UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
CURSO DE LETRAS
NEOLOGISMO, ESTRANGEIRISMO:
O USO DE PALAVRAS DE ORIGEM INGLESA NA LINGUA
PORTUGUESA
CARLA FREITAS CORTEZ
matrícula nº: 20082180032
ORIENTADOR(A): Prof. FLÁVIA CUNHA
JUNHO 2014
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
CURSO DE LETRAS
NEOLOGISMO, ESTRANGERISMO:
O USO DE PALAVRAS DE ORIGEM INGLESA
NA LÍNGUA PORTUGUESA
__________________________________
CARLA FREITAS CORTEZ
matrícula nº: 20082180032
BANCA EXAMINADORA
PROF. ORIENTADOR. (FLÁVIA CUNHA, COORDENADORA)
PROF. (JOÃO CARLOS JECK, DOUTOR)
PROF. (SABINE MENDES LIMA MOURA, DOUTORA)
JUNHO 2014
As opiniões expressas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade do(a) autor(a)
“Minha pátria é a Língua Portuguesa” – Fernando Pessoa
Dedico este trabalho à Leila Cortez , Bruno Cortez e a
Pedro Fernandes pelo suporte, incentivo e amor dados a
mim em quantidades infinitas
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Flávia Cunha, João Carlos Jeck
e à Sabine Moura
RESUMO
Estrangeirismo é o processo que introduz palavras vindas de outros idiomas na Língua
Portuguesa. De acordo com o idioma de origem, as palavras recebem nomes específicos, tais
como anglicismo (do inglês), galicismo (do francês), etc. O Estrangeirismo possui duas
categorias: Com aportuguesamento: a grafia e a pronúncia da palavra são adaptadas para o
Português. Exemplo: abajur (do francês "abat-jour"). Sem aportuguesamento: conserva-se a
forma original da palavra. Exemplo: mouse (do inglês "mouse"). A maioria das palavras da
Língua Portuguesa tem origem latina, grega, árabe, espanhola, italiana, francesa ou inglesa.
Essas palavras são introduzidas em nossa língua por diversos motivos, sejam eles fatores
históricos, socioculturais e políticos, modismos ou avanços tecnológicos. As palavras
estrangeiras geralmente passam por um processo de aportuguesamento fonológico e gráfico.
A Academia Brasileira de Letras, órgão responsável pelo Vocabulário Ortográfico de Língua
Portuguesa, tem função importante no aportuguesamento dessas palavras. As pessoas, em
geral, de tal forma acostumadas com a presença dos Estrangeirismos na língua que, muitas
vezes, desconhecem que uma série de palavras têm sua origem em outros idiomas. O
Neologismo é a criação de uma palavra nova na Língua Portuguesa. Sendo ele um agente de
modificação da Língua Portuguesa. Tal resultado é consequência direta do processo em que a
modernização dos meios de comunicação, entretenimento, socialização, informação e trabalho
acabam por gerar uma resultante: a modernização do idioma nacional.O sucesso desse
processo se dá também pelo Estrangeirismo, o uso de uma expressão ou construção com ou
sem equivalente vernácula na Norma do nosso idioma. Serão demonstrados os desafios
idiomáticos causados pelo uso dessas duas ferramentas que para alguns estudiosos
enriquecem a língua em razão das possibilidades idiomáticas e que para outros tantos
empobrecem-na a ponto de, para alguns mais radicais, o Estrangeirismo principalmente seria
uma afronta até mesmo à nossa soberania como meio nação de falantes de Língua Portuguesa
no mundo.
Palavras-chave : Língua Portuguesa, Neologismo e Estrangeirismo.
Foreignness is the process that introduces words from other languages in the Portuguese
language. According to the source language, the words are given specific names, such as
anglicism (English), (French) gallicism, etc. The foreignness has two categories: With
anglicization: the spelling and the pronunciation of the Word are adapted to the Portuguese.
Example: lamp (from French "abat-jour"). Without anglicization: keep the original form of
the word. Example: mouse ("mouse") most of the words of the English language has Latin
origin, Greek, Arabic, Spanish, Italian, French or English. These words are introduced in our
language for various reasons, be they historical, socio-cultural and political factors, fads or
technological advances. The foreign words usually undergo a process of anglicization graphic
and phonological. The Academia Brasileira de Letras, the organ responsible for the
Portuguese language Orthographic Vocabulary, has important role in the anglicization of
those words. People, in General, so used to the presence of foreign loanwords in the language
that often unaware that a number of words have their origin in other languages.The neologism
is the creation of a new word in the English language. Though he is an agent of change in the
Portuguese Language. Such a result is a direct consequence of the process in which the
modernization of the media, entertainment, socializing, and information work will generate a
result: the modernization of the national language.The success of this process is given also by
the Foreignness, the use of an expression or construction with or without vernacular
equivalent in standard of our language.Will be demonstrated the challenges caused by the use
of language tools that for some scholars enrich the language because of the possibilities and
many other idiomatic deplete it, point to some more radical, the foreignness mainly would be
an affront even to our sovereignty as a nation of Portuguese speakers in the world.
Keywords: Portuguese language, Neologism and Foreignness.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................................09
CAPÍTULO I - DE COMO CONCEITUAR NEOLOGISMO E ESTRANGEIRISMO...............................10
I.1 - CONCEITOS BÁSICOS.........................................................................................................................................10
I.1.1 - Neologismo e Estrangeirismo..................................................................................................................11
CAPÍTULO II - DE COMO SÃO OS FENÔMENOS LINGUÍSTICOS........................................................12
II.1 - CONCEITOS BÁSICOS........................................................................................................ ...............................12
II.1.1 - Fenômenos Linguísticos........................................................................................................................12
CAPÍTULO III - DE COMO CONCEITUAR A LÍNGUA PORTUGUESA................................................14
III.1 - CONCEITOS BÁSICOS......................................................................................................................................14
III.1.1 - A Língua Portuguesa............................................................................................................................15
CAPÍTULO IV - DE COMO SÃO OS RESULTADOS IDIOMÁTICOS E GRAMATICAIS
RESULTANTES....................................................................................................................................................16
IV.1 - CONCEITOS BÁSICOS......................................................................................................................................17
IV.1.1 - Resultados Idiomáticos e Gramaticais resultantes ..................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................... 31
INTRODUÇÃO
Devido às mudanças causadas nas relações humanas pelo evento da Globalização,
vivemos um momento em que a principal ferramenta de comunicação humana, o idioma
falado por uma determinada sociedade, vê-se obrigado a interagir com outro idioma falado
por outra sociedade, trazendo à língua uma universalidade que torna-se força motriz do seu
desenvolvimento. Nesse contexto, a Língua Portuguesa tem o Neologismo e o Estrangeirismo
ressaltados em importância na presença desses elementos no seu desenvolvimento como um
organismo vivo. O que são Neologismo e Estrangeirismo e qual é o porquê de seu uso e
aceitação na Língua Portuguesa? A partir de um breve histórico, serão conceituados o
Neologismo, os fenômenos linguísticos e o Estrangeirismo e a relação direta destes com o
desenvolvimento da Língua Portuguesa como um organismo vivo, usando para tal a consulta
a livros, revistas e sites especializados na Internet. Será abordada a influência desses dois
fatores simultâneos, destacando-se fatores relevantes para a sua presença no idioma nacional e
sua importância como elementos de modificação das características deste.
No capítulo I serão conceituados o Neologismo e o Estrangeirismo, partindo da
premissa de seus respectivos conceitos básicos. Acompanhando-as, teremos citações e/ou
exemplos, suas respectivas análises e contextualizações, incluindo o posicionamento da ABL
nesse universo.
No capítulo II, iniciando por uma conceituação básica, os fenômenos linguísticos
serão tipificados. Nesse contexto, divergências resultantes entre gramáticos e linguistas e o
posicionamento destes frente aos fenômenos. A Língua Portuguesa será, neste capítulo, de
forma básica, historicamente analisada. Sua importância global será igualmente analisada.
No capítulo III a Língua Portuguesa será profundamente analisada em seus diversos
componentes: fatos históricos, fatores geográficos e consequências sociais,
No capítulo IV, apresentar-se-ão os resultados idiomáticos resultantes, uma análise da
presença global do idioma inglês, sua relação com a globalização, com o ensino escolar e com
hábitos do cotidiano.
1. DE COMO CONCEITUAR NEOLOGISMO E ESTRANGEIRISMO
I.1– Conceitos básicos
Para entendimento da temática aqui focalizada é necessário definir alguns conceitos
fundamentais. Evaldo Heckler (apud MASSING, 2012) conceitua que o Neologismo é um
fenômeno linguístico que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova, ou na
atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente.
Maasing (2012, pág.70) afirma que “[...]um bom exemplo prático, muito usado no Brasil,
é o caso do termo "refri" - gíria recente para indicar "refrigerante”. Outro exemplo, uma
pessoa filiada ao partido político PSDB pode ser chamada de peessedebista para fins de
definição pejorativo ou não[...]” acrescentando ainda que tanto o uso que ele chama de
abreviativo como o irônico, pejorativo são bastante comuns no uso de nosso idioma pelos
brasileiros.
Também há os casos em que o substantivo é transformado em um adjetivo como por
exemplo a palavra "antena" (objeto que capta e/ou transmite ondas hertzianas; ou seja, de
rádio ou televisão) ser transformada em "antenado" (pessoa "ligada" , que está ou procura
estar bem informada sobre o que acontece à sua volta). (PEREIRA DA SILVA, 2011).
Faraco (2011, p. 45) prossegue comentando que nas gramáticas normativas o
Estrangeirismo é tido como um vício de linguagem, e que, há muito, esta definição é tida
como uma visão simplista em demasia por parte de diversos linguistas.
Dentro do âmbito da gramática normativa, caso se use um Estrangeirismo que possua
equivalente vernácula adequada, caracteriza-se o vício de linguagem como barbarismo (para
os latinos, qualquer estrangeiro era bárbaro). Alguns gramáticos mais rígidos consideram que
qualquer Estrangeirismo, tenha ele equivalente vernácula ou não, é considerado barbarismo.
(DUBOIS, 2012)
Castro (apud FARACO, 2012) define que o Estrangeirismo pode ser considerado uma
figura de linguagem também, contanto que a palavra estrangeira exista e seja usada
frequentemente ou tenha popularidade no dialeto.
I.1.1 – Neologismo e Estrangeirismo
No capítulo sobre Neologismo, Gomes Faraco (2011) o define que o Neologismo é
conhecer realmente uma palavra vai muito além de ser capaz de depreender seu significado,
podendo ser fruto de um comportamento espontâneo, próprio do ser humano e da linguagem,
ou artificial, para fins pejorativos ou não. Morfologicamente, é composta de duas
palavras: neo-, vindo do prefixo νεο- do grego antigo, "novo", e λόγος, que significa
"palavra", adicionando-se o sufixo -ismo.
Sevaldo Back (apud MASSING, 2012) acrescenta que os Neologismos são criados a
partir de processos que já existem na língua: justaposição, prefixação, aglutinação,
verbalização e sufixação. Pode também referir-se a uma nova doutrina no campo
da Teologia que procura esclarecer o significado e significante das expressões presentes nas
traduções bíblicas.
Castro (apud FARACO, 2012) prossegue observando que utilizar a palavra corretamente
requer uma competência que exige um profundo conhecimento sobre os itens lexicais por
parte do falante de uma língua. Este indivíduo deve ter não somente o conhecimento sobre as
palavras frequentemente utilizadas, mas, também, capacidade de tornar-se autônomo e
autossuficiente, buscando desenvolver sua competência lexical, para serem capazes de
trabalhar com, além de unidades já conhecidas, novas unidades léxicas – os Neologismos.
Alves (2013, pág.93) conclui que “[...]Portanto, "Neologismo" é um fenômeno linguístico
que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova[...]”.
No capítulo sobre Estrangeirismo ou Peregrinismo, Gomes Faraco (2011) o define como o
uso de palavra, expressão ou construção estrangeira que tenha ou não equivalente vernácula,
em vez da correspondente em nossa língua.
Dubois (2012, pág. 41) afima que “[...]O termo barbarismo também tem o significado
contemporâneo de crueldade. Por fim, outro tipo de Estrangeirismo é o idiotismo, que se dá
quando se traduz literalmente expressão ou construção estrangeira que não faça sentido em
nossa língua, em vez de se adotar tradução livre. ele e o uso de língua estrangeira no nosso
cotidiano. [...]”
2.DE COMO SÃO OS FENÔMENOS LINGUÍSTICOS
II.1 – Conceitos básicos
Cavalcanti (2012, pág.15) define que um fenômeno linguístico é aquele que se caracteriza
por um determinado acontecimento que ocorre na história de determinada língua, criando uma
nova forma de comunicação e modificando a língua como um todo.
Determinadas expressões idiomáticas que surgem do decorrer do desenvolvimento de
uma língua são exemplos de fenômenos linguísticos. Palavras desconhecidas, com o uso no
cotidiano e com o tempo, passam a se tornar uma palavra reconhecida oficialmente.
(CRYSTAL, 2011)
Correa (2013, pág.103) afirma que “[...]Normalmente um fenômeno linguístico de
relevância é associado a alguma época ou a algum fato histórico. [...]”
II.1.1 – Fenômenos Linguísticos
Muito já se discutiu, e ainda se discute, sobre intolerância linguística na escola, na mídia
e na sociedade em geral. Linguistas aplicados, pedagogos, antropólogos, etnógrafos, cientistas
sociais, entre outros pesquisadores, constantemente propõem políticas educacionais que
respeitem a diversidade linguística e cultural do aluno. Frequentemente é lançado um novo
livro com métodos e “fórmulas mágicas” que prometem revolucionar o ensino de língua
materna, ensinar “definitivamente” a Língua Portuguesa aos alunos sem o uso da gramática
normativa e erradicar de uma vez por todas as intolerâncias lingüísticas no ambiente escolar
por meio do ensino da variação linguística. (GARCEZ, 201)
Quando falamos em língua estamos nos referindo a um produto artificial socialmente
constituído, um “instrumento” construído por meio dos hábitos culturais de um povo e de suas
relações sociais. Fenômenos linguísticos, estruturas linguísticas diferentes daquelas
recorrentes na norma culta, na gramática normativa, são vistos, pela maior parte da sociedade,
como erros absurdos e desvios gramaticais que devem ser rejeitados e erradicados pelos
professores de Português. (GARCEZ, 2013)
Leite (2012, pág.57) afirma que “[...]o objetivo que se coloca é perceber a diversidade de
fenômenos linguísticos complexos frequentemente discriminados dentro e fora da sala de
aula. Determinadas manifestações linguísticas que têm causado polêmica na atualidade,
sobretudo nas aulas de Língua Portuguesa: o internetês, o caipirês, o gerundismo e os
estrangeirismos respectivamente[...]”.
A língua, inegavelmente, é um sistema auto-regulador, ela mesma dá conta de suas
necessidades. Ela mesma acolhe o que tem de serventia e descarta o que é dispensável, ela
não precisa ser defendida, muito menos defendida de seus próprios falantes, que são seus
legítimos usuários. Os falantes, no processo de aquisição da linguagem, podem plenamente
marcar novos parâmetros para antigos valores da língua, fazendo com que determinadas
estruturas passem a significar novas possibilidades de interpretação e mesmo novas palavras.
(GARCEZ, 2013)
A linguagem da internet, o internetês, é um fenômeno linguístico marcadamente
caracterizado por gírias, recurso de comunicação própria dos jovens, resumos extremo. A
internet acabou sendo muito utilizada pra comunicação, usando canais como msn, facebook,
orkut e outros recursos de interação, e ela pegou muito da oralidade e adaptou esses recursos
da oralidade para a língua escrita no campo da comunicação. O internetês seria essa
linguagem: jovem, muito contaminada, pela oralidade, que é interessante de se expressar
naquele meio, mas que, em outros lugares, ela não vai cumprir com sua função. um novo tipo
de comunicação via Internet que não é nem a linguagem escrita, nem a linguagem falada, e
que subleva as regras do mundo da escrita, usando abreviaturas de palavras e recursos
gráficos para vivo e falado o que está escrito na tela do computador. (LEITE, 2012)
A linguagem do homem do campo, o caipirês, não deveria ser considerada errada,
porque o indivíduo aprendeu a falar conforme a região onde ele nasceu, onde ele convive. São
variações lingüísticas, dentro da gramática, da linguagem padrão, elas são variações. É o
homem falando literalmente como aprendeu: Começa-se a difundir essa cultura. No uso da
comunicação diária não há problema algum. O dificuldade seria é quando ele precisa se
expressar numa linguagem mais aberta, uma linguagem mais abrangente, que, naturalmente,
ele não deveria usar esses recursos. (LEITE, 2012)
Nesse contexto de diversidade dos fenômenos linguísticos, as pessoas, quando falam ou
escrevem, não têm liberdade total de inventar, cada uma a seu modo, as palavras que dizem,
nem têm a liberdade irrestrita de colocá-las de qualquer lugar nem de compor, de qualquer
jeito, seus enunciados. Falam, isso sim, todas elas, conforme as regras particulares da
gramática de sua própria língua. Isso porque toda língua tem sua gramática, tem seu conjunto
de regras. Além disso, é inegável que todo falante nativo de Português produz sentenças bem
formadas, que estão de acordo com as regras do sistema da língua que esse falante
internalizou, e isso independe de sua posição social.
(CRYSTAL, 2001 )
3. DE COMO CONCEITUAR A LÍNGUA PORTUGUESA
III.1 – Conceitos básicos
A Língua Portuguesa é uma das línguas oficiais da União Europeia, do Mercosul, da
União de Nações Sul-Americanas, da Organização dos Estados Americanos, da União
Africana e dos Países Lusófonos. Com aproximadamente 280 milhões de falantes, o
Português é a 5ª língua mais falada no mundo, a 3ª mais falada no hemisfério ocidental e a
mais falada no hemisfério sul da Terra. (SEIXAS, 2012).
O Português é conhecido como "a língua de Camões" (em homenagem a uma das mais
conhecidas figuras literárias de Portugal, Luís Vaz de Camões, autor de Os Lusíadas) e "a
última flor do Lácio" (expressão usada no soneto Língua Portuguesa, do
escritor brasileiro Olavo Bilac ). Miguel de Cervantes, o célebre autor espanhol, considerava o
idioma "doce e agradável". Em março de 2006, o Museu da Língua Portuguesa, um museu
interativo sobre o idioma, foi fundado em São Paulo, Brasil, a cidade com o maior número de
falantes do Português em todo o mundo. Internacionalmente, A Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (sigla CPLP) consiste em nove países independentes que têm o Português
como língua oficial: Angola, Brasil, CaboVerde, Timor-Leste,Guiné-Bissau, Guiné
Equatorial, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Portugal. O Português é também uma das
línguas oficiais da região administrativa especial chinesa de Macau (ao lado do chinês) e de
várias organizações internacionais, como o Mercosul, Organização dos Estados Ibero-
Americanos, a União de Nações Sul-Americanas, a Organização dos Estados
Americanos, a União Africana e da União Europeia. (RAMERINI, 2012)
O ensino obrigatório do Português nos currículos escolares é observado no Uruguai e
na Argentina. Outros países onde o Português é ensinado em escolas, ou onde seu ensino está
sendo introduzido agora, incluem Venezuela, Zâmbia, Congo, Senegal, Namíbia, Suazilândia,
Costa do Marfim e África do Sul. No estado de Goa na Índia, atualmente o Português é
aprendido, no ensino oficial e particular. A Universidade de Goa tem um mestrado em
Estudos Portugueses desde 1988. (NANCY, 2012).
III.1.1 – A Língua Portuguesa
Segundo estimativas da UNESCO, o Português é um dos idiomas que mais crescem entre
as línguas européias após o inglês e o espanhol. O Português é o idioma que tem o maior
potencial de crescimento como língua internacional na África Austral e na América do Sul.
Espera-se que os países africanos falantes da Língua Portuguesa tenham uma população
combinada de 83 milhões de pessoas até 2050. No total, os países de Língua Portuguesa terão
por volta de 400 milhões de pessoas no mesmo ano. (NANCY, 2012)
No início da colonização portuguesa no Brasil (a partir da descoberta, em 1500), o tupi
(mais precisamente, o tupinambá, uma língua do litoral brasileiro da família tupi-guarani) foi
usado como língua geral na colônia, ao lado do Português, principalmente graças aos padres
jesuítas que haviam estudado e difundido a língua. Em 1757, a utilização do tupi foi proibida
por uma Provisão Real. Tal medida foi possível porque, a essa altura, o tupi já estava sendo
suplantado pelo Português, em virtude da chegada de muitos imigrantes da metrópole. Com a
expulsão dos jesuítas em 1759, o Português fixou-se definitivamente como o idioma do
Brasil. Das línguas indígenas, o Português herdou palavras ligadas à flora e à fauna
(abacaxi, mandioca, caju, tatu, piranha), bem como nomes próprios e geográficos. (NANCY,
2012)
Com o fluxo de escravos trazidos da África, a língua falada na colônia recebeu novas
contribuições. A influência africana no Português do Brasil, que em alguns casos chegou
também à Europa, veio principalmente do iorubá, falado pelos negros vindos da Nigéria
(vocabulário ligado à religião e à cozinha afro-brasileiras), e do quimbundo angolano
(palavras como caçula, moleque e samba). (NANCY, 2012)
Um novo afastamento entre o Português brasileiro e o europeu aconteceu quando a língua
falada no Brasil colonial não acompanhou as mudanças ocorridas no falar Português
(principalmente por influência francesa) durante o século XVIII, mantendo-se fiel,
basicamente, à maneira de pronunciar da época da descoberta. Uma reaproximação ocorreu
entre 1808 e 1821, quando a família real portuguesa, em razão da invasão do país pelas tropas
de Napoleão Bonaparte, transferiu-se para o Brasil com toda sua corte, ocasionando um
reaportuguesamento intenso da língua falada nas grandes cidades. (NANCY, 2012)
Após a independência (1822), o Português falado no Brasil sofreu influências de
imigrantes europeus que se instalaram no centro e sul do país. Isso explica certas modalidades
de pronúncia e algumas mudanças superficiais de léxico que existem entre as regiões do
Brasil, que variam de acordo com o fluxo migratório que cada uma recebeu. (NANCY, 2012)
No século XX, a distância entre as variantes portuguesa e brasileira do Português
aumentou em razão dos avanços tecnológicos do período: não existindo um procedimento
unificado para a incorporação de novos termos à língua, certas palavras passaram a ter formas
diferentes nos dois países (comboio e trem,autocarro e ônibus, pedágio e portagem). Além
disso, o individualismo e nacionalismo que caracterizam o movimento romântico do início do
século intensificaram o projeto de criação de uma literatura nacional expressa na variedade
brasileira da língua portuguesa, argumento retomado pelos modernistas que defendiam, em
1922, a necessidade de romper com os modelos tradicionais portugueses e privilegiar as
peculiaridades do falar brasileiro. A abertura conquistada pelos modernistas consagrou
literariamente a norma brasileira. (NANCY, 2012)
4.DE COMO SÃO OS RESULTADOS IDIOMÁTICOS E GRAMATICAIS
RESULTANTES
IV.1 – Conceitos básicos
Schütz (2012,pág.81) afirma que a Língua Portuguesa,também designada “Português”, é
uma língua românica flexiva originada no galego-Português falado no Reino da Galiza e
no norte de Portugal. A parte sul do Reino da Galiza se tornou independente, passando a se
chamar Condado Portucalense em 1095 (um reino a partir de 1139). Enquanto a
Galiza diminuiu, Portugal independente se expandiu para o sul (Conquista de Lisboa, 1147) e
difundiu o idioma, com a Reconquista, para o sul de Portugal e mais tarde, com as descobertas
portuguesas, para o Brasil, África e outras partes do mundo.
O Português foi usado, naquela época, não somente nas cidades conquistadas pelos
portugueses, mas também por muitos governantes locais nos seus contatos com outros
estrangeiros poderosos. Especialmente nessa altura a Língua Portuguesa também influenciou
várias línguas. (SEIXAS, 2012)
Durante a Era dos Descobrimentos, marinheiros portugueses levaram o seu idioma para
lugares distantes. A exploração foi seguida por tentativas de colonizar novas terras para
o Império Português e, como resultado, o Português dispersou-se pelo
mundo. Brasil e Portugal são os dois únicos países cuja língua primária é o Português.
Entretanto, o idioma é também largamente utilizado como língua franca nas antigas colônias
portuguesas de Moçambique, Angola, Cabo-verde, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau e São
Tomé e Príncipe, todas na África. Além disso, por razões históricas, falantes do Português são
encontrados também em Macau, no Timor-Leste e em Goa. (PIEL, 2011)
IV.1.1 Resultados Idiomáticos e Gramaticais Resultantes
O uso de palavras inglesas tornou-se comum na Língua Portuguesa trazendo novos
vocábulos para nosso idioma. A língua inglesa está inserida no Português do Brasil de tal
forma que às vezes não nos damos conta de que estamos falando uma palavra que não é do
nosso idioma o que causa muita polêmica entre linguistas, professores de Língua Portuguesa e
língua inglesa e entre a população em geral. (AULETE, 2012)
Problematizar essa influência da língua inglesa em nosso idioma é discutir de que modo a
língua inglesa tem influenciado nosso idioma, desde simples inscrições em comércios até a
diluição dentro de nossa gramática e de nossa escrita. (CÂMARA JUNIOR, 2012)
Existem certos tópicos críticos como prós e contra essa inserção idiomática em nosso país
e é válido apontar alguns modos de questionar e propor novos meios para a relação entre
idioma, cultura e aprendizagem entre a língua inglesa (principalmente a falada nos Estados
Unidos) e a Língua Portuguesa (a falada no Brasil). (CÂMARA JUNIOR, 2012)
A influência do inglês ajuda e atrapalha na nossa comunicação e mostraremos casos de
palavras que foram benéficas e até aportuguesadas. É inevitável não apenas encontrar
palavras da língua inglesa diariamente como também utiliza-las. No supermercado, por
exemplo, encontramos alimentos “light”. Na rua, “outdoors”. Usamos o “notebook” e
pedimos um “cheeseburger” pelo “delivery”, enquanto assistimos à “top model” na
televisão ou vemos no notícias na “internet”. (CÂMARA JUNIOR, 2012)
Uma em cada seis pessoas do mundo fala a língua inglesa, o que sem dúvida conta
muitos pontos no currículo. Saber inglês no Brasil é essencial: nem mesmo considerado
um atributo extra, mas já um pré-requisito obrigatório na maioria das profissões.
(FERNANDES, 2012)
Com a globalização e a conexão entre todos os países do mundo, inclusive o Brasil,
surgiu a necessidade de que uma língua fosse escolhida como a “oficial” para a
comunicação. A língua inglesa, com sua influência, foi aos poucos passando a
desempenhar este papel e tornou-se o idioma predominante não apenas nas negociações
comerciais, mas também nas interações culturais e sociais (principalmente no turismo).
(FERNANDES, 2012)
Através do inglês, são selados acordos entre empresas, difundidas campanhas ao redor
do mundo e realizadas conversas entre pessoas que têm línguas nativas diferentes.
(FERNANDES, 2012)
No Brasil, a influência da língua inglesa não tem menores proporções. Nas escolas, por
exemplo, é disciplina obrigatória em todas as séries. Já na indústria em geral, grandes
marcas também se destacam com a língua inglesa, como “Mc Donalds”, “Playstation”,
“Sundown” e “Big Brother”, e é comum encontrar pessoas com camisetas estampando
frases deste idioma. (FERNANDES, 2012)
Até mesmo artistas brasileiros cantam trechos de suas músicas em inglês. Convivemos
com a língua inglesa diariamente e muitas vezes nem nos damos conta disso. Tal influência
está presente não apenas no meio acadêmico e industrial, mas também em nossa cultura.
Grande parte dos filmes e músicas que consumimos é produzida originalmente na língua
inglesa, e apreciá-los no idioma original é uma experiência muitas vezes mais agradável e
interessante. (FIGUEIREDO, 2012)
É o léxico a área onde corriqueiramente se apontam as influências do Inglês no
Português. Inegavelmente existe uma grande disseminação de vocábulos da língua inglesa em
quase todos os campos de estudo, não esquecendo a vida diária, onde aportam quase que
diariamente novas palavras e expressões designativas de hábitos e produtos que são
incorporados incontinenti, às vezes por necessidade, outras por puro modismo.
(FIGUEIREDO, 2012)
Não especificamente para as palavras trazidas do inglês, mas para as importações de
vocábulos estrangeiros em geral, vários pesquisadores têm abordado o assunto dando-lhe
nomes diferentes. Muitos autores têm dedicado atenção às influências de vocábulos de outras
línguas no Português. (FIGUEIREDO, 2012)
Modernamente, utilizam-se os termos empréstimo e decalque para se tentar dar conta das
palavras que chegam até nós, provindas de outras línguas. (Figueiredo, 2012)
Há empréstimo lingüístico "quando um falar A usa e acaba por integrar uma unidade ou
um traço lingüístico que existia precedentemente num falar B e que A não possuía; a unidade
ou o traço emprestado são, por sua vez, chamados de empréstimos". É o que ocorre com
futebol, palavra antes inexistente em Português, mas que, ante a influência do inglês football,
foi incorporada a nossa língua, na "tentativa de repetir a forma ou o traço estrangeiro".
(FIGUEIREDO, 2012)
A palavra estrangeira pode passar à língua por ela influenciada com a mesma grafia
original (e pronúncia também o mais próximo possível do original), como o demonstra
freezer, que não sofreu nenhuma modificação na passagem do inglês ao Português, a menos
de ligeira modificação fonética. (FIGUEIREDO, 2012)
Em resumo, o empréstimo cria uma palavra nova, antes inexistente na língua de aporte,
variando suas modificações de zero (a palavra é mantida como na língua de origem) até um
máximo de adaptação (a palavra adquire características morfológicas e/ou fonéticas da nova
língua). (FREIRE, 2012)
Um exemplo de decalque temos em quebra-luz, onde os termos quebra e luz já existiam
em Português, mas não com o sentido de quebra-luz, tradução do francês abat-jour. O mesmo
se dá com realizar, no sentido de "compreender", "perceber"; realizar já existia em Português,
mas somente no sentido de "empreender algo", até que, por influência recente do inglês
realize, ganhou o novo sentido. (FREIRE, 2012)
Ainda assim, é preciso explicitar nosso procedimento quanto aos parâmetros utilizados
para classificar os vocábulos importados em "palavras trazidas in natura" e "palavras
aportuguesadas". Nesta primeira fase da pesquisa, ainda um tanto tímida, consideramos como
palavras trazidas in natura todas aquelas que não sofreram modificação gráfica (por exemplo,
software, embora muitos profissionais da área de informática já falem e escrevam softer ou
sófter; lobby), bem como aquelas que sofreram pouca ou quase nenhuma modificação fonética
(por exemplo, smash, muitas vezes com a inclusão de uma vogal inicial e/ou da transformação
da fricativa alveolar em palatal, o que produz algo como /izmesh/ ou /ishmesh/, ou ainda com
a inclusão de uma vogal final, produzindo algo parecido a /izmeshi/ ou /ishmeshi/; game, com
inclusão de vogal final, gerando /gueimi/). (FREIRE, 2012)
Os vocábulos que sofreram modificação gráfica (futebol, surfe) e aqueles que sofreram
acentuadas transformações fonéticas (xerox, em inglês paroxítono e oxítono em Português)
foram enquadrados na categoria "palavras aportuguesadas". Fica a ressalva, porém, para o
fato de reconhecermos que este critério ainda deixa a desejar na questão metodológica.
(FREIRE, 2012)
Na categoria de palavras in natura encontram-se palavras que são incorporadas à língua
escrita da mesma forma como se escrevem em inglês e na língua oral com nenhuma ou quase
nenhuma adaptação às regras fonéticas do Português. (FREIRE, 2012)
Em determinadas situações, são vocábulos cuja tradução é impossível por não existir
termo equivalente em Português, onde a tradução precisaria ser feita em circunlóquio ou
mediante criação de um Neologismo. Ou então, devido ao uso confinado a áreas específicas
durante longos períodos de tempo, seu emprego se faz obrigatório devido ao costume
adquirido, até por simplicidade e fácil manuseio. (FREIRE, 2012)
No terreno desportivo poderíamos citar surf, body boarding, football, baseball (o
primeiro e os dois últimos, entre vários, às vezes mantidos na grafia original inglesa, outras
vezes aportuguesados, como surfe, futebol e beisebol cf. item 2.3 abaixo); step (banquinho
modernamente usado em academias de ginástica); pulley (aparelho de ginástica); lob
(movimento da bola ou tipo de jogada no jogo de tênis); lobby (tanto o hall quanto a
influência exercida em âmbito político); smash (tipo de jogada do tênis); game (estágio do
jogo de tênis); set (conjunto de seis games no tênis ou estágio no jogo de volleyball, também
grafado voleibol ou volibol); bookmaker, dentre outros tantos termos que não citamos por
economia de tempo e espaço. (LUFT, 2012)
No campo técnico-científico temos software e hardware (termos em princípio
intraduzíveis, o primeiro já grafado softer ou sófter); CD, em maíusculas ou minúsculas
("compact disk", falado /cedê/, como o disco em si, ou /cidi/, do inglês, no conjunto CD
player, significando o aparelho leitor de cds; PC, em maiúsculas ou minúsculas (curiosamente
falado em Português /pecê/, mas mantendo a ordem inglesa de personal computer, aliás da
mesma forma que CD); UFO ("Unidentified Flying Saucer", com ordem inglesa, dividindo
espaço com a tradução abreviada OVNI, "Objeto Voador Não-Identificado"); CEO ("chief
executive officer", alto cargo em uma empresa, falado com o nome das letras em Português
ou em inglês, mas de novo mantendo a ordem inglesa); LP ("long-playing", normalmente
falado /elipê/, com fonética portuguesa mas ordem inglesa, o que parece ser uma constante);
marketing (este termo gerou o Português marketeiro, também grafado marqueteiro, ao lado de
mercado, uma tradução, e seus correlatos; já se encontra, embora raramente, a forma
marqueting ou marquetingue; merchandising; bit (na engenharia mecânica, a ferramenta de
tornear); laser; freezer; insight; flash; know-how etc. (LUFT, 2012)
Em nosso dia-a-dia também encontramos vários exemplos, tais como t-shirt; jeans; baby
(significando "criança" ou "meu amor", nesta última acepção também com a grafia babe
tanto em inglês quanto em Português , nome até de um perfume brasileiro); handicap (tanto
"vantagem" como "desvantagem", igual ao inglês); borderline; overlap; walkman
(curiosamente nos jornais, no plural, aparece como walkmen, grafia inglesa, ou walkmans, já
seguindo as regras do plural Português8; em alguns textos jornalísticos aparece a forma
walkman's, má interpretação para as regras de plural e possessivo em inglês); pub; light (em
compostos como "comida light", não-gordurosa, ao lado de diet, dietético/a); soft (para
minimizar algo, como em "probleminha soft"; neste caso, devido a uma confusão entre soft e
light, a tendência observada é utilizar light para todos os casos: "problema light", "namoro
light", trabalho light", "música light", quando a expressão inglesa é soft music); jazz (às vezes
falado /djes/, aproximadamente como em inglês, outras /jas/ ou /jays/, aportuguesado); fair-
play; milk shake; ticket etc. Encontramos também expressões usadas em comerciais, como
What's up? Dan up! Estão neste caso ainda produtos que mantêm o nome de origem, tais
como Coca-Cola (com pronúncia adaptada, ao lado da forma Coca), Coke (com pronúncia
mantida), Sprite, Fanta etc. (LUFT, 2012)
O problema é que a palavra emprestada pode ter seu significado reduzido na passagem do
inglês ao Português. Poderíamos chamar este caso específico de "palavras com redução
semântica". Tal é o caso de blues. Em inglês, blues pode significar tanto um tipo de música
quanto algo próximo de "tristeza", "baixo astral". Em Português, a palavra só é utilizada como
estilo musical. Houve então uma redução de significado do termo original. (Luft, 2012)
O mesmo ocorreu com impeachment, que no inglês pode variar desde uma acusação até a
interrupção do mandato de uma figura pública, dentre outras nuances de significado, como
por exemplo "desabono moral" etc. (FREIRE, 2012)
Em Português, o termo só é usado na primeira acepção, e mesmo assim só com o sentido
de interrupção do mandato do governante. O caso em pauta é curioso porque em Português
temos o vocábulo jurídico impedimento, talvez até por influência do termo inglês
impeachment, que de maneira muito rara é usado referindo-se à interrupção de mandato de
ocupante de cargo público. (MACHADO, 2012)
Alguns vocábulos passam a nossa língua com basicamente a mesma forma de seu original
inglês, porém sofrendo alterações (às vezes menores, às vezes maiores) fonéticas e/ou
gráficas. Tal é o caso, nos esportes, de surfe (de surf); futebol (de football); handebol (de
handball); basquetebol, às vezes grafado basketebol (de basketball); golfe (de golf); jóquei
(de jockey, na corrida de cavalos); boxe, às vezes grafado box, como no original inglês; beque
(no futebol, possivelmente uma redução de fullback, ou mesmo aportuguesamento de back).
No caso de box (em Português box ou boxe), com sentido de “caixa”, o termo também é usado
hoje como sinônimo de alguns tipos de embalagem (“box de DVDs”), ou uma parte da
habitação onde fica o chuveiro (“banheiro com box”). Em banheiros ainda temos closet,
“recinto onde fica o vaso sanitário”. (MACHADO, 2012)
Nas ciências, especialmente a informática, podemos citar ressetar (do verbo reset, usado
para "zerar" uma máquina ou contador, este traduzido de counter); printar (de print,
"imprimir", vocábulo aliás que dispensaria o decalque); xerox (grafia idêntica à original
inglesa, mas pronúncia com acentuação oxítona, quando o original inglês a tinha paroxítona);
deletar (do verbo delete, "apagar", palavra que, mais uma vez dispensaria o decalque); plotar
(de plot); reestartar ou restartar (de restart); rebutar (de reboot); inicializar (de initialize).
(LUFT,2012)
A informática é rica em exemplos deste tipo: renderizar (de render); cropar (de crop);
pixelar (de pixel, verbo); startar ou estartar (de start), que pode ser utilizado em frases como
“(e)startar o computador”, ou em outros contextos como “(e)startar o processo de venda”.
Alguns termos são mais utilizados na fala e na Web, como (e)startar, já visto, forwardar (de
forward, verbo), butar ou rebutar (de boot e reboot, verbos). Por serem ainda novos na
Língua Portuguesa, existe hesitação quanto à grafia (butar ou bootar? rebutar ou rebootar?
becapear ou backupear?). Só a título de exemplificação, aqui estão alguns trechos recolhidos
da Web. (MACHADO, 2012)
Com o vocábulo mídia acontece algo interessante: curiosamente, mantemos o vocábulo
latino medium, já grafado médium em Português, principalmente no espiritismo; seu plural
latino media, aportuguesado média, entretanto, tem emprego específico (como em "média
aritmética", "média geométrica", ou em outras situações como "a média das pessoas", "a
média de idade dos candidatos" etc.). (FREIRE, 2012)
Modernamente, o vocábulo latino media, com a pronúncia do inglês /mídia/, voltou ao
Português significando rádio, tv, imprensa, veículos de comunicação de modo geral,
pronunciado e grafado mídia; mais recentemente ainda, já começa a ser pronunciado /média/ e
grafado média, mas unicamente na expressão multimédia (ou multimídia, do inglês
multimedia). Ainda dentro desta categoria podemos citar disquete (de diskette) e contêiner
(conforme Ferreira; segundo o Vocabulário Ortográfico, grafado como o original inglês
container, mas pronunciado /contêiner/), entre outros. (MACHADO, 2012)
Na esfera esportiva, podemos listar serviço (de service, ou seja, quem está com o saque
no tênis); peso pesado (de heavyweight, no boxe); tubo e onda (de tube e wave, no surfe). O
vocábulo Português amarelar ("acovardar-se") não é um termo existente na língua inglesa
com este sentido, mas talvez a partir da conotação que possui a cor amarela na cultura anglo-
saxônica (em inglês yellow), qual seja, "covardia", "intimidação", passou ao Português com
estes sentidos, o que, a ser verdadeira esta suposição, pode criar o que chamaríamos de
“tradução figurada”, ou seja, a tradução de uma idéia abstrata de uma língua para uma palavra
de outra língua. (LUFT, 2012)
Na técnica, podemos falar de computador (de computer); computador pessoal (de
personal computer); micro (com pronúncia portuguesa, do inglês micro); vídeo (de video, em
inglês sem acento); alta-fidelidade (de high fidelity); entrada e saída (de input e output);
buraco negro (de black hole, termo da Astronomia). O caso de duplo deck (espécie de
gravador para duas fitas-cassete, do inglês double cassette-deck recorder, por redução da
expressão e tradução) constitui o que se poderia chamar de uma semitradução, já que parte foi
traduzida (double para duplo) e parte deixada em inglês (deck). Outro exemplo é microondas
(do ing. microwave). (MACHADO, 2012)
Aqui podemos citar uma ocorrência pitoresca. Traduzindo termos técnicos, é obrigatória
a pesquisa a pessoas e/ou dicionários especializados, pois às vezes são usados termos novos,
decalques ou traduções (trolley, adaptado para trole; software, mantido software – no
primeiro caso –; copy, decalcado em copiar; save, decalcado em salvar; – no segundo caso –;
software, traduzido por programa – no terceiro caso), mas em outras ocasiões os termos são
traduzidos diretamente em seu sentido (heater, traduzido por aquecedor). Um exemplo
marcante é o que descreve as partes de uma garrafa de cima para baixo: finish, top, neck,
body, foot, bottom, traduzidos, respectivamente, por acabamento, topo, pescoço, corpo, pé,
fundo. Um outro exemplo curioso seria fone-de-ouvido (de earphone); interessante notar que
o termo inglês headphone pode ser traduzido por fone-de-ouvido ou ser escrito como no
original inglês (headphone, ou mais recentemente headset). (MACHADO, 2012)
Ainda um outro cuidado que se deve ter na tradução técnica é quanto aos chamados
"falsos amigos" (falsos cognatos), ou seja, palavras que provêm do mesmo étimo, mas que,
embora com aparentemente a mesma grafia, em inglês e em Português possuem significados
diferentes. Um exemplo é o inglês temple, que em Português é o recozimento de um metal
após tratamento térmico e que poderia ser confundido com o Português têmpera, termo cujo
equivalente em inglês é hardening, outro tratamento térmico bastante diferente do primeiro.
(MACHADO, 2012)
Alguns exemplos ilustram a total falta de necessidade da incorporação do termo original
inglês ou do Neologismo, devida, nestes casos, a puro pedantismo ou desconhecimento da
Língua Portuguesa e seus recursos, como é o caso de drogadicto (do inglês drug addict, via
espanhol), termo de psiquiatria perfeitamente compatível com viciado ou dependente (em
relação a drogas). O mesmo ocorre com printar (do ing. print), pois o Português já possui o
termo imprimir. (FREIRE, 2012)
Em nossa vida diária poderíamos citar mala-direta (oriundo de direct mail), filme (de
film), leite batido (de milk shake, modernamente em desuso, em prol do termo inglês
original), vaca preta (de black cow, bebida feita com sorvete e Coca-Cola), radical (em
Português oxítono, provindo do inglês radical, este proparoxítono, significando "ótimo",
"muito bom", "o maior barato"), dentre outros. (LUFT, 2012)
O termo mercado, da área de propaganda, tradução direta do inglês market, curiosamente
não gerou no Português "mercadeiro"; para esta função o Português adotou a forma
marqueteiro (também grafado marketeiro), esta oriunda do inglês marketing, obviamente
derivado do market inglês; no inglês não existe equivalente direto para marqueteiro. Fala-se
muito também em perfil do consumidor (do inglês consumer profile). (Figueiredo, 2012)
Semelhante é o caso do verbo reportar, hoje utilizado na expressão "Eu me reporto
diretamente ao Sr. Almeida". Os dicionários de regência verbal não apresentam exemplos
com o verbo assim utilizado, fato que deve ter vindo do inglês report directly to somebody,
expressão utilizada em Recursos Humanos, de onde também provém reporte-direto (do inglês
direct report; substantivo em ambas as línguas), pessoa hierarquicamente imediatamente
superior a um determinado empregado. (FIGUEIREDO, 2012)
O mesmo se dá com o verbo retornar em expressões como "Vou te retornar a ligação
mais tarde", o que, tudo indica, provém do inglês return a call, fato comum nesta língua. Já o
caso de "Me dá um retorno disso", provavelmente oriundo do inglês, pode ter explicação no
mesmo fato lingüístico relatado acima (em relação ao verbo inglês return), sendo então uma
criação já feita no Português, embora calcada na influência de return a call e posteriormente
estendida a qualquer circunstância; ou então pode estar ligada ao termo feedback, palavra que
em inglês pode ser o equivalente Português de um retorno, termo técnico de eletricidade e
computação, mas que, ainda em inglês, é usado em vários contextos, inclusive aquele no qual
está sendo usado retorno no Português moderno do Brasil, ou seja, "dar uma resposta",
"responder a uma consulta", "fornecer uma informação". Também neste caso, os dicionários
de regência consultados ainda não dão conta do fato aqui relatado. (FIGUEIREDO, 2012)
Embora menos recorrentes, podemos encontrar termos em Português provindos do inglês,
que deveriam ter sido traduzidos por outros, mas que, tendo sido confundidos com similares
da Língua Portuguesa, foram traduzidos erradamente e ficaram no Português definitivamente
em lugar de outros vocábulos que poderiam ter sido melhor aplicados. Em determinados
casos, o problema foi causado por adaptação fonética por meio de palavra já existente (deuce
termo usado no jogo de tênis traduzido por justo, devido à má pronúncia do termo inglês;
curiosamente, algumas pessoas, inseguras quanto a qual pronúncia usar, falam algo parecido
com /djust/, talvez por associação com a palavra inglesa just), e em outros por
desconhecimento do significado da palavra no inglês (editor em inglês proparoxítono
traduzido por editor em Português oxítono). (LUFT, 2012)
Um exemplo aparece no tênis. Em inglês, quando o game empata, procede-se ao
desempate, dizendo-se deuce, que quer dizer "estamos empatados", ou "empatou", ou
"empate", ou ainda “vai a dois”, “é preciso desempatar”. O similar Português, já existente em
outros esportes, seria melhor de três ou vai a dois, para a solução do problema, ou igual
(também iguais), ao lado do termo usado em outros esportes empate, para a situação em si (a
rigor, este termo já é usado no caso em pauta); entretanto, devido a uma aproximação
fonética, passou-se a falar justo quando o jogo chega a esta situação. (LUFT, 2012)
Em computação, o inglês utiliza o termo text editor (modernamente word processor) para
designar um programa que permite redação e correção de um texto digitado. No jornalismo,
em inglês, o profissional que desempenha estas funções é o editor (em Português redator),
sendo publisher o nosso editor. Por analogia, verteu-se text editor para o Português como
editor de texto, quando o certo teria sido redator de texto, que é exatamente o que faz o
programa: "redação e correção de textos". No entanto, o termo editor de texto já tem
suficiente autonomia no Português para não permitir substituição. (MACHADO, 2012)
O verbo correlato edit em inglês carrega o significado de "fazer correções", "compor",
"montar", "cortar", tudo com relação a gravação de áudio e vídeo. Com isso, já é disseminado
no Brasil o uso do termo "editar", como em "editar uma fita", "editar um programa", "editar
uma música", fazendo surgirem novos profissionais de mídia: editor de programação, editor
de vídeo etc. O termo edição, que normalmente aparece nos créditos (do inglês credit) de
filmes e programas de TV tem relação com esta atividade. (MACHADO, 2012)
As expressões segurar uma onda, segura essa/tua onda, entre os jovens brasileiros
significam "agüentar", "suportar", "ter forças para enfrentar uma situação", no primeiro caso,
e algo próximo de "prepare-se", "agüenta firme", no segundo. Provavelmente as expressões
vêm do inglês catch the wave ou catch this wave, muito veiculadas nas rádios americanas,
com significados vários há um trocadilho no inglês, pois wave pode ser "onda de praia" ou
"onda de rádio”, mas que não incluem os que usamos no Brasil, fato que batizamos no item
2.2 de alteração semântica. Outro exemplo seria realizar, com sentido de "perceber" (do
inglês realize), já usado em Português até por uma famosa apresentadora de programa
televisivo de entrevistas. Note-se que em inglês realize também pode ser utilizado, raramente,
com o sentido de realizar (realize a project, realize a dream), mas os falantes do Português
aparentemente desconhecem este fato devido a seu uso restrito. (MACHADO, 2012)
É importante notar que não é privilégio do Português a incorporação de palavras e usos
inerentes a outra língua. Muitos idiomas, em certas fases de sua existência, incorporam
vocábulos e construções de outros. Como ilustração, citemos o próprio inglês, que adotou
várias palavras e construções latinas, desde a invasão dos romanos em 43 d.C., passando pela
conquista normanda de 1066 a 1200 (quando muitas palavras de origem latina passaram ao
inglês via francês), até a Renascença (1500 a 1650), quando o reviver autores greco-latinos
trouxe inúmeros vocábulos latinos, não só diretamente mas também através de Neologismos
criados para satisfazer necessidades estilísticas e tecnológicas, além de construções frasais
inspiradas no latim. Não é à toa que aproximadamente 60 % dos vocábulos do inglês moderno
provêm, direta ou indiretamente do latim, sem contar aqueles que ingressaram no inglês por
intermédio de outras línguas. (MACHADO, 2012)
3. METODOLOGIA:
3.1. Técnicas de coleta e análise de dados
A metodologia adotada será a pesquisa explicativa, porque será abordado como o idioma
inglês por meio das ferramentas de Neologismo e Estrangeirismo acaba por mesclar-se à
Língua Portuguesa. Também será utilizada a Pesquisa bibliográfica, porque serão utilizados
livros e sites, aos dados brutos colhidos foram acrescentadas informações conjunturais que
ajudaram a explicar certos dados e tendências observadas.
Estudo de caso porque o tema da Monografia refere-se à ação do Neologismo e do
Estrangeirismo importantes elementos de modificação das características da Língua
Portuguesa.
CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso de Estrangeirismos no Brasil tem sido fruto de muitas discussões nos últimos anos.
E essas discussões, não se dão apenas entre os lingüistas, mas acabam por se tornarem um
problema público, uma questão política, sendo criado até mesmo um projeto de lei que o
proíbe.
Entende-se por Estrangeirismo o uso de palavras e expressões de línguas estrangeiras
utilizadas cotidianamente em um país onde a língua oficial é outra, como no caso do Brasil, o
uso do inglês, francês, espanhol, etc "misturado" com a Língua Portuguesa.
É preciso deixar claro que não se pretende criticar e nem é objeto de estudo do presente
texto, o ensino de línguas estrangeiras no Brasil, a pesquisa reduziu-se ao estudo do uso do
Estrangeirismo: os preconceitos, as proibições e as críticas ao seu uso, procurando de certa
forma, mostrar que quem critica o uso de Estrangeirismos está equivocado e que, inclusive, o
projeto de lei do deputado Aldo Rebelo não tem argumentos suficientes para proibir as
pessoas de usarem essas palavras ou expressões estrangeiras, até porque se trata de uma
questão muito complexa a sua proibição, existindo assim, questões mais urgentes para serem
tratadas no Brasil, principalmente na área da educação.
O texto, que ora foi apresentado, pretendeu trabalhar com a idéia de desmistificação de
crítica ao preconceito do uso dos Estrangeirismos no Brasil.
Partindo das discussões desse "problema", que é atual e de interesse de todos, mas
particularmente do meu interesse como profissional da área de Letras, é que esse trabalho de
conclusão do curso de Letras se justifica.
É mister deixar-se evidente, que esse assunto não é fechado, ele ainda está engatinhando
no contexto social brasileiro, ele era mais discutido entre os lingüistas, agora é que passou a
ser mais difundido e analisado por outras pessoas, portanto não é um estudo fechado, pois
quando se lida com a língua, com elementos que são mutáveis, não se pode chegar a uma
conclusão única, pois o que hoje pode ser o mais conveniente, amanhã pode não ser, o que
não se pode é querer refrear um processo que é natural.
Na verdade as pesquisas linguísticas não são muito difundidas entre a população, esse
conhecimento científico é muito restrito ainda a estudiosos da língua, aos centros acadêmicos,
etc, o que faz com que pessoas sem o mínimo de conhecimento da língua, baseados apenas no
senso comum, queiram administrar o uso da língua, e esses como têm mais acesso a grande
massa (população) acabam sendo os que prevalecem, os que são ouvidos. Deve-se lutar
também, para uma maior democratização dos conhecimentos técnicos/científicos, mas para
isso é preciso que se oportunize espaços para que isso aconteça.
Muitas análises, discussões, comentários se tem feito sobre a língua no Brasil, não só a
língua falada ou escrita, mais também suas variantes, a norma padrão (culta), sobre os
conceitos de linguagem, sobre a questão da dominação, de se ter uma língua única e pura,
sobre a identidade nacional, e mais recentemente essas reflexões têm se voltado mais
particularmente sobre o uso de Estrangeirismos, tendo-se até criado um projeto de lei que o
proíbe no Brasil. Esse projeto na verdade é fruto da imaginação do deputado Aldo Rebelo.
Mas antes de se fazer comentários, análises dessas pesquisas e reflexões feitas, por
diversas pessoas da sociedade, incluindo desde os estudiosos da língua, como os linguístas,
professores de Língua Portuguesa, como também de políticos, jornalistas e demais pessoas
leigas no assunto, pessoas que usam do senso comum para tratar de um assunto que é de
interesse nacional, mas que requer o mínimo de conhecimento da língua para que possa ser
congruente, é mister deixar claro alguns conceitos do que fora citado supra, para que se possa
melhor entender esse "problema", se é que se pode assim dizer.
Portanto, percebe-se que para que haja comunicação é preciso que se faça uso de alguns
sinais que possam ser entendidos tanto pelo emissor, quanto pelo receptor da mensagem. Essa
comunicação pode ocorrer utilizando mímicas (expressões faciais, corporais, gestos) ou pela
linguagem verbal (escrita ou falada).
Cada sujeito se expressa da forma que lhe for mais conveniente respeitando ou não à
norma dita culta (padrão) da língua, e é essa execução individual da língua no ato da
comunicação que constituirá o discurso. Cada indivíduo pode ter um discurso diferenciado, o
mais importante é fazer-se entender. Principalmente na linguagem falada, que não requer
muitas regras, não segue muito o padrão dito correto, pois parte da individualidade de cada
um.
Toda a discussão começa tendo como base o projeto de lei (nº 1676/99), do deputado
Aldo Rebelo, que declara que o uso de Estrangeirismos no Brasil seria prejudicial ao
patrimônio cultural brasileiro, pontuando também que a Língua Portuguesa estaria sendo
descaracterizada e ameaçada, já que esta é pura e faz parte da identidade nacional do Brasil.
Assim, esse projeto visa a proibição do uso de qualquer palavra ou expressão estrangeira por
qualquer indivíduo, incluindo estrangeiros que morem há mais de um ano aqui.
É fato que a língua, sendo um organismo vivo, está sujeita a sofrer mudanças,
transformações. Ela não é estática, inerte, imutável, até mesmo por ela depender da
participação do indivíduo; isso ocorre com todas as línguas. Desde o primeiro dia que "foi
implantada, ensinada, inculcada" a Língua Portuguesa no Brasil, ela já começou a sofrer
mutações, pois os indivíduos que ensinavam nem sempre eram os mesmos, portanto cada um
tinha o seu modo próprio de falar e ensinar possuíam uma bagagem lingüística própria, pode-
se assim dizer, individual, e também os colonizados, por mais 'humildes" que pudessem ser, já
tinham consigo incorporados outros conhecimentos lingüísticos. Portanto é impossível que se
diga que a Língua Portuguesa é pura, única e "antialérgica'' a mudanças.
Se os cidadãos retroagirem na história brasileira, perceberão e chegarão à seguinte
conclusão: de que a língua oficial do país deveria ser o tupi guarani, língua dos índios que
aqui viviam quando os portugueses chegaram, pois a língua que chamam de brasileira é na
verdade um empréstimo, vendo por essa ótica a Língua Portuguesa no Brasil, tida como
"nossa", já é um Estrangeirismo desde 1500.
Outro ponto que é interessante que se analise, é a dificuldade na distinção do que é ou
não é Estrangeirismo, pois na verdade, nenhuma língua surge do acaso, todas têm influências
de outras línguas. Então será que Estrangeirismos são apenas as palavras ou expressões que se
estão utilizando agora, ou se for verificar mais profundamente, perceberar-se-á que a própria
Língua Portuguesa é um empréstimo, portanto, um Estrangeirismo, pois "adotamos" o
Português, como sendo a língua pura e única do Brasil (língua mãe), mas antes ela era a
língua de Portugal, que por sua vez, surgiu com o latim vulgar, e toda a história da evolução
da língua que se conhece.
Esse foi apenas um dos exemplos mostrados, mas existem muitos outros. Não se pode
deixar de falar também nas variantes que se tem dentro da própria Língua Portuguesa falada
no Brasil. Muitas palavras têm a escrita e a pronúncia totalmente diversas umas das outras, e
se está falando e escrevendo a mesma língua (portuguesa). Já não se pode dizer que a nossa
língua é pura, única, liberta de influências. Se duvidar muitos que vivem dentro do Brasil não
conseguem entender outros, também brasileiros, devido às diferenças dialetais.
Muitos tratam que o uso de Estrangeirismos dificultaria a compreensão da mensagem por
todos, mas será que se as pessoas falarem e escreverem em Português, também conseguirão
atingir todos de maneira igual? é claro que não, nem todas as pessoas às vezes têm acesso a
um linguajar jurídico, médico, mais rebuscado, muitas vezes as pessoas se sentem analfabetas,
iletradas ao lerem textos em Português, porque não conseguem entendê-los, e nem por isso
estão usando Estrangeirismos, então cai por terra o comentário de que o uso de palavras e
expressões estrangeiras estaria dificultando a comunicação
Com certeza existem problemas na comunicação dos brasileiros, mas isso não se deve ao
fato de alguns usar expressões estrangeiras ou não. Não se trata de que língua se está falando,
mas sim o nível. O que falta ao brasileiro é mais informação e acesso a uma boa educação,
com boas escolas, bons livros etc.
Não se pode também negar, que o uso de Estrangeirismos é o reflexo de um mundo
globalizado, como já dito anteriormente, não se pode fechar as portas às transformações, e não
se pode negar, principalmente no uso de anglicismos, que o Brasil é cliente dos Estados
Unidos, e que o uso dessas expressões e palavras estrangeiras é algo desejável. Na verdade a
existência de expressões e palavras estrangeiras em outra língua, não a torna mais frágil,
inferior a outras línguas e nem afeta o patrimônio cultural da nação, ao contrário, o
intercâmbio de culturas é um progresso para a civilização.
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Parábola, 2012
SCHUTZ, Ricardo. A Presença do Inglês e do Português no Mundo. São Paulo: Ed.
Contexto, 2012
SEIXAS Eunice Cristina. Discursos Pós-Coloniais sobre a Lusofonia. São Paulo: Ed.
Mercado das Letras, 2012