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Agradecimentos
s minhas orientadoras, a Professora Doutora Maria Joo Afonso e a Professora DoutoraCarla Crespo, pela sua dedicao, permanete disponibilidade e apoio demonstrados no
acompanhamento deste trabalho
Professora Doutora Isabel Narciso por me ter ensinado o que um embomdeiro
De novo Professora Doutora Maria Joo Afonso, por me ter ensinado que, para alm da bela
pintura na parede, a sala de exposio tambm ela uma obra de arte
Ao Professor Doutor Srgio Moreira, ao Dr. Andr Castro e Dr. Miguel Borges por Sagadi Dona So e Dona Ju, um Bom trabalho que eu trato de ser feliz
minha famlia sistmica
minha famlia do Pedaggico
Ins, Mariana, Rita, Catarina, Joana, Ins Murteira, Miriam, Slvia, Cludia,
Sara e Neuza, porque as lindinhas tambm precisam de pinderiquices
ris, Rita, Ins, Vanessa, Carolina, ao Joo e ao Bruno pela amizade e pelos momentos
apenas narrveis a partir de uma boa reportagem, independentemente da distncia
espalo-temporal
Sophie e ao Tiago, pelo sushi
Marina, porque por vezes takk no precisa sempre de querer dizer obrigado e porque o
universo nos juntou (Jos Saramago)
Ao Manuel, porque s vezes precisamos de sair de casa para a podermos apreciar de longe
minha famlia
minha me, porque o tau deve-te tudo
minha irm, por Barbecos! e porque "s lindo Patrcio!"
E finalmente a ti Sara, porque no tenho palavras
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Ao meu Pai, Lus Cabao
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ndice
ndice de Figuras v
ndice de Tabelas vi
1 Introduo 1
2 Enquadramento Terico 22.1 Identidade Conjugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2.2 A Identidade Conjugal no Sistema Familiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.3 Abordagens conceptuais e metodolgicas ao estudo da Identidade Conjugal . . 4
2.4 Limitaes das abordagens ao estudo da Identidade Conjugal . . . . . . . . . . 9
2.5 O lugar da Identidade Conjugal no construto de Identidade . . . . . . . . . . . 11
2.6 Presente Estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3 Metodologia 19
3.1 Participantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 Procedimentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.3 Instrumentos e Medidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4 Anlise e Discusso de Resultados 27
4.1 Distribuio de resultados totais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.2 Estudo de Preciso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 284.3 Estudo de Validade de Construto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5 Discusso Final 43
5.1 Consideraes Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.2 Implicaes prticas do presente estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.3 Limitaes metodolgicas e epistemolgicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5.4 Pistas para investigao futura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
6 Referncias bibliogrficas 51
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Lista de Anexos
Anexo A Equao de pesquisa utilizada para a recolha de dados bibliomtricos
Anexo B Protocolo de Investigao
Anexo C Consentimento Informado
Anexo D Scriptem linguagem de programao R das anlises estatstica utilizadas
no presente trabalho
Anexo E Estudo de Preciso - ndices discriminao e alfa se item omitido
Anexo F Estudo de Preciso - indicadores de preciso do Modelo de Dupla Moni-tonicidade de Mokken
Anexo G Saturaes dos itens nas compoentes resultantes da Anlise em Compo-
nentes Principais
Anexo H Indicadores de preciso dos itens e de escala da componente um resul-
tante da Anlise em Componentes Principais
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ndice de Figuras
Figura 2.1 Dados Bibliomtricos do nmero de publicaes indexadas entre 1970 e 2014
na base de dadosISI Web of ScienceTM relativas s temticas de investigao
na conjugalidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Figura 2.2 Mapa conceptual do construto de Identidade Conjugal. . . . . . . . . . . . 16
Figura 4.1 Histograma e Diagramas de Densidade Kernel das Escalas de Identidade
Conjugal (n=279). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 4.2 Representao grfica das Funes de Resposta ao Item dos itens 8 e 21. A
rea a laranja corresponde ao intervalo de confiana. . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 4.3 Anlise de Ordens -Scree Plot. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 5.1 Representao em rede das relaes causais entre os itens de C1, computada
a partir do mtodo de regresso por penalizao e-lasso(Costantini et al.,
2014). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
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ndice de Tabelas
Tabela 4.1 Sntese da distribuio de respostas das escalas Afetiva, Organizacional e do
conjunto total de itens (n=279) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Tabela 4.2 Coeficientes de assimetria (g1) e deKurtose(g2) das escalas Afetiva, Organi-
zacional e do conjunto total de itens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Tabela 4.3 Sntese da informao relativa aos ndices de discriminao (n=279) . . . . 28
Tabela 4.4 Sntese da informao relativa ao coeficiente alfa se item omitido (n=279) . 28
Tabela 4.5 Coeficientes de consistncia interna da Escala de Identidade Conjugal (alfade Cronbach) (n=279) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Tabela 4.6 Escalas de Mokken resultantes da aplicao do PASIM na Escala Afectiva
(n=279) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Tabela 4.7 Escalas de Mokken resultantes da aplicao do PASIM na Escala Organiza-
cional (n=279) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Tabela 4.8 Verificao do postulado de monotonicidade das Escalas de Identidade Con-
jugal a partir do mtodo de regresso item-rest score (n=279) . . . . . . . . 31Tabela 4.9 Sntese da informao relativa aos coeficientes de escalonabilidade dos itens
e das escalas (n=279) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Tabela 4.10 Coeficientes de escalonabilidade (H) e ordenao invariante de itens (HT)
das Escalas de Identidade Conjugal (n= 279) . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Tabela 4.11 Itens com saturaes superiores a .30 da matriz de componentes rodada e
percentagem da variabilidade explicada (n=279) . . . . . . . . . . . . . . . 37
Tabela 4.12 Coeficientes de Correlao de Pearson (r) (acima da diagonal) e de Spearman() (abaixo da diagonal) das medidas de Identidade Conjugal, Satisfao
Conjugal, Desiluso Conjugal, Confiana no Amor do Parceiro, Confiana
na Proximidade do Parceiro e Componentes resultantes da Anlise em Com-
ponentes Principais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Tabela 4.13 Coeficientes de Correlao de Spearman () entre Itens da EIR e a Escala
Afetiva (EA), Escala Organizacional (EO), questo de perceo sobre a
Identidade Conjugal (QIC) e os scores das resultantes das Anlise em Com-
ponentes Principais (C1, C2, C3 e C3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
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Resumo
A Identidade Conjugal emergente da interaco entre dois elementos de um casal
assume-se como um conceito central no mbito do desenvolvimento das relaes conju-gais. Contudo, at data, a investigao emprica realizada a respeito deste construto,
bem como as metodologias de investigao utilizadas, mostram-se ainda limitadas e de
fraco valor heurstico. O presente estudo conceptualiza a Identidade Conjugal a partir
de duas dimenses: Afetiva e Organizacional. O principal objetivo desta investigao
a construo e teste de um instrumento de avaliao psicolgica de auto-relato baseado
no modelo bidimensional proposto a Escala de Identidade Conjugal (EIC). Com uma
amostra de 279 participantes casados (n=177) e em unio de facto (n=102), procedeu-se
investigao metrolgica, designadamente, anlise de itens, ao estudo de preciso e
ao estudo de validao de construto desse instrumento, que operacionaliza a Identidade
Conjugal em 48 itens divididos pelas Escalas Afetiva e Organizacional. Os resultados do
estudo de preciso, recorrendo Teoria Clssica dos Testes e Teoria de Resposta ao Item,
indicaram que apenas a Escala Afetiva apresentou indicadores de preciso satisfatrios. Re-
lativamente ao estudo de validao de construto, (i) a aplicao da Anlise em Componentes
Principais revelou que a estrutura interna das medidas proporcionadas pela EIC no emergiu
como bidimensional; e (ii) os itens associados dimenso afetiva agrupados na primeira
componente principal - apresentaram evidncias significativas de validade intra-conceito
e inter-conceitos, quando comparados com itens que integram as restantes componentes
resultantes da anlise. Assim, no seu conjunto, os estudos de preciso e validao pa-
recem indicar que apenas os itens que integram a escala Afetiva apresentam evidncias
empricas favorveis utilizao da EIC para medio da Identidade Conjugal. Algumas
consideraes gerais so avanadas, em face dos resultados, sendo ponderadas as limitaes
do presente trabalho e apresentadas pistas metodolgicas para investigao futura nesta rea.
Palavras chave: Identidade Conjugal, Relaes Conjugais, Identidade, Instrumento de
Auto-relato, Psicometria.
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Abstract
Couple Identity, a concept that emerges from the two couple element interaction is a
central construct within couple relationship development. Yet, until now, both the researchon this issue, and the research methods used to study it, are considered limited and of poor
heuristic value. The present study conceptualized the construct of Couple Identity starting
with two dimensions: Affective and Organizational. The main goal of this investigation is to
build and perform the psychonmetric study of a self-report psychological assessment tool,
based upon the two-dimensional model - "Couple Identity Scale" (CIS). With a sample of
279 married subjects (n=177) and cohabitant subjects (n=102), we proceeded to investigate
the psychometric properties - item, reliability and validity analysis - of the CIS, a scale
composed by 48 items divided along the Affective and Organization Scales. The results of
the reliability study, using both the Classical Test Theory and the Item Response Theory,
showed that only the Affective Scale has satisfactory and accurate psychometric indica-
tors. More specifically, the construct validation study that, (i) in the Principal Component
Analyses, the internal structure of CIS didnt emerge as two-dimensional model; and (ii)
the items associated to the affective dimension - grouped in the first principal component -
showed significant evidences of intra-concept and inter-concept validity, when compared to
the items associated to the remaining components. Globally, the reliability and validation
studies appear to indicate that only items integrating the Affective Scale show empirical
evidence favorable to using the CIS for assessing Couple Identity. Considering the results,
some general considerations, limitations and methodological clues for future investigation
are presented.
Key words: Couple Identity, Couple Relationships, Identity, Self-Report Instrument, Psy-
chometrics.
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Introduo
O incio de uma relao conjugal envolve a formao de um novo sub-sistema composto
por duas individualidades, duas histrias de vida e familiares prvias, duas vises do mundo,
dois projetos de vida, duas identidades que partilham um espao relacional (Aberle, 2003;
Alarco, 2000). Neste espao co-constri-se uma nova histria que d sentido unio de dois
indivduos, de dois seres bio-psico-sociais distintos e promove o desenvolvimento de novos
papis e funes resultantes do processo de diferenciao identitria (Fres-Carneiro, 1998;
Fergus & Reid, 2001; Scabini & Manzi, 2011). Desta forma, ao longo do desenvolvimento da
relao conjugal, os casais, ao invs de se verem como dois indivduos separados, comeam a
percecionar-se como fazendo parte de um casal, como fazendo parte de um ns, a entidade
psicossocial resultante desta interao e que assume a sua centralidade nas relaes de casal
(Alarco, 2000; Maniaci, 2009).
Contudo, apesar das relaes de casal continuarem a ser particularmente importantes
para o bem-estar fsico e psicolgico dos indivduos, o contexto scio-cultural marcado pelos
valores do individualismo (Fres-Carneiro, 1998) e pelas elevadas taxas de separao e divrcio
(Fincham & Beach, 2010), coloca aos investigadores e intervenientes ao nvel da conjugalidade
um desafio significativo: compreender e promover a qualidade das relaes conjugais (Fincham
& Beach, 2010; Lewin, 2004).
Neste sentido, a presente investigao, procura apresentar a sua contribuio para a
resposta a esse desafio, onde se pretende, atravs de uma metodologia quantitativa e com
amostras de indivduos e casais portugueses, contribuir para a compreenso e avaliao do "ns":
do construto de Identidade Conjugal.
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Enquadramento Terico
Identidade Conjugal
Uma relao conjugal mais do que soma de dois "Eu"que dela fazem parte. Envolvea formao de uma terceira entidade - o "Ns- que se assume como mais do que mera soma
das partes que a constituem (Caill, 1994). Espelhando a propriedade sistmica da totalidade,
este Ns assume-se como diferente das suas partes e estabelece a base para a criao do
sentimento de pertena dos cnjuges ao sub-sistema formado (Caill, 1994). Desta forma,
permite a diferenciao do casal das suas famlias de origem, de outros sistemas relacionais
exteriores e o desenvolvimento das sensaes de unidade, coerncia e continuidade que esto
na origem do desenvolvimento da Identidade Conjugal (Fres-Carneiro, 1998; Maniaci, 2009;Scabini & Manzi, 2011).
No mbito da Psicologia da Famlia, a Identidade Conjugal tem sido abordada na literatura
de diferentes formas, tais como we-ness (Fergus & Reid, 2001) ou "absoluto do casal"(Caill,
1994), sendo considerada por vrios autores como um construto de elevada importncia para o
desenvolvimento das relaes conjugais (e.g. Fres-Carneiro, 1998).
Segundo Fres-Carneiro (1998) esta importncia assume particular relevncia no mbito
do contexto scio-cultural vigente, que d primazia aos valores do individualismo e, conse-
quentemente, autonomia e satisfao individual. Na constituio das relaes conjugais
contemporneas, estes valores assumem-se como parte de um dos polos de duas motivaes anta-
gnicas existentes no casamento: por um lado, o individualismo onde o casal deve sustentar o
crescimento e desenvolvimento individual de cada um dos cnjuges e, por outro, a construo
da realidade comum do casal, do Ns (Fres-Carneiro, 1998). Esta dualidade inerente s
relaes conjugais contemporneas, no contexto da primazia dos valores individualistas no seio
das relaes conjugais, considerada como um dos fatores que podero estar na base da elevada
e crescente taxa de divrcios e separaes (Fres-Carneiro, 1998; Reid, Dalton, Laderoute,
Doell, & Nguyen, 2006).
Neste sentido, diversos autores referem que as intervenes de carcter clnico na rea
da conjugalidade devem incluir a promoo da Identidade Conjugal, por assumir particular
importncia no desenvolvimento positivo das relaes conjugais, permitindo solucionar o
problema colocado pela dualidade "Eu/Ns"(Alarco, 2000; Fres-Carneiro, 1998; Fergus
& Reid, 2001; Reid et al., 2006). Pois, tal como Reid e colaboradores (2006) indicam, o
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desenvolvimento da Identidade Conjugal contm em si um paradoxo: quanto mais desenvolvido
estiver o sentido de Ns, maior ser o envolvimento individual, sendo que dessa forma, o
desenvolvimento da Identidade Conjugal promove simultaneamente o desenvolvimento do Eu
de cada um dos cnjuges, satisfazendo as necessidades individuais e coletivas inerentes aosdesafios contemporneos da conjugalidade.
A Identidade Conjugal no Sistema Familiar
Um olhar centrado nas caractersticas e propriedades do sistema familiar, permite verificar
a relevncia e a adequao do construto de Identidade Conjugal ao nvel dos seus processos e
funes, no mbito de uma conceptualizao sistmica da famlia. Em primeiro lugar, por se
constituir como um construto onde as propriedades do todo emergem do envolvimento ativodos indivduos que o constituem (e.g. Fergus & Reid, 2001), no se inclui no que Morin (2008)
refere como a cegueira reducionista ou cegueira holstica, adequando-se ao corolrio da no-
somatividade e da impossibilidade de estabelecimento de relaes unilaterais, que caracterizam
a propriedade sistmica de totalidade (Alarco, 2000; Katok & Hasselblatt, 1997). Da mesma
forma, ao referir-se Identidade relativa a um sub-sistema familiar (Maniaci, 2009; Scabini &
Manzi, 2011), a Identidade Conjugal relaciona-se diretamente com o princpio hologramtico
dos sistemas, que nos diz que num sistema familiar existem outros sub-sistemas, como oconjugal, compostos por partes (i.e. os cnjuges) e que em conjunto com outros sub-sistemas
(e.g. filial) - tambm constitudos pelas suas partes -, formam um conjunto, um todo, o sistema
familiar (Alarco, 2000; Katok & Hasselblatt, 1997). Um outro aspeto prende-se com o facto de
a Identidade Conjugal resultar da interao de dois cnjuges bio-psico-socialmente distintos
(Fres-Carneiro, 1998). Neste sentido, quer a formao quer os resultados do desenvolvimento
da Identidade Conjugal, refletem duas propriedades do funcionamento sistmico: propriedade
de retroaco (onde apenas uma viso circular relativa s interaes entre os cnjuges permite
entender os processos pelos quais emerge e se desenvolve a Identidade relativa ao sub-sistema
formado) e a propriedade da equifinalidade (que postula que existe uma multiplicidade de
formas de se atingir e desenvolver a Identidade Conjugal e que de facto caracteriza a formao
do Ns) (Alarco, 2000; Katok & Hasselblatt, 1997; Morin, 2008). Por fim, a Identidade
Conjugal apresenta uma outra caracterstica que congruente com a conceptualizao sistmica
- a autopoise dos sistemas vivos (Katok & Hasselblatt, 1997; Maturana & Varela, 1980). Os
sistemas vivos so sistemas que na relao com outros sistemas relacionais so em simultneo
informacionalmente abertos e operacionalmente fechados, pela sua manuteno e mudana ser
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produto do funcionamento do prprio sistema a partir da ordem anteriormente estabelecida (i.e.
resultam de alteraes ao nvel da estrutura e no de alteraes ao nvel da organizao) (Alarco,
2000). Desta forma, os sistemas familiares mantm a sua autonomia e auto-organizao ao longo
do tempo e da complexidade de interaes intra e inter-sistmcias, garantindo a estabilidade, aordem e a coeso familiar (Katok & Hasselblatt, 1997). Neste sentido, as funes da Identidade
Conjugal anteriormente referidas parecem estar em linha com a conceptualizao sistmica da
famlia e do sub-sistema conjugal. Nomeadamente quando considerado o seu funcionamento
operacionalmente fechado. Isto , um funcionamento auto-referencial com uma lgica interna,
onde as funes da Identidade de um subsistema como o conjugal i.e. sentimento de pertena,
unidade, coerncia, distino de outros subsistemas e continuidade temporal - se assumem como
consistentes no mbito desta conceptualizao (e.g. Cigoli & Scabini, 2006; Scabini & Manzi,
2011).
Abordagens conceptuais e metodolgicas ao estudo da Identidade Conjugal
No mbito da investigao do construto de Identidade Conjugal, vrias teorizaes e
abordagens empricas tm sido desenvolvidas. Uma das abordagens tericas parte do Modelo de
Expanso doSelf, proposto por Aaron e colaboradores (2013). Esta abordagem tem origem na
Psicologia Social e baseia-se na definio proposta por Markus (1977, cit. por Badr, Acitelli, &Carmack, 2007) que define esquemas doself (self-schemata) como representaes cognitivas
nas quais a informao relativa ao indivduo organizada em estruturas mentais, que exercem
a sua influncia no processamento de informao e servem de guias para o comportamento
individual. No caso das relaes de proximidade elevada como o caso das relaes conjugais
-, os indivduos desenvolvem um esquema relacional (relational-schemata), no qual se incluem
padres comportamentais e expectativas de interao para um dado relacionamento (Aron,
Lewandowski, Mashekand, & Aron, 2013; Badr et al., 2007). Contudo, segundo Badr e
colaboradores (2007), para alm do esquema relacional, a evoluo da proximidade e intimidade
nos contextos relacionais, promove alteraes ao nvel dos esquemas do self: estes passam a
incorporar o Outro como parte da prpria Identidade e auto-conceito. Desta forma, a ampliao
do esquema do selfpassa a incluir recursos, perspetivas e caractersticas do Outro (Aron,
Aron, Tudor, & Nelson, 1991; Aron et al., 2013). Desenvolve-se, assim, uma interdependncia
cognitiva que molda a forma como a informao relativa ao desenvolvimento, manuteno e
dissoluo dos relacionamentos processada e que constitui a base para a formao da Identidade
Conjugal (Agnew, Van Lange, Rusbult, & Langston, 1998; Aron et al., 1991, 2013; Badr et al.,
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2007).
Relativamente a esta conceptualizao, destacam-se trs abordagens empricas para a mensu-
rao do construto de Identidade Conjugal. Em primeiro lugar, a abordagem desenvolvida no
mbito da interdependncia cognitiva (proveniente da Psicologia Cognitiva e Social) procuramaioritariamente avaliar os efeitos da incluso do Outro no self, ao nvel do processamento
de informao, em funo no grau de proximidade com o "Outro"(Agnew et al., 1998; Aron et
al., 1991, 2013). Por exemplo, estes efeitos so estudados quer ao nvel dos tempos de reao
em tarefas de tomada de deciso e.g. Paradigma me/not me (Aaron et al., 2013) quer
ao nvel de enviesamentos cognitivos. O primeiro exemplo, Paradigma me/not me (Aron et
al., 1991, 2013), foca a medio dos tempos de reao dos participantes na tomada de deciso
sobre se os traos, previamente avaliados, so verdadeiros ou falsos na descrio do prprio, docnjuge ou de um desconhecido (Aron et al., 1991). Segundo este paradigma, a identificao
de um trao que descreve ambos os cnjuges, ou que no descreve nenhum dos dois, feita
com maior rapidez quando comparada com os tempos de reao, para traos que apenas dizem
respeito a um dos dois (Aron et al., 1991). No que diz respeito aos enviesamentos cognitivos,
um dos paradigmas utilizados procura avaliar os erros dos participantes em tarefas de tomada de
deciso, nas quais se examina qual dos adjetivos previamente atribudos, pertence ao prprio, ao
"Outro"prximo ou ao outro distante (Aron et al., 2013). Neste sentido, o nmero de erros dosparticipantes maior quando a tomada de deciso relativa a adjetivos que descrevem o prprio
ou o "Outro"prximo, evidenciando o menor enviesamento de self-serving - a tendncia para
recordar mais facilmente informao relativa ao prprio, em detrimento de informao relativa
ao outro (Aron et al., 2013).
Ainda no mbito da conceptualizao acima referida, outra das abordagens empricas
que a esta se referem, baseia-se na assuno de que ao longo do desenvolvimento da relao
e da progressiva incluso do outro noself, o casal vai desenvolvendo o seu prprio estilo de
comunicao (Fergus & Reid, 2001; Williams-Baucom, Atkins, Sevier, Eldrige, & Christensen,
2010). Este distingue-o como grupo social e caracteriza o desenvolvimento da sua Identidade
Conjugal (Pennebaker & Angeles, 2008; Williams-Baucom et al., 2010). Neste sentido, esta
abordagem emprica foca a medio em: (i) indicadores de discurso de casais e a sua associao
com indicadores positivos da conjugalidade - tais como a utilizao de pronomes na primeira
pessoa do singular (Eu) e do plural (Ns) em mensagens instantneas e a sua associao
com varveis positivas da conjugalidade (e.g. Satisfao Conjugal) (e.g. Pennebaker & Angeles,
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2008); (ii) na avaliao da qualidade das interaes entre casais em tarefas de resoluo de
problemas (e.g. Williams-Baucom et al., 2010) (iii) e na utilizao de pronomes coletivos por
casais com dificuldades nas suas relaes conjugais, em comparao com casais satisfeitos (e.g.
Simmons, Gordon, & Chambless, 2005).Por fim, existem tambm abordagens empricas que utilizam instrumentos de medida, como por
exemplo: (i) a Escala de Incluso do Outro no self(Aron et al., 1991), que avalia a proximidade
percebida entre pares relacionais (e.g. amigos, vizinhos ou cnjuges), onde os participantes tm
de escolher, de entre sete opes, a representao grfica que melhor descreve a sobreposio
do seuselfem relao ao do outro, em funo da sua proximidade; (ii) uma adaptao de dois
itens numa escala de Likert do Projeto Early Years of Marriage de Veroff, Douvan e Hatchett
(1995, cit. por Kenny & Acitelli, 2001) que se referem proximidade do/a companheiro/a("How close do you feel to your[husband/wife/partner]?"e "How close do you think[he/she]
feels to you?") aos quais os indivduos tinham de responder numa escala de 1 a 5, sendo 1
not close at all e 5 extremely close; por fim, (iii) a utilizao de dois itens da Escala de
Identidade Relacional de Acitelli, Rogers e Knee (1999, cit. por Badr et al., 2007), nos quais os
participantes tinham de avaliar, numa escala de Likert de 1 (not at all well) a 5 (extremely
well), o quo bem se definiam como sendo parte de um casal e de 1 (not at all important) a
5 (extremely important), o quo importante ser parte de um casal era para a forma comoo participante se auto-percecionava. Este ltimo conjunto de medidas tem sido utilizado para
estudar a associao entre a Identidade Conjugal eoutcomespositivos da conjugalidade, como
a expresso de compromisso, unicidade dos casais e a satisfao conjugal, sendo tambm
utilizadas para estudar este construto, como um fator protetor em casais onde um dos elementos
sofre de doena crnica (Acitelli, Rogers, & Knee, 1999; Badr et al., 2007; Badr & Acitelli,
2005).
Uma outra conceptualizao terica parte de uma Perspetiva Sistmico-Construtivistaapresentada por Reid e colaboradores (2006), que considera a Identidade Conjugal como uma
entidade na qual cada indivduo um ingrediente necessrio na disposio dialtica responsvel
pelo surgimento do Ns (we-ness). Desta forma, da complexa interao entre o Eu e os
diversos sistemas relacionais em que este se insere, a Identidade Conjugal resulta de um interface
dinmico entre as interaes ao nvel do sub-sistema conjugal e da experincia intra-psquica
de cada um dos cnjuges, como sistemas individuais (self-systems) (Fergus & Reid, 2001;
Reid, Doell, Dalton, & Ahmad, 2008). Nestes sistemas individuais, as noes de famlia e casalconstituem-se como construes abstratas que refletem as personalidades e identidades de cada
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um dos cnjuges, as quais, segundo os autores, assumem a sua primazia ontolgica quando se
verifica que utilizam pronomes na primeira pessoa do plural no decorrer das suas interaes
discursivas, quando se referem sua relao (Fergus & Reid, 2001).
Por outro lado, a complexidade da definio de Identidade Conjugal tem tambm por base
a manuteno simultnea do sentido de mutualidade e de pertena dos cnjuges e o sentimento
de cada um se assumir como um ser nico - complexo e dinmico enquanto entidade individual
(Reid et al., 2006). Este conflito entre ser Eu e ser Ns, cria necessidades de mudana
sempre que cada um dos elementos do casal muda, sendo a Identidade Conjugal o resultado da
interao dinmica no-linear das identidades individuais de cada um dos seus membros (Fergus
& Reid, 2001; Reid et al., 2006).
Em termos metodolgicos, prope-se que a avaliao da Identidade Conjugal deva passar por
metodologias que permitam avaliar a mutualidade como um processo recproco, de proximidade
complementar e interdependncia (Fergus, 2001; Reid et al., 2006). Desta forma, a utilizao de
metodologias qualitativas considerada pelos autores como a abordagem metodolgica mais
adequada para a avaliao da Identidade Conjugal e dos seus efeitos ao nvel da conjugalidade
(Fergus & Reid, 2001; Fergus, 2011). Neste sentido, existem alguns exemplos da utilizao
deste tipo de metodologias no estudo da Identidade Conjugal: (i) Miller e Caughlin (2013),
que relataram a relao existente entre a perceo do casal como Ns e os mecanismos de
copingquando um dos membros do casal tinha cancro da mama; (ii) Fergus e Reid (2001) que
investigaram a associao entre a mudana teraputica em funo do casal se ver a ele prprio
como a sntese dos seus sistemas individuais; ou ainda Reid, Doell, Dalton e Ahmad (2008)
ao avaliarem a Identidade Conjugal ao longo de um perodo de dois anos, numa amostra de
27 casais em contexto teraputico, verificaram que quanto mais desenvolvido o Ns, mais
elevada era a satisfao conjugal dos elementos do casal, bem como mais positivos eram os
outcomesteraputicos ao nvel da conjugalidade.
No seguimento das abordagens de carcter sistmico, surge tambm uma proposta terica
por Cigoli e Scabini (2006), o Modelo Simblico-Relacional de Identidade Familiar. Segundo
este modelo, a formao da Identidade Familiar guiada pela interao de trs princpios (Cigoli
& Scabini, 2006; Scabini & Manzi, 2011): (i) o princpio organizacional, no qual a diferena
entre geraes, linhagem familiar e gnero no seio familiar, promove o desenvolvimento de
uma lgica interna de funcionamento e de abertura que regula a interao familiar com outros
sistemas, que caracterizam a famlia como sistema vivo autopoitico. Neste sentido, ao longo da
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contnua interao dos seus membros no tempo, estabelecem-se expectativas comportamentais,
papis e significados prprios que caracterizam o seu funcionamento operacionalmente fechado
e informacionalmente aberto, que diferencia a famlia de outros sistemas familiares. No mbito
da formao de significados, (ii) o segundo princpio, o simblico, estabelece a matriz na quala formao do lao familiar liga os seus elementos. Esta matriz resulta da interao entre os
sentimentos de justia, esperana e tica no seio da relao conjugal, latentes nas interaes
comportamentais entre cada um dos elementos que compem o sistema familiar. Estas interaes
ao longo da temporalidade da relao compem (iii) o princpio dinmico, que se reflete na
experincia da reciprocidade comportamental entre cada um dos elementos da famlia, na
formao dos laos familiares e na operacionalizao da lgica auto-organizada do sistema
familiar. Neste sentido, a interao entre os trs princpios forma a base dos processos atravs
dos quais a Identidade familiar se desenvolve e estes, compem o potencial relacional existente
no sistema familiar e a sua verdadeira natureza - que faz desse sistema familiar particular, nico
(Cigoli & Scabini, 2006; Scabini & Manzi, 2011).
Apesar desta conceptualizao se referir ao caso especfico da Identidade familiar, os
autores referem que as relaes conjugais, ao formarem um sub-sistema prprio, se regem
pelos trs princpios no desenvolvimento da sua prpria identidade, com uma natureza prpria
e potenciais individuais e coletivos a desenvolver (Cigoli & Scabini, 2006). Neste sentido, o
desenvolvimento da Identidade Conjugal envolve, quer uma reduo da liberdade individual,
quer a emergncia de um sentimento de pertena ao sub-sistema conjugal. A matriz que compe
um lao relacional envolve a formao de um compromisso entre estes dois polos, que segundo
os autores, em simultneo um pacto e um contrato estabelecido entre os cnjuges (Cigoli &
Scabini, 2006). Este equilbrio desenvolvido pelo casal constitui a base para a formao de
uma Identidade Conjugal, como entidade psicossocial resultante da interao dos trs princpios
referidos ao longo do desenvolvimento da relao conjugal, bem como ao longo das diversasfases do ciclo de vida familiar (e.g. famlia sem filhos ou famlia com filhos pequenos) (Cigoli
& Scabini, 2006; Scabini & Manzi, 2011).
Relativamente sua proposta de abordagem metodolgica, coloca-se a questo de como
se poder definir um procedimento metodolgico que permita, em simultneo, compreender
a estrutura relacional do sistema familiar - neste caso, do sub-sistema conjugal - e as suas
caractersticas afetivas e simblicas (Cigoli & Scabini, 2006). Neste sentido, os autores propem
uma metodologia que integra as noes apresentadas por Deal (1995, cit. por Cigoli & Scabini,
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2006) de perspetiva metodolgica divergente que assume que a realidade familiar deve ser
estudada a partir das diferenas relatadas pelos seus membros e a perspetiva convergente que
assume que a realidade familiar reside nas comunalidades entre os membros do sistema familiar
(Cigoli & Scabini, 2006). Assim, propem uma abordagem multi-metodolgica, avaliando osmesmos construtos de diversos pontos de vista e utilizando metodologias quantitativas (e.g.
instrumentos de auto-relato) e metodologias qualitativas (Cigoli & Scabini, 2006). Contudo, os
autores no apresentam instrumentos especficos para o caso concreto do estudo da Identidade
Conjugal.
No obstante, Pires (2014) sugere que no caso especfico da Identidade Conjugal, os pro-
cessos inerentes ao seu desenvolvimento resultam da interao entre duas dimenses adaptadas
dos princpios simblico, organizacional e dinmico, propostos por Cigoli e Scabini (2006).Desta forma, no mbito de uma investigao recorrendo a uma metodologia qualitativa com
21 participantes envolvidos numa relao conjugal (casamento ou unio de facto), esta con-
ceptualiza duas dimenses: a dimenso afetiva e a dimenso organizacional (Pires, 2014). A
primeira, integrando aspetos dos princpios dinmico e simblico de Cigoli e Scabini (2006),
refere-se ao desenvolvimento de componentes relacionais associadas ao afeto interpessoal entre
os cnjuges. Neste sentido, fazem parte desta dimenso componentes como a confiana, o bem-
estar relacional, a cumplicidade, a qualidade de comunicao, o suporte emocional, a expressode afetos e o prprio sentido de Ns(We). Por outro lado, a dimenso Organizacional,
consonante com o princpio organizacional do Modelo Simblico-Relacional (Cigoli & Scabini,
2006), remete para a natureza autopoitica do sub-sistema conjugal, como operacionalmente
fechado e informacionalmente aberto na relao com outros sistemas. Esta inclui componentes
como a diferenciao conjugal, equilbrio de poder (simetria e complementaridade), sentido
de Ns (Us), objetivos comuns, princpios comuns, similitude, socializao e identificao
mtua, que caracterizam uma dimenso estrutural do desenvolvimento identitrio do casal (Pires,2014). Neste sentido, estas duas dimenses estabelecem os princpios relacionais pelos quais os
indivduos desenvolvem, mantm e reformulam, ao longo ciclo de vida, a Identidade Conjugal.
Limitaes das abordagens ao estudo da Identidade Conjugal
Apesar das diferentes propostas de conceptualizao e formas de avaliao do construto
de Identidade Conjugal, a investigao emprica relativa a este construto extremamente escassa.
A Figura 2.1, representa uma comparao do nmero de artigos indexados na base de dados ISIWeb of ScienceTM referentes a variveis associadas conjugalidade1: Comunicao, Satisfao,
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Conflito, Intimidade e Identidade Conjugal. Esta foi calculada a partir da aplicao da mesma
equao de pesquisa (Anexo A) para cada intervalo de 5 anos a partir de 1970 at 2014. A sua
anlise, permite-nos verificar que para alm da investigao no mbito da Identidade Conjugal
no ter acompanhado o desenvolvimento da investigao dos restantes construtos ao nvel daConjugalidade, a investigao realizada tem permanecido praticamente residual. De facto, nos
ltimos 44 anos de investigao, encontram-se apenas indexados nesta base de dados cinco
artigos que se debruam sobre este construto.
Figura 2.1.Dados Bibliomtricos do nmero de publicaes indexadas entre 1970 e 2014 nabase de dadosISI Web of ScienceTM relativas s temticas de investigao na conjugalidade.
Uma outra limitao existente na investigao emprica no mbito da Identidade Conjugal,
prende-se com o facto desta utilizar instrumentos de medida que, ou refletem indiretamente os
efeitos da Identidade Conjugal ao nvel do processamento cognitivo (e.g. Aron et al., 1991), ou
quando utilizam medidas diretas do construto, estas no apresentam qualidades psicomtricas
para se assumirem como vlidos instrumentos de medio (Kaplan & Saccuzzo, 2012). Um
exemplo, poder ser uma medida com apenas dois itens (e.g. Badr et al., 2007) - algo que se
considera insuficiente para estudar um construto com a complexidade da Identidade Conjugal.1Os dados utilizados para computar a representao grfica exposta na Figura 1 e resultantes da aplicao da
equao de pesquisa encontram-se no Anexo A.
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Neste sentido, pode-se afirmar que apesar de ser um construto que assume particular
relevncia no mbito da conjugalidade, a investigao da Identidade Conjugal tem sido insufici-
ente, quer em nmero de estudos realizados, quer na variedade e qualidade de metodologias e
instrumentos utilizados na sua medio. Assim se confirma a tendncia relatada por diversosautores de que pouca ateno tem sido dada entidade psicossocial que compe o casal (e.g.
Lanman, Grier, & Evans, 2003). Desta forma, tomando em considerao a relevncia dos
instrumentos de medida no mbito da avaliao psicolgica e da investigao emprica por
permitirem, por exemplo, a quantificao do construto, a objetividade na avaliao e por no
requererem recursos materiais e temporais elevados da parte do avaliador (Kaplan & Saccuzzo,
2012) - considera-se necessrio para o desenvolvimento da investigao nesta rea, a construo
de instrumentos de medida da Identidade Conjugal. de referir que o desenvolvimento de novos
instrumentos dever ser precedido por uma reflexo sobre o enquadramento e adequao da
conceptualizao da Identidade Conjugal relativamente conceptualizao de Identidade.
O lugar da Identidade Conjugal no construto de Identidade
Desde a introduo da definio de Identidade por William James em 1890 que a define
como uma fonte de continuidade que providencia ao indivduo um sentido fenomenolgico
de ligao temporal (connectedness) e unidade (unbrokeness) - que este construto temsido um dos conceitos mais investigados no mbito das cincias sociais (Rosenberg, 2005;
Swann & Bosson, 2010; Vignoles, Shwartz, Luyckx, & 2011). De facto, apesar do estudo da
Identidade partir de um conjunto de questes fenomenolgicas simples, referentes ao indivduo
e relao deste com os outros - quem sou Eu? e como devo agir de acordo com o que
sou? (Baumeister, 2011; Vignoles et al., 2011) - da sua resposta, contudo, resultaram mltiplas
perspetivas que constituem motivos de divergncia epistemolgica, terica e emprica e que
focam diferentes contedos e processos da Identidade (Ct, 2006; Lichtwarck-Aschoff, Geert,
van Geert, Bosma, & Kunnen, 2008; Swann & Bosson, 2010; Vignoles et al., 2011).
Segundo Vignoles (2011), um dos temas fragmentrios prende-se com a diviso das
diferentes perspetivas tericas em trs nveis de anlise dos processos e contedos identitrios:
o nvel pessoal, o relacional e o coletivo. No nvel individual incluem-se os aspetos referentes
auto-definio pessoal (e.g. crenas, vises do mundo, tomadas de deciso, valores ou histria de
vida) e tambm os processos, como a capacidade de agncia que o indivduo possui na formao
e desenvolvimento da sua Identidade (Vignoles et al., 2011). O segundo nvel, relacional, foca aconstruo social inerente formao e desenvolvimento da identidade, partindo do pressuposto
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que a Identidade no pode ser apenas constituda pelo indivduo (Lichtwarck-Aschoff et al., 2008;
Vignoles et al., 2011). Este nvel refere-se ento aos papis assumidos no contexto relacional
(e.g. pai, filho, marido ou mulher), que contribuem para a construo social dos indivduos
quando integrados em grupos e contextos sociais (e.g. casamento) (Vignoles et al., 2011). J osprocessos identitrios focam trs espaos relacionais que influenciam a formao e Identidade
relacional: o espao interpessoal, o espao familiar e o os papeis assumidos num contexto mais
geral (Vignoles et al., 2011). Por fim, o nvel coletivo, reala a identificao pessoal com os
grupos e categorias sociais s quais o indivduo pode pertencer (e.g. famlia, clube de futebol,
empresa ou nacionalidade), bem como s atitudes, crenas ou sentimentos que resultam da
identificao com estes (Swann & Bosson, 2010; Vignoles et al., 2011). Relativamente aos
processos, as diversas abordagens tericas tendem a focar os processos coletivos como mudanas
a nvel grupal, que influenciam o sentimento de pertena a um grupo (Swann & Bosson, 2010;
Vignoles et al., 2011). No caso da nacionalidade, por exemplo, as mudanas histrico-culturais
influenciam a Identidade nacional dos indivduos (Vignoles et al., 2011).
Contudo, apesar de constiturem nveis distintos, qualquer aspeto da Identidade pode ser
visto como processo individual, relacional ou coletivo (i.e., como uma experincia individual,
como uma construo inter-pessoal e como um produto scio-cultural) (Lichtwarck-Aschoff et
al., 2008; Vignoles et al., 2011). Ao decidir o nvel a que se vo analisar os processos e contedos
de identidade, se individual, relacional ou coletivamente, no se pressupe que os restantes
nveis no estejam presentes apenas se decide qual a perspetiva que se pretende privilegiar
(Sedikides, Gaertner, Luke, Mara, & Gebauer, 2013; Swann & Bosson, 2010; Vignoles et
al., 2011). Deste modo, uma conceptualizao do construto de Identidade que permita um
entendimento suficientemente complexo para englobar os contedos e processos identitrios
na sua totalidade, requer implcita ou explicitamente, a considerao de mltiplos aspetos da
identidade, que podem ser vistos em diferentes nveis de contedo e processos (Sedikides et al.,2013; Vignoles et al., 2011).
Outra das temticas que divide os investigadores, coloca-se relativamente s vises sobre
a estabilidade da Identidade ao longo do tempo. Neste mbito, assumem-se duas posies
aparentemente antagnicas (Vignoles et al., 2011): (i) a posio de que a Identidade estvel ao
longo do tempo, onde a mudana considerada um processo de desenvolvimento a longo prazo
ocorrendo em momentos especficos do ciclo de vida - em particular durante a adolescncia e
na transio para a idade adulta (e.g. Kroger, 2006); e (ii) a posio de que esta se encontra
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em constante mudana medida que o indivduo se vai inserindo e relacionando em diferentes
contextos inter-relacionais, onde diferentes contedos e processos identitrios se tornam salientes
(Lichtwarck-Aschoff et al., 2008).
Apesar de, numa primeira anlise, estas duas posies parecerem diametralmente opostas,
elas so passveis de ser integradas (Vignoles et al., 2011). Tomando como exemplo o papel
de marido/mulher, se se perceciona este papel como estvel ao longo do tempo, tal no
impede que diferentes aspetos deste papel se tornem salientes em diferentes contextos (e.g.
profissional ou amigos de infncia) e que a pessoa no se adapte em funo dos contextos
em que se insere (Ct, 2006; Vignoles et al., 2011). Desta forma, poder-se- conciliar ambas as
posies se, ao invs de se focar a anlise na temporalidade das mudanas, se focar nos processos
individuais e contextuais que subjazem construo, manuteno e modificao da Identidade
- nomeadamente, o facto desta ser o resultado de uma interao dinmica entre a construo
pessoal (i.e. agncia individual) da Identidade e a construo social envolvida (i.e. scio-
construtiva) (Oyserma & James, 2011; Vignoles et al., 2011). Deste modo, ao olharmos para o
exemplo anterior, a estabilidade da Identidade de "marido/mulher"tanto pode estar associada ao
investimento pessoal em manter o prprio papel, como tambm a constrangimentos contextuais
que promovem a manuteno do papel assumido. Isto, no excluindo que diferentes exigncias
contextuais podero originar mudanas ao nvel da Identidade (Greenhaus, Peng, & Allen, 2012)
- uma vez que estabilidade e mudana so o resultado de mecanismos dinmicos no-lineares
ao longo do tempo (Alarco, 2000; Lichtwarck-Aschoff et al., 2008; Oyserma & James, 2011;
Vignoles et al., 2011).
Outro aspeto a considerar no mbito das diversas posies da investigao, prende-se
com o facto de como a Identidade pode assumir diferentes facetas ao nvel da experincia
individual - refletidas nas vrias formas como a pessoa se pode descrever (e.g. inteligente,
portuguesa, atleta ou marido). Tambm na literatura esta diferena se reflete, mas desta
vez na divergncia entre autores uns que defendem que existe apenas uma Identidade e outros
que defendem a existncia de identidades mltiplas (Swann & Bosson, 2010; Vignoles et al.,
2011). Novamente, a perspetiva de anlise parece assumir particular importncia na resoluo
deste aparente conflito: se esta se centrar no individuo, uma vez que este se experincia como
nico sendo inclusivamente dinmico e criativo na resoluo de aparentes inconsistncias no
seu sentido de Identidade (Vignoles et al., 2011) - as mltiplas facetas da Identidade devem ser
interpretadas como componentes no contraditrias de um sentido individual de identidade. Por
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outro lado, se o foco for uma dessas componentes, esta poder ser analisada em separado, no
esquecendo que se integra na definio complexa de quem o indivduo sente que (Baumeister,
2011; Vignoles et al., 2011).
Por fim, a divergncia ao nvel das perspetivas tericas assume a sua extenso ao nveldas metodologias de investigao da Identidade: quantitativas e qualitativas (Vignoles et al.,
2011). Porm, a diviso neste mbito estende-se ainda a cada uma das metodologias, uma vez
que: (i) ao nvel das metodologias qualitativas, existem autores que defendem que a Identidade
deveria ser estudada a partir da avaliao da experincia fenomenolgica do indivduo e outros
que vaticinam que a investigao dever-se-ia focar na avaliao de indicadores de discurso
(Vignoles et al., 2011); e (ii) ao nvel das metodologias quantitativas existem duas posies, as
que defendem que a Identidade deveria ser estudada a partir de estudos correlacionais e as quedefendem que esta deveria ser estudada a partir desenhos experimentais controlados (Swann &
Bosson, 2010; Vignoles et al., 2011). Contudo, ao considerar-se os nveis de anlise temporal
i.e. nvel micro (experincia concreta, aes e interaes) ou nvel macro (mudanas a longo
prazo na identidade) e os processos de mudana e estabilidade ao nvel do desenvolvimento da
Identidade (Lichtwarck-Aschoff et al., 2008), verifica-se que ambas as abordagens metodolgicas
(e as opes possveis no seio de cada uma), podero assumir particular relevncia em funo
do tipo de questes colocadas e do tipo de respostas que as primeiras requerem. No existe,desta forma, uma abordagem metodolgica superior ou nica para o estudo da identidade,
mas sim uma complementaridade das potencialidades e limitaes de cada uma das abordagens
metodolgicas em funo da perspetiva adotada pelo investidor (Lichtwarck-Aschoff et al.,
2008; Vignoles et al., 2011).
Um possvel exemplo de uma conceptualizao de Identidade que vai ao encontro das
exigncias anteriormente referidas a Teoria da self-Dialgico (Hermans, 2009; Hermans
& Dimaggio, 2007). Baseada numa perspetiva narrativa (Lhteenmki, 1998), a Teoria doself-Dialgico, parte do pressuposto que cada indivduo conta histrias sobre si prprio e sobre
o mundo, sendo estas narrativas uma forma bsica de construo de sentido para a existncia
(Hermans, 2009). Ao invs de considerar oselfcomo tendo um ncleo fixo, esta teoria considera
que a matriz da Identidade resulta da dialtica entre as vrias vozes presentes no dilogo entre
o "Eu"(I) como autor, que se co-constri ao longo do tempo a si prprio, em articulao
com as vrias vozes originrias das diversas posies que o "Eu"assume enquanto ator (me),
nos espaos relacionais em que se envolve (Grossen, 2010; Hermans, 2009). Desta forma, aexperincia identitria do Eu-atordesenvolve-se em torno de posies intersubjetivas, onde
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constri o "Outro"como parte integrante de si, afirmando-se como mutuamente inclusivas e
fazendo parte da constituio da estrutura doselfque o indivduo desenvolve ao longo do seu
ciclo de vida (Hermans, 2008; Hermans, 2009).
Assim, na construo e desenvolvimento identitrio interagem uma multiplicidade de vozesindividuais, coletivas e grupais que assumem posies consonantes, dissonantes, centrais ou
perifricas relativamente aoEu-autor, mesmo que este no esteja consciente da sua influncia
(Hermans, 2008, 2009). Logo, apesar da multivocabilidade inerente aoself, oEu-autorcontinua
a ser o centro de experincia pessoal, onde por um lado se garante a unidade continuidade
doEu-autorno seu movimento ao longo de diferentes posies e a multiplicidade e, por
outro, a movimentao entre diferentes posies doEu-atorem dilogo como um princpio da
coerncia doself(Hermans, 2008, 2009).
Relativamente s metodologias de investigao, a perspetiva dialgia usualmente associ-
ada a metodologias de investigao de carter qualitativo, uma vez que se baseia numa perspetiva
narrativa (Hermans, 2009). Contudo, ao assumir oEu-autorcomo centro da experincia subje-
tiva (Grossen, 2010; Hermans, 2009), esta perspetiva terica permite que a investigao assuma
uma multiplicidade de posies e legitima a utilizao, no s de metodologias qualitativas,
como tambm quantitativas, em funo do propsito e perspetiva dos fenmenos identitrios a
investigar.
Focando o caso especfico da Identidade Conjugal, ao assumir-se como uma componente
identitria resultante da interao de dois indivduos bio-psico-socialmente diferentes (Scabini
& Manzi, 2011), poder-se- verificar que os seus pressupostos gerais so consistentes com as
exigncias conceptuais, de uma definio complexa e una de Identidade e tambm no mbito de
uma conceptualizao dialgica da mesma. Isto pode ser verificado se repararmos que: (a) esta
situa as suas componentes e processos no nvel individual (i.e. Identidade individual de cada
cnjuge), relacional (e.g. papel de marido/mulher) e coletivo, ao assumir-se como um grupo
coletivo ao qual a Identidade Conjugal se refere - i.e. o casal (Caill, 1994; Maniaci, 2009;
Scabini & Manzi, 2011); considera (b) o papel ativo de cada um dos cnjuges como centro
da experincia subjetiva - e do contexto (e.g. famlia de origem) na sua construo - aspetos
cuja interao est na base da multivocabilidade inerente ao processo de desenvolvimento
identitrio (Fergus & Reid, 2001; Hermans, 2008); (c) estvel ao longo do tempo, permitindo
simultaneamente a mudana a curto prazo como parte da dinmica interacional entre os seus
cnjuges (Aberle, 2003; Alarco, 2000; Maniaci, 2009; Scabini & Manzi, 2011); por fim, (d)
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assume-se como fonte de continuidade, coerncia e unidade do casal ao longo das diversas fases
do ciclo de vida familiar (Caill, 1994; Fres-Carneiro, 1998; Fergus & Reid, 2001; Scabini &
Manzi, 2011).
Presente Estudo
No seguimento das limitaes metodolgicas associadas investigao emprica, insufi-
cincia de instrumentos de medida de Identidade Conjugal e face necessria complexidade da
sua definio, a presente investigao tem como principal objetivo a construo e validao de
um instrumento de auto-relato de avaliao dimensional da Identidade Conjugal.
Mapa Conceptual.O instrumento desenvolvido neste estudo, assenta numa perspetiva
de base sistmica que integra dois modelos anteriormente referidos: A Teoria doself-Dialgico
(Hermans, 2009; Hermans & Dimaggio, 2007) e a adaptao do Modelo Simblico-Relacional
(Cigoli & Sacabini, 2006) de Pires (2014) para a Identidade Conjugal. O resultado desta
integrao encontra-se sintetizado na Figura 2.2.
Figura 2.2.Mapa conceptual do construto de Identidade Conjugal.
Desta forma, considera-se que a Identidade Conjugal conceptualizada no mbito de uma pers-
petiva dialgica da formao e desenvolvimento doself, resulta da multiplicidade de posiesdialgicas inerentes s relaes conjugais entre: oselfde cada membro do casal; osselfde cada
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um e a realidade externa representada pelo selfdo parceiro e includa na estrutura narrativa do
prprio; oselfdos dois cnjuges e a relao didica estabelecida por estes (i.e., o casal); e por
fim, entre oselfdos cnjuges e a realidade externa do casal (i.e. o Ns).
Estes relacionamentos dialgicos vo inevitavelmente produzir uma multivocalidade complexaque est na base da Identidade Conjugal, na qual a noo de unidade-multiplicidade (Morin,
2008) e a incluso do outro e da terceira entidade resultante da interao na estrutura narrativa
doself, se assumem como pilares essenciais para a compreenso deste construto, no mbito da
conceptualizao da identidade.
A esta conceptualizao junta-se a considerao das dimenses organizacional e afetiva,
como os processos relacionais pelos quais os cnjuges constroem e desenvolvem a sua Identidade
Conjugal ao longo do tempo e que se definem como as componentes essenciais deste construto
de natureza dialgica.
Objetivos.Esta investigao tem como principal objetivo a construo de um instrumento
de auto-relato para a avaliao do construto de Identidade Conjugal no contexto portugus, a
partir de uma perspetiva sistmica. Neste sentido, propem-se os seguintes objetivos especficos:
1. Avaliar os indicadores de preciso dos itens e das escalas correspondentes s dimenses
afetiva e organizacional;
2. Testar um modelo bidimensional do construto de Identidade Conjugal avaliado com o
presente instrumento;
3. Avaliar os indicadores de preciso dos itens e das escalas correspondentes s dimenses
afetiva e organizacional;
4. Avaliar os indicadores de validade intra-conceito e inter-conceitos das dimenses afetiva e
organizacional de Identidade Conjugal. Especificamente:
a) Investigar as correlaes entre as dimenses afetiva e organizacional e outras medidas
de Identidade Conjugal, para avaliar a validade intra-conceito;
b) Examinar as correlaes entre as dimenses afetiva e organizacional e construtos
relacionados entre si - satisfao conjugal, desiluso conjugal, confiana no amor do
companheiro, confiana na proximidade do companheiro e Identidade relacional;
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c) Avaliar correlaes de medidas de Identidade, para avaliar a validade inter-conceitos
com os quais se espera que existam relaes baixas com as dimenses afetiva e
organizacional.
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Metodologia
Participantes
A amostra do presente estudo composta por 279 participantes, sendo 67% do sexofeminino e 33% do sexo masculino, com uma mdia de idades de 36.89 anos (DP= 9.51 anos).
No que diz respeito ao estado civil, 63% dos participantes eram casados e 37% encontravam-
se em unio de facto, apresentando uma mdia de durao de relao de 10.94 anos (DP=
9.48). J relativamente s configuraes familiares 61.9% dos participantes habitavam apenas
com o cnjuge, 34.1% com o cnjuge e filho(s), 2.2% provinham de agregados de famlias
trigeracionais e 1.8% de famlias monoparentais. A maioria dos participantes (63.8%) tinha
pelo menos 1 filho, sendo a mdia do nmero de filhos 1.6 (DP= 0.8). Relativamente rea de
residncia 59.9% dos participantes residiam na regio Centro Sul, 15.1% na Regio Autnoma
dos Aores, 10.9% na regio Centro Norte, 4.3% na regio Sul, 3.6% na regio Norte, 2.2%
na Regio Autnoma da Madeira, e por fim, 4.3% dos participantes residiam no estrangeiro.
Em termos de escolaridade, 71% tinha formao superior, 22% frequentou entre 10 a 12 anos
de escolaridade, 5% entre 7 e 9 anos de escolaridade, 1% entre 5 e 6 e 1% at 4 anos de
escolaridade.
Procedimentos
Planeamento das aplicaes do estudo principal.
Criao do protocolo de investigao.1 Desenvolveu-se um protocolo de investigao
dividido em trs seces de forma a recolher informao para o estudo de preciso e validao
do instrumento alvo deste trabalho. Desta forma, a primeira seco foi composta pelo Ques-
tionrio Sociodemogrfico para caracterizao da amostra, a segunda seco pela Escala de
Identidade Conjugal construda no mbito deste estudo e a terceira integrou instrumentos cujosdados sero utilizados no estudo de validade da Escala de Identidade Conjugal: medidas de
satisfao conjugal, desiluso conjugal, identidade conjugal, confiana no amor e proximidade
do companheiro e identidade relacional.
Recolha de Dados.A recolha de dados realizou-se em dois formatos: (i) online, tendo
sido usada a aplicao de criao de formulrios doGoogle DriveTM para alojar o protocolo de
investigao e (ii) presencial, onde os participantes responderam ao protocolo de investigao
por escrito. Para ambas as formas de recolha de dados, foram utilizadas duas tcnicas de1Ver Anexo B.
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amostragem no-aleatria: para as aplicaesonlinefoi o mtodo de propagao geomtrica
(bola de neve) e para as aplicaes presenciais foi utilizada a tcnica de amostragem por
convenincia (Marco, 2013). O objetivo inicial de recolha era de 150 participantes.
Consentimento informado e garantia de anonimato.Antes do preenchimento do proto-colo de investigao, os participantes foram informados das condies de participao estar
envolvido numa relao conjugal ou de coabitao -, dos objetivos do presente estudo, do tempo
de preenchimento e do carcter voluntrio da sua participao, assim como de informaes
sobre os procedimentos que garantem o anonimato dos participantes. Nas aplicaesonline
este consentimento informado2 foi disponibilizado na primeira pgina de apresentao do proto-
colo, na qual os participantes aceitavam as condies ao avanar para a sua pgina de resposta.
Nas aplicaes presenciais, os participantes assinavam uma verso escrita do consentimentoinformado utilizado nas aplicaesonline.
Estratgia de Anlise. Tendo como critrio de participao na investigao o estar
envolvido numa relao de casamento ou unio de facto, para efeitos do presente estudo
recolheram-se 326 respostas (246onlinee 80 presenciais), das quais 47 foram removidas devido
ao no cumprimento das condies de participao. Para a anlise dos dados recolhidos foi
usado o software estatstico R3 (R Core Team, 2015), sendo que a base de dados de resposta dos
279 protocolos foi criada utilizando oGoogle SheetsTM.
Tcnicas de Anlise de dados.Para se verificar a adequao da agregao das duas amos-
tras independentes, recolhidas a partir de dois procedimentos diferentes (onlinee presencial),
utilizou-se o teste de MannWhitney. A partir deste teste verificou-se que para o conjunto
do total de itens, no surgiram evidncias que apontem para a rejeio da hiptese nula - as
amostras so independentes - quando considerado o nvel de significncia de .01 (W= 6494.0p
> .01) (Marco, 2013). Neste sentido, procedeu-se agregao da amostra para posterior anlise
das respostas conjugais.
J de forma a avaliar se a amostra seguia uma distribuio Normal, nas variveis aleatrias
correspondentes aos resultados totais das escalas Afetiva e Organizacional, optou-se pelo Teste
de Kolmogorov-Smirnov. A partir deste constatou-se que a Escala Afetiva (D= 0.95181,p 0.05,gl= 174) e da Escala Organizacional (F=
0.0096,p> 0.05,gl= 174) indicam que a varincia entre as duas populaes semelhante, noviolando esta condio (Marco, 2013).
No se tendo registado a violao do pressuposto relativo homogeneidade de varincias,
e pelo facto de existirem algumas evidncias de robustez das tcnicas estatsticas paramtricas,
em cenrios em que o pressuposto da normalidade no se verifica (Marco, 2013), optou-se pela
sua utilizao no presente trabalho.
Estudo de Preciso.O estudo de preciso da Escala de Identidade Conjugal e dos seus
itens foi efetuado no quadro da Teoria Clssica dos Testes (Abordagem Clssica) e no quadro da
Teoria de Resposta ao Item (TRI) com o Modelo de Dupla Monotonocidade de Mokken (Sijtsma
& Molenaar, 2002).
No mbito da Teoria Clssica, foi avaliada a consistncia interna atravs do Clculo
do coeficiente alfa de Cronbach e para os itens de cada instrumento foi avaliado o seu poder
discriminativo e o seu contributo para a consistncia interna.
Apesar das vantagens da anlise metrolgica no mbito da Teoria Clssica dos Testes (e.g.bons indicadores com amostras pequenas, avaliao de parmetros dos itens e das escalas e pro-
cedimentos matemticos de clculo muito simples) esta tambm possui importantes limitaes
(Linden & Hambleton, 1997). Por exemplo, ao nvel do clculo dos parmetros de preciso,
estes esto dependentes das caractersticas da amostra com a qual realizada a anlise, ou ainda
o facto de assumir que os parmetros dos itens (i.e. dificuldade e discriminao) apresentam a
mesma preciso independentemente do nvel de competncia na varivel latente dos responden-
tes (Hambleton, Swaminathan, & Rogers, 1991). Tentando colmatar estas limitaes, optou-sepela utilizao de um modelo de Teoria de Resposta ao Item. Este, ao avaliar a preciso a partir
da funo entre probabilidade de determinada resposta a um item e o nvel de cada indivduo na
varivel latente, permite garantir a invarincia de medio ao do nvel clculo dos parmetros
dos itens, relativamente amostra em estudo e aos instrumentos utilizados, modelando-os em
funo dos vrios nveis que a varivel latente pode assumir (Ostini & Nering, 2006).
Desta forma, utilizou-se o Modelo de Dupla Monotonocidade de Mokken (Sijtsma &
Molenaar, 2002), que assume quatro postulados (van der Ark, 2007): (1) o postulado daindependncia local, de acordo com o qual a resposta a um item no influenciada pela resposta
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a outros itens do mesmo instrumento; (2) o postulado da unidimensionalidade, i.e. apenas uma
varivel latente necessria para explicar a associao de resultados entre itens; (3) o postulado
da monotonicidade, que refere que a probabilidade de responder com uma pontuao elevada
corresponde a uma funo no decrescente monotnica do trao latente; e (4) o postulado da no-interseco, que afirma que as funes de respostas no decrescentes no se intersetam ao longo
da varivel latente. Este modelo permite a ordenao estocstica invariante dos respondentes
e dos itens em funo nvel de varivel latente, a qual, pelo seu carcter no-paramtrico, no
aplica restries limitativas modelao e ao ajustamento do modelo aos dados observados, tal
como acontece, por exemplo, com os modelos de TRI de Rasch (Sijtsma & Molenaar, 2002)
A avaliao dos postulados e o clculo dos parmetros do modelo, so realizados com
base nas Funes de Resposta ao Item e na avaliao da organizao hierrquica dos itens, emfuno dos seus resultados (van der Ark, 2012). Desta forma, para avaliar o primeiro postulado
utiliza-se o Procedimento Automatizado de Seleo de Itens de Mokken, que seleciona os itens
a integrar escalas de Mokken em funo do rcio de covarincias entre itens da escala em estudo,
resultando no coeficienteHi(coeficiente de escalonabilidade de item) (van der Ark, 2012). Este
avalia a fora de associao de um item a uma escala, funcionando de forma equivalente ao
parmetro de discriminao (Sijtsma, Meijer, & Andries van der Ark, 2011). J o postulado
de monotonicidade, analisado a partir do mtodorestscore, avalia as violaes deste postuladoao nvel das funes de resposta ao item, verificando se estas assumem uma direo crescente
medida que aumenta o nvel de competncia na varivel latente (van der Ark, 2012). Por
fim, o postulado da no interseo analisado a partir do mtodo manifesto, que avalia para
cada par de itens do instrumento a no interseo das suas funes de resposta, dada a sua
relao com a varivel latente (Sijtsma, Meijer, & Andries van der Ark, 2011). A garantia deste
postulado permite a ordenao estocstica invariante dos itens (ordenao invariante dos itens
i.e. preciso da ordenao de itens em funo do nvel de competncia na varivel latente) (vanSchuur, 2003). Para alm da avaliao dos postulados do modelo de Dupla Monotonicidade, este
modelo tambm permite calcular dois parmetros relativos preciso dos itens e das escalas:
o coeficienteH(coeficiente de escalonabilidade), que avalia a preciso com que o resultado
total ordena os respondentes em funo da varivel latente em estudo (van Schuur, 2003) e o
coeficienteHT (coeficiente de ordenao invariante dos itens) que avalia a preciso de ordenao
de itens em funo do nvel da varivel latente (Ligtvoet, van der Ark, te Marvelde, & Sijtsma,
2010).
Estudo de Validade de Construto. Relativamente ao estudo de validade de construto,
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seguindo a definio apresentada por Raikov e Marcoulides (2011), dividiu-se esta avaliao em
trs fases: (i) a avaliao do modelo bidimensional proposto como fundamento para a Escala de
Identidade Conjugal, onde se aplicou uma tcnica de anlise fatorial exploratria aos itens da
Escala de Identidade Conjugal - Anlise em Componentes Principais; (ii) a anlise de coeficientesde correlao entre as medidas de Identidade Conjugal e as escalas Afetiva e Organizacional; (iii)
a avaliao dos coeficientes de correlao entre escalas Afetiva e Organizacional e os resultados
dos restantes instrumentos no protocolo, focando a relao entre as ltimas e, por um lado,
medidas de construtos em que se espera encontrar correlaes moderadas a elevadas e, por outro
lado, medidas em que se espera encontrar coeficientes de correlao baixos.
Instrumentos e Medidas
Identidade Conjugal.A Identidade Conjugal foi avaliada recorrendo a duas medidas: a
Escala de Identidade Conjugal e uma Questo nica de perceo sobre a Identidade Conjugal -
ambas desenvolvidas no mbito deste trabalho.
A Escala de Identidade Conjugal, instrumento alvo desta investigao, avalia a Identidade
Conjugal em funo das dimenses Afetiva i.e. desenvolvimento de componentes relacionais
ligadas ao afeto interpessoal dos cnjuges, que est na base do sentimento de Ns (We) - e
Organizacional i.e. auto-organizao do sub-sistema conjugal e sua diferenciao relativamentea outros sistemas relacionais, que fundamenta o sentimento de Nos ("Us") - que definem os
processos relacionais envolvidos no seu desenvolvimento e configuram as suas componentes
(Pires, 2014)4. No que diz respeito sua construo, apoolde itens inicial foi realizada por
um conjunto de trs especialistas duas em Psicologia da Famlia e Terapia Familar e uma
em Psicometria e Avaliao Psicolgica - e teve como base a estrutura categorial resultante
da investigao qualitativa realizada por Pires (2014) com vinte e um participantes 5. No
procedimento de construo, foram tomadas em considerao as recomendaes de Kaplane Saccuzzo (2012) e Moreira (2004) na opo pela construo de itens de resposta fechada,
procurando uma formulao clara e objetiva dos mesmos. Evitou-se tambm a construo
de itens com mltiplas interpretaes e suscetveis a enviesamentos ao nvel do processo de4Estrutura de categorias de 3a e 2a ordem emergentes na investigao de Pires (2014) atravs de codificao
aberta e axial: (a) categoria de 3a ordem: dimenso afetiva; sub-categorias de 2a ordem: sentido de "Ns"(We),vnculo afetivo, confiana, partilha, suporte emocional, expresso de afeto, cumplicidade, qualidade da comuni-cao e bem-estar relacional; (b) categoria de 3a ordem: dimenso organizacional; sub-categorias de 2a ordem:diferenciao conjugal, poder equilibrado, sentido de "Ns"(Us), objetivos comuns, princpios comuns, vnculo
estrutural-moral, similitude, socializao e identificao mtua.5A aleatoriedade da distribuio dos itens na Escala de Identidade Conjugal foi garantida a partir da utilizaode um gerador aleatrio de nmeros includo no softwarede programao estatstica R (R Core Team, 2015).
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resposta (Moreira, 2004). Dapoolinicial de itens foram selecionados um total de 48 itens
divididos em duas escalas: a escala Afetiva, qual pertencem 32 itens relativos dimenso
afetiva (Pires, 2014) (itens 1 a 4, 6, 7, 9, 10, 12, 13, 15, 17, 19 a 24, 28 a 33, 36, 37, 39 a 41, 43,
44 e 47) e a escala Organizacional, composta por 16 itens relativos dimenso organizacional(Pires, 2014) (itens 5, 8, 11, 14, 16, 18, 25 a 27, 34, 35, 38, 42, 45, 46 e 48). Os itens das duas
escalas encontram-se aleatoriamente distribudos no protocolo de investigao. O formato de
resposta aos itens da EIC consiste numa escala de Likert de 5 pontos (de 0 = Nada Bema 4 =
Extremamente Bem), na qual os respondentes tm de avaliar o quo bem os itens descrevem a
sua relao conjugal. Prope-se que os resultados totais de cada uma das escalas avaliam as
dimenses afetiva e organizacional da Identidade Conjugal.
A questo de perceo sobre a Identidade Conjugal, avalia globalmente e de forma direta,a perceo que os inquiridos tm sobre o nvel subjetivo de Identidade Conjugal da sua relao.
Trata-se de um nico item, Temos uma forte identidade conjugal., no qual os respondentes
tm de avaliar numa escala de Likert de 5 pontos (de 1 =Discordo Fortementea 5 =Concordo
Fortemente) o quanto concordam com a afirmao.
Desiluso Conjugal.A desiluso conjugal foi medida a partir da adaptao portuguesa 6
daMarital Disillusionment Scaleconstruda por Niehuis e Bartell (2006). A Escala de Desiluso
Conjugal (EDC) avalia o sentimento de desiluso dos cnjuges face sua relao conjugal,
manifesto a partir da diminuio de percees de amor, afeto e responsividade face ao cnjuge,
bem como o aumento das percees de ambivalncia. Esta composta por 15 itens7 aos quais
os participantes respondem numa escala de Likert de 5 pontos (de 1 =Discordo fortementea 5 =
Concordo fortemente). No nosso estudo, o indicador de consistncia interna (alfa de Cronbach)
foi de .95, valor semelhante ao da escala original (.96).
Satisfao Conjugal.Para a avaliao da satisfao conjugal foram utilizados dois instru-
mentos: (i) A Escala de Avaliao de Satisfao em reas da Vida Conjugal de Narciso e Costa
(1996), avalia a satisfao conjugal como uma perceo pessoal e subjetiva da conjugalidade
ao nvel dos sentimentos de paixo, intimidade e investimento/compromisso que cada cnjuge
6As adaptaes para lngua portuguesa dos instrumentos de medida includos no presente trabalho, foramrealizadas no mbito do Projeto de Investigao de Ana Catarina Duarte Branquinho, enquadrado no Programa Inter-Universitrio de Doutoramento em Psicologia, especialidade de Psicologia Clnica e rea temtica de Psicologia daFamlia e Interveno Familiar, a decorrer na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa e na Faculdade dePsicologia e Cincias da Educao da Universidade de Coimbra, sob a orientao da Professora Doutora IsabelNarciso e co-orientao da Professora Doutora Carla Crespo. Constitui um dos objetivos deste projeto propor uma
conceptualizao sistmica de Identidade Conjugal.7Embora a escala original em lngua inglesa seja composta por 16 itens, na verso portuguesa usada nesteestudo houve a remoo de um item, o que, como se constata, no afetou a consistncia interna do instrumento.
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sente pelo outro e/ou pela relao, e o modo como os cnjuges se organizam e regulam as
relaes aos nveis conjugal, familiar e extra-familiar. Esta escala composta por 44 itens, em
que a resposta provida numa escala de Likert de seis pontos (de 1 = Nada Satisfeitoa 6 =
Completamente Satisfeito). O resultado total, indica o nvel de satisfao com a relao conjugaldos respondentes. Os ndices de consistncia interna, do presente de estudo, foram = .98, valor
semelhante ao da escala original (= .97) (Narciso, 2001); (ii) a verso portuguesa da Kansas
Marital Satisfaction Scale; Schumm et al., 1986; Verso Portuguesa: Antunes, Francisco,
Pedro, Ribeiro & Santos, 2014) que avalia a satisfao com o cnjuge, com a casamento e com a
relao conjugal. A Escala de Satisfao Conjugal de Kansas (ESCK) composta por 3 itens, aos
quais a resposta feita numa escala de Likert de 7 pontos (de 1 =Extremamente Insatisfeito(a)/a
a 7 = Extremamente Satisfeito/a), que no seu conjunto constituem um indicador de satisfao
conjugal. Relativamente consistncia Interna, esta escala apresenta nveis elevados (= .98),
valores que vo ao encontro dos descritos anteriormente na literatura.
Confiana no Amor do companheiro.Para a avaliao da confiana no amor do compa-
nheiro na relao conjugal, optou-se pela utilizao da adaptao portuguesa da escala Faith
in partners love de Murray e colaboradores (2011), que avalia a confiana no amor e com-
promisso contnuo por parte do companheiro do inquirido. A Escala de Confiana no Amor do
Parceiro composta por 21 itens8
, sendo que os respondentes avaliam numa escala de Likert de5 pontos (de 1 =Discordo fortementea 5 =Concordo fortemente) a medida em que concordam
com afirmaes como, por exemplo O meu companheiro vai estar sempre disposto a dar-me
fora e apoio. ou O meu companheiro ama-me e aceita-me incondicionalmente.. O valor da
consistncia interna da escala foi .90 (= .96).
Confiana na Proximidade do companheiro. A proximidade percebida foi avaliada a
partir da Escala de Confiana na Proximidade do Parceiro, adaptao para lngua portuguesa
da escala Faith in partners closeness de Murray e colaboradores (2011). Para avaliar aspercees dos inquiridos relativamente confiana que sente na proximidade do companheiro,
utilizada uma escala composta por 5 itens cuja resposta realizada numa escala de Likert de
5 pontos (de 1 = Discordo fortementea 5 =Concordo fortemente). A consistncia interna da
escala na presente investigao considerada elevada (= .85).
Identidade Relacional.De forma a avaliar a Identidade relacional utilizou-se a Escala
de Identidade Relacional, adaptada para a lngua portuguesa da Relational Identity Scale
8A verso original em lngula inglesa composta por 23 itens, sendo que a sua reduo para 21 itens no teveimplicaes ao nvel da consistncia interna ( = .96).
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proposta por Acitelli e colaboradores (1999). Esta pretende identificar o quanto os respondentes
se percecionam a eles prprios ligados ou interdependentes dos outros, a partir do resultado
global da avaliao do quo bem determinadas expresses (e.g. Cooperativo/a, Parte de um
casal, Filho(a) ou Amigo/a) definem o respondente (Acitelli, Rogers, & Knee, 1999). Estaescala composta por 13 itens que os participantes tm de avaliar numa escala de Likert de
5 pontos (de 1 =Nada bema 5 = Extremamente Bem). Relativamente consistncia interna,
obteve-se um valor de alfa = .85.
Dados Sociodemogrficos.De forma a recolher informaes sciodemogrficas que per-
mitam proceder caracterizao da amostra quanto a variveis individuais relevantes para
a investigao, construiu-se um Questionrio Sociodemogrfico em que, para alm dos da-
dos pessoais como sexo e idade, permite recolher informaes relativas escolaridade, reade residncia, situao profissional e dados relativos s relaes conjugais e familiares dos
respondentes.
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Anlise e Discusso de Resultados
Distribuio de resultados totais
Na Tabela 4.1 apresentam-se sumariadas as distribuies de resultados relativos s escalasAfetiva, Organizacional e ao conjunto total de itens.
Tabela 4.1.Sntese da distribuio de respostas das escalas Afetiva, Organizacional e do conjunto total deitens (n=279)
Escala Mnimo Primeiro Quartil Mediana Mdia Terceiro Quartil Mximo
Afetiva 1.594 3.000 3.344 3.203 3.562 4.000Organizacional 1.688 2.750 3.125 3.036 3.406 4.000
Conjunto Total de Itens 1.688 2.917 3.271 3.147 3.500 3.917
Tal como se pode verificar na Tabela acima referida, os resultados totais das escalas
Afetiva, Organizacional e do conjunto total de itens, parecem assumir uma distribuio enviesada
esquerda - onde a grande maioria das pontuaes se concentra em valores elevados das escalas.
Perceo que confirmada no s pelos histogramas e diagramas de densidade de Kernel
apresentados na Figura 4.1, como tambm pelos resutados relativos ao coeficiente de assimetria
(g1) e deKurtose(g2) apresentados na Tabela 4.2. Estes indicam que a distribuio de resultadostotais apresenta uma assimetria esquerda (g1 < 0) e classificando-se como distribuies
leptocriticas (g2> 0) (Marco, 2013).
Figura 4.1.Histograma e Diagramas de Densidade Kernel das Escalas de Identidade Conjugal(n=279).
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Tabela 4.2.Coeficientes de assimetria (g1) e de Kurtose (g2) das escalas Afetiva, Organizacional e doconjunto total de itens
Escala g1 g2
Afetiva -1.119 3.827Organizacional -0.713 3.101Conjunto total de itens -1.054 3.556
Estudo de Preciso
Abordagem Clssica.
Anlise de Itens (ndices de discriminao e alfa se item omitido)1. Apresentam-se de
seguida as tabelas contendo a sntese de informao relativa aos ndices de discriminao 2,dificuldade e coeficientes alfa se item omitido.
Tabela 4.3.Sntese da informao relativa aos ndices de discriminao (n=279)
Escalas ndice de discriminao
mais baixondice de discriminao
mais alto
Nmero de Itens comndice de discriminao
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indicadores de consistncia interna mantm-se em intervalos considerados como bons para
este indicador.
Apesar de tudo, a considerao da remoo de quaisquer itens de cada uma das Escalas
de Identidade Conjugal ser precoce nesta fase de investigao. Especialmente, tendo em contao j referido enviesamento negativo das respostas ao protocolo de investigao.
Anlise de Consistncia Interna. Apresenta-se na Tabela 4.5 o estudo da consistncia
interna das escalas Afetiva e Organizacional.
Tabela 4.5.Coeficientes de consistncia interna da Escala de Identidade Conjugal (alfa de Cronbach)(n=279)
Escalas Alfa Alfa
estandardizado Nmero de itens
Afetiva .914 .934 .32Organizacional .822 .830 16Conjunto total de itens .940 .953 48
Como visvel a partir dos resultados da Tabela 4.5, a Escala Organizacional apresenta um
coeficiente de consistncia interna mais baixo quando comparado com o valor da Escala Afetiva.
Ainda assim, o coeficiente apresentado classificado como bom, dado que superior a .7.
J os valores relativos Escala Afetiva revelam uma elevada coerncia e correlao inter-itens
da escala (> .9). A mesma concluso poder ser derivada para o conjunto total dos itens,
cujo valor de alfa, apesar de ser bastante elevado e tido como um bom indicador de preciso
do instrumento, poder refletir a existncia de redundncia indesejada dos itens, em ambas as
Escalas.
Teoria de Resposta ao Item: Modelo de Dupla Monotonicidade de Mokken (Sijtsma& Molenar, 2002). Apresentam-se de seguida, as Tabelas relativas verificao dos postula-
dos de monotonicidade, unidimensionalidade e ordenao invariante de itens e respondentes,
relativos ao Modelo de Dupla Monotonicidade de Mokken (Sijtsma et al., 2011).
De forma a avaliar o postulado da unidimensionalidade (i.e. apenas uma varivel latente
necessria para explicar a associao de resultados entre itens), utilizou-se o Procedimento
Automatizado de Seleo de Itens de Mokken (PASIM) a partir do algoritmo gentico (van der
Ark, 2012). As tabelas seguintes sumariam a seleo automatizada resultante da anlise de cadauma das Escalas de Identidade Conjugal.
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7/25/2019 Na rota do ns: Construo e Desenvolvimento de um instrumento para avaliao da Indentidade Conjugal
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Tabela 4.6.Escalas de Mokken resultantes da aplicao do PASIM na Escala Afectiva (n=279)
No Escalvel Item 12
Escala 1 Item 2, 3, 4, 6, 7, 9, 10, 13, 15, 17, 19, 23, 24, 28, 29, 31, 32, 33, 36, 37, 39,
40, 41, 43, 44 e 47Escala 2 Itens 21 e 22Escala 3 Itens 1 e 20
Tabela 4.7.Escalas de Mokken resultantes da aplicao do PASIM na Escala Organizacional (n=279)
No Escalvel Itens 8, 16, 26, 38Escala 1 Itens 5, 11, 14, 25, 27, 34, 35, 42, 45 e 46Escala 2 Itens 18 35 e 48
Como visvel a partir da Tabela 4.6, relativamente aos itens da Escala Afetiva, apenas o
Item 12 no foi selecionado para integrar uma escala unidimensional. Por outro lado, os Iten