INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MOTRICIDADE HUMANA E RECREAÇÃO
MOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
LUCÉLIA ALMEIDA CAMILO
ORIENTADOR: ILSO FERNANDES DO CARMO
ARAPUTANGA/2012
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MOTRICIDADE HUMANA E RECREAÇÃO
MOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
LUCÉLIA ALMEIDA CAMILO
ORIENTADOR: ILSO FERNANDES DO CARMO
“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Motricidade Humana e Recreação.”
ARAPUTANGA/2012
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por toda a força que me deste durante este
período de estudo. A minha família pelo apoio e a todos os meus queridos
professores que contribuíram de forma excepcional ao enriquecimento dos meus
conhecimentos. Obrigada a todos.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais que sempre me apoiaram para que eu
continuasse a estudar. E principalmente a todas as crianças da Educação Infantil da
minha cidade, crianças as quais dedico todo o meu trabalho, amor e carinho.
“Só sei que nada sei, para que se iludir que sabe se não sabe nada.
Mais inteligente é aquele que sabe que não sabe nada.”
(Sócrates)
RESUMO
A Educação Infantil é muito importante para o desenvolvimento global da
criança e, os aspectos que envolvem a Motricidade favorecem o processo de ensino
aprendizagem já que compreendem a educação como algo mais amplo do que a
simples transmissão de conhecimento. Sendo assim, decidiu-se elaborar uma
pesquisa bibliográfica que enfocasse esta situação conhecendo melhor a definição
de Motricidade e sua importância na vida das crianças durante a educação infantil.
Para a realização deste trabalho foi utilizada a Pesquisa Bibliográfica, a qual foi
realizada através da leitura, análise e interpretação de livros, periódicos,
documentos xerocopiados, etc. A motricidade permiti a compreensão da forma em
que a criança toma consciência do seu corpo, e das formas de se expressar por
meio desse corpo, localizando-se no tempo e no espaço. Pode-se afirmar então
como inegável a importância da Motricidade na Educação Infantil, pois é de
fundamental importância no desenvolvimento global da criança, não somente no
domínio motor, mas também nos aspectos sócio-afetivos e cognitivos.
Palavras-chave: Motricidade, Educação Infantil e Aprendizagem.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 07
1. MOTRICIDADE......................................................................................................10
1.1 CONCEITO DE MOTRICIDADE ........................................................................ 11
1.2 COMPONENTES DA MOTRICIDADE ............................................................... 12
2 EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................................................................ 17
3. DESENVOLVIMENTO MOTOR E A EDUCAÇÃO INFANTIL...............................19
4- ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ............................................................. 27
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 30
.
INTRODUÇÃO
O cotidiano e o contexto contemporâneo da vida da criança, considerando a
evolução da estrutura familiar, social e dos sistemas educativos, são aparentemente
ricos, complexos e organizados, contudo trazem consigo, de modo contraditório, a
diminuição e restrição da livre movimentação infantil, a especialização dos espaços,
outrora livres, e diminuição do brincar na infância.
Tal consideração deve ser levada em conta quando da organização dos
currículos e práticas pedagógicas, superando as contradições de nossa organização
social, de modo a reconhecer necessidades infantis de movimentação corporal e,
assim, possibilitar o desenvolvimento da motricidade infantil e da linguagem corporal
que daí decorre. Se a intervenção que se pretende realizar nas instituições levar em
consideração o desenvolvimento e a aprendizagem infantil, observando as
características e necessidades da criança, devemos pressupor que esta intervenção
seja intencional e elaborada para atender a tais necessidades.
A base do trabalho com as crianças na Educação Infantil consiste na
estimulação perceptiva e desenvolvimento do esquema corporal. A criança organiza
aos poucos o seu mundo a partir do seu próprio corpo.
Manuel Sérgio (1987), define a motricidade Humana como Ciência da
compreensão e da explicação das condutas motoras, em ordem ao desenvolvimento
global do indivíduo e da sociedade e tendo como fundamento simultâneo o físico, o
biológico e o antropológico.
A motricidade permiti a compreensão da forma em que a criança toma
consciência do seu corpo, e das formas de se expressar por meio desse corpo,
localizando-se no tempo e no espaço.
O desenvolvimento da motricidade infantil é um processo no qual interagem
elementos de ordem individual e biológica, bem assim as oportunidades de vivência
corporal e experimentação motora propiciadas pelo meio físico, social e cultural em
que a criança vive. Sua compreensão remete a vislumbrar a integração desses
elementos e fatores que se relacionam, possibilitando assim o entendimento do
fenômeno não de forma isolada, mas como processo humano indissociável do
contexto em que ocorre.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 20 de dezembro
de 1996 (Lei 9394) art. 29
a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 6 anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade.
No entanto, para que haja esse desenvolvimento integral é preciso que
tenhamos profissionais capazes e conscientes da importância da Motricidade,
considerando-a como a ciência que envolve toda a ação realizada pelo indivíduo,
que represente suas necessidades e permita suas relações com os demais.
O movimento permite a criança explorar o mundo exterior. Assim, sem o
contato com o concreto a criança pode desenvolver um bloqueio e se isolar por toda
a vida. Por isso, a construção do esquema corporal e a organização das sensações
relativas ao próprio corpo têm um papel fundamental no desenvolvimento da criança.
Sendo assim, decidiu-se elaborar uma pesquisa bibliográfica que enfocasse
esta situação conhecendo melhor a definição de Motricidade e sua importância na
vida das crianças durante a educação infantil. Levando em consideração que a
hipótese levantada é que a Motricidade é de grande importância na Educação
Infantil, principalmente na primeira infância. Através da Motricidade a criança poderá
adquirir conhecimento dos movimentos e da resposta corporal.
Para a realização deste trabalho foi utilizada a Pesquisa Bibliográfica, a qual
foi realizada através da leitura, análise e interpretação de livros, periódicos,
documentos xerocopiados, etc.
Todo o material encontrado foi submetido a uma triagem, o que possibilitou a
execução de um plano de leitura, acompanhada de anotações e fichamentos os
quais foram utilizados para a elaboração da fundamentação teórica da pesquisa.
Segundo PÁDUA (2004), a pesquisa bibliográfica é a que conduz o
pesquisador, a acessar ao que se tem produzido e registrado perante o tema a que
se dispõe pesquisar.
A pesquisa bibliográfica permite ao pesquisador o acesso diversificado
referente a estudos de vários autores, assim com pontos de vista, informações
diversas e a cobertura em qualquer escala que cada autor faz com seu enfoque
perante o tema. Sendo assim, a pesquisa bibliográfica permite auxiliar e
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fundamentar o presente trabalho. A partir das fontes bibliográficas que se faz a
pesquisa bibliográfica.
O objetivo da pesquisa bibliográfica é desvendar, recolher e analisar as
principais contribuições sobre um determinado fato, assunto ou idéia, para “colocar o
pesquisador em contato com o que já se produziu a respeito do seu tema de
pesquisa.” (PADUA, 2004, p.35).
Devido a isso durante os períodos de desenvolvimento desta pesquisa
vários autores foram consultados para fundamentar este trabalho. Também foram
realizadas pesquisas em revistas e sites para o melhor aprofundamento do
conhecimento a cerca do tema: Motricidade na Educação Infantil.
O primeiro capítulo deste trabalho trata dos conceitos de motricidade, na
visão de alguns autores, e na continuidade deste capitulo é falado sobre os
componentes da motricidade. O segundo capítulo fala sobre a primeira fase da
educação básica, a educação infantil, e das atividades motoras realizadas nesta
fase. O terceiro capítulo vem falando sobre o desenvolvimento motor e a educação
infantil, listando as fases do desenvolvimento motor, e correlacionando com a
educação infantil. Por último se apresenta a análise e discussão dos dados.
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1. MOTRICIDADE
1.1 CONCEITO DE MOTRICIDADE
A criação do conceito da Motricidade Humana originou-se em 1986 com a
defesa da dissertação do poeta e filósofo lusitano Manuel Sérgio, cujo tema era
“Para uma epistemologia da Motricidade Humana”. O autor definia a motricidade
Humana como Ciência da compreensão e da explicação das condutas motoras,
visando o estudo e constantes tendências da motricidade humana, em ordem ao
desenvolvimento global do indivíduo e da sociedade e tendo como fundamento
simultâneo o físico, o biológico e o antropológico. (SÉRGIO, 1987, p.153).
Para SÉRGIO (1987), a motricidade não é o simples movimento, porque é
'práxis' e, como tal, 'cultura' (ou seja, transformação que o Homem realiza,
consciente e livremente, tanto em si mesmo como no Mundo que o rodeia). Se me é
permitida, neste passo, uma definição pessoal, a motricidade é a capacidade para o
movimento centrifugo da personalização. O movimento e a parte de um 'todo' - o ser
finito e carente que se transcende. A motricidade o sentido desse todo, estando por
isso presente nas dimensões fundamentais do ser humano, atualizando-as.
A utilização do termo “Motricidade” pode remeter a uma manifestação do
homem específica ou a um espaço configurado como campo de estudo. A
abordagem da motricidade humana pode dar-se na perspectiva técnico-instrumental
do movimento, enfeixando, entre outros, elementos relacionados com capacidades e
habilidades motoras, ou, na perspectiva da corporeidade, voltada para concepções
mais subjetivas e filosóficas dessa manifestação. (MORAES, 2008).
Pela motricidade o homem se afirma no mundo, se realiza, dá vazão à vida.
Pela motricidade ele dá registro de sua existência e cumpre sua condição
fundamental de existência. A motricidade é o sistema vivo do mais complexo de
todos os sistemas: o corpo humano. A corporeidade integra tudo o que o homem é
e pode manifestar nesse mundo: espírito, alma, sangue, osso, nervos, cérebro, etc.
A motricidade é a manifestação viva dessa corporeidade, é o discurso da cultura
humana. (FREIRE, 1991).
KOLYNIAK FILHO (2007), nos lembra que a Motricidade refere-se somente
ao ser humano, pois como estamos vendo ela é a intencionalidade operante, ou
seja, uma característica que não é aplicada a qualquer ser vivo que possui a
capacidade de se mover. Ela é o conjunto de capacidades e habilidades motoras de
uma pessoa, resultante de sua aprendizagem, com possibilidades e limitações
relacionadas à estrutura biológica dos seres humanos, e de cada indivíduo, em
especial.
1.2 COMPONENTES DA MOTRICIDADE
Além das características físicas individuais, características da tarefa motora
e contexto, a realização do movimento corporal pressupõe a existência de algumas
estruturas descritas a seguir, em que encontramos mecanismos esquemáticos e
perceptivos, que têm significativa relação com o desenvolvimento da motricidade da
criança.
O tônus se apresenta como uma tensão dos músculos de nosso corpo, que
regula e controla a atividade postural e dá suporte ao movimento. Mesmo em estado
de repouso, o tônus mantém um estado de vigilância para a manutenção dessa
postura ou execução do movimento. A função tônica assim, mesmo em situações de
aparente imobilismo, tem sua dinâmica, não devendo ser concebida como algo
estático. (MORAES, 2008).
Numa definição clássica, o “tônus apresenta-se como uma tensão, ligeira e
permanente, do músculo esquelético no seu estado de repouso.” (BRONDGEEST,
apud FONSECA e MENDES, 1987, p. 124).
Podemos chamar de linguagem corporal ou linguagens do corpo o
“conjunto de atitudes e comportamentos que têm um sentido para outrem, ou para
um suposto interlocutor.” (COSTE, 1978, p. 42). Assim consideramos que os
movimentos corporais por nós realizados transmitem formas de ser e estar, e podem
ser interpretados por aqueles que nos cercam, independentemente de nossa
intencionalidade de comunicação.
A coordenação motora é definida como junção de um conjunto de
habilidades e das estruturas corporais. Dentro dos pré-requisitos para o
desenvolvimento da coordenação motora, encontram-se a experiência adquirida, a
informação sensorial, a capacidade intelectual e a antecipação. Em algumas
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habilidades, a coordenação se manifesta muito antes do que em outras.
(GONZÁLES, 2005).
A Motricidade Fina segundo SILVEIRA et. al. (2005), refere-se à
capacidade de controlar uma combinação de determinados movimentos realizados
em alguns segmentos do corpo, utilizando de força mínima, com a finalidade de
alcançar um resultado bastante preciso ao trabalho proposto. Isso se torna mais
claro com a realização de movimentos que possuam a participação de pequenos
grupos musculares nas atividades mais freqüentes do nosso dia-a dia, que atua para
pegar objetos e lançá-los, para escrever, desenhar, pintar, recortar, etc.
A Motricidade Global para MANSUR & MARCON (2006), demanda uma
série de habilidades e competências como a interação entre a tonicidade e o
equilíbrio, além da coordenação da lateralidade, da noção do corpo e da
estruturação espaço temporal, harmonizando dessa forma tanto a relação do
indivíduo com sigo mesmo e com o meio externo. Podemos observar essa
participação de grandes grupos musculares nas atividades que levam em
consideração uma boa qualidade do movimento executado, como por exemplo, na
ação de andar, correr em diferentes direções e em diferentes velocidades.
O Equilíbrio é explicado por SANTOS (2008), como o estado de um corpo
quando forças distintas que atuam sobre ele se compensam e anulam-se
mutuamente. Do ponto de vista biológico o equilíbrio é considerado, a possibilidade
de manter posturas, posições e atitudes. Um exemplo de equilíbrio esta no domínio
do centro de gravidade durante o ato de caminhar, quanto menos controle sobre o
centro de gravidade temos durante a caminhada, mais tempo e energia iremos
consumir para realizá-la.
O equilíbrio para MORAES (2008), é desenvolvido nas tarefas que as
crianças executam e que requerem estabilidade corporal. Tarefas que fazem parte
do seu cotidiano no espaço familiar, bem como nos demais espaços freqüentados
por elas, como ruas, quintais, instituições educacionais. Desse modo, a criação de
oportunidades para movimentação corporal, como também a ampliação dos espaços
destinados à criança para brincar e usar o corpo efetivamente, explorando sua
possibilidades de movimentar-se, constituem rica oportunidade para o
desenvolvimento da estabilidade ou equilíbrio corporal. Seu desenvolvimento será
fundamental para a criança realizar desde as atividades corporais mais rotineiras,
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até atividades mais complexas, como uma brincadeira ou jogo que envolva corridas,
saltos, mudanças de direção e paradas.
O Esquema Corporal recebe a definição segundo FERREIRA (2007), de
que é o mesmo que imagem do corpo e que representa uma forma de equilíbrio
onde o núcleo central é a própria personalidade, sendo organizado através de
relação mútuas do organismo com o meio. Essa capacidade que temos de construir
um modelo postural de nós mesmos. É a organização das sensações relativas ao
seu próprio corpo em associação com os dados do mundo exterior. (imitar pessoas,
animais, máquinas e etc.).
MASTROIANNI (2005), diz que o Esquema Corporal e Rapidez na criança
se constituem pelas experiências acumuladas através dos seus movimentos,
brincadeiras enfim, tudo o que for relacionado à sua expressão e percepção
corporal.
O desenvolvimento de noção de esquema corporal é resultado, entre
outros, de estudos da neurologia, psiquiatria e psicologia sobre as percepções do
corpo, a integração do corpo como modelo e a formação da personalidade. O termo
esquema corporal, também associado à “imagem do corpo”, “esquema postural” e
“somatopsique”, tem entendimentos e concepções variadas, conforme o enfoque
que seja tratado (COSTE, 1978).
Segundo MORAES (2008), a noção de esquema corporal envolve
basicamente a imagem corporal (experiência subjetiva do próprio corpo de como se
vê e é visto), o conceito corporal (conhecimento e reconhecimento do próprio corpo)
e o esquema corporal (envolvendo regulação e controle do corpo).
O desenvolvimento do esquema corporal está relacionado com o
desenvolvimento da motricidade, da organização e da percepção de espaço e
tempo, bem como de elementos afetivos. As atividades corporais que a criança tem
na infância, experimentando e exercitando seu corpo, explorando espaço e tempo,
estabelecendo relações sociais com outras crianças, são imprescindíveis para a
formação da noção do esquema corporal.
A Organização Espacial pode ser entendida pela afirmação de SANTOS
(2004), que diz respeito à capacidade de situar-se a si próprio, localizar outros
objetos num determinado espaço e orientar-se perante o meio. As modalidades
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sensoriais (a visão, a audição, o tato e o olfato.) participam em certa medida para
coletar informações e avaliar a relação física entre o nosso corpo e o ambiente, um
exemplo disso é saber distribuir o material escolar (lápis, borracha, caderno e etc.)
em uma mesa.
A construção da noção de espaço se dá ao longo do desenvolvimento da
criança, desta maneira: “no princípio, ela é determinada pelo conhecimento e pela
diferenciação de seu eu corporal em relação ao mundo que a rodeia para,
posteriormente e sobre a informação que lhe proporciona seu próprio corpo,
perceber o espaço exterior e orientar-se nele”. (SÁNCHEZ, MARTINEZ e
PEÑALVER, 2003, p 37)
A percepção que a criança tem do seu próprio corpo (imagem corporal) é
um elemento presente no desenvolvimento da motricidade infantil. De acordo com
LE BOULCH (1986), essa discriminação perceptiva se desenvolve, entre outros, com
base na percepção que ela tem do mundo envolvente, das relações entre as coisas
e objetos, e na percepção centrada no seu “corpo próprio”, que vai sendo ampliada à
medida que a criança reconhece e identifica suas partes corporais. Simultaneamente
à evolução da imagem corporal, existe a percepção e a representação do espaço. A
utilização dos movimentos corporais para colocar-se e relacionar-se no espaço com
maior eficácia está associada à percepção da imagem corporal lateralizada, da
distinção e reconhecimento da localização, direção e dimensão espacial.
A Organização Temporal é entendida por ALMEIDA (2008), como a
capacidade que temos de distinguir a ordem e a duração dos acontecimentos como:
Horas, dias, semanas, meses, anos e a memória de sucessão dos acontecimentos,
isso fica claro quando cantamos uma música.
Sobre o desenvolvimento da estruturação do tempo, COSTE (1978), discorre
haver a compreensão da ordem, que somente é possível se houver sucessão de
estimulações, bem como forem suscetíveis de se organizar entre si; a compreensão
das durações, que a criança desenvolve utilizando-se de mais elementos intuitivos e
subjetivos que o adulto; e o desenvolvimento da noção de tempo, abarcando a
evolução das intuições da ordem e da duração no sentido da independência, em relação à experiência vivida” e o “período das “operações formais”, que permitem à criança julgar uma duração por outra, e conceber finalmente um tempo homogêneo, critério de toda a duração. (p. 57-58).
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O desenvolvimento do conceito e da noção de tempo e de sucessão se dá
juntamente com os da orientação espacial. Nesse sentido, sua estruturação ocorre
com a assimilação pelas crianças da percepção da sucessão de suas rotinas
básicas, associadas às suas necessidades diárias imediatas, para gradualmente
incorporar noções de maior duração e sucessão, desenvolvendo, entre outros,
noções de seqüência, velocidade, intensidade e continuidade. O desenvolvimento da
noção de tempo e de espaço estão associadas também à significação que a criança
encontra neles (MORAES, 2008).
A Lateralidade recebe o conceito segundo PACHER (2006), como a
presença da conscientização integrada e simbolicamente interiorizada dos dois
lados do corpo, lado esquerdo e lado direito, o que pressupõe a noção da linha
média do corpo.
Sendo assim, definimos a lateralidade como predomínio a um dos
hemisférios durante a iniciativa da organização do ato motor, isso acontece com as
relações de orientação da face dos objetos, às imagens e aos símbolos, razão pela
qual a lateralização vai interferir nas aprendizagens escolares de uma maneira
decisiva.
Como considera NEGRINE (1986), é importante ressaltar “que a lateralidade
corporal refere-se ao esquema do espaço interno do indivíduo que o capacita a
utilizar um lado do corpo com melhor desembaraço do que o outro, em atividades
que requeiram habilidade, caracterizando-se por uma assimetria funcional” (p. 28).
Assim, encontraremos crianças que têm a predominância lateral direita, chamadas
destras, crianças que têm a predominância lateral esquerda, chamadas de sinistras
ou canhotas, crianças que têm predominância de ambos os lados, chamadas de
ambidestras, e crianças com a lateralidade cruzada, por exemplo, com predomínio
da mão esquerda e pé direito.
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2. EDUCAÇÃO INFANTIL
No Brasil a formação de professores para os primeiros anos da educação
básica era realizada nos cursos de formação de nível médio, antigo curso normal
que com a Lei 5.692/71 passa a ser chamado de habilitação para o magistério - e no
nível superior no curso de pedagogia. As primeiras iniciativas de formação de
professora de criança pequena podem ser observadas nos pareceres de Rui
Barbosa, em 1882. Nos anos 50 surgem seis cursos de pedagogia com formação
para a educação pré-escolar. (SILVA, 2003, p.23).
As instituições de educação infantil durante a história tiveram dupla
trajetória: os jardins de infância, mais tarde chamados de pré-primário e pré-escolar,
davam ênfase ao aspecto educacional, sendo destinado para as crianças ricas, com
métodos e atividades pedagógicas, voltadas para o desenvolvimento social,
cognitivo e outras habilidades, já as instituição denominadas como creches e
escolas maternais era enfatizado a guarda, a alimentação, cuidados com a saúde,
higiene e formação de hábitos de bom comportamento na sociedade, sendo
destinada pra as crianças pobres e abandonadas. (VIEIRA, 1999).
A
Educação Infantil, primeira etapa da educação básica tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 5 (cinco) anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. A Educação Infantil será oferecida em: creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até 3 (três) anos de idade; pré-escolas, para crianças de 4 (quatro) a 5(cinco) anos de idade. (LDB, Arts. 29 e 30).
A educação infantil é a fase da escolaridade que mais tem crescido no
Brasil. Isso ocorre pela preocupação com a formação das crianças, antes mesmo
que atinjam a idade para freqüentar o ensino fundamental, dentre outros motivos. O
que acontece nessa fase é marcante para o desenvolvimento da criança. (KRAMER,
1989, p. 64).
A partir dessas diretrizes, o Ministério da Educação passa a incluir a
educação infantil no sistema educacional público brasileiro criando o Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil. Tal referencial surge como um novo
paradigma na educação das crianças e amplia o significado do corpo, mostrando a
importância da variação tônica, da motricidade e da expressividade presente no
movimento das crianças na educação infantil. Trazendo o movimento humano como
algo mais do que um ato motor, mas sim como uma das formas que a criança possui
para expressar sentimentos, emoções e pensamentos, uma linguagem que
possibilita agir e atuar sobre o meio físico, mobilizando o outro por meio de seu teor
expressivo.
MORAES (2008), afirma que o modo de vida na organização social, com a
organização e divisão do trabalho, os processos de modernização e avanço
tecnológico têm trazido diversas transformações nos hábitos da vida do ser humano
e sua relação com os contextos em que vive. Tais alterações têm exercido influência
expressiva na instituição familiar e atribuído crescente responsabilidade à escola no
atendimento da criança das primeiras idades. Considerando este atendimento,
podemos ponderar que a instituição educacional tem assumido uma função
fundamental no processo de desenvolvimento da motricidade infantil.
FERREIRA NETO (1999), diz que as atividades motoras, considerando o
desenvolvimento da motricidade na infância, podem ser organizadas e
desenvolvidas na Educação Infantil. Para tanto, deve se considerar o
desenvolvimento da criança, buscando a criação de referências fundamentais a
respeito do seu corpo, e sua realização pessoal e social mediante o movimento. Tal
intervenção deve ainda observar as necessidades e interesses da criança de usar,
experimentar e viver seu corpo, de conhecê-lo e desenvolver uma imagem favorável
de si mesma, de estabelecer relações sociais em seu meio.
É importante que o aspecto lúdico seja desenvolvido nas crianças, com a
finalidade de recrear-se. Entretanto, os objetivos do componente curricular
“Movimento” para a Educação Infantil não podem resumir-se na visão de recreação.
Considera FERREIRA NETO (1999), que, durante os primeiros anos de vida,
se procede a aquisições fundamentais nos diversos domínios do comportamento
humano, período em que ocorrem significativas mudanças que determinarão
grandemente as futuras habilidades específicas de comportamento. Nessa
perspectiva, as oportunidades que as crianças têm na infância para exercitação e
experimentação motoras podem contribuir para o desenvolvimento dos diferentes
movimentos corporais, em níveis de padrões maduros, a serem realizados em sua
vida.
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Para GALVÃO (1996, p.45), a motricidade desempenha um papel
fundamental no processo mental, constituindo-se num importante suporte para a
expressão do pensamento – os gestos, as mudanças de postura apóiam a
expressão de idéias. Nesse sentido, impedir a criança de se mexer pode significar
impedi-la de pensar. Diferente da impulsividade, essas outras dimensões do
movimento não requerem, obrigatoriamente, contenção. Ao contrário, é preciso dar à
criança a possibilidade de exprimir-se por seu corpo, necessidade fundamental
nesta idade e, porque não dizer em qualquer idade.
A esse propósito, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
afirma que é importante que o trabalho incorpore a expressividade e a mobilidade
próprias às crianças. Assim, um grupo disciplinado não é aquele em que todos se
mantêm quietos e calados, mas sim um grupo em que os vários elementos se
encontram envolvidos e mobilizados pelas atividades propostas. Os deslocamentos,
as conversas e as brincadeiras resultantes desse envolvimento não podem ser
entendidos como dispersão ou desordem, e sim como uma manifestação natural das
crianças. Compreender o caráter lúdico e expressivo das manifestações da
motricidade infantil poderá ajudar o professor a organizar melhor a sua prática,
levando em conta as necessidades das crianças. (BRASIL, 1998, p. 19)
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3. DESENVOLVIMENTO MOTOR E A EDUCAÇÃO INFANTIL
Jean Piaget em sua obra “O nascimento da inteligência da criança”, em
1999, nos coloca que as características básicas das etapas do desenvolvimento
infantil, podem ser divididas em quatro períodos básicos: sensório-motor, pré-
operatório, operatório-concreto e formal.
Período sensório-motor (do nascimento aos 2 anos): a partir de reflexos
neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar
mentalmente o meio. A inteligência é prática. As noções de espaço e tempo são
construídas pela ação. O contato com o meio é direto e imediato, sem representação
ou pensamento.
Exemplos: O bebê pega o que está em sua mão; “mama” o que é posto em
sua boca; “vê” o que está diante de si. Aprimorando esses esquemas é capaz de ver
um objeto, pegá-lo e levá-lo à boca.
Período pré-operacional (2 a 7 anos): caracteriza-se , principalmente pela
interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior. A criança não
aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é a fase dos “por quês”). Já
pode agir por simulação e imitação. Possui percepção global, sem discriminar
detalhes. Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos. Exemplos: Mostram-se
para a criança duas bolinhas de massa iguais e dá se a uma delas a forma de
salsicha. A criança nega que a quantidade de massa continue igual, pois as formas
são diferentes. Não relaciona as situações.
Estágio das operações concretas (7 a 12 anos): a criança desenvolve
noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, já sendo capaz de
relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade, mas ainda depende do
mundo concreto para chegar à abstração. Desenvolve a capacidade de representar
uma ação no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada
(reversibilidade). Exemplos: despeja-se a água de dois copos em outros, de
formatos diferentes, para que a criança diga se as quantidades continuam iguais. A
resposta é afirmativa, uma vez que a criança já diferencia aspectos e é capaz de
“refazer” a ação.
Estágio das operações formais, que corresponde ao período da
adolescência (12 anos em diante): a representação agora permite a abstração
total. A criança é capaz de pensar logicamente, buscando soluções a partir de
hipóteses e não apenas pela observação da realidade.
Segundo CAETANO (2005, p. 6), o desenvolvimento motor é um processo
de alterações no nível de funcionamento de um indivíduo, onde uma maior
capacidade de controlar movimentos é adquirida ao longo do tempo. Esta contínua
alteração no comportamento ocorre pela interação entre as exigências da tarefa
(físicas e mecânicas), a biologia do individuo (hereditariedade, natureza e fatores
intrínsecos, restrições estruturais e funcionais do individuo) e o ambiente (físico e
sócio-cultural, fatores de aprendizagem ou de experiência), caracterizando-se como
um processo dinâmico no qual o comportamento motor surge das diversas restrições
que rodeiam o comportamento.
Do ponto de vista da prática da educação motora, a educação da
motricidade, significa educar as habilidades motoras que permitem ao homem
expressar-se. Ou seja, para expressar seus sentimentos, seus pensamentos, o
homem precisa escrever chutar, arremessar, entre outras coisas. Porém, para chutar
ou arremessar ele precisa ter habilidade para realizar tais atitudes. Para DE MARCO
(1995), esta educação pelo movimento, deve dar conta não só da pluralidade de
formas da cultura corporal humana (jogos, danças, esportes, formas de ginástica e
lutas), como também da expressão diferencial de cultura nas suas aulas,
vislumbrando uma prática escolar despida de preconceitos em relação ao
comportamento corporal dos alunos, oferecendo a todos e a cada um o direito de
uma verdadeira educação motora. Para ele, a corporeidade existe e por meio da
cultura ela possui significado, constatando-se a relação corpo-educação, por
intermédio da aprendizagem, significa aprendizagem da cultura. Corpo que se educa
é corpo humano que aprende a fazer história fazendo cultura.
Se no início, após o nascimento da criança, há um predomínio da dimensão
subjetiva da motricidade, com seu sentido e eficácia associada diretamente aos
outros com quem interage posteriormente se desenvolve a dimensão objetiva do
movimento, com o domínio das competências instrumentais para ação sobre o
ambiente físico e espacial. (BRASIL, 1998).
20
A evolução biológica e a exploração do meio permitem que a criança
desenvolva habilidades motoras progressivamente mais complexas. Esta interação
proporciona um ciclo de experiência – aprendizagem nos diversos aspectos do
desenvolvimento humano. O resultado deste processo pode ser positivo ou negativo,
de acordo com a qualidade dos estímulos ou das práticas proporcionadas ao
individuo. (BEE, 1996; PAPALIA, 2000).
Analisando os processos de crescimento e desenvolvimento humano, com
sua evolução e complexidade, investigações têm indicado a importância dos
estímulos e experiências realizadas na infância, particularmente no que diz respeito
à realização de movimentos e práticas corporais, favorecendo tanto processos
biológicos quanto processos sociais. (FERREIRA NETO, 1999).
Na visão de MORAES (2008), o pleno desenvolvimento das crianças parece
depender da participação em práticas e vivências motoras diversificadas e de
estratégias de ensino e instrução eficazes, propiciada pela família e/ou pela escola.
Crianças que não possuem condições adequadas de desenvolvimento poderão
apresentar déficits ou atrasos em áreas importantes de sua evolução.
O processo de inatividade corporal infantil, resultante do processo de
sedentarização, da progressiva privação das explorações e experimentações
corporais, da diminuição dos espaços físicos livres, bem como da padronização dos
comportamentos e da criação de estereótipos adotados pelos modos de vida social,
pode, segundo MORAES (2008), tornar-se preocupante. Uma análise e avaliação
deste processo têm remetido a relevância da motricidade como prática corporal
infantil que deve estar presente e ser considerada na instituição educacional.
Entre vários aspectos, o desenvolvimento da motricidade infantil é um dos
fundamentais objetivos a serem considerados no atendimento educacional infantil. É
indispensável então que a instituição educacional tenha isto inserido em sua
organização curricular (MORAES, 2008).
A importância da motricidade nos primeiros anos de vida da criança não
apresenta contestação. Cabe, então, superarmos a racionalidade educacional e
social, em que o corpo é secundarizado em função da valorização do saber
intelectual, de modo a permitir que as explorações e experimentações corpóreas da
criança ocorram no contexto educacional (MORAES, 2008).
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Segundo SOUZA NETO (2005), as brincadeiras ou jogos de correr,
oferecem às crianças oportunidades para o estabelecimento de relações com outras
pessoas, com os objetos e com o meio ambiente, descobrindo assim suas
possibilidades corporais e poder compreender melhor seu próprio corpo.
SILVEIRA et. al. (2005, p. 1), comenta que “com o aumento da idade
cronológica os indivíduos são capazes de realizar tarefas mais complexas”. Desse
modo se o desenvolvimento motor acontecer de forma espontânea e natural durante
sua infância, a aquisição e o aprimoramento de padrões motores mais complexos
pelo sistema acontecerá de forma harmônica.
DE MEUR e STAES (1991), diz que cada etapa do desenvolvimento do
corpo deve ser abordada e para isso deve ser feito exercícios motores em que o
corpo da criança se desloca e o sujeito percebe as diferentes noções de maneira
interna.
Também SANDERS (2005, p. 15), enfocando questões de ordem motora,
enfatiza que “os primeiros anos de vida - entre 3 e 5 anos – são cruciais para o
crescimento da habilidade física das crianças”, e a criação de programas de
movimento que levem em contas as crianças dessa idade deve ser planejada,
considerando a compreensão das características dessas crianças.
MORAES (2008), diz que quanto menor a idade da criança e menos ela tiver
desenvolvido as demais linguagens, mais uso ela poderá fazer do corpo para se
mostrar no mundo. Assim, seus movimentos, gestos, atitudes, enfim, seus
comportamentos corporais, servem como meio de comunicação que ela estabelece
com o mundo. Seu corpo transmite forma de ser e estar, com suas necessidades,
interesses, sentimentos, emoções e desejos.
Para a criança de menor idade (bebê), o movimento significa mais do que
mexer partes do corpo com movimentos reflexos ou rudimentares, ou, ainda,
deslocar-se no espaço. A dimensão corporal é parte do conjunto da atividade da
vida da criança. Sua expressão e comunicação se dão significativamente por meio
de gestos e mímicas faciais. Além das funções expressivas e comunicativas, o corpo
dá sustentação à sua postura corporal. Em relação aos recém-nascidos (bebês),
podemos dizer que o reconhecimento da importância de sua corporeidade é
relativamente recente, pois a preocupação com seus cuidados levou inevitavelmente
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à redoma do embrulho nas faixas, cueiros e mantas, berços e “chiqueiros”.
Considerando a importância da motricidade infantil na vida da criança, é necessário
reconhecer e ampliar a possibilidade de promover para ela um ambiente de rica
exploração corporal (MORAES, 2008).
Ainda falando sobre a criança, particularmente sobre a formação do símbolo
na criança, considera FREIRE (1991), que “não podendo resolver problemas
mentalmente, a criança só pode fazê-lo corporalmente.” (p. 36).
Para MORAES (2008), a criança amplia suas possibilidades de exploração e
conhecimento por conta capacidade de movimentar-se. Usando seu corpo, ela
aprende sobre si mesma e sobre o ambiente a seu redor. Desenvolvendo sua
motricidade, estaremos ampliando sua condição de aprender sobre si e sobre o
mundo em que vive. Neste sentido, a vivência corporal é essencial para o
desenvolvimento da motricidade e da linguagem corporal. Favorecendo isto,
estaremos enriquecendo sua capacidade de perceber e viver neste mundo.
Devemos observar, então, que poderá não existir homogeneidade de
comportamentos motores das crianças em nossas turmas de Educação Infantil, e
isto deve ser considerado pela professora. Convém ressaltar ainda que, em razão
das características dos processos de crescimento e desenvolvimento infantil, quanto
menor idade tiver a criança, mais significativo deve ser a consideração da diferença
do fator temporal. Por exemplo, o tempo transcorrido de dois meses é mais
significativo no âmbito de modificações no crescimento e desenvolvimento de uma
criança de um ano, do que em uma criança de seis anos (MORAES, 2008).
O corpo da criança está presente em tudo que faz: ela vive seu corpo, ela o
experimenta e sente. Usa de sua motricidade para extrapolar espaço e tempo, e o
movimento que ela executa vai além do deslocamento do corpo ou parte do corpo
como resultado de contrações musculares num padrão de força, espaço e tempo. O
movimento aqui se torna uma linguagem usada para agir e interagir no mundo.
(MORAES, 2008).
CAETANO (2005), comenta que na escola ocorre uma importante fase de
aquisição e aperfeiçoamento, das posturas, das habilidades motoras, das formas de
movimento e combinações dos mesmos, que possibilitam a criança dominar seu
corpo. Entre todas as experiências motoras proporcionadas na escola, é nas
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habilidades globais explorando o corpo nos momentos de lazer e recreação, e
habilidades finas nas atividades dentro da sala de aula, que consideravelmente as
crianças são estimuladas. Essa relação entre idade cronológica e a idade motora
ganha destaque durante o período das fases inicias do desenvolvimento da criança.
A idéia de que os movimentos das crianças impedem a atenção e
concentração para a aprendizagem, segundo MORAES (2008), tem levado a uma
imobilização delas em suas cadeiras ou carteiras. Além do caráter disciplinar desta
prática, podemos dizer que tal imobilismo tem impedido as crianças de interagirem
com seus ambientes de desenvolvimento e aprendizagem, e pode fomentar uma
atitude de passividade dessas..
Continuando seu pensamento MORAES (2008), diz que o corpo forma parte
da maioria das aprendizagens, mas é também, um instrumento de apropriação do
conhecimento, e é precisamente, nos anos pré-escolares quando esse corpo se
organiza, se controla, se expressa, se comunica, que constrói seu esquema e se
lança ao conhecimento do mundo.
Independência e coordenação são as conquistas da criança pré – escolar e,
paulatinamente, ela consegue não somente eliminar movimentos desnecessários,
mas também realizar outros mais complexos, ao mesmo tempo em que pode
automatizar a seqüência dos movimentos, o que lhe permite assim a execução sem
precisar concentrar nessa seqüência sua atenção. Nos anos pré-escolares, a
criança irá progressivamente estruturar as noções de espaço e tempo; primeiro na
ação e depois na representação deles. Conseguirá aumentar o controle voluntário
da tonicidade muscular, relacionando com a manutenção da atenção e o controle
das emoções, equilíbrio, lateralidade e a representação de si (MORAES, 2008).
É interessante que se estimule o desenvolvimento motor das crianças pela
via de jogos e brincadeiras. Atividades estas que as crianças vivenciam com grande
satisfação, já que fazem parte do universo infantil e favorecem a relação com o real
e a fantasia. As crianças inseridas em um contexto escolar primam pela ação e
fazem dela sua maior aliada nas diversas atividades, independentemente de
estarem nas aulas propicias a isso, até por que é algo inerente ao seu
desenvolvimento.
A criança age por meio da brincadeira que estará carregada de simbologia.
Ela brinca com o seu corpo, arrasta, rola, atira um objeto, enche e esvazia, se
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esconde, cai, equilibra, salta, corre, constrói, destrói, rabisca, desenha, escreve,
fantasia. Essas experiências vão potencializar as crianças diante do mundo, pois
servirão de base para o seu psiquismo, assim como farão com que percebam a
importância do seu ser e estar no mundo. Também é fundamental que a educação
pelo movimento esteja afinada com a escola quanto aos seus objetivos, sua ação
pedagógica e sua forma de entender a criança, sendo parte de sua proposta
curricular, pois é coerente desenvolver um trabalho que prima pela expressividade
livre da criança, pela sua autonomia, pelo respeito pela sua individualidade dentre
outros. (MORAES, 2008).
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4- ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Através dos estudos propostos nesta pesquisa, pode-se perceber um meio
facilitador para se trabalhar com os alunos. O que contribui para que os profissionais
da educação possam trabalhar utilizando recursos e características próprias,
experimentando diferentes e novas atitudes.
Isso devido que na Educação Infantil as crianças utilizam o seu próprio corpo
como forma de descoberta e de experiências, auxiliando no seu esquema corporal.
A motricidade permiti a compreensão da forma em que a criança toma consciência
do seu corpo, e das formas de se expressar por meio desse corpo, localizando-se no
tempo e no espaço.
É necessário que todas as crianças passem por todas as etapas do
desenvolvimento, pois o movimento transforma-se em comportamento significante,
logo todo o movimento resulta em um objetivo.
A criança que é esse ser em constante mudança recebe influencia e
estímulos de várias maneiras, do ambiente familiar, escolar, social, cultural e muitos
outros ambientes caracterizando o resultado final da sua bagagem motora.
Pondo em conta que existe uma linguagem corporal, que o corpo fala, é
necessário entendermos o que os corpos das crianças nos dizem no contexto da
Educação Infantil, quando elas correm, pulam, brincam, se tocam, fazem barulho,
buscam superar desafios ou ficam impacientes e inquietas com a imobilidade
escolar. A leitura de seus corpos pode nos fornecer ricos indicadores de suas
necessidades, e aspectos fundamentais de seu desenvolvimento.
Em se tratando de Educação Motora na Educação Infantil, é indispensável
que seja trabalhado o seu desenvolvimento motor, principalmente através de jogos e
atividades lúdicas, levando assim à criança a conscientização do seu corpo.
É importante que o aspecto lúdico seja desenvolvido nas crianças, com a
finalidade de recrear-se. Entretanto, os objetivos do componente curricular
“Movimento” para a Educação Infantil não podem resumir-se na visão de recreação.
A atividade motora não poderá analisar-se de forma isolada, mas deverá ter
sempre em atenção uma série de fatores que estão relacionadas diretamente com o
desenvolvimento do próprio sujeito.
Ao educador caberá o papel de observar, atentamente, a forma como a
criança se expressa a nível motor e se relaciona a cada uma das ações com os
fatores de ordem social, afetiva, biológica e motora que orientam e limitam as
mesmas.
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CONCLUSÃO
Na Educação Infantil, as crianças precisam de profissionais capacitados e
que transmitam confiança em seu trabalho. Sendo assim a criança deve passar por
experiências de forma positiva dentro do aspecto afetivo, tudo isso tem o objetivo de
inserir as crianças em situações de confiança em seu corpo e em sua Motricidade.
Quando falamos de motricidade no contexto da Educação Infantil, estamos
nos referimos ao comportamento diretamente observável da criança, enfeixando
seus movimentos corporais, habilidades e práticas motoras, bem como os sentidos e
significados atribuídos e expressos na linguagem corporal da criança e de sua
corporeidade.
O educador tem o dever de conhecer bem o seu aluno, não adianta ter
somente um ambiente bem decorado, cada aluno tem a sua Motricidade
desenvolvida de forma diferenciada, por isso o professor tem que conhecer o aluno
para ajudá-lo a desenvolver a sua capacidade motora.
Conclui-se então que na educação infantil, o mais importante deve ser
ajudar a criança a ter uma percepção adequada de si mesma, compreendendo suas
possibilidades e limitações reais e ao mesmo tempo, auxiliá-la a se expressar
competências motoras. Pode-se afirmar então como inegável a importância da
Motricidade na Educação Infantil, pois é de fundamental importância no
desenvolvimento global da criança, não somente no domínio motor, mas também
nos aspectos sócio-afetivos e cognitivos.
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