Download - Monografia neoliberalismo temer 1
Universidade Cruzeiro do Sul
Conservadorismo político no Brasil no pós-liberalismo
São Paulo
2016
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Lucas Scofield Sena Lima
Sumário:
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Monografia para conclusão de curso de
Bacharel em História
Orientador: Silvio Pinto Ferreira Júnior
Introdução ………............................................................................................................ 3
1.1 Capitulo I
Conservadorismo político no Brasil ..................................................................3
1. Capitulo II
2.1 Uma análise dos governos neoliberais no Brasil: Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002) e o atual Michel Temer (2016-
2018) .........................................................6
2. Capitulo III
2.1 Uma nova política no século XXI: consciente e responsável .....................6
3. Capitulo IV
4.1 As Relações Exteriores do Brasil (1945-1964): o nacionalismo e a política externa
independente ..................................................................................................6
4. Conclusão ........................................................................................................7
5. Referências .............................................................................................. 8
6. Anexo ............................................................................................................................. 9
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IntroduçãoNos últimos anos dos governos da República, deparamos com um pensamento equivocado de muitas
pessoas sobre o conservadorismo, consideram a direita como fascista, golpista, sexista, preconceituosa e
associando ao mal da política brasileira.
Neste estudo, veremos historicamente a verdadeira interpretação e aplicação dos conceitos
conservadores que fundaram a civilização ocidental, a defesa das liberdades individuais, propriedade
privada, instituíram a Família tradicional patriarcal e a conservação da fé cristã nos nossos dias.
Desconstruiremos falsos mitos e deturpações de interpretações do velho conservadorismo ou direita
radical. Responderemos algumas questões pertinentes sobre o Estado, as agências reguladoras, a
liberdade econômica e a tendência política dos brasileiros e parlamentares:
Como a direita política brasileira no Brasil é vista pelos esquerdistas e pela massa trabalhadora? Um
indivíduo assumir posição política de direita é ser favor da ditadura, tortura e repressão? O Estado deve
regular o mercado ou o livre mercado é inviável sua aplicação quando o Estado possui grande quantidade
de cargos públicos comissionados?
Os grupos conservadores posicionam-se no espectro político de centro-direita, possivelmente encontrada
nos setores médios da sociedade, tais como: militares, fazendeiros, trabalhadores da classe média que
apoiou o golpe militar de 1964 contra a ascensão do comunismo na época da fundação do Partido
Comunista do Brasil.
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O movimento conservador é voltado para o homem e seus valores ocidentais, faremos uma análise
histórica para defender a preservação desses valores. Na democracia, as diferenças podem ser
conciliadas ou discutidas para um bem-comum. Não faz parte do círculo conservador, o fanatismo
ideológico da velha direita. Iremos pautar na essência dos fundamentos do verdadeiro conservadorismo
inglês, mais moderado e disposto a dialogar.
Capitulo I: Conservadorismo político no Brasil
Esse capitulo abordará de forma introdutória uma visão política que se opõe a mudanças radicais da
sociedade, apresentando um conjunto de políticas econômicas neoliberais, incluindo a preservação da
liberdade de mercado, empreendedorismo, propriedade privada, privatização de empresas e redução do
intervencionismo estatal. O ponto central deste capitulo é uma análise a respeito “dos conservadorismos”;
um chamado de radical, tradicional ou reacionário e o outro moderado, nova direita ou também
neoconservadorismo.
No Brasil, o conservadorismo político, em linhas gerais, é presente nas camadas médias da população
como por exemplo: os ruralistas, religiosos, militares, políticos e assim como parte da população
tradicional.
Para o conservador, entendido neste trabalho como a chamada a velha direita radical, faltam ideais
substantivos, não diagnostica de forma universal os problemas, mas sim analisa os fatos especificamente
para solucioná-los de acordo com cada situação, uma diferença para o revolucionário que aponta a favor
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da igualdade e do liberal que preza pela maior liberdade dos indivíduos em posições contrárias ao ideal
conservador moderado, compreendido aqui por centro-direita.
O movimento conservador, seja ele o tradicional como o chamado neoconservadorismo, não tem
organização como partido ou agenda de reformas sociais radicais, não compreende o ser humano,
aquele cujo ideal de sociedade justa, assim como sonham os chamados “utópicos idealistas
revolucionários” que defendem uma sociedade igualitário.
Há o respeito pelas instituições democráticas e a liberdade dos indivíduos, pela convivência em
sociedade e uma compreensão simples e direta da história da humanidade e suas falhas interpretativas.
Esteve o conservadorismo tradicional presente durante a Revolução Gloriosa (1688) e na Revolução
Francesa, conservadores foram contra a carnificina em benesse ao princípio da liberdade, igualdade e
fraternidade deturpada pela usurpação de poder da burguesia destruíram um patrimônio de ideias,
hábitos e costumes que complementavam a natureza dos homens. Ao observar no passado as tradições
ancestrais, formava-se novos parâmetros para alicerçar novos conceitos e abordagens. A tradição servia
de legado para as futuras gerações.
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fundamentais do movimento conservador.
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O fundador do conservadorismo foi o político e filósofo irlandês Edmund Burke nascido em Dublin, Irlanda
em 12 de janeiro de 1729 e falecido em Beaconsfield, Reino Unido em 9 de julho de 1797, formado na
Trinity College e membro do Partido Whig. Quando assumiu uma cadeira no Parlamento, adotava
medidas liberais em oposição aos tories (socialistas). Foi conhecido como alguém controverso, enquanto
falava os seus interlocutores permaneciam em silêncio.
Burke defendeu uma posição contra os abusos de poder do monarca e discutia o limite de poder do
monarca incentivada pela insatisfação popular de pobreza e exclusão. Criticava os abusos da burguesia
na época do Terror durante a Revolução Francesa. Afirmava as reivindicações das colônias americanas e
aderiu a Revolução Gloriosa de 1688 como uma referência política, um marco na história da Grã-
Bretanha.
Na esfera econômica Burke defendia o direito inalienável da propriedade privada, fim do absolutismo
monárquico e a meritocracia nas hierarquias.
Condenava a simplicidade do iluminismo francês e tornou-se uma referência para conservadores e
liberais.
Para Edmund Burke, o governo é uma invenção humana para supervisionar as necessidades das
pessoas na sociedade, mas algumas necessidades e desejos conflitam com os de outras pessoas.
O governo deve julgar entre desejos conflitantes para alcançar o resultado mais justo. As paixões
individuais devem ser subjugadas às leis governamentais.
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Na época do Brasil Império, os liberais e os conservadores revezavam-se no poder, haviam muitas
disputas políticas com forte apelo regionalista; com a destituição de Dom Pedro I o Partido Conservador
foi extinto. A atividade partidária no período monárquico na metade do século XIX com os ideais
conservadores.
O estudo presente apresenta uma abordagem ampla sobre o fenômeno conservador na política e na
sociedade brasileira como um todo, com suas nuanças, contradições e falhas interpretativas no campo da
ciência política e na filosofia política pretende compreender a diferença desse movimento no Brasil com
ascensão conservadora no período do golpe militar de 1964 até os quadros atuais de nossas instituições
políticas federais, nos EUA e na Inglaterra.
A elite de intelectuais esquerdistas considerava como golpista a ação militar para depor o presidente João
Goulart da presidência da República, apoiada com financiamento norte-americano e apoio logístico-militar
no dia 31 de março de 1964.
O cientista político Michael Oakeshott (1901-1990): nasceu em Londres filho de um funcionário público e
uma enfermeira, estudou História na Universidade de Cambridge formando-se em 1925. Permaneceu na
carreira acadêmica até 1975, exceto por seu serviço na inteligência britânica na Segunda Guerra Mundial
na ocupação nazista na Bélgica e na França. Sua influência no Partido Conservador na Grã-Bretanha
levou a primeira-ministra Margaret Thatcher a condecorá-lo com o título de lorde. Aposentou-se em 1968.
Afirmava que o governo parlamentar e política racionalista não pertencem ao mesmo sistema. As
instituições parlamentares surgiram da arte prática de governar, aonde elas existiram por gerações e
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governam baseadas na experiência e na história. A política racionalista é baseada em ideologia e noções
abstratas que se engajam na destruição e na criação de uma nova ordem. Para ele, limitar o poder
político e protegê-lo contra a tirania agiu como impedimento, estabilizando a Grã-Bretanha contra os
racionalismos absolutistas que dominaram a Europa.
O filósofo Roberto Nozick (1938-2002) foi um dos líderes do Movimento Libertário sem nenhuma
intervenção do Estado na economia sob influência da ideologia do livre mercado do economista austríaco
Friedrich Hayek e da filósofa política norte-americana de origem judaica-russa Ayn Rand.
O Estado deve prover os direitos básicos como a proteção do seu povo contra a força, começa a infringir
os direitos do povo que nenhum Estado maior que o Estado mínimo pode ser justificado. Qualquer forma
de Estado diferente do Estado mínimo, seria incompatível com os direitos individuais, o Estado deveria
envolver-se na proteção contra a força, o roubo, a fraude, manutenção de contratos. No livro Anarquia,
Estado e Utopia rebate a concepção do jurista John Rawls do Estado, entende que a tributação é uma
maneira empregada pelos Estados modernos para distribuir rendas e prover fundos de agências públicas.
Defendeu o patrimônio pessoal e a propriedade do trabalho do indivíduo que uma forma de trabalho
compulsório beneficia outras. Explicaremos sobre o fundador do neoliberalismo, o economista Hayek nos
próximos capítulos.
Segundo o jurista norte-americano John Rawls (1921-2002) a justiça social é a primeira virtude das
instituições sociais que é a chave para uma sociedade ideal é um contrato social justo entre o Estado e os
indivíduos, as necessidades de todos os indivíduos envolvidos têm que ser tratados como cidadãos, para
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isso as instituições devem ser justas, acessíveis e redistribuir onde for necessário, só instituições justas
podem produzir uma sociedade ideal. As desigualdades econômicas e sociais podem levar a injustiças
que favorecem os indivíduos ou empresas, ricos e privilegiados em detrimento dos menos favorecidos.
Esse desequilíbrio deve ser corrigido pelas regras que governam nossas instituições sociais, como o
sistema de saúde, eleitoral e educacional.
A Direita política moderna defende o Estado mínimo e baixa carga tributária para sobrar recursos
financeiros para a livre-iniciativa privada. A combinação ideal seria inclusão social com crescimento
econômico de preferência geração de empregos. Nos costumes na esfera privada é mais liberal.
A Direita clássica mescla defesa da liberdade econômica com conservadorismo tradicional.
A Direita radical usa o pretexto de atacar a esquerda dificultando o debate democrático saudável. O viés
autoritário da época do regime militar elimina a liberdade individual que em tese a corrente clássica e
moderna defenderia, consequentemente instaura ditaduras semelhantes à da esquerda radical.
Atualmente, há dois expoentes da direita política no Brasil: João Amoedo executivo do mercado financeiro
e fundador do Partido Novo. Sua visão política entende que o Estado deve ser mínimo, cobrar menos
impostos e investir nos serviços básicos de qualidade para a sociedade.
Para melhor entendimento, citamos aqui um exemplo de direita radical, o do deputado federal Jair
Messias Bolsonaro membro do Partido Social Cristão (PSC) é o expoente da direita radical, defende a
eliminação da liberdade individual, faz uma cruzada político-ideológica contra o comunismo e adepto das
opiniões e posicionamentos políticos radicais da linha dura do Exército Brasileiro lembrando o coronel
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falecido Carlos Alberto Brilhante Ustra citando-o na sessão da votação do impeachment de presidente
afastada, acusado de fazer apologia à tortura e repressão. Suas crenças são conservadoras e não é a
favor do casamento gay, medidas de reinserção social para menores infratores entrando em conflito com
seus colegas parlamentares de ideologia esquerdista.
No século XXI, os termos corretos para definir a polarização do espectro político em relação às
concepções de Estado, mercado e sociedade; dividem-se em conservadores e progressistas.
Na sessão do Senado Federal que cassou o mandato da ex-presidente, houve acusações graves de
misoginia e apologia do ódio com tom intolerante e autoritário por parte da bancada dos senadores contra
o impeachment. O discurso de golpe com a vitimização da ex-presidente e um ambiente de divisão
política entre nós (esquerdista) e eles (oposição que voltou ao poder) poderá atrasar a esquerda política
brasileira. A polaridade entre direita e esquerda prejudica o debate saudável e causa instabilidade
política, em termos econômicos, com um Congresso Nacional dividido e não aprovando as medidas
reformadoras impopulares aumenta o tempo de crise econômica no Brasil e entrava o saneamento das
contas públicas para a entrada de investimentos estrangeiros.
Para os próximos anos, a esquerda tradicional terá que adaptar-se à realidade do sistema capitalista
combinando os programas sociais sem violar a Lei de Responsabilidade Fiscal. Segundo o pensamento
de Ronald Reagan, o melhor programa social é o emprego para libertar as pessoas da dependência do
Estado assistencialista.
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A internet tornou-se uma ferramenta importante para o cyberativismo para a mobilização popular contra
uma política viciada e pouco representativa. Os protestos populares de junho de 2013, marcaram uma
nova fase de manifestações contra os políticos corruptos que não cumprem seus deveres. Os jovens
foram para as ruas manifestarem a má qualidade dos serviços públicos prestados à população e alta
carga de impostos.
Para os consumidores, a internet tornou-se um vantajoso comércio eletrônico, através das novas
tecnologias de coleta dados a partir das buscas dos usuários na web por seus navegadores, traçam os
perfis dos consumidores. As empresas avaliam isso como um nicho de mercado, surge assim o analista
de mídias sociais que coleta esses dados e repassa para as empresas. A discussão da segurança da
informação implica de um procedimento ético de venda de informações ou acesso não autorizados. As
informações dos usuários registradas na rede, criando uma ilusão de segurança e privacidade. Veremos
no próximo capítulo como o neoliberalismo implica questões sociais no Brasil em 1990 e 2010.
Capítulo 2 – Uma análise dos governos neoliberais no Brasil: Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002) e o atual Michel Temer (2016-2018).
Em meados dos anos 1990, após a eleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Brasil estava
em uma crise econômica que gerava desemprego, inflação e descontentamento das classes populares
trabalhadoras. Para retomar o crescimento econômico, combater a inflação e diminuir o desemprego, a
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equipe econômica adotou uma série de medidas neoliberais para conter a crise das Bolsas de Valores,
principalmente da Rússia e o do Japão.
A abertura da economia restabelecia os fundamentos macroeconômicos, em termos riqueza gerada pelo
Brasil com a comunidade internacional, liberando o comércio exterior e aumentando as importações. A
privatização em regime de concessão, gerou dividendos ao governo.
O desaquirvamento de antigos projetos no Supremo Tribunal Federal: pacotes econômicos, desbloqueio
de cruzados. Na administração pública foi decretada o fim dos monopólios, flexibilização da seguridade
social e descentralização da saúde.
A reforma na legislação trabalhista previu: flexibilização da legislação CLT (relação mais flexível e
construtiva entre trabalhadores e empresas, restringindo-se a justiça do trabalho às relações entre os
dois).
A regulmentação das terceirizações ascendeu uma nova geração de médias e pequenas empresas.
A política fiscal foi determinada a proibição de protecionismo a empresas ou setores, créditos subsidiados
ou outra forma de proteção creditícia. A abertura econômica seria um instrumento do aumento da
competição interna e de aperfeiçoamento da produção nacional. Criação de um ambiente econômivo
competitivo.
Teoria dos déficits gêmeos( Doutrina Clinton para Pax Americana) estimulou o aumento de facilidades
para entrada e permanência do capital financeiro em países emergentes. A proposta foi indiscriminada e
apreciação do câmbio tirando a competitividade das empresas nacionais pela apreciação do câmbio,
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reduzindo a pressão da balança comercial e a produção interna norte-americana.
O jurista Michel Temer foi efetivado na presidência da República para o período restante do mandato da
ex-presidente impedida Dilma Rousseff (Maio/2016 – Dezembro/2018):
O ex-vice presidente assumiu a presidência da República em 12 de maio de 2016 após a presidente
Dilma Rousseff ser afastado pela Câmara dos Deputados.
A gestão Temer tem como objetivo promover ajuste fiscal na economia, adotando medidas impopulares
para conter gastos públicos e reformas trabalhista e previdenciária. Seu principal objetivo de sua equipe
econômica será a retomado do crescimento do país aliado com uma política fiscal eficiente e responsável,
adotando medidas para ajuste e corte de gastos públicos para atrair investimentos estrangeiros por meio
de parcerias público privadas.
Em pouco menos de três meses o novo presidente do Brasil, retomou a confiança dos consumidores e
brasileiros, com a mudança de sua equipe econômica e de estratégia para superar a crise e fazer o Brasil
voltar a crescer.
O seu primeiro obstáculo será convencer os senadores e deputados a reduzirem seu poder para aceitar
suas propostas por meio da adoção de uma Proposta de Emenda à Constituição para um teto para gasto
público.
O Brasil sofre de problemas antigos como estagnação da produtividade e falhas na infraestrutura desde a
Era Vargas com ciclos econômicos de crise e crescimento. A auditoria feita nas contas públicas indicou
um rombo de R$ 170,5 bilhões resultado de uma profunda deterioração fiscal com aumento exponencial
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do endividamento público, promulgada a Constituição de 1988 que prevê aumento de gastos públicos
com previdência social, saúde e educação presente nos dois últimos governos de Fernando Henrique
Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva. Em 2005, os economistas do Ministério da Fazenda Marcos Lisboa
Bernard Appy proporam um limite da expansão do limite de gastos com o crescimento do PIB, rejeitada
pela ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff.
Para compensar o avanço do gasto com o aumento da carga de tributos ou com a arrecadação reforçada
pelo crescimento econômico, facilitaram o fechamento das contas do governo Lula e Fernando Henrique
Cardoso.
No governo da ex-presidente Dilma Rousseff, fez escolha equivocada em desonerar alguns setores
selecionados da economia diminuindo o recolhimento de impostos sem retorno de crescimento, limitou o
lucro das empresas privadas interessadas em assumir concessões, ação que desanimou os investidores.
Ao invés disso, inisistiu em políticas econômicas de estímulo ao consumo desacompanhadas de
fundamentos sólidos macroeconômicos para assegurar a produção, consequentemente, fez avançar a
inflação e os juros. O Brasil sofreu com o déficit comercial de exportação de produtos básicos , ao longo
do governo Lula, no apogeu do boom das commodities, o crescimento vertiginoso da China favorecia a
altas safras de soja com elevados preços e também com a exportação bem-sucedida de minérios de
ferro. Esse período de bonança também favoreceu o preço do barril do petróleo, justificando o otimismo
para mega-construções de plataformas de exploração do pré-sal. Com a crise de 2008 e a desaceleração
da China em 2013 e 2014, os preços das matérias-primas despencaram.
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Em 2010, a economia brasileira estava aquecida com a combinação do alto nível de emprego e poucos
jovens ingressos no mercado do trabalho, a formalização do emprego avançava e produtividade de cada
trabalhador brasileiro diminuia, por causa de um modelo esgotado de incorporação da mão-de-obra, falta
de infra-estrutura, necessidade de maior qualificação profissional e política industrial para inovação
tecnológica.
Em 2015, a ex-presidente Dilma Rousseff percebeu a necessidade de ajustar as contas públicas para
contornar a crise após a eleição presidencial de 2014. Uma das medidas foi trocar o ministro da Fazenda
Guido Mantega por um ex-secretário do Tesouro do governo Lula, o economista Joaquim Levy com a
missão de promover o ajuste fiscal impopular. O resultado foi negativo, as agências de classificação de
risco Standard&Poor e Moody rebaixaram a nota do Brasil de bom pagador, os investidores não
destinariam seus recursos para ajudar o Brasil a resolver seus antigos problemas estruturais. Nessa
época, o Partido dos Trabalhadores não concordou com a nomeação do ministro, causando instabilidade
política na base do governo. No início de 2016, a ex-presidente Dilma trocou mais uma vez seu ministro
da Fazenda, Nelson Barbosa antigo ministro do Planejamento. A crise econômica persistiu.
As constantes notícias de corrupção envolvendo integrantes petistas com empreiteiros, causou um sério
problema moral e institucional no governo Dilma. A consequência foi a perda de apoio da base aliada no
Congresso Nacional e as manifestações de ruas na avenida Paulista em 13 de março de 2016,
estourando um movimento na Câmara dos Deputados e no Senado Federal para cassar o mandato da
presidente, acusada de infringir a Lei de Responsabilidade Fiscal com a abertura de créditos
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suplementares via decretos, desautorizados pelo Congresso Nacional. A formalização do processo de
impeachment fundamentava-se em desajuste fiscal, desvio de verbas públicas para beneficar partidos
políticos e aprofundamento da crise institucional e jurídica dos sistemas financeiros e tribunais de contas
do governo.
O vice-presidente interino assume e propõe medidas para recuperar o Brasil dentre elas: Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) para um teto de gastos públicos com base na inflação do ano anterior por
um período de vinte anos, reforma da previdência estabelecendo uma idade mínima para a
aposentadoria, de 65 anos e a criação de um regime único para trabalhadores de empresas privadas e
servidores públicos, reforma trabalhista favorece a flexiblização das relações entre patrões e empregados
discutindo a criação de novos tipos de contrato de trabalho parcial e intermitente, com regularidade
específica e direitos proporcionais com 48 horas de trabalho semanas divididas em jornadas de 8 a 12
horas garantindo férias, décimo terceiro salário e pagamento de horas-extras, moralização na ocupação
das estatais sancionará a Lei de Responsabilidade das Estatais proibindo líderes de partidos políticos e
funcionários públicos presidirem estatais sem concurso público,renegociação da dívida dos estados com
a União por vinte anos, programa de privatizações e concessões anunciado em setembro de 2016 inclui
aeroportos, ferrovias e um terminal portuário, liberalização do pré-sal uma lei que desobriga a Petrobrás
de ser a única operadora de atividades de exploração petrolífera com a exigência da estatal de participar
com o mínimo de 30% dos investimentos e um corte nos programas sociais como o Bolsa Família e o
programa Minha Casa Minha Vida. As medidas econômicas de combate ao fatores de baixo crescimento
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não são bem vistas pela classe trabalhadora menos escolarizada, centrais sindicais e lobbies de
funcionários públicos que dependem da aceitação no Congresso Nacional.
A Proposta de Emenda à Constituição do teto de gastos é vista no Congresso Nacional com pessimismo,
contendo despesas em saúde e educação caras à gestão pública e à atração de votos. O Congresso
Nacional aprovou a Medida Provisória (MP) que cria o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI)
presidida pelo peemedebista Moreira Franco.
A projeção dos economistas é um crescimento do PIB de 0,6 a 1,2% podendo varia até 2% no final de
2017 com inflação de 6,1%, atingindo o centro da meta de inflação de 4,5% no decorrer de 2017. O déficit
fiscal perdurará em 2017 com o rombo nas contas públicas de R$ 129 bilhões.
O desemprego tende a estabilizar no ano seguinte chegando a 11,2%. A previsão é de um crescimento
pífio de 1% ao ano segundo o banco espanhol BBVA com doze milhões de desempregados voltando a
crescer em 2018.
A reestruturação capitalista deu-se através do toyotismo, baseava-se na aceleração da produção através
das mudanças organizacionais das linhas produção. O método just in time reduziu a quantidade de
estoques e a produção passou a ser mais econômica e atendendo às demandas necessárias.
A Quarta Revolução Industrial que o neoliberalismo vivenciou uma profunda mudança com adoção da
automação e da aplicação da Robótica e pesquisas avançadas em Nanotecnologia para fabricação de
chips e organismos cibernéticos. A mão-de-obra tradicional está sendo obrigada a adaptar-se para a
manipulação de máquinas sofisticadas e com maior grau de especialização, gerando o desemprego
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estrutural. As empresas que adotaram as produções em larga escalas sem interrupções, substituíram a
mão-de-obra tradicional por robótica na montagem das peças.
As relações entre capital e trabalho alteraram-se, em um sentido mais amplo, as empresas deveriam
considerar a harmonia entre essa relação nas suas culturas corporativas. A flexibilização da jornada de
trabalho, vínculos empregatícios gerou um processo de terceirização, para a classe trabalhadora um
verdadeiro retrocesso na garantia de seus direitos trabalhistas da Era Vargas.
Com a extinção da União Soviética em 1991, o sistema capitalista consolidou-se, a acumulação de
capitais foram enormes graças a tecnologia de produção. O esvaziamento das ideologias radicais
socialistas, a produção industrial voltada para o consumo e a atenção voltada para o sujeito enfraqueceu
o coletivismo.
A KGB, serviço secreto russo, discutiu que a economia socialista era inviável. Por isso, usava o
capitalismo para sustentar seu regime mais autoritário, militar e internacionalista do bloco russo-chinês no
mundo sob a liderança do presidente Vladimir Putin.
A preocupação da exploração do capital aos recursos naturais tem sido frequente. As questões
ambientais para preservação das florestas, da água potável, o clima e a emissão de dióxido de carbono
na atmosfera podem ser fatais para a sobrevivência da espécie humana na Terra.
O capitalismo gera desigualdade social, pobreza, desemprego e má distribuição das riquezas, mas não
criaram um outro sistema econômico mais justo e solidário. É possível fundir o capitalismo com o
comunismo, os grandes capitalistas investem seus capitais em países comunistas de mão-de-obra
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análoga a escravidão, como por exemplo na China. Esses metacapitalistas norte-americanos das grandes
corporações tais como: Rockefeller, Ford, Bush e entre outros investidores criam um oligopólio dos
conglomerados, um círculo fechado para dominar o mundo e eliminar a concorrência, chamados de
globalistas da Europa e dos EUA.
O fracasso do Estado do Bem-Estar Social deu espaço para a social-democracia em uma diligente e
responsável gestora de seus interesses.
As lições aprendidas pelo neoliberalismo são: não temer nenhuma corrente política atual criticando o
status quo e a inteligência mercadológica burguesa, não aceitar nenhuma diluição de princípios, aceitar
que nenhuma instituição é imutável. (ANDERSON, pag. 197-198, 2000)Os valores serão conservadores
para qualquer indíviduo que queira viver como assim o desejar, segundo suas capacidades e sua
realidade. Na Rússia e na Tchecoslováquia, o governo distribuia certificado de propriedade de imóveis em
espécie de ações para todos, uma nova forma de propriedade privada e repartindo dividendos de
empresas médias. O sistema político defenderia um Parlamento forte, com partidos disciplinados, com
financiamento equitativo e sem demagogias cesaristas de culto à personalidade de político. O controle
dos meios de comunicação concentrado nas mãos de poucos capitalistas, são contrários com a justiça
eleitoral e ou soberania democrática. (ANDERSON, pag.199-202, 2000)
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Capítulo 3 – Uma nova política no século XXI: consciente e responsável Zigmount Bauman
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Ser um indivíduo não implica necessariamente livre, a liberdade individual da sociedade moderna e
contemporânea é da individualidade privatizada, significando anti-liberdade. Este sociólogo polonês cita
um caso de exposição pública da intimidade de um casal francês Viviane Michel para o apresentador Alan
Ehrenberg em programa de televisão à noite em outubro de 1983. A exposição rompeu a intimidade
pessoal e conjugal do casal, redefinindo a esfera público-privada um direito ao segredo presa ao direito
da publicidade. O autor polonês continua explicando o fato, afirmando que hoje em dia as pessoas são
convidadas para talk-shows televisivos como um meio de preencher a solidão da multidão, com algumas
horas de fama.
Para primeira-ministra Margareth Thatcher não acreditava na palavra sociedade em si, mas em uma
ampla rede de direitos e deveres a serem negociados em contrato social na vida adulta.
Para John Carroll, citado pelo polonês, afirmou que a responsabilidade social decrescente nas instituições
chaves de elite, desmoralização e egoísmo de valores sociais. Os privilegiados da sociedade, com a
defesa da meritocracia de alguns dão exemplos morais de luta, ambição, sucesso e fracasso; um
indivíduo que só tem ambição e vontade de separar o fracasso do que ‘tudo o que se conquista na vida é
alcançado por esforço próprio não graças a sociedade igualitária e solidária’.
Para ser livre, é ter dons naturais, a faculdade mental e a disposição emocional e espiritual para fazer
juízos racionais e comportar-se seguido os preceitos da razão.
Segundo Margareth Thatcher, a liberdade de escolha no âmbito político populista é: “menos Estado e
mais dinheiro no bolso.”; na ausência de autoridade política impondo restrições aos cidadãos, para ela a
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desregulamentação, ou seja, a diminuição do papel regulador de mercado do Estado, o recuo à auto-
limitação do mesmo, tem como efeito o impacto coercitivo (reformas estruturais do sistema capitalista)
como doutrinador de educação política de seus cidadãos para ocupação de espaços na cultura por
agentes infiltrados da revolução socialista, codificador de forças essencialmente não políticas,
primordialmente aquelas associadas, aos mercados financeiros e de consumo. A agenda de escolhas
disponíveis por um código que promove formar à semelhança para conduta modelo que os indivíduos
deveriam ser receptivos ao mercado. Esse código faz-se de um conjunto de objetivos de consumo
induzindo os indivíduos a ver e despertar os seus desejos consumistas e estímulo da satisfação atingindo
o objetivo de consumidores em potencial mesmo os indivíduos pobres e frustrados com um clã fechado
de cidadãos privilegiados. A publicidade visa atender a todos e até ocupando o lugar da polícia nos dias
de hoje, pela regulação normativa segundo Pierre Bourdieu. A ausência de liberdade significa
heterodoxia, uma sensação de seguirmos regras impostas de outros numa condição agenciada na qual
uma pessoa realiza a vontade da outra em um programa de engenharia social de comportamento cujo os
agentes não são autônomos, mas seguem as regras hierárquicas de seus superiores.
“A validade de fato é moribunda precisamente pelo pecado original de negar ou esquecer sua própria
transitoriedade e mortalidade, a validade do jure é sempre viável e exuberante graças à aceitação de sua
própria temporalidade e impermanência.”
A reflexão crítica é a essência de toda autêntica política vinculado ao exercício do poder por um esforço
efetivo e prático para sub julgar as instituições na democracia.
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O projeto da autonomia da sociedade com indivíduos independentes em uma comunidade, uma utopia a
ser alcançada.
A separação do ambiente público do espaço privado tem origem grega (oikos e eclesia respectivamente,
um território de intensa luta constante mas também espaço para o diálogo, cooperação e compromisso).
Para Hannah Arendt, a tendência totalitária é tornar os seres humanos supérfluos, redundantes,
dispensáveis como indivíduos, separados uns dos outros com seus motivos, pensamentos, preferências e
sonhos como seres privados no sentido de escaparem a qualquer exercício classificatório que
desconsidere a irredutível peculiaridade e a singularidade de cada criatura humana, a total aniquilação da
esfera privada, dissolvendo o privado no público. (ARENDT, ano, pg. 93; In: BAUMAN, 1999.)
Por culpa dos ideais de liberdade e igualdade, a democracia tornou-se medíocre como regime político
com a mentalidade do lugar-comum e impondo seus cidadãos à sua maneira. (BAUMAN, 1999; In: Ortega
y Gasset, A rebelião das massas, pag. 96, reedição 2007)
Segundo Claus Offe, o desvio histórico do Estado Moderno a sua separação e a crescente defasagem
entre poder e política. Ele enumera as razões:
1- A implosão dos centros ortodoxos dos poderes econômico, militar e cultural antes concentrados no
Estado-nação, hoje são minados e sabotados completamente.
2- As transformações pós-modernas da morfologia social que levaram ao progressivo declínio do
apoio das elites estabelecidas às instituições políticas, assim como, a total confiança nelas, resultou
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em uma nova volatilidade, fragmentação e rápida mudança das questões e focos da atenção
política.
3- Os agentes políticos perderam a segurança de seus papéis e domínios, porque a economia política
do capitalismo pós-industrial e global não fornece mais a clara definição dos lugares dentro do
sistema de produção que antes basearam-se as formas de ação coletiva (partidos políticos,
associações e sindicatos) as soberanias tornaram-se nominais, o poder anônimo o seu lugar vazio.
Nas novas ágoras (espaços políticos) não existem mais para filósofos, educadores e pregadores; não
precisam mostrar ao mundo o que seu mundo intangível de ideias abstratas de difícil compreensão
para leigos, na sociedade em rede, a internet substituiu sem um centro de controle, mas com
responsabilidades oscilantes, não tendo missão em desempenhar que exija uma mobilização espiritual
das massas, cruzadas culturais ou conversão das multidões apenas fomentar as ações coletivas que
vise a totalidade.
A democracia-liberal é uma das mais poderosas utopias modernas que desenharam o modelo pelo
qual deveria estruturar-se e ser governada uma boa sociedade ou uma sociedade garantida contra
algumas de suas mais óbvias deficiências de opção.
Na versão visionária e prática é uma tentativa de manter a eficiência política do Estado no seu papel
de guardião da paz e de mediador entre os interesses do grupo e dos indivíduos e sua livre escolha do
estilo de vida que quiserem seguir - formação livre de grupos e de afirmação pessoal como indivíduos
42
Quando o Estado reconhece a prioridade e superioridade das leis de mercado sobre as leis da pólis, o
cidadão transforma-se em consumidor e demanda mais do Estado e mais proteção sem querer
depender do Estado assistencialista. As condições fluídas de anomalia generalizada e rejeição as
normas. A salvação foi primeiro, o bem público a ser privatizado nos tempos modernos.
O homem modulado com qualidades móveis, disponíveis e cambiáveis como um humanista do
Renascimento europeu, a liberdade de escolha se auto-modula. A segunda reforma social foi a criação
e consolidação dos direitos humanos. A sociedade humana não é rígida, mas ad hoc com propósito
específico sem se obrigar a um pacto de sangue por lealdade.
Segundo Ernest Gellner, a alienação é a instabilidade e a falta de adaptação nos dias atuais com essa
nova definição. Os indivíduos de hoje são modulados da sociedade em rede, ou seja, tem senso de
pertencimento de grupo e têm necessidade de inclusão social.
Esse fenômeno, os indivíduos parcialmente deslocados segundo Niklas Luhmann:” [...] não pertencemos
a nenhum grupo inteiramente, mas nos conectamos e interagimos com outros e com diferentes grupos.
Essa condição modular desensações e emoções gera insegurança, incerteza e instabilidade. A formação
das tribos, foi formada no seio da nação com o nacionalismo.”
A ideia republicana raramente rebaixa-se a discutir com seu adversário/associado as coisas que devem
ser conservadas na memória, nega a virtude; a autoridade e a necessidade da memória histórica, assim
como, desvaloriza o próprio passado, metaforicamente uma fábrica do bem-comum.
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A condição sina qua non da vida republicana, o bem-comum foi colocada em primeiro lugar na escala de
valores, a felicidade universal foi proclamada como propósito supremo da República.
A liberdade individual contra a interferência e o direito do cidadão intervir.
A diferença entre republicanismo e liberalismo resulta no laissez-faire viver e deixar viver, o fio da história
republicana desenrola-se para criar com a liberdade individual uma comunidade que fiscaliza as
instituições e assim utiliza essa liberdade na busca comunitária do bem-comum.
A República está imigrando do Estado-nação com aspectos menos republicanos do Estado, a democracia
praticada dentro do Estado, por mais fielmente que se observem os seus procedimentos está tornando-se
cada vez mais ineficiente para preservar ou ajustar às condições vitais à vida dos cidadãos. O Estado-
nação está cada vez mais ao controle do setor privado. A globalização do capital financeiro e a da
informação, na prática, está fugindo ao controle e administração locais.
No Estado democrático liberal não há campos de concentração e de censura, a liberdade de pensamento,
de expressão e associação chegou a patamares praticamente ilimitados. A falta de controle da atual
economia gera recessão, queda de demanda de mercado e enxugamento, termos comuns.
A economia política da incerteza é o conjunto de regras para pôr fim todas as regras impostas pelos
poderes financeiro, capitalista e comercial extraterritoriais sobre as autoridades políticas locais.
O Acordo Multilateral de Investimentos nas restrições que impôs a liberdade dos governos de limitar a
liberdade de movimentos do capital, na forma clandestina de operação financeira e sob segredo em um
consentimento comum dos poderes políticos e econômicos trazido à tona pela imprensa do jornalismo
44
investigativo. A proibição das normas e regulamentos politicamente estabelecidos e garantidos e ao
desarmamento das instituições, que impediam definhar que o capital e as finanças tornar-se sem
fronteiras; agora supranacionais e globais.
Segundo Marc Bloch, a forma de poder deveria ser objeto concreto de deliberação dos cidadãos que não
pode ser imposta aos mesmos, sem que eles tivessem voz na decisão, como um custo de limitação da
liberdade republicana, ele disse:
“Tirar os pobres da miséria não é apenas uma questão de caridade e dever moral, mas condição
necessária para reconstruir uma república de cidadãos livres. A crescente dependência e agigantamento
do Estado assistencialista como fator de grande importância na ordem atual a favor dos trabalhadores
sob a ganância do lucro sobre lucro do mercado.”
Segundo Jean-Paul Marechal durante a pesada industrialização, a necessidade de construir uma forte
infraestrutura industrial e maquinaria pesada fez com que mais empregos fossem criados na área da
construção civil. Até a década de 1970 ainda havia uma relação positiva entre aumento de produtividade
e nível de desemprego, posteriormente os gráficos deste estudo gradativamente caíram.
O enfraquecimento e o definhamento da boa sociedade, progressiva erosão do espaço público-privado
criou um ambiente favorável para boas ações de solidariedade e reconhecimento de causas comuns.
Segundo Thomas Payne, criador da tese de renda básica distinguiu trabalho de não trabalho. O trabalho
foi visto por ele como uma relação de compra e venda, com a reintrodução de padrões morais.
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Existem muitas áreas necessárias para qualidade de vida e as relações humanas demandam tempo e
esforço, mas que permanecem não assistidas ou não atendidas por causa das pressões que surgem da
submissão dos interesses do mercado de trabalho.
O direito universal à renda, abaixa as apostas no jogo do consumo, a sociedade luta para monopolizar o
controle dos meios de vida, ingressar no mercado de trabalho e acesso e aquisição de mercadorias para
sobreviver no sistema capitalista. Os representantes do capital e das finanças protestam contra as
barreiras comerciais, contra o controle do movimento de capitais e contra colocação dos interesses
coletivos locais acima daqueles da competição mundial, do livre-comércio e da produtividade.
A admiração popular com a questão de identidade ajudado e estimulado pelos políticos com potencial
eleitoral pode ser uma resposta para suprir as necessidades da massa trabalhadora. O conceito de
multiculturalismo separa a cidadania da atribuição cultural e afirmação dos cidadãos. A liberdade
democrática tem cunho cultural de tolerância com a diversidade e divergências políticas. (BAUMAN,1999,
p.157-203) No próximo capítulo veremos nossa relação diplomática e financeira com os EUA no golpe
militar de 1964, desde a Era Vargas os presidentes americanos e embaixadores estreitaram a sua política
da boa vizinhança com o parceiro Brasil. Pedimos empréstimos ao FMI no regime militar que ocasionou a
exponencial aumento do déficit público e colaboramos contra o comunismo na América Latina nos anos
1960.
Capítulo 3- As Relações Exteriores do Brasil (1945-1964): o nacionalismo e a política externa
independente
46
A partir de 1958, a soma dos fatores internos e externos levou o governo de Juscelino Kubitschek a
retomar uma ativa política externa de barganha aos EUA com discurso diplomático de cunho nacionalista.
O fim da bonança econômica desenvolvimentista do biênio de 1957-1958 com as pressões do capital
estrangeiro, a crise e a transformação da sociedade brasileira, a radicalização do debate interno sobre as
relações exteriores de viés esquerdista e a criação da Comunidade Econômica Europeia deu um impulso
para a queda da taxa de crescimento do Produto Nacional Bruto, os efeitos negativos foram a inflação
aumentando o custo de vida, greves, crescimento da dívida externa e recessão. A taxa de inflação de
1956 saltou de 19,2% para 30,9% em 1960. Em outubro de 1957, a conhecida greve dos quatrocentos mil
na cidade de São Paulo, abalou a euforia da expectativa dos 50 anos em 5 com redução e interrupção do
Plano de Metas quando o governo destinou recursos públicos para a construção da capital federal de
Brasília, orçada em milhões de reais gerando ainda mais déficit nas contas do governo. Esse efeito
influenciou as receitas de exportações brasileiras como o do café, numa ofensiva diplomática o governo
aproximou-se de outros produtores visando reduzir a oferta mundial e a sustentar os preços.
A recessão norte-americana de 1957-1958 influenciou negativamente todos os países da América Latina
deteriorando os termos de troca, desfavorável aos exportadores de produtos primários e diminuindo os
investimentos no Cone-Sul. O Fundo Monetário Internacional exigiu o saneamento da economia para
liberar novos empréstimos. Em março de 1958, uma missão do Fundo Monetário Internacional veio ao
Brasil exigindo medidas de austeridade fiscal, contenção de salários, diminuindo os subsídios às
empresas, corte de gastos públicos e redução da inflação para 6% ao ano para liberar um empréstimo
47
US$ 300 milhões. Para o governo e sua base aliada, reduzir os empréstimos, os salários e o ritmo de
crescimento levaria a ruptura da aliança PSD/PTB e à desestabilização política do país.
A Operação Pan-Americana em 1958 de Juscelino Kubitschek com a intervenção dos EUA imporia uma
dependência do Brasil à política externa americana em detrimento do sistema interamericano, numa
espécie de monopólio comercial não admitindo a superação do subdesenvolvimento sem o capitalismo
industrial. O Brasil perdia no comércio mundial das ex-colônias africanas que superaram os índices
brasileiros no novo mercado de manufaturados.
No mesmo mês de março de 1958, os EUA empreenderam uma política externa ativa no Terceiro Mundo
contra a União Soviética em uma transição pacífica socialista com o nacionalismo emergente do
hemisfério sul. O modelo soviético atraía a cooperação econômica com os países emergentes.
O reatamento das relações diplomáticas brasileiras com a URSS na gestão de Getúlio Vargas gerou uma
mobilização crescente dos setores conservadores do Exército, da Igreja Católica, de alguns políticos e de
alguns setores empresariais. A agitação social das Ligas Camponesas no Nordeste e a ascensão
nacionalista radical com a eleição de Leonel Brizola para o governo do estado do Rio Grande do Sul, sua
política de nacionalizar as empresas estrangeiras no Brasil, alegando a falta de vontade das mesmas
para melhoria da infraestrutura nacional que lucravam muito antes. O descontentamento dos
trabalhadores com o aumento do custo de vida pressionava o país para um plano de estabilização e
recuperação econômica.
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Em 4 de agosto de 1959, com o então empossado novo ministro de Relações Exteriores do Itamaraty
Horácio Lafer, a nova política externa brasileira visava fortalecer a unidade continental, politicamente e
economicamente, expansão e diversificação do comércio brasileiro com o aumento das exportações e
abertura de novas relações comerciais promissoras.
A Declaração de Brasília de fevereiro de 1960 com a visita do presidente americano Dwight Eisenhower
renegociou as condições para um pacote de recuperação econômica. Os radicais da ala trabalhista do
PTB visavam a luta pelo desenvolvimento econômico contrastando com a exploração e lucros excessivos
de subsidiárias americanas de energia, comunicações e transportes no país; como um entrave a
autonomia econômica. A ofensiva contra o nacional-populismo e sua política externa, o ministro da
Fazenda é exonerado do cargo San Tiago Dantas substituído por Carvalho Pinto, representou a
inviabilidade do Plano Trienal (1961-1963) e de qualquer política de saneamento como desejava os EUA.
O governo americano considerava o então empossado presidente João Goulart (vice do presidente Jânio
Quadros que tinha renunciado) como encerrado em 1963 preparando o apoio à sua deposição. Em abril
de 1963, a revista americana U.S. News and World Report publicou um artigo prevendo sucessivos
golpes militares na América Latina destacando a situação brasileira e a influência das Forças Armadas.
Com um Congresso Nacional hostil, o presidente João Goulart tenta medidas reativas e defensivas
recuperando a Lei de Remessas de Lucros e transferindo para Petrobrás a importação de petróleo
controlada por empresas privadas. A ofensiva americana contra a abordagem política socialista de João
Goulart, aumentava e preparava o golpe militar em meio à crise econômica e política. O comício de 13 de
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março de 1964 na Central do Brasil no Rio de Janeiro, determinou a realização das Reformas de Base.
Em contrapartida, os setores conservadores da sociedade como os sargentos revoltaram-se e como
resposta a direita política mobilizou-se com um movimento civil da Marcha da Família com Deus pela
liberdade destrancando o golpe civil-militar. Em 31 de março de 1964, o presidente João Goulart é
deposto e assume o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili, um governo interino
reconhecido pelos EUA.
O novo ministro de Relações Exteriores Vasco Leitão da Cunha desejava manter relações especiais com
os EUA em benefício do desenvolvimento do país, da estabilidade democrática do continente e da paz
mundial. Com a reivindicação patrimonial das empresas americanas nacionalizadas por Brizola, o novo
governo empossado pelo general Humberto de Alencar Castello Branco, cedeu à pressão de Washington
e procedeu o saneamento interno solicitado pelo Fundo Monetário Internacional e liberou a remessa de
lucros, refinanciando a dívida externa para obter os investimentos estrangeiros negados ao presidente
deposto João Goulart. A proposta atendeu a necessidade desenvolvimentista planejada desde a gestão
de Getúlio Vargas e Juscelino Kubistchek e aos objetivos da Política Externa Independente dos anos
1960, numa correção do rumo diplomático destacando a inibição e repressão de anseios alinhados do
radicalismo da ala trabalhista sufocada pelo regime militar.
O Postulado do Pragmatismo Responsável doa anos 1970, a Política Externa Independente retornou às
demandas mundiais e potencializou o desenvolvimento posterior.
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Na gestão de Getúlio Vargas, tratava a nova Política Externa Independente: “Um entrave devido as
velhas estruturas regionais; na década de 1950, com a transformação da sociedade brasileira acentuou o
processo de urbanização e industrialização, afirmando a nova burguesia industrial, segmentos médios
urbanos, uma jovem classe operária e outros trabalhadores rurais e urbanos. Esse sistema político tinha
de responder à crescente participação popular, enquanto procurava diferenciar aspectos sociais e
regionais que fomentavam os conflitos sociais. A obtenção de capitais e tecnologia somente seria viável
pela cooperação econômica dos EUA como potência hegemônica.”
No quinquênio de 1954-1958 da gestão do presidente Café Filho empossado para substituir o
Getúlio Vargas que suicidaram tragicamente, o projeto de desenvolvimento fora abandonado
pelo liberalismo econômico extremado, enquanto a barganha nacionalista adormecera pela
afirmação da Política Externa Independente da Escola Superior de Guerra e sua concepção de
segurança nacional contra o comunismo e retomando o projeto de industrialização no setor de
bens de consumo duráveis para as classes médias e alta, numa concepção de abertura
econômica desenvolvimentista.
Na gestão de Jânio Quadros, renegocia o perfil de dependência econômica, deteriorando os termos de
comércio exterior numa queda contínua de matérias-primas e produtos agrícolas resultando em uma nova
busca de mercados abertos. O processo de desenvolvimento industrial brasileiro, simulava uma política
econômica autônoma e desenvolvimentista contra a hegemonia norte-americana e garantiria seu
protagonismo diplomático no hemisfério sul. Esse procedimento atritava com intensos momentos de
51
crises econômicas com estrangulamento do setor externo (capital estrangeiro, tecnologia e exportações)
sintetizando certos interesses comuns do operariado e a burguesia industrial (produção de bens de
consumo popular) acentuando o caráter nacionalista do período de barganha política.
A descolonização da África que ao tornar-se colônia independente perdia as vantagens tarifárias,
tornando-se um mercado alternativo de insumos industriais concorrendo com derrapante economia
brasileira.
Em 1964, o novo modelo de Política Externa Independente conhecida como Multilateral alinhava-se com
os mercados da Europa Ocidental e o Japão. Essa nova política, favoreceu uma reação conservadora
que tirava a diplomacia brasileira de suas modestas perspectivas regionais e reativas da ala trabalhista e
dos setores de organização de esquerda para uma dimensão mundial e de postura ativa associada às
necessidades do desenvolvimento econômico recuando durante o regime militar, com a propaganda
política de Brasil potência econômica em 1970 durante o governo de Emílio Garrastazu Médici.
Em Washington, cria-se a Doutrina de Segurança Nacional pós-golpe de 1964, culminando com a
contenção do movimento popular e esquerdistas, saneando a economia, abrindo ao capital estrangeiro e
restaurando a ordem institucional do regime militar, considerava:
“O novo postulado do Pragmatismo Responsável da gestão do general Ernesto Geisel, seguido nos
governos de João Figueiredo e José Sarney era uma manobra nacional à demanda mundial com projeto
desenvolvimentista e fortalecimento nacional. Com o pós-Guerra Fria as pressões neoliberais, a
globalização e a queda do império norte-americano ao esvaziamento e derrocada gradual dos programas
52
sociais estatais, aprofundou a Multilateralização do Brasil com o resto do mundo emergente, inovador e
competitivo.”
5. Conclusão:
O sistema capitalista ocidental ignorou as mudanças sociais ao longo tempo, por considerar tais como
uma ruptura de seus valores cristãos burgueses que poderia ser mais justo e solidário, se houver maior
cooperação entre todos os agentes políticos, sociais e econômicos, como por exemplo: o Estado, a Igreja,
as empresas, as organizações não-governamentais para o bem comum de todos.
É preciso ter maior distribuição da riqueza, dar valor a livre-concorrência para não engessar em uma
burocracia estatal, a eficiência, a qualidade dos produtos, a democracia cada vez mais participativa
convidando os cidadãos para participar ativamente tanto na internet quanto em comícios.
A flexibilização das relações entre pessoas, capital e trabalho mudará o mercado de trabalho. As pessoas
não ficaram mais presas a um contrato, as terceirizações e os profissionais freelancers e autônomos,
aumentarão. A internet das coisas e os sistemas integrados farão mais por nós em nossas casas, nos
nossos trabalhos e para a nossa diversão.
O declinío do Estado do Bem Estar Social deu-se no período de 1980, tendo iniciado após a Segunda
Guerra Mundial com a reconstrução do parque industrial europeu pelos investidores norte-americanos
através do Plano Marshall. Concebe ao Estado-providência como uma radicalização das funções do
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Estado-protetor, ou seja, libertar a sociedade das necessidades e do risco, da crise econômica e política
desembocando na falta de legitimação e de governabilidade. (Rosanvallon, 1981)
Após o longo ciclo de desenvolvimento nacional associa-se com a crise do Estado-nação. O impasse
entre estatização e privatização declinou o Estado-providência.
Foi preciso repensar inteiramente a organização e o controle democrático da reprodução social e as
combinações de público e privado, ou as formas de regulação.
O limitado welfare state latino americano desenvolveu-se por meio de um pacto social entre o Estado, as
empresas e os sindicatos com a substituição das importações constituído por um sistema de proteção
restrito e seletivo carecendo de proteção da universalidade e equidade. Acompanhada do impopular
ajuste fiscal, cortes salariais e desemprego culminou com a decadência das instituições sociais. (Laurell,
1998) Os novos trabalhadores, conhecidos como white collars, configuram um seleto grupo econômico e
político usando de argumentos de definiçaõ normativas para o acesso às políticas públicas da esfera do
Direito à justiça social por necessidade de mérito e status quo. (Figueiredo,1997)
O modelo escandinavo consistia em uma manutenção do pleno emprego por meio de emprego público
diferencia do modelo neoliberal que defende a redução do protecionismo, a flexibilização do trabalho e
dos salários, a centralização dos mecanismos de seletividade social (classe média e alta
preferencialmente) e a preservação da renda familiar.
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O declínio do modelo de proteção social causa um déficit previdenciário com redução da capacidade de
oferta de emprego, gerando ao mesmo tempo, o aprimoramento dos processos de desregulação do
trabalho e a desqualificação crescente da mão-de-obra tradicional.
6.REFERENCIAS:
Livros:
Artigo - Conservadorismo, liberalismo e social democracia: um estudo de Direito Político – Fernando
Braga In: HAYEK, Friedrich August. Liberalismo
OASKSHOTT, Michael. Ser conservador
WATKINS, Frederick M., KRAMNICK, Isaac.
Fascismo, nazismo e comunismo.
OWEN, David. A social democracia.
MERCADANTE, Paulo: Consciência conservadora no Brasil,
Artigos acadêmicos:
Conservadorismo, liberalismo e social democracia: um estudo de Direito Político – Fernando Braga
NASSIF, Luís - Os cabeças de planilha: Como o pensamento econômico da era FHC repetiu os
equívocos de Rui Barbosa. Ed. Ediouro, Rio de Janeiro, 2007
55
SADER, Emir – Pós-neoliberalismo: As Políticas Sociais e o Estado Democrático, Ed. Paz e Terra, São
Paulo, 2000. Org. SADER, Emir; BORÓN, Atílio; ANDERSON, Perry
VIZENTINI, Paulo Fagundes – Relações Exteriores do Brasil (1945-1964): O nacionalismo e a política
externa independente, Ed. Vozes, Petrópolis, 2004
7.Anexos
Referências da internet
Acesso portal Conservador: http://portalconservador.com/uma-nova-perspectiva-sobre-ser-conservador/:
Definição do termo e uma nova perspectiva no século XXI
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http://www.revistaamalgama.com.br/10/2014/foi-o-governo-fernando-henrique-neoliberal/ Acesso 10/08/16
14:36
O Teatro da Política: O desafio na economia, Luís Lima e Marcos Coronato, p.58-66, revista Época
edição 951 (05/09/2016)
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