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MARIA DE FÁTIMA SOUZA OLIVEIRA
LETRAMENTO NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: PROFESSORES E SUAS PRÁTICAS METODOLÓGICAS
Monografia apresentada como pré requisito para conclusão de curso de licenciatura em pedagogia, habilitação e docência em processos educativos, da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, Departamento de Educação- Campus Vll.
Orientador: Profº Pascoal Eron Santos de Souza
SENHOR DO BONFIM 2012
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MARIA DE FÁTIMA SOUZA OLIVEIRA
LETRAMENTO NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: PROFESSORES E SUAS PRÁTICAS METODOLOGICAS
Aprovada em ______/______/______
_______________________________
Avaliador
_______________________________ Avaliador
___________________________________ Pascoal Eron Santos de Souza
Orientador
SENHOR DO BONFIM 2012
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AGRADECIMENTOS
A Deus, ser supremo de todo o universo e dono de todas as coisas visíveis e invisíveis que restabelece e revigora as nossas forças e ânimo, quando as vezes pensamos em desistir da caminhada, a Ele toda honra, toda glória e todo louvor para sempre.
A nossa Senhora de Fátima minha mãe celestial, e intercessora, a quem tenho como devoção e modelo de mãe, filha, e esposa.
Agradeço de modo fraternal, a toda a minha família,e com singular afeto as minhas irmãs Luciana e Cristiana pelo apoio e incentivo, durante essa jornada, e de uma forma especial ao meu esposo Freitas,pela paciência “as vezes”,apoio, compreensão e colaboração com o transporte para chegar até a universidade.
Expresso de forma carinhosa o meu sincero agradecimento a todos os meus amigos da turma pedagogia 2008.1por me acrescentarem saberes e experiências durante esses 4 anos em que estivemos juntos sujeitos aos mesmos desafios, lutas, vitórias e rumo aos mesmos objetivos.Agradeço a compreensão também dos colegas de trabalho pelas vezes em que precisei me ausentar durante esse processo de TCC, aos outros pela compreensão durante o tempo em que me mantive ausente nas rodas de conversas e bate papo.
Sou grata de uma maneira particular e especial a minha amiga e companheira de jornada, caminhada,trabalho e de todas as horas, Joseneide Barbosa , com quem sei que posso contar sempre, com a sua linda sincera e genuína amizade,você foi pedra angular e fundamental nesta caminhada.
Agradeço de um modo especial ainda e admirável ao meu orientador pascoal Eron sem o qual a realização desse trabalho se tornaria mais difícil,pois pude contar com a sua colaboração,paciência,compreensão e seu tempo, todas as vezes em que precisei ser orientada, presencialmente , via email, ou telefone,sem subterfúgios. Não teria palavras para descrevê-lo,pois é um grande exemplo de sabedoria, simplicidade e humildade o que o torna uma pessoa especial,um profissional singular,um modelo e referencial de Educador extraordinário,e indescritível.
E por fim aqueles que contribuíram direto ou indiretamente para a concretização desse trabalho,minha sincera gratidão.
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“Começar a dizer nunca é tarefa simples. E começar a escrever torna-se trabalho árduo e duplamente complexo” (TFOUNI)
“Quem se perde apenas na leitura dos textos dictomizada do mundo,e do contexto dos textos, se esborracha constantemente.É preciso ter a sensibilidade, a capacidade de ler o mundo e não de ler os textos” (PAULO FREIRE)
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RESUMO
Este estudo apresenta algumas reflexões sobre as contribuições das práticas metodológicas dos professores das séries finais do Ensino Fundamental para o processo de formação de sujeitos letrados. A pesquisa que deu origem a este trabalho foi desenvolvida na Escola Antônio Bastos, situada em Missão do Sahy no município de Senhor do Bonfim-Ba. Os fundamentos teóricos que embasam este texto foram construídos a partir da obra de autores como Soares (2006), Kleiman (2005), Freire (2006) Cagliari (1996) e outros. A metodologia utilizada foi de cunho qualitativo, escolhendo como instrumentos de coleta de dado o questionário fechado e a entrevista semi-estruturada. Os sujeitos da pesquisa foram os professores do Ensino Fundamental da escola acima mencionada. Pode-se considerar que embora ainda reine algumas confusões referentes aos conceitos de letramento, na maioria das práticas dos professores, há contribuições para tornar os alunos letrados; no entanto, um dos maiores desafios que a escola precisa enfrentar é possibilitar condições ao sujeito de ser capaz de fazer uso da leitura e escrita em práticas sociais, sendo necessário o seu domínio pleno e a habilidade de interpretar, fazendo uso da leitura, respondendo às exigências para inserir-se no mundo letrado. Palavras–chave: Práticas metodológicas, Ensino fundamental, Letramento e Alfabetização.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7
CAPITULO I: PROBLEMATIZAÇÃO ....................... .................................................. 9
CAPITULO II:FUNDAMENTOS TEÓRICOS .................. .......................................... 19
2.1 Letramento: que palavra é essa? ............................................................. 19
2.2 Práticas metodológicas: como se forma leitores? ..................................... 26
2.3 Falando um pouco sobre a educação básica ........................................... 31
CAPÍTULO III: METODOLOGIA ......................... ...................................................... 38
3.1 Instrumentos da Pesquisa ........................................................................ 40
3.1.1 Entrevista ............................................................................................... 40
3.2 Lócus da pesquisa .................................................................................... 41
3.3 Sujeitos da pesquisa ................................................................................. 41
CAPÍTULO IV: ANALISANDO E INTERPRETANDO OS RESULTAD OS ............... 43
4.1 Perfil dos sujeitos ........................... ........................................................ 43
4.2 Análises das Entrevistas ...................... .................................................. 45
4.2.1 A compreensão que os docentes tem sobre Alfabetização e Letramento ........................................................................................... 46
4.2.2 A quem cabe a tarefa de alfabetizar: ........................................... 48
4.2.3 Alunos que chegam nas séries finais do Ensino Fundamental sem dominar a Leitura e a Escrita: .............................................................. 50
4.2.4 Práticas metodológicas dos professores que contribuem para o letramento ............................................................................................ 57
4.2.5 Como a escola tem contribuído para o letramento dos alunos ... 62
4.2.6 Algumas considerações dos nossos entrevistados sobre as práticas metodológicas, seus objetivos e a importância do letramento para a formação dos nossos alunos..................................................... 68
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 75
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 78
APÊNDICES...............................................................................................................81
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INTRODUÇÃO
A reflexão sobre o emprego do letramento vem ganhando espaço e vem
sendo de fundamental importância, para uma aprendizagem significativa, merecendo
um olhar mais acentuado para práticas de ensino que levem o aluno a se inserir em
práticas de leitura e escrita de forma competente e autônoma, o que simplesmente
ler e escrever não possibilitam. Ensinar a ler e a escrever dentro desse contexto de
Letramento ainda constitui um desafio, uma vez que ainda se traz marcas de um
ensino voltado para práticas mecânicas que em nada ajudavam o aluno a ser
produtor do seu próprio conhecimento, não sendo capaz de interpretar o que lê, mas
ao contrário serviu muito para que ele apenas reproduzisse o que aprendeu.
Neste sentido, a inquietação e o interesse por desenvolver este trabalho
surgiu no período de observação do estágio nas séries iniciais do ensino
fundamental no 7º semestre onde foi possível perceber a inexistência de práticas
pedagógicas voltada para o trabalho na perspectiva do letramento, das crianças e a
partir daí outra inquietação, saber como se dá o trabalho com o letramento nas
séries finais do ensino fundamental.
Dentro deste enfoque, é que este trabalho se direciona, a partir da
problemática que é saber qual a compreensão que os professores da escola
municipal Antônio Bastos de Miranda em Missão do Sahy comunidade situada a 8
quilômetros de Senhor do Bonfim, tem sobre ensinar letrando e suas intervenções
pedagógicas para a viabilização desta proposta.
Diante disso, pretendemos descobrir como se dá esse processo, e poder
contribuir para que práticas de aprendizagem significativa venha ocorrer mais no
ensino e aprendizagem.
Autores a exemplo de Soares (2006), Kleiman (2005), Freire( 2006) são
alguns entre outros que se destacam para ratificar e respaldar o nosso estudo no
que se refere a letramento.Sobre formação de leitores buscaremos subsidio em
Delia Lenner (2002), Arroyo (2011), Cagliari (1998), outros... e para falar sobre o
ensino Fundamental buscaremos nos respaldar primordialmente nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) outros.
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Este trabalho está constituído com quatro capítulos, sendo que no primeiro
temos a explanação mais ampla do que vem a ser letramento, buscando responder
através das etapas que serão percorridas, o problema em questão. No segundo
capitulo trazemos para discussões alguns teóricos que fundamentam o nosso
estudo. No terceiro capitulo trazemos os caminhos percorridos a metodologia, e os
nossos instrumentos de coleta de dados.No quarto, apresentamos a interpretação
dos resultados da nossa pesquisa, e por fim algumas considerações.
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CAPITULO I
1 PROBLEMATIZAÇÃO
Falar sobre o contexto educacional fazendo abordagens sobre o processo de
ensino aprendizagem atrelado à pratica educativa, não é tarefa fácil,ao mesmo
tempo que parece ser redundante diante da explanação sobre o assunto por vários
autores que tem bastante competência para discutir determinados temas.
No entanto, faz-se necessário cada vez mais estudos significativos, que
contribuam através de práticas educativas concretas, aprendizagens significativas
de forma que possibilitem a inserção do sujeito na sociedade, de maneira
competente, critica e autônoma.
A importância da leitura e da escrita na escola, é um fator importante que
move todo o sistema educacional a fim de possibilitar o aluno a adquirir essas
habilidades de forma que ele seja capaz de exercer essas funções de maneira
eficiente nas mais variadas situações em que se faz exigência.
Embora seja um dos principais objetivos da escola, levar o aluno ler e
escrever com eficácia, ainda percebemos que muito precisa ser feito em relação à
aquisição dessas habilidades por parte do aluno e conseqüentemente por parte da
escola e de todos os envolvidos no sistema de ensino, pois não é satisfatório ainda,
o nível de leitura que apresentam os nossos alunos, demonstrando dificuldades de
se inserir em práticas sociais de leitura e escrita, na sociedade em que vive,ou seja,
sem um nível de letramento.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) 2001 apontam que:
Sabe-se que os índices brasileiros de repetência nas series iniciais,inaceitáveis mesmo em países muito pobres, estão diretamente ligados à dificuldade que a escola tem de ensinar a ler e a escrever. Essa dificuldade expressa-se com clareza nos dois gargalos em que se concentra a maior parte da repetência:no fim da primeira serie(ou mesmo das duas primeiras) e na quinta serie.No primeiro, por dificuldade em alfabetizar;no segundo, por não conseguir garantir o uso eficaz da linguagem, condição para que os alunos possam continuar a progredir até, pelo menos, o fim da oitava série (p.19).
Assim analisando a partir desse pressuposto, fica claro percebermos a
amplitude do processo de ensino e aprendizagem, voltados para a pratica educativa,
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e que as deficiências encontradas no nível de aprendizagem dos alunos, são
atribuídas a varias instancias, tanto de ordem educacional, quanto social.
Sobre isso Zabala (1998) diz que:
Nosso argumento consiste em uma atuação profissional baseado no pensamento prático, mas com capacidade reflexiva. Sabemos muito pouco sem dúvida, sobre o processo de ensino e aprendizagem, das variáveis que intervém e de como se inter-relacionam nas situações de ensino: tipo de atividade metodológica, aspectos materiais da situação estilo do professor, relações sociais, conteúdos culturais, etc (p.15-16).
São muitos os fatores envolvidos, e que contribuem para a ineficiência da
aprendizagem significativa, muitos desses fatores estão relacionados diretamente à
pratica educativa
Libâneo (2009) Acentua que:
É importante para o professor, tomar consciência do que faz, ou pensa, a respeito da sua pratica pedagógica. Ter uma visão critica das atividades e procedimentos na sala de aula, e dos valores culturais de sua função docente, adotar uma postura de pesquisar e não apenas de transmissor ter um melhor conhecimento dos conteúdos escolares e das características e desenvolvimento de seus alunos (p.33).
Sabemos o quanto é importante para o professor(a), no que se refere à sua
formação, conhecimentos básicos e indispensáveis que possibilitem um ensino de
qualidade através de suas práticas educativas e suas intervenções metodológicas, a
partir de dificuldades evidenciadas na aprendizagem do aluno, para que este possa
aplicar na sociedade em que está inserido, conhecimentos eficazes e úteis
aprendidos na escola.
Embora a utilidade do que se aprende seja pouco aplicada no contexto social,
devido a alguns fatores ainda deficientes no processo de ensino, é possível sempre
que depender do professor, refletir sobre suas práticas, para resultados mais
satisfatórios.
Mais uma vez Zabala (1998) intervém:
(...) o conhecimento que temos hoje em dia é suficiente, ao menos para determinar que existem atuações, formas de intervenção, relações professor-aluno, materiais curriculares, investimentos de avaliação, etc. que não são apropriados para o que pretendem. Existem atividades de ensino que contribuem para a aprendizagem, mas também existem atividades que não contribuem da mesma forma, e que é outro dado a ser levado em conta. A intervenção pedagógica tem um antes e um depois que constituem as peças substanciais em toda a prática educacional (p.16-17).
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Diante desse contexto onde percebemos a deficiência especialmente em
leitura e escrita, precisam de um reforço e atuação maior, no sentido de viabilizar,
com eficiência a pratica da leitura e da escrita para que o aluno possa utilizar de
maneira competente essas habilidades em seu contexto social.
Os parâmetros curriculares nacionais PCNs (2001), vem subsidiar:
Desde o inicio da década de 80, o ensino de língua portuguesa na escola, tem sido o centro da discussão acerca da necessidade de melhorar a qualidade de educação no país. No Ensino Fundamental o eixo da discussão, no qual se refere ao fracasso escolar, tem sido a questão da leitura e da escrita. Essas evidencias de fracasso escolar apontam a necessidade da reestruturação do ensino de língua portuguesa, com o objetivo de encontrar formas de garantir, de fato, a aprendizagem da leitura e da escrita (p. 15).
Analisando através dessa vertente, e de que a função social da escola, é
primordialmente o ensino da capacidade de ler e escrever, e que estas capacidades
devem ser adquiridas desde as series iniciais do Ensino Fundamental, requer uma
ênfase mais especial no ensino de língua portuguesa, mas isso não implica que é
tão somente função do professor de língua portuguesa.
Castanheira (2009) acentua que:
As ações de ensinar a ler e de ensinar a escrever, não se esgotam nas séries iniciais. Essas ações não são tarefa exclusiva do alfabetizador mas trabalho conjunto de toda a escola, de todos os profissionais que atuam com os alunos ao longo de sua vida escolar. Os professores de artes, geografia, história, Ed. Física, de matemática, todos enfim, devem ter compromisso com o desenvolvimento das capacidades de leitura e escrita dos alunos (p.83).
Dentre essas competências de ler e escrever como uma função de cada
professor, nos remetemos especificamente para o uso da leitura e da escrita nos
contextos sociais, não de maneira mecânica, mas no sentido do letramento, que
conforme (KLEIMAN 1995) é a apropriação da leitura e da escrita nos contextos
sociais, e não a decodificação de palavras.
É tarefa conjunta e continua de todo professor esteja ele atuando em qualquer
disciplina ou segmento adotar a responsabilidade de levar o aluno a ler e escrever e
que essa leitura e escrita faça sentido que tenha importância na vida do aluno, e não
seja mecânica e desvinculada das práticas onde será necessário fazer uso, pois é
desnecessário e não faz sentido ensinar o aluno ler sem que este compreenda ou
faça uso da finalidade que tem determinadas leituras.
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Ainda segundo Kleiman (1995):
Letramento é um conjunto de práticas sociais que usam a escrita enquanto sistema simbólico, e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos. A leitura e a escrita fazem parte de atividades sociais, tais como ler um jornal ou pagar contas. Dai a importância de se encarar a leitura e a escrita não só como atividades com um fim em si mesmas, mas como atividades que servem a um propósito. Analisar esse propósito deve ser parte de um modelo mais eficaz de letramento (p. 24).
Sendo assim o domínio da leitura e da escrita é condição elementar para a
inserção e participação do sujeito na sociedade dessa habilidade a ser adquirida
desde as series iniciais, e aperfeiçoando nas séries posteriores.
Ainda conforme os PCNs (2001):
Cabe à escola, promover a sua ampliação de forma que, progressivamente durante os 8 anos do Ensino Fundamental, cada aluno se torne capaz de interpretar diferentes textos que circulam socialmente, de assumir a palavra como cidadão, de produzir textos eficazes nas mais variadas situações (p. 23).
Fica claro, portanto, a responsabilidade atribuída à escola, como
fundamentais para a aquisição desse processo de letramento, onde é possível que o
professor esteja sempre aperfeiçoando a sua prática de ensino, mediante as devidas
intervenções, para que aconteça a viabilização desse processo, para isso é
importante conhecer, pois, não é possível intervenção, sem compreensão do objeto
sobre que se pretende atuar ou se está atuando (FREIRE 2009).
A realidade da educação hoje bem como dos níveis de ensino e
aprendizagem por serem amplos e abrangentes, requerem uma atenção especial,
quanto ao seu desenvolvimento, no sentido de compreender, de que maneira estão
sendo trabalhados, para que possibilitem uma aprendizagem significativa, o que
remete a uma série de fatores envolvidos, entre eles, as práticas pedagógicas
trabalhadas, que devem ser e estar em constante aperfeiçoamento e reflexão, por
parte do professor, pois é ele em primeira instancia, que possibilita através de suas
práticas em sala de aula, momentos que visam, a aprendizagem de elementos
importantes para que o aluno aprenda e use em sua vida cotidiana o que aprendeu.
Mais uma vez os PCNs (2001) enfatizam:
Quando entram na escola, os textos que circulam socialmente cumprem um papel modalizador, servindo como fonte de referencia, repertório textual e suporte de atividades. A diversidade textual, que existe fora da escola pode e deve estar a serviço da expansão do conhecimento letrado do aluno, o
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conhecimento dos caminhos percorridos pelo aluno favorece a intervenção pedagógica e não a emissão, pois permite ao professor ajustar a informação oferecida às condições de interpretação em cada momento do processo (p. 34 e 35).
Analisando a luz dessa afirmação, fica claro perceber, que é de extrema
relevância o ensino e práticas pautadas no objetivo de levar o aluno a utilizar o que
foi aprendido, de maneira satisfatória e eficiente, pois deve ser esse o papel
primordial da escola.
Pedro Demo (2005) enfatiza:
Mais do que nunca, deve ficar claro que o conhecimento reconstruído é a base da intervenção, não só na cabeça, mas igualmente na vida concreta.Assim é decisivo saber mostrar por que matemática é necessário para a cidadania das pessoas, ou por que falar bem a língua materna faz parte do cidadão participativo, ou por que alfabetizar-se é questão chave do combate à pobreza política da população (p. 46).
É fundamental que o professor tenha clareza e conhecimento do que se
ensina como se ensina e para que se ensina, a escola é um cenário de
conhecimento e descobertas do que vem a ser importante na vida do aluno para
que use lá fora no meio social em que vive e não um transmitir de conteúdos sem
importância as vezes, sem intervenção para se tornar claro por que serve e como
iremos utilizar.
Ainda Demo (2005)
Neste sentido a feitura de material didático próprio não deságua no aperfeiçoamento da aula, ainda que isto possa ocorrer, porque o mais natural será sua revisão radical. Em vez da exposição copiada, por ser inútil e imbecilizante, torna se necessário o trabalho conjunto, dinâmico, critico e criativo. E é preciso pois recolocar as questões tendo como parâmetro a competência que é mister forjar na escola. Se queremos um cidadão competente, formal e politicamente, a aula meramente expositiva, apenas atrapalha, e faz da escola acentuadamente uma perda de tempo. Será mister preferir didáticas reconstrutivas, que sejam mais aptas a estabelecer o relacionamento fecundo de sujeitos. (p. 46).
No entanto a realidade do cenário educacional brasileiro, quanto a um nível
de aprendizagem significativa, requer um trabalho voltado para a concretização de
práticas voltadas neste sentido, que permita ao aluno a sua atuação de maneira
significativa em seu contexto social, através dos conhecimentos adquiridos na
escola. Vigotsky (2004) ressalta que:
Para a educação atual não é importante ensinar certo volume de conhecimento, quanto educar a habilidade para adquirir esses
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conhecimentos, e utilizá-los. Isso se obtêm apenas no processo de trabalho (48).
As deficiências encontradas e percebidas na aprendizagem e na atuação do
aluno em contextos sociais,são percebidas de maneira clara, especialmente quanto
a habilidade de leitura e escrita, pois é possível perceber desde as séries iniciais,
que os alunos apresentam inúmeras dificuldades quanto a compreensão e
interpretação do que se lê, apenas decodificando, na maioria das vezes, o que não
torna um aluno letrado e atuante.
É bastante expressiva a fala de Paulo Freire (2006) quando diz:
Ensinar não é encher a cabeça dos educandos de conteúdos, isso é a concepção mágica do poder dos conteúdos, como se bastasse você ensinar matemática, geografia, isso e aquilo aos meninos populares e no dia seguinte, ganhassem a independência.A questão para mim é saber o que é ensinar e como ensinar.uma pedagogia como essa está preocupada em como é que o sujeito que conhece se aproxima do objeto a ser conhecido para dissecá-lo.o exercício de tornar-se capaz de ler e escrever exige, de quem realmente aprende, uma postura de sujeito que cria o próprio aprendizado.Aprender é uma expressão de quem cria e não de quem é teleguiado ( p.64).
Sendo assim, quando o professor tem claro o que quer que os seus alunos
aprendam e para que aprender, será possível proporcionar uma aprendizagem
significativa que vai além de fazer apenas leituras mecânicas. Pois, conforme
acentua (FREIRE, 2006) É preciso ter a sensibilidade a capacidade de ler o mundo,
e não de ler os textos.
Os PCNs (2001) vem acentuar:
É preciso superar algumas concepções sobre a aprendizagem inicial da leitura. A principal delas é a de que ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons, sendo a compreensão conseqüência natural dessa ação. Por conta dessa concepção equivocada, a escola vem produzindo grandes quantidades de “leitores” capazes de decodificar qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que tentam ler (p. 55).
O que se percebe é que as dificuldades que acontecem desde as séries
iniciais, causam conseqüências bastante complicadas, quando não sanadas em
tempo hábil e devido, gerando falhas e deficiências nos anos de escolaridade
posterior. É preciso pois uma reflexão do ponto de vista estrutural do currículo
escolar de modo que o alcance das habilidades de leitura e escrita na perspectiva do
letramento, aconteçam em todos os segmentos escolares, de forma continua e
competente.
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Magda Soares (2006) diz:
A conclusão de determinada serie escolar tem pouca validade como critério para avaliação do letramento, porque ainda não é oferecido o ensino fundamental para todos, e a organização e controles escolares são, em geral, tão precários que uma grande parte das crianças que conseguem ter acesso à escola ou a abandonam, depois de completar dois ou três anos de escolarização fundamental, ou repetem a mesma serie diversas vezes (em geral a primeira serie) justamente por causa do índice de reprovações e das repetências decorrentes delas, a conclusão da 4ª serie, por exemplo (em geral selecionada como linha divisória entre analfabetismo e letramento) representa com freqüência, na verdade, seis, oito, ou dez anos de escolarização (p. 98-99).
Fica claro uma compreensão, a partir da fala abordada pela autora, como se
constata através da realidade em que se encontra o ensino e a aprendizagem, que
há vários fatores envolvidos, que ao final precisam ser reformulados e
reorganizados para que se alcancem seja em qualquer tempo de escolaridade,
aluno aptos a utilizarem os conhecimentos adquiridos na escola de maneira
efetivamente letrada em sua vida social , profissional e em outras esferas. É preciso
possibilitar as necessárias intervenções para sanar problemas em tempo hábil e
preciso, não permitindo que uma ineficiência que aconteceu na série anterior se
perdure na série posterior. É necessário consciência,intervenção e ação
simultaneamente por parte do professor.
Carvalho (2010), diz que:
Não há uma causa única para se explicar a situação a que chegamos, mais de 90% das crianças brasileiras têm acesso á escola fundamental, mas boa parte delas não consegue aprender a ler, ou leva muitos anos para alcançar um nível rudimentar l de leitura e escrita. Os resultados nacionais em prova de leitura e escrita, para alunos de 15 anos são lastimáveis (p. 75).
De todas as deficiências existentes neste processo, resulta o que está
denominado de analfabetismo funcional.
Soares (1995), explica:
Só recentemente esse termo se tem mostrado necessário, porque só recentemente começamos a enfrentar uma realidade social em que não basta simplesmente “saber ler e escrever”, dos indivíduos já se requer não apenas que dominem a tecnologia do ler e do escrever, mas também que saibam fazer uso dela, incorporando-a a seu viver, transformando-se assim em “estado”! ou “condição”, como conseqüência do domínio dessa tecnologia (p. 7).
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O papel da escola e especialmente do professor, quanto as suas práticas
educativas é preponderante para diminuirmos a quantidade de pessoas que não
fazem uso da leitura e da escrita, e aumentarmos a qualidade desse processo.
A reflexão por parte do professor quanto às suas práticas metodológicas
como intervenção, no processo de aprendizagem é de uma relevância singular.
Soares (2003), ainda enfatiza:
Há necessidade de rever e reformular a formação do professor das séries iniciais do Ensino Fundamental de modo a torná-los capazes de enfrentar o grave reiterado fracasso na aprendizagem inicial da língua escrita nas escolas brasileiras. Se as práticas pedagógicas pudessem transformar as iniciativas meramente instrucionais em intervenções educativas, talvez fosse possível compreender melhor o significado e a verdadeira extensão da não aprendizagem e do quadro de analfabetismo no Brasil (p. 9).
É portanto condição primordial e indispensável o conhecimento e aplicação
de práticas voltadas para o favorecimento de alunos competentes na leitura, e que e
que se utilize dela nas mais diversas situações.
Cabe ao professor em seu segmento ou área de ensino, contribuir, uma vez
que é papel fundamental do professor das séries iniciais, fazer com competência
que isso venha a se concretizar, cabe aos professores das séries seguintes dar
continuidade a esse processo tão relevante e indispensável.
A prática conjunta neste processo será essencial, uma vez que possibilitará
ao aluno, inserir-se de modo letrado e competente fazendo uso do que aprendeu.
Kleiman (1995) vem subsidiar:
O conjunto de práticas desenvolvidas nas escolas para aprender os usos da língua escrita, é o que vem a ser letramento escolar. Envolve não só o ensino de português mas também a leitura e a escrita praticadas nas demais disciplinas, os textos que circulam e o modo pelo qual os processos dirigem, orientam e avaliam a leitura e escrita dos alunos.No processo de letramento escolar, alunos lidam com diversos tipos de textos; livros (didáticos, literários, dicionários, atlas, enciclopédias etc), exercícios, provas, cartazes, avisos, murais, boletins, cartas, folhetos, circulares, agendas e outros. Quanto mais intensivo forem o contato, a apropriação e a utilização destes diferentes tipos de escrita, mais efetivo será o letramento escolar (p. 20).
É com o comprometimento, envolvimento, conhecimento e reflexão do
professor em suas práticas, que se pode avançar no sentido de não permitir
propagar o quadro de analfabetismo funcional de modo que se trabalhe na
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perspectiva de fazer com que o aluno aprenda a fazer uso da leitura e da escrita de
maneira competente desde as series iniciais, em todo o tempo das séries finais e se
prolongando por toda a educação básica, para que suas conseqüências
degradantes não cheguem até mesmo ao ensino superior.
Muitas discussões (e pontos de vista) atribuem a responsabilidade muito
grande somente ao professor das séries inicias por ser a base de toda formação
elementar e fundamental da aquisição da leitura e escrita, no entanto,esta
responsabilidade não pode ser somente de determinado professor nem de
determinado tempo escolar (séries iniciais, finais, ensino médio e superior) mas em
conjunto e objetivos únicos e articulados em todas as esferas para que se consolide
a atuação de alunos letrados.
É considerável que precisamos ter um olhar mais atento e ações mais
eficazes, quando percebemos que ainda existe muitas falhas e até possíveis
negligências quanto a propostas ou práticas que venham consolidar ou promover um
quadro mais insinuante e progressivo de alunos letrados, ou seja, que não se
limitem somente a ler sem fazer uso do que esta escrito ou até mesmo não
compreender de fato, mas que sirva para a sua atuação, inserção e mobilização na
sociedade em que vive.
Destacamos que foi diante de uma experiência enquanto professor atuante e
enquanto aluno do curso de pedagogia em tempo de estágio, por percebermos a
inexistência de práticas que torne o aluno letrado e que muitas das práticas
aplicadas estão mais propensas a se propagar o quadro de analfabetismo funcional
do que de alunos plenamente letrados, o que evidenciava a quantidade de alunos
que liam e escreviam e não tinham compreensão desses atos, é que interessou e
surgiu a minha problemática que é saber: Quais práticas dos professores de
séries finais do ensino fundamental da escola Antôn io Bastos, contribuem
para a formação de sujeitos letrados?
Os principais objetivos deste estudo são:
• Identificar as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores da
referida escola que contribuem para a formação de alunos letrados.
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• Analisar se as referidas práticas realmente se efetivam e são válidas
para a promoção de aluno letrados.
• Refletir sobre a importância e o papel do professor na articulação e
intervenções para uma aprendizagem significativa, eficiente para a
propagação do letramento no âmbito escolar.
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CAPÍTULO II
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Fazendo uma abordagem melhor explanada do tema em estudo e questão
sobre as práticas pedagógicas que favorecem o ensino e a aprendizagem de alunos
letrados, como o objetivo de identificar como os professores das séries finais do
ensino fundamental trabalham no sentido de possibilitar ao aluno a aquisição do
letramento no contexto escolar de maneira que se possa usar também fora desse
contexto, é que se faz necessário uma reflexão baseada em alguns elementos
teóricos que fundamentam e sustentam a construção e elaboração deste trabalho.
Neste sentido vale ressaltar que a contextualização no cenário teórico que
respaldam o tema em estudo, nos faz pensar e refletir a nossa prática de forma a
ampliarmos condições de favorecer aos nossos alunos, uma aprendizagem
significativa, que seja útil e eficaz em todas as esferas da sua vida, não se
restringindo somente ao âmbito escolar.
2.1 Letramento: que palavra é essa?
As mudanças que vem ocorrendo no sistema de ensino ao longo do tempo,
especificamente em se tratando das práticas pedagógicas de ensino e
aprendizagem, merecem atenção e um olhar novo onde possamos perceber ou
compreender o que induz ou o que está por trás de tantas mudanças no sistema de
ensino, suas nomenclaturas, novas teorias e novas práticas.
Durante muito tempo na história da educação do país, buscou-se elaborar
planos e lutar por campanhas ou programas de erradicação do analfabetismo, no
entanto muito dessas lutas, voltadas para a quantidade de pessoas a serem
alfabetizadas e não a qualidade, tiveram muitos insucessos, o que perdura até hoje
com o advento ou a nova nomenclatura do analfabetismo funcional (CARVALHO,
2010).
Apesar do termo letramento já está um pouco saturado e até redundante no
sentido de trabalhos e pesquisas, na prática merece mais destaque e concretização
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no sentido de incorporar às nossas práticas pedagógicas este método tão
significativo, e rico em aprendizagem.
O letramento apareceu a primeira vez no cenário educacional com a
contribuição de Mary Kato em 1986 em sua obra escrita:Uma perspectiva
psicolingüística.E dois anos depois passa a representar no discurso da educação ao
ser definido por Leda Verdiani Tfouni em: Adultos não alfabetizados o avesso dos
avessos.
Magda Soares (2006) explica com muita precisão sobre o surgimento desse
termo aqui n Brasil:
É curioso que tenha ocorrido em um mesmo momento histórico, em sociedades tão distanciadas geograficamente quanto socioeconomicamente e culturalmente, a necessidade de reconhecer e nomear práticas sociais de leitura e de escrita mais avançados e complexas que as práticas de ler e do escrever resultante da aprendizagem do sistema de escrita.Assim é em meados dos anos de 1980, que se dá simultaneamente a invenção do Letramento no Brasil, literacy do inglês, Iletrisme, na França, da Iletracia, em Portugal, para nomear fenômenos distintos daqueles denominados Alfabetizaçao, alphabetisation.Letramento é uma terminologia não dicionarizada que, nos meios acadêmicos, vem sendo utilizado com diferentes sentidos (p. 5).
O fato desse termo surgir destaca a importância que tem o ato da leitura e da
escrita de maneira relevante para uma necessária participação efetiva e competente
nas práticas sociais e profissionais que envolva a língua escrita, pois tanto a
aquisição quanto a desapropriação destas habilidades favorece a sociedade como
um todo ou impedem o seu êxito.
Toufoni (2006) diz que: “A ausência tanto quanto a presença da escrita em
uma sociedade são fatores importantes, que atuam ao mesmo tempo como causa e
conseqüência de transformações sociais, culturais e psicológicas às vezes
radicais.”(p.54).
Cada vez mais esse termo veio ganhando espaços e inserido de maneira
mais destacada com as autoras Ângela Kleiman e Magda Soares que ao discutirem
sobre a origem do letramento, afirmam que o termo começou a ser utilizado no Brasil
por especialistas das áreas de educação e das ciências lingüísticas.
Magda soeres (2003) diz:
21
A invenção do letramento por nós se deu de maneira diferente (caminhos) daqueles que explicam a invenção do termo em outros países Como França e Estados Unidos (neste a discussão de letramento) fez e se faz de forma Independente em relação à discussão da alfabetização. No Brasil a discussão do letramento surge sempre enraizada no conceito de alfabetização, o que tem levado, apesar da diferenciação sempre proposta na produção acadêmica, a uma inadequada e inconveniente fusão dos dois processos que prevalecia do conceito de letramento (p.8).
Vale sempre ressaltar sobre a origem, significado e importância do que vem a
ser Letramento e que se torne claro para todos os envolvidos no processo de ensino
e aprendizagem, que sua aplicação e viabilização no sentido de propor benefícios
eficazes para que o aluno se aproprie dessa habilidade da aquisição de Leitura e
Escrita de maneira interativa na sociedade em que está inserido e em outros
contextos.
Magda Soares (2006) sublinha:
Literacy é o estado ou condição que assume aquele que aprendeu a ler e escrever.implicita neste contexto está a idéia de que a escrita traz conseqüências sociais, culturais,políticas, econômicas, cognitivas, lingüísticas, quer para o grupo social em que seja introduzido, quer para o individuo que aprenda a usá-lo.Letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou aprender a ler e escrever, o estado ou condição que adquire um grupo social ou um individuo como conseqüência de ter se apropriado da escrita (p.17-18).
O que se constata é que apesar do termo ser descoberto ou trabalhado a
mais de 20 anos, não se percebe muito de maneira expressiva um índice que
demonstre um número de pessoas letradas hoje, para muitos é como se estivessem
trabalhando pela primeira vez, uma vez que pesquisas apontam para o índice de
analfabetismo e de analfabetos funcionais, caracterizado por pessoas que lêem e
escrevem, mas não se apropriam da leitura e da escrita em contextos sociais.
Ângela Kleiman (1995) explica:
Pessoas letradas são aquelas que fazem uso da sua palavra em suas múltiplas formas de linguagem(corporal,escrita,falada,ou visual) para a comunicação de seus pensamentos.Novas exigências de leitura e escrita estão sendo apresentadas ao brasileiro a cada novo ano. E com isso damos as boas vindas ao termo letramento em substituição ao tão surrado alfabetismo. Com essa visão compreendemos o processo de Letramento como sendo a leitura do mundo diário, do mudo interior e exterior de cada ser humano, o fato de não encontrarmos o vocábulo Letramento no Brasil até meados da década de 80, reflete a importância dada em nossa cultura ao papel de leitura e escrita na vida dos brasileiros e sua variação em diferentes contextos culturais (p. 18).
22
Analisando todo esse contexto da inserção do termo Letramento no cenário
da educação brasileira, é importante percebermos e isso se evidencia nas
deficiências de ensino e aprendizagem, que muito precisa ser feito para que
viabilização desta proposta seja de fato inserida no sistema educacional de maneira
progressista e significativa que propicie ao sujeito fazer uso da leitura e da escrita no
contexto social em que se encontra, e que como já dizia o mestre a leitura da
palavra seja precedida da leitura de mundo (FREIRE, 1992).
É necessário criar mecanismos para mudar o cenário educacional presente
ainda com metodologias totalmente tradicionais, não que se despreze totalmente, e
que não seja em muitos aspectos dotada de significados, mas que abra espaço
para o novo quando é positivo, que não use a leitura e a escrita apenas como
decodificação ou conteúdos que não fazem sentido, mas que estimule, para que o
aluno possa usar o que aprendeu em funções e situações sociais em toda a sua
vida.
Soares (2003) pontua com muita precisão:
Afinal o que é letramento, letrar é muito mais do que alfabetizar é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham um sentido e faça parte da vida do aluno. O letramento tem como objeto de reflexão de ensino ou de aprendizagem, os aspectos sociais da língua escrita. Assim como objetivo o letramento no contexto do ciclo escolar, implica adotar na alfabetização uma concepção social da escrita, em contraste com uma concepção tradicional que considera a aprendizagem da leitura e produção textual como a aprendizagem de habilidades individuais.Letramento é um termo novo que surgiu nos últimos anos e que supera a alfabetização, acontece antes e durante a alfabetização e continua para todo o sempre. O aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura escrita (p.23).
Assim como se faz necessário ao aluno saber fazer uso das habilidades de
leitura e escrita antes de mais nada cabe ao professor e a todo o sistema de ensino
viabilizar através das práticas metodológicas não somente no contexto diário da sala
de aula, mas em várias situações em que se faça exigência. Uma vez que
compreendermos a relevância de se aprender nessa perspectiva de não só
decodificar letras, mas essencialmente compreender o sentido real de uma palavra,
frase ou texto entenderemos que ser Alfabetizado e Letrado é muito diferente de ser
apenas alfabetizado e não fazer uso da leitura e da escrita em contextos sociais, e
que mesmo não sendo alfabetizado mas ser Letrado este último ainda é imperioso.
É ainda Magda Soares (2006) quem enfatiza:
23
A pessoa que aprende a ler e escrever- que se torna alfabetizada e que passa a fazer uso da leitura e da escrita, a envolver-se nas práticas sociais de leitura e de escrita-que se torna letrada- é diferente de uma pessoa que não sabe ler e escrever- é analfabeta- ou, sabendo ler e escrever, não faz uso da leitura e da escrita- é alfabetizada mas não é letrada, não vive no estado ou condição de quem sabe ler e escrever e pratica a leitura e a escrita (p. 36).
É importante destacarmos com muita relevância,o sentido e o papel do
letramento em todos os espaços e segmentos escolares, pois este processo não se
da somente no ciclo da alfabetização nas séries iniciais, mas se propaga por vários
segmentos de ensino condicionando tornar pessoas letradas desde cedo, da
educação de base,no entanto, é constante a associação de Letramento e
Alfabetização embora os dois termos não se dissocie, há um período natural e hábil
para que o individuo possa se alfabetizar,mas a aprendizagem no processo de
letramento acontece a vida toda.
E sendo assim direcionamos para outra vertente que na verdade confirma o
quanto é amplo o sentido da prática do letramento e que com conhecimento desta
proposta fica mais viável e possível aplicarmos às nossas práticas pedagógicas
onde se priorize acima de tudo o que é significativo para o aluno dentro de seu
contexto.
Kleiman (2005) pontua:
O professor precisa ter autonomia para decidir sobre a inclusão daquilo que pode e deve fazer parte do cotidiano da escola, porque é legítimo e irremediavelmente necessário, por outro lado, saber a exclusão daqueles conteúdos desnecessários e irrelevantes para a inserção do aluno nas praticas letradas, que parece-nos persistir por inércia e tradição.Finalmente é importante também que haja uma negociação daquilo que pode não interessar momentaneamente o aluno mas precisa ser ensinado pela sua real relevância em nossa cultura e sociedade (p.19).
Faz-se necessário que a reflexão e a tomada de decisões por parte dos
envolvidos no processo de ensino seja propicio a favorecer uma aprendizagem que
faça sentido para a vida do aluno ao longo de sua vida, que o ato de ensinar não
seja feito de maneira mecânica e com fim somente para trabalhar conteúdos pré-
estabelecidos, mas que sejam sempre modificados e aperfeiçoados para
proporcionar aprendizagens que sejam úteis em todas as esferas da vida do
aprendiz.
24
Scribner (1984) apud kleiman (2005) reforça a importância do letramento
funcional ou de sobrevivência, ao escrever:
A habilidade de letramento em nossa vida diária é óbvia, no emprego, passeando pela cidade, fazendo compras, todos encontramos situações que requerem o uso da leitura ou a produção de símbolos escritos. Não é necessário apresentar justificativas para insistir que as escolas são obrigadas a desenvolver nas crianças, as habilidades de letramento que as tornarão aptas à responder a estas demandas sociais cotidianas.E os programas de Educação Básica tem também a obrigação de desenvolver nos adultos habilidades que devem ter para manter seus empregos ou obter outros melhores, receber treinamentos, e os benefícios que tem direito e assumir suas responsabilidades cívicas e políticas (p.73).
Considerando o papel do professor como de fundamental importância uma
vez que é ele quem está em contato direto com o sujeito é de extrema
responsabilidade e compromisso consolidar esta proposta pois o ato de ensinar
requer uma metodologia e uma prática que está sempre atrelada a uma teoria.
Sobre isso Soares (2003) refere-se:
De certa forma o fato de que o problema da aprendizagem da leitura e de escrita tenha sido considerado no quadro dos paradigmas conceituais, “TRADICIONAIS”, como um problema sobretudo metodológico, contaminou o método de alfabetização atribuindo-lhe uma concepção negativa: é que quando se fala em metodologia da alfabetização por exemplo identifica-se metodologia imediatamente métodos com os tipos tradicionais de métodos- sintéticos e analíticos(fônico, silábico, global, etc.) como se esses tipos esgotassem todas as alternativas metodológicas.Para a aprendizagem da leitura e da escrita talvez se possa dizer que para a prática da alfabetização tenha-se anteriormente um método e nenhuma teoria:Com as mudanças de concepção sobre o processo de aprendizagem da leitura e da escrita, passa se ter uma teoria e nenhum método (p. 110).
Podemos perceber que com as mudanças nos sistemas de ensino, e com a
chegada de novas palavras no cenário educacional, ainda perdura dúvidas, e gera
ainda muitos conflitos causando as vezes desentendimento quanto a elucidação de
determinadas propostas, teorias, práticas e metodologias a serem aplicadas ou
desenvolvidas.É preciso uma compreensão a cerca de muitas nomenclaturas novas
em educação e que antes de serem desenvolvidas sejam entendidas e esclarecidas
para que não gere transtornos e objetivos contrários ao que se propõem quando se
decide adotar ou trabalhar na perspectiva de determinadas propostas inclusive do
letramento.
Como enfatiza Soares (2006) “Letramento é uma palavra ainda desconhecida
ou mal entendida, ou ainda não plenamente compreendida pela maioria das
25
pessoas, porque é palavra que entrou na nossa língua há muito pouco tempo”
(p.19).
Fica claro que as devidas e necessárias intervenções no que concerne às
práticas de Letramento para possibilitar ao aluno fazer uso da leitura e escrita em
contextos sociais é tarefa fundamental do professor que está atuando e em contato
direto com os sujeitos de ensino, mas também como ratifica (SOARES, 2006) a
verdadeira natureza do letramento são as formas que as práticas de leitura e escrita
concretamente assumem em determinados contextos sociais, e isso depende
fundamentalmente das instituições sociais que propõem e exigem essas práticas.
Letramento é um conjunto de práticas de leitura e escrita que resultam de uma
concepção de o que, como, quando e por quê ler e escrever.
Freire (2006) vem mediar:
Não é possível intervenção sem compreensão do objeto que se pretende atuar ou se está atuando. A leitura do mundo sob permanente processo de intervenção, leitura expressa na língua falada, cedo ou tarde exigira sua complementação pela escrita lida. Por isso é que não há leitura do texto sem leitura de mundo leitura de contexto.É esta uma das violências que o analfabetismo realiza- a de castrar o corpo consciente falante do homem e mulher, proibindo-os de ler e escrever, com o que se limitam, na capacidade de, levar o mundo, escrever sobre sua leitura dele e, ao fazê-lo repensar a própria leitura (p 53).
Portanto as práticas devem ser repensadas a cada momento em que se
perceber que não se está intervindo de maneira eficiente e satisfatória para a
aquisição desse fenômeno, pois é preocupante que alunos passem tanto tempo na
escola aprendendo a ler e a escrever, e não façam uso dessas habilidades, letrar e
não apenas alfabetizar deve ser condição primordial para o acesso, interação e
participação no meio social, o que a alfabetização por se só não permite. É
imprescindível que elevemos o nível de letramento dos alunos para que obtenham
êxito ao longo das experiências de sua vida e não enfrente dificuldades naturais a
quem ainda não alcançou, como sublinha (SOARES 2006) sabem ler e escrever,
mas enfrentam dificuldades para escrever um oficio, preencher um formulário,
registrar a candidatura a um emprego, os níveis de letramento é que são baixos.
26
2.2 Práticas metodológicas: como se forma leitores?
Partindo do pressuposto de que a atividade e o objetivo elementar da escola,
é ensinar o aluno a ler e escrever, nos remetemos a compreender estas habilidades,
no sentido do letramento.
A finalidade principal da escola é, e deve ser ensinar ou levar o aluno a ler e
escrever e que estas competências aconteçam de maneira eficaz e satisfatória, para
que ele use com competência o que aprendeu. É dotada de toda uma importância
todas as disciplinas que se destinam a trabalhar com os alunos, entretanto, ler e
escrever, contar e calcular merece um acentuado destaque e enfatizamos as
habilidades de leitura,ou como se dá esse processo no sistema de ensino.
Diante da realidade, em que se percebe algumas deficiências e ausências,
quanto a competência de leitores, faz-se necessário compreendermos como se
conceitua o ato de ler.
A realidade aí exposta, quanto a qualidade e competência de leitura em
nossas escolas, requer um olhar diferenciado, e que dimensione e almeje a
formação de leitores com habilidades diversas, se apoderando dessas habilidades
tão benéficas para que sejam uteis no seu cotidiano.
Lenner (2002) enfatiza que:
O necessário é fazer da escola, uma comunidade de leitores que recorram aos textos buscando respostas para os problemas que necessitam resolver, tratando de encontrar informação para compreender melhor alguns aspectos do mundo que é objeto de suas preocupações, buscando argumentar para defender uma posição para a qual estão comprometidos ou para rebater outra que considerem perigosa ou injusta, desejando conhecer outros modos de vida, identificar com outros autores e personagens ou se diferenciar deles, viver outras aventuras, inteirar-se de outras historias, descobrir outras formas de utilizar a linguagem para criar novos sentidos (p. 17-18).
Não só partindo do que disse a autora, mas refletindo a partir de outras
leituras, percebemos o quanto a leitura é imprescindível para a atuação, inserção e
mobilização do sujeito que adquire de maneira competente, se tornando útil para
aplicar em seu contexto diário.Infelizmente, ainda é deplorável, o modelo de leitura
que se realiza ou que se dá em nossas escolas, pois, contribui pouco de maneira
ainda incipiente,quando se revela as dificuldades encontradas em relacionar ou
27
distinguir por partes dos nossos alunos, a natureza de diversos gêneros textuais e
suas funções, bem como em muitos casos a incapacidade de interpretar vários tipos
de texto.
Ainda segundo Lenner (2002):
O necessário é fazer da escola um âmbito onde a leitura e escrita sejam práticas vivas e vitais, onde ler e escrever, sejam instrumentos poderosos que permitam repensar o mundo e reorganizar o próprio pensamento, onde interpretar e produzir textos, sejam direitos que é legitimo exercer e responsabilidade que é necessário assumir ( p. 18).
É preciso pois, repensar o modelo de práticas existentes e impostas ainda
hoje nas escolas que ainda direcionam para o não êxito de formarmos alunos
leitores competentes, pois o que a realidade mostra é que ainda há deficiências que
precisam ser sanadas o quanto antes, e que as práticas realizadas nas instituições
escolares, dimensionem e objetivem contribuir para a formação de leitores
eficientes, porque letrados.
Cabe à escola proporcionar momentos de leitura significativa, e ao aluno
também o interesse em adquirir com empenho esta habilidade para os vários usos
em que se exigirão em sua vida. É importante que o tempo vivido na escola seja
válido e consolidado com práticas fundamentais que viabilizem uma aprendizagem
rica de sentidos e expressiva na realidade prática e diária do aluno.
Cagliari (1998) se expressa da seguinte forma:
Neste país, o aluno passa 8 anos na escola de 1º grau, 3 anos na de 2] grau e pode passar mais 4 na faculdade, sem contar o ano de cursinho preparatório e as reprovações...e, se um especialista em problemas relacionados à língua portuguesa fizer uma pesquisa, para ver o que esse aluno aprendeu em mais de uma década de estudos, sem duvida ficará decepcionado.Então o que o aluno fez nesses anos todos de escola? Será que o ser humano precisa de tanto tempo para aprender tão pouco? O que está errado nesta história? (p. 7-8).
São inúmeros os fatores envolvidos, quanto a aprendizagem, especificamente
em se tratando de leitura, fator preponderante no âmbito escolar. Resolver os
problemas de imediato torna-se tarefa quase impossível, mas, refletindo, estudando,
objetivando capacitar os alunos a serem leitores aptos a interpretar os vários tipos
de textos e de leitura, em uma interação conjunta com todos os envolvidos no
28
processo escola, é possível, viável e provável mesmo que aconteça aos poucos e
gradativamente.
Ensinar e proporcionar momentos significativos de leitura para que sejam de
fato letrados não é tarefa somente do professor de português, mas uma tarefa
conjunta vinculada com todos os professores envolvidos das respectivas áreas do
conhecimento em que atuam, pois para saber interpretar qualquer texto, questão, ou
enunciado de uma outra disciplina que não seja português, é preciso saber ler e ler
bem.
Miguel Arroyo (2011) salienta:
Supõe-se que a partir da área que se chega à cidadania, ao sujeito inserido e participativo. A lógica que é proposta a cada professor parece ser esta: não esqueça que sua função é formar o cidadão, mas como? Sendo um bom, excelente professor (a) de sua matéria. Não esquecendo que a Matemática, as Ciências, a Escrita, a Geografia, a Historia, a Arte, a Educação Física, todo conhecimento que ensinares, toda competência que cultivares ampliará as possibilidades de inserção e de participação social, formará as capacidades intelectuais, éticas estéticas, indenitárias, desenvolvimento mental.Ensinemos os conteúdos de cada área e estaremos viabilizando a capacidade dos alunos de exercerem plenamente sua cidadania (p. 108-109).
Diante do exposto fica claro contatarmos a importância do envolvimento e
compromisso de todo corpo docente, para promover a inserção de aluno leitores e
sendo assim cidadãos plenos nas mais variadas situações, tanto dentro quanto fora
da escola. Estas considerações entre as necessárias intervenções e contribuições
entre todos os envolvidos, possibilitará alcançar o que mais se objetiva na escola,em
especial, ensinar a ler e escrever, mas que esta leitura deve ir além do decodificar
letras, palavras ou frases mas que acima de tudo, o leitor interprete com clareza e
compreenda o que está explicito nas entrelinhas.(FREIRE, 2006).
Segundo Soares (2006):
Ler é um conjunto de habilidades e comportamentos que se estendem desde simplesmente decodificar sílabas ou palavras até ler GRANDE SERTOES VEREDAS de Guimarães Rosa... Uma pessoa pode ser capaz de ler um bilhete, ou uma história em quadrinhos e não ser capaz de ler um romance, um editorial de jornal.Assim, ler é um conjunto de habilidades, comportamentos, conhecimentos que compõem um longo e complexo continum, em que ponto desse continum uma pessoa deve estar para ser considerada alfabetizada? No que se refere a leitura? A partir de que ponto desse continum uma pessoa pode ser considerada letrada, no que se refere à leitura? (p. 57)
29
A amplitude de questões no que se refere a leitura é muito extenso, e requer
acima de tudo conhecimento e preparo por parte de alunos, professores e todos os
envolvidos direta e indiretamente, pois como dizia Freire ( 2006) “ensinar a ler e
escrever não é uma questão técnica é uma questão política”(p15). A aquisição da
leitura não se dará penas por uma parte técnica de ensinar ao aluno a junção de
letras formando sílabas, sílabas formando palavras e palavras frase (FREIRE, 2006)
mas fazer entender a função e a finalidade do que esta escrito, para fazer uso no
seu dia a dia, não se restringindo apenas na escola mas em toda a sua vida.
E ao professor é atribuído uma responsabilidade que é fundamental para a
viabilização dessa proposta de ir além do simples decodificar letras e palavras, mas
compreender o que significa, e onde se aplica o que aprendeu.
Kleiman (2005) vem mediar:
O letramento nada mais é do que a preocupação com a inserção dos gêneros significativos que estão a todo tempo na vida do indivíduo.O professor é o principal articulador e mediador deste novo conceito, pois será ele quem decidirá sobre quais os conteúdos importantes para o individuo se transformar e transformar a sociedade na qual está inserido. O tema é amplo seu conhecimento se faz necessário (p.4).
Mais uma vez percebemos a grandiosidade e importância do professor nesse
processo, e que, se bem articulado, e trabalhado por todos para alcançar o mesmo
objetivo, como sendo formar o aluno letrado, será possível pois, com a mudança e a
contribuição que não pode ser feita por uma pessoa só, ela nasce do desejo da
gente sim, mas é coletiva social.Todos nós temos de assumir responsabilidades no
processo geral da mudança.(FREIRE, 2006).
Existe ainda muitos fatores de ordem maior, que precisam ser analisados com
muito cuidado, responsabilidade e competência, assim como encarar muitos
desafios para reverter esse quadro que ainda atua, no sentido de que não se está
alcançando na escola leitores que leiam de modo expressivo que demonstrem
claramente que já se alcançou esta habilidade de forma competente.E uma das
principais mudanças e é necessário acentuar, está no repetido e válido discurso da
formação e compreensão do professor em relação as sua práticas e metodologias,
que ainda reflete em idéias e concepções de um modelo tradicional de ensino, que
se confronta às vezes com sua precária formação.
30
É indispensável, pois, conhecimento e preparo, em todos os segmentos e
níveis em que se está atuando, contribuindo de maneira sólida para a aquisição de
alunos leitores, e que se trabalhe de maneira profunda em cada série ou nível, não
atribuindo ou negando responsabilidades que na verdade cabe a todos os
profissionais envolvidos, a alcançar um objetivo que é comum a todos, ao menos, é
o que se almeja.
Parece contraditório quando (CAGLIARI, 1998) expressa que parece muito
estranho querer tratar de gênero gramatical na alfabetização, isso deve ser
preocupação do ensino somente em séries mais avançadas.
O que pretendemos acentuar é que muito do que está se evidenciando hoje,
no âmbito escolar é que muitas das habilidades a serem adquiridas pelos alunos em
determinados níveis de ensino e aprendizagem, é que ainda perdura uma certa
indefinição de papéis quando ao que, como e porque ensinar, precisando
urgentemente se ter claro, cada um o seu papel e seus objetivos quanto a levar o
aluno tão somente a ler e escrever com autonomia, competência e precisão.
Não poderemos obter qualquer êxito para a nossa satisfação enquanto papel
cumprido, que é o de levar o aluno ler com eficácia, na perspectiva do letramento, se
houver certo individualismo de cada um que acha que não é papel seu ou que não
compete à sua disciplina ensinar a ler ou escrever. Para alcançarmos este objetivo
será indispensável e até mesmo obrigatório a participação de todos neste processo.
É ainda Cagliari (1998) quem subsidia:
Se todos os professores incluindo não só os da alfabetização, mas também os demais, partirem da realidade de seus alunos, no começo do ano, para ensinar o que acham que deve ser ensinado, tem-se um argumento a mais para a promoção automática na escola. Uma programação geral deve ser distribuir conteúdos básicos para serem ensinados ao longo dos oito anos do primeiro grau.Se um aluno não aprendeu direito um ponto num ano, o professor do ano seguinte, em vez de reclamar do colega, tem de assumir seu papel e ensinar a esse aluno o que ele precisa saber (p. 71).
Esta fala do autor é o cerne central da discussão da problemática a qual nos
propusemos, que com certeza, ainda precisa ser vinculada nas nossas propostas e
práticas de ensino de maneira que toda dimensão da leitura e formação de leitores
sejam sintetizados em alguns poucos objetivos, que é promover alunos letrados,
31
com o comprometimento de todos os professores, não importando a disciplina que
ensina nem tampouco o seu segmento.
2.3 Falando um pouco sobre a educação básica
A forma de organização que se dá nas escolas brasileiras ainda precisam ser
analisadas e compreendidas, quanto ao objetivo a que se propõem tantos processos
que se modificam constantemente e fragmentam o ensino, o que deveria se tornar
unidade com condições que possibilite ao aluno o seu desenvolvimento e
aperfeiçoamento de forma progressiva, contínua e integradas em todo o processo de
ensino e aprendizagem, e aqui salientamos a necessidade de práticas de leitura e
escrita nos contextos de letramento, em toda a educação básica,mais
especificamente no ensino fundamental.
É importante entendermos um pouco sobre a Educação Básica, que
compreende a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio e neste
contexto nos remetemos mais sobre o Ensino Fundamental, especificamente as
séries finais deste respectivo segmento, que constitui parte intermediária e
fundamental que sucede a Educação infantil e antecede o Ensino Médio
completando assim o que compõe a Educação Básica.
As mudanças que ocorreram na Educação e ainda ocorrem ao longo do
tempo, no que se refere às leis e normas bem como o aperfeiçoamento, alterações
ou emendas no sistema educacional, assim como nomenclaturas que caracterizam e
intitulam o sistema de ensino, merecem um olhar mais contextualizado e uma clara
compreensão do que vem a ser políticas públicas educacionais, sobretudo o estudo
da lei maior em Educação, LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) explica que:
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal n. 9.394), aprovada em 20 de dezembro de 1996, consolida e amplia o dever do poder público para com a educação em geral e em particular para com o ensino fundamental. Assim, vê-se no art. 22 dessa lei que a educação básica, da qual o ensino fundamental é parte integrante, deve assegurar a todos “a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”,
32
fato que confere ao ensino fundamental, ao mesmo tempo, um caráter de terminalidade e de continuidade (p. 15).
A Educação básica ainda é um conceito definido no art. 21 como nível de
educação nacional e que congrega articuladamente as três etapas que estão sob
esse conceito: a Educação infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio
(PCNs).Analisando a partir da etimologia da palavra básica, como fundamental,
essencial, indispensável é este período para o educando, a passagem pela
educação básica como desenvolvimento de suas funções psíquicas e orgânicas,
como o aprimoramento para estudos posteriores.
Podemos considerar, a partir desse contexto, e que merece uma análise mais
detalhada com mais ênfase é que compreendamos que é no Ensino Fundamental
como sendo um período de aprendizagem essencialmente básico, que se deve
adquirir os níveis elementares de leitura e escrita para dar continuidade e prosseguir
até o final da Educação Básica, denominado Ensino Médio e também a outras
etapas posteriores a este.
No art. 205 da constituição federal de 1988: “A educação, direito de todos e
dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Vale ressaltar que este artigo 205 precisa ser mais refletido mais estudado e
discutido nos espaços onde merece ser analisados para que se torne menos
distante a teoria e a prática. A realidade que ocorre em nossas escolas
especificamente a pública, precisa ser redirecionada, para práticas realmente
verdadeiras que de fato aconteça esse ensino pautado no dever da família
inicialmente, e práticas que almejem a formação de cidadãos autônomos, críticos e
qualificados para o trabalho e para as variadas situações que enfrentarão na vida,
desde a Educação Básica.
Conforme Almeida (1998):
Quanto mais amadurecidas forem nossas propostas e seriamente discutidas, menores serão as nossas ilusões e maiores as expectativas de ir traçando um horizonte mais promissor para a democratização e universalização da educação básica (p. 48).
33
É extremamente importante em todos os níveis da Educação Básica
refletirmos sobre as nossa Práticas e propostas que venham a ser desenvolvidas,
bem como as estratégias e objetivos que irão nortear o andamento do nosso
trabalho. E ainda neste contexto, nos referimos especificamente as práticas na
perspectiva do Letramento, ainda no que se refere às nossa práticas, Brandão
(2001), ressalta que:
Acreditamos que ao levar o aluno a aprender a ler as estratégias discursivas com que se tecem os diferentes gêneros, o professor estará contribuindo com sua parcela de formar cidadãos em seu pleno desenvolvimento. Contudo para que o professor possa de fato dar a sua parcela de contribuição, é preciso que tenha clareza das noções que nos levarão o seu fazer pedagógico. Deve-se evitar uma postura pretensamente arrogante que tantas vezes toma conta do mundo acadêmico e do mundo das instituições que regem a educação baseada na apresentação de propostas de aplicação de tal e tal teoria, sem o lastro entre o estreitamento entre o que se quer e o que é possível fazer pode proporcionar (p. 43).
Considerando a importância do Ensino Fundamental como tempo que deve
ser assegurado ao aluno obter as habilidades e competências necessárias a
percorrer uma etapa posterior de ensino, faz-se necessário uma retomada de
estudos, reflexões e práticas vinculadas no sentido de promover a formação de
cidadãos aptos a participar da vida social.
O que pretendemos enfatizar como sendo parte altamente relevante quando
falamos em Educação Básica, especificamente no Ensino Fundamental é que é
exatamente nesta etapa que o ensino e a aprendizagem deve acontecer de maneira
eficiente e satisfatória para que se alcance durante este tempo os objetivos
indispensáveis a serem alcançados para a aquisição de capacidades, habilidades e
maturidade compondo assim conhecimentos prévios e essenciais para uma
promoção à etapa posterior.
É nesta etapa da educação básica que o ensino e aprendizagem merecem
um alicerce que fundamente e possibilite o ingresso em séries posteriores, levando o
aluno, para o desenvolvimento da sua criticidade, autonomia, independência e
eficiência com os sistemas de escrita e leitura das quais irá utilizar por toda a sua
vida dentro e fora da escola, espaço este que deve ser oferecido essa formação e
capacitação essencialmente, embora não seja o único, levando-se em conta que o
aluno adquire outras habilidades e competências também fora do âmbito escolar.
34
Mas o que queremos sublinhar aqui é que é essencialmente na escola que as
habilidade e conhecimentos úteis a serem utilizados por o aluno na sua vida
profissional e social devem ser adquiridos na escola e que esta aquisição seja
eficiente, necessitando reformular ou reorganizar as práticas que muitas das vezes
não colaboram para uma aprendizagem significativa, que proporcione e estimulem o
aluno ao prazer em aprender e permanecer na escola.
Fernando Beck (2003), vem assim se expressar :
Os alunos não suportam repetir o que não lhes faz sentido, por outro lado, a verdadeira aprendizagem escolar, deveria visar o aumento da capacidade de aprender, tão importante nos dias atuais, e não apenas acumular conteúdos; conteúdos freqüentemente inúteis. Além disso, a escola pública poderia pensar em tentar conjugar, na prática pedagógica e didática, outros verbos além do verbo repetir, para redefinir sua função didática pedagógica: fazer, compreender, criar, inventar, sentir, abstrair, experienciar, transformar, desafiar e etc. E inspirada no pensamento de Paulo freire conjugar verbos como: buscar, indagar, intervir, escutar, dizer, falar, pensar, perguntar, dialogar, mudar, transformar, pesquisar, conscientizar-se, refletir a prática, ousar o novo e etc. Só isso já provocaria uma mudança de perspectiva (p.32).
Neste sentido é que precisamos urgentemente reelaborar e redirecionar as
nossas práticas, e que estas possam ser pontes, ligando o objetivo que se tem e as
ações que se desenvolverão.
Os PCNs (2006) enfatiza que:
As discussões dessas questões são importante para que se explicitemos pressupostos pedagógicos que subjazem à atividade de ensino, na busca de ocorrência entre o que se pensa estar fazendo e o que realmente se faz.Tais práticas se constituem a partir das concepções educativas e metodológicas de ensino que permearam a formação educacional e o percurso profissional do professor, aí incluída suas próprias experiências escolares, suas experiências de vida, a ideologia compartilhada com seu grupo social e as tendências pedagógicas que lhe serão contemporânea (p. 39).
É de enorme responsabilidade e importância a prática pedagógica do
professor, pois esta bem trabalhada e compreendida do ponto de vista do docente,
pois será estabelecida com fins claros e objetivos determinado com as devidas
intervenções para se alcançar o que se objetiva, neste sentido aluno letrados,
capazes de agir e interagir nas situações cotidianas da escola e da vida.
É ainda os PCNs (2006) que colabora:
35
Embora a escola vise a preparação para a vida,não busca estabelecer relação entre os conteúdos que se ensinam e os interesses dos alunos, tampouco entre esses e os problemas reais que afetam a sociedade.Na maioria das escolas essa prática pedagógica se concretiza por sobrecarga de informações que são veiculadas aos alunos, o que torna o processo de aquisição de conhecimento, para os alunos, muitas vezes burocratizados e destituído de significação (p17).
Um dos objetivos gerais que os (PCNs) destacam além de outros não menos
importante, mas que aqui queremos acentuar diz que:“posicionar-se de maneira
critica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais utilizando o dialogo
como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas”(p. 107). Além de
outro que também destacamos: “utilizar as diferentes linguagens - verbal,
matemática, gráfica, plástica e corporal - como meio para produzir, expressar e
comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos
públicas e privados, atendendo as diferentes intenções e situações de comunicação
(p. 108)”.
Pretendemos enfatizar a relevância desse objetivos aqui citados, e
compreender através da ótica do sistema educacional o qual é inteiramente
responsável pela concretização desse objetivos além da responsabilidade de todos
os envolvidos neste processo, que são os profissionais da educação envolvidos
direta ou indiretamente.
Cabe à escola de maneira geral organizar, planejar, projetar e articular todas
as estratégias possíveis para a viabilização e alcance de objetivos, levando-se em
consideração que esta não é tarefa fácil, mas quando todos se juntam para alcançar
um mesmo fim torna-se tarefa ainda difícil, mas possível.
E os PCNs (2001) asseguram que: “Apesar de a responsabilidade ser
essencialmente de cada professor, é fundamental que esteja compartilhada com a
equipe da escola por meio da co-responsabilidade estabelecida no projeto educativo
(p 52)”.
A Educação Básica como já insinua o nome, deve oferecer de maneira
significativa e competente o alcance das habilidades básicas necessárias ao aluno,
atuar de maneira autônoma e eficiente na sociedade em que vive, e é na escola
onde se coloca toda a responsabilidade para o alcance dos objetivos citados
anteriormente, e que compete oferecer esta educação básica, para que o individuo
36
possa interagir não só profissionalmente mas pessoalmente nas várias situações
que se fará necessário fora da escola.
É parte integrante da escola, em todos os segmentos que constituem a
educação básica, proporcionar condições elementares e dotadas de significância e
eficiência para a atuação competente e fundamental do individuo no âmbito social. E
dentro deste contexto se atrela a uma mudança geral e até radical de todos os
processos educacionais envolvidos, que parte de quem elabora as normas e os
objetivos de ensino, até a quem cumpre e realiza,assim como o currículo e algumas
práticas existentes ainda, consiste em um ponto fundamental e que requer reflexão e
ação, no sentido de fazer uma análise com cuidado e clareza, pois muitas das
práticas metodológicas desenvolvidas ainda hoje, no que se refere ao cumprimento
do currículo escolar, são metodologias e posturas que ainda revelam um certo
despreparo, que impedem de inserir propostas e desenvolver um trabalho de
maneira que dimensione e vincule práticas capazes de levar o aluno a interagir e se
construir de maneira critica, reflexiva e autônoma, o que aulas simplesmente
expositivas, exclusivamente voltada para o cumprimento de um número considerável
de conteúdos em cada unidade escolar não é possível. Cardoso (1991), expressa
que: “A prática pedagógica consciente e politizada, pressupõe vínculos entre meios
e fins, vontade, consciência dos objetivos da prática e noção exata da própria
potência dos atos para presenciá-los na ação criatividade e não prática repetitiva
(p.24)”.
O alcance de uma educação de qualidade pois, está atrelado a inúmeros
fatores os quais é inteiramente de responsabilidade e competência de todos os
envolvidos no processo educativo, e que requer constantemente análise, reflexão
critica e percepção, além de uma acentuada capacidade e maturidade para perceber
quais são os entraves que ainda dificultam o alcance dos objetivos propostos, e
sendo assim a sua concretização.
Quando os (PCNs, 2001) sublinham que o plano decenal de educação, em
consonância com o que estabelece a constituição de 1998, afirma a necessidade e a
obrigação de o estado elaborar parâmetros claros no campo curricular, capazes de
orientar as ações educativas do ensino obrigatório, de forma a adequá-los aos ideais
democráticos e à busca da melhoria da qualidade do ensino nas escolas brasileiras,
37
acrescentamos e enfatizamos, que são os envolvidos no sistema de ensino
diretamente, quem deverão fazer as alterações e adaptações possíveis, no referido
currículo escolar,de modo que a sua execução seja adequada e conveniente para a
consolidação e alcance dos objetivos,pois sem as devidas intervenções tanto na
elaboração quanto no cumprimento do currículo, não será possível obter resultados
satisfatórios e com êxito na aprendizagem que se idealiza acima de tudo no âmbito
escolar.
Conforme ainda acentua os (PCNs, 2001) os altos índices de repetência e
evasão apontam problemas que evidenciam a grande insatisfação com o trabalho
realizado pela escola, o que reafirma e ratifica todo o contexto das questões aqui
apresentadas bem como sua relevância ao discutirmos pertinentemente sobre
Educação Básica.
E mais especificamente dentro desse contexto é que enfatizamos aqui a
necessidade de um trabalho voltado para práticas de leitura e escrita em contextos
de letramento, ao longo da educação básica para redirecionarmos os resultados que
ainda surgem como negativos quanto aos objetivos e papel da escola.
38
CAPÍTULO III
3 METODOLOGIA
A importância da pesquisa se dá quando surge um problema, uma
inquietação a partir de um questionamento que provoca curiosidade de compreender
como se dá ou acontece determinado processo, e quando se tem um objetivo em
descobrir sobre algo o que resultará no objeto de pesquisa.
O interesse o questionamento, é a base capaz de elucidar uma pesquisa para
buscar a resposta ou compreensão de como algo acontece, onde, quando e por que
acontece. A busca por uma resposta ou resultados que se quer alcançar, acontece
essencialmente através da pesquisa, organizada, elaborada e motivada por algo que
se pretende descobrir.
Compreender práticas que se opõem e se complementam simultaneamente
como teoria e prática, será possível através do conhecimento pois, compreendemos
que conhecer é a forma mais competente para poder intervir, com aquilo que será
reflexão e também ação do objeto que se interessa e pretende-se pesquisar.
(FAZENDA 1991) refere-se à pesquisa como uma atividade de investigação
capaz de oferecer e portanto produzir um conhecimento “novo” a respeito de uma
área ou um fenômeno,sistematizando-o em relação ao que já se sabe a respeito
dele.
Pretendemos ressaltar que o conhecimento prévio que tínhamos antes da
pesquisa no que se refere ao tema em questão, se dava ainda de maneira
incipiente, o que nos estimula a realizar esta pesquisa com o objetivo de conhecer
mais e melhor para melhor intervir, onde se fizer necessário para alcançarmos de
fato os objetivos a que se propõem.
E ainda mais objetivando o que Ludke (1986) ratifica com muita precisão:
O professor que faz pesquisa tem muito mais consciência do que fazer em sala de aula, na parte pedagógica, como também saber porque alguns alunos vão bem, outros não.A pesquisa tem que investigar aspectos relevantes que vão subsidiar aquela prática.
39
De fato as pesquisas realizadas nas instituições pesquisadas buscam novas metodologias e/ou práticas de ensino, elaboração de material didático e reformas curriculares, visando a melhoria da prática docente na escola básica (53)”.
Sendo assim é o que buscamos através dessa pesquisa, encontrarmos
fatores ou analisarmos, averiguarmos para que a partir da nossa percepção e
compreensão de inúmeros fatores que tornam ainda práticas que não condizem com
objetivos, especificamente no que se refere ao nosso problema de pesquisa,
buscarmos algumas soluções mesmo que difíceis mas não impossível, para
mudarmos e revertermos o quadro que por vezes ainda se dá de maneira
insatisfatória para os objetivos que se quer alcançar.
Enfatizamos ainda que esse processo só será possível mediante a ação
conjunta de todos os envolvidos no processo educativo bem como a clareza e a
razão de por que pesquisar e para que pesquisar, entendendo que a cada elemento
novo que surge durante a pesquisa, é algo que se complementa para a elucidação
completa de uma pesquisa, juntando fatores que se tornam indispensáveis nessa
ação de pesquisar.
É o que reafirma Fazenda (1991):
A compreensão de um fenômeno só é possível com relação á totalidade à qual pertence (horizonte da compreensão). Não há compreensão de um fenômeno isolado; uma palavra só pode ser compreendida dentro de um contexto. Um elemento é compreendido pelo sistema ao qual se integra e, reciprocamente, uma totalidade só é compreendida em função dos elementos que a integram (p.101).
E Ludke (2001) sublinha que “os dados da minha pesquisa alimentam a
minha prática de ensino e a minha prática de ensino fornece dados para a minha
pesquisa, na prática docente na sala de aula surge elementos novos para serem
investigados (p.31)”.
É possível pois uma reflexão e uma ação que seja realizada de forma
competente e real para que a pesquisa não decorra em um simples ato sem
fundamentos e práticas que respaldem a importância e necessidade de se pesquisar
descobrir o que se pesquisou e intervir para completar e somar novos saberes e
novas práticas bem como novas atitudes, a serem tomadas para a concretização de
todas as ações pensadas, elaboradas e objetivadas.
40
Partindo desse breve enfoque sobre o que é pesquisar mesmo que de
maneira ainda incipiente, assinalamos e destacamos que a nossa pesquisa será de
teor qualitativo, em vista disso Bogdan e Biklen (1982) apud LUDKE E ANDRÉ,
1986, p.11); “A pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do
pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada”.Enfatizamos
que é por meio e através dessa vertente que optamos e explicamos o cunho da
nossa pesquisa.
3.1 Instrumentos da Pesquisa
Para execução da pesquisa e para a obtenção dos resultados que se
pretendeu alcançar, foram necessários alguns procedimentos que evidenciam os
caminhos da pesquisa, que denominamos: Entrevista semi-estruturada e
Questionário fechado.
3.1.1 Entrevista
A escolha por este instrumento se deu através da concepção de que este
recurso nos possibilita e proporciona uma série de informações relevantes e eficazes
a que pretendemos investigar por estarmos em contato direto com o objeto a ser
pesquisado, o que outros instrumentos de coleta de dados talvez não viabilize e que
embora seja um dos mais trabalhosos seja no que se refere à sua análise e
interpretação dos dados colhidos, seja um dos mais ricos e potenciais nas
aquisições de informações que se pretende descobrir.
Ludke e André (1986) assim se referem a este instrumento de coleta de
dados:
Ao lado da observação, a entrevista representa um dos instrumentos básicas para a coleta de dados, esta é uma das principais técnicas de trabalho em quase todos os tipos de pesquisa utilizados nas ciências sociais.Mais do que outros instrumentos de pesquisa, que em geral estabelecem uma relação hierárquica entre o pesquisador e o pesquisado, como na observação unidirecional, por exemplo, ou na aplicação de questionário ou de técnicas projetivas, na entrevista a relação que se cria é de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde (p. 33).
A entrevista permite pois uma gama rica de informações que talvez se
destaca dos demais instrumentos por possibilitar um contato direto com os
41
entrevistados,trazendo inúmeros elementos que possam surgir, durante esse tempo
de diálogo e interação.
3.2 Lócus da pesquisa
Essa pesquisa se realizou na Escola Municipal Antônio Bastos de Miranda,
em Missão do Sahy, povoado situado a 8km do Município de Senhor do Bonfim-Ba.
A escola tem como diretora Sheila Lima Aguiar, eleita pela comunidade para gestar
durante os anos letivos 2011 e 2012. Funciona durante os três turnos, matutino com
ensino fundamental II (6º ao 9º ano) vespertino com (4º ano e 5º ano) e noturno com
EJA (Educação de jovens e adultos).
Sua estrutura física é composta por quatro salas de aulas, uma sala de
recursos onde atende os alunos com NEE (Necessidades Educacionais Especiais),
uma diretoria, uma sala de informática, um pátio pequeno, três banheiros, uma
cantina e um pequeno almoxarifado. Sua estrutura não é suficiente para compor o
número total de alunos que somam um total de 207, por este motivo, quatro turmas
do turno vespertino ocupam o espaço do colégio estadual concedido e autorizado
através de solicitação pela Secretaria de Educação Municipal com a diretoria da
DIREC 28 de Senhor do Bonfim.
A escola possui também uma extensão, anexo onde é oferecido a educação
infantil no turno matutino e o ciclo (CBAi, CBASI, CBASII, que significa ciclo básico
inicial e ciclo básico seqüencial) no turno vespertino.
Assinalamos ainda que os espaços cedidos à escola Antônio Bastos pela
secretaria estadual será por tempo determinado o que ocasiona e acarreta inúmeros
problemas e que dificultam o bom andamento e aproveitamento das práticas e
atividades escolares.
3.3 Sujeitos da pesquisa
Os principais sujeitos dessa pesquisa foram essencialmente os professores
do Ensino Fundamental ll da referida escola, que atuam em sala de aula nos
respectivos dias de suas aulas, conforme o cronograma de aula, foram esses
professores bem como suas práticas pedagógicas que viabilizaram e forneceram
42
algumas respostas através dos instrumentos da coleta de dados e que
evidenciaram algumas práticas que serão possíveis de interpretação para a
compreensão da problemática que norteou este trabalho e para posteriormente as
possíveis intervenções que se fizerem necessárias e oportunas.
O total de professores pesquisados somam um numero de 9, sendo estes os
responsáveis e principais autores, no processo educativo para o estímulo e
concretização de uma aprendizagem prazerosa, significativa que promova o aluno
como sendo um ser capaz, atuante,no meio social em que vive, autônomo,critico e
competente porque letrado.Ressaltamos que a nossa pesquisa foi realizada com
apenas 7 pois um dos professores encontrava-se de licença e um outro preferiu não
participar por acreditar não ser da área a que a pesquisa se destina.Quanto a isso
não importa quantos forem entrevistados, mas se os entrevistados forem capazes de
trazer conteúdos significativos para a compreensão do tema em questão (Demo
2005).Pois ressaltamos aqui que o objetivo não é quantificar opiniões e sim explorar
e compreender os diferentes pontos de vista que se encontram demarcados em um
contexto.
A equipe do corpo docente pesquisado são todos professores do ensino
fundamental ll, licenciados para ensinarem as respectivas disciplinas em que atuam,
e sendo que na maioria das vezes ensinam outra disciplina diferente de sua área,
para complemento de carga horária.
43
CAPÍTULO IV
4 ANALISANDO E INTERPRETANDO OS RESULTADOS
Este capítulo destina-se à interpretação dos dados coletados na pesquisa,
procurando confrontar e associar esses resultados com fundamentos do capitulo ll,
fazendo a necessária consolidação em consonância com os objetivos propostos
para este trabalho.
Inicialmente analisamos os dados obtidos com a aplicação de um questionário
fechado que nos viabilizou uma visão geral dos nossos sujeitos, bem como as
diferentes concepções por atuarem em disciplinas curriculares diferentes, o
questionário fechado nos permitiu assim,analisar o perfil dos nossos sujeitos, bem
como informações relevantes a exemplo de sua formação, identificação com a sua
área de atuação e o relacionamento entre as instancias; gestão, coordenação e
alunos.
Logo em seguida apresentaremos os resultados do nosso segundo
instrumento que foi a Entrevista, que embora seja um instrumento mais trabalhoso,
por outro lado nos permitiu vasto, rico e variados resultados, o que talvez a utilização
de outro instrumento não permitiria.
4.1 Perfil dos sujeitos
No quadro de 7 professores entrevistados constatamos que o grupo tem
idade que variam entre 18 a 50 anos, com tempo de 3 a 19 anos de exercício do
magistério , o que permite talvez uma troca de experiência entre os que já atuam a
um certo tempo, e os que tem menos tempo de ensino.
Esses professores sem nenhuma exceção possuem nível superior com
formação nas respectivas Áreas: Pedagogia, Matemática, Letra, Geografia, Biologia
e Artes, o que nos induz a pensar que é possível ter concepções diferenciadas,
quanto à contribuição do Letramento em suas práticas. Ressaltamos que 1 entre
esses professores alem de ser pedagogo, está concluindo o curso de Matemática.
44
Segundo os dados coletados pelo questionário, 5 dos nossos sujeitos, se
identificam e gostam da área em que atuam, já para os outros 2 a escolha pela
profissão se deu por falta de opções.Isso nos assegura que a identificação e a
satisfação em trabalhar nessas respectivas áreas, possibilita mais um efetivo e
positivo ensino gerando uma aprendizagem de qualidade, e troca de saberes
significativos gerado através da satisfação, interação e empenho entre professores
e alunos.Dos que responderam não ter outra opção, no leva a pensar que o
resultado de insatisfação, que podem gerar resultados negativos no ensino e na
aprendizagem é bem menos, prevalecendo os positivos, onde há uma maior
concentração de opção por preferência, gosto e satisfação com o que faz.
Assinalamos ainda, que os motivos que levaram esses dois professores a não
se identificarem com a profissão, talvez podem estar relacionados com baixos
salários, precárias condições de trabalho e outros entraves que possam estar
presente, desfavorecendo uma Educação de qualidade,pois 4 entre eles
consideraram com relação a remuneração, ser insuficiente, 2 acham que é regular e
apenas 1 diz ser suficiente, isso também nos levar a pensar que podem trazer ou
apresentar algum desestímulo , pela maioria que julga ser insuficiente, mas que o
gostar e a identificação com o que faz, talvez não os façam desistir de permanecer
em seu trabalho, ou por outro lado, buscarem especialização,aperfeiçoamento e
progressões para a valorização do seu trabalho e consequentemente aumento da
sua renda.
Os 2 professores que dizem ser regular o valor da remuneração, não
revelaram estarem satisfeitos, o que também leva a pensar que poderia ser mais
satisfatório esta média salarial, segundo os PCNs (1998), “a desvalorização salarial
do magistério, impõe a procura de duplo emprego como condições de sobrevivência”
as vezes sendo preciso se ocupar em uma outra atividade para que complementem
a sua renda. Apenas 1 professor diz ser suficiente, o que revela um índice mínimo
quase insignificante, desses professores que estão satisfeitos com o seu salário,
conforme sublinhamos anteriormente, os problemas e entraves existentes na
educação, entre eles a desvalorização dos profissionais da educação, podem
constituir um dos principais fatores para a insatisfação com os seus salários.
45
A relação professor aluno se dá de maneira tranquila e saudável que
assegura consequentemente uma relação mais interativa bem como prazerosa entre
professores e alunos,1 dos sujeitos considera ser regular, e os demais consideram
que é bom. No que se refere à relação, interação e participação entre equipe gestora
e coordenação com o trabalho dos professores é considerada boa pela maioria dos
sujeitos 3; 2 consideraram como regular essa relação, e 2 deles, 1 disse ser
satisfatória e o outro ser ótima essa relação, o que pressupõem que ralações assim
consideradas são positivas e consequentemente asseguram o bom andamento e
desenvolvimento do trabalho, gerando resultados também positivos, satisfatórios e
progressistas.
Este foi o resultado obtido no perfil dos nossos sujeitos, apresentamos em
seguida o resultado do nosso segundo instrumento de coleta de dados, a Entrevista
por meio da qual buscaremos discutir quais são as práticas dos professores que
contribuem para o letramento, bem como se essas referidas práticas acontecem em
sala de aula, e se contemplam os objetivos para esse trabalho.
4.2 Análises das Entrevistas
A escolha por este instrumento de pesquisa, conforme já expressado
anteriormente, apesar de ser mais complexos e demandar maiores análises,
reflexões e trabalho extremamente exaustivos, nos contempla com uma riqueza e
variedade de dados, que talvez um outro instrumento por sua limitação de respostas,
não evidenciasse ou até mesmo ficasse subtendido por parte do entrevistador, a
aproximação e interação com os sujeitos nos permitem respostas explicitas
também através de expressões corporais,considerando e revelando até o
subtendido nas entrelinhas (FREIRE, 2006).
Para definir a estrutura da análise dos dados, adotamos a divisão a partir das
Perguntas estabelecidas no nosso roteiro de entrevista. A seguir apresentamos
algumas reflexões construídas a partir dos dados no processo de
pesquisa.Ressaltamos que neste texto todas as vezes que fazemos referencia a um
dos sujeitos utilizaremos a seguintes termos: Profº de Português, Profº de
Matamática e Religião, Profº de Matemática e Educação Física, Profº de Geografia,
Profº de Ciências, Profº de Artes, Profº Pedagogo.
46
4.2.1 A compreensão que os docentes tem sobre Alfab etização e Letramento
É significativo entendermos como é que julgam a relação desses termos, por
parte dos professores, uma vez que ainda é possível devido a equivocadas
interpretações ou confusões que ainda fazem parte desses dois universos
alfabetizar e letrar como sendo processos diferenciados, uma vez que as processos
distintos, mas que se complementam.
Vejamos a distinção ou juízo que fazem os nossos sujeitos sobre os conceitos
de alfabetização e letramento:
[...] Quando se fala em alfabetização e letramento, é que o aluno não só apenas decodifique as palavras, os símbolos, mas que ele compreenda o que esta lendo, a compreensão que eu faço e dessa temática é isso, que ele na alfabetização relacione com a sua vida diária. Não podem jamais andar separados [...] (Profª Pedagoga).
[...] Quando fala em letramento entendo que é leitura de mundo, porque muitas vezes a gente traz coisas fora da realidade dele e ele não consegue entender [...] (Profª de Matemática e Religião).
[...] Alfabetização pelo próprio nome, pressupõe no meu conceito, estar ensinando os primeiros passos, noções básicas, ler escreve, noções de forma e números para ser introduzidos os conteúdos e aprender outras formas de conhecimentos mais elaborados.Agora Letramento...eu não sei, o que vem a ser letramento...a definição do que seria... me faz lembrar Paulo Freire talvez seria... hum! Sinceramente eu não sei. [...] (Profº de Geografia).
[...] Ó, alfabetizar... eu não entendo porque usam as palavras de forma diferenciadas, uma vez que o letramento no meu entender, é você conseguir que os alunos atribuam sentido aquilo que eles conseguem ler.[...] (Profª de Português).
É necessário ressaltar que diante dessas concepções é que em nenhum
momento tratamos dessa temática como processos diferenciados, e sim que se
complementam, fato que podemos observar na fala da professora de português,
quando revela não entender porque usam essas palavras de forma diferenciadas,
uma vez que o nosso objetivo central é saber a concepção a respeito desses
processos.
Ressaltamos que a fala da professora referida é a que mais se aproxima dos
conceitos de letramento, em consonância com Soares (2006), quando explica que
“Letramento é o estado ou condição que adquire um grupo social ou individuo, como
consequência de ter se apropriado da escrita (p.18)”.
47
A concepção da professora de matemática também traduz esse conceito do
que vem a ser letramento em harmonia com Freire (2006) quando expressa que a
leitura da palavra deve ser precedida da leitura de mundo. Já nas falas dos
professores de geografia percebemos uma certa confusão, quanto a compreensão
destes termos.Entendemos na fala final do pedagogo, que estes termos não podem
andar separados constatando que por parte da professora pedagoga também há
uma clareza e entendimento a relação desses dois processos. Na fala do professor
de geografia entendemos ser o que mais se distancia quanto ao significado desses
termos.
A respeito dessas confusões que ainda reina no que se refere a esses
processos Soares (2006) assegura que “Letramento é ainda uma palavra
desconhecida ou mal entendida, ou ainda não plenamente compreendida pela
maioria das pessoas, porque é palavra que entrou na nossa língua há muito pouco
tempo (p.29)”. Isso demonstra que nem todos ainda tem uma clara compreensão do
que vem a ser Letramento como é o caso do professor de Matemática e Ed. Física
quando diz:
[...] Assim eu posso... talvez eu seja leigo e não deveria ser, letramento tem a ver com dominar as técnicas todas as técnicas alem da língua escrita na sua língua, ser letrado eu acho que é isso [...] (profº de mat. e Ed fis.).
Compreendemos que por motivo de ser uma palavra e até mesmo uma
prática introduzia a pouco tempo no que diz respeito à sua elucidação, pois o termo
mesmo chegou a mais de 20 anos aqui no Brasil (SOARES, 2006), uma vez que não
impede que o professor mesmo sendo de outra área busque compreender as novas
técnicas, metodologias ou conceitos introduzidos em educação.
Fazenda (2001) acentua que:
A práxis escolar sofre as determinações da práxis social mais ampla através das pressões e das forças advindas da política educacional, das diretrizes curriculares vindas de cima para baixo, das exigências do país, as quais interfere na dinâmica escolar e se confrontam com todo o movimento social do interior da instituição ( p. 40).
É preciso nos remetermos a essas novas práticas, conceitos e discussões
nos mantendo a cada dia informados do que acontece na atualidade para introduzir
48
coisas novas em sala de aula especialmente em educação que a cada dia parece
surgir algo novo.
4.2.2 A quem cabe a tarefa de alfabetizar:
É possível perceber que no contexto escolar ainda permeiam dúvidas ou
criticas quanto a responsabilidade ou ao papel de alfabetizar, ou seja, ensinar a ler e
a escrever, surgindo as vezes a idéia de culpa quando o aluno não adquiriu as
competências necessárias ou habilidades em determinada série e avançar para
outra.Cabe ressaltar aqui que o nosso intuito é saber o que pensam os nossos
sujeitos a respeito desse fato e quais são as atitudes realizadas quando se deparam
com situações como estas.
Partindo do argumento de Kleiman (1995), que diz que “para ser letrado não
precisa ser alfabetizado, é possível ser letrado sem ser alfabetizado (p.18)”.
[...] Eu estou terminando matemática e estou trabalhando na área e tem horas que tem que parar, não pode dar só o conteúdo, porque o aluno não vai acompanhar. Então assim, se você deixa só para o professor alfabetizador, você não consegue fazer o seu trabalho, chega um momento que é necessário que você pare e também alfabetize, mediante as necessidade de cada clientela de cada grupo [...] (Profª Pedagoga).
[...] Na medida em que os outros professores não são exclusivamente alfabetizadores, lidam com textos, cálculos matemáticos, ele vai ter que fazer os alunos a fazerem leitura de imagens, também fazer com que os alunos interpretem os vários tipos de textos que talvez os alunos não aprendam na alfabetização. Então o letramento e a alfabetização não é tarefa exclusiva do professor alfabetizador, mas de todos os professores envolvidos, do conjunto da escola [...] ( Profº de Ciências).
Verificamos que nas falas do professor de ciências e do pedagogo que nada
impede quando um aluno apresenta dificuldades, parar e fazer um trabalho
diferenciado, no sentido de levarem esses alunos a ler e escrever, até mesmo para
facilitar o trabalho com conteúdos, uma vez que ele só ira compreender se tiver o
domínio pleno da leitura,deixando claro que ao se depararem com situações como
esta a atitude mais correta é tentar trabalhar a dificuldade desse aluno, pois se este
precisa trabalhar com conteúdos, dificulta a aprendizagem uma vez que este aluno
não tem o domínio da leitura e da escrita.
[...] A questão de alfabetização, pressuponho que já deveriam ser alfabetizados é claro, a gente percebe as dificuldades. Aparecem aqueles casos de alunos copistas, que só copiam e nem sabem o que esta copiando
49
aí, eu confesso, ele chegando nesta fase precisa pedir reforço aos colegas para fazer um trabalho diferenciado, porque aquela questão de alfabetizar eu não sei , nunca trabalhei, não me vejo muito naquela questão de alfabetizamento, pegar no BÊ A BA e tal, [...] (Profº de geog).
O professor de geografia deixa claro que é um trabalho do alfabetizador,
quando expressa pressupor que os alunos já venham alfabetizados e reforça
precisar da ajuda de um outro colega mais experiente na área, pois nunca trabalhou
com alfabetização, o que é uma atitude bem vinda, pois demonstra que é preciso e
se faz necessário para se fazer um trabalho diferenciado no sentido de sanar as
deficiências.Enfatizamos que a concepção do professor de geografia nos remete a
pensar que a tarefa de alfabetizar não termina nas séries iniciais, sendo
responsabilidade de todos os professores que atuam em diferentes disciplinas e
segmentos.(CASTANHEIRA, 2009).
Vejamos o que pensa a professora de artes, e compreendemos aqui que há
um ponto de vista que converge para a responsabilidade em que cada um precisa
ter para alfabetizar, conforme a faixa etária do aluno e não mediante as
necessidades quando for detectada, que o aluno precisa aprender.
[...] Principalmente a família, parente, porque quando se fala alfabetizador, eu estou me referindo a crianças mas aqui como são adolescentes, a nível fundamental, já é não só do alfabetizador, mas de todos os professores que estão envolvidos,nesta questão,mas quando é a criança é do professor alfabetizador e da família né? [...] (Profª de Artes).
A profª de artes faz a distinção entre adolescentes e crianças, dizendo que
este último a tarefa é sim do alfabetizador e dos pais, e quanto aos adolescentes é
problema de todos os professores que estão envolvidos, nos revelando um confronto
de opiniões, a quem cabe alfabetizar, 2 deles julgando ser tarefa de todos e os
demais como sendo de profissionais que trabalham na área.
A professora de português tem a seguinte concepção:
[...] Eu acho que a alfabetização não começa e termina, a alfabetização acontece em todas as instancias, até mesmo na universidade, porque tem gente que chega na universidade sem ter certos conhecimentos, e lá se alfabetiza para aqueles conhecimentos.Eu costumo dizer que eu sou analfabeta funcional em algumas situações(risos). Ai, assim, quando você bota a responsabilidade só para o professor alfabetizador, na cabeça de alguns, ficou lá atrás, ai se exime da responsabilidade de ensinar, eu acho, eu acho não, eu acredito que a responsabilidade maior de ensinar é do professor sim. [...] (Profª de Port).
50
Ressaltamos que pretendemos entender aqui nos contextos de dificuldades
de leitura e escrita detectadas em alunos do Ensino Fundamental, chamamos a
atenção da fala da professora de português e concordamos através dessa fala que
há uma conformidade com a realidade que permeia nos Centros acadêmicos quanto
a questão de analfabetismo funcional, que sintetiza o contrário de letramento
(CASTANHEIRA, 2011), onde não basta simplesmente ler e escrever, mas dominar
essas técnicas incorporando em nosso viver e transformando o nosso meio
(SOARES, 2005).
É comum vermos, constatarmos, embora não mais admissível principalmente
nos centros acadêmicos, que muitos passam por estudos e reflexões e ainda se
sentem analfabetos funcionais, questão que nos remete a uma outra vertente em
saber qual é o papel da universidade, e o que acontece para trazer assim resultados
de descoberta ao incorporar para si o analfabeto funcional,ou talvez já sejam
resquícios de um formação deficiente que permeou por muito tempo e ainda permeia
no sentido de não levar o educando a aprender com competência, conhecimentos
que façam sentido para ele.Nesta perspectiva é que Paulo Freire (2006) expressa:
“seria formidável se as universidades fossem planejando experiências em que a
compreensão do ato de aprender e de ensinar, deixasse de ser a casa mecanicista
que hoje é, para ser um processo de produção de conhecimento (p.43)”.
É possível ainda perceber diante da fala da professora de português, que ela
nos aponta elemento fundamentais para a compreensão e até tomadas de decisões
no sentido de rever o papel do professor, quanto a falsas concepções e equívocos
quando se pensa que a tarefa de ensinar a ler e a escrever é somente do professor
de português, mas de todos que percebam onde se encontra as deficiências e
dificuldades dos alunos para se trabalhar onde houver necessidade seja em
qualquer série que este se encontre ou até mesmo na faculdade,não devendo assim
se eximir da responsabilidade que é de todos o que também concordamos.
4.2.3 Alunos que chegam nas séries finais do Ensino Fundamental sem dominar a Leitura e a Escrita:
Podemos observar que muitos alunos ainda apresentam muitas dificuldades
de leitura e escrita em níveis até alarmantes e conforme acentuado anteriormente,
51
enquanto até mesmo na universidade se percebe uma dificuldade com interpretação
o que demonstra níveis baixos de letramento, nesse contexto enfatizamos aqui a
dificuldade em ler,e escrever, na fase final do ensino fundamental, o que talvez
possa gerar um circulo vicioso onde o aluno avança de uma série a outra sem ter
esses domínios necessários, se propagando em serias deficiências que afetam a
sua aprendizagem.
Analisemos algumas concepções:
[...] porque não tiveram letramento na minha opinião.você vê muitos alunos custa, você vê tudo organizadinho no caderno, letra bonita mas nem entendem o que estão fazendo, eles não interpretam, não há preocupação em saber como ele esta aprendendo, e relacionando com a vida diária dele.Tem uma parte que se eu não me engano é Paulo Freire que diz assim, que tem o momento que o aluno enche a cabeça de coisas e quando ele não vê relação com a vida diária dele, vai excluir aquilo, porque foi um conhecimento que ele não vê sentido[...] (Profª Pedag).
Concordamos e reforçamos conforme expressou a professora pedagoga, que
ainda perdura muito essa realidade, onde percebemos realmente alunos copistas, e
que nada compreendem quanto ao que estão escrevendo ou lendo, e o que é
tendência nossa até por força de uma escola que apenas ensina copiar, a sermos
receptores de informações sem investir espírito critico, conforme argumenta Demo
(2005), situações essas muitas vezes detectadas durante o nosso estágio, o que nos
instigou a querer descobrir por que isso acontece, compreendemos que quando a
professora lembra Paulo Freire, talvez seja quando salienta que ensinar não é
encher a cabeça dos educando de conteúdo,como se bastasse você ensinar
matemática, geografia isso e aquilo e no dia seguinte, ganhasse independência, a
questão é saber o que é ensinar (FREIRE, 2006).
Ainda com relação á fala da professora, foi colocada uma série de questões e
motivos entre eles: o acompanhamento familiar, superlotação de salas, e as várias
realidades e dificuldades da escola pública, como sendo fatores como por exemplo
em que o aluno é promovido de uma série a outra sem saber ler e escrever,o que
requer uma reflexão quanto ao papel da avaliação escolar, processo complexo e
merecem estudos mais aprofundados para a compreensão em saber como se de e
como fará não só por parte da comunidade escolar , mas sobretudo de quem
elabora as leis em educação,sendo que um dos fatores relacionados a este
processo de promoção automática está atrelado aos altos índices de reprovação que
52
por sua vez se torna inadmissível para a qualidade da educação básica a avaliação
deve contemplar um julgamento sobre o que o professor faz para ensinar e o que o
aluno faz para aprender para que o ensino e a aprendizagem aconteçam da melhor
maneira possível. (CAGLLIARI, 2006).
Vejamos ainda outras opiniões:
[...] Não sei, isso também me incomoda muito.Não sei se não foram muito bem preparados,também não quero jogar a culpa fica chato, não sei, eu acho que no geral, falta um interesse muito grande das crianças em relação as novas descobertas.Eu vejo assim,onde existe interesse tudo fica mais fácil sabe? talvez eles se interesse pelo data show e outros recursos que tem na escola,mas se não tiver um botãozinho neles que desperte esse gosto para eles descobrirem um sentido, eles vão usar todas as técnicas e tecnologias e não vão estar nem aí [...] (Profª de Mate.e Reli.).
Percebemos que a professora apresenta uma dúvida, quanto ao motivo dos
alunos chegarem nas séries finais do ensino fundamental sem dominar a leitura e a
escrita, ora pensa que foi por não serem bem preparados, o que incide a culpa recair
sim sobre o professor alfabetizador, embora não afirme; ora pensa que o motivo
principal, está no desinteresse do aluno, onde seus argumentos deduzem de
maneira mais enfática,afirmando que mesmo que sejam contemplados com a mais
moderna tecnologia que possa existir na escola, referindo-se a Data show por
exemplo,ainda não é necessário para sanar com o desinteresse de muitos alunos
que não veem sentido e importância em nenhum recursos e até em aulas
diferenciadas que as vezes fogem da rotina.
Vejamos ainda o que pensam os outros professores:
[...] Eu analiso muito esta questão dessa nova política educacional, você esta passando o aluno independentemente de aprender ou não, essa nova forma de avaliação que se dá para o aluno até o 5º ano que... Que ele não repete muitas vezes de ano, e o próprio sistema de educação favorece uma aprovação que prega por aprovar esses alunos, a tendência é ele continuar passando, chegar no 8º e 9º ano sem ler e sem escrever corretamente, chegar no ensino médio assim. Agora depende do interesse do aluno, realmente tem alunos que querem, mas também tem alunos que não tem interesse [...] (Profº de Geog).
Chamamos a atenção para a fala do professor de geografia quando diz
analisar essa nova política educacional, que estar promovendo o aluno
independentemente dele aprender ou não, o que também concorda o professor de
ciências, reforçarmos que são questões que merecem uma análise melhor no
processo de ensino e aprendizagem conforme acentuamos anteriormente e que
53
necessita de um olhar mais critico e até desafiador, pois se trata de hierarquias em
leis de educação que vem da ordem de quem cria estas leis para serem cumprida,
parte que recai sobre a instituição escolar, este fator apontado pelo professor de
geografia talvez tenha influências não determinantes mas preponderantes que
influenciam e contribuem para a propagação desse quadro de fracasso e dificuldade
de leitura e de escrita.
[...] Bom, eu penso que isso é um pouco complexo porque envolve uma serie de fatores né? poderia pensar assim na primeira causa, há ele foi empurrado, aí foi talvez o primeiro descuido da escola, dos professores,é aquela coisa, mas acredito que os fatores extras escolares tenham uma interferência maior, porque se os pais não dão a devida importância as vezes até de perceber que seus filhos tem dificuldade de aprendizagem.[...] (Profº de Ciên).
Notamos diante dessas concepções uma certa ambiguidade e também uma
equilíbrio no teor dos motivos que levam os alunos a chegarem nas séries finais do
ensino fundamental sem dominar a leitura e a escrita,tendo um dos fatores
preponderantes segundo os entrevistados, o desinteresse do aluno, conforme
apontam os professores de matemática o de geografia e o de ciências, atribuindo
ainda uma parcela de culpa à família, afirmando que os fatores extra escolares
contribuem também, uma vez que se os pais não percebem em casa as dificuldades
que apresentam os seus filhos para lhes dar uma ajuda, contribuindo assim com o
trabalho do professor.Esse processo torna-se mais difícil, levando em consideração
os vários problemas que a escola enfrenta, entre eles a quantidade de alunos em
sala de aula, cada um com especificidades diferentes, que nem sempre o professor
é capaz de solucionar sozinho, enfatizando ainda com mais ênfase a culpa ser do
sistema.
[...] Eu vejo isso como deficiência, eu não sei apontar culpados, sei que tem vários, família, professor, e quando o problema é do professor o maior entrave é o tempo, temos que levar em consideração o tempo que o professor tem com o aluno, é curto, como trabalhamos com eficiência com a sobrecarga que temos 40, 60 hs? E se o aluno não tem interesse em aprender durante esse pouco tempo as coisas se complicam[...] (Profº de Mat e Ed. Fis).
Percebemos que reina ainda ser fator de dificuldade em ler e escrever como
sendo o desinteresse do aluno e quando a culpa recai sobre este justifica-se com a
sobrecarga, de trabalho dizendo ser quase impossível com a carga horária que se
tem, desenvolver um trabalho com eficiência; e quando falamos em carga horária,
compreendemos também que na maioria das vezes o professor se submete a
54
jornadas mais longas de trabalho devido ao baixo nível de seus salários sendo
necessário esse desdobramento quanto ao complemento ou acréscimo da sua
renda, pois muitas vezes é baixo sendo insuficiente para suprir as necessidades
básicas do ser humano.(FREIRE 2006) expressa que: “Existe uma má formação do
professor brasileiro, e ao mesmo tempo, e ao desrespeito a pessoa desse
profissional, com o pouco que ele ganha é difícil encontrar até tempo para uma
formação melhor (p.52)”.
Quanto ao desinteresse do aluno, conforme insinuam alguns professores,
pensamos aí, serem fatores mais amplos e que merecem um estudo maior, acerca
das relações de desinteresse e apatia do aluno em sala de aula, ao mesmo tempo
em que também apontamos e concordamos com alguns sujeitos quando dizem estar
a causa principal, em algumas práticas pedagógicas, que não caminham e avançam
para promoção de alunos que desenvolvam o gosto pela aprendizagem significativa.
Sabemos que há inúmeras causas e fatores interligados, que contribuem com
esse fracasso do aluno conforme (CARVALHO 2011) assegura: “Não há uma causa
única para se explicar a situação a que chegamos onde mais de 90% de crianças
não conseguem aprender os níveis rudimentares de leitura e de escrita (p 75)”.
Pensamos está entre essas causas também inexplicáveis os motivos que apontam a
professora de Arte, talvez fatores psicológicos limitados conforme expõe: Baixa
visão, audição, falta de concentração entre outras, mas acreditamos não serem
fatores determinantes quando se tem o interesse e o apoio familiar também.
[...] Eu acho que tem uma série de fatores, tem que saber quais as dificuldades, se eles tem assim... se ele ouve bem, enxerga bem, se ele tem problema de concentração, certo?isso tem que ser detectado por todos os professores e pela família também outra coisa que eu acho que também influencia é que os pais também tem que ajudar na questão da alfabetização, ver como é que anda o filho na escola, se esta lendo, progredindo,se interessar pelos problemas dele.Eu acho que é basicamente isso[...] (Profª de Artes).
Nos motivos que levaram a uma das causas a falta de apoio,
acompanhamento e interesse da família, concordamos com que diz a (LDB) lei de
diretrizes e bases da educação, quando afirma que a educação é um direito de
todos e dever do estado e da família, embora esse direito seja assegurado ou
garantido, percebemos ainda que ha distância entre cumprimento desses direitos,
55
especialmente quando existem famílias que se eximem desse dever, deixando recair
a sobrecarga de deveres e obrigações somente à escola.
Atribuir a culpa aos professores alfabetizadores conforme acentuam os dois
professores de Matemática e o Pedagogo é desconfortante e eles têm esse cuidado
em não apontar esses supostos culpados, todavia mediante ao que já citamos
anteriormente, contemplado na fala de Carvalho (2011 P. 71) dizendo: “não haver
explicação para essa situação”, acreditamos haver uma incógnita de relações entre
políticas educacionais e práticos pedagógicas, pois sabemos que existem fatores de
ordem mais amplas no que concerne as hierarquias de valores e poderes dos que
estão a frente da educação, por outro lado está o professor com a oportunidade de
estar frente a frente com o aluno em contato direto com ensino e aprendizagem e
autor principal que subsidia a aquisição das habilidades de ler e escrever com
competência.
Consideramos quando Caglliari (2001 p.7-8) provoca, perguntando: “o que o
aluno faz em 8 anos de estudo, saindo da escola apresentando tantas dificuldades”
certamente deve haver fatores que precisam sim ser analisados com mais cuidado,
e termos clara e conscientemente os vários fatores que influenciam e interferem ao
mesmo tempo, e que não podemos deixar de rever o papel do professor com mais
cuidado ainda, uma vez que é este um dos elos principais entre ensino e
aprendizagem, consideramos se todos os professores,não só os de alfabetização
contribuísse com a aprendizagem dos alunos, certamente teríamos resultados mais
eficazes e satisfatórios do que apontar culpados pelas deficiências do
aluno”.Ressaltamos que este é um dos fatores centrais na discussão do nosso
trabalho.
Gostaríamos de assinalar ainda com maior ênfase quanto ao que diz a
professora de Português:
[...] porque não se esta trabalhando a dificuldade do aluno em tempo hábil e devido se você não trabalha a dificuldade da criança, não adianta ela não deslancha. Só se deve trabalhar com conteúdos quando o aluno ler e compreende o que ler, e o que mais acontece é que na maioria das vezes, se dar prioridade aos conteúdos e não se ensina o que deveria ensinar que é ler e escrever. Os pais não tem a obrigação de ensinar(gestos entre aspas) os conteúdos que a escola oferece né? quando parte de outras áreas não,educação é com os pais,religião é com a igreja, bons modos, é dentro de casa tá? Se isso ta faltando e ele chega para a escola resolver, ai
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são outros quinhentos. Agora, a tarefa mesmo que é ensinar, é um lugar para tudo, mas a tarefa mesmo é de ensinar.Então quando não esta acontecendo o ensino então a falha é nossa, entendeu? Eu vejo assim (Profª de Port)
Enquanto os outros referem- se a fatores como o sistema, a escola, família,
carga horária excessiva, ela afirma ser do professor que não ensina como deveria
ensinar como falha, que sendo da escola é do professor, gostaríamos de reforçar
essa fala da professora de português concordando que para que haja aprendizagem
é necessário que tenham o ensino, e que este passa necessariamente pelo
professor Demo (2005) diz que: “qualquer proposta qualitativa na escola encontra se
na qualidade do professor, a relação mais sensível, que precisa desenvolver o seu
trabalho com competência, e preparo, especialmente no que se refere às suas
práticas, revendo onde é preciso melhorar, onde teve sucesso progredindo em
algumas e evitando outras (26)”.
E de acordo com Zabala (1998) “Nosso argumento consiste em uma atuação
profissional baseada num pensamento prático, mas com capacidade reflexiva
(p.61)”.
Sendo assim, podemos afirmar que a professora de português está
cumprindo esse papel de reflexão da sua prática, quando afirma que se o aluno não
aprendeu é por que não houve o ensino, entretanto não podemos deixar de
concordar também que os outros fatores apontados pelos outros professores,
também influenciam e tem sua parcela de contribuição, todos juntos e nenhum
isoladamente. Acreditamos que quando os PCNs (2001) sugerem uma necessidade
de reestruturação do ensino de língua portuguesa, com o objetivo de encontrar
formas de garantir de fato, aprendizagem da leitura e escrita não significa dizer que
a solução para sanar esse quadro de fracasso de leitura e escrita, esteja na
restrtuturação, dessa disciplina somente, mas em uma recomposição de outros
fatores envolvidos também que contribuem para essa falha onde os alunos chegam
no ensino fundamental sem o pleno domínio da leitura e da escrita.
Por outro lado ainda a professora de português quando assegura que
conteúdos de língua portuguesa eles veem no ensino médio ou quando precisarem
para fazer um concurso ou vestibular, deixa de estar cumprindo também esta parte
que não é determinante mas que também é relevante para se entender alguns
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conhecimentos, tarefa que cabe á escola ensinar e não aos pais, pois a estes
compete ensinar valores e boas maneiras mas é na escola que se aprende a ler e
escrever e quando o aluno não aprende, a culpa é do professor.
4.2.4 Praticas metodológicas dos professores que co ntribuem para o letramento
Acreditamos que uma boa prática, construída, planejada e com objetivos
traçados que estejam ao alcance entre o que se pretende fazer e o que é realmente
feito, sobretudo com conhecimentos necessários de como fazer, conduzem ao bom
resultado surtindo efeitos salutares e que podem contribuir para a promoção de
sujeitos letrados, que sejam capazes de atuar nas práticas sociais de leituras e
escritas e sendo assim, poder intervir.
Vejamos a contribuição dos professores quanto a estas práticas:
[...] As vezes ainda é pouco até por conta do espaço que a gente tem, mas a gente tenta fazer o possível a gente traz textos diversos para ler, a gente faz um trabalho em cima do que eles gostam, que tragam significados para eles, além de noticias que venham interessar a eles e seja significativo.A contextualização, porque não adianta você se preocupar com a quantidade de conteúdos e deixar a qualidade de lado (Profª Pedagoga).
Temos ai uma contribuição da professora pedagoga, pois quando diz fazer o
possível, trazemos diversos textos que tenham significados para os alunos, além de
estar sempre contextualizando, a exemplo de notícias e outros, é uma prática que
sem dúvida já contribuem para a promoção de alunos letrados. Kleiman (1995),
confirma dizendo que: “No processo de letramento escolar os alunos lidam com
diversos tipos de textos, dicionários, atlas, murais, avisos, notícias, e que quanto
mais intensivos forem o contato, apropriação e a utilização desses diferentes tipos
de escrita, mais elevado será o letramento escolar”(p 21.)
[...] Não está falando coisas sem que realmente eles compreendam, é preciso ter esse cuidado, nas aula de religião eu tento conversar, aproveito para ensinar algo que toque profundamente neles, trazer para a vida deles o que tenham significados. Acho que é pouco ainda, mas tento melhorar, interagir com todos, quando se trabalha de forma conjunta o trabalho anda mais, eu estou sempre me autoavaliando, e sei que eu preciso melhorar, sei que depende de mim, estou pedindo a Deus a graça, a gente precisa de mais contato para reflexão (Profª de Mat e Relig).
Podemos assinalar duas questões extremamente importantes nesta fala, a prática
reflexiva da professora, pois é importante para o professor tomar consciência do que
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faz ou pensa, a respeito da sua prática pedagógica(LIBANEO, 2011).Por outro lado
a professora aponta a necessidade da interação entre todos, pois quando se
trabalha de forma conjunta o trabalho avança, progride, neste sentido
compreendemos aqui uma interação entre corpo docente e discente, e uma relação
entre todos, inclusive uma harmonia entre as práticas de todos os professores
envolvidos para o sucesso deste trabalho em tornar os alunos letrados.
Apontamos ainda a necessidade de se trabalhar com o letramento no ensino
da matemática, pois em todas as disciplinas é possível trabalhar na perspectiva do
letramento e da aprendizagem significativa, todos os professores, de artes,
português, matemática, geografia e outras podem contribuir (CASTANHEIRA, 2011).
É possível perceber também ainda na fala do professor de matemática e
religião que o enfoque e o tempo para se trabalhar na perspectiva do letramento é
nas aulas de religião, onde introduz e reflete valores essenciais para a vida dos
educandos, acreditando ser possível nesse momento preparar o aluno para atuar de
maneira autônoma, e reflexiva na sociedade e na vida.O professor precisa ter
autonomia para decidir sobre a inclusão daquilo que pode e deve fazer parte do
cotidiano da escolar, tendo autonomia na escolha daquilo que é relevante para o
aluno, e mesmo que julgue as vezes não ser importante, talvez seja necessário
devido a necessidade e do apelo das exigências na sociedade.
A reflexão da prática pedagógica fica assim, sendo um fator preponderante e
decisivo para retomadas de ações e novas práticas que façam sentido, contribuindo
para o letramento de nossos alunos.
Vejamos o que pensa o professor de Geografia:
[...] Se eu trabalho com algum método? há sim, quando eu trabalho geografia eu procuro esta relacionando mais de perto com o dia a dia deles, a realidade deles o cotidiano, eu contextualizo, procuro trazer textos, músicas para relacionar com o local para facilitar o entendimento deles, nesta concepção eu estou sim trabalhando o letramento (Professor de Geog).
Interessante acentuar que no início da nossa entrevista, a ser questionado a
respeito da compreensão que tinha sobre a Alfabetização e Letramento, o nosso
entrevistado, apontou desconhecer essa palavra, após serem feitas algumas
considerações sobre o tema, ele relatou a suas práticas trabalhadas em sala de
59
aula, o que acreditamos também estar contribuindo para a promoção de alunos
Letrados, o que nos chama a atenção quanto ao desconhecimento ao termo
letramento, e ao conhecimento, habilidades, competências e práticas que tornam o
aluno letrado, o que sintetiza no final de sua fala “nesta concepção eu estou sim
trabalhando o letramento”. Ao mesmo tempo em que enfatiza esclarece algumas
práticas trabalhadas em sala de aula com conteúdos que façam parte da realidade e
do cotidiano do aluno, para não ficar distante do seu mundo e mais fácil para a sua
compreensão, onde chama a atenção por exemplo sobre o capitalismo, onde tenta
conscientizar e trabalhar a questão do consumo, interferindo com o que o aluno vê
na TV ou ouve, para não se deixar levar por propagandas, explicando a importância
de se pensar nestas questões e ter mais um olhar critico.
[...] Alem de fazer aquela parte especifica que é a parte de ensinar propriamente dito, eu acho que se você começa incluir questões da comunidade para conseguir trazer, as lendas, os mitos locais, acho que isso pode ajudar o aluno ter uma visão de mundo, na medida em que ele esta inserido nessa comunidade, tem essa cultura própria, então aquele aluno que vê isso na sala de aula, ele vai ter um interesse maior e pode ajudar no letramento e na alfabetização dele, outra coisa é ter essa união entre os autores ali na escola que são os professores mas também os pais o interesse dos próprios alunos em quere aprender (Profº de Ciên).
Compreendemos essa fala do professor de ciências e a sua contribuição
quando expõe ser importante para o aluno trazer questões da comunidade dele, da
realidade, no entanto sentimos a necessidade de perceber de maneira mais clara a
forma como se é trabalhado e o teor dessas lendas e mitos para tornar os alunos
letrados.
Reforçamos ainda o desejo e a necessidade de um trabalho em conjunto,
harmonioso conforme aponta o professor de ciências, para a viabilização de
algumas propostas escolares que possibilitem o letramento, conforme também
acentuou a professora de matemática quando diz que o trabalho avança quando há
uma interação conjunta entre todos.
Analisemos a fala do outro professor quanto às suas práticas:
[...] com textos que envolvam histórias a história da matemática, leitura por parte dos alunos, leitura compartilhadas e discussões, a discussão Em matemática mesmo eu trabalho textos em toda a minha carga horária, a mais de três anos na área de matemática eu estou me dedicando à leituras de textos, trabalhar com textos, que falem da realidade do dia a dia demonstrando interesse pelo problema do aluno também fugir de conteúdos, como acontece, o professor só dar conteúdo o tempo todo e
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esquece do que interessa o aluno. Eu acredito nas minhas práticas na minha metodologia e nos meus objetivos e eu acho que são bons ( Profº de Mat e Ed. Fis.).
Esperamos que ao se trabalhar com esses textos em matemática, com a
história da matemática esteja-se trabalhando também a qualidade desses textos, e
que realmente favoreça a prática de alunos letrados.Reafirmamos a importância da
reflexão da prática, conforme aponta o professor de matemática quando diz, fugir de
conteúdos ou da quantidade excessiva de conteúdos, esquecendo se do que
realmente importa que é a aprendizagem significativa, o que é possível somente
com a qualidade, enquanto que a quantidade é fator irrelevante.O professor de
geografia aponta ainda contribuir com o letramento tendo a estratégia de se
interessar pelos problemas do aluno, pois quando este sente que o professor
também se preocupa com os seus problemas, é possível uma relação maior de
compreensão, companheirismo e interação indispensáveis a uma boa aula.
Assim diante ainda da qualidade e não da quantidade em relação a esses
conteúdos, presume-se que dentro desta perspectiva, seja real o que Demo (2005)
enfatiza “Assim é necessário mostrar porque a matemática é necessária para a
cidadania das pessoas, ou porque falar a língua materna, faz parte do cidadão
participativo ou porque alfabetiza-se é questão chave de combate a pobreza política
da população (p 42)”. Isso também é proporcionar o letramento.
[...] Olha,interpretação de textos,letrados mesmos? Eu me preocupo mais mesmo no momento é com a alfabetização, eu faço ditados para saber como é que eles estão , se estão escrevendo bem, e faço textos para eles interpretarem.primeiro eu faço o ditado e observo quem tá escrevendo o que eu falo, depois nas minhas provas e testes, eu coloco textos e observo que é que esta interpretando o que esta escrito, olho os textos que eu trago por exemplo de cultura afro do 8º e 9º ano é para relacionar com conteúdos daquela disciplina, aí faço a relação de negro hoje,como é que estão? Por que os indígenas estão indo para os centros urbanos? Entendeu? como é que o negro esta se destacando? Como é que ele pode melhorar de vida? Então isso é atualidade (Profª de Artes).
Percebemos certa confusão quanto às práticas que possibilite tornar o aluno
letrado, quando revela, uma preocupação mesmo com a alfabetização ler e
escrever, e menos com a qualidade desta leitura, preocupa se com a leitura
interpretação que podem muito bem fazer alunos alfabetizados, mas não letrados,
quando Kleiman (2005) explica que “é possível ser letrado sem ser alfabetizado”,
percebemos ai uma preocupação ao desejo de se alfabetizar ler e interpretar e
menos com aplicabilidade que terá essa leitura na vida em sociedade. Acreditamos
61
também que a professora trabalha como sendo da atualidade através dessas
perguntas e questionamentos na disciplina de Cultura afro, já deve fazer parte
quando se trabalha temas como este para que traga significados a vida do aluno.
No que se refere a percepção de confusão desses termos Soares (2003)
explica que: “No Brasil a discussão do letramento surge sempre enraizada no
conceito de alfabetização, o que tem levado, apesar da diferenciação sempre
proposta na produção acadêmica, a uma inadequada e inconveniente fusão dos dois
processos que prevalecia do conceito de letramento(p 9)”.
Vejamos o que diz a professora de português:
[...] Eu gosto muito que tenham contato com textos, o meu desejo é que eles tivessem contato é com os livros, mas eu sempre costumo eu não passo uma semana sem ler com eles, ler, ler mesmo, ler um texto ler um parágrafo, ler alguma coisa, sempre enfatizar a leitura, conto com diversos gêneros textuais livros, revistas charges, cartas leituras coletivas fabulas e outras que contribuam para que o aluno leia, compreenda e lhe atribua significado. ,.Então fiz uma seleção de diversos textos e fixei no mural para eles terem um maior contato com a leitura.Eu acredito que é inadmissível principalmente para um professor de língua portuguesa, não detectar se o aluno sabe ou não ler e escrever, não existe! Por isso eu bato firme e digo na frente de quem quiser, A culpa é do professor [...] ( Profª de Port).
Sublinhamos que a fala da professora de português traz inúmeros elementos
e informações necessárias a respeitos de suas práticas metodológicas que as vezes
é interpretado por muitos conforme ela aponta, ser considerada tradicional, quando
pede para o aluno ler em sua mesa para que possa sondar como anda a leitura de
determinado aluno e dentro é claro, da perspectiva do letramento quando explica os
tipos de textos que são trabalhados , fixados em um mural também, além do
trabalho com fábulas, cartas, notícias, charge, dicionários, e outros.
Nos remetemos agora a sua fala quando diz “nós somos muitos, se todos
procurarem ajudar um pouquinho todo mundo cresce”, se o aluno aprende,
compreende ele se dará bem em todas as disciplinas, referindo se quanto ao fato de
alguns professores terem ainda a concepção errônea e equivocada, de achar que a
responsabilidade com leitura e escrita é do professor de língua portuguesa, talvez
favoráveis ao que trata os PCNs ( 2001),quando diz que desde o início da década de
80 o início de língua portuguesa na escola, tem sido centro da discussão a cerca da
necessidade de melhorar a qualidade da educação no país. Entretanto, conforme
discutimos anteriormente, referente às causas de fracasso escolar, soma-se a isso,
62
outros fatores também importantes a serem considerados juntamente e não um
único fator isoladamente, ao mesmo tempo que não cabe apontar a culpa desse
fracasso.
Há necessidade de rever e reformular a formação do professor das séries
iniciais do Ensino Fundamental de modo a torná-los capazes de enfrentar o grave
reiterado fracasso na aprendizagem inicial da língua escrita nas escolas brasileiras
(SOARES, 2006).
Entendemos que existem muitos argumentos e possíveis causas quanto ao
fracasso, ao analfabetismo e poucas ações e medidas eficazes no sentido de
reverter esse quadro. Ainda quanto a atribuição de responsabilidade sobre a
professora de língua portuguesa Kleiman (1995) alivia, afirmando que: “O conjunto
de práticas desenvolvidas nas escolas para aprender os usos da língua escrita, é o
que vem a ser letramento escolar. Envolve não só o ensino de português mas
também a leitura e a escrita praticadas nas demais disciplinas”. Sabemos que para a
viabilização dessa proposta é parte integrante e indispensável a contribuição de
todos os envolvidos comungando e trabalhando para os mesmos objetivos. Arroyo
(2011) é muito expressivo quando afirma: “Todo conhecimento que ensinares, toda
competência que cultivares ampliará as possibilidades de inserção e de participação
social, formará as capacidades intelectuais, éticas estéticas, indenitárias,
desenvolvimento mental. Ensinemos os conteúdos de cada área e estaremos
viabilizando a capacidade dos alunos de exercerem plenamente sua cidadania
(p37)”.
É o que pensamos contribuir de maneira significativa, o pensar o falar e o
fazer em harmonia com todos, objetivando prioritariamente a leitura e escrita com
competência tornando sujeitos letrados.
4.2.5 Como a escola tem contribuído para o letramen to dos alunos
Sabemos que o papel desempenhado pela escola, além das atividades
sistemáticas de ensinar a ler, escrever contar e calcular conforme já assegura os
PCNs (1998), vão além desses processos, na maioria das vezes e dependendo de
cada realidade social e cultural em que está inserido, a escola vai mais adiante
antes de tudo é vista como uma instituição capaz de viabilizar ou proporcionar ao
63
aluno, uma formação profissional, identitária , moral, social desenvolvendo
requisitos básicos e essenciais para que se tornem um cidadão consciente de seus
direitos e deveres, atuando de maneira critica autônoma e reflexiva na vida em
sociedade.
Entretanto, a depender de variados fatores envolvidos entre eles o objetivo e
ações conjuntas de gestores e corpo docente, estudo, reflexão e ação do projeto
político e pedagógico de cada escola se não forem priorizados objetivados e
trabalhados com eficácia , a escola poderá ou não desempenhar o seu papel, de
maneira progressiva ou regressiva e consideramos aqui essa regressão no sentido
de que as vezes a escola não alcança resultados mais eficientes quanto ao seu
papel de ensinar deixando algumas falhas e lacunas que se não sanadas podem
acarretar inúmeros problemas à aprendizagem do aluno.
Vejamos o que pensam os nossos entrevistados ao que concerne o papel da
escola, e em nosso contexto específico saber se ela tem contribuído para tornar
alunos letrados:
[...] o papel da escola é tentar interagir família, escola, o papel da escola é justamente isso fazer com que o aluno sinta prazer em estar na escola. Hoje a escola acaba sendo a família desses alunos, feliz ou infelizmente a escola ta sendo isso, a válvula de escape, você ver tem alunos que vem se alimentar na escola, tem dias que você tem que fazer o papel de psicólogo, conselheiro, a escola para muitos alunos é a casa deles. Eu acredito que alem de fazer ler e escrever ela também tem cumprido esse papel de casa. Você ver que na faculdade a gente aprende uma coisa mas na realidade é de outra forma e isso faz com que você veja a escola de outra forma, porque na verdade a gente trabalha com seres humanos, cada cabecinha é um mundo diferente, você tem que ta se adaptando a conviver com isso ( Profª Pedagoga).
[...] Formar o cidadão de forma critica sei lá... pelo menos eu vou tentar durante esse ano mudar muitas coisas, minhas praticas,eu preciso me dedicar mais, principalmente nas aulas de religião que a gente reflete muito,o que é que eu preciso para mudar a minha vida e outras coisas, eu to tentando passar assim, dizer que o futuro depende deles, eu fico as vezes angustiada, preocupada, tentar fazer com que ao menos tenham opinião própria (Profª de Matemática e Religião).
Recordamos o que nos assegura a lei maior no país, a constituição de (1988)
que expressa em seu artigo 205: a educação direito de todos e dever do estado e da
família será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade.
Entretanto, é possível perceber diante do contexto social conforme dito
anteriormente que a escola passa a ser para muitos um lugar de apoio e de relações
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múltiplas onde seu papel, juntamente com os envolvidos nesta instituição, gestores,
professores, alunos acaba tendo maiores responsabilidades e sobrecarga,
realizando ou promovendo ações que muitas vezes a família se exime em fazer.
Podemos contemplar isso na fala da professora pedagoga quando diz que o papel é
tentar interagir família e escola, até mesmo como pedido, o que na integra seria uma
obrigação na família, colaborar com a educação e aprendizagem dos filhos.
Quando aponta que a escola acaba sendo a família e a casa desses alunos,
pressupomos e evidenciamos que a família está deixando de cumprir o papel que
lhe compete realizar, ao mesmo tempo em que afirma a escola ser válvula de
escape, onde muitos vem para a escola para se alimentar, confirmamos que a
negligência no cumprimento do papel da família considerando ser injusto que a
escola desempenhe um papel que não compete a ela fazer, levando em conta que
são muitos os afazeres responsabilidades e deveres dos professores,afetando
qualidade do seu trabalho se tem uma sobrecarga maior tendo que desempenhar o
papel de psicólogo, pais , conselheiros e outros não tendo preparo na maioria das
vezes para desempenhar estes papeis.
Percebemos certa angústia e bem vinda, na fala da professora de matemática
e religião quando busca uma forma de auxílio e oportunidade durante o tempo em
que acontece as aulas de religião, tentar introduzir valores e reflexões que
contribuem para a vida do aluno.
Acreditamos que uma das fórmulas mais eficientes competentes e
responsáveis para a mudança de prática de um professor é a sua postura reflexiva,
a sua inquietação em saber se determinadas praticas estão surtindo ou não efeitos
positivos ou negativos contribuindo ou não da mesma forma, para uma
aprendizagem significativa.
[...] A escola a escola é aquela coisa os professores tem que estar engajados nesse processo, tem que haver projetos realmente que tenha significados, significar o conhecimento ou seja, de você fazer uma promoção do conhecimento que envolva várias disciplinas, relacionando com o local, que relacione e contextualize, para facilitar a compreensão dele.A escola tem essa função, porque em casa a gente tem aquela questão de educação, a gente cria valores, mas na escola você vai ter essa bagagem de conhecimento, que é necessário para você ter um futuro mais promissor[..] (Profº de Geog).
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Verificamos diante dessas concepções do professor de geografia, que à
escola cabe o papel de ensinar, de transmitir conhecimentos, que sejam uteis para o
aluno ter sucesso no trabalho e na vida e que a família cabe ensinar ouras maneiras
de educação, valores enquanto a escola talvez trabalhe para ensinar o aluno a ter, a
competir a ter sucesso profissional a família ensina valores por exemplo de ensinar
talvez que o “ser é melhor do que o ter”.
Em sua fala percebemos também, que deseja quando expressa que a
questão não é só essa de ensinar para a competitividade, para ter um futuro
promissor, mas também formar para a cidadania e se manter informado do que
acontece no mundo e não é na escola quer queira ou não que se buscará esta base,
e que proporcionará isto, enfatizando a importância do papel do professor que é de
inteira responsabilidade, ao transmitir esses conhecimentos que o aluno leva para a
vida toda se passada de forma competente.A verdadeira aprendizagem proporciona
através da mediação do professor independência e competências para buscar o seu
próprio saber.(CAGLLIAR 1996). Concluindo dizendo que a escola cumpre essa
função primordial.
[...] Eu acredito que a gente ainda não atingiu o objetivo maior da escola, claro que a gente está caminhando, hoje talvez seja melhor do que tempos passados, mas a escola ainda não é aquela escola ideal né? Porque os alunos acabam saindo da escola sem que os objetivos para que a escola existe sejam cumpridos objetivo, acho que a cada passo a gente vai avançando e um dia que sabe a gente chega lá ( Profº de ciências).
Ao contrário do que pensam os professores acima, o professor de ciências
afirma que a escola não está cumprindo ainda de maneira eficiente, o papel para o
qual ela existe ou objetiva quando enfatiza as questões de fracasso, e domínio de
leitura interpretação, especialmente nos casos de alfabetização e letramento e
cálculos numéricos, onde se percebe acentuadas dificuldades por parte dos alunos o
que evidencia que a escola ainda não está cumprindo o seu papel, mas que pode
avançar a cada dia para se tornar uma escola ideal e talvez busque aquele ideal
naquilo que Lenner (2002) defende que: “O necessário é fazer da escola um âmbito
onde ler e escrever sejam práticas vivas e vitais (p.18)”.
[...] Fica difícil, viu? Fica difícil.eu acho que muitos veem a escola como uma válvula de escape.Eu acho que a família é importante porque se a família anuncia, a escola vai ser para eles o que a família anuncia,se a família que a escola vai ser a salvação dele, então ele vai a escola com salvação,se a escola é boa para o tempo passa ou porque tem merenda, ele vai só para merendar,se a família quer se livrar do filho, a escola vai ser para ele um
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lugar de diversão.É muito... assim, cada uma vê a escola de forma diferente (Profº de Mat e Educ Físi).
Notamos a semelhança de opiniões entre a visão do professor de matemática
e do pedagogo ao dizer que a escola acaba sendo uma válvula de escape, ao
mesmo tempo que reforça o papel da família na contribuição para a aprendizagem
dos filhos e outros saberes necessários para viver a vida em sociedade, o
necessário seria tornar real o que respalda os PCNs (1998) em sua introdução
quando fala da interação escola e comunidade:
A interação entre a equipe escolar, alunos pais e outros agentes educativos, possibilita a construção de projetos que visam a melhor e mais completa formação do aluno. A separação entre a escola e comunidade demarcada pelas atribuições e responsabilidades e não pela realização de um projeto comum (p.43).
É certo que a união entre essas duas instâncias família e escola, sejam
pautadas no sucesso, no avanço do ensino e da aprendizagem e que a dissociação
uma da outra poderá causar resultados negativos e frustrantes.Percebemos também
claramente o professor de matemática assim como os demais professores citaram o
papel da família como um dos fatores indispensáveis também na educação dos
filhos,apontou de maneira mais enfática na família, onde o aluno tem por guia ou
modelo, a família, demonstrando a sua maneira de ver a escola desse jeito.
Não podemos deixar de concordar que a importância da relação escola e
família deve ser ponto de preocupação da escola “a escola é essencialmente um
espaço de fonte de formação e socialização não podemos restringir a participação
das famílias apenas nas reuniões escolares, festas comemorativas, mas abrir uma
interlocução dinâmica e constante entre estes dois espaços de produção do
conhecimento (LIBANEO, 2011).
Resta à escola tentar buscar e tornar claro o papel da família, para esse apoio
essencial onde esses dois espaços família e escola, se complementem e não tornar
cada vez mais distante, o que não possibilitará o sucesso almejado.
[...] estávamos falando de professores agora da escola né? Fazer projetos para a criança se interessar mais também a questão de e detectar os problema dos de cada um, as deficiências como eu falei anteriormente, tem que se aproximar mais das famílias, trazer matérias interessantes, que eles possam se entusiasmar né? Está faltando alguma coisa? sei lá... pode também incentivar com premiação, alguma coisa, sei lá... incentivar, incentivo né?” (Profª de Artes).
67
Destacamos ainda também na fala da professora de artes à ênfase a
aproximação das famílias que será parte decisiva da escola, através de seus
programas de ensino, eventos, projetos e outros, promovendo estímulo entre alunos
e família na escola.
Vejamos agora o que diz a professora de português:
[...] O papel da escola é ensinar eu ainda acredito na educação e acredito que se todo mundo fizer a sua parte, trabalhar juntos, o segredo é motivar, a gente ta concorrendo com a tecnologia, então como a gente concorre com a tecnologia a gente tem que se virar nos trinta (risos), a gente precisa se inovar, criar, Hoje não dar para ficar sem estudar, todos os dias os conceitos mudam.[..] (Profª de Port).
Acreditamos diante dessa expressiva fala da professora de português que
tem a mesma concepção da professora de artes, quando se refere a essa
motivação, que a escola precisa ter e fazer para fazer sentido para o aluno.
Sublinhamos a importância da reflexão da professora quanto ainda a sua
metodologia em sala de aula, pois este é um ponto crucial para a mudança e até
mesmo a reestruturação do ensino e da aprendizagem, pautados em aulas
diferenciadas onde o aluno encontre sentido e tenha prazer em aprender, o que
aulas meramente expositivas e sem novidades são incapazes de proporcionar, sem
o estimulo, a motivação, torna se mais difícil a realização de alunos críticos,
autônomos e letrados.
Concordamos plenamente com Becker (2003), quando diz que: “Os alunos não
suportam repetir o que não lhes faz sentido, e que a escola deveria visar o aumento
da capacidade de aprender importante nos dias atuais (p.34)”.
Outro ponto que merece destaque ainda ao que pensa professora de
português, quanto ao que cabe a família e a escola fazer, entendemos estar
vinculado ao que já enfatiza os PCNs (1998), “A educação escolar deve constituir-se
em uma ajuda intencional, sistemática, planejada e continuado para crianças,
adolescentes e jovens durante um período de continuo e extensivo de tempo,
diferindo de processos educativos que ocorrem na família, no trabalho, na mídia, no
lazer e nos demais espaços de construção de conhecimentos e valores para o
convívio social (p 42)”.
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É preciso buscar essa distinção e clareza dos papeis diferenciados que
cabem à família e a escola fazer, buscando medidas e mecanismos mais eficazes,
para a inserção da família na escola, desenvolvendo cada uma simultaneamente o
papel que lhes compete e realizar.
4.2.6 Algumas considerações dos nossos entrevistado s sobre as práticas metodológicas, seus objetivos e a importância do le tramento para a formação dos nossos alunos
Finalmente foi solicitado aos sujeitos entrevistados que fizessem algumas
contribuições a respeito da temática que norteou o nosso estudo e assim a nossa
entrevista. Acreditamos que diante de algumas concepções e reflexões durante o
tempo em que se deu a entrevista, ficaram assim sintetizados alguns conceitos e
opiniões bem como possíveis mudanças quanto a algumas práticas que não
possibilitam uma aprendizagem significativa, bem com o reforço de outras que
igualmente proporcionam o aluno tornar-se letrado.
[...] Procuro fazer projetos, jogos que falem a linguagem do aluno, tenho tentado fazer o diferencial, que vise levar esse aluno a compreender o que ele vê na escola, porque quando ele relaciona o que ele aprende na escola com a vida, ele se interessa, ele participa,porque é interessante a participação dela, a gente também aprende com a bagagem deles.Então assim , a partir do momento em que há interação, professor aluno, aluno professor, a aprendizagem acaba sendo significativa (Profª Pedag).
Levando-se em consideração essa necessidade até mesmo o apelo que o
aluno tenha esse domínio em práticas sociais onde não basta somente decodificar
palavras ou textos, mas acima de tudo compreender, e sendo assim tornar-se
letrado, e se adaptar às mudanças que a cada dia se exige na sociedade , faz-se
essencial também essa mudança de práticas e consciência assim como novas
posturas por parte do professor, quanto ao que possibilite a esse aluno adquirir uma
aprendizagem significativa.E conforme aponta a professora de português, e a de
artes, através da motivação que é importante para ele, fazer com que participe,
tornando interativa a relaço alunos e professores, pois este também aprende com
experiências que os alunos trazem para escola, é o que confirma ainda os PCNs
(1998), quando diz que: “Valorizar o conhecimento do aluno considerando suas
dúvidas e inquietações, implica promover situações de aprendizagem que façam
sentido para ele”(p 43).
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[...] Creio que preciso melhorar, a cada ano eu reflito o que foi que eu fiz, se preciso melhorar se falhei, tento melhorar, como eu falei eu sei que eu preciso melhorar a cada dia , me auto avaliar o que foi que eu fiz, sei que depende também de mim não só do aluno, o que eu estou fazendo nas minhas aulas? Quer dizer a escolha por esta área, não era necessariamente o que eu queria, mas eu vou tentar dar o melhor de mim, para contribuir com algo que faça sentido para eles.[...] (Profª de Matem e Relig).
Considerando como fator preponderante, extremamente importante,o
progresso para uma aprendizagem significativa, especialmente no contexto de
letramento, esta postura critica e reflexiva, que faz a professora de matemática,
onde apresenta essa capacidade e sensibilidade para se auto avaliar, tarefa difícil,
onde muitas vezes, é mais fácil negar, esconder erros ou falhas do que assumir
algumas culpas,pensamos ser um fator decisivo a postura do professor, bem como
suas práticas e suas condições de possibilitar, criar situações de aprendizagem que
contribua para a vida do aluno em sociedade.
Não podemos deixar de reforçar o que dizia Paulo Freire (2006), “Não há
outro ponto de partida, em nenhum processo educativo correto,que não seja o ponto
em que estão os educandos, e não do ponto em que pensam que estão os
educadores (p 51)”.
Interessante ainda enfatizar que a professora de matemática apontou como
necessidade de rever e modificar as suas práticas após responder e refletir a
pergunta do nosso questionário fechado especialmente quando se refere à
satisfação pelo trabalho e a escolha por sua área de atuação, conforme expressou
no momento da nossa entrevista.
[...] ó como tem pouco tempo que eu estou ensinando, mas eu procuro sempre esta fazendo o melhor para facilitar a aprendizagem, é claro que com o tempo a gente ver que determinadas praticas não dão certo eu estou buscando fazer um trabalho diferenciado que seja o melhor para que eles aprendam, para que eles adquiram conhecimentos, porque é necessário para eles, e com eles eu estou também aprendendo alguma coisa,não sei o conceito de letramento, mas se for isso eu estou letrando (Profº de Geog).
Compreendemos a importância e reforçamos essa necessidade de estar
revendo e refletindo essas práticas conforme convergem e acentuam os professores
de matemática e religião e o de geografia pois , repetimos, é um fator decisivo que
contribui para a aprendizagem, partindo do pressuposto e com base em algumas
discussões em sala de aula, quando há falhas na aprendizagem é porque houve
falhas no ensino, por isso essa reformulação do papel do professor.
70
Ao mesmo tempo acentuamos também e podemos até afirmar diante das
falas dos professores e de alguns autores, que existem outros fatores que também
influenciam para uma aprendizagem não significativa, e que não cabe somente ao
professor essa culpa por esse fracasso, antes é preciso uma análise cuidadosa para
verificar a parcela de culpa de cada um desses fatores envolvidos.
Em relação ainda à fala do Professor de geografia quando diz tentar novas
práticas para atingir o objetivo, mesmo sabendo que vão ficar falhas, e mesmo
assim buscar um trabalho diferenciado, é claro sempre pautado nos objetivos
maiores que é levar o aluno a ler e escrever com competência e sendo assim torna-
lo letrado.
[...] Sobre as praticas particularmente é uma coisa que me angustia muito, eu acabo reproduzindo a escola que eu tive né? Assim então as praticas que meus professores tinham eu acabo reproduzindo que é aquela pratica maia tradicionalista. Minha contribuição com o letramento dos alunos é justamente nesta área onde eu percebo que meus alunos de ensino fundamental de 6º ano, muitos deles tem dificuldade de ler e interpretar textos, então isso me angustia porque eu tento fazer alguma coisa de maneira diferente [...] (Profº de Cien).
Percebemos mais uma vez a angústia que persiste, durante as reflexões nas
práticas pedagógicas dos professores, e compreendemos assim, como um ponto
importantíssimo, essa angústia, ao tornar-se preocupação , que gera inquietação e
consequentemente ações para reverter esse quadro de fracasso no ensino e na
aprendizagem.
Focalizamos ainda quando o professor expressa essa angustia como reflexos
de reprodução da escola que teve, enfatizamos ser essa uma questão que merece
ser mais analisada com mais cuidado e respaldo, uma vez que, envolve outras
questões que estão inteiramente associada, em especial à figura do professor que é
destaque central no processo de ensino e aprendizagem.Desconstruir valores que
adquirimos ao longo do tempo não é tarefa simples, exige buscas, descobertas,
reflexões e ações o que resulta em mudanças as vezes radicais onde ao mesmo
tempo em que é possível através da reestruturação da formação do professor,
enquanto que para o aluno essa mudança ou descoberta se torna mais complexa,
pois o aluno ver no professor um modelo, uma referência, como acentuou o
professor de geografia, e concordamos quando diz, “tem professores que nos
ensinam e aprendemos coisas para o resto da vida”.
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Esse modelo de reprodução ou concepção tradicionalista do ensino e da
aprendizagem revelado pelo professor de ciências, quando confessa reproduzira
escola que teve, envolve um processo constante de descobertas e readaptações
aos novos modelos, teorias, métodos e práticas que demandam compreensão e
esforço no sentido de mudanças a curto tempo, de algo que foi enraizado e se
propagado a vida toda, certamente aquilo que Fazenda (2011) expressa: “Somos
produto da “escola do silêncio” em que um grande número de alunos apaticamente
fica sentado diante do professor esperando receber dele todo o conhecimento.
Classes numerosas, conteúdos extensos, completam esse quadro desta escola que
se cala. Isso se complica muito quando já se é introvertido (p. 32.)”.
É natural que muitas vezes reproduzimos o que aprendemos, embora não
signifique dizer que não podemos buscar novas práticas e reflexões com o objetivo
de trazer mais sentido e significado a aprendizagem do aluno, não favorecendo
aquilo que Freire (2006) também denominava como “educação bancária”, onde os
alunos são meros receptores dos conteúdos na maioria das vezes
descontextualizados que os professores passam.
Refletimos ainda diante da transparência desse professor quando não nega
reproduzir a forma como aprendeu, mas que essa angustia é bem vinda no sentido
de querer mudar, pois constata que não gera nos alunos aquilo que gostaria que
acontecesse, que é a aprendizagem significativa, pautadas nos caminhos do
letramento, onde afirma ser a sua contribuição esta de tentar algo novo de maneira
diferente, especialmente com textos que tenham algo a ver com o mudo em que
estão inseridos.
[...] Eu gostaria que a escola fosse para os alunos um espaço de compartilhamento de conhecimentos que eles tivessem assim que se preparar para o mercado de trabalho se preparar para a vida em sociedade, é isso que eu gostaria, que eles saiam daqui com essa visão. Em relação as minhas práticas eu acredito nelas estou assim tranquilo, porque estou cumprindo o meu papel, eu acho que a minha pratica é boa funciona [...] (Profº de Mat e Ed. Fis).
Diante dessa concepção e desejo do que gostaria que a escola fosse para
os alunos esse espaço de compartilhamentos, de troca de experiências e de
saberes, é um dos desafios que a escola é capaz de realizar, levando em conta as
várias responsabilidade e desafios a que se impõem á escola, esse seria um desejo
viável e possível, sempre que houver momentos de reflexão e ação bem como
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objetivos que norteiam a prática educativa, que move todo o processo ensino e
aprendizagem e que se busca na escola.
E na escola, podemos afirmar que é um campo de relações mútuas e
múltiplas e que precisa atender através do seu processo de ensino,a capacidade de
preparar o aluno para atuar de maneira critica e consciente na sociedade.
Entretanto ainda há falhas, lacunas, que podem impedir o bom andamento da
escola, referindo-se a fatores de ordem maior, direcionados às hierarquias
educacionais e que só seria possível uma escola que prepare o aluno para a
sociedade e a vida, quando os objetivos de quem elaboram as leis em educação,
seja os mesmo de quem executa.E mais especificamente a relação aluno, professor
é extremamente significante para propiciar uma aprendizagem prazerosa e que
tenham sentido para o aluno, assim como conhecer essa realidade que permeia a
vida do aluno na escola,interessando-se também o professor, é algo também
importante conforme aponta o professor de matemática, e que Cagliari (1996)
também considera que: “Conhecer a realidade histórica do aluno, é fundamental
para um prática educativa que respeite o aprendiz como ser humano em sua
plenitude (p 52)”.
Este é também um grande e estratégico ponto de partida para introduzir
saberes através de uma relaço prazerosa e respeitável por parte de alunos e
professores, que podem permear conhecimentos valores que farão parte da vida
do aluno.
Assinalamos ainda a relevância de apostar e acreditar na sua metodologia
conforme apontou o professor de geografia é algo importante para o bom
desenvolvimento do trabalho, uma vez que se sabe o que pretende ser feito e se
convergem através das suas praticas para a realização dos objetivos assim
propostos.
[...] Olha, veja só, o papel da escola que eu entendo é educar e formar o cidadão né? Que eles saiam mais politizados, saber o que esta se passando aqui e no mundo entendeu? Despertar o senso critico porque eles ainda não tem senso critico e são na maioria das vezes alheios a tudo.A escola precisa também ensinar valores, respeito ao próximo, repeito ao meio ambiente,mas acho que ela não esta cumprindo o seu papel. É isso que eu acho que a escola precisa preparar o menino para viver em sociedade, ele ainda não está preparado (Profª de Artes).
73
Consideramos ainda expressiva a fala da professora de artes e também real
quando afirma que a escola não está cumprindo o seu papel o que pensa também o
professor de ciências. Essa falha onde ainda a escola não forma cidadãos críticos,
politizados e autônomos, talvez seja ainda por falta de reestruturação de seus
objetivos, de uma tomada de decisões e reflexões em saber o que é importante paro
aluno aprender e o que não interessa ao mesmo tempo. Os PCNs (1998) enfatiza
essa fala quando afirma que: “Na maioria das escola a prática pedagógica se
concretiza pela quantidade e acumulação de conteúdos muitas vezes burocratizados
e destituídos de significação (p 16).
É legitimo e necessário ao professor ter consciência daqueles conteúdos
desnecessários e irrelevantes para a inserção de alunos nas práticas
letradas(KLEIMAN, 2005).
Praticas voltadas para a valorização de conteúdos e nesse contexto
insignificante para o aluno, não poderá propiciar uma formação de cidadãos críticos,
autônomos politizados conhecedores de seus direitos e deveres sociais, culturais e
políticos e nem tampouco torna-los Letrados.
[...] Eu quero ainda continuar acreditando na educação e quando a gente acredita em algo, a gente corre atrás a gente sonha, a gente visualiza mais feliz tem que correr atrás.E assim, meus objetivos eu penso assim, o aluno depende da gente para crescer, de aprender conhecimentos teóricos e ate mesmo práticos, então a gente tem que incentivar então eu acredito assim, que a gente precisa olhar a educação com bons olhos, acreditar ainda que pode dar certo, e que os aluno precisam da gente e do nossa trabalho, então fazer com ordem, com decência e com vontade, eu ainda faço assim.[...] (Profª de Port).
Ainda diante dessa expressiva e brilhante fala da professore de português,
consideramos os desafios e dificuldades que fazem parte da escola conforme
apontaram os nosso sujeitos de pesquisas, como :realidade da escola pública,super
lotação de salas de aula,falta de apoio e acompanhamento familiar, desinteresse do
aluno e outros.No entanto, diante da realidade da escola em que se realizou essa
pesquisa, podemos afirmar no que se referem as práticas e objetivos de ensino que
esses professores já trabalham ou terão sim como trabalhar na perspectiva do
Letramento, contribuindo como já constatamos que fazem a maioria, porque refletem
a sua prática, partindo para conhecimentos mais significativos.
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Através do incentivo, do dialogo,e do interesse também pela vida do aluno, é
possível alcançar objetivos que talvez uma prática mecânica e “robotizada” não
possibilitem, o que torna alunos sem senso críticos e não politizados, repetindo
coisa que não fazem sentido, conforme afirma a professora de artes.Com
conhecimento, objetivos, reflexão e ação das práticas pedagógicas é possível sim
contribuir para a promoção de alunos Letrados que participem da vida em sociedade
com autonomia e senso critico.
Podemos assim considerar os inúmeros fatores que contribuem para as
dificuldades de leitura e escrita na escola, especialmente voltados para o contexto
de práticas de letramento e ao mesmo tempo as possibilidades de tornar alunos
letrados onde é necessário uma retomada de reflexões clarezas e consciência no
desempenho de vários papéis e os responsáveis por sua realização.
Verificamos a partir dos resultados analisados que há um equilíbrio de
compreensões e concepções no que se refere às práticas voltadas para o sentido do
Letramento,e que determinadas metodologias contribuem para esse fim,podendo a
cada dia ser melhorada e trabalhada.
75
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização desse trabalho contribuiu muito para que refletíssemos a respeito
da realidade que permeia no cenário educacional,tanto no lócus onde se deu a
pesquisa, a escola, quanto no lócus ode se pensou, e se planejou a pesquisa que foi
a universidade,e que merecem ser pontuados com maior ênfase para
compreendermos algumas concepções,e termos um olhar mais críticos em relação
a outras, ressaltando que ainda temos muito a aprender , e que as conclusões que
aqui fazemos, não servirão como determinante para mudar o quadro do que se
pretende mudar, mas se houver reflexões no sentido de mudanças progressivas já
nos sentimos satisfeitos.
Alguns pontos merecem ser enfatizados, como pontos para uma reflexão
crítica, durante a realização desse trabalho, é que fica a certeza da importância de
se conhecer a realidade de uma instituição escolar, não só no sentido de
desenvolver pesquisas que qualifiquem ou quantifiquem, resultados, mas sobretudo,
que se repense e reflita no que se pesquisou para intervenções e contribuições com
aquilo que se faz objeto de estudo,consideramos ser ainda incipiente sim, a nossa
maneira de pesquisar mas acreditamos ser capazes de modificar algo quando se
busca, se conhece e intervém.
Cada passo na realização dessa pesquisa foi muito relevante, pois passamos
a refletir mais a cerca das dificuldades existentes nas escolas especialmente das
práticas pedagógicas trabalhadas observada ainda durante o nosso período de
estágio momento em que optamos por entender o que se constituiu o problema da
nossa pesquisa , no sentido que devemos reforçar a necessidade de se trabalhar
com a proposta do letramento para que de fato possamos ensinar e aprender de
maneira significativa e prazerosa e que produzamos sujeitos críticos e autônomos
para atuar de maneira independente na escola no trabalho e na vida.
Pois diante de alguns fatores que se evidencia e merece ser destacado aqui é
que,a visão de leitura e de escrita que temos ainda na escola, embora já sejam em
alguns momentos trabalhadas para contribuir com o letramento dos alunos, ainda
precisam ser mais exploradas,pois ainda existem práticas também que não
contribuem ainda, tornando o aluno apenas copista, receptivo e sem preparo para
enfrentar a vida em contextos sociais de leitura e escrita.
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Dos principais resultados obtidos em nossa pesquisa, podemos ressaltar
que,o letramento trabalhados nas séries finais do Ensino Fundamental, ainda se
confunde um pouco por parte dos professores, quanto ao conceito, mas que são
trabalhado de forma efetiva, embora ainda precise ser trabalhado de maneira mais
profunda, pois percebemos que também ainda há uma indefinição de papeis quanto
a quem cabe a responsabilidade e alfabetizar ou letrar, e um levantamento
significante de motivos que levam o aluno não ser letrado. Entre os mais apontados
estão as condições de trabalho, o envolvimento da família, na aprendizagem dos
filhos,a realidade da escola pública, o sistema educacional que favorece o aluno
passar de uma série a outra sem o domínio da leitura e da escrita e também
conhecimentos por falta do professor, e falhas no ensino, fatores estes que
contribuem sim mas não determinam, pois acreditamos estar no conhecimento do
professor e na reflexão de suas práticas em sala de aula, o meio mais eficaz para
introduzir saberes significativos e necessários para que o aluno participe da vida
social letrado, consciência que os nossos sujeitos também possuem e que torna
mais viável o ensino voltado para as práticas de letramento.
Existe ainda muitos fatores de ordem maior que necessitam de análise mais
cuidadosa , assim como desafios e responsabilidades por parte dos autores e
agentes educacionais no sentido de contribuir para reverter esse quadro que ainda
atua e contribui de forma ainda insatisfatória, para tornar o aluno letrado, ou seja
que faça uso da leitura e da escrita em suas funções reais e competentes.
Devemos assinalar ainda que a formação e o conhecimento do professor quanto as
práticas que precisam ser vinculada para tornar alunos competentes, críticos e
autônomos necessitam ser a cada dia refletida, conforme se deu com os nossos
sujeitos,porque acreditamos que ler e escrever com competência é possível,quando
se permite essa ação reflexão ação.
Complementamos ainda que a formação acadêmica confere subsídios para
uma atuação efetivamente competente e transformadora, embora não seja decisiva
e determinante para atuarmos de maneira solucionável para os inúmeros problemas
que constituem e torna ainda a educação sem a qualidade que desejamos.
A realização desse trabalho contribuiu ainda para que nós refletíssemos a
respeito do próprio percurso de aprendizagem e um dos pontos positivos a serem
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explorados está a reflexão e a consciência do nosso fazer pedagógico, de maneira
que possamos estar sempre refletindo sobre as nossas práticas, concepções e
posturas que se direcione para uma aprendizagem significativa que de fato insira o
sujeito no mundo letrado.
Como pontos para uma reflexão crítica, nos mostrou que é necessária a
reflexão acerca das práticas pedagógicas existentes na educação básica,
particularmente, nas séries finais do ensino fundamental voltada para a proposta do
letramento, pois conforme percebemos e também confirmados por alguns dos
nossos sujeitos, a escola ainda não está cumprindo o seu papel, e por outro lado
ainda está negligenciando ao permitir que os alunos saiam sem o senso critico e
reflexivo, apenas repetindo o que lhes foi transmitido, deixando de lado muitas vezes
a possibilidades de um processo ensino aprendizagem significativo e prazeroso que
produza sujeitos críticos e letrados, e que se não trabalhados nesse sentido em
tempo oportuno trará dificuldades até mesmo para a universidade.
Entretanto, podemos verificar que as práticas desenvolvidas por alguns dos
nossos sujeitos, a exemplo de leituras contextualizadas com a realidade do aluno,
diversos gêneros textuais como: leituras de bilhetes, enciclopédias, charges que
demonstram acontecimentos atuais, dicionários, e leituras que sejam significativas
para a vida cotidiana dos alunos, são trabalhadas e refletidas, conforme revelaram
os nossos sujeitos, contribuindo assim para o letramento dos alunos.
Julgamos necessário ainda ressaltar que estudos voltados para o processo de
ensino e aprendizagem em contextos de letramento, merecem ser mais analisados e
trabalhados, em toda a Educação Básica no sentido de não propagar formações
sem sentido que nada contribui para a vida do educando aumentando o quadro de
analfabetismo funcional.
78
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Geraldo Paçanha de. A produção de texto nas séries iniciais: Desenvolvendo as competências da escrita. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cortez, 2005.
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENT DE EDUCAÇÃO-CAMPUS VII
SENHOR DO BONFIM-BAHIA CURSO- PEDAGOGIA DOCÊNCIA E GESTÃO DE PROCESSOS EDUCATIVOS
Caro (a) professor (a): Este roteiro de entrevista é um instrumento relativo à pesquisa que realizo no componente curricular TCC, enquanto concluinte do curso de Pedagogia Docência e Gestão de Processos Educativos.Agradeço a valiosa e indispensável colaboração ressaltamos que não precisa se identificar, uma vez que manteremos o absoluto sigilo, o que requer uma postura ética até mesmo enquanto pesquisadora iniciante. Antecipadamente agradeço a compreensão e colaboração. Maria de Fátima Souza Oliveira. ROTEIRO DE ENTREVISTA
1- Qual a sua formação e quanto tempo atua na educação?
2- Qual a compreensão que você tem sobre Alfabetizaçã o e Letramento?
3- Você acha que alfabetizar é tarefa exclusiva do pr ofessor alfabetizador? Por que?
4- Na sua opinião, por que muitos alunos chegam nas s éries finais do Ensino Fundamental sem dominar a leitura e a escrita?
5- Quais as práticas metodológicas que você desenvolv e em sala de aula que contribuem para o letramento de seus alunos?
6- Como a escola pode contribuir para o letramento do s alunos?
7- Na sua concepção qual o principal papel da escola, ? Você acha que a escola tem desempenhado este papel?De que forma?
8- Poderia fazer algumas considerações a respeito de suas práticas metodológicas, seus objetivos de ensino e a importâ ncia do letramento para a formação dos nossos alunos?
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENT DE EDUCAÇÃO-CAMPUS VII
SENHOR DO BONFIM-BAHIA CURSO- PEDAGOGIA DOCÊNCIA E GESTÃO DE PROCESSOS EDUCATIVOS
Caro (a) professor (a): Este questionário é um instrumento relativo à pesquisa que realizo no componente curricular TCC, enquanto concluinte do curso de Pedagogia Docência e Gestão de Processos Educativos.Agradeço a valiosa e indispensável colaboração ressaltamos que não precisa se identificar, uma vez que manteremos o absoluto sigilo, o que requer uma postura ética até mesmo enquanto pesquisadora iniciante. Antecipadamente agradeço a compreensão e colaboração. Maria de Fátima Souza Oliveira.
QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES DADOS PESSOAIS 1-IDADE ( )18 a 25 ( )36 a 40 ( )26 a 29 ( )41 a45 ( )30 a 35 ( )46 a 50 ( )Superior a 50 anos 2-ESCOLARIDADE ( ) Ensino médio completo ( )Ensino médio incompleto ( )Ensino superior completo ( )Mestrado
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( ) Ensino superior incompleto ( )Doutorado 3-CURSO/ HABILITAÇÃO: ( )Magistério ( )Normal superior ( )pedagogia ( )Artes ( )Letras ( )Geografia ( )Matemática ( )História ( )Biologia ( )Educação física ( ) Outros 4-ESCOLHEU ESSA AREA POR QUÊ? ( )Gosta e se identifica ( )Era mais fácil cursar e garantir um trabalho ( )Não teve outra opção ( )Ainda vai mudar de área 5-você está satisfeito com o seu trabalho? ( )sim ( )Não 6-COM RELAÇAO À SUA REMUNERAÇAO VOCÊ CONSIDERA: ( )insuficiente ( )Ótima ( )boa ( )Suficiente ( )regular ( )péssimo 7-QUANTO AO RELACIONAMENTO E INTERAÇAO ENTRE CORPO DOCENTE E ALUNOS VOCÊ CONSIDERA: ( )bom ( )ruim ( )péssimo ( )regular (ótimo) 8-A RELAÇÃO, INTERAÇÃO E PARTICIPAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO E EQUIPE GESTORA QUANTO AO TRABALHO DO PROFESOR É: ( )satisfatória ( )insatisfatória ( )boa ( )regular ( )ótima ( )péssima
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APÊNDICE