões em italiano sob a pauta.
pp - pianissimo. a intensidade é mais baixa que no piano
p - piano. o som é executado com intensidade baixa
mp - mezzo piano. a intensidade é moderada, não tão fraca quanto o piano.
mf - mezzo forte. a intensidade é moderadamente forte
f - forte. A intensidade é forte.
ff - fortissimo. A intensidade é muito forte.
Símbolos de variação de volume ou intensidade: crescendo e diminuindo, em forma de sinais de
maior (>) e menor (<) para sugerir o aumento ou diminuição de volume, respectivamente. Estes devem
começar onde se deverá iniciar a alteração e esticar-se até à zona onde a alteração deverá ser
interrompida. O volume deve permanecer no novo nível até que uma nova indicação seja dada. A
variação também pode ser brusca, bastando que uma nova indicação (p, ff, etc) seja dada.
A figura abaixo mostra um solo de trompa da Sinfonia número 5 de Tchaikovsky. Esta partitura apresenta
várias marcas de dinâmica.
Cinética musical
Muitas composições são feitas para ser executadas em um ritmo constante e preciso, com uma pulsação
imutável do início ao fim da peça. Isso era comum, por exemplo, no período barroco. Peças compostas
para dança também não podem sofrer grandes variações de andamento para que os dançarinos não
percam o passo. No entanto, em músicas feitas para a audição pura, como, por exemplo, o jazz, a
música erudita, ou a música dramática, como a ópera e as trilhas sonoras, as variações de tempo ao
longo da execução são elementos expressivos importantes. Em geral, trechos mais rápidos transmitem
mais alegria, enquanto que andamentos mais lentos podem transmitir sentimentos mais melancólicos.
Variações ao longo da música ajudam a transmitir mudanças de humor. São indicadas pelas expressões:
Accelerando ou, abreviadamente, accel. - acelera o andamento. A música se torna
gradativamente mais rápida ao longo dessa marca (em geral, a duração da alteração é
indicada por uma chave ou por uma sequência de pontos sob a pauta (accel. . . . . . .). Ao final,
pode ser estabelecido um novo andamento (por exemplo, de andante pode acelerar até
allegro e permanecer no novo andamento).
Ritardando ou rallentando - diminui o andamento. A música se torna gradativamente mais
lenta ao longo dessa marca (em geral, a duração da alteração é indicada por uma chave ou
por uma sequência de pontos sob a pauta (rall. . . . . . .). Ao final, pode ser estabelecido um
novo andamento (por exemplo, de allegro pode ralentar até andante).
A tempo ou Tempo primo - o andamento volta ao pulso inicial da música ou movimento.
Tempo rubatto - literalmente, tempo roubado. A música é executada com pequenas
variações de andamento ao longo do fraseado. O intérprete escolhe a extensão da variação
de acordo com o efeito desejado.
Cinética Musical (do grego kine = movimento) ou agógica define a velocidade de execução de uma
composição. Esta velocidade é chamada de andamento e indica a duração da unidade de tempo. O
andamento é indicado no início da música ou de um movimento e é indicada por expressões de
velocidade em italiano, como Allegro - rápido ou addagio - lento. Junto ao andamento, pode ser indicada
a expressão com que a peça deve ser interpretada, como: com afeto, intensamente, melancólico, etc.
Os andamentos são os seguintes:
Grave - É o andamento mais lento de todos
Largo - Muito lento, mas não tanto quanto o Grave
Larghetto - Um pouco menos lento que o Largo
Adagio - Moderadamente lento
Andante - Moderado, nem rápido nem lento
Andantino - Semelhante ao andante, mas um pouco mais acelerado
Allegretto - Moderadamente rápido
Allegro - Andamento veloz e ligeiro
Vivace - Um pouco mais acelerado que o Allegro
Presto - Andamento muito rápido
Prestissimo - É o andamento mais rápido de todos
Alguns exemplos de combinações de andamento com expressões:
Allegro moderato - Moderadamente rápido.
Presto con fuoco - Extremamente rápido e com expressão intensa.
Andante Cantabile - Velocidade moderada e entoando as notas como em uma canção.
Adagio Melancolico - Lento e melancólico
Notações de variação de tempo:
rallentando - Indica que a execução deve se tornar gradativamente mais lenta
accelerando - Indica que a execução deve se tornar mais rápida.
A tempo ou Tempo primo - Retorna ao andamento original.
Tempo rubato - Indica que o músico pode executar com pequenas variações de andamento ao
seu critério.
Outras notações
Exemplo de tablatura numérica para vihuela do livro "Orphenica Lyra" de Miguel de Fuenllana (1554).
Números em vermelho (no original) indicam a parte vocal.
Tablatura
A tablatura é uma notação que representa como colocar os dedos num instrumento (nos trastes de uma
guitarra, por exemplo) em vez das notas, permitindo aos músicos tocar o instrumento sem formação
especializada. Esta notação tornou-se comum para partilhar músicas pela Internet, já que permite
escrevê-las facilmente em formato ASCII.
Cifras
Cifra é um sistema de notação musical usado para indicar através de símbolos gráficos ou letras os
acordes a serem executados por um instrumento musical (como por exemplo uma guitarra). São
utilizadas principalmente na música popular, acima das letras ou partituras de uma composição musical,
indicando o acorde que deve ser tocado em conjunto com a melodia principal ou para acompanhar o
canto.
As principais cifras são grafadas:
A: nota lá ou acorde de Lá Maior
B: nota si ou acorde de Si Maior ( H em alemão)
C: nota dó ou acorde de Dó Maior
D: nota ré ou acorde de Ré Maior
E: nota mi ou acorde de Mi Maior
F: nota fá ou acorde de Fá Maior
G: nota sol ou acorde de Sol Maior
Os acordes menores são grafados pelas letras acima, acompanhados da letra "m" minúscula. Ex: Cm
indica um acorde de Dó menor. Há outras alterações quando se utilizam tetracordes ou intervalos
dissonantes. Ex: Cm7 indica acorde de Dó menor com sétima.
Referências Bibliográficas:
BENNETT, Roy. Como Ler uma partitura. 1990. Jorge Zahar
BENNETT, Roy. Elementos básicos da música. 1998. Jorge Zahar
BONA, Pascoal. Curso completo de divisão musical. Irmãos Vitalle
CARDOSO, Belmira e MASCARENHAS, Mário - Curso completo de teoria musical e solfejo. 1996. Irmãos
Vitalle