Transcript
Page 1: Monografia Iniciação Científica (final)

0

PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIC

DEPARTAMENTO DE CANTO

ORIENTADOR(A): Prof.(ª) DENISE JUSSARA SARTORI

ALUNO(s): HELEN BOVO TÓRMINA ZANÃO

O PAPEL DAS VOGAIS E CONSOANTES NA TÉCNICA VOCAL DO CANTO

ERUDITO

Curitiba, 20 de agosto de 2010.

Page 2: Monografia Iniciação Científica (final)

1

PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIC

DEPARTAMENTO DE CANTO

ORIENTADOR(A): Prof.(ª) DENISE JUSSARA SARTORI

ALUNO(s):HELEN BOVO TÓRMINA

O PAPEL DAS VOGAIS E DAS CONSOANTES NA TÉCNICA VOCAL DO CANTO

ERUDITO

Relatório contendo os resultados finais do projeto de

iniciação científica vinculado ao Programa PIC-Embap

Curitiba, 20 de agosto de 2010

Page 3: Monografia Iniciação Científica (final)

2

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente, por estar comigo todos os dias, me dando

inspiração e ânimo para cumprir com meu trabalho.

Logo em seguida, um agradecimento muito especial ao meu amado esposo e filha,

pelo apoio e por terem se privado da minha companhia diversas vezes. À minha amada

mãe, pelo incomparável incentivo.

Agradeço à minha orientadora, Prof. Denise, por ter me aconselhado e ter sido fonte

de ideias valiosas, e também à fonoaudióloga Dóris Beraldo pelas conversas e indicações

de livros, essenciais à realização deste trabalho.

Finalmente, agradeço à Fundação Araucária pelo apoio financeiro, e à Embap, pelo

apoio organizacional para o desenvolvimento desta pesquisa.

Page 4: Monografia Iniciação Científica (final)

3

RESUMO

A presente pesquisa investigou a função dos fonemas (segmentos vocálicos e

consonantais) existentes na língua portuguesa no Brasil dentro dos exercícios de

técnica vocal, praticados por professores, cantores e estudantes de canto erudito. A

pesquisa se baseou em entrevistas e questionários com e professores alunos de canto,

levantamento bibliográfico pertinente ao tema e observações de aulas e de práticas dos

estudantes em máster classes. Esta investigação adentrou principalmente as áreas de

fisiologia da voz e fonética articulatória. Foram encontradas diversas utilidades

específicas para determinadas consoantes e vogais, entre elas: melhorar a projeção

sonora, tonificar a musculatura do trato vocal, promover maior adução de pregas vocais,

promover maior eficiência respiratória, aquisição de timbre metálico, correção de

hipernasalidade, entre diversas outras.

Palavras chave: vocalize, canto erudito, consoantes, vogais, fonética

articulatória e fisiologia da voz.

Page 5: Monografia Iniciação Científica (final)

4

ABSTRACT

This study investigated the role of phonemes (vowel and consonant segments) on the

Portuguese language in Brazil within the exercises in vocal technique, practiced by teachers,

singers and students of classical singing. The research was based on interviews and

questionnaires with students and teachers of singing, literature relevant to the subject and

classroom observations and practices of students in master classes. This research mainly

entered the areas of voice physiology and articulatory phonetics. We have found many uses

for certain specific consonants and vowels, among them: improving the sound projection, tone

the muscles of the vocal tract, promoting greater adduction of vocal cords, and greater

respiratory efficiency, acquisition of metallic timbre, correction of hypernasality, and many

others.

Keywords: vocalize, classical singing, consonants, vowels, articulatory fonetics an

physiology of the voice.

Page 6: Monografia Iniciação Científica (final)

5

SUMÁRIO

Resumo.....................................................................................................................................03

Abstract....................................................................................................................................04

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................07

2 OBJETIVOS.........................................................................................................................07

3 DESENVOLVIMENTO......................................................................................................08

3.1 METODOLOGIA UTILIZADA..................................................................................08

3.2 REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................09

3.2.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS DA VOZ..................................09

3.2.1.1 Órgãos Ressonadores...................................................................................09

3.2.1.2 Órgãos Articuladores..................................................................................29

3.2.2 ANATOMIA E FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS DO SISTEMA

RESPIRATÓRIO.........................................................................................................31

3.2.2.1 Processo Respiratório..................................................................................31

3.2.2.2 Órgãos do Sistema Respiratório..................................................................33

3.2.2.3 Musculatura Abdominal..............................................................................36

3.2.3 DIFERENÇAS ENTRE VOZ FALADA E VOZ CANTADA...........................41

3.2.3.1 Ajustes do Trato Vocal...............................................................................41

3.2.3.2 Diferenças da Respiração na Fala e no Canto.............................................42

3.2.4 INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS BÁSICOS DE ACÚSTICA -

RESSONÂNCIA E PROJEÇÃO DA VOZ......................................................................43

3.2.4.1 Bases Físicas para a Fonação....................................................................43

3.2.4.2 A Formante do Cantor..............................................................................46

3.2.5 A FALA DE ACORDO COM A FONÉTICA...................................................47

Page 7: Monografia Iniciação Científica (final)

6

3.2.5.1 Músculos de Articulação Fonética e suas Funções: Musculatura dos

Lábios, Mandíbula e Bochechas..........................................................................48

3.2.5.2 Seguimentos Consonantais......................................................................49

3.2.5.3 Seguimentos Vocálicos............................................................................51

4 RESULTADOS.................................................................................................................53

4.1 PRODUÇÃO E POSSÍVEL UTILIZAÇÃO DAS CONSOANTES EM TÉCNICA

VOCAL......................................................................................................................54

4.2 PRODUÇÃO E POSSÍVEL UTILIZAÇÃO DAS VOGAIS EM TÉCNICA

VOCAL......................................................................................................................81

5 DISCUSSÃO......................................................................................................................82

6 CONCLUSÃO...................................................................................................................87

REFERÊNCIAS..................................................................................................................89

APÉNDICES........................................................................................................................91

Page 8: Monografia Iniciação Científica (final)

7

1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa apresenta um estudo inicial da utilidade das vogais e consoantes

do português brasileiro dentro dos exercícios de técnica vocal. Este estudo procurou entender

desde o processo de produção da voz, descrevendo a anatomia e fisiologia dos órgãos

responsáveis para tanto, até o processo da produção dos fonemas da língua portuguesa

brasileira (sua articulação e mudanças no trato vocal). Complementando esta descrição, para

uma melhor compreensão da aplicação destes fonemas, este estudo traz as sugestões da

fonoaudiologia para a utilização destes fonemas, e exemplificando os exercícios sugeridos por

fonoaudiólogos e os exercícios mais utilizados no treinamento dos alunos do curso Superior

de Canto da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP).

À medida que o conhecimento se aprofundava no tema pesquisado, percebi a

necessidade de reformulação de algumas idéias e adequação do projeto às reais possibilidades

de realização deste, e compreendi o quão complexo e extenso será o desenvolvimento deste

estudo. Pesquisadores passam em média dois anos estudando grupos separados de vogais,

como a Dra. Silvia Maria Rebelo Pinho, a qual na ocasião de seu mestrado, escreveu sobre

“Configurações do trato vocal nas vogais orais do português”. Assim, entende-se que um ano

é insuficiente para concluir esta pesquisa.

Infelizmente, a observação dos exames foi inviabilizada pelo hospital previamente

selecionado, primariamente em razão da Gripe H1N1, posteriormente por motivo

desconhecido.

Este estudo teve como alicerce três áreas de conhecimento: a fonética articulatória, a

fisiologia da voz e uma breve passagem por acústica.

2. OBJETIVOS

Durante o curso desta pesquisa, muitas das idéias iniciais tiveram que ser

reformuladas, inclusive alguns objetivos.

Page 9: Monografia Iniciação Científica (final)

8

Um dos objetivos era observar o funcionamento das pregas vocais durante a fonação

de todas as vogais e consoantes do sistema fonético da língua portuguesa brasileira. Contudo,

com a evolução do estudo, foi compreendido que a observação somente das pregas vocais não

seria suficiente para atingir a meta realmente desejada, que é conhecer como funcionam e para

que servem os exercícios usados no desenvolvimento da técnica vocal erudita. Os Objetivos

passaram a se resumir em um único objetivo geral:

• Observar e descrever as alterações de todo o trato vocal supraglótico e conformação

das pregas vocais durante a produção dos fonemas da língua brasileira, e assim compreender

melhor a função destes fonemas nos exercícios vocais – também conhecidos como vocalizes –

praticados para obtenção da técnica necessária a prática do canto erudito.

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 METODOLOGIA UTILIZADA

Para o desenvolvimento da pesquisa a aluna utilizou três artifícios: observação em

campo, entrevistas e questionários e levantamento bibliográfico.

O primeiro foi a observação de cantores em aulas e master classes que aconteceram

uma vez por semana nas segundas-feiras no período da tarde, de agosto a dezembro de 2009.

Durante estas observações a aluna catalogou os problemas técnicos que eram mais facilmente

observáveis durante a apresentação de seus colegas. Estas observações resultaram em uma

tabela com os problemas técnicos mais freqüentemente observados que se encontrará nos

resultados.

O segundo consistiu em entrevistas com os alunos do curso superior de canto e

preenchimento de questionários, o roteiro destas entrevistas e os questionários se encontram

nos apêndices. Neste âmbito a aluna encontrou certa relutância por parte dos alunos em

responder perguntas como idade e dificuldades técnicas.

O terceiro se deu na realização de um levantamento bibliográfico. No calendário

proposto no projeto, a idéia inicial era realizar este levantamento em seis meses – outubro de

2009 a fevereiro de 2010. No entanto devido à complexidade do tema, este levantamento

Page 10: Monografia Iniciação Científica (final)

9

levou oito meses para ser concluído, e tiveram de ser consultadas bibliotecas que não fizeram

parte do pré-estudo. Sendo assim, a principal biblioteca consultada foi a da Universidade

Tuiuti do Paraná, onde nos foi aberta a possibilidade de fazer o cadastro entre as bibliotecas

da Embap e da Tuiuti, que agora pode ser utilizada por todos os alunos da Embap. Também

foi consultada a biblioteca da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, sendo menos

acessada devido à distância. Nesta segunda universidade, não foi realizado o cadastro para

empréstimo interbibliotecas, sendo colocado aqui neste relatório como uma sugestão que pode

ser de muita valia à todos os alunos da Embap.

Além do levantamento bibliográfico utilizado para desenvolver o referencial teórico, a

aluna realizou um levantamento de títulos necessários ao prosseguimento da pesquisa. Esta

lista de títulos se encontrará nos apêndices.

3.2 REVISÃO DA LITERATURA

3.2.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS DA VOZ

3.2.1.1 Órgãos ressonadores

3.2.1.1 a) Boca

A boca constitui um dos órgãos mais importantes para produção de fonemas, pois

além de ser o principal articulador é um importante ressonador da voz. É capaz de diversas

variações em forma e tamanho, um dos fatores que nos permite falar e cantar. É constituída

por estruturas fixas (dentes, maxila e palato duro) e móveis (língua, palato mole e mandíbula)

(GARDNER, 1964).

Estas estruturas são responsáveis pela dicção, formando o som dos fonemas através da

articulação entre uma estrutura e outra. No livro "Fonética e Fonologia do Português" de

Cristófaro (1998), a autora cita a classificação entre fonemas pela diferença de ressonância:

oral ou nasal. Essa diferença acontece pelo posicionamento do véu palatino, que subindo,

Page 11: Monografia Iniciação Científica (final)

10

veda a passagem do ar vindo pela glote em direção às cavidades do nariz, permanecendo toda

a ressonância – fenômeno que será descrito no parágrafo – na boca. O efeito contrário se dá

quando o palato permanece abaixado, deixando livre a entrada do ar nas cavidades nasais,

tendo a ressonância do som neste local. Uma maneira simples de diferenciar um segmento do

outro é posicionar os dedos indicadores na face rente ao nariz. Os segmentos nasais deixam

que esta região tenha vibração, já os orais permanecem sem vibração neste local.

Fonte:

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/corpo-humano-sistema-digestivo/imagens/sistema-

digestivo-37.jpg

3.2.1.1 b) Fossas Nasais

O primeiro contato que o ar tem com o corpo humano se dá nas fossas nasais, onde é

filtrado, umedecido e aquecido. As fossas nasais são compostas de duas cavidades paralelas,

que tem início nas narinas seguindo até orifícios chamados coanos, os quais se comunicam

com a rinofaringe. São separadas uma da outra pelo septo nasal, constituído por uma parede

cartilaginosa. No interior destas cavidades, existem vincos chamados cornetos nasais, que se

subdividem em corneto inferior, médio e superior, onde o ar é forçado a turbilhonar. São

revestidas de um tecido dotado de cílios e células produtoras de muco, estruturas que também

são encontradas nas vias aéreas inferiores, como traquéia, brônquios e porção inicial dos

Page 12: Monografia Iniciação Científica (final)

11

bronquíolos. No teto das fossas nasais existem células sensoriais, responsáveis pelo sentido do

olfato (GARDNER, 1964). Esta cavidade é separada da faringe pelo palato mole e “pode

controlar a claridade e a beleza da voz” 1.

3.2.1.1 c) Seios paranasais

Le Huche (2005) os define como cavidades associadas às fossas nasais que se

comunicam com estas por meio de pequenas aberturas chamadas ostium. São divididos em

frontal, etmoidal, esfenoidal e maxilar, sendo o último o maior. De acordo com Le Huche,

estas cavidades "aparentemente não desempenham nenhum papel na fonação2". De fato,

diversas fontes relatam que o papel destas cavidades é controverso, contudo a grande maioria

ainda as cita como caixas de ressonância da voz. Cristófaro (1998) e Issler (1983) escreveram

sobre a ressonancia nasal como importante fator de diferenciação entre os fonemas.

Pinho(2001) no capítulo "Introdução à análise acústica da voz e da fala" cita diversos

fenômenos acústicos que ocorrem com a voz, como o dentre eles efeito damping ou

abafamento acústico que podem acontecer quando o som é direcionado para as cavidades

nasais, dando uma característica diferenciada a este som.

Os seios da face possuem dois tipos de finalidades: estrutural e funcional3. Serão

citadas algumas de suas principais. Estruturalmente, servem para reduzir o peso do crânio,

participam do crescimento facial e ajudam a proteger o crânio de traumas. Funcionalmente,

além da função como caixa ressonadora, serve para aquecimento e umidificação do ar, já que

o ar é forçado a turbilhonar nestas cavidades. Também contribuem para a secreção de muco

para retenção de impurezas, pois o epitélio que o reveste é repleto de células excretoras de

muco. Ainda servem como isolante térmico e equilibram a pressão nasal (GUYTON, 1976).

Cavidades nasais, boca e seios da face:

1 MARTINEZ, E.; SARTORI, D. J.; GORIA, P.; BRACK, R. "Regência coral: princípios básicos". p. 178. 2 LE HUCHE, F; ALLALI, A. "A Voz – Anatomia e fisiologia dos órgãos da voz e da fala". p.26. 3 http://www.dgsotorrinolaringologia.med.br/apost_sinusopatias.htm

Page 13: Monografia Iniciação Científica (final)

12

Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

3.2.1.1 d) Faringe

É um canal em forma de tubo, posterior às cavidades da boca e do nariz, que se

prolonga para baixo por detrás da laringe, sendo um canal comum ao sistema respiratório e

digestório. No caminho que o ar percorre no nosso corpo, tanto o ar respirado pela boca

quanto aquele respirado pelo nariz passa pela faringe antes de atingir a laringe. Seu

comprimento varia entre 13 cm e 14 cm (LE HUCHE, 2005; GARDNER, 1964). Estende-se

da base do crânio até a margem inferior da cartilagem cricóidea, anteriormente, e

posteriormente até a margem inferior da vértebra C6, sendo mais larga na direção oposta ao

osso hióide (5 cm) e mais estreita no limite inferior (1,5 cm), onde começa o esôfago. É

dividida em três regiões: a nasofaringe ou rinofaringe, a orofaringe e a hipofaringe, também

denominada laringofaringe. é de composição músculo membranosa da qual uma camada de

músculos é circular e outra é longitudinal (GARDNER, 1964).

Com grande flexibilidade, é capaz de contrair-se lateralmente (alargando-se ou

estreitando-se) ou de trás para frente (encurtando-se ou alongando-se). Essas variações

dependem dos movimentos da elevação e abaixamento da laringe. Esta estrutura é constituída

pelos seguintes músculos (GARDNER, 1964):

Page 14: Monografia Iniciação Científica (final)

13

- Constritor superior: responsável pela contração da parte superior da faringe. Permite

o ajuste da forma da faringe.

- Constritor mediano: responsável pela contração da parte média da faringe. Também

permite o ajuste da forma da faringe.

- Constritor inferior: responsável pela contração da parte inferior da faringe.

- Estilofaríngeo: responsável por elevar a faringe e aumentar seu diâmetro.

- Salpingofaríngeo: também eleva a laringe; é responsável pela abertura da tuba

auditiva.

A faringe é dividida em três partes: a rinofaringe ou nasofaringe (parte nasal), a

orofaringe (parte oral) e a laringofaringe (parte laríngea) (LE HUCHE, 2005).

- Rinofaringe ou nasofaringe: situa-se na parte posterior da cavidade nasal, acima do

palato mole (GARDNER, 1964). Tem função respiratória, pois permite a passagem do ar

(GUYTON, 1974).

- Orofaringe: situa-se na parte posterior da cavidade oral, abaixo do palato mole

(GARDNER, 1964). Tem função respiratória e digestória, permitindo tanto a passagem de ar

quanto a de alimentos (GUYTON, 1974).

- Laringofaringe: situa-se na parte de trás da laringe e estende-se da parte superior da

epiglote à base da cartilagem cricóide (GARDNER, 1964). Como a orofaringe, tem função

respiratória e digestória (GUYTON, 1974).

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br

3.2.1.1 e) Laringe

Page 15: Monografia Iniciação Científica (final)

14

É o principal órgão da voz (LE HUCHE,2005) . Apesar disso, a fonação seria uma

função secundária deste órgão. A primeira função da laringe consiste em proteger as vias

aéreas superiores e inferiores, resguardando as vias aéreas superiores contra agentes estranhos

(como poeira, por exemplo) que possam obstruir o mecanismo respiratório e também

bloqueando as vias aéreas inferiores na deglutição, (prevenindo a entrada de comida ou

fluidos pela traquéia nos pulmões), na defecação e no esforço físico excessivo (TSUJI, 2009).

Este órgão é formado por um tubo situado zona média e anterior do pescoço, abaixo

do osso hióide como continuação da faringe, entre esta e a traquéia (GARDNER, 1964). É

sustentada por cartilagens articuladas, e formada por músculos e ligamentos. Sua entrada

chama-se glote e se localiza na altura da C4, onde possui uma fibrocartilagem em forma de

“U” chamada epiglote, que se conecta anteriormente ao osso hióide por ligamentos e tem sua

borda livre projetada em direção à faringe. (GARDNER,1964). A epiglote funciona como

uma válvula que fecha a laringe quando nos alimentamos, evitando que alimentos adentrem as

vias respiratórias (GARDNER, 1964; LE HUCHE, 2005).

Seu limite inferior se dá na cartilagem cricóide, onde a traquéia tem início, e seu

comprimento normalmente é um pouco maior nos homens do que nas mulheres (cerca de 5

cm de comprimento nos homens) (GARDNER, 1964). Seu tecido possui várias glândulas

produtoras de muco que englobam partículas de poeira que não foram retidas nas fossas

nasais(GARDNER, 1964).

Em seu interior é constituída por seis cartilagens4 (três pares e três ímpares), um grupo

de músculos extrínsecos (que ligam a laringe às estruturas externas e dividem-se em um grupo

de quatro músculos supraióideos5 e quatro infraióideos

6), e um grupo de onze

7 músculos

intrínsecos responsáveis pela adução e abdução das pregas vocais, cuja vibração produz sons

(GARDNER, 1964).

Laringe

4 Cartilagens pares: Aritenóides, Corniculatas e Cuneiformes. Cartilagens ímpares: Epiglote, Tireóide e Cricóide

5 Músculos responsáveis pela elevação da laringe, sendo um dos quatro músculos pares e o restante ímpares. 6 Músculos responsáveis pelo abaixamento da laringe 7 Um músculo ímpar e dez pares,

Page 16: Monografia Iniciação Científica (final)

15

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br

Suporte estrutural da Laringe

O suporte estrutural da laringe é composto pelos seguintes elementos:

- Osso hióide

- Cartilagens ímpares e medianas: tireóide, cricóide e epiglótica.

- Cartilagens pares e laterais: aritenóides, corniculatas e cuneiformes (GARDNER,

1964).

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/corpo-humano-sistema-respiratorio/

Page 17: Monografia Iniciação Científica (final)

16

Osso Hióide

Situa-se exatamente acima da cartilagem tireóide e sua particularidade é a de não se

articular com nenhum outro osso. Liga-se a músculos da laringe e tem articulação com o

chifre superior da cartilagem tireóide, ligando-se a ela por meio da membrana tireóide. Faz

parte do aparelho suspensor da laringe (GARDNER, 1964).

Cartilagem Tireóide

É a maior cartilagem da laringe. Por ser composta de cartilagem hialina, sofre

processo de ossificação, fato que limita sua flexibilidade com o passar dos anos. É formada

por duas lâminas quadriláteras e verticais que se unem na frente como uma capa de livro

ligeiramente aberta (GARDNER, 1964). Estas lâminas formam um ângulo de

aproximadamente 90º no homem e 120º na mulher. Esta diferença significa, entre outros

fatores, pode significar que homens têm pregas vocais maiores e, conseqüentemente, vozes

mais graves; e que mulheres têm pregas menores e vozes mais agudas (MARTINEZ, 2000).

Estas lâminas juntam-se na linha mediana, formando a proeminência chamada pomo-de-adão,

mais visível nos homens. A cartilagem tireóide tem projeções (cristas) em suas partes inferior,

superior e nos cantos. A crista superior faz ligação com o osso hióide e a crista inferior curva-

se para o interior, repousando sobre a cartilagem cricóide e articulando-se com a mesma

(GARDNER, 1964).

Cartilagem Epiglótica ou Epiglote

Com a forma de uma pétala, é delgada e flexível, composta de cartilagem elástica e

coberta de membrana mucosa. Situa-se entre a parte posterior da língua e a glote, sua ponta

inferior se prende à porção interna do ângulo interno da cartilagem tireóide (GARDNER,

1964). Esta cartilagem pode impedir que comida e bebida passem pela laringe durante a

deglutição (GUYTON, 1976). Por ser elástica, não sofre calcificação e permanece flexível, o

Page 18: Monografia Iniciação Científica (final)

17

que faz com que o espaço glótico permita a passagem de ar para os pulmões e também de

comida e bebida pelo esôfago (GARDNER, 1964).

Cartilagem Cricóide

Tem “a forma de um anel largo e achatado, com a pedra voltada para trás” 8 e situa-se

abaixo da cartilagem tireóide, articulando-se com a mesma por meio de duas concavidades

ovais em suas faces posteriores. Forma a base da laringe, a parte frontal inferior da mesma e

grande parte de suas paredes. Abaixo dela encontram-se a traquéia e os pulmões (GARDNER,

1964).

Cartilagens Aritenóides

São cartilagens pares, pequenas e simétricas, com a forma de uma pirâmide com o

ângulo agudo voltado para cima. Suas bases são côncavas e repousam sobre a parte superior

da cartilagem cricóide, com a qual se articulam. As cartilagens aritenóides têm uma função

muito importante: são responsáveis por qualquer alteração na posição das pregas vocais

(PINHO,2008).

A base de cada aritenóide apresenta duas projeções anteriores e laterais,

respectivamente: o processo vocal, no qual se inserem as pregas vocais, e o processo

muscular, no qual se inserem outros músculos responsáveis por movimentos de deslizamento

e rotação (MARTINEZ, 2000).

8 LE HUCHE, F.; ALLALI, A. A voz: Anatomia e Fisiologia dos Órgãos da Voz e da Fala. p. 69.

Page 19: Monografia Iniciação Científica (final)

18

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/corpo-humano-sistema-respiratorio/laringe-9.php

Cartilagens Corniculatas

São pequenas estruturas em forma de cone constituídas de tecido elástico situadas na

parte posterior das pregas ariepiglóticas. As cartilagens corniculatas se articulam com as

cartilagens aritenóides e às vezes podem estar fundidas às mesmas (MARTINEZ, 2000).

Cartilagens Cuneiformes

Pequenas estruturas de formato circular situadas uma de cada lado das pregas

ariepiglóticas.

As cartilagens corniculatas e cuneiformes estão ligadas entre si por ligamentos e

articulações que permitem o deslizamento de uma sobre a outra (GARDNER, 1964).

Cartilagens e Pregas Vocais

Page 20: Monografia Iniciação Científica (final)

19

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/corpo-humano-sistema-respiratorio/laringe-6.php

Musculatura extrínseca da laringe

Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000

De acordo com Pinho (2007), a musculatura extrínseca possui importante papel na

deglutição, na fala e no canto. Pinho (2007) descreve que a musculatura, a qual envolve a

laringe, é formada por um complicado sistema muscular fechado que atua juntamente com os

músculos intrínsecos como um único sistema. A musculatura extrínseca tem diversas funções

Page 21: Monografia Iniciação Científica (final)

20

como abaixar, fixar e tracionar a parte anteroposterior a laringe como um todo, além de

estabilizá-la. Esses músculos também determinam a movimentação das cartilagens da laringe,

e embora a musculatura intrínseca seja a responsável pela conformação das pregas vocais, os

músculos extrínsecos ainda podem exercer influência na forma da glote e na pressão

subglótica, na tensão das pregas vocais, na intensidade e na ressonância.

Essa mesma autora expõe que a musculatura extrínseca opera na voz em diferentes

registros:

“À medida que se vocaliza em direção aos agudos independentemente do registro

utilizado, há uma tendência à elevação da laringe. Entretanto, isto é mais notório no registro

de peito do que no registro de cabeça, comparando-se a posição da laringe na mesma

freqüência. Portanto, comparativamente, no registro de cabeça, a laringe assume posição

mais baixa do que no registro de peito, em notas mais agudas. É por esta razão que no canto

belting, utilizado nos musicais da Broadway, a emissão vocal mostra-se similar àquela

utilizada durante a fala com predomínio do registro de peito, mesmo que em notas bem

agudas. (...) A função da musculatura extrínseca no controle da freqüência da voz humana é

imprescindível tanto para tons mais altos quanto para tons mais baixos.” (PINHO et al, p.:

157, 158)

Essa musculatura é ligada à língua, à mandíbula, ao osso hióide, à faringe, à traquéia e

à laringe, onde sua ligação se dá “quase que exclusivamente por via da cartilagem tireóide, e

assim pode-se aplicar sua influência laríngea diretamente sobre as pregas vocais” (PINHO,

2007 pg. 155), também possuindo inserção em algumas estruturas externas. É dividida em

músculos supraióideos e infraióideos (acima ou abaixo do osso hióide).

Os músculos supraióideos que têm por função elevar e tracionar antero posteriormente

a laringe são os músculos genioióide, miloióide e ventre anterior do digastrico. Já os

infraióideos têm por função o abaixamento da laringe, puxando para baixo a cartilagem

tireóide e o osso hióide. Esses músculos se nomeiam Esternotireóideo, Tiroióideo,

Esternocleidoióideo ou Esternoióideo e Omoióideo (PINHO et al, 2007). Algumas

propriedades desses dois grupos serão apresentados a seguir.

Musculatura Extrínseca Supraióidea

Page 22: Monografia Iniciação Científica (final)

21

Responsáveis pela elevação da laringe, esses músculos causam estiramento das pregas

vocais, aumento da pressão subglótica e alteração das cavidades de ressonância, além de

prender a laringe à parte superior do tórax e determinar a relação da língua e da mandíbula

com o osso hióide (PINHO et al, 2007).

Genioióideo

É o músculo mais profundo supraióideo. Tem sua inserção na face anterior do osso

hióideo e na apófise gênio inferior9 e se alarga na medida em que prossegue para baixo e para

trás. Sua função consiste em elevar a língua e o osso hióideo para cima e para frente (PINHO

et al, 2007). Estas autoras afirmam que esse músculo exerce uma força indireta na cartilagem

tireóide, e que é um músculo importante em fonações que envolvem altas freqüências.

Inervação: ramos oriundos da alça cervical. (GARDNER, 1964)

Miloióideo

Equivale a um músculo fino, inserido sobre a linha miloióidea, na face posterior do

corpo maxilar inferior, e tem suas fibras voltadas para baixo e para dentro. Compõe um

assoalho sobre o qual se assentam o músculo gênioióideo e a glândula sublingual. Sua função

é mais articulatória do que estabilizadora do osso hióide, sendo que é descrito como

levantador do osso hióide, da base da língua e do soalho da boca. Inervação: nervo miloióideo

(n. trigêmeo). Vascularização: artéria alveolar posterior (a. maxilar) (PINHO et al, 2007)..

Digástrico

Possui esse nome por ter “dois ventres”: um anterior e um posterior, unidos à um

tendão intermediário. Entre suas funções estão: elevar a laringe, o osso hióide e deprimir a 9 Situa-se sobre a face posterior do corpo maxilar inferior em sua posição mediana, próximo ao bordo inferior.

Page 23: Monografia Iniciação Científica (final)

22

mandíbula, e apresentam atividade na deglutição, fonação e tosse. O ventre posterior tem sua

origem na incisura digástrica e sua inserção na borda superior do osso hióide. O ventre

anterior tem sua origem na fossa digástrica e processo gênio e sua inserção na borda superior

do osso hióide passando através da faixa tendínea que aproxima o tendão intermediário do

osso hióide. Inervação: ventre anterior - nervo Miloióideo (n. trigêmeo), ventre posterior -

ramo digastrico (n. facial) Vascularização: artéria submentoniana no ventre anterior e artéria

ociptal no ventre posterior (PINHO et al, 2007).

Estiloióideo

Sua função se dá em levantar e retrair o osso hióide e levantar a base da língua. Sua

origem situa-se no processo estilóide do osso temporal, abrindo-se em dois feixes musculares,

inserindo-se na junção do osso hióide com o chifre superior da cartilagem tireóide. Inervação:

ramo Estiloióideo. Vascularizarização: artéria occipital (a. carótida externa) (PINHO et al,

2007).

Musculatura Extrínseca Infraióidea

São músculos abaixadores da laringe e do maxilar inferior quando se força a abertura

da boca. Puxam a cartilagem tireóide e o osso hióide para baixo. Pinho et al (2007) conta que

este grupo da musculatura extrínseca aparentemente tem maior influência nas pregas vocais.

Costuma-se classificar esses músculos em plano profundo e plano superficial, sendo aqui o

músculo a e b do primeiro, c e d do segundo respectivamente (PINHO et al, 2007).

Esternotireóideo

Sua função consiste em bascular a cartilagem tireóide e tem efeito tensor das pregas

vocais. É uma músculo par, longo e achatado em sentido ântero-lateral. sua origem se dá

Page 24: Monografia Iniciação Científica (final)

23

embaixo da face posterior do manúbrio esternal e sobre a parte externa da primeira cartilagem

costal, dirigindo-se verticalmente para cima e obliquamente para fora. Sobe em direção oposta

ao esterno, formando com ele um “V”, cruza o corpo da tireóide e se insere na face externa da

asa tireóidea, subindo a linha oblíqua que os une (PINHO et al, 2007). Inervação: ramos da

alça Cervical (n. do hipoglosso) com fibras de C1 à C3. Vascularização: arteríolas

provenientes da artéria tireóidea superior e da artéria tiroideia inferior (GARDNER, 1964).

Tiroióideo

Dá continuidade ao músculo anterior acima da cartilagem tireóide. Sua função consiste

em aproximar a cartilagem tireóide ao osso hióide, rolando a cartilagem tireóide para cima e

afetando o comprimento, a massa e a tensão das pregas vocais. Tem importante papel no

estreitamento da glote durante a expiração. Esse músculo tem mais atividades na produção de

altas freqüências. Tem sua inserção anterior no corno maior do osso hióide e posterior na

cartilagem tireóide (PINHO et al, 2007). Inervação: Nervo do Hipoglosso (C1 e C2).

Vascularização: arteríolas provenientes dos ramos tiroideu e lingual da artéria tiroideia

superior (GARDNER, 1964).

Esternocleidoióideo ou Esternoióideo

É um músculo abaixador da laringe e do osso hióide e tem importante desempenho na

produção de sons de freqüência mais baixa. Sua contração pode causar aumento da pressão

subglótica e intensidade vocal durante a fonação (PINHO et al, 2007). Tem sua inserção no

bordo da extremidade interna da clavícula, no ligamento esternoclavicular e na parte vizinha

do manúbrio esternal. Inervação: asa do nervo hipoglosso (XII). Vascularização: artérias

tireóidea superior e inferior (GARDNER, 1964).

Omoióideo

Page 25: Monografia Iniciação Científica (final)

24

Também abaixador do osso hióide, Zemlim descreve como causador de tensão na

fáscia cervical, impedindo o colapso do pescoço durante a inspiração profunda e evitando que

os vasos do pescoço e ápice dos pulmões sejam comprimidos durante a inspiração.

(ZEMLIM, 2000. p.119 a 204). Esse músculo também possui dois ventres e se estende do

bordo superior da escápula, dirigindo-se para cima, para dentro e para frente, cruzando os

escalenos e passando por trás do esternoióideo (PINHO et al, 2007).. Inervação: ramos da alça

cervical do nervo hipoglosso. Vascularização: não encontrada na bibliografia (GARDNER,

1964).

Musculatura Intrínseca da laringe

De acordo com Dominguez, essa musculatura é formada por um grupo de onze

músculos, dos quais um é impar e o restante é par, que contribui para a respiração, controlam

os movimentos refinados das pregas vocais, sendo então a principal musculatura responsável

pela fonação. Pinho (2008) alega que este é o grupo muscular responsável pelo controle da

freqüência e intensidade da voz por gerarem variação na pressão do ar subglótico, tensão e

modificações da massa vibrante nas pregas vocais. Pinho (2008) ainda ressalta que alguns

destes músculos são compostos de compartimentos diferentes que funcionam

independentemente.

Todos têm suas origens, inserções na área interna da laringe. A laringe, na sua

conformação interna, estende-se desde o aditus até ao bordo inferior da cartilagem cricóidea e

apresenta três zonas, limitadas pelas cordas vocais e pelas bandas vestibulares: o vestíbulo, o

ventrículo e a subglote (PINHO, 2008).

Os músculos intrínsecos da laringe também se dividem em três classificações: adutores,

abdutores e tensores (PINHO, 2008). Todos são inervados pelo nervo recorrente, com exceção

do músculo cricotireóideo (PINHO, 2008).

Músculos adutores:

Page 26: Monografia Iniciação Científica (final)

25

Consistem nos músculos que realizam o fechamento das pregas vocais. Este grupo é

composto pelos aritenóideos oblíquos (músculos pares), aritenóideo transverso (músculo

ímpar), cricoaritenóideos laterais (músculos pares) e pelos tiroaritenóideos externos

(músculos pares) (PINHO, 2008).

Aritenóideos ou Aritenoepiglóticos (AA)

Possui duas porções: uma profunda e outra superficial, de disposições transversa e

oblíqua respectivamente. Ambas as porções contribuem para a adução glótica, e por este

motivo são referidos de maneira geral como músculos aritenóideos. Estes músculos são

importantes não apenas na fonação, mas para realizar atividades como defecar, vomitar, tossir

ou levantar peso (PINHO, 2008).

Na porção transversa, esse músculo se estende até a face posterior dos músculos

aritenóides. As fibras mais profundas do aritenóideo transverso se prolongam em torno das

cartilagens aritenóideas, mesclando-se ás fibras do tiroaritenoideo. A contração da porção

transversa aproxima as cartilagens aritenóideas da linha média, contribuindo para o

fechamento do espaço da glote, cooperando para a fonação através de uma ação de adução

(PINHO, 2008).

As porções oblíquas, mais superficiais que a anterior, é constituída de duas partes

cruzadas que tem inserção na base do processo muscular de uma cartilagem aritenóidea

transitando até o limite superior da outra. A ação independente deste músculo gera adução dos

processos vocais destas cartilagens, formando nas pregas vocais uma extensa fenda glótica.

Sua função é aproximar essas cartilagens em seus ápices e juntar sua porção transversa as

bases, regulando a compressão medial das pregas vocais, promovendo adução. Contudo, esses

músculos não têm efeito sobre as características vibratórias das pregas vocais, sendo

fornecedores de suporte para outros músculos no controle da freqüência fundamental,

intensidade vocal e registros, características as quais serão abordadas no capítulo sobre

ressonância e projeção da voz (PINHO, 2008).

Cricoaritenoideos Laterais (CAL)

Page 27: Monografia Iniciação Científica (final)

26

Têm sua origem no arco cricóide e sua inserção no processo muscular dos aritenóides.

Existe em número par e é de pequeno tamanho. Suas fibras acabam se fundindo com as do

músculo tiroaritenoideo, de maneira em que na região lateral do pescoço não se consegue

diferenciar um músculo do outro. A ação destes músculos provoca uma rotação interna,

aproximando as pregas vocais da linha média, onde se separam as porções cartilaginosas.

Quando estimulados em conjunto com os tiroaritenóideos, causam aumento da pressão

subglótica. Muito importantes para a fonação e no reflexo de fechamento glótico, impedindo a

entrada de corpos estranhos nas vias aéreas inferiores. Também influenciam moderadamente

o controle da freqüência fundamental da fala e intensidade vocal, além de serem responsáveis

pelo sussurro (PINHO, 2008).

Tiroaritenóideos Externos (TA externo)

Estende-se da face anterolateral dos aritenóides ao ângulo entrante dos tireóides, indo

desde a tireóide até a epiglote. Sua principal função é o controle da intensidade. Sua ação dá

volume às pregas vocais, aproximando-as ao encurtá-las.

Este músculo forma parte da prega vocal em sua zona profunda, passando a denominar-se

músculo vocal ou músculo tiroaritenoideo interno fazendo-se distinção com o tiroaritenoideo

externo (PINHO, 2008).

Músculos Abdutores

Cricoaritenoideos Posteriores (CAP)

É um músculo bilateral, de morfologia triangular que se origina na face posterior da

lâmina cricóidea e cursa um trajeto lateral e externo no qual se insere distalmente no processo

muscular das aritenóides. Sua ação produz uma rotação externa com a qual produz a abertura

Page 28: Monografia Iniciação Científica (final)

27

das pregas vocais. Esse é o único músculo intrínseco abdutor, favorecendo a respiração

(PINHO, 2008).

Músculos Tensores

Cricotireóideos (CT)

Tem sua origem na porção anterolateral da cartilagem cricóide e sua inserção na borda

inferior da cartilagem cricóide. A ação desse músculo estira e tenciona a prega vocal, sendo

assim, um músculo essencial à fonação e ao canto. Diferentemente dos outros músculos

intrínsecos, esse músculo é tem sua inervação pelo nervo laríngeo externo (PINHO, 2008).

Tiroaritenóideos internos (TA interno)

Também chamado de músculo vocal ou porção tireovocal, o TA interno é formado por

fibras branco-peroladas, com alto controle sensorial. Suas fibras são ágeis, contudo sofrem

fadiga mais rapidamente, e algumas de suas fibras tem um padrão muito distindo de outros

músculos do corpo.

Pinho (2008) nos adverte que o TA deve ser considerado como apenas um músculo,

dividido em três partes: TA interno, TA externo e projeção superior do TA ( correspondendo

ao músculo ventricular responsável por medializar as pregas vestibulares). É muito difícil

diferenciar o TA externo do TA interno, pois entre eles não existe fáscias divisórias. O TA

interno ainda tem dois subcompartimentos: superior e inferior. O inferior, de coloração mais

esbranquiçada, modifica sua espessura de acordo com a intensidade da vibração.

A principal função deste do TA interno é encurtar as pregas vocais e moderar a

contração do CT. Sendo assim, esse é o músculo responsável pelo controle de freqüência e

pela emissão vocal.

Page 29: Monografia Iniciação Científica (final)

28

Estrutura das Pregas vocais

As pregas vocais são divididas em duas pregas constituídas de tecido muscular, as

quais formam o espaço glótico. A parte vibratória das pregas vocais é constituída pelos

músculos tiroaritenoideos internos.

Prega Vocais

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/gramatica/fonetica-1.php

Mecanismo de Funcionamento das Pregas vocais

Durante a fonação, os músculos adutores (o cricoaritenoideo lateral e os

interaritenoideos transverso e oblíquo) contraem-se e aproximam as pregas vocais, e a pressão

do ar expirado produz movimentos ondulatórios sucessivos horizontais, entrecortando o fluxo

aéreo e produzindo o tom fundamental da voz. Esse som gerado na laringe pode ser

modificado na sua passagem pelo nariz e boca pela movimentação dos lábios, língua e palato

(ISSLER, 1983). Na respiração, os músculos abdutores (os cricoaritenoideos posteriores)

contraem-se, afastando as aritenóides e, por conseqüência, as pregas vocais, permitindo a

passagem de ar pela glote (PINHO, 2008).

Page 30: Monografia Iniciação Científica (final)

29

Anatomia das Pregas Vocais

Fonte:

http://www.ibb.unesp.br/nadi/Museu2_qualidade/Museu2_corpo_humano/Museu2_como_funciona/Museu_homem_nervoso/

Museu2_homem_nervoso_audicao/Museu2_homem_nervoso_audicao_voz.htm

Pregas ventriculares (Falsas pregas vocais ou pregas Vestibulares)

Localizam-se acima das pregas vocais. Originalmente não desempenham função,

porém, em situações de emissão vocal indevida ou de grande intensidade sonora, podem

entrar em ação por serem compostas, em parte, por algumas fibras do músculo tiroaritenoideo

externo – o que permite a vibração das mesmas em condições anormais (PINHO, 2008).

3.2.1.2 Órgãos Articuladores

3.2.1.2 a) Língua

Participa das funções de mastigação, deglutição, fala e paladar, e é provavelmente o

órgão articulador mais importante. Por ser uma estrutura constituída de músculos extrínsecos

Page 31: Monografia Iniciação Científica (final)

30

e intrínsecos, é bastante móvel, e seu formato pode ser mudado: pode encurtar-se, estreitar-se,

tornar-se plana ou prolongar-se por ação dos músculos extrínsecos, e elevar-se, abaixar-se,

estender-se para frente ou para trás por ação dos músculos intrínsecos.

A contração destes músculos produz diversos posicionamentos da língua, o que

resulta na mudança do formato e do tamanho da cavidade oral. (GARDNER, 1964)

Partes da Lingua

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/

3.2.1.2 b) Lábios

"Duas dobras musculofibrosas que limitam a abertura d boca." (GARDNER, 1964,

p.806). A face interna de cada um deles é ligada à gengiva correspondente por uma dobra da

mucosa chamada "frênulo do lábio" (GARDNER, 1964). Sendo assim, podem mudar o

formato da boca e desempenham um papel importante na articulação dos fonemas labiais e na

qualidade de emissão das vogais. (CRISTÓFARO, 1998; LE HUCHE, 2005)

3.2.1.2 c) Mandíbula ou maxilar inferior

Page 32: Monografia Iniciação Científica (final)

31

Estrutura móvel em forma de "U", formada por duas partes simétricas fundidas à parte

anterior. Tem ligação com a articulação temporomandibular (ATM), a qual liga a mandíbula

ao crânio, e é o osso mais forte da face. (GARDNER, 1964)

3.2.1.2 d) Palato

"Constitui o teto da boca e o soalho das cavidades nasais" (GARDNER, 1964; p.806).

É dividido em duas partes: o palato duro, parte óssea anterior que ocupa dois terços da

cavidade oral, e o palato mole, o terço posterior constituído por tecido fibromuscular. O

palato mole tem formato de arco com uma projeção, a úvula, e divide parcialmente a

rinofaringe da orofaringe. É de extrema importância para a fonação e para o canto por fazer

movimentos de dobradiça próximos à sua inserção com o palato duro (GARDNER, 1964; LE

HUCHE, 2005).

3.2.2 ANATOMIA E FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

3.2.2.1 O Processo Respiratório

A função essencial da respiração é fornecer oxigênio para células e retirar o dióxido de

carbono resultante da atividade da produção de energia.

O sistema respiratório é constituído de um par de pulmões, órgãos responsáveis pela

hematose, e por mais uma série de estruturas responsáveis pela entrada e saída de ar fossas

nasais, a boca, a faringe, a laringe, a traquéia, os brônquios, os bronquíolos e os alvéolos, os

três últimos se localizando dentro dos pulmões. Essa seqüência nos da idéia do caminho

percorrido pelo ar em nosso corpo.

A respiração é dividida em dois processos: inspiração e expiração. A Inspiração, que

promove a entrada de ar nos pulmões, dá-se pela contração da musculatura do diafragma e

dos músculos intercostais.

Page 33: Monografia Iniciação Científica (final)

32

Primeiro o diafragma promove o descimento da parte inferior da caixa torácica, que é

expandida no sentido vertical. Depois, os intercostais externos e os músculos cervicais elevam

a parte anterior da caixa torácica, fazendo com que as costelas formem ângulo menor com a

vertical, o que alonga a espessura anteroposterior dessa caixa, e em conseqüência, há uma

redução da pressão interna com relação à externa10

, forçando o ar a entrar nos pulmões da

seguinte forma: o ar entra pelas narinas dilatadas onde é filtrado, aquecido e umedecido e

segue pela faringe (que sofre aumento tanto pela descida da laringe quanto pela comum

elevação da cabeça) (GUYTON, 1976).

Quando o ar chega à laringe, esta sofre descida, as cordas vocais se separam, ou assim

se mantém se já estiverem separadas. A Laringe é responsável por reter as partículas de pó

que passaram pela filtragem do nariz. Em seguida, o ar é conduzido pela traquéia (que sofre

aumento de calibre e também apresenta descida) passando pelos brônquios que vão se

subdividindo até que terminam em sacos sem fundo (alvéolos pulmonares) (TSUJI, 2009).

Nos alvéolos pulmonares acontece a hematose, processo onde o gás oxigênio do ar

difunde-se para os capilares sangüíneos e penetra nas hemácias, combinando-se com a

hemoglobina, enquanto que o gás carbônico (CO2) é expulso pelas vias aéreas na expiração

(GUYTON, 1976).

A expiração, que promove a saída do ar dos pulmões, os músculos participantes são os

abdominais e, em menor grau, os intercostais internos. Os músculos abdominais produzem a

expiração por dois modos: primeiro, puxam a caixa torácica para baixo, o que reduz a sua

espessura; depois forçam o deslocamento para cima das costelas e do conteúdo abdominal, o

que empurra também para cima o diafragma, diminuindo a dimensão vertical da cavidade

pleural. Os músculos intercostais internos participam do processo de expiração por

tracionarem as costelas para baixo, diminuindo a espessura do tórax. Assim, com a

diminuição do volume, a pressão interna aumenta e o ar é forçado a sair dos pulmões

(GUYTON, 1976).

Mecanismo da respiração:

10 Não existem ligações físicas entre os pulmões e a parede torácica. Em vez disso, os pulmões são mantidos como que

empurrados contra essa parede por pequeno vácuo no espaço intrapleural, que é o espaço extremamente reduzido entre os pulmões e a parede torácica, e que possui o líquido intrapleural com uma pressão interna de -4 mmHG.

Page 34: Monografia Iniciação Científica (final)

33

3.2.2.2 Órgãos do Sistema Respiratório

Traquéia

Continuação da laringe, a traquéia localiza-se na C6 logo abaixo da cartilagem

cricóide e acaba bifurcando-se na crista anteroposterior, em nível de T5 no 2º espaço

intercostal11

, onde a traquéia se divide nos brônquios. Por causa de suas relações vasculares a

traquéia é mais próxima do pulmão direito que do esquerdo. É constituída por um tubo

membranoso de 1,5 cm de diâmetro aproximado e 10 a 12 cm de comprimento, com paredes

11 Ângulo de Louis: corresponde a uma elevação no osso esterno, formada pelo ângulo entre o

manúbrio esternal e o restante do esterno. Definição retirada de: http://www.inca.gov.br/pqrt/download/tec_int/cap2_p2.pdf

Page 35: Monografia Iniciação Científica (final)

34

reforçadas por cerca de 16 a 20 anéis cartilaginosos incompletos sobrepostos e atrelados por

tecido conjuntivo. No epitélio da traquéia existem cílios e glândulas produtoras de muco, que

englobam partículas de pó e bactérias que são retirados da região pelo movimento dos cílios,

levando-os a serem expelidos ou engolidos posteriormente (GARDNER, 1964; LE HUCHE,

2005).

Figura Traquéia e Brônquios:

Fonte: http://www.viaaereadificil.com.br/anatomia/anatomia.htm

Brônquios

Ramos em que se decompõe a traquéia, são divididos em dois brônquios principais,

que se subdividem brônquios lobares e posteriormente em segmentares. Cada brônquio

principal se desdobra da bifurcação da traquéia, penetrando no hilo do pulmão

correspondente, dividindo-se no parênquima do pulmão (GARDNER, 1964).

Ambos os brônquios são estruturas móveis e elásticas, e da mesma forma que a

traquéia, conseguem modificar seu comprimento. São vascularizados pelas artérias

bronquiais e a drenagem sanguínea acontece através das veias bronquiais (GARDNER,

1964). Posteriormente se subdividem em bronquíolos que terminam nos alvéolos, que são

sacos aéreos delicados, com paredes muito finas contendo capilares, onde ocorre a troca

Page 36: Monografia Iniciação Científica (final)

35

gasosa no sangue através de capilares muito finos. Os alvéolos ainda contêm dentro de si

um líquido chamado surfactante alveolar, que mantém a pressão intra-alveolar suficiente

para que os alvéolos permaneçam abertos(GUYTON, 1976).

Pulmões

Principais órgãos da respiração, são bastante complexos, e serão abordados de maneira

mais simplificada e resumida possível. São órgãos em forma de funil, que se localizam no

tórax, alcançando em sua base o diafragma e em seu ápice ultrapassando ligeiramente a

clavícula, tendo sua zona superior chamada de cúpula. Cada pulmão, envolto em seu

respectivo saco pleural12

, está preso ao coração e à traquéia pela raiz e pelo ligamento

pulmonar, estando os dois livres na cavidade torácica (GARDNER, 1964).

O espaço entre os pulmões e a caixa torácica é chamado de espaço intrapleural,

existindo uma determinada pressão neste espaço, chamada de pressão intra-pleural Os

Pulmões de um recém nascido têm coloração róseo clara, e o de um adulto normalmente

apresenta manchas azuladas ou cinzentas em um fundo azulado, devido a penetração de

poeira atmosférica inalada com o passar dos anos. São órgãos esponjosos, de tecido brilhante,

elástico e macio. (GARDNER, 1964)

Existem diferenças entre o pulmão direito e o esquerdo, sendo o primeiro mais pesado

que o segundo. O direito é mais curto que o esquerdo devido à posição mais alta da cúpula

direita do diafragma, que tem esta disposição por ser pressionado pelo lobo direito do fígado.

Além disso, é também mais largo devido ao coração e pericárdio se sobressaírem para a

esquerda. (GARDNER, 1964)

Cada pulmão é dividido em uma base, um ápice, três bordas (anterior, inferior e

posterior), três faces (costal,medial e diafragmática) e três faces interlobares ocultas pela

profundidade das fissuras. Quanto a estas fissuras, mais uma vez existe diferença entre um

pulmão e outro: o esquerdo é dividido em lobos superior e inferior por uma fissura oblíqua e o

direito, dividido em lobos superior, inferior e médio por uma fissura oblíqua e uma horizontal

(GARDNER, 1964).

12 Pleura - A pleura é uma membrana escorregadia que forra a parede torácica e o mediastino, se refletindo do mediastino

para o pulmão, sendo facilitadora da movimentação dos pulmões na caixa torácica. Tem aparência serosa e brilhante. É

dividida em pleura visceral, e parietal, onde a parietal ainda se subdivide em mediastinal, costal, diafragmática e cervical

(GARDNER, 1964).

Page 37: Monografia Iniciação Científica (final)

36

Fonte: FERLAUD, C. In: GUIZZO, João (Ed.). Atlas “O Corpo Humano”. 16ª edição. São Paulo: Ática, 2006.

3.2.2.3 Musculatura Abdominal

A musculatura abdominal é de extrema importância nos processos inspiratório e

expiratório. No processo inspiratório, os músculos abdominais atuantes são o diafragma

(provavelmente, o mais importante) e os intercostais externos; no processo expiratório, os

músculos atuantes são os intercostais internos, transverso abdominal, oblíquos interno e

externo e reto abdominal (MARTINEZ et al, 2000).

Musculatura Abdominal

Page 38: Monografia Iniciação Científica (final)

37

Fonte http://pgfysio.blogspot.com/

Músculos da Inspiração

Diafragma e intercostais externos

O diafragma é uma divisória músculo tendinosa em forma de cúpula que separa a

cavidade torácica da abdominal. Este músculo apresenta duas cúpulas: a cúpula diafragmática

esquerda e a direita, sendo esta última mais alta do que a primeira (GARDNER, 1964).

Os músculos intercostais localizam-se entre as costelas e são divididos em internos e

externos (GARDNER, 1964). Sartori (1996) relata haver muitas controvérsias sobre a real

função destes músculos, e que geralmente se atribui atividade na inspiração para os

intercostais externos, e na expiração para os intercostais internos.

Na inspiração, o tórax aumenta de volume de três formas: verticalmente, pois o

diafragma contrai-se e é puxado para baixo, o que reduz a pressão intratorácica e produz

aumento da pressão intra-abdominal; horizontalmente, por deslocamento da parede abdominal

para frente; e horizontalmente por alargamento do tórax, pois as costelas são movidas para

cima pela contração dos músculos intercostais externos (GARDNER, 1964).

Page 39: Monografia Iniciação Científica (final)

38

Fonte: http://www.perfilpilates.com.br/o-diafragma-na-respiracao/

Músculos Acessórios

São músculos que não participam tão ativamente na respiração, mas que são acionados

durante uma inspiração mais vigorosa. Este grupo é composto pelo grande dorsal ou

latissimus dorsi, escaleno (posterior, médio e anterior), esternocleidomastóideo, subclavo,

peitoral maior e menor, levatoris costarum e serratus posterior e superior.

MÚSCULOS DA EXPIRAÇÃO

Na expiração, participam ativamente os músculos Transverso abdominal, oblíquos

interno e externo, reto abdominal e finalmente os intercostais internos, mencionados acima

(MARTINEZ et al, 2000).

O músculo transverso abdominal situa-se nas partes frontal e lateral do abdômen e

também abaixo do músculo oblíquo interno. Ele forma um cinto de fibras horizontais que se

estende desde a parte posterior da coluna vertebral lombar até a linha Alba do abdômen. É

responsável por comprimir a massa visceral e contrair o abdômen (GARDNER, 1964).

O músculo oblíquo interno é mais superficial que o transverso e recobre-o quase que

inteiramente. Localiza-se nas partes frontal e lateral das paredes da cavidade abdominal e suas

fibras são oblíquas de baixo para cima e de trás para frente, cruzando com as fibras do

Page 40: Monografia Iniciação Científica (final)

39

músculo oblíquo externo. Na sua contração, empurra a parede abdominal para dentro e dirige

as costelas inferiores para baixo (GARDNER, 1964).

O músculo oblíquo externo é mais superficial que o oblíquo interno e o recobre quase

que inteiramente. É um músculo plano e largo composto por fibras que se irradiam de cima

para baixo e de baixo para cima, estendendo-se por toda a parede abdominal. Este músculo

comprime a parede abdominal e pode auxiliar o controle da expiração (GARDNER, 1964).

O músculo reto abdominal é um músculo vertical em forma de fita que se estende na

parte frontal da cavidade abdominal, com fibras que se irradiam de baixo para cima. Este

músculo alarga-se em sua parte superior. Quando contraído, empurra a massa visceral para

dentro e também pode abaixar as costelas inferiores e o esterno (GARDNER,1964).

Os músculos abdominais contraem-se e puxam a caixa torácica para baixo, reduzindo

suas dimensões; depois, empurram para cima as costelas e a massa visceral, o que faz com

que o diafragma também seja empurrado para cima, diminuindo as dimensões da cavidade

pleural. Os músculos intercostais internos tracionam as costelas para baixo, fazendo com que

as dimensões do tórax diminuam. Assim, com a diminuição do volume, há aumento da

pressão interna e o ar é forçado a sair dos pulmões (MARTINEZ et al, 2000).

Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000

Page 41: Monografia Iniciação Científica (final)

40

TIPOS DE RESPIRAÇÃO

Respiração torácica superior, apical ou clavicular

Caracteriza-se pela expansão da parte superior do tórax, com levantamento dos

ombros e da clavícula. As costelas e o diafragma levantam-se e a parede abdominal é

passivamente pressionada para dentro. De um modo geral, atletas se utilizam deste tipo

respiratório de um modo bastante intensificado durante a prática de atividade por promover

uma troca gasosa rápida (LE HUCHE, 2000)..

Sartori (1996) elucida que este tipo de respiração corresponde à fala ou à voz não-

direcionada e aconselha a não se utilizar da respiração superior no canto por gerar tensões nos

ombros e pescoço, além de elevar a posição da laringe e não ter um controle satisfatório da

laringe.

Respiração abdominal

Este tipo de respiração pode ser observada com freqüência em bebês. O diafragma

contrai-se sem que haja levantamento significativo das costelas. Os músculos oblíquo e

transverso produzem conjuntamente retração da parede abdominal (o que empurra o

diafragma para cima) e abaixamento costal “de alça de balde”, que produz um estreitamento

da caixa torácica (LE HUCHE, 2000). Esses dois movimentos combinados produzem

compressão da parte inferior do pulmão. Sartori (1996) afirma que este método não permite

um domínio eficaz do movimento muscular e não produz pressão subglótica satisfatória.

Respiração intercostal diafragmática

Page 42: Monografia Iniciação Científica (final)

41

Neste tipo respiratório as costelas são expandidas e o diafragma contrai-se. De acordo

com Sartori (1996), esse método de respiração tem uma maior eficiência no canto por permitir

ao cantor maior controle sobre a ação muscular e também possibilitar maior circulação de ar.

Para os cantores um termo muito comum que faria parte da expiração neste modelo de

respiração seria o "apoio". Podemos definir apoio como o esforço dos músculos abdominais

para manter as costelas abertas, resultando em uma sustentação mais constante do som

vocalizado ou cantado com a pressão do ar.

3.2.3 DIFERENÇAS ENTRE VOZ FALADA E VOZ CANTADA

3.2.3.1 Ajustes do trato Vocal

Behlau et al (2005) cita no livro “Voz, o livro do especialista” que é muito simples

diferenciar a voz falada da cantada, contudo, diferenciar os ajustes feitos para a produção

tanto de um tipo de voz quanto do outro nem sempre é tão simples. A autora cita que, em

geral, a emissão da voz falada é inconsciente, dispensando ajustes, em contrapartida, para a

produção da voz cantada, é exigida uma série de ajustes obtidos através de treinamento

prévio.

Russo (1999) descreve que na voz falada, para emissão principalmente de consoantes,

o trato vocal sofre uma série de mudanças de forma e tamanho, devido à modificação da

posição da língua e/ou pela ação da musculatura faríngea.

Nos estudos feitos por Figueiredo, Bortoli, Kyrillos e Hamam (2006) comparando

características de cantores líricos com cantores populares, foi observado durante exames

laringoscópicos presença de constrição antero-posterior significativamente aumentada na voz

dos cantores líricos, encontrando-se também nas vozes faladas destes cantores.

Esta mesma constrição, além de outras alterações futuramente descritas, foi observada

e descrita por Pinho, Tsuji, Camargo e Hanayama (2003) no estudo sobre a voz metálica.

Contudo, como o próprio grupo de pesquisadores citou em seu trabalho, a bibliografia de

Behlau e Pontes (1995) explica que esta constrição antero-posterior no caso dos cantores não

significa necessariamente inequação vocal, pois esta ocorre devido a aproximação das

Page 43: Monografia Iniciação Científica (final)

42

cartilagens aritenóides à epiglote, formando assim uma nova caixa de ressonância e obtendo

enriquecimento da projeção vocal.

Figueiredo, Bortoli, Kyrillos e Hamam (2006) ainda citam a bibliografia de Sataloff e

Spiegel(1991), onde se descreve o efeito “Lombard”, que seria a tendência que um cantor tem

de promover uma compensação do ruído de fundo (no caso de uma apresentação com

orquestra por exemplo) aumentando o volume de sua voz.

3.2.3.2 Diferenças da respiração na fala e no canto

A respiração na voz falada acontece de forma natural, rápida e pela boca durante uma

frase longa, e de forma vagarosa e nasal durante uma pausa prolongada (BEHLAU et al,

2005). Durante o repouso, a proporção do ciclo inspiração/expiração é de 40% para 60%,

enquanto que na fala esta relação muda para 10% inspiração e 90% expiração (ISSLER,1983).

O ciclo da expiração na fala é passivo, e seu ritmo esta sujeito a mudanças decorrentes da

emoção do falante (BEHLAU et al, 2005).

Esta relação se mantém no canto, entretanto é uma das poucas semelhanças. A

respiração no canto não é um ato inconsciente, mas sim educada para que utilize uma

musculatura diferenciada e precisa, fazendo com que seus ciclos aconteçam de acordo com a

frase musical (BEHLAU et al 2005).

Diferentemente da expiração na fala, o processo da soltura de ar no canto é ativo, e

mantém todas as paredes do tórax expandidas pelo máximo tempo possível (BEHLAU et al,

2005). Behlau et al(2005, pg. 308) cita que Miller em “The mechanics of singing:

coordenating fisiology and acoustics in singing”, afirma que um cantor habilidoso produz

uma pressão subglótica constante, coordenando um início de fonação adequado com o

controle do ar expirado. Em seguida a mesma autora cita diversas fontes que acreditam que o

controle respiratório seja essencial para o cantor, e que a falta deste pode trazer prejuízos de

projeção ou criar padrões compensatórios da voz.

Sartori (1996), como citado anteriormente, ao falar dos três tipos de respiração

(abdominal, clavicular e intercostal diafragmática), recomenda que o tipo respiratório

Page 44: Monografia Iniciação Científica (final)

43

utilizado no canto seja o intercostal diafragmático por promover “apoio13

” mais efetivo e uma

quantidade de ar inspirado superior, promovendo melhor sustentação do som.

3.2.4 INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS BÁSICOS DE ACÚSTICA – RESSONÂNCIA

E PROJEÇÃO DA VOZ

Para melhor compreender o próximo capítulo se faz necessário entender alguns

conceitos do ramo da física denominado acústica, que, por sua vez estuda a geração, a

propagação e a detecção das ondas mecânicas associadas ao som. Ao falarmos sobre voz,

entendemos esta como um som emitido pelo corpo humano. O som é entendido como a

impressão fisiológica que ondas mecânicas, periódicas e regulares, com freqüências

compreendidas entre 20 e 20000Hz14

, causam ao nosso ouvido. Entenda-se também, que

quanto maior a freqüência, mais agudo é o som, e quanto menor, mais grave. Esta qualidade é

chamada de altura. (TALAVERA, CARRILHO E TRIGO, 2002; p 133)

Sabe-se também que o som se propaga no ar através de onda15

longitudinal. Numa

onda longitudinal, os pontos oscilam na mesma direção de propagação da onda. Assim, se um

volume de ar for percorrido por uma onda sonora, suas diversas camadas serão

alternadamente comprimidas e expandidas na direção do seu avanço. Sua velocidade de

propagação no ar varia conforme a temperatura, sendo de aproximadamente 318 metros por

segundo, a uma temperatura de -17ºC e de aproximadamente 340 metros por segundo, a uma

temperatura de 20ºC. (TALAVERA, CARRILHO E TRIGO, 2002; p 114, 133 e 134)

3.2.4.1 Bases físicas para a fonação

O som produzido pela laringe é um som de baixa intensidade, e de acordo com Issler

(1983), seria inaudível sozinho.

13 Para os cantores, apoio é a pressão da musculatura abdominal, fazendo com que a caixa toráxica permaneça aberta por

mais tempo. Esta pressão é utilizada como compensação do esforço laríngeo devido ao alto nível de pressão subglótica. 14 Freqüência é dada pelo número vibrações, por unidade de tempo. Sua unidade de medida é Hz, que é igual a ciclos por

segundo. (ROEDERER, 2002; p 44) 15 Onda é uma perturbação oscilante de alguma grandeza física no espaço e periódica no tempo. (WIKIPÉDIA)

Page 45: Monografia Iniciação Científica (final)

44

Para que este som tenha intensidade suficiente, é necessário o mesmo seja

amplificado. A ampliação do som acontece através do fenômeno acústico chamado

ressonância, o qual é de suma importância, não apenas pela projeção da voz, mas também por

auxiliar os cantores a averiguar se sua emissão vocal está correta.

No dicionário de Bueno (1996) a definição de ressonância se dá por “fenômeno físico

pelo qual o ar que existe dentro de uma cavidade é suscetível de vibrar com freqüência

determinada por influência de um corpo sonoro, produzindo reforço de vibrações”.

Para Issler (1983), ressoar é soar junto, e as estruturas que participarão da ressonância

da voz se encontram acima da glote, sendo espaços cheios de ar, massas musculares, mucosas

da faringe, cavidades nasais e orais.

Mais específicamente, o sistema de ressonância da voz é composto pelas seguintes

estruturas:

- Ressonadores infraglóticos16

: traquéia, tubos bronquiais, pulmões e caixa torácica.

- Ressonadores supraglóticos17

: laringe, faringe (rinofaringe, orofaringe e

laringofaringe), boca, cavidade nasal e seios paranasais.

De acordo com Russo (1999) o sistema ressonador da voz seria o responsável central

pelas características estéticas da voz.

Segundo Pinho e Camargo (1998), a condição para que o fenômeno da ressonância

aconteça dentro do trato vocal, é de que se estabeleçam ondas estacionárias18

dentro do trato

vocal e que exista compatibilidade entre o comprimento das ondas produzidas e as dimensões

do tubo formado por este trato.

O trato vocal tem seu limite inferior na glote e limite superior nos lábios e nariz, que

pode ser chamado de filtro. Conforme as autoras acima, o tubo constituído pelo trato vocal é

considerado um “ressonador não acentuadamente afinado”, por ter paredes ligeiramente

curvas e uma extremidade aberta.

Para esta classificação de ressonador, se considera as partículas do ar do lado de fora

do trato vocal como parede refletora, o que somente é possível se a distância entre a fonte

(pregas vocais em vibração) e a parede refletora (partículas de ar do ambiente localizadas na

extremidade aberta do trato vocal) for igual 1/4λ ou 3/4λ ou múltiplas desses valores. Nessas

condições, é possível que a onda incida na parede refletora (ar do lado de fora da boca)

exatamente no ponto de compressão máxima ou de rarefação máxima, constituindo ondas

estacionárias, e desta maneira ressonância (PINHO E CAMARGO, 1998). 16 Localizados abaixo da glote. 17 Localizados acima da glote. 18 Ondas estacionárias são formadas quando duas ondas sonoras idênticas que se movem em sentido contrário se encontram.

Page 46: Monografia Iniciação Científica (final)

45

Pinho e Camargo (1998) ainda consideram que no caso do trato vocal, podem ocorrer

ondas estacionárias de freqüências diferentes ao mesmo tempo, pois como o tamanho do tubo

é ligeiramente variável, ele pode estar afinado em freqüências diferentes, dependendo do local

considerado.

Issler (1983) afirma que a ressonância acontecerá se as estruturas acima descritas

possuírem a mesma freqüência de vibração da onda sonora resultante da laringe, que irão

estender o “tom fundamental laríngeo” também chamado de freqüência fundamental.

Roederer (2002, p. 21) define freqüência fundamental como “frequencia de repição de um

padrão de vibração, descrito pelo número de oscilações por segundo”. Esta freqüência é

determinada pelas propriedades da fonte que a produz, como veremos abaixo.

Issler (1983) ressalta que a freqüência fundamental, chamada em acústica de F₀, é

alterada ao sair da glote, pois esta vibração ocupa espaços cheios de ar e estruturas de

diferentes massas, dimensões, configurações e funções, estando algumas destas em

movimento. Sendo assim, esta freqüência vai sofrer o que a acústica chama de reforço de

sobretons19

.

Existem uma série de variáveis fisiológicas que também alteram a freqüência

fundamental, aumentando ou diminuindo a mesma, sendo as três primeiras responsáveis pelo

aumento da Freqüência e as três últimas pelo decréscimo desta. São elas: pressão subglótica,

tensão longitudinal, elasticidade das pregas vocais, pregas vocais compactas, massa das

cordas em vibração e peso das cordas vocais (ISSLER, 1983).

Issler (1983, p. 89) também cita dois princípios de ressonância que são interessantes

no estudo da voz. O primeiro diz que quanto maior a massa, menor a freqüência de oscilação,

aplicando-se à prega vocal diretamente quanto à produção de sons graves; o segundo afirma

que a velocidade de vibração é diretamente proporcional a rigidez, se pensarmos em

diferenças de vibração entre músculos e ossos. Neste mesmo capítulo, a autora ainda fazer

referência aos pesquisadores House e Stevens, que consideram três fatores como sendo

fundamentais para determinar o padrão de ressonância:

1. “O lugar de maior constrição do trato vocal’.

2. “O grau de constrição nesse ponto.”

3. “O grau de arredondamento dos lábios”

“Estas três variáveis são importantes para precisar a ressonância acústica

durante a produção das vogais.” (ISSLER, 1983; p 89) 19 Sobretons: Um sobretom (overtone) é um componente senoidal de uma forma de onda com freqüência maior do que sua

freqüência fundamental. Definição de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sobretom

Page 47: Monografia Iniciação Científica (final)

46

Pinho e Camargo (1998) descrevem alguns fenômenos pelos quais ocorre a

ressonância da voz. Um deles o seria o processo chamado função de transferência, que

acontece quando há o ajuste perfeito do comprimento das ondas e dimensões do tubo,

enfatizando as ondas de ressonâncias naturais do trato vocal ou modos naturais de vibração

deste aparelho, ondas quais chamamos de formantes. Quando este sinal filtrado chega aos

lábios, ocorre um segundo fenômeno chamado de efeito da radiação, onde o som será

propagado para fora do trato vocal e receberá reforço de energia em 6dB20

por oitava .

Estas mesmas autoras ainda salientam que a ressonância da voz ainda pode ocorrer

pelo fenômeno de simpatia, onde uma estrutura que vibra com uma determinada freqüência,

se próxima de outra estrutura de freqüência similar, vibram juntas por simpatia. Pinho e

Camargo (1998) dão o exemplo prático de aproximar dois diapasões de mesma freqüência e

desencadearmos a vibração de um deles, acontece a vibração do segundo por simpatia.

Quanto à ressonância, os fonemas são classificados de duas maneiras: nasais e orais,

sendo as cavidades orofaríngeas ressoadoras dos fonemas orais, e as cavidades velofaríngeas

ressonadoras dos fonemas nasais (Cristófaro, 1998; Issler, 1983; Callou e Leite, 1990;

Russo,1999).

Para que a ressonância do fonema nasal ocorra, a corrente de ar chega na orofaringe

tem de encontrar o véu palatino abaixado, havendo assim um espaço para que o ar chegue nas

cavidades nasais. O grau de ressonância nasal dependerá da posição do palato mole, podendo-

se encontrar diferentes graus de ressonância nasal (Russo,1999).

Em contrapartida, para que exista a ressonância oral, o véu palatino deverá encontrar-

se levantado, bloqueando a passagem de ar que leva aos seios nasais. (Cristófaro, 1998; Issler,

1983; Callou e Leite, 1990; Behlau 2005)

3.2.4.2 A formante do cantor

Podemos denominar formantes como ondas de ressonância do aparelho fonador.

Russo (1999), define formantes como “faixas de frequências que concentram maior energia

acústica”.

20 dB – Decibel - Nível de intensidade sonora.

Page 48: Monografia Iniciação Científica (final)

47

Pinho et al (2007, pg 25) cita a definição de Sundberg para formante do cantor:

“Proeminência do espectro acústico, envolvendo um pico de freqüência, pela junção do

terceiro, quarto e quinto formantes, amplificando assim, os harmônicos de 2.000, 3.000 e

4.000Hz, decrescendo o nível de pressão sonora em direção aos agudos”.

Behlau (2005) resume as distintivas do canto lírico em controle respiratório

desenvolvido, presença de formante do cantor e valorização do vibrato. Em posição diferente,

Pinho et al defende que o bom desempenho do cantor não depende excepcionalmente de

presença do formante do cantor, pelo fato do cantor lírico desenvolver diversos artifícios

técnicos vocais, imprescindíveis para a boa qualidade de sua arte.

3.2.5 A FALA DE ACORDO COM A FONÉTICA

De acordo com Cristófaro (1998), Fonética é a ciência detentora dos métodos para

descrição, classificação e transcrição dos sons da fala.

Neste trabalho abordaremos apenas o ramo desta ciência chamado de fonética

articulatória, que examina a fonação sob o enfoque fisiológico e articulatório. Para Callou e

Leite (1990, p. 15), fonética articulatória é o “exame da produção do som pelo aparelho

fonador e registro de ouvido” e pode ter dois propósitos. O desígnio mais amplo se destina a

descrever qualquer som produzido pelos seres humanos, e o mais restrito, dedicado a formar

uma asserção que especifica os mecanismos existentes nas línguas humanas.

Existem algumas discordâncias entre os autores consultados quanto ao número de

segmentos para a fonética da língua portuguesa no Brasil. Motta fala sobre esta dificuldade

em fazer transcrições fonéticas, afirmando que não existem transcrições fonéticas perfeitas, e

que até os foneticistas mais bem treinados e dotados de ouvido absoluto discordam sobre um

mesmo estímulo (MOTTA, 1985; p 18). Issler (1983) e Motta (1985), pensando em

transcrição larga (que não inclui aspectos secundários) concordam quanto ao número de

segmentos consonantais, expondo o número dezenove como sendo o total de consoantes, e

discordam quanto aos segmentos vocalicos, onde Issler (1983) acredita ser sete o número de

vogais e duas semivogais, o que Motta (1985) descreve como quinze. Já Cristófaro (1998),

descreve vinte e quatro consoantes, diferentemente das outras autoras. Passemos então a

descrever estes segmentos começando pelos consonantais, pois acusticamente são mais

simples.

Page 49: Monografia Iniciação Científica (final)

48

3.2.5.1 Músculos da Articulação Fonética e suas Funções: Musculatura dos Lábios,

Mandíbula e Bochechas

Diferentes grupos musculares são utilizados para a produção dos fonemas, incluindo

não apenas os músculos articulatórios, mas também a musculatura intrínseca e extrínseca da

laringe (GARDNER, 1964; ISSLER, 1983). Infelizmente, não houve tempo hábil para uma

descrição minuciosa da utilização muscular de cada fonema. Dessa forma, neste trabalho será

dado maior enfoque para a musculatura articulatória, tendo uma abordagem secundária aos

demais grupos.

- Músculo elevador do ângulo da boca: eleva as comissuras da boca e acentua o

sulco nasolabial.

- Músculo zigomático maior: traciona o ângulo da boca para trás e para cima, como,

por exemplo, na risada. Eleva as comissuras da boca e acentua o sulco nasolabial.

- Músculo zigomático menor: eleva as comissuras da boca e acentua o sulco

nasolabial.

- Músculo risório: retrai o ângulo da boca lateralmente, como no riso forçado.

- Músculo orbicular da boca: fecha a boca, movimenta as asas do nariz e a pele do

mento.

- Músculo depressor do ângulo da boca: abaixa as comissuras da boca, sendo

responsável pela “expressão de tristeza”.

- Músculo do mento: eleva e projeta para fora o lábio superior; enruga a pele do

queixo.

- Músculo depressor do lábio inferior: repuxa o lábio inferior para baixo e

lateralmente, como na expressão de ironia.

- Músculo platisma: músculo do pescoço que puxa os lábios e a mandíbula para

baixo. Também tenciona a pele do pescoço.

- Músculo temporal: fecha a boca e retrai a mandíbula.

- Músculo masseter: fecha a mandíbula.

Page 50: Monografia Iniciação Científica (final)

49

- Músculo pterigóideo medial: responsável por abrir a boca e pelo movimento de

rotação na mastigação.

- Músculo pterigóideo lateral: protrai, abre e lateraliza a mandíbula, sendo também

responsável pelo movimento de rotação na mastigação.

- Músculo bucinador: responsável por alterar a forma das bochechas. Auxilia na

mastigação, comprimindo as bochechas contra os dentes e também é importante no ato de

assobiar e soprar.

Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000

3.2.5.2 Seguimentos Consonantais

Segundo Cristófaro (1998), entende-se por segmento consonantal um som que seja

produzido com algum tipo de obstrução, total ou parcial da passagem da corrente de ar pelas

cavidades supraglotais, havendo fricção ou não. No português brasileiro, a direção da corrente

de ar é sempre egressiva. Issler (1983, p 75) em sua definição acrescenta ainda o modo de

articulação destes sons: “A consoante é um som propagado pelo ar que sai dos pulmões,

passa pela laringe e vai até a boca, onde encontra obstáculos. Se o obstáculo for total é

Page 51: Monografia Iniciação Científica (final)

50

oclusiva. Se for parcial é constritiva, com ou sem a fricção percebida nas fricativas. Eis o

modo de articular.”

Estes segmentos ainda podem ser classificados quanto a ressonância, como nasais e

orais, e quanto ao estado da glote sendo usado a terminologia vozeada e desvozeada por

Cristófaro (1998), ou sonora ou surda por Issler(1983). Neste estudo foi adotada a

nomenclatura de Cristófaro(1998) para o estado da glote, pois entende-se que não

necessariamente não haverá som quando não houver voz.

Ainda quanto à articulação, devemos considerar mais três parâmetros: o lugar de

articulação levando em conta os articuladores passivos e ativos, o modo de articulação e

possíveis articulações secundárias. A notação destes segmentos dá-se por: “modo de

articulação + lugar de articulação + posição da glote” (Cristófaro, 1998) Exemplos:

[ m ] Nasal bilabial vozeada;

[ s ] Fricativa alveolar desvozeada;

[ g ] Oclusiva velar vozeada.

Entende-se por modo de articulação o conjunto de movimentos realizados pelos

articuladores e a maneira utilizada na obstrução da corrente de ar (MOTTA, 1985). De

acordo com Cristófaro (1998) e Callou e Leite (1990), as classificações das consoantes quanto

ao modo de articulação são as seguintes:

Oclusiva: Obstrução completa da passagem de ar através da boca, com o véu palatino

levantado, encaminhando o ar que vem dos pulmões para a cavidade oral.

Nasal: Obstrução completa através da boca da passagem do ar vindo dos pulmões,

com o véu palatino abaixado, encaminhando a vibração para a cavidade do nariz.

Fricativa: Segmentos orais “produzidas pela turbulência do ar passando pela

constrição de pontos” (Issler, 1983). Os articuladores produzem uma obstrução parcial

da corrente de ar, se aproximando e fazendo com que a passagem de ar seja central

produzindo fricção, sendo esta apenas um resultado ouvido. Para a fonação destes

segmentos é necessário que se forme uma pressão intra-oral

Africada: Formada a partir das oclusivas e fricativas. Na fase inicial, os articuladores

produzem uma obstrução completa da corrente de ar através da boca, encontrando-se o

véu palatino levantado. Na fase final dessa obstrução (quando se dá a soltura) ocorre

uma fricção decorrente da passagem central da corrente de ar.

Page 52: Monografia Iniciação Científica (final)

51

Tepe (ou vibrante simples): O articulador ativo toca rapidamente o passivo ocorrendo

uma rápida obstrução da corrente central de ar.

Vibrante (múltipla): Articulador ativo toca algumas vezes o articulador passivo

causando vibração.

Retroflexa: O palato duro é o articulador passivo e a ponta da língua é o articulador

ativo. A ponta da língua é levantada e encurvada em direção ao palato duro.

Laterais: O articulador ativo toca o articulador passivo e a corrente de ar é obstruída

na linha central do trato vocal, expelindo o ar por ambos os lados desta obstrução.

Os segmentos consonantais ainda podem ser classificados de acordo com o Lugar de

articulação e quanto a articulações secundárias, não será abordada neste texto, com exceção

de um único segmento consonantal [ ɫ ].

Quanto ao lugar de articulação leva-se em consideração o articulador ativo e o

passivo, sendo o ativo aquele que se movimenta em direção ao passivo. São classificadas em

bilabial, Dental, Labiodental, Alveolar, Alveopalatal, Palatal, Velar e Glotal (CRISTÓFARO,

1985). No capítulo seguinte será descrito em cada consonante como é realizada sua

articulação seguindo estes critérios.

bilabial labiodental alveolar alveopalatal palatal velar glotal

Oclusiva

desv p t k

voz b d g

Africada

desv tʃ

voz dʒ

Fricativa

desv f s ʃ x h

voz v z ʒ ɣ ɦ

Nasal voz m n ɲȳ

Tepe voz ſ

Vibrante voz ř

Retroflexa voz ɻ

Lateral voz l ɫ w ʎ lj

3.2.5.3 Segmentos Vocálicos

Page 53: Monografia Iniciação Científica (final)

52

De acordo com Issler (1983) a vogal é um som propagado pelo ar que sai dos pulmões,

num fluxo sem interrupção até a laringe, onde ocorre a vibração das pregas vocais. Quando

esta corrente de ar chega na cavidade bucal não encontra obstrução, ao contrário do que

acontece na maior parte dos segmentos consonantais, e também não produz fricção

(CRISTÓFARO, 1998; ISSLER, 1983). A cavidade bucal, a laringe e a oro-faringe sofrem

grandes variações de forma e tamanho, tanto pela mudança de posição de língua quanto pela

ação da musculatura faríngea (RUSSO, 1999).

Russo (1999) afirma que os sons vocálicos são sonoros, intensos, contínuos e seu

formantes são bem definidos pelo fato do trato vocal se encontrar aberto. Estes formantes se

tornam mais altos à medida que o tamanho trato vocal diminui, e mais baixas à medida que à

medida que ele aumenta.

Segundo Cristófaro (1998), segmentos vocálicos são descritos de acordo com os

seguintes parâmetros: altura da língua, posição anterior/posterior da língua e arredondamento

ou não dos lábios.

Quanto à altura, as vogais são classificadas em quatro níveis de altura: alta, média alta,

média alta, média baixa e baixa. Cristófaro (1998) afirma que alguns autores definem nível de

altura quanto ao grau de abertura/ fechamento de boca, as classificações são: fechada, meio

fechada, meio aberta e aberta. Quanto à posição anterior/posterior da língua, as vogais são

classificadas em anterior, central e posterior; e quanto aos lábios estarem estendidos ou

arredondados, se utiliza: arredondado ou não arredondado.

As vogais, em semelhança às consonantes também possuem características

secundárias de articulação, que serão apenas citadas. São elas: Duração ([a:] duração longa,

[a.] duração média e [a] duração breve), Desvozeamento (que normalmente são vozeados,

contudo, em finais de palavra pode se omitir a voz na vogal não acentuada, como por

exemplo, em "sapo" = sap e "bote" = bot) e Tensão (caqui) / frouxidão (vogais átonas, ex:

castanha) (CRISTÓFARO, 1998; MOTTA, 1985).

Ainda são classificadas quanto à ressonância: vogais nasais e orais (CRISTÓFARO,

1998; MOTTA, 1985; CALLOU E LEITE, 1990). A diferenciação de uma e outra acontece

da mesma forma que nas consoantes, onde o palato mole levantado direciona a corrente de ar

para a boca, ou permanece em posição neutra permitindo a passagem para as cavidades nasais

(ISSLER, 1983). Nas vogais nasais é acrescentado o símbolo [~], exemplo: [ã].

Foram encontrados diversos artigos sobre a produção das vogais, investigações sobre a

fisiologia da produção das vogais. Em alguns infelizmente não se obteve o conteúdo total,

pois o autor não autorizou sua divulgação integral via internet, e não se encontravam cópias

Page 54: Monografia Iniciação Científica (final)

53

nas bibliotecas locais. Sendo um tema demasiadamente complexo, com considerações

acústicas muito mais complexas do que as que este trabalho apresenta, a descrição da

formação das vogais não terá detalhamento que merece neste trabalho, que por ser bastante

interdisciplinar, levará com certeza mais do que apenas um ano para ser realmente concluído.

Abaixo se encontra um quadro com as vogais do português brasileiro e suas

respectivas classificações:

Vogais Orais

Anterior Central Posterior

não-arred arred não-arred arred não-arred arred

alta i І ĩ ɨ u ʊ ũ

média-alta e ẽ o õ

média-

baixa ε ʌ ɔ

baixa a ə ã

Tônicas: i e ε a ɔ o

Pretôncas: i e ε a ɔ o u

ε ɔ sufixos, harmonia

Postônicas: i І ĩ e ε a ə ɔ o u ʊ

i e ε a o ɔ ʊ u estilo formal

Vogais Nasais: ĩ ẽ ã õ ũ

4. RESULTADOS

O Referencial teórico proveniente do levantamento bibliográfico aborda

primeiramente as características anatômicas e fisiológicas dos órgãos responsáveis pela

produção da voz. Este estudo começa por esta descrição, pois se entende que antes de analisar

as mudanças no trato vocal durante a prática da técnica vocal, é preciso compreender as

estruturas que compõem o trato vocal e seu funcionamento.

Logo após, o estudo descreve diferenças entre a voz falada e a voz cantada,

discorrendo sobre ajustes no trato vocal21

e diferenças na respiração. Em seguida, o estudo

21 Trato vocal é o nome dado ao conjunto de órgãos que participam do processo de fonação.

Page 55: Monografia Iniciação Científica (final)

54

abordou rapidamente sobre ressonância22

e projeção da voz, trazendo dados sobre os

ressonadores23

e seus aspectos anatômicos e posteriormente sobre os aspectos pertencentes à

acústica, como as freqüências da fala, formantes24

e alguns fenômenos acústicos que

acontecem no interior do trato vocal.

A seguir, o estudo trata dos músculos da articulação fonética, a classificação dos

segmentos consonantais e das vogais de acordo com modo e lugar de articulação, um exemplo

ortográfico, e uma sugestão da fonoaudiologia para o seu emprego.

Por último, o estudo traz tabelas resultantes das entrevistas com os estudantes de

canto, relatando porcentagens das principais queixas destes.

4.1 PRODUÇÃO E POSSÍVEL UTILIZAÇÃO DAS CONSOANTES EM TÉCNICA

VOCAL

Neste capítulo, será abordada a classificação das consoantes de acordo com o lugar e a

maneira de articulação e possíveis aplicações à técnica vocal. Não será feita uma descrição

muscular minuciosa devido à complexidade do tema. A intenção neste capítulo é apenas

ilustrar razoavelmente algumas alterações do trato vocal que tornam possíveis a produção

destes fonemas. Nas ilustrações, a seta negra representa o movimento dos articuladores, indo

do articulador ativo para o passivo. A seta azul indica o que acontece com a corrente de ar

vinda do pulmão. O zoom vindo da glote mostrando as pregas vocais fechadas ou abertas,

indica se há o uso de voz ou não, sendo importante frisar que nem sempre a adução das pregas

vocais é completa e igual como está na figura. Não se obteve a informação exata pela

impossibilidade de realização dos exames descritos no método. O véu palatino levantado ou

abaixado também ilustra de maneira muito precária a ressonância de boca ou de cavidades

nasais, sendo mais uma vez muito importante entender que o levantamento do véu palatino

nem sempre acontece da mesma maneira. Pinho (2008, p. 28) cita que existem diferenças na

altura do palato mole quando observadas a fonação de fonemas fricativos vozeados e

desvozeados.

22 “Fenômeno físico pelo qual o ar que existe dentro de uma cavidade é suscetível de vibrar com freqüência determinada

por influência de um corpo sonoro, produzindo reforço de vibrações” (BUENO, 1996) 23 Ressonadoras são estruturas (músculos, ossos, cartilagens ou cavidades) onde ocorre o fenômeno da ressonância da voz. 24 Formantes: “faixas de freqüências que concentram maior energia acústica”. (RUSSO,?)

Page 56: Monografia Iniciação Científica (final)

55

Classificação: Oclusiva bilabial vozeada.

Como é artidulada: o véu palatino se levanta, o lábio inferior toca o lábio superior, de

maneira a formar uma obstrução completa da passagem de ar.

Exemplo ortográfico: “babá”

Possível utilização em técnica vocal: Pinho (2001) recomenda dois tipos de

exercícios diferentes com esta consoante. O primeiro de plosão curta (seguida de vogal

neutra) faz com que a laringe se abaixe e provoca firmeza nesta musculatura. Este exercício é

recomendado para obter estabilidade fonatória para os cantores que tem instabilidade em

determinada região da tessitura (normalmente os graves), corrigir assimetrias de fase

vibratória entre as pregas vocais, auxilia a passagem de registro sem quebra.

Outro tipo de exercício é o de plosão prolongada. Com o palato levantado, preenche-se

a cavidade bucal com ar, mantendo a sonorização por alguns segundos e posteriormente

liberando uma vogal com suavidade ("[b]+vogal"), onde podem ser utiizadas todas as vogais.

Neste exercício existe a participação da musculatura extrínseca, mais precisamente do

músculo tiroióideo que aproxima o osso hióide da cartilagem tireóide, beneficiando a

medialização das pregas ventriculares (PINHO, 2001). Outros benefícios deste exercício são:

o aumento da firmeza glótica, aumento do fechamento velofaríngeo, elevação ou abaixamento

de laringe, beneficia intensamente portadores de fendas fusiformes e hipocinesias.

Page 57: Monografia Iniciação Científica (final)

56

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: “Biru biru biru biru bi”,

dentro de um intervalo de quinta justa ; “Brim brei brim

brei brim” dentro de um intervalo de quinta justa . Não foi

observado por alunos desta instituição a utilização da segunda modalidade que Pinho (2001)

recomenda.

Classificação: Oclusiva bilabial desvozeada.

Como é artidulada: o véu palatino se levanta, o lábio inferior toca o lábio superior, de

maneira a formar uma obstrução completa da passagem de ar.

Exemplo ortográfico: “pai”

Possível utilização em técnica vocal: Pinho indica exercícios com esta consoante em

terapia vocal para tratar de hipocinesias (falta de agilidade na adução e abdução das pregas

vocais), e sua sugestão de exercício seria a fonação de “pipipi” fazendo pressão com os lábios.

Para cantores com pouca agilidade respiratória, este pode ser um bom artifício para

Page 58: Monografia Iniciação Científica (final)

57

desenvolver mais agilidade, pois a consoante “p” carrega maior energia (PINHO, 2001; p.9), e

tende a exercitar o músculo CAP, responsável pela abdução das pregas vocais.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: Não foi observado o uso

deste fonema em exercícios de treinamento vocal por alunos desta instituição. Porém, foi seu

uso foi notado durante uma aula de canto popular do Conservatório de MPB de Curitiba, no

seguinte vocalize: “A Paula Morelembaum mora no leblon”

.

Classificação: Oclusiva alveolar desvozeada.

Como é artidulada: o véu palatino se levantada, o ápice ou lâmina da língua toca os

alvéolos, de maneira a formar uma obstrução completa da passagem de ar.

Exemplo ortográfico: “Tatu”

Possível utilização em técnica vocal: Pinho (2008, p. 23) afirma que a prática da

repetição deste segmento consonantal (“ttttt”) sem vogal é favorável para exercitar o músculo

CAP, sendo assistencial à inspiração mais ágil. Neste fonema também há ação do músculo

genioglosso, responsável por levantar a ponta da língua, e um exercício com t acrescido das

sete vogais orais e as cinco nasais, colocado em contraposição com outras consoantes na

Page 59: Monografia Iniciação Científica (final)

58

mesma palavra, pode ser realizado para melhorar a dicção. Exemplos: “tr + vogais”, “pataka,

matraka...”.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: “tritritritritri” em

intervalos de terça maior e quinta justa, ascendentes e descendentes. “vivir per te, per te amar,

per te morir, morir per te” em intervalos ascendentes e descendentes de oitava.

Classificação: Oclusiva alveolar desvozeada.

Como é articulada: o véu palatino se levanta, o ápice ou lâmina da língua toca os

alvéolos, de maneira a formar uma obstrução completa da passagem de ar.

Exemplo ortográfico: “dois”

Possível utilização em técnica vocal: Este fonema é sugerido por Pinho (2001) para

trabalhar dicção em conjunto com r ou l e combinada a vogais. Pinho (2008) recomenda

exercícios de curta duração em escala descendente para corrigir quebras na passagem de

registro e/ou alguma instabilidade fonatória em determinada região25

da tessitura de cantores.

Também pode ser realizado como exercício o prolongamento desta consoante terminando na

liberação de da vogal aberta [a], sendo um bom exercício para promover maior eficiência na

25 Pinho (2008) não especifica qual região da tessitura. Contudo durante esta pesquisa,

Page 60: Monografia Iniciação Científica (final)

59

adução de pregas vocais e obtenção de maior firmeza glótica. Contudo, neste último exercício

pode ocorrer discreta elevação da laringe, o que talvez não seja tão interessante para os

cantores eruditos.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: “un jardin di fiori”

. Não foi observada sua utilização como na

sugestão acima.

Classificação: Oclusiva velar desvozeada.

Como é articulada: o véu palatino se levantada, a parte posterior da língua toca o ao

palato mole, produzindo uma obstrução completa da passagem de ar.

Exemplo ortográfico: “casca”

Possível utilização em técnica vocal: Pinho (2008, p. 23) afirma que a prática da

repetição desta consoante (“kkkk”) sem vogal é favorável para exercitar o músculo CAP,

sendo assistencial à inspiração mais ágil. Também poderia ser utilizada para melhorar a

dicção, trabalhando a parte posterior da língua. Muitos cantores se queixam de tensão nesta

região, sendo assim, esta consoante pode ser útil para este fim, mais ainda precisaria de

comprovação por testes EMS.

Page 61: Monografia Iniciação Científica (final)

60

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: não foi observada a

prática de exercícios com este fonema pelos alunos desta instituição

Classificação: Oclusiva velar vozeada.

Como é articulada: o véu palatino se levanta, a parte posterior da língua toca o ao

palato mole, produzindo uma obstrução completa da passagem de ar.

Exemplo ortográfico: “gordo”

Possível utilização em técnica vocal: Em semelhança à consoante [d], Pinho (2008)

recomenda esta consoante para exercícios de curta duração em escala descendente,

objetivando corrigir quebras na passagem de registro e/ou alguma instabilidade fonatória em

determinada região da tessitura de cantores. Esta consoante também pode ser utilizada sendo

prolongada, terminando na liberação de da vogal aberta [a], sendo um bom exercício para

promover maior eficiência na adução de pregas vocais e obtenção de maior firmeza glótica.

Contudo, neste último exercício pode ocorrer discreta elevação da laringe maior do que

acontece com [d], o que talvez não seja tão interessante para os cantores eruditos.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: não foi observada a

prática de exercícios com este fonema pelos alunos desta instituição.

Page 62: Monografia Iniciação Científica (final)

61

Classificação: Africada alveopalatal desvozeada.

Como é articulada: o véu palatino se levanta, a parte anterior da língua se movimenta

em direção à parte medial do palato duro, causando na fase inicial uma obstrução completa da

passagem de ar. Na fase final, havendo soltura desta obstrução, os articuladores produzem

uma fricção, permitindo a passagem de ar ao centro

Exemplo ortográfico: “tia”

Possível utilização em técnica vocal: Infelizmente não foi encontrada na bibliografia

uma suposta função e uma sugestão de exercício com este segmento consonantal. Como não

foi possível realizar os exames nasofibroscópicos nos cantores, por hora, este segmento vai

continuar sem mais detalhes nesta descrição.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: não foi observada a

prática de exercícios com este fonema pelos alunos desta instituição.

Page 63: Monografia Iniciação Científica (final)

62

Classificação: Africada alveopalatal vozeada.

Como é articulada: véu palatino levantado, a parte anterior da língua se movimenta

em direção à parte medial do palato duro, causando na fase inicial uma obstrução completa da

passagem de ar. Na fase final, havendo soltura desta obstrução, os articuladores produzem

uma fricção, permitindo a passagem de ar ao centro.

Exemplo ortográfico: "dia"

Possível utilização em técnica vocal: Infelizmente também não foi encontrada na

bibliografia uma sugestão de exercício com este segmento consonantal. Contudo, este

segmento é a junção da ocusiva [d] com a fricativa [Ʒ], ambas recomendadas por Pinho

(2008) com utilidades diferentes. A primeira aplicada em exercícios de retenção curta para

obter maior estabilidade fônica, corrigir passagens de registro com quebra, ou longa para

promover maior eficiência na adução de pregas vocais. A segunda utilizada para o tratamento

de “quadros de edema crônico, nódulos vocais e quadros hiperfuncionais” (PINHO, 2008; p.

52). Sendo um fonema misto, o uso desta consoante africada poderia ser benéfico para o

conjunto de problemas? Infelizmente, não houve tempo hábil nesta pesquisa para responder

esta pergunta.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: não foi observada a

prática de exercícios com este fonema pelos alunos desta instituição.

Page 64: Monografia Iniciação Científica (final)

63

Classificação: Fricativa labiodental desvozeada.

Como é articulada: o véu palatino se levanta, o lábio inferior se aproxima dos dentes

incisivos superiores, causando fricção. A corrente de ar vinda do pulmão sofre apenas uma

obstrução parcial, permitindo que o ar passe ao centro.

Exemplo ortográfico: “filho”

Possível utilização em técnica vocal: Pinho (2008) recomenda a consoante [f]

prolongada para estimular a adução glótica. Esta consoante foi observada em prática em

apenas um exercício (“un jardin di fiori” partindo da nota fundamental da escala até a oitava

da mesma); praticado com intenção de melhorar a dicção e trabalhar a extensão vocal. Das 40

observações, foi utilizada somente em 12 dos treinos vocais, sendo mais usualmente utilizada

no treino respiratório.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap:: repetição de “s, f, ʃ, pá”

durante toda uma expiração; “un jardin di Fiori” dentro de um intervalo de oitava

.

Page 65: Monografia Iniciação Científica (final)

64

Classificação: fricativa labiodental vozeada.

Como é articulada: o véu palatino se levanta, o lábio inferior se aproxima dos dentes

incisivos superiores, causando fricção. A corrente de ar vinda do pulmão é obstruída

parcialmente, permitindo a passagem de ar ao centro

Exemplo ortográfico: “vazio”

Possível utilização em técnica vocal: Pinho (2008, p. 52) indica a fonação

prolongada de [v] para “quadros de edema crônico, nódulos vocais e quadros

hiperfuncionais”. Já Behlau (2005, p. 354) aconselha a utilização do [v] em conjunto com [z]

e [Ʒ] prolongadamente para obter “projeção de voz no espaço”.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: Uma grande quantidade

de exercícios com [v] foi observada sendo praticada pelos alunos, combinando [v] com outras

consoantes e vogais, contudo seu uso isolado não foi observado. Alguns dos exercícios mais

frequentemente observados: “Vriu vriu vriu vriu vriu” em intervalo de quinta justa

, “Vizu vizu vizu vizu vi” em intervalo de quinta justa

, “viiiiioooooooo” em intervalo de sexta maior

Page 66: Monografia Iniciação Científica (final)

65

, “vozo vozo vo” em intervalo de terça

maior , “vi vi vi vi vi vi vi vi vi” em intervalo de quinta justa

, “vi viú viú viú vi vi” em intervalo de quinta justa

.

Classificação: Fricativa alveolar vozeada.

Como é articulada: O véu palatino se levanta, o ápice ou lâmina da língua se

aproxima dos alvéolos, causando fricção. A corrente de ar vinda do pulmão sofre uma

obstrução parcial, permitindo a passagem do ar ao centro.

Exemplo Ortográfico: “zumbido”

Page 67: Monografia Iniciação Científica (final)

66

Possível utilização em técnica vocal: Pinho (2008) aconselha a utilização de [z] da

mesma maneira e com as mesmas finalidades que as consoantes [v] e [Ʒ]. Behlau (2005)

também atribui as mesmas funções para estas consoantes, contudo com a finalidade de

trabalhar a projeção da voz, como citado na consoanteacima. Porém, é importante ressaltar

que apesar de aparentemente desenvolverem os mesmos efeitos sobre a musculatura intrínseca

da laringe, os articuladores trabalham de maneiras diferentes para a produção destas

consoantes. Estudos posteriores a esta pesquisa inicial talvez possam atribuir alguma pequena

diferença funcional entre elas.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: “ziu ziu ziu ziu zi” dentro

de intervalos de terça maior e quinta justa , “zi vri zi

vri zi” dentro de intervalos de terça maior e quinta justa , “zi zi”

em intervalos de terça maior , “zumi zumi zu” em intervalos de terça

maior e quinta justa .

Page 68: Monografia Iniciação Científica (final)

67

Classificação: Fricativa alveopalatal desvozeada (CRISTÓFARO, 1998)

Como é articulada: O véu palatino se levanta, a parte anterior da língua se aproxima

da parte medial do palato duro, causando fricção. A corrente de ar vinda do pulmão sofre uma

obstrução parcial, com passagem de ar ao centro.

Exemplo ortográfico: “xadrez”, “chuchu”

Possível utilização em técnica vocal: Pinho (2008, p. 23) afirma que a fonação

prolongada de [ ʃ ], assim como de [f] e [s] são “provavelmente benéficas para estimular a

abdução glótica”. Como já foi ressaltado, diferentes mecanismos articulatórios são usados

para produção de cada uma destas consoantes, e estudos posteriores poderiam demonstrar

pequenas diferenças para a utilização de uma ou outra consoante, que não foram encontradas

na bibliografia pesquisada.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: foi observado o uso desta

consoante apenas para treinamento de resistência respiratória ([ ʃ ] ... prolongada).

Classificação: Fricativa alveopalatal desvozeada.

Como é articulada: O véu palatino se levanta, a parte anterior da língua se aproxima

da parte medial do palato duro, causando fricção. A corrente de ar vinda do pulmão sofre uma

obstrução parcial havendo passagem de ar ao centro.

Exemplo ortográfico: “jacaré”, “viagem”

Page 69: Monografia Iniciação Científica (final)

68

Possível utilização em técnica vocal: Como já descrita em [dƷ], Pinho (2008) sugere

esta consoante, juntamente com [v] e [z] para o tratamento de “quadros de edema crônico,

nódulos vocais e quadros hiperfuncionais” (PINHO, 2008; p 52), assim como Behlau (2005)

para projeção da voz.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: não foi observada a

prática de exercícios com este fonema pelos alunos desta instituição.

Classificação: Fricativa velar desvozeada.

Como é articulada: O véu palatino se levanta, a parte posterior da língua se aproxima

do palato mole, causando fricção. A corrente de ar vinda do pulmão sofre uma obstrução

parcial, havendo passagem de ar ao centro.

Exemplo ortográfico: Pronúncia típica do dialeto carioca : “raiz”, “macarrão”,

“martelo” (CRISTÓFARO, 1998).

Possível utilização em técnica vocal: Infelizmente não foi encontrada na bibliografia

uma suposta função e uma sugestão de exercício específica com este segmento consonantal.

Como não foi possível realizar os exames nasofibroscópicos nos cantores, por hora, este

segmento vai continuar sem mais detalhes nesta descrição.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: não foi observada a

prática de exercícios com este consoante pelos alunos desta instituição.

Page 70: Monografia Iniciação Científica (final)

69

Classificação: Fricativa velar vozeada.

Como é articulada: O véu palatino se levanta, a parte posterior da língua se aproxima

do palato mole, causando fricção. A corrente de ar vinda do pulmão sobre uma obstrução

parcial, havendo passagem de ar ao centro.

Exemplo ortográfico: Pronúncia típica do dialeto carioca “carga” (CRISTÓFARO,

1998).

Possível utilização em técnica vocal: Não foi encontrada na bibliografia uma

sugestão de uso específica para este fonema. Como não foi possível realizar os exames

nasofibroscópicos nos cantores, por hora, este segmento vai continuar sem mais detalhes nesta

descrição.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: não foi observada a

prática de exercícios com esta consoante pelos alunos desta instituição.

Page 71: Monografia Iniciação Científica (final)

70

Classificação: Fricativa glotal desvozeada.

Como é articulada: O véu palatino se levanta, os músculos ligamentais da glote

funcionam como articuladores. Cristófaro (1998) afirma que não há fricção audível no trato

vocal. A corrente de ar vinda do pulmão sofre uma obstrução parcial, havendo passagem de ar

ao centro.

Exemplo ortográfico: Pronúncia típica do dialeto de Belo Horizonte, “mar”, “carta”,

“marra” (CRISTÓFARO, 1998).

Possível utilização em técnica vocal: Pinho (2008, p 15) aconselha o uso de [ɦ]+ [o]

como “hô hô hô” do “Papai Noel” para promover a descida da laringe e subida do palato.

Como existem diferenças de pronúncia podem ser usados tanto [ɦ] como [h]. Como este

fonema faz com que os músculos da glote se comportem como articuladores, pode ser usado

para fortalecer tais músculos e em tratamento de hipocinesias? Infelizmente não houve

condições de responder a esta pergunta nesta pesquisa inicial.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: não foi observada a

prática de exercícios com esta consoante pelos alunos desta instituição.

Page 72: Monografia Iniciação Científica (final)

71

Classificação: Fricativa glotal desvozeada

Como é articulada: véu palatino em posição normal, músculos ligamentais da glote

funcionam como articuladores. Cristófaro (1998) afirma que não há fricção audível no trato

vocal. A corrente de ar vinda do pulmão sofre uma obstrução parcial, havendo passagem de ar

ao centro.

Exemplo ortográfico: Pronúncia típica do dialeto de Belo Horizonte “carga”.

Possível utilização em técnica vocal: Pinho (2008, p 15) aconselha o uso de [ɦ]+ [o]

como “hô hô hô” do “Papai Noel” para promover a descida da laringe e subida do palato

. Como existem diferenças de pronúncia podem ser usados tanto

[ɦ] como [h]. Como este fonema faz com que os músculos da glote se comportem como

articuladores, pode ser usado para fortalecer tais músculos e em tratamento de hipocinesias?

Infelizmente não houve condições de responder a esta pergunta nesta pesquisa inicial.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: “hô hô hô” do “Papai

Noel”

Page 73: Monografia Iniciação Científica (final)

72

Classificação: Nasal bilabial vozeada

Como é articulada: O véu palatino permanece em posição neutra, o lábio inferior se

aproxima do ao superior. Há uma obstrução completa do ar na boca e, devido à posição neutra

do véu palatino, a corrente de ar vinda dos pulmões encontra passagem para as cavidades do

nariz.

Exemplo ortográfico: “mamadeira"

Possível utilização em técnica vocal: Pinho (2001, 2008) expõe várias utilidades para

os sons nasais e recomenda vários exercícios com [m]. Segundo Pinho (2001), estes sons

auxiliam a percepção de vibrações na região da face, melhoram a coaptação glótica e facilitam

a projeção vocal nas freqüências graves. De acordo com Behlau (2005) o trabalho com estes

sons nasais aumenta a ressonância da voz e dissipa a energia sonora no trato vocal,

melhorando a projeção da voz. Pinho (2008) cita que em nível anterior médio de emissão, [m]

direcionado aos lábios é mais freqüentemente usado no canto “belting”. Em canto erudito é

muito comum o uso do [m] de diversas maneiras no treinamento vocal. Pinho (2001) faz

sugestões para terapia vocal, que também podem ser usadas no treino de cantores:

1. “bocca chiusa” tradicional. Consiste em emitir um [m] nasal mantendo os lábios

juntos e arcadas dentarias próximas, sem tensão de lábios, mandíbula, língua e pilares

faríngeos. Este exercício auxilia a coaptação glótica, facilita a projeção vocal e

aumenta a percepção de vibrações na face, especialmente na região do nariz. Pode ser

realizada também a bocca chiusa em staccatos.

Page 74: Monografia Iniciação Científica (final)

73

2. [m] misto. “Emissão de um [m] com a boca aberta, mas com os lábios unidos, língua

relaxada no soalho da boca, distante do véu palatino, que estará em posição neutra”

(PINHO, 2001, p 14). A função deste exercício é auxiliar a coaptação glótica, a

percepção das vibrações da face e a projeção vocal em freqüências graves, o que

constitui uma queixa técnica recorrente dos cantores.

3. “método mastigatório adaptado”. Neste exercício se alterna o uso da “bocca chiusa”

com o exercício do [m] misto, fazendo movimentos de mastigação lentamente. Pinho

(2001) recomenda que a partir do momento em que o indivíduo domine melhor a

musculatura respiratória, o número de mastigações pode aumentar e ser acrescido de

[mu] + vogal. Esta prática promove projeção vocal, adução mais efetiva das pregas

vocais e coordenação dos movimentos das estruturas do trato vocal e da soltura destas.

4. “minimini”. Pinho (2001) propõe este exercício que combina os sons nasais com a

vogal [i], pelos benefícios já descritos do som nasal, em especial a projeção,

combinados à constrição ariepiglótica e do dorso da língua mais o estreitamento do

trato vocal que a vogal [i] provoca. Estas constrições e o estreitamento beneficiam o

reforço de harmônicos agudos, e ainda auxiliam a metalização da voz, muito desejada

por cantores.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: Uma infinidade de

exercícios com [m] são comumente praticadas em técnica vocal:

“mimimi” em intervalos de terça maior ou quinta justa , “mei mai

mei mai mei” em intervalos de terça maior ou quinta justa ,

“mizu mizu mizu mizu mi” em intervalos de quinta justa

, “miniminiminiminimi” em intervalos de quinta justa

, e [m] + vogais com distâncias tonais variadas, além da

bocca chiusa tradicional, [m] misto e do método mastigatório, já descritos acima.

Page 75: Monografia Iniciação Científica (final)

74

Classificação: Nasal alveolar vozeada

Como é articulada: O véu palatino permanece em posição neutra, o ápice ou lâmina

da língua se movimenta em direção aos alvéolos. Há uma obstrução completa do ar na boca e,

devido à posição neutra do véu palatino, a corrente de ar vinda dos pulmões encontra

passagem para as cavidades do nariz.

Exemplo ortográfico: “nariz”

Possível utilização em técnica vocal: Behlau (2005), juntamente com os outros sons

nasais, recomenda o uso de [n] prolongado e modulado para aumentar a ressonância e dissipar

a energia sonora no trato vocal. Pinho (2008) quando se refere aos diversos níveis de projeção

vocal, fala sobre o [n] em nível anterior de emissão, com ressonância direcionada à raiz nasal

sendo freqüentemente usada em canto erudito. De acordo com esta autora, esta posição

aumenta o espaço entre o véu palatino e a laringe. Pinho (2001) recomenda a produção de [n]

com a boca aberta (por meio da oclusão da língua contra a papila palatina), para o reforço de

tons médios da tessitura vocal de cantores.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: [n] prolongado seguido de

vogais em coloratura "na-u-u-u-na-u-u-u-na-u-u-u-na-u-u-u-na-u-u-u-na-u-u-u-na..."

, “ni-ne-na-ni-

Page 76: Monografia Iniciação Científica (final)

75

ne-na-ni-ne-nó” em staccato dentro de um intervalo descendente de quinta justa

, “nó ó ó ó ó” staccato em intervalos de terça maior

e quinta justa ascendente e descentente .

Classificação: Nasal palatal vozeada

Como é articulada: O véu palatino se encontra em posição neutra, a parte média da

língua se movimenta em direção à parte final do palato duro. Há uma obstrução completa do

ar na boca e, devido à posição neutra do véu palatino, a corrente de ar vinda dos pulmões

encontra passagem para as cavidades do nariz.

Exemplo ortográfico: “manha”

Possível utilização em técnica vocal: Pinho (2008, p 32) afirma que a produção deste

som “auxilia na manutenção da ressonância vertical”. Pinho (2001, p 15) aconselha a

emissão de [ɲ], fonema que produz o som de “nh”, de “boca aberta, lábios separados, pilares

faríngeos sem tensão e dorso de língua alto, impedindo o direcionamento do som para a

boca”. A autora relata que este exercício se mostrou muito eficiente para cantores que sofrem

Page 77: Monografia Iniciação Científica (final)

76

com extrema tensão de base de língua e depressão da região medial, chamada popularmente

de “panelinha na língua”. Além disso, permite ampliar a tessitura dos cantores na região

aguda, realçando os harmônicos agudos e promovendo maior efetividade glótica (PINHO,

2001).

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: não foi observada a

prática de exercícios com este fonema pelos alunos desta instituição.

Classificação: Tepe alveolar vozeado

Como é articulada: O véu palatino se levanta, o ápice ou lâmina da língua toca

rapidamente os alvéolos, havendo uma obstrução rápida da passagem do ar.

Exemplo ortográfico: “vara”, “braço”, em alguns dialetos26

: “corpo”, “par”

Possível utilização em técnica vocal: Pinho (2001) aconselha seu uso em exercícios

de dicção, combinada com outros segmentos consonantais. Não foi encontrada na bibliografia

uma sugestão de uso específica para este fonema. Na prática de aquecimento vocal pelos

alunos da embap, o [ ſ ] normalmente é usado combinado à outros fonemas (consonantes +

vogais) com intenção de melhorar a dicção. Como não foi possível realizar os exames

nasofibroscópicos nos cantores, por hora, este segmento vai continuar sem mais detalhes nesta

descrição.

26 Exemplo: moradores de São Paulo – SP, moradores do oeste Paranaense.

Page 78: Monografia Iniciação Científica (final)

77

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: biru biru biru biru bi

, brim brei brim brei brim , vriu

vriu vriu vriu vriu .

Classificação: Vibrante alveolar vozeada

Como é articulada: O véu palatino se levanta, o ápice da língua toca algumas vezes o

palato duro, causando vibração. A corrente de ar vinda dos pulmões não tem obstrução.

Exemplo ortográfico: Pronúncia típica do português europeu, ocorre apenas em

alguns dialetos do português brasileiro. Ex: “barraca”, “raiz”

Possível utilização em técnica vocal: Behlau (2005) recomenda a técnica de vibração

em tons médios e posteriormente nas escalas musicais para beneficiar a movimentação da

mucosa ondulatória das pregas vocais. Pinho (2001) afirma que a vibração de língua é um

bom exercício para tratar a tensão lingual. Pinho (1998) explica que este aumento da

amplitude vibratória da mucosa ocorre por aumento da pressão subglótica devido ao aumento

Page 79: Monografia Iniciação Científica (final)

78

da pressão subaérea, e recomenda que o exercício seja feito com protrusão dos lábios para

evitar tensões na face e no pescoço .

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: Vibração de língua dentro

de variados intervalos tonais, rili roli rili .

Classificação: Retroflexa alveolar vozeada

Como é articulada: O véu palatino levantado, o ápice ou lâmina da língua se encurva

em direção aos alvéolos. Ocorre uma obstrução central da corrente de ar, sendo expelida pelas

laterais.

Exemplo ortográfico: Pronúncia típica do dialeto caipira. Ocorre em final de sílaba.

“porta”, “mar”.

Possível utilização em técnica vocal: Não foi encontrada na bibliografia uma

sugestão de uso específica para este fonema. Como não foi possível realizar os exames

nasofibroscópicos nos cantores, por hora, este segmento vai continuar sem mais detalhes nesta

descrição.

Page 80: Monografia Iniciação Científica (final)

79

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: não foi observada a

prática de exercícios com este fonema pelos alunos desta instituição.

Classificação: Lateral alveolar vozeada

Como é articulada: O véu palatino se levanta, o ápice ou lâmina da língua toca os

alvéolos. Ocorre uma obstrução central da corrente de ar, sendo expelida pelas laterais.

Exemplo ortográfico: “loteria”, “planície”.

Possível utilização em técnica vocal: Pinho (2001) aconselha seu uso em exercícios

de dicção, combinada com outros segmentos consonantais. Não foi encontrada na bibliografia

uma sugestão de uso específica para este fonema. Na prática de aquecimento vocal pelos

alunos da embap, o [ l ] normalmente é usado combinado à outros fonemas (consonantes +

vogais) com intenção de melhorar a dicção. Como não foi possível realizar os exames

nasofibroscópicos nos cantores, por hora, este segmento vai continuar sem mais detalhes nesta

descrição.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: “liu liu liu liu liu”

.

Page 81: Monografia Iniciação Científica (final)

80

[ ɫ ] ou [w] - Classificação: Lateral alveolar vozeada velarizada

Como é articulada: O véu palatino se levanta, o ápice ou lâmina da língua toca os

alvéolos e, em seguida, a parte posterior da língua se movimenta em direção ao véu palatino.

Ocorre uma obstrução central da corrente de ar, sendo expelida pelas laterais.

Exemplo ortográfico: Ocorre em alguns dialetos no final da sílaba. “malte”, “sal”.

Possível utilização em técnica vocal: Não foi encontrada na bibliografia uma

sugestão de uso específica para este fonema. Como não foi possível realizar os exames

nasofibroscópicos nos cantores, por hora, este segmento vai continuar sem mais detalhes nesta

descrição.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: não foi observada a

prática de exercícios com este fonema pelos alunos desta instituição.

Classificação: Lateral palatal vozeada

Como é articulada: O véu palatino levantado, a parte média da língua se movimenta

em direção à parte final do palato duro. Ocorre uma obstrução central da corrente de ar, sendo

expelida pelas laterais.

Exemplo ortográfico: “filho”

Possível utilização em técnica vocal: Não foi encontrada na bibliografia uma

sugestão de uso específica para este fonema. Como não foi possível realizar os exames

Page 82: Monografia Iniciação Científica (final)

81

nasofibroscópicos nos cantores, por hora, este segmento vai continuar sem mais detalhes nesta

descrição.

Exemplo de exercício praticado pelos alunos da Embap: não foi observada a

prática de exercícios com este fonema pelos alunos desta instituição.

4.2 PRODUÇÃO E POSSÍVEL UTILIZAÇÃO DAS VOGAIS EM TÉCNICA VOCAL

Como já falado no capítulo sobre segmentos vocálicos, não houve base teórica e

prática suficiente para produzir uma descrição detalhada de funções das vogais nos exercícios

de técnica vocal. Contudo, algumas importantes observações devem ser feitas com relação ao

seu uso.

A configuração do trato vocal é em grande parte comandada pela posição da língua,

lábios e mandíbulas. Conforme a mudança desta configuração, teremos ênfase em freqüências

diferentes, originando vogais diferentes. Estas freqüências que dão identidade as vogais são

normalmente o primeiro e segundo formantes (F1 e F2), e têm relação com as cavidades

posterior, atrás do ponto máximo de contração lingual, e anterior à constrição lingual (PINHO

E CAMARGO, 2001). Behlau (2005) descreve que os cantores líricos realizam algumas

constições, entre elas a constrição ariepiglótica, e que neste caso não são consideradas

necessariamente um problema, mas sim a criação de novas cavidades de ressonância, e

acrescimento de outras características ao timbre normal, como o “metal” na voz. Estas

constrições, combinadas a vogal certa podem trazer melhora para cantores que se queixam de

“ressonância baixa”? Infelizmente, por hora não houve embasamento teórico prático

suficiente para respondê-la corretamente, sem cair em uma mera especulação. Esta pergunta

certamente pode ser respondida, com a observação de exames nasofibroscópicos e

estroboscópicos, observando as mudanças no trato vocal e as mudanças acústicas entre uma

vogal e outra.

Cantores que possuem hipernasalidade na voz devem evitar as consoantes e vogais

nasais como [ i ] em uso isolado, pois elas permitem que o palato permaneça em posição

neutra, favorecendo ainda mais o som nasal. Hanayama, Pinho e Tsuji (2001) descrevem

vários motivos para o som hipernasal, um deles a incompetência velofaríngea, e falam sobre a

afirmativa de Piccoli (1998), o qual acredita que o treino articulatório pode ser suficiente para

Page 83: Monografia Iniciação Científica (final)

82

corrigir a ressonância vocal, obtendo o controle da nasalidade. Para tanto, recomenda-se o

encadeamento de seqüências articulatórias difíceis, colocando os fonemas nasais

posteriormente aos orais.

Em diversas literaturas de Pinho (1998, 2001 e 2008) a fonação da vogal [i] é

recomendada por ter uma maior eficiência adutora, ainda facilitando a constrição ariepiglótica

descrita acima, contribuindo para o surgimento da formante do cantor. Além disso, devido à

elevação do dorso da língua, esta vogal favorece a constrição dos pilares faríngeos e o

estreitamento do trato vocal, favorecendo os harmônicos agudos.

No caso da vogal [a], Behlau (2005) sugere a fonação de um som basal em [a]

prolongado, com uma freqüência grave e sem constrições para promover a ação máxima do

músculo TA. Pinho (2008) indica o uso desta vocal juntamente com as consoantes nasais para

direcionar o canto (ou a fala) para este nível de projeção.

No que se refere ao [u], Pinho (2008) aconselha seu uso para promover alongamento

do trato vocal. Esta mesma autora afirma que uma boa prática para driblar as quebras na

passagem de um registro para outro seria o exercício de “cobertura” utilizando a abertura de

garganta (palato mole levantado e laringe baixa), “fechando” as vogais “ô” em “u”, “ê” em “i”

e “a” em “â” em escalas ascendentes, utilizando o “biquinho francês” para abrir espaços

ressonantais.

5 DISCUSSÃO

Pinho e Scarpel (2003), comentam sobre a importância do aquecimento vocal para os

cantores, considerados de acordo com Behlau (2005) atletas vocais. De acordo com as

primeiras autoras, um bom aquecimento vocal é imprescindível a uma boa performance vocal,

à similaridade do aquecimento muscular do esportista.

A pesquisa de Sartori (1996) demonstrou que tanto os cantores profissionais quanto os

estudantes de canto entrevistados tinham consciência da necessidade de conhecer a fisiologia

do seu instrumento, e Sartori (1996) conclui que este conhecimento é indispensável à prática

vocal como forma de evitar maus hábitos vocais que podem prejudicar a técnica do canto

erudito.

Page 84: Monografia Iniciação Científica (final)

83

Inicialmente, este projeto tinha a intenção de fazer apenas observações em sala de

aula, exames e máster classes, principalmente de alunos do curso Superior de Canto da

EMBAP. Contudo, apesar de concordarem em preencher os questionários, grande parte destes

alunos não se mostrou muito receptiva em responder com honestidade e imparcialidade o

questionário, se negando a responder questões como idade e problemas técnicos que mais

incomodam. Por este motivo, havendo um segundo questionário a ser preenchido, foi aplicado

em forma de entrevista, momento em que alguns alunos se tornaram mais receptivos a

fornecer respostas.

Durante esta pesquisa foram entrevistados 16 alunos e 1 professor(a) de canto, ainda

atuante profissionalmente. A média de idade, descontando 3 indivíduos que se negaram a

responder é de 24 anos. A média de experiência em canto dos alunos, descontando a

experiência do único docente entrevistado (a), é de 4,21 anos de prática. Quanto à escola

vocal mais utilizada, 82,35% diz utilizar a escola italiana de canto e 11,76% diz utilizar outra

escola, que não as mencionadas no questionário, tendo uma negativa de resposta. Contudo,

deste total de 82, 35%, 21,43% demonstrou práticas vocais diferentes das pregadas pela

escola italiana de canto, como diferenças de apoio e colocação da ressonância vocal. A seguir

uma tabela que delineia o perfil dos cantores:

Sujeito# Idade Gênero Experiência

(anos)

Naipe* Escola

1 21 f 5 ms Italiana

2 22 f 6 s Italiana

3 19 f 3 s Italiana

4 29 f 3 s Italiana

5 24 f 5 s Outra

6 Não respondeu m 5 b Outra

7 Não respondeu f 4 s Italiana

8 27 f 6 ms Italiana

9 19 f 1 e ½ S Italiana

Page 85: Monografia Iniciação Científica (final)

84

10 38 m 12 B Italiana

11 18 f 2 ms Italiana

12 17 m 1 bb Italiana

13 32 f 2 s Não respondeu

14 24 m 4 ct Italiana

15 31 m 4 B Italiana

16 24 f 4 S Italiana

17 Não respondeu f 24 S Italiana

*simbologia:

(s): soprano, (ms): mezzo-soprano, (ct): contra-tenor; (b): barítono; (bb): baixo barítono.

(f) feminino; (m) masculino.

100% dos entrevistados consideram importante o conhecimento fisiológico da

voz, contudo, nos questionários respondidos, apenas 5,88% acredita ter um

conhecimento excelente de fisiologia da voz, dominando nomes e funções e

funcionamento das estruturas envolvidas no processo de produção da voz. 35,29%

acreditam ter um bom conhecimento de fisiologia da voz, conhecendo de modo mais

generalizado quais são e como funcionam as estruturas envolvidas no processo.

47,06% acreditam ter um conhecimento razoável de fisiologia da voz, onde

compreendem mais o funcionamento, sem tantos detalhes das estruturas do trato vocal.

11,76% admitem ter um conhecimento insuficiente de fisiologia da voz. Quanto ao

desaquecimento vocal, 88,24% admitiram não praticar após o ato de cantar.

Quanto à função das vogais e consoantes que formam os exercícios utilizados

para o desenvolvimento da técnica vocal do estilo discutido neste estudo, 5,88% afirma

compreender completamente a função dos exercícios que utiliza. 11,76% afirmam

conhecer a função da maioria dos exercícios. 35,29% dizem ter apenas uma idéia

superficial, conhecendo a finalidade de poucos fonemas dentro dos exercícios.

Infelizmente, 47,06% admitem não fazer idéia da finalidade de grande parte dos

exercícios praticados, sabendo apenas que servem para aquecimento vocal e

conhecendo apenas a função dos exercícios para treinamento de “coloratura” (agilidade

Page 86: Monografia Iniciação Científica (final)

85

para produzir diversas notas), “staccato” (notas destacadas) e fraseado musical. O

exemplo mais citado por todos os grupos foi a utilização do exercício de “bocca chiusa”

para trabalhar a ressonância e consoantes vibrantes para trabalhar projeção.

As principais queixas técnicas relatadas foram: “tensão nos agudos”,

“ressonância baixa”, “ressonância nasal”, “golpe de glote”, “tensão de língua”,

“dificuldade para sustentação de notas agudas”, “tensão de mandíbula ou pescoço”,

“deficiência articulatória” e “dificuldade de sustentação do ar”. Nas tabelas abaixo,

observa-se diferenças entre as dificuldades técnicas relatadas nos questionários, e as

observadas durante as práticas coletivas de canto.

Problemas técnicos relatados:

Sujeito# 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Porcentagem

Tensão nos

agudos

X X 11,76

Ressonância

baixa

X X X X X X 35,29

Ressonância

exessivamen-te

nasal

X 5,88

Sustentação do

ar

X X 11,76

Golpe de glote X 5,88

Tensão de

língua

X X X X 23,52

Tensão de

mandíbula

E/ou pescoço

X X X 17,65

Sustentação de

notas agudas

X 5,88

Articulação X X X X 23,52

Passagens de

registro

X X 11,76

Reprodução de

Stacatto

X 5,88

Quadro de problemas técnicos relatados mais observados:

Page 87: Monografia Iniciação Científica (final)

86

Sujeito# 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Porcent

agem

Tensão nos

agudos

X X 11,76

Ressonância

baixa

X X X X X X X X 47,06

Ressonância

nasal

X 5,88

Sustentação do

ar

X X 11,76

Golpe de glote X 5,88

Tensão de

língua

X X X X 23,52

Tensão de

mandíbula e/ou

pescoço

X X X 17,65

Sustentação de

notas agudas

X 5,88

Articulação X X X X X X 35,29

Passagens de

registro

X 5,88

Metal X X X X 23,52

A diferença entre uma tabela e outra pode ser causada por vários motivos: desde

constrangimento em falar de suas dificuldades até falta de propriocepção.

Com o devido conhecimento de como os fonemas são produzidos, e em que cada um

pode nos ajudar dentro de técnica vocal, não seria mais fácil a evolução e correção destas

queixas? Existe uma geração de bons professores de canto, como Marconi Araújo e Felipe

Abreu, que acreditam nisso. Este tema foi abordado tanto em máster class ministrado pelo

primeiro professor (2010) quanto pelo segundo (2009).

Existem várias causas para as dificuldades descritas acima. Infelizmente não foi

possível identificar os motivos reais pelos quais cada uma delas acontece com os voluntários

que participaram da pesquisa sem a realização dos exames nasofibroscópicos. Sendo assim,

tivemos de nos ater às causas gerais.

A maior parte das causas das dificuldades descritas acima, assim como as sugestões

ultrapassar estes problemas já foram abordadas neste trabalho.

Contudo, relembraremos algumas das principais, e citaremos algumas outras. Uma

causa comum para a tensão nos agudos é a elevação da laringe, que pode ser trabalhada com o

exercício do “espaguete”. A ressonância baixa pode ser trabalhada com consoantes e vogais

nasais, enfatizando a passagem do ar para as cavidades nasais e a percepção da vibração da

face. Já no caso de uma ressonância hiper nasal, o trabalho deve ser feito focando o uso de

Page 88: Monografia Iniciação Científica (final)

87

vogais orais, e articulação de seqüências complexas, contrapondo consoantes e vogais orais

com nasais. Em caso de dificuldade para levantar o véu palatino, existe também o recurso do

bocejo.

O músculo responsável pela produção de notas agudas é o CT, que além dos

exercícios já citados, também pode ser trabalhado com uso de falsete em registros

hiperagudos (PINHO, 2008).

O “golpe de glote”, também chamado de adução abrupta das pregas vocais, pode ser

evitado com a passagem de uma consoante fricativa desvozeada para uma vozeada,

estimulando a adução suave das pregas vocais (PINHO, 2001).

No caso da insuficiência respiratória, muitas vezes acontece por falta de da prática de

um modelo respiratório correto, que neste trabalho adotamos como a respiração intercostal

diafragmática. A prática do “apoio” correto, que conserva as costelas abertas, pode ser muito

útil para manter o fluxo expiratório constante. Outro motivo para a dificuldade de sustentação

da respiração é a falta de agilidade do CAP, músculo responsável pela abdução das pregas

vocais, facilitando a entrada de ar nos pulmões. Para malhar este músculo, Pinho (2008) e

Behlau (2005) aconselham o uso de atividades plosivas e fricativas desvozeadas, respiração

forçada rápida, sussurro forte e cochicho.

Em alguns casos, a instabilidade no canto pode ser provocada por presença de

patologias (fendas, nódulos, pólipos, etc), e é importante frisar que, por maior que seja o

conhecimento do cantor, é muito importante o contato dos cantores e demais profissionais da

voz com os profissionais da saúde nas áreas de fonoaudiologia e otorrinolaringologia.

CONCLUSÃO

Nesta pesquisa, concluímos que muitos cantores não têm plena consciência da

finalidade dos exercícios que praticam. 35,29% dos cantores entrevistados tem apenas uma

noção muito superficial da função dos vocalizes praticados e da participação dos fonemas no

papel deste, e 47,06% dos estudantes de canto afirmam não saber realmente para que servem

os exercícios e a função das vogais e consoantes dentro destes.

A literatura nos mostrou diversas utilidades para as consoantes e vogais, dentre elas,

melhorar a projeção da voz, como no caso das consoantes fricativas vozeadas, melhorar a

ressonância da voz utilizando vogais e consoantes nasais, obter maior firmeza da musculatura

Page 89: Monografia Iniciação Científica (final)

88

do trato vocal com a retenção longa de consoantes oclusivas, e de plosão curta com as

mesmas consoantes para obter estabilidade em regiões instáveis da tessitura de cantores.

Consoantes vibratórias são muito importantes para trabalhar a projeção da voz no espaço,

além de mobilizarem a mucosa da prega vocal. Consoantes tepes e laterais também são

ferramentas muito úteis para o trabalho articulatório e para eliminar tensões de língua.

A emissão de vogais também é muito útil dentro de técnica vocal. O fechamento de

vogais abertas em fechadas também pode ser bastante proveitoso para corrigir quebras na

passagem de registro. A vogal "i" produz algumas constrições no trato vocal que criam novas

cavidades de ressonância e conferem timbre metálico à voz dos cantores. A vogal "u" é uma

ferramenta valiosa para alongar a musculatura do trato vocal.

Para finalizar, gostaria de frisar que a intenção deste trabalho não foi a de solucionar

todas as dificuldades técnicas dentro do estudo do canto erudito, e que nada substitui a prática

e o estudo. Este trabalho apenas soma informações que podem facilitar esta jornada,

esclarecendo alguns questionamentos, sem ter a pretensão de ditar um único caminho.

Page 90: Monografia Iniciação Científica (final)

89

REFERENCIAS

BEHLAU, Mara; PONTES, Paulo.A voz do especialista. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.

BEHLAU, Mara; PONTES, Paulo.Voz. O livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter,

2005.

BUENO, Francisco Silveira. Mini dicionário da língua portuguesa. Curitiba: Ftd, 1996.

CALLOU, Dinah; LEITE, Yone. Iniciação a fonética e a fonologia.7 ed. São Paulo: Jorge

Zahar, 2000.

CAMARGO, Zuleica; PINHO, Silvia M. R. Introdução à Análise Acústica da Voz e da

Fala. In: Temas em Voz. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

CRISTÓFARO, Taís. Fonética e Fonologia do Português. São Paulo: Contexto, 2005.

GARDNER, Ernest; GRAY, Donald J.; O´RAHILLY, Ronan. Anatomia – Estudo regional

do corpo humano. Tradução da 2ª ed norte americana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

1964.

GUYTON, Arthur C. Fisiologia Humana. Rio de Janeiro: Interamericana, 1976.

DOMÍNGUEZ, C. D. Musculatura Intrínseca de la Laringe. Monografia apresentada à

faculdade de Medicina de UAB em 20 de novembro de 2001.

HANAYAMA, Eliana M.; PINHO, Silvia M. R.; CAMARGO, Zuleica A.; TSUJI, Domingos

H. Voz Metálica – Estudo das características fisiológicas. Dissertação (Mestrado) –

apresentada à faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 63 p. São Paulo, 2003.

ISSLER, Solange. Articulação e linguagem – avaliação e diagnóstico. Três metodologias

para a terapia das dislalias. Rio de Janeiro: Antares Universitária, 1983.

LE HUCHE, F.; ALLALI, A. A voz: Anatomia e Fisiologia dos Órgãos da Voz e da Fala. 3

ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. v. 1

MARTINEZ, E.; SARTORI, D. J.; GORIA, P.; BRACK, R. Regência coral: princípios

básicos. Curitiba: Dom Bosco, 2000.

PINHO, Silvia Maria Rebelo. Fundamentos em fonoaudiologia – Tratando distúrbios da

voz. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1998.

Page 91: Monografia Iniciação Científica (final)

90

PINHO, Silvia Maria Rebelo. Temas em Voz. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

PINHO, Silvia Maria Rebelo; et al. Temas em Voz Profissional. Rio de Janeiro: Revinter,

2007.

PINHO, Silvia Maria Rebelo; PONTES, Paulo. Desvendando os Segredos da Voz –

Músculos Intrínsecos da Laringe e Dinâmica Vocal. Rio de Janeiro: Revinter, 2008.

SCARPEL, Renata D’Arc. Aquecimento e desaquecimento vocal no cantor. Salvador,

1999. (Monografia - Especialização - Fonoaudiologia - Cursos de Especialização em

fonoaudiologia clínica - CEFAC).

ROEDERER, Juan G. Introdução à física e psicofísica da Música. São Paulo: EduUsp,

2002.

RUSSO, Iêda Chaves Pacheco. Acústica e Psicoacústica aplicadas à Fonoaudiologia. 2ª ed.

revisada e ampliada. São Paulo: Lovise,1999.

SARTORI, Denise Jussara. The importance of an anatomical and physiological knowledge

of the vocal system that lies behind the art of singing for all singers: Teachers, Amateurs

and Professionals. (Dissertação para obtenção do título de Mestre em performance musical)

TALAVERA, Alvaro C.; CARRILHO, Ronaldo; TRIGO, Thales. Física – Ondulatória. São

Paulo: Anglo, 2002.

TSUJI, D. H. Fisiologia da vocalização e disfonias. Aula do curso de Otorrinolaringologia

da Escola de Medicina da Universidade de São Paulo – USP – publicada em

www.otorrinousp.org.br/imageBank/aulas/aula_35.doc. Consultado em 25/09/2009.

ZEMLIN, WR. Princípios de Anatomia e Fisiologia em Fonoaudiologia. 4 ed. Porto.

Alegre: Artes Médicas Sul; 2000. 37. Bianchini EMG

Page 92: Monografia Iniciação Científica (final)

91

APÊNDICES

APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO.......................................................................................92

APÊNDICE 2 – ROTEIRO DE ENTREVISTAS...............................................................93

APÊNDICE 3 – LEVANTAMENTO DE TÍTULOS NECESSÁRIOS À CONCLUSÃO

DA PESQUISA........................................................................................................................94

APÊNDICE 4 – ILUSTRAÇÕES DA CONFIGURAÇÃO DO TRATO VOCAL PARA

FONAÇÃO DE SEGMENTOS CONSONANTAIS............................................................96

Page 93: Monografia Iniciação Científica (final)

92

APENDICE 1 - QUESTIONÁRIO

Idade:

Sexo: ( )M ( )F

1 A quanto tempo desenvolve estudo da técnica vocal erudita?

2 Qual a escola empregada?

( )Italiana ( )Alemã ( )Inglesa ( )Francesa ( )Russa ( )Outra:

3 De que maneira você definiria seu conhecimento de fisiologia da voz?

( ) excelente

( ) bom

( ) razoável

( ) insuficiente

4 Existe algum problema técnico ligado à ressonância?

5 Existe alguma queixa com relação à dicção e produção dos fonemas?

6 Qual o fonema (seja consoante ou vogal) em que existe mais dificuldade de

articulação?

7 O que você acredita que seja a causa dos problemas acima citados?

8 Qual o problema técnico em geral que mais te incomoda de maneira geral?

Page 94: Monografia Iniciação Científica (final)

93

APENDICE 2 – ROTEIRO DE ENTREVISTA

1 Você considera importante o conhecimento de fisiologia da voz para a prática do

canto?

3 Você compreende a função dos exercícios praticados no treinamento vocal? De

que maneira?

( ) compreende completamente os exercícios que utilizo. Comentários:

( ) conhece a função da maioria dos exercícios.

( ) tem uma idéia superficial, conhecendo a finalidade de apenas alguns.

Comentários:

( ) não faz idéia para que servem... Comentários:

2 Quais os exercícios que você costuma usar para o aquecimento vocal e estudo de

técnica vocal?

3 Você saberia dizer a função de algum destes exercícios? Tente citar uma para

cada um deles.

4 Existe o costume de desaquecimento vocal depois de cantar?

Page 95: Monografia Iniciação Científica (final)

94

APÊNDICE 3 – LEVANTAMENTO DE TÍTULOS NECESSÁRIOS À CONCLUSÃO

DA PESQUISA

BUNCH, M. Dynamics of singing voice. New York: Springer, 1982.

CARROL L, M.; SATALOFF, R.T.; HEUER, R.J.; SPIEGEL, J.R.; RADIONOFF, K.; COHN, J.R. Respiratory and

Glottal efficiency measures in normal classically trained singers. J. Voice, 1996.

CASAES, E.J. Descrição acústico-articulatória dos sons da voz, para um modelo dos sons do

português do Brasil. São Paulo: FFLCH-USP, 1990. Tese de doutoramento.

CATFORD, J.C. Fonation types: classification of some laryngeal components of speech production.

London: Longmans, 1964.

COLEMAN, R.F. Sourcesof varition in phonetograms. J Voice ,1993.

CURCIO, D. Medidas de variação de freqüência do vibrato em três estilos de canto profissional.

DE SANTIS, M.; FUSSI, F. La Parola e Il Canto. Technique, problemi, rimedi Nei professionisti della

vocce. Piccin Libraria, Padova, 1993.

DMITRIEV, L.; KISELEV, A. Relationship between the formant structure of different types of singing

voices and the dimensions of supraglottic cavities. Folia Phoniatr (Basel). 1979;31(4).

LAVER, J. The phonetic description of voice quality. Cambridge [Eng.]; New York: Cambridge

University Press, 1980.

LEINSTAD, P.; FRITZELL, B; PERSSON, A. Influence of Pich and Intensity on Cricothyroid and

Thyroarythenoid Activity In: Singers and Non-singers. In: Gaufian, J Vocal Fold physiology,

acoustic, perceptual and physiological aspects of voice mechanics – part III. Singular Publ. San

Diego, 1991.

LOVETRI, J.; LESH, S. WOO, P. Preliminary study on the ability of trained singer to control the

intrinsic and extrinsic laryngeal musculature. J. Voice, 1999; 13(2):219-26.

MÜRBE, D.; SUNDBERG, J.; IWARSSON, J.; PABST, F. Phonetogram measurements of singers – Before

and after solo singer education. Quart Progr Stat Rep, 1996.

NAIDICH, S. “Esquema corporal vocal del cantante”, “Sensibilidades Proprioceptivas”, “Técnica

vocal: su aquisisión”. In: “Principios de Foniatria”. Buenos Aires: Medical Panamericana, 1984.

NEWMAN, R.A.; EMANUEL, F.W. “Pitch effects on vowel roughness and spectral noise for subjects in

four musical voice classifications” . Journal of Speech and Hearing Research, Aug., 1991.

PERELLÓ, J.G.; CABLLÉ, M.; GUITART, E. “Canto diction-foniatria estética-audiofonia y logopedia

IV”. Madrid: Científico-Médica, 1975.

Page 96: Monografia Iniciação Científica (final)

95

PEGORARO-KROOK, MI. Métodos objetivos de investigação vocal para avaliar a eficiência do

treinamento vocal. Dissertação – Escola Paulista de Medicina, São Paulo, 1990.

PINHO, S. M. R.; PONTES, P. A. L.; ABÍLIO, S. O.; GANANÇA, M. M. Configurações do trato vocal nas

vogais orais do português. ACTA AWHO, 12: 124-36, 1988.

PINHO, S. M. R; TSUJI, D. H. Avaliação funcional da laringe em cantores. ACTA AWHO, 1996; 15(2):

87-94.

SAOL, J.W.; LEE, L.; STEMPCE, J.C. “The value of vocal function exercises in the practice regiment of

singers”. The Voice Foundation´s Symposium: Care of the professional voice in Philadelphia, 1993.

SATALOFF, R. T. “Professional Voice – The Science and the art of Clinical Care”. Raven Press, New

York, 1991.

SATALOFF, R.T. “Professional singers: the science and art of clinical care”. American J. Otorlaryngol,

2(3): 251, 66, 1991.

SERGRE, R.; NAIDICH, S.; JACKSON, C. “Princípios de Foniatria para Alumnos e Profissionales de

Canto y Dicción.” Buenos Aires: Panamericana, 1989.

SONINEN, A.; HURNE, P.; LAUKKANEM, A. M. “ the external frame function in the conrol of pitch,

register, and singing mode: radiographic observations of a female singer”. J. Voice, 1999; 13(3):

319-40.

STOUT, B. “The harmonic structure of vowes in singing in relation to pitch and intensity”. J. Acoustic

Soc Amer., 1938.

SUNDBERG, J.; TITZE, I. R.; SCHERER, R. “Phonation control in male singing: a study of the effects of

subglottal pressure, Fo, and mode of phonaion on the oice source”. J. Voice, 1993.

TEIXEIRA, S.B. A arte de cantar. Campinas: Ativa, 1976.

VERNARD, W. “Singing, the Mechanism and the Technique”. New York: Carl Fischer, 1967.

WAPNICK, J.; EKHOLM, E. “Expert concensus in solo voice performance evaluation”. J. Voice, 1997;

11(4): 429-36.

WHITE, J.P.; DIGGORY, E. “Assessment of the singing voice”. In: BENNINGER, M.S; JACOBSON, B.H.;

JOHSON, A.F. “Vocal Arts Medicine - The care and prevention of professional voice disorders”. New

York: Thieme, 1994.

WOLFE, S.K.; STANLEY, D.; SETTE, W.J. “Quantitative studies on the singing voice”. J Acoustic 1835.

YANAGISAWA, E.; ESTILL, J.; KMUCHA, S. T.; LEDER, S. B. “The contribution of aryepiglotic

constriction to “ringing” voice quality: a videolaryngoscopic study wih acoustic analysis.

Page 97: Monografia Iniciação Científica (final)

96

APÊNDICE 4 – ILUSTRAÇÕES DA CONFIGURAÇÃO DO TRATO VOCAL PARA

FONAÇÃO DE SEGMENTOS CONSONANTAIS

Ilustrado por: Fernanda Baglioli Machado Pereira


Top Related